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2º SEMESTRE – DIREITO CIVIL III PROF ROBERTO BOLONHINI MATÉRIA SEMESTRAL: -CONTRATO DE COMPRA E VENDA -CLÁUSULAS ESPECIAIS DO CONTRATO DE COMPRA E VENDA -CONTRATO DE TROCA OU PERMUTA -CONTRATO ESTIMATÓRIO -CONTRATO DE DOAÇÃO -CONTRATO DE LOCAÇÃO DE COISA MÓVEL -CONTRATO DE LOCAÇÃO DE COISA IMÓVEL (LEI 8.245/91) -CONTRATO DE COMODATO -CONTRATO DE MÚTUO -CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO -CONTRATO DE EMPREITADA -CONTRATO DE DEPÓSITO -CONTRATO DE COMODATO (COMISSÃO SÓ NO QUE SE REFERE A DIFERENÇA AO COMODATO) -CONTRATO DE CORRETAGEM -CONTRATO DE TRANSPORTE -CONTRATO DE SEGURO -CONTRATO DE CONSTITUIÇÃO DE RENDA -CONTRATO DE JOGO E APOSTA -CONTRATO DE FIANÇA -CONTRATO DE TRANSAÇÃO -CONTRATO DE COMPROMISSO CONTRATOS TÍPICOS CONTRATO DE COMPRA E VENDA Está contemplado no C.C. nos artigos 481 a 532. É um dos contratos mais utilizados na sociedade. Definição e Características do Contrato de Compra e Venda Conceito: O contrato de compra e venda consiste num contrato típico e nominado, em que uma pessoa qualificada de vendedora, transfere a outra, denominada compradora, uma coisa corpórea ou incorpórea mediante o pagamento de um valor pecuniário (pagamento em dinheiro diferencia o contrato de troca ou permuta) ou por meio de um bem passível de ser transformado em valor monetário (exemplo: um título de crédito). Há quem faça essa diferenciação (Orlando Gomes) entre contrato de compra e venda que envolve um bem corpóreo e contrato de compra e venda que envolve bem incorpóreo que se assemelha a uma cessão de direitos.

Direito Civil III - 2o Semestre

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2º SEMESTRE – DIREITO CIVIL III PROF ROBERTO BOLONHINI

MATÉRIA SEMESTRAL: -CONTRATO DE COMPRA E VENDA -CLÁUSULAS ESPECIAIS DO CONTRATO DE COMPRA E VENDA -CONTRATO DE TROCA OU PERMUTA -CONTRATO ESTIMATÓRIO -CONTRATO DE DOAÇÃO -CONTRATO DE LOCAÇÃO DE COISA MÓVEL -CONTRATO DE LOCAÇÃO DE COISA IMÓVEL (LEI 8.245/91) -CONTRATO DE COMODATO -CONTRATO DE MÚTUO -CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO -CONTRATO DE EMPREITADA -CONTRATO DE DEPÓSITO -CONTRATO DE COMODATO (COMISSÃO SÓ NO QUE SE REFERE A DIFERENÇA AO COMODATO) -CONTRATO DE CORRETAGEM -CONTRATO DE TRANSPORTE -CONTRATO DE SEGURO -CONTRATO DE CONSTITUIÇÃO DE RENDA -CONTRATO DE JOGO E APOSTA -CONTRATO DE FIANÇA -CONTRATO DE TRANSAÇÃO -CONTRATO DE COMPROMISSO

CONTRATOS TÍPICOS CONTRATO DE COMPRA E VENDA Está contemplado no C.C. nos artigos 481 a 532. É um dos contratos mais utilizados na sociedade. Definição e Características do Contrato de Compra e Venda Conceito: O contrato de compra e venda consiste num contrato típico e nominado, em que uma pessoa qualificada de vendedora, transfere a outra, denominada compradora, uma coisa corpórea ou incorpórea mediante o pagamento de um valor pecuniário (pagamento em dinheiro diferencia o contrato de troca ou permuta) ou por meio de um bem passível de ser transformado em valor monetário (exemplo: um título de crédito). Há quem faça essa diferenciação (Orlando Gomes) entre contrato de compra e venda que envolve um bem corpóreo e contrato de compra e venda que envolve bem incorpóreo que se assemelha a uma cessão de direitos.

O contrato de compra e venda é considerado um contrato sinalagmático. 1ª Característica – contrato bilateral – porque gera deveres contratuais recíprocos. Devedor tem o dever de entregar coisa e o comprador tem o dever de pagar o preço. Também é chamado sinalagmático. 2ª Característica – oneroso – porque geram para as partes envolvidas vantagens patrimoniais recíprocas. Vantagem do devedor é o acréscimo em seu patrimônio oriundo do preço. A vantagem patrimonial do comprador é o acréscimo em seu patrimônio oriundo da coisa. 3ª Característica – comutativo ou aleatório – artigos 458, 459, 460 e 461 – na permuta é apenas comutativo, lembrando sempre que os contratos comutativos são aqueles que as partes envolvidas sabem de antemão, tem certeza, do que deverão cumprir como prestação e contraprestação. Os contratos de compra e venda também podem ser aleatórios (os contratos comutativos não podem), o contrato é aleatório quando há uma incerteza para as partes envolvidas daquilo que elas deverão cumprir como prestação e contraprestação. Ex: Emptio Rei Spei (458), Emptio Rei Speratae (459). 4ª Característica – consensual – porque ele se aperfeiçoa, ele tem a sua formação por meio da proposta e aceitação. Compra e venda e contrato de permuta são contratos consensuais que dependem apenas de proposta e aceitação. Diversamente dos contratos consensuais temos os contratos reais, que para formação além da proposta e aceitação se exige também a transferência de uma coisa (caso do depósito, caso do comodato e no caso do mútuo que são contratos reais). 4ª Característica – Formal ou Não Formal – existe compra e venda/troca ou permuta escrita (formais) e existe compra e venda/troca ou permuta verbal, alias a maioria das compras e vendas são verbais. Contratos escritos (formais), contratos verbais (não formais). 4ª Característica – solene ou não solene – será não solene quando for não formal ou quando for formal não exigir especificidade determinada em lei, ou seja, um contrato de compra e venda feito por particular. O contrato será solene quando a sua validade depender de uma especificidade determinada na lei, ou seja, quando depender de uma solenidade indicada na lei. Se tratando de bens imóveis, via de regra, o contrato é formal e solene. Essa troca/permuta ou venda deverá ser feita por instrumento público realizado no tabelionato e levada à registro no Cartório de Registro de Imóveis. Olhar artigo 107 do C.C. 5ª Característica – contrato com caráter translativo do domínio – a compra e venda é um instrumento que viabiliza a transferência da propriedade. Apenas um instrumento. Porque efetivamente transfere domínio, tratando-se dos bens móveis é a tradição – entrega efetiva da coisa, do vendedor ao comprador. E no caso dos bens imóveis, é um registro imobiliário.

A compra e venda/troca ou permuta estão no âmbito das obrigações e servem como instrumento de transferência da propriedade e do domínio. Exemplo: X e Y firmam um contrato de compra e venda por escrito, podendo ser um escrito particular ou público em que X se compromete a pagar R$50.000,00 e Y entregar a X um anel de ouro. Assinaram o contrato, tudo certo, X já é proprietário do anel? Não. Aqui existe uma obrigação, se Y não entregar o anel, X tem duas hipóteses, executar o contrato, exigir, se possível, a obrigação de dar ou não sendo possível, poderá requerer a resolução do contrato acrescido de perdas e danos. Para que X seja proprietário é necessária à tradição, a entrega da coisa de Y a X. Enquanto não houver a entrega, a tradição, não há transferência de domínio, o contrato é meramente instrumento dessa transferência, o contrato viabiliza essa transferência. Isso em relação a coisas móveis. Em relação a bens imóveis, o que transfere o domínio do bem imóvel é o registro imobiliário que viabiliza a transferência do domínio da propriedade. OBSERVAÇÃO: Artigo 533 – Contrato de Troca ou Permuta – Leva as mesmas características do contrato de compra e venda. A troca ou permuta foi a primeira forma contratual utilizada nas civilizações mais antigas, pois não existia uma coisa, um bem que pudesse ser universal e passível de viabilizar o comercio (ao dinheiro, ao papel moeda que hoje existe). Então a troca ou permuta era qualificada de escambo. Trocava-se, ou era trocado, um cavalo por uma vaca, por exemplo. As civilizações foram percebendo que era necessário criar um bem que fosse universal, dentro de uma sociedade que servisse de bem de troca comum. Utilizou-se a principio como bem comum cabeça de gado. Em vez de dar um saco de milho por um de feijão dava uma cabeça de gado em troca de 10 sacos de milho. Percebeu-se que poder-se-ia cunhar metais preciosos e utiliza-los como moeda e em seguida criou-se o papel moeda. Ato de interposição – toda compra e venda que realizamos, utilizando papel moeda não deixa de ser uma troca ou permuta indireta, não deixa de ser um escambo indireto. Exemplo: Eu tenho uma casa e eu quero comprar um carro. Vendo a casa e com o dinheiro compro o carro. É um ato de interposição, só que ao invés de eu fazer uma troca direta eu uso o dinheiro como um ato de interposição. Por isso que as regras do contrato de compra e venda podem ser usadas na troca ou permuta, ressalvado as hipóteses do parágrafo primeiro e segundo do artigo 533 do C.C. Definição: Troca ou permuta nada mais é do que a transferência reciproca de coisas entre as partes que apresentam valores equivalentes, sem que em regra se envolva dinheiro. Troca ou permuta também é um contrato: 1º bilateral; 2º oneroso;

3º comutativo (somente – ou seja, não pode ser aleatório); 4º consensual, pode ser formal ou não formal, pode ser solene ou não solene; 5º translativo do domínio. Há autores que entendem diferentemente: Sílvio Rodrigues – não se descaracteriza a própria permuta a disparidade entre os valores dos bens permutados ou ainda não se descaracteriza a própria permuta a entrega de um bem, por uma das partes, com valores monetários agregados. Exemplo: X entrega a Y uma moto no valor de R$30.000,00 e Y entrega a X um carro no valor de R$50.000,00. Sílvio diz que aqui haverá troca ou permuta entre a moto e o carro, os R$20.000,00 a mais no valor do veículo seria considerado doação de Y a X. Exemplo 2: X entrega a Y uma moto no valor de R$30.000,00 mais R$20.000,00 e Y entrega a X um automóvel no valor de R$50.000,00. Até os valores de R$30.000,00 seria troca ou permuta. Os R$20.000,00 entregues a mais seria considerado compra e venda. Carlos Roberto – quando for envolvido dinheiro na troca reciproca de bens, o contrato pode ser considerado troca ou permuta ou compra e venda, o que será determinante neste sentido é o valor monetário envolvido. Se esse valor monetário (dinheiro), for inferior a 50% economicamente em relação ao bem a ser recebido o contrato será de troca ou permuta. Se este valor exceder a 50% será considerado o contrato de compra e venda. Exemplo: X entrega uma moto e R$20.000,00 a Y e Y entrega o carro no valor de R$50.000,00. Os vinte mil significa menos de 50% do valor do automóvel, portanto, neste caso esse contrato seria de troca ou permuta. Exemplo 2: digamos que Y entregasse a X uma moto no valor de R$20.000,00 e mais R$30.000,00. Neste caso seria compra e venda, pois R$30.000,00 em relação ao valor do veículo, excede em 50% o valor do bem. 13/08/13

Requisitos (Elementos) Essenciais de Caráter Particular do Contrato de

Compra e Venda Basicamente são três: Preço, Coisa e Consentimento. 1º Preço – não existe compra e venda sem preço. Uma relação contratual chamada de compra e venda que não tem preço na verdade é doação. O preço é essencial para a compra e venda. Basicamente tem 3 características: a)Pecuniariedade – o preço deve ser pago em espécie (dinheiro) e em moeda nacional. O que pode acontecer no contrato de compra e venda é fixar-se o preço e aplicar-se

índices de correção inflacionaria. Tem se admitido o dólar, euro como um verdadeiro indexador. O preço segundo o código civil não pode ser fixado por uma parte, deve ser fixado de comum acordo. Admite-se também a fixação do preço por meio de índices na bolsa de valores (Art. 485 do C.C). b)Certeza – o preço pode ser determinado ou determinável. O preço também tem que ser individualizado, fixado efetivamente o seu valor. c)Seriedade – é um preço que não é simbólico, não fictício, não é vil, não é jocoso. É um preço que atende mais ou menos a expectativa de mercado, em termos de valor, e que é pago segundo a moeda nacional, segundo o seu lastro. 2º Coisa – contrato de compra e venda sem coisa é doação em dinheiro. A coisa no C.D.C é mais tecnicamente conceituada, é qualificada de produto e nesse aspecto o vigente código civil falhou, pois deveria ter seguido a mesma linha de pensamento que teve o elaborador do C.D.C. A coisa, ou produto, tem que ter as seguintes características: a)Existência – no momento em que firmo um contrato de compra e venda a coisa deve existir de forma concreta, ou pelo menos ter uma existência latente potencial (exemplo: firmo um contrato de compra e venda com uma fazenda de café, o objeto da compra é a safra de café de 2014, a safra ainda não existe, mas sim uma existência latente potencial). b)Individuação – no momento em que se firma um contrato de compra e venda o bem deve ser individuado para que seja diferenciado de outro bem, outras coisas iguais que existem naquele determinado universo de bens, ou ele deve ser destacado de coisas diferentes mas que são oferecidas ao comprador no momento em que o contrato é firmado. Temos 4 situações: 1.vou a uma loja de automóveis, vejo um gol com todas as suas individuações (cor, chassi, etc). 2.vou a loja e quero comprar um automóvel 2010, de 30 mil reais, o vendedor me oferece 4 modelos. A coisa não é individuada de plano, mas é possível haver escolha posteriormente. 3.sei que vai ter o lançamento de um novo carro, antecipo o contrato de compra e venda e fica a entrega para fevereiro. Quando chegar fevereiro, vou individuar o automóvel. c)Disponibilidade – a coisa deve integrar a propriedade do vendedor. É nula a venda feita pelo vendedor de uma coisa que seja de propriedade de terceiros. Exemplo: X no dia 13/08/13 vende a Y um automóvel de propriedade do indivíduo Z, essa compra e venda é nula, pois Y está vendendo algo que não é de sua propriedade.

Exemplo 2: dia 30 /11/13 X efetivamente adquire a propriedade do veículo junto ao indivíduo Z, neste caso a venda feita no dia 13/08/13 será convalidada. d)Estar no comércio – a coisa deve estar no comércio jurídico, deve ser passível, portanto, de alienação. Há coisas que não podem ser alienadas, portanto, não podem ser objetos de compra e venda, pois se encontram fora do comércio. Há três causas que fazem com que a coisa não possa ser objeto do contrato de compra e venda. São as seguintes: 1.A própria natureza da coisa. Há coisas que pela própria natureza não podem ser apropriadas pelo homem, não podem ser apreendidas pelo ser humano. Não havendo na hipótese interesse ou utilidade para o mundo jurídico. Exemplos: sol, lua, oceanos, ar atmosférico, rios públicos, etc. 2.A determinação legal. A própria norma jurídica pode tirar o objeto do comércio. Exemplos: a lei que determina que os bens públicos são inalienáveis (não posso comprar armas do exército, praças públicas, etc). 3 espécies de bens públicos (bens de uso comum do povo – praça pública; bens de uso especial da administração pública – prédio no qual está locada a secretária de saúde do município de são Paulo; bens dominicais – únicos bens que embora sejam públicos, estão no comércio, pois são passíveis de alienação, embora, integrem o patrimônio público – museu do Ipiranga tem vários objetos que são da corte imperial). 3.A própria vontade do proprietário da coisa. Há bens, coisas, que o proprietário grava com a cláusula de inalienabilidade jurídica. Coisas gravadas com clausula de inalienabilidade jurídica estão fora do comércio e não podem ser objeto de compra e venda. As regras da cláusula de inalienabilidade jurídica se encontram disciplinadas no artigo 1911 do C.C. Para que exista a cláusula de inalienabilidade jurídica, exige-se três requisitos: a)que o titular da propriedade, da coisa, a transfira a título gratuito. Exemplo: por meio de um contrato de doação ou através do testamento. b)que a cláusula de inalienabilidade jurídica se encontre expressamente prevista no título de transferência da coisa. Exemplo: no contrato de doação ou no testamento. c)que haja um motivo jurídico que justifique a existência da cláusula de inalienabilidade. Exemplo: o indivíduo X tem um filho Y e este filho é pródigo (aquele individuo que tende naturalmente a dilapidar todo o seu patrimônio) e o indivíduo X não requer a interdição do filho, mas se preocupa efetivamente com o patrimônio do filho, que não consegue administra-lo a contento. X faz uma doação de um imóvel a contento de Y, mas o grava com cláusula de inalienabilidade jurídica. X é o doador e Y é o donatário. Artigos 538 a 564. Essa cláusula de inalienabilidade é vitalícia. Tal cláusula traz consigo ainda mais duas cláusulas de incomunicabilidade jurídica e impenhorabilidade.

14/08/13 3º Consentimento – contrato de compra e venda sem consentimento ou sem vontade gera vício no contrato, trazendo a inexistência do contrato de compra e venda. Como todo e qualquer contrato, e a compra e venda não fica fora desta perspectiva, para que a pessoa por si só firma a avença é fundamental que as partes tenham capacidade civil. Dependendo da incapacidade de fato, se absoluta ou relativa, ela pode ser suprida/suprimida por meio da representação ou assistência. O artigo 3º aponta as hipóteses de incapacidade civil absoluta e o artigo 4º as hipóteses de incapacidade civil relativa. Tratando-se de incapacidade civil absoluta quem deve firmar o contrato é o representante do incapaz. Se tratando de relativa o incapaz pode firmar o contrato desde que seja assistido. Se o absolutamente incapaz firmar o contrato por si só o contrato é nulo de pleno direito, artigo 166 do código civil. Se o relativamente incapaz, sem a devida assistência, por si só firmar o contrato ele será anulável, artigo 171 do código civil. Observação: Há determinadas compras e vendas que se caracterizam como ato/fato jurídico, quando estamos diante de um ato/fato jurídico, especialmente uma compra e venda leva-se em conta muito mais o fato em si, que é relevante socialmente e individualmente falando e a vontade qualificada do agente. Em outras palavras, quando o ato, o contrato de compra e venda se caracteriza pela prática de um ato/fato jurídico não se leva em conta a capacidade civil do agente, e sim o fato, que é relevante. É a hipótese de uma criança se dirigir a uma padaria e comprar um alimento, um pão, um sorvete e etc. Ainda que ele tenha 10 anos, portanto, absolutamente incapaz, esse ato de aquisição do alimento não deixa de ser um contrato de compra e venda. Não é nulo, pois a finalidade é a alimentação, e não outro propósito. Agora se a criança dirigir-se a uma concessionária de veículos e adquirir uma moto, seria nulo o contrato. Alguns contratos de compra e venda, além da capacidade civil do agente, dentro do elemento consentimento, exige ainda uma capacidade especial chamada de “legitimação”. Esta capacidade especial, esta legitimação resulta das circunstancias jurídicas em que a simples capacidade civil do agente não é suficiente para que a compra e venda seja válida. É necessária uma capacidade a mais, um plus. A primeira hipótese é a compra e venda de ascendente para descendente. Artigo 496 do Código Civil. Toda vez que o ascendente pretender vender ao descendente uma coisa (seja ela móvel ou imóvel), para ser válida depende da anuência dos demais descendentes e inclusive do cônjuge, dispensando-se a anuência do cônjuge quando o regime do casamento for o da separação obrigatória de bens. Caso não ocorra a anuência referida, a compra e venda é anulável. A segunda hipótese de legitimação ou capacidade especial está esculpida no artigo 497 do Código Civil. Ele limita determinadas vendas e compras, ele impossibilita que

em determinadas circunstancias jurídicas o contrato de compra e venda ou de cessão de crédito seja válido. Aqui, a capacidade especial ou legitimação deve ser interpretada a contrário senso, pois dependendo, pessoas que são plenamente capazes podem realizar a compra e venda com determinadas pessoas e com outras não. É a hipótese dos juízes (que não podem adquirir bens que estiverem sob sua atuação jurisdição), o curador, dentre outras situações elencadas do 497 do Código Civil. A terceira hipótese de legitimação ou capacidade especial está esculpida nos artigos 1647 e seguintes do código civil. Sendo o individuo casado sob o regime da comunhão universal de bens, comunhão parcial de bens e sob o regime da participação final nos aquestos (regime de bens em que se reserva uma parte dos bens para cada cônjuge e simultaneamente uma quantidade de bens que pertencem em comum a ambos), a venda por ele de um imóvel depende da outorga do outro cônjuge, outorga marital, para que a compra e venda seja válida, não bastando a capacidade civil do agente, que depende da anuência, da outorga para ter legitimação. Esta outorga é dispensável se o regime de bens for a da separação ou ainda se da participação dos aquestos, desde que nesta segunda hipótese exista no pacto anti nupcial uma cláusula dispensando a outorga referida. Exceto as hipóteses do artigo 1641 em que o regime de bens obrigatório é o da separação, quando as pessoas se casam, elas têm a oportunidade de escolher o regime. Qual o regime comum? O da comunhão parcial de bens. Nada obsta, no entanto, que os cônjuges designem outro regime e ai para escolhê-lo deverão firmar um pacto antinupcial, que é um verdadeiro contrato entre os cônjuges firmado em escritura pública que define o regime de bens. Vale para casamento e para união estável. A quarta hipótese de legitimação ou capacidade especial ocorre em determinados indivíduos, que não podem realizar compra e venda com o próprio cônjuge ou convivente, em razão do regime de bens escolhidos para o matrimonio ou união estável. O exemplo típico desta situação é o casamento, ou união estável que tem como regime de bens o da comunhão universal. Quando o regime escolhido é o da comunhão universal, seja no matrimonio ou união estável, todos os bens existentes antes do matrimonio, da união e posteriormente adquiridos após o casamento ou união estável pertencem a ambos os cônjuges ou conviventes. Então a compra e venda de bens entre os cônjuges ou conviventes não é valida, inexiste por falta de legitimação a contrario senso. O artigo 504 do Código Civil aponta outra situação de capacidade especial ou legitimação. O 504 não se refere ao condomínio edilício (em prédios), pois este tem uma natureza jurídica dúplice, tem apartamentos em áreas comuns e outras particulares. O artigo refere-se ao condomínio em seus aspectos gerais X, Y, Z resolvem unir forças e adquirem imóveis. Na escritura pública de compra e venda fica indicado a fração ideal de cada condômino onde X=20%, Y=50% e Z=30%. Em um dado momento, X resolve alienar a sua fração, recebe uma proposta de W que oferece 3 milhões de reais a vista, X e W são civilmente capazes.

Se o condômino alienar sua fração ideal, relativa a um bem indivisível a um terceiro, sem oferecer aos demais condôminos, ainda que capazes vendedor e comprador, essa venda não é valida por tratar da hipótese de legitimação. Visto que, em razão do condômino, artigo 504 do C.C., o condômino vendedor, antes de alienar a sua parte ideal a terceiro, deveria oferecer aos demais condôminos. A legitimação para essa venda depende do interesse dos demais condôminos na aquisição da fração a ser alienada. Se o condômino não oferecer a parte ideal a ser alienada aos demais condôminos, e vende-la a terceiro, os condôminos interessados tem o prazo decadencial de 180 dias para depositar em juízo o preço, para reaver a fração, sob pena de não realizando o depósito, tornar a venda válida. O consentimento também, além da capacidade civil, além da legitimação, exige uma manifestação de vontade sem defeito, sem vício, muitas vezes a compra e venda é anulada por conta desse vício, especialmente quando pensamos no erro de fato em relação a coisa, objeto da compra e venda, ou em relação a suas qualidades. O erro de fato está disciplinado nos artigos 139 a 144 do Código Civil. Erro de fato é aquele equivoco pessoal, em que o individuo tem um falso conhecimento da realidade. Penso que estou comprando um imóvel no bloco A de um determinado condomínio quando na verdade estou comprando no bloco B e não percebo na escritura essa diferença, algo que anula a compra e venda por vício do consentimento. Ou em relação as qualidades do objeto, penso que estou comprando um relógio de ouro mas o relógio é foleado a ouro. 20/08/13

Principais Consequências ou Efeitos Jurídicos do Contrato de Compra e

Venda

1º - Refere-se a compra e venda “ad corpus” e a venda “ad mensuram”. Esta situação

de venda “ad corpus” e “ad mensuram” se encontram consagradas no artigo 500 do C.C. Uma compra “ad mensuram” ocorre quando o preço é pago por medida de extensão. Ex. Sei que tem uma casa na rua dos trilhos com 10m de frente e 200m de fundo. São 2000m². O preço que será pago é de R$2.000,00 o metro quadrado. O valor total é de R$2.000.000,00. O preço é pago de acordo com a medida de extensão (hectare, metro quadrado, etc). Quando a compra e venda é feita tendo em vista a coisa certa, individuada, não se levando em conta a medida de extensão e o preço é pago em razão da coisa em si, a compra e venda nessa hipótese é uma compra e venda “ad corpus”. Por exemplo: paga-se o preço de R$500.000,00 pelo imóvel que se encontra na rua dos trilhos, nº70. Não se leva em conta, portanto, a dimensão desse imóvel, a área deste imóvel. Se compra o imóvel como ele se apresenta, com suas características certas e individuadas.

