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DIREITO PENAL PROF. VITOR SOUZA SOLARIS - OAB / 2012 FGV

2ª AULA - DPENAL

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DIREITO PENALPROF. VITOR SOUZA

SOLARIS - OAB / 2012FGV

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Infração Penal é o gênero que comporta duas espécies: crime e contravenções penais.

Brasil aderiu ao sistema bipartido, no qual crime é sinônimo de delito, e a contravenção penal é chamada de crime anão, em razão de sua menor gravidade e potencialidade ofensiva.

A diferença básica que, por definição legal, distingue crime e contravenção restringe-se à natureza da pena aplicada.

LICP (DL 3.914/941 )

Art. 1º Considera-se crime a infração penal que a lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; contravenção, a infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas, alternativa ou cumulativamente.

INFRAÇÃO PENAL

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1. CRIME - CONCEITO:

1.1 - Conceito Formal: aquilo que está estabelecido em uma norma penal incriminadora, sob ameaça de pena. Crime é o que o Estado descreve numa lei como crime Art. 1º da LICP (Dec-Lei 3.914/41).

1.2 - Conceito Material: comportamento humano previsto em lei, causador de real lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado, passível de sanção penal.

1.3 - Conceito Analítico: Leva em consideração os elementos que compõem o crime (sua estrutura).

* Prevalece o entendimento de que os elementos componentes do crime são 3 (conceito tripartite): fato típico (tipicidade); ilícito ou antijurídico (ilicitude/antijuridicidade) e culpável (culpabilidade).

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5. ESPÉCIES DE CRIME

5.1 – CRIME DOLOSO: quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo.

Art. 18 - Diz-se o crimeCrime doloso I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo

OBSERVAÇÕES1) Conceito doutrinário: consciência e vontade de

realizar a conduta criminosa, que conduz à produção de um resultado, desejado ou assumido pelo agente.

2) Requisitos do dolo: consciência e vontade de realizar a conduta típica.

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5.1.1 - ESPÉCIES DE DOLOa) Dolo Direto

- De Primeiro Grau: ocorre em relação ao objetivo principal do agente.

- De Segundo Grau: relaciona-se com o efeito colateral decorrente do meio escolhido.

b) Dolo Indireto- Alternativo: - Dolo Eventual (Dolo Indireto): o agente assume o

risco de produzi-lo. Previsão de pluralidade de resultados, querendo um e assumindo o risco do outro. Atua com indiferença frente ao bem jurídico: exige-se 3 requisitos: REPRESENTAÇÃO + ACEITAÇÃO + INDIFERENÇA.

Art. 18 I - doloso, quando o agente (...) assumiu o risco de produzi-lo.

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5.2 - CRIME CULPOSO: o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia.

Art. 18 - Diz-se Crime

II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia.

– Conceito Doutrinário: consiste numa conduta voluntária que realiza um fato ilícito não querido pelo agente, mas que por ele foi previsto (culpa consciente) ou lhe era previsível (culpa inconsciente).

5.2.1 - ESPÉCIES DE CULPA

a) CULPA PRÓPRIA: gênero do qual são espécies a culpa consciente e a culpa inconsciente. Ocorre quando o agente não quer nem assume o risco de produzir o resultado.

- Consciente: O agente prevê o resultado, decidindo prosseguir com sua conduta, acreditando não ocorrer ou que poderá evitá-lo.

- Inconsciente: O agente não prevê o resultado que, entretanto, lhe era previsível (possibilidade de ser previsto);

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b) CULPA IMPRÓPRIA / CULPA POR EQUIPARAÇÃO/ ASSIMILAÇÃO/ EXTENSÃO: Aquela em que o agente, por erro evitável, fantasia certa situação de fato, supondo estar acobertado por uma excludente de ilicitude (descriminante putativa) e em razão disso provoca intencionalmente o resultado ilícito. Apesar de a ação ser dolosa, o agente responde por culpa, por razões de política criminal (Art. 20, § 1º, segunda parte).

Art. 20. § 1º (...). Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo.

- SE O ERRO FOR INEVITÁVEL: Exclui o dolo (consciência e vontade), e consequentemente a própria TIPICIDADE.

Art. 20. § 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. (...).

