251020131834 Caderno Experiencias Assim Se Faz Arte 2013

Embed Size (px)

Citation preview

  • 8/18/2019 251020131834 Caderno Experiencias Assim Se Faz Arte 2013

    1/35

     

  • 8/18/2019 251020131834 Caderno Experiencias Assim Se Faz Arte 2013

    2/35

  • 8/18/2019 251020131834 Caderno Experiencias Assim Se Faz Arte 2013

    3/35

  • 8/18/2019 251020131834 Caderno Experiencias Assim Se Faz Arte 2013

    4/35

    O é uma publica-

    ção do projeto do Instituto .

    Este trabalho está licenciado sob uma Licença Creative Com-mons Atribuição-Uso Não-Comercial-Compartilhamento pela

    mesma Licença . Unported. Para ver uma cópia desta licença,

    visite ‹http://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/.› ou en-

    vie uma carta para Creative Commons, Second Street, Suite

    , San Francisco, California , .

    Realização

    Instituto

    Diretor-executivo

    Paulo Castro

    Gerente da área Educação, Arte e

    Cultura

    Patrícia Monteiro Lacerda

    Coordenadora do Programa Educação

    Infantil

    Priscila Fernandes Magrin

    Assistente de Programas

    Patrícia Carvalho

    Gestão de Comunicação Institucional

    Carla Sattler

    Concepção da Publicação

    Avante – Educação e Mobilização Social

    – ONG

    Gestão Institucional da Avante

    Maria Thereza Marcilio

    Linha de Formação de Educadores e

    Tecnologias Educacionais da Avante

    Mônica Martins Samia

    Coordenação Editorial

    Mônica Martins Samia

    Autoria

    Ana Luíza Lopes Brito

    Coleta de Experiências Pedagógicas

    Maria Aparecida Freire de Oliveira Couto

    Fabíola Margeritha Bastos

    Janaina G. Viana de Souza

    Iany Bessa

    Lilian Galvão

    Seleção de Experiências Pedagógicas

    Milla Alves

    Mônica Martins Samia

    Leitura Crítica

    Luciana Dias

    Maria Thereza Marcilio

    Revisão de Estilística

    Clarissa Bittencourt de Pinho e Braga

    Revisão Ortográfica

    Mauro de Barros

    Projeto Gráfico, Editoração

    e Ilustrações

    Santo Design

    Impressão

    Atrativa Gráfica e Editora

    Tiragem

    . exemplares

  • 8/18/2019 251020131834 Caderno Experiencias Assim Se Faz Arte 2013

    5/35

    Apresentação

    A palavra expressa pluralidade. Ela indica diversas  possibilidades de se fazer algo, a depender do contexto que este “algo” acontece e daspessoas que dele participam. No , representa a diver-sidade de fazeres e saberes encontrados nas mais de cem instituições de

    Educação Infantil que participaram da primeira edição do projeto. Dessaforma, o objetivo dos Cadernos de Experiências Pedagógicas do - é compartilhar as práticas vivenciadas e realizar um diálogo entreteoria e prática, com vistas a se constituir em um material formativo.

    O início desta experiência se deu em setembro de , com a chegadada Mala Paralapracá, recheada de recursos teóricos, didáticos e lúdicose uma proposta de formação continuada para os profissionais da Edu-cação Infantil, tendo como base seis eixos relevantes no currículo destesegmento — Brincadeira, Artes, Música, História, Exploração de Mundo eOrganização do Ambiente —, em instituições de Educação Infantil () de

    cinco municípios de diferentes Estados do Nordeste brasileiro:   Caucaia · ;  Feira de Santana · ;  Jaboatão dos Guararapes · ;  Teresina · ;  Campina Grande · .

    A formação continuada e o acompanhamento das experiências pelainstituição formadora, desenvolvida pela Avante — Educação e Mo-bilização Social ao longo de dois anos, possibilitaram o registro e a siste-matização das práticas pedagógicas e produções culturais que retratamo caminho percorrido pelas instituições que participaram do projeto. As

  • 8/18/2019 251020131834 Caderno Experiencias Assim Se Faz Arte 2013

    6/35

    experiências registradas por esses profissionais na Pasta de RegistrosParalapracá foram transformadas nesta nova série de cadernos, possibili-

    tando também, a partir de agora, a disseminação desses percursos.Os caminhos percorridos e registrados revelaram as mudanças ocor-

    ridas, os resultados e a reflexão sobre as práticas e as concepções deinfância e de Educação Infantil que foram sendo revisitadas, problema-tizadas e reconstruídas no percurso. Os registros refletem um caminhotrilhado, não um ponto de chegada. Foi muito importante documentareste processo para aqueles que dele participaram. Agora, ajuda outrosinterlocutores a vislumbrar e a pensar sobre novas possibilidades e novospercursos.

    É possível que, ao degustar o material, se identifiquem distâncias entre

    o dito e o vivido, o teorizado e a prática, o desejado e o realizado. No pro- jeto, assumimos que essas distâncias são parte inerente ao processo e asconsideramos  provocativas. Nós esperamos que elas fomentem um am-biente reflexivo, um olhar criterioso e diverso, na busca de práticas maiscoerentes, conscientes e possíveis.

    Mesmo apresentando os seis eixos de forma separada, acreditamosque, na maior parte do tempo, eles se integram de alguma forma, e issoestá explicitado muitas vezes nos registros. Este é um alerta necessáriopara manter os profissionais atentos para o enfoque integrado que o cur-rículo da Educação Infantil deve ter como característica.

    Esperamos que, acima de tudo, esta publicação possa apontar cami-

    nhos possíveis para outros educadores e que estes possam se inspirare conhecer um pouco da trajetória daqueles que escreveram a históriado nessa primeira edição. Ela expressa os valores e o re-conhecimento do Instituto e da Avante, como instituição formadora,de todo esse processo de reflexão e transformação pelas quais diversasredes municipais e seus profissionais passaram no decorrer do projeto.