A diferença é a seguinte: quando a compra e venda é “ad mensuram” e a dimensão concreta do imóvel for mais de 1/20 (um vinte avos), menor que a dimensão indicada no título causal, pode o comprador reclamar essa diferença propondo uma ação que tem o seguinte nome Ex Empto. O que pode ser formulado no pedido desta ação? 1-complementação da área; 2-resolução do contrato; 3-abatimento no preço. Quando se diz que há uma diferença superior a 1/20, quer dizer que há uma diferença de mais de 5% na dimensão do terreno. Exemplo: imóvel se localiza na rua dos trilhos, e na escritura está indicado 10m de frente e 200m de fundo. A área desse imóvel é de 2000m². 5% desta área corresponde a 100m². Então se na escritura de transferência constar uma área de 2000m², mas posteriormente o comprador comprovar que a área tem menos de 1900m², ele pode propor a ação “Ex Empto” com um dos pedidos (pedir a resolução do contrato, a complementação da área ou abater o preço pago). Se a diferença for menor (inferior) e, portanto menor ou igual a 1/20 (5%), não poderá o comprador propor a ação “Ex Empto” porque a diferença é meramente enunciativa. Exemplo: então o terreno tem na realidade 1950m², tem exatamente 2,5% a menos da área indicada na escritura de transferência. Não poderá propor a ação “Ex Empto”. Existem terrenos que sofrem, que são objetos de avulsão (há terrenos que são ribeirinhos, que tem uma das suas atestadas voltada pro rio, e própria corrente fluvial tira parte do próprio terreno). O terreno tinha até então 2000m² e passa a corrente fluvial e retira 210m². Exemplo: no Rio São Francisco é muito comum isso acontecer. Existe a chamada ação “Ex Empto” inversa, ação proposta pelo vendedor em face do comprador. Isso ocorre quando o imóvel apresentar uma área no título causal que tem uma dimensão inferior à área concreta vendida. Devendo esta diferença ser superior a 1/20 (5%). Nesta hipótese o vendedor vai propor a ação ex empto inversa e podendo exigir a escolha do comprador à devolução da área excedente ou a devolução de parte do preço, ou seja, no título de transferência de propriedade consta uma área de 2000m², sendo pago pelo comprador R$2.000,00 o m². Sendo pago no total R$4.000.000,00. Mas a dimensão real do imóvel é de 2200m². Nessa situação o vendedor pode exigir do comprador a reparação dessa área a mais atribuída ao comprador e tem duas possibilidades: a devolução dos 200m² que foram dados a mais ou a diferença do pagamento em dinheiro (o comprador deveria pagar nessa hipótese pagar R$400.000,00), o comprador que irá escolher devolver o que excedeu a área ou devolver o valor em dinheiro. Se a venda for “ad corpus” não há a possibilidade de se propor a ação “Ex Empto”, seja por parte do comprador ou vendedor.

Observação: na verdade a propositura da ação ex empto é possível quando a diferença for SUPERIOR a 1/20.

2º – Refere-se aos vícios redibitórios e aos efeitos jurídicos da evicção.

A responsabilidade por eventuais vícios redibitórios e pelos efeitos jurídicos da evicção são do vendedor, salvo disposição em sentido contrário em determinadas situações que a ordem legal permite. A regra é no sentido do vendedor ser responsável pelos vícios redibitórios e pelos efeitos jurídicos da evicção. Existem situações jurídicas, que no próprio contrato é possível se atribuir essa responsabilidade ao comprador. Exemplo: se a relação contratual for baseada no Código de Defesa do Consumidor, não é possível se atribuir ao consumidor essa responsabilidade. Exemplo 2: se for uma relação contratual baseada no CC, é possível atribuir ao comprador, desde que o contrato não seja de adesão.

3º - As despesas de transferência da coisa, no contrato de compra e venda, são de

responsabilidade do comprador. Enquanto que as despesas relativas à tradição (entrega efetiva) são de responsabilidade do vendedor, salvo disposição em sentido contrário. Exemplo: um bem imóvel, como se transfere a propriedade imóvel no Brasil? Quando a transferência é derivada, a forma de se transferir é por meio do registro imobiliário. Existe o chamado registro torrens (art. 277 e seguintes da lei 6.015/76 Lei dos Registros Públicos) que é aplicado para imóveis rurais, que depende da instauração de um processo judicial que haverá uma sentença que declarará a posse do imóvel, embora ele ainda esteja em vigor no Brasil, ele caiu em desuso. Não há como revogar uma norma jurídica pelo desuso. Ele é ineficaz. Portanto, a forma que nos resta, é por meio do registro imobiliário. Como se transfere a propriedade imóvel? Há a necessidade de se lavrar uma escritura pública de compra e venda no cartório de notas (qualquer um, não existe um critério de competência). Lavrou a escritura pública você vai leva-la à registro e aí sim existe um critério de competência. Você vai levar ao registro imobiliário competente e assim a propriedade é transferida. Em relação a tradição, a entrega efetiva da coisa, que é muito comum as coisas móveis, se houver despesa é do vendedor, salvo em sentido contrário.

4º - Refere-se a obrigação do vendedor e obrigação do comprador, ou o dever

contratual do vendedor e o dever contratual do comprador. O vendedor tem o dever contratual, a obrigação, de entregar ao comprador a coisa vendida e o comprador tem o dever contratual, a obrigação, pagar o preço estabelecido no contrato.

Obs: esse pagamento do preço e a entrega da coisa devem ser pontuais. Se for um contrato espontâneo em que se paga a coisa e há a entrega da coisa, primeiro deve-se pagar o preço para posteriormente ser entregue a coisa. Se for uma situação de compra e venda não instantânea e sim diferida, com pagamento e entrega de coisa em data futura. Tem que fazer o pagamento e a entrega na data avençada, caso contrário enfrentarão os efeitos da mora.

5º - Quanto a responsabilidade civil pelo perecimento ou deterioração da coisa,

objeto da compra e venda, ou do preço pago. Até a entrega da coisa, por parte do vendedor ao comprador, como também até o pagamento do preço, por parte do comprador ao vendedor, a responsabilidade pelo perecimento ou deterioração da coisa ou do preço é respectivamente do vendedor e do comprador. Diversamente, entregue a coisa ao comprador, pago o preço ao vendedor, ocorrendo perecimento ou deterioração da coisa ou do preço, a responsabilidade civil é respectivamente do comprador e do vendedor. Exemplo: vou a uma loja, escolho um relógio e vou pagar o preço na boca do caixa. Quando eu vou entregar o dinheiro chega um bandido e leva o dinheiro embora. A responsabilidade é totalmente minha, do comprador. Eu não posso atribuir como comprador essa responsabilidade ao vendedor. Exemplo: tiro o dinheiro do bolso, pago, ele apanha o dinheiro no caixa, chega o assaltante e leva o dinheiro embora. Eu tenho direito a coisa. O vendedor se torna responsável pelo perecimento. Enquanto a coisa não é entregue ao comprador, a responsabilidade é do vendedor. Enquanto o valor não é pago ao vendedor, a responsabilidade é do comprador. 21/08/13

6º - Esta disposta no artigo 484 do Código Civil. A coisa deve ter as mesmas

características que foram oferecidas. Essa regra é muito clara, quando a venda é feita por amostra, por protótipo ou modelo, o vendedor é OBRIGADO a entregar a coisa, objeto da compra e venda com as características do modelo, protótipo, amostra oferecidos. Se houver diferença, o comprador pode exigir que se entregue a coisa com as características, ou não sendo possível pode pedir a resolução do contrato acrescido de perdas e danos. Isso se aplica inclusive, hoje, na compra e venda de imóveis via internet.

CLÁUSULAS ESPECIAIS (CLÁUSULAS ADJETAS) DO CONTRATO DE COMPRA E VENDA

O Código Civil a partir do artigo 505 até o artigo 532 aponta 5 espécies de cláusulas especiais:

1ºContrato de Compra e Venda com Cláusula de Retrovenda 2ºCompra e Venda a Contento ou Sujeita à Prova 3ºCompra e Venda com Cláusula de Preferência (Preempção)(Prelação) 4ºCompra e Venda com Reserva de Domínio 5ºCompra e Venda sobre Documento Embora o código aponte essas 5 cláusulas especiais, o contrato de compra e venda não esta adstrito a estas cláusulas apenas, pode se criar novas cláusulas ou mesclar tais cláusulas que sejam compatíveis. Elas surgem da manifestação de vontade das partes, mas não é da natureza da compra e venda, pode ser inclusa como cláusula especial.

1º - Contrato de Compra e Venda com Cláusula de Retrovenda A cláusula de retrovenda possibilita que o vendedor de um bem imóvel (somente para bens imóveis) readquira a propriedade da coisa do comprador mediante a devolução do preço pago acrescida das despesas de transferência podendo o vendedor resgatar o imóvel se o fizer no prazo indicado no contrato, prazo esse que não pode ser superior a 3 anos. O prazo em questão é decadencial. Exemplo: X venda a Y um imóvel pelo preço de R$500.000,00. Ficando acordado no contrato que se no prazo de 24 meses X devolver a Y o preço recebido acrescidos das despesas de alienação, o imóvel em questão retornará ao patrimônio do vendedor. Ainda que o comprador, nesse prazo indicado, tenha alienado o imóvel a terceiro. Essa cláusula hoje tem uma aplicação diminuta, pequena. Infelizmente ela é muito utilizada por agiotas. A agiotagem é crime. O agiota para ter uma garantia maior, utiliza esse procedimento da retrovenda. Exemplo: Y (agiota) empresta a X R$100.000,00 e Y diz que X deverá devolver em 1 ano o valor de R$500.000,00. Só que X possui uma casa no valor de R$600.000,00. Eles fazem um contrato de compra e venda em que o preço indicado é de R$500.000,00. Então em até 1 ano o X pode resgatar o imóvel, pagando R$500.000,00. Se o X pagar os R$500.000,00 ele resgata o imóvel, se ele não pagar os R$500.000,00 o imóvel fica para Y (agiota). É uma situação passível de nulidade, é considerado simulação. Lembrando sempre que o comprador de um imóvel com essa cláusula de retrovenda, é chamado de proprietário diferido e tem uma propriedade resolúvel (propriedade temporária) até que se expire o prazo para o resgate.

2º - Contrato de Compra e Venda a Contento ou Sujeita à Prova Se subdivide em: a)Cláusula a Contento O comprador recebe a coisa e a seu critério, independentemente da qualidade indicada pelo vendedor, pode ou não ficar com a coisa. É uma cláusula chamada de “ad custum”.

É uma cláusula que possibilita o comprador ficar ou não com a coisa se assim desejar, dependendo exclusivamente do seu gosto, a partir do experimento feito, a partir da avaliação do próprio comprador. Normalmente se aplica a cosméticos, a bebidas. Exemplo: comprador adquire uma caixa de vinho estrangeiro e é pactuada no contrato a cláusula a contento, ou seja, poderá ficar com a coisa se gostar ou devolver caso não gostar. Depende exclusivamente da vontade do comprador. O prazo dado ao comprador para definir se quer ou não ficar com a coisa é o prazo indicado no contrato, tem que ser um prazo razoável. Não tendo prazo indicado, o vendedor pode notificar o comprador e indicar o prazo para que ele firme ou não o contrato. É uma compra e venda com condição suspensiva. b)Cláusula Sujeita a Prova Na compra e venda com cláusula sujeita a prova, o comprador somente pode rejeitar a coisa e não firmar o contrato, se o bem a ele entregue não apresentar as qualidades indicadas pelo vendedor. O comprador aqui dentro do prazo indicado, poderá checar, poderá examinar a coisa que lhe foi entregue e verificar se efetivamente o bem tem as qualidades indicadas pelo vendedor no contrato. Não correspondendo a qualidade concreta da coisa com a qualidade indicada na avença, pode o comprador rejeitá-la dentro do prazo estipulado. Também é uma compra e venda com condição suspensiva. Exemplo: é vendido um vinho chileno e é dito que este tem determinadas qualidades (seco, com teor alcoolico X, envelhecido 5 anos, com determinado aroma) e o comprador adquire o vinho por conta destas qualidades e o é avençado que o comprador tem 15 dias para verificar tais qualidades. Se faltar uma das qualidades o comprador pode rejeitar o bem e devolvê-lo não sendo firmado o contrato de compra e venda, porém se a coisa possuir as qualidades indicadas não poderá rejeitar o bem e o contrato será firmado.

3ºContrato de Compra e Venda com Cláusula de Preferência (Prelação) (Preempção) Essa cláusula de preferência, é voluntária e esta prevista no Código Civil nos artigos 513 a 520 e somente terá existência se for pactuada entre o vendedor e o comprador. Neste caso não há imposição normativa, mas sim vontade das partes envolvidas. Dependendo da legislação a cláusula de preferência pode ser uma imposição normativa, independentemente da vontade das partes envolvidas no contrato. É o caso, por exemplo, da preferência existente na locação imobiliária, preferência essa prevista no artigo 27 e seguintes da Lei 8.245/91. Exemplo: X é locador e Y locatário. O contrato é por 30 meses. No 20º mês de vigência do contrato, X recebe uma proposta de W, que pretende adquirir o imóvel. X deve oferecer primeiro a Y para que no prazo

de 30 dias Y exerça o seu direito de preferência, Y oferece o mesmo preço e as mesmas condições oferecidas por W, se assim o fizer, Y terá preferência na compra do imóvel. O direito de preferência determinado pelo Código Civil surge de uma cláusula abjeta (especial), pactuada entre o vendedor e o comprador. Que permite que o vendedor prefira à terceiros e readquira a coisa móvel ou imóvel caso o comprador venha alienar o bem dentro de um certo prazo estipulado no contrato. Esse direito de preferencia pode ter como objeto coisas móveis ou pode ter como objeto coisas imóvel. Em relação a coisas móveis, o prazo máximo é de 180 dias e para os bens imóveis o prazo máximo é de 24 meses. Exemplo: X venda a Y um automóvel. Ficou pactuado que no se prazo de 90 dias Y resolver alienar o automóvel a um terceiro W. Antes deverá oferecê-lo a X, que pagando o preço e dentro das condições oferecidas pelo terceiro, terá preferencia na aquisição. Qual tempo tem o vendedor para se manifestar, se ele quer ficar efetivamente com a coisa ou não? Se não existir nada pactuado no contrato, para o exercício da preferencia, por parte do vendedor, esse prazo será de 3 dias para as coisas móveis e 60 dias para as coisas imóveis. Ambos os prazos a contar do recebimento da notificação ao vendedor feita pelo comprador. O prazo aqui é decadencial.

4ºContrato de Compra e Venda com Reserva de Domínio Prevista nos artigos 521 a 528 do Código Civil. A princípio o Código Civil determina que esta cláusula com reserva de domínio, somente seja aplicada a coisas móveis, conforme determina o artigo 521 do C.C. Não obstante, já tem entendido a doutrina e jurisprudência que a cláusula pode ser aplicada também para os bens imóveis. A cláusula em questão estabelece que o vendedor transfira a posse direta da coisa ao comprador , mantendo consigo a posse indireta e a propriedade do bem em questão, propriedade essa que somente será transferida ao comprador quando quitado o preço. Quando quitada a dívida, portanto, pago o preço integral. Não pago o preço integralmente pelo comprador, tem o vendedor a possibilidade de: a)Executar o contrato e exigir as parcelas vencidas e vincendas; b)Requerer a resolução do contrato acrescidos de perdas e danos, podendo ainda requerer a reintegração possessória da coisa, sendo devolvido ao comprador as parcelas já pagas, compensando monetariamente eventual desgaste da coisa e eventual indenização paga do comprador ao vendedor. Detalhe importante: pagou todas as prestações o comprador automaticamente se torna proprietário da coisa, deixa de existir a cláusula.

Observação: se a coisa perecer nas mãos do comprador, ainda que por caso fortuito ou de força maior, o comprador responde pelo perecimento ou deterioração junto ao vendedor. 27/08/13

5ºContrato de Compra e Venda sobre Documento Artigos 529 a 532 do Código Civil. Esta forma de compra e venda, é uma novidade do Código Civil vigente e que não existia no Código Civil de 16, embora no mercado, no comércio internacional ela sempre foi muito utilizada. Hoje a compra e venda com cláusula especial de compra e venda sobre documento é regulamentada no C.C. A compra e venda sobre documento é a cláusula especial voluntariamente colocada no contrato em que mediante o pagamento do preço do comprador, o vendedor ou alguém por ele juridicamente autorizado lhe entrega um documento, o qual posteriormente deverá ser apresentado num local próprio e designado para que o comprador retire a coisa, objeto do contrato. Há, portanto, uma substituição do documento pela coisa do contrato de compra e venda. Exemplo: faço uma busca online e encontro uma máquina em Detroit, uma máquina que interessa à minha indústria. Eu sou orientado a fazer um depósito no Citibank relativo ao preço da máquina e me é entregue um documento (não é um recibo) com a descrição da máquina, tipo de modelo, nome como comprador, indústria como vendedor, preço da máquina. Ficando estipulado que quando a máquina chegar à alfandega poderei apresentar esse documento e retirar a máquina. Encerrado aqui Contrato de Compra e Venda – Contrato de Troca ou Permuta.

CONTRATO ESTIMATÓRIO Artigos 534 a 537 do Código Civil. Este contrato também era um contrato típico do direito comercial. O código civil também absorveu esse tipo de modalidade contratual. O contrato estimatório é chamado erroneamente de contrato de consignação. Erroneamente, pois a consignação é uma forma indireta de pagamento, diz respeito, portanto, ao direito obrigacional. Mesmo as partes do contrato estimatório sendo chamadas de consignante e consignatário. No contrato estimatório uma parte qualificada de consignante transfere a outra denominada de consignatária uma coisa móvel por um determinado prazo afim de que o segundo contratante possa alienar o bem pelo preço ajustado ou ficar com a coisa que lhe foi entregue ou ainda restituí-la ao primeiro contratante antes que venha

exaurir o prazo firmado, devendo o consignatário pagar ao consignante o preço firmado caso a coisa não seja devolvida antes de exaurido o prazo avençado. Normalmente se dizia que o consignatário deveria ser um comerciante, isso não mais é exigido, embora, pelo modelo do contrato normalmente o consignatário é uma pessoa jurídica, é um estabelecimento comercial. Exemplo: X é proprietário de uma cadeira em que Napoleão se sentou quando assinou o bloqueio continental em 1808. X firma com Y um contrato estimatório pelo prazo de 1 ano. X é o consignante e Y é o consignatário. O preço ajustado para a venda, para a alienação, desse bem é de R$200.000,00. X é uma pessoa jurídica, é um estabelecimento comercial, é uma loja que vende produtos e coisas antigas. Diante desse contrato, uma das 4 alternativas a seguir podem ocorrer: a)Y vende a cadeira dentro do prazo ajustado pelo preço de R$400.000,00. Neste caso, o Y vai entregar a X R$200.000,00 que é o preço ajustado e vai ficar com o que sobrou do lucro (sobre preço) de R$200.000,00. b)Y paga a X o valor de R$200.000,00 e se torna proprietário da cadeira. Esse preço é pago dentro do prazo ajustado. c)Antes de exaurir o prazo ajustado, Y restitui a X a cadeira. d)Y não paga o preço durante o prazo ajustado e nem restitui a cadeira no período firmado (acordado). Exaurido o prazo contratual de 1 ano, Y é obrigado a ficar com a cadeira e pagar o preço ajustado de R$200.000,00. É muito comum este tipo de contrato em agência de automóveis ou em lojas de consignação. CARACTERÍSTICAS 1ª – É um contrato real. Pois, para sua formação depende necessariamente da proposta e da aceitação além da transferência da coisa das mãos do consignante para as mãos do consignatário. 2ª – É um contrato bilateral. Pois, tanto o consignante quanto o consignatário tem deveres, obrigações a cumprir. A obrigação do consignante é transferir a propriedade da coisa ao consignatário ou a um terceiro, ou recebê-la de volta. O dever do consignatário é vender, alienar a coisa a terceiro ou adquiri-la pagando ao consignante o preço ajustado ou devolvê-la dentro do prazo estipulado. 3ª – É um contrato oneroso. O consignante aufere vantagem, a sua vantagem reside no fato de alguém se responsabilizar (no caso o consignatário) pela venda da coisa por ele transferida. A vantagem do consignatário é o eventual sobre preço (sobre lucro) ou a própria coisa a ele entregue.

4ª – É um contrato comutativo. Pois tanto o consignante quanto o consignatário tem certeza dos deveres contratuais que deverão cumprir. Art. 535 – Enquanto o consignatário exercer a posse direta da coisa que lhe foi entregue pelo consignante dentro do prazo ajustado, o consignatário é responsável pelo perecimento ou deterioração da coisa que lhe foi entregue, ainda que o perecimento ou deterioração resulte de caso fortuito ou força maior. Art. 536 – Caso o patrimônio do consignatário seja objeto de execução, a coisa que lhe foi entregue pelo consignante em razão do contrato estimatório firmado, não pode ser objeto de penhora na execução aludida. E por uma simples razão, o consignatário ainda não é proprietário da coisa, ele é apenas possuidor direto. Art. 537 – Durante o prazo ajustado no contrato estimatório o consignante não poderá alienar a coisa à terceiros, podendo apenas fazê-lo ao consignatário faltando, portanto, ao consignante durante o prazo contratual, firmar legitimação para firmar o contrato de compra e venda.

CONTRATO DE DOAÇÃO Se encontra disciplinada nos artigos 538 à 564 do Código Civil. A doação é a espécie contratual que tem de um lado como parte o doador e do outro lado como contratante o donatário, sendo que o primeiro deve transferir ao segundo um bem ou uma vantagem patrimonial de forma gratuita e por ato de mera liberalidade, devendo o donatário aceitar o bem ou a vantagem patrimonial de forma expressa ou tácita. CARACTERÍSTICAS DO FENOMENO JURÍDICO DENOMINADO DOAÇÃO 1ª – Contratualidade. 2ª – Animus Donandi 3ª – Empobrecimento e Enriquecimento das partes envolvidas 4ª – Aceitação expressa ou tácita do donatário CARACTERÍSTICAS DO CONTRATO DE DOAÇÃO 1ª – Contrato Unilateral. Pois somente gera obrigação contratual ao doador, que deverá cumprir com aquilo que se comprometeu na resposta, isto é, transferir ao donatário o bem ou uma vantagem patrimonial. A doação quanto aos efeitos será sempre unilateral.

2ª – Contrato Gratuito (podendo ser oneroso). Pois somente o donatário aufere vantagem resultante do acréscimo patrimonial, que ele donatário, vai auferir resultante do bem ou da vantagem patrimonial que lhe é transferida. Quando a doação é com encargo, ela continua sendo unilateral, mas se transforma em onerosa, em que a vantagem auferida é do donatário e do doador ou ainda é do donatário e de um terceiro ou ainda é do donatário. Exemplos: X doa a Y um imóvel ficando acordado que Y vai reservar parte do imóvel para acolher X no final de sua vida. Portanto, X impõe a Y uma conduta que deve ser cumprida a favor do próprio doador. Exemplo 2: X doa um imóvel a Y, mas impõe a seguinte conduta: Y deverá reservar parte do imóvel e no local constituir uma creche para atender crianças carentes. Exemplo 3: o doador transfere um imóvel ao donatário impondo-lhe a seguinte conduta: o donatário deverá transformar o imóvel que lhe foi doado em um escritório de advocacia. 3ª – Contrato Formal (podendo ou não ser solene). A terceira característica que envolve a contratualidade é a formalidade. A doação é um contrato formal. O correto seria dizer, a doação via de regra, é um contrato formal. Pois o artigo 541 caput do Código Civil determina que a doação deve ser firmada por escrito público ou particular. Exemplo: quero doar um anel de ouro, tenho que fazê-lo por escrito. Pois caso não seja feita por escrito, a doação é nula de pleno direito. Combinando artigo 504, III com o artigo ... chega a conclusão que a doação feita verbalmente é nula. A forma escrita é um requisito de validade para a doação. Dependendo do tipo de coisa que está sendo doado, não basta a forma escrita particular. É necessário ainda que seja uma forma escrita e pública, por meio de escrituração pública. Exemplo: doar um anel de grande valor pode ser feito por escritura particular. Exemplo: doar um imóvel que o valor é superior a 30 salários mínimos, não basta o contrato ser escrito. Tem que ser feita por instrumento, escritura pública. O §único do artigo 541 aponta uma exceção para doação, permitindo que ela seja verbal, excepcionando portanto, a regra da formalidade. Quando a coisa transferida do doador ao donatário for de pequeno valor e a entrega for imediata, incontinente. O código civil não aponta hipóteses, não determina critérios para que possamos dizer se uma coisa é de pequeno ou de grande valor. Levaremos em consideração o patrimônio do doador.

Exemplo: um relógio Rolex de R$200.000,00 e resolver doá-lo ao Augusto. Com absoluta certeza essa doação deverá ser por escrito. R$200.000,00 tendo em vista o meu patrimônio é um bem de grande valor. Exemplo: Eike Batista quer doar um relógio de R$200.000,00 e resolver doá-lo ao Augusto. Poderá fazer essa doação verbalmente, pois em relação ao seu patrimônio, é um bem de pequeno valor. Dever-se-ia considerar o bem em parâmetro com o salário médio e não levar em conta o patrimônio do doador. Porém é o patrimônio do doador que será determinante. Para Carlos Roberto Gonçalves o critério para definir se o bem é de pequeno ou grande valor é o seguinte: caso o objeto da doação represente 10% ou menos do patrimônio do doador, a doação poderá ser verbalmente pois seria considerado um bem de pequeno valor. Caso o objeto da doação ultrapasse os 10% em relação ao patrimônio do doador, a doação deverá ser obrigatoriamente por escrito, pois seria considerado um bem de grande valor. Doação manual – é a doação feita verbalmente de bens de pequeno valor. 4ª – Contrato Consensual (podendo excepcionalmente ser real). A doação, via de regra, é um contrato consensual pois depende para sua formação de proposta e aceitação. No que se refere a formação do contrato, a doação resulta de um negócio jurídico bilateral. Quantos aos efeitos, a doação é unilateral, pois gera apenas o efeito obrigacional ao doador. A doação manual, a doação de bem de pequeno valor, é considerada como um contrato real. Pois além da proposta e aceitação deve ocorrer a transferência incontinente (imediata) da coisa.

A segunda característica da doação é chamada “ANIMUS DONANDI” Está intimamente com ato de mera liberalidade do doador, é um ato espontâneo de doar que independe de qualquer outro fator, que não a vontade do doador, que pratica o ato espontâneo sem que isso implique no cumprimento de qualquer espécie de obrigação, seja ela jurídica, seja ela moral, seja ela econômico-financeira, etc. Quando falamos em animus donandi é a intenção de doar, mas uma intenção calcada na vontade do doador, independentemente de querer cumprir uma obrigação. Transfere uma coisa ao donatário porque quer, e este querer não é motivado por fatos externos a sua vontade, é um ato que brota livremente de sua vontade.

O doador transfere um bem, uma vantagem ao donatário sem que tenha interesse algum, que possa lhe satisfazer em razão da doação, seja por conta de uma conduta do donatário ou de um terceiro.

