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CENTRO UNIVERSITÁRIO BARRIGA VERDE - UNIBAVE CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOPEDAGOA CLÍNICA E INSTITUCIONAL ROSILANE DAMAZIO A PERCEPÇÃO DOS PROFESSORES SOBRE A CONTRIBUÇÃO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM DA CRIANÇA COM TDAH ORLEANS 2012

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    CENTRO UNIVERSITRIO BARRIGA VERDE - UNIBAVE

    CURSO DE ESPECIALIZAO EM PSICOPEDAGOA CLNICA E

    INSTITUCIONAL

    ROSILANE DAMAZIO

    A PERCEPO DOS PROFESSORES SOBRE A CONTRIBUO DO

    PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM DA

    CRIANA COM TDAH

    ORLEANS

    2012

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    ROSILANE DAMAZIO

    A PERCEPO DOS PROFESSORES SOBRE A CONTRIBUO DO

    PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM DA

    CRIANA COM TDAH

    Monografia apresentada como requisito parcial para obteno do ttulo de Especialista em Psicopedagogia Clnica e Institucional pelo Centro Universitrio Barriga Verde UNIBAVE. Orientadora: Dra. Karin Martins Gomes

    ORLEANS

    2012

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    ROSILANE DAMAZIO

    A PERCEPO DOS PROFESSORES SOBRE A CONTRIBUO DO

    PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM DA

    CRIANA COM TDAH

    Monografia apresentada, avaliada e aprovada no dia 30 de novembro de 2012,

    como requisito para obteno do ttulo de Especialista em Psicopedagogia Clnica e

    Institucional do Centro Universitrio Barriga Verde UNIBAVE.

    Orleans, 30 de novembro de 2012.

    __________________________________________________

    Prof. e Orientador Dra. Karin Martins Gomes

    Centro Universitrio Barriga Verde - UNIBAVE

    __________________________________________________

    Prof. Avaliador(a) Msc. Alcion Damasio Cardoso

    Centro Universitrio Barriga Verde - UNIBAVE

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    Este trabalho resultado de muito esforo, persistncia e um desejo profundo de contribuir com a aprendizagem do ser humano. Dedico esta pesquisa a todos os professores que buscam melhorar a sua prtica diariamente.

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    AGRADECIMENTOS

    Quando paro para pensar em quem agradecer por esta vitria, muitos nomes

    vm em minha mente.

    Pais, esposo, filhas, irmos, professores, profissionais da educao, amigos...

    Companheiros de uma vida. Companheiros para uma vida. Uma soma de

    experincias.

    assim que deixo meus agradecimentos a todas as pessoas que

    contriburam para que este trabalho fosse concludo.

    Como nada se faz sozinho, todos contriburam de alguma forma e Deus com

    certeza contribuiu de todas as formas.

    Muito obrigada DEUS, por ter colocado todas estas pessoas no meu caminho.

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    Assumindo-se, como sujeito aprendente, autor do seu prprio pensamento, sujeito histrico e incompleto, o psicopedagogo deve, ento, aventurar-se responsavelmente nesse novo campo do conhecimento, viabilizando assim um novo espao para o saber, contribuindo para a construo de relaes de aprendizagem mais sadias e prazerosas, desafiando a histria da educao brasileira.

    (ESCOTT)

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    RESUMO

    Esta pesquisa tem como ttulo: a percepo dos professores sobre o psicopedagogo no tratamento de crianas com TDAH. Sendo os objetivos especficos identificar qual o conhecimento que os professores tm a respeito do TDAH; descrever como a prtica do professor na sala de aula com as crianas que apresentam TDAH; averiguar o conhecimento dos professores sobre a psicopedagogia; verificar com os professores como o psicopedagogo pode contribuir com a criana que apresenta TDAH no seu desempenho em sala de aula. A pesquisa foi realizada no municpio de Orleans, em trs escolas da rede estadual e uma escola mantida por uma fundao educacional. uma pesquisa descritiva e exploratria, pois o instrumento de coleta de dados foi um questionrio com perguntas abertas e fechadas sendo aplicado na prtica; e do ponto de vista dos procedimentos tcnicos, foi um estudo de caso. Constatou-se que todos os professores pesquisados j ouviram falar em TDAH, sendo que 65% j tiveram algum caso em sua escola e 88% dos professores conhecem a atuao do psicopedagogo sendo que 100% reconhecem a sua contribuio nos casos de crianas com TDAH. O Psicopedagogo constitui-se em um profissional importante no processo de ensino e aprendizagem, um grande colaborador que deve atuar junto com a escola, professores e famlia. Palavras-chave: TDAH. Psicopedagogia. Educao.

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    ABSTRACT

    This research has the title: the perception of teachers on the psychopedagogists to treat children with ADHD. Being specific objectives identify the knowledge that teachers have about ADHD; describe how the practice of the teacher in the classroom with children who have ADHD; verify the awareness of teachers about educational psychology, check with teachers as psychopedagogists can contribute to the child with ADHD in their performance in the classroom. The research was conducted in the city of Orleans, in three schools of the state and a school maintained by an educational foundation. It is a descriptive and exploratory, since the data collection instrument was a questionnaire with open and closed questions being implemented in practice, and from the standpoint of technical procedures, was a case study. It was found that all the teachers surveyed have heard of ADHD, and 65% have had a case in his school teachers and 88% of the performance of psychopedagogists know with 100% acknowledge their contribution in cases of children with ADHD. The psychopedagogists is in a professional role in the process of teaching and learning, a great collaborator who should work closely with the school, teachers and family. Keywords: ADHD. Psychology. Education.

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    LISTA DE QUADROS

    Quadro 01: Faixa etria dos professores pesquisados........................................

    Quadro 02: J ouviu falar em TDAH....................................................................

    Quadro 03: J teve algum caso de TDAH em sua classe ou escola...................

    Quadro 04: Manifestaes apresentadas pelo aluno com TDAH........................

    Quadro 05: Encaminhamento feito quando se suspeita de um caso de TDAH...

    Quadro 06: O aluno que a presenta TDAH tem dificuldade de aprendizagem....

    Quadro 07: Dificuldades de aprendizagem relacionadas com o TDAH...............

    Quadro 08: Prticas em sala de aula com as crianas com TDAH.....................

    Quadro 09: Conhece a atuao do Psicopedagogo............................................

    Quadro 10: O Psicopedagogo pode contribuir em um caso de TDAH.................

    Quadro 11: O Psicopedagogo poderia melhorar o desempenho de uma

    criana portadora de TDAH..................................................................................

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    LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    TDAH - Transtorno de dficit de ateno e hiperatividade

    MC - Manual de classificao

    DSM - IV Diagnosticand Estatistical Manual, 4 edio ( Manual preparado pela

    Associao Psiquitrica Americana que lista todos os sintomas de todas as

    enfermidades psiquitricas existentes).

    Pp - Psicopedagogo

    ABPp - Associao Brasileira de Psicopedagogia

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    SUMRIO

    INTRODUO .......................................................................................................... 12

    CAPTULO I - FUNDAMENTAO TERICA ......................................................... 14

    1.1 TDAH - TRANSTORNO DE DFICIT DE ATENO E HIPERATIVIDADE ....... 14

    1.2 O DIAGNSTICO DO TDAH .............................................................................. 15

    1.3 O TDAH E SEUS SINTOMAS ............................................................................. 16

    1.4 TRATAMENTO DO TDAH ................................................................................... 20

    1.5 O TDAH E A APRENDIZAGEM: DIFICULDADES ESCOLARES ....................... 20

    1.5.1 Os chamados Transtornos do Aprendizado ................................................ 22

    1.5.2 Os transtornos de linguagem ........................................................................ 23

    1.6 A PSICOPEDAGOGIA E O TDAH ...................................................................... 23

    CAPTULO II - DELIMITAES METODOLGICAS .............................................. 27

    2.1 INSTITUIES A SEREM PESQUISADAS ........................................................ 28

    2.2 SUJEITOS A SEREM PESQUISADOS ............................................................... 28

    2.3 INSTRUMENTOS DE COLETAS DE DADOS .................................................... 28

    2.4 INSTRUMENTOS DE APRESENTAO DOS DADOS ..................................... 28

    CAPTULO III - APRESENTAO E DISCUSSO DOS RESULTADOS ............... 29

    CONSIDERAES FINAIS ...................................................................................... 49

    REFERNCIAS BIBLIOGRAFICAS ......................................................................... 51

    ANEXOS ................................................................................................................... 52

    ANEXO A - QUESTIONRIO ................................................................................... 53

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    INTRODUO

    Tudo comea na educao. assim que normalmente ouvimos as pessoas

    se referirem as mudanas necessrias. Que todas as transformaes tm incio na

    escola, que o local de aprendizagem. Que as mudanas precisam ter incio na

    escola.

    Mas, e como est a escola? Como est a aprendizagem? O que fazer com

    aqueles que no aprendem?

    Enfim, a problemtica que gira em torno de tudo isto grande. No caminho de

    ensinar e aprender, nos deparamos com inmeras dificuldades, a agitao intensa

    de nossos dias, a ansiedade excessiva pelo ter, a angstia sufocante do ser, a

    preocupao com o cumprimento dos planejamentos e por consequncias dos

    contedos, a angstia diante das dificuldades diagnosticadas nas crianas e da falta

    de conhecimento para lidar com elas.

    O TDAH um transtorno que est presente no cotidiano escolar. A falta de

    conhecimento neste assunto pode acabar por prejudicar ou agravar uma situao

    que poderia ser diagnosticada e tratada de forma adequada.

    A funo de educar exige pacincia, tolerncia e aceitao, pois no se deve

    rotular e julgar, mas sim, acolher, compreender e assistir. O papel dos profissionais

    de modo geral, em especial os que trabalham com pessoas com TDAH, muito

    importante, a fim de favorecer um entrosamento e compreenso da situao.

    Diariamente, no fazer pedaggico, encontramos alunos com dificuldades de

    aprendizagem. E a, na condio de professores, nos perguntamos o que fazer para

    que nossa tarefa de ensinar possa ser exercida com competncia.

    crescente a preocupao com todas estas questes que permeiam o

    processo ensino e aprendizagem. crescente tambm a necessidade do

    desenvolvimento de trabalho interdisciplinar no diagnstico e tratamento dos

    transtornos mentais, em especial o TDAH. Sabe-se que por conta do no tratamento

    do TDAH muitas dificuldades de aprendizagem podem aparecer.

    Refletir sobre o processo de ensino e aprendizagem uma tarefa que deve

    fazer parte do cotidiano de todos os educadores, pois ensinar muito mais que

    transmitir conhecimentos, influenciar para mudanas de comportamento no

    indivduo. Sendo assim cada vez a necessidade de estudo, de interao entre as

  • 13

    reas de conhecimento, para que possamos ter vrios olhares a respeito de uma

    mesma situao.

