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E.E.E.F.M. “Profª Filomena Quitiba” Apostila organizada pelo Profº Cristiano Bodart E.E.E.F.M. PROFª “FILOMENA QUITIBA” SOCIOLOGIA 2º ANO DO ENSINO MÉDIO Eixo: TRABALHO, CIDADANIA, FÉ, VIDA E SOCIEDADE Aluno(a): ______________________________________ Professor(a): ___________________________________ Turma/Turno: ___________________________________ Piúma, ES 2010

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E.E.E.F.M. PROFª “FILOMENA QUITIBA”

SOCIOLOGIA

2º ANO DO ENSINO MÉDIOEixo: TRABALHO, CIDADANIA, FÉ, VIDA E SOCIEDADE

Aluno(a): ______________________________________

Professor(a): ___________________________________Turma/Turno: ___________________________________

Piúma, ES2010

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A SOCIOLOGIA estuda as relações sociais e as formas

de associação, considerando as interações que ocorrem na

vida em sociedade. Desta forma, estudar Sociologia é

buscar compreender criticamente o mundo que está ao

nosso redor e entender nosso papel como agente de

mudança nele. A Sociologia nos permite enxergar o mundocom outros olhos. Bom estudo!

Primeiro trimestre

Sociologia do Trabalho

INTRODUÇÃOO que é 'trabalho'? Se

respondemos que 'trabalho' é toda"atividade desenvolvida com afinalidade de atender àsnecessidades humanas",

vislumbramos o largo campo de abrangência de talconceito: as necessidades humanas são as maisvariadas e o esforço de atender a elas acompanha ohomem como uma maldição ("comer o pão com osuor do rosto"!) ou como uma bênção ("o trabalhodignifica e enobrece o homem!").

Decorre daí que o trabalho pode ser objetode estudo de várias ciências, e particularmente as

ciências humanas - antropologia, história, sociologia,direito, economia (para quem o trabalho é um dosfatores de produção, ao lado do capital e da matéria-prima), psicologia, a ciência política, por exemplo -não podem deixar de considerar o trabalho humanono âmbito de suas investigações. E vamos maisadiante para afirmar que a complexidade dofenômeno exige abordagem interdisciplinar, sepretende chegar a algum resultado.

Neste sentido é a sociologia do trabalho quepretende uma visão mais ampla da questão; "Toda equalquer coletividade de trabalho que apresentetraços mínimos de estabilidade (...) pode ser objetode estudos para a sociologia do trabalho: assim umaempresa industrial como um navio transatlântico ouum barco de pesca, tanto uma grande propriedadeem que se pratica a agricultura intensiva quanto umafazendola em que trabalham alguns empregados coma família do fazendeiro, não só uma grande lojapopular, mas também uma lojinha que empregaalguns vendedores, uma oficina de artesão e umarepartição municipal, a tripulação de um avião, que sereveza a intervalos regulares numa linha denavegação aérea ou o pessoal de uma automotriz ..."(FRIEDMANN - 81, p. 37).

(LAGE, Telma e ZIBORDI, Irineu)

A educação voltada paraA produção

Seja qual for a época ou osistema político, trabalhar sempre foi algo

essencial para a sobrevivência de todos. Desde quecaçamos ou até mesmo na competitividadeempresarial dos dias atuais, trabalhar em algummomento da vida é algo primordial para um indivíduo,seja qual for o seu objetivo.

O problema é que a educação ficou voltadaapenas para o mercado de trabalho. A meta éadquirir cada vez mais bens materiais, alimentar oconsumismo e adquirir status perante um grupo.

O conhecimento passa então a ser voltadoapenas para turbinar o currículo em busca de cargosmaiores e de salários cada vez mais recheados.Conseqüentemente o dinheiro passa a ser um fim enão um meio na vida das pessoas, gerando assim emmenor ou maior grau, insatisfação, problemas sociais

e psicológicos. O ser humano então passa a ser mercadoria, vivendo apenas dentro de um padrão depensamento voltado para a satisfação plena da suaindividualidade em todos os aspectos.

Esse imediatismo faz com que as pessoasnão procurem adquirir o mínimo de senso crítico paraquestionarem o mundo em que estão pisando.Quantas vezes eu já ouvi alguém falar (ou pelomenos ficou estampado em sua expressão) queliteratura, filosofia, conversar sobre política ou ver umfilme educativo não leva a nada.

E assim o conhecimento também se transformaem mera mercadoria. Adquirir um pouco de cultura setornou segundo plano, parecendo algo desnecessário

servindo apenas para alimentar a curiosidademomentânea.Fonte: http://sagaz.wordpress.com/

ATIVIDADE

4) A charge abaixo retrata o desejodo autor do texto “A educaçãovoltada para a produção”.Descreva esse desejo. Vocêconcorda com o autor?Justifique.

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REVOLUÇÃOINDUSTRIAL1

A Revolução Industrialconsistiu em um conjunto de

mudanças tecnológicas com profundo impacto noprocesso produtivo em nível econômico e social.Iniciada na Grã-Bretanha em meados do século XVIII,expandiu-se pelo mundo a partir do século XIX.

Ao longo do processo (que de acordo comalguns autores se registra até aos nossos dias), a eraagrícola foi superada, a máquina foi suplantando otrabalho humano, uma nova relação entre capital etrabalho se impôs, novas relações entre nações seestabeleceram e surgiu o fenômeno da cultura demassa, entre outros eventos.

Essa transformação foi possível devido a umacombinação de fatores, como o l iberalismoeconômico, a acumulação de capital e uma série deinvenções, tais como o motor a vapor. O capitalismotornou-se o sistema econômico vigente.

CONTEXTO HISTÓRICOAntes da Revolução Industrial, a atividade

produtiva era artesanal e manual (daí o termomanufatura), no máximo com o emprego de algumasmáquinas simples. Dependendo da escala, grupos deartesãos podiam se organizar e dividir algumasetapas do processo, mas muitas vezes um mesmoartesão cuidava de todo o processo, desde aobtenção da matéria-prima até à comercialização doproduto final. Esses trabalhos eram realizados emoficinas nas casas dos próprios artesãos e osprofissionais da época dominavam muitas (se não

todas) as etapas do processo produtivo.Com a Revolução Industrial os trabalhadores

perderam o controle do processo produtivo, uma vezque passaram a trabalhar para um patrão (naqualidade de empregados ou operários), perdendo aposse da matéria-prima, do produto final e do lucro.Esses trabalhadores passaram a controlar máquinasque pertenciam aos donos dos meios de produção osquais passaram a auferir os lucros. O trabalhorealizado com as máquinas ficou conhecido por maquinofatura.

Esse momento de passagem marca o pontoculminante de uma evolução tecnológica, econômicae social que vinha se processando na Europa desde

a Baixa Idade Média, com ênfase nos países onde aReforma Protestante tinha conseguido destronar ainfluência da Igreja Católica: Inglaterra, Escócia,Países Baixos, Suécia. Nos países fiéis aocatolicismo, a Revolução Industrial eclodiu, emgeral, mais tarde, e num esforço declarado de copiar aquilo que se fazia nos países mais avançadostecnologicamente: os países protestantes.

De acordo com a teoria de Karl Marx, aRevolução Industrial, iniciada na Grã-Bretanha,integrou o conjunto das chamadas RevoluçõesBurguesas do século XVIII, responsáveis pela crisedo Antigo Regime, na passagem do capitalismo

1 Fonte para pesquisa: págia na internet: site:

http://pt.wikipedia.org/wiki/revolu%C3%A7%C3%A3º_Industrial

comercial para o industrial. Os outros doismovimentos que a acompanham são aIndependência dos Estados Unidos e a RevoluçãoFrancesa que, sob influência dos princípiosiluministas, assinalam a transição da Idade Modernapara a Idade Contemporânea. Para Marx, ocapitalismo seria um produto da Revolução Industrial

e não sua causa.

TRABALHO ARTESANAL,MANUFATURA E

GRANDE INDÚSTRIAO artesão se define como

categoria a partir do século XII, na Europa. Nestaépoca "as populações medievais procuram seabastecer fora das áreas do feudo e do mosteiro,adquirindo em feiras e mercados, além dos domínios

senhoriais, artigos e mercadorias de que essesdomínios não dispunham ou que se tornaminsuficientes para atender a novas exigências da vidaurbana"(PIMENTA - 57, p. 112). O artesão, que não émais servo, porém homem livre, é um trabalhador autônomo, proprietário dos meios de produção. Eassim se conserva, até que as vantagens doassociacionismo acabam por atraí-lo para ascorporações de ofícios. De fato estas se organizaram,a partir do séc. XI, em torno de interesses de mútuoassistencialismo, conquista do mercado através da'lealdade da fabricação, e excelência dos produtos',conforme se vê de alguns estatutos das primeirascorporações. Joaquim PIMENTA informa que "já no

séc. XIII, acentuava-se no seio das corporações umatendência oligárquica entre os mestres ou patrões,para fazerem da mestria um patrimônio doméstico,hereditário, de pais para filhos. (...) Na Inglaterra, aqualidade de um membro de uma gilda constituía umdireito de nascimento ou herança. O mesmo severifica, mais cedo ou mais tarde, nos centrosurbanos de outros países, proporcionalmente com amonopolização, pelas corporações, dos ofícios e dosmercados."(PIMENTA - 64, p. 117)

Se recuamos no tempo, é porque o sistema dagrande indústria tem alguma cousa das corporações,como se vê:

"Desde que se passa às corporações do grandecomércio e da indústria, aparecem desigualdadesprofundas, e, quando se trata de banqueiros e deindustriais de tecidos, a organização se realiza sob oregime capitalista; os mestres, a miúdo agrupadosem companhias, são grandes personagens,burgueses ricos e políticos influentes, separados por um fosso, largo e permanente, daqueles que elesempregam." (PIMENTA - 64, p. 119)”

Nos séculos seguintes, já sob regime deliberdade de trabalho, as corporações evoluem paraas fábricas, sistema em que os comerciantes, oumercadores, monopolizam a força de trabalho dosartesãos, na medida que lhes fornece a matéria-prima e compram toda sua produção Uma profundamudança ocorre neste processo: o artesão perde

contato com o consumidor. Entre ele e o mercadointerpõe-se o comerciante, que será seu únicocliente, e, em seguida, seu patrão. A fábricarepresentaria mais um avanço neste processo: defato, o deslocamento do artesão de seu domicílio

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para a fábrica, onde se reúnem artesãos dediferentes ramos da indústria, implica organização detodo "processus da produção; concentra em umcorpo único e disciplinado operários de naturezadiversa, graças às relações recíprocas de hierarquiae subordinação que ela lhes impõe; ela os reúne emsuas oficinas, põe à disposição deles todo um arsenalde instrumentos de produção mecânica...", ao queacrescentamos, promove a divisão do trabalho,separando os mais fáceis, desqualificados, dos queexigem maior engenhosidade, com um grande ganhode produtividade.

No entanto é a emergência do Estado moderno,Estado territorialmente centralizado, concomitante

com a revolução industrial e com a revolução política,que se criam as condições para o surgimento dagrande indústria. Diz PIMENTA que esta surgiria "dareunião de fatores que se entrelaçam e se completamna técnica de produção moderna", entre eles oaperfeiçoamento das máquinas, introdução deminérios, como ferro, manganês, bauxita etc.; novasfontes de energia, além da água e vento, como ahulha, o petróleo, a eletricidade etc; e odesenvolvimento da técnica, impulsionada pelasdescobertas da Química, da Física, permitindodefinitiva intervenção na natureza.

A grande indústria, portanto, se insere numsistema econômico, o capitalismo, e assume uma

forma de organização técnico-administrativa, que é aempresa. São suas características:1° Posse privada de toda e qualquer espécie de

valores, entre eles os meios de produção: matérias-primas, máquinas, fábricas ou locais de trabalho;

2° Produção centralizada sob direção única e emescala sempre crescente ou sem limites além dosque determinam as condições de mercado;

3° Concentração nos locais de produção decentenas ou milhares de trabalhadores subordinadosa um mesmo regime de disciplina, os quais,por força de contratos individuais ou convençõescoletivas de trabalho, prestam serviços medianteremuneração ou salário." (PIMENTA - p. 129)

ATIVIDADE

5) Estamos em pleno século XXI.Ainda existe outras formas deprodução além da industrial? Emcaso afirmativo, quais?

6) Quais as vantagens e

desvantagens do modo deprodução industrial?

A NASCENTE CLASSETRABALHADORA

A Revolução Industrial alterouprofundamente as condições de vidado trabalhador braçal, provocando

inicialmente um intenso deslocamento da populaçãorural para as cidades. Criando enormesconcentrações urbanas; a população de Londres

cresceu de 800 000 habitantes em 1780 para mais de5 milhões em 1880, por exemplo. Durante o início daRevolução Industrial, os operários viviam emcondições horríveis se comparadas às condições dostrabalhadores do século seguinte. Muitos dostrabalhadores tinham um cortiço como moradia eficavam submetidos a jornadas de trabalho quechegavam até a 80 horas por semana. O salário eramedíocre (em torno de 2.5 vezes o nível desubsistência) e tanto mulheres como criançastambém trabalhavam, recebendo um salário aindamenor.

A produção em larga escala e dividida emetapas iria distanciar cada vez mais o trabalhador do

produto final, já que cada grupo de trabalhadorespassava a dominar apenas uma etapa da produção,mas sua produtividade ficava maior. Com suaprodutividade aumentava os salários reais dostrabalhadores ingleses em mais de 300% entre 1800

 

ARTESANATO MANUFATURA INDÚSTRIA

PeríodoBaixa Idade Média

(até o séc. XVII)Fase inicial do Capitalismo

(1620-1750)

Iniciado com a RevoluçãoIndustrial

(1750 hoje)

Principaiscaracterísticas

O artesão executa sozinhotodas as fases da produção eaté mesmo a comercialização

do produto.

Estágio intermediário entre oartesanato e a

maquinofatura; diferenciaçãode cargos

Emprego maciço de máquinas efontes de energia modernas

(carvão mineral, petróleo, etc.),produção em larga escala, grande

divisão e especialização dotrabalho

Instrumentosde trabalho

Ferramentas simples Máquinas simples Maquinaria

Meios deprodução

Artesão proprietário da oficina edas ferramentas

Ferramentas – artesãoMatéria prima -manufatureiro

Pertencentes ao capitalista

Divisão dotrabalho

O artesão realiza todas asetapas da produção (desde o

preparo da matéria-prima, até oacabamento final); não havia

divisão do trabalho ouespecialização

Cada operário realizava umatarefa ou parte da produção,mas esta ainda depende do

trabalho manual

Divisão técnica e social dotrabalho: cada operário executa

uma função específica

ConsequênciasComércio sob controle deassociações, limitando o

desenvolvimento da produção

Aumento na produtividade dotrabalho

Maior produtividade; novoshábitos de consumo; êxodo rural;nova estratificação da sociedade;

nova relação desta com anatureza.

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até 1870. Devido ao progresso ocorrido nos primeiros90 anos de industrialização, em 1860 a jornada detrabalho na Inglaterra já se reduzia para cerca de 50horas semanais (10 horas diárias em cinco dias detrabalho por semana).

Horas de trabalho por semana paratrabalhadores adultos nas indústrias têxteis: 1780 -

em torno de 80 horas por semana; 1820 - 67 horaspor semana; 1860 - 53 horas por semana.

Segundos os socialistas, o salário, medido apartir do que era necessário para que o trabalhador sobrevivesse (deve ser notado de que não existedefinição exata para qual seja o "nível mínimo desubsistência"), cresceu à medida que ostrabalhadores pressionam os seus patrões para tal,ou seja, se o salário e as condições de vidamelhoraram com o tempo, foi graças a organização emovimentos organizados pelos trabalhadores. Comoveremos nos próximos itens.

ATIVIDADE

7) O que foi a Revolução Industrial?

8) Quais as mudanças provocadaspela Revolução Industrial?

O LIBERALISMO DE

ADAM SMITH

As novidades da RevoluçãoIndustrial trouxeram muitas dúvidas. Opensador escocês Adam Smith

procurou responder racionalmente às perguntas daépoca. Seu livro A Riqueza das Nações (1776) éconsiderado uma das obras fundadoras da ciênciaeconômica. Os argumentos de Smith foramsurpreendentes. Ele dizia que o egoísmo é útil para asociedade.

Seu raciocínio era este: quando uma pessoabusca o melhor para si, toda a sociedade ébeneficiada. Exemplo: quando uma cozinheiraprepara uma deliciosa carne assada, você saberiaexplicar quais os motivos dela? Será porque ama oseu patrão e quer vê-lo feliz ou porque estápensando, em primeiro lugar, nela mesma ou nopagamento que receberá no final do mês? Dequalquer maneira, se a cozinheira pensa no saláriodela, seu individualismo será benéfico para ela e paraseu patrão.

E por que um açougueiro vende uma carnemuito boa para uma pessoa que nunca viu antes?Porque deseja que ela se alimente bem ou porqueestá olhando para o lucro que terá com a venda?Ora, graças ao individualismo dele o freguês podecomprar a carne. Do mesmo jeito, os trabalhadores

pensam neles mesmos. Trabalham bem para poder garantir seu salário e emprego. Portanto, é corretoafirmar que os capitalistas só pensam em seuslucros. Mas, para lucrar, têm que vender produtos

bons e baratos. O que, no fim, é ótimo para osconsumidores.

