266
12 1 INTRODUÇÃO A questão da subjetividade e da identidade reapareceu nos últimos tempos nos discursos das ciências humanas e físicas, na literatura, nas artes e na filosofia. Portanto, subjetividade e identidade passaram a fazer parte do vocabulário acadêmico, empresarial e do dia-a-dia das pessoas, razão pela qual esta dissertação procurou analisar as questões que fazem parte da identidade profissional da secretária executiva, bem como da sua atuação nas organizações globalizadas, seu papel, suas características profissionais na busca da construção do secretariado executivo no mercado de trabalho. Além disso, também foi nossa intenção refletir a respeito da formação profissional e dos conhecimentos necessários para criar uma identidade profissional, a qual certamente fortalecerá a atuação da secretária executiva no mercado de trabalho, servindo de ancoragem e enfrentamento daquilo que se tornou inevitável na atualidade, ou seja, a crise de identidade. Tal crise afeta sobremaneira a carreira de muitos profissionais, haja vista o mercado de trabalho estar cada vez mais exigente e requerer uma atuação profissional permeada por disputas, cujo domínio de competências e habilidades, conhecimentos específicos e gerais são relevantes para a atualização e realizações de tarefas e empreendimentos novos. Pontuamos algumas questões que nortearam esta pesquisa, visando discutir o sentido da identidade, assim como o conceito de sujeito, os quais implicam a questão da subjetividade no desempenho do papel secretarial. Entender esses passos pareceu-nos fundamental para compreender a trajetória da profissional secretária executiva e sua identidade profissional e, desta forma, possibilitar que se definam os papéis desempenhados nas organizações. Esses papéis valorizam o profissional com formação acadêmica, aprendizagem constante, educação continuada para que favoreça o desenvolvimento de habilidades técnicas e a visão global de administração e negócios. Sob essa ótica, espera-se que tal profissional saiba lidar com as diferenças pessoais suas e do grupo, empregando o autoconhecimento para que, juntamente com a polivalência, somada à importância de saber escolher uma carreira e não ser escolhida por ela, ela se conscientize de que a

343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

12

1 INTRODUÇÃO

A questão da subjetividade e da identidade reapareceu nos últimos

tempos nos discursos das ciências humanas e físicas, na literatura, nas artes e

na filosofia. Portanto, subjetividade e identidade passaram a fazer parte do

vocabulário acadêmico, empresarial e do dia-a-dia das pessoas, razão pela

qual esta dissertação procurou analisar as questões que fazem parte da

identidade profissional da secretária executiva, bem como da sua atuação nas

organizações globalizadas, seu papel, suas características profissionais na

busca da construção do secretariado executivo no mercado de trabalho.

Além disso, também foi nossa intenção refletir a respeito da formação

profissional e dos conhecimentos necessários para criar uma identidade

profissional, a qual certamente fortalecerá a atuação da secretária executiva no

mercado de trabalho, servindo de ancoragem e enfrentamento daquilo que se

tornou inevitável na atualidade, ou seja, a crise de identidade. Tal crise afeta

sobremaneira a carreira de muitos profissionais, haja vista o mercado de

trabalho estar cada vez mais exigente e requerer uma atuação profissional

permeada por disputas, cujo domínio de competências e habilidades,

conhecimentos específicos e gerais são relevantes para a atualização e

realizações de tarefas e empreendimentos novos.

Pontuamos algumas questões que nortearam esta pesquisa, visando

discutir o sentido da identidade, assim como o conceito de sujeito, os quais

implicam a questão da subjetividade no desempenho do papel secretarial.

Entender esses passos pareceu-nos fundamental para compreender a

trajetória da profissional secretária executiva e sua identidade profissional e,

desta forma, possibilitar que se definam os papéis desempenhados nas

organizações.

Esses papéis valorizam o profissional com formação acadêmica,

aprendizagem constante, educação continuada para que favoreça o

desenvolvimento de habilidades técnicas e a visão global de administração e

negócios. Sob essa ótica, espera-se que tal profissional saiba lidar com as

diferenças pessoais suas e do grupo, empregando o autoconhecimento para

que, juntamente com a polivalência, somada à importância de saber escolher

uma carreira e não ser escolhida por ela, ela se conscientize de que a

Page 2: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

13

flexibilidade e a educação continuada – habilidades levantadas na pesquisa –

são essenciais para o reconhecimento da secretária executiva como agente de

mudanças, ciente de seus limites e papéis nas empresas.

Para tanto, tornou-se necessário neste momento questionar: quais os

caminhos que a secretária executiva busca para a conquista de

reconhecimento profissional e pessoal nas organizações atuais? Qual é o

grau de conhecimento que ela possui para se autodefinir e descobrir quem é

ela pessoa secretária executiva e qual é seu limite de atuação nas

organizações? Quais as ferramentas que provavelmente ela deverá utilizar

para definir a identidade da profissão escolhida? Estas e outras questões

permitiram definir o problema, qual seja, de que forma a escolha profissional, o

autoconhecimento, a educação continuada e a flexibilidade influenciam no ser

secretária executiva, isto é, no sujeito secretária e no fazer da profissional, que

é sua atuação nas organizações?

Em relação à subjetividade na construção do secretariado executivo,

justifica-se essa pesquisa para que se entenda a importância das experiências

vividas de cada sujeito secretária executiva. Importa esclarecer que aqui

utilizaremos o gênero feminino, pois a população pesquisada foi de 31

profissionais atuantes, cujas experiências foram analisadas desde a infância

até a fase adulta para que nos propiciassem conhecer o quanto as posturas

adequadas ou inadequadas influenciam na conduta profissional e pessoal de

cada uma delas, na tentativa de ajudá-las a construir o entendimento de uma

carreira profissional.

De acordo com a pesquisa de Bruschini (2007):

Persistem também os tradicionais guetos femininos, como a enfermagem (89% dos enfermeiros, 84% dos técnicos de enfermagem e 82% do pessoal de enfermagem eram do sexo feminino em 2002), a nutrição (93% dos nutricionistas eram mulheres), a assistência social (91%), a psicologia (89% de mulheres), o magistério nos níveis pré-escolar (95%) fundamental (88%) e médio (74%), além das secretárias (85%), auxiliares de contabilidade e caixas (75%) (Bruschini,2007, pg.33. Caderno de Pesquisas – V. 37, nº 132/SP. Fundação Carlos Chagas).

Page 3: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

14

Tendo por base a pesquisa da autora, publicada no Caderno de

Pesquisa da Fundação Carlos Chagas, pôde-se constatar que, atualmente, as

mulheres se encontram no percentual de 85% de profissionais atuantes na

carreira de secretariado, estatística essa que vai nortear esta pesquisa,

confirmando o que já temos ciência, isto é, de que a maioria dos profissionais

da área é do sexo feminino.

Portanto, pelo que foi exposto, justifica-se a pesquisa para a

compreensão da trajetória, da evolução e atuação da secretária executiva nas

organizações globalizadas, analisando os elementos que fazem parte do saber

fazer dessa profissional em busca do reconhecimento de seu papel. Justifica-

se também a necessidade de reflexão teórica sobre a importância da educação

continuada como possível ferramenta que contribuirá ou influenciará na

construção da identidade profissional e sua respectiva empregabilidade.

Cabe-nos entender como a sua atuação, de acordo com a sua formação

pessoal, social e profissional, isto é, sua subjetividade, será delimitada no

âmbito organizacional, quando contratada para atuar nos centros decisórios e

de executivos.

Foram considerados alguns fatores na reflexão para compreender a

profissão e seu perfil, que procuramos definir com base nas categorias

flexibilidade, autoconhecimento, escolha profissional, bem como disposição

para dar continuidade aos estudos, aspectos que foram percebidos por meio da

análise dos resultados da pesquisa de campo e das entrevistas.

A constante revisão de postura e ampliação de conhecimentos gerais e

específicos da área administrativa, assim como a conscientização do valor da

escolarização em qualquer carreira, a educação participativa e de qualidade,

capacitação e treinamento para promover transformações e conquistar

realizações na vida pessoal e profissional também poderão colaborar para que

as profissionais de secretariado definam qual é realmente o papel da secretária

executiva no âmbito das organizações e a importância de conquistar a

identidade da profissão como um dos caminhos para o sucesso na carreira.

Dentro dessas perspectivas, esta dissertação tem como objetivo

compreender as habilidades denominadas flexibilidade, capacidade de escolha

profissional, autoconhecimento e disposição para a educação continuada.

Page 4: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

15

Acreditamos que essas habilidades podem ser produtos e produtoras de uma

forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária

executiva.

A nossa preocupação é de que o ser e o fazer secretária executiva

tenham uma relação simbiótica e dialética, isto é, uma dimensão que se refaz

na outra, uma vez que a subjetividade não é dada, é construída ao longo da

vida, da mesma forma que o fazer também não é dado, é construído.

A identidade de uma pessoa para Dubar (2005) é fruto de sucessivas

socializações, o que, seguramente, nos leva a buscar compreender como esse

processo de socialização acontece e o quanto nossa identidade depende

também de nossa capacidade e empenho para conviver, aprender e trocar com

o outro. Por isso, a pesquisa objetivou, também, analisar a importância do

saber fazer e do saber ser da secretária executiva em busca de sua identidade

profissional.

Convém ressaltar que, por um lado, a secretária executiva está

normalmente em evidência na rotina empresarial e adquire destaque

profissional quando está ciente de seu papel, de sua importância e de sua

responsabilidade empresarial, seja na gestão da informação, no suporte ao

executivo ou contribuindo de alguma maneira com seus conhecimentos e

experiências para o incentivo dos negócios, dos quais seu executivo é

responsável. Por outro lado, necessita lidar corretamente e de forma respeitosa

consigo mesma e com os outros, pois uma conduta adequada gera resultados

valiosos para as organizações, além de contribuir para mediar tarefas,

pessoas, chefias, clientes e departamentos.

Partiu-se da hipótese de que o ser secretária está intimamente

relacionado com o fazer secretária, razão pela qual seu processo de

socialização, de aprendizagem e sua história repercutem na escolha e na

dinâmica da profissão. A capacidade de articular essas duas dimensões

propicia ao profissional um determinado bem-estar para enfrentar o momento

socioeconômico, o mundo do trabalho e a cultura. Essa condição talvez seja

um dos caminhos adequados para garantir a empregabilidade, a descoberta e

a conquista de outros campos de atuação.

Esta pesquisa de mestrado embasou-se nos seguintes procedimentos

metodológicos: pesquisa bibliográfica com a finalidade de criar um acervo

Page 5: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

16

teórico para iluminar e interpretar o tema escolhido da dissertação, à parte dos

temas globalização, identidade profissional e organizações.

As técnicas utilizadas objetivaram compreender as habilidades, o saber,

a flexibilidade, o autoconhecimento, a escolha profissional e a disposição para

dar continuidade aos estudos para compreender a formação das secretárias

pesquisadas e seus conhecimentos na atuação como profissional, assim como

analisar o entendimento de cada uma delas a respeito do saber ser e do saber

fazer na realidade profissional como possível fator condicionante ao

reconhecimento de seu trabalho e à identificação dessa profissão dentro das

organizações.

Para coleta dos dados foram empregadas três técnicas investigativas

para alcançar as respostas ao problema levantado. A primeira delas foi a

aplicação de questionário, contendo 13 questões fechadas para uma

população de 100 secretárias executivas, sendo devolvidos para efeito de

tabulação 19 questionários; a segunda técnica foi a de entrevistas individuais

com seis profissionais da área, e a terceira foi o método de observação em

equipe ou discussão temática com um determinado grupo de secretárias

executivas, ainda que em formação superior, o que mais bem explicitado no

capítulo quatro.

Foi possível perceber que as secretárias executivas participantes não

escolheram a profissão levando em conta as habilidades que são pertinentes

ao cargo e seu papel no mercado de trabalho, pois cada uma delas, de acordo

com sua história de vida e de sua personalidade fez a opção por inúmeras

razões, dentre elas, salário, indicação ou status.

Concluímos que a falta de se conhecer melhor como sujeito, de

conhecer e levantar seus pontos fortes e fracos e a consciência de que a

aprendizagem constante contribuirá para o seu sucesso na carreira não estão

claros na atuação dessas secretárias executivas e na formação profissional,

apesar de serem habilidades que serão exigidas no perfil secretarial pelas

empresas e pelo mercado de trabalho.

Para responder ao problema e o nosso objetivo e a hipótese,

organizamos esta dissertação em quatro capítulos:

Page 6: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

17

No segundo capítulo – A profissão de secretariado na era da

globalização – discutiu-se acerca das questões que são relevantes na

compreensão do papel deste profissional nas organizações, focalizando-se a

evolução do perfil dos profissionais de secretariado ao longo da história,

especialmente, no Brasil. Outro ponto estudado refere-se ao advento da

globalização, cuja realidade se faz presente nas instituições, influenciando

sobremaneira o trabalho da secretária executiva que atua nas organizações

“modernas” e busca constantemente uma identidade profissional. Desse modo,

dá-se ensejo a que a secretária executiva possa se entender nesse processo e

demonstrá-lo externamente, porquanto nos ambientes organizacionais são

visíveis e conflituosos os níveis hierárquicos, motivo pelo qual é necessário ter

cautela para lidar com o poder próprio e com aqueles dos mais influentes,

aqueles que tomam decisões e que influenciam consciente ou

inconscientemente para o sucesso ou fracasso da carreira secretarial.

No terceiros capítulo – A questão da aprendizagem na formação da

identidade da secretária – refletiu-se a respeito da escola e da importância da

aprendizagem na trajetória da secretária. Entre os acontecimentos importantes

para a formação da identidade social do sujeito, é fundamental considerar a

saída do sistema escolar e a confrontação com o mercado de trabalho como

elementos-chave na construção de sua autonomia.

Esses elementos são fundamentais na construção de uma identidade

profissional, relacionando-se ao desenvolvimento de competências, de projetos

de vida e de aspirações socioeconômicas e culturais..

“A educação é parte fundamental da história da cultura, faz parte da

história geral da humanidade, da realidade de todos os homens ao longo de

sua existência” (Luzuriaga, 1990, p.1). Ela ocorre em escalas diferenciadas em

contextos diferentes, nos mais variados ambientes, dentro e fora das

instituições, a começar pela família, no meio ambiente,etc.

No quarto capítulo – Perfil e atuação das secretárias executivas nas

organizações globalizadas e a busca de uma identidade profissional – discutiu-

se em que sentido a profissão está presente e quais foram os méritos de uma

evolução substancial e gradativa ao longo da história da humanidade, e como a

profissional em questão criou e projetou a própria trajetória.

Page 7: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

18

Deve-se considerar que essa profissão conseguiu um legado digno,

tanto no Brasil, quanto no exterior, instituindo-se como uma categoria

organizada, que busca constantemente valorização e identidade profissional

nos diversos sistemas organizacionais contemporâneos.

No quinto capítulo – Análise e apresentação dos resultados das técnicas

de pesquisa – procurou-se compreender quais os caminhos que a secretária

executiva percorre para conquistar reconhecimento profissional e pessoal nas

organizações, além de delinear um perfil das entrevistadas e de sua

subjetividade, enquanto sujeitos nas empresas da modernidade.

Para articular as técnicas da pesquisa com o embasamento teórico dos

capítulos, a pesquisadora promoveu um levantamento bibliográfico com a

finalidade de refletir sobre autoconhecimento, escola e educação, sujeito e

subjetividade, para perceber os novos desafios que a referida profissional terá

pela frente, a partir do momento em que ingressa no mercado de trabalho e

deve estar ciente de seus limites profissionais ao desempenhar sua função

com o intuito de entender a questão do ser e do fazer da secretária executiva.

Este, a meu ver, será o maior desafio para as profissionais entrevistadas e uma

proposta de reflexão para, quem sabe, promover novas mudanças na carreira

dos futuros profissionais no mercado de trabalho.

Page 8: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

19

2 A PROFISSÃO DE SECRETARIADO EXECUTIVO NA ERA DA GLOBALIZAÇÃO

A globalização pode ser entendida como um acontecimento ocorrido no

atual capitalismo em que houve a integração entre as economias e sociedades

mundiais, principalmente no que se refere à produção e vendas de mercadorias

e serviços, dentro do mercado financeiro de vários países, e a difusão das

informações em tempo real, otimizando os negócios, aproximando pessoas e

empresas e fazendo com que o mundo gire em torno da tecnologia.

O mundo passa por mudanças constantes, numa velocidade quase

imperceptível aos nossos sentidos, mas direta ou indiretamente somos

moldados por essas mudanças, pois elas afetam, alteram e transformam a

realidade.

Essas mudanças, por vezes, reflexo do processo de globalização,

incidem diretamente sobre as economias do planeta uma vez que

proporcionam a abertura de fronteiras na área de negócios, alteram as

realidades sociais e, muitas vezes, não conseguimos acompanhar ou entender

esse processo. Esse novo cenário coloca à disposição das pessoas, dos

grupos e dos sistemas de trabalho, as novas tecnologias, criando autonomias

econômicas e políticas, por um lado, e dependência tecnológica, por outro. Por

isso, aqueles que não estão “plugados,” parecem desligados, mas sabe-se que

nem todos estão em condições para tal empreendimento.

Para Gonçalves (1996), é relevante voltar nossa atenção para

acontecimentos anteriores ao mundo atual, a começar pela desintegração do

sistema feudal, o qual deu lugar à ordem econômica do capitalismo moderno.

No início do período correspondente à sociedade moderna, a produção dos

antigos servos, agora dedicados à atividade comercial, esteve organizada em

torno das corporações e manufaturas.

Nos sistemas domésticos de produção, o trabalhador mantinha

familiaridade com o produto de seu trabalho, porque ele era o proprietário dos

instrumentos de produção, participava de todas as suas etapas - desde a

concepção do projeto até a sua execução – e finalizava esse ciclo, colocando

seu produto no mercado. Ao mesmo tempo em que se desenvolvia uma

Page 9: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

20

produção manufatureira, os comerciantes promoviam o estímulo à navegação,

em busca de novos mercados.

As viagens, além da esperada conquista de mercados, favoreceram o

contato com importantes invenções e possibilitaram a ampliação do

conhecimento, aperfeiçoamento de técnicas e a acumulação de capital. Tais

conquistas permitiram a compra de matéria- prima e de máquinas, introduzidas

pelo processo industrial, logo no início do sistema fabril de produção.

O uso de maquinário correspondeu ao surgimento e à instalação de

muitas fábricas, provocando mudanças fundamentais na ordem econômica e

nos valores da sociedade. A utilização de máquinas proporcionou agilidade na

produção, mas também fez com que muitas famílias dedicadas ao trabalho

doméstico nas antigas corporações e manufaturas, depusessem seus

instrumentos e vendessem as suas forças de trabalho para sobreviverem.

Com a implantação do sistema fabril, deu-se a organização do

capitalismo propriamente dito: os trabalhadores já não dispunham de matéria-

prima, nem dos instrumentos de trabalho. Instituíam-se deste processo, a

divisão social do trabalho, o ritmo de trabalho e os horários preestabelecidos.

Da Revolução Industrial no século XVIII até o começo do século XX, com

Henri Ford e F. Taylor, houve evolução tecnológica organizacional, assim como

a flexibilização do processo produtivo, que gerou alterações, competitividade e

busca de diferentes formas alternativas de convivência social,

redimensionamento de uma ética do trabalho e significativa mudança de

valores.

O estágio da economia capitalista, de acordo com Gonçalves (1996),

além das exigências de reorganização de ordem interna e externa nas

empresas, a globalização, a reengenharia e a ISO trouxeram desafios para os

governos e para a sociedade em geral. Porém questiona-se como manter a

empregabilidade no atual mundo capitalista? Como se manter atualizado com

os acontecimentos mundiais e, ao mesmo tempo, dar conta das tarefas

profissionais e pessoais? Como o trabalhador pode investir em seu futuro com

tantas desigualdades no mercado de trabalho?

Nesse cenário, parece levar vantagem aquele que estiver à frente no

que diz respeito a conhecimentos, maturidade, experiência e atualização

constante. A secretária, como qualquer outro profissional, não está livre dessa

Page 10: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

21

disputa; o diferencial, muitas vezes, está na sua formação específica, no tempo

de profissão e nas mudanças de paradigmas, isto é, nos novos modelos ou

padrões em um conjunto de valores e crenças que influenciam o modo, o estilo

de gerenciamento das organizações.

A profissional secretária executiva acaba sendo um modelo de

gerenciamento direto, pois trabalha rotineiramente com a distribuição de

informações, materiais, prestando os mais distintos serviços, contatando

pessoas e necessita, pois, acompanhar as mudanças ocorridas nas empresas

e em sua forma de gerenciamento.

As referidas mudanças ocorridas nos modelos de gerenciamento no

universo das organizações estimulam a competitividade entre as secretárias

executivas, tornando-se um diferencial no mercado, qual seja, a convivência

competente moldada nos meandros da globalização, o modelo sistêmico do

capitalismo mundial.

A profissional secretária está inserida diretamente na administração

central das empresas, competindo-lhe diversificar e ampliar os conhecimentos

e informações que detém, a fim de que possa cuidar da infra-estrutura

emocional e desenvolver habilidades técnicas para saber lidar com as mais

diversas situações e diversos contextos empresariais.

Por conseguinte, mudanças relativas à procura pelo equilíbrio das

emoções, à distribuição das tarefas e à administração de tempo, deverão

ocorrer no comportamento da secretária. Mas, como será que a secretária

executiva se vê enquanto indivíduo integrante da organização? Nesse

contexto, Ferreira1 (2008, p.18) explica:

De fato, as tendências da globalização refletem-se sobremaneira em todas as atividades econômicas, financeiras, culturais, políticas e sociais que decorrem da produção, distribuição, troca e consumo de bens e serviços, cuja quantidade e qualidade são cada vez mais complexas e abstratas. O trabalho, resultante do dispêndio de energias fisiológicas e intelectuais, que estão na origem e na reprodução desse processo, é consubstanciado na ação individual e coletiva do ser humano, enquanto entidade biológica e social inelutável. O trabalho é, assim, incrustado numa relação dialógica

1 FERREIRA é professor do SOCIUS/ISEG-UTL.

Page 11: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

22

entre o homem e a natureza, e entre relações sociais e processos de socialização.

Certamente, observando as mudanças que ocorrem, o homem começa a

questionar a própria individualidade e a realidade que o cerca, a qual se torna

confusa a ele, em virtude de não ter compreensão suficiente de seu papel, de

seu destino, de seus anseios dentro da sociedade em que está inserido. Esta

mesma sociedade, de certa forma, incita as pessoas a mostrarem competência

e sobrevivência social, com uma rapidez absurda. Atordoado e cobrado de

maneira enfática, o homem busca na família, na profissão e na sociedade do

conhecimento referências pessoais, profissionais e sociais que o tornem

produtivo, competitivo e reconhecido dentro da realidade da globalização, um

ponto de equilíbrio dentro desta nova realidade.

Cabe lembrar que, nesta busca sofrida e atordoada, o homem procura

sua identidade, construída por intermédio do juízo dos outros e de suas

próprias convicções e autodefinições. A esse respeito, Dubar (2005, XXV)

considera que, “como em todos os períodos que se seguem a uma grande

crise econômica, a incerteza quanto ao futuro domina todas as tentativas de

reconstrução de novos padrões sociais: os de ontem já não convêm e os de

amanhã ainda não estão estabelecidos.”

De Liberal pontua que a “tendência de inserir as mudanças do mundo do

trabalho e da formação profissional no bojo da emergência de novos

paradigmas2 está associada ao acirramento da crise da economia mundial a

partir de 1970 e à conseqüente busca de explicações para a mesma”.

Evidenciam-se, portanto, climas de incertezas, tempos difíceis de prever,

dificuldades de entendimento sobre as questões econômicas e existenciais

relevantes em todos os tempos, pois todas as economias no ocidente foram

afetadas de diferentes formas no final da década de 1970, atingindo

diretamente a vida dos indivíduos numa determinada sociedade mundial.

Das muitas dimensões da identidade dos indivíduos, a profissional se

articula com muitas outras, por exemplo, ter emprego e como ser uma pessoa

empregável.

2 Um conjunto de práticas sociais que se impôs durante certo período, como as mais eficientes, articulando as dimensões técnicas, econômicas e sociais de um universo de produção. Gitahy (apud De Liberal, 2003, p. 58)

Page 12: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

23

A empregabilidade nos direciona à questão do poder nos ambientes

organizacionais, dado que, em todos os níveis hierárquicos, existem poder e

destaque para aqueles que tomam decisões.

Souza Neto (2002, p.67) remete a questão do poder à secularização,

porque, segundo ele:

... o processo de secularização do poder, por volta do século XVI, traz uma nova visão do homem, não mais concebido como produto da vontade dos deuses, mas como sujeito da história. O desenvolvimento pessoal passa a ser uma prerrogativa humana, da mesma forma como a história social.

Nota-se que ao longo da história da humanidade, a evolução do homem

e da sociedade proporcionou modificações de comportamento, mudanças no

pensar, na definição de ser e na estruturação da sociedade em que este ser

está inserido.

Para Maquiavel (apud Souza Neto, 2002, p.67), o poder é uma questão

de conquista e é preciso que o homem, após conquistá-lo se mantenha nele

através do delineamento de seu espaço, de seu setor em uma organização em

que ele seja o centro desse poder.

Ao trabalhar ao lado dos centros decisórios, muitas profissionais de

secretariado acabam delimitando sua própria área de atuação, não transpondo

barreiras, por causa do perfil do executivo para o qual elas trabalham, e

também por questões culturais da própria organização.

Portanto, quando a secretária se insere em uma instituição produtiva,

isto é, na empresa, passa a desenvolver um papel que não deveria, porque não

é autêntico. Muitas vezes, desenvolve o papel de uma profissional que

simplesmente atende as necessidades de um executivo ou de determinado

setor, sem expressar suas opiniões e sem demonstrar seus conhecimentos e

habilidades no que faz ou nos projetos que executa.

Para Souza Neto (2002, p.68), “o homem é movido pelo mundo externo

e pela sua interioridade, e na relação com a natureza das demais esferas,

acaba por criar formas de satisfação de suas carências, de seus desejos e de

suas paixões”. Analisando positivamente esta carência, o homem recebe

estímulos internos e externos para tentar suprir suas carências, sejam elas

Page 13: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

24

necessidades construídas ou detectadas no ambiente em que está inserido, e

ainda que sejam as resultantes da convivência consigo mesmo e com o grupo,

sempre buscará supri-las da melhor forma que puder.

Nesse contexto, pode-se afirmar que o reconhecimento no ambiente de

trabalho é uma busca constante para as profissionais que atuam no mercado

de trabalho. Todavia, como buscar este reconhecimento e como saber quem é

esse profissional nas organizações? Buscar identidade profissional é mais que

um desejo, talvez seja uma carência profissional identificada no ambiente

empresarial, no gerenciamento e nas atribuições de funções específicas e

gerais que estão presentes no cotidiano das secretárias.

Para Souza Neto (2002, p.69), além das necessidades e transformações

sociais, existe a premissa de uma ética que direciona escolhas individuais e

coletivas na busca de realização pessoal e/ou profissional, cujos critérios

podem ser encontrados na história e na trajetória da pessoa e da profissional

secretária.

Enfrentar desafios também faz parte da busca pelo sentido da vida, da

luta para colocar em destaque um ser produtivo, reconhecido como alguém

capaz de executar com eficiência atividades diversas e de reunir condições

pessoais, sociais e profissionais para participar das esferas de poder e tomar

decisões acertadas em conjunto com os demais membros da equipe em que

está inserida. Luta para atuar nos variados seguimentos administrativos das

corporações como quer e sabe e não apenas como determinam os níveis de

poderes mais altos das organizações.

2.1. Do surgimento da profissão ao perfil atual da secretária

Embora as secretárias tenham conhecimentos diversificados, é difícil

afirmar se elas se conhecem e se reconhecem como cidadãs, como pessoas

participantes no mundo do trabalho, o qual exige de seus colaboradores

conhecimento profissional para usar no cotidiano, conhecimento aprofundado

de si mesmo, da sociedade e das organizações onde atuam. E, com relação

ao seu perfil profissional, é relevante indagar se puderam fazer suas escolhas,

Page 14: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

25

ou por questões de sobrevivência, abraçaram uma profissão que se apresenta

genuinamente feminina por identificação de gênero.

A escolha de uma profissão requer cuidados, pois é como percorrer um

campo desconhecido, repleto de surpresas para as quais se deve estar

preparado.

De acordo com Whitacker (1985), ao escolher uma profissão, deve-se

considerar a capacidade de equacionar a falta de informações a respeito de

determinada carreira o que só se consegue contatando especialistas da área

ou buscando nos livros e nas organizações formas de tomar conhecimento a

respeito desta ou daquela profissão. Segundo a autora, ainda há outra

maneira de escolher a profissão que é perceber alguns fatores ocultos que

podem influenciar tal opção.

Whitaker (1985, p.33-34) afirma:

Há profissões rodeadas de charme. [....]. Claro,

nenhuma profissão perderá seus aspectos românticos

para aqueles que se imaginam representando tais papéis.

(e é bom que assim seja, para um bom ajustamento do

indivíduo à profissão). O importante, no entanto, é que

uma pessoa assuma a profissão, conheça seus aspectos

negativos e os equacione adequadamente. É preciso que

o indivíduo tenha certeza de que na está sendo atraído

pela representação do papel profissional. [....]. Os

aspectos negativos do verdadeiro conteúdo da profissão

podem causar frustrações e desencantos às pessoas

desavisadas.

A questão que se apresenta, de acordo com a autora, é que o saber

escolher a profissão conhecendo seus aspectos mais importantes facilitará

sobremaneira se realizar na carreira. Nesse ponto, a importância do

autoconhecimento e a busca por informações, exigências no perfil, habilidades

desenvolvidas poderão facilitar o quesito escolha profissional. É imperativo

conhecer até onde ele pode chegar como profissional, respeitando-se limites

de dentro para fora e de fora para dentro.

Page 15: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

26

Para se entender melhor a temática, foi necessário compreender a

história da profissão de secretariado, considerada antiga, e sua evolução ao

longo do tempo, para a aquisição de informações que pudessem nos ajudar na

análise da carreira na atualidade, qual é o perfil exigido, assim como perceber

as mudanças ocorridas com a globalização. E, nesse contexto, escolher mais

sabiamente a profissão de secretária.

De acordo com Rocha e Sabino (2004), pode-se considerar que a

origem da profissão de Secretariado tem como marco fundamental a Dinastia

Macedônica com Alexandre Magno (365 a.C. – 323 a.C), aluno de Aristóteles e

imperador da Macedônia, o qual reinou de maneira absoluta e já determinava

funções primordiais aos seus secretários: a) entalhar informações pertinentes

às suas conquistas e b) lutar com espadas contra seus inimigos.

No Império Romano, posteriormente, os escribas, homens de confiança

de imperadores que tinham o poder da escrita, trabalhavam para redigir as leis,

cuidar dos arquivos e recolher os impostos; por isso, ocupavam o cargo de

secretários. Utilizavam a estenografia, técnica conhecida como a escrita

abreviada, a qual se tornou uma aliada do escriba para desempenhar com

eficiência suas atribuições. Os autores comentam ainda que, naquela época,

essa técnica era muito valorizada, pois permitia que o secretário (o escriba)

escrevesse com a mesma rapidez com que falava. Essa técnica colocou o

profissional secretário em destaque, já que possibilitou que ele ocupasse uma

posição privilegiada nas esferas imperiais.

A trajetória do secretário-escriba seguiu pelos meandros da cultura, sem

a qual profissão alguma na história pôde ter domínio da escrita, do saber e,

dessa forma, o acesso ao conhecimento.

Controvérsias à parte, tanto Sabino e Rocha (ibid.) quanto Fenassec

(ibid.) afirmam que o primeiro profissional secretário foi o escriba e que esse

profissional surgiu na era Macedônica. Para ambas as fontes, o escriba detinha

já naquela época, um poder raro: a habilidade de ler e escrever. Por conta

dessa aptidão, controlava as contas, as leis e a administração das

propriedades de seu rei.

Percebemos que, nas duas afirmações, o escriba era considerado um

secretário e que muitas das atividades então desenvolvidas pelo escriba se

assemelhavam às atividades dos profissionais de secretariado atual. Ao longo

Page 16: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

27

dos tempos, os secretários são citados por escritores e filósofos, como na obra

“O Príncipe”, de Nicolau Maquiavel (1469 a 1527, apud Sabino e Rocha, 2004,

p. 6), que descrevia a fidelidade voraz dos secretários para seguir e ficar ao

lado dos seus príncipes.

Já Natalense (1998) salienta que a profissão se consolidou a partir da

segunda fase da Revolução Industrial, por volta de 1860, quando o secretário

passou a ter um destaque maior, justamente com o advento da máquina de

escrever, por volta de 1868, e manteve-se profissional fiel e com discrição para

atuar dentro das organizações. Nota-se que, na evolução dessa profissão, o

secretário aprendeu a lidar com as várias técnicas de trabalho, demonstrando a

cada tempo, os primeiros sinais de flexibilidade no que se refere à aquisição de

novos conhecimentos profissionais.

A profissão de secretário manteve-se genuinamente masculina, de

acordo com a autora, até o início no século vinte, quando ocorreram as duas

grandes guerras mundiais, as quais forçaram a mulher, por falta de mão-de-

obra, a entrar no mercado de trabalho, tornando a profissão, a partir daí,

eminentemente feminina. A autora ressalta que até a década de 1990, somente

10% dos homens atuavam como secretários.

No Brasil, a secretária executiva passou a ser reconhecida como força

de trabalho a partir de 1950, com a chegada ao país das multinacionais da

indústria automobilística, de acordo com Natalense (ibid).

2.2. O fenômeno da Globalização

De modo geral, entende-se por globalização o fenômeno da integração

entre as economias e as sociedades de vários países, especialmente no que

se refere à produção de mercadorias e serviços, mercados financeiros e

difusão de informações e, para Souza Neto (2003, p.92), a globalização pode

ser entendida

... como uma organização civilizatória, fonte de possibilidades e impossibilidades que desafiam o desenvolvimento humano. Tanto quanto produz o desemprego, a globalização acentua o fascínio pelas descobertas tecnológicas, abre caminhos ao

Page 17: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

28

redescobrimento do Planeta e faz do homem um ser espacial.

Para o autor, a globalização é um momento importante na história da

humanidade, porque traz benefícios e resultados imensuráveis, transpõe

barreiras e diferenças, aproxima pessoas e fronteiras geográficas, elimina

distâncias e aproxima culturas e ideologias de diversos lugares de modo

inovador.

As empresas são formadas pela mão-de-obra do homem, na sociedade

do trabalho, e muitas organizações hoje trabalham com a velocidade, com a

tecnologia e com culturas diferenciadas no que diz respeito às informações,

negócios e lucros. Rifkin (2001) afirma que o acesso às informações, à

tecnologia e aos novos mercados está diretamente ligado a todas as mudanças

no sistema capitalista. Acrescenta ainda que se vive o acesso como um modo

de vida, uma nova fase - o nascimento da economia em rede.

Para Ferreira (2000), a produção de bens e serviços é, em grande parte,

produto de um tipo de conhecimento e de informação decorrente de novas

modalidades de adaptação do fator trabalho às novas tecnologias.

A secretária acompanha essas novas modalidades e as inúmeras

mudanças no ambiente organizacional. Muitas vezes, participa das

negociações e dos desfechos dos negócios, ao lado dos empresários, sem ter

uma ligação direta com as decisões tomadas pelos dirigentes e organizações.

Souza Neto (2003) ressalta que o homem nunca teve tantas opções,

caminhos, possibilidades e recursos para satisfazer suas necessidades e

carências, como na era da globalização, na qual vivemos na atualidade.

Salienta, no entanto, que, em decorrência disso, os problemas também

aumentam, sejam eles no campo econômico, no campo social, no campo

político ou no campo religioso, pois a realidade passou a ser marcada por

tantas distorções sociais, pessoais e profissionais que estes fatores culminam

para o desentendimento acerca do que fazer e como fazer dentro da sociedade

capitalista.

Conhecer e vivenciar o real sentido da globalização requer habilidades

nunca antes experimentadas por qualquer profissional. O conhecimento geral e

o globalizado passaram a ser um diferencial importante em qualquer carreira.

Page 18: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

29

Hoje, todos podem se conectar sem fronteiras, com intercâmbio pessoal e

profissional, e principalmente, como afirma Rifkin (2002), podem seguir rumo à

nova cultura do capitalismo, a Era do Acesso, em velocidade assustadora.

A secretária executiva moderna faz a conexão nesse processo

globalizado quando atua como elo entre clientes internos e externos, parceiros

e fornecedores, quando gerencia uma gama de informações sustentada por

uma tecnologia de ponta e quando administra processos de trabalho, além de

preparar e organizar o “meio de campo” para que soluções e decisões sejam

tomadas com qualidade (D´ELIA e GARCIA, 2005).

A globalização passou a exigir polivalência das pessoas, isto é, passou a

exigir um profissional que saiba fazer e faça bem diversas atividades, se

dedique à empresa em tempo integral, fique atento aos negócios e assessore

os executivos.

É fundamental, nessa situação, não esquecermos de que a mulher

secretária, às vezes, é mãe, tem necessidades, vontades, desejos e carências

afetivas e outras que nem sempre estão associadas diretamente à profissão,

mas que desaparecem em meio a tantas cobranças do mundo empresarial.

Cabe aqui perguntar onde e quando esses profissionais buscam

motivação, alegria, tempo para se cuidar fora da empresa; quem é o

profissional de secretariado fora da organização; que outras rotinas lhe são

permitidas viver que não seja a realidade da empresa onde atua?

Nesse contexto, Cardoso (2007) afirma que, nos últimos anos, os

profissionais brasileiros têm razões suficientes para sentirem-se motivados,

posto que houve aumento das exportações, e a globalização passou a ser

encarada como uma porta de entrada para novas oportunidades profissionais,

incluindo-se nesse grupo os profissionais de secretariado.

No exterior, de acordo com a autora, os profissionais brasileiros são

valorizados por suas características natas, ou seja, tem facilidade de

comunicação, agilidade na tomada de decisões, facilidade de adaptação a

lugares e cultura, habilidade para manipular informações, estabelecer

estratégias e network3, o que os caracterizam como profissionais mais liberais.

3 A palavra network, na tradução para o português, significa grosso modo, rede de relacionamentos criada ao longo da vida em sociedade e na carreira dentro das organizações.

Page 19: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

30

A autora destaca as qualidades de um profissional competente, ágil e

flexível, as quais muitas secretárias executivas buscam, seja como ser

humano, cidadãs do mundo ou como resultantes de uma educação formal, que

lhes preparem minimamente para competir e serem reconhecidas na família e

na sociedade. Mas se quiserem o reconhecimento na carreira e na vida

pessoal, precisam abrir mão de alguns fatores tão importantes que acabam

influenciando-as a ponto de fazê-las repensar a questão do trabalho e o quanto

podem se beneficiar dele.

É bom lembrar que existem profissionais que não têm esta noção tão

clara e resolvida. Ademais, a busca pela autonomia no mundo do trabalho está

ligada à criatividade, podendo divergir daquilo que já está instituído. Autonomia

e identidade, portanto, são buscas incessantes na vida da secretária executiva,

porque, na maioria das vezes, os profissionais dependem de ordens e

conhecimentos de executivos para tocarem um projeto. Esta dependência pode

criar uma situação de desconfiança, seja por parte do profissional que fica

condicionado e fragilizado em seu poder decisório, seja por parte das

empresas que não acreditam neste potencial, por causa da postura da

secretária que não deixa evidente suas reais habilidades, o que acaba gerando

conflitos, desmotivação, falta de qualidade nos trabalhos apresentados e que,

inevitavelmente, acarretará em demissões.

Considerando que a secretária executiva se dedica de corpo e alma

(grifo nosso) ao que faz, o mínimo que se espera das organizações é que

reconheçam sua dedicação, levando-a em conta no momento de uma

promoção de cargo e salário. Importa acrescentar que esta vaidade não é

apenas um desejo, é uma necessidade de reconhecimento e recompensa,

como enfatizou Souza Neto (2002, p.80), dado que “a maturidade do sujeito é a

capacidade de administrar os conflitos do mal-estar, o ódio e o amor, a vida e a

morte, de encontrar estratégias em prol de opções que beneficiem a qualidade

de vida”.

Na pesquisa empírica, procuramos descobrir das profissionais se elas se

sentiam reconhecidas em seus locais de trabalho e o resultado foi

surpreendente e ambíguo, haja vista 39% se sentirem reconhecidas pelo

trabalho que desenvolvem junto aos executivos, e 34%, não, em virtude do

perfil do gestor e da cultura da organização. Essa ocorrência deve-se ao fato

Page 20: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

31

de que muitas secretárias executivas não têm a clara noção de suas

características profissionais, desconhecem não somente seus direitos e

obrigações organizacionais, como também a própria identidade profissional nas

organizações.

Por conseguinte, a secretária executiva precisa se conhecer como ser

em processo de construção de conhecimento, trabalhar com o lado psicológico

das atividades desenvolvidas, como a pressão, a cobrança, a disputa e

aprender a se valorizar para defender seus pontos de vista.

Para Silva (1998, p.31), “a autonomia está relacionada com a ação do

sujeito. Quanto mais criativo e divergente em relação ao já instituído for essa

ação, maior será a autonomia do ser cognoscente, isto é, em constante

processo de aprendizagem”.

A autonomia pode estar ligada à questão da identidade, das atribuições

relevantes nas rotinas secretariais, sem perder, contudo, o foco das decisões e

das condutas organizacionais, na direção e nos executivos das organizações.

Segundo Nunes (1994), a evolução do papel da secretária executiva nas

últimas décadas está atrelada à formação acadêmica, o que possibilita que ela

desempenhe com qualidade o papel que lhe cabe dentro das organizações. Na

década de 1990, segundo a autora, as secretárias executivas já possuíam

formação específica, tinham conhecimento do código de ética profissional e já

desempenhavam tarefas diversificadas. Como tivessem lutado para conquistar

espaços nas organizações, melhores salários, é compreensível que também

sonhassem e buscassem o reconhecimento da profissão dentro das

organizações.

Assim, esta profissional tende a evoluir e enquadrar-se ao perfil exigido

no mercado de trabalho como uma profissional séria, competente e pronta para

assumir responsabilidades. Trata-se de um profissional que busca

aprendizagem, motivação dentro e fora da organização, nas mais variadas

esferas culturais e sociais, porém também espera reconhecimento por sua

dedicação ao trabalho de modo integral.

Page 21: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

32

2.3. Estrutura e cultura organizacional

Uma análise das organizações empresariais demonstra que, por um

lado, tais empresas geram empregos e possibilidades para a sobrevivência de

muitos profissionais. Por outro lado, as conseqüências da globalização

obrigam-nas a lidarem com a realidade social do país e se adequarem ao novo

ambiente global para corresponderem às exigências do mercado mundial.

De acordo com Motta (1997), neste cenário mundial, deve-se dar

atenção especial ao comportamento das organizações, o qual varia

culturalmente, sendo consideráveis as diferenças encontradas nos valores,

visão e atitudes dos indivíduos no ambiente de trabalho.

Para o autor, cada ambiente traz consigo um tipo de cultura e uma forma

diferenciada de exigir resultados, os quais dependem também da conduta de

cada funcionário, da mentalidade e da forma de administrar.

As culturas organizacionais se ampliaram, mas, de certa forma, a

globalização acabou sendo a responsável por disseminar a variedade de

formas de conduta e objetivos empresariais, assim como se acentuaram as

dificuldades para compreender os tipos de “climas” que se podem encontrar

hoje nas empresas para que colaboradores possam atingir as metas

estipuladas pela organização. Para Brescancini (www.revista.fundap.gov.br):

O Clima organizacional pode ser entendido como a atmosfera do ambiente de trabalho. Refere-se a uma complexa rede de expectativas e percepções individuais e de grupo, permeada por referências estratégicas, organizacionais e por componentes estruturais do contexto do trabalho, que orienta e determina o comportamento de seus integrantes, criando um ambiente com características próprias.

Parecem ser fundamentais, nesse processo de aprendizagem e

observação nas organizações, as percepções e as expectativas dos

funcionários sob o clima organizacional, o qual favorece a discussão sobre a

lógica das trocas internas que ocorrem nos ambientes de trabalho, bem como o

conhecimento do contrato firmado entre as organizações e os seus

colaboradores, contemplando as questões formais e psicológicas. Os

Page 22: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

33

funcionários normalmente avaliam o equilíbrio entre as partes e avaliam as

contrapartidas da dedicação ao trabalho que realizam e os seus resultados.

Quando o grau de insatisfação supera com certa insistência o grau de

satisfação, o compromisso do profissional para com a empresa sofre um

desgaste que pode culminar na insatisfação e na ruptura do “contrato

psicológico de trabalho” e, em alguns casos, da própria relação formal de

ambos.

Certamente, por isso, Bergamini (1997, p.19) acredita que

[....] antes da Revolução Industrial, a principal maneira de motivar um colaborador consistia no uso de punições, criando, dessa forma, um ambiente generalizado de medo. Tais punições não eram unicamente de natureza psicológica, podendo aparecer sob forma de restrições financeiras, chegando até a se tornar reais sob a forma de prejuízos de ordem física. Levando em conta que as organizações passaram a existir muito tempo antes da Revolução Industrial, é possível concluir que a preocupação com o aspecto motivacional do comportamento humano represente um fato bastante recente.

Para a autora, algumas organizações passaram a se preocupar com o

aspecto intrínseco da relação profissional nas empresas. Os processos

modernos impulsionaram, por um lado, competências individuais e, por outro

lado, passaram a exigir do profissional, esforços demasiados, como o

acirramento das disputas de poder, estresse emocional, falta de qualidade de

vida, entre outros.

É claro que a aprendizagem permite o exercício de determinadas

profissões, prepara o sujeito para viver no mundo do trabalho e oferece

oportunidade de melhor adaptação ao mercado competitivo, uma vez que a

pessoa deve desenvolver hábitos saudáveis e atitudes assertivas condizentes

às exigências do mercado de trabalho, cujas organizações e mercado informal

oferecem possibilidades e alternativas de trabalho e renda, mediante opções

de atividades que correspondem à realidade do trabalho no mundo globalizado.

No entanto, para Bergamini (ibid.), no processo de capacitação, são

importantes as habilidades básicas, específicas e de gestão, ou seja, além de

aprender especificamente determinadas profissões, a pessoa deverá ser

Page 23: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

34

estimulada a exercitar suas competências básicas, que dizem respeito à

apresentação pessoal, aparência, auto-estima, comunicação, relacionamentos

interpessoais, capacidade de autogerir, tomar decisões, participar de trabalho

em equipe e saber colaborar com o processo de desenvolvimento pessoal no

trabalho, na organização e na vida.

Certamente, na atualidade, as pessoas passam a maior parte do tempo

dentro das organizações, ficando evidente que trabalhar não é uma opção para

passar o tempo, mas uma questão de necessidade e sobrevivência. Portanto,

em hipótese alguma se pode admitir um trabalho mecânico, mas minimamente

prazeroso e produtivo. A organização perde muito quando objetiva somente o

lucro e deixa de investir no lado humano do colaborador, porque acarreta

rotatividade de mão-de-obra, perdendo na qualidade e nos resultados.

Ainda de acordo com Bergamini (op. cit.), o ambiente organizacional

afeta a personalidade dos indivíduos, por isso é fundamental que esteja sadio,

com administração centrada no indivíduo, capaz de equilibrar a relação

dominador versus dominado, aquela comodamente assumida pelos

subordinados e hierarquias empresariais. Tomar o indivíduo “maduro”,

autônomo, requer quebra de paradigmas internos e externos.

A quebra de paradigmas se refere a todas as mudanças que precisam

ser realizadas, como os hábitos, clima e cultura empresariais, os quais a

secretária executiva vivencia incansavelmente na realização de suas funções.

Para Mattos (2000), a secretária atua diretamente com o executivo (ou

executivos), sendo considerada profissional multifuncional, assiste-o

tecnicamente, desempenha um número infindável de funções que vão além

das atribuições para as quais foi contratada, pois envolvem a esfera

profissional e são partes integrantes de uma engrenagem da empresa.

Por isso, compete ao profissional de secretariado se preparar para

ajustar conhecimentos, formação e aprendizado, de acordo com as normas e

exigências de cada organização e de cada executivo. Cabe lembrar que o fator

flexibilidade torna este profissional mais acessível às mudanças

comportamentais nas organizações.

Robbins (2002) acredita que o comportamento humano nas

organizações é mais saudável quando há consonância dos objetivos, das

metas e da finalidade organizacional com os valores e normas grupais que

Page 24: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

35

permitem o equilíbrio dos indivíduos e das relações estabelecidas nessas

organizações. O indivíduo precisa compreender e participar das “trocas” sociais

e incorporá-las como valores do grupo e das organizações, se anular na

medida do possível como ser individual para fazer prevalecer o ser coletivo,

aquele que compartilha dos credos, éticas e condutas morais do grupo.

A esse respeito, Chanlat (1991) explica que um dos traços

característicos do ser humano é pensar e agir e, por isso, a reflexão articulada

à ação acentua dimensões fundamentais da humanidade. A sociologia

assegura que o indivíduo, mediante atitudes, constrói a própria realidade social

e, neste sistema social complexo, constrói sua autonomia. Este homem é

marcado por desejos, anseios, aspirações e possibilidades, os quais, uma vez

aliados a um determinado grau de liberdade, lhe dão ciência daquilo que pode

conquistar e qual o preço que pagará por esta conquista no plano social.

A secretária executiva tem convicção desse papel e de sua importância

embora a maioria das empresas não identifique no profissional essa

autonomia, porque, de acordo com Souza Neto (2002), as mulheres, muitas

vezes, e aí se incluem as secretárias, se vêem diante de situações em que

devem trabalhar em jornadas duplas para ajudarem no sustento da família e se

desdobram como podem nas organizações para darem conta dessa situação.

Assim, a realidade do sujeito secretária executiva está em consonância com a

realidade das organizações e, como indivíduo no contexto da organização, age

como um ser de relação no jogo de identificação, introspecção, projeção e

transferência, para realizar desejos almejados e ter a existência reconhecida ou

não.

Essa busca por reconhecimento e realização de desejos, muitas vezes,

faz a secretária abdicar da vida familiar para se dedicar em tempo integral ao

trabalho, uma forma de sustentar aqueles que dela dependem. São esforços

aliados à busca de sucesso, aumentando as expectativas à medida que

adquire novas responsabilidades nas empresas.

Dessa forma, a realidade social acaba por transformar-se em um

sustentáculo da realidade psíquica do indivíduo. É certo que todo ser humano,

como indivíduo, passa por esse processo com o outro, e é através dele que se

reconhece, sente prazer e sofrimentos, satisfaz ou não os desejos e as

pulsões.

Page 25: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

36

É por isso que se pode afirmar que o indivíduo possui e trabalha com

sua carga de racionalidade e irracionalidade, articulação que liga a própria vida

com o mundo exterior.

Sobre esse aspecto, Chanlat (1996) afirma ainda que a vida psíquica de

uma pessoa exerce um papel fundamental no comportamento do indivíduo,

pois ela lida com o imaginário, com o inconsciente, com as defesas e os

processos de identificação de si mesmo.

Esta realidade, uma vez relegada, afetará as organizações, as vidas

sociais e individuais, visto que é fundamental a relação entre os indivíduos na

busca de satisfação por meio da representação afetiva, que influencia a

conduta profissional e social.

Para Kanaane (1998) e Chanlat (1996), é possível associar o homem

com as relações de seu meio, porque o homem como ser de relações sociais é

dotado de aspectos facilitadores e impeditivos, presentes nas interações

pessoais ou grupais.

Quanto às relações estabelecidas no ambiente de trabalho,

normalmente, estão associadas à experiência de vida, ao cotidiano. Assim, a

conduta é uma questão de escolha e se forma mediante um conjunto de

condicionamentos e aprendizados, os quais refletem sistematicamente nas

relações sociais e profissionais mantidas no universo do trabalho.

Sob essa ótica, verificamos que a pessoa secretária é parte integrante e

direta dos grupos de trabalho nas organizações e, uma vez que se relaciona

com todos os setores organizacionais, deve adequar o seu comportamento à

realidade profissional; trazer para este grupo um histórico de vida de

participação ativa na família, na escola, na religião e na sociedade; demonstrar

como membro integrante da equipe o quanto sua postura, seu comportamento

e sua motivação em fazer o de que gosta, e suas habilidades técnicas a

transformam em um membro efetivo da equipe, capaz de administrar e

gerenciar pessoas, tarefas e conflitos de forma a ser reconhecida pela sua

atuação eficaz e por manter sua empregabilidade.

A eficácia da secretária executiva, como integrante de um grupo de

trabalho, depende, muitas vezes, de sua experiência profissional, de

investimentos em cursos que a preparem para liderar, administrar emoções, ter

auto-estima, motivação, habilidades técnicas e aprender a trabalhar com

Page 26: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

37

deficiências profissionais, para que estas últimas não interfiram na sua

trajetória profissional.

Dos elementos expostos, a automotivação é fundamental para a

obtenção do reconhecimento social e profissional. É imprescindível na busca

do autoconhecimento, é parte de seu aprendizado profissional, social e

humano. Nesse contexto, Kanaane (1998, p.61), afirma que: “o

autoconhecimento, o resgate da auto-estima e o desenvolvimento da intuição

levam o indivíduo a perceber-se como um ser atuante e em condições de

influenciar e ser influenciado, proporcionando melhores condições de vida no

trabalho”.

Kanaane (1998) destaca que o autoconhecer e o automotivar são

ferramentas importantes para o sucesso de empresas e colaboradores, desde

que se tenha clareza de quem é quem, quais são os papéis de cada um,

direitos e obrigações, para que todos alcancem o sucesso que almejam.

O sucesso dependerá das estruturas organizacionais que, para manter

os negócios dentro e fora do país, têm nos colaboradores um instrumento

valioso obterem êxito nas negociações, sejam entre países, cidades ou

estados, ou no investimento nas diferentes formas de motivar. Os

trabalhadores, pois, precisam contribuir para a manutenção das organizações.

Também são fatores relevantes para esse sucesso organizacional as

relações de poder e de conflito que acabam fornecendo um aprendizado para o

indivíduo e influenciando seu papel social e profissional no cotidiano do

trabalho. Esse indivíduo está vinculado ao desenvolvimento organizacional por

meio do conhecimento que detém, da motivação e do comportamento,

elementos decorrentes da formação social, acadêmica e profissional.

Além de conhecer a organização onde vai atuar, é essencial para a

secretária conhecer a missão, os valores e a visão que essas organizações

possuem como também saber quais os caminhos que deve percorrer para

buscar reconhecimento profissional dentro dessa ou daquela empresa de

acordo com a sua cultura. Numa das respostas à discussão temática em grupo

com as seis secretárias executivas, K respondeu assim em relação ao tipo de

organização em que ela “escolhe” atuar:4

4 Maiores detalhes, ver anexo V

Page 27: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

38

[....] porque procurando emprego eu vou tentar me

associar a uma empresa que eu tenha as mesmas

questões de valores, crenças e acredite que eu vá fazer

parte desta empresa. Eu não vou me ligar a uma empresa

que não tenha a minha cara. Por isso que eu nunca fiquei

desempregada. Sempre saí de uma para outra melhor;

essa é minha trajetória profissional.

2.3.1 Tipologias das organizações

A compreensão das tipologias das organizações para a secretária é um

fator valioso para que ela possa entender melhor o ambiente em que está

inserida, o qual está relacionado com as mudanças que ocorreram no mundo

do trabalho e na concepção e visão de algumas empresas e colaboradores e

ainda na realidade econômica e social do país.

A atual força de trabalho destacou a valorização pessoal, a

empregabilidade, a criatividade e a qualidade profissional como fatores

determinantes para o sucesso e a produtividade das organizações no decorrer

das últimas décadas. Para que os profissionais de secretariado entendam

essas mudanças que acontecem por meio da família, da religião, da política e

dos grupos sociais e apresentam como desafio a educação e a reeducação de

grupos nas empresas, incluindo-se nesses grupos os profissionais de

secretariado, é necessário refletir e aprender como lidar com as diferentes

corporações do mercado e suas exigências, relacionadas ao tipo de

profissional de secretariado de que as organizações necessitam.

Manzini-Covre (2007) destaca quais seriam as organizações

fundamentais na formação do ser humano para a convivência em sociedade,

suas diferenças e seus objetivos. Segundo essa autora, esses elementos são a

família, as escolas e as igrejas, e apresenta uma tipologia instrumental, obtida

com base em Max Weber (1964, apud Manzini-Covre, 2007). A autora aponta

para uma predominância dos seguintes:

1. Organizações cuidadoras – são as famílias, escolas, hospitais, abrigos,

mídia, igrejas, aquelas que objetivam os cuidados, a proteção e a

formação. Cada instituição tem sua própria forma de conduzir os

Page 28: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

39

componentes de seu grupo visando atingir objetivos. Os profissionais

atravessam esses percursos até chegarem às empresas e atuarão de

acordo com os reflexos e conhecimentos adquiridos nessas

organizações cuidadoras.

Enquanto o ser desejante em sua formação vislumbra e sonha

conquistas, a família carrega a responsabilidade da formação do sujeito e do

cidadão; por isso, uma formação insuficiente poderá influenciar no

comportamento que o sujeito apresentar nas empresas ou nos grupos do qual

faz parte.

2. Organizações repressivas – aquelas que são extremamente rígidas, que

“educam” pela violência e pela punição. São exemplos: as prisões, os

conventos e os manicômios, entre outros. Este tipo de instituição usa

formas diferenciadas para que o indivíduo se relacione com a realidade

externa.

Cabe lembrar que as secretárias executivas lidam com diferentes

profissionais e indivíduos nas empresas nas quais, de acordo com Manzini-

Covre (ibid.), também existem sujeitos desejantes, dotados de subjetividade.

3. Organizações produtivas – aquelas que são conhecidas do público como

as grandes empresas, bancos; aquelas que trabalham com o capital

humano e cujo objetivo maior é fazer dinheiro, ou seja, o lucro é o

aspecto principal de sua sobrevivência, por isso possui um considerável

espaço repressivo em sua cultura organizacional como forma de

“obrigar” o trabalhador a cumprir os objetivos definidos, sem se

preocupar com a valorização e os direitos do trabalhador. Dessa forma,

componentes que causam mal-estar são considerados normais, como

cumprir regras e metas da empresa como parte da obrigação do

trabalhador.

Por isso, é fundamental que o trabalhador tenha conhecimento do

“clima” e dos objetivos principais das organizações, o que talvez o aproxime

das linhas de conduta, estrategicamente arquitetadas pelas empresas,

objetivando lucro operacional, fazendo com que regras sejam obedecidas e

cumpridas sem discussão.

Page 29: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

40

Ao nos apropriarmos da análise da entrevista5 realizada individualmente

com seis secretárias executivas procuramos saber a classificação das

empresas onde elas atuavam e como era o “clima” dentro dessas organizações

ao que elas responderam de maneira uniforme que normalmente era muito

bom e que a cultura organizacional permitia que elas trabalhassem de forma

harmoniosa, saudável, produtiva, apesar das diferentes personalidades, delas

e dos executivos. Disseram também que tentavam equilibrar essa convivência

com a empresa e com o executivo, adequando-se ao “jeito” de administração e

de comando de cada executivo dentro dos departamentos. Além disso,

realçaram que a flexibilidade ajuda muito neste momento.

Notamos que elas já se sentem como profissionais flexíveis pelo fato de

se adaptarem rapidamente ao ambiente e à personalidade das pessoas com as

quais elas vão trabalhar. Assim, a dor sentida nas diversas formas de

sofrimento da secretária executiva nas organizações acaba por nos remeter à

outra reflexão: se o ambiente é propício, se o clima e a cultura são facilmente

assimilados por elas a tal ponto de se tornar fácil a adaptação à personalidade

dos executivos, por que o ressentimento de não serem reconhecidas nas

organizações e necessitarem uma identidade profissional entendida pelas

empresas?

Já para a população de secretárias executivas que responderam ao

questionário6, indagamos na sétima pergunta se como secretárias elas se

sentiam reconhecidas em seu local de trabalho. Das 19 secretárias, 18

responderam a questão proposta e uma se absteve.

Encontramos nas respostas analisadas um fator preocupante, uma vez

que 39% acreditam ter o reconhecimento da empresa e de seu executivo ao

poder apoiar projetos quando são chamadas para esta finalidade, mas 34%

dizem que esse reconhecimento depende do “humor” do executivo para que

elas possam executar outras tarefas que não sejam as do cotidiano, nas quais

elas possam demonstrar conhecimento e capacidade.

Notamos que é preciso esclarecer às profissionais o que elas

conceituam como reconhecimento e habilidades para desenvolvimento de

projetos ou outras atividades em parceria com o executivo. Ainda dentro deste

5 Maiores detalhes, ver anexo VI 6 Maiores detalhes, ver gráfico n. 7

Page 30: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

41

mesmo questionário, na nona solicitou-se às participantes que aplicassem uma

nota de zero a dez em relação aos seus conhecimentos, habilidade e posturas

profissionais para serem reconhecidas de fato nas empresas. O resultado foi o

seguinte: 4% aplicaram as notas de 7 a 10, e 11%, as notas de 4 a 6.

Percebemos, então, que a maior parte das entrevistadas acredita

possuir quase todas as qualidades necessárias para o reconhecimento e uma

identidade profissional nas organizações. Mas essa é a realidade da maioria?

Se as secretárias pesquisadas estivessem aptas para desenvolver novas

atividades, manuseando novas tecnologias, entendendo os negócios da

empresas, com as aptidões necessárias, por que ainda 34% se ressentiriam de

não serem reconhecidas?

Remetemo-nos ao problema pontuado buscando saber de que forma a

escolha profissional, o autoconhecimento, a disposição para a educação

continuada, a flexibilidade influenciam no ser e no fazer da secretária

executiva, aspectos que discutiremos nos capítulos seguintes.

2.3.2 O papel das pessoas dentro das organizações e o papel das

empresas na atualidade.

O papel das pessoas nas organizações tem a ver com o conhecimento

das responsabilidades do colaborador e das organizações. Conhecer facilita as

relações de trabalho e de cultura dentro das empresas, e segundo Chiavenato

(2006), as pessoas e as organizações estão engajadas em complexa e

incessante interação.

De acordo com o autor, uma organização existe quando se juntam

pessoas e objetivos comuns para cooperar entre si, a fim de alcançarem metas

e lucros que somente a iniciativa individual não permitiria alcançar.

O autor observa que assim como as pessoas precisam das

organizações, estas também dependem das pessoas para atingirem objetivos e

cumprirem sua missão. O processo de aprendizagem dentro de uma

organização começa com a mudança no comportamento da pessoa, aceitando

as novas realidades organizacionais, se preparando mediante a incorporação

de novos hábitos, atitudes e conhecimentos.

Page 31: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

42

Em uma organização, o domínio pessoal é importante e, quando as

pessoas se dispõem a aprender, surgem os resultados o que na visão de Dutra

(2002, p.48) significa que

...cabe às pessoas a gestão de seu desenvolvimento, de sua competitividade profissional e de suas carreiras. As pessoas estão adquirindo consciência de seu papel e passam a cobrar de si mesmas a gestão de sua carreira, e da empresa as condições objetivas de desenvolvimento profissional.

Para o autor, a realidade nas empresas se modifica por causa da

conscientização por parte do colaborador, de seu real valor e do seu papel

dentro das empresas, mas, ainda de acordo com Dutra (2002, p.48):

Cabe às empresas criar espaços, estimular o desenvolvimento e oferecer o suporte e as condições para uma relação de alavancagem mútua das expectativas e necessidades. A empresa não conseguirá fazê-lo sem estar em contínua interação com as pessoas e, ao fazê-lo, conseguirá alavancar a sua competitividade por meio das pessoas.

Podemos notar que este papel não poderá ser exercitado somente por

meio de processos, de ferramentas, de instrumentos, mas por aquilo que

chamamos de comprometimento da empresa para com seus colaboradores, o

respeito à individualidade, os estímulos, o suporte e o desenvolvimento, além

da satisfação das necessidades de seus funcionários, que culminam numa

proposta clara e objetiva de intenções.

Portanto, compete às organizações deixar claro o que espera do seu

colaborador, mas, para que isso ocorra, é preciso que ela se reconheça

enquanto empresa.

2.4 O desenvolvimento da profissão no Brasil

O desenvolvimento da profissão de secretária executiva, no Brasil, de

acordo com Natalense (1998), se deu no período de 1950 a 2000 e permitiu

que a secretária executiva participasse de mudanças positivas na carreira

Page 32: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

43

dentro da teoria do desenvolvimento dos anos 50, alterando seu perfil

profissional. Assim, a maioria das secretárias que se integrou às organizações

foi incentivada a realizar constantes cursos de especialização, de atualização

profissional e comportamental para também compreender a cultura da

organização e se adaptar a ela.

O avanço profissional na carreira da secretária executiva, de acordo com

a autora, pode ser compreendido, se levarmos em conta que, na década de

1950, as secretárias se limitavam às funções de taquigrafia, datilografia,

arquivamento7, atendimento telefônico e anotações de recado, ou seja, a

secretária não teve um modelo especifico de profissional para se espelhar até

1960.

Em 1960, iniciaram-se os treinamentos em âmbitos gerenciais, advindos

dos Estados Unidos, marcando, assim, as primeiras mudanças no perfil do

administrador e dos gerentes. Nessa década, a secretária executiva continuou

com as mesmas atribuições, sendo considerada apenas um "status" para as

chefias nas empresas.

Mas, na década de 1970, mudanças significativas ocorreram na

profissão. A secretária executiva começou a ser considerada como membro

atuante nas chefias e gerências, e as associações de classe chegaram a atuar

em todo o Brasil. A profissão foi regulamentada e uma nova mentalidade

passou a fazer parte na vida dessa profissional, permitindo-lhe atuar de forma

mais abrangente e conquistar respeito nas organizações.