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5.2.2 - ELEMENTOS DA CONDUA CULPOSA:

a) Conduta: comportamento humano voluntário.b) Violação de um dever de cuidado objetivo de cuidado. O agente atua em desacordo com o que éesperado pela lei e pela sociedade. A natureza dessa violação caracteriza as modalidades de Culpa:

- Imprudência: é afoiteza.- Negligência: ausência de precaução.- Imperícia: falta de aptidão técnica para o exercício de

arte/ofício/profissão.c) Resultado naturalístico: alteração física no mundo exterior. Com isso, podemos afirmar que o crime culposo serámaterial ou formal.d) Nexo causal.e) Previsibilidade.f) Tipicidade: art. 18, parágrafo único. Só se pune o comportamento culposo quando expressamente previsto em lei.

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5.3 - CRIME PRETERDOLOSO: preterintencional – o resultado total émais grave do que o resultado pretendido pelo agente. Há uma conjugação de dolo (no antecedente) e culpa (no consequente).

A conduta prévia dolosa é agravada culposamente por um resultado não querido, exemplo: lesão corporal seguida de morte. Art. 129, §3º, CP (CRIME PRETERDOLOSO).

5.4 - CRIME CONSUMADO: consuma-se o crime quando o tipo estáinteiramente realizado.

OBSERVAÇÃO: Não se confunde com exaurimento. Exaurimento são os demais atos lesivos ocorridos após a consumação. Ex. recebimento do resgate no crime de extorsão mediante seqüestro.

Art. 14 - Diz-se o crimeCrime. I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal;

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5.5 - CRIME TENTADO: aquele onde ocorre a realização incompleta do tipo penal. Há a prática de atos de execução, porém, por circunstâncias alheias à vontade do agente, o crime não se consuma.Art. 14. II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente.Pena de tentativaParágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços.

5.5.1 - CLASSIFICAÇÃO DA TENTATIVA

- QUANTO AO ITER CRIMINIS:

a) perfeita (crime falho): o agente pratica todos os atos executórios, mas não consegue consumar o crime.

b) imperfeita (inacabada): o agente é impedido de prosseguir no seu intento.

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- QUANTO AO RESULTADO PRODUZIDO

a) tentativa branca (incruenta): o golpe desferido não atinge o corpo da vítima.

b) tentativa vermelha (cruenta): a vítima éatingida.

- QUANTO À POSSIBILIDADE DE RESULTADOa) tentativa idônea: é possível de ser alcançado. b) tentativa inidônea: crime impossível (art. 17 do

CP).

Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime.

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OBSERVAÇÕES IMPORTANTES

II - DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA / ARREPENDIMENTO EFICAZ / ARREPENDIMENTO POSTERIOR:

Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados.

Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços.

1) Desistência voluntária: desiste de prosseguir na execução. Art. 15 do C. Penal, primeira parte.

2) Arrependimento eficaz: impede o resultado, Art. 15 do C. Penal, segunda parte.

3) Arrependimento posterior: reparação do dano ou restituição da coisa, desde que na execução do crime não tenha havido violência ou grave ameaça àpessoa. Art. 16 do C. Penal.

- tem que ser antes do recebimento da denúncia ou queixa; - por ato voluntário (espontâneo).

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- QUANTO À CAUSAa) crime comissivo: consiste na realização de uma

conduta positiva visando um resultado, ou seja, fazendo o que a lei proíbe.

b) crime omissivo (omissivo próprio): o agente deixa de realizar uma conduta determinada por lei, ou seja, deixa de cumprir uma obrigação jurídica.

- Dever genérico de agir, ou seja, recai sobre todos, indistintamente – dever de assistência, de solidariedade humana.

Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido

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c) comissivo-omissivo (omissivo impróprio): é a omissão por meio do qual o agente produz um resultado. Neste caso, o agente não responde pela omissão simplesmente, mas pelo resultado decorrente desta, a que estava, juridicamente, obrigado a impedir. Dever específico de evitar o resultado. Recai sobre determinadas pessoas (art. 13, § 2º) – O GARANTIDOR

Art. 13. § 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente

devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.