A terceira característica do fenômeno da doação é chamada de “Empobrecimento Jurídico do Doador e Enriquecimento Jurídico do Donatário”

Este pêndulo deve existir, deve existir essa reciprocidade, a partir de uma alteração patrimonial efetiva, tanto no que se refere aos bens, ao patrimônio, do doador, como também no que se refere ao patrimônio do donatário. Exemplo: vou doar um grão de arroz ao Rafael não é considerado doação, pois não altera/diminui o meu patrimônio e nem aumenta o patrimônio do Rafael. Não houve empobrecimento jurídico do doador e nem enriquecimento jurídico do donatário.

A quarta característica do fenômeno da doação é chamada de “Aceitação Expressa ou Tácita do Donatário”

A aceitação é expressa quando ela for escrita, verbal, gestual ou simbólica. A aceitação será tácita quando resultar do silêncio, quando resultar de uma determinação normativa ou quando resultar de uma conduta desenvolvida pelo donatário que permita inferir sua intenção, sua vontade interna. O artigo 539 do Código Civil. Quando a doação é pura (doação sem encargo), fixado o prazo para o donatário se manifestar no sentido de aceitar ou não o bem doado e o donatário se manter silente, entender-se-á que ele aceitou tacitamente a doação. O artigo 543 do Código Civil apresenta uma aceitação presumida, ou, uma aceitação tácita determinada pela norma jurídica. O artigo em questão dispõe que sendo a doação pura (sem encargo) feita ao donatário absolutamente incapaz presume-se a sua aceitação, pois caso ele fosse civilmente capaz, aceitaria a coisa doada na medida em que não teria encargo algum a cumprir, sendo uma forma de aceitação tácita. Embora o artigo 543 expressamente se refira a dispensa da aceitação.

ESPÉCIES DE DOAÇÃO (CLASSIFICAÇÃO DA DOAÇÃO)

1º DOAÇÃO PURA Na doação pura o doador transfere do seu patrimônio para o patrimônio do donatário um bem ou uma vantagem sem exigir o cumprimento de encargo. A doação pura pode ser revogada, artigos 557 e 558 do Código Civil, na hipótese de ingratidão do donatário. Exemplo: X doa a Y um automóvel. 2º DOAÇÃO COM ENCARGO (DOAÇÃO MODAL OU AINDA DOAÇÃO ONEROSA) Nessa espécie de doação o doador transfere do seu patrimônio para o patrimônio do donatário um bem ou uma vantagem, mas impõe ao donatário uma conduta que deve

ser cumprida a favor do doador, a favor de terceiro ou da coletividade ou a favor do próprio donatário. Também pode ser revogada caso o donatário não cumpra o encargo. Quando a doação é com encargo normalmente vem com uma locução que indica esse encargo. Ex: X doa a Y o carro com a obrigação de Y cumprir uma determinada conduta. Essa expressão “com a obrigação de” é uma locução que define bem a doação com encargo. Obs: não confundir com a doação sob condição, doação de um bem “SE”, “CASO” (essas expressões são importantes para definir se a doação é com encargo ou com condição). 03/9/13 Continuação do Estudo do Contrato de Doação 3º DOAÇÃO REMUNERATÓRIA Nesta espécie de doação, o doador transfere ao donatário um bem ou uma vantagem patrimonial, motivado por um ato de gratidão ou de dever moral. Quando uma eventual contraprestação não foi cumprida pelo doador, não obstante já esteja prescrita. A doação remuneratória é uma daquelas exceções ao “animus donandi”, aos atos de mera liberalidade que são espontâneos e que a rigos não devem visar nenhum interesse direto ou indireto, afetivo, moral, econômico ou não, embora nós examinamos hipóteses que o STF admite situações em que se há interesse. 2 são as causas que motivam essa forma de doação: 1 – cumprimento de um dever moral quando a contraprestação que deveria ser cumprida pelo doador junto ao donatário já se encontra prescrita, e ai o doador de livre e espontânea vontade cumpre com essa contraprestação. X num dado momento da vida empresta de Y R$20.000,00 firmando um contrato de mútuo. X é o mutuante e Y o mutuário. Prazo de vigência do contrato é de 1 ano. Ocorre que Y exaurido o prazo, Y não cumpre com a sua prestação, não restitui o dinheiro e X não exige o pagamento e depois de determinado prazo prescrita estará a dívida, não podendo mais X exigir o pagamento. Só que depois de 20 anos do contrato firmado Y melhora, e melhora muito a sua condição, e resolve espontaneamente pagar os R$20.000,00 a X. Então Y doa a X R$20.000,00, essa modalidade seria a de doação remuneratória. O ato espontâneo é levado pelo dever moral. 2 – É a gratidão que o doador tem em relação ao donatário. Imagem a seguinte situação: X necessita de um tratamento médico e se dirige até uma clínica hospitalar de Y (que é o médico). Efetivamente X não possui condição financeira para cobrir o eventual pagamento. Y percebendo a situação, realiza o tratamento gratuitamente. Só que o custo desse tratamento é de R$100.000,00 o qual Y não cobra de X. Depois de 15 anos, X melhora sua situação financeira e se dirige até Y e faz a

doação de R$100.000,00 e Y aceita. A doação aqui também é remuneratória. O ato espontâneo é levado pela gratidão que X tem a Y. 4º Doação Sob Condição Suspensiva Na doação sob condição suspensiva, o doador transfere ao donatário um bem ou uma vantagem patrimonial, que é aceita, em que os efeitos do contrato ficam dependentes, portanto, em estado potencial ou de latência, e um acontecimento ou evento futuro e incerto. É o caso da doação feita ao nascituro (Art. 542 do C.C.). Pela teoria natalista, o individuo passa a ser sujeito de direito e obrigações com o nascimento com vida. Temos que combinar o art. 2 com o artigo 542 do C.C. O próprio artigo 2 determina que apenas com nascimento com vida o sujeito passa a ser sujeito de direitos e deveres, há uma ressalva no final do dispositivo que a lei protege os direitos do nascituro (é o ser embrionário, é o feto, esteja ele no útero materno ou na proveta). O acontecimento futuro e incerto é o nascimento do ser com pelo menos com algum tempo de vida (presença de ar nos pulmões). Então, X doa a um nascituro de Y um automóvel e Y aceita. Só que os efeitos desta doação fica em estado potencial, em estado de latência. Se ocorrer um aborto ou o nascimento de um natimorto, esta doação não gera os efeitos esperados e o automóvel retorna para o patrimônio do individuo X. Se nascer viva a criança, ainda que ela tenha uma pequena fração de segundos, ela será a donatária do bem, receberá a doação do automóvel e ao falecer o bem voltará a pertencer ao indivíduo Y. Então esse tipo de doação feita ao nascituro é uma doação feita sob uma condição suspensiva. 5º Doação Sob Condição Resolutiva Uma das espécies previstas no C.C desse tipo de doação é a chamada doação com cláusula de reversão (Art. 547 do C.C). Nesta espécie de doação, o doador transfere ao donatário um bem ou uma vantagem patrimonial que de imediato gera os efeitos jurídicos do contrato, efeitos esses que podem cessar, serem resolvidos se ocorrer o implemento do condição resolutiva, isto é, o acontecimento futuro e incerto. X doa a Y. X doador, Y donatário. Um automóvel, existindo no contrato uma cláusula de reversão, isto é, se o donatário (Y) falecer antes do doador ocorre a resolução do contrato e o automóvel retorna ao patrimônio de X (doador). Até que X tenha vida, Y tem a propriedade resolúvel do automóvel, é uma propriedade diferida (não é uma propriedade perpétua). Se o X falecer antes de Y a propriedade de Y se perpetua. É uma cláusula de reversão. Artigo 547 do C.C. Obs: se Y transferir o automóvel para terceiro e falecer antes de X. X pode exigir a reversão mesmo o bem estando nas mãos de terceiros. Pois Y não pode transferir, pois tem uma propriedade temporária. O terceiro também, por sua vez, não pode adquirir mais direitos do que possam ser adquiridos. Acontecimento futuro e incerto aqui seria a morte de Y antes de X. 6º Doação Manual Contemplada no §único do artigo 541 do C.C. Nesta espécie de doação, o doador pode transferir ao donatário verbalmente bens móveis, de pequeno valor.

É uma doação em que o contrato foge a regra em geral, pois não é formal, não necessita ser firmado por escrito, como também é um contrato real, porque para a sua formação depende de proposta e aceitação, como a transferência imediata, incontinente da coisa, objeto do contrato, sendo determinante a qualificação da coisa como sendo de pequeno valor o patrimônio do doador. Parte da doutrina e da jurisprudência tem entendido que a coisa é de pequeno valor se for igual ou inferior a 10% do patrimônio do doador. Mas esse critério não é unanime, não é o critério adotado, admitido por todos os tribunais. 7º Doação na Forma de Subvenção Periódica Artigo 545 do C.C. O doador transfere ao donatário uma vantagem segundo uma periodicidade contratual estabelecida, tendo existência e validade a doação até que o doador tenha vida, com a sua morte (doador) extinta será a doação, salvo se no contrato ficar estabelecido que a subvenção periódica deverá continuar a ser paga e nessa hipótese os valores a serem doados resultarão do espólio deixado pelo doador. Não podendo a subvenção ultrapassar os limites da herança. Evitando-se assim, que os herdeiros do doador falecido suportem uma obrigação que não lhe diz juridicamente respeito. Essa subvenção periódica pode ser estabelecida mensalmente, anualmente, semestralmente, quinzenalmente, semanalmente e normalmente ela é feita em dinheiro. Exemplo: X é um homem rico e tem um amigo de infância Y que está chamando mendigo de excelência, não tem nem como sobreviver e X estabelece com Y uma doação com subvenção periódica pagando-lhe mensalmente R$2.000,00. Se X morrer e nada ficar estabelecido no contrato, extingue-se a doação. Se estiver estabelecido no contrato que a doação será mantida mesmo após a morte de X (doador), o espólio será obrigado a continuar com a doação até o limite do espólio. 8º Doação Contemplativa Artigo 540 do C.C. Na doação contemplativa ou em contemplação, o doador transfere ao donatário uma coisa ou uma vantagem patrimonial em razão meritória. Exemplo: X doa a Y um imóvel porque Y obteve o prêmio Nobel da paz. Ou X doa a Y um imóvel porque Y retornou das olimpíadas e obteve medalha de ouro numa determinada modalidade esportiva. 9º Doação na Forma de Contemplação de Casamento Artigo 546 do C.C. O doador se compromete a transferir ao donatário um bem ou uma vantagem patrimonial caso ele venha realizar um matrimônio com uma determinada pessoa ou um terceiro, podendo ainda vincular a doação a existência de prole. Nesta espécie de doação a aceitação não é expressa, é tácita porque depende eu uma conduta a ser desenvolvida pelo donatário, qual seja a realização do matrimonio e dependendo do contrato não só a realização do casamento, mas a presença de prole.

X doa um carro a Y se ele vier casar com W ,ou ainda, X doa um carro a Y se ele vier a casar, ou ainda, X doa um carro a Y se ele realizar o matrimonio e deste resultar uma prole. 10º Doação de Um Cônjuge ao Outro Há 4 tipos de regimes de bens: comunhão universal, comunhão parcial, participação final dos aquestos e regime da separação de bens legal ou voluntário. A obrigação de um cônjuge ao outro pode ser X e Y são casados sob regime da comunhão universal de bens, isso implica que todos os bens se comunicam, adquiridos gratuita ou onerosamente. Uma doação aqui não tem sentido, pois se X doar a Y um bem, Y já é proprietário desse bem. Isso vale para relação entre cônjuges e para relação de união estável (doação entre conviventes). Depende do regime de bens para que a doação entre cônjuges possa ocorrer. Se o regime for da separação total de bens, seja essa separação voluntária ou legal, os bens pertencem exclusivamente a cada cônjuge (ou convivente). Então a doação é possível nessa situação, pois os bens pertencem individualmente a cada cônjuge ou a cada convivente. Na comunhão parcial de bens é possível que o cônjuge ou convivente doe ao outro uma coisa, um bem que lhe pertence com exclusividade, pois é um bem separado dos bens comuns. Quando o regime for da comunhão universal, há a possibilidade de haver um pacto antinupcial pactuando que alguns bens irão ficar fora da comunhão universal de bens. No próprio regime da participação dos aquestos existe uma parte de bens que existe a cada cônjuge, convivente. Os bens comuns não podem ser objeto de doação, já os bens individuais podem ser doados. Em suma, todos os regimes de comunhão de bens permitem a doação entre cônjuges, conviventes, desde que os bens doados sejam de propriedade individual. 11º Doação Conjuntiva Na doação conjuntiva, o doador transfere um bem ou uma vantagem patrimonial a uma pluralidade de donatários, sendo a princípio a doação divisível. Então X doa um imóvel a Y, W e Z. O que se estabelece aqui é um condomínio em relação ao bem doado. Se morrer o Y, seus herdeiros vão passar a desfrutar da coisa doada, não como donatários, mas como herdeiros em razão da sucessão. W e Z continuarão a desfrutar do imóvel como donatários com sua fração ideal. Se não houver nenhuma observação no contrato distribui a vantagem ou o bem desta forma. Normalmente a doação conjuntiva apresenta uma clausula que determina o seguinte. Na hipótese da morte de um dos donatários, automaticamente a doação continua em relação aos demais donatários até que ocorra a morte do último beneficiário (donatário sobrevivente). Exemplo: X doa a Y, W, Z. Morreu Y. A rigor os herdeiros de Y não poderão ingressar na propriedade de Y, terão que esperar a morte do último donatário haverá a possibilidade da sucessão. Mas terá que existir na doação conjuntiva uma cláusula expondo nesse sentido.

Quando a doação for feita a um casal, automaticamente a morte de um faz com que o outro continue na qualidade exclusiva de donatário. Desde que a doação seja feita a ambos. Artigo 551 §único. Exemplo: X doa a Y e W, casados, um imóvel. Morrendo Y, W continua a exercer a condição de donatário, isto porque X doou a Y e W simultaneamente. 12º Doação Feita a Entidade Futura Artigo 554 do C.C. – contempla a 12ª espécie de doação. Doação feita a entidade futura. Entidade aqui é um gênero, comporta pessoas privadas como também pessoas jurídicas de natureza pública. É perfeitamente possível que o indivíduo doador transfira a uma futura entidade a ser constituída qualificada de donatária um bem ou uma vantagem patrimonial. Não sendo passível de resolução, a doação feita desde que a entidade referida tenha sua regular constituição no prazo de 2 anos. Se ela não for constituída no prazo de 2 anos, a doação será resolvida. Exemplo: tomo conhecimento de que vai ser criada uma pessoa jurídica de direito privado, uma fundação que visa atender as necessidades dos cegos. Já existe até um estatuto elaborado, porém não registrado. Para colaborar, eu doo R$1.000.000,00. Esta doação fica sob condição de acontecimento futuro e incerto. Essa pessoa jurídica só terá existência a partir do momento do registro do seu ato constitutivo no registro civil, a contar no prazo de 2 anos. Se em 2 anos a pessoa jurídica não for devidamente constituída extinta será a doação, ou seja, o valor doado deve ser restituído. 13º Doação Mista Na doação mista, o doador transfere ao donatário um bem ou uma vantagem patrimonial com o propósito de realizar outro contrato ou com o propósito de realizar a doação, mas o bem ou a vantagem transferida ultrapassa o ato de mera liberalidade. Exemplo: X vende a Y um prédio por R$1.000,00. O preço é tão a quem do valor de mercado que isso não pode se caracterizar como um contrato de compra e venda. Na verdade é um contrato de doação por simulação. O indivíduo pretendia firmar um contrato de compra e venda e por motivos de foro intimo realiza na verdade um contrato de doação. Dependendo da situação, como existe o principio da conservação dos contratos (170 do C.C) isso não será considerado contrato de compra e venda. O artigo 170 determina o princípio da conservação dos contratos. O doador transfere ao donatário um bem ou uma vantagem patrimonial, mas o valor doado ultrapassa o seu ato de mera liberalidade, o seu ato espontâneo. Exemplo: X faz uma doação remuneratória a Y, transferindo-lhe a importância de R$150.000,00. Ocorre que a doação remuneratória é motivada por um ato de gratidão, tratamento médico não pago pelo doador e feito pelo donatário gratuitamente sendo que o valor estimado para o tratamento é de R$100.000,00. Teríamos uma doação mista, pois até R$100.000,00 estaríamos diante de uma doação remuneratória. Agora, o doador transferiu R$150.000,00, os R$50.000,00 excedentes é considerado uma doação pura.

14º DOAÇÃO DE ASCEDENTE PARA DESCENDENTE Artigo 544 do Código Civil. X e Y são casados (comunhão parcial – os bens auferidos durante o casamento pertencem a ambos). Deste casamento surgem 2 filhos, X1 e Y1. X pode doar os 50% que lhe pertence? Não. X pode doar metade do que lhe pertence, a chamada parte disponível, o que é metade que lhe pertence? 25% do todo, ou seja, X pode doar 25% para qualquer herdeiro. Temos duas formas de doação. A doação sem que haja necessidade da colação e a doação com necessidade de colação. Colação implica dizer a observância do que foi doado em vida pelo ascendente ao descendente afim de que quando da abertura do inventário a parte adiantada doada seja considerada e proporcionalmente compensada em relação aos bens objetos de sucessão, afim de que os demais herdeiros não sejam prejudicados. Quem determina a colação ou não? É determinada pelo doador e ela tem que ser indicada no próprio contrato de doação. Então até 25% o X pode doar ao X1 ou Y1. Exemplo: ele doa uma casa a X1 e corresponde a 25% de sua parte disponível e determina o dever de colacionar, de fazer a colação deste imóvel quando da abertura do inventário. Então quando aberto o inventário e tiver 4 casas – 1 já foi doada – sobram 3. Então Y1 receberá 2 casas e X1 recebe apenas 1 pois já havia recebido outra. X dispensa a colação. No momento em que for feito o inventário, 3 casas serão divididas. X1 terá direito a 1,5 casa e Y1 terá direito a 1,5 casa. A casa recebida por X1 antes não entra no inventário. Obs: não há necessidade da anuência dos demais descendentes. Ela somente existe na compra e venda (Art. 446 do C.C.). E se o X, por exemplo, é viúvo, não tem filhos e não tem pais? Ele poderá doar em 100% o que ele tem para quem quiser ou pode deixar na forma de testamento. 15º Doação Inoficiosa Artigo 549 do Código Civil. Examinando o artigo citado, nós chegamos a última espécie de doação que é a inoficiosa. Aplicando-se as regras do testamento a doação. Se o doador transferir ao herdeiro necessário um bem ou uma vantagem que ultrapasse a parte disponível (aquilo que ele pode dispor em testamento) o excesso, a parte que ultrapassou, tornará a doação nesse aspecto nula de pleno direito. Exemplo: em vez do X doar ao X1 25%, ele doa a X1 35%. Ele só poderia doar 25%, ele ultrapassa a parte disponível, logo esses 10% a mais é considerada nula de pleno

direito. Ou seja, torna a doação inoficiosa. Artigos 2001 e seguintes. Artigos 1846 do C.C.

A INVALIDADE E REVOGAÇÃO DA DOAÇÃO São fenômenos diferentes. A invalidade do contrato de doação está intimamente ligada a uma espécie de nulidade ou anulabilidade do contrato. Enquanto que a revogação refere-se a um ato de ingratidão do donatário em relação ao doador nas doações puras ou ao não cumprimento de um encargo nas doações onerosas, modais ou com encargo. Em relação a invalidade nós temos causas que geram nulidade ou anulabilidade do contrato de doação, que são causas comuns a todo e qualquer contrato. Exemplo: vícios do consentimento (erro de fato, dolo, coação, estado de perigo e lesão – artigo 138 a 157 do c.c) podem gerar anulabilidade de qualquer contrato se aplica a doação. Falta de requisitos de validade tornam o contrato nulo, incluindo aqui a doação (artigo 104). Existem causas de nulidade específicas do contrato de doação. Artigos 548, 549 e 550 do Código Civil. O artigo 549 trata da chamada doação inoficiosa. É nula a doação que trata de mais de 25% da parte disponível. Gera nulidade. O artigo 548, quando o doador transfere por meio de doação todos os bens que possui, não tendo possibilidade manter sua subsistência. Gera nulidade. O artigo 550 torna o contrato inválido quando o cônjuge (ou convivente) doar um bem a um parceiro com quem manteve/mantém uma relação extramatrimonial. Gera anulabilidade. Artigos 167 e 168 do C.C. (Simulação). 10/09/13

REVOGAÇÃO DA DOAÇÃO

Existem duas causas determinantes para revogação da doação. A primeira ocorre na doação pura e é motivada pela ingratidão do donatário praticada contra o doador ou alguém do seu rol familiar indicado no artigo 558 do Código Civil. Nesta hipótese o autor da ingratidão é o donatário e a vítima pode ser o doador ou alguém da sua família indicada no artigo 558 do C.C. A outra causa que determina a revogação da doação ocorre nas doações com encargo quando o donatário não cumpre o encargo no prazo indicado no contrato de doação e na falta desse prazo, no prazo indicado na notificação que é feita pelo doador ao donatário.

Lembrando sempre que a revogação da doação, ocorre sempre de forma judicial e é personalíssima (quem tem legitimidade ativa para propor a revogação doação é o doador e quem tem legitimidade passiva na ação é o donatário). Obs: se ocorreu o falecimento do doador e/ou o falecimento do donatário, já proposta a ação, os seus sucessores tem legitimidade para ingressar no processo como polos ativos e passivos da demanda. (Artigo 560 do Código Civil). Há outra situação importante, existe a hipótese em que morto o doador por conta de homicídio doloso praticado pelo donatário. Nessa hipótese os sucessores do doador podem ingressar com a ação de revogação da doação. Cinco são as hipóteses de ingratidão indicadas no artigo 557 do Código Civil. 1º - Quando o donatário pratica um homicídio doloso contra o doador ou contra o seu cônjuge ou contra o seu irmão ou contra o descendente ou ascendente. No caso aqui, é um herdeiro necessário. Praticou o homicídio doloso, pode ainda que não haja condenação no juízo penal, pode o doador ou um dos seus sucessores requerer a revogação da doação. No caso do doador essa revogação é possível se ele não perdoar o donatário. 2º - Tentativa de homicídio doloso praticado pelo donatário em face do doador de seu cônjuge ou de seu irmão ou ainda contra o descendente ou ascendente. Da mesma forma, não se exige para efeito de revogação da doação, que haja sentença com transito em julgado no plano penal. 3º - Refere-se a agressões físicas, que geram lesões naturalmente de caráter doloso, que tem como vítima o doador ou seu cônjuge ou seu irmão ou ainda um dos seus descendentes ou ascendentes. Aqui também não importa a ação em juízo penal. Não importa também o grau da lesão (leve, grave, gravíssima), o que importa aqui é uma agressão física. 4º - Ocorre quando o donatário pratica o delito de injuria ou calunia e tem como sujeito passivo o doador ou seu cônjuge ou seu irmão ou ainda um descendente ou ascendente. Aqui também não há necessidade de condenação no âmbito penal. Não se fala em difamação (Art. 140 do C.P), mas sim em injúria (donatário desfere um tapa no rosto do filho do doador, caracterizando uma injúria real) ou calúnia (donatário afirma peremptoriamente que o doador é um ladrão, que o doador roubou um taxista apontando-lhe uma arma). 5º - Ocorre quando, podendo o donatário ministrar alimentos ao doador, para sua subsistência, ele não o fizer e outra pessoa responsável em fazê-lo não puder. Os alimentos (não envolve somente alimentos em espécie, mas verbas para educação, saúde e etc) são devidos pelo casamento ou por relação de parentesco, e nesse caso pela doação. Os artigos 1696 e 1697 determinam em relação ao parentesco essa reciprocidade alimentar.

O donatário também devera fazê-lo em relação ao cônjuge ou irmão ou ainda descendente ou ascendente. Existe um prazo decadencial de 1 ano para revogação da doação motivada por ingratidão, esse prazo é contado do momento em que o doador toma conhecimento da ofensa feita por parte do donatário, ofensa esta que caracteriza uma das hipóteses da ingratidão. Artigo 559 do Código Civil. X doa um imóvel a Y (doação pura) e posteriormente Y transfere a W o imóvel doado. Após 4 meses da transferência, Y calunia X dizendo que ele é um ladrão. Será que é possível revogação aqui, em vista que já houve transferência para mão de terceiro? Nesse caso, a revogação da doação mediante o ato de ingratidão continua valendo (é possível), no entanto há de se proteger o terceiro W que agiu de boa fé. Como solucionar? Na via indenizatória, o Y donatário deverá indenizar o doador X. Artigo 563 do Código Civil. A revogação da doação também ocorre na hipótese de inexecução do encargo. Artigo 562 do Código Civil. Quando há encargo, a doação passa a ser com encargo, onerosa ou modal. Encargo é uma conduta que deve ser desenvolvida pelo donatário. Quando o encargo favorece o donatário não cabe revogação. Quando esse encargo deve ser cumprido a favor do doador ou em favor de terceiros e não é cumprido é possível a revogação judicial. 2 são as hipóteses: 1ª – O donatário não cumpre com o encargo no prazo indicado no contrato de doação. 2ª – O doador transfere ao donatário um imóvel para estabelecer no local uma creche, mas não é indicado o prazo no contrato para a constituição deste estabelecimento. Passado um prazo razoável, se o donatário não constituir este estabelecimento, o doador deve notifica-lo e atribuir também à notificação um prazo razoável para que o donatário possa fazê-lo, cumprir o seu encargo. Se não cumprir o encargo nesse prazo indicado na notificação, exaurido esse prazo o donatário estará em mora e o doador poderá requerer a revogação. Existe prazo para o pedido de revogação? Existe, porém não é decadencial. Na revogação da doação com encargo não existe prazo, o prazo é prescricional (Artigo 205 e 206 do Código Civil). Na revogação da doação por ingratidão o prazo é de 1 ano e decadencial.

CONTRATO DE LOCAÇÃO DE COISA (ARTIGOS 565 a 578 do Código Civil)

O código civil nos artigos 565 a 578 trata de locação de coisa, não trata mais de locação de serviço, que hoje está enquadrada em contrato de prestação de serviço, artigos 593 a 609 do Código Civil. Locação de obra não existe mais, hoje se fala em empreitada, artigos 610 a 626 do Código Civil.

