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2º SIMULADO MODELO ENEM - 2017 2ª SÉRIE Ciências Humanas e suas Tecnologias DIA Exame Nacional do Ensino Médio Linguagens, Códigos e suas Tecnologias 90 Questões Duração: 5h Dia: 19/10 – quinta-feira Nome completo: Turma: Unidade:

2º SIMULADO MODELO ENEM - 2017 - upvix.com.br · CENTRO EDUCACIONAL ORIENTAÇÕES PARA APLICAÇÃO DO SIMULADO ENEM – 3º TRI 1. A prova terá duração de 5hmin. 2. Só será

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2º SIMULADO MODELO ENEM - 20172ª SÉRIE

Ciências Humanas e suas Tecnologias

DIA

Exame Nacional do Ensino Médio

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

90 Questões

Duração: 5h

Dia: 19/10 – quinta-feira

Nome completo:

Turma: Unidade:

CENTRO EDUCACIONAL

ORIENTAÇÕES PARA APLICAÇÃO DO SIMULADO ENEM – 3º TRI

1. A prova terá duração de 5hmin.

2. Só será permitida a saída de alunos a partir de 2 horas de prova. 3. O aluno não poderá sair para beber água ou ir ao banheiro antes de 3 horas de prova. 4. O aluno não poderá levar a prova para casa. Favor colocar o nome na capa da prova. 5. O preenchimento do gabarito deve ser feito com caneta AZUL. NÃO É PERMITIDO O USO DE

CANETAS COM PONTAS POROSAS. 6. O preenchimento incorreto do gabarito implicará na anulação da questão ou de todo o gabarito. 7. Durante a prova, o aluno não poderá manter nada em cima da carteira ou no colo, a não ser lápis,

caneta e borracha. Bolsas, mochilas e outros pertences deverão ficar no tablado, junto ao quadro. Não será permitido empréstimo de material entre alunos.

8. O aluno que portar celular deverá mantê-lo na bolsa e desligado, sob pena de ter a prova recolhida,

caso o mesmo venha a ser usado ou tocar. Caso não tenha bolsa, colocá-lo na base do quadro durante a prova.

9. O fiscal deve conferir o preenchimento do gabarito antes de liberar a saída dos alunos.

10. O gabarito da prova estará disponível no site a partir das 17 horas da quarta-feira, dia 25/10.

11. O prazo máximo para conferir qualquer dúvida sobre o gabarito da prova encerra dia 27/10,

quarta-feira. Isso deve ser feito diretamente com o professor ou com a Pedagoga da Unidade.

2017 – 3º SIMULADO ENEM – 2ª SÉRIE

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Saiba impedir que os cavalos de troia abram a guarda de seu computador A lenda da Guerra de Troia conta que gregos conseguiram entrar na cidade camuflados em um cavalo e, então, abriram as portas da cidade para mais guerreiros entrarem e vencerem a batalha. Silencioso, o cavalo de troia é um programa malicioso que abre as portas do computador a um invasor, que pode utilizar como quiser o privilégio de estar dentro de uma máquina. Esse malware é instalado em um computador de forma camuflada, sempre com o “consentimento” do usuário. A explicação é que essa praga está dentro de um arquivo que parece ser útil, como um programa ou proteção de tela – que, ao ser executado, abre caminho para o cavalo de troia. A intenção da maioria dos cavalos de troia (trojans) não é contaminar arquivos ou hardwares. Atualmente, o objetivo principal dos cavalos de troia é roubar informações de uma máquina. O programa destrói ou altera dados com intenção maliciosa, causando problemas ao computador ou utilizando-o para fins criminosos, como enviar spams. A primeira regra para evitar a entrada dos cavalos de troia é: não abra arquivos de procedência duvidosa.

Disponível em: http://idgnow.uol.com.br. Acesso em: 14 ago. 2012 (adaptado).

1. Cavalo de troia é considerado um malware que invade computadores, com intenção maliciosa. Pelas

informações apresentadas no texto, depreende-se que a finalidade desse programa é a) roubar informações ou alterar dados de arquivos de procedência duvidosa. b) inserir senhas para enviar spams, através de um rastreamento no computador. c) rastrear e investigar dados do computador sem o conhecimento do usuário. d) induzir o usuário a fazer uso criminoso e malicioso de seu computador. e) usurpar dados do computador, mediante sua execução pelo usuário.

GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Hoje a função do cavalo de troia não é mais a de simplesmente prejudicar os arquivos nem o computador do usuário, mas sim, a partir do ingênuo consentimento de um usuário de internet, que acredita estar aceitando um produto limpo de vírus, faz um download acompanhado de um trojan. Dessa maneira, ingenuamente, abrem-se as portas para a entrada do cavalo de troia e o risco dessa fuga de dados está no próprio texto: O programa destrói ou altera dados com intenção maliciosa, causando problemas ao computador ou utilizando-o para fins criminosos, como enviar spams. Texto para as próximas 4 questões:

CANÇÃO DO VER Fomos rever o poste. O mesmo poste de quando a gente brincava de pique e de esconder. 1Agora ele estava tão verdinho! O corpo recoberto de limo e borboletas. Eu quis filmar o abandono do poste. O seu estar parado. O seu não ter voz. O seu não ter sequer mãos para se pronunciar com as mãos. Penso que a natureza o adotara em árvore. Porque eu bem cheguei de ouvir arrulos1 de passarinhos que um dia teriam cantado entre as suas folhas. Tentei transcrever para flauta a ternura dos arrulos. Mas o mato era mudo. Agora o poste se inclina para o chão − como alguém que procurasse o chão para repouso. Tivemos saudades de nós.

Manoel de Barros. Poesia completa. São Paulo: Leya, 2010. 1arrulos − canto ou gemido de rolas e pombas

LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

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2. A memória expressa pelo enunciador do texto não pertence somente a ele. Na construção do poema, essa ideia é reforçada pelo emprego de

a) tempo passado e presente b) linguagem visual e musical c) descrição objetiva e subjetiva d) primeira pessoa do singular e do plural e) tempo futuro e presente

GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A primeira pessoa do plural usada nos termos verbais do primeiro e último versos, assim como a primeira do singular usada na maioria dos que servem à construção do poema, indica que o eu lírico fala também de outras pessoas que o acompanham a revisitar aquelas memórias. Assim, é correta a alternativa [D]. 3. No poema, o poste é associado à própria vida do eu poético. Nessa associação, a imagem do poste se

constrói pelo seguinte recurso da linguagem: a) anáfora b) metáfora c) sinonímia d) hipérbole e) eufemismo

GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Ao estabelecer uma analogia entre o poste e uma pessoa, o eu lírico faz uma comparação implícita, o que configura uma metáfora, como se afirma em [B]. 4. O título Canção do ver reúne duas esferas diferentes dos sentidos humanos: audição e visão. No entanto, no

decorrer do poema, a visão predomina sobre a audição. Os dois elementos que confirmam isso são a) o imobilismo do poste e a saudade dos tempos passados b) a inclinação do poste e sua adoção pela paisagem natural c) a aparência do poste e a suposição do arrulo dos passarinhos d) o silêncio do poste e a impossibilidade de transcrição musical e) o não ter sequer mãos para se pronunciar com as mãos

GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Em vários momentos do poema, nas descrições do ambiente revisitado pela memória, o eu lírico demonstra a sua incapacidade de ouvir os sons que as imagens lhe sugerem: “O seu não ter voz”, “Tentei transcrever para flauta a ternura dos arrulos./Mas o mato era mudo”. Assim, é correta a alternativa [D], pois o silêncio do poste e a impossibilidade de transcrição musical comprovam que o sentido da visão predomina sobre a audição. 5. Agora ele estava tão verdinho! (ref. 1) De modo diferente do que ocorre em passarinhos, o emprego do diminutivo, no verso acima, contribui para expressar um sentido de a) oposição b) gradação c) proporção d) intensidade e) diminuição

GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Em “passarinhos”, o eu lírico expressa, através do diminutivo, a afetividade e a ternura que um ser tão frágil e pequeno lhe provoca. Em “verdinho”, existe intenção de mostrar a decadência causada pelo passar dos anos, através do limo que tão intensamente se acumulou sobre o poste com o decorrer do tempo. Assim, é correta a alternativa [D].

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Você já deve ter experimentado algum refrigerante de guaraná, presença quase certa nas festas de aniversário. Mas você já parou para imaginar qual a origem do fruto? Texto 1

O guaraná é originário da Amazônia e é fundamental na cultura e nos rituais dos Sateré Mawé, grupo indígena que vive no Amazonas, e que se consideram os “filhos do Guaraná”. Toda a sociedade se envolve nas etapas de beneficiamento do fruto, desde a colheita, no período das chuvas, entre novembro e março.

Esse é um período de vida social intensa, quando os Sateré Mawé restauram as suas forças. Entre eles, o guaraná é consumido ralado na água e bebido em grandes quantidades por adultos e crianças. O preparo fica a cargo de uma mulher (esposa ou filha do anfitrião) que, quando chega à quantidade correta de guaraná ralado, passa a cuia com a bebida para o seu marido, que, em seguida, passa para todos os presentes – primeiramente os mais velhos ou visitantes ilustres – seguindo de mão em mão até retornar ao dono da casa e à sua mulher. Ela, então, prepara mais uma rodada da bebida.

<https://tinyurl.com/zy6cmm6> Acesso em: 10.02.2017. Adaptado.

Texto 2

6. Conforme o texto, é correto afirmar que a) o período da colheita do guaraná é de vida social intensa e, durante esse processo, os Sateré

Mawé se revigoram. b) o consumo da bebida preparada com o guaraná ralado é restrito aos homens adultos e aos visitantes ilustres. c) os Sateré Mawé, do Pantanal, inventaram o refrigerante de guaraná a partir do fruto ralado na água. d) os homens mais velhos entre os Sateré Mawé preparam a bebida que dá energia aos mais jovens. e) o guaraná é um fruto colhido na primavera, quando cessam as chuvas na floresta amazônica. GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: No texto, afirma-se que o grupo indígena dos Sateré Mawé se considera “filho do Guaraná” e, assim, toda a comunidade se envolve nas etapas de beneficiamento do fruto. Como colocado no terceiro parágrafo, o período da colheita do guaraná é “um período de vida social intensa, quando os Sateré Mawé restauram as suas forças.”.

7. Imagine alguém contando essa historinha: “Depois de receber uma premagem, o ludâmbulo desligou o

lucivelo, colocou o focale, chamou o cinesíforo e foi ao local da runimol de que teve notícia por um amigo alvissareiro”. Assim seria contada essa historinha se se tivesse adotado a proposta de Antônio Castro Lopes, filólogo que viveu de 1827 a 1901. Os neologismos que ele propôs, como ludâmbulo, focalo e cinesíforo não pegaram. Então podemos contar hoje a mesma historinha assim: “Depois de receber uma massagem, o turista desligou o abajur, colocou o cachecol, chamou o motorista e foi ao local da avalanche de que teve notícia por um amigo repórter”. Acho muito estranho nessas palavras a proposta de usar “alvissareiro” em vez de repórter. Alvíssaras é uma palavra sempre relacionada a boas notícias, o que não é bem o caso da maioria do que ouvimos ou lemos dos repórteres.

BENEDITO, M. Disponível em: <https://blogdaboitempo.com.br/2016/03/11/chato-cricri-ezung- zung/>. Acesso em: 03 out. 2016. (Adaptado).

No fragmento, o autor questiona o emprego do termo “alvissareiro” por considerá-lo a) distante da realidade linguística do português brasileiro. b) impróprio para designar o dia a dia do trabalho de repórter. c) estranho para ser utilizado como sinônimo de “más notícias”. d) inadequado diante do teor negativo atribuído a notícias jornalísticas. e) relacionado diretamente à explicação de “boas notícias”.

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GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O autor, ao julgar inadequado o uso da palavra “alvissareiro” para repórter, efetua uma crítica à postura negativista da imprensa. 8. Mas, como digo, a mais engenhosa de todas as nossas experiências, foi a de Diogo Meireles. Lavrava então

na cidade uma singular doença, que consistia em fazer inchar os narizes, tanto e tanto, que tomavam metade e mais da cara do paciente, e não só a punham horrenda, senão que era molesto carregar tamanho peso. Conquanto os físicos da terra propusessem extrair os narizes inchados, para alívio e melhoria dos enfermos, nenhum destes consentia em prestar-se ao curativo, preferindo o excesso à lacuna, e tendo por mais aborrecível que nenhuma outra coisa a ausência daquele órgão. Diogo Meireles, que desde algum tempo praticava a medicina, segundo ficou dito atrás, estudou a moléstia e reconheceu que não havia perigo em desnarigar os doentes, antes era vantajoso por lhes levar o mal, sem trazer fealdade, pois tanto valia um nariz disforme e pesado como nenhum; não alcançou, todavia, persuadir os infelizes ao sacrifício. Então, ocorreu-lhe uma graciosa invenção. Assim foi que, reunindo muitos físicos, filósofos, bonzos, autoridades e povo, comunicou-lhes que tinha um segredo para eliminar o órgão; e esse segredo era nada menos que substituir o nariz achacado por um nariz são, mas de pura natureza metafísica, isto é, inacessível aos sentidos humanos, e contudo tão verdadeiro ou ainda mais do que o cortado; cura esta praticada por ele em várias partes, e muito aceita aos físicos de Malabar. O assombro da assembleia foi imenso, e não menor a incredulidade de alguns, não digo de todos, sendo que a maioria não sabia em que acreditar, pois se lhe repugnava a metafísica do nariz, cedia, entretanto, à energia das palavras de Diogo Meireles, ao tom alto e convencido com que ele expôs e definiu o seu remédio.

ASSIS, Machado de. O Segredo do Bonzo. Papéis Avulsos. Disponível em: <http://www.

dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000236.pdf>.Acesso em: 14 set. 2016. Adaptado.

O fragmento do conto “O Segredo do Bonzo”, de Machado de Assis, revela a) uma censura aos médicos que, por não conhecerem o verdadeiro diagnóstico de uma patologia, inventam

soluções terapêuticas absurdas e arriscadas. b) a vaidade humana diante da possibilidade, ainda que abstrata, de receber um nariz mais bonito do que o

congênito, ora disforme pela enfermidade. c) a ausência de posicionamento crítico do povo e também de autoridades sociais diante de discursos

envolventes, mas sem qualquer comprovação científica. d) os interesses escusos de alguns profissionais da saúde que, mesmo sabendo que não há necessidade de

intervenção cirúrgica, põem seus pacientes em risco. e) o desdém manifesto por uma sociedade que está mais preocupada com a aparência do que com a essência

a ponto de se convencer da eficácia do remédio proposto por Diogo Meireles. GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: De acordo com o texto, Diogo Meireles reuniu “físicos, filósofos, bonzos, autoridades e povo” para ouvi-lo falar sobre seu “procedimento cirúrgico”, e a maioria das pessoas “cedia [...] à energia [de suas] palavras, ao tom alto e convencido com que ele expôs e definiu o seu remédio”, o que evidencia a ausência de posicionamento crítico.

A tirinha humorística a seguir representa uma interação entre uma menina, Mafalda, e sua mãe. Nela, está presente a maneira como a criança e o adulto tratam questões como crescer, amadurecer, envelhecer.

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9. Enquanto a mãe de Mafalda faz as unhas, a menina lhe faz perguntas sobre a velhice. Considerando a resposta que Mafalda recebe, pode-se concluir, do diálogo entre mãe e filha, que

a) não ter vaidade é, para Mafalda, uma das formas de preservar a juventude. b) manter o espírito jovem não é uma estratégia para retardar o envelhecimento. c) não há uma relação de sentido entre envelhecer e o espírito precisar de maquiagem. d) cuidar da aparência física, embelezar-se, não é a única estratégia para não envelhecer. e) cuidar da aparência pode contribuir para o envelhecimento.

GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A mãe, ao dizer que o “ficar velha” não é uma questão de idade, mas de espírito, deixa claro que manter o espírito jovem é uma estratégia para retardar o envelhecimento. Mafalda, no entanto, acredita que para preservar a juventude, estratégias que representam vaidade, como passar maquiagem, são utilizadas. Apesar disso, em nenhum momento se conclui que o cuidado com a aparência física é a estratégia principal para o não envelhecimento.

10. Analisando as duas tirinhas, pode-se afirmar que a) Calvin se revela capaz de compreender o noticiário, diferentemente do pai de Mafalda. b) Calvin e Mafalda, apesar de crianças, não são críticos em relação ao conteúdo televisivo. c) a reação de Calvin e a de Mafalda são as mesmas diante do conteúdo televisivo. d) ambas tratam da relação entre telespectador e mídia televisiva. e) ambas apresentam personagens que questionam o noticiário veiculado pela TV.

GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A opção [A] é correta, pois Calvin tece duras críticas ao noticiário, o que comprova que consegue compreender perfeitamente o que está sendo veiculado na televisão.

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Esta, de áureos relevos, trabalhada De divas mãos, brilhantes copa, um dia, Já de aos deuses servir como cansada, Vinda do Olimpo, a um novo deus servia.

Era o poeta de Teos que a suspendia. Então e, ora repleta ora esvaziada, A taça amiga aos dedos seus tinia Todas de roxas pétalas colmada.

