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As implicações morais do darwinismo A vantagem adventista O ano 2000: Vai ele anunciar o milênio? Namoro: Preparando-se para um casamento bem sucedido 2 Publicado em Espanhol Francês Inglês Português Volume 11 Número

24449 11.2 Port Layout - · PDF fileConsultores: James Cress, George Reid ... no corrente ano completa 120 anos de ... os ensinos da Bíblia. Mas muitos dos arti

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As implicaçõesmorais dodarwinismoA vantagemadventistaO ano 2000: Vai eleanunciar o milênio?Namoro:Preparando-se paraum casamento bemsucedido2

Publicado em

Espanhol

Francês

Inglês

Português

Volume 11Número

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2 Diálogo 11:2 1999

Conteúdo

Representantes RegionaisDivisão África-Oceano Índico: Japheth L. Agboka. Endereço: 22 Boite Postal 1764, Abidjan 22, Costa do Marfim.Divisão da África Oriental: Hudson I. Kibuuka. Endereço: H. G. 100, Highlands, Harare, Zimbábue. E-mail:

[email protected]ão Euro-Africana: Roberto Badenas. Endereço: P.O. Box 219, 3000 Berna, 32 Suíça.Divisão Euro-Asiática: Harry Mayden. Endereço: Krasnoyarskaya Street, Golianovo, 107589 Moscou, Federação da

Rússia. E-mail: [email protected]ão Interamericana: Eliezer Meléndez e Carlos Archbold. Endereço: P.O. Box 140760, Miami, FL 33114-0706,

E.U.A. E-mail: [email protected] e [email protected]ão Norte-Americana: Richard Osborn, José Rojas e Richard Stenbakken. Endereço: 12501 Old Columbia Pike,

Silver Spring, MD 20904-6600, E.U.A. E-mail: [email protected] e [email protected] [email protected]

Divisão Norte-Asiática do Pacífico: David Wong. Endereço: Koyang Ilsan, P.O. Box 43,783 Janghang-dong, Ilsan-Gu,Koyang City, Kyonggi-Do 411-600, República da Coréia. E-mail: [email protected]

Divisão Sul-Americana: Roberto de Azevedo e José M. B. Silva. Endereço: Caixa Postal 02-2600, 70279-970 Brasília, DF,Brasil.

Divisão do Sul do Pacífico: Lester Devine e Gilbert Cangy. Endereço: 148 Fox Valley Road, Wahroonga, N.S.W. 2076,Austrália. E-mail: [email protected] e [email protected]

União Sul-Africana: Jonathan Julies. Endereço: P.O. Box 468, Bloemfontein 9300, Free State, África do Sul.Divisão Sul-Asiática: Edwin Charles. Endereço: P.O. Box 2, HCF Hosur, Tamil Nadu, 635110 Índia.Divisão Sul-Asiática do Pacífico: Oliver Koh. Endereço: P.O. Box 040, Silang, Cavite 4118, Filipinas.Divisão Trans-Européia: Ole Kendel e Orville Woolford. Endereço: 110 St. Peter’s Street, St. Albans, Herts., AL1 3EY

Inglaterra. E-mail: [email protected] e [email protected]

Diálogo Universitário, umperiódico internacional de fé,pensamento e ação, é publicadotrês vezes por ano em quatroedições paralelas (espanhol,francês, inglês e português) sob opatrocínio da Comissão de Apoio aUniversitários e ProfissionaisAdventistas (CAUPA), organismo daAssociação Geral dos Adventistasdo Sétimo Dia: 12501 OldColumbia Pike, Silver Spring, MD20904-6600, E.U.A.

VOLUME 11, NÚMERO 2.Copyright © 1999 pela CAUPA.Todos os direitos reservados.

DIÁLOGO afirma as crençasfundamentais da Igreja Adventistado Sétimo Dia e apóia sua missão.Os pontos de vista publicados narevista, entretanto, representam opensamento independente dosautores.

CORRESPONDÊNCIA SOBRECIRCULAÇÃO deve ser dirigida aoRepresentante Regional da CAUPAna região em que o leitor reside.Os nomes e endereços destesrepresentantes encontram-seabaixo.

ASSINATURAS: US$12,00 por ano(três números). Ver cupom napág. 15.

Comissão (CAUPA)Presidente: Matthew BediakoVice-Presidentes: Baraka G.

Muganda, Humberto M. Rasi,Richard Stenbakken

Secretária: Julieta RasiMembros: John M. Fowler, Alfredo

García-Marenko, John Graz, AllanR. Handysides, JonathanKuntaraf, George Reid, Virginia L.Smith, Mario Veloso

Equipe EditorialEditor-chefe: Humberto M. RasiEditor: John M. FowlerEditor Associado: Richard

StenbakkenGerente editorial: Julieta RasiConsultores: James Cress, George

ReidSecretária editorial: Silvia SicaloSecretárias editoriais internacionais: Julieta Rasi (Espanhol) Muriel Menanteau (Francês) Vera M. de Matos (Português)Correspondência editorial:

12501 Old Columbia PikeSilver Spring, MD 20904-6600;E.U.A.

Telefone: (301) 680-5060Fax: (301) 622-9627E-mail:

[email protected] [email protected]

Diálogo tem leitores em104 países ao redor domundo.

Artigos

5 As implicações morais do darwinismoNão podemos ser darwinistas e ao mesmo tempo

manter a opinião bíblico-cristã de que a vida

humana é sagrada.

— Earl Aagaard

8 A vantagem adventistaA pesquisa sugere que o estilo de vida adventista

contribui para uma vida melhor e mais longa.

— Larry Beeson

12 O ano 2000: Vai ele anunciar o milênio?Uma revista das especulações humanas e o ensino

bíblico.

— George W. Reid

20 Namoro: Preparando-se para umcasamento bem sucedidoUma conselheira familiar profissional esboça sete

passos no processo de namoro.

— Nancy L. Van Pelt

Editorial3 Precisam-se: Líderes com coragem

— Alfredo García-Marenko

3 Cartas

Perfis16 Kim Gangte

— Dorothy Watts e Dittu Abraham18 Heber Pintos

— Humberto M. Rasi

Vida Universitária24 Deus, eu e o mercado de idéias

— Will Sutton

Logos26 Sonhos frustrados e esperança

brilhante— Donna J. Evans

Foro Aberto28 Deveríamos nós julgar a outros?

— John M. Fowler

Em Ação29 Seminário para universitários no

Maranhão, Brazil— Otimar Gonçalves

29 Romance através do Caribe— Carlos Guzmán García

Livros30 Origins: Linking Science and Scripture

(Roth)— David Ekkens

30 True Believer (Bolotnikov e Wahlen)— Eugene V. Zaitsev

31 Jack: An Incredible Life (King)— Mary Wong

32 Intercâmbio

Primeira Pessoa34 Jack, uma vida incrível

— Jolena Taylor King

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3Diálogo 11:2 1999

CartasFazendo ligaçãomediante o correioeletrônico

Obrigado pelo artigo instrutivo “ARede Mundial” (Diálogo 8:3). Estudan-do para um doutorado em matemáticana Universidade de Nairobi, estou co-meçando a apreciar o potencial e uso decomputadores e a conveniência do cor-reio eletrônico. Para leitores que quise-rem me ligar por e-mail, eis meu ende-reço: [email protected]

Thomas AchiaNairobi, QUÊNIA

Para amantes de poesiaOs leitores de Diálogo talvez se inte-

ressem em saber que acabo de publicarpela Seaview Press of Australia um volu-me de poemas líricos entitulado Odes toEdibles. Escrito no inglês de Cingapura,os poemas incluídos no livro focalizamos alimentos de adventistas e judeus.Os que quiserem ter mais informaçãosobre essa coleção singular de poesiapodem entrar em contato comigo pore-mail: [email protected]

Gan Yung ChyanCINGAPURA

Relevância e qualidadeQuero congratular os editores de Di-

álogo pela relevância e qualidade domaterial publicado em cada edição. Osartigos principais alargam nosso conhe-cimento e nos ajudam a relacionarcomo cristãos com os desafios da cultu-ra contemporânea. Já comecei a corres-ponder com leitores de outros países,alistados no “Intercâmbio”, partilhan-do minha fé com eles e aprendendo deseus costumes. Obrigado!

Josafa M. dos SantosSalvador, BRASIL

Apreciativo mas perplexoMinhas congratulações pelos tópicos

abordados em Diálogo e minha aprecia-ção por seus esforços a favor dos uni-versitários e outros jovens adultos pon-derados. Mas deixou-me perplexo pelaafirmação que se acha na página 2 decada número, indicando que a revista“afirma as crenças fundamentais daIgreja Adventista do Sétimo Dia e apóia

Alfredo García-Marenko, diretor associadodo Departamento de Ministério Jovem daAssociação Geral, é o novo editor associa-do de Diálogo.

Precisam-se:Líderes com coragem

contecimentos significativos estão ocorrendo rapidamente ao redor do mun- do. As boas novas sobre Jesus Cristo e Sua breve volta estão atravessando novas fronteiras, fechadas até há pouco. A família de Deus está crescendoem muitos países, à medida que homens e mulheres rendem sua vida à influênciatransformadora do Espírito Santo. Ao mesmo tempo, há uma apreensão generali-zada ao nos aproximarmos do novo milênio. Falsos Messias e filosofias niilistasespalham seu engano astucioso e atraem a muitos.

Hoje como nunca, o mundo e a igreja precisam de líderes dedicados, íntegros esábios. Líderes que, em vez de usar o poder para seu próprio benefício, estejamprontos para ajudar e servir. Homens e mulheres de coragem que permanecem fir-mes na defesa da verdade e da justiça. Jovens que ousem desafiar o comodismo deuma sociedade permissiva enquanto permanecem leais aos princípios do reino deDeus e manifestam esses princípios em seu estilo de vida.

Esse é o tempo para coragem. “Permanecer em defesa da verdade e justiça quan-do a maioria nos abandona, ferir as batalhas do Senhor quando são poucos oscampeões — essa será nossa prova. Naquele tempo devemos tirar calor da friezados outros, coragem de sua covardia, e lealdade de sua traição” (Ellen G. White,Testemunhos Seletos, vol. 2, pág. 31).

A Sociedade de Jovens Adventistasno corrente ano completa 120 anos deexistência, a qual por gerações tem des-envolvido os talentos dos jovens e lhesinspirado a servir ao próximo. O próxi-mo ano marca o 50º aniversário do Clu-be de Desbravadores, que tem canaliza-do as energias e fortalecido o desenvol-vimento espiritual de milhares de ado-lescentes e pré-adolescentes. Completa-mos muitos aniversários. Agora, ao nosaproximar do novo milênio, não deve-mos esquecer que temos muito poucotempo para cumprir nossa missão. Essamissão não pode ser completada semque um número maior de jovens se en-volvam em Clubes de Desbravadores,Sociedades de Jovens Adventistas, asso-ciações universitárias, programas deprestação de serviço, equipes evangelís-ticas e novas congregações.

Está você pronto para fazer sua par-te?

Alfredo García-Marenko

A

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sua missão. Os pontos de vista publi-cados na revista, entretanto, represen-tam o pensamento independente dosautores”. Verificam os senhores o con-teúdo dos artigos que publicam paragarantir que eles apóiam as crençasfundamentais da nossa Igreja?

Alejandro Horacio FracassoNeuquen, ARGENTINA

Os editores respondem:Editamos cuidadosamente o conteúdo

de cada edição de Diálogo do ponto devista de exatidão, estilo e coerência comos ensinos da Bíblia. Mas muitos dos arti-gos publicados exploram campos nãoabordados claramente pelas Escrituras ouespecificamente mencionados nas doutri-nas da Igreja Adventista. Cristãos fiéis po-dem discordar em seu tratamento de as-suntos como inteligência artificial, bioéti-ca, experimentos em humanos, terapiagenética, casamento inter-racial, ficção li-terária, música, ou pensamento pós-mo-derno — tópicos que temos abordado emnúmeros recentes. Abordando-os promo-vemos uma fé inteligente entre nossos lei-tores e procuramos cumprir o objetivo su-gerido no nome de nossa revista — Diálo-go.

Surpresa agradávelQue surpresa agradável foi desco-

brir Diálogo! Tenho 22 anos e me gra-duei recentemente da Karaganda StateUniversity. O ano passado comecei alecionar inglês e alemão, minhas es-pecialidades, numa instituição quetreina secretárias e intérpretes. Háquatro anos tornei-me adventista esou agora membro ativo de uma dasduas pequenas congregações adventis-tas na capital da República de Ka-zakhstão, na Ásia Central. Gostaria decorresponder em inglês com outrosjovens adultos para melhorar meu uso

da língua e para partilhar minha ex-periência cristã. Meu endereço: Gape-ewa 9, Apartamento 526; 470078 Ka-raganda; Kazakhstão.

Constantine KalmykowLingua InstituteKaraganda, KAZAKHSTÃO

Obrigado pelasconexões

Por muitos anos estivemos isoladosde outros estudantes adventistas emoutras partes do mundo. Agora, graçasa Diálogo, temos podido fazer conexãocom muitos deles. Embora cópias darevista nos cheguem com atraso, ain-da as apreciamos ao trocá-las entrenós. Somos um grupo de 32 estudan-tes adventistas preparando-nos paravárias carreiras profissionais. Estudomedicina e sirvo como presidente deTHISDASAO, nossa associação de estu-dantes adventistas. Convidamosmembros de outras associações estu-dantinas a entrar em contato conos-co. P.O. Box 476; Mwanza; Tanzania.

S. K. LawrenceBugandoMedical Training CenterMwanza, TANZANIA

Interessada aindaFormei-me recentemente pela Uni-

versidade de Illinois em Champaign.Visto que não mais tenho o direito dereceber Diálogo gratuitamente, estouincluindo um cheque para cobrir ocusto de uma assinatura de dois anose de obter, como abono, o livro Chris-tianity and Science. Como jovem ad-ventista, gosto de ler cada número.Aprecio as idéias e perspectivas demeus irmãos e irmãs em volta do glo-bo. Com efeito, é refrescante contem-plar assuntos atuais de uma perspecti-va bíblica. De passagem, Diálogo algu-ma vez publica um índice cumulati-vo? Meu e-mail: [email protected]

Nickie MaNorthbrook, Illinois, E.U.A.

Os editores respondem:Obrigado, Nickie, por sua carta anima-

dora. Diálogo publica um índice cumula-

tivo cada cinco anos. Você achará essesíndices nos números 5:3 (1993) e 10:3(1998), que estamos incluindo para aju-dá-la a localizar artigos de interesse dura-douro. Estamos prontos a fornecer cópiasdesses índices a leitores que no-las pedi-rem.

Ficando cada vez melhorNão sei como fazem, mas cada edi-

ção de Diálogo parece melhor que aprévia, cheia de artigos que provocamreflexão, entrevistas fascinantes e his-tórias pessoais comoventes. Congratu-lações! Incluída se acha nossa contri-buição anual para expandir o círculode leitores desta maravilhosa revista.

Louis A. RamirezGrand Terrace,California, E.U.A.

À busca decorrespondentes

Embora não seja adventista, souum cristão. Vi uma cópia de Diálogoquando visitei a igreja adventista emMosul, Iraque. Com efeito, me reúnocom essa pequena congregação cadasábado e estudamos lições da Bíbliajuntos. A revista me permitiu compre-ender melhor alguns assuntos impor-tantes e gostei especialmente da seçãode “Intercâmbio”. Estou interessadoem corresponder com leitores de Diá-logo em inglês. Meu endereço: P.O.Box 10072; Bilat al-Shahada A.D.; Mo-sul, Iraque.

Bashar ShamounMosul, IRAQUE

Cartas

Escrevam-nos!Apreciamos seus comentários, rea-ções e perguntas, mas limitem suascartas a 200 palavras. Escrevam paraDialogue Letters: 12501 Old Colum-bia Pike; Silver Spring, MD 20904-6600; E.U.A. Podem também usarfax: (301) 622-9627, ou E-mail:[email protected] Cartasescolhidas para publicação poderãoser resumidas por questão de clarezaou espaço.

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vida humana parece ter perdido sua dignidade e valor. Pergunte a um muçulmano na Sérbia, umba’hai no Irã, ou um cristão no Sudão.Observe Jack Kevorkian facilitando osuicídio e sendo abraçado como umcontribuidor sério e mesmo valioso àsociedade. A questão surge: O que é im-portante a respeito da natureza huma-na?

Tempo houve em que podíamos cul-par de barbarismo, o pagão, o selvagem,ou os fanáticos. Nomes vêm à mente: Hi-tler, Ghengis Khan ou Pol Pot. Mas nãoestamos falando do passado. Estamos àbeira do século 21. O conhecimento au-mentou: astronautas cruzam o espaço; sa-télites circulam o globo trazendo infor-mação de toda parte para todos os lugaresem poucos momentos; galáxias distantessão objeto de estudo; e genes dentro denosso corpo são pesquisados em buscade uma chave para os mistérios da vidahumana. Mas ainda resta a pergunta —simples, contudo muito profunda: Quehá de especial em pertencer ao gênerohumano?

Para muitos filósofos, incluindo al-guns que se dizem cristãos, a resposta écada vez mais, muito pouco. Com todoo conhecimento científico de hoje e oprogresso técnico, uma visão completado registro histórico, os seres humanossão ainda tentados a violar direitos hu-manos básicos.

Depois da Segunda Guerra Mundial,os julgamentos de Nuremberg expuse-ram o mal que se oculta no coração hu-mano, e mostraram como a sociedademais culta e civilizada pode chafurdarem esgotos morais, virtualmente apa-gando o significado espiritual de “hu-manidade”. As lições daquela guerra le-varam as Nações Unidas a votar, em1948, a Declaração Universal dos Direi-tos Humanos. Este documento afirma-va a dignidade e igualdade de todo ser

humano, exigindo que as sociedades ci-vilizadas protegessem os fracos dasagressões dos fortes. A declaração aindaestá de pé. Por que, então, estamos fa-lando de direitos humanos e dignida-de?

O mito das origensA resposta pode ser achada na expli-

cação científica aceita quanto à origemda vida e sua diversidade, uma explica-ção que deixa fora o Deus da Bíblia.Esta perspectiva é claramente expostano livro de James Rachels, Created fromAnimals: The Moral Implications of Dar-winism (Criado Como Descendente deAnimais: As Implicações Morais do dar-winismo, New York: Oxford UniversityPress). O autor arrazoa como um adeptoda evolução naturalista. Sua conclusão,fortemente documentada, é que o dar-winismo subverte a doutrina da digni-dade humana. Os seres humanos nãoocupam um lugar especial na ordemmoral; somos apenas uma outra formade animal.

Esta opinião não é nova. Em 1859, oBispo Samuel Wilberforce advertiu queo darwinismo era “absolutamente in-compatível” com a opinião cristã dacondição moral e espiritual do homem.A Igreja Batista do Sul dos Estados Uni-dos, em 1987, reafirmou a opinião deWilberforce. Mas não há unanimidadeentre os cristãos. Há um século HenryWard Beecher, o pregador famoso, suge-riu que a perspectiva evolucionista real-çava a glória da criação divina. O PapaJoão Paulo II está disposto a aceitar oprocesso evolucionário como o meiousado por Deus para criar o corpo hu-mano (mas não o “espírito”, o qual eleinsiste que é objeto da criação imediatade Deus).

Mesmo os cientistas estão divididosnesta questão. Alguns (tais como Ste-ven Jay Gould) dizem que o darwinis-

As implicações moraisdo darwinismoEarl Aagaard

Não podemos ser darwinistas e

ao mesmo tempo manter a

opinião bíblico-cristã de que a

vida humana é sagrada.

A

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mo e a religião não são incompatíveis,que uma pessoa pode ser ao mesmotempo teísta e darwinista, enquantooutros (William Provine) afirmam queo darwinismo torna toda religião nãosó supérflua, mas insustentável.

Rachels argumenta (“Precisa umDarwinista ser Céptico?”) que a teleo-logia (direção e propósito) na Nature-za é irrevogavelmente destruída pelodarwinismo. Sem teleologia, a religiãoprecisa “retrair-se para algo como de-ísmo, ... não mais... apoiando a dou-trina da dignidade humana” (págs.127, 128). Este argumento é forte, eprecisa ser refutado se um darwinistareligioso quer resgatar o ensino bíbli-co de que os seres humanos são cria-dos à imagem de Deus e ocupam umlugar especial na ordem divina. ComoRachels nos lembra: “A tese da ‘ima-gem de Deus’ não se enquadra comqualquer opinião teísta. Requer umteísmo que vê a Deus como ativamen-te planejando o homem e o mundocomo um lar para o homem.”

Em “Quão Diferentes são os SeresHumanos dos Animais?” Rachels con-clui que o darwinismo destrói qual-quer fundamento para uma diferençamoralmente significante entre sereshumanos e animais. Se o homem des-cende de símios por seleção natural,ele pode ser fisicamente diferente desímios, mas não pode sê-lo de modoessencial. Certamente não pode serem qualquer aspecto que dê ao ho-mem mais direitos do que a qualqueranimal. Nas palavras de Rachels, “nãose pode fazer distinções em moralida-de onde nenhuma existe de fato”. Elechama sua doutrina de “individualis-mo moral”, e rejeita “a doutrina tradi-cional da dignidade humana” juntocom a idéia de que a vida humana te-nha qualquer valor inerente que osseres não humanos careçam.