Então, já que o individualismo é bom para todaa sociedade, o ideal seria que as pessoas pudessematender livremente a seus interesses individuais. E,para Adam Smith, quem é que atrapalhava osindivíduos, quem é que impedia a livre iniciativa? O

Estado, dizia ele. Para o autor escocês, "o Estadodeveria intervir o mínimo possível sobre a economia".Se as forças do mercado agissem livremente, aeconomia poderia crescer com vigor. Desse modo,cada empresário faria o que bem entendesse comseu capital, sem ter de obedecer a nenhumregulamento criado pelo governo. Os investimentos eo comércio seriam totalmente liberados. Sem aintervenção do Estado, o mercado funcionariaautomaticamente, como se houvesse uma "mãoinvisível" ajeitando tudo. Ou seja, o vale-tudocapitalista promoveria o progresso de formaharmoniosa.

ATIVIDADE

9) Por que, para Adam Smith, oegoísmo seria útil para asociedade?

MOVIMENTOSSOCIAIS NO CONTEXTO

DA REVOLUÇÃOINDUSTRIAL

Alguns trabalhadores, indignados com suasituação, reagiam das mais diferentes formas, dasquais se destacam:

MOVIMENTO LUDITA (1811-1812)Reclamações contra as máquinas inventadas

após a revolução para poupar a mão-de-obra já eramnormais. Mas foi em 1811 que o estopim estourou esurgiu o movimento ludista, uma forma mais radicalde protesto. O nome deriva de Ned Ludd, um doslíderes do movimento. Os luditas chamaram muita

atenção pelos seus atos. Invadiram fábricas edestruíram máquinas, que, segundo os luditas, por serem mais eficientes que os homens, tiravam seustrabalhos, requerendo, contudo, duras horas de jornada de trabalho. Os manifestantes sofreram umaviolenta repressão, foram condenados à prisão, àdeportação e até à forca. Os luditas ficaramlembrados como "os quebradores de máquinas".Anos depois os operários ingleses mais experientesadotaram métodos mais eficientes de luta, como agreve e o movimento sindical.

MOVIMENTO CARTISTA (1837-1848)Em seqüência veio o movimento "cartista" ,

organizado pela "Associação dos Operários" , queexigia melhores condições de trabalho como:

1. particularmente a limitação de 8 horasda jornada de trabalho

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2. a regulamentação do trabalhofeminino

3. a extinção do trabalho infantil4. a folga semanal5. o salário mínimo

Além de direitos políticos como:estabelecimento do sufrágio universal e extinção daexigência de propriedade para se integrar aoparlamento e o fim do voto censitário. Essemovimento se destacou por sua organização, e por sua forma de atuação, chegando a conquistar diversos direitos políticos para os trabalhadores.

As "trade-unions"Os empregados das fábricas também formaramassociações denominadas trade unions, que tiveramuma evolução lenta em suas reivindicações. Nasegunda metade do século XIX, as trade unionsevoluíram para os sindicatos, forma de organização

dos trabalhadores com um considerável nível deideologização e organização, pois o século XIX foi umperíodo muito fértil na produção de idéias antiliberaisque serviram à luta da classe operária, seja paraobtenção de conquistas na relação com ocapitalismo, seja na organização do movimentorevolucionário cuja meta era construir o Socialismoobjetivando o Comunismo. O mais eficiente eprincipal instrumento de luta das trade unions era agreve.

ATIVIDADE10) Diferencie o

movimentoLudista do movimento cartista.

11) Quais as semelhanças entre osmovimentos cartistas com osmovimentos dos trabalhadoresna atualidade?

12) Você acha importante aexistência dos movimentossociais nos dias atuais?

Justifique.

CONTRIBUIÇÕES DEKARL MARX PARA ACOMPREENSÃO DAREALIDADE SOCIAL:

CONCEITOS BÁSICOS

Mercadoria

A mercadoria é a forma que os produtostomam quando a produção é organizada por meio datroca. Nesse sistema, uma vez criados, os produtossão propriedade de agentes particulares que têm o

poder de dispor deles transferindo-os a outrosagentes. Os agentes que são donos de produtosdiferentes confrontam-se num processo de barganhapelo qual trocam seus produtos. Nesse processo,uma quantidade definida de um produto troca delugar com uma quantidade definida de outro.

A mercadoria tem, portanto, duas

características: pode satisfazer a algumanecessidade humana, isto é, tem aquilo que AdamSmith chamou de VALOR DE USO.

Na verdade, essa necessidade pode ser dedois tipos: vitais ou sociais. Por vitais nós temoscomo exemplo a fome, o frio e a sede. Asnecessidades sociais são impostas ao homem pelasconvenções que existem na sociedade. Por necessidade social nós podemos mencionar, por exemplo, a de um rico que precisa morar em umacasa espaçosa, bem ornamentada, com piscina, jardim, garagem para quatro carros etc. ·.

A outra característica é o fato de que elapode obter outras mercadorias em troca, poder de

permutabilidade que Marx chamou de VALOR DETROCA.Portanto, Mercadoria é tudo o que é

produzido não tendo em vista o valor de uso, mas ovalor de troca, isto é, a venda do produto. Sendo amercadoria um produto do trabalho, o seu valor édeterminado pelo total de trabalho socialmentenecessário para produzi-la.

Enfim, para que um produto seja umamercadoria, seu possuidor deve ver nele não umacoisa boa para seu uso pessoal, mas um objeto bompara ser trocado.

Alienação, Fetichismo e ReificaçãoPara Marx é na vida econômica que aalienação tem origem. Conforme vimos, quando ooperário vende no mercado a sua força de trabalho, oproduto não mais lhe pertence e adquire umaexistência independente dele próprio.

Mas a perda do produto determina outrasperdas para o operário: ele não mais projeta ouconcebe aquilo que vai executar (dá-se a dicotomiaconcepção-execução do trabalho, a separação entreo pensar e o agir); com o aceleramento da produção,provocado pela crescente mecanização do trabalho(linha de montagem), o operário executa cada vezmais apenas uma parte do produto (trabalhoparcelado ou trabalho “em migalhas”); o ritmo do

trabalho é dado exteriormente e não obedece aopróprio ritmo natural do seu corpo.

O produto do trabalho do operário subtrai-se,portanto à sua vontade, à sua consciência e ao seucontrole, e o produtor já não mais se reconhece noque produz. O produto surge como um poder separado do produtor, como uma realidade soberanae tirânica que domina e ameaça. A esse processoMarx chama fetichismo da mercadoria.

Quando a mercadoria chega ao mercado,tudo muda: o trabalho social aparece como umaqualidade das próprias mercadorias. Nofuncionamento do mercado, os produtores, ou seja,os trabalhadores, foram esquecidos completamente.

O movimento contínuo das mercadorias, apareceentão como um movimento de coisas incontroláveisque submetem os homens à sua dominação. Sendoas mercadorias coisas independentes, superiores aopróprio homem é claro que o trabalhador que

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produziu as mercadorias, também, não teráimportância.

A palavra fetiche tem a mesma raiz dapalavra feitiço, que do ponto de vista místico ereligioso significa um artefato com forças estranhas,capaz de exercer poder sobre os crentes eadoradores. Da mesma forma, a mercadoria surge

não como resultado de relação de produção, masvalendo por si mesma, como realidade autônoma e,mais ainda, como determinante da vida dos homens.

Produz-se aqui uma grande inversão: ohomem, que devia ser senhor soberano do seuproduto, passa a ser comandado e dirigido por aquiloque produziu. As leis do mercado fazem o homemsucumbir a forças hostis que o arrastam a um destinoinumano de crises, guerras e desemprego.

Assim, se por um lado a mercadoria se“humaniza”, o próprio homem se “desumaniza”, sereifica (res, em latim, significa “coisa”).

O Trabalho é uma mercadoria: Mais-valia

Para sobreviver, o trabalhador vende aocapitalista a única mercadoria que possui, que é suacapacidade de trabalhar. Qual deve ser o valor dasua força de trabalho? Sendo um ser vivo, otrabalhador precisa receber o necessário para asubsistência e reprodução de sua capacidade detrabalho, ou seja, alimento, roupa, moradia,possibilidade de criar os filhos etc. O salário deve ser portanto o correspondente ao custo de suamanutenção e de sua família.

O operário se distingue dos escravos e dosservos por receber um salário a partir de um contratolivremente aceito entre as partes. No entanto, nafamosa obra O Capital, Marx explica que essarelação de contrato livre é mera aparência e que, naverdade, o desenvolvimento do capitalismo supõe aexploração do trabalho do operário. Isso porque ocapitalista contrata o operário para trabalhar duranteum certo período de horas a fim de alcançar umadeterminada produção. Mas ocorre que o trabalhador,estando disponível todo o tempo, acaba produzindomais do que foi calculado inicialmente. Ou seja, aforça de trabalho pode criar um valor superior. Aparte do trabalho excedente não e paga ao operário,mas serve para aumentar cada vez mais o capital.

Chama-se mais-valia, portanto, ao valor queo operário cria além do valor de sua força detrabalho, e que é apropriado pelo capitalista.

Se, por exemplo, um operário trabalha em

média diariamente 10 horas por dia e precisa apenas4 horas de trabalho para pagar os meios desubsistência, as outras 6 horas vão parar nas mãosdo empresário e representam a mais-valia. Vemosassim que o trabalhador realizou 4 horas de trabalhonecessário para produzir o seu sustento e 6 horasde trabalho suplementar  em uma jornada de 10horas. Dizemos então que a parte da jornada detrabalho que serve para a reprodução da força detrabalho é o tempo de trabalho necessário.Para determinar a taxa de mais-valia só precisamosdividir o tempo de trabalho suplementar pelo tempode trabalho necessário de maneira seguinte:

Taxa de mais-valia (Tp) = trabalho suplementar trabalho necessário

Tn

Tp = Ts = 6 = 1,5 = 150%Tn 4

Como a reprodução da sociedade de classesestá ligada à produção de mercadorias em grande

escala, é lógico que a maior parte da mais-valia deveservir para produzir mais mercadorias. É assim que amais-valia se transforma em capital.

Modo de produçãoModo de produção é a maneira como se

organiza a produção material em um dado estágio dedesenvolvimento social. Essa maneira depende dodesenvolvimento das forças produtivas (a força detrabalho humano e os meios de produção, tais comomáquinas, ferramentas etc.) e da forma das relaçõesde produção.

Embora a definição dos modos de produçãoseja um aspecto complexo na obra de Marx e entre

os seus comentadores, temos no livro Ideologiaalemã a exposição dos seguintes modos de produçãodominantes em cada época: o comunismo primitivo, oescravismo na Antiguidade, o feudalismo na IdadeMédia e o capitalismo na Idade Moderna.

Ele afirma que a passagem de um modo deprodução a outro se dá no momento em que o nívelde desenvolvimento das forças produtivas entra emcontradição com as relações sociais de produção.Quando isso ocorre, há um sufocamento da produçãoem virtude da inadequação das relações nas quaisela se dá. Nesse momento, surgem as possibilidadesobjetivas de transformação desse modo de produção.

ATIVIDADE

4) O que é mercadoria navisão marxista?

5) Explique com suaspalavras o que é Alienação,Fetichismo e Reificação.

6) Como ocorre a mais-valia?

A INDUSTRIALIZAÇÃO NOBRASIL

A história daindustrialização no Brasil pode ser dividida em quatro períodos principais:o primeiro período, de 1500 a 1808,chamado de "Proibição"; o segundo

período, de 1808 a 1930, chamado de "Implantação";o terceiro período, de 1930 a 1956, conhecido comofase da Revolução Industrial Brasileira e finalmente oquarto período, após 1956, chamado de fase dainternacionalização da economia brasileira.

PRIMEIRO PERIODO (1500 - 1808): OU DE“PROIBIÇÃO”

Nesta época Portugal fazia restrição aodesenvolvimento de atividades industriais no Brasil.Apenas uma pequena indústria para consumo interno

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era permitida, devido às distâncias entre a metrópolee a colônia. Eram, principalmente, de fiação,calçados, vasilhames.

Na segunda metade do século XVIIIalgumas indústrias começaram a crescer, como a doferro e a têxtil. Isso não agradava Portugal porque jáfaziam concorrência ao comércio da corte e poderiam

tornar a colônia independente financeiramente e daí apossibilidade da independência política. Assim em 5de janeiro de 1785, D. Maria I assinou um alvará,extinguindo todas as manufaturas têxteis da colônia,exceto a dos panos grossos para uso dos escravos, ecriando restrições à indústria do ferro.

Em 1795 foram feitas algumas concessõesàs restrições do Alvará, principalmente as relativas àindústria do ferro, novamente devido às distâncias.

SEGUNDO PERIODO (1808-1930)Primeira fase (1808-1850)Em 1808 chegando ao Brasil a família real

portuguesa, D. João VI revogou o alvará, abriu os

portos ao comércio exterior e fixou taxa de 24% paraprodutos importados, exceto para os portugueses queforam taxados em 16%. Em 1810, através de umcontrato comercial com a Inglaterra, foi fixada em15% a taxa para as mercadorias inglesas por umperíodo de 15 anos. Neste período, odesenvolvimento industrial brasileiro foi mínimodevido à forte concorrência dos produtos inglesesque plenamente "invadiram" o mercado consumidor brasileiro.

Em 1828 foi renovado o protecionismoeconômico cobrando-se uma taxa de 15% sobre osprodutos estrangeiros, agora sem exceção para todosos países. Porém essa taxa era ainda era pequenapara formar-se no País um certo desenvolvimentoindustrial.

Em 1844 o então Ministro da FazendaManuel Alves Branco decretou uma lei que ampliavaas taxas de importação para 30% sobre produtossem similar nacional e 60% sobre os com similar nacional.

Segunda fase (1850-1930)Em 1850 é assinada a Lei Eusébio de

Queirós proibindo o tráfico de escravos, e que trouxeduas consequências importantes para odesenvolvimento industrial:

• Os capitais que eram aplicados nacompra de escravos ficaram disponíveis e foramaplicados no setor industrial.

• A cafeicultura que estava em plenodesenvolvimento necessitava de mão-de-obra. Issoestimulou a entrada de um número considerável deimigrantes, que trouxeram novas técnicas deprodução de manufaturados e foi a primeira mão-de-obra assalariada no Brasil. Assim constituíram ummercado consumidor indispensável aodesenvolvimento industrial, bem como força detrabalho especializada.

O setor que mais cresceu foi o têxtil,favorecido em parte pelo crescimento da cultura doalgodão em razão da Guerra de Secessão dosEstados Unidos, entre 1861 e 1865.

Na década de 1880 ocorreu o primeiro surto

industrial quando a quantidade de estabelecimentospassou de 200, em 1881, para 600, em 1889.

Esse primeiro momento de crescimentoindustrial inaugurou o processo de Substituição deImportações.

Entre 1914 e 1918 ocorreu a PrimeiraGuerra Mundial e, a partir dai, vamos constatar queos períodos de crise foram favoráveis ao nossocrescimento industrial. Isso ocorreu também em 1929com a Crise Econômica Mundial e, mais tarde, em1939 com a 2ª Guerra Mundial, até 1945.

Nesses períodos a exportação do café era

prejudicada e havia dificuldade em se importar osbens industrializados, estimulando dessa forma osinvestimentos e a produção interna, basicamenteindústria de bens de consumo.Em 1907 foi realizado o 1° censo industrial do Brasil,indicando a existência de pouco mais de 3.000empresas. O 2° censo, em 1920, mostrava

a existência de mais de 13.000 empresas,caracterizando um novo grande crescimentoindustrial nesse período, principalmente durante a 1ªGuerra Mundial quando surgiram quase 6.000empresas.

Predominava a indústria de bens de

consumo que já abastecia boa parte do mercadointerno. O setor alimentício cresceu bastante,principalmente exportação de carne, ultrapassando osetor têxtil. A economia do país continuava, noentanto, dependente do setor agroexportador,especialmente o café, que respondia por aproximadamente 70% das exportações brasileiras.

TERCEIRO PERÍODO (1930-1956): de"Revolução Industrial"

O início desse período foi marcado pela criseeconômica de 1920/30, decorrente da grandedepressão norte-americana com a quebra da Bolsade Nova York.

Outro marco foi a Revolução de 1930, comGetúlio Vargas, que operou uma mudança decisivano plano da política interna, afastando do poder doestado oligarquias tradicionais que representavam osinteresses agrários-comerciais. Getúlio Vargasadotou uma política industrializante, regulamentandoo mercado de trabalho urbano, limitando algumasimportações e, mais tarde, dirigindo investimentosestatais para a indústria de base.

Foram criadas grandes restrições a entradade imigrantes, caracterizando a substituição de mão-de-obra imigrante pela nacional. Essa mão-de-obraera formada no Rio de Janeiro e São Paulo emfunção do êxodo rural (decadência cafeeira) emovimentos migratórios de nordestinos. Vargas

investiu forte na criação da infra-estrutura industrial:indústria de base e energia. Destacando-se a criaçãode:

• Conselho Nacional do Petróleo (1938)• Companhia Siderúrgica Nacional (1941)• Companhia Vale do Rio Doce (1943)• Companhia Hidrelétrica do São

Francisco (1945)Foram fatores que contribuíram para o

desenvolvimento industrial a partir de 1930:• o grande êxodo rural, devido a crise do

café, com o aumento da população urbana que foiconstituir um mercado consumidor.

a redução das importações em funçãoda crise mundial e da 2ª Guerra Mundial, quefavoreceu o desenvolvimento industrial, livre deconcorrência estrangeira.

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Esse desenvolvimento ocorreuprincipalmente em São Paulo, Rio de Janeiro, MinasGerais e Rio Grande do Sul, definindo a grandeconcentração espacial da indústria, que permaneceaté hoje.

Uma característica das indústrias que foramcriadas desde a 1ª Guerra Mundial é que muitas

delas fazem apenas a montagem de peçasproduzidas e importadas do exterior. São subsidiáriasdas matrizes estrangeiras.No início da 2ª Guerra Mundial o crescimentodiminuiu porque o Brasil não conseguia importar osequipamentos e máquinas que precisava.

