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1 INTRODUÇÃO
A questão da subjetividade e da identidade reapareceu nos últimos
tempos nos discursos das ciências humanas e físicas, na literatura, nas artes e
na filosofia. Portanto, subjetividade e identidade passaram a fazer parte do
vocabulário acadêmico, empresarial e do dia-a-dia das pessoas, razão pela
qual esta dissertação procurou analisar as questões que fazem parte da
identidade profissional da secretária executiva, bem como da sua atuação nas
organizações globalizadas, seu papel, suas características profissionais na
busca da construção do secretariado executivo no mercado de trabalho.
Além disso, também foi nossa intenção refletir a respeito da formação
profissional e dos conhecimentos necessários para criar uma identidade
profissional, a qual certamente fortalecerá a atuação da secretária executiva no
mercado de trabalho, servindo de ancoragem e enfrentamento daquilo que se
tornou inevitável na atualidade, ou seja, a crise de identidade. Tal crise afeta
sobremaneira a carreira de muitos profissionais, haja vista o mercado de
trabalho estar cada vez mais exigente e requerer uma atuação profissional
permeada por disputas, cujo domínio de competências e habilidades,
conhecimentos específicos e gerais são relevantes para a atualização e
realizações de tarefas e empreendimentos novos.
Pontuamos algumas questões que nortearam esta pesquisa, visando
discutir o sentido da identidade, assim como o conceito de sujeito, os quais
implicam a questão da subjetividade no desempenho do papel secretarial.
Entender esses passos pareceu-nos fundamental para compreender a
trajetória da profissional secretária executiva e sua identidade profissional e,
desta forma, possibilitar que se definam os papéis desempenhados nas
organizações.
Esses papéis valorizam o profissional com formação acadêmica,
aprendizagem constante, educação continuada para que favoreça o
desenvolvimento de habilidades técnicas e a visão global de administração e
negócios. Sob essa ótica, espera-se que tal profissional saiba lidar com as
diferenças pessoais suas e do grupo, empregando o autoconhecimento para
que, juntamente com a polivalência, somada à importância de saber escolher
uma carreira e não ser escolhida por ela, ela se conscientize de que a
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flexibilidade e a educação continuada – habilidades levantadas na pesquisa –
são essenciais para o reconhecimento da secretária executiva como agente de
mudanças, ciente de seus limites e papéis nas empresas.
Para tanto, tornou-se necessário neste momento questionar: quais os
caminhos que a secretária executiva busca para a conquista de
reconhecimento profissional e pessoal nas organizações atuais? Qual é o
grau de conhecimento que ela possui para se autodefinir e descobrir quem é
ela pessoa secretária executiva e qual é seu limite de atuação nas
organizações? Quais as ferramentas que provavelmente ela deverá utilizar
para definir a identidade da profissão escolhida? Estas e outras questões
permitiram definir o problema, qual seja, de que forma a escolha profissional, o
autoconhecimento, a educação continuada e a flexibilidade influenciam no ser
secretária executiva, isto é, no sujeito secretária e no fazer da profissional, que
é sua atuação nas organizações?
Em relação à subjetividade na construção do secretariado executivo,
justifica-se essa pesquisa para que se entenda a importância das experiências
vividas de cada sujeito secretária executiva. Importa esclarecer que aqui
utilizaremos o gênero feminino, pois a população pesquisada foi de 31
profissionais atuantes, cujas experiências foram analisadas desde a infância
até a fase adulta para que nos propiciassem conhecer o quanto as posturas
adequadas ou inadequadas influenciam na conduta profissional e pessoal de
cada uma delas, na tentativa de ajudá-las a construir o entendimento de uma
carreira profissional.
De acordo com a pesquisa de Bruschini (2007):
Persistem também os tradicionais guetos femininos, como a enfermagem (89% dos enfermeiros, 84% dos técnicos de enfermagem e 82% do pessoal de enfermagem eram do sexo feminino em 2002), a nutrição (93% dos nutricionistas eram mulheres), a assistência social (91%), a psicologia (89% de mulheres), o magistério nos níveis pré-escolar (95%) fundamental (88%) e médio (74%), além das secretárias (85%), auxiliares de contabilidade e caixas (75%) (Bruschini,2007, pg.33. Caderno de Pesquisas – V. 37, nº 132/SP. Fundação Carlos Chagas).
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Tendo por base a pesquisa da autora, publicada no Caderno de
Pesquisa da Fundação Carlos Chagas, pôde-se constatar que, atualmente, as
mulheres se encontram no percentual de 85% de profissionais atuantes na
carreira de secretariado, estatística essa que vai nortear esta pesquisa,
confirmando o que já temos ciência, isto é, de que a maioria dos profissionais
da área é do sexo feminino.
Portanto, pelo que foi exposto, justifica-se a pesquisa para a
compreensão da trajetória, da evolução e atuação da secretária executiva nas
organizações globalizadas, analisando os elementos que fazem parte do saber
fazer dessa profissional em busca do reconhecimento de seu papel. Justifica-
se também a necessidade de reflexão teórica sobre a importância da educação
continuada como possível ferramenta que contribuirá ou influenciará na
construção da identidade profissional e sua respectiva empregabilidade.
Cabe-nos entender como a sua atuação, de acordo com a sua formação
pessoal, social e profissional, isto é, sua subjetividade, será delimitada no
âmbito organizacional, quando contratada para atuar nos centros decisórios e
de executivos.
Foram considerados alguns fatores na reflexão para compreender a
profissão e seu perfil, que procuramos definir com base nas categorias
flexibilidade, autoconhecimento, escolha profissional, bem como disposição
para dar continuidade aos estudos, aspectos que foram percebidos por meio da
análise dos resultados da pesquisa de campo e das entrevistas.
A constante revisão de postura e ampliação de conhecimentos gerais e
específicos da área administrativa, assim como a conscientização do valor da
escolarização em qualquer carreira, a educação participativa e de qualidade,
capacitação e treinamento para promover transformações e conquistar
realizações na vida pessoal e profissional também poderão colaborar para que
as profissionais de secretariado definam qual é realmente o papel da secretária
executiva no âmbito das organizações e a importância de conquistar a
identidade da profissão como um dos caminhos para o sucesso na carreira.
Dentro dessas perspectivas, esta dissertação tem como objetivo
compreender as habilidades denominadas flexibilidade, capacidade de escolha
profissional, autoconhecimento e disposição para a educação continuada.
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Acreditamos que essas habilidades podem ser produtos e produtoras de uma
forma dialética na construção da identidade e na atuação da secretária
executiva.
A nossa preocupação é de que o ser e o fazer secretária executiva
tenham uma relação simbiótica e dialética, isto é, uma dimensão que se refaz
na outra, uma vez que a subjetividade não é dada, é construída ao longo da
vida, da mesma forma que o fazer também não é dado, é construído.
A identidade de uma pessoa para Dubar (2005) é fruto de sucessivas
socializações, o que, seguramente, nos leva a buscar compreender como esse
processo de socialização acontece e o quanto nossa identidade depende
também de nossa capacidade e empenho para conviver, aprender e trocar com
o outro. Por isso, a pesquisa objetivou, também, analisar a importância do
saber fazer e do saber ser da secretária executiva em busca de sua identidade
profissional.
Convém ressaltar que, por um lado, a secretária executiva está
normalmente em evidência na rotina empresarial e adquire destaque
profissional quando está ciente de seu papel, de sua importância e de sua
responsabilidade empresarial, seja na gestão da informação, no suporte ao
executivo ou contribuindo de alguma maneira com seus conhecimentos e
experiências para o incentivo dos negócios, dos quais seu executivo é
responsável. Por outro lado, necessita lidar corretamente e de forma respeitosa
consigo mesma e com os outros, pois uma conduta adequada gera resultados
valiosos para as organizações, além de contribuir para mediar tarefas,
pessoas, chefias, clientes e departamentos.
Partiu-se da hipótese de que o ser secretária está intimamente
relacionado com o fazer secretária, razão pela qual seu processo de
socialização, de aprendizagem e sua história repercutem na escolha e na
dinâmica da profissão. A capacidade de articular essas duas dimensões
propicia ao profissional um determinado bem-estar para enfrentar o momento
socioeconômico, o mundo do trabalho e a cultura. Essa condição talvez seja
um dos caminhos adequados para garantir a empregabilidade, a descoberta e
a conquista de outros campos de atuação.
Esta pesquisa de mestrado embasou-se nos seguintes procedimentos
metodológicos: pesquisa bibliográfica com a finalidade de criar um acervo
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teórico para iluminar e interpretar o tema escolhido da dissertação, à parte dos
temas globalização, identidade profissional e organizações.
As técnicas utilizadas objetivaram compreender as habilidades, o saber,
a flexibilidade, o autoconhecimento, a escolha profissional e a disposição para
dar continuidade aos estudos para compreender a formação das secretárias
pesquisadas e seus conhecimentos na atuação como profissional, assim como
analisar o entendimento de cada uma delas a respeito do saber ser e do saber
fazer na realidade profissional como possível fator condicionante ao
reconhecimento de seu trabalho e à identificação dessa profissão dentro das
organizações.
Para coleta dos dados foram empregadas três técnicas investigativas
para alcançar as respostas ao problema levantado. A primeira delas foi a
aplicação de questionário, contendo 13 questões fechadas para uma
população de 100 secretárias executivas, sendo devolvidos para efeito de
tabulação 19 questionários; a segunda técnica foi a de entrevistas individuais
com seis profissionais da área, e a terceira foi o método de observação em
equipe ou discussão temática com um determinado grupo de secretárias
executivas, ainda que em formação superior, o que mais bem explicitado no
capítulo quatro.
Foi possível perceber que as secretárias executivas participantes não
escolheram a profissão levando em conta as habilidades que são pertinentes
ao cargo e seu papel no mercado de trabalho, pois cada uma delas, de acordo
com sua história de vida e de sua personalidade fez a opção por inúmeras
razões, dentre elas, salário, indicação ou status.
Concluímos que a falta de se conhecer melhor como sujeito, de
conhecer e levantar seus pontos fortes e fracos e a consciência de que a
aprendizagem constante contribuirá para o seu sucesso na carreira não estão
claros na atuação dessas secretárias executivas e na formação profissional,
apesar de serem habilidades que serão exigidas no perfil secretarial pelas
empresas e pelo mercado de trabalho.
Para responder ao problema e o nosso objetivo e a hipótese,
organizamos esta dissertação em quatro capítulos:
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No segundo capítulo – A profissão de secretariado na era da
globalização – discutiu-se acerca das questões que são relevantes na
compreensão do papel deste profissional nas organizações, focalizando-se a
evolução do perfil dos profissionais de secretariado ao longo da história,
especialmente, no Brasil. Outro ponto estudado refere-se ao advento da
globalização, cuja realidade se faz presente nas instituições, influenciando
sobremaneira o trabalho da secretária executiva que atua nas organizações
“modernas” e busca constantemente uma identidade profissional. Desse modo,
dá-se ensejo a que a secretária executiva possa se entender nesse processo e
demonstrá-lo externamente, porquanto nos ambientes organizacionais são
visíveis e conflituosos os níveis hierárquicos, motivo pelo qual é necessário ter
cautela para lidar com o poder próprio e com aqueles dos mais influentes,
aqueles que tomam decisões e que influenciam consciente ou
inconscientemente para o sucesso ou fracasso da carreira secretarial.
No terceiros capítulo – A questão da aprendizagem na formação da
identidade da secretária – refletiu-se a respeito da escola e da importância da
aprendizagem na trajetória da secretária. Entre os acontecimentos importantes
para a formação da identidade social do sujeito, é fundamental considerar a
saída do sistema escolar e a confrontação com o mercado de trabalho como
elementos-chave na construção de sua autonomia.
Esses elementos são fundamentais na construção de uma identidade
profissional, relacionando-se ao desenvolvimento de competências, de projetos
de vida e de aspirações socioeconômicas e culturais..
“A educação é parte fundamental da história da cultura, faz parte da
história geral da humanidade, da realidade de todos os homens ao longo de
sua existência” (Luzuriaga, 1990, p.1). Ela ocorre em escalas diferenciadas em
contextos diferentes, nos mais variados ambientes, dentro e fora das
instituições, a começar pela família, no meio ambiente,etc.
No quarto capítulo – Perfil e atuação das secretárias executivas nas
organizações globalizadas e a busca de uma identidade profissional – discutiu-
se em que sentido a profissão está presente e quais foram os méritos de uma
evolução substancial e gradativa ao longo da história da humanidade, e como a
profissional em questão criou e projetou a própria trajetória.
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Deve-se considerar que essa profissão conseguiu um legado digno,
tanto no Brasil, quanto no exterior, instituindo-se como uma categoria
organizada, que busca constantemente valorização e identidade profissional
nos diversos sistemas organizacionais contemporâneos.
No quinto capítulo – Análise e apresentação dos resultados das técnicas
de pesquisa – procurou-se compreender quais os caminhos que a secretária
executiva percorre para conquistar reconhecimento profissional e pessoal nas
organizações, além de delinear um perfil das entrevistadas e de sua
subjetividade, enquanto sujeitos nas empresas da modernidade.
Para articular as técnicas da pesquisa com o embasamento teórico dos
capítulos, a pesquisadora promoveu um levantamento bibliográfico com a
finalidade de refletir sobre autoconhecimento, escola e educação, sujeito e
subjetividade, para perceber os novos desafios que a referida profissional terá
pela frente, a partir do momento em que ingressa no mercado de trabalho e
deve estar ciente de seus limites profissionais ao desempenhar sua função
com o intuito de entender a questão do ser e do fazer da secretária executiva.
Este, a meu ver, será o maior desafio para as profissionais entrevistadas e uma
proposta de reflexão para, quem sabe, promover novas mudanças na carreira
dos futuros profissionais no mercado de trabalho.
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2 A PROFISSÃO DE SECRETARIADO EXECUTIVO NA ERA DA GLOBALIZAÇÃO
A globalização pode ser entendida como um acontecimento ocorrido no
atual capitalismo em que houve a integração entre as economias e sociedades
mundiais, principalmente no que se refere à produção e vendas de mercadorias
e serviços, dentro do mercado financeiro de vários países, e a difusão das
informações em tempo real, otimizando os negócios, aproximando pessoas e
empresas e fazendo com que o mundo gire em torno da tecnologia.
O mundo passa por mudanças constantes, numa velocidade quase
imperceptível aos nossos sentidos, mas direta ou indiretamente somos
moldados por essas mudanças, pois elas afetam, alteram e transformam a
realidade.
Essas mudanças, por vezes, reflexo do processo de globalização,
incidem diretamente sobre as economias do planeta uma vez que
proporcionam a abertura de fronteiras na área de negócios, alteram as
realidades sociais e, muitas vezes, não conseguimos acompanhar ou entender
esse processo. Esse novo cenário coloca à disposição das pessoas, dos
grupos e dos sistemas de trabalho, as novas tecnologias, criando autonomias
econômicas e políticas, por um lado, e dependência tecnológica, por outro. Por
isso, aqueles que não estão “plugados,” parecem desligados, mas sabe-se que
nem todos estão em condições para tal empreendimento.
Para Gonçalves (1996), é relevante voltar nossa atenção para
acontecimentos anteriores ao mundo atual, a começar pela desintegração do
sistema feudal, o qual deu lugar à ordem econômica do capitalismo moderno.
No início do período correspondente à sociedade moderna, a produção dos
antigos servos, agora dedicados à atividade comercial, esteve organizada em
torno das corporações e manufaturas.
Nos sistemas domésticos de produção, o trabalhador mantinha
familiaridade com o produto de seu trabalho, porque ele era o proprietário dos
instrumentos de produção, participava de todas as suas etapas - desde a
concepção do projeto até a sua execução – e finalizava esse ciclo, colocando
seu produto no mercado. Ao mesmo tempo em que se desenvolvia uma
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produção manufatureira, os comerciantes promoviam o estímulo à navegação,
em busca de novos mercados.
As viagens, além da esperada conquista de mercados, favoreceram o
contato com importantes invenções e possibilitaram a ampliação do
conhecimento, aperfeiçoamento de técnicas e a acumulação de capital. Tais
conquistas permitiram a compra de matéria- prima e de máquinas, introduzidas
pelo processo industrial, logo no início do sistema fabril de produção.
O uso de maquinário correspondeu ao surgimento e à instalação de
muitas fábricas, provocando mudanças fundamentais na ordem econômica e
nos valores da sociedade. A utilização de máquinas proporcionou agilidade na
produção, mas também fez com que muitas famílias dedicadas ao trabalho
doméstico nas antigas corporações e manufaturas, depusessem seus
instrumentos e vendessem as suas forças de trabalho para sobreviverem.
Com a implantação do sistema fabril, deu-se a organização do
capitalismo propriamente dito: os trabalhadores já não dispunham de matéria-
prima, nem dos instrumentos de trabalho. Instituíam-se deste processo, a
divisão social do trabalho, o ritmo de trabalho e os horários preestabelecidos.
Da Revolução Industrial no século XVIII até o começo do século XX, com
Henri Ford e F. Taylor, houve evolução tecnológica organizacional, assim como
a flexibilização do processo produtivo, que gerou alterações, competitividade e
busca de diferentes formas alternativas de convivência social,
redimensionamento de uma ética do trabalho e significativa mudança de
valores.
O estágio da economia capitalista, de acordo com Gonçalves (1996),
além das exigências de reorganização de ordem interna e externa nas
empresas, a globalização, a reengenharia e a ISO trouxeram desafios para os
governos e para a sociedade em geral. Porém questiona-se como manter a
empregabilidade no atual mundo capitalista? Como se manter atualizado com
os acontecimentos mundiais e, ao mesmo tempo, dar conta das tarefas
profissionais e pessoais? Como o trabalhador pode investir em seu futuro com
tantas desigualdades no mercado de trabalho?
Nesse cenário, parece levar vantagem aquele que estiver à frente no
que diz respeito a conhecimentos, maturidade, experiência e atualização
constante. A secretária, como qualquer outro profissional, não está livre dessa
21
disputa; o diferencial, muitas vezes, está na sua formação específica, no tempo
de profissão e nas mudanças de paradigmas, isto é, nos novos modelos ou
padrões em um conjunto de valores e crenças que influenciam o modo, o estilo
de gerenciamento das organizações.
A profissional secretária executiva acaba sendo um modelo de
gerenciamento direto, pois trabalha rotineiramente com a distribuição de
informações, materiais, prestando os mais distintos serviços, contatando
pessoas e necessita, pois, acompanhar as mudanças ocorridas nas empresas
e em sua forma de gerenciamento.
As referidas mudanças ocorridas nos modelos de gerenciamento no
universo das organizações estimulam a competitividade entre as secretárias
executivas, tornando-se um diferencial no mercado, qual seja, a convivência
competente moldada nos meandros da globalização, o modelo sistêmico do
capitalismo mundial.
A profissional secretária está inserida diretamente na administração
central das empresas, competindo-lhe diversificar e ampliar os conhecimentos
e informações que detém, a fim de que possa cuidar da infra-estrutura
emocional e desenvolver habilidades técnicas para saber lidar com as mais
diversas situações e diversos contextos empresariais.
Por conseguinte, mudanças relativas à procura pelo equilíbrio das
emoções, à distribuição das tarefas e à administração de tempo, deverão
ocorrer no comportamento da secretária. Mas, como será que a secretária
executiva se vê enquanto indivíduo integrante da organização? Nesse
contexto, Ferreira1 (2008, p.18) explica:
De fato, as tendências da globalização refletem-se sobremaneira em todas as atividades econômicas, financeiras, culturais, políticas e sociais que decorrem da produção, distribuição, troca e consumo de bens e serviços, cuja quantidade e qualidade são cada vez mais complexas e abstratas. O trabalho, resultante do dispêndio de energias fisiológicas e intelectuais, que estão na origem e na reprodução desse processo, é consubstanciado na ação individual e coletiva do ser humano, enquanto entidade biológica e social inelutável. O trabalho é, assim, incrustado numa relação dialógica
1 FERREIRA é professor do SOCIUS/ISEG-UTL.
22
entre o homem e a natureza, e entre relações sociais e processos de socialização.
Certamente, observando as mudanças que ocorrem, o homem começa a
questionar a própria individualidade e a realidade que o cerca, a qual se torna
confusa a ele, em virtude de não ter compreensão suficiente de seu papel, de
seu destino, de seus anseios dentro da sociedade em que está inserido. Esta
mesma sociedade, de certa forma, incita as pessoas a mostrarem competência
e sobrevivência social, com uma rapidez absurda. Atordoado e cobrado de
maneira enfática, o homem busca na família, na profissão e na sociedade do
conhecimento referências pessoais, profissionais e sociais que o tornem
produtivo, competitivo e reconhecido dentro da realidade da globalização, um
ponto de equilíbrio dentro desta nova realidade.
Cabe lembrar que, nesta busca sofrida e atordoada, o homem procura
sua identidade, construída por intermédio do juízo dos outros e de suas
próprias convicções e autodefinições. A esse respeito, Dubar (2005, XXV)
considera que, “como em todos os períodos que se seguem a uma grande
crise econômica, a incerteza quanto ao futuro domina todas as tentativas de
reconstrução de novos padrões sociais: os de ontem já não convêm e os de
amanhã ainda não estão estabelecidos.”
De Liberal pontua que a “tendência de inserir as mudanças do mundo do
trabalho e da formação profissional no bojo da emergência de novos
paradigmas2 está associada ao acirramento da crise da economia mundial a
partir de 1970 e à conseqüente busca de explicações para a mesma”.
Evidenciam-se, portanto, climas de incertezas, tempos difíceis de prever,
dificuldades de entendimento sobre as questões econômicas e existenciais
relevantes em todos os tempos, pois todas as economias no ocidente foram
afetadas de diferentes formas no final da década de 1970, atingindo
diretamente a vida dos indivíduos numa determinada sociedade mundial.
Das muitas dimensões da identidade dos indivíduos, a profissional se
articula com muitas outras, por exemplo, ter emprego e como ser uma pessoa
empregável.
2 Um conjunto de práticas sociais que se impôs durante certo período, como as mais eficientes, articulando as dimensões técnicas, econômicas e sociais de um universo de produção. Gitahy (apud De Liberal, 2003, p. 58)
23
A empregabilidade nos direciona à questão do poder nos ambientes
organizacionais, dado que, em todos os níveis hierárquicos, existem poder e
destaque para aqueles que tomam decisões.
Souza Neto (2002, p.67) remete a questão do poder à secularização,
porque, segundo ele:
... o processo de secularização do poder, por volta do século XVI, traz uma nova visão do homem, não mais concebido como produto da vontade dos deuses, mas como sujeito da história. O desenvolvimento pessoal passa a ser uma prerrogativa humana, da mesma forma como a história social.
Nota-se que ao longo da história da humanidade, a evolução do homem
e da sociedade proporcionou modificações de comportamento, mudanças no
pensar, na definição de ser e na estruturação da sociedade em que este ser
está inserido.
Para Maquiavel (apud Souza Neto, 2002, p.67), o poder é uma questão
de conquista e é preciso que o homem, após conquistá-lo se mantenha nele
através do delineamento de seu espaço, de seu setor em uma organização em
que ele seja o centro desse poder.
Ao trabalhar ao lado dos centros decisórios, muitas profissionais de
secretariado acabam delimitando sua própria área de atuação, não transpondo
barreiras, por causa do perfil do executivo para o qual elas trabalham, e
também por questões culturais da própria organização.
Portanto, quando a secretária se insere em uma instituição produtiva,
isto é, na empresa, passa a desenvolver um papel que não deveria, porque não
é autêntico. Muitas vezes, desenvolve o papel de uma profissional que
simplesmente atende as necessidades de um executivo ou de determinado
setor, sem expressar suas opiniões e sem demonstrar seus conhecimentos e
habilidades no que faz ou nos projetos que executa.
Para Souza Neto (2002, p.68), “o homem é movido pelo mundo externo
e pela sua interioridade, e na relação com a natureza das demais esferas,
acaba por criar formas de satisfação de suas carências, de seus desejos e de
suas paixões”. Analisando positivamente esta carência, o homem recebe
estímulos internos e externos para tentar suprir suas carências, sejam elas
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necessidades construídas ou detectadas no ambiente em que está inserido, e
ainda que sejam as resultantes da convivência consigo mesmo e com o grupo,
sempre buscará supri-las da melhor forma que puder.
Nesse contexto, pode-se afirmar que o reconhecimento no ambiente de
trabalho é uma busca constante para as profissionais que atuam no mercado
de trabalho. Todavia, como buscar este reconhecimento e como saber quem é
esse profissional nas organizações? Buscar identidade profissional é mais que
um desejo, talvez seja uma carência profissional identificada no ambiente
empresarial, no gerenciamento e nas atribuições de funções específicas e
gerais que estão presentes no cotidiano das secretárias.
Para Souza Neto (2002, p.69), além das necessidades e transformações
sociais, existe a premissa de uma ética que direciona escolhas individuais e
coletivas na busca de realização pessoal e/ou profissional, cujos critérios
podem ser encontrados na história e na trajetória da pessoa e da profissional
secretária.
Enfrentar desafios também faz parte da busca pelo sentido da vida, da
luta para colocar em destaque um ser produtivo, reconhecido como alguém
capaz de executar com eficiência atividades diversas e de reunir condições
pessoais, sociais e profissionais para participar das esferas de poder e tomar
decisões acertadas em conjunto com os demais membros da equipe em que
está inserida. Luta para atuar nos variados seguimentos administrativos das
corporações como quer e sabe e não apenas como determinam os níveis de
poderes mais altos das organizações.
2.1. Do surgimento da profissão ao perfil atual da secretária
Embora as secretárias tenham conhecimentos diversificados, é difícil
afirmar se elas se conhecem e se reconhecem como cidadãs, como pessoas
participantes no mundo do trabalho, o qual exige de seus colaboradores
conhecimento profissional para usar no cotidiano, conhecimento aprofundado
de si mesmo, da sociedade e das organizações onde atuam. E, com relação
ao seu perfil profissional, é relevante indagar se puderam fazer suas escolhas,
25
ou por questões de sobrevivência, abraçaram uma profissão que se apresenta
genuinamente feminina por identificação de gênero.
A escolha de uma profissão requer cuidados, pois é como percorrer um
campo desconhecido, repleto de surpresas para as quais se deve estar
preparado.
De acordo com Whitacker (1985), ao escolher uma profissão, deve-se
considerar a capacidade de equacionar a falta de informações a respeito de
determinada carreira o que só se consegue contatando especialistas da área
ou buscando nos livros e nas organizações formas de tomar conhecimento a
respeito desta ou daquela profissão. Segundo a autora, ainda há outra
maneira de escolher a profissão que é perceber alguns fatores ocultos que
podem influenciar tal opção.
Whitaker (1985, p.33-34) afirma:
Há profissões rodeadas de charme. [....]. Claro,
nenhuma profissão perderá seus aspectos românticos
para aqueles que se imaginam representando tais papéis.
(e é bom que assim seja, para um bom ajustamento do
indivíduo à profissão). O importante, no entanto, é que
uma pessoa assuma a profissão, conheça seus aspectos
negativos e os equacione adequadamente. É preciso que
o indivíduo tenha certeza de que na está sendo atraído
pela representação do papel profissional. [....]. Os
aspectos negativos do verdadeiro conteúdo da profissão
podem causar frustrações e desencantos às pessoas
desavisadas.
A questão que se apresenta, de acordo com a autora, é que o saber
escolher a profissão conhecendo seus aspectos mais importantes facilitará
sobremaneira se realizar na carreira. Nesse ponto, a importância do
autoconhecimento e a busca por informações, exigências no perfil, habilidades
desenvolvidas poderão facilitar o quesito escolha profissional. É imperativo
conhecer até onde ele pode chegar como profissional, respeitando-se limites
de dentro para fora e de fora para dentro.
26
Para se entender melhor a temática, foi necessário compreender a
história da profissão de secretariado, considerada antiga, e sua evolução ao
longo do tempo, para a aquisição de informações que pudessem nos ajudar na
análise da carreira na atualidade, qual é o perfil exigido, assim como perceber
as mudanças ocorridas com a globalização. E, nesse contexto, escolher mais
sabiamente a profissão de secretária.
De acordo com Rocha e Sabino (2004), pode-se considerar que a
origem da profissão de Secretariado tem como marco fundamental a Dinastia
Macedônica com Alexandre Magno (365 a.C. – 323 a.C), aluno de Aristóteles e
imperador da Macedônia, o qual reinou de maneira absoluta e já determinava
funções primordiais aos seus secretários: a) entalhar informações pertinentes
às suas conquistas e b) lutar com espadas contra seus inimigos.
No Império Romano, posteriormente, os escribas, homens de confiança
de imperadores que tinham o poder da escrita, trabalhavam para redigir as leis,
cuidar dos arquivos e recolher os impostos; por isso, ocupavam o cargo de
secretários. Utilizavam a estenografia, técnica conhecida como a escrita
abreviada, a qual se tornou uma aliada do escriba para desempenhar com
eficiência suas atribuições. Os autores comentam ainda que, naquela época,
essa técnica era muito valorizada, pois permitia que o secretário (o escriba)
escrevesse com a mesma rapidez com que falava. Essa técnica colocou o
profissional secretário em destaque, já que possibilitou que ele ocupasse uma
posição privilegiada nas esferas imperiais.
A trajetória do secretário-escriba seguiu pelos meandros da cultura, sem
a qual profissão alguma na história pôde ter domínio da escrita, do saber e,
dessa forma, o acesso ao conhecimento.
Controvérsias à parte, tanto Sabino e Rocha (ibid.) quanto Fenassec
(ibid.) afirmam que o primeiro profissional secretário foi o escriba e que esse
profissional surgiu na era Macedônica. Para ambas as fontes, o escriba detinha
já naquela época, um poder raro: a habilidade de ler e escrever. Por conta
dessa aptidão, controlava as contas, as leis e a administração das
propriedades de seu rei.
Percebemos que, nas duas afirmações, o escriba era considerado um
secretário e que muitas das atividades então desenvolvidas pelo escriba se
assemelhavam às atividades dos profissionais de secretariado atual. Ao longo
27
dos tempos, os secretários são citados por escritores e filósofos, como na obra
“O Príncipe”, de Nicolau Maquiavel (1469 a 1527, apud Sabino e Rocha, 2004,
p. 6), que descrevia a fidelidade voraz dos secretários para seguir e ficar ao
lado dos seus príncipes.
Já Natalense (1998) salienta que a profissão se consolidou a partir da
segunda fase da Revolução Industrial, por volta de 1860, quando o secretário
passou a ter um destaque maior, justamente com o advento da máquina de
escrever, por volta de 1868, e manteve-se profissional fiel e com discrição para
atuar dentro das organizações. Nota-se que, na evolução dessa profissão, o
secretário aprendeu a lidar com as várias técnicas de trabalho, demonstrando a
cada tempo, os primeiros sinais de flexibilidade no que se refere à aquisição de
novos conhecimentos profissionais.
A profissão de secretário manteve-se genuinamente masculina, de
acordo com a autora, até o início no século vinte, quando ocorreram as duas
grandes guerras mundiais, as quais forçaram a mulher, por falta de mão-de-
obra, a entrar no mercado de trabalho, tornando a profissão, a partir daí,
eminentemente feminina. A autora ressalta que até a década de 1990, somente
10% dos homens atuavam como secretários.
No Brasil, a secretária executiva passou a ser reconhecida como força
de trabalho a partir de 1950, com a chegada ao país das multinacionais da
indústria automobilística, de acordo com Natalense (ibid).
2.2. O fenômeno da Globalização
De modo geral, entende-se por globalização o fenômeno da integração
entre as economias e as sociedades de vários países, especialmente no que
se refere à produção de mercadorias e serviços, mercados financeiros e
difusão de informações e, para Souza Neto (2003, p.92), a globalização pode
ser entendida
... como uma organização civilizatória, fonte de possibilidades e impossibilidades que desafiam o desenvolvimento humano. Tanto quanto produz o desemprego, a globalização acentua o fascínio pelas descobertas tecnológicas, abre caminhos ao
28
redescobrimento do Planeta e faz do homem um ser espacial.
Para o autor, a globalização é um momento importante na história da
humanidade, porque traz benefícios e resultados imensuráveis, transpõe
barreiras e diferenças, aproxima pessoas e fronteiras geográficas, elimina
distâncias e aproxima culturas e ideologias de diversos lugares de modo
inovador.
As empresas são formadas pela mão-de-obra do homem, na sociedade
do trabalho, e muitas organizações hoje trabalham com a velocidade, com a
tecnologia e com culturas diferenciadas no que diz respeito às informações,
negócios e lucros. Rifkin (2001) afirma que o acesso às informações, à
tecnologia e aos novos mercados está diretamente ligado a todas as mudanças
no sistema capitalista. Acrescenta ainda que se vive o acesso como um modo
de vida, uma nova fase - o nascimento da economia em rede.
Para Ferreira (2000), a produção de bens e serviços é, em grande parte,
produto de um tipo de conhecimento e de informação decorrente de novas
modalidades de adaptação do fator trabalho às novas tecnologias.
A secretária acompanha essas novas modalidades e as inúmeras
mudanças no ambiente organizacional. Muitas vezes, participa das
negociações e dos desfechos dos negócios, ao lado dos empresários, sem ter
uma ligação direta com as decisões tomadas pelos dirigentes e organizações.
Souza Neto (2003) ressalta que o homem nunca teve tantas opções,
caminhos, possibilidades e recursos para satisfazer suas necessidades e
carências, como na era da globalização, na qual vivemos na atualidade.
Salienta, no entanto, que, em decorrência disso, os problemas também
aumentam, sejam eles no campo econômico, no campo social, no campo
político ou no campo religioso, pois a realidade passou a ser marcada por
tantas distorções sociais, pessoais e profissionais que estes fatores culminam
para o desentendimento acerca do que fazer e como fazer dentro da sociedade
capitalista.
Conhecer e vivenciar o real sentido da globalização requer habilidades
nunca antes experimentadas por qualquer profissional. O conhecimento geral e
o globalizado passaram a ser um diferencial importante em qualquer carreira.
29
Hoje, todos podem se conectar sem fronteiras, com intercâmbio pessoal e
profissional, e principalmente, como afirma Rifkin (2002), podem seguir rumo à
nova cultura do capitalismo, a Era do Acesso, em velocidade assustadora.
A secretária executiva moderna faz a conexão nesse processo
globalizado quando atua como elo entre clientes internos e externos, parceiros
e fornecedores, quando gerencia uma gama de informações sustentada por
uma tecnologia de ponta e quando administra processos de trabalho, além de
preparar e organizar o “meio de campo” para que soluções e decisões sejam
tomadas com qualidade (D´ELIA e GARCIA, 2005).
A globalização passou a exigir polivalência das pessoas, isto é, passou a
exigir um profissional que saiba fazer e faça bem diversas atividades, se
dedique à empresa em tempo integral, fique atento aos negócios e assessore
os executivos.
É fundamental, nessa situação, não esquecermos de que a mulher
secretária, às vezes, é mãe, tem necessidades, vontades, desejos e carências
afetivas e outras que nem sempre estão associadas diretamente à profissão,
mas que desaparecem em meio a tantas cobranças do mundo empresarial.
Cabe aqui perguntar onde e quando esses profissionais buscam
motivação, alegria, tempo para se cuidar fora da empresa; quem é o
profissional de secretariado fora da organização; que outras rotinas lhe são
permitidas viver que não seja a realidade da empresa onde atua?
Nesse contexto, Cardoso (2007) afirma que, nos últimos anos, os
profissionais brasileiros têm razões suficientes para sentirem-se motivados,
posto que houve aumento das exportações, e a globalização passou a ser
encarada como uma porta de entrada para novas oportunidades profissionais,
incluindo-se nesse grupo os profissionais de secretariado.
No exterior, de acordo com a autora, os profissionais brasileiros são
valorizados por suas características natas, ou seja, tem facilidade de
comunicação, agilidade na tomada de decisões, facilidade de adaptação a
lugares e cultura, habilidade para manipular informações, estabelecer
estratégias e network3, o que os caracterizam como profissionais mais liberais.
3 A palavra network, na tradução para o português, significa grosso modo, rede de relacionamentos criada ao longo da vida em sociedade e na carreira dentro das organizações.
30
A autora destaca as qualidades de um profissional competente, ágil e
flexível, as quais muitas secretárias executivas buscam, seja como ser
humano, cidadãs do mundo ou como resultantes de uma educação formal, que
lhes preparem minimamente para competir e serem reconhecidas na família e
na sociedade. Mas se quiserem o reconhecimento na carreira e na vida
pessoal, precisam abrir mão de alguns fatores tão importantes que acabam
influenciando-as a ponto de fazê-las repensar a questão do trabalho e o quanto
podem se beneficiar dele.
É bom lembrar que existem profissionais que não têm esta noção tão
clara e resolvida. Ademais, a busca pela autonomia no mundo do trabalho está
ligada à criatividade, podendo divergir daquilo que já está instituído. Autonomia
e identidade, portanto, são buscas incessantes na vida da secretária executiva,
porque, na maioria das vezes, os profissionais dependem de ordens e
conhecimentos de executivos para tocarem um projeto. Esta dependência pode
criar uma situação de desconfiança, seja por parte do profissional que fica
condicionado e fragilizado em seu poder decisório, seja por parte das
empresas que não acreditam neste potencial, por causa da postura da
secretária que não deixa evidente suas reais habilidades, o que acaba gerando
conflitos, desmotivação, falta de qualidade nos trabalhos apresentados e que,
inevitavelmente, acarretará em demissões.
Considerando que a secretária executiva se dedica de corpo e alma
(grifo nosso) ao que faz, o mínimo que se espera das organizações é que
reconheçam sua dedicação, levando-a em conta no momento de uma
promoção de cargo e salário. Importa acrescentar que esta vaidade não é
apenas um desejo, é uma necessidade de reconhecimento e recompensa,
como enfatizou Souza Neto (2002, p.80), dado que “a maturidade do sujeito é a
capacidade de administrar os conflitos do mal-estar, o ódio e o amor, a vida e a
morte, de encontrar estratégias em prol de opções que beneficiem a qualidade
de vida”.
Na pesquisa empírica, procuramos descobrir das profissionais se elas se
sentiam reconhecidas em seus locais de trabalho e o resultado foi
surpreendente e ambíguo, haja vista 39% se sentirem reconhecidas pelo
trabalho que desenvolvem junto aos executivos, e 34%, não, em virtude do
perfil do gestor e da cultura da organização. Essa ocorrência deve-se ao fato
31
de que muitas secretárias executivas não têm a clara noção de suas
características profissionais, desconhecem não somente seus direitos e
obrigações organizacionais, como também a própria identidade profissional nas
organizações.
Por conseguinte, a secretária executiva precisa se conhecer como ser
em processo de construção de conhecimento, trabalhar com o lado psicológico
das atividades desenvolvidas, como a pressão, a cobrança, a disputa e
aprender a se valorizar para defender seus pontos de vista.
