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PENSAMENTOS ESCREVER É SE LIBERTAR DE DENTRO PARA FORA E SE ALIVIAR POR TER ESCRITO NO MUNDO DAS CRÔNICAS E CONTOS Pérola Guimarães

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PENSAMENTOSESCREVER É SE LIBERTAR DE DENTROPARA FORA E SE ALIVIAR POR TER ESCRITO

NO MUNDO DAS CRÔNICAS E CONTOS Pérola Guimarães

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Aviso sobre direitos autoraisCopyright 2019. Todos os direitos reservados.

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permissão do autor.

CRÔNICAS E CONTOS DE PÉROLA GUIMARÃES

PREFÁCIO:Reuni nesta primeira obra crônicas e contos onde por vez,

retratam fatos reais e imaginários. A intenção é publicá-lo em algum momento futuro. Preciso muito das críticas valiosas de

cada leitor.

DEDICATÓRIA:Dedico esta obra aos quatros tesouros da minha vida.

- Erick Damianni- Daniella- Stefanni- Adrielly

Meus filhos, saõ o maior motivo do meu sorriso, e a razão da minha felicidade.

AO LEITOR:Muito feliz por desperta o seu interesse, espero sinceramente

que goste. Que eu seja rica no expressar. Que eu seja capaz de prende-lo(la) aqui neste cantinho até o final de cada crônica e

cada conto.

BOA LEITURA!Gratidão de PÉROLA GUIMARÃES

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SUMÁRIOUM AMOR PARA RECORDAR 04UMA PAIXÃO AVASSALADORA 08O ÚLTIMO SUSPIRO DE UM AMOR 15UM TRISTE APRENDIZ DE ÁGUIA 23FALCÃO PEREGRINO 24 O GOSTO DA INFÂNCIA 26 VEREDADAS SILENCIOSAS 27 TEMPO DO AMOR 27 AMOR SINCERO 27 UMA VIAGEM SURPREEDENTE 28 A VIDA NÃO É UM ACASO 35CAMINHADA DA GRATIDÃO 36ENTRE O AMOR E A PAIXÃO 37ETERNA ILHA 39 CÂNTICO DE AMOR 40O BELO RAPAZ DO POÇO 40O DESTINO É UMA LANÇA 43O FINAL DE UM COMEÇO 44MARCAS DO PASSADO 45UM AMOR QUASE IMPOSSÍVEL 45SOBRE A ESCRITORA 49

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No aeroporto, com lágrimas nos olhos olhando o infinito azul, Ester procura encontrar forças para não desabar. Dentro daquele avião imenso rasgando o céu com seu barulho ensurdecedor, vai o amor da sua vida. A tristeza invade seu coração, a incerteza palpita forte no peito, sabe que serão dias difíceis. Ficar longe dele é como arrancar um pedaço de si. Mesmo assim não há o que fazer de imediato. Fábio foi para Portugal, deixando o coração de Ester aos pedaços. Ficará lá por algum tempo, acabou de vender mais uma franquia. Levará mais ou menos três meses para a implantação do sistema. Ele é franquiador de um tipo de alarmes de última geração, que está bombando em todos lugares. Começou o sistema de franquia a dois anos, sem imaginar que seria tão grande o sucesso. Fábio é o inventor do sistema, enquanto fazia a faculdade de mecatrônica, começou a desenvolver o projeto sem grandes ambições. Com o passar do tempo o negócio tomou outra dimensão, mas ele só entendeu que estava diante de uma possível descoberta muito lucrativa, quando um empresário do ramo lhe ofereceu um valor muito alto pela invenção. Decidiu então patentear o invento, e lançar-se no mercado interno para sentir a aceitação do seu produto. Não tinha capital para começar o negócio daquele porte. Foi necessário um financiamento para abrir o negócio. Dois anos após, o negócio deu tão certo que houve a necessidade de tornar-se franquiador. Foi um ano difícil para transformar a empresa em franquia. Agora se expandindo para outros países sendo a terceira implantada, uma na Argentina no Uruguai, e agora em Portugal. Num futuro próximo terá de aumentar o quadro de pessoal, hoje é de trinta pessoas. É uma empresa nova e pequena ainda porém em total ascensão. Fábio planeja em mais dois anos triplicar os lucros. Conhece Ester desde sempre, mas só encontram e se apaixonam a pouco mais de um ano, quando participava de um simpósio que o pai dela ofereceu para comemorar os quarenta anos de sucesso da sua rede de joalherias. Apesar do pouco tempo de relacionamento, tem certeza que o amor que os une é para a vida toda. O objetivo de ambos é realizar maior sonho de suas vidas... O casamento comemorado com uma grandiosa festa.

UM AMOR PARA RECORDAR

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CAMINHOS

Fábio imagina que certamente ela estará sofrendo neste momento com a separação mesmo que provisório. Eles sabem que é por um motivo mais que justo. A correria dos últimos meses tem privado Fábio de muitas coisas, por isso pretende montar uma equipe auto-sufficiente com urgência. Precisa ter um tempo para ele e Ester começar os preparativos do casamento. Ester já deixou claro a sua intenção de se casarem até o mês de dezembro, e já é maio. Com o tempo encurtando, negócios acelerados, mesmo assim no retorno de Portugal, falarão sobre este tema. Fábio é de origem simples, seus pais batalharam muito para pagar uma boa faculdade tencionando mandá-lo para fora do país assim que terminasse o curso, mas tudo mudou e seus objetivos hoje são outros. A realização profissional veio muito antes do previsto e Fábio agora tem uma condição muito superior as suas expectativas da faculdade. Seu objetivo era terminar a faculdade e ir embora do Brasil, se especializar e retornar com uma vasta experiência, para montar alguma coisa e começar sua vida de forma mais digna, sabia que não seria fácil começar do zero. Porém tudo mudou quando começou a ideia de criar aquele simples projeto viu sua vida dar uma guinada de noventa graus. A viagem para Lisboa transcorre normal, dentro das previsões. Já é madrugada e o sono chega. Se acomoda de forma confortável e adormece. Ester chegou em casa, e foi direto para o quarto... Não conseguia mais conter as lágrimas... Seu choro era algo dolorido... Seu coração estava partido... Não conseguia entender porque estava se sentindo daquela forma, eram apenas três meses, e se manteriam conectados como haviam combinado. Ela nunca se apaixonara antes e não estava fácil lidar com este sentimento. O dia em solo português amanhece mais cedo, e já estão em Lisboa. No aeroporto de Lisboa. Fábio acorda com a aeromoça pedindo para colocar o cinto. Ele obedece meio sonolento. Uma hora depois já está no refeitório do hotel para o pequeno almoço. Sente falta de Ester, sabe que ainda dorme, a vontade de ouvir sua voz é grande mas resolve servir-se. Retornando à mesa seu celular toca é Ester...

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Com voz tristonha pergunta, já chegou meu amor? O coração de Fábio acelera ao ouvir aquela voz tão doce. Explica que sim e o motivo de não ter avisado, para não acordá-la. Ela sorrir e diz, não dormi estou achando terrível! É uma sensação muito ruim a sua ausência, um vazio tomou conta do meu coração... ouvindo seu choro do outro lado, Fábio a consola dizendo, - Ficarei o mínimo possível. Te prometo. Termina o café, e vai imediatamente para empresa começar a implantação do projeto. Ester vai para joalheria trabalhar, na tentativa de encurtar o tempo passar mais rápido e diminuir sua tristeza. O dia foi de muito trabalho para ambos. Fábio vai para o hotel cansado e satisfeito o dia foi muito proveitoso o trabalho evolui muito, percebe a possibilidade de terminar sua jornada antes do previsto. Ester chega em casa e vai direto para o banho, o dia estava quente e a indisposição tomou conta do seu ser, vinte minutos depois já é, deita para relaxar um pouco. Lê a mensagem de Fábio contando as novidades e percebe animação em suas palavras. Liga em seguida para ouvir a voz de uma mulher. O seu coração salta no peito, um nó na garganta a faz perder a voz. A mulher com sotaque indaga... Sim, quem é? Ester não consegue responder.... Desliga imediatamente. Fica louca de raiva e o desespero e a recepção toma conta de si, o quarto enorme se torna pequeno, não a cabe naquele espaço. Está tão transtornada que sai correndo deixando o celular sobre a cama. Desce as escadas chorando e vai para o jardim, onde sempre foi acolhida desde criança quando algo não ia bem. Joga-se na grama triste e desesperada, olhando a lua em forma de arco, fica ali até adormecer. Algumas horas depois acorda assustada, a lua já foi embora, levante-se e faz o caminho de volta. Quando vai começar a ler, ele liga novamente ela fica indecisa entre atender ou não... Resolve atender e ouve do outro lado a voz dele muito abatido. Amor, estou desesperado aconteceu alguma coisa com você? Porquê não me atendeu, nem respondeu minhas mensagens?

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Vai falando ansiosamente... Quando subi após o jantar, esqueci o celular na mesa... Logo em seguida a recepção me interfonou comunicando o fato dizendo que alguém havia ligado, mas não havia deixado recado. Vi que era você, desde então estou tentando retornar... Cala-se quando ouve os soluçando, é de emoção e alegria... Você não sabe como sofri desde então. Liguei e ouvi uma voz de mulher do outro lado, meu mundo desabou... agora que me esclareceu, vi o quanto fui precipitada... Vida... Minha vida.... Eu te amo! Fábio mesmo ouvindo esta declaração, não consegue esconder sua decepção. Diz em tom entristecido, amor não podemos ter esta insegurança, jamais pensei que me julgasse assim, estou triste. Ester chora e diz perdoe-me eu fui fraca e precipitada reconheço, estou muito insegura, nunca nos separamos e, é interrompida por ele. Logo agora que decidi... quando retornar antecipar nosso casamento, não quero mais viajar sem você e, ele interrompe, e diz emocionada sim meu amor, eu aceito, também não suporto sua ausência isso nunca mais acontecerá. Assim que chegar começaremos os preparativos para nosso casamento. Já é madrugada quando resolvem dormir. O primeiro mês termina e Fábio tem certeza que ficará apenas mais trinta dias, resolver falar para Ester que vibra muito com a notícia. Ambos trabalham motivados com a perspectiva de logo estarem juntos novamente. Ester comunica a família que o casamento será antecipado e todos se alegram, afinal Fábio é um rapaz sem defeitos, honesto, inteligente, trabalhador e futurista. Qualquer pai ficaria feliz e honrado em entregar sua filha no altar para aquele jovem admirável. O Mês passou rápido, e Ester está muito ansiosa no aeroporto, esperando Fábio que retorna de Portugal. Seu coração está acelerado ela conta os minutos. Enfim é anunciada a aterrissagem do voo oriundo de Portugal. Um frio percorre o corpo de Ester, seu coração parece sair pela boca, suas mãos ficam trêmulas, mais alguns minutos e estará nos braços de Fábio.

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Os passageiros começaram a aparecer no portão de desembarque, a ansiedade vai a mil para ambos. Fábio está impaciente com a demora da sua mala na esteira, parece que ver todas menos a sua... Mais dez minutos e lá vem ela, pega a mala e sai rapidamente rumo ao portão. Quando aparece Ester da um grito que estava contido na garganta... Meu amor! Todos no aeroporto se viram para olhar... Fábio abandona a mala e corre para ela de braços abertos. Ela pula naquele braço, e se entregam a um longo e apaixonado beijo... Foram muitos prolongados que só terminaram com os gritos e aplausos ensurdecedores da galera toda que estava no aeroporto. Fábio e Ester se casaram em doze de setembro do mesmo ano. A festa? A festa foi fantástica, inesquecível! A Melhor que a sociedade daquela simpática cidade pode ver. Como recordação cada um dos quatrocentos convidados levaram para casa, nada mais do quê a taça de ouro com o cronograma do casal que usaram para levantar o brinde a eles.

Sentada à uma mesa a poucos metros de distância observo discretamente um homem bonito folheando um livro sem parar em uma só página. Finge ler quando disfarçadamente me olha... observa cada detalhe, e quando olho em sua direção muda o olhar com a velocidade de um raio. Faço o mesmo, fico olhando a chuva lá fora enquanto sou observada por Andrey. Prefiro não deixá-lo perceber que foi percebido. Quero continuar sentindo aquele olhos verdes sedutores sobre mim, sinto arrepiar-me com o toque de seu olhar penetrante. Andrey é um homem muito atraente com jeito sedutor. A sua cor morena canela dispensa comentário, tem cabelos pretos lábios carnudos e um par de olhos que parecem dois faróis acesos, capaz de iluminar tudo onde mirar.

