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CAPÍTULO 3: OS ESCRITÓRIOS DA IBM
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3.3 PADRÕES DE ESPAÇO E CONCEITOS DE OCUPAÇÃO
As filiais brasileiras sempre importaram padrões de espaço e de ocupação já
estudados nos escritórios da sede norte-americana. No Brasil foram padronizados alguns
conceitos de organização de espaço, tipos de acabamento e padrões de mobiliário. Mesmo
quando esses conceitos são parcialmente adaptados para o Brasil, são necessárias
revisões com a sede norte-americana dos projetos para determinados ambientes chamados
de públicos – como restaurantes, lobby e auditórios –, a fim de garantir a qualidade do
ambiente projetado mundialmente e, de certa forma, manter a disseminação da cultura da
empresa.
Os profissionais responsáveis pelo planejamento dos seus escritórios da empresa
em qualquer parte do mundo devem garantir que os escritórios sejam executados seguindo
as normas corporativas para planejamento de espaços, além das normas específicas de
cada região. Sempre que há conflito entre normas locais e corporativas, é preciso analisar o
item planejado e seguir a norma mais restritiva.
O primeiro e principal padrão de espaço que a empresa exige são que seus
escritórios tenham layout open office, que sejam utilizadas estações de trabalho de
mobiliário integrado. Veremos mais à frente detalhes sobre as estações de trabalho.
Entre as normas corporativas vamos destacar o regulamento norte-americano
chamado NFPA101: National Fire Protection Association number 101 (Associação Nacional
de Proteção ao Incêndio número 101). Este regulamento é bastante complexo e rigoroso
com relação às dimensões do espaço planejado e tem como objetivo diminuir os riscos de
segurança física nos ambientes de trabalho. Não vamos detalhá-lo, mas observaremos duas
características importantes para a padronização do espaço.
A primeira é que qualquer espaço que a empresa considere bom para a instalação
de seus escritórios deve obrigatoriamente ter duas saídas de emergência, não importando
se o espaço é próprio ou alugado, qual é a altura do pavimento em que o escritório está
instalado, se será um ou mais pavimentos a serem ocupados, ou o tempo de permanência
naquele espaço. Cada saída de emergência deve ter ligação direta com uma escada de
emergência, à qual, obrigatoriamente, deverá ter acesso a uma área pública; elas devem ser
opostas e estarem em uma distância mínima que é analisada caso a caso.
A segunda é a dimensão mínima da largura das circulações. As circulações de rota
de fuga, consideradas as principais dos escritórios e que dão acesso às saídas de
emergência, devem possuir largura mínima igual a 1.40m. As circulações secundárias,
CAPÍTULO 3: OS ESCRITÓRIOS DA IBM
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localizadas entre as rotas de fuga e as circulações das estações de trabalho, devem ter
largura mínima de 1,20m. As circulações entre estações de trabalho devem ter largura
mínima de 0,935m – entre estações de funcionários em formato de “L” ou entre estações de
gerentes – ou de 2m – entre estações de funcionários em formato retangular, onde a cadeira
de dois profissionais fique de costas uma para a outra.
Podemos observar no desenho a seguir a indicação dessas circulações do edifício
da IBM Tutóia, onde as áreas em amarelo são as circulações de rota de fuga, e em laranja,
as circulações secundárias. A localização dessas circulações é baseada no conceito de
planejamento do espaço de escritórios no edifício, onde:
1. as áreas próximas às janelas, em vermelho, são destinadas a estações de trabalho
de gerente (prioritariamente) ou a estações de trabalho de funcionários;
2. as áreas atrás das caixas de elevadores, tanto no interior quanto na fachada, são
destinadas às salas fechadas (reuniões, salas de apoio, salas executivas etc.);
3. as áreas do miolo do pavimento em verde são destinadas às estações de trabalho de
funcionários (prioritariamente) ou demais locais de apoio em open office.
Layout indicativo das circulações em áreas de escritório
Fonte: Desenho da autora
Algumas importantes normas corporativas de padronização de espaço, adaptadas ou
simplesmente implantadas no Brasil, referem-se aos materiais de acabamento que devem
CAPÍTULO 3: OS ESCRITÓRIOS DA IBM
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ser instalados em cada tipo de ambiente de trabalho. Do final do século passado até hoje, a
velocidade de transmissão de informações e a facilidade de importar produtos permitiram
que alguns produtos como carpete e cadeiras, que interferem diretamente na acústica e
ergonomia do local de trabalho, fossem padronizados mundialmente. Em qualquer escritório
da IBM no Brasil hoje existem as mesmas cadeiras e o mesmo carpete, iguais e dos
mesmos fabricantes das cadeiras e do carpete dos escritórios da IBM nos Estados Unidos e
nos demais países da América Latina. O que diferencia esses escritórios entre si são as
cores, os desenhos de acabamento dos carpetes e, no caso das cadeiras, a utilização: se é
para ser empregada em sala de reunião tem um modelo, se é para profissionais tem outro, e
somente os mais altos executivos possuem cadeiras diferenciadas.
Alguns itens de identidade visual também são padronizados, e o mais importante
deles são as placas de sinalização externas e internas. Qualquer escritório da IBM no
mundo possui a mesma sinalização para indicar um edifício, um andar, uma sala, um
sanitário, o nome do ocupante da estação de trabalho etc. Esse padrão de sinalização
discreto e monocromático confere identidade e integração a todos os escritórios da
empresa.
Esses padrões de espaço internacionais proporcionam o intercâmbio cultural entre
os escritórios da empresa nos diversos países, para nós principalmente entre o Brasil e os
Estados Unidos, e gera novos conhecimentos e preocupações aos profissionais brasileiros.
Além disso, a empresa garante o mesmo nível de qualidade para os seus ambientes de
trabalho, além da padronização desses itens em qualquer escritório da empresa no mundo.
Algumas normas de padrões de espaço brasileiras também são importantes. Entre
elas destacamos os códigos de Obras e Edificações Municipais, os códigos Sanitários
Estaduais, as Instruções Técnicas do Corpo de Bombeiros, o Código de Segurança e
Medicina do Trabalho e as Normas Brasileiras da ABNT38; em especial a NBR9050 sobre
acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos.
Outras normas de padronização referem-se ao planejamento, organização e
dimensionamento dos espaços de escritórios. Nesses casos o profissional responsável pelo
planejamento do espaço deve saber qual a capacidade populacional máxima do escritório. É
com essa informação e seguindo os programas e tabelas corporativas que ele irá verificar
38 ABNT: a Associação Brasileira de Normas Técnicas é o Fórum Nacional de Normalização. As Normas Brasileiras, cujo conteúdo é de responsabilidade dos Comitês Brasileiros (CB) e dos Organismos de Normalização Setorial (ONS), são elaboradas por Comissões de Estudo (CE), formadas por representantes dos setores envolvidos, delas fazendo parte produtores, consumidores e neutros (universidades, laboratórios e outros). Fonte: ABNT, 1998.
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qual a necessidade e calcular qual a quantidade de salas de reunião, salas de apoio (áreas
de impressoras, copiadoras etc.), salas de telecomunicações, salas de café e áreas de
convívio.
Para planejar melhor seus ambientes de escritórios, a empresa uniu todos esses
requisitos e determinou padrões de instalação de postos de trabalho, já que este é o
principal elemento definidor do ambiente de trabalho.
No caso do mobiliário, tanto para estações de trabalho quanto para salas de reunião,
a empresa adquire produtos somente de um fabricante de móveis internacional, como o
exemplo do carpete e das cadeiras que explicamos acima. Entretanto no Brasil esse
fabricante não fez muitas instalações e a empresa optou mais de uma vez por um fabricante
de mobiliário nacional. Esta decisão ocorreu devido aos altos custos de importação desse
mobiliário e à dificuldade de reposição de seus componentes no país.
Assim, são seguidas as dimensões das estações de trabalho americanas, porém
adaptadas às dimensões das produções de móveis brasileiras: no Brasil as fábricas utilizam
o sistema métrico e nos Estados Unidos, polegadas.
A padronização do posto de trabalho – que é considerada pela empresa a principal
célula39 do escritório – significa para empresa muito mais do que instalar escritórios
semelhantes ao redor do mundo. Ela está de acordo com a política da empresa no que diz
respeito à proximidade entre diferentes níveis hierárquicos, onde chefes e subordinados
dividem o mesmo espaço aberto e trabalham separados apenas por divisórias do mobiliário,
cada vez mais baixas. Este é o modelo de escritório open office existente na matriz mundial
da empresa em Armonk.
