8
1 INVERNADAS “0S CHARRUAS” 30 ANOS DE HISTÓRIA DEPARTAMENTO NATIVISTA CARLOS BASTOS DO PRADO São Luiz Gonzaga 2016

30 ANOS DE HISTÓRIA DEPARTAMENTO …omicult.org/emicult/anais/wp-content/uploads/2016/10/IN...3 INVERNADAS “0S CHARRUAS” 30 ANOS DE HISTÓRIA DEPARTAMENTO NATIVISTA CARLOS BASTOS

  • Upload
    others

  • View
    3

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: 30 ANOS DE HISTÓRIA DEPARTAMENTO …omicult.org/emicult/anais/wp-content/uploads/2016/10/IN...3 INVERNADAS “0S CHARRUAS” 30 ANOS DE HISTÓRIA DEPARTAMENTO NATIVISTA CARLOS BASTOS

1

INVERNADAS “0S CHARRUAS”

30 ANOS DE HISTÓRIA

DEPARTAMENTO NATIVISTA

CARLOS BASTOS DO PRADO

São Luiz Gonzaga

2016

Page 2: 30 ANOS DE HISTÓRIA DEPARTAMENTO …omicult.org/emicult/anais/wp-content/uploads/2016/10/IN...3 INVERNADAS “0S CHARRUAS” 30 ANOS DE HISTÓRIA DEPARTAMENTO NATIVISTA CARLOS BASTOS

2

INVERNADAS “0S CHARRUAS”

30 ANOS DE HISTÓRIA

DEPARTAMENTO NATIVISTA

CARLOS BASTOS DO PRADO

Relato de experiência apresentada na URI São

Luiz Gonzaga, em agosto de 2016, por ocasião

da realização do EMICULT, integrando o GT 3

São Luiz Gonzaga

2016

Page 3: 30 ANOS DE HISTÓRIA DEPARTAMENTO …omicult.org/emicult/anais/wp-content/uploads/2016/10/IN...3 INVERNADAS “0S CHARRUAS” 30 ANOS DE HISTÓRIA DEPARTAMENTO NATIVISTA CARLOS BASTOS

3

INVERNADAS “0S CHARRUAS”

30 ANOS DE HISTÓRIA

DEPARTAMENTO NATIVISTA

CARLOS BASTOS DO PRADO

RESUMO. Este relato se propõe a informar sobre as atividades desenvolvidas pelos

integrantes das Invernadas “Os Charruas” e o seu percurso ao longo de 30 anos. Como havia

pouco material escrito para respaldar a pesquisa deste histórico, buscou-se junto aos

integrantes de hoje e do passado, informações que pudessem servir de auxílio a esta

fundamentação. Cabe informar também que, paralelamente aos Charruas, houve outros dois

Grupos de danças que viveram seu tempo de Glória na Entidade: O Grupo Origens e o

América Dance, ambos receberam muitos prêmios que elevaram o nome do Departamento

Nativista Carlos Bastos do Prado assim como também o faz atualmente Os Charruas

apresentando danças tradicionais do Rio Grande do Sul. A fundação do Departamento

Nativista Carlos Bastos do Prado esta assinalada como sendo 30 de setembro de 1984, o

mesmo tem estatuto, mas não fere o regimento da Associação dos Moradores do Bairro

Raymundo Gomes Neto, na qual está inserido. Há muitos autores que já discorreram sobre as

coreografias e arte da dança gaúcha, especialmente a tradicional. Neles buscamos subsídio

para dar suporte ao que nos propusemos. Em 2014, houve uma grande solenidade

comemorativa as três décadas de existência de os Charruas, no Departamento Nativista. Para

este ato, vieram pessoas de diferentes municípios do estado.

PALAVRAS-CHAVE- Cultura. Associação de Moradores. Invernadas. Charruas.