Para Silva (1998, p.31), “a autonomia está relacionada com a ação do
sujeito. Quanto mais criativo e divergente em relação ao já instituído for essa
ação, maior será a autonomia do ser cognoscente, isto é, em constante
processo de aprendizagem”.
A autonomia pode estar ligada à questão da identidade, das atribuições
relevantes nas rotinas secretariais, sem perder, contudo, o foco das decisões e
das condutas organizacionais, na direção e nos executivos das organizações.
Segundo Nunes (1994), a evolução do papel da secretária executiva nas
últimas décadas está atrelada à formação acadêmica, o que possibilita que ela
desempenhe com qualidade o papel que lhe cabe dentro das organizações. Na
década de 1990, segundo a autora, as secretárias executivas já possuíam
formação específica, tinham conhecimento do código de ética profissional e já
desempenhavam tarefas diversificadas. Como tivessem lutado para conquistar
espaços nas organizações, melhores salários, é compreensível que também
sonhassem e buscassem o reconhecimento da profissão dentro das
organizações.
Assim, esta profissional tende a evoluir e enquadrar-se ao perfil exigido
no mercado de trabalho como uma profissional séria, competente e pronta para
assumir responsabilidades. Trata-se de um profissional que busca
aprendizagem, motivação dentro e fora da organização, nas mais variadas
esferas culturais e sociais, porém também espera reconhecimento por sua
dedicação ao trabalho de modo integral.
32
2.3. Estrutura e cultura organizacional
Uma análise das organizações empresariais demonstra que, por um
lado, tais empresas geram empregos e possibilidades para a sobrevivência de
muitos profissionais. Por outro lado, as conseqüências da globalização
obrigam-nas a lidarem com a realidade social do país e se adequarem ao novo
ambiente global para corresponderem às exigências do mercado mundial.
De acordo com Motta (1997), neste cenário mundial, deve-se dar
atenção especial ao comportamento das organizações, o qual varia
culturalmente, sendo consideráveis as diferenças encontradas nos valores,
visão e atitudes dos indivíduos no ambiente de trabalho.
Para o autor, cada ambiente traz consigo um tipo de cultura e uma forma
diferenciada de exigir resultados, os quais dependem também da conduta de
cada funcionário, da mentalidade e da forma de administrar.
As culturas organizacionais se ampliaram, mas, de certa forma, a
globalização acabou sendo a responsável por disseminar a variedade de
formas de conduta e objetivos empresariais, assim como se acentuaram as
dificuldades para compreender os tipos de “climas” que se podem encontrar
hoje nas empresas para que colaboradores possam atingir as metas
estipuladas pela organização. Para Brescancini (www.revista.fundap.gov.br):
O Clima organizacional pode ser entendido como a atmosfera do ambiente de trabalho. Refere-se a uma complexa rede de expectativas e percepções individuais e de grupo, permeada por referências estratégicas, organizacionais e por componentes estruturais do contexto do trabalho, que orienta e determina o comportamento de seus integrantes, criando um ambiente com características próprias.
Parecem ser fundamentais, nesse processo de aprendizagem e
observação nas organizações, as percepções e as expectativas dos
funcionários sob o clima organizacional, o qual favorece a discussão sobre a
lógica das trocas internas que ocorrem nos ambientes de trabalho, bem como o
conhecimento do contrato firmado entre as organizações e os seus
colaboradores, contemplando as questões formais e psicológicas. Os
33
funcionários normalmente avaliam o equilíbrio entre as partes e avaliam as
contrapartidas da dedicação ao trabalho que realizam e os seus resultados.
Quando o grau de insatisfação supera com certa insistência o grau de
satisfação, o compromisso do profissional para com a empresa sofre um
desgaste que pode culminar na insatisfação e na ruptura do “contrato
psicológico de trabalho” e, em alguns casos, da própria relação formal de
ambos.
Certamente, por isso, Bergamini (1997, p.19) acredita que
[....] antes da Revolução Industrial, a principal maneira de motivar um colaborador consistia no uso de punições, criando, dessa forma, um ambiente generalizado de medo. Tais punições não eram unicamente de natureza psicológica, podendo aparecer sob forma de restrições financeiras, chegando até a se tornar reais sob a forma de prejuízos de ordem física. Levando em conta que as organizações passaram a existir muito tempo antes da Revolução Industrial, é possível concluir que a preocupação com o aspecto motivacional do comportamento humano represente um fato bastante recente.
Para a autora, algumas organizações passaram a se preocupar com o
aspecto intrínseco da relação profissional nas empresas. Os processos
modernos impulsionaram, por um lado, competências individuais e, por outro
lado, passaram a exigir do profissional, esforços demasiados, como o
acirramento das disputas de poder, estresse emocional, falta de qualidade de
vida, entre outros.
É claro que a aprendizagem permite o exercício de determinadas
profissões, prepara o sujeito para viver no mundo do trabalho e oferece
oportunidade de melhor adaptação ao mercado competitivo, uma vez que a
pessoa deve desenvolver hábitos saudáveis e atitudes assertivas condizentes
às exigências do mercado de trabalho, cujas organizações e mercado informal
oferecem possibilidades e alternativas de trabalho e renda, mediante opções
de atividades que correspondem à realidade do trabalho no mundo globalizado.
No entanto, para Bergamini (ibid.), no processo de capacitação, são
importantes as habilidades básicas, específicas e de gestão, ou seja, além de
aprender especificamente determinadas profissões, a pessoa deverá ser
34
estimulada a exercitar suas competências básicas, que dizem respeito à
apresentação pessoal, aparência, auto-estima, comunicação, relacionamentos
interpessoais, capacidade de autogerir, tomar decisões, participar de trabalho
em equipe e saber colaborar com o processo de desenvolvimento pessoal no
trabalho, na organização e na vida.
Certamente, na atualidade, as pessoas passam a maior parte do tempo
dentro das organizações, ficando evidente que trabalhar não é uma opção para
passar o tempo, mas uma questão de necessidade e sobrevivência. Portanto,
em hipótese alguma se pode admitir um trabalho mecânico, mas minimamente
prazeroso e produtivo. A organização perde muito quando objetiva somente o
lucro e deixa de investir no lado humano do colaborador, porque acarreta
rotatividade de mão-de-obra, perdendo na qualidade e nos resultados.
Ainda de acordo com Bergamini (op. cit.), o ambiente organizacional
afeta a personalidade dos indivíduos, por isso é fundamental que esteja sadio,
com administração centrada no indivíduo, capaz de equilibrar a relação
dominador versus dominado, aquela comodamente assumida pelos
subordinados e hierarquias empresariais. Tomar o indivíduo “maduro”,
autônomo, requer quebra de paradigmas internos e externos.
A quebra de paradigmas se refere a todas as mudanças que precisam
ser realizadas, como os hábitos, clima e cultura empresariais, os quais a
secretária executiva vivencia incansavelmente na realização de suas funções.
Para Mattos (2000), a secretária atua diretamente com o executivo (ou
executivos), sendo considerada profissional multifuncional, assiste-o
tecnicamente, desempenha um número infindável de funções que vão além
das atribuições para as quais foi contratada, pois envolvem a esfera
profissional e são partes integrantes de uma engrenagem da empresa.
Por isso, compete ao profissional de secretariado se preparar para
ajustar conhecimentos, formação e aprendizado, de acordo com as normas e
exigências de cada organização e de cada executivo. Cabe lembrar que o fator
flexibilidade torna este profissional mais acessível às mudanças
comportamentais nas organizações.
Robbins (2002) acredita que o comportamento humano nas
organizações é mais saudável quando há consonância dos objetivos, das
metas e da finalidade organizacional com os valores e normas grupais que
35
permitem o equilíbrio dos indivíduos e das relações estabelecidas nessas
organizações. O indivíduo precisa compreender e participar das “trocas” sociais
e incorporá-las como valores do grupo e das organizações, se anular na
medida do possível como ser individual para fazer prevalecer o ser coletivo,
aquele que compartilha dos credos, éticas e condutas morais do grupo.
A esse respeito, Chanlat (1991) explica que um dos traços
característicos do ser humano é pensar e agir e, por isso, a reflexão articulada
à ação acentua dimensões fundamentais da humanidade. A sociologia
assegura que o indivíduo, mediante atitudes, constrói a própria realidade social
e, neste sistema social complexo, constrói sua autonomia. Este homem é
marcado por desejos, anseios, aspirações e possibilidades, os quais, uma vez
aliados a um determinado grau de liberdade, lhe dão ciência daquilo que pode
conquistar e qual o preço que pagará por esta conquista no plano social.
A secretária executiva tem convicção desse papel e de sua importância
embora a maioria das empresas não identifique no profissional essa
autonomia, porque, de acordo com Souza Neto (2002), as mulheres, muitas
vezes, e aí se incluem as secretárias, se vêem diante de situações em que
devem trabalhar em jornadas duplas para ajudarem no sustento da família e se
desdobram como podem nas organizações para darem conta dessa situação.
Assim, a realidade do sujeito secretária executiva está em consonância com a
realidade das organizações e, como indivíduo no contexto da organização, age
como um ser de relação no jogo de identificação, introspecção, projeção e
transferência, para realizar desejos almejados e ter a existência reconhecida ou
não.
Essa busca por reconhecimento e realização de desejos, muitas vezes,
faz a secretária abdicar da vida familiar para se dedicar em tempo integral ao
trabalho, uma forma de sustentar aqueles que dela dependem. São esforços
aliados à busca de sucesso, aumentando as expectativas à medida que
adquire novas responsabilidades nas empresas.
Dessa forma, a realidade social acaba por transformar-se em um
sustentáculo da realidade psíquica do indivíduo. É certo que todo ser humano,
como indivíduo, passa por esse processo com o outro, e é através dele que se
reconhece, sente prazer e sofrimentos, satisfaz ou não os desejos e as
pulsões.
36
É por isso que se pode afirmar que o indivíduo possui e trabalha com
sua carga de racionalidade e irracionalidade, articulação que liga a própria vida
com o mundo exterior.
Sobre esse aspecto, Chanlat (1996) afirma ainda que a vida psíquica de
uma pessoa exerce um papel fundamental no comportamento do indivíduo,
pois ela lida com o imaginário, com o inconsciente, com as defesas e os
processos de identificação de si mesmo.
Esta realidade, uma vez relegada, afetará as organizações, as vidas
sociais e individuais, visto que é fundamental a relação entre os indivíduos na
busca de satisfação por meio da representação afetiva, que influencia a
conduta profissional e social.
Para Kanaane (1998) e Chanlat (1996), é possível associar o homem
com as relações de seu meio, porque o homem como ser de relações sociais é
dotado de aspectos facilitadores e impeditivos, presentes nas interações
pessoais ou grupais.
Quanto às relações estabelecidas no ambiente de trabalho,
normalmente, estão associadas à experiência de vida, ao cotidiano. Assim, a
conduta é uma questão de escolha e se forma mediante um conjunto de
condicionamentos e aprendizados, os quais refletem sistematicamente nas
relações sociais e profissionais mantidas no universo do trabalho.
Sob essa ótica, verificamos que a pessoa secretária é parte integrante e
direta dos grupos de trabalho nas organizações e, uma vez que se relaciona
com todos os setores organizacionais, deve adequar o seu comportamento à
realidade profissional; trazer para este grupo um histórico de vida de
participação ativa na família, na escola, na religião e na sociedade; demonstrar
como membro integrante da equipe o quanto sua postura, seu comportamento
e sua motivação em fazer o de que gosta, e suas habilidades técnicas a
transformam em um membro efetivo da equipe, capaz de administrar e
gerenciar pessoas, tarefas e conflitos de forma a ser reconhecida pela sua
atuação eficaz e por manter sua empregabilidade.
A eficácia da secretária executiva, como integrante de um grupo de
trabalho, depende, muitas vezes, de sua experiência profissional, de
investimentos em cursos que a preparem para liderar, administrar emoções, ter
auto-estima, motivação, habilidades técnicas e aprender a trabalhar com
37
deficiências profissionais, para que estas últimas não interfiram na sua
trajetória profissional.
Dos elementos expostos, a automotivação é fundamental para a
obtenção do reconhecimento social e profissional. É imprescindível na busca
do autoconhecimento, é parte de seu aprendizado profissional, social e
humano. Nesse contexto, Kanaane (1998, p.61), afirma que: “o
autoconhecimento, o resgate da auto-estima e o desenvolvimento da intuição
levam o indivíduo a perceber-se como um ser atuante e em condições de
influenciar e ser influenciado, proporcionando melhores condições de vida no
trabalho”.
Kanaane (1998) destaca que o autoconhecer e o automotivar são
ferramentas importantes para o sucesso de empresas e colaboradores, desde
que se tenha clareza de quem é quem, quais são os papéis de cada um,
direitos e obrigações, para que todos alcancem o sucesso que almejam.
O sucesso dependerá das estruturas organizacionais que, para manter
os negócios dentro e fora do país, têm nos colaboradores um instrumento
valioso obterem êxito nas negociações, sejam entre países, cidades ou
estados, ou no investimento nas diferentes formas de motivar. Os
trabalhadores, pois, precisam contribuir para a manutenção das organizações.
Também são fatores relevantes para esse sucesso organizacional as
relações de poder e de conflito que acabam fornecendo um aprendizado para o
indivíduo e influenciando seu papel social e profissional no cotidiano do
trabalho. Esse indivíduo está vinculado ao desenvolvimento organizacional por
meio do conhecimento que detém, da motivação e do comportamento,
elementos decorrentes da formação social, acadêmica e profissional.
Além de conhecer a organização onde vai atuar, é essencial para a
secretária conhecer a missão, os valores e a visão que essas organizações
possuem como também saber quais os caminhos que deve percorrer para
buscar reconhecimento profissional dentro dessa ou daquela empresa de
acordo com a sua cultura. Numa das respostas à discussão temática em grupo
com as seis secretárias executivas, K respondeu assim em relação ao tipo de
organização em que ela “escolhe” atuar:4
4 Maiores detalhes, ver anexo V
38
[....] porque procurando emprego eu vou tentar me
associar a uma empresa que eu tenha as mesmas
questões de valores, crenças e acredite que eu vá fazer
parte desta empresa. Eu não vou me ligar a uma empresa
que não tenha a minha cara. Por isso que eu nunca fiquei
desempregada. Sempre saí de uma para outra melhor;
essa é minha trajetória profissional.
2.3.1 Tipologias das organizações
A compreensão das tipologias das organizações para a secretária é um
fator valioso para que ela possa entender melhor o ambiente em que está
inserida, o qual está relacionado com as mudanças que ocorreram no mundo
do trabalho e na concepção e visão de algumas empresas e colaboradores e
ainda na realidade econômica e social do país.
A atual força de trabalho destacou a valorização pessoal, a
empregabilidade, a criatividade e a qualidade profissional como fatores
determinantes para o sucesso e a produtividade das organizações no decorrer
das últimas décadas. Para que os profissionais de secretariado entendam
essas mudanças que acontecem por meio da família, da religião, da política e
dos grupos sociais e apresentam como desafio a educação e a reeducação de
grupos nas empresas, incluindo-se nesses grupos os profissionais de
secretariado, é necessário refletir e aprender como lidar com as diferentes
corporações do mercado e suas exigências, relacionadas ao tipo de
profissional de secretariado de que as organizações necessitam.
Manzini-Covre (2007) destaca quais seriam as organizações
fundamentais na formação do ser humano para a convivência em sociedade,
suas diferenças e seus objetivos. Segundo essa autora, esses elementos são a
família, as escolas e as igrejas, e apresenta uma tipologia instrumental, obtida
com base em Max Weber (1964, apud Manzini-Covre, 2007). A autora aponta
para uma predominância dos seguintes:
1. Organizações cuidadoras – são as famílias, escolas, hospitais, abrigos,
mídia, igrejas, aquelas que objetivam os cuidados, a proteção e a
formação. Cada instituição tem sua própria forma de conduzir os
39
componentes de seu grupo visando atingir objetivos. Os profissionais
atravessam esses percursos até chegarem às empresas e atuarão de
acordo com os reflexos e conhecimentos adquiridos nessas
organizações cuidadoras.
Enquanto o ser desejante em sua formação vislumbra e sonha
conquistas, a família carrega a responsabilidade da formação do sujeito e do
cidadão; por isso, uma formação insuficiente poderá influenciar no
comportamento que o sujeito apresentar nas empresas ou nos grupos do qual
faz parte.
2. Organizações repressivas – aquelas que são extremamente rígidas, que
“educam” pela violência e pela punição. São exemplos: as prisões, os
conventos e os manicômios, entre outros. Este tipo de instituição usa
formas diferenciadas para que o indivíduo se relacione com a realidade
externa.
Cabe lembrar que as secretárias executivas lidam com diferentes
profissionais e indivíduos nas empresas nas quais, de acordo com Manzini-
Covre (ibid.), também existem sujeitos desejantes, dotados de subjetividade.
3. Organizações produtivas – aquelas que são conhecidas do público como
as grandes empresas, bancos; aquelas que trabalham com o capital
humano e cujo objetivo maior é fazer dinheiro, ou seja, o lucro é o
aspecto principal de sua sobrevivência, por isso possui um considerável
espaço repressivo em sua cultura organizacional como forma de
“obrigar” o trabalhador a cumprir os objetivos definidos, sem se
preocupar com a valorização e os direitos do trabalhador. Dessa forma,
componentes que causam mal-estar são considerados normais, como
cumprir regras e metas da empresa como parte da obrigação do
trabalhador.
Por isso, é fundamental que o trabalhador tenha conhecimento do
“clima” e dos objetivos principais das organizações, o que talvez o aproxime
das linhas de conduta, estrategicamente arquitetadas pelas empresas,
objetivando lucro operacional, fazendo com que regras sejam obedecidas e
cumpridas sem discussão.
40
Ao nos apropriarmos da análise da entrevista5 realizada individualmente
com seis secretárias executivas procuramos saber a classificação das
empresas onde elas atuavam e como era o “clima” dentro dessas organizações
ao que elas responderam de maneira uniforme que normalmente era muito
bom e que a cultura organizacional permitia que elas trabalhassem de forma
harmoniosa, saudável, produtiva, apesar das diferentes personalidades, delas
e dos executivos. Disseram também que tentavam equilibrar essa convivência
com a empresa e com o executivo, adequando-se ao “jeito” de administração e
de comando de cada executivo dentro dos departamentos. Além disso,
realçaram que a flexibilidade ajuda muito neste momento.
Notamos que elas já se sentem como profissionais flexíveis pelo fato de
se adaptarem rapidamente ao ambiente e à personalidade das pessoas com as
quais elas vão trabalhar. Assim, a dor sentida nas diversas formas de
sofrimento da secretária executiva nas organizações acaba por nos remeter à
outra reflexão: se o ambiente é propício, se o clima e a cultura são facilmente
assimilados por elas a tal ponto de se tornar fácil a adaptação à personalidade
dos executivos, por que o ressentimento de não serem reconhecidas nas
organizações e necessitarem uma identidade profissional entendida pelas
empresas?
Já para a população de secretárias executivas que responderam ao
questionário6, indagamos na sétima pergunta se como secretárias elas se
sentiam reconhecidas em seu local de trabalho. Das 19 secretárias, 18
responderam a questão proposta e uma se absteve.
Encontramos nas respostas analisadas um fator preocupante, uma vez
que 39% acreditam ter o reconhecimento da empresa e de seu executivo ao
poder apoiar projetos quando são chamadas para esta finalidade, mas 34%
dizem que esse reconhecimento depende do “humor” do executivo para que
elas possam executar outras tarefas que não sejam as do cotidiano, nas quais
elas possam demonstrar conhecimento e capacidade.
Notamos que é preciso esclarecer às profissionais o que elas
conceituam como reconhecimento e habilidades para desenvolvimento de
projetos ou outras atividades em parceria com o executivo. Ainda dentro deste
5 Maiores detalhes, ver anexo VI 6 Maiores detalhes, ver gráfico n. 7
41
mesmo questionário, na nona solicitou-se às participantes que aplicassem uma
nota de zero a dez em relação aos seus conhecimentos, habilidade e posturas
profissionais para serem reconhecidas de fato nas empresas. O resultado foi o
seguinte: 4% aplicaram as notas de 7 a 10, e 11%, as notas de 4 a 6.
Percebemos, então, que a maior parte das entrevistadas acredita
possuir quase todas as qualidades necessárias para o reconhecimento e uma
identidade profissional nas organizações. Mas essa é a realidade da maioria?
Se as secretárias pesquisadas estivessem aptas para desenvolver novas
atividades, manuseando novas tecnologias, entendendo os negócios da
empresas, com as aptidões necessárias, por que ainda 34% se ressentiriam de
não serem reconhecidas?
Remetemo-nos ao problema pontuado buscando saber de que forma a
escolha profissional, o autoconhecimento, a disposição para a educação
continuada, a flexibilidade influenciam no ser e no fazer da secretária
executiva, aspectos que discutiremos nos capítulos seguintes.
2.3.2 O papel das pessoas dentro das organizações e o papel das
empresas na atualidade.
O papel das pessoas nas organizações tem a ver com o conhecimento
das responsabilidades do colaborador e das organizações. Conhecer facilita as
relações de trabalho e de cultura dentro das empresas, e segundo Chiavenato
(2006), as pessoas e as organizações estão engajadas em complexa e
incessante interação.
De acordo com o autor, uma organização existe quando se juntam
pessoas e objetivos comuns para cooperar entre si, a fim de alcançarem metas
e lucros que somente a iniciativa individual não permitiria alcançar.
O autor observa que assim como as pessoas precisam das
organizações, estas também dependem das pessoas para atingirem objetivos e
cumprirem sua missão. O processo de aprendizagem dentro de uma
organização começa com a mudança no comportamento da pessoa, aceitando
as novas realidades organizacionais, se preparando mediante a incorporação
de novos hábitos, atitudes e conhecimentos.
42
Em uma organização, o domínio pessoal é importante e, quando as
pessoas se dispõem a aprender, surgem os resultados o que na visão de Dutra
(2002, p.48) significa que
...cabe às pessoas a gestão de seu desenvolvimento, de sua competitividade profissional e de suas carreiras. As pessoas estão adquirindo consciência de seu papel e passam a cobrar de si mesmas a gestão de sua carreira, e da empresa as condições objetivas de desenvolvimento profissional.
Para o autor, a realidade nas empresas se modifica por causa da
conscientização por parte do colaborador, de seu real valor e do seu papel
dentro das empresas, mas, ainda de acordo com Dutra (2002, p.48):
Cabe às empresas criar espaços, estimular o desenvolvimento e oferecer o suporte e as condições para uma relação de alavancagem mútua das expectativas e necessidades. A empresa não conseguirá fazê-lo sem estar em contínua interação com as pessoas e, ao fazê-lo, conseguirá alavancar a sua competitividade por meio das pessoas.
Podemos notar que este papel não poderá ser exercitado somente por
meio de processos, de ferramentas, de instrumentos, mas por aquilo que
chamamos de comprometimento da empresa para com seus colaboradores, o
respeito à individualidade, os estímulos, o suporte e o desenvolvimento, além
da satisfação das necessidades de seus funcionários, que culminam numa
proposta clara e objetiva de intenções.
Portanto, compete às organizações deixar claro o que espera do seu
colaborador, mas, para que isso ocorra, é preciso que ela se reconheça
enquanto empresa.
2.4 O desenvolvimento da profissão no Brasil
O desenvolvimento da profissão de secretária executiva, no Brasil, de
acordo com Natalense (1998), se deu no período de 1950 a 2000 e permitiu
que a secretária executiva participasse de mudanças positivas na carreira
43
dentro da teoria do desenvolvimento dos anos 50, alterando seu perfil
profissional. Assim, a maioria das secretárias que se integrou às organizações
foi incentivada a realizar constantes cursos de especialização, de atualização
profissional e comportamental para também compreender a cultura da
organização e se adaptar a ela.
O avanço profissional na carreira da secretária executiva, de acordo com
a autora, pode ser compreendido, se levarmos em conta que, na década de
1950, as secretárias se limitavam às funções de taquigrafia, datilografia,
arquivamento7, atendimento telefônico e anotações de recado, ou seja, a
secretária não teve um modelo especifico de profissional para se espelhar até
1960.
Em 1960, iniciaram-se os treinamentos em âmbitos gerenciais, advindos
dos Estados Unidos, marcando, assim, as primeiras mudanças no perfil do
administrador e dos gerentes. Nessa década, a secretária executiva continuou
com as mesmas atribuições, sendo considerada apenas um "status" para as
chefias nas empresas.
Mas, na década de 1970, mudanças significativas ocorreram na
profissão. A secretária executiva começou a ser considerada como membro
atuante nas chefias e gerências, e as associações de classe chegaram a atuar
em todo o Brasil. A profissão foi regulamentada e uma nova mentalidade
passou a fazer parte na vida dessa profissional, permitindo-lhe atuar de forma
mais abrangente e conquistar respeito nas organizações.
Nas décadas de 80 e 90 do século passado, na era da qualidade total, a
secretária executiva passou a vivenciar a expansão da gerência científica,
administrando as rotinas de trabalho nas organizações em conjunto com o
gerente, investindo seu capital intelectual em treinamentos e formando equipes
de trabalho. Em decorrência dessas mudanças atribuiu-se novo
redimensionamento de atuação, exigindo profissionais com perfil
empreendedor, ou seja, pessoas polivalentes e atualizadas, preocupadas em
dar continuidade aos estudos, buscando soluções para conflitos pessoais e
profissionais, e até ser produtora de lucros e resultados.
A partir do ano 2000, para Natalense (1998), um novo perfil foi
estabelecido: caberia à profissional se preocupar com o todo empresarial, com 7 Funções ainda muito próximas das do escriba, quando surgiu a profissão.
44
a produtividade, com a qualidade, além de direcionar seus conhecimentos
para a questão da cultura e do clima organizacional, compreendendo o
conceito de organização e a forma como ela fazia parte dessa realidade.
As exigências do mercado e das organizações exigiram um novo
conceito, isto é, a educação e a preparação de profissionais para atuarem nas
empresas teria de ser repensada e reorganizada.
Delors (2004) afirma que para aprendermos a ser, assim como para
desenvolver nossa personalidade e estar à altura de agirmos com
discernimento e autonomia nas organizações, devemos ressaltar as qualidades
pessoais que são desenvolvidas com a ajuda da educação, no âmbito escolar
ou familiar. Além disso, acrescenta que as potencialidades individuais, como a
memória, raciocínio, sentido estético, capacidades físicas, aptidão para
comunicar-se, são instrumentos de reconhecimento e identificação, enquanto
parte integrante da empresa. É uma forma de ser reconhecido e ter a atuação
também reconhecida pela organização.
Por isso, é possível perceber que a secretária, como colaboradora e
parte integrante da organização, desempenha atividades que a distancia dos
escribas, aqueles especialistas que eram preparados para atender o
principado, depois de terem freqüentado escolas para aprenderem a escrita,
contas, arquivos, controles e outros. Muitas organizações ainda encaram as
secretárias executivas como meras executoras de tarefas, aquelas que fazem o
controle das agendas de compromissos dos executivos, que cuidam dos
arquivos de correspondências, do atendimento telefônico, etc. Na atualidade,
esta profissional, por vezes, atende vários executivos ao mesmo tempo; atende
ao telefone, anota recados, arquiva documentos, serve cafezinho e toma
decisões fundamentais. Sabe negociar, efetuar compras, viajar representando
a empresa e tantas outras atribuições que lhe são confiadas. Torna-se uma
profissional multifuncional e polivalente, mas nem sempre reconhecida.
É possível notar que essas profissionais que atuam dentro do perfil das
empresas, citado anteriormente, atuam em função de flexibilidade, de
disposição em aprender novas técnicas de trabalho, cada vez mais inovadoras.
Com a globalização e o advento da tecnologia, temas exaustivamente
discutidos no mundo empresarial passaram a exigir da secretária executiva
qualidades técnicas aliadas com conhecimentos específicos da área em que
45
atua, fluência de, no mínimo, duas línguas, capacidade para administrar
conflitos, ter empatia, trabalhar em equipe, gerenciar pessoas, ser polivalente e
multifuncional, otimizando processos e solucionando problemas, para assumir
o papel de parceira de seu executivo, demonstrando claramente a preocupação
com a qualidade de seu trabalho e seus resultados, de acordo com a
organização.
Neste sentido, Rifkin (2001, p.5) afirma que entramos definitivamente na
Era do Acesso, que é movida por novas regras de comportamento nos
negócios, as quais são totalmente diferentes do que se praticava até então, na
era de mercado. Os profissionais, não só de secretariado, mas em geral,
precisam e devem se ajustar a essa era.
O autor destaca, ainda, que o mercado foi substituído por redes, os
vendedores e compradores, por fornecedores e usuários, e praticamente tudo
pode ser acessado. Portanto, a secretária executiva deve entender de
tecnologia, de mudanças e da aplicabilidade dessas novas tecnologias em
suas rotinas de trabalho. Na visão do autor, as mudanças ocorridas no
mercado servem como ponto de partida para demonstrar que a secretária deve
estar sempre pronta a aprender, colaborar e produzir resultados, os quais nem
sempre reconhecidos pelas organizações ou executivos.
Para Rifkin (2001, p.6), as mudanças que estão ocorrendo na
estruturação das relações econômicas fazem parte de uma transformação
maior, aquela que está sendo processada na natureza do sistema capitalista.
Portanto, é pertinente notar que as organizações precisam e devem se ajustar
a uma nova realidade de trabalho com acesso à cultura, à qualidade humana e
à tecnologia de ponta.
Para Crosby (1998, p.305), a qualidade é algo possível, mensurável,
lucrativa, e pode ser estabelecida, desde que haja compromisso, compreensão
e disposição para trabalhar arduamente.
Nesse contexto, as mudanças comportamentais são sentidas pelas
secretárias executivas em relação à qualidade e à carga de trabalho que a
globalização passou a exigir e que até então não eram tão visíveis. Esses
elementos começaram a ser cobrados, assim como a redução de trabalho e o
aumento de tecnologia. Contudo, não existem programas específicos dentro
das empresas que preparem a secretária executiva para conhecerem os
46
próprios limites profissionais, aprenderem a lidar com as pressões e as
cobranças e entenderem seu papel, seus direitos, limites e obrigações perante
a empresa, a sociedade e perante a si mesma e a família.
Sob esta perspectiva, E. Fromm (1962) discute o conceito de ter e ser
quando discorre sobre as características do profissional para este novo milênio.
Quem são o ter, o ser, o saber, o cuidar e o poder? Essas características não
se adaptam aos profissionais que adquirem o conhecimento simplesmente por
adquirir e não utilizá-lo e não colocá-lo em prática, portanto não inovam. Para
o autor, se ajustam aos profissionais que querem aprender e pôr em prática,
com imaginação e iniciativa, todo o conhecimento adquirido.
O ter, ao que o autor se refere, demonstra, de certa forma, as obrigações
da secretária dentro da empresa, da família, da sociedade, isto é, aquilo que
ela deve aprender e praticar. Ou seja, aquilo que se espera dela, pois afinal ela
uma remuneração para isso. Já o ser, se analisarmos pela óptica dos direitos
da secretária executiva, da mulher, da trabalhadora e profissional em
determinadas organizações e fora delas, remete ao sentido daquilo que ela se
permite fazer a qualquer momento, sem ter necessariamente que justificar ou
dar explicações.
Ter a preocupação em saber quem é a secretária na organização e na
sua própria avaliação leva muitas profissionais a repensarem seus direitos e
obrigações dentro das empresas em que atuam. Quando o ter e o ser se
articulam, a secretária executiva [ traz]= apresenta resultados positivos para a
empresa e para si mesma, porque se sente produtiva, realizada e com
dignidade.
Como profissionais, as secretárias executivas devem demonstrar
iniciativa, capacidade de comunicação, organização, sensibilidade para lidar
com pessoas e situações diferenciadas e atuarem na gestão de pessoas com
característica de liderança e motivação. Como cidadãs devem saber seus
limites na sociedade e nos grupos aos quais pertence. Devem respeitar-se e
buscar a felicidade de modo a viver com qualidade, sendo mais produtiva e
recebendo o reconhecimento que merece e almeja.
Do sistema feudal até os dias de hoje, muitas formas de trabalho foram
criadas e recriadas. O homem como parte integrante dessas formas de
trabalho precisou se adaptar, conhecer, desenvolver sua criatividade e
47
imaginação. Precisou aprender a desenvolver mecanismos de superação e
motivação constante para trabalhar sob pressão, trazer resultados e lucros
para as organizações sem esquecer de si mesmo.
Buscar se conhecer, conhecer o outro, trabalhar com diferentes
realidades, tanto no aspecto social quanto no aspecto tecnológico, faz com que
os profissionais de secretariado busquem na aprendizagem contínua uma
resposta para suas indagações. Tal procedimento possibilita que cada
secretária continue sua luta diária para demonstrar que possui identidade
própria e, por isso, as empresas precisam ajustar suas culturas organizacionais
para se adequarem aos dois pontos decisivos da globalização: a modernização
tecnológica e a modernização das relações entre pessoas, ambientes e
sociedade mundial.
Para que isso ocorra, faz-se necessário que a secretária busque pelo
saber e pelo aprender, por meio da educação formal e da educação
profissionalizante. É preciso, também, que ela encontre respostas para as
dúvidas sobre seu papel, sua identidade e como ser reconhecida nas
organizações. Será fundamental, pois, compreender que a globalização
promoveu mudanças nos negócios e nas rotinas das organizações, afetou
drasticamente e diretamente a postura e o perfil dos profissionais e as suas
atividades nas empresas.
2.5 Perfil e atuação da secretária executiva nas organizações globalizadas
e a busca da identidade profissional.
A profissão de secretariado executivo conquistou um legado, tanto no
Brasil como fora dele, procurando constantemente valorizar-se e definir sua
identidade no âmbito organizacional.
A história desse profissional brasileiro, como de qualquer outro
profissional no mundo do trabalho, conta com muitas conquistas, mas também
com derrotas. São mais de 30 anos de organização no país, contabilizando, na
maioria, a participação daqueles profissionais conscientes, entusiastas e
48
comprometidos com o crescimento pessoal e com a qualificação, para
atenderem às atuais exigências do mercado de trabalho.
De acordo com D’Elia e Garcia (2005), a profissão foi regulamentada
pela Lei 7.377, de 30/9/1985, e complementada pela Lei 9.261 de 11/01/19968.
As autoras explicam que além do Brasil, somente na Espanha a profissão foi
regulamentada, embora, nos países africanos e em outros países, a categoria
tem associações de classe lutando para o reconhecimento profissional.
O seu Código de Ética9 foi publicado no Diário Oficial da União em
7/7/1989, o qual tem norteado os profissionais da área nas questões
trabalhistas e empresarias. Ele orienta as empresas e os secretários a
manterem uma relação de trabalho saudável, dentro das possibilidades atuais,
fazendo com que ambas as partes se respeitem mutuamente.
2.5.1 A profissão e o papel da secretária nas empresas atuais
Podemos afirmar que o curso de secretariado está inserido nas ciências
sociais aplicadas, cuja linha metodológica permite a construção ou a criação de
outras referências, valendo-se da sugestão e não da padronização, não
separando questões sociais das questões humanas, não se prendendo,
portanto, a teorias ou a metodologias, mas usando-as como guias e fios
condutores.
Para compreender melhor o perfil e o papel desses profissionais nas
organizações brasileiras, é necessário entender que se trata de uma categoria
profissional, reconhecida por lei, com registros específicos a cada formação
técnica10 ou formação acadêmica11·.
A referida regulamentação, conforme as autoras (IBID, p.10), pode
ocorrer em duas situações distintas, como:
8 Para maiores detalhes, ver anexo I. 9 Para maiores detalhes, ver anexo II. 10 Referimos-nos aqui aos cursos técnicos, profissionalizantes. 11 A formação acadêmica pode ser feita mediante os CST – Curso Superior Tecnológico em Secretariado ou Graduação Tradicional – Secretariado Executivo Bilíngüe.
49
Secretária Executiva: diplomada no Brasil por curso superior de Secretariado ou com escolaridade de nível similar em outra área, mais de três anos de experiência na profissão até 1985; Secretária Técnica: com formação específica em curso técnico em Secretariado ou escolaridade de nível similar em outra área, mais três anos de experiência na profissão até 1985. [grifos nossos].
Significa que, para a secretária executiva ter uma atuação reconhecida
nas organizações nacionais e internacionais, é necessário que obtenha uma
formação específica aliada à experiência adquirida no mercado de trabalho.
Nesse contexto de atuação e reconhecimento da profissão, Sabino e
Rocha (2004, p: 26 e 27) nos elucidam:
O primeiro curso de Bacharelado em Secretariado no Brasil foi criado em 1969 pela Universidade Federal da Bahia, na Escola de Administração. A iniciativa da UFB visava atender às necessidades da comunidade empresarial, cujo crescimento decorria, principalmente, da implantação do Pólo Petroquímico de Camaçari. O curso foi reconhecido em 1988, através do Parecer 331/88, publicado no Diário Oficial da União de 24 de agosto de 1988. A primeira universidade do Brasil a ter o curso superior em Secretariado reconhecido oficialmente foi a Universidade Federal de Pernambuco, em 1978. O curso foi criado em 1970 e o reconhecimento veio através do Decreto no. 82.166, publicado no Diário Oficial da União do dia 25 de agosto de 1978.
De acordo com os autores, desde 1969, temos formação escolar
específica, cujas instituições de ensino passaram a oferecer os cursos através
da demanda de mercado. Hoje, já podemos verificar que existem cursos de
graduação em Secretariado executivo em quase todos os Estados brasileiros,
contando, inclusive, com a necessidade de acompanhar os cursos de pós-
graduação e MBS (Master Business Secretaries) na área e outras afins.
O MEC – Ministério da Educação - em seu parecer CES/CNE
0102/2004, aprovado em 11/3/200412, menciona a respeito da formação dos
12Para maiores detalhes, ver anexo III.
50
futuros secretários, sobre o perfil dos profissionais, que se incluam dentro dos
projetos pedagógicos, grades curriculares com vistas à formação dos
discentes, visando aos domínios acadêmicos, científicos e tecnológicos deste
campo de atuação, contribuindo para que o futuro profissional possa
desenvolver atividades dentro das organizações, adequando-as aos
conhecimentos e experiências da cultura organizacional na modernidade.
De acordo com esse parecer, os cursos superiores de secretariado
executivo devem possibilitar aos futuros profissionais desenvolverem as
seguintes competências e habilidades:
I – capacidade de articulação de acordo com os níveis de competências fixadas pelas organizações; II – visão generalista da organização e das peculiares relações hierárquicas e inter-setoriais; III – exercício de funções gerenciais, com sólido domínio sobre planejamento, organização, controle e direção; IV – utilização do raciocínio lógico, crítico e analítico, operando com valores e estabelecendo relações formais e casuais entre fenômenos e situações organizacionais; V – habilidades de lidar com modelos inovadores de gestão; VI – domínio dos recursos de expressão e de comunicação compatíveis com o exercício profissional, inclusive nos processos de negociação e nas comunicações interpessoais ou inter-grupais; VII – receptividade e liderança para o trabalho em equipe, na busca da sinergia; VIII – adoção dos meios alternativos relacionados com a melhoria da qualidade e da produtividade dos serviços, identificando necessidades e equacionando soluções; IX – gerenciamento de informações, assegurando uniformidade e referencial para diferentes usuários. [grifos nossos].