(Alberto de Oliveira)

11. São características parnasianas presentes no poema: a) busca de inspiração na Grécia Clássica, com nostalgia e subjetivismo; b) versos impecáveis, misturando mitologia clássica com sentimentalismo amoroso; c) revalorização das ideias iluministas e descrição do passado; d) descrição minuciosa de um objeto e busca de um tema ligado à Grécia antiga; e) vocabulário preciosista, de forte ardor sensual.

GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A estética parnasiana apresentava grande preocupação com a técnica no momento de composição do poema, além disso, considerava todo tema ligado à Grécia antiga como fonte valiosa de inspiração. Texto para a próxima questão.

E Jerônimo via e escutava, sentindo ir-se-lhe toda a alma pelos olhos enamorados. Naquela mulata estava o grande mistério, a síntese das impressões que ele recebeu chegando aqui: ela

era a luz ardente do meio-dia; ela era o calor vermelho das sestas da fazenda; era o aroma quente dos trevos e das baunilhas, que o atordoara nas matas brasileiras; era a palmeira virginal e esquiva que se não torce a nenhuma outra planta; era o veneno e era o açúcar gostoso; era o sapoti mais doce que o mel e era a castanha do caju, que abre feridas com o seu azeite de fogo; ela era a cobra verde e traiçoeira, a lagarta viscosa, a muriçoca doida, que esvoaçava havia muito tempo em torno do corpo dele, assanhando-lhe os desejos, acordando-lhe as fibras embambecidas pela saudade da terra, picando-lhe as artérias, para lhe cuspir dentro do sangue uma centelha daquele amor setentrional, uma nota daquela música feita de gemidos de prazer, uma larva daquela nuvem de cantáridas que zumbiam em torno da Rita Baiana e espalhavam-se pelo ar numa fosforescência afrodisíaca.

Aluísio Azevedo, O cortiço.

12. Em que pese a oposição programática do Naturalismo ao Romantismo, verifica-se no excerto – e na obra a

que pertence – a presença de uma linha de continuidade entre o movimento romântico e a corrente naturalista brasileira, a saber, a

a) exaltação patriótica da mistura de raças. b) necessidade de autodefinição nacional. c) aversão ao cientificismo. d) recusa dos modelos literários estrangeiros. e) idealização das relações amorosas.

GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A linha de continuidade entre os movimentos Romântico e Naturalista, a partir da leitura do excerto, é a menção à fauna e à flora brasileiras. O movimento romântico empregou a exaltação ao quadro físico brasileiro como instrumento de definição da nação que se tornava independente; o mesmo instrumental é empregado em O Cortiço, com a descrição da natureza indicada no trecho, porém sem a idealização característica dos românticos.

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13.

O mulato

Ana Rosa cresceu; aprendera de cor a gramática do Sotero dos Reis; lera alguma coisa; sabia rudimentos de francês e tocava modinhas sentimentais ao violão e ao piano. Não era estúpida; tinha a intuição perfeita da virtude, um modo bonito, e por vezes lamentara não ser mais instruída. Conhecia muitos trabalhos de agulha; bordava como poucas, e dispunha de uma gargantazinha de contralto que fazia gosto de ouvir.

Uma só palavra boiava à superfície dos seus pensamentos: “Mulato”. E crescia, crescia, transformando-se em tenebrosa nuvem, que escondia todo o seu passado. Ideia parasita, que estrangulava todas as outras ideias.

– Mulato! Esta só palavra explicava-lhe agora todos os mesquinhos escrúpulos, que a sociedade do Maranhão

usara para com ele. Explicava tudo: a frieza de certas famílias a quem visitara; as reticências dos que lhe falavam de seus antepassados; a reserva e a cautela dos que, em sua presença, discutiam questões de raça e de sangue.

AZEVEDO, A. O Mulato. São Paulo: Ática, 1996 (fragmento).

O texto de Aluísio Azevedo é representativo do Naturalismo, vigente no final do século XIX. Nesse fragmento, o narrador expressa fidelidade ao discurso naturalista, pois a) relaciona a posição social a padrões de comportamento e à condição de raça. b) apresenta os homens e as mulheres melhores do que eram no século XIX. c) mostra a pouca cultura feminina e a distribuição de saberes entre homens e mulheres. d) ilustra os diferentes modos que um indivíduo tinha de ascender socialmente. e) critica a educação oferecida às mulheres e os maus-tratos dispensados aos negros.

GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O trecho mostra a inquietação da personagem Ana Rosa, ao perceber as dificuldades que a paixão por Raimundo a fariam passar. Ela é descrita como filha da pequena burguesia, com certo grau de instrução e habilidades manuais desenvolvidas pelas moças da época. Com isso, começou a perceber o preconceito quase velado que a sociedade maranhense tinha com relação a sua paixão por Raimundo, simplesmente por ser mulato. 14. Quanto à poesia parnasiana, é correto afirmar que se caracteriza por a) buscar uma linguagem capaz de sugerir a realidade, fazendo, para tanto, uso de símbolos, imagens,

metáforas, sinestesias, além de recursos sonoros e cromáticos, tudo com a finalidade de exprimir o mundo interior, intuitivo, antilógico e antirracional.

b) cultivar o desprezo pela vida urbana, ressaltando o gosto pela paisagem campestre; elevar o Ideal de uma vida simples, integrada à natureza; conter nos poemas elementos da cultura greco-latina; apresentar equilíbrio espiritual, racionalismo.

c) apresentar interesse por temas religiosos, refletindo o conflito espiritual, a morbidez como forma de acentuar o sentido trágico da vida, além do emprego constante de figuras de linguagem e de termos requintados.

d) possuir subjetivismo, egocentrismo e sentimentalismo, ampliando a experiência da sondagem interior e preparando o terreno para investigação psicológica.

e) pretender ser universal, utilizando-se de uma linguagem objetiva, que busca a contenção dos sentimentos e a perfeição formal.

GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A alternativa [A] apresenta características do Simbolismo; a [B], do Arcadismo; a [C], do Barroco; e a [D], do Romantismo. Assim, é correta a alternativa [E], que aponta alguns dos aspectos fundamentais do Parnasianismo. 15. É a afirmação correta sobre A hora da estrela, de Clarice Lispector: a) A força da temática social, centrada na miséria brasileira, afasta do livro as preocupações com a linguagem,

frequentes em outros escritores da mesma geração. b) Se o discurso do narrador critica principalmente a própria literatura, as falas de Macabéa exprimem,

sobretudo, as críticas da personagem às injustiças sociais. c) O narrador retarda bastante o início da narração da história de Macabéa, vinculando esse adiamento a um

autoquestionamento radical. d) Os sofrimentos da migrante nordestina são realçados, no livro, pelo contraste entre suas desventuras na

cidade grande e suas lembranças de uma infância pobre, mas vivida no aconchego familiar. e) O estilo do livro é caracterizado, principalmente, pela oposição de duas variedades linguísticas: linguagem

culta, literária, em contraste com um grande número de expressões regionais nordestinas.

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GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O romance A Hora da Estrela tem início com uma série de autoquestionamentos radicais, tanto de caráter pessoal, quanto metalinguístico, feitos pelo narrador Rodrigo S. M. A história de Macabéa começa a se insinuar paulatinamente, até se tornar dominante na narrativa, que, porém, não abandona aqueles questionamentos críticos.

Tudo no mundo começou com um sim. Uma molécula disse sim a outra molécula e nasceu a vida. Mas antes da pré-história havia a pré-história da pré-história e havia o nunca e havia o sim. Sempre houve. Não sei o quê, mas sei que o universo jamais começou.

[...] Enquanto eu tiver perguntas e não houver resposta continuarei a escrever. Como começar pelo início,

se as coisas acontecem antes de acontecer? Se antes da pré-pré-história já havia os monstros apocalípticos? Se esta história não existe, passará a existir. Pensar é um ato. Sentir é um fato. Os dois juntos – sou eu que escrevo o que estou escrevendo. [...] Felicidade? Nunca vi palavra mais doida, inventada pelas nordestinas que andam por aí aos montes.

Como eu irei dizer agora, esta história será o resultado de uma visão gradual – há dois anos e meio venho aos poucos descobrindo os porquês. É visão da iminência de. De quê? Quem sabe se mais tarde saberei. Como que estou escrevendo na hora mesma em que sou lido. Só não inicio pelo fim que justificaria o começo – como a morte parece dizer sobre a vida – porque preciso registrar os fatos antecedentes.

LISPECTOR, C. A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1998 (fragmento)

16. A elaboração de uma voz narrativa peculiar acompanha a trajetória literária de Clarice Lispector, culminada

com a obra A hora da estrela, de 1977, ano da morte da escritora. Nesse fragmento, nota-se essa peculiaridade porque o narrador

a) observa os acontecimentos que narra sob uma ótica distante, sendo indiferente aos fatos e às personagens. b) relata a história sem ter tido a preocupação de investigar os motivos que levaram aos eventos que

a compõem. c) revela-se um sujeito que reflete sobre questões existenciais e sobre a construção do discurso. d) admite a dificuldade de escrever uma história em razão da complexidade para escolher as palavras exatas. e) propõe-se a discutir questões de natureza filosófica e metafísica, incomuns na narrativa de ficção.

GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Alternativa “c”. Na questão sobre o fragmento do livro “A hora da estrela”, de Clarice Lispector, podemos perceber a preocupação em abordar os aspectos relacionados com a composição do texto literário. A peculiaridade da voz narrativa de Clarice mostra as reflexões existenciais do sujeito em crise e também uma técnica de construção do discurso muito presente na linguagem da escritora, o “fluxo de consciência”, no qual a personagem deixa de narrar para fazer reflexões acerca do próprio comportamento. 17. Trecho de “A Hora da Estrela”, de C. Lispector:

“Será que eu enriqueceria este relato se usasse alguns difíceis termos técnicos? Mas aí que está: esta história não tem nenhuma técnica, nem de estilo, ela é ao deus-dará. Eu que também não mancharia por nada neste mundo com palavras brilhantes uma vida parca como a da datilógrafa.”

No texto, o narrador questiona-se quanto ao modo e, até, à possibilidade de narrar a história. De acordo com o trecho acima, isso deriva do fato de ser ele um narrador a) iniciante, que não domina as técnicas necessárias ao relato literário. b) pós-moderno, para quem as preocupações de estilo são ultrapassadas. c) impessoal, que aspira a um grau de objetividade máxima no relato. d) objetivista, que se preocupa apenas com a precisão técnica do relato. e) autocrítico, que percebe a inadequação de um estilo sofisticado para narrar a vida popular.

GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Rodrigo S. M., narrador de A Hora da Estrela, assume uma postura crítica em relação à personagem principal, Macabéa; pois o tempo todo está desdenhando dela. Apenas em alguns momentos mostra-se solícito com os sofrimentos da protagonista.

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18. Devo registrar aqui uma alegria. É que a moça num aflitivo domingo sem farofa teve uma inesperada felicidade que era inexplicável: no cais do porto viu um arco-íris. Experimentando o leve êxtase, ambicionou logo outro: queria ver, como uma vez em Maceió, espocarem mudos fogos de artifício. Ela quis mais porque é mesmo uma verdade que quando se dá a mão, essa gentinha quer todo o resto, o zé-povinho sonha com fome de tudo. E quer mas sem direito algum, pois não é?

(Clarice Lispector, "A Hora da Estrela")

Considerando-se no contexto da obra o trecho destacado, é correto afirmar que, nele, o narrador a) assume momentaneamente as convicções elitistas que, no entanto, procura ocultar no restante da narrativa. b) reproduz, em estilo indireto livre, os pensamentos da própria Macabéa diante dos fogos de artifício. c) hesita quanto ao modo correto de interpretar a reação de Macabéa frente ao espetáculo. d) adota uma atitude panfletária, criticando diretamente as injustiças sociais e cobrando sua superação. e) retoma uma frase feita, que expressa preconceito antipopular, desenvolvendo-a na direção da ironia.

GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O narrador “brinca” ironicamente com os preconceitos bastante difundidos em relação às classes populares. 19. Clarice Lispector se enquadra no chamado “Pós-Modernismo”, desconstrói, em suas obras, a narrativa

tradicional, como se pode observar no trecho abaixo, de “A Hora da Estrela”:

Ele se aproximou e com voz cantada de nordestino que a emocionou, perguntou-lhe: – E se me desculpe, senhorinha, posso convidar a passear? – Sim, respondeu atabalhoadamente com pressa antes que ele mudasse de ideia. (...) – Eu não entendo seu nome – disse ela. – Olímpico? – Macabéa fingiu enorme curiosidade, escondendo dele que ela nunca entendia tudo muito bem e que isso era assim mesmo. Mas ele, galinho de briga que era, arrepiou-se todo com a pergunta tola e que ele não sabia responder. Disse aborrecido: – Eu sei mas não quero dizer! – Não faz mal, não faz mal, não faz mal... a gente não precisa entender o nome.

Acerca dessa obra de Clarice Lispector, é correto afirmar que a) Macabéa, personagem central, costumava ir ao cinema uma vez por mês e tentava encarnar a vida das

estrelas de Hollywood. No final da obra, finalmente, consegue esse intento, e vira estrela de cinema. b) a protagonista da história é uma menina do sertão que vai morar no Rio de Janeiro. Ela vivia num limbo

pessoal, sem alcançar o melhor nem o pior. Ela somente vivia, expirando e inspirando, expirando e inspirando, ou seja, seu viver era ralo.

c) Olímpico, a figura masculina central, tem em comum com Macabéa o fato de vir do Nordeste e ser pobre e tão ingênuo quanto ela. Devido às características que vê nela, apaixona-se assim que a encontra.

d) apesar da profundidade de sua narrativa e da grandeza do que busca mostrar, a linguagem de Clarice, nessa obra, é surpreendentemente simples, e, nos diálogos entre os personagens, a autora opta pela linguagem regional.

e) madame Carlota e Glória são personagens secundárias na história. No entanto, ambas têm importância vital para a vida da protagonista, que conta com a ajuda delas em seus momentos de maior dificuldade.

GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A respeito da obra “A Hora da Estrela” de Clarice Lispector, as características mais importantes são emprego do fluxo de consciência, metalinguagem e o monólogo interior. O romance é narrado por Rodrigo S.M., um narrador interposto, que reflete a sua vida na personagem Macabéa ao projetar-se na protagonista – uma menina do sertão que vai morar no Rio de Janeiro. Ela era uma anônima com um único objetivo: viver, simplesmente. O romance expressa uma inquietude com marcas psicológicas e anseios de uma visão de mundo. Retrata a profundidade da narrativa com uma linguagem simples, porém, trabalhada através das digressões e capaz de exteriorizar o oculto do ser.

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Cárcere das almas “Ah! Toda a alma num cárcere anda presa, Soluçando nas trevas, entre as grades Do calabouço olhando imensidades, Mares, estrelas, tardes, natureza. Tudo se veste de uma igual grandeza Quando a alma entre grilhões as liberdades Sonha e, sonhando, as imortalidades Rasga no etéreo o Espaço da Pureza. Ó almas presas, mudas e fechadas Nas prisões colossais e abandonadas, Da Dor no calabouço, atroz, funéreo! Nesses silêncios solitários, graves, que chaveiro do Céu possui as chaves para abrir-vos as portas do Mistério?!”

(CRUZ E SOUSA, J. Poesia completa. Florianópolis: Fundação Catarinense de Cultura / Fundação Banco do Brasil, 1993. )

20. O(s) elemento(s) formal(is) e temático(s) relacionado(s) ao contexto cultural do Simbolismo encontrado(s) no

poema Cárcere das almas, de Cruz e Sousa, é(são) a) a opção pela abordagem, em linguagem simples e direta, de temas filosóficos. b) a prevalência do lirismo amoroso e intimista em relação à temática nacionalista. c) o refinamento estético da forma poética e o tratamento metafísico de temas universais. d) a evidente preocupação do eu lírico com a realidade social expressa em imagens poéticas inovadoras. e) a liberdade formal da estrutura poética que dispensa a rima e a métrica tradicionais em favor de temas

do cotidiano.

GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: No texto de Cruz e Souza, percebemos que o eu lírico relaciona o estado das almas com o aprisionamento em um cárcere, evidenciando sua dor e pessimismo sobre a vida. Além disso, percebemos a aproximação com o plano metafísico, o que confirma a alternativa C. O sofrimento humano é um tema universal, por isso, a associação a um tema filosófico na letra A está incorreta, a somar, pela linguagem subjetiva, o que não configura como uma linguagem simples e direta. Além disso, não ocorre a menção a marcas de sentimentalismo amoroso ou de nacionalismo, tampouco uma abordagem de denúncia social, o que torna as alternativas B e D incorretas. Em relação à estrutura, percebemos a presença de um soneto, marcado pela métrica e musicalidade, desvinculando-se da alternativa E.

O valor da vida Hermann A.V. von Tiesenhausen

Diretor executivo do jornal Medicina

A mistanásia é um termo pouco utilizado nas conversas do dia a dia, mas, que, infelizmente, não está tão

distante de nossa realidade. A imprensa registra, sem filtros, o drama de milhares de pacientes e profissionais nos postos de saúde, hospitais e prontos-socorros e traduza dura proximidade com a expressão.