Nas décadas de 80 e 90 do século passado, na era da qualidade total, a

secretária executiva passou a vivenciar a expansão da gerência científica,

administrando as rotinas de trabalho nas organizações em conjunto com o

gerente, investindo seu capital intelectual em treinamentos e formando equipes

de trabalho. Em decorrência dessas mudanças atribuiu-se novo

redimensionamento de atuação, exigindo profissionais com perfil

empreendedor, ou seja, pessoas polivalentes e atualizadas, preocupadas em

dar continuidade aos estudos, buscando soluções para conflitos pessoais e

profissionais, e até ser produtora de lucros e resultados.

A partir do ano 2000, para Natalense (1998), um novo perfil foi

estabelecido: caberia à profissional se preocupar com o todo empresarial, com 7 Funções ainda muito próximas das do escriba, quando surgiu a profissão.

Page 33: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

44

a produtividade, com a qualidade, além de direcionar seus conhecimentos

para a questão da cultura e do clima organizacional, compreendendo o

conceito de organização e a forma como ela fazia parte dessa realidade.

As exigências do mercado e das organizações exigiram um novo

conceito, isto é, a educação e a preparação de profissionais para atuarem nas

empresas teria de ser repensada e reorganizada.

Delors (2004) afirma que para aprendermos a ser, assim como para

desenvolver nossa personalidade e estar à altura de agirmos com

discernimento e autonomia nas organizações, devemos ressaltar as qualidades

pessoais que são desenvolvidas com a ajuda da educação, no âmbito escolar

ou familiar. Além disso, acrescenta que as potencialidades individuais, como a

memória, raciocínio, sentido estético, capacidades físicas, aptidão para

comunicar-se, são instrumentos de reconhecimento e identificação, enquanto

parte integrante da empresa. É uma forma de ser reconhecido e ter a atuação

também reconhecida pela organização.

Por isso, é possível perceber que a secretária, como colaboradora e

parte integrante da organização, desempenha atividades que a distancia dos

escribas, aqueles especialistas que eram preparados para atender o

principado, depois de terem freqüentado escolas para aprenderem a escrita,

contas, arquivos, controles e outros. Muitas organizações ainda encaram as

secretárias executivas como meras executoras de tarefas, aquelas que fazem o

controle das agendas de compromissos dos executivos, que cuidam dos

arquivos de correspondências, do atendimento telefônico, etc. Na atualidade,

esta profissional, por vezes, atende vários executivos ao mesmo tempo; atende

ao telefone, anota recados, arquiva documentos, serve cafezinho e toma

decisões fundamentais. Sabe negociar, efetuar compras, viajar representando

a empresa e tantas outras atribuições que lhe são confiadas. Torna-se uma

profissional multifuncional e polivalente, mas nem sempre reconhecida.

É possível notar que essas profissionais que atuam dentro do perfil das

empresas, citado anteriormente, atuam em função de flexibilidade, de

disposição em aprender novas técnicas de trabalho, cada vez mais inovadoras.

Com a globalização e o advento da tecnologia, temas exaustivamente

discutidos no mundo empresarial passaram a exigir da secretária executiva

qualidades técnicas aliadas com conhecimentos específicos da área em que

Page 34: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

45

atua, fluência de, no mínimo, duas línguas, capacidade para administrar

conflitos, ter empatia, trabalhar em equipe, gerenciar pessoas, ser polivalente e

multifuncional, otimizando processos e solucionando problemas, para assumir

o papel de parceira de seu executivo, demonstrando claramente a preocupação

com a qualidade de seu trabalho e seus resultados, de acordo com a

organização.

Neste sentido, Rifkin (2001, p.5) afirma que entramos definitivamente na

Era do Acesso, que é movida por novas regras de comportamento nos

negócios, as quais são totalmente diferentes do que se praticava até então, na

era de mercado. Os profissionais, não só de secretariado, mas em geral,

precisam e devem se ajustar a essa era.

O autor destaca, ainda, que o mercado foi substituído por redes, os

vendedores e compradores, por fornecedores e usuários, e praticamente tudo

pode ser acessado. Portanto, a secretária executiva deve entender de

tecnologia, de mudanças e da aplicabilidade dessas novas tecnologias em

suas rotinas de trabalho. Na visão do autor, as mudanças ocorridas no

mercado servem como ponto de partida para demonstrar que a secretária deve

estar sempre pronta a aprender, colaborar e produzir resultados, os quais nem

sempre reconhecidos pelas organizações ou executivos.

Para Rifkin (2001, p.6), as mudanças que estão ocorrendo na

estruturação das relações econômicas fazem parte de uma transformação

maior, aquela que está sendo processada na natureza do sistema capitalista.

Portanto, é pertinente notar que as organizações precisam e devem se ajustar

a uma nova realidade de trabalho com acesso à cultura, à qualidade humana e

à tecnologia de ponta.

Para Crosby (1998, p.305), a qualidade é algo possível, mensurável,

lucrativa, e pode ser estabelecida, desde que haja compromisso, compreensão

e disposição para trabalhar arduamente.

Nesse contexto, as mudanças comportamentais são sentidas pelas

secretárias executivas em relação à qualidade e à carga de trabalho que a

globalização passou a exigir e que até então não eram tão visíveis. Esses

elementos começaram a ser cobrados, assim como a redução de trabalho e o

aumento de tecnologia. Contudo, não existem programas específicos dentro

das empresas que preparem a secretária executiva para conhecerem os

Page 35: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

46

próprios limites profissionais, aprenderem a lidar com as pressões e as

cobranças e entenderem seu papel, seus direitos, limites e obrigações perante

a empresa, a sociedade e perante a si mesma e a família.

Sob esta perspectiva, E. Fromm (1962) discute o conceito de ter e ser

quando discorre sobre as características do profissional para este novo milênio.

Quem são o ter, o ser, o saber, o cuidar e o poder? Essas características não

se adaptam aos profissionais que adquirem o conhecimento simplesmente por

adquirir e não utilizá-lo e não colocá-lo em prática, portanto não inovam. Para

o autor, se ajustam aos profissionais que querem aprender e pôr em prática,

com imaginação e iniciativa, todo o conhecimento adquirido.

O ter, ao que o autor se refere, demonstra, de certa forma, as obrigações

da secretária dentro da empresa, da família, da sociedade, isto é, aquilo que

ela deve aprender e praticar. Ou seja, aquilo que se espera dela, pois afinal ela

uma remuneração para isso. Já o ser, se analisarmos pela óptica dos direitos

da secretária executiva, da mulher, da trabalhadora e profissional em

determinadas organizações e fora delas, remete ao sentido daquilo que ela se

permite fazer a qualquer momento, sem ter necessariamente que justificar ou

dar explicações.

Ter a preocupação em saber quem é a secretária na organização e na

sua própria avaliação leva muitas profissionais a repensarem seus direitos e

obrigações dentro das empresas em que atuam. Quando o ter e o ser se

articulam, a secretária executiva [ traz]= apresenta resultados positivos para a

empresa e para si mesma, porque se sente produtiva, realizada e com

dignidade.

Como profissionais, as secretárias executivas devem demonstrar

iniciativa, capacidade de comunicação, organização, sensibilidade para lidar

com pessoas e situações diferenciadas e atuarem na gestão de pessoas com

característica de liderança e motivação. Como cidadãs devem saber seus

limites na sociedade e nos grupos aos quais pertence. Devem respeitar-se e

buscar a felicidade de modo a viver com qualidade, sendo mais produtiva e

recebendo o reconhecimento que merece e almeja.

Do sistema feudal até os dias de hoje, muitas formas de trabalho foram

criadas e recriadas. O homem como parte integrante dessas formas de

trabalho precisou se adaptar, conhecer, desenvolver sua criatividade e

Page 36: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

47

imaginação. Precisou aprender a desenvolver mecanismos de superação e

motivação constante para trabalhar sob pressão, trazer resultados e lucros

para as organizações sem esquecer de si mesmo.

Buscar se conhecer, conhecer o outro, trabalhar com diferentes

realidades, tanto no aspecto social quanto no aspecto tecnológico, faz com que

os profissionais de secretariado busquem na aprendizagem contínua uma

resposta para suas indagações. Tal procedimento possibilita que cada

secretária continue sua luta diária para demonstrar que possui identidade

própria e, por isso, as empresas precisam ajustar suas culturas organizacionais

para se adequarem aos dois pontos decisivos da globalização: a modernização

tecnológica e a modernização das relações entre pessoas, ambientes e

sociedade mundial.

Para que isso ocorra, faz-se necessário que a secretária busque pelo

saber e pelo aprender, por meio da educação formal e da educação

profissionalizante. É preciso, também, que ela encontre respostas para as

dúvidas sobre seu papel, sua identidade e como ser reconhecida nas

organizações. Será fundamental, pois, compreender que a globalização

promoveu mudanças nos negócios e nas rotinas das organizações, afetou

drasticamente e diretamente a postura e o perfil dos profissionais e as suas

atividades nas empresas.

2.5 Perfil e atuação da secretária executiva nas organizações globalizadas

e a busca da identidade profissional.

A profissão de secretariado executivo conquistou um legado, tanto no

Brasil como fora dele, procurando constantemente valorizar-se e definir sua

identidade no âmbito organizacional.

A história desse profissional brasileiro, como de qualquer outro

profissional no mundo do trabalho, conta com muitas conquistas, mas também

com derrotas. São mais de 30 anos de organização no país, contabilizando, na

maioria, a participação daqueles profissionais conscientes, entusiastas e

Page 37: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

48

comprometidos com o crescimento pessoal e com a qualificação, para

atenderem às atuais exigências do mercado de trabalho.

De acordo com D’Elia e Garcia (2005), a profissão foi regulamentada

pela Lei 7.377, de 30/9/1985, e complementada pela Lei 9.261 de 11/01/19968.

As autoras explicam que além do Brasil, somente na Espanha a profissão foi

regulamentada, embora, nos países africanos e em outros países, a categoria

tem associações de classe lutando para o reconhecimento profissional.

O seu Código de Ética9 foi publicado no Diário Oficial da União em

7/7/1989, o qual tem norteado os profissionais da área nas questões

trabalhistas e empresarias. Ele orienta as empresas e os secretários a

manterem uma relação de trabalho saudável, dentro das possibilidades atuais,

fazendo com que ambas as partes se respeitem mutuamente.

2.5.1 A profissão e o papel da secretária nas empresas atuais

Podemos afirmar que o curso de secretariado está inserido nas ciências

sociais aplicadas, cuja linha metodológica permite a construção ou a criação de

outras referências, valendo-se da sugestão e não da padronização, não

separando questões sociais das questões humanas, não se prendendo,

portanto, a teorias ou a metodologias, mas usando-as como guias e fios

condutores.

Para compreender melhor o perfil e o papel desses profissionais nas

organizações brasileiras, é necessário entender que se trata de uma categoria

profissional, reconhecida por lei, com registros específicos a cada formação

técnica10 ou formação acadêmica11·.

A referida regulamentação, conforme as autoras (IBID, p.10), pode

ocorrer em duas situações distintas, como:

8 Para maiores detalhes, ver anexo I. 9 Para maiores detalhes, ver anexo II. 10 Referimos-nos aqui aos cursos técnicos, profissionalizantes. 11 A formação acadêmica pode ser feita mediante os CST – Curso Superior Tecnológico em Secretariado ou Graduação Tradicional – Secretariado Executivo Bilíngüe.

Page 38: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

49

Secretária Executiva: diplomada no Brasil por curso superior de Secretariado ou com escolaridade de nível similar em outra área, mais de três anos de experiência na profissão até 1985; Secretária Técnica: com formação específica em curso técnico em Secretariado ou escolaridade de nível similar em outra área, mais três anos de experiência na profissão até 1985. [grifos nossos].

Significa que, para a secretária executiva ter uma atuação reconhecida

nas organizações nacionais e internacionais, é necessário que obtenha uma

formação específica aliada à experiência adquirida no mercado de trabalho.

Nesse contexto de atuação e reconhecimento da profissão, Sabino e

Rocha (2004, p: 26 e 27) nos elucidam:

O primeiro curso de Bacharelado em Secretariado no Brasil foi criado em 1969 pela Universidade Federal da Bahia, na Escola de Administração. A iniciativa da UFB visava atender às necessidades da comunidade empresarial, cujo crescimento decorria, principalmente, da implantação do Pólo Petroquímico de Camaçari. O curso foi reconhecido em 1988, através do Parecer 331/88, publicado no Diário Oficial da União de 24 de agosto de 1988. A primeira universidade do Brasil a ter o curso superior em Secretariado reconhecido oficialmente foi a Universidade Federal de Pernambuco, em 1978. O curso foi criado em 1970 e o reconhecimento veio através do Decreto no. 82.166, publicado no Diário Oficial da União do dia 25 de agosto de 1978.

De acordo com os autores, desde 1969, temos formação escolar

específica, cujas instituições de ensino passaram a oferecer os cursos através

da demanda de mercado. Hoje, já podemos verificar que existem cursos de

graduação em Secretariado executivo em quase todos os Estados brasileiros,

contando, inclusive, com a necessidade de acompanhar os cursos de pós-

graduação e MBS (Master Business Secretaries) na área e outras afins.

O MEC – Ministério da Educação - em seu parecer CES/CNE

0102/2004, aprovado em 11/3/200412, menciona a respeito da formação dos

12Para maiores detalhes, ver anexo III.

Page 39: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

50

futuros secretários, sobre o perfil dos profissionais, que se incluam dentro dos

projetos pedagógicos, grades curriculares com vistas à formação dos

discentes, visando aos domínios acadêmicos, científicos e tecnológicos deste

campo de atuação, contribuindo para que o futuro profissional possa

desenvolver atividades dentro das organizações, adequando-as aos

conhecimentos e experiências da cultura organizacional na modernidade.

De acordo com esse parecer, os cursos superiores de secretariado

executivo devem possibilitar aos futuros profissionais desenvolverem as

seguintes competências e habilidades:

I – capacidade de articulação de acordo com os níveis de competências fixadas pelas organizações; II – visão generalista da organização e das peculiares relações hierárquicas e inter-setoriais; III – exercício de funções gerenciais, com sólido domínio sobre planejamento, organização, controle e direção; IV – utilização do raciocínio lógico, crítico e analítico, operando com valores e estabelecendo relações formais e casuais entre fenômenos e situações organizacionais; V – habilidades de lidar com modelos inovadores de gestão; VI – domínio dos recursos de expressão e de comunicação compatíveis com o exercício profissional, inclusive nos processos de negociação e nas comunicações interpessoais ou inter-grupais; VII – receptividade e liderança para o trabalho em equipe, na busca da sinergia; VIII – adoção dos meios alternativos relacionados com a melhoria da qualidade e da produtividade dos serviços, identificando necessidades e equacionando soluções; IX – gerenciamento de informações, assegurando uniformidade e referencial para diferentes usuários. [grifos nossos].

A preparação acadêmica exigida pelo Ministério da Educação e da

Cultura tem como responsabilidade formar secretários(as) executivos(as)

aptos(as) para atividades, de acordo com a realidade organizacional. Também

são competências e habilidades sugeridas:

X – gestão e assessoria administrativa com base em objetivos e metas departamentais e empresariais; XI – capacidade de maximização e otimização dos recursos tecnológicos;

Page 40: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

51

XII – eficaz utilização de técnicas secretariais, com renovadas tecnologias, imprimindo segurança, credibilidade e fidelidade no fluxo de informações; XIII – iniciativa, criatividade, determinação, vontade de aprender, abertura às mudanças, consciência das explicações e responsabilidades éticas do seu exercício profissional. [grifos nossos].

Certamente, compete também às instituições de ensino privilegiar as

competências gerenciais e técnicas, como partes do processo de formação

profissional dos alunos e futuros secretários.

Atualmente, uma pequena parcela de profissionais de secretariado

conquistou modestamente seu espaço e a confiança dos executivos nas

organizações, por isso, é reconhecida como assessora, com desenvolvimento

de habilidades obrigatórias na formação, de acordo com o MEC. Espera-se

dessa profissional resultados positivos, uma vez que dela também dependem o

planejamento, a organização, o controle e supervisão de tarefas específicas,

processos departamentais e de pessoas.

A assessoria, de acordo com Ferreira (1985), significa "ajudar, auxiliar",

quesito fundamental na rotina da secretária, e exige vários conhecimentos,

habilidades técnicas, manuseio de equipamentos e, principalmente, habilidades

pessoais.

As funções básicas de uma secretária são planejar, organizar e controlar

a infra-estrutura da atuação gerencial (NATALENSE, 1998, p.25). Atua também

no suporte, o que não quer dizer que gerencia, mas é uma peça fundamental

na assessoria gerencial.

Conforme D’Elia e Garcia (2005, p.19), os padrões atuais de

competência, de acordo com o mercado de trabalho, exigem das profissionais

habilidades, conhecimentos e atitudes, conectados em rede, sem fronteiras,

com velocidade e intercâmbio constantes. Para essas autoras (ibid.), dentro do

processo de globalização, discutir o perfil da profissional de secretariado

executivo é como “tirar a fotografia do dia-a-dia empresarial”.

Na atualidade, é uma vantagem competitiva para os profissionais e para

as empresas, a velocidade com que aprendem, trocam informações e se

comunicam. Esse processo de aprendizagem acontece em tempo integral,

mediante atitudes, por meio do aprender e saber fazer para colocar em prática

Page 41: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

52

aquilo que está armazenado no aspecto intelectual, a saber, o conhecimento

advindo da formação e da experiência, com adaptação e ajustes à realidade

empresarial. A auto-aprendizagem é essencial para desenvolver o potencial de

recriar constantemente estratégias de atuação, cumprir metas e objetivos do

executivo, do departamento e da organização.

É importante salientar que os profissionais de secretariado atuam ao

lado do poder decisório das organizações, o que lhes confere maior

responsabilidade, aliada à exigência de ser agente de mudanças, otimizando o

fazer e o pensar.

Observa-se que muitas empresas, no atual sistema capitalista, diante de

uma cultura organizacional fechada, criam sistemas de atitude, modos de agir e

instruções aos dirigentes para que as habilidades e as competências

necessárias ao desenvolvimento profissional individual passem despercebidas

e diluídas no coletivo pelos executivos. Desse modo, dificultam o

reconhecimento da secretária executiva como parte integrante do processo

organizacional, desmotivando e fazendo com que a secretária questione a si

mesma e aos outros de sua equipe, procurando saber se realmente ela tem um

papel dentro da empresa. Diante desse quadro, a secretária acaba por não

compreender os motivos pelos quais não possui uma identidade profissional

reconhecida e entendida pela organização.

Nesse contexto, Dubar (2005, p.255-6) argumenta a respeito da

deficiência da formação escolar para a inserção no mercado de trabalho, o que,

de certa forma, acaba incentivando posicionamentos negativos às

considerações ao outro como profissional, pois:

São os que saíram da escola por fracasso escolar, não motivados pela formação, incapazes de fazer contas, que não tem o hábito do rigor e da precisão, pois a empresa fazia produtos de baixa qualidade, que não sabem controlar o próprio trabalho, e difíceis de mobilizar depois de décadas de taylorismo. Essa frase de um diretor técnico [....] resume de modo notável a identidade para o outro atribuída por certos diretores de empresas a quem é considerado a priori desprovido das “novas competências” necessárias a empresa de amanhã e incapaz de adquiri-las. As designações de [....] constituem cada vez mais, atos de atribuição que visam a categorizar (rotular) não um

Page 42: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

53

conjunto de postos de trabalho definidos a partir de tarefas prescritas [....] São assalariados, que contratados pela empresa para ocupar postos de trabalho [....] são virtualmente considerados incompetentes para exercer, na empresa de amanhã, qualquer função que seja.

A falta de reconhecimento ocorre também com os profissionais que

foram “considerados aptos” em sua contratação para exercerem certas

atividades, visto que a organização, diante de seu staff13, julga todos sem

aptidão para desempenharem tarefas pelas quais foram contratados.

Ora, como isso é possível, se no momento das contratações se

aplicaram inúmeros testes, entrevistas, e o próprio currículo profissional do

futuro colaborador foi criteriosamente analisado para ser admitido na

organização? Quais são os critérios para que profissionais, a exemplo das

secretárias executivas, não sejam reconhecidos e não lhes sejam atribuídos

méritos para gerenciarem pessoas, rotinas, informações e materiais? Quais as

razões pelas quais as empresas ainda resistem em reconhecer a capacidade

individual de cada secretária e lhe atribuir um papel de responsabilidade nas

organizações?

O resultado disso é que as profissionais acabam por acatar somente

ordens e executar as atividades menos significativas, quando poderiam

assessorar os executivos em todo o processo gerencial das empresas; afinal,

foram formadas para essa finalidade, porquanto a profissão de secretária

executiva é considerada a mais antiga do mundo e também aquela que mais

busca atualizar-se constantemente.

A discussão a respeito desse aspecto da profissão é fundamental

porque independente da formação específica de qualquer profissional, não é

dado à secretária o direito de ser reconhecida como profissional capaz de gerir

resultados.

A questão da identidade profissional fica totalmente comprometida nas

organizações, pois como bem pontuou Dubar (2005), alguns executivos ou

funcionários de alto escalão acabam por não atribuir as funções adequadas

aos profissionais, talvez por falta de mais informações. No caso específico dos

profissionais de secretariado, muitas empresas desconhecem que é parte das

13 A palavra Staff, na tradução para o português, significa pessoal, colaboradores.

Page 43: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

54

exigências do perfil necessário ao mercado de trabalho que eles tenham

formação superior, razão pela qual ignoram o que se pode exigir desses

profissionais diante da formação específica.

Esta problemática está ligada também às inúmeras denominações ou

nomenclaturas que a profissão tem hoje e que, de acordo com o Sindicato das

Secretárias do Estado de São Paulo, ultrapassam mais de 500 nomes os

profissionais de secretariado no mercado.

Podemos perceber que nem mesmo o Sindicato e a categoria de classe

apresentam uma definição com relação à normalização da titulação profissional

das secretárias, quanto mais às funções que ela pode e deve ter em sua

formação profissional e humanística para lidar com o dia-a-dia das empresas e

executivos. Como mencionado anteriormente, na página 47desta dissertação, o

Ministério da Educação em seu parecer no que diz respeito à formação

superior nos cursos de secretariado, menciona, dentre as competências e

habilidades, a gestão e a assessoria com base, objetivos e metas

departamentais e empresariais.

Entendemos por gestão o ato de gerenciar alguém ou alguma coisa, e

no caso da secretária refere-se ao gerenciamento das atividades rotineiras de

seu departamento e de seu executivo.

Além disso, observamos também, por meio da análise deste mesmo

parecer, que a questão de habilidade e competência, dentre todas as outras

que podemos considerar serem comuns a qualquer profissional no mercado de

trabalho é que a secretária gerencia as informações com muita propriedade,

uniformidade para diferentes situações e diferentes usuários. Isso sim é o

saber-fazer da secretária. Este é o diferencial que a secretária tem em relação

às demais profissões, o qual foi percebido no decorrer da pesquisa.

Neste sentido, Drucker (1972, p.16) ressalta:

Gerentes são trabalhadores instruídos, administradores ou profissionais individuais, de quem se esperam, em virtude de sua posição ou seu conhecimento, e no decorrer normal de seu trabalho, decisões que tenham impacto significativo no desempenho e nos resultados de conjunto.

Page 44: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

55

Fazendo-se uma análise comparativa entre o que Drucker acredita e o

atual perfil da secretária executiva, fica evidenciado que o papel secretarial nas

organizações também é o de gerenciar, uma vez que para a profissional

desenvolver suas tarefas, ela precisa saber administrar a rotina diária,

utilizando as técnicas secretariais; administrar as comunicações orais e

escritas; o tempo e o relacionamento interpessoal, além de administrar a

própria imagem, pois ela representa a organização onde trabalha.

O conhecimento, nesse aspecto, é o elemento-chave, porque somente

tomarão decisões eficazes aqueles profissionais dotados de conhecimento, de

educação, de habilidades técnicas e pessoais.

Para o desempenho desse importante papel na empresa, a secretária

deve entender de ferramentas gerenciais, consideradas pelas empresas

essenciais para a profissional, seja para liderar equipes, motivar pessoas, se

comunicar e negociar com criatividade e flexibilidade.

Quando se fala em função secretarial ou gerencial, fala-se também em

qualidade, muito esperada dos profissionais que possuem as ferramentas

gerenciais anteriormente citadas. A qualidade é “um fator atingível, mensurável,

lucrativo, que pode ser estabelecido, desde que haja compromisso,

compreensão, e você esteja disposto a trabalhar arduamente” (Crosby, 1988,

p.305).

Segundo o autor, para se atingir a qualidade são necessários

investimentos e trabalhos incessantes, obtidos por meio de cursos e leitura, os

quais darão à secretária conhecimentos e compromisso.

Dentre algumas qualidades necessárias para a secretária executiva,

citam-se discrição, objetividade, iniciativa, cultura, conhecimento da empresa,

vontade e disposição. Nota-se que pelas qualidades exigidas é um desafio ser

secretária, e para tanto, é necessário que as profissionais coloquem em prática

conhecimentos e habilidades, sem perder o foco principal de seu trabalho, qual

seja, a obtenção de lucros e resultados para a empresa.

Profissionais preocupadas com a qualidade e com o reconhecimento,

normalmente questionam sobre o autodesenvolvimento, os conhecimentos e

habilidades necessários para contribuir de forma positiva com os resultados da

organização. Para tanto, o investimento na educação continuada se fará

necessário e abrirá caminhos para a busca do conhecimento. Mas a

Page 45: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

56

profissional deverá ter vontade, querer aprender, querer saber e ter condições

e conhecimentos para desempenhar funções na empresa.

Além da profissional, a secretária executiva necessita desenvolver certas

qualidades, por exemplo, ser emocionalmente capaz de suportar pressões, ser

atualizada do ponto de vista cultural, ser dinâmica e ativa, ter aparência e

postura adequadas ao ambiente de trabalho e outras.

O discurso da "super-mulher", “super-profissional" ou “mulher-maravilha”

não procede. A secretária deve ter compromisso consigo mesma, descobrir o

que é, qual o seu lugar na sociedade e no mundo do trabalho e como adquirir

cultura e conhecimentos globalizados, e ainda perceber quais os seus limites,

vontades e direitos. Os diferentes tipos de administração presentes no mundo

empresarial exigem da secretária formação mínima, mas com constantes

atualizações profissionais mediante cursos, congressos, fóruns, leituras, grupos

de trabalho, entre outras.

2.5.2 A atuação da secretária no ambiente empresarial globalizado

A globalização é um fenômeno que une os povos de culturas

diferenciadas, reunindo-se em grupos econômicos, tendo como objetivo o

melhor desenvolvimento comercial (SANTOS, 1998, p.462). Entende-se como

globalização, pois, o processo de integração entre as economias e sociedades

de vários países, especialmente no que se refere à produção de mercadorias e

serviços, os mercados financeiros e a difusão de informações. Atualmente, a

globalização passou a fazer parte da rotina diária das pessoas, por meio dos

meios de comunicação.

Com efeito, a globalização incita os profissionais no mercado de

trabalho, assim como os profissionais de secretariado, a desenvolverem um

papel adequado ao cargo nas organizações, acirrando a busca contínua de

conhecimentos, do domínio da tecnologia, das habilidades de comportamento e

profissionais, podendo a secretária executiva se comunicar, trabalhar e

aprender como qualquer pessoa, em qualquer parte do mundo. A secretária

utiliza recursos como fax, correio eletrônico, telefone celular e vídeo-

conferência; desenvolve e aprimora diariamente suas habilidades de

Page 46: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

57

comunicação, mediante uma educação contínua, percebendo e vencendo

desafios.

Dessa forma, necessita-se entender o que representa o saber ser e o

saber fazer da secretária na questão pessoal e profissional, contribuindo de

alguma maneira para a busca da identificação profissional.

Assim, apreendemos com Petraglia (1995), de acordo com o

pensamento de Morin, como pode ser entendido o saber ser da secretária. A

autora apresenta as considerações de Morin, no sentido de compreender que

“a ciência que liberta não pode aprisionar”, isto é, o que a ciência pode fornecer

ao homem como benefícios não [poderá destruí-lo]=o destruirá. Portanto, são

indispensáveis diálogos reflexivos no tocante às inter-relações entre a ciência,

a sociedade, as técnicas e a política.

A globalização modifica algumas formas e mecanismos de trabalho no

capitalismo. Assim, os perfis profissionais começam por se adaptar às

mudanças de tal sorte que, como forma de sobrevivência no mercado, as

atuações passam a ser decorrentes das exigências no universo sócio-cultural.

De acordo com Petraglia (1995, p. 45): “observa-se, pois, que o ser humano

adulto é inacabado, isto é, seu cérebro continua desenvolvendo-se e

aprendendo, mesmo ultrapassada a fase da infância e da juventude”.

Percebemos que tanto Silva (1998) como Petraglia consideram o sujeito

como um ser inacabado, ou seja, ele aprende sempre, no decorrer e ao longo

de toda a sua vida.

Então, partimos da idéia do saber ser da secretária como aquela que

ocorre em virtude o desenvolvimento de suas aptidões naturais, que já são

suas por direito, [somadas ao que se presencia no aspecto da cultura que é de

extrema importância para o aprimoramento humano.

Já para Santos (1998), é pela educação continuada que a secretária

executiva, pelas suas experiências de vida e sua personalidade, ampliará

conhecimentos do mercado e de seu trabalho no plano global, contribuirá para

a realização dos objetivos dela e da empresa e, consequentemente, produzirá

mais e terão tanto ela, secretária, como executivo e empresa, suas metas

atingidas.

Esse papel só poderá ser desenvolvido pela secretária com a ajuda e

com o interesse contínuo na “aprendizagem” e na vontade profissional de

Page 47: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

58

ultrapassar dificuldades e ascender na carreira. Para tanto, é fundamental ter

noção das dificuldades psicológicas, muitas vezes impregnadas na

personalidade, que a impeçam de procurar apoio para a solução de conflitos

internos, criando barreiras que dificultem compreender se realmente está em

constante processo de conhecimento e crescimento.

Daí a importância que se atribui ao conhecimento, à escola, ao

reconhecimento das dificuldades e das qualidades profissional e pessoal e o

investir contínuo na aquisição de habilidades técnicas e competência. Buscar

conhecimento intelectual é se guiar também pela experiência, para entender e

estudar, trocar com o outro que está ao redor, cada vez adquirir mais saberes

necessários para sua identidade e reconhecimento profissional.

Para isso, a secretária executiva conta com a flexibilidade como uma

forma de identificação com o que é característico dela, secretária, que além do

gerenciamento de informações, está disposta a acatar mudanças,

“desenvolvendo a criatividade, a sua capacidade de adaptação às novas

formas de conhecimento e tecnologia”. (De Liberal, 2003, p.82)

Partindo-se do pressuposto de que a globalização serviu como

instrumento da interdependência entre países, de empresas e movimentos

sociais, o mercado de trabalho passou a exigir da secretária uma série de

competências pessoais, profissionais e tecnológicas da secretária. A par disso,

na área educacional, foi preciso que se reformulassem as questões de

aprendizagem e preparação dos trabalhadores, gerando inúmeras mudanças,

como a expansão do comércio mundial, a revolução tecnológica, os blocos

econômicos e as desigualdades.

De Liberal (2003, p. 76) nos adverte que “com a transformação da lógica

taylorista para a lógica da flexibilidade tendem a desaparecer as funções

tradicionais definidas e, assim abre-se o mercado ao trabalhador preparado

para a migração a outras atividades”. Notamos pelo pensamento da autora que

a flexibilidade vai se construir no perfil profissional dos trabalhadores e da

secretária executiva, abrangendo uma formação que existe dentro e fora do

sujeito e não apenas na sua formação escolar.

Em detrimento das profundas mudanças nos modelos econômicos,

sociais e políticos mundiais, o trabalhador se sentiu obrigado a desenvolver

Page 48: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

59

uma série de habilidades que busca também aprender dentro de sua

aprendizagem na educação para o trabalho.

De Liberal (2003, p. 77)afirma:

A formação profissional deve subsidiá-lo para identificar

as mudanças sociais e suas necessidades, dar-lhes

condições para granjear autonomia e desenvolver a

capacidade de criar produtos que venham de encontro às

necessidades individuais e sociais. Este tipo de educação

e formação profissional, oferecidos pelas grades

curriculares, deve ser complementado por uma formação

e um treinamento patrocinados e propiciados por

empresas, sindicatos e instituições afins. [....] O que

merece ser ressaltado é a razoável unanimidade quanto à

mudança do perfil do trabalhador e sua relação direta com

a educação e a formação profissional. Com base no

pressuposto de que a educação deve preparar para o

“saber ser” e para o “saber fazer”, destacamos o saber

fazer sem desvinculá-lo do saber ser

.

Podemos verificar que na atuação da secretária, faz-se necessária uma

dose de autonomia, de conhecimentos para identificar mudanças e se adaptar

a elas, como forma de manter a empregabilidade e que, na disposição pela

educação continuada, ela poderá assumir responsabilidades saindo, como

afirma De Liberal (2003) “da submissão para o papel de negociadora e com

autonomia para colaborar com os objetivos organizacionais e objetivos

pessoais”.

O que fica aqui estabelecido para uma reflexão é que a globalização

acaba por privilegiar uma minoria em prejuízo da maioria, e os profissionais

atuantes no mercado de trabalho necessitam acompanhar de forma rápida os

resultados que vêm causando este processo dentro do capitalismo que

vivenciamos.

Page 49: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

60

2.6 Do autoconhecimento ao prazer da realização do trabalho secretarial

O autoconhecimento é uma via para a construção da autonomia. É o

caminho essencial, mas também o básico, imprescindível para quem quer se

realizar dentro da convivência nas instituições. Investir no autoconhecimento

para o futuro de qualquer profissional no mercado de trabalho é conquistar a

autonomia como resultado do investimento em seu crescimento profissional e

pessoal (Dutra,2002).

Contrariando o paradoxo de que nem todas as secretárias executivas

sentem necessidade de buscar o autoconhecimento, considera-se que tal

proposição norteia sobremaneira o caminhar profissional, ajudando-as a rever

a própria trajetória e planejar objetivamente suas atividades e funções

profissionais.

Na perspectiva de Morin, de acordo com Petraglia (1995), as

características do indivíduo são singulares e o diferenciam e o tornam dono de

seu processo organizador, transformando-o em sujeito da história. Como ele é

considerado único será a sua individualidade que o distinguirá dos demais.

Para Petraglia (1995, p. 58): Sujeito é o “eu” que se coloca no centro do

mundo, ocupando seu próprio espaço. Sua concepção é complexa, por isso o

“eu” precisa da relação com o “tu”, e ambos pertencem ao mundo. Podemos

notar que a autora enfatiza a necessidade de se conhecer e conhecer o outro,

pois vivemos na era das incertezas. Conhecendo a nós mesmos, poderemos

conhecer o outro e entendê-lo, e desta forma, o reflexo do que somos e

fazemos nos permitirá uma superação de nossas deficiências humanas em

relação à realidade, podendo também alterar a nossa dimensão ética, que vai

direcionar nossas atitudes e nossos valores na vida e no ambiente

organizacional.

As secretárias se sentem muitas vezes realizadas

profissionalmente, com ou sem formação específica, se sentem felizes porque

a experiência, a maturidade, os conhecimentos técnicos aprendidos no

decorrer de sua experiência profissional caracterizam sua “autonomia”

profissional. Dizer que estas profissionais estão equivocadas seria condená-las

sem julgamento. Afirmar que sem atualização elas não sobrevivem no mercado

Page 50: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

61

de trabalho pode ser um risco, pois cada uma descobre o seu caminho para se

manter informada e conectada com o mundo.

Os meios de comunicação, como o rádio e a televisão, são veículos

importantes nessa atualização e, se quiserem filtrar as informações recebidas

sobre economia, conflitos sociais, empregabilidade, globalização e

administração podem fazê-las, sem dúvida.

A tecnologia na era do acesso, conforme Rifkin (2001), faz com que as

implicações na sociedade e no mercado de trabalho sejam significativas e de

longo alcance. Segundo o autor, aquele que não estiver consciente de que hoje

tratamos negócios e clientes, na maioria das vezes, de modo virtual, ficará

refém do obsoleto e, dificilmente, poderá acompanhar a sociedade na era do

acesso, como bem discutiu Rifkin.

Porém, como lidar com esse contra-senso? A questão nos parece de

conscientização. Já que o mercado de trabalho cada vez mais exige mudanças

drásticas no perfil secretarial, evitar as mudanças é ficar à margem desse

mercado.

A secretária, como qualquer profissional, precisa de dedicação,

investimento em treinamentos e formação. A palavra-chave para seu sucesso é

a informação. Realmente, ela precisa se atualizar, pois hoje muitas secretárias

são contratadas e passam assumir funções gerenciais ou estratégicas em

conseqüência de sua bagagem, formação e conhecimentos.

Percebemos existir nas profissionais a preocupação de serem

reconhecidas pelas organizações. Assim, na fala das seis secretárias ouvidas

nas entrevistas, ficou evidente a necessidade em se conhecer, de se

desenvolver e que este “aprendizado” ocorre ao longo da vida com situações

experimentadas por elas nas mais diversas culturas organizacionais. Por

conseguinte, deve haver, no entender delas, o reconhecimento da empresa

pela sua identidade.

Manzini-Covre (2007, p: 130) diz que

[......] as pessoas repetem situações que lhe causam

sofrimento, mas com as quais não conseguem romper

porque estas têm suas raízes inconscientes (advindas do

desenvolvimento humano na infância). No enfoque

Page 51: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

62

winnicottiano, dir-se-ia da repetição da sensação de não

existir, do vazio, da submissão.

Notamos pela fala da autora a respeito da formação e das experiências

que as trazemos da infância e que elas refletem em nosso comportamento

profissional ou social na fase adulta de nossas vidas. Ao atuar nas

organizações, a secretária executiva, muitas vezes, estabelece

inconscientemente a relação de submissão e extravasa seus limites em

detrimento de um salário, de um reconhecimento, de sonhos realizados dentro

da empresa onde ela atua.

2.7 O conceito de ética profissional para a secretária executiva

Para Souza Neto e Monezi (2005), viver tem um significado de se

realizar como ser humano na construção de uma sociedade mais justa, fraterna

e igualitária. Para os autores, a ética não é somente um conjunto de doutrinas

filosóficas ou religiosas e tampouco um código na vida, é também uma questão

de consciência, atitude e que se realiza nas relações entre as pessoas.

A ética na profissão, de acordo com os autores, é a união de múltiplas

determinações que deverão incluir o sujeito, a objetividade e a subjetividade,

não podendo nenhum desses elementos e nem outros aspectos se separarem,

para não abrir precedentes para o totalitarismo e o fanatismo. Ética é antes de

tudo a “ciência da conduta”. Poderá ser analisada como a ciência da conduta

humana com o fim de dirigir as atitudes e comportamentos do ser humano e

deve ser analisada, também, como meio para se atingir tal fim.

Cada profissional é envolvido em sua área de atuação e, certamente, se

tornará responsável pelo que faz a si e aos outros. Suas atitudes demonstrarão

seus valores, os quais vão determinar que profissional e pessoa ela é, sua

forma de agir dentro e fora do ambiente de trabalho.

Souza Neto e Monezi (2005) estabelecem que, além do código de ética

que vai conduzir a conduta humana, existe também a ética organizacional que

visa:

Page 52: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

63

Preparar e capacitar pessoas para desenvolver seu

potencial nas organizações, compartilhar com elas os

valores da instituição, definir os planos de trabalho, bem

como acompanhar sua atuação, para que possam cumprir

suas atividades de forma efetiva e eficaz, são práticas que

trazem como conseqüência a expectativa de que pessoas

e organizações se comportem de forma ética. ( Souza

Neto e Monezi, 2005, p.57).

Podemos notar que esse código de ética organizacional tem a finalidade

de apresentar aos colaboradores procedimentos que deverão ser seguidos,

com a intenção de garantir comportamentos adequados com tais valores.

As exigências no perfil profissional da secretária executiva aumentam

significativamente, à medida que negócios, clientes e empresas se estendem

ao redor do mundo. Conhecimentos, habilidades e competências valorizam as

secretárias e são valorizados pelas empresas. A postura, especificamente no

comportamento de uma secretária, é essencial, porque ela ocupa um cargo de

confiança nas organizações.

O mercado de trabalho reconhece, sob o ponto de vista empresarial, a

secretária que se preocupa em atualizar conhecimentos, que tenha formação

específica e que dê continuidade aos estudos, mas, no aspecto ético, cabe

somente à secretária executiva um cuidado maior, pois vai direcionar seu

comportamento baseado em suas atitudes e em suas ações e mostrará para a

organização o tipo de pessoa que ela é e como se conduz em sua vida.

Veiga (2007, p. 28-29) assegura:

A secretária deve ter uma conduta profissional idônea – o

que lhe garantirá

cabeça erguida. A profissional, além de representar a

imagem da empresa, é elo entre a empresa e o mercado,

logo, sua conduta deve ser pautada na verdade e na

moral.

Verificamos, de acordo com a autora, que as atitudes comportamentais

demonstrarão a personalidade da secretária a qual deverá, portanto, pensar e

Page 53: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

64

repensar tais atitudes no decorrer de sua atuação na empresa. A ética vai

permear esta trajetória e as suas relações com as instituições onde trabalha e

onde está inserida socialmente.

O conceito de ética profissional da secretária, de acordo com Sabino e

Rocha (2004, p.37):

... Do latim ethica, do grego ethiké, ética é definida como uma ciência moral, cujo objeto de estudo são julgamentos de valores na medida em que estes se relacionam com a distinção ente o bem e o mal. Em proposta de definição mais atualizada, ética significa a constituição de valores e regras pela sociedade para assegurar a convivência em harmonia. O mesmo mundo comercial que, em corrida desenfreada pelas grandes cifras nos relatórios de lucratividade, relegou a ética a um longo período de “desuso”, hoje prima pela conduta ética nos seus objetivos e missões. [grifos nossos]

A questão ética faz parte da cultura organizacional e da

profissionalização das pessoas, por isso, o curso de secretariado também

possui seu código profissional.

Pautada numa conduta correta, a secretária executiva procura em meio

às crises enfrentadas na atualidade pelas empresas e profissionais, não deixar

dúvida sobre seu caráter, pois, embora não seja responsável por aquilo que o

executivo decide ou determina, é responsável por seu comportamento e pelos

resultados advindos de sua postura para sua carreira e para a organização

onde trabalha.

Em decorrência dos avanços tecnológicos, pontuados por Rifkin (2001) e

Ferreira (2001), as relações internacionais, em decorrência da globalização,

geram crescentes turbulências, muita pressão e problemas intermináveis para

a secretária e a organização onde atua, fazendo com que sua capacidade de

buscar alternativas para a solução de problemas seja cada dia mais ampla.

Falar do profissional de secretariado, do sujeito secretária, é falar

também de sua atuação nas organizações pautada pela ética profissional e sua

aplicação no mercado de trabalho.

Nesse contexto, cabe lembrar que a história da humanidade e sua

evolução são perpassadas por conceitos como o de ética, cidadania,

economia, transformações e tecnologia, numa velocidade impressionante, que

Page 54: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

65

muitas vezes acabam ignorados, fazendo o sujeito esquecer até as origens, o

aprendizado com/na família, no convívio social, na escola e outros.

As mudanças ocorridas nas últimas décadas obrigaram as organizações

a efetuarem profundas mudanças no formato de gerir seus negócios. Foi

necessário abrir uma relação mais transparente e de qualidade entre cliente

interno e externo desenvolver relacionamentos de confiança entre ambos e a

organização; levar em conta os talentos dos colaboradores das organizações

para fortalecer essas transações comerciais e por fim o reconhecimento dos

profissionais atuantes na linha de frente das empresas travando negociações

lucrativas para o cliente externo.

Como o profissional de secretário fica em evidência nas organizações,

sente-se cobrado de um comportamento “ético”, o qual refletirá nas suas

atitudes, naquilo que pensa de si, da empresa e do executivo. Cabe lembrar

que o comportamento ético da secretária se fortalece mediante a junção de

vários fatores, sendo o principal o conhecimento das normas e procedimentos

da organização.

Assim é imperioso que na trajetória da secretária executiva haja

transparência em relação a sua realidade social e profissional, a seus

conhecimentos e às técnicas de trabalho, assim como é fundamental verificar

se as decisões tomadas no âmbito organizacional estão pautadas por uma

ética. Deste comportamento dependerá em parte, sua ascensão,

reconhecimento de que pode fazer parceria e colaborar com a equipe.

Com efeito, se esta ascensão não ocorrer, provocará desânimo e

desmotivação, fazendo-a sentir-se uma colaboradora que somente executa

serviços e não pode aspirar a abraçar tarefas ou responsabilidades para

facilitar as relações entre os clientes, e assim, trazer lucros para a organização.

2.8 A formação do indivíduo Secretária

De acordo com Silva (1998), a determinação do sujeito está relacionada

com as dimensões que constituem o ser cognoscente, isto é, o homem em

constante processo de aprendizagem racional, relacional (contextual e

interpessoal) e desiderativa.

Page 55: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

66

• A dimensão relacional é aquela que é contextualizada porque o “ser

cognoscente é um ser social contextualizado, ou seja, determinado

pelas condições materiais de existência em que vive na sociedade”

(Silva, ibid., p.31). Nessa dimensão, o processo de construção do

conhecimento acontece porque o ser cognoscente estabelece relações

com outros indivíduos.

• A dimensão racional é indispensável no processo de construção do

conhecimento porque o ser cognoscente, na ação sobre o meio, constrói

suas próprias estruturas, prolongando e interiorizando esta ação (ibid,

p.32).

Piaget (apud Silva, 1998, p.33) afirma que “a ação precede o

conhecimento e consiste numa organização, sempre mais rica e coerente, das

operações que prolongam a ação no sujeito”

• A dimensão desiderativa faz parte do processo de construção do

conhecimento, na medida em que o ser cognoscente é determinado por

um saber que ele desconhece, do qual não tem consciência.

A secretária executiva, como ser em processo de construção do

conhecimento, interage com outras pessoas na empresa, na família e na

sociedade. Nessa interação transmite e recebe conhecimentos diversificados e

estabelece relações com o meio, tendo por isso, de acordo com Silva (1998),

relações conscientes ou inconscientes, saberes dos quais nem sempre tem

consciência.

Compete à secretária executiva estar atenta aos conhecimentos

necessários para interagir com outras pessoas, que agem e pensam de modos

diferentes dos seus, e procurar conhecer métodos atualizados de relações

interpessoais para facilitar o convívio com o meio social e profissional onde

atua.

Da profissional que mantém relações diversificadas com o seu meio, o

desejo de saber e de aprender vem da motivação que ela própria desencadeia,

a partir do momento em que tiver um objetivo a alcançar.

Entretanto, essa profissional está ciente de que ela é um ser em

constante e contínuo processo de aprendizagem.

Quando a secretária executiva se depara no mercado de trabalho com

exigências profissionais e pessoais, as quais, não tem condições de satisfazer,

Page 56: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

67

sente falta de expectativa profissional, falta de vontade em aprender para se

reciclar, falta de reconhecimento e por fim sente o grau de desigualdade que

ela possui em relação às outras secretárias.

Esses fatores, em muitos momentos, levam a secretária a se acomodar

e a não ter condições psicológicas de encontrar uma razão para dar

continuidade ao seu processo de construção e de crescimento. Entretanto,

quando a secretária executiva quer dar prosseguimento ao seu crescimento

profissional e pessoal, estabelece metas por meio de objetivos e desejos que

vão conduzi-la efetivamente ao sucesso e ao reconhecimento.

De acordo com Silva (1998, p.39), “as várias dimensões do ser

cognoscente se articulam, regidas pelo principio do desejo e pelo principio da

realidade, na dialética da autonomia e da determinação”. Assim, cabe à

secretária buscar atualizar-se constantemente, ter vontade de aprender para se

adaptar às exigências profissionais e pessoais, ter reconhecido o seu papel nas

organizações e conseqüentemente, conquistar sua autonomia.

Para adquirir formação profissional é necessário, como dito

anteriormente, ter desejo de aprender, de conhecer e vontade de conquistar

autonomia, mas, para que isso aconteça, deve-se trabalhar com metas e

objetivos. Ou seja, a profissional que busca o conhecimento tem o desejo de

ver os seus esforços reconhecidos e, para cada etapa vencida, ela elabora

novos desejos e novas metas.

A secretária executiva que vem investindo, que vem adquirindo novos

conhecimentos, novas técnicas, que sente vontade de aprender e demonstrar

este desejo, conseqüentemente, assume a cada dia mais responsabilidades e

conquista, na maioria das vezes, o esperado reconhecimento profissional.

Importa esclarecer que ter conhecimento não é somente fixar conteúdos,

saber fazer as coisas certas, produzir ou criar métodos de trabalhos

diferenciados. Mas é necessário aliar ao aprendizado a busca por caminhos

diversificados para solução de problemas, inovar as técnicas profissionais,

adaptando-as no seu dia-a-dia, de modo a fazer com que qualquer pessoa ou

profissional modifique sua forma de se inter-relacionar com o seu meio,

buscando a valorização.

Fromm (1982, p.46-47) define que “aprender algo no modo de ter é fixar

o aprendizado sem ter que inovar ou reagir para criar; já no modo ser, o inverso

Page 57: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

68

é realidade”. E complementa: “ter conhecimento é tomar e conservar a posse

do conhecimento disponível (informação); conhecer é funcional e serve apenas

como meio no processo de pensamento produtivo” (Fromm, 1982, p.55).

Verificamos que a tentativa incessante de alcançar o aprendizado leva

os profissionais, na sua maioria, a adquirir conhecimentos diversificados e

utilizar essa aprendizagem em seu cotidiano, seja na família, na sociedade ou

nas instituições empresariais. Tais conhecimentos facilitarão o desempenho do

sujeito nas organizações em que está inserido e lhe proporcionará

reconhecimento.

Em relação a esta pesquisa, de acordo com os depoimentos, tal

reconhecimento ocorrerá por parte da empresa e do executivo, dependendo do

modo como a profissional aprender e se apropriar desses conhecimentos e os

aplicar em sua trajetória nas empresas.

2.9 Entender o sujeito, a subjetividade e a identidade: um olhar com o

foco secretarial

De acordo com Souza Neto (2002), o cotidiano da secretária executiva

poderá permitir uma reflexão mais profunda a respeito do sujeito, a sua

natureza e as relações de trabalho diante da realidade globalizada em que se

encontram e que fazem parte.

O autor pressupõe que a história de vida de cada sujeito se faz em

circunstâncias determinadas, quase sempre pela ação do sujeito individual e

coletivo, assim como pelas atitudes e pelas escolhas dos homens que são

movidos por inúmeras necessidades em todas as esferas sociais e

econômicas, “as pessoas nem sempre escolhem o que querem, por força das

adversidades” (Souza Neto, 2002, p.73)

O autor realça que nem sempre nossas escolhas são conscientes e

elaboradas, mas podem ser consideradas escolhas por necessidade de

sobrevivência na sociedade em que vivemos. (Souza Neto, ibid).

O sujeito que está em condições de sobreviver, na atualidade, é aquele

que tem maturidade suficiente para trilhar caminhos através das dificuldades, e

elaborar estratégias para esta sobrevivência diante de uma realidade, poucas

vezes compreendida por ele, integrante da história. (Souza Neto, ibid).

Page 58: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

69

Complementa Souza Neto (2002), destacando que não pode haver um

sujeito sem objeto nem um objeto sem sujeito. Por isso, entendemos que a

secretária, enquanto sujeito, é também um ser “aprendente” que diariamente

busca reconhecimento profissional diante de sua formação e competência para

manter a si e seus familiares.

A secretária executiva aprende e age dentro desse aprendizado com o

objetivo de satisfazer as necessidades das organizações e dos executivos,

baseada no estabelecimento das relações profissionais entre a sua

interioridade e a exterioridade a que a ela se apresenta.

O referido autor (2002) declara que o sujeito não existe desvinculado do

cotidiano ou das relações sociais, da mesma forma que o sujeito não existe

sem vontades e desejos. Na condição se seres humanos, temos uma série de

desejos e objetivos para atingir, o que nos leva a lutar pelas inúmeras

transformações em nossas vidas pessoais e profissionais. De acordo com

Souza Neto, essas mudanças decorrem das motivações internas que nos

direcionam a lutar pelos nossos ideais.

Pode-se afirmar, portanto, que a experiência de vida do sujeito acontece

quando existe interação entre a objetividade e a subjetividade, isto é, quando

há articulação entre a realidade interna e a externa.

Segundo o autor, diz-se que a maturidade do sujeito capacita-o para

administrar conflitos, mal-estar, ódio, amor, vida e a morte, para elaborar

estratégias em prol de opções que beneficiem a qualidade de vida. Essa

maturidade é constantemente procurada por parte das secretárias executivas,

pois é o componente para alcançar a sonhada qualidade de vida.

Por subjetividade pode-se entender aquilo que é sentido pelo sujeito

através de experiência íntima e que pode direcionar suas ações presentes na

convivência com os grupos sociais, sejam estes as empresas, a família, a

política ou a religião.

Muitas vezes, por trabalhar sob pressão, com acúmulo de tarefas e

prazos, a secretária se vê impossibilitada de atender às expectativas da

organização e/ou executivos, causando-lhes contratempos e conflitos, os quais

nem sempre podem ser resolvidos a contento.

Muito do comportamento profissional da secretária executiva vem de

experiências advindas de realidades familiares e culturas empresariais

Page 59: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

70

diferentes, de atuações possivelmente não produtivas nas empresas e que

podem ter fragilizado seus desempenhos posteriores nas organizações e no

atendimento de tarefas diárias.

Perguntamos às seis secretárias executivas, na entrevista individual, se

elas se achavam criativas, pois a criatividade é também uma das habilidades

pessoais que a secretária necessita ter ou desenvolver. Surpreendentemente,

das seis, apenas duas responderam que se achavam criativas e as outras

quatro não. É interessante notar que uma profissional hoje para sobreviver no

mercado acirrado deve na maioria das vezes, primordialmente, ser criativa em

primeiro lugar para poder manter-se empregada. Sendo assim, como é

possível quatro secretárias alegarem que não são criativas? Podemos afirmar

que se trata de um contra-senso, porque, como essas profissionais buscam

reconhecimento e identidade profissional, se não desenvolvem as mínimas

habilidades necessárias ao cargo?

Ao longo da experiência profissional desta pesquisadora no cargo de

secretária executiva, não só a criatividade foi necessária, mas também

paciência, comprometimento, flexibilidade, autoconhecimento, formação

específica e, preferencialmente, fazer sempre além do que os executivos

pediam.

Manzini-Covre (2007, p: 136-137) expõe:

Os sujeitos têm muitos mecanismos de se

protegerem, de fazer frente ao poder na organização,

desenvolvendo a criatividade, encontrando meios para as

suas realizações e mesmo alterando o mal estar para

sentidos progressivos de viver para si, e talvez para seu

departamento/área dentro da organização. Ainda de

acordo com a autora (op. cit.) Winnicott (1927) fala da

criatividade, do ato de brincar como expressão da vida

que vale a pena. Tenha-se presente também o humor que

fala Freud (1927), aquele que alivia e dá sustento ao ego

contra o sofrimento criado pelas imposições do superego.

Observamos que a autora acredita na criatividade como forma de

encarar os dissabores e é o caminho para os trabalhadores encontrarem forças

Page 60: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

71

para se desenvolverem profissionalmente dentro das organizações. É

importante usar a criatividade para solucionar uma série de conflitos ou

elaborar projetos em conjunto com os executivos. Significa que sem

criatividade não haverá reconhecimento.

Entende-se, ainda, que tudo o que é bom e certo na conduta profissional

de uma secretária para um determinado perfil de empresa e executivo, pode

não ser para outras, mas para quem é habilitada, criatividade é fundamental

para a gestão administrativa e mesmo para o gerenciamento de informações.

Assim, quando nos remetemos ao sujeito secretária e suas habilidades,

podemos refletir que é a articulação entre a objetividade e a subjetividade que

constrói o sujeito. Essa construção, ao longo da vida, fará ou não com que a

secretária tenha seu papel definido nas organizações, e por intermédio de suas

atitudes e de seus conhecimentos, caminhe para o reconhecimento profissional

almejado.

Portanto, é fundamental conhecer e entender o modo ser e fazer da

secretária, numa sociedade em que o autoconhecimento regula a condição

para o desenvolvimento do ser humano e do profissional do século XXI.

Já em relação à identidade, de acordo com Ciampa (apud

GRAGONETTI, 2001), é um processo de construção que ocorre durante toda a

vida de uma pessoa, mesmo antes de ela receber um nome e dentro das

relações estabelecidas com as demais pessoas no decorrer da vida.

Percebemos que a busca da definição de identidade está relacionada

com o entendimento que a pessoa tem de quem ela realmente é, e ter

consciência das suas características, enquanto pessoa é que definirão a sua

personalidade como ser humano.

Como mencionado anteriormente, o autoconhecimento contribui,

conforme os próprios depoimentos das secretárias, para se descobrir por

dentro e por fora e para saber lidar com as diferentes pessoas com quem

convivemos no decorrer de nosso caminhar.

Stratton e Hayes (apud Dragonetti, 2001, p.14) definem:

Identidade como reconhecimento de que um

indivíduo é ele próprio; é o que proporciona saber que

uma pessoa é ela mesma, e não uma outra, ou seja,

Page 61: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

72

reconhecimento de alguém por ser humano, igual a ele

mesmo e, portanto, um ser único. Considera-se que as

relações sociais como fatores de extrema importância na

determinação de quem somos, também para se

compreender esse ser humano em suas relações na

busca do reconhecimento.

Então, de acordo com os autores, observamos que a identidade

pertence ao indivíduo, é dele próprio, portanto não há outro igual. É o que

acontece com cada profissional em seu ambiente de trabalho, bem como com

cada secretária que tem sua identidade própria e atua dentro dessa sua

formação nas empresas, ou seja, buscando unir as características pessoais

com as características profissionais e assim conseguir o reconhecimento de

seu trabalho.

Para que isso seja possível, é preciso que as profissionais tenham bem

definidas as habilidades de uma secretária, não somente como pede a

legislação no tocante à formação deste profissional, mas sim em relação às

competências e respeito às funções de cada membro dentro da organização,

assim como o respeito às suas próprias funções.

Pela análise das respostas do questionário aplicado individualmente nas

entrevistas e por meio da discussão temática em grupo, pudemos verificar que

parte das profissionais se sente reconhecida, mas não tem entendimento com

relação à identidade profissional, pois a formação superior lhes dá as bases

para atuar com várias competências, no entanto, a maioria se depara com

atividades em que elas passam a ser meras executoras. O conflito ocorre

justamente entre a formação formal da secretária com a realidade da

organização.

Quando as profissionais não desenvolvem projetos ou tarefas para as

quais elas se formaram, há o choque entre a realidade cultural da empresa

com as expectativas de reconhecimento por competência e a busca de novos

desafios para demonstrar ao executivo que ela tem conhecimento suficiente

para estar ao seu lado.

É preciso deixar essa reflexão como ponto de partida para novas

discussões entre as profissionais, sindicatos de classe e empresários para que,

Page 62: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

73

de uma vez por todas, possa ficar ajustado o papel da secretária executiva

dentro das organizações, assim como para ela própria.

Uma definição interessante que pudemos observar é que, na verdade,

as 31 secretárias executivas são técnicas de secretariado e não propriamente

secretárias executivas, como veremos adiante, nas análises das técnicas de

pesquisa.

Neste capítulo, analisamos a profissão de secretária, sua atuação nas

organizações globalizadas, atentando à formação do sujeito secretária, os tipos

de organizações nas quais ela poderá vir a atuar, definindo tipos de

organizações existentes, os canais de conhecimento, à medida que a

tecnologia avança. Pudemos verificar também que a secretária executiva

amplia suas atribuições e domina cada vez mais um número maior de

habilidades e competências profissionais, seja para conquistar autonomia,

reconhecimento profissional, seja para alcançar, na medida do possível, o

sucesso naquilo que conhece e empreende dentro das organizações, como

gestora, assessora ou como executiva em parceria com outros executivos, de

diferentes níveis hierárquicos nas organizações.

No próximo capítulo, serão discutidos os aspectos relativos à escola e

sua relevância sócio-cultural e humana, as questões de aprendizado na

formação do sujeito e na formação do profissional de secretariado.

Page 63: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

74

3 A QUESTÃO DA APRENDIZAGEM NA FORMAÇÃO DA IDENTIDADE DA SECRETÁRIA EXECUTIVA

A questão da aprendizagem na formação da identidade da secretária

está relacionada ao mercado de trabalho, pois é essencial conhecer como a

educação continuada pode favorecer que essa profissional encontre sua

identidade profissional dentro das organizações.

O aprender, nas diferentes profissões, começa nos bancos escolares,

especialmente na saída do sistema escolar para o mercado de trabalho, daí

este começo se constituir um momento essencial para a construção de uma

identidade autônoma.

Para Dubar (2005), essa é a principal razão para a construção de uma

identidade profissional, a qual dependerá das competências, dos projetos de

vidas e das aspirações do formando.

Segundo Luzuriaga (1990, p.1), a educação é parte fundamental da

história da cultura, e esta, por sua vez, faz parte da história geral da

humanidade, da realidade dos homens ao longo de sua existência.

A educação se classifica como "manifestação cultural", em sentido

estrito, é influência intencional e sistemática sobre o ser juvenil ou aquele que

recebe formação, com o propósito de formá-lo e desenvolvê-lo para a vida em

sociedade.

Vida em sociedade, de acordo com Delors (2004), significa que para

entendermos melhor o mundo e suas transformações, se faz necessário

também compreender o outro. Em outras palavras, precisamos aprender dentro

da escola e no convívio social a transformar a interdependência real em

solidariedade, em conhecimento, em saberes diferenciados, elementos

fundamentais na gama de tarefas da educação.

Para o autor, a educação tem como pressuposto a preparação do

indivíduo para compreender a si mesmo e aos outros, além de entender, por

intermédio do conhecimento adquirido, o mundo e as questões de

sobrevivência do homem no meio em que vive e no qual troca experiências,

informações, conhecimento, aprendizagens, vivências.

Page 64: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

75

3.1. A Educação

A história da educação é, de certa forma, a história do homem para

construir um acervo de saberes, informações e conhecimento. Na convivência,

na troca e na aprendizagem de indivíduos e grupos, são relevantes as

situações históricas de cada povo, cada época, porque influenciam as

questões de aprendizagem na formação do indivíduo; na formação da cultura;

nas manifestações espirituais, políticas, religiosas; na constituição do direito e

da filosofia; na formação de uma estrutura social, com suas divisões por

castas, hierarquias ou classe social; na forma de se constituir família; na vida

coletiva dos grupos, classes profissionais; nos sindicatos ou na orientação

política.

A história se constrói mediante resultados de momentos históricos, do

empenho e empreendimento de indivíduos visionários, lutadores,

conquistadores, sonhadores, inovadores, idealizadores, daqueles que lutam

para combater ou defender ideologias políticas, individuais e coletivas.

São elementos também essenciais nessa construção as formas de

governo, sejam elas imperialismo, regionalismo, absolutismo, força

revolucionária, nazismo, stalinismo, fascismo e tanto outros regimes ditatoriais

ou democráticos, que são acontecimentos humanos que marcam a história,

assim como a história de nossa aprendizagem, a história da educação do

homem em todos os lugares do mundo.

A educação não é única, porque os homens constroem sistemas

diferentes, e cada lugar do mundo tem uma estrutura econômica, uma posição

geográfica e um tipo de produção de saberes, entre outros aspectos.

(LUZURIAGA, 1990, p.3-4). A educação está condicionada a fatores e gêneros

que ocorrem na sociedade, e pode-se afirmar que é também uma arma para a

realização de mudanças sociais, pois, conforme Luzuriaga (ibid.):

A história da educação, também, ao desvendar-nos os grandes horizontes ideais da humanidade, as conquistas

Page 65: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

76

das técnicas pedagógicas e os perfis dos grandes educadores, impede-nos de cair na estreiteza da especialização e na rotina do profissionalismo. Obriga-nos, ao mesmo tempo, a maior rigor no pensar e a fundamentação teórica de trabalho.

É fundamental compreendermos que a educação nas organizações deve

se preocupar com todos os colaboradores, educar para que tenham

consciência de seu papel dentro dos grupos de trabalho e também percebam a

importância de buscar o autoconhecimento constantemente, como meio de se

manter empregável e como elemento necessário no processo de globalização,

o qual exige conhecimentos profissionais, sociais, políticos, religiosos e gerais

de forma contínua.

Para que isso aconteça, o ser humano precisa constantemente buscar

novas estratégias profissionais e sociais que façam a diferença no mercado de

trabalho.

Neste contexto, Silva (2000) pontua que o ser cognoscente é um ser

social contextualizado, aquele que busca aprender de modo contínuo e que,

apesar disso, nunca aprende tudo, mas que procura esse aprendizado

diariamente. Dito de outra forma, o sujeito determinado pelas condições

materiais procura se manter dentro do mercado de trabalho, cujo

conhecimento o faz sobreviver na sociedade.

Para Schaff (1987, apud Silva, 1998, p.31) “o fato de o sujeito ser o

conjunto de relações sociais comporta conseqüências diversas, sensíveis

também ao domínio do conhecimento”.

Neste sentido, Silva (1998) afirma que se pode ter uma dimensão das

relações interpessoais na constituição do processo de construção de

conhecimento, na medida em que o ser cognoscente está em constante

processo de aprendizagem para estabelecer relações com outros sujeitos.

Podemos vislumbrar ainda a dimensão racional do sujeito em constante

aprendizagem, considerando-se que a ação o move em direção ao objeto

desejado e serve como ponto de partida para a construção do conhecimento

em diferentes níveis. Essa ação do ser cognoscente pode ser dividida nas

funções de perceber, discriminar, organizar, conceber, conceituar e enunciar.