UMA PAIXÃO AVASSALADORA

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Olhares curiosos e admirados o segue por onde passa. Sempre foi muito quieto, com olhar distante pensativo e introvertido. Desde que me lembro sempre falava pouco somente o necessário. Com certeza ele não se lembra mais daquela menina franzina, que morava a duas quadras de sua casa e passava de bicicleta inúmeras vezes tentando vê-lo naquela janela onde sempre fica olhando a rua distraidamente por horas. Isso aconteceu a nada menos que seis anos atrás. Na época eu estava com quatorze anos, era bem magrinha, não tinha nenhum atrativo que lhe chamasse a atenção, na época não conseguia nenhum um olhar se quer, talvez pela diferença de idade que havia entre nós. Andrey já era um moço de vinte anos, não iria sentir-se atraído por uma pirralha feia de quatorze anos.

O tempo passou e agora seis anos depois aqui estamos nós. Mais próximo do quê nunca. No mesmo lugar, na mesma cidade preso por esta chuva que não passa. É a primeira vez que sou notada por ele, desde toda vida, sim fomos vizinho desde sempre, eu nasci na naquela rua desde que me lembro ele sempre morou alí naquele sobrado, com um lindo jardim na frente. Porém nunca tivemos nenhuma afetividade e aproximação. As lembranças do passado me fizeram perceber o quanto mudei. Aquela menina feia magricela de cabelos ruivos e olhos azuis hoje nem parece a mesma. Me tornei uma mulher interessante e profissionalmente bem sucedida. Com vinte anos apenas desfilando para grifes famosas e com contratos invejáveis. Sou reconhecida internacionalmente, consegui isso em apenas cinco anos. Fui descoberta por olheiros internacionais na festa de formatura dá minha prima, na capital a duzentos km de onde nasci. Na ocasião eu era muito criticada por ser uma garota desajeitada e feia, alta demais, tinha uma boca enorme cabelos de fogo como diziam os meninos na escola, e foram exatamente estes defeitos que atraiu os profissionais da moda. O tempo foi passando e eu mudando a cada ano de um corpo escultural, e um rosto angelical, os cabelos estão enormes... mantiveram a cor por ser rara, atraí muito o público alvo.

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Pode-se dizer que estou ótimo em plena ascensão profissional. Por conta de um contrato com uma grife tive de parar meus estudos por dois anos. Retomei posteriormente mas novamente tive que trancar desta vez a faculdade. Retornando agora para terminar, meu curso de comércio exterior, e talvez fazer uma outra faculdade agora no ramo da moda. Um novo contrato já foi assinado, mas com a garantia de trabalhar somente com campanhas publicitárias pré definidas. Com isso terei tempo para dedicar aos estudos. Agora sou modelo exclusiva da empresa com inúmeras possibilidades, existe interesse deles que eu termine minha faculdade. Afinal uma modelo internacional exclusiva, tem compromisso em vários países, é indispensável ter um curso superior. A chuva dá uma acalmada e Andrey se levanta e vai até o balcão. Enquanto ele anda Lucy percebe sua elegância. Seu pensamento vai a mil, descobre o quanto ele ainda a atrai. Tenta recompor os pensamentos, sugerindo que não o conhece mais, não sabe nada dele... Talvez tenha se casado... Lembrando-se que ele é seis anos mais velho que ela portanto hoje está com vinte e seis anos, sendo morando no mesmo lugar onde nasceu, as pessoas se casam jovens ali, todos se conhecem a cidade é pequena com apenas cento e poucos mil habitantes... Lucy está mergulhada completamente nos pensamentos quando sente um toque no seu braço. Se assusta e olha, é Andrey que pede licença para pegar um guarda chuvas pendurado na parede próximo da cadeira dele. Lucy olha para ele pede desculpas por sua distração... Ele sorrir calmamente dizendo não há problema algum, fica tranqüila... Estende a mão em sua direção e diz, sou Andrey, estive te observando e concluí que não deve ser daqui, conheço todos na cidade nasci aqui... Lucy pega sua mão aperta e diz, pois é... Também nasci aqui, mas estive fora seis anos, é provável que não se lembre de mim... É também normal que não tenha-me reconhecido, com certeza mudei muito. Com o olhar fixo e observador Andrey diz..... Não é possível! É você mesma? Será que não estou enganado?É você Lucy? Lucy Savalla! Lucy fica feliz, por descobrir que não era assim tão despercebida por ele na adolescência. Responde admirada! Sim sou eu! Te reconheci desde que entrei! Diz ela em tom amistoso.

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. Andrey explica que ele não havia mudado muita coisa na sua aparência, já que era um rapaz quando ela sumiu da cidade, ela sim ainda era uma adolescente. Lucy fala da sua profissão, justificando sua ausência, ele ouve um pouco e logo diz que tem muito para conversarem, mas que terá de ser em outro momento por conta de um compromisso. Diz e vai logo marcando um encontro para daí três dias. Lucy aceita fica feliz e eufórica com a possibilidade de revê-lo e conversarem sobre o passado, mas também de atualizar os seis anos em que esteve fora. O encontro seria no Sábado a noite. Trovaram número de celular para marcarem o horário posteriormente. Lucy vai embora e pensa que certamente ele ainda está livre... O convite não seria oportuno se fosse comprometido.

Os dias seguintes fora de ansiedade para ela. Andou pela cidade relembrando os lugares, pouca coisa mudaram nestes seis anos. A casa de suas família sim mudou muito, Lucy a transformara em uma quase mansão, comprou o terreno ao lado, e fez uma bela casa de dois pisos, com piscina, quadra de esporte, e até uma mini praça... realizando um sonho de infância. Pode perceber que a sua casa era a melhor cidade. Hoje estava já localizada no centro, lembrou que no passado enquanto criança, ficava um pouco afastada, mas a cidade tinha outra dimensão atualmente. Enquanto andava pela cidade tinha pensava na possibilidade de encontrar Andrey, mas isso não aconteceu. Na sexta-feira foi à capital comprar um bom champagnes para brindarem o encontro. Na estrada recebeu a ligação de Andrey... Querendo marcar horas, ele irá buscá-la em casa no horário. Sábado o dia amanheceu de sol e com uma beleza extraordinária. Lucy vai aos preparativos para logo mais. Vai ao cabeleireiro retocar os cabelos e dá um retoque nas unhas. Seu coração está acelerado, a ansiedade palpita no peito. O relógio na parede badalada vinte horas, ela vai para o banho. Liga a água da banheira coloca umas gotas de óleo relaxante e entra... Fica deitada na banheira por meia hora relaxando. Revigorada e mais tranqüila, se enxuga e passa creme perfumado no corpo, pega o vestido azul Royal estendido na cama e coloca, vai até o espelho para verificar...

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Sabe que ficou estupendo, aquele vestido parece ter sido feito sob medida, escolhe um scapin vermelho de salto bem alto, não precisa se preocupar com altura, Andrey é um homem de um metro e oitenta, no máximo ficarão da mesma altura. Diante de tantas coisas boas que espera acontecer isso é secundário Coloca os brincos e faz uma leve maquiagem. Lucy é despojada, não gosta de muita produção. A hora se aproxima, e ela sente necessidade de uma bebida, vai até a adega e abre um espumante francês. Pega uma taça vai para a sala coloca uma música enquanto espera. Degustando a bebida e vai relaxando ao som de Miriage d´Amour (Chopin) Pelo motivo vê o carro de Andrey entrando no portão. Enquanto ele segue em direção a residência, ela sobe e dá mais alguns retoques no visual, havia se esquecido do perfume... Escolhe um Victória secrett, que agrada muito por ser delicado e marcante. Desce as escadas no exato momento que ele é anunciado pelo interfone. Abre a porta, e eis que sua frente está aquele homem a sua frente mais parece uma miragem de tirar o fôlego... ele sorri timidamente, enquanto diz um simples olá! Convinda-o a entrar e acompanhá-la na bebida. Ele aceita e acompanha-a observando cada detalhe, logo após pegar a taça, levanta para o brinde e diz, você está simplesmente linda!

Perfeita! Estonteante... Ela fica meio sem jeito e agradece enquanto bate a taça na dele e «diz Tim Tim, à nossa noite»...!

Ela a olha nos olhos e diz, sim a nossa primeira noite! O lugar escolhido por ele a surpreende, pensou que iam ao melhor restaurante da cidade, ou coisa semelhante... Assim que saíram do limite daquela propriedade, Andrey parou o carro, um BMW preto com bancos cor pastel que ela pode observar não ser muito novo, seu modelo já era antigo. Ele desceu e abriu a porta dela, deu a mão e a puxou gentilmente para fora. Sem entender o que estava acontecendo, ela sorriu desconfiada, e antes que perguntasse alguma coisa ele pegou um lenço de seda vermelho dobrou colocou sobre os olhos dela amarrando delicadamente tirando toda sua visão.

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Ela pode sentir o cheiro do seu perfume, e até sua respiração de tão próximo. Ele a conduz para entrar no carro, ela pergunta, o quê está fazendo? Vai me seqüestra? Ele puxa para si e sussurra no seu ouvido... Sim vou, levanta seu queixo e roça os lábios na boca de Lucy que sente um arrepio forte, procura os lábios dele sem enxergar nada. Ele se afasta, e depois a beija rapidamente e se afasta novamente, para que ela fique procurando sua boca desesperadamente... Repete a brincadeira por quatro vezes, depois se aproxima e deixa que ela sinta seu beijo sensual e delicioso. Depois se afasta e diz, já chega. Agora vamos para seu cativeiro coloca-a de volta no carro com os olhos vendados, e volta a dirigir. Após mais ou menos quarentena minutos ela sente cheiro de mato verde, ele continua a dirigir mais alguns minutos. Para o carro e volta abrir a porta dela, pega-a pela mão e diz venha e não tire a venda ainda, ela obedece se encostando no carro, enquanto ele abre a porta traseira, ela ouve o barulho de taças. Ele a conduz a um lugar e a ajuda se sentar, em seguida ouve-se a explosão da rolha da champanhe, ele coloca uma taça em sua mão e tira a venda dizendo... Olhe! Lucy fica em êxtase total!

Seus olhos depararam com a vista noturna mais linda do mundo! Estavam em um morro cheio de ipês floridos o perfume das flores exalava com a brisa leve a lua estava brilhante e enorme, era lua cheia... Avistavam a cidade toda iluminada lá em baixo a alguns quilômetros da li. Lucy não dizia uma palavra só admirava... Estava encantada, ele se aproximou encostou sua taça na dela e disse Tim Tim... À noite mais linda do mundo!... pergunta à ela... Gostou da surpresa? Lucy responde que nunca teve uma noite tão surpreendente, brinda com ele dizendo... Ao homem mais surpreendente do mundo a quem estou admirado profundamente! Tomam um gole e começam a se beijarem novamente, agora olhando nos olhos um do outro. O carinho e ternura invade o coração de cada um... Andrey olha a lua e diz, nunca tive uma noite uma noite assim também, mas já vim aqui muitas vezes só, e sempre prometi a mim mesmo que um dia traria a pessoa mais especial, que fizesse meu coração palpitar de alegria e emoção.

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E foi você quem fez isso desde o primeiro momento que te vi no restaurante. É por isso que estamos aqui, foram muitos anos de espera mas valeu, e valará a pena não tenho dúvidas. Continuou dizendo. Nunca me apaixonei, sempre esperei que alguém iria desperta em mim um sentimento muito mais que especial, foram anos de espera porque eu sabia que aconteceria um dia. Como isso não havia acontecido até aquele dia... Eu continuava esperando. Estamos aqui hoje por um motivo muito especial para mim, e será para você também. Ele coloca minha mão no bolso de seu paletó e diz, pega o que encontrar. Encontro uma caixinha e entrego a ele, que a abre a claridade da lua ilumina e revela aquela pedra lindíssima que emite raios azulados. Ele coloca o lenço vermelho que me servira de venda, coloca no chão, se ajoelha e pega minha mão e coloca o anel no meu dedo, perguntando em seguida. - Linda Lucy. Aceita namorar comigo? Lucy estava em silêncio só ouvindo ele dizer coisas tão encantadoras, teria que quebrar aquele silêncio para responder. Aquele momento era tão surreal e mágico que Lucy pediu a ele em tom de brincadeira, me belisca... não pode existir alguém assim como você! Ele a beija e diz - responda meu amor! Lucy diz um sim carregado de amor e emoção, as palavras cortavam, pareciam dispensáveis... Eles se olhavam com paixão e prometeram ali diante da Lua claríssima, que nunca mais se separariam. A chegada do frio e eles decidem ir embora. Entram no carro ele dirige por um caminho estreito até chegarem em uma cabana no meio do mato. Lucy se encanta novamente. É uma cabana linda cheia de flores e ao longe se ouve o barulho de água corrente de um riacho. Andrey a conduz para o quarto onde uma cama de madeira de outro século compõe aquele ambiente todo cheio de detalhes. O enchoval da cama em um cetim branco é iluminado por uma arandela de cabeceira, e um abajur de bronze. Ele acende um lampião também de outro século e revela muitas pétalas vermelhas sobre a cama. A iluminação é apagada propositalmente em alguns pontos.