A preparação acadêmica exigida pelo Ministério da Educação e da
Cultura tem como responsabilidade formar secretários(as) executivos(as)
aptos(as) para atividades, de acordo com a realidade organizacional. Também
são competências e habilidades sugeridas:
X – gestão e assessoria administrativa com base em objetivos e metas departamentais e empresariais; XI – capacidade de maximização e otimização dos recursos tecnológicos;
51
XII – eficaz utilização de técnicas secretariais, com renovadas tecnologias, imprimindo segurança, credibilidade e fidelidade no fluxo de informações; XIII – iniciativa, criatividade, determinação, vontade de aprender, abertura às mudanças, consciência das explicações e responsabilidades éticas do seu exercício profissional. [grifos nossos].
Certamente, compete também às instituições de ensino privilegiar as
competências gerenciais e técnicas, como partes do processo de formação
profissional dos alunos e futuros secretários.
Atualmente, uma pequena parcela de profissionais de secretariado
conquistou modestamente seu espaço e a confiança dos executivos nas
organizações, por isso, é reconhecida como assessora, com desenvolvimento
de habilidades obrigatórias na formação, de acordo com o MEC. Espera-se
dessa profissional resultados positivos, uma vez que dela também dependem o
planejamento, a organização, o controle e supervisão de tarefas específicas,
processos departamentais e de pessoas.
A assessoria, de acordo com Ferreira (1985), significa "ajudar, auxiliar",
quesito fundamental na rotina da secretária, e exige vários conhecimentos,
habilidades técnicas, manuseio de equipamentos e, principalmente, habilidades
pessoais.
As funções básicas de uma secretária são planejar, organizar e controlar
a infra-estrutura da atuação gerencial (NATALENSE, 1998, p.25). Atua também
no suporte, o que não quer dizer que gerencia, mas é uma peça fundamental
na assessoria gerencial.
Conforme D’Elia e Garcia (2005, p.19), os padrões atuais de
competência, de acordo com o mercado de trabalho, exigem das profissionais
habilidades, conhecimentos e atitudes, conectados em rede, sem fronteiras,
com velocidade e intercâmbio constantes. Para essas autoras (ibid.), dentro do
processo de globalização, discutir o perfil da profissional de secretariado
executivo é como “tirar a fotografia do dia-a-dia empresarial”.
Na atualidade, é uma vantagem competitiva para os profissionais e para
as empresas, a velocidade com que aprendem, trocam informações e se
comunicam. Esse processo de aprendizagem acontece em tempo integral,
mediante atitudes, por meio do aprender e saber fazer para colocar em prática
52
aquilo que está armazenado no aspecto intelectual, a saber, o conhecimento
advindo da formação e da experiência, com adaptação e ajustes à realidade
empresarial. A auto-aprendizagem é essencial para desenvolver o potencial de
recriar constantemente estratégias de atuação, cumprir metas e objetivos do
executivo, do departamento e da organização.
É importante salientar que os profissionais de secretariado atuam ao
lado do poder decisório das organizações, o que lhes confere maior
responsabilidade, aliada à exigência de ser agente de mudanças, otimizando o
fazer e o pensar.
Observa-se que muitas empresas, no atual sistema capitalista, diante de
uma cultura organizacional fechada, criam sistemas de atitude, modos de agir e
instruções aos dirigentes para que as habilidades e as competências
necessárias ao desenvolvimento profissional individual passem despercebidas
e diluídas no coletivo pelos executivos. Desse modo, dificultam o
reconhecimento da secretária executiva como parte integrante do processo
organizacional, desmotivando e fazendo com que a secretária questione a si
mesma e aos outros de sua equipe, procurando saber se realmente ela tem um
papel dentro da empresa. Diante desse quadro, a secretária acaba por não
compreender os motivos pelos quais não possui uma identidade profissional
reconhecida e entendida pela organização.
Nesse contexto, Dubar (2005, p.255-6) argumenta a respeito da
deficiência da formação escolar para a inserção no mercado de trabalho, o que,
de certa forma, acaba incentivando posicionamentos negativos às
considerações ao outro como profissional, pois:
São os que saíram da escola por fracasso escolar, não motivados pela formação, incapazes de fazer contas, que não tem o hábito do rigor e da precisão, pois a empresa fazia produtos de baixa qualidade, que não sabem controlar o próprio trabalho, e difíceis de mobilizar depois de décadas de taylorismo. Essa frase de um diretor técnico [....] resume de modo notável a identidade para o outro atribuída por certos diretores de empresas a quem é considerado a priori desprovido das “novas competências” necessárias a empresa de amanhã e incapaz de adquiri-las. As designações de [....] constituem cada vez mais, atos de atribuição que visam a categorizar (rotular) não um
53
conjunto de postos de trabalho definidos a partir de tarefas prescritas [....] São assalariados, que contratados pela empresa para ocupar postos de trabalho [....] são virtualmente considerados incompetentes para exercer, na empresa de amanhã, qualquer função que seja.
A falta de reconhecimento ocorre também com os profissionais que
foram “considerados aptos” em sua contratação para exercerem certas
atividades, visto que a organização, diante de seu staff13, julga todos sem
aptidão para desempenharem tarefas pelas quais foram contratados.
Ora, como isso é possível, se no momento das contratações se
aplicaram inúmeros testes, entrevistas, e o próprio currículo profissional do
futuro colaborador foi criteriosamente analisado para ser admitido na
organização? Quais são os critérios para que profissionais, a exemplo das
secretárias executivas, não sejam reconhecidos e não lhes sejam atribuídos
méritos para gerenciarem pessoas, rotinas, informações e materiais? Quais as
razões pelas quais as empresas ainda resistem em reconhecer a capacidade
individual de cada secretária e lhe atribuir um papel de responsabilidade nas
organizações?
O resultado disso é que as profissionais acabam por acatar somente
ordens e executar as atividades menos significativas, quando poderiam
assessorar os executivos em todo o processo gerencial das empresas; afinal,
foram formadas para essa finalidade, porquanto a profissão de secretária
executiva é considerada a mais antiga do mundo e também aquela que mais
busca atualizar-se constantemente.
A discussão a respeito desse aspecto da profissão é fundamental
porque independente da formação específica de qualquer profissional, não é
dado à secretária o direito de ser reconhecida como profissional capaz de gerir
resultados.
A questão da identidade profissional fica totalmente comprometida nas
organizações, pois como bem pontuou Dubar (2005), alguns executivos ou
funcionários de alto escalão acabam por não atribuir as funções adequadas
aos profissionais, talvez por falta de mais informações. No caso específico dos
profissionais de secretariado, muitas empresas desconhecem que é parte das
13 A palavra Staff, na tradução para o português, significa pessoal, colaboradores.
54
exigências do perfil necessário ao mercado de trabalho que eles tenham
formação superior, razão pela qual ignoram o que se pode exigir desses
profissionais diante da formação específica.
Esta problemática está ligada também às inúmeras denominações ou
nomenclaturas que a profissão tem hoje e que, de acordo com o Sindicato das
Secretárias do Estado de São Paulo, ultrapassam mais de 500 nomes os
profissionais de secretariado no mercado.
Podemos perceber que nem mesmo o Sindicato e a categoria de classe
apresentam uma definição com relação à normalização da titulação profissional
das secretárias, quanto mais às funções que ela pode e deve ter em sua
formação profissional e humanística para lidar com o dia-a-dia das empresas e
executivos. Como mencionado anteriormente, na página 47desta dissertação, o
Ministério da Educação em seu parecer no que diz respeito à formação
superior nos cursos de secretariado, menciona, dentre as competências e
habilidades, a gestão e a assessoria com base, objetivos e metas
departamentais e empresariais.
Entendemos por gestão o ato de gerenciar alguém ou alguma coisa, e
no caso da secretária refere-se ao gerenciamento das atividades rotineiras de
seu departamento e de seu executivo.
Além disso, observamos também, por meio da análise deste mesmo
parecer, que a questão de habilidade e competência, dentre todas as outras
que podemos considerar serem comuns a qualquer profissional no mercado de
trabalho é que a secretária gerencia as informações com muita propriedade,
uniformidade para diferentes situações e diferentes usuários. Isso sim é o
saber-fazer da secretária. Este é o diferencial que a secretária tem em relação
às demais profissões, o qual foi percebido no decorrer da pesquisa.
Neste sentido, Drucker (1972, p.16) ressalta:
Gerentes são trabalhadores instruídos, administradores ou profissionais individuais, de quem se esperam, em virtude de sua posição ou seu conhecimento, e no decorrer normal de seu trabalho, decisões que tenham impacto significativo no desempenho e nos resultados de conjunto.
55
Fazendo-se uma análise comparativa entre o que Drucker acredita e o
atual perfil da secretária executiva, fica evidenciado que o papel secretarial nas
organizações também é o de gerenciar, uma vez que para a profissional
desenvolver suas tarefas, ela precisa saber administrar a rotina diária,
utilizando as técnicas secretariais; administrar as comunicações orais e
escritas; o tempo e o relacionamento interpessoal, além de administrar a
própria imagem, pois ela representa a organização onde trabalha.
O conhecimento, nesse aspecto, é o elemento-chave, porque somente
tomarão decisões eficazes aqueles profissionais dotados de conhecimento, de
educação, de habilidades técnicas e pessoais.
Para o desempenho desse importante papel na empresa, a secretária
deve entender de ferramentas gerenciais, consideradas pelas empresas
essenciais para a profissional, seja para liderar equipes, motivar pessoas, se
comunicar e negociar com criatividade e flexibilidade.
Quando se fala em função secretarial ou gerencial, fala-se também em
qualidade, muito esperada dos profissionais que possuem as ferramentas
gerenciais anteriormente citadas. A qualidade é “um fator atingível, mensurável,
lucrativo, que pode ser estabelecido, desde que haja compromisso,
compreensão, e você esteja disposto a trabalhar arduamente” (Crosby, 1988,
p.305).
Segundo o autor, para se atingir a qualidade são necessários
investimentos e trabalhos incessantes, obtidos por meio de cursos e leitura, os
quais darão à secretária conhecimentos e compromisso.
Dentre algumas qualidades necessárias para a secretária executiva,
citam-se discrição, objetividade, iniciativa, cultura, conhecimento da empresa,
vontade e disposição. Nota-se que pelas qualidades exigidas é um desafio ser
secretária, e para tanto, é necessário que as profissionais coloquem em prática
conhecimentos e habilidades, sem perder o foco principal de seu trabalho, qual
seja, a obtenção de lucros e resultados para a empresa.
Profissionais preocupadas com a qualidade e com o reconhecimento,
normalmente questionam sobre o autodesenvolvimento, os conhecimentos e
habilidades necessários para contribuir de forma positiva com os resultados da
organização. Para tanto, o investimento na educação continuada se fará
necessário e abrirá caminhos para a busca do conhecimento. Mas a
56
profissional deverá ter vontade, querer aprender, querer saber e ter condições
e conhecimentos para desempenhar funções na empresa.
Além da profissional, a secretária executiva necessita desenvolver certas
qualidades, por exemplo, ser emocionalmente capaz de suportar pressões, ser
atualizada do ponto de vista cultural, ser dinâmica e ativa, ter aparência e
postura adequadas ao ambiente de trabalho e outras.
O discurso da "super-mulher", “super-profissional" ou “mulher-maravilha”
não procede. A secretária deve ter compromisso consigo mesma, descobrir o
que é, qual o seu lugar na sociedade e no mundo do trabalho e como adquirir
cultura e conhecimentos globalizados, e ainda perceber quais os seus limites,
vontades e direitos. Os diferentes tipos de administração presentes no mundo
empresarial exigem da secretária formação mínima, mas com constantes
atualizações profissionais mediante cursos, congressos, fóruns, leituras, grupos
de trabalho, entre outras.
2.5.2 A atuação da secretária no ambiente empresarial globalizado
A globalização é um fenômeno que une os povos de culturas
diferenciadas, reunindo-se em grupos econômicos, tendo como objetivo o
melhor desenvolvimento comercial (SANTOS, 1998, p.462). Entende-se como
globalização, pois, o processo de integração entre as economias e sociedades
de vários países, especialmente no que se refere à produção de mercadorias e
serviços, os mercados financeiros e a difusão de informações. Atualmente, a
globalização passou a fazer parte da rotina diária das pessoas, por meio dos
meios de comunicação.
Com efeito, a globalização incita os profissionais no mercado de
trabalho, assim como os profissionais de secretariado, a desenvolverem um
papel adequado ao cargo nas organizações, acirrando a busca contínua de
conhecimentos, do domínio da tecnologia, das habilidades de comportamento e
profissionais, podendo a secretária executiva se comunicar, trabalhar e
aprender como qualquer pessoa, em qualquer parte do mundo. A secretária
utiliza recursos como fax, correio eletrônico, telefone celular e vídeo-
conferência; desenvolve e aprimora diariamente suas habilidades de
57
comunicação, mediante uma educação contínua, percebendo e vencendo
desafios.
Dessa forma, necessita-se entender o que representa o saber ser e o
saber fazer da secretária na questão pessoal e profissional, contribuindo de
alguma maneira para a busca da identificação profissional.
Assim, apreendemos com Petraglia (1995), de acordo com o
pensamento de Morin, como pode ser entendido o saber ser da secretária. A
autora apresenta as considerações de Morin, no sentido de compreender que
“a ciência que liberta não pode aprisionar”, isto é, o que a ciência pode fornecer
ao homem como benefícios não [poderá destruí-lo]=o destruirá. Portanto, são
indispensáveis diálogos reflexivos no tocante às inter-relações entre a ciência,
a sociedade, as técnicas e a política.
A globalização modifica algumas formas e mecanismos de trabalho no
capitalismo. Assim, os perfis profissionais começam por se adaptar às
mudanças de tal sorte que, como forma de sobrevivência no mercado, as
atuações passam a ser decorrentes das exigências no universo sócio-cultural.
De acordo com Petraglia (1995, p. 45): “observa-se, pois, que o ser humano
adulto é inacabado, isto é, seu cérebro continua desenvolvendo-se e
aprendendo, mesmo ultrapassada a fase da infância e da juventude”.
Percebemos que tanto Silva (1998) como Petraglia consideram o sujeito
como um ser inacabado, ou seja, ele aprende sempre, no decorrer e ao longo
de toda a sua vida.
Então, partimos da idéia do saber ser da secretária como aquela que
ocorre em virtude o desenvolvimento de suas aptidões naturais, que já são
suas por direito, [somadas ao que se presencia no aspecto da cultura que é de
extrema importância para o aprimoramento humano.
Já para Santos (1998), é pela educação continuada que a secretária
executiva, pelas suas experiências de vida e sua personalidade, ampliará
conhecimentos do mercado e de seu trabalho no plano global, contribuirá para
a realização dos objetivos dela e da empresa e, consequentemente, produzirá
mais e terão tanto ela, secretária, como executivo e empresa, suas metas
atingidas.
Esse papel só poderá ser desenvolvido pela secretária com a ajuda e
com o interesse contínuo na “aprendizagem” e na vontade profissional de
58
ultrapassar dificuldades e ascender na carreira. Para tanto, é fundamental ter
noção das dificuldades psicológicas, muitas vezes impregnadas na
personalidade, que a impeçam de procurar apoio para a solução de conflitos
internos, criando barreiras que dificultem compreender se realmente está em
constante processo de conhecimento e crescimento.
Daí a importância que se atribui ao conhecimento, à escola, ao
reconhecimento das dificuldades e das qualidades profissional e pessoal e o
investir contínuo na aquisição de habilidades técnicas e competência. Buscar
conhecimento intelectual é se guiar também pela experiência, para entender e
estudar, trocar com o outro que está ao redor, cada vez adquirir mais saberes
necessários para sua identidade e reconhecimento profissional.
Para isso, a secretária executiva conta com a flexibilidade como uma
forma de identificação com o que é característico dela, secretária, que além do
gerenciamento de informações, está disposta a acatar mudanças,
“desenvolvendo a criatividade, a sua capacidade de adaptação às novas
formas de conhecimento e tecnologia”. (De Liberal, 2003, p.82)
Partindo-se do pressuposto de que a globalização serviu como
instrumento da interdependência entre países, de empresas e movimentos
sociais, o mercado de trabalho passou a exigir da secretária uma série de
competências pessoais, profissionais e tecnológicas da secretária. A par disso,
na área educacional, foi preciso que se reformulassem as questões de
aprendizagem e preparação dos trabalhadores, gerando inúmeras mudanças,
como a expansão do comércio mundial, a revolução tecnológica, os blocos
econômicos e as desigualdades.
De Liberal (2003, p. 76) nos adverte que “com a transformação da lógica
taylorista para a lógica da flexibilidade tendem a desaparecer as funções
tradicionais definidas e, assim abre-se o mercado ao trabalhador preparado
para a migração a outras atividades”. Notamos pelo pensamento da autora que
a flexibilidade vai se construir no perfil profissional dos trabalhadores e da
secretária executiva, abrangendo uma formação que existe dentro e fora do
sujeito e não apenas na sua formação escolar.
Em detrimento das profundas mudanças nos modelos econômicos,
sociais e políticos mundiais, o trabalhador se sentiu obrigado a desenvolver
59
uma série de habilidades que busca também aprender dentro de sua
aprendizagem na educação para o trabalho.
De Liberal (2003, p. 77)afirma:
A formação profissional deve subsidiá-lo para identificar
as mudanças sociais e suas necessidades, dar-lhes
condições para granjear autonomia e desenvolver a
capacidade de criar produtos que venham de encontro às
necessidades individuais e sociais. Este tipo de educação
e formação profissional, oferecidos pelas grades
curriculares, deve ser complementado por uma formação
e um treinamento patrocinados e propiciados por
empresas, sindicatos e instituições afins. [....] O que
merece ser ressaltado é a razoável unanimidade quanto à
mudança do perfil do trabalhador e sua relação direta com
a educação e a formação profissional. Com base no
pressuposto de que a educação deve preparar para o
“saber ser” e para o “saber fazer”, destacamos o saber
fazer sem desvinculá-lo do saber ser
.
Podemos verificar que na atuação da secretária, faz-se necessária uma
dose de autonomia, de conhecimentos para identificar mudanças e se adaptar
a elas, como forma de manter a empregabilidade e que, na disposição pela
educação continuada, ela poderá assumir responsabilidades saindo, como
afirma De Liberal (2003) “da submissão para o papel de negociadora e com
autonomia para colaborar com os objetivos organizacionais e objetivos
pessoais”.
O que fica aqui estabelecido para uma reflexão é que a globalização
acaba por privilegiar uma minoria em prejuízo da maioria, e os profissionais
atuantes no mercado de trabalho necessitam acompanhar de forma rápida os
resultados que vêm causando este processo dentro do capitalismo que
vivenciamos.
60
2.6 Do autoconhecimento ao prazer da realização do trabalho secretarial
O autoconhecimento é uma via para a construção da autonomia. É o
caminho essencial, mas também o básico, imprescindível para quem quer se
realizar dentro da convivência nas instituições. Investir no autoconhecimento
para o futuro de qualquer profissional no mercado de trabalho é conquistar a
autonomia como resultado do investimento em seu crescimento profissional e
pessoal (Dutra,2002).
Contrariando o paradoxo de que nem todas as secretárias executivas
sentem necessidade de buscar o autoconhecimento, considera-se que tal
proposição norteia sobremaneira o caminhar profissional, ajudando-as a rever
a própria trajetória e planejar objetivamente suas atividades e funções
profissionais.
Na perspectiva de Morin, de acordo com Petraglia (1995), as
características do indivíduo são singulares e o diferenciam e o tornam dono de
seu processo organizador, transformando-o em sujeito da história. Como ele é
considerado único será a sua individualidade que o distinguirá dos demais.
Para Petraglia (1995, p. 58): Sujeito é o “eu” que se coloca no centro do
mundo, ocupando seu próprio espaço. Sua concepção é complexa, por isso o
“eu” precisa da relação com o “tu”, e ambos pertencem ao mundo. Podemos
notar que a autora enfatiza a necessidade de se conhecer e conhecer o outro,
pois vivemos na era das incertezas. Conhecendo a nós mesmos, poderemos
conhecer o outro e entendê-lo, e desta forma, o reflexo do que somos e
fazemos nos permitirá uma superação de nossas deficiências humanas em
relação à realidade, podendo também alterar a nossa dimensão ética, que vai
direcionar nossas atitudes e nossos valores na vida e no ambiente
organizacional.
As secretárias se sentem muitas vezes realizadas
profissionalmente, com ou sem formação específica, se sentem felizes porque
a experiência, a maturidade, os conhecimentos técnicos aprendidos no
decorrer de sua experiência profissional caracterizam sua “autonomia”
profissional. Dizer que estas profissionais estão equivocadas seria condená-las
sem julgamento. Afirmar que sem atualização elas não sobrevivem no mercado
61
de trabalho pode ser um risco, pois cada uma descobre o seu caminho para se
manter informada e conectada com o mundo.
Os meios de comunicação, como o rádio e a televisão, são veículos
importantes nessa atualização e, se quiserem filtrar as informações recebidas
sobre economia, conflitos sociais, empregabilidade, globalização e
administração podem fazê-las, sem dúvida.
A tecnologia na era do acesso, conforme Rifkin (2001), faz com que as
implicações na sociedade e no mercado de trabalho sejam significativas e de
longo alcance. Segundo o autor, aquele que não estiver consciente de que hoje
tratamos negócios e clientes, na maioria das vezes, de modo virtual, ficará
refém do obsoleto e, dificilmente, poderá acompanhar a sociedade na era do
acesso, como bem discutiu Rifkin.
Porém, como lidar com esse contra-senso? A questão nos parece de
conscientização. Já que o mercado de trabalho cada vez mais exige mudanças
drásticas no perfil secretarial, evitar as mudanças é ficar à margem desse
mercado.
A secretária, como qualquer profissional, precisa de dedicação,
investimento em treinamentos e formação. A palavra-chave para seu sucesso é
a informação. Realmente, ela precisa se atualizar, pois hoje muitas secretárias
são contratadas e passam assumir funções gerenciais ou estratégicas em
conseqüência de sua bagagem, formação e conhecimentos.
Percebemos existir nas profissionais a preocupação de serem
reconhecidas pelas organizações. Assim, na fala das seis secretárias ouvidas
nas entrevistas, ficou evidente a necessidade em se conhecer, de se
desenvolver e que este “aprendizado” ocorre ao longo da vida com situações
experimentadas por elas nas mais diversas culturas organizacionais. Por
conseguinte, deve haver, no entender delas, o reconhecimento da empresa
pela sua identidade.
Manzini-Covre (2007, p: 130) diz que
[......] as pessoas repetem situações que lhe causam
sofrimento, mas com as quais não conseguem romper
porque estas têm suas raízes inconscientes (advindas do
desenvolvimento humano na infância). No enfoque
62
winnicottiano, dir-se-ia da repetição da sensação de não
existir, do vazio, da submissão.
Notamos pela fala da autora a respeito da formação e das experiências
que as trazemos da infância e que elas refletem em nosso comportamento
profissional ou social na fase adulta de nossas vidas. Ao atuar nas
organizações, a secretária executiva, muitas vezes, estabelece
inconscientemente a relação de submissão e extravasa seus limites em
detrimento de um salário, de um reconhecimento, de sonhos realizados dentro
da empresa onde ela atua.
2.7 O conceito de ética profissional para a secretária executiva
Para Souza Neto e Monezi (2005), viver tem um significado de se
realizar como ser humano na construção de uma sociedade mais justa, fraterna
e igualitária. Para os autores, a ética não é somente um conjunto de doutrinas
filosóficas ou religiosas e tampouco um código na vida, é também uma questão
de consciência, atitude e que se realiza nas relações entre as pessoas.
A ética na profissão, de acordo com os autores, é a união de múltiplas
determinações que deverão incluir o sujeito, a objetividade e a subjetividade,
não podendo nenhum desses elementos e nem outros aspectos se separarem,
para não abrir precedentes para o totalitarismo e o fanatismo. Ética é antes de
tudo a “ciência da conduta”. Poderá ser analisada como a ciência da conduta
humana com o fim de dirigir as atitudes e comportamentos do ser humano e
deve ser analisada, também, como meio para se atingir tal fim.
Cada profissional é envolvido em sua área de atuação e, certamente, se
tornará responsável pelo que faz a si e aos outros. Suas atitudes demonstrarão
seus valores, os quais vão determinar que profissional e pessoa ela é, sua
forma de agir dentro e fora do ambiente de trabalho.
Souza Neto e Monezi (2005) estabelecem que, além do código de ética
que vai conduzir a conduta humana, existe também a ética organizacional que
visa:
63
Preparar e capacitar pessoas para desenvolver seu
potencial nas organizações, compartilhar com elas os
valores da instituição, definir os planos de trabalho, bem
como acompanhar sua atuação, para que possam cumprir
suas atividades de forma efetiva e eficaz, são práticas que
trazem como conseqüência a expectativa de que pessoas
e organizações se comportem de forma ética. ( Souza
Neto e Monezi, 2005, p.57).
Podemos notar que esse código de ética organizacional tem a finalidade
de apresentar aos colaboradores procedimentos que deverão ser seguidos,
com a intenção de garantir comportamentos adequados com tais valores.
As exigências no perfil profissional da secretária executiva aumentam
significativamente, à medida que negócios, clientes e empresas se estendem
ao redor do mundo. Conhecimentos, habilidades e competências valorizam as
secretárias e são valorizados pelas empresas. A postura, especificamente no
comportamento de uma secretária, é essencial, porque ela ocupa um cargo de
confiança nas organizações.
O mercado de trabalho reconhece, sob o ponto de vista empresarial, a
secretária que se preocupa em atualizar conhecimentos, que tenha formação
específica e que dê continuidade aos estudos, mas, no aspecto ético, cabe
somente à secretária executiva um cuidado maior, pois vai direcionar seu
comportamento baseado em suas atitudes e em suas ações e mostrará para a
organização o tipo de pessoa que ela é e como se conduz em sua vida.
Veiga (2007, p. 28-29) assegura:
A secretária deve ter uma conduta profissional idônea – o
que lhe garantirá
cabeça erguida. A profissional, além de representar a
imagem da empresa, é elo entre a empresa e o mercado,
logo, sua conduta deve ser pautada na verdade e na
moral.
Verificamos, de acordo com a autora, que as atitudes comportamentais
demonstrarão a personalidade da secretária a qual deverá, portanto, pensar e
64
repensar tais atitudes no decorrer de sua atuação na empresa. A ética vai
permear esta trajetória e as suas relações com as instituições onde trabalha e
onde está inserida socialmente.
O conceito de ética profissional da secretária, de acordo com Sabino e
Rocha (2004, p.37):
... Do latim ethica, do grego ethiké, ética é definida como uma ciência moral, cujo objeto de estudo são julgamentos de valores na medida em que estes se relacionam com a distinção ente o bem e o mal. Em proposta de definição mais atualizada, ética significa a constituição de valores e regras pela sociedade para assegurar a convivência em harmonia. O mesmo mundo comercial que, em corrida desenfreada pelas grandes cifras nos relatórios de lucratividade, relegou a ética a um longo período de “desuso”, hoje prima pela conduta ética nos seus objetivos e missões. [grifos nossos]
A questão ética faz parte da cultura organizacional e da
profissionalização das pessoas, por isso, o curso de secretariado também
possui seu código profissional.
Pautada numa conduta correta, a secretária executiva procura em meio
às crises enfrentadas na atualidade pelas empresas e profissionais, não deixar
dúvida sobre seu caráter, pois, embora não seja responsável por aquilo que o
executivo decide ou determina, é responsável por seu comportamento e pelos
resultados advindos de sua postura para sua carreira e para a organização
onde trabalha.
Em decorrência dos avanços tecnológicos, pontuados por Rifkin (2001) e
Ferreira (2001), as relações internacionais, em decorrência da globalização,
geram crescentes turbulências, muita pressão e problemas intermináveis para
a secretária e a organização onde atua, fazendo com que sua capacidade de
buscar alternativas para a solução de problemas seja cada dia mais ampla.
Falar do profissional de secretariado, do sujeito secretária, é falar
também de sua atuação nas organizações pautada pela ética profissional e sua
aplicação no mercado de trabalho.
Nesse contexto, cabe lembrar que a história da humanidade e sua
evolução são perpassadas por conceitos como o de ética, cidadania,
economia, transformações e tecnologia, numa velocidade impressionante, que
65
muitas vezes acabam ignorados, fazendo o sujeito esquecer até as origens, o
aprendizado com/na família, no convívio social, na escola e outros.
As mudanças ocorridas nas últimas décadas obrigaram as organizações
a efetuarem profundas mudanças no formato de gerir seus negócios. Foi
necessário abrir uma relação mais transparente e de qualidade entre cliente
interno e externo desenvolver relacionamentos de confiança entre ambos e a
organização; levar em conta os talentos dos colaboradores das organizações
para fortalecer essas transações comerciais e por fim o reconhecimento dos
profissionais atuantes na linha de frente das empresas travando negociações
lucrativas para o cliente externo.
Como o profissional de secretário fica em evidência nas organizações,
sente-se cobrado de um comportamento “ético”, o qual refletirá nas suas
atitudes, naquilo que pensa de si, da empresa e do executivo. Cabe lembrar
que o comportamento ético da secretária se fortalece mediante a junção de
vários fatores, sendo o principal o conhecimento das normas e procedimentos
da organização.
Assim é imperioso que na trajetória da secretária executiva haja
transparência em relação a sua realidade social e profissional, a seus
conhecimentos e às técnicas de trabalho, assim como é fundamental verificar
se as decisões tomadas no âmbito organizacional estão pautadas por uma
ética. Deste comportamento dependerá em parte, sua ascensão,
reconhecimento de que pode fazer parceria e colaborar com a equipe.
Com efeito, se esta ascensão não ocorrer, provocará desânimo e
desmotivação, fazendo-a sentir-se uma colaboradora que somente executa
serviços e não pode aspirar a abraçar tarefas ou responsabilidades para
facilitar as relações entre os clientes, e assim, trazer lucros para a organização.
2.8 A formação do indivíduo Secretária
De acordo com Silva (1998), a determinação do sujeito está relacionada
com as dimensões que constituem o ser cognoscente, isto é, o homem em
constante processo de aprendizagem racional, relacional (contextual e
interpessoal) e desiderativa.
66
• A dimensão relacional é aquela que é contextualizada porque o “ser
cognoscente é um ser social contextualizado, ou seja, determinado
pelas condições materiais de existência em que vive na sociedade”
(Silva, ibid., p.31). Nessa dimensão, o processo de construção do
conhecimento acontece porque o ser cognoscente estabelece relações
com outros indivíduos.
• A dimensão racional é indispensável no processo de construção do
conhecimento porque o ser cognoscente, na ação sobre o meio, constrói
suas próprias estruturas, prolongando e interiorizando esta ação (ibid,
p.32).
Piaget (apud Silva, 1998, p.33) afirma que “a ação precede o
conhecimento e consiste numa organização, sempre mais rica e coerente, das
operações que prolongam a ação no sujeito”
• A dimensão desiderativa faz parte do processo de construção do
conhecimento, na medida em que o ser cognoscente é determinado por
um saber que ele desconhece, do qual não tem consciência.
A secretária executiva, como ser em processo de construção do
conhecimento, interage com outras pessoas na empresa, na família e na
sociedade. Nessa interação transmite e recebe conhecimentos diversificados e
estabelece relações com o meio, tendo por isso, de acordo com Silva (1998),
relações conscientes ou inconscientes, saberes dos quais nem sempre tem
consciência.
Compete à secretária executiva estar atenta aos conhecimentos
necessários para interagir com outras pessoas, que agem e pensam de modos
diferentes dos seus, e procurar conhecer métodos atualizados de relações
interpessoais para facilitar o convívio com o meio social e profissional onde
atua.
Da profissional que mantém relações diversificadas com o seu meio, o
desejo de saber e de aprender vem da motivação que ela própria desencadeia,
a partir do momento em que tiver um objetivo a alcançar.
Entretanto, essa profissional está ciente de que ela é um ser em
constante e contínuo processo de aprendizagem.
Quando a secretária executiva se depara no mercado de trabalho com
exigências profissionais e pessoais, as quais, não tem condições de satisfazer,
67
sente falta de expectativa profissional, falta de vontade em aprender para se
reciclar, falta de reconhecimento e por fim sente o grau de desigualdade que
ela possui em relação às outras secretárias.
Esses fatores, em muitos momentos, levam a secretária a se acomodar
e a não ter condições psicológicas de encontrar uma razão para dar
continuidade ao seu processo de construção e de crescimento. Entretanto,
quando a secretária executiva quer dar prosseguimento ao seu crescimento
profissional e pessoal, estabelece metas por meio de objetivos e desejos que
vão conduzi-la efetivamente ao sucesso e ao reconhecimento.
De acordo com Silva (1998, p.39), “as várias dimensões do ser
cognoscente se articulam, regidas pelo principio do desejo e pelo principio da
realidade, na dialética da autonomia e da determinação”. Assim, cabe à
secretária buscar atualizar-se constantemente, ter vontade de aprender para se
adaptar às exigências profissionais e pessoais, ter reconhecido o seu papel nas
organizações e conseqüentemente, conquistar sua autonomia.
Para adquirir formação profissional é necessário, como dito
anteriormente, ter desejo de aprender, de conhecer e vontade de conquistar
autonomia, mas, para que isso aconteça, deve-se trabalhar com metas e
objetivos. Ou seja, a profissional que busca o conhecimento tem o desejo de
ver os seus esforços reconhecidos e, para cada etapa vencida, ela elabora
novos desejos e novas metas.
A secretária executiva que vem investindo, que vem adquirindo novos
conhecimentos, novas técnicas, que sente vontade de aprender e demonstrar
este desejo, conseqüentemente, assume a cada dia mais responsabilidades e
conquista, na maioria das vezes, o esperado reconhecimento profissional.
Importa esclarecer que ter conhecimento não é somente fixar conteúdos,
saber fazer as coisas certas, produzir ou criar métodos de trabalhos
diferenciados. Mas é necessário aliar ao aprendizado a busca por caminhos
diversificados para solução de problemas, inovar as técnicas profissionais,
adaptando-as no seu dia-a-dia, de modo a fazer com que qualquer pessoa ou
profissional modifique sua forma de se inter-relacionar com o seu meio,
buscando a valorização.
Fromm (1982, p.46-47) define que “aprender algo no modo de ter é fixar
o aprendizado sem ter que inovar ou reagir para criar; já no modo ser, o inverso
68
é realidade”. E complementa: “ter conhecimento é tomar e conservar a posse
do conhecimento disponível (informação); conhecer é funcional e serve apenas
como meio no processo de pensamento produtivo” (Fromm, 1982, p.55).
Verificamos que a tentativa incessante de alcançar o aprendizado leva
os profissionais, na sua maioria, a adquirir conhecimentos diversificados e
utilizar essa aprendizagem em seu cotidiano, seja na família, na sociedade ou
nas instituições empresariais. Tais conhecimentos facilitarão o desempenho do
sujeito nas organizações em que está inserido e lhe proporcionará
reconhecimento.
Em relação a esta pesquisa, de acordo com os depoimentos, tal
reconhecimento ocorrerá por parte da empresa e do executivo, dependendo do
modo como a profissional aprender e se apropriar desses conhecimentos e os
aplicar em sua trajetória nas empresas.
2.9 Entender o sujeito, a subjetividade e a identidade: um olhar com o
foco secretarial
De acordo com Souza Neto (2002), o cotidiano da secretária executiva
poderá permitir uma reflexão mais profunda a respeito do sujeito, a sua
natureza e as relações de trabalho diante da realidade globalizada em que se
encontram e que fazem parte.
O autor pressupõe que a história de vida de cada sujeito se faz em
circunstâncias determinadas, quase sempre pela ação do sujeito individual e
coletivo, assim como pelas atitudes e pelas escolhas dos homens que são
movidos por inúmeras necessidades em todas as esferas sociais e
econômicas, “as pessoas nem sempre escolhem o que querem, por força das
adversidades” (Souza Neto, 2002, p.73)
O autor realça que nem sempre nossas escolhas são conscientes e
elaboradas, mas podem ser consideradas escolhas por necessidade de
sobrevivência na sociedade em que vivemos. (Souza Neto, ibid).
O sujeito que está em condições de sobreviver, na atualidade, é aquele
que tem maturidade suficiente para trilhar caminhos através das dificuldades, e
elaborar estratégias para esta sobrevivência diante de uma realidade, poucas
vezes compreendida por ele, integrante da história. (Souza Neto, ibid).
69
Complementa Souza Neto (2002), destacando que não pode haver um
sujeito sem objeto nem um objeto sem sujeito. Por isso, entendemos que a
secretária, enquanto sujeito, é também um ser “aprendente” que diariamente
busca reconhecimento profissional diante de sua formação e competência para
manter a si e seus familiares.
A secretária executiva aprende e age dentro desse aprendizado com o
objetivo de satisfazer as necessidades das organizações e dos executivos,
baseada no estabelecimento das relações profissionais entre a sua
interioridade e a exterioridade a que a ela se apresenta.
O referido autor (2002) declara que o sujeito não existe desvinculado do
cotidiano ou das relações sociais, da mesma forma que o sujeito não existe
sem vontades e desejos. Na condição se seres humanos, temos uma série de
desejos e objetivos para atingir, o que nos leva a lutar pelas inúmeras
transformações em nossas vidas pessoais e profissionais. De acordo com
Souza Neto, essas mudanças decorrem das motivações internas que nos
direcionam a lutar pelos nossos ideais.
Pode-se afirmar, portanto, que a experiência de vida do sujeito acontece
quando existe interação entre a objetividade e a subjetividade, isto é, quando
há articulação entre a realidade interna e a externa.
Segundo o autor, diz-se que a maturidade do sujeito capacita-o para
administrar conflitos, mal-estar, ódio, amor, vida e a morte, para elaborar
estratégias em prol de opções que beneficiem a qualidade de vida. Essa
maturidade é constantemente procurada por parte das secretárias executivas,
pois é o componente para alcançar a sonhada qualidade de vida.
Por subjetividade pode-se entender aquilo que é sentido pelo sujeito
através de experiência íntima e que pode direcionar suas ações presentes na
convivência com os grupos sociais, sejam estes as empresas, a família, a
política ou a religião.
Muitas vezes, por trabalhar sob pressão, com acúmulo de tarefas e
prazos, a secretária se vê impossibilitada de atender às expectativas da
organização e/ou executivos, causando-lhes contratempos e conflitos, os quais
nem sempre podem ser resolvidos a contento.
Muito do comportamento profissional da secretária executiva vem de
experiências advindas de realidades familiares e culturas empresariais
70
diferentes, de atuações possivelmente não produtivas nas empresas e que
podem ter fragilizado seus desempenhos posteriores nas organizações e no
atendimento de tarefas diárias.