Isso ressalta a importância de possuir umaIndústria de Bens de Capital.

Apesar disso as nossas exportaçõescontinuaram a se manter acarretando um acúmulo dedivisas. A matéria-prima nacional substituiu aimportada. Ao final da guerra já existiam indústriascom capital e tecnologia nacionais, como a indústriade autopeças.

No segundo governo Vargas (1951-1954),os projetos de desenvolvimento baseados nocapitalismo de Estado, através de investimentospúblicos no extinto Instituto Brasileiro do Café (IBC,em 1951), BNDES (1952), Petrobrás (1954), dentreoutros, forneceram importantes subsídios paraJuscelino Kubistchek lançar seu Plano de Metas,ainda que à um elevado custo de internacionalizaçãoda economia brasileira.

Quarto Período(1956...): de"Internacionalização" 

Ao final da Segunda Guerra Mundial o Brasildispunha de grandes reservas de moeda estrangeira,divisas, fruto de ter exportado mais do que importado.

O governo de Eurico Gaspar Dutra estimulouas importações esgotando as reservas masfavorecendo o reequipamento de vários setoresindustriais, que veio contribuir para o seucrescimento. O governo adotou uma política deseleção de importações para evitar um desequilíbrioem nossa balança de pagamentos. Houve umcrescimento de 8,9% de 1946 a 1950.

Enquanto nas décadas anteriores houvepredominância da indústria de bens de consumo, nadécada de 40 outros tipos de atividade industrialcomeçam a se desenvolver como no setor deminerais, metalurgia, siderurgia, ou seja setores maissofisticados tecnologicamente.

Em 1946 teve início a produção de aço da

CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), VoltaRedonda, que abriu perspectivas para odesenvolvimento industrial do pais, já que o açoconstitui a base ou a "matriz" para vários ramos outipos de indústria.

Em 1950 alguns problemas de grandeimportância dificultaram o desenvolvimento industrial:

• falta de energia elétrica;• baixa produção de petróleo;• rede de transporte e comunicação

deficientes.Para tentar sanar os dois primeiros

problemas o presidente Getúlio Vargas inaugurou aCompanhia Hidrelétrica do São Francisco, Usina

Hidrelétrica de Paulo Afonso e criou a Petrobrás.No governo de Juscelino Kubitschek, 1956 a

1961, criou-se um Plano de Metas que dedicou maisde 2/3 de seus recursos para estimular o setor deenergia e transporte.

Aumentou a produção de petróleo e apotência de energia elétrica instalada, visando aassegurar a instalação de indústrias.Desenvolveu-seo setor rodoviário.

Houve um grande crescimento da indústriade bens de produção que cresceu 37% contra 63%da de bens de consumo.

Percebe-se, por esses números, que nadécada de 50 alterou-se a orientação daindustrialização do Brasil. Contribuiu para isso a .Instrução 113 da Superintendência da Moeda e doCrédito (SUMOC), instituída em 1955, no governoCafé Filho. Essa Instrução permitia a entrada demáquinas e equipamentos sem cobertura cambial(sem depósito de dólares para a aquisição no Bancodo Brasil).

O crescimento da indústria de bens deprodução refletiu-se principalmente nos seguintessetores:

• siderúrgico e metalúrgico (automóveis);• químico e farmacêutico;

• construção naval, implantado no Rio deJaneiro em 1958 com a criação do Grupo Executivoda Indústria de Construção Naval (GEICON).

No entanto, o desenvolvimento industrial foicalcado, em grande parte, com capital estrangeiro,atraído por incentivos cambiais, tarifários e fiscaisoferecidos pelo governo. Nesse período teve inícioem maior escala a internacionalização da economiabrasileira, através das multinacionais.

A década de 60 começou com sériosproblemas políticos: a renúncia de Jânio Quadros em1961, a posse do vice-presidente João Goulart,discussões em torno de presidencialismo ouparlamentarismo. Esses fatos ocasionaram um

declínio no crescimento econômico e industrial.Após 1964, os governos militares,retomaram e aceleraram o crescimento econômico eindustrial brasileiro. O Estado assumiu a função deórgão supervisor das relações econômicas. Odesenvolvimento industrial pós 64 foi significativo.

Ocorreu uma maior diversificação daprodução industrial. O Estado assumiu certosempreendimentos como: produção de energiaelétrica, do aço, indústria petroquímica, abertura derodovias e outros, assegurando para a iniciativaprivada as condições de expansão ou crescimento deseus negócios.

Houve grande expansão da indústria de

bens de consumo não-duráveis e duráveis com aprodução inclusive de artigos sofisticados. Aumentou,entre 1960 e 1980, em números significativos aprodução de aço, ferro-gusa, laminados, cimento,petróleo

Para sustentar o crescimento industrial,houve o aumento da capacidade aquisitiva da classemédia alta, através de financiamento de consumo.Foi estimulada, também, a exportação de produtosmanufaturados através de incentivosgovernamentais. Em 1979, pela 1ª vez, asexportações de produtos industrializados e semi-industrializados superaram as exportações de bensprimários (produtos da agricultura, minérios,matérias-primas).

Com a autosuficiência no setor de petróleo,que minimizou o problema da dependência do setor industrial em relação ao mesmo, só falta ao Brasilenfrentar um desafio atual, cada vez mais imposto

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pelo mundo globalizado: a geração de tecnologia deponta nacional.

ATIVIDADE

13) Quais as principaiscaracterísticas de cada um dostrês períodos da industrializaçãobrasileira.

PRODUÇÃO EM MASSA OUENXUTA? Taylorismo, Fordismo e Toyotismo

TaylorismoEm 1911, o engenheiro

norte-americano Frederick W. Taylor publicou “Os princípios daadministração científica”, elepropunha uma intensificação dadivisão do trabalho, ou seja, fracionar as etapas do processo produtivo demodo que o  trabalhador  desenvolvesse tarefas ultra-especializadas e repetitivas.Diferenciando o trabalho  intelectual do trabalho manual. Fazendo um

controle sobre o tempo gasto em cada tarefa e umconstante esforço de racionalização, para que atarefa seja executada num prazo mínimo. Portanto, otrabalhador que produzisse mais em menos temporeceberia prêmios como incentivos.

Fordismo O norte-americano

Henry Ford foi o primeiro a por em prática, na sua empresa“Ford Motor Company”, otaylorismo. Posteriormente, eleinovou com o processo do

fordismo, que, absorveuaspectos do taylorismo.Consistia em organizar a linhade montagem de cada fábricapara produzir mais, controlando

melhor as fontes de matérias-primas e de energia, ostransportes, a formação da mão-de-obra. Ele adotoutrês princípios básicos;

1) Princípio de Intensificação: Diminuir otempo de duração com o emprego imediato dosequipamentos e da matéria-prima e a rápidacolocação do produto no mercado.

2) Princípio de Economia: Consiste emreduzir ao mínimo o volume do estoque da matéria-prima em transformação.

3) Princípio de Produtividade: Aumentar acapacidade de produção do homem no mesmoperíodo (produtividade) por meio da especialização eda linha de montagem. O operário ganha mais e oempresário tem maior produção.

Modelo ToyotistaNa produção

em série da Ford aindavai houve muitosdesperdícios de matériaprima e tempo de mão-

de-obra na correção dedefeitos do produto.Essa estrutura durou até

o final da Segunda Guerra Mundial, quando tambémnuma fábrica de automóveis no Japão, aparece umoutro sistema de produção - o toyotismo, que secaracterizou pela concepção "enxuta" (clean, magra,sem gorduras). Esse novo modo de pensar aprodução sofreu forte influência do engenheiroamericano W. Edwards Deming, que atuou comoconsultor das forças de ocupação dos EUA no Japãoapós a Segunda Guerra. Deming argumentava comos industriais da nação quase em ruínas quemelhorar a qualidade não diminuiria a produtividade.

A proposta é de que o próprio consumidor escolha seu produto. O estabelecimento ou a fábricadeixa de "empurrar" a mercadoria para o cliente, paraque este a "puxe" de acordo com as suas própriasnecessidades.

Ao contrário do sistema de massa, essaoutra concepção de produção delega aostrabalhadores a ação de escolher qual a melhor maneira de exercerem seus trabalhos, assim elestêm a chance de inovar no processo de produção.Com isso, o trabalhador deve ser capacitado, paraqualificar suas habilidades e competências, que antesnão eram necessárias. Dessa forma, os industriaisinvestem na melhoria dos funcionários, dentro e foradas indústrias.

A Toyota, ao adotar a concepção "enxuta" erompendo com a produção em série, possibilitouoferecer um produto personalizado ao consumidor.As ferramentas utilizadas eram de acordo com cadaproposta demandada pelo cliente. Inclusive, passou aproduzir automóveis com larga escala de cores, semgerar custos adicionais.

Os operários japoneses utilizam uma cartela(kaban, sinal) para indicar ao colega antecedentequal a peça deveria ser produzida e entregue. Dessaforma, conseguem eliminar o estoque e odesperdício, produzindo somente o que for necessário, JIT - "just in time".

A fábrica centralizada da Ford, que ocupava

um enorme espaço, deixa de existir. As fábricas daToyota, sem necessitar de grande área para estoque,são descentralizadas em menores proporções,interligadas por sistemas de informação, comsofisticadas tecnologias de informação ecomunicação.

Dois conceitos inovadores que surgiram naToyota merecem destaque: equipe de trabalho (teamwork) e qualidade total. Em uma fábrica "enxuta" todoo trabalho é feito por equipes. Quando um problemaaparece, toda a equipe é responsável. Quando ocorreum defeito na montagem de uma peça, a equipe demontagem se organiza na busca de maneiras deresolver o problema. Há uma cobrança entre os pares

para que cada membro atue de uma maneira que nãoprejudique os companheiros. Algumas fábricasdelegam à equipe a função de demitir ou aceitar novos funcionários.

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Junto com a qualidade total também foraminseridas novas máquinas para o interior dasindústrias, com maior precisão e produtividade. Asubstituição da mão-operária pelas máquinas fez comque aumentasse o desemprego em escala mundial,inclusive nos países desenvolvidos economicamente.Contudo, a concepção "enxuta" passou a exigir maior 

autonomia tanto do trabalhador para expor as suashabilidades, quanto do consumidor para dar vez àsua vontade. É nesse modelo que o sujeito tem achance de escolher, tomar decisões, propor soluçõese gerar novas idéias.

Se a equipe de trabalho gerou a qualidadetotal na concepção "enxuta", podemos então propor um processo de design que seja construído deacordo com as qualidades do cliente, que contemplesuas necessidades, seu gosto e o requinte dodesigner.

ATIVIDADE

14) Afinal, qual o melhor modo deprodução nos dias atuais(opinião pessoal)? Por que?

15) O que seria uma produção emmassa e uma produção enxuta?

DIVISÃO SOCIAL DOTRABALHO -

EXPLORAÇÃO EALIENAÇÃO

Sabemos que as idéias de organização,coação, disciplina, obrigação estão presentes nasrelações de trabalho. Sabemos também que otrabalho moderno levou às últimas conseqüências a'divisão de trabalho', alimentando o processo deexploração e de alienação. Mas o que representa a'divisão de trabalho'?

Mesmo as sociedades primitivas conhecemuma divisão 'natural' do trabalho, que é a que se dápela especialização das funções, segundo ashabilidades e talentos inatos dos indivíduos. Assim éque os mais lentos se dedicam à pesca, enquanto osmais ágeis/magros á caça, as mulheres ao cuidadodos filhos etc. e a especialização leva a um melhor rendimento, o que se dá em proveito do grupo.

Trabalho: Ação, necessidade ecoerçãoPor Tatiana Claro

Muitas vezes o trabalho é considerado por aqueles que o executam uma tortura, ou seja, umelemento coercitivo, uma imposição, sendo realizadodevido a uma tendência objetiva, podendo ser umasatisfação de determinada carência ou ainda aconseqüência de uma necessidade. Dessa forma,procuraremos descrever as três principais formas que

podemos encontrar nas relações de trabalho:Trabalho enquanto açãoSe o trabalho é visto como obrigação moral

de todos, torna-se ação desejada, podendo levar auma integração maior da sociedade. Adquirimos, comesse significado, uma referência de vida moralmentecorreta.

O trabalho caracteriza-se ação, segundoFriedmann, quando se alimenta de uma disciplinalivremente aceita, como às vezes a do artista, querealiza uma obra sem fôlego, sem ser punido pelanecessidade, quando exprime as tendênciasprofundas da personalidade e ajuda a realizar-se. É otrabalho relacionado ao prazer; é o que distingue o

homem dos demais animais. Este tipo de atividadepressupõe liberdade, uma vez que corresponde auma escolha livremente feira, segundo as aptidões dapessoa e pode ter efeitos positivos sobre apersonalidade.

Percebe-se que o trabalho exercido no dia-a-dia sob a pressão da produção intensa, sob a batutade ritmos impostos e realizado em ambientescompetitivos distancia-se completamente da definiçãode trabalho como ação, pois não é livrementeselecionado e executado. Conclui-se que o trabalhoenquanto ação é bem raro de ocorrer.

Trabalho enquanto necessidade O LABOR está relacionado ao trabalho de

manutenção da vida, a necessidade de sobrevivênciae reprodução da espécie humana. É o trabalho comdor, associado ao sofrimento, às dores do parto, aoesforço físico. Na Grécia antiga, onde esta distinçãose originou, o LABOR era aquilo que os escravos, asmulheres e os homens, que não eram consideradoscidadãos realizavam. É típico da esfera privada, dolar, da família.

O trabalho entendido como necessidade éconsiderado um produtor de utilidades (valores deuso), bem como de mercadorias; refere-se aoestímulo associado aos bens adquiridos pelotrabalho. Neste caso, temos uma relação instrumentalcom o trabalho e a nossa referência é a necessidadeou sobrevivência física. Ou seja, queremos um

trabalho devido ao salário.Todas as sociedades produzem artigos para

suprir as necessidades das pessoas. Tais artigosbastam-se em cumprir utilidades, seu valor está emseu uso, portanto têm valor de uso para que oproduziu, o trabalhador. Já a mercdoria pode ser considerada valor de uso produzido para outros, queobterão mediante uma troca. Tais artigos têm valor de troca. Tanto os produtos com valor de uso quantoos com valor de troca objetivam suprir necessidades,mas o que é considerado necessidade não é umvalor atemporal. A necessidade deve ser contextualizada, pois altera-se conforme aorganização social e o momento histórico

considerado.Trabalho enquanto coerçãoO trabalho quando forçoso, seja pela

consecução de uma necessidade ou satisfação de

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uma carência, caracteriza-se como uma coerção. Éimposto por uma exigência que deve ser atendida.

A compulsão que caracteriza a atividade detrabalho pode ser de origem externa (como forçafísica, persuasão moral ou coação econômica – estaúltima sendo a mais freqüente) ou interna (quandoprovém de um ideal se servir à sociedade ou da

necessidade de criação artística, científica outécnica).Tipos de coerção: a força física, a persuasão

moral, a coação econômica e coerção da lei.

Reportagem:

Escravos do aço (Junho de 2004)

Por Dauro Veras e Marques Casara

Siderúrgicas sebeneficiam de trabalhoescravo em carvoarias na selvaamazônica

Esta é a ponta inicialde uma cadeia de produção queenvolve, com diversos graus deresponsabilidade, gigantesindustriais. Empresascontroladas pelos gruposQueiroz Galvão e Gerdau sãoacusadas pelo Ministério

Público Federal de se beneficiarem da escravidãopara produzir ferro gusa. A Companhia Vale do RioDoce e a maior produtora de aço dos EstadosUnidos, Nucor Corporation, relacionam-secomercialmente com essas empresas. Uma atividadeeconômica bilionária tem em sua base a violação dosdireitos humanos.

A Amazônia brasileira produz o melhor ferrogusa do mundo, usado principalmente na produçãode peças automotivas. É um mercado que movimenta400 milhões de dólares anuais somente na regiãoNorte - 2,2 milhões de toneladas/ano - e tem comoprincipal compradora a indústria siderúrgica dosEstados Unidos. Esse gusa alimenta um mercado dealta tecnologia, o dos aços especiais. A produção,contudo, tem na base de sua cadeia de valor umadas piores formas de exploração humana: o trabalho

escravo, que acontece em carvoarias localizadas nafloresta amazônica.

Vivem lá homens que perderam a liberdade,não recebem salários, dormem em currais, comemcomo animais, não têm assistência médica e, emmuitos casos, são vigiados por pistoleiros autorizadosa matar quem tentar fugir. Esses trabalhadores, emsua maioria, não sabem ler nem escrever. Em geral,esqueceram a data do aniversário. Têm dificuldadesde se expressar, sentem medo, vivem acuados e nãogostam de falar sobre si mesmos. Quase sempre,não possuem carteira de identidade nem título deeleitor. São como fantasmas, com futuro incerto.

As carvoarias da Amazônia são controladas

por 13 siderúrgicas com sede no Maranhão e noPará. Algumas siderúrgicas são de propriedade degigantes da economia, com atuação em quase todo oterritório brasileiro e também no exterior. O grupoQueiroz Galvão é dono da Simasa e da Pindaré. O

grupo Gerdau controla a Margusa. Simasa e Margusasão acusadas pelo Ministério Público do Trabalho deusarem mão-de-obra escrava em carvoarias ilegais.Esse carvão é usado na produção do ferro gusaexportado aos Estados Unidos para a produção deaço, que por sua vez é matéria prima de automóveise diversos outros produtos.

A Vale do Rio Doce e a Nucor não estãosendo acusadas de envolvimento direto com otrabalho escravo. Contudo, fazem negócioscomerciais com empresas envolvidas na exploraçãode trabalho escravo. A sociedade, a Constituiçãobrasileira, normas internacionais e até os princípiosde responsabilidade social empresarial, como sepode ler mais adiante, não admitem o uso deescravidão em nenhum elo da cadeia produtiva.