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Ele vai até a cômoda e pega uma camisola vermelha longa e entrega a Lucy, vai ao banheiro e abre a torneira. Volta e conduz Lucy até lá, a banheira está quase cheia a espuma branca e de pétalas vermelha, exalam um cheiro de rosas. Ele tira cada peça da roupa de Lucy beijando todos os locais revelado... Ela retribuiu carinhosamente e entra na banheira, enquanto tira o paletó dele, em seguida a camisa. Ele se afasta e termina de se despir, entra na banheira, alcança as taças que foram colocadas em ponto estratégico. Agora vamos de vinho para completar a noite! Entrega a ela uma das taças e levanta apara a outra, para o brinde... Ela repete o gesto e dizem juntos Tim Tim... ao casal mais feliz do mundo! Em uma noite que se prolongará para sempre! Dão um beijo apaixonado para selar o juramento!...

Tim Tim!

A luz do sol invadiu os espaços entre galhos das árvores, formando reflexo coloridos que parecem pedaços de arco-íris. Hanna está caminhando algum tempo dentro da mata fechada, úmida e turva. Enquanto caminhava, imaginava como seria se Joshua estivesse ali naquele instante ... Sabe o quanto ele gosta da natureza. Certamente estaria como um garotinho saltitante desnublado, empolgado e fascinado com cada descoberta. Certamente tudo teria para ele, o doce gosto de infância. Hanna estava tão envolvida nos pensamentos... que deu um grito de susto quando uma cobra passou quase por cima do seu pé. Ficou imóvel e com o coração acelerado, prendeu a respiração por alguns segundos, imaginou que precisava parar por um momento. Estava exausta e assustada. Começou a caminhada exclusivamente para relembrar os momentos vividos durante os quatro anos ao lado de Joshua, mas o cansaço a venceu... Ainda trêmula e assustada sentou-se ao pé de uma árvore gigantesca. Olhou em volta e ficou admirada com tanta beleza e exuberância nativa daquele lugar. O silêncio, a exaustão e o fresco do ambiente, a fez dormir profundamente.

O ÚLTIMO SUSPIRO DE UM AMOR

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Meia hora depois, começou a cair uma chuva fininha e os pingos a fez despertar, sobressaltada e sentindo muito frio. Lembrou que que estava sonhando com Joshua. No sonho ele a observava enquanto dormia deitada em seu peito, os dedos dele entravam em seus cabelos fazendo uma massagem delicada. Ele beijava seus cabelos enquanto os acariciava causando nela um inexplicável bem estar. Achou melhor tentar esquecer o sonho, antes de a tristeza vir visitá-la. Levantou-se rapidamente para esquecer aquele sonho... parecia tão real! Já fazem seis meses que Joshua colocou ponto final no relacionamento entre eles. Dizendo senti-se muito confuso, depois de mais uma crise de ciúmes de Hanna. Com o pretexto de não ter mais certeza se ainda a amava, seus sentimentos estavam muito confusos. Por isso pediu um tempo para encontrar as respostas para as incertezas. Enfim... disse que queria reavaliar seus sentimentos. Hanna porém não tinha esta dúvida, muito pelo contrário a única certeza que ela tinha, é que Joshua era tudo na sua vida, o maior amor que já tivera até o momento. Hanna muito meiga, inteligente, linda e compreensiva. Mesmo com o coração partido, sofrendo o maior golpe de sua vida, concedeu a Joshua o tempo proposto que era de trinta dias . Porém passado seis meses, Joshua ainda não queria retornar o relacionamento. Bastante triste e muito desanimada, Hanna procurou um psicólogo para ajudá-la atravessar este momento difícil. Por sugestão do psicólogo foi passar uma semana em um parque florestal, onde construíram um complexo turístico fantástico, e ela está se sentindo muito melhor. Passaram dois dias, Hanna estava se sentindo entediada, a tristeza estava querendo tomar forma novamente... Até que o guia do hotel informou que, havia uma trilha muito atrativa no meio da mata, ela resolveu se aventurar e começou a caminhar com a intenção de meditar um pouco. Andava de vagar ouvindo os sons, e absorvendo toda a magia que estava contida naquele lugar. Abrisa úmida, o cheiro de musgo o colorido das flores e das aves, foi transformando tudo em calmaria. Cada minuto que passava ela tinha mais certeza de estar no lugar certo. Os sentimentos tristes já estavam dando espaço a uma sensação de paz e reorganização sentimental. Já era possível lembrar de Joshua com ternura, sem se entregar ao sofrimento de antes. No retorno ao hotel percebe que acabara de chegar um ônibus cheio de turistas barulhentos.

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Conclui que seu sossego estava ameaçado. Ao passar pela recepção resolveu perguntar por quanto tempo a excursão ficaria lá, foi informada que ficarão apenas dois dias. Mais tranqüila em relação ao seu descanso, toma as escadas que levam ao seu quarto. Tomou um banho demorado para tirar todo o suor e cansaço da caminhada. Já estava na hora do almoço e ainda não sentiu fome. Colocou um vestido despojado bem leve, e desceu para a recepção. Sentou-se próximo da porta para ver o movimento dos turistas empolgados lá fora. Tinha um grupo de pessoas conversando animadamente, pareciam tão felizes... Logo à frente, avistou um homem solitário, sentado pensativo no banco de ferro debaixo da árvore, cheia de flores amarelas. Começa a observá-lo com mais atenção. Não parecia triste, apenas alheia a toda algazarra do grupo. Hanna ficou curiosa... será que ele faz parte daquela excursão? Resolve tentar uma aproximação discreta. Caminhou devagar na sua direção fingindo observar a paisagem, chegou onde ele estava, pode sentir sua presença forte... teve a sensação de ter sido notada rapidamente. Pegou um cacho de flor amarela e cheirou, sentiu o perfume... depois perguntou a ele: - Você sentiu o perfume destas flores? Ele diz não... E levantou-se caminhando até ela. Chegou bem próximo, levantou outro cacho de flor, cheirou fechando os olhos por alguns instantes. Hanna percebeu o quanto sua presença era marcante, ele pareceu-lhe simpático e receptivo. Em seguida abriu os olhos e disse, uma delícia este perfume, tão suave e agradável, como uma linda mulher saindo do banho. Hanna ficou um pouco constrangida, sentiu que ele a olhou diferente. Resolveu quebra o clima perguntando-lhe se estava na excursão. Para surpresa dela, ele disse, não, eu já estou aqui a três dias, e vi a hora e o dia que você chegou. Sua aparência está bem melhor agora, te achei muito triste e enigmática quando chegou aqui. Completou... tentei te encontrar mas você sumiu, só hoje a encontro. O que é uma pena, estou de partida amanhã após o almoço, perdemos a oportunidade de nos conhecermos melhor. Poderia ser mais divertido para ambos, não acha? Hanna não responde apenas, estende-lhe a mão e diz, mas então é um prazer conhecer um homem tão interessante, mesmo por algumas horas. Ele aperta sua mão e deixa um perfume de musgo com sândalo impregnado nas mãos de Hanna.

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Ela comentou... perfume fantástico o seu. Ele diz que bom que gostou... Bom começo.Ele diz: - Hanna... Nome forte e interessante, gostei. O meu nome é Andrey, te confesso que estou muito feliz por conhecê-la... você é uma mulher linda e muito interessante. Mesmo sendo por poucas horas tenho certeza que valerá muito a pena. Hanna pergunta se ele já caminhou pela trilha, ele diz que não, nem tinha conhecimento da existência de tal trilha. Ela arrisca um convite... Então já que diz achar-me linda... interessante. Poderia ficar um pouco mais Faríamos companhia... O que acha? Não pode voltar apara a cidade sem conhecer a trilha, é uma paisagem indescritível! Andrey pensa alguns segundos e diz, é... talvez seja melhor aproveitar um pouco mais o momento aqui em sua companhia. Hanna ficou feliz, e chamou Andrey para almoçar, agora já sentiu fome e sede.Entraram no restaurante que já está basicamente vazio, quase todos já almoçaram. A maioria já saíram para seus passeios. Escolheram uma mesa próxima da janela para ter a visão do pequeno lago com pedalinho, e belos cisnes gigantes de acrílico todos muito coloridos. Fizeram os pedidos, e enquanto esperavam observaram um casal de namorados no pedalinho, parecem jovens demais, mas formam um belo casal. Romantismo estava explícito neles. Mais distante tinha um casal com uma criança brincando em um dos cisnes. Ficaram em silêncio, o garçom trouxe as bebidas, e Andrey sugeriu um brinde ao encontro. Hanna levanta a taça de vinho e diz a nossa caminhada de amanhã... Andrey completa... Que venha a trilha e que ela nos traga boa colheita...! Olhou maliciosamente para Hanna que ruborizou a face, pela timidez. Após o almoço subiram para um bom descanço. Hanna descobriu que estavam próximos, apenas três quartos os separavam. Deitou-se e ficou imaginando muitas coisas, pensou que com certeza estava realmente se curando do abandono sofrido. Já estava aberta a outras experiências. Adormeceu tão profundamente que só acordou na madrugada e percebeu que não havia jantado. Retomou o sono novamente. De manhã estava faminta, desceu para o café um pouco mais cedo. Andrey ainda não havia descido para o café, devia estar dormindo ainda. Tomou o café lentamente, mas termina seu café e ele não havia chegado.

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Sentiu-se ansiosa com a ausência dele, não estava entendendo este turbilhão de sentimentos que afloram dentro de si. Subiu para o quarto para tentar se acalmar e até relaxar um pouco . Deitou com os braços abertos e ficou olhando o teto imóvel. Achando tudo chato, sem sentido, estava meio de saco cheio. Não entendia porque esta mistura de sentimento estava a deixando tão infeliz. Parecia um preságio de algo ruim. Uma vontade involuntária de chorar foi tomando conta de si quando foi despertada por batidas na porta. A princípio ficou quieta... Depois levantou-se e foi abrir. Perguntou que era e ouviu ele responder, sou eu Andrey, minha querida!Hanna abriu rapidamente... Andrey entrou e parecia não estar bem, antes que ela perguntasse ele disse: - Não estou bem. Sinto muitas dores no estômago, parecia pálido. Hanna ficou preocupada e perguntou o que se passava. Sem responder ele disse, não precisa me olhar com esta expressão preocupada, logo estarei bem, já estou habituado. Já haia tomado o café e o acompanhou. Pode observar que por várias ele virou o rosto para não deixá-la perceber que sentia fortes dores.

Estava sentindo-se inquieta com a situação, mas nada podia fazer ou dizer já que ele preferiu não revelar as causas. Assim que terminaram ele a chamou para sentar onde estava o dia que foi abordado por ela. Andrey andou com certa dificuldade até chegarem ao banco de ferro, as flores amarela estavam exalando o perfume de sempre, Andrey disse, agora é impossível sentir este perfume sem me lembrar do seu gesto com aquele cacho enorme nas mãos...Foi umas das coisas mais linda que já vivi. Você não tem ideia de como estava linda!A curiosidade tomou conta de Hanna que pediu licença por uns minutos dizendo que iria ao toilette. Parou na recepção e perguntou pela dona do estabelecimento, já vira Andrey conversar amistosamente com ela. Precisava tentar descobrir alguma coisa. O recepcionista a chamou pelo interfone e ela mandou que Hanna subisse ao seu escritório. Quando Hanna entrou ela disse: - Bom dia senhorita em quê posso ser útil? Hanna um pouco sem jeito diz... apenas queria saber até que conhece o sr.Andrey. Flávia a olhou intensamente e perguntou, que relevância tem isso?Hanna ficou sem graça e disse, - Estou preocupada, ele não passa bem...