Individualismo moralEm “Moralidade Sem Que os Seres

Humanos Sejam Especiais”, Rachelstrata primeiro da igualdade humana,e depois a rejeita! Os seres humanospodem ser “tratados como iguais” so-mente se não houver “diferenças no-

táveis” entre eles. Essas “diferençasnotáveis” poderiam ser usadas paradistinguir gêneros, raças, religiões eindivíduos. Aceitando conceitos dar-winistas ele estende a análise aos ani-mais, não admitindo superioridadehumana automática sobre coelhos,porcos ou baleias. Sob “individualis-mo moral”, quando confrontado como uso de um ser humano ou de umchimpanzé para um experimento mé-dico letal, não mais podemos decidir aquestão argüindo que o chimpanzénão é humano. “Teríamos de pergun-tar o que justifica usar este chimpan-zé, e não aquele ser humano, e a res-posta teria de ser em termos de suascaracterísticas individuais, e não sim-plesmente por pertencerem a este ouàquele grupo” (pág. 174).

Considerando o papel crucial de“diferenças notáveis” nesta ética, agente procura alguma definição for-mal do termo. Rachels não dá nenhu-ma. Em vez disso obtemos “algo decomo o conceito opera” num exemplode testar cosméticos nos olhos de coe-lhos, e um palavreado difuso. Isto nãoé defesa contra o egoísmo e o mal quevemos em nós mesmos e em nossossemelhantes.

A experiência demonstra que qual-quer norma moral fraca e relativistaserá torcida em qualquer forma queseja necessária para nos permitir fazero que quisermos a nosso próximo. Hámuitos exemplos: escravidão; perse-guição racial e religiosa; um milhãode abortos por ano nos Estados Uni-dos; a epidemia de abandono, abuso emorte de bebês; leis que permitemsuicídio assistido e eutanásia; expurgoétnico, etc. Precisamos ter uma normaclara de nossas obrigações para comtodo membro da família humana.Essa é a diferença entre moralidade eamoralidade. Não há terreno neutro.

Darwinismo e amoralidadeA conexão entre darwinismo e

amoralidade é agora explícita. Na NewYork Times Magazine de 3 de novem-bro de 1997, Stephen Parker escreveusobre “psicologia evolucionista”. Elenos diz que “filósofos da ética conclu-

íram que... nossos neonatos imaturosnão possuem o direito à vida mais doque um camundongo”, e alega que “oinfantocídio pode ser o produto detrauma maternal” visto “ter sido pra-ticado e aceito na maioria das culturasatravés da história.” Ele assim liga oinfanticídio diretamente a nossos an-cestrais e à luta pela sobrevivênciadarwiniana, que por vezes requer queas mães matem seus filhos a fim depromover seu futuro reprodutivo. Emartigos como este, aquilo que outroraera impensável é apresentado comorazoável e aceitável. Estamos sendoamaciados para uma mudança na mo-ralidade da comunidade — que man-tém que alguns seres humanos mere-cem respeito e proteção, mas outrosnão, e podem ser mortos com impuni-dade. Podemos ver esse processo emoperação hoje, nos pronunciamentosacadêmicos, e cada vez mais na mídiapopular.

Há apenas 50 anos, toda nação comvoto nas Nações Unidas rejeitou estemodo de pensar. A ética que emergeno Ocidente é um repúdio direto daDeclaração Universal dos Direitos Hu-manos. Em seu preâmbulo, a Assem-bléia Geral das Nações Unidas unani-memente (com oito abstenções) de-clarou que “o fundamento da liberda-de, justiça e paz do mundo” é “o reco-nhecimento da dignidade inerente edos direitos iguais e inalienáveis detodos os membros da família huma-na.” Nos próprios Artigos, achamosque “Todos os seres humanos nascemlivres e iguais em dignidade e direi-tos” (Artigo 1); “Cada um possui to-dos os direitos e liberdades anuncia-das nesta Declaração, sem distinçãode qualquer espécie” (Artigo 2); “To-dos têm direito à vida, liberdade e se-gurança de sua pessoa” (Artigo 3);“Todos têm direito ao reconhecimen-to em toda parte como uma pessoa di-ante da lei” (Artigo 6); e “Todos sãoiguais diante da lei e têm direito semnenhuma discriminação à igual prote-ção da lei” (Artigo 7). Esta linguagemnão é equívoca; não pode haver con-fusão quanto a seu significado. Acei-tar o que Rachels e Pinker estão ofere-

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cendo significa voltar as costas à sabe-doria do passado.

Maturidade (e nossa segurança)exige reflexão honesta. Um sistema deética baseado em relativismo moralsempre terminará com o forte no po-der e o fraco debaixo de seu calcanhar.A filosofia darwinista, levada à suaconclusão lógica, não nos leva a partealguma, e isso devia bastar para que arejeitássemos. Talvez não devêssemosestar surpresos de ver os darwinistasabraçando uma filosofia tão cruel eutilitária, mas o que mais surpreendeé o número de moralistas, filósofos eoutros que se identificam como cris-tãos mas insistem que adotemos umaética tão diferente da de Cristo.

O argumento a favor do relativis-mo moral é sutil à primeira vista. Fre-qüentemente começa reafirmando averdade biológica (e bíblica) de quesomos humanos desde o momento daconcepção. Mas, depois nos é dito quehá uma diferença entre um “ser hu-mano” e uma “pessoa”, e que “perso-nalidade” é a categoria que um ser hu-mano precisa alcançar a fim de ter di-reito à vida. As qualificações para“personalidade” variam — mas geral-mente incluem a posse de consciênciade si mesmo como condição necessá-ria para ser uma “pessoa” com plenostatus moral (por exemplo, ter o direi-to de não ser morto). Naturalmentenenhum ser humano nasce com cons-ciência de si mesmo, e muitos de nóspodemos perder a consciência, tem-porária ou permanentemente, devidoa trauma, enfermidade ou idade.

O individualismo moral (ou a éticada “personalidade”) e a declaração dasNações Unidas dos Direitos Humanoscolidem; são inteiramente incompatí-veis. A Declaração das Nações Unidasé fundada sobre a tradição moral ju-daico-cristã — uma tradição que re-monta a milênios. O “individualismomoral” pretende ser fundado na razãohumana, e é expresso em afirmaçõesque começam com: “Eu argumen-to....” “Eu vejo...”, ou “Eu sustento...”. O “individualismo moral” propõeque tanto os seres humanos como osanimais devem ser julgados pelos

mesmos critérios relativistas. Nesteuniverso moral, seres humanos perde-ram seus direitos inalienáveis à vida,algo que os cristãos defendem na baseda declaração: “Criou Deus o homemà Sua imagem: à imagem de Deus ocriou; macho e fêmea os criou” (Gêne-sis 1:27).

Tirado do pedestalTirando os seres humanos do pe-

destal de dignidade sobre o qual a Bí-blia os colocou tem implicações paratodos, não somente para os pacientesem estado comatoso, os neonatos comdefeitos, os velhos enfermiços, e ou-tros diferentes de “nós”. Debaixo daética do “individualismo” não háprincípio que impeça que uma raçaclassifique outras raças como não ple-namente humanas e de escravizá-lasou eliminá-las. Não há princípio res-ponsabilizando aqueles que procuramdegradar os outros ao status de “não-pessoas”. Não há princípio condenan-do os pais que recorrem a testes pré-natais para determinar o sexo de umfeto e depois abortam se for menina.Não há princípio para impedir queuma sociedade determine que o plenostatus humano não seja atingido an-tes dos 3 ou 4 anos, e de fundar cen-tros para eliminar as “não-pessoas”indesejáveis. Não há princípio paraimpedir a clonagem de um indivíduo,ou o uso do ser humano como um es-toque de órgãos avulsos. Podemos re-cuar destas sugestões, mas a verdade éque quando abandonamos o imperati-vo bíblico de que a vida humana ino-cente é sagrada e não pode ser tocada,estamos todos debaixo de risco, por-que quando os fortes dominam, “aforça faz o direito”.

Quando moralistas cristãos chegamàs mesmas conclusões que os darwi-nistas sobre nossas obrigações paracom o nosso próximo, é tempo depensar cuidadosamente. Deus noscriou, e Ele conhece o mal de que so-mos capazes. Por esta razão, Ele nosinstruiu a tratar todos os seres huma-nos como dignos de respeito. Nem o“individualismo moral” nem a éticada “personalidade” é compatível com

a interpretação tradicional das Escri-turas, e isso deveria ser razão suficien-te para rejeitá-los. Mas, além disso,para aqueles cuja fé é fraca, a históriaoferece muitas demonstrações de queantes de qualquer matança tem havi-do uma divisão da população em“nosso grupo” (protegido) e “os de-mais” (não protegidos) que torna per-missível ir adiante com a matança. Amaior parte dos moralistas relativistasnão tem esta intenção. Estão simples-mente tentando criar uma base não-dogmática, racionalista para um com-portamento que eles julgam apropria-do.

Creio que James Rachels tem razãoem seu argumento: Uma pessoa nãopode ser darwinista e manter de modológico a opinião tradicional de que avida humana é sagrada. A perguntamais imediata para os cristãos pareceser mais relevante: Pode uma pessoacrer que a vida humana não é sagradae ainda ser cristão?

Earl Aagaard (Ph.D., Colorado StateUniversity) é professor de biologia no Paci-fic Union College. Seu endereço postal:3 College Ave., Angwin, California 94508.E-mail: [email protected]

Para artigos anteriores sobre este tópicoem nossa revista, ver David Ekkens, “Ani-mais e Seres Humanos: São Eles iguais?”Diálogo 6:3 (1994), págs. 5-8, e JamesWalters, “É Koko uma pessoa?” Diálogo9:2 (1997), págs. 15-17 e 34.

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8 Diálogo 11:2 1999

A vantagem adventista

Larry Beeson

A pesquisa sugere que o estilo

de vida adventista contribui

para uma vida melhor e mais

longa.

eja um simples rádio ou uma TV es- téreo de tela grande, um liquidifi- cador ou o último carro — tudoque compramos vem com o manual deinstruções. O fabricante espera que vocêleia o manual antes de começar a usarsua nova aquisição. Você recorre aomanual tão freqüentemente quanto ne-cessário a fim de compreender o meca-nismo e a operação do produto e parater certeza que ele funciona melhor edura mais tempo.

Se assim é com um simples liquidifica-dor ou um carro, quanto mais cuidadodevíamos dar ao nosso corpo, talvez o sis-tema mais complexo que conhecemos?

A Bíblia nos informa que “formou oSenhor Deus ao homem do pó da terra,e lhe soprou nas narinas o fôlego devida, e o homem passou a ser alma vi-vente” (Gênesis 2:7, RA). O Criadortambém nos deu Seu manual para ocuidado apropriado de nosso corpo.Esse manual é a Bíblia e somos todosencorajados a lê-la para melhor com-preender a mordomia do corpo. Paulodiz: “Acaso não sabeis que o vosso cor-po é santuário do Espírito Santo...? Glo-rificai, pois, a Deus, no vosso corpo” (ICoríntios 6:19 e 20). Além de outrossignificados que este verso possa ter,um que interessa à nossa discussão é oque comemos e bebemos.

A epidemiologia dos Adventistas doSétimo Dia

Durante as últimas décadas, organi-zações relacionadas com a saúde dentrodos Estados Unidos e alhures (porexemplo, os Institutos Nacionais deSaúde, a Sociedade Americana de Cân-cer, a Associação Americana de Cardio-logia, o Departamento de Saúde e deServiços Humanos, a Organização Mun-dial da Saúde, etc.) têm fornecido evi-dência epidemiológica do mundo intei-ro quanto às características do estilo de

vida que promove saúde e detém o pro-gresso da enfermidade. Parte desta evi-dência vem de pesquisa sobre saúde en-tre adventistas do sétimo dia. Pesquisasde saúde têm se concentrado nos ad-ventistas por duas razões. Primeira, elestendem a ser mais homogêneos emmuitas escolhas de estilo de vida, taiscomo a abstenção de álcool e tabaco.Segunda, são mais heterogêneos em há-bitos de nutrição: são geralmente vege-tarianos (nada de produtos animais nadieta) ou lacto-ovo-vegetarianos (cujadieta inclui lacticíneos e ovos, mas nãocarne). Mais de 250 artigos científicostêm sido publicados ao redor do mundosobre a vantagem adventista em maté-ria de saúde. A maior parte do que édescrito abaixo refere-se à pesquisa con-duzida por cientistas da Universidadede Loma Linda sobre adventistas da Ca-lifórnia. Resultados semelhantes, po-rém, têm sido publicados quanto a ad-ventistas na Noruega, Holanda, Polô-nia, Dinamarca, Japão, Austrália e ou-tros países.

O Estudo da Mortalidade AdventistaO primeiro principal estudo epide-

miológico dos adventistas começou em1958. É conhecido como o Estudo deMortalidade Adventista, envolvendo22.940 adventistas não-hispânicos,brancos, residindo na Califórnia.1 Osresultados deste estudo sobre os adven-tistas foram comparados a um estudosemelhante de não-adventistas efetua-do pela Sociedade Americana de Câncerdurante o mesmo período de tempo.Ambos os estudos envolveram voluntá-rios na Califórnia que eram relativa-mente bem educados comparados àmédia dos californianos. Ambos os es-tudos obtiveram cópias de certidões deóbito de participantes no estudo que ti-nham morrido durante os anos subse-qüentes aos da pesquisa. As similarida-

S

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9Diálogo 11:2 1999

des entre estes dois grupos eram impor-tantes porque descobriu-se que indiví-duos que se oferecem para tais estudostendem a ter melhor saúde que a popu-lação geral, e as pessoas das classes eco-nômicas mais altas tendem a ter pro-porções mais baixas de enfermidade emgeral. Assim, o Estudo da MortalidadeAdventista e o Estudo da SociedadeAmericana de Câncer forneceram umacomparação razoavelmente boa entreadventistas e não-adventistas.

A comparação revelou o seguinte: Sea mortalidade por câncer no Estudo daSociedade Americana de Câncer era100, a mortalidade entre adventistas erade 60 para homens e 76 para mulheres.Isso significa que depois de ajustar paradiferenças nas distribuições de idadenos dois estudos, os homens adventis-tas tinham um índice de mortalidadepor câncer significantemente mais bai-xo para um grupo de certa idade com-parado ao que se podia esperar de umgrupo semelhante. Isto significa quehomens adventistas ainda morriam decâncer, mas numa idade muito maisavançada do que os homens não-ad-ventistas. O mesmo pode ser dito demulheres adventistas. Visto não haverrazão a priori para crer que os adventis-tas da Califórnia fossem geneticamentediferentes dos não-adventistas, a hipó-tese é que uma ou mais caraterísticas deestilo de vida ou influências do ambi-ente podem ser responsáveis pelo atra-so na morte por câncer.

Visto que o fumar tem sido compro-vado ser um fator importante em causarcâncer, pesquisadores do Estudo deMortalidade Adventista compararam osíndices de mortalidade de não-fuman-tes de ambas as populações. Como erade esperar, os índices de mortalidadedestes não-adventistas eram mais próxi-mos aos dos adventistas. Contudo, umavantagem para os adventistas semprepersistia que não podia agora ser expli-cada por diferenças no uso de tabaco nopassado. Assim, outras craterísticas dosadventistas, fora sua condição de não-fumantes, tais como dieta e talvezapoio social, são igualmente importan-tes em reduzir o risco de enfermidade.

Os adventistas também pareciam terum adiamento de mortes cardiovascu-

lares. Se o índice de morte por enfermi-dade do coração no estudo da Socieda-de Americana de Câncer é consideradocomo 100 por cento, então os homensadventistas apresentavam apenas 66por cento do que era de se esperar. Mu-lheres adventistas mostraram apenasuma pequena redução, com 98 por cen-to. Homens adventistas também mor-rem de enfarte, mas seu índice de mor-talidade é de apenas 72 por cento com-parado aos não-adventistas. Para mu-lheres adventistas, sua mortalidade porenfarte era de 82 por cento do de não-adventistas.

Portanto, segundo estes estudos, ébem evidente que o estilo de vida ad-ventista provê alguma proteção contrao câncer e outras moléstias fatais. Masdiferenças em índices de mortalidadeentre adventistas e outros podem serdevidas a pelo menos dois fatores: (1)Os adventistas podem apanhar uma do-ença específica na mesma proporçãoque os outros, mas sobrevivem maistempo com a doença por causa de me-lhor acesso a cuidado médico ou umsistema imunológico superior ou ummelhor estilo de vida; e/ou (2) os ad-ventistas realmente adoecem em pro-porção menor do que os não-adventis-tas. Pode ser que ambas as possibilida-des contribuam aos índices de mortali-dade mais baixos observados entre ad-ventistas. Mas estudos de mortalidadecomo o de Loma Linda não podiam re-solver a questão. O Estudo de Mortali-dade Adventista levantou várias ques-tões interessantes. Que havia em seu es-tilo de vida que permitia aos adventis-tas viver mais tempo? Teriam as dife-renças em estilo de vida adventista porsi mesmas produzido diferentes riscospara contrair doenças específicas tantofatais como não-fatais?

O Estudo de Saúde AdventistaO Estudo de Saúde Adventista é o se-

gundo estudo importante de adventis-tas na Califórnia. Subsidiado pelo Insti-tuto Nacional de Câncer e pelo Institu-to Nacional de Coração, Pulmão e San-gue, o estudo começou em 1974 e foidirigido pelos pesquisadores da Univer-sidade de Loma Linda. O estudo incluíaa incidência (isto é, novos casos) de

câncer e doença do coração na pesquisasempre em expansão do estilo de vidaadventista que permite aos adventistaster uma “vantagem em matéria de saú-de”. À semelhança do outro estudo, cer-tidões de óbito foram obtidas para do-cumentar a causa de morte dos mem-bros que morreram durante o estudo.Registros hospitalares foram usadospara todos os casos não-fatais. O índicede resposta de brancos, não-hispânicos,ao questionário sobre estilo de vida en-viado por correio foi o mais elevado detodos os grupos étnicos e totalizou34.198. Esse grupo tornou-se a porçãodo “estudo de incidênada”2 para desco-brir que componentes do estilo de vidaadventista deram proteção contra a en-fermidade.

Não tinha sido seu objetivo compa-rar os índices de incidência de enfermi-dade ou mortalidade entre adventistas enão-adventistas. Foi planejado princi-palmente para descobrir variações emestilo de vida entre os próprios adven-tistas e como estas variações se traduzi-am em mudanças de risco de enfermi-dade.

Esta pesquisa acrescentava tambémuma investigação detalhada de dietacomparada com o questionário da Soci-edade Americana de Câncer de 1960usado pelo Estudo de Mortalidade Ad-ventista. Além disso, seu questionárioincluía perguntas sobre o histórico mé-dico antecedente, terapia de drogas, ati-vidade física e uma variedade de per-guntas psico-sociais. Quando a coletados dados foi concluída, 32 mil hospi-talizações (por qualquer razão) tinhamsido declaradas representando mais de18 mil participantes diferentes. Doshospitais envolvidos, 698 eram na Cali-fórnia e 960 eram fora do estado. Todosesses hospitais foram contatados no es-tudo subseqüente de seis anos de todosaqueles que completaram o questioná-rio básico de estilo de vida.

Um perfil básico da população doEstudo de Saúde de Adventistas mostra-va uma idade média de 51 anos parahomens e de 53 para mulheres. A pro-porção de pessoas que tinham sido di-agnosticadas por um médico como hi-pertensas era próxima do que se podiaesperar para uma população adulta.

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10 Diálogo 11:2 1999

Embora um número modesto de pesso-as admitiu ter fumado antes — geral-mente antes de se unir à Igreja Adven-tista — não havia praticamente fuman-tes atuais na população. Uma propor-ção relativamente grande pretendia fa-zer exercício com freqüência moderada.A população sob estudo, composta de60% de mulheres, tendia a ser bem ins-truída. Um pouco mais da metade dosparticipantes na pesquisa disse que co-mia carne menos de uma vez por sema-na. A maioria era lacto-ovo-vegetariana.

Influência do estilo de vidaQue revelaram esses estudos sobre a

influência do estilo de vida na reduçãode índices de enfermidade e de mortali-dade?

Câncer do pulmão. De longe o maiorrisco de câncer do pulmão é o contatocrônico com fumaça de tabaco, tantode fumantes ativos como de fumantespassivos ou de segunda mão. Trabalharou viver com um fumante foi demons-trado aumentar a probabilidade de umapessoa contrair câncer do aparelho res-piratório. O estudo de saúde de adven-tistas demonstrou3 que indivíduos po-diam ainda mais reduzir sua probabili-dade de desenvolver câncer do pulmãonão só diminuindo a exposição à fuma-ça de tabaco, mas também incluindoem sua dieta uma variedade de frutas,muitas das quais contêm componentes(por exemplo, vitaminas antioxidantes)considerados capacitadores do corpopara combater o câncer. Adventistasque consumiam frutas duas ou mais ve-zes por dia tinham apenas 25 por centode probabilidade de adquirir câncer dopulmão comparados aos indivíduos queconsumiam fruta menos de três vezespor semana. Esta vantagem de saúdepelo consumo de frutas foi observadaem adventistas que tinham deixado defumar anteriormente bem como em ad-ventistas que nunca tinham fumado.

Câncer da próstata. Segundo estimati-va,4 29 por cento de todos os novos ca-sos de câncer diagnosticados entre ho-mens americanos em 1998 tinham quever com a próstata, e a incidência destaenfermidade tem crescido durante asúltimas décadas. Relações altamenteprotetoras foram observadas5 em ho-

mens adventistas que consumiamquantidades moderadas de legumes(tais como feijão, lentilhas, ervilhas),frutas cítricas frescas, fruta seca (porexemplo, passas e tâmaras), e tomates.