Page 4: 30 ANOS DE HISTÓRIA DEPARTAMENTO …omicult.org/emicult/anais/wp-content/uploads/2016/10/IN...3 INVERNADAS “0S CHARRUAS” 30 ANOS DE HISTÓRIA DEPARTAMENTO NATIVISTA CARLOS BASTOS

4

INTRODUÇÃO

O presente relato tem como tema as Invernadas “Os Charruas” do Departamento

Nativista Carlos Bastos do Prado. Entidade tradicionalista que surgiu, no ano de 1984, no

Bairro Raymundo Gomes Neto, em São Luiz Gonzaga. Visa ressaltar a importância das

Invernadas “Os Charruas” no processo de consolidação do Departamento, o qual surgiu como

fator de fortalecimento do grupo de trabalhadores que erguiam suas casas no entorno da

principal indústria do município à época- o então “Frigorífico São Luiz”.

Organizaram-se então, e constituíram-no dentro da Associação dos Moradores do

Bairro, local em que passaram a fazer reuniões de trabalho e atividades de lazer. O

tradicionalismo foi introduzido com força máxima, passando a fazer parte de forma

contundente e marcante das atividades da Entidade.

E, como não há entidade tradicionalista sem invernada de dança, surgiu, portanto, a

Invernada “Os Charruas” – que ao longo de sua caminhada, vem espalhando a cultura sul-

rio-grandense e escrevendo uma história de dançarinos embasada na obra de Barbosa Lessa e

Paixão Cortes, principalmente, e reafirmando o paradigma das danças tradicionais gaúchas,

cuja cultura é levada pelos peões e prendas a todas as comunidades a pessoas de diferentes

gerações.

METODOLOGIA:

As atividades das Invernadas “Os Charruas” são desenvolvidas semanalmente,

através de ensaios repetidamente trabalhados e corrigidos pelo instrutor, assessorada pelo

coordenador das Invernadas. Além destes, há toda uma equipe da Patronagem para dar

suporte a esse trabalho. A coroação desta prática dá-se no momento em que “Os Charruas”

saem para realizar apresentações em escolas ou entidades do mesmo gênero.

Page 5: 30 ANOS DE HISTÓRIA DEPARTAMENTO …omicult.org/emicult/anais/wp-content/uploads/2016/10/IN...3 INVERNADAS “0S CHARRUAS” 30 ANOS DE HISTÓRIA DEPARTAMENTO NATIVISTA CARLOS BASTOS

5

DESENVOLVIMENTO

INVERNADAS “OS CHARRUAS”:

30 ANOS DE HISTÓRIA NO DEPARTAMENTO NATIVISTA

CARLOS BASTOS DO PRADO

Desde a sua fundação, em 30 de setembro de 1984, o Departamento Nativista Carlos

Bastos do Prado, que teve como seu primeiro Patrão, o Sr. Bruno Batista de Almeida (in

memorian), passou a contar com as Invernadas, as quais ainda hoje muito bem representam

município de São Luiz Gonzaga.

A Invernada os Charruas, quando de sua criação, subdividia-se em três categorias:

mirim, juvenil e adulta.

Mas afinal, quem eram os Charruas?

Os Charruas são considerados desaparecidos por nunca terem sido catequizados ou

civilizados, a etnia misturou-se às demais da região, especialmente aos Guaranis.

Esses índios Charruas inicialmente ocupavam as duas margens do rio Uruguai, desde Itapeiu

até o seu delta, mas já em época histórica estenderam seus domínios até as costas do Paraná e

ocuparam o sul o Rio Grande do Sul. Localizaram-se na coxilha de Haedo, localizada ao sudoeste do

Rio Grande do Sul, seguindo até o Rio Negro.

Em 1730, se aliaram aos minuanos, que vinham de além do Rio Uruguai e se

estabeleceram nas terras próximas à Lagoa Mirim e à Lagoa dos Patos. Suas armas eram o

arco, flecha com carcases, boleadeiras, funda e lança. As flechas tinham as pontas feitas de

pedra lascada. Após o contato com os espanhóis, as boleadeiras, que eram atadas com corda

de tucum, passaram a ser ligadas com tiras de couro.