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– QUANTO AO MOMENTO CONSUMATIVO:

a) crime material: o tipo penal descreve conduta + resultado naturalístico (alteração no mundo exterior). Este resultado éindispensável. Ex. 121, CP.

b) crime formal: O tipo penal descreve conduta + resultado naturalístico. O resultado é dispensável, pois o crime se consuma com a conduta – chamado de crime de consumação antecipada. Ex. 158 –Extorsão; Art. 317 – corrupção passiva; Art. 333 – corrupção ativa.

c) crime de mera conduta: O tipo penal descreve uma mera conduta. Ex.: 150 – violação de domicílio;

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6. CONCAUSAS

6.1 - CONCEITO: pluralidade de causas concorrendo para o mesmo evento.

6.2 - ESPÉCIES:

6.2.1 - Absolutamente Independentes: a causa efetiva do resultado não se origina direta ou indiretamente da causa concorrente. Podem ser:

a) PRÉ-EXISTENTE: a causa efetiva é anterior à concausa. Conseqüência: responde por tentativa.

b) CONCOMITANTE: a causa efetiva é concomitante/presente ao mesmo tempo com a concausa. Conseqüência: responde por tentativa.

c) SUPERVENIENTE: a causa efetiva é posterior à concausa.

Conseqüência: RESPONDE POR TENTATIVA.

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6.2.2 - Relativamente Independentes: a causa efetiva do resultado decorre direta ou indiretamente da causa concorrente. Podem, também, ser:

a) PRÉ-EXISTENTE: conseqüência, responde pelo crime consumado.

b) CONCOMITANTE: conseqüência, responde pelo crime consumado.

c) SUPERVENIENTE: consequência prevista no art. 13, § 1º, CP).

Art. 13. § 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a

imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto,

imputam-se a quem os praticou.

- Há duas espécies de concausas relativamente independente superveniente:

1ª – “que por si só produziu o resultado”: o resultado sai da linha de desdobramento causal normal da conduta. É um evento imprevisível ao agente. O agente responde por TENTATIVA.

2ª – “que por si só não produziu o resultado”: o resultado encontra-se na linha de desdobramento causal normal da conduta. É um evento previsível. O agente responde por CONSUMAÇÃO.

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CURIOSIDADE

Infrações Penais Que Não Admitem Tentativa:

1) crimes culposos: o agente não quer o resultado.

2) crimes preterdolosos: o agente não quer o resultado, sendo imputado-lhe a título de culpa;

3) crimes omissivos próprios: o crime se consuma automaticamente com a omissão;

4) contravenções penais: É IMPUNÍVEL (Art. 4º da LCP);

5) crimes habituais: tipificando pela reiteração.

6) crimes unissubsitentes: consuma-se apenas com um ato.

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7. SUJEITOS DA INFRAÇÃO PENAL

7.1 - SUJEITO ATIVO: É quem pratica o fato descrito como crime na norma penal incriminadora

- Observação:

* Pessoa Jurídica: tecnicamente não pode ser sujeito ativo. Ela pode ser responsabilizada penalmente, mas não pode ser considerada como sujeito ativo.

CONDUTA: AÇÃO HUMANA VOLUNTÁRIA

7.2 – SUJEITO PASSIVO: é o titular do bem jurídico violado pela conduta criminosa.

Observação: O sujeito passivo do crime pode ser: o ser humano (ex.: crimes contra a pessoa); o Estado (ex.: crimes contra a Administração Pública); a coletividade (ex.: crimes contra a saúde pública); e, inclusive, pode ser a pessoa jurídica (ex.: crimes contra o patrimônio).

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7.3 – CLASSIFICAÇÃO QUANTO A QUALIDADES OU CONDIÇÕES DO AGENTE:

a) crime comum: não exige qualidade especial do agente. Aquele que pode ser praticado por qualquer pessoa. Admite tanto a autoria quanto a participação.

b) crime próprio / especial: exige uma qualidade especial do agente. Exemplo, o delito de peculato, que exige a qualidade especial de ser funcionário público. Admite tanto co-autoria quanto participação.

c) crime de mão própria: também exige qualidade especial do agente. No entanto, a sua execução não pode ser delegada. Só pode ser praticado pessoalmente. É espécie de crime que não admite co-autoria, porém, nada impede a participação.