Perguntamos às seis secretárias executivas, na entrevista individual, se
elas se achavam criativas, pois a criatividade é também uma das habilidades
pessoais que a secretária necessita ter ou desenvolver. Surpreendentemente,
das seis, apenas duas responderam que se achavam criativas e as outras
quatro não. É interessante notar que uma profissional hoje para sobreviver no
mercado acirrado deve na maioria das vezes, primordialmente, ser criativa em
primeiro lugar para poder manter-se empregada. Sendo assim, como é
possível quatro secretárias alegarem que não são criativas? Podemos afirmar
que se trata de um contra-senso, porque, como essas profissionais buscam
reconhecimento e identidade profissional, se não desenvolvem as mínimas
habilidades necessárias ao cargo?
Ao longo da experiência profissional desta pesquisadora no cargo de
secretária executiva, não só a criatividade foi necessária, mas também
paciência, comprometimento, flexibilidade, autoconhecimento, formação
específica e, preferencialmente, fazer sempre além do que os executivos
pediam.
Manzini-Covre (2007, p: 136-137) expõe:
Os sujeitos têm muitos mecanismos de se
protegerem, de fazer frente ao poder na organização,
desenvolvendo a criatividade, encontrando meios para as
suas realizações e mesmo alterando o mal estar para
sentidos progressivos de viver para si, e talvez para seu
departamento/área dentro da organização. Ainda de
acordo com a autora (op. cit.) Winnicott (1927) fala da
criatividade, do ato de brincar como expressão da vida
que vale a pena. Tenha-se presente também o humor que
fala Freud (1927), aquele que alivia e dá sustento ao ego
contra o sofrimento criado pelas imposições do superego.
Observamos que a autora acredita na criatividade como forma de
encarar os dissabores e é o caminho para os trabalhadores encontrarem forças
71
para se desenvolverem profissionalmente dentro das organizações. É
importante usar a criatividade para solucionar uma série de conflitos ou
elaborar projetos em conjunto com os executivos. Significa que sem
criatividade não haverá reconhecimento.
Entende-se, ainda, que tudo o que é bom e certo na conduta profissional
de uma secretária para um determinado perfil de empresa e executivo, pode
não ser para outras, mas para quem é habilitada, criatividade é fundamental
para a gestão administrativa e mesmo para o gerenciamento de informações.
Assim, quando nos remetemos ao sujeito secretária e suas habilidades,
podemos refletir que é a articulação entre a objetividade e a subjetividade que
constrói o sujeito. Essa construção, ao longo da vida, fará ou não com que a
secretária tenha seu papel definido nas organizações, e por intermédio de suas
atitudes e de seus conhecimentos, caminhe para o reconhecimento profissional
almejado.
Portanto, é fundamental conhecer e entender o modo ser e fazer da
secretária, numa sociedade em que o autoconhecimento regula a condição
para o desenvolvimento do ser humano e do profissional do século XXI.
Já em relação à identidade, de acordo com Ciampa (apud
GRAGONETTI, 2001), é um processo de construção que ocorre durante toda a
vida de uma pessoa, mesmo antes de ela receber um nome e dentro das
relações estabelecidas com as demais pessoas no decorrer da vida.
Percebemos que a busca da definição de identidade está relacionada
com o entendimento que a pessoa tem de quem ela realmente é, e ter
consciência das suas características, enquanto pessoa é que definirão a sua
personalidade como ser humano.
Como mencionado anteriormente, o autoconhecimento contribui,
conforme os próprios depoimentos das secretárias, para se descobrir por
dentro e por fora e para saber lidar com as diferentes pessoas com quem
convivemos no decorrer de nosso caminhar.
Stratton e Hayes (apud Dragonetti, 2001, p.14) definem:
Identidade como reconhecimento de que um
indivíduo é ele próprio; é o que proporciona saber que
uma pessoa é ela mesma, e não uma outra, ou seja,
72
reconhecimento de alguém por ser humano, igual a ele
mesmo e, portanto, um ser único. Considera-se que as
relações sociais como fatores de extrema importância na
determinação de quem somos, também para se
compreender esse ser humano em suas relações na
busca do reconhecimento.
Então, de acordo com os autores, observamos que a identidade
pertence ao indivíduo, é dele próprio, portanto não há outro igual. É o que
acontece com cada profissional em seu ambiente de trabalho, bem como com
cada secretária que tem sua identidade própria e atua dentro dessa sua
formação nas empresas, ou seja, buscando unir as características pessoais
com as características profissionais e assim conseguir o reconhecimento de
seu trabalho.
Para que isso seja possível, é preciso que as profissionais tenham bem
definidas as habilidades de uma secretária, não somente como pede a
legislação no tocante à formação deste profissional, mas sim em relação às
competências e respeito às funções de cada membro dentro da organização,
assim como o respeito às suas próprias funções.
Pela análise das respostas do questionário aplicado individualmente nas
entrevistas e por meio da discussão temática em grupo, pudemos verificar que
parte das profissionais se sente reconhecida, mas não tem entendimento com
relação à identidade profissional, pois a formação superior lhes dá as bases
para atuar com várias competências, no entanto, a maioria se depara com
atividades em que elas passam a ser meras executoras. O conflito ocorre
justamente entre a formação formal da secretária com a realidade da
organização.
Quando as profissionais não desenvolvem projetos ou tarefas para as
quais elas se formaram, há o choque entre a realidade cultural da empresa
com as expectativas de reconhecimento por competência e a busca de novos
desafios para demonstrar ao executivo que ela tem conhecimento suficiente
para estar ao seu lado.
É preciso deixar essa reflexão como ponto de partida para novas
discussões entre as profissionais, sindicatos de classe e empresários para que,
73
de uma vez por todas, possa ficar ajustado o papel da secretária executiva
dentro das organizações, assim como para ela própria.
Uma definição interessante que pudemos observar é que, na verdade,
as 31 secretárias executivas são técnicas de secretariado e não propriamente
secretárias executivas, como veremos adiante, nas análises das técnicas de
pesquisa.
Neste capítulo, analisamos a profissão de secretária, sua atuação nas
organizações globalizadas, atentando à formação do sujeito secretária, os tipos
de organizações nas quais ela poderá vir a atuar, definindo tipos de
organizações existentes, os canais de conhecimento, à medida que a
tecnologia avança. Pudemos verificar também que a secretária executiva
amplia suas atribuições e domina cada vez mais um número maior de
habilidades e competências profissionais, seja para conquistar autonomia,
reconhecimento profissional, seja para alcançar, na medida do possível, o
sucesso naquilo que conhece e empreende dentro das organizações, como
gestora, assessora ou como executiva em parceria com outros executivos, de
diferentes níveis hierárquicos nas organizações.
No próximo capítulo, serão discutidos os aspectos relativos à escola e
sua relevância sócio-cultural e humana, as questões de aprendizado na
formação do sujeito e na formação do profissional de secretariado.
74
3 A QUESTÃO DA APRENDIZAGEM NA FORMAÇÃO DA IDENTIDADE DA SECRETÁRIA EXECUTIVA
A questão da aprendizagem na formação da identidade da secretária
está relacionada ao mercado de trabalho, pois é essencial conhecer como a
educação continuada pode favorecer que essa profissional encontre sua
identidade profissional dentro das organizações.
O aprender, nas diferentes profissões, começa nos bancos escolares,
especialmente na saída do sistema escolar para o mercado de trabalho, daí
este começo se constituir um momento essencial para a construção de uma
identidade autônoma.
Para Dubar (2005), essa é a principal razão para a construção de uma
identidade profissional, a qual dependerá das competências, dos projetos de
vidas e das aspirações do formando.
Segundo Luzuriaga (1990, p.1), a educação é parte fundamental da
história da cultura, e esta, por sua vez, faz parte da história geral da
humanidade, da realidade dos homens ao longo de sua existência.
A educação se classifica como "manifestação cultural", em sentido
estrito, é influência intencional e sistemática sobre o ser juvenil ou aquele que
recebe formação, com o propósito de formá-lo e desenvolvê-lo para a vida em
sociedade.
Vida em sociedade, de acordo com Delors (2004), significa que para
entendermos melhor o mundo e suas transformações, se faz necessário
também compreender o outro. Em outras palavras, precisamos aprender dentro
da escola e no convívio social a transformar a interdependência real em
solidariedade, em conhecimento, em saberes diferenciados, elementos
fundamentais na gama de tarefas da educação.
Para o autor, a educação tem como pressuposto a preparação do
indivíduo para compreender a si mesmo e aos outros, além de entender, por
intermédio do conhecimento adquirido, o mundo e as questões de
sobrevivência do homem no meio em que vive e no qual troca experiências,
informações, conhecimento, aprendizagens, vivências.
75
3.1. A Educação
A história da educação é, de certa forma, a história do homem para
construir um acervo de saberes, informações e conhecimento. Na convivência,
na troca e na aprendizagem de indivíduos e grupos, são relevantes as
situações históricas de cada povo, cada época, porque influenciam as
questões de aprendizagem na formação do indivíduo; na formação da cultura;
nas manifestações espirituais, políticas, religiosas; na constituição do direito e
da filosofia; na formação de uma estrutura social, com suas divisões por
castas, hierarquias ou classe social; na forma de se constituir família; na vida
coletiva dos grupos, classes profissionais; nos sindicatos ou na orientação
política.
A história se constrói mediante resultados de momentos históricos, do
empenho e empreendimento de indivíduos visionários, lutadores,
conquistadores, sonhadores, inovadores, idealizadores, daqueles que lutam
para combater ou defender ideologias políticas, individuais e coletivas.
São elementos também essenciais nessa construção as formas de
governo, sejam elas imperialismo, regionalismo, absolutismo, força
revolucionária, nazismo, stalinismo, fascismo e tanto outros regimes ditatoriais
ou democráticos, que são acontecimentos humanos que marcam a história,
assim como a história de nossa aprendizagem, a história da educação do
homem em todos os lugares do mundo.
A educação não é única, porque os homens constroem sistemas
diferentes, e cada lugar do mundo tem uma estrutura econômica, uma posição
geográfica e um tipo de produção de saberes, entre outros aspectos.
(LUZURIAGA, 1990, p.3-4). A educação está condicionada a fatores e gêneros
que ocorrem na sociedade, e pode-se afirmar que é também uma arma para a
realização de mudanças sociais, pois, conforme Luzuriaga (ibid.):
A história da educação, também, ao desvendar-nos os grandes horizontes ideais da humanidade, as conquistas
76
das técnicas pedagógicas e os perfis dos grandes educadores, impede-nos de cair na estreiteza da especialização e na rotina do profissionalismo. Obriga-nos, ao mesmo tempo, a maior rigor no pensar e a fundamentação teórica de trabalho.
É fundamental compreendermos que a educação nas organizações deve
se preocupar com todos os colaboradores, educar para que tenham
consciência de seu papel dentro dos grupos de trabalho e também percebam a
importância de buscar o autoconhecimento constantemente, como meio de se
manter empregável e como elemento necessário no processo de globalização,
o qual exige conhecimentos profissionais, sociais, políticos, religiosos e gerais
de forma contínua.
Para que isso aconteça, o ser humano precisa constantemente buscar
novas estratégias profissionais e sociais que façam a diferença no mercado de
trabalho.
Neste contexto, Silva (2000) pontua que o ser cognoscente é um ser
social contextualizado, aquele que busca aprender de modo contínuo e que,
apesar disso, nunca aprende tudo, mas que procura esse aprendizado
diariamente. Dito de outra forma, o sujeito determinado pelas condições
materiais procura se manter dentro do mercado de trabalho, cujo
conhecimento o faz sobreviver na sociedade.
Para Schaff (1987, apud Silva, 1998, p.31) “o fato de o sujeito ser o
conjunto de relações sociais comporta conseqüências diversas, sensíveis
também ao domínio do conhecimento”.
Neste sentido, Silva (1998) afirma que se pode ter uma dimensão das
relações interpessoais na constituição do processo de construção de
conhecimento, na medida em que o ser cognoscente está em constante
processo de aprendizagem para estabelecer relações com outros sujeitos.
Podemos vislumbrar ainda a dimensão racional do sujeito em constante
aprendizagem, considerando-se que a ação o move em direção ao objeto
desejado e serve como ponto de partida para a construção do conhecimento
em diferentes níveis. Essa ação do ser cognoscente pode ser dividida nas
funções de perceber, discriminar, organizar, conceber, conceituar e enunciar.
Assim, a ação está implícita sempre dentro dessas especificidades. O que vai
77
mudar, neste caso, é a qualidade, sua organização e funcionamento, dado que
o sujeito percebe na medida em que imita, aprende e depois reproduz por si
próprio.
3.2. Os quatro pilares da educação
A aprendizagem do conhecimento pede por uma educação contínua,
imprescindível para qualquer profissional que queira ter seu desempenho
reconhecido no trabalho.
Quando nos referimos à educação de forma consistente, pode-se
considerar um discurso incompleto, se deixarmos de lado a discussão sobre
os quatro pilares da educação: aprender a conhecer, aprender a fazer,
aprender a viver junto e aprender a ser. Certamente eles podem ser adaptados
à civilização cognitiva, uma vez que são as bases das competências do futuro,
as quais são imprescindíveis em qualquer estágio, nível educacional e
formação escolhida.
Todavia não basta acumular desde o começo da vida determinada
quantia de conhecimentos; é necessário saber aproveitar e explorar durante
toda a existência as possibilidades que surgem e atualizar-se sempre,
aprofundar e enriquecer conhecimentos adquiridos, e adaptar-se ao mundo em
constante mudança. Para Delors (2004), a educação cumprirá seus objetivos,
quando organizar o conhecimento nos referidos pilares de aprendizagem.
Aprender a conhecer consiste no domínio de instrumentos do
conhecimento com dupla finalidade, a de ser um meio e uma finalidade na vida
humana. Meio, porque espera que cada um compreenda o mundo que o cerca,
viva de forma digna, possa desenvolver suas capacidades profissionais e se
comunicar com competência. Finalidade, porque fornece o prazer de
compreender, de conhecer e também de descobrir para atingir objetivos.
O aumento dos saberes permite compreender melhor o ambiente sob
diferentes aspectos, desperta a curiosidade intelectual, estimula o senso crítico
e permite entender a realidade com aquisição de autonomia para discernir as
coisas.
Aprender para conhecer supõe: aprender a aprender, exercitar a
atenção, a memória e o pensamento (Delors, 2004, p.92). Mas é fundamental
78
perceber que o aprender a aprender é um processo inacabado e que poderá
ser enriquecido a cada nova experiência, exercitando-se a atenção, a memória
e o pensamento.
Podemos considerar que o aprender a fazer e o aprender a conhecer
não se separam, porque estão ligados à formação profissional. O aprender a
fazer não pode continuar a ter o simples significado de preparar alguém para
uma tarefa determinada, para a fabricação de um determinado produto, mas
para a realização de diferentes atividades.
Na sociedade assalariada, como ocorre hoje, a substituição da mão-de-
obra pelo maquinário tornou o trabalho imaterial e acentuou o caráter cognitivo
das tarefas, bem como a importância dos serviços na atividade econômica.
Mas é preciso haver consciência de que o futuro das organizações
depende também da capacidade do trabalhador para prestar um serviço de
qualidade, fornecer mão-de-obra qualificada, transformar e desenvolver o
conhecimento com inovações, ajudar a criar novas empresas, e
conseqüentemente, novos empregos.
Essa imposição vem da classe empresarial, que procura substituir cada
vez mais a exigência de uma qualificação ligada à competência material pela
competência individual do trabalhador. Nesse caso, o trabalhador deve dispor
de um conjunto de formação técnica e profissional associado ao
comportamento social, à aptidão para o trabalho em equipe, à capacidade de
iniciativa para aprender a correr riscos calculados. Além disso, deve ter
capacidade de se comunicar, de trabalhar com os outros, de apresentar
resultados, resolver conflitos, tornar-se cada dia mais importante, em virtude do
que vem ocorrendo no setor de serviços.
Delors (2004) acredita ser provável que as organizações ultratecnicistas
do futuro, preocupadas somente com o material, e indiferentes aos problemas
relacionais, correm grave risco de criarem disfunções, por exigirem
qualificações com base mais comportamentais do que intelectuais. Para tanto,
é preciso que as noções de qualificação e de competência sejam bem
esclarecidas.
Aprender a conviver é um dos maiores desafios da educação. Delors
(ibid.) afirma que, na história da humanidade, o conflito sempre esteve presente
nas relações entre pessoas e que existem elementos novos que acentuam este
79
perigo, os quais, de certa forma, acabam por desenvolver o potencial de
autodestruição entre os homens, no decorrer do século XX. Até o momento, a
educação pouco minimizou ou modificou esta situação.
Ademais, para não haver autodestruição e violência escolar14, não basta
colocar em contato, em comunicação, grupos de pessoas diferentes. É preciso
fazer com que elas mostrem objetivos e projetos comuns e, dentro de um
determinado prazo, fazer com que os preconceitos e hostilidades existentes no
grupo desapareçam e dêem lugar ao espírito de cooperação mútua e amizade.
Para esse autor (ibid, p.97), a educação tem por missão, por um lado,
transmitir conhecimentos sobre a diversidade da espécie humana e, por outro
lado, levar as pessoas a tomarem consciência das semelhanças e da
interdependência entre todos os seres humanos do planeta.
É fundamental observar que, desde o ingresso no mundo escolar, a
aprendizagem deve proporcionar ao aprendiz descobrir-se no mundo e
capacitá-lo para se colocar no lugar do outro para compreender as reações
desse outro. Daí a importância do papel do professor nessa jornada, pois ele
deverá tomar cautela para não inibir a curiosidade e o espírito crítico do aluno
e não prejudicar o seu aprendizado, mas fazê-lo crescer e aprender a
conviver, a viver com o outro.
O professor não pode esquecer que é um modelo, por isso deve ser
cuidadoso, visto que uma atitude equivocada poderá colocar em risco a
capacidade dos alunos de estarem abertos às mudanças e esquecer de
trabalhar o conhecimento necessário para enfrentar tensões entre pessoas,
grupos e alunos.
Paulo Freire (1998, p.25) considera que “quem ensina aprende ao
ensinar e quem aprende ensina ao aprender. Quem ensina, ensina alguma
coisa a alguém”, isso significa que, no âmbito escolar ou na organização, a
aprendizagem não terá valor, se tiver como finalidade apenas a transferência
de conhecimentos e não a de criar caminhos para a produção ou a construção
do conhecimento.
Muitos executivos esperam das profissionais iniciativas e soluções para
as questões mais complexas nas relações de trabalho; assim, possivelmente, o
14 Pode-se dizer que é uma autodestruição e violência quando a escola ensina justamente o contrário daquilo que deveria ensinar aos seus integrantes, participantes.
80
poder da criatividade em conjunto com o conhecimento trará os resultados
esperados.
À secretária executiva exerce, muitas vezes, este papel, pois na
execução de determinadas tarefas poderá ensinar em alguns momentos,
outros funcionários e poderá despertar neles vontade e desejo de conhecer e
aprender. Esse despertar deverá fazer com que o aprendiz seja cada vez mais
criativo, inovador e interessado.
Em alguns casos, a profissional, além de seu trabalho nas organizações,
leciona em cursos de secretariado. No Brasil, existem cursos técnicos, de nível
superior e de atualização, constantes nas mais diversas áreas do secretariado.
Portanto, a pessoa que ensina tem a dupla responsabilidade: a de
ensinar e a de aprender. Mas enquanto formadora, a prática pedagógica é de
vital importância, uma vez que serão exigidos bom senso, respeito com as
diferenças culturais de cada aprendiz, convicção da importância das mudanças
ocorridas a todo o momento, e compromisso de formar profissionais
competentes e empregáveis.
A esse respeito, Freire (1998, p.106) afirma que: “o ensino dos
conteúdos implica o testemunho ético do professor”, ou seja, compete à
secretária, enquanto mulher, professora e modelo, ter comprometimento com
aquilo que faz e pensa, com aquilo que ensina.
Transmitir e ensinar conteúdos exige do educador respeito pelo aluno, a
certeza do que está ensinando e, fundamentalmente, o conhecimento daquilo
que está sendo ensinado. Kupfer (1998, p. 84) ressalta que o “ato de aprender
sempre pressupõe uma relação com outra pessoa, a que ensina”.
Finalmente, quando se fala do aprender a ser, entende-se que a
educação deve contribuir para o desenvolvimento espiritual e material da
pessoa, facilitando a compreensão e desenvolvimento saudável do corpo,
inteligência, sensibilidade, sentido estético, responsabilidade pessoal para
cuidar de si e do outro. E ainda preparar as pessoas para o desenvolvimento
do senso crítico, o raciocínio lógico e os valores, capacitar-se para tomar
decisões acerca da própria vida, do corpo, dos direitos e deveres que giram em
torno delas. São aspectos fundamentais para compor esse ser.
Desse modo, a educação e a aprendizagem têm como um de seus
principais objetivos levar o ser humano à conquista da liberdade de
81
pensamento, do discernimento, dos sentimentos, da imaginação, da
criatividade, das metas de que ele necessita para desenvolver seu potencial,
seus talentos e ajudá-lo a ser dono de seu próprio destino.
Mais do que preparar para tornar o ser humano membro de uma
sociedade, a educação e o aprendizado devem transformar o indivíduo em
produtor de resultados. A educação é o meio mais importante para alguém
chegar ao reconhecimento, é a mola propulsora do potencial humano, aquilo
que leva o ser humano ao aprendizado social e ao sucesso profissional, ao
aprender a construir o próprio caminho de forma interativa e individualizada.
A escola tem papel fundamental, pois nela o estudante poderá refletir
sobre a teoria e conteúdos discutidos, colocando em prática aquilo que foi
aprendido em sala de aula. Como exemplo, podemos mencionar os estágios
que, atualmente, possuem essa responsabilidade, isto é, fazer com que os
alunos enriqueçam seu aprendizado, colocando em prática o que aprendem na
teoria, ajudando a construir os saberes necessários para uma atuação
profissional no mercado.
A educação tem um duplo papel, ensinar o aprendiz a fazer algo e, ao
mesmo tempo, ensiná-lo a ser um profissional de sucesso.
Partindo-se dessa perspectiva, observa-se que a secretária e a maioria
dos profissionais devem se esforçar para que educação e aprendizado estejam
presentes em suas trajetórias, a fim de que as transformações que ocorrem
nas empresas sejam entendidas de maneira fácil, inteligente e produtiva.
É fundamental lembrar que a educação não é constituída pela natureza
angelical. Ela é o elemento que instiga, que coloca o ser humano em estado de
turbulência, agitação, que o faz ativo e dinâmico para buscar respostas,
reflexões, caminhos que transformem saberes em práticas para facilitar e
favorecer a convivência no plano profissional, social e familiar.
No entender de D´Elia e Garcia (2005, p.11), a secretária executiva
precisa perceber que as mudanças trouxeram alheações fundamentais na
profissão, pois, ao mudar o perfil profissional,
... ampliaram-se as competências. Cresceram a dimensão e o nível de responsabilidade. Aliada a todas essas mudanças, há também a constatação da nossa importância no cenário mundial. A profissão secretarial
82
situa-se entre as três profissões que mais crescem na atualidade. Segundo o livro O Trabalho das Nações, de Robert Reich, as seguintes categorias de trabalho serão importantes neste milênio: serviços de produção de rotina; serviços interpessoais; serviços simbólicos – analíticos (de resolução de problemas), todos ligados ao trabalho da secretária.
Para essas autoras, a profissional conquistou, atualmente, um lugar de
destaque dentro das organizações, e a secretária executiva que não tiver essa
visão, conflitará com as culturas organizacionais e não terá como se adaptar às
novas exigências de mercado.
Por conseguinte, é indispensável que ela adquira conhecimentos de
maneira contínua, além daqueles que recebeu da família, das escolas, dos
cursos e outros, para manter-se empregável, entender de gente e satisfazer as
normas das empresas.
D´Elia e Garcia (ibid.) [realçam que para uma aprendizagem em sentido
mais amplo, é preciso acompanhar a velocidade das mudanças, e o
profissional deverá procurar o autoaprendizado como forma de obter o
reconhecimento que tanto almeja.
3.3. A escola e a importância do conhecimento na formação da secretária executiva Quando se fala em ensino, conhecimento e formação escolar, associa-
se a figura da escola, sua importância e seu papel na vida das pessoas em
uma sociedade.
Por outro lado, como já expusemos, a secretária executiva deverá ter
consciência de quanto é valioso obter conhecimentos, saberes diferenciados, a
busca do autoconhecimento para realizar atividades pessoais e profissionais,
bem como ter a percepção do saber fazer e o saber ser.
Delors (2004, p.93) pontua o saber fazer, conforme o texto :
Aprender a conhecer e aprender a fazer são, em larga
medida, indissociáveis. Mas a segunda aprendizagem
está mais estreitamente ligada à questão da formação
profissional: como ensinar o aluno a pôr em prática os
83
seus conhecimentos e, também, como adaptar a
educação ao trabalho futuro quando não se pode prever
qual será a sua evolução?
Nota-se que o sentido dado pelo autor sobre o saber fazer não é
simplesmente preparar alguém para desenvolver uma atividade diária, ou, no
caso específico da secretária, estar preparada para as atividades rotineiras
dentro das organizações. O saber fazer vai além do domínio cognitivo e
informativo na sua atuação profissional. Nesse sentido, pode-se inferir que a
globalização foi responsável pelas modificações ocorridas no mercado de
trabalho e, consequentemente, modificaram-se as qualificações exigidas pelos
novos processos em que as organizações se moldaram.
Para Delors (2004, p. 94),
...os empregadores substituem, cada vez mais, a
exigência de uma qualificação ainda muito ligada, a seu
ver, a idéia de competência material, pela exigência de
uma competência que se apresenta como uma espécie de
coquetel individual, combinado a qualificação, em sentido
estrito, adquirida pela formação técnica e profissional, o
comportamento social, a aptidão para o trabalho em
equipe, a capacidade de iniciativa, o gosto pelo risco.
O autor (op. cit.) enfatiza a questão da competência profissional, ao
afirmar que não basta somente tê-la, é preciso que a secretária executiva tenha
amor, tenha identificação com a profissão e a empresa, aquilo que chamamos
de comprometimento ou compromisso profissional, pois ela, como agente
facilitadora e de mudanças, evidencia no dia-a-dia empresarial suas qualidades
subjetivas, inatas ou adquiridas, denominada como “saber-ser” pelos
executivos, ou mesmo pelas organizações, e vai se juntar ao “saber-fazer” que
culminará na competência profissional esperada. Daí o papel importante da
educação e os diversos aspectos da aprendizagem dessa profissional.
As habilidades como gerenciamento de informações, interação e
respeito às diferenças, gerenciamento de conflitos, criatividade, entre outras,
tornam-se cada dia essenciais para secretária executiva buscar o
reconhecimento e sua identidade no âmbito empresarial.
84
Esta pesquisa tem como objetivo compreender e interpretar se as
secretárias executivas possuem ou não essas habilidades, esses
conhecimentos e aprendizados suficientes; se procuram conhecer si mesmo e
aos outros e como fazem para ser, ao mesmo tempo, uma pessoa comum,
mãe, mulher e profissional; se têm definidos os conceitos de sujeito e cidadão;
ou ainda as noções de seus direitos e deveres como indivíduos produtivos, que
precisam estabelecer formas de sobrevivência capazes e eficazes para
tornarem-se profissionais responsáveis, reconhecidas e com identificação
profissional entendida por elas mesmas e pelas organizações onde atuam.
Para desenvolver um aprendizado humano é preciso ter conhecimentos
permanentes que transformem pessoas comuns em pessoas melhores, mais
conscientes de suas limitações (pontos fracos) e pontos fortes; que consigam
se tornar sujeitos atualizados com formação acadêmica e profissional, de
acordo com as exigências de mercado, pessoas que tenham noção de seus
direitos e deveres, limites, consciência do conceito de empresa, cultura e clima
organizacional para que o sucesso aconteça como resultado de um trabalho
bem realizado.
Como se destacou anteriormente a respeito do sentido da educação,
esta pesquisa visou propor algumas reflexões sobre a escola e a construção do
conhecimento, a importância da aprendizagem e a necessidade da
aprendizagem permanente para uma boa parte das secretárias, como afirma
Delors (2004, p. 103), a educação para a vida e ao longo da vida.
O passo inicial foi uma discussão sobre a escola e o conhecimento. A
esse respeito, Cortella (1998, p.55) afirma que todo educador tem sua própria
maneira de entender o conceito de conhecimento, que geralmente pergunta o
que é, de onde vem e como chegar até ele, isto é, cada um busca, como
agente formador, uma interpretação individual do que seja conhecimento.
A secretária executiva de hoje é considerada também um agente
formador, pois, muitas vezes, orienta, fica sob a sua responsabilidade ensinar e
treinar outras profissionais para que estas possam assumir as funções de
secretária executiva ou possam desempenhar o papel de “educadoras
profissionais”, com a responsabilidade de servir de modelo na preparação
dessas futuras profissionais para o mercado de trabalho.
85
É importante salientarmos que, quando se fala em conhecimento, deve-
se verificar se ele é correto e/ou válido, ou seja, qual é o seu verdadeiro valor.
Cortella (1998) explica que a noção que mais persiste no sistema educacional
é aquela em que se entende conhecimento ou verdade como absoluta e,
quando o termo verdade é apresentado, não se pode esquecer de Sócrates,
um dos mais importantes personagens da história do pensamento da
humanidade.
[Sócrates estabelecia verdades que fossem válidas para todas as
pessoas. Para ele, existiam dois caminhos para se chegar ao conhecimento:
sentido e razão. (Cortella, ibid.). Pelo sentido e pela razão, o sujeito adquire e
transmite conhecimento, e parte desse conhecimento acompanha a pessoa
para o resto da vida. Assim como Sócrates, os profissionais e os educadores
precisam dedicar uma parte de seu tempo para a reflexão, para a busca da
verdade, e conseqüentemente, do conhecimento, construção histórica, cultural
e social.
Por isso, é importante que os profissionais do mercado de trabalho, na
atual sociedade econômica, estabeleçam metas e sentidos para a conquista e
o reconhecimento profissional, baseados na aquisição constante de
conhecimentos.
Para Cortella (1998), a educação é a alavanca do desenvolvimento e do
progresso. O progresso é conseguido, mediante a verdade, esforço unificado
da sociedade, da escola e de profissionais que constituem o mundo do trabalho
e da economia que sustenta a humanidade.
3.3.1. A aprendizagem
De acordo com Delors (2004), a educação tem presença constante e
ocupa cada vez mais espaço na vida das pessoas, na mesma proporção que
aumentam as responsabilidades nas sociedades modernas.
O autor ressalta que a educação ao longo da vida á a chave que abre as
portas do século XXI e que muito mais do que uma adaptação necessária às
exigências do mundo do trabalho, a educação é a condição para um domínio
mais perfeito dos ritmos e dos tempos da pessoa.
86
Destaca-se a educação, colocando em pauta nesta pesquisa, a
formação do sujeito secretária, assim como qual é o modo de ser e fazer das
secretárias executivas em uma sociedade que exige o autoconhecimento
profissional como condição para o desenvolvimento pessoal e profissional no
mercado de trabalho, nas trocas e experiências, no contexto social, nas
instituições empresariais, familiares e outros.
De acordo com a experiência da autora pesquisadora, muitas
profissionais deixam de buscar uma formação mais específica ou uma
atualização profissional, por causa da falta de estímulo ao autoconhecimento,
ou por problemas não resolvidos no processo de construção do conhecimento.
Além disso, não entendem qual seu papel enquanto ser humano, ser social e,
principalmente, seu real papel dentro das empresas, pois sentem bastante
dificuldade em mostrar suas qualidades, os conhecimentos técnicos de sua
área e saberem se manter equilibradas emocionalmente. E ainda,
desconhecem como ter flexibilidade, motivação e criatividade o tempo todo.
Em determinado momento da história do sujeito, isto é, quando passa a
ter como objeto o processo de aprendizagem, e como objetivo o de conhecer
este processo em toda sua constituição, ele passa a ser considerado como um
ser com um saber independente, contando com seus próprios instrumentos e
métodos.
Cabe neste momento da pesquisa uma reflexão acerca da relação
dialética entre o social e o individual da secretária: a linguagem.
A secretária executiva, como ser social, busca autonomia, priorizando as
respostas a situações rotineiras dentro das instituições, seja na família, política,
religião ou empresa; tem ciência de suas limitações no processo de
aprendizagem de si mesma, de seu meio, de suas deficiências. São, pois,
muitas as dificuldades que a impedem de se qualificar pessoalmente e
profissionalmente, assim como planejar metas, gerir, aliar conhecimentos de
forma a torná-la uma pessoa e profissional habilitada tecnicamente e de
conhecimentos diversificados para alcançar o sucesso na carreira, sabendo
planejar, gerir e controlar.
Para tanto, a profissional secretária executiva precisa da aprendizagem
permanente e atualizar constantemente esse processo de construção do
conhecimento.
87
O papel da educação é fundamental no enfrentamento do maior desafio
atual da humanidade nas economias ocidentais: manter-se atualizado,
empregado e com conhecimentos diversificados.
As famílias preparam seus entes para a diversidade econômica e social
do país; as escolas preparam os jovens para exercerem as mais diversificadas
funções dentro da sociedade, e dentre elas, a função de secretariar um
executivo dentro de uma empresa, com os mais distintos conceitos e práticas,
assim como diferentes produtos e metas para obtenção de lucros.
Na atual situação econômica do país, a escola, a educação, a política, a
religião e o ser consciente de seu papel, de seus limites e de seus direitos e
obrigações passa a obter significativa importância na sustentabilidade de
qualquer empresa.
Manzini-Covre (2007, p.26) afirma:
A criança nasce inserida numa determinada organização social: a família. O desenvolvimento [....]. O recém-nascido traz consigo condições anatômicas, fisiológicas, legado da história de vida prática daqueles que o antecederam. Para ser um humano em particular, há que se apropriar da cultura dos homens, fazendo-a também sua.
Para o autor, o adulto de amanhã é o resultado da realidade genética de
seus antecedentes e da realidade social em que está inserido, podendo ou não
ser uma pessoa produtiva, realizada ou conflituosa, desencontrada da
sociedade e com problemas de relacionamento institucional.
Conforme Vygotsky (apud Manzini-Covre, 2007), quando a linguagem
social aprendida do meio e no meio se encontra com a consciência
reflexológica, ocorre grande impacto na constituição do pensamento, e é neste
processo que o ser humano forma idéias, opiniões, história e conhecimentos.
Essa realidade refletirá nas suas atitudes, enquanto adulto e profissional.
A secretária se projeta nessa realidade para encontrar soluções,
solucionar conflitos e desenvolver habilidades técnicas, tudo ligado à sua
inteligência emocional e percepção, fortalecendo sua capacidade para
solucionar conflitos, criatividade, trabalhar sob pressão e demonstrar, em
88
tempo integral, equilíbrio para desempenhar atividades ligadas com as
questões de “poder15” dentro das empresas.
Pela história e pelo atual perfil secretarial, não se admite uma secretária
sem essas características, haja vista ser a percepção fator de sucesso para
esta profissional e, dependendo do meio e da formação, lhe permite
desenvolver mais ou menos esta percepção, o que pode ou não causar o seu
sucesso ou o seu fracasso, na carreira profissional.
Também a linguagem tem papel fundamental na formação psicológica
do ser humano, pois se reflete na convivência com grupos e instituições,
fazendo-o vivenciar essas relações inteligentemente, sentindo-se apto para
aceitar e entender as transformações que o mundo atravessa e que refletirá, de
alguma maneira, na sua vivência e atuação profissional e social.
Ao se deparar com essas transformações, o sujeito passa a sistematizar
sua vivência social e profissional, proporcionando a si mesmo condições ideais
para obter comportamento e identidade profissional, assim como
conhecimentos e reconhecimento adequados a sua realidade dentro da
empresa.
Entender a importância da educação, do ensino, dos conhecimentos
adquiridos ao longo da vida é fundamental para a construção de um novo
paradigma, o qual valorize mais a vida das pessoas, processo que não é
realizado de maneira fácil ou simplificada. É necessário para concretizar este
processo criar projetos e abrir espaços para que a educação possa
desempenhar seu papel: realização da pessoa, do sujeito, que na sua
totalidade aprende a ser.
Neste capítulo, discutiu-se a questão da educação e da aprendizagem
na formação da profissional secretária. No próximo capítulo, será discutido o
papel das profissionais de secretariado executivo nas organizações,
características e perfil esperado pelas organizações, bem como se elas se
percebem no ambiente empresarial, diante dos conhecimentos e habilidades
desenvolvidos ao longo da carreira.
15 Utilizamos aqui a palavra poder como forma de demonstrar as questões de diferenças de cargos dentro das organizações.
89
Faz parte também do capítulo que se segue a discussão sobre a
profissional secretária embasada na pesquisa de campo, mediante as três
técnicas aplicadas à população de 31 secretárias, a saber, análise e tabulação
de questionário com perguntas fechadas, objetivando analisar os motivos e
escolhas pela profissão; análise da entrevista individual com seis secretárias
executivas atuantes e com perguntas específicas, objetivando conhecer mais o
sujeito secretária e seus valores e a discussão temática em grupo com seis
secretárias executivas, objetivando buscar respostas para a questão da
identidade profissional.
90
4 ANÁLISE E APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DAS TÉCNICAS DA
PESQUISA DE CAMPO.
Optamos por fazer uma análise compreensiva e aplicada na
interpretação dos dados, a qual permitiu uma reflexão acerca das informações
teóricas trabalhadas ao longo dos capítulos, articulando, assim, as informações
teóricas com as informações práticas, colhidas com as 31 participantes.
Esclarecemos, igualmente, que nesta análise utilizaremos a numeração de 1 a
31 para a preservação da identidade da população pesquisada.
A técnica de coleta das informações mediante questionário permitiu que
elaborássemos questões para aplicar nos âmbitos pessoal e profissional.
Alguns questionários foram enviados via e-mail ou pelo correio, outros foram
entregues pessoalmente, haja vista o contato da pesquisadora com diversos
alunos e profissionais da área de Secretariado Executivo.
A entrevista foi realizada individualmente com seis secretárias, e as
questões tiveram como foco os motivos da escolha profissional e a atual
formação das secretárias participantes da pesquisa. Procuramos também
verificar o quanto elas consideravam importante dar continuidade aos estudos
após a formação específica na área.
Para a discussão temática em grupo com mais seis secretárias focamos
o sujeito, suas histórias de vida e trajetória profissional e como elas atuavam
nas empresas, até para comparar com o modo como se situam na questão da
manutenção de seus empregos e, se realmente sabem o que devem possuir,
que habilidades profissionais devem dominar para ser e saber agir como
profissionais nas diferentes instituições empresariais, ampliando, assim, o
conceito de socialização, de tecnologia, pontuando o papel profissional da
secretária nas organizações, sempre pautado na questão ética.