Assim, a ação está implícita sempre dentro dessas especificidades. O que vai

Page 66: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

77

mudar, neste caso, é a qualidade, sua organização e funcionamento, dado que

o sujeito percebe na medida em que imita, aprende e depois reproduz por si

próprio.

3.2. Os quatro pilares da educação

A aprendizagem do conhecimento pede por uma educação contínua,

imprescindível para qualquer profissional que queira ter seu desempenho

reconhecido no trabalho.

Quando nos referimos à educação de forma consistente, pode-se

considerar um discurso incompleto, se deixarmos de lado a discussão sobre

os quatro pilares da educação: aprender a conhecer, aprender a fazer,

aprender a viver junto e aprender a ser. Certamente eles podem ser adaptados

à civilização cognitiva, uma vez que são as bases das competências do futuro,

as quais são imprescindíveis em qualquer estágio, nível educacional e

formação escolhida.

Todavia não basta acumular desde o começo da vida determinada

quantia de conhecimentos; é necessário saber aproveitar e explorar durante

toda a existência as possibilidades que surgem e atualizar-se sempre,

aprofundar e enriquecer conhecimentos adquiridos, e adaptar-se ao mundo em

constante mudança. Para Delors (2004), a educação cumprirá seus objetivos,

quando organizar o conhecimento nos referidos pilares de aprendizagem.

Aprender a conhecer consiste no domínio de instrumentos do

conhecimento com dupla finalidade, a de ser um meio e uma finalidade na vida

humana. Meio, porque espera que cada um compreenda o mundo que o cerca,

viva de forma digna, possa desenvolver suas capacidades profissionais e se

comunicar com competência. Finalidade, porque fornece o prazer de

compreender, de conhecer e também de descobrir para atingir objetivos.

O aumento dos saberes permite compreender melhor o ambiente sob

diferentes aspectos, desperta a curiosidade intelectual, estimula o senso crítico

e permite entender a realidade com aquisição de autonomia para discernir as

coisas.

Aprender para conhecer supõe: aprender a aprender, exercitar a

atenção, a memória e o pensamento (Delors, 2004, p.92). Mas é fundamental

Page 67: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

78

perceber que o aprender a aprender é um processo inacabado e que poderá

ser enriquecido a cada nova experiência, exercitando-se a atenção, a memória

e o pensamento.

Podemos considerar que o aprender a fazer e o aprender a conhecer

não se separam, porque estão ligados à formação profissional. O aprender a

fazer não pode continuar a ter o simples significado de preparar alguém para

uma tarefa determinada, para a fabricação de um determinado produto, mas

para a realização de diferentes atividades.

Na sociedade assalariada, como ocorre hoje, a substituição da mão-de-

obra pelo maquinário tornou o trabalho imaterial e acentuou o caráter cognitivo

das tarefas, bem como a importância dos serviços na atividade econômica.

Mas é preciso haver consciência de que o futuro das organizações

depende também da capacidade do trabalhador para prestar um serviço de

qualidade, fornecer mão-de-obra qualificada, transformar e desenvolver o

conhecimento com inovações, ajudar a criar novas empresas, e

conseqüentemente, novos empregos.

Essa imposição vem da classe empresarial, que procura substituir cada

vez mais a exigência de uma qualificação ligada à competência material pela

competência individual do trabalhador. Nesse caso, o trabalhador deve dispor

de um conjunto de formação técnica e profissional associado ao

comportamento social, à aptidão para o trabalho em equipe, à capacidade de

iniciativa para aprender a correr riscos calculados. Além disso, deve ter

capacidade de se comunicar, de trabalhar com os outros, de apresentar

resultados, resolver conflitos, tornar-se cada dia mais importante, em virtude do

que vem ocorrendo no setor de serviços.

Delors (2004) acredita ser provável que as organizações ultratecnicistas

do futuro, preocupadas somente com o material, e indiferentes aos problemas

relacionais, correm grave risco de criarem disfunções, por exigirem

qualificações com base mais comportamentais do que intelectuais. Para tanto,

é preciso que as noções de qualificação e de competência sejam bem

esclarecidas.

Aprender a conviver é um dos maiores desafios da educação. Delors

(ibid.) afirma que, na história da humanidade, o conflito sempre esteve presente

nas relações entre pessoas e que existem elementos novos que acentuam este

Page 68: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

79

perigo, os quais, de certa forma, acabam por desenvolver o potencial de

autodestruição entre os homens, no decorrer do século XX. Até o momento, a

educação pouco minimizou ou modificou esta situação.

Ademais, para não haver autodestruição e violência escolar14, não basta

colocar em contato, em comunicação, grupos de pessoas diferentes. É preciso

fazer com que elas mostrem objetivos e projetos comuns e, dentro de um

determinado prazo, fazer com que os preconceitos e hostilidades existentes no

grupo desapareçam e dêem lugar ao espírito de cooperação mútua e amizade.

Para esse autor (ibid, p.97), a educação tem por missão, por um lado,

transmitir conhecimentos sobre a diversidade da espécie humana e, por outro

lado, levar as pessoas a tomarem consciência das semelhanças e da

interdependência entre todos os seres humanos do planeta.

É fundamental observar que, desde o ingresso no mundo escolar, a

aprendizagem deve proporcionar ao aprendiz descobrir-se no mundo e

capacitá-lo para se colocar no lugar do outro para compreender as reações

desse outro. Daí a importância do papel do professor nessa jornada, pois ele

deverá tomar cautela para não inibir a curiosidade e o espírito crítico do aluno

e não prejudicar o seu aprendizado, mas fazê-lo crescer e aprender a

conviver, a viver com o outro.

O professor não pode esquecer que é um modelo, por isso deve ser

cuidadoso, visto que uma atitude equivocada poderá colocar em risco a

capacidade dos alunos de estarem abertos às mudanças e esquecer de

trabalhar o conhecimento necessário para enfrentar tensões entre pessoas,

grupos e alunos.

Paulo Freire (1998, p.25) considera que “quem ensina aprende ao

ensinar e quem aprende ensina ao aprender. Quem ensina, ensina alguma

coisa a alguém”, isso significa que, no âmbito escolar ou na organização, a

aprendizagem não terá valor, se tiver como finalidade apenas a transferência

de conhecimentos e não a de criar caminhos para a produção ou a construção

do conhecimento.

Muitos executivos esperam das profissionais iniciativas e soluções para

as questões mais complexas nas relações de trabalho; assim, possivelmente, o

14 Pode-se dizer que é uma autodestruição e violência quando a escola ensina justamente o contrário daquilo que deveria ensinar aos seus integrantes, participantes.

Page 69: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

80

poder da criatividade em conjunto com o conhecimento trará os resultados

esperados.

À secretária executiva exerce, muitas vezes, este papel, pois na

execução de determinadas tarefas poderá ensinar em alguns momentos,

outros funcionários e poderá despertar neles vontade e desejo de conhecer e

aprender. Esse despertar deverá fazer com que o aprendiz seja cada vez mais

criativo, inovador e interessado.

Em alguns casos, a profissional, além de seu trabalho nas organizações,

leciona em cursos de secretariado. No Brasil, existem cursos técnicos, de nível

superior e de atualização, constantes nas mais diversas áreas do secretariado.

Portanto, a pessoa que ensina tem a dupla responsabilidade: a de

ensinar e a de aprender. Mas enquanto formadora, a prática pedagógica é de

vital importância, uma vez que serão exigidos bom senso, respeito com as

diferenças culturais de cada aprendiz, convicção da importância das mudanças

ocorridas a todo o momento, e compromisso de formar profissionais

competentes e empregáveis.

A esse respeito, Freire (1998, p.106) afirma que: “o ensino dos

conteúdos implica o testemunho ético do professor”, ou seja, compete à

secretária, enquanto mulher, professora e modelo, ter comprometimento com

aquilo que faz e pensa, com aquilo que ensina.

Transmitir e ensinar conteúdos exige do educador respeito pelo aluno, a

certeza do que está ensinando e, fundamentalmente, o conhecimento daquilo

que está sendo ensinado. Kupfer (1998, p. 84) ressalta que o “ato de aprender

sempre pressupõe uma relação com outra pessoa, a que ensina”.

Finalmente, quando se fala do aprender a ser, entende-se que a

educação deve contribuir para o desenvolvimento espiritual e material da

pessoa, facilitando a compreensão e desenvolvimento saudável do corpo,

inteligência, sensibilidade, sentido estético, responsabilidade pessoal para

cuidar de si e do outro. E ainda preparar as pessoas para o desenvolvimento

do senso crítico, o raciocínio lógico e os valores, capacitar-se para tomar

decisões acerca da própria vida, do corpo, dos direitos e deveres que giram em

torno delas. São aspectos fundamentais para compor esse ser.

Desse modo, a educação e a aprendizagem têm como um de seus

principais objetivos levar o ser humano à conquista da liberdade de

Page 70: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

81

pensamento, do discernimento, dos sentimentos, da imaginação, da

criatividade, das metas de que ele necessita para desenvolver seu potencial,

seus talentos e ajudá-lo a ser dono de seu próprio destino.

Mais do que preparar para tornar o ser humano membro de uma

sociedade, a educação e o aprendizado devem transformar o indivíduo em

produtor de resultados. A educação é o meio mais importante para alguém

chegar ao reconhecimento, é a mola propulsora do potencial humano, aquilo

que leva o ser humano ao aprendizado social e ao sucesso profissional, ao

aprender a construir o próprio caminho de forma interativa e individualizada.

A escola tem papel fundamental, pois nela o estudante poderá refletir

sobre a teoria e conteúdos discutidos, colocando em prática aquilo que foi

aprendido em sala de aula. Como exemplo, podemos mencionar os estágios

que, atualmente, possuem essa responsabilidade, isto é, fazer com que os

alunos enriqueçam seu aprendizado, colocando em prática o que aprendem na

teoria, ajudando a construir os saberes necessários para uma atuação

profissional no mercado.

A educação tem um duplo papel, ensinar o aprendiz a fazer algo e, ao

mesmo tempo, ensiná-lo a ser um profissional de sucesso.

Partindo-se dessa perspectiva, observa-se que a secretária e a maioria

dos profissionais devem se esforçar para que educação e aprendizado estejam

presentes em suas trajetórias, a fim de que as transformações que ocorrem

nas empresas sejam entendidas de maneira fácil, inteligente e produtiva.

É fundamental lembrar que a educação não é constituída pela natureza

angelical. Ela é o elemento que instiga, que coloca o ser humano em estado de

turbulência, agitação, que o faz ativo e dinâmico para buscar respostas,

reflexões, caminhos que transformem saberes em práticas para facilitar e

favorecer a convivência no plano profissional, social e familiar.

No entender de D´Elia e Garcia (2005, p.11), a secretária executiva

precisa perceber que as mudanças trouxeram alheações fundamentais na

profissão, pois, ao mudar o perfil profissional,

... ampliaram-se as competências. Cresceram a dimensão e o nível de responsabilidade. Aliada a todas essas mudanças, há também a constatação da nossa importância no cenário mundial. A profissão secretarial

Page 71: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

82

situa-se entre as três profissões que mais crescem na atualidade. Segundo o livro O Trabalho das Nações, de Robert Reich, as seguintes categorias de trabalho serão importantes neste milênio: serviços de produção de rotina; serviços interpessoais; serviços simbólicos – analíticos (de resolução de problemas), todos ligados ao trabalho da secretária.

Para essas autoras, a profissional conquistou, atualmente, um lugar de

destaque dentro das organizações, e a secretária executiva que não tiver essa

visão, conflitará com as culturas organizacionais e não terá como se adaptar às

novas exigências de mercado.

Por conseguinte, é indispensável que ela adquira conhecimentos de

maneira contínua, além daqueles que recebeu da família, das escolas, dos

cursos e outros, para manter-se empregável, entender de gente e satisfazer as

normas das empresas.

D´Elia e Garcia (ibid.) [realçam que para uma aprendizagem em sentido

mais amplo, é preciso acompanhar a velocidade das mudanças, e o

profissional deverá procurar o autoaprendizado como forma de obter o

reconhecimento que tanto almeja.

3.3. A escola e a importância do conhecimento na formação da secretária executiva Quando se fala em ensino, conhecimento e formação escolar, associa-

se a figura da escola, sua importância e seu papel na vida das pessoas em

uma sociedade.

Por outro lado, como já expusemos, a secretária executiva deverá ter

consciência de quanto é valioso obter conhecimentos, saberes diferenciados, a

busca do autoconhecimento para realizar atividades pessoais e profissionais,

bem como ter a percepção do saber fazer e o saber ser.

Delors (2004, p.93) pontua o saber fazer, conforme o texto :

Aprender a conhecer e aprender a fazer são, em larga

medida, indissociáveis. Mas a segunda aprendizagem

está mais estreitamente ligada à questão da formação

profissional: como ensinar o aluno a pôr em prática os

Page 72: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

83

seus conhecimentos e, também, como adaptar a

educação ao trabalho futuro quando não se pode prever

qual será a sua evolução?

Nota-se que o sentido dado pelo autor sobre o saber fazer não é

simplesmente preparar alguém para desenvolver uma atividade diária, ou, no

caso específico da secretária, estar preparada para as atividades rotineiras

dentro das organizações. O saber fazer vai além do domínio cognitivo e

informativo na sua atuação profissional. Nesse sentido, pode-se inferir que a

globalização foi responsável pelas modificações ocorridas no mercado de

trabalho e, consequentemente, modificaram-se as qualificações exigidas pelos

novos processos em que as organizações se moldaram.

Para Delors (2004, p. 94),

...os empregadores substituem, cada vez mais, a

exigência de uma qualificação ainda muito ligada, a seu

ver, a idéia de competência material, pela exigência de

uma competência que se apresenta como uma espécie de

coquetel individual, combinado a qualificação, em sentido

estrito, adquirida pela formação técnica e profissional, o

comportamento social, a aptidão para o trabalho em

equipe, a capacidade de iniciativa, o gosto pelo risco.

O autor (op. cit.) enfatiza a questão da competência profissional, ao

afirmar que não basta somente tê-la, é preciso que a secretária executiva tenha

amor, tenha identificação com a profissão e a empresa, aquilo que chamamos

de comprometimento ou compromisso profissional, pois ela, como agente

facilitadora e de mudanças, evidencia no dia-a-dia empresarial suas qualidades

subjetivas, inatas ou adquiridas, denominada como “saber-ser” pelos

executivos, ou mesmo pelas organizações, e vai se juntar ao “saber-fazer” que

culminará na competência profissional esperada. Daí o papel importante da

educação e os diversos aspectos da aprendizagem dessa profissional.

As habilidades como gerenciamento de informações, interação e

respeito às diferenças, gerenciamento de conflitos, criatividade, entre outras,

tornam-se cada dia essenciais para secretária executiva buscar o

reconhecimento e sua identidade no âmbito empresarial.

Page 73: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

84

Esta pesquisa tem como objetivo compreender e interpretar se as

secretárias executivas possuem ou não essas habilidades, esses

conhecimentos e aprendizados suficientes; se procuram conhecer si mesmo e

aos outros e como fazem para ser, ao mesmo tempo, uma pessoa comum,

mãe, mulher e profissional; se têm definidos os conceitos de sujeito e cidadão;

ou ainda as noções de seus direitos e deveres como indivíduos produtivos, que

precisam estabelecer formas de sobrevivência capazes e eficazes para

tornarem-se profissionais responsáveis, reconhecidas e com identificação

profissional entendida por elas mesmas e pelas organizações onde atuam.

Para desenvolver um aprendizado humano é preciso ter conhecimentos

permanentes que transformem pessoas comuns em pessoas melhores, mais

conscientes de suas limitações (pontos fracos) e pontos fortes; que consigam

se tornar sujeitos atualizados com formação acadêmica e profissional, de

acordo com as exigências de mercado, pessoas que tenham noção de seus

direitos e deveres, limites, consciência do conceito de empresa, cultura e clima

organizacional para que o sucesso aconteça como resultado de um trabalho

bem realizado.

Como se destacou anteriormente a respeito do sentido da educação,

esta pesquisa visou propor algumas reflexões sobre a escola e a construção do

conhecimento, a importância da aprendizagem e a necessidade da

aprendizagem permanente para uma boa parte das secretárias, como afirma

Delors (2004, p. 103), a educação para a vida e ao longo da vida.

O passo inicial foi uma discussão sobre a escola e o conhecimento. A

esse respeito, Cortella (1998, p.55) afirma que todo educador tem sua própria

maneira de entender o conceito de conhecimento, que geralmente pergunta o

que é, de onde vem e como chegar até ele, isto é, cada um busca, como

agente formador, uma interpretação individual do que seja conhecimento.

A secretária executiva de hoje é considerada também um agente

formador, pois, muitas vezes, orienta, fica sob a sua responsabilidade ensinar e

treinar outras profissionais para que estas possam assumir as funções de

secretária executiva ou possam desempenhar o papel de “educadoras

profissionais”, com a responsabilidade de servir de modelo na preparação

dessas futuras profissionais para o mercado de trabalho.

Page 74: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

85

É importante salientarmos que, quando se fala em conhecimento, deve-

se verificar se ele é correto e/ou válido, ou seja, qual é o seu verdadeiro valor.

Cortella (1998) explica que a noção que mais persiste no sistema educacional

é aquela em que se entende conhecimento ou verdade como absoluta e,

quando o termo verdade é apresentado, não se pode esquecer de Sócrates,

um dos mais importantes personagens da história do pensamento da

humanidade.

[Sócrates estabelecia verdades que fossem válidas para todas as

pessoas. Para ele, existiam dois caminhos para se chegar ao conhecimento:

sentido e razão. (Cortella, ibid.). Pelo sentido e pela razão, o sujeito adquire e

transmite conhecimento, e parte desse conhecimento acompanha a pessoa

para o resto da vida. Assim como Sócrates, os profissionais e os educadores

precisam dedicar uma parte de seu tempo para a reflexão, para a busca da

verdade, e conseqüentemente, do conhecimento, construção histórica, cultural

e social.

Por isso, é importante que os profissionais do mercado de trabalho, na

atual sociedade econômica, estabeleçam metas e sentidos para a conquista e

o reconhecimento profissional, baseados na aquisição constante de

conhecimentos.

Para Cortella (1998), a educação é a alavanca do desenvolvimento e do

progresso. O progresso é conseguido, mediante a verdade, esforço unificado

da sociedade, da escola e de profissionais que constituem o mundo do trabalho

e da economia que sustenta a humanidade.

3.3.1. A aprendizagem

De acordo com Delors (2004), a educação tem presença constante e

ocupa cada vez mais espaço na vida das pessoas, na mesma proporção que

aumentam as responsabilidades nas sociedades modernas.

O autor ressalta que a educação ao longo da vida á a chave que abre as

portas do século XXI e que muito mais do que uma adaptação necessária às

exigências do mundo do trabalho, a educação é a condição para um domínio

mais perfeito dos ritmos e dos tempos da pessoa.

Page 75: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

86

Destaca-se a educação, colocando em pauta nesta pesquisa, a

formação do sujeito secretária, assim como qual é o modo de ser e fazer das

secretárias executivas em uma sociedade que exige o autoconhecimento

profissional como condição para o desenvolvimento pessoal e profissional no

mercado de trabalho, nas trocas e experiências, no contexto social, nas

instituições empresariais, familiares e outros.

De acordo com a experiência da autora pesquisadora, muitas

profissionais deixam de buscar uma formação mais específica ou uma

atualização profissional, por causa da falta de estímulo ao autoconhecimento,

ou por problemas não resolvidos no processo de construção do conhecimento.

Além disso, não entendem qual seu papel enquanto ser humano, ser social e,

principalmente, seu real papel dentro das empresas, pois sentem bastante

dificuldade em mostrar suas qualidades, os conhecimentos técnicos de sua

área e saberem se manter equilibradas emocionalmente. E ainda,

desconhecem como ter flexibilidade, motivação e criatividade o tempo todo.

Em determinado momento da história do sujeito, isto é, quando passa a

ter como objeto o processo de aprendizagem, e como objetivo o de conhecer

este processo em toda sua constituição, ele passa a ser considerado como um

ser com um saber independente, contando com seus próprios instrumentos e

métodos.

Cabe neste momento da pesquisa uma reflexão acerca da relação

dialética entre o social e o individual da secretária: a linguagem.

A secretária executiva, como ser social, busca autonomia, priorizando as

respostas a situações rotineiras dentro das instituições, seja na família, política,

religião ou empresa; tem ciência de suas limitações no processo de

aprendizagem de si mesma, de seu meio, de suas deficiências. São, pois,

muitas as dificuldades que a impedem de se qualificar pessoalmente e

profissionalmente, assim como planejar metas, gerir, aliar conhecimentos de

forma a torná-la uma pessoa e profissional habilitada tecnicamente e de

conhecimentos diversificados para alcançar o sucesso na carreira, sabendo

planejar, gerir e controlar.

Para tanto, a profissional secretária executiva precisa da aprendizagem

permanente e atualizar constantemente esse processo de construção do

conhecimento.

Page 76: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

87

O papel da educação é fundamental no enfrentamento do maior desafio

atual da humanidade nas economias ocidentais: manter-se atualizado,

empregado e com conhecimentos diversificados.

As famílias preparam seus entes para a diversidade econômica e social

do país; as escolas preparam os jovens para exercerem as mais diversificadas

funções dentro da sociedade, e dentre elas, a função de secretariar um

executivo dentro de uma empresa, com os mais distintos conceitos e práticas,

assim como diferentes produtos e metas para obtenção de lucros.

Na atual situação econômica do país, a escola, a educação, a política, a

religião e o ser consciente de seu papel, de seus limites e de seus direitos e

obrigações passa a obter significativa importância na sustentabilidade de

qualquer empresa.

Manzini-Covre (2007, p.26) afirma:

A criança nasce inserida numa determinada organização social: a família. O desenvolvimento [....]. O recém-nascido traz consigo condições anatômicas, fisiológicas, legado da história de vida prática daqueles que o antecederam. Para ser um humano em particular, há que se apropriar da cultura dos homens, fazendo-a também sua.

Para o autor, o adulto de amanhã é o resultado da realidade genética de

seus antecedentes e da realidade social em que está inserido, podendo ou não

ser uma pessoa produtiva, realizada ou conflituosa, desencontrada da

sociedade e com problemas de relacionamento institucional.

Conforme Vygotsky (apud Manzini-Covre, 2007), quando a linguagem

social aprendida do meio e no meio se encontra com a consciência

reflexológica, ocorre grande impacto na constituição do pensamento, e é neste

processo que o ser humano forma idéias, opiniões, história e conhecimentos.

Essa realidade refletirá nas suas atitudes, enquanto adulto e profissional.

A secretária se projeta nessa realidade para encontrar soluções,

solucionar conflitos e desenvolver habilidades técnicas, tudo ligado à sua

inteligência emocional e percepção, fortalecendo sua capacidade para

solucionar conflitos, criatividade, trabalhar sob pressão e demonstrar, em

Page 77: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

88

tempo integral, equilíbrio para desempenhar atividades ligadas com as

questões de “poder15” dentro das empresas.

Pela história e pelo atual perfil secretarial, não se admite uma secretária

sem essas características, haja vista ser a percepção fator de sucesso para

esta profissional e, dependendo do meio e da formação, lhe permite

desenvolver mais ou menos esta percepção, o que pode ou não causar o seu

sucesso ou o seu fracasso, na carreira profissional.

Também a linguagem tem papel fundamental na formação psicológica

do ser humano, pois se reflete na convivência com grupos e instituições,

fazendo-o vivenciar essas relações inteligentemente, sentindo-se apto para

aceitar e entender as transformações que o mundo atravessa e que refletirá, de

alguma maneira, na sua vivência e atuação profissional e social.

Ao se deparar com essas transformações, o sujeito passa a sistematizar

sua vivência social e profissional, proporcionando a si mesmo condições ideais

para obter comportamento e identidade profissional, assim como

conhecimentos e reconhecimento adequados a sua realidade dentro da

empresa.

Entender a importância da educação, do ensino, dos conhecimentos

adquiridos ao longo da vida é fundamental para a construção de um novo

paradigma, o qual valorize mais a vida das pessoas, processo que não é

realizado de maneira fácil ou simplificada. É necessário para concretizar este

processo criar projetos e abrir espaços para que a educação possa

desempenhar seu papel: realização da pessoa, do sujeito, que na sua

totalidade aprende a ser.

Neste capítulo, discutiu-se a questão da educação e da aprendizagem

na formação da profissional secretária. No próximo capítulo, será discutido o

papel das profissionais de secretariado executivo nas organizações,

características e perfil esperado pelas organizações, bem como se elas se

percebem no ambiente empresarial, diante dos conhecimentos e habilidades

desenvolvidos ao longo da carreira.

15 Utilizamos aqui a palavra poder como forma de demonstrar as questões de diferenças de cargos dentro das organizações.

Page 78: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

89

Faz parte também do capítulo que se segue a discussão sobre a

profissional secretária embasada na pesquisa de campo, mediante as três

técnicas aplicadas à população de 31 secretárias, a saber, análise e tabulação

de questionário com perguntas fechadas, objetivando analisar os motivos e

escolhas pela profissão; análise da entrevista individual com seis secretárias

executivas atuantes e com perguntas específicas, objetivando conhecer mais o

sujeito secretária e seus valores e a discussão temática em grupo com seis

secretárias executivas, objetivando buscar respostas para a questão da

identidade profissional.

Page 79: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

90

4 ANÁLISE E APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DAS TÉCNICAS DA

PESQUISA DE CAMPO.

Optamos por fazer uma análise compreensiva e aplicada na

interpretação dos dados, a qual permitiu uma reflexão acerca das informações

teóricas trabalhadas ao longo dos capítulos, articulando, assim, as informações

teóricas com as informações práticas, colhidas com as 31 participantes.

Esclarecemos, igualmente, que nesta análise utilizaremos a numeração de 1 a

31 para a preservação da identidade da população pesquisada.

A técnica de coleta das informações mediante questionário permitiu que

elaborássemos questões para aplicar nos âmbitos pessoal e profissional.

Alguns questionários foram enviados via e-mail ou pelo correio, outros foram

entregues pessoalmente, haja vista o contato da pesquisadora com diversos

alunos e profissionais da área de Secretariado Executivo.

A entrevista foi realizada individualmente com seis secretárias, e as

questões tiveram como foco os motivos da escolha profissional e a atual

formação das secretárias participantes da pesquisa. Procuramos também

verificar o quanto elas consideravam importante dar continuidade aos estudos

após a formação específica na área.

Para a discussão temática em grupo com mais seis secretárias focamos

o sujeito, suas histórias de vida e trajetória profissional e como elas atuavam

nas empresas, até para comparar com o modo como se situam na questão da

manutenção de seus empregos e, se realmente sabem o que devem possuir,

que habilidades profissionais devem dominar para ser e saber agir como

profissionais nas diferentes instituições empresariais, ampliando, assim, o

conceito de socialização, de tecnologia, pontuando o papel profissional da

secretária nas organizações, sempre pautado na questão ética.

4.1. Procedimentos

Para que o objetivo de compreender as habilidades denominadas

flexibilidade, capacidade de escolha profissional, autoconhecimento e

disposição para a educação continuada fossem alcançados, utilizamos três

Page 80: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

91

instrumentos para coleta de dados. Para uma contribuição mais profunda, fez-

se necessário conhecer a profissão na era globalizada, entendendo o

surgimento da profissão, o papel da secretária executiva e da empresa no

mercado de trabalho, bem como analisar o desenvolvimento da profissão no

Brasil. Conhecer a estrutura e as tipologias das organizações facilita o

entendimento de sua atuação na maioria dos casos, pois há aquelas

profissionais que não sabem ou não entendem como devem desempenhar seu

papel nas organizações, por desconhecerem o tipo da empresa que trabalham

e sua cultura.

Procuramos compreender também o perfil exigido pelo mercado de

trabalho para contribuir na conscientização das profissionais pesquisadas, a

respeito do papel que ela deverá desempenhar nas empresas. Conforme

exposto no capítulo três, apresentamos algumas possibilidades de reflexão

com relação ao autoconhecimento, à formação do indivíduo secretária, ao

entendimento do sujeito secretária e à importância da subjetividade na sua

trajetória.

Assim, na análise das técnicas utilizadas e, segundo a afirmação de

Ander-Egg (apud Lakatos, 2001, p.155), “a pesquisa é um procedimento

reflexivo sistemático, controlado e crítico, que permite descobrir novos fatos ou

dados, relações ou leis, em qualquer campo do conhecimento”.

Acrescentamos, ainda, que a pesquisa permite ressignificar algumas

descobertas ou confirmar outras pesquisas já realizadas.

Após o envio de 100 questionários distribuídos por meio eletrônico,

correios ou por contato pessoal, obtivemos a devolução de 19. A maior parte

não explicou os motivos de não ter respondido. Diante do quadro, optamos por

uma amostragem de 31 secretárias para analisar os motivos da escolha

profissional, o que elas consideram como valorização pessoal, social e

profissional e como ocorreu a trajetória profissional e o reconhecimento ou não

de sua atuação nas organizações. Para coletar o material, utilizamos três

técnicas, a saber:

1. Técnica de observação direta extensiva (Lakatos (2001), que permitiu,

por intermédio de um questionário contendo 13 questões fechadas, aplicado a

uma população de 100 secretárias, analisar os dados através de respostas

rápidas e precisas. Dos questionários enviados e distribuídos, como já dito, 19

Page 81: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

92

foram devolvidos, respondidos, portanto puderam participar da pesquisa com

fins de amostragem. Os questionários respondidos objetivaram levantar, além

dos dados pessoais, questões variadas no sentido de perceber as razões da

escolha, dos motivos que as levaram optar pelo secretariado executivo e a

necessidade de conhecimentos bem como, o reconhecimento profissional.

2. Técnica de entrevista clínica - de acordo com Lakatos (2001, p: 196)

“a entrevista tem como objetivo principal a obtenção de informações do

entrevistado, sobre um determinado assunto ou problema”. Nesta pesquisa,

usando esse tipo de entrevista, procuramos estudar os motivos, os sentimentos

e a conduta das pessoas ou de um determinado grupo. Aqui ressaltamos seis

secretárias entrevistadas individualmente em Maio de 2008, com uma série de

perguntas específicas, objetivando discorrer sobre o sujeito secretária que atua

no mercado de trabalho. As referidas secretárias participantes da entrevista

individual tiveram como desafio responder questões pessoais como história de

vida, o seu papel na sociedade, a questão do trabalho secretarial como forma

de sustentabilidade dela e de familiares, entre outras.

3. Técnica de pesquisa de discussão temática, em grupo. Bervian e

Cervo (2003,p: 71) afirmam a esse respeito que: “discussão em grupo envolve

a participação individual, mediante levantamento de novos problemas,

acréscimos de informações, análise e julgamento dos dados, contestações e

abertura de novas perspectivas de discussão”. No nosso caso específico,

usamos as informações acima para saber o papel das secretárias nas

organizações, formas de atuação e a consciência da diferença que as seis

secretárias executivas escolhidas para esta última etapa da pesquisa tinham a

respeito do que elas fazem e do que elas são exatamente como secretárias

atuantes e empregadas.

Para as seis secretárias executivas do grupo temático de discussão, as

questões foram direcionadas para as experiências de vida e na profissão,

escolhas, habilidades mais comuns, o que é característico da profissional de

secretariado, entre outras.

Essas técnicas permitiram coletar um conjunto de informações das

secretárias que participaram deste processo, o que de fato elas buscam como

reconhecimento profissional nas empresas, que caminhos percorrem para

construir os diferentes conhecimentos necessários à secretária enquanto

Page 82: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

93

sujeito. Além disso, conhecer por que escolheram esta profissão, para cujo

exercício é fundamental o embasamento teórico e cujo amadurecimento não

acontece sem o fundamento metodológico.

À medida que desenvolvíamos nossa pesquisa, podíamos notar a

relação entre o ser e o fazer da secretária executiva, razão pela qual julgamos

importante apresentar um resumido perfil das profissionais participantes da

pesquisa.

4.2. Perfil das secretárias executivas pesquisadas

As secretárias executivas participantes apresentaram características

pessoais e profissionais peculiares. Todas elas optaram pelo curso de

secretariado, pois já se exerciam a profissão e, com a formação, teriam direito

ao registro profissional que hoje já é uma exigência do mercado. Participaram

31 secretárias que são alunas regularmente matriculadas no curso de

secretariado executivo bilíngüe da uma faculdade localizada na zona oeste de

São Paulo em 2008 e alunas concluintes em 2007.

As peculiaridades foram observadas na forma como cada uma se vê na

profissão. Todas se mostraram realizadas, felizes com suas escolhas e com

bons salários e, enquanto mulheres, mães e filhas se sentem completas, pois

[de alguma forma] ao mesmo tempo em que se realizam na profissão,

colaboram com o sustento da casa.

Na tabela que apresentamos a seguir procuramos colocar os dados das

secretárias executivas para termos clareza da população participante. Elas

serão identificadas durante a análise dos dados desta pesquisa pelo número

constante na tabela. TABELA DE APONTAMENTO DE DADOS DAS SECRETÁRIAS PESQUISADAS

ORIGEM SEXO FORMAÇÃO ESTADO CIVIL

IDADE TEMPO PROFISSÃO

TIPO DE EMPRESA

1) Paulistana Feminino Superior Completo

Solteira 21 anos 02 anos Comunicação Pequeno Porte

2) Paulistana Feminino Superior Completo

Solteira 20 anos 02 anos Tecnologia Pequeno Porte

3) Paulistana Feminino Superior Completo

Divorciada 43 anos 01 ano Hotelaria Médio Porte

4) Paulistana Feminino Superior Incompleto

Solteira 20 anos 01 ano Governo Grande Porte

5) Paulistana Feminino Superior Completo

Solteira 26 anos 01 ano e 6 meses

Financeira Grande Porte

6) Paulistana Feminino Superior Completo

Solteira 21 anos 01 ano e 6 meses

Governo Grande Porte

Page 83: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

94

7) Paulistana Feminino Superior Completo

Solteira 27 anos 01 ano e 08 meses

Transporte Grande Porte

8) Paulistana Feminino Superior Completo

Solteira 20 anos 02 anos Comunicação Médio Porte

9) Paulistana Feminino Superior Completo

Solteira 20 anos 02 anos Financeira Grande Porte

10) Paulista Feminino Superior Incompleto

Solteira 28 anos 03 anos Pública Grande Porte

11) Nordestina Feminino Superior Completo

Solteira 20 anos 03 anos e 6 meses

Nacional Médio Porte

12) Paulista Feminino Superior Completo

Solteira 26 anos 03 anos e 6 meses

Pública

13) Paulistana Feminino Superior Completo

Casada 33 anos 05 anos e 06 meses

Indústria Grande Porte

14) Nordestina Feminino Superior Completo

Solteira 22 anos 05 anos e 06 meses

Financeira Grande Porte

15) Paulistana Feminino Superior Incompleto

Casada 42 anos 7 anos Educação Grande Porte

16) Paulistana Feminino Superior Completo

Solteira 27 anos 08 anos Comercial Médio Porte

17) Paranaense Feminino Superior Incompleto

Casada 42 anos 10 anos Associativismo Grande Porte

18) Paulistana Feminino Superior Completo

Solteira 21 anos 02 anos Multinacional Grande Porte

19) Paulistana Feminino Superior Completo

Solteira 23 anos 03 anos Alimentícia Grande Porte

20) Carioca Feminino Superior Incompleto

Casada 33 anos 11 anos Agrícola Grande Porte

21) Paulistana Feminino Superior Completo

Solteira 32 anos 09 anos Automobilística Médio Porte

22) Paulistana Feminino Superior Completo

Casada 40 anos 15 anos Multinacional Grande Porte

23)Paulistana Feminino Pós-Graduação Solteira 24 anos 04 anos Bolsa Valores Grande Porte

24) Paulista Feminino Superior Completo

Solteira 21 anos 03 anos Bancária Grande Porte

25) Paulistana Feminino Superior Incompleto

Casada 33 anos 08 anos Educacional Grande Porte

26) Paulistana Feminino Superior Incompleto

Casada 38 anos 15 anos Importação Grande Porte

27) Paulista Feminino Superior Incompleto

Solteira 25 anos 05 anos Educacional Grande Porte

28) Carioca Feminino Superior Incompleto

Casada 28 anos 08 anos Multinacional Grande Porte

29) Paulistana Feminino Superior Incompleto

Divorciada 44 anos 16 anos Associação Grande Porte

30) Paulistana Feminino Superior Incompleto

Casada 29 anos 06 anos Vendas Médio Porte

31) Paulista Feminino Superior Incompleto

Casada 34 anos 12 anos Comex Grande Porte

Conforme podemos observar na tabela, das 31 secretárias executivas

pesquisadas, 21 nasceram em São Paulo, 5 secretárias executivas nasceram

no Interior de São Paulo, 2 nasceram no Nordeste, 2 nasceram no Rio de

Janeiro e apenas uma nasceu no Paraná.

Notamos pela pesquisa que foi realizada em São Paulo – Capital, que

algumas profissionais vieram de outros estados ou mesmo do interior para

trabalhar nesta cidade. É a questão das oportunidades, pois é de conhecimento

da maioria da população que a cidade de São Paulo é o maior centro de

negócios do país, portanto, o maior centro de ofertas de empregos.

Page 84: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

95

De acordo com o site do Sinsesp16 (2008), 90% dos profissionais de

secretariado executivo que atuam no Brasil são do sexo feminino e nesta

pesquisa pudemos confirmar tal dado. Todas as secretárias pesquisadas são

mulheres, com idades entre 20 e 44 anos. Das 31 secretárias pesquisadas, 18

delas são solteiras, 11 são casadas e 2 são divorciadas. Não há uma

predominância acentuada, mas na sua maioria, as profissionais são solteiras e

atuam entre 1 a 16 anos na profissão.

No que diz respeito à formação, 18 secretárias já concluíram o curso

superior completo em Secretariado Executivo; 12 secretárias executivas têm o

Superior Incompleto, porém duas possuem o curso técnico de secretariado, isto

é, estão cursando superior em Secretariado Executivo, apesar da titulação

como técnicas, e uma cursando pós-graduação na área.

O porte da empresa foi levado em consideração nesta pesquisa, e o

resultado foi o seguinte: 2 secretárias atuando em empresas de pequeno porte,

6 secretárias executivas atuando em empresas de médio porte e 23 secretárias

executivas atuando em empresas de grande porte. Esses números

demonstram claramente que as secretárias executivas pesquisadas para

realizar esta dissertação atuam em empresas com aproximadamente de 300 a

400 funcionários, classificadas como “grande” e nas quais sua atuação tem

maiores desdobramentos por causa da quantidade de executivos com quem

que elas podem trabalhar. Apesar de não constar na pesquisa, nas conversas

informais, a título de informação, as secretárias que atuam nas empresas de

grande porte, atendem em média dois a três executivos.

Acreditamos que esse pode ser um roteiro para discutir o ser e o fazer

da secretária, ou seja: Como posso contribuir para alterar o processo? Quais

os valores que me permitem fazer a diferença nas relações profissionais?

Quais as habilidades que adquiri no decorrer de minha vida que permitem fazer

a diferença por onde passo?

Essas questões nos ajudarão a entender um pouco mais o mundo

profissional das secretárias executivas. Por uma questão didática, trabalhamos

com quatro categorias: flexibilidade, autoconhecimento, escolha e educação

continuada. Mais que uma simples habilidade, essas categorias representam

simultaneamente o ser e o fazer da secretária. A flexibilidade, o 16 Sindicato das Secretárias do Estado de São Paulo

Page 85: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

96

autoconhecimento, a capacidade de escolher e a disposição de buscar novos

conhecimentos não são habilidades vinculadas ao fazer. Na nossa percepção,

elas permeiam o ser da pessoa; por isso, a nossa preocupação com a

subjetividade e com a Identidade.

4.3 Categorias

As categorias analíticas nos permitem compreender melhor o fenômeno

pesquisado. Chamamos a atenção apenas para o fato de que as categorias

são sempre recriadas dentro de uma determinada circunstância. No caso em

questão, elas estão circunscritas no contexto do mundo do trabalho e da

aprendizagem.

4.3.1. Escolhas

Na discussão dessa categoria, refletimos a respeito do trabalho advindo

de escolhas, quando da Revolução Industrial em que o trabalho dito “livre” foi

determinado como um fator essencial para que o perfeito funcionamento do

sistema econômico pudesse ocorrer. O trabalhador passou, então, a oferecer a

mão-de-obra num mercado acirrado e disputado, em que a competição reinava

nos ambientes organizacionais. Entendemos aqui a competição como elemento

de segregação humana, pois remete o trabalhador a disputas ferrenhas por

cargos e salários, sem mensurar suas atitudes para atingir esse intento.

Percebemos, após análises sob o ponto de vista de teóricos da área da

sociologia, do comportamento humano e das organizações de trabalho que as

sociedades se modernizaram, o capitalismo impera, e um número maior de

profissionais acabam por se tornarem apenas força de trabalho.

Withaker (1985, p.11) afirma:

Seres humanos são individualidades únicas, que podem e devem

desenvolver sua criatividade até onde isso seja possível, procurando

um caminho profissional que signifique um ajustamento entre suas

potencialidades e as necessidades do sistema produtivo. O ser

Page 86: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

97

humano nasce programado para a atividade. Através da interação

com a natureza, o homem extrai o seu sustento e relaciona-se com

outros homens.

Verificamos que a autora enfatiza a criatividade também como caminho

para escolhas e que ela se faz presente em cada atitude, em cada objetivo de

vida e em cada etapa de realização do ser humano. A escolha sempre

depende do contexto pessoal, social e cultural. Segundo Souza Neto (2002, p.

74), ”o sujeito depende sempre do objeto, bem como da história e da natureza”

[...] não existe sujeito sem natureza, da mesma forma que a natureza sem o

sujeito não faz história. Quem dá vida aos objetos é o sujeito, mas sem os

objetos, o sujeito não pode sobreviver.”

Na concepção de Souza Neto (2002), cada sujeito tem sua história de

vida construída por situações específicas e que são de responsabilidade única

do sujeito, em função de suas necessidades. O autor pontua que temos

escolhas, mas que nem sempre elas são conscientes e racionais.

Esclarece, ainda, que a acepção do sujeito está baseada em indivíduos

reais e nas suas atitudes e que interage com o seu cotidiano. A autonomia é

uma forma de o sujeito encontrar caminhos em busca de sua emancipação. “As

ações do sujeito são encaminhadas dentro desse movimento que joga o

indivíduo para o encontro do outro e que lhe propicia condições para a auto-

descoberta”. Portanto, não há secretária sem história e nem história

profissional sem a secretária.

Podemos verificar que a secretária executiva tem condições de fazer

suas escolhas no seu cotidiano, fazendo com que ela comece a se conhecer,

conhecer o outro, administrar sua experiência de vida em prol da sua carreira

de forma positiva.

Uma das secretárias executivas do grupo de discussão, a que

chamaremos de número 27, para fins de sigilo profissional, entende assim a

sua escolha: “eu queria uma profissão correlata ao que eu estava fazendo, o

que executava no meu dia-a-dia e que me desse oportunidade de carreira.

Então eu escolhi uma Faculdade que fosse correlata ao que eu estava fazendo.

Eu já era secretária e escolhi fazer secretariado. Uma amiga do serviço me

impulsionou”

Page 87: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

98

A motivação na escolha profissional deve-se, a princípio, a uma

identificação com as funções desenvolvidas no cargo e as habilidades

necessárias inerentes à profissão como flexibilidade, criatividade, disciplina,

polivalência, entre outras, que em alguns casos parecem ser natas. Em outros

casos, as secretárias executivas passam a desenvolver essas habilidades, por

causa do perfil profissional, ou porque carregam consigo o desejo e a vontade

de seguir aquela carreira, entregando-se, aperfeiçoando-se e tendo claro o que

gostariam de desenvolver, até onde vai o seu desenvolvimento dentro das

empresas, e não por necessidades inúmeras e diferenciadas de sobrevivência

ou por não “ter nada melhor” para fazer. Campos Silva (1996) entende

que o indivíduo carrega ao longo da vida desejos os quais ele necessita que se

materializem no mundo do trabalho e que lhe surgem como campo de

possibilidades, passando a ser um momento em que se opera uma ruptura

social e vai exigir desse indivíduo uma análise dos mecanismos e caminhos

que vão nortear sua escolha profissional

De acordo com Campos Silva (ibid), é uma junção entre o tipo de

personalidade e modelos ambientais, fruto de interações e de fatores culturais

e pessoais que incluem a família, classe social, cultura e ambiente físico. A

herança biológica e social, de acordo com a autora, unida à história pessoal

cria uma série de capacidades, como a percepção, como metas, valores,

autoconhecimento.

O somatório desses fatores acaba por criar predisposições especiais,

valores e aspirações voltadas para determinado tipo de trabalho. Mas na

pesquisa de campo, não sentimos exatamente isso por parte das secretárias.

Na verdade, elas não apresentaram um conceito de “escolha”, mas

interpretaram como escolha a necessidade de oferecerem a mão-de-obra em

troca de um salário para sua sobrevivência e verem suas expectativas

pessoais, sociais e profissionais serem atendidas.

Durante a análise das pesquisas, pudemos observar que a história de

vida, na convivência com os familiares, apresentou-se como um dos fatores de

grande significado para elas e que são resultados de alguns comportamentos

básicos para a convivência em sociedade como respeito, disciplina, conduta

moral e ética.

Page 88: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

99

Segundo a autora (op. cit.), as teorias sociológicas valorizam a

importância dos determinantes socioeconômicos e culturais na escolha

profissional. Para ela são pontos extremamente decisivos na determinação da

escolha profissional “a família, a raça, a nacionalidade, a classe social e as

oportunidades culturais e educacionais às quais o indivíduo tem acesso”. Um

dado interessante levantado pela autora (ibid) é que as diferentes expectativas

consideradas pelo indivíduo ao optar por uma profissão, isto é, escolher aquilo

em que quer trabalhar, são determinadas, principalmente, pelo “status” da

classe social a que pertence.

Delinear o entendimento de sujeito é de suma importância para esta

análise. Em nosso entender, o sujeito se forma por intermédio da sua

capacidade de auto-reflexão, assim como da análise da própria história de vida,

das experiências, o que lhe propicia a subjetividade e lhe dá a clara noção de

sua existência. Ademais, lhe possibilita perceber que ele é o produto do

desenvolvimento e do amadurecimento da relação do homem com a natureza,

do homem com a sociedade e do homem com o próprio homem.

A subjetividade pode ser entendida como aquilo que é sentido pelo

sujeito, aquilo que dá sentido, que recebe e que transforma o sentido de

qualquer coisa na existência do sujeito. Esse sentido ocorre por meio das

experiências íntimas de cada sujeito, na sua vivência, e vai direcionar suas

ações no momento de suas escolhas. Guattari (apud Souza Neto, 2002, p.81)

entende a subjetividade como “um conjunto de agenciadores que se

entrecruzam, de vetores que determinam uma escolha, permanecendo o

processo de subjetivação vinculado às transformações sociais”.

Acreditamos que as profissionais de secretariado só darão sentido àquilo

que fazem ou são, quando em meio a seus inúmeros conhecimentos,

desenvolverem o sentido que ela própria dá ao que faz, àquilo que deseja e

como adquire reconhecimento nas instituições familiares, sociais e trabalhistas.

As experiências de vida e profissionais, de acordo com os autores, permitem

aos profissionais de secretariado que desenvolvam conhecimentos necessários

no momento da fazer suas escolhas, sejam elas escolhas de vida, escolhas

profissionais e escolhas sociais.

Page 89: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

100

Além disso, permite a essas profissionais terem condições de analisar e

avaliar suas metas, experiências, objetivos e a conscientização de que o

mundo necessita de profissionais e pessoas determinadas. É essencial que

saibam aquilo que querem realizar e para isso devem procurar efetivamente

aprender, dar continuidade aos estudos, se especializarem numa determinada

área de suas várias funções dentro da profissão e entenderem realmente o

papel que a profissional de secretariado executivo deverá desempenhar nas

empresas.

Para embasar a importância da subjetividade no momento de escolher

ou optar por uma ou outra profissão, pôde-se observar nesta pesquisa que a

secretária executiva, quando questionada a respeito da iniciação na carreira

como secretária, leva em conta o seguinte:

Para iniciar uma carreira profissional é fundamental pensar e fazer

escolhas. “Ao optar pelo secretariado, sua escolha foi”:

a) pura casualidade;

b) por indicação;

c) por escolha própria;

d) outra.

Gráfico 1 – Escolha Profissional

A 2

B 4

C 11

D 2

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Resp A

Resp B

Resp C

Resp D

Resp A 11%

Resp B 21%

Resp C 57%

Resp D 11%

Respostas de A a D

Page 90: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

101

Para uma população de 19 secretárias respondentes, 57% afirmaram

que fizeram a escolha da profissão por iniciativa própria, isto é, não houve

imposições por parte da família ou da sociedade para escolher uma profissão.

Este público, pela respostas apontadas no questionário, pôde analisar as

possibilidades de atuação profissional, ter visão de futuro e pensar em

resultados. Segundo Manzini-Covre (2007), em determinada etapa da vida, as

pessoas sabem lidar com as próprias vontades, e as profissionais de

secretariado, quando fazem opção profissional, geralmente é porque atuam

como sujeitos, fazem suas escolhas, tendo satisfeitas suas vontades e desejos

e conseguem traçar a trajetória, baseada em escolhas e experiências próprias.

Não devemos nos esquecer de que, no decorrer da história, a mulher

lutou por emancipação, por direitos iguais e, nas últimas décadas, as mulheres

foram conquistando cada vez mais espaço no mercado de trabalho, a ponto de

poderem fazer, de fato, suas escolhas na vida. Não nos cabe neste momento

discutir escolhas conscientes ou inconscientes, mas escolhas de acordo com o

histórico de vida.

O que se observa, mais uma vez, é que secretariado caracteriza-se por

ser uma profissão genuinamente feminina, em 90% dos casos, como

mencionado anteriormente. Porém não deixa de ter 10% de homens atuando

como secretários. Não se trata de um dado estatístico, mas, de acordo com

informações prestadas (junho, 2007) pelo Sindicato das Secretárias e

Secretários do Estado de São Paulo, já existem secretários (gênero masculino)

cadastrados entre seus associados.

Portanto, ela manifesta os dramas das mulheres que, segundo Campos

Silva (1996), tendem ainda a receber salários muito mais baixos que os

homens, embora invistam muito mais em educação e aprendizagem do que a

maioria dos homens além de desenvolverem, em muitos casos, a tríplice tarefa

de ser mãe, esposa e secretária, a exemplo de 11 das participantes desta

pesquisa.

Os dramas femininos ainda têm como fator de análise os determinantes

da escolha profissional como o gênero, em razão da divisão social do trabalho

não permanecer somente na divisão por classes, mas também na divisão

sexual.

Page 91: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

102

Moraes (apud Campos Silva, 1996, p.73) explica que “as regras

econômicas, além de fundamentarem as classes sociais, também têm sexo”.

As secretárias fazem parte deste contingente de mulheres que ainda se

submetem a determinados trabalhos que não foram por escolhas conscientes,

mas pelo desejo e pelo sonho de se realizarem na vida.

Para Souza Neto (2002), a emancipação da mulher só começou a ser

discutida no final do século XIX. Foi um longo período até que a mulher

conseguisse espaço na sociedade e no mercado de trabalho; por isso, a

subjetividade é a expressão de determinado período histórico.

Se compararmos a evolução do papel da mulher no mercado de trabalho

ao longo desses anos, percebemos que as transformações sociais e a ética

foram fatores fundamentais na construção da felicidade individual ou coletiva e

fortaleceu a mulher não só no caminhar profissional, mas em todos os sentidos,

possibilitando que a maioria optasse e fizesse uma escolha de acordo com as

próprias experiências institucionais.

No contraponto proposto pelo questionário, nas entrevistas individuais17,

das sete secretárias executivas, quatro afirmaram que ingressaram no mercado

de trabalho por necessidade de manter a família, mas fizeram a escolha

profissional por iniciativa própria. Pois bem, se precisavam sustentar a família,

na verdade, elas acreditaram que escolheram uma profissão que lhes

forneceria um salário com alguns benefícios.

Apesar de terem mencionado que a escolha foi determinada pela

necessidade, observa-se que nem uma delas afirmou ter escolhido a profissão

por conhecer como é ser uma secretária executiva ou ter consciência do papel

que essa profissional desenvolve nas várias culturas organizacionais.

Verificamos também que nem uma dessas secretárias fez algum tipo de

pesquisa para saber a respeito da profissão ou procurou obter informações

com especialistas da área.

Podemos analisar essa questão, verificando a resposta da entrevistada

de número 22, quando diz:

“Eu precisava arranjar um emprego rápido e resolvi fazer magistério e aí eu

descobri que gostava de ensinar e gostava de fazer as coisas para os outros. E 17Para maiores detalhes, ver anexo

Page 92: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

103

um dia foi oferecido um cargo de secretária para substituir uma amiga que

estava de licença e eu me apaixonei e resolvi ser secretária executiva daí para

frente”.

Mais uma vez, percebemos que não houve a escolha propriamente pela

profissional ao seguir a carreira, pois precisava “arrumar um emprego rápido” e

fica claro que a necessidade de ter suas expectativas atendidas acabou por

fazê-la aceitar trabalhar “como secretária”.

Numa sociedade capitalista, na era da globalização, sobretudo na

sociedade brasileira, nem sempre as pessoas escolhem aquilo que querem, e

sim, se moldam a uma determinada situação para prover ganhos para a sua

sustentabilidade.

Percebemos que no discurso dessa secretária executiva sobressai mais

a necessidade de sobrevivência do que a identificação profissional com o

secretariado. Apesar disso, a maioria responde, quando se lhe pergunta por

que escolheu a carreira secretarial, que a sua escolha foi por vocação e

realmente acredita que o foi. Notamos também a interpretação que as

secretárias executivas pesquisadas apresentam com relação às escolhas,

quando perguntamos às participantes:

“Da infância para a fase adulta, escolher uma profissão foi”:

a) uma decisão difícil;

b) uma decisão fácil, pois você já sabia o que queria seguir;

c) uma decisão complicada, pois não tinha base nenhuma para escolher;

d) outra.

Page 93: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

104

Gráfico 2 - Escolha Profissional

Ao analisar essa questão, observando-se as respostas tabuladas, fica

evidente que as secretárias executivas pesquisadas estão equilibradas em

suas respostas, pois verificamos que, para 26% das secretárias, escolher uma

profissão foi uma decisão difícil, 21% acreditam ter sido fácil, pois já sabiam o

que queriam seguir como carreira, 37% acharam uma decisão complicada, pois

não tinham conhecimentos suficientes para fazerem uma escolha profissional

e, finalmente, 16% deram outros tipos de explicações.

Após a pesquisa, elas passaram a perceber a importância de escolher a

profissão, pois disso vai depender o sucesso e a realização na carreira.

Complementamos essa informação por meio dos dados obtidos na

entrevista e na dinâmica em grupo, por meio de depoimentos e discussões.

Tais discussões revelaram que a formação da personalidade de cada uma

delas pode ser explicada pela infância, inferindo-se que isso possa ter

influenciado na escolha da profissão.

Fazendo um paralelo entre a nossa observação e o mundo infantil, pode-

se dizer que a maioria das crianças parece não se preocupar com o futuro

A 5

B 4

C 7

D 3

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Respostas de A a D

Resp A

Resp B

Resp C

Resp D

Resp A 26%

Resp B 21%

Resp C 37%

Resp D 16%

1

Page 94: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

105

profissional, mesmo porque essa criança tem, praticamente, a maior parte de

seu aprendizado com a família, sejam os pais, os avós, os tios ou outros, mas

sempre dentro da família e vivendo a fase infantil e juvenil de acordo com a sua

realidade. No caso das secretárias executivas pesquisadas, alguns pontos

expostos a seguir, nos chamaram atenção com relação à infância.

Das seis entrevistadas, quatro alegam terem tido uma infância feliz e

normal. Ao contrário dessas, a entrevistada de número 22, revelou o seguinte:

“A minha infância e a minha juventude foram muito difíceis, porque eu tinha um

pai muito doente, que perdeu seu emprego numa multinacional e minha mãe

teve que ir trabalhar enquanto eu tive que tomar conta da casa. Minha família

era composta por cinco pessoas e eu tinha 12 anos quando tive que assumir a

casa”. Hoje, como profissional, ela se reconhece como uma secretária

extremamente responsável. Mas como não ser, se cresceu tendo um pai

doente que perdeu o emprego e cuja mãe teve que ir trabalhar enquanto ela

cuidava da família e da casa? É difícil acreditar que ela não leve essa

responsabilidade em demasia para o ambiente organizacional.

Conquanto essa entrevistada anteriormente tenha alegado ter escolhido

a profissão, parece, na verdade, ela ter sido escolhida pela profissão. Ela

mesma disse que “para ela é responsabilidade acima de tudo” Podemos notar

que o discurso dessa secretária executiva está aliado à questão da disciplina e

também do comprometimento, mas a responsabilidade tem importância maior

já que não teve escolha na infância e precisou assumir uma casa e cuidar de

cinco pessoas. Hoje, para ela, a profissão é encarada da mesma forma, pois

dela dependem resultados das suas atividades para atender ao executivo e à

empresa de um modo geral. Isso sem contar que, além de ser casada e ajudar

o marido no sustento da casa, ela procura de forma organizada, de acordo com

suas próprias palavras, assumir com extrema responsabilidade a sua atuação

na organização, cobrando-se resultados praticamente o tempo todo. De acordo

com suas palavras: ”eu esqueço o cansaço em função das responsabilidades

que tenho”. Percebemos neste caso que a secretária transfere para o seu

momento atual a herança de sua infância na questão da luta com a mãe para

dar sustento à família. Aprendeu cedo que deveria ter determinados cuidados

Page 95: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

106

em relação aos familiares e que em uma fase de sua infância, abriu mão do

que as crianças normalmente fazem na idade de 12 anos. Fica evidente que o

que aprendemos na família vai nos nortear na fase juvenil e adulta e nas

escolhas que faremos no decorrer de nossa vida, no sentido de personalidade,

objetivos profissionais e na questão da realização pessoal.

Assim, além das responsabilidades inerentes à profissão, sabemos que

muitas de nossas experiências servirão realmente de base para,

independentemente da escolha profissional, fazer com que demonstremos, por

intermédio de nossa personalidade e atitudes, que tipo de pessoa somos e

como trabalhamos as questões da pessoa secretária nas organizações.

Finalizando a questão relativa à escolha, perguntamos às secretárias

executivas pesquisadas:“O que a motivou escolher esta profissão”:

a) escolha de momento;

b) saber que iria atuar com executivos no centro de poder das

organizações;

c) saber que a profissão é promissora e dá status ao profissional;

d) outra

Gráfico 3 – Escolha Profissional

A 8

B 1

C 3

D 5

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Respostas de A a D

Resp A

Resp B

Resp C

Resp D

Resp A 47%

Resp B 6%

Resp C 18%

Resp D 29%

1

Page 96: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

107

Nas questões anteriores, ficou claro que escolher uma carreira não é

tarefa fácil, porque vários fatores influenciam as escolhas. Um dos fatores que

procuramos propor é a questão da motivação.

Segundo Kupfer (1997, p.99):

Freud descreveu uma necessidade como um estímulo que ataca não

de fora, mas de dentro do organismo. [....] A satisfação é aquilo que

põe de lado a necessidade. A satisfação é a conseqüência de uma

alteração adequada da fonte interior de estimulação. O ímpeto para o

comportamento é a força (intensidade ou tensão) ou a demanda de

energia que a necessidade representa. O objetivo da necessidade é

assegurar a satisfação, mas é o intelecto (e não a necessidade) que

garante a direção. A necessidade fornece apenas energia ao

comportamento [....]. a fonte de uma necessidade é o processo

somático interno do corpo do qual resulta um estímulo, representado

na vida mental como uma necessidade.

A motivação tem significados diferentes. Para se entender o conceito de

motivação, é preciso saber que ela é resultante de várias necessidades não

satisfeitas pelo sujeito. De fato, cada pessoa traz dentro de si suas

necessidades e não cabe a responsabilidade a outro indivíduo ou à empresa

de motivá-lo, cabendo aqui ressaltar que nos referimos especificamente aos

profissionais de secretariado.

Minicucci (1995, p. 214) explica:

Ao estudar os motivos humanos, verificamos que é através da

conduta do indivíduo, de forma direta ou não, de forma verbal ou não

verbal, que poderemos entender os motivos do indivíduo, isto é, as

condutas que os levam a agir.

O autor afirma que a motivação, isto é, o motivo para uma ação, pode

levar o sujeito a uma determinada direção, de maneira que este mesmo sujeito

tenha interesse e persistência para alcançar seus objetivos.

Se, como citou Kupfer (1997) as necessidades para Freud são

intrínsecas ao indivíduo, tal tarefa não caberá à organização, mas compete às

empresas induzir ou levar o colaborador a comportamentos positivos, para que

Page 97: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

108

ele, profissional, tenha as suas necessidades atendidas e, então sim, estar

motivado.

Nesse aspecto, a motivação para seguir a carreira secretarial é

determinante por uma série de fatores ou necessidades que podem influenciar

no momento da escolha. Mesmo quando são indicados ao cargo, independente

da pretensão de seguir a carreira, os profissionais que atuam na área acabam,

na maioria das vezes, se identificando com o perfil para suprir necessidades

variadas, visto que, dificilmente, deixam de ajustar seu comportamento à

cultura das organizações.

Para uma profissional de secretariado, o diferencial está também no

aprendizado das línguas estrangeiras. Por atuar junto ao centro de poder,

estas profissionais conquistam pelo comprometimento e habilidades

diferenciadas a confiança de seus executivos, o que acaba gerando, em

raríssimos casos, um determinado “status” que eu chamaria de

reconhecimento.

A entrevistada de número 22 diz: “Eu adoro o que faço, mas

quando eu crescer quero ter o salário de meu executivo”. Compreende-se que,

apesar de dizer que se identifica com a profissão, esta profissional quer que a

organização reconheça sua competência, por intermédio de um salário idêntico

ao do executivo. Só que ela não é o executivo. A possível conseqüência disso

é a falta de perspectivas dela, pessoal e profissional, em uma visão errônea e

uma atuação comprometida.

Infere-se, portanto, que nem sempre a escolha da profissão é algo

consciente. Como apontado pelas respondentes, “foi escolha de momento” que

as motivou a adentrar na carreira de secretariado. O correto seria dizer que foi

a necessidade de sobrevivência que as motivou.

As próprias respondentes acabam por contradizerem-se, por exemplo,

ao declararem que a escolha pela profissão foi complicada (questão n.2), mas

que optaram pela profissão por causa de status e salários atrativos e não pela

vocação real. Com base nos depoimentos, nas entrevistas e mesmo levando

em conta a minha experiência profissional, posso dizer que o sujeito escolhe o

que quer fazer de sua vida, de sua carreira profissional, mas com limites que

são as circunstâncias históricas, familiares, educacionais, biológicas e

organizacionais.

Page 98: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

109

Nessa relação há sempre um embate entre aquilo que eu deixei que

fizessem da minha vida e o que eu quero de fato dela, aliado ao contexto social

e institucional.

No processo de escolha, o sujeito desencadeia uma qualidade que é a

da negociação. No mundo contemporâneo, quem não sabe negociar não

consegue abrir espaço para a realização de seus sonhos. A flexibilidade em

nosso entendimento é quase um sinônimo de negociação. Acreditamos pela

nossa vivência que as mulheres, culturalmente, desenvolvem essa qualidade,

porque elas normalmente têm de negociar com companheiro, filhos, chefias e

com a rede familiar.

No campo profissional, os especialistas consideram que a flexibilidade é

um meio para manter a empregabilidade.

4.3.2 Flexibilidade

De acordo com o Dicionário Escolar da Língua Portuguesa (1994)*,

flexibilidade significa qualidade daquilo que é flexível; aptidão para variadas

coisas ou aplicações.

Acreditamos que a flexibilidade é uma forma de ser da secretária

executiva que contribui mais para a autonomia e negociação do que para

submissão. (cf. De Liberal, 2003, p.82). Essa qualidade desencadeia na

profissional a capacidade de adaptação às novas tecnologias e formas de

gestão, bem como desperta para a criatividade, permitindo-lhe enfrentar dos

desafios mais simples aos mais complexos dentro da empresa.

As profissionais de secretariado executivo cumprem dentro de suas

funções uma série de atividades. Ela “pode” contribuir em vários segmentos da

organização, além de facilitar as rotinas com seus conhecimentos técnicos.

Com a era do acesso, motivada pela globalização, a maioria dos profissionais

do mercado de trabalho no Brasil, sentiu a necessidade de dominar novas e

constantes tecnologias, falar várias línguas, ter formação superior e titulação

profissional adquiridos nos cursos profissionalizantes e de especialização.

Assim, coube à secretária executiva aceitar o desafio de buscar

conhecimentos para acompanhar o executivo na sua jornada de trabalho e

Page 99: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

110

poder dar suporte mais direto às necessidades dele e da empresa, nas

tomadas de decisões e dos negócios. As habilidades como disciplina,

responsabilidade, comprometimento, entre outras já analisadas no decorrer

desta pesquisa, fazem dela uma profissional diferenciada nas organizações.

Sabino e Rocha (2004, p. 94) ressaltam que

[e]ssas novas características da profissão exigem, em contrapartida,

uma Secretária flexível, competente e comprometida com o

desenvolvimento e aperfeiçoamento das suas atividades. O

Secretariado do terceiro milênio deve ter capacidade empreendedora,

deve ser capaz de trabalhar em grupo, ter uma postura ética, ser

determinada para alcançar objetivos, ousado para apresentar idéias

nas suas ações

Percebemos que os autores enfatizam a questão das novas habilidades

propostas e esperadas do novo profissional de secretariado. Além de esses

autores ressaltarem essas habilidades, outros autores e o próprio mercado de

trabalho acabam exigindo cada vez mais das secretárias conhecimentos

diversificados em relação aos negócios, a posturas, ao apoio logístico, assim

como as outras habilidades discutidas. Cabe retomar alguns critérios

preconizados pelas diretrizes curriculares nacionais para o curso de graduação

de secretariado executivo do Ministério de Educação e Cultura que define as

habilidades, competências e atribuições na formação das secretárias para o

mercado de trabalho.