  • 8/18/2019 251020131834 Caderno Experiencias Assim Se Faz Arte 2013

    7/35

    Toda obra de arte é filha do seutempo e, muitas vezes, a mãe dosnossos sentimentos.

    Assim se faz arte

  • 8/18/2019 251020131834 Caderno Experiencias Assim Se Faz Arte 2013

    8/35

    Vivemos em um mundo rico de informa-ções visuais que provocam reações diversas,capturam o nosso olhar e nos tornam maishumanos, revelando a nossa capacidade dequestionar, levantar hipóteses, duvidar e bus-car sentido. Estas imagens fazem parte de umprocesso de criação humana que comunicaideias e percepções sobre a realidade vivida,passada ou imaginada: elas são objetos artísti-cos. Ao entrar em contato com essas criações,

    participamos de um diálogo que nos remete aouniverso das artes visuais, nas quais as ideiasganham visibilidade por meio de uma gramá-tica visual em que elementos como o ponto, alinha, a cor, a forma, entre outros, compõemhistórias particulares e coletivas.

    Trazer esse universo para a Educação In-fantil é oportunizar às crianças processosconstrutivos em relação a essa linguagem ar-tística, como também possibilitar o espaço-

    -tempo necessário à imaginação e à criação.Através de explorações, experimentações etransformações, favorecemos as conexões en-

    tre sentir, pensar e fazer, bem como o exercíciodas funções simbólicas, aspectos fundamen-tais em todo processo de significação.

    O eixo  Artes Visuais  desta publicaçãomostra registros que trazem experiências rela-cionadas às três ações que medeiam o apren-dizado nessa linguagem artística: o apreciar,o fazer e o refletir (contextualizar). Veremosuma transformação de olhares e novas per-cepções sobre as artes visuais no cotidiano da

    Educação Infantil das instituições que parti-ciparam do Projeto . É o que osregistros abaixo revelam:

    A discussão do eixo Assim se faz arte possibilitou um novo olhar sobre o en-sino das artes. Reconhecemos que aarte não se restringe ao desenho nopapel, dando um perfil recreativo; quea apreciação vai além de uma simples

    leitura de imagem para reprodução,mas deve ser entendida como umalinguagem necessária ao desenvolvi-mento cognitivo, emocional, criativo ecultural. , -

    , ·

     Nesse movimento, a coordenadora Lucima-ry do Nascimento, da Creche Galdina BarbosaSilveira, de Campina Grande · , relata:

    O eixo Artes Visuais tem como objetivo

    ampliar a compreensão dos professo-res sobre o processo criativo, para queconstruam experiências relacionadasao fazer artístico junto às crianças.

     Novos modos de ver, novas possibilidadesno fazer: andanças, mudanças e criações. Osrelatos de experiências apresentados a seguirtrazem novas ações a partir de ressignificaçõesem relação à arte na Educação Infantil.

    Nota técnica: Este eixo refere-se, especificamente, às artes visuais, uma das linguagens artísticas.

  • 8/18/2019 251020131834 Caderno Experiencias Assim Se Faz Arte 2013

    9/35

    Dialogandocom as práticas

    O desenho infantil

    O desenho é uma técnica artística explorada por crianças e adultos, queestá presente em nossas vidas em diferentes situações e com variadas

    funções. Nós desenhamos para comunicar, para registrar, para mostrarideias, ou simplesmente pelo prazer da ação de desenhar. A criança, aprincípio, produz garatujas, os primeiros signos expressivos que nos mos-tram sua conexão com o seu entorno, produções nas quais o seu gestoentra em contato com materiais gráficos. A partir dessa experiência, ini-cia-se um percurso de experimentações, com materiais diversos sendotestados em diferentes suportes . Como podemos esquecer tantas pare-des garatujadas com hidrográfica, lápis ou giz de cera?

    Vale lembrar que deixar marcas é afirmar a sua existência. A partir darepetição dos registros gráficos a criança começa a perceber os limites

    do espaço dos suportes utilizados, organizando-se em relação a esses. Àmedida que exercita o ato de riscar, a intencionalidade do gesto é cons-truída, produzindo assim linhas mais precisas — neste processo a criançase reconhece como autora das suas marcas.

    O dinamismo, a flexibilidade e a transitoriedade do movimento se manifes-tam na pontinha do lápis, transformando a criança num sujeito criador, quese projeta na sua obra. No ato de desenhar, a criança é o papel, o lápis, a linha,

    . O suporte é a base dos registros plásticos (papel, papelão, madeira, parede, chão, tecido, entre outros). Ele poderávariar quanto ao volume (bidimensional ou tr idimensional), bem como na textura (áspero, rugoso, liso).

  • 8/18/2019 251020131834 Caderno Experiencias Assim Se Faz Arte 2013

    10/35

    o objeto, a pontinha que toca e mergulha nesse universoanímico e mutante. Desenhar concretiza material e visi-

    velmente a experiência de existir., , .

    É o que nos conta Denise Moreira, professora decrianças de anos:

    Criança: sujeito criador!

    Numa sala de crianças de anos, onde muitos não va-lorizam os rabiscos e garatujas, contemplamos lindasconstruções como a de Maria Eduarda, que procuroufazer um desenho com formas bem definidas e utilizouuma variedade de cores. Durante a reflexão disse quedesenhar é bom, que a deixa feliz, e intitulou a sua obrade Meu Jardim, remetendo as apreciações de imagensdas obras de Claude Monet e Romero Brito ao seu de-senho. (…) Cabe a nós, professores de Educação In-fantil, não fragmentar as linguagens que favorecem odesenvolvimento integral da criança, mas oferecer um

    ambiente que estimule a criação, a expressão, a explo-ração e o uso de todas as possibilidades, que propicie odesenvolvimento do processo criativo da criança. , ·

    Explorar essa técnica na Educa-ção Infantil é favorecer possibilida-des expressivas às crianças, ondecada uma poderá representar emimagens suas percepções e ideias

    acerca do seu conhecimento demundo, explorando elementos vi-suais como a linha e a textura.