4.1. Procedimentos
Para que o objetivo de compreender as habilidades denominadas
flexibilidade, capacidade de escolha profissional, autoconhecimento e
disposição para a educação continuada fossem alcançados, utilizamos três
91
instrumentos para coleta de dados. Para uma contribuição mais profunda, fez-
se necessário conhecer a profissão na era globalizada, entendendo o
surgimento da profissão, o papel da secretária executiva e da empresa no
mercado de trabalho, bem como analisar o desenvolvimento da profissão no
Brasil. Conhecer a estrutura e as tipologias das organizações facilita o
entendimento de sua atuação na maioria dos casos, pois há aquelas
profissionais que não sabem ou não entendem como devem desempenhar seu
papel nas organizações, por desconhecerem o tipo da empresa que trabalham
e sua cultura.
Procuramos compreender também o perfil exigido pelo mercado de
trabalho para contribuir na conscientização das profissionais pesquisadas, a
respeito do papel que ela deverá desempenhar nas empresas. Conforme
exposto no capítulo três, apresentamos algumas possibilidades de reflexão
com relação ao autoconhecimento, à formação do indivíduo secretária, ao
entendimento do sujeito secretária e à importância da subjetividade na sua
trajetória.
Assim, na análise das técnicas utilizadas e, segundo a afirmação de
Ander-Egg (apud Lakatos, 2001, p.155), “a pesquisa é um procedimento
reflexivo sistemático, controlado e crítico, que permite descobrir novos fatos ou
dados, relações ou leis, em qualquer campo do conhecimento”.
Acrescentamos, ainda, que a pesquisa permite ressignificar algumas
descobertas ou confirmar outras pesquisas já realizadas.
Após o envio de 100 questionários distribuídos por meio eletrônico,
correios ou por contato pessoal, obtivemos a devolução de 19. A maior parte
não explicou os motivos de não ter respondido. Diante do quadro, optamos por
uma amostragem de 31 secretárias para analisar os motivos da escolha
profissional, o que elas consideram como valorização pessoal, social e
profissional e como ocorreu a trajetória profissional e o reconhecimento ou não
de sua atuação nas organizações. Para coletar o material, utilizamos três
técnicas, a saber:
1. Técnica de observação direta extensiva (Lakatos (2001), que permitiu,
por intermédio de um questionário contendo 13 questões fechadas, aplicado a
uma população de 100 secretárias, analisar os dados através de respostas
rápidas e precisas. Dos questionários enviados e distribuídos, como já dito, 19
92
foram devolvidos, respondidos, portanto puderam participar da pesquisa com
fins de amostragem. Os questionários respondidos objetivaram levantar, além
dos dados pessoais, questões variadas no sentido de perceber as razões da
escolha, dos motivos que as levaram optar pelo secretariado executivo e a
necessidade de conhecimentos bem como, o reconhecimento profissional.
2. Técnica de entrevista clínica - de acordo com Lakatos (2001, p: 196)
“a entrevista tem como objetivo principal a obtenção de informações do
entrevistado, sobre um determinado assunto ou problema”. Nesta pesquisa,
usando esse tipo de entrevista, procuramos estudar os motivos, os sentimentos
e a conduta das pessoas ou de um determinado grupo. Aqui ressaltamos seis
secretárias entrevistadas individualmente em Maio de 2008, com uma série de
perguntas específicas, objetivando discorrer sobre o sujeito secretária que atua
no mercado de trabalho. As referidas secretárias participantes da entrevista
individual tiveram como desafio responder questões pessoais como história de
vida, o seu papel na sociedade, a questão do trabalho secretarial como forma
de sustentabilidade dela e de familiares, entre outras.
3. Técnica de pesquisa de discussão temática, em grupo. Bervian e
Cervo (2003,p: 71) afirmam a esse respeito que: “discussão em grupo envolve
a participação individual, mediante levantamento de novos problemas,
acréscimos de informações, análise e julgamento dos dados, contestações e
abertura de novas perspectivas de discussão”. No nosso caso específico,
usamos as informações acima para saber o papel das secretárias nas
organizações, formas de atuação e a consciência da diferença que as seis
secretárias executivas escolhidas para esta última etapa da pesquisa tinham a
respeito do que elas fazem e do que elas são exatamente como secretárias
atuantes e empregadas.
Para as seis secretárias executivas do grupo temático de discussão, as
questões foram direcionadas para as experiências de vida e na profissão,
escolhas, habilidades mais comuns, o que é característico da profissional de
secretariado, entre outras.
Essas técnicas permitiram coletar um conjunto de informações das
secretárias que participaram deste processo, o que de fato elas buscam como
reconhecimento profissional nas empresas, que caminhos percorrem para
construir os diferentes conhecimentos necessários à secretária enquanto
93
sujeito. Além disso, conhecer por que escolheram esta profissão, para cujo
exercício é fundamental o embasamento teórico e cujo amadurecimento não
acontece sem o fundamento metodológico.
À medida que desenvolvíamos nossa pesquisa, podíamos notar a
relação entre o ser e o fazer da secretária executiva, razão pela qual julgamos
importante apresentar um resumido perfil das profissionais participantes da
pesquisa.
4.2. Perfil das secretárias executivas pesquisadas
As secretárias executivas participantes apresentaram características
pessoais e profissionais peculiares. Todas elas optaram pelo curso de
secretariado, pois já se exerciam a profissão e, com a formação, teriam direito
ao registro profissional que hoje já é uma exigência do mercado. Participaram
31 secretárias que são alunas regularmente matriculadas no curso de
secretariado executivo bilíngüe da uma faculdade localizada na zona oeste de
São Paulo em 2008 e alunas concluintes em 2007.
As peculiaridades foram observadas na forma como cada uma se vê na
profissão. Todas se mostraram realizadas, felizes com suas escolhas e com
bons salários e, enquanto mulheres, mães e filhas se sentem completas, pois
[de alguma forma] ao mesmo tempo em que se realizam na profissão,
colaboram com o sustento da casa.
Na tabela que apresentamos a seguir procuramos colocar os dados das
secretárias executivas para termos clareza da população participante. Elas
serão identificadas durante a análise dos dados desta pesquisa pelo número
constante na tabela. TABELA DE APONTAMENTO DE DADOS DAS SECRETÁRIAS PESQUISADAS
ORIGEM SEXO FORMAÇÃO ESTADO CIVIL
IDADE TEMPO PROFISSÃO
TIPO DE EMPRESA
1) Paulistana Feminino Superior Completo
Solteira 21 anos 02 anos Comunicação Pequeno Porte
2) Paulistana Feminino Superior Completo
Solteira 20 anos 02 anos Tecnologia Pequeno Porte
3) Paulistana Feminino Superior Completo
Divorciada 43 anos 01 ano Hotelaria Médio Porte
4) Paulistana Feminino Superior Incompleto
Solteira 20 anos 01 ano Governo Grande Porte
5) Paulistana Feminino Superior Completo
Solteira 26 anos 01 ano e 6 meses
Financeira Grande Porte
6) Paulistana Feminino Superior Completo
Solteira 21 anos 01 ano e 6 meses
Governo Grande Porte
94
7) Paulistana Feminino Superior Completo
Solteira 27 anos 01 ano e 08 meses
Transporte Grande Porte
8) Paulistana Feminino Superior Completo
Solteira 20 anos 02 anos Comunicação Médio Porte
9) Paulistana Feminino Superior Completo
Solteira 20 anos 02 anos Financeira Grande Porte
10) Paulista Feminino Superior Incompleto
Solteira 28 anos 03 anos Pública Grande Porte
11) Nordestina Feminino Superior Completo
Solteira 20 anos 03 anos e 6 meses
Nacional Médio Porte
12) Paulista Feminino Superior Completo
Solteira 26 anos 03 anos e 6 meses
Pública
13) Paulistana Feminino Superior Completo
Casada 33 anos 05 anos e 06 meses
Indústria Grande Porte
14) Nordestina Feminino Superior Completo
Solteira 22 anos 05 anos e 06 meses
Financeira Grande Porte
15) Paulistana Feminino Superior Incompleto
Casada 42 anos 7 anos Educação Grande Porte
16) Paulistana Feminino Superior Completo
Solteira 27 anos 08 anos Comercial Médio Porte
17) Paranaense Feminino Superior Incompleto
Casada 42 anos 10 anos Associativismo Grande Porte
18) Paulistana Feminino Superior Completo
Solteira 21 anos 02 anos Multinacional Grande Porte
19) Paulistana Feminino Superior Completo
Solteira 23 anos 03 anos Alimentícia Grande Porte
20) Carioca Feminino Superior Incompleto
Casada 33 anos 11 anos Agrícola Grande Porte
21) Paulistana Feminino Superior Completo
Solteira 32 anos 09 anos Automobilística Médio Porte
22) Paulistana Feminino Superior Completo
Casada 40 anos 15 anos Multinacional Grande Porte
23)Paulistana Feminino Pós-Graduação Solteira 24 anos 04 anos Bolsa Valores Grande Porte
24) Paulista Feminino Superior Completo
Solteira 21 anos 03 anos Bancária Grande Porte
25) Paulistana Feminino Superior Incompleto
Casada 33 anos 08 anos Educacional Grande Porte
26) Paulistana Feminino Superior Incompleto
Casada 38 anos 15 anos Importação Grande Porte
27) Paulista Feminino Superior Incompleto
Solteira 25 anos 05 anos Educacional Grande Porte
28) Carioca Feminino Superior Incompleto
Casada 28 anos 08 anos Multinacional Grande Porte
29) Paulistana Feminino Superior Incompleto
Divorciada 44 anos 16 anos Associação Grande Porte
30) Paulistana Feminino Superior Incompleto
Casada 29 anos 06 anos Vendas Médio Porte
31) Paulista Feminino Superior Incompleto
Casada 34 anos 12 anos Comex Grande Porte
Conforme podemos observar na tabela, das 31 secretárias executivas
pesquisadas, 21 nasceram em São Paulo, 5 secretárias executivas nasceram
no Interior de São Paulo, 2 nasceram no Nordeste, 2 nasceram no Rio de
Janeiro e apenas uma nasceu no Paraná.
Notamos pela pesquisa que foi realizada em São Paulo – Capital, que
algumas profissionais vieram de outros estados ou mesmo do interior para
trabalhar nesta cidade. É a questão das oportunidades, pois é de conhecimento
da maioria da população que a cidade de São Paulo é o maior centro de
negócios do país, portanto, o maior centro de ofertas de empregos.
95
De acordo com o site do Sinsesp16 (2008), 90% dos profissionais de
secretariado executivo que atuam no Brasil são do sexo feminino e nesta
pesquisa pudemos confirmar tal dado. Todas as secretárias pesquisadas são
mulheres, com idades entre 20 e 44 anos. Das 31 secretárias pesquisadas, 18
delas são solteiras, 11 são casadas e 2 são divorciadas. Não há uma
predominância acentuada, mas na sua maioria, as profissionais são solteiras e
atuam entre 1 a 16 anos na profissão.
No que diz respeito à formação, 18 secretárias já concluíram o curso
superior completo em Secretariado Executivo; 12 secretárias executivas têm o
Superior Incompleto, porém duas possuem o curso técnico de secretariado, isto
é, estão cursando superior em Secretariado Executivo, apesar da titulação
como técnicas, e uma cursando pós-graduação na área.
O porte da empresa foi levado em consideração nesta pesquisa, e o
resultado foi o seguinte: 2 secretárias atuando em empresas de pequeno porte,
6 secretárias executivas atuando em empresas de médio porte e 23 secretárias
executivas atuando em empresas de grande porte. Esses números
demonstram claramente que as secretárias executivas pesquisadas para
realizar esta dissertação atuam em empresas com aproximadamente de 300 a
400 funcionários, classificadas como “grande” e nas quais sua atuação tem
maiores desdobramentos por causa da quantidade de executivos com quem
que elas podem trabalhar. Apesar de não constar na pesquisa, nas conversas
informais, a título de informação, as secretárias que atuam nas empresas de
grande porte, atendem em média dois a três executivos.
Acreditamos que esse pode ser um roteiro para discutir o ser e o fazer
da secretária, ou seja: Como posso contribuir para alterar o processo? Quais
os valores que me permitem fazer a diferença nas relações profissionais?
Quais as habilidades que adquiri no decorrer de minha vida que permitem fazer
a diferença por onde passo?
Essas questões nos ajudarão a entender um pouco mais o mundo
profissional das secretárias executivas. Por uma questão didática, trabalhamos
com quatro categorias: flexibilidade, autoconhecimento, escolha e educação
continuada. Mais que uma simples habilidade, essas categorias representam
simultaneamente o ser e o fazer da secretária. A flexibilidade, o 16 Sindicato das Secretárias do Estado de São Paulo
96
autoconhecimento, a capacidade de escolher e a disposição de buscar novos
conhecimentos não são habilidades vinculadas ao fazer. Na nossa percepção,
elas permeiam o ser da pessoa; por isso, a nossa preocupação com a
subjetividade e com a Identidade.
4.3 Categorias
As categorias analíticas nos permitem compreender melhor o fenômeno
pesquisado. Chamamos a atenção apenas para o fato de que as categorias
são sempre recriadas dentro de uma determinada circunstância. No caso em
questão, elas estão circunscritas no contexto do mundo do trabalho e da
aprendizagem.
4.3.1. Escolhas
Na discussão dessa categoria, refletimos a respeito do trabalho advindo
de escolhas, quando da Revolução Industrial em que o trabalho dito “livre” foi
determinado como um fator essencial para que o perfeito funcionamento do
sistema econômico pudesse ocorrer. O trabalhador passou, então, a oferecer a
mão-de-obra num mercado acirrado e disputado, em que a competição reinava
nos ambientes organizacionais. Entendemos aqui a competição como elemento
de segregação humana, pois remete o trabalhador a disputas ferrenhas por
cargos e salários, sem mensurar suas atitudes para atingir esse intento.
Percebemos, após análises sob o ponto de vista de teóricos da área da
sociologia, do comportamento humano e das organizações de trabalho que as
sociedades se modernizaram, o capitalismo impera, e um número maior de
profissionais acabam por se tornarem apenas força de trabalho.
Withaker (1985, p.11) afirma:
Seres humanos são individualidades únicas, que podem e devem
desenvolver sua criatividade até onde isso seja possível, procurando
um caminho profissional que signifique um ajustamento entre suas
potencialidades e as necessidades do sistema produtivo. O ser
97
humano nasce programado para a atividade. Através da interação
com a natureza, o homem extrai o seu sustento e relaciona-se com
outros homens.
Verificamos que a autora enfatiza a criatividade também como caminho
para escolhas e que ela se faz presente em cada atitude, em cada objetivo de
vida e em cada etapa de realização do ser humano. A escolha sempre
depende do contexto pessoal, social e cultural. Segundo Souza Neto (2002, p.
74), ”o sujeito depende sempre do objeto, bem como da história e da natureza”
[...] não existe sujeito sem natureza, da mesma forma que a natureza sem o
sujeito não faz história. Quem dá vida aos objetos é o sujeito, mas sem os
objetos, o sujeito não pode sobreviver.”
Na concepção de Souza Neto (2002), cada sujeito tem sua história de
vida construída por situações específicas e que são de responsabilidade única
do sujeito, em função de suas necessidades. O autor pontua que temos
escolhas, mas que nem sempre elas são conscientes e racionais.
Esclarece, ainda, que a acepção do sujeito está baseada em indivíduos
reais e nas suas atitudes e que interage com o seu cotidiano. A autonomia é
uma forma de o sujeito encontrar caminhos em busca de sua emancipação. “As
ações do sujeito são encaminhadas dentro desse movimento que joga o
indivíduo para o encontro do outro e que lhe propicia condições para a auto-
descoberta”. Portanto, não há secretária sem história e nem história
profissional sem a secretária.
Podemos verificar que a secretária executiva tem condições de fazer
suas escolhas no seu cotidiano, fazendo com que ela comece a se conhecer,
conhecer o outro, administrar sua experiência de vida em prol da sua carreira
de forma positiva.
Uma das secretárias executivas do grupo de discussão, a que
chamaremos de número 27, para fins de sigilo profissional, entende assim a
sua escolha: “eu queria uma profissão correlata ao que eu estava fazendo, o
que executava no meu dia-a-dia e que me desse oportunidade de carreira.
Então eu escolhi uma Faculdade que fosse correlata ao que eu estava fazendo.
Eu já era secretária e escolhi fazer secretariado. Uma amiga do serviço me
impulsionou”
98
A motivação na escolha profissional deve-se, a princípio, a uma
identificação com as funções desenvolvidas no cargo e as habilidades
necessárias inerentes à profissão como flexibilidade, criatividade, disciplina,
polivalência, entre outras, que em alguns casos parecem ser natas. Em outros
casos, as secretárias executivas passam a desenvolver essas habilidades, por
causa do perfil profissional, ou porque carregam consigo o desejo e a vontade
de seguir aquela carreira, entregando-se, aperfeiçoando-se e tendo claro o que
gostariam de desenvolver, até onde vai o seu desenvolvimento dentro das
empresas, e não por necessidades inúmeras e diferenciadas de sobrevivência
ou por não “ter nada melhor” para fazer. Campos Silva (1996) entende
que o indivíduo carrega ao longo da vida desejos os quais ele necessita que se
materializem no mundo do trabalho e que lhe surgem como campo de
possibilidades, passando a ser um momento em que se opera uma ruptura
social e vai exigir desse indivíduo uma análise dos mecanismos e caminhos
que vão nortear sua escolha profissional
De acordo com Campos Silva (ibid), é uma junção entre o tipo de
personalidade e modelos ambientais, fruto de interações e de fatores culturais
e pessoais que incluem a família, classe social, cultura e ambiente físico. A
herança biológica e social, de acordo com a autora, unida à história pessoal
cria uma série de capacidades, como a percepção, como metas, valores,
autoconhecimento.
O somatório desses fatores acaba por criar predisposições especiais,
valores e aspirações voltadas para determinado tipo de trabalho. Mas na
pesquisa de campo, não sentimos exatamente isso por parte das secretárias.
Na verdade, elas não apresentaram um conceito de “escolha”, mas
interpretaram como escolha a necessidade de oferecerem a mão-de-obra em
troca de um salário para sua sobrevivência e verem suas expectativas
pessoais, sociais e profissionais serem atendidas.
Durante a análise das pesquisas, pudemos observar que a história de
vida, na convivência com os familiares, apresentou-se como um dos fatores de
grande significado para elas e que são resultados de alguns comportamentos
básicos para a convivência em sociedade como respeito, disciplina, conduta
moral e ética.
99
Segundo a autora (op. cit.), as teorias sociológicas valorizam a
importância dos determinantes socioeconômicos e culturais na escolha
profissional. Para ela são pontos extremamente decisivos na determinação da
escolha profissional “a família, a raça, a nacionalidade, a classe social e as
oportunidades culturais e educacionais às quais o indivíduo tem acesso”. Um
dado interessante levantado pela autora (ibid) é que as diferentes expectativas
consideradas pelo indivíduo ao optar por uma profissão, isto é, escolher aquilo
em que quer trabalhar, são determinadas, principalmente, pelo “status” da
classe social a que pertence.
Delinear o entendimento de sujeito é de suma importância para esta
análise. Em nosso entender, o sujeito se forma por intermédio da sua
capacidade de auto-reflexão, assim como da análise da própria história de vida,
das experiências, o que lhe propicia a subjetividade e lhe dá a clara noção de
sua existência. Ademais, lhe possibilita perceber que ele é o produto do
desenvolvimento e do amadurecimento da relação do homem com a natureza,
do homem com a sociedade e do homem com o próprio homem.
A subjetividade pode ser entendida como aquilo que é sentido pelo
sujeito, aquilo que dá sentido, que recebe e que transforma o sentido de
qualquer coisa na existência do sujeito. Esse sentido ocorre por meio das
experiências íntimas de cada sujeito, na sua vivência, e vai direcionar suas
ações no momento de suas escolhas. Guattari (apud Souza Neto, 2002, p.81)
entende a subjetividade como “um conjunto de agenciadores que se
entrecruzam, de vetores que determinam uma escolha, permanecendo o
processo de subjetivação vinculado às transformações sociais”.
Acreditamos que as profissionais de secretariado só darão sentido àquilo
que fazem ou são, quando em meio a seus inúmeros conhecimentos,
desenvolverem o sentido que ela própria dá ao que faz, àquilo que deseja e
como adquire reconhecimento nas instituições familiares, sociais e trabalhistas.
As experiências de vida e profissionais, de acordo com os autores, permitem
aos profissionais de secretariado que desenvolvam conhecimentos necessários
no momento da fazer suas escolhas, sejam elas escolhas de vida, escolhas
profissionais e escolhas sociais.
100
Além disso, permite a essas profissionais terem condições de analisar e
avaliar suas metas, experiências, objetivos e a conscientização de que o
mundo necessita de profissionais e pessoas determinadas. É essencial que
saibam aquilo que querem realizar e para isso devem procurar efetivamente
aprender, dar continuidade aos estudos, se especializarem numa determinada
área de suas várias funções dentro da profissão e entenderem realmente o
papel que a profissional de secretariado executivo deverá desempenhar nas
empresas.
Para embasar a importância da subjetividade no momento de escolher
ou optar por uma ou outra profissão, pôde-se observar nesta pesquisa que a
secretária executiva, quando questionada a respeito da iniciação na carreira
como secretária, leva em conta o seguinte:
Para iniciar uma carreira profissional é fundamental pensar e fazer
escolhas. “Ao optar pelo secretariado, sua escolha foi”:
a) pura casualidade;
b) por indicação;
c) por escolha própria;
d) outra.
Gráfico 1 – Escolha Profissional
A 2
B 4
C 11
D 2
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Resp A
Resp B
Resp C
Resp D
Resp A 11%
Resp B 21%
Resp C 57%
Resp D 11%
Respostas de A a D
101
Para uma população de 19 secretárias respondentes, 57% afirmaram
que fizeram a escolha da profissão por iniciativa própria, isto é, não houve
imposições por parte da família ou da sociedade para escolher uma profissão.
Este público, pela respostas apontadas no questionário, pôde analisar as
possibilidades de atuação profissional, ter visão de futuro e pensar em
resultados. Segundo Manzini-Covre (2007), em determinada etapa da vida, as
pessoas sabem lidar com as próprias vontades, e as profissionais de
secretariado, quando fazem opção profissional, geralmente é porque atuam
como sujeitos, fazem suas escolhas, tendo satisfeitas suas vontades e desejos
e conseguem traçar a trajetória, baseada em escolhas e experiências próprias.
Não devemos nos esquecer de que, no decorrer da história, a mulher
lutou por emancipação, por direitos iguais e, nas últimas décadas, as mulheres
foram conquistando cada vez mais espaço no mercado de trabalho, a ponto de
poderem fazer, de fato, suas escolhas na vida. Não nos cabe neste momento
discutir escolhas conscientes ou inconscientes, mas escolhas de acordo com o
histórico de vida.
O que se observa, mais uma vez, é que secretariado caracteriza-se por
ser uma profissão genuinamente feminina, em 90% dos casos, como
mencionado anteriormente. Porém não deixa de ter 10% de homens atuando
como secretários. Não se trata de um dado estatístico, mas, de acordo com
informações prestadas (junho, 2007) pelo Sindicato das Secretárias e
Secretários do Estado de São Paulo, já existem secretários (gênero masculino)
cadastrados entre seus associados.
Portanto, ela manifesta os dramas das mulheres que, segundo Campos
Silva (1996), tendem ainda a receber salários muito mais baixos que os
homens, embora invistam muito mais em educação e aprendizagem do que a
maioria dos homens além de desenvolverem, em muitos casos, a tríplice tarefa
de ser mãe, esposa e secretária, a exemplo de 11 das participantes desta
pesquisa.
Os dramas femininos ainda têm como fator de análise os determinantes
da escolha profissional como o gênero, em razão da divisão social do trabalho
não permanecer somente na divisão por classes, mas também na divisão
sexual.
102
Moraes (apud Campos Silva, 1996, p.73) explica que “as regras
econômicas, além de fundamentarem as classes sociais, também têm sexo”.
As secretárias fazem parte deste contingente de mulheres que ainda se
submetem a determinados trabalhos que não foram por escolhas conscientes,
mas pelo desejo e pelo sonho de se realizarem na vida.
Para Souza Neto (2002), a emancipação da mulher só começou a ser
discutida no final do século XIX. Foi um longo período até que a mulher
conseguisse espaço na sociedade e no mercado de trabalho; por isso, a
subjetividade é a expressão de determinado período histórico.
Se compararmos a evolução do papel da mulher no mercado de trabalho
ao longo desses anos, percebemos que as transformações sociais e a ética
foram fatores fundamentais na construção da felicidade individual ou coletiva e
fortaleceu a mulher não só no caminhar profissional, mas em todos os sentidos,
possibilitando que a maioria optasse e fizesse uma escolha de acordo com as
próprias experiências institucionais.
No contraponto proposto pelo questionário, nas entrevistas individuais17,
das sete secretárias executivas, quatro afirmaram que ingressaram no mercado
de trabalho por necessidade de manter a família, mas fizeram a escolha
profissional por iniciativa própria. Pois bem, se precisavam sustentar a família,
na verdade, elas acreditaram que escolheram uma profissão que lhes
forneceria um salário com alguns benefícios.
Apesar de terem mencionado que a escolha foi determinada pela
necessidade, observa-se que nem uma delas afirmou ter escolhido a profissão
por conhecer como é ser uma secretária executiva ou ter consciência do papel
que essa profissional desenvolve nas várias culturas organizacionais.
Verificamos também que nem uma dessas secretárias fez algum tipo de
pesquisa para saber a respeito da profissão ou procurou obter informações
com especialistas da área.
Podemos analisar essa questão, verificando a resposta da entrevistada
de número 22, quando diz:
“Eu precisava arranjar um emprego rápido e resolvi fazer magistério e aí eu
descobri que gostava de ensinar e gostava de fazer as coisas para os outros. E 17Para maiores detalhes, ver anexo
103
um dia foi oferecido um cargo de secretária para substituir uma amiga que
estava de licença e eu me apaixonei e resolvi ser secretária executiva daí para
frente”.
Mais uma vez, percebemos que não houve a escolha propriamente pela
profissional ao seguir a carreira, pois precisava “arrumar um emprego rápido” e
fica claro que a necessidade de ter suas expectativas atendidas acabou por
fazê-la aceitar trabalhar “como secretária”.
Numa sociedade capitalista, na era da globalização, sobretudo na
sociedade brasileira, nem sempre as pessoas escolhem aquilo que querem, e
sim, se moldam a uma determinada situação para prover ganhos para a sua
sustentabilidade.
Percebemos que no discurso dessa secretária executiva sobressai mais
a necessidade de sobrevivência do que a identificação profissional com o
secretariado. Apesar disso, a maioria responde, quando se lhe pergunta por
que escolheu a carreira secretarial, que a sua escolha foi por vocação e
realmente acredita que o foi. Notamos também a interpretação que as
secretárias executivas pesquisadas apresentam com relação às escolhas,
quando perguntamos às participantes:
“Da infância para a fase adulta, escolher uma profissão foi”:
a) uma decisão difícil;
b) uma decisão fácil, pois você já sabia o que queria seguir;
c) uma decisão complicada, pois não tinha base nenhuma para escolher;
d) outra.
104
Gráfico 2 - Escolha Profissional
Ao analisar essa questão, observando-se as respostas tabuladas, fica
evidente que as secretárias executivas pesquisadas estão equilibradas em
suas respostas, pois verificamos que, para 26% das secretárias, escolher uma
profissão foi uma decisão difícil, 21% acreditam ter sido fácil, pois já sabiam o
que queriam seguir como carreira, 37% acharam uma decisão complicada, pois
não tinham conhecimentos suficientes para fazerem uma escolha profissional
e, finalmente, 16% deram outros tipos de explicações.
Após a pesquisa, elas passaram a perceber a importância de escolher a
profissão, pois disso vai depender o sucesso e a realização na carreira.
Complementamos essa informação por meio dos dados obtidos na
entrevista e na dinâmica em grupo, por meio de depoimentos e discussões.
Tais discussões revelaram que a formação da personalidade de cada uma
delas pode ser explicada pela infância, inferindo-se que isso possa ter
influenciado na escolha da profissão.
Fazendo um paralelo entre a nossa observação e o mundo infantil, pode-
se dizer que a maioria das crianças parece não se preocupar com o futuro
A 5
B 4
C 7
D 3
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Respostas de A a D
Resp A
Resp B
Resp C
Resp D
Resp A 26%
Resp B 21%
Resp C 37%
Resp D 16%
1
105
profissional, mesmo porque essa criança tem, praticamente, a maior parte de
seu aprendizado com a família, sejam os pais, os avós, os tios ou outros, mas
sempre dentro da família e vivendo a fase infantil e juvenil de acordo com a sua
realidade. No caso das secretárias executivas pesquisadas, alguns pontos
expostos a seguir, nos chamaram atenção com relação à infância.
Das seis entrevistadas, quatro alegam terem tido uma infância feliz e
normal. Ao contrário dessas, a entrevistada de número 22, revelou o seguinte:
“A minha infância e a minha juventude foram muito difíceis, porque eu tinha um
pai muito doente, que perdeu seu emprego numa multinacional e minha mãe
teve que ir trabalhar enquanto eu tive que tomar conta da casa. Minha família
era composta por cinco pessoas e eu tinha 12 anos quando tive que assumir a
casa”. Hoje, como profissional, ela se reconhece como uma secretária
extremamente responsável. Mas como não ser, se cresceu tendo um pai
doente que perdeu o emprego e cuja mãe teve que ir trabalhar enquanto ela
cuidava da família e da casa? É difícil acreditar que ela não leve essa
responsabilidade em demasia para o ambiente organizacional.
Conquanto essa entrevistada anteriormente tenha alegado ter escolhido
a profissão, parece, na verdade, ela ter sido escolhida pela profissão. Ela
mesma disse que “para ela é responsabilidade acima de tudo” Podemos notar
que o discurso dessa secretária executiva está aliado à questão da disciplina e
também do comprometimento, mas a responsabilidade tem importância maior
já que não teve escolha na infância e precisou assumir uma casa e cuidar de
cinco pessoas. Hoje, para ela, a profissão é encarada da mesma forma, pois
dela dependem resultados das suas atividades para atender ao executivo e à
empresa de um modo geral. Isso sem contar que, além de ser casada e ajudar
o marido no sustento da casa, ela procura de forma organizada, de acordo com
suas próprias palavras, assumir com extrema responsabilidade a sua atuação
na organização, cobrando-se resultados praticamente o tempo todo. De acordo
com suas palavras: ”eu esqueço o cansaço em função das responsabilidades
que tenho”. Percebemos neste caso que a secretária transfere para o seu
momento atual a herança de sua infância na questão da luta com a mãe para
dar sustento à família. Aprendeu cedo que deveria ter determinados cuidados
106
em relação aos familiares e que em uma fase de sua infância, abriu mão do
que as crianças normalmente fazem na idade de 12 anos. Fica evidente que o
que aprendemos na família vai nos nortear na fase juvenil e adulta e nas
escolhas que faremos no decorrer de nossa vida, no sentido de personalidade,
objetivos profissionais e na questão da realização pessoal.
Assim, além das responsabilidades inerentes à profissão, sabemos que
muitas de nossas experiências servirão realmente de base para,
independentemente da escolha profissional, fazer com que demonstremos, por
intermédio de nossa personalidade e atitudes, que tipo de pessoa somos e
como trabalhamos as questões da pessoa secretária nas organizações.
Finalizando a questão relativa à escolha, perguntamos às secretárias
executivas pesquisadas:“O que a motivou escolher esta profissão”:
a) escolha de momento;
b) saber que iria atuar com executivos no centro de poder das
organizações;
c) saber que a profissão é promissora e dá status ao profissional;
d) outra
Gráfico 3 – Escolha Profissional
A 8
B 1
C 3
D 5
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Respostas de A a D
Resp A
Resp B
Resp C
Resp D
Resp A 47%
Resp B 6%
Resp C 18%
Resp D 29%
1
107
Nas questões anteriores, ficou claro que escolher uma carreira não é
tarefa fácil, porque vários fatores influenciam as escolhas. Um dos fatores que
procuramos propor é a questão da motivação.
Segundo Kupfer (1997, p.99):
Freud descreveu uma necessidade como um estímulo que ataca não
de fora, mas de dentro do organismo. [....] A satisfação é aquilo que
põe de lado a necessidade. A satisfação é a conseqüência de uma
alteração adequada da fonte interior de estimulação. O ímpeto para o
comportamento é a força (intensidade ou tensão) ou a demanda de
energia que a necessidade representa. O objetivo da necessidade é
assegurar a satisfação, mas é o intelecto (e não a necessidade) que
garante a direção. A necessidade fornece apenas energia ao
comportamento [....]. a fonte de uma necessidade é o processo
somático interno do corpo do qual resulta um estímulo, representado
na vida mental como uma necessidade.
A motivação tem significados diferentes. Para se entender o conceito de
motivação, é preciso saber que ela é resultante de várias necessidades não
satisfeitas pelo sujeito. De fato, cada pessoa traz dentro de si suas
necessidades e não cabe a responsabilidade a outro indivíduo ou à empresa
de motivá-lo, cabendo aqui ressaltar que nos referimos especificamente aos
profissionais de secretariado.
Minicucci (1995, p. 214) explica:
Ao estudar os motivos humanos, verificamos que é através da
conduta do indivíduo, de forma direta ou não, de forma verbal ou não
verbal, que poderemos entender os motivos do indivíduo, isto é, as
condutas que os levam a agir.
O autor afirma que a motivação, isto é, o motivo para uma ação, pode
levar o sujeito a uma determinada direção, de maneira que este mesmo sujeito
tenha interesse e persistência para alcançar seus objetivos.
Se, como citou Kupfer (1997) as necessidades para Freud são
intrínsecas ao indivíduo, tal tarefa não caberá à organização, mas compete às
empresas induzir ou levar o colaborador a comportamentos positivos, para que
108
ele, profissional, tenha as suas necessidades atendidas e, então sim, estar
motivado.
Nesse aspecto, a motivação para seguir a carreira secretarial é
determinante por uma série de fatores ou necessidades que podem influenciar
no momento da escolha. Mesmo quando são indicados ao cargo, independente
da pretensão de seguir a carreira, os profissionais que atuam na área acabam,
na maioria das vezes, se identificando com o perfil para suprir necessidades
variadas, visto que, dificilmente, deixam de ajustar seu comportamento à
cultura das organizações.
Para uma profissional de secretariado, o diferencial está também no
aprendizado das línguas estrangeiras. Por atuar junto ao centro de poder,
estas profissionais conquistam pelo comprometimento e habilidades
diferenciadas a confiança de seus executivos, o que acaba gerando, em
raríssimos casos, um determinado “status” que eu chamaria de
reconhecimento.
A entrevistada de número 22 diz: “Eu adoro o que faço, mas
quando eu crescer quero ter o salário de meu executivo”. Compreende-se que,
apesar de dizer que se identifica com a profissão, esta profissional quer que a
organização reconheça sua competência, por intermédio de um salário idêntico
ao do executivo. Só que ela não é o executivo. A possível conseqüência disso
é a falta de perspectivas dela, pessoal e profissional, em uma visão errônea e
uma atuação comprometida.
Infere-se, portanto, que nem sempre a escolha da profissão é algo
consciente. Como apontado pelas respondentes, “foi escolha de momento” que
as motivou a adentrar na carreira de secretariado. O correto seria dizer que foi
a necessidade de sobrevivência que as motivou.
As próprias respondentes acabam por contradizerem-se, por exemplo,
ao declararem que a escolha pela profissão foi complicada (questão n.2), mas
que optaram pela profissão por causa de status e salários atrativos e não pela
vocação real. Com base nos depoimentos, nas entrevistas e mesmo levando
em conta a minha experiência profissional, posso dizer que o sujeito escolhe o
que quer fazer de sua vida, de sua carreira profissional, mas com limites que
são as circunstâncias históricas, familiares, educacionais, biológicas e
organizacionais.
109
Nessa relação há sempre um embate entre aquilo que eu deixei que
fizessem da minha vida e o que eu quero de fato dela, aliado ao contexto social
e institucional.
No processo de escolha, o sujeito desencadeia uma qualidade que é a
da negociação. No mundo contemporâneo, quem não sabe negociar não
consegue abrir espaço para a realização de seus sonhos. A flexibilidade em
nosso entendimento é quase um sinônimo de negociação. Acreditamos pela
nossa vivência que as mulheres, culturalmente, desenvolvem essa qualidade,
porque elas normalmente têm de negociar com companheiro, filhos, chefias e
com a rede familiar.
No campo profissional, os especialistas consideram que a flexibilidade é
um meio para manter a empregabilidade.
4.3.2 Flexibilidade
De acordo com o Dicionário Escolar da Língua Portuguesa (1994)*,
flexibilidade significa qualidade daquilo que é flexível; aptidão para variadas
coisas ou aplicações.
Acreditamos que a flexibilidade é uma forma de ser da secretária
executiva que contribui mais para a autonomia e negociação do que para
submissão. (cf. De Liberal, 2003, p.82). Essa qualidade desencadeia na
profissional a capacidade de adaptação às novas tecnologias e formas de
gestão, bem como desperta para a criatividade, permitindo-lhe enfrentar dos
desafios mais simples aos mais complexos dentro da empresa.
As profissionais de secretariado executivo cumprem dentro de suas
funções uma série de atividades. Ela “pode” contribuir em vários segmentos da
organização, além de facilitar as rotinas com seus conhecimentos técnicos.
Com a era do acesso, motivada pela globalização, a maioria dos profissionais
do mercado de trabalho no Brasil, sentiu a necessidade de dominar novas e
constantes tecnologias, falar várias línguas, ter formação superior e titulação
profissional adquiridos nos cursos profissionalizantes e de especialização.
Assim, coube à secretária executiva aceitar o desafio de buscar
conhecimentos para acompanhar o executivo na sua jornada de trabalho e
110
poder dar suporte mais direto às necessidades dele e da empresa, nas
tomadas de decisões e dos negócios. As habilidades como disciplina,
responsabilidade, comprometimento, entre outras já analisadas no decorrer
desta pesquisa, fazem dela uma profissional diferenciada nas organizações.
Sabino e Rocha (2004, p. 94) ressaltam que
[e]ssas novas características da profissão exigem, em contrapartida,
uma Secretária flexível, competente e comprometida com o
desenvolvimento e aperfeiçoamento das suas atividades. O
Secretariado do terceiro milênio deve ter capacidade empreendedora,
deve ser capaz de trabalhar em grupo, ter uma postura ética, ser
determinada para alcançar objetivos, ousado para apresentar idéias
nas suas ações
Percebemos que os autores enfatizam a questão das novas habilidades
propostas e esperadas do novo profissional de secretariado. Além de esses
autores ressaltarem essas habilidades, outros autores e o próprio mercado de
trabalho acabam exigindo cada vez mais das secretárias conhecimentos
diversificados em relação aos negócios, a posturas, ao apoio logístico, assim
como as outras habilidades discutidas. Cabe retomar alguns critérios
preconizados pelas diretrizes curriculares nacionais para o curso de graduação
de secretariado executivo do Ministério de Educação e Cultura que define as
habilidades, competências e atribuições na formação das secretárias para o
mercado de trabalho.