Essas diretrizes propõem:

“III - exercício de funções gerenciais, com sólido domínio sobre planejamento,

organização, controle e direção; IV – utilização do raciocínio lógico, crítico e

analítico, operando com valores e estabelecendo relações formais e casuais

entre fenômenos e situações organizacionais; V – habilidades de lidar com

modelos inovadores de gestão;VI – domínio dos recursos de expressão e de

comunicação compatíveis com o exercício profissional, inclusive nos processos

de negociação e nas comunicações interpessoais ou inter-grupais; VII –

receptividade e liderança para o trabalho em equipe, na busca da sinergia; VIII

– adoção dos meios alternativos relacionados com a melhoria da qualidade e

Page 100: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

111

da produtividade dos serviços, identificando necessidades e equacionando

soluções; IX – gerenciamento de informações, assegurando uniformidade e

referencial para diferentes usuários.”

A probabilidade de se contratar uma “mulher maravilha”, neste caso, é

considerável, se reunirmos todas as habilidades que se esperam desta

profissional, ou seja, o que se dita como habilidades e o que na realidade elas

possuem de conhecimento técnico, de conhecimento profissional e

conhecimento de si mesma. Mas, como poderemos encontrar as explicações

para habilidades como a flexibilidade, autoconhecimento, disposição para

educação continuada e as escolhas que ficaram caracterizadas na pesquisa de

campo pelas profissionais que foram convidadas a participar desta pesquisa?

Certamente , com o objetivo de mencionar os elementos para a compreensão

da subjetividade na construção da identidade profissional. O pressuposto

pedagógico dessas diretrizes e as exigências do mercado de trabalho

requerem desta profissional as referidas habilidades.

Uma das problemáticas que pude vivenciar nos meus 28 anos de

secretária executiva foi a questão da identidade da minha profissão nas

organizações, podendo até afirmar que, além de preconceitos em relação à

profissão, também se nutria e vivenciava a questão da disputa entre homem e

mulher no quesito confiança do executivo. Dedicada, interessada, competente,

estudiosa da área, com formação específica, não entendia as razões por que

exigiam tanto de mim, mas poucos reconheciam a minha atividade. Conforme

análise das questões anteriores, eu escolhi a profissão justamente por me

identificar no sentido humano, no sentido profissional e no sentido social. O que

acontecia nas organizações com os relacionamentos entre secretária e

executivo e aqui no sentido de gênero masculino era o que me intrigava mais.

Pude vivenciar inúmeras situações nas quais minha experiência e minha

conduta pouco valiam para a organização, desde que eu executasse com a

precisão de um relógio britânico as tarefas a mim determinadas.

Meus objetivos profissionais já estavam delineados, portanto o que me

interessava era cada dia aprender mais, e aprender o que fosse necessário

para que meus conhecimentos pudessem contribuir para as metas da

organização. Por outro lado, perceber as novas oportunidades na área

secretarial, dentro do mercado de trabalho. Percebi, também, ao longo desses

Page 101: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

112

anos, que novas habilidades foram surgindo e, como uma profissional

interessada e centrada, fui aos poucos buscar o conhecimento de que eu

necessitava para essas inovações que iam de tecnológicas a relacionamentos

humanos. O investimento na educação continuada e os inúmeros cursos de

auto-ajuda e grupos de discussões me ajudavam a me conhecer melhor,

conhecer melhor os outros e me capacitavam cada dia mais para me conhecer

e conhecer os grupos nos quais eu estava inserida.

Em determinado momento de minha carreira, concluí que o meu objetivo

profissional, na atuação como secretária executiva nas organizações, já havia

sido atingido, o que me levou a mudar as minhas expectativas com relação à

profissão e, naquele momento, soube o que desejava de fato, isto é, poder

contribuir para a aquisição de novos conhecimentos e, com minha experiência,

ter condições de formar as novas profissionais de secretariado, para que

pudessem enfrentar o mercado com um novo preparo pessoal e profissional.

Foi então que comecei a traçar as minhas metas como formadora e identifiquei

oportunidades de ensino na área técnica e superior que foram surgindo uma

atrás da outra, as quais aproveitei de todas as maneiras.

Dentro do magistério técnico em secretariado, ao mesmo tempo em que

eu aprendia, eu ensinava. As salas de aulas foram um excelente laboratório

para que eu pudesse verificar quem eram as futuras profissionais que iriam

para o mercado. Fazendo uma análise histórico-social das turmas em que eu

lecionava, numa renomada instituição de ensino técnico de secretariado na

cidade de São Paulo, comecei então a delinear um perfil de quem buscava

aquela formação e com que finalidade.

Nas aulas, além de cumprir o cronograma e o conteúdo, discutia com as

alunas os investimentos que faziam em conhecimentos na questão da

formação profissional. Elas tinham consciência de que havia pelo menos uma

década que a formação técnica já era um diferencial na carreira, dentre outras

habilidades que deveriam desenvolver para ter sucesso.

Sabiam que, mesmo com o curso técnico, seria interessante darem

prosseguimento aos estudos e conhecimentos mais profundos das habilidades

Page 102: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

113

necessárias para se tornarem boas profissionais e que, provavelmente, seria

este um dos fatores para que elas pudessem se manter empregáveis no

mercado de trabalho.

Dessa forma, muito me interessou também o ensino superior e, ao me

transformar em professora da área secretarial nos cursos técnicos e

superiores, me questionei como eu trabalharia a formação dos futuros

profissionais e as habilidades esperadas para esse cargo, seguindo planos

pedagógicos das instituições e de acordo com o que determinava o Ministério

da Educação e Cultura.

Qual não foi minha surpresa ao me deparar com indicativos como não

saber se escolheu ou foi escolhida pela profissão (grifo nosso), argumentos

utilizados pelas entrevistadas para afirmar que fizeram a escolha muito

consciente. As secretárias que responderam ao questionário declararam que

têm excelente relacionamento com os executivos, contrariamente à maioria das

secretárias que participou das entrevistas individuais e da discussão temática

em grupo.

Para iniciarmos uma reflexão bem pontual quanto ao tema

relacionamento, sem, no entanto, deixar de falarmos das habilidades inúmeras

do cargo de secretária, utilizamos a pergunta para as participantes:

“Você pode se considerar uma secretária cujo relacionamento

profissional com os executivos e colegas de trabalho é:

a) proveitoso, enriquecedor e de aprendizado constante;

b) crítico, pois o clima dentro da organização não propicia tempo para a

troca de profissionais e pessoais;

c) bom e proveitoso, na medida em que eles dêem abertura para

diálogos, o que não é muito comum na empresa, pois todos trabalham

pressionados;

d) outra.

Page 103: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

114

Gráfico 4 – Relacionamento Interpessoal

Todas as secretárias executivas que participaram desta pesquisa, quase

que na sua totalidade, se empenham para travar relacionamentos pacíficos,

harmoniosos, enriquecedores, especialmente, aqueles que levam a trocas de

experiências, conforme 73% das respostas. É possível conviver nas

organizações produtivas em harmonia com o grupo, com a direção, desde que

todos tenham esse mesmo propósito, isto é, todos caminhem na mesma

direção, tanto colaboradores como a empresa. O processo é de

conscientização constante. Ao que parece, é um aspecto que está bem claro

para as profissionais e futuras secretárias do mercado de trabalho em

formação.

Pelas falas da entrevista foi possível delinear determinado grau de

entendimento neste sentido. A secretária que dispõe de boa vontade para

colaborar, acaba por aprender e conhecer melhor a personalidade do executivo

para quem trabalha. Quando foram perguntadas: “Como você analisa a sua

relação com a sua chefia? Que tipo de personalidade ele possui? Esse

A 14

B 1C 2 D 2

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Respostas de A a D

Resp A

Resp B

Resp C

Resp D

Resp A 73%

Resp B 5%

Resp C 11%

Resp D 11%

1

Page 104: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

115

relacionamento agrega conhecimentos e experiências ou simplesmente

você não leva a personalidade em conta”?

A entrevistada de número 13 respondeu assim: “Temos uma relação saudável,

pois sempre que me dirijo a ele, me dirijo com respeito e educação. Talvez isso

faça com que ele se policie. Procuro evidenciar o que ele tem de bom e não

absorver o que nele me incomoda”. Já para a entrevistada de número 21: “Hoje

a relação é servidora com a minha gerente. Já tive muitos supervisores

homens, e meu último gerente era muito grosseiro e a palavra dele é a que

prevalecia. Minha gerente não, ela sabe ouvir, sabe ceder, e eu acho muito

melhor trabalhar com ela”. A entrevistada de número 23 respondeu assim: “A

minha relação com meu diretor não poderia ser melhor. Uma pessoa calma,

inteligente, exigente, que sabe ouvir as opiniões de sua equipe, as minhas

opiniões e idéias e que acredita sempre no seu potencial de trabalho. Tem uma

personalidade forte. Todos os dias me traz experiências novas, me passa

novos conhecimentos em nossas conversas diárias sobre tudo o que acontece

no Brasil e no mundo, visando ao lado econômico e financeiro. Mas acho que a

personalidade dele não influencia muito no cotidiano”.

Relacionamento interpessoal, de acordo com as entrevistadas, pode

levar parcerias ao sucesso ou ao fracasso, se atingir ou não as metas

departamentais de maneira correta. Significativas mudanças ainda deverão

acontecer, e certamente serão sentidas pelas entrevistadas para que mudem

algumas tendências de relacionamentos com os executivos. Neste caso, todas

apresentaram um relacionamento “aparentemente saudável” com suas chefias.

Não podemos considerar essa realidade uma situação generalista na profissão.

Culturas organizacionais e personalidade dos executivos influenciam em

demasia nos relacionamentos entre chefia e secretárias executivas. Mesmo

assim, a maioria das respondentes acredita ser proveitoso, rico em

aprendizado tal tipo de relacionamento.

As questões de 9 a 13 abordaram a necessidade de as profissionais se

aplicarem nos estudos e nos conhecimentos pessoais e técnicos, como forma

de se manterem atualizadas, sendo interessante notar que, no tocante a

conhecimentos diversificados, as participantes se avaliaram muito bem, quando

perguntamos: Que nota aplicaria hoje a você em relação aos seus

Page 105: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

116

conhecimentos profissionais e pessoais para ter o sucesso e o

reconhecimento na profissão de secretariado na empresa onde atua?

a) de zero a três;

b) de quatro a seis;

c) de sete a dez;

d) outra.

Gráfico 5 – Conhecimento Profissional

Das 19 secretárias consultadas, quase todas afirmaram ter 100% de

certeza de que detêm os conhecimentos, atribuindo a si mesmas notas de sete

a dez em termos de conhecimento, mas ao serem consultadas não entendem e

não conseguem compreender o que é próprio de uma secretária. Sabemos

que, dentre outras, o sigilo é uma característica da secretária, e nenhuma

delas, abordou essa aspecto.

A 0

B 2

C 16

D 1

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Respostas de A a D

Resp A

Resp B

Resp C

Resp D

Resp A 0

Resp B 11%

Resp C 84%

Resp D 5%

1

Page 106: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

117

Na seqüência questionamos. “Como você costuma aprimorar seus

conhecimentos profissionais”?

a) quando disponho de valores financeiros e o curso me interessa;

b) quando a empresa me obriga a fazer cursos de interesse da

organização;

c) quando concluo que o curso de atualização é importante para o meu

crescimento dentro ou fora da organização como profissional;

d) outros.

Gráfico 6 – Conhecimento Profissional

A 8

B 0

C 9

D 1

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Respostas de A a D

Resp A

Resp B

Resp C

Resp D

Resp A 45%

Resp B 0%

Resp C 50%

Resp D 5%

1

No aspecto da educação continuada, as respostas A e C tiveram

respectivamente 45% e 50%. Ficou evidente que investem na educação e na

formação profissional, mas que só podem fazê-lo quando “dispõem” de valores

Page 107: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

118

que não comprometam muito a renda na ajuda ou sobrevivência da família; que

se preocupam com a formação técnico-profissional, assim como com sua

formação pessoal e social, mas que dependem de associar essa necessidade

ao poder financeiro de custear a educação na trajetória secretarial.

Realmente, esse é o drama da mulher que se vê na obrigação de tomar

decisões quanto ao investir e ser reconhecida ou o contrário. Sabem que

precisam se atualizar, mas dividem essa necessidade com os compromissos

da sobrevivência natural. Assim, como já exposto, a mulher torna-se uma

batalhadora para dar conta das necessidades de sobrevivência dela e dos

familiares. Neste aspecto, as entrevistadas também foram unânimes em

afirmar que, quando dispõem de recursos financeiros e o curso pelo qual elas

têm interesse vai promover uma melhora seu desempenho profissional, fazem

o possível para não perder a oportunidade fazendo, inclusive, sacrifícios no

orçamento financeiro.

Tal conflito feminino persiste ainda nos dias de hoje quando a mulher

sente que só poderá ser valorizada se constar em seu currículo inúmeros

cursos de aperfeiçoamento e especialização, fazendo com que, de alguma

forma se estabilize profissionalmente e, neste caso, buscando o

reconhecimento pela competência.

As depoentes disseram, ainda, que normalmente procuram investir no

aprimoramento de conhecimentos, de tecnologia, de cultura e de línguas,

principalmente. Dessa forma, nos interessou verificar com as participantes de

que forma elas buscam conciliar a difícil tarefa de trabalhar, estudar ou dar

continuidade aos estudos, bem como, dependendo da entrevistada, conciliar os

afazeres de casa. Notamos que a maioria das entrevistadas é casada, o que

dificulta ainda mais efetivar os cursos de atualização. Em seguida,

perguntamos: “Como costumam conciliar a vida profissional com os

cursos de formação e atualização na área profissional?

a) desdobro-me e faço cursos à distância (Internet, revistas e livros) para

me manter atualizada (o) no pouco tempo que me sobra;

b) procuro demonstrar na empresa a importância dos assuntos de

atualização profissional como benefício para a empresa e para mim;

Page 108: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

119

c) planejo um curso por ano para não me atrapalhar com o serviço,

família e escola;

d) outra.

Gráfico 7 – Cursos de Atualização

Analisando as respostas das 17 respondentes, foi possível perceber o

quanto elas se empenham para construir autoconhecimento através dos

mecanismos disponíveis no atual mundo globalizado como Internet, revistas

internacionais, publicações específicas da administração, etc.

A educação continuada e o autoconhecimento fazem com que a maioria

das secretárias absorva o maior número de informações possíveis e adquira

cultura geral como forma de estar atualizada profissionalmente e acompanhar

diálogos e negociações juntamente com o executivo. Uma parte disse que se

desdobra fazendo cursos à distância, e a outra parte disse que escolhe um ou

mais de um curso por ano para se atualizar sem, no entanto, comprometer a

A 6

B 3

C 6

D 2

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Resposta de A a D

Resp A

Resp B

Resp C

Resp D

Resp A 35%

Resp B 17%

Resp C 35%

Resp D 13%

1

Page 109: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

120

sua qualidade de vida junto à família, amigos e o trabalho. Afirmaram que,

quando estão “de bem” consigo mesmas, esse estado de espírito reflete em

suas atitudes dentro e fora das organizações.

De acordo com Sabino e Rocha (2004), as profissionais de secretariado

exercem inúmeras atividades em sua rotina que vão desde organizar eventos e

mediar conflitos até estruturar reuniões e viagens para obter o aprendizado de

novas tecnologias. “Em contrapartida exige-se dela flexibilidade, competente e

comprometimento com o aperfeiçoamento das suas atividades,” de acordo com

a autora. Observamos, então, que para obter o reconhecimento da profissão,

as secretárias precisam investir na carreira, desenvolver competências e obter

o reconhecimento profissional dentro das organizações.

Para que a secretária executiva desenvolva a competência necessária a

sua atuação, ela precisa estar conectada aos processos de informação em

tempo real, absorver novos conhecimentos em relação às tecnologias, ser o

centro distribuidor e de gestão dessas informações, ter conhecimento da

cultura organizacional e na formação, tanto formal como de atualização, dar

continuidade aos estudos, com o intuito de ser especialista em determinadas

áreas.

Sabino e Rocha (ibid) afirmam que o caminho para a competência é

assumir e valorizar a profissão, ter orgulho da profissão que escolheu, tratando-

a com dignidade, mostrar com as próprias atitudes a sua importância, fazendo

com que todos aprendam a conhecer e respeitar uma profissão que é

considerada uma das mais consideradas no mundo. Vivemos numa era em que

gestão da informação e de conhecimento são ferramentas para o trabalho e

para a identificação da profissional com o seu cargo.

De acordo com os autores (op. cit.), a secretária executiva, como

qualquer profissional, deve estar atenta a essas novas exigências do mercado

global, inclusive como forma de não compor a lista dos excluídos. E, no caso

disso acontecer, ela deverá estar capacitada para identificar e atuar em novos

nichos do mercado.

Assim, pela pesquisa, as secretárias devem continuar a investir em

cursos de formação e atualização na área profissional para manter sua

empregabilidade.

Page 110: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

121

Percebemos que a competência está presente no ser secretária

executiva e no fazer secretária executiva. Com todas essas habilidades e

competências desenvolvidas, os profissionais granjeiam credibilidade no seu

trabalho, conquistam seu espaço dentro dos departamentos onde trabalha, e o

reconhecimento deveria ocorrer para a contribuição da efetiva identificação

profissional.

Podemos verificar, também, nos depoimentos e nos questionários que a

necessidade de valorização profissional de cada uma delas está no

reconhecimento que o executivo fará (ou não) de seu trabalho, quando

oferecem as inúmeras habilidades à empresa. Reconhecendo o trabalho,

normalmente o executivo constatará a competência e, assim, fará com que os

profissionais da área reflitam com mais constância a respeito de seu papel nas

organizações e, com certeza, terão nas mãos ferramentas para a busca da

identidade profissional, que não deixa de ser um desejo, quando da análise da

subjetividade no decorrer da construção da profissão de secretariado

executivo.

Observa-se que não compete aos executivos ou às empresas tão

somente esta tarefa, mas sim e principalmente, aos profissionais de

secretariado executivo na sua atuação diária. Ter o perfil, ter as habilidades,

conhecer a profissão no todo e entender seu papel, complementa as

necessidade de ter reconhecido o seu papel nas organizações.

Interessou-nos para a pesquisa saber das secretárias executivas

entrevistadas alguns pontos importantes relacionados à educação, a

motivação, a sua formação dentro do perfil exigido pelo mercado e, se para

elas, estas questões são mais ou menos importantes do que a experiência

profissional que elas possuem e que também utilizam nas empresas onde

atuam. Para isso, refletimos e levantamos que determinadas habilidades

características dessa profissional podem fazer ou não a diferença na sua

atuação ao lado de empresas e executivos. Formulamos, pois, a seguinte

pergunta:

“Muitos são os caminhos para atualização profissional e formação

específica como forma de buscar motivação e reconhecimento na área de

Secretariado. A formação formal (técnica ou superior) na área é

Page 111: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

122

importante ou para você o que importa é a experiência na profissão que

conta pontos preciosos na empregabilidade atual?”

a) sim, a formação formal é importante para o reconhecimento

profissional por parte das organizações e para o meu crescimento,

enquanto sujeito inserido nos grupos sociais;

b) para mim é importante, mas para a empresa é indiferente que eu

tenha ou não formação na área já que não sou registrada como

secretária, mas desempenho as funções;

c) não é importante, pois o diploma não vai atuar nas empresas, quem

vai atuar sou eu;

d) Outra.

Gráfico 8 – Formação Profissional

Das 19 secretárias executivas entrevistadas, 83% (17 secretárias)

responderam que a formação formal na área de atuação é muito importante,

pois é uma exigência atual das organizações a formação na área de atuação, e

principalmente, há a obrigatoriedade do registro profissional após a formação.

Nesse aspecto, espera-se que a análise feita a respeito da educação

A 14

B 3

C 0 D 0

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

Respostas de A a D

Resp A

Resp B

Resp C

Resp D

Resp A 83%

Resp B 17%

Resp C 0%

Resp D 0%

1

Page 112: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

123

continuada possa ajudar os profissionais a fazerem uma reflexão a respeito da

empregabilidade, isto é, ter registro profissional já se tornou um requisito para a

conquista do emprego e sua manutenção, assim como a continuidade dos

estudos para alcançar postos mais altos dentro das organizações. Mesmo

assim, verificamos que 13% das secretárias acreditam que a formação formal e

atualizações, ou seja, a educação continuada, seja extremamente importante,

mas para a empresa isso é indiferente, pois algumas delas não trabalham com

registro profissional, o que desvaloriza muito a categoria profissional.

Esse aspecto é relevante, pois, segundo Manzini-Covre (1991), quando

os direitos Civis da secretária não são respeitados nem pelas empresas e nem

por elas mesmas, acabam contribuindo ainda mais para a falta de

reconhecimento e identidade como pessoa, como profissional e como

colaboradora.

Na mesma linha de raciocínio, Dubar (2007) comenta que a maioria dos

assalariados possui diplomas, mas ocupa, muitas vezes, emprego somente de

execução, com tarefas repetitivas, as quais levam os profissionais a uma

dolorosa rotina de trabalho, gerando desmotivação e frustração.

Existe aí uma contradição com relação à importância dada pelas

secretárias à formação formal e também ao que o mercado está exigindo, pois

hoje as empresas exigem das secretárias registros profissionais como técnicas

ou com cursos superiores para que sejam admitidas em seus quadros.

Percebemos no desvelar dos conceitos sobre autoconhecimento e

flexibilidade que a secretária necessita ter atualização constante em sua

carreira para que, além de se manter empregada, possa ter reconhecidas suas

competências. No entanto Dubar afirma que muitos profissionais com diplomas

são assalariados e desmotivados pela rotina de trabalho.

Para a secretária executiva, basta um novo desafio para que ela

encontre caminhos para ajudar o executivo e a empresa a conquistarem as

metas estabelecidas.

Para finalizarmos a questão da flexibilidade, é importante entender que a

identificação profissional vai depender do grau de competência, para que se

estabeleça um padrão para as atividades rotineiras O mundo hoje vive a era

do acesso e, como afirma Rifkin (2001, p.6) “hoje para onde olhamos o acesso

está se tornando a medida das relações sociais”.

Page 113: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

124

A secretária executiva, nesse contexto, vive a era da gestão de

informações e de conhecimento e precisa estar atenta as suas escolhas, ao

resultado que esta atitude lhe causará no campo profissional e que, de

preferência, saiba fazer as escolhas baseadas em informação, aprendizagem,

competência e valorização. E para sentirmos ou termos uma noção do quanto

elas se sentem realizadas ou não com a escolha desta profissão, perguntamos:

“Você se sente realizada com a profissão que escolheu”?

a) sim

b) não

c) às vezes sim, às vezes não, depende da empresa e do executivo.

d) Outra.

Gráfico 9 – Realização na Profissão

Nessa questão, 62% das profissionais participantes responderam que se

sentem realizadas na profissão, se contrapondo aos 28% daquelas que se

A 11

B 0

C 5

D 2

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Respostas de A a D

Resp A

Resp B

Resp C

Resp D

Resp A 62%

Resp B 0%

Resp C 28%

Resp D 10%

sp

Page 114: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

125

sentem realizadas, às vezes, dependendo da empresa e do executivo. A

questão da realização profissional é muito abrangente, quando analisamos o

sujeito secretária, uma vez que essa realização é a vontade interior de obter

satisfatoriamente resultados de sua dedicação profissional, de perspectivas

individuais, quando se trata de conhecimento, tempo, dedicação para os

executivos e as empresas. Fatores como motivação, atualização, salários

justos, descansos, benefícios, etc. podem pesar na hora de decidir se está ou

não realizada profissionalmente; vai depender e muito do quanto à secretária

executiva quer e deseja seguir a carreira de fato. Nesse sentido, tais fatores

contribuirão para a conquista de sua identidade dentro das organizações, e a

subjetividade contará valiosos pontos. Se conhecer e tiver noção daquilo que

pode ou não pode realizar dentro das organizações, as habilidades serão

elementos facilitadores na trajetória e no alcance do sucesso em qualquer

empresa.

Segundo D’Elia e Garcia (2005), mudanças são necessárias para que a

secretária consiga alcançar níveis de conhecimentos que possam lhe

proporcionar resultados e lhe proporcionem o sucesso merecido. Entre as

mudanças que deverão ocorrer nesse processo, é preciso unir razão e

emoção, assim como rever de maneira consciente valores, crenças e

paradigmas.

Podemos então analisar a questão da realização, quando a secretária

tem determinada autonomia para exercer suas funções, formação e

conhecimentos suficientes para especializar-se em determinadas áreas.

Aplicando o conceito flexibilidade, a secretária convive com as

mudanças e pelo autoconhecimento aprende a conviver com os outros e a

atuar consciente de suas possibilidades, dentro de uma disciplina necessária

para resultar comprometimento. Por se capacitar com as variadas formas de

atualização, a secretária vai ter reconhecido o seu trabalho e poderá

demonstrar sua capacidade, por intermédio de se ver diante da várias

atribuições e dar conta de cada uma delas com eficiência.

As secretárias executivas que fizeram parte da pesquisa atrelam o

reconhecimento de seu trabalho, sim, demonstrando empenho, vontade de

aprender em investimentos na educação continuada.

Page 115: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

126

Adaptações constantes a inúmeras variedades na questão das

habilidades das secretárias em suas atuações a transformam, em uma

profissional dinâmica, comprometida, mas que não consegue impor,

infelizmente, de forma clara, essa competência para as organizações.

Flexibilidade, portanto é uma das categorias que compõem o perfil da

secretária executiva consciente de seu papel e que deverá buscar resultados

no aperfeiçoamento humano e profissional, para que o sentido que ela dá a

tudo aquilo que faz e sente, possa de alguma forma contribuir para o

reconhecimento de uma profissão tão antiga e ao mesmo tempo atual.

A formação da secretária parte do pressuposto de preparar profissionais

com a capacidade de dialogar, negociar e ser flexível. Para consolidação desse

processo, requer uma reforma do pensamento na perspectiva que Morin

apresenta: “Neste paradigma, a educação trata de transformar as informações

em conhecimento e de transformar o conhecimento em sapiência” Morin (2000,

p. 47). O processo de formação deve garantir a consciência de si, do outro e do

planeta.

4.3.3 Autoconhecimento

O autoconhecimento ou até mesmo a auto-ética na tradição do

pensamento grego significa conhecer a si mesmo, o outro e o planeta, bem

como cuidar de si, do outro e do planeta. Acreditamos que, mais do que

normatização, é uma condição humana para o desenvolvimento pessoal que

tem os seus desdobramentos nas ações e atitudes que o sujeito toma diante da

vida.

Para as profissionais de secretariado e de acordo com o Dicionário

Escolar da Língua Portuguesa (1994), autoconhecimento significa aprender a

se conhecer por dentro e por fora, assim como ter conhecimento de sua

personalidade e formas de agir consigo e com os outros.

O conceito deve ficar muito claro para as profissionais de secretariado e

as secretárias que participaram desta pesquisa. É preciso muito discernimento

nesta questão porque é o autoconhecimento que capacita a secretária a

conhecer seus pontos fortes e os pontos que necessitam ser aprimorados.

Page 116: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

127

As secretárias executivas devem entender que se conhecer por dentro e

por fora facilitará a exposição não só de seus conhecimentos técnicos, mas

também deve ter a percepção das experiências anteriormente adquiridas em

outras organizações, para que ela identifique aquilo que gosta de fazer e passa

a fazê-lo bem, contribuindo muito para o seu sucesso, para a motivação no

trabalho e na vida, produzindo mais, sentindo-se feliz e, consequentemente,

realizada.

As experiências vividas, o histórico familiar desde a infância até a fase

adulta tem peso significativo na atuação dessas profissionais, em detrimento

das inúmeras atividades desenvolvidas por elas e o grau de confiabilidade que

se exige da secretária.

Ter a noção do conceito tão somente não basta. É preciso se conhecer

muito bem, esquematizar uma linha de conduta e se firmar como uma pessoa

com extremo equilíbrio, com comprometimento e responsabilidade com o

cargo. Atitudes, opiniões, comportamento são reflexos da personalidade do

profissional, os quais farão dele um agente transformador com a ajuda, com a

experiência e com a boa vontade dos executivos.

Notamos que as secretárias executivas se empenham em realizar

tarefas, mas é para se pensar, de acordo com os resultados das técnicas de

pesquisa, se antes de elas conhecerem a empresa, sua respectiva cultura e

seus executivos, assim como a sua profissão, elas, antes de tudo, se

conhecem. É necessário que elas tenham noções de poder de reação diante

de determinadas situações conflitantes, para que possam administrar as

pressões do dia-a-dia, etc.

Essas pressões diárias não raro causam estresse e dificultam o trabalho

das profissionais, interferindo na qualidade de vida delas, levando muitas vezes

a uma [redução da produtividade, que culmina com a baixa da auto-estima e

com a motivação prejudicada. Pedimos às secretárias executivas desta

pesquisa que nos respondessem: Como profissionais, o autoconhecimento

têm importância na carreira? Assim elas responderam:

Page 117: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

128

a) é de suma importância adquirir cultura e conhecimentos variados de si

e de sua profissão para acompanhar os negócios da organização, os

interesses de meu (s) executivo (s) e os meus próprios interesses;

b) é importante desde que tenhamos tempo disponível para os estudos e

para as pesquisas gerais;

c) é importante, mas o tempo de trabalho não me permite ir além em

meus estudos, pois tenho que me dedicar ao trabalho em tempo integral;

d) outra.

Gráfico 10 – Importância do Autoconhecimento

A totalidade das respostas, nesta questão, permitiu analisar o

entendimento que as secretárias têm em relação ao autoconhecimento e o que

ele pode proporcionar a todas elas em suas rotinas, e encontrar caminhos para

lidar com as adversidades no trabalho, fazendo com que, de alguma forma,

elas possam desenvolver inteligência emocional suficiente para trabalhar com

todas as situações, tanto aquelas de estresse, as de pressão emocional,

quanto aquelas de resultados e reconhecimento.

A 17

B 1 C 1 D 0

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Respostas de A a D

Resp A

Resp B

Resp C

Resp D

Resp A 90%

Resp B 5%

Resp C 5%

Resp D 0

1

Page 118: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

129

Na discussão temática, apresentamos a questão da saúde como forma

da secretária conhecer os seus limites, sejam eles de seu corpo ou de sua

atuação nas empresas. Conhecer-se bem, até mesmo reconhecendo seus

limites, a que nos referimos, é com relação às adversidades encontradas no

seu dia-a-dia e a importância de se autoconhecer para saber como deverá

atuar na solução dos problemas diários, nos conflitos com o grupo.

Como no questionário, 90% das secretárias executivas têm o

entendimento da importância de saber seus limites mentais e físicos, internos e

externos para sua carreira, para sua vida familiar, pessoal e social e o quanto

isso pode ser prejudicial para sua vida e carreira.

Dessa forma, vamos analisar o que a discussão do grupo entendeu a

respeito do conceito de autoconhecimento, quando questionamos algumas

delas a respeito de “como vai a saúde da secretária executiva”. A entrevistada

de número 29 responde assim: “Eu acho que falando assim o maior problema

da secretária é o estresse. Realmente, o estresse é muito grande”. Para a

entrevistada de número 27: “É tudo isso. Humor de um humor de outro, é um

que está ruim, é outro que está bom. O papel chegou ou não chegou ou está

numa situação constrangedora”. Já para a entrevistada de número 25: “Depois

falam que o nosso problema é TPM. Vê se pode. Isso é tão ruim”. Na visão da

entrevistada de número 27, a questão é entendida assim: “Eu brinco no serviço

que, enquanto eu não colocar meu pijama, trabalhar de salto e falar que estou

de terno, ta tudo bem (risos). O dia que eu entrar aqui com o meu pijama rosa,

de salto e vim (sic) trabalhar, pode me internar. (risos). Acho que o maior é o

“estresse” mesmo, mas acho que nem é o problema da secretária, é o

problema do século mesmo”. Neste sentido, a entrevistada de número 25

afirma: “Mas não dá para viver sem ele”. Ao que a entrevistada de número 27

enfatiza: “Ah! dá, porque faz bem, faz mal”. Na opinião da entrevistada de

número 25: “Não dá para viver sem essa agitação toda”. A entrevistada de

número 20 disse: “Verdade. Eu trabalho melhor sob pressão, eu acho que

sempre trabalhei assim. Quando ele fala assim: é pra agora... antes que ele

fale “agora”, eu digo: ‘vou fazer agora’. Eu sei que ele quer ouvir o agora no

final da minha frase. Aí, ele liga e diz: já fez aquilo? Não, e às vezes é aquela

correria, mas se não dá tempo e falta, ele viaja e eu fico chateada”.

Page 119: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

130

Notamos que muitas situações descritas pelas secretárias pesquisadas

provocam, além do estresse, debilidades em sua saúde física e mental.

Desgastes físicos ocasionando desmotivação, falta de comprometimento

atrapalhando em alguns momentos os resultados departamentais. Outro fator

mencionado na discussão temática foi a respeito do que causaria sofrimento às

profissionais, que não deixa de ser outra forma de estresse, e duas delas

concordaram que o preconceito é um causador de sofrimento; outras duas

concordaram que é a falta de reconhecimento, duas outras secretárias

disseram ser a nomenclatura. Uma das secretárias ressaltou que a falta de

atitude tanto de secretária como do executivo é outro fator causador de

sofrimento, que acaba levando ao estresse e à falta de empenho no trabalho.

Percebemos na discussão temática que todos nós só nos realizamos, à

medida que nos reconhecemos e reconhecemos o produto do nosso trabalho.

Quando o nosso trabalho não é reconhecido, cria-se um problema psicológico,

a doença da mente. Fica claro que não é só o corpo que adoece, e sim, a

mente também. Qualquer trabalho que desenvolvemos, vamos nos reconhecer

nele e, às vezes, por não sermos reconhecidos, adoecemos por causa do

estresse.

Com o mesmo objetivo de analisar o autoconhecimento, nas entrevistas

individuais levantamos a seguinte questão: Como você lida em determinadas

situações com o cansaço de seu corpo no trabalho e em casa para

cumprir com suas obrigações profissionais e familiares? O que

observamos foi que elas desconhecem o próprio limite de seus corpos.

A entrevistada de número 13 respondeu assim: “Respiro fundo e penso

em tudo que idealizo para tornar realidade, como por exemplo, uma pequena

reforma em casa. Tento enxergar o que a vida nos dá de bom. Tudo tem o seu

lado bom e é isso que tento absorver no dia-a-dia para que eu renove minhas

energias e siga em frente”. Já para a entrevistada de número 17, a questão do

cansaço do corpo é resolvida conversando com a família. A entrevistada de

número 21 entende assim: “Eu acho que lido bem com esse cansaço. Eu

procuro fazer algo que gosto bastante; gosto de dançar, de ouvir música, então

eu faço algo para compensar aquela adrenalina, aquele estresse”. Para a

entrevistada de número 22: “Primeiro a responsabilidade e depois o cansaço.

Eu venço o cansaço com a responsabilidade”. Já para a entrevistada de

Page 120: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

131

número 23, a resposta foi dada da seguinte forma: “Estar com a sensação de

cansaço é quase que diária. A rotina do trabalho, faculdade e demais afazeres

nem sempre são bem aceitos pelo nosso corpo. Existem dias em que levantar

da cama é um verdadeiro suplício, mas sei que, acima de tudo, tenho as

minhas responsabilidades pessoais e profissionais. Diante disso, o que

podemos fazer é levantar da cama, fazer o que temos para fazer e sempre

lembrar que temos que aproveitar bem toda a nossa vida. E caso o cansaço

seja muito forte, tentar descansar em um horário alternativo, mas sempre

lembrando que não devemos desistir nunca”.

Ao analisarmos as respostas das entrevistas e do grupo de discussão,

percebemos que, acima do cansaço físico ou mental, existe por parte delas a

necessidade e a responsabilidade de se disciplinarem e cumprirem suas

rotinas, mas praticamente nada discutiram sobre a importância do

autoconhecimento até para saber os limites do próprio corpo.

Algumas secretárias que não fizeram parte desta pesquisa, dialogando

com a autora desta dissertação explicaram a questão do se conhecer por

dentro e por fora e que para elas isso significava cuidados consigo e com os

resultados de um desequilíbrio mental e físico no ambiente de trabalho.

Elas disseram que procuram, dentro de sua rotina, caminhos para se

manterem em equilíbrio, utilizando algumas técnicas de relaxamento, leituras e

ginásticas para que possam responder positivamente nas situações de rotina,

as quais exigirão comportamento e atitudes característicos de pessoas

equilibradas e inteligentes, capazes de tomar decisões individuais e em

conjunto com os executivos, se for o caso.

Não tabulando, mas a título de complementação das informações nesta

discussão, percebe-se que elas se preocupam realmente com a questão do

autoconhecimento como forma de sucesso e de reconhecimento.

A busca pelo equilíbrio para algumas das entrevistadas pode fazer com

que consigam suportar a pressão do trabalho. Outras já não conseguem

administrar bem essa pressão e acabam por sair do emprego. Para aquelas

que responderam à pesquisa, ficou claro que a busca pela aprendizagem

constante na área secretarial vale oportunidades importantes na carreira. Pode-

se verificar que a preocupação com os limites do corpo, do cansaço, varia de

acordo com a noção de direitos e deveres que cada uma tem de si. Ficou

Page 121: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

132

evidente que é importante se conhecer tanto quanto adquirir conhecimentos

profissionais.

O aprendizado humano conta valiosos pontos na carreira e na vida da

secretária, portanto ela precisa sempre adquirir conhecimentos de si, dos

grupos, da vida, a fim de que ela tenha, além de competência, flexibilidade,

disciplina, polivalência e se utilize do autoconhecimento para ser capaz de

entender a polivalência do cargo que ocupa, sem afetar diretamente a sua

saúde.

Gostaríamos de destacar que a Educação Continuada não pode ser a

panacéia da empregabilidade e também não pode escamotear as deficiências

do sistema educacional que não prepara seus profissionais e “joga” para a

educação. O que acreditamos da educação continuada é que está vinculada ao

processo de aprendizagem e que é na família que o profissional inicia esta

disposição.

4.3.4 Aprendizagem e Educação Continuada

Na sociedade contemporânea, a disponibilidade do sujeito buscar

sempre novos conhecimentos se tornou uma condição sine-qua-non para

garantir sua empregabilidade. Um simples fato de fazer um curso não garante

estabilidade no trabalho, porém é necessário sempre buscar novos

conhecimentos, uma vez que estamos na sociedade da informação. A dinâmica

da aprendizagem requer que o profissional encontre o sentido de sua

existência e busque uma lógica para si daquilo que faz e realiza, o que lhe

permite construir uma identidade.

Portanto, os elementos internos é que criam condições para garantir a

empregabilidade, porquanto o mercado de trabalho é muito concorrido. Pelo

que já expusemos, as profissionais de secretariado devem ter competência, ou

seja, dominar uma determinada área ou assunto. A secretária executiva deverá

ser especialista neste quesito. Para os profissionais de secretariado, não basta

a formação específica, como discutido nos capítulos anteriores, pois, em

virtude da globalização, estes e outros profissionais tiveram que se ajustar e

flexibilizar seus conhecimentos para que pudessem acompanhar o mercado de

Page 122: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

133

trabalho e as conseqüências na economia e na sociedade em relação ao

capitalismo global.

Com esta finalidade, procuramos, por meio das questões de 9 a 13,

saber das profissionais pesquisadas, por intermédio de uma auto-avaliação,

como elas se atribuiriam uma nota, para verificarmos se elas se sentem

confortáveis com o nível de conhecimento que já possuem para o

desenvolvimento de seu papel como secretárias nas organizações.

As respostas das participantes à questão da continuidade ou à

disponibilidade de dar continuidade aos estudos e aos conhecimentos pessoais

e técnicos como forma de se manterem atualizadas, nos demonstram que, no

tocante a conhecimentos diversificados se avaliaram muito bem, quando

perguntamos:

Que nota aplicaria hoje a você em relação aos seus conhecimentos

profissionais e pessoais para ter o sucesso e o reconhecimento na

profissão de secretariado na empresa onde atua?

a) de zero a três;

b) de quatro a seis;

c) de sete a dez;

d) outra.

Gráfico 11 – Auto-Avaliação

A 0

B 2

C 16

D 1

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Respostas de A a D

Resp A

Resp B

Resp C

Resp D

Resp A 0

Resp B 11%

Resp C 84%

Resp D 5%

1

Page 123: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

134

Das 19 secretárias executivas consultadas, quase todas afirmaram ter

100% de certeza de que os conhecimentos que possuem são suficientes para

um reconhecimento profissional nas organizações. Compreende-se que na

busca pelo sucesso, muitas vezes, ocorre o que Manzini-Covre (2007) afirma,

ou seja, que o sujeito é capaz de produzir resultados e que a secretária

executiva é um desses profissionais que produz resultados, por isso, busca

incessantemente reconhecimento.

Silva (1998) afirma que o sujeito é um ser cognoscente, isto é, em

constante processo de aprendizagem. O ser humano é um ser inacabado e que

necessita buscar conhecimentos constantemente para acompanhar a evolução

da sociedade e o mercado de trabalho.

As secretárias executivas pesquisadas afirmam que possuem

conhecimentos suficientes na área e que se encontram preparadas para

desenvolver projetos dentro das organizações. Elas se auto-avaliaram,

atribuindo-lhes notas de sete a dez em termos de conhecimento, mas ao serem

consultadas sobre o papel da secretária, disseram não saber ou não

conseguem compreender o que é próprio de uma secretária. Sabemos que,

dentre outras, o sigilo é uma característica da secretária e nenhuma delas ao

devolver os questionários respondidos, abordou essa aspecto.

Foi possível analisar também que a secretária executiva tem acesso a

inúmeras informações sigilosas, de negócios, de departamentos, e até pessoal,

a respeito dos executivos com quem trabalha e que ela gerencia isso de uma

forma muito peculiar, muito característico deste profissional. No entanto, elas

não detectaram essa importante habilidade quando da discussão em grupo,

uma vez que não tem a noção exata desta importante responsabilidade.

Notamos que elas aprimoram os conhecimentos técnicos, mas nem

sempre se preocupam com o aprimoramento da pessoa secretária. É preciso

por parte das profissionais a preocupação com o limite do corpo, com a

qualidade de vida, pois ela está em constante processo de aprendizagem a

qual exigirá dela um investimento também em qualidade de vida.

Page 124: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

135

Com o intuito de observar e analisar esta questão, na seqüência,

perguntamos às secretárias executivas participantes com relação ao

aprimoramento no que diz respeito aos conhecimentos exigidos desta profissão

na atuação dentro das organizações e perguntamos ao grupo:

“Como você costuma aprimorar seus conhecimentos profissionais:

a) quando disponho de valores financeiros e o curso me interessa;

b) quando a empresa me obriga a fazer cursos de interesse da

organização;

c) quando concluo que o curso de atualização é importante para o meu

crescimento dentro ou fora da organização como profissional;

d) outra

Gráfico 12 – Aprimoramento Profissional

A 8

B 0

C 9

D 1

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Respostas de A a D

Resp A

Resp B

Resp C

Resp D

Resp A 45%

Resp B 0%

Resp C 50%

Resp D 5%

1

Page 125: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

136

No aspecto da educação continuada, as respostas A e C tiveram

respectivamente 45% e 50%. Ficou evidente que investem na educação e na

formação profissional, mas que só podem fazê-lo quando “dispõem” de valores

que não comprometam muito a renda na ajuda ou sobrevivência da família;que

se preocupam com a formação técnico-profissional, assim como com sua

formação pessoal e social, mas que dependem de associar essa necessidade

ao poder financeiro de custear a educação na trajetória secretarial.

Sabem que precisam se atualizar, mas dividem essa necessidade com

os compromissos da sobrevivência natural. Nesse aspecto, as entrevistadas

também foram unânimes em afirmar que, quando dispõem de recursos

financeiros, procuram sempre caminhos para melhorarem seu desempenho

nas empresas e na visão de todas as secretárias executivas desta pesquisa, o

curso superior vai promover uma melhora considerável na carreira e lhes

mostrará mais um caminho em busca do reconhecimento na sua trajetória. Por

isso, elas fazem o possível para não perderem este tipo de oportunidade,

fazendo até sacrifícios em relação às finanças.

Disseram ainda que normalmente procuram investir no aprimoramento

de conhecimentos, da tecnologia utilizada nas organizações e departamentos

onde atuam, na cultura geral e específica relacionadas com os negócios da

empresa e de línguas, principalmente, já que estamos vivendo há muito tempo

na era globalizada. Além disso, que procuram aprender também com os

executivos.

As secretárias executivas participantes do grupo de discussão deixaram

implícito nas suas respectivas falas que o registro profissional é importante e

que elas só conseguem o mesmo, por intermédio da formação técnica ou de

nível superior.

A educação continuada vai proporcionar à secretária executiva além de

conhecimentos gerais e diversificados no tocante às áreas específicas de

atuação, o registro profissional que hoje é exigido na maioria dos processos

Page 126: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

137

seletivos da área, bem como alguns diferenciais na carreira que podem ajudá-

las a ascender dentro das organizações. Dessa forma, entender a disposição

em dar continuidade aos estudos pareceu-nos de suma importância.

Interessou-nos verificar das participantes de que maneira elas

conseguem conciliar as atividades profissionais com os cursos de

aperfeiçoamento quando conseguem realizá-los. Como elas podem conviver

constantemente com as múltiplas tarefas, ainda com a necessidade de estar

constantemente atualizada?

Para obter essa informação, indagamos às entrevistadas: “Como

costumam conciliar a vida profissional com os cursos de formação e

atualização na área?

a) desdobro-me e faço cursos à distância (Internet, revistas e livros) para

me manter atualizada no pouco tempo que me sobra;

b) procuro demonstrar na empresa a importância dos assuntos de

atualização profissional como benefício para a empresa e para mim;

c) planejo um curso por ano para não me atrapalhar o serviço, família e

escola;

d) outra.

Gráfico 13 - Aprimoramento Profissional

A 6

B 3

C 6

D 2

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Resposta de A a D

Resp A

Resp B

Resp C

Resp D

Resp A 35%

Resp B 17%

Resp C 35%

Resp D 13%

1

Page 127: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

138

Analisando as respostas das 17 respondentes, foi possível perceber o

quanto elas se empenham para construir autoconhecimento através dos

mecanismos disponíveis no atual mundo globalizado como Internet, revistas

internacionais, publicações específicas da administração, etc.

A educação continuada e o autoconhecimento fazem com que a maioria

das secretárias absorva o maior número de informações possíveis e adquira

cultura geral como forma de estar atualizada profissionalmente e acompanhar

diálogos e negociações juntamente com o executivo. Uma parte disse que se

desdobra fazendo cursos à distância, e a outra parte disse que escolhe um ou

mais de um curso por ano para se atualizar sem, no entanto, comprometer a

sua qualidade de vida junto à família, amigos e o trabalho. Afirmaram que,

quando estão “de bem” consigo mesmas, esse estado de espírito reflete em

suas atitudes dentro e fora das organizações.

De acordo com Sabino e Rocha (2004), as profissionais de secretariado

exercem inúmeras atividades em sua rotina que vão desde organizar eventos e

mediar conflitos até estruturar reuniões e viagens para obter o aprendizado de

novas tecnologias. “Em contrapartida exige-se dela flexibilidade, competente e

comprometimento com o aperfeiçoamento das suas atividades,” de acordo com

a autora. Observamos, então, que para obter o reconhecimento da profissão,

as secretárias precisam investir por meio da competência e obter o

reconhecimento profissional dentro das organizações.

Para que a secretária executiva desenvolva a competência necessária a

sua atuação, ela precisa estar conectada aos processos de informação em

tempo real, absorver novos conhecimentos em relação às tecnologias, ser o

centro distribuidor e de gestão dessas informações, ter conhecimento da

cultura organizacional e na formação, tanto formal como de atualização, dar

continuidade aos estudos, com o intuito de ser especialista em determinadas

áreas.

Sabino e Rocha (ibid) afirmam que o caminho para a competência é

assumir e valorizar a profissão, ter orgulho da profissão que escolheu, tratando-

a com dignidade, mostrar com as próprias atitudes a sua importância, fazendo

com que todos aprendam a conhecer e respeitar uma profissão que é

considerada uma das mais consideradas no mundo. Vivemos numa era em que

Page 128: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

139

gestão da informação e de conhecimento são ferramentas para o trabalho e

para a identificação da profissional com o seu cargo.

De acordo com os autores (op. cit.), a secretária executiva, como

qualquer profissional, deve estar atenta a essas novas exigências do mercado

global, inclusive como forma de não compor a lista dos excluídos. E, no caso

disso acontecer, ela deverá estar capacitada para identificar e atuar em novos

nichos do mercado.

Assim, pela pesquisa, as secretárias devem continuar a investir em

cursos de formação e atualização na área profissional para manter sua

empregabilidade.

Percebemos que a competência está presente no ser secretária

executiva e no fazer secretária executiva. Com todas essas habilidades e

competências desenvolvidas, os profissionais granjeiam credibilidade no seu

trabalho, conquistam seu espaço dentro dos departamentos onde trabalha, e o

reconhecimento deveria ocorrer para a contribuição da efetiva identificação

profissional.

Podemos verificar, também, nos depoimentos e nos questionários que a

necessidade de valorização profissional de cada uma delas está no

reconhecimento que o executivo fará (ou não) de seu trabalho, quando

oferecem as inúmeras habilidades à empresa. Reconhecendo o trabalho,

normalmente o executivo constatará a competência e, assim, fará com que os

profissionais da área reflitam com mais constância a respeito de seu papel nas

organizações e, com certeza, terão nas mãos ferramentas para a busca da

identidade profissional, que não deixa de ser um desejo, quando da análise da

subjetividade no decorrer da construção da profissão de secretariado

executivo.

Observa-se que não compete aos executivos ou às empresas tão

somente esta tarefa, mas sim e principalmente, aos profissionais de

secretariado executivo na sua atuação diária. Ter o perfil, ter as habilidades,

conhecer a profissão no todo e entender seu papel, complementa as

necessidade de ter reconhecido o seu papel nas organizações.

Interessou-nos para a pesquisa saber das secretárias executivas

entrevistadas alguns pontos importantes relacionados à educação, a

motivação, a sua formação dentro do perfil exigido pelo mercado e, se para

Page 129: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

140

elas, estas questões são mais ou menos importantes do que a experiência

profissional que elas possuem e que também utilizam nas empresas onde

atuam. Para isso, refletimos e levantamos que determinadas habilidades

características dessa profissional podem fazer ou não a diferença na sua

atuação ao lado de empresas e executivos. Formulamos, pois, a seguinte

pergunta: “Muitos são os caminhos para atualização profissional e

formação específica como forma de buscar motivação e reconhecimento

na área de Secretariado. A formação formal (técnica ou superior) na área

é importante ou para você o que importa é a experiência na profissão que

conta pontos preciosos na empregabilidade atual?”

a) sim, a formação formal é importante para o reconhecimento

profissional por parte das organizações e para o meu crescimento

enquanto sujeito inserido nos grupos sociais;

b) para mim é importante, mas para a empresa é indiferente que eu

tenha ou não formação na área já que não sou registrada (o) como

secretária (o), mas, desempenho as funções;

c) não é importante, pois o diploma não vai atuar nas empresas, quem

vai atuar sou eu;

d) Outra.

Gráfico 14 – Formação Profissional

A 14

B 3

C 0 D 0

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

Respostas de A a D

Resp A

Resp B

Resp C

Resp D

Resp A 83%

Resp B 17%

Resp C 0%

Resp D 0%

1

Page 130: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

141

Das 19 secretárias entrevistadas, 83% (17 secretárias) responderam que

a formação formal é muito importante, que é uma exigência atual das

organizações a formação na área de atuação, e principalmente as secretárias

que possuem a obrigatoriedade do registro profissional após a formação. Neste

aspecto, espera-se que a análise feita a respeito da educação continuada

possa ajudar os profissionais a fazer uma reflexão a respeito da

empregabilidade, isto é, ter registro profissional já se tornou um requisito para a

conquista do emprego e sua manutenção, assim como, a continuidade dos

estudos para alcançar postos mais altos dentro das organizações. Mesmo

assim, verificamos que 13% das secretárias acreditam que a formação formal e

atualizações, ou seja, a educação continuada seja extremamente importante,

mas para algumas empresas isso é indiferente, pois algumas delas não

efetivam o papel da secretária com registro profissional, o que desvaloriza

muito a categoria profissional. Das 19 secretárias executivas entrevistadas,

83% (17 secretárias) responderam que a formação formal na área de atuação é

muito importante, pois é uma exigência atual das organizações a formação na

área de atuação, e principalmente, há a obrigatoriedade do registro profissional

após a formação. Nesse aspecto, espera-se que a análise feita a respeito da

educação continuada possa ajudar os profissionais a fazerem uma reflexão a

respeito da empregabilidade, isto é, ter registro profissional já se tornou um

requisito para a conquista do emprego e sua manutenção, assim como a

continuidade dos estudos para alcançar postos mais altos dentro das

organizações. Mesmo assim, verificamos que 13% das secretárias acreditam

que a formação formal e atualizações, ou seja, a educação continuada seja

extremamente importante, mas para a empresa isso é indiferente, pois algumas

delas não trabalham com registro profissional, o que desvaloriza muito a

categoria profissional.

Esse aspecto é relevante, pois, segundo Manzini-Covre (1991), quando

os direitos Civis da secretária não são respeitados nem pelas empresas e nem

por elas mesmas, acabam contribuindo ainda mais para a falta de

reconhecimento e identidade como pessoa, como profissional e como

colaboradora.

Page 131: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

142

Na mesma linha de raciocínio, Dubar (2007) comenta que a maioria dos

assalariados possui diplomas, mas ocupa, muitas vezes, emprego somente de

execução, com tarefas repetitivas, as quais levam os profissionais a uma

dolorosa rotina de trabalho, gerando desmotivação e frustração.

Existe aí uma contradição com relação à importância dada pelas

secretárias à formação formal e também ao que o mercado está exigindo, pois

hoje as empresas exigem das secretárias registros profissionais como técnicas

ou com cursos superiores para que sejam admitidas em seus quadros.

Percebemos no desvelar dos conceitos sobre autoconhecimento e

flexibilidade que a secretária necessita ter atualização constante em sua

carreira para que, além de se manter empregada, possa ter reconhecidas suas

competências. No entanto Dubar afirma que muitos profissionais com diplomas

são assalariados e desmotivados pela rotina de trabalho.

Para a secretária executiva, basta um novo desafio para que ela

encontre caminhos para ajudar o executivo e a empresa a conquistarem as

metas estabelecidas.

Para finalizarmos a questão da flexibilidade, é importante entender que a

identificação profissional vai depender do grau de competência, para que se

estabeleça um padrão para as atividades rotineiras O mundo hoje vive a era do

acesso e, como afirma Rifkin (2001, p.6) “hoje para onde olhamos o acesso

está se tornando a medida das relações sociais”.

A secretária executiva, nesse contexto, vive a era da gestão de

informações e de conhecimento e precisa estar atenta as suas escolhas, ao

resultado que esta atitude lhe causará no campo profissional e que, de

preferência, saiba fazer as escolhas baseadas em informação, aprendizagem,

competência e valorização.

Para aprofundar um pouco mais a questão perguntamos as participantes

dentro do contexto da formação formal, como elas se consideravam

enquanto profissionais”:

Page 132: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

143

a) uma profissional que se atualiza constantemente em sua área de

atuação;

b) uma profissional que se atualiza quando tem condições financeiras;

c) uma profissional que se atualiza somente quando a empresa banca os

custos.

d) outra Gráfico 15 – Auto-avaliação

A 11

B 7

C 0D 1

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Resposta de A a D

Resp A

Resp B

Resp C

Resp D

Resp A 57%

Resp B 38%

Resp C 0%

Resp D 5%

1

A essa questão, 57% das profissionais responderam que se atualizam

constantemente e 38% só o fazem quando possuem condições financeiras

para tal, o que pode demonstrar um esforço para se manterem empregáveis e

adquirirem algumas competências necessárias à profissão e ao mercado.

Assim, com a aquisição de experiências e conhecimentos, poderão se destacar

na execução das tarefas pertinentes a ela, secretária, dentro da cultura

organizacional, adequando sua atuação ao perfil do (s) executivo (s). De

acordo com as entrevistadas, a cultura da organização e o perfil do executivo

Page 133: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

144

interferem sobremaneira nessa atuação, não ficando muito claro, em certas

empresas, o papel da secretária. A valorização que se tenta buscar para que

tanto a empresa quanto o executivo façam da secretária uma parceira

constante, só vai acontecer quando ela entender que determinadas

competências cabem a ela, como manter o gerenciamento de informações, que

é peculiar à secretária executiva, ter sua formação na área de secretariado

para desenvolver as habilidades necessárias ao desenvolvimento de sua rotina

e do executivo com quem trabalha como forma de facilitar as transações e

atingir metas.

A educação, no âmbito de formação profissional, é fundamental na

construção da subjetividade da secretária. Do mesmo modo são essenciais o

autoconhecimento e a aprendizagem constante, por meio dos quais ela poderá

desenvolver algumas competências com vistas a ter sua identidade profissional

reconhecida.

Na entrevista individual, fizemos a seguinte indagação: “O fato de você

perceber uma concorrência grande em sua área faz com que você busque

aprender cada vez mais? Você busca oportunidades para melhorar sua

carreira?” A entrevistada de número 13 respondeu: “Sim. Tenho que buscar

conhecimentos de um modo geral. A empresa que eu trabalho não dá muita

importância a minha profissão. [....]. Mas não entenda como reclamação. Estou

feliz exercendo a minha profissão e poder colaborar com o desenvolvimento da

empresa. Tudo tem seu tempo, certo?”

De pronto já responderíamos “errado”, pois uma empresa que não

valoriza uma categoria profissional, respaldada e reconhecida por lei, que

possui características próprias da profissão como a flexibilidade, o

gerenciamento de informações, responsabilidade, disciplina, entre outros, não

pode e não deve desconhecer o valor dessa profissão. E concordar com tal

postura da empresa faz com que a profissional de secretariado seja conivente

com a desinformação e se submeta a colaborar como forma de se valorizar, e

ainda achar que tudo tem seu tempo.

Page 134: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

145

Podemos, de acordo com a pesquisa, interpretar que, neste caso, a

secretária executiva está atuando numa organização produtiva. De acordo com

Manzini-Covre (2007), é o tipo de organização que trabalha com o capital

humano, objetivando lucros para sua sobrevivência, apresentando em sua

cultura um determinado grau de repressão, fazendo com que os trabalhadores

cumpram objetivos definidos, sem ao menos se preocupar com a valorização e

os direitos dos mesmos.

Nem todas têm consciência de que buscar o aprendizado constante e

levar para sua realidade empresarial informações e conhecimentos farão com

que elas tenham o sucesso que almejam, mas não com submissão, pois por

falta de competência, acabam por aceitar somente a execução das ordens,

sem ao menos pensar em estratégias para mudar essa realidade.

Já para outra entrevistada, a resposta à questão foi assim delineada

pela entrevistada de número 16: “Acho que o aprendizado deve estar presente

em meu cotidiano. Todos os dias aprendemos coisas diferentes e temos

experiências diferentes, por isso não é somente no momento de ameaça

profissional que buscamos uma outra visão. Todas as oportunidades que nos

são propostas temos que agarrar com as duas mãos, pois como diz o ditado

popular ‘ela não bate duas vezes na mesma porta’. A empresa que eu trabalho

valoriza muito o interesse de seus profissionais estudarem e trazerem um

maior conhecimento para o seu ambiente profissional. Visando isso paga a

alguns de seus funcionários cursos, faculdade e tudo o que achar que envolve

aquisição de conhecimento”.

Notamos que a questão da atualização constante na área profissional

tanto por parte da secretária como de algumas empresas é necessária para

benefício de ambos. A maneira de considerar a importância dessa atualização

é que difere em um caso e no outro.

Para Delors ( 2004, p.89):

Não basta, de fato, que cada um acumule no começo da vida, uma

determinada quantidade de conhecimentos de que possa abastecer-

se indefinidamente. É, antes, necessário estar à altura de aproveitar e

explorar, do começo ao fim da vida, todas as ocasiões de atualizar,

Page 135: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

146

aprofundar e enriquecer estes primeiros conhecimentos, e de se

adaptar a um mundo de mudanças.

Percebemos que sem o conhecimento não teremos a aprendizagem

para o “saber fazer” na carreira profissional. De acordo com Delors (ibid), o

saber fazer está ligado diretamente à questão da formação profissional. Como

fazer com que a secretária, enquanto estudante aprenda e coloque em prática

o que adquire na teoria, e saiba de forma inteligente utilizar a educação a

favor de seu trabalho.

Verificamos no decorrer das técnicas utilizadas para a pesquisa de

campo, que alguns empresários ou executivos entendem que qualificação

tenha que ser substituída por competência. De acordo com essa visão

empresarial a qualificação individual acaba sendo a formação técnica ou

superior profissional aliada ao comportamento social, além de ter que trabalhar

em equipe, ter iniciativa e capacidade de enfrentar desafios sem insegurança e

correr riscos.

Delors (op. cit., p. 94) afirma ainda:

Se juntarmos a estas novas exigências a busca de um compromisso

pessoal do trabalhador, considerado como agente de mudança,

torna-se evidente que as qualidades muito subjetivas, inatas ou

adquiridas, muitas vezes denominadas “saber-ser” pelos dirigentes

empresariais, se juntam ao saber e ao “saber-fazer” para compor a

competência exigida – o que mostra bem a ligação que a educação

deve manter entre os diversos aspectos da aprendizagem.

Qualidades como a capacidade de comunicar, de trabalhar com os

outros, de gerir e de resolver conflitos, tornam-se cada vez mais

importantes. E esta tendência torna-se ainda mais forte, devido ao

desenvolvimento do setor de serviços.

Percebemos, então, que a secretária envolvida com a sua profissão

carrega a responsabilidade de saber a diferença entre o saber-fazer e o saber

ser. É imperioso esse conhecimento, pois através dele é que a secretária

poderá definitivamente ser reconhecida.

Page 136: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

147

O saber ser, no caso dos profissionais de secretariado, é comum a todos

os seres humanos e se desenvolve desde o seu nascimento até sua morte. É

considerado por Delors (ibid) um processo dialético que começa pelo

conhecimento de si mesmo, pelo autoconhecimento e, na seqüência, pelo

conhecimento do outro.

Assim fica a educação responsável por contribuir para o

desenvolvimento da pessoa – espírito e corpo, inteligência, sensibilidade,

sentido estético, responsabilidade pessoal, espiritualidade. (Delors,2004).

A atualização na área se consegue mediante aprendizado constante

para o desenvolvimento das inúmeras habilidades que se espera dessa

profissional. Portanto, extremamente importante para contribuir como um dos

processos para obtenção da identificação profissional da carreira da secretária

no mercado de trabalho.

Podemos também salientar que a continuidade nos estudos faz parte

desse caminhar e que é, de fato, um importante investimento tanto na questão

da aprendizagem como na questão da carreira. Observamos que as

secretárias participantes sentiram o quanto é indispensável dar continuidade

aos estudos, porém das 31 entrevistadas, somente uma partiu para o curso de

pós-graduação.

No universo pesquisado, ainda é pouco para uma profissional que quer

buscar autonomia, reconhecimento. A educação continuada possibilitará aos

profissionais de secretariado a aquisição de conhecimentos e cultura variados,

que farão com que ela contribua cada vez mais com a sua formação e

especializações, e dentro das organizações, o diferencial será justamente no

que ela, secretária, é competente.

Nas entrevistas, averiguamos que as secretárias, de alguma forma,

pretendem dar continuidade aos estudos, pois têm noção que se trata de uma

necessidade de mercado. Nota-se que elas não desconhecem que o

aprofundamento nos estudos das línguas estrangeiras também é fundamental

para a continuidade da carreira profissional. Incluímos dentre as mais

Page 137: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

148

exigidas o inglês e o espanhol, mas a partir de agora teremos o aprendizado

em “Mandarim” justamente por conta das relações comerciais entre o Brasil e a

China.

Pelo exposto, evidencia-se que com a educação continuada no âmbito

profissional, os profissionais que deixaram o diploma apenas de enfeite nas

paredes poderão, sim, estar com os dias contados na área. As empresas

nutrem expectativas de “fazer além daquilo para que foi contratada”, como uma

das formas de avaliar a competência não só das secretárias, como também de

todo o quadro colaborativo da organização.

Diploma não garante empregabilidade. O que poderá de alguma maneira

proporcionar maior reconhecimento por parte da empresa é a busca diária de

novos conhecimentos e traduzir essa aquisição em atitudes empreendedoras

que resultem no comprometimento profissional da secretária com a

organização. Além disso, os empresários esperam que essa profissional ajude

a empresa a atingir objetivos e que possa contribuir cada vez mais para o

sucesso da organização e para o seu próprio sucesso.

Espera-se, ainda, que os funcionários se ambientem às novas

tecnologias, a quadros cada vez mais exigentes em termos colaborativos nas

organizações, e, sob essa ótica, é imperioso que a secretária executiva

detenha condições de administrar sua rotina e suas tarefas, produzindo

A necessidade de ter disponibilidade para dar continuidade aos estudos

fez com que muitas secretárias executivas repensassem sua atuação, e

algumas, ou mudaram de profissão, ou realmente foram em busca da novos

rumos profissionais por meio da educação e novas formações em sua carreira.

