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400294 - Escola Secundária José Falcão - Coimbra MATRIZ DE CORREÇÃO DO 2º. TESTE DE AVALIAÇÃO DE HISTÓRIA 10º 7 ANO Ano Letivo 2012/2013 Duração: 100 minutos Prof.Teresa Duarte LÊ ATENTAMENTE A DOCUMENTAÇÃO E INTEGRA A MESMA NAS TUAS RESPOSTAS Grupo I Documento 1 Podem indignar-se à vontade, mas direi o que sinto: as bibliotecas de todos os filósofos, ultrapassa-as, por Hércules, em meu entender, um só livrinho, o das Doze Tábuas, fonte e cabeça das nossas leis (...). Através do conhecimento do Direito colhereis o fruto da alegria e do prazer de compreenderdes, com toda a facilidade quanto os nossos maiores estiveram à frente dos outros povos em clarividência, se vos derdes ao trabalho de comparar as nossas leis com as deles - de Licurgo, de Drácon, de Sólon. É inacreditável como todo o direito civil para além do nosso é rude e quase ridículo. Cícero, Do Orador, parte I Documento 2 Reconstituição do Fórum Romano Documento 3 Documento 4

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400294 - Escola Secundária José Falcão - Coimbra

MATRIZ DE CORREÇÃO DO 2º. TESTE DE AVALIAÇÃO DE HISTÓRIA 10º 7 ANO

Ano Letivo 2012/2013 Duração: 100 minutos Prof.Teresa Duarte

LÊ ATENTAMENTE A DOCUMENTAÇÃO E INTEGRA A MESMA NAS TUAS RESPOSTAS

Grupo I Documento 1Podem indignar-se à vontade, mas direi o que sinto: as bibliotecas de todos os filósofos, ultrapassa-as, por Hércules, em meu entender, um só livrinho, o das Doze Tábuas, fonte e cabeça das nossas leis (...).Através do conhecimento do Direito colhereis o fruto da alegria e do prazer de compreenderdes, com toda a facilidade quanto os nossos maiores estiveram à frente dos outros povos em clarividência, se vos derdes ao trabalho de comparar as nossas leis com as deles - de Licurgo, de Drácon, de Sólon. É inacreditável como todo o direito civil para além do nosso é rude e quase ridículo. Cícero, Do Orador, parte I

Documento 2Reconstituição do Fórum Romano

Documento 3 Documento 4

Ponte romana Busto do Imperador Caracala

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Documento 5

As Colónias Romana

Documento 6Ignoro se merecerei aplauso pelo que quis fazer (...). Como quer que seja, sempre me será grato ter tomado parte em me ocupar da memória das façanhas do povo senhor do mundo (...). E, se é lícito a um povo consagrar a sua origem referindo os deuses por autores, tal glória pertence nas armas ao povo romano (...). Quanto a mim, tenha-se toda a atenção no que foi a vida e os costumes de então; porque varões, com que artes, na paz e na guerra se fundou e aumentou o império.

Tito Lívio, História Romana

1. A partir do documento 1, caracteriza a importância do Direito Romano e sua codificação.

Podemos definir Direito como o conjunto de normas jurídicas que rege a vida de um povo. Desta forma, ele existiu em todas as civilizações do mundo antigo, já que não é possível a convivência humana sem definir o conjunto de regras às quais não se deve desobedecer. Foi a necessidade que conduziu os Romanos ao desenvolvimento do Direito. A administração do seu vasto império e a convivência pacífica das suas gentes não seria possível sem um conjunto de leis abrangente e organizado, que definisse as normas a seguir nos grandes e pequenos problemas da vida quotidiana. Considerada a mais importante criação do génio romano, o Direito espelha o espírito prático e metódico deste povo. Começando praticamente do nada, os juristas romanos não só definiram os princípios básicos a que devem obedecer todas as leis como sistematizaram as suas diferentes áreas de aplicação. Tal como os outros povos, inicialmente, os Romanos não tinham leis escritas. Todo o procedimento jurídico se baseava no costume, o Direito Consuetudinário, e era transmitido oralmente de geração em geração, o que dava origem a frequentes deturpações e arbitrariedades. Foi contra esta situação que, em meados do século V a. C., os plebeus, classe mais desfavorecida, se revoltaram, exigindo leis escritas. O códice então elaborado, a Lei das XII Tábuas, tornou-se o ponto de partida do Direito Romano e do Direito ocidental. Definidor de regras, garante da ordem e da justiça, o Direito atuou como um importante fator de pacificação e união dos povos do Império. Estes não se sentiam sujeitos a um poder discricionário mas protegidos por leis claras, justas e adequadas à vida em comunidade A sociedade romana organizava-se segundo uma estrutura complexa, que estabelecia, entre os homens livres, estatutos muito diversificados. Ser ou não ser cidadão era o ponto de partida de todo o escalonamento social. A plena cidadania romana (civitas) implicava um conjunto de direitos civis e políticos que incluíam, entre outros, o direito de contrair matrimónio, o direito de proceder a atos jurídicos, o direito de possuir terra e de a transaccionar, o direito de votar e o de ser eleito para as magistraturas. Implicava também deveres, como o de servir no exército e o pagamento de determinados impostos ao Estado. De início, a categoria de cidadão romano estava reservada unicamente aos naturais de Roma e seus descendentes. Aos habitantes das terras conquistadas foi concedido um estatuto inferior, muito variável de região para região. Como facilmente se compreende, Roma não podia conceder, de imediato, a plena cidadania, com os seus direitos políticos, aos seus inimigos da véspera. A codificação do Direito Podemos definir Direito como o conjunto de normas jurídicas que rege a vida de um povo. Desta forma, ele existiu em todas as civilizações do mundo antigo, já que não é possível a convivência humana sem definir o conjunto de regras às quais não se deve desobeder. Foi a necessidade que conduziu os Romanos ao desenvolvimento do Direito. A administração do seu vasto império e a convivência pacífica das suas gentes não seria possível sem um conjunto de leis abrangente e organizado, que definisse as normas a seguir nos grandes e pequenos problemas da vida quotidiana. Considerada a mais importante criação do génio romano, o Direito espelha o espírito prático e metódico deste povo. Começando praticamente do nada, os juristas romanos não só definiram os princípios básicos a que devem obedecer todas as leis como sistematizaram as