Pior que gado

Mesmo nascarvoarias onde

não existetrabalho escravo,a legislação ésistematicamentedescumprida. Os

trabalhadores não recebem equipamentos deproteção individual, não têm alojamento nemassistência médica. Também não são registrados emcarteira nem têm direito aos benefícios legais. "É umarealidade assustadora", define o procurador doMinistério Público do Trabalho em São Luís (MA),Maurício Pessoa Lima. "Em inspeções realizadas emcarvoarias, eu vi o gado vivendo em melhorescondições que os trabalhadores".

Em um relatório de inspeção realizada emcarvoarias ligadas à Simasa e à Margusa, entre osdias 8 e 17 de março deste ano, o procurador dotrabalho Luercy Lino Lopes apontou o envolvimentodireto das siderúrgicas com o trabalho escravo.Escreveu Lopes:

"De um modo geral, em todas as carvoariasinspecionadas observou-se: (...) O trabalho érealizado em condições absolutamente aviltantes edegradantes, em total ofensa à própria dignidade dostrabalhadores, o que, segundo entendo pela atualredação do artigo 149 do Código Penal Brasileiro,tipifica a conduta pertinente à redução à condiçãoanáloga à de escravo".

Em outro trecho, o procurador acrescenta:"Raramente algum trabalhador é flagrado de

posse de EPI (equipamento de proteção individual);trabalham em meio à fuligem e fumaça de carvão,sem camisa ou com a camisa toda rasgada e suja;com calção e sem botinas e luvas. Em nenhuma dascarvoarias vistoriadas foi encontrada água potável".

ReincidênciaO uso de trabalho

escravo envolvendosiderúrgicas não é recente.Em 1995, ano em que oMinistério do Trabalho criou oGrupo Especial deFiscalização Móvel, quatro

siderúrgicas localizadas noMato Grosso e em MinasGerais foram acusadas demanter trabalhadoresescravos em carvoarias. No

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Mato Grosso, a pequena cidade de Ribas do RioPardo se tornou uma espécie de pólo escravagista,com denúncias em vários setores da economia.

No ano seguinte surgiram pela primeira vez,nos relatórios do Grupo Móvel, os nomes desiderúrgicas ligadas a grandes conglomeradoseconômicos. É o caso da siderúrgica Pindaré, da

Queiroz Galvão, com sede em Açailândia (MA). Elaaparece em relatórios do Grupo Móvel em 1996,1997, 1998, 2002 e 2003. A Simasa, também daQueiroz Galvão, aparece pela primeira vez em 2002,tornando-se freqüente desde então. A Margusa,comprada pela Gerdau no dia 2 de dezembro de2003, aparece em março de 2004.

Diversos relatos do Grupo Móvel nãocaracterizam as situações encontradas como trabalhoescravo, mas "trabalho degradante", o que édiferente. Enquadra- se na condição de trabalhodegradante aquele em que o trabalhador não temregistro em carteira, não dispõe de equipamento deproteção, dorme em um curral sem paredes, não tem

acesso a água potável ou a assistência média, férias,13o salário. Em quase 100% dos casos não contacom um banheiro no local de trabalho.

O trabalho escravo, segundo a OIT,acontece quando existe coação e privação daliberdade. Em 2003, com a mudança do artigo 149 doCódigo Penal, o que acima foi descrito como trabalhodegradante passou a ser interpretado, por algunsespecialistas, como escravidão. É o caso desituações extremamente degradantes como as quesão encontradas pelo Grupo Móvel nas carvoarias,explica o procurador do Ministério Público doTrabalho, Maurício Pessoa Lima.

O procurador Luercy Lino Lopes, em seurelatório de março, não hesitou em acusar Simasa eMargusa de envolvimento com trabalho escravo."Diante das impressões que tive no local, a situaçãodas carvoarias, sobretudo no Pará, é muito grave ereclama providências urgentes. Penso ser necessáriauma imediata investida contra as siderúrgicas",afirmou.

Lopes, que acompanhou o trabalhorealizado pelo Grupo Móvel durante nove dias eesteve em oito carvoarias entre os municípios deDom Eliseu (PA) e Pastos Bons (MA), relacionou aexistência de 37 trabalhadores na carvoaria daSimasa e 20 na carvoaria da Margusa. Segundo orelatório:

"Não há salário definido, existe a prática de

endividamento do trabalhador (sistema de barracãoou cantina); as condições de conforto e higiene sãopéssimas".

Fonte:http://www.observatoriosocial.org.br 

Poema: Redençãopor Inã Candido

- Em nome do Senhor, saia dessa rotina dedevassidão. Se continuar nessa vida de prostituição

estarás condenada a eterna danação.- Mas esse é o meu trabalho! Preciso delepara sobreviver. O mundo não me deu outraescolha… No mais, é uma profissão como outraqualquer!

- Não é! Isso é coisa do demônio e secontinuar… quando morrer as portas do paraíso,estarás fechadas para ti.

- E o senhor quando morrer vai estar lá noparaíso?

- Vou sim, a eternidade me espera, os maisbelos anjos me acolherão e tudo será lindo e

maravilhoso. Mas por que me fazes essa pergunta?- Porque eu prefiro ir direto para o inferno aoencontrar o senhor por lá.

Fragmento de música: Atéquando?

Gabriel Pensador 

 

“(...) Acordo num tenho trabalho, procurotrabalho, quero trabalhar 

O cara me pede diploma, num tenhodiploma, num pude estudar 

E querem que eu seja educado, que eu andearrumado que eu saiba falar 

Aquilo que o mundo me pede não é o que omundo me dá

Consigo emprego, começo o emprego, memato de tanto ralar 

Acordo bem cedo, não tenho sossego nemtempo pra raciocinar 

Não peço arrego mas na hora que chego sófico no mesmo lugar 

Brinquedo que o filho me pede num tenhodinheiro pra dar 

Escola, esmolaFavela, cadeiaSem terra, enterraSem renda, se renda. Não, não.”

ATIVIDADE

16) Quais asmensagens transmitidas noPoema “Redenção” e na música“Até quando”?

17) Em quais pontos podemosrelacionar a música “Atéquando” com a reportagem“Escrava do Aço”?

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Segundo trimestre

Estratificação Social

A estratificação social indica aexistência de diferenças, dedesigualdades entre pessoas de umadeterminada sociedade. Ela indica a

existência de grupos de pessoas que ocupamposições diferentes.

São três os principais tipo de estratificaçãosocial:

Estratificação econômica: baseada naposse de bens materiais, fazendo com que hajapessoas ricas, pobres e em situação intermediária;

Estratificação política: baseada nasituação de mando na sociedade (grupos que têm e

grupos que não têm poder);Estratificação profissional: baseada nosdiferentes graus de importância atribuídos a cadaprofissional pela sociedade. Por exemplo, em nossasociedade valorizamos muito mais a profissão demédico do que a profissão de pedreiro.

É importante ressaltar que todos osaspectos de uma sociedade – economia, política,social, cultural, etc. – estão interligados. Assim, osvários tipos de estratificação não podem ser entendidos separadamente. Por exemplo, as pessoasque ocupam altas posições econômicas em geraltambém têm poder e desempenham posiçõesprofissionais valorizadas socialmente.

Também importante lembrar que a

constituição de sociedades estratificadas socialmenteé um fenômeno histórico; ou seja, as diferenciaçõessociais e a formação de suas características ocorremem função de processos históricos explicáveis dentrode suas próprias lógicas. Portanto, não sãofenômenos "naturais", derivados de alguma lógicaexterior ao próprio ser humano. São processosconstruídos por agentes humanos que se opõem, soba forma de grupos, no campo do conflito.

A estratificação social é a divisão dasociedade em estratos ou camadas sociais.Dependendo do tipo de sociedade, esses estratos oucamadas podem ser: castas (Índia), estamentos(Europa Ocidental durante o feudalismo) e classes

sociais (sociedades capitalistas).CastasExistem sociedades em que os indivíduos

nascem numa camada social mais baixa e podemalcançar, com o decorrer do tempo, uma posiçãosocial mais elevada. No entanto, existem sociedadesem que, mesmo usando de toda a sua capacidade etodo os seus esforços, o indivíduo não conseguealcançar uma posição social mais elevada. Nessescasos, a posição social lhe é atribuída por ocasião donascimento, independentemente de sua vontade esem perspectiva de mudança. Ele carrega consigo,por toda a vida, a posição social herdada.

A sociedade indiana é estratificada dessa

maneira; um sistema de estratificação social muitorígido e fechado que não oferece a menor possibilidade de mobilidade social. É o sistema decastas que, por exemplo, permite casamentosapenas entre pessoas de uma mesma casta. Tal

sistema de castas foi abolido oficialmente em 1947,mas a força da tradição faz com que persista, naprática, até os dias de hoje.

EstamentosA sociedade feudal da Europa na Idade

Média foi um exemplo típico de uma sociedadeestratificada em estamentos.

Estamento ou estado é uma camada socialsemelhante à casta, porém mais aberta. Nasociedade estamental a mobilidade social ascendenteé difícil, porém não impossível, como na sociedadede castas.

Na sociedade feudal, os indivíduos só muitoraramente conseguiam ascender socialmente. Essaascensão só era possível em alguns casos: quando aIgreja recrutava, em certas ocasiões, seus membrosentre os mais pobres, caso o rei conferisse um títulode nobreza a um homem do povo, ou ainda se a filhade um rico comerciante casasse com um nobre,tornando-se, assim, membro da aristocracia.

Essas situações eram difíceis de acontecer e

normalmente as pessoas permaneciam no estamentoem que haviam nascido.Classes sociaisPodemos dividir a sociedade capitalista em

dois grupos, segundo suas situação em relação aoselementos da produção: proprietários e nãoproprietários dos meios de produção. As relações deprodução dão origem a duas camadas sociaisdiferentes. A essas camadas damos o nome declasses sociais. Classicamente, designamos essasclasses sociais como burguesia e proletariado.

Apesar de ser correntemente usada paradesignar as camadas sociais em vários momentos dahistória da humanidade, esta designação é aplicadacom maior precisão para a sociedade capitalista.Assim, o prestígio social, o poder político e acapacidade de consumo de luxo, de modo geral, sãoprivilégios dos proprietários dos meios de produção.

As transformações por que passaram associedades capitalistas no século XX também nosmostram que houve mudanças significativas nasociedade capitalista tornando-a muito maiscomplexa do que em sua fase inicial dedesenvolvimento. A mudança mais notável foi ocrescimento de uma forte e volumosa classe médianos países centrais do capitalismo, ocupandofunções nos diversos setores dos ramos de prestaçãode serviços e da pequena e média propriedade.Assim, a análise das sociedades capitalistas do final

do século XX deve, necessariamente, levar emconsideração esta camada social intermediária entreos proprietários e os não proprietários dos meios deprodução.

Texto adaptado de Oliveira, PérsioSantos de; Introdução à Sociologia, São Paulo,

 Ática, 1997, 17ª edição, pp. 71-80.

ATIVIDADE

18) O que é estratificação social?19) Diferencie “Casta” de “Classes

Sociais”.

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20) Em que tipo de estratificação émaior a possibilidade demudança de estrato social?

Teorias sobre aestratificação nas sociedadesmodernas

Perspectiva MarxistaOs marxistas explicam a desigualdade social

a partir do pensamento de Marx. A desigualdadeadvém da divisão do trabalho. A teoria marxista dasclasses sociais diz que: a organização socialdepende da econômica; o grupo dominantesocialmente é o que controla as forças de produção edetém o capital; o grupo dominado detém apenasforça de trabalho; esta desigualdade gera

descontentamento social e gera conflitos (estesconflitos são o motor que faz mudar a sociedade; aposição de classe é independente da consciência depertença a essa mesma classe; as principais classessociais são os capitalistas e os proletários mas umgrande número de posições intermédias sãoresponsáveis por um sistema complexo e de grandeconflitualidade.

Perspectiva WeberianaA teoria de Max Weber parte da de Max mas

introduz alguma complexidade: as classes resultamda distribuição desigual do poder; o poder é variávelquer a nível econômico, quer a nível social e político;a posição de classe é determinada na esferaeconômica (existe uma enorme variedade deposições de classe que refletem as diversascapacidades econômicas e de acesso a bensmateriais); a localização dos indivíduos numa classeé determinada pela sua posição face ao mercado, asua capacidade econômica para aceder a saberes,títulos, qualificações, prestígio, honra, bens,empregos e propriedades; a combinação destescritérios resulta numa grande variedade de estatutossociais (status); exemplos de classes podem ser osproprietários, intelectuais, etc.; a posição de classenão é herdada e deriva dos recursos que o indivíduodesenvolve ao longo da sua vida, o processo é fluidoe flexível; as classes não são permanentes, osindivíduos entram e saem delas; o conflito de classes

surge do desejo de equidade social.Atualmente as diferenças de classes têm

vindo a esbater-se, no entanto a desigualdade socialpermanece. O gênero é uma das grandes dimensõesda desigualdade. Não existem sociedades modernasem que as mulheres tenham mais riqueza e statusque os homens.

ATIVIDADE21) Diferencie a teoria

de Marx da teoriade Weber referente

a estratificação. Qual delas

explica melhor a realidade socialque vivenciamos hoje? Por quê?

CONCEITUANDO“PAPEL SOCIAL” E

“STATUS”

STATUS é o lugar ou posição que a pessoaocupa na estrutura social de acordo com o julgamento coletivo ou consenso de opinião do grupo.Portanto, o status é a posição em função dos valoressociais correntes na sociedade. Pode apresentar-secomo status legal e/ou social.

Status legal é uma posição caracterizadapor direitos (reivindicações pessoais apoiadas por normas) e obrigações (deveres prescritos por normas), capacidades e incapacidades, reconhecidaspública e juridicamente, importantes para a posição eas funções na sociedade.

Status social: abrange características daposição que não são determinados por meios legais.

Portanto, difere do status legal por ser mais amplo eabarcar outras características de comportamentosocial além das estipuladas por lei. Além de legal esocial, os status podem ser atribuídos ou adquiridos.Status atribuído: é independente da capacidade doindivíduo; é-lhe atribuído mesmo contra a suavontade, em virtude do seu nascimento. Statusadquirido: depende do esforço e do aperfeiçoamentopessoal. Por mais rígida que seja a estratificação deuma sociedade e os numerosos status atribuídos, hásempre a possibilidade de o indivíduo alterar o seustatus através de habilidade, conhecimento ecapacidade pessoal. Esta conquista do status deriva,portanto, da competição entre pessoas e grupos, econstitui vitória sobre os demais. Outras formas de

status são: Status principal, básico ou chave (é ostatus mais significante para a sociedade, já que aspessoas possuem tantos status quantos forem osgrupos de que participam); status posicional(aparece quando determinados aspectos - família,educação, ocupação e rendimento - e alguns índicesexteriores - modos de falar, maneiras de se portar etc. - caracterizam um indivíduo como representantede determinado grupo ou classe social, sendoportador de certo prestígio. Portanto, é a posiçãosocial atribuída pelos valores convencionais correntesna sociedade ao grupo ou categoria do qual oindivíduo é um representante); status pessoal (é aposição social real determinada pelas atitudes e

comportamentos daqueles entre os quais o indivíduovive e se movimenta, fazendo com que pessoas, comidêntico status posicional, tenham, mercê das suasqualidades particulares, diferentes status pessoais).

PAPEL SOCIAL é o padrão decomportamento esperado e exigido de pessoas queocupam determinado status. Portanto, as maneirasde comportar-se, esperadas de qualquer indivíduoque ocupe certa posição (status), constituem o papelassociado com aquela posição.

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O conflito de papéis sociaisPor Cristiano Bodart 

O conflito de papéis resulta,normalmente, da sobrecarga do papel social de um

único status ou conflito entre as obrigações dediferentes status. Exemplificando: Carlos é regentede uma empresa e precisa demitir os funcionáriosmais novos e inexperientes para reduzir gastos e aempresa continuar a aberta. O problema é que seufilho (que acabou de ter um filho com sua recémesposa) é um desses funcionários recém contratadose inexperientes. Carlos se encontra em um conflito depapéis: o de gerente e o de pai. Que papeldesempenhar nesse momento?

O exemplo de Carlos ocorre diariamente nonosso cotidiano. Em sala de aula, por exemplo, vocêpode ter como professor o seu pai. Que papel ele evocê deverão cumprir? Às vezes a escolha torna-sedifícil e você se vê em um conflito de Papéis sociais.Imagine se um juiz tivesse que julgar seu amigo deinfância?

ATIVIDADE

22) Julgue se os status a baixo sãoadquiridos ou atribuídos.

a) Juiz;b) Professor;

c) Drogado;d) Príncipe herdeiro;e) Negro;f) Brâmane (casta na Índia)

23) Dê um exemplo, ainda nãomencionado, de conflito depapéis sociais que pode ocorrer com você ou com alguém de suafamília? 

TRABALHO ECONSUMO

De forma sucinta, o trabalhopode ser definido como a modificação

da natureza operada pelos seres humanos de formaa satisfazer suas necessidades. Nessa relação, oshomens modificam e interferem nas coisas naturais,transformando-as em produtos do trabalho. Otrabalho, ao mesmo tempo que organiza e transformaa natureza, organiza e transforma o próprio homem esua sociedade. O trabalho não é uma categoriaabstrata ou sem localização histórica. Cadasociedade cria suas formas de divisão e organizaçãodo trabalho, de regimes de trabalho e de relaçãoentre as pessoas no e para o trabalho, além deinstrumentos e técnicas para realizá-lo. Por isso varia

também aquilo que é considerado trabalho e o valor aele atribuído.