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8. ELEMENTOS DO CRIME – CONCEITO ANALÍTICO

O conceito analítico mais aceito mundialmente no Séc XX e que continua sendo adotado pela corrente majoritária: crime é o fato típico (tipicidade), antijurídico / ilícito (ilicitude) e culpável (culpabilidade).

Cada um dos elementos do crime é colocado em ordem lógica e necessária para o estudo do elemento seguinte.

Portanto, na doutrina majoritária prevalece a Teoria do Finalismo clássico tripartido.

8.1 - FATO TÍPICO (TIPICIDADE)

8.1.1 – Conceito: O tipo é o modelo abstrato que descreve um comportamento proibido. É o conjunto de elementos do fato punível descrito na lei penal. o fato típico consiste no fato humano, indesejado, ou seja, numa conduta produtora de um resultado e que se ajusta (tipicidade), formal e materialmente ao tipo penal.

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8.1.1 - Elementos do Fato Típico

a) Conduta (Elemento objetivo): comportamento (movimento) humano voluntário, psiquicamente dirigido a um fim.

OBSERVAÇÃO1) Não importa a teoria sobre o conceito analítico de crime, o conceito

de conduta tem um ponto em comum em todas as teorias: MOVIMENTO HUMANO VOLUNTÁRIO

2) CRÍTICA - Não explica os crimes culposos, sendo também frágil nos crimes omissivos.

b) Elemento Subjetivo: - Dolo: comportamento (movimento) humano voluntário,

psiquicamente dirigido a um fim. - Culpa: comportamento (movimento) humano voluntário, que

acaba por produzir um resultado não querido pelo agente em decorrência da inobservância de um dever objetivo de cuidado, ou seja, por imprudência, por negligência ou por imperícia.

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c) Resultado: segundo o Prof. Carlos Roberto Bitencourt, é a consequência externa da manifestação de vontade. Numa concepção naturalística, é a transformação do mundo exterior, admitindo-se, em algumas situações a dispensa da existência de resultado para alguns tipos penais.

d) Nexo-causal: nos crimes de resultado deve existir relação de causalidade entre conduta e resultado. Trata-se de pressuposto fundamental para a imputação e conseqüente responsabilização nos crimes materiais (de resultado).

e) Tipicidade: é o mesmo que subsunção, é a adequação perfeita entre o comportamento e o modelo previsto em abstrato na norma penal, caracterizando o fato típico.

- Tipicidade Formal: é a verificação se o a conduta do agente corresponde, literalmente, à figura típica descrita na norma penal incriminadora.

- Tipicidade material: critério por meio do qual o Direito Penal afere a importância do bem jurídico no caso concreto. Abre espaço para a aplicação do princípio da insignificância.

- Tipicidade Congloblante: reúne o aspecto da tipicidade material com a aferição da antinormativadade da conduta. Na análise dessa antinormatividade conclui-se que, não pode tida como típica a conduta que é permitida ou fomentada pelo ordem jurídica.

- Juízo de tipicidade penal: juízo que verifica se um fato é típico ou atípico.

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8.1.2 - Erro de Tipo: É a falsa percepção da realidade. Entende-se por erro de tipo aquele que recai sobre as elementares, circunstâncias, justificantes ou qualquer dado agregado a determinada figura típica.

- O AGENTE NÃO SABE O QUE FAZ. Ex.: “A” leva o guarda-chuva de “B” para casa, pensando ser o seu.

C. Penal. Art. 20. O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei.

O ERRO DE TIPO PODER SER: a) Essencial: recai sobre dados principais do tipo. Caso em que o agente, SE AVISADO DO

ERRO DEIXA DE SEGUIR AGINDO ILICITAMENTE.I - Inevitável: imprevisível, escusável. É o erro que qualquer pessoa cometeria nas

mesmas circunstâncias. Exclui a consciência (dolo) e a previsibilidade (culpa). Portanto, não há dolo e nem há culpa.

C. Penal. Art. 20. O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, (...) § 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima.

II - Evitável: previsível, inescusável. o agente atua abruptamente, sem cuidado. Exclui o dolo, mas subsiste a responsabilidade culposa, se prevista em lei. Ex.: caça da capivara, exemplo da atuação dos seguranças do Carrefour de Osasco.

Art. 20. (...) mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei.§ 1º - (...). Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo.