Educação Continuada é uma forma de as profissionais demonstrarem

para as organizações o interesse no aprendizado e na sua especialização,

como dito anteriormente, para delinear com mais tranqüilidade seu papel,

fazendo com que sua ajuda neste sentido, colabore para que outras

secretárias, assim como as participantes desta pesquisa, conquistem a sua

identidade na área.

Page 138: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

149

Perguntamos para as participantes da pesquisa se, para elas como

secretárias executivas, a importância da Educação Continuada seria uma das

formas de se solidificar na Carreira Profissional. A questão apresentada foi:

Qual é a importância da Educação continuada”, a que elas responderam:

a) grande, pois dela depende o meu futuro e meu reconhecimento na

área;

b) razoável, pois dependo mais de técnicas específicas do que formação

na área para me manter empregada (o);

c) pequena, pois onde atuo no momento não exige formação específica,

somente conhecimentos da área administrativa e/ou afins;

d) outra.

Gráfico 16 – Educação Continuada

A 14

B 3

C 2

D 0

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Resposta de A a D

Resp A

Resp B

Resp C

Resp D

Resp A 74%

Resp B 16%

Resp C 10%

Resp D 0

sp

Page 139: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

150

Das respondentes, 74% acreditam na continuação dos estudos, com

formação na área secretarial e outras formações e atualizações como

elementos que contribuem na obtenção de estrutura técnica e emocional para

que se mantenham empregáveis nas empresas. Disseram ainda que a busca

pela identidade profissional dentro das organizações deve começar pela

secretária, ao adotar uma postura ética e deter conhecimentos adequados ao

cargo. O fato de dar continuidade aos estudos melhora consideravelmente a

auto-estima, as condições de crescimento nas organizações e o próprio bem-

estar. Pela escuta ficou muito claro que o autoconhecimento, isto é, buscar se

conhecer por dentro e por fora em todos os sentidos contribui para um

desempenho de sucesso aliado aos conhecimentos técnicos profissionais e às

habilidades e competência características da secretária executiva.

Para o autor, as escolas representam o maior e melhor laboratório

cultural que a humanidade pode ter. A educação continuada ocorre no âmbito

das escolas com a finalidade de formar um indivíduo com mais possibilidades

de ganhos culturais e profissionais e que as organizações trabalhistas têm as

suas responsabilidades nesse sentido, qual seja, o de promover de alguma

forma a educação continuada como cultura entre os seus colaboradores.

Notamos, então, que a educação continuada é primordial para a

continuidade de vida e de reconhecimento profissional e que a escola também

é o caminho para esta conquista que vai, com certeza, solidificar não só a

carreira secretarial como a carreira de todos os profissionais do mercado de

trabalho.

Além da educação continuada, temos também a questão do

autoconhecimento que ajuda a enxergar quem somos e o que precisamos na

vida pessoal e profissional. Somos parte integrante de uma sociedade, na qual

atuamos diretamente com sujeitos em constante processo de crescimento e

aprendizagem.

Page 140: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

151

Para Petraglia (1995) dentro da visão de Morin, nas relações

interpessoais que atualmente vivemos, o autoconhecimento nos permite

superar-nos a nós mesmos dentro da realidade em que estamos inseridos e,

conhecendo-nos intimamente, poderemos modificar esta realidade e a de quem

vive conosco, mas tudo dentro da dimensão ética, que norteia os nossos

valores.

4.3.4.1. O Aprendizado na família

Conforme depoimentos das secretárias do grupo temático, foi-nos

possível notar a influência da família no seu ser melhor, no seu ser secretária,

e em suas atitudes éticas. As atitudes como moralidade, disciplina,

sociabilidade, identidade, comportamento, amor são aprendidas com as mães,

o que reforça a literatura e a pesquisa que revelaram o papel relevante da

mulher na formação dos filhos.

Quando solicitamos às entrevistadas que falassem a respeito do

aprendizado na família, pudemos perceber o quanto elas valorizam a instituição

família. Esse aspecto ficou claro pelos exemplos fornecidos a respeito da

conduta de pai e mãe no decorrer da infância e da juventude de cada uma

delas. Todas, sem exceção, falaram à vontade nesse sentido, demonstrando a

cada diálogo o quanto os pais representaram em sua formação como pessoa,

quando questionamos se a formação da personalidade teve relação com a

infância. A entrevistada de número 22 assim explanou: “Quando completei sete

anos, minha mãe se acidentou e ficou entre a vida e a morte por 25 dias,

ficando internada num total de 45 dias no hospital. A minha avó materna cuidou

da gente e meu pai dia-a-dia lutava para salvá-la. Gastou tudo o que tinha e

conseguimos manter minha mãe por mais algum tempo conosco. Minha

juventude foi tranqüila, mas com responsabilidade. A mamata acabou, pois

meu pai ficou desfalcado financeiramente e com 15 anos comecei a trabalhar

numa loja de roupas no bairro em que morávamos”.

De acordo com a referida entrevistada, mesmo assim ela se sentia feliz

e nunca perdeu a fé e a esperança, pois teve muito amor e carinho na sua

Page 141: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

152

infância e juventude. Obteve com os pais os ensinamentos com relação a

respeito e educação, e tudo por que ela passou serviu de aprendizado.

Dubar (2005, p.147) afirma: “é evidente que, antes de se identificar

pessoalmente um grupo profissional ou o tipo de formação, o individuo, já na

infância, herda uma identidade sexual, mas também uma identidade étnica e

uma identidade de classe social, que são as de seus pais, de um deles ou de

quem tem a incumbência de educá-lo (la)”.

Kupfer (1997, p.98) pontuou que Freud analisa que “o encontro entre o

que foi ensinado e a subjetividade de cada um é que torna possível o

pensamento renovável, a criação, a geração de novos conhecimentos”.

Na visão das secretárias do grupo de discussão temática, no que diz

respeito à questão do aprendizado na época da infância e que influenciou na

vida, a entrevistada de número 25 respondeu que aprendeu com os pais. Ela

também acrescenta: “Acho que as regras de conduta, de convivência, de

educação, hábitos e costumes, acho que a cultura familiar que é passada

começa na infância. Desde o que você falar, você aprender a comer, a andar, a

se vestir, acho que é o começo, o começo da vida”.

A entrevistada de número 29 assim se expressou: “Inclusive algumas

regras que geralmente as famílias tem, como eles procedem, como eles falam

com você é forma como você vai falar com eles, é a forma como eles te

ensinam como ensinaram o abc, um dois três, como se chama um quadrado,

um redondo, a maçã, o vermelho, é assim que se aprende falando de forma

educada e carinhosa e você vai resistindo e depois você aprende a formar as

coisas e ter suas idéias”.

Para a entrevistada de número 25 há ênfase à figura do pai: “Meu pai

era um exemplo, então o convívio com ele, o que ele ensinava foi fundamental

por ser sempre destaque, então a minha infância foi super marcada pelo meu

pai. Pelo o que ele era, ele sempre ensinou muito a questão do ser e não do

ter; na época, ele era empresário, tinha muito dinheiro, depois não teve mais e

ele conseguiu lidar com isso e ensinar os filhos que isso é uma coisa

passageira, então eu aprendi muito com meu pai”.

Na análise dos discursos dessas profissionais, fica bem evidente que as

primeiras regras de conduta e o aprendizado com relação ao respeito teve a

estrutura formada na base familiar. Solicitamos para as secretárias que nos

Page 142: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

153

mencionassem algo que foi aprendido com o pai e que é importante na vida

delas até hoje. A entrevistada de número 25 respondeu: “É o amor,

demonstrar, falar e passar isso para os meus filhos. Não tenho vergonha de

demonstrar de quem eu gosto, independentemente da situação, eu aprendi

isso com meu pai. Meu pai não tinha vergonha de falar ‘eu te amo’... é, ele era

muito carinhoso”.

Já para a entrevistada de número 28 a resposta foi: “Eu acho que

aprendi com a minha mãe, mas acho que o papel dos meus avós foi

fundamental na minha formação, no meu aprendizado em geral porque a minha

mãe me teve com 20 anos, então, ela era uma adolescente ainda e se separou

cedo. Então a minha base familiar foi composta pelos meus avós e acho que

tudo o que eu aprendi foi com eles, acho que até essa questão do amor é

muito importante, mas eu lembro do meu avô essa parte muito profissional

dele, como micro-empresário, de estar sempre num processo de crescimento,

de responsabilidade, de dar muita importância para os estudos; eu aprendi isso

muito com os meus avós, o meu avô principalmente”.

Em determinado momento, invertemos a indagação. Ao invés de saber o

que o pai lhes ensinou na infância, perguntamos pela mãe e obtivemos as

seguintes respostas: “Respeitar meu pai. Era bem dividida a situação, a

posição dos dois. A minha mãe dava o carinho, a atenção, era meiga, cuidava

da casa. Ela era do lar. O meu pai era o trabalhador, saía cedo, voltava à noite,

só passava os finais de semana com os filhos, não se tinha muito carinho, ele

era um homem bastante seco e então o que eu aprendi com minha mãe foi

respeitar o meu pai e o que eu aprendi com meu pai foi respeitar a todos”-disse

a entrevistada de número 29.

Assim se expressou a entrevistada de número 20: “Ah! muitas coisas eu

tive que aprender meio que sozinha mesmo. Eu perdi a estrutura familiar cedo,

meus pais se separaram eu tinha treze anos, meu pai foi embora de casa, a

gente começou a trabalhar com 13 anos para ajudar no orçamento do lar.

Minha mãe na época perdeu a estrutura e tentou suicídio, meu irmão desandou

na vida, e alguém tinha que manter a família, né, e aí eu tive que amadurecer

muito cedo, sustentar a família cuidar de mãe (a pesquisadora pergunta: isso

com quantos anos?)... quatorze anos. É que eu sempre tive isso comigo o

tempo todo: ou você escolhe seguir a vida caladinha. ou procurar o melhor pra

Page 143: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

154

mim e pra minha família. E foi o que eu fiz. Começando lá no meu primeiro

trabalho no... material de construção. Meu pai nunca teve essa preocupação,

meu pai foi embora para outro estado e nos deixou com o meu único salário

que era dois salários mínimos para manter uma casa sem estrutura, alugar, fui

atrás de fiador de aluguel no centro de São Paulo para alugar uma casa. Eu

acho que isso serve para amadurecer, valorizar a sua vida né , não dar uma

de vítima, eu passei por isso mas muita gente passa também. Eu olho hoje

para trás: olha como estou e como eu estava, porque eu escolhi, tive escolha,

por isso tornou-se mais fácil batalhar”.

Para Souza Neto (2002, p. 168) “as transformações que acontecem na

cotidianidade, em que o homem vivencia, com maior ou menor intensidade,

paixões, intelectualidades, ideologias, mecanismos de manipulação,

subsistência material e espiritual e desejos [.....] não basta ter sonhos, é

preciso possuir condições para implantá-los. É necessário derrubar as barreiras

que se interpõem entre eles e a realidade.

As participantes deixaram claro que, ao aprenderem com a família, ora

com o pai, ora com a mãe, ou mesmo sozinhas, não deixaram que as

dificuldades as fizessem desistir de seus sonhos e criaram, dentro do possível,

caminhos para a conquista não só dos sonhos, mas um novo desejo a cada

nova realidade.

No discurso da entrevistada de número 27, a resposta foi assim: “Eu fui

criada na casa das quatro mulheres. A mãe da minha avó, minha avó, minha

mãe e eu. São quatro gerações. A minha bisavó... eu cuidava da casa cedo,

minha mãe e minha avó trabalhavam, então, eu cuidava da minha bisavó, eu

achava divertidíssimo que ela tinha arteriosclerose e eu era criança e ficava(

sic) as duas botando fogo na casa, são coisas que a gente lembra, né? Eu

acho que de tudo o que minha mãe pôde me ensinar foi dignidade mesmo, eu

sempre sou muito objetiva, também tive um pai ausente. Quando criança, a

gente procura; depois a gente não procura mais (refere-se ao pai), a gente vê

que aquilo não é mais essencial na sua vida. Acho que minha mãe ensinou

mais o que é família dentro das quatro gerações. Minha bisavó faleceu eu tinha

12 anos e aí continuei morando com minha mãe e minha avó. A minha família

ta lá”.

Page 144: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

155

Percebemos aqui novamente a influência da mulher na formação e na

criação dos filhos. Notamos também que todas elas, realmente, tiveram como

exemplo um membro da família como instituição, com quem elas mais

adquiriram conhecimento na vida.

Para Durkheim (apud Kanaane,1999, p.77): “A personalidade humana é

uma coisa sagrada; ninguém pode violá-la ou infringir seus limites, embora, ao

mesmo tempo, o maior bem consista na comunicação com os outros.”

Por isso, a figura do pai, da mãe ou dos avós na infância representa

para elas o tipo de pessoa que elas provavelmente deverão ser, que tipo de

conduta elas deverão ter na sociedade, tanto ética quanto moral e

descreveram essas características, que absorveram da educação familiar,

como exemplos mais marcantes de suas vidas.

Kanaane (1999,p.77) afirma que:

A compreensão da conduta humana possibilita conceber atitude como resultante de valores, crenças, sentimentos, pensamentos, cognições e tendências à reação, referentes a determinado objeto, pessoa ou situação. Desta maneira, o indivíduo, ao assumir uma atitude, vê-se diante de um conjunto de valores que tendem a influenciá-lo.

O autor enfatiza a questão do aprendizado como uma constante na vida

do indivíduo, isto é, para convivermos em sociedade e nas instituições, teremos

que cuidar daquilo que trazemos da infância e que se transformarão em

atitudes que vão influenciar o nosso caminhar na vida.

Kanaane (1999) discute as atitudes com o foco nas tendências em

relação às reações, porque são elas que vão delinear os “comos”, os “porquês”

e, neste sentido, os porquês do comportamento. Conseqüentemente, à

maneira como nos comportamos se somam os valores e as crenças, que

acabam, segundo o autor, formando as bases para que o sujeito adote

determinadas posturas.

Uma das qualidades mais esperadas das profissionais no mercado de

trabalho é que elas possuam a postura adequada ao cargo, com as habilidades

necessárias para o relacionamento interpessoal, para o trabalho em equipe e o

equilíbrio emocional nas situações de pressão. Assim, os ensinamentos

advindos da família adquirem um significado muito importante na construção da

Page 145: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

156

personalidade, da carreira, não só da secretária, como também de outros

profissionais, assim como os ensinamentos provenientes da educação formal

que poderá fazer com que elas melhorem seu desempenho e reconheçam que

necessitam saber lidar com a sua própria personalidade e com a personalidade

dos outros.

Souza Neto (2002) constata, com base em sua pesquisa e nos textos de

Winicott e Fromm, formação da subjetividade, a partir da relação do seio

materno e da figura paterna.

Quando partimos para a reflexão a respeito da subjetividade

podemos citar Souza Neto (2002) que discute “a relação do eu e do

não eu, a saber, o objeto que satisfaz as necessidades do eu e que

pode garantir o amor e o bem-estar físico, inicia-se nos primeiros dias

de vida, numa tensão que percorre a dinâmica da vida. O objeto

transicional permite a formação da objetividade e da subjetividade

nos primeiros estágios do ser humano. A primeira experiência é,

geralmente, a do seio materno que a criança concebe como sua

própria criação, não distinguindo o eu do não eu. [...] o bebê acredita

ter criado o objeto que o satisfaz e o introjeta, de maneira mágica,

sem distinguir entre o interno e o externo.

.

Sob essa perspectiva, observamos que nossas experiências de vida se

iniciam quando do nosso nascimento. A relação com a mãe no que diz respeito

ao aprendizado é de suma importância no decorrer da vida e que estamos

normalmente neste espaço, entre a subjetividade e a objetividade.

Portanto, o aprendizado com a família é de grande valia para a formação

da personalidade da secretária, mas também não podemos deixar de realçar

que logo depois de aprender com os familiares, a criança se percebe na escola

recebendo uma outra carga de conhecimentos que serão importantes também

no seu caminhar. Por isso, acreditamos que a questão da Educação

Continuada está intimamente ligada ao processo de aprendizagem. A formação

deve levar o profissional a buscar por meio da pesquisa e do estudo resolver os

problemas inerentes ao seu mundo do trabalho. De uma forma ou de outra, o

processo de aprendizagem conduz ao autoconhecimento.

Page 146: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

157

4.3.5 O ser e o fazer na construção da Identidade Profissional da

Secretária

No decorrer deste trabalho, procuramos compreender a identidade da

secretária, isto é, o que faz dessa profissional em ser polivalente, por meio de

depoimentos e da discussão de elementos como capacidade de escolha,

autoconhecimento, flexibilidade e a disponibilidade para a educação

continuada.

A secretária desenvolve vários papéis dentro da empresa. Fato este

confirmado por mim. Aqui faço um parêntese para reafirmar o dito acima, pois,

em minha função de secretária, vivi papéis que não eram meus, e os meus não

puderam ser vividos por intolerância de pessoas despreparadas para creditar

competência ao meu trabalho secretarial. Posso dizer, com certeza, que eu já

desempenhei os papéis de psicóloga, enfermeira, costureira, assessora, já fui

até médica, arquiteta entre outros.

Ser polivalente requer a articulação das categorias mencionadas neste

estudo e, na visão de uma secretária executiva experiente como esta

pesquisadora, é dar conta de suas responsabilidades, dentro do prazo das

suas realizações, bem como não perder o foco no gerenciar as informações e

apresentar resultados quando seus projetos são aceitos e analisados como

proveitosos para a empresa.

A secretária executiva aprendeu em pouco tempo a conviver com a

polivalência por meio do seu talento, de seus conhecimentos, de sua disciplina

e de seu comprometimento. Aprendeu que deve ser, principalmente, uma

agente de mudanças; mesmo que sejam mudanças sensíveis, o importante é

começar. Exercer a polivalência é demonstrar capacidade diária para os novos

desafios.

Pudemos verificar que, com as quatro habilidades desenvolvidas pela

secretária executiva aliadas à capacidade de executar várias funções ao

mesmo tempo, a busca pela identidade da profissão ficará mais fácil.

De acordo com Kanaane (1999), “a cultura determina de maneira

significativa a conduta individual, e funciona como estrutura de referência que,

Page 147: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

158

entre outros fatores, orienta os comportamentos e atitudes em face da

sociedade”.

O autor se refere à questão do ser como indivíduo nas organizações, e a

secretária deve atentar sempre para o modo como ela se conduz nas

organizações, levando em conta que suas atitudes são reações avaliativas,

aprendidas e consolidadas no caminhar de suas experiências.

A personalidade da secretária executiva vai delinear, por intermédio de

suas experiências, as atitudes e comportamento em determinadas situações e

vai interferir no desenvolvimento de suas tarefas no decorrer de sua rotina.

Atitudes e comportamentos demonstrarão fatalmente o ser e o fazer da

secretária na sua atuação dentro das organizações. O autor refere-se também

às questões de se conhecer e conhecer o grupo empresarial ao qual pertence

como forma de estabelecer o reconhecimento de sua conduta e das tarefas

desempenhadas dentro de suas funções no seu papel profissional.

Para que o entendimento do saber ser e fazer da secretária ajude na

identificação da profissão, vamos interpretar o conceito de identidade para

podermos encerrar a análise das pesquisas nesta dissertação. A identidade

para Castells (apud DRAGONETTI, 2001, p.28) começa a ser construída

quando se questiona essa origem e sua finalidade. Assim:

Castells (ibid) afirma que essa construção se dá pela [....] matéria

prima fornecida pela história, pela geografia, biologia, instituições

produtivas e reprodutivas, pela memória coletiva e por fantasias

pessoais, pelos aparatos de poder e revelações de cunho religioso.

Notamos então que a identidade vai ficar na dependência do ou dos

momentos históricos, assim como das experiências individuais e sociais que

coloquem alguém à prova.

Para as secretárias do grupo de discussão temática18, foi questionado se

elas acreditavam que o profissional de secretariado possui uma identidade

própria dentro das organizações, e algumas respostas foram analisadas como

as da entrevistada de número 25: “Eu acho que tem. Eu acredito que ele tem,

depende do lugar que ele trabalha, depende da história dele na empresa. Ele

ser responsável e as pessoas o conhecerem”. A entrevistada de número 28 18 Maiores detalhes, ver anexo V

Page 148: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

159

explicou dessa forma: “É onde a pessoa está mesmo (sic). Eu acho que é

preponderante a localização, a estrutura da empresa. A empresa lhe dá status,

lhe dá oportunidades de ser você mesma, ser secretária. Eu tive sorte, em

todas as empresas em que eu trabalhei eu pude só acrescentar a minha

identidade: eu sou, eu faço, eu aconteço, eu tive essa sorte”.

O que se observa é que elas mesmas não conseguem conceituar

identidade, quanto mais perceber se elas, enquanto secretárias, possuem uma

identidade própria. Assim, não souberam definir o que é característico das

profissionais da área.

Como buscar identidade profissional se, a princípio, elas, as próprias

secretárias, creditam às organizações essa responsabilidade? A pesquisadora,

particularmente, nunca tomou conhecimento de que alguma empresa, em mais

de 28 anos de experiência, tivesse dado status para a secretária. O que eu

mais presenciei foram agradecimentos, reconhecimentos e aumento de

responsabilidades, entre outros.

Como podemos observar nas palavras de Ciampa (apud Dragonetti,

2001), a identidade começa pelo próprio indivíduo, dentro da realidade na qual

ele está inserido. O autor explica que o individuo busca a sua identidade em

qualquer instituição à qual ele faça parte, por intermédio de suas experiências,

de sua história.

Para que possamos buscar definitivamente a resposta ao problema

levantado pela autora desta dissertação, procuramos verificar o sentido da

palavra identidade e o conceito de sujeito com a qual é mantida a

subjetividade. Buscou-se, também, entender quais os caminhos que a

secretária executiva vai escolher ou trilhar para que, mediante essas escolhas,

ela consiga entender com mais clareza a importância de saber-fazer, isto é de

ter desenvolvida uma ou mais competências dentro das habilidades

necessárias a uma secretária e o saber-ser da profissional de secretariado. Por

outro lado, é necessário que ela tenha a ciência exata do que lhe compete,

quais seus limites e que tem entre outros atributos a questão de ser e que seja

uma profissional disciplinada, polivalente, flexível e que se esforce para

encontrar caminhos alternativos para cada dia se conhecer melhor, saber

Page 149: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

160

cuidar mais de si, saber controlar seus limites de corpo e mente, não deixando

de lado a busca constante pelo aprendizado contínuo.

Procuramos pontuar de acordo com o MEC – Ministério da Educação -

as habilidades das profissionais formadas pelo ensino superior. Dentro da

concepção de autores da área secretarial, levantamos quais as habilidades de

momento que o perfil exige por causa da globalização e que, de acordo com

D’Elia e Garcia (2005), são, entre outras, a da secretária como agente de

resultados, a secretária como agente facilitadora, a secretária como agente de

qualidade e, finalmente, a secretária como agente de mudança.

A realidade é uma, a formação é outra, e autores da área

pontuam em suas conjecturas o que é necessário hoje para transformar a

secretária em uma profissional multifuncional, mas limitada a executar, apenas

e tão somente, nada mais.

Ainda na reflexão, dentro das respostas obtidas pelo grupo temático, foi

também questionado se elas sabiam diferenciar perfil de identidade, na

esperança de que elas pudessem finalmente conceituar um e outro e essas

foram às respostas:

Entrevistada de número 20: “Eu penso assim: eu sou bem humorada

todo dia, esse é meu perfil, eu não sou estressada total e isso reflete no meu

profissional, então eu acho assim caminha juntos (sic). A minha personalidade

é de pessoa calma e isso reflete na empresa”. Para a entrevistada de número

27: “Ninguém é secretária sozinha. Pra mim ela tem identidade, sim”. Já para a

entrevistada de número 29: “Eu trabalho desde os 14 anos e eu vejo assim,

todo mundo vê o profissional secretária ou outro profissional qualquer como

sendo um subordinado que deve obediência a uma pessoa, não importa se sou

secretária executiva da firma A, B ou C; eu sou secretária executiva, eu gosto

de ser secretária executiva, eu acho gostoso executar as funções de uma

secretária, então a característica, o jeito que eu vou ser aqui ou lá, vai ser o

mesmo. A minha profissão, as minhas atitudes vão ser as mesmas em todas as

empresas”.

Podemos analisar pelos resultados, em detrimento das três técnicas

utilizadas, que as secretárias executivas pesquisadas têm ciência do perfil

exigido pelo mercado e de alguns fatores como aprendizado na infância, saber

Page 150: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

161

escolher a profissão, partindo do pressuposto que as secretárias possuem a

noção da personalidade delas atuando nas organizações por intermédio do

autoconhecimento, têm consciência também que devem se atualizar

normalmente, sabem da importância da formação na área, mas não

conseguiram definir identidade ou mesmo identidade profissional como sendo a

união das características pessoais com as profissionais e que é isso que vai

resultar no seu reconhecimento.

Ao analisar todos os discursos, percebemos que as secretárias

executivas são formadas pelo curso técnico, ou em formação no curso

superior, surgindo a necessidade dessa pesquisadora, de maneira informativa,

analisar um Plano Pedagógico de Curso de Secretariado de uma instituição

superior de ensino em São Paulo, a título somente de contribuição para a

análise dos resultados da pesquisa Lamentavelmente, pôde-se constatar que

elas são formadas para assessorar o executivo, ser uma consultora, ser

empreendedora, assim como são preparadas para serem gestoras.

As secretárias executivas chegam ao mercado de trabalho com essa

formação e se deparam com atividades e habilidades muitas vezes diferentes

daquelas para as quais elas foram preparadas. Constatamos em alguns

momentos que a falta de reconhecimento é m fator que acaba desmotivando as

profissionais fazendo com que mudem de emprego de tempos em tempos,

após frustrarem-se nas empresas onde atuavam.

Essas frustrações sentidas nas discussões temáticas e nas entrevistas

são decorrentes da falta de informação e na falha da correta formação da

secretária executiva, esclarecendo que ela é uma profissional que possui

capacidade para desenvolver a assessoria, a consultoria, o

empreendedorismo, dentre outros, mas que cabe à secretária, em primeiro

lugar, ser um agente facilitador e não o “executivo da organização” ou até

mesmo estabelecer comparações de atuação e salários com os mesmos,

quando, na realidade, ela possui como características dela, secretária, o

gerenciamento do grande número de informações a que ela tem acesso.

Importa ressaltar que elas executam um grande número de tarefas ao

longo do dia, têm flexibilidade e conhecimento para solução de problemas,

atuam como agente de mudanças, mas para isso é preciso entender que ela

Page 151: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

162

tem limites e que precisa saber quais são esses limites, de acordo com a

organização em que ela atua. São requisitos que proporcionarão às secretárias

executivas uma maior realização profissional nas empresas e, então sim, elas

poderão chegar ao reconhecimento que tanto procuram.

É condição sine-qua-non que a secretária perceba, entenda e viva a

realidade do atual contexto social relacionado às tecnologias e à economia, à

globalização, às inúmeras fusões ocorridas nos últimos 20 anos, considerando

também as privatizações em alguns setores, sem deixar de mencionar as

questões tecnológicas como bem esclareceu Rifkin, as quais acabaram por

fazer com que o grau de exigências das empresas aumentasse nas mesmas

proporções, exigindo um nível de qualificação alto de seus colaboradores e

também da secretária.

Na condição de secretária e professora formadora da área, pude

observar atentamente que existem muitas “secretárias” no mercado, mas o que

não percebi é que existam secretárias qualificadas e disso as empresas se

ressentem no momento da contratação.

Veiga (2007, p. 36) avalia a profissão da seguinte forma:

Profissão não tem gênero, mas as profissões de Secretariado

Executivo e Técnico em Secretariado são exercidas, em sua maioria,

pelas mulheres. Entretanto, alguns executivos preferem contratar

secretários à secretária. Hoje em dia, é comum a presença de

homens nos cursos de secretariado, embora a demanda seja do sexo

feminino. [....]. Em Função das exigências do mercado de trabalho e

da competitividade, não há espaços para profissionais medíocres,

independente da área de atuação. É preciso ter competência para se

estabelecer no mercado de trabalho.

Notamos que a profissão em grande parte, é formada por profissionais

do sexo feminino as quais para manterem sua empregabilidade deverão

atentar-se para o desenvolvimento de competências técnicas, mercadológicas,

de relacionamento, de comunicação oral e escrita, educação continuada e

tecnológica, além do domínio de idiomas e o quanto o autoconhecimento é

importante para identificar seus pontos positivos, enquanto profissionais, e

melhorarem de fato seus pontos fracos, para que saibam também fazer suas

escolhas.

Page 152: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

163

Percebemos a importância da conscientização que as profissionais

devem ter com relação às habilidades que lhes serão cobradas pelo mercado e

pelas empresas, aprendendo a desenvolver sua polivalência, investindo em

cursos de formação e pós-graduação, bem como em cursos de atualização na

área de atuação e em línguas estrangeiras. Conhecimentos diversificados,

motivação na sua atuação, comportamento ético exigido neste cargo poderão

manter a empregabilidade da secretária atualmente.

Durante a minha trajetória como secretária executiva durante 28 anos de

atuação, pude me deparar com secretárias totalmente despreparadas, o que

me fez repensar a minha própria atuação como profissional e,

consequentemente, me levou a me preparar melhor. A continuidade no

aprendizado e a busca do autoconhecimento foram relevantes para que eu

pudesse me realizar como de fato me realizei como profissional. As habilidades

mencionadas nesta pesquisa como a flexibilidade, a formação específica,

polivalência e as escolhas já faziam a diferença para as secretárias, há pelo

menos uma década atrás e continuarão a fazer diferença no âmbito profissional

e, decididamente, contribuirão para que empresas e mercado finalmente

reconheçam a profissão, entendam a necessidade de os profissionais de

secretariado terem de fato sua identificação assumida por todos: secretária,

organização e mercado.

As conclusões, após análise do material de pesquisa de campo, me

levaram a repensar o meu papel como agente formador das profissionais em

vista da falta de clareza para os futuros profissionais em relação ao seu papel

dentro das empresas e que é premissa entender as habilidades necessárias

para buscar reconhecimento e assumir uma identidade profissional que tanto

se fazem necessárias para aqueles que abraçaram por determinação pessoal

essa profissão. O que observamos no decorrer desta dissertação é que as

diretrizes que preconizam a formação da secretária nem sempre estão em

sintonia com a realidade da atuação profissional.

O desafio que se coloca à secretária executiva é que se aproprie do

instrumental ofertado pelo curso e traduza no seu cotidiano de trabalho.

Page 153: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

164

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao refletir sobre a entrada da mulher no mercado de trabalho, após a

Revolução Industrial, percebemos não somente que mudanças ocorreram, mas

também que alguns atributos da imagem da profissional daquela época ainda

perdura nas organizações, como paciência, tolerância, espírito maternal,

disponibilidade, compreensão, entre outros.

Esse paradigma, ainda implícito no comportamento feminino, contribui

para que uma imagem deturpada perdure em algumas organizações, forçando

e reforçando estigmas ou características maternais e de submissão, aquelas

mesmas que foram ressaltadas para que as mulheres assumissem as

profissões de professora e enfermeira. Ou seja, desempenhassem o papel das

mães sociais, anjos protetores, senhoras fraternas, solidárias, amorosas e

cordatas, amparo feminino que marcou certamente a mulher secretária

executiva, que adentra ao mercado de trabalho, não mais para socorrer os

doentes dos hospitais, das obras assistenciais, os sofredores e condenados

das guerras, tampouco as crianças que deveriam ser educadas,

complementando a educação recebida nos lares, mas cumprir outro papel

social.

As mulheres adentraram os escritórios para trabalhar ao lado dos

homens de negócios, no fluxo e refluxo de negócios, comércios, vendas,

serviços e outros. Este estigma ainda persiste porque, como em qualquer

profissão, existem os despreparados. No caso da mulher secretária,

consideramos despreparadas aquelas que se colocam à disposição para

trabalhos particulares de certos executivos, que não geram resultados

mensuráveis e reforçam a idéia equivocada de alguns dirigentes que acreditam

que ser secretária executiva significa estar à sombra de uma chefia.

Complementando aquilo que prevê as diretrizes curriculares dos cursos

superiores de secretariado executivo, as profissionais são preparadas

efetivamente para desenvolver habilidades de lidar com modelos inovadores de

gestão; gestão e assessoria administrativa com base em objetivos e metas

departamentais e empresariais; receptividade e liderança para o trabalho em

equipe; capacidade de maximização e otimização de recursos tecnológicos,

Page 154: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

165

entre outros. Mas, Virag (1999) adverte que este excesso de habilidades

exigidas pelo mercado acaba criando inúmeras dificuldades para estruturar

uma identidade profissional para a secretária.

Após a globalização, as mudanças foram sentidas ao redor do mundo, e

a população mundial viu-se na obrigação de correr atrás do atraso cultural, de

se inteirar a respeito de negócios, tecnologias e saber viver numa era em que

tudo é tratado praticamente no mundo virtual.

Num contexto inteiramente baseado em informações, nem uma

organização deveria superestimar o valor de uma excelente secretária

executiva. “Apesar do papel fundamental que as secretárias desempenham,

muitas organizações ainda subestimam suas funções e lhes oferecem além de

baixos salários, tarefas medíocres ou apenas atividades de execução”. Garland

(1993, p.112).

As profissionais necessitam buscar conhecimentos constantemente para

fortalecer a sua empregabilidade e o seu reconhecimento. Drucker (1998)

classifica o trabalhador do conhecimento como sucessor dos trabalhadores

industriais. Não podemos esquecer que, no atual mundo capitalista, a maioria

dos empregos exige qualificações e muita educação formal, além da

capacidade de aplicar os conhecimentos tanto teóricos quanto analíticos.

De acordo com o autor, por causa das exigências, criou-se o hábito da

aprendizagem contínua, e os trabalhadores do conhecimento ganham acesso a

empregos e posições sociais por meio da educação formal.

Para Drucker “a educação irá se tornar o centro da sociedade do

conhecimento e a escola será sua instituição chave”. Portanto, o aprendizado

torna-se riqueza e uma poderosa ferramenta que as secretárias possuem a seu

favor, até por intermédio das inúmeras tecnologias de aprendizado que se tem

hoje à disposição daqueles que querem investir na carreira.

Assim sendo, as profissionais que cada vez mais buscarem

conhecimentos e aprendizagem estarão mais aptas e especializadas para o

desenvolvimento do trabalho secretarial e habilitadas a compreenderem que as

habilidades exigidas dentro do perfil profissional começam por apreender o

significado de globalização e a flexibilidade da secretária para aceitar

mudanças, novos conhecimentos e novas responsabilidades.

Page 155: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

166

Drucker (ibid) procura atestar que a maioria dos funcionários que

possuem a formação específica, que sejam, portanto, especialistas, que

dominem as novas tecnologias através dos conhecimentos adquiridos por

treinamentos e ao longo da vida, não ficarão reféns, como na maioria dos

casos, de nenhuma organização. Ao contrário, as empresas é que necessitarão

de profissionais com conhecimentos, que sejam flexíveis e que atribuam à

educação continuada à importância que ela merece até para que as

organizações reconheçam seus esforços e suas qualidades como secretária.

O referido autor (1998) define a diferença entre um profissional

generalista e um especialista. Uma reflexão interessante para que as

secretárias executivas possam se situar como funcionárias nas organizações,

sabendo delinear suas atividades e aceitá-las com conhecimento, prática e

limites de atuação.

Notamos que o autor parece escrever para as profissionais de

secretariado, com o propósito de que as secretárias analisem e verifiquem que,

para desenvolver seu papel nas organizações, é preciso acima de tudo ter

competência. Fica claro na concepção do autor que existe uma concepção do

funcionário generalista e do especialista.

As secretárias executivas entrevistadas podem ser consideradas

especialistas na área secretarial, porém muito mais como técnicas de

secretariado do que propriamente como secretárias, porque aprenderam a

executar ou resolver problemas dentro da cultura organizacional em que estão

inseridas.

Verificamos que o que é característico das secretárias elas não

souberam explicar, isto é, o poder de gerenciar informações que só elas

conseguem administrar, mas não têm consciência disso, como também não

estão conscientes de que a problemática da escolha interfere sobremaneira na

sua atuação. Como agente formadora, me senti extremamente decepcionada,

pois nenhuma delas disse ter escolhido a profissão, mas foram escolhidas por

ela.

Drucker (1999, p.146-147: analisa no âmbito administrativo o papel do

colaborador nas organizações e nos remete a refletir “Onde e como eu posso

Page 156: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

167

ter resultados que façam uma diferença? O que a situação exige? Como

contribuir com o meu desempenho, com os meus valores, para quais

necessidades serem satisfeitas? Que resultados têm que ser atingidos para

que eu possa fazer a diferença?”

A dissertação foi delineada, em primeiro lugar, nos remetendo a

conhecer um pouco da história de uma das profissões mais antigas do mundo,

cujo profissional tem, como é o caso da maioria das secretárias participantes

desta pesquisa, o perfil desejado, mas fica à mercê das organizações quando

não padroniza sua atuação baseada nas habilidades necessárias e inerentes

ao cargo. Tais habilidades foram reconhecidas neste trabalho como as

principais para que a secretária obtenha sucesso. A respeito da flexibilidade,

por exemplo, De liberal (2005, p. 75) afirma:

Do ponto de vista da sociologia, a sociedade industrial, a

divisão do trabalho, tem a função de assegurar uma unidade do corpo

social e de criar uma solidariedade orgânica que permite aos

membros de uma sociedade de funções cada vez mais diferenciadas

conservarem a autonomia e a identidade.

A autora nos esclarece de forma bastante inteligente que estamos não

só na era do acesso, mas também nos encontramos na era da flexibilidade.

Todavia, independente de ser uma profissional, a secretária é mulher,

algumas vezes mãe, e outras, o sustentáculo da família. Levando-se em conta

a formação do sujeito secretária executiva é que se acentuam os dramas das

mulheres, como bem pontuou Souza Neto (2002), quando mencionou a

importância da emancipação da mulher a partir do final do século XIX. Como o

autor afirma, foi um longo período para que a mulher conseguisse espaço na

sociedade e no mercado de trabalho, por isso a subjetividade perpassa por um

determinado período histórico para as mulheres que atuam no mercado de

trabalho e, consequentemente, para as secretárias.

Pode-se acreditar que mudanças ainda ocorrerão para que a profissional

se sinta capaz de fazer valer sua competência, seus direitos, assim como seu

campo de atuação na organização, revelando, sua identidade para ser

respeitada nas organizações. Mesmo porque, como realça Campos Silva

(1996), as diferenças entre o trabalho do homem e da mulher na sociedade

Page 157: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

168

atual apresentam algumas disparidades, a começar pelos salários, uma vez

que os homens ainda ganham 30% a mais do que as mulheres. No entanto, na

questão de investimentos nos estudos e em qualificação o gênero feminino

atua com mais precisão.

Mudanças são esperadas neste sentido para que juntos, sociedade,

empresas e profissionais da área ou daquelas que estão se formando,

consigam definir um padrão de trabalho e possam se realizar satisfatoriamente.

Algumas profissionais continuam mantendo um comportamento de submissão,

dificultando para elas mesmas o reconhecimento que procuram. Na pesquisa

de campo, algumas entrevistadas alegaram que precisam trabalhar para se

sustentar, manter seus estudos e a família e que não podem colocar em risco o

emprego. Preferem executar as ordens a dar sugestões, ou participar

ativamente dos projetos de seu departamento.

A escolha da profissão tem um sentido diferenciado para cada

profissional, algumas optam por decisão própria, para ter salários atrativos ou

por necessidade de sobrevivência, o que demonstra que, em muitos casos,

falta identidade da secretária com a profissão, em outros casos, que são

motivadas por trabalhar ao lado dos centros de poder, o que certamente

confere certo status. A questão do poder é secular e, de acordo com Souza

Neto (2002), trata-se de uma realidade em que relações são estabelecidas

entre o sujeito e as estruturas onde atua.

Uma das atribuições da secretária executiva é atuar ao lado de

executivos que detêm parte do poder das organizações, nos departamentos

onde são tomadas as decisões e, dependendo dessas decisões, os objetivos e

metas organizacionais serão ou não conquistados pela secretária e pelos

demais colaboradores da empresa.

Da profissional se cobram inúmeras responsabilidades e, quando estas

são aceitas, os desafios são enfrentados, assim como as mudanças e as novas

tarefas, como forma de provar aos executivos que tem talento, que tem

formação superior específica de sua área, que conta com uma grande vontade

de aprender com os outros, com as instituições, com as equipes e que está

apta para novos aprendizados.

Na pesquisa de campo, na pergunta 12 do questionário, 83% das

profissionais entrevistadas disseram que buscam formação na área como

Page 158: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

169

forma de reconhecimento, mas admitem que a experiência também é válida

para a atuação nas organizações, que empreendem tempo e valores, levando-

se em conta as habilidades necessárias para atuar em conjunto e em parceria

com os executivos.

Para a maioria das 31 secretárias participantes da pesquisa, escolha,

flexibilidade, polivalência e autoconhecimento são elementos relevantes para a

atuação das secretárias no mercado de trabalho.

Das entrevistadas na pesquisa de campo, 62% disseram que se sentem

realizadas com a profissão, mesmo buscando quase que diariamente

reconhecimento profissional, o que para algumas ainda não chegou; outras,

mesmo reconhecidas, não sentem que a profissão tenha a sua identidade

própria.

Talvez seja o momento para uma reflexão mais profunda acerca das

exigências para a formação profissional, pensar a respeito das habilidades

exigidas, aquelas que o mercado quer e deseja e que possam ser delimitadas,

como afirma Virag (1999), para não prejudicar a reestruturação das funções e

sua identidade profissional.

Quase todas as secretárias entrevistadas alegaram que procuram se

atualizar profissionalmente, que buscam o autoconhecimento por intermédio de

cursos específicos, visando dar suporte emocional a si mesma e à empresa

nos momentos de pressão; que buscam o aprendizado constante por meio de

novas tecnologias e modalidades de negócios mundiais, na rede mundial de

contatos – Internet.

De acordo com Rifkin (2001, p.6) “as mudanças que estão ocorrendo na

estruturação das relações econômicas fazem parte de uma transformação

ainda maior que está se processando na natureza do sistema capitalista”.

É um indicativo de que para se manter nos negócios, empresas e

colaboradores, os profissionais precisam buscar informações e aprendizagem

constante, senão estarão fadados ao fracasso. Empresas e executivos

parecem que já entenderam essa necessidade do acesso e das conseqüências

da globalização, também na atuação profissional. Algumas secretárias

procuram acompanhar essas mudanças rápidas, por intermédio da formação

específica nos cursos superiores na área secretarial, cursos de auto-ajuda,

Page 159: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

170

participação de discussões e temáticas de sindicatos da área, como forma de

demonstrar potencial competitivo, criatividade e talento nas empresas.

Entretanto, os investimentos e a dedicação ainda não são suficientes

para que as empresas deixem de resistir e passem a creditar à profissional

mais que atividades de execução, porque, a maioria das organizações ainda

credita para a secretária somente o “executar” e pouco o “realizar”.

Considerando que tanto empresa quanto profissional precisam manter-

se na era da globalização e da tecnologia em tempo real, ambos precisam

acompanhar a evolução mundial do capitalismo que vivenciam todos os dias,

sendo necessário investir em equipamentos, tecnologias, treinamentos, e por

que não dizer, reconhecimento do sujeito secretária e respeito por sua trajetória

no decorrer da evolução da profissão.

A secretária trilha o seu caminho com persistência para mostrar

mediante experiências profissionais, formação, disciplina, polivalência e

flexibilidade perante as constantes mudanças ocorridas nas organizações.

Dessa forma, ela encontrará certamente sua identificação profissional sem ficar

à sombra dos executivos. Por enquanto, não conseguiu delinear um caminho

para entender sua escolha profissional, a importância do autoconhecimento, a

disposição em dar continuidade aos estudos e a flexibilidade para entender

finalmente o saber ser e saber fazer da secretária.

A profissão está reconhecida por Lei e tem sua regulamentação e código

de ética próprio. Está inserida no COB19 e busca aprovação do Conselho

Federal para poder fiscalizar tanto as empresas como os profissionais.

É fundamental prosseguir na discussão a respeito da identidade

profissional da secretária, haja vista ser de interesse da maioria dos

profissionais.

Apesar das habilidades inerentes às funções do cargo, as secretárias

[entrevistadas efetivamente não escolheram a profissão, e sim, foram

escolhidas por ela. Ficou claro também que a motivação para algumas das

pesquisadas em permanecer na profissão é por almejar bons salários e um

determinado status na organização.

Após a análise dos teóricos, tomamos por base a interpretação das três

técnicas utilizadas para buscar a resposta ao problema, ou seja, entender que 19 COB Classificação de Ocupações Brasileira

Page 160: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

171

a subjetividade é tudo que o sujeito sente, por meio das próprias experiências,

e que vai direcionar suas ações nas instituições às quais pertence. Ou seja, o

sujeito é aquele que tem condições de produzir uma determinada subjetividade,

um sentimento de existir. Somado à subjetividade, explicamos a identidade

com a profissão, o que nos levou a concluir que a secretária precisa, em

primeiro lugar, conhecer a sua personalidade, a sua escolha profissional e os

reais motivos de sua escolha, assim como estar pronta para mudanças e novas

atividades em tempo recorde.

Esta dissertação espera, pois, fomentar reflexões a respeito de possíveis

caminhos escolhidos e os motivos para se trilhar a carreira secretarial e

continuar na busca de uma identidade profissional, de reconhecimento e

sucesso na carreira. Espera-se que para as secretárias participantes desta

dissertação fique a reflexão para que todas olhem para dentro de si e façam

uma análise do que elas realmente esperam delas e das organizações. Além

disso, apreender como devem desempenhar nas empresas aquilo que é

característico da profissão que foi escolhida e seus limites de atuação, níveis

de conhecimentos e entendam que seu processo de socialização está mesmo

ligado ao ser e fazer da secretária executiva.

Espera-se, ainda, que instituições como a família, a escola, a sociedade

e as empresas possam encontrar meios de fazer com que as empresas, os

profissionais de variadas áreas e as secretárias encontrem solução comum

para um diálogo aberto, transparente, inteligente e instigante a respeito da

necessidade da clareza no que diz respeito à identidade secretarial nas

organizações.

Almeja-se que novas propostas de trabalho fortaleçam e articulem

interesses para enriquecer o relacionamento e a cooperação entre

colaboradores e empresas. Iniciar mudanças, promover diálogo e propostas é

fundamental para que a secretária se eduque e esteja aberta ao aprendizado

da própria profissão. Se isso ocorrer, já será um importante começo.

Competência e inteligência as secretárias possuem para modificar esta

realidade, basta colocar o CHA a serviço dela, secretária, e das instituições.

Para que possamos entender melhor, CHA significa: Conhecimento,

Habilidades e Atitudes.

Page 161: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

172

Somente assim poderemos ter o papel da secretaria definido com

critérios e conhecimento de todos para que a identidade secretarial possa ser

respeitada dentro e fora das organizações, dentro e fora da sociedade, dentro e

fora da mídia e, finalmente, ter a certeza da polivalência desta profissional

quando se tratar de aceitar desafios e cumprir suas metas de trabalho.

As profissionais precisam ficar atentas às mudanças rápidas que

ocorrem no mundo do trabalho, identificar e saber interpretar as novas

habilidades exigidas para a secretária, resultado da globalização. Nas últimas

décadas, a profissão de secretariado sofreu inúmeras mudanças em

decorrência da tecnologia, de comportamento e etiqueta profissional,

conhecimentos e culturas diversificadas, além de muitas empresas terem

passado pelo processo de “downsizing”20. Nessa realidade, a secretária

passou a desenvolver algumas tarefas gerenciais simples, desempenhando

novas atividades, diferentes daquelas que já desenvolviam. A informática e o

processo de “downsizing” na concepção de Veiga (2007) “foram os

responsáveis pela mudança no papel da secretária” que aqui consideramos a

sua atuação no mercado de trabalho.

Válido lembrar que algumas chefias ainda hoje não se conscientizaram

para essa mudança e para a importância das secretárias conferindo a

profissional o simples papel de executora. É necessário que mudanças de

mentalidade empresarial ocorram para que a identidade profissional da

secretária aconteça a passe a ser uma realidade e não apenas utopia.

A nossa proposta para reflexão diz respeito às habilidades

desenvolvidas para o cargo que a secretária tem e poderá ter. Flexibilidade já

faz parte de suas rotinas, a busca pelo autoconhecimento é agora mais do que

nunca a ferramenta necessária para que a secretária se conheça e passe a

fazer escolhas mais conscientes de seus objetivos profissionais.

Acrescentamos que a disciplina é parte de sua conduta, personalidade e

postura ética dirão quem ela é dentro e fora das organizações. A formação

específica e atualizações constantes só servirão para aquelas que pretendem

seguir na carreira e que com muita propriedade saibam fazer e ser Secretárias.

“Ser secretária não é para quem quer. É preciso estar capacitada para exercer

20 Significa enxugamento/diminuição

Page 162: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

173

a profissão com eficiência e eficácia.” E na construção de uma identificação

profissional tudo isso é levado em conta.

O objetivo desta dissertação foi compreender as habilidades, o saber, a

flexibilidade, autoconhecimento, escolha profissional e disposição para dar

continuidade aos estudos e, de fato, as habilidades foram discutidas entre

importantes teóricos e as secretárias executivas participantes deste trabalho e

foram compreendidas, a princípio, pela pesquisadora, quiçá fossem

compreendidas também pelas secretárias de forma geral.

Essas habilidades influenciam sobremaneira no ser e no fazer da

secretária executiva, pois se conhecendo terá a possibilidade de conhecer o

outro, saber o que é próprio dela e, assim, saber como atuar em seu papel

profissional. Não podemos de forma alguma desassociar o ser da secretária

executiva do fazer da secretária executiva, porque ambos estão ligados de

forma a proporcionar a realização no trabalho da secretária e conquistar a sua

identidade. Estará pronta para enfrentar o atual momento socioeconômico e o

mundo do trabalho para, quem sabe, além de uma identidade profissional, ela

consiga manter-se na sua empregabilidade, com capacidade de atuar em

outros campos profissionais.

Concluímos que o diferencial mais importante na atuação da

secretária é o gerenciamento das informações às quais ela tem acesso

diariamente, mas esta característica peculiar à secretária não fica clara para as

participantes da pesquisa. E finalmente, que elas entendam e possam vivenciar

a importância de ter desenvolvidas as habilidades como a flexibilidade e a

disposição para continuar os estudos após a sua formação na área.

Verificamos também que não fica claro o entendimento da questão do

autoconhecimento e o escolher da profissão para que elas se reconheçam

primeiro e depois sejam reconhecidas, portanto, precisam com demasiada

urgência rever o seu comportamento como pessoa e como profissional e como

ferramenta para que, ao compreenderem o conceito de identidade, elas

possam também entender as prerrogativas de seu cargo e se realizarem nele,

fazendo com que a identificação da profissão aconteça naturalmente dentro

das organizações.

Page 163: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

174

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALONSO, Maria Ester Cambrea. A arte de assessorar executivos. São Paulo: Edições Pulsar, 2002. ANDRADE, Márcia Siqueira; SOUZA NETO, João Clemente (orgs). Análise Institucional. São Paulo: Expressão e Arte Editora, 2007. BERGAMINI, Cecília Whitaker. Motivação nas organizações. São Paulo: Atlas, 1997. BERVIAN, Pedro A.; CERVO, Amado L. Metodologia Científica. São Paulo: Prentice Hall, 2003. BRESCANCINI, Ana Maria. Insatisfeito, Satisfeito, Motivado - Clima organizacional que deve ser investigado e gerenciado, orienta estratégias para motivar pessoas. Disponível em: http://www.revista.fundap.gov.br/revista2/paginas/ferramentas Acesso em: 20.02.2008. BRUSCHINI, Maria Cristina Aranha. Trabalho e gênero no Brasil nos últimos 10 anos. Caderno de Pesquisa, vl. 37, nº 132, São Paulo. De setembro a dezembro de 2007, p.33 – Fundação Carlos Chagas, grupo de pesquisa, socialização de gênero e raça. Disponível em www.scielo.br/scielo.php?.script. Acesso em 15.05.2008. CAMPOS SILVA, Laura Belluzo. A Escolha da Profissão. Uma abordagem psicossocial. São Paulo: Unimarco, 1996. CARDOZO, Julio Sergio. As novas oportunidades no ambiente globalizado. Disponível em: <http://www.mulhercontabilista.com.br/site/noticias>. Acesso em 22.03.2008. CARVALHO, Antonio Pires; GRISSON, Diller. Manual do secretariado executivo. São Paulo: D'Livros, 1998. CHALITA, Gabriel. Educação, a solução está no afeto. São Paulo: Gente, 2001.

Page 164: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

175

CHANLAT, Jean-François. O Indivíduo na organização. São Paulo: Atlas, 1991. CHIAVENATTO, Idalberto. Gerenciando Pessoas: O passo decisivo para a administração. São Paulo: Makron Books, 1994. CORTELLA, Mário Sérgio. A escola e o conhecimento. São Paulo: Cortez, 1998. CROSBY, Philip B. Qualidade é investimento. São Paulo: José Olympio, 1998. DELORS, Jacques. Educação: um tesouro a descobrir. São Paulo: Cortez; Brasília, DF, MEC,: UNESCO,2004. D´ELIA, Maria Elizabete Silva; GARCIA, Edméa. Secretária Executiva. São Paulo: IOB-Thomson, 2005. DEMO, Pedro. Introdução à metodologia da ciência. São Paulo: Atlas, 1994. DICIONÁRIO de Ouro de Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Edições de Ouro, 1992. DICIONÁRIO Escolar da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Fae, 1994. DRAGONETTI, Nirley. O profissional de psicologia: um estudo sobre o seu reconhecimento e sua Identidade. 2001. 94 f. Dissertação. Universidade São Marcos, São Paulo, 2001. DRUCKER, Peter. O gerente eficaz. Rio de Janeiro: Zahar, 1972. ______________.Fator Humano e desempenho. São Paulo:Pioneira, 1997. ______________. Desafios Gerenciais para o século XXI. São Paulo: Pioneira & Thomson Learning, 1999. DUBAR, Claude. A Socialização: construção das identidades sociais e profissionais. São Paulo: Martins Fontes, 2005. DUTRA, Joel. Gestão de Pessoas: Modelos, processo, tendências e perspectiva. São Paulo: Atlas, 2002.

Page 165: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

176

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985. FERREIRA, José Maria Carvalho; Qvortup, Jens; Casco, Ricardo; Nascimento, Maria Letícia; Clemente, João. Globalização, marginalidade social e violência juvenil nos contextos urbanos. Infância, violência, instituições e políticas públicas. São Paulo: Expressão & Arte, 2008, v.2, p.17-42. FROMM, Erich. Ter ou ser. Rio de Janeiro: Zahar, 1982. GARCIA,Elizathe Virag. Fundamentos da Secretária Executiva. São Paulo: Summus,1999. GARLAND, Ron. Administração e Gerenciamento na Nova Era. São Paulo: Saraiva, 1993. GONÇALVES, Maria Helena Barreto. Ética & trabalho. São Paulo: Senac, 1996. GUIMARÃES, Márcio Eustáquio. O livro azul da secretária moderna. São Paulo: 2003. KANAANE, Roberto. Comportamento humano nas organizações: o homem rumo ao século XXI. São Paulo: Atlas, 1998. KUPFER, Maria Cristina. Freud e a educação. São Paulo: Scipione, 1997. LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos da Metodologia Científica. São Paulo: Atlas,2001. LIBERAL, Marcia Mello Costa De (org); Souza Neto, João Clemente de (org). Ética – reflexões contemporâneas. Curitiba: Arauco, 2005. LÓGICA E CONHECIMENTO CIENTÍFICO [Logique et conssaissaince e cientifique]. In: ENCYCLOPÉDIE DE LA PLÉIADE. Direção de Jean Piaget; tradução de Felipe Araújo. Porto: Livraria Civilização, 1967, p. 95-104. LUZURIAGA, Lourenzo. História da educação e da pedagogia: atualidades pedagógicas. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 1990.

Page 166: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

177

MAERKER. Stefi. Secretária: uma parceira de sucesso. São Paulo: Gente, 1999. MANZINI-COVRE, Maria de Lourdes. O que é Cidadania. São Paulo: Brasiliense, 1996. _______________ Mudança de sentindo, sujeitos e cidadania. São Paulo: Expressão e Arte Editora, 2005 MATTOS, Vera. Supersecretária. São Paulo: Nobel, 2000. MINUCUCCI, Agostinho. Psicologia aplicada à Administração. São Paulo, Atlas, 1995. MORGAN, Clifford T. Introdução à psicologia. São Paulo: Makron Books do Brasil, 1977. MOLL, Luiz C. Vygotsky e a educação. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996. NATALENSE, Liana. A secretária do futuro. São Paulo, Qualitymark, 1998. _______________. A secretária na estrutura organizacional: manual da secretária executiva. São Paulo: IOB, 1998. NUNES, Maria Madalena Barreto. A evolução do papel da secretária. São Paulo: Senac, 1994. PASQUARELLI, Maria Luíza Rigo. Normas para a apresentação de trabalhos científicos. ABNT/NBR-1424, agosto 2002 – Ementa 2005. Osasco: Edifieo, 2006. PETRAGLIA, Izabel Cristina. Edgar Morin. A educação e a complexidade do ser e do saber. Petrópolis: Vozes, 1995. POLETTI, Valéria. Consegui meu diploma: e agora? Organização & produtividade Revista Secretária Executiva, Curitiba, ano 5, nº 51, p. 17, jan.2000.

Page 167: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

178

Reich, Robert B. O trabalho das nações. São Paulo: Educator, 1994. RIFKIN, Jeremy. A era do Acesso. São Paulo: Makron Books, 2001. ROBBINS, Stephen P. Comportamento Organizacional. São Paulo: Pintice Hall, 2002. ROCHA, Fábio Gomes; SABINO, Rosimeri Ferraz. Secretariado: do escriba ao web writer. Rio de Janeiro: Brasport, 2004. SANTOS, Patrícia Breta dos. O profissional secretário e a globalização: manual do secretariado executivo. São Paulo: D'Livros, 1998. SILVA, Maria Cecília Almeida. Psicopedagogia: em busca de uma fundamentação teórica. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1998. SOUZA NETO, João Clemente. Crianças e adolescentes abandonados. estratégias de sobrevivência. São Paulo: Expressão & Arte, 2002. SOUZA NETO, João Clemente; De Liberal, Márcia Mello Costa. A metamorfose do trabalho na era da globalização. São Paulo: Expressão & Arte, 2003. VEIGA, Denise Rachel. Guia de Secretariado – Técnicas e comportamento. São Paulo: Érica, 2007.

WHITAKER, Dulce. A escolha da carreira. São Paulo: Editora Moderna, 1985.

Page 168: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

179

ANEXOS

ANEXO I - REGULAMENTÇÃO DA PROFISSÃO - LEI 7.377 e 9.261

ANEXO II - CÓDIGO DE ÉTICA DE SECRETARIADO

ANEXO III - PARECER MEC No. CSE/CNE 0102/2004 (Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação em Secretariado Executivo)

ANEXO IV - REGISTRO PROFISSIONAL DE SECRETARIADO

ANEXO V – ÍNTEGRA DA ENTREVISTA INDIVIDUAL COM AS SEIS

SECRETÁRIAS.

ANEXO VI – ÍNTEGRA DA DISCUSSÃO TEMÁTICA EM GRUPO COM SEIS

SECRETÁRIAS EXECUTIVAS.

ANEXO VII – MODELO DE QUESTIONÁRIO APLICADO PARA A PESQUISA

DE CAMPO.

Page 169: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

180

REGULAMENTÇÃO DA PROFISSÃO - LEI 7.377 e 9.261

Page 170: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

181

Lei de Regulamentação da Profissão

LEI 7377, DE 30/09/85 E LEI 9261(*), DE 10/01/96

Dispõe sobre o exercício da profissão de secretário e dá outras providências

O Presidente da República.

Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º. O exercício da profissão de secretário é regulado pela presente Lei.

Art. 2º. Para os efeitos desta Lei, é considerado:

I - Secretário Executivo

a) o profissional diplomado no Brasil por curso superior de Secretariado, reconhecido na forma da Lei, ou diplomado no exterior por curso de Secretariado, cujo diploma seja revalidado no Brasil, na forma da Lei. b) portador de qualquer diploma de nível superior que, na data de início da vigência desta Lei, houver comprovado, através de declarações de empregadores, o exercício efetivo, durante pelo menos trinta e seis meses, das atribuições mencionadas no Art. 4º. desta Lei (Red. Lei 9261 D.O.U. 11/01/96).

II - Técnico em Secretariado

a) o profissional portador de certificado de conclusão de curso de Secretariado em nível de 2º grau.

b) portador de certificado de conclusão do 2º grau que, na data de início da vigência desta Lei, houver comprovado, através de declarações de empregadores, o exercício efetivo, durante pelo menos trinta e seis meses, das atribuições mencionadas no Art. 5º desta Lei (Red. Lei 9261 D.O.U 11/01/96).

Art. 3º. É assegurado o direito ao exercício da profissão aos que, embora não habilitados nos termos do artigo anterior, contém pelo menos cinco anos ininterruptos ou dez anos intercalados de exercício de atividades próprias de secretária, na data de vigência desta Lei (Red. Lei 9261 D.O.U. 11/01/96).

Art. 4º. São atribuições do Secretário Executivo:

I - planejamento, organização e direção de serviços de secretaria; II - assistência e assessoramento direto a executivos; III - coleta de informações para consecução de objetivos e metas de empresas; IV - redação de textos profissionais especializados, inclusive em idioma estrangeiro; V - interpretação e sintetização de textos e documentos; VI - taquigrafia de ditados, discursos, conferências, palestras de explanações, inclusive em idioma estrangeiro;

Page 171: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

182

VII - versão e tradução em idioma estrangeiro, para atender às necessidades de comunicação da empresa; VIII - registro e distribuição de expediente e outras tarefas correlatas; IX - orientação da avaliação e seleção da correspondência para fins de encaminhamento a chefia; X - conhecimentos protocolares.

Art. 5º. São atribuições do Técnico em Secretariado:

I - organização e manutenção dos arquivos da secretaria; II - classificação, registro e distribuição de correspondência; III - redação e datilografia de correspondência e documentos de rotina, inclusive em idioma estrangeiro; IV - execução de serviços típicos de escritório, tais como recepção, registro de compromissos, informações e atendimento telefônico.

Art. 6º. O exercício da profissão de Secretário requer prévio registro na Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (antiga Delegacia Regional do Trabalho) do Ministério do Trabalho e far-se-á mediante a apresentação de documento comprobatório de conclusão dos cursos previstos nos incisos I e II do Art.2º. desta Lei e da Carteira de Trabalho e Previdência Social - CTPS.

Parágrafo Único - No caso dos profissionais incluídos no Art.3º., a prova da atuação será feita por meio de anotações na Carteira de Trabalho e Previdência Social e através de declarações das empresas nas quais os profissionais tenham desenvolvido suas respectivas atividades, discriminando as atribuições a serem confrontadas com os elencos especificados nos Arts. 4º. e 5º. (Red. Lei 9261 D.O.U. 11/01/96).

Art. 7º. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 8º. Revogam-se as disposições em contrário.

Brasília, em 30 de setembro de 1985. 164º.da Independência e 97º.da República José Sarney Almir Pazzianotto

* Brasília, em 10 de janeiro de 1996. 175º.da Independência e 108º.da República Fernando Henrique Cardoso Paulo Paiva

Page 172: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

183

CÓDIGO DE ÉTICA DE SECRETARIADO

Page 173: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

184

Código de Ética

Este Código de Ética é um dos instrumentos básicos para o direcionamento correto da nossa atuação como profissionais. Se você ainda não o conhece, invista cinco minutos na sua leitura. Se você já o conhece, aproveite para relê-lo. Deixe-o à mão, divulgue-o entre as colegas de profissão, mostre-o ao setor de RH de sua empresa e aos executivos.

Faça uma reflexão e veja como - individualmente ou em grupo - o Código pode ser melhor conhecido e, principalmente, colocado em prática. Sempre que fizer sua auto-avaliação profissional, tenha o Código de Ética como parâmetro.

Diretoria do SINSESP

Código de Ética

Publicado no Diário Oficial da União de 7 de julho de 1989.

Capítulo I Dos Princípios Fundamentais

Art.1º. - Considera-se Secretário ou Secretária, com direito ao exercício da profissão, a pessoa legalmente credenciada nos termos da lei em vigor.

Art.2º. - O presente Código de Ética Profissional tem por objetivo fixar normas de procedimentos dos Profissionais quando no exercício de sua profissão, regulando-lhes as relações com a própria categoria, com os poderes públicos e com a sociedade.

Art.3º. - Cabe ao profissional zelar pelo prestígio e responsabilidade de sua profissão, tratando-a sempre como um dos bens mais nobres, contribuindo, através do exemplo de seus atos, para elevar a categoria, obedecendo aos preceitos morais e legais.

Capítulo II Dos Direitos

Art.4º. - Constituem-se direitos dos Secretários e Secretárias:

a) garantir e defender as atribuições estabelecidas na Lei de Regulamentação; b) participar de entidades representativas da categoria;

c) participar de atividades públicas ou não, que visem defender os direitos da categoria;

d) defender a integridade moral e social da profissão, denunciando às entidades da categoria qualquer tipo de alusão desmoralizadora;

Page 174: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

185

e) receber remuneração equiparada à dos profissionais de seu nível de escolaridade;

f) ter acesso a cursos de treinamento e a outros eventos cuja finalidade seja o aprimoramento profissional;

g) jornada de trabalho compatível com a legislação trabalhista em vigor.