Através da pesquisa descobriu-se que seus hábitos de vida não estavam sustentados

pela agricultura. A alimentação era caça e frutos. Mais tarde esses hábitos sofreram alterações

devido ao contato com os espanhóis, passando a preferir a carne de cavalo.

O uso do fumo e da erva-mate adveio do contato com os brancos, pois não há

vestígios anteriores desses costumes. Já em contato com os espanhóis, cobriam o corpo com

uma camisa curta, sem mangas de pele curtida. No inverno, o pelo era aplicado pelo lado de

dentro e no verão, ao contrário. As mulheres usavam uma saia de algodão até os joelhos. Não

Page 6: 30 ANOS DE HISTÓRIA DEPARTAMENTO …omicult.org/emicult/anais/wp-content/uploads/2016/10/IN...3 INVERNADAS “0S CHARRUAS” 30 ANOS DE HISTÓRIA DEPARTAMENTO NATIVISTA CARLOS BASTOS

6

sabiam fiar nem tecer. Os panos de algodão que passaram a usar foram adquiridos em contato

com os guaranis. Eram polígamos.

As mulheres cuidavam das tarefas domésticas e dos cavalos. O homem se dedicava à

guerra e à caça. Faziam conselhos de família para decidir sobre assuntos de guerra ou outros

interesses. Aprenderam a montar com os espanhóis, tornando-se exímios cavaleiros, hábeis

na guerra e na caça. Em domínio espanhol, atacavam fazendas, raptavam as mulheres,

castravam os meninos e os levavam como escravos, e matavam os homens adultos.

Qual legado do folclorista Paixão Côrtes e de Barbosa Lessa para as Entidades

Tradicionalistas?

Eles foram decisivos na cultura gaúcha e do movimento tradicionalista no Rio

Grande do Sul. Eles são artistas não do canto, mas da dança. Por quê? Porque eles são um dos

sujeitos diretamente responsáveis pelo nascimento da atual voga gauchesca. Paixão Côrtes é

um dos dois formuladores e animadores decisivos do movimento tradicionalista gaúcho.

A estrada foi longa e cheia de percalços. Começa, talvez, na vivência campeira.

Segue na experiência de peão.

Deslancha, a partir de 1947, quando se junta com amigos igualmente interioranos e

saudosos da vida agauchada (entre os quais Lessa) e com eles literalmente inventa uma

tradição: a de fazer vigília de um fogo tirado à Pira da Pátria, que arderá dali por diante pela

imaginária, afetuosa, desejada "pátria" sul-rio-grandense.

Paixão Côrtes e Barbosa Lessa partem para a pesquisa de campo, para recuperar

traços de cultura popular local eventualmente sobreviventes à avalancha da cultura

estadunidense, que, vitoriosa na II Guerra, cobrou um preço alto das neocolônias. Paixão e

Lessa, expressando ativamente o mal-estar do momento, partiram para a ação, viajando pelo

Interior para salvar o passado da intensa voragem novidadeira. Estava sendo gestado o lado

cultural-popular do tradicionalismo, antes mesmo de a palavra "folclore" entrar no discurso

de todo mundo.

Paixão Côrtes não se limitou a isso. Serviu de modelo para a estátua do Laçador e

foi garoto-propaganda televisivo, nos primórdios do veículo, vestido à gaúcha quando isso

era ainda uma esquisitice. Organizou o 35 CTG, liderou grupos de música e dança, viajou à

Europa como artista, fez e aconteceu. Poderia estar calmamente, agora, curtindo as glórias de

Page 7: 30 ANOS DE HISTÓRIA DEPARTAMENTO …omicult.org/emicult/anais/wp-content/uploads/2016/10/IN...3 INVERNADAS “0S CHARRUAS” 30 ANOS DE HISTÓRIA DEPARTAMENTO NATIVISTA CARLOS BASTOS

7

sua intensa vida. Mas não o fez. Parece mais ativo que nunca, insatisfeito com certos aspectos

do tradicionalismo.