Temos locação de 1ª coisa móvel, 2ª locação de coisa imóvel urbana e 3ª locação de coisa imóvel rural. Quando falamos em locação de coisa móvel, aplica-se o Código Civil em seus artigos 565 a 578. Quando falamos em locação de imóvel urbano, aplica-se a Lei 8.245/91 – Lei da Locação de Imóvel Urbano. Envolve três tipos de locação: locação residencial, locação temporária e locação comercial. Quando falamos em locação de imóvel rural, aplica-se a Lei 4.504/64 (Estatuto da Terra). Envolve a matéria de direito agrário e não é objeto do nosso programa. Iremos estudar locação de coisa móvel e de locação de coisa imóvel urbana. Conceitos e Características do Contrato de Locação A locação é a espécie contratual que tem de um lado uma parte qualificada de locadora e do outro lado uma parte qualificada de locatário. Sendo que a primeira transfere a segunda, de forma temporária, uma coisa infungível para o seu uso e gozo mediante o pagamento de remuneração qualificada de alugueres ou alugueis. Basicamente 3 são os elementos que constituem a locação. 1º - Coisa 2º - Preço 3º - Consentimento A locação tem como características o que se segue: 1º - É um contrato bilateral. Pois determina deveres contratuais/obrigações reciprocas entre locador (transferir ao locatário a coisa para o seu uso e gozo) e locatário (pagar os alugueres ou alugueis). Em relação ao preço, os alugueres podem ser pagos de forma periódica (mensal, trimestral, anual) ou também pode ser pago à vista. O locador não necessita ser proprietário do imóvel ou coisa, normalmente é. Basta ter a posse. A locação não é um contrato personalíssimo. 2º - É um contrato oneroso. Porque gera vantagens patrimoniais reciprocas. A vantagem do locador é econômica, ele vai receber um valor resultante do pagamento dos alugueres. A vantagem do locatário é que durante a vigência do contrato, ele vai ter a sua disposição o uso e gozo de uma propriedade que até então ele não tinha. 3º - É um contrato consensual. Pois para sua formação depende exclusivamente da manifestação das partes envolvidas. Locador e locatário.

Não é contrato real, pois para sua formação depende exclusivamente do consentimento, da manifestação de vontade das partes envolvidas (locador e locatário). 4º - É um contrato comutativo. Porque tanto o locador quanto o locatário tem certeza do que deverão cumprir como prestação e contra prestação. 5º - É um contrato via de regra informal e não solene. A maioria dos contratos de locação são verbais, obviamente não são formais. Muitas vezes também são formais por opção das partes, por instrumento particular, mas não são solenes. Há situações legais em que o contrato necessariamente se torna formal. Quando a norma jurídica determina essa formalidade e solenidade é necessário ser seguida. 6 º - É um contrato de execução sucessiva, se perfaz por meio da prática de vários atos no curso do tempo. Admite a exceção do contrato não cumprido. Podendo ser também de execução diferida, quando o aluguel é pago à vista. Essas características se aplicam a todos os tipos de locação (móvel, imóvel urbano e imóvel rural). 11/09/13 LEI 8.245/91 – Locação de Coisa Imóvel Urbana (Lei do Inquilinato) Art.1º - Nos da a abrangência da Lei 8.245/91. Regulamenta locação de imóvel urbano para fins residenciais, locação de imóvel urbano para fins de temporada e a locação de imóvel urbano para fins comerciais (empresariais), aplica-se também a locação de espaços em shoppings (Art. 51 e seguintes). Art.2º - Já existe um aspecto de solidariedade quando existe pluralidade de locadores ou locatários. Não se presume a solidariedade. Art.3º - O contrato tem caráter de obrigação, a natureza do contrato de locação é obrigacional (ela não é real). Sendo obrigacional, não se exige outorga do outro cônjuge ou do outro convivente na hipótese do indivíduo ser casado ou vivendo em união estável. O prazo também não tem limite para ser ajustado, porém a lei diz que se o prazo for igual ou superior a 10 anos é necessário a outorga do cônjuge ou convivente. Existem 2 formas/critérios de definir se o imóvel é urbano ou se o imóvel é rural. Critério Geográfico – vem perdendo sentido pelo fato de as cidades estarem crescendo tanto. Há uma tendência que São Paulo e Rio se tornem uma megalópole pois elas crescem absurdamente, crescem de forma desmedida e pela falta de limite as cidades se unem. A definição se o imóvel é urbano ou rural pela sua localização não é a mais aconselhável.

O imóvel é urbano quando se localiza na área mais central da cidade, na área propriamente mais urbana. O imóvel é rural quando se localiza no interior, na parte mais periférica da cidade, na parte onde não há bairros residenciais, comerciais, mas sim sítios, fazendas. Critério da Destinação – Está mais adequado. É o critério adotado pela Lei 8.245/91. O imóvel será urbano quando tiver uma das finalidades (residencial, comercial ou para temporada) independentemente da área em que se encontra (seja no centro ou em áreas mais periféricas). O que importa é a sua destinação. Art.5º - Por ser uma lei especial, ela se sobressai em relação as leis de caráter geral. O artigo 5 é muito claro, qualquer que seja a causa que determine a extinção do contrato, o único meio que o locador tem de reaver o imóvel é propondo ação de despejo (falta de pagamento de aluguéis). Abre-se duas opções: purgar a mora (quem faz o cálculo é o locador)(pagando os alugueis o contrato de locação é mantido) ou contestar a ação de despejo em até 15 dias. Outro motivo que leva a ação de despejo é o desvio de finalidade do contrato. Outra situação que gera o pedido de despejo é a violação das cláusulas do contrato de locação por parte do locatário. Exemplo: loquei um imóvel para finalidade residencial e o indivíduo utiliza para fins comerciais. Entro com a ação de despejo pois houve um desvio de finalidade que não estava prevista nas cláusulas do contrato de locação. Pode o locador, também, propor a ação de despejo vencidos 30 meses do contrato de locação e o locatário não desocupar o imóvel espontaneamente ou posteriormente à notificação. Esse contrato se submete ao contrato de renuncia vazia (Art. 46). Quando o contrato de locação é verbal ou é escrito por prazo inferior a 30 meses, prorrogado o prazo por tempo indeterminado o locador pode entrar com a ação de despejo e motivar o seu pedido em alguma das hipóteses do artigo 47 (exemplo: uso próprio do imóvel). Pois nesse caso o contrato se submete ao contrato da denúncia cheia. O artigo 59 e seguintes possibilita a concessão de medida liminar. A sentença prolatada possibilita ao recurso de apelação e o recurso de apelação só tem efeito devolutivo (não tem efeito suspensivo). Art.6º e 7º. Regime Jurídico do Contrato de Locação Existem 2 regimes, o Regime Jurídico da Denúncia Vazia, da Denúncia Imotivada prevista no artigo 46 e existe o Regime Jurídico da Denúncia Cheia, da Denúncia Motivada contemplada no artigo 47 da Lei 8.245/91. Normalmente, hoje 99,9% das locações residenciais se submetem ao regime jurídico da Denúncia Vazia. Para que se aplique esse regime jurídico às locações é necessário a presença de 2 requisitos: 1º - Que o contrato seja escrito; 2º - Que o contrato seja escrito por prazo igual ou superior a 30 meses.

Sendo o contrato de locação submetido ao regime da denúncia vazia, portanto, contrato escrito e por prazo igual ou superior a 30 meses, exaurido o prazo contratual, o locatário deverá desocupar o imóvel, independentemente de notificação. Se não o fizer e permanecer no imóvel por mais de 30 dias, sem oposição do locador, a locação prorroga-se por prazo indeterminado, podendo o locador a qualquer tempo denunciar o contrato, a locação, concedendo o prazo de pelo menos 30 dias para o locatário deixar o imóvel. Se denunciada a locação pelo locador e o locatário resistir a desocupação, poderá o locador ingressar com a ação de despejo e requerer judicialmente a saída do locatário do imóvel. Exemplo: X locador firma com Y locatário, a locação de um imóvel urbano, locação essa residencial pelo prazo de 30 meses. O regime jurídico aqui aplicável é o da denuncia vazia. Exauriu o prazo contratual de 30 meses no dia 31/08/13. A partir do dia 1º de setembro o Y deve entregar o imóvel ao X. Porém, Y não o faz e passa-se 30 dias e o X não toma providencia alguma, não o notifica. A partir de outubro o contrato se renova e agora por prazo indeterminado obedecendo as condições do contrato anteriormente firmado. A qualquer momento o locador pode denunciar a locação, isso significa que o locador pode por fim a locação. Devendo conceder ao locatário 30 dias para poder deixar o imóvel, caso o locatário não deixe o imóvel no prazo de 30 dias o locador poderá ingressar com a ação de despejo. Regime Jurídico da Denúncia Cheia, vigorará na locação de imóvel urbano residencial quando: 1º - O contrato for verbal 2º - O contrato for escrito com prazo inferior a 30 meses. Sendo o contrato de locação residencial verbal ou escrito por prazo inferior a 30 meses, a locação se submete ao regime jurídico da Denúncia Cheia. Sendo verbal o contrato ele é por prazo indeterminado. Sendo escrito por prazo inferior a 30 meses, exaurido o prazo o contrato se prorroga por prazo indeterminado e a retomada do imóvel somente poderá ser feita por meio da ação de despejo com rito ordinário, devendo o locador motivar o pedido em alguma das hipóteses indicadas no artigo 47 da Lei 8.245/91. Art.4º - Vigente o contrato de locação o locador não pode requere a devolução do imóvel antes de exaurido o prazo contratual. Por sua vez, o locatário pode sim, vigente a locação, devolver ao locador o imóvel locado pagando proporcionalmente o valor da multa fixada pelas partes envolvidas no contrato ou fixada judicialmente. Exemplo: o contrato é de 30 meses, fica estipulado que na hipótese do locatário deixar o imóvel antes de exaurido o prazo contratual, deverá pagar uma multa correspondente a 3 alugueres. Digamos que o aluguel seja de R$1000,00 por mês. O locatário quer deixar o imóvel no décimo mês, ele deverá pagar R$2.000,00 (ou seja, 2 alugueis) proporcional aos 2/3 do período que ele irá deixar o imóvel. 17/09/13

VENDA ROMPE LOCAÇÃO Isto significa que, vigente o contrato de locação de imóvel urbano, se um terceiro adquirir a coisa, ele não é obrigado a manter a locação podendo denunciá-lo. Somente não poderá fazê-lo se presente três situações (as três situações devem estar presentes ao mesmo tempo). Artigo 8º da Lei 8.245/91. 1ª situação – O contrato deve ser por prazo determinado. 2ª – situação – Deve constar de forma expressa, no contrato escrito, uma cláusula que determine a manutenção da locação na hipótese de alienação do imóvel durante a vigência da avença. 3ª – situação – O contrato de locação deve estar averbado no registro imobiliário competente. Hipótese 1 – X e Y firmam um contrato de locação de imóvel urbano com prazo de 30 meses. No vigésimo mês de vigência do contrato, W adquire o imóvel de X. Então W passa a ser o novo proprietário e ficam ainda restando 10 meses para que o contrato de locação entre X e Y termine. A rigor, W não é obrigado a manter o contrato de locação. Ele pode denunciá-lo. No caso de denúncia W deverá dar 90 dias para que Y deixe o imóvel. Agora se o contrato apresentar as 3 situações citadas acima, W será obrigado a manter a locação. Direito de Preferência O artigo 27 e seguintes da Lei 8.245/91 disciplina o chamado direito de preferência, perempção ou prelação. Os artigos citados possibilitam ao locatário preferir a terceiros e ficar com o imóvel locado na hipótese do bem ser alienado a terceiros durante a vigência do contrato. O locador, mediante a proposta feita por terceiro, deve oferecer o imóvel ao locatário afim de que ele pague o preço oferecido pelo terceiro nas mesmas condições. Deverá oferece-lo/notifica-lo por escrito e a partir da notificação terá 30 dias para resposta. Exemplo: X (locador) firma um contrato de locação de imóvel urbano com Y (locatário) com 30 meses de prazo. No 20º mês, X recebe uma proposta de W de R$400.000,00 a vista pelo imóvel locado. X deverá oferecer ao locatário (Y) o imóvel, fazendo uma notificação informando que tem um terceiro (W) interessado e com a proposta de R$400.000,00 a vista, dizendo que terá 30 dias para exercer sua preferência. Caso Y ofereça R$400.000,00 a vista, exercerá o direito de preferência. Caso Y não ofereça em 30 dias ou informe que não tem interesse dentro do prazo de 30 dias, X poderá efetuar a venda para o terceiro (W). Observação: A cada oferecimento feito, se não for concretizado negócio com o terceiro, o locador deve diante de outra proposta, deve novamente ofertar ao locador

(Y). Isto normalmente não é feito e por isso abre a possibilidade do Y depositar o dinheiro e ficar com a coisa. X (locador) preterir o direito de Y (locatário). Isto é, se X alienar o imóvel diretamente ao terceiro (W) sem oferecê-lo ao Y (locatário). Neste caso, abrem-se duas possibilidades ao locatário. No prazo de 6 meses (decadencial) a contar do registro de transferência da propriedade, o locatário Y pode: 1 – se o contrato não estiver averbado, abre-se a possibilidade do locatário abrir uma ação em face do locador para requerer perdas e danos. (Nelson) 2 – ou estando o contrato de locação averbado no registro imobiliário competente, poderá o locatário (Y) depositar (judicialmente junto com a ação de adjudicação compulsória) o preço e adjudicar o imóvel para si. (Nelson) O contrato estando ou não averbado (registrado) poderá o locatário utilizar dentro do prazo de 6 meses um dos caminhos acima indicados (a via indenizatória ou o depósito judicial e a adjudicação do imóvel). (Negrão) E quando o imóvel é locado é objeto de condomínio? Como solucionar a questão da preferencia? Temos que combinar os artigos 34 da Lei 8.245/91, o artigo 504 do Código Civil e as regras aplicáveis ao condomínio em geral, disciplinadas no C.C artigo 1314 a 1330. Exemplo: X, Y e W são proprietários de um imóvel, portanto são condôminos ou coproprietários. X tem uma fração ideal do imóvel de 40%. Y tem uma fração ideal do imóvel de 35%. W tem uma fração ideal do imóvel de 25%. Este imóvel se encontra locado a Z com prazo de 30 meses. No vigésimo mês, W oferece R$400.000,00 a vista pelo imóvel. Tem interesse na aquisição do imóvel como um todo, X e Z (locatário). Nesta hipótese o condômino X prefere o condômino à Z ficando com a coisa. A preferencia de natureza real, oriunda do condomínio, gera oponibilidade erga omnes (é contra todos). E existe a preferencia de Z (locatário) que é uma preferencia pessoal, contra os condôminos ou em face de terceiros. Se houver interesse do condômino, este terá prioridade a preferência do locatário. Critérios para condôminos. 1º - Quem dentre os condôminos realizou mais benfeitorias (de maior valor). 2º - Quem tem a maior fração ideal. Artigo 35 da Lei 8.245/91 Trata das chamadas benfeitorias necessárias, úteis. Benfeitoria é um bem acessório que consiste em toda obra ou despesa realizada numa coisa principal, com o intuito de conservá-la (necessárias), melhorá-la (úteis) ou ainda embelezá-las (voluptuárias).

O artigo 35, diversamente do que determina o artigo 27 e seguintes, é uma norma de natureza dispositiva, que regulamenta interesses privados/particulares. Normalmente a norma é dispositiva porque vem com uma ressalva (caso, se,...condicionantes) e esta ressalva permite, por ser a norma dispositiva, que as partes venham a acordar conteúdo diverso do que determina a norma, prevalecendo o que foi avençado e não o conteúdo normativo. Não havendo ressalva no contrato, se o locatário realizar no imóvel benfeitorias necessárias e se o locador autorizar o locatário realizar benfeitorias úteis, findo o contrato o locatário poderá exigir do locador a devida indenização por conta das benfeitorias necessárias e exercer o seu direito de retenção. Exaurido o prazo contratual o locatário pode manter o imóvel consigo até que o locador lhe pague/indenize as benfeitorias realizadas. A benfeitoria necessária visa conservar a coisa. Exemplo: reparo na coluna de sustentação, reparo no telhado. A benfeitoria útil tem como finalidade melhorar o uso da coisa. Exemplo: trocas de escadas por rampas de acesso, construção de um quarto a mais no imóvel, etc. Se existir uma cláusula no contrato no seguinte sentido: “Caso o locatário venha a realizar no imóvel locado benfeitorias necessárias, úteis, voluptuárias, findo o contrato o locatário não poderá exigir do locador qualquer espécie de indenização não tendo ainda o direito de exercer a retenção”. Obs: se a relação locativa for de consumo, essa espécie de cláusula é considerada abusiva e ,portanto, nula de pleno direito. GARANTIAS LOCATIVAS (Art. 37 e 38 da Lei 8.245/91) As principais espécies de garantia que envolvem a locação de imóvel urbano são as seguintes: 1º - Contrato de Fiança; 2º - Caução em dinheiro ou coisa; 3º - Seguro fiança. 1º - O contrato de fiança encontra-se disciplinado no C.C. nos artigos 818 a 839. Basicamente o contrato de fiança tem as seguintes características: -É um contrato unilateral; -É um contrato gratuito; -É um contrato acessório; -É um contrato subsidiário. A fiança tem que ser escrita para efeito de prova. Se a fiança não for escrita, não há a possibilidade de prova-la e, portanto, perde o seu sentido.

A fiança pode ser escrita em um contrato apartado do contrato principal (o que é pouco comum) ou no próprio contrato de locação. Normalmente se coloca no mesmo instrumento o contrato principal (locação) e o contrato acessório (fiança). Exemplo: X (locador) firma com Y (locatário) um contrato de locação pelo prazo de 30 meses. Ocorre que X exige que Y apresente um fiador. E Y apresenta W como fiador. Então X e W firmam um contrato acessório em que X é o credor, W é o fiador e Y é o devedor afiançável. Não há, por parte de W (fiador), renúncia ao benefício de ordem (Artigo 824, 825 do C.C.). Se o Y (locatário), devedor afiançável, não pagar os alugueres a X (locador), X deverá primeiro cobrar de Y. Não havendo pagamento judicial, posteriormente X deverá cobrar de W (fiador). Exemplo 2 – W (fiador) renuncia ao beneficio de ordem e por conta disso passa a responder solidariamente com Y (locatário e devedor afiançável). Nesta hipótese X poderá cobrar de W ou de Y ou de ambos. A responsabilidade aqui é solidária. Se W pagar os alugueres a X, poderá posteriormente cobrar de Y, pois se sub-roga aos direitos de X. BEM DE FAMÍLIA Se encontra disciplinado na Lei 8.009/90, e esta lei determina que se o individuo tiver apenas um imóvel, este é considerado bem de família e não pode ser objeto de penhora em uma execução. Só que há um detalhe, o artigo 3º desta lei, excepciona algumas hipóteses em que a pessoa tendo um único imóvel não pode alegar bem de família. Uma das hipóteses é a situação em que envolve a fiança (VII do Artigo 3º). 18/09/13 2º - Caução em dinheiro (em que o valor alcança 3 alugueres) ou em coisa (Art. 38) Pode ser por meio de um bem imóvel ou móvel o próprio locatário oferece e pode ser também na forma de dinheiro (3 alugueres) depositados em uma poupança para no caso de inadimplemento. Se não houver, no final do contrato o locatário poderá levantar o valor com juros e correções. 3º - Seguro fiança É a fiança bancária. É o banco que você contrata e remunera como fiador. Esta figura não alcançou a dimensão desejada. A mais comum, efetivamente, é o contrato de fiança. Obs: o locador pode dispensar qualquer garantia. Obs2: não se admite duas garantias. Por exemplo: não posso exigir fiança e caução ao mesmo tempo.

O que se pode fazer é distribuir essas garantias de acordo com as obrigações oriundas da obrigação. Para as despesas condominiais caução e para despesas com alugueres fiança, mas também não é comum. A sublocação e cessão Ela é possível quando autorizada pelo locador. Artigo 13 e seguintes da Lei 8.245/91. Pois, se não houver autorização e essa sublocação ocorrer, isto caracteriza uma violação do contrato e enseja o pedido de despejo por parte do locador. O artigo 22 aponta os deveres do locador e o artigo 23 os deveres do locatário. Locação Temporária (Arts. 48, 49 e 50 da Lei 8.245/91) É uma novidade em relação a legislação existente no Brasil. Aspectos: 1º - a locação por temporada não pode ser superior a 90 dias. 2º - qual a finalidade desta locação? Tratamento de saúde, lazer, locação para fins de educação, etc. 3º - diversamente do que ocorre na locação residencial e comercial, o locador pode exigir do locatário o pagamento integral dos alugueres. 4º - exaurido o prazo locativo, o locador deve denunciar a locação para retomada do imóvel sob pena de não o fazendo, o contrato se prorrogar por prazo indeterminado. Deve existir uma oposição efetiva do locador quando encerrado o prazo contratual e o locatário não restituir a coisa que lhe foi locada.

LOCAÇÃO DE COISA MÓVEL (Artigos 565 a 578 do Código Civil)

DEVERES DO LOCADOR (correlatamente corresponde aos direitos do locatário) Lembrando sempre que nesse aspecto, aplicamos Kelsen, porque todo dever corresponde a um direito. Quando falo nos deveres do locador, me refiro correlatamente aos direitos do locatário e vice-versa. O principal dever do locador é entregar a coisa locada ao locatário afim de que ele possa usar e gozar da coisa. Entregar esta coisa ao locatário em condições de que ele possa, efetivamente, usar e gozar do bem. Uma questão que se levanta quando estamos diante da locação de coisa móvel, é se sendo o contrato por prazo determinado, se o locador pode retomar a coisa antes de exaurir o prazo (resili-lo unilateralmente) ou se o locatário pode devolvê-la antes de exaurir o prazo. Se há possibilidade da resilição unilateral? Há sim, sendo locação de coisa é possível que o locador efetue a resilição unilateral, mas terá que pagar um valor indenizatório que normalmente é fixada pelo juiz. Se for muito abusiva, ela é fixada pelo juiz não havendo acordo entre as partes. O locatário também poderá resilir o contrato unilateralmente, terá que pagar o valor do restante do contrato e a multa estipulada no contrato.

Combinando os Artigos 566 e 571., chegamos a conclusão que o locador poderá resilir o contrato unilateralmente pagando uma indenização e o locatário poderá resilir o contrato unilateralmente pagando os alugueres restantes e a multa estipulada no contrato. O locatário poderá reter o imóvel caso o locador venha resilir unilateralmente o contrato até que o locatário receba do locador a indenização devida. A segunda obrigação do locador é reparar eventuais danos que a coisa locada venha apresentar durante a locação. Esta obrigação de reparar eventuais danos deflui da primeira obrigação (que é entregar a coisa ao locatário com garantia de uso e gozo). Se a coisa apresentar, especialmente danos estruturais, é o locador que deverá repará-los afim de que a coisa possa ser objeto de uso e gozo. Exemplo: X loca a Y um automóvel, pelo prazo de 2 anos e no 6º mês o motor do automóvel funde. Lógico que se há de avaliar se o motor fundiu por uma questão de desgaste anterior a locação (locador tem o dever de efetuar a reparação para que o uso e gozo sejam alcançados) ou por negligencia do locatário (responsabilidade do locatário). O terceiro dever do locador é impedir que terceiros venham a obstar ou restringir o uso e gozo da coisa locada por parte do locatário. Observação: Na locação de coisa móvel, o locador, de acordo com o C.C. é responsável por eventuais vícios redibitórios, como também pelos efeitos jurídicos da evicção. DEVERES DO LOCATÁRIO (correspondem correlatamente aos direitos do locador) O principal dever do locatário é pagar pontualmente os alugueres na data indicada no contrato. Não pagou o aluguel, o locador pode ingressar com o pedido de rompimento do contrato (resolução do contrato cumulada com o pedido de reintegração na posse mais perdas e danos – envolvem naturalmente os alugueres não pagos). Se na locação de coisa imóvel urbana (Lei 8.245/91) a ação para retomada de imóvel é sempre a ação de despejo, quando estamos na locação de coisa móvel, a retomada é a ação de reintegração da posse (Artigos 920 e seguintes do C.C.). Não cabe ação de despejo em locação de coisa móvel. O segundo dever do locatário é usar e gozar da coisa locada como se sua fosse, ou seja, o locatário deve considerar a coisa locada, durante o período do contrato, como se fosse uma coisa própria, de sua propriedade e cuidar dela com o mesmo zelo e atenção de um bem de seu domínio. O terceiro dever do locatário é não desviar de finalidade. Se foi feita a locação de um automóvel para lazer por 1 ano, ele não pode ,enquanto locatário, desviar a função e durante 1 ano utilizar o automóvel para trabalho. Se o fizer, estará violando as regras do contrato e poderá ser rompida a própria locação. Obs.: pode haver mais de uma finalidade no contrato.

O quarto dever do locatário é, pelo locatário de ser possuidor direto, defender a posse da coisa na eventual tentativa de esbulho ou turbação promovida por terceiros. Artigo 1197 do C.C., que trata do fenômeno denominado desdobramento possessório. O quinto dever do locatário é o de fazer reparos na coisa afim de que ela seja restituída ao locador nas mesmas condições que o locatário a recebeu, ressalvado o desgaste natural resultante do uso do bem. Terminado o contrato, o locatário tem a obrigação de restituir ao locador a coisa locada nas condições em que recebeu. Artigo 567, 568, 569, 570, 571, 572, 57, 574, 575, 576, 577, 578 do Código Civil. X loca a Y um automóvel pelo prazo de 1 ano. O motor depois de 2 meses acaba fundindo, não por culpa de Y. Quem deverá refazer esse motor é o X. Quando o Y devolver o carro a X, ele terá que reparar um risco na porta (por exemplo). 24/09/13

CONTRATO DE EMPRÉSTIMO O contrato de empréstimo é um gênero que comporta 2 espécies. Primeiro é o contrato de comodato – artigo 579 a 585 do código civil e o segundo é o contrato de mútuo – artigo 586 a 592. CONTRATO DE COMODATO O comodato é a espécie contratual em que uma pessoa qualificada de comodante empresta a outra, denominada de comodatária, uma coisa infungível de forma gratuita afim de que ela possa usá-la e posteriormente restitui-la quando exaurido o prazo contratual ou quando a finalidade do empréstimo for alcançada. O que pode ser objeto de comodato? Coisas móveis, imóveis, corpóreas, incorpóreas, desde que sejam infungíveis. Observando-se o conceito e a própria legislação pertinente ao contrato de comodato, é fácil apontar as características deste contrato: 1ª característica diz respeito ao objeto – o objeto do comodato sempre dirá respeito a uma coisa infungível (aquela que não pode ser substituída, trocada por outra da mesma espécie, qualidade ou quantidade). Esta infungibilidade pode ser determinada pela própria natureza da coisa ou pela destinação que é dada ao bem. Por exemplo: uma cadeira de Napoleão é inquestionavelmente uma coisa infungível, pois não há outra que possa substituí-la. Um quadro de Portinari também. Essa infungibilidade é determinada pela própria natureza. Os bens imóveis, são via de regra, bens infungíveis. Não existe dois imóveis idênticos. A infungibilidade pode ser determinada pela sua destinação, onde a coisa é naturalmente fungível mas, pela sua destinação torna-se infungível.