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Flávia fez cara de preocupada e respondeu é... Eu sei, ele não te cantou?Hanna disse não, não cantou. Flávia disse, não sei se farei o correto mas vou te dizer. Andrey tem apenas alguns dias de vida, é meu sobrinho querido. Esta com câncer no Pâncreas e já com metástase no fígado e mais alguns órgãos vitais. Está aqui porquê escolheu este lugar para terminar seus dias de forma mais feliz. Estou aplicando morfina para que consiga suportar, mas as vezes demora um pouco fazer efeito. Mas não diga a ele que te contei, por favor. Ele não suportaria, não aceita a ideia das pessoas sentirem pena dele. Hanna não acreditava no que acabou de ouvir, ficou destroçada, parecia que seu mundo caiu um pedaço no espaço vazio sem eco, sem nada... Não conseguia ordenar os pensamentos. Flávia percebeu o estado de Hanna, ofereceu-lhe um copo de água. Hanna pediu um tempo para se recompor e disse, farei tudo que ele não perceba, fique tranqüilo. Ali mesmo Hanna decidiu que faria companhia a Andrey até o último momento. Voltou para encontrá-lo no lugar onde o deixou, mas ele não estava mais no local. Hanna foi até a recepção e perguntou por ele, ninguém soube informar. Hanna começa a andar próximo dali tentando encontrá-lo...Não obteve sucesso, foi em direção a trilha e começou a chamá-lo. Já estava a uns trezentos metros quando o viu sentado no tronco de uma árvore caída. Foi até ele, tentando não demonstrar preocupação. Sentou-se ao seu lado reclamando, ia fazer a caminhada sem mim?Ele sorriu e respondeu que estava tentando, mas que não conseguiu... obter sucesso, acabou cansando e sentando ali pra descansar. Hanna sorriu e disse acabou a moleza, vamos embora, vou te mostrar uns lugares fantástico. Ele se fazendo de forte, colocou-se de pé e começou segui-la. Hanna sabia que logo ele se cansaria, então quando chegaram próximo de uma mina d`água ela o convidou a tomar água fresquinha. Ele temendo que ela percebesse o seu cansaço, disfarçou brincando com a água. Quando Hanna abaixou-se para beber, ele jogou água para cima assustando-a. Hanna devolveu a brincadeira, em minutos estavam ambos ensopados, pareciam duas crianças. Naquele momento estavam tão felizes que esqueceram todos os problemas e frustrações. Era um momento ímpar para os dois.

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Repentinamente Andrey ficou sério e disse, Hanna queria, propor-lhe um pacto. Estes momentos na sua companhia foram tão bons! Você se tornou muito especial e importante para mim. Quero propor-lhe o seguinte... Sei que você pretende ficar aqui uma semana, eu iria embora amanhã, mas está tão bom... que pensei em ficar mais tempo, te desafio a fazer-me companhia por mais trinta dias, seria possível? Depois disso cada um seguirá seu caminho, seria uma aventura inesquecível para nós dois, o que acha?Hanna entendeu o que Andrey queria, seriam seus últimos momentos de vida, e ela gostaria muito de proporcionar os melhores momentos a ele... Ficou temerosa, será que conseguiria dar à ele ainda um pouco de felicidade?Hanna estava muito envolvida. Já estava apaixonada e sofrendo muito, só de pensar que a qualquer momento ele partiria, deixando um imenso vazio na vida dela. Tudo entre eles foi muito intenso e aconteceu muito rápido, pegando ambos de surpresa... Agora Hanna estava ali diante de uma dolorosa situação, tendo que dar uma resposta para Andrey. Hanna olha nos olhos de Andrey e diz, aceito o desafio, apenas terei de ligar para uma amiga substituir-me no trabalho. Andrey ficou muito emocionado, abraçou-a e agradeceu dizendo, você não tem ideia do quanto estou feliz, por um momento achei que não iria aceitar. Ela também muito emocionada naquele momento prometeu a si mesma que jamais ficaria triste, viveria com Andrey, a experiência de amor mais valiosa de sua vida. O tempo já não importava mais, precisava de ser feliz agora a cada momento daquela relação. Recompondo da emoção Hanna diz a Andrey, vamos fazer valer a pena estes trinta dias então, você promete? Andrey não respondeu, apenas puxou-a para si, acolheu-a entre os braços com carinho, e beijou sua boca de uma maneira que Hanna nunca havia sido beijada. Emoção a flor da pele, uma paixão ardente que incendiou os corpos sedentos de Andrey e Hanna. Decididos ser feleizes, e não perder um minuto do tempo, fazem amor ali mesmo na beira da mina d`água.Deitam exaustos na gramínea que cobre a terra cheirosa e úmida. Trocaram olhares marotos e apaixonados.

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Andrey com olhos cheio de lágrimas diz, porquê não te encontrei antes? Queria tanto ter sido feliz com você... Hanna beija sua boca para não continuar. Diz a ele, estamos sendo muito felizes aqui e agora, isso já é maravilhoso. Não importa o tempo, nosso amor será para sempre. Ambos Prometeram que jamais se esqueceriam. Voltaram para o hotel cheios de energia, felizes e brincando alegremente. Da janela Flávia os observa e fica feliz ao parceber que seu sobrinho escolheu ser feliz mesmo que por pouco tempo. Andrey se foi numa manhã ensolarada de Domingo, Hanna segurava sua mão, enquanto tomavam o café da manhã na sacada do quarto. Diante da calma de Hanna, naquele momento, Andrey a olhou apaixonadamente e perguntou, você sabe que estou indo, não é meu amor?Hanna segura a emoção, e diz sim meu amor, espere por mim... qualquer hora chego lá, e continuaremos tudo que começamos aqui neste plano. Vá com Deus e não se esqueça de mim, você prometeu... Andrey fechou os olhos tranquilamente e se foi para eternidade.

Pérola Guimarães

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Certa vez, um filhote de Águia gostou tanto do lugar onde nasceu que nunca quis abandoná-lo. Seus irmãos, na época certa, levantaram voo e foram embora sem se importarem com ele, já que se recusou a voar também. Seus pais, por algumas vezes, insistiram que ali ele estaria sem o apoio familiar e alertaram-lhe dos riscos de deparar-se com alguns predadores, mas sentia-se tão bem, naquela árvore frondosa e acolhedora, onde havia até o ninho que eles construíram e que lhe servia de abrigo todas as noites. Sempre estava atento a qualquer barulho diferente, nunca se esquecia das recomendações de seus pais sobre os perigos. Levava uma vida pacata, sem grandes voos, grandes paisagens e grandes caças. Sua alimentação era a mesma, já que só buscava nas regiões próximas. Uma tarde de inverno, como de costume, saiu em busca de alimento. Esperou no mesmo lugar, mas não aparecia nada, nem uma pequena cobra sequer. Então resolveu ir mais longe... E, nada! Porém ele não percebeu a aproximação de uma tempestade, já era final de tarde e ainda estava faminto. Tentou voltar, mas o vento levava-o cada vez mais longe! Ficou desesperado... Todavia, passado um tempo, a tempestade cessou. Ele atônito, não sabia que lugar era aquele onde estava... Sentiu medo, frio e ainda muita fome. Nenhuma ‘alma viva’ aparecia. E, com muito esforço achou o horizonte, determinou um rumo, criou coragem e voltou. Voou... Voou... Até avistar um pequeno riacho onde, às vezes, conseguia alguns pequenos peixes. A felicidade lhe bateu! Enfim um lugar conhecido; estava próximo de seu ninho. Conseguiu pegar alguns peixinhos, saciando à sua árvore tão protetora e acolhedora, ficou aterrorizado. Ela jazia ao chão, arrancada com violência do vento. Não podia acreditar. Era seu único abrigo, não sabia o que fazer. Desabou em pranto! Seu ninho todo despedaçado ao lado de um galho quebrado. A noite estava fria, mas seu coração muito mais. Recostou-se em um galho, protegendo-se com as folhas e adormeceu. Sonhou... Neste sonho via seus irmãos, a família cresceu, seus pais haviam tido mais quatro filhotes. Como ia conhecê-los. Até parecia que eles não lembravam mais. Não fazia mais parte daquela família.

UM TRISTE APRENDIZ DE ÁGUIA

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Ao acordar lembrando-se do sonho, pôde entender que agora teria de sobreviver sem sua árvore, seu ninho e sem sua família. Estava só, sem abrigo e sem ninguém para dividir suas angústias. Mas entendeu também que não tinha a quem culpar, pois havia sido ele quem escolheu o próprio destino. Levantou a cabeça, esticou o pescoço e encarou o céu em busca de novos horizontes. Às vezes preferimos acomodar-nos na tranquilidade, na zona de conforto, com receio de encarar a a vida, de enfrentar as dificuldades. Entretanto, nada é completamente seguro e em algum momento temos de escolher: enfrentar ou desistir. Eu escolhi a atitude do pequeno filhote: enfrenta as tempestades e as adversidades, em busca de experiência.

Daqui deste banco de madeira, posso contemplar este lugar coberto por gramíneas verdejantes e macias, que acariciam os meus pés. Ao Longe, ouço uma cascata derramando calmamente as suas águas cristalinas e límpidas, formando um pequeno remanso. Pássaros de variadas cores compõe o cenário... os sons que saem das suas siriges, inundam o ambiente com melodias agradáveis. Tento reconhecer alguns daqueles sons, imediatamente desisto... São muitos! formando uma algazarra generalizada. Reflito sobre Deus na sua plenitude, criou tudo isso em tão poucos dias e com tanta perfeição! Não vejo um detalhe imperfeito... Parece um quadro pintado por um artista renomado, no seu ápice absoluto. Observo os animais em busca de alimento e água, outros de abrigo. São lebres coelhos, esquilos e alguns saguis, todos convivendo em total harmonia. É um pequeno refúgio tudo é perfeito! A paz que existe aqui é indescritível! Todos parecem reverenciar o criador por toda aquela harmonia. Tudo parece tranqüilo... Até que sermos arrancados daquele estado de puro êxtase. Um barulho agudo vindo de uma árvore próxima nos coloca em alerta total.

FALCÃO PEREGRINO

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Imediatamente todos os pássaros voaram de uma só vez, causando um ensurdecedor. Os animais com seus barulhos estranhos esconderam-se amedrontados. Um pouco assustada olho em volta na direção da árvore, e nada vejo apenas tenho a sensação de estar sendo observada. Levantei-me imediatamente. Senti um arrepio percorrer o meu corpo avisando-me do possível perigo. Sem me dar tempo de defesa, um falcão peregrino fez um voo rasante sobre a minha cabeça. Quase pude tocá-lo mas ele subiu tão rápido como um raio, pude sentir o seu cheiro forte entrando por minhas narinas. Após feito isso assentou novamente na árvore, desta vez podia vê-lo observando-me muito atento. Era um lindo pássaro a sua cor predominante um castanho escuro, com pequenas manchas em tons mais claro, o branco completava a sua beleza. Ficou a espreitar-me por alguns minutos. A minha presença parecia ameaça-lo... fez novamente aquele barulho alto, abriu a asas e voou na minha direção com jeito ameaçador fazendo novo rasante. Este assustou-me deveras! fui ao chão para evitar as suas garras, ainda no chão tentei avistá-lo, notei algo a movimentar-se no galho de onde voara, era o ninho com os filhotes. Entendi o motivo de tanta braveza, estava a defender os seus filhos com garras fortes e afiadas. Comecei a observar o seu voo livre no céu, ele subia... Subia... Parecia procurar algo valioso. Ele já estava quase invisível, quando percebi outra ave semelhante voando ao seu encontro, presumi ser sua amada. Era nítida a sintonia entre eles voando um do lado do outro, ela começa a fazer círculos em volta com graça, como se estivesse a reverenciá-lo. Eu olhava encantada aquela cena, enquanto ambos desciam cheios de graça. Chegando a árvore... ele foi diretamente ao ninho e remexeu todo, para deixá-lo o mais fofinho possível. Os seus filhotes se sacudiram para chamar a sua atenção, aconchegaram em baixo das asas da mãe para ficarem o mais confortável possível. O falcão observava tudo de outro galho próximo. Fiquei encantada com tamanho cuidado daquela mãe, em seguida o macho levantou novo voo e desapareceu no horizonte.

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A fêmea ajeitou-se de forma cuidadosa no ninho parecia ter medo de ferir os filhotes tão frágeis ainda. Fiquei impressionada com sua sabedoria e cuidado. Pensei como é triste constatar, que muitas mães não são tão sábias e cuidadosas com os seus filhos. Observando pude entender o comportamento daquela (mãe) falcão... Compreendi exatamente a diferença entre algumas mães. Aquela mãe (falcão) tem seu comportamento basicamente por puro instinto. Deus em sua sabedoria e bondade colocou em cada coração feminino o instinto materno. Sem dúvidas este instinto é transmitido através do amor de mãe. O maior do Mundo!

Depois de um dia chuvoso, o sol reapareceu lançando seus raios coloridos aquecendo a imensidão. Enfim posso sair para a colina, onde encontro calma e tranqüilidade. Caminhar pelos campos verdejantes catando flores e sentindo todos os seus perfumes, respirando profundamente. O ar que entra nos pulmões, é de uma pureza quase inexistente. Cheiro de mato, aroma de flores e de frutos maduros. O sons da água da cachoeira derramando continuamente seu líquido caudaloso o meu caminhar... Caminhar e recordar... Recordando o meu tempo de criança, dos irmãos pequenos, das brincadeiras e das travessuras, dos banhos de chuva... E quão delicioso era, pular do galho das árvores direto dentro do rio. Como isso tudo fez os meus dias felizes e mágicos... agora tão nostálgicos. Isso aconteceu de fato em algum lugar do meu passado. Tudo agora tem para mim, extrema relevância... Ah! Quanta saudade tenho da minha infância.