Câncer da mama. Em meados da dé-cada de 1980, câncer do pulmão ultra-passava o câncer da mama, sendo ocâncer mais comumente diagnosticadoem mulheres americanas.6 Contudo,nas populações não-fumantes, como ados adventistas do sétimo dia, o câncerda mama é ainda o câncer mais comu-mente diagnosticado. Os fatores de ris-co conhecidos para o câncer da mamaincluem: crescente contato com estro-gênio e/ou hormônios do tipo progeste-rone, menstruação precoce, menopausatardia e obesidade em mulheres após amenopausa. Fatores que podem prote-ger quanto à incidência de câncer damama incluem: menor contato com es-trogênio ou hormônios do tipo proges-terone, primeira gravidez em idade jo-vem, lactação e atividade física. No es-tudo de saúde adventista, as mulheresque faziam exercício vigoroso tinhamuma redução de 21 por cento no riscode câncer da mama e um atraso médiode 6.6 anos na idade na qual este cânceré diagnosticado comparado às mulhe-res que exercitavam pouco7. A inativi-dade física teve mais importante efeitosobre a idade em que o diagnóstico éfeito do que sobre o risco em todo operíodo de vida. O efeito protetor daatividade física sobre o risco de câncerda mama é mais pronunciado em idademais jovem, pois os benefícios do exer-cício não foram vistos claramente emmulheres de pós-menopausa.

Câncer da bexiga. Fumar cigarro é umforte fator de risco para câncer da bexiga.Adventistas que tinham fumado antes dese unirem à igreja tinham duas vezes mai-or risco de câncer da bexiga, comparadoàqueles que nunca fumaram. Investiga-dores anteriores notaram maior risco decâncer da bexiga em pessoas com consu-mo elevado de alimentos cárneos. Apro-ximadamente 50 por cento dos partici-pantes no estudo de saúde de adventistaseram ovo-lacto-vegetarianos. Adventistasque evitavam carne, aves e peixes tinhammenos da metade do risco de câncer dabexiga, comparados àqueles que comiam

estes alimentos três ou mais vezes por se-mana.8

Câncer do pâncreas. O Estudo da Saú-de Adventista observou que aumentan-do o consumo de legumes, frutas secas,e produtos de proteína vegetal (taiscomo soja, gluten e nozes) diminuía demodo significativo o risco de câncer dopâncreas.9

Outros cânceres. O mesmo estudo in-vestigou outros cânceres (do cólon10, docérebro e das meninges cranianas11, deleucemia e de mieloma12) e observouque os indivíduos que seguiam o “estilode vida adventista” mais de perto eramos que tinham menor probabilidade deadquirir qualquer das enfermidadescrônicas investigadas.

Enfermidade do coração. Este estudonão só investigou a relação entre várioshábitos de vida e cânceres incidentais efatais, como também buscou fatores re-lacionados com enfermidades do cora-ção. Uma fascinante descoberta quetem sido repetida por pesquisadores emoutras populações foi a do consumo fre-qüente de nozes cinco ou mais vezespor semana (uma mão cheia de cadavez) estar associado com um númerosubstancialmente menor de casos fataisde enfermidades do coração e enfartes domiocárdio (ataques do coração) não-fa-tais, comparados àqueles que consomemnozes menos de uma vez por semana.13

Entretanto, visto as nozes serem ricas emgordura, consumir grandes quantidadespode não ser tão benéfico.

Adventistas que comiam principal-mente pão integral experimentavamuma redução de 40 por cento no risco deataque do coração, comparados àquelesque comiam mais pão branco. Haviatambém mais do que o dobro de risco deataque do coração entre homens queconsumiam carne pelo menos três vezespor semana, comparados aos vegetaria-nos. Adventistas que exercitavam regular-mente 15 minutos ou mais pelo menostrês vezes por semana experimentavamuma redução significativa no risco demorrer de ataque do coração.

A pirâmide guia da alimentação ve-getariana

Baseadas em evidência epidemioló-gica internacional das últimas décadas,

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11Diálogo 11:2 1999

que inclui o resultado de estudos de ad-ventistas, as organizações relacionadascom a saúde ao redor do mundo têmadvogado um estilo de dieta que visadiminuir o risco de câncer, doenças docoração e outras doenças crônicas. A pi-râmide guia da alimentação (ver ilustra-ção) mostra a contribuição relativa dosdiferentes alimentos. Na base da pirâ-mide estão os pães integrais e cereais.Em seguida vêm as frutas e vegetais.Muita gente não come o suficiente des-tes alimentos que têm muitos elemen-tos protetores como as vitaminas. Nonível seguinte da pirâmide estão os ali-mentos que provêem proteínas e mine-rais. Necessitamos de porções menoresdestes. Finalmente, no ápice da pirâmi-de estão os doces, gorduras e óleos, dosquais precisamos bem pouco.

Se estas recomendações são de fatoúteis na redução de enfermidades crôni-cas, então parece lógico que devíamosobservar uma redução dessas doençasnuma população que tem seguido essesprincípios por mais de cem anos. E é exa-tamente isso que descobrimos nos estu-dos entre os adventistas do sétimo dia.

A iniciativa é suaHá mais de 100 anos Ellen G. White,

uma das fundadoras da Igreja Adventis-ta do Sétimo Dia, fez a seguinte obser-

vação: “A saúde éum tesouro. É detodas as possestemporais a maispreciosa. Riqueza,ilustração e honrasão adquiridas aoelevado preço daperda do vigor dasaúde. Nada dissopode assegurar fe-licidade, se falta asaúde”.14 Prevenira enfermidadetem mais sentidodo que seu trata-mento. Não per-mita que sua Bí-blia se cubra depoeira. Leia seu“manual de ins-truções” e descu-bra qual era a in-

tenção do Planejador Mestre para você.

Larry Beeson (Doutor em Saúde Públi-ca, pela Universidade de Loma Linda) le-ciona epidemiologia e bioestatística naEscola de Saúde Pública e na Escola deMedicina da Universidade de Loma Lin-da. Ele fez parte da equipe de pesquisa doEstudo de Saúde Adventista desde o seuinício. Endereço postal: School of PublicHealth, Loma Linda University, LomaLinda, California 93350, E.U.A. Endere-ço e-mail: [email protected]

Notas e referências1. F. R. Lemon e R. T. Walden, “Death From

Respiratory System Disease AmongSeventh-day Adventist Men”, Journal ofAmerican Medical Association 198 (1966) 2:117-126; F. R. Lemon e J. W. Kuzma, “ABiologic Cost of Smoking: Decrease LifeExpectancy”, Archives of EnvironmentalHealth 18 (1969):950-955; R. L. Phillips, F.R. Lemon, W. L. Beeson e J. W. Kuzma,“Coronary Heart Disease Mortality AmongSeventh-day Adventists With DifferingDietary Habits: A Preliminary Report”,American Journal of Clinical Nutrition 31(1978 Supplement):191-198; R. L. Phillips,L. Garfinkel, J. W. Kuzma, W. L. Beeson,T. Lotz e B. Brin, “Mortality AmongCalifornia Seventh-day Adventists forSelected Cancer Sites”, Journal of NationalCancer Society 65 (980):1097-1107; R. L.Phillips, J. W. Kuzma, W. L. Beeson e T.Lotz, “Influence of Selection VersusLifestyle on Risk of Fatal Cancer and

Cardiovascular Disease Seventh-dayAdventists”, American Journal ofEpidemiology 112 (1980)2:296-314.

2. W. L. Beeson, P. K. Mills, R. L. Phillips, M.Andress e G. E. Fraser, “Chronic DiseaseAmong Seventh-day Adventists: A Low-riskGroup”, Cancer 64 (1989):57-81.

3. G. E. Fraser, W. L. Beeson e R. L. Phillips,“Diet and Lung Cancer in CaliforniaSeventh-day Adventists”, American Journalof Epidemiology 133 (1991):683-93.

4. S. H. Landis, T. Murray, S. Bolden e P. A.Wingo, “Cancer Statistics, 1998”, Ca-ACancer Journal for Clinicians 48 (1998)1:6-29.

5. P. K.Mills, W. L. Beeson, R. L. Phillips e G.E. Fraser, “Cohort Study of Diet, Lifestyle,and Prostate Cancer in Adventist Men”,Cancer 64 (1989)3:598-604.

6. Ver 4 acima.7. G. E. Fraser e D. Shavlik, “Risk Factors,

Lifetime Risk, and Age at Onset of BreastCancer”, Annals of Epidemiology 7(1997):375-382.

8. P. K. Mills, W. L. Beeson, R. L. Phillips e G.E. Fraser, “Bladder Cancer in a Low RiskPopulation: Results from the AdventistHealth Study”, American Journal ofEpidemiology 133 (1991)3:230-239.

9. P. K. Mills, W. L. Beeson, D. E. Abbey, G. E.Fraser e R. L. Phillips, “Dietary Habits andPast Medical History as Related to FatalPancreas Cancer Risk Among Adventists”,Cancer 61 (1988) 12:2578-2585.

10. P. N. Singh e G. E. Fraser, “Dietary RiskFactors for Colon Cancer in a Low-RiskPopulation”, American Journal ofEpidemiology 148 (1998) 8: 761-774.

11. P. K. Mills, S. Preston-Martin, J. F.Annegers, W. L. Beeson, R. L. Phillips e G.E. Fraser, “Risk Factors for Tumors of theBrain and Cranial Meninges in Seventh-day Adventists”, Neuroepidemiology 8(1989):266-275.

12. P. K. Mills, G. R. Newell, W. L. Beeson, G.E. Fraser e R. L. Phillips, “History ofCigarette Smoking and Risk of Leukemiaand Myeloma: Results from the AdventistHealth Study”, Journal of National CancerInstitute, 82 (1990):1832-1836.

13. G. E. Fraser, J. Sabaté, W. L.Beeson e T. M.Strahan, “A Possible Protective Effect ofNut Consumption on Risk of CoronaryHeart Disease”, Archives of InternalMedicine, 152 (1992):1416-1424.

14. Ellen G. White, Conselhos Sobre o RegimeAlimentar (Casa Publicadora Brasileira),p. 20.

LEITE DE BAIXO TEOR DEGORDURA OU SEMGORDURA, IOGURTE,QUEIJO FRESCO E GRUPOALTERNATIVO FORTIFICADO2-3 PORÇÕESCOMER MODERADAMENTE

GRUPO DE PÃOINTEGRAL,CEREAL,MACARRÃO EARROZ.6-11 PORÇÕESCOMER ÀVONTADE

ÓLEOS E GORDURAS VEGETAIS,DOCES E SALCOMER PARCAMENTE

GRUPO DE LEGUMES, NOZES,GRÃOS E SUBSTITUTOS DECARNE2-3 PORÇÕESCOMER MODERADAMENTE

GRUPO DE FRUTAS2-4 PORÇÕESCOMERGENEROSAMENTE

Ilustração por Merle Poirier© The Health Connection, 1994 Impresso nos E.U.A.

GRUPO DE VEGETAIS3-5 PORÇÕESCOMERGENEROSAMENTE

A PIRÂMIDE DAALIMENTAÇÃOVEGETARIANAUM GUIA DIÁRIO PARA

ESCOLHA DE ALIMENTOS

The Health ConnectionTelefone: E.U.A. 1-800-548-8700 • Exterior 1-301-790-9735 • Fax 1-301-790-9733

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12 Diálogo 11:2 1999

ollywood o projeta na tela. Des- de jornais sérios a tablóides frí- volos, ele recebe tratamentoque é tanto assustador como espalha-fatoso. O mundo dos computadoresestá trabalhando febrilmente para im-pedir um crash de seus programas. Te-ólogos da direita como da esquerdafalam e escrevem a respeito como sefosse uma coisa trivial ou a única coi-sa que importa.

Milênio! Essa é a palavra mágica.Ao se aproximar o ano 2000, vai o sé-culo levar a história a uma nova opor-tunidade ou ao caos? Irá a raça huma-na precipitar-se numa crise de comu-nicação que afetará toda informaçãoeletrônica vital, tais como contas debanco, registros legais, fórmulas quí-micas, ações e títulos, taxas e registrosacadêmicos? Irá ele interromper demodo crítico o transporte aéreo e de-sencadear um holocausto atômico?

Líderes religiosos estão aproveitan-do-se da oportunidade para lançaruma nova época de fé. Uns poucosprevem o fim de todas as coisas, masos menos inclinados a excitamentoespeculativo vem o ano 2000 comoum marco a partir do qual proclamaro começo de uma nova época religio-sa. Um elemento é a convocação pa-pal para uma assembléia de líderes re-ligiosos de todas as fés em Jerusalémno ano 2000.

Os últimos dois séculos trouxeramuma transformação geral da auto-compreensão religiosa, especialmenteentre cristãos. Desde os primórdios, areligião tem tratado do relacionamen-to entre a natureza e o sobrenatural. Oiluminismo do final do século 17 con-seguiu desacreditar virtualmente todacrença no sobrenatural, deixando ocristianismo reduzido largamente a

uma organização de serviço social,com um mínimo de conteúdo sobre-natural.

O produto final: um cristianismoenfocado sobre idéias, mas sem certe-za sobre Deus. Dentro deste vácuo ex-plicações alternativas desenvolvidaspara prover significado e uma cosmo-visão, fundiram-se num amálgamaque deslocou a versão bíblica do so-brenatural. Com as idéias bíblicas sen-do abandonadas como mito, a religiãovoltou-se para preocupações huma-nas. Os textos bíblicos foram disseca-dos, avaliados pela lógica humana, e acomunidade intelectual cristã embar-cou na busca do Jesus histórico. A ci-ência tornou-se o guia para o futuro ea profecia bíblica foi reduzida a escri-tos posteriores aos acontecimentos,com a escatologia uma esperançamelancólica de acontecimentos in-certos.

Mas a esterilidade de tal religião,privada de seu propósito de ligar a hu-manidade com Deus, impele as pesso-as alhures. Hoje uma nova geraçãoestá no comando, pessoas à busca derespostas satisfatórias a questões argu-tas. O sobrenatural, abandonado hámuito como extinto, reemergiu comolinha de frente do interesse religioso.De novo milagres estão em voga. Osanjos estão por toda parte, no mundoliterário, na indústria de diversão,mesmo entre teólogos que não maisacreditavam neles. O misticismo daNova Era permeia agora a música, a li-teratura, a filosofia, a educação e mes-mo a medicina. Cristãos evangélicos,que hoje contam com uns 400 mi-lhões de membros, não mais podemser ignorados. O fundamentalismoexerce agora uma força profunda nasreligiões não cristãs.

O ano 2000:Vai ele anunciar o milênio?George W. Reid

Uma revista das especulações

humanas e o ensino bíblico.

H

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13Diálogo 11:2 1999

Em direção de uma utopiamilenial

Desta nova plataforma, os guias re-ligiosos de hoje esperam lançar um re-avivamento poderoso que envolverátodas as religiões e assim inaugurar omundo utópico da paz, prosperidade,progresso e unidade.

Como pode uma coleção de tradi-ções religiosas diferentes, competiti-vas e freqüentemente contraditóriasser combinada para introduzir o idealutópico? A fórmula proposta se achanum grupo relativamente simples deelementos:

1. Não julgar. Uma religião nãomais pode ser tratada como su-perior à outra.

2. Mérito. Cada tradição possui va-lidade em sua própria esfera, eassim merece ser respeitada portodas.

3. Aceitação. Como toda tradiçãoreligiosa é válida, seu lugar pre-cisa ser assegurado dentro de umtodo pluralístico.

4. Diversidade. Dentro dessa aceita-ção plenária, toda pessoa devepoder praticar sua própria con-vicção, livre de qualquer nesgade proselitismo.

5. Comunalidade. O foco deve con-vergir para um elemento comum— serviço humanitário.

6. Subjetividade. Cada um podetranscender crenças e práticasparticulares para participar daexperiência interior que todas asreligiões têm em comum. Afinal,é um relacionamento com o di-vino como cada um concebe queé o que conta.

A despeito desta fórmula de mileni-alismo utópico, a Bíblia com efeitoaponta para um milênio totalmentediferente em propósito e significado.

O milênio bíblicoAo nos voltarmos para as Escritu-

ras, surpreendentemente apenas umaspoucas passagens se referem direta-mente ao milênio. De longe a passa-gem mais explícita se acha no capítu-lo 20 do Apocalipse. Os evangelhos

nada dizem do milênio, e Paulo omenciona só incidentalmente. Temasrelacionados tais como julgamento econsumação final aparecem atravésdas Escrituras.

Para abarcar todo o ensino bíbliconotaremos diversas passagens teologi-camente relacionadas umas com asoutras. Paulo fala aos coríntios da res-surreição por ocasião da última trom-beta (I Coríntios 15:51-55). Emboraele não faça nenhuma referência dire-ta à volta de Cristo, bem claramenteele assume que a igreja em Corinto ti-nha conhecimento daquilo que nestemomento ele estava ensinando aoscrentes em Tessalônica (I Tessaloni-censes 4:13-18; II Tessalonicenses 2:1-12). A volta de Cristo é o aconteci-mento central em volta do qual o fimdo mundo e a ressurreição giram. Pau-lo foi o fundador e primeiro mestre daigreja de Corinto (Atos 18:11, 18). Pa-rece impensável que seu ensino básicosobre a volta de Jesus não seja funda-do sobre o que ele diz em I Coríntios15. Apesar disso, em parte alguma dosescritos de Paulo faz ele ligação entreo segundo advento com um períodode tempo específico.

O Apóstolo Pedro faz duas referên-cias aos 1000 anos no mesmo verso:“Não ignoreis uma coisa: que um diapara o Senhor é como mil anos, e milanos como um dia” (II Pedro 3:8).Contudo, a intenção é claramente re-tórica em vez de profética. Pedro nãoestá dando um período de tempo pro-fético específico, mas simplesmentesublinhando a verdade que Deus estáacima do tempo, contrariamente à ex-periência humana.

João usa a expressão “mil anos”seis vezes em Apocalipse 20. De formasumária, ele prevê o climax grandiosoda história. Satanás, o arquinimigo, épreso e confinado por mil anos (ver-sos 1-3). Os justos levantam-se na pri-meira ressurreição e reinam com Cris-to no céu durante mil anos (versos 4-6). No final dos mil anos, Satanás ésolto para liderar seus sequazes queacabam de ressuscitar num assaltocontra os santos e a cidade santa (ver-

sos 5, 7-10), quando fogo do céu des-trói todos os ímpios.

A breve afirmação de Pedro em IIPedro 3:8, onde ele cita o Salmo 90:4,tem dado margem a uma variedade depropostas, baseadas na idéia de que aíele está oferecendo uma fórmula parainterpretar as muitas referências bíbli-cas a dias, geralmente fora de qual-quer contexto profético. Basando-sena premissa que os sete dias da Cria-ção são paralelos a sete épocas de1000 anos, alguns acrescentam outrapremissa de que o sexto período demil anos termina com o ano 1999.Proponentes desta teoria avançam aidéia de que com o ano 2000 entrare-mos num cumprimento que corres-ponde ao sétimo dia literal da Criação— um milênio de paz e prosperidade.Este argumento apareceu primeiro emespeculações judaicas antes do tempode Cristo e tem reaparecido ocasional-mente em escritos cristãos posterio-res, mas não tem uma verdadeira basebíblica.

Outra pergunta pode ser feita:Onde o povo de Deus passará os milanos? A resposta se encontra em ou-tras passagens do Novo Testamento. Aprimeira ressurreição é a do povo deDeus, e ocorre no segundo advento deCristo (I Tessalonicenses 4:16, 17),quando os ressuscitados serão “arreba-tados juntamente com eles os santosvivos, nas nuvens, a encontrar o Se-nhor nos ares” (verso 17). Jesus mes-mo prometeu voltar para levar oscrentes à casa de Seu Pai (João 14:3).Os remidos passarão os mil anos nocéu, onde participarão do julgamento(Apocalipse 20:4), para em seguidavoltar com a Nova Jerusalém a fim depresenciar o fim do pecado (Apocalip-se 21:2-8). Tentativas de descrever omilênio como uma era magnífica comCristo presidindo sobre um reino ter-restre não se enquadra de modo al-gum com o ensino bíblico sobre oseventos finais.

Embora a maioria dos intérpretescristãos do milênio argumente a favorde teorias dispensacionalistas quepressupõem um reino messiânico no

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14 Diálogo 11:2 1999

qual Cristo reina sobre a terra, os ad-ventistas preferem seguir Pedro e Pau-lo ensinando uma devastação total daterra por ocasião da vinda de Cristo.Esse acontecimento torna a terra ina-bitável aos seres humanos, mas umlugar apropriado para a prisão de Sata-nás. Baseados no livro do Apocalipse,nós prevemos no final dos mil anos aerradicação do mal e a restauração detudo à pureza original, um mundo“no qual habita a justiça”.

Teorias milenaresHoje o termo milênio recebeu um

novo significado. Além da simples re-

ferência ao período bíblico de milanos, está se tornando a chave dosacontecimentos finais. Esta espécie deespeculação tem uma longa história.Começando no período entre o Velhoe o Novo Testamentos, os rabinos dis-cutiam sobre o reino messiânico vin-douro. No tempo de Jesus este ensinosem dúvida permeava os conceitos po-pulares que Ele encontrava ao tentarexplicar a natureza do Seu reino.