Exemplo: uma garrafa de whisky para enfeitar uma mesa de natal, comprometendo-se a devolver intacta, firma-se um contrato de comodato. Pois, mesmo o bem sendo naturalmente fungível, pela sua destinação se torna infungível. 2ª característica – transferência da posse. O comodante (aquele que empresta) é possuidor indireto e o comodatário é o possuidor direto. No comodato não transferência da propriedade da coisa, o que há no comodato é a transferência da posse. Costuma-se afirmar o desdobramento possessório (Art. 1197 do C.C.) neste caso. Somente a posse é transferida. 3ª característica – o comodato é um contrato de uso. Comodatário recebe a coisa para usá-la e posteriormente restituí-la. Ele não irá consumir a coisa, ele irá usar e restituir a coisa que ele recebeu. Por isso que o bem tem que ser infungível. Observações do C.C.: o comodatário deve usar a coisa de acordo com a finalidade determinada no contrato. Se houver desvio de finalidade, o comodante pode requerer a resolução do contrato (a rescisão do contrato), portanto, a devolução imediata da coisa mais perdas e danos. Exemplo: X (comodante) loca a Y (comodatário) um imóvel, pelo prazo de 2 anos, afim de que o comodatário utilize o imóvel para sua moradia. Ocorre que depois de decorrido 1 ano do empréstimo, o comodatário estabelece no local um comércio, desviando ,portanto, da finalidade contratual. O comodante pode requerer resolução do contrato mais perdas e danos. Observação: o comodatário, a usar a coisa emprestada, deve usá-la com o mesmo zelo, cuidado, como se o bem fosse de sua propriedade, inclusive sendo responsável pelas despesas ordinárias incidentes na coisa emprestada que visam especialmente sua conservação. Ao restituí-la ao comodante, o comodatário deve restituir a coisa nas mesmas condições em que recebeu. Ressalvado os desgastes naturais, oriundos do uso da coisa. As despesas extraordinárias são por conta do comodante. Exemplo: X empresta a Y um automóvel, com prazo de 1 ano. O Y deverá usar o carro como se seu fosse, com cuidado e zelo. Furou um pneu, é uma despesa ordinária, é o comodatário que deverá trocá-lo. Terá que devolver o automóvel com as condições em que recebeu. O desgaste de pneus, a quilometragem do veículo é natural do uso da coisa. Mas, se ele devolver o veiculo com a porta riscada, ele terá que reparar o comodante, pois o risco não é um desgaste natural, ao contrário, resulta de uma situação de imprudência, negligência, imperícia. A rigor, nesta hipótese, o dano deve ser reparado pelo comodatário. Se o comodatário não colaborar para que o motor seja fundido, é uma responsabilidade extraordinária, portanto quem deve reparar é o próprio comodante.

Observações: A principio o comodatário não poderá ceder o direito de uso a terceiros. Não poderá ocorrer a cessão do comodato à terceiros. Isso somente será possível quando houver autorização no contrato, autorização essa dada pelo comodante. Exemplo: X empresta um imóvel a Y, se não houver nenhuma disposição no contrato, Y não poderá transferir a W a posição de comodatário. Isso só seria possível se houvesse uma disposição no contrato. Existe uma modalidade de comodato, chamada de comodato com encargo. Exemplo: X empresta a Y uma casa de forma gratuita, mas Y tem o encargo de regar as plantas existentes no jardim do imóvel. É um contrato de comodato com encargo. Quanto ao uso, o contrato de comodato é realmente um contrato de uso com as peculiaridades citadas acima. 4ª característica – o contrato de comodato é um contrato real, pois a sua formação dependem de um negócio jurídico bilateral, ou seja, da proposta e aceitação, mas também da transferência de fato da coisa, objeto do contrato, das mãos do proponente para as mãos do oblato (aceitante). 5ª característica – o comodato é um contrato unilateral. Se ele é por um lado, bilateral quanto a sua formação. Quanto aos seus efeitos é unilateral, pois somente gera dever contratual (obrigação) ao comodatário (restituir ao comodante a coisa que lhe foi emprestada). 6ª característica – é um contrato gratuito, pois somente gera vantagem para o comodatário. A vantagem do comodatário é momentaneamente aumentar o seu patrimônio, ter a possibilidade de uso de uma coisa que lhe foi emprestada. Então somente o comodatário tem vantagens, por isso o contrato é gratuito. 7ª característica – é um contrato não solene e não formal. Inclusive o comodato pode ser firmado verbalmente, nada obsta que seja firmado desta forma. Daí o seu caráter de não formal e não solene. Para efeito de prova, do próprio contrato de comodato, muitas vezes se aconselha (quando não se exige) que o contrato tenha forma escrita. É o caso, por exemplo, da defesa feita numa ação de usucapião em que o réu alega comodato do imóvel, ou seja, que o autor seria comodatário e não usucapiente, esta prova no TJ de SP é exigida de forma escrita, pois não há como provar sem a forma escrita. Não apresentando o contrato, a rigor, pode-se caracterizar o usucapião. 8ª característica – é um contrato considerado intuitu persona, pois o comodante só empresta ao comodatário uma coisa porque há uma confiança, há uma fidúcia, o comodante confia no comodatário. É, portanto, um contrato pessoal. Via de regra esse contrato não pode ser cedido por ato inter vivos, exceto se o comodante concordar conforme dito anteriormente, como também não é transmissível a causa mortis, via sucessão.

Quando o contrato de comodato é firmado por prazo indeterminado, vigorando até que sua finalidade seja alcançada, o direito do comodatário, dependendo da situação, pode ser transmitido, pode ser objeto de sucessão. Exemplos: a)X firma com Y um contrato de comodato por prazo indeterminado, sendo que o objeto do contrato é um andador para idosos. O Y usa esse andador por 3 anos e falece. Naturalmente extinto estará o contrato. Não há nenhum herdeiro necessitando esse andador e por isso não se transfere esse direito de sucessão. Somente o comodatário é que tem a necessidade de usar esse meio. Neste caso, seria intransmissível. b)X empresta a Y um trator. A finalidade é de que Y venha a arar a terra de sua fazenda no ano de 2014 a fim de se realizar no mesmo ano o plantio de sua lavoura. Em janeiro de 2014 Y falece e a finalidade não foi alcançada. A condição de comodatário será transmitido aos herdeiros e cabe a eles arar a terra para o plantio. Obs: vai depender muito da finalidade do comodato. Muitas vezes é intuito persona pois só diz sobre a pessoa do comodatário, porém, em outras vezes se transfere aos herdeiros. 9ª característica – temporariedade – o contrato de comodato é um contrato temporário, portanto, é um contrato que pode ser firmado por prazo determinado ou indeterminado. Quando o contrato de comodato for firmado por prazo determinado, exaurido o prazo o comodatário deve restituir a coisa ao comodante, porque não o fazendo se encontrará em mora. E algumas consequência dessa mora podemos apontar: a)se a coisa perecer na mão do comodatário, estando em mora, ainda que por caso fortuito ou força maior, o comodatário será civilmente responsabilizado. b)Não devolvida a coisa ao comodante, poderá ele arbitrar um aluguel que deverá se pago pelo comodatário. Este aluguel não pode ser abusivo, deve ser dentro de padrões razoáveis. Exemplo: locou o imóvel ao comodatário, o valor de mercado é de R$2.000,00. O comodante não pode arbitrar um aluguel de R$15.000,00. O parâmetro do mercado é o melhor critério em termos de razoabilidade. Uma outra atitude que pode ser tomada pelo comodante é requerer a devolução da coisa emprestada, propondo uma ação de reintegração na posse. Pois exaurido o prazo contratual e não restituída a coisa, o comodatário começa a ter uma posse injusta, precária e passa a praticar o que se denomina esbulho possessório. A forma de por fim ao esbulho é a propositura da ação de reintegração na posse (Arts. 920 e seguintes do CPC). O comodato pode ser por prazo indeterminado afim de que se atenda uma finalidade. Até que a finalidade seja alcançada, o contrato vigora. Alcançada a finalidade, extinto estará o contrato, devendo o comodatário restituir ao comodante a coisa que lhe foi emprestada. Se não restituída, o comodatário estará em mora, sujeito as sanções anteriormente mencionadas.

Exemplo: X firma com Y um contrato de comodato por prazo indeterminado. O objeto do contrato é um trator. Qual a finalidade do empréstimo? Que Y utilize o trator para preparar o solo para o plantio de arroz no ano de 2014. Este contrato é firmado em setembro de 2013 e a terra deverá ser preparada ano que vem (seja em março, abril, julho, etc) assim que a terra estiver arada e devidamente preparada o contrato se extingue, pois a finalidade foi alcançada. Há uma terceira hipótese ainda, onde o contrato de comodato é por prazo indeterminado, mas sem o objetivo de alcançar-se uma finalidade. Exemplo: X empresta a Y um imóvel por prazo indeterminado. A qualquer momento esse contrato pode ser resilido unilateralmente, tanto pelo comodante, quanto pelo comodatário. Bastando para tanto, que haja denuncia do contrato por meio de uma notificação. Então o comodatário pode notificar o comodante, determinando a resilição unilateral do contrato. Se o comodante se recusar em receber a coisa que ele emprestou, ele estará em mora. O comodante também pode resilir o contrato unilateralmente, neste caso o comodatário deverá restituir o bem imediatamente, caso não o faça estará em mora. Detalhe importante: sendo o comodato por prazo determinado ou indeterminado, o comodante pode unilateralmente resilir o contrato se demonstrar necessidade urgente da coisa emprestada. Esta resilição requerida pelo comodante, deverá ocorrer por meio de decisão judicial. Em nosso exemplo, onde X empresta a Y um trator no mês de setembro de 2013, para arar o seu imóvel em 2014. Portanto, contrato por prazo indeterminado e tem por objetivo atender uma finalidade. Só que em novembro ocorre um tornado e a fazenda de X é totalmente destruída, inclusive os maquinários. O único trator que resta foi o emprestado a Y. Neste caso, X pode requerer a resilição do contrato unilateralmente e requerer a devolução do trator imediatamente. Uma questão importante e que não pode deixar de ser dita. Se uma coisa dada em comodato correr risco em perecimento, ainda que por caso fortuito ou de força maior, o comodatário deverá primeiro resgatar o bem emprestado, evitando o seu perecimento, deixando os seus bens para um segundo momento, um segundo plano, pois se proceder de forma contrário e a coisa emprestada perecer, o comodatário responde perdas e danos junto ao comodante. Exemplo: X empresta a Y uma cadeira de Napoleão. Y tem essa cadeira em seu escritório e o mesmo pega fogo devido a um raio. Y deverá primeiramente salvar a cadeira emprestada para depois salvar o restante da mobília. Se ele resgatar primeiro as outras mobílias, poderá responder por perecimento. E se o comodatário for uma pluralidade de pessoas? Aplicam-se as regras, aqui dita, de forma solidária. Os comodatários respondem solidariamente perante o comodante. A forma solidária é determinada pela lei, Art. 585 do Código Civil, ou seja, não é uma solidariedade presumida.

Pegar o finalzinho com a Tyfane. CONTRATO DE MÚTUO (Art. 586 a 592 do Código Civil) Contrato de empréstimo em que uma pessoa qualificada de mutante transfere a outra pessoa denominada de mutuário uma coisa fungível, via de regra de forma gratuita, afim de que ela possa consumir um bem que exaurido o prazo contratual, ou alcançada a finalidade do contrato, possa restituir ao mutuante outra coisa da mesma espécie, qualidade e quantidade. Aqui há a transferência de propriedade da coisa. É um contrato translativo de domínio. O objeto do mútuo é sempre uma coisa fungível. O contrato de mútuo é um contrato de consumo, por isso que se devolve outra coisa (da mesma espécie, qualidade e quantidade). 25/09/13 O mutuário deve devolver outra coisa da mesma espécie, qualidade e quantidade. Exemplo: X empresta a Y R$100.000,00. Y deverá devolver a X R$100.000,00, corrigidos e em outras cédulas. O empréstimo da coisa e a devolução de outra da mesma espécie, qualidade e quantidade. Além do mutuo ser um contrato que tem objeto fungível, que se transfere a propriedade da coisa e sendo um contrato de consumo. Podemos destacar outras características. É um contrato real, diferente do contrato de comodato. É um contrato real pois para sua formação depende não só da vontade das partes, e nesse aspecto é um contrato bilateral, como também a transferência da coisa das mãos do mutuante para as mãos do mutuário. É um contrato também unilateral, quanto aos seus efeitos. Pois somente o mutuário tem dever contratual a cumprir, qual seja, restituir ao mutuante outra coisa da mesma espécie, qualidade e quantidade. Outra característica importante, o contrato de mútuo via de regra é um contrato gratuito, pois somente gera vantagem patrimonial ao mutuário, que vai naturalmente desfrutar da coisa durante o empréstimo. Existe o chamado mútuo feneratício, que nada mais é do que o contrato de empréstimo em dinheiro com cobrança de juros. Nesta hipótese o mútuo é bilateral na formação, unilateral nos efeitos (quanto ao dever contratual a ser cumprido) e oneroso quanto às vantagens auferidas. É bilateral na formação e é também um contrato real.

Exemplo de mútuo feneratício: X empresta a Y R$100.000,00 para que sejam pagos no prazo de 2 anos. Analisando a formação do contrato: o mutante (o banco ou uma pessoa física) faz uma proposta de empréstimo a Y, e este aceita. Basta essa proposta essa proposta e aceitação como negocio jurídico bilateral para formar o contrato? NÃO, é necessário que X transfira a Y os R$100.000,00 aí sim temos a formação efetiva do contrato. No contrato está dito o seguinte, Y no final de 2 anos deverá devolver o valor corrigido com mais 10% de juros. Este contrato continua sendo unilateral quanto a seus efeitos ou deveres a serem cumpridos, pois somente Y (mutuário) tem dever a cumprir. Terminado ou exaurido o prazo de 2 anos o Y deverá devolver ao X os R$100.000,00 corrigidos + juros. Mas é oneroso quanto as suas vantagens, ao devolver o dinheiro a X, Y devolverá R$106.000,00 (6% de correção inflacionária e até aqui não há nenhuma vantagem para X) e + R$10.600,00 (e aqui sim há a vantagem para X pois irá acrescer o seu patrimônio). O mútuo, via de regra, é um contrato não formal e não solene, podendo ser firmado até verbalmente. Quando o mútuo é feneratício tem que ser por escrito, portanto, passa a ser formal. Uma outra situação importante: o mútuo é sempre um contrato temporário e, portanto, deve ser firmado por prazo determinado ou indeterminado. Artigo 592 do Código Civil. Quando o contrato de mútuo for por prazo indeterminado, o artigo 592 do Código Civil nos aponta os critérios necessários para que o prazo do contrato de mútuo se esgote a partir da finalidade alcançada. Por exemplo, se for um mútuo agrícola, se encerra na próxima colheita. O que pode ser objeto de um mútuo agrícola? Empréstimo de sementes para plantio, irá devolver na próxima colheita da semeadura feita. Se for empréstimo de dinheiro sem prazo para devolução, o prazo é de 30 dias. O inciso III do referido artigo, torna aberta a possibilidade da devolução e atribui ao mutuante a prerrogativa de exigir a devolução da coisa emprestada de acordo com o espaço de tempo necessário e útil para que o mutuário desfrute do bem. Por exemplo: X empresta a Y 20 dúzias de Coca-Cola, por prazo indeterminado. Empresta porque sabe que o mutuário irá utilizar em uma festa de aniversário da sua filha. Então o mutuante poderá cobrar a devolução desses refrigerantes após a ocorrência da festa. Leitura dos artigos: 586, 590 (muito ligado ao artigo 477 do C.C. – aplica-se aos contratos bilaterais), 591, Art. 588 e 589 que tratam da capacidade civil. Se o individuo emprestar a um menor uma determinada quantia, não poderá o mutante em regra exigir a devolução do que foi emprestado tanto do mutuário quanto do seu fiador, é a regra esculpida no artigo 588 do Código Civil. Mas, esse empréstimo poderá ser exigido a sua devolução quando presente uma das hipóteses excepcionais indicadas no artigo 589 do Código Civil.

A primeira exceção em que o mutante pode exigir do mutuário incapaz aquilo que lhe emprestou ocorre na hipótese em que o seu representante ratifica posteriormente o empréstimo feito. Exemplo: empresto para um filho de um amigo que tem 14 anos a quantia de R5.000,00. A rigor por ele ser menor, não posso exigir o devolução do que emprestei. O pai conhecendo a existência do contrato, ratifica os termos deste contrato, confirma os termos do contrato. Por conta desta ratificação posso exigir a devolução do que foi emprestado. A segunda exceção, disposta no artigo 589 do C.C, em que o mutuante pode exigir do mutuário incapaz aquilo que lhe emprestou, ocorre na hipótese em que o empréstimo feito teve como objetivo à alimentação do mutuário e incapaz. Exemplo: Temos o garoto de 14 anos, o pai se separou da mãe e esta sumiu. O pai foi para a Europa e o garoto pensou que o pai retornaria em 20 dias e já se passaram mais de 40. O garoto pede R$5.000,00 para fins de alimentos. Por força deste dispositivo poderei exigir a devolução do que foi emprestado. A terceira hipótese diz que pode também o mutante exigir do mutuário incapaz aquilo que lhe emprestou caso o mutuário tenha renda suficiente resultante do seu trabalho, da sua atividade, tenha patrimônio neste sentido, não podendo os valores emprestados a serem restituídos, ultrapassar a capacidade econômico financeira do mutuário incapaz. Exemplo: mutuário tem 14 anos, mas presta serviço e já até faz movimentação bancária - devidamente representado - na área de informática. Para uma assistência técnica na área de informática ele cobra R$200,00 por hora. Ele vem e me pede R$10.000,00 emprestados, ele tem um patrimônio constituído na ordem de R$30.000,00. Nesta hipótese eu posso exigir a devolução do valor emprestado de R$10.000,00. Exemplo 2: Se o empréstimo fosse de R$50.000,00 e o patrimônio do garoto for de R$30.000,00. Eu só poderei exigir os R$30.000,00 que é o patrimônio suficiente do mutuário. A quarta hipótese em que o mutuante pode exigir do mutuário incapaz a devolução do que lhe emprestou, ocorre quando o mutuante provar que o valor emprestado ao mutuário reverteu a seu favor. O sentido aqui é de que o menor (portanto incapaz) não sabe o que fará com o dinheiro. Este inciso procura mostra que embora o individuo se menor e incapaz , ele tem conhecimento do que pode fazer com aquilo que lhe foi emprestado, tanto é que o empréstimo feito reverte a seu favor. Exemplo: X empresta a Y (que tem 14 anos) R$20.000,00 e Y apanha os R$20.000,00 e reforma todo o seu instrumento de trabalho (troca computadores, traz aquilo de mais moderno para continuar dando uma assessoria devida e alcançar assim em um curto espaço de tempo a autonomia econômica que se espera). Se o X provar que esse foi o objetivo, não há porque não se exigir de Y aquilo que lhe foi emprestado. Isso prova que o mutuário Y não tem a inexperiência que se pensa ter. Não há razão para que o mutuante não exija do mutuário aquilo que emprestou.

A quinta e última hipótese diz que poderá também o mutuante exigir do mutuário incapaz aquilo que lhe emprestou caso o mutante o demonstre que o mutuário realizou o empréstimo de maneira maliciosa. Y mutuário, requer a X mutuante, o empréstimo de R$15.000,00 com o único objetivo de repassar a sua namorada o valor emprestado para o pagamento de uma dívida, sendo que a namorada W é inimiga manifesta de X. Então Y agiu com malicia aqui, procurando enganar a X. Neste caso X poderá cobrar de Y por conta da malícia empregada. Matéria da prova intermediária: 1.Contrato de Compra e Venda 2.Cláusulas Especiais do Contrato de Compra e Venda 3.Contrato de Troca ou Permuta 4.Contrato Estimatório 5.Contrato de Doação 6.Contrato de Coisa Móvel (Código Civil 565 à 578) 7.Contrato de Locação de Bem Imóvel Urbano (Lei 8.245/91) 8.Contrato de Comodato 9.Contrato de Mútuo

CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIOÇO (Art. 593 a 609 do Código Civil)

A prestação de serviço é um contrato em que uma parte denominada prestador de serviço desenvolve uma atividade, um trabalho material ou imaterial a favor de outra parte qualificada de dona do serviço mediante uma remuneração. Basicamente este contrato é bilateral, oneroso, consensual e não solene, não formal (podendo ser inclusive firmado verbalmente). Existe um prazo máximo que a lei determina para o contrato de prestação de serviço, este prazo máximo é de 4 anos, podendo ser renovado por prazo igual ou inferior. O objetivo da lei é impedir a chamada escravidão. O contrato de prestação de serviço foi sendo absorvido no curso do tempo. Hoje ele tem uma aplicação apenas residual, subsidiária. Pois as relações de trabalho são regidas pela CLT e a prestação de serviço quando reconhecida como relação de consumo é regida pelo CDC. Nos casos em que não se aplica a CLT e o CDC se aplica o contrato de prestação de serviço. Exemplo: X e Y são vizinhos. X é professor, mas se encontra desempregado. X resolve prestar serviço e leva-lo até campinas e trazê-lo de volta até São Paulo, prestando serviço de motorista recebendo por dia. Não caracteriza relação de consumo e nem relação de trabalho. Pois é uma atividade esporádica que X faz para suprir uma necessidade. Não é abarcada pela relação trabalhista e nem pela lei trabalhista.

O parecer de um advogado é um contrato de prestação de serviço, não se aplica nem a CLT e nem o CDC. Além destas características mencionadas, a prestação de serviço ainda é um contrato em que o prestador de serviço se encontra subordinado ao dono serviço, mais que isso, um eventual dano praticado a terceiros pelo prestador de serviço, a rigor, a responsabilidade é do dono do serviço, a remuneração do prestador de serviço ela não é necessariamente integral, pode ser paga conforme disposto no contrato de serviço (semanalmente, diariamente). Não é um contrato de resultado, mas sim um contrato de meio. 01/10/13

CONTRATO DE EMPREITADA (Art. 610 a 626 do Código Civil) A empreitada também não deixa de ser uma espécie de prestação de serviço. Também tem uma aplicação residual em termos normativos, pois especialmente envolvendo a construção em que se tem um fornecedor como construtor aplica-se o CDC. A empreitada é a espécie contratual que tem de um lado o empreiteiro que, com mão de obra própria ou de terceiros, utilizando materiais da sua propriedade ou de outrem, realiza uma obra a favor da parte qualificada de dono da obra mediante o pagamento de uma remuneração chamada de preço. A grande diferença entre o contrato de prestação de serviço para empreitada dentre outras está no objeto. Na prestação de serviço temos um trabalho, uma atividade. Na empreitada nós temos como objeto basicamente uma obra, que será realizada pelo empreiteiro, em que poderá utilizar materiais próprios ou de outrem e mão de obra própria ou de terceiros. Exemplo de empreitada: Construção de uma casa, construção de um muro, dentre outras situações. Características da Empreitada 1º - Bilateral – dever do dono da obra é pagar o preço. Do empreiteiro de realizar a obra. 2º - Oneroso – vantagem do empreiteiro é a remuneração. A vantagem do dono da obra é a obra em si. 3º - Comutativo – as partes tem conhecimento e certeza do que deverão cumprir durante a vigência do contrato.

4º - Consensual – se aperfeiçoa na sua formação por meio da proposta e aceitação. 5º - Não formal, não solene – pode inclusive ser firmado verbalmente. 6º - De execução sucessiva – se a empreitada for cumprida por etapas. Então cada etapa cumprida invoca a prática de um ato. Ex.: construção de um prédio de 12 andares, cada andar correspondendo a um preço. Pode ser também um contrato de execução instantânea – o preço será entregue na entrega da obra, em seu todo. Construindo o muro, entregue o muro, pago o preço. Comparando a empreitada com a prestação de serviço, podemos dizer o seguinte. Na prestação de serviço, a remuneração é paga de maneira periódica (dia, semana, mês, ano – de acordo com a atividade ou trabalho realizado). Na empreitada, o preço é pago quando a obra é concluída ou quando as etapas da obra são concluídas, pouco importando o tempo de duração para a entrega da obra definitiva ou parte dela. Então, se o custo de um prédio é de R$6 milhoes, pode-se pagar quando o prédio todo for entregue ou por etapas (R$500.000,00 por andar construído). Embora a prestação de serviço não seja um contrato que envolva vínculo de trabalho com a CLT, existe uma subordinação e é evidente. Na empreitada essa subordinação não existe, o empreiteiro cumprirá e fará a obra de acordo com a sua autonomia (claro que haverá uma instrução do dono da obra) e cumprirá com o compromisso realizando a obra de acordo com a sua visão, dentro de sua autonomia de fato e jurídica. Tanto é verdade que o empreiteiro pode utilizar materiais próprios ou de terceiro e mão de obra próprio ou de terceiros. Uma outra diferença é que o responsável (em relação à terceiros) na prestação de serviço é o dono do serviço. Na empreitada, do regra em geral – pois varia de acordo com a empreitada – a responsabilidade perante terceiros é do empreiteiro. A prestação de serviço é um contrato de meio, exceção feita ao médico (cirurgião plástico), o que não ocorre com o contrato de empreitada que é sempre um contrato de resultado. Exemplo de empreitada em que se aplica o C.C – indivíduo que é engenheiro se encontra desempregado e contrata alguns construtores (pedreiros) e constrói uma casa. Isso ele faz isoladamente, pois está desempregado e precisa auferir algum ganho. Este contrato é de empreitada e não se aplica o CDC, mas sim o C.C.

