A LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ NA JUSTIÇA DO TRABALHO

Verifica-se que a litigância de má-fé está presente timidamente na seara trabalhista, quiçá pela ausência de dispositivo na CLT, contudo, apesar de presente no mesmo diploma legal o art. 769, que autoriza a utilização de normas do processo comum, é raro sua aplicação nesta justiça especializada.

Ora, as partes tem dever de lisura, honestidade, principalmente com relação ao juízo, pois ao não obedecer tais princípios, negaria os princípios da boa-fé e da verdade dos fatos, princípios estes balizadores da justiça e como preconiza Plá RODRIGUEZ: “Sem esse componente, a maioria das normas jurídicas perde seu sentido e seu significado”1.

É com isso em mente que se observa a acuidade que devemos ter para com o processo trabalhista, já que não há espaço, nesta justiça para lides temerárias e procedimentos que impeçam sua a celeridade.

Outrossim, existe o Projeto de Lei 7769/2010, de autoria da Deputada Federal, Gorete Pereira - PR/CE,2 que está aguardando deliberação na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC), sobre o mesmo tema. O Projeto de Lei em apreço acrescenta dispositivos à Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, dispondo sobre a responsabilidade das partes e de seus procuradores por litigância de má-fé.

Entretanto, enquanto não se aprova o Projeto de Lei, constatamos que nas varas do trabalho, a punição por litigância de má-fé é praticamente inexistente, mesmo após os reclamantes pleitearem verbas que nunca fizeram jus e, narrarem fatos muito distantes da realidade havida entre as partes ou mesmo aplicando procedimentos que impedem a celeridade processual.

1 RODRIGUEZ, Américo Plá. Princípios de Direito do Trabalho. São Paulo: LTr, tradução de Wagner Giglio – Universidade de São Paulo, 1993. p. 273

2 Link: http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=484852;