Quarto Esdras, um livro apócrifo,oferece um bom exemplo. Segundoele, o Messias Se revelaria, estabelece-ria um reino terrestre no qual todoshaviam de prosperar durante 400anos, depois dos quais o Messias e ahumanidade toda morreriam, fazendoa terra voltar ao silêncio primordial.Então uma ressurreição geral teria lu-gar, seguida de um paraíso terrestrecom uma Jerusalém restaurada.

O Talmud ensina que, dependendoda escolha que fizermos, os dias doMessias durariam 40 anos, ou 70 anos,ou três gerações. Alguns rabinos prefe-riam 400 anos, 365 anos, 7000 anosou 2000 anos (Sanhedrin 916). Fre-qüentemente a era dourada é apresen-tada em termos de prosperidade abun-dante, casas e terras, abundantes co-lheitas e descendência, a satisfação detodos os desejos sensuais. Tais idéias,logo se introduziram na visão cristãde um milênio vindouro.

Quando é que tudo isso começaria?Haveria de seguir a 85 jubileus, depoisde 7000, 6000, 5000, 2000 anos, 600,ou justamente quando? O rabino Aki-ba argumentava a favor de 40 anos.Vários esquemas foram propostos e al-guns deles foram adotados por cris-tãos influentes tais como Irineu, Justi-no Mártir, Eusébio e outros. Jerônimo(c. 380) argumentava a favor de umahistória mundial de 6000 anos, segui-da de um sábado milenial. Mesmo al-guns não-cristãos como os seguidoresde Zoroastro e os etruscos ensinavamque a raça humana duraria 6000 anos.Por causa do materialismo grosseiroincorporado em idéias sobre o milê-nio, outros pais da igreja rejeitarammesmo a idéia de um milênio, ao pon-to de negar a canonicidade do Apoca-lipse.

Mas foi Agostinho que captou acristandade medieval com sua idéia deque o milênio não é um período detempo, mas uma experiência, come-çando com a conversão e culminandocom um entusiasmo espiritual compa-rável à segunda vinda de Cristo (Cida-de de Deus, 20:6, 7).

Estas idéias provocaram o excita-mento público sobre a aproximaçãodo ano 1000. Baseados no pensamen-to de Agostinho, os cristãos começa-ram a antecipar acontecimentos sole-nes naquele ano. Ao se aproximar oano, mesmo quando o papa SilvestreII ocupava o trono papal, a tensão su-biu, mas nada de notável ocorreu.Embora especulações fantásticas cir-culassem nos mosteiros, o Vaticanoacalmou os temores quanto ao fim domundo. Em 998 o Concílio de Romaimpôs a Roberto, rei da França, seteanos de penitência por violações gra-ves da lei canônica, e o imperador ale-mão, Otão III, continuou a fazer pla-nos de restaurar o antigo Império Ro-mano.

Os adventistas hoje e a especula-ção sobre o milênio

Sendo profundamente interessadosem profecia, os adventistas do sétimodia são particularmente vulneráveis aespeculações. Através da história ad-ventista temos confrontado especula-ções sobre o fim, apesar de advertênci-as bíblicas e de Ellen White desacredi-tando toda tentativa de prever even-tos futuros.

Em vista disso precisamos tratar daagitação em círculos adventistas sobreos 6000 anos. Geralmente os que pro-põem cálculos específicos baseiamseus argumentos sobre a afirmação deEllen White quanto a uma cronologiade 6000 anos para a terra. Com efeito,a cronologia bíblica é complexa e in-clui várias incertezas que tornam umcálculo exato cronologicamente im-possível. Essas não afetam a mensa-gem das Escrituras, mas nos impedemde datar os acontecimentos bíblicoscom precisão para o período anterioraos reis de Israel.

Ellen White não fez questão de cri-ar uma cronologia. Em seus escritos

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15Diálogo 11:2 1999

ela faz 43 referências aos 6000 anos e42 aos 4000 anos. Como regra ela sim-plesmente cita a cronologia de Ussherimpressa acima das colunas de sua Bí-blia. O método é de aproximação, enão de datação rígida. Em 1913 ela es-creveu que a terra tem “quase seis milanos”. No todo, estudantes cuidado-sos da Bíblia e dos escritos de EllenWhite evitarão construir cronologiassobre este tipo de evidência.

Princípios para nos protegerAssim surge a pergunta: Há princí-

pios sãos que nos ajudam tratar de es-peculações milenares e evitar sermosenganados? Os seguintes poderiamajudar:

1. As especulações milenares têmum longa história quase sempreerrada.

2. O desejo de novidade proféticasuperficial deve ceder lugar acuidadoso estudo da Bíblia.

3. Fixar tempo para o fim é em sium empreendimento sem apoiona Bíblia.

4. Ellen White firmemente endossaa abordagem historicista de in-terpretação profética, nuncapropondo reciclagem futura deprofecias apocalípticas relacio-nadas com tempo.

5. Estudo judicioso das profeciasbíblicas continua ser um compo-nente válido e essencial da men-sagem adventista, mas não develevar a qualquer forma de proje-ção de tempo exato para a voltade Jesus ou outros acontecimen-tos que devem ocorrer em cone-xão com Sua volta.

George W. Reid (Th.D., SouthwesternBaptist Theological Seminary) é diretordo Instituto de Pesquisa Bíblica da Asso-ciação Geral dos Adventistas do SétimoDia e consultor de Diálogo. Seu endere-ço: 12501 Old Columbia Pike; SilverSpring, Maryland 20904; E. U. A.

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16 Diálogo 11:2 1999

Kim GangteDiálogo com um membro adventista

do parlamento na Índia

aquele dia em Imphal, Manipur, um estado no noroeste da Índia, as fa- ces das mulheres estavam banhadas em lágrimas. Kim Gangte, a candidata que tinha lutado por seus interesses, saiu vitoriosa. As multi-dões estavam estáticas ao tomar ela o microfone para falar depois da vitória.

“Vocês testemunharam um milagre hoje”, ela lhes disse. “Os insurgentes cap-turaram as cabines de votação. Muitas de vocês foram espancadas eameaçadas. Eu fui seqüestrada para me impedirem de visitar os recintos de vo-tação. Contudo saí vitoriosa. Como aconteceu? Isso não aconteceu por que KimGangte é boa. É porque Deus é grande! Ele ouviu nossas preces. Deus vive. Eleainda reina.”

Naquele dia Kim Gangte tornou-se a primeira adventista a entrar na LokSabha, a assembléia inferior do Parlamento Indiano. Embora Kim tivesse ga-nho com pequena margem, ela está usando sua posição em Nova Delhi, a capi-tal da Índia, para continuar a lutar pelos direitos dos desprivilegiados, especial-mente das mulheres e das crianças.

Kim vem de uma família de agricultores da tribo Kuki do distrito deChurashandpur do sul de Manipur. Aos sete anos seus pais enviaram-na à Esco-la Adventista em Jowai, Meghalaya. Ela obteve um B.Sc. da Universidade deGuwahati, Assam, e um Mestrado em Inglês da Universidade de Puna,Maharashtra. Ensinou no Spicer Memorial College e na Escola VocacionalAdventista antes de aceitar um posto com a Universidade de Manipur emImphal. Foi em Imphal que ela começou um trabalho social intensivo entre asmulheres de Manipur que tinham perdido os maridos por causa de conflitos nacomunidade.

N

Perfil

■ Como ficou você envolvida em traba-lhar pelos direitos humanos?

Vi crianças e mulheres morrer. Vivilas serem queimadas. Vi mulherescujos maridos tinham sido mortosnos combates. Vi tantas violações dosdireitos humanos, especialmente demulheres e crianças. Milhares esta-vam sem abrigo e sem comida. Eu ti-nha de fazer algo.

Visitei áreas remotas, por vezesatravessando as montanhas a pé, paraalcançar as mulheres. Eu as organizeie comecei a instruí-las quanto a seusdireitos. A maior parte de meu saláriofoi investido no trabalho social.

Tornei-me também locutora da AllIndia Radio e correspondente de umarevista. Escrevi sobre direitos huma-

nos, reconhecimento das mulheres edireitos das crianças.

■ Por que você deixou de ensinar para en-trar na política?

Eu queria mudar as condições queeu via. Às vezes chorei. Às vezes gritei.Às vezes fiquei com raiva. Mas cho-rando, gritando e lutando não produ-zia nenhum resultado. Assim fui parameu quarto, caí de joelhos e orei:“Deus, por favor envia alguém paraajudar meu povo como enviaste Moi-sés para guiar Teu povo à Terra Prome-tida”.

Reconheci que precisávamos de al-guém no grupo responsável pelas leis.Procurei alguém que eu pudesse apoi-ar, alguém que mobilizasse as mulhe-res e crianças e jovens. Procurei umatal pessoa durante três anos, mas fi-quei desapontada quando aqueles queeu pensava usariam seu poder para obem, o usavam em vez para si mesmose suas famílias.

Perguntei-me se não devia me can-didatar eu mesma. Teria de deixarmeu posto como lente no colégio afim de disputar as eleições. Isso foiuma luta para mim. Se renuncio aosalário do colégio, como haveriammeus pais de comer? Como poderiacontinuar em meu trabalho social?

Mas o pensamento persistia. Denovo fui a meu quarto, fechei a portae orei: “Deus, se não é Tua vontadeque eu me torne uma candidata naseleições, então por favor apaga a idéiade minha mente”. Jejuei e orei váriosdias. A idéia tornou-se mais forte.Dois meses antes das eleições renun-ciei a meu posto no ensino, e muitagente me disse quão tola era eu de dei-xar meu bom emprego. Mas eu sabiaque Deus queria que eu disputasse eque Ele cuidaria de mim.

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17Diálogo 11:2 1999

■ Que obstáculos enfrentou na eleição?Na véspera das eleições, um edito

foi baixado por agentes subterrâneosdizendo que ninguém devia votar emKim Gangte. Levei o panfleto aos fis-cais eleitorais, mas eles nada fizeram.Fui ao recinto de voto no dia seguinte,mas insurgentes armados aparecerampara impedir qualquer um de votar.Forças de segurança do governo nãovieram. O povo estava chorando. Sen-tíamo-nos tão sem forças.

No recinto seguinte e no seguinte,era a mesma coisa. Não se permitia aninguém votar. Não me permitiam fa-lar. Subitamente homens armados meseqüestraram para me impedir de visi-tar os recintos de voto.

Fiquei com raiva. Disse-lhes: “Vo-cês precisam honrar os direitos huma-nos. Essa é a maior violação dos direi-tos humanos. Vocês precisam deixar opovo votar. As mulheres estão choran-do porque querem votar. Digam-lhesque votem contra mim, mas precisamdeixá-las votar!”

Depois de três horas me soltaram.Não obstante, os insurgentes estavamnos recintos de voto ameaçando opovo. Voltei para Nimphal e quandomeus partidários me viram choraram,“Não se aflijam”, eu lhes disse. “Deusvive!” Grupos de mulheres jejuaram eoraram a noite toda. Também orei.

■ Que suplicou você?Nunca orei para ser eleita. Eu disse:

“Senhor, se é Tua vontade e Tu queresque eu obtenha justiça para Teu povo,eu o farei”. Li os Salmos e orei. “Se-nhor, Tu sabes que meus adversáriossão poderosos, mas Tu aí estás. Tu és oDeus que fez com que os muros de Je-ricó caíssem. Tu és o Deus da Davi queem Ti triunfou. Tu és o Deus que podeagir nas urnas de votos de modo quetodos venham a saber que Tu aindareinas”.

Na manhã seguinte meu adversárioliderava com 22 mil votos. À tarde eleestava 6 mil na dianteira. Na manhãseguinte a vantagem baixou para 4mil. À tarde, para 3 mil. À noite euganhava por 364 votos. Quando a úl-tima mesa de voto relatou, eu liderava

com 2500 votos. Deus operou este mi-lagre a nosso favor.

■ Que mensagem tem para cristãos quegostariam de se envolver na política?

Cristãos fazem bem de se envolverna vida pública de seu país. ConsideroMoisés um dos maiores políticos por-que ele amava o povo e sacrificou otrono por amor a seu povo. Muitagente diz que a política é um jogosujo, e políticos são vistos numa luznegativa. Certamente, há riscos. Maspessoas religiosas deviam entrar napolítica para manter a política limpa.Se os políticos são limpos, então a po-lítica será limpa e o povo será benefi-ciado.

Minha definição de política é mui-to simples. Política é amar o povo, pe-sar os valores humanos, honrar os di-reitos humanos e servir ao povo. Tal-vez isso não envolva pregar da Bíblia,mas significa pôr os ensinos das Escri-turas em prática e dar ajuda tangívelaos necessitados.

■ Tem havido acusações nos jornais con-tra missionários, que eles estão trazendodinheiro para a Índia para ajudar os in-surgentes. Tem você feito algo para refu-tar essas afirmações em conversa com ofi-ciais do governo?

Tive um encontro com M. L. K. Ad-vani, o ministro do interior, com al-guns de nossos dirigentes da igreja. Eulhe disse: “O senhor me conhece hávários anos e como tenho lutado pelopovo pobre e espezinhado. Se o se-nhor tem confiança em mim, então osenhor precisa ter fé em minha igreja.Essa foi a igreja que me ensinou osvalores que defendo. Fui educada emescolas adventistas. Conheço meus di-rigentes. Essas histórias a seu respeitosão falsas. Sei que eles só querem aju-dar os pobres e necessitados dessepaís”.

■ Vê você qualquer papel para a IgrejaAdventista na causa de direitos humanosna Índia?

Sim, A Igreja Adventista do SétimoDia pode desempenhar um papel im-portante. Gostaria de ver adventistas

visitando prisões e fornecendo livrospara os presos lerem. Gostaria de vê-los envolvidos no programa de alfabe-tização. Uma das razões que temostantos insurgentes no Nordeste é porcausa de desemprego. Penso que aigreja poderia desempenhar um papelmaior introduzindo treino vocacionalpara os jovens. Precisamos ensinar aopovo ofícios para se manter. O gover-no apreciaria se nossa igreja se envol-vesse em tais atividades não-políticas.

■ Como você se sente em ser a primeiraadventista no Parlamento da Índia?

Deus respondeu a minhas orações.Ele deu-me essa oportunidade de ser-vir ao povo e para mostrar que Ele éum grande Deus, e que Ele ainda vivee opera hoje.

Entrevista de Dorothy Wattse Dittu Abraham.

Dorothy Watts é Secretária Associadada Divisão Sul-Asiática dos Adventistasdo Sétimo Dia. Dittu Abraham é Diretordo Departamento de Comunicação daDivisão Sul-Asiática.

Endereço de Kim Gangte em Nova De-lhi é: Kim Gangte, M.P.; Manipur Bha-van, Sardar Patel Marg; New Delhi,110001; Índia. Seu endereço doméstico:Kim Gangte, M.P.; G-69, Type-III, Lan-gol Housing Complex; Lamphel, Imphal795 004, Manipur; Índia.

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18 Diálogo 11:2 1999

PerfilHeber PintosDiálogo com um ilustrador adventista do Uruguai

ascido em Montevidéu, Uruguai, em 1942, Heber Pintos passou a maior parte de sua vida desenhando, pintando e ilustrando. Freqüentou a Esco- la de Belas Artes em sua cidade natal e estudou teologia na UniversidadAdventista del Plata na Argentina e no Colégio Adventista do Brasil. Em 1969,começou sua carreira profissional como artista amador, trabalhando em múlti-plos projetos para editoras comerciais e cristãs. De 1978 a 1989, Pintos lecionouna Escola Pan-Americana de Arte em São Paulo e em 1980-1981 no InstitutoAdventista do Uruguai, onde ele mesmo tinha sido estudante.

Uma das maiores contribuições de Pintos à arte cristã é sua ilustração de179 episódios da La vida de Jesús, uma obra em três volumes publicada em in-glês e espanhol pela Pacific Press em 1983-1984. Desde 1986, ele tem trabalha-do como diretor artístico associado na Casa Publicadora Brasileira em Tatuí,São Paulo. Ele recebeu várias condecorações profissionais.

Heber e sua esposa, Ingrid, têm dois filhos adultos: Fábio, engenheiro de com-putação com a Microsoft, e Patrícia, estudante de matemática na Universidadede São Paulo em Campinas.

N surpresa, raiva — e eles têm um im-pacto poderoso no leitor.

■ Como sua família entrou em contatocom a Igreja Adventista do Sétimo Dia?

Minha mãe era uma católica estrita ebastante ativa na vida da paróquia.Uma de nossas vizinhas, uma bondosaadventista, partilhou as verdades bíbli-cas com nossa família durante 17 anos.Uma sexta-feira à noite ela veio à nossacasa e contou histórias bíblicas paramim e para muitos de meus amigos navizinhança. Por vezes ela trazia diapo-sitivos coloridos para ilustrar essashistórias, e eu a ajudava operando oprojetor. Quando chegou o tempo deeu ir a uma escola primária, esta se-nhora insistiu que eu devia freqüentaruma escola adventista e até deu di-nheiro à minha mãe para ajudar como estipêndio.

■ Que fatores o levaram a se tornar umadventista?

Professores adventistas abrirampara mim e para nossa família ummodo novo de contemplar a vida e omundo. Em novembro de 1955, du-rante meu primeiro ano num interna-to adventista no Uruguai, fui batiza-do. No ano seguinte minha mãe foibatizada. Aos 13 anos, eu não sabiamuito das doutrinas adventistas masadmirava o modo como meus profes-sores e outros adventistas viviam.

■ Ultrapassou você aquela compreensãoinicial?

Durante minha juventude meu in-teresse principal era divertir-me, masao estudar a Bíblia e teologia no colé-gio, amadureci. Reconheci em Jesusuma Pessoa única. O pensamento deque Deus escolheu tornar-Se um denós e estava disposto a sofrer e morrerpor mim era esmagador.

era meu artista favorito de desenhosanimados. Na escola secundáriaaprendi e recebi apoio de Omar Seco,um professor de arte adventista.

Quando completei 17 anos, umacontecimento decisivo ocorreu. Osuperintendente da escola sabatina deminha igreja no Uruguai me pediuque desenhasse os retratos de 13 mu-lheres bíblicas que eram o assunto daslições para aquele trimestre. O projetome envolveu em estudo profundo eensinou-me a cumprir compromissosa tempo.

■ É você ainda atraído para desenhosanimados?

Embora tenha estudado desenhona escola de arte e me interesse emoutros tipos de ilustração, ainda gostodo estilo de desenhos animados. Comfotografia e ilustrações realistas, pode-se comunicar um campo limitado deemoções. Mas desenhos animados ecaricaturas, que envolvem um certoexagero no projeto, me permitem co-municar emoções fortes — felicidade,

■ Quando sentiu inclinação para desenhopela primeira vez?

Desde criança, crescendo em Mon-tevidéu. Lembro-me de rasgar folhasem branco do caderno de minha irmãe usá-las para esboçar qualquer coisaque me vinha à mente. Depois, na es-cola primária, comecei a desenhar ca-ricaturas de professores e amigos. Ge-ralmente, mas nem sempre, eles asachavam humorísticas!

■ Quem o encorajou durante os anos desua formação?

Uma das professoras da escola pri-mária disse a minha mãe que eu tinhagrande habilidade para desenhar comperspectiva, o que ela considerava ex-cepcional para um menino de seis ousete anos. Naqueles anos eu me fasci-nava com os desenhos animados queapareciam em jornais e revistas e eramcolecionados em livretos. Minha mãenão me deixava gastar dinheiro emdesenhos animados. Assim eu os em-prestava de amigos e comecei a imitaros estilos diferentes. Alex Raymond

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19Diálogo 11:2 1999

■ Que efeito teve essa maturação em suaarte?

Comecei a fazer mais ilustrações so-bre temas bíblicos e assuntos cristãos. Aarte do ilustrador adventista Harry An-derson fez uma profunda impressão emmim. Seu estilo, que evita hiper-realis-mo fotográfico mas comunica emoçõespoderosas de uma maneira suave, meatraiu bastante. Imitei seu estilo, com-binando-o com um sentido dinâmicode movimento e ação.

■ Como você se prepara para ilustrar umtema particular?

Se minha tarefa é introduzir oucomplementar um artigo ou livro, leioo texto cuidadosamente a fim de com-preender a intenção do autor. Fre-qüentemente faço pesquisa sobre ocontexto cultural e histórico de umapessoa específica ou evento. Depoiscomeço a rabiscar com o lápis e gradu-almente o projeto emerge. Por vezesgasto horas esboçando mas sem alcan-çar o que tenho em mente. A únicaevidência de ter trabalhado é uma ces-ta cheia de papel amassado! Então,depois de uma breve pausa, volto àmesa e em poucos minutos a idéia tor-na-se um desenho.

■ Aborda você diferentes tópicos religio-sos e seculares?

No caso de encomendas comerci-ais, a gente procura agradar o freguês,mantendo os honorários como alvo.Ao fazer ilustrações religiosas, sempreprocuro comunicar uma mensagemespiritual, a qual espero que terá umefeito sobre o relacionamento do lei-tor com Deus e Sua verdade. Meus es-tudos formais em teologia bíblica fo-ram muito úteis nesse respeito. Ajuda-ram-me a abandonar a caricatura po-pular de um Deus cruel, pronto paranos punir pela menor falta, e a experi-mentar a realidade de um Deus imen-samente poderoso mas cheio de amor.

■ Na La vida de Jesús, seu projeto maisimportante, você retrata o Filho de Deusde um modo não convencional. Por quê?