Essas diretrizes propõem:
“III - exercício de funções gerenciais, com sólido domínio sobre planejamento,
organização, controle e direção; IV – utilização do raciocínio lógico, crítico e
analítico, operando com valores e estabelecendo relações formais e casuais
entre fenômenos e situações organizacionais; V – habilidades de lidar com
modelos inovadores de gestão;VI – domínio dos recursos de expressão e de
comunicação compatíveis com o exercício profissional, inclusive nos processos
de negociação e nas comunicações interpessoais ou inter-grupais; VII –
receptividade e liderança para o trabalho em equipe, na busca da sinergia; VIII
– adoção dos meios alternativos relacionados com a melhoria da qualidade e
111
da produtividade dos serviços, identificando necessidades e equacionando
soluções; IX – gerenciamento de informações, assegurando uniformidade e
referencial para diferentes usuários.”
A probabilidade de se contratar uma “mulher maravilha”, neste caso, é
considerável, se reunirmos todas as habilidades que se esperam desta
profissional, ou seja, o que se dita como habilidades e o que na realidade elas
possuem de conhecimento técnico, de conhecimento profissional e
conhecimento de si mesma. Mas, como poderemos encontrar as explicações
para habilidades como a flexibilidade, autoconhecimento, disposição para
educação continuada e as escolhas que ficaram caracterizadas na pesquisa de
campo pelas profissionais que foram convidadas a participar desta pesquisa?
Certamente , com o objetivo de mencionar os elementos para a compreensão
da subjetividade na construção da identidade profissional. O pressuposto
pedagógico dessas diretrizes e as exigências do mercado de trabalho
requerem desta profissional as referidas habilidades.
Uma das problemáticas que pude vivenciar nos meus 28 anos de
secretária executiva foi a questão da identidade da minha profissão nas
organizações, podendo até afirmar que, além de preconceitos em relação à
profissão, também se nutria e vivenciava a questão da disputa entre homem e
mulher no quesito confiança do executivo. Dedicada, interessada, competente,
estudiosa da área, com formação específica, não entendia as razões por que
exigiam tanto de mim, mas poucos reconheciam a minha atividade. Conforme
análise das questões anteriores, eu escolhi a profissão justamente por me
identificar no sentido humano, no sentido profissional e no sentido social. O que
acontecia nas organizações com os relacionamentos entre secretária e
executivo e aqui no sentido de gênero masculino era o que me intrigava mais.
Pude vivenciar inúmeras situações nas quais minha experiência e minha
conduta pouco valiam para a organização, desde que eu executasse com a
precisão de um relógio britânico as tarefas a mim determinadas.
Meus objetivos profissionais já estavam delineados, portanto o que me
interessava era cada dia aprender mais, e aprender o que fosse necessário
para que meus conhecimentos pudessem contribuir para as metas da
organização. Por outro lado, perceber as novas oportunidades na área
secretarial, dentro do mercado de trabalho. Percebi, também, ao longo desses
112
anos, que novas habilidades foram surgindo e, como uma profissional
interessada e centrada, fui aos poucos buscar o conhecimento de que eu
necessitava para essas inovações que iam de tecnológicas a relacionamentos
humanos. O investimento na educação continuada e os inúmeros cursos de
auto-ajuda e grupos de discussões me ajudavam a me conhecer melhor,
conhecer melhor os outros e me capacitavam cada dia mais para me conhecer
e conhecer os grupos nos quais eu estava inserida.
Em determinado momento de minha carreira, concluí que o meu objetivo
profissional, na atuação como secretária executiva nas organizações, já havia
sido atingido, o que me levou a mudar as minhas expectativas com relação à
profissão e, naquele momento, soube o que desejava de fato, isto é, poder
contribuir para a aquisição de novos conhecimentos e, com minha experiência,
ter condições de formar as novas profissionais de secretariado, para que
pudessem enfrentar o mercado com um novo preparo pessoal e profissional.
Foi então que comecei a traçar as minhas metas como formadora e identifiquei
oportunidades de ensino na área técnica e superior que foram surgindo uma
atrás da outra, as quais aproveitei de todas as maneiras.
Dentro do magistério técnico em secretariado, ao mesmo tempo em que
eu aprendia, eu ensinava. As salas de aulas foram um excelente laboratório
para que eu pudesse verificar quem eram as futuras profissionais que iriam
para o mercado. Fazendo uma análise histórico-social das turmas em que eu
lecionava, numa renomada instituição de ensino técnico de secretariado na
cidade de São Paulo, comecei então a delinear um perfil de quem buscava
aquela formação e com que finalidade.
Nas aulas, além de cumprir o cronograma e o conteúdo, discutia com as
alunas os investimentos que faziam em conhecimentos na questão da
formação profissional. Elas tinham consciência de que havia pelo menos uma
década que a formação técnica já era um diferencial na carreira, dentre outras
habilidades que deveriam desenvolver para ter sucesso.
Sabiam que, mesmo com o curso técnico, seria interessante darem
prosseguimento aos estudos e conhecimentos mais profundos das habilidades
113
necessárias para se tornarem boas profissionais e que, provavelmente, seria
este um dos fatores para que elas pudessem se manter empregáveis no
mercado de trabalho.
Dessa forma, muito me interessou também o ensino superior e, ao me
transformar em professora da área secretarial nos cursos técnicos e
superiores, me questionei como eu trabalharia a formação dos futuros
profissionais e as habilidades esperadas para esse cargo, seguindo planos
pedagógicos das instituições e de acordo com o que determinava o Ministério
da Educação e Cultura.
Qual não foi minha surpresa ao me deparar com indicativos como não
saber se escolheu ou foi escolhida pela profissão (grifo nosso), argumentos
utilizados pelas entrevistadas para afirmar que fizeram a escolha muito
consciente. As secretárias que responderam ao questionário declararam que
têm excelente relacionamento com os executivos, contrariamente à maioria das
secretárias que participou das entrevistas individuais e da discussão temática
em grupo.
Para iniciarmos uma reflexão bem pontual quanto ao tema
relacionamento, sem, no entanto, deixar de falarmos das habilidades inúmeras
do cargo de secretária, utilizamos a pergunta para as participantes:
“Você pode se considerar uma secretária cujo relacionamento
profissional com os executivos e colegas de trabalho é:
a) proveitoso, enriquecedor e de aprendizado constante;
b) crítico, pois o clima dentro da organização não propicia tempo para a
troca de profissionais e pessoais;
c) bom e proveitoso, na medida em que eles dêem abertura para
diálogos, o que não é muito comum na empresa, pois todos trabalham
pressionados;
d) outra.
114
Gráfico 4 – Relacionamento Interpessoal
Todas as secretárias executivas que participaram desta pesquisa, quase
que na sua totalidade, se empenham para travar relacionamentos pacíficos,
harmoniosos, enriquecedores, especialmente, aqueles que levam a trocas de
experiências, conforme 73% das respostas. É possível conviver nas
organizações produtivas em harmonia com o grupo, com a direção, desde que
todos tenham esse mesmo propósito, isto é, todos caminhem na mesma
direção, tanto colaboradores como a empresa. O processo é de
conscientização constante. Ao que parece, é um aspecto que está bem claro
para as profissionais e futuras secretárias do mercado de trabalho em
formação.
Pelas falas da entrevista foi possível delinear determinado grau de
entendimento neste sentido. A secretária que dispõe de boa vontade para
colaborar, acaba por aprender e conhecer melhor a personalidade do executivo
para quem trabalha. Quando foram perguntadas: “Como você analisa a sua
relação com a sua chefia? Que tipo de personalidade ele possui? Esse
A 14
B 1C 2 D 2
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Respostas de A a D
Resp A
Resp B
Resp C
Resp D
Resp A 73%
Resp B 5%
Resp C 11%
Resp D 11%
1
115
relacionamento agrega conhecimentos e experiências ou simplesmente
você não leva a personalidade em conta”?
A entrevistada de número 13 respondeu assim: “Temos uma relação saudável,
pois sempre que me dirijo a ele, me dirijo com respeito e educação. Talvez isso
faça com que ele se policie. Procuro evidenciar o que ele tem de bom e não
absorver o que nele me incomoda”. Já para a entrevistada de número 21: “Hoje
a relação é servidora com a minha gerente. Já tive muitos supervisores
homens, e meu último gerente era muito grosseiro e a palavra dele é a que
prevalecia. Minha gerente não, ela sabe ouvir, sabe ceder, e eu acho muito
melhor trabalhar com ela”. A entrevistada de número 23 respondeu assim: “A
minha relação com meu diretor não poderia ser melhor. Uma pessoa calma,
inteligente, exigente, que sabe ouvir as opiniões de sua equipe, as minhas
opiniões e idéias e que acredita sempre no seu potencial de trabalho. Tem uma
personalidade forte. Todos os dias me traz experiências novas, me passa
novos conhecimentos em nossas conversas diárias sobre tudo o que acontece
no Brasil e no mundo, visando ao lado econômico e financeiro. Mas acho que a
personalidade dele não influencia muito no cotidiano”.
Relacionamento interpessoal, de acordo com as entrevistadas, pode
levar parcerias ao sucesso ou ao fracasso, se atingir ou não as metas
departamentais de maneira correta. Significativas mudanças ainda deverão
acontecer, e certamente serão sentidas pelas entrevistadas para que mudem
algumas tendências de relacionamentos com os executivos. Neste caso, todas
apresentaram um relacionamento “aparentemente saudável” com suas chefias.
Não podemos considerar essa realidade uma situação generalista na profissão.
Culturas organizacionais e personalidade dos executivos influenciam em
demasia nos relacionamentos entre chefia e secretárias executivas. Mesmo
assim, a maioria das respondentes acredita ser proveitoso, rico em
aprendizado tal tipo de relacionamento.
As questões de 9 a 13 abordaram a necessidade de as profissionais se
aplicarem nos estudos e nos conhecimentos pessoais e técnicos, como forma
de se manterem atualizadas, sendo interessante notar que, no tocante a
conhecimentos diversificados, as participantes se avaliaram muito bem, quando
perguntamos: Que nota aplicaria hoje a você em relação aos seus
116
conhecimentos profissionais e pessoais para ter o sucesso e o
reconhecimento na profissão de secretariado na empresa onde atua?
a) de zero a três;
b) de quatro a seis;
c) de sete a dez;
d) outra.
Gráfico 5 – Conhecimento Profissional
Das 19 secretárias consultadas, quase todas afirmaram ter 100% de
certeza de que detêm os conhecimentos, atribuindo a si mesmas notas de sete
a dez em termos de conhecimento, mas ao serem consultadas não entendem e
não conseguem compreender o que é próprio de uma secretária. Sabemos
que, dentre outras, o sigilo é uma característica da secretária, e nenhuma
delas, abordou essa aspecto.
A 0
B 2
C 16
D 1
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Respostas de A a D
Resp A
Resp B
Resp C
Resp D
Resp A 0
Resp B 11%
Resp C 84%
Resp D 5%
1
117
Na seqüência questionamos. “Como você costuma aprimorar seus
conhecimentos profissionais”?
a) quando disponho de valores financeiros e o curso me interessa;
b) quando a empresa me obriga a fazer cursos de interesse da
organização;
c) quando concluo que o curso de atualização é importante para o meu
crescimento dentro ou fora da organização como profissional;
d) outros.
Gráfico 6 – Conhecimento Profissional
A 8
B 0
C 9
D 1
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Respostas de A a D
Resp A
Resp B
Resp C
Resp D
Resp A 45%
Resp B 0%
Resp C 50%
Resp D 5%
1
No aspecto da educação continuada, as respostas A e C tiveram
respectivamente 45% e 50%. Ficou evidente que investem na educação e na
formação profissional, mas que só podem fazê-lo quando “dispõem” de valores
118
que não comprometam muito a renda na ajuda ou sobrevivência da família; que
se preocupam com a formação técnico-profissional, assim como com sua
formação pessoal e social, mas que dependem de associar essa necessidade
ao poder financeiro de custear a educação na trajetória secretarial.
Realmente, esse é o drama da mulher que se vê na obrigação de tomar
decisões quanto ao investir e ser reconhecida ou o contrário. Sabem que
precisam se atualizar, mas dividem essa necessidade com os compromissos
da sobrevivência natural. Assim, como já exposto, a mulher torna-se uma
batalhadora para dar conta das necessidades de sobrevivência dela e dos
familiares. Neste aspecto, as entrevistadas também foram unânimes em
afirmar que, quando dispõem de recursos financeiros e o curso pelo qual elas
têm interesse vai promover uma melhora seu desempenho profissional, fazem
o possível para não perder a oportunidade fazendo, inclusive, sacrifícios no
orçamento financeiro.
Tal conflito feminino persiste ainda nos dias de hoje quando a mulher
sente que só poderá ser valorizada se constar em seu currículo inúmeros
cursos de aperfeiçoamento e especialização, fazendo com que, de alguma
forma se estabilize profissionalmente e, neste caso, buscando o
reconhecimento pela competência.
As depoentes disseram, ainda, que normalmente procuram investir no
aprimoramento de conhecimentos, de tecnologia, de cultura e de línguas,
principalmente. Dessa forma, nos interessou verificar com as participantes de
que forma elas buscam conciliar a difícil tarefa de trabalhar, estudar ou dar
continuidade aos estudos, bem como, dependendo da entrevistada, conciliar os
afazeres de casa. Notamos que a maioria das entrevistadas é casada, o que
dificulta ainda mais efetivar os cursos de atualização. Em seguida,
perguntamos: “Como costumam conciliar a vida profissional com os
cursos de formação e atualização na área profissional?
a) desdobro-me e faço cursos à distância (Internet, revistas e livros) para
me manter atualizada (o) no pouco tempo que me sobra;
b) procuro demonstrar na empresa a importância dos assuntos de
atualização profissional como benefício para a empresa e para mim;
119
c) planejo um curso por ano para não me atrapalhar com o serviço,
família e escola;
d) outra.
Gráfico 7 – Cursos de Atualização
Analisando as respostas das 17 respondentes, foi possível perceber o
quanto elas se empenham para construir autoconhecimento através dos
mecanismos disponíveis no atual mundo globalizado como Internet, revistas
internacionais, publicações específicas da administração, etc.
A educação continuada e o autoconhecimento fazem com que a maioria
das secretárias absorva o maior número de informações possíveis e adquira
cultura geral como forma de estar atualizada profissionalmente e acompanhar
diálogos e negociações juntamente com o executivo. Uma parte disse que se
desdobra fazendo cursos à distância, e a outra parte disse que escolhe um ou
mais de um curso por ano para se atualizar sem, no entanto, comprometer a
A 6
B 3
C 6
D 2
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Resposta de A a D
Resp A
Resp B
Resp C
Resp D
Resp A 35%
Resp B 17%
Resp C 35%
Resp D 13%
1
120
sua qualidade de vida junto à família, amigos e o trabalho. Afirmaram que,
quando estão “de bem” consigo mesmas, esse estado de espírito reflete em
suas atitudes dentro e fora das organizações.
De acordo com Sabino e Rocha (2004), as profissionais de secretariado
exercem inúmeras atividades em sua rotina que vão desde organizar eventos e
mediar conflitos até estruturar reuniões e viagens para obter o aprendizado de
novas tecnologias. “Em contrapartida exige-se dela flexibilidade, competente e
comprometimento com o aperfeiçoamento das suas atividades,” de acordo com
a autora. Observamos, então, que para obter o reconhecimento da profissão,
as secretárias precisam investir na carreira, desenvolver competências e obter
o reconhecimento profissional dentro das organizações.
Para que a secretária executiva desenvolva a competência necessária a
sua atuação, ela precisa estar conectada aos processos de informação em
tempo real, absorver novos conhecimentos em relação às tecnologias, ser o
centro distribuidor e de gestão dessas informações, ter conhecimento da
cultura organizacional e na formação, tanto formal como de atualização, dar
continuidade aos estudos, com o intuito de ser especialista em determinadas
áreas.
Sabino e Rocha (ibid) afirmam que o caminho para a competência é
assumir e valorizar a profissão, ter orgulho da profissão que escolheu, tratando-
a com dignidade, mostrar com as próprias atitudes a sua importância, fazendo
com que todos aprendam a conhecer e respeitar uma profissão que é
considerada uma das mais consideradas no mundo. Vivemos numa era em que
gestão da informação e de conhecimento são ferramentas para o trabalho e
para a identificação da profissional com o seu cargo.
De acordo com os autores (op. cit.), a secretária executiva, como
qualquer profissional, deve estar atenta a essas novas exigências do mercado
global, inclusive como forma de não compor a lista dos excluídos. E, no caso
disso acontecer, ela deverá estar capacitada para identificar e atuar em novos
nichos do mercado.
Assim, pela pesquisa, as secretárias devem continuar a investir em
cursos de formação e atualização na área profissional para manter sua
empregabilidade.
121
Percebemos que a competência está presente no ser secretária
executiva e no fazer secretária executiva. Com todas essas habilidades e
competências desenvolvidas, os profissionais granjeiam credibilidade no seu
trabalho, conquistam seu espaço dentro dos departamentos onde trabalha, e o
reconhecimento deveria ocorrer para a contribuição da efetiva identificação
profissional.
Podemos verificar, também, nos depoimentos e nos questionários que a
necessidade de valorização profissional de cada uma delas está no
reconhecimento que o executivo fará (ou não) de seu trabalho, quando
oferecem as inúmeras habilidades à empresa. Reconhecendo o trabalho,
normalmente o executivo constatará a competência e, assim, fará com que os
profissionais da área reflitam com mais constância a respeito de seu papel nas
organizações e, com certeza, terão nas mãos ferramentas para a busca da
identidade profissional, que não deixa de ser um desejo, quando da análise da
subjetividade no decorrer da construção da profissão de secretariado
executivo.
Observa-se que não compete aos executivos ou às empresas tão
somente esta tarefa, mas sim e principalmente, aos profissionais de
secretariado executivo na sua atuação diária. Ter o perfil, ter as habilidades,
conhecer a profissão no todo e entender seu papel, complementa as
necessidade de ter reconhecido o seu papel nas organizações.
Interessou-nos para a pesquisa saber das secretárias executivas
entrevistadas alguns pontos importantes relacionados à educação, a
motivação, a sua formação dentro do perfil exigido pelo mercado e, se para
elas, estas questões são mais ou menos importantes do que a experiência
profissional que elas possuem e que também utilizam nas empresas onde
atuam. Para isso, refletimos e levantamos que determinadas habilidades
características dessa profissional podem fazer ou não a diferença na sua
atuação ao lado de empresas e executivos. Formulamos, pois, a seguinte
pergunta:
“Muitos são os caminhos para atualização profissional e formação
específica como forma de buscar motivação e reconhecimento na área de
Secretariado. A formação formal (técnica ou superior) na área é
122
importante ou para você o que importa é a experiência na profissão que
conta pontos preciosos na empregabilidade atual?”
a) sim, a formação formal é importante para o reconhecimento
profissional por parte das organizações e para o meu crescimento,
enquanto sujeito inserido nos grupos sociais;
b) para mim é importante, mas para a empresa é indiferente que eu
tenha ou não formação na área já que não sou registrada como
secretária, mas desempenho as funções;
c) não é importante, pois o diploma não vai atuar nas empresas, quem
vai atuar sou eu;
d) Outra.
Gráfico 8 – Formação Profissional
Das 19 secretárias executivas entrevistadas, 83% (17 secretárias)
responderam que a formação formal na área de atuação é muito importante,
pois é uma exigência atual das organizações a formação na área de atuação, e
principalmente, há a obrigatoriedade do registro profissional após a formação.
Nesse aspecto, espera-se que a análise feita a respeito da educação
A 14
B 3
C 0 D 0
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
Respostas de A a D
Resp A
Resp B
Resp C
Resp D
Resp A 83%
Resp B 17%
Resp C 0%
Resp D 0%
1
123
continuada possa ajudar os profissionais a fazerem uma reflexão a respeito da
empregabilidade, isto é, ter registro profissional já se tornou um requisito para a
conquista do emprego e sua manutenção, assim como a continuidade dos
estudos para alcançar postos mais altos dentro das organizações. Mesmo
assim, verificamos que 13% das secretárias acreditam que a formação formal e
atualizações, ou seja, a educação continuada, seja extremamente importante,
mas para a empresa isso é indiferente, pois algumas delas não trabalham com
registro profissional, o que desvaloriza muito a categoria profissional.
Esse aspecto é relevante, pois, segundo Manzini-Covre (1991), quando
os direitos Civis da secretária não são respeitados nem pelas empresas e nem
por elas mesmas, acabam contribuindo ainda mais para a falta de
reconhecimento e identidade como pessoa, como profissional e como
colaboradora.
Na mesma linha de raciocínio, Dubar (2007) comenta que a maioria dos
assalariados possui diplomas, mas ocupa, muitas vezes, emprego somente de
execução, com tarefas repetitivas, as quais levam os profissionais a uma
dolorosa rotina de trabalho, gerando desmotivação e frustração.
Existe aí uma contradição com relação à importância dada pelas
secretárias à formação formal e também ao que o mercado está exigindo, pois
hoje as empresas exigem das secretárias registros profissionais como técnicas
ou com cursos superiores para que sejam admitidas em seus quadros.
Percebemos no desvelar dos conceitos sobre autoconhecimento e
flexibilidade que a secretária necessita ter atualização constante em sua
carreira para que, além de se manter empregada, possa ter reconhecidas suas
competências. No entanto Dubar afirma que muitos profissionais com diplomas
são assalariados e desmotivados pela rotina de trabalho.
Para a secretária executiva, basta um novo desafio para que ela
encontre caminhos para ajudar o executivo e a empresa a conquistarem as
metas estabelecidas.
Para finalizarmos a questão da flexibilidade, é importante entender que a
identificação profissional vai depender do grau de competência, para que se
estabeleça um padrão para as atividades rotineiras O mundo hoje vive a era
do acesso e, como afirma Rifkin (2001, p.6) “hoje para onde olhamos o acesso
está se tornando a medida das relações sociais”.
124
A secretária executiva, nesse contexto, vive a era da gestão de
informações e de conhecimento e precisa estar atenta as suas escolhas, ao
resultado que esta atitude lhe causará no campo profissional e que, de
preferência, saiba fazer as escolhas baseadas em informação, aprendizagem,
competência e valorização. E para sentirmos ou termos uma noção do quanto
elas se sentem realizadas ou não com a escolha desta profissão, perguntamos:
“Você se sente realizada com a profissão que escolheu”?
a) sim
b) não
c) às vezes sim, às vezes não, depende da empresa e do executivo.
d) Outra.
Gráfico 9 – Realização na Profissão
Nessa questão, 62% das profissionais participantes responderam que se
sentem realizadas na profissão, se contrapondo aos 28% daquelas que se
A 11
B 0
C 5
D 2
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Respostas de A a D
Resp A
Resp B
Resp C
Resp D
Resp A 62%
Resp B 0%
Resp C 28%
Resp D 10%
sp
125
sentem realizadas, às vezes, dependendo da empresa e do executivo. A
questão da realização profissional é muito abrangente, quando analisamos o
sujeito secretária, uma vez que essa realização é a vontade interior de obter
satisfatoriamente resultados de sua dedicação profissional, de perspectivas
individuais, quando se trata de conhecimento, tempo, dedicação para os
executivos e as empresas. Fatores como motivação, atualização, salários
justos, descansos, benefícios, etc. podem pesar na hora de decidir se está ou
não realizada profissionalmente; vai depender e muito do quanto à secretária
executiva quer e deseja seguir a carreira de fato. Nesse sentido, tais fatores
contribuirão para a conquista de sua identidade dentro das organizações, e a
subjetividade contará valiosos pontos. Se conhecer e tiver noção daquilo que
pode ou não pode realizar dentro das organizações, as habilidades serão
elementos facilitadores na trajetória e no alcance do sucesso em qualquer
empresa.
Segundo D’Elia e Garcia (2005), mudanças são necessárias para que a
secretária consiga alcançar níveis de conhecimentos que possam lhe
proporcionar resultados e lhe proporcionem o sucesso merecido. Entre as
mudanças que deverão ocorrer nesse processo, é preciso unir razão e
emoção, assim como rever de maneira consciente valores, crenças e
paradigmas.
Podemos então analisar a questão da realização, quando a secretária
tem determinada autonomia para exercer suas funções, formação e
conhecimentos suficientes para especializar-se em determinadas áreas.
Aplicando o conceito flexibilidade, a secretária convive com as
mudanças e pelo autoconhecimento aprende a conviver com os outros e a
atuar consciente de suas possibilidades, dentro de uma disciplina necessária
para resultar comprometimento. Por se capacitar com as variadas formas de
atualização, a secretária vai ter reconhecido o seu trabalho e poderá
demonstrar sua capacidade, por intermédio de se ver diante da várias
atribuições e dar conta de cada uma delas com eficiência.
As secretárias executivas que fizeram parte da pesquisa atrelam o
reconhecimento de seu trabalho, sim, demonstrando empenho, vontade de
aprender em investimentos na educação continuada.
126
Adaptações constantes a inúmeras variedades na questão das
habilidades das secretárias em suas atuações a transformam, em uma
profissional dinâmica, comprometida, mas que não consegue impor,
infelizmente, de forma clara, essa competência para as organizações.
Flexibilidade, portanto é uma das categorias que compõem o perfil da
secretária executiva consciente de seu papel e que deverá buscar resultados
no aperfeiçoamento humano e profissional, para que o sentido que ela dá a
tudo aquilo que faz e sente, possa de alguma forma contribuir para o
reconhecimento de uma profissão tão antiga e ao mesmo tempo atual.
A formação da secretária parte do pressuposto de preparar profissionais
com a capacidade de dialogar, negociar e ser flexível. Para consolidação desse
processo, requer uma reforma do pensamento na perspectiva que Morin
apresenta: “Neste paradigma, a educação trata de transformar as informações
em conhecimento e de transformar o conhecimento em sapiência” Morin (2000,
p. 47). O processo de formação deve garantir a consciência de si, do outro e do
planeta.
4.3.3 Autoconhecimento
O autoconhecimento ou até mesmo a auto-ética na tradição do
pensamento grego significa conhecer a si mesmo, o outro e o planeta, bem
como cuidar de si, do outro e do planeta. Acreditamos que, mais do que
normatização, é uma condição humana para o desenvolvimento pessoal que
tem os seus desdobramentos nas ações e atitudes que o sujeito toma diante da
vida.
Para as profissionais de secretariado e de acordo com o Dicionário
Escolar da Língua Portuguesa (1994), autoconhecimento significa aprender a
se conhecer por dentro e por fora, assim como ter conhecimento de sua
personalidade e formas de agir consigo e com os outros.
O conceito deve ficar muito claro para as profissionais de secretariado e
as secretárias que participaram desta pesquisa. É preciso muito discernimento
nesta questão porque é o autoconhecimento que capacita a secretária a
conhecer seus pontos fortes e os pontos que necessitam ser aprimorados.
127
As secretárias executivas devem entender que se conhecer por dentro e
por fora facilitará a exposição não só de seus conhecimentos técnicos, mas
também deve ter a percepção das experiências anteriormente adquiridas em
outras organizações, para que ela identifique aquilo que gosta de fazer e passa
a fazê-lo bem, contribuindo muito para o seu sucesso, para a motivação no
trabalho e na vida, produzindo mais, sentindo-se feliz e, consequentemente,
realizada.
As experiências vividas, o histórico familiar desde a infância até a fase
adulta tem peso significativo na atuação dessas profissionais, em detrimento
das inúmeras atividades desenvolvidas por elas e o grau de confiabilidade que
se exige da secretária.
Ter a noção do conceito tão somente não basta. É preciso se conhecer
muito bem, esquematizar uma linha de conduta e se firmar como uma pessoa
com extremo equilíbrio, com comprometimento e responsabilidade com o
cargo. Atitudes, opiniões, comportamento são reflexos da personalidade do
profissional, os quais farão dele um agente transformador com a ajuda, com a
experiência e com a boa vontade dos executivos.
Notamos que as secretárias executivas se empenham em realizar
tarefas, mas é para se pensar, de acordo com os resultados das técnicas de
pesquisa, se antes de elas conhecerem a empresa, sua respectiva cultura e
seus executivos, assim como a sua profissão, elas, antes de tudo, se
conhecem. É necessário que elas tenham noções de poder de reação diante
de determinadas situações conflitantes, para que possam administrar as
pressões do dia-a-dia, etc.
Essas pressões diárias não raro causam estresse e dificultam o trabalho
das profissionais, interferindo na qualidade de vida delas, levando muitas vezes
a uma [redução da produtividade, que culmina com a baixa da auto-estima e
com a motivação prejudicada. Pedimos às secretárias executivas desta
pesquisa que nos respondessem: Como profissionais, o autoconhecimento
têm importância na carreira? Assim elas responderam:
128
a) é de suma importância adquirir cultura e conhecimentos variados de si
e de sua profissão para acompanhar os negócios da organização, os
interesses de meu (s) executivo (s) e os meus próprios interesses;
b) é importante desde que tenhamos tempo disponível para os estudos e
para as pesquisas gerais;
c) é importante, mas o tempo de trabalho não me permite ir além em
meus estudos, pois tenho que me dedicar ao trabalho em tempo integral;
d) outra.
Gráfico 10 – Importância do Autoconhecimento
A totalidade das respostas, nesta questão, permitiu analisar o
entendimento que as secretárias têm em relação ao autoconhecimento e o que
ele pode proporcionar a todas elas em suas rotinas, e encontrar caminhos para
lidar com as adversidades no trabalho, fazendo com que, de alguma forma,
elas possam desenvolver inteligência emocional suficiente para trabalhar com
todas as situações, tanto aquelas de estresse, as de pressão emocional,
quanto aquelas de resultados e reconhecimento.
A 17
B 1 C 1 D 0
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Respostas de A a D
Resp A
Resp B
Resp C
Resp D
Resp A 90%
Resp B 5%
Resp C 5%
Resp D 0
1
129
Na discussão temática, apresentamos a questão da saúde como forma
da secretária conhecer os seus limites, sejam eles de seu corpo ou de sua
atuação nas empresas. Conhecer-se bem, até mesmo reconhecendo seus
limites, a que nos referimos, é com relação às adversidades encontradas no
seu dia-a-dia e a importância de se autoconhecer para saber como deverá
atuar na solução dos problemas diários, nos conflitos com o grupo.
Como no questionário, 90% das secretárias executivas têm o
entendimento da importância de saber seus limites mentais e físicos, internos e
externos para sua carreira, para sua vida familiar, pessoal e social e o quanto
isso pode ser prejudicial para sua vida e carreira.
Dessa forma, vamos analisar o que a discussão do grupo entendeu a
respeito do conceito de autoconhecimento, quando questionamos algumas
delas a respeito de “como vai a saúde da secretária executiva”. A entrevistada
de número 29 responde assim: “Eu acho que falando assim o maior problema
da secretária é o estresse. Realmente, o estresse é muito grande”. Para a
entrevistada de número 27: “É tudo isso. Humor de um humor de outro, é um
que está ruim, é outro que está bom. O papel chegou ou não chegou ou está
numa situação constrangedora”. Já para a entrevistada de número 25: “Depois
falam que o nosso problema é TPM. Vê se pode. Isso é tão ruim”. Na visão da
entrevistada de número 27, a questão é entendida assim: “Eu brinco no serviço
que, enquanto eu não colocar meu pijama, trabalhar de salto e falar que estou
de terno, ta tudo bem (risos). O dia que eu entrar aqui com o meu pijama rosa,
de salto e vim (sic) trabalhar, pode me internar. (risos). Acho que o maior é o
“estresse” mesmo, mas acho que nem é o problema da secretária, é o
problema do século mesmo”. Neste sentido, a entrevistada de número 25
afirma: “Mas não dá para viver sem ele”. Ao que a entrevistada de número 27
enfatiza: “Ah! dá, porque faz bem, faz mal”. Na opinião da entrevistada de
número 25: “Não dá para viver sem essa agitação toda”. A entrevistada de
número 20 disse: “Verdade. Eu trabalho melhor sob pressão, eu acho que
sempre trabalhei assim. Quando ele fala assim: é pra agora... antes que ele
fale “agora”, eu digo: ‘vou fazer agora’. Eu sei que ele quer ouvir o agora no
final da minha frase. Aí, ele liga e diz: já fez aquilo? Não, e às vezes é aquela
correria, mas se não dá tempo e falta, ele viaja e eu fico chateada”.
130
Notamos que muitas situações descritas pelas secretárias pesquisadas
provocam, além do estresse, debilidades em sua saúde física e mental.
Desgastes físicos ocasionando desmotivação, falta de comprometimento
atrapalhando em alguns momentos os resultados departamentais. Outro fator
mencionado na discussão temática foi a respeito do que causaria sofrimento às
profissionais, que não deixa de ser outra forma de estresse, e duas delas
concordaram que o preconceito é um causador de sofrimento; outras duas
concordaram que é a falta de reconhecimento, duas outras secretárias
disseram ser a nomenclatura. Uma das secretárias ressaltou que a falta de
atitude tanto de secretária como do executivo é outro fator causador de
sofrimento, que acaba levando ao estresse e à falta de empenho no trabalho.
Percebemos na discussão temática que todos nós só nos realizamos, à
medida que nos reconhecemos e reconhecemos o produto do nosso trabalho.
Quando o nosso trabalho não é reconhecido, cria-se um problema psicológico,
a doença da mente. Fica claro que não é só o corpo que adoece, e sim, a
mente também. Qualquer trabalho que desenvolvemos, vamos nos reconhecer
nele e, às vezes, por não sermos reconhecidos, adoecemos por causa do
estresse.
Com o mesmo objetivo de analisar o autoconhecimento, nas entrevistas
individuais levantamos a seguinte questão: Como você lida em determinadas
situações com o cansaço de seu corpo no trabalho e em casa para
cumprir com suas obrigações profissionais e familiares? O que
observamos foi que elas desconhecem o próprio limite de seus corpos.
A entrevistada de número 13 respondeu assim: “Respiro fundo e penso
em tudo que idealizo para tornar realidade, como por exemplo, uma pequena
reforma em casa. Tento enxergar o que a vida nos dá de bom. Tudo tem o seu
lado bom e é isso que tento absorver no dia-a-dia para que eu renove minhas
energias e siga em frente”. Já para a entrevistada de número 17, a questão do
cansaço do corpo é resolvida conversando com a família. A entrevistada de
número 21 entende assim: “Eu acho que lido bem com esse cansaço. Eu
procuro fazer algo que gosto bastante; gosto de dançar, de ouvir música, então
eu faço algo para compensar aquela adrenalina, aquele estresse”. Para a
entrevistada de número 22: “Primeiro a responsabilidade e depois o cansaço.
Eu venço o cansaço com a responsabilidade”. Já para a entrevistada de
131
número 23, a resposta foi dada da seguinte forma: “Estar com a sensação de
cansaço é quase que diária. A rotina do trabalho, faculdade e demais afazeres
nem sempre são bem aceitos pelo nosso corpo. Existem dias em que levantar
da cama é um verdadeiro suplício, mas sei que, acima de tudo, tenho as
minhas responsabilidades pessoais e profissionais. Diante disso, o que
podemos fazer é levantar da cama, fazer o que temos para fazer e sempre
lembrar que temos que aproveitar bem toda a nossa vida. E caso o cansaço
seja muito forte, tentar descansar em um horário alternativo, mas sempre
lembrando que não devemos desistir nunca”.
Ao analisarmos as respostas das entrevistas e do grupo de discussão,
percebemos que, acima do cansaço físico ou mental, existe por parte delas a
necessidade e a responsabilidade de se disciplinarem e cumprirem suas
rotinas, mas praticamente nada discutiram sobre a importância do
autoconhecimento até para saber os limites do próprio corpo.
Algumas secretárias que não fizeram parte desta pesquisa, dialogando
com a autora desta dissertação explicaram a questão do se conhecer por
dentro e por fora e que para elas isso significava cuidados consigo e com os
resultados de um desequilíbrio mental e físico no ambiente de trabalho.
Elas disseram que procuram, dentro de sua rotina, caminhos para se
manterem em equilíbrio, utilizando algumas técnicas de relaxamento, leituras e
ginásticas para que possam responder positivamente nas situações de rotina,
as quais exigirão comportamento e atitudes característicos de pessoas
equilibradas e inteligentes, capazes de tomar decisões individuais e em
conjunto com os executivos, se for o caso.
Não tabulando, mas a título de complementação das informações nesta
discussão, percebe-se que elas se preocupam realmente com a questão do
autoconhecimento como forma de sucesso e de reconhecimento.
A busca pelo equilíbrio para algumas das entrevistadas pode fazer com
que consigam suportar a pressão do trabalho. Outras já não conseguem
administrar bem essa pressão e acabam por sair do emprego. Para aquelas
que responderam à pesquisa, ficou claro que a busca pela aprendizagem
constante na área secretarial vale oportunidades importantes na carreira. Pode-
se verificar que a preocupação com os limites do corpo, do cansaço, varia de
acordo com a noção de direitos e deveres que cada uma tem de si. Ficou
132
evidente que é importante se conhecer tanto quanto adquirir conhecimentos
profissionais.
O aprendizado humano conta valiosos pontos na carreira e na vida da
secretária, portanto ela precisa sempre adquirir conhecimentos de si, dos
grupos, da vida, a fim de que ela tenha, além de competência, flexibilidade,
disciplina, polivalência e se utilize do autoconhecimento para ser capaz de
entender a polivalência do cargo que ocupa, sem afetar diretamente a sua
saúde.
Gostaríamos de destacar que a Educação Continuada não pode ser a
panacéia da empregabilidade e também não pode escamotear as deficiências
do sistema educacional que não prepara seus profissionais e “joga” para a
educação. O que acreditamos da educação continuada é que está vinculada ao
processo de aprendizagem e que é na família que o profissional inicia esta
disposição.
4.3.4 Aprendizagem e Educação Continuada
Na sociedade contemporânea, a disponibilidade do sujeito buscar
sempre novos conhecimentos se tornou uma condição sine-qua-non para
garantir sua empregabilidade. Um simples fato de fazer um curso não garante
estabilidade no trabalho, porém é necessário sempre buscar novos
conhecimentos, uma vez que estamos na sociedade da informação. A dinâmica
da aprendizagem requer que o profissional encontre o sentido de sua
existência e busque uma lógica para si daquilo que faz e realiza, o que lhe
permite construir uma identidade.
Portanto, os elementos internos é que criam condições para garantir a
empregabilidade, porquanto o mercado de trabalho é muito concorrido. Pelo
que já expusemos, as profissionais de secretariado devem ter competência, ou
seja, dominar uma determinada área ou assunto. A secretária executiva deverá
ser especialista neste quesito. Para os profissionais de secretariado, não basta
a formação específica, como discutido nos capítulos anteriores, pois, em
virtude da globalização, estes e outros profissionais tiveram que se ajustar e
flexibilizar seus conhecimentos para que pudessem acompanhar o mercado de
133
trabalho e as conseqüências na economia e na sociedade em relação ao
capitalismo global.