O significado de mistanásia remete à omissão de socorro, à negligência. Ela representa a morte miserável, antes da hora. É conhecida como a eutanásia social. No Brasil, seu flagelo atinge, sobretudo, os mais carentes, que dependem exclusivamente do Estado quando o corpo padece.

Um exemplo do que a mistanásia pode causar apareceu em série de reportagens exibida pelo Jornal Nacional (Rede Globo), em janeiro, que dissecou o drama dos pacientes com câncer no país. A falta de tudo torna a larga espera pelo atendimento um duro calvário e, em meio ao desespero, centros de excelência, como o Instituto Nacional do Câncer(Inca), no Rio de Janeiro, minguam a céu aberto.

A falência do sistema público de saúde não é só um fenômeno administrativo ou contábil. Quem dera o fosse. Assim, seria mais fácil suportá-la, pois contas se arrumam. A questão é que o desequilíbrio causado por uma gestão feita de pessoas perdidas em meio ao tiroteio entrou em nossas casas pela porta da frente.

A situação grave, contornada com paliativos, ceifa vidas, inclusive de crianças e jovens, impedidos de receber aquilo que a Constituição lhes garante como direito cidadão: o acesso universal, integral, gratuito e com equidade a serviços de saúde de qualidade.

Nesta edição do jornal Medicina, apresentamos números do valor da vida e da saúde de cada brasileiro para o setor público. A média nacional não supera os R$4,00 ao dia, ou seja, quase nada se comparado a outros países com modelos assistenciais semelhantes.

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Essa conta acentua a tragédia da morte anunciada em corredores e filas de espera e suscita um questionamento importante, pois os dados evidenciam que, apesar do pouco destinado, é o mau uso dos recursos que estão disponíveis que aprofunda a crise.

O Brasil está diante de um dilema. É hora de rever caminhos, adotar novas posturas, corrigir falhas para não sentenciar a população à doença e tirar do estado de coma em que se encontra o Sistema Único de Saúde (SUS), uma das maiores políticas sociais do mundo e balizador de todo modelo de atenção no País.

Jornal Medicina Publicação oficial do Conselho Federal deMedicina. Janeiro 2016.

21. É o referente textual a que o pronome destacado faz remissão [5.º parágrafo]:

“A situação grave, contornada com paliativos, ceifa vidas, inclusive de crianças e jovens, impedidos de receber aquilo que a Constituição lhes garante como direito cidadão: o acesso universal, integral, gratuito e com equidade a serviços de saúde de qualidade.”

a) Jovens. b) Crianças e jovens. c) Crianças. d) Paliativos e vidas. e) Cidadãos.

GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O pronome “lhes” retoma os termos “crianças e jovens”, que, segundo o texto, são alijados do serviço de saúde pública de qualidade. 22. De acordo com a ordem em que aparecem, os elementos conectores destacados ao longo do editorial

estabelecem relações de sentido de a) destaque, inclusão e reafirmação. b) exceção, essencialidade e contraste. c) inclusão, contraste e oposição. d) destaque, inclusão e oposição. e) adversidade, exclusão, destaque.

GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O conectivo “sobretudo” evidencia que a crise na saúde atinge principalmente os cidadãos brasileiros mais carentes. O conectivo “inclusive” engloba “crianças e jovens” no grupo dos pacientes fatais. A locução concessiva “apesar de” marca adversidade: embora haja pouco recurso destinado, é o uso indevido dos recursos que estão disponíveis que aprofunda a crise.

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23. Na organização sintático-semântica do texto, o emprego da expressão “será que” se justifica por a) compor uma frase interrogativa indireta. b) separar orações subordinadas. c) constituir-se de verbo e pronome interrogativo. d) tratar-se de uma expressão de valor enfático. e) destacar orações intercaladas.

GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Expressões expletivas ou partículas de realce (que, é que, foi que, era que, será que) podem ser retiradas da frase sem que se perca o sentido original, como acontece em “Existirmos a que (será que) se destina?”. Trata-se de uma expressão de valor enfático, que imprime veemência à frase, como se afirma em [D]. 24. .

O senso comum é que só os seres humanos são capazes de rir. Isso não é verdade? Não. O riso básico – o da brincadeira, da diversão, da expressão física do riso, do movimento da face e

da vocalização – nós compartilhamos com diversos animais. Em ratos, já foram observadas vocalizações ultrassônicas – que nós não somos capazes de perceber – e que eles emitem quando estão brincando de “rolar no chão”. Acontecendo de o cientista provocar um dano em um local específico no cérebro, o rato deixa de fazer essa vocalização e a brincadeira vira briga séria. Sem o riso, o outro pensa que está sendo atacado. O que nos diferencia dos animais é que não temos apenas esse mecanismo básico. Temos um outro mais evoluído. Os animais têm o senso de brincadeira, como nós, mas não têm senso de humor. O córtex, a parte superficial do cérebro deles, não é tão evoluído como o nosso. Temos mecanismos corticais que nos permitem, por exemplo, interpretar uma piada.

Disponível em: http://globonews.globo.com. Acesso em: 31 mai. 2012 (adaptado).

A coesão textual é responsável por estabelecer relações entre as partes do texto. Analisando o trecho “Acontecendo de o cientista provocar um dano em um local específico no cérebro”, verifica-se que ele estabelece com a oração seguinte uma relação de a) finalidade, porque os danos causados ao cérebro têm por finalidade provocar a falta de vocalização dos ratos. b) oposição, visto que o dano causado em um local específico no cérebro é contrário à vocalização dos ratos. c) condição, pois é preciso que se tenha lesão específica no cérebro para que não haja vocalização dos ratos. d) consequência, uma vez que o motivo de não haver mais vocalização dos ratos é o dano causado no cérebro. e) proporção, já que a medida que se lesiona o cérebro não é mais possível que haja vocalização dos ratos.

GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O trecho “Acontecendo de o cientista provocar um dano em um local específico no cérebro” estabelece uma relação de condição com a oração “o rato deixa de fazer essa vocalização”. Assim, é correta a opção [C], pois, segundo o autor, os ratos só deixarão de fazer a vocalização se os cientistas causarem um dano nos seus cérebros.

Sobre o mar e o navio Na guerra naval, existem ainda algumas peculiaridades que merecem ser abordadas. Uma delas diz respeito ao cenário das batalhas: o mar. Diferente, em linhas gerais, dos teatros de operações terrestres, o mar não tem limites, não tem fronteiras definidas, a não ser nas proximidades dos litorais, nos estreitos, nas baías e enseadas. Em uma batalha em mar aberto, certamente, poderão ser empregadas manobras táticas diversas dos engajamentos efetuados em área marítima restrita. Nelas, as forças navais podem se valer das características geográficas locais, como fez o comandante naval grego Temístocles, em 480 a.C. ao atrair as forças persas para a baía de Salamina, onde pôde proteger os flancos de sua formatura, evitando o envolvimento pela força naval numericamente superior dos invasores persas. As condições meteorológicas são outros fatores que também afetam, muitas vezes de forma drástica, as operações nos teatros marítimos. O mar grosso, os vendavais, ou mesmo as longas calmarias, especialmente na era da vela, são responsáveis por grandes transtornos ao governo dos navios, dificultando fainas e manobras e, não poucas vezes, interferindo nos resultados das ações navais ou mesmo impedindo o engajamento. É oportuno relembrar que o vento e a força do mar destruíram as esquadras persa (490 a.C.), mongol (1281) e a incrível Armada Espanhola (1588), salvando respectivamente a Grécia, o Japão (que denominou de kamikaze o vento divino salvador) e a Inglaterra daqueles invasores vindos do mar.

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O cenário marítimo também é o responsável pela causa mortis da maioria dos tripulantes dos navios afundados nas batalhas navais, cujas baixas por afogamento são certamente mais numerosas do que as causadas pelos ferimentos dos impactos dos projéteis, dos estilhaços e dos abalroamentos. Em maio de 1941, o cruzador de batalha britânico HMS Hood, atingido pelo fogo da artilharia do Bismarck, afundou, em poucos minutos, levando

para o fundo cerca de 1.400 tripulantes, dos quais apenas três sobreviveram.

Aliás, o instante do afundamento de um navio é um momento crucial para a sobrevivência daqueles tripulantes que conseguem saltar ou são jogados ao mar, pois o efeito da sucção pode arrastar para o fundo os tripulantes que estiverem nas proximidades do navio no momento da submersão. Por sua vez, os náufragos podem permanecer dias, semanas, em suas balsas à deriva, em um mar batido pela ação dos ventos, continuamente borrifadas pelas águas salgadas, sofrendo o calor tropical escaldante ou o frio intenso das altas latitudes, como nos mares Ártico, do Norte ou Báltico, cujas baixas temperaturas dos tempos invernais limitam cabalmente o tempo de permanência n’água dos náufragos, tornando fundamental para a sua sobrevivência a rapidez do socorro prestado. O navio também é um engenho de guerra singular. Ao mesmo tempo morada e local de trabalho do marinheiro, graças à sua mobilidade, tem a capacidade de conduzir homens e armas até o cenário da guerra. Plataforma bélica plena e integral, engaja batalhas, sofre derrotas, naufraga ou conquista vitórias, tornando-se quase sempre objeto inesquecível da história de sua marinha e país.

(CESAR, William Carmo. Sobre o mar e o navio. In: __________. Uma história das Guerras Navais: o desenvolvimento tecnológico das

belonaves e o emprego do Poder Naval ao longo dos tempos. Rio de Janeiro: FEMAR, 2013. p. 396-398)

25. Sobre o emprego do sinal de pontuação, está correto o que se diz em: a) “Uma delas diz respeito ao cenário das batalhas: o mar.” (2º parágrafo) – os dois pontos foram empregados

para anunciar uma enumeração explicativa sobre o mar. b) “[...] o vento e a força do mar destruíram as esquadras persa (490 a.C.), mongol (1281) e a invencível Armada

Espanhola (1588) [...].” (4º parágrafo) – o uso dos parênteses e das vírgulas destaca um comentário à margem do que se afirma.

c) “[...] salvando respectivamente a Grécia, o Japão (que denominou de kamikaze o vento divino salvador) [...].” (4º parágrafo) – os parênteses foram empregados para indicar uma nota emocional naquilo que o autor relato.

d) “Aliás, o instante do afundamento de um navio é um momento crucial [...].” (6º parágrafo) – a vírgula foi utilizada para separar um aposto, indicando a supressão de um grupo de palavras.

e) “O navio também é um engenho de guerra singular.” (7º parágrafo) – o ponto é empregado para indicar o término de uma oração declarativa, assinalando uma pausa no enunciado.

GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Alternativa [E] está correta, uma vez que o autor é assertivo ao defender a destreza particular do navio em relação à guerra.

A falácia do mundo justo e a culpabilização das vítimas

Por Ana Carolina Prado

“É claro que o cara que estuprou é o culpado, mas as mulheres também ficam andando na rua de saia curta e

em hora errada!”. “O hacker que roubou as fotos dessas celebridades nuas está errado, mas ninguém mandou tirar as fotos!”. “Se você trabalhar duro vai ser bem-sucedido, não importa quem você seja. Quem morreu pobre é porque não se esforçou o bastante.” Você sabe o que essas afirmações têm em comum?

Há algum tempo falei aqui sobre como os humanos têm diversas formas de se enganar em relação à ideia que têm de si mesmos, quase sempre para proteger sua autoestima ou para saciar sua vontade de estar sempre certos. Mas nosso cérebro não nos engana só em relação a como vemos a nós mesmos: temos também a tendência de nos iludir em relação aos outros e à vida em geral. E as frases acima exemplificam uma maneira como isso pode acontecer: por meio da falácia do mundo justo.

Por exemplo, embora os estupros raramente tenham qualquer coisa a ver com o comportamento ou vestimenta da vítima e sejam normalmente cometidos por um conhecido e não por um estranho numa rua deserta, a maioria das campanhas de conscientização são voltadas para as mulheres, não para os homens — e trazem a absurda mensagem de “não faça algo que poderia levá-la a ser violentada”.

Em um estudo sobre bullying feito em 2010 na Universidade Linkoping, na Suécia, 42% dos adolescentes

culparam a vítima por ser “um alvo fácil”. Para os pesquisadores, esses julgamentos estão relacionados à noção — amplamente difundida na ficção — de que coisas boas acontecem a quem é bom e coisas más acontecem a quem merece. 1A tendência a acreditar que o mundo é assim é chamada, na psicologia, de falácia do mundo justo. “Não importa quão liberal ou conservador você seja, alguma noção dela entra na sua reação emocional quando ouve sobre o sofrimento dos outros”, diz o jornalista David McRaney no livro “Você não é tão esperto quanto pensa”. 4Ele acrescenta que, embora muitas pessoas não acreditem conscientemente em carma, no fundo ainda acreditam em alguma versão disso, adaptando o conceito para a sua própria cultura.

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E dá para entender por que somos levados a pensar assim: viver em um mundo injusto e imprevisível é meio assustador e queremos nos sentir seguros e no controle. 3O problema é que crer cegamente nisso leva a ainda mais injustiças, como o julgamento de que pessoas pobres ou viciadas em drogas são vagabundas[...], que mulher de roupa curta merece ser maltratada ou que programas sociais são um desperdício de dinheiro e uma muleta para preguiçosos. Todas essas crenças são falaciosas porque partem do princípio de que o sistema em que vivemos é justo e cada um tem exatamente o que merece.

2[...] a falácia do mundo justo desconsidera os inúmeros outros fatores que influenciam quão bem-sucedida a pessoa vai ser, como o local onde ela nasceu, a situação socioeconômica da sua família, os estímulos e situações pelas quais passou ao longo da vida e o acaso. 5Programas sociais e ações afirmativas não rompem o equilíbrio natural das coisas, como seus críticos podem crer — pelo contrário, a ideia é justamente minimizar os efeitos da injustiça social. 6Uma pessoa extremamente pobre pode virar a dona de uma empresa multimilionária, mas o esforço que vai ter de fazer para chegar lá é muito maior do que o esforço de alguém nascido em uma família rica que sempre teve acesso à melhor educação e a bons contatos. “Se olhar os excluídos e se questionar por que eles não conseguem sair da pobreza e ter um bom emprego como você, está cometendo a falácia do mundo justo. Está ignorando as bênçãos não merecidas da sua posição”, diz McRaney.

Em casos de abusos contra outras pessoas, como bullying ou estupro, a injustiça é ainda maior, pois eles nunca são justificados — e aí a falácia do mundo justo se mostra ainda mais perversa. Portanto, toda vez que você se sentir movido a dizer coisas como “O estuprador é quem está errado, é claro, mas…”, pare por aí. O que vem depois do “mas” é quase sempre fruto de uma tendência a ver o mundo de uma forma distorcida só para ele parecer menos injusto.

Disponível em: <http://super.abril.com.br/blogs>. Acesso em: 02 set. 2014(Adaptado)

26. “Em casos de abusos contra outras pessoas, como bullying ou estupro, a injustiça é ainda maior, pois eles

nunca são justificados — e aí a falácia do mundo justo se mostra ainda mais perversa. Portanto, toda vez que você se sentir movido a dizer coisas como ‘O estuprador é quem está errado, é claro, mas…’, pare por aí. O que vem depois do ‘mas’ é quase sempre fruto de uma tendência a ver o mundo de uma forma distorcida só para ele parecer menos injusto.”

Nesse fragmento, a autora sugere interromper a enunciação de certas frases construídas com o “mas” porque, caso contrário, se evidenciaria um discurso a) acrítico. b) ambíguo. c) impreciso. d) contraditório. e) incoerente.

GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O uso da adversativa mas somada às reticências indicam que o discurso que poderia vir a seguir só poderia soar contraditório às ideias centrais do artigo. Texto para a próxima questão:

A máquina extraviada Você sempre pergunta pelas novidades daqui deste sertão, e finalmente posso lhe contar uma importante. Fique o compadre sabendo que agora temos aqui uma máquina imponente, 2que está entusiasmando todo o mundo. 3Desde que ela chegou – não me lembro quando, não sou muito bom em lembrar datas – quase não temos falado em outra coisa; e da maneira como 18o povo aqui se apaixona até pelos assuntos mais infantis, é de admirar que ninguém tenha brigado 4por causa dela, a não ser os políticos. 9A máquina chegou uma tarde, quando as famílias estavam jantando ou acabando de jantar, e foi descarregada na frente da Prefeitura. Com os gritos dos choferes e seus ajudantes (a máquina veio em dois ou três caminhões) muita gente cancelou a sobremesa ou o café e foi ver que algazarra 5era aquela. Como geralmente acontece nessas ocasiões, os homens estavam mal-humorados e não quiseram dar explicações, esbarravam propositalmente nos curiosos, pisavam-lhes os pés e não pediam desculpa, jogavam as pontas de cordas sujas de graxa por cima deles, quem não quisesse se sujar ou se machucar que saísse do caminho. 11Descarregadas as várias partes da máquina, foram elas cobertas com encerados e os homens entraram num botequim do largo para comer e beber. Muita gente se amontoou na porta mas13ninguém teve coragem de se aproximar dos estranhos porque um deles, percebendo essa intenção nos curiosos, de vez em quando enchia a boca de cerveja e esguichava na direção da porta. Atribuímos essa esquiva ao cansaço e à fome deles e deixamos as tentativas de aproximação para o dia seguinte; mas quando os procuramos de manhã cedo na pensão, soubemos que eles tinham montado mais ou menos a máquina durante a noite e viajado de madrugada. A máquina ficou ao relento, 15sem que ninguém soubesse 6quem a encomendou nem para que servia. É claro

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que cada qual dava o seu palpite, e cada palpite era tão bom quanto outro. As crianças, que não são de respeitar mistério, como você sabe, trataram de aproveitar a novidade. Sem pedir licença a ninguém (7e a quem iam pedir?), retiraram a lona e foram subindo em bando pela máquina acima – até hoje ainda sobem, brincam de esconder entre os cilindros e colunas, embaraçam-se nos dentes das engrenagens e fazem um berreiro dos diabos até que apareça alguém para soltá-las; não adiantam ralhos, castigos, pancadas; as crianças simplesmente se apaixonaram pela tal máquina. Contrariando a opinião de certas pessoas que não quiseram se entusiasmar, e garantiram que em poucos dias a novidade passaria e a ferrugem tomaria conta do metal, o interesse do povo ainda não diminuiu. Ninguém passa pelo largo sem ainda parar diante da máquina, e de cada vez há um detalhe novo a notar. [...] Ninguém sabe mesmo quem encomendou a máquina. O prefeito jura que não foi ele, e diz que consultou o arquivo e nele não encontrou nenhum documento autorizando a transação. 1Mesmo assim não quis lavar as mãos, e de certa forma encampou a compra quando designou um funcionário para zelar pela máquina. [...]

VEIGA, J. J. “A máquina extraviada”. In: MORICONI, I. Os Cem Melhores Contos Brasileiros do Século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2000. p. 229-232.

27. Podem-se reescrever as sentenças abaixo num único período.

Ainda não sabemos para que serve a máquina. Isso não tem importância. Ela é o nosso orgulho.

O período que junta as três, mantendo as relações lógicas, é: a) Se ainda não soubermos para que serve a máquina, isso não tem importância, apesar de que ela é o

nosso orgulho. b) Embora ainda não saibamos para que serve a máquina, isso não tem importância, uma vez que ela é o

nosso orgulho. c) Já que ainda não sabemos para que serve a máquina, isso não tem importância, quando ela for o

nosso orgulho. d) À medida que ainda não sabemos para que serve a máquina, isso não tem importância, mas ela é o

nosso orgulho. e) Contanto que não saibamos para que serve a máquina, isso não tem importância, tanto quanto ela é o

nosso orgulho.

GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: [A] Uma oração adverbial condicional mais uma concessiva não mantiveram, neste contexto, o sentido lógico pertinente ao assunto tratado. [B] Correta. Uma oração adverbial concessiva mais uma causal, neste contexto, ambas mantêm o sentido lógico da oração. [C] A locução já que ainda expressa uma indefinição. Combinada com uma adverbial temporal, ambas quebram o sentido lógico das orações, neste contexto. [D] A conjunção proporcional, mais uma adverbial final, mais uma oração comparativa tornam equivocados o sentido geral da oração. [E] Uma oração condicional, mais uma final e mais uma comparativa de igualdade tornam, neste contexto, a oração sem sentido.

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28. O uso adequado das conjunções é fundamental para estabelecer a coesão de um texto. As conjunções escolhidas pelo autor da tirinha no diálogo do último quadro conduzem o conteúdo para o campo da

a) causalidade, temporalidade e condicionalidade. b) temporalidade, temporalidade e condicionalidade. c) conformidade, temporalidade e condicionalidade. d) causalidade, possibilidade e conformidade. e) possibilidade, temporalidade e possibilidade.

GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: As conjunções “porque”, “quando” e “se”, presentes no último quadrinho, apresentam, respectivamente, as noções de causa, tempo e condição.

Em sua versão benigna, a valorização da malandragem corresponde ao elogio da criatividade adaptativa e da predominância da especificidade das circunstâncias e das relações pessoais sobre a frieza reducionista e generalizante da lei. Em sua versão maximalista e maligna, porém, a valorização da malandragem equivale à negação dos princípios elementares de justiça, como a igualdade perante a lei, e ao descrédito das instituições democráticas.

(Adaptado de Luiz Eduardo Soares, Uma interpretação do Brasil para contextualizar a violência, em C. A. Messeder Pereira, Linguagens da

violência. Rio de Janeiro: Rocco, 2000, p. 23-46.)

29. Considerando as posições expressas no texto em relação à valorização da malandragem, é correto

afirmar que a) o verbo “equivale” relaciona a valorização da malandragem à negação da justiça, da igualdade perante a lei e

das instituições democráticas. b) entre os pares de termos “benigna/maligna” e “maximalista/reducionista” estabelece-se no texto uma relação

semântica de equivalência. c) o elogio da malandragem reside na valorização da criatividade adaptativa e da sensibilidade em

contraposição à fria aplicação da lei. d) os princípios elementares da justiça valorizam a malandragem como uma criatividade adaptativa. e) o articulador discursivo “porém” introduz um argumento que se contrapõe à proposta de valorização

da malandragem.

GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: É correta a opção E, pois a conjunção coordenativa adversativa “porém” estabelece oposição à proposta de valorização da malandragem. 30. O texto seguinte serve para responder à questão:

Para que ninguém a quisesse Marina Colasanti

Porque os homens olhavam demais para a sua mulher, mandou que descesse a bainha dos vestidos e

parasse de se pintar. Antes disso, sua beleza chamava a atenção, e ele foi obrigado a exigir que eliminasse os decotes, jogasse fora os sapatos altos. Dos armários tirou as roupas de seda, das gavetas tirou todas as joias. E vendo que, ainda assim, um ou outro olhar viril se acendia à passagem dela, pegou a tesoura e tosquiou-lhe os longos cabelos.

Agora podia viver descansado. Ninguém a olhava duas vezes, homem nenhum se interessava por ela. Esquivava-se como um gato, não mais atravessava praças. E evitava sair.

Tão esquiva se fez, que ele foi deixando de ocupar-se dela, permitindo que fluísse em silêncio pelos cômodos, mimetizada com os móveis e assombras.

Uma fina saudade, porém, começou a alinhavar-se em seus dias. Não saudade da mulher. Mas do desejo inflamado que tivera por ela.

Então lhe trouxe um batom. No outro dia um corte de seda. À noite tirou do bolso uma rosa de cetim para enfeitar-lhe o que restava dos cabelos.

Mas ela tinha desaprendido a gostar dessas coisas, nem pensava mais em lhe agradar. Largou o tecido numa gaveta, esqueceu o batom. E continuou andando pela casa de vestido de chita, enquanto a rosa desbotava sobre a cômoda.

Do livro: Contos de Amor Rasgado

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“E vendo que, ainda assim, um ou outro olhar viril se acendia à passagem dela, pegou a tesoura e tosquiou-lhe os longos cabelos.” A expressão “ainda assim”, atuando como uma locução conjuntiva, é alterada por uma outra, alterando-lhe o sentido, em:

a) Mesmo assim b) No entanto c) Apesar disso d) Não obstante e) Por essa razão

GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: As conjunções “ainda assim”, “mesmo assim”, “no entanto”, “apesar disso”, “não obstante” têm sentido de adversidade, oposição, ao passo que a conjunção “por essa razão” tem sentido de causa.

31. O produtor de anúncios publicitários utiliza-se de estratégias persuasivas para influenciar o comportamento

de seu leitor. Dentre os recursos argumentativos mobilizados pelo autor para obter a adesão do público à campanha, destaca-se

a) a utilização de tratamento informal com o leitor, o que suaviza a seriedade do pedido feito. b) as peças de roupas doadas pelo possível interlocutor, que promovem a sensibilização da campanha. c) a ideia que a doação de um órgão, neste caso, as córneas, é tão simples como doar uma peça de roupa. d) o jogo de palavras nas frases “doe” e “ salve”, que relativiza a ação do leitor em relação àqueles que

precisam da doação de órgãos. e) a doação de roupas traz um caráter populista para o anúncio, que procura promover a interação entre público

leitor e intenção.

GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A questão, por meio da linguagem não-verbal, relaciona o ato de “doar órgãos” ao de “doar roupas”. Essa interpretação se intensifica ao se tomar o primeiro enunciado verbal do texto (“Você sempre doou o que não lhe servia mais”) com o segundo (“Faça o mesmo com os seus órgãos”), recebendo um realce com a imagem central, que forma um “olho” constituído de peças de roupas. Texto para a próxima questão:

SEM PROTEÇÃO NADA FEITO!

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32. Por meio do uso da linguagem não verbal, que pode muitas vezes surgir como principal recurso de comunicação em uma charge, juntamente com o título dado a ela, pode-se entender que o chargista teve a intenção de

a) explicar à sociedade a expressão do ditado popular “pele de cobra”, já que, a partir de tal explicação, pode-se entender melhor a charge.

b) justificar, com a troca de couro, que a cobra macho não ficou pronta ou não soube explicar para sua companheira sobre a proteção.

c) satirizar, por meio da ambiguidade do título da charge e da linguagem não verbal, aqueles que não se previnem contra doenças sexualmente transmissíveis.

d) criticar mulheres e homens que não usam preservativos a fim de evitar uma gravidez não planejada e aumentar o número de crianças abandonadas.

e) informar às mulheres que elas podem contrariar a vontade de seus parceiros quando não se sentirem protegidas.

GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A interpretação do texto está na junção dos elementos verbais e não-verbais que constituem o texto. A ambiguidade criada pelo título do texto (“Sem proteção nada feito”) se intensifica com a imagem. Abaixo, vê-se uma tira de Calvin:

33. Em geral, nos textos, é bastante comum existir a manifestação simultânea de várias funções da linguagem,

mas com o predomínio de uma sobre as demais. Na tirinha apresentada, a função da linguagem predominante é fática, uma vez que

a) transmite uma informação objetiva, expõe dados da realidade de modo objetivo, não faz comentários nem avaliações.

b) o objetivo do emissor é transmitir suas emoções e seus anseios. c) o propósito é influenciar, convencer o receptor de alguma coisa por meio de uma ordem. d) o discurso do enunciador tem como foco o próprio código. e) estabelece uma relação direta com o emissor, um contato para verificar se a mensagem está

sendo transmitida.

GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A questão, que tem como assunto a Teoria da Comunicação, trata, de modo objetivo, das características da função Fática, em que o intuito é estabelecer contato. Essa função da linguagem pontua-se pela presença de saudações e diálogos.

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Violência e preconceito: a perseguição aos albinos na África do Sul

Sindiswa Ntshinga é empregada doméstica e mãe solteira. Moradora da favela de Gugulethu, na África do Sul, a africana de 36 anos cria quatro meninos, dois de pele escura como ela e dois de feições claras e com cabelos loiros.

“Eu não sabia o que albinismo significava, mas lembro que fiquei assustada”, relembra. Com a ajuda de médicos locais, Sindiswa aprendeu tudo sobre a condição de natureza genética em que há um defeito na produção de melanina pelo organismo. “Eu posso lidar com os problemas de pele, de visão e até de preconceito, apesar de machucar. Mas, me apavoro em pensar que meus filhos são alvos de caçadores”, lamenta Sindiswa.

Em muitos países africanos, pessoas com albinismo são vistas como seres mágicos que possuem poderes de cura, tornando-se, por isso, vítimas de mutilamentos realizados em poções usadas para rituais de bruxaria. “Partes do corpo de albinos são comercializadas em um ‘mercado’ ilegal ao redor do continente para fins religiosos”, explica Mazibuko, presidente da Associação de Albinos da África do Sul (ASSA).

Devido a esse fato, milhares de pessoas passaram a se esconder com medo de perder suas vidas para “caçadores”, que chegam a ganhar 75 mil dólares vendendo um “conjunto de membros”.

Moradora de Gugulethu, a 15 km da capital Cidade do Cabo, Khutaza Ntshota Nono perdeu as contas de quantas vezes foi ofendida ou reverenciada na rua. “Muitos me xingam ou não param de me olhar, como se eu fosse uma aberração. Também há aqueles que encostam em mim e começam a rezar, acreditando que vou trazer sorte para suas vidas”, conta a estudante de 17 anos. O preconceito contra albinismo ainda é fortemente enraizado na sociedade sul-africana, onde muitos ainda enxergam a condição como algo “de outro mundo”.

Para Mazibuko, essa realidade só pode ser mudada com a ajuda do governo. “Precisamos de campanhas de conscientização que informem e eduquem as pessoas. Além disso, em nenhuma parte da nossa Constituição se fala sobre albinismo. A sociedade precisa entender que isso é uma questão genética e não algo divino ou demoníaco”, declara.

Disponível em http: operamuni.uol.com.br. Acesso em 08/06/2016.

34. Depreende-se do texto que a) a questão do albinismo africano resume-se em uma questão paradoxal, já que, ao mesmo tempo em que são

tidos como “estranhos no ninho”, também são levados à condição de elementos esotéricos. b) a condição dos albinos é possível de ser explicada pelos médicos quando demonstram que essa anomalia

nada mais é que uma deformidade na produção e no aumento de melanócitos, presentes nos albinos. c) alvos de caçadores, alguns albinos acabam se mutilando para a realização de poções de bruxaria e, com

isso, são obrigados a lidar com problemas de pele, de visão e, em consequência, de preconceitos. d) apesar da condição geneticamente desfavorável, albinos podem ganhar até 75 mil dólares, caso vendam

para caçadores partes de seus membros. e) a situação dos albinos poderá ser alterada a partir do momento em que eles forem conscientizados por meio

de campanhas informativas e educados para entender sua própria questão genética.

GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A alternativa traz a informação correta, em que se aborda o caráter paradoxal da situação dos albinos na África do Sul.

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O texto abaixo refere-se às próximas três questões:

35. Essa propaganda evidencia a importância da mudança de atitude para a construção de uma vida mais

saudável e com mais qualidade. O provérbio que mais se aproxima dessa mensagem é: a) O que vale na vida não é o ponto de partida, mas a caminhada. b) Os bens e o prestígio desaparecem como num piscar de olhos; criam asas e voam pelos céus como a águia. c) Devagar com o andor que o santo é de barro. d) Quem ama o feio, bonito lhe parece. e) Espere o melhor, prepare-se para o pior e aceite o que vier.

GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O provérbio “O que vale na vida não é o ponto de partida, mas a caminhada” elenca, assim como no anúncio, a importância dessa mudança de hábito – praticar atividades físicas, de maneira controlada. 36. No primeiro período do texto “Mude seus hábitos, mesmo que devagar (...)”, averigua-se a presença do

conectivo mesmo que, classificado como conjunção adverbial concessiva. Esse elo poderia ser substituído sem prejuízo de sentido por

a) mas b) pois c) como d) a fim de e) ainda que

GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A questão aborda o uso semântico dos conectivos em períodos adverbiais. A conjunção “mesmo que”, classificada como concessiva, poderia ser substituída sem prejuízo de sentido pela expressão “ainda que”. 37. Analise a intenção da propaganda, especificamente quanto à utilização do termo “mude”. Trata-se de

um verbo a) conjugado no presente do Modo Subjuntivo, contribuindo para a mensagem de alerta sobre a importância da

mudança de hábito. b) conjugado no pretérito perfeito do Modo Indicativo, cuja intenção é alertar o leitor para a mudança de hábito. c) conjugado no futuro do presente do Modo Indicativo, sinalizando diretamente o leitor para um

alerta importante. d) conjugado no Modo Imperativo, na forma afirmativa, contribuindo para a mensagem de alerta sobre a

mudança de hábito. e) no Infinitivo pessoal, cuja mensagem está diretamente ligada ao comando de uma ação.

GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O verbo mudar foi conjugado no modo imperativo afirmativo, o que intensifica o objetivo do anúncio publicitário, que tem como finalidade conscientizar seu público alvo a praticar esporte, visando a uma melhor qualidade de vida.

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38. .

‘Ebony and ivory

Ebony and ivory live together in perfect harmony

Side by side on my piano keyboard, oh Lord, why don’t we?

We all know that people are the same wherever we go

There is good and bad in ev’ryone,

We learn to live, we learn to give

Each other what we need to survive together alive McCARTNEY, P. Disponível em: www.paulmccartney.com. Acesso em: 30 maio 2016.

Em diferentes épocas e lugares, compositores têm utilizado seu espaço de produção musical para expressar e problematizar perspectivas de mundo. Paul McCartney, na letra dessa canção, defende a) o aprendizado compartilhado. b) a necessidade de donativos. c) as manifestações culturais. d) o bem em relação ao mal. e) e o respeito étnico. GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Trata-se da questão racial, como o título da música indica. EBONY significa ÉBANO que é uma madeira nobre de cor muito escura. IVORY, que significa MARFIM, é BRANCO. Na última estrofe, “we need to survive together”, PRECISAMOS VIVER JUNTOS, por isso, respeito étnico.

39.