O posto de trabalho deve seguir regras de ergonomia a fim de possibilitar que uma
pessoa trabalhe sentada nele durante toda sua jornada de trabalho. Todo mobiliário
fabricado no Brasil deve seguir normas de fabricação brasileiras para garantir a ergonomia
do posto. A ABNT definiu e publicou algumas normas para a fabricação de mobiliário de
escritórios, que classificam e determinam características físicas e dimensionais e realizam
ensaios e testes para os seguintes elementos do mobiliário do escritório: armários, cadeiras,
móveis para desenho, divisórias, móveis para informática, mesas e sistemas de estação de
trabalho.
39 Célula: unidade estrutural e funcional. Fonte: Dicionário Aurélio, 2004.
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Para descrever melhor os padrões de estações de trabalho utilizados na IBM no
Brasil em 2006, vamos descrever algumas denominações de espaços de escritórios dentro
da empresa. A IBM no Brasil classifica seus espaços segundo categorias e códigos da
tabela a seguir.
CATEGORIAS DE ESPAÇOSSpace/ Espaço Description DescriçãoEXTW Exterior walls Paredes externas
PDSV Pipes/ ducts/ shafts Tubulação/ dutos/ shaftsMISC Miscellaneous Variado – estacionamento, áreas de recreaçãoUTIL Utility/ service Utilidade/ Serviço – ar condicionado, elétrica etc.AUX Auxiliary Auxiliares – circulações, recepções, restaurante etc.OFC Office – personnel/general usage Escritório – de uso pessoal/geralOFCR Office – conference room Escritório – salas de reunião, auditóriosOFCC Office – call center Escritório – call centerOFMC Office – mobility center Escritório – mobility centerOFCS Office – support Escritório – suporte, apoio, impressoras, copiadoras etc.DPC Data Processing Center CPD – Centro de Processamento de DadosWHSE Warehouse Armazém – estoques, arquivos, depósitos etc.
Tabela de Categoria de Espaços
Fonte: Tabela executada pela autora, 2006
Considerando que somente espaços de escritórios possuem estações de trabalho,
vamos aqui destacá-los:
• OFC: escritório de uso pessoal ou geral, onde estão localizadas as estações de
trabalho dedicadas a funcionários, secretárias, gerentes e executivos.
• OFCR: espaço destinado ao uso de salas de reunião, salas de videoconferência e
auditórios. Não há estações de trabalho nesse local.
• OFCC: espaços destinados aos profissionais de call center, ou seja, que executam
atividades de atendente de telemarketing40,ou que suportam ou supervisionam essas
atividades. Estas estações de trabalho possuem dimensões e características
diferenciadas.
• OFMC: espaços destinados aos profissionais de mobility, ou seja, que exercem
funções na área de vendas ou consultoria e que por esse motivo não precisam
40 Telemarketing: marketing realizado por indivíduos de uma empresa através da comunicação via telefone. Marketing: conjunto de estratégias e ações relativas a desenvolvimento, apreçamento, distribuição e promoção de produtos e serviços e que visa à adequação mercadológica destes. Fonte: Dicionário Aurélio, 2004.
CAPÍTULO 3: OS ESCRITÓRIOS DA IBM
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permanecer na empresa todo o período em que estão trabalhando. As estações de
trabalho possuem dimensões parecidas com as estações dos funcionários do OFC,
mas com algumas pequenas características diferenciadas.
• OFCS: áreas de suporte aos espaços descritos acima, onde estão localizados
equipamentos de apoio, como impressoras, copiadoras, fragmentadoras de papel
etc. Não há estações de trabalho neste local.
O critério para instalação de estações no open office é rígido e está de acordo com o
cargo ou a função que cada profissional exerce dentro da empresa, podendo os locais de
trabalho estar nos edifícios da IBM, em casa, em escritórios do cliente ou em locais
alternativos. Há funcionários que trabalham nas demais áreas, como de utilidades (técnicos
de manutenção, limpeza etc.), auxiliares (recepção, restaurante etc.), CPD, reuniões,
suporte, estoques e arquivos. Entretanto, nenhum deles é elegível para utilizar uma estação
de trabalho em open office, já que, à exceção de alguns profissionais que trabalham em
áreas de CPD, todas as demais abrigam profissionais de áreas agregadas ou que existem
para suportar os escritórios.
A IBM no Brasil classifica seus profissionais e os distribui em locais de trabalho, de
acordo com as categorias e códigos da tabela a seguir.
CATEGORIAS DE LOCAL DE TRABALHO
Espaço Função Descrição Local de trabalhoOFC EXE Executivo Estação de trabalho executivoOFC MGR Gerente Estação de trabalho gerenteOFC EMP Funcionário Estação de trabalho funcionárioOFC STU Estudante Estação de trabalho funcionárioOFC VDR Subcontratado Estação de trabalho funcionárioOFCC CC Call Center Estação de trabalho call centerOFMC MOB Mobility Estação de trabalho mobility- HO Trabalha em casa at Home
Tabela de Categoria de Local de Trabalho
Fonte: Tabela executada pela autora
Quando observarmos os layouts do IBM Tutóia, veremos que, apesar de essas
estações padronizadas serem maioria, ainda há salas fechadas ou estações diferenciadas.
A explicação para essa situação é que esses espaços são anteriores aos critérios
empregados hoje: não faz sentido que a cada mudança de padrões de espaço ou de
conceitos de ocupação a empresa modifique instalações existentes, pois o custo para as
CAPÍTULO 3: OS ESCRITÓRIOS DA IBM
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mudanças seria altíssimo. Dessa forma, novos critérios sempre são adotados, mas somente
para novas instalações.
Protótipos, testes e experiências com novas formas de ocupação para os escritórios
são sempre realizados com o propósito de observar se as instalações suportam da melhor
forma possível as atividades que ali serão exercidas. Nessas situações sempre são revistos
os padrões de espaço e os conceitos de ocupação existentes, com o objetivo de checar e
validar a necessidade de algumas premissas para cada projeto.
Uma vez entendidas as categorias de espaço e por quem esses locais são
ocupados, analisaremos agora como são essas estações de trabalho.
3.3.1 ESTAÇÃO DE TRABALHO PARA FUNCIONÁRIO
Definido pela empresa como o local de trabalho fixo do funcionário, estagiário ou
subcontratado que não possui subordinado e não exerce trabalho executivo. A maioria das
estações da empresa é desse tipo.
A estação possui medidas em planta de 1,40m x 1,60m. A dimensão de 1,40m é
composta por dois painéis de 0,80m e 0,60m de largura, com 1,20m de altura. A dimensão
de 1,60m é composta por dois painéis de 0,80m de largura, com 1,60m de altura, onde
estão instalados armários suspensos (também chamados de classificadores) ou prateleiras.
A superfície de trabalho é apoiada nos painéis e instalada a no máximo 0,75m do
piso. Possui um tampo em forma de “L”, que mede 1,40m x 1,60m de largura – que segue
as dimensões dos painéis – com 0,60m de profundidade. A quina do “L” é o local destinado
à instalação do computador, fazendo com o que funcionário trabalhe a 45° em relação aos
painéis. Embaixo do tampo é instalado um gaveteiro.
Nos painéis, a uma altura de 0,80m do piso (acima no tampo), está instalada uma
régua de tomadas de elétrica e conectores de rede. Devido à atual tecnologia de rede VOIP
utilizada nesses escritórios -, a partir de 2005 passou a ser utilizado apenas um conector de
rede por estação, por onde passam todas as informações de rede e de telefonia. Essa
tecnologia simplificou as instalações dos escritórios, pois reduziu o tempo de construção e o
custo das instalações, já que antes existiam dois sistemas de instalação (um de passagem
de dados e um outro de telefonia) e agora há apenas um.
CAPÍTULO 3: OS ESCRITÓRIOS DA IBM
129
As cadeiras utilizadas são sempre com cinco rodízios e ajustes no assento e
encosto, conforme as normas brasileiras de ergonomia para fabricação de cadeiras.
Além da área de arquivamento localizada na própria estação de trabalho (no armário
suspenso e no gaveteiro), o funcionário que necessitar de mais espaço de arquivamento
pode utilizar armários localizados nas circulações dos escritórios. Entretanto, para
planejamento do escritório, é considerado um armário para cada dois funcionários com as
seguintes dimensões: 1,60m de altura, 0,80m de largura e 0,40m de profundidade.
(1) (2)
Estação de funcionário com dimensões de 1,40m x 1,60m
(1) Foto da estação localizada no 10º pavimento da IBM Tutóia (2) Planta baixa com duas estações
Fontes: (1) Foto da autora (2) Desenho da autora
A estação de trabalho descrita acima é a utilizada em todo o edifício da IBM Tutóia. A
partir de 2006 um novo padrão de estação de trabalho para funcionários foi adotado nos
novos escritórios, mais uma vez com o objetivo de redução de custo das instalações. A
diferença dessa segunda estação para primeira está apenas nas dimensões e
arquivamento.