As relações que os seres humanosestabelecem entre si e com a natureza, de caráter econômico, político, cultural, produzem modos de ser e de viver e definem, a cada momento, o que seráconsiderado imprescindível ao bem viver: um

conjunto de bens e serviços, produzidos por toda asociedade, que poderão ser usufruídos. Materializadonos objetos de consumo, nos produtos e bensmateriais ou simbólicos e nos serviços, encontra-se otrabalho humano, realizado sob determinadasrelações e condições.

As relações existentes entre os homens emsociedade podem ser analisadas a partir das relaçõesde trabalho e consumo, mas ficam muitas vezesobscurecidas pela freqüente afirmação de que todossão igualmente livres tanto para trabalhar e escolher um tipo de trabalho como para consumir. Essaafirmação não considera as desigualdades de acessoao trabalho, aos bens de consumo e aos serviços, ou

a distribuição diferenciada entre as classes sociais.Consumir, portanto, não é um ato “neutro”:significa participar de um cenário de disputas por aquilo que a sociedade produz e pelos modos deusá-lo, tornando-se um momento em que os conflitos,originados pela desigual participação na estruturaprodutiva, ganham continuidade por meio dadistribuição e apropriação de bens e serviços. (...).

As relações de trabalho e consumoproduzem e reproduzem as tensões entredesigualdade e luta pela igualdade, injustiça e lutapela justiça. É assim que se constrói, a cadamomento, a cidadania, como uma série de lutas emprol da afirmação dos direitos ligados à liberdade, àparticipação nas decisões públicas e à igualdade decondições dignas de vida, modificando, dessa forma,a distribuição de riqueza e poder na sociedade.

(...)No Brasil, o direito ao trabalho e o direito ao

consumo — ao acesso aos bens materiais e culturaissocialmente produzidos — precisam ser analisadosno contexto de desigualdade social existente. Asdiferenças entre ricos e pobres, homem e mulher,brancos e não-brancos, moradores do campo e dacidade, indivíduos com baixa e alta escolaridade, sãoextremas. Essa desigualdade compromete ademocracia e, conseqüentemente, a construção dacidadania.

Fonte: PCN – Trabalho e Consumo 

Características do trabalho edo Consumo

Sob o nome de “globalização”,reúnem-se fenômenos diversos que

refletem novas formas de organização dos atoreseconômicos e políticos e de reorganização da divisãointernacional de trabalho.

Algumas características desse processopodem ser compreendidas a partir das

transformações provocadas pelo desenvolvimento dainformática, das telecomunicações e da automaçãoque modificam, por sua vez, a organização e acapacidade de produção econômica, dentro dosistema capitalista de produção.

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A transmissão e recepção de informaçõesem tempo real, seu processamento pelo computador,criaram novas condições de investir e gerenciar ocapital e a produção em diferentes pontos do planeta.Um mesmo produto pode ser igual esimultaneamente produzido pelo mesmo fabricanteem diferentes países do mundo (os mesmos

brinquedos, os mesmos automóveis, por exemplo),segundo sua conveniência e margem de lucro. Arapidez da informação, ao lado do desenvolvimentodos transportes, permite também que oscomponentes de um produto final sejam fabricadosem diferentes pontos, dividindo-se a produçãosegundo os lugares onde as condições econômicas(custo do trabalho, da matéria-prima, legislaçãoreguladora etc.) seja mais vantajosa.

As novas formas do dinheiro, como oscartões eletrônicos, com os quais se pode fazer movimentação financeira em qualquer lugar, odesenvolvimento do crédito, do marketing e daindústria cultural permitem comercializar e prestar 

serviços globalmente, de modo que a produção,realizada nos lugares escolhidos, seja distribuídapara o mundo. É o caso dos produtos feitos nospaíses asiáticos que nos últimos anos entraram nomercado brasileiro.

O mercado financeiro, com suas bolsas devalores, funciona articuladamente: o que aconteceem um país tem reflexos imediatos nos demais,fazendo com que em determinados momentos osinvestimentos se concentrem num país, para emseguida migrar para outro, seguindo apenas a lógicada rentabilidade imediata. Verifica-se o semprecrescente movimento de fusão de empresas, deampliação do espectro de atuação das corporaçõesmultinacionais e a influência de instituiçõessupranacionais de financiamento nas decisõesmacroeconômicas.

Não é possível deixar de chamar a atençãopara a desigualdade de posições nessainterdependência mundial, entre os chamados paísescentrais (aqueles que abrigam os centros de decisãodas grandes empresas, os grandes centrosfinanceiros e científicos) e os periféricos, determinadapela desigual produção e acesso às tecnologiasagrícolas, biotecnológicas, de automação,comunicações ou robótica, assim como adesigualdade do impacto das inovações tecnológicasnas diferentes classes sociais.

Configura-se, assim, um contexto instável,

de transformações aceleradas e detransnacionalização da produção, que tem impactodireto nas relações de trabalho e de consumo. Issoocorre de formas profundamente desiguais ediferenciadas, nacional, regional ou setorialmente,nos países centrais e nos periféricos, afetandoformas tradicionais de produção, modificando hábitosde consumo, com grande impacto nas culturas locais.

Na acirrada concorrência internacional, asempresas lançam mão de todos os fatores quepossam significar vantagens, como a redução doscustos do trabalho, a expansão da subcontratação, atercerização da produção e o trabalho autônomorealizado no domicílio, além de fazerem pressão para

modificar a regulamentação das relações de trabalho.A rápida transformação na produção debens e serviços acabam por causar efeitos jamaisimaginados. Novas tecnologias e formas degerenciamento na produção promovem o aumento da

produtividade que elimina, com a automação, postosde trabalho, gerando o chamado desempregotecnológico. As divisões do trabalho se alteram,surgem novos campos de trabalho, grandescontingentes de trabalhadores industriais sãoexpulsos para o setor terciário da economia ou para ochamado “setor informal”, ou, ainda, são totalmente

excluídos do mercado de trabalho, criando odesemprego conjuntural e o de exclusão.Ao mesmo tempo, portanto, em que novas

palavras aparecem no cotidiano, comoempregabilidade, trabalho por projetos, trabalhovirtual, convive-se com o desemprego, com umamultiplicidade de formas diferenciadas de trabalho ede ocupação, com a insegurança e com a incertezaem relação ao futuro. Novas profissões aparecem,outras tendem a desaparecer, outras, ainda, setransformam. A valorização e remuneração dasprofissões e dos serviços tem mudado em função dasnovas demandas do mercado. Nesse contexto emtransformação, serviços altamente remunerados

convivem com outros, muito mal pagos, semsegurança e sem respeito às legislações trabalhistas,ou com o desemprego.

(...) Os problemas de desemprego etransformação das relações de trabalho dependem,em muito, das opções por modelos dedesenvolvimento da economia nacional e da eficáciadas políticas econômicas e sociais.

Até agora, na sociedade capitalista, oemprego é a forma predominante de exercício dotrabalho e de distribuição da riqueza produzidasocialmente e, portanto, de se auferir recursos para asatisfação das necessidades.

A rapidez das mudanças é grande, exigindoesforços para construir alternativas, propor mudançase novas formas de organização, pois as escolhastecnológicos também comportam decisões denatureza política. A questão que se coloca é a decomo fazer com que tal produtividade e capacidadetecnológica sejam usadas em benefício da qualidadede vida das populações e não para a maximização dolucro ao custo da precarização das relações detrabalho ou do desemprego. Ou, de outro modo, quenovos direitos e formas de organização social dotrabalho são necessários para fazer frente a essenovo modelo de organização da produção, de modo agarantir a todos os direitos de cidadania.

Ao grande aumento de produtividadeconseguido pelas novas tecnologias e organização

da produção de bens e serviços corresponde anecessidade de vendê-los, pois é na dinâmicaprodução/consumo/produção que o capital se amplia.Por isso, juntamente com esse processo, eguardando estreita relação com ele, vem se tornandocada vez mais intenso o apelo às pessoas para queconsumam.

Consumidor é toda pessoa que compra umproduto ou paga pela realização de um serviço.Consumir não é só uma relação entre particulares. Aoutilizar água, luz e transporte coletivo, os serviços desaúde ou educação, consome-se um serviço público,pago por todos nos impostos diretos e indiretos.Consumir é ter acesso não só aos bens primários de

subsistência, mas também usufruir dosdesenvolvimentos tecnológicos, dos bens culturais esimbólicos.

Um direito básico do cidadão é ter acesso aomercado de consumo, aos produtos ou serviços que

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são oferecidos. Embora, aparentemente, exista o livreacesso de todos aos bens de consumo e serviços,reconhece-se a existência de “bolsões” de consumodiferenciados: se em alguns o consumo de bens épraticamente ilimitado, em outros existe aimpossibilidade de acesso aos bens de consumo eserviços considerados vitais. Trata-se, portanto, de

reivindicar o acesso ao consumo como um direitofundamental de cidadania.Problemas derivados do modelo dominante

de produção, tais como a pobreza e a desigualdadesocial, colocam em questão o que produzir, paraquem, quais seriam as prioridades. Como fazer frenteà lógica desse sistema que depende de criar cadavez mais mercadorias para continuar se expandindo,e que para isso tem uma complexa engrenagem de“fabricação de novas necessidades”, instalando aidéia do poder de consumo como um valor em si?Criando por um lado o consumo compulsivo,excessivo e acrítico de determinados bens,independentemente de sua necessidade “real” (o

chamado consumismo), e por outro a desvalorizaçãoe a desvalia social para os que não podem consumir no mesmo nível e o mesmo tipo de bens?

O custo social desse modelo tambémtransparece quando se verificam suas repercussõesnegativas no meio ambiente, com o esgotamento derecursos naturais, o desperdício de energia, o lixo, apoluição, assim como seu impacto na saúde.

Por meio da publicidade criam-senecessidades e novos padrões de consumo, quepassam a servir como indicadores da posição socialdos indivíduos.

Não é suficiente ter um sapato, uma roupa,uma caneta, mas a roupa, o sapato de determinadamarca. A identidade é marcada pelo consumo nãoapenas dos objetos como das marcas espalhadaspelo mundo e que se tornaram objeto de desejo, nosmais diversos países e culturas, independente defatores como qualidade, durabilidade, adequação aouso, preço etc.

Assim, questões antes restritas ao âmbito davida privada ou individuais ganham dimensõessociais, como a questão do desperdício, do consumode bens descartáveis, do uso de materiais nãorecicláveis, até a decisão de usar ou não umautomóvel. Os cidadãos, porém, ainda desconhecemsua força como consumidores, sua condição desujeito nas relações de consumo, seus direitos e suacapacidade para intervir nessas relações. Existem,

nacional e internacionalmente, movimentos quedefendem a idéia de que a participação na sociedademoderna através do consumo, deve implicar a críticae o repúdio à exploração e precarização das relaçõesde trabalho, às desigualdades e discriminações degênero, etnia e idade, assim como a defesa dedireitos em relação ao meio ambiente e à saúde.

Fonte: PCN – Trabalho e Consumo 

ATIVIDADE

24) Enumere as principais mudançasocorridas no trabalho e noconsumo na contemporaneidade.

Agricultura familiar: Chavepara criar e manter emprego

no campoUm em cada cinco trabalhadores brasileirosestá ocupado no setor agrícola. São cerca de 16,5milhões de pessoas, segundo a Pesquisa Nacionalpor Amostra de Domicílio (PNAD), do IBGE. Dasquais, apenas 1,5 milhão tem carteira assinada ecerca de 520.000 são empregadores rurais. Naagricultura, menos de 10% dos trabalhadores sãolegalmente contratados, enquanto a média deformalização do emprego no país é três vezes maior.Para cada assalariado com registro em carteira nocampo, dois são contratados na informalidade. Doscerca de 11 milhões restantes, dois terços trabalhampor conta própria ou produzem apenas o suficiente

para comer e um terço não recebe remuneraçãoalguma.

Esses números mostram a precariedadedesse grande segmento do mercado de trabalho dopaís, que encolheu cerca de 20% entre as décadasde 1980 e 1990, se estabilizou nos últimos cincoanos, mas não consegue converter em empregos aexpansão do setor agrícola, que cresceu acima de5% ao ano no período mais recente. “A expansão daárea de fronteira da monocultura para exportação nãoteve capacidade de gerar volume de empregos àaltura das taxas de crescimento”, sustenta oprofessor Sérgio Pereira Leite, da UniversidadeFederal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), lembrando

que o PIB agrícola não conseguiu passar dos 10% dototal de bens e serviços produzidos no país nosúltimos dez anos.

Campo estérilEle acredita que não vale a pena investir no

agronegócio como fator de geração de emprego erenda no campo. Cita como exemplo reportagemrecente feita pelo Fantástico, da TV Globo,mostrando que as condições de trabalho da mão-de-obra contratada pelo setor sucroalcooleiro são muitoprecárias. Em alguns casos, com trabalho análogo aode escravos. E questiona se vale a pena o governoinvestir novamente nesse setor, com o surgimento dademanda externa pelos biocombustíveis.

“Que tipo de emprego esse segmento estágerando?”, indaga Leite, observando que osassalariados do setor não se beneficiaram peloaumento da produtividade na produção de açúcar eálcool.

A objeção do professor não tem a ver com ocombustível verde, mas sim com a escolha domodelo econômico de sua produção. Ele consideraque o fornecimento de matéria-prima, mesmo sendopara um setor estratégico, deve estar associado àcapacidade de geração de emprego digno. Portanto,o modelo de produção dos biocombustíveis deveriaprivilegiar a agricultura familiar e não o agronegócio.“O governo deve pensar até que ponto aposta todasas fichas no aumento de segmentos que estão

baseados na exploração de monocultura voltada paraexportação, que não gera emprego”.

Será que isso não é vulnerável?”, questionaLeite, frisando que, quando os preços dos produtos

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desabam, o setor entra em crise, afetando inclusiveoutros setores.

modo de produção capitalista, ocorre umadivisão social do trabalho, que consiste nadistribuição do capital pêlos vários ramos daprodução. Em outras palavras, há uma a locação do

capital em atividades diversificadas, para atender adiferentes demandas. Por outro lado esta divisão seestende ao interior do processo de produção, namedida em que é reservado às classes não-proprietárias o trabalho subordinado. Neste segundosentido a divisão social do trabalho vai além doaspecto técnico (divisão horizontal/ distribuição detarefas), mas remete a uma divisão social (sentidovertical), a uma hierarquia, que se estabelece entre ocapitalista e o trabalhador. De fato na empresa adivisão do trabalho é "planejada, regulada esupervisionada pelo capitalista, já que é ummecanismo que pertence ao capital como suapropriedade privada". Nesse processo às vezes é

reservado ao operário apenas a função de apertar umparafuso, o de n. 999, como CHAPLIN mostrou nofilme Tempos modernos', resultando dai oestranhamento do trabalho abstrato, uma completaalienação do trabalhador.

Há, portanto, alienação quando o trabalhador não se reconhece no fruto de seu trabalho, comoacontece no modo de produção capitalista, onde"nenhum trabalhador individual produz umamercadoria; cada trabalhador é apenas umcomponente do trabalhador coletivo, a soma de todasas atividades especializadas." (DICIONÁRIOMARXISTA - p. 113)

Obs. Fala-se ainda em 'divisão internacional dotrabalho', que atingiria os países, de modo a quecada um identifique as “vantagenscomparativas”(*), isto é, os setores da produção aosquais é vantajoso se dedicar. "Será que os EstadosUnidos se devem especializar em computadores,comprando carros aos japoneses e petróleo à OPEP?Tal poderia ser o padrão de produção eficiente, deacordo com o qual cada região produzisse segundo asua vantagem comparativa."

(SAMUELSON/NORDHAUS - 88, p. 65)Paralelo ao conceito de alienação aparece o de

exploração. Para MARX sendo o trabalho o principalfator de produção de riquezas, e sendo aremuneração do trabalho inferior ao preço que ocapitalista obtém no mercado pela mercadoria, essa

diferença, a mais-valia, é que proporcionaria lucro aoempregador. Em outras palavras: "Marx definiu aexploração como a diferença entre o contribuição dotrabalhador para a produção e o salário por eleobtido. Devido ao trabalho ser, na perspectivamarxista, a única fonte de tudo aquilo que éproduzido, todos os lucros, juros e rendas nãopassariam de exploração do trabalho."(SAMUELSON/NORDHAUS - 88, p.727)

(LAGE, Telma e ZIBORDI, Irineu)

ATIVIDADE

25) Por que o autor do texto anterior defende que aagricultura familiar é a chavepara criar e manter o emprego no

campo? Você concorda?Justifique sua posição emrelação a esta questão.

26) Por que professor Sérgio PereiraLeite, da Universidade FederalRural do Rio de Janeiro (UFRRJ)

se posiciona contra o modeloatual de produção debiocombustível? O que vocêpensa a respeito? Justifique suaopinião.

27) A charge está relacionada comalgum problema damodernidade? Justifique.

Trabalho imaterial/intelectual

“A cena contemporânea dotrabalho e da produção, (...), está

sendo transformada sob a hegemonia do trabalhoimaterial, ou seja, trabalho que produz produtosimateriais, como a informação, o conhecimento,idéias, imagens, relacionamentos e afetos. Isto nãosignifica que não exista mais uma classe operáriaindustrial trabalhando em máquinas com suas mãoscalejadas ou que não existam mais trabalhadoresagrícolas cultivando o solo. Não quer dizer nemmesmo que tenha diminuído em caráter global aquantidade desses trabalhadores. Na realidade, ostrabalhadores envolvidos basicamente na produçãoimaterial constituem uma pequena minoria doconjunto global. O que isto significa, na verdade, éque as qualidades e as características da produçãoimaterial tendem hoje a transformar as outras formasde trabalho e mesmo a sociedade como um todo”.