    Talvez o maior problema que haja em relao ao TDAH est no fato que

    ainda se conhece pouco sobre este assunto tanto no mbito escolar como nas

    famlias. Nem professores, nem pais sabem como lidar com este transtorno.

    Muitas pessoas que sofrem deste problema podem ficar uma vida inteira

    sendo julgados como indisciplinadas, mal-educadas, preguiosas, bagunceiras,

    desequilibradas por que o transtorno no foi diagnosticado e tratado a tempo.

    Justifica-se a presente pesquisa pela necessidade de aprofundar estudos

    nesta rea do Transtorno de Dficit de Ateno e Hiperatividade tornando-se

    essencial para que novos direcionamentos sejam dados no processo ensino e

    aprendizagem.

    Sendo assim a presente pesquisa tem por objetivo geral verificar a

    compreenso dos professores e outros profissionais em relao aos alunos com

    TDAH, como os caracterizam e qual o papel do psicopedagogo no tratamento das

    dificuldades de aprendizagem. Como objetivos especficos apresentam-se:

    identificar qual o conhecimento que os professores tm a respeito do TDAH;

    Descrever como a prtica do professor na sala de aula com as crianas que

    apresentam TDAH; Averiguar o conhecimento dos professores sobre a

    psicopedagogia; Verificar com os professores como o psicopedagogo pode contribuir

    com a criana que apresenta TDAH no seu desempenho em sala de aula.

    Visando possibilitar as respostas ao problema e s questes de pesquisa,

    esta monografia est organizada em trs captulos descritos a seguir: inicialmente

    consta a introduo. No primeiro captulo, apresenta-se o referencial terico,

    buscando na literatura a fundamentao para esta pesquisa. Trata-se em especfico

    do Transtorno de Dficit de Ateno e Hiperatividade na escola. No segundo

    captulo, est descrita as delimitaes metodolgicas e no terceiro captulo, a

    apresentao, discusso e anlise dos dados coletados. Por ltimo so esboadas

    as consideraes finais.

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    CAPTULO I

    FUNDAMENTAO TERICA

    1.1 TDAH - TRANSTORNO DE DFICIT DE ATENO E HIPERATIVIDADE

    O estudo da etiologia do transtorno de dficit de ateno/hiperatividade vem

    sendo objeto de muita anlise, especialmente a partir do incio da dcada de 90.

    De acordo com ROMAN, SCHMITZ, POLANCZYK E HUTZ (2003), apesar do

    grande nmero de estudos j realizados, as causas precisas do TDAH ainda so

    desconhecidas. Entretanto, a influncia de fatores genticos e ambientais no seu

    desenvolvimento amplamente aceita na literatura. (Tannock, 1998).

    Segundo a Associao Brasileira de Dficit de Ateno, as primeiras

    descries de crianas que apresentavam quadros semelhantes ao que se descreve

    atualmente como TDAH surgiram na literatura infantil alem em meados do sculo

    XIX. Traduzidos para o portugus e publicados no Brasil na dcada de 1950, com os

    nomes de Joo Felpudo e Juca e Chico, os livros descreviam crianas muito

    danadas, e com grande dificuldade para seguir as regras propostas pelos pais. Em

    1917, o mdico Von Economo fez a primeira descrio clnica dessa patologia.

    O Transtorno de Dficit de Ateno e hiperatividade, na maioria das vezes,

    chamado pela sigla TDAH, segundo Rohde, 1999, um problema de sade mental

    que tem trs caractersticas bsicas: a desateno, a agitao ( ou hiperatividade) e

    a impulsividade.

    Este transtorno pode levar a dificuldades emocionais de relacionamento

    familiar e social, bem como a um baixo desempenho escolar. Muitas vezes vem

    acompanhado de outros problemas de sade mental.

    Ao longo do tempo, o TDAH recebeu vrias denominaes, como por

    exemplo, leso cerebral mnima, sndrome hipercintica e disfuno cerebral

    mnima. Atualmente sabe-se que o TDAH no consequncia de nenhuma leso no

    crebro.

    Conforme MATTOS, 2003:

    [...] o TDAH no secundrio a problemas com a me ( ou o pai, ou

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    o av, ou quem quer que seja), no um conflito inconsciente de medo do sucesso e no um problema de personalidade. um transtorno com forte influncia gentica em que existem alteraes na qumica do sistema nervoso.

    O TDAH uma patologia bastante heterognea, isto , fatores genticos e

    ambientais diferentes devem atuar na manifestao das caractersticas que

    compem os quadros clnicos.

    1.2 O DIAGNSTICO DO TDAH

    O diagnstico do TDAH clnico. No existe, at o momento, nenhum exame

    ou teste que possa sozinho dar seu diagnstico, nem mesmo por meio de

    ressonncia magntica funcional ou eletroencefalograma digital.

    De acordo com Mattos, 2003,

    O TDAH um problema classificado como neuropsiquitrico que deve ser diagnosticado por um mdico ou um psiclogo, embora o tratamento deva ser coordenado por um mdico. Pode existir uma equipe integrada de diferentes profissionais que cuida do paciente (mdicos, psiclogos e pedagogos, principalmente). (Fonoaudilogos tambm podem ser necessrios em alguns casos especiais).

    Para se elaborar um diagnstico correto do TDAH so necessrias vrias

    avaliaes, muitas vezes com abordagem multidisciplinar. A avaliao clnica com

    mdico deve coletar informaes no apenas da observao da criana durante a

    consulta, mas tambm realizar entrevista com os pais e ou pessoas que cuidam

    dessa criana, solicitar informaes da escola que a criana frequenta sobre seu

    comportamento, sociabilidade e aprendizado, alm da utilizao de escalas de

    avaliao da presena e gravidade dos sintomas.

    Segundo a Associao Brasileira de Dficit de Ateno, aps reunir todas

    essas informaes, o mdico deve avaliar se o paciente preenche os critrios

    diagnsticos para o TDAH. Esses critrios diagnsticos esto descritos nos manuais

    de classificao. Correspondem a uma lista de sintomas e sinais, elaborados por um

    grupo de pesquisadores e especialistas no assunto, e utilizados para homogeneizar

    a forma de se avaliar se um indivduo tem ou no um determinado transtorno.

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    Conforme ROHDE, 1999, para o diagnstico de TDAH, fundamental que os

    sintomas sejam mal-adaptativos e inconsistentes com o nvel de desenvolvimento

    esperado para a idade da criana ou do adolescente. Desta forma fica clara a

    necessidade de se conhecer o desenvolvimento normal de crianas e adolescentes,

    para se ter a diferenciao entre o normal e o patolgico. A partir da clareza destes

    termos mais fcil ser a diferenciao, por exemplo, entre hiperatividade como

    sintoma e/ou atividade intensa como parte do desenvolvimento normal.

    1.3 O TDAH E SEUS SINTOMAS

    O TDAH caracteriza-se por dois grupos de sintomas: (1) desateno e (2)

    hiperatividade (agitao) e impulsividade (RODHE 1999).

    Conforme a Associao Brasileira de Dficit de Ateno, a hiperatividade o

    aumento da atividade motora e pode ser encontrada em diversos transtornos

    psquicos. J a impulsividade a deficincia no controle dos impulsos, agir antes

    de pensar. A pessoa impulsiva costuma ter reaes sbitas, de supeto, responde

    ou reage sem pensar, o que s ocorre depois. Com relao a desateno, a mesma

    pode aparecer de diversas formas. A pessoa no consegue manter a concentrao

    por muito tempo. Qualquer estmulo capaz de desviar a ateno do indivduo com

    TDAH.

    RODHE, 1999, enumera vrios sintomas que formam cada grupo.

    Grupo de desateno:

    a) No prestar ateno a detalhes ou cometer erros por descuido;

    b) Ter dificuldade para concentrar-se em tarefas e /ou jogos;

    c) No prestar ateno ao que lhe dito (estar no mundo da lua);

    d) Ter dificuldade em seguir regras e instrues e/ou no terminar o que

    comea;

    e) Ser desorganizado com as tarefas e materiais;

    f) Evitar atividades que exijam um esforo mental continuado;

    g) Perder coisas importantes;

    h) Distrair-se facilmente com coisas que no tem nada a ver com o que est

    fazendo;

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    i) Esquecer compromissos e tarefas.

    Grupo de hiperatividade/impulsividade:

    a) Ficar remexendo as mos e/ou os ps quando sentado;

    b) No parar sentado por muito tempo;

    c) Pular, correr excessivamente em situaes inadequadas, ou ter uma

    sensao interna de inquietude ( ter bicho-carpinteiro por dentro);

    d) Ser muito barulhento para jogar ou divertir-se;

    e) Ser muito agitado ( a mil por hora, ou um foguete );

    f) Falar demais;

    g) Responder s perguntas antes de terem sido terminadas;

    h) Ter dificuldade de esperara vez;

    i) Intrometer-se em conversas ou jogos dos outros.

    Para que uma pessoa seja diagnosticada com o TDAH no necessrio que

    possua todos os sintomas aqui elencados. Na maioria das vezes esto presentes

    vrios, mas no todos. De acordo com RODHE, 1999, as pesquisas mais recentes

    tm mostrado que so necessrios pelo menos seis dos sintomas de desateno

    e/ou seis dos de hiperatividade/impulsividade para que se possa pensar na

    possibilidade do diagnstico de TDAH.

    Outra questo importante a frequncia com que os sintomas acontecem,

    eles no podem ser identificados de vez em quando, precisam acontecer

    frequentemente.

    No h idade estabelecida para o surgimento do TDAH. Temse visto casos

    de crianas com sintomas do transtorno aps os sete anos, como em crianas com

    faixa-etria inferior. Os sintomas podem manifestar-se desde uma idade muito

    precoce.

    De acordo com MATTOS, 2003, pessoas que so diagnosticadas com o

    TDAH tm muitas coisas em comum, mas no so necessariamente iguais no seu

    comportamento.

    Os portadores de TDAH possuem problemas parecidos, seja durante a

    infncia, adolescncia ou a vida adulta. Precisa ser levado em conta histrico de

    vida, contexto familiar entre outros. Os sintomas podem ser os mesmos, mas vo se

  • 18

    expressar de maneira diferente, uma vez que as pessoas so diferentes.

    Mesmo que os sintomas possam estar presentes desde muito cedo, na fase

    escolar que mais se manifestam. Isto acontece porque os sintomas so mais difceis

    de serem administrados dentro de uma sala de aula com regras e rotinas.

    Na educao infantil, pelo fato das atividades serem mais dinmicas e livres

    torna-se mais difcil identificar os sintomas de TDAH. J a partir da alfabetizao as

    crianas comeam a realizar atividades que exigem maior ateno, e a sim os

    sintomas podem ser identificados com maior clareza.