    Falar sobre exploração de ma-teriais significa pensar em diversi-dade, experimentação e, por fim,pesquisa. Estes são pontos impor-tantes para a realização de experi-ências ligadas às artes visuais.

    Atualmente os artistas misturam,reaproveitam e se apropriam, seja

    Planeje momentos da exploração do de-senho para o seu grupo: poderá ser livre,com interferência, de observação (dese-nhar a partir da observação de uma ima-

    gem), colorido, com apenas uma cor;ofereça para as crianças carvão, giz decera, lápis de cor, lápis grafite, giz mo-lhado. O livro As Propostas de ArtesVisuais, que faz parte do acervo do KitEducador, tem muitas ideias para realizaressa exploração. Mas lembre-se de quecada faixa etária tem a sua especificida-de e precisa de desafios diferentes. E nãodeixe de desenhar também!

  • 8/18/2019 251020131834 Caderno Experiencias Assim Se Faz Arte 2013

    11/35

      

        

     

  • 8/18/2019 251020131834 Caderno Experiencias Assim Se Faz Arte 2013

    12/35

    de materiais, suportes ou ideias. Esse caminho criadornos mostra um constante exercício de transformação,

    ação presente na obra artística. Ao organizarmos expe-riências plásticas, contextualizadas, com variados ma-teriais e suportes, estaremos favorecendo um espaçodesafiador para que aconteçam novas descobertas, quedeverão se conectar com os conhecimentos prévios dascrianças, promovendo assim um novo conhecimentoconsciente.

    Então, vamos pensar: como seria possível organizaruma experiência plástica com seu grupo, considerandoa exploração de diferentes materiais? Que tipo de ma-

    teriais você selecionaria tendo em vista o interesse e aparticipação das crianças? Que tal realizar uma pesqui-sa de materiais não convencionais (objetos de uso docotidiano, escovas, tampas, caixas, cordão, entre ou-tros) que poderão enriquecer as experiências plásticas?

    Vejamos o que foi realizado pelas professoras LúciaCláudia da Silva e Maria Edilma de Souza, qua atuam comcrianças de anos na Creche Municipal Karine da Silva:

    Levamos para a sala de aula vários tipos de flores e fo-lhas naturais, as crianças sentiram as texturas, obser-

    varam os tamanhos, as formas, entre outras coisas. Emseguida, pintamos as folhas, as quais foram transfor-madas em carimbos. Nos surpreendemos no decorrerde todo o trabalho. Pudemos constatar o entusiasmodas crianças ao manusearem as folhas, o encantamen-to ao descobrirem as cores e suas misturas. ,

    ·

    Alguns outros materiais promovem ricas investiga-

    ções: a manipulação de caixas, por exemplo, sugerea exploração do espaço tridimensional. Pequenas va-silhas, bem como tampas, podem ser interessantescarimbos; palitos e tecidos, além de mostrar texturasdiferenciadas, servem como pincéis. Para que essasinvestigações se transformem em conhecimento, de-veremos criar um percurso embasado em um planeja-mento prévio, como aconteceu na Creche Karine Sil-va, em Campina Grande · , conforme a experiênciarelatada acima pelas professoras Lúcia Cláudia e Ma-ria Edilma. Nesta, a exploração dos materiais naturais

  • 8/18/2019 251020131834 Caderno Experiencias Assim Se Faz Arte 2013

    13/35

           

         

  • 8/18/2019 251020131834 Caderno Experiencias Assim Se Faz Arte 2013

    14/35

    (flores e folhas) partiu de um projeto relacionado a umartista — Volpi. Voltaremos a este artista e suas ricas

    obras quando falarmos sobre as temáticas.A exploração de materiais diversos não consiste so-

    mente em pesquisar e encontrar novos materiais quepromovam o desafio de transformar, marcar, grafar.Alguns materiais convencionais oferecem um amplocampo exploratório, possibilitando novas descobertasa partir de diferentes procedimentos ligados a ele. Ve- jamos o que foi experimentado e registrado em Jaboa-tão dos Guararapes:

    Partimos do princípio de que a faixa etária precisava dealgo lúdico, prazeroso e que pudesse sair das produ-ções planas que já são corriqueiras.Então, sugerimos trabalhar a argila,pois poderíamos explorar as três di-mensões no ato da produção, comotambém a preensão, a textura, atemperatura, o contato com elemen-tos da natureza, enfim seria de muitoproveito para os pequeninos. ,

    , , ·

    As experiências dentro do eixo Ar-tes Visuais nos remetem às açõesdo apreciar, do fazer e da contextu-alização que possibilitam um diálo-go com a criação artística. Quandoentramos em contato com o objetoartístico, nos deparamos com esse

    processo de aprendizagem. A cadaimagem apreciada, questões sãolevantadas, hipóteses são compar-tilhadas e caminhos são abertos.

    Durante esse processo, e parafavorecer uma aprendizagem co-erente, torna-se necessário apre-sentar diferentes referências liga-das ao eixo Artes Visuais. Para isso,podemos partir do princípio de ex-plorar as obras de um único artista

    Selecione você também um material de usoconvencional para explorá-lo com o seu gru-po. Pode ser um giz de cera, ou o lápis gra-fite. Pesquise as suas características, as suaspossibilidades expressivas e planeje experi-ências desafiadoras para que essa exploraçãoseja interessante. Se a experiência da crecheMarcos Freire lhe trouxe curiosidade, explo-

    re a argila. Aproveite e dê uma olhada nosite do Projeto , onde você en-contrará esse registro na íntegra.‹...›

     

    (…) a obra de arte é linguagem, uma produ-ção humana que transmite ideias e estimu-la sentimentos. O contato do olho do leitorcom a obra de arte gera significações e pro-

    move a construção de conhecimentos, poisenvolve associações que vão compondo orepertório de cada um, em relação ao mun-do da arte. A experiência do fazer artístico,mesmo sem a intenção de se tornar um ar-tista, possibilita a vivência de um processocriativo em suas etapas de produção. Isto,sem dúvida, também nos aproxima signifi-cativamente da arte.,

  • 8/18/2019 251020131834 Caderno Experiencias Assim Se Faz Arte 2013

    15/35

    como base para as experiências plásticas ou selecio-nar títulos que abordem situações ligadas à rotina das

    crianças, tais como: a moradia na arte, a arte e a natu-reza, a brincadeira na arte, os animais na arte, entreoutros, utilizando obras de diferentes artistas que ex-ploraram o mesmo tema.