(HARDT, Michael; NEGRI, Antônio. Multidão:guerra e democracia na era do imperio. Tradução: ClóvisMarques. Rio de Janeiro: Record, 2005).

..............................................................

“O trabalhador, atualmente, pode ser caracterizado como o trabalhador do conhecimento,uma vez que o uso das TICs configura uma demandapor um tipo de trabalho diferenciado daquelemassificado, realizado nas indústrias do começo doséculo passado. Dentro das novas formas deconceber e estruturar o trabalho, com o aumento dainformatização e da intelectualização, passa-se avisualizar como cada vez mais importante, dentro doprocesso de trabalho ou de serviço, o denominadotrabalho imaterial.

O trabalho imaterial precisa ser entendido

como elemento constitutivo da nova ordem capitalistamundial. É importante registrar que, ao falar-se emtrabalho imaterial, fala-se também em trabalhoprodutivo material. O que muda são as relaçõesestabelecidas entre capital e trabalho, as demandasque se colocam aos trabalhadores, as investidas que

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faz o capital para se apropriar do trabalho imaterial eregulá-lo e homogeneizá-lo, e os modos deresistência a isto por parte dos trabalhadores.

(...) A criação de valor, na perspectiva dotrabalho imaterial, se dá pela socialização dotrabalho, sendo seu principal instrumento o cérebro eas capacidades de mobilização subjetiva dos

trabalhadores. (...). Em vista disso, o controlepresente nas atividades demandadas pelo trabalhoimaterial é o autocontrole (BAUMAN, 1999;DELEUZE, 2004a), sendo que o trabalhador precisaser seduzido pelo projeto da organização para que otrabalho imaterial produza o seu valor. É necessárioque o trabalhador mobilize todo o seu potencialcriativo para o projeto do capital, pois o trabalhoimaterial é cognitivo, comunicacional, afetivo e ligadoà linguagem”.(GRISCI, Carmem ligia iochins. Trabalho imaterial eresistência na contemporaneidade. Boletim da saúde, PortoAlegre, vol. 20, nº 1, jan./jun.2006).

ATIVIDADE

28) O que é trabalho intelectual? Dêdois exemplos.

Novas Tecnologias deInformação e Comunicação

Nos dias que correm, autilização das novas Tecnologias de

Informação e Comunicação são meios indispensáveispara uma empresa que ambiciona estar na linha dafrente.

O desenvolvimento dos computadores teveum papel crucial na criação de novas empresas enegócios impensáveis há 50 anos atrás.

A comunicação em rede permite uma maior interação entre as empresas e os diversoscolaboradores dispersos pelo mundo. A rapidez na

transmissão da informação através da Internet e dostelemóveis, o progressivo aumento da capacidade dearmazenamento de dados são testemunhos de queentramos numa nova era de descobrimentos, masagora através dos computadores, das redes sociaisetc., navegamos num mundo virtual com informaçõese dados reais.

A interatividade torna-se mais fácil, ainformação disponível é cada vez maior e éimportantíssimo que as nossas empresas saibamrecolher, organizar e armazenar com segurança todaesta informação que se encontra disponível.

Uma empresa que pretenda ser competitivae produtiva terá que possuir, telefones e fax,scanners, telemóveis (celulares) e computadores comligação à Internet de banda larga. Os computadoresdeverão estar ligados em rede de modo a poder facilitar o armazenamento e consulta de dados entreos diversos departamentos. A presença na Internet éfundamental, pois com alguns euros se pode criar um

site e registar um domínio de forma a garantir a suapresença on-line e o reconhecimento a nível nacionale na melhor das hipóteses internacional.

O investimento em Marketing é essencialpara a divulgação dos seus produtos ou serviços. Por exemplo, o aluguer de um espaço publicitário num jornal, revista ou website. Os e-mails e Newsletters

permitem manter os seus clientes informados de umaforma contínua e gratuita.As videoconferências também são cada vez

mais utilizadas, pois se, por exemplo, um doscolaboradores se encontrarem na China e outro emPortugal, poderão comunicar através de vídeo eáudio em tempo real. As filmagens e as fotos facilitama comunicação e demonstração. Daí a importânciadas câmaras de filmar, máquinas fotográficas digitaise telemóveis.

Hoje em dia existem inúmeras PME´s(Pequenas e Médias Empresas) que têm as suassedes em “garagens” mas que expõem e vendem osseus produtos on-line. Apostam nas novas

tecnologias e o espaço virtual deixa o espaço físicopara segundo plano. É mais barato e para quem quer começar do nada, é uma solução pouco arriscadacom um investimento mínimo.

Os tipos de pagamento também nãopoderiam ficar esquecidos, pois vieram facilitar imenso as compras on-line através dos cartões decrédito, transferências bancárias, Paypal, etc.

Os próprios bancos permitem que os seusclientes consultem as suas contas através da Internete executem os movimentos pretendidos.

Todos estes meios bem como os imensoscanais televisivos transmitidos através de antenasparabólicas ou pacotes TV, permitem aosempresários e às empresas estarempermanentemente informados e a comunicaçãotorna-se cada vez mais rápida e eficaz.Fonte:http://www.webartigos.com/articles/32710/1/Novas-Tecnologias-de-Informacao-e-Comunicacao/pagina1.html

ATIVIDADE para CASA

29) Produza uma charge abordandoas novas tecnologias deinformação. A charge poderá ser desenhada ou confeccionada apartir de recorte e colagem.Lembrando que a charge é umafigura que traz consigo humor oucritica social.

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Novas exigências domercado de trabalho

Por Isadora Pâmmela dosSantos Costa

No século XVIII com o advento daindustrialização foi que iniciou o processo decontratação profissional formal, onde o trabalhador tinha uma remuneração em dinheiro pelo seutrabalho. Pouco conhecimento ou nenhum era exigidoe os recrutamentos todos em massa. Em agosto de1929 o mercado mundial sofreu uma redução de 60%e o Brasil foi um dos países mais atingidos com essacrise. Em 1930 no Brasil, de cada dez brasileiros oitoeram analfabetos. Apesar do panorama de crise, foinesse período com a ditadura Vargas que foramassegurados os direitos dos trabalhadores, um marcono mercado de trabalho brasileiro.

Aos poucos o mercado foi retomando suas

forças e nesse período com 8 anos de estudo erapossível conseguir um bom emprego. As mudançasocorridas no mundo do trabalho, crises, pesquisastecnológicas, mudanças comportamentais, afetaramde forma significativa o perfil do novo trabalhador. Omercado tornou-se cada vez mais exigente, asempresas precisavam de conhecimentos que antesnão faziam parte da formação do profissional. Comoa sociedade se impõe ao ser humano desde o diaque ele nasce, as transformações sofridas por elacriaram uma nova geração de indivíduos, com novasnecessidades, novas expectativas, novosconhecimentos e novas habilidades.

Vivemos a era do conhecimento e nesse

período nada funciona como antes e nem funcionacomo um dia irá funcionar. Fomos programados paraum mundo de certezas e, no entanto, vivemos asincertezas do cotidiano. Há algumas décadas aformação superior era garantia de um bom emprego,hoje vemos que 58% dos profissionais que possuemum diploma internacional têm até duas vezes maisconvites de emprego do que os que não cursaram. Ocaráter complexo e dinâmico dos novos desafios demercado exige de empresas e funcionários que suascapacidades de absorver e gerar informações sejamvistas como elementos chaves da competição.

Hoje na seleção de profissionais, além dasexigências de fluência em idiomas, formação

acadêmica de qualidade, experiência internacional,temos outras exigências difíceis de seremmensuradas, exigências de caráter comportamental,como relacionamento interpessoal, adaptabilidade,criatividade, flexibilidade, liderança, competênciasmúltiplas, entre outras, estamos recrutando eformando “super-profissionais” no presente. Odiploma, mesmo os das melhores universidades,deixou de ser o principal diferencial na hora de umaentrevista. Há algumas décadas o lado técnico era oque importava, mas na era do conhecimento, ele é sómais um fator.

Quais serão as necessidades dassociedades do futuro? Quais habilidades ecompetências devemos adquirir para responder aessas necessidades? Essas e outras perguntas jáestão permeando a cabeça dos “profissionais dofuturo” para as futuras exigências do mercado detrabalho.

ATIVIDADE

30) De acordo comIsadora Pâmmela

dos Santos Costa, quais asnovas exigências do mercado detrabalho? Você consegueidentificar essa realidade emPiúma?

EMPRESAPor Tatiana Claro

Uma empresa é um sistemade atividade contínua perseguindo umfim de uma espécie definida, no casoda empresa capitalista moderna é a

busca racional do lucro. Uma associação empresarialé uma sociedade caracterizada por um quadroadministrativo (burocracia2), cuja atividade se orientaexclusivamente e continuamente a alcançar os finsda organização.

EMPRESA TRANSNACIONAL EMULTINACIONAL

Uma empresa transnacional é umaorganização que opera além de fronteiras nacionais;uma empresa multinacional faz negócios em maisde um país, vendendo bens no mercado internacionalou tendo fábricas em mais de um país. No caso dastransnacionais, o processo de produção e

comercialização é coordenado além de fronteirasnacionais, de modo que, por exemplo, peças podemser produzidas em um local, enviadas a outro paramontagem e ainda para outro para a venda final.Esses fatos conferem às transnacionais o potencialde uma enorme flexibilidade, ao transferir váriasfases da produção para países com impostos esalários mais baixos ou padrões mais lenientes decontrole da poluição ou segurança dos trabalhadores.Essa possibilidade foi muito ampliada pelasrevoluções recentes em computadores etelecomunicações.

Ao maximizar a flexibilidade e adiversificação, as transnacionais aumentam avantagem competitiva em relação a outras empresase a influência nos paises em que operam. O tamanhoe o poder dessas empresas tornaram-se tão vastosque elas rivalizam em poder econômico com amaioria das nações, especialmente as do terceiromundo. Entre as 100 maiores unidades econômicasexistentes no mundo, por exemplo, metade sãopaíses e metade são transnacionais. A emergência ecrescimento das transnacionais é a última fase naglobalização do capitalismo industrial.

2De modo amplo podemos dizer que a burocracia é uma estrutura

social na qual a direção das atividades coletivas fica a cargo de umaparelho impessoal hierarquicamente or 

 

ganizado, que deve agir 

segundo critérios impessoais e métodos racionais. Esse aparelho

dirigente, isto é, esse conjunto de burocratas, é economicamente

 privilegiado e seus membros são recrutados de acordo com regrasque o próprio grupo adota e aplica.

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Estratégiasempresariais no mundocontemporâneo

Por Tatiana ClaroMonopólioSituação em que um setor do mercado com

múltiplos compradores é controlado por um únicovendedor de mercadoria ou serviço, tendocapacidade de afetar o preço pelo domínio da oferta.Nesse cenário, os preços tendem a se fixar no nívelmais alto para aumentar a margem de lucro. Algunsmonopólios são instituídos com apoio legal paraestimular um determinado setor da empresa nacional,ou para protegê-la da concorrência estrangeira,supostamente desleal por usar métodos de produçãomais eficientes e que barateiam o preço aoconsumidor. Outros monopólios são criados peloEstado sob a justificativa de aumentar a oferta do

produto e baratear seu custo. A empresa estatalPetrobrás era a única com permissão paraprospecção, pesquisa e refino do petróleo até 1995,quando o Congresso autoriza a entrada de empresasprivadas no setor.

OligopólioÉ a prática de mercado em que a oferta de

um produto ou serviço, que tem vários compradores,é controlada por pequeno grupo de vendedores.Neste caso, as empresas tornam-seinterdependentes e guiam suas políticas de produçãode acordo com a política das demais empresas por saberem que, em setores de pouca concorrência, aalteração de preço ou qualidade de um afeta

diretamente os demais. O oligopólio força umabatalha diplomática ou uma competição emestratégia. O objetivo é antecipar-se ao movimentodo adversário para combatê-lo de forma mais eficaz.O preço tende a variar no nível mais alto. Podem ser citados como exemplos de setores oligopolizados noBrasil o automobilístico e o de fumo.

CartelAssociação entre empresas do mesmo ramo

de produção com objetivo de dominar o mercado edisciplinar a concorrência. As partes entram emacordo sobre o preço, que é uniformizado geralmenteem nível alto, e quotas de produção são fixadas paraas empresas membro. No seu sentido pleno, oscartéis começaram na Alemanha no século XIX etiveram seu apogeu no período entre as guerrasmundiais. Os cartéis prejudicam a economia por impedir o acesso do consumidor à livre-concorrênciae beneficiar empresas não-rentáveis. Tendem a durar pouco devido ao conflito de interesses.

HoldingForma de organização de empresas que

surge depois de os trustes serem postos nailegalidade. Consiste no agrupamento de grandessociedades anônimas. Sociedade anônima é umadesignação dada às empresas que abrem seu capitale emitem ações que são negociadas em bolsa devalores. Neste caso, a maioria das ações de cadauma delas é controlada por uma única empresa, a

holding. A ação das holdings no mercado ésemelhante a dos trustes. Uma holding geralmente éformada para facilitar o controle das atividades emum setor. Se ela tiver empresas que atuem nosdiversos setores de um mercado como o da produção

de eletrodomésticos, por exemplo, abocanha gordasfatias desse mercado e adquire condições dedominar seu funcionamento. A holding não produz,ela apenas administra, já que é a majoritária. Aformação de holdings é considerada o estágio maisavançado do capitalismo

Dumping

Prática comercial que consiste em vender um produto ou serviço por um preço irreal paraeliminar a concorrência e conquistar a clientela.Proibida por lei, pode ser aplicada tanto no mercadointerno quanto no externo. No primeiro caso, odumping concretiza-se quando um produto ou serviçoé vendido abaixo do seu preço de custo, contrariandoem tese um dos princípios fundamentais docapitalismo, que é a busca do lucro. A única forma deobter lucro é cobrar preço acima do custo deprodução. No mercado externo, pratica-se o dumpingao se vender um produto por preço inferior aocobrado para os consumidores do país de origem. OsEUA acusam o Japão de praticar dumping no setor 

automobilístico.TrusteReunião de empresas que perdem seu

poder individual e o submetem ao controle de umconselho de trustes. Surge uma nova empresa compoder maior de influência sobre o mercado.Geralmente tais organizações formam monopólios.Os trustes surgiram em 1882 nos EUA, e o temor deque adquirissem poder muito grande e impusessemmonopólios muito extensos fez com que logo fossemadotadas leis antitrustes. Esse tipo de ação seconfigura com a imposição de certas posturas dasgrandes empresas sobre as concorrentes de menor expressão. As primeiras obrigam as segundas aadotarem políticas de preços semelhantes, casocontrário, podem baixar os preços além dos custos,por exemplo, e forçar uma quebra dos concorrentes.No Brasil, o controle antitruste é feito pela Lei nº8.884/94.

ATIVIDADE

31) Dê um exemplo de prática de:a) Monopólio;b) Cartel;c) Dumping;

d) Oligopólio;e) Holding;

32) Relacione a charge com atemática “estratégicasempresariais no mundocontemporâneo”.

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Terceiro trimestre

CIDADANIA. O quesignifica cidadania?

Segundo o sociólogo Herbertde Souza (Betinho), “cidadão é um

indivíduo que tem consciência de seus direitos edeveres e participa ativamente de todas as questõesda sociedade. Tudo o que acontece no mundoacontece comigo. Então eu preciso participar dasdecisões que interferem na minha vida. Um cidadãocom um sentimento ético, forte e consciente dacidadania não deixa passar nada, não abre mãodesse poder de participação (...). A idéia de cidadania

ativa é ser alguém que cobra, propõe, pressiona otempo todo. O cidadão precisa ter consciência de seupoder”.

A cidadania está diretamente vinculada aosdireitos humanos, uma longa e penosa conquista dahumanidade que teve seu reconhecimento formalcom a Declaração Universal dos Direitos Humanos,aprovada em 1948 pela Organização das NaçõesUnidas. - ONU.

É através do conceito de cidadania que seafirmam os direitos fundamentais da pessoa humana.Na época, marcada pela vitória das naçõesdemocráticas contra o nazismo durante a segundaguerra mundial (1939-1945) – ela abria a perspectivade um novo mundo, em que haveria paz liberdade eprosperidade: uma esperança que acabou não serealizando.

Direitos humanos correspondem àsnecessidades fundamentais que deve ser asseguradaa toda a pessoa humana. Trata-se daquelasnecessidades que são iguais para todos os sereshumanos e que devem ser atendidas para que apessoa possa viver com a dignidade.

Por exemplo, a vida é um direito humanofundamental, porque sem ela a pessoa não existe.Então a preservação da vida é uma necessidade detodas as pessoas humanas.

Outras necessidades fundamentais:alimentação, trabalho, saúde, moradia, educação,

segurança social, dentre outras que devem ser garantidas independentes das diferenças individuais,culturais dos seres humanos.

Esses direitos é que dão à pessoa apossibilidade de participar ativamente da vida e dogoverno de seu povo. Quem não tem cidadania estámarginalizado ou excluído das decisões, ficandonuma posição de inferioridade dentro do grupo social.Assim pode-se dizer que todo brasileiro no exercíciode sua cidadania tem o direito de influir nas decisõesde governo.

A política de igualdade na sociedadecontemporânea se expressa na busca da equidade.Esta deve: promover a igualdade entre os desiguais

por meio da educação, saúde pública, da moradia doemprego, do meio ambiente saudável, e outrosbenefícios sociais.

Combater todas as formas de preconceito ediscriminação, seja por motivo de raça, sexo, religião,

cultura, condição econômica, aparência ou condiçãofísica.