Não me sinto atraído pelas repre-sentações lânguidas e melífluas de Je-sus que se tornaram populares em al-

guns círculos cristãos. Por muitosanos Jesus foi um carpinteiro, um jo-vem forte com mãos vigorosas e umcorpo muscular. Os evangelhos Oapresentam como uma Pessoa divino-humana com personalidade forte, ca-paz de enfrentar o mal corajosamente,e não obstante magneticamente atra-ente para as crianças e os rejeitadospela sociedade.

Há pessoas que consideram essa re-presentação realista de caracteres bí-blicos uma vulgarização da mensagemda Bíblia. Mas eu discordo. Jesus mes-mo foi acusado de não respeitar as tra-dições religiosas e de se associar com opovo comum. Ele usou ilustrações ti-radas da vida diária para comunicarprofundas mensagens espirituais. Eleretratou a Deus como um Pai amante,sempre pronto a perdoar, receber eabraçar os filhos e filhas transviadosque decidem voltar para casa.

■ Tem você em vista um grupo preferidopara suas histórias ilustradas?

Através de minha carreira sentiuma afinidade com leitores em sua in-fância, adolescência ou juventude.Aprecio sua espontaneidade, humor eimaginação. Com dois filhos meus etendo trabalhado durante anos comoinstrutor de Desbravadores e professorde escola sabatina de jovens, possome identificar com suas perguntas evai-vens emotivos.

■ Como define seu estilo como ilustrador?Essa é uma questão difícil! Um pro-

fessor de arte disse-me certa vez: “Nãose preocupe com estilo. Desenhecomo você imagina e sente”. Uma re-passada nas ilustrações que tenho fei-to através dos anos mostra uma diver-sidade considerável de estilos — doclássico ao desenho animado. O fato éque quando desenho, sinto-me livrede ajustar aos leitores visados bemcomo à intenção do texto que estouilustrando.

■ Como você tem-se ajustado a inovaçõestécnicas no campo de ilustração?

Programas de computador têm in-troduzido mudanças drásticas emanos recentes. São um instrumento

profissional fabuloso. Contudo, sa-bendo como desenhar à mão sempre éuma vantagem. Ajuda a manter asilustrações frescas e realistas.

■ Que lhe dá satisfação como artista?Que lhe traz frustração em seu trabalho?

Gosto de completar um projeto.Depois de lutar durante dias ou sema-nas com o conceito e sua realização,sinto-me bem ao entregar a ilustraçãoou a pintura ao freguês! Então possovolver a atenção para outra tarefa. Mi-nha frustração principal é reconhecerque não sou um ilustrador perfeito.Quando vejo alguns de meus traba-lhos impressos, muitas vezes gostariade ter trabalhado neles mais tempo.

■ Que aconselharia a um jovem leitor quesente inclinação artística e gostaria de serum ilustrador?

A habilidade de desenhar e ilustrarbem é um dom raro. Não é simples-mente questão de estudar arte por umcerto número de anos e então subita-mente tornar-se um artista. Além dotalento, a pessoa precisa estar dispostaa desenhar e desenhar e desenhar atéatingir um certo nível de habilidade.Eu sugeriria também que imitassebons modelos, tentasse diferentes téc-nicas e ouvisse o conselho de artistasde experiência.

■ Como cuida você de sua vida espiritual?Gosto de ler bastante. Mas sempre

volto para a Bíblia, que é uma fonteconstante de inspiração tanto parameu trabalho como artista como parameu crescimento como um cristão.

Entrevista de Humberto M. Rasi.

Humberto M. Rasi (Ph.D., StanfordUniversity) é diretor de educação da As-sociação Geral dos Adventistas do SétimoDia e editor-chefe de Diálogo.

Endereço postal de Heber Pintos: CasaPublicadora Brasileira; Caixa Postal 34;18270-000 Tatuí, SP; Brasil. E-mail:[email protected]

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Namoro: Preparando-se paraum casamento bem sucedidoNancy L. Van Pelt

Uma conselheira familiar

profissional esboça sete passos

no processo de namoro.

ill e Nina encontraram-se na igre- ja. Depois sairam para comer algu- ma coisa. “Conversamos durantehoras”, disse Nina. “Jamais encontraraalguém com quem podia me comunicartão depressa. Naquela noite o fiquei co-nhecendo melhor do que todos os ou-tros rapazes que eu tinha namorado.Contei-lhe coisas sobre mim mesmaque nunca tinha partilhado com qual-quer outro. Encontramo-nos todas asnoites durante uma semana e então Billpropôs. Sabia que era a coisa certa, eaceitei”.

Bill também se lembra daquela pri-meira semana. “Nina era a meninamais inteligente e bonita que eu ja-mais encontrara. Mal podia tirar meusolhos dela. Eu queria tocá-la e segurá-la. Ela possuía uma forte atração sexu-al. Víamo-nos cada dia. Eu estava fis-gado. Nunca amei a ninguém comoeu a amava. Sabia que isso era o fim.Tínhamos de nos casar”.

Bill e Nina se casaram — um mêsdepois de se encontrar. Quatro mesesmais tarde eles se separaram e pedi-ram divórcio.

Que aconteceu de errado? Duaspessoas boas, honestas em seus senti-mentos um pelo outro, casaram-se edepois viram seu casamento destruí-do, suas esperanças desfeitas.

Olhe antes de dar o puloA maior tragédia no namoro é de

casar-se antes de ultrapassar a onda desentimentos apaixonados e depoisdescobrir-se casada com uma pessoatotalmente desqualificada. A socieda-de chama isso “casamento fracassado”quando na realidade é um “namorofracassado”.

Mais de um milhão de divórciosocorrem nos Estados Unidos. A maiorparte dos pares casam-se dentro de

sete meses depois de se encontrarem.A duração média desses casamentos éde sete anos, com cerca da metade de-sintegrando-se dentro de três anos.Cada um desses casais apresentou-seao altar, os olhos brilhando de alegria,prometendo amor e fidelidade parasempre, não prevendo que estavamcometendo o maior erro de suas vidas.Que aconteceu com suas conversascintilantes, as promessas cheias deternura, os olhares lânguidos, abraçosapertados, beijos apaixonados e sus-surros de amor?

Emoções ardentes vencem o bomsenso e as pessoas se precipitam emcompromissos que podem lamentarnos anos subseqüentes. Não há talcoisa como amor instantâneo. Rela-cionamentos fortes e duradourosprecisam ser espaçados durante umlongo período quando “aprendendoa conhecê-lo” é o tema principal. Épor isso que eu enfatizo ir mais de-vagar, e olhar cuidadosamente antesde saltar.

Etapas no namoroO namoro procede em sete etapas.

Cada etapa tem uma função e propó-sito em vista de estabelecer uma basepara a relação. Se qualquer etapa éapressada ou pulada, há uma lacunano desenvolvimento da relação, e pro-blemas resultam.

Etapa 1: Amizade. Durante esta eta-pa vocês chegam a conhecer um aooutro enquanto participam de ativida-des sociais, recreativas, espirituais eintelectuais sem romance. A maiorparte destas atividades são de grupo enão de parzinhos. Esta etapa é maiscasual e menos emotiva do que as eta-pas seguintes, visto não haver impli-cações românticas ou sexuais.

Amizades envolvem menos stress

B

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do que namoros, e não há necessidadede pretender. Muitas vezes amigos sãomais honestos uns com os outros doque namorados.

Fazer amizade antes de ficar envol-vido emocionalmente tem bastantesentido. Se vocês se enamoram de-pressa demais e não dá certo, vocêsraramente se tornarão amigos denovo. Se você tomar tempo para co-nhecer alguém no nível de amizadeprimeiro e permitir que o amor cresçalentamente e gradualmente, é maisprovável que tenham um amigo paratoda a vida, quer se case com essa pes-soa ou não. Além disso, amores que seinflamam instantaneamente usual-mente se apagam com a mesma rapi-dez. E é mais provável que você sejajulgada por qualidades superficiaiscomo sua aparência física do que pelocaráter.

É mais difícil continuar como ami-gos do que como namorados. É fácilquando você se sente atraída por al-guém de dar a partida e disparar. É in-finitamente mais difícil desacelerar.Mas escolher o caminho rápido e fácilraramente cria um relacionamentoque dura porque quando conflitossurgem, a tendência é de escolher ocaminho mais fácil — desaparecer.

Etapa 2: Encontros casuais. Doisamigos agora se afastam do grupopara desfrutar atividades que já apren-deram a apreciar juntos. Visto que ograu de envolvimento emotivo entreeles é baixo, ambos estão livres parater encontros com outros. Não se con-sideram estar apaixonados. Temposagradáveis são partilhados juntamen-te com uma amizade que pode serpromissora para o futuro.

Um parzinho devia permanecer naetapa de amizade e encontros casuaisde seis a doze meses. Esse é o tempode aprender a conhecer os gostos, des-gostos, o passado, hábitos e compor-tamentos. Se o que aprendem nesseritmo vagaroso concorda com o queesperam, eles podem lentamente pas-sar para a etapa três. É possível perma-necer amigos durante meses e mesmoanos sem se tornar envolvido roman-ticamente.

Etapa 3: Encontros ocasionais. En-contros ocasionais é uma etapa inter-mediária. Há uma ligação emotivacrescente entre os dois, mas ainda nãoalcançaram o compromisso que se re-quer de uma relação estável. Estãopassando mais tempo juntos mas nãoestão ainda namorando de modo per-manente.

Etapa 4: Encontros regulares. Nessaetapa, há um entendimento entre osdois de que não vão namorar outrapessoa. Vêem-se mais freqüentementedo que no encontro casual. Pela pri-meira vez, palavras como compromissoe exclusivo são usadas. Encontros regu-lares provêem uma oportunidade dese examinarem cuidadosamente semcompromisso de casamento. A etapatambém testa a relação com mais ri-gor. Revela se as duas pessoas são ca-pazes de se manterem comprometidascom uma relação — um fato vital aconhecer antes do casamento ser con-siderado.

Nesta etapa um parzinho pode pen-sar que se amam, mas ainda não têmcerteza. Mas há a oportunidade paraque desenvolvam confiança em umapessoa do sexo oposto durante um pe-ríodo longo. Muitos traços de perso-nalidade podem ser observados du-rante esta etapa — senso de humor,habilidade de ouvir, maneiras, ponde-ração, espiritualidade e maturidade,como resolve diferenças de opinião ehabilidades de comunicação.

Encontros regulares provêem umperíodo de prova durante o qual oparzinho pode fazer decisões inteli-gentes quanto à sua compatibilidade.Também significa intensificar um sen-timento de amor ao passarem maistempo sós. O impulso sexual pode es-tar explodindo de modo acelerado. Osexo agora confundirá as emoções ecomplicará o processo de distinguirpaixonite do verdadeiro amor. Encon-tros regulares requerem renúncia, pa-ciência e disciplina — traços que vãolonge em construir uma relação quedura. Forma uma ponte natural aopré-noivado e ao noivado formal.

Etapa 5: Pré-noivado. Pré-noivado éa etapa na qual o parzinho começa a

sondar a possibilidade de casamento.O parzinho fala do casamento — “al-gum dia”. Algum dia, quando termi-narmos a faculdade, ou ganharmosuma promoção, ou quando as circuns-tâncias se tornarem favoráveis. Todaconversa e planos são de caráter tenta-tivo, mas o parzinho está mais segurode que foram feitos um para o outro.Seu entendimento é privado e pessoale não tanto final ou obrigatório.

Durante esta etapa, um parzinhopode ponderar se seus estilos de vida epersonalidades são bastante compatí-veis para se casarem. Muito do quecostumava ser discutido somente du-rante um noivado formal é agoraaberto para escrutínio. Esta aborda-gem devia tornar o noivado mais sig-nificativo e reduzir o número de noi-vados rompidos.

Visto que comunicação efetiva é omaior contribuidor para um casamen-to estável e satisfatório, o alvo maisimportante para um parzinho no ní-vel cinco é de avaliar e aperfeiçoar suahabilidade de comunicar. Essa é a últi-ma oportunidade para fugir de umarelação sem ofender a ninguém.

Etapa 6: Noivado formal. O noivadoformal segue a conversa de “algumdia” da etapa cinco. Envolve um sen-so profundo de compromisso que nãovem com o namoro regular ou pré-noivado. Ha várias coisas que distin-guem o noivado formal da etapa dopré-noivado. Um anúncio de noivadoformal alerta amigos e famílias de queo parzinho pretende casar. Provê umaoportunidade para outros se ajusta-rem ao fato de que uma nova famílialogo vai-se formar, e que um novomembro vai unir-se à família maior. Oanúncio público também fortalece ocompromisso. Quanto mais pessoassouberem do noivado, tanto mais cer-to que o par vai casar-se. Assim umnoivado secreto não vale em absolutocomo noivado.

Em segundo lugar, o noivo ofereceum presente à futura esposa para tor-nar o noivado mais solene. Este pre-sente é um símbolo de compromissode um para o outro e fortalece aindamais o compromisso do par.

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Em terceiro lugar, a data do casa-mento é marcada e começam os pla-nos para o casamento. O noivado nãoé um fim em si. É um compromissoque precede o casamento. Portanto,planos para o casamento devem pro-ceder. Um noivado sem data de casa-mento destrói o valor do noivado.

Durante o noivado, expressões deafeição tornam-se mais intensas por-que estão na transição entre fazer acorte e o casamento. Por causa destaurgência de satisfazer o desejo naturalde intimidade irrestrita, noivados cur-tos de seis a nove meses são o ideal. Seo parzinho gastou dois anos para seconhecerem um ao outro antes donoivado, um período curto de noiva-do é suficiente.

Essa é a última oportunidade deexaminar o futuro parceiro antes de seamarrarem para o resto da vida. Esse éo tempo para trazer à luz quaisquerdiferenças não resolvidas ou para re-velar quaisquer segredos, examinandoe re-examinando suas avaliações.

O noivado nãoé um contrato se-lado que parasempre une odestino de umcasal. É possívelque um par denoivos possa de-cidir não casar-se. Isso não éuma ocorrênciarara. Cerca de 40ou 50 por centode todos os noi-vados se rom-pem. Por penosoque seja, um noi-vado rompido émelhor do queum casamentorompido.

A tarefa maisimportante a serfeita durante onoivado não é oplanejamento docasamento, masaconselhamentopré-marital com

um pastor qualificado ou um conse-lheiro profissional. Todo casal deviater um mínimo de seis sessões deaconselhamento antes do casamento.

Etapa 7: Casamento. O casamento édiferente das seis etapas prévias vistoser final e com recursos legais necessá-rios para dissolver a relação medianteo divórcio. Ele devia ser uma continu-ação da fase romântica do noivado,caraterizado por afeição, respeito ecortesia.

Pondo a carroça adiante do cavaloInfelizmente, parzinhos freqüente-

mente atravessam essas etapas fora deseqüência. Tão ansiosos estão eles deachar amor, que pulam os prelimina-res e se precipitam no romance. Mastodo o romanticismo não produz ne-cessariamente amor duradouro seuma amizade forte não foi estabeleci-da primeiro.

A maior parte dos parzinhos tendea agir precipitadamente e se casa de-pressa demais. Todo casal faria bem

em se conhecer durante dois anos an-tes do casamento. Idealmente, um to-tal de um ano devia ser gasto nas eta-pas 1, 2 e 3, alimentando primeirouma amizade de modo lento e cuida-doso.

Para ganhar o amor e respeito deseu parceiro, a maior parte das pessoasmostra somente seu lado melhor etenta ocultar suas faltas e deficiências.Crê que se a outra pessoa soubesse desuas faltas e idiossincrasias não seriabastante boa ou amável. Assim elesagem como se essas faltas não fossemparte de sua personalidade — por al-gum tempo — permitindo que seu na-morado veja somente o seu melhorlado. Tal comportamento não passade uma mascarada.

Muitas pessoas podem encobrirsuas tendências negativas por umano. Raramente pode tal jogo de es-conder durar mais tempo. Portanto,quando um parzinho se precipita nocasamento, não permitiu tempo sufi-ciente para as máscaras cairem. Estãose casando com um estranho virtual.A aceleração de relações é tão excitan-te que sentimentos românticos conti-nuam vivos quando deviam começara murchar. Ao se intensificar a eufo-ria, o prazer de fazer coisas agradáveisjuntos cega o casal à realidade. Casar-se apressadamente, sem tomar temposuficiente para conhecer uma pessoa,é precipitar-se numa relação na basede suposições. Suposições fazem hor-ríveis parceiros no casamento.

Pesquisadores na Universidade deKansas acharam “uma correlaçãoforte...entre o tempo gasto namoran-do seus cônjuges atuais e satisfaçãomarital corrente”. Os pesquisadoresnotaram que “casais que tinham na-morado por mais de dois anos tinhamnota alta consistentemente em satis-fação marital, ao passo que casais quetinham namorado por um períodomais curto tinham notas que varia-vam de muito altas a muito baixas”.*

Bill e Nina podiam talvez ter salvoseu casamento se seu namoro tivesseincluído este período de dois anos.Nada atrai minha atenção mais de-pressa do que ouvir um casal falar de

Papai gosta que eu chegue na hora.© David Harbaugh em The Lighter Side of Campus Life

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casamento sem ter namorado temposuficiente. Eles seriamente subesti-mam a necessidade de um relaciona-mento forte e da habilidade de se co-municar para resistirem a crises finan-ceiras, dias de enfermidade e mal-en-tendidos.

A regra dos dois anos se aplica aosque já tenham se casado anteriormen-te. Alguns dos fiascos maiores envol-vem indivíduos que tinham se casadoantes e pensam que porque “têm ex-periência”, eles podem pular todo o“negócio de criança”. “Afinal”, decla-ram “não somos adolescentes”.

Todo casal, apesar de sua idade, cir-cunstâncias ou experiência, devia gas-tar dois anos inteiros para avaliar suaqualificação para o casamento. Se o fi-zer, terá uma probabilidade bem mai-or de fazer uma boa escolha. O conse-lho mais importante que dou para ca-sais pode ser resumido em três pala-vras: “Tomem tempo”.

Relações apressadasProgredindo demasiado rapida-

mente numa relação causa dois pro-blemas. Primeiro, há uma possibilida-de forte de que o casal não diminua opasso suficientemente para desenvol-ver as habilidades necessárias paramanter uma relação a longo termo.Habilidades de relacionamento, taiscomo comunicação, resolução de con-flito, provavelmente ficarão sem se-rem testadas. Casais imaturos tendema resolver seus conflitos na cama, es-pecialmente se essa rotina foi aprendi-da no passado. Seu relacionamentocarece de profundidade, e o primeirosinal de dificuldade indica uma amea-ça séria.

Em segundo lugar, desenvolver re-lacionamento com uma pessoa dosexo oposto é tão eletrificante que énecessário estender o período paraque profundidade se desenvolva. Umdesejo compulsivo de passarem tempojuntos tanto quanto possível, impeleo casal para intimidade física e com-promisso.

Quando um casal experimenta umaforte atração sexual, eles assumemque se amam e se casam na base de ex-

citação sexual apenas. Depois de secasarem descobrem que têm poucosinteresses em comum e personalida-des incompatíveis. São diferentes emmuitos aspectos da vida, desde o quefazer num feriado até como gastar seudinheiro. No meio de um tal caos,descobrem que seu interesse sexualtambém declina. Quando acordampara aquilo que todo mundo já via,divorciam-se. Não experimentavamamor, mas paixão.

Desenvolver intimidade física émais excitante e dá menos trabalhodo que desenvolver intimidade nosníveis emocional, espiritual e de ami-zade. Isso torna a intimidade físicamais difícil de ser controlada. Maspode ser controlada se você usar seusencontros cuidadosamente. Algumasatividades formam relacionamentoslentamente mas de modo seguro nonível de amizade; outras atiram o ca-sal na intimidade física. Uma tardegasta explorando uma cidade históri-ca é mais edificante do que gastar odia afagando-se sobre um cobertor napraia.

Cathy Guise de um desenho ani-mado diz: “Sou bonita, inteligente,encantadora, talentosa e pronta a par-tilhar minha vida com alguém, Char-lene! Quero sonhar com alguém...pla-nejar com alguém...quero que alguémesteja à minha espera!”

Charlene responde: “Meu maridotem um amigo simpático que...”

“Ora bolas!” Cathy exclama, “Umtrama?? Nada de tramas!! Estou pron-ta para me casar. Não estou prontapara encontros”.

Muitas pessoas são como Cathy.Casamento é seu alvo, mas não que-rem passar pelo processo de preparar-se adequadamente para atingir o alvo.Querem o prêmio, mas não querempagar o preço.

Seja mais esperta que tais pessoas.Em vez de ficar envolvida sexualmen-te e mais tarde tentar formar umaamizade, avance mediante relaciona-mento, e não regrida. E tome tempo!

Nancy L. Von Pelt é uma profissionalde vida de família que escreveu 22 livros.

Este artigo é adaptado de seu livro SmartLove (Grand Rapids, Michigan: FlemingH. Revell, 1997). Este livro foi revisto noDiálogo 11:1 (1999), pág. 32. O endere-ço da Sra. Van Pelt: 493 Timmy Avenue;Clovis, California 93612-0740; E.U.A.E-mail: [email protected]. Sua [website]: heartnhome.com

Nota*Citado em Neil Clark Warren, Finding the

Love of Your Life (Colorado Springs,Colorado: Focus on the Family, 1992),pág. 9.

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24 Diálogo 11:2 1999

Deus, eu e o mercado deidéiasWill Sutton

erminado meu seminário de gra- duação, continuei a discussão com meu professor. Ao atravessarmos apraça principal da universidade, lá esta-va “Pregador José”: “Arrependei-vos!Arrependei-vos!” exclamou ele. “Jesuspode salvá-lo de seus pecados!” Justa-mente então meu professor, obviamen-te irritado, interrompeu seu pensamen-to e me disse: “Aquele sujeito é um idi-ota”. E sem mais continuou seu pensa-mento prévio.