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suas diferentes áreas de aplicação. Tal como os outros povos, inicialmente, os Romanos não tinham leis escritas. Todo o procedimento jurídico se baseava no costume, o Direito Consuetudinário, e era transmitido oralmente de geração em geração, o que dava origem a frequentes deturpações e arbitrariedades. Foi contra esta situação que, em meados do século V a. C., os plebeus, classe mais desfavorecida, se revoltaram, exigindo leis escritas. O códice então elaborado, a Lei das XII Tábuas, tornou-se o ponto de partida do Direito Romano e do Direito ocidental. Definidor de regras, garante da ordem e da justiça, o Direito atuou como um importante fctor de pacificação e união dos povos do Império. Estes não se sentiam sujeitos a um poder discricionário mas protegidos por leis claras, justas e adequadas à vida em comunidade O Direito é um elemento de um povo e produto de sua evolução histórica.O Direito constitui-se em toda sua grandiosidade de diversos aspetos, difícil de determinar um predominante, no entanto pode-se entender por ele como sendo basicamente como o conjunto de normas que orientam e disciplinam a vida em sociedade, é também o meio de expressão em que a sociedade desenvolve enriquece, no curso da história, resolvendo seus conflitos de interesses e caracterizando a chamada experiência jurídica, a experiência adquirida historicamente por um povo na solução de seus problemas por meio do Direito.Revela-se, portanto, como uma técnica de solução de conflitos a serviço de uma ética ou moral - conjunto de princípios orientadores - em certa época e em determinada sociedade, do comportamento humano e social.O Direito romano se constitui do conjunto de princípios e normas jurídicas que vigoraram em Roma e em nos territórios por ela dominados desde 753 a.C até morte de Justiniano em 565d.C que compreende toda a experiência jurídica do povo romano.A real influência do Direito romano deu-se principalmente no Direito privado.Segundo a conceção romana direito era natural, conforme a realidade e não produto de conceções intelectuais e abstratas. Sua base era a vida social, concreta, conjunto de fenômenos e de circunstâncias políticas, económicas e sociais, da qual emergia como conjunto de soluções normativas para os problemas que essa mesma vida suscitava no conjunto dos interesses subjetivos.Era também um direito que conjugava a tradição como o progresso, não sendo estático mas, como a vida: era um direito concreto, porque as suas instituições como resposta a exigências e práticas da vida: era um direito universal, porque Roma era, em certo período da história dos povos, um verdadeiro universo, por sua importância e extensão: e, finalmente, era um direito que visava proteger e realizar, em toda a sua dimensão, o valor da liberdade individual..O Direito romano conseguiu se consagrar por conseguir interpretar e atualizar as leis de forma a atender as necessidades do cotidiano romano.Como parte do mérito dos romanos o rigor inexcedível, as figuras jurídicas: formularam princípios doutrinais e regras jurídicas: consagraram uma terminologia que perdurou por muitos séculos. Por isso e por outros motivos o estudo do Direito romano é fundamental até porque muitas das instituições jurídicas romanas foram transcritas ou adaptadas para os dias de hoje.Por sua base histórica e dinâmica, o Direito romano pode servir de base para entender e ajudar no estudo de diversas ciências como a filosofia, sociologia, história, política etc.O Direito romano assume uma importância acentuada devido a:a) Só ele pode fundamentar a ciência do Direito comparado, dado ser a raiz comum dos vários direitos românicos.b) Pode ser a base fundamental de um possível direito europeu ou de um direito latino-americano, no momento em que os continentes tendem a uma certa uniformização jurídica.c) É a base jurídica do Direito jurídico, no qual se apoia geneticamente.d) É o fundamento de uma certa unidade espiritual da Europa, que tem o alicerce da sua civilização nos valores greco-romanos. Constitui-se também como base comum dos diversos sistemas jurídicos da América Latina, transplantada por força da colonização ibérica.O Direito romano assumiu elevada importância para o estudo devido ao seu valor normativo, a sua perfeição técnico-jurídica, o seu valor prático e histórico e a sua utilidade para o Direito comparado. Por ser um produto histórico de nossa sociedade sofreu diversas alterações no seu processo de evolução, adaptando-se às circunstâncias de tempo e de espaço.Entendendo as modificações do passado poderemos nos preparar para as mudanças que estamos sofrendo atualmente no campo do Direito. É importante também o conhecimento da terminologia romana transplantada para o contemporâneo, logo que a palavra tem extrema importância nos dias de hoje.Os romanos partiam dos problemas, dos casos concretos, para, raciocinando indutivamente, construir as soluções normativas adequadas ao seu caso. O Direito romano tem, portanto, elevado valor formativo para dar base e aos juristas contemporâneos encontrar o rigor prático necessário para o conhecimento e a solução dos problemas jurídicos.Nos primeiros séculos de Roma, O Direito era agregado à religião, não havendo distinção. Por isso o Sacerdote tinha poderes religiosos (Direito sagrado) e jurídicos (Direito civil) e estes deveriam pertencer a classe superior (patrícios). O Direito privado, então, teve seu berço no colégio dos pontífices ou sacerdotes de elevada posição social. Os diversos tipos de Direito existentes, o Direito público, o privado e o sacro eram cultivados pelos patrícios.Nos primeiros séculos os interesses dos patrícios vigoravam representados pelos sacerdotes, magistrados e senadores. A partir do séc. V a.C. com as reivindicações e os protestos dos plebeus a situação se modifica