Com esta finalidade, procuramos, por meio das questões de 9 a 13,
saber das profissionais pesquisadas, por intermédio de uma auto-avaliação,
como elas se atribuiriam uma nota, para verificarmos se elas se sentem
confortáveis com o nível de conhecimento que já possuem para o
desenvolvimento de seu papel como secretárias nas organizações.
As respostas das participantes à questão da continuidade ou à
disponibilidade de dar continuidade aos estudos e aos conhecimentos pessoais
e técnicos como forma de se manterem atualizadas, nos demonstram que, no
tocante a conhecimentos diversificados se avaliaram muito bem, quando
perguntamos:
Que nota aplicaria hoje a você em relação aos seus conhecimentos
profissionais e pessoais para ter o sucesso e o reconhecimento na
profissão de secretariado na empresa onde atua?
a) de zero a três;
b) de quatro a seis;
c) de sete a dez;
d) outra.
Gráfico 11 – Auto-Avaliação
A 0
B 2
C 16
D 1
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Respostas de A a D
Resp A
Resp B
Resp C
Resp D
Resp A 0
Resp B 11%
Resp C 84%
Resp D 5%
1
134
Das 19 secretárias executivas consultadas, quase todas afirmaram ter
100% de certeza de que os conhecimentos que possuem são suficientes para
um reconhecimento profissional nas organizações. Compreende-se que na
busca pelo sucesso, muitas vezes, ocorre o que Manzini-Covre (2007) afirma,
ou seja, que o sujeito é capaz de produzir resultados e que a secretária
executiva é um desses profissionais que produz resultados, por isso, busca
incessantemente reconhecimento.
Silva (1998) afirma que o sujeito é um ser cognoscente, isto é, em
constante processo de aprendizagem. O ser humano é um ser inacabado e que
necessita buscar conhecimentos constantemente para acompanhar a evolução
da sociedade e o mercado de trabalho.
As secretárias executivas pesquisadas afirmam que possuem
conhecimentos suficientes na área e que se encontram preparadas para
desenvolver projetos dentro das organizações. Elas se auto-avaliaram,
atribuindo-lhes notas de sete a dez em termos de conhecimento, mas ao serem
consultadas sobre o papel da secretária, disseram não saber ou não
conseguem compreender o que é próprio de uma secretária. Sabemos que,
dentre outras, o sigilo é uma característica da secretária e nenhuma delas ao
devolver os questionários respondidos, abordou essa aspecto.
Foi possível analisar também que a secretária executiva tem acesso a
inúmeras informações sigilosas, de negócios, de departamentos, e até pessoal,
a respeito dos executivos com quem trabalha e que ela gerencia isso de uma
forma muito peculiar, muito característico deste profissional. No entanto, elas
não detectaram essa importante habilidade quando da discussão em grupo,
uma vez que não tem a noção exata desta importante responsabilidade.
Notamos que elas aprimoram os conhecimentos técnicos, mas nem
sempre se preocupam com o aprimoramento da pessoa secretária. É preciso
por parte das profissionais a preocupação com o limite do corpo, com a
qualidade de vida, pois ela está em constante processo de aprendizagem a
qual exigirá dela um investimento também em qualidade de vida.
135
Com o intuito de observar e analisar esta questão, na seqüência,
perguntamos às secretárias executivas participantes com relação ao
aprimoramento no que diz respeito aos conhecimentos exigidos desta profissão
na atuação dentro das organizações e perguntamos ao grupo:
“Como você costuma aprimorar seus conhecimentos profissionais:
a) quando disponho de valores financeiros e o curso me interessa;
b) quando a empresa me obriga a fazer cursos de interesse da
organização;
c) quando concluo que o curso de atualização é importante para o meu
crescimento dentro ou fora da organização como profissional;
d) outra
Gráfico 12 – Aprimoramento Profissional
A 8
B 0
C 9
D 1
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Respostas de A a D
Resp A
Resp B
Resp C
Resp D
Resp A 45%
Resp B 0%
Resp C 50%
Resp D 5%
1
136
No aspecto da educação continuada, as respostas A e C tiveram
respectivamente 45% e 50%. Ficou evidente que investem na educação e na
formação profissional, mas que só podem fazê-lo quando “dispõem” de valores
que não comprometam muito a renda na ajuda ou sobrevivência da família;que
se preocupam com a formação técnico-profissional, assim como com sua
formação pessoal e social, mas que dependem de associar essa necessidade
ao poder financeiro de custear a educação na trajetória secretarial.
Sabem que precisam se atualizar, mas dividem essa necessidade com
os compromissos da sobrevivência natural. Nesse aspecto, as entrevistadas
também foram unânimes em afirmar que, quando dispõem de recursos
financeiros, procuram sempre caminhos para melhorarem seu desempenho
nas empresas e na visão de todas as secretárias executivas desta pesquisa, o
curso superior vai promover uma melhora considerável na carreira e lhes
mostrará mais um caminho em busca do reconhecimento na sua trajetória. Por
isso, elas fazem o possível para não perderem este tipo de oportunidade,
fazendo até sacrifícios em relação às finanças.
Disseram ainda que normalmente procuram investir no aprimoramento
de conhecimentos, da tecnologia utilizada nas organizações e departamentos
onde atuam, na cultura geral e específica relacionadas com os negócios da
empresa e de línguas, principalmente, já que estamos vivendo há muito tempo
na era globalizada. Além disso, que procuram aprender também com os
executivos.
As secretárias executivas participantes do grupo de discussão deixaram
implícito nas suas respectivas falas que o registro profissional é importante e
que elas só conseguem o mesmo, por intermédio da formação técnica ou de
nível superior.
A educação continuada vai proporcionar à secretária executiva além de
conhecimentos gerais e diversificados no tocante às áreas específicas de
atuação, o registro profissional que hoje é exigido na maioria dos processos
137
seletivos da área, bem como alguns diferenciais na carreira que podem ajudá-
las a ascender dentro das organizações. Dessa forma, entender a disposição
em dar continuidade aos estudos pareceu-nos de suma importância.
Interessou-nos verificar das participantes de que maneira elas
conseguem conciliar as atividades profissionais com os cursos de
aperfeiçoamento quando conseguem realizá-los. Como elas podem conviver
constantemente com as múltiplas tarefas, ainda com a necessidade de estar
constantemente atualizada?
Para obter essa informação, indagamos às entrevistadas: “Como
costumam conciliar a vida profissional com os cursos de formação e
atualização na área?
a) desdobro-me e faço cursos à distância (Internet, revistas e livros) para
me manter atualizada no pouco tempo que me sobra;
b) procuro demonstrar na empresa a importância dos assuntos de
atualização profissional como benefício para a empresa e para mim;
c) planejo um curso por ano para não me atrapalhar o serviço, família e
escola;
d) outra.
Gráfico 13 - Aprimoramento Profissional
A 6
B 3
C 6
D 2
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Resposta de A a D
Resp A
Resp B
Resp C
Resp D
Resp A 35%
Resp B 17%
Resp C 35%
Resp D 13%
1
138
Analisando as respostas das 17 respondentes, foi possível perceber o
quanto elas se empenham para construir autoconhecimento através dos
mecanismos disponíveis no atual mundo globalizado como Internet, revistas
internacionais, publicações específicas da administração, etc.
A educação continuada e o autoconhecimento fazem com que a maioria
das secretárias absorva o maior número de informações possíveis e adquira
cultura geral como forma de estar atualizada profissionalmente e acompanhar
diálogos e negociações juntamente com o executivo. Uma parte disse que se
desdobra fazendo cursos à distância, e a outra parte disse que escolhe um ou
mais de um curso por ano para se atualizar sem, no entanto, comprometer a
sua qualidade de vida junto à família, amigos e o trabalho. Afirmaram que,
quando estão “de bem” consigo mesmas, esse estado de espírito reflete em
suas atitudes dentro e fora das organizações.
De acordo com Sabino e Rocha (2004), as profissionais de secretariado
exercem inúmeras atividades em sua rotina que vão desde organizar eventos e
mediar conflitos até estruturar reuniões e viagens para obter o aprendizado de
novas tecnologias. “Em contrapartida exige-se dela flexibilidade, competente e
comprometimento com o aperfeiçoamento das suas atividades,” de acordo com
a autora. Observamos, então, que para obter o reconhecimento da profissão,
as secretárias precisam investir por meio da competência e obter o
reconhecimento profissional dentro das organizações.
Para que a secretária executiva desenvolva a competência necessária a
sua atuação, ela precisa estar conectada aos processos de informação em
tempo real, absorver novos conhecimentos em relação às tecnologias, ser o
centro distribuidor e de gestão dessas informações, ter conhecimento da
cultura organizacional e na formação, tanto formal como de atualização, dar
continuidade aos estudos, com o intuito de ser especialista em determinadas
áreas.
Sabino e Rocha (ibid) afirmam que o caminho para a competência é
assumir e valorizar a profissão, ter orgulho da profissão que escolheu, tratando-
a com dignidade, mostrar com as próprias atitudes a sua importância, fazendo
com que todos aprendam a conhecer e respeitar uma profissão que é
considerada uma das mais consideradas no mundo. Vivemos numa era em que
139
gestão da informação e de conhecimento são ferramentas para o trabalho e
para a identificação da profissional com o seu cargo.
De acordo com os autores (op. cit.), a secretária executiva, como
qualquer profissional, deve estar atenta a essas novas exigências do mercado
global, inclusive como forma de não compor a lista dos excluídos. E, no caso
disso acontecer, ela deverá estar capacitada para identificar e atuar em novos
nichos do mercado.
Assim, pela pesquisa, as secretárias devem continuar a investir em
cursos de formação e atualização na área profissional para manter sua
empregabilidade.
Percebemos que a competência está presente no ser secretária
executiva e no fazer secretária executiva. Com todas essas habilidades e
competências desenvolvidas, os profissionais granjeiam credibilidade no seu
trabalho, conquistam seu espaço dentro dos departamentos onde trabalha, e o
reconhecimento deveria ocorrer para a contribuição da efetiva identificação
profissional.
Podemos verificar, também, nos depoimentos e nos questionários que a
necessidade de valorização profissional de cada uma delas está no
reconhecimento que o executivo fará (ou não) de seu trabalho, quando
oferecem as inúmeras habilidades à empresa. Reconhecendo o trabalho,
normalmente o executivo constatará a competência e, assim, fará com que os
profissionais da área reflitam com mais constância a respeito de seu papel nas
organizações e, com certeza, terão nas mãos ferramentas para a busca da
identidade profissional, que não deixa de ser um desejo, quando da análise da
subjetividade no decorrer da construção da profissão de secretariado
executivo.
Observa-se que não compete aos executivos ou às empresas tão
somente esta tarefa, mas sim e principalmente, aos profissionais de
secretariado executivo na sua atuação diária. Ter o perfil, ter as habilidades,
conhecer a profissão no todo e entender seu papel, complementa as
necessidade de ter reconhecido o seu papel nas organizações.
Interessou-nos para a pesquisa saber das secretárias executivas
entrevistadas alguns pontos importantes relacionados à educação, a
motivação, a sua formação dentro do perfil exigido pelo mercado e, se para
140
elas, estas questões são mais ou menos importantes do que a experiência
profissional que elas possuem e que também utilizam nas empresas onde
atuam. Para isso, refletimos e levantamos que determinadas habilidades
características dessa profissional podem fazer ou não a diferença na sua
atuação ao lado de empresas e executivos. Formulamos, pois, a seguinte
pergunta: “Muitos são os caminhos para atualização profissional e
formação específica como forma de buscar motivação e reconhecimento
na área de Secretariado. A formação formal (técnica ou superior) na área
é importante ou para você o que importa é a experiência na profissão que
conta pontos preciosos na empregabilidade atual?”
a) sim, a formação formal é importante para o reconhecimento
profissional por parte das organizações e para o meu crescimento
enquanto sujeito inserido nos grupos sociais;
b) para mim é importante, mas para a empresa é indiferente que eu
tenha ou não formação na área já que não sou registrada (o) como
secretária (o), mas, desempenho as funções;
c) não é importante, pois o diploma não vai atuar nas empresas, quem
vai atuar sou eu;
d) Outra.
Gráfico 14 – Formação Profissional
A 14
B 3
C 0 D 0
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
Respostas de A a D
Resp A
Resp B
Resp C
Resp D
Resp A 83%
Resp B 17%
Resp C 0%
Resp D 0%
1
141
Das 19 secretárias entrevistadas, 83% (17 secretárias) responderam que
a formação formal é muito importante, que é uma exigência atual das
organizações a formação na área de atuação, e principalmente as secretárias
que possuem a obrigatoriedade do registro profissional após a formação. Neste
aspecto, espera-se que a análise feita a respeito da educação continuada
possa ajudar os profissionais a fazer uma reflexão a respeito da
empregabilidade, isto é, ter registro profissional já se tornou um requisito para a
conquista do emprego e sua manutenção, assim como, a continuidade dos
estudos para alcançar postos mais altos dentro das organizações. Mesmo
assim, verificamos que 13% das secretárias acreditam que a formação formal e
atualizações, ou seja, a educação continuada seja extremamente importante,
mas para algumas empresas isso é indiferente, pois algumas delas não
efetivam o papel da secretária com registro profissional, o que desvaloriza
muito a categoria profissional. Das 19 secretárias executivas entrevistadas,
83% (17 secretárias) responderam que a formação formal na área de atuação é
muito importante, pois é uma exigência atual das organizações a formação na
área de atuação, e principalmente, há a obrigatoriedade do registro profissional
após a formação. Nesse aspecto, espera-se que a análise feita a respeito da
educação continuada possa ajudar os profissionais a fazerem uma reflexão a
respeito da empregabilidade, isto é, ter registro profissional já se tornou um
requisito para a conquista do emprego e sua manutenção, assim como a
continuidade dos estudos para alcançar postos mais altos dentro das
organizações. Mesmo assim, verificamos que 13% das secretárias acreditam
que a formação formal e atualizações, ou seja, a educação continuada seja
extremamente importante, mas para a empresa isso é indiferente, pois algumas
delas não trabalham com registro profissional, o que desvaloriza muito a
categoria profissional.
Esse aspecto é relevante, pois, segundo Manzini-Covre (1991), quando
os direitos Civis da secretária não são respeitados nem pelas empresas e nem
por elas mesmas, acabam contribuindo ainda mais para a falta de
reconhecimento e identidade como pessoa, como profissional e como
colaboradora.
142
Na mesma linha de raciocínio, Dubar (2007) comenta que a maioria dos
assalariados possui diplomas, mas ocupa, muitas vezes, emprego somente de
execução, com tarefas repetitivas, as quais levam os profissionais a uma
dolorosa rotina de trabalho, gerando desmotivação e frustração.
Existe aí uma contradição com relação à importância dada pelas
secretárias à formação formal e também ao que o mercado está exigindo, pois
hoje as empresas exigem das secretárias registros profissionais como técnicas
ou com cursos superiores para que sejam admitidas em seus quadros.
Percebemos no desvelar dos conceitos sobre autoconhecimento e
flexibilidade que a secretária necessita ter atualização constante em sua
carreira para que, além de se manter empregada, possa ter reconhecidas suas
competências. No entanto Dubar afirma que muitos profissionais com diplomas
são assalariados e desmotivados pela rotina de trabalho.
Para a secretária executiva, basta um novo desafio para que ela
encontre caminhos para ajudar o executivo e a empresa a conquistarem as
metas estabelecidas.
Para finalizarmos a questão da flexibilidade, é importante entender que a
identificação profissional vai depender do grau de competência, para que se
estabeleça um padrão para as atividades rotineiras O mundo hoje vive a era do
acesso e, como afirma Rifkin (2001, p.6) “hoje para onde olhamos o acesso
está se tornando a medida das relações sociais”.
A secretária executiva, nesse contexto, vive a era da gestão de
informações e de conhecimento e precisa estar atenta as suas escolhas, ao
resultado que esta atitude lhe causará no campo profissional e que, de
preferência, saiba fazer as escolhas baseadas em informação, aprendizagem,
competência e valorização.
Para aprofundar um pouco mais a questão perguntamos as participantes
dentro do contexto da formação formal, como elas se consideravam
enquanto profissionais”:
143
a) uma profissional que se atualiza constantemente em sua área de
atuação;
b) uma profissional que se atualiza quando tem condições financeiras;
c) uma profissional que se atualiza somente quando a empresa banca os
custos.
d) outra Gráfico 15 – Auto-avaliação
A 11
B 7
C 0D 1
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Resposta de A a D
Resp A
Resp B
Resp C
Resp D
Resp A 57%
Resp B 38%
Resp C 0%
Resp D 5%
1
A essa questão, 57% das profissionais responderam que se atualizam
constantemente e 38% só o fazem quando possuem condições financeiras
para tal, o que pode demonstrar um esforço para se manterem empregáveis e
adquirirem algumas competências necessárias à profissão e ao mercado.
Assim, com a aquisição de experiências e conhecimentos, poderão se destacar
na execução das tarefas pertinentes a ela, secretária, dentro da cultura
organizacional, adequando sua atuação ao perfil do (s) executivo (s). De
acordo com as entrevistadas, a cultura da organização e o perfil do executivo
144
interferem sobremaneira nessa atuação, não ficando muito claro, em certas
empresas, o papel da secretária. A valorização que se tenta buscar para que
tanto a empresa quanto o executivo façam da secretária uma parceira
constante, só vai acontecer quando ela entender que determinadas
competências cabem a ela, como manter o gerenciamento de informações, que
é peculiar à secretária executiva, ter sua formação na área de secretariado
para desenvolver as habilidades necessárias ao desenvolvimento de sua rotina
e do executivo com quem trabalha como forma de facilitar as transações e
atingir metas.
A educação, no âmbito de formação profissional, é fundamental na
construção da subjetividade da secretária. Do mesmo modo são essenciais o
autoconhecimento e a aprendizagem constante, por meio dos quais ela poderá
desenvolver algumas competências com vistas a ter sua identidade profissional
reconhecida.
Na entrevista individual, fizemos a seguinte indagação: “O fato de você
perceber uma concorrência grande em sua área faz com que você busque
aprender cada vez mais? Você busca oportunidades para melhorar sua
carreira?” A entrevistada de número 13 respondeu: “Sim. Tenho que buscar
conhecimentos de um modo geral. A empresa que eu trabalho não dá muita
importância a minha profissão. [....]. Mas não entenda como reclamação. Estou
feliz exercendo a minha profissão e poder colaborar com o desenvolvimento da
empresa. Tudo tem seu tempo, certo?”
De pronto já responderíamos “errado”, pois uma empresa que não
valoriza uma categoria profissional, respaldada e reconhecida por lei, que
possui características próprias da profissão como a flexibilidade, o
gerenciamento de informações, responsabilidade, disciplina, entre outros, não
pode e não deve desconhecer o valor dessa profissão. E concordar com tal
postura da empresa faz com que a profissional de secretariado seja conivente
com a desinformação e se submeta a colaborar como forma de se valorizar, e
ainda achar que tudo tem seu tempo.
145
Podemos, de acordo com a pesquisa, interpretar que, neste caso, a
secretária executiva está atuando numa organização produtiva. De acordo com
Manzini-Covre (2007), é o tipo de organização que trabalha com o capital
humano, objetivando lucros para sua sobrevivência, apresentando em sua
cultura um determinado grau de repressão, fazendo com que os trabalhadores
cumpram objetivos definidos, sem ao menos se preocupar com a valorização e
os direitos dos mesmos.
Nem todas têm consciência de que buscar o aprendizado constante e
levar para sua realidade empresarial informações e conhecimentos farão com
que elas tenham o sucesso que almejam, mas não com submissão, pois por
falta de competência, acabam por aceitar somente a execução das ordens,
sem ao menos pensar em estratégias para mudar essa realidade.
Já para outra entrevistada, a resposta à questão foi assim delineada
pela entrevistada de número 16: “Acho que o aprendizado deve estar presente
em meu cotidiano. Todos os dias aprendemos coisas diferentes e temos
experiências diferentes, por isso não é somente no momento de ameaça
profissional que buscamos uma outra visão. Todas as oportunidades que nos
são propostas temos que agarrar com as duas mãos, pois como diz o ditado
popular ‘ela não bate duas vezes na mesma porta’. A empresa que eu trabalho
valoriza muito o interesse de seus profissionais estudarem e trazerem um
maior conhecimento para o seu ambiente profissional. Visando isso paga a
alguns de seus funcionários cursos, faculdade e tudo o que achar que envolve
aquisição de conhecimento”.
Notamos que a questão da atualização constante na área profissional
tanto por parte da secretária como de algumas empresas é necessária para
benefício de ambos. A maneira de considerar a importância dessa atualização
é que difere em um caso e no outro.
Para Delors ( 2004, p.89):
Não basta, de fato, que cada um acumule no começo da vida, uma
determinada quantidade de conhecimentos de que possa abastecer-
se indefinidamente. É, antes, necessário estar à altura de aproveitar e
explorar, do começo ao fim da vida, todas as ocasiões de atualizar,
146
aprofundar e enriquecer estes primeiros conhecimentos, e de se
adaptar a um mundo de mudanças.
Percebemos que sem o conhecimento não teremos a aprendizagem
para o “saber fazer” na carreira profissional. De acordo com Delors (ibid), o
saber fazer está ligado diretamente à questão da formação profissional. Como
fazer com que a secretária, enquanto estudante aprenda e coloque em prática
o que adquire na teoria, e saiba de forma inteligente utilizar a educação a
favor de seu trabalho.
Verificamos no decorrer das técnicas utilizadas para a pesquisa de
campo, que alguns empresários ou executivos entendem que qualificação
tenha que ser substituída por competência. De acordo com essa visão
empresarial a qualificação individual acaba sendo a formação técnica ou
superior profissional aliada ao comportamento social, além de ter que trabalhar
em equipe, ter iniciativa e capacidade de enfrentar desafios sem insegurança e
correr riscos.
Delors (op. cit., p. 94) afirma ainda:
Se juntarmos a estas novas exigências a busca de um compromisso
pessoal do trabalhador, considerado como agente de mudança,
torna-se evidente que as qualidades muito subjetivas, inatas ou
adquiridas, muitas vezes denominadas “saber-ser” pelos dirigentes
empresariais, se juntam ao saber e ao “saber-fazer” para compor a
competência exigida – o que mostra bem a ligação que a educação
deve manter entre os diversos aspectos da aprendizagem.
Qualidades como a capacidade de comunicar, de trabalhar com os
outros, de gerir e de resolver conflitos, tornam-se cada vez mais
importantes. E esta tendência torna-se ainda mais forte, devido ao
desenvolvimento do setor de serviços.
Percebemos, então, que a secretária envolvida com a sua profissão
carrega a responsabilidade de saber a diferença entre o saber-fazer e o saber
ser. É imperioso esse conhecimento, pois através dele é que a secretária
poderá definitivamente ser reconhecida.
147
O saber ser, no caso dos profissionais de secretariado, é comum a todos
os seres humanos e se desenvolve desde o seu nascimento até sua morte. É
considerado por Delors (ibid) um processo dialético que começa pelo
conhecimento de si mesmo, pelo autoconhecimento e, na seqüência, pelo
conhecimento do outro.
Assim fica a educação responsável por contribuir para o
desenvolvimento da pessoa – espírito e corpo, inteligência, sensibilidade,
sentido estético, responsabilidade pessoal, espiritualidade. (Delors,2004).
A atualização na área se consegue mediante aprendizado constante
para o desenvolvimento das inúmeras habilidades que se espera dessa
profissional. Portanto, extremamente importante para contribuir como um dos
processos para obtenção da identificação profissional da carreira da secretária
no mercado de trabalho.
Podemos também salientar que a continuidade nos estudos faz parte
desse caminhar e que é, de fato, um importante investimento tanto na questão
da aprendizagem como na questão da carreira. Observamos que as
secretárias participantes sentiram o quanto é indispensável dar continuidade
aos estudos, porém das 31 entrevistadas, somente uma partiu para o curso de
pós-graduação.
No universo pesquisado, ainda é pouco para uma profissional que quer
buscar autonomia, reconhecimento. A educação continuada possibilitará aos
profissionais de secretariado a aquisição de conhecimentos e cultura variados,
que farão com que ela contribua cada vez mais com a sua formação e
especializações, e dentro das organizações, o diferencial será justamente no
que ela, secretária, é competente.
Nas entrevistas, averiguamos que as secretárias, de alguma forma,
pretendem dar continuidade aos estudos, pois têm noção que se trata de uma
necessidade de mercado. Nota-se que elas não desconhecem que o
aprofundamento nos estudos das línguas estrangeiras também é fundamental
para a continuidade da carreira profissional. Incluímos dentre as mais
148
exigidas o inglês e o espanhol, mas a partir de agora teremos o aprendizado
em “Mandarim” justamente por conta das relações comerciais entre o Brasil e a
China.
Pelo exposto, evidencia-se que com a educação continuada no âmbito
profissional, os profissionais que deixaram o diploma apenas de enfeite nas
paredes poderão, sim, estar com os dias contados na área. As empresas
nutrem expectativas de “fazer além daquilo para que foi contratada”, como uma
das formas de avaliar a competência não só das secretárias, como também de
todo o quadro colaborativo da organização.
Diploma não garante empregabilidade. O que poderá de alguma maneira
proporcionar maior reconhecimento por parte da empresa é a busca diária de
novos conhecimentos e traduzir essa aquisição em atitudes empreendedoras
que resultem no comprometimento profissional da secretária com a
organização. Além disso, os empresários esperam que essa profissional ajude
a empresa a atingir objetivos e que possa contribuir cada vez mais para o
sucesso da organização e para o seu próprio sucesso.
Espera-se, ainda, que os funcionários se ambientem às novas
tecnologias, a quadros cada vez mais exigentes em termos colaborativos nas
organizações, e, sob essa ótica, é imperioso que a secretária executiva
detenha condições de administrar sua rotina e suas tarefas, produzindo
A necessidade de ter disponibilidade para dar continuidade aos estudos
fez com que muitas secretárias executivas repensassem sua atuação, e
algumas, ou mudaram de profissão, ou realmente foram em busca da novos
rumos profissionais por meio da educação e novas formações em sua carreira.
Educação Continuada é uma forma de as profissionais demonstrarem
para as organizações o interesse no aprendizado e na sua especialização,
como dito anteriormente, para delinear com mais tranqüilidade seu papel,
fazendo com que sua ajuda neste sentido, colabore para que outras
secretárias, assim como as participantes desta pesquisa, conquistem a sua
identidade na área.
149
Perguntamos para as participantes da pesquisa se, para elas como
secretárias executivas, a importância da Educação Continuada seria uma das
formas de se solidificar na Carreira Profissional. A questão apresentada foi:
Qual é a importância da Educação continuada”, a que elas responderam:
a) grande, pois dela depende o meu futuro e meu reconhecimento na
área;
b) razoável, pois dependo mais de técnicas específicas do que formação
na área para me manter empregada (o);
c) pequena, pois onde atuo no momento não exige formação específica,
somente conhecimentos da área administrativa e/ou afins;
d) outra.
Gráfico 16 – Educação Continuada
A 14
B 3
C 2
D 0
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Resposta de A a D
Resp A
Resp B
Resp C
Resp D
Resp A 74%
Resp B 16%
Resp C 10%
Resp D 0
sp
150
Das respondentes, 74% acreditam na continuação dos estudos, com
formação na área secretarial e outras formações e atualizações como
elementos que contribuem na obtenção de estrutura técnica e emocional para
que se mantenham empregáveis nas empresas. Disseram ainda que a busca
pela identidade profissional dentro das organizações deve começar pela
secretária, ao adotar uma postura ética e deter conhecimentos adequados ao
cargo. O fato de dar continuidade aos estudos melhora consideravelmente a
auto-estima, as condições de crescimento nas organizações e o próprio bem-
estar. Pela escuta ficou muito claro que o autoconhecimento, isto é, buscar se
conhecer por dentro e por fora em todos os sentidos contribui para um
desempenho de sucesso aliado aos conhecimentos técnicos profissionais e às
habilidades e competência características da secretária executiva.
Para o autor, as escolas representam o maior e melhor laboratório
cultural que a humanidade pode ter. A educação continuada ocorre no âmbito
das escolas com a finalidade de formar um indivíduo com mais possibilidades
de ganhos culturais e profissionais e que as organizações trabalhistas têm as
suas responsabilidades nesse sentido, qual seja, o de promover de alguma
forma a educação continuada como cultura entre os seus colaboradores.
Notamos, então, que a educação continuada é primordial para a
continuidade de vida e de reconhecimento profissional e que a escola também
é o caminho para esta conquista que vai, com certeza, solidificar não só a
carreira secretarial como a carreira de todos os profissionais do mercado de
trabalho.
Além da educação continuada, temos também a questão do
autoconhecimento que ajuda a enxergar quem somos e o que precisamos na
vida pessoal e profissional. Somos parte integrante de uma sociedade, na qual
atuamos diretamente com sujeitos em constante processo de crescimento e
aprendizagem.
151
Para Petraglia (1995) dentro da visão de Morin, nas relações
interpessoais que atualmente vivemos, o autoconhecimento nos permite
superar-nos a nós mesmos dentro da realidade em que estamos inseridos e,
conhecendo-nos intimamente, poderemos modificar esta realidade e a de quem
vive conosco, mas tudo dentro da dimensão ética, que norteia os nossos
valores.
4.3.4.1. O Aprendizado na família
Conforme depoimentos das secretárias do grupo temático, foi-nos
possível notar a influência da família no seu ser melhor, no seu ser secretária,
e em suas atitudes éticas. As atitudes como moralidade, disciplina,
sociabilidade, identidade, comportamento, amor são aprendidas com as mães,
o que reforça a literatura e a pesquisa que revelaram o papel relevante da
mulher na formação dos filhos.
Quando solicitamos às entrevistadas que falassem a respeito do
aprendizado na família, pudemos perceber o quanto elas valorizam a instituição
família. Esse aspecto ficou claro pelos exemplos fornecidos a respeito da
conduta de pai e mãe no decorrer da infância e da juventude de cada uma
delas. Todas, sem exceção, falaram à vontade nesse sentido, demonstrando a
cada diálogo o quanto os pais representaram em sua formação como pessoa,
quando questionamos se a formação da personalidade teve relação com a
infância. A entrevistada de número 22 assim explanou: “Quando completei sete
anos, minha mãe se acidentou e ficou entre a vida e a morte por 25 dias,
ficando internada num total de 45 dias no hospital. A minha avó materna cuidou
da gente e meu pai dia-a-dia lutava para salvá-la. Gastou tudo o que tinha e
conseguimos manter minha mãe por mais algum tempo conosco. Minha
juventude foi tranqüila, mas com responsabilidade. A mamata acabou, pois
meu pai ficou desfalcado financeiramente e com 15 anos comecei a trabalhar
numa loja de roupas no bairro em que morávamos”.
De acordo com a referida entrevistada, mesmo assim ela se sentia feliz
e nunca perdeu a fé e a esperança, pois teve muito amor e carinho na sua
152
infância e juventude. Obteve com os pais os ensinamentos com relação a
respeito e educação, e tudo por que ela passou serviu de aprendizado.
Dubar (2005, p.147) afirma: “é evidente que, antes de se identificar
pessoalmente um grupo profissional ou o tipo de formação, o individuo, já na
infância, herda uma identidade sexual, mas também uma identidade étnica e
uma identidade de classe social, que são as de seus pais, de um deles ou de
quem tem a incumbência de educá-lo (la)”.
Kupfer (1997, p.98) pontuou que Freud analisa que “o encontro entre o
que foi ensinado e a subjetividade de cada um é que torna possível o
pensamento renovável, a criação, a geração de novos conhecimentos”.
Na visão das secretárias do grupo de discussão temática, no que diz
respeito à questão do aprendizado na época da infância e que influenciou na
vida, a entrevistada de número 25 respondeu que aprendeu com os pais. Ela
também acrescenta: “Acho que as regras de conduta, de convivência, de
educação, hábitos e costumes, acho que a cultura familiar que é passada
começa na infância. Desde o que você falar, você aprender a comer, a andar, a
se vestir, acho que é o começo, o começo da vida”.
A entrevistada de número 29 assim se expressou: “Inclusive algumas
regras que geralmente as famílias tem, como eles procedem, como eles falam
com você é forma como você vai falar com eles, é a forma como eles te
ensinam como ensinaram o abc, um dois três, como se chama um quadrado,
um redondo, a maçã, o vermelho, é assim que se aprende falando de forma
educada e carinhosa e você vai resistindo e depois você aprende a formar as
coisas e ter suas idéias”.
Para a entrevistada de número 25 há ênfase à figura do pai: “Meu pai
era um exemplo, então o convívio com ele, o que ele ensinava foi fundamental
por ser sempre destaque, então a minha infância foi super marcada pelo meu
pai. Pelo o que ele era, ele sempre ensinou muito a questão do ser e não do
ter; na época, ele era empresário, tinha muito dinheiro, depois não teve mais e
ele conseguiu lidar com isso e ensinar os filhos que isso é uma coisa
passageira, então eu aprendi muito com meu pai”.
Na análise dos discursos dessas profissionais, fica bem evidente que as
primeiras regras de conduta e o aprendizado com relação ao respeito teve a
estrutura formada na base familiar. Solicitamos para as secretárias que nos
153
mencionassem algo que foi aprendido com o pai e que é importante na vida
delas até hoje. A entrevistada de número 25 respondeu: “É o amor,
demonstrar, falar e passar isso para os meus filhos. Não tenho vergonha de
demonstrar de quem eu gosto, independentemente da situação, eu aprendi
isso com meu pai. Meu pai não tinha vergonha de falar ‘eu te amo’... é, ele era
muito carinhoso”.
Já para a entrevistada de número 28 a resposta foi: “Eu acho que
aprendi com a minha mãe, mas acho que o papel dos meus avós foi
fundamental na minha formação, no meu aprendizado em geral porque a minha
mãe me teve com 20 anos, então, ela era uma adolescente ainda e se separou
cedo. Então a minha base familiar foi composta pelos meus avós e acho que
tudo o que eu aprendi foi com eles, acho que até essa questão do amor é
muito importante, mas eu lembro do meu avô essa parte muito profissional
dele, como micro-empresário, de estar sempre num processo de crescimento,
de responsabilidade, de dar muita importância para os estudos; eu aprendi isso
muito com os meus avós, o meu avô principalmente”.
Em determinado momento, invertemos a indagação. Ao invés de saber o
que o pai lhes ensinou na infância, perguntamos pela mãe e obtivemos as
seguintes respostas: “Respeitar meu pai. Era bem dividida a situação, a
posição dos dois. A minha mãe dava o carinho, a atenção, era meiga, cuidava
da casa. Ela era do lar. O meu pai era o trabalhador, saía cedo, voltava à noite,
só passava os finais de semana com os filhos, não se tinha muito carinho, ele
era um homem bastante seco e então o que eu aprendi com minha mãe foi
respeitar o meu pai e o que eu aprendi com meu pai foi respeitar a todos”-disse
a entrevistada de número 29.
Assim se expressou a entrevistada de número 20: “Ah! muitas coisas eu
tive que aprender meio que sozinha mesmo. Eu perdi a estrutura familiar cedo,
meus pais se separaram eu tinha treze anos, meu pai foi embora de casa, a
gente começou a trabalhar com 13 anos para ajudar no orçamento do lar.
Minha mãe na época perdeu a estrutura e tentou suicídio, meu irmão desandou
na vida, e alguém tinha que manter a família, né, e aí eu tive que amadurecer
muito cedo, sustentar a família cuidar de mãe (a pesquisadora pergunta: isso
com quantos anos?)... quatorze anos. É que eu sempre tive isso comigo o
tempo todo: ou você escolhe seguir a vida caladinha. ou procurar o melhor pra
154
mim e pra minha família. E foi o que eu fiz. Começando lá no meu primeiro
trabalho no... material de construção. Meu pai nunca teve essa preocupação,
meu pai foi embora para outro estado e nos deixou com o meu único salário
que era dois salários mínimos para manter uma casa sem estrutura, alugar, fui
atrás de fiador de aluguel no centro de São Paulo para alugar uma casa. Eu
acho que isso serve para amadurecer, valorizar a sua vida né , não dar uma
de vítima, eu passei por isso mas muita gente passa também. Eu olho hoje
para trás: olha como estou e como eu estava, porque eu escolhi, tive escolha,
por isso tornou-se mais fácil batalhar”.
Para Souza Neto (2002, p. 168) “as transformações que acontecem na
cotidianidade, em que o homem vivencia, com maior ou menor intensidade,
paixões, intelectualidades, ideologias, mecanismos de manipulação,
subsistência material e espiritual e desejos [.....] não basta ter sonhos, é
preciso possuir condições para implantá-los. É necessário derrubar as barreiras
que se interpõem entre eles e a realidade.
As participantes deixaram claro que, ao aprenderem com a família, ora
com o pai, ora com a mãe, ou mesmo sozinhas, não deixaram que as
dificuldades as fizessem desistir de seus sonhos e criaram, dentro do possível,
caminhos para a conquista não só dos sonhos, mas um novo desejo a cada
nova realidade.
No discurso da entrevistada de número 27, a resposta foi assim: “Eu fui
criada na casa das quatro mulheres. A mãe da minha avó, minha avó, minha
mãe e eu. São quatro gerações. A minha bisavó... eu cuidava da casa cedo,
minha mãe e minha avó trabalhavam, então, eu cuidava da minha bisavó, eu
achava divertidíssimo que ela tinha arteriosclerose e eu era criança e ficava(
sic) as duas botando fogo na casa, são coisas que a gente lembra, né? Eu
acho que de tudo o que minha mãe pôde me ensinar foi dignidade mesmo, eu
sempre sou muito objetiva, também tive um pai ausente. Quando criança, a
gente procura; depois a gente não procura mais (refere-se ao pai), a gente vê
que aquilo não é mais essencial na sua vida. Acho que minha mãe ensinou
mais o que é família dentro das quatro gerações. Minha bisavó faleceu eu tinha
12 anos e aí continuei morando com minha mãe e minha avó. A minha família
ta lá”.
155
Percebemos aqui novamente a influência da mulher na formação e na
criação dos filhos. Notamos também que todas elas, realmente, tiveram como
exemplo um membro da família como instituição, com quem elas mais
adquiriram conhecimento na vida.
Para Durkheim (apud Kanaane,1999, p.77): “A personalidade humana é
uma coisa sagrada; ninguém pode violá-la ou infringir seus limites, embora, ao
mesmo tempo, o maior bem consista na comunicação com os outros.”
Por isso, a figura do pai, da mãe ou dos avós na infância representa
para elas o tipo de pessoa que elas provavelmente deverão ser, que tipo de
conduta elas deverão ter na sociedade, tanto ética quanto moral e
descreveram essas características, que absorveram da educação familiar,
como exemplos mais marcantes de suas vidas.