O GOSTO DA INFÂNCIA

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Teu sorriso morno a iluminar a escuridão do meu coração. E no entanto tu não me amas, e fico eu imóvel a observar a lança do seu olhar já lançada contra a minha esperança de um dia poder te amar. Move-se ela sorrateira cortando o ar na minha direção, como a linha outrora lançada no mar buscando o lvo que venha a calhar e sou eu, que calha de se machucar. Longe vai o seu pensamento perdido, rasgando-me antes de ser novamente fundido, enraizado em cascatas de rios criados pelo espírito agora degradado enternecido. Choro lágrimas em meio a sorrisos soturnos. Na escuridão de lampejos noturnos. De onde se entrevê o seu riso e minhas dores tão sombrios. Frutos do pensar caótico e refletidos.

Ah! que tempos bons, em que eu antevia que era o meu dia, só que eu não sabia que logo partiria em qualquer outro dia. De mim se esconderia, mas tudo passou, a lâmpada se apagou o dia clareou, o ‘show’ já terminou, o dia já raiou. O que me diz agora que ninguém mais chora?Porque chegou a hora de eu ir embora. Olho para você todo sonolento... Chegou a minha vez de ir agora.Adeus meu amor de outrora...Até qualquer hora!

Eu te amo!Para dizer isso poderia usar todos os tipos de metáforas. Mas nenhuma delas teria o tamanho do seu abraço. Não teria o carinho de querer saber se estou bem, nem a compreensão em entender minhas escolhas. Você me arranca do estágio natural. Faz-me vir aqui relatar sutilezas, desejos, sonhos...

VEREDADAS SILENCIOSAS

TEMPO DO AMOR

AMOR SINCERO

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sentimentos. Quando, a tempos atrás, me sugeriu um amor, para alimentar a minha alegria de viver, e tentar prolongar mais tudo de belo que guardo aqui dentro do peito. Vez em quando sou abraçada por clichês, recorro todas as sensações maravilhosas deixadas pelos breves encontros, tão intensos como a saudade que sinto agora. Olho as fotos roubadas e uma vontade urgente de te ver, te sentir... invade minha alma. Como eu poderia imaginar que justamente quem me aconselhava, hoje seria meu maior amor, e também o motivo desta dor... decidi então aprisionar-te dentro do meu coração... Ter você todinho, em todos os momentos do ladinho, sem presa. Matando a saudade que se cria e aumenta a cada segundo que não te vejo. Hoje, sei que te quero todo tempo, então te guardarei aqui, com meia dúzia de bobagens e sorrisos. Quero ter sempre o som da sua voz no ouvido e a esperança daquele amanhecer, que ficou prometido. Quero para sempre, tudo contigo muito bem vivido. Eu quero a tua versão mais bruta e fora de hora. Aquele que só eu consigo enxergar, dentro ou fora como meus sentimentos ancestrais. Que meus sonhos quase reais não sejam apenas uma expectativa absurda no Universo jamais. Quero a tua complicação já conhecida e tudo que eu nunca disse, mas que agora já posso falar. E eu quero falar, eu quero te amar... para sempre, para sempre eu vou te amar...

Ano de 1981 Karen uma jovem bem sucedida tem 28 anos, proprietária da famosa floricultura ‘the flower seller’ no centro do Rio de Janeiro. Vai à (Zurique) na suíça para assinar alguns contratos com fabricantes de chocolates. Pretende ampliar os negócios na floricultura agregando mais opções para a sua clientela que é muito exigente. Seus clientes são a maioria da alta sociedade do Rio de Janeiro, artistas, políticos, industriais e alguns empresários de sucesso. Conquistou esta clientela a custa de muito trabalho e dedicação.

UMA VIAGEM SURPREENDENDE

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Sempre priorizou qualidade, e exclusividade algumas das raras flores só são encontradas na sua floricultura, isso sempre foi muito procurada, o seu diferencial sempre atraiu pessoas de gostos refinados, consegue oferecer flores importadas mais belas e raras do mundo. Os seus clientes são os mais bem remunerado do país, por isso pagam o preço sem reclamar. São conhecedores das dificuldades para manter este negócio. No primeiro ano, não foi fácil, mas depois conseguiu sobressair, e hoje Karen se tornou conhecida e respeitada pelo seu esforço conhecimento de mercado e dedicação, Detém os clientes mais cobiçados do mercado do estado do Rio de Janeiro. Reconhece que o seu diferencial vem mantendo-a no mercado a (cinco) anos, agora já está na hora de ampliar os negócios, para não cair na mesmice como outros empresários. A sua visão empreendedora exige que vá além. A viagem estava seguindo normalmente, já estavam sobre o oceano, quando a aeromoça anuncia uma tempestade com turbulência. Logo em seguida começa a ficar mais forte... a turbulência aumenta e algumas pessoas se mostram desconfortáveis. Karen já habituada a alguma tempestade aéreas ainda mantém a tranqüilidade... Para ela está dentro dos parâmetros suportáveis. Do seu lado direito na janela está um homem de mais ou menos 35 anos. Karen não havia olhado para ele, estava alheia apenas pensando nos seus negócios. A inquietude do belo homem chama a sua atenção, percebe um certo desconforto nele. Tentando descontrai-lo diz fingindo não perceber nada... Vai para Zurique? Ele afirma acenando com a cabeça. Karen percebe que não conseguiu o que pretendia e faz mais uma tentativa, viaja sempre para lá? Agora ele e olha nos olhos e demonstra surpresa, responde não, está é a primeira vez que ando de avião e estou um pouco enjoado, sempre evitei por temer, é assim mesmo? O avião costuma ter estes solavancos? O avião dá um solavanco muito forte e Karen também se assusta, tentando demonstrar tranqüilidade responde, olha não é sempre assim, as vezes são mais tranquilo, mas estamos sobre o oceano, e atravessando uma tempestade forte, como já avisaram da Cabine, mas vai ficar tudo bem, logo atravessamos esta turbulência. Ele com os olhos arregalados responde, espero que sim, não estou tranqüilo com você. Mais algumas sacudidas e somos avisados que atravessamos a zona turbulenta. Graças a Deus! diz o moço bonito aliviado. Karen aproveita estende-lhe a mão e diz, sou Karen muito prazer!

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Diz Graças a Deus mesmo, eu também já não estava confortável, apenas quis deixar-te mais tranqüilo, mas aqui dentro o meu coração estava apreensivo. O moço apertou-lhe a mão e respondeu: - Sou Stefano o assustado! sorriu tentando descontraia. Karen percebeu o quanto ele era lindo quando sorria... Falou quase impulsiva mente, deveria sorrir mais vezes... Em seguida sentiu o seu rosto aquecer, ficou envergonhada, ele percebeu e disse, só não sorri antes porque estava com muito medo! Sorriu e falou gentilmente, também percebi o quanto é linda e encantadora! Karen se sente menos envergonhada, agradece o elogio. Stefano continua... É casada? Está indo para Zurique? Karen responde animadamente, sim indo para Zurique, e não sou cassada. E você? Stefano olha para ela por alguns segundos e responde não, estou indo a Zurique encontrar a minha noiva, não nos conhecemos pessoalmente, apenas por foto e vídeo acredita? Karen fica um pouco decepcionada, tentando não demonstrar responde sem seguida, sério? A quanto tempo se relacionam? Stefano demonstra um pouco de desconforto como o tom de surpresa dela, responde meio sem graça, tem dois anos, estou indo para conhece-la e a família, vamos colocar as alianças. O casamento será daqui cinco meses. Karen deseja felicidades e diz nunca me relacionei assim, mas conheço pessoas que se casaram desta forma diz desapontada. O clima fica meio pesado, ele parece não estar à vontade se desculpa dizendo que tentará dormir um pouco. Ela concorda com a cabeça e pega uma revista para folear. Vê que ele a observa, finge não perceber. Logo em seguida é anunciado o jantar ambos se ajeitam puxando a mesinha, percebe a dificuldade dele e o ajuda, agradecido ele pergunta se ela poderia ajuda-lo também com o menu. Ela escolhe um salmão com alcaparras, pergunta a ele se gosta de peixe ou prefere carne. Stefano diz não gostar muito de peixe, então ela sugere um filé com fritas, ele aceita e faz o pedido. Quando chega os pratos ele diz que a sugestão dela foi perfeita, brinca... tenho certeza que está bem melhor do que este peixe rosa, sorri divertindo-se. Ela faz-se de brava e responde, com certeza! Este salmão não está dos melhores, olha só o pedaço minúsculo! Ambos dão uma gargalhada divertida. Se olham, mas sempre desviam o olhar como se fosse algo proibido. Karen termina o jantar e pede uma xícara de café. Stefano pede uma dose de whisky e justifica, se vier outra turbulência quero estar bêbado e dormindo, ambos riram.

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Ele dormiu logo após. Karen começou a observá-lo percebeu que tinha traços marcantes, o seu semblante fechado, o cabelos meio queimados do sol, caia-lhe muito bem com a cor morena dourada da sua pele... Parece que aquele homem tomava muito sol esquecera de perguntar qual era sua profissão, e agora depois de observá-lo estava curiosa. Mais uma meia hora e ele acorda com um belo sorriso, pergunta não dormiu linda Karen? Ela sorri gentilmente respondendo que não, diz estava lendo estas reportagens, e achei interessante esta aqui, fala exatamente sobre amores virtuais, não teve como não lembrar de você. Stefano fica interessado e pergunta, o que diz aí na reportagem? Karen diz é melhor não saber, poderá ficar impressionado. Ele insiste, com quê eu impressionaria-me? Não estou entendendo, diz intrigado. Karen entregue-le a revista aberta com a reportagem, ele começa a ler, e aos poucos vai ficando com o semblante de preocupação. Ao terminar questiona, isso se deu em Zurique, por incrível que pareça a moça da reportagem também se chama Anne. Karen pergunta também porquê? Stefano levanta uma sobrancelha e diz, não lhe falei que a minha noiva se chama Anne? Karen diz que não e fica também preocupada, mas o tranqüiliza dizendo, em Zurique Anne é um nome muito comum. Stefano olha pensativo pela janela, onde só se via aquelas plimas enormes. Aquelas nuvens pareciam montanhas de algodão. Ficaram algum tempo em silêncio, depois Stefano disse baixinho, seja o que Deus quiser. Já era visível Zurique, e Stefano avista da janela a cidade ainda bem minúscula, pergunta será que é Zurique? Karen responde que sim, enquanto ouvem o aviso de afivelar o cinto para a aterrissagem. Por algum motivo desconhecido Karen fica triste e pergunta, será que nos veremos novamente algum dia? Ele a olha intrigado e pensativo responde, se for da vontade de Deus... Uma tristeza invade o coração de Karen. Fica sem entender, aquele moço é um estranho, não justifica isso. Já em solo suóço diz para Stefano, ele responde apenas um sim sem muito entusiasmo. Por um instante Karen tem a impressão de velo sentindo a separação. Diz um pouco desolada, lá fora deve estar a sua Anne ansiosa... Antes de completar a frase ele coloca a mão sobre a sua boca, e fala, não diga mais nada por favor! Karen fica parada e sem reação. Stefano se aproxima perigosamente e diz, não posso deixá-la ir sem antes tomar uma atitude, puxa a sua cabeça e dá-lhe um beijo na boca.