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desenvolvendo-se e consolidando-se as chamadas Magistraturas e assembleias populares. O marco do surgimento do Direito laico é a chamada lei das XII Tábuas com clara participação popular.O Direito romano se formou gradativamente com normas estabelecidas em costumes, leis, decisões dos juízes e com obras dos juristas.O Direito romano se dividia em várias ordens ou estratos normativos, diferenciados pelo âmbito de aplicação, como o ius civile (costumes e leis), aplicável apenas aos cidadãos romanos, o ius gentium, aplicável a todos os homens sem distinção de nacionalidade. Existia ainda o ius pretorium criado pelos pretores , par reforçar, suprir ou corrigir o ius civile.O Direito romano se dividiu em diversas fases históricas que marcaram mudanças políticas e jurídicas em Roma.O direito romano é o complexo de normas vigentes em Roma, desde a sua fundação (século VIII a.C.) até a codificação de Justiniano (século VI d.C.). Nos treze séculos da história romana, do século VIII a.C. ao século VI d.C., assistimos, naturalmente, a uma mudança contínua no caráter do direito, de acordo com a evolução da civilização romana, com as alterações políticas, econômicas e sociais, que a caracterizavam.O direito do período arcaico caracterizava-se pelo seu formalismo e pela sua rigidez, solenidade e primitividade.O Estado tinha funções limitadas a questões essenciais para sua sobrevivência: guerra, punição dos delitos mais graves e, naturalmente, a observância das regras religiosas.Os cidadãos romanos eram considerados mais como membros de uma comunidade familiar do que como indivíduos.A defesa privada tinha larga utilização: a segurança dos cidadãos dependia mais do grupo a que pertenciam do que do Estado.A evolução posterior caracterizou-se por acentuar-se e desenvolver-se o poder central do Estado e, consequentemente, pela progressiva criação de regras que visavam a reforçar sempre mais a autonomia do cidadão, como indivíduo.O marco mais importante e característico desse período é a codificação do direito vigente na Lei das XII Tábuas, codificação feita em 451 e 450 a.C. As XII Tábuas, nada mais foram que uma codificação de regras costumeiras, primitivas, e, às vezes, até cruéis. Aplicavam-se exclusivamente aos cidadãos romanos.A conquista do poder, pelos romanos, em todo o Mediterrâneo, exigia uma evolução equivalente no campo do direito também. A partir do século II a.C. ocorreu uma evolução e renovação constante do direito romano, que foi até o século III d.C.. A maior parte das inovações e aperfeiçoamentos do direito, no período clássico, foi fruto da atividade dos magistrados e dos jurisconsultos que, em princípio, não podiam modificar as regras antigas, mas que, de fato, introduziram as mais revolucionárias modificações para atender às exigências práticas de seu tempo.A interpretação das regras do direito antigo era tarefa importante dos juristas. Originariamente só os sacerdotes conheciam as normas jurídicas. A eles incumbia, então, a tarefa de interpretá-las. Depois, a partir do fim do século IV a.C., esse monopólio sacerdotal da interpretação cessou, passando ela a ser feita também pelos peritos leigos. Essa interpretação não consistia somente na adaptação das regras jurídicas às novas exigências, mas importava também na criação de novas normas. Nascia, assim, a Jurisprudência.Tal atividade contribuiu grandemente para o desenvolvimento do direito romano, especialmente pela importância social que os juristas tinham em Roma. Eles eram considerados como pertencentes a uma aristocracia intelectual, distinção essa devida aos seus dotes de inteligência e aos seus conhecimentos técnicos. Suas atividades consistiam em emitir pareceres jurídicos sobre questões práticas a eles apresentadas, instruir as partes sobre como agirem em juízo e orientar os leigos na realização de negócios jurídicos.Após a codificação das XII Tábuas do século V a.C., nenhuma outra foi empreendida pelos romanos até o período decadente da era pós-clássica.Foi Justiniano (527 a 565 d.C.) quem empreendeu a grandiosa obra da codificação legislativa, mandando compilar oficialmente as regras de direito em vigor na época: Codex (Código). Assim, estava completada o trabalho de reforma do Direito Romano, agora estruturado em quatro obras: O Código, o Digesto, as Institutas e as Novelas formando, então, o Corpus Juris Civilis.Foi mérito dessa codificação a preservação do direito romano para a posteridade. (25 pontos)

2. Justifica a(s) causa(s) da preocupação da construção dum Forum romano (documento 2). Que tipos de edifícios nele se construíam?

O Fórum era o centro administrativo e religioso duma cidade romana. Constituído por uma grande praça pública, e onde a mesma se desenrolava – política, religiosa, comercial e de convívio. Tinha uma forma retângular, com uma área destinada a reuniões ao ar livre, rodeada por colunatas, (como se pode ver na imagem) e de edifícios religiosos e administrativos.

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O fórum era o fulcro de toda a atividade cívica, onde se ouviam os inflamados oradores e se conversava entre as stoas (colunatas), onde se prestava culto aos deuses mais relevantes e era feita aadministração pública nos edifícios da cúria:o fórum que era alcunhado de "cabeça do mundo" ou caput mundi.Dos edifícios que o constituíam destacam-se:- Cúria, onde se reunia o senado (Conselho de notáveis que governavam a cidade);- A Basílica, tribunal público e sala de reuniões; - Nas suas imediações (e mesmo no Fórum) erguiam-se os principais templos da cidade – a tríade nacional: Júpiter/Juno/Minerva. Símbolo da presença e poder dos Romanos, no templo do Capitólio. Em todos estes espaços é visível o gosto pela monumentalidade, glória de Roma e dos seus Imperadores- Bibliotecas e mercados públicos situados junto aos fóruns- Termas, estabelecimentos de banhos públicos, dotados de temperaturas diferentes, vestiários, piscinas de água quente e fria, palestras (onde se praticava ginástica), salas de descanso, de massagens, de reuniões.- Para além da higiene, o banho era um momento cultural e civilizacional;- Aqueduto para conduzir a água dos reservatórios até aos fontanários e às casas particulares;- Anfiteatros, locais de diversão, palco de lutas com animais selvagens e com gladiadores: o mais conhecido é o Coliseu de Roma;- Circos, onde se realizavam as corridas de cavalos e de carros;- Teatros ao ar livre, onde se representavam peças ligadas à Tragédia ou à Comédia – mas sempre com um sentimento educativo e glorificador do povo romano.

(20 pontos)3. Avalia, com base nos documentos 3 e 5, a importância do urbanismo no mundo romano.