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b) Acidental: recai sobre dados periféricos do tipo. SE AVISADO DO ERRO, O AGENTE CORRIGE E CONTINUA AGINDO ILICITAMENTE.

I - Sobre o Objeto: O agente representa equivocadamente a coisa desejada.

. Exemplo: “A”, quer subtrair sal, mas subtrai açúcar, pois representou equivocadamente o objeto desejado).

. Previsão Legal: Não tem previsão legal. Trata-se de tipo de erro de criação doutrinária.

. Consequências: prevalece a corrente que considera o objeto lesado e não o desejado. Por não existir a previsão legal, deve-se aplicar o princípio do in dúbio pro reo, ou seja, considera o objeto que seja mais favorável ao réu.

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II - Quanto à Pessoa : o agente representa equivocadamente a pessoa visada com a ação criminosa. Executa bem aquilo que representou mal.

. Previsão legal: art. 20, § 3º:

Erro sobre a pessoaArt. 20. § 3º. O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime.

. Consequências: Não exclui dolo, nem culpa, também não exclui a pena. O agente responde considerando-se as qualidades da vítima virtual, e não da vítima real.

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III - Na execução / aberratio ictus: O agente, por ACIDENTE ou ERRO NO USO DOS MEIOS DE EXECUÇÃO, atinge pessoa diversa da pretendida, apesar de havê-la representado corretamente. Executa mal aquilo que bem representou.

. Previsão legal: art. 73, CP:Erro na execuçãoArt. 73. Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º do artigo 20 deste Código. No caso de ser também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra do artigo 70 deste Código.

. Consequências: as mesmas do erro quanto à pessoa, não exclui dolo nem a culpa. Não isenta de pena. O agente responde pelo crime considerando-se as qualidades da vítima pretendida – virtual.

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III - Na execução / aberratio ictus: O agente, por ACIDENTE ou ERRO NO USO DOS MEIOS DE EXECUÇÃO, atinge pessoa diversa da pretendida, apesar de havê-la representado corretamente. Executa mal aquilo que bem representou.

. Previsão legal: art. 73, CP:Erro na execuçãoArt. 73. Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º do artigo 20 deste Código. No caso de ser também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra do artigo 70 deste Código.

. Consequências: as mesmas do erro quanto à pessoa, não exclui dolo nem a culpa. Não isenta de pena. O agente responde pelo crime considerando-se as qualidades da vítima pretendida – virtual.

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IV - Aberratio criminis (Resultado diverso do pretendido): O sujeito quer acertar uma coisa e atinge pessoa. (Relação C-P).

C. Penal. Art. 74. Fora dos casos do artigo anterior, quando, por acidente ou erro na execução do crime, sobrevém resultado diverso do pretendido, o agente responde por culpa, se o fato é previsto como crime culposo; se ocorre também o resultado pretendido, aplica-se a regra do artigo 70 deste Código.

. Consequência: - Se ocorrer somente o resultado contra a pessoa: o agente

responde por crime único culposo.- Se ocorrer um duplo resultado (atingiu o carro e matou um

transeunte: responde pelos dois crimes - dano doloso e homicídio culposo.

. OBSERVAÇÃO: se ele quer atingir uma pessoa e atinge uma coisa (Relação P-C) responde por tentativa do crime contra a pessoa. Não existe crime de dano culposo no Código Penal.

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V – Erro Provocado Por Terceiro: Uma terceira pessoa que induz o agente em erro.

. Previsão legal: art.20 , § 2º.

Erro determinado por terceiro

Art. 20. § 2º Responde pelo crime o terceiro que determina o erro.

. Consequências: quem determina o erro dolosamente, responde por crime doloso. Já quem determina o crime culposamente, responde por crime culposo.

. Observação - O agente enganador é denominado pela doutrina como autor mediato.

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OBSERVAÇÃOERRO DE PROIBIÇÃO X ERRO DE TIPO

1) O erro de tipo é analisado em sede de fato típico, ou seja, no primeiro elemento do conceito analítico de crime. O agente tem uma falsa percepção da realidade, desconhecendo as verdadeiras repercussões de seu comportamento.

2) O erro de proibição é analisado em sede de culpabilidade, naquilo que chamamos de potencial consciência da ilicitude. No erro de proibição o agente sabe o que faz, tem consciência das repercussões naturais de seu comportamento, no entanto, desconhece a ilicitude do seu comportamento.

Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderádiminuí-la de um sexto a um terço.

. Exemplo: do holandês que veio para Rio de Janeiro trazendo uma quantidade de maconha para consumo próprio, pensando ser lícito assim como é lá na Holanda. Exclui a culpabilidade e por conseqüência exclui a pena. Será estudado na culpabilidade.

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QUESTÕES DE CONCURSOS1 (MPU- 2007) João, dirigindo um automóvel, com pressa de chegar ao seu

destino, avança com o veículo contra uma multidão, consciente do risco de causar a morte de um ou mais pedestres, mas sem se importar com essa possibilidade. João agiu com:

a) Dolo direto

b) Culpa

c) Culpa consciente

d) Dolo eventual

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QUESTÕES DE CONCURSOS2 (Polícia Civil / CE-2006) Marque a opção verdadeira:

a) Crime doloso somente é aquele no qual o agente pratica uma conduta positiva ou negativa, desejando produzir determinado resultado, possuindo, portanto a intenção de realizar determinado dano.

b) A diferença essencial entre dolo eventual e da culpa consciente é que neste existe a previsibilidade do resultado, enquanto naquele não.

c) o dolo indireto ou eventual pode gerar a responsabilização criminal do agente, sendo caracterizado quando o agente pratica a conduta sem a vontade específica, mas assumindo o risco de produzir o resultado danoso previsível.

d) A culpa no conceito penal é caracterizada pela existência apenas de imprudência e negligência, sendo a primeira caracterizada quando o agente fica aquém do cuidados que deveria ter, e a segunda quando o agente vai além de onde deveria estar.

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QUESTÕES DE CONCURSOS

Assinale Certo ou Errado:

3. (Polícia Civil / CE – 2006)O crime impossível só pode ser caracterizado quando a impossibilidade de

ocorrência do ilícito é de ordem absoluta, não se admitindo a relativa, ocorrendo, neste caso, tentativa de crime.

4. (Polícia Civil / ES -2006): Considere-se que Mariana, supondo estar grávida, realizou manobras

abortivas em si própria, sem que na realidade trouxesse dentro de si uma nova vida em formação. Jorge ao ver Cláudio, seu desafeto, caído em via pública, aproveitou a situação para atropelá-lo dolosamente. Verificou-se, posteriormente, que Cláudio já estava morto por parada cardíaca ocorrida minutos antes de ter sido atropelado. Em ambas as hipóteses apresentadas acima, o crime é impossível em razão da absoluta impropriedade dos objetos sobre os quais incidiram as condutas de Maria e Jorge.

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QUESTÕES DE CONCURSOS

5. (OAB-124º) O crime suscetível de ser praticado por pessoa que não pode se valer, para praticá-lo, de outra pessoa, é denominado pela doutrina de:

a) Crime unissubsistenteb) Crime próprioc) Crime de mera condutad) Crime de mão própria

Assinale Certo ou Errado: 6. (TRT 05-2006) Vinícius furtou a bolsa de Maria, sua colega de trabalho, mas, antes que a vítima tomasse conhecimento do fato, ele repôs a bolsa, intocada, no local de onde a havia retirado. Nesse caso houve arrependimento eficaz.

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QUESTÕES DE CONCURSOS

7 (TJ/MT – 2006) Entende-se por crime falho: a) O mesmo que tentativa perfeita, ou seja, o agente pratica todos os atos

possíveis e necessários para a consumação do crime que, ainda assim, não se consuma.

b) O mesmo que tentativa imperfeita, ou sejam, o agente utiliza-se de um objeto absolutamente impróprio para a prática do crime.

c) O mesmo que tentativa quase perfeita, ou seja, o agente utiliza-se de meios absolutamente ineficazes para a consumação do delito.

d) Aquele que não se consuma porque o agente desiste de praticá-lo.

8 (TRF3 – 10º Concurso) A omissão é penalmente relevante quando o agente não tenha, por lei, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância, ainda que, com seu comportamento anterior, tenha criado o risco de ocorrência do resultado.

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“O que importa não é a vitória, mas o esforço!

Não é o talento, mas a vontade!

Não é quem você é, mas quem você quer ser.”

ATÉ A PRÓXIMA!!!