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Karen fica ali parada enquanto ele se afasta sem olhar para trás. Recobra os sentidos e começa a andar rapidamente para alcançá-lo, não consegue. Atravessa o portão de desembarque e vai à procura de táxi, chama rapidamente, entra e começa se afastar quando vê do outro lado da rua Stefano. Parecia nervoso olhando para todos os lados, Karen pede para o motorista parar em frente a ele, percebe que ninguém o esperava, então pergunta, quer uma carona? Ele demonstra um pouco de decepção e vergonha, pega a mala e sente-se ao lado de Karen. Não diz nada, apenas justifica, é melhor ir para um hotel e esperar que Anne atenda a porcaria do celular. Karen não diz nada, chegam ao hotel onde já estava reservado para ela. Na recepção olha para ele e diz vamos encontrar um apartamento para você percebi que não tem reserva, sendo assim contaremos com a sorte. Não foi difícil, encontraram um de frente ao dela. Quando entraram no elevador ela questionou. Anne não veio encontrá-lo, passou pela sua cabeça, que ela pode ser a mesma pessoa da reportagem? Lá dizia que aquela Anne teria feito inúmeras vítimas saíram de seus países atrás dá promessa de casamento, e não compareceu em nenhum encontro, será que são a mesma pessoa? Stefano gagueja um pouco e completa, sinceramente senti algo ruim quando li, mas não tem foto na reportagem, então pensei serem pessoas diferentes, mas diante dá ausência dela já não sei o que pensar. Entram nos seus respetivos quartos com a promessa de descerem para o jantar às vinte horas em ponto. Karen vai direto para o banheiro e abre as torneiras para encher a banheira, coloca gotas de óleo de rosa-branca e espuma de banho, tira a roupa e entra na banheira ainda pela metade de água, está cansada e pretende relaxar um pouco antes do jantar. Stefano no quarto em frente tenta em vão mais uma vez ligar para Anne. Desiste e vai para o banho desanimado. Começa acreditar que não conhecia a sua noiva, e que talvez fosse mesmo a safada da reportagem que a polícia já estava a procura, provável que ele fosse a próxima vítima. Tomou um banho rápido e deitou para descansar. Karen já bem mais relaxada pensa enquanto a espuma cobre o seu corpo... O que será que vai acontecer com Stefano? Será que Anne virá ao seu encontro? Meu Deus uma viagem desta distância, e se ela não aparecer? Não consegue deixar de se preocupar. Olha as horas e percebe que não vai deitar, o tempo que resta é para se aprontar e descer para o jantar, Stefano estará a sua espera. Sai da banheira, enrola-se na toalha e vai para o quarto se preparar.

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Escolhe um vestido vermelho justo bem, coloca o scapin dourado de salto altíssimo, uma gargantilha dourada e a pulseira, faz um coque no alto da cabeça puxa alguns fios para dar um ar mais informal, passa o seu perfume de sândalo com bergamota, dá uma última olhada no espelho e conclui a sua maquiagem está perfeita! A sua beleza notada assim que entra no restaurante do hotel, os olhares insinuantes. Olha em volta, quando a recepcionista vem ao seu encontro, e a conduz até a mesa onde está Stefano. Ele levantá-se quando ela se aproxima, e diz... está deslumbrante! Ela agradece e sente-se observando a beleza de cor pérola com corte perfeito estava impecável. Aquela cor combinou com os seus olhos verde intenso, Karen respirou fundo e disse, és um belo homem e muito desejável, se Anne não aparecer, irá perder um homem muito especial com certeza! Stefano não responde, mas Karen nota que ele não se abala diante da possibilidade de Anne não ir. Está mais preocupado em agradá-la naquele momento. Pedem o jantar e um vinho, conversam como se nada mais interessava. Apenas os dois pareciam estar ali naquele ambiente, o clima era de alegria e descontração. Stefano pergunta qual seria o horário que Karen assinaria os contratos. Ela respondeu que seria após as 10:00 hs. Ele não fez nenhum plano para o dia seguinte. Após o jantar subiram para o quarto, na porta Stefano despede de Karen com outro beijo na boca, desta vez ela abraça-o com paixão, e diz vamos devagar afinal ainda é um homem comprometido. Ele aperta o seu corpo contra o dela, e diz sim, amanhã resolvo isso. Beijá-a novamente na boca despede-se enquanto pé na porta, ela entra no quarto e fecha lentamente a porta. Na manhã seguinte, Karen se apronta rápido e desce para o café, lembra que não combinaram nada. Chega no salão de café olha na esperança de ver Stefan, mas ele não está. Sai rápido para os seus compromissos já agendados, só voltará a tarde, lembra que não pegou o número do telefone de Stefano e sente dor no estômago só de pensar na possibilidade de não vê-lo novamente. Afasta os pensamentos sórdidos e entra na primeira empresa, já são 10:15 hs quando é chamada ao escritório para assinar o primeiro dos três contratos. Precisa se concentrar, e fazer tudo o quê está previsto. Sai da empresa rapidamente, tem meia hora para estar na segunda empresa. Alugou um carro para não ficar a depender de táxi. Sai em velocidade para não atrasar ao compromisso. Às 17:30 hs chega ao seu último compromisso já um pouco cansada e ansiosa, mais uma hora e estará no hotel, será que Stefano estará lá? Fica agoniada com estes pensamentos.

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Só às 18:00 hs consegue assinar o último contrato. Sai dali e segue rumo ao hotel. Chega e pergunta na recepção por Stefano, a sua chave ainda está na recepção, isso significa que ele não voltou. fFica muito apreensiva, e sobe para o quarto para relaxar um pouco enquanto espera por ele. As horas voam, já são 22:00 horas e ele não subiu, o cansaço e o sono vencem, Karen adormece ali deitada na poltrona esperando por ele. Acorda de manhã com dores no corpo, pelo desconforto da poltrona. Toma banho quente e desce para o salão do café na esperança de encontrá-lo. Novamente ele não está, não consegue comer, apenas toma um suco, e vai até à recepção perguntar por Stefano. Não gosta do quê ouve, é informada que Stefano acabara de sair acompanhado de uma mulher. O seu coração vai à boca... Imagina que Anne tenha aparecido, e Stefano estava evitando encontrar com ela para não ter que dar explicações. Sente-se mal e vai para o quarto, na manhã seguinte o seu vooo de volta ao Rio de Janeiro, sai às 10:00 hs. Imagina que não mais verá Stefano, também não terá como procurá-lo, não pegou telefone, não perguntou onde morava, na verdade, não sabia nada sobre ele, chega a conclusão que foi absolutamente negligente, como não saber nada de um homem que lhe fez companhia por dois dias, que a beijou, e se tornou tão importante para ela? Foi na recepção para ver a ficha que ela supostamente teria preenchido, mas, na verdade foi ela quem havia colocado ali as informações já que foi ela a conseguir o apuramento para ele, o hotel por conhece-la não se preocupou em mandar que ele completasse o cadastro, ficou apenas o que Karen havia escrito. Desolada subiu para o quarto e começa a arrumar as malas para voltar. Não desce para o jantar, está terrivelmente chateada. Toma um banho e deita, sua cabeça dói. Tima um remédio e dorme em seguida. Acorda às 6:00 hs um pouco tonta, vai para

o banheiro e enche a banheira, entra e fica lá com os seus tristes pensamentos. Daqui algumas horas estará partindo para o Rio apenas levará consigo as lembranças de Stefano. Fica revoltada, porquê será que ele não deixou nem um bilhete se quer? Sai do banho e troca de roupa, faz uma maquiagem leve para esconder um pouco a tristeza que revela o seu olhar, quando vai calçar os sapatos, batem a porta. Vai descalça mesmo pergunta quem é, respondem é o entregador. Abre a porta tendo certeza de ser um equivoco, já que não pediu nada.

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Depara com um buquê de tulipas e uma caixa de chocolate de uma das marcas que fechara um dos contratos, recebe agradece e fecha a porta. Coloca tudo sobre a mesinha de cabeceira, e vai calçar os sapatos, termina de se arrumar, e desce para o café. Aborrecida por não ver Stefano mais uma vez, volta para o quarto para pegar as suas malas e ir para o aeroporto. Olha a s tulipas e a caixa de chocolate, resolve abrir tendo a certeza de ser seu fornecedor a fazer-lhe aquele mimo. Quando abre e vê um cartão, fica perplexa ao Lê-lo. Estava escrito em letras douradas: - Linda Karen! O nosso tempo foi curto, mas suficiente para saber que não posso casar-se com outra pessoa que não seja você. Anne esteve comigo por cinco minutos apenas, os policiais souberam da minha existência e estava monitorando os meus passos, consegui falar com Anne ela foi ao café do hotel, em cinco minutos a polícia chegou e levou-a algemada. Estive a dar depoimento, olhei na empresa aérea o seu horário de volta, infelizmente não poderia estar contigo, irei às 16:00 hs, espero-te em Niteroi, sou proprietário do Maison Mary o bufete que já decorou tantas vezes com as suas flores de beleza rara em ocasiões especiai, temos alguns clientes em comum. Agora que sabe onde e como encontrar-me espero que não demore! Sem mais um para o momento receba o beijo apaixonado do seu... Stefano.

Não viemos ao mundo por acaso precisamos entender que é muito importante o aprendizado. Olhar e ver! Falar e dizer! Tocar e sentir! Escutar e ouvir! Quem fala mas nada diz é um mudo sem expressão de nada.- Quem toca mas não sente perdeu a sensibilidade de tudo.- Quem escuta mas não ouve, está surdo para todas as coisas que poderia aprender, jamais terá alguma sabedoria. Também estará insensível ao sentimento do próximo e conseqüentemente, deixará de acolher tudo que ele poderia oferecer. Viverá sempre na ilusão de uma falsa sabedoria. Não poderá escutar o silêncio... Nem a voz de sua própria alma, onde Deus nos fala e nos ensina...

A VIDA NÃO É UM ACASO

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jamais ouvirá o balbuciar das estrelas, não verá se quer o desabrochar de uma flor. Não perceberá alguém à suplicar-lhe em silêncio a sua atenção, carinho e compreensão... jamais terá um ouvido, um ombro amigo a oferecer ou receber. Não terá nem mesmo um ente querido ou um amigo a dar-lhe a mãos... E sucumbirá na solidão do seu próprio ‘EU’. É preciso desenvolver e ampliar nossa percepção, alargar os sentidos, só assim poderemos também olhar, falar, tocar, escutar, sentir nosso coração sintonizado com o universo e tudo que nele há. Só assim seremos almas pujantes viajantes, alargando nossa consciência sensorial e mutante... Seremos mais íntegros no, pensar, falar e agir. Permitiremos a fluência leve, natural e tranqüila do melhor sentimento, que é o amor, afastando de nós a tão insuportável e terrível dor da insignificância. Certamente nos tornaremos homens e mulheres mais sinceras, transparentes e inteligentes. Seremos iluminados, abençoados, amáveis, muito mais felizes e humanos!

Andando pelas estradas sinuosas, cravejada de pedras já me sentindo exausta foi que descobri o quanto é extasiante e delicioso ser abraçada pela sombras das árvores amigas. O do céu o sol clareando a vasta imensidão, parece saudar o meu coração. O vento soprando seu fresco no meu rosto. Pude a tudo contemplar e glorificar-me, render-me a Deus, o que mais poderia eu desejar? A Plenitude? Oh! A plenitude é esta maravilha, de poder sentir e ver Deus aqui na terra, em cada folha verde, em cada flor, em todas as cores do arco-íris, em cada perfume que sinto no ar. Se apenas eu puder ama-lo e agradá-lo, talvez em sua misericordiosa bondade, dê-me sabedoria para explorar a vasta via láctea com sua imensidão de estrelas, admirando e caminhando pelos imensos campos floridos. Até arriscaria-me refrescar nas mansas águas azuis dos rios. Quero eternamente agradece-lo por poder viver dentro desta sua obra de arte. Quero curvar-me diante dele, o dono de tamanha bondade e mergulhar na imensidão do seu amor, quero poder pedir-lhe por tudo e justificar a minha insana e falha fé.

CAMINHADA DA GRATIDÃO

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Quero poder abraça-lo, demonstrar toda a gratidão que explode a todos os momentos dentro do meu peito, fazendo pulsar o amor no meu coração. Grata Senhor pelo universo!

Sentado, em um velho banco de madeira abandonado debaixo de uma árvore. Sentindo-se totalmente destruído está o amor. Sua dor

pode ser percebida até pelo vento que sopra nas árvores. Saltitante e brincalhona como sempre, aproxima a paixão ficando um pouco preocupada. Sente-se ao lado dele e diz boa noite amor!Porquê está aí tão acabrunhado e solitário o que está acontecendo? Muito triste com os olhos rasos d`água o amor começa a falar, enquanto a paixão bastante atenta ouve ele reclamar... Não sei mais o que fazer, está muito difícil manter-me nos corações, o ódio está trabalhando duro para me derrotar. Faço tudo para manter a paz entre as pessoas, mas sempre tem uma de vocês para desestabilizar e dificultar o meu árduo trabalho. Estou ficando cansado de lutar constantemente contra o ódio, a maldade, o egoísmo, o desânimo e até contra você paixão... A paixão se assusta e indaga, contra mim? Não...! Porquê? O amor com muito cuidado retruca.PORQUÊ? Hora... hora paixão! Faça-me o favor! Sei muito bem que você apesar de não ser como a maldade, também não tem um pingo de juízo. Você não passa de uma alucinada que vive fazendo as pessoas terem atitudes incoerentes e as leva ao fundo do poço com tanto sofrimento. Eu tento em vão alertá-las... mas ficam cegas com todo seu jeito conquistador e enganador. Ficam tão iludidas que confundem tudo. Pensando ser eu quem fez brotar aquele sentimentos não percebem, o quanto você é diferente de mim. Depois não conseguem manter o relacionamento, por muito tempo. Só eu sei... Você é articuladora... Basta eu me aproximar e lá vem você me expulsando. Teme minha aproximação, porquê não quer que percebam a diferença entre nós. Será que você não percebe o mal que faz a algumas pessoas? Você as torna frágeis e tristes ao ponto de se matarem. Deixando famílias órfãs. Você precisa entender os corações, não pode tirar o sossego das pessoas. Faltam-lhes forças quando percebem que era você todo o tempo, e não eu a sustentar aquele sentimento.