Mais centralizada do que a cidade grega, cujos edifícios se distribuíam pela acrópole e pela ágora, a cidade romana organizava-se em torno de um fórum. O fórum, grande praça rodeada de pórticos, tinha forma retangular e era o centro da vida pública em qualquer cidade romana. Nele se concentravam os mais importantes edifícios religiosos e administrativos, dos quais se destacam a cúria e a basílica: na cúria reunia-se o Senado, conselho de notáveis que se ocupava do governo da cidade; a basílica servia, ao mesmo tempo, de tribunal público e de sala de reuniões. No fórum e nas suas imediações situavam-se também os principais templos. Em Roma, a grandeza da cidade fez acrescentar ao velho Fórum Romano novos espaços, os fóruns imperiais. Embora estas construções tenham, em parte, correspondido às necessidades geradas pelo aumento da população urbana, elas refletem a vontade de dotar Roma de um conjunto monumental que espelhasse a glória da cidade e dos seus imperadores. Aliás, este gosto pela monumentalidade é uma das características mais salientes das cidades romanas, patente tanto em edifícios utilitários (aquedutos, circos, anfiteatros) como em obras meramente decorativas ou comemorativas (estátuas, arcos de triunfo, colunas). Junto do fórum foram frequentemente construídas bibliotecas, assim como mercados públicos destinados ao abastecimento das cidades. O sentido utilitário do urbanismo romano revelou-se ainda na construção das termas, estabelecimentos de banhos públicos, dotados de salas de temperaturas diferentes, vestiários, piscinas de água quente e fria, palestras, salas de descanso, de massagem, de reuniões. Prática da mais elementar higiene, o banho era, para os Romanos, um momento cultural, permanecendo como uma das facetas mais civilizadas e agradáveis da vida quotidiana. Para a tornar possível, as cidades estavam equipadas com aquedutos, normalmente obras grandiosas, que conduziam as águas dos reservatórios naturais, muitas vezes longe da cidade, até aos fontanários públicos e às casas particulares. Porém, o lazer e a distração não foram esquecidos nas cidades romanas. Quase todas possuíam o seu anfiteatro, palco de lutas com animais selvagens e de combates entre gladiadores. O mais conhecido é, sem dúvida, o Coliseu de Roma, do século I, que serviu de modelo a muitos dos seus congéneres provinciais. Outros espetáculos apreciados pelos Romanos eram as corridas de cavalos e de carros, realizadas no circo, assim como as tragédias, as comédias e as farsas, representadas nos teatros. Quanto às casas de habitação, encontram-se sempre dois tipos: a domus, casa particular, onde moravam os cidadãos mais ricos e que, em Roma, se espalhava pelas colinas; e a  insula, prédio de aluguer, com várias habitações, a fazer lembrar os imóveis atuais. Possuidora de um jardim interior, de piscina, de um atrium, enfim, de comodidades e luxos, a domus em tudo contrastava com a alta e frágil insula, em tijolo e madeira, que facilmente se degradava e ruía com frequência, quando não era vítima de incêndios. Roma foi sempre um caso à parte em termos de planificação urbanística, quer pelo seu gigantismo, quer pela forma, um pouco anárquica, como foi crescendo. Nas novas cidades do Império, que planearam com todo o cuidado, os Romanos seguiram, muitas vezes, uma planta retilínea, com bairros bem delimitados por ruas perpendiculares, formando um retângulo cortado por dois eixos ou ruas principais: o cardo (eixo N/S) e o decumanos (eixo E/O), no cruzamento dos quais se encontra o fórum. Quando as cidades se multiplicaram pelo Império, multiplicou-se também o padrão urbanístico a que obedeciam. Todas elas eram reconhecíveis pelo seu fórum, pelo tipo de construções, pelo ordenamento racional. Todas elas partilhavam o mesmo gosto pela monumentalidade, erguendo templos sumptuosos ou aquedutos colossais. Enfim, todas elas seguiam, com pequenas diferenças, o mesmo modelo: Roma, berço do Império, a cidade por excelência.Planificação do meio urbano. Os Romanos foram verdadeiros mestres de urbanismo e, nas cidades que criavam, nada era deixado ao acaso. Distribuíam áreas adequadas para as casas de habitação, as lojas de

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comércio, as praças públicas, os templos. Determinavam também a água que iria ser necessária, o número e o tamanho das ruas, os passeios e os esgotos, prevendo até áreas para o futuro desenvolvimento da cidade.A cidade foi encarada de uma forma diferente em Roma que na Grécia, tendo-lhe sido dada uma importância muito similar enquanto fulcro da vida civil, religiosa e política; contudo, e ao contrário do que se tinha verificado entre os Helenos, todas as cidades fundadas ou conquistadas por todo o Império romano se coligaram para mais facilmente difundirem o espírito e a cultura de Roma. De facto, as cidades eram de tal forma importantes que apenas os que não tinham possibilidades, viviam fora delas. A estruturação das cidades romanas primitivas, adaptadas de outras já existentes ou mesmo criadas de raíz, eram de planta ortogonal, organizada em quadrícula ou retícula com o fórum no centro. Sob este mesmo princípio organizacional urbanístico era aplicado nos acampamentos militares (ou "castros"), onde com uma groma mediam-se os limites a partir do centro, estruturando-se a construção a partir dum eixo vertical e horizontal, uma vez que estes tornaram-se, muitas vezes, centros de residências fixas e podiam mesmo dar origem a cidades.

(20 pontos)

4. Explica a existência de construções, como aquedutos, fontes, (documento 3) no Império Romano.Os romanos desenvolveram um complexo e grandioso sistema de aquedutos para abastecer as cidades com água. A cidade de Roma tinha a maior concentração de aquedutos: construídos num período de 500 anos, eram 11 ao todo, somando 416 km de extensão. Contudo, os aquedutos eram em grande parte subterrâneos – apenas 47 km eram elevados –, o que os mantinham longe de carcaças de animais, e consequentemente de doenças, e ainda evitava ataques inimigos.Devido ao caris utilitário das construções, os romanos edificavam, sempre que para tal fosse necessário uma ponte, um aqueduto, uma fonte, etc. Os Romanos eram engenheiros brilhantes. Antes de construírem uma estrada, usavam instrumentos de medição para saberem por onde a estrada devia seguir. Escolhiam d distância mais curta e direita entre dois campos, fortificações ou cidades, e livravam-se de sebes, edifícios ou qualquer obstáculo que se interpusesse pelo caminho. As estradas ligavam todo o império. Os aquedutos mais pareciam pontes, mas em lugar de um tabuleiro para encaminhar possuíam um fundo de canal de água. Os Romanos construíam-nos para levar a água da nascente das montanhas até aos corredores da cidade - Sem aquedutos as pessoas não teriam os banhos públicos, as casas de banho ou as fontes de água fresca corrente.A monumentalidade e a utilidade são as características essenciais das construções romanas.Entre os diversos projetos de construções públicas dos romanos, a rede de pontes e calçadas, que facilitaram a comunicação através de todo o império e os aquedutos, que levavam água às cidades a partir dos mananciais próximos.As principais preocupações urbanísticas dos Romanos eram: A construção das principais vias de comunicação (o cardo e o decumano); A criação de sistemas de esgotos e abastecimento de água (aquedutos) ; Construções domésticas e públicas; As cidades organizavam-se de forma idêntica em todo o império, o que contribuiu para a uniformização progressiva dos hábitos de vida no mundo romano. Embora as construções tenham, em parte, correspondido às necessidades geradas pelo aumento da população urbana, elas refletem a vontade de dotar Roma de um conjunto monumental que espelhasse a glória da cidade e dos seus imperadores. Aliás, este gosto pela monumentalidade é uma das características mais salientes das cidades romanas, patente tanto em edifícios utilitários (aquedutos, circos, anfiteatros) como em obras meramente decorativas ou comemorativas (estátuas, arcos de triunfo, colunas).