If you can’t master English, try Globish PARIS – It happens all the time: during an airport delay the man to the left, a Korean perhaps, starts talking to

the man opposite, who might be Colombian, and soon they are chatting away in what seems to be English. But the native English speaker sitting between them cannot understand a word. They don’t know it, but the Korean and the Colombian are speaking Globish, the latest addition to the 6,800 languages that are said to be spoken across the world. Not that its inventor, Jean-Paul Nerrière, considers it a proper language.

“It is not a language, it is a tool,” he says. “A language is the vehicle of a culture. Globish doesn’t want to be that at alI. It is a means of communication.” Nerrière doesn’t see Globish in the same light as utopian efforts such as Kosmos, Volapuk, Novial or staunch Esperanto. Nor should it be confused with barbaric Algol (for Algorithmic language). It is a sort of English like: a means of simplifying the language and giving it rules so it can be understood by all.

(BLUME, M. Disponível em: <www.nytimes.com>. Acesso em: 28 out, 2013. Fragmento).

Considerando as ideias apresentadas notexto, o Globish (Global English) é uma variedade da língua inglesa que a) tem status de língua por refletir uma cultura global. b) facilita o entendimento entre o falante nativo e o não nativo. c) tem as mesmas características de projetos utópicos como o esperanto. d) altera a estrutura do idioma para possibilitar a comunicação internacional. e) apresenta padrões de fala idênticos aos da variedade usada pelos falantes nativos.

GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: No texto é mencionado : “a means of simplifying the language and giving it rules so it can be understood by all”, ou seja um meio de simplificar o idioma e dá-lo regras para que ele seja entendido por todos.

40.

Italian university switches to English By Sean Coughlan, BBC News education correspondent 16 May 2012 Last updated at 09:49 GMT Milan is

crowded with Italian icons, which makes it even more of a cultural earthquake that one of Italy’s leading universities — the Politecnico di Milano — is going to switch to the English language. The university has announced that from 2014 most of its degree courses — including all its graduate courses — will be taught and assessed entirely in English rather than Italian.

The waters of globalisation are rising around higher education — and the university believes that if it remains Italian-speaking it risks isolation and will be unable to compete as an international institution. “We strongly believe our classes should be international classes — and the only way to have international classes is to use the English language”, says the university rector, Giovanni Azzone.

Disponível em www.bbc.co.uk

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As línguas têm um papel importante na comunicação entre pessoas de diferentes culturas. Diante do movimento de internacionalização no ensino superior, a universidade Politecnico di Milano decidiu a) elaborar exames em língua inglesa para o ingresso na universidade. b) ampliar a oferta de vagas na graduação para alunos estrangeiros. c) investir na divulgação da universidade no mercado internacional. d) substituir a língua nacional para se inserir no contexto da globalização. e) estabelecer metas para melhorar a qualidade do ensino de italiano.

GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Essa questão trata da importância da língua inglesa no mundo. Ela fala sobre a globalização, um tema bastante recorrente no ENEM. Para chegar a essa conclusão, não precisamos ir longe. Basta olhar o título do texto, “ITALIAN UNIVERSITY SWITCHES TO ENGLISH” para chegar à resposta. Na exposição "A Artista Está Presente", no MoMA, em Nova Iorque, a performer Marina Abramovic fez uma retrospectiva de sua carreira. No meio desta, protagonizou uma performance marcante. Em 2010, de 14 de março a 31 de maio, seis dias por semana, num total de 736 horas, ela repetia a mesma postura. Sentada numa sala, recebia os visitantes, um a um, e trocava com cada um deles um longo olhar sem palavras. Ao redor, o público assistia a essas cenas recorrentes.

ZANIN, L. Marina Abramovic, ou a força do olhar. Disponível em: http://blogs.estadao.com.br. Acesso em: 4 nov. 2013.

41. O texto apresenta uma obra da artista Marina Abramovic, cuja performance se alinha a tendências

contemporâneas e se caracteriza pela a) inovação de uma proposta de arte relacional que adentra um museu. b) abordagem educacional estabelecida na relação da artista com o público. c) redistribuição do espaço do museu, que integra diversas linguagens artísticas. d) negociação colaborativa de sentidos entre a artista e a pessoa com quem interage. e) aproximação entre artista e público, o que rompe com a elitização dessa forma de arte.

GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Artista e público se aproximam, rompendo o distanciamento que existe entre o expectador e a obra de arte. 42. O rap, palavra formada pelas iniciais de rhythm and poetry (ritmo e poesia), junto com as linguagens da

dança (o break dancing) e das artes plásticas (o grafite), seria difundido, para além dos guetos, com o nome de cultura hip hop.

O break dancing surge como uma dança de rua. O grafite nasce de assinaturas inscritas pelos jovens com sprays nos muros, trens e estações de metrô de Nova York. As linguagens do rap, do break dancing e do grafite se tornaram os pilares da cultura hip hop.

DAYRELL, J. A música entra em cena: o rap e o funk na socialização da juventude. Belo Horizonte: UFMG, 2005 (adaptado).

Entre as manifestações da cultura hip hop apontadas no texto, o break se caracteriza como um tipo de dança que representa aspectos contemporâneos por meio de movimentos a) retilíneos, como crítica aos indivíduos alienados. b) improvisados, como expressão da dinâmica da vida urbana. c) suaves, como sinônimo da rotina dos espaços públicos. d) ritmados pela sola dos sapatos, como símbolo de protesto. e) cadenciados, como contestação às rápidas mudanças culturais. GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O break é uma dança de improviso que trabalha com movimentos aleatórios e dinâmicos.

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43. .

A origem da obra de arte (2002) é uma instalação seminal na obra de Marilá Dardot. Apresentada

originalmente em sua primeira exposição individual, no Museu de Arte da Pampulha, em Belo Horizonte, a obra constitui um convite para a interação do espectador, instigado a compor palavras e sentenças e a distribuí-las pelo campo. Cada letra tem o feitio de um vaso de cerâmica (ou será o contrário?) e, à disposição do espectador, encontram-se utensílios de plantio, terra e sementes. Para abrigar a obra e servir de ponto de partida para a criação dos textos, foi construído um pequeno galpão, evocando uma estufa ou um ateliê de jardinagem. As 1500 letras-vaso foram produzidas pela cerâmica que funciona no Instituto Inhotim, em Minas Gerais, num processo que durou vários meses e contou com a participação de dezenas de mulheres das comunidades do entorno. Plantar palavras, semear ideias é o que nos propõe o trabalho. No contexto de Inhotim, onde natureza e arte dialogam de maneira privilegiada, esta proposição se torna, de certa maneira, mais perto da possibilidade.

Disponível em: www.inhotim.org.br. Acesso em: 22 maio 2013 (adaptado).

A função da obra de arte como possibilidade de experimentação e de construção pode ser constatada no trabalho de Marilá Dardot porque a) o projeto artístico acontece ao ar livre. b) o observador da obra atua como seu criador. c) a obra integra-se ao espaço artístico e botânico. d) as letras-vaso são utilizadas para o plantio de mudas. e) as mulheres da comunidade participam na confecção das peças.

GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O observador realmente participa escolhendo palavras e sentenças e distribuindo-as pelo campo através dos vasos. 44. A taxa de obesidade entre crianças de menos de cinco anos de idade sofreu uma expansão sem precedentes

e a Organização Mundial da Saúde (OMS) apresenta recomendações drásticas para frear a tendência. Dados divulgados nesta segunda-feira, 25, em Genebra revelam que, entre 1990 e 2014, pelo menos 41 milhões de crianças nessa faixa de idade estão acima do peso. Em apenas 15 anos, o número de casos registrados aumentou em 10 milhões de crianças. Hoje, a taxa é de 6,1% de toda a população na faixa etária estudada. [...] Na América Latina, a taxa de obesidade entre as crianças é superior à média mundial e chega a 8%. “Muitas crianças estão crescendo em ambientes que incentivam ganhar peso”, alerta o informe da OMS. “Levados pela globalização e urbanização, a exposição a comidas não saudáveis é cada vez maior”, indicou.

(Disponível em:http://atarde.uol.com.br/brasil/noticias/1741472-em-15-anos-dobra-obesidade-entre-criancas-nos-paises-emergentes )

A prática de atividades físicas é fundamental para a saúde da população, sendo que sua necessidade é confirmada pelas pesquisas e divulgada frequentemente nas diversas mídias. Entre as práticas corporais que poderiam ser ofertadas às crianças, de modo a minimizar os fatores apresentados na pesquisa da OMS estão a) esportes competitivos de alto rendimento que auxiliam na eliminação de calorias pela solicitação

metabólica atuante. b) esportes de aventura, pois o contato com o meio ambiente e a solicitação de força colaboram para a

redução de peso. c) atividades recreativas como jogos e brincadeiras, pois atendem às necessidades dessa faixa etária e

produzem movimento corporal. d) condicionamento físico em academias populares, para aproximar as crianças da atividade física estruturada e

sistêmica, produzindo praticantes no futuro. e) caminhadas e corridas de rua, pois a atividade aeróbia promove bom gasto calórico.

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GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A reportagem apresenta uma nota da OMS referente a crianças de 5 anos de idade, apontando o hábito alimentar não saudável e a incidência de obesidade infantil. (A) Alternativa incorreta. As crianças são apresentadas aos esportes por volta dos 10 anos de idade. Assim, descartam-se os distratores da alternativa A. (B) Alternativa incorreta. As crianças são apresentadas aos esportes por volta dos 10 anos de idade. Assim, descartam-se os distratores da alternativa B. (C) Alternativa correta. Apresenta uma atividade compatível com a faixa etária, ou seja, fase pré-escolar, período em que as crianças ainda não são apresentadas aos esportes, o que só ocorrerá por volta dos 10 anos de idade. D) Alternativa incorreta. É descartada pela questão maturacional da população da pesquisa que não apresenta estrutura física para a prática de academia. (E) Alternativa incorreta. A alternativa apresenta atividades naturais como corridas e caminhadas, porém não é indicada para crianças menores de 5 anos de idade, pois não se motivam a manter a atividade por longos períodos. Nessa idade a brincadeira e as atividades lúdicas são as mais adequadas. 45. Na modernidade, o corpo foi descoberto, despido e modelado pelos exercícios físicos da moda. Novos

espaços e práticas esportivas e de ginástica passaram a convocar as pessoas a modelarem seus corpos. Multiplicaram-se as academias de ginástica, as salas de musculação e o número de pessoas correndo pelas ruas.

SECRETARIA DA EDUCAÇÃO. Caderno do professor: educação física. São Paulo, 2008.

Diante do exposto, é possível perceber que houve um aumento da procura por a) exercícios físicos aquáticos (natação/hidroginástica), que são exercícios de baixo impacto, evitando o

atrito (não prejudicando as articulações), e que previnem o envelhecimento precoce e melhoram a qualidade de vida.

b) mecanismos que permitem combinar alimentação e exercício físico, que permitem a aquisição e manutenção de níveis adequados de saúde, sem a preocupação com padrões de beleza instituídos socialmente.

c) programas saudáveis de emagrecimento, que evitam os prejuízos causados na regulação metabólica, função imunológica, integridade óssea e manutenção da capacidade funcional ao longo do envelhecimento.

d) exercícios de relaxamento, reeducação postural e alongamentos, que permitem um melhor funcionamento do organismo como um todo, bem como uma dieta alimentar e hábitos saudáveis com base em produtos naturais.

e) dietas que preconizam a ingestão excessiva ou restrita de um ou mais macronutrientes (carboidratos, gorduras ou proteínas), bem como exercícios que permitem um aumento de massa muscular e/ou modelar o corpo.

GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O texto permite inferir que a prática de exercícios e academias de ginástica estão sendo procurados para o aumento da massa muscular e/ou modelação do corpo. Além disso, sabe-se que, atualmente, há uma busca por “dietas que preconizam a ingestão excessiva ou restrita de um ou mais macronutrientes”.

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“As barreiras institucionais sobreviventes ao livre movimento dos fatores de produção, à livre iniciativa ou a qualquer coisa que concebivelmente pudesse vir a tolher sua operacionalidade lucrativa caíram diante de uma ofensiva mundial. O que torna esta suspensão geral de barreiras tão extraordinária é que ela não estava limitada aos Estados onde o liberalismo político era triunfante ou mesmo influente. Se tinha sido mais drástica nas monarquias absolutas restauradas e principados da Europa que na Inglaterra, França ou Países Baixos, era porque ali muito mais havia a ser levado de roldão.”

HOBSBAWM, E. A era do capital. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988.

46. O texto em evidência trata a) da segunda metade do século XIX, período de forte crescimento da economia capitalista na Europa e nos

Estados Unidos e marcado por medidas liberais favoráveis ao livre comércio. b) de meados do século XVII, período de forte depressão econômica em toda Europa e marcado por políticas

protecionistas que tolhiam o livre comércio. c) de meados do século XIV, período de forte crise econômica em boa parte da Europa e marcado pela

desagregação da estrutura feudal da produção. d) do início do século XIX, período em que Napoleão, controlando boa parte da Europa, impôs um embargo

comercial à Grã-Bretanha, afetando o livre comércio e o crescimento econômico. e) das causas da Segunda Guerra Mundial, período de grande prosperidade das regiões de desenvolvimento

industrial tardio, fato que acirrou as disputas por mercados, sobretudo na Europa.

GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A segunda metade do século XIX foi marcada por um intenso crescimento das tendências e prática liberais na Europa e nos Estados Unidos. 47. O texto abaixo, de John Locke (1632-1704), revela algumas características de uma determinada corrente

de pensamento.

“Se o homem no estado de natureza é tão livre, conforme dissemos, se é senhor absoluto da sua própria pessoa e posses, igual ao maior e a ninguém sujeito, por que abrirá ele mão dessa liberdade, por que abandonará o seu império e sujeitar-se-á ao domínio e controle de qualquer outro poder? Ao que é óbvio responder que, embora no estado de natureza tenha tal direito, a utilização do mesmo é muito incerta e está constantemente exposto à invasão de terceiros porque, sendo todos senhores tanto quanto ele, todo homem igual a ele e, na maior parte, pouco observadores da equidade e da justiça, o proveito da propriedade que possui nesse estado é muito inseguro e muito arriscado. Essas circunstâncias obrigam-no a abandonar uma condição que, embora livre, está cheia de temores e perigos constantes; e não é sem razão que procura de boa vontade juntar-se em sociedade com outros que estão já unidos, ou pretendem unir-se, para a mútua conservação da vida, da liberdade e dos bens a que chamo de propriedade.”

(Os Pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 1991)

Do ponto de vista político, podemos considerar o texto como uma tentativa de justificar a) a existência do governo como um poder oriundo da natureza. b) a origem do governo como uma propriedade do rei. c) o absolutismo monárquico como uma imposição da natureza humana. d) a origem do governo como uma proteção à vida, aos bens e aos direitos. e) o poder dos governantes, colocando a liberdade individual acima da propriedade.

GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: John Locke propõe que o governo, o Estado, viria como um meio amparador dos direitos do cidadão. Seria algo a que pudéssemos recorrer caso nossas prerrogativas fossem feridas. Porém, esse governo não deveria agir no âmbito econômico, pois esse plano é autônomo e age por si só. 48. Na perspectiva socialista, a luta de classes é o motor da história. Segundo essa perspectiva, na sociedade

moderna, a classe que se beneficia com o sistema capitalista e serve-se da ideologia liberal é a) os camponeses. b) a aristocracia. c) o proletariado. d) a burguesia. e) os artesãos.

CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

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GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A partir do século XVIII, a burguesia, que começou a formar-se ainda na Idade Média, tornou-se o principal grupo social da Europa e passou a promover grandes transformações políticas e sociais, como forma de buscar legitimidade política. O pensamento socialista encara a burguesia como a grande beneficiária do sistema capitalista, que sempre a acompanhou, em detrimento da classe operária, que vende sua força de trabalho para os burgueses. 49. O permanente revolucionar da produção, o abalar ininterrupto de todas as condições sociais, a incerteza e o

movimento eternos distinguem a época de todas as outras. Todas as relações fixas e enferrujadas, com seu cortejo de representações e concepções, são dissolvidas, todas as relações recém-formadas envelhecem antes de poderem ossificar-se. Tudo o que era estável se volatiliza, e os homens são por fim obrigados a encarar com os olhos bem abertos a sua posição na vida.

MARX e ENGELS. Adaptado do Manifesto do Partido Comunista

Em 1848, na defesa de uma nova sociedade, o Manifesto Comunista criticou as transformações advindas da modernização capitalista nos países da Europa Ocidental. Dois aspectos dessa modernização, então criticados, foram a) crescimento industrial – garantia de direitos sociais b) aceleração tecnológica – aumento da divisão do trabalho c) mecanização da produção – elevação da renda salarial média d) diversificação de mercados – valorização das corporações sindicais e) declínio da importância do relógio – valorização da classe trabalhadora GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O ritmo acelerado da tecnologia e a intensa divisão do trabalho estabelecidos pelo desenvolvimento do capitalismo industrial e delineadores dos “tempos modernos” eram elementos caros à crítica marxista. 50. (…) a luta contra o capitalismo e a burguesia é inseparável da luta contra o Estado. Acabar com a classe que

detém os meios de produção sem liquidar ao mesmo tempo com o Estado é deixar aberto o caminho para a reconstrução da sociedade de classes e para um novo tipo de exploração social.

