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STJ RECURSO ESPECIAL : REsp 1251331 RS 2011/00964354 Inteiro Teor Publicado por Superior Tribunal de Justiça 1 ano atrás RECURSO ESPECIAL Nº 1.251.331 RS (2011∕00964354) RELATORA : MINISTRA MARIA ISABEL GALLOTTI RECORRENTE : AYMORÉ CRÉDITO FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO S∕A ADVOGADOS : SIRLEI MARIA RAMA VIEIRA SILVEIRA E OUTRO (S) ISABELA BRAGA POMPILIO E OUTRO (S) RECORRIDO : ENÉAS DA SILVA AMARAL ADVOGADO : MARCO AURÉLIO VILANOVA AUDINO E OUTRO (S) INTERES. : BANCO CENTRAL DO BRASIL "AMICUS CURIAE" PROCURADOR : PROCURADORIAGERAL DO BANCO CENTRAL INTERES. : FEDERAÇÃO BRASILEIRA DE BANCOS FEBRABAN "AMICUS CURIAE" ADVOGADO : LUIZ RODRIGUES WAMBIER E OUTRO (S) ADVOGADA : TERESA ARRUDA ALVIM WAMBIER EMENTA CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. CONTRATO DE FINANCIAMENTO COM GARANTIA DE ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA. DIVERGÊNCIA. CAPITALIZAÇÃO DE JUROS. JUROS COMPOSTOS. MEDIDA PROVISÓRIA 2.17036∕2001. RECURSOS REPETITIVOS. CPC, ART. 543C. TARIFAS ADMINISTRATIVAS PARA ABERTURA DE CRÉDITO (TAC), E EMISSÃO DE CARNÊ (TEC). EXPRESSA PREVISÃO CONTRATUAL. COBRANÇA. LEGITIMIDADE. PRECEDENTES. MÚTUO ACESSÓRIO PARA PAGAMENTO PARCELADO DO IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES FINANCEIRAS (IOF). POSSIBILIDADE. 1. "A capitalização dos juros em periodicidade inferior à anual deve vir pactuada de forma expressa e clara. A previsão no contrato bancário de taxa de juros anual superior ao duodécuplo da mensal é suficiente para permitir a cobrança da taxa efetiva anual contratada" (2ª Seção, REsp 973.827∕RS, julgado na forma do art. 543C do CPC, acórdão de minha relatoria, DJe de 24.9.2012). 2. Nos termos dos arts. e da Lei 4.595∕1964, recebida pela Constituição como lei complementar, compete ao Conselho Monetário Nacional dispor sobre taxa de juros e sobre a remuneração dos serviços bancários, e ao Banco Central do Brasil fazer cumprir as normas expedidas pelo CMN. 3. Ao tempo da Resolução CMN 2.303∕1996, a orientação estatal quanto à cobrança de tarifas pelas instituições financeiras era essencialmente não intervencionista, vale dizer, "a regulamentação facultava às instituições financeiras a cobrança pela prestação de quaisquer tipos de serviços, com exceção JusBrasil Jurisprudência 20 de julho de 2015

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    STJRECURSOESPECIAL:REsp1251331RS2011/00964354InteiroTeorPublicadoporSuperiorTribunaldeJustia1anoatrs

    RECURSOESPECIALN1.251.331 RS (201100964354) RELATORA : MINISTRAMARIA ISABELGALLOTTIRECORRENTE : AYMORCRDITOFINANCIAMENTOE INVESTIMENTOSAADVOGADOS : SIRLEIMARIARAMAVIEIRASILVEIRAEOUTRO(S) ISABELABRAGAPOMPILIOEOUTRO(S)RECORRIDO : ENASDASILVAAMARALADVOGADO : MARCOAURLIOVILANOVAAUDINOEOUTRO(S)INTERES. : BANCOCENTRALDOBRASIL "AMICUSCURIAE"PROCURADOR : PROCURADORIAGERALDOBANCOCENTRALINTERES. : FEDERAOBRASILEIRADEBANCOSFEBRABAN "AMICUSCURIAE"ADVOGADO : LUIZRODRIGUESWAMBIEREOUTRO(S)ADVOGADA : TERESAARRUDAALVIMWAMBIEREMENTACIVIL E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. CONTRATO DE FINANCIAMENTO COMGARANTIA DE ALIENAO FIDUCIRIA. DIVERGNCIA. CAPITALIZAO DE JUROS. JUROSCOMPOSTOS. MEDIDA PROVISRIA 2.170362001. RECURSOS REPETITIVOS. CPC, ART. 543C.TARIFAS ADMINISTRATIVAS PARA ABERTURA DE CRDITO (TAC), E EMISSO DE CARN (TEC).EXPRESSA PREVISO CONTRATUAL. COBRANA. LEGITIMIDADE. PRECEDENTES. MTUOACESSRIO PARA PAGAMENTO PARCELADO DO IMPOSTO SOBRE OPERAES FINANCEIRAS(IOF).POSSIBILIDADE.1. "A capitalizao dos juros em periodicidade inferior anual deve vir pactuada de forma expressa eclara. A previso no contrato bancrio de taxa de juros anual superior ao duodcuplo da mensal suficienteparapermitir a cobranada taxaefetivaanual contratada" (2Seo,REsp973.827RS, julgadona formadoart.543CdoCPC,acrdodeminha relatoria,DJede24.9.2012).2. Nos termos dos arts. 4 e 9 da Lei 4.5951964, recebida pela Constituio como lei complementar,compete aoConselhoMonetrioNacional dispor sobre taxa de juros e sobre a remunerao dos serviosbancrios,eaoBancoCentraldoBrasil fazercumprirasnormasexpedidaspeloCMN.3. Ao tempo da Resoluo CMN 2.3031996, a orientao estatal quanto cobrana de tarifas pelasinstituies financeiras era essencialmente no intervencionista, vale dizer, "a regulamentao facultavas instituies financeiras a cobrana pela prestao de quaisquer tipos de servios, com exceo

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    daqueles que a norma definia como bsicos, desde que fossem efetivamente contratados e prestados aocliente, assim como respeitassem os procedimentos voltados a assegurar a transparncia da poltica depreosadotadapela instituio."4. Com o incio da vigncia da Resoluo CMN 3.5182007, em 30.4.2008, a cobrana por serviosbancrios prioritrios para pessoas fsicas ficou limitada s hipteses taxativamente previstas em normapadronizadoraexpedidapeloBancoCentraldoBrasil.5. A Tarifa de Abertura de Crdito (TAC) e a Tarifa de Emisso de Carn (TEC) no foram previstas naTabelaanexaCircularBACEN3.371120077e atos normativos que a sucederam, de forma que nomaisvlidasuapactuaoemcontratosposterioresa30.4.2008.6.A cobranade tais tarifas (TACeTEC) permitida, portanto, se baseadaem contratos celebrados at30.4.2008, ressalvado abuso devidamente comprovado caso a caso, por meio da invocao deparmetros objetivos de mercado e circunstncias do caso concreto, no bastando a mera remisso aconceitos jurdicosabstratosouconvicosubjetivadomagistrado.7. Permanece legtima a estipulao da Tarifa deCadastro, a qual remunera o servio de "realizao depesquisa em servios de proteo ao crdito, base de dados e informaes cadastrais, e tratamento dedadose informaesnecessriosao iniciode relacionamentodecorrentedaabertura de conta dedepsito vista ou de poupana ou contratao de operao de crdito ou de arrendamento mercantil, nopodendo ser cobrada cumulativamente" (Tabela anexa vigente Resoluo CMN 3.9192010, com aredaodadapelaResoluo4.0212011).8. lcito aos contratantes convencionar o pagamento do Imposto sobre Operaes Financeiras e deCrdito (IOF) por meio financiamento acessrio ao mtuo principal, sujeitandoo aos mesmos encargoscontratuais.9.Tesesparaosefeitosdoart.543CdoCPC: 1 Tese: Nos contratos bancrios celebrados at 30.4.2008 (fim da vigncia da Resoluo CMN2.30396) era vlida a pactuao das tarifas de abertura de crdito (TAC) e de emisso de carn (TEC),ou outra denominao para o mesmo fato gerador, ressalvado o exame de abusividade em cada casoconcreto. 2 Tese: Com a vigncia da Resoluo CMN 3.5182007, em 30.4.2008, a cobrana por serviosbancrios prioritrios para pessoas fsicas ficou limitada s hipteses taxativamente previstas em normapadronizadora expedida pela autoridade monetria. Desde ento, no mais tem respaldo legal acontratao da Tarifa de Emisso de Carn (TEC) e da Tarifa de Abertura de Crdito (TAC), ou outradenominao para o mesmo fato gerador. Permanece vlida a Tarifa de Cadastro expressamentetipificada em ato normativo padronizador da autoridade monetria, a qual somente pode ser cobrada noinciodo relacionamentoentreoconsumidorea instituio financeira. 3 Tese: Podem as partes convencionar o pagamento do Imposto sobre Operaes Financeiras e deCrdito (IOF)pormeiode financiamentoacessrio aomtuo principal, sujeitandoo aosmesmosencargoscontratuais.10.Recursoespecialparcialmenteprovido.

    ACRDOA Segunda Seo, por unanimidade, conheceu do recurso especial e deulhe parcial provimento para quesejam observados os juros remuneratrios nas taxas mensal e anual efetiva, como pactuados, e pararestabelecera cobranadas taxastarifasdedespesasadministrativasparaaberturade crdito (TAC)edeemissodecarn (TEC),eacobranaparceladado IOF,nos termosdovotodaSra.MinistraRelatora.Para os efeitos do art. 543C, do CPC, ressalvados os posicionamentos pessoais dos Srs. Ministros

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    NancyAndrighi ePaulo de Tarso Sanseverino, que acompanharam a relatora, foram fixadas as seguintesteses:1. Nos contratos bancrios celebrados at 30.4.2008 (fim da vigncia da Resoluo CMN 2.30396) eravlida a pactuao das tarifas de abertura de crdito (TAC) e de emisso de carn (TEC), ou outradenominaoparaomesmo fatogerador, ressalvadooexamedeabusividadeemcadacasoconcreto2. Com a vigncia da Resoluo CMN 3.5182007, em 30.4.2008, a cobrana por servios bancriosprioritrios para pessoas fsicas ficou limitada s hipteses taxativamente previstas em normapadronizadora expedida pela autoridade monetria. Desde ento, no mais tem respaldo legal acontratao da Tarifa de Emisso de Carn (TEC) e da Tarifa de Abertura de Crdito (TAC), ou outradenominao para o mesmo fato gerador. Permanece vlida a Tarifa de Cadastro expressamentetipificada em ato normativo padronizador da autoridade monetria, a qual somente pode ser cobrada noinciodo relacionamentoentreoconsumidorea instituio financeira3. Podem as partes convencionar o pagamento do Imposto sobre Operaes Financeiras e de Crdito(IOF) por meio de financiamento acessrio ao mtuo principal, sujeitandoo aos mesmos encargoscontratuais. Os Srs. Ministros Antonio Carlos Ferreira, Ricardo Villas Bas Cueva, Marco Buzzi, NancyAndrighi, JooOtviodeNoronha,SidneiBeneti,RaulArajoFilhoePaulodeTarsoSanseverinovotaramcomaSra.MinistraRelatora.Sustentaram oralmente, o Dr. MARCOS CAVALCANTE DE OLIVEIRA, pela RECORRENTE: AYMORCRDITOFINANCIAMENTOE INVESTIMENTOSA o Dr. TILADONASCIMENTO, pelo RECORRIDO:ENASDASILVAAMARALeoDr. ISAACSIDNEYMENEZESFERREIRA,peloINTERESSADO.:BANCOCENTRALDOBRASIL.BrasliaDF,28deagostode2013 (DatadoJulgamento)

    MINISTRAMARIA ISABELGALLOTTIRelatora

    RECURSOESPECIALN1.251.331 RS (201100964354)

    RELATRIO

    MINISTRA MARIA ISABEL GALLOTTI: Enas da Silva Amaral ajuizou ao em face do Banco ABNAMRO Real S.A. com o objetivo de revisar contrato de financiamento com garantia de alienaofiduciria.Aps substituio do plo passivo devida ciso do ru, assumiu Aymor Crdito, Financiamento eInvestimentoS.A.acondiode requerida.O Juzo da Vara Judicial de Salto do Jacu, RS, julgou procedentes em parte os pedidos, o quemotivourecursoporpartedo ru.A Dcima Terceira Cmara Cvel do TJRS, por unanimidade, deu parcial provimento apelao paravedar a capitalizao dos juros em qualquer periodicidade, por ausncia de clusula expressa declararabusiva a exigncia das tarifas administrativas para concesso e cobrana do financiamento e doImposto sobreOperaes Financeiras parcelado autorizar a compensaorepetio simples do indbito eafastar a possibilidade de julgamento de ofcio, mantida a sucumbncia em desfavor do recorrente. O