    Alm dos sintomas listados anteriormente, de acordo com MATTOS, 2003,

    existem sintomas que no esto listados nos critrios tradicionais para se fazer o

    diagnstico e, entretanto, so muito comuns. So eles:

    a) Baixa-auto-estima;

    b) Sonolncia diurna;

    c) Pavio Curto: [....]

    d) Necessidade de ler mais de uma vez para fixar o que leu.

    e) Dificuldade em levantar de manh e se ativar para comear o dia.

    f) Adiamento constante das coisas;

    g) Mudana de interesse o tempo todo;

    h) Intolerncia a situaes montonas ou repetitivas;

    i) Busca frequente por coisas estimulantes ou simplesmente diferentes;

    j) Variaes frequentes de humor.

    Ainda de acordo com MATTOS, 2003,

    Todo mundo tem um pouco de desateno, inquietude e impulsividade. Tambm tem um pouco destes ltimos sintomas listados acima. Mas quem tem TDAH, tem muito, muito mesmo. Alm disso, quem tem o transtorno luta contra os seus sintomas, que no consegue eliminar apenas pela vontade.

    Conclui-se que o indivduo com TDAH necessita de uma avaliao bem

    detalhada, pois no basta ter alguns sintomas para se afirmar que o transtorno

    existe.

    Faz- se necessrio uma anlise criteriosa para verificar o quanto aqueles

    sintomas esto comprometendo a vida do indivduo. Muitos dos portadores possuem

  • 19

    outras habilidades e uma capacidade intelectual que permite conviver com o TDAH

    na maioria dos casos.

    Sabe-se que muito comum a existncia de problemas emocionais em

    conjunto com o TDAH. Entre os problemas mais frequentes de acordo com

    MATTOS, 2003, est a depresso e a ansiedade.

    Depresso na infncia se expressa por crianas que tendem a ficar irritadas,

    com queda do rendimento escolar. Perdem o apetite e demonstram pouco interesse

    por brincadeiras e jogos. Muitas ainda apresentam dores de cabea, de barriga,

    principalmente antes de provas. Algumas vezes, em crianas menores podem se

    manifestar por ausncia de crescimento e aumento de peso.

    Adolescentes com depresso tendem a apresentar alteraes da conduta e

    abuso de lcool e drogas.

    Segundo o mesmo autor, alguns portadores de TDAH ainda podem ter outros

    problemas como:

    a) Transtorno Bipolar: uma alternncia de fases de depresso com fases

    de muita energia, auto-estima elevada, pouca necessidade de dormir e

    comer, muitos planos excessivamente otimistas.

    b) Transtorno Opositor-Desafiante ( TOD): um comportamento em que a

    criana desafia ativamente os pais e os professores, se opondo a

    obedecer a regras ou limites. Frequentemente tem exploses de raiva,

    magoam-se e magoam os outros com facilidade.

    c) Transtornos de Conduta: apresenta comportamento anti-social ( roubos e

    furtos, mentiras, agresses, maus-tratos a animais, preocupaes

    exageradas ou precoces com sexo e violao da propriedade alheia.

    d) Transtorno Obsessivo-Compulsivo TOC- apresenta rituais que passam

    por manias: fechar a porta trs vezes, bater no interruptor quatro vezes,

    etc.

    e) Enurese: fazer xixi na cama.

    f) Transtornos de Tiques Quando existem tiques vocais (sons feitos com a

    lngua ou garganta), so chamados de Transtorno de Tourrette.

    Quando existe a ocorrncia de dois ou mais transtornos em um mesmo

    indivduo, chamamos de acordo com RODHE, 2003, de Co-morbidade. muito

  • 20

    importante o diagnstico destes problemas, ou transtornos para que um tratamento

    adequado possa ser realizado.

    1.4 TRATAMENTO DO TDAH

    O TDAH no um problema de dificuldade de aprendizagem, porm o

    comportamento da criana pode atrapalhar o seu rendimento.

    Para um tratamento adequado importante um trabalho multidisciplinar

    envolvendo pais, professores, profissionais da sade e/ou psicopedagogo. O

    Psicopedagogo poder ajud-lo a obter concentrao atravs de jogos e outras

    tcnicas.

    Segundo a Associao Brasileira de Dficit de Ateno (ABDA), a

    psicoterapia indicada para o tratamento do TDAH chama-se Terapia Cognitivo

    Comportamental. Cita que o tratamento com fonoaudilogos recomendado onde

    existe simultaneamente Dislexia (Transtorno de Leitura) e Disortografia ( Transtorno

    da Expresso da escrita).

    Em alguns casos a psicoterapia sozinha no resolve, sendo indicado o uso de

    medicamento, porm totalmente reprovado o uso da automedicao. O

    medicamento dever ser indicado pelo mdico, mais provavelmente o psiquiatra.

    1.5 O TDAH E A APRENDIZAGEM: DIFICULDADES ESCOLARES

    A aprendizagem para Ciasca, 2000, uma atividade individual que se

    desenvolve dentro de um sistema nico e contnuo, operando sobre os dados

    recebidos e tornando-os revestidos de significados.

    De acordo com BOSSA, 2011,

    O conceito de aprendizagem com o qual trabalha a Psicopedagogia remete a uma viso de homem como sujeito ativo em um processo de interao com o meio fsico e social. Nesse processo, interferem o seu equipamento biolgico, as suas condies afetivo-emocionais e as suas condies intelectuais.

  • 21

    A aprendizagem precisa ser compreendida levando-se em considerao a

    interao do sujeito e do meio onde vive.

    Para que a aprendizagem ocorra so necessrios elementos como a

    mensagem, o receptor e o meio ambiente, interagindo um com o outro. Na falha de

    um deles haver problemas.

    De acordo com Carvalho; Crenitte e Ciasca (2007):

    E, para se aprender, necessria uma srie de pr-requisitos, que iro desenvolver condies, capacidades, habilidades para tal processo, incluem-se reas de: motricidade (rolar, sentar, engatinhar, andar, auto-identificao, esquema corporal. Abstrao, etc), integrao sensrio-motora( equilbrio, ritmo, destreza, agilidade, lateralidade, discriminao ttil, etc), habilidades perceptivo-motoras ( percepes sensitivas, integrao visomotora, acuidade visual, memria, coordenao motora fina, etc), desenvolvimento da linguagem ( fluncia, articulao, vocabulrio, etc), habilidades conceituais ( classificao, seriao, conceito numrico, compreenso, etc) e habilidades sociais ( aceitao social, maturidade, criatividade, julgamento de valor, etc).

    Quando alguns destes pr-requisitos no esto desenvolvidos, existe a

    possibilidade das dificuldades aparecerem. Como j foi dito anteriormente no

    trabalho, as dificuldades so mais fceis de serem identificadas nas sries iniciais do

    Ensino Fundamental, quando ocorre uma aprendizagem mais complexa, do que na

    Educao Infantil, onde a preocupao maior est com a socializao da criana,

    por meio da atividade ldica.

    Para um melhor entendimento desta questo, importante diferenciar

    dificuldade de aprendizagem de distrbio de aprendizagem.

    Ainda de acordo com Carvalho; Crenitte e Ciasca, (2007)

    Distrbio de aprendizagem como uma perturbao no ato de aprender, isto , uma modificao dos padres de aquisio, assimilao e transformao, sejam por vias internas ou externas do indivduo acrescentando, distrbio de aprendizagem como sendo uma disfuno do Sistema Nervoso Central relacionada a uma falha no processo de aquisio ou do desenvolvimento, tendo portanto, carter funcional , sendo assim, um distrbio no caracteriza uma ausncia, mas sim uma perturbao dentro de um processo; [...]

    Diferentemente de dificuldade escolar que est relacionada especificamente

    a um problema de ordem e origem pedaggica, um distrbio de aprendizagem

  • 22

    envolve questes orgnicas que impedem o indivduo de aprender, e, dificuldade

    escolar, pode estar relacionada a fatores ambientais como, por exemplo, fatores

    emocionais, familiares, sociais, motivacionais, relao professor-aluno, programas

    escolares inadequados e outros.

    De qualquer forma, tanto os distrbios quanto as dificuldades geram

    problemas escolares, na escola, com professores, com a aprendizagem, ou melhor,

    com a capacidade de aprender, por esse motivo, identificar o conhecimento do

    professor possibilita distinguir as diferenas, permitem traar o processo de

    tratamento.

    Segundo MATTOS, 2003, as dificuldades de aprendizagem que podem

    coexistir com o TDAH so:

    1.5.1 Os chamados Transtornos do Aprendizado

    O transtorno da Leitura, tambm chamado dislexia. Existem graus

    variveis de dislexia, desde uma forma mais grave, (neste caso no ser

    possvel a alfabetizao) at formas mais leves.

    A dislexia caracteriza-se por uma dificuldade de leitura (silabao), na

    interpretao do que foi lido e no registro das informaes, que a parte escrita.

    O Transtorno da Expresso Escrita, tambm chamado de disgrafia.

    A disgrafia caracteriza-se por uma grafia muito ruim, com letra variando de

    forma e tamanho, e tambm por uma incapacidade de se expressar por escrito, com

    frases curtas, com inverso de palavras, palavras sem sentido.

    Apesar de a escrita ser muito deficiente, a oralidade normal.

    O Transtorno da Matemtica, tambm chamado de discalculia.

    A discalculia caracteriza- se por uma grande dificuldade em operar conceitos

    matemticos, seja por escrito ou oralmente.

  • 23

    1.5.2 Os transtornos de linguagem

    Estes so problemas geralmente mais graves que os citados anteriormente.

    Expressivo: quando existe muita dificuldade em se expressar, tanto

    oralmente ou na forma escrita.

    So crianas que geralmente aprenderam a falar mais tarde que o normal,

    usam frases curtas, o vocabulrio reduzido e a escrita to deficitria quanto a

    verbal.

    Expressivo Receptivo: quando existe alm das dificuldades de

    expresso, existe a dificuldade de compreenso. Neste caso comum a

    ocorrncia de problemas psiquitricos.

    Muitas crianas com TDAH e com Transtornos de Aprendizado no gostam

    de escola, no gostam de estudar por que sabem que tm muita dificuldade e

    precisam de grande esforo para tentar obter bom desempenho nas atividades, o

    que na maioria das vezes no acontece.

    1.6 A PSICOPEDAGOGIA E O TDAH

    O movimento da Psicopedagogia no Brasil remete ao seu histrico na

    Argentina. So muitos os autores argentinos com trabalhos na literatura brasileira,

    dentre eles, Sara Pan, Jorge Visca, Alcia Fernndez, os quais constituem os

    primeiros esforos no sentido de sistematizar um corpo terico prprio da

    Psicopedagogia.

    Segundo Bossa, 2011, a psicopedagogia no nasceu aqui tampouco na

    Argentina. Investigando a literatura sobre o tema, podemos verificar que a

    preocupao com os problemas de aprendizagem teve origem na Europa, ainda no

    sculo XIX.