Ela possui dimensões em planta de 1,20m x 1,60m. A dimensão de 1,20m é
composta por dois painéis de 0,60m de largura, com 1,20m de altura. A dimensão de 1,60m
é composta por dois painéis de 0,80m de largura, com 1,20m de altura. Não existem
armários suspensos ou prateleiras, apenas o gaveteiro embaixo do tampo. A superfície de
trabalho possui um tampo com formato em “L”, que mede 1,20m x 1,60m, com 0,60m de
profundidade.
CAPÍTULO 3: OS ESCRITÓRIOS DA IBM
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(1) (2)
Estação de funcionário com dimensões de 1,20m x 1,60m
(1) Foto da estação localizada no 5º pavimento da IBM Água Branca (2) Planta baixa com duas estações
Fontes: (1) Foto da autora (2) Desenho da autora
3.3.2 ESTAÇÃO DE TRABALHO PARA GERENTE
Definido pela empresa como o local de trabalho fixo do profissional com cargo de
gerente com subordinado, mas que não exerce trabalho executivo.
A estação possui medidas em planta de 1,60m x 3,20m. A dimensão de 1,60m é
composta por dois painéis de 0,80m de largura, com 1m de altura (a altura é mais baixa
0,20m em relação à estação de funcionário, pois neste caso a localização é
preferencialmente próxima às janelas). A dimensão de 3,60m é composta por quatro painéis
de 0,80m de largura, com 1,60m de altura, onde estão instalados armários suspensos
(também chamados de classificadores) ou prateleiras.
A superfície de trabalho é apoiada nos painéis e instalada a no máximo 0,75m do
piso. O tampo possui formato em “U”, composto de duas partes: a primeira com formato em
“L”, como na estação de funcionário, mas que mede 1,60m x 1,60m e também possui 0,60m
de profundidade; a segunda parte possui 1,60m de comprimento por 0,80m de largura, e um
formato que proporciona espaço para que o gerente receba visitantes e faça pequenas
reuniões em seu local de trabalho. O lugar destinado à instalação do computador é o
mesmo da estação de funcionário, assim como o gaveteiro e a localização das instalações
elétricas e de rede.
As cadeiras utilizadas pelo gerente nessas estações são idênticas às dos
funcionários, enquanto as duas cadeiras destinadas aos visitantes possuem pés fixos, já
que não são cadeiras principais de trabalho.
CAPÍTULO 3: OS ESCRITÓRIOS DA IBM
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Possui a mesma área de arquivamento que o funcionário, entretanto os armários
adicionais estão sempre localizados ao lado da estação de gerente; e para planejamento do
escritório são considerados dois armários para cada gerente com dimensões de: 1,60m de
altura, 0,80m de largura e 0,40m de profundidade.
(1) (2)
Estação de gerente com dimensões de 1,60m x 3,20m
(1) Foto da estação localizada no 10º pavimento da IBM Tutóia (2) Planta baixa
Fontes: (1) Foto da autora (2) Desenho da autora
Como no caso do funcionário, essa é a estação utilizada em todo o edifício da IBM
Tutóia, mas um novo padrão de estação de trabalho para gerentes também foi adotado nos
novos escritórios e as características dimensionais e de arquivamento se modificam.
Esta possui medidas em planta de 1,60m x 2,40m. A dimensão de 1,60m é
composta por dois painéis de 0,80m de largura, com 1,60m de altura. A dimensão de 2,40m
é composta por três painéis de 0,80m de largura, com 1,60m de altura. Não há armários
suspensos, eventualmente pode ser instalada uma prateleira, e o gaveteiro embaixo do
tampo é fixo. A superfície de trabalho possui dois tampos que juntos formam um “L” e
medem 1,60m x 1,60m: um tampo tem 0,60m de profundidade e o outro tem 0,80m de
largura e o mesmo formato da estação de 1,60m x 3,20m.
CAPÍTULO 3: OS ESCRITÓRIOS DA IBM
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(1) (2)
Estação de gerente com dimensões de 1,60m x 2,40m
(1) Foto da estação localizada no 5º pavimento da IBM Água Branca (2) Planta baixa
Fontes: (1) Foto da autora (2) Desenho da autora
3.3.3 ESTAÇÃO DE TRABALHO PARA EXECUTIVO
Definido pela empresa como o local de trabalho fixo do profissional com cargo de
gerente com subordinado e que exerce trabalho executivo.
A estação na verdade é uma sala, com dimensões em planta de 3,75m x 5m que
seguem o módulo do forro do escritório de 1,25m x 1,25m, ou seja, 4x3 módulos.
Neste caso, como se trata de uma sala, não há painéis no mobiliário e a superfície
de trabalho é apoiada em pés de mesa. As dimensões do tampo são as mesmas do posto
de trabalho de gerente com formato em “U”. Mas existe uma mesa de apoio de 1m de
diâmetro para pequenas reuniões com cinco pessoas. O local destinado à instalação do
computador é o mesmo do posto de trabalho de funcionário e gerente, assim como o
gaveteiro. As instalações elétricas e de rede também estão localizadas na altura de 0,80m
do piso, mas são embutidas na parede.
As cadeiras utilizadas pelos executivos para trabalho são idênticas às dos
funcionários e gerentes; todas as demais sete cadeiras possuem pés fixos.
A área de arquivamento do executivo é menor: ele possui três armários com
dimensões de: 0,75m de altura, 0,80m de largura e 0,40m de profundidade.
CAPÍTULO 3: OS ESCRITÓRIOS DA IBM
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Estação de executivo com dimensões de 3,75m x 5m: planta baixa
Fonte: Desenho da autora
Diferentemente dos casos descritos anteriormente, não existe um segundo modelo
de estação de trabalho para gerente. Apesar de esta estação de trabalho ser o padrão
utilizado para escritórios de todos os executivos da empresa (não importando o nível
hierárquico, desde que seja um executivo), incluindo o IBM Tutóia, nos novos escritórios não
houve a necessidade de planejamento desse tipo de estação. É muito provável que, caso
haja essa necessidade futuramente, esses profissionais estarão em estações de trabalho
abertas, formadas pelo mobiliário integrado e com características semelhantes (talvez
idênticas) às estação de gerentes.
3.3.4 ESTAÇÃO DE TRABALHO PARA CALL CENTER
Definido pela empresa como o local de trabalho fixo do profissional com função de
atendente de telemarketing, o qual possui funções bastante específicas de atendimento
telefônico que praticamente fazem com que o funcionário fique a maior parte do seu tempo
de trabalho sentado e executando repetidas funções.
CAPÍTULO 3: OS ESCRITÓRIOS DA IBM
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A estação possui dimensões em planta de 1m de largura por 0,90m de profundidade.
Todos os painéis possuem 1,40m de altura, suficiente para quando o funcionário estiver
sentado não ter contato visual com nenhum outro ao lado ou na frente (o que atrapalharia o
seu rendimento neste tipo de trabalho).
A superfície de trabalho é autoportante (apoiada em pés de mesa) e possui duas
partes com alturas diferentes e variáveis. Nos painéis frontais com largura de 1m, a uma
altura de 0,80m do piso, está instalada uma régua de tomadas do sistema elétrico e
conectores de rede. As cadeiras utilizadas nestas estações são idênticas às dos
funcionários, gerentes e executivos.
Não há locais de arquivamento próximo à estação. Os armários estão localizados
apenas nas circulações dos escritórios. Para planejamento é considerado um armário, com
subdivisões e portas independentes, para cada quatro funcionários com as seguintes
dimensões: 1,60m de altura, 0,80m de largura e 0,40m de profundidade.
(1) (2)
Estação de call center com dimensões de 0,90m x 1m (1) Foto das estações localizadas no 8º pavimento da IBM
Tutóia (2) Planta baixa com seis estações
Fontes: (1) Foto da autora (2) Desenho da autora
CAPÍTULO 3: OS ESCRITÓRIOS DA IBM
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3.3.5 ESTAÇÃO DE TRABALHO PARA MOBILITY
Definido pela empresa como o local de trabalho não fixo do funcionário que possui
função de vendas ou de consultoria (não pode ser estagiário, subcontratado, não possui
subordinado e não exerce trabalho executivo). Este espaço é compartilhado entre
profissionais elegíveis ao cargo e é monitorado por um software que, interligado ao sistema
de telefonia, permite ao funcionário identificar qual estação de trabalho está disponível ao
chegar para trabalhar e, conseqüentemente, direcione seu ramal telefônico para a
determinada estação.
A estação possui medidas em planta de 1,40m x 1,60m. A dimensão de 1,40m é
composta por dois painéis de 0,80m e 0,60m de largura, com 1,20m de altura. A dimensão
de 1,60m é composta por dois painéis de 0,80m de largura, com 1,60m de altura.