CONTRATO DE DEPÓSITO (Artigos 627 à 652 do Código Civil)

O depósito é a espécie contratual em que uma pessoa denominada depositante transfere a outra qualificada de depositária uma coisa afim de que ela, via de regra, de

maneira gratuita e temporária exerça a custódia do bem e a restitua ao depositante findo o prazo contratual ou quando ele requerer. O depósito bancário (de dinheiro) é espécie de depósito mais comum no nosso dia a dia. É um depósito voluntário em que autorizamos a instituição financeira em exercer a custodia e a utilizar o dinheiro para o giro do banco, para a aplicação no mercado. Mas, não deixa de ser um contrato de depósito. Tanto é que você pode levantar o valor a hora que quiser no banco. Resilição unilateral – irei viajar e deixo com o Jairo um relógio de ouro para que ele exerça a custódia no prazo de 6 meses. Passado os 6 meses o Jairo terá que devolver o relógio. Porém se eu voltar em 30 dias, posso exigir de imediato a restituição do relógio, resilindo unilateralmente o contrato, sem que o Junior possa se opor (exceção feita em alguns casos – exemplo: eu teria que ter adiantado um valor monetário para que ele colocasse o relógio no cofre e eu não adiantei esse valor. Neste caso, terei que ressarci-lo para poder ter o relógio de volta.). Características 1º - Contrato Real – a exemplo do comodato e do mútuo, para formação do depósito, não basta a proposta e aceitação. É necessária também a transferência da coisa, objeto do contrato. Se o depositante e o depositário firmarem um contrato, por exemplo, por escrito mas o depositante não entregar a coisa ao depositário, teremos apenas uma promessa, não existe ainda o contrato de depósito pois a mesma depende da transferência da coisa. 2º - Contrato, via de regra, unilateral e gratuito – unilateral pois somente o depositário tem dever contratual a cumprir, que é o de exercer a custodia da coisa (dever principal). E é gratuito pois nesta hipótese somente o depositante aufere vantagem, que é o exercício da custodia feita pelo depositário. Existe o depósito remunerado. Quando o depositário exerce a custódia mediante uma remuneração paga pelo depositante, o contrato passa a ser bilateral e oneroso, pois o depositante terá obrigação de remunerar o depositante. 3º - Intuito personae – Quando o depósito é voluntário, em determinadas situações até se admite essa colocação. Então, em determinadas espécies de depósito voluntário se admite essa colocação. Mas, isso no direito romano tinha maior razão de ser. Hoje não se pode levar como regra. 4º - Custódia - o depositário deve exercer a guarda e conservação da coisa. Então, a custódia basicamente envolve guarda e conservação da coisa. Guarda implica dizer que o depositário deve tratar da coisa depositada, cuidar da coisa depositada como se sua fosse. Conservação implica dizer que o depositário deve zelar pela coisa. Exemplo: deixo um carro em depósito com o Augusto. Ele deve guardar o automóvel em um local seguro, na garagem do seu imóvel – isso é guarda. Conservá-lo é zelar pelo bem, é lavar o

automóvel, colocar toda a manha o seu motor para funcionar, pegar o veículo e dar uma voltar no quarteirão para conservar o veículo em funcionamento, afim de que quando ele devolva o bem, o faça em condições de uso normal para o depositante. A principal característica do depósito é a custodia. No comodato a principal obrigação é usar a coisa e secundariamente exercer a custodia, é isso que diferencia o comodato do depósito. Exemplo: X sede a Y uma máquina de sorvete. Objetivo: exercer a custódia, é um contrato de depósito. Então Y vai exercer a guarda e coloca-la em um local seguro e terá também que conservá-la que é coloca-la em funcionamento 24 horas. Guarda e conservação, poderá usar se X autorizar. X empresta a Y um contrato de comodato, uma máquina de sorvete pelo prazo de 2 anos. Y poderá usar a máquina para produzir os sorvetes e vende-lo. OBJETO Art. 627 – fala em coisa móvel, como objeto de depósito. Existe também a possibilidade do depósito de coisas imóveis, principalmente no depósito judicial. 5º - Contrato temporário – tanto com prazo determinado ou indeterminado. O depositante pode resilir unilateralmente o contrato em ambos os casos, exceto algumas situações. Quando é por prazo determinado e o prazo se encerra, o depositário deve restituir ao depositante a coisa. Se o depositante se recusar a recebê-la, o depositário pode efetuar o depósito judicial. Com exceção do depósito voluntário, as demais modalidades de depósito são não formais, não solenes. O depósito voluntário, para efeito de prova, deve necessariamente por escrito. Independe de registro. O que o depositante transfere ao depositário é a posse. Ocorre no deposito o que se chama de desdobramento possessório (Artigo 1.197 do Código Civil). Durante a vigência do contrato o depositante é possuidor indireto e o depositário o possuidor direto. Quando o depósito é judicial o depositário não é possuidor, mas sim detentor.

Espécies de Depósito

1)Depósito Voluntário – é o mais comum. Nesta espécie de depósito, o traço marcante é o acordo entre o depositante e o depositário. Resulta do acordo entre o depositante e o depositário. Embora ele não seja um contrato solene, formal, para efeitos de validade. Ele é um contrato formal para efeito de prova. O depositante pode ser pessoa incapaz civilmente, definitivamente representado. Agora o depositário deverá ser capaz civilmente.

2)Depósito Regular e o Depósito Irregular – o depósito regular é a regra e o objeto nesta hipótese diz respeito a uma coisa infungível. Seja a infungibilidade resultante da natureza da coisa ou da sua destinação, exemplo: um carro, um imóvel. O depósito irregular diz respeito a uma coisa fungível. O depositário vai poder usar a coisa dada em depósito e restituir ao depositante outra coisa da mesma espécie, qualidade e quantidade. Exemplo: X dá como depósito a Y 20.000 sacas de café pelo prazo de 2 anos. O bem aqui é fungível. Y poderá usar as sacas de café e depois devolver um outro bem da mesma espécie. É muito parecido com o mútuo. A diferença entre eles é que no depósito irregular o depositante a qualquer tempo pode exigir do depositário aquilo que foi dado no depósito. No mútuo, o mutuante não pode exigir a devolução imediata da coisa que foi emprestada ao mutuário, ele deverá aguardar o fim do prazo contratual ou se o contrato for por prazo indeterminado aguardar uma das hipóteses do artigo 592 do C.C. 3)Depósito Judicial – aquele que resulta de uma decisão do estado juiz. Dentro de suas prerrogativas, o juiz, indica uma pessoa para exercer o depósito de uma coisa (pode ser móvel ou imóvel). 4)Depósito simples e depósito empresarial – ocorre o depósito empresarial quando são praticados atos de comercio pelo depositante. Não sendo assim realizado, temos o depósito simples. 02/10/13 5)Depósito Necessário – resulta de uma determinação legal ou de uma situação de calamidade pública, incêndio, naufrágio ou ainda de uma violação de hospedaria. Neste sentido, podemos subdividir o depósito necessário em 3 espécies. a)Depósito Legal – resulta da determinação normativa. Há um exemplo que o próprio C.C. aponta. Artigos 1419 e seguintes, encontraremos a matéria que trata dos direitos reais de garantia [hipoteca – você tem de um lado o credor hipotecário (Y –uma instituição financeira) e o do outro o devedor hipotecário (X) – x vai até Y e firma com Y um contrato de mútuo feneratício, empresta R$400.000,00 – mas Y exige como garantia real uma propriedade imóvel de X. X tem um ano para pagar a dívida. Exaurido o prazo de 1 ano, X não paga o empréstimo de R$400.000,00. Y irá levar o imóvel de X a excussão significa que o imóvel de X será levado a praça, a leilão. Na data marcada, W arremata o imóvel por R$600.000,00 e se torna proprietário do imóvel. Y neste caso, irá apanhar R$400.000,00 dos R$600.000,00e vai aplicar no pagamento da dívida. Os R$200.000,00 de saldo deverão ser devolvidos a X, pois não pertencem a Y. Enquanto Y não devolver essa diferença à X, Y tornar-se-á depositário legal desta quantia. É um depósito necessário legal. – isto vale para a hipoteca e para o penhor), penhor, anticrese, alienação fiduciária em garantia)].

b)Depósito Miserável – é um depósito necessário que resulta de uma situação de calamidade pública, naufrágio, incêndio, etc. em que o individuo no intuito de salvar determinados bens, os entrega a uma determinada pessoa que ao apanhá-los passa a ter o dever de custódia, estabelecendo-se uma relação jurídica de depósito. Aquele que entrega os objetos é o depositante e aquele que os recebe é o depositário. c)Depósito necessário resultante de Hospedaria ou Hotelaria – quando você se hospeda em um hotel ou uma pousada, a sua bagagem/bens ali deixados, faz com que o hotel/pensão/pousada se torne depositária desses bens ali deixados. O fato de você se estabelecer em um hotel/pensão/pousada pagando para ali permanecer, cria uma relação de depósito em que você é o depositante da bagagem e o estabelecimento o depositário. É um depósito necessário resultante de uma relação de hotelaria ou de hospedagem, sendo que o estabelecimento é responsável pelo eventual perecimento ou deterioração dos bens/bagagens ali deixadas. Evidente que existem excludentes desta responsabilidade. Quando o furto é simples e não há colaboração/facilitação do depositante, a responsabilidade é do depositário. Se for um furto qualificado, tem entendido a doutrina/jurisprudência, que se considera um caso fortuito, chegando até a comparar-se com o roubo e não há responsabilidade do estabelecimento.

Direitos e Deveres de Depositante/Depositário Depositante tem, basicamente, dois deveres: 1)Pagar as despesas necessárias para que o depositário realize a custódia da coisa depositada. Exemplo: individuo X entrega a Y uma maquina de sorvetes, esta maquina tem que estar funcionando para ser conservada e tem que ser durante o prazo de 1 ano, quinzenalmente lubrificada. O depositante deve entregar ao depositário os valores necessários para que o depositário adquira os lubrificantes e aplica-lo a máquina. 2)Indenizar o depositário na hipótese da coisa que lhe foi entregue para custódia, ter-lhe causado algum dano. Exemplo: Maquina de sorvete que consome mais energia do que o estabelecimento pode suportar e no prazo de 1 ano causa um curto circuito fazendo perecer outros equipamentos do estabelecimento de Y. X deverá indenizar Y pelo perecimento dos outros equipamentos. Deveres do depositário: 1)Guarda da coisa depositada; 2)Conservação da coisa depositada; 3)Restituição da coisa depositada ao depositante.

Art. 5º, LXVII da Constituição Federal e do Art. 652 do Código Civil como também da Alienação Fiduciária em Garantia

Os livros de Direito Civil até 2007 tem uma opinião totalmente diferente das edições de 2008 até hoje. Nós iremos tratar da chamada prisão do depositário infiel. Até o final de 2007 era permitido, no Brasil, a prisão por dívida na hipótese do inadimplemento

de pensão alimentícia e também era possível a prisão na hipótese do depositário infiel. E era assim, pois embora o pacto de São Jose que o Brasil é signatário determine diferentemente (apenas a prisão por inadimplemento por pensão alimentícia deve ser deferida, o depositário infiel não deve ser preso pois isso viola a liberdade e dignidade humana), esse pacto era considerado como norma geral pela CF. Súmula 419 não admite mais a prisão do individuo que usa a alienação fiduciária em garantia. Hoje só há uma forma de prisão por dívida que o caso de pensão alimentícia.

CONTRATO DE MANDATO – ARTIGOS 653 A 692

Paralelamente iremos falar do contrato de comissão (artigos 693 a 709) O mandato é a espécie contratual em que uma pessoa, qualificada de mandante, transfere a outra, denominada de donatária, poder de representação afim de que ela em nome do mandante à represente num ato específico ou lhe administre seus interesses. O mandante também é chamado de representado e o mandatário de representante. A primeira observação que não pode deixar de ser feita, é que não há como se confundir mandato (vem de manos, mãos) com mandado (particípio passado do verbo mandar). Exemplo: X é o mandante, Y é o mandatário. O mandato foi firmado com uma única finalidade, e um mandato especial e não geral. A finalidade é de que Y represente X na compra de um imóvel até o valor máximo de R$600.000,00. Se o mandatário extrapolar os limites do mandato, ele responde pessoalmente por aquilo que extrapolou. Outra observação. O mandato segundo o artigo 656 do C.C, pode ser firmado de forma expressa, tácita, verbal, escrita. Dentro deste contexto, a procuração é instrumento do mandato. Não se confunde a procuração, que é declaração unilateral de vontade, com o contrato de mandato. A procuração é um instrumento do mandato, mas existe mandato sem procuração. Professor Orlando Gomes em uma visão civilista pelo Código de 16 e na doutrina comparada diz que “Existe mandato sem procuração”. Hoje isso é chamado de Comissão, ou seja, mandato sem procuração. Ocorre que essa figura, esse contrato de comissão antes do vigente código civil era estudada no direito comercial, direito empresarial. Houve na verdade, a unificação do direito privado e o contrato de comissão (como outros contratos) foi absorvido pelo Código Civil.

Contrato de Comissão – é a espécie contratual que tem de um lado o comitente e do outro lado o comissário, o qual em nome próprio, mas por conta do comitente adquire e aliena bens recebendo como contrapartida uma remuneração chamada de comissão paga pelo comitente. Esta figura do contrato de comissão foi muito utilizada no século XIX na época da monocultura do café no Brasil. Exemplo: X, comitente. Y, comissário. X pagará um valor mensal ao comissário afim de que ele aliene joias, pedras preciosas de propriedade do comitente que se encontram nas mãos do comissário. Y firma um negócio com W, quem é parte no contrato de compra e venda? Y e W. Não é o X. X irá responder junto ao W. A diferença do mandato para a comissão é que na comissão não existe representação. Professor Renan Lotufo.... A procuração é ato unilateral de vontade. O artigo 653/654 do C.C. indica o que deve constar na procuração. A que se constar a qualificação das partes, outorgante, outorgado, o local onde a procuração está sendo firmada e a finalidade da procuração. Se a procuração for ad negocia é necessário o reconhecimento de firma das assinaturas. Se a procuração for ad judicia (utilizada para o advogado atuar em juízo) não é necessário o reconhecimento de firma. O objeto do mandato é a representação. O mandato pode ser resilido unilateralmente pelo mandante ou pelo mandatário. Bastando que a resilição feita por uma parte seja comunicada a outra. Quando a resilição unilateral é do mandante, afirma-se que há revogação do mandato. Quando a resilição unilateral é do mandatário, afirma-se que há renuncia ao mandato. Não há necessidade de motivar, de explicar a revogação ou renuncia do mandato. Quando a renuncia do mandato é judicial, portanto, feita pelo advogado, ele fica responsável pelos atos processuais pelo prazo de 10 dias a contar da renuncia feita. Os artigos 664 a 666 do Código Civil indicam hipóteses em que não se admite a resilição unilateral do mandato. CARACTERÍSTICAS DO CONTRATO DE MANDATO 1º)Contrato bilateral – os deveres do mandatário se encontram no artigo 667 e os deveres do mandante no 674 do Código Civil. 2º)Contrato gratuito, em regra – pois somente o mandante vai auferir vantagem resultante da representação. Mas, se o mandante remunerar o mandatário será oneroso. 3º)Contrato Intuitu Personae – pois o mandante vai transferir poderes de representação para o mandatário pois é uma pessoa em que confia. 4º)Contrato consensual – se aperfeiçoa, tem sua formação com a proposta e aceitação.

5º)Contrato não formal, não solene, em regra – excepcionalmente é formal e solene em 3 hipóteses em que se exige escritura pública: quando o mandante for relativamente incapaz; quando o mandante for cego; quando o mandante for analfabeto. Se o contrato for ad judicia, dispensa-se esta solenidade pública, bastando a forma escrita particular. 6º)Contrato Preparatório – para que se pratique outro ato judicial, não tem finalidade em si mesmo. É um contrato firmado para a prática de outro. 08/10/13 O mandato sem procuração pode ter como objeto o poder de representação. Existe, também, o mandato sem procuração e sem representação, só que a doutrina afirma que é um contrato de comissão. Na comissão, o comissário age em nome próprio, por conta do comitente, alienando ou adquirindo bens móveis mediante uma remuneração. Quem é responsável perante terceiros é o comitente. É como um mandato sem representação. O artigo 699 contempla uma cláusula na comissão, denominada cláusula “del credere”. A rigor o comissário não é responsável perante o comitente pelo negócio firmado com terceiro. O comissário somente será solidariamente responsável junto com o terceiro, perante o comitente, em duas hipóteses: 1)Se o comissário agir culposamente na escolha do terceiro adquirente; 2)Se existir, no contrato de comissão, a cláusula “del credere”. O comissário e o adquirente são responsáveis solidariamente perante o comitente. Existe o mandato com procuração. Inclusive mandato verbal. O contrato de mandato, segundo o artigo 656 pode ser tácito, expresso e se for expresso pode ter a forma escrita ou verbal. A procuração é o instrumento do mandato. Pode existir procuração sem mandato, pois o mandato é oriundo sempre de um negócio jurídico bilateral (por isso é consensual). Agora existe poder de representação, atribuído pela procuração, sem contrato de mandato. Pois a procuração é uma declaração unilateral de vontade. Rena Lotufo fala sobre isso. Deve constar na procuração 1)A qualificação das partes – outorgante e outorgado; 2)Lugar onde a procuração foi outorgada; 3)A data em que a procuração foi outorgada;

4)A finalidade da outorga da procuração. Se a procuração for ad judicia não é exigido o reconhecimento de firma. Se a procuração for ad negocia é necessário, para efeito de garantia a quem está outorgando a procuração. Se a procuração for ad judicia pode ser por instrumento particular, não há necessidade de ser instrumento público. A procuração ad negocia pode ser por instrumento particular ou público. Ocorrerá a exigência de instrumento público: se o outorgante for uma pessoa relativamente incapaz ou se for analfabeto ou cego. Poderá ocorrer em outras hipóteses, porém são menos relevantes. Nestas três hipóteses a procuração ou o mandato sem procuração deverão ter a forma pública, não se exige essa forma pública para essas 3 pessoas s essa procuração for judicial. A procuração ad judicia não exige escrituração pública em nenhuma hipótese. Em relação a procuração, existe um fenômeno, que se denomina substabelecimento. Substabelecer significa que o mandatário transfere o poder de representação ,recebido do mandante ou o outorgado do outorgante, a terceiro que passa a ser representante do mandante ou outorgante. Esse substabelecimento poderá ser total ou parcial, como também poderá ser com reserva de poderes ou um substabelecimento sem reserva de poderes. Exemplos: X (mandante ou outorgante). Y (mandatário ou outorgado). O objetivo da representação é a aquisição de um bem imóvel. Pode o Y outorgar o poder que lhe foi conferido de representação ao W. Essa transferência recebe o nome de substabelecimento. O Y passa a ser o substabelecendo e o W passa a ser o substabelecido. Essa transferência de poder de representação poderá ser total ou parcial e poderá ser com ou sem reserva de poderes. Se o substabelecimento for com reserva de poderes, o substabelecendo (Y) juntamente com o substabelecido (W) passam a ser representantes de X. Se o substabelecimento for sem reserva de poderes, isso implica dizer que somente o substabelecido W poderá representar o mandante X. Y substabelecendo não mais. Detalhe importante: se o mandato tiver a forma pública, o substabelecimento poderá ter a forma particular, ou vice-versa. O substabelecimento não necessita seguir a forma do contrato de mandato. Qual o requisito básico para que o individuo possa ser mandante? Ter capacidade civil. Os relativamente incapazes poderá ser mandante desde que com assistência e que seja feita por instrumento público. Qual o requisito básico para que o individuo possa ser mandatário? A capacidade civil plena. Os relativamente incapazes também podem ser.

Temos os seguintes tipos de Mandato -Mandato Tácito (exemplo: em uma vila de casas, um individuo sem que ninguém o nomeie passa a administrar as questões de que se trata da vila, e começa a cobrar as despesas necessárias para manter a vila e etc. Ele passa a ser administrador sem que ninguém tenha efetivamente escolhido expressamente). -Mandato expresso (verbal ou escrito). -Mandato gratuito (se não houver remuneração) ou oneroso (se o mandante remunerar o mandatário); -Mandato judicial (ad judicia) ou extrajudicial (ad negocia). Obs: quem tem capacidade postulatória é o advogado inscrito na OAB. A uma outra classificação doutrinária que trata do mandato simples (antigamente chamado de mandato civil) (representação de não ato comercial) e do mandato empresarial (antigamente chamado de mandato comercial) (para prática de atos comerciais). Hoje não é mais necessário essa classificação pois houve uma unificação do direito privado. A finalidade aqui é unicamente doutrinária. Podemos classificar o mandato, tendo em vista, a pluralidade de mandatários. Quando há no contrato de mandato 2 ou mais mandatários, o mandato pode ser classificado em: 1)mandato em conjunto (mais correto)ou mandato conjuntivo – os mandatários devem em conjunto representar o mandante, afim de que a representação seja válida. Exemplo: X (mandante) firma um contrato de mandato com Y, W e Z (mandatários). Existindo uma cláusula no contrato que determina a doação dos 3 mandatários em conjunto, exercendo o poder de representação. Qual seria a finalidade desse mandato? Que Y, W e Z representassem X em uma reunião de condomínio. Os 3 devem exercer esse poder de representação. Na falta de um deles o mandato não é válido. 2)Mandato sucessivo - nesta hipótese o mandante indica mandatários sucessivos e segundo uma ordem por ele definida, o mandatário representará o mandante e no impedimento dele sucessivamente outros mandatários o representarão. Exemplo: X firma com Y,W e Z um mandato. E existe uma cláusula determinando o mandato sucessivo com o mesmo objetivo do exemplo acima. Quem em primeiro lugar tem o poder de representação? O W. Não podendo W comparecer, na ordem indicada por X quem irá representa-lo é Y e assim por diante. 3)Mandato Fracionário – nesta hipótese o mandante firma um contrato com 2 ou mais mandatários tendo cada mandatário poder de representação para prática de um determinado ato. Em nosso exemplo, X firma um mandato com Y, W e Z. Existe uma cláusula determinando que Y irá representar X na assembleia de condomínio na escolha do sindico. Por sua vez, W, irá representar X na assembleia para aprovar ou não o

orçamento. Por sua vez, Z, irá representar X na assembleia condominial no que se refere ao aumento ou não da parcela condominial. 4)Mandato Solidário – Não existindo cláusula expressa no contrato de mandato indicando uma dessas espécies de mandato e havendo 2 ou mais mandatários o mandato é solidário. Podendo o poder de representação ser cumprido por qualquer mandatário isoladamente ou por 2 deles em conjunto ou 3 ou 4, etc. Então X firma com Y, W e Z mandato sem que haja nenhuma cláusula no contrato indicando o mandato em conjunto, o mandato sucessivo ou mandato fracionário. O mandato é solidário e Y, W e Z podem representar X agindo isoladamente ou em conjunto. É o mandato mais comum quando se nomeia mais de 2 advogados. Existe o mandato geral e mandato especial O mandato geral tem como objetivo a prática de atos de caráter geral ou de administração de interesses do mandatário na representação do mandante sem que haja um ato especifico, único a ser representado. Exemplo: X (mandante) firma com Y (mandatário) um contrato de mandato. X atribui a Y o poder de representa-lo para todo e qualquer ato relativo ao seu patrimônio. Então, Y pode realizar matrícula de X na faculdade, Y pode locar um imóvel, pode participar das reuniões de assembleia e etc. Existe também o mandato especial em que o mandante firma com o mandatário um contrato de mandato com a finalidade de que o segundo represente o primeiro na prática de um ato específico, na administração de um interesse específico. X firma com Y um contrato de mandato. Finalidade de que Y realize a matrícula de X na USJT. Aqui é um mandato especial, não é geral. Tanto o mandato especial quanto o mandato geral visam a administração de interesses do mandante pelo mandatário. Existindo na Lei restrições para a prática de determinados atos. Isso tanto no mandato judicial (Art. 38 do CPC) como no mandato extrajudicial (Art. 661 do CC). Nessa linha de pensamento podemos falar em mandato geral em termos gerais e em mandato geral com poderes especiais. E podemos falar em mandato especial em termos gerais e em mandato especial com poderes especiais. Para ter poderes especiais, tem constar expressamente esses poderes. Se não constar o contrato será em termos gerais, isso sendo em mandato extrajudicial. OBSERVAÇÃO: NA PROVA SE CAIR COMISSÃO BASTA RESPONDER QUE É UM TIPO DE MANDATO SEM PROCURAÇÃO. NÃO APROFUNDAMOS O TEMA CONTRATO DE COMISSÃO.

CONTRATO DE CORRETAGEM (Art. 722 a 729). A corretagem se encontra disciplinada nos artigos 722 a 729.

A corretagem é uma espécie contratual que envolvem várias atividades em que a atividade do corretor é essencial. Temos a corretagem imobiliária, regulamentada pela Lei 6.530/68. Temos a corretagem oficial, pública, por exemplo a corretagem de navios, a corretagem de ações nas bolsas de valores, a corretagem nos leilões. E essa corretagem oficial inclusive exige matrícula do profissional na Junta Comercial. Cada espécie de corretagem tem sua legislação própria. O código civil trata de linhas gerais do contrato de corretagem. Existe também a corretagem matrimonial. Em linhas gerais o contrato de corretagem consiste na intermediação do corretor que aproxima o comitente, que a pessoa que o contrata e terceiros afim de que realizem o negócio. Devendo o corretor, além da intermediação, esclarecer as partes a respeito do ato negocial. Como contraprestação, o corretor deve receber uma remuneração, normalmente paga pelo comitente, remuneração essa determinada pela lei ou pelos usos e costumes da região ou por aquilo que foi firmado no contrato. Então, o corretor basicamente tem 2 deveres. 1)Aproximar o comitente de terceiros. Tem um trabalho de intermediação; 2)Deve esclarecer o comitente e o terceiro acerca do negócio a ser realizado, seja qual for a espécie de corretagem que se tem. A remuneração é devida somente quando o negócio é realizado ou quando o ato negocial não se realiza por arrependimento das partes, especialmente do comitente. É o que dispõe o artigo 725 do C.C. A corretagem é um contrato de RESULTADO. Em relação a remuneração, a lei define. A Lei 6.530/68 estabelece a comissão de 6,5% em relação ao preço pago pelo imóvel. Isso se foi para fins residenciais. Se foi para fins de transação de imóvel comercial a percentagem sobe para 8,5%. A corretagem da bolsa de valores corresponde a 20% das transações. CARACTERÍSTICAS DO CONTRATO DE CORRETAGEM 1)Contrato bilateral 2)Contrato oneroso 3)Contrato consensual 4)Não Formal, Não solene – pode ser firmado verbalmente. Existem algumas exceções. 5)Contrato acessório ou preparatório – pois não tem razão em ser em si mesmo.