    A partir desta poca a escolaridade adquire um papel e uma funo bastante

    distinta. Em uma sociedade cada vez mais tecnicista, uma nova e diferente realidade

    se impe a sobrevivncia econmica dos indivduos, forados a atualizaes

  • 24

    constantes, graas aos progressos tcnicos e cientficos.

    A histria da Psicopedagogia bastante rica e recebeu a colaborao de

    diferentes reas e correntes contribuindo assim para o pensar e o agir do

    psicopedagogo.

    De acordo com SPIECKER ( 1988, p.332), pode-se deduzir que o termo

    Psicopedagogia j era utilizado no incio do sculo passado. Muitos autores

    destacam-se na histria da Psicopedagogia, dentre eles Rousseau abordando a

    evoluo da alma da criana e Froebel apontando o jogo como fator insubstituvel na

    educao.

    De acordo com BOSSA, 2011, estudos apontam que educadores como

    Pestalozzi, Seguin, Itard, j no sculo XIX , passaram a se preocupar com estudos

    relacionados aos distrbios de aprendizagem.

    Na Frana, aparecem como pioneiras na rea da Psicopedagogia as idias de

    George Mauco, que fundou o primeiro centro mdico-psicopedaggico nesse pas,

    utilizando a articulao das idias da Medicina, Psicologia, Psicanlise e Pedagogia.

    Na Europa, Clarapede, ainda no final do sculo XIX, criou as classes

    especiais, como espaos de reeducao para as crianas com retardo mental.

    A Psicopedagogia tem maior crescimento no sculo XX, tanto na Europa

    quanto nos Estados Unidos com a criao de clnicas e escolas especializadas no

    atendimento s crianas com dficit de aprendizagem.

    Na Argentina a evoluo da Psicopedagogia acontece a partir de uma postura

    terico-prtica de reeducao em relao aos problemas de aprendizagem, postura

    bastante condenvel atualmente.

    No Brasil, a Psicopedagogia inicialmente esteve vinculada a uma concepo

    de reeducao e num segundo momento apontou para uma nova postura,

    transitando entre as teorias da Pedagogia, Psicogentica e Psicanlise. A

    Psicopedagogia passa a interagir com outras reas do conhecimento: Neurologia,

    Lingstica, Psicomotricidade.

    A Psicopedagogia gacha contribuiu de forma significativa na construo da

    Psicopedagogia brasileira, sendo a dcada de 70, muito promissora.

    De acordo com ESCOTT, (2004) a Psicopedagogia constitui-se em um campo

    de conhecimento que se ocupa das questes da aprendizagem e, por conseguinte,

    da no-aprendizagem.

    Dessa forma se faz necessrio que o Psicopedagogo pense a aprendizagem

  • 25

    ou a no-aprendizagem a partir de um sujeito includo no contexto biopsicosocial,

    que dispe de corpo, organismo, inteligncia e desejo e que tudo isto estabelece

    relao com a famlia, escola e contexto social.

    A teoria piagetiana nos d o entendimento da gnese da inteligncia

    enquanto que a teoria psicanaltica nos permite uma leitura das questes

    inconscientes, ambas necessrias na Psicopedagogia.

    Segundo ESCOTT, (2004), construir a identidade da Psicopedagogia, implica,

    portanto assumir um referencial terico e uma ao profissional coerente a fim de

    cumprir o compromisso com a resoluo e preveno dos processos de

    aprendizagem.

    Especialistas que atuam nessa rea so unnimes em ressaltar que o

    tratamento realizado mediante o acompanhamento interdisciplinar, associado ou no

    a terapia medicamentosa, tem sido o ideal. Assim, a Psicopedagogia, especialidade

    que tem como objetivo de estudo o processo de aprendizagem e, mas

    especificamente, o aprendiz e suas relaes nos ditos processos, pode e deve gerar

    recursos que promovam uma melhor resilincia e indicar caminhos para avaliaes e

    enfoques teraputicos especficos.

    A Revista da Associao Brasileira de Psicopedagogia, 2007, apresenta um

    artigo que trata da caracterizao do desempenho de crianas com transtorno de

    dficit de ateno e hiperatividade (TDAH) em provas operatrias: Estudos de

    Casos. O artigo tem por base a descrio de seis crianas com TDAH, nos quais o

    desempenho da investigao psicopedaggica mostrou-se de grande valia, pois

    abriu espaos para novas discusses sobre o assunto.

    O tema enfocado a anlise do desempenho de seis casos propostos,

    perante as Provas Operatrias de Conservao de Quantidades Contnuas e

    Descontnuas do exame clnico de Piaget.

    A teoria de Piaget refere-se aprendizagem como aquisio de uma resposta

    particular, aprendida com a experincia, de forma sistemtica ou no. Nos casos

    descritos no referido artigo, todas as crianas se apresentavam no perodo pr-

    operatrio, o que na viso piagetiana significa que, neste perodo, o

    desenvolvimento est em uma fase de transio fundamental entre a ao e a

    operao, ou seja, entre aquilo que separa a criana do adulto, de pr-operatrio

    para o operatrio concreto.

    Desta forma possvel constatar a importncia da colaborao da equipe

  • 26

    interdisciplinar, em particular, do psicopedagogo para elaborao de um melhor

    atendimento s crianas com TDAH.

    Para que ocorra mudanas na forma de se fazer educao, profissionais,

    como o psicopedagogo, devem interagir como facilitadores da aprendizagem. No

    momento em que os profissionais, inclusive o psicopedagogo tiverem mecanismos

    de entendimento e interferncia com o processo individual de aprendizagem,

    dificuldades encontradas pelas crianas portadoras de TDAH sero avaliadas de

    forma mais coerente, e se deixar de responsabilizar o prprio paciente pelo

    fracasso escolar.

  • 27

    CAPTULO II

    DELIMITAES METODOLGICAS

    O presente trabalho de investigao quanto a abordagem da natureza,

    caracteriza-se como exploratria. De acordo com Costa (2006, p. 64), a pesquisa

    exploratria tem como principal finalidade desenvolver, esclarecer e modificar

    conceitos e ideias, com vistas na formulao de problemas mais precisos ou

    hipteses pesquisveis para estudos posteriores. Alm de buscar em autores

    renomados a reviso da literatura estudada, a sua aplicao se dar na prtica, nas

    escolas estaduais de ensino fundamental, nas sries iniciais.

    Quanto a abordagem do problema, a referida investigao quantitativa, pois

    traduz em nmeros as opinies e informaes dadas pelos sujeitos da pesquisa.

    Segundo COSTA, (2006, p.95), diferentemente da pesquisa qualitativa, os

    resultados da pesquisa quantitativa podem ser quantificados. [...] A pesquisa

    quantitativa se centra na objetividade. Influenciada pelo positivismo, considera que a

    realidade s pode ser compreendida com base na anlise de dados brutos,

    recolhidos com o auxlio de instrumentos padronizados e neutros.

    Do ponto de vista dos objetivos, a pesquisa ser descritiva, em que se

    apresentar um questionrio com perguntas fechadas e abertas, se caracterizar

    uma observao sistemtica das respostas dadas pelos sujeitos da pesquisa. De

    acordo com Costa, (2006, p.122), questionrio o instrumento por meio do qual se

    faz a coleta das unidades estatsticas, destinado a pesquisa em grupo, nada mais

    do que uma srie de perguntas com espao em branco para as respostas.

    Do ponto de vista dos procedimentos tcnicos, ser feito um estudo de caso

    em que se buscar em uma ou mais instituies de ensino para o profundo e

    detalhado estudo desta realidade. De acordo com Costa, (2006, p 83) estudo de

    caso um procedimento racional e sistemtico que tem como objetivo proporcionar

    respostas aos problemas que so propostos.

  • 28

    2.1 INSTITUIES A SEREM PESQUISADAS

    Foram pesquisadas trs instituies da rede pblica estadual de Santa

    Catarina, que contm sries iniciais do ensino fundamental, e uma escola

    pertencente a uma fundao, caracterizadas como escolas A, B, C, D.

    2.2 SUJEITOS A SEREM PESQUISADOS

    Os sujeitos pesquisados foram todos os professores das instituies acima

    mencionadas que atuam com as sries iniciais do ensino fundamental, do 1 ao 5

    ano, bem como os diretores de escola e assistentes tcnicos pedaggicos. Foram

    entregues em cada escola 15(quinze) questionrios, totalizando sessenta

    questionrios. Deste total foram devolvidos 17 ( dezessete).

    2.3 INSTRUMENTOS DE COLETAS DE DADOS

    O instrumento utilizado para a coleta de dados foi um questionrio, com 11

    questes, divididas em 6 questes abertas e 5 fechadas.

    2.4 INSTRUMENTOS DE APRESENTAO DOS DADOS

    A apresentao foi feita com quadros e realizado a anlise dos dados atravs

    de anlise de contedo.

  • 29

    CAPTULO III

    APRESENTAO E DISCUSSO DOS RESULTADOS

    Nesta etapa do trabalho sero apresentados os quadros com as respostas

    dos sujeitos pesquisados e em seguida ser feita a anlise dos mesmos.

    IDADE FREQUNCIA PERCENTUAL

    20 a 30 anos 6 35%

    31 a 40 anos 2 12%

    41 a 50 anos 6 35%

    Acima de 50 1 6%

    No informaram 2 12%

    TOTAL 17 100%

    Quadro 01: Faixa etria dos professores pesquisados Fonte: Pesquisa de campo realizada em agosto de 2012.

    Do total de entrevistados, pode-se perceber que a maioria, 47%, est entre 20

    e 40 anos. Independente da idade, o profissional da educao deve estar

    preocupado com sua formao e consequentemente com o aprendizado dos seus

    alunos.

    Sabe-se que o professor precisa estar atento as mudanas que ocorrem na

    educao. Participar de formao continuada, estar em constante aperfeioamento

    essencial para um bom desempenho profissional.

    De acordo com Moretto (2009, p. 13):

    A formao do professor dever permitir-lhe desenvolver uma ampla viso e compreenso do estudante como o aprendente, ou seja, aquele que constri seu prprio conhecimento. [...] Se cada sujeito diferente na sua maneira de ser e de agir, ele o ser tambm em sua maneira de aprender.

    O autor deixa claro a importncia do ensinar de forma competente.

    Partindo do pressuposto que o professor necessita buscar formao, foi

  • 30

    questionado com relao ao TDAH se j ouviu falar no Transtorno de Dficit de

    Ateno e Hiperatividade. Esta questo ser apresentada no quadro 2.

    CATEGORIA QUANTIDADE PERCENTUAL

    Sim 17 100%

    No 0 0%

    TOTAL 17 100%

    Quadro 02: J ouviu falar em TDAH. Fonte: Pesquisa de campo realizada em agosto de 2012.

    Diante do resultado obtido constata-se que 100% dos professores

    pesquisados j ouviram falar em TDAH. Este um dado importante, no entanto

    sabe-se que o professor precisa conhecer mais sobre o assunto para saber que

    encaminhamentos so necessrios para auxiliar o portador deste transtorno.