  • 20/07/2015 (3)InteiroTeordoAcrdo|STJRECURSOESPECIAL:REsp1251331RS2011/00964354|JurisprudnciaJusBrasil

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    acrdopossuiaseguinteementa (fl.183):"APELAO CVEL. AO REVISIONAL DE CONTRATO DE FINANCIAMENTO GARANTIDO PORALIENAOFIDUCIRIA.CAPITALIZAO DOS JUROS. A capitalizao mensal dos juros, mesmo quando expressamentepactuada,emcontratos como o presente, no admitida, pois o artigo 591doatual CdigoCivil permite,como regra geral, apenas a capitalizao anual dos juros.Mas, em se tratando demera permisso legal,a capitalizao anual depende de pactuao nesse sentido, ausente na espcie, motivo pelo qual, incasu, vai vedada a incidncia de juros sobre juros em qualquer periodicidade, conforme admitido pelasentena.COMPENSAO DE VALORES. possvel a compensao de valores quando se trata de aorevisional,depoisde liquidadaasentena.REPETIO DO INDBITO. Admitese a repetio do indbito, de forma simples, de valores pagos emvirtude de clusulas ilegais, em razo do princpio que veda o enriquecimento injustificado da partecredora.TARIFATAXA PARA COBRANA DE DESPESAS ADMINISTRATIVAS PELA CONCESSO DOFINANCIAMENTO. A tarifataxa para cobrana de despesas administrativas pela concesso dofinanciamentonuladeplenodireito,porofensaaosarts.46,primeiraparte,e51, inc. IV,doCDC.forma de cobrana do IOF. A cobrana do tributo diludo nas prestaes do financiamento se afiguracomocondio inquaedesvantajosaaoconsumidor (CDC,art.51, IV).DISPOSIES DE OFCIO IMPOSSIBILIDADE. Mostrase incabvel o exame das matrias ex officiopeloJuzoadquem,as quais no foram enfrentadas pela sentena e nem foram objeto da apelao, sobpenadeafrontaaodispostonoartigo515doCPC.PREQUESTIONAMENTO.Na linhadecisriadoacrdo, no h falar emnegativa de vigncia a qualquerdispositivo legal.ApelaoCvelparcialmenteprovida."

    O recurso especial, interposto com base no art. 105, inciso III, alneas a e c, da Constituio Federal,aponta negativa de vigncia aos arts. 5 da Medida Provisria 2.170362001, 4 da Lei 4.5951964, 1 e2 da Lei 5.1431966 (CTN), e 2, inciso I, e 3, 1, inciso I, do Decreto 4.4942002, s Resolues2.303 e 3.518 do Conselho Monetrio Nacional, e divergncia com precedentes do STJ no REsp906.054RS (Rel. Ministro Aldir Passarinho Junior), REsp 994.670RS (Rel. Ministro Joo Otvio deNoronha), indicadaaRevistaEletrnicadeJurisprudnciacomo repositriooficial.Sustenta que do contrato, "clusula IV Especificaes do Crdito, consta a indicao da"Taxa EfetivadeJurosms2,11297000%"eda"TaxaEfetivaJurosAno28,52"" (fl. 210),prevacapitalizaodos juroscom frequncia mensal na indicao expressa de taxas mensal e anual, admitida pela jurisprudncia doSTJ. Alega que o contrato no est sujeito reviso por fora do princpio da fora obrigatria, que nopodeser flexibilizadopeloCDC.Afirma que as tarifas administrativas para concesso e cobrana do crdito (TAC e TEC) atendem sResolues 2.303 e 3.518, editadas pelo Banco Central, mediante autorizao concedida pela Lei4.5951964,estandopermitidaacobranaat30.4.2008.Adiciona que o fracionamento do IOF em parcelas opo exercida pelomuturio, porm o recolhimento integral,no inciodaoperao,pela instituio financeira,oquenoconstituiabusividade.No foramapresentadascontrarrazes (cf. certidode fl.225).Decisopresidencialdeadmissibilidadepositivadoespecials fls.227230.

  • 20/07/2015 (3)InteiroTeordoAcrdo|STJRECURSOESPECIAL:REsp1251331RS2011/00964354|JurisprudnciaJusBrasil

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    Por consideraro recursoespecial emquesto representativoda controvrsia jurdicaem relao licitudeda cobrana das tarifas administrativas para concesso do crdito, mediante a cobrana de valores paraa abertura de cadastro ou crdito (TAC), para a emisso de boleto ou carn (TEC), e ainda, a viabilidadedo financiamento do IOF, temtica abordada emmltiplos recursos e de enfrentamento corriqueiro, afeteio julgamentoSegundaSeodestaCorte,conformeo ritopreconizadonoart.543CdoCPC.Como consequncia, foi determinada a suspenso da tramitao na origem de outros recursos especiaisrelativosacontratosbancriosemquesediscutemas referidasmatrias.Segundo a determinao contida no art. 3, inciso I, da Resoluo 82008 do STJ, foram encaminhadosofciosaosMinistrosPresidentes desteSTJ e daSegundaSeo, aosMinistros que a integram,almdeaos desembargadorespresidentes dos Tribunais de Justia e dos Tribunais Regionais Federais. Fezse,tambm, comunicao do procedimento ao Banco Central do Brasil, ao IDEC Instituto Brasileiro deDefesadoConsumidor,eFEBRABANFederaoBrasileiradeBancos. fl. 264, manifestouse espontaneamente o Banco Honda S.A., com o propsito de ser admitido nacondio de interessado,motivado pela posio de ru em ao coletiva proposta peloMinistrio PblicodeSoPaulocomobjeto idnticoaopresente.OBancoCentral doBrasil comparece aos autos para requerer o ingresso comoamicuscuriaee defendera legalidade das tarifas e do parcelamento do tributo, cujo valor as instituies por ele supervisionadastm o dever de informar, esclarecendo aos clientes sobre todos os aspectos do contrato, tais comocustos e encargos, conforme preconizado nas diversas resolues da autoridade monetria sobre amatriaquesesucederam.Esclarece que, durante a vigncia daResoluoCMN2.3031996, era lcita a cobrana pela prestao dequaisquer tipos de servios pelas instituies financeiras, desde que efetivamente contratados eprestados, com exceo dos definidos como bsicos. No havia, at ento, obstculo legal s tarifas deaberturadecrditoeemissodecarn.Posteriormente, comaediodaResoluoCMN3.518, de2007, eficaz a partir de 30.4.2008, passouaser possvel a cobrana apenas dos servios prioritrios definidos na citada norma e em tabela depadronizaoelaboradapeloBancoCentral.Sustenta o BACEN que, desde a entrada em vigor da Resoluo CMN 3.5182007, a mera abertura decrdito deixou de configurar servio passvel de cobrana de tarifa. Continua, porm, passvel decobrana o servio relacionado ao cadastro, definido pela regulamentao aplicvel como "realizao depesquisa em servios de proteo ao crdito, base de dados e informaes cadastrais, e tratamento dedadose informaesnecessriosao iniciode relacionamentodecorrentedaaberturade contadedepsito vista ou de poupana ou contratao de operao de crdito ou de arrendamento mercantil, nopodendosercobradacumulativamente".Distingue o Banco Central a atual tarifa de cadastro da antiga tarifa de abertura de crdito (TAC),ressaltando que "esta era usualmente cobrada sobre qualquer operao de crdito, mesmo que otomador j fosse cliente do estabelecimento bancrio aquela, a seu turno, somente pode incidir no iniciodo relacionamento entre o cliente e instituio financeira, e se justifica pela necessidade de ressarcircustoscom realizaodepesquisasemcadastros,bancosdedadosesistemas".Conclui,pois,queaTACeaTECdeixaramdeexistir comaediodaResoluoCMN3.5182007.Lembra que a matria controvertida j foi apreciada pela Segunda Seo no REsp 1.270.174RS, queentendeu legtima a cobrana das tarifas TAC e TEC no perodo de regncia da Resoluo 2.3031996.Faz reparo, todavia, fundamentao do acrdo respectivo, no ponto em que assentou que asmencionadas tarifas continuaram passveis de cobrana aps a edio da Resoluo 3.5182007, porqueentende que este ato normativo permitiu apenas a cobrana das tarifas especificadas em ato normativodoBACEN,dentreasquaisno foramaTACeTECenumeradas.

  • 20/07/2015 (3)InteiroTeordoAcrdo|STJRECURSOESPECIAL:REsp1251331RS2011/00964354|JurisprudnciaJusBrasil

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    Finaliza esclarecendo, quanto ao parcelamento do IOF, que a operao consiste em nada alm demtuofornecido pelo banco ao cliente, suficiente para a quitao do tributo no ato da compra do bem, e que,por isso, superior ao valor devido ao Fisco, j que constitui, ele prprio, objeto de operao de crdito,tudo com o objetivo de viabilizar o consumo, mas que, de qualquer modo, no pode ser excludo, sobpena de contrariedade s normas legais, que estabelecem que o sujeito passivo da obrigao tributria oconsumidor (fls.300314).s fls. 347366, aFederaoBrasileira deBancos FEBRABAN, apresentamanifestao na qualidade deamicus curiae, no sentido de que o tema de enfrentamento rotineiro no STJ, que decidiu mais detrezentosprocessosafirmandoa legalidadedas tarifas.Menciona que o Conselho Monetrio Nacional e o Banco Central so competentes para dispor sobre amatria, que faz parte da regulamentao domercado financeiro, em harmonia com a Lei 4.5951964,art.4, incisoVIII.Arrola os atos normativos que autorizam a cobrana das tarifas questionadas. Sobre a TEC argumentaquesuaexigibilidadeperdurouatoadventodaResoluoCMN3.693,de26.3.2009.Adiciona, por outro lado, que o ressarcimento dos servios prestados por terceiros esteve autorizado ataediodaResoluoCMN3.9542011.Resumidamente,asituao jurdicadosacrscimosseriaaseguinte:TarifadeAberturadeCrdito TAC autorizadaat30.4.2008 (vedadapelaResoluoCMN3.5182008) Tarifa de Emisso de Carn TEC autorizada at maro de 2009 (vedada pela Resoluo CMN3.6932009) Ressarcimento por Servios de Terceiros autorizado at fevereiro de 2011 (vedado pela ResoluoCMN3.9542011)TarifadeCadastro permaneceemvigor (ResoluoCMN3.9192010).Argumenta que a proibio posterior no significa a ilegalidade das cobranas anteriores e que a matriaem debate no encontra regulao no CDC, mas est intrinsecamente ligada legitimidade de atosnormativos que so da competncia privativa das autoridades monetrias (CMN e BACEN), conformecritrios tcnicosdediscricionariedade.Pondera que o conceito de abusividade cede diante da contratao expressa dos encargos e dainformaoclaraeprecisadoscustos,pormeiodoCustoEfetivoTotal (CET),permitindo individualizarascobranas sem onerar toda a clientela, com o respectivo embutimento nas taxas de juros, que, comovisto,nosoanica remuneraopelosserviosbancrios.Explica ainda que permanece a possibilidade de concorrncia entre as instituio financeiras, que noesto adstritas a valores tabelados, permitindo a escolha das condies que sejam mais vantajosas aoconsumidor,comoquenosevislumbraqualquerabusividade,comodelineadooconceitopeloCDC.Com referncia ao financiamento do IOF, entende que o sujeito passivo do tributo o consumidor, pormdeve ser recolhido pela instituio financeira mutuante, que se dispe a financilo, o que ocorre poropo do muturio. O valor do tributo financiado integra o demonstrativo CET e o total da transaofinanceira.Insiste que a conduta no prejudicial ao Fisco e nem ao cliente, pois no representa agravamento dotributo.Aduz que a comisso de permanncia j conta com entendimento pacificado no mbito desta Corte pormeiodoenunciado472daSmula.Requeraextensodosefeitosdadecisoque suspendeua tramitaodas cerca de 285mil aes sobreo tema em todas as instncias judiciais, que decidem em sentido diverso, inclusive as turmas recursais

  • 20/07/2015 (3)InteiroTeordoAcrdo|STJRECURSOESPECIAL:REsp1251331RS2011/00964354|JurisprudnciaJusBrasil