Capítulo III Dos Deveres Fundamentais

Art.5º. - Constituem-se deveres fundamentais das Secretárias e Secretários:

a) considerar a profissão como um fim para a realização profissional;

b) direcionar seu comportamento profissional, sempre a bem da verdade, da moral e da ética;

c) respeitar sua profissão e exercer suas atividades, sempre procurando aperfeiçoamento;

d) operacionalizar e canalizar adequadamente o processo de comunicação com o público;

e) ser positivo em seus pronunciamentos e tomadas de decisões, sabendo colocar e expressar suas atividades;

f) procurar informar-se de todos os assuntos a respeito de sua profissão e dos avanços tecnológicos, que poderão facilitar o desempenho de suas atividades; g) lutar pelo progresso da profissão;

h) combater o exercício ilegal da profissão;

i) colaborar com as instituições que ministram cursos específicos, oferecendo-lhes subsídios e orientações.

Capítulo IV Do Sigilo Profissional

Art.6º. - A Secretária e o Secretário, no exercício de sua profissão, deve guardar absoluto sigilo sobre assuntos e documentos que lhe são confiados.

Art.7º. - É vedado ao Profissional assinar documentos que possam resultar no comprometimento da dignidade profissional da categoria.

Capítulo V Das Relações entre Profissionais Secretários

Art.8º. - Compete às Secretárias e Secretários:

a) manter entre si a solidariedade e o intercâmbio, como forma de fortalecimento da categoria;

b) estabelecer e manter um clima profissional cortês, no ambiente de

Page 175: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

186

trabalho, não alimentando discórdia e desentendimento profissionais;

c) respeitar a capacidade e as limitações individuais, sem preconceito de cor, religião, cunho político ou posição social;

d) estabelecer um clima de respeito à hierarquia com liderança e competência.

Art.9º. - É vedado aos profissionais:

a) usar de amizades, posição e influências obtidas no exercício de sua função, para conseguir qualquer tipo de favoritismo pessoal ou facilidades, em detrimento de outros profissionais;

b) prejudicar deliberadamente a reputação profissional de outro secretário;

c) ser, em função de seu espírito de solidariedade, conivente com erro, contravenção penal ou infração a este Código de Ética.

Capítulo VI Das Relações com a Empresa

Art.10º. - Compete ao Profissional, no pleno exercício de suas atividades:

a) identificar-se com a filosofia empresarial, sendo um agente facilitador e colaborador na implantação de mudanças administrativas e políticas;

b) agir como elemento facilitador das relações interpessoais na sua área de atuação;

c) atuar como figura-chave no fluxo de informações desenvolvendo e mantendo de forma dinâmica e contínua os sistemas de comunicação.

Art.11º. - É vedado aos Profissionais:

a) utilizar-se da proximidade com o superior imediato para obter favores pessoais ou estabelecer uma rotina de trabalho diferenciada em relação aos demais;

b) prejudicar deliberadamente outros profissionais, no ambiente de trabalho.

Capítulo VII Das Relações com as Entidades da Categoria

Art.12º. - A Secretária e o Secretário devem participar ativamente de suas entidades representativas, colaborando e apoiando os movimentos que tenham por finalidade defender os direitos profissionais.

Art.13º. - Acatar as resoluções aprovadas pelas entidades de classe.

Art.14º. - Quando no desempenho de qualquer cargo diretivo, em entidades da categoria, não se utilizar dessa posição em proveito próprio.

Art.15º. - Participar dos movimentos sociais e/ou estudos que se relacionem

Page 176: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

187

com o seu campo de atividade profissional.

Art.16º. - As Secretárias e Secretários deverão cumprir suas obrigações, tais como mensalidades e taxas, legalmente estabelecidas, junto às entidades de classes a que pertencem.

Capítulo VIII Da Obediência, Aplicação e Vigência do Código de Ética

Art.17º. - Cumprir e fazer cumprir este Código é dever de todo Secretário.

Art.18º. - Cabe aos Secretários docentes informar, esclarecer e orientar os estudantes, quanto aos princípios e normas contidas neste Código.

Art.19º. - As infrações deste Código de Ética Profissional acarretarão penalidades, desde a advertência à cassação do Registro Profissional na forma dos dispositivos legais e/ou regimentais, através da Federação Nacional das Secretárias e Secretários.

Art.20º. - Constituem infrações:

a) transgredir preceitos deste Código;

b) exercer a profissão sem que esteja devidamente habilitado nos termos da legislação específica;

c) utilizar o nome da Categoria Profissional das Secretárias e/ou Secretários para quaisquer fins, sem o endosso dos Sindicatos de Classe, em nível Estadual e da Federação Nacional nas localidades organizadas em Sindicatos e/ou em nível Nacional.

Page 177: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

188

PARECER MEC No. CSE/CNE 0102/2004 (Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação em Secretariado Executivo)

Page 178: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

189

PARECER HOMOLOGADO (*) (*) Despacho do Ministro, publicado no Diário Oficial da União de 12/4/2004. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO INTERESSADO: Conselho Nacional de Educação / Câmara de Educação Superior UF: DF ASSUNTO: Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de Graduação em Secretariado Executivo RELATORES: José Carlos Almeida da Silva e Lauro Ribas Zimmer PROCESSOS NºS: 23001.000074/2002-10, 23001.000303/2001-15 e 23001.000150/2003-60 PARECER Nº CES/CNE 0102/2004 COLEGIADO: CES APROVADO EM: 11/3/2004 I – RELATÓRIO A Lei 9.131, sancionada em 24/11/95, deu nova redação ao Art. 9º, § 2º, alínea “c”, da então LDB 4.024/61, conferindo à Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de Educação a competência para “a elaboração do projeto de Diretrizes Curriculares Nacionais – DCN, que orientarão os cursos de graduação, a partir das propostas a serem enviadas pela Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação ao Conselho Nacional de Educação”, tal como viria a estabelecer o inciso VII do Art. 9º da nova LDB, Lei 9.394/96, de 20/12/96. Para orientar a elaboração das propostas de Diretrizes Curriculares Nacionais, a Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de Educação já havia editado os Pareceres CNE/CES 776/97 e 583/2001, tendo a SESu/MEC publicado o Edital 4, de 4/12/97, convocando as instituições de ensino superior para que realizassem ampla discussão com a sociedade científica, ordens e associações profissionais, associações de classe, setor produtivo e outros envolvidos do que resultassem propostas e sugestões para a elaboração das Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos de Graduação, contribuições essas, significativas, a serem sistematizadas pelas Comissões de Especialistas de Ensino de cada área. A Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de Educação aprovou também, em 11/3/2003, o Parecer CNE/CES 067/2003, contendo todo um referencial para as Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos de Graduação, inclusive para o efetivo entendimento da

Page 179: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

190

transição entre o regime anterior e o instituído pela nova Lei 9.394/96, como preceitua o seu Art. 90, tendo, por razões de ordem metodológica, estabelecido um paralelo entre Currículos Mínimos Nacionais, Profissionalizantes e Diretrizes Curriculares Nacionais. Constata-se que, quanto aos Currículos Mínimos, o referencial enfocou a concepção, a abrangência e os objetivos dos referidos currículos, fixados por curso de graduação, ensejando as respectivas formulações de grades curriculares, cujo atendimento implicava fornecer diplomas profissionais, assegurado o exercício das prerrogativas e o direito de cada profissão. José Carlos 0074/0303/0150/SOS 2 No entanto, quanto às Diretrizes Curriculares Nacionais, o parecer elencou os princípios que lhes embasam a formulação, disto resultando o nítido referencial entre o regime anterior e o proposto para nova ordem jurídica. Ainda sobre o referencial esboçado no Parecer CNE/CES 067/2003, verifica-se que existem mesmo determinadas diretrizes que poderiam ser consideradas comuns aos cursos de graduação, enquanto outras atenderiam à natureza e às peculiaridades de cada curso, desde que fossem contempladas as alíneas “a” a “g” do item II do Parecer CNE/CES 583/2001, “litteris”: “a- Perfil do formando/egresso/profissional - conforme o curso, o

projeto pedagógico deverá orientar o currículo para um perfil

profissional desejado;

“b- Competência/habilidades/atitudes.

“c- Habilitações e ênfase.

“d- Conteúdo curriculares.

“e- Organização do curso.

“f- Estágios e atividades complementares

“g- Acompanhamento e Avaliação”.

É evidente que as Diretrizes Curriculares Nacionais, longe de serem consideradas como um corpo normativo, rígido e engessado, a se confundirem com os antigos Currículos Mínimos Profissionalizantes, objetivam, ao contrário, “servir de referência para as instituições na organização de seus programas de formação, permitindo flexibilidade e priorização de áreas de conhecimento na construção dos currículos plenos. Devem induzir à criação de diferentes formações e habilitações para cada área do conhecimento, possibilitando ainda definirem múltiplos perfis profissionais, garantindo uma maior diversidade de carreiras, promovendo a integração do ensino de graduação com a pós-graduação, privilegiando, no perfil de seus formandos, as competências intelectuais que reflitam a heterogeneidade das demandas sociais”.

Page 180: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

191

Assim, as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação em Secretariado Executivo devem refletir uma dinâmica que atenda aos diferentes perfis de desempenho a cada momento exigidos pela sociedade, nessa “heterogeneidade das mudanças sociais” sempre acompanhadas de novas e mais sofisticadas tecnologias, a exigir contínuas revisões do projeto pedagógico de um curso para que ele se constitua a caixa de ressonância dessas efetivas demandas, através de um profissional adaptável e com a suficiente autonomia intelectual e de conhecimento para que se ajuste sempre às necessidades emergentes. Sem dúvida este é um novo tempo, em que as instituições de ensino superior responderão pelo padrão de qualidade do curso de graduação em Secretariado Executivo de forma a atender, dentre outros, o Art. 43, incisos II e III, da Lei 9.394/96, comprometendo-se por preparar profissionais aptos para a sua inserção no campo do desenvolvimento social, segundo as peculiaridades da graduação, resultando, não propriamente um profissional “preparado”, mas profissional apto às mudanças e, portanto, adaptável. Sendo o Conselho Nacional de Educação uma instituição de Estado e não de Governo, constitui-se ele um espaço democrático por excelência, onde se discutem e se refletem sobre todas as contribuições que possam, de algum modo, enriquecer as diretrizes curriculares de um determinado curso, para que, sendo nacionais, se adeqüem àquelas expectativas de maior amplitude, naquilo que é geral e comum a todos e, ao mesmo tempo, ensejem a flexibilização José Carlos 0074/0303/0150/SOS 3 necessária para o atendimento regional, comunitário, local, “segundo as exigências do meio” e de cada época, como preconiza a lei. Por esta razão, foi acolhida parte significativa das novas contribuições encaminhadas pelos participantes do Fórum de Profissionais, Estudantes e Docentes de Secretariado, realizado no período de 25 a 27/4/2002, em Foz do Iguaçu, Estado do Paraná, endossadas pela Federação Nacional das Secretárias e Secretários – FENASSEC, acrescentando- lhes ainda as remetidas pela mesma entidade através do Ofício – PRE 55/2003, de 20/11/2003, contendo uma “Proposta para Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Secretariado Executivo”, aprovada em 15/11/2003, em Aracaju/SE. Por fim, vale salientar que as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação em Secretariado Executivo estão analisadas e definidas por tópico específico, a seguir destacado, em cada situação concreta. ?? Organização do Curso A organização do curso de graduação em Secretariado Executivo, observadas as

Page 181: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

192

Diretrizes Curriculares Nacionais e os pareceres desta Câmara, indicará claramente o regime de oferta, os componentes curriculares, o estágio curric ular supervisionado, as atividades complementares, a monografia como componente opcional da instituição, o sistema de avaliação, o perfil do formando, as competências e habilidades, os conteúdos curriculares e a duração do curso, sem prejuízo de outros aspectos que tornem consistente o referido projeto pedagógico. ?? Projeto Pedagógico As instituições de ensino superior deverão, na elaboração do projeto pedagógico de cada curso de graduação ora relatado, definir, com clareza, os elementos que lastreiam a própria concepção do curso, com suas peculiaridades e contextualização, o seu currículo pleno e sua adequada operacionalização e coerente sistemática de avaliação, destacando-se os seguintes elementos estruturais, sem prejuízo de outros: I - objetivos gerais do curso, contextualizados em relação às suas inserções institucional, política, geográfica e social; II - condições objetivas de oferta e a vocação do curso; III - cargas horárias das atividades didáticas e da integralização do curso; IV - formas de realização da interdisciplinaridade; V - modos de integração entre teoria e prática; VI - formas de avaliação do ensino e da aprendizagem; VII - modos da integração entre graduação e pós-graduação, quando houver; VIII - cursos de pós-graduação lato sensu, nas modalidades especialização integrada e/ou subseqüente à graduação, de acordo com o surgimento das diferentes manifestações teórico-práticas e tecnológicas aplicadas à área da graduação, e de aperfeiçoamento, de acordo com as efetivas demandas do desempenho profissional. IX - incentivo à pesquisa, como necessário prolongamento da atividade de ensino e como instrumento para a iniciação científica; X - concepção e composição das atividades de estágio curricular supervisionado, suas diferentes formas e condições de realização, observado o respectivo regulamento; XI - concepção e composição das atividades complementares. José Carlos 0074/0303/0150/SOS 4 O projeto pedagógico de cada curso de graduação em Secretariado Executivo, por seu turno, poderá admitir linhas de formação específicas, nas diversas áreas que ensejem o exercício das funções como Assessor Executivo, abrangendo encargos relacionados com situações gerenciais de empreendedorismo ou de consultoria, correlacionadas ou contidas nas atribuições do Secretário Executivo, para melhor atender as mudanças culturais, econômicas, políticas, sociais, empresariais e profissionais, em âmbito nacional e internacional. ?? Perfil Desejado do Formando O curso de graduação em Secretariado Executivo se propõe formar bacharéis com sólida formação geral e humanística, com capacidade de análise, interpretação e articulação

Page 182: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

193

de conceitos e realidades inerentes à administração pública e privada, aptos para o domínio em outros ramos do saber, desenvolvendo postura reflexiva e crítica que fomente a capacidade de gerir e administrar processos e pessoas, com observância dos níveis graduais de tomada de decisão, capazes para atuar nos níveis de comportamento microorganizacional, mesoorganizacional e macroorganizacional. O curso de graduação em Secretariado Executivo deve ensejar a formação com sólidos domínios acadêmicos, científicos e tecnológicos de seu campo de atuação, competente para assessorar a instituições em suas relações nacionais e internacionais, apto ao eficaz desempenho de múltiplas relações de acordo com as especificidades da organização, gerenciando informações e comunicações internas e externas. Competências e Habilidades O curso de graduação em Secretariado Executivo deve possibilitar a formação profissional que revele, pelo menos, as seguintes competências e habilidades: I – capacidade de articulação de acordo com os níveis de competências fixadas pelas organizações; II – visão generalista da organização e das peculiares relações hierárquicas e intersetoriais; III – exercício de funções gerenciais, com sólido domínio sobre planejamento, organização, controle e direção; IV – utilização do raciocínio lógico, critico e analítico, operando com valores e estabelecendo relações formais e causais entre fenômenos e situações organizacionais; V – habilidade de lidar com modelos inovadores de gestão; VI – domínio dos recursos de expressão e de comunicação compatíveis com o exercício profissional, inclusive nos processos de negociação e nas comunicações interpessoais ou inter-grupais; VII – receptividade e liderança para o trabalho em equipe, na busca da sinergia; VIII – adoção de meios alternativos relacionados com a melhoria da qualidade e da produtividade dos serviços, identificando necessidades e equacionando soluções; IX – gerenciamento de informações, assegurando uniformidade e referencial para diferentes usuários; X – gestão e assessoria administrativa com base em objetivos e metas departamentais e empresariais; XI – capacidade de maximização e otimização dos recursos tecnológicos; XII – eficaz utilização de técnicas secretariais, com renovadas tecnologias, imprimindo segurança, credibilidade e fidelidade no fluxo de informações; e José Carlos 0074/0303/0150/SOS 5 XIII – iniciativa, criatividade, determinação, vontade de aprender, abertura às mudanças, consciência das implicações e responsabilidades éticas do seu exercício profissional. ?? Conteúdos Curriculares Os cursos de graduação em Secretariado Executivo deverão contemplar, em seus projetos pedagógicos e em sua organização curricular, os seguintes conteúdos interligados: I – Conteúdos Básicos: estudos relacionados com as ciências sociais, com as ciências

Page 183: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

194

jurídicas, com as ciências econômicas e com as ciências da comunicação e da informação; II – Conteúdos Específicos: estudos das técnicas secretariais, da gestão secretarial, da administração e planejamento estratégico nas organizações públicas e privadas, de organização e métodos, de psicologia empresarial, de ética geral e profissional, além do domínio de, pelo menos, uma língua estrangeira e do aprofundamento da língua nacional; III – Conteúdos Teórico-Práticos: laboratórios informatizados, com as diversas interligações em rede, estágio curricular supervisionado e atividades complementares, especialmente a abordagem teórico-prática dos sistemas de comunicação, com ênfase em softwares e aplicativos. ?? Organização Curricular O projeto pedagógico do curso de graduação em Secretariado Executivo se reflete, indubitavelmente em sua organização curricular, para a qual a instituição de ensino superior exercitará seu potencial inovador e criativo, com liberdade e flexibilidade e estabelecerá expressamente as condições para a efetiva conclusão do curso e subseqüente colação de grau, desde que comprovadas a indispensável integralização curricular e o tempo útil fixado para o curso, de acordo com os seguintes regimes acadêmicos que as instituições de ensino superior adotarem: regime seriado anual; regime seriado semestral; sistema de créditos com matrícula por disciplina ou por módulos acadêmicos, com a adoção de pré-requisitos, ou outros modelos operacionais que atendam, pelo menos, aos mínimos de dias letivos, ou aos créditos/carga horária atribuídos ao curso. ?? Estágio Curricular Supervisionado O projeto pedagógico do curso de graduação em Secretariado Executivo deve contemplar objetivamente a realização de estágios curriculares supervisionados, tão importantes para a dinâmica do currículo com vistas à implementação do perfil desejado para o formando, não os confundindo com determinadas práticas realizadas em instituições e empresas, a título de “estágio profissional”, que mais se assemelha a uma prestação de serviço, distanciando-se das características e finalidades específicas dos estágios curriculares supervisionados. Voltado para desempenhos profissionais, antes mesmo de se considerar concluído o curso, é necessário que, à proporção que os resultados do estágio forem sendo verificados, interpretados e avaliados, o estagiário esteja consciente do seu atual perfil, naquela fase, para que ele próprio reconheça a necessidade da retificação da aprendizagem, nos conteúdos e práticas em que revelara equívocos ou insegurança de domínio, importando em reprogramação da própria prática supervisionada, assegurando-se-lhe reorientação teóricoprática

Page 184: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

195

para a melhoria do exercício profissional. José Carlos 0074/0303/0150/SOS 6 Dir-se-á, então, que estágio supervisionado é componente curricular obrigatório, indispensável à consolidação dos desempenhos profissionais desejados inerentes ao perfil do formando, devendo cada instituição, por seus colegiados superiores acadêmicos, aprovar o correspondente regulamento de estágio, com suas diferentes modalidades de operacionalização. Assim sendo, o estágio poderá ser realizado na própria instituição de ensino, mediante laboratórios que congreguem as diversas ordens práticas, correspondentes às diferentes concepções das práticas secretariais e desde que seja estruturado e operacionalizado de acordo com regulamentação própria, aprovada pelo colegiado superior acadêmico competente, na instituição. Convém enfatizar que as atividades de estágio deverão ser reprogramadas e reorientadas de acordo com os resultados teórico-práticos gradualmente revelados pelo aluno, até que os responsáveis pelo estágio curricular possam considerá- lo concluído, resguardando, como padrão de qualidade, os domínios indispensáveis ao exercício da profissão. Portanto, o estágio curricular supervisionado deve ser concebido como conteúdo curricular implementador do perfil do formando, consistindo numa atividade obrigatória da instituição, no momento da definição do projeto pedagógico do curso, tendo em vista a consolidação prévia dos desempenhos profissionais desejados. ?? Atividades Complementares As atividades complementares, por seu turno, devem possibilitar o reconhecimento, por avaliação, de habilidades e competências do aluno, inc lusive adquiridas fora do ambiente escolar, hipóteses em que o aluno alargará o seu currículo com experimentos e vivências acadêmicos, internos ou externos ao curso, não se confundindo estágio curricular, supervisionado, com a amplitude e a rica dinâmica das atividades complementares. Orientam-se, desta maneira, a estimular a prática de estudos independentes, transversais, opcionais, de interdisciplinaridade, de permanente e contextualizada atualização profissional específica, sobretudo nas relações com o mundo do trabalho, estabelecidas ao longo do curso, notadamente integrando-as às diversas peculiaridades regionais e culturais. Nesse sentido, as atividades complementares podem incluir projetos de pesquisa, monitoria, iniciação científica, projetos de extensão, módulos temáticos, seminários, simpósios, congressos, conferências, além de disciplinas oferecidas por outras instituições de ensino ou de regulamentação e supervisão do exercício profissional, ainda que esses conteúdos não estejam previstos no currículo pleno de uma determinada instituição, mas nele podem ser aproveitados porque circulam em um mesmo currículo, de forma interdisciplinar e

Page 185: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

196

se integram com os demais conteúdos realizados. Em resumo, as atividades complementares são componentes curriculares que possibilitam o reconhecimento, por avaliação, de habilidades, conhecimentos e competências do aluno, inclusive adquiridas fora do ambiente escolar, incluindo a prática de estudos e atividades independentes, transversais, opcionais, de interdisciplinaridade, especialmente nas relações com o mundo do trabalho e com as ações de extensão junto à comunidade. José Carlos 0074/0303/0150/SOS 7 Trata-se, portanto, de componentes curriculares enriquecedores e implementadores do próprio perfil do formando, sem que se confundam com estágio curricular supervisionado. Nesse mesmo contexto, estão as atividades de extensão, que podem e devem ser concebidas no projeto pedagógico do curso, atentando-se para a importante integração das atividades do curso de Secretariado Executivo com as experiênc ias da vida cotidiana da comunidade e das suas organizações, até mesmo nos mercados informais ou emergentes, alguns dos quais estimulados até por programas de governo. Com efeito, fica estabelecida a coerência com o disposto no Art. 44, inciso IV, da Lei 9.394/96, cuja finalidade básica, dentre outras, consiste em propiciar à comunidade o estabelecimento de uma relação de reciprocidade com a instituição, podendo ser integradas nas atividades complementares, enriquecedoras e implementadoras do próprio perfil do formando, sem que se confundam com estágio curricular supervisionado. ?? Acompanhamento e Avaliação As IES deverão adotar formas específicas e alternativas de avaliação, internas e externas, sistemáticas, envolvendo todos quantos se contenham no processo do curso, centradas em aspectos considerados fundamentais para a identificação do perfil do formando, estando presentes o desempenho da relação professor/aluno, a parceria do aluno para com a instituição e o professor. Importante fator para a avaliação das instituições é a produção que elas podem colocar à disposição da sociedade e de todos quantos se empenhem no crescimento e no avanço da ciência e da tecnologia. Com efeito, a produção que uma instituição divulga, publica, socializa, certamente será um forte e ponderável indicador para o acompanhamento e avaliação sobre a instituição, sobre o curso e para os alunos em particular que, durante o próprio curso, já produzem, como reflexo da consciência que possuem quanto ao desenvolvimento de suas potencialidades. Em síntese, as instituições de ensino superior deverão adotar formas específicas e alternativas de avaliação, internas e externas, sistemáticas, envolvendo todos quantos se contenham no processo do curso, centradas em aspectos considerados fundamentais para a identificação do perfil do formando, destacando-se, de logo, a exigência legal no sentido de que os planos de ensino, a serem fornecidos aos alunos antes do início do período letivo,

Page 186: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

197

deverão conter, além dos conteúdos e das atividades, a metodologia do processo de ensinoaprendizagem, os critérios de avaliação a que serão submetidos e a bibliografia básica. ?? Trabalho de Conclusão de Curso Ainda como componente curricular e mecanismo de avaliação, é necessário que o projeto pedagógico do curso de Secretariado Executivo contenha a clara opção de cada instituição de ensino superior sobre a inclusão de Trabalho de Conclusão de Curso, sob a modalidade de monografia ou de projetos, para efeito de avaliação final e definitiva do aluno. Desta maneira, o Trabalho de Conclusão de Curso – TCC deve ser entendido como um componente curricular opcional da instituição que, se o adotar, poderá ser desenvolvido nas modalidades de monografia, projeto de iniciação científica ou projetos de atividades centrados em determinada área teórico-prática ou de formação profissional do curso, na forma disposta em regulamento próprio. José Carlos 0074/0303/0150/SOS 8 Optando a instituição por incluir, no currículo do curso de graduação em Secretariado Executivo, Trabalho de Conclusão de Curso – TCC, nas modalidades referidas, deverá emitir regulamentação própria, aprovada pelo seu conselho superior acadêmico, contendo, obrigatoriamente, critérios, procedimentos e mecanismos de avaliação, além das diretrizes técnicas relacionadas com a sua elaboração. II – VOTO DO RELATOR Voto favoravelmente à aprovação das Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de Graduação em Secretariado Executivo, na forma deste Parecer e do Projeto de Resolução em anexo, do qual é parte integrante. Brasília-DF, 11 de março de 2004. Conselheiro José Carlos Almeida da Silva - Relator Conselheiro Lauro Ribas Zimmer - Relator III – DECISÃO DA CÂMARA A Câmara de Educação Superior aprova por unanimidade o voto dos Relatores. Sala das Sessões, 11 de março de 2004. Conselheiro Éfrem de Aguiar Maranhão - Presidente Conselheiro Edson de Oliveira Nunes - Vice-Presidente José Carlos 0074/0303/0150/SOS 9 RESOLUÇÃO Nº DE DE DE 2002. Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de graduação em Secretariado Executivo e dá outras providências. O PRESIDENTE DA CÂMARA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR DO CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, no uso de suas atribuições legais, com fundamento no art. 9º, § 2º, alínea “c”, da Lei nº 4.024, de 20 de dezembro de 1961, com a redação dada pela Lei nº 9.131, de 25 de novembro de 1995, tendo em vista as diretrizes e os princípios fixados pelos

Page 187: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

198

Pareceres CES/CNE 776/97, de 3/12/97, 583/2001, de 4/4/2001, as Diretrizes Curriculares Nacionais elaboradas pela Comissão de Especialistas de Ensino de Administração, propostas ao CNE pela SESu/MEC, e considerando o que consta dos Pareceres CES/CNE 67/2003, de 11/3/2003, e ..............., de ..../2/2004, homologados pelo Senhor Ministro de Estado da Educação, respectivamente, em 2/6/2003 e .............., RESOLVE: Art. 1º. A presente resolução institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de graduação em Secretariado Executivo, bacharelado, a serem observadas pelas Instituições de Ensino Superior em sua organização curricular. Art. 2º. A organização do curso de graduação em Secretariado Executivo, observadas as Diretrizes Curriculares Nacionais e os pareceres desta Câmara, indicará claramente os componentes curriculares, abrangendo o perfil do formando, as competências e habilidades, os conteúdos curriculares e a duração do curso, o regime de oferta, as atividades complementares, o sistema de avaliação, o estágio curricular supervisionado e o trabalho de curso ou de graduação, ambos como componentes opcionais da instituição, sem prejuízo de outros aspectos que tornem consistente o projeto pedagógico. § 1º. O projeto pedagógico do curso, além da clara concepção do curso de graduação em Secretariado Executivo, com suas peculiaridades, seu currículo pleno e sua operacionalização, abrangerá, sem prejuízo de outros, os seguintes elementos estruturais: I - objetivos gerais do curso, contextualizados em relação às suas inserções institucional, política, geográfica e social; II - condições objetivas de oferta e a vocação do curso; III - cargas horárias das atividades didáticas e da integralização do curso; IV - formas de realização da interdisciplinaridade; V - modos de integração entre teoria e prática; VI - formas de avaliação do ensino e da aprendizagem; VII - modos da integração entre graduação e pós-graduação, quando houver; VIII - cursos de pós-graduação lato sensu, nas modalidades especialização integrada e/ou subseqüente à graduação, de acordo com o surgimento das diferentes manifestações teórico-práticas e tecnológicas aplicadas à área da graduação, e de aperfeiçoamento, de acordo com as efetivas demandas do desempenho profissional. IX - incentivo à pesquisa, como necessário prolongamento da atividade de ensino e como instrumento para a iniciação científica; José Carlos 0074/0303/0150/SOS 10 X - concepção e composição das atividades de estágio curricular supervisionado, suas diferentes formas e condições de realização, observado o respectivo regulamento; XI - concepção e composição das atividades complementares. § 2º. Os projetos pedagógicos do curso de graduação em Secretariado Executivo poderão admitir linhas de formação específicas, nas diversas áreas relacionadas com

Page 188: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

199

atividades gerenciais, de assessoramento, de empreendedorismo e de consultoria, contidas no exercício das funções de Secretário Executivo, para melhor atender as necessidades do perfil profissiográfico que o mercado ou a região exigirem. Art. 3º. O curso de graduação em Secretariado Executivo deve ensejar, como perfil desejado do formando, capacitação e aptidão para compreender as questões que envolvam sólidos domínios científicos, acadêmicos, tecnológicos e estratégicos, específicos de seu campo de atuação, assegurando eficaz desempenho de múltiplas funções de acordo com as especificidades de cada organização, gerenciando com sensibilidade, competência e discrição o fluxo de informações e comunicações internas e externas. Parágrafo único. O bacharel em Secretariado Executivo deve apresentar sólida formação geral e humanística, com capacidade de análise, interpretação e articulação de conceitos e realidades inerentes à administração pública e privada, apto para o domínio em outros ramos do saber, desenvolvendo postura reflexiva e crítica que fomente a capacidade de gerir a administrar processos e pessoas, com observância dos níveis graduais de tomada de decisão, bem como capaz para atuar nos níveis de comportamento microorganizacional, mesoorganizacional e macroorganizacional. Art. 4º. O curso de graduação em Secretariado Executivo deve possibilitar a formação profissional que revele, pelo menos, as seguintes competências e habilidades: I – capacidade de articulação de acordo com os níveis de competências fixadas pelas organizações; II – visão generalista da organização e das peculiares relações hierárquicas e intersetoriais; III – exercício de funções gerenciais, com sólido domínio sobre planejamento, organização, controle e direção; IV – utilização do raciocínio lógico, critico e analítico, operando com valores e estabelecendo relações formais e causais entre fenômenos e situações organizacionais; V – habilidade de lidar com modelos inovadores de gestão; VI – domínio dos recursos de expressão e de comunicação compatíveis com o exercício profissional, inclusive nos processos de negociação e nas comunicações interpessoais ou inter-grupais; VII – receptividade e liderança para o trabalho em equipe, na busca da sinergia; VIII – adoção de meios alternativos relacionados com a melhoria da qualidade e da produtividade dos serviços, identificando necessidades e equacionando soluções; IX – gerenciamento de informações, assegurando uniformidade e referencial para diferentes usuários; X – gestão e assessoria administrativa com base em objetivos e metas departamentais e empresariais; XI – capacidade de maximização e otimização dos recursos tecnológicos; XII – eficaz utilização de técnicas secretariais, com renovadas tecnologias, imprimindo segurança, credibilidade e fidelidade no fluxo de informações; e José Carlos 0074/0303/0150/SOS 11

Page 189: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

200

XIII – iniciativa, criatividade, determinação, vontade de aprender, abertura às mudanças, consciência das implicações e responsabilidades éticas do seu exercício profissional. Art. 5º. Os cursos de graduação em Secretariado Executivo deverão contemplar, em seus projetos pedagógicos e em sua organização curricular, os seguintes campos interligados de formação: I – Conteúdos básicos: estudos relacionados com as ciências sociais, com as ciências jurídicas, com as ciências econômicas e com as ciências da comunicação e da informação; II – Conteúdos específicos: estudos das técnicas secretariais, da gestão secretarial, da administração e planejamento estratégico nas organizações públicas e privadas, de organização e métodos, de psicologia empresarial, de ética geral e profissional, além do domínio de, pelo menos, uma língua estrangeira e do aprofundamento da língua nacional; III – Conteúdos teórico-práticos: laboratórios informatizados, com as diversas interligações em rede, estágio curricular supervisionado e atividades complementares, especialmente a abordagem teórico-prática dos sistemas de comunicação, com ênfase em softwares e aplicativos. Art. 6º A organização curricular do curso de graduação em Secretariado Executivo estabelecerá expressamente as condições para a sua efetiva conclusão e integralização curricular, de acordo com os seguintes regimes acadêmicos que as Instituições de Ensino Superior adotarem: regime seriado anual; regime seriado semestral; sistema de créditos com matrícula por disciplina ou por módulos acadêmicos, observada a pré-requisitação, que vier a ser estabelecida no currículo, atendido o disposto nesta resolução. Art. 7º. O estágio supervisionado é um componente curricular obrigatório indispensável à consolidação dos desempenhos profissionais desejados inerentes ao perfil do formando, devendo cada instituição, por seu colegiado superior acadêmico, aprovar o correspondente regulamento, com suas diferentes modalidades de operacionalização. § 1º. O estágio de que trata este artigo poderá ser realizado na própria instituição de ensino, mediante laboratórios que congreguem as diversas ordens práticas correspondentes aos diferentes concepções das funções e técnicas secretariais. § 2º. As atividades de estágio poderão ser reprogramadas e reorientadas de acordo com os resultados teórico-práticos gradualmente revelados pelo aluno, até que os responsáveis pelo acompanhamento, supervisão e avaliação do estágio curricular possam considerá-lo concluído, resguardando, como padrão de qualidade, os domínios indispensáveis ao exercício da profissão. § 3º. O regulamento do estágio de que trata este artigo, aprovada pelo seu colegiado superior acadêmico, conterá, obrigatoriamente, critérios, procedimentos e mecanismos de avaliação, observado o disposto no parágrafo precedente. Art. 8º. As atividades complementares são componentes curriculares que possibilitam

Page 190: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

201

o reconhecimento, por avaliação, de habilidades, conhecimentos e competências do aluno, inclusive adquiridas fora do ambiente escolar, abrangendo a prática de estudos e atividades independentes, transversais, opcionais, de interdisciplinaridade, especialmente nas relações com o mundo do trabalho, com as peculiaridades das organizações e com as ações de extensão junto à comunidade. José Carlos 0074/0303/0150/SOS 12

Page 191: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

202

REGISTRO PROFISSIONAL DE SECRETARIADO SRTE (DRT)

Page 192: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

203

Obter SRTE (Antiga DRT)

REGISTRO NA SRTE – SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL DO TRABALHO E EMPREGO (Antiga DRT - Delegacia Regional do Trabalho)

A profissão de secretariado é regulamentada pelas leis 7.377 de 30/09/85 e 9.261 de 11/01/96. Nestas leis estão descritas as atribuições mínimas que variam conforme o porte da empresa, ramo de atividade, etc. Para exercer estas atribuições é preciso ter o registro na SRTE – Superintendência Regional do Trabalho e Emprego.

Você pode obter este registro com o certificado de conclusão do curso de Técnico em Secretariado ou Superior em Secretariado Executivo ou por tempo de serviço (36 meses até a data da Lei 7.377 de 30/09/85).

Em São Paulo você deve se dirigir à Rua Martins Fontes, 109 - 2º andar - sala 203 - Fone: (11) 3150-8163. Horário: das 9h às 15h.

A entrada no processo pode ser por um portador, mas só o requerente ou parente de 1o. grau pode retirar o registro. Após dar entrada na documentação abaixo, o requerente deve retornar após 15 dias úteis, com a carteira de trabalho e protocolo do processo.

Para saber endereços de Gerências Regionais do Trabalho, no estado de São Paulo, clique aqui: http://www.mte.gov.br/delegacias/sp/sp_subdelegacias.asp .

DOCUMENTAÇÃO NECESSÁRIA PARA OBTER O REGISTRO NA SRTE

• Secretária(o) Executiva(o) - por tempo de serviço • Técnico em Secretariado - por tempo de serviço • Secretária(o) Executiva(o) - diplomada • Técnico em Secretariado - diplomada • Modelo de Requerimento para a Superintendência Regional do Trabalho

• Modelo de Requerimento para Gerência Regional

DOCUMENTOS PARA REGISTRO COMO SECRETÁRIA EXECUTIVA - POR TEMPO DE SERVIÇO

IMPORTANTE: TODA CÓPIA DEVE ESTAR ACOMPANHADA DOS RESPECTIVOS ORIGINAIS. NA FALTA DE ALGUM DOCUMENTO, NÃO SERÁ POSSÍVEL PROTOCOLAR O PROCESSO NA SRTE.

· Xerox simples (sem cortar o papel) da CTPS (Carteira de Trabalho Profissional) das seguintes páginas

1. FOTO E QUALIFICAÇÃO CIVIL;

2. CONTRATOS DE TRABALHO QUE SOMEM, PELO MENOS 36 MESES, ATÉ

Page 193: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

204

30/09/85;

3. TODAS AS ALTERAÇÕES DE CARGO E SALÁRIO ATÉ 30/09/85;

· Xerox simples (sem cortar o papel) da Cédula de identidade, do CPF e do PIS.

· Xerox simples (sem cortar o papel do Diploma de NÍVEL SUPERIOR (frente e verso) concluído até 30/09/85);

· Declaração, em papel timbrado (vide modelo anexo), do (s) empregador(s) dos contratos acima citados.

· Em caso de não possuir diploma de nível superior até 30/09/85, considerar como prova de tempo de serviço 5 anos ininterruptos ou 10 anos intercalados até 30/09/85.

Declaração para Secretária(o) Executiva(o) Por tempo de serviço

Declaro, para, fins de obtenção de registro profissional junto à Superintendência Regional do Trabalho e Emprego no Estado de São Paulo, sob as penas do artigo 299 do Código Penal, que: ______________________, portadora da CTPS n.°: ____, série: ____, foi registrada nesta empresa na função de . ______________, no período de __/__/__ à __/__/___ exercendo as atribuições de Secretária(o) Executiva(o), no período de ___/__/___ à __ /__/__, conforme o artigo 4° da Lei 7.377/85, modificado pela Lei 9.261/96.

São Paulo, _______ de _______de ____

(data recente)

____________________________________

Nome legível de quem assina (declarante) e o cargo

IMPORTANTE: RECONHECER FIRMA DO DECLARANTE

No caso de empresas que fecharam ou faliram, o interessado deve procurar a Junta Comercial - www.jucesp.sp.gov.br e pedir uma certidão de breve relato da empresa para se informar sobre quem ficou com a massa falida ou documentos da empresa, para que essa pessoa, normalmente denominada "Síndico", faça a declaração.

DOCUMENTOS PARA REGISTRO COMO TÉCNICO EM SECRETARIADO - POR TEMPO DE SERVIÇO

IMPORTANTE: TODA CÓPIA DEVE ESTAR ACOMPANHADO DOS RESPECTIVOS ORIGINAIS. NA FALTA DE ALGUM DOCUMENTO, NÃO SERÁ POSSÍVEL PROTOCOLAR O PROCESSO NA SRTE.

· Xerox simples (sem cortar o papel) da CTPS (Carteira de Trabalho

Page 194: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

205

Profissional) das seguintes páginas.

1. FOTO E QUALIFICAÇÃO CIVIL;

2. CONTRATOS DE TRABALHO QUE SOMEM, PELO MENOS 36 MESES, ATÉ 30/09/85;

3. TODAS AS ALTERAÇÕES DE CARGO E SALÁRIO ATÉ 30/09/85;

· Xerox simples (sem cortar o papel) da Cédula de identidade, do CPF e do PIS.

· Xerox simples (sem cortar o papel) do Diploma de 2º. grau (frente e verso) concluído até 30/09/85;

· Declaração, em papel timbrado (vide modelo anexo), do (s) empregador(s) dos contratos acima citados.

· Em caso de não possuir diploma de 2º. grau completo até 30/09/85, considerar como prova de tempo de serviço 5 anos ininterruptos ou 10 anos intercalados até a data acima citada.

Declaração para Técnico em Secretariado Por tempo de serviço EM PAPEL TIMBRADO DA EMPRESA

Declaro, para, fins de obtenção de registro profissional junto à Superintendência Regional do Trabalho e Emprego no Estado de São Paulo, sob as penas do artigo 299 do Código Penal, que: ______________________, portadora da CTPS n.°: ____, série: ____, foi registrada nesta empresa na função de . ______________, no período de __/__/__ à __/__/___ exercendo as atribuições de Técnico em secretariado, no período de ___/__/___ à __ /__/__, conforme o artigo 5° da Lei 7.377/85, modificado pela Lei 9.261/96.

São Paulo, _______ de _______de ____

(data recente)

___________________________________ Nome legível de quem assina (declarante) e o cargo

IMPORTANTE: RECONHECER FIRMA DO DECLARANTE

No caso de empresas que fecharam ou faliram, o interessado deve procurar a Junta Comercial - www.jucesp.sp.gov.br e pedir uma certidão de breve relato da empresa para se informar sobre quem ficou com a massa falida ou documentos da empresa, para que essa pessoa, normalmente denominada "Síndico", faça a declaração.

DOCUMENTOS PARA REGISTRO COMO SECRETÁRIA(O) EXECUTIVA(O) – DIPLOMADA(O)

Page 195: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

206

IMPORTANTE: TODA CÓPIA DEVE ESTAR ACOMPANHADO DOS RESPECTIVOS ORIGINAIS. NA FALTA DE ALGUM DOCUMENTO, NÃO SERÁ POSSÍVEL PROTOCOLAR O PROCESSO NA SRTE.

· Xerox simples (sem cortar o papel) da Cédula de identidade, do CPF e do PIS.

. Xerox simples (sem cortar o papel) da CTPS (Carteira de Trabalho Profissional) - página da foto e da qualificação civil.

. Xerox simples (frente e verso) do Diploma do curso superior de Secretariado Executivo ou Histórico e Certificado de conclusão e a data da colação de grau.

. Requerimento a Superintendente Regional do Trabalho e Emprego (abaixo)

ILUSTRÍSSIMA SENHORA SUPERINTENDENTE REGIONAL DO TRABALHO E EMPREGO NO ESTADO DE SÃO PAULO. (Nome completo) portadora do RG nº...e CPF nº. ...., PIS ..., residente na ..., bairro..., cidade..., CEP..., UF..., fone...., REQUER, mui respeito de V.Sa., seu registro como Secretária(o) Executiva(o), de conformidade com a Lei 7.377, de 30.9.85 e Lei 9.261, de 10/1/96.

Nestes Termos, Pede deferimento.

São Paulo,

Assinatura

DOCUMENTOS PARA REGISTRO COMO TÉCNICO EM SECRETARIADO - DIPLOMADA

IMPORTANTE: TODA CÓPIA DEVE ESTAR ACOMPANHADO DOS RESPECTIVOS ORIGINAIS. NA FALTA DE ALGUM DOCUMENTO, NÃO SERÁ POSSÍVEL PROTOCOLAR O PROCESSO NA SERT.

· Xerox simples (sem cortar o papel) da Cédula de identidade, do CPF e do PIS.

. Xerox simples (sem cortar o Papel) da CTPS (Carteira de Trabalho Profissional) - página da foto e da qualificação civil.

. Xerox simples (frente e verso) do Diploma do curso de Técnico em Secretariado ou o Histórico e do Certificado de conclusão.

. Xerox simples do Diploma ou do histórico e do certificado de conclusão do Ensino Médio para curso feito a distância ou com duração inferior a 3 anos.

. Requerimento a Superintendente Regional do Trabalho e Emprego (abaixo).

ILUSTRÍSSIMA SENHORA SUPERINTENDENTE REGIONAL DO TRABALHO E EMPREGO NO ESTADO DE SÃO PAULO.

Page 196: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

207

(Nome completo) portadora do RG nº..., CPF nº. .... PIS ..., residente na ..., bairro..., cidade..., CEP..., UF..., fone...., REQUER, mui respeito de V.Sa., seu registro de Técnico em Secretariado, de conformidade com a Lei 7.377, de 30.9.85 e Lei 9.261, de 10/1/96.

Termos em que Pede deferimento

São Paulo,

MODELO DO REQUERIMENTO A SUPERINTENDENTE REGIONAL DO TRABALHO E EMPREGO

ILUSTRÍSSIMA SENHORA SUPERINTENDENTE REGIONAL DO TRABALHO E EMPREGO NO ESTADO DE SÃO PAULO.

(Nome completo) portadora do RG nº..., CPF nº... e PIS no. ... (se não tiver PIS, escrever "não possuo") residente na ..., no.... bairro... cidade... estado... cep... fone ..., REQUER mui respeito de V.Sa., seu registro como (Técnico em Secretariado OU Secretária(o) Executiva(o), de conformidade com a Lei 7.377, de 30.09.85 e Lei 9.261, de 10/01/96.

Termos em que Pede deferimento

São Paulo,

MODELO DO REQUERIMENTO AO GERENTE REGIONAL DO TRABALHO (SE VOCÊ FOR ENTREGAR SUA DOCUMENTAÇÃO EM UMA GERÊNCIA REGIONAL VOCÊ DEVE FAZER OS DOIS REQUERIMENTOS, PARA A SUPERINTENDENTE E PARA O GERENTE REGIONAL).

Ilustríssimo Senhor Gerente Regional do Trabalho de ...

(Nome), portadora do RG ..., vem, respeitosamente, solicitar o encaminhamento do processo do registro profissional como Secretária(o) Executiva(o) ou Técnico em Secretariado) à Superintendência Regional do Trabalho e Emprego no Estado de São Paulo.

Veja aqui as leis 7.377 de 30/09/85 e 9.261 de 11/01/96

Page 197: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

208

ÍNTEGRA DA ENTREVISTA INDIVIDUAL COM AS SEIS

SECRETÁRIAS.

Page 198: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

209

Secretaria 13

1 – Você poderia descrever como foi sua infância, sua

juventude? Como você escolheu sua profissão? Fale um pouco

de sua história de vida.

Resposta: Minha infância foi muito feliz. Brinquei demais, tive

muitos brinquedos e bonecas lindas, pois meu pai gerenciava

algumas lojas do “Jumbo-Eletro”, então conseguia promoções

em todas as mercadorias. Estudei no Colégio Batista Brasileiro

e com isso adquiri disciplina e aprendi a importância de Jesus

em nossa vida. Quando completei 07 anos minha mãe

acidentou-se e ficou entre a vida e a morte por 25 dias, ficando

internada no total de 45 dias. Minha avó materna cuidou da

gente e meu pai dia-a-dia lutava para salva-la. Gastou tudo o

que tinha e conseguimos minha mão por mais um tempo

conosco. Minha juventude foi tranqüila, mas com

responsabilidade. A mamata acabou, pois meu pai ficou

desfalcado financeiramente e com 15 anos comecei a trabalhar

numa loja de roupas no bairro em que morávamos Pompéia.

Fiquei apenas 06 meses lá. Decidi fazer magistério e prestei

vestibulinho no CEFAM, na Lapa. Fiz 04 anos com direito a

estágio remunerado equivalente a 01 salário mínimo. Comecei

a atuar na área, mas o salário era pouco para ajudar meu pai a

suprir as contas, já que minha mãe tomava remédios caros.

Esta época foi complicada, pois quando meu pai deu entrada

na aposentadoria, o dispensaram. Ficamos mal porque meu pai

deu o sangue naquela empresa e de repente consideravam-no

“velho demais” para o mercado de trabalho. Mas superamos

com muita fé e estrutura familiar. Com tanta dificuldade não

pude continuar dando aulas, pois era pouco o que eu ganhava.

Parti para a área administrativa e sempre atuei como auxiliar,

assistente e secretária. Atuo desde os 21 anos de idade e sou

feliz. Acredito que temos que aceitar os desafios da vida e se

fizermos tudo com amor e carinho, seguiremos felizes. Não tive

opção concorda? Precisava ajudar em casa, o que eu ganhava

como professora, mesmo dando aulas particulares não era o

bastante, então tive que encontrar algo que me realizasse

profissionalmente e suprisse financeiramente. Nesta profissão

Page 199: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

210

consegui tudo o que tenho. Inclusive prorrogar a vida da minha

mãe, quando adquiriu câncer de mama aos 55 anos. Minha

mãe desencarnou assim que casei, com 24 anos. Foi difícil,

éramos muito amigas e não me conformava. Tive momentos de

revolta, mas a vida foi me mostrando pouco a pouco que cada

um tem seu processo e que não somos “ninguém” para

questionar. Fui muito feliz na minha infância e juventude, pois

fui rodeada de amor, carinho, respeito e educação. Acho que é

isso. Encaro tudo como aprendizado e não como vítima.

2 – Como você lida em determinadas situações com o cansaço

de seu corpo no trabalho e em sua casa para cumprir com suas

obrigações profissionais e familiares?

Resposta: Respiro fundo e penso em tudo que idealizo para

tornar realidade, como por exemplo, uma pequena reforma na

nossa casa. Tento enxergar o que a vida nos dá de bom. Tudo

tem seu lado bom e é isso que tento absorver no dia-a-dia para

que eu renove minhas energias e siga em frente.

3 – Você se acha criativa?

Resposta: Pouquíssimo! Minha insegurança não me deixa

ousar, então muito do meu talento fica guardadinho. Estou

exercitando isso e sei que ainda vou ousar. Estranho, porque

fui muito estimulada na minha infância e meus pais não me

proibiam de fazer o que eu tinha vontade. Talvez, seja da

minha personalidade, não sei. Ainda não parei para analisar a

fundo.

4 – Como fica o seu humor ao chegar à empresa depois de

atravessar um longo percurso por intermédio de metrô, ônibus

ou automóvel numa cidade como São Paulo para chegar ao

trabalho?

Resposta: Procuro vibrar um dia feliz para mim e para todos da

empresa. Energia positiva gera tudo positivamente. Temos que

estar bem para enfrentar os desafios, então procuro emanar luz

violeta e na seqüência verde, para tranqüilizar o ambiente. È

claro que tem dias que a gente está mais cabisbaixa, enfim.

Page 200: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

211

Somos seres humanos. Mas mesmo assim tento estar sempre

bem, por mim mesma entende?

5 – Você acha que você recebe o que o governo tem por

obrigação de dar aos contribuintes em relação à saúde,

educação e habitação?

Resposta: NÃO! Só tiram do povo. Quem não tem condições

de arcar com despesas de educação, fica cada vez mais

alienado. Às vezes acho que a intenção é deixar o povo cada

vez mais ignorante pra que “eles” possam dominar.

6 – Você participa de alguma entidade de classe?

Resposta: Não, por falta de tempo. Tenho planos de no

próximo ano me organizar melhor e passar a participar.

7 – O fato de você perceber uma concorrência grande em sua

empresa faz com que você busque aprender cada vez mais?

Você busca oportunidades para melhorar sua carreira? O que

você e sua empresa fazem para que se torne um profissional

sempre capacitado?

Resposta: Sim, tento buscar conhecimentos de um modo geral.

A empresa que trabalho não dá muita importância à minha

profissão, mas neste momento tenho como meta agregar

bagagem e assim poder escolher. Mas não entenda como

reclamação, estou feliz exercendo minha profissão e poder

colaborar com o desenvolvimento da Empresa. Tudo tem seu

tempo, certo?

8 – Você sabe que você tem direitos? Sabe que tem deveres?

Você sabe a diferença entre o que é ser cidadão e sujeito?

Resposta: Sim, sei. O cidadão é aquele que tem direitos e o

sujeito o que tem deveres, é isso? Não sei.

9 – Você pode descrever o tipo de organização que você

trabalha?

Page 201: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

212

Resposta: É uma Organização em que o dono é inteiramente

centralizador e tenta se policiar com relação à ambição.

Existem muitos feudos ainda, portanto a Organização é muito

prejudicada com relação ao bom desenvolvimento e

crescimento. Isso porque os interesses são individuais, as

idéias não são alinhadas. Cada um por si, mais ou menos

assim. Tento não captar este tipo de energia, pois a Secretária

tem que ser imparcial, não sei se da pra entender. O que quero

é ver a Organização crescer e o que me preocupa é que a

minoria pensa assim. Os colaboradores reclamam demais de

salário, mas também não se unem para que as coisas

melhorem. Reclamam e não fazem por onde melhorar.

10 – Em que tipo de organização você acredita ter formado sua

vida até aqui (religião, família, política)? O que você destaca de

melhor e pior nessas organizações?

Resposta: Temos um conceito forte de família e religião. Meus

pais sempre fizeram questão de nos mostrar o que de fato tem

valor na vida. Melhor: Aprendizado que oferece basta a gente

abrir os olhos e saber absorver. .Pior: As vaidades. O ser

humano é cheio de vaidade e isso impacta o crescimento de

toda e qualquer Organização. Temos que nos preocupar com o

sucesso da Organização, bem como a integração entre os

colaboradores. Não importa o cargo que exerço. Temos quer

ser um só.

11 – Você é capaz de dizer qual delas deu mais sentido a sua

vida e qual delas você se sentia mais em casa?

Resposta: A atual, talvez pelo meu amadurecimento. Consigo

enxergar melhor as coisas e separar o que é bom e o que não.

Acredito que estou onde deveria estar. Tudo na vida é

merecimento. O plano espiritual diz que acima da energia que

flui entre nós existe uma ainda maior que nos rege. Tudo que

fazemos de bom ou ruim sempre será repleta de coisas boas.

Então devemos abrir o coração e enxergarmos que estamos

onde temos que estar. Desta forma cabe á nós absorver ao

máximo para darmos chance ao que esta por vir. Aproveito

Page 202: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

213

tudo em todas as Empresas que tenho a oportunidade de estar.

Estou feliz na atual.

12 – Em qual delas você sentiu mais tesão, mais vontade

de estar ou mais realizada?

Resposta: Onde estou. Deram-me oportunidades e valorizo

esta postura no Empresário. Pra mim independe do salário.

Realizo-me na função e como já citei estou tendo oportunidade

de aprender muita coisa.

13 – Nessas organizações que trabalha (trabalhou) o que você

gostaria de ser ou ser igual? Como ela era? O que a fazia

sentir vontade dessa igualdade?

Resposta: Sempre fiz o que gosto de fazer em várias funções.

Ser assistente, Secretária, enfim colaborar com o outro. Acho

que dar o melhor de si, seja qual for a função, nos torna mais

profissionais.

14 – Você se sente capaz de comentar que tipo de cultura sua

empresa tem? Como você classificaria o clima de trabalho na

empresa que atua?

Resposta: Falei um pouco na questão 9. O dono é bem

centralizador e ainda precisamos alinhar as idéias entre os

colaboradores.

15 – Como você analisa sua relação com a sua chefia? Que

tipo de personalidade ela possui? Isso agrega conhecimentos à

experiência no seu dia-a-dia ou simplesmente você não leva a

personalidade dela em consideração?

Resposta: Temos uma relação saudável, pois sempre me dirijo

a ele com respeito e educação. Talvez isso faça com que ele

se policie. Procuro evidenciar o que ele tem de bom e não

absorver o que me incomoda.

16 – Diante da variedade de personalidades em uma

organização, com formações diferenciadas em todos os

Page 203: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

214

sentidos, como é para você trabalhar as questões de conflito,

de cargos e de posicionamentos dentro da empresa?

Resposta: Tento, dentro do possível, mostrar que somos iguais

e que juntos seremos muito mais fortes. Não dou ouvidos às

fofocas e nem abertura para papos furados.

17 - Você costuma apresentar soluções para os problemas

quando observa que algumas coisas estão desalinhadas e

a empresa esta levando prejuízo de alguma forma com

isso?

Resposta: Sim, desde que eu tenha abertura.

18 - O que você entende por auto-conhecimento? Você o acha

importante para sua formação social e profissional na

atualidade?

Resposta: Sem dúvida. Temos que nos conhecer muito bem

para evitarmos conflitos com nós mesmos e com o outro.

Temos que nos respeitar também, pois não somos de ferro.

Sem nos conhecer como sabemos o que nos magoa ou não. O

auto-conhecimento nos faz estar com os pés no chão e a não

tomar atitudes impensadas.

19 - Você julga importante alguns mecanismos como a auto-

aprendizagem, a escola, uma formação específica essencial

para seu sucesso dentro da sociedade e dentro das

organizações atuais?

Resposta: Sim, pois solidifica o que já sabemos na prática.

Conhecimento nunca é demais e o melhor de tudo isso é que

nunca tirarão de nós. Ponto que acho importante é a

humildade. Temos que ser humildes, pois facilita nosso

aprendizado. Humildes aprender a ensinar. Nada caminha se

não exercitarmos nosso lado humano.

Page 204: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

215

Secretária 17

1 – Você poderia descrever como foi sua infância, sua

juventude? Como você escolheu sua profissão? Fale um pouco

de sua história de vida

Resposta: Venho de uma família de origem italiana, de classe

média onde somente meu pai trabalhava> Eu fazia trabalhos

esporádicos enquanto estava no ensino médio e quando iniciei

a faculdade. Casei (1986) antes de completar a faculdade

de Administração, até porque não visualizava uma carreira

nesta época. Depois que me separei (1991) tive que correr

atrás do prejuízo. De lá para cá conclui o curso de

Administração de Empresas, comecei a trabalhar regularmente,

fiz pós em RH e trabalhei na área por alguns anos. Depois

trabalhei como secretária no Banco do Brasil e quando fui para

Londrina trabalhei como secretária da Pró-Reitoria de

Graduação de uma IES. Quando vim para São Paulo, trabalhei

em uma consultoria financeira com ex-Diretores de Bancos

onde tive um aprendizado intensivo, já que o nível de exigência

era grande. Depois de três anos pedi demissão. Durante o

período de recolocação, participei de um processo seletivo

para vaga de secretária executiva, que eu queria muito, e

acabei não conseguindo em função de não ter o DRT. Esta foi

a principal razão para eu decidir cursar uma faculdade de

secretariado.

2 – Como você lida em determinadas situações com o cansaço

de seu corpo no trabalho e em sua casa para cumprir com suas

obrigações profissionais e familiares?

Resposta: Conversando com pessoas de minha família

3 – Você se acha criativa?

Resposta: Não muito.

4 – Como fica o seu humor ao chegar à empresa depois de

atravessar um longo percurso por intermédio de metrô, ônibus

Page 205: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

216

ou automóvel numa cidade como São Paulo para chegar ao

trabalho?

Resposta: O trânsito de São Paulo me estressa muito, muito

mesmo. Percorro cerca de 90 km por dia. De manhã o transito

não cansa tanto quanto a noite. Chego animada no trabalho,

sou uma pessoa bem-humorada. Venho de carro, escutando a

CBN ou música, ou seja, chego super bem. Agora à noite

depois da faculdade chego “acabada em casa”.

5 – Você acha que você recebe o que o governo tem por

obrigação de dar aos contribuintes em relação à saúde,

educação e habitação?

Resposta: Com certeza não para a quantidade de imposto que

se paga neste país.

6 – Você participa de alguma entidade de classe?

Resposta: No momento não, mas já participei do Grupo de

Recursos Humanos de Embu, Itapecerica e Taboão da Serra

(pro fissionas de RH).

7 – O fato de você perceber uma concorrência grande em sua

empresa faz com que você busque aprender cada vez mais?

Você busca oportunidades para melhorar sua carreira? O que

você e sua empresa fazem para que se torne um profissional

sempre capacitado?

Resposta: Hoje minha maior preocupação é manter minha

empregabilidade. Embora esteja com 42 anos, procuro ver

minha idade como um ponto forte dentro da minha profissão.

Características como foco, responsabilidade, maturidade,

comprometimento, bom senso, experiência, expertise, além de

estarem atenta às oportunidades profissionais outras são

próprias da idade. Minha maior limitação hoje é a falta de

fluência no idioma inglês. Já perdi várias oportunidades em

função disso. Hoje este é o meu maior objetivo. Já na empresa

busco oportunidades de aprender sempre. A empresa vê com

bons olhos participar de palestras, congressos ou cursos em

área que sejam de interesse dela.

Page 206: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

217

8 – Você sabe que você tem direitos? Sabe que tem deveres?

Você sabe a diferença entre o que é ser cidadão e sujeito?

Resposta: Sim o cidadão tem consciência de seus deveres e

direitos e procura exercê-los.

9 – Você pode descrever o tipo de organização que você

trabalha?

Resposta: Trabalho na ABPM – Associação Brasileira de

Preservadores de Madeira. www.abpm.com.br. Uma entidade

representativa de classe com abrangência nacional que reúne

preservadores de madeira (indústrias químicas, usinas de

tratamento de madeira, instituto de pesquisa, concessionárias

de energia e usuários finais). Temos uma diretoria eleita a cada

biênio composta pelo Presidente, Vice-Presidente, Tesoureiro,

Secretário, Diretores Adjuntos e Coordenadoria Técnica. Tenho

uma assistente que me auxilia.

10 – Em que tipo de organização você acredita ter formado sua

vida até aqui (religião, família, política)? O que você destaca de

melhor e pior nessas organizações?

Resposta: Principalmente a família e também a igreja católica.

Posso destacar como pontos principais os valores que são

transmitidos. Não vejo pontos ruins. Em relação às empresas

que trabalhei considero que foram válidas todas as

experiências, mesmo as negativas.

11 – Você é capaz de dizer qual delas deu mais sentido a sua

vida e qual delas você se sentia mais em casa?

Resposta: A família em primeiro lugar.

12 – Em qual delas você sentiu mais tesão, mais vontade

de estar mais ou realizada?

Resposta: Em minha carreira talvez tenha me arrependido de

uma única experiência profissional. Das empresas em que

Page 207: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

218

trabalhei posso destacar que tive realização profissional,

remuneração justa, um bom clima organizacional, poder de

decisão, autonomia, posição de destaque na organização em

função da proximidade com o ”poder”. Todavia, não consegui

tê-las reunidas na mesma empresa.

13 – Nessas organizações que trabalha (trabalhou) o que você

gostaria de ser ou ser igual? Como ela era? O que a fazia

sentir vontade dessa igualdade?

Resposta: Sempre estive satisfeita com as condições como um

todo, com exceção da remuneração.

14 – Você se sente capaz de comentar que tipo de cultura sua

empresa tem? Como você classificaria o clima de trabalho na

empresa que atua?

Resposta: Por ser uma associação com diretoria eleita, nosso

objetivo principal é o associado. É curioso que muitos dos

associados são concorrentes entre si. Alguns vêem isso como

uma possibilidade de parceria, outros não. Quanto ao clima

organizacional é muito bom.

15 – Como você analisa sua relação com a sua chefia? Que

tipo de personalidade ela possui? Isso agrega conhecimentos à

experiência no seu dia-a-dia ou simplesmente você não leva a

personalidade dela em consideração?

Resposta: Sempre tive um bom relacionamento com todas as

chefias que tive. Na ABPM por assistir a oito diretores que têm

personalidades e demandas diferentes, e algumas vezes

posicionamentos antagônicos entre eles, é necessário ter muita

habilidade relacional. Quanto à personalidade individual,

procuro vê-la de uma forma profissional, sempre usando o

respeito, mantendo a postura profissional e exercitando

empatia.

16 – Diante da variedade de personalidades em uma

organização, com formações diferenciadas em todos os

Page 208: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

219

sentidos, como é para você trabalhar as questões de conflito,

de cargos e de posicionamentos dentro da empresa?

Resposta: Procuro observar sempre a hierarquia. Uso o bom

senso. Fico atenta aos posicionamentos das pessoas e evito

comentários que podem “inflamar” situações.

17 - Você costuma apresentar soluções para os problemas

quando observa que algumas coisas estão desalinhadas e

a empresa esta levando prejuízo de alguma forma com

isso?

Resposta: Sempre que possível. Vejo isso como

comprometimento.

18 - O que você entende por auto-conhecimento? Você o acha

importante para sua formação social e profissional na

atualidade?

Resposta: Auto-conhecimento é a reflexão sobre como você

era e o que é que pode vir a ser. Conhecer situações que te

fazem bem e as que te prejudicam. Conhecer seus limites e

aprender a respeitá-los. Saber onde esta e o que é necessário

para chegar lá. Ter metas reais e definidas.

Exercitar a autodisciplina. Fortalecer a auto-estima. Ter valores

sólidos.

19 - Você julga importante alguns mecanismos como a auto-

aprendizagem, a escola, uma formação específica essencial

para seu sucesso dentro da sociedade e dentro das

organizações atuais?

Resposta: Com certeza são ferramentas que auxiliam no

sucesso profissional.

Page 209: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

220

Secretária 21

1 – Você poderia descrever como foi sua infância, sua

juventude? Como você escolheu sua profissão? Fale um pouco

de sua história de vida.

Resposta: Eu fui bem moleca, levada e com 16 anos comecei a

procurar emprego por opção minha, comecei a trabalhar perto

de casa como auxiliar de escritório, daí eu comecei a gostar

dessa área e comecei a procurar algo melhor em empresas

melhores. Sou a caçula e na minha família tos costuma se

reunir sempre.

2 – Como você lida em determinadas situações com o cansaço

de seu corpo no trabalho e em sua casa para cumprir com suas

obrigações profissionais e familiares?

Resposta: Eu acho que lido bem com esse cansaço, eu

procuro fazer algo que gosto bastante, gosto de dançar, de

ouvir bastante musica, então faço algo para compensar aquela

adrenalina, aquele estresse.

3 – Você se acha criativa?

Resposta: Eu acho. Depende da inspiração, do dia, de coisas

que às vezes eu vejo, de idéias de outras pessoas, por

exemplo, de professores em aula que deram palestras, alguma

coisa interessante, no dia seguinte eu já tenho idéia do que

fazer.

4 – Como fica o seu humor ao chegar à empresa depois de

atravessar um longo percurso por intermédio de metrô, ônibus

ou automóvel numa cidade como São Paulo para chegar ao

trabalho?

Resposta: Se eu for ficar de mal-humor por conta do trânsito eu

vou ficar mal-humorada todos os dias, pois entro na Vinte e

Três de Maio todos os dias, eu moro na Zona Norte e trabalho

Page 210: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

221

na Zona Sul, vou ouvindo música todos os dias então ficar de

mal-humor é difícil.