A superfície de trabalho, os painéis e as cadeiras são idênticos às estações dos
funcionários. Entretanto não existem armários suspensos, prateleiras e gaveteiros na
estação. Por esse motivo a área de arquivamento localizada fora da estação é grande: para
planejamento do escritório, é considerado um armário para cada quatro funcionários com as
seguintes dimensões: 1,60m de altura, 0,80m de largura e 0,40m de profundidade.
(1)
Estação de mobility com dimensões de 1,40m x 1,60m: planta baixa com duas estações
Fonte: Desenho da autora
Como no caso da estação executiva, ainda não existe um segundo modelo de
estação para mobility, e há fortes indícios de que, caso haja essa necessidade futuramente,
esses profissionais ficarão em estações de trabalho com dimensões em planta idênticas à
segunda estação de funcionário: com 1,20m x 1,60m.
CAPÍTULO 3: OS ESCRITÓRIOS DA IBM
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3.4 EDIFÍCIOS DA IBM NOS ESTADOS UNIDOS
Muitos edifícios da IBM no mundo são ícones da arquitetura local e, como o edifício
IBM Tutóia, são chamados pela população de “o edifício da IBM”. Reforçando a importância
que a empresa confere ao design e aos espaços de escritórios, grandes arquitetos foram
chamados para construir seus edifícios. Com o objetivo de entender melhor a história e a
cultura da empresa, vamos começar citando alguns importantes edifícios da empresa nos
Estados Unidos, para depois observar melhor três edifícios-sede da IBM.
Quando Thomas J. Watson decidiu construir seus edifícios na década de 1950 –
época em que mais construíram edifícios da empresa ao longo do mundo –, seu objetivo era
inovar, experimentar novos desafios:
“We thought it was time for the outside to match the inside. We
wanted to improve IBM design, not only in architecture and
typography, but color, interiors – the whole spectrum.” (WATSON,
1975, p.3) (Nós pensamos que era a hora do exterior conversar com
o interior.Nós queríamos melhorar o design da IBM, não somente na
arquitetura e na tipografia, mas também nas cores, nos interiores –
em todo o visual)
Watson contratou Eero Saarinen (1910-1961) para executar o projeto de seu primeiro
edifício construído sob encomenda para a empresa (IBM: The Buildings of IBM, 2005).
Saarinen projetou então a fábrica de Minnesota, localizada em Rochester, nos Estados
Unidos, inaugurada em 1960 com aproximadamente 5.276,89m² e ao longo dos anos
cresceu mais de 185.806,10m².
(1) (2)
Fábrica de Minnesota, Rochester – 1960 (1) Fachada no verão (2) Fachada no inverno
Fonte: (1) e (2) IBM: The Buildings of IBM, 2005
CAPÍTULO 3: OS ESCRITÓRIOS DA IBM
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Com o sucesso do primeiro projeto, Saarinen foi chamado em 1961 (IBM: The
Buildings of IBM, 2005) para projetar o Thomas J. Watson Research Center, em Yorktown
Heights, Nova York, Estados Unidos,.um centro de pesquisas com o nome do fundador.
Saarinen, junto com os engenheiros da IBM, exigiu que os escritórios não fossem abertos
para o exterior. Uma solicitação diferente, mas que tinha como base a vontade dos
pesquisadores que trabalhariam no local, que precisavam concentrar a produção e as
conversas científicas dentro dos escritórios e, para isso, eles não queriam janelas que os
distraíssem. Assim, Saarinen projetou um edifício com uma circulação interna perimetral ao
lado da fachada curva, a fim de dividir todo o interior do escritório do seu exterior; mas que
ao mesmo tempo permitisse a visualização da paisagem para todos que ali trabalhassem e
quisessem apreciá-la, tornando o ambiente interno mais agradável e não totalmente
hermético. O prédio possui aproximadamente 43.199,91m², e, de acordo com relatos da
empresa, já naquela época foi projetado para ter flexibilidade suficiente para receber novas
tecnologias – mas nada se comentava sobre flexibilidade no layout.
(1) (2)
Edifício Thomas J. Watson Research Center, Yorktown Heights – 1961
(1) Fachada e entrada principal (2) Circulação interna perimetral e próxima à fachada
Fonte: (1) e (2) IBM: The Buildings of IBM, 2005
Pouco antes de falecer, Ludwig Mies van der Rohe desenhou um de seus arranha-
céus para IBM. Chamado de One IBM Plaza, foi inaugurado em 1972 e está localizado em
Chicago, no estado de Illinois, Estados Unidos. Foi o mais alto edifício da empresa e o
segundo mais alto da obra de Mies, além de ter sido o último trabalho completado do
arquiteto nos Estados Unidos. O edifício possui estrutura de aço preto, fachada em vidro,
pouca ornamentação, aproximadamente 167.225,50m² e 52 andares, dos quais somente
vinte chegaram realmente a ser ocupados pela empresa. O interior é tipicamente miesiano:
vidros em toda a fachada e ao centro um núcleo de serviços, escadas, sanitários e
elevadores.
CAPÍTULO 3: OS ESCRITÓRIOS DA IBM
138
(1) (2)
Edifício One IBM Plaza, Chicago – 1972 (1) Fachada (2) Entrada principal
Fonte: (1) e (2) IBM: The Buildings of IBM, 2005
Mas o mais famoso edifício da IBM está localizado na Madison Avenue, n° 590, em
Manhattan, Nova York. Em 1983, Edward Larabee Barnes projetou-o na esquina com a rua
57, com 43 andares, aproximadamente 92.903,04m², e tinha como objetivo marcar uma forte
presença da empresa na cidade de Nova York. O edifício possui cinco fachadas revestidas
de granito e vidro; os andares mais baixos possuem vista para um jardim interno de uso
público e que forma um volume distinto na construção; a entrada principal está localizada
na esquina e é marcada por um corte na volumetria da construção e por uma grande
escultura vermelha em ferro de Alexander Calder.
Este projeto foi citado como referência em vários livros, entre eles em Condição Pós-
Moderna de David Harvey. Ao explicar algumas características da pós-modernidade nos
edifícios das cidades, Harvey apresenta o átrio do prédio da IBM como um exemplo onde
“arquitetos se esforçam por cultivar as qualidades labirínticas dos ambientes urbanos
mesclando interiores e exteriores”. (HARVEY, 1989, p.83)
“Este átrio do prédio da IBM em Madison Avenue, Nova York,
ensaia uma atmosfera de jardim num lugar seguro, hermeticamente
afastado de uma cidade perigosa, poluída e cheia de construções
pesadas lá fora.” (HARVEY, 1989, p.81)
CAPÍTULO 3: OS ESCRITÓRIOS DA IBM
139
(1) (2) (3)
Edifício IBM 590, Nova York − 1983 (1) Fachada (2) Jardim de inverno e átrio (3) Entrada principal e escultura
Fonte: (1), (2) e (3) IBM: The Buildings of IBM, 2005
Por último faremos menção a um interessante projeto, tentando demonstrar que em
cada edifício existe a preocupação com as funções que serão exercidas pelos profissionais
naquele local. Essa é uma característica importante para se projetar escritórios atualmente,
a fim de não executar projetos frios e impessoais. Gerald McCue foi consultor de arquitetura
e de design de interiores para IBM durante duas décadas e projetou o Laboratório do
Solicon Valley, em San José, no estado da Califórnia, com 34.374,12m² para
desenvolvimento de softwares.
A construção é na verdade um complexo com oito torres, cada uma com seus
escritórios, depósitos e infra-estrutura independente. A localização das torres no terreno
definiu ao centro uma grande plaza de convivência que integra os oito edifícios. Os espaços
entre as torres também são demarcados por sete pequenos jardins, cada um decorado com
uma cor diferente (rosa, vermelha, laranja, amarela, verde, terra e azul), o que proporciona
um ambiente criativo, próprio para quem precisa desenvolver novas tecnologias. Neste
caso, a utilização das cores para estimular a criatividade dos profissionais fez esse projeto
ser único, e em 1977 ele foi premiado pelo AIA - American Institute of Architects (Instituto
Americano de Arquitetos).
CAPÍTULO 3: OS ESCRITÓRIOS DA IBM
140
(1) (2)
Laboratório IBM Silicon Valley, San José − 1977 (1) Plaza central com torres de escritórios ao redor
(2) Passarela localizada em um dos jardins entre as torres de escritórios
Fonte: (1) e (2) IBM: The Buildings of IBM, 2005
Vamos descrever mais detalhadamente três grandes projetos, que foram escolhidos
por serem edifícios-matriz de algumas atividaded da empresa e que, como o próprio nome já
diz, centralizam operações que criam, distribuem e controlam as regras da cultura
corporativa. Conseqüentemente, cada edifício em sua época foi exemplo de escritório para a
empresa.