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    de juizados especiais, que s vezes determinam a devoluo em dobro dos valores e o pagamento dedanosmorais.Nessemister, destacaque interesse comumoestabelecimento de linha decisria harmnica segundo acompreenso do direito federal empreendida pelo STJ, inclusive para minorar a insegurana jurdica quegraa a despeito da pacificao da matria por intermdio da Segunda Seo, no REsp 1.270.174RS,propsitomanifestoda redaodoart.543CdoCPC.Apoiasenaexistnciado fumusboni iuris epericulum inmora, em virtude, primeiramente, da pacificaoda controvrsia nesta Corte e, depois, da recalcitrncia de Juzos e tribunais que no lhe do eficcia,estando em litgio valores que alcanam R$ 532.791.829,50 (fl. 363), com aumento exponencialmensalmente.Arremata relatando que, no mbito deste Tribunal, tal providncia foi tomada anteriormente pelo MinistroLuiz Fux, no REsp 1.060.210SC, relativamente definio do sujeito passivo e da base de clculo paraincidncia de ISS em operaes de arrendamentomercantil, em que invocado por analogia o art. 328 doRegimento InternodoSTF.A extenso do efeito suspensivo tambm s instncias da Justia comum, estadual e federal, inclusivejuizados especiais cveis e correspondentes Turmas Recursais, requerida pela FEBRABAN, foi deferidapor deciso datada de 20.5.2013 (eSTJ fls. 468471), cujo alcance foi pormenorizado pelo aditamento defls.521522.O IDEC Instituto Brasileiro deDefesa doConsumidor, apesar de regularmente intimado (fls. 259 e 263),nosemanifestou (cf. certidode fl.410). fl.414,oTribunaldeJustiadoEstadodoMatoGrossodoSul sepronunciano sentidodaabusividadedacobranadaTEC,TECedemaisdespesasadministrativas.O Ministrio Pblico Federal, por meio de parecer do Dr. Pedro Henrique Tvora Niess, opinou pelalegalidade da cobrana das tarifas TAC e TEC e do financiamento do IOF, concluindo pelo provimentoparcialdo recursoespecial (eSTJ fls.45566).AndersondeOliveira daSilva comparecenosautospor intermdiodaPetio170.8462013 (fls. 478484),formulando pedido de esclarecimentos sobre a abrangncia da deciso que determinou a suspenso dosprocessos, porm teve sua pretenso indeferida pela deciso de fls. 518519, em face da qual no seinterps recurso.s fls. 496502, em petio idntica, ainda que subscrita por outro advogado, Maria de Ftima FerroCastelo Branco Chaves repete os mesmos pleitos, como o faz Andr Filipe Lemos de Castro Lobo (fls.507513).Karla Andrea Passos, tambm afirmando ser parte interessada, requer a reconsiderao da deciso quedeterminouaparalisaodesuspensodosprocessos.Apresenta requerimento de integrao aos autos, comoamicuscuriae, o Instituto Nacional de Proteo eDefesa do Consumidor INPCON, com sede na cidade do Rio de Janeiro. Para alicerar o ingresso naao,afirmaquepossui representatividadenadefesados interessesdosconsumidores,havendopropostodiversas aes civis pblicas em face de instituies financeiras nesse mister. Sustenta que como nofoi regularmente intimado, pretende suprir a ausncia de manifestao do IDEC. No mrito, alega que aTAC representa vantagem exagerada a Tarifa de Avaliao do Bem cobrada sem contraprestao e oSeguro de Proteo Financeira constitui venda casada, comercializado ilegalmente, com usurpao dafuno dos corretores de seguros habilitados. Aponta divergncia quanto aos valores anunciados e ospraticados pelas diversas instituies bancrias que enumera, diz que faltam como o dever deinformao,procedimentosqueafrontaprincpios constitucionais, comoodadignidadedapessoahumanae da contribuio para erradicao da pobreza. Especificamente quanto Tarifa de Avaliao do Bem,defendequeaexigncia feitademf, poisnoexistemavaliadores credenciadospara a prestaodo

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    servio nas revendas de veculos, custo que, de todo modo, no pode ser transferido ao consumidor.Aduz que, nos termos da Lei 4.5941964, somente corretores de seguros habilitados podem exercer acorretagem, irregularidadequenulifica o encargo por constituir venda casada e usurpao do exerccio deprofisso regulamentada. Por fim, em ateno ao equilbrio dos interesses em litgio, requer a suspensode todas as aes de busca e apreenso cujos contratos prevejam o pagamento das tarifas. Retorna sfls. 652654 para informar o ajuizamento de outra ao civil pblica, desta feita para excluir a Tarifa deFornecimento de Declarao, posicionando o Banco Santander no polo passivo, o qual estaria estariausurpando funo pblica dos cadastros restritivos, que devem promover a notificao gratuitamente.Pretende a incluso do Seguro de Proteo Financeira e da Tarifa de Fornecimento de Declarao entreos temasdiscutidosnosautos.A Fundao de Proteo e Defesa do Consumidor PROCONSP, requer ingresso nos autos (eSTJ fl.638647) alegando a repercusso do julgamento em grande nmero de contratos celebrados com taisencargos, que atentam contra os direitos bsicos do consumidor, notadamente o direito informao, proteo contra prticas abusivas, possibilidade de modificao e reviso dos contratos, a efetivapreveno e reparao dos danos e a inverso do nus da prova. Repele a exigncia da TEC por sercusto inerente atividade comercial do fornecedor, que no pode transferilo ao consumidor, havendoabusividade mesmo quando expressamente pactuada. Argumenta que a ausncia de proibio pelasautoridadesmonetrias (Resolues2.3031996e 2.7472000) no implica a legitimidade da cobrana, quefoidefinitivamenteproibidapelaResoluo3.9192010.QuantoTAC,enfatizaquea tarifanoopcionalnemservio prestado ao consumidor,mas instituio bancria, para subsidiar a concesso do crditoeevitarperdas financeiras,portantonopodeser tarifado.Contesta a assertiva dequea incorporaodovalor no percentual dos juros pudesse onerar as taxas remuneratrias. Afirma que existe variao datarifa de cadastro de gratuidade at R$ 5.000,00, conforme a instituio financeira, o que demonstra ainexistnciadecritrioobjetivode formaodospreos.Por sua vez, o Ncleo Especializado deDefesa doConsumidor da Defensoria Pblica do Estado de SoPaulo, ao apresentar pedido de ingresso como amicus curiae (fls. eSTJ 656671), argi que exercefuno essencial funo jurisdicional do Estado, incumbindolhe, em todos os graus, a defesa dosdireitos individuais e coletivos dos consumidores, que garantia fundamental do cidado e princpionorteadorda atividade econmica, o que lhe empresta legitimidade para postular a vedao da TAC e daTEC, a que atribui a qualidade de substitutas dos ganhos da poca da espiral inflacionria. Sustenta quea posterior substituio da Tarifa de Abertura de Crdito pela Tarifa de Cadastro (Resoluo 3.371)reinstituiu a cobrana do acrscimo, que somente promove indevidamente o repasse dos custosadministrativosaoconsumidor,que jpagaas taxascompensatriasquedeveriamsatisfazlosmediantea insero no CET Custo Efetivo Total. Assere que apenas cumprem o interesse das instituiesfinanceiras e so utilizadas para remunerar os intermedirios da relao contratual, provocandoenriquecimento sem causa e desequilbrio entre as partes e ferindo a boaf objetiva. Reclama, tambm,da falta de tabelamento de preos, que possibilita enorme variao dos valores. Finaliza requerendo odireitodesustentaroralmentesuaposio.A MPCON Associao Nacional do Ministrio Pblico do Consumidor tambm requer admisso comoamicus curiae (Petio279.065, fls. 728757), sustentando que entidade civil de mbito nacional e cominteresse na causa. Impugna a validade das clusulas contratuais que estabelecem a TAC e a TEC, porestarememdesacordocomoCdigoCivil eoCDC.Afirmaqueomesmovcioatingeaexignciado IOFfinanciado, cuja irregularidade consiste na incidncia dos demais encargos contratuais sobre o valor dotributo. Alega que tais acessrios so incompatveis com a boaf e a equidade contratual previstas nosdiplomas legais invocados, que disciplinam a relao jurdica, devendo ser consideradas nulas asclusulas em tela, por abusivas e inquas, inclusive porque cobradas em duplicidade para remunerar o

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    mesmo servio, sob denominao diversa. Tambm encerra pleiteando o direito de sustentar oralmentesuaposio.A FEBRABAN retorna espontaneamente aos autos s fls. 673690 para retrucar os argumentosapresentados pelo INPCOM e PROCONSP, no sentido de que o primeiro no entidade tcnica ejuridicamente idnea, pois pratica atividade advocatcia e angaria clientela sob a transversa mscara deassociados, no devendo ser admitido na lide. Narra que houve deliberada confuso acerca dos valoresde tarifas, com a considerao de que se tratam de diferentes instituies bancrias, atuando emvertentes distintas na concesso de crdito, ainda que integrem o mesmo grupo econmico.Particularmente quanto Tarifa de Cadastro, explica que opcional, podendo ser dispensada com ofornecimento da documentao pelo prprio consumidor, se o entender conveniente. Registra que asentidades bancrias fornecem ampla divulgao das tarifas nos prprios contratos e tabelas de custosafixadas nas agncias e correspondentes bancrios. Destaca que em relao Tarifa de Avaliao deBem, Tarifa de Emisso de Declarao e ao Seguro Proteo Financeira, cuja discusso se buscainaugurar, alm do ressarcimento pelos servios de terceiros, que as respectivas cobranas, com fulcronas normas editadas pelo Banco Central, so legtimas. Insiste em que a Tarifa de Cadastro contraprestao por servio prestado ao consumidor, conforme definido pelo BACEN (Resoluo 3.919),dependendooacolhimentodaalegaodeabusividadedeprova concretae inequvoca.Propea rejeiodopedidodesobrestamentodasaesdebuscaeapreensoanteaausnciade fumusboni juris,poisalegalidadede taisencargos temapoiona jurisprudnciapacficadoSTJ. fl. 723, a JuzaManuela Tallo Benke, da 2 TurmaRecursal do Estado do Paran, formula pedido deinformaes sobre a incluso no procedimento de outras tarifas que no a TAC e a TEC, tais comotarifasdeavaliao,deserviosde terceirosede registrodecontrato.O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor Bancrio, j includo o processo em pauta parajulgamento, tambm formula pedido de ingresso como amicus curiae (eSTJ fls. 798818), reiterando asalegaes de reconhecimento da ilegalidade e abusividade das tarifas TAC, TEC e cobrana do IOFfinanciado,emmoldessemelhantesaodeduzidopelasdemaisentidadesdedefesadoconsumidor.O IDEC Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor apresenta memorial, enfatizando que o BancoCentral reconhecequeaTACe aTECdeixaramdeexistir coma produode efeitos daResoluoCMN3.5182007, em30.4.2008.Sustenta a abusividadedasmencionadas tarifas em face do disposto noCDC,por ter como fato gerador atividade de interesse da instituio financeira e no do consumidor, o queofendeoprincpioda informaoeconsubstanciavantagemexageradadobanco.o relatrio.RECURSOESPECIALN1.251.331 RS (201100964354)

    VOTOMINISTRA MARIA ISABEL GALLOTTI (Relatora): Inicialmente, analiso o pedido do INPCOM, doPROCONSP, do Ncleo Especializado de Defesa do Consumidor da Defensoria Pblica do Estado deSo Paulo e daMPCON AssociaoNacional doMinistrio Pblico doConsumidor, com base 4 doart.543CdoCPCeno inciso I,doart.3,daResoluoSTJ82008.Considero que a representatividade das pessoas, rgos ou entidades referidos deve relacionarse,diretamente, identidade funcional, natureza ou finalidade estatutria da pessoa fsica ou jurdica que aqualifique para atender ao interesse pblico de contribuir para o aprimoramento do julgamento da causa,