ENTRE O AMOR E A PAIXÃO

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A paixão fica magoada e reclama... Nossa amor! Eu aqui toda preocupada com a sua tristeza, e você na verdade não é meu amigo? Sempre o defendi pensando ser você um sentimento bom... Mesmo porquê sempre ouvi dizer que as pessoas são cruéis quando não tem você no coração. Nunca acreditei, mas agora diante da sua atitude... O amor justifica... Nunca sou ruim, algumas vezes desisto de lutar contra vocês, infelizmente neste momento Deus também se retira, para que a pessoa possa escolher o caminho a seguir. As vezes não superam a ausência de Deus e a falta do amor nos corações. Aí fazem tantas coisas que trazem péssimas conseqüências. Mesmo assim sempre deixo um pouquinho de mim dentro de cada coração. Algumas pessoas conseguem se recuperar e começar uma nova caminhada. Outros não tem a mesma sorte. Porque quando me afasto, o ódio se aproveita e invade o coração vazio. Ai as pessoas me culpam, se esquecendo de todos os avisos que enviei. Não percebem que deixaram a porta do coração aberta para os invasores do mal. Hoje mesmo estou aqui decepcionado e triste sinto-me derrotado. Hoje muitas pessoas estão com o coração aberto e desprotegido, substituírá-me por sentimentos ruins. O ódio me substituiu infelizmente. Estou me sentindo pequeno, apertado... completamente destruído. Tentei em vão não ser expulso destes corações... Tentei curar as feridas deixadas oela decepção a desilusão e o ódio. Mas fracassei , você, e outros sentimentos os deixaram confusos e frágeis. Escolheram serem enganados, não perceberam que vocês só estão os iludindo, logo a infelicidade, os fará acordar tardiamente. Dizendo isso o amor se levanta e vai embora deixando ali no banco a paixão muito pensativa. Sozinha ela pensa sobre o que acabou de ouvir sobre si. Conclui que o amor tem lá suas razões, ela não é má... Mas também nunca se compromete com ninguém . Entende que isso as vezes destrói muito corações. Entende que nem todos esperam até o amor chegar e solidificar aquele sentimento. A paixão sai de cabeça baixa, levando um pouco da tristeza que o amor deixou ali naquele lugar.

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Uma ilha relativamente pequena, com mais ou menos 15 quilômetros de um extremo ao outro, de norte a sul e de leste a oeste. Uma ilha margeada por maravilhosas praias, com areias brancas, e com um mar cristalino, onde peixes e crustáceos são vistos à distância. Na ilha é possível ver duas grandes montanhas, que começam a se formar logo depois da praia. Os montes estão cobertos por vegetação pujante, grandes árvores, entremeadas de palmeiras e coqueiros. Há uma trilha que leva ao pico de uma das montanhas onde se encontra um lindo mirante. Do mirante se enxerga o horizonte... A vista quase se cansa de tanto mar. A sensação é de conforto e alegria. Dá para sentir a mão do criador a acariciar a paisagem através de uma suave brisa ao mesmo tempo diferente e peculiar. Não há dor e nem sofrimento na ilha Nem lágrimas ou decepções. Na ilha estão todos que eu amo. Há celebração diária, do amanhecer ao anoitecer . À noitinha nos reunimos na praia, olhando os reflexos da lua em tons prateados brilhando sobre a arrebentação. Todos nós, em uníssono, entoamos cânticos que parecem belos. Nessas noite acendemos uma fogueira e nos reunimos à volta dela enquanto observamos as fagulhas e o crepitar das chamas, evocando maravilhosas recordações. Pássaros, em grande revoada, celebram o clarão da lua, enquanto vislumbramos as suas sombras e o seu voo tranqüilo. É uma calmaria só, beleza única, uma sensação indescritível. A comunicação não se dá por palavras e nem sons, mas por olhares. Os pensamentos se misturam formando uma unidade perfeita. Não há tédio e nem cansaço na minha ilha. Nem perseguições. Há tão-somente alegria incontida. Há dias em que tenho muita saudade dos que já se foram para a ilha, muitos entes queridos já estão lá, cuidando dela para quando eu chegar. Neste exato momento é provável que eu esteja triste. Mas a tristeza é muito menor do que a saudade que sinto. Ao mesmo tempo há júbilo em todo o meu ser, pois tenho a absoluta certeza de que a ilha me espera. Tenho certeza que lá estarão reunidos para me recepcionar todos os anjos, parentes, amigos e tantos outros que não conheci. Um dia todos nós encontraremos nesta ilha para sempre. Na ilha da ETERNIDADE.

ETERNA ILHA

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De ti, quero o sabor, o aroma e a cor que vem do campo. O perfume da flor, a semente d e tudo que tem no mato. ]De tudo isso quero a perfeição do anonimato. Quero que tenhas de mim a lembrança mais pujante, como o gosto do licor e do vinho carmim, que vem da videira nos revitalizando para a vida inteira. Que de tudo eu possa ser sempre a maior, a grandiosa das mortais. Acima dos grandes portais dos castelos ancestrais. Que do meu amor não lhe faltem, cânticos e poesias que vibre na sua alma. Que faça revelar todas as suas variadas belezas, mandando para longe todas as tristezas. Que eu desperte em você a vontade de cantar uma bela canção, que faça florir o amor, com todas as nuances. Que dissipe todas as ilusões. Como multidões de camaleões.

Mês de julho, enfim chegaram as férias... Ansiedade estava saindo pelos meus poros. Estava louca para chegar no sítio onde passei grande parte da infância. A saudade dos meus pais e irmãos explodia no peito, faziam quase dois anos que não os via. Mais duas horas ainda nos separavam. A paisagem mudava a cada quilômetro rodado Já avistava as plantações de soja e milho que tocavam o horizonte, enquanto suas folhas dançavam com o soprar do vento. Nossa! A emoção tomou conta... Eis a porteira, onde subi tantas vezes tentando avistar quem ao longe vinha. A porteira era um observatório perfeito. Desci do carro e antes de abri-la a segurei fechada por alguns minutos, relembrando vários momentos, parecia ainda conter ali naquela madeira, as marcas das minhas pequeninas mãos, sujas de argila. Alguns metros depois a ponte sobre o riacho, que por inúmeras vezes tomamos banho... Na maioria das vezes todas nuas. Éramos umas dez crianças, entre irmãos e primos. Aquele lugar realmente mexia muito comigo. Meus pais ouviram o barulho do carro, e foram esperar-me na área da frente, nossa casa é de madeira toda pintada de verde com janelas branca desde sempre. Como é aconchegante, o abraço dos pais, não me lembro de sentir nada igual. Minha mãe estava com a mesa posta com todas as guloseimas que eu mais gostava.

CÂNTICO DE AMOR

O BELO RAPAZ DO POÇO

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Reunimos todos à mesa fazendo muito barulho, estávamos todos muito felizes. A euforia era tanta, que não percebi um moço sentado em um banco próximo com uma caneca de café. Toquei no pé de minha mãe, e perguntei com um gesto quem era a pessoa. Ela o olhou e disse, Marcos esta é a nossa filha da faculdade que te falamos, ele já me observava a alguns minutos. Levantou e caminhou até mim, estendeu-me sua mão calejada e encardida... Muito prazer senhorita Júlia... Desculpe por não cumprimenta-la antes, estavam tão empolgados... Eu não quis interromper. Percebi que apesar das mãos calejadas, ele era um homem educado e até polido. Meu pai puxou uma cadeira e ofereceu a ele, mas recusou justificando que suas roupas estavam sujas de terra. Meu pai insistiu, e percebi que papai gostava dele. Sentou-se próximo e senti o cheiro do suor de sua pele. Era um cheiro de terra com suor e algum tipo de desodorante amadeirado. Terminamos o lanche entre prosas e olhares. Ele se levantou dizendo... O trabalho me espera, até mais... consenti com a cabeça e ele se foi. Logo depois perguntei que era, e o que ele fazia por lá. Meu pai sorrio e disse, então você não reconheceu... É o filho mais novo do seu Jorge nosso vizinho falecido. Júlia lembrou que seu Jorge tinha um filho que estava no serviço militar na ocasião. Falava muito nele, tinha muito orgulho por ter um filho seguindo carreira nas forças armadas. Sim me recordei agora deste filho, mas acho que nunca tínhamos nos encontrado. Todas as vezes que ele esteve na fazenda do pai, foi muito rápido e eu estava fora. Depois que seu Jorge faleceu, ele veio para cá, cuidar da mãe e da irmã que está quase formada em odontologia. Meu pai explicou isso levantando-se da mesa dizendo... Ele está aqui furando o poço artesiano. Anoiteceu e fui dormir mais cedo. Estava muito cansada da viagem. Acordei de manhãzinha com papai lidando com às vacas leiteiras. Coloquei-me de pé, não queria perder o leite espumante tirado direto da teta da vaca. O cheiro de café estava por toda a casa. Abracei minha mãe e disse, hummm... que cheirinho de infância! Sorrimos e fui para o curral. Lá estava em cima da cerca do curral Marcos, também com uma caneca na mão esperando o leite. Ele olhou-me sorriu e disse... Vamos beber a nossa infância! Concordei completando, na verdade neste sítio tudo, arremete a minha infância, a melhor parte de minhas lembranças foi toda aqui.

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Enquanto Marcos se distraia conversando com meu irmão comecei a observá-lo. Era um belo homem, forte, com cara de mau, mas de gestos gentis. Parecia um homem decidido e forte. Ele desceu da cerca e veio até mim, olhou nos meus olhos, parecia enxergar minha alma. Fiquei um pouco desconfortável. Olhei também nos olhos dele, não consegui desviar, foi mais forte que eu. Por alguns minutos ficamos meio paralisados. Ele colocou a mão sobre meu ombro e disse, vamos dar uma volta na cidade amanhã? Terei de buscar minha irmã, ela vem passar uns dias aqui, sua mãe me disse são amigas, e que a tempos não se veem. Fiquei muito feliz de saber que iria rever Flávia, minha amiga de infância. Combinamos de sairmos as nove as nova da manhã de Sábado. Marcos apareceu antes e eu já estava pronta. Entrei na caminhonete ao lado dele. Marcos estava lindo com aquela camisa do exército e uma calça de ganga surrada. Observei suas mãos no volante, as unhas bem cortadas e limpas. Estava cheirando algo semelhante ao dia anterior, bem amadeirado. Perguntou me, você é mais jovem que minha irmã? Respondi que era mais velha dois anos. Ele disse então está com 25 anos. Sim 25, até dia 6 de setembro. Ele sorriu e disse bem... Vou tentar não me esquecer. Flávia chegou no horário marcado fizemos uma algazarra, nos abraçamos muito... Marcos ficou observando, depois brincou vai sobrar para mim, o que? Flávia saiu correndo para os braços dele. Ele beijou-a na testa e disse, minha linda pequena que saudades... pegou a mala dela e jogou na caminhonete dizendo, vamos embora garotas lindas. Em alguns minutos parecíamos uma família. Eu me sentia muito a vontade e feliz. Chegamos em casa e o convidei para o almoço, já que a mãe deles estava viajando. Aceitara, logo após o almoço. Marcos puxou-me de lado e disse que precisava falar comigo. Ele estava sério e isso me deixou apreensiva. Fomos para o sofá da sala, ele olhou-me e disse sem rodeios. Júlia presumo que já percebeu o quê está acontecendo com a gente... Não sou de brincar de amor, então quero saber. Percebi que vem me observando, eu também tenho feito o mesmo, você me deixou fascinado desde o primeiro momento que nos vimos. Já não consigo ficar sem pensar em você. Preciso que me diga o que está acontecendo com você em relação a isso. Fiquei com as mãos geladas, não tinha palavras para expressar o que estava sentindo naquele momento.