(20 pontos)

5. O que significa o título de Augustus atribuído a Octávio César? Analisa os outros poderes que ele detinha.

No século I a. C., desencadeou-se uma profunda crise política, marcada por ferozes perseguições e sangrentas guerras civis. Enfraquecida e cansada, Roma dividiu-se, então, entre o amor à liberdade e o desejo de encontrar um chefe que restaurasse a ordem e a estabilidade perdidas. Esse chefe surgiu na figura de Octávio, o primeiro imperador romano. Octávio era hábil nas artes da política e da guerra. Em poucos anos conseguiu eliminar os seus rivais mais próximos, fazer regressar a paz e ganhar a admiração do povo e do Senado. Embora aspirasse ao poder pessoal, Octávio conhecia bem o apego que os Romanos tinham pelas suas velhas instituições políticas. Por isso, não as eliminou. Pelo contrário, manteve-as e alicerçou nelas o seu próprio poder. Honrado, em 27 a. C., com o título de Princeps civitatis (o primeiro dos cidadãos), Octávio acumulou nas suas mãos as várias magistraturas. Foi, simultânea e repetidamente, cônsul, censor, pretor, tribuno, congregando em si toda a autoridade destes cargos. Por eles detinha o imperium, poder reservado aos magistrados superiores, que lhe conferia o supremo comando dos exércitos, a faculdade de convocar o Senado

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e de administrar justiça. Para além dos seus muitos poderes terrenos, a figura do imperator (imperador) foi cumulada de honrarias e adquiriu uma auréola divina, que fortalecia e legitimava a sua autoridade em toda a extensão do mundo romano. Na mesma altura em que foi proclamado princeps, Octávio aceitou também, das mãos dos senadores, o título de   Augusto , que acrescentou ao seu nome. Era um título divino, para designar que era “engrandecedor”, criador de algo novo e melhor. Este título, que passou para os sucessores, foi um prenúncio da divinização do imperador. Octávio César Augusto, o primeiro imperador romano, morreu no ano 14 d. C. À sua morte, o Senado declarou-o deus (divus) e criou um novo corpo de sacerdotes, os augustais, para assegurar o seu culto. Os imperadores que se seguiram herdaram o título de Augusto e a sua essência divina. Ainda decorria o século I quando o culto ao imperador vivo e aos imperadores divinizados se institucionalizou em todo o Império. O culto a Roma e ao imperador, normalmente associados, tornou-se um importante elemento de união política. Símbolo do respeito à autoridade comum e de apreço pelos benefícios da dominação romana, ele constituiu uma verdadeira devoção cívica, capaz de unir, em torno dos mesmos altares, os diferentes povos do Império.

(25 pontos)

6. Partindo da análise do documento 4, explica o carácter realista da escultura romana.

A escultura romana foi trabalhada através de retratos e estátuas, muitas vezes apresentando uma característica fúnebre. Os escultores romanos buscavam a reprodução mais fiel possível da realidade em suas obras e centravam-se nos aspetos psicológicos, ou seja, a obra evidenciava o caráter, a honra e a glória do retratado.Os romanos eram grandes admiradores da arte grega, mas por temperamento, eram muito diferentes dos gregos. Por serem realistas e práticos, suas esculturas são uma representação fiel das pessoas e não a de um ideal de beleza humana, como fizeram os gregos. Retratavam os imperadores e os homens da sociedade. Mais realista que idealista, a estatuária romana teve seu maior êxito nos retratos.Perfeição e realismo na representação do rosto, feições e movimento do cabelo O seu realismo técnico e formal originou autênticos retratos, que sugerem aspetos psicológicos e de carácter das personalidades.As figuras representavam quer os aspetos belos, como os defeitos Construção de estátuas de corpo inteiro, bustos e estátuas equestres Relevo narrativo – painéis de figuras esculpidas representando feitos militares.Ao longo de toda Roma, as estátuas e os relevos escultóricos adornaram os edifícios públicos e privados. De fato, algumas construções romanas foram pouco mais do que suportes monumentais para a escultura. Os arcos do triunfo, levantados em todas as partes do Império, destacam-se como monumentos entre os mais importantes. Embora quase nenhum dos grandes grupos escultóricos instalados nesses arcos tenha resistido à passagem do tempo, essas construções tinham como finalidade original servir de suporte para estátuas honoríficas. Também foram erguidas colunas historiadas, com frisos em baixo-relevo em espiral, relatando com grande riqueza de detalhes as campanhas militares dos romanos.A primeira e a maior delas foi a do foro de Trajano (113 d.C.) Os relevos históricos adornaram também grandes altares como o Ara Pacis de Augusto (fechado em Roma do 13 ao 9 a.C.). Restaram poucas estátuas em bronze e quase nenhuma em ouro ou prata, já que muitas delas foram fundidas na Idade Média e períodos posteriores. Uma das poucas que existe é a estátua eqüestre em bronze (c. 175 d.C.) do imperador Marco Aurélio na praça do Capitólio em Roma.O retrato escultórico romano, em que se destaca o busto do Imperador Caracala, compõe um dos grandes capítulos na história da arte antiga. O conceito simbólico das imagens continuou durante todo o período da Roma imperial. (25 pontos)

7. Com base no documento 6, mostra o carácter apologético da literatura romana.A maior contribuição romana à história da cultura foi no setor literário. Não na literatura científica, na qual os exemplos são poucos, mas na literatura filosófica, jurídica e política. Na poesia destacaram-se Ovídio, Virgílio, Marcial, Juvenal e Horácio. A Filosofia teve Plínio, Sêneca e Marco Aurélio; a oratória, Cícero. Na História destacaram-se Tito Lívio, Tácito, Salústio. Suetônio e Políbio. Nos fins do Baixo Império, apareceram com destaque os escritores cristãos, como São Jerônimo e Santo Agostinho.Vários estilos dos que se praticam até hoje, como a sátira, são originários da civilização romana. Entre os escritores romanos do século I a.C. podemos destacar: Lucrécio (A Natureza das Coisas); Catulo e Cícero. Na época de 44 a.C. a 18 d.C., durante o império de Augusto, corresponde uma intensa produção tanto em poesia lírica, com Horácio e Ovídio, quanto em poesia épica, com Virgílio autor de Eneida. A partir do ano 18, tem início o declínio da História do Império Romano, com as invasões germânicas. Neste período destacam-se os poetas Sêneca, Petrônio e Apuleio.A Literatura Latina, através do livro Eneida, de Virgílio, traz semelhanças com a narrativa de A Ilíada, porém, conta a história da fundação de Roma através de Enéias, fugitivo da Guerra de Tróia. O objetivo de Augusto era restaurar os costumes romanos, através da narrativa, tendo assim, um caráter ideológico. Ainda hoje, as