Ao mesmo tempo a política da igualdadedeve proporcionar uma forma ética de lidar com asesferas pública (o Estado com seus poderes –legislativo executivo e judiciário - e outras instituiçõespolíticas) - e privada (atividades econômicas dos

interesses particulares, das empresas, do mercado,da vida familiar e das relações sociais). A distinçãoentre público e privado é um dos valores maisimportantes na democracia. Par preservá-lo osgovernantes devem tomar medidas de interesse geralque beneficiem a comunidade, além de ilegal éantiético e ilegítimo legislar em causa própria, praticar abuso de poder ou utilizar recursos públicos parafavorecer interesses particulares.

Entre essas duas esferas estão a opiniãopública e a sociedade civil, esta é formada pelasorganizações privadas sem fins lucrativos que seestabelecem fora do mercado de trabalho e dogoverno (OAB- Ordem dos Advogados do Brasil, ABI

  – Associação Brasileira da Imprensa, CNBB –Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil, ONGs –Organizações Não-Governamentais, UNE – Uniãonacional de estudantes, etc.). As ONGs(Organizações Não Governamentais) - mobilizam eestimulam comportamentos solidários, dedicando-seas questões da ecologia, paz, alfabetização, entreoutras.

ATIVIDADE

33) Explique, com suas palavras, oque é cidadania.

34) Qual a importância da cidadania?

O papel da justiça, do Direito edo Estado em Durkheim,

Weber e Marx

DurkheimOs tipos de normas do direito

indicam, para Durkheim, o tipo de solidariedade quepredomina em uma sociedade.

Direito Repressivo: A preocupação principaldesse tipo de direito é punir aquele que não cumpredeterminada norma social através da imposição dedor, humilhação ou privação de liberdade. O ponto éque o criminoso agride uma regra social importantepara a coletividade e, portanto, merece um castigo deintensidade equivalente a seu erro. Assim, quantomais o direito tende a essa forma repressiva (direitopenal), mais forte e abrangente é a consciênciacoletiva em uma sociedade. É assim porque todo erro

que é punido repressivamente representa umaagressão contra a sociedade como um todo e nãocontra uma parte dela apenas.

Direito Restitutivo: A preocupação principalnesse tipo de direito é fazer com que as situações

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perturbadas sejam restabelecidas e retornem a seuestado original. Ao infrator cabe, simplesmente,reparar o dano causado. Isso acontece porque odano causado não afeta a sociedade como um todo,mas apenas uma função específica desempenhadanela. Quanto maior é a participação do direitorestitutivo em uma sociedade, menor é a força e a

abrangência da consciência coletiva, maior é adiferenciação individual.Portanto, ao identificar o tipo de direito que

predomina em uma sociedade, estamos identificandoo tipo de solidariedade existente. Se predomina odireito repressivo, uma maior quantidade de normas émantida pela consciência coletiva (solidariedademecânica). Se predomina o direito restitutivo umamenor quantidade de normas diz respeito àsociedade como um todo (solidariedade orgânica).

Weber Para Weber, ao criar um ordenamento

 jurídico de conteúdo normativo por meio do aparelho

burocrático do Estado, o Direito organiza aDominação Racional-Legal. Dessa forma, o aparelho jurídico normatiza a sociedade moderna e asseguracerta previsibilidade às relações sociais.

Marx:Ao analisar o papel da Justiça, do Direito e

do Estado na sociedade capitalista, Marx afirma queo aparelho jurídico do Estado, nesse tipo desociedade, tem como objetivos:

a) Organizar e justificar a dominaçãoda burguesia sobre o proletariado;

b) Favorecer os negócios da classedominante.

Dessa forma, para Marx, não existe Estadorepresentativo do conjunto da sociedade. Seu papel éo representante dos interesses da burguesia.

ATIVIDADE

35) Quais ou qual das teoriasapresentam maior colaboraçãopara a compreensão do papel da

  justiça, do direito e do Estadonos dias atuais? Justifique.

A Lógica da AçãoColetiva, de Mancur Olson

Mancur Olson apresenta umagrande contribuição para entendermos

a "cooperação" social, ou, como chamou, a AçãoColetiva. A grande contribuição da teoria é que, por meios lógicos, ela consegue contradizer o senso

comum de que indívíduos em grupo farão o máximopara alcançar os objetivos do grupo quando estesrefletem seus objetivos e interessesindividuais. Olson demonstra que isso não ésuficiente para que os indivíduos se esforcem ao

máximo no provimento de benefícios coletivos eaponta algumas explicações.

Um dos motivos pelos quais os grupostendem a resultados insatisfatórios é que osbenefícios gerados são "benefícios coletivos", isto é,que uma vez gerados pelo grupo podem ser 

usufruídos por todos os participantes, independentede terem contribuído ou não para gerá-los. Podemospensar, por exemplo, no caso dos Sindicatos ou deum movimento de servidores públicos por aumentode salário. Os benefícios gerados por essasorganizações ou movimentos podem ser usufruídospor todos os membros, mesmo sem que tenhamcontribuído. Quer dizer, todos têm interesses nosbenefícios, mas nenhum interesse em arcar com oscustos. Os benefícios somente serão gerados sehouver algum tipo de coerção para que os membrosparticipem, ou caso haja algum membro do grupodisposto a arcar com todos os custos porque mesmoassim lhe será vantajoso.

Outra questão importante diz respeito aotamanho do grupo. Quanto maior o grupo, maior achance de que benefícios não sejam providos. Issoocorre porque tende a não haver nenhum participantedisposto a arcar com todos os custos de provimento(já que os benefícios serão divididos entre maismembros). Além disso, em grupos maiores osparticipantes acreditam que sua contribuiçãoindividual não terá grande importância para a geraçãodo benefício coletivo, de maneira que preferemesperar que os outros gerem os benefícios. Quandotodos pensa assim, o resultado é desastroso.

Embora Olson não use esse termo no livro,ele descreve o comportamento dos 'caronas', aquelesindivíduos que esperam que os demais gerem osbenefícios coletivos para então usufruí-los. Enfim, emgrupos maiores a solução parece estar na criação debenefícios seletivos (positivos ou negativos) queajudem os participantes a tomar a decisão decooperar e contribuir para o benefício coletivo. Emgrupos menores, onde os membros tem contato face-a-face e, portanto, podem exercer um controle mútuo,há maiores chances de que os benefícios coletivossejam alcançados.

O fato de basear-se exclusivamente empressupostos econômicos (o indivíduo visto comohomo economicus, a racionalidade ilimitada dosagentes e a inexistência de fatores sociais) dá poder de explicação à teoria. Porém, esses mesmos

pressupostos tornam possível questionar suavalidade, afinal nem sempre os indivíduos agem por motivações exclusivamente econômicas. Os gruposoferecem status, recompensas não-financeiras e aassimetria de informações (decorrente daracionalidade limitada) é um fator que influencia asdecisões dos agentes. Quer dizer, ninguém vive emum vácuo, mas somos seres sociais influenciados esujeitos às pressões sociais.

De qualquer maneira, sua contribuição é degrande importância para a compreensão de nossarealidade social. Certamente tem grande utilidadepara entender o comportamento dos indivíduos emgrupos, organizações, associações e redes de

empresas. OLSON, Mancur. A Lógica da Lógica Coletiva.

São Paulo: Edusp, 1999.

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ATIVIDADE

36) Leiaatentamente o

texto “A lógica da Ação Coletivade Mancur Olson” e responda:

a) No que se difere a teoria de Olson no que serefere ao motivo que leva os indivíduos aparticiparem de movimentos sociais?

b) Por que algumas pessoas, mesmo podendoser beneficiadas, podem não ter interesse emparticipar da ação coletiva?

c) Qual tipo de grupo (Grande ou pequeno) tendea despender maiores esforços na ação coletiva?Por quê?

DemocraciaParticipativa: uma nova formade entendermos a democracia

O objetivo desse artigo é contribuir para acompreensão da necessária participação dasociedade no poder, mostrando que a aproximaçãoentre representantes e representados é o resultado

de uma combinação de dois fatores: a crise dademocracia representativa e a inaplicabilidade dademocracia direta. Serão apresentadas a seguir algumas definições conceituais.

A democracia diretaQuando pensamos na origem da democracia

nos reportamos à experiência vivida na Gréciaclássica. Atenas é considerada por muitos o berço dademocracia. É a partir desse momento que passamosa entender a gestão dos negócios públicos como oresultado do desejo de uma maioria. Não existia,nesse modelo, a figura dos representantes e,conseqüentemente, eleições. O complexo governo deAtenas pode ser resumido da seguinte maneira: umaassembléia a que todos aqueles que eramconsiderados cidadãos podiam participar, e lá eramtomadas as principais decisões públicas. Atualmente,a impossibilidade de implementação de um sistemacomo esse é explicada, principalmente, por trêsrazões: o enorme contingente de cidadãos existenteem um país, a extensão dos territórios nacionais e,conseqüentemente, o tempo que seria gasto paraque decidíssemos algo.

A democracia representativaA democracia representativa não pode ser 

entendida como uma resposta histórica àsimpossibilidades geradas pela democracia direta.

Isso porque a trajetória do conceito de democracianão é linear. No século XV, na Suécia, foi criado umparlamento que dava a representantes do povo, daburguesia, do clero e da nobreza voz numparlamento. Já no século XVII, funcionando como

sistema de pesos e contrapesos - com o intuito delimitar o poder absolutista -, a Europa experimentouuma série de experiências de separação dospoderes. Ocupando lugar nos parlamentos, estavamcidadãos eleitos para representar determinadasparcelas da sociedade. É dessa escolha que nasce aidéia de democracia representativa.

O século XX e a crise da representaçãoIniciamos o século XX com a percepção de

que não bastava mais pensarmos em representaçãode determinadas classes no poder. A idéia de quedeveria votar quem tinha algo a perder - sob oaspecto econômico - foi paulatinamente deixada delado. Passava a vigorar o sentimento de que todos oscidadãos podem contribuir para a construção dopoder, e isso significa dizer que nenhum adulto deveser isentado do voto. Nasce a idéia do sufrágiouniversal. A mulher passa a fazer parte da política,assim como os cidadãos das classes mais pobres.Atravessamos grande parte do século XX sob a

crença de que a forma representativa, desde queassegurada a liberdade de participação de todos oscidadãos, era "ideal" para contemplarmosamplamente o conceito de democracia.

Após quase cem anos, chegamos ao fim doséculo XX acreditando na existência de uma crisedessa forma representativa. Mas o que nos leva aesse tipo de percepção? Os representantes já nãoconseguem mais identificar e atender todas asdemandas da sociedade. Primeiro porque aglobalização e a economia mundial enfraqueceram opoder dos Estados. Segundo porque a sociedade temse organizado melhor em torno de infinitas questões,e essas organizações têm cobrado de maneira maisefetiva os governos e seus representantes. Asexigências vêm se tornando mais complexas, eparece clara a necessidade de interatividade entre ogoverno e a sociedade, ou seja, entre representantese representados.

O papel das organizações no século XXIO conceito de democracia sofre então uma

nova guinada em sua dinâmica trajetória. O sistemarepresentativo já não responde aos anseios dasociedade, e a democracia direta parece inviável.Como resultado, começa a se fortalecer o conceito dedemocracia participativa, com característicassemidireta, ou seja, não desconsidera osrepresentantes, mas aproxima a sociedade da arena

decisória. De acordo com alguns teóricos, ademocracia participativa passa a configurar-se comoum continuum entre a forma direta e a representativa.

Nesse sentido, a Organização das NaçõesUnidas (ONU) define em seu relatório sobre o Índicede Desenvolvimento Humano de 2000 uma novaforma de se entender a democracia. Já não nos bastavotar em eleições livres, e nem tampouco garantir aexistência de oposição, liberdade de imprensa etc.Essas exigências já fazem parte do conceito maiselementar de democracia. As nações modernasprecisam incentivar a sociedade a organizar-se. Oobjetivo é fazer com que, juntos, os cidadãosreivindiquem espaço e avancem em suas conquistas.

Ao Estado cabe oferecer ferramentas que catalizemessas demandas, afastando-se da clássica visãohorizontal de poder.

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A participação institucionalizada noBrasil

A promulgação da Constituição de 1988iniciou a retomada do conceito de cidadania no país.Durante a elaboração da Carta Constitucional, asociedade buscou participação na construção dotexto oficial. Reconhecendo a importância dessa

contribuição, foram criados três mecanismos queaproximaram a constituinte da sociedade. O primeirodeles foi um banco de dados disponibilizado peloSenado. O Sistema de Apoio Informático àConstituinte (SAIC) coletou, por meio dopreenchimento de um formulário distribuído por todoo país, 72.719 sugestões. Além disso, a sociedade foichamada para comparecer a reuniões desubcomissões temáticas. Foram cerca de 400encontros, de onde emergiram mais de 2.400sugestões.

Após a elaboração do anteprojeto, umaterceira e última possibilidade foi ofertada. De acordocom o artigo 24 do Regimento Interno da

Constituinte, entidades associativas, legalmenteconstituídas, teriam um prazo de pouco mais de ummês para coletar 30.000 assinaturas e apresentar emendas a esse anteprojeto. A responsabilidade por tais sugestões deveria ser encabeçada por trêsentidades. Durante o curto período de tempo quetiveram, foram colhidas mais de 12 milhões deassinaturas, e encaminhadas 122 emendaspopulares. Dessas, 83 atenderam às exigênciasregimentais e foram defendidas por interlocutores noCongresso.

O processo constituinte foi um claro exemplodo poder de mobilização da sociedade em torno dequestões de interesse coletivo. A coleta de 12milhões de assinaturas, as 2.400 sugestões e o enviode quase 73 mil formulários ao SAIC transparecerama esperança de que, após o regime militar,estávamos dispostos a participar ativamente dasdecisões políticas do país.

A Constituição, no entanto, não respondeu acontento a essa demanda. O voto foi garantido atodos os cidadãos. Uma participação que fosse alémdesse instrumento pontual, no entanto, não foicontemplada. O referendo não foi utilizado ao longodos anos que nos separam da promulgação daConstituição. O plebiscito foi usado, nacionalmente,apenas uma vez - quando decidimos manter nossarepública presidencialista. Por fim, as leis de iniciativapopular passaram a exigir um esforço descomunal da

sociedade. Para apresentar uma lei à Câmara dosDeputados são necessárias mais de um milhão ecem mil assinaturas, o que corresponde a 1% denosso eleitorado. Um único projeto venceu essabarreira. Sua aprovação ocorreu em 1997,transformando-se na lei 9.840/97 que trata dacorrupção eleitoral. A sociedade, após a marcanteparticipação no processo constituinte, teve seusimpulsos arrefecidos.

As modernas formas de participaçãoA despeito dos tradicionais canais de

participação - garantidos em quase todas asconstituições democráticas do mundo - o país não

assistiu a utilização em escala razoável de taisinstrumentos. Medidas inovadoras, no entanto,surgiram e tornaram-se exemplos emblemáticos docompromisso de políticos com a transparência e coma aproximação entre representantes e representados.

O Brasil tornou-se um exemplo mundial nodesenvolvimento de ferramentas alternativas departicipação. Em 1989, destaca a ONU, o OrçamentoParticipativo de Porto Alegre tornou-se um símbolodo controle social sobre a aplicação das verbasdestinadas aos investimentos. A medida espalhou-sepelo país, e hoje centenas de governos - estaduais e

municipais - implementaram tais ferramentas.Em inúmeras localidades também foramtestadas, com sucesso, experiências de GestãoParticipativa. Além de discutir os investimentos, asociedade passou a participar de reuniões quevisavam democratizar o gerenciamento de algunsserviços. Além dessa ferramenta, milhares deConselhos Gestores de Políticas Públicas surgirampara discutir temas pontuais, dando aos governosdiretrizes e idéias a respeito de serviços pontuais.

Por fim, surgiram as Comissões deLegislação Participativa, uma iniciativa inauguradapela Câmara dos Deputados que, rapidamente,espalhou-se por dezenas de estados e municípios. A

idéia consiste em viabilizar a participação dasociedade nos trabalhos legislativos. A comissãorecebe idéias enviadas por organizações dasociedade, sem a necessidade de coleta deassinaturas, e as aprecia. Aprovadas nas reuniõesinternas, as proposições passam a tramitar normalmente, como uma proposta parlamentar comum.

Escolas de política e educação para acidadania

O que essas experiências brasileirasapontam é que a implementação de tais ferramentastorna-se verdadeiras escolas de cidadania àpopulação participante, e o interesse se eleva deacordo com o funcionamento do mecanismo. EmPorto Alegre, por exemplo, aumentou muito o númerode participantes a medida em que a sociedade notoua eficácia do instrumento. A percepção de que apolítica transcende o voto é fundamental, sendo adeliberação e a participação indispensáveis aoatendimento das modernas concepções dedemocracia. Em outros casos, como, por exemplo, aComissão de Legislação Participativa da Câmara dosDeputados, o interesse ainda é pequeno, o que geraalgumas distorções.

A despeito dos ensinamentos que taisferramentas oferecem aos cidadãos, temos umgrande contingente que não reconhece a importância

de tais mecanismos e, consequentemente, nãoprocura participar. Nesse caso, é necessáriopensarmos em um rigoroso programa de educaçãopolítica. A sociedade não pode descobrir aimportância da participação apenas na prática, poismuitos não têm a oportunidade, ou o interesse, deatuar. O papel do cidadão precisa ser revelado naescola, como forma de legitimar ainda mais asferramentas participativas e a democracia como umtodo. Algumas iniciativas educacionais sãoemblemáticas, mas alcançar o país como um todoexige um esforço ainda maior, exige um compromissogovernamental.

Humberto Dantas, doutorando em Ciência

Política pela USP.

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Atividades

37) Diferencie

democracia direta de democraciaparticipativa.

38) Em sua opinião qual tipo dedemocracia seria ideal para ser aplicada em Piúma? Por quê?