6)Contrato aleatório – pois não sabe se haverá efetivamente negócio. Quando falamos em corretagem de imóvel, há um costume da remuneração ser paga pelo vendedor do imóvel. A rigor, quem deveria pagar seria o comitente, mas a praxe, os usos e costumes é o vendedor pagar a condição, que é a remuneração do corretor. Se o comitente, ou vendedor do imóvel contratar o corretor com exclusividade, dando-lhe opção de venda, e o imóvel for vendido pelo proprietário a terceiros sem a participação do corretor, e havendo ocorrer na opção do prazo dada. O vendedor deverá pagar ao corretor a comissão. 09/10/13 FIANÇA (Artigos 818 a 839 do Código Civil) Encontra-se disciplinada nos artigos 818 a 839 do C.C. A fiança é uma garantia denominada garantia fidejussória em que o crédito da pessoa é a garantia da dívida de um terceiro. Existe também o aval, mas ele não se confunde com a fiança. A fiança é uma garantia civil, o aval é uma garantia cambiária ou seja, tem natureza cambial, por isso não se confunde. O aval tem regras próprias. Na fiança, se o individuo for casado e pretende ser fiador de uma dívida, a fiança somente é válida se houver outorga marital, ou seja, do outro cônjuge. O aval não exige essa outorga. Outra diferença básica é que a principio o fiador não responde solidariamente com o devedor afiançado por sua dívida, apenas isso ocorre se o fiador renunciar ao benefício de ordem que será explicado mais a frente. No aval, o avalista e o devedor respondem solidariamente pela dívida. Uma outra questão importante é que além das garantias fidejussórias, existem também as chamadas garantias reais (hipoteca, penhor, anticrese e alienação fiduciária em garantia – artigos 1419 e seguintes do Código Civil). Nessas espécies de garantia ocorre que o devedor ou um terceiro dá ,como garantia da dívida, um bem que integra o seu patrimônio. Serão vistas no 4º ano na parte em que se refere aos direitos reais. Conceito do contrato de fiança: a fiança é a espécie contratual em que uma pessoa qualificada de fiadora é garante de uma dívida junto ao credor de uma pessoa denominada devedor afiançado, o qual não cumprindo com sua prestação obrigacional permite que o credor exija o pagamento do fiador, que pagando a dívida se sub-roga aos direitos do credor e pode posteriormente exigir o que pagou do devedor afiançado. A fiança, enquanto contrato, é temporária, unilateral, gratuita (podendo ser onerosa), acessória e subsidiária.

Exemplo: X e Y firma um contrato de locação. X é o locador e Y o locatário. Prazo do contrato é de 30 meses e tem como objeto um bem imóvel urbano. O locador (X) com base no artigo 37 da Lei 8.245/91 exige como garantia um contrato de fiança. Y indica como fiador W. Então, X e W firmarão um contrato de fiança. X nesta hipótese é o credor e W é o fiador e o Y é o devedor afiançado. Contrato principal é o contrato de locação. Contrato acessório é o contrato de fiança. O Y não irá cumprir com a sua prestação obrigacional e não paga os alugueres. X (locador) deverá cobrá-los, a princípio, de Y judicialmente. Não pago os alugueres por Y, o X deverá cobrar de W (fiador). O W pagando os alugueres, este se sub-roga nos direitos de X e deve exigir o que pagou de Y. Esta então é a engrenagem, é a ideia do contrato de fiança. OBSERVAÇÃO: O fiador, ainda que proprietário de um único imóvel, não pode alegar o bem de família em uma eventual penhora resultante de uma execução movida pelo credor/locador. Não poderá fazê-lo, pois a lei 8.009 no seu artigo 3º arrola como uma das exceções, a fiança, impossibilitando a paralização da penhora em uma execução sob a alegação de ser o único imóvel do fiador, portanto, um bem de família. Analisando o conceito de fiança podemos dizer que há 4 características: 1)Unilateralidade – somente o fiador tem obrigação a cumprir. Qual a obrigação do fiador? Garantir a dívida eventual do devedor afiançado perante o credor. Então, somente o fiador tem obrigação daí o caráter unilateral do contrato. 2)Gratuidade (podendo o contrato ser oneroso) – normalmente a fiança é gratuita, porque no contrato de fiança, somente o credor aufere vantagem. Qual a vantagem do credor? A garantia da dívida por parte do fiador. O fiador não tem vantagem alguma nesta hipótese, por isso ninguém quer ser fiador. A fiança será onerosa quando o fiador ser remunerado e obviamente neste caso ele irá auferir uma vantagem patrimonial. Quem irá remunerar o fiador? É o devedor afiançado. Então mesmo sendo onerosa, a fiança continua sendo um contrato unilateral. Quem remunera o fiador é o devedor afiançado (é Y em nosso exemplo citado acima). NÃO EXISTE FIANÇA BILATERAL EM SE TRATANDO NOS EFEITOS. Na formação é bilateral. 3)Acessoriedade – aplica-se aqui a regra básica, o acessório segue a sorte do principal. Isso implica dizer que se o contrato principal se apresentar prescrito, a fiança também será prescrita. Prescreveu a dívida principal, prescrito estará também a garantia fidejussória. Nulo o contrato principal, nula será a fiança. Observação: se anulável o contrato principal por incapacidade relativa do devedor afiançado, a fiança não será anulável, pois embora anulável o contrato principal, há uma obrigação natural. A fiança é válida e o credor pode exigir a dívida do fiador. A garantia fidejussória, o valor da garantia indicada no contrato de fiança pode ser igual ou inferior a dívida principal, jamais superior. Y empresta de X, por um contrato

de mútuo, a importância de R$50.000,00. Então Y mutuário empresta de X mutuante, a importância de R$50.000,00 e X firma com W um contrato de fiança para garantir esta dívida. O valor da garantia pode ser de R$50.000,00 ou menos. O fiador só será responsável até o limite do valor de R$50.000,00. Uma garantia superior pode gerar enriquecimento sem causa ao credor. PRAZO: A fiança pode ser por prazo determinado ou por prazo indeterminado. Artigo 835 do Código Civil. Tal artigo possibilita que o fiador, na hipótese da fiança ser por prazo indeterminado, se exonerar a qualquer tempo do contrato, bastando para tanto, que notifique o credor. Ficando ainda o fiador responsável pela dívida pelos 60 dias subsequentes à notificação feita. Sendo a fiança por prazo determinado, o fiador deverá cumprir o prazo acordado. Existe uma polêmica (Art. 39 da lei 8.245/91). Na locação de imóvel urbano, prorrogado o contrato por prazo indeterminado, prorrogada também estará a fiança por prazo indeterminado, até que se resolva (rompa) o contrato de locação com a entrega das chaves, conforme o artigo 39 da Lei 8.245/91. Aplicando-se na situação a regra o acessório segue a sorte do principal. Se aplica o artigo 39, não podendo na locação de imóvel urbano o fiador por fim ao contrato de fiança por prazo indeterminado, encerrando-se a fiança quando encerrada a locação. O argumento aqui é que se aplica a lei especial e que o código civil seria uma norma de caráter geral. Esse é o entendimento mais doutrinário. A jurisprudência tem entendido que se aplica o artigo 835 do Código Civil e estaria revogado o artigo 39 da lei de locação de imóvel urbano. Para esta corrente, ainda que a fiança seja locativa, prorrogada a locação por prazo indeterminado, o fiador pode romper o contrato de fiança. FORMALIDADE – o contrato de fiança é formal. Deve ser feita firmada por escrito. Não solene, mas sim formal. Deve ser firmada por escrito, pois deve ser provada. A forma escrita não envolve a solenidade. Pode ser por instrumento particular ou público, não importa. A fiança escrita pode ser em instrumento apartado, em instrumento próprio em relação ao contrato principal e pode ser como costumeiramente é no mesmo instrumento do contrato principal. Normalmente contrato de locação garantido por fiança, chega a ser no mesmo instrumento material. INTUITO PERSONAE – que o fiador escolhido pelo devedor afiançado assume essa responsabilidade por uma questão de fidúcia reciproca. Essa visão hoje tem que ser vista com certa reserva, pois existe fiança bancária, fiança remunerada. Se faz isso muito mais pela tradição romanista do que pela realidade. 4)Subsidiariedade – o contrato de fiança é um contrato subsidiário. Significa, a principio, que o fiador responde apenas subsidiariamente pela dívida do devedor

afiançado. A responsabilidade do devedor é subsidiária. O artigo 827 do C.C. contempla uma prerrogativa em que o fiador tem o chamado “benefício de ordem” (Aplicado o beneficio de ordem, primeiramente pela ordem o credor deverá cobrar a dívida do devedor afiançável e executar os bens se este devedor os tiver. E somente em um segundo momento, não satisfeito o débito, o credor poderá exigir do fiador o pagamento da dívida). O fiador aqui, faz uso do beneficio de ordem, é uma prerrogativa. Pode no contrato de fiança o fiador renunciar ao beneficio de ordem. Se o fiador assim o fizer, a responsabilidade do fiador que era subsidiária passa a ser solidária com o devedor afiançado. Então se o fiador renunciar ao beneficio de ordem, a responsabilidade que era até então subsidiária passa a ser solidária e então o credor poderá exigir o pagamento da dívida do devedor afiançado ou do fiador ou de ambos em razão da solidariedade. Existe o fenômeno da co-fiança e do fenômeno do abono da fiança. X (locador), Y (locatário) no contrato principal. X (credor) firma com W, Z e R contrato de fiança. Há uma pluralidade de fiadores numa mesma ordem, num mesmo grau. Isso é confiança. Se o Y não pagar a dívida junto a X, X poderá cobrar de W, Z e R. Os três aqui são co-fiadores. X e Y contrato de locação. X (credor) firma com £ contrato de fiança e £ firma com ¢ o abono da fiança. O abono da fiança nada mais é do que o fiador do fiador. X cobrará primeiro de Y, após de £ e caso o mesmo não pague, cobrará de ¢. Artigos 829, 830 do Código Civil, que falam exatamente da co-fiança e da pluralidade de fiadores na mesma ordem, no mesmo grau. Existindo uma co-fiança e não existindo beneficio de divisão no contrato, todos os fiadores são solidários perante o credor. Não é que eles não tenham responsabilidade subsidiária, mas se o devedor afiançado não pagarem, todos os co-fiadores, são entre eles, solidários do devedor. Havendo o beneficio de divisão no contrato, cada co-fiador será responsável por parte da garantia estipulada. Exemplo: X (locador) Y (locatário) no contrato principal de mútuo. Valor: R$120.000,00. X (credor) firma com os cofiadores W, M e Z o contrato de fiança. Não existe neste contrato beneficio de divisão (tem que estar escrito isso, não tendo nada escrito não há este beneficio) logo, o X se o Y não pagar a dívida, poderá cobrar de qualquer dos cofiadores a dívida de R$120.000,00. Se houver renuncia do beneficio de ordem aí todos serão solidários. Se houver no contrato beneficio de divisão, ele pode ser definido por percentual ou por valor indicado.

Digamos que seja definido que W é responsável por 20% da dívida, Z por 30% e M por 50%. Então X, irá cobrar proporcionalmente de cada cofiador. 16/10/13 CONSTITUIÇÃO DE RENDA (Art. 803 a 813 do Código Civil) Esta espécie contratual era no CC de 16 qualificada como uma espécie de direito real e o novo código de 2002 passou a considera-la como uma figura de contrato típico. Este tipo de contrato hoje é muito pouco utilizado. Ele não tem uma grande importância. É mais um conhecimento acadêmico do que um conhecimento prático. A constituição de renda é a espécie contratual em que uma pessoa qualificada de instituidora transfere a outra, denominada rendeira, a propriedade de um capital ou de um bem móvel ou imóvel afim de que ela possa receber ou terceiro por ela indicada, uma renda periódica, temporária ou vitalícia paga pelo rendeiro. Então, a questão, o exemplo que podemos indicar é o seguinte: X é o instituidor, Y é o rendeiro. X transfere a Y R$10 milhões de reais ou transfere a Y um imóvel, uma mansão ou transfere a Y bens móveis, normalmente de grande valor. E como contraprestação Y paga a X um valor periódico, por exemplo, R$100 mil reais por um determinado período ou de forma vitalícia até que X tenha vida. Isso é o contrato de constituição de renda. Outro exemplo: X instituidor, Y é o rendeiro e W é o terceiro beneficiado. Aqui é um verdadeiro contrato a favor de terceiro (436 a 438 do C.C.). X transfere a Y dinheiro, bens móveis ou imóveis, mas exige que Y pague periodicamente a W uma renda, de maneira temporária ou vitalícia. CARACTERÍSTICAS 1)Contrato Bilateral – porque o instituidor tem o dever de transferir o capital, a coisa móvel ou imóvel. O rendeiro (censuário) tem que pagar um valor periódico, seja para o instituidor, ou seja, para o beneficiado. 2)Contrato Gratuito ou Oneroso – será gratuito quando apenas o rendeiro auferir vantagens resultante do patrimônio do capital transferido, do bem móvel ou imóvel. Será oneroso quando o instituidor auferir alguma vantagem, por exemplo, a renda periódica for paga a ele. Quando é gratuita, se assemelha muito ao contrato de doação com encargo, embora não se confunda com ele.

3)Contrato Comutativo ou Aleatório – ele será comutativo quando a renda a ser paga for temporária, por um prazo estipulado. Será aleatório quando a renda a ser paga for vitalícia, pois há uma incerteza do quanto periodicamente será pago, enquanto o instituidor ou beneficiário tiverem vida a renda a eles será paga. 4)Contrato Real – não é contrato consensual. Pois para sua formação, depende não só da proposta e aceitação (que envolve instituidor e o rendeiro) como também a transferência da propriedade do capital ou do bem móvel ou do bem imóvel para a formação. 5)Contrato Formal – deve ser feito por escrito, por escritura pública ou testamento. Portanto ele também será Solene. Que se for por ato Inter vivos deve ser feito por escritura pública. No caso da constituição de renda pelo testamento, devemos olhar os artigos 1926 e seguintes do Código Civil. Uma das formas de extinção da constituição de renda ocorre com a morte do credor, seja o instituidor ou o beneficiário por ele indicado. A morte do devedor (rendeiro) não extingue a constituição de renda, passa-se aos seus herdeiros até o limite da renda constituída. Mas, pode se acordar também no contrato que morrendo o devedor (o rendeiro) o contrato também será extinto. Se houver cláusula neste sentido também levará a extinção da constituição de renda pela morte do devedor (rendeiro). CONTRATO DE JOGO E APOSTA (Arts. 814 a 817 do Código Civil) Jogo e aposta são espécies contratuais que naturalmente se diferenciam. O jogo é diferente da aposta. A natureza desses dois fenômenos são diferentes, mas o código regulamenta ambas os fenômenos nas mesmas regras. O jogo, na verdade, depende da participação direta no evento dos jogadores. Não é uma que independa de suas vontades, habilidades. Exemplo: jogo de xadrez, luta de boxe (tenta por sua habilidade, força física vencer), jogo de futebol (entre os jogadores é jogo). A aposta não depende da habilidade dos apostadores, depende sim, de uma situação alheia as suas vontades. Exemplo: vai ao Jockey Club e aposta em um cavalo (não há possibilidade do apostador contribuir com sua habilidade para esse tipo de aposta, ou para esse tipo de competição). Na aposta, os apostadores não participam diretamente da contenda. O que determina o vencedor e o vencido é uma força alheia as suas habilidades, vontades dos contendores ou dos apostadores. Embora exista essa diferença entre o jogo e a aposta, elas se encontram submetidas à mesma regra do Código Civil nos artigos 814 a 817.

Existem três modalidades de jogos e apostas: 1)Jogos e Apostas Ilícitas – não são permitidos. Normalmente submetidas ao jogo ou aposta de azar. Sem nenhuma possibilidade de participação dos jogadores ou de uma aposta dos contendores dentro de uma certa perspectiva. O jogo e aposta se submetem a sorte/azar. Esses jogos são proibidos, normalmente, por lei. É o caso, por exemplo, da roleta, do jogo do bicho, bacará. São considerados ilícitos e o pagamento do vencido ao vencedor não é juridicamente obrigatório, ou seja, não gera uma obrigação legal. A dívida resultante do jogo, gera uma obrigação. Isso implica dizer que se o vencido pagar o vencedor, ele não poderá juridicamente exigir a devolução do que pagou. Ou seja, o vencido não poderá propor em face do vencedor o que se qualifica de ação de repetição de indébito. Exemplo: X participa da roleta e ganha um valor. Y que promoveu o jogo, não é obrigado a pagar a X a quantia ganha. Há apenas uma obrigação natural e não jurídica. Se Y pagar espontaneamente não poderá posteriormente exigir a devolução do que pagou, não poderá propor a ação de repetição de indébito. Somente há duas exceções que comportam a repetição do indébito: a)quando o vencedor agiu com dolo em relação ao vencido, para vencer o jogo e receber o que é devido; b)quando o vencido for pessoa civilmente incapaz. Nessas duas hipóteses, se cumprida a obrigação natural, o vencido poderá exigir a devolução do que pagou juridicamente, propondo a ação de repetição de indébito. E se terceiros forem afetados? E se terceiros sofrerem reflexos desse pagamento, dessa obrigação natural? Se terceiros de boa fé forem alcançados pelo pagamento da obrigação natural, esse pagamento é devido. Exemplo: no jogo de roleta, X ganha R$10.000,00 e o Y percebendo que o não pagamento poderia criar um constrangimento, até um conflito, emite um cheque a favor de X. E X repassa esse cheque para W em um pagamento de aquisição de um bem. Y emite o cheque sem provimento de fundos. W poderá executar este cheque, pois mesmo sendo o pagamento de um jogo ou aposta, o terceiro de boa fé nada tem

a ver com jogo. Porém, se ele conhecia que o pagamento era fruto de jogo ou aposta, ele não terá como executar o cheque. 2)Jogos e Apostas Toleráveis – não são proibidos pelo ordenamento e portanto são toleráveis Jogo de truco é um ótimo exemplo. Jogo de xadrez. Jogos que não se submetem apenas a sorte/azar. Depende de uma certa habilidade dos jogadores, apostadores. Se jogarem a dinheiro não é obrigado o pagamento, pois não é legalmente considerado. Mas, se houver pagamento caberá as mesmas regras dos jogos e apostas ilícitas, inclusive as exceções. 3)Jogos e Apostas Lícitos – jogos permitidos pelo estado. Loteria esportiva, Loto, Megasena, etc. A justificativa é de que esses jogos tem uma finalidade social. Parte dele será carreado para benefícios da sociedade. Esses jogos, que são legalmente considerados, o seu pagamento é obrigatório juridicamente. CONTRATO DE TRANSAÇÃO (Arts. 840 a 850 do Código Civil) As partes envolvidas no contrato de transação, são denominadas de transigentes ou transatores. A transação no C.C. de 1916 era considerada como sendo uma forma de pagamento indireto da obrigação. A transação não era um contrato a luz do CC de 1916, mas sim uma forma de extinção indireta do pagamento. Foi conduzida a Transação a condição de contrato no vigente Código Civil de 2002. É uma modalidade contratual excelente em termos de solução de conflitos. Definição: a transação é a espécie contratual em que as partes envolvidas qualificadas de transigentes ou transatores põem fim, de comum acordo, renunciando reciprocamente a direitos a um conflito de interesses, que envolvem bens patrimoniais disponíveis de forma preventiva extrajudicialmente ou litigiosa judicialmente. A primeira observação é que a transação somente pode ter como objeto bens patrimoniais disponíveis. Sempre dirá respeito a bens patrimoniais disponíveis. Exemplo: direito da personalidade ou personalíssimos (honra, imagem, privacidade, dignidade humana – nada disso pode ser transacionado) assim como direitos patrimoniais que tenham um apelo público (bens que envolvem o estado da pessoa e os bens que envolvem os bens de família – embora patrimoniais são indisponíveis – não posso transacionar o divórcio, a fixação dos alimentos – eu posso transacionar o quantum)

A transação pode ser extrajudicial, uma transação preventiva. Que evite a propositura de uma ação. Exemplo: X e Y batem seus veículos na Av. Paes de Barros. O X entende que o Y foi culpado e Y até concorda. X quer R$15.000,00 como valor para reparação do dano. Y entende que deve pagar apenas R$5.000,00. Nada obsta que eles transacionem esta situação. X renuncia o valor pedido para R$10.000,00 e Y renuncia o seu direito aumentando a sua proposta para R$10.000,00. Com 2 testemunhas poderão realizar a transação e põem fim ao conflito extrajudicialmente. Se envolver bem imóvel, a transação deverá ser feita no cartório de notas por escritura pública. Se envolver bem móvel, pode ser feito por instrumento público ou particular. Não depende essa transação extrajudicial de homologação judicial, sendo um título executivo extrajudicial. Não depende de advogado, apenas de 2 testemunhas para comprovar. Transação Judicial Digamos que X proponha em face de Y a ação de reparação de danos em razão da batida dos automóveis. Antes da sentença, autor e réu, podem por fim ao conflito realizando uma transação judicial, que deverá ser feita por escritura pública (seja o bem móvel ou imóvel) ou nos próprios autos do processo (é mais comum), encerrando a demanda. Só que neste caso, quando a transação é judicial, deverá ocorrer a homologação do juiz. A homologação do juiz é necessária processualmente para extinguir o processo, art. 269, III do CPC. #Não confundir transação com conciliação.# ELEMENTOS NECESSÁRIOS PARA CONSTITUIÇÃO DE TRANSAÇÃO 1)Existência de um Conflito de Interesses deduzido ou não em juízo; 2)Intenção dos conflitantes em extinguir a contenda; 3)Acordo – no sentido da extinção referida; 4)Renúncia recíproca de direitos – de ambos transigentes, mas se somente um ceder aí não é transação, é reconhecimento do pedido do outro; Faltando um desses elementos não é transação. CARACTERÍSTICAS DA TRANSAÇÃO 1)Indivisível – se uma cláusula da transação for nula, toda a transação em regra o será.

Existe um dispositivo que abre a exceção, mas isso somente vai acontecer se for uma nulidade de uma cláusula que não contamine diretamente a transação, que não envolva diretamente a transação. Agora, se envolver a transação, nula uma cláusula, nula será a transação. Exemplo: em uma das cláusulas um dos transigentes nomeia um individuo sem poderes especiais para transacionar. Uma cláusula que nomeie um transigente sem poderes especiais é nulo. Portanto, a transação é nula. 2)Deve ser interpretada restritivamente – ao pé da letra. Vai se exigir aquilo que está no papel, artigo 114 do Código Civil e 844 do mesmo código. Além de ser indivisível, deve ser interpretada restritivamente. 3)Tem caráter declaratório 4)Admite cláusula penal pelo descumprimento do contrato CONTRATO DE COMPROMISSO (Arts. 851 a 853 do Código Civil) Hoje também é considerado um contrato, mas a exemplo da transação o compromisso era considerado uma forma de extinção indireta da obrigação, uma forma de pagamento indireto para extinguir a obrigação. Ocorre que no compromisso, as partes envolvidas nomeiam um árbitro ou um colegiado de árbitros, no caso do colegiado sempre em número ímpar, para conhecer e solucionar o conflito entre as partes, solução esta que será feita pela emissão de um laudo, que poderá ser extrajudicial ou judicial nos próprios autos do processo em curso. A arbitragem é regrada no Brasil, além dos dispositivos mencionados, é regrada pela Lei 9.307/95 e também a exemplo da transação, somente pode ter como objeto bens patrimoniais disponíveis. Então, no contrato de compromisso em vez de se auto comporem e resolverem o conflito transacionando, eles procuram um árbitro, um terceiro para conhecer e solucionar a demanda. Exemplo: X e Y bateram o carro, não há ação proposta ainda. X e Y resolvem firmar um contrato de compromisso e indicar um árbitro que irá conhecer e solucionar o conflito. Ou, X já ingressou com a ação e nos autos do processo X e Y comunicam o juiz que pretendem nomear um árbitro para solucionar a demanda. Para que no próprio processo seja juntado o laudo de arbitragem. Detalhes

Laudo arbitral que põe fim ao conflito de interesse pode ser extrajudicial ou judicial. E a exemplo da transação, o objeto do compromisso necessariamente deve dizer respeito a bens patrimoniais disponíveis. Quem pode ser árbitro? Qualquer pessoa, com exceção do analfabeto e do incapaz. O laudo arbitral não comporta recurso e que não pode ser questionada judicialmente. Não há possibilidade do questionamento. O laudo arbitral deve conter relatório, fundamentos e decisão. Deve conter local, matéria discutida, qualificação das partes, do árbitro ou do colegiado. Obs: Você pode discutir vícios de forma, mas discutir a decisão não há possibilidade. #Não confundir o compromisso, que é um contrato típico previsto no C.C. em que as partes vão indicar um árbitro ou um colegiado de árbitros (sempre em nº impar) para decidir um conflito de interesses, com a cláusula compromissória - está é um pré contrato, inserido num contrato ou apartado dele, que determina que existindo eventual conflito entre os contratantes resultantes do próprio contrato as partes deverão indicar um árbitro ou um colegiado de árbitros para conhecer e julgar o conflito buscando a sua solução. Exemplo: X e Y firma um contrato de compra e venda de um imóvel em que o pagamento será feito em 15 anos. Eles podem inserir no próprio contrato ou em instrumento apartado uma cláusula de compromissória. O laudo arbitral deverá ser emitido dentro do prazo indicado pelas partes. Se as partes não indicarem esse prazo, ele deverá ser emitido no prazo de 6 meses a contar da nomeação do árbitro ou do colegiado de árbitros. 22/10/13 CONTRATO DE TRANSPORTE (Art. 770 a 776 do Código Civil) Essa espécie contratual era contemplada no direito comercial, hoje chamado de direito empresarial. Com a modificação do direito privado foi regulamentada pelo código civil Regulamentação esta com regras e princípios aderentes ao transporte. Mas, embora existem princípios e regras próprias no C.C, existem regras e leis específicas a alguns tipos de transporte. Essas regras especiais são muitas vezes aplicadas e tem aplicação subsidiária. Quando estamos diante de uma relação de consumo, o transporte ganha contorno a prestação de serviço e então ganha prevalência o CDC. O contrato de transporte não pode ser visto somente por meio das regras previstas no C.C. O contrato de transporte, dependendo do transporte, tem uma legislação especial aplicável e se for em relação de consumo aplica-se o CDC. E essas regras do C.C tem aplicação subsidiária dependendo da situação.. Espécies

1.Tranporte áreo – aviões e helicópteros 2.Transporte Marítmo – navios, lanchas, barcos, etc. 3.Transporte Fluviais – todo tipo de embarcação em rios. 4.Transporte Terrestre – se subdivide em: 4.1Rodoviário 4.2Ferroviário – incluindo-se aqui os trens do metrô e os trens que correm na ferrovia que não metrô. Exemplo: se transportamos uma mesa de uma sala a outra, é considerado um contrato de transporte. E que deve ter aplicação dessas regras previstas no próprio C.C. Exemplo: Quando você compra um carro em que o vendedor o coloca no veículo para um test-drive, o que ocorre é um contrato de transporte. Não é gratuito, mas tem um pagamento indireto. A partir desta visão, podemos defini-lo como sendo o fenômeno jurídico em que uma pessoa qualificada de transportadora faz o deslocamento, trasladação de uma pessoa e/ou de uma coisa, de um lugar ao outro dentro de um percurso determinado. Deste conceito amplo, é possível destacarmos 3 elementos: 1.Transportador – aquele que faz a trasladação; 2.Traslado – o percurso em si em que a coisa será deslocada; 3.Pessoa que será deslocada e quando ela utiliza o transporte para seu deslocamento é chamada de passageiro e a coisa que será deslocada que pode estar com o passageiro na qualidade de bagagem ou não que pode ser o único objeto que será transportado. A partir das regras do C.C. – 730 a 756 se subdivide em 3 seções. 1ºParte Geral – aplicável ao transporte em si. 2ºParte Específica – trata do transporte de pessoas. 3ºParte Específica – trata do transporte de coisas. DIFERENÇA ENTRE O CONTRATO DE TRANSPORTE E O CONTRATO DE FRETAMENTO OU CHARTER No contrato de transporte, o transportador utilizando veículo, utilizando um meio de transporte, faz o deslocamento de pessoas e/ou coisas. Exemplo: X apanha um ônibus, paga a passagem para utilizar o ônibus de Y. E o ônibus conduz X de um ponto ao outro. Isso é transporte. No contrato de fretamento ou charter, uma pessoa chamada de fretador sede o veículo ou meio de transporto ao afretador, afim de que ele realize o transporte. Exemplo: X sede a Y para que ele realize o transporte. Entre X e Y é um contrato de fretamento e quem realizará o contrato de transporte é o Y.