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    no sendo suficiente o interesse em defender a soluo da lide em favor de uma das partes (interessemeramenteeconmico).Penso que a interveno formal no processo repetitivo deve darse por meio da entidade de mbitonacional, sobpenadeprejuzoao regulareclereandamentode tal importante instrumentoprocessual.No caso em exame, com exceo da MPCON, os requerentes dizem representar consumidores queresidem noEstado deSoPaulo, ao passo que o INPCOM no alega ter sede fora do Estado doRio deJaneiroou o IBDCONB fora de Florianpolis no dispem, portanto, aomeu sentir, de representatividadeque justifiqueasua interveno formalemprocessosubmetidoao rito repetitivo.Quanto ao IBDCOMP, observo que se trata, na realidade, de associao de advogados estabelecida emFlorianpolis, conformeart.9deseuEstatuto.Pelosmesmosmotivos, indefiro o pleito de admisso nos autos na condio de interessado, formalizadopelo Banco Honda S.A. fl. 282, acrescentando que a manifestao da FEBRABAN, na qualidade deamicus curiae, j suficiente para a representatividade do segmento empresarial, no sendo relevanteparaocasoa inclusodopeticionantenopolopassivodeaocoletivasobreaquesto.Tambm indefiro, ainda com maior razo, dada a absoluta falta de representatividade, os pedidosformulados porMaria de Ftima Ferro Castelo Branco Chaves e Andr Filipe Lemos de Castro Lobo, namesma linha da soluo aplicada ao incidente provocado pela Petio 170.8462013 (fls. 478484), deautoriade AndersonOliveiradaSilva,peladecisode fls. 518519, contraaqualnose interps recursoQuanto MPCON, no obstante o alegado mbito nacional, entendo que tal qualidade deve sercompreendida como a capacidade de prestar assistncia e fornecer estrutura fsicoadministrativa paraatendimento da populao na amplitude do territrio brasileiro, ao meu ver indispensvel para oreconhecimento da representatividade de que trata o rito especfico. Ademais, a referida associao constituda por membros do Ministrio Pblico, instituio que j oficia nos autos, tendo emitidopronunciamentoconclusivosobreacausa.Consideradasessas razes, indefiroospedidosde inclusocomoamicuscuriae.Nada obsta, todavia, permanncia nos autos, a ttulo dememorial, dasmanifestaes j apresentadas,porque talpermissonoprejudicaamarchaprocessual.Indefiro,pois,ospedidosde intervenocomoamicuscuriae. II OACRDORECORRIDOCuidase de ao revisional de contrato de financiamento com garantia de alienao fiduciria, tendo oacrdo recorrido vedado a capitalizao dos juros em qualquer periodicidade e declarado a nulidade dacobranadas tarifasadministrativasparaaconcessodocrditoedoparcelamentodo IOF.Prequestionado implicitamente o art. 4 da Lei 4.5951964,sob a gide do qual foi publicada a ResoluoCMN 2.3031996, verificase, relativamente legalidade da clusula que estabelece a cobrana detaxastarifas para cobrana de despesas administrativas, sejam de abertura de cadastro ou de crdito(TAC) ou de emisso de boleto ou carn (TEC), sob quaisquer denominaes, e do IOF financiado emparcelas,queoacrdo recorridoassimdisps (fls.190193):

    "De outro lado, deve ser mantida a sentena que reconheceu a nulidade da cobrana de tarifa eou taxacomvrias denominaes, para fins de reembolsar a parte demandada das despesas administrativas queteve para a concesso do financiamento, eis que, primeiramente, ofende o art. 46,primeira parte, do CDC("Oscontratosque regulamas relaesdeconsumonoobrigaroosconsumidores,seno lhes fordadaaoportunidadede tomarconhecimentoprviodeseucontedo,...),assimcomooart.51, inc. IV, doCDC

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    ("So nulas de pleno direito, entre outras, as clusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtose servios que: ... IV estabeleam obrigaes consideradas inquas, abusivas, que coloquem oconsumidoremdesvantagemexagerada,ousejam incompatveiscomaboafouaeqidade"). que o contrato no explica a razo da cobrana desta tarifa eou taxa, pois nele apenas consta o seuvalor,e tambmporque transfereocustoadministrativodaoperao financeira ao financiado, colocandooemdesvantagemexagerada.Aeste respeito, tementendidoocolendo7GrupoCvelTJRSqueestanulidadedeveser reconhecidadeofciopeloJulgador,oquepassoaacompanhar,comoantes referido.Nestesentido:"EMBARGOS INFRINGENTES. APELAO CVEL EM AO REVISIONAL DE CONTRATO DEFINANCIAMENTO COM ALIENAO FIDUCIRIA. ACRDO, NO UNNIME, QUE CONDICIONA ATUTELA ANTECIPADA AO PAGAMENTO DAS PARCELAS INCONTROVERSAS. OUTROSSIM,TAMBM POR MAIORIA,DE OFCIO,REDUZIU OS JUROS REMUNERATRIOS PARA 12% AO ANOE DECRETOU A NULIDADE DAS CLUSULAS CONTRATUAIS ATINENTES TAXA DE ABERTURADE CRDITO E TARIFA DE EMISSO DE CARN, COM VOTO VENCIDO CONTRRIO SDISPOSIESDEOFCIO.A divergncia relativa tutela antecipada no diz respeito ao mrito, em si, da sentena, no devendoser conhecidos os embargos infringentes, neste ponto, porquenopresente requisito do art.530doCPC.Nomais, aplicvel, na espcie, oCdigo de Defesa do Consumidor, norma de ordem pblica. Asclusulas abusivas so" nulas de pleno direito e, como tal, estas nulidades devem serreconhecidas independentemente de iniciativa da parte. No caso, no h falar em dever deobservncia dos princpios da non reformatio in pejus e tantun devolutum quantum apellatum.(grifei)Embargos infringentes conhecidos em parte, unanimidade e na parte conhecida por maioria,desacolhidos. (grifei)(Embargos Infringentes n 70013529409, 7 Grupo Cvel do TJRS, Rel. Isabel de Borba Lucas. j.17.03.2006)."EMBARGOS INFRINGENTES. ALIENAO FIDUCIRIA. AO REVISIONAL DE CONTRATO.DISPOSIESDEOFCIO.TAXADEABERTURADECRDITO.Neste aspecto, constatase a ilegalidade de tal cobrana, pois imposta ao consumidor, ficando omesmovulnervelacobranasabusivaseexcessivasquevodeencontroLeideProteoConsumerista.MULTA MORATRIA. Quanto multa moratria, melhor pensar na possibilidade da mesma ser limitadaem2%sobreovalordaparcelaematraso,porquemenosgravosaaoconsumidor, quedetmaseu favorum forte sistema protetivo. Face sua vulnerabilidade, impese a interpretao que mais lhe parecerazovel.Negaramprovimentoaosembargos infringentes,pormaioria." (grifei)(Embargos Infringentes n 70013922497, 7 Grupo Cvel do TJRS, Rel. Judith dos Santos Mottecy. j.17.03.2006).Desta forma, declaro a nulidade e afasto a cobrana, pelo ru, da tarifa eou taxa para fins de reembolsodedespesasadministrativas tidascomaconcessodo financiamentoparteautora.Ainda, no que se refere ao Imposto sobre Operaes Financeiras, foi institudo pela Lei n 5.14366 e,atualmente, encontrase regulamento peloDecreto n 4.4942002, que dispe no sentido de que omesmoincide sobre operaes de crdito realizadas por instituies financeiras (art. 2, inc. I, letra a), tendocomo fato gerador "a entrega do montante ou do valor que constitua o objeto da obrigao, ou sua

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    colocaodisposiodo interessado (Lein5.172,de1966,art.63, inciso I (art.3,caput).Tambm estabelece, o referido Decreto n 4.4942002, queentendese ocorrido o fato gerador e devido oIOFsobreoperaode crdito nadatadaefetivaentrega, total ouparcial, do valor queconstituaoobjetodaobrigaoousuacolocaodisposiodo interessado (art.3,1, inc. I).No caso dos autos, verificase que o demandado fez incidir o IOF sobre as parcelas contratadas, nestasincludos juros remuneratrios e demais encargos, violando as disposies acima mencionadas, queexpressamente determinama sua incidncia e cobrana na data da efetiva entrega do valor financiadooudasuacolocaodisposiodeste.Constatase, assim, que o contrato objeto desta Ao Revisional atribui, parte autora, obrigao inquae abusiva, que o coloca em situao de desvantagem exagerada e incompatvel com a boaf e aeqidadecontratual (CDC,art.51, inc. IV),motivopeloqualmerece ser afastada essa forma de cobranado IOF,eisquenuladeplenodireito." III DELIMITAO DA MATRIA SUJEITA AO RITO REPETITIVO E OBJETO DASUSPENSODEPROCESSOSNAS INSTNCIASORDINRIASAs tarifas em questo nos presentes autos so apenas as que tm por objeto direto a concesso ecobrana do crdito, a saber, a tarifa para confeco de cadastro e abertura de crdito (TAC ou outradenominaoquesirvapara remunerar omesmo fatogerador) eparaemissodeboletodepagamentooucarn (TECououtradenominaoquesirvapara remuneraromesmo fatogerador).Igualmente, foi afetadapara julgamento, segundoo rito do art. 543C, a questo relativa ao financiamentodo IOF.Apenas a controvrsia acerca dessas questes, portanto, justifica a suspenso dos processos nainstnciadeorigem.As demais matrias tratadas nas manifestaes juntadas aos autos, como valores cobrados pararessarcir servios de terceiros e tarifas por servios no cogitados nestes autos, no esto sujeitas ajulgamento e, portanto, escapam ao objeto do recurso repetitivo, embora os fundamentos adianteexpostos devam servir de premissas para o exame de questionamentos acerca da generalidade dastarifasbancrias. IVDISCIPLINALEGALDASTARIFASBANCRIASParaanlisedamatria,necessriaa lembranado teordosarts.4,VI,e9 daLei4.5951964:"Art. 4 Compete ao Conselho Monetrio Nacional, segundo diretrizes estabelecidas pelo Presidente daRepblica:VI Disciplinar o crdito em todas as suas modalidades e as operaes creditcias em todasas suas formas, inclusive aceites, avais e prestaes de quaisquer garantias por parte das instituiesfinanceirasIX Limitar, semprequenecessrio,as taxasde juros,descontos,comissesequalqueroutraforma de remunerao de operaes e servios bancrios ou financeiros, inclusive os prestados peloBancoCentraldaRepblicadoBrasil (...)"(...)Art. 9 Compete ao BancoCentral daRepblica do Brasil cumprir e fazer cumprir as disposies que lhesoatribudaspela legislaoemvigoreasnormasexpedidaspeloConselhoMonetrioNacional."Devese ter presente, de incio, que os dispositivos em questo integram diploma legal com natureza delei complementar e especfica em relao ao Sistema Financeiro Nacional, o que pretere a aplicao doCdigo Civil e do CDC naquilo em que incompatvel, consoante entendimento manifestado por julgadosdeste Tribunal em matrias anlogas, como, por exemplo, no REsp 680.237RS (2 Seo, Rel. Ministro

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    AldirPassarinhoJunior,unnime,DJUde15.3.2006).Do citado precedente, extraio a seguinte argumentao, elaborada em relao aos juros remuneratrios,masque temamesmapertinnciacomoocasopresente:"De efeito, a Lei n. 4.5951964, disciplina o Sistema Financeiro Nacional e atribui ao Conselho MonetrioNacional competncia exclusiva para regular as taxas de juros praticadas pelas entidades sujeitas ditaautoridademonetria,seentendernecessrio.Portanto, a temtica referenteaos juros remuneratriospraticadosnoaludidoSistemaFinanceiroencontraregulaopor inteiroeespecialnaquele texto legal (...)(...)A especialidade da Lei n. 4.5951964 j era reconhecida pelo C. STF desde quando levado a apreciar aplicabilidadeounodaLeideUsuraaos contratos doSistemaFinanceiroNacional em face da limitaodos juros,comosevdoREn.78.953SP,comestaementa:"1.Mtuo. jurosecondies.II.ACaixaEconmica fazpartedoSistemaFinanceiroNacional art.1, incisoV,daLei4.59564,e,emconseqncia, est sujeita s limitaes e disciplina do Banco Central, inclusive quanto s taxas dejuros emais encargosautorizados.III Oart. 1 doDecreto 22.62633 est revogado "no pelo desuso oupela inflao, mas pela Lei 4.59564, pelo menos ao pertinente s operaes com as instituies decrdito, pblicas ou privadas, que funcionam sob o estrito controle do Conselho Monetrio Nacional".IV Reconhecidoeprovido."(2Turma,Rel.Min.OswaldoTrigueiro,DJUde11.04.1975)Esse julgamentoeoutrosque lhesucederamderamorigemSmulan.596STF,que reza:"As disposies do Dec. n 22.62633 no se aplicam s taxas de juros e aos outros encargos cobradosnas operaes realizadas por instituies pblicas ou privadas que integram o Sistema FinanceiroNacional."(...)Em acrscimo, relevante observar que com a edio da atual Carta Poltica, que destinou captuloexclusivo ao SistemaFinanceiroNacional ao tratar da ordem econmica, previuse que a regulamentaodo setor depende de lei complementar, de sorte que, por conseqncia, a legislao anterior e especial,que regiae regeoSistemaatomomento, igualstatuspossui.Esseentendimento j foi sufragadoem julgamentosanterioresdasTurmasdeDireitoPrivadodestaCorte,asaber:(...)A doutrina de Celso Ribeiro Bastos, neste aspecto, traz a seguinte lio ao comentar o artigo 192 doTextoMagno,aindaantesdapromulgaodaEmendaConstitucionaln.402003:"O presente artigo estipula que o sistema financeiro nacional ser regulado em lei complementar. Naverdade j existe o referido sistema disciplinado pela Lei n. 4.595, de 31 de dezembro de 1964, quepassa a vigorar com fora de lei complementar. No que a referida lei se converta em norma dessacategoria. O que acontece que, no podendo a matria atinente ao sistema financeiro ser disciplinadaseno por lei complementar, a normatividade anterior, nada obstante no constar de norma dessanatureza, s pode ser modificada por preceito dessa categoria legislativa. Da a sua eficcia ser de leicomplementar e poder falarse, em conseqncia, que a Lei n. 4.59564 tem fora de lei complementar.So duas asmatrias que lhe cabem: estruturar o sistema financeiro com vistas aos objetivos descritosno artigo sob comento e tratar de forma especfica dos incisos constantes do artigo, assim como dosseuspargrafos,sobretudoo terceiro,queexigeuma legislao integradora."("ComentriosConstituiodoBrasil", vol.7,2ed.,Saraiva,SoPaulo,2000,p.348)(...)