5 – Você acha que você recebe o que o governo tem por

obrigação de dar aos contribuintes em relação à saúde,

educação e habitação?

Resposta: Eu acho que deixa a desejar muita coisa. Muito

imposto a pagar e pouco retorno.

6 – Você participa de alguma entidade de classe?

Resposta: Não

7 – O fato de você perceber uma concorrência grande em sua

empresa faz com que você busque aprender cada vez mais?

Você busca oportunidades para melhorar sua carreira? O que

você e sua empresa fazem para que se torne um profissional

sempre capacitado?

Resposta: Sim. Busco sempre me aperfeiçoar, por exemplo;

quando está terminando um curso, já pesquiso outro para me

aperfeiçoar, sempre busco me aperfeiçoar cada vez mais.

8 – Você sabe que você tem direitos? Sabe que tem deveres?

Você sabe a diferença entre o que é ser cidadão e sujeito?

Resposta: Eu acho que é meio a meio, de vez em quando nós

acabamos esquecendo um pouco, principalmente dos direitos

que temos, e acabamos não buscando esse direito quando

necessitamos dele em determinadas situações.

9 – Você pode descrever o tipo de organização que você

trabalha?

Resposta: Trabalho na Wolkswagem, no ramo de consórcio,

estou lá há nove anos, é ótima boa empresa para trabalhar,

tem convênio médico e odontológico. È uma empresa que

cobra muito dos funcionários, e isso às vezes nos deixa um

pouco insatisfeitos.

Page 211: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

222

10 – Em que tipo de organização você acredita ter formado sua

vida até aqui (religião, família, política)? O que você destaca de

melhor e pior nessas organizações?

Resposta: Acredito mais na família porque você aprende a ter

índole, o caráter ter conduta correta, aprende a viver bem, a

lidar com as pessoas de forma correta. O ponto negativo é que

você acaba ficando dependente de pai e mãe. Não me

identifico com a política e também não sou muito praticante de

religião

11 – Você é capaz de dizer qual delas deu mais sentido a sua

vida e qual delas você se sentia mais em casa?

Resposta: A família

12 – Em qual delas você sentiu mais tesão, mais vontade

de estar ou mais realizada?

Resposta: Não soube responder.

13 – Nessas organizações que trabalha (trabalhou) o que você

gostaria de ser ou ser igual? Como ela era? O que a fazia

sentir vontade dessa igualdade?

Resposta: Acho que tem alguém, com alguma característica,

alguma forma de agir que eu admire, porque em determinados

momentos eu não tenho essa forma de agir, como pulso firme,

pois sou um pouco maleável, existem pessoas que são mais

firmes mais decididas e eu admiro.

14 – Você se sente capaz de comentar que tipo de cultura sua

empresa tem? Como você classificaria o clima de trabalho na

empresa que atua?

Resposta: É bem séria, a cultura mais reservada.

Page 212: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

223

15 – Como você analisa sua relação com a sua chefia? Que

tipo de personalidade ela possui? Isso agrega conhecimentos à

experiência no seu dia-a-dia ou simplesmente você não leva a

personalidade dela em consideração?

Resposta: Hoje é uma servidora é uma gerente que tenho lá, já

tive superiores homens, é mais fácil de lidar com ela do que

com ele, que era mais grosseiro a palavra dele tinha que ser

sempre a final, e ela sabe ouvir, sabe ceder eu acho que hoje é

muito melhor.

16 – Diante da variedade de personalidades em uma

organização com formações diferenciadas em todos os

sentidos, como é para você trabalhar as questões de conflito

de cargos, de posicionamentos dentro da empresa?

Resposta: Eu tento não entrar em discussão, achar uma

solução, uma forma de solucionar o problema sem precisar

continuar, porque às vezes dependendo do caso tem atrito, tem

picuinhas de um servidor com o outro, então a gente tem que

entrar de uma forma para baixar a guarda dos dois.

17–Você costuma apresentar soluções para os problemas

quando observa que algumas coisas estão desalinhadas e a

empresa esta levando prejuízo de alguma forma com isso?

Resposta: Eu costumo apresentar soluções desde que eu

tenha essa condição.

18 – O que você entende por auto-conhecimento? Você o acha

importante para sua formação social e profissional na

atualidade?

Resposta: Entendo que preciso saber o suficiente do meu

comportamento, do meu temperamento, e saber como lidar

com cada situação, e me conhecer melhor.

19-Você julga importante alguns mecanismos como a auto-

aprendizagem, a escola, uma formação específica essencial

para seu sucesso dentro da sociedade e dentro das

organizações atuais?

Page 213: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

224

Resposta: Sim é muito importante.

Secretária 22

1 – Você poderia descrever como foi sua infância, sua

juventude? Como você escolheu sua profissão? Fale um pouco

de sua história de vida.

Resposta: A minha infância e juventude foram muito difíceis,

porque eu tinha um pai que era muito doente e uma mãe que

não trabalhava, meu pai acabou perdendo um grande emprego

em uma multinacional e minha mãe teve que trabalhar, quem

cuidou da casa fui eu e tive também que trabalhar, por isso

resolvi fazer magistério, então descobri que eu gostava de

ensinar e gostava de fazer as coisas pelos outros. Um dia foi

oferecido um cargo de secretária para substituir uma amiga

que estava de licença e eu me apaixonei e resolvi ser

secretária daí pra frente.

2 – Como você lida em determinadas situações com o cansaço

de seu corpo no trabalho e em sua casa para cumprir com suas

obrigações profissionais e familiares?

Resposta: Primeiro com responsabilidade, eu venço o cansaço

pela responsabilidade, me cobro muito, não me deixo abater

minha responsabilidade acima de tudo, eu estou caindo, mas

estou presente.

3 – Você se acha criativa?

Resposta: Absurdamente criativa não, mas normalmente eu

acho uma saída para qualquer problema.

4 – Como fica o seu humor ao chegar à empresa depois de

atravessar um longo percurso por intermédio de metrô, ônibus

ou automóvel numa cidade como São Paulo para chegar ao

trabalho?

Page 214: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

225

Resposta: Normalmente quando eu chego ao ponto fixo, vou

dizer assim, eu chego num mau humor que nem eu me

agüento ter que tomar várias conduções, então acaba te

levando para um estresse. Quando eu chego ao lugar, no

trabalho ou em casa, eu acabo ficando contente de ter chegado

aí eu mudo de humor, eu começo encontrar pessoas que eu

converso e vejo o que eu tenho para fazer no dia, ou chego em

casa feliz porque terminou o dia e eu estou com a minha

família, daí eu mudo de humor.

5 – Você acha que você recebe o que o governo tem por

obrigação de dar aos contribuintes em relação à saúde,

educação e habitação?

Resposta: Nada, nada, a saúde não funciona, o transporte não

funcionam, os impostos são pagos querendo ou não eles são

retirados de você e o governo não faz nada para ninguém.

6 – Você participa de alguma entidade de classe?

Resposta: Não

7 – O fato de você perceber uma concorrência grande em sua

empresa faz com que você busque aprender cada vez mais?

Você busca oportunidades para melhorar sua carreira? O que

você e sua empresa fazem para que se torne um profissional

sempre capacitado?

Resposta: É claro, Minha empresa faz curso de atualização

para funcionários, palestras, por exemplo; para você aprender

inglês eles te mandam para a matriz na Filadélfia onde você

fica um mês aprendendo.

8 – Você sabe que você tem direitos? Sabe que tem deveres?

Você sabe a diferença entre o que é ser cidadão e sujeito?

Resposta: Ninguém nunca discutiu comigo e até gostaria de

saber que não é pra mim, o cidadão é a pessoa que cumpre

com as leis e faz uma retribuição jurídica, pessoa que vota que

tira seu título. Tira seus documentos paga seus impostos,

circulam na rua e pagam seu IPVA ou o que for o sujeito é

Page 215: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

226

simplesmente uma pessoa que nasceu que existe, mas ele não

atua dentro do país, da cidade ou ela não tem nenhuma

atuação política vamos dizer assim.

9 – Você pode descrever o tipo de organização que você

trabalha?

Resposta: Uma multinacional de grande porte tem 50 filiais

pelo país todo, a matriz fica na Filadélfia, tem no Japão e em

vários paises, no Brasil tem um diretor presidente que comanda

também a parte financeira, tem um controller que tem um

departamento de mais de 7ou 8 pessoas e cada produto tem

um gerente.

10 – Em que tipo de organização você acredita ter formado sua

vida até aqui (religião, família, política)? O que você destaca de

melhor e pior nessas organizações?

Resposta: Familiar, pois eu quero que saia tudo certo.

11 – Você é capaz de dizer qual delas deu mais sentido a sua

vida e qual delas você se sentia mais em casa?

Resposta: A família, o emprego. Fico contente com o sucesso

dos outros também. Ou seja, a palavra de ordem é ter

responsabilidade e praticidade.

12 – Em qual delas você sentiu mais tesão, mais vontade

de estar ou mais realizada?

Resposta: Eu procuro primeiro verificar se a empresa é sólida

ou não

13 – Nessas organizações que trabalha (trabalhou) o que você

gostaria de ser ou ser igual? Como ela era? O que a fazia

sentir vontade dessa igualdade?

Resposta: Não tive ainda ninguém que me servisse de trilha,

que me desse àquela inveja boa.

Page 216: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

227

14 – Você se sente capaz de comentar que tipo de cultura sua

empresa tem? Como você classificaria o clima de trabalho na

empresa que atua?

Resposta: Eles prezam muito a parte pessoal das pessoas, a

qualidade de vida é muito valorizada, e tem programas de

ginástica, você pode chegar 1 hora mais tarde desde que você

esteja na ginástica, prezam o jogo de futebol uma vez por mês

para juntar todo mundo, as mulheres fazem churrasco e os

homens jogam futebol.

15 – Como você analisa sua relação com a sua chefia? Que

tipo de personalidade ela possui? Isso agrega conhecimentos à

experiência no seu dia-a-dia ou simplesmente você não leva a

personalidade dela em consideração?

Resposta: Os meus executivos um deles absurdamente

centrado, ele não confiava, não delegava, ele queria uma

secretária para dizer que tinha, mas o outro era bem parceiro e

achava que nós tínhamos que andar lado a lado, ele tinha uma

dúvida, perguntava, ele aceitava sugestões e críticas da

mesma maneira que eles faziam.

16 – Diante da variedade de personalidades em uma

organização, com formações diferenciadas em todos os

sentidos, como é para você trabalhar as questões de conflito,

de cargos e de posicionamentos dentro da empresa?

Resposta: Se forem pessoas acessíveis normalmente, eu tento

descobrir o que está acontecendo e botar “pano quente”,

vamos dizer assim, tentar apaziguar e que eles cheguem a um

consenso tranqüilo, que não seja uma guerra de matar ou

comer o outro, mas se é pessoa com personalidade muito forte,

que menospreza a gente, pessoas que acham que não tem

valor. Você não é capaz de decidir nada ou de enxergar nada,

então eles normalmente enxergam você como um nada, então

eu não me meto, deixo que eles se matem.

17- Você costuma apresentar soluções para os problemas

quando observa que algumas coisas estão desalinhadas e a

empresa esta levando prejuízo de alguma forma com isso?

Page 217: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

228

Resposta: Se eu puder evitar não, acho que você está lá a

maior parte do seu tempo e é como se fosse a sua família, ele

tem que se dar bem, para você poder se dar bem.

18 - O que você entende por auto-conhecimento? Você o acha

importante para sua formação social e profissional na

atualidade?

Resposta: Acho que é conhecer o que eu não sei

19 - Você julga importante alguns mecanismos como a auto-

aprendizagem, a escola, uma formação específica essencial

para seu sucesso dentro da sociedade e dentro das

organizações atuais?

Resposta: Sim. Ajuda e é um bom passo, não é essencial, mas

é um grande passo. Ajuda bastante o fato de você se

conhecer, sobretudo. Porque você impõe toda uma

personalidade, toda uma maneira comportamental e isso são

importantes para a empresa e a empresa acaba olhando isso.

Secretária 03

1 – Você poderia descrever como foi sua infância, sua

juventude? Como você escolheu sua profissão? Fale um pouco

de sua história de vida.

.

Resposta: Fui uma criança normal, a segundas de cinco filhos,

morei em lugares maravilhosos, estudei e brinquei muito com a

maioria dos meus amiguinhos. Tive aos sete anos uma doença

quase mortal, e pude perceber o quanto à vida era valiosa para

mim já naquela ocasião. Minha juventude foi de trabalhar e

estudar e pouco tempo para curtição, eu diria. Aos 15 anos eu

já havia começado a trabalhar para ajudar em casa aos 17

anos escolhi o secretariado por intermédio do exemplo de vida

de uma secretária na primeira empresa que trabalhei na minha

vida. Em tudo me espelhei nela e assim tenho hoje 28 anos de

experiência na área secretarial.

Page 218: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

229

2 – Como você lida em determinadas situações com o cansaço

de seu corpo no trabalho e em sua casa para cumprir com suas

obrigações profissionais e familiares?

Resposta: Muitas vezes tenho vontade de parar, de descansar,

de alongar o corpo, mas o excesso de tarefas não me permite.

Sinto muitas vezes que minhas pernas doem e minha coluna

grita de tanta dor, mas corro contra o tempo. Preciso do

emprego e também preciso mostrar que tenho competência

para desenvolver dupla ou tripla jornada. Muitas vezes cansada

ainda tenho as tarefas em casa como filha e mãe. Tenho que

ter tempo para a filha e ainda disposição para as providências

do lar. A minha família não entende porque eu trabalho tanto.

Mal sabe que preciso dar conta de tudo, o que esperam de

mim na organização e em casa. Então sacrifico minha saúde

em beneficio deste reconhecimento. Dificilmente respeito o

limite do meu corpo. Em casa ou no trabalho. Cobro muito de

mim. Desafios e resultados. Esqueço muitas vezes da saúde.

3 – Você se acha criativa?

Resposta: Sim, na maioria das vezes quando consigo

conquistar a confiança de meus executivos para mostrá-la. No

ambiente de trabalho nem sempre podemos colocar a

criatividade a prova em nossas tarefas. È uma questão da

cultura da organização, prezar esta qualidade em um

colaborador. Muitas empresas fazem com que os funcionários

cumpram exatamente aquilo que seus dirigentes querem e

estipulam, não respeitando muitas vezes a criatividade, a

competência e o dinamismo de seus funcionários.

4 – Como fica o seu humor ao chegar à empresa depois de

atravessar um longo percurso por intermédio de metrô, ônibus

ou automóvel numa cidade como São Paulo para chegar ao

trabalho?

Resposta: Na maioria das vezes chego muito irritada, pois sei

que, como cidadã, pago meus impostos, honro com as minhas

obrigações e ainda tenho que passar tantas dificuldades com

transporte na maior cidade da América Latina. Um transito

Page 219: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

230

caótico, pessoas estressadas, violências e pior chego para

trabalhar e meu executivo muitas vezes ainda reclama que

cheguei atrasada. Como se chegar atrasada fosse a minha

primeira escolha do dia assim que acordo. Tento muitas vezes

não deixar esse aborrecimento interferir no meu dia, mas fica

muito difícil, pois sei que na hora da saída começa tudo de

novo para eu chegar em casa.

5 – Você acha que você recebe o que o governo tem por

obrigação de dar aos contribuintes em relação à saúde,

educação e habitação?

Resposta: Falar do governo e suas responsabilidades é falar

também de nossas obrigações e deveres além de tudo que já

temos que fazer na vida. Dizem que devemos e temos que

fiscalizar os órgãos responsáveis por estes mecanismos, mas o

que dizer de governos? Corruptos? Ineficazes? Classe política

doente e sem sentido? Ficamos sempre reféns seja na

situação que for e depois ainda somos obrigados a fiscalizar

eles? O Brasil esta doente! Sem previsão de cura e nós é que

pagamos à conta do hospital. Para mim eles não fazem nada

de bom, nunca fizeram.

6 – Você participa de alguma entidade de classe?

Resposta: Sim, do Sindicato das Secretárias do estado de São

Paulo – Sinesp. Temos eleições, assembléias, discutimos

todos os assuntos da área e também com relação à imagem, a

capacitação profissional, eventos, educação etc. É importante

participar das decisões tomadas com relação a sua área de

trabalho. As secretárias são reconhecidamente profissionais

extremamente importantes na organização e fazem com que a

engrenagem funcione adequadamente na empresa junto com

os demais colaboradores e chefias.

7 – O fato de você perceber uma concorrência grande em sua

empresa faz com que você busque aprender cada vez mais?

Você busca oportunidades para melhorar sua carreira? O que

você e sua empresa fazem para que se torne um profissional

sempre capacitado?

Page 220: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

231

Resposta: Como participante do sindicato, sempre recebe

informações sobre cursos, novas modalidades de trabalho,

capacitação profissional etc. As empresas hoje não investem

como deveriam em seus secretários e por isso a carga

financeira de atualizações profissionais ficam em risco muitas

vezes nem é a parte financeira que atrapalha uma possível

melhoria profissional, mas sim por parte da empresa liberar os

profissionais para fazerem cursos. Ficar fora da organização

por muito tempo acarreta inúmeros problemas e os executivos

não abrem mão disso. Tenho consciência das necessidades,

mas a impossibilidade de me atualizar na maioria das vezes

me tira a motivação de trabalhar na área e faz com que isso

reflita no meu ambiente de trabalho e nas minhas tarefas.

Mesmo sabendo da concorrência às vezes sinto vontade de

mudar de profissão.

8 – Você sabe que você tem direitos? Sabe que tem deveres?

Você sabe a diferença entre o que é ser cidadão e sujeito?

Resposta: Pelo que aprendi com meus pais e nas escolas,

temos enquanto grupos inseridos em uma determinada

sociedade respeitar os meus direitos e dos demais. Nascemos

e crescemos na obediência de regras de bom conviver de

acordo com convenções pré-estabelecidas desde que o mundo

é mundo. Alguém lá atrás convencionou o que é certo ou

errado e viemos ao longo da história de alguma maneira

seguindo essa cartilha. È impossível não saber minhas

obrigações quando governo, família e trabalho me lembram

disso vinte e quatro horas por dia. Meus deveres são inúmeros

e não caberia aqui elencar todos, mas o primeiro que me vem à

cabeça é pagar um milhão de impostos a troco de nada, com a

nítida sensação de que rasgo dinheiro na janela, coisa de louco

mesmo. Meus direitos então, nem penso, pois sofro ainda

mais. Segurança por exemplo: o que podemos dizer daqueles

que deveria nos proteger (policiais) e hoje nos matam a troco

de nada? Um pais caótico onde poucos têm muito e muitos

quase nada! Sofremos as conseqüências de nossos próprios

atos quando nos tornamos analfabetos políticos, colocando

Page 221: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

232

aquela corja na direção do país a troco de dentaduras e cestas

básicas.

9 – Você pode descrever o tipo de organização que você

trabalha?

Resposta: Com meus 28 anos de experiência, já atuei em

diversas organizações com as mais variadas direções, culturas,

finalidades e portes.

É complicado analisar sob o ponto de vista secretarial, pois

sempre trabalhei junto aos centros decisórios e sempre sob

muita pressão por resultados, acertos e metas alcançadas. Isso

fazia com que as pessoas atuassem de formas diferenciadas

de acordo com seus interesses na e pela organização. Hoje

trabalho em uma empresa que é um holding de um grupo e

cujo proprietário é extremamente machista, centralizador e

autoritário. Apesar de sermos grandes amigos, não compactuo

com o seu gênero administrativo de ser. Trabalhei com ele

durante 12 anos e pedi dispensa para lecionar. Após quatro

anos longe, fui convidada a voltar, mas não consegui me

adaptar novamente e depois de seis meses percebi que ele

continuava o mesmo. Hoje as empresas precisam delegar,

confiar, acreditar no potencial de seus funcionários. Senão a

desmotivação fica muito aparente prejudicando os negócios.

10 – Em que tipo de organização você acredita ter formado sua

vida até aqui (religião, família, política)? O que você destaca de

melhor e pior nessas organizações?

Resposta: Acredito muito na família, pois ela sempre foi o meu

porto seguro, minha direção. Meu pai foi um homem

maravilhoso, dedicado, amoroso e confidente. Hoje não esta

mais aqui comigo, com a minha família. Sinto falta de seus

conselhos, de seu sorriso e de sempre estar pronto para

aconselhar-me. Minha mãe já não foi assim. Ela vive comigo

hoje, temos os papéis invertidos, eu é que cuido dela é uma

convivência normal. Da política nunca pude tirar um bom

exemplo em esfera nenhuma e na religião pude observar

quase todas elas e não chegar a lugar nenhum. Gosto do

espiritismo por várias razões, mas sou adepta a meditações e

Page 222: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

233

reflexões. Gosto do silêncio e paz, fruto da educação de meu

pai. Destaco de melhor na minha educação familiar o exemplo

de ser humano que meu pai foi e de pior, não saber trabalhar

com a ausência dele e consequentemente não saber lidar com

as faltas emocionais.

11 – Você é capaz de dizer qual delas deu mais sentido a sua

vida e qual delas você se sentia mais em casa?

Resposta: Como dito anteriormente a família representa tudo

de bom na minha vida e isso reflete no profissional. Por ter tido

essa educação hoje sou muito querida nos ambientes

acadêmicos, profissionais e sociais. Sinto que as maiorias das

pessoas me recebem bem, gostam do meu jeito, da minha

personalidade e também de meus conhecimentos. Realmente

em função disso sinto a vontade em qualquer lugar que eu vá

trabalhar ou lecionar.

12 – Em qual delas você sentiu mais tesão, mais vontade

de estar ou mais realizada?

Resposta: Reafirmo, foi dentro da família. Meus irmãos hoje

(uma mais velha e três mais novos) têm em mim a figura

daquela pessoa que um dia meu pai foi para nós. Como se eu

tivesse me incumbido desta responsabilidade deixada por meu

pai. Conselhos, ajudas, eventos sociais tudo eles falam e

fazem junto comigo. É importante essa união desejo constante

de meu pai e da minha mãe também. Sinto-me feliz porque

ajudo a todos eles e me sinto bem com isso. Realmente o meu

tesão é poder ser útil, ouvido e querida pela minha família.

13 – Nessas organizações que trabalha (trabalhou) o que você

gostaria de ser ou ser igual? Como ela era? O que a fazia

sentir vontade dessa igualdade?

Resposta: Infelizmente tenho que reconhecer que em nenhuma

delas tive algum exemplo de liderança, espelho profissional ou

que eu concordava com o tipo de direção. A maioria das

empresas em que atuei não se preocupava em investir nos

colaboradores e nem tão pouco em seus estudos, coisa que

Page 223: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

234

hoje é bem diferente. Eu tinha vontade de ser ouvida não era.

Tinha idéias e sugestões, mas ninguém se prontificava a ouvir

ou colocar em prática, principalmente nas questões humanas

das relações profissionais. O interesse maior era nos lucros e

na substituição imediata de pessoas que não se adaptavam ao

sistema da empresa. Ao longo dos anos fui percebendo que

pouco mudaria com os meus ideais de empresa maravilhosa

de se trabalhar e com a realidade do país e dos empresários.

Atualmente esta realidade está diferente. Alguns empresários

chegaram à conclusão que se não houver investimento interno,

investimento no material humano e na tecnologia as empresas

fecham as portas.

14 – Você se sente capaz de comentar que tipo de cultura sua

empresa tem? Como você classificaria o clima de trabalho na

empresa que atua?

Resposta: Como mencionado anteriormente, a cultura que a

empresa tem hoje ainda é machista. Não se acredita muito na

capacidade, no trabalho e na gestão feminina de cargos e

departamentos infelizmente. O clima é de tensão constante. As

pessoas não trabalham felizes (e querer felicidade no ambiente

de trabalho não é uma utopia), não se sentem realizadas e

nem motivadas a buscar resultados. É como em muitas

repartições públicas: as pessoas estão ali por estar. Não se

tem planos de carreiras, investimento em cursos e formação

profissional e muitas vezes sentem-se pressionadas a trabalhar

muito senão podem perder seus empregos. É de ficar perplexo,

mas ainda existem empresas assim e muita gente se

sujeitando a este tipo de tratamento pela necessidade de

sobreviver.

15 – Como você analisa sua relação com a sua chefia? Que

tipo de personalidade ela possui? Isso agrega conhecimentos à

experiência no seu dia-a-dia ou simplesmente você não leva a

personalidade dela em consideração?

Resposta: Meus relacionamentos com meus executivos

sempre foram bons. Começavam sempre com um determinado

grau de assédio. Talvez para eles me testarem ou coisa assim.

Page 224: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

235

Situações difíceis e complicadas eu sempre tive, pois só

trabalhei com homens. Ficava durante muitos anos nas

empresas e depois conquistava a confiança deles por

intermédio de meu trabalho muito competente e dedicado,

apresentava meus projetos e tentava colocar em prática. Meu

último executivo, com quem trabalhei durante 12 anos foi

realmente uma escola de vida. Ensinou-me muitas coisas do

lado positivo e do negativo. A questão não era aceitar ou não a

personalidade dele e sim me adaptar a usufruir da experiência

dele para fazer a minha lição de vida.

16 – Diante da variedade de personalidades em uma

organização, com formações diferenciadas em todos os

sentidos, como é para você trabalhar as questões de conflito,

de cargos e de posicionamentos dentro da empresa?

Resposta: Sempre procurei ouvir. Aprendi isso ao longo da

vida. As pessoas querem ser ouvidas. Elas querem que nós

sintamos o que elas sentem para entender o seu problema. O

uso da empatia foi uma coisa muito fácil, pois meu pai sempre

ensinou isso para mim e para os meus irmãos. Os conflitos

existem. Pois o ser humano pensa e age de formas diferentes

e se não dermos a chance de cada um mostrar o que pensa e

sabe o mundo ficaria impossível de se viver. Respeito,

humildade, determinação fizeram ao longo de minha carreira

secretarial uma diferença enorme para se trabalhar quando

atuamos ao lado do poder nas organizações. Vaidades,

disputas e política fazem parte, infelizmente ainda, de muitas

realidades organizacionais no Brasil. Por isso todo cuidado é

pouco.

17 - Você costuma apresentar soluções para os problemas

quando observa que algumas coisas estão desalinhadas e

a empresa esta levando prejuízo de alguma forma com

isso?

Resposta: Apresentava e ainda apresento. Faço parte de um

time, de uma equipe e se algo não vai bem compete a também

tentar solucionar. Independente de ser um problema da

empresa, o problema passa a ser meu também quando estou

Page 225: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

236

integrada em um grupo. Sempre que posso sugiro idéias ou

projetos para beneficiar a todos: empresa, funcionário e

sociedade.

18 - O que você entende por auto-conhecimento? Você o acha

importante para sua formação social e profissional na

atualidade?

Resposta: Sinceramente eu acreditava que auto-conhecimento

era buscar o conhecimento sozinha, sem ajuda de escolas. Eu

acreditava que auto-conhecer era realmente buscar estudos e

formação fora dos bancos escolares. Lendo melhor a palavra e

buscando seu significado no dicionário pude constatar que não

era bem isso. Pode ser também se conhecer por dentro e por

fora. Saber quem você é. De que grupo você faz parte. Que

personalidade você tem e o que deseja para a sua vida.

Começo a entender hoje que a minha formação social depende

de eu saber quem eu sou por dentro e por fora e me aceitar.

Evidentemente que isso reflete no aspecto profissional.

Conhecendo-me e conhecendo melhor o outro. Com certeza

vou poder ser uma pessoa completa, feliz e realizada.

19 - Você julga importante alguns mecanismos como a auto-

aprendizagem, a escola, uma formação específica essencial

para seu sucesso dentro da sociedade e dentro das

organizações atuais?

Resposta: Evidentemente que sim, buscar conhecer-se e

adquirir conhecimentos variados são essenciais hoje para

quem quiser se manter profissional e socialmente incluso em

qualquer grupo. Podemos notar uma variedade enorme de

empresas atuando no treinamento de funcionários como

motivação, atualização, formação específica etc., como forma

de minimizar muitas vezes as diferenças entre os

colaboradores, chefias e dirigentes em uma organização.

Manter-se empregável hoje exige sacrifícios, estudos

constantes, paciência e conhecimento de si e dos outros.

Ninguém chega a lugar algum sem investir e não podemos

depender de absolutamente nada e nem ninguém para

chegarmos ao sucesso pessoal, social e profissional.

Page 226: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

237

Secretária 23

1 – Você poderia descrever como foi sua infância, sua

juventude? Como você escolheu sua profissão? Fale um pouco

de sua história de vida.

Resposta: A minha infância não poderia ter sido mais feliz. Foi

uma infância sadia, em que brincava na rua com toda a

molecada era sempre uma diversão ímpar. Sempre rodeada de

alegria e de pessoas que me amavam muito. A juventude como

de toda garota foi rodeada de descobertas e com certeza foi

muito proveitosa. Todos os momentos foram vividos com muita

intensidade. A escolha da profissão se deu de forma um pouco

confusa. Ao sair do colégio queria fazer jornalismo. Prestei

vestibular, não passei. Fui então fazer outros cursinhos

preparatórios para vestibular e me vi diante de um impasse,

não era aquela profissão que queria para minha vida. Então

comecei a trabalhar para então decidir o que fazer. Arrumei um

emprego de secretária e auxiliar administrativo ao mesmo

tempo, e foi ai que me apaixonei pela profissão e resolvi fazer a

faculdade. Hoje sou completamente realizada com minha

escolha e tenho certeza que foi a melhor que poderia ter feito.

2 – Como você lida em determinadas situações com o cansaço

de seu corpo no trabalho e em sua casa para cumprir com suas

obrigações profissionais e familiares?

Resposta: Estar com a sensação de cansaço é quase que

diária. A rotina de trabalho, faculdade e demais afazeres nem

sempre são bem aceitas pelo nosso corpo. Existem dias em

que levantar da cama é um verdadeiro suplício, mas sei que

acima de tudo tenho minhas responsabilidades pessoais e

profissionais. Diante disso o que podemos fazer é levantar,

fazer o que temos que fazer e sempre lembrar que temos que

aproveitar bem toda a nossa vida. E caso o cansaço seja muito

forte, tentar descansar em um horário alternativo mais sempre

lembrar que não devemos desistir nunca.

Page 227: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

238

3 – Você se acha criativa?

Resposta: Não sei ao certo se posso me considerar uma

pessoa criativa, mas tento sempre criar alternativas para

dinamizar o trabalho, organizar melhor as tarefas e fazer com

que o tempo seja mais bem aproveitado.

4 – Como fica o seu humor ao chegar à empresa depois de

atravessar um longo percurso por intermédio de metrô, ônibus

ou automóvel numa cidade como São Paulo para chegar ao

trabalho?

Resposta: Acho que já estou tão acostumada com essa rotina

alucinante de viver em São Paulo que meu humor não se altera

ao enfrentar dificuldades das mais diversas para chegar ao

trabalho.

5 – Você acha que você recebe o que o governo tem por

obrigação de dar aos contribuintes em relação à saúde,

educação e habitação?

Resposta: Não, nenhum cidadão hoje recebe o que tem por

direito do governo, muito pelo contrário, acaba se contentando

com o que lhe é proposto.

6 – Você participa de alguma entidade de classe?

Resposta: Não. Ultimamente não participo de nenhuma.

7 – O fato de você perceber uma concorrência grande em sua

empresa faz com que você busque aprender cada vez mais?

Você busca oportunidades para melhorar sua carreira? O que

você e sua empresa fazem para que se torne um profissional

sempre capacitado?

Resposta: Acho que o aprendizado deve estar presente em seu

cotidiano. Todos os dias aprendemos coisas diferentes e temos

experiências diferentes, por isso não é somente no momento e

na ameaça profissional que buscamos uma outra visão. ”Todas

as oportunidades que nos são propostas têm que agarrar com

Page 228: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

239

as duas mãos, pois como diz o ditado popular”.” Ela não bate

duas vezes na mesma porta.”.

A empresa em que trabalho valoriza muito o interesse de seus

profissionais que estudarem e trazem um maior conhecimento

para o seu ambiente profissional. Visando isso paga a alguns

de seus funcionários, cursos, faculdade e tudo o que achar que

envolve aquisição de conhecimento.

8 – Você sabe que você tem direitos? Sabe que tem deveres?

Você sabe a diferença entre o que é ser cidadão e sujeito?

Resposta: Um sujeito é uma pessoa que tem direito há algo e

um cidadão só é considerado cidadão a partir do momento em

que começa a votar e exercer o seu poder de escolha. Todas

as pessoas têm direitos e deveres mais nem todas sabem

distinguir ou sabem disso.

9 – Você pode descrever o tipo de organização que você

trabalha?

Resposta: Trabalho em uma empresa extremamente

burocrática em fase de crescimento e desenvolvimento. O grau

de conhecimento das pessoas é grande e é possível crescer

muito na organização.

10 – Em que tipo de organização você acredita ter formado sua

vida até aqui (religião, família, política)? O que você destaca de

melhor e pior nessas organizações?

Resposta: Na família. Destaco o amor, respeito e carinho dos

pais e irmãos. Não tem pior. Família literalmente.

11 – Você é capaz de dizer qual delas deu mais sentido a sua

vida e qual delas você se sentia mais em casa?

Resposta: Família literalmente.

12 – Em qual delas você sentiu mais tesão, mais vontade

de estar ou mais realizada?

Page 229: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

240

Resposta: Família

13 – Nessas organizações que trabalha (trabalhou) o que você

gostaria de ser ou ser igual? Como ela era? O que a fazia

sentir vontade dessa igualdade?

Resposta: Dentro da minha organização não sinto a

necessidade de ser igual a nenhuma pessoa que lá trabalha.

Conseguir impor o meu ritmo de trabalho, as minhas idéias e

as minhas vontades. Acredito no meu potencial profissional e

sei das minhas capacidades e dos objetivos que quero

alcançar, por isso confio plenamente em mim.

14 – Você se sente capaz de comentar que tipo de cultura sua

empresa tem? Como você classificaria o clima de trabalho na

empresa que atua?

Resposta: Não sou capaz hoje de dizer o tipo de cultura que

temos dentro da empresa. Ela está sofrendo uma

transformação muito grande o que faz com que tudo que hoje é

apresentado possa ser transformado a qualquer momento. O

clima de trabalho nem sempre é agradável. Por vezes você

sempre que as pessoas esperam o seu erro para passar por

cima e mostrar a todos que você foi capaz de errar e nunca

demonstrar os seus erros. Porém, isso acontece na grande

maioria das organizações. Do mais vivemos em um clima

ameno.

15 – Como você analisa sua relação com a sua chefia? Que

tipo de personalidade ela possui? Isso agrega conhecimentos à

experiência no seu dia-a-dia ou simplesmente você não leva a

personalidade dela em consideração?

Resposta: A minha relação com meu diretor não poderia ser

melhor. Uma pessoa calma, inteligente, exigente, que sabe

ouvir as suas opiniões e idéias e quem acredita sempre no seu

potencial de trabalho. Tem uma personalidade forte. Todos os

dias me trás experiências novas, me passa ensinamento, em

nossas conversas diárias sobre tudo o que acontece no Brasil

Page 230: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

241

e no mundo, visando o lado econômico e financeiro. Mas acho

que a personalidade dela não influencia muito no cotidiano.

16 – Diante da variedade de personalidades em uma

organização, com formações diferenciadas em todos os

sentidos, como é para você trabalhar as questões de conflito,

de cargos e de posicionamentos dentro da empresa?

Resposta: É aquela história de saber dançar conforme a

musica. Ada pessoa é de um jeito e é preciso ser tratada de um

jeito. Os conflitos podem existir mais nada que possa exercer

grandes dificuldades no ambiente de trabalho.

17 - Você costuma apresentar soluções para os problemas

quando observa que algumas coisas estão desalinhadas e

a empresa esta levando prejuízo de alguma forma com

isso?

Resposta: Sim. Se eu apontar o problema, nada melhor do que

levar a solução para ser analisada. Às vezes por analisarmos

de um outro ângulo conseguimos mostrar uma solução não

pensada antes.

18 - O que você entende por auto-conhecimento? Você o acha

importante para sua formação social e profissional na

atualidade?

Resposta: auto-conhecimento é ter ciência do que você sabe e

é capaz de apresentar. Isso é importantíssimo em todos os

momentos. Você sempre deve mostrar as pessoas que são

capazes de muito mais coisas do que elas pensam e sempre

mostrar a você que é capaz de vencer os seus próprios

desafios.

19 - Você julga importante alguns mecanismos como a auto-

aprendizagem, a escola, uma formação específica essencial

para seu sucesso dentro da sociedade e dentro das

organizações atuais?

Resposta: Sim. Porque quando a pessoa é especializada

naquele determinado assunto ela poderá mostrar um melhor

Page 231: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

242

caminho, um melhor desenvolvimento do que a pessoa que

não tem um conhecimento aprofundado.

Page 232: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

243

ÍNTEGRA DA DISCUSSÃO TEMÁTICA EM GRUPO

COM SEIS SECRETÁRIAS EXECUTIVAS.

Page 233: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

244

Unifieo – Centro Universitário Fieo Programa de Mestrado em Psicologia Educacional Mestranda: Cathia Petroni Professor Orientador: João Clemente de Souza Neto Entrevista com seis secretárias executivas – Local: Faculdade Sumaré – 01.07.08 Objetivo da entrevista foi levantar quem são essas profissionais enquanto pessoas, enquanto sujeito da história e personagem principal desta pesquisa. Verificar como elas retratam suas vidas da infância a maturidade, que valores carregam e que experiências elas trazem da família ou da sociedade que lhes permitem atuar como secretária, ao lado dos executivos que normalmente estão no centro de poder das organizações. Analisar o perfil e o histórico de cada uma delas, contribuindo para que se possa entender os motivos da escolha profissional e saber o que elas entendem por identidade profissional. Intermediadores: I) Prof. João Clemente II) Mestranda Cathia Petroni Participantes: (25=J), (20=M), (27=V), (29=N), (28=K) e (26=ME.)

I) Como você aprendeu na vida?

J: responde que aprendeu com os pais. I) Com seus pais! Mas o que você aprendeu?

J: Acho que as regras de conduta, de convivência, de educação, hábitos e costumes, acho cultura familiar que é passada começa na infância. Desde o que você falar, você aprender a comer, a andar, a se vestir, acho que é o começo, o começo da vida. N: Inclusive algumas regras que geralmente as famílias tem como eles procedem, como eles falam com você é forma como você vai falar com eles, é a forma como eles te ensinam como ensinaram o abc, um dois três, como se chama um quadrado, um redondo, a maçã, o vermelho, é assim que se aprende falando de forma educada e carinhosa e você vai resistindo e depois você aprende a formar as coisas e ter suas idéias.

I) Você aprendeu mais com o seu pai ou com a sua mãe?

N: Com a minha mãe. I) Sua mãe te ensinou mais?

J: Geralmente mais meu pai. I) Então conta para nós como foi isso.

J: Meu pai era um exemplo, então ele... ah...o convívio com ele, o que ele ensinava foi fundamental por ser sempre destaque, então a minha infância foi super marcada pelo meu pai. Pelo o que ele era, ele sempre ensinou muito a questão do ser e não do ter, na época ele era empresário, tinha muito dinheiro depois não teve mais e ele conseguiu lidar com isso e ensinar os filhos que isso é uma coisa passageira, então eu aprendi muito com meu pai.

I) Você poderia dizer para nós o seguinte, assim, uma coisa que você aprendeu com seu pai, que é importante na sua vida.

Page 234: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

245

J: É o amor, é o amor...demonstrar isso, falar isso, isso eu passo para os meus filhos isso. Não tenho vergonha de demonstrar de quem você gosta, independentemente da situação, eu aprendi isso com meu pai. Meu pai não tinha vergonha de falar eu te amo é..ele era muito carinhoso...

I) Legal...Com quem você aprendeu mais na sua vida? Ela aprendeu com a mãe dela e você?

K: É...não eu acho que aprendi com a minha mãe, mas acho que o papel dos meus avós foi fundamental na minha formação, no meu aprendizado em geral porque a minha mãe me teve com vinte anos, então ela era uma adolescente ainda e se separou cedo então a minha base familiar foi composta pelos meus avós e acho que tudo o que eu aprendi com eles, acho que até essa questão do amor é muito importante mas eu lembro assim do meu avô essa parte muito profissional assim dele, dele como micro-empresário de estar sempre assim num processo de crescimento, de responsabilidade, de dar muita importância para os estudos, eu aprendi isso muito com os meus avós, o meu avô principalmente.

I) Qual a cena, o que você aprendeu com seu avô que marca na sua vida até hoje?

K: Ai...as vezes assim de noite a gente ficava deitado, conversando ele me contava as estórias dele, de como ele começou, que ele trabalhou em várias funções até chegar a ser empresário. Ele tinha uma empresa de trilhos de trem, foi o auge da.... mas ele começou com boy, então eu achava isso, essa trajetória toda dele de sucesso dele ter começado de baixo e ter crescido pra mim me motivava também querer crescer. Na época eu queria fazer Direito, ser juíza, então era, foi um fortalecimento pra mim aquilo, me lembro disso à gente tava sempre ele me contando as estórias dele, das dificuldades que ele tinha encontrado para estudar, ele sempre deu muito valor aos estudos.

I) O que você aprendeu lá na infância com sua mãe que te marca até hoje?

N: Respeitar meu pai. I) Respeitar seu pai (risos)...

N: Era bem dividida a situação, a posição dos dois. A minha mãe dava o carinho, a atenção, era meiga, cuidava da casa. Ela era do lar. O meu pai era o trabalhador, saia cedo, voltava à noite só passava os finais de semana com os filhos, chegava à noite e não se tinha muito carinho, ela era um homem bastante assim....então o que eu aprendi com minha mãe foi respeitar o meu pai e o que eu aprendi com meu pai foi respeitar a todos. Meu pai sempre ficava assim: essa agulha eu comprei hoje e vou colocar em cima da geladeira, se você tiver que passar aqui e a agulha tiver aqui em cima do fogão, voe retira ela passa e fico lá. Daqui um ano se eu voltar aqui e eu não ver onde estava essa agulha antes, eu gostaria que ela estivesse aqui. Dito e feito. Então foi assim com uma agulha, uma roupa, um sapato, dinheiro, livro, algo seu, algo do próximo, foi com meu pai aprendi a respeitar e ai eu vou chorar......(lágrimas) o que é do próximo. Aprendi a respeitar.....(lágrimas) aprendi a respeitar o meu pai na posição dele.

Page 235: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

246

I) Eu vou indicando, mas pode ir falando disso

M: Ah, eu muitas coisas eu tive que aprender meio que sozinha mesmo. Eu perdi a estrutura familiar cedo, meus pais se separaram eu tinha treze anos, meu pai foi embora de casa, a gente começou a trabalhar com treze anos para ajudar no orçamento do lar, minha mãe na época perdeu a estrutura e tentou suicídio, meu irmão desandou na vida e alguém tinha que manter a família né e ai eu tive que amadurecer muito cedo, sustentar a família cuidar de mãe (Cathia pergunta: isso com quantos anos?) quatorze anos. É que eu sempre tive isso comigo o tempo todo: ou você escolhe ir pra, seguir a vida caladinha. ou procurar o melhor pra minha e pra minha familia. E foi o que eu fiz. Começando lá no meu primeiro trabalho no material de construção, meu pai nunca teve essa preocupação, meu pai foi embora para outro estado e largou eu com o meu único salário que era dois salários mínimos para manter uma casa sem estrutura, alugar, fui atrás de fiador de aluguel no centro de São Paulo para alugar uma casa, mas não vejo como Ah! coitada eu acho que isso serve para amadurecer, valorizar a sua vida né , não dar uma de vítima, eu passei por isso mas muita gente passa também. Eu olho hoje para trás: olha como estou e como eu estava, porque eu escolhi, tive escolha, por isso tornou-se mais fácil batalhar.

I) Dessa experiência o que é mais significativo do seu aprendizado que lhe deu impulso até hoje em sua vida

M: olha, assim que eu recentemente é com conhecimento e família. Hoje pra mim estrutura familiar é tudo. Eu casei nova, casei com dezoito anos, tenho minha filha, então pra mim a estrutura familiar, a base que eu não tive, então é o que prezo e eu tenho certeza, a preocupação que meus pais não tiveram, com a educação eu tenho com a minha filha. Eu falo: eu quero dar instrução pra ela para que ela seja o que ela quiser. Quero ser médica. Que a vida não leve ela, mas que ela tenha escolha, oportunidades que eu não tive né. Mas não culpo meus pais, não acho, eram as condições deles né. Hoje eu cuido deles, dou uma força para eles, tenho até preocupação com eles, às vezes minha mãe chora, ela fala que ela não devia ter feito isso e que eu sou uma pessoa boa. Sabe então eu não reclamo da vida não, sabe sou feliz, tenho nome, ávida é assim e a gente tem que fazer escolhas. Cada um escolhe o que é certo e o que é errado na vida. V: Eu fui criada na casa das quatro mulheres. (Risos) A mãe da minha avó, minha avó, minha mãe e eu. Risos (I:ta legal, três, quatro gerações), é quatro gerações nós somos, minha bisavó, eu cuidava da casa cedo, minha mãe e minha avó trabalhavam, então eu cuidava da minha bisavó, eu achava divertidíssimo que ela tinha arteriosclerose (risos) e eu era criança e ficava as duas botando fogo na casa (I:legal, risos), são coisas que a gente lembra né. Eu acho que de tudo o que minha mãe pode me ensinar foi dignidade mesmo, eu sempre sou muito objetiva, também tive um pai ausente. Quando criança a gente procura depois a gente não procura mais (refere-se ao pai), a gente vê que aquilo não é mais essencial na sua vida. Acho que minha mãe ensinou mais o que é família dentro das quatro gerações. Minha bisavó faleceu eu tinha 12 anos e ai continuai morando eu, minha mãe e minha avó. A minha família ta lá.

Page 236: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

247

I) Você é filha única?

V: Sou filha única e elas agora estão no interior. Elas foram atrás de qualidade de vida. ME: Engraçado, eu assim, a lembrança que eu tenho maior não foram os meus pais não, foi no colégio, porque meu pai e minha mãe trabalhavam o tempo todo eles ficavam trabalhando fora e eu estudava num colégio interno então o que tenho de aprendizado foi com as freiras, com o ensino, até para brincar a não se saia na rua, passava por um túnel para ir a chácara brincar, então quer dizer, toda aprendizagem que eu tive praticamente foi lá, eu tinha o carinho sim dos meus pais, mas mais da minha mãe do que do meu pai. Então era mais trabalho, trabalho, trabalho e até assim de criança eu poderia brincar a gente fazia alguma outra atividade, brincar era arrumar armário, arrumar gaveta esse monte de coisas tal, tal, e com as Madres era mais ou menos assim. Era o tempo todo trabalho, trabalho, quando não levava ainda aquele negócio de bordar. Panos de prato para bordar em casa e as pessoas com que eu convivia, assim do meu convívio social eram semi-internas e as outras eram assim, pessoal do meu bairro, que cada uma o pai era isso, o pai era aquilo, então eu ia para a casa de um quando do meu tempo livre pra ir na cada da Irani porque a Irani tinha piano então a babá dela que coordenava a casa me ensinava a tocar piano, e com ela aprendia francês e por ai ia. Então mais o meu aprendizado foi da escola do colégio com as Madres do que propriamente com a minha casa. Lá era disciplina, disciplina, disciplina, disciplina. Onde tudo isso que contou mais para mim foi ä disciplina. Às vezes eu até tenho que me policiar porque eu sou muito chatinha em determinadas circunstâncias tem que sair tudo perfeito.

I) Você acha que a disciplina te ajuda no seu fazer profissional ou te atrapalha?

ME: Às vezes não, porque a gente precisa ser um pouco mais assim solta, leve precisa levar a vida com mais fluidez, a gente fica muito nervoso, não é bem por ai, tem que dar uma relaxada. A disciplina é importante, mas eu acho que não é tudo, não é tudo. Eu tenho que às vezes sair para um outro lado, para poder relaxar mais, e as coisas, clarear mais as idéias sabe no campo profissional Ainda mais com a disciplina, disciplina o tempo todo.

I) E a empresa, a empresa prefere o quê, mais disciplina...

ME: A empresa com certeza disciplina o tempo todo, 100 por cento integral. Então às vezes na minha casa eu acabo me relaxando um pouco procurando fazer outros tipos de atividades que eu consiga relaxar porque na empresa eu to......

I) Uma secretária para ser bem sucedida ela tem que ser mais flexível ou mais disciplinadora?

ME: Hoje em dia flexível. Ela tem que ser flexível. I) Por quê?

ME: Senão ela não se adapta no mercado de trabalho. As mudanças que ela vivencia, hoje seu chefe está aqui, amanhã não é mais o seu chefe. É o diretor, seu vice-presidente já não é mais esse é outro, o fornecedor que é hoje, amanhã já não é mais e você vai ter que procurar outros que agreguem a

Page 237: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

248

mesma qualidade, com preços competitivos, menores preços. Se você não for flexível hoje em dia você não se adapta ao mercado. J: Não vai se adequar em relação às mudanças, sem ferir os seus valores.

I) E como a gente faz isso?

J: Quando a gente tem certeza do que a gente quer na vida a gente consegue fazer mesmo que sofra algumas conseqüências, porque elas tem, elas existem, e até são doloridas, mas você tem que fazer uma opção. Ou eu vou ser, ou eu vou tentar ser aquilo que eu sou realmente ou eu vou ter que dançar conforme a música, eu acho, que uma secretária, uma secretária não consegue dançar conforme a música. Tem coisas que não dá para eliminar no meu ponto de vista. Tem coisa que não dá para falar, eu vou largar tudo aquilo que eu aprendi e que eu, as coisas boas que eu retive para mim em função de um emprego, um cargo, de um salário. Talvez a minha situação seja tranqüila referente a isso, mas eu tenho a impressão que a porta pode fechar, mas quando você tem objetivo na vida outra abre. Pode não ser tão boa quanto à outra, mas só de você se sentir bem onde você trabalha, é se sentir realizado e trabalhar tranquilamente acho que isso não tem preço. Agora trabalhar com gente que exige que você mude totalmente para atendê-lo acho que é complicado pra mim. Eu não conseguiria, aliás, eu já passei por uma fase dessas (risos). N: Então vou ter que mudar, mudar não, porque eu não mudo, ninguém muda. Você nasceu, cresceu e vai morrer aquilo que o seu íntimo é. Agora você se adéqua a uma situação. J: E ai eu acho que volta essa questão, não sei, mas acho que vocês amarraram isso viu, Ai volta à questão do que você aprendeu na infância. N: É J: Algumas coisas que você aprendeu na infância, você não consegue evitar. N: E a vida no trabalho, mas não flexível quanto ao namorado J: Como? N: A gente é flexível no trabalho em adaptações de trabalho, mas não com relação aos namorados J: Sim... N: Moral não dá para ser flexível. É mais ou menos o que você falou. Você acredita naquilo, você está acreditando na sua cultura, na sua moralidade, são parte de sua cultural os, princípios, isso não dá para ser flexível. J: E ai foi à base, foi a minha base, não consegue destruir a base. N: Você diz eu, eu não procuro emprego que não se adéqüe aos meus princípios. Eu não vou procurar um emprego numa área que eu sei que ali a secretária pode ser de desagrado ou que afete moralmente ou monetariamente, enfim que afete outra pessoa. Um exemplo: eu comecei a trabalhar no XXXXXX (risos) logo no meu inicio ali, fui trabalhar no XXXX, nossa o XXXX. Quando eu falei para aos meus pais, nossa, trabalhar no XXXX? Eu também achei aquilo nossa formidável. Depois de cinco ou seis meses lá dentro que eu conheci a situação, eu vi o que era, eu falei realmente isso aqui não é para mim. Ali ganhava-se dinheiro, só o que se faz de falcatrua e coisas horríveis, o que se engana, engana mesmo as pessoas que tem boa índole é uma coisa espantosa. Não sei como aquele homem ainda tem saúde, porque geralmente quando se faz coisas erradas, creio eu, a primeira coisa que você perde, começa a perder a sua saúde, você não consegue aproveitar o

Page 238: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

249

que você retirou financeiramente, a saúde não te deixa aproveitar. Eu não sei como o homem está tão bem, quer dizer, penso eu que ele está bem. Então quando eu vi que aquilo não eram os princípios da minha base, do que o meu pai sempre me ensinou, eu fui embora. A princípio foi assim quando foi para procurar a gente procura, por exemplo, na sala. Você entra você é acolhida, você chega, fui acolhida, você fica porque as coisas são difíceis explicar isso com palavras exatas, mas fica no ar, é sua posição com outras pessoas que estão ali dentro, elas são quase parecidas, Elas se encaixam razoavelmente, não é exatamente encaixam, mas razoavelmente todos estão voltados para a mesma coisa. Dificilmente dentro de um local, de uma área que você trabalha você vai ter uma pessoa totalmente desfocada dos princípios ou ela é igual ou ela sai fora. Ela não fica, tanto do lado bom, quanto do lado ruim. Não se adéqua não se adapta e acaba saindo. Não fica.

I) Mas como ser flexível?

N: Ser flexível, dentro do que você conhece, do que você crê de seus princípios você adéqua. Eu sou um exemplo disso: Eu tenho um patrão que é rigorosíssimo, porém eu tenho um gerente que não é tão rigoroso. Então as coisas que eu levar do gerente, que passa por mim e que eu vou levar ao meu diretor eu faço uma peneira, ajeito e passo para o meu diretor. Então o gerente fica sabendo que o trabalho dele foi bem visto pelo meu diretor que também é diretor dele. Eu consigo explicar para esse gerente que a forma como ele apresentou não é a adequada, que ele pode melhorar de tal forma, que ele pode fazer assim, assado, que ele não se adéqua, ele não quer saber por que ele é um gerente. Então o que você faz? Você vai e arruma o trabalho dele e passa para o outro. Ele fica bem, você fica bem, o outro fica bem. Mas você tinha que fazer aquilo? Não tinha que fazer aquilo, porque você vai pegar o trabalho aqui e botar prá lá e acabou. O que você vai arrumar? Um desemprego pra ele. Pode ser que no lugar dele venha um pior... Então o que você faz? Tenta adequar às coisas é adequar às situações. M: A flexibilidade para mim está nos seus conhecimentos. Não pode estagnar só em torno de uma área. Na empresa é bom você ter uma visão global. Conhecer um pouco. Eu, nessa empresa onde eu trabalho entrei lá eu tinha dezenove anos. Então de tudo eu sei um pouco dos departamentos. Então eu tenho aquela flexibilidade de atender qualquer departamento. Estar na importação eu sei os procedimentos da importação. Se precisar na licitação, eu sei. Então vai precisar das suas atividades, não ser focado somente naquilo. Eu faço isso Hoje no mercado não é muito não é tão bom e a gente pensa que a flexibilidade é conhecer outras áreas também. K: Eu vejo essa questão de uma maneira bem diferente. Essa questão discutida eu acho para mim é um pouco obvio porque procurando emprego eu vou tentar me associar a uma empresa que eu tenha as mesmas questões de valores, crenças e acredite que eu vou fazer parte desta empresa. Eu não vou me ligar a uma empresa que eu não tenha a minha cara. Por isso que eu nunca fiquei desempregada. Sempre sai de uma para outra melhor e fiquei de forma e essa é minha trajetória profissional. E a flexibilidade para mim é essencial. Eu sempre sou muito flexível porque é uma necessidade de mercado e você tem que estar sempre se comunicando e crescendo e aprendendo, evoluindo então é aquilo que ela falou (M falou), é você saber os departamentos, é você vestir a camisa, é você estar numa área ou numa outra, o diretor saiu, morreu, veio

Page 239: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

250

outro tudo bem. Fui promovida beleza..., não fui promovida beleza (risos) acho que são coisas que fazem parte da sua trajetória, porque te motiva, talvez tava esperando uma promoção não deu certo então ta na hora de você ir embora. O que aconteceu comigo então é a flexibilidade de você se adaptar ou não e de você estar sempre buscando conhecimentos. Eu penso dessa forma.

I) Como é que vocês lidam com as adversidades dentro do espaço de trabalho?

V: Eu procuro tirar o melhor. I) Mas como assim?

V: Eu procuro sempre olhar o outro lado. Eu já fui muito de bater de frente, de causar algumas adversidades mesmo, diferenças. Hoje eu procuro agir diferente. Eu abstraio o que me interessa, o que não me interessa eu deixo prá lá. É como eu lido com as adversidades. Eu tenho três chefes completamente diferentes. Uma das minhas chefes fala da mal da outra chefe sabe. Eu abstraio o que me interessa, o que não me interessa, por exemplo, uma fofoca. E daí. M: Mas é difícil. Lá no meu trabalho..... V: (Risos) É difícil sim lá apanha muito para conseguir M: Lá no meu trabalho o que acontece, é o setor de reclamações. Qualquer problema de funcionários vem até mim eu tenho que tentar harmonizar a situação. É problema de refeitório, é um que te problema de horário. É um que respondeu mal, que é grossa. Ai tem dias que eu digo meu Deus! Ai eu escuto uma situação séria e ai vamos ver, vamos mudar. Agora você faz isso, ela faz aquilo. Ai sabe quando tem que ficar tendo que apaziguar as situações. Ai, às vezes o meu diretor fala pra mim: mas Mônica isso é porque está calma. Você tinha que ver como estava antes. De chegar alguns funcionários quase se pegarem dentro da empresa, sabe de ter que pegar, chamar e falar que isso, isso é falta de respeito, de palavrões (risos)

II) E quem te escuta?

M: Ah???? III) Quem escuta você na hora que você precisa?

N: O marido (risos) M: É complicado porque você fica numa situação que você não tem quem te escutar. Você fica lá e todo mundo vai em cima Às vezes os funcionários perguntam – Monica me explica como esta? O que está acontecendo isso na empresa? Eu falo bom isso, isso, isso. Eu eles fala: o que a gente faz? Então vamos seguir este caminho, fazer isso, mas assim se eu tenho um problema eu tenho que me virar sozinha. Eu também tenho essa liberdade de ter carta branca com eles. ME: Assim você continua com o mesmo elenco. Você abstrai o que é importante e deleta o resto. Você acha o foco do problema. O problema é processo. Tudo o que a pessoa falou ali abstrai. M: Dar tempo ao tempo à gente consegue resolver os problemas dos profissionais. N: E, você consegue atuar assim, desculpa? ME: Acho que sim. No meu caso eu tenho uma vice-presidente que é uma fúria mais o vice-presidente financeiro é um....é quase da familia, o marido, o

Page 240: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

251

secretário é o presidente, a esposa ela fica fora mas ela também faz parte da companhia. Então é complicado quando, quando os dois estão de bem é ótimo, tudo ocorre dentro do previsto o dia que acontece alguma coisa eu tenho que peneirar, triar o que eu vou falar pra ela, o que eu vou falar pra ele pra não dar conflito entre os dois, sabe, ser essa luz, mesmo assim é complicado, não é fácil. Meu marido já evito porque chateio ao falar. Não falo mais nada. Eu cansei de escutar: eu não aguento mais ouvir você falar isso. Então chega, vamos falar de outra coisa, está ótimo assim. Vamos encerrar o assunto, vamos correr, vamos para casa dos amigos. M: Quando eu to muito cansada eu vou até no banheiro chorar e depois eu volto. Eu tenho que trabalhar de alguma maneira, não sou grossa, sou calma, então às vezes eu vou para o banheiro chorar mesmo. Eu digo ai meu Deus eu tenho que extravasar de alguma maneira. Ai eu choro, choro, ai eu vou lá lavo o rosto ai eu falo para as meninas, já chorei e agora to em de volta. Já extravasei o que tinha que extravasar.

II) Quem te escuta K como secretária?

K: Minha mãe. Mãe. Marido eu acho que é a mesma história. Como você vai saber. Quando vê já está trocando de canal, não ta nem ai. Eu tenho que ouvir o dele o tempo todo. Eu ouço todo mundo, minha mãe, papagaio, cachorro. Mas a única pessoa que me ouve é minha mãe mesmo, tenho problemas, vamos fazer uma troca, fazemos uma troca. J: Ah, eu tenho uma amigona, no serviço, Nós trocamos, quando eu ...falo dela ela fala pra mim. O assunto morreu ali, acabou e assim somos departamentos muito próximos então é ah o problema é de um acaba refletindo no outro, não tem como então é até gostoso porque a gente ri e chora juntos de tudo....então eu lido bem com isso e eu trabalho em um departamento que assim, eu acho que sempre fui, eu posso usar uma palavra sorte, eu sempre fui muito sortuda em relação aos meus gerentes e diretores, sempre. Sempre tive pessoas, é incrível né, parece uma coisa assim muito parecidas com meu pai. Dá pra acreditar nisso? Assim pessoas firmes, integras eu sempre tive a sorte de trabalhar com pessoas assim. Caí uma vez na mão de uma pessoa que não era assim, que me demitiu e eu fui recontratada, fui para um lugar melhor ainda, foi uma vez nesses 22 anos e eu sei que tenho uma relação com chefias, com direção, é uma coisa muito gostosa e quando acontece as adversidades eu só me envolvo quando eles pedem o meu comparecimento porque quando eu percebo que está acontecendo alguma coisa eu fico na minha, surda eu já sou né? professor..risos...então eu fico muda eu só assim falo alguma coisa ou emito uma opinião se me chamarem e me perguntarem, caso contrário, ela fala o fulano, o siciliano, o beltrano, eu acho que é a forma que eu tenho de me preservar sempre.

III) Nádia e você, quem te escuta Nádia?

N: Eu tenho grandes problemas aí. Não tenho marido, não tenho namorado, não tenho pai....Minha filha me ajuda muito quanto a isso mas eu só falo pra ela depois que eu tenho a solução. Eu não chego, por exemplo, eu tenho 27 regionais, 3.200 associados, pode tudo cair na minha cabeça e tenho que administrar a sociedade como um todo. Então todos os problemas chegam a mim eu passo, repasso, encaminho enfim. Então a forma que eu achei de diminuir a tensão do outro lado e ela chegar a mim quando eu quero. A pessoa

Page 241: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

252

liga querendo falar, xingando tal e tal, olha, por favor, me passa um e-mail com todas as suas informações e eu vou encaminhar sim para o responsável. E quando o vejo o e-mail da pessoa, eu só vou ver quando eu tiver tempo então depois que eu leio, quando eu soluciono e daí se realmente eu não solucionar eu passo para outras pessoas. Do contrário eu resolvo depois porque a pessoa quando te escreveu, ela fica mais calma e ai quando eu tiver um tempo depois que ela falou você vai ver com outros olhos, ouvir com outros ouvidos, então você vai ter mais calma para solucionar aquela problemática ali, naquele momento era uma bomba, depois que passou era uma coisa simples. Então você vai ter outra visão daquilo e quando é, são os diretos que são os diretores fica um pouco mais pesado porque eu bato de frente. Infelizmente pra mim porque sou subordinada, mas eles já conhecem. E é assim eles vão, falam, falam, falam e a hora que realmente eles falam sobre algum assunto que eles não estão corretos, daí é a minha vez. Daí então bom agora eu vou falar. Daí eles sentam e eu falo e aí a gente discute como se fôssemos funcionários comuns, no mesmo nível , mas ao mesmo tempo que eles sejam superiores, de se acharem superiores e de se fazerem superiores. Eles também a hora que eu falo agora é minha vez, eles param. Aí eles escutam. Então quando eu tenho um problema que vai sai di âmbito profissional né, que quando eu fecho a porta do escritório ele vem junto, ele já está quase solucionado. Então quando ele chega na minha filha que é o meu ursinho, meu saquinho de pancada, eu vou contar uma história para ela, não vou levar um problema. Ai hoje aconteceu isso, aquele chefe chato falou isso e eu falei aquilo e ela e no fim? No fim ficou tudo bem. Eu não costumo levar o problema sério para casa, eu fico toda pipocada, agora já diminuiu bastante, mas eu fico tão estressada que surte o efeito, não tem como. Então eu penso, até sinto falta e acho que vou procurar um marido pra ver se resolve. (risos). J: Não filha, eu tenho marido, mas eu não levo problemas. Pensa em coisa melhora para sua vida. N: Só amigas eu não consigo. V: Eu acho que só problemas ninguém agüenta né? A Cathia já teve uma fase de ouvir quando a Cathia era professora, nossa então já ouviu algumas coisas, minha mãe ouve, tenho amigas, aquelas amigas que você conta metade, a outra amiga termina a estória. Eu não gosto de levar meus problemas para as pessoas e na questão profissional, ai no emprego meu Deus, eu acabo dividindo um pouquinho para não saturar ninguém (risos) eu acabo me acertado. N: Eu sou bastante ouvidos. Se tirarem uma fotografia minha vão fazer um ouvido grande e um caminho. Eu sou todo ouvidos, então eu quase não tenho boca pra impor o que eu quero. Eu ouço, ouço, ouço depois daquilo é problema de Deus. Estou livre. Eu não vou ter que tomar postura nem que você me peça, eu vou procurar solução. Se você é amiga dela, você ouve ela, o problema é dela e ela vai pra cada dela. Você vai ouvir, acabou ali. Para minha casa eu tenho que levar alegria, eu tenho que levar meu senso de responsabilidade, que eu trabalhe, que estou bem, porque eu tenho uma filha eu tenho um neto, eles dependem desse ar profissional, porque eu levo o carinho da família , mas ela tem que saber que tem o lado profissional e que essas coisas acontecem, é um exemplo, não tem como.

I) Como você lida com esse estress profissional, com as adversidades profissionais?