    A partir das temáticas podemos perceber, na diver-sidade das produções, histórias, costumes, a diversi-dade cultural, além de revelar os muitos caminhos en-contrados pelos artistas para expressar ideias dentroda exploração dos elementos das artes visuais, bemcomo dos materiais e suportes.

    Com tantas criações relacionadas às artes visuais,por que nos prendermos apenas a uma referência?Ofereça às crianças diversas visões acerca de ummesmo tema. Isso enriquecerá a experiência plástica,favorecendo diferentes caminhos dentro do processocriador e ainda fugiremos dos perigos dos estereóti-pos. Afinal, como diz Stela Barbieri no vídeo Assim sefaz arte:

    A aprendizagem é como um pêndulo que você traz oque está fora para dentro de você. Aí você transfor-

    ma, e quando traz para o mundo já é outra coisa. Es-ses pêndulos estão acontecendo o tempo inteiro nascrianças. Elas vão entrando em contato com as coisas,tendo experiências, e vão transformando aquelas ex-periências em uma experiência sua, pelo seu ponto devista, pelo seu jeito de se aproximar, e quando ela trazisso para o mundo já é de um outro jeito.

    Logo após ser definida a proposta de estudarmos

    a vida e a obra do artista Alfredo Volpi, procuramosassociar suas experiências à nossa realidade socio-cultural. No início, ficamos um pouco apreensivas emcomo desenvolver o projeto junto às crianças. Mas, aoconhecermos suas obras, concluímos que seria total-mente acessível à faixa etária do nosso grupo de crian-ças, já que estas mostram um contexto conhecido douniverso infantil: bandeiras, barcos e muita cor. ,

    -

    , , ·

  • 8/18/2019 251020131834 Caderno Experiencias Assim Se Faz Arte 2013

    16/35

           

         

  • 8/18/2019 251020131834 Caderno Experiencias Assim Se Faz Arte 2013

    17/35

    Ao pensarmos em propostas que possibilitem umaprendizado coerente para as crianças, nos depara-

    mos com um diálogo entre o que já conhecemos, oque não sabemos e o que gostaríamos de saber. Pen-sando assim, uma boa estratégia é promover a aproxi-mação com temáticas que trazem elementos próximosao universo infantil.

    Tendo em vista a importância da temática para o de-senvolvimento de experiências plásticas, os artistasque trazem elementos culturais que retratam a loca-lidade e os artistas regionais se mostram como ricasreferências para um processo de conhecimento em

    artes visuais, pois a partir dessas criações as criançaspoderão reconhecer elementos culturais constituintesda sua própria história. É uma conexão entre o que sevê na escola com a sua história, sua cultura.

    As bandeirinhas são elementos marcantes na obra deVolpi. O São João de Campina Grande é conhecidointernacionalmente, ou seja, traço marcante da nossacidade. A junção desses dois aspectos proporcionouum encontro entre a cultura popular e a arte moderna.A cantiga de roda Viva São João e a catação de pa-

    lha de coco catolé se tornaram sensibilizadores paraenriquecer a experiência plástica em que as criançasreproduziram a obra Bandeirinhas, de Volpi. ,

    ·

     No nosso entender, o ensino da arte deve se caracteri-zar por uma educação predominantemente estética, emque os padrões culturais e estéticos da comunidade eda família sejam respeitados e inseridos na educação,

    aceitos como códigos básicos a partir dos quais se deveconstruir a compreensão e imersão em outros códigosculturais. Trabalhar com a multiculturalidade no en-sino da arte supõe ampliar o conceito de arte, de umsentido mais restrito e excludente para um sentido maisamplo, de experiência estética. Somente desta forma épossível combater os conceitos de arte oriundos da visãodas artes visuais como ‘belas artes’, ‘arte erudita’ ou ‘artemaior’, em contraposição à ideia de ‘artes menores’ ou‘artes populares’., , .

  • 8/18/2019 251020131834 Caderno Experiencias Assim Se Faz Arte 2013

    18/35

    Nesta perspectiva, apresentar a arte dos artistasregionais para as crianças é favorecer a ampliação

    do conhecimento acerca do universo cultural ao qualpertencem, bem como a valorização de seus contex-tos mais amplos de vida. Em sintonia com este assunto,vejamos o que nos contam estes registros vindos deJaboatão dos Guararapes:

    Uma professora falou sobre Marcos da Luz, o Luzarcus,residente no Cabo de Santo Agostinho · . Conversa-mos por telefone com ele, e o mesmo nos orientou napesquisa sobre seu trabalho na internet. Depois hou-

    ve um encontro na , no Departamento de Educa-ção Infantil, com as supervisoras do projeto. Nesse diasoubemos mais sobre as suas criações, o material queele utiliza (a argila) e a temática, essa, na opinião dele,inacessível para a faixa etária que trabalhamos. Expli-cou que nunca trabalhou com esse público. Propomosentão que ele nos visitasse, fizesse uma oficina com ospequenos e explorasse uma temática ligada ao livro Oque há no mar , da Mala Paralapracá, uma vez que ascrianças amam este livro. Ele concordou com o tema eentão acertamos a data da visita.

    Depois da visita, era hora de nos prepararmos paraa mostra. Muita ansiedade pairava sobre nós, mas tí-nhamos que prosseguir, fizemos um cronograma eprocuramos segui-lo. Algumas vezes o trabalho ficavaisolado, era preciso recomeçar!