(Angel J. Capelletti, apud Adhemar Marques et alli, História contemporânea através de textos)

O fragmento define parte do ideário a) liberal. b) anarquista. c) corporativista.

d) socialista cristão. e) sindicalista.

GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Eliminar o Estado é uma das premissas mais difundidas do Anarquismo, ideal que penetração significativa nos movimentos operários do século XIX e início do século XX. 51. .

"O continente africano em seu conjunto apresenta 44% de suas fronteiras apoiadas em meridianos e paralelos; 30% por linhas retas e arqueadas, e apenas 26% se referem a limites naturais que geralmente coincidem com os de locais de habitação dos grupos étnicos".

(MARTIN, A. R. Fronteiras e Nações. Contexto, São Paulo, 1998)

Diferente do continente americano, onde quase que a totalidade das fronteiras obedece a limites naturais, a África apresenta as características citadas em virtude, principalmente, a) da sua recente demarcação, que contou com térmicas cartográficas antes desconhecidas. b) dos interesses de países europeus preocupados com a partilha dos seus recursos naturais. c) das extensas áreas desérticas que dificultam a demarcação dos "limites naturais". d) da natureza nômade das populações africanas, especialmente aquelas oriundas da África Subsaariana. e) da grande extensão longitudinal, o que demandaria enormes gastos para demarcação. GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A alternativa vincula corretamente a expansão imperialista europeia ao processo de “partilha” do território africano, baseado no estabelecimento de fronteiras artificiais a partir das determinações da Conferência de Berlim.

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52. Ata Geral da Conferência de Berlim, em 26 de fevereiro de 1885: “Capítulo I: Declaração referente à liberdade de comércio na Bacia do Congo… Artigo 6° – Todas as Potências que exercem direitos de soberania ou uma influência nos referidos territórios comprometem-se a velar pela conservação dos aborígines e pela melhoria de suas condições morais e materiais de existência e a cooperar na supressão da escravatura e principalmente do tráfico de negros; elas protegerão e favorecerão, sem distinção de nacionalidade ou de culto, todas as instituições e empresas religiosas, científicas ou de caridade, criadas e organizadas para esses fins ou que tendam a instruir os indígenas e a lhes fazer compreender e apreciar as vantagens da Civilização.”

Pela leitura do texto acima, podemos deduzir que ele a) demonstra que os interesses capitalistas voltados para investimentos financeiros eram a tônica do tratado. b) caracteriza a atração exercida pela abundância de recursos minerais, notadamente na região subsaariana. c) explicita as intenções de natureza religiosa do imperialismo, através da proteção à ação dos missionários. d) revela a própria ideologia do colonialismo europeu ao se referir às “vantagens da Civilização”. e) reflete a preocupação das potências capitalistas em manter a escravidão negra.

GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O texto apresenta intenções dos europeus em relação ao domínio da África a partir do discurso da missão civilizatória.

53. Três décadas — de 1884 a 1914 — separam o século XIX — que terminou com a corrida dos países europeus para a África e com o surgimento dos movimentos de unificação nacional na Europa — do século XX, que começou com a Primeira Guerra Mundial. É o período do Imperialismo, da quietude estagnante na Europa e dos acontecimentos empolgantes na Ásia e na África.

O processo histórico citado contribuiu para a eclosão da Primeira Grande Guerra na medida em que a) difundiu as teorias socialistas. b) acirrou as disputas territoriais. c) superou as crises econômicas. d) multiplicou os conflitos religiosos. e) conteve os sentimentos xenófobos.

GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A Primeira Guerra Mundial teve uma série de causas: políticas, econômicas e culturais. Entre as principais causas podemos citar o conjunto de disputas territoriais que caracterizou o imperialismo do século XIX e preparou o terreno das rivalidades que levou os países à Grande Guerra.

54. A Inglaterra deve governar o mundo porque é a melhor; o poder deve ser usado; seus concorrentes imperiais

não são dignos; suas colônias devem crescer, prosperar e continuar ligadas a ela. Somos dominantes, porque temos o poder (industrial, tecnológico, militar, moral), e elas não; elas são inferiores; nós, superiores, e assim por diante.

SAID, E. Cultura e imperialismo. São Paulo: Cia das Letras, 1995 (adaptado).

O texto reproduz argumentos utilizados pelas potências europeias para dominação de regiões na África e na Ásia, a partir de 1870. Tais argumentos justificavam suas ações imperialistas, concebendo–as como parte de uma a) cruzada religiosa. b) catequese cristã. c) missão civilizatória. d) expansão comercial ultramarina. e) política exterior multiculturalista. GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O discurso da “missão civilizatória” está fortemente presente no texto. Esse discurso foi uma das bases ideológicas para o Imperialismo do século XIX.

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55. Esquema histórico correspondente ao mundo do final do século XIX e início do século XX.

Completam o quadro superior e inferior do esquema histórico, respectivamente, os seguintes conceitos: a) Mercantilismo e Iluminismo. b) Imperialismo e Racismo. c) Colonialismo e Destino Manifesto. d) Capitalismo e Predestinação. e) Globalização e Neoliberalismo. GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O quadro apresenta os elementos de expansão econômica entre os séculos XIX e XX, quando o modelo capitalista promove a ampliação de mercados, atingindo principalmente a África e Ásia, na busca de matérias-primas industriais, numa dinâmica determinada pela organização do capitalismo financeiro e monopolista que caracterizou o imperialismo, justificado por teorias racistas que enfatizavam a superioridade do homem branco, este, sim, com condições de impulsionar o desenvolvimento dos outros povos. 56. Uma das causas da Primeira Guerra foi o rompimento do equilíbrio europeu, representado a) pela França, em crescente expansão após dominar enormes áreas da África do Norte. b) pela Rússia, cujo crescimento industrial a equiparava à Alemanha. c) pela Alemanha, unificada em 1870/71, em um rápido crescimento industrial e capaz de desafiar o

poderio inglês. d) pela Inglaterra, que monopolizou a produção industrial europeia. e) pelos estados balcânicos, que ameaçavam dominar o Egito e Mesopotâmia. GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O crescimento econômico da Alemanha após a unificação foi extraordinário, rompendo o equilíbrio e fazendo com que os alemães disputassem intensamente com a Inglaterra a posição hegemônica no capitalismo mundial.

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57. Sobre a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), é correto afirmar que a) a formação da Tríplice Aliança e da Tríplice Entente foi um esforço para trazer a paz e evitar o conflito

europeu, no qual todos perderiam. b) o estopim da Guerra ocorreu em junho de 1914, em Saravejo, com o assassinato do arquiduque Francisco

Ferdinando, herdeiro do trono austríaco. c) a Alemanha, aliada da Itália, declarou-se neutra, não participando do conflito, e, por isso mesmo, saiu como

grande vitoriosa. d) o Império Russo saiu da Guerra em 1918, pois tinha interesse em desenvolver sua indústria e modernizar

sua economia. e) Os Estados Unidos não participaram diretamente dos conflitos, pois não tinham interesses diretos ou indiretos

na Grande Guerra.

GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O assassinato de Francisco Ferdinando é considerado o estopim da Primeira Guerra Mundial. 58. O ano de 2014 foi marcado pelos 100 anos do início da Primeira Guerra Mundial, conflito que envolveu,

inicialmente, as maiores potências europeias e trouxe, ao final, mais de 9 milhões de combatentes mortos e outros tantos incapacitados e feridos; ainda hoje é difícil precisar o número de mortes em virtude de doenças e da fome que se espalharam por todos os países envolvidos no conflito.

Sobre esse conflito armado que pôs fim à “Belle époque” europeia, pode-se afirmar corretamente que a) foi desencadeado pela Anschluss, a anexação da Áustria pela Alemanha, em 1938. b) teve como fator causador a tomada do poder na Rússia pelos Bolcheviques, em 1917. c) se deu como consequência das disputas imperialistas e da formação de alianças políticas na Europa, desde

o século XIX. d) resultou da acirrada disputa por influência política e econômica entre as duas superpotências: EUA e URSS. e) seu fim consolidou um período longo de paz marcado pelo fortalecimento da Liga das Nações, instituição

multilateral que obteve o equilíbrio e a paz mundial no século XX.

GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A Primeira Guerra Mundial que se iniciou em 1914 e terminou em 1918 foi produto de inúmeros fatores conjugados, entre eles a corrida imperialista, na qual os países industrializados estavam em busca de mercado consumidor e a política de alianças costuradas pelo alemão Bismarck, o pan-germanismo, o pan-eslavismo, o nacionalismo exacerbado, a questão marroquina, a questão balcânica, etc. 59. “Foi um período caracterizado por rápidas investidas. Os alemães invadiram a Bélgica, cuja resistência

heroica, notadamente em Liège, possibilitaria a plena mobilização dos franceses e dos russos. Apesar dos esforços franceses, 78 divisões germânicas armadas com artilharia pesada chegaram às vizinhanças de Paris. Graças à extrema habilidade do general Joffre, os alemães foram obrigados a recuar até o vale do Rio Marne, onde em setembro foi disputada a primeira batalha do Marne com a participação de 2 milhões de homens.”

(Luiz Cesar Rodrigues. A Primeira Guerra Mundial)

A primeira batalha do Marne, tratada no texto, deve ser relacionada com a) a Blitzkrieg, estratégia de guerra alemã que combinava o rápido avanço de tropas de infantaria com o apoio

aéreo e de blindados. b) a guerra de trincheiras, cenário que dominou todo o curso da Primeira Guerra Mundial. c) a guerra de movimento, adotada no início da Primeira Guerra Mundial pelos alemães, estratégia que fazia

parte do chamado Plano Schlieffen. d) a primeira batalha em que se registrou o emprego do gás como arma, recurso utilizado pelos alemães. e) o sucesso do plano escolhido pelos alemães para derrotar rapidamente a França, pois, com a vitória na

Batalha do Marne, os alemães conquistaram Paris. GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A guerra de movimento, adotada no início da Primeira Guerra Mundial pelos alemães, era uma estratégia que fazia parte do chamado Plano Schlieffen.

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60. As imagens apresentadas são emblemáticas de um devastador conflito e fizeram o crítico literário, ensaísta, tradutor, ficcionista e poeta Walter Benjamin afirmar:

As imagens e o texto remetem à

a) Guerra Civil Norte-Americana. b) Guerra dos Boeres. c) Guerra Civil Espanhola.

d) Primeira Guerra Mundial. e) Guerra Fria.

GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O texto e as imagens fazem referência à Primeira Guerra Mundial. Uma corrida armamentista fortemente influenciada pelo desenvolvimento tecnológico da Segunda revolução Industrial caracterizou os anos anteriores ao conflito. Nas imagens, é possível observar uma trincheira, um tipo de blindado e o uso de armas químicas (máscaras), elementos característicos da Grande guerra.

61. O gráfico mostra o percentual de áreas ocupadas, segundo o tipo de propriedade rural no Brasil, no

ano de 2006. Área ocupada pelos imóveis rurais

MDA/INCRA (DIEESE, 2006)

Disponível em: http://www.sober.org.br. Acesso em: 6 ago. 2009.

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De acordo com o gráfico e com referência à distribuição das áreas rurais no Brasil, conclui-se que a) imóveis improdutivos são predominantes em relação às demais formas de ocupação da terra no âmbito

nacional e na maioria das regiões. b) o índice de 63,8% de imóveis improdutivos demonstra que grande parte do solo brasileiro é de baixa

fertilidade, impróprio para a atividade agrícola. c) o percentual de imóveis improdutivos iguala-se ao de imóveis produtivos somados aos minifúndios, o que

justifica a existência de conflitos por terra. d) a região Norte apresenta o segundo menor percentual de imóveis produtivos, possivelmente em razão da

presença de densa cobertura florestal, protegida por legislação ambiental. e) a região Centro-Oeste apresenta o menor percentual de área ocupada por minifúndios, o que inviabiliza

políticas de reforma agrária nessa região. GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A única alternativa que mostra a observação correta do gráfico é a grande quantidade de terras improdutivas no Brasil e em todas as regiões, o que define o Brasil, no seu meio rural, um país extremamente desigual, já que este se manteve com a mesma estrutura fundiária do período colonial, necessitando de uma profunda distribuição de terras (Reforma Agrária). 62. Entre 2004 e 2008, pelo menos 8 mil brasileiros foram libertados de fazendas onde trabalhavam como se

fossem escravos. O governo criou uma lista em que ficaram expostos os nomes dos fazendeiros flagrados pela fiscalização. No Norte, Nordeste e Centro-Oeste, regiões que mais sofrem com a fraqueza do poder público, o bloqueio dos canais de financiamento agrícola para tais fazendeiros tem sido a principal arma de combate a esse problema, mas os governos ainda sofrem com a falta de informações, provocada pelas distâncias e pelo poder intimidador dos proprietários. Organizações não governamentais e grupos como a Pastoral da Terra têm agido corajosamente acionando as autoridades públicas e ministrando aulas sobre direitos sociais e trabalhistas.

“Plano Nacional para Erradicação do Trabalho Escravo”. Disponível em: http://www.mte.gov.br. Acesso em: 17 mar. 2009 (adaptado).

Nos lugares mencionados no texto, o papel dos grupos de defesa dos direitos humanos tem sido fundamental, porque eles a) negociam com os fazendeiros o reajuste dos honorários e a redução da carga horária de trabalho. b) defendem os direitos dos consumidores junto aos armazéns e mercados das fazendas e carvoarias. c) substituem as autoridades policiais e jurídicas na resolução dos conflitos entre patrões e empregados. d) encaminham denúncias ao Ministério Público e promovem ações de conscientização dos trabalhadores. e) fortalecem a administração pública ao ministrarem aulas aos seus servidores.

GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: As organizações que conscientizam os trabalhadores rurais têm um papel fundamental em comunicar as autoridades, como Ministério Público, sobre o trabalho escravo ainda presente no Brasil. Esse trabalho escravo se dá a partir da chamada servidão por dívida, onde muitos trabalhadores contraem dívidas em seu deslocamento para as fazendas, sendo obrigados a trabalhar em condições precárias para pagá-las. 63. Antes, eram apenas as grandes cidades que se apresentavam como o império de técnica, objeto de

modificações, suspensões, acréscimos, cada vez mais sofisticadas e carregadas de artifício. Esse mundo artificial inclui, hoje, o mundo rural.

SANTOS, M. A Natureza do Espaço. São Paulo: Hucitec, 1996.

Considerando a transformação mencionada no texto, uma consequência socioespacial que caracteriza o atual mundo rural brasileiro é a) a redução do processo de concentração de terras. b) o aumento do aproveitamento de solos menos férteis. c) a ampliação do isolamento do espaço rural. d) a estagnação da fronteira agrícola do pais. e) a diminuição do nível de emprego formal.

GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: As transformações ditas no texto passam pelo avanço tecnológico, originado no pós Segunda Guerra Mundial e que foi implementado em diversos países do chamado “Terceiro Mundo”. A década de 60 foi marcada pela Revolução Verde, que inseriu novas tecnologias no campo como: fertilizantes, agrotóxicos, maquinários e técnicas como a de calagem – correção de solos ácidos típicos do Centro-Oeste brasileiro com o uso de calcário - levando a incorporação de terras, antes pouco férteis e que agora há alta produtividade.

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64. A maioria das pessoas daqui era do campo. Vila Maria é hoje exportadora de trabalhadores. Empresários de Primavera do Leste, Estado de Mato Grosso, procuram o bairro de Vila Maria para conseguir mão de obra. É gente indo distante daqui 300, 400 quilômetros para ir trabalhar, para ganhar sete conto por dia. (Carlito, 43 anos, maranhense, entrevistado em 22/03/98).

Ribeiro, H. S. O migrante e a cidade: dilemas e conflitos. Araraquara: Wunderlich, 2001 (adaptado).

O texto retrata um fenômeno vivenciado pela agricultura brasileira nas últimas décadas do século XX, consequência a) dos impactos sociais da modernização da agricultura. b) da recomposição dos salários do trabalhador rural. c) da exigência de qualificação do trabalhador rural. d) da diminuição da importância da agricultura. e) dos processos de desvalorização de áreas rurais. GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Com a Revolução Verde na década de 60, a modernização agrícola acarretou no fenômeno do êxodo rural, originado pela entrada das máquinas no processo produtivo agrário, levou à liberação da mão de obra das lavouras. Essas pessoas foram buscar melhores condições de vida nas áreas urbanas e empregos nos setores industriais e de serviços. 65. O açúcar e suas técnicas de produção foram levados à Europa pelos árabes no século VIII, durante a Idade

Média, mas foi principalmente a partir das Cruzadas (séculos XI e XIII) que a sua procura foi aumentando. Nessa época, passou a ser importado do Oriente Médio e produzido em pequena escala no sul da Itália, mas continuou a ser um produto de luxo, extremamente caro, chegando a figurar nos dotes de princesas casadoiras.

CAMPOS, R. Grandeza do Brasil no tempo de Antonil (1681-1716). São Paulo: Atual, 1996.

No Estado de São Paulo, a mecanização da colheita da cana-de-açúcar tem sido induzida também pela legislação ambiental, que proíbe a realização de queimadas em áreas próximas aos centros urbanos. Na região de Ribeirão Preto, principal polo sucroalcooleiro do país, a mecanização da colheita já é realizada em 516 mil dos 1,3 milhão de hectares cultivados com cana-de-açúcar.