    Conhecer o transtorno de Dficit de Ateno e Hiperatividade vai muito mais

    alm do que simplesmente ouvir falar. No entanto, se o professor tiver algum

    conhecimento a respeito, facilitar a possibilidade de diagnstico ou no do

    transtorno.

    Segundo ROHDE & PAULO MATTOS, (2003, p. 205):

    Os professores so, com frequncia, aqueles que mais facilmente percebem quando um aluno est tendo problemas de ateno, aprendizagens, comportamento ou emocionais/afetivos e sociais. O primeiro passo a ser dado na tentativa de solucionar os problemas verificar o que realmente est acontecendo.

    A escola como um todo deve acompanhar o desenvolvimento dos seus

    alunos, sendo que o professor exerce um papel significativo neste processo.

    De acordo com Moretto, (2009), dizemos que o professor precisa planejar

    suas estratgias pedaggicas respeitando as caractersticas psicossociais e

    cognitivas de seus estudantes.

    Segundo ROHDE & Paulo Mattos (2003, p. 155) as informaes da escola

    so fundamentais para firmar o diagnstico de TDAH.

    O professor tem a oportunidade de acompanhamento dos alunos, em especial

  • 31

    o portador de TDAH. Estas informaes obtidas, com certeza ajudaro no

    diagnstico realizado pelo profissional capacitado.

    Buscando mais esclarecendo a respeito do TDAH, encontramos no quadro 3,

    os dados referentes a pergunta se j teve algum caso de TDAH diagnosticado em

    sua classe ou escola.

    Quadro 03: J teve algum caso de TDAH em sua classe ou escola Fonte: Pesquisa realizada em agosto de 2012.

    Do total de professores pesquisados, a sua maioria afirma j ter casos

    diagnosticados em sua classe ou escola, o que significa considerar a importncia

    cada vez maior do conhecimento a respeito deste transtorno. Como esta pesquisa

    reflete a atuao dos professores neste contexto, espera-se que por conta da busca

    por conhecimentos, os problemas encontrados na escola estejam sendo

    identificados pelo profissional especializado e recebendo as intervenes

    necessrias, trazendo importantes contribuies para o processo educacional.

    No entanto 35% dos professores no teve nenhum caso diagnosticado. Fica a

    dvida, se realmente os casos no existiram ou se faltou conhecimento por parte do

    professor para identificar possveis sintomas de TDAH.

    importante deixar claro que o professor no far nenhum tipo de

    diagnstico, porm poder dar informaes que levaro a um possvel diagnstico.

    No quadro 4 aparecem as manifestaes apresentadas pelo aluno com

    TDAH segundo a amostra pesquisada.

    CATEGORIAS DESCRIO FREQUNCIA %

    Desateno No tem

    concentrao nas

    14 38%

    CATEGORIA QUANTIDADE PERCENTUAL

    Sim 11 65%

    No 6 35%

    TOTAL 17 100%

  • 32

    atividades

    Hiperatividade/Impulsividade/

    Inquietude

    No consegue ficar

    quieto, no termina

    as atividades,

    distrai-se facilmente,

    fala constantemente.

    14 38%

    Dificuldade de

    relacionamento/ Falta de

    limites/ Agressividade

    Desentendimentos

    com os colegas

    6 16%

    Dificuldade de aprendizagem As atividades se

    tornam difceis

    2 5%

    Ansiedade No tem pacincia

    para fazer as coisas

    1 3%

    Total 36 100%

    Quadro 04: Manifestaes apresentadas pelo aluno com TDAH. Fonte: Pesquisa realizada em agosto de 2012

    No quadro acima pode-se perceber que as respostas foram superiores ao

    nmero de sujeitos. Isto se justifica pelo fato dos profissionais pesquisados terem

    respondido a mais de uma categoria de resposta.

    Dentre as manifestaes apresentadas pelos professores pesquisadores,

    destaca-se a desateno com 32% e o grupo formado pela

    hiperatividade/impulsividade/ Inquietude, tambm com 32%.

    De acordo com ROHDE & PAULO MATTOS, pg. 78:

    importante no esquecer que desateno, hiperatividade e impulsividade podem ser a via final de muitos problemas ou diagnsticos. Assim, alguns sintomas de desateno e de hiperatividade/impulsividade, quando isolados, podem ser a manifestao de dificuldades situacionais do indivduo ( por exemplo, uma reao de ajustamento). A existncia de sintomas de desateno e/ ou de inquietude por curtos perodos, ou que se iniciam em uma idade mais avanada da criana ( aps um desenvolvimento normal), ou aps um estressor psicossocial ( por exemplo: mudana de colgio, separao dos pais ou perda de um ente querido), provavelmente no so indcios de TDAH.

    Deve-se ter muita ateno quando identificado algum dos sintomas de

  • 33

    TDAH. Deve ser levada em considerao a histria de vida do indivduo. Se os

    sintomas s aparecem em um determinado contexto, o diagnstico deve ser revisto.

    No quadro 05, o questionamento est relacionado ao encaminhamento a ser

    feito quando se suspeita de um caso de TDAH.

    CATEGORIA FREQUNCIA PERCENTUAL

    Psicopedagogo 9 35%

    Psiclogo 9 35%

    Neurologista 4 15%

    A escola far os

    encaminhamentos

    necessrios

    3 11%

    Fonoaudilogo 1 4%

    TOTAL 26 100%

    Quadro 05: Encaminhamento feito quando se suspeita de um caso de TDAH. Fonte: Pesquisa realizada em agosto de 2012.

    Neste quadro o nmero de respostas foi superior ao nmero de sujeitos. Isto

    se justifica pelo fato dos profissionais pesquisados terem respondido a mais de uma

    categoria de resposta.

    Segundo os dados obtidos, percebe-se que 35% dos profissionais

    pesquisados encaminham para o psicopedagogo e o mesmo percentual para o

    psiclogo. Os demais profissionais recebem encaminhamentos, porm em menor

    percentual.

    Cada vez maior a necessidade do trabalho interdisciplinar no diagnstico e

    tratamento dos transtornos e das dificuldades de aprendizagem.

    Faz-se necessrio deixar claro que no caso de TDAH, o diagnstico s

    poder ser fornecido pelo profissional de sade mental, seja ele mdico ou

    psiclogo. As informaes dos pais, dos professores, do psicopedagogo, so de

    extrema relevncia e enriquecem muito o processo diagnstico, porm no os

    habilitam a fornecer nenhum diagnstico de TDAH.

    Dos dados obtidos, 35% encaminham para o psicopedagogo. A atuao do

  • 34

    Psicopedagogo est em diagnosticar dificuldades na aprendizagem, que como j

    vimos se diferencia significativamente de transtornos mentais, caso do TDAH.

    Quando h suspeita de TDAH, alm dos sintomas de dificuldade de aprendizagem,

    o correto ser o psicopedagogo solicitar ao psiclogo ou ao psiquiatra infantil uma

    avaliao que confirmar ou no sua suspeita. O encaminhamento para outros

    profissionais depender dos sintomas apresentados. As avaliaes confirmaro ou

    no as suspeitas at que se defina o diagnstico final.

    Ao identificar algum sintoma relacionado ao TDAH, ou a qualquer outro

    sintoma de anormalidade, o professor deve em conjunto com a escola, conversar

    com os pais, expondo a situao e fazendo encaminhamentos aos profissionais

    habilitados, dentre eles, o psicopedagogo, o psiclogo, o neurologista, o

    fonoaudilogo. Vale lembrar que cada um deles dever fazer as avaliaes que lhe

    so permitidas, de acordo com sua formao.

    importante desfazer as dvidas que supostamente ficam com relao as

    dificuldades de aprendizagem apresentadas pelo portador de TDAH. Ser que o

    portador de TDAH possui dificuldades de aprendizagem? Isto o que

    encontraremos no quadro 06.

    CATEGORIA QUANTIDADE PERCENTUAL

    Sim 11 65%

    Talvez 6 35%

    No 0 0%

    TOTAL 17 100%

    Quadro 06: O aluno que a presenta TDAH tem dificuldade de aprendizagem Fonte: Pesquisa realizada em agosto de 2012.

    Quanto ao aluno que apresenta TDAH ter dificuldade de aprendizagem, 65%

    dos professores pesquisados afirmam que sim, confirmando a ideia de que as

    dificuldades de aprendizagem podem surgir em virtude deste transtorno.

    De acordo com Carvalho (2007, volume 75, p. 230 ) importante diferenciar

    distrbio de aprendizagem de dificuldade de aprendizagem. Segundo ele:

  • 35

    Diferentemente de dificuldade escolar que est relacionada especificamente a um problema de ordem e origem pedaggica, um distrbio de aprendizagem envolve situaes orgnicas que impedem o indivduo de aprender, e, dificuldade escolar, pode estar relacionada a fatores internos que se somam aos fatores ambientais como, por exemplo, fatores emocionais, familiares, sociais, motivacionais, relao professor-aluno, programas escolares inadequados.

    De acordo com Rohde e colaboradores, (1999, p. 43):

    Em princpio, no. Hoje em dia, para se pensar que uma criana ou adolescente apresenta qualquer problema de sade mental fundamental a presena de dificuldades no relacionamento com a famlia ou com os amigos e colegas, ou ainda dificuldades no funcionamento escolar devido aos sintomas.

    normal aparecerem as dificuldades de aprendizagem em funo dos

    problemas de sade mental. No entanto podem acontecer situaes onde, o

    portador de TDAH no apresente prejuzo educacional.

    Rohde( 1999, p. 43) deixa claro que:

    Isso acontece porque aprendem intuitivamente maneiras de driblar os sintomas. s vezes com o tratamento adequado h melhora na qualidade de vida destas crianas e adolescentes e diminuio da sensao interna de inquietude (sensao de bicho-carpinteiro por dentro).

    Se as dificuldades de aprendizagem aparecem em funo do TDAH, quais

    seriam estas dificuldades? Este foi o questionamento feito aos professores

    pesquisados, cujos dados aparecem no quadro 7.

    CATEGORIA DESCRIO FREQUNCIA PERCENTUAL

    Desateno No consegue se

    concentrar nas atividades

    14 68%

    Impulsividade Agem sem pensar 2 9%

    Dislexia Apresenta dificuldade na

    escrita e na leitura

    2 9%

    Discalculia Apresenta dificuldades em

    clculos

    2 9%

  • 36

    Baixa auto-

    estima

    Sente-se inferior aos

    colegas

    1 5%

    TOTAL 21

    Quadro 07: Dificuldades de aprendizagem relacionadas com o TDAH Fonte: Pesquisa realizada em 2012.

    O quadro acima, que mostra as dificuldades de aprendizagem, apresenta um

    nmero superior ao dos entrevistados. Isto se justifica pelo fato dos profissionais

    pesquisados terem respondido a mais de uma categoria de resposta.