3.4.1 IBM NORTH CASTLE
No início da década de 1960 os escritórios SOM projetaram a sede mundial da IBM
em North Castle, Nova York, Estados Unidos (IBM: The Buildings of IBM, 2005), que abrigou
a matriz mundial da empresa entre 1964 e 1997. Na época, a empresa estava sediada na
ilha de Manhattan, mas devido ao rápido crescimento do quadro de funcionários e ao fato de
a maioria deles morarem fora da ilha de Manhattan, decidiu-se construir um campus
corporativo para sediar a empresa em outro distrito.
CAPÍTULO 3: OS ESCRITÓRIOS DA IBM
141
(1) (2)
Edifício IBM North Castle, Nova York – 1964 (1) Fachada (2) Entrada principal
Fonte: (1) e (2) IBM: The Buildings of IBM, 2005
O prédio possui quatro andares de escritórios, onde três deles têm vista para dois
jardins internos localizados em um único espaço central. Esses jardins possuíam esculturas
e paisagismo do designer e escultor Isamu Noguchi (1904-1988): um jardim representava o
passado com plantas naturais, um pequeno espelho d’água, grama e robustas esculturas
em madeira; o outro jardim, o futuro, com materiais rígidos em esculturas abstratas de
cimento, mármore e bronze. Este destaque para os jardins internos demonstrava a
preocupação da empresa e dos arquitetos em trazer para o ambiente de trabalho
características para torná-lo mais agradável e mais humano: essa era uma forma de
encorajar os funcionários a desenvolver um trabalho melhor.
(3) (4)
Edifício IBM North Castle, Nova York – 1964 (3) Jardim do passado (4) Jardim do futuro
Fonte: (3) e (4) IBM: The Buildings of IBM, 2005
A década de 1960 foi a época do surgimento e proliferação do escritório em planta
livre com mobiliário integrado nos Estados Unidos. Ao mesmo tempo, o escritório SOM
CAPÍTULO 3: OS ESCRITÓRIOS DA IBM
142
projetava diversos edifícios, todos com características arquitetônicas bastante semelhantes
ao IBM North Castle. O edifício da IBM era apenas mais baixo e provavelmente seguia
alguma limitação de altura para construções no estado de Nova York, fora da ilha de
Manhattan.
Essas características implantadas pelo SOM na época provavelmente influenciaram
o projeto da IBM North Castle, que, de acordo com o texto sobre o projeto no arquivo IBM:
The Buildings of IBM (Os Edifícios da IBM), possuía plantas geométricas, com circulações
bem definidas, estações de trabalho com mobiliário integrado para funcionários em geral e
salas fechadas para os escritórios dos funcionários superiores. Ao observarmos a fachada
do edifício, verificamos a mesma rigidez geométrica do interior: colunas e vigas fortemente
marcadas.
3.4.2 IBM MOUNT PLEASANT
Em 1975, Edward Larabee Barnes (1915-2004) projetou o edifício da matriz da IBM
na América Latina, localizado no distrito de Westchester, no estado de Nova York. O edifício
possuía três andares de escritórios com 35.595m² de área construída (IBM Notícias, 1975,
p.2).
O arquiteto deu grande destaque ao interior do edifício. A planta de formato em “W”
tinha na época da inauguração capacidade para 1.100 funcionários (IBM Notícias, 1975,
p.2): aproximadamente 32,35m² por funcionário, uma densidade baixa para a época.
Segundo o departamento responsável pela área de construções da empresa “foi adotada na
matriz (...)uma das últimas conquistas do design para interiores: o escritório do tipo
landscape”. (IBM Notícias, 1975, p.2) Todos os funcionários agora possuíam uma estação
de trabalho composta pelo mobiliário integrado. Foram mantidas algumas paredes para
áreas de recepção, escadas, salas de reuniões e para alguns poucos escritórios fechados
que ainda persistiam.
“As necessidades individuais de trabalho dos funcionários (...)
foram o fator predominante na seleção do desenho da mobília em
módulos, que permite novos arranjos com bastante facilidade.” (IBM
Notícias, 1975, p.2)
CAPÍTULO 3: OS ESCRITÓRIOS DA IBM
143
Para empresa na época o landscape era uma inovação, e por isso o arquiteto usou
de subterfúgios para amenizar as dificuldades de adaptação que este novo tipo de conceito
espacial traria para os funcionários que trabalhariam no local. Os escritórios eram separados
pelos painéis acústicos do mobiliário e por muitas plantas ornamentais, de diferentes
tamanhos e espécies; foram instalados tapetes claros e luminosos para acentuar a
impressão de espaço aberto, ao mesmo tempo que auxiliavam na acústica do ambiente; e
em cada andar os tapetes eram de uma cor diferente (vermelha no primeiro, ouro no
segundo e laranja no terceiro). Um conjunto de obras de arte do artista plástico inglês Ivan
Chermayeff (1932) chamado Coleções,, formado por “selos, bandeiras, bonecas e
semelhantes recolhidas ao redor do mundo pelo artista” (IBM Notícias, 1975, p.2), traz
integração aos ambientes de escritórios.
(1) (2)
Edifício Mount Pleasant, Westchester − 1975
(1) Fachada posterior (2) Uma das obras de arte intitulada Coleções
Fonte: (1) e (2) IBM Notícias, 1975, p.2
Em visita ao local em 1998, foi observado que o valor dos aspectos descritos acima
foi mantido: os escritórios possuem estações de trabalho individuais (inclusive para
superiores), com painéis divisórios altos (aproximadamente 1,60m de altura), revestidos de
tecido ou vidro. Apenas as estações de trabalho das secretárias possuem painéis divisórios
baixos (aproximadamente 0,90m de altura). Adicionalmente aos aspectos originais, a
empresa reformou algumas áreas de convívio de reuniões: foram implantadas áreas de
reuniões informais (já que o local recebia muitos visitantes e funcionários de outras
localidades, por ser a matriz da América Latina) e salas de reuniões multifuncionais, ou seja,
que a depender da reunião podem ter mais de um tipo de layout, com mesas distribuídas em
formato de sala de aula, formato em “U”, todas juntas etc.
CAPÍTULO 3: OS ESCRITÓRIOS DA IBM
144
Hoje o edifício não é mais a sede da empresa da América Latina: foi transferida mais
de uma vez e atualmente está localizada em São Paulo, em um projeto que veremos mais à
frente.
(3) (4)
Edifício Mount Pleasant, Westchester − 1975 (3) Entrada principal (4) Escritórios tipo landscape
Fonte: (3) e (4) Fotos da autora, maio de 1998
(5) (6)
Edifício Mount Pleasant, Westchester − 1975 (5) Área de reuniões informais (6) Sala de reuniões multifuncional
Fonte: (5) e (6) Fotos da autora, maio de 1998
3.4.3 IBM ARMONK
Após 33 anos de a sede da empresa estar localizada em North Castel, os altos
executivos chegaram à conclusão de que a arquitetura do prédio não expressava a idéia de
que ali estava a sede de uma empresa de tecnologia da informação. Os executivos da
empresa entendiam que a arquitetura deveria suportar melhor o que faziam. Assim em
1997, depois de três anos de projeto e construção, os escritórios da sede antiga foram
totalmente fechados e a IBM mudou sua sede mundial para o distrito de Armonk, também no
CAPÍTULO 3: OS ESCRITÓRIOS DA IBM
145
estado de Nova York, em um edifício com 26.012,85m², projetado por dois escritórios: Kohn
Pedersen Fox Assoc. (KPF), responsável pelo projeto arquitetônico, e Swanke Hayden
Connell Arq. (SHCA), responsável pelo projeto de interiores.
(1) (2)
IBM Armonk, North Castel − 1997 (1) Maquete do edifício (2) Foto da fachada principal
Fontes: (1) KPF, 1997, p.85 (2) INTERIORS, 1998, p.89
De acordo com os responsáveis pelo projeto, os arquitetos e os designers
precisavam estar envolvidos com a tecnologia e a história da empresa desde o início da
concepção do projeto: “It would be important to show technology to their many visitors in a
fun way”. (INTERIORS, 1998, p.89) (É importante mostrar tecnologia para os visitantes de
uma forma divertida.) Ao mesmo tempo, o projeto precisava ser arrojado, diferente de tudo
que já havia sido feito antes; precisava expressar de forma bastante significativa a cultura
corporativa da empresa, tanto através da arquitetura quanto do seu interior. O desenho e a
volumetria da arquitetura, assim como os materiais de revestimento externo (vidro refletivo,
granito, aço e estruturas em ferro) foram planejados para demonstrar a importância da
tecnologia e do design para empresa.