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    Tal prtica, ressaltese, no foi inaugurada pela atual ConstituioFederal, posto que o Cdigo TributrioNacional, editado sob a forma de lei ordinria na vigncia da Carta de 1946, adquiriu carter semelhantecomo textoconstitucionalde1967.(...)Em concluso, tenho que mesmo para os contratos de agentes do Sistema Financeiro Nacionalcelebrados posteriormente vigncia do novo Cdigo Civil, que lei ordinria, os juros remuneratriosno esto sujeitos limitao, devendo ser cobrados na forma em que ajustados entre os contratantes,consoante a fundamentao acima, que lhes conferia idntico tratamento antes do advento da Lei n.10.4062002,namesma linhadaSmulan.596doE.STF.Observo, contudo, que isso no afasta a concluso a que chegou esta 2 Seo no julgamento doREspn. 271.214RS, sobre a incidncia do CDC a tais contratos, se demonstrada, concretamente, aabusividade,nos termosdaqueleacrdomajoritrio."Fixada em slidos alicerces essa premissa, temse que, com base na autorizao prevista nos arts. 4,VI e IX, e 9 da Lei 4.59564, lei recebida como complementar, o Conselho Monetrio Nacional, porintermdio do Banco Central, editou sucessivas resolues sobre a remunerao a ser paga pelosserviosbancrios,dentreasquaispassareiaanalisaraspertinentesa tarifasbancrias.ResoluoCMN2.3031996Conforme se extrai damanifestao do Banco Central, ao tempo da Resoluo CMN 2.3031996, vigentequando da celebrao do contrato de financiamento em questo, a orientao estatal quanto cobranade tarifas pelas instituies financeiras era basicamente no intervencionista, vale dizer,"aregulamentao facultava s instituies financeiras a cobrana pela prestao de quaisquer tipos deservios, com exceo daqueles que a norma definia como bsicos, desde que fossem efetivamentecontratadoseprestadosaocliente, assim como respeitassemos procedimentos voltados a assegurar atransparnciadapolticadepreosadotadapela instituio."Os serviosbsicos, nopassveis de cobranade tarifa, eram: (a) fornecimento de cartomagntico oude talonrio de cheque (b) substituio de cartomagntico (c) expedio de documentos destinados liberao de garantias de qualquer natureza (d) devoluo de cheques, exceto por insuficincia defundose)manutenodedeterminados tiposdecontase (f) fornecimentodeumextratomensal.Quantoaosdemais servios,"a cobranade tarifa sempreestevecondicionada (vinculada) ao exerccioou desempenho de uma atividade possvel, lcita e determinada por instituio financeira."(eSTJ307) Determinava, ainda, a Resoluo CMN2.30331996, com a redao dada pela ResoluoCMN2.74772000, a afixao obrigatria de quadro, nas dependncias da instituio, em local visvel aopblico, contendo a relao dos servios tarifados e respectivos valores, periodicidade da cobrana e oesclarecimento de que os valores haviam sido estabelecidos pela prpria instituio. Somente as tarifasconstantes do quadro poderiam ser cobradas e eventual reajuste ou criao de nova tarifa deveria serinformadoaopblicocomantecednciamnimade trintadias.ResoluoCMN3.5182007eCircularBACEN3.3712007.Tal sistema mudou com a Resoluo CMN 3.518, de 2007, eficaz a partir de 30.4.2008, data em queficou revogadaaResoluoCMN2.3031996.A Resoluo CMN 3.5182007 buscou padronizar a nomenclatura das tarifas, a fim de tornar vivel acomparao,pelosclientesbancrios,dosvalorescobradospor cadaservio, favorecendoaconcorrncia

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    http://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/24349478/recursoespecialresp1251331rs201100964354stj/inteiroteor24349479?print=true 15/29

    entreas instituies financeiras.Os servios foram, ento, divididos em quatro categorias: (1) osessenciais, enumerados no art. 2, nopassveis de tarifao (2) os prioritrios, abrangendo os principais servios prestados a pessoasfsicas, cuja cobrana restrita quelesdefinidospeloBACEN (3) osespeciais, discriminadosnoart. 4da Resoluo, regidos por legislao prpria, entre os quais o crdito rural, mercado de cmbio,PISPASEP,penhorcivileoperaesdemicrocrdito e (4)osdiferenciados,enumeradosnoart.5,queadmitem a cobrana de tarifa, desde que explicitadas ao cliente ou usurio as condies de utilizao epagamento.Osserviosprioritrios foramassimdefinidos:"Art. 3 Os servios prioritrios para pessoas fsicas, assim considerados aqueles relacionados scontas de depsito, transferncias de recursos, operaes de crdito e cadastro, sero definidos peloBancoCentraldoBrasil,queestabelecerapadronizaodenomesecanaisdeentrega,a identificaoporsiglaseadescriodos respectivos fatosgeradores.Pargrafo nico. A cobrana de tarifas de pessoas fsicas pela prestao, no Pas, de serviosprioritrios fica limitadashiptesesprevistasnocaput. (grifonoconstantedooriginal).Em cumprimento ao disposto no art. 3 acima transcrito, oBACEN editou aCircular 3.371, de 6.12.2007,definindo, na forma da Tabela I a ela anexa, os servios prioritrios relacionados a contas de depsitos,transferncias de recursos, operaes de crdito e cadastro e, na Tabela II, o pacote padronizado deservios prioritrios cujo oferecimento obrigatrio previsto no art. 6 da Resoluo CMN 3.5182007.Estabeleceu, ainda, a referida circular que a cobrana de tarifa por servio prioritrio no previsto nasTabelas Ie IIdependedeautorizaodoBancoCentral.Da referida Tabela I no consta a Tarifa de Abertura de Crdito (TAC) e nem a Tarifa de Emisso deCarn (TEC), donde a concluso de que deixou de ser permitida a estipulao de cobrana por taisservios.Foi, todavia, expressamente prevista na Circular 3.3712007 a Tarifa de Cadastro, cujo fato gerador dacobrana foi definido como "exclusivamente, realizao de pesquisa em servios de proteo ao crdito,base de dados e informaes cadastrais, e tratamento de dados e informaes necessrios ao incio derelacionamento de contacorrente dedepsitos, conta de depsitos de poupana e operaes de crdito edearrendamentomercantil."Constou, ainda, daCircular 3.3712007 aTarifa deRenovao deCadastro, para remunerar a "atualizaode dados cadastrais para atendimento da regulamentao acerca da poltica de"conhea seucliente"cobrada no mximo duas vezes ao ano." A Tarifa de Renovao de Cadastro foi abolida pelaCircularBACEN3.466,de11.9.2009.ResoluoCMN3.6932009Como visto, desde a Circular BACEN 3.3712007, que implementou a padronizao preconizada pelaResoluo CMN 3.5182007, a pactuao da TEC deixou de ter amparo legal. A vedao tornouseexplcita com a edio da Resoluo 3.6932009, cujo art. 1, 2, estabeleceu no ser admitido oressarcimento "dedespesasdeemissodeboletosdecobrana,carnseassemelhados."ResoluoCMN3.9192010Posteriormente, a Resoluo CMN 3.9192010 revogou a Resoluo CMN 3.5182007, alterando e

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    http://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/24349478/recursoespecialresp1251331rs201100964354stj/inteiroteor24349479?print=true 16/29

    consolidando as normas sobre cobrana de tarifas pela prestao de servios por parte das instituiesfinanceirasedemais instituiesautorizadasa funcionarpeloBancoCentraldoBrasil.Os servios continuaram a ser classificados nas categorias de essenciais (no passveis de cobrana),prioritrios,especiaisediferenciados.Os servios prioritrios foram definidos pelo art. 3 da Resoluo CMN 3.9192010 como "aquelesrelacionados a contas de depsitos, transferncias de recursos, operaes de crdito e de arrendamentomercantil, carto de crdito bsico e cadastro". Disps, ainda, o art. 3 que a cobrana de tarifas pelaprestao de servios includos nesta categoria deve observar "a lista de servios, a padronizao, assiglaseos fatosgeradoresdacobranaestabelecidosnaTabelaanexaesta resoluo."Na Tabela anexa resoluo no consta a Tarifa de Abertura de Crdito (TAC) e nem de Tarifa deEmissodeCarn (TEC),de formaquenomais lcitaasuaestipulao.Continuou permitida a Tarifa de Cadastro, a qual remunera o servio de "realizao de pesquisa emservios de proteo ao crdito, base de dados e informaes cadastrais, e tratamento de dados einformaes necessrios ao inicio de relacionamento decorrente da abertura de conta de depsito vistaou de poupana ou contratao de operao de crdito ou de arrendamento mercantil, no podendo sercobradacumulativamente".Nesteponto, importante ressaltaradistino feitapeloBancoCentral entreaatualTarifadeCadastroeaantiga Tarifa deAbertura deCrdito (TAC) e demais tarifas no passado cobradas pela disponibilizao oumanuteno de um limite de crdito ao cliente, ressaltando que a TAC "era usualmente cobrada sobrequalquer operao de crdito, mesmo que o tomador j fosse cliente do estabelecimento bancrio" aTarifa de Cadastro, a seu turno, "somente pode incidir no inicio do relacionamento entre o cliente einstituio financeira, e se justificapelanecessidadede ressarcir custoscom realizaodepesquisasemcadastros,bancosdedadosesistemas".A propsito da Tarifa de Cadastro, afirma a FEBRABAN que, em funo de Autorregulao Bancria,conformeNormativoSarb0052009,oconsumidornoobrigadoacontrataroserviodecadastro juntoinstituio financeira, j que tem as alternativas de providenciar pessoalmente os documentosnecessrios comprovao de sua idoneidade financeira ou contratar terceiro (despachante) para fazlo(eSTJ fl.459460).Em sntese, no estando listadas entre as tarifas passveis de cobrana por servios prioritrios naResoluo CMN 3.5182007 e respectiva Tabela I da Circular BACEN 3.3712007, eficaz a partir de30.4.2008, nem na Tabela anexa vigente Resoluo CMN 3.9192010, com a redao dada pelaResoluo 4.0212011, a Tarifa de Abertura de Crdito (TAC) e a Tarifa de Emisso de Carn (TEC)deixaram de ser legitimamente passveis de pactuao com a entrada em vigor da ResoluoCMN.5182007. Os contratos que as estipularam at 30.4.2008 no apresentam eiva de ilegalidade, salvodemonstrao de abuso, em relao s prticas de mercado em negcios jurdicos contemporneosanlogos.Por outro lado, o servio de confeco de cadastro continua a ser passvel de cobrana, no incio dorelacionamento,desdequecontratadoexpressamente,pormeioda "TarifadeCadastro". V IOFFINANCIADOEspecificamente quanto forma de cobrana do IOF, tributo de responsabilidade do muturio, no sediscute que a obrigao tributria arrecadatria e o recolhimento do tributo Fazenda Nacional foicumprido por inteiro pela instituio financeira, o agente arrecadador, de sorte que a relao existenteentreestaeomuturio decorrenteda transfernciaaoFisco do valor integral da exao tributria.Este o objeto do financiamento acessrio, sujeito s mesmas condies e taxas do mtuo principal,