    A grande maioria dos entrevistados, 68%, coloca a desateno como uma

    dificuldade de aprendizagem relacionada com o TDAH. Isto prova a necessidade

    urgente de melhorar a prtica docente, buscando novas formas de ensinar.

    A desateno caracteriza um dos trs tipos de TDAH. Os portadores deste

    tipo de TDAH tm muitos sintomas de desateno, pelo menos seis da lista de

    sintomas do grupo de desateno, como j falamos no captulo anterior.

    Diante das dificuldades apresentadas pelo portador de TDAH, seja

    desateno, hiperatividade/impulsividade, ou combinado, a funo de educar est

    cada vez complexa. Buscar meios para vencer as dificuldades passa a ser um

    desafio para o professor.

    De acordo com Escott, ( 2004, p. 66):

    Para o campo terico da Psicopedagogia, a dificuldade de aprendizagem pode ser entendida como o sintoma de uma dinmica de relaes entre o sujeito que no aprende e o meio familiar e social em que vive, onde esse no aprender tem um significado.

    Ainda segundo a mesma autora, pode-se entender que:

    O desafio que se coloca escola, em relao preveno das dificuldades de aprendizagem, o de criar um espao onde a criana tenha um bom ambiente para a construo do conhecimento, um local que lhe d condies de interagir com uma diversidade de materiais e com o grupo de pares. Um espao que ouse inovar atravs de uma nova didtica que atenda a cada aluno e a todos.

    Entender a respeito dos transtornos mentais e das dificuldades de

    aprendizagem melhorar consideravelmente a prtica docente.

  • 37

    Conforme Campos, (2003, volume 75, p. 226);

    O mundo para o paciente com TDAH de interpretao complexa, no qual ele sente dificuldade em ser inserido. Sua agitao motora e impulsividade, ateno no-direcionada e a desconcentrao fazem com que se perca num mundo de estmulos auditivos, visuais, sensoriais, entre outros. Provavelmente, seu pensamento e raciocnio sofrero a contaminao dessas aferncias do mundo interno e externo, dificultando suas atividades intelectuais e, potencialmente, seu aprendizado.

    O portador de TDAH precisa de pessoas dispostas a auxiliar no seu

    desenvolvimento, uma vez que sozinho no conseguir progredir. Saber de que

    forma cada profissional prestar este auxlio o ponto de partida para iniciar

    qualquer tratamento.

    ROHDE (2003, p. 108) refora sobre como podem ser estas dificuldades de

    aprendizagem, ou seja:

    As dificuldades de aprendizagem podem ser naturais (de percurso) ou secundrias a determinadas patologias. As dificuldades naturais (de percurso) consistem em oscilaes no rendimento escolar relacionadas a aspectos evolutivos do aluno ou decorrentes de metodologia inadequada, de padres de exigncia da escola, de falta de assiduidade do aluno de conflitos familiares eventuais. [...] J nas dificuldades secundrias, as alteraes de aprendizagem so consequncia de outros quadros que podem ser detectados e que atuam primariamente sobre o desenvolvimento humano normal e secundariamente sobre as aprendizagens especficas. Nessa categoria esto includos os portadores de deficincia mental, sensorial, e aqueles com quadros neurolgicos mais graves ou com transtornos emocionais significativos.

    Diante destas conceituaes fica claro que nem todo indivduo que apresenta

    dificuldades de aprendizagem, necessariamente portador de TDAH ou de outros

    transtornos.

    Melhorar a prtica docente significa melhorar a forma de ensinar. Esta uma

    tarefa que compete escola como um todo e no somente ao professor. Como seria

    a prtica em sala de aula com as crianas com TDAH? Estes dados so

    encontrados no quadro 8 que est na sequncia.

  • 38

    CATEGORIA FREQUNCIA PERCENTUAL

    Desenvolver atividades breves, com

    explicao clara e objetiva, fazendo

    uso de agendas, listas de tarefas.

    7 26%

    Estabelecer vnculo afetivo com a

    criana, conversando e elogiando.

    5 19%

    Elaborar estratgias juntamente

    com a psicloga e psicopedagogo,

    tornando a aula mais motivada.

    4 15%

    Atender a criana de maneira

    diferenciada, criando desafios por

    meio de jogos, posicionando a

    criana mais prxima do professor.

    4 15%

    Buscar mtodos eficientes para

    ensinar, fazendo uso de materiais

    ldicos.

    3 11%

    Conhecer o aluno em suas

    dificuldades e habilidades

    Identificando o problema,

    comunicando a coordenao

    escolar, esclarecendo os pais e

    encaminhando para o especialista

    adequado.

    3 11%

    No respondeu 1 3%

    TOTAL 27 100%

    Quadro 08: Prticas em sala de aula com as crianas com TDAH. Fonte: Pesquisa realizada em agosto de 2012.

    O quadro acima apresenta como devem ser as prticas em sala de aula com

    as crianas com TDAH, mostrando no item frequncia um nmero superior ao dos

  • 39

    entrevistados. Isto se justifica pelo fato dos profissionais pesquisados terem

    respondido a mais de uma categoria de resposta.

    Embora a alternativa que traz o desenvolvimento de atividades breves, com

    explicao clara e objetiva, fazendo uso de agendas, listas de tarefas ter recebido

    um percentual maior que as demais, fica evidente que todas as outras so

    importantes.

    Desenvolver atividades breves faz parte da metodologia adequada para casos

    de alunos portadores de TDAH.

    Rohde, (2003, p. 207) afirma que:

    A opo metodolgica dever favorecer a atividade do aluno, preparando o trabalho de forma simples, sendo este mais estruturado e com maior nmero de instrues possveis; facilitar a execuo, utilizando todos os tipos de recursos didticos, a fim de se criarem estratgias necessrias organizao e ao desenvolvimento da tarefa; e aumentar o grau de comunicao com o aluno, detectando-se as dificuldades e o tipo de ajuda que necessita.

    Pensar a sala de aula, bem como planejar a aula precisa ser uma

    preocupao para o professor. Depende dele, desenvolver atividades que possam

    contribuir com o desenvolvimento das crianas, em especial os portadores de TDAH.

    Segundo Crio, 2008, p. 38, uma educao baseada no afeto gera frutos

    promissores.

    Desta forma constata-se que o contexto de sala de aula precisa ser repleto de

    afetividade e respeito mtuo. O portador de TDAH deve encontrar na sala de aula

    um ambiente propcio a sua aprendizagem e isto passa, sem dvida alguma, pelo

    vnculo afetivo.

    Segundo Rohde, (2003, p. 206):

    Compreendemos, ento, que o aluno com TDAH impulsiona o professor a uma constante reflexo sobre sua atuao pedaggica, obrigando-o a uma flexibilizao constante para adaptar seu ensino ao estilo de aprendizagem do aluno, atendendo, assim, as suas necessidades educacionais individuais.

    O professor no pode atender a todos os alunos da mesma forma, sem

    respeitar as necessidades de cada um. Sabe-se que na prtica, isto se torna algo

    difcil de ser realizado, mas no impossvel. Cabe ao professor e a estrutura escolar

  • 40

    fazer o que lhe compete, enquanto instituio de ensino.

    Rohde, 2003, p. 217 acrescenta que:

    A presena de professores compreensivos e que dominem o conhecimento a respeito do transtorno, a disponibilidade de sistemas de apoio e oportunidades para se engajar em atividades que conduzem ao sucesso na sala de aula so imperativas para que um aluno com TDAH possa desenvolver todo o seu potencial.

    inegvel o papel importantssimo do professor em todo o processo

    educacional. Papel este que deve ser desempenhado com muita responsabilidade e

    comprometimento.

    CATEGORIA FREQUNCIA PERCENTUAL

    Sim 15 88%

    No 1 6%

    No informou 1 6%

    TOTAL 17 100%

    Quadro 09: Conhece a atuao do Psicopedagogo Fonte: Pesquisa realizada em agosto de 2012

    Diante do dado obtido quanto a atuao do psicopedagogo, 88% dos

    pesquisados afirmam ter conhecimento da atuao deste profissional.

    A maioria dos entrevistados conhece a atuao do Psicopedagogo. Isto

    muito significativo, partindo da ideia que a atuao do psicopedagogo recente e

    busca fortalecimento profissional.

    De acordo com Bossa (2011, p. 45):

    A aprendizagem, afinal, responsvel pela insero da pessoa no mundo da cultura. Mediante a aprendizagem, o indivduo se incorpora ao mundo cultural, com uma participao ativa, ao se apropriar de conhecimentos e tcnicas, construindo em sua interioridade um universo de representaes simblicas.

    E qual o papel do psicopedagogo? Qual sua preocupao? Onde atua?

  • 41

    Bossa (2011, p. 48) deixa claro que:

    Historicamente, a Psicopedagogia nasceu para atender patologia da aprendizagem, mas ela tem voltado cada vez mais para uma ao preventiva, acreditando que muitas das dificuldades se devem inadequada Pedagogia institucional e familiar. A proposta da Psicopedagogia, em uma ao preventiva, adotar uma postura crtica diante do fracasso escolar, em uma concepo mais totalizante, visando propor novas alternativas de ao voltadas para a melhoria da prtica pedaggica nas escolas.

    Faz-se importante ressaltar que a psicopedagogia se divide em duas reas de

    atuao: institucional e clnica. Enquanto a psicopedagogia institucional preocupa-se

    mais com a preveno das dificuldades de aprendizagem, a psicopedagogia clnica

    objetiva contribuir para a soluo dos problemas de aprendizagem, colaborando

    desta forma para plenitude do sujeito em questo.

    Segundo Escott, (2004, p. 27):

    Esse lugar ocupado pela Psicopedagogia e que lhe constitui uma identidade o espao do estudo e interveno dos processos de aprendizagem e define como objetivo central da ao do psicopedagogo o resgate e a identificao do sujeito com o conhecimento, com o prazer e a possibilidade de aprender.

    Com relao a psicopedagogia clnica, duas etapas so importantes: o

    diagnstico e a interveno. No diagnstico, o psicopedagogo desenvolve todas as

    atividades para entender como o sujeito aprende e as suas dificuldades. A

    interveno se constitui num processo dialtico entre os nveis constitutivos do

    sujeito, levando em conta que na interveno precisa-se no somente da

    interveno do psicopedagogo, mas sim da escola, do professor, da famlia e se,

    necessrio, de outros profissionais.

    Escott, ( 2004, p. 30) deixa claro que:

    O processo de diagnstico, na clnica psicopedaggica, entendido como processo permanente e no apenas inicial da relao teraputica, pois, na interao e interveno do psicopedagogo com o sujeito da ajuda, as prprias alteraes advindas desse processo

  • 42

    so objeto de estudo e compreenso. S assim poder o psicopedagogo entender como e o que o sujeito aprende, porque no aprende, os significados ali atribudos ao aprender e ao no aprender e qual a dimenso da interveno psicopedaggica como resgate do sujeito para a aprendizagem.