(3) (4)
IBM Armonk, North Castel − 1997 (3) Entrada principal (4) Fachada posterior
Fontes: (3) IBM: The Buildings of IBM, 2005 (4) Foto da autora, 1998
CAPÍTULO 3: OS ESCRITÓRIOS DA IBM
146
Armonk é diferente: o lobby possui equipamentos antigos e novos, os quais possuem
acesso direto a sites da empresa no mundo; bem próximo ao lobby há seis escritórios para
executivos visitantes (que podem ser utilizados por qualquer executivo em visita ao local) e
salas de reunião que, juntas, foram chamadas de state-of-the-art conference center
(INTERIORS, 1998, p.91) (centro de conferência “estado da arte”), remetendo ao fato de as
salas serem de última tecnologia; logo no primeiro pavimento a circulação que leva aos
escritórios foi batizada de Technology Gallery (INTERIORS, 1998, p.91) (Galeria de
Tecnologia), onde é possível observar em ordem cronológica a história e o futuro da
empresa através de maquetes que retratam ambientes com máquinas IBM. Ao final da
Technology Gallery, escadas levam ao andar inferior, onde há um restaurante e academia
de ginástica. Há objetos e máquinas, antigas e novas, fabricadas pela IBM em quase todas
as circulações do edifício, recepções dos andares, salas de reunião etc. É impossível não
entrar na atmosfera de um escritório-sede de uma empresa de alta tecnologia.
(5) (6)
IBM Armonk, North Castel − 1997 (5) Lobby (6) Technology Gallery
Fonte: (1) e (2) INTERIORS, 1998, p.90
(7) (8)
IBM Armonk, North Castel − 1997 (7) Restaurante (8) Academia de ginástica
Fonte: (7) e (8) Fotos da autora
CAPÍTULO 3: OS ESCRITÓRIOS DA IBM
147
O edifício possui três andares e capacidade para absorver 600 profissionais, ou seja,
aproximadamente, 43,36m² por profissional: uma densidade altíssima para os padrões da
época, mas baixa se comparada ao edifício anterior da matriz.
Adotou-se o padrão de escritórios abertos: executivos agora trabalham em estações
de trabalho tipo open office – com divisórias em vidro e madeira –, aumentando a integração
de funcionários em todos os níveis hierárquicos e sendo exemplo para todas as demais
localidades da empresa para seguirem o mesmo padrão de organização de espaço (já que
estamos falando que a matriz mundial da empresa possui escritórios abertos). Para atenuar
esta mudança os arquitetos investiram na qualidade dos escritórios: “It’s the quality of the
workspace environment that allows is to be successful”. (INTERIORS, 1998, p.91) (É a
qualidade do ambiente de trabalho que permite o seu sucesso.) Antes da execução, foram
feitos e testados pelos arquitetos e funcionários modelos que incluíam: mobiliário,
acabamentos acústicos, forro, conectores de elétrica e telecom, carpete e cadeiras.
(9) (10)
IBM Armonk, North Castel − 1997 (9) Planta baixa do 2º pavimento (10) Planta baixa do 3º pavimento
Fonte: KPF, 1997, p.88
Existem dois tipos de estações de trabalho com metragens modulares: 7m² e 14m² -
que podem ser observadas na ampliação do layout do 3º pavimento. Os poucos escritórios
fechados possuem área correspondente a múltiplos módulos, e cada módulo com área
equivalente a uma estação, ou seja 28m². Essa situação oferece flexibilidade para os
espaços caso haja necessidade de readequar a quantidade de tipos de estações de
trabalho, que estão dispostas próximo às janelas, e o centro do pavimento possui algumas
salas fechadas para reuniões menores, sanitários, serviços e elevadores. No pavimento
executivo superior, estão localizadas salas executivas, salas de reunião, com alta tecnologia
de apresentação, salas de almoço, áreas de estar, junto com mais estações de trabalho em
espaço aberto.
CAPÍTULO 3: OS ESCRITÓRIOS DA IBM
148
(11) (12)
IBM Armonk, North Castel − 1997 (11) Ampliação de parte do layout do 3º pavimento (12) Escritórios open office
Fontes: (11) KPF, 1997, p.88 (12) INTERIORS, 1998, p.91
(13) (14) (15)
IBM Armonk, North Castel − 1997
(13) Circulação dos escritórios open office (14) Sala de reunião executiva (15) Sala de reunião
Fontes: (13) e (15) Fotos da autora, 1998 (14) INTERIORS, 1998, p.88
Em 1998 este projeto foi premiado pela revista norte-americana Business Week
(IBM: The Buildings of IBM, 2005).
3.5 EDIFÍCIOS DA IBM NO BRASIL
Como no exterior, também no Brasil e empresa possui exemplares de edifícios de
escritórios importantes. Vamos mostrar cinco exemplares em ordem cronológica. Cada um
possui sua relação com nosso estudo.
CAPÍTULO 3: OS ESCRITÓRIOS DA IBM
149
1. IBM Brasília: foi construída logo depois da IBM Tutóia, possui os mesmos conceitos
organizacionais, critérios de ocupação, características construtivas.
2. IBM Belo Horizonte: como Brasília, foi construída logo depois da IBM Tutóia, com as
mesmas características construtivas e organizacionais, porém com mobiliário
diferente.
3. IBM Pasteur: é o edifício de transição entre os escritórios de São Paulo, Brasília e
Belo Horizonte para os escritórios que viriam a ser instalados na IBM Tutóia a partir
do final da década de 1990 até 2005.
4. IBM CENU: sede da IBM na América Latina, localizada em São Paulo, e que, como
Mount Pleasant, tem características próprias de escritórios tipo open office para
executivos.
5. IBM Água Branca: são os novos escritórios, o exemplo mais atual do que está sendo
projetado a partir de 2005.
3.5.1 IBM BRASÍLIA
Um dos prédios mais famosos da IBM no Brasil, especialmente pelos prêmios que
ganhou, foi projetado pelo arquiteto Cláudio M. de A. Cavalcanti e construído pela João
Fortes Engenharia (PROJETO, 1985, nº 71, p.77) em 1981.
“O prédio da IBM em Brasília, inaugurado em 1981, foi objeto de
dois prêmios de arquitetura: a XVIII premiação do Instituto de
Arquitetos do Brasil 1980; e o Prêmio Especial Milton e Marcelo
Roberto, na qualidade de ‘edificação para fins administrativos público
ou particular’.” (IBM, 1984, p.47)
Com aproximadamente 19.200m² de área construída, o edifício é composto de três
grandes blocos: dois deles, chamados blocos A e B, possuem dois pavimentos superiores
de escritório e um pavimento térreo onde estão localizadas áreas de recepção, suporte,
infra-estrutura, auditório, foyer, áreas de computadores, CPD etc. Estes dois blocos são
paralelos e afastados 30m entre si, mas se interligam, ao fundo, através de passarelas e do
terceiro bloco C, que possui dois pavimentos e abriga serviços de apoio.
CAPÍTULO 3: OS ESCRITÓRIOS DA IBM
150
A disposição dos três blocos em forma de “U” – blocos A e B paralelos e o bloco C
no fundo – propiciou o surgimento de um grande espaço central, por onde é feito o acesso
principal. Neste espaço coberto por uma grande pérgola no topo dos três pavimentos, há
também um lago com pequenos jardins que, devido ao baixo índice de umidade em alguns
meses na cidade, auxiliam no clima do ambiente interno do prédio.
(1) (2)
Edifício da IBM Brasília − 1980
(1) Fachada sul (2) Passarela de entrada com cobertura em vidro, entre o lago e os jardins
Fontes: (1) IBM, 1984, p.9 (2) MOMENTO, 1985, p.12
A arquitetura dos espaços de escritórios possui uma modulação de 1,50m x 1,50m:
forro, estrutura, e demais instalações estão integrados nesse módulo, que, hoje em dia, não
é mais um módulo utilizado nos escritórios (todo o mercado se adaptou à modulação de
1,25m x 1,25m).
(3) (4)
Edifício da IBM Brasília − 1980 (3) Planta do pavimento térreo (4) Planta do 2º pavimento
Fonte: (3) PROJETO, 1981, n°30, p.30 (4) PROJETO, 1 981, n°30, p.31
CAPÍTULO 3: OS ESCRITÓRIOS DA IBM
151
(5) (6)
Edifício da IBM Brasília − 1980
(5) Planta do 3º pavimento (6) Vão de entrada com escada de acesso aos pavimentos
Fontes: (5) PROJETO, 1981, n°30, p.30 (6) IBM, 1984 , p.46
Os escritórios são panorâmicos: possuem áreas abertas para funcionários com
estações de trabalho de madeira em formato de “L”; os gerentes possuem salas fechadas
com mobiliário de madeira idêntica à das estações de funcionários; há algumas salas de
reunião fechadas e outras para reuniões informais no espaço aberto. O mobiliário de
fabricação da Escriba41 é o mesmo da IBM Tutóia na época: mesmas dimensões e
acabamentos. O padrão de ocupação e o conceito das estações são os mesmos que foram
utilizados no projeto da IBM em Belo Horizonte um ano depois (veremos mais adiante), e
não por coincidência são idênticos aos projetados para a IBM Tutóia no final da década
anterior.