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    destinadoaopagamentodobemdeconsumo.O financiamento do valor devido pelo consumidor Fazenda, pela instituio financeira arrecadadora, nopadece de ilegalidade ou abusividade, seno atendimento aos interesses do financiado, que no precisadesembolsardeumanica vez todoo valor, aindaquepara issoesteja sujeito aosencargosprevistosnocontrato. VI JURISPRUDNCIACONSOLIDADAConcluise,portanto,queaposioassumidapeloacrdo recorridocontrariaoentendimentodestaCorte,no sentido de que, havendo pactuao expressa, "em relao cobrana das tarifas de abertura decrdito,emissodeboletobancrioe IOF financiado,hqueserdemonstradade formaobjetivaecabalavantagemexageradaextradaporpartedo recorrenteque redundarianodesequilbrioda relao jurdica,eporconseqncia,na ilegalidadedasuacobrana",oquenoocorreunocasodosautos.Nessesentido:"AGRAVO REGIMENTAL. CONTRATO BANCRIO. AO REVISIONAL. JUROS REMUNERATRIOS.LIMITAO AFASTADA. COMISSO DE PERMANNCIA. LICITUDE DA COBRANA. CUMULAOVEDADA. CAPITALIZAO MENSAL DE JUROS. PACTUAO EXPRESSA. NECESSIDADE.DESCARACTERIZAO DA MORA. PRESSUPOSTO NOEVIDENCIADO. INSCRIO DO DEVEDORNOSCADASTROSDEPROTEOAOCRDITO.LEGITIMIDADE.1. A alterao da taxa de juros remuneratrios pactuada em mtuo bancrio e a vedao cobrana da taxa de abertura de crdito, tarifa de cobrana por boleto bancrio e ao IOFfinanciado dependem, respectivamente, da demonstrao cabal de sua abusividade em relao taxamdiadomercadoedacomprovaododesequilbriocontratual.2.Nos contratos bancrios firmados posteriormente entradaemvigor daMPn. 1.963172000, reeditadasob o n. 2.170362001, lcita a capitalizao mensal dos juros, desde que expressamente prevista noajuste.3. admitida a cobrana da comisso de permanncia durante o perodo de inadimplementocontratual, calculadapela taxamdiademercadoapuradapeloBacen.4. No evidenciada a abusividade das clusulas contratuais, no h por que cogitar do afastamento damoradodevedor.5.A simples discusso judicial da dvida no suficiente para obstar a negativao do nome do devedornoscadastrosde inadimplentes.6.Agravo regimentaldesprovido."(4 Turma, AgRg no REsp 1.003.911RS, Rel. Ministro JOO OTVIO DE NORONHA, unnime, DJe de11.2.2010,grifei)"DIREITOBANCRIO. RECURSOESPECIAL. AOREVISIONAL DE CONTRATO BANCRIO. JUROSREMUNERATRIOS. TAXA PREVISTA NO CONTRATO RECONHECIDAMENTE ABUSIVA PELOTRIBUNALDEORIGEM. SMULA 7 DO STJ. CAPITALIZAOMENSAL DOS JUROS. AUSNCIA DEEXPRESSA PACTUAO CONTRATUAL. SMULAS 5 E 7STJ. TARIFA PARA ABERTURA DECRDITOEPARAEMISSODECARN.LEGITIMIDADE.ABUSIVIDADENODEMONSTRADA.DESCARACTERIZAO DA MORA. COBRANA DE ACRSCIMOS INDEVIDOS. VIOLAO DO ART.535DOCPCNOCONFIGURADA.1. Inexiste violao ao art. 535doCPCquando o Tribunal de origem, embora sucintamente, pronunciasede forma suficiente sobre a questo posta nos autos, sendo certo que omagistrado no est obrigado arebater um a um os argumentos trazidos pela parte caso os fundamentos utilizados tenham sidosuficientes para embasar a deciso.2. A Segunda Seo, por ocasio do julgamento do REsp

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    1.061.530RS, submetido ao rito previsto no art. 543C do CPC, Relatora Ministra Nancy Andrighi, DJe10.3.2009, consolidou o seguinte entendimento quanto aos juros remuneratrios: a) as instituiesfinanceiras no se sujeitam limitao dos juros remuneratrios estipulada na Lei de Usura (Decreto22.62633),Smula596STF b) aestipulaode juros remuneratrios superioresa12%aoano, por si s,no indica abusividade c) so inaplicveis aos juros remuneratrios dos contratos de mtuo bancrio asdisposies do art. 591 combinado com o art. 406 do CC02 d) admitida a reviso das taxas de jurosremuneratrios em situaes excepcionais, desde que caracterizada a relao de consumo e que aabusividade (capaz de colocar o consumidor em desvantagem exagerada art. 51, 1, do CDC) fiquecabalmentedemonstradaanteaspeculiaridadesdo julgamentoemconcreto.3. O Tribunal a quo, com ampla cognio fticoprobatria, considerou notadamente demonstrada aabusividade da taxa de juros remuneratrios pactuada no contrato em relao taxa mdia do mercado.IncidnciadaSmula7doSTJ.4. A capitalizao de juros no se encontra expressamente pactuada, no podendo, por conseguinte, sercobradapela instituio financeira. A inverso do julgado demandaria a anlise dos termos do contrato, oque vedado nesta esfera recursal extraordinria em virtude do bice contido nas Smulas 5 e 7 doSuperiorTribunaldeJustia.5. As tarifas de abertura de crdito (TAC) e emisso de carn (TEC), por no estarem encartadasnas vedaes previstas na legislao regente (Resolues 2.3031996 e 3.5182007 do CMN), eostentarem natureza de remunerao pelo servio prestado pela instituio financeira aoconsumidor, quando efetivamente contratadas, consubstanciam cobranas legtimas, sendo certoque somente com a demonstrao cabal de vantagem exagerada por parte do agente financeiro quepodemserconsideradas ilegaiseabusivas,oquenoocorreunocasopresente.6. A cobrana de acrscimos indevidos a ttulo de juros remuneratrios abusivos e de capitalizao dosjuros temocondodedescaraterizaramoradodevedor.Precedentes.7. Recurso especial parcialmente conhecido e nesta extenso, parcialmente provido, sem alterao nosnussucumbenciais fixadospeloTribunaldeorigem.(4 Turma, REsp 1.246.622RS, Rel. Ministro LUS FELIPE SALOMO, unnime, DJe de 16.11.2011,grifei)"AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO. CONTRATO BANCRIO. CAPITALIZAO MENSAL DOSJUROS.ADMISSIBILIDADE. JUROSREMUNERATRIOS. COMISSO DE PERMANNCIA COBRANACUMULADA COM OS DEMAIS ENCARGOS MORATRIOS. IMPOSSIBILIDADE. IMPOSTO SOBREOPERAESFINANCEIRAS.DECISOAGRAVADAMANTIDA. IMPROVIMENTO.1.A capitalizao dos juros admissvel quando pactuada e desdequehaja legislaoespecfica queaautorize.Assim, permitese sua cobrana na periodicidademensal nas cdulas de crdito rural, comerciale industrial (Decretolei n. 16767 e Decretolei n. 41369), bem como nas demais operaes realizadaspelas instituies financeiras integrantes do Sistema Financeiro Nacional, desde que celebradas a partirdapublicaodaMedidaProvisrian.1.96317 (31.3.00).2. Os juros pactuados em taxa superior a 12% ao ano no so considerados abusivos, exceto quandocomprovado que discrepantes em relao taxa de mercado, aps vencida a obrigao, hiptese noocorridanosautos.3. Os juros remuneratrios, quando ausente o percentual contratado, incidem pela taxa mdia domercadoemoperaesdaespcie,apuradospeloBancoCentraldoBrasil.4. vedada a cobrana cumulada da comisso de permanncia com juros remuneratrios, correomonetriaeou jurosemultamoratrios,noscontratosbancrios.5.ConformeentendimentodasTurmasquecompemaSegundaSeo desteTribunal, nomesmopasso

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    dos juros remuneratrios, "em relao cobrana das tarifas de abertura de crdito, emisso de boletobancrio e IOF financiado, h que ser demonstrada de forma objetiva e cabal a vantagem exageradaextrada por parte do recorrente que redundaria no desequilbrio da relao jurdica, e por conseqncia,na ilegalidade da sua cobrana" (AgRg no REsp 1.003.911RS, Rel. Min. JOOOTVIO DE NORONHA,DJe11.2.2010).6. O agravante no trouxe qualquer argumento capaz de modificar a concluso do julgado, o qual semantmporseusprprios fundamentos.7.AgravoRegimental improvido."(3Turma,AgRgnoAREsp90.109RS,Rel.MinistroSIDNEIBENETI,unnime,DJede9.5.2012)"AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. COMISSO DE PERMANNCIA. ENCARGOSMORATRIOS. CUMULAO. IMPOSSIBILIDADE. REPETIO DE INDBITO. PROVA DE ERRO.DESNECESSIDADE.VEDAOAOENRIQUECIMENTOSEMCAUSA.ENCARGOSDANORMALIDADE.COBRANA LEGTIMA. MORA DEBENDI. CARACTERIZAO. TAC. COBRANA. POSSIBILIDADE.DISPOSIOEXOFFICIO. AFASTAMENTO.1. "Nos contratos de mtuo bancrio, os encargos moratrios imputados ao muturio inadimplente estoconcentradosna chamadacomissodepermanncia, assimentendida a somados juros remuneratrios taxamdia de mercado, nunca superiores quela contratada, dos juros moratrios e da multa contratual,quando contratados nenhuma outra verba pode ser cobrada em razo da mora. Recurso especial noconhecido" (REsp863887RS,Rel.Min.ARIPARGENDLER,SEGUNDASEO, julgadoem14032007,DJe21112008)2. Possvel a repetio de indbito sempre que constatada a cobrana indevida de algum encargocontratual, mostrandose desnecessria prova de erro no pagamento, porquanto suficiente justificaoda incidnciados institutos,o repdioaoenriquecimentosemcausa.3. Nos termos da jurisprudncia desta Corte, se os encargos da normalidade exigidos pela instituiofinanceira no so abusivos, entendese quea inadimplncia no pode ser atribuda ao credor, razo pelaqualhdeseentenderconfiguradaa "moradebendi".4. "Aalteraoda taxade juros remuneratriospactuadaemmtuobancrioea vedaocobranadastaxasdenominadas TAC e TEC dependem da demonstrao cabal de sua abusividade em relao taxamdia do mercado e da comprovao do desequilbrio contratual" (AgRg no REsp 1061477RS, Rel.MinistroJOOOTVIODENORONHA,QUARTATURMA, julgadoem22062010,DJe01072010)"5."Nos contratos bancrios, vedado ao julgador conhecer, de ofcio, da abusividade das clusulas"(Smula381STJ).6.Agravo regimentalparcialmenteprovido."(3 Turma, AgRg no REsp 897.659RS, Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, unnime, DJede9.11.2010)Amesma orientao tem sido adotada em decises singulares, como se observa, entre outras, no REsp1.269.226RS (Rel. Ministro Sidnei Beneti, DJe de 30.3.2012), REsp 1.272.084RS (Rel. Ministra NancyAndrighi, DJe de 26.3.2012), REsp 1.305.361RS (Rel. Ministro Massami Uyeda, DJe de 26.3.2012),REsp 1.071.290RN (Rel. Ministro Antnio Carlos Ferreira, DJe de 29.11.2011) e AREsp 1.736RS (Rel.MinistroMarcoBuzzi,DJede10.4.2012).Consolidando esses diversos precedentes, a 2 Seo, sob minha relatoria, sufragou entendimentofavorvel possibilidade de cobrana das referidas tarifas, no julgamento do REsp 1.270.174RS, cujaementapossuiaseguinte redao:

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    "CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. CDULA DE CRDITO BANCRIO COMGARANTIA DE ALIENAO FIDUCIRIA. EMBARGOS DE DECLARAO. NULIDADE. AUSNCIA.TAXA DE ABERTURA DE CRDITO (TAC). TAXA DE EMISSO DE CARN (TEC). EXPRESSAPREVISOCONTRATUAL.COBRANA.LEGITIMIDADE.1. No viola a norma de regncia dos embargos de declarao o acrdo que apenas decide a lidecontrariamenteaos interessesdaparte.2. As normas regulamentares editadas pela autoridade monetria facultam s instituies financeiras,mediante clusula contratual expressa, a cobrana administrativa de taxas e tarifas para a prestao deserviosbancriosno isentos.3. As tarifas de abertura de crdito (TAC) e emisso de carn (TEC), por no estarem encartadas nasvedaes previstas na legislao regente (Resolues 2.3031996 e 3.5182007 do CMN), e ostentaremnatureza de remunerao pelo servio prestado pela instituio financeira ao consumidor, quandoefetivamente contratadas, consubstanciam cobranas legtimas, sendo certo que somente com ademonstraocabaldevantagemexageradaporpartedoagente financeiroquepodem ser consideradasilegais e abusivas, o que no ocorreu no caso presente (REsp 1.246.622RS, Rel. Ministro LUS FELIPESALOMO,unnime,DJede16.11.2011)4.Recursoespecial conhecidoeprovido." (DJede5.11.2012)Neste ltimo precedente citado, em resposta a ponderaes no sentido de que as tarifas para o custeiodedespesas relacionadasaosserviosbancriosdeveriam integraroclculoda taxade juros,observei:"Penso que todos os encargos contratuais devem estar claramente previstos no contrato. Os valorescobrados no contrato bancrio de adeso devem ser compatveis com o mercado e claramentedivulgados. No viola o CDC sejam explicitados no contrato bancrio os valores dos custosadministrativos do contrato de contacorrente, do contrato de financiamento, entre outros o valor de cadaservio extra prestado ao consumidor (como emisso de tales de cheques em nmero superior aomnimo estabelecido pelo BACEN, cartes excedentes, segunda via de extratos, pesquisa de cadastroetc), ao lado do valor da taxa de juros efetiva. Quanto mais detalhada a informao constante docontrato, mais transparente ser o contrato, maior a possibilidade de o consumidor verificar a taxa dejuros real.Na linha da preocupao manifestada pelo Ministro Sanseverino, a Resoluo 3.5172007 do CNM,posterior ao financiamento, determina conste do contrato o Custo Efetivo Total (CET), no qual estoembutidosa taxade juros,as tarifas, tributos,seguroseasdespesasadministrativascontratadas.Assim, aps a Resoluo 3.5172007, alm da taxa de juros efetiva e dos demais encargos (inclusive astarifas), deve constar do contrato o CET, parmetro seguro para a comparao dos custos dofinanciamento almejado nas diferentes instituies financeiras, pelo consumidor atento aos encargos queirassumir.A expressa e discriminada meno no contrato de todos os custos nele compreendidos ao invs deserem embutidos na taxa de juros possibilita melhor conhecimento e margem de negociao peloconsumidor.Hoje j possvel, em algumas instituies bancrias, deixar de pagar tarifa para abertura de crdito(tarifa de cadastro ou qualquer outra tarifa com o mesmo objetivo), fornecendo o cliente ao banco todasas certides negativas e demais pesquisas necessrias aferio de sua capacidade econmica. Outroscustos administrativos, como a vistoria de veculos, podem ser objeto de entendimentos prvios entre aspartes, ou pactuados no contrato, dele constando expressamente o seu custo. Embutir todos os custosadministrativos do financiamento na taxa de juros cuja finalidade remunerar o capital emprestado e

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    no, por exemplo, fazer pesquisa de capacidade financeira ou vistoria de carros financiados, objeto deleasingnoatendeaoprincpioda transparnciaedaboafobjetiva.Engessar a liberdade contratual de especificar a composio dos encargos do financiamento no contratono acarretar a reduo da taxa de juros real vigente na economia. Se os bancos forem proibidos depactuar os custos administrativos ao lado da taxa de juros, ficar, a meu sentir, prejudicado o princpioda transparncia, porque esses mesmos custos incrementaro da taxa de juros, como reconhece oprpriovotodivergente.Por fim, tendo em conta as lcidas ponderaes do Ministro Ricardo Cueva, anoto que eventualdeficincia no ambiente de concorrncia inerente ao mercado, porventura observada na prtica, entreinstituies financeiras, justificaa atuao seguradergospblicos, especialmente oBancoCentral e oConselhoMonetrioNacional,mas no doPoder Judicirio na anlise individual de alguns casos trazidossuaapreciao.O Poder Judicirio no tem a viso de conjunto macroeconmica das autoridades monetrias. Suaatuao em casos isolados, infirmando regras contratuais compatveis com a regulamentao do BACENenodestoantesdasprticasevaloresdemercado, implicaria,datamaximavnia,ofensaaosprincpiosdopactasuntservanda, da autonomia da vontade e prejuzomanifesto segurana jurdica, ensejando oaumentodo riscoedos jurosparaageneralidadedosconsumidoresenodesuadiminuio."Reafirmo o entendimento acima exposto, no sentido da legalidade das tarifas bancrias, desde pactuadasde forma clara no contrato e atendida a regulamentao expedida pelo Conselho Monetrio Nacional epelo Banco Central, ressalvado abuso devidamente comprovado, caso a caso, em comparao com ospreoscobradosnomercado.Esse abuso h de ser objetivamente demonstrado, por meio da invocao de parmetros objetivos demercado e circunstncias do caso concreto, no bastando a mera remisso a conceitos jurdicosabstratosouconvicosubjetivadomagistrado.Anoto que o BancoCentral do Brasil divulga os valoresmnimo,mximo, a periodicidade de cobrana, eamdia das diversas tarifas cobradas pelos bancos, o que permite, a exemplo do que j ocorre com osjuros remuneratrios, e em conjunto com as demais circunstncias de cada caso concreto, notadamenteo tipo de operao e o canal de contratao, aferir a eventual abusividade, em relao s prticas demercado,das tarifascobradas.OCusto Efetivo Total (CET) cumpre o objetivo, perseguido pelas entidades de defesa do consumidor, deesclarecer o somatrio dos encargos incidentes sobre o mtuo. A meu ver, em nada acrescentaria transparncia do pacto suprimir do contrato as informaes referentes ao detalhamento da taxa real dejuros, tarifas de servios e tributos, embutindo todas as despesas sob a rubrica "juros", para obter amesma informao, jexpressanocontrato,doCET.Um exemplo prtico ilustra a questo: a Tarifa de Avaliao de Bens dados emGarantia (permitida pelaResoluoCMN3.919) somente cobrada, pormotivos bvios, em caso de veculo usado. Atualmente,o custo deste servio de avaliao constar em item separado do contrato. A prevalecer o entendimentode que as tarifas devem integrar a taxa de juros, de duas uma: ou os juros de financiamento de veculousado seromaiores do que os cobrados em caso de veculo novo ou a taxa de juros do financiamentodoveculonovoser infladaporcustodeavaliaodesnecessria.A Tarifa deCadastro, hoje permitida apenas no incio do relacionamento entre a instituio financeira e oconsumidor, ficaria embutida na taxa de juros cobrada em sucessivas operaes realizadas com omesmo cliente. Ou haveria estipulao de taxa de juros maior para o incio do relacionamento bancrio.No vejo, data mxima vnia, como tal procedimento possa favorecer ao dever de informao e detransparnciaou resultaremdiminuiodocustodo financiamento.

  • 20/07/2015 (3)InteiroTeordoAcrdo|STJRECURSOESPECIAL:REsp1251331RS2011/00964354|JurisprudnciaJusBrasil

    http://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/24349478/recursoespecialresp1251331rs201100964354stj/inteiroteor24349479?print=true 22/29

    Quanto Tarifa de Emisso de Carn (TEC) ou Boleto (TEB), a qual remunerava a comodidade de ocliente, a seu pedido, solver a obrigao mediante documento liquidvel em qualquer banco, no maissubsiste, como visto, a partir da Resoluo CMN 3.518, eficaz desde 30.4.2008. Assim, o custo daemisso do boleto foi incorporado taxa de juros com a qual devero arcar todos os consumidores,independentementedesuadisposiooriginaldepagardiretamente instituio financeira credora, semanecessidadedeemissodoboletoparaacompensaobancria.O embutimento do custo da emisso de carns de pagamento na taxa de juros no atende ao dever deinformao e transparncia e nem implica necessariamente a diminuio da onerosidade do contrato. Avedaodesuacobranaemseparadodeveserobrigatoriamenteobservada pelas instituies financeirasno em decorrncia do CDC, mas em respeito uniformidade de tratamento dos encargos bancriosditadapelaautoridademonetria,aqual,dentrodesuacompetncia (CF,art. 192eLei 4.59564, art. 4 e9) e com sua viso tcnica e macroeconmica do sistema financeiro, imps esta conduta, orientandoassimoproceder futurodosagentesdemercadonapactuaodasclusulascontratuais.Como afirmado pelo Ministro Antnio Carlos Ferreira em seu voto no REsp 1.270.174 se as tarifasbancrias "no estiverem previstas claramente no contrato, certamente estaro adicionadas ao custo daoperao,nos juros.Noporqueomercadomauporque racional".Prefiro dizer: o mercado real e inexorvel. A racionalidade do mercado muitas vezes somente compreendida no futuro. A autoridade monetria pode no acertar, se vista a sua opo em pocaposterior. Mas seguir as regras por ela ditadas em abstrato, no mbito estrito de sua competncia, imperativoconstitucionale legal.Os agentes financeiros agem tendo por base as regras do Conselho Monetrio Nacional e do BancoCentral. Caber ao Judicirio, na anlise de cada caso concreto, apreciar alegaes de leso de direito,seja em caso de indevida aplicao retroativa da regra editada pela autoridade monetria, deestravasamento de sua competncia, do que no se cogita nos autos, de vcio de transparncia docontratooudeabusonosvalorescobrados, tendoemcontaosparmetrosdomercado.A quebra do sistema, pelo Poder Judicirio, com a declarao de ilegalidade de taxas expressamenteprevistas na regulamentao do CMNBACEN, acarretaria insegurana jurdica e, em consequncia,aumentodo riscoeda taxade juros,emprejuzodoprprioconsumidor.Em sntese, retifico, em parte, a fundamentao de meu voto no REsp 1.270.174RS, para concluir quedesde 30.4.2008, data do incio da eficcia da Resoluo CMN 3.5182007 e respectiva Tabela I daCircularBACEN 3.3712007, no mais jurdica a pactuao da Tarifa de Emisso de Carn (TEC, TEBou qualquer outra denominao dada aomesmo fato gerador) e da Tarifa de Abertura deCrdito (TAC ouqualquer outro nome conferido aomesmo fato gerador que no seja o daTarifa deCadastro). A cobranada TAC e da TEC permitida, portanto, apenas se baseada em contratos celebrados at 30.4.2008.Permanece vlida, todavia, at os dias atuais, a Tarifa de Cadastro, prevista expressamente na Tabelaanexa referida Circular BACEN 3.3712007 e atos normativos que a sucederam, a qual somente podesercobradano inciodo relacionamentoentreoconsumidorea instituio financeira.VII TESESREPETITIVASFicamestabelecidasasseguintes tesesparaoefeitodoart.543C,doCPC:1TESENos contratos bancrios celebrados at 30.4.2008 (fim da vigncia da Resoluo CMN 2.30396) eravlida a pactuao das tarifas de abertura de crdito (TAC) e de emisso de carn (TEC), ou outra