BALSADI, O. et al. Transformações Tecnológicas e a força de trabalho na agricultura brasileira no período de 1990-2000. Revista de

economia agrícola. V. 49 (1), 2002.

O texto aborda duas questões, uma ambiental e outra socioeconômica, que integram o processo de modernização da produção canavieira. Em torno da associação entre elas, uma mudança decorrente desse processo é a a) perda de nutrientes do solo devido à utilização constante de máquinas. b) eficiência e racionalidade no plantio com maior produtividade na colheita. c) ampliação da oferta de empregos nesse tipo de ambiente produtivo. d) menor compactação do solo pelo uso de maquinário agrícola de porte. e) poluição do ar pelo consumo de combustíveis fósseis pelas máquinas

GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A mecanização proporciona maior eficiência na produção, diminuindo as queimadas, que geram problemas ambientais e as condições precárias dos boias-frias que trabalham nos canaviais.

Disponível em: http://nutriteengv.blogspot.com.br. Acesso em: 28 dez. 2011.

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66. Na charge faz-se referência a uma modificação produtiva ocorrida na agricultura. Uma contradição presente no espaço rural brasileiro derivada dessa modificação produtiva é a(o)

a) expansão das terras agricultáveis, com manutenção de desigualdades sociais. b) modernização técnica do território, com redução do nível de emprego formal. c) valorização de atividades de subsistência, com redução da produtividade da terra. d) desenvolvimento de núcleos policultores, com ampliação da concentração fundiária. e) melhora da qualidade dos produtos, com retração na exportação de produtos primários. GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O Brasil apresenta uma grande contradição no seu espaço agrário. Enquanto ano após ano as safras batem recordes de produção, ainda há uma grande parcela da população com subnutrição. Os avanços na biotecnologia ajudaram na expansão das terras agricultáveis, mas não apagaram os problemas de desigualdade social no campo. 67.

Texto I

A nossa luta é pela democratização da propriedade da terra, cada vez mais concentrada em nosso país. Cerca de 1% de todos os proprietários controla 46% das terras. Fazemos pressão por meio da ocupação de latifúndios improdutivos e grandes propriedades, que não cumprem a função social, como determina a Constituição de 1988. Também ocupamos as fazendas que têm origem na grilagem de terras públicas.

Disponível em: www.mst.org.br. Acesso em: 25 ago. 2011 (adaptado).

Texto II

O pequeno proprietário rural é igual a um pequeno proprietário de loja: quanto menor o negócio mais difícil de manter, pois tem de ser produtivo e os encargos são difíceis de arcar. Sou a favor de propriedades produtivas e sustentáveis e que gerem empregos. Apoiar uma empresa produtiva que gere emprego é muito mais barato e gera muito mais do que apoiar a reforma agrária.

LESSA, C. Disponível em: www.observadorpolítico.org.br. Acesso em: 25 ago. 2011 (adaptado).

Nos fragmentos dos textos, os posicionamentos em relação à reforma agrária se opõem. Isso acontece porque os autores associam a reforma agrária, respectivamente, à a) redução do inchaço urbano e à crítica ao minifúndio camponês. b) ampliação da renda nacional e à prioridade ao mercado externo. c) contenção da mecanização agrícola e ao combate ao êxodo rural. d) privatização de empresas estatais e ao estímulo ao crescimento econômico. e) correção de distorções históricas e ao prejuízo ao agronegócio.

GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Os textos possuem posições diferentes relacionadas à reforma agrária. No texto I, o autor relaciona a concentração de terra no Brasil a uma origem histórica, em que desde o período colonial há uma formação de grandes latifúndios improdutivos nas mãos de poucos. Já o texto II, o autor está preocupado com o prejuízo do agronegócio, pois a utilização de pequenas propriedades somente gera prejuízos. 68. Ninguém desconhece a necessidade que todos os fazendeiros têm de aumentar o número de seus

trabalhadores. E como até há pouco supriam-se os fazendeiros dos braços necessários? As fazendas eram alimentadas pela aquisição de escravos, sem o menor auxílio pecuniário do governo. Ora, se os fazendeiros se supriam de braços à sua custa, e se é possível obtê-los ainda, posto que de outra qualidade, por que motivo não hão de procurar alcançá-los pela mesma maneira, isto é, à sua custa?

Resposta de Manuel Felizardo de Sousa e Mello, diretor geral das Terras Públicas, ao Senador Vergueiro. In: ALENCASTRO, L. F. (Org.). História da vida privada no Brasil. São Paulo: Cia. das Letras, 1988 (adaptado).

O fragmento do discurso dirigido ao parlamentar do Império refere-se às mudanças então em curso no campo brasileiro, que confrontam o Estado e a elite agrária em torno do objetivo de a) fomentar ações públicas para ocupação das terras do interior. b) adotar o regime assalariado para proteção da mão de obra estrangeira. c) definir uma política de subsídio governamental para o fomento da imigração. d) regulamentar o tráfico interprovincial de cativos para a sobrevivência das fazendas. e) financiar afixação de famílias camponesas para estímulo da agricultura de subsistência. GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O texto se refere a debates existentes no contexto das discussões sobre a forma de trabalho adotada após um possível fim do trabalho escravo no período Imperial. O senador Vergueiro deixa claro que o governo imperial não desejava possuir uma política de subsídio para o fomento da imigração, argumentando que os fazendeiros deveriam contratar imigrantes para trabalhar em suas fazendas com o seu próprio capital.

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69. Ao deflagrar-se a crise mundial de 1929, a situação da economia cafeeira se apresentava como se segue. A produção, que se encontrava em altos níveis, teria que seguir crescendo, pois os produtores haviam continuado a expandir as plantações até aquele momento. Com efeito, a produção máxima seria alcançada em 1933, ou seja, no ponto mais baixo da depressão, como reflexo das grandes plantações de 1927-1928. Entretanto, era totalmente impossível obter crédito no exterior para financiar a retenção de novos estoques, pois o mercado internacional de capitais se encontrava em profunda depressão, e o crédito do governo desaparecera com a evaporação das reservas.

FURTADO, C. Formação econômica do Brasil. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 1997 (adaptado).

Uma resposta do Estado brasileiro à conjuntura econômica mencionada foi a(o) a) atração de empresas estrangeiras. b) reformulação do sistema fundiário. c) incremento da mão de obra imigrante. d) desenvolvimento de política industrial. e) financiamento de pequenos agricultores. GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Quando Getúlio Vargas assumiu a presidência, chegava ao fim a chamada “República Velha”. Desde a década de 1920, uma série de movimentos sociais contestava o atraso econômico brasileiro por ainda insistir em um modelo agroexportador. O projeto industrializante teve início no Estado Novo (1937-1945), quando o presidente Getúlio Vargas criou a Companhia Siderúrgica Nacional e a Companhia Vale do Rio Doce, ambas muito importantes por serem Indústrias de Base. 70. O processo de concentração urbana no Brasil em determinados locais teve momentos de maior intensidade

e, ao que tudo indica, atualmente passa por uma desaceleração no ritmo de crescimento populacional nos grandes centros urbanos.

BAENINGER, R. Cidades e metrópoles: a desaceleração no crescimento populacional e novos arranjos regionais. Disponível em:

www.sbsociologia.com.br. Acesso em: 12 dez. 2012 (adaptado).

Uma causa para o processo socioespacial mencionado no texto é a(o) a) carência de matérias-primas. b) degradação da rede rodoviária. c) aumento do crescimento vegetativo. d) centralização do poder político. e) realocação da atividade industrial. GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A inicial concentração das atividades nos grandes centros derivou da oferta de estrutura, capital e mão de obra (raro fora dos grandes centros). Com o surgimento de novas opções estruturadas de localização, paralelamente ao grande desafio de se manter nos inchados centros urbanos, vimos um forte processo de desconcentração industrial e um crescimento das cidades médias.

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71. No período de 1964 a 1985, a estratégia do Regime Militar abordada na charge foi caracterizada pela a) priorização da segurança nacional. b) captação de financiamentos estrangeiros. c) execução de cortes nos gastos públicos. d) nacionalização de empresas multinacionais. e) promoção de políticas de distribuição de renda. GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A charge fala sobre a chegada de capital estrangeiro “entraram no país três bilhões de dólares”, política muito comum nos governos JK e nos militares. O grande problema é que essa política de investimentos, principalmente americanos, resultou em uma enorme dívida externa brasileira, por isso o pai da charge olha para o filho e diz: “tadinho”. 72. Um carro esportivo é financiado pelo Japão, projetado na Itália e montado em Indiana, México e França,

usando os mais avançados componentes eletrônicos, que foram inventados em Nova Jérsei e fabricados na Coreia. A campanha publicitária é desenvolvida na Inglaterra, filmada no Canadá; a edição e as cópias, feitas em Nova York para serem veiculadas no mundo todo. Teias globais disfarçam-se com o uniforme nacional que lhes for mais conveniente.

REICH, R. O trabalho das nações: preparando-nos para o capitalismo no século XXI.São Paulo: Educator, 1994 (adaptado).

A viabilidade do processo de produção ilustrado pelo texto pressupõe o uso de a) linhas de montagem e formação de estoques. b) empresas burocráticas e mão de obra barata. c) controle estatal e infraestrutura consolidada. d) organização em rede e tecnologia de informação. e) gestão centralizada e protecionismo econômico. GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O texto destaca uma forte característica do modelo toyotista, a produção desconcentrada, que, assim como o mercado, passa a atuar em nível global. Tal momento só se torna possível com o advento de eficientes redes de comunicação e transporte.

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73. De acordo com o gráfico e com base em seus conhecimentos a respeito do processo de desconcentração industrial no Brasil, é possível afirmar que

Disponível em: https://almanaque.abril.com.br/graficos_e_tabelas/Brasil.

Acesso em: 09 de setembro de 2013.

a) a desconcentração espacial das indústrias diminuiu no período entre 1996 e 2008. b) a região Sudeste foi a que menos sofreu redução no percentual de estabelecimento industriais. c) a desconcentração industrial no Brasil, no período entre 1996 e 2008, foi reduzida devido à baixa oferta de

mão de obra qualificada fora das capitais. d) o aumento de 6,3% do total de indústria na região Sul deve-se, em parte, à sua proximidade com os países

do Mercosul. e) as regiões Nordeste e Centro-Oeste foram as que mais aumentaram seu percentual de indústrias no

total do país. GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O fato da região ser fronteiriça com o Paraguai, Uruguai e a Argentina faz do sul uma favorecida com as negociações do Mercosul. 74. No século XXI, a participação do Produto Interno Bruto (PIB) do Nordeste no PIB brasileiro vem aumentando

paulatinamente, o que indica que a região passa por um ciclo de crescimento econômico. Os principais fatores responsáveis por esse fenômeno são

a) investimentos de grandes empresas em empreendimentos voltados para a promoção de economias solidárias e para o desenvolvimento de atividades de pequenos produtores agroextrativistas.

b) investimentos públicos em infraestrutura, concessões estatais de créditos e incentivos fiscais a empresas, e o aumento do consumo da população mais pobre, que passa a ter acesso ao crédito.

c) investimentos de bancos privados em grandes obras de infraestrutura direcionadas para a transposição do Rio São Francisco e para a melhoria dos sistemas de transporte rodoviário e ferroviário da região.

d) investimentos de bancos estrangeiros em empreendimentos voltados para a aquisição de grandes extensões de terras e para a instalação de rede hoteleira nas áreas litorâneas da região.

e) investimentos dos chineses na construção de unidades produtivas buscando reduzir custo de produção, visto que a mão de obra no Brasil já é a mais barata do planeta.

GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O NE apresenta diversos fatores locacionais que são atrativos para o desenvolvimento de indústrias. 75. O setor de leite e derivados, de longa tradição em Minas, é responsável por mais de 30% da produção

brasileira. A Itambé (Cooperativa Central dos Produtores Rurais de Minas Gerais), maior empresa do ramo, em meados de 2000, anunciou que estudava a transferência de sua produção para Goiás, onde mantém duas fábricas. Alegava que o governo de Minas cobra 7% de ICMS sobre o leite longa-vida, ao passo que o estado de Goiás oferece isenção de 80% para o mesmo produto.

Fonte: Adaptado de http://www.scielo.br/scielo

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O processo envolvendo diferentes interesses de agricultores e empresas, cuja atribuição é de responsabilidade dos governos estaduais, recebe o nome de a) guerra fiscal. b) tarifa aduaneira. c) isenção de imposto de renda. d) taxa de câmbio. e) guerra fria.

GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: “Guerra fiscal” ou “guerra dos lugares” é a disputa entre estados de um país, via benefícios fiscais, com o intuito de atrair a instalação de indústrias. 76. Na regulação de matérias culturalmente delicadas, como, por exemplo, a linguagem oficial, os currículos da

educação pública, o status das Igrejas e das comunidades religiosas, as normas do direito penal (por exemplo, quanto ao aborto), mas também em assuntos menos chamativos, como, por exemplo, a posição da família e dos consórcios semelhantes ao matrimônio, a aceitação de normas de segurança ou a delimitação das esferas pública e privada – em tudo isso reflete-se amiúde apenas o autoentendimento ético-político de uma cultura majoritária, dominante por motivos históricos. Por causa de tais regras, implicitamente repressivas, mesmo dentro de uma comunidade republicana que garanta formalmente a igualdade de direitos para todos, pode eclodir um conflito cultural movido pelas minorias desprezadas contra a cultura da maioria.

HABERMAS, J. A inclusão do outro: estudos de teoria política. São Paulo: Loyola, 2002.

A reivindicação dos direitos culturais das minorias, como exposto por Habermas, encontra amparo nas democracias contemporâneas, na medida em que a) a secessão, pela qual a minoria discriminada obteria a igualdade de direitos na condição da sua concentração

espacial, num tipo de independência nacional. b) a reunificação da sociedade que se encontra fragmentada em grupos de diferentes comunidades étnicas,

confissões religiosas e formas de vida, em torno da coesão de uma cultura política nacional. c) a coexistência das diferenças, considerando a possibilidade de os discursos de autoentendimento se

submeterem ao debate público, cientes de que estarão vinculados à coerção do melhor argumento. d) a autonomia dos indivíduos que, ao chegarem à vida adulta, tenham condições de se libertar das tradições de

suas origens em nome da harmonia da política nacional. e) o desaparecimento de quaisquer limitações, tais como linguagem política ou distintas convenções de

comportamento, para compor a arena política a ser compartilhada.

GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Segundo o texto do filósofo e sociólogo alemão Jurgen Habermas, a sociedade democrática contemporânea foi moldada historicamente por culturas dominantes que estabeleceram um padrão cultural em detrimento de minorias desprezadas. Todavia, essas minorias encontram amparo no modelo democrático ao obter espaço para a coexistência e na possibilidade de exposição de seus argumentos, estando cientes de que em uma sociedade democrática se acata a proposta escolhida pela maioria. 77. Sentimos que toda satisfação de nossos desejos advinda do mundo assemelha-se à esmola que mantém

hoje o mendigo vivo, porém prolonga amanhã a sua fome. A resignação, ao contrário, assemelha-se à fortuna herdada: livra o herdeiro para sempre de todas as preocupações.

SCHOPENHAUER, A. Aforismo para a sabedoria da vida. São Paulo: Martins Fontes, 2005.

O trecho destaca uma ideia remanescente de uma tradição filosófica ocidental, segundo a qual a felicidade se mostra indissociavelmente ligada à a) consagração de relacionamentos afetivos. b) administração da independência interior. c) fugacidade do conhecimento empírico. d) liberdade de expressão religiosa. e) busca de prazeres efêmeros. GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O texto apresenta a visão pessimista da condição humana elaborada pelo filósofo Schopenhauer, na qual o homem oscila entre a satisfação ou não de seus desejos. Tal ideia de que a vontade constitui um traço característico da vida humana faz referência ao estoicismo, na medida em que essa tradição filosófica helenística aponta para a necessidade ética de o homem buscar uma forma de vida de controle interior das paixões.

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78. Vi os homens sumirem-se numa grande tristeza. Os melhores cansaram-se das suas obras. Proclamou-se uma doutrina e com ela circulou uma crença: Tudo é oco, tudo é igual, tudo passou! O nosso trabalho foi inútil; o nosso vinho tornou-se veneno; o mau olhado amareleceu-nos os campos e os corações. Secamos de todo, e se caísse fogo em cima de nós, as nossas cinzas voariam em pó. Sim; cansamos o próprio fogo. Todas as fontes secaram para nós, e o mar retirou-se. Todos os solos se querem abrir, mas os abismos não nos querem tragar!

NIETZSCHE, F. Assim falou Zaratustra, Rio de Janeiro. Ediouro, 1977.