Depois daquilo não mais segui o quemeu professor dizia. Dentro de mimuma guerra tinha estalado. Eu queriainterromper e dirigir nossa conversa devolta ao Pregador José, arrependimentoe salvação, mas embaraço, vergonha eorgulho me prenderam. Nunca mencio-nei Jesus em nossa conversa naqueledia, embora tivesse a oportunidade ide-al.

Qual é nossa resposta e responsabili-dade como cristãos em face do mercadode idéias — seja ele a universidade ou olugar de trabalho?

Paulo — pronto em qualquer parte,em qualquer tempo

O Apóstolo Paulo não tinha proble-ma em testemunhar do evangelho napraça pública de Atenas. O apóstolo“disputava na sinagoga com os judeus ereligiosos, e todos os dias na praça comos que se apresentavam” (Atos 17:17).

Atenas era um centro intelectual. Foiaí que Sócrates travava seus famososdebates e Platão e Aristóteles abriam es-colas de retórica, filosofia e ciência.

Atenas era o lugar onde nasceu aidéia de democracia. Para os helenos(mais tarde chamados “gregos” por seusconquistadores romanos) a polis ou “ci-dade-estado” era a condição ideal daexistência humana. Aristóteles escre-veu: “existir fora de uma polis é ser maisou menos do que humano.”

A agorá ou praça do mercado era ocentro de toda atividade econômica ousocial da polis. Na praça do mercado,polites — cidadãos que eram homensnascidos na polis — empenhavam-se di-ariamente em debates públicos sobrequestões políticas que estavam ferven-do na polis, ou praticavam julgamentospúblicos sofisticados.

Festivais religiosos, que não somenteprestavam homenagem ao panteão dedivindades gregas, mas também questi-onavam mesmo a natureza da polis,eram também celebrados com pompa eritual na praça do mercado. A partir dofinal do sexto século e do começo doquinto a.C., Atenas tornou-se o eixo domundo helênico, e sua praça do merca-do o forum das idéias do mundo. Paulofoi levado para Atenas depois de umaoutra arruaça ter ocorrido como resulta-do de sua pregação na praça pública.Ele fôra espancado e lançado na prisãopor pregar em Filipos.

Paulo não foi amedrontado. En-quanto esperava por Silas e Timóteo,Paulo começou a arrazoar com os ateni-enses em sua praça do mercado. Algunsfilósofos epicureus e estóicos surgiramna praça do mercado e queriam saber oque esse “tagarela” estava falando. Al-guém lhes disse que Paulo estava falan-do de uma religião estranha, acerca deJesus e da ressurreição. Os filósofos to-maram Paulo e o arrastaram diante dotribunal religioso no Areópago (Atos17:18, 19).

Atenas não era uma cidade comum.Grande em população, ela praticavauma democracia radical. A cidade tinha10 distritos sócio-políticos configura-dos para establecer um equilíbrio deforças locais que afetavam todos os as-pectos de sua cultura. No quinto séculoa.C. os atenienses tinham estabelecidosua assembléia e corte suprema, ambasse reunindo na praça do mercado como

as assembléias principais da cidade. Re-moveram do Areópago, onde a aristo-cracia governava outrora por vezes tira-nicamente, tudo menos as questões re-ligiosas de Atenas. Agora, um tribunalse reunia para escolher quem, porexemplo, seria o patrono da festa anualde Dionísio — uma festa de drama e sa-crifício que durava cinco dias — oupara julgar alguém acusado de dessecra-ção de um altar ou de uma estátua sa-grada. Paulo ficou no centro do Areópa-go. Aí, diante de um tribunal da elite deproprietários, por volta de 51 a.C., oapóstolo falou denodadamente doevangelho.

O discurso de Paulo em Atenas“Varões atenienses”, Paulo começou,

“em tudo vos vejo um tantosupersticiosos...porque, passando eu evendo os vossos santuários, achei tam-bém um altar em que estava escrito: Ao‘Deus Desconhecido’. Esse, pois, quevós honrais, não o conhecendo, é o queeu vos anuncio” (Atos 17:22, 23).

Arrazoando diante do tribunal, Pau-lo revelou o amor e a justiça de Deus.“Mas Deus, não tendo em conta os tem-pos da ignorância, anuncia agora a to-dos os homens, e em todo lugar, que searrependam; porquanto tem determi-nado um dia em que, com justiça, há dejulgar o mundo, por meio do varão quedestinou; e disso deu certeza a todos,ressuscitando-o dos mortos” (Atos17:30, 31).

Que possuía Paulo que nós não pos-suímos

A resposta de Paulo aos atenienses éinstrutiva e irresistível. O apóstolo eraum estudante das pessoas e da atividadehumana. Ele era cosmopolitano. Suasviagens pelo Mediterrâneo e o Egeu va-leram-no uma grande instrução. Ele en-contrava as pessoas onde elas se acha-

Vida Universitária

T

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25Diálogo 11:2 1999

vam: judeus nas sinagogas e gregos napraça do mercado. Paulo se movia sob adireção do Espírito Santo com denodo esem consideração por sua pessoa, e con-centrado em sua missão.

Tendo estudado sob o proeminentejurista judeu, Gamaliel, Paulo era umorador letrado e hábil. Paulo usava suaperícia de advogado para julgar sua au-diência. Partindo daquilo que era fami-liar a sua audiência, ele lhe apontava oDeus do universo, e propunha o evan-gelho na praça pública das idéias.Por que somos tão tímidos em procla-mar a Jesus a nossos amigos e colegasna praça pública?

A praça da Universidade daCalifórnia

Permitam-me partilhar minha expe-riência na Universidade da Califórnia,Berkeley (também conhecida como“Cal”). Meu receio era tríplice. Primei-ro, tenho uma espécie de agorá-fobia —medo da praça pública. Cal é uma dasprimeiras universidade de pesquisa nomundo. Seu corpo docente presente in-clui seis recipientes do Prêmio Nobel etem mais associados das Academias Na-cionais de Ciências, Artes e Humanida-des do que qualquer outra universidadenos Estados Unidos. O valor de seus de-partamentos acadêmicos e currículospode ser visto no fato de seus professo-res terem descoberto diversos elemen-tos químicos à criação e planejamentodo sistema de computador UNIX e domodem. Muita gente de todo o mundoconverge e se mistura na Cal e negocianum ambiente humanístico.

Em segundo lugar, receio de me rela-cionar com pessoas que não conheço.Os estudantes da Cal, entre os mais bri-lhantes e dotados do mundo, são criati-vos e gostam de explorar novas idéias esituações. Não só se apaixonam peloque crêem mas agem. Não é fora do co-mum ver e ouvir vestimentas, música ediscursos políticos não-tradidionais nasadjacências da Cal.

Não poucos americanos, baseando-se em boato, propaganda e mito cha-mam os estudantes da Cal “radicais”,“exquisitos”, “hedonistas”, “pagãos”.Infelizmente, eu também manifesto omesmo desprezo não me misturando e

não me envolvendo com os freqüenta-dores da Cal.

Por último e mais importante, eu,como tantos cristãos, sou um não-cren-te. Digo “não-crente” porque ainda nãome confiei a Deus a ponto de dependerinteiramente dEle. Uma das muitasconseqüências de minha descrença éque tenho receio de proclamar o grandeamor e a volta iminente de Jesus Cristona praça pública das idéias.

Paulo exclamou: “mas não me en-vergonho, porque sei em quem tenhocrido, e estou certo de que é poderosopara guardar o meu depósito, até àqueledia” (II Timóteo 1:12).

Aqui sinto-me profundamente en-tristecido. Um número demasiado denós estamos ou envergonhados de nos-so conhecimento do evangelho, enver-gonhados de sermos conhecidos comoseguidores de Jesus por nossos colegas,ou estamos envergonhados de partilharas grandes novas com aqueles que de-sesperadamente carecem de ouvi-la —os pensadores na praça pública.

Muitos de nós fazem a coisa “politi-camente correta” e não abordamos nos-sos parceiros com o evangelho. Assumi-mos a posição de que eles virão a nós sequiserem conhecer, como se nossas vi-das fossem tão semelhantes a de Cristocomo deviam ser, como se dezenas edezenas dos que buscam a verdade fos-sem subitamente nos assoberbar.

Muitos de nós estamos a gosto emnosso “santo dos santos” ou em nossostanques filosóficos. Preferimos ficar emJerusalém e esperar ou talvez orar pelopovo de Atenas, em vez de lhes levar oevangelho.

A verdade é que temos medo. Temosmedo da praça pública de idéias e daspessoas que aí compram e vendem. Te-mos medo de sermos rejeitados ou deque nossa reputação será manchada.

Não há necessidade de ter temorPaulo nos assegura: “Se Deus é por

nós, quem será contra nós?...Quem nosseparará do amor de Cristo? A tribula-ção, ou a angústia, ou a perseguição,ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, oua espada?...Mas, em todas estas coisas,somos mais do que vencedores, poraquele que nos amou. Porque estou

certo de que, nem a morte, nem avida, nem os anjos, nem os principa-dos, nem as potestades, nem o presen-te, nem o porvir, nem a altura, nem aprofundidade, nem alguma outra cria-tura nos poderá separar do amor deDeus, que está em Cristo Jesus, nossoSenhor” (Romanos 8:31, 35, 37-39).

Que motivava Paulo a arriscar suavida pelo evangelho?

Paulo outrora tinha medo dos não-judeus. Ele estava a caminho de Da-masco para matar cristãos quando seencontrou com Jesus. Paulo empe-nhou sua vida na missão que Jesus lheconfiou. Usou sua educação, e seus ta-lentos para alcançar as pessoas — pes-soas que não teriam sido alcançadasde outro modo. Permitiu ser enchidoe dirigido pelo Espírito Santo.

O Espírito Santo, que encorajou oApóstolo Paulo, falará também pornós hoje na praça pública, se tão so-mente Lhe rendêssemos nossas vidas etalentos.

Multidões de pessoas aí estão —nossos colegas e professores, quecomo Paulo, querem conhecer a Cris-to “e a virtude de sua ressurreição”(Filipenses 3:10). Nossa alegria é parti-lhar com eles nosso conhecimento eexperiência com Jesus. Passemos umtempo tranqüilo com Jesus estudandoSua Palavra, orando a nosso Pai celes-tial, e ouvindo Sua voz. Somente en-tão nossas vidas terão propósito e nos-so testemunho será eficaz. Sempre quetivermos oportunidade desde conver-sas casuais até ao escrevermos artigosou livros sobre nossas vidas com Jesus— precisamos partilhar.

Will Sutton é o coordenador da Associa-ção de Estudantes Adventistas do Sétimo Diade Berkeley. Seu endereço postal: 75 Ever-green Lane; Berkeley, California 94705-1438; E.U.A. E-mail: [email protected]

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Logos

an Miller cresceu em Pateros, uma cidadezinha às margens do Rio Colúmbia, aos pés das mon-tanhas North Cascades, no estado deWashington. Ao contemplar a grandi-osidade das montanhas e a beleza dorio e ao brincar com seus amigos, eleficava obsedado com um sonho: tor-nar-se um jogador profissional de bas-quete. Como menino, gastou inúme-ras horas nas quadras de basquete,driblando com uma bola quase de seutamanho, alvejando a cesta muito aci-ma de sua cabeça. Ao crescer, sua perí-cia também crescia. Jogava basquetecom seus amigos, colegas e professo-res, e quando não havia pessoa comquem jogar, jogava sozinho. Foi admi-tido facilmente na equipe da escolaprimária. Entrou na equipe do ginásioquando só tinha quinze anos. Erabom. Estava progredindo. Iria ser umprofissional.

Então um dia ocorreu a tragédia,apanhando-o totalmente despreveni-do. Dan acordou certa manhã comuma sensação estranha num braço.Antes do anoitecer, ele estava estiradonuma cama, com paralisia infantil.Por algum tempo lutou por sua vida. Edepois, quando finalmente soube queiria sobreviver, quase preferiu ter mor-rido. Tinha perdido o uso de um bra-ço. Arrastava uma perna e mal podiase equilibrar. O outro braço retinha 20por cento de sua função. Previamenteo candidato perfeito para ser o atletasupremo, agora....seu sonho estavamorto. Nunca se tornaria um jogadorprofissional de basquete.

Ao contemplar seu futuro, ele deveter sentido desespero total. Tinha vi-vido para basquete. Para que viveriaagora? Não podia pensar em nadamais que quisesse fazer. Entrou na

D quadra. Abaixou-se para pegar a bola,e descobriu que nem podia levantá-la.Arrastou-se por um tempo, e entãopediu a seus pais que lhe comprassemuma bola pequena, e tentou atirá-lacom o braço que funcionava parcial-mente. Depois de muitas horas detentar, ele podia jogá-la na cesta. Sor-riu, e afastou-se um tanto, e recome-çou o processo. Finalmente, ele podiacolocar a pequena bola na cesta a par-tir da linha de jogo livre com a mesmaprecisão que outrora exibira.

Volveu a seus pais e pediu uma bolaum pouco maior, e reiniciou o proces-so moroso uma segunda vez. Não po-deria jamais ser um jogador de bas-quete profissional. Ele o sabia. Mas es-tava praticando seu jogo, o jogo queamava. Trabalhou como sempre traba-lhara, bloqueando seu desespero jo-gando na quadra na qual passara amaior parte de sua vida, e continuoucom seus estudos no ginásio. Dannunca recuperou o uso de seus braçosou de sua perna, mas chegou ao pontode poder pegar a bola e atirá-la da li-nha à cesta. Com efeito, sua porcenta-gem tornou-se e ficou em 96 % — mé-dia que mesmo alguns membros dostimes nacionais não atingem.

Mudança de sonhosDan sabia que não podia jogar

como profissional de basquete, masnão queria abandonar seu sonho. Seele mesmo não pudesse jogar, talvezele pudesse treinar os jogadores, assimele foi para a faculdade resolvido a sertreinador de basquete. Matriculou-secom especialização em educação físi-ca. Os professores liam o exame físicodos médicos isentando Dan de Educa-ção Física, e tentavam persuadí-lo aescolher outra profissão. Mas Dan sa-

Sonhos frustrados eesperança brilhanteDonna J. Evans

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bia o que queria fazer e persistiu. To-mou todas as classes que os especialis-tas em educação física tomavam, eembora não pudesse fazer o que elesfaziam, podia compreender o que erarequerido. Quatro anos mais tarde elediplomou-se com o grau ambicionadoem educação física. Foi contratado naárea de Seattle como treinador. Ele iatreinar os jovens a fim de se tornaremos jogadores de basquete que ele so-nhara ser um dia.

É uma história maravilhosa. Diz-me algo muito importante. Todos nóssomos como Dan Miller, aleijados demodos que sabotam nossos sonhos,quer saibamos ou não. Por muitosanos em minha juventude, me eraexigido por meus líderes de Desbrava-dores que lesse o Ano Bíblico, e eu mearrastava com tédio através de Levíti-cos e Números, e em seguida atravésde Josué e Juízes com fascinação. Ha-via ali tantas histórias que o Tio Arturnunca mencionara, e eu me admiravaque estivessem na Bíblia.

Ao ficar mais velha e ler as mesmashistórias da perspectiva de um adulto,fui impressionada pelo fato de Deusestar disposto a se identificar como oDeus de um povo imperfeito. Ele é oDeus de Abraão, não somente quandoele, pela fé, saiu de Ur dos caldeuspara um lugar que desconhecia, mastambém quando compareceu diantede faraó como um mentiroso assusta-do. Ele é o Deus de Isaque, não so-mente quando ele se colocou volunta-riamente sobre o altar para ser sacrifi-cado, mas também quando ele era umpai indulgente com seus filhos. Ele é oDeus de Jacó o enganador, Deus deRaabe a prostituta, Deus de Davi oadúltero, Deus de Pedro o desleal.

A despeito de nossas imperfei-ções, Deus se interessa

Freqüentemente somos tentados apensar que se não alcançamos o ideal,seremos cidadãos de segunda classeaos olhos de Deus. Assumimos queporque as coisas não são como gosta-ríamos, Deus não nos pode amar per-feitamente. Mas a Bíblia nos diz dife-

rentemente. Mesmo quando Abraão,em sua falta de coragem e de fé, men-tiu a faraó sobre sua mulher, Deus fa-lou a faraó num sonho dizendo: “Esteé meu Abraão, meu amigo, não o mo-leste ou a sua mulher”.

Não somos perfeitos, como indiví-duos, como instituições ou como umaigreja. Precisamos reconhecer comtoda humildade que somos defeituo-sos. Temos defeitos de caráter que malreconhecemos. Temos relações rompi-das ou ameaçadas que nos parecemimpossível corrigi-las. Temos imper-feições físicas. Somos limitados men-talmente. Somos anões espirituais.Mas Deus é ainda nosso Deus. Aindasomos a maçã de Seus olhos, Seus fi-lhos e filhas amados, e Ele trabalhaconosco e através de nós.

Suas palavras adereçadas a Josuénum momento crítico também sãopara nós: “esforça-te, e tem bom âni-no; não pasmes, nem te espantes; por-que o Senhor teu Deus é contigo, poronde quer que andares” (Josué 1:9).

Visite nossa página na InternetCAUPA: http://www.adventist.org/education/amicus/home.htmDiálogo: http://www.adventist.org/education/dialogue/home.htm

Nossa maior necessidade é de reco-nhecer nossas imperfeições e aindasentir Seu grande amor e poder, paraver através de todas as circunstânciasdesfavoráveis de nossa vida, o signifi-cado que nossas vidas podem ter paraaqueles com as quais convivemos.

Dan Miller não tem troféus cobrin-do as paredes de sua casa. Mas ele temtroféus, ó, sim. Seus troféus são os jo-vens que lhe agradecem o modo comoele mudou suas vidas, e deu sentido aseus sonhos. Embora ele nunca teráaquele corpo atlético perfeito com oqual ele sonhara, se sente ricamenteabençoado mesmo sem ele. E quais-quer que sejam nossas imperfeições,quaisquer que sejam nossos sonhosfrustrados, podemos ainda viver eamar, ser aceitos e realizados.

Donna J. Evans (Ph.D., Claremont Uni-versity) é uma educadora que ensinou emtodos os níveis acadêmicos. Seu endereço:P.O. Box 181; Brewster, WA 98812; E.U.A.E-mail: [email protected]

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28 Diálogo 11:2 1999

Foro Aberto

esus disse: “Não julgueis, para que não sejais julgados” (Mateus 7:1). Significa isto que não podemos pronunciar julga-mento contra o pecado ou disciplinar umapessoa que agiu erradamente?

A passagem é um dos grandes ditosde Jesus no Sermão da Montanha. Ob-viamente Jesus não pretendia que nãopodemos fazer escolhas ou distinçõesentre o bem e o mal. Nem queria Eledizer que devíamos tolerar o pecadoou fechar os olhos para lapsos morais.Pois no verso 6 do mesmo capítulo Elediz: “Não deis aos cães as coisas san-tas, nem deiteis aos porcos as vossaspérolas”. Este dito implica precisamosfazer julgamentos sobre a definição deum cão ou um porco. Isso quer dizerque a Bíblia nunca proibe uma pessoaou um grupo distinguir entre o certo eo errado; nem proibe medida discipli-nar contra o que é considerado erra-do, pecaminoso ou inaceitável.

Daí, Paulo em I Coríntios 5 advertira igreja que trate firmemente “nonome de nosso Senhor Jesus” com umcerto indivíduo que tem estado a vi-ver em pecado aberto e instou: “Tirai,pois, de entre vós, a esse iníquo” (ver-sos 1-13).

Assim o dito de Jesus não pode sercompreendido como se significasseque nós como índivíduos ou um gru-po de crentes não devêssemos conde-nar o pecado ou disciplinar os que er-ram — seja na igreja, na escola ou emfamília. Nem devia o dito de Jesus serinterpretado como se seres humanosnão tivessem o direito de julgar. Seninguém pudesse julgar a outros, nãohaveria tribunais, nem um julgamen-

to por quebrar a lei, nenhuma justiçae nenhum castigo. Uma sociedadesem a habilidade de julgar seus mem-bros por violação de sua lei mergulha-ria no caos e acabaria se destruindo.Mesmo dentro da limitação do conhe-cimento e da compreensão de huma-nos, há necessidade de julgamento.

O que o texto proibe, portanto, nãoé julgamento mas o hábito de julgar— aquela atitude arrogante pela quala pessoa assume um ar de superiorida-de sobre outros, comprazendo-se ha-bitualmente em crítica e em nutrir umespírito implacável vis-à-vis de outrosenquanto ignora a mesma falta em si,aquela hipocrisia que vê um argueirono olho de um irmão enquanto é cegoà trave em seu próprio olho (verso 3).Ellen White chama de farisaico esteespírito de crítica, e aconselha: “Nãovos ponhais como norma. Não façaisde vossas opiniões, vossos pontos devista quanto ao dever, vossas interpre-tações da Escritura, um critério paraoutros, condenando-os em vosso co-ração se não atingem vosso ideal. Nãocritiqueis a outros, conjeturando osseus motivos, e formando juízos” (OMaior Discurso de Cristo, pág. 124).