    Sentimos dúvidas se realmente estávamos fazen-do uma releitura, pois o artista não tem um acervo comesse tema. Como poderíamos fazer a releitura? Nos reu-nimos para ler um texto sobre ‘o que é uma releitura’ edecidimos. O grupo compreendeu seguir com a ideia de

    explorar o livro, justificando que a produção que Luzar-cus fez no dia da visita seria a ligação entre o artista eo desenvolvimento do processo; além disso, estaríamosutilizando a mesma matéria-prima do artista, a argila.

    Se para o artista o barro é uma forma de expres-sar sua crítica social, para as crianças é descoberta, ébrincadeira, diversão, e o tema não poderia ser melhor,pois toda criança se relaciona muito bem com os ani-mais. Então seria, sim, uma releitura.

    As produções foram surgindo, e minhas preocupa-ções também, sobre as intervenções das professoras

  • 8/18/2019 251020131834 Caderno Experiencias Assim Se Faz Arte 2013

    19/35

    no trabalho dos pequenos. Conversamos de sala emsala, entramos no acordo em que todas se comprome-

    teram com a verdade na produção das crianças. , -

    , ·

    Na formação realizada na creche, dentre os artistas su-geridos, o escolhido foi Silvio Botelho — pai dos bone-cos gigantes, morador da cidade de Olinda. O grupo deprofessoras o escolheu por ser um artista de Pernam-buco, especificamente de Olinda. Além disso, tínhamosa possibilidade de estabelecer um contato mais próxi-

    mo com o artista, bem como valorizar a arte pernambu-cana, mostrando o pai dos bonecos gigantes. , -

    , ·

    Será que o desenvolvimento de experiências a par-tir do contato com temáticas centradas nas obras deum único artista só poderão promover releituras? Quetal provocar as explorações de materiais, ou organi-zar momentos de criações livres a partir do processocriador de cada artista apreciado (como a modelagem

    em argila, a pintura em tela, a representação de umadança ou brincadeira)? A criação de Silvo Botelho sãoos bonecos gigantes. Que tal também explorar outrosbonecos da nossa cultura, os de argila, os feitos pelosíndios, os de pano, os de palha, entre outros.

    Para que a experiência estética aconteça, é precisoque haja uma obra e um espectador. No momento emque uma criação artística é apreciada, se inicia outroprocesso de construção, um diálogo entre as ideiase intenções do criador e a recepção do espectador.

    Desse modo, as exposições ou mostras de arte fazemparte de um processo ligado à linguagem das artesvisuais, pois não teremos arte se não houver quem aaprecie. A criação artística necessita de um público, deum apreciador, para se constituir como uma produçãoexpressiva.

    Quando falamos em liberdade e felicidade em educação,falamos em priorizar, na educação, a imaginação e a cria-tividade. A arte é um recurso fundamental para se atingiresse objetivo, pois, conforme diz Vygotsky, ela é a ‘técnica

  • 8/18/2019 251020131834 Caderno Experiencias Assim Se Faz Arte 2013

    20/35

    das emoções’. Além de motivar a exposição das emoções,ela favorece a sensibilidade coletiva, a arte não é fechada

    em si mesma. Ela precisa ser compartilhada. A criação sóse completa na recepção., , .

    Dentro das experiências ligadas ao eixo Artes Visu-ais, desenvolvidas em cada instituição de EducaçãoInfantil, a Mostra de Arte é o momento em que cadacriança se reconhece autora de um processo de cria-ção, algumas ações são relembradas e os conheci-mentos adquiridos compartilhados com a comunidade.

    Os depoimentos a seguir revelam o desenvolvimentodesse processo:

    A participação das crianças foi bem significativa naprodução da Mostra de Arte. Mesmo sendo elas asautoras das imagens expostas, ficaram encantadasao verem suas produções, algumas batiam no peitodizendo ‘fui eu que fiz, é meu!’. Essa experiência finalelevou não só a autoestima da professora, mas tam-bém de todos os envolvidos no processo. . ,

    , ·

    Todo o processo que envolveu a exposição de arte, des-de a escolha do artista até o evento, foi muito significati-vo para as crianças. Durante todos os dias de preparaçãopara a exposição, as crianças estavam entusiasmadas,curiosas e felizes por estarem socializando, produzindoe vivenciando a arte. Diziam: ‘Tia eu também sou artista’.

    A visita ao local da exposição foi muito importantepara elas, pois puderam admirar também a produção

    das crianças de outras escolas e conhecer outros artistas.Também se sentiram orgulhosas em prestigiar suas pro-duções e repassar para os visitantes o que aprenderam. , ,

    , ·

    Chegou o momento de escolher uma das reproduçõesdas crianças para levar à exposição da vila do artesão.Observando o interesse geral das crianças em parti-cipar (ou seja, cada uma queria ver sua obra exposta),optamos por construir um quadro usando todas as

  • 8/18/2019 251020131834 Caderno Experiencias Assim Se Faz Arte 2013

    21/35

           

         

  • 8/18/2019 251020131834 Caderno Experiencias Assim Se Faz Arte 2013

    22/35

           

         

  • 8/18/2019 251020131834 Caderno Experiencias Assim Se Faz Arte 2013

    23/35

    produções individuais. Construímos junto com elas umpainel coletivo. Para finalizar o trabalho, fizemos uma

    visita à exposição realizada pelo Projeto .Ao chegarem lá, elas comentavam a todo momentosobre o pintor. Ao ser questionada por uma das orga-nizadoras da exposição sobre o que veio fazer no local,uma das crianças falou: ‘Viemos ver Michelangelo’.

    Já Natan, outra criança, disse: ‘Fomos nós que pin-tamos na creche’.

    As crianças ficaram encantadas ao verem o painelcoletivo com as suas produções que montaram na cre-che, ali exposto, A criação de Adão. Cada uma identifi-

    cava sua pintura no quadro. Foi muito gratificante paranós, professores, ver o quanto nossas crianças são ca-pazes de realizar experiências, desde que sejam desa-fiadas a explorar e experimentar. ,

    , ·

    Cabe lembrar que esse momento da mostra não podeser o mais importante dentro de um processo criador,e sim um meio para se compartilharem os recentes sa-beres adquiridos e para que cada

    criança reflita sobre o seu processo,relatando ao outro a sua caminha-da até aquele momento. Logo, asproduções deverão mostrar umacaracterística mais autoral, mesmopartindo de uma referência comum.