Desta forma, estes dois nomes fazem parte de qualquer estudo para se dar inicio a

formação de uma invernada de danças tradicionais.

Para este trabalho, como havia pouco material escrito para respaldar a pesquisa deste

histórico, aqui em nossa sede, buscou-se junto aos integrantes de hoje e do passado,

informações que pudessem servir de auxílio a esta fundamentação. Cabe informar também

que, paralelamente aos Charruas, houve outros dois Grupos de danças que viveram seu tempo

de Glória na Entidade: O Grupo Origens e o América Dance, ambos receberam muitos

prêmios que elevaram o nome do Departamento Nativista Carlos Bastos do Prado assim

como também o faz atualmente Os Charruas apresentando danças tradicionais do Rio Grande

do Sul. A fundação do Departamento Nativista Carlos Bastos do Prado esta assinalada como

sendo 30 de setembro de 1984, o mesmo tem estatuto, mas não fere o regimento da

Associação dos Moradores do Bairro Raymundo Gomes Neto, na qual está inserido. Há

muitos autores que já discorreram sobre as coreografias e arte da dança gaúcha,

especialmente a tradicional. Neles buscamos subsídio para dar suporte ao que nos

propusemos. Em 2014, houve uma grande solenidade comemorativa as três décadas de

existência de os Charruas, no Departamento Nativista. Para este ato, vieram pessoas de

diferentes municípios do estado.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao término desta escrita, pode-se perceber que não foi fácil buscar informações para

subsidiar esta pesquisa, dado que dentro das Entidades Tradicionalista não há o hábito de

registrar os acontecimentos.

Sabe-se, através da cultura popular e de informações colhidas através dos integrantes

dos Charruas, principalmente daqueles que dançaram a mais tempo, que há um legado

respeitável conquistado nestes 30 anos história das invernadas, mas não ficou nada

documentado.

Page 8: 30 ANOS DE HISTÓRIA DEPARTAMENTO …omicult.org/emicult/anais/wp-content/uploads/2016/10/IN...3 INVERNADAS “0S CHARRUAS” 30 ANOS DE HISTÓRIA DEPARTAMENTO NATIVISTA CARLOS BASTOS

8

Também ficou claro que os resultados evidenciam uma forma de plantar valores que

alicerçam as novas gerações e a continuidade da cultura do povo gaúcho através da dança. É

neste contexto, que atuam Os Charruas – que trazem a marca do futuro e do presente

enraizados no passado.

Portanto, pode se dizer que a Entidade terá vida longa, uma vez que conta na

atualidade com mais de cem integrantes nas categorias menores – chupetinha e mirim. É uma

história rica e de grandes conquistas.

BIBLIOGRAFIA

J. C. Paixão Côrtes, Luís Carlos Barbosa Lessa. Manual de Danças Gaúchas.

LESSA, Luiz Carlos B.Almanaque dos Gaúchos - segundo semestre, Martins Livreiro

Editora, Porto Alegre, 1997.

Nativismo, um fenômeno social gaúcho, Ed. L&PM, Porto Alegre, 1985

O sentido e o valor do tradicionalismo, tese aprovada pelo Primeiro Congresso

Tradicionalista do Rio Grande do Sul, Santa Maria, 1954

Manual de Danças Gaúchas, co-autoria com Paixão Côrtes, Irmãos Vitale, São Paulo, 1956

WERB, E. Os charruas vivem. Zero Hora, Porto Alegre, 18 ago. 2003. Caderno Eureka! p. 3

ZORZETTO, R. O DNA dos pampas. Pesquisa FAPESP, n. 134, 2007.

Recebido em: 14/08/2011