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narrativas disponibilizam a história e a vivência de um povo, como por exemplo, não se pode falar do Romantismo sem citar a ascensão da burguesia. Portanto, a cada época há uma marcação ideológica, refletida pela história do povo. Ainda hoje, percebe-se viva essa característica presente em Eneida, a exaltação do homem, utilizando a sensibilidade para comover o leitorA presença da literatura como um divulgador da história, costumes e influência de determinado tempo, dos romanos, ainda se perpetua de maneira acentuada nos nossos dias. Os usos da filosofia, da mitologia e das artes ainda estão presentes na literatura e permanecerá por mais tempo. Portanto, a herança romana está em todas as áreas, mesmo sem perceber, afinal, começaram uma grande revolução (na oralidade e na escrita) através de suas epopéias.

(25 pontos)Grupo II

1. Explica, com base nos teus conhecimentos e na informação disponível nos documentos 1 a 5, os fatores que mais contribuíram para o processo de romanização

A tua resposta deve abordar, pela ordem que entenderes, os seguintes tópicos de desenvolvimento: papel desempenhado pelas cidades; agentes da romanização; alterações mais significativas no modo de vida das populações.

Por romanização entende-se a alteração das estruturas socioeconómicas, linguísticas e culturais efectuada pelos Romanos nos territórios que conquistaram.Os seus exércitos invadiram a Península Ibérica no século III antes de Cristo, com o intuito de travarem a expansão dos Cartagineses, que constituíam uma séria ameaça ao domínio do mundo mediterrâneo pretendido por Roma. No entanto, a conquista da parte ocidental da Hispânia foi árdua, só terminando com o final da guerra contra os Galaicos, Ástures e Cântabros (29-19 a. C.).Os momentos mais importantes da resistência lusitana aconteceram sob o comando de Viriato e Sertório. Embora as acções de Décimo Júnio Bruto e de Júlio César tenham sido decisivas, a tomada do território apenas ficou concluída no tempo de Augusto, tendo os Romanos acabado por dominar política, militar e culturalmente toda a Península.No período imperial, após a pacificação da Hispânia, a romanização progrediu mais rapidamente e estendeu-se a todo o território, se bem que de uma forma heterogénea: no Norte e Centro o processo foi mais lento e menos profundo.Roma, mais do que submeter os povos pela força das armas, desenvolvia um processo de aculturação, o que levou à formação de sociedades onde, embora a diversidade fosse manifesta, havia uma matriz civilizacional comum. O exército desempenhou um papel importante no processo devido aos seus múltiplos contactos e recrutamento de tropas auxiliares entre os autóctones.A cultura romana impôs-se através da abertura de escolas, da construção de estradas, da urbanização do território, pela incrementação do comércio e introdução de um novo sistema de exploração agrícola. O Latim vulgar tornou-se indispensável e obrigatório, suplantando os idiomas já existentes, facto que favoreceu a divulgação dos elementos ideológicos romanos. A religião greco-romana assimilou, nas zonas mais romanizadas, os cultos indígenas, constituindo um factor de coesão política do território.Na península Ibérica, a romanização ocorreu concomitantemente com a conquista, tendo progredido desde a costa mediterrânica até ao interior e à costa do Oceano Atlântico. Para esse processo de aculturação foram determinantes a expansão do latim e a fundação de várias cidades, tendo como agentes, a princípio, os legionários e os comerciantes.Os Romanos começaram a conquista da Península Ibérica pelo ano 218 a.C., durante a Segunda Guerra Púnica, entre Roma e Cartago, em que as tropas comandadas por Cneu Cipião desembarcaram em Ampúrias. Durante vários anos lutaram contra o domínio dos Cartagineses, acabando por expulsá-los da Península em 206 a. C., com a conquista de Cádis, passando a dominar o litoral mediterrânico. Seguiram-se as lutas contra os povos peninsulares. Por 194 a. C. deu-se o primeiro confronto com os Lusitanos. Entre os chefes destes sobressaíam Viriato e Sertório. A conquista da Península iria demorar até 19 a. C., no tempo de Augusto, dada a enorme resistência dos povos peninsulares ao assédio romano. A conquista foi-se estendendo do sul para o norte, mais montanhoso, onde era mais fácil resistir.Os primeiros, ao se miscigenarem com as populações nativas, constituíram famílias, fixando os seus usos e costumes, ao passo que os segundos iam condicionando a vida econômica, em termos de produção e consumo. Embora não se tenha constituído uma sociedade homogênea na península, durante os seis séculos de romanização registraram-se momentos de desenvolvimento mais ou menos acentuado, atenuando, sem dúvida, as diferenças étnicas do primitivo povoamento.A sua influência fez-se sentir em todos os setores. De uma economia rudimentar passou-se a uma economia agrícola com bom aproveitamento dos solos e das várias culturas, como o trigo, oliveira, fruta e vinha.