    Não podemos perder de vistaque a presença das linguagens ar-tísticas no cotidiano da EducaçãoInfantil não tem a pretensão de formar artistas, e sim de

    ampliar a compreensão de mundo e as capacidades ex-pressivas, dentro de uma diversidade de linguagens.

     

    Visando tornar o contato com a obraartística mais acessível, os espaços ex-positores vêm investindo massivamen-te na montagem das exposições. Buscammeios onde o público se aproxime daobra e do artista, criando ambientes ce-nográficos que medeiam o diálogo entrea criação e o espectador.

  • 8/18/2019 251020131834 Caderno Experiencias Assim Se Faz Arte 2013

    24/35

           

         

  • 8/18/2019 251020131834 Caderno Experiencias Assim Se Faz Arte 2013

    25/35

    Práticascomentadas

    Repertoriando para criar

    MARIA DA VITÓRIA FERREIRA PROFESSORA , ,

    ·

    Dentre as experiências desenvolvi-das no eixo Artes Visuais na primei-ra edição do projeto, uma em es-pecial se destacou. Ela tinha comoproposta inicial fazer a releitura deuma obra de Monet, A Ponte Japo-nesa, tendo como objetivos especí-ficos:

     

    a percepção das cores comoestratégia para criar contrastes;  reconhecimento de diferentes

    formas de representação de umobjeto;

      exposição de ideias e impres-sões a partir da apreciação deuma obra de arte;

      identificação, valorização e res-peito à diversidade das produ-ções individuais .

    2 As experiências plásticas, bem comoas referentes a outras linguagens, pre-cisam ser previamente planejadas paraque possamos favorecer às crianças no-vas possibilidades exploratórias e expres-sivas. Para isso, nós, educadores, pre-cisamos fomentar ações que envolvampesquisa e reflexão sobre cada conteú-

    do a ser trabalhado, bem como sobre osprocedimentos necessários ao desenvol-vimento dessa experiência. Um exemploé o do conteúdo cor, que traz inúmerosrecursos exploratórios: a apreciação atra-vés das imagens, a mistura, a produção,a relação entre as cores e o campo sim-bólico/expressivo.

  • 8/18/2019 251020131834 Caderno Experiencias Assim Se Faz Arte 2013

    26/35

    Tudo teve início com a apresentação da reprodução daobra a partir de questionamentos:

      O que vocês estão vendo?  O que sentem ao observá-la (amor, raiva, paz, sos-

    sego, medo, mistério…)?  O que aparece no centro?  O que o artista pensou em representar?  Como são as flores e as plantas? Todas são iguais?

    O que há de diferente entre elas?  E as cores dão a sensação de

    quente ou de frio?   Quais as cores que mais apare-

    cem? O artista utilizou mais cores cla-

    ras ou escuras? A cada resposta das crianças

    uma nova intervenção era feita.Com isso buscamos provocar o re-conhecimento dos recursos utiliza-dos pelo artista para compor a obra.

    Em seguida propus às criançasque reproduzissem, utilizando o lá-pis, o que mais lhes chamou a aten-

    ção na obra — a ponte no centro daimagem. A princípio, elas se mostra-ram resistentes ao desenho da mes-ma, mostrei no quadro branco comopoderíamos representá-la. 

    Durante a exploração da técnicada pintura, utilizando como referên-cia a mesma imagem, discutimos aforma de usar o pincel para que apintura se aproximasse do estilo do

    artista, já que não havia traços tãodelimitados.A experiência transcorria tranqui-

    lamente quando, ao esquecer de la-var o pincel antes de mudar de cor,algumas crianças começaram a per-ceber que na mistura das cores, no-vas cores e novos tons se formaram.

    A partir daí, não se preocuparammais em manter uma releitura fielda obra, mas apenas em aprovei-

    3 A leitura de obras de arte envolvequestionamento, a busca, a descoberta

    e o despertar da capacidade crítica dosalunos. As interpretações oriundas desseprocesso de leitura, relacionando sujeito/obra/contexto, não são passíveis da redu-ção certo/errado. Podem ser julgadas porcritérios tais como: pertinência, coerên-cia, possibilidade, esclarecimento, abran-gência, inclusividade, entre outros., , .

    4 Imitar não implica necessariamenteausência de originalidade e de criativi-dade, mas o desejo de incorporar objetosque lhe suscitam interesse. O ato de co-piar, diferentemente, carrega um signifi-cado opressor, censor, controlador. Pode-ríamos dizer que a necessidade de copiarigualzinho revela um distanciamento desi mesmo. Cópia não inclui e não autori-za a criança a ser autora da ação.

    , , .

    5 As imagens são elementos importan-tes para as experiências plásticas. Quetal organizar um arquivo visual na sala,para que as crianças possam recorrersempre que possível? Esse arquivo poderáter imagens artísticas ou não, relaciona-das a um mesmo tema.

  • 8/18/2019 251020131834 Caderno Experiencias Assim Se Faz Arte 2013

    27/35

               

  • 8/18/2019 251020131834 Caderno Experiencias Assim Se Faz Arte 2013

    28/35

    tar o momento experimental comas tintas. Um momento de prazer e

    brincadeira . Acreditando ser esseum momento rico de aprendizageme desenvolvimento cognitivo, deixeia experiência transcorrer sem me-diações ou cobranças.

    Ao socializar a experiência vivi-da, o prazer de misturar e a desco-berta de novas cores de forma má-gica foram os aspectos relevantesdestacados por todos.

    6 As crianças têm um prazer muito gran-

    de em manusear e transformar materia-lidades. Encontram-se sempre em estadode alegre disponibilidade para investigaro que cada material pode oferecer paraseu fazer, procurando o êxito e a satisfa-ção em suas experimentações, constituin-do um saber que é também um sonhar., , .