Page 242: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

253

ME: Ah, eu acho que é fundamental ter flexibilidade. Lá é assim, tem vários departamentos: importação, exportação, financeiro, departamento de marketing, e tudo acaba indo um pouco pra minha área, acaba caindo na minha área. Quando a pessoa é acostumada que: hoje ME você vai fazer isso, amanhã já muda todo o foco, você já ta mexendo com uma coisa. A pessoa vai pro Amazonas, pra China, nos vamos mexer com a Alemanha e eu acho assim, o que a J falou eu tinha isso, me marcou muito. Eu acho que os problemas do trabalho a gente tem que conversar com alguém que está focado nisso, ta vivendo a mesma, ta tendo a mesma vivência que você porque eu também tinha uma amiga uma super amiga, hoje ela não, é falecida, mas era uma que eu dividia muito porque tudo o que acontecia era a mesma coisa porque tinha que ser com a Ética, é uma coisa que você tem que confiar na pessoa com quem você ta conversando, se eu to conversando a N, eu tenho que confia na N pra saber o que eu to passando, eu não tratando, eu to trocando de diretor, de departamento, presidente de empresa. Eu não posso colocar certas coisas. E ela não, ela ta lá do meu lado, a gente trabalha no departamento do lado ou mesmo num andar ao lado, mas ela vivencia as mesmas coisas que eu. Então isso é importante pra mim. Que eu vou trocar com ela, eu sei que com ela, eu não vou ...ali, a gente vai chegar até numa conclusão ali, até para resolver um problema, uma ajuda a outra ri e chora da mesma forma e uma ajuda a outra e aí você chega na sua casa mais leve. Por isso que eu falei, o meu marido eu não converso mais nada. Agora eu não tenho mais a minha amiga então a forma deu eu lidar, eu tenho que arrumar uma válvula de escape, senão eu estouro. Ai eu procuro correr, faço esporte, faço musculação. J: Esse negócio de falar com uma amiga dentro da empresa no outro dia quando você já parou, tudo o que você tinha pra dizer você olha pra ela: ai a história não é bem assim, não é só isso que eu falei e ai você vai, você pondera, você consegue ver as coisas boas Dalí de dentro e as que não são tão boas e assim a gente vai vivendo. Porque a vida é assim.

I) E agora eu vou perguntar para vocês duas: Como que você se sente com essa situação, o que você sente?

J: O que eu sinto. Olha eu ali, o senhor sabe como é que é lá. Eu tenho um trabalho muito técnico e é muito...no dia-a-dia ele é bem independente então eu não dependo muito das pessoas e eu não tenho conflito diretos, assim, as coisas acontecem Dalí pra cima (risos) e ai estoura ali na minha mesa. Mas assim então falar o que eu sinto às vezes eu tenho decepção, em relação ah, ao lugar que eu idealizei porque quando eu fui trabalhar neste lugar onde eu estou trabalhando eu ia pra levar meus filhos pra escola e eu sentava no banco e falava assim: eu quero trabalhar aqui. Um dia eu vou trabalhar aqui. Sabe o que eu achava que eu ia ser professora porque eu fazia pedagogia. Jamais pensei que eu fosse parar onde eu estou, nunca e aí você olha como mãe, você olha empresa do lado de cá. Quando as cortinas se abrem que você ta lá dentro você sente realmente qual é a realidade decepciona um pouco, quando você vê que não é bem aquilo que você imaginava que fosse. Mas ao mesmo tempo eu tenho uma coisa que quanto mais eu vejo que o negócio está errado, mas eu quero trabalhar pra mudar, consertar. Eu tenho uma coisa, acho que é doença, não é possível né, mas eu tenho isso. Quanto mais a coisa está dando errado, não eu vou fazer a minha parte e vou consertar. Eu tenho minha parcela ali para consertar. Mas a decepção chega, a tristeza, tristeza de ver um

Page 243: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

254

ambiente que poderia ser, que você olha e você fala assim: esse é um lugar bom de trabalhar quando você entra você vê que ele não é tão bom assim e tem tudo pra ser. Então acho que decepção e tristeza eu sinto, às vezes eu sinto. ME: Às vezes eu penso, porque eu não fiz educação física, balé. Eu queria tanto ter feito balé no Municipal, mas minha mãe trabalhava e a minha mãe não tinha condições de me levar até a bendita Praça Ramos de Azevedo e eu tinha conseguido balé gratuito. Estudava no Santa Marcelina e fazia balé gratuito. E era gordinha então aquilo pra mim era o máximo, eu queria porque queria fazer balé. Às vezes eu penso: deveria ter sido bailarina ou ter feito educação física, hoje eu não me arrependo, não vou desistir não, não me arrependo me dá uma certa assim: poxa vida voe ta aqui e por outro lado eu penso aqui junto comigo tem várias pessoas que estão dependendo de mim, ou seja, o meu boy, a moça da copa, pra tudo até para apertar o botão do microondas ela fala: Ai E eu to tão confusa, minha cabeça (risos).....ai ela me chama, como é que é os dois mesmo E ai eu paro tudo e ai eu fico pensando nessas pessoas, não pêra lá, vamos virar tudo isso sabe e aí porque pra ser sincero o que acaba me motivando são as pessoas, o que acaba me motivando a eu mudar meu comportamento, a sabe, que elas dependem de mim, então também se eu não passar de uma forma legal, de uma forma boa pra elas, eu to com um boy novo, imagine o desastre, ele nunca trabalhou, tem 16 anos. Eu prefiro pegar um que nunca trabalhou pra eu moldar de acordo como é o meu departamento, então tudo é D. E, D. E, D.E o dia inteiro, eu tenho mil coisas para fazer, tenho e-mails pra ler, os trabalhos que eu tenho para entregar, ai ele sai e eu falo pra ele, boy tem que ter um comportamento, cabelos arrumados, você ta trabalhando aqui....ai ele chega com o cabelinho “demo”, então tudo eu tenho que ver, a história dele tem que ver, o comportamento dele, porque 16 anos, ele é uma criança pra mim. Então se eu não passar de forma correta, ele depende de mim, hoje foi o primeiro dia do reinicio dele, tava todo eufórico, feliz, já mudou. Eu tenho que pegar um tempinho e sentar com o menino e pêra lá, vamos conversar. Você tem que chegar no trabalho entusiasmado, alegre, motivado, eu sei que você ta com soninho, Ele tava assim na cadeira, eu disse pelo amor de Deus, não pode filhinho...(risos) Eu entendi a pergunta?

I) Agora eu dei risada agora.

ME: É no sentido de sentimento? I) É de sentimento, agora a pergunta...

J: A coisa de sentir que eu deveria fazer, eu sei que eu nasci para ser secretária eu acho que não daria certo fazendo nada mais na vida..

I) Mas você pode responder o sentido de duas formas: o sentir que você sente com as adversidades do trabalho, como secretária e o que você sente como pessoa tal.....

J: Ah eu acho que seria uma incompetente para fazer qualquer outra coisa. Acho que eventos eu me daria bem porque é uma área que eu gosto, que eu trabalho então ela é extensão do que eu faço, mas fora isso eu não consigo me ver fazendo nada diferente. Eu vou entrar para ser professora, igual você doutora, mas porque eu não quero trabalhar em casa depois de

Page 244: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

255

me aposentar e já está chegando a hora quase, mas fora isso eu não consigo. I) E você? O que você sente?

K: Eu acho que é um pouco que ela falou mesmo. A gente se sente impotente, não pode fazer nada, se tenho amigas, aquela confusão toda você não pode fazer nada. Impotente por não poder melhorar. Eu to falando que a secretária sempre tem que fazer mais, não quero mudar, vamos aprender, vamos mudar, acontecer e às vezes você não tem opção, você às vezes tem que assumir, mas acho que as adversidades existem, na nossa vida pessoal, profissional e é a flexibilidade, então sei lá tem que se adaptar, uma hora ta adverso, uma hora ta melhor então eu consigo administrar bem, hoje eu to caprichada e rou a unha, mas qual diferença. I) Você sabe que eu tenho que conversar com a minha avó que já morreu

(risos) Já morreu minha avó, mas é assim: ela quer saber, ela ta aqui no meu ouvido me atrapalhando a vida. Ela quer saber o seguinte: o que é peculiar de uma secretária? Assim, que só uma secretária pode fazer na empresa?

K: É um pouco do eu ela falou do ouvido. Às vezes a secretária é um ouvido gigante para vários, às vezes é uma oportunidade porque às vezes a pessoa é limitada, às vezes não tem tempo, hoje eu não posso fazer isso não e uma boa secretária tem que ter um bom ouvido, tem que saber fazer uma leitura de tudo, não só ouvir, mas também um bom olho faz aquele mapeamento quem é aquela pessoa, aquele pessoa te espera, aquela pessoa é amiga então você já em eu fazer isso como diferença no trabalho, nos meus primeiros anos as adversidades de fazer um trabalho que não quer, o cheque que você não queria ter falado e falou então é por ai, você vai usando no dia-a-dia, mas acho que é muito disso. I) Se eu fosse explicar para uma pessoa começando como secretária eu

diria: Você tem um bom ouvido? Então pode ser. Se não tem, ou tem alguma coisa mais?

J: Sigilo é fundamental. I) Não, não eu acredito que seja, não tem problema.

V: Acho que tudo o que foi falado cabe a qualquer profissional. I) Isso minha avó falou. Você está certa.

V: não é porque você é uma secretária tem que ter um bom ouvido, gerente tem que ter um bom ouvido. Chefe tem que ter um bom ouvido. Só que existem competências intituladas lá atrás que cabem a uma secretária, a ética. Não é porque você é uma secretária. Você ter que se ética até quando você vai embora. Eu acho que para ser uma boa secretária ela sabe o que faz como qualquer outra pessoa, só que existem competências que foram intituladas para essa profissão né, que cada um tem o seu e muitos acabam no mesmo centro e fazem bem feito aquilo.

I) É então numera para mim. Qual é aquilo que é próprio da secretária?

V: Que faz diferença?

Page 245: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

256

I) Que faz a diferença. Eu sou sociólogo quando você fala, fala ai tem que ter um bom ouvido eu tenho que ter. Ela falou tem que ser uma analista, sociólogo que não for capaz de ser um excelente analista não compreende a realidade, portanto não interpreta a realidade.

J: Eu insisto no sigilo V: Eu acredito, apesar de ainda existir controvérsias secretária é feminino.

I) Ela tem que ser mulher

V: Eu acho que tem. I) Ta e daí?

V: É a delicadeza e faz alguma diferença o jogo de cintura. N: Talvez eu pudesse definir assim..... J: Eu discordo

I) Você discorda por quê?

J: Eu acho que é a delicadeza, eu acho que a sensibilidade da mulher que faz o diferencial na carreira. N: É isso que eu quis dizer. J: Sabe por que, a mulher já tem um instinto, uma coisa que o homem não tem. Não adianta tentar explicar para o senhor agora... (risos) porque o senhor é homem então o senhor não vai entender. A sensibilidade que a mulher tem, não em, a gente consegue se entender se olhando.

I) Mas aí é a mulher eu quero saber da secretária.

J: Se você for olhar o homem ele vai achar outra coisa. V: É a mesma coisa... risos M: Agora a secretária, eu acho assim, se lá, a secretária é a junção de vários departamentos né, porque você lida vai diretamente com os donos, e ai você tem informações que nem os gerentes, nenhuma outra pessoa tem. Que fica entre vocês...você não pode. Se você falar com alguém você é mandada embora né. ME: Exatamente. M: Eu às vezes me sinto sozinha porque às vezes eu não posso...vai ter uma reunião, todo mundo percebe, vai rolar cabeças, alguém vai ser mandado embora, o que quê vai ser...então você acaba sendo só, porque quando você tem informações demais as pessoas ficam querendo ter essas informações e aí às vezes você fica tendo informações que até hoje diretores, gerentes não tem e eu acho que é uma mescla de várias funções. Hoje a secretária não tem uma função única. Por que antigamente, lá no passado atendia telefone, hoje é uma função, e apesar disso hoje ela já faz funções muito mais de iniciativa, mais de assessora né. J: Ela executa juntos. M: Executa juntos...ela tem apoio do executivo J: Eu não vejo muita diferença, mas acho que ela tem diretor, tem supervisor, tem gerente que não faz nada se não falar assim: olha ta pronto, mas eu queria que você desse uma olhada e aí você tira aqui, tira ali e ele manda. M: É, é bem isso mesmo. J: Então a questão é de confiança é fundamental.

Page 246: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

257

M: Confiança, meu diretor ele viaja para fora ele chega pra você e olha eu não vou estar aqui, mas fala com a M que ela vai resolver seu problema. A pessoa vem e diz: vim resolver meu problema. Risos.. M: Ele falou, eu vou ver o que eu faço né, mas você tem mesmo que substituir seu executivo, nas reuniões, nos poderes de decisões, assinaturas de contratos, aquelas coisas da confiança. V: Acho que são competências que deram ao nome secretária, mas que poderia a confiança também ser para uma outra pessoa M: Mas a outra pessoa pode ser V: Fiz papel de gerente então? M: Não, mas de uma área, um gerente financeiro. A secretária não atende só o financeiro, ela vai atende o financeiro, vários departamentos né.. V: Olha a minha indignação risos.... M: A confiança, a sensibilidade, a integridade são coisas que deveriam existir em qualquer profissão. J: Isso, só que a posição da secretária M: Mas é isso que eu to falando são as funções que deram a secretária, então qual a diferença da secretária é o nome e as funções que cabem a ela, Nenhuma outra pessoa tem. Só a secretária tem. J: Então a secretária agora tem todos os poderes não mão dela, querendo ou não ela tem poder, porque ela ta lá ao lado do executivo que manda, Se ela for de confiança dele e ela tiver sigilo ela influencia todas as decisões dele, muitas vezes você manda muito mais do que diretor, gerente, não é para falar, mas elas mandam muito mais do que eles. Tem que estar no alto escalão, ela é secretária, mas a influência que ela tem, a palavra dela tem um poder tão forte que é gostoso. M: O meu executivo diz: M como está sendo o trabalho do fulano e eu falo assim olha: Se não ta bom pra você então manda embora. Por que ele acredita no que você ta falando. O tempo de experiência que você ta trabalhando ali, ele sabe, se a M está falando isso é que realmente a pessoa não está atendendo as expectativas, não serve. Então, realmente assim influenciar, de outro departamento, de contatos com determinada área. A secretária pra mim é global, ela entende tudo da empresa, ela tem que tomar conta de todos os departamentos. J: Eu acho que o desafio da secretária é esse, quanto mais confiança te damos, mais responsável você se vê e aí eles te dão mais confiança, mais responsável e até aquela sensação de que eu não vou decepcionar, eu não sei eu, tenho muito disso. Eu faço essa leitura do meu diretor. Eu falo assim: o senhor confia demais em mim. Tem coisas que eu preferia não saber e tem coisas que ele não conta pra mim e depois que a coisa acontece ela fala pra mim: eu não falei pra te poupar. É um relacionamento gostoso. Quando você se identifica com a pessoa. Eu acho assim. N: Eu acho que a secretária então tem todas as qualidades que todos os profissionais deveriam ter porque ela é a fonte entre o superior e os subordinados.

I) Qual o poder da secretária? No ponto de vista institucional tem poder?

J: Do ponto de vista? I) Institucional. O poder pertence ao executivo ou pertence a ela?

Page 247: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

258

N: Para o executivo ela faz o meio de campo. Ela influencia I) Mas não pertence a ela

N: mas o poder de decisão é dele e quem responde pela decisão é ele, mesmo que ele tenha tomado com a sua orientação digamos, ele vai arcar. J: A secretária mesmo ela não vai, a secretária que é secretária ela não vai falar assim: eu fiz, para o diretor. Ela nunca vai admitir isso, porque não cabe, não cabe. Eu acho que o prazer da gente é ver nosso executivo lá em cima. Enquanto ele tiver lá em cima, automaticamente eu to, porque quando eu andar pela empresa eles vão olhar pra mim e falar assim: olha a secretária do fulano e só isso é o suficiente para mostrar a competência da gente também porque é o reflexo. Dele pra gente da gente pra ele. N: Eu acho que não há como um profissional que trabalha junto de outro profissional, ele deixa outros profissionais, na organização, superiores, funcionários tomar por bom o relacionamento. Se for dois ruins o departamento vai ser uma droga. Se ele for ruim, mas tiver uma boa coordenadora, uma boa funcionária, no caso a secretária, ele vai ser um bom diretor, o departamento vai ser bom porque ele manda, ela executa e ela é o elo entre, ela é a fonte entre eles e os demais. Então ela vai levar aos demais, ao departamento o que é bom porque ela sabe que o departamento precisa e ela sabe o que ele gosta. Ele manda, ela e ela faz. Ela faz o que é necessário dentro do que ele mandou e o que é o que os outros precisam. Como o boy ela fala o que o boy precisa, ela vai passar isso pro diretor dela? Ela não vai, ela vai solucionar e depois ela fala: esse menino chegou aqui assim, assim, daí nos conversamos, passou um tempo, ele melhorou e aí quando ele for olhar o boy, por que até então ele não viu, ele vai ver um outro rapaz. Mas só que se eu tivesse feito dele ali cru e passado pro diretor, o diretor diria: rua!, Não ia tentar, ia falar: esse menino no mínimo embora. M: Eu tenho o meu diretor que ele é muito difícil. Ele é temperamental. Não gosta que pergunta duas vezes, imediatista. É trabalhar sob pressão. O pessoal tem muito medo dele e quando eles precisam falar alguma coisa eles passam lá e falam: M é um bom momento para falar sobre isso? Eu falo: não. Não porque ele não leu o jornal ainda. Deixa ele ler o jornal depois você volta. Ih! O Santos perdeu hoje, Ih! Não fala nada. Por que ele é muito influenciado pelo time (risos)

I) E se perder?...

M: Então se o perde ele não fala com ninguém. (risos) I) Desculpa.

M: É verdade..(risos) V: Isso porque ele não é corintiano. M: Um é corintiano, outro santista e o outro flamenguista M: Mas o santista é o mais temperamental. Se perdeu ele não fala bom dia, então ele é assim, olha o Santos perdeu.

I) Qual é a formação dele?

M: Ele é formado, ele é farmacêutico pela Unibero. Ele é muito influenciado mesmo. Ele não aceita nenhuma piadinha do time dele. Ele chegou a quase sair no tapa com outro funcionário por causa de futebol. Pra você ver o nível que ele é de torcedor. Então eu já falo isso: o Santos perdeu hoje então não

Page 248: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

259

fala nada hoje, espera. Ai quando o Santos ganha eu falo: quem quiser pedir aumento hoje é o dia, o humor ta bom, mas eu faço esse termômetro né com o pessoal. Fala não, ta nervoso, ta calmo. N: Do mesmo jeito que as secretárias têm consciência do que elas podem e do que elas não podem e tem respeito pelos outros funcionários como têm pelos seus diretores, os diretores deveriam fazer um curso, alguma coisa pra também pensar sobre secretária, seus subordinados, seus imediatos...

I) Os diretores não respeitam a secretária?

N: Alguns não. Um diretor que leva os problemas do time dele pra dentro do escritório e não deixa que as coisas se desenvolvam porque o time perdeu, ele é um mau profissional. Saiu do campo deixa a bola lá, deixa o uniforme lá. Vai pra sua casa e vista uma roupa confortável, seu tênis, seu chinelo, brinque com seu cachorro, com seus filhos, ama a sua esposa, beija sua sogra. Vai para o seu trabalho com terno, com porte e trate seus funcionários como você.

I) Será que as pessoas conseguem fazer essa relação assim tranqüila que eu tenho que arrumar as gavetinhas tudo.....

M: Acho que vai da personalidade né? Ele é uma ótima pessoa, mas nesse lado ele não é acessível, mas ele prefere não conversar, às vezes ele vai até embora mais cedo pra não magoar as pessoas, ser grosso por causa do momento que ele está passando que ele não consegue mesmo. Ele já chegou a ir embora mais cedo, embora de festa por causa de discussão de futebol. N: Imagina se ele fosse uma pessoa qualquer. Como seria a vida dele. Por que agora ele tem a opção Ah! O meu time perdeu eu, estou indisposto, M diz a todos que ninguém pode me atrapalhar.

I) Que vou fazer....(risos)

N: Cancela minha agenda (risos) N: Ele pode, ele não pode! M: Mesmo antes, esqueci de dizer, eles próprios trabalhavam na mesma empresa. Um era vendedor, os dois eram vendedores e um era o técnico e aí eles cresceram na empresa, ajuntaram um dinheirinho para montar uma empresa. E estão juntos há treze anos. E sempre foram assim. Às vezes eles começam a contar estórias da época que eles trabalhavam porque eles têm muito essa visão do funcionário e ai eles falam: é melhor eu para senão vou dar idéias aos funcionários da empresa. Eles aprontavam muito na empresa onde eles trabalhavam e assim ele conseguia trabalhar, administrar bem, mas como ele ta hoje numa posição privilegiada então ele se dá ao luxo de pegar e vou embora. V: Pelo menos ele tem consciência de que ele pode

I) Eu vou conta pra minha avó que secretária ela é aquela mulher, que faz um curso, que tem a profissão e que depois consegue ter várias gavetinhas e ela consegue como um rádio que tem várias emissoras, uma ora ela ta na Tupy, outra hora ela ta na Globo, outra hora ela ta na Capital, e ela não mistura, as vozes não misturam. Não tem mistureba na vida da secretária.

N: Ai você está falando que ela não tem personalidade.

Page 249: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

260

I) Eu to perguntando, porque eu...to perguntando. Pode falar você, não tem problema

N: Você na tua casa é do jeitinho que você é na faculdade, é do jeitinho que você é no estádio de futebol. É do jeitinho que você é quando vai a um teatro com os amigos ou está num “happy-hour” com os amigos. I) Mas os problemas eu levo eles todos. Eu não nunca consigo separar.

N: Ah! Mas então vamos conversar (risos) I) Aqui eu representei. Que vocês colocaram assim. O desenho que vocês

fizeram eu to polarizando com vocês, o desenho que vocês fizeram foi o seguinte: Secretária ela sai de um canal e passa pro outro, desliga, muda da estação vai pra outra, desliga. Ai eu perguntei pra você: O ser humano consegue fazer isso? Como é que faz isso?

J: Ela convive com isso. Não tem jeito. Eu convivo com os problemas todos que eu tenho lá onde eu trabalho. Só que eu não deixo isso me atingir pelo menos hoje não e se eu pensasse nisso cinco anos atrás eu iria embora. Hoje eu sei que isso não vai agregar nada. Carregar tudo aquilo, levar problemas pra minha casa pra fazer parte dos poucos momentos que eu tenho com o meu marido e com os meus dois filhos. Eles não tem obrigação de agüentar isso. Eu sim lá dentro de casa tenho obrigação como aí mãe de ouvir o se dia deles foi bom, se não foi. O que passou lá atrás eu espero até amanhã. Eu posso até deitar, refletir e pensar: bom amanhã pra eu ajudar ou tentar resolver tal coisa, eu vou fazer isso, isso e isso. Ou eu posso até levantar e mandar um e-mail de madrugada pro meu diretor porque eu pensei num negócio que talvez dê certo, mas fazer com a pessoa que gosto. Sofrer, se você ta sofrendo lá, eu acho que depois de nove anos de empresa, depois de cinco anos eu consegui descobri que não vale a pena fazer isso. M: Eu também lá no meu trabalho eu tenho que ter calma, mas teve um dia que eu simplesmente comecei a gritar com meu diretor por telefone, foi o dia que eu cheguei ao meu limite de estress que ele me causou, que eu dei um berro com ele, bati o telefone na cara dele e fui embora. E vim pra aula, assisti à aula, fiz apresentação de trabalho, chorei no caminho todo, porque eu estava num estress emocional muito grande, mas eu chorei, cheguei à aula, fiz à apresentação as meninas viram e eu disse que tive um problema no trabalho, vamos fazer a apresentação então a gente consegue de alguma maneira separar. Chega em casa meu marido percebe. Aconteceu alguma coisa? Ah! Aconteceu um negócio chato no trabalho, deixa prá lá. Eu olho a cara dele e vejo que ele está cheio de problemas eu vou chegar mais com os meus? Eu não vou falar nada né J: Aliás, depois numa outra situação você já resolveu, vai estar mais tranqüila. Acontece a mesma coisa quando o diretor entra olha pra mim e fala: Ta tudo bem. Não ta, mas eu não quero falar. Acabou, porque ele conhece. M: Eles percebem a fisionomia né? J: Pela voz, pelo tom, pela roupa que você põe. Quando a roupa morrer é diferente do habitual alguma coisa aconteceu. É mesmo. Aconteceu alguma coisa? (risos) ME: Eu acho assim o mercado hoje está assim: você é u número. Seu crachá é o 414420, seu nome é ME é o meu ponto de vista hoje. Meu chefe me entra me

Page 250: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

261

fala bom dia, boa tarde. Ele é um senhor, ele é super-dinâmico e não necessariamente se eu morrer amanhã ou se eu sair ele vai ficar na mão de maneira nenhuma, ele passa a mão no telefone, ele pede uma passagem pra Itália, pra França, ele faz o trajeto dele ao pé da letra. Não vai morrer não, eu na sou insubstituível não. Não sou uma peça chave. Hoje em dia as empresas o que elas estão fazendo. Você é responsável pelos seus atos eles dão uma série de competências e com lucro. Você tem que dar lucros para a empresa, você tem que ter o objetivo, eles traçam o objetivo e os funcionários tem que cumprir. Não é porque eu trabalho na área da secretaria de departamento e tal que eu também vou estar envolvida nesse, no lucro da empresa. Todos estão envolvidos no lucro. Então enquanto eu to lá, amanhã se não vender, se eu não atingir meu objetivo de exportação, se o navio encalhar minha filha e não entrar com as peças aqui por n coisas, ou porque errou os dados de não seio que, não importa amanhã ME eu não posso te pagar ME R$ 10.000,00 se for. Não posso te pagar ME R$ 10.000,00. Então eu tenho que me adaptar ao mercado ai eu vou procurar uma outra empresa. M: Acho que depende do perfil da empresa. ME: O meu chefe eu to há muito tempo com ele, ele me conhece desde pequena. Nos conhecemos quando eu tinha uma pequena empresa, uma mini empresa e ele me chamou pra voltar quando eu fechei minha empresa e eu fui, mas o que ocorre, bom dia e boa tarde Ele nunca chegou pra mim pra perguntar, nunca, eu não tenho essa relação assim com ele sabe não tenho, extremamente profissional e eu posso ser sincera, eu acho que é o mundo real hoje em dia. O mercado é completamente fechado, você é um número, rendeu, rendeu, não lucrou vamos ter que mandar embora. O quê que nós vamos fazer? Não posso ficar com 3 ou 4 secretárias. Eu vou ter que mandar embora. J: Ontem eu cheguei atrasada na aula porque o meu diretor me chamou e eu fui lá e ele falou se senta e eu sentei uma hora e meia. Ele abriu o computador começou a fazer uns trabalhos e conversando comigo ele não queria nada, só queria que eu ficasse ali um pouco, mas eu tenho esses momentos também, a gente tem amizade. Vamos ver isso. Uma vida normal. M: Minha irmã trabalha numa multinacional americana e ela fala vai M vai fazer uma entrevista. Eu não quero, amo meu trabalho, adoro a empresa que eu trabalho. Sim eu vou porque eu quero ver como está o processo seletivo hoje, que eu não sei. E eu fui lá. Uma hora e meia de entrevista com a pessoa do RH. Perguntavam tudo desde os meus avós, uma hora e meia. E depois mais uma hora com o diretor, mas o que eu vejo no mercado é que você trabalha em equipe, flexibilidade, facilidade de lidar com outras pessoas, pois eu já vejo que muitos conflitos prejudicam o andamento e o departamento da equipe e lá eles têm muito esse contato. A empresa tem muita aquela preocupação com o funcionário, o bem estar dele. Até a professora me perguntou qual a diferença de uma secretária de uma empresa grande de uma empresa pequena. Ai eu falei empresa grande você é um número. Eles te conhecem como um crachá, a empresa pequena não, eles conhecem a pessoa então no poder de decisão e demissão isso vai ser válido, o dono te conhece. Não a M eu conheço o trabalho dela. Numa empresa grande eles não têm essa visão. Quem ganha mais? Vamos reduzir, mandar embora. Contrate uma que ganhe a metade. Então na empresa grande esse é o diferencial. Só que em contraparte a empresa Multinacional grande ela tem a preocupação com o bem estar o funcionário: café da manhã, previdência sabe, toda aquela assistência. Tem

Page 251: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

262

empresas pequenas, médias que não tem essa visão, não tem essa preocupação. Não tem. Eles te dão os benefícios básicos e é aquilo. A Multinacional já é outra visão. Então é isso mesmo. Multinacional é isso mesmo. N: Você passou? M: Não porque tinha que ter o inglês fluente. (risos) e eu fui bem sincera, eu não vou atender o perfil, mas foi ótima a experiência. Fazia treze anos que eu não participava de um processo seletivo. E eu não entendi porque perguntavam do meu avô, mas o que você lembra do seu avô? E até hoje eu queria saber por que ele frisou tanto essa parte do meu avô e comecei a entrar no Google para pesquisar e eu falei assim eu fui bem objetiva na minha resposta. J: Então professor como estamos no canal você continua achar que não sintonizou direito. As secretárias são assim. Elas mudam de canal, mas aquele chefe ruim fica lá é um ponto de luz. Fica lá.

I) E aí o que você faz com o chefe?

J: Você agüenta ele até o momento que ele consiga sintonizar direito o canal. I) Pelo jeito vocês estão em contato com muitas secretárias, Como vai à

saúde da secretária?

V: Eu estou bem, tranquilamente. I) Assim no geral, (risos) por que vocês têm contato né, falo no geral. Por

que é assim. Vocês têm muito contato profissional né e como no geral a secretária, com está a saúde da secretária.

ME: Eu to com uma amiga que não come e chegou num momento dela de estress total e ela simplesmente disse ME eu to indo embora.Ela tem uns 10, 12 anos de carreira na companhia e ta indo embora, ela não agüenta mais pressão, pressão, pressão, ela não come. Ela põe um sanduíche, às vezes eu falo você vai almoçar, compro sanduíche pra ela, converso sério não vai. Teria que dar o prazer de falar eu vou, tenho horário no dentista, tenho horário no médico. Tenho que fazer meus exames semestrais. Ela não sai para ir ao médico. E hoje em dia tem toda facilidade, você pode ir no sábado, tem convênio que atende de domingo com a maior facilidade. Ela não faz isso. Ela chegou num momento total. Acho que é um erro, primeiro porque você tem que cuidar da sua saúde pra depois chegar.... K: A valorização. A pessoa tem que ter consciência, qualquer profissional tem que ter consciência de si mesmo e de se valorizar. De saber, olha eu tenho que ir ao médico, eu tenho que me alimentar, eu tenho que fazer uma atividade física. Eu agora há pouco tempo nossa eu quero me cuidar, eu quero ir numa academia todo dia e eu coloquei isso na minha agenda e inclui e estou me sentindo bem melhor. Acho que isso também faz a gente se sentir melhor e o estress vai embora. Isso é uma coisa que as secretárias precisam se atualizar por isso que é importante ter essa interação entre secretárias, porque às vezes a pessoa fica enfiada dentro de um escritório, não vai a eventos, não tem uma reciclagem, tem vários eventos à disposição falando sobre o bem-estar, senão fica doente mesmo. J: A prioridade de nossa vida não tem que ser eu como secretária, tem que ser eu como pessoa. Pra mim é minha família é o bem-estar de quem está em

Page 252: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

263

volta de mim. Se eu não tiver bem, eles também não vão estar bem. O meu serviço é conseqüência do que acontece em minha casa, eu estar bem lá no meu serviço. Eu acho assim quando eu to bem dentro da minha casa qualquer coisa pode vir que eu enfrento Estar bem o meu marido, meus filhos, minha mãe, que é o meu mundo de verdade quando ele está bem estruturado pode vim e acontecer lá no meu serviço que o máximo que vai acontecer é eles me mandarem embora e ai eu vou servir em algum lugar. A gente não pode ficar amarrada num serviço. M: É que nem eu me vi numa saia justa com meu diretor. Eu participei de uma reunião forma com ele com um pessoal do Japão. Na reunião, na mesa tem uma hierarquia. Eu tinha que sentar na 4ª. Cadeira, com meu papel e caneta, diretor ao lado de diretor. E ai começou a reunião toda em inglês. Ai eu falei o que eu to fazendo aqui. E o japonês olhava pra mim e eu só entendia no nome do hotel. Meu chefe me pediu desculpas N: Eu acho que falando assim o maior problema da secretária é o estress. Realmente o stress é muito grande.

II) O que causa o estress na secretária?

V: É tudo isso. Humor de um humor de outro, é um que ta ruim, é outro que ta bom. O papel chegou ou não chegou ou ta numa situação constrangedora.. J: Depois falam que o nosso problema é TPM. Vê se pode. Isso é tão ruim. V: Eu brinco no serviço que enquanto eu não colocar meu pijama, trabalhar de salto e falar que estou de terno, ta tudo bem (risos). O dia que eu entrar aqui com o meu pijama rosa de salto e vim trabalhar, pode me internar. (risos). Acho que o maior é o estress mesmo, mas acho que nem é o problema da secretária, é o problema do século mesmo. Eu sou muito.... J: Mas não dá para viver sem ele. V: Ah! Dá porque faz bem, faz mal..... J: Não dá para viver sem essa agitação toda. M: Verdade. Eu trabalho melhor sob pressão em acho que sempre trabalhei assim. Quando ele fala assim: é pra agora. Então antes que ele fale agora. Eu falo vou fazer agora. Eu sei que ele quer ouvir o agora no final da minha frase. Ai ele liga e diz já fez aquilo? Não e às vezes é aquela correria, mas se não se não dá tempo e falta, ele viaja e eu fico chateada ai eu falo.....

I) Ele vai dar bronca. (risos)

ME: Meu departamento é morto. I) Quê?

Quando meu chefe vai pra China meu departamento fica um marasmo M: A gente não fica sente falta? ME: Eu Sinto, não vou mentir não. N: Eu nunca sinto. (risos) M: Hoje eu vou renovar isso, ai eu fico pensando vou renovar aquilo vou mudar aquilo, calma Vilma!!! (risos), tal ai meu gerente... J: Autonomia acaba. A gente consegue fazer tudo ao mesmo tempo com eles falando. Quando a gente fica muito longe, que ele some ai a gente fica com o coração apertado. M: É um vazio né? J: Ai então a gente fala: amanhã eu faço.

Page 253: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

264

I) Deixa eu fazer uma pergunta para vocês. Qual é o maior sofrimento da secretária?

V: Acho que Preconceito ainda. É o que eu penso. I) Você acha que o preconceito é o maior sofrimento que a secretária tem.

V: Ah, eu acho. K: Eu também acho é terrível... V: É preconceito porque é mulher, é preconceito porque ta de TPM, é preconceito porque está de tênis não ta de salto, é preconceito porque, pela sua cara....

I) Quem que não ta de salto?

V: Ontem eu machuquei meu pé, eu fui trabalhar de tênis. Não teve um que não olhou. Eu fui trabalhei de Tênis e calça jeans. Eu machuquei meu pé. K: Eu acho, que eles ficam focados e ta de tênis por quê? V: Não lá todo mundo pode. O quê que houve? Eu acho que é o preconceito mesmo de ta ali, atrás, as pessoas nem sempre acreditam que você é capaz de poder de decisão, de poder persuasão, de influência, isso pesa sim. Ainda encontra pessoas que desmerecem a profissão. M: Acho que é ainda falta de reconhecimento. Estou fazendo um trabalho sobre nomenclatura da secretária. Hoje uma recepcionista fala que fala é uma secretária, eu não aceito. Para ser secretária você tem que estudar, tirar um DRT. Então eu não aceito. Às vezes eu pego um jornal lá ... V: Secretária do lar é pior M: É às vezes a recepcionista não está e falam a secretária. Eu digo secretária não. Hoje gente estuda, tenta mudar essa visão que a sociedade tem e se você não corrigir ali pras pessoas ali né... V: A minha chefe falou: secretária é uma profissão que está acabando. E eu disse: aonde? Eu falei aonde está sendo regularizado, tem teto salarial, tem professor, diretor e a profissão nunca acaba. J: Como é que você acreditou em mim? V: Está acabando a secretária e eu disse aonde? K: Existe faculdade de secretariado? O que você faz, se o que você faz? V: O que você tem de aula? O que você aprende? A mexer na agenda?

I) Depois do preconceito, qual o outro grande sofrimento.

V: Falta de reconhecimento. I) Falta de reconhecimento, preconceito, vamos ver se a gente levanta

aqui os cinco grandes sofrimentos:

ME: Acho que sou secretária gerente ou gerente secretária....(risos) I) Você acha que o maior sofrimento é a nomenclatura?

ME: Acho M: Acho que poderia mudar. ME: Poderia ser alterada que permitiria outras nomenclaturas. Começa que a secretária vem lá de auxiliar e chegou ao topo. Você não quer, você que continuar a ser secretária, você tem tanto conhecimento, você tem bagagem até ultrapassar. Então...agente de secretariado.

Page 254: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

265

M: Mas isso está mudando porque nas multinacionais, as secretárias são assistentes executivas, eles falam secretária, mas elas não são. É tudo assistente executiva ou financeiro ou comercial. K: O que muda é a nomenclatura, mas ela é uma secretária. V: Melhorada (risos) M: Mas em multinacionais, eu tenho uma amiga que trabalha na X, entre eles, eles falam secretária, mas nos e-mails, no cabeçalho é: assessora executiva. ME: E às vezes surge à oportunidade para a secretária e você não vai. É cômodo para o presidente, para o diretor eu to né, na zona de conforto. Muitas vezes eles não tiram você de lá, pra ir para outro cargo, porque é cômodo, porque eu to com a Ciclana, a Ciclana conhece todo o meu perfil, eu facilito a vida dele, eu sou uma facilitadora ao passo que se eu sair eu vou ter que deixar as coisas em stand by tal, tal, tal. Poxa eu to há tempo tempos aqui e não aparece uma oportunidade, porque é cômodo para o presidente M: É mais ou menos assim. A secretária trabalha como gerente. O reconhecimento salarial dentro da minha empresa é.. N: Você conta nos dedos. M: Ah, eu não sei. Quem eu conheço, assim é difícil quem tem o teto baixo, eu acho que eu sou exceção, mas é que eu estou na área há bastante tempo, quem tem 6, 7 anos de experiência. Houve um crescimento profissional, investi na carreira, a parte salarial.

I) Nós temos três grandes sofrimentos, o quarto e o quinto não vão aparecer?

N: Falta de atitude. I) Falta de atitude de quem? Do chefe ou da secretária?

N: Dos dois. Se o chefe não tiver atitude ou não der chance da secretária ter atitude, nada vai funcionar. K: Você vai ficar acomodada né? V: A zona de conforto.

I) Ta todo mundo adepto. Gozado o pessoal da administração, sós administrações estão todos os adeptos a Vygotsky. Ta todo mundo preso a ele. Ele que falava da zona de conforto e da zona de desconforto e agora ta todo mundo...

V: Ta na moda, I) Eu vou aos lugares de administração zona de conforto e zona de

desconforto (risos) porque ele trabalhava o tempo todo com essa perspectiva com a criança então a criança precisa da zona de conforto e da zona de desconforto e agora eu to chegando no pessoal de administração ta todo mundo, zona de conforto, conforto, zona de desconforto...

V: São coisas que sempre existiram e eles colocam nome agora. I) E agora e empregabilidade, como a secretária, como é que vai a

empregabilidade da secretária. Porque eu aqui senti que o grupo aqui todas bem empregadas, mas no geral as secretárias todas são bem empregadas assim?

Page 255: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

266

M: Não. N: Eu acho que para uma boa secretária nunca falta emprego. Ela é automaticamente indicada. É o networking. É isso também. M: É verdade. A minha irmã já é secretária há 20 anos.

I) Eu vou mudar de profissão...

M: É, e ela tem o perfil assim e ela fala: eu não sou secretária, eu não faço serviço particular para chefe, é o perfil dela. Ela está desempregada. Ela escolhe emprego. Ela entra e vê, sai e diz que este emprego não serve. Ficou quatro anos sem emprego e agora está numa multinacional porque tem o perfil dela

I) Ela ficou quatro anos desempregada

M: quatro anos porque ela ficou escolhendo emprego. Ela ia, esse paga pouco eu não vou. Ah esse....

I) Mas ai a empregabilidade é uma coisa complicada. A pessoa ficar quatro anos desempregada, a empregabilidade é

M: Não, mas ai ela escolheu até, ela podia ter conseguido outros, mas ai como ela teve a possibilidade de poder escolher o que ela queria. Ela disse eu quero trabalhar numa multinacional e ganhar mais de R$ 4.000,00 e ela falou não to precisando. Eu acho assim ficar tanto tempo fora do mercado e conseguir entrar.... ME: Acho que são os pré-requisitos. K: Eu acho assim os pré-requisitos hoje é o superior completo e línguas e você estar buscando uma pós-graduação, outras culturas e outra língua. De preferência o inglês. M: Se você não tiver o inglês você não consegue. K: Você não consegue. Até quem já conseguiu, conseguiu, mas para você crescer, e as pessoas que estão entrando agora no mercado, se não tiverem não tem chance. ME: E ter domínio de informática porque não adianta..mas hoje a gente tem que saber entender de photoshop ai joga uma coisa pra você fazer um folheto photoshop, ai você tem que ir lá, se interar, fazer curso de photoshop, saber mexer e a empresa pede que você apresente lá e como é que ficou o boneco da arte (risos) é assim. M: É que o idioma ele demora muito então se vê, hoje quem ta no mercado se começa cedo vai ter um sério problema como procurar porque exige a fluência mesmo. ME: Tanto é que até os nossos executivos hoje que em dois ou três finais de semana direto é inglês, inglês, inglês. M: No dia da entrevista da multi ele falou eu aprendi inglês bem depois de uma idade avançada e basicamente foi assim. V: Não, você tem que saber selecionar um bom profissional para exigir cada vez mais. Hoje pode ser o inglês, amanhã, não muito distante...vai ser o mexicano. K: Vai saber.... V: E Pequim, Pequim ta aí. Você vai selecionando tanto que hoje no mercado, na secretária de forma geral é o profissional especializado, eles estão

Page 256: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

267

procurando uma perfeição que quem consegue se adequar aquela vaga, fica bem. N: Quantas vezes eu ouço operador de máquina não acha pessoas, por exemplo, pode ser a pessoa secretária, que tenha pós, MBA, Mestrado e Doutorado é o que eu quero. Eu quero para minha empresa. V: Não vai ter, vai demorar muito tempo para ele achar. ME: Muitas vezes também a secretária tem tudo isso, mas não tem a bendita polivalência. V: A escrava (risos)....

I) E agora tem um complicador por que é assim que ao mesmo tempo em que você precisa do mercado especialista, você precisa do especialista polivalente, quer dizer você tem que ter uma especialidade, mas você não perder a dimensão de ser polivalente. Por exemplo: Tenho especialidade, mas tenho que ser polivalente, hoje o mercado tem esse drama.

ME: Já quer pronto. J: É verdade.

I) Quer pronto, porque antes você tinha o especialista tava bom agora não interessa o especialista. Eles querem especialista que também seja polivalente. Quer dizer ele tem que ser um médico clínico especialista numa modalidade, Não pode ser só especialista, mas essa discussão da empregabilidade é pela questão de polivalência.

N: Na área secretarial o que se discute muito é a profissional que trabalha com competência. Então é assim hoje é preciso ter uma secretária executiva que trabalhe com diversas competências, não que ela seja competente para fazer uma determinada coisa não, que ela seja especialista em determinadas áreas. O que se fala é que hoje se precisa trabalhar em dão cursos: olha secretariado vai trabalhar a partir de agora a base de competências então você acha que é, poxa será que até aqui então eu não tinha competência para ser secretária (risos) não, é porque realmente você tem que especializar-se em determinados conhecimentos dentro de sua área. Normalmente o inglês era o diferencial. M: Era e por aí vai. Amanhã o inglês não vai deixar de ser obrigação você vai ter que ter mais uma língua pelo menos engatilhada escondida debaixo do braço. N: Mas eu lecionava há mais de 6, 7 anos e já se exigia o espanhol, para você ter uma idéia, não era mais o inglês. Quando eu entrei nas primeiras aulas nos cursos técnicos o quê que ocorria já se sabia no mercado: meninas não fiquem só paradas no inglês, já partam para o espanhol porque o Mercosul vem vindo, aquela coisa toda né. Então hoje não adiante só o inglês e nem adianta mais só falar inglês e espanhol. Não é verdade. Com quem o país agora vai trocar relações comerciais? Com a bendita da Globalização? Com a China, então vocês viram a corrida dos executivos para aprender mandarim. Eles foram correndo aprender mandarim daqui a pouco vocês vão ter que..... M: Ai já chega.. ME: Uma coisa os chineses aprendem com muita facilidade o português porque eu converso com chinês que fala português e super bem. M: E, E, ela sabe (risos).

Page 257: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

268

I) Até por que lá tem uma região que fala muito bem o português.

ME: É incrível, eu fiquei assim.... V: Agora eu vou falar que o diferencial e a competência estão naquela secretária que procura se atualizar. Aprender o mandarim por exemplo. Ai ela vai lá e faz. De repente está assim. Competência.

I) Isso significa que toda secretária tem que estudar a vida inteira?

M: Ah não (risos) ME: Acho que tem que saber um pouco de tudo. Jogo de cintura, fazer cursos de marketing pessoal, networking.... M: De atualização, tem que estar atualizada com o mercado, mas não necessariamente ficar só..

I) Só na escola....

II) : Vou fazer uma pergunta para vocês, uma curiosidade minha: Vocês acham que experiência de vida, experiência profissional de outras empresas, contribui para atuação de vocês, onde vocês estão hoje?

J: Desculpa, eu não entendi a pergunta. III) A experiência de vida, independente de seu histórico, a experiência que

vocês tiveram em outros empregos mesmo não sendo secretárias ou sendo secretárias, efetivamente contribui para a atuação de vocês hoje dentro do quadro que vocês atuam.

N: Nós fomos cobaias por uma vez, mas também em contrapartida foram caminhos para seus acertos. V: Na empresa que estou hoje tem uma pessoa acha que eu sou a única e os erros que eu tive aqui numa próxima, não vou cometer.

II) Vocês acham que vocês podem ser de modelo para ensinar outras profissionais?

K: Eu acho isso muito importante porque, até na sala de aula, tudo, às vezes a gente nota trocas J: É boa essa troca. M: É legal K: Quem ta chegando agora no mercado tem muita coisa pra falar, se eu puder... M: Até o jeito de trabalhar diferente dá para se comparar. Ai o meu é diferente etc. III) O fato de vocês terem optado pelo ensino superior para realmente

buscar o registro na área, pelo fato de vocês terem optado pela profissão. Ninguém chegou pra você e falou quando você crescer você vai ser secretária.

K: Pra mim foi escolha própria. J: Secretaria não era um referencial. V: Até hoje não é. I) Por que você escolheu ser secretária?

Page 258: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

269

V: Por que eu queria uma profissão correlata ao que eu estava fazendo, executava no meu dia-a-dia e que me desse oportunidade de carreira. Então eu escolhi uma Faculdade que fosse correlata ao que eu tava fazendo. Eu já era secretária e escolhi fazer secretariado. Uma amiga do serviço me impulsionou.

I) Então você não escolheu a secretária, a secretária que te escolheu?

V: Foi M: Eu comecei fazendo ciência da computação. Eu parei por questões financeiras e ai eu falei que só voltaria para uma faculdade quando eu tivesse condições de pagar então eu voltei como secretária por que era a opção que eu achei que ficaria bem. Eu vi que eu deveria ter feito muito antes.

II) Eu vou fazer uma pergunta agora. Você acha que o profissional de secretariado dentro da empresa tem uma identidade própria? Na sua opinião.

J: Eu acho que tem. III) Por quê?

J: Eu acho que ele tem, depende do lugar que ele trabalha, depende da história dele na empresa. Ele ser responsável e as pessoas o conhecerem.

II) Mas só depende dele?

J: Não depende da estrutura toda. Depende inclusive de quem, na mão de quem ele passou. Por que tem chefe que não permite que a secretária faça o papel dela. Ele quer uma secretária para atender telefone, responder e-mail e pronto. Não é todo chefe que, não é todo diretor, todos os coordenadores de te dar liberdade de te chamar falar assim. Por que você não chega lá e fala assim: eu vim aqui dar a minha opinião, não é assim. Com o tempo ele ver que a tua opinião vai contribuir. Mas não é todo homem que aceita, não todo chefe que aceita e se for mulher é pior ainda, com a mulher é mais complicado. K: É onde a pessoa ta mesmo. Eu acho que é preponderante isso a localização, a estrutura da empresa. A empresa te dá status, te dá oportunidades ser você mesma, ser secretária, assim eu tive sorte em todas as empresas que eu trabalhei eu pude só acrescentar a minha identidade: eu sou, eu faço, eu aconteço, eu tive essa sorte.

I) Por que você escolheu ser secretária?

K: É como estava falando. É engraçado porque no primário eu estudava numa escola católica e a gente ouvia muito aquela coisa de chamado para a vocação e eu me sinto assim, recebi um chamado. Não tinha nada a ver, eu fazia direito, fiquei apertada, meu pai parou de pagar a faculdade, faleceu e eu tive que procurar emprego e então tinha uma multinacional do lado da minha casa, que foi comprada pelos dinamarqueses e eu fui, entrei como telefonista, virei secretária então eu me encantei pelo mundo corporativo. Não quero mais direito. Não eu quero ser secretária e ai eu vi que a secretária não era aquela secretária de médico e de dentista. A secretária era muito mais do que isso. A secretária poderia contribuir muito com a empresa. Crescer, aprender, evoluir e ser uma parceira do executivo. Eu vejo essa coisa, eu não sou secretária, eu sou secretária executiva e eu quero reforçar isso. É uma profissão brilhante, antiga que eu sou feliz enquanto secretária e quero as pessoas reconheçam.

Page 259: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

270

Eu busco este reconhecimento com todos que eu converso. Acho importante essa identidade, você poder expor para as pessoas. Acho especial e eu recebi esse chamado e sou feliz e quero continuar sendo secretária.

I) Você foi convoca a ser secretária.

K: Convocada, foi uma missão I) Foi escolhida porque foi convocada

M: Eu comecei como auxiliar de escritório, ai eu tive a primeira promoção para trabalhar como vendas de construção, depois eles criaram um cargo de secretária de vendas e depois me passaram para secretária da diretoria presidência onde to até hoje. A gente tem sim um perfil próprio mesmo. Uma que as pessoas te conhecem pelo feedback que dão sobre você, A M resolve isso, então as pessoas já criam uma imagem de você pela profissional que você é.

II) Mas vocês acham que perfil é a mesma coisa que identidade?

M: Na minha opinião sim. Eu penso assim: eu sou bem humorada todo dia, esse é meu perfil eu não sou estressada total e isso reflete no meu profissional, então eu acho assim caminha juntos. A minha personalidade é de pessoa calma e isso reflete na empresa. V: Ninguém é secretária sozinha. Pra mim ela tem identidade sim. N: Eu trabalho desde os 14 anos eu vejo assim, todo mundo vê o profissional secretária ou outro profissional qualquer como sendo um subordinado que deve obediência a uma pessoa, não importa se eu sou secretária da firma A, B ou C eu sou secretária, eu gosto de ser secretária, eu acho gostoso executar as funções de uma secretária, então a característica, o jeito que eu vou ser aqui ou lá, vai ser o mesmo. A minha profissão, as minhas atitudes vão ser as mesmas em todas as empresas. Então eu não me vejo trabalhando para uma pessoa, eu me vejo trabalhando para a empresa e aquela pessoa que está acima de mim também trabalha para aquela empresa. Então ali dentro somos todos uns números. Então juntando tudo isso, todas as pessoas, todos os crachazinhos você vai formar uma equipe e é por ela que você trabalha. Então eu me reporto a uma pessoa que vai se reportar a outra pessoa, mas independente de ser com essa ou com aquela eu sou a funcionária naquela atividade que eu desempenho com o meu melhor, quando estou ali dentro, eu estou ali dentro mesmo é uma dedicação ao trabalho, eu gosto de desempenhar aquele papel, eu gosto de pegar aquele trabalho, desde uma carta e lê-la e saber que aquilo eu posso melhorar, essas palavras foram repetidas, vamos trocar melhorar aquilo com o eu você trabalha, sempre tem uma forma de melhorar. Eu gosto de fazer isso. Então eu nunca trabalhei para a pessoa eu sempre trabalhei para a empresa. A secretária administra a empresa e assim como o diretor administra o seu setor.

I) Por que você escolheu essa profissão?

N: Por que eu sempre gostei. Eu gosto de desempenhar e se você é gerente você manda alguém fazer e se você está abaixo da secretária, você, ela manda você fazer e você faz alguma coisa. Eu gosto de fazer, eu gosto de saber que aquilo fui eu que fiz. É gostoso fazer algo que todo mundo vai olhar e elogiar ou criticar, porque depois que você adquire a confiança de seu diretor ele vai deixar você fazer. Eles só assinam infelizmente.

Page 260: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

271

I) Por que você escolheu ser secretária?

ME: Bom eu já trabalhava como recepcionista e eu cuidava de bebê até que o bebê fez xixi e eu vi que não era a minha praia. Não vou mais trabalhar como recepcionista. Vou fazer técnico, isso, aquilo pra que eu saia daí. Fui para Álvares Penteado e fui fazer técnico de secretariado e ai comecei a conhecer um outro mundo. Como Secretária eu ganhava mais como uma auxiliar de contabilidade, auxiliar daquilo ou daquilo outro. A secretária naquela época era registrada, era registrada e mesmo sem ter DRT ela conseguia ingressar e ter lá na carteira: secretária. Eu tinha um salário razoável, então não foi só por ser secretária foi também financeiramente porque ai eu conseguia pagar meus estudos onde eu queria

I) Há muitos anos atrás, na geração de vocês, a secretária tava mais presa, a formação da secretária tava mais presa ao curso de letras e não de gestão e o hoje o curso é mais preso a administração do que o curso de letras, porque antes era letras quem coordenava, que dava as regras, não era o perfil de secretárias, que era exatamente aquela que escrevia tudo o que o outro tava falando e depois mudou totalmente. Hoje vocês estão mais no campo competindo com os administradores do que outra coisa.

ME: Sem contar que você tem idéias, suas idéias são “roubadas” quem é o bambambam... M: É o seu chefe..

I) Aí é que ta, esse é o papel do assessor que é outro campo que vocês entraram porque antes o assessor também não era secretária, o assessor era a pessoa que tinha feito um curso de gestão ou dependendo da especialidade, se era na área de engenharia, por exemplo se pegar o Taylor ela vai mostras isso. Você é assessor aí então o assessor ele tem que, Ele dá a idéia para o outro, porque o outro que se apropria da idéia. Você vai ajudar ele a dar encaminhamento...

ME: Poxa que penas (risos) I) É a função, a função é para isso. Eu faço muita assessoria na minha

área e assessoria é isso, eu to assessorando então o resultado final não fica comigo, o resultado final ele fica com o outro, por isso eu sou assessor, porque se não eu seria o executivo, eu não seria o assessor. Então eu tenho que ter clareza que o produto do trabalho vai ser do outro. Agora eu queria falar duas coisas para vocês:

- Nós todos só nos realizamos a medida que se reconhece o produto do nosso trabalho. Quando o nosso trabalho não é reconhecido cria-se um problema psicológico. A doença da mente. Qualquer trabalho, porque a gente se reconhece no que a gente faz e às vezes é por isso que fica doente, fica estressado.

Page 261: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

272

M: É o reconhecimento, que causa motivação. I) É a motivação porque ao produto que você fez.

M: É porque a secretária quer fazer o melhor né? II) Isso já começa na infância, porque na infância o sofrimento dramático da

criança é quando ela evacua e a mãe fala que aquilo não presta, e ela considera: mãe como algo que saiu de mim não presta? A mesma coisa a gente, só que a criança não faz essa passagem rápida né? Então a mesma coisa nós. Como é que aquilo que eu produzi pode não prestar? É a mesma coisa que você falar que eu não presto, a gente sente isso. É por isso que o trabalho afeta na família, assim como a família afeta no trabalho não tem como você fazer essa relação. Existem as doenças e as doenças que são mais comprometidas, estou falando a respeito da saúde da secretária, as profissões que são mais comprometidas, as pessoas ficam mais doentes, por exemplo: professor você tem a quantidade maior na psiquiatria (risos), verdade porque tem o compromisso, se você tem o comprometimento você se reconhece no trabalho, a hora que você não vê o resultado do seu trabalho você tem uma crise psíquica. Não tem como não ter. Então conforme você avalia se a pessoa é comprometida no trabalho e se ela não está conseguindo executar, você valia pela situação da saúde dela. Então veja: você tem um professor hoje que ele não tem nenhuma manifestação de frustração, portanto, de problemas de saúde, você já começa avaliar que é um professor descomprometido, porque se você está comprometido com a situação você não tem como não ser afetado. Você pode é não deixar ela tomar conta de você, acabar com você, mas você é comprometido. Se você é comprometido você tem sentimentos. Isso no trabalho da secretária tem que evoluir. Por exemplo: outro problema que tem, aí a diferente ta. O banco, o caixa do banco é a terceira profissão que mais gera doença, mas aí é por causa do problema: a pessoa tem uma crise financeira em casa e vê aquele dinheiro todo (risos), é verdade, você pira, é a doença do ...(risos) Cada profissão e esta é uma coisa que tem que vocês tem que avaliar com vocês mesmas, cada profissão ela tem um tipo de doença própria. O motorista de ônibus em São Paulo tem outro tipo de doença. A sociologia da saúde ela vai classificando cada profissão com a sua doença que é própria. Você tem a patologia física que é própria e ela vai gerando, todas as profissões geram um tipo de tipo de doença a

Tipo de doença. Mas é legal a profissão de secretária. M: Não é legal, é ótima (risos)..

I) É uma profissão boa, depois da sociologia ela (risos). E a segunda coisa que eu queria colocar é que na entrevista perguntaram do seu avô é

Page 262: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

273

porque a gente sabe o seguinte: na história da pessoa aquilo que mais marcou ela, vai marcar na profissão, vai marcar na vida dela inteira. Então você tem que associar. Quando você ta analisando você tende imediatamente a associar o quê que aquilo tem a ver com o que a pessoa ta perguntando.

M: É porque voltou ao assunto... I) É volta....

M: Mas por que meu avô? Ai eu falei que era meu avô paterno... V: Mas por que o vô?

I) É porque na história dela a relação foi com o avô. Lembra quando eu fiz a pergunta: com quem vocês aprenderam? Por exemplo: se você falar: professor eu aprendi com o avô.....

M: Mas eu não falei do meu avô, ele perguntou, ele falou assim é me fale de seus pais aí eu falei rapidamente. Com quem você teve mais contato, com seus avós ou maternos e paternos.

I) Mas a pergunta não importa, você deu o conteúdo. Ele perguntou você deu a informação ele pegou...

M: Aí eu falei assim com meu avô paterno.. I) Ai a pergunta logo e a pessoa vai ficar encucada porque que ela falou do

avô paterno, devia ter falado materno. Bom, você falou do paterno pra ele.

M: Eu queria saber qual conclusão ele chegou (risos) I) Ai depende do que você ta direcionando, mas você puxa dali para

compreender um monte de coisa.

M: Essas entrevistas de RH, olha!!! I) Mas é bom, é sua área

M: Ai ele ia, passava meia hora ele voltava na primeira pergunta pra ver se eu respondia igual.

I) Agradecimentos finais, resultado da entrevista para todos e despedidas

Page 263: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

274

MODELO DO QUESTIONÁRIO COM 13 QUESTÕES FECHADAS

Page 264: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

275

Unifieo – Centro Universitário Fieo

Mestrado em Psicologia da Educação 2007 Mestranda: Cathia Petroni

O auto-conhecimento, a formação do sujeito e a profissão da secretária executiva

Questionário de pesquisa de campo Nome: .................................................. Idade: .................................................. Tempo de Profissão: ...................... Tipo de empresa: ............................ Porte: ................................................. Departamento de atuação:........... A quantos executivos se reporta:............... Estado Civil: ..................................................... Tem formação na área de secretariado: ( ) Sim Não ( ) Técnica ( ) Superior ( ) Possui DRT.................. No. ...........................

1. Para iniciarmos nossa carreira profissional é preciso pensar nas escolhas que fazemos. Ao optar pelo secretariado, sua escolha foi:

a) ( ) pura casualidade; b) ( ) por indicação; c) ( ) por escolha própria. d) ( ) Outra...................................................................................................................

2. Da infância para a fase adulta, escolher sua profissão foi:

a) ( ) uma decisão difícil; b) ( ) uma decisão fácil pois você já sabia o que queria seguir; c) ( ) uma decisão complicada, pois não tinha base nenhuma para escolher o secretariado. d) ( ) Outra...................................................................................................................

3. O que a (o) motivou escolher tal profissão: a) ( ) Oportunidade de momento; b) ( ) Saber que iria atuar com executivos no centro de poder das organizações; c) ( ) Saber que a profissão é promissora e dá status ao profissional. d) ( ) Outra...................................................................................................................

4. O mercado de trabalho atualmente é muito concorrido. Para se manter empregável hoje é preciso investir em formação específica, investir em educação continuada em nossa área e cultura geral. Neste contexto você se considera:

a) ( ) uma profissional que se atualiza constantemente em sua área de atuação; b) ( ) uma profissional que se atualiza quando tem condições financeiras; c) ( ) uma profissional que se atualiza somente quando a empresa banca os custos. d) ( ) Outra...................................................................................................................

Page 265: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

276

5. Qual a importância para você da Educação Continuada para solidificar a Carreira Profissional:

a) ( ) grande, pois dela depende o meu futuro e meu reconhecimento na área; b) ( ) razoável, pois dependo mais de técnicas específicas do que formação na área para me manter empregada (o); c) ( ) pequena, pois onde atuo no momento não exige formação específica, somente conhecimentos da área administrativa e/ou afins; d) ( ) Outra...................................................................................................................

6) O autoconhecimento nos ajuda, a saber, quem somos e o que precisamos na vida pessoal e na vida profissional. Somos parte integrante de uma sociedade e neste grupo atuamos diretamente com sujeitos em constante processo de crescimento e aprendizagem. Como secretária (o) que importância tem o autoconhecimento na sua carreira profissional:

a) ( ) é de suma importância adquirir cultura e conhecimentos variados para acompanhar os negócios da organização, os interesses de meu (s) executivo (s) e os meus próprios interesses; b) ( ) é importante desde que tenhamos tempo disponível para os estudos e para as pesquisas gerais; c) ( ) é importante, mas o tempo de trabalho não me permite ir além em meus estudos, pois tenho que me dedicar ao trabalho em tempo integral; d) ( ) Outra...................................................................................................................

7. Como secretária (o) hoje você se sente reconhecida (o) em seu local de trabalho: a) ( ) sim, pois tenho apoio aos projetos que desenvolvo em parceria com meu executivo, assim como meus conhecimentos profissionais são levados em conta; b) ( ) não, pois para a empresa o profissional de secretariado só executa as tarefas solicitadas pelos executivos; c) ( ) depende, às vezes sim outras não. Depende muito do humor de meu executivo; d) ( ) Outra...................................................................................................................

8. Você pode se considerar uma (m) secretária (o) cujo relacionamento profissional com os executivos e colegas de trabalho é:

a) ( ) proveitoso, enriquecedor e de aprendizado constante; b) ( ) crítico, pois o clima dentro da organização não propicia tempo para a troca de experiências profissionais e pessoais; c) ( ) bom e proveitoso à medida que eles dêem abertura para diálogos, o que não é muito comum na empresa, pois todos trabalham pressionados; d) ( ) Outra...................................................................................................................

9. Que nota aplicaria hoje a você em relação com relação aos seus conhecimentos profissionais e pessoais para ter o sucesso e o reconhecimento na profissão de secretariado na empresa onde atua:

a) ( ) de zero a três; b) ( ) de quatro a seis; c) ( ) de sete a dez; d) ( ) Outra...................................................................................................................

10. Como você costuma aprimorar seus conhecimentos profissionais: a) ( ) quando disponho de valores financeiros e o curso me interessa; b) ( ) quando a empresa me obriga a fazer cursos de interesse da organização; c) ( ) quando concluo que o curso de atualização é importante para o meu crescimento dentro ou fora da organização como profissional; d) ( ) Outra...................................................................................................................

Page 266: 343o aos anexos 13.04.doc) - UNIFIEO - Home · 2015-11-24 · forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária executiva ... o mundo do trabalho e a cultura

277

11. Como eu costumo conciliar minha vida profissional com os cursos de formação e atualização na

minha área profissional: a) ( ) Me desdobro e faço cursos a distância (internet, revistas e livros) para me manter atualizada (o) no pouco tempo que me sobra; b) ( ) Procuro demonstrar na empresa a importância dos assuntos de atualização profissional como benefício para a empresa e para mim; c) ( ) Planejo um curso por ano para não me atrapalhar com o serviço, família e escola; d) ( ) Outra...................................................................................................................

12. Muitos são os caminhos para atualização profissional e formação específica na área de Secretariado. A formação formal (técnica ou superior) na área é importante ou para você o que importa é a experiência na profissão que conta pontos preciosos na empregabilidade atual:

a) ( ) sim, a formação formal é importante para o reconhecimento profissional por parte das organizações e para o meu crescimento enquanto sujeito inserido nos grupos sociais; b) ( ) para mim é importante, mas para a empresa é indiferente que eu tenha ou não formação na área já que não sou registrada (o) como secretária (o), mas, desempenho as funções; c) ( ) não é importante, pois o diploma não vai atuar nas empresas, quem vai atuar sou eu; d) ( ) Outra...................................................................................................................

13. Você se sente realizada (o) com a profissão que escolheu? a) ( ) sim b) ( ) não c) ( ) às vezes sim, às vezes não, Depende da empresa e do executivo. d) ( ) Outra................................................................................................................... Justifique......................................................................................................................... ........................................................................................................................................ ....................................................................................................................................... ....................................................................................................................................... Grata pela cooperação e quando precisar também posso ajudar em sua pesquisa. Profa. Cathia Petroni Secretariado Executivo