Sistemas Econômicos

  As características do sistemacapitalista Este sistema caracteriza em linhasgerais:• pela propriedade privadaou particular dos meios de produção;

• pelo trabalho assalariado;• pelo predomínio da livre iniciativa

sobre a planificação estatal.A interferência do Estado nos negócios é

pequena. Diante do que foi exposto, percebe-se quea sociedade capitalista divide-se em duas classessociais: a que possui os meios de produção,denominada burguesia; a que possui apenas a suaforça de trabalho, denominada proletariado. 

SocialismoA preocupação com as injustiças sociais já

existia desde a AntiguidadeDesde a Antigüidade algumas pessoas,

preocupadas com a vida em sociedade, pensavamem modificar a organização social e assim melhorar as relações entre os homens. Na Idade Modernatambém houve essa preocupação. Um inglês denome Thomas More escreveu um livro chamadoUtopia, onde mostrou como imaginava a sociedadede uma forma menos injusta.

Entretanto, com as grandes desigualdadessociais criadas pela Revolução Industrial, as idéias dereformar a sociedade ganharam mais força. Foi assimque surgiram pensadores como Saint-Simon, KarlMarx, Friedrich Engels e outros. Estes pensadores

ficaram conhecidos como socialistas.Essas idéias socialistas espalharam-se pelaEuropa e depois por todo mundo; e não ficaramsomente na teoria. é o caso da Revolução Socialistade 1917, na Rússia, onde a população colocou emprática as idéias socialistas.

As características do socialismo e a suapropagação pelo mundo 

Até 1917 a Rússia era um país feudal ecapitalista. O povo não participava da vida política evivia em condições miseráveis. Esta situação fez comque a população, apoiada nas idéias socialistas,principalmente nas de Marx, derrubasse o governo do

czar Nicolau II e organizasse uma nova sociedadeoposta à capitalista – a socialista. A Rússia foi oprimeiro país a se tornar socialista e, posteriormente,passou a se chamar União das RepúblicasSocialistas Soviéticas (URSS).

Em linhas gerais, podemos caracterizar osocialismo como um sistema onde:

• não existe propriedade privada ouparticular dos meios de produção;

• a economia é controlada peloEstado com o objetivo de promover uma distribuição  justa da riqueza entre todas as pessoas dasociedade;

• o trabalho é pago segundo aquantidade e qualidade do mesmo.

Após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), outros países se tornaram socialistas, como,por exemplo. A Iugoslávia, a Polônia, a China, oVietnã, a Coréia do Norte e Cuba. Entretanto, estenovo sistema colocado em prática nesses países,principalmente na União Soviética, apresenta váriosproblemas:

• falta de participação do povo nasdecisões governamentais;

• falta de liberdade de pensamento e

expressão;• formação de um grupo políticoaltamente privilegiado.

A teoria econômica elaborada por Karl Marx,Friedrich Engels e outros pensadores foi interpretadade várias formas, dando origem a diferenças entre ossocialismos implantados.

Fonte:http://www.algosobre.com.br/geografia/capitalismo-x-socialismo.html

Atividades

39) Você possui umapreferência por algum dos doissistemas econômicos? Qual omotivo?

hegemonia

Hegemonia vem do gregohegemon, que significa líder.

Em primeira instância,hegemonia significa simplesmenteliderança, derivada diretamente de seu

sentido etimológico. O termo ganhou um segundosignificado, mais preciso, desenvolvido por Gramscipara designar um tipo particular de dominação.Nessa acepção hegemonia é dominação consentida,especialmente de uma classe social ou nação sobreseus pares. Na sociedade capitalista, a burguesiadetém a hegemonia mediante a produção de umaideologia que apresenta a ordem social vigente, e suaforma de governo em particular, a democracia, comose não perfeita, a melhor organização social possível.Quanto mais difundida a ideologia, tanto mais sólidaa hegemonia e tanto menos necessidade do uso de

violência explícita.

ReferênciasGramsci, Antonio (1926-37) Cadernos da prisãoStillo, Monica (1998)  Antonio Gramsci webpage

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Hegemonia cultural ea mídia

A notável contribuição deGramsci sobre o embate pela hegemonia no seio dasociedade civil permite-nos meditar sobre odesempenho dos meios de comunicação. Devemosanalisá-los não apenas como suportes ideológicosdos sistemas hegemônicos de pensamento, mastambém como lugares de produção de estratégiasque objetivam reformular o processo social. Semdeixar de reconhecer a existência de um sistemáticodiscurso dominante nas mídias, temos que considerar que debates, polêmicas e contra-discursos semanifestam nos conteúdos informativos, ainda quenuma intensidade menor do que a desejada, mas emproporção bem maior do que a de décadas atrás.

Os aparatos midiáticos não operam full time(tempo integral) para mascarar fatos ou distorcê-los.

Seria menosprezar a percepção da audiência edesconhecer as exigências da febril concorrência nomercado da comunicação.

É evidente que nem tudo o que se divulgaestá contaminado pela malha ideológica rígida aponto de fraudar a vida — afinal complexa ediversificada. Na era da informação abundante e emtempo real, os paradigmas se atualizam e asmodalidades de relação com o público se refinam. Oreprocessamento ideológico se sofistica, substituindoformas disciplinas clássicas por um marketing maismacio, sedutor e fascinante, atraindo os cidadãos-consumidores, por exemplo, com apelos àinteratividade.

Atividades

40) Relacione a charge ao texto“Hegemonia Cultural e a Mídia”.

41) Cite três exemplos de

propagandas, filmes, desenhosou novelas que estão repletos deideologias elitistas. De que formaelas se manifestam nessesexemplos?

42) Em uma “novela global” écomum observarmos ideologiaselitistas, mas também debates,polêmicas e contra-discursos semanifestam nos conteúdos

informativos, ainda que numaintensidade menor do que adesejada. Dê três exemplos aindanão citado pelo professor.

Como podemos definir oconceito de Religião?

Ao longo de milhares de anos, areligião tem evidenciado um importante papel navivência dos seres humanos.

Apesar da universalidade que caracteriza ofenômeno religioso, de uma forma ou outra, a

religião marca presença em todas as sociedadeshumanas, influenciando a forma como vemos ereagimos ao meio que nos rodeia.

Não existe uma definição de religiãogenericamente aceite, a sua concepção varianaturalmente de sociedade para sociedade, culturapara cultura.

Não obstante a isto, poder-se-á enumerar algumas das principais características "comuns" ou"partilhadas" entre todas as religiões.

Tradicionalmente, as diferentes religiõesevidenciam um sistema de crenças no sobrenatural,envolvendo majoritariamente Deuses ou divindades.Implicam igualmente um conjunto de símbolos;

sentimentos e práticas religiosas. Paralelamente, areligião apresenta-se como um fenômeno social enão apenas individual. O referido atributo defenômeno social atribuído à religião perpetua-seatravés das cerimônias habituais, que decorrempredominantemente em locais de culto indicados paratal: igrejas, templos ou santuários.

Resumidamente, apresentam-se osprincipais indicadores comuns às várias religiões,que contribuem para uma melhor compreensão dofenômeno religioso:

• A tendência para a sacralização dedeterminados locais;

• A forte interação com o divino;

• A exposição de grandes narrativasque explicam, legitimam e fundamentam o começo domundo e sua existência.

Weber e a Religião

Weber concentrou a suaatenção nas religiões ditas mundiais,aquelas que atraíram um grandenúmero de crentes e que afetaram, em

grande medida, o curso global da história. Teve ematenção a relação entre a religião e as mudançassociais, acreditava que os movimentos inspirados na

religião podiam produzir grandes transformaçõessociais, dando o exemplo do Protestantismo.Para Weber, as concepções religiosas eram

cruciais e originárias das sociedades humanas, pois ohomem, como tal, sempre esteve à procura de

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sentido e de significado para a sua existência; nãosimplesmente de ajustamento emocional, mas desegurança cognitiva ao enfrentar problemas desofrimento e morte. Procura-se na religião signos detranscendência e de esperança. Assim, Weber estavapreocupado em destacar a integração racional dossistemas religiosos mundiais e não apenas o

calvinista (objeto especial dos seus estudos), comoresposta aos problemas básicos da condiçãohumana: “contingência, impotência e escassez”.

Weber mostra que as religiões, ao criar respostas a tais problemas – respostas que setornam parte da cultura estabelecida e das estruturasinstitucionais de uma sociedade –, influem demaneira mais íntima nas atitudes práticas doshomens com relação às várias atividades da vidadiária. Com isto, Weber considerava que, aoproblema humano do sentido e significaçãoexistencial, a religião, de maneira eficaz, ofereciauma resposta final. Por conseguinte, como jáafirmamos, ela torna-se, pela forma institucional que

assume, um fator causal na determinação da ação.No caso específico do protestantismo, a sua força évista como indispensável (mas não a única) para osurgimento do fenômeno da modernidade ocidental,com seus valores inerentes de individualismo,liberdade, democracia, progresso, entre outros.

Portanto, segundo a teoria de Weber,religião é uma das fontes causadoras de mudançassociais. Para ele, o processo de racionalizaçãoreligiosa ou de “desencantamento do mundo”culminou no calvinismo do século XVII e em muitosoutros movimentos, chamados por ele de “seitas”.Desse momento em diante, procurou-se assegurar asalvação (temporal e eterna) não por meio de ritos,ou por uma fuga mística do mundo ou por umaascética transcendente, mas acreditando-se nomundo pelo trabalho, pela profissão, pela inserção.

Portanto, segundo Weber, o capitalismo édefinido pela existência de empresas cujo objetivo éproduzir o maior lucro possível e cujo meio é aorganização racional do trabalho e da produção. É aunião do desejo de lucro e da disciplina racional queconstitui historicamente o traço singular docapitalismo ocidental. Weber quis demonstrar que aconduta dos homens nas diversas sociedades sópode ser compreendida dentro do quadro daconcepção geral que esses homens têm daexistência. Os dogmas religiosos e sua interpretaçãosão partes integrantes dessa visão do mundo; é

preciso entendê-los para compreender a conduta dosindivíduos e dos grupos, nomeadamente o seucomportamento econômico. Por outro lado, Weber quis provar que as concepções religiosas são,efetivamente, um determinante da condutaeconômica e, em consequência, uma das causas dastransformações econômicas das sociedades. Dessaforma, o capitalismo estaria motivado e animado por uma visão de mundo específica de um tipo deprotestantismo que na sua ação social favoreceu aformação do regime capitalista.

Fonte: http://sociologiareligiao.blogspot.com/

A perspectiva de Durkheim 

Durkheim é um autor queestudou a religião em sociedadespequenas, considerando a religião

como uma “coisa social”.Para o autor, na questão religiosa há umapreocupação básica que é a diferença entre sagradoe profano. Durkheim é bem explícito ao afirmar que:“o sagrado e o profano foram sempre e por toda aparte concebidos pelo espírito humano como gênerosseparados, como dois mundos entre os quais nadahá em comum (…) uma vez que a noção de sagradoé no pensamento dos homens, sempre e por toda aparte separada da noção do profano (…) mas oaspecto característico do fenômeno religioso é o fatode que ele pressupõe uma divisão e bipartida douniverso conhecido e conhecível em dois gênerosque compreendem tudo o que existe, mas que seexcluem radicalmente. As coisas sagradas são

aquelas que os interditos protegem e isolam; ascoisas profanas, aquelas às quais esses interditos seaplicam e que devem permanecer à distancia dasprimeiras.” Ou seja, para Durkheim, há uma naturalsuperioridade do sagrado em relação ao profano.

É possível constatar que a participação naordem sagrada, como o caso dos rituais oucerimônias, dão um prestígio social especial,ilustrando uma das funções sociais da religião, quepode ser definida como um sistema unificado decrenças e de práticas relativas às coisas sagradas.Estas unificam o povo numa comunidade moral(igreja), um compartilhar coletivo de crenças, que por sua vez, é essencial ao desenvolvimento da religião.

Dessa forma, o ritual pode ser considerado ummecanismo para reforçar a integração social.Durkheim conclui que a função substancial da religiãoé a criação, o reforço e manutenção da solidariedadesocial. Enquanto persistir a sociedade, persistirá areligião (Timasheff, 1971).

Fonte: http://sociologiareligiao.blogspot.com/

Atividades

43) Quais as principais colaboraçõesde Weber e Durkheim para acompreensão da religiãoenquanto fenômeno social?

Símbolos Religiosos: umolhar sociológico

Independentemente do tipode comunicação, os símbolos têm

outras modalidades de influência sobre a vida social,principalmente porque servem para concretizar,tornar visuais e palpáveis realidades abstratas,mentais ou morais, da sociedade.

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O simbolismo religioso tem como fim ligar ohomem a uma ordem supranatural ou sobrenatural.Mas pode sustentar-se que o simbolismo religiosonão deixa de ser profundamente social. O simbolismoreligioso alimenta-se do contexto social, que exprimerealidades sociais, que tem alcance e consequênciassociais. Assim, serve para distinguir os fiéis dos não-

fiéis, o clero dos fiéis, os lugares sagrados doslugares profanos, os objetos puros dos impuros, etc.Configura desse modo a própria textura dasociedade, para construir hierarquias. Seja pelovestuário, por ritos, sacramentos, sinais invisíveis, areligião é rica em símbolos que dividem para melhor reunir.

A própria vida religiosa é quase,universalmente, uma prática social, em que asolidariedade mística tem um papel central, detendogrande diversidade de símbolos para se exteriorizar edesenvolver. Por exemplo, a constituição decomunidades humanas geograficamenteidentificáveis que são ao mesmo tempo comunidades

espirituais; as cerimônias que apelam à participaçãodos assistentes, como as oferendas, comunhõesfísicas; outras cerimônias como os ritos de iniciação,as cerimônias do casamento, os ritos fúnebres, etc.

Se a religião é dotada de símbolos diversos,é porque faz referência a um universo invisível,inacessível diretamente, devendo, portanto, seguir avida simbólica para manterem o homem em contactocom esse universo. Ora, a sociedade apresenta asmesmas características: transcende cada pessoa,requer a solidariedade de comunidades vastas,complexas ou mesmo dificilmente perceptíveis,obriga a relação entre grupos, coletividades emassas, etc.

A sociedade e a sua complexa organização,não poderiam existir e perpetuar-se, tal como areligião, sem o contributo multiforme do simbolismo,tanto pela participação ou identificação que elefavorece como pela comunicação de que éinstrumento.

Pode-se dizer, então, que os símbolosservem para ligar os atores sociais entre si, por intermédio dos diversos meios de comunicação quepõem ao seu serviço; servem igualmente para ligar os modelos aos valores, de que dão à expressãomais concreta e mais diretamente observável; por último, os símbolos recriam incessantemente aparticipação e a identificação das pessoas e dosgrupos às coletividades e estabelecem

constantemente as solidariedades necessárias à vidasocial.

Por intermédio dos símbolos, o universoideal de valores passa para a realidade, torna-se,simultaneamente, visibilidade e crença social.

Atividades

44) Escolha uma religião e pesquisequais seus símbolos sagrados esuas representações simbólicas.

45) Quais os símbolos existentes emsua religião? O que elesrepresentam para o seu gruporeligioso?

46) Explique a charge a partir dovisão sociológica em torno do

simbolismo.

47) Você reconhece algum dos símbolosabaixo? Qual (is)? O querepresenta(m) para seus seguidores?

48) Pesquise na Internet os significadosda Cruz para diversos povos aolongo da história.

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Orientações Gerais aos alunos Os trabalhos deverão ser entregues no horário previamente marcado. Em caso de atraso, serão

decrescidos cerca de 20% do valor total por dia de atraso;

Os trabalhos deverão está de acordo com as exigências de padronização pré-estabelecido peloprofessor. Caso isso não ocorra o trabalho terá seu valor decrescido de acordo com as suasvariações do formato previamente determinado;

Em caso de atraso de chegada em sala de aula, o aluno deverá pedir permissão ao coordenador eao professor para entrar em sala. Atrasos frequentes não serão tolerados (exceto por força maior);

Para computar pontos no caderno o aluno deverá receber o visto do professor em tempo previsto.Atividade sem visto não será computada na nota do caderno;

Toda a atividade de sala deverá ser realizada dentro do tempo previsto pelo professor;

As atividades de sala de aula ou de casa deverão ser realizadas individualmente;

Caso o aluno empreste o caderno para que o colega copie as resposta, os dois não receberão visto;No caso da cola ocorrer sem a permissão do dono do caderno, o aluno “colador” não terá o visto naatividade.

Em caso de ausência do aluno na aula este deverá, na aula seguinte, apresentar a tarefa efetivadada aula perdida;

A nota trimestral estará assim distribuída (Ensino Regular):

o Primeiro trimestre: 06 pontos no caderno; 14 pontos em trabalhos extra-classe em grupo ou individual (o número máximo

será previamente estabelecido); 10 pontos em prova escrita;

• Total: 30 pontos

o Segundo trimestre:

06 pontos no caderno; 14 pontos em trabalhos extra-classe em grupo ou individual (o número máximo

será previamente estabelecido); 10 pontos em prova escrita;

• Total: 30 pontos

o Terceiro trimestre: 10 pontos no caderno; 15 pontos em trabalhos extra-classe em grupo ou individual (o número máximo

será previamente estabelecido); 15 pontos em prova escrita;

• Total: 40 pontos

Os alunos poderão sugerir outra opção de trabalho a ser realizado (no lugar do pré-

estabelecido). Este será analisado pelo professor. Caso atenda os objetivos traçados, estepoderá ser permitido no lugar do trabalho pedido inicialmente.

Apostila organizada pelo profº Cristiano BodartVisite o blog de Sociologia

http://cafecomsociologia.blogspot.com/Nele você encontrará parte do material utilizado em sala de aula

(que não consta na apostila).