    Somente aps o diagnstico, o psicopedagogo poder traar seu plano de

    interveno. Como j foi dito anteriormente, a interveno envolve no s o

    psicopedagogo, mas sim a trade, paciente, escola e famlia.

    O psicopedagogo utiliza-se de autores como Sara Pan, Jorge Visca, entre

    outros, como forma de orientar o diagnstico.

    Segundo Escott (2004, p. 30):

    De acordo com esses autores, no diagnstico psicopedaggico, o primeiro contato da famlia como psicopedagogo representa o pedido de ajuda no s para o sujeito que no aprende, mas traz implicitamente a necessidade de ajuda para o grupo familiar como tambm para a instituio escolar onde o sintoma da no-aprendizagem vem-se manifestando. [...] Nesse espao, o paciente percebido como situao familiar que necessita de ajuda, pois se investiga este sujeito includo num contexto biopsicossocial, considerando a no aprendizagem como sintoma da dinmica familiar na inter-relao entre inmeros fatores, que institui a esse fracasso um significado.

    Partindo desta ideia, entende-se que a escuta de suma importncia para

    todas as anlises que definiro o diagnstico, e posteriormente a interveno. No

    diagnstico estar definida a modalidade de aprendizagem do sujeito.

    No processo de desenvolvimento do sujeito, importante verificar como as

    pessoas envolvidas com o mesmo lidaram com as situaes de aprendizagem nos

    diferentes estgios do desenvolvimento, bem como a forma com que vivenciaram

    tais experincias. Com base nestas informaes e muitas outras, o psicopedagogo

    identificar a modalidade de aprendizagem do sujeito em questo.

    Segundo Escott (2004, p. 32):

    [...] Na modalidade hipoassimilativa, o sujeito apresenta esquemas empobrecidos, tendo dificuldades de coorden-los. As capacidades ldica e criativa tambm so prejudicadas. Na modalidade hiperassimilativa, pelo contrrio, existe um predomnio ldico com a internalizao prematura dos esquemas, o que prejudica a antecipao e desrealizao do pensamento do sujeito. Na modalidade hipoacomodativa, observa-se que o ritmo da criana no foi respeitado e o sujeito tem necessidade em repetir

  • 43

    sistematicamente a mesma experincia. Na modalidade hiperacomodativa, houve uma superestimulao da imitao, sendo que o sujeito cumpre as tarefas solicitadas, mas no dispe de expectativas prprias. Todas essas modalidades de aprendizagem representam uma alterao na relao do sujeito com o objeto do conhecimento, pois de acordo com a teoria piagetiana, a adaptao inteligente representa a equilibrao entre os processos de assimilao e acomodao.

    Identificando a modalidade de aprendizagem do sujeito, o psicopedagogo

    consegue definir o caminho a ser seguido. A partir dos dados levantados no

    diagnstico e confrontados com o funcionamento do modelo de aprendizagem do

    sujeito, conforme as modalidades j explicitadas, fica mais fcil desenvolver o plano

    de interveno.

    Para finalizar, Escott (2004, p. 34) afirma que:

    Desse modo, a interveno psicopedaggica , sobretudo, a organizao da ao e de um espao objetivo e subjetivo, que favorea a reconstruo dos aspectos cognitivos do sujeito e do vnculo com a aprendizagem, atravs do jogo, da brincadeira, do desenho, da dramatizao e da busca prazerosa do aprender a aprender.

    A aprendizagem algo incrvel quando de forma prazerosa, gerando

    satisfao e alegria. O psicopedagogo pode contribuir muito com o processo de

    aprendizagem do sujeito. Com relao a esta questo, foi questionado com relao

    a contribuio do psicopedagogo em um caso de TDAH.

    No quadro 10, pergunta-se se o psicopedagogo pode contribuir em um caso

    de TDAH.

    CATEGORIA FREQUENCIA PERCENTUAL

    Sim 17 100%

    No 0 0%

    TOTAL 17 100%

    Quadro 10: O Psicopedagogo pode contribuir em um caso de TDAH Fonte: Pesquisa realizada em agosto de 2012.

    Com relao ao psicopedagogo contribuir com os portadores de TDAH, 100%

  • 44

    dos pesquisados afirmam que este profissional pode contribuir nesta situao.

    Conforme Campos e colaboradores, (2007, volume 75, p. 226):

    Para que ocorra uma verdadeira mudana na forma de se fazer educao, profissionais, como o psicopedagogo, devero interagir intencionalmente como facilitadores da aprendizagem. No momento que estes profissionais tiverem mecanismos de entendimento e interferncia com o processo individual de aprendizagem, dificuldades encontradas pelas crianas portadoras de TDAH sero avaliadas de forma mais coerente, e se deixar de responsabilizar o prprio paciente pelo fracasso escolar.

    O psicopedagogo pode contribuir para melhorar as dificuldades de

    aprendizagem apresentadas pelo portador de TDAH.

    Escott, 2004, p. 38 (apud Bossa 1994), deixa claro que:

    Assim, a psicopedagogia pode contribuir com uma ao preventiva no que se refere s dificuldades de aprendizagem em trs nveis distintos (BOSSA, 1994): incidindo sobre as questes didtico-pedaggica e, consequentemente, na formao de professores, contribuindo, assim, para a diminuio das dificuldades de aprendizagem; organizando um diagnstico institucional de forma a revisar os currculos, diminuindo os problemas de aprendizagem j instalados, criando formas de interveno mais adequadas; e, por fim, eliminando as dificuldades j instaladas com atendimento clnico.

    O Psicopedagogo pode contribuir na aprendizagem dos indivduos e

    consequentemente no seu desenvolvimento.

    De acordo com Campos e colaboradores, (2007, volume 75, p. 219):

    Especialistas que atuam nessa rea so unnimes em ressaltar que o tratamento realizado mediante o acompanhamento interdisciplinar, associado ou no a terapia medicamentosa, tem sido o ideal. Assim a Psicopedagogia, especialidade que tem como objeto de estudo o processo de aprendizagem e, mais especificamente, o aprendiz e suas relaes nos ditos processos, pode e deve gerar recursos que promovam uma melhor resilincia e indicar caminhos para avaliaes e enfoques teraputicos especficos.

    imprescindvel a discusso com profissionais de reas afins, bem como a

    necessidade de conhecimento e integrao destas reas.

    Quanto a atuao do Psicopedagogo, Rohde (2003, p. 113) deixa claro que

    cabe ao profissional reconhecer os limites de sua atuao, estabelecer prioridades e

    fazer os encaminhamentos adequados.

  • 45

    No quadro 11 foi questionado como o psicopedagogo poderia melhorar o

    desempenho de uma criana com TDAH em sala de aula.

    CATEGORIA FREQUNCIA PERCENTUAL

    Auxiliando o professor sobre a melhor

    forma de trabalhar, sugerindo metodologia

    especfica para minimizar o problema e

    promovendo atividades diferenciadas.

    8 28%

    Respeitando o nvel de aprendizado da

    criana, atuando sobre a dificuldade

    escolar apresentada.

    5 17%

    Trabalhando junto com a famlia e a

    escola

    5 17%

    Desenvolvendo atividades que trabalhem

    a concentrao, motivao e abstrao,

    reforando o contedo.

    4 14%

    Atuando juntamente com outros

    profissionais, diagnosticando a dificuldade

    apresentada.

    3 11%

    Intervindo de forma teraputica, preventiva

    e de incluso social

    2 7%

    Encaminhando para profissional

    especializado

    1 3%

    Aplicando os conhecimentos da Psicologia 1 3%

    TOTAL 29 100%

    Quadro 11: O Psicopedagogo poderia melhorar o desempenho de uma criana portadora de TDAH. Fonte: Pesquisa realizada em agosto de 2012.

    O quadro acima mostra de que forma o psicopedagogo poderia melhorar o

    desempenho de uma criana com TDAH. No item frequncia consta um nmero

    superior ao dos entrevistados. Isto se justifica pelo fato dos profissionais

    pesquisados terem respondido a mais de uma categoria de resposta.

    De acordo com o resultado apresentado, 28% dos pesquisados coloca que o

  • 46

    Psicopedagogo pode melhorar o desempenho de uma criana com TDAH,

    auxiliando o professor sobre a melhor forma de trabalhar. Isto facilitaria e muito a

    atuao do professor, pois muitos conhecimentos especficos da rea do TDAH nem

    sempre esto presentes na atuao do professor.

    Conforme Escott (2004, p. 36) a instituio escolar um espao de

    construo do conhecimento no s para a o aluno, mas para todos nele envolvidos.

    Faz-se necessrio um planejamento das aes escolares. Pensar o ensino e

    a aprendizagem deve fazer parte da atuao do professor.

    Ainda segundo a mesma autora, (2004, p. 40):

    Assim o planejamento da interveno psicopedaggica na escola deve, a partir das fraturas e necessidades expressas pelos sujeitos professores, alunos e pais-,bem como as possibilidades da escola e do prprio psicopedagogo, viabilizar, atravs de tcnicas, discusses, reunies, sensibilizao e inmeras atividades, o resgate e a ressignificao da relao com o aprender.

    A escola precisa pensar a prtica pedaggica numa dialtica constante entre

    a teoria e a prtica, entre o ensinar e aprender de forma prazerosa.

    Do pblico pesquisado, 17% mencionam sobre o saber respeitar o nvel da

    criana, trabalhando junto com a famlia e a escola. O trabalho do psicopedagogo

    no pode estar dissociado da famlia e da escola.

    De acordo com Chraim, (2009. p. 20):

    a partir da famlia que a criana comea sua histria no Universo. Aos poucos, vai tomando conscincia do Corpo, do prprio Universo e do Espao que ocupa nele. [...] A famlia a sua primeira sociedade, nela que a criana comea a ter seus primeiros contatos com a convivncia humana. A base familiar representa um porto que precisa ser seguro, capaz de transformar essa criana em um Ser Humano, cada vez mais confiante e encorajado, podendo contar com os adultos sua volta.

    Sem dvida alguma a famlia exerce um papel primordial no desenvolvimento

    da criana. Pode-se dizer que a base familiar a base de toda uma vida.

    Outro dado relevante e que vale a pena ser destacado e que 14% dos

    entrevistados, cita o desenvolvimento de atividades que trabalhem a concentrao,

    motivao e abstrao, reforando o contedo.

  • 47

    De acordo com Rohde ( 2003, p. 208 ):

    Prope-se uma organizao que seja dinmica e flexvel, que facilite o processo ensino-aprendizagem e a participao ativa de todos os envolvidos nesse processo. Arrumar a sala de modo a haver bom senso e boa visibilidade para todos, evitando-se que as carteiras sejam sempre as mesmas para todos, utilizando-se do mesmo livro, no mesmo momento. Quando o professor escolhe os grupos de trabalho, a disposio do espao, do tempo e dos mveis, deve ter em mente as necessidades especficas desses alunos, de modo que favorea, ao mximo, sua participao total na dinmica da aula.