Embora devamos nos resguardar doespírito de crítica, não devemos dei-xar de proteger a saúde moral e espiri-tual do corpo de Cristo, que inclui anós também. É por isso que Jesus ad-vertiu em Mateus 7: “Acautelai-vos...dos falsos profetas....Por seus frutos osconhecereis” (versos 15-20). Proteger-se de falsos profetas e examinar a na-tureza dos “frutos” que as pessoas pro-duzem envolve um discernimento es-piritual que é diferente do hábito de

criticar e censurar. Uma linha claraprecisa ser traçada entre avaliação éti-ca e crítica motivada, entre censuravisando condenação e disciplina vi-sando redenção.

Jesus ainda nos adverte contra ser-mos juízes zelosos sobre outros. A Bí-blia freqüentemente usa as palavrasjulgar ou julgamento em termos da sal-vação final de um ser humano. Somosexcluídos dessa área. “Não julgueis”certamente nos proíbe pronunciar jul-gamento quanto à salvação final deum indivíduo, não importa quão pe-caminoso ele seja. A aptidão de umapessoa para a vida eterna é algo queserá decidido somente por Deus.

John M. Fowler (Ed.D., Andrews Uni-versity) é diretor associado de educaçãopara a Associação Geral dos Adventistasdo Sétimo Dia e editor de Diálogo.

J

Devíamos jamaisjulgar a outros?

Foro AbertoHá uma pergunta que você gostariaque fosse respondida por um especia-lista adventista? Expresse-a claramenteem menos de 75 palavras. Inclua seunome e endereço postal, indicandoseus passatempos ou interesses. Enviesua pergunta para Dialogue Foro Aber-to; 12501 Old Columbia Pike; SilverSpring, MD 20904-6600; E.U.A. Se suapergunta for escolhida para publica-ção, juntamente com a resposta vocêreceberá um livro de presente, comnosso agradecimento.

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29Diálogo 11:2 1999

Em AçãoSeminário para universitáriosno Maranhão, Brasil

Participantes no seminário.

primeiro Seminário para Univer- sitários Adventistas no Estado do Maranhão, Brasil, foi realiza-do em São Luis, em 23 e 24 de outubrode 1998, sob o lema: “Crescendo emQualidade com Cristo Hoje”. O en-contro foi assistido por muitos estu-dantes e professores ligados às univer-sidades regionais e federais do estadodo Maranhão.

Diversas palestras foram apresenta-das, tais como: “Como Fazer Amigospara Deus”, “Um Grão de Areia noUniverso” e “A Verdade é uma Pes-soa”. Sábado à tarde, todos os estu-dantes presentes receberam uma cópiade Diálogo e então participaram deuma mesa redonda sobre o por quê dealguns estudantes adventistas aban-donarem sua fé ao freqüentarem auniversidade. Um sumário das respos-tas produziu os seguintes pontos: (1)Falta de base em doutrinas bíblicas;(2) inabilidade de filtrar e reagir aidéias contrárias à sua fé; (3) amizadesno campus que os desviam dos princí-pios e estilo de vida cristãos; (4) pres-são dos estudos que enfraquecem esufocam sua vida devocional; (5) co-nhecimento superficial dos escritos deEllen G. White; (6) insuficiente apoiode líderes de igreja maduros (tantopastores como leigos).

No encerramento do seminário foiresolvido estabelecer a Associação deUniversitários Adventistas no Mara-nhão (AUAMA), e realizar o segundoseminário de 3-6 de junho de 1999,na cidade de Imperatriz.

Apreciamos contatos com outrasassociações de estudantes adventistasno Brasil e em outros países. Nosso en-dereço: Av. Daniel de la Touche 53, Mara-nhão Novo, 65061-050, São Luis, MA,65061-050, Brasil. Fax: 55-98-246-1102.E-mail: [email protected]

—Otimar GonçalvesDiretor de Ministério Jovem

na escreveu paraquatro das pessoasalistadas naquelaseção. Eu era umadelas.

Por vários me-ses trocamos cor-respondência e en-tão começamos a

nos comunicar por telefone. Convi-dei-a a visitar nossa bela ilha. Maistarde em 1997 Magdalena e seu paivieram a Cuba. Tive o prazer deacompanhá-los em sua turnê. Nossaamizade transformou-se em atraçãomútua e depois em amor, o qualnutrimos através de muitas cartas echamadas telefônicas freqüentes.

Em julho de 1998 Magdalena vol-tou para Cuba e nos casamos numacerimônia civil. Logo que Magdalenavoltou para casa, ela submeteu ao go-verno mexicano os documentos queme permitiriam juntar-me a ela. Oprocesso geralmente leva mais de seismeses, mas em apenas 13 dias recebi ovisto para emigrar para o México.Nosso casamento na igreja realizou-seem 25 de outubro de 1998 na igrejaadventista de Cuernavaca, Morelos.Que dia feliz foi aquele para nós dois!

Deus abençoou nosso casamentocom compreensão mútua e amor pro-fundo. Magdalena continua traba-lhando como secretária no escritórioda associação e eu leciono numa dasescolas adventistas da área. Temosconfiado nossa vida a Deus e estamosprontos a seguir Sua direção aondequer que Ele nos levar. (Nosso endere-ço postal: Apartado 1160, 72000 Pue-bla, Pue., México).

—Carlos Guzmán García

ORomance atravésdo Caribe

eus ainda opera misteriosamente para realizar Suas maravilhas. Em dezembro de 1995 assisti auma reunião da Associação Cubana deUniversitários Adventistas e Profissio-nais (ACUPA em espanhol). Eu nãoera ainda adventista do sétimo dia (fuibatizado em setembro de 1996). Gos-tei da reunião e me deram uma cópiade Diálogo. Fui atraído à seção “Inter-câmbio”. Enviei meu nome, endereçoe outros dados, os quais foram publi-cados na edição 8:3 (1996) da revista.A informação indicava que eu era pro-fessor de escola primária.

Um ano mais tarde, em dezembrode 1996, Magdalena Adame Torres, se-cretária do tesoureiro da Associaçãodo Sul do Pacífico dos Adventistas doSétimo Dia em Puebla, México, assis-tiu um congresso de universitários eprofissionais adventistas naquela ci-dade. Durante a reunião ela recebeuuma cópia de Diálogo e também foiatraída para “Intercâmbio”. Magdale-

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LivrosOrigins: Linking Science andScripture,Ariel A. Roth (Hagerstown, Maryland: Reviewand Herald Publ. Assn., 1998; 384 págs.;encadernado).

Revisão de David Ekkens

origem da matéria e da vida não é um tema fácil de se abordar. Filósofos têm lutado com ele através dos sé-culos. Cientistas evolucionistas têm batalhado sobre elenão só com criacionistas, mas entre eles mesmos. Nestaárea controvertida entra Ariel Roth, por muitos anos dire-tor de Geoscience Research Institute (Instituto de PesquisaGeoscience) da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Durantetoda sua carreira Roth viveu a vida de um cristão e a profis-são de um cientista, sem qualquer senso de contradição ounecessidade de apologia. A despeito de dificuldades no do-mínio da fé e da ciência, e sem pretender ter respostas paratodas as perguntas, Roth sempre fala e escreve com convic-ção profunda. Por esta razão eu aguardava a publicaçãodeste livro — o resultado de muitos anos de estudo e traba-lho em pesquisa criacionista. Não fui desapontado.

Como o título do livro sugere, o Dr. Roth escreveu Ori-gins numa tentativa de mostrar um elo razoável entre a ci-ência e as Escrituras. No prefácio, ele revela seu ponto departida: “Como cientista levo extremamente a sério a ciên-cia. E como quem dá valor ao significado e à religião, con-sidero a Bíblia também com a mesma seriedade.” AssimRoth começa a tratar de uma das maiores batalhas intelec-tuais da história — o conflito entre a ciência e o cristianis-mo.

O livro divide-se em seis seções principais. A primeiraestabelece o fato da existência do conflito entre ciência ereligião. A seguir o autor trata de organismos vivos, abor-dando os problemas principais quanto à evolução das for-mas de vida, começando com a origem da vida e prosse-guindo até os seres humanos.

A terceira seção trata de “Fósseis” e dos problemas asso-ciados com o registro fossilizado da vida, incluindo comoos criacionistas lidam com a coluna geológica. A seguirvem uma discussão das rochas — como a geologia respon-de a algumas das principais questões e provê evidência deum Dilúvio universal. Ele também discute tempo e idadedos fósseis e problemas associados com diferentes métodosde determinação de idade.

A quinta seção do livro destaca algumas das principaisaquisições da ciência e alguns dos problemas com elas as-sociados. Apresenta também os principais pontos fortes efracos dos argumentos bíblicos sobre origens.

Na última seção, “Conclusões Gerais”, Roth discute suasconclusões gerais — que a ciência cometeu seu “maior erro

quando rejeitou a Deus” (pág. 334) e que “entre todos osmodelos considerados, a Criação descrita nas Escrituras é aque tem mais sentido” (pág. 362).

No todo, Roth apresenta vários argumentos bons. Con-tudo, parece improvável que muitos cientistas ateus serãoconvencidos. Mesmo assim, há um número crescente decientistas dispostos a considerar a existência de um podertranscendente e inteligente. Podem estar dispostos a daraos argumentos de Roth uma consideração séria. Certa-mente, para aqueles que aceitam a Bíblia como a Palavrade Deus, Origins confirma a crença na Criação.

O livro tem muitas referências e um glossário muitoútil. Pessoas interessadas em debate sobre Criação versusevolução apreciarão e tirarão benefício deste livro muitobem escrito.

David Ekkens (Ph.D., pela Universidade de Loma Linda) lecionabiologia na Universidade Adventista Southern. Seu endereço: P.O. Box370, Collegedale, TN 37315, E.U.A.

True Believer,Alexandre Bolotnikov, conforme relato feito aGina Wahlen (Hagerstown, Maryland:Review and Herald Publ. Assn., 1997; 176págs.; brochura).

Revisão de Eugene V. Zaitsev

asha (Alexandre) cresceu na União Soviética com fé ab- soluta de que o marxismo-leninismo inauguraria a so-ciedade perfeita na qual honestidade, justiça, unidade na-cional e igualdade reinariam. Foi isso que ele aprendeu emseus anos de escola, e não via razão para crer de outromodo. Mas Sasha recebeu sua primeira “picada de hipocri-sia” na sagrada Sala de Lenin onde ele tinha prometido“amar a pátria profundamente, viver, estudar e lutar se-gundo os preceitos de Lenin e do ensino do Partido Comu-nista” (pág. 34). Sua desilusão final com as idéias comunis-tas veio depois de lhe recusarem admissão no Instituto deEngenharia Física de Moscou, não porque ele não satisfizesseas exigências, mas por causa de seu parentesco judaico.

Atrás desse incidente, Sasha viu não simplesmente ódio,mas um desafio à sua identidade. Quem era ele, afinal decontas? Por que via ele tantas portas se fecharem em suacara? A crise de identidade lançou Alexandre numa jorna-da espiritual. Não sabia para onde ia, mas mediante per-guntas sólidas e respostas não satisfatórias, através do im-pacto de acontecimentos e personalidades, Alexandre mu-dou-se do marxismo para o judaísmo. Suas raízes deram-lhe significado e um sentimento de pertencer a uma comu-

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nidade que aguardava o Messias. Mas não estava inteira-mente satisfeito.

True Believer traça a rota longa e tortuosa da busca deAlexandre, da fé absoluta no marxismo à desilusão e final-mente realização em Jesus.

Enquanto estudava na Universidade de Kiev, Alexandreencontrou alguns amigos cristãos. Eram diferentes. Pareci-am ter encontrado sentido real na vida. Tinham algo sóli-do para sua esperança. E estavam dispostos a aceitar Ale-xandre pelo que ele era, e a partilhar com ele o que sabi-am. Logo começaram estudos bíblicos. Isaías 53 e Daniel 9deram a Alexandre uma nova compreensão do Messias —que Ele é uma Pessoa que já veio e que abriu as portas paraa vida eterna.

Ao lutar em seu íntimo, sua pátria experimentava umamudança dramática depois de quase 70 anos de comunis-mo. A perestroika e a brisa de novas idéias soprando sobrea Rússia deram a ele a oportunidade de avançar em suajornada espiritual e no estudo da Bíblia.

A autora, Gina Wahlen, jornalista profissional e profes-sora de inglês, mapeia a jornada de Sasha — passo a passo— e retém o interesse do leitor com sua narrativa fascinan-te que não deixa de captar como o Espírito Santo toca ocoração e guia uma alma em busca da verdade. Os quadrosfinais do livro são emocionantes — as lutas espirituais deSasha, seu ataque do coração e restabelecimento, e final-mente o passo ousado de aceitar a Jesus como seu Salvadorpessoal. Os dons artísticos da autora — lucidez e toque denovelista — tornam a leitura de True Believer não só agra-dável, mas irresistível.

Sasha é agora um adventista com uma missão — tradu-zir a Bíblia para o russo simples de modo que milhões co-nheçam o Senhor da Palavra.

Eugene V. Zaitsev (Ph.D., pela Universidade Andrews) é vice-presidente para assuntos acadêmicos do Seminário Teológico Zaoksky,na Rússia.

Jack: An Incredible Life,Jolena Taylor King (Hagerstown, Maryland:Review and Herald Publ. Assn., 1998; 202páginas; brochura)

Revisão de Mary Wong

por uns poucos de sua família e amigos. Jolena King corri-giu essa deficiência e deu ao mundo do adventismo estelivro notável sobre a formação de um grande homem.

Jack é um sobrevivente. Ele sobreviveu o estigma deuma criança nascida fora do casamento e a resultante rejei-ção por parte das pessoas ao seu redor. Sobreviveu à pobre-za de sua infância. Quando aos dez anos foi à Alemanhapara morar com seus avós maternos, pensando ter encon-trado uma pátria e uma identidade — acabou caindo numcampo de trabalho nazista. Sobreviveu àquilo. Sobreviveuaos traumas da juventude, ao cepticismo religioso e aosriscos do estilo de vida.

Talvez sobrevivência não seja a palavra correta. ComoBlanco testificaria, ele foi socorrido pela graça maravilhosade Deus para um propósito específico.

A carência, a tortura, a rebelião, as viradas estranhas davida e o socorro divino permeiam este livro. A narrativaapela a todos — especialmente a jovens que atravessam acrise de identidade, clarificação de valores, escolha de car-reira profissional e fé religiosa. Contudo, o que distingueas experiências de Jack das de um adolescente normal éque sua experiência inclui o dilema de um adolescente ger-mano-americano preso na terra de suas raízes durante aSegunda Guerra Mundial.

Entretecido na história está o tema da direção providen-cial de Deus. Desde seu começo infeliz nas favelas de Chi-cago até seu batismo na Igreja Adventista do Sétimo Dia,desde sua escolha de uma companheira até sua escolha deser um ministro de Deus, desde seu trabalho nos camposmissionários e instituições de ensino até a culminação desuas realizações no escrever a Bíblia Clear Word, vemos asevidências de um Pai celestial velando por uma criançaabandonada por seu pai natural.

O livro tem todos os elementos de uma história cativan-te — conflito, incerteza e emoção. Contudo, alguns leito-res podem ter um problema com o desenvolvimento doenredo. Tendo sobrevivido às tempestades dos primeirosanos nos capítulos iniciais, eles podem sentir-se acalmadosnum mar de detalhes menos interessantes descrevendoseus dias de escola, sua família e o trabalho nos capítulosfinais. Não obstante, se os leitores tiverem em mente o in-tento da história, poderão reter suficiente interesse paraler até ao fim e partilhar com Blanco sua alegria, possibili-tada por um Deus que ama e cuida.

Jack é outra história incrível da graça maravilhosa deDeus. Leia-o. Sinta-o.

Mary Wong (Ph.D., pela Michigan State University) é diretora deMinistério Infantil, Ministério da Família e Ministério da Mulher paraa Divisão Norte-Asiática do Pacífico, em Seul, Coréia.

Um trecho deste livro está sendo publicado nesta edição, “PrimeiraPessoa”.

onhecemos Jack Blanco por várias coisas: adventista exemplar, teólogo de destaque, pastor amante, escri-tor veemente, tradutor da Bíblia Clear Word. Contudo háum lado de Jack — um lado incrível — conhecido apenas

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32 Diálogo 11:2 1999

IntercâmbioAmplie suarede deamizades

studantes universitários e profissio- nais adventistas interessados em tro- car correspondência com colegasem outras partes do mundo.

Yonie P. Aganan: 22; solteira; estudafarmácia; interesses: ouvir música, evan-gelismo, viajar e acampar; correspondên-cia em inglês. Endereço: 1296 Cruzan; Bu-lacao, Talisay, Cebu 5045; FILIPINAS.

Bernie Lyn Arrogante: 29; solteira; tra-balha em escritório; interesses: cozinhar,acampar, viajar e atividades de igreja; cor-respondência em inglês. Endereço: 101-1N. Bacalso Ave.; Cebu City 6000; FILIPI-NAS.

Beverly S. Baruis: 22; solteira; comple-tou um diploma em contabilidade noMountain View College; interesses: ler,jardinagem e escalar montanhas; corres-pondência em inglês ou filipino. Endere-ço: Ever Sun Development Ltd.; Sarmien-to, Parang, Maguindanao 9604; FILIPI-NAS.

Lisiane Batista: 21; solteira; estuda ad-ministração e trabalha como anunciadoranuma rádio adventista; interesses: ler,música, acampar e natureza; correspon-dência em português ou espanhol. Ende-reço: Ernesto Valt, 134; 81200-140 Curiti-ba, PR; BRASIL.E-mail: [email protected]

Marcia Bailey: 25; solteira; estuda en-fermagem; interesses: acampar, cantar,costurar e ir à praia; correspondência eminglês. Endereço: Salt Spring Dist.; SaltSpring P.O.; Montego Bay, St. James; JA-MAICA.

Stephen Y. Busi: 27; solteiro; evange-lista leigo; interesses: estudos bíblicos,música cristã e viajar: correspondênciaem inglês. Endereço: Seventh-day Adven-tist Church; P.O. Box 22; Kintampo,Brong, Ahafo Region; GANA.

Francisco Cruz Rosell: 28; casado; mé-dico; interesses: música cristã, profecia bí-blica, literatura sobre cirurgia e viajar;correspondência em espanhol. Endereço:Calle 8, #157 entre D y E; Reparto Guerni-ca, Camaguey 74510; CUBA.

Maggie Cuezzo: 20; solteira; estuda in-glês; interesses: ecologia, animais, tocarviolão e piano; correspondência em espa-nhol ou inglês. Endereço: Alvarez Con-darco 330; San Miguel de Tucumán, Tucu-mán 4000; ARGENTINA.

Delanie Viana de Oliveira: 26; solteira;completando mestrado em fisiologia naUniversidade Federal de Pernambuco; in-teresses: música religiosa, evangelismo,estudar a natureza e viajar; correspondên-cia em português, inglês ou espanhol. En-dereço: Rua Cabo Epitácio Lucena, 57;Casa Amarela; 52210-010 Recife, PE; BRA-SIL.

Cleide da Silva Deodato: 24; solteira;estuda pedagogia na Universidade Federaldo Paraná; interesses: ler, acampar, viajare música cristã; correspondência em por-tuguês, inglês ou espanhol. Endereço: RuaPedro Airton Zimmermann, 564; BairroNovo A; 81910-350 Curitiba, PR; BRASIL.

Talia Dueñas Pena: 24; solteira; com-pletando um curso em farmácia e bioquí-mica na Universidad Nacional Mayor SanMarcos; interesses: viajar, pintar, boa mú-sica e trocar lembranças; correspondênciaem espanhol ou inglês. Endereço: Urb.Res. Surco, Calle 3, Mza. D, Lte. 4; Santia-go de Surco, Lima 33; PERU.

Luz B. Dug-oy: 30; solteira; completouum diploma em educação elementar noMountain View College; interesses: can-tar, cozinhar e jardinagem: correspondên-cia em inglês. Endereço: Malangas S.D.A.Elementary School; Malangas, Zamboan-ga del Sur 7038; FILIPINAS.

Joy Eballar: 21; solteira; estuda ciênciade computação; interesses: colecionarbrinquedos estofados, ouvir música e to-car o órgão; correspondência em inglês,filipino ou cebuano. Endereço: South Phi-lippine Adventist College; Digos, Davaodel Sur 8002; FILIPINAS.

Analyn H. Enero: 22; solteira; estudaeducação elementar; interesses: ler, viajar,fotografias e atividades ao ar livre; corres-pondência em inglês, filipino ou cebua-no. Endereço: Adventist University of thePhilippines; P.O. Box 1834; Manila 1099;FILIPINAS.

Angel Figueroa: 26; solteiro; emprega-do público; interesses: música, viajar,aprender de outras culturas, trocar selos,cartões postais e chaveiros; correspondên-cia em espanhol. Endereço: 1505 LoizaSt., Box 5-A; San Juan, PR 00911; E.U.A.

Julia M. Gutiérrez V.: 25, solteira; temdiploma em sociologia e educação sanitá-ria; estuda para um mestrado em comuni-cação na University of Texas Pan-Ameri-

can; interesses: atividades ao ar livre, ir àpraia e ler os Salmos; correspondência emespanhol ou inglês. Endereço: 303 S. CasaRd.; Pharr, TX 78577; E.U.A. E-mail:[email protected]

Dina Hernández B.: solteira; tem di-ploma em ensino primário; interesses: co-lecionar cartões de telefone e penas depássaros; correspondência em espanholou inglês. Endereço: Colegio del Pacífico;Ado. 134; Navojoa, Sonora; MÉXICO.