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A língua latina acabou por se impor como língua oficial, funcionando como fator de ligação e de comunicação entre os vários povos. As povoações, até aí predominantemente nas montanhas, passaram a surgir nos vales ou planícies, habitando casas de tijolo cobertas com telha. Como exemplo de cidades que surgiram com os Romanos, temos Braga (Bracara Augusta), Beja (Pax Julia), Santiago do Cacém (Miróbriga), Conímbriga e Chaves (Aquae Flaviae).A divisão administrativa e judicial foi feita à moda de Roma, com a divisão da Península em três províncias (Tarraconense, Lusitânia, Bética) e com a criação dos conventos jurídicos.A indústria desenvolveu-se, sobretudo a olaria, as minas, a tecelagem, as pedreiras, o que ajudou a desenvolver também o comércio, surgindo feiras e mercados, com a circulação da moeda e apoiado numa extensa rede viária (as famosas "calçadas romanas", de que ainda há muitos vestígios no presente) que ligava os principais centros de todo o Império.A influência romana fez-se sentir também na religião e nas manifestações artísticas.Tratou-se, pois, de uma influência profunda, sobretudo a sul, zona primeiramente conquistada. Os principais agentes foram os mercenários que vieram para a Península, os grandes contingentes militares romanos aqui acampados, a ação de alguns chefes militares, a imigração de romanos para a Península, a concessão da cidadania romana.Alicerçada em múltiplos fatores, a unidade do mundo romano contou, em primeiro lugar, com o prestígio do próprio imperador, figura emblemática e sagrada, símbolo da paz e da unidade. Contou, também, com a sabedoria dos juristas que, fazendo do Direito uma ciência, criaram um conjunto de leis notável que serviu de suporte à administração e à justiça. Mas, acima de tudo, a unidade do Império construiu-se com espírito de abertura e tolerância bem como com a capacidade de estender, aos povos conquistados, o estatuto superior da cidadania. Determinados a manter pela paz o que tinham conseguido pela guerra, os Romanos espalharam por todo o Império a sua cultura: os padrões urbanísticos, as construções arquitetónicas, as conceções artísticas, as grandes obras literárias, tornaram-se no património comum de todo o mundo romano e no legado cultural que mais marcou a nossa civilização. Cidades, obras de arte, pontes e estradas lembram a presença de Roma. Nenhum vestígio, porém, permanece mais vivo do que a língua em que se registam estas palavras.A cultura romana estava intimamente ligada à cidade, entendida, não como um simples conjunto de edifícios, mas como uma associação destinada a satisfazer hábitos, necessidades e interesses comuns aos que nela habitavam. Para além disso, os Romanos consideram as cidades como células ideais de administração, já que nelas se concentravam as instituições governativas. Assim se entende que uma das primeiras tarefas, após a conquista, fosse a reorganização ou a criação de centros urbanos: em regiões como a Grécia, onde o sistema de cidade já era antigo, os Romanos souberam respeitar a sua forma de funcionamento limitando-se a introduzir pequenas alterações; noutros locais, como a Gália ou a Península Ibérica, onde as cidades eram raras ou mesmo inexistentes, os Romanos apressaram-se a criá-las proporcionando-lhes as condições necessárias ao seu desenvolvimento. Deste modo, o Império Romano era um mundo de cidades dotadas de relativa autonomia, capazes de resolver localmente muitos dos seus problemas. E era sobre este espaço urbanizado que Roma estendia o seu domínio, impondo-se como modelo a seguir. Roma era a urbe por excelência, o centro de poder, o coração do Império.O mundo romano atingiu um notável grau de uniformidade cultural. Passadas as violências da conquista, enquanto o tempo sarava as feridas e a vida regressava à rotina do quotidiano, os povos submetidos deixavam-se cativar pela superioridade civilizacional dos Romanos e adotavam, de bom grado, o seu modo de viver e os seus valores. O mesmo urbanismo, as mesmas instituições, a mesma estrutura social uniam as províncias mais longínquas. Em todas se falava o latim, se honravam os deuses romanos e se aplicavam as normas do Direito. A esta integração plena das províncias no espaço civilizacional romano chamamos, vulgarmente, romanização. A romanização foi um processo lento mas seguro que, pouco a pouco, transformou em cidadãos romanos os povos conquistados. Embora algumas áreas tenham sido mais plenamente romanizadas do que outras, todo o Império sofreu a sua influência. Os Romanos tinham consciência de que residia na cidade, o cerne da sua cultura e do seu modo de viver. Consideravam-na, além disso, o núcleo ideal de administração das regiões provinciais. Por estas razões, a política de romanização centrou-se no desenvolvimento da vida urbana. À exceção das províncias onde a tradição urbana era antiga, os Romanos sentiram a necessidade não só de remodelar profundamente alguns núcleos indígenas como de proceder à fundação de cidades completamente novas. Estas cidades, que desempenhavam importantes funções administrativas, tornaram-se um pólo de atração dos habitantes locais, que, lentamente, a elas afluíram, deixando ao abandono muitas das antigas povoações. Algumas das cidades de que falamos eram colónias, isto é, cidades criadas de novo e povoadas por verdadeiros romanos, que escolhiam viver nas novas regiões. Em muitas colónias estabeleciam-se antigos soldados, cuja longa carreira de armas era recompensada com a concessão de boas terras.Quer fossem de origem militar, quer povoadas por emigrantes da Península Itálica em busca de uma vida melhor, as colónias tornaram-se um importante núcleo de desenvolvimento e de romanização, tendo contribuído fortemente para a aculturação dos povos locais. No nosso território, eram colónias PaxJuIia (Beja) e Scalabis (Santarém). Já que o seu povoamento resultava de um grupo de verdadeiros romanos, as colónias tinham direitos e privilégios iguais aos de Roma, isto é, eram cidades de Direito Romano e os seus cidadãos usufruíam dacidadania plena. Um degrau abaixo ficavam os municípios. Os municípios eram povoações ou cidades pré-existentes que os Romanos distinguiam com privilégios e se tornavam, por isso, activos focos de romanização. Aos municípios era, geralmente, concedido o Direito Latino, mas, a título excepcional, podiam