    No tarefa fcil planejar o ensino visando a aprendizagem dos portadores

    de TDAH. Depende do comprometimento dos profissionais envolvidos para que

    ocorra progressos considerveis.

    Para Rohde (2003, p. 210):

    Deve-se tomar um cuidado especial na graduao de dificuldade das atividades, evitando dar grandes saltos de problemas fceis para muito difceis. O contedo deve ser dado passo a passo. Alternar as atividades mais brilhantes com as menos interessantes, evitar tarefas montonas e repetitivas. Dar retorno constante e imediato. Incentivar a leitura em voz alta, recontar histrias, falar por tpicos, ajudando a organizar idias.

    Faz-se necessrio pensar a prtica pedaggica de forma a atender a todos os

    alunos, inclusive os portadores de TDAH. O professor necessita supervisionar e

    acompanhar as atividades destes alunos, proporcionando oportunidades para

    movimentao dentro da sala e durante as atividades.

    Vale destacar que 11% dos pesquisados cita a atuao com outros

    profissionais, diagnosticando a dificuldade apresentada.

    Nunca se falou tanto no trabalho interdisciplinar como atualmente. Os

    conhecimentos das diversas reas de formao precisam somar-se num mesmo

    objetivo, que o desenvolvimento e a aprendizagem do sujeito.

    Para finalizar esta questo, apenas 3% dos pesquisados fala a respeito da

    interveno teraputica, preventiva e de incluso social.

    Sabe-se da importncia da interveno teraputica, preventiva e de incluso

    social. Como j foi mencionada anteriormente, a interveno psicopedaggica pode

    ser desenvolvida em duas reas: institucional e clnica. Em ambas as situaes

    prima-se pela incluso social, ou seja, todos precisam ter acesso ao conhecimento,

  • 48

    a aprendizagem.

    Rohde (2003, p. 217) afirma que:

    A presena de professores compreensivos e que dominem o conhecimento a respeito do transtorno, a disponibilidade de sistema de apoio e oportunidades para se engajar em atividades que conduzem ao sucesso na sala de aula so imperativas para que um aluno com TDAH possa desenvolver todo o seu potencial .

    Enfim, cada profissional envolvido no processo educacional precisa

    desempenhar a sua funo da melhor forma possvel. Muito se pode fazer pelos

    sujeitos com dificuldades de aprendizagem.

    Os profissionais da educao precisam estar receptivos a contribuio dada

    por outros profissionais, unindo sempre conhecimento, desejo de mudana e muito

    amor pela profisso.

  • 49

    CONSIDERAES FINAIS

    A presente pesquisa foi relevante para a atuao dos profissionais

    relacionados com a aprendizagem, dentre eles o professor e o psicopedagogo.

    Constatou-se que todos os professores pesquisados j ouviram falar em

    TDAH, sendo que 65% j tiveram algum caso em sua escola. Fica claro a partir das

    consideraes feitas pelos entrevistados, que a prtica do professor precisa ser

    diferenciada, diversificada para atender as especificidades de cada caso.

    Diante dos questionamentos feitos constatou-se tambm que 88% dos

    professores conhecem a atuao do psicopedagogo e que 100% reconhecem a sua

    contribuio nos casos de crianas com TDAH.

    Fica claro que a pesquisa atendeu aos objetivos propostos, sendo que servir

    como ponto de partida para outros estudos, pois o aprender hoje um grande

    desafio para todo ser humano. Aprender com prazer e alegria.

    Sabe-se que na escola as dificuldades so facilmente diagnosticadas, ou

    seja, identificada sua existncia, porm no, o tipo. Constata-se que a criana

    apresenta dificuldades no aprender, no entanto, difcil para o professor identificar o

    que est causando esta dificuldade.

    Acreditar que o sujeito pode aprender o primeiro passo para que a

    aprendizagem acontea. Depois buscar ajuda dos profissionais adequados para

    cada situao. Sabe-se que no fcil, mas quem disse que aprender fcil?

    Aprender exige disciplina, vontade, interesse, determinao de todas as

    partes envolvidas no processo ensino e aprendizagem. Faz- se importante

    acrescentar a importante participao da famlia, pois a aprendizagem no acontece

    somente na escola.

    A famlia exerce um papel importante na formao do sujeito e precisa ser

    parceira da escola nesta trajetria. O sujeito precisa encontrar na famlia incentivo,

    apoio, exemplos e principalmente amor.

    Cada realidade possui obstculos a serem enfrentados. A realidade das

    escolas pesquisadas com certeza deve ter as duas dificuldades: famlias alheias ao

    processo de ensino e aprendizagem, crianas sem incentivo para aprender, muitas

    vezes, sofrendo caladas, por no aprender.

    A pesquisa trata da contribuio do Psicopedagogo nos casos de portadores

  • 50

    de TDAH. Acredita-se que a contribuio deste profissional seja de extrema

    importncia em qualquer situao de dificuldades de aprendizagem.

    Percebeu-se durante a aplicao dos questionrios que os professores e

    demais profissionais da educao envolvidos, apresentaram resistncia no

    preenchimento e devoluo do instrumento, sendo que pelo baixo nmero de

    questionrios devolvidos para a pesquisadora, houve a necessidade de incluir mais

    uma escola.

    Acredita-se que vale uma reflexo a respeito. Qual o motivo do no interesse

    pelo preenchimento? Medo? Descaso? Desinteresse? Falta de compromisso?

    Talvez tudo isto, talvez nada disto.

    Vale pensar que estes profissionais esto na sala de aula diariamente com os

    sujeitos aprendentes. Ser que a situao se repete? Acredita-se que no, pois a

    aprendizagem precisa acontecer em um ambiente favorvel e isto inclui profissionais

    com formao, mas acima de tudo, com vontade, compromisso, coragem, interesse

    em fazer uma educao diferente.

    Os portadores de TDAH exigem do professor maior disponibilidade, pacincia

    e acima de tudo muito amor. Sabe-se que em uma sala de aula com crianas

    diferentes, com suas especificidades, no fcil. Mas se aprender no fcil,

    acredita-se que ensinar tambm no o .

    O professor precisa estar aberto para receber ajuda de outros profissionais,

    s assim conseguir fazer um trabalho pautado na interdisciplinaridade, com

    competncia e comprometimento.

    O Psicopedagogo constitui-se em um profissional importante no processo de

    ensino e aprendizagem, um grande colaborador que deve atuar junto com a escola,

    professores e famlia.

  • 51

    REFERNCIAS BIBLIOGRAFICAS

    ROHDE, Luis Augusto P. Transtorno de dficit de ateno-hiperatividade: o que Como ajudar Luis Augusto Rohde; Edyleine B P Benczik. Porto Alegre: Artmed, 1999. MATTOS, Paulo No mundo da Lua: Perguntas e respostas sobre transtorno do dficit de ateno com hiperatividade em crianas, adolescentes e adultos. So Paulo: Lemos Editorial, 2003. ROHDE, Luis Augusto Princpios e prticas em transtorno de dficit de ateno/hiperatividade. Luis. Augusto Rohde e Paulo Mattos [ et al]. Porto Alegre: Artmed, 2003. Transtorno de dficit de ateno/hiperatividade: Manual para diagnstico e tratamento/Russell A. Barkley (org); Arthur D. Anastopoulos. [et al.]; traduo Ronaldo Cataldo Costa 3. Ed. Porto Alegre: Artmed, 2008, 784 p.; 25 cm. Psicopedagogia : Revista da Associao Brasileira de Psicopedagogia/Associao BrasileiraDe Psicopedagogia Vol. 10, n 21 (1991). So Paulo: ABPp, 1991. CIASCA, SM. Diagnstico dos distrbios de aprendizagem em crianas: anlise de uma prtica interdisciplinar [ Dissertao de Mestrado ]. So Paulo: Instituto de Psicologia, Universidade de So Paulo, 1991. BOSSA, Nadia Aparecida : A Psicopedagogia no Brasil: contribuies a partir da prtica/ Nadia A. Bossa.- 4. Ed.- Rio de Janeiro: Wak Editora, 2011, 248p; 23cm. Psicopedagogia: Revista da Associao de Psicopedagogia/ Associao Brasileira de Psicopedagogia , n. 75, 2007. ESCOTT, Clarice Monteiro. Interfaces entre a Psicopedagogia Clnica e Institucional: um olhar e uma escuta na ao preventiva das dificuldades de aprendizagem. Novo Hamburgo: Feevale, 2004. CRIO, Rosngela Rosa. Transtorno de dficit de ateno/hiperatividade: propostas para pais e professores. 1. Ed. So Paulo: Vetor, 2008. Chraim, Albertina de Mattos. Famlia e escola: a arte de aprender para ensinar. Rio de Janeiro: Wak Ed. 2009.

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    ANEXOS

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    ANEXO A QUESTIONRIO

    CENTRO UNIVERSITRIO BARRIGA VERDE UNIBAVE CURSO DE ESPECIALIZAO EM PSICOPEDAGOGIA CLNICA E

    INSTITUCIONAL

    O presente questionrio tem por objetivo buscar informaes para fundamentar a pesquisa proposta.

    Agradeo sua disponibilidade no preenchimento do mesmo, contribuindo de forma significativa para o desenvolvimento da pesquisa. Att Rosilane Damazio Cachoeira Acadmica do Curso de Psicopedagogia Clnica e Institucional

    DADOS PESSOAIS Idade: ______________________________ Sexo: ______________________________ Tempo de atuao docente: ________________________________ rea de Formao: ______________________________________________ Disciplinas que leciona: ___________________________________________ 01 Voc j ouviu falar em TDAH, Transtorno de Dficit de Ateno e Hiperatividade? ( ) Sim; ( ) No. 02 J teve ou tem algum caso diagnosticado em sua classe ou em sua escola? ( ) Sim; ( ) No. 03 Quais as manifestaes do aluno que apresenta TDAH? 04 Qual encaminhamento a ser feito quando se suspeita de um caso de TDAH? 05 O aluno que apresenta TDAH tem dificuldades de aprendizagem? ( ) Sim; ( ) No; ( ) Talvez.

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    06 Caso a resposta tenha sido sim ou talvez, quais seriam as dificuldades de aprendizagem mais comuns relacionadas com o TDAH? 07 Como seria a sua prtica em sala de aula com crianas que apresentam TDAH? 08 Voc conhece a atuao do Psicopedagogo? ( ) Sim; ( ) No. 09 O que caracteriza a atuao do Psicopedagogo? 10 O psicopedagogo pode contribuir em um caso de TDAH? ( ) Sim; ( ) No. 11 Caso sua resposta tenha sido sim, como o psicopedagogo poderia contribuir para melhorar o desempenho de uma criana que apresenta o TDAH em sala de aula?