(7)
Edifício da IBM Brasília − 1980 (7) Ampliação de parte do layout do 2º pavimento
Fonte: (7) PROJETO, 1981, n°30, p.31
41 Escriba: indústria brasileira de mobiliário para escritórios, fundada em 1962.
CAPÍTULO 3: OS ESCRITÓRIOS DA IBM
152
Em 1997 a IBM vendeu este prédio e se mudou para outro endereço, onde construiu
três andares de escritórios utilizando os conceitos de ocupação de espaço empregados na
empresa até hoje: escritórios open office, estações de trabalho para funcionários medindo
1,40m x 1,60m, estações de trabalho para gerentes com 1,60m x 3,20m e salas fechadas
somente para diretores e reuniões.
(8) (9)
Edifício da IBM Brasília − 1997
(8) Fachada do edifício Varig onde estão os escritórios da empresa (9) Layout de 1997
Fontes: (8) Foto da autora, 1997 (9) Desenho da autora, 2006
3.5.2 IBM BELO HORIZONTE
O edifício da filial da IBM em Belo Horizonte, Minas Gerais, foi concebido seguindo
princípios metodológicos da época de sua construção: o projeto arquitetônico de 1982/1983
do arquiteto Claudio Cavalcanti (DESIGN INTERIORES, 1988, nº 6, p.119) – o mesmo
arquiteto da IBM Brasília – levou em consideração o projeto de interiores a fim de fornecer
flexibilidade ao layout. Com 10.000m² de área construída e dez pavimentos, o programa
abrangeu: subsolo para estacionamento; pavimento térreo onde estavam recepção e áreas
ligadas à participação do público – espaço cultural, sala de apresentações executivas e
auditório; 2º pavimento para o CPD; 3º pavimento com restaurante, cozinha e terraço; do 4º
ao 9º pavimento estavam os escritórios, sendo o Centro Educacional localizado no 5º
pavimento; e o 10º pavimento foi destinado ao uso exclusivamente mecânico.
Alguns conceitos de acabamentos eram de última geração na época. “Uma
característica importante do projeto – é oportuno registrar – consiste na preocupação que foi
dispensada ao desenho de interiores...” (CAVALCANTI, s.d., p.3). O forro dos escritórios em
CAPÍTULO 3: OS ESCRITÓRIOS DA IBM
153
alumínio perfurado e com mantas acústicas no seu interior foi desenvolvido para o projeto
com modulação de 1,50m x 1,50m (hoje o mercado já não utiliza esta modulação) a fim de
integrar sistemas de iluminação, ar-condicionado central e instalações elétricas e de rede. O
piso era de carpete, exceto nas áreas de acesso aos elevadores e escadas.
Para instalação dos escritórios panorâmicos foi desenvolvido um plano de ocupação
para os pavimentos de escritórios: “As áreas centrais para instalações de estações de
trabalho em áreas abertas e as laterais, próximas às fachadas, para salas individuais”.
(DESIGN INTERIORES, 1988, nº 6, p.116)
(1) (2)
IBM Belo Horizonte – 1988 (1) Fachada
(2) Croquis das plantas dos pavimentos. No sentido horário começando pela esquerda superior: planta do
pavimento térreo, planta do 2° pavimento, planta do 3°terceiro pavimento e planta do pavimento tipo
Fonte: (1) DESIGN INTERIORES, 1988, n°6, p.115 (2) DESIGN INTERIORES, 1988, n°6, p.116
As paredes que dividiam as salas fechadas (para acomodar os gerentes e algumas
reuniões) eram de gesso, e o mobiliário – tanto para área central com estações de trabalho
abertas (onde ficavam os funcionários e as secretárias) quanto para as salas fechadas –
seguia o mesmo padrão estético. O sistema de mobiliário adotado foi da empresa OCA,
chamado Escritório Integrado 2 (OCA, s.d., p.4) e foi totalmente desenvolvido pela empresa
no Brasil para este escritório. Podemos dizer que ele era um sistema muito parecido com o
sistema da Escriba (instalado em Belo Horizonte e em São Paulo na Tutóia), com a mesma
madeira de acabamento; o que o tornava diferente era que cada estação de trabalho tinha
formato em “L”, possuía um armário suspenso e uma prateleira, e a superfície estava
apoiada no painel.
“O maior comprometimento com qualidade, entretanto, está na
ambientação dos locais de trabalho. Para demonstrá-lo foi
necessário conjugar o conforto, a funcionalidade e a estética em um
CAPÍTULO 3: OS ESCRITÓRIOS DA IBM
154
layout altamente eficiente, necessariamente apoiado em um sistema
de mobiliário completo e flexível. A seleção deste mobiliário levou em
conta sua adequação tanto em áreas fechadas – gabinetes de
gerência e salas de reuniões – quanto em áreas abertas, dentro da
filosofia de escritórios panorâmicos.” (BOPP, s.d., p.2)
Assim como dita o conceito do escritório panorâmico, foram instalados em todos
escritórios, para torná-los mais agradáveis e humanizados, plantas, obras de arte e quadros
decorativos. Pelo mesmo motivo, em cada andar os acabamentos foram feitos em tecidos
de cores diferentes nas divisórias das estações de trabalho e nas cadeira. Como mostram
as fotos, um andar era azul, outro vermelho, outro verde etc.
(3) (4)
IBM Belo Horizonte – 1988 (3) e (4) Área de escritórios em pavimentos diferentes com cores de tecido no
acabamento do mobiliário vermelho e verde
Fontes: (3) DESIGN INTERIORES, 1988, n°6, p.118 (4) OCA, s.d., p.2
(5) (6)
IBM Belo Horizonte – 1988 (5) Área de escritórios com cor do tecido no acabamento do mobiliário azul
(6) Sala de gerente do mesmo andar
Fonte: (5) OCA, s.d., p.4 (6) OCA, s.d., p.3
CAPÍTULO 3: OS ESCRITÓRIOS DA IBM
155
Algumas áreas de reunião eram informais e faziam parte do salão central aberto;
outras eram maiores e fechadas. Na área de CPD já se utilizava o piso elevado e o forro era
idêntico ao dos escritórios.
(7) (8)
IBM Belo Horizonte – 1988 (7) Estação de trabalho de secretária (8) Sala de reunião informal
Fonte: (7) OCA, s.d., p.3 (8) OCA, s.d., p.1
(9) (10)
IBM Belo Horizonte – 1988 (9) Sala de reunião fechada (10) Área de CPD
Fontes: (9) OCA, s.d., p.3 (10) IBM, s.d., p.7
Localizado na avenida Getúlio Vargas, 291, o edifício ainda está no mesmo local,
mas não abriga mais os escritórios da IBM na cidade. “Este edifício recebeu dois prêmios
pela arquitetura e menção honrosa pelo interior, em 1985, do IAB do Rio de Janeiro.”
(DESIGN INTERIORES, 1988, nº 6, p.119)
Desde 1998 os escritórios da filial Belo Horizonte estão localizados em dois andares
alugados de um prédio mais moderno. Os novos conceitos de ocupação foram empregados,
aproveitando a mesma “onda” de mudança dos escritórios de Brasília e de São Paulo:
escritórios open office, estações de trabalho para funcionários medindo 1,40m x 1,60m,
CAPÍTULO 3: OS ESCRITÓRIOS DA IBM
156
estações de trabalho para gerentes medindo 1,60m x 3,20m e salas fechadas somente para
diretores e reuniões. Dos escritórios antigos ficou a escultura vermelha do artista plástico
Amilcar de Castro localizada no terraço do novo escritório.
(1) (2)
IBM Belo Horizonte – 1998 (1) Fachada (2) Layout
Fontes: (1) Foto da autora, 1998 (2) Desenho da autora, 2006
3.5.3 IBM PASTEUR
Um dos edifícios mais bonitos da empresa, não somente pela arquitetura, mas
também porque está localizado na avenida Pasteur, no Rio de Janeiro, em frente à baia de
Guanabara. O edifício não foi construído especificamente para a empresa, mas foi
comprado por ela em 1980. A construção é composta de duas torres (são dois endereços
inclusive) de dez pavimentos cada uma, que se unem através do subsolo, pavimento térreo,
sobreloja e por uma passarela do 2° ao 10°andar. Es sa passarela, que foi construída para a
IBM, é totalmente revestida de vidro e pode ser considerada o “charme” do projeto: um local
de passagem e de convívio com uma bela paisagem. No 1º pavimento, onde estão
localizados restaurante, lanchonete, auditório e sala de videoconferência, há um terraço
para mesas da lanchonete ao ar livre, circundado pelos dois blocos e pela passarela.