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obter o Direito Romano equiparando-se, neste caso, aos habitantes das colónias. De qualquer forma, o estatuto de munícipe era sempre um estatuto invejado, tanto mais que estas cidades gozavam também de grande autonomia administrativa, isto é, possuíam instituições de governo próprias, muito semelhantes às de Roma: um conselho de notáveis, a Cúria, que correspondia ao Senado, e um corpo de magistrados que percorria, igualmente, uma “carreira das honras”. O processo de extensão progressiva da cidadania completou-se, como sabemos, em 212, quando o imperador Caracala transformou em cidadãos todos os homens livres do Império. O exército foi outro importante veículo de romanização. Os legionários contactavam de perto com os habitantes locais e alguns estabeleciam-se definitivamente nas províncias. A participação de provinciais no exército, contratados como auxiliares, actuou no mesmo sentido. Depois de licenciados, quando regressavam à sua terra natal, estes elementos desempenhavam um importante papel como divulgadores da cultura romana. Sob o domínio romano desenharam-se quadros administrativos eficazes que persistiram durante séculos, resistindo mesmo à queda do Império. As autoridades romanas, fossem elas governadores de província ou simples magistrados urbanos, tiveram uma acção relevante na aculturação dos povos dominados. Embora, em alguns casos, tivessem imposto pela força novas formas de viver, de um modo geral as autoridades romanas mostraram uma atitude de tolerância e respeito pelos nativos, que puderam preservar os seus costumes. Esta atitude, que estabeleceu um clima de paz e confiança, foi muito positiva para o processo de romanização, já que favoreceu a atracção das populações pela civilização romana, à qual foram aderindo de forma gradual. Para acelerar este processo, as autoridades romanas não só fundaram escolas como souberam atrair os filhos dos chefes indígenas, que fizeram educar à maneira romana. Assim se criaram elites locais, constituídas por aqueles que, tendo nascido na Hispânia, ardiam de desejo de se tornarem verdadeiros romanos.A língua, a religião e o DireitoA língua foi, com certeza, a herança mais duradoura que os Romanos nos legaram. O latim, inicialmente limitado aos atos e documentos oficiais, rapidamente se difundiu, facilitando a comunicação entre conquistadores e conquistados. A partilha de uma língua comum tornou-se, como é evidente, um poderoso elemento de uniformização cultural. No mesmo sentido atuaram a religião e o Direito. A religião, porque estendeu os deuses romanos oficiais às regiões mais longínquas. Neste domínio, mais uma vez actuou positivamente a tolerância romana, que soube impor os seus cultos sem proibir os alheios. As antigas divindades locais coexistiram pacificamente com as divindades romanas às quais, porém, se destinavam os templos mais sumptuosos. É neste contexto que devemos integrar o culto do imperador. Quanto ao Direito, ele desempenhou, como já vimos, um papel primordial nas relações entre os Romanos e os povos dominados. O respeito pela lei era imposto a todos e todos o aceitavam, vendo nele a garantia da ordem, da segurança e da paz. Para além disso, as regras definidas pelo Direito espelhavam a forma de pensar dos Romanos, os seus valores e a sua ideia de justiça que, por esta via, se iam disseminando pelo Império.O desenvolvimento económico e a rede viária Em termos económicos, as províncias sofreram, com a chegada dos Romanos, profundas alterações. Os Romanos desenvolveram extraordinariamente as regiões ocupadas. Aproveitaram os solos, praticando uma agricultura intensiva, virada para a exportação. Grandes propriedades rústicas, tipicamente romanas, as villae, espalharam-se um pouco por toda a parte, produzindo bens comerciados por todo o Império. Em complemento, mantinha-se uma criação pecuária abundante.A par de uma intensa actividade agro-pastoril desenvolveram-se as indústrias. Em primeiro lugar as de extracção mineira, mas também as forjas, olarias, tecelagens e indústrias conserveiras tiveram grande implantação. Famoso pelo seu sabor requintado ficou o garum, conserva de peixe muito apreciada em todo o Império, de cujo fabrico restam, no nosso país, numerosos testemunhos. Em consequência desta vitalidade produtiva, crescem as feiras, multiplicam-se os mercados e uma azáfama ruidosa anima as cidades. A moeda circula abundantemente. Cabe aqui uma referência à excelente rede de estradas com que os Romanos recobriram todas as regiões do Império. Embora construída com propósitos administrativos e militares, a rede viária romana foi essencial ao desenvolvimento do comércio. Graças a estas ligações fáceis, toda o império partilhava do mesmo dinamismo económico. É o primeiro mercado comum europeu um espaço económico vasto, articulado e coeso, que só nos nossos dias, dois milénios passados, volta a ganhar forma.Processo de transmissão da cultura romana aos diversos povos do Império. A romanização foi um processo lento que, embora de forma desigual, atingiu todo o espaço político romano. Na opinião da maioria dos historiadores, o processo de romanização culmina com o Edito de Caracala (212 d. C), que concede a plena cidadania romana aos homens livres do Império.Processo de adaptação de um grupo ou povo a uma cultura diferente da sua. Os grupos minoritários ou os povos que se encontram sob dominação externa têm tendência para absorver a cultura dominante. Considera-se que este processo é tanto mais fácil e profundo quanto maior for o desnível civilizacional entre os dois grupos. Assim se entende que, no caso romano, as regiões do Ocidente tenham sido mais profundamente romanizadas que as do Oriente, onde o brilhantismo da cultura helénica bloqueou, em parte, o processo de romanização.A  Cidade dotada de ampla autonomia administrativa, que se rege por instituições semelhantes às da cidade de Roma. Aos munícipes pode ser atribuído o Direito Latino (que equivale à cidadania incompleta) ou o Direito Romano (a plena cidadania), o que, em ambos os casos, corresponde a um estatuto elevado. Por isso se considera que a proliferação deste tipo de cidades favoreceu o processo de romanização.

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A condição jurídica dos povos submetidos melhorava com o tempo, à medida que estes aceitavam o domínio romano e iam adquirindo a cultura dos conquistadores. Assim se compreende que a Itália, a primeira região que Roma dominou, usufruísse de uma condição superior às restantes. Às suas cidades foi concedido o Direito Latino até que, em 49 a. C., todos os homens livres foram equiparados a cidadãos romanos. O Direito Latino estabelecia um estatuto muito semelhante ao estabelecido pelo Direito Romano, que correspondia à cidadania plena. Distinguia-os, sobretudo, o facto de os cidadãos de Direito Latino estarem impedidos de exercer as altas magistraturas do Império. Quando, em 49 a. C., o Direito Latino foi abolido em Itália, ele ainda era considerado um privilégio nas restantes províncias, ficando reservado a algumas cidades, como forma de as honrar e distinguir. Normalmente, a condição jurídica de uma cidade estendia-se aos seus habitantes. No entanto, era vulgar a atribuição do título de cidadão romano àqueles que se distinguiam pelo seu mérito ou pelos bons serviços prestados a Roma. Alguns destes novos cidadãos escolhiam viver na capital do Império, onde integravam, livremente, a vida política. Este processo de progressiva elevação das províncias e dos seus habitantes ao mesmo estatuto dos seus dominadores concluiu-se, em 212 d. C., quando o imperador Caracala concedeu a plena cidadania romana a todos os habitantes livres do Império. O Estado romano conseguiu, pois, desligar o conceito de corpo cívico de um único povo. Num processo lento, mas irreversível, soube estabelecer a igualdade entre os povos conquistados e o povo conquistador. Este facto, sem paralelo na História dos impérios antigos, contribuiu como nenhum outro para a unidade do mundo romano. (40 pontos)

FIM