O texto exprime uma construção alegórica, que traduz um entendimento da doutrina niilista, uma vez que a) reforça a liberdade do cidadão. b) desvela os valores do cotidiano. c) exorta as relações de produção. d) destaca a decadência da cultura. e) amplifica o sentimento de ansiedade. GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O niilismo é a crença de que todos os valores são inúteis e que nada pode ser conhecido. Ele é normalmente associado ao pessimismo extremo e um ceticismo radical que condena a existência. Um verdadeiro niilista não acreditaria em nada, não teria lealdades, e nenhum propósito que não o impulso de destruir. O Niilismo se baseia em três estratégias emocionais para negar o sentido das coisas: raiva, intelectualização e depressão. Como corolário causa também ansiedade, de não poder ou conseguir acreditar em nada. 79. Panayiotis Zavos “quebrou” o último tabu da clonagem humana — transferiu embriões para o útero de

mulheres, que os gerariam. Esse procedimento é crime em inúmeros países. Aparentemente, o médico possuía um laboratório secreto, no qual fazia seus experimentos. “Não tenho nenhuma dúvida de que uma criança clonada irá aparecer em breve. Posso não ser eu o médico que irá criá-la, mas vai acontecer”, declarou Zavos. “Se nos esforçarmos, podemos ter um bebê clonado daqui a um ano, ou dois, mas não sei se é o caso. Não sofremos pressão para entregar um bebê clonado ao mundo. Sofremos pressão para entregar um bebê clonado saudável ao mundo.”

CONNOR, S. Disponível em: www.independent.co.uk. Acesso em: 14 ago. 2012 (adaptado).

A clonagem humana é um importante assunto de reflexão no campo da bioética, que, entre outras questões, dedica-se a a) refletir sobre as relações entre o conhecimento da vida e os valores éticos do homem. b) legitimar o predomínio da espécie humana sobre as demais espécies animais no planeta. c) relativizar, no caso da clonagem humana, o uso dos valores de certo e errado, de bem e mal. d) legalizar, pelo uso das técnicas de clonagem, os processos de reprodução humana e animal. e) fundamentar técnica e economicamente as pesquisas sobre células-tronco para uso em seres humanos. GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Bioética (grego: bios, vida + ethos, relativo à ética) é o estudo transdisciplinar entre Ciências Biológicas, Ciências da Saúde, Filosofia (Ética) e Direito (Biodireito) que investiga as condições necessárias para uma administração responsável da Vida Humana, animal e ambiental. Considera, portanto, questões onde não existe consenso moral, como a fertilização in vitro, o aborto, a clonagem, a eutanásia, os transgênicos e as pesquisas com células tronco, bem como a responsabilidade moral de cientistas em suas pesquisas e aplicações. Nesse contexto, a bioética reflete sobre as diversas relações entre o conhecimento da vida e os valores éticos do homem sem legitimar, decidir certo ou errado nem legalizar nada. A legalização fica no campo do direito. As técnicas de pesquisas permanecem no âmbito técnico científico. 80. Ninguém nasce mulher: torna-se mulher. Nenhum destino biológico, psíquico, econômico define a forma que

a fêmea humana assume no seio da sociedade; é o conjunto da civilização que elabora esse produto intermediário entre o macho e o castrado que qualificam o feminino.

Beauvoir. O segundo sexo.

Na década de 1960, a proposição de Simone de Beauvoir contribuiu para estruturar um movimento social que teve como marca a) ação do Poder Judiciário para criminalizar a violência sexual b) pressão do Poder Legislativo para impedir a dupla jornada de trabalho c) organização de protestos púbicos para garantir a igualdade de gênero d) oposição de grupos religiosos para impedir os casamento homoafetivos e) estabelecimento de políticas governamentais para promover ações afirmativas GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Mesmo sem saber quem foi Simone de Beauvoir, o candidato pode se lembrar de que os anos 60 e 70 foram marcados por manifestações e protestos públicos pela igualdade de direitos de fato entre homens e mulheres. Ela viveu em uma época de mudança de pensamentos e se preocupou em desconstruir o conceito de “feminino”. Para ela, este é uma construção social que existe no contexto de dominação do gênero masculino.

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81. A filosofia grega aprece começar com uma ideia absurda, com a proposição: a água é a origem e a matriz de todas as coisas. Será mesmo necessário deter-nos nela e levá-la a sério? Sim, e por três razões: em primeiro lugar, porque essa proposição enuncia algo sobre a origem das coisas; em segundo lugar, porque o faz sem imagem e fabulação; e, enfim, em terceiro lugar, porque nela, embora apenas em estado de crisálida, está contido o pensamento: Tudo é um.

NIETZSCHE, F. Crítica moderna. In: Os pré-socráticos. São Paulo: Nova Cultural, 1999.

O que, de acordo com Nietzsche, caracteriza o surgimento da filosofia entre os gregos? a) O impulso para transformar, mediante justificativas, os elementos sensíveis em verdades racionais. b) O desejo de explicar, usando metáforas, a origem dos seres e das coisas. c) A necessidade de buscar, de forma racional, a causa primeira das coisas existentes. d) A ambição de expor, de maneira metódica, as diferenças entre as coisas. e) A tentativa de justificar, a partir de elementos empíricos, o que existe no real. GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Nietzsche faz referência ao surgimento da filosofia através dos pré-socráticos que buscavam na natureza (physis) uma justificativa racional para a origem de tudo. Inicialmente, encontravam um elemento essencial (arché) como solução primordial. 82. Tanto potencial poderia ter ficado pelo caminho, se não fosse o reforço em tecnologia que um gaúcho

buscou. Há pouco mais de oito anos, ele usava o bico da botina para cavoucar a terra e descobrir o nível de umidade do solo, na tentativa de saber o momento ideal para acionar os pivôs de irrigação. Até que conheceu uma estação meteorológica que, instalada na propriedade, ajuda a determinar a quantidade de água de que a planta necessita. Assim, quando inicia um plantio, o agricultor já entra no site do sistema e cadastra a área, o pivô, a cultura, o sistema de plantio, o espaçamento entre linhas e o número de plantas, para então receber recomendações diretamente dos técnicos da universidade.

CAETANO, M. O valor de cada gota. Globo Rural, n. 312, out. 2011.

A implementação das tecnologias mencionadas no texto garante o avanço do processo de a) monitoramento da produção. b) valorização do preço da terra. c) correção dos fatores climáticos. d) divisão de tarefas na propriedade. e) estabilização da fertilidade do solo. GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O texto mostra como os dados mais precisos podem gerar medidas mais eficazes (e com menos perdas) no processo agrícola, permitindo que o dono da terra possa monitorar suas atividades e gerir sua produção. 83. O impulso para o ganho, a perseguição do lucro, do dinheiro, da maior quantidade possível de dinheiro não

tem, em si mesma, nada que ver com o capitalismo. Tal impulso existe e sempre existiu. Pode-se dizer que tem sido comum a toda sorte e condição humanas em todos os tempos e em todos os países, sempre que se tenha apresentada a possibilidade objetiva para tanto. O capitalismo, porém, identifica-se com a busca do lucro, do lucro sempre renovado por meio da empresa permanente, capitalista e racional. Pois assim deve ser: numa ordem completamente capitalista da sociedade, uma empresa individual que não tirasse vantagem das oportunidades de obter lucros estaria condenada à extinção.

WEBER, M. A ética protestante e o espírito do capitalismo. São Paulo: Martin Claret, 2001 (adaptado).

O capitalismo moderno, segundo Max Weber, apresenta como característica fundamental a a) competitividade decorrente da acumulação de capital. b) implementação da flexibilidade produtiva e comercial. c) ação calculada e planejada para obter rentabilidade. d) socialização das condições de produção. e) mercantilização da força de trabalho.

GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Para Max Weber, o capitalismo existe onde quer que se realize a satisfação das necessidades de um grupo humano, com caráter lucrativo e por meio de empresas. Ele estabeleceu como condição prévia para a existência do capitalismo moderno, a contabilidade racional do capital, como norma para todas as grandes empresas lucrativas que se ocupam das necessidades cotidianas.

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84. A crescente intelectualização e racionalização não indicam um conhecimento maior e geral das condições sob as quais vivemos. Significa a crença em que, se quiséssemos, poderíamos ter esse conhecimento a qualquer momento. Não há forças misteriosas incalculáveis; podemos dominar todas as coisas pelo cálculo.

Tal como apresentada no texto, a proposição de Max Weber a respeito do processo de desencantamento do mundo evidencia o(a) a) progresso civilizatório como decorrência da expansão do industrialismo b) extinção do pensamento mítico como um desdobramento do capitalismo c) emancipação como consequência do processo de racionalização da vida d) afastamento de crenças tradicionais como uma característica da modernidade e) fim do monoteísmo como condição para a consolidação da ciência

GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Grande parte de seu trabalho como pensador e estudioso foi reservado para o estudo do capitalismo e do chamado processo de racionalização e desencantamento do mundo. Mas seus estudos também deram contribuição importante para a economia. Veja a frase: “Não há forças misteriosas incalculáveis; podemos dominar todas as coisas pelo cálculo”. 85. Quando ninguém duvida da existência de um outro mundo, a morte é uma passagem que deve ser celebrada

entre parentes e vizinhos. O homem da Idade Média tem a convicção de não desaparecer completamente, esperando a ressurreição. Pois nada se detém e tudo continua na eternidade. A perda contemporânea do sentimento religioso fez da morte uma provação aterrorizante, um trampolim para as trevas e o desconhecido.

DUBY, G. Ano 1000 ano 2000 na pista dos nossos medos. São Paulo: Unesp, 1998 (adaptado).

Ao comparar as maneiras com que as sociedades têm lidado com a morte, o autor considera que houve um processo de a) mercantilização das crenças religiosas. b) transformação das representações sociais. c) disseminação do ateísmo nos países de maioria cristã. d) diminuição da distância entre saber científico e eclesiástico. e) amadurecimento da consciência ligada à civilização moderna.

GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O texto de Georges Duby mostra o quanto as representações sociais mudaram ao longo do tempo. Na Idade Média, a sociedade era muito influenciada pelo cristianismo, e a representação social feita da morte estava muito relacionada a uma passagem para a "vida eterna" em outro mundo. Na sociedade contemporânea, há uma diminuição da religiosidade, o que acarreta a diminuição das crenças sobre a morte, transformando-a em um total desconhecido, e, sendo assim, em algo que provoca medo e temor nas pessoas. 86. Devem ser bons serviçais e habilidosos, pois noto que repetem logo o que a gente diz e creio que depressa

se fariam cristãos; me pareceu que não tinham nenhuma religião. Eu, comprazendo a Nosso Senhor, levarei daqui, por ocasião de minha partida, seis deles para Vossas Majestades, para que aprendam a falar.

COLOMBO, C. Diários da descoberta da América: as quatro viagens e o testamento. Porto Alegre: L&PM, 1984.

O documento destaca um aspecto cultural relevante em torno da conquista da América, o(a) a) deslumbramento do homem branco diante do comportamento exótico das tribos autóctones. b) violência militarizada do europeu diante da necessidade de imposição de regras aos ameríndios. c) cruzada civilizacional frente à tarefa de educar os povos nativos pelos parâmetros ocidentais. d) comportamento caridoso dos governos europeus diante da receptividade das comunidades indígenas. e) compromisso dos agentes religiosos diante da necessidade de respeitar a diversidade social dos índios. GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Dentre tantos equívocos que ocorrem nas sociedades, o que mais chama atenção é fato de haver a ideia de que existe no mundo um povo que se coloca como centro de tudo, apresentando seus aspectos culturais como modelos no âmbito de composição de toda sociedade atual. O chamado eurocentrismo obedece a essa condição de que a Europa, com todos seus aparatos, é referência para todo o mundo. A formação dessa ideologia, que faz do continente europeu herdar esse caráter centralizador cultural, recebeu tamanha dimensão tanto no interior quanto no exterior da Europa que há a ilusão de que esse continente representa todos os costumes ocidentais do mundo. Todavia, essa centralidade é inconveniente devido ao fato de desconsiderar as muitas outras culturas que colaboram para a multiplicidade sociocultural que há em todos os lugares do mundo, particularmente aqueles povos que sofreram com as invasões através das políticas de colonização dos europeus no século XV.

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87. .

Sou uma pobre e velha mulher, Muito ignorante, que nem sabe ler. Mostraram-me na igreja da minha terra Um Paraíso com harpas pintado E o Inferno onde fervem almas danadas, Um enche-me de júbilo, o outro me aterra.

VILLON, F. In: GOMBRICH, E. História da arte. Lisboa: LTC, 1999.

Os versos do poeta francês François Villon fazem referência às imagens presentes nos templos católicos medievais. Nesse contexto, as imagens eram usadas com o objetivo de a) refinar o gosto dos cristãos. b) incorporar ideais heréticos. c) educar os fiéis através do olhar. d) divulgar a genialidade dos artistas católicos. e) valorizar esteticamente os templos religiosos.

GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O índice de analfabetismo no decorrer da Idade Média era muito alto. O acesso à educação só começou a ser ampliado no Império Carolíngio, porém, ainda de maneira muito restrita. Ainda assim, a Igreja Católica, que começou a ampliar seu poder no início da Idade Média, precisava conquistar mais fiéis. Uma maneira encontrada para poder continuar catequizando foi a elaboração das “iluminuras”: pinturas que ilustravam acontecimentos. 88. . TEXTO I

O que vemos no país e uma espécie de espraiamento e a manifestação da agressividade através da violência. Isso se desdobra de maneira evidente na criminalidade, que esta presente em todos os redutos — seja nas áreas abandonadas pelo poder público, seja na política ou no futebol. O brasileiro não e mais violento do que outros povos, mas a fragilidade do exercício e do reconhecimento da cidadania e a ausência do Estado em vários territórios do país se impõem como um caldo de cultura no qual a agressividade e a violência fincam suas raízes.

Entrevista com Joel Birman. A Corrupção e um crime sem rosto. IstoÉ. Edição 2099, 3 fev. 2010.

TEXTO II

Nenhuma sociedade pode sobreviver sem canalizar as pulsões e emoções do indivíduo, sem um controle muito específico de seu comportamento. Nenhum controle desse tipo e possível sem que as pessoas anteponham limitações umas às outras, e todas as limitações são convertidas, na pessoa a quem são impostas, em medo de um ou outro tipo.

ELIAS, N. O Processo Civilizador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1993.

Considerando-se a dinâmica do processo civilizador, tal como descrito no Texto II, o argumento do Texto I acerca da violência e agressividade na sociedade brasileira expressa a a) incompatibilidade entre os modos democráticos de convívio social e a presença de aparatos de

controle policial. b) manutenção de práticas repressivas herdadas dos períodos ditatoriais sob a forma de leis e atos

administrativos. c) inabilidade das forças militares em conter a violência decorrente das ondas migratórias nas grandes

cidades brasileiras. d) dificuldade histórica da sociedade brasileira em institucionalizar formas de controle social compatíveis com

valores democráticos. e) incapacidade das instituições político-legislativas em formular mecanismos de controle social específicos a

realidade social brasileira.

GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Alternativa: D A alternativa correta é a D. Entretanto, a alternativa E parece levantar uma questão mais coerente ao conteúdo dos textos I e II, já que ela, de fato, apresenta o resumo do que se pode compreender da realidade brasileira, quando o que temos é uma ineficiência por parte das instituições públicas, que deveriam representar os direitos dos indivíduos e deixar claro que seus deveres são tão importantes quanto o cumprimento dos seus direitos. O desenvolvimento de suas potencialidades enquanto cidadãos política e economicamente ativa é imprescindível para o controle da violência e concretização de uma sociedade com valores democráticos.

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89. .

Essa propaganda foi criada para uma campanha de conscientização sobre a violência contra a mulher. As palavras que compõem a imagem indicam que a a) violência contra a mulher está aumentando. b) agressão à mulher acontece de forma física e verbal. c) violência contra a mulher é praticada por homens. d) agressão à mulher é um fenômeno mundial. e) violência contra a mulher ocorre no ambiente doméstico. GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Algumas palavras expostas nesta imagem, como por exemplo: "Insultos", "Indiferencia", "Golpes", etc... Representam diversas maneiras de agressão contra a mulher, logo é possível compreender que elas indicam que essas agressões podem acontecer tanto por meio verbal, com insultos, como de maneira física, com golpes. 90. .

Atualmente, a noção de que o bandido não está protegido pela lei tende a ser aceita pelo senso comum. Urge mobilizar todas as forças da sociedade para reverter essa noção letal para o Estado Democrático de Direito, pois, como dizia o grande Rui Barbosa, “A lei que não protege o meu inimigo não me serve".

SAMPAIO, P. A. Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. In.: Os Direitos Humanos desafiando o século XXI. Brasília: OAB; Conselho Federal; Comissão Nacional de Direitos Humanos, 2010.

No texto, o autor estabelece uma relação entre democracia e direito que remete a um dos mais valiosos princípios da Revolução Francesa: a lei deve ser igual para todos. A inobservância desse princípio é uma ameaça à democracia, porque a) resulta em uma situação em que algumas pessoas possuem mais direitos do que outras. b) diminui o poder de contestação dos movimentos sociais organizados. c) favorece a impunidade e a corrupção por meio dos privilégios de nascimento. d) consagra a ideia de que as diferenças devem se basear na capacidade de cada um. e) restringe o direito de voto a apenas uma parcela da sociedade civil.

GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Se uma lei aplicada apenas a alguns na sociedade (ou não aplicada) nos remete à falta de democracia, uma vez que alguns passam a ter mais direitos que outros.