                

  • 8/18/2019 251020131834 Caderno Experiencias Assim Se Faz Arte 2013

    29/35

    Artista da terra

    FRANCIELIA MAMEDE LEITE GESTORA , ,

    ·

    Durante um dos encontros de formação do Projeto, entramos em contato com a propostade abordar, dentro do eixo Assim se faz arte, obras deartistas famosos. Essas seriam apresentadas às crian-ças para que, a partir dessas referências, pudessemvivenciar processos criativos, cul-

    minando em uma exposição dostrabalhos em conjunto com outrascreches da rede municipal .

    Nessa mesma formação foi lan-çada, também, outra proposta: pes-quisarmos as obras de um artistaque faz parte da nossa comunida-de. Esse artista seria o nosso co-lega de trabalho que está semprepresente na creche, como tambémna rotina das crianças. Além de

    conhecermos o talento do nossoartista, é gratificante realizarmosexperiências plásticas quando ascrianças também o conhecem e oadmiram.

    Por fazer parte do nosso cotidia-no, fomos descobrindo suas habi-lidades artísticas, e toda a equipepassou a desfrutar das suas pro-duções, como pintura no mural da

    creche (contos da literatura infantil),trabalhos artesanais (dobraduras,cestas) e pinturas em telas. O quemais nos chamou a atenção foi ofato de ele utilizar materiais recicla-dos. A proposta foi aceita e aplau-dida por toda a equipe. Como oprojeto foi vivenciado por todas asturmas, cada professora planejouo início da experiência de forma di-ferenciada: entrevista com o artista,

    7 É necessário começar a educar o olharda criança desde a Educação Infantil, pos-sibilitando atividades de leitura de imagenspara que, além do fascínio das cores, dasformas, dos ritmos, ela possa compreendero modo como a gramática visual se estrutu-ra e pensar criticamente sobre as imagens., , .

    8 O que faz de uma pessoa um artista? Que

    saberes e fazeres caracterizam a prática ar-tística? Será que o artista é um “sujeito es-pecial”? Estas são questões interessantespara reflexão coletiva, seja em momentosformativos ou junto aos grupos de crianças.

    9 A produção artística revela os aspec-tos culturais de uma localidade. Trazerimagens de artistas locais para aprecia-

    ção dentro de um espaço escolar é fa-vorecer o conhecimento das crianças, apartir da valorização da produção cul-tural do seu meio. A experiência do re-gistro nos mostra como a aproximaçãoentre as crianças e o artista foi uma ex-periência de aprendizagem significativa,pois os pequenos perceberam que o obje-to artístico e o seu criador são palpáveis,possíveis de integração, sem barreiras.

  • 8/18/2019 251020131834 Caderno Experiencias Assim Se Faz Arte 2013

    30/35

      

         

    roda de conversas, uso de livrosde literatura infantil ou músicas .

    Porém todas as professoras com-partilharam a informação de queapresentaríamos um artista talen-toso, que todos conheceriam suasobras de arte, conversariam comele, para saber tudo a seu respeitoe do seu trabalho.

    No segundo dia do desenvolvi-mento do projeto, realizamos umaatividade coletiva no pátio com todas

    as crianças e a comunidade escolar,apresentando o artista e suas obras.Foi desvendado o mistério: o nosso artista convidado erao vigia da creche, o Senhor Berto.

    Esse encontro foi importante, pois todos puderamconversar com ele, saber sobre as suas criações. Após

    10 Promover rodas de conversas, compar-

    tilhando a seleção da temática, bem comoa construção coletiva do processo que serávivido por todos, enriquece a experiên-cia contextualizando-a. Levar a nossa in-tenção às crianças é possibilitar a elas par-te da autoria nessa construção coletiva.A partir desses momentos discursivos ascrianças exercitam a autonomia relacio-nada à criação, questionam, sugerem, bus-cam caminhos interessantes para o seu

    processo criador, pessoal ou coletivo.

  • 8/18/2019 251020131834 Caderno Experiencias Assim Se Faz Arte 2013

    31/35

    esse contato inicial, no mesmo dia,foi proposto para algumas turmas o

    primeiro desafio, a primeira experi-ência plástica. Explorando a técni-ca ‘pingue e dobre com um amigo’do Livro dos Arteiros (), rea-lizamos uma experiência em quetodos ficaram encantados com osresultados.

    O próximo passo foi convidarmoso nosso artista para realizar uma pin-tura diante da turma. À medida que

    as cores e formas iam surgindo, to-dos ficavam curiosos e deslumbra-dos, compartilhavam as suas hipó-teses sobre o que iria surgir a cadapincelada dada, perguntavam sobreas cores que estavam sendo usadase Seu Berto deu uma aula para satis-fazer a curiosidade das crianças.

    Na sequência das experiências,foram colocados à disposição dascrianças papel, tintas e pincéis,

    para que realizassem, a princípio,desenho livre e, em seguida, a re-leitura de algumas obras do nossoartista.Vale lembrar que cada crian-ça fez a sua seleção particular.

    Na releitura da obra, pudemosobservar que as crianças seguiramos passos do artista, primeiro dese-nhando com lápis grafite e pintandoposteriormente com tinta, e depois

    discutindo, durante o processo, so-bre as cores utilizadas na obra original. Ao final dessa ex-periência artística, percebemos o cuidado com que cadacriança retratou a pintura cuidando para que os peque-nos detalhes não fossem esquecidos.

    Na exposição dos trabalhos das creches, apresen-tamos o projeto Nosso vigia é um artista e nos surpre-endemos, pois o artista, referência para as nossas ex-periências, fazia parte da nossa comunidade escolar e,pelo fato de o mesmo estar presente, compartilhandoo seu processo criador.  

    11 Experiências plásticas planejadas em

    uma sequência de ações (apreciar/ques-tionar, produzir) trazem a percepção davivência de um processo criador. Nele,cada ação tem a sua importância paraque possamos transformar ideias e inten-ções em objetos artísticos.