  • 20/07/2015 (3)InteiroTeordoAcrdo|STJRECURSOESPECIAL:REsp1251331RS2011/00964354|JurisprudnciaJusBrasil

    http://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/24349478/recursoespecialresp1251331rs201100964354stj/inteiroteor24349479?print=true 23/29

    denominaoparaomesmo fatogerador, ressalvadooexamedeabusividadeemcadacasoconcreto.2TESECom a vigncia da Resoluo CMN 3.5182007, em 30.4.2008, a cobrana por servios bancriosprioritrios para pessoas fsicas ficou limitada s hipteses taxativamente previstas em normapadronizadora expedida pela autoridade monetria. Desde ento, no mais tem respaldo legal acontratao da Tarifa de Emisso de Carn (TEC) e da Tarifa de Abertura de Crdito (TAC), ou outradenominao para o mesmo fato gerador. Permanece vlida a Tarifa de Cadastro expressamentetipificada em ato normativo padronizador da autoridade monetria, a qual somente pode ser cobrada noinciodo relacionamentoentreoconsumidorea instituio financeira.3TESEPodem as partes convencionar o pagamento do Imposto sobreOperaes Financeiras e de Crdito (IOF)pormeiode financiamentoacessrioaomtuoprincipal, sujeitandooaosmesmosencargoscontratuais.VIII CASOEMJULGAMENTONo caso especfico dos autos, cuidase de contrato de financiamento (fl. 148) celebrado em 18.7.2006(fls. 4 e 92), anteriormente portanto vedao imposta pela Resoluo CMN 3.5182007, de modo que lcitaaexignciadas tarifasdeaberturadecrditoedeemissodecarn.Anoto que o acrdo recorrido reconheceu a pactuao expressa das tarifas questionadas (fl. 191), noafirmou estivessem sendo exigidas em desacordo com a regulamentao expedida pelo CMNBACEN enem que o valor acordado fosse abusivo. Sendo assim, aplicou o art. 51, inciso IV, do CDC situaoque a ele no se subsume, violando, portanto, o referido dispositivo legal, bem como o art. 4 da Lei4.5951964,sobagidedoqual foipublicadaaResoluoCMN2.3031996.Acercada taxade juros capitalizados, aSegundaSeoadotou, para os efeitos do art. 543C doCPC,oentendimento de que "A capitalizao de juros em periodicidade inferior anual deve vir pactuada deformaexpressaeclara. Aprevisonocontratobancriode taxade jurosanual superior aoduodcuplo damensal suficiente para permitir a cobrana da taxa efetiva anual contratada" (2 Seo, REsp973.827RS, acrdo de minha relatoria, DJe de 24.9.2012). No caso dos autos, houve previso de taxamensal de 2,1129700% (fl. 151) e de taxa efetiva anual de 28,52%.Dessa forma, legtima a cobrana dataxaefetivaanualde juros remuneratrios, tal comoconvencionada.Em face do exposto, conheo e dou parcial provimento ao recurso especial, para que sejam observadosos juros remuneratrios nas taxas mensal e anual efetiva, como pactuados, e para restabelecer acobrana das taxastarifas de despesas administrativas para abertura de crdito (TAC) e de emisso decarn (TEC)eacobranaparceladado IOF.Diante da sucumbncia recproca, na forma do art. 21, caput, do CPC, arcaro as partes com oshonorriosdeseusadvogados.comovoto.RECURSOESPECIALN1.251.331 RS (201100964354)

  • 20/07/2015 (3)InteiroTeordoAcrdo|STJRECURSOESPECIAL:REsp1251331RS2011/00964354|JurisprudnciaJusBrasil

    http://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/24349478/recursoespecialresp1251331rs201100964354stj/inteiroteor24349479?print=true 24/29

    RELATORA : MINISTRAMARIA ISABELGALLOTTIRECORRENTE : AYMORCRDITOFINANCIAMENTOE INVESTIMENTOSAADVOGADOS : SIRLEIMARIARAMAVIEIRASILVEIRAEOUTRO(S) ISABELABRAGAPOMPILIOEOUTRO(S)RECORRIDO : ENASDASILVAAMARALADVOGADO : MARCOAURLIOVILANOVAAUDINOEOUTRO(S)INTERES. : BANCOCENTRALDOBRASIL "AMICUSCURIAE"PROCURADOR : PROCURADORIAGERALDOBANCOCENTRALINTERES. : FEDERAOBRASILEIRADEBANCOSFEBRABAN "AMICUSCURIAE"ADVOGADO : LUIZRODRIGUESWAMBIEREOUTRO(S)ADVOGADA : TERESAARRUDAALVIMWAMBIER

    VOTOAEXMA.SRA.MINISTRANANCYANDRIGHI:Cuidase de recurso especial interposto por AYMOR CRDITO FINANCIAMENTO E INVESTIMENTOSA,com fundamentonasalneasaecdopermissivoconstitucional, contraacrdoproferidopeloTJRS.A controvrsia objeto de afetao 2 Seo nosmoldes do art. 543C do CPCse limita em verificar alegitimidade da cobrana de tarifas administrativas para concesso e cobrana dos crditos oriundos decontratosbancrios.A despeito de ter acompanhado o voto da i. Ministra Relatora em sesso ocorrida no dia 28.08.2013,peo as mais respeitosas vnias para ressalvar meu posicionamento quanto matria, transcrevendo no que pertine votovista que proferi quando do julgamento do recurso especial n 1.270.174RS, porestamesma2Seo,em27.06.2012:(...)Pedivistaantecipadaparamelhorapreciaodacontrovrsia.Revisadosos fatos,decido.Conquanto a i. Min. Relatora e o i. Min. Villas Bas Cueva tenham desenvolvido uma bem lanada linhaargumentativa, inclusive elaborando enriquecedor quadro demonstrativo do panorama regulamentarelaborado pelo Banco Central relativo cobrana, pelas instituies financeiras, de tarifas de servios,entendo cabvel fazer algumas ponderaes adicionais acerca do assunto, especialmente tendo em vistaas tambm substanciais observaes lanadas pelo i. Min. Paulo de Tarso Sanseverino em seu votodivergente.A primeira questo que salta aos olhos na anlise do processo em julgamento, com todas as vnias i.Min.Relatora, a de que o acrdo recorrido, analisando o contrato de financiamento que deu origem lide, reconheceua abusividade da clusula contratual que estabeleceu a cobrana das Taxas de AberturadeCrdito (TAC) e deEmisso de Carn (TEC). Assim, aomenos em princpio, a reviso dessa parceladoacrdoesbarrarianobicedoEnunciado5daSmulaSTJ.Obicesumularvemsendocontornado,nestaCorte,medianteaobservaodequeo reconhecimentodailegalidade da cobrana de taxa de abertura de crdito ou de emisso de boletos bancrios dependemde"demonstrao cabal de sua abusividade".H inmeros precedentes nesse sentido, inclusive citados novotoda i.Min.Relatora.Contudo, o fundamento pelo qual o TJRS afastou referida cobrana no foi apenas o da abusividade daclusula,mas tambm o de que "o contrato no explica a razo da cobrana desta tarifa eou taxa, poisnela apenas consta o seu valor". Ou seja, o TJRS reputou que a instituio financeira inadimpliu seu

  • 20/07/2015 (3)InteiroTeordoAcrdo|STJRECURSOESPECIAL:REsp1251331RS2011/00964354|JurisprudnciaJusBrasil

    http://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/24349478/recursoespecialresp1251331rs201100964354stj/inteiroteor24349479?print=true 25/29

    dever de transparncia e de informao quanto aos termos e fundamentos do contrato aqui discutido.Essedever temposiodedestaquenoordenamento jurdico,decorrendonoapenasdasdisposies doCDC(art.4,capute inc. IV, 6, III, 31, entre tantos outros), como tambmdas inmerasResolues doConselhoMonetrio Nacional indicadas no recurso especial e nos votos precedentes, o que d a medidadesua importncia.Se o acrdo recorrido entendeu inadimplido esse dever, com base na interpretao que deu doinstrumento contratual, a reviso, nesta sede, impossvel, salvo se esta Corte, reapreciando ascondies de fato que permeiam a lide, contrarie a afirmao contida no acrdo recorrido e exponha osmotivos pelos quais o dever de informao foi adimplido. Isso, com todas as vnias, no possvelfazer.Mas esse no o nico fundamento do acrdo recorrido. Alm da violao do direito informao,TJRS tambmreputouqueacobranadas taxasseriaabusiva.Nesteponto, o julgado transitanarea jabordada por inmeros precedentes desta Corte, de modo que faria sentido, em princpio, exigir que aabusividade fosse cabalmente demonstrada, mediante o cotejo com a mdia cobrada pelas demaisinstituies financeirasemoperaesdamesmaespcie.Noentanto, reputo importante observar que, conquanto a jurisprudncia destaCorte j tenha reputadoquea transferncia deste custo ao consumidor no pode, por si s, justificar a reviso da clusula, intrigante o fato de queoprprio ConselhoMonetrio Nacional, posteriormente, veio a editar a Resoluon 3.6932009, do Banco Central, vedando a cobrana de taxa sobre "emisso de boletos de cobrana,carns e assemelhados". Ora, ainda que essa resoluo somente tenha eficcia para vincular asinstituies financeiras aps 26 de maro de 2009, inegvel o fato de que a prpria autoridadereguladoradomercado financeiroveio,ao final,a reconheceraabusividadedessacobrana.Se essa abusividade foi reconhecida pela prpria autoridade reguladora para o perodo posterior Resoluo 3.6932009, vedandose de maneira cabal sua cobrana, por que no poderia o judicirio,analisando as normas contidas no CDC, dar a mesma interpretao tambm com relao respectivacobrana nos contratosmais antigos? No se est, com isso, fazendo retroagir os efeitos da Resoluonova, mas apenas tomandoa como cnone interpretativo para as relaes jurdicas anteriores suavigncia. Neste ponto, necessrio ressaltar que a norma que regula a elaborao de todos essescontratos, em ltima anlise, no a Resoluo 3.693 do Banco Central, mas o Cdigo de Defesa doConsumidor, com suas disposies de carter aberto, carentes de complementos de interpretao. AResoluo, ao reconhecer a abusividade de uma taxa para contratos assinados a partir de sua vigncia,apenas revela uma abusividade que, em ltima anlise, sempre esteve presente, mesmo porque asresolues do CMN, como ato administrativo secundrio, somente podem conter o que j estariapreviamenteautorizadopelaLei.Assim, no basta, novamente com todas as vnias aos ilustresMinistros que divergem deste raciocnio,dizer que "somente em 2009 (...) que se nota um significativo avano regulamentar e institucional porparte das autoridades monetrias em busca de maior transparncia, segurana jurdica e acesso informao no mercado de servios bancrios". Se a vedao referida cobrana um significativoavano,seumamedidaqueprivilegiaa transparnciaeasegurana jurdica,amedidapodeedeve serreputada como contida na previso do art. 51, IV, do CDC, independentemente de qualquer atoadministrativoposterior.E se a taxa de emisso de carns (TEC), abusiva pelos motivos descritos acima, o mesmo destinodeve ter a taxa de abertura de crdito (TAC), uma vez que tanto uma, como outra, consubstanciamcobranas impostas ao consumidor, sem um servio a ele prestado como contrapartida. As taxasdestinamse,emverdade,acobrir custosda InstituioFinanceiracomoemprstimo. (...)

  • 20/07/2015 (3)InteiroTeordoAcrdo|STJRECURSOESPECIAL:REsp1251331RS2011/00964354|JurisprudnciaJusBrasil

    http://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/24349478/recursoespecialresp1251331rs201100964354stj/inteiroteor24349479?print=true 26/29

    Fortenessas razes,acompanhoaconclusoda i.MinistraRelatora,nosentidodedarparcialprovimentoao recursoespecial, coma ressalva,porm,demeuentendimentopessoalconsignadonopresentevoto.RECURSOESPECIALN1.251.331 RS (201100964354)RELATORA : MINISTRAMARIA ISABELGALLOTTIRECORRENTE : AYMORCRDITOFINANCIAMENTOE INVESTIMENTOSAADVOGADOS : SIRLEIMARIARAMAVIEIRASILVEIRAEOUTRO(S) ISABELABRAGAPOMPILIOEOUTRO(S)RECORRIDO : ENASDASILVAAMARALADVOGADO : MARCOAURLIOVILANOVAAUDINOEOUTRO(S)INTERES. : BANCOCENTRALDOBRASIL "AMICUSCURIAE"PROCURADOR : PROCURADORIAGERALDOBANCOCENTRALINTERES. : FEDERAOBRASILEIRADEBANCOSFEBRABAN "AMICUSCURIAE"ADVOGADO : LUIZRODRIGUESWAMBIEREOUTRO(S)ADVOGADA : TERESAARRUDAALVIMWAMBIER

    VOTO

    OEXMO.SR.MINISTROJOOOTVIODENORONHA:

    Sr. Presidente, um dos vetores do Direito a segurana jurdica e de uma Corte de precedentes, muitomais.

    No votei quando foram afetadas ao Superior Tribunal de Justia as questes das tarifas, mas adiro aovoto da Ministra relatora, porque nenhum fato aconteceu entre aquele julgamento e este que pudesseimportaremalteraodoentendimentodestaCortecaso issoocorresse,causaramosumaperplexidade.

    H uma ou outra taxa que eu questionaria, mas no irei fazlo. A razo muito simples: a Seo, aCorte quando decidiu, pacificou a m