Edson Ryoki Okamoto Iwaki: 26; sol-teiro; completa um mestrado em matemá-tica na Universidade de São Paulo; inte-resses: viajar, acampar e aprender de ou-tras culturas; correspondência em portu-guês ou inglês. Endereço: Rua Manoel Al-ves dos Santos, 350; 05862-230 São Paulo,SP; BRASIL. E-mail: [email protected]

Leilani Jereos: 20; solteira; estuda con-tabilidade; interesses: cantar, tocar violãoe piano, atividades de igreja e natureza;correspondência em inglês. Endereço:Central Philippine Adventist College; P.O.Box 420; Bacolod City 6100; FILIPINAS.

Thomas Joseph: 30; solteiro; advoga-do; interesses: partilhar minha fé cristã,natureza, viajar e música; correspondên-cia em inglês. Endereço: P.O. Box 28076;Nairobi, QUÊNIA.

Mercy Kimani: 26; solteira; original-mente de Quênia, estuda ciência de com-putação; interesses: viajar, ouvir música eexcursões; correspondência em inglês. En-dereço: 1212 University City Blvd., #I-99;Blacksburg, VA; E.U.A.E-mail: [email protected]

L. Koberson: 25; solteiro; estuda teolo-gia; interesses: cantar, natureza, esportes eevangelismo; correspondência em inglês.Endereço: Spicer Memorial College; P.O.Ganeshkhind, Aundh Road; Pune411007, Maharashtra; ÍNDIA.

Simone A. Le Fleur: 23; solteira; estudapedagogia enquanto trabalha a tempoparcial como secretária; interesses: proje-tos missionários, andar, dança litúrgica ecorrida de automóveis Formula 1; corres-pondência em inglês ou afrikaans. Ende-reço: 43 Herring Circle; Newlands East,Durban 4038; ÁFRICA DO SUL.

Eltogen Gay Llegado: 23; solteira; par-teira registrada completando um diplomaem enfermagem; interesses: viajar, músi-ca, excursões e natureza; correspondênciaem inglês ou tagalog. Endereço: 1984 Pag-Asa Daraga; Albay 4501; FILIPINAS.

Evans O. Machera: solteiro; estuda ad-vocacia; interesses: fotografia, viajar,acampar e música; correspondência eminglês. Endereço: 426 Nehru Chowk,

E

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33Diálogo 11:2 1999

Cantt. 2; Aurangabad 431002, Maha-rashtra; ÍNDIA.

A. Urika T. Mailau: 37; casado, três fi-lhos; estuda comércio: interesses: música,pescar e fotografia; correspondência eminglês. Endereço: Kapai S.D.A. Church;P.O. Baimuru, Gulf Province; PAPUANOVA GUINÉ.

Ellen Mang: 21; solteira; estudanteuniversitário; interesses: jogos e esportes;correspondência em inglês. Endereço:Myanmar Union Adventist College; Mo-sokwin Rd.; Myaungmya; MIANMAR.

Rachel Mantoka: 21; solteira; estudapedagogia; interesses: ler, cantar, ouvirmúsica e fazer novos amigos; correspon-dência em inglês. Endereço: c/o Students’Services; University of Goroka; P.O. Box1078; Goroka, E.H.P.; PAPUA NOVA GUI-NÉ.

Jubilee G. Maquinto: 26; solteira; com-pleta um diploma em contabilidade; inte-resses: ler e viajar; correspondência eminglês. Endereço: Central Philippine Ad-ventist College; P.O. Box 420; BakolodCity 6100; FILIPINAS.

Byron W. Minick: 22; solteiro; estudapatologia da linguagem no Paradise Val-ley Community College; interesses: levan-tar peso, ciclismo, línguas estrangeiras ecomputação; correspondência em inglês.Endereço: 15810 N. 38th Place; Phoenix,AZ 85032-4066; E.U.A.E-mail: [email protected]

Pomulani Mpofu: 22; solteiro; estudaquímica; interesses: estudo da Bíblia, es-portes, xadrez, natureza e viajar; corres-pondência em inglês. Endereço: 4933 Ma-gwegwe West; P.O. Bagwegwe; Bulawayo;ZIMBÁBUE.

Tee D. Munyaradzi: 29; solteiro; pro-fessor numa escola primária adventista;interesses: viajar, esportes, fotografia etrocar cartões postais; correspondênciaem inglês. Endereço: Box 5; Renco Mine;ZIMBÁBUE.

Murniati: 29; solteira; estuda inglês;interesses: ler, ouvir música e fazer novosamigos; correspondência em inglês. Ende-reço: Jl. Scimbawa No. 20A; Bandung40113; INDONÉSIA.

Julius Nyakundi Nyagwoka: 24; soltei-ro; estuda engenharia agrícola; interesses:partilhar minha fé, ouvir e cantar músicaevangélica e basquete; correspondênciaem inglês ou kiswahili. Endereço: P.O.Box 502; Nyamira; QUÊNIA.

Rachel Pamben: 21; solteira; estudapara obter um diploma em inglês; interes-ses: ler, esportes, boa música e viajar; cor-respondência em inglês. Endereço: Uni-

versity of Goroka; P.O. Box 1078; Goroka,E.H.P.; PAPUA NOVA GUINÉ.

Janitha Kalum Perera: 23; solteiro; es-tuda fotografia; interesses: excursões, jo-gar criquete, observar pássaros e colecio-nar selos; correspondência em inglês. En-dereço: 815 Batagama North; Ja-ela; SRILANKA.

Ivailo Petrov: 25; solteiro; estuda soci-ologia; interesses: poesia, música religio-sa, fotografia e teologia; correspondênciaem búlgaro ou inglês. Endereço: j.k. “Ug”,Bl. 1, Vh. D, Ap. 4; 5400 Sevlievo; BULGÁ-RIA.

Jean Pinheiro: 20; solteiro; trabalhacomo enfermeiro; interesses: ler e colecio-nar cartões postais; correspondência emportuguês, espanhol ou inglês. Endereço:Rua Coxipoacu, 84; Pq. Maria Helena;05855-220 São Paulo, SP; BRASIL.

Cecilia Pizarro: 20; solteira; estuda en-genharia agro-industrial; interesses: cole-cionar selos e cartões postais, viajar e ci-clismo; correspondência em espanhol ouinglês. Endereço: Universidad Adventistade Chile; Casilla 7-D; Chillán; CHILE.

Mary Rose Porle: 28; solteira; tem di-ploma em administração secretarial; inte-resses: cantar, ouvir música e esportes;correspondência em inglês ou tagalog.Endereço: 107 Slaughter Compound; Ba-guio City 2600; FILIPINAS.

Nilsia Sánchez Pardo: 23; solteira; es-tuda inglês; interesses: ler, andar na natu-reza, cuidar de animais e música; corres-pondência em espanhol ou inglês. Ende-reço: La Chorrera; Panamá; PANAMÁ.

Janette Sánchez Ruiz: solteira; estudaengenharia de computação; interesses: co-lecionar cartões postais e acampar; corres-pondência em espanhol ou inglês. Ende-reço: Colegio del Pacífico; Ado. 134; Na-vojoa, Sonora; MÉXICO.

Yelmy Sandoval P.: 20; solteira; estudapsicologia na Universidad Adventista deSanto Domingo; interesses: música, ex-cursões e partilhar Cristo com outros; cor-respondência em espanhol ou inglês. En-dereço: C. Prolongación Juan Tomás Díaz,#81; San Cristóbal; REPÚBLICA DOMINI-CANA.

Margarida Serafim da Silva: 30; soltei-ra; estuda administração de empresa; inte-resses: atividades de jovens, ler e colecio-nar cartões postais; correspondência emportuguês. Endereço: Av. Prof. Flávio P.Camargo, 1160; Caetetuba, 12940 Ati-baia, SP; BRASIL.

Roger Antonio Soas: 23; solteiro; estu-da biologia; interesses: acampar, música,natureza e aprender de outras culturas;

correspondência em espanhol ou inglês.Endereço: Col. Kennedy, Zona 2, SMZ 6;Bloque 22; Pasaje 5, Casa 4510; Tegucigal-pa, M.D.C.; HONDURAS.

Elena Stepanova: 20; solteira; estudapsicologia na Yaroslavl State University;interesses: arte, viajar, ler e aprender deoutros países e povos; correspondênciaem russo ou inglês. Endereço: Bolshye Po-lyanky Street, 17-92; Yaroslavl; RÚSSIA.

Carolina Urquizo; 21; solteira, estudaagronomia; interesses: colecionar cartõespostais, ler e esportes; correspondênciaem espanhol ou inglês. Endereço: Univer-sidad Adventista de Chile; Casilla 7-D;Chillán; CHILE.

Florence Wellington: 36; solteira;completou um bacharelado em comuni-cações; interesses: cantar e ler; correspon-dência em inglês. Endereço: P.O. Box3095; Zanzibar; TANZANIA.

Ruwan Wijetunge: 25; solteiro; estudamicrobiologia; interesses: música evangé-lica, tocar violão e acampar; correspon-dência em inglês. Endereço: No. 7 AlfredHouse Gardens; Colombo 3; SRI LANKA.

Ayuca Yoseph: 31; solteira; professoraprimária; interesses: ler, ouvir música e fa-zer novos amigos; correspondência em in-glês. Endereço: Jl. Jaji Saodah No. 181,RT6/RW7 Jatihandap; Cicaheum, Ban-dung; INDONÉSIA.

Se você é um universitário ou profissio-nal adventista e quer ter seu nome alis-tado aqui, envie-nos seu nome e ende-reço postal, indicando sua idade, sexo,estado civil, estudos atuais ou diplomaobtido, faculdade ou universidade queestá freqüentando ou da qual gra-duou-se, interesses e língua(s) nasquais quer corresponder. (Indicaremosseu endereço no E-mail, se no-lo forne-cer.) Envie sua carta a Dialogue Inter-change: 12501 Old Columbia Pike, Sil-ver Spring, MD 20904-6600, E.U.A.Você pode também usar E-mail:[email protected] Porfavor, datilografe ou use letra de im-prensa clara. Só alistaremos aquelesque fornecerem toda a informação pe-dida acima. A revista não assume res-ponsabilidade pela exatidão da infor-mação dada ou pelo conteúdo da cor-respondência que possa resultar.

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34 Diálogo 11:2 1999

Primeira Pessoa

que nome darás ao pequeno bas- tardo?” a parteira de rosto fecha- do perguntou rudemente ao virarpara pegar sua sacola. Não esperandoresposta da jovem imigrante alemã, elapartiu com um resmungo, deixando seucomentário girando pelo quarto.

Katie apertou seu bebezinho, es-condendo seu rosto em seu cobertor.“Como posso protegê-lo de tantador?” murmurou. Essas não seriam asúnicas lágrimas ao tentar ela criar Jacksozinha nos guetos de Chicago duran-te a Grande Depressão.

Quando seu filho atingiu a idadeescolar, tantos milagres tinham ocor-rido na vida de Jack que Katie se per-guntava se Deus não tinha um planoespecial para seu filho sem pai. As ir-mãs na escola católica que ele fre-qüentava o cumulavam de amor eJack vicejava com suas atenções.

Então um dia quando ele tinha qua-se dez anos, a mãe veio voando atravésda porta de seu apartamento em Chica-go, o qual ela partilhava com parentes.“Vamos para a Alemanha!” ela excla-mou. “Não é maravilhoso!”

A transição das favelas de Chicagopara um lugar idílico na Alemanha foidramática, e Jack logo se afeiçoou ao sí-tio, a seus avós, seus tios e tia, aos ani-mais. Tanto assim que a família decidiuque a Alemanha seria o lugar ideal paraJack passar o ano seguinte. Até que le-varam Katie à estação de trem para suavolta solitária para a América.

“Por favor não me deixe aqui!” Jackgritou, agarrando-se à sua mãezinha.Sua face assustada revelava terror aoreconhecer ele que ela estava partindoda Alemanha sem ele. Por um ano! Ti-vesse a família sabido por quantotempo seria, talvez todos tivessemchorado. Seus tios o arrancaram deKatie ao embarcar ela rapidamente notrem, com o coração partido. Um últi-

mo apito do trem e sua mãe desapare-ceu. De volta para a América.

Por muitos dias Jack passou cho-rando, apesar da comida tentadora davovó e de sua bondade. Mas gradual-mente ele acostumou-se com a vidadura de fazenda na Alemanha. O avôo ajudou sentir-se importante, especi-almente depois que seu Tio Fritz foirecrutado no exército. Jack ajudava atirar leite duas vezes por dia e faziaoutros trabalhos no sítio o dia todo, seisdias por semana. Logo estava falandoalemão tão fluentemente como seus co-legas de escola. Quando o verão fez suaronda, Jack estava contando os dias atésua volta para os Estados Unidos, paracasa e mamãe. Suas cartas também esta-vam cheias de antecipação.

Então, no começo de setembro,apenas dias antes da data de partidade Jack, Hitler invadiu a Polônia e aSegunda Guerra Mundial começou.Jack não ia deixar a Alemanha.

“Mas talvez a guerra não durarámuito tempo”. O rapazinho se dedi-cou com mais vigor para ajudar seuavô, especialmente sendo que TioJosé, o filho mais moço, também iapartir para a guerra. Isso deixava oavô, Connie e Jack para arar, semear,ajuntar o feno, arrancar o mato, der-rubar árvores, colher, joeirar, usandoapenas os bois e o velho equipamentodo sítio. A alegria praticamente desa-pareceu da casa; o jogo agora era so-brevivência.

Escassez tornou-se a experiência demês após mês. Depois de três anos de-sesperadamente difíceis sem notíciasda mãe, Jack completou a oitava série,entretendo uma idéia. Queria ele con-tinuar essa vida dura do sítio ou pre-parar-se para entrar na universidade?Talvez com seu amor pela engenharia,ele podia tornar-se um piloto! Isso se-ria tremendo!

“Não vou atrapalhar seu sonho”,disse a avó languidamente. “A escolatalvez o salve da linha de frente atévocê diplomar-se”.

Preso num campo de trabalho“Como irei a Koenigswusterhausen

à escola de engenharia”? Jack pergun-tou ao chefe da estação. O lanche quea avó tinha preparado não o interessa-va ao dar o trem a partida. Jack estavatão empolgado. Pergunto-me se alguémvai-me esperar na estação?

Sem dúvida; um soldado alto sau-dou-o ao descer do trem. “Seu nome?”“Bem”. “Siga-me”. O nazista de rostosevero marchou durante meia milhaquando Jack viu o arame farpado.

Ele gemeu. Isso não é uma escola!Isso é um campo de trabalho nazista! Eeste é um guarda nazista me levandopara um campo de trabalho!

Era verdade. Mas não havia tempopara comiseração — por si mesmo oupor seus companheiros de cativeiro.Embora acostumado a se levantar àsquatro da manhã, Jack não estavaacostumado a trabalhar o dia todocom o estômago quase vazio. A dietade pão e água continha muito poucopão. Sua esteira estava infestada debaratas, percevejos, pulgas e outrosvermes. Mesmo em temperaturasabaixo de zero, os internados tinhamapenas um cobertor leve; assim apren-deram a dormir com a roupa, incluin-do casaco e sapatos, apenas para so-breviver. O cheiro de corpos não lava-dos enchia as barracas. Com o frio in-tenso, trabalho físico brutal e uma di-eta de inanição, o corpo de Jack ou-trora forte, mirrou.

Um milagre atrás do outro preser-vou sua vida durante os dois anos se-guintes, que incluiram duas tentativasde fuga. Mas finalmente a guerra ter-minou, e Jack voltou para o sítio do

Jack, uma vida incrívelJolena Taylor King

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35Diálogo 11:2 1999

avô. Fritz e José tinham ambos sidomortos na guerra, assim Jack com seus16 anos fez seu melhor para ajudarseus avós. O país todo estava em ruí-na. Mesmo o correio não funcionava,mas Jack começou a pensar mais emais em sua mãe, de Chicago e decasa.

Reunião com a mãeAcontecimentos incríveis reuniram

Jack com sua mãe, seu marido Lee esua filha de quatro anos — Marie. Devolta a Chicago, seu padrasto logo re-conheceu que a nova liberdade deJack estava lhe indo à cabeça. Lee eradono de um restaurante e não demo-rou muito para Jack progredir de lava-dor de pratos para cozinheiro da noi-te.

“Filho, você devia realmente termi-nar o secundário”, sua mãe sugeriudepois de Jack começar a associar-secom amigos duvidosos de uma qua-drilha vizinha.

“Sim, sem dúvida”, respondeu sar-casticamente, “e ainda trabalhar 10horas por dia?” Sua linguagem tinha-se tornado tão grosseira que sua mãetremia quando ele falava.

Então Lee ouviu de uma escola no-turna na Universidade de Chicago eJack matriculou-se. Avidamente suamente absorvia a instrução que não ti-vera por vários anos. A escola tambémo removeu de seus companheiros rús-ticos. A linguagem suja, não obstante,continuou. Finalmente, uma profes-sora bondosa explicou-lhe por que ha-via tantas marcas vermelhas em seustrabalhos. “Essa não é linguagem pró-pria para uma sociedade culta”, disseela, e Jack começou a esforçar-se paramudar.

Um período tumultuoso em suavida irrompeu, e Jack separou-se daigreja de sua mãe. Logo depois, sendoobrigado a registrar-se para o serviçomilitar, Jack saiu da escola e alistou-sena Força Aérea dos Estados Unidos,desejoso de deixar para sempre o tra-balho no restaurante.

Achando o verdadeiro modeloOs anúncios de recrutamento retra-

tavam jovens heróis, masculinos e

fortes, com olhos cheios de propósito,maneiras impecáveis. Jack queria umherói para emular. A realidade eramuito diferente. Não encontrou he-róis. Profundamente desapontado,Jack lutou com o reconhecimento deque tinha ouvido de uma só pessoadigna de todo respeito: Jesus Cristo.Fez uma decisão notável: Cristo serámeu exemplo.

O Espírito Santo tinha começadoum trabalho miraculoso. Maus hábi-tos que Jack reconhecia como erradosou prejudiciais começaram a desapa-recer. Fumar, beber e linguagem profa-na foram abandonados quase queimediatamente. Divertimentos, leitu-ras e dieta mudaram dramaticamente.Um livro na biblioteca do quartel queJack pensou ser uma Bíblia tornou-sesua fonte de informação e inspiração.

Certo dia outro jovem piloto disse-lhe: “Compreendo que você se inte-ressa em coisas religiosas”. Carl em-prestou-lhe um livro: O Desejado deTodas as Nações. Carl também mencio-nou algumas lições de Bíblia por cor-respondência que ele estava aprecian-do. Uma providência levou à outra atéque Jack e Carl foram batizados juntosnuma bela lagoa perto da ilha deGuam.

Pensando que sua mãe se alegrariacom a revira-volta em sua vida, Jackescreveu-lhe uma nota apressada jus-tamente antes de seu batismo, expli-cando seu novo amor por Cristo e seudesejo de seguir onde Jesus o guiasse.Alguns dias depois, ele abriu uma car-ta de sua mãe. Surpreso, leu: “Se você le-var adiante esta idéia desvairada (de sebatizar numa igreja protestante),.... vocênão será bem-vindo em nosso lar e nãodeve esperar comer à nossa mesa.... Estouenvergonhada.... Você está se voltandocontra toda a família e contra Deus....”

A carta foi curta e abrupta. Sua cen-sura deixou Jack ferido e confuso. Masdepois de muito refletir e orar, concluiuque o amor de Deus triunfaria. Decidiuescrever para sua mãe diariamente, ex-pressando-lhe amor e gratidão.

Não houve resposta. Os dias passa-ram. Meses. Jack continuou a escrevercada dia. Também ficou envolvido namissão da Igreja Adventista na ilha,

lendo avidamente de sua biblioteca eabsorvendo o estilo de vida adventis-ta. Descobriu que a vida no exércitotornara-se muito mais difícil desdeque resolvera guardar o sábado.

Finalmente, sua mãe começou aresponder suas cartas, e parecia queela experimentara uma leve mudançade sentimento e antecipava sua voltapara casa. Jack pensou: Vou achar o en-dereço de uma igreja em Chicago e pedirao pastor que a visite. Talvez então elaestará disposta para o batismo quandoeu chegar em casa. Resultou que, emresposta a seu pedido, um instrutorbíblico foi visitar sua mãe, mas Jackrecebeu uma carta desapontadora.

“Sinto não ter podido dar estudosbíblicos a sua mãe... Talvez o EspíritoSanto tenha um calendário diferente”.A carta foi bondosa e simpática, masevidentemente sua mãe não havia de-monstrado interesse.

Terrivelmente desapontado Jack jo-gou a carta no lixo. Ninguém conhece amamãe como eu, raciocinou. Vou tratardo assunto quando chegar em casa. Pen-sando melhor, ele recuperou o envelo-pe caso pudesse precisar do endereçodo remetente, descobrindo mais tardeque a mão de Deus estava presentemesmo naquele gesto!

Para o resto da história, leia Jack, AnIncredible Life (Review and Herald,1998), a história comovente da operaçãoda mão de Deus nas aventuras deste ho-mem através de sua vida. AtualmenteDr. Jack Blanco é Deão da Escola de Teo-logia da Southern Adventist University.

Jolena Taylor King trabalha no De-partamento de Recursos Humanos deMcKee Foods Corporation em College-dale, Tennessee. Ela e seu marido, Roger,dentista aposentado, residem num belolugar na montanha onde se deleitam embrincar com os netos, fazer excursões,jardinagem, ler, receber visitas e muitosoutros interesses. Seu endereço: P.O. Box3302; Collegedale, Tennessee 37315;E.U.A.