CAPÍTULO 3: OS ESCRITÓRIOS DA IBM
157
(1) (2)
Edifício IBM Pasteur, Rio de Janeiro− 1980 (1) Fachada (2) Terraço interno
Fontes: (1) Arquivo IBM (2) Foto da autora, 1999
Juntas as duas torres possuem 16.857m² de área útil, sendo 15.956m² destinados
somente a escritórios. A capacidade desde 1980 é de quase 1.760 profissionais, chegando
a uma densidade relativamente baixa desde sua primeira ocupação: aproximadamente 9m²
por pessoa.
Os padrões de espaço e conceitos de ocupação são exatamente os apresentados
anteriormente neste capítulo. Escritórios open office com estações de trabalho medindo
1,40m x 1,60m e salas de gerentes e diretores fechadas. Essas salas estão todas
localizadas junto às janelas e nelas foram instaladas portas de vidro, para que os
funcionários localizados nas estações de trabalho ao centro não perdessem completamente
a iluminação natural e muito menos a vista. As salas de reunião estão situadas
preferencialmente próximas ao núcleo de elevadores, sanitários e escada, assim como as
salas de apoio.
(3) (4)
Edifício IBM Pasteur, Rio de Janeiro − 2004 (3) Área de escritórios no 10º pavimento (4) Layout do 10º pavimento
Fontes: (3) Arquivo IBM (4) Desenho da autora, 2006
CAPÍTULO 3: OS ESCRITÓRIOS DA IBM
158
3.5.4 IBM CENU
Depois de quase trinta anos em que a IBM possuía escritórios em um único
endereço na cidade de São Paulo, foram construídos três andares no Centro Empresarial
Nações Unidas, localizado na Marginal Pinheiros, totalizando 3.075m². Diferentemente dos
demais escritórios, foi dado a esse projeto um destaque especial, pois o mesmo sedia as
operações latino-americanas da empresa.
(1) (2) (3)
Escritórios CENU Torre Leste, São Paulo − 2005
(1) Fachada duas torres do CENU, norte à frente e leste ao fundo (2) Layout conceitual (3) Área de escritórios
Fontes: (1) INFRA, 2004, n°47, p.37 (2) Arquivo IBM (3) OFFICE STYLE, 2005, n°86, p.67
O layout tipo open office tinha como algumas de suas premissas flexibilidade,
integração, transparência e iluminação. A padronização dos ambientes de trabalho utilizada
pela empresa nos seus demais escritórios foi empregada de forma diferente no CENU.
Aqui as estações de trabalho individuais (todas iguais, excetuando as estações de
secretárias) foram especialmente desenhadas para o espaço e produzidas com mobiliário
importado; elas medem 1,82m x 1,52m e são um pouco maiores que o utilizado pela
empresa atualmente no Brasil, entretanto bem menores do que as que existiam na sede da
América Latina anteriormente. Cada estação tem: painéis divisórios de altura igual a 1,40m
(revestidas de tecido, vidro e alumínio), superfície de trabalho em formato de “L”, um armário
individual com a mesa altura do painel divisório e um espaço lateral para uma cadeira de
visitante. Todos os profissionais (funcionários, gerentes etc.), permanentes no escritório ou
em trânsito, de diversos níveis hierárquicos, ocupam estas estações.
Apenas executivos do mais alto escalão ocupam salas individuais e fechadas por
divisórias de vidro da altura do pé-direito. Algumas salas de reunião possuem o mesmo
mobiliário e dimensões das salas executivas, o que permite que sejam utilizadas por
CAPÍTULO 3: OS ESCRITÓRIOS DA IBM
159
executivos em viagem, assim como as salas dos executivos permanentes podem ser
usadas para reuniões, quando o ocupante está ausente. Essa característica proporcionou
maior flexibilidade de ocupação nas instalações.
(4) (5)
Escritórios CENU Torre Leste, São Paulo − 2005
(4) Estação de trabalho para funcionários (5) Desenho de quatro estações de trabalho agrupadas
Fontes: (4) Foto da autora, 2005 (5) Arquivo IBM
(6) (7)
Escritórios CENU Torre Leste, São Paulo − 2005 (6) Sala de executivo (7) Sala de reunião
Fonte: (6) e (7) Fotos da autora, 2005
A integração dos ambientes ficou por conta da transparência das salas de executivos
e de reuniões (não há persianas entre as salas e os escritórios) e da altura de 1,40m dos
painéis divisórios, que juntos permitem uma visão integral dos escritórios.
Conseqüentemente, a iluminação é maior no interior onde estão as estações de trabalho.
Algumas áreas especiais também ajudam na integração dos funcionários: cada andar tem
uma recepção com poltronas para visitantes e bancada para conexão telefônica ou de rede,
além de uma área de café em um dos andares, com vista para o rio Pinheiros e paisagens
ao redor.
CAPÍTULO 3: OS ESCRITÓRIOS DA IBM
160
As cores e materiais de acabamento utilizados também oferecem uniformidade ao
ambiente: a cor verde foi utilizada nas paredes, no revestimento das cadeiras das estações
e mesas do café; a madeira escura, no mobiliário executivo e em algumas paredes; além do
próprio alumínio e do vidro.
(8) (9)
Escritórios CENU Torre Leste, São Paulo − 2005 (8) Recepção e área de conexão (9) Área de café
Fonte: (8) e (9) Fotos da autora
3.5.5 IBM ÁGUA BRANCA
O condomínio Água Branca é mais um projeto dos escritórios CA&G de 1997
(CROCE, 1999, p.73). Localizado na avenida Francisco Matarazzo, na Barra Funda, o
conjunto é composto por quatro torres de escritório, cada uma com vinte andares e três
subsolos. Até 2004, uma das torres estava completamente fechada, sem nunca ter sido
ocupada. Entretanto, devido ao aquecimento do mercado de escritórios neste início de
século, antes de meados de 2006 as quatro torres estavam 100% ocupadas.
O pavimento tipo da Água Branca é bastante tradicional: 1.200m² de área útil; áreas
de serviço centralizadas; forro e esquadrias modulados em 1,25m x 1,25m; e piso elevado
em toda área útil.
Já falamos desses escritórios anteriormente quando apresentamos os conceitos de
ocupação da empresa, fotos, planta e características das estações de trabalho utilizadas na
Água Branca: estações para funcionários medindo 1,20m x 1,60m com painéis baixos e um
gaveteiro; e estações para gerentes com dimensões de 1,60m x 2,40m, painéis altos, um
gaveteiro, uma eventual prateleira e um armário. Essas são as células do novo escritório.
CAPÍTULO 3: OS ESCRITÓRIOS DA IBM
161
O layout conceitual da IBM para esses pavimentos é legitimamente open office, com
todas suas características. Existem 140 estações de trabalho, sendo 132 para funcionários e
oito para gerentes. Não há salas fechadas para serem utilizadas como estações, todas as
salas fechadas são áreas de reunião, recepção, apoio, café, sala de racks de
telecomunicações e um pequeno depósito. A densidade é alta: são 8,57m² por pessoa. A
conseqüência de tudo isso (espaço totalmente aberto, alta densidade etc.) é que o projeto
de escritório precisa priorizar o planejamento de áreas de convívio, salas de reunião e
estímulos visuais para os funcionários.
Por isso, algumas áreas de convívio, como recepção, sala de café, sala de apoio
(onde estão as impressoras) e a entrada dos sanitários, foram pintadas de vermelho. Foram
instaladas duas salas de reuniões com capacidade para quatro lugares, quatro salas com
capacidade para seis lugares e três salas maiores onde cabem dezesseis pessoas. A
necessidade de salas de reunião menores, para reuniões rápidas e informais, é grande, já
que não existe mais nenhum funcionário com estação de trabalho fechada.
(1) (2)
IBM Água Branca, São Paulo − 2005 (1) Fachada do conjunto (2) Layout conceitual
Fontes: (1) Arquivo IBM (2) Desenho da autora, 2005
(3) (4)
(3) Circulação dos espaços de escritórios (4) Sala de reunião
Fonte: (3) e (4) Fotos da autora, 2005
CAPÍTULO 3: OS ESCRITÓRIOS DA IBM
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A IBM Água Branca corresponde à nova “onda” de escritórios, o exemplo mais atual
do que está sendo projetado a partir de 2005.