    12 A Apreciação de Imagem é umaação importante para a aproximação das

    crianças com o objeto plástico. Ao entrarem contato com essas referências visu-ais, participamos do universo criador doartista, onde percebemos diferentes ca-minhos percorridos por ele para realizara sua criação. Assim sendo, a leitura deimagem abre um espaço para o diálogo, epor meio de um texto visual o espectadoraproxima-se das ideias, percepções e his-tórias mostradas pelo artista que podemenriquecer a leitura de mundo.

    13 Possibilitar o encontro entre o artistae as crianças é muito positivo, pois a par-tir dessa aproximação elas poderão perce-ber esse autor como um sujeito conectadocom a sua realidade, que a partir das suascriações comunica ideias e intenções, que-brando assim o estereótipo do sujeito ina-cessível, etéreo, distante do mundo real.

  • 8/18/2019 251020131834 Caderno Experiencias Assim Se Faz Arte 2013

    32/35

    A biografia do artista

    Berto Carneiro dos Santos nasceu na cidade de Campi-na Grande · e é funcionário público. Sua infância foisimples e feliz. Nessa época, vivia rabiscando os mu-ros com pedaços de carvão, desenhando tudo o quelhe vinha pela mente. Já com grafite passou a desenharfiguras humanas, inclusive fez o seu autorretrato. Nãoteve muita oportunidade para estudar, contudo não de-sistiu do seu sonho. Em , concluiu o Ensino Médio.

    Mas foi a partir de e que seu dom re-almente despertou e ele se interessou por pintura a

    óleo, fazendo um curso oferecido pela prefeitura, ten-do como professor o artista plástico e também artesãoJosé Pascoal, que foi quem, mesmo por pouco tempo,lhe ensinou muito da arte. Daí para a aprovação e ad-miração do público à sua obra foi muito rápido, pois oartista retrata a natureza com perfeição. Seu primeiroquadro foi o Cristo Redentor  e algumas de suas obrasforam vendidas e outras presenteadas.

    Sua primeira exposição foi na Creche Amenaíde aoparticipar de uma gincana. Pintar para ele é um hobbyque o deixa muito alegre. Seu Berto, além de artista

    plástico, é desenhista, compositor, pintor e cantor.

     Os materiais do Kit Educador  do Projeto ,trazem interessantes ideias para o desenvolvimentodas experiências desafiadoras e criativas. Além disso,o Estação : menu de experiências cultu-rais  traz referências regionais que permearam as ex-periências vividas nos cinco municípios nesta primeiraedição do projeto — são artistas visuais, músicas, brin-cadeiras, paisagens sonoras, festivas, causos, estórias,

    entre outros. Aproveite!

      , Anamelia Bueno. Olhos que pintam: a leitura da imagem e oensino da arte. São Paulo: Educ/Fapesp/Cortez, .

      , Cristina. Questões de arte: o belo, a percepção estética e ofazer artístico — ª ed. reform., São Paulo: Moderna, .

      , Edith. Formas de pensar o desenho: desenvolvimento do gra-

  • 8/18/2019 251020131834 Caderno Experiencias Assim Se Faz Arte 2013

    33/35

    fismo infantil . ª ed. rev. ampl. Porto Alegre/RS: Zouk, .  , Lella et al .; tradução: Ronaldo Cataldo Costa. O papel do ate-

    liê na educação infantil , Porto Alegre: Penso, . , Paola Basso M.B. Os materiais artísticos na Educação Infantil .

    In , Carmem e , Gládis E. Educação infantil: pra que tequero. Porto Alegre: Artmed, , p. a .

      , Maryann F. O livro dos arteiros: arte grande e suja!  Porto Alegre:Artmed, .

      , Luiz Fernando; , Máslova T. Elementos da forma, Riode Janeiro: Senac Nacional, .

      , Sandra. Criança e pintura: ação e paixão de conhecer . PortoAlegre: Mediação, .

     

    , Maria Cristina de Souza. Caminhos Metodológicos. In ,Ana Mae (org.). Inquietações e mudanças no ensino da arte. São Paulo:Cortez, .

      , Analice Dutra. A educação do olhar no ensino da arte. In -, Ana Mae (org.). Inquietações e mudanças no ensino da arte. SãoPaulo: Cortez, .

    , Analice Dultra. A educação do olhar no ensino das artes. PortoAlegre: Mediação, .

      , Ivone Mendes. Multiculturalidade e interdisciplinaridade. In, Ana Mae (org.). Inquietações e mudanças no ensino da arte.São Paulo: Cortez, .

      , Bader B. Fome de felicidade e liberdade. In: Muitos Lugares para Aprender . — Centro de Estudos e Pesquisas em Educa-ção, Cultura e Ação Comunitária. São Paulo, / Fundação ItaúSocial / Unicef, , p. -.

      ‹http://artepopularbrasil.blogspot.com.br///j-borges.html›. Aces-so em: de set.

    ‹http://www.educacaopublica.rj.gov.br/oficinas/arte/index.html›. Aces-so em: de set.

  • 8/18/2019 251020131834 Caderno Experiencias Assim Se Faz Arte 2013

    34/35

    Assim se faz arte / Instituto e Avante :

    Educação e Mobilização Social ; textos de

    Ana Luíza Lopes Brito; ilustração de Santo

    Design. — . ed. — Barueri, : Instituto ,

    . — (Coleção paralapracá. Série cader-

    nos de experiências)

    ----

    . Educação infantil . Educadores - Formação

    . Projeto Paralapracá I. Instituto e Avante :

    Educação e Mobilização Social. II. Britto, Ana LuízaLopes. III. Santo, Design. IV. Série.

    - -.

    ()

    ( , , )

    Índices para catálogo sistemático:

    . Educação infantil .

    Esta publicação foi impressa nos

    papéis Reciclato Suzano imune

    g/m² e g/m², na Atrativa

    Gráfica e Editora, São Paulo. Foram

    utilizadas as família tipográficas

    Proxima Nova e Goudy Old Style.

  • 8/18/2019 251020131834 Caderno Experiencias Assim Se Faz Arte 2013

    35/35