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Sabia que era algo muito bom, Marcos ficou esperando a resposta por alguns minutos, percebendo que eu não conseguia responder, levou minhas mãos aos lábios e começou beijá-las.Não conseguia mover-se, então ele colocou meus braços em volta do seu pescoço e beijou-me na boca com sofreguidão. Tive que sentar-me minhas pernas estavam trêmulas. Ele não parou, e eu correspondia todo aquele fogo. Ficamos noivos seis meses depois marcamos o casamento para maio do ano seguinte, quando faríamos um ano e quatro meses de relacionamento. Nossa festa de casamento foi linda na fazenda dele e no estilo cigano, fizemos até o juramento com o pacto de sangue. Já comemoramos muitas coisas juntos e hoje a comemoração é muito importante, e faremos a mesma festa do nosso casamento, 25 anos depois, nossas bodas de prata. 25 anos de pura felicidade. Ainda fico com as pernas trêmulas quando ele me beija... adoro o seu velho perfume amadeirado. Ainda somos muito apaixonados. Somos parte do outro. Seremos assim, conforme nosso juramento. Até que a morte nos separe.

É disparado o cronômetro da vida. A partir daí cabe a cada um, cuidar do próprio destino para que se cumpra o ciclo. O destino é a lança que sai cortando o vento, em busca do alvo. Mesmo que o vento uiva para proteger a vida, continuará a ser cortada, a lança não terá pena nem dó. O vento será açoitado massacrado, até que ela atinja seu alvo. A ferida será aberta e sangrará a medida do movimento. O movimento representa cada batalha travada na luta contra o tempo e a velocidade da lança. As batalhas são nossas experiências boas e ruins. É nosso aprendizado na louca curta e meteórica passagem pela vida. A lança continua em disparada, ela não cansa, não desvia, é obstinada e continua. Rasga o vento rumo ao seu objetivo. O vento agora já não reclama mais, já está muito cansado para lutar. Travou duras batalhas com a lança, suas forças esvaíram. Tentou defender e proteger a vida até enfraquecer. Ganhou várias batalhas mas já está exausto, desanimou não consegue mais lutar. A lança pressente a vitória.

O DESTINO É UMA LANÇA

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Está chegando a hora, percebeu que o vento que antes protegia a vida, com unhas e dentes contra o destino, agora jaz caído inerte no sono profundo da morte. Lá vêm a lança a toda velocidade, vai dar seu golpe final. O vento não lutou, desmaiou. A lança deu seu golpe doído, atingiu o alvo em cheio, a vida sofre agoniza buscando o último suspiro... Acabou o golpe foi fatal, a morte chegou e a vida levou.

Você me aparece assim feito criança, despenteado, sorriso largo, semblante um pouco preocupado. É sempre você a vir me desassossegar, nos meus sonhos. Acalma-te criança, o quê devo fazer para que eu seja para ti ao menos um pouco... Apenas um pouco do que és para mim? Mesmo que eu evite você está sempre tão próximo, que as vezes penso que poderia tocá-lo. O quê está havendo? Todo o tempo estou te vendo... Porque queres viver assim? Sempre perto de mim. Entendas que não é bem o que estou querendo. Da sua presença a tempos me abstendo. Por favor me abandone. Não sinto sua falta, mas ainda assim gosto muito de ti. Venha apenas me visitar, vez em quando a saudade não mais suportar. Não quero mais pensar, se foi certo ou errado foi apenas um começo, que tão somente caminhará em outra direção não mais do seu lado. Se era ou não amor, não saberemos informar. Acabou, não vale a pena questionar. Foi rápido como a luz, clareou e apagou, não deixou nem um raio reluzente para recordar as noites de amor quase incandescente. Te acalma agora, ei já fui embora, virei a página. Estou feliz agora. Agora não existe mais você aqui na minha mente, acabou não existe mais a ‘Gente’ se foi para sempre. É o nosso fim, eu sabia que acabaria assim. Mesmo assim valeu a pena criança, vivemos o que se era para viver, estamos contentes.

O FINAL DE UM COMEÇO

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Pará eu te amar Terá que acordar-me da lucidez e turvar-me a visão do óbvio, causar-me amnésia das decepções vividas e jamais esquecida. Só assim eu acreditarei em ti, nos teus sentimentos e nas tuas juras de amor... Dos seus lábios fluem promessas e juras, mesmo sabendo que para mim és translúcido, como as águas cristalina de um rio... Esquecestes? Já conheço deste amor, já provei deste mel, um dia doce, no outro amargo com fel. Do verdadeiro amor nada sabe. Nem mesmo sabes cuidar de uma flor, como cuidará de ti, de mim? Como cuidará do nosso amor? Ao meu amor não nunca deste valor... de ti tive seu apreço pobre e barato... não sabes o quanto padeço ao perceber nos seus olhos a infidelidade do sentimento volúvel que ti emana. Não se aproxime com este jeito de menino, pedindo que eu te veja com olhos iludidos... Não, não penses que esqueci de tudo que já vivi. Minha escola foi cruel, aprendi a duras penas que para o amor não existe céu... Apenas algumas passagens pela praça do prazer, com paradas aqui e ali na esquina da alegria e da ilusão. Mas foi na rua da decepção e na avenida da tristeza que aprendi a lidar com todos os outros sentimentos. Andarei pelo labirinto das minhas emoções a te procurar. Se em uma esquina qualquer eu te encontrar, não terei dúvida que por ti ainda tenho algum apreço. E nada tema, senão te encontrar... que nada busque, senão ou meu querer... Quero dar para ti tudo... mas nada a querer... Quero dar para ti tudo nada a mais, do que quero ter.

Segunda-feira 5:30 AM. O alarme dispara e Susan acorda assustada... põe-se de pé, liga a máquina de café na cozinha vai rapidamente para o banheiro tomar uma (ducha) quente para acordar os sentidos... Enquanto isso na cozinha a máquina de café termina o seu trabalho. Veste o seu terninho verde-esmeralda, coloca os sapatos de salto alto que a deixa irresistivelmente linda e elegante!

MARCAS DO PASSADO

UM AMOR QUASE IMPOSSÍVEL

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Faz a sua maquiagem sempre bem leve o seu trabalho requer discrição e sutileza além do mais já é linda e não precisa de muita produção. O tempo voa e Susan já está quase no limite do horário, passa pela cozinha toma uma xícara de café com leite e vai para a garagem... a sua espera está a luxuosa BMW branca comprada de Segunda mão do seu chefe Herico, é sem dúvida o seu maior luxo. Sai da garagem do condomínio...

Vai pela Alameda, Boulevard rumo a AEROUINIVERSAL agência de viagens onde trabalha a dez anos como secretária executiva. Mesma segunda-feira 6:30 AM. Henrico acorda um pouco sonolento, olha no travesseiro ao lado e percebe que a sua esposa Melina não está na cama, fica intrigado... será que ela viajou novamente? Ultimamente a relação entre eles andam meio estremecida, não há mais carinho e nem muita comunicação, apesar de não haver brigas, é um relacionamento morno sem emoção..., entretanto, é a primeira vez que ela sai sem dizer nada, um pouco desanimado com esta situação que evolui para o pior levanta e começa o seu dia meio entediado. Henrico sabe que a separação não está nos planos de Melina. Olha no armário e percebe que a mala de viagem não está, abre a porta e vê muitos cabides vazios então conclui... com certeza será uma longa viagem. Vai até à cozinha e liga a máquina de café... Não precisa se apressar mora a uma quadra do trabalho, o que vem facilitando muito a sua vida. Henrico, está numa fase muito boa... a empresa. Sempre foium sucesso e já lhe permite considerar um empresário muito bem sucedido! Já detém um patrimônio considerável. Apenas o casamento não é o que realmente sonhou. Talvez a sua dedicação ao trabalho e a sua indecisão diante do desejo de Melina d eter filho tenha sido o pivô do fracasso, por isso nunca cobra nada, deixa tudo acontecer passivamente. Melina parece ter perdido o interesse por ele e pelo casamento, mesmo assim são muito comprometidos. Henrico Porém, sente uma atração muito grande por Susan... a sua parceira insubstituível, no trabalho sempre foi muito dedicada e competente, o seu cargo de secretária executiva a (dez) anos tem-lhe rendido algumas alegrias. Sempre presente eficiente doce, e muito linda! Com certeza seria a mulher ideal para Henrico, sempre a desejou desde o primeiro momento. Depois que o seu casamento ficou assim tão monótono este sentimento ficou cada vez mais forte e difícil de controlar... Olha para o espelho a sua frente e diz para si mesmo maliciosamente... Tentarei até consegui...

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Veste seu terno azul marinho com risca de giz, coloca os sapatos, e dá uma última olhada no espelho aprova o conjunto da obra, pega a suas pastas executiva e desce para a garagem do edifício de luxo onde mora a mais de oito anos. Sabe não ser necessário usar o carro por ser tão curto o percurso, mas ele um empresário de sucesso, não sente mais confiança em sair a caminhar pelas ruas, poderia ser alvo de algum sequestro. Entra na garagem da empresa e toma o elevador até o vigésimo andar onde está instalada a sua empresa. Susan ainda não chegou o seu horário é a partir das 9:00. Henrico senta na sua poltrona luxuosa respira fundo e sente-se realmente feliz e importante. Não é pouco... com apenas 37 anos já está com a sua vida totalmente realizada. Até poderia ser o momento do filho entrar nos seus planos, mas o casamento já não o atrai mais, fica ansioso esperando que Susan entre por aquela porta, todos os dias e assim... Fica a imaginar com qual roupa ela estará... Qual perfume... Nossa! Esta mulher é uma invasão a minha privacidade conclui... Eis que ela surge toda maravilhosa, de verde-esmeralda, parece mais linda do que todos os dias! Henrico não resiste e solta um... Uau lindaaa! Ela apenas olha e responde... Bom dia Henrico... para você também! Segue em direção a sua poltrona fingindo não prestar atenção nele. Ele continua a olha-la sem desviar para que ela percebe, sabe que aquela mulher é seu objeto de conquista, e não vai desistir. Susan sente aquele olhar nada menos que dez anos... Sempre fez de desentendida para não atrapalhar o seu trabalho. Julgou sempre que caso entre patrão e empregada nunca deu certo, além do mais sempre viu a corda arrebentar do lado mais fraco, neste caso sobraria para ela... Por isso vem conseguindo manter disntância e o seu emprego. Já realizou muitos sonhos ali compara o apartamento, o carro e outras coisas mais...Sente-se realizada. Solteira livre e tem uma vida invejável! Mesmo sabendo que Henrico é casado, nunca conseguiu ser totalmente imune a suas investidas, sente por ele admiração, carinho, gratidão, e primeiro uma atração imensa, que as vezes tira-lhe o sono. Às vezes precisa ser um pouco rude, para mantê-lo distante e continuar a ser apenas a sua secretária. Ultimamente as investidas têm sido mais freqüentes e mais ousadas... não está fácil sustentar esta situação. Olha em direção a ele e os seus olhares se encontram... Um arrepio percorre a sua espinha, desvia o rapidamente o olhar, mas é tarde , ele a chama acenando com a mão, vai até ele se posiciona a sua frente e diz, sim...

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Henrico percorre o seu corpo com os olhos e diz, está linda e eu... Ela coloca o dedo na boca de Henrico para fazê-lo parar a frase. Ele ficou olhando-a e foi aproximando, os seus olhos fixos na sua boca e os seus lábios entreabriram sensualmente sobre o dedo dela... Susan ficou descontrolada e ele percebeu... Quando ela recobra o sentido e tenta tirar o dedo, é puxada com firmeza, tenta sair, mas não tem força... A emoção toma conta de Susan. Henrico consegue o que mais queria... O beijo tão sonhado acontece, é tão excitante que as pernas de ambos tremem os obrigando a se apoiarem um o outro num abraço demorado. Agora não tem mais jeito, tudo que Susan sempre evitou por dez anos acaba de perder. Henrico sente que aquilo é apenas o começo de um amor guardado a anos, e agora não irá permitir que nada e niguém possa atrapalhar aquele sentimento... Está em estado de êxtase profundo, a felicidade invade todos os espaços do seu corpo e alma... Afasta-se um pouco para olhar Susan, que abre a boca para dizer alguma coisa, mas Henrico a impede colocando o dedo nos lábios dela... Apenas seja minha, hoje e para toda a vida, é a única coisa que espero ouvir desta boca linda, diz ele olhando-a com paixão. Susan, não consegue dizer nada, a não ser um sim... Para sempre meu Henrico... Para sempre!

Pérola Guimarães

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SOBRE A ESCRITORAPérola Guimarães

54 anosNascida em 14 de maio numa cidadizinha chamada Aurilândia no

interior do Estado de GoiásUma mulher determinada a viver intensamente. Ser feliz é o objetivo

que me impulsiona. Amo escrever. Sou bastante eclética, escrevo temas muito variados. Venho de alguns relacionamentos frustrados.

Confesso que me inspiraram em vários textos, saí de cada relacionamento, com uma bagagem aprimorada, e sem mágoas.

Levo sempre comigo o ‘AMOR’ acima de qualquer sentimento diminuto. Sou extremamente feliz e grata a Deus, por me acolher

neste mundo surreal.

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