OBS: O transporte público no Brasil pode ser feito pelo próprio poder público, mas normalmente é feito por particulares que são autorizados (recebem permissão ou concessão) pelo Estado para realizar o transporte público. Estes particulares, empresas autorizadas, permissionárias ou concessionárias de transporte público passam a categoria de agente público por força do artigo 37, §6 ou VI da Constituição Federal. CARACTERÍSTICAS DO CONTRATO DE TRANSPORTE 1)Contrato de Resultado – o transportador tem o dever de realizar o traslado da pessoa e/ou coisa do ponto inicial ao ponto final conforme determinado no contrato. E especialmente no transporte de pessoas na qualidade de passageiro, o transportador é responsável pela integridade física e pela preservação da vida deste passageiro. Observação: É por conta desta responsabilidade que se diz que todo e qualquer contrato de transporte tenha a chamada cláusula tácita de incolumidade. 2)Contrato Bilateral – porque o transportador tem o dever de realizar o traslado, seja ele da pessoa e/ou da coisa. O passageiro ou o proprietário da coisa tem o dever de remunerar o transportador, remuneração esta direta ou indireta. Exemplo: Se eu pago um valor de uma semana para o Jr. me trazer a faculdade. Tenho aqui um contrato de transporte. Jr tem o dever de trazer o passageiro com incolumidade e o professor terá que remunerar. Exemplo: quando pensamos no transporte coletivo, a obrigação é da empresa de realizar o traslado. E como contraprestação o que se considera é o pagamento coletivo e não o pagamento individual. Porque quando o transporte é coletivo é estimado o quantum cada passageiro deve pagar para poder se servir do transporte e compensar o transportador. 3)Contrato Bilateral Oneroso ou Contrato Bilateral Gratuito (em que visto sob o ângulo particular do passageiro, apenas ele aufere vantagem pois ele não remunera diretamente o transportador. Ele remunera indiretamente). OBSERVAÇÃO: Não se confunde contrato de transporte gratuito com o chamado contrato de transporte de carona ou mera cortesia. OBSERVAÇÃO: Todo e qualquer transporte, regido pelo CDC como prestação de sérvio, pelo Código Civil ou ainda se for público, o transportador responde OBJETIVAMENTE seja o transporte ser gratuito ou oneroso. Não há que se apurar culpa. Se o transporte é feito na forma de cortesia/carona e o passageiro sofrer dano, a responsabilidade do transportador é SUBJETIVA. Então o passageiro terá que provar que sofreu o dano por culpa do transportador. 4)Contrato Comutativo – há uma certeza recíproca do que deve ser cumprido pelas partes envolvidas. Transportador sabe que terá que fazer o traslado de um ponto

inicial ao ponto final. Passageiro ou pessoa proprietária da coisa a ser transportada sabe que deverá pagar a passagem, o quantum desta passagem. 5)Contrato Consensual – porque para sua formação depende ,necessariamente, da proposta e aceitação. 6)Contrato Não Solene, mas normalmente Formal – deve ser firmado por escrito e excepcionalmente verbal. É um contrato que é formal, via de regra, firmado por escrito. Excepcionalmente é verbal, não formal. Não se exige escritura pública, não se exige essa solenidade. Deve ser escrito, eventualmente, para efeito de prova. Passagem, contrato, bilhete, etc. 7)Contrato de Adesão – o passageiro ou proprietário adere as regras impostas pelo transportador. Essas regras, quando estamos diante de um bilhete, estão no próprio bilhete. Quando não estão afixadas no veículo em que ocorrerá o transporte. Em matéria de transporte de pessoas e/ou coisas, temos duas modalidades que iremos destacar. Transporte Cumulativo e Transporte Sucessivo. Transporte Cumulativo (existe uma unidade e responsabilidade solidária de transportadores) Existe uma unidade entre os transportadores em que cada um deles tem o dever de transportar o passageiro e/ou a coisa em parte do percurso definido no contrato, sendo, no entanto todos os transportadores solidariamente responsáveis perante a pessoa e/ou a coisa transportada caso ocorra alguma espécie de dano. Transporte Sucessivo Não existe essa unidade entre os transportadores. Cada um dos transportadores é responsável, tem o dever, de transportar a pessoa e/ou a coisa apenas em uma parte do percurso definido no contrato. Tendo responsabilidade exclusiva pela parte transportada na hipótese da pessoa e/ou coisa sofrer alguma espécie de dano. TRANSPORTE DE PASSAGEIROS Uma das cláusulas mais importantes é a cláusula tácita de incolumidade. A responsabilidade civil do transportador, na hipótese de dano sofrida pelo passageiro, é objetiva. Seja o transporte particular, seja o transporte público. Aplica-se as legislações especiais, o C.C e o C.D.C. Responsabilidade objetiva = Quando a culpa é presumida ou dispensada.

Deve provar o fato do acidente em si, o dano material e/ou moral sofrido pelo passageiro e o nexo de causalidade que liga o dano ao fato em si. Não há necessidade de provar a culpa do transportador. Tanto o CC quando o CDC como as legislações especiais, com o transporte particular ou público, admitem hipóteses excludentes de responsabilidade objetiva do transportador. Então, o transportador não pode ser objetivamente responsabilizado quando: I)O dano ocorrer por culpa exclusiva do passageiro; II)Força maior. Ex: avião decolando e um raio o atinge (não havia previsão de chuva); Não se aplica ao caso fortuito, ou seja, o caso fortuito não exclui a responsabilidade do transportador. III)Única hipótese em que a ação de terceiro exclui a responsabilidade do transportador em casa de dano. Quando a ação do terceiro for uma causa alheia ao transporte que cause o dano. Ação de terceiros não pode ser excludente. Ainda que o dano tenha sido causado por terceiro, o transportador responde OBJETIVAMENTE pelo dano sofrido pelo passageiro. IV)ATENUA A RESPONSABILIDADE E NÃO A EXCLUE. Hipótese em que há culpa concorrente (no caso do C.D.C. o consumidor não assume essa responsabilidade) entre o transportador e o passageiro. TRANSPORTE DE COISA 1)Remetente – que vai enviar a coisa a ser transportada. 2)Destinatário – que vai receber a coisa a ser transportada. 3)Própria coisa em si a ser trasladada. 4)Transportador – que vai fazer a trasladação, o deslocamento da coisa, o percurso definido no contrato. Uma novidade em matéria de transporte de coisa. Seja essa coisa como objeto do transporte ou bagagem do passageiro. O transportador deve indicar o valor da coisa transportada e naturalmente o passageiro deve concordar com a indicação ou a própria pessoa proprietária da coisa a ser transportada. Se houver indicação e concordância e acontecendo um dano na coisa (perecimento ou deterioração da coisa) é com base nesse valor que deverá ser requerida a indenização.

Se o transportador não indicar o valor da coisa, quem vai fazê-lo é o passageiro ou a pessoa proprietária da coisa a ser transportada. E com base nesse valor indicado será calculada a indenização na hipótese de dano sofrido pela bagagem ou pela coisa. Quando o transportador apanha a coisa, ele deve por escrito descrevê-la, indicando individuando a coisa e informando a descrição de como recebeu. A obrigação do transportador é transportar esta coisa até o percurso final de forma zelosa, exercendo a custódia da coisa (guarda e conservação). Tanto isso é verdade, que se aplica aqui ao transporte de coisa e de bagagem a regra do depósito em matéria de custódia. Ao chegar ao destinatário, ao ponto final. O destinatário deve apanhar a coisa e examiná-la para ver se é verdadeiramente a coisa, se o valor estimado está correto e irá assinar um recibo provando o seu recebimento. DIREITO E DEVERES DO TRANSPORTADOR COMO TAMBÉM DA PESSOA QUE CONTRATA O TRANSPORTE Principal obrigação da pessoa que contrata o transporte – Remunerar o transportador (seja direta ou indireta) A pessoa transportada ou o proprietário da coisa a ser transportada pode desistir do transporte, cada legislação vai definir qual o momento que essa desistência pode ocorrer. Levando em conta o transporte rodoviário essa desistência tem que ocorrer 3 horas antes do embarque. Fica retido pelo menos 5% do valor da passagem como forma de multa. Principal obrigação do transportador – realizar o transporte no percurso definido no contrato, observada a cláusula de incolumidade. O transportador pode recusar a transportar determinados passageiros ou até retirá-los do transporte no seu curso se esses não respeitarem o regulamento do contrato de adesão. 23/10/13 CONTRATO DE SEGURO (Art. 752 a 802) Trata basicamente do seguro terrestre. Subdivide-se em parte geral (aplicável a todas espécies)e depois o seguro do dano que se subdivide em seguro de coisa e seguro contra terceiros e por fim seguro quanto a pessoa que se subdivide em seguro de vida e seguro de acidentes. Envolve muita legislação, primeiro que temos o seguro de caráter social que não será objeto de análise. Ex: INSS é uma espécie de seguro público, social. DPVAT também. Existem seguros de toda ordem e legislações especializadas.

O código civil trata do seguro de coisa, seguro de pessoa e evidentemente que dependendo do seguro de pessoa há uma legislação especial aplicável (Por exemplo: seguro de saúde que já possui uma legislação própria). No seguro você tem a seguradora de um lado, o segurado do outro e muitas vezes o terceiro, que não é parte, chamado de beneficiário. A seguradora sempre será uma pessoa jurídica. E para atuar no mercado securitário necessita autorização do poder estatal, do Estado. E sempre será constituída na forma de uma sociedade anônima (S.A) ou ainda na forma de uma sociedade mutuária (mútuo aqui no sentido de auxílio), ou ainda na forma de cooperativa. A forma mais comum é a sociedade anônima. Por outro lado o segurado pode ser uma pessoa natural como também pode ser uma pessoa jurídica. Como funciona o seguro? A origem do seguro é a origem do seguro marítimo. Quando ocorreu o renascimento e começaram a ocorrer as grandes tentativas de descobertas pelo Atlântico, o qual em alto mar é bem revolto. Então não eram raras as embarcações que afundavam. As companhias de navios resolveram criar um sistema de seguro. Cada dono colaborava com uma quantia e era feito um caixa em comum. E conforme se danifica esse caixa indenizava o navio ou os familiares do indivíduo morto. O seguro é uma pessoa jurídica que vai acumulando segurados e se forma um caixa. E deste caixa que saem as indenizações nas hipóteses de danos e sinistros. Exemplo: X é a seguradora. Y,Z,W,V tem que pagar um valor (prêmio) e assim formam um caixa de onde surgirá a indenização. É o fundo monetário formado pelos próprios segurados. A vantagem da seguradora: ganha um percentual para administrar esse caixa, esse fundo para pagamento dos segurados. (Salvo engano 12% para administrar o caixa). O premio é o valor pago pelo segurado à seguradora, afim de que ele segurado, ou terceiro por ele indicado (que seria o beneficiário) tenha direito a cobertura e ao pagamento de uma indenização na hipótese da ocorrência do dano. Esse prêmio é calculado a partir de valores atuariais que são projetados (calculados) de acordo com o risco do dano em vista do mercado. Há parâmetros que são levados em conta para o cálculo atuarial e a partir daí que se tem o cálculo do risco do dano. Prêmio pode ser pago a vista ou de acordo como foi acordado entre a seguradora e o segurado.

O risco diz respeito a um interesse legítimo que se pretende garantir. O risco está intimamente ligado a garantia de um interesse legítimo. Quando você paga o prêmio, o segurado busca a cobertura, a proteção, a garantia de um interesse legítimo. Interesse legítimo que pode estar em risco em razão das circunstancia em torno dele próprio. Exemplos de interesse legítimo: a vida, um carro, uma casa, educação futura dos filhos (seguro para a educação) e tantos outros. Normalmente se ligava o interesse legítimo a um dano. Você faz um seguro para proteger-se de um dano futuro. O interesse legítimo não visa apenas a proteção patrimonial de um futuro dano, é garantido também para acontecimentos futuros e incertos que não dependem da vontade do segurado. Por isso que existe o seguro que visa garantir a educação dos filhos, se paga o seguro para que o filho receba os recursos necessários para poder estudar. Por isso que existe o seguro de vida. Risco e sinistro são outras expressões que também iremos encontrar. O sinistro é a ocorrência eventual, mas concreta, da violação do interesse legítimo garantido no seguro. Enquanto que o risco é a violação potencial (abstrata) permanente do interesse legítimo garantido no seguro. Eu pago o seguro, o prêmio, para que meu veículo seja garantido contra incêndio, roubo, furto e acidentes em geral. Todas estas situações são riscos, são uma violação potencial do interesse legítimo garantido. É um plano abstrato, não aconteceu ainda. A cobertura também é uma expressão muito usada. Dever que tem a seguradora de garantir o interesse legítimo do segurado durante a vigência do contrato de seguro. A indenização é a reparação feita pela seguradora ao segurado ou ao beneficiário na hipótese do sinistro. A apólice é o instrumento do contrato de seguro. Mas não é todo contrato de seguro que tem apólice. Você pode firmar um contrato de seguro e a prova é o próprio bilhete que você recebe no momento em que você paga o prêmio. Exemplo: seguro de automóvel, o segurado vai preencher um formulário (uma proposta) de acordo com o seu perfil para a constituição do seguro e envia a seguradora na forma de proposta. A seguradora aceitando deverá enviar a apólice do seguro, que é a prova para o segurado da existência do seguro. Isto também ocorre no seguro de residência. Exemplo: você apanha um ônibus para ser transportado, ali você encontra seu seguro pago na própria passagem. E esse bilhete é a forma de prova do seguro, pois neste caso não há apólice.

Então, mediante essas colocações e termos técnicos podemos definir o contrato de seguro da seguinte forma: Conceito: O seguro é a espécie contratual que envolve de um lado a seguradora e do outro o segurado, o qual para aderir ao seguro, paga um valor à vista ou periódico, qualificado de prêmio afim de que tenha a garantia de um interesse legítimo contra eventuais riscos podendo exigir da seguradora, na hipótese de sinistro, a reparação ou a indenização cabível que deverá ser paga ao segurado ou a um terceiro, denominado beneficiário, por ele indicado no contrato. CARACTERÍSTICAS DO CONTRATO DE SEGURO 1)Boa fé – embora em toda e qualquer relação contratual a boa fé precisa estar presente, no seguro essa boa fé é essencial. Tanto o segurado quanto a seguradora devem agir com lealdade, probidade, honestidade no que se refere a formação, execução e extinção do contrato de seguro. A falta de boa fé pode não só levar a resolução do contrato, como também a sanções que o próprio Código Civil apresenta. Exemplo: se a seguradora tem conhecimento que já ocorreu o sinistro e não obstante aceita o prêmio do segurado. A seguradora terá que devolver em dobro o que recebeu. O individuo quer fazer o seguro de uma mercadoria que está em um navio, a seguradora sabe que o navio afundou e mesmo assim recebe o premio do seguro. Neste caso ocorrerá a resilição como a devolução dos valores pagos em dobro. A boa fé é fundamental, por isso quando preencher o formulário para proposta, não se pode omitir dados, pois dessa forma você pode ser sancionado e ter a resolução do contrato. A honestidade, em matéria de contrato de seguro, é essencial. Pois as seguradoras possuem equipes para investigarem. Tem que haver incerteza quanto ao risco do interesse legítimo garantido. 2)Contrato de Adesão – por ter uma importância social grande, a legislação determina algumas regras que devem constar no contrato de seguro. Regras estas que são cogentes e que não podem ser retiradas do contrato pela vontade das partes. Na verdade, a seguradora por conta da lei e pela própria vontade impõe ao segurado um contrato de adesão que por ele é aceito. Dependendo da situação, e na maioria das vezes, o seguro envolve uma relação de consumo e quando o contrato é de adesão aplicam-se as regras do artigo 54 e 51 do CDC. E se a relação não for de consumo, for uma relação de direito civil, não podemos esquecer o teor do artigo 424 do C.C. que diz que quando o contrato for de adesão, é vedada renuncia de direitos por parte do aderente.

O artigo 47 do CDC é muito claro em relação às cláusulas ambíguas e no art. 423 do C.C. Entender-se-á que a cláusula aplicável é aquela que mais favorece o aderente ou consumidor. 3)Contrato Solene e Formal – tem que ser formado por escrito, para efeito de prova. A formalidade liga-se a prova do contrato de seguro que deve ser feita de forma escrita, basta qualquer espécie de prova inclusive um bilhete que prove o contrato de seguro. 4)Contrato Consensual – porque depende de proposta e aceitação. A quem entenda que o contrato de seguro é real, especialmente por conta da transferência da apólice da seguradora ao segurado. Mas, a maioria entende que é consensual pois depende de proposta e aceitação. 5)Contrato Bilateral – porque o segurado deve pagar o premio à seguradora e a seguradora deve garantir a cobertura durante o contrato do interesse legítimo contra eventuais riscos e sinistros. 6)Contrato Oneroso – pois a seguradora tem a vantagem de receber um percentual em razão da administração do fundo monetário resultante do pagamento dos prêmios. E o segurado tem como vantagem a garantia do interesse legítimo contra eventuais riscos e sinistros. 7)Contrato Comutativo (para alguns considera-se Aleatório) – pois o segurado sabe o quantum deverá pagar, na forma de prêmio, para aderir ao seguro. Por outro lado, a seguradora também sabe o que deverá garantir por meio da sua cobertura durante a vigência do contrato. Aqui há uma equivalência nas prestações e contraprestações. A quem entenda que o contrato é aleatório, pois o sinistro é incerto e, portanto, ao aderir ao seguro, o segurado não sabe se vai receber a indenização e a seguradora, recebendo o prêmio, não sabe se será obrigada a pagar esta indenização. SEGURO DE COISAS E DE PESSOAS Não se pode confundir pluralidade de seguros ou multiplicidade de seguros com o fenômeno chamado de cosseguro e com o fenômeno chamado de resseguro. Existe em matéria de seguro de coisa uma regra básica. Não é possível se garantir um interesse legítimo no contrato de seguro por um valor superior a coisa garantida. Em matéria de seguro de coisa, é proibido que se atribua um valor, para efeito de garantia, superior ao valor real da coisa. Exemplo: o carro vale R$25.000,00 faço um seguro garantindo uma eventual indenização no valor de R$40.000,00. Não é possível. Você tem que garantir em relação ao valor real de mercado. Pois o seguro não tem a finalidade de especulação, de gerar riqueza. O seguro tem a finalidade de reparar, economicamente, um interesse legítimo violado. Por isso que existem os cálculos atuariais.

O objetivo é de se evitar o enriquecimento sem causa. É vedado, em matéria de seguro de coisa, a pluralidade de seguro também chamada de multiplicidade de seguros. Você não pode firma 2 ou mais seguros que tenham como objeto o mesmo interesse legítimo, garantindo-se economicamente o risco de eventuais danos em relação a coisa como um todo. Em outas palavras, em matéria de seguro de coisa, uma coisa ou um interesse legítimo não pode ser assegurado no seu valor total por 2 ou mais seguros. Em matéria de seguro de pessoa, especialmente no seguro de vida, isto não é proibido. Porque a vida, primeiro, não tem preço. Então você pode estipular o valor que quiser no seguro de vida. Não existe um valor para a vida. Segundo, em matéria de seguro de vida, que é seguro de pessoa, é possível a pluralidade de seguros ou a multiplicidade de seguros. Ou seja, posso fazer 2 ou mais seguros simultaneamente. Não confundir multiplicidade de seguros ou pluralidade com cosseguros (repartição de responsabilidade entre seguradoras, sendo cada uma responsável por uma parte do interesse legítimo que se submete). Nos cosseguros há sim mais de uma seguradora que garante cada uma delas o risco de parte do interesse legítimo protegido. Exemplo: contrato a seguradora X para proteção de incêndio na minha residência e contrato a seguradora Y para proteger a minha residência de roubo e contrato a seguradora Z para proteger a minha residência de furto. Aqui o interesse legítimo esta sendo o seu risco sendo distribuído entre várias seguradoras. Aqui não há multiplicidade de seguros, pois cada uma delas protege parte do risco. Se não houver nenhuma disposição no contrato indicando solidariedade não há no que se falar. Depende da lei ou do contrato, ou seja, não pode ser presumida. Quando há cosseguros dentre as seguradoras, a que se escolher no contrato a representante das demais e que vai administrar essa relação com o segurado. Já no resseguro, é o seguro do seguro. É uma seguradora que garante o fundo de caixa da outra seguradora, afim de que na hipótese de sinistro, os segurados sejam indenizados ou que tenham os seus direitos reparados. O resseguro é uma garantia que uma determinada seguradora tem para indenizar eventuais sinistros, eventuais segurados. Então o resseguro nada mais é do que o seguro do seguro. O contrato de seguro pode ter como beneficiário o próprio segurado.

Exemplo: X seguradora, Y segurado. Y paga um prêmio para ter como interesse legitimo garantido a proteção a seu automóvel. Se ocorrer o sinistro quem vai receber a indenização ou o novo veículo ou a reparação do carro em caso de acidente. Quem vai receber é o segurado. Então aqui, o próprio beneficiário do seguro é o segurado. Temos uma outra hipótese que caracteriza o contrato de estipulação a favor de terceiro (Art. 436 a 438 do Código Civil). Temos de um lado X seguradora (chamada de promitente) do outo Y segurado (denominado estipulante) e temos W terceiro que não é parte do contrato, que é o beneficiário, que neste caso é mãe de Y. Y paga o premio para ter a cobertura contra o risco de morte, o interesse legítimo protegido aqui é a vida de Y. Só que se Y morrer ocorre o sinistro e quem deverá receber a indenização por Y indicada é sua mãe W. Em relação ao seguro de coisa, vigora entre segurado e seguradora o principio da igualdade, da equidade. E é entre ambos vedado o enriquecimento sem causa. Quando o interesse legítimo é garantido, se atribui a esse interesse um valor econômico no momento em que o seguro é firmado, sempre baseado em cálculos atuariais. E a partir daí é calculado o premio que será pago pelo segurado. Só que posteriormente ocorre o sinistro, a violação do interesse legítimo e o que pode acontecer é que esse interesse no momento do sinistro apresente um valor diferente do valor lá atrás garantido. Se o valor da coisa no momento do sinistro for maior que o valor econômico do interesse legitimo à época em que o contrato foi firmado, a indenização a ser paga tem que ser com base no interesse legítimo garantido à época do contrato firmado. Não vai se levar em consideração o valor da coisa no momento do sinistro. Agora pode acontecer que a coisa sofra uma desvalorização no momento do sinistro. Artigo 681 do C.C. O valor a ser pago deve ser do contrato firmado acrescido o valor da diferença paga pelo prêmio. O Código Civil contempla também o contrato de seguro de vida em grupo. X é a seguradora, Y é uma pessoa jurídica (segurado) e os beneficiários são um grupo de pessoas. Cada empregado, beneficiário, paga um valor para o segurado (empresa Y) que será carreado em forma de prêmio para a seguradora X. Ocorrendo alguma violação ao interesse legítimo protegido, a seguradora pagará a indenização, a reparação a este empregado. Os empregados não são parte do contrato de seguro. ¾ do grupo terão que aceitar a mudança/alteração do contrato de seguro. Esse grupo é rotativo. O suicídio, no caso de seguro de vida, impede o pagamento de seguro? Depende. Se o suicídio ocorrer nos primeiros 2 anos que o seguro de vida foi firmado fica prejudicado a indenização. Se ocorrendo posteriormente a 2 anos ele será devido. Artigo 798 do Código Civil.