Kanaane (1999,p.77) afirma que:
A compreensão da conduta humana possibilita conceber atitude como resultante de valores, crenças, sentimentos, pensamentos, cognições e tendências à reação, referentes a determinado objeto, pessoa ou situação. Desta maneira, o indivíduo, ao assumir uma atitude, vê-se diante de um conjunto de valores que tendem a influenciá-lo.
O autor enfatiza a questão do aprendizado como uma constante na vida
do indivíduo, isto é, para convivermos em sociedade e nas instituições, teremos
que cuidar daquilo que trazemos da infância e que se transformarão em
atitudes que vão influenciar o nosso caminhar na vida.
Kanaane (1999) discute as atitudes com o foco nas tendências em
relação às reações, porque são elas que vão delinear os “comos”, os “porquês”
e, neste sentido, os porquês do comportamento. Conseqüentemente, à
maneira como nos comportamos se somam os valores e as crenças, que
acabam, segundo o autor, formando as bases para que o sujeito adote
determinadas posturas.
Uma das qualidades mais esperadas das profissionais no mercado de
trabalho é que elas possuam a postura adequada ao cargo, com as habilidades
necessárias para o relacionamento interpessoal, para o trabalho em equipe e o
equilíbrio emocional nas situações de pressão. Assim, os ensinamentos
advindos da família adquirem um significado muito importante na construção da
156
personalidade, da carreira, não só da secretária, como também de outros
profissionais, assim como os ensinamentos provenientes da educação formal
que poderá fazer com que elas melhorem seu desempenho e reconheçam que
necessitam saber lidar com a sua própria personalidade e com a personalidade
dos outros.
Souza Neto (2002) constata, com base em sua pesquisa e nos textos de
Winicott e Fromm, formação da subjetividade, a partir da relação do seio
materno e da figura paterna.
Quando partimos para a reflexão a respeito da subjetividade
podemos citar Souza Neto (2002) que discute “a relação do eu e do
não eu, a saber, o objeto que satisfaz as necessidades do eu e que
pode garantir o amor e o bem-estar físico, inicia-se nos primeiros dias
de vida, numa tensão que percorre a dinâmica da vida. O objeto
transicional permite a formação da objetividade e da subjetividade
nos primeiros estágios do ser humano. A primeira experiência é,
geralmente, a do seio materno que a criança concebe como sua
própria criação, não distinguindo o eu do não eu. [...] o bebê acredita
ter criado o objeto que o satisfaz e o introjeta, de maneira mágica,
sem distinguir entre o interno e o externo.
.
Sob essa perspectiva, observamos que nossas experiências de vida se
iniciam quando do nosso nascimento. A relação com a mãe no que diz respeito
ao aprendizado é de suma importância no decorrer da vida e que estamos
normalmente neste espaço, entre a subjetividade e a objetividade.
Portanto, o aprendizado com a família é de grande valia para a formação
da personalidade da secretária, mas também não podemos deixar de realçar
que logo depois de aprender com os familiares, a criança se percebe na escola
recebendo uma outra carga de conhecimentos que serão importantes também
no seu caminhar. Por isso, acreditamos que a questão da Educação
Continuada está intimamente ligada ao processo de aprendizagem. A formação
deve levar o profissional a buscar por meio da pesquisa e do estudo resolver os
problemas inerentes ao seu mundo do trabalho. De uma forma ou de outra, o
processo de aprendizagem conduz ao autoconhecimento.
157
4.3.5 O ser e o fazer na construção da Identidade Profissional da
Secretária
No decorrer deste trabalho, procuramos compreender a identidade da
secretária, isto é, o que faz dessa profissional em ser polivalente, por meio de
depoimentos e da discussão de elementos como capacidade de escolha,
autoconhecimento, flexibilidade e a disponibilidade para a educação
continuada.
A secretária desenvolve vários papéis dentro da empresa. Fato este
confirmado por mim. Aqui faço um parêntese para reafirmar o dito acima, pois,
em minha função de secretária, vivi papéis que não eram meus, e os meus não
puderam ser vividos por intolerância de pessoas despreparadas para creditar
competência ao meu trabalho secretarial. Posso dizer, com certeza, que eu já
desempenhei os papéis de psicóloga, enfermeira, costureira, assessora, já fui
até médica, arquiteta entre outros.
Ser polivalente requer a articulação das categorias mencionadas neste
estudo e, na visão de uma secretária executiva experiente como esta
pesquisadora, é dar conta de suas responsabilidades, dentro do prazo das
suas realizações, bem como não perder o foco no gerenciar as informações e
apresentar resultados quando seus projetos são aceitos e analisados como
proveitosos para a empresa.
A secretária executiva aprendeu em pouco tempo a conviver com a
polivalência por meio do seu talento, de seus conhecimentos, de sua disciplina
e de seu comprometimento. Aprendeu que deve ser, principalmente, uma
agente de mudanças; mesmo que sejam mudanças sensíveis, o importante é
começar. Exercer a polivalência é demonstrar capacidade diária para os novos
desafios.
Pudemos verificar que, com as quatro habilidades desenvolvidas pela
secretária executiva aliadas à capacidade de executar várias funções ao
mesmo tempo, a busca pela identidade da profissão ficará mais fácil.
De acordo com Kanaane (1999), “a cultura determina de maneira
significativa a conduta individual, e funciona como estrutura de referência que,
158
entre outros fatores, orienta os comportamentos e atitudes em face da
sociedade”.
O autor se refere à questão do ser como indivíduo nas organizações, e a
secretária deve atentar sempre para o modo como ela se conduz nas
organizações, levando em conta que suas atitudes são reações avaliativas,
aprendidas e consolidadas no caminhar de suas experiências.
A personalidade da secretária executiva vai delinear, por intermédio de
suas experiências, as atitudes e comportamento em determinadas situações e
vai interferir no desenvolvimento de suas tarefas no decorrer de sua rotina.
Atitudes e comportamentos demonstrarão fatalmente o ser e o fazer da
secretária na sua atuação dentro das organizações. O autor refere-se também
às questões de se conhecer e conhecer o grupo empresarial ao qual pertence
como forma de estabelecer o reconhecimento de sua conduta e das tarefas
desempenhadas dentro de suas funções no seu papel profissional.
Para que o entendimento do saber ser e fazer da secretária ajude na
identificação da profissão, vamos interpretar o conceito de identidade para
podermos encerrar a análise das pesquisas nesta dissertação. A identidade
para Castells (apud DRAGONETTI, 2001, p.28) começa a ser construída
quando se questiona essa origem e sua finalidade. Assim:
Castells (ibid) afirma que essa construção se dá pela [....] matéria
prima fornecida pela história, pela geografia, biologia, instituições
produtivas e reprodutivas, pela memória coletiva e por fantasias
pessoais, pelos aparatos de poder e revelações de cunho religioso.
Notamos então que a identidade vai ficar na dependência do ou dos
momentos históricos, assim como das experiências individuais e sociais que
coloquem alguém à prova.
Para as secretárias do grupo de discussão temática18, foi questionado se
elas acreditavam que o profissional de secretariado possui uma identidade
própria dentro das organizações, e algumas respostas foram analisadas como
as da entrevistada de número 25: “Eu acho que tem. Eu acredito que ele tem,
depende do lugar que ele trabalha, depende da história dele na empresa. Ele
ser responsável e as pessoas o conhecerem”. A entrevistada de número 28 18 Maiores detalhes, ver anexo V
159
explicou dessa forma: “É onde a pessoa está mesmo (sic). Eu acho que é
preponderante a localização, a estrutura da empresa. A empresa lhe dá status,
lhe dá oportunidades de ser você mesma, ser secretária. Eu tive sorte, em
todas as empresas em que eu trabalhei eu pude só acrescentar a minha
identidade: eu sou, eu faço, eu aconteço, eu tive essa sorte”.
O que se observa é que elas mesmas não conseguem conceituar
identidade, quanto mais perceber se elas, enquanto secretárias, possuem uma
identidade própria. Assim, não souberam definir o que é característico das
profissionais da área.
Como buscar identidade profissional se, a princípio, elas, as próprias
secretárias, creditam às organizações essa responsabilidade? A pesquisadora,
particularmente, nunca tomou conhecimento de que alguma empresa, em mais
de 28 anos de experiência, tivesse dado status para a secretária. O que eu
mais presenciei foram agradecimentos, reconhecimentos e aumento de
responsabilidades, entre outros.
Como podemos observar nas palavras de Ciampa (apud Dragonetti,
2001), a identidade começa pelo próprio indivíduo, dentro da realidade na qual
ele está inserido. O autor explica que o individuo busca a sua identidade em
qualquer instituição à qual ele faça parte, por intermédio de suas experiências,
de sua história.
Para que possamos buscar definitivamente a resposta ao problema
levantado pela autora desta dissertação, procuramos verificar o sentido da
palavra identidade e o conceito de sujeito com a qual é mantida a
subjetividade. Buscou-se, também, entender quais os caminhos que a
secretária executiva vai escolher ou trilhar para que, mediante essas escolhas,
ela consiga entender com mais clareza a importância de saber-fazer, isto é de
ter desenvolvida uma ou mais competências dentro das habilidades
necessárias a uma secretária e o saber-ser da profissional de secretariado. Por
outro lado, é necessário que ela tenha a ciência exata do que lhe compete,
quais seus limites e que tem entre outros atributos a questão de ser e que seja
uma profissional disciplinada, polivalente, flexível e que se esforce para
encontrar caminhos alternativos para cada dia se conhecer melhor, saber
160
cuidar mais de si, saber controlar seus limites de corpo e mente, não deixando
de lado a busca constante pelo aprendizado contínuo.
Procuramos pontuar de acordo com o MEC – Ministério da Educação -
as habilidades das profissionais formadas pelo ensino superior. Dentro da
concepção de autores da área secretarial, levantamos quais as habilidades de
momento que o perfil exige por causa da globalização e que, de acordo com
D’Elia e Garcia (2005), são, entre outras, a da secretária como agente de
resultados, a secretária como agente facilitadora, a secretária como agente de
qualidade e, finalmente, a secretária como agente de mudança.
A realidade é uma, a formação é outra, e autores da área
pontuam em suas conjecturas o que é necessário hoje para transformar a
secretária em uma profissional multifuncional, mas limitada a executar, apenas
e tão somente, nada mais.
Ainda na reflexão, dentro das respostas obtidas pelo grupo temático, foi
também questionado se elas sabiam diferenciar perfil de identidade, na
esperança de que elas pudessem finalmente conceituar um e outro e essas
foram às respostas:
Entrevistada de número 20: “Eu penso assim: eu sou bem humorada
todo dia, esse é meu perfil, eu não sou estressada total e isso reflete no meu
profissional, então eu acho assim caminha juntos (sic). A minha personalidade
é de pessoa calma e isso reflete na empresa”. Para a entrevistada de número
27: “Ninguém é secretária sozinha. Pra mim ela tem identidade, sim”. Já para a
entrevistada de número 29: “Eu trabalho desde os 14 anos e eu vejo assim,
todo mundo vê o profissional secretária ou outro profissional qualquer como
sendo um subordinado que deve obediência a uma pessoa, não importa se sou
secretária executiva da firma A, B ou C; eu sou secretária executiva, eu gosto
de ser secretária executiva, eu acho gostoso executar as funções de uma
secretária, então a característica, o jeito que eu vou ser aqui ou lá, vai ser o
mesmo. A minha profissão, as minhas atitudes vão ser as mesmas em todas as
empresas”.
Podemos analisar pelos resultados, em detrimento das três técnicas
utilizadas, que as secretárias executivas pesquisadas têm ciência do perfil
exigido pelo mercado e de alguns fatores como aprendizado na infância, saber
161
escolher a profissão, partindo do pressuposto que as secretárias possuem a
noção da personalidade delas atuando nas organizações por intermédio do
autoconhecimento, têm consciência também que devem se atualizar
normalmente, sabem da importância da formação na área, mas não
conseguiram definir identidade ou mesmo identidade profissional como sendo a
união das características pessoais com as profissionais e que é isso que vai
resultar no seu reconhecimento.
Ao analisar todos os discursos, percebemos que as secretárias
executivas são formadas pelo curso técnico, ou em formação no curso
superior, surgindo a necessidade dessa pesquisadora, de maneira informativa,
analisar um Plano Pedagógico de Curso de Secretariado de uma instituição
superior de ensino em São Paulo, a título somente de contribuição para a
análise dos resultados da pesquisa Lamentavelmente, pôde-se constatar que
elas são formadas para assessorar o executivo, ser uma consultora, ser
empreendedora, assim como são preparadas para serem gestoras.
As secretárias executivas chegam ao mercado de trabalho com essa
formação e se deparam com atividades e habilidades muitas vezes diferentes
daquelas para as quais elas foram preparadas. Constatamos em alguns
momentos que a falta de reconhecimento é m fator que acaba desmotivando as
profissionais fazendo com que mudem de emprego de tempos em tempos,
após frustrarem-se nas empresas onde atuavam.
Essas frustrações sentidas nas discussões temáticas e nas entrevistas
são decorrentes da falta de informação e na falha da correta formação da
secretária executiva, esclarecendo que ela é uma profissional que possui
capacidade para desenvolver a assessoria, a consultoria, o
empreendedorismo, dentre outros, mas que cabe à secretária, em primeiro
lugar, ser um agente facilitador e não o “executivo da organização” ou até
mesmo estabelecer comparações de atuação e salários com os mesmos,
quando, na realidade, ela possui como características dela, secretária, o
gerenciamento do grande número de informações a que ela tem acesso.
Importa ressaltar que elas executam um grande número de tarefas ao
longo do dia, têm flexibilidade e conhecimento para solução de problemas,
atuam como agente de mudanças, mas para isso é preciso entender que ela
162
tem limites e que precisa saber quais são esses limites, de acordo com a
organização em que ela atua. São requisitos que proporcionarão às secretárias
executivas uma maior realização profissional nas empresas e, então sim, elas
poderão chegar ao reconhecimento que tanto procuram.
É condição sine-qua-non que a secretária perceba, entenda e viva a
realidade do atual contexto social relacionado às tecnologias e à economia, à
globalização, às inúmeras fusões ocorridas nos últimos 20 anos, considerando
também as privatizações em alguns setores, sem deixar de mencionar as
questões tecnológicas como bem esclareceu Rifkin, as quais acabaram por
fazer com que o grau de exigências das empresas aumentasse nas mesmas
proporções, exigindo um nível de qualificação alto de seus colaboradores e
também da secretária.
Na condição de secretária e professora formadora da área, pude
observar atentamente que existem muitas “secretárias” no mercado, mas o que
não percebi é que existam secretárias qualificadas e disso as empresas se
ressentem no momento da contratação.
Veiga (2007, p. 36) avalia a profissão da seguinte forma:
Profissão não tem gênero, mas as profissões de Secretariado
Executivo e Técnico em Secretariado são exercidas, em sua maioria,
pelas mulheres. Entretanto, alguns executivos preferem contratar
secretários à secretária. Hoje em dia, é comum a presença de
homens nos cursos de secretariado, embora a demanda seja do sexo
feminino. [....]. Em Função das exigências do mercado de trabalho e
da competitividade, não há espaços para profissionais medíocres,
independente da área de atuação. É preciso ter competência para se
estabelecer no mercado de trabalho.
Notamos que a profissão em grande parte, é formada por profissionais
do sexo feminino as quais para manterem sua empregabilidade deverão
atentar-se para o desenvolvimento de competências técnicas, mercadológicas,
de relacionamento, de comunicação oral e escrita, educação continuada e
tecnológica, além do domínio de idiomas e o quanto o autoconhecimento é
importante para identificar seus pontos positivos, enquanto profissionais, e
melhorarem de fato seus pontos fracos, para que saibam também fazer suas
escolhas.
163
Percebemos a importância da conscientização que as profissionais
devem ter com relação às habilidades que lhes serão cobradas pelo mercado e
pelas empresas, aprendendo a desenvolver sua polivalência, investindo em
cursos de formação e pós-graduação, bem como em cursos de atualização na
área de atuação e em línguas estrangeiras. Conhecimentos diversificados,
motivação na sua atuação, comportamento ético exigido neste cargo poderão
manter a empregabilidade da secretária atualmente.
Durante a minha trajetória como secretária executiva durante 28 anos de
atuação, pude me deparar com secretárias totalmente despreparadas, o que
me fez repensar a minha própria atuação como profissional e,
consequentemente, me levou a me preparar melhor. A continuidade no
aprendizado e a busca do autoconhecimento foram relevantes para que eu
pudesse me realizar como de fato me realizei como profissional. As habilidades
mencionadas nesta pesquisa como a flexibilidade, a formação específica,
polivalência e as escolhas já faziam a diferença para as secretárias, há pelo
menos uma década atrás e continuarão a fazer diferença no âmbito profissional
e, decididamente, contribuirão para que empresas e mercado finalmente
reconheçam a profissão, entendam a necessidade de os profissionais de
secretariado terem de fato sua identificação assumida por todos: secretária,
organização e mercado.
As conclusões, após análise do material de pesquisa de campo, me
levaram a repensar o meu papel como agente formador das profissionais em
vista da falta de clareza para os futuros profissionais em relação ao seu papel
dentro das empresas e que é premissa entender as habilidades necessárias
para buscar reconhecimento e assumir uma identidade profissional que tanto
se fazem necessárias para aqueles que abraçaram por determinação pessoal
essa profissão. O que observamos no decorrer desta dissertação é que as
diretrizes que preconizam a formação da secretária nem sempre estão em
sintonia com a realidade da atuação profissional.
O desafio que se coloca à secretária executiva é que se aproprie do
instrumental ofertado pelo curso e traduza no seu cotidiano de trabalho.
164
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao refletir sobre a entrada da mulher no mercado de trabalho, após a
Revolução Industrial, percebemos não somente que mudanças ocorreram, mas
também que alguns atributos da imagem da profissional daquela época ainda
perdura nas organizações, como paciência, tolerância, espírito maternal,
disponibilidade, compreensão, entre outros.
Esse paradigma, ainda implícito no comportamento feminino, contribui
para que uma imagem deturpada perdure em algumas organizações, forçando
e reforçando estigmas ou características maternais e de submissão, aquelas
mesmas que foram ressaltadas para que as mulheres assumissem as
profissões de professora e enfermeira. Ou seja, desempenhassem o papel das
mães sociais, anjos protetores, senhoras fraternas, solidárias, amorosas e
cordatas, amparo feminino que marcou certamente a mulher secretária
executiva, que adentra ao mercado de trabalho, não mais para socorrer os
doentes dos hospitais, das obras assistenciais, os sofredores e condenados
das guerras, tampouco as crianças que deveriam ser educadas,
complementando a educação recebida nos lares, mas cumprir outro papel
social.
As mulheres adentraram os escritórios para trabalhar ao lado dos
homens de negócios, no fluxo e refluxo de negócios, comércios, vendas,
serviços e outros. Este estigma ainda persiste porque, como em qualquer
profissão, existem os despreparados. No caso da mulher secretária,
consideramos despreparadas aquelas que se colocam à disposição para
trabalhos particulares de certos executivos, que não geram resultados
mensuráveis e reforçam a idéia equivocada de alguns dirigentes que acreditam
que ser secretária executiva significa estar à sombra de uma chefia.
Complementando aquilo que prevê as diretrizes curriculares dos cursos
superiores de secretariado executivo, as profissionais são preparadas
efetivamente para desenvolver habilidades de lidar com modelos inovadores de
gestão; gestão e assessoria administrativa com base em objetivos e metas
departamentais e empresariais; receptividade e liderança para o trabalho em
equipe; capacidade de maximização e otimização de recursos tecnológicos,
165
entre outros. Mas, Virag (1999) adverte que este excesso de habilidades
exigidas pelo mercado acaba criando inúmeras dificuldades para estruturar
uma identidade profissional para a secretária.
Após a globalização, as mudanças foram sentidas ao redor do mundo, e
a população mundial viu-se na obrigação de correr atrás do atraso cultural, de
se inteirar a respeito de negócios, tecnologias e saber viver numa era em que
tudo é tratado praticamente no mundo virtual.
Num contexto inteiramente baseado em informações, nem uma
organização deveria superestimar o valor de uma excelente secretária
executiva. “Apesar do papel fundamental que as secretárias desempenham,
muitas organizações ainda subestimam suas funções e lhes oferecem além de
baixos salários, tarefas medíocres ou apenas atividades de execução”. Garland
(1993, p.112).
As profissionais necessitam buscar conhecimentos constantemente para
fortalecer a sua empregabilidade e o seu reconhecimento. Drucker (1998)
classifica o trabalhador do conhecimento como sucessor dos trabalhadores
industriais. Não podemos esquecer que, no atual mundo capitalista, a maioria
dos empregos exige qualificações e muita educação formal, além da
capacidade de aplicar os conhecimentos tanto teóricos quanto analíticos.
De acordo com o autor, por causa das exigências, criou-se o hábito da
aprendizagem contínua, e os trabalhadores do conhecimento ganham acesso a
empregos e posições sociais por meio da educação formal.
Para Drucker “a educação irá se tornar o centro da sociedade do
conhecimento e a escola será sua instituição chave”. Portanto, o aprendizado
torna-se riqueza e uma poderosa ferramenta que as secretárias possuem a seu
favor, até por intermédio das inúmeras tecnologias de aprendizado que se tem
hoje à disposição daqueles que querem investir na carreira.
Assim sendo, as profissionais que cada vez mais buscarem
conhecimentos e aprendizagem estarão mais aptas e especializadas para o
desenvolvimento do trabalho secretarial e habilitadas a compreenderem que as
habilidades exigidas dentro do perfil profissional começam por apreender o
significado de globalização e a flexibilidade da secretária para aceitar
mudanças, novos conhecimentos e novas responsabilidades.
166
Drucker (ibid) procura atestar que a maioria dos funcionários que
possuem a formação específica, que sejam, portanto, especialistas, que
dominem as novas tecnologias através dos conhecimentos adquiridos por
treinamentos e ao longo da vida, não ficarão reféns, como na maioria dos
casos, de nenhuma organização. Ao contrário, as empresas é que necessitarão
de profissionais com conhecimentos, que sejam flexíveis e que atribuam à
educação continuada à importância que ela merece até para que as
organizações reconheçam seus esforços e suas qualidades como secretária.
O referido autor (1998) define a diferença entre um profissional
generalista e um especialista. Uma reflexão interessante para que as
secretárias executivas possam se situar como funcionárias nas organizações,
sabendo delinear suas atividades e aceitá-las com conhecimento, prática e
limites de atuação.
Notamos que o autor parece escrever para as profissionais de
secretariado, com o propósito de que as secretárias analisem e verifiquem que,
para desenvolver seu papel nas organizações, é preciso acima de tudo ter
competência. Fica claro na concepção do autor que existe uma concepção do
funcionário generalista e do especialista.
As secretárias executivas entrevistadas podem ser consideradas
especialistas na área secretarial, porém muito mais como técnicas de
secretariado do que propriamente como secretárias, porque aprenderam a
executar ou resolver problemas dentro da cultura organizacional em que estão
inseridas.
Verificamos que o que é característico das secretárias elas não
souberam explicar, isto é, o poder de gerenciar informações que só elas
conseguem administrar, mas não têm consciência disso, como também não
estão conscientes de que a problemática da escolha interfere sobremaneira na
sua atuação. Como agente formadora, me senti extremamente decepcionada,
pois nenhuma delas disse ter escolhido a profissão, mas foram escolhidas por
ela.
Drucker (1999, p.146-147: analisa no âmbito administrativo o papel do
colaborador nas organizações e nos remete a refletir “Onde e como eu posso
167
ter resultados que façam uma diferença? O que a situação exige? Como
contribuir com o meu desempenho, com os meus valores, para quais
necessidades serem satisfeitas? Que resultados têm que ser atingidos para
que eu possa fazer a diferença?”
A dissertação foi delineada, em primeiro lugar, nos remetendo a
conhecer um pouco da história de uma das profissões mais antigas do mundo,
cujo profissional tem, como é o caso da maioria das secretárias participantes
desta pesquisa, o perfil desejado, mas fica à mercê das organizações quando
não padroniza sua atuação baseada nas habilidades necessárias e inerentes
ao cargo. Tais habilidades foram reconhecidas neste trabalho como as
principais para que a secretária obtenha sucesso. A respeito da flexibilidade,
por exemplo, De liberal (2005, p. 75) afirma:
Do ponto de vista da sociologia, a sociedade industrial, a
divisão do trabalho, tem a função de assegurar uma unidade do corpo
social e de criar uma solidariedade orgânica que permite aos
membros de uma sociedade de funções cada vez mais diferenciadas
conservarem a autonomia e a identidade.
A autora nos esclarece de forma bastante inteligente que estamos não
só na era do acesso, mas também nos encontramos na era da flexibilidade.
Todavia, independente de ser uma profissional, a secretária é mulher,
algumas vezes mãe, e outras, o sustentáculo da família. Levando-se em conta
a formação do sujeito secretária executiva é que se acentuam os dramas das
mulheres, como bem pontuou Souza Neto (2002), quando mencionou a
importância da emancipação da mulher a partir do final do século XIX. Como o
autor afirma, foi um longo período para que a mulher conseguisse espaço na
sociedade e no mercado de trabalho, por isso a subjetividade perpassa por um
determinado período histórico para as mulheres que atuam no mercado de
trabalho e, consequentemente, para as secretárias.
Pode-se acreditar que mudanças ainda ocorrerão para que a profissional
se sinta capaz de fazer valer sua competência, seus direitos, assim como seu
campo de atuação na organização, revelando, sua identidade para ser
respeitada nas organizações. Mesmo porque, como realça Campos Silva
(1996), as diferenças entre o trabalho do homem e da mulher na sociedade
168
atual apresentam algumas disparidades, a começar pelos salários, uma vez
que os homens ainda ganham 30% a mais do que as mulheres. No entanto, na
questão de investimentos nos estudos e em qualificação o gênero feminino
atua com mais precisão.
Mudanças são esperadas neste sentido para que juntos, sociedade,
empresas e profissionais da área ou daquelas que estão se formando,
consigam definir um padrão de trabalho e possam se realizar satisfatoriamente.
Algumas profissionais continuam mantendo um comportamento de submissão,
dificultando para elas mesmas o reconhecimento que procuram. Na pesquisa
de campo, algumas entrevistadas alegaram que precisam trabalhar para se
sustentar, manter seus estudos e a família e que não podem colocar em risco o
emprego. Preferem executar as ordens a dar sugestões, ou participar
ativamente dos projetos de seu departamento.
A escolha da profissão tem um sentido diferenciado para cada
profissional, algumas optam por decisão própria, para ter salários atrativos ou
por necessidade de sobrevivência, o que demonstra que, em muitos casos,
falta identidade da secretária com a profissão, em outros casos, que são
motivadas por trabalhar ao lado dos centros de poder, o que certamente
confere certo status. A questão do poder é secular e, de acordo com Souza
Neto (2002), trata-se de uma realidade em que relações são estabelecidas
entre o sujeito e as estruturas onde atua.
Uma das atribuições da secretária executiva é atuar ao lado de
executivos que detêm parte do poder das organizações, nos departamentos
onde são tomadas as decisões e, dependendo dessas decisões, os objetivos e
metas organizacionais serão ou não conquistados pela secretária e pelos
demais colaboradores da empresa.
Da profissional se cobram inúmeras responsabilidades e, quando estas
são aceitas, os desafios são enfrentados, assim como as mudanças e as novas
tarefas, como forma de provar aos executivos que tem talento, que tem
formação superior específica de sua área, que conta com uma grande vontade
de aprender com os outros, com as instituições, com as equipes e que está
apta para novos aprendizados.
Na pesquisa de campo, na pergunta 12 do questionário, 83% das
profissionais entrevistadas disseram que buscam formação na área como
169
forma de reconhecimento, mas admitem que a experiência também é válida
para a atuação nas organizações, que empreendem tempo e valores, levando-
se em conta as habilidades necessárias para atuar em conjunto e em parceria
com os executivos.
Para a maioria das 31 secretárias participantes da pesquisa, escolha,
flexibilidade, polivalência e autoconhecimento são elementos relevantes para a
atuação das secretárias no mercado de trabalho.
Das entrevistadas na pesquisa de campo, 62% disseram que se sentem
realizadas com a profissão, mesmo buscando quase que diariamente
reconhecimento profissional, o que para algumas ainda não chegou; outras,
mesmo reconhecidas, não sentem que a profissão tenha a sua identidade
própria.
Talvez seja o momento para uma reflexão mais profunda acerca das
exigências para a formação profissional, pensar a respeito das habilidades
exigidas, aquelas que o mercado quer e deseja e que possam ser delimitadas,
como afirma Virag (1999), para não prejudicar a reestruturação das funções e
sua identidade profissional.
Quase todas as secretárias entrevistadas alegaram que procuram se
atualizar profissionalmente, que buscam o autoconhecimento por intermédio de
cursos específicos, visando dar suporte emocional a si mesma e à empresa
nos momentos de pressão; que buscam o aprendizado constante por meio de
novas tecnologias e modalidades de negócios mundiais, na rede mundial de
contatos – Internet.
De acordo com Rifkin (2001, p.6) “as mudanças que estão ocorrendo na
estruturação das relações econômicas fazem parte de uma transformação
ainda maior que está se processando na natureza do sistema capitalista”.
É um indicativo de que para se manter nos negócios, empresas e
colaboradores, os profissionais precisam buscar informações e aprendizagem
constante, senão estarão fadados ao fracasso. Empresas e executivos
parecem que já entenderam essa necessidade do acesso e das conseqüências
da globalização, também na atuação profissional. Algumas secretárias
procuram acompanhar essas mudanças rápidas, por intermédio da formação
específica nos cursos superiores na área secretarial, cursos de auto-ajuda,
170
participação de discussões e temáticas de sindicatos da área, como forma de
demonstrar potencial competitivo, criatividade e talento nas empresas.
Entretanto, os investimentos e a dedicação ainda não são suficientes
para que as empresas deixem de resistir e passem a creditar à profissional
mais que atividades de execução, porque, a maioria das organizações ainda
credita para a secretária somente o “executar” e pouco o “realizar”.
Considerando que tanto empresa quanto profissional precisam manter-
se na era da globalização e da tecnologia em tempo real, ambos precisam
acompanhar a evolução mundial do capitalismo que vivenciam todos os dias,
sendo necessário investir em equipamentos, tecnologias, treinamentos, e por
que não dizer, reconhecimento do sujeito secretária e respeito por sua trajetória
no decorrer da evolução da profissão.
A secretária trilha o seu caminho com persistência para mostrar
mediante experiências profissionais, formação, disciplina, polivalência e
flexibilidade perante as constantes mudanças ocorridas nas organizações.
Dessa forma, ela encontrará certamente sua identificação profissional sem ficar
à sombra dos executivos. Por enquanto, não conseguiu delinear um caminho
para entender sua escolha profissional, a importância do autoconhecimento, a
disposição em dar continuidade aos estudos e a flexibilidade para entender
finalmente o saber ser e saber fazer da secretária.
A profissão está reconhecida por Lei e tem sua regulamentação e código
de ética próprio. Está inserida no COB19 e busca aprovação do Conselho
Federal para poder fiscalizar tanto as empresas como os profissionais.
É fundamental prosseguir na discussão a respeito da identidade
profissional da secretária, haja vista ser de interesse da maioria dos
profissionais.
Apesar das habilidades inerentes às funções do cargo, as secretárias
[entrevistadas efetivamente não escolheram a profissão, e sim, foram
escolhidas por ela. Ficou claro também que a motivação para algumas das
pesquisadas em permanecer na profissão é por almejar bons salários e um
determinado status na organização.
Após a análise dos teóricos, tomamos por base a interpretação das três
técnicas utilizadas para buscar a resposta ao problema, ou seja, entender que 19 COB Classificação de Ocupações Brasileira
171
a subjetividade é tudo que o sujeito sente, por meio das próprias experiências,
e que vai direcionar suas ações nas instituições às quais pertence. Ou seja, o
sujeito é aquele que tem condições de produzir uma determinada subjetividade,
um sentimento de existir. Somado à subjetividade, explicamos a identidade
com a profissão, o que nos levou a concluir que a secretária precisa, em
primeiro lugar, conhecer a sua personalidade, a sua escolha profissional e os
reais motivos de sua escolha, assim como estar pronta para mudanças e novas
atividades em tempo recorde.
Esta dissertação espera, pois, fomentar reflexões a respeito de possíveis
caminhos escolhidos e os motivos para se trilhar a carreira secretarial e
continuar na busca de uma identidade profissional, de reconhecimento e
sucesso na carreira. Espera-se que para as secretárias participantes desta
dissertação fique a reflexão para que todas olhem para dentro de si e façam
uma análise do que elas realmente esperam delas e das organizações. Além
disso, apreender como devem desempenhar nas empresas aquilo que é
característico da profissão que foi escolhida e seus limites de atuação, níveis
de conhecimentos e entendam que seu processo de socialização está mesmo
ligado ao ser e fazer da secretária executiva.
Espera-se, ainda, que instituições como a família, a escola, a sociedade
e as empresas possam encontrar meios de fazer com que as empresas, os
profissionais de variadas áreas e as secretárias encontrem solução comum
para um diálogo aberto, transparente, inteligente e instigante a respeito da
necessidade da clareza no que diz respeito à identidade secretarial nas
organizações.
Almeja-se que novas propostas de trabalho fortaleçam e articulem
interesses para enriquecer o relacionamento e a cooperação entre
colaboradores e empresas. Iniciar mudanças, promover diálogo e propostas é
fundamental para que a secretária se eduque e esteja aberta ao aprendizado
da própria profissão. Se isso ocorrer, já será um importante começo.
Competência e inteligência as secretárias possuem para modificar esta
realidade, basta colocar o CHA a serviço dela, secretária, e das instituições.
Para que possamos entender melhor, CHA significa: Conhecimento,
Habilidades e Atitudes.
172
Somente assim poderemos ter o papel da secretaria definido com
critérios e conhecimento de todos para que a identidade secretarial possa ser
respeitada dentro e fora das organizações, dentro e fora da sociedade, dentro e
fora da mídia e, finalmente, ter a certeza da polivalência desta profissional
quando se tratar de aceitar desafios e cumprir suas metas de trabalho.
As profissionais precisam ficar atentas às mudanças rápidas que
ocorrem no mundo do trabalho, identificar e saber interpretar as novas
habilidades exigidas para a secretária, resultado da globalização. Nas últimas
décadas, a profissão de secretariado sofreu inúmeras mudanças em
decorrência da tecnologia, de comportamento e etiqueta profissional,
conhecimentos e culturas diversificadas, além de muitas empresas terem
passado pelo processo de “downsizing”20. Nessa realidade, a secretária
passou a desenvolver algumas tarefas gerenciais simples, desempenhando
novas atividades, diferentes daquelas que já desenvolviam. A informática e o
processo de “downsizing” na concepção de Veiga (2007) “foram os
responsáveis pela mudança no papel da secretária” que aqui consideramos a
sua atuação no mercado de trabalho.
Válido lembrar que algumas chefias ainda hoje não se conscientizaram
para essa mudança e para a importância das secretárias conferindo a
profissional o simples papel de executora. É necessário que mudanças de
mentalidade empresarial ocorram para que a identidade profissional da
secretária aconteça a passe a ser uma realidade e não apenas utopia.
A nossa proposta para reflexão diz respeito às habilidades
desenvolvidas para o cargo que a secretária tem e poderá ter. Flexibilidade já
faz parte de suas rotinas, a busca pelo autoconhecimento é agora mais do que
nunca a ferramenta necessária para que a secretária se conheça e passe a
fazer escolhas mais conscientes de seus objetivos profissionais.
Acrescentamos que a disciplina é parte de sua conduta, personalidade e
postura ética dirão quem ela é dentro e fora das organizações. A formação
específica e atualizações constantes só servirão para aquelas que pretendem
seguir na carreira e que com muita propriedade saibam fazer e ser Secretárias.
“Ser secretária não é para quem quer. É preciso estar capacitada para exercer
20 Significa enxugamento/diminuição
173
a profissão com eficiência e eficácia.” E na construção de uma identificação
profissional tudo isso é levado em conta.
O objetivo desta dissertação foi compreender as habilidades, o saber, a
flexibilidade, autoconhecimento, escolha profissional e disposição para dar
continuidade aos estudos e, de fato, as habilidades foram discutidas entre
importantes teóricos e as secretárias executivas participantes deste trabalho e
foram compreendidas, a princípio, pela pesquisadora, quiçá fossem
compreendidas também pelas secretárias de forma geral.
Essas habilidades influenciam sobremaneira no ser e no fazer da
secretária executiva, pois se conhecendo terá a possibilidade de conhecer o
outro, saber o que é próprio dela e, assim, saber como atuar em seu papel
profissional. Não podemos de forma alguma desassociar o ser da secretária
executiva do fazer da secretária executiva, porque ambos estão ligados de
forma a proporcionar a realização no trabalho da secretária e conquistar a sua
identidade. Estará pronta para enfrentar o atual momento socioeconômico e o
mundo do trabalho para, quem sabe, além de uma identidade profissional, ela
consiga manter-se na sua empregabilidade, com capacidade de atuar em
outros campos profissionais.
Concluímos que o diferencial mais importante na atuação da
secretária é o gerenciamento das informações às quais ela tem acesso
diariamente, mas esta característica peculiar à secretária não fica clara para as
participantes da pesquisa. E finalmente, que elas entendam e possam vivenciar
a importância de ter desenvolvidas as habilidades como a flexibilidade e a
disposição para continuar os estudos após a sua formação na área.
Verificamos também que não fica claro o entendimento da questão do
autoconhecimento e o escolher da profissão para que elas se reconheçam
primeiro e depois sejam reconhecidas, portanto, precisam com demasiada
urgência rever o seu comportamento como pessoa e como profissional e como
ferramenta para que, ao compreenderem o conceito de identidade, elas
possam também entender as prerrogativas de seu cargo e se realizarem nele,
fazendo com que a identificação da profissão aconteça naturalmente dentro
das organizações.
174
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ANEXOS
ANEXO I - REGULAMENTÇÃO DA PROFISSÃO - LEI 7.377 e 9.261
ANEXO II - CÓDIGO DE ÉTICA DE SECRETARIADO
ANEXO III - PARECER MEC No. CSE/CNE 0102/2004 (Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação em Secretariado Executivo)
ANEXO IV - REGISTRO PROFISSIONAL DE SECRETARIADO
ANEXO V – ÍNTEGRA DA ENTREVISTA INDIVIDUAL COM AS SEIS
SECRETÁRIAS.
ANEXO VI – ÍNTEGRA DA DISCUSSÃO TEMÁTICA EM GRUPO COM SEIS
SECRETÁRIAS EXECUTIVAS.
ANEXO VII – MODELO DE QUESTIONÁRIO APLICADO PARA A PESQUISA
DE CAMPO.
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REGULAMENTÇÃO DA PROFISSÃO - LEI 7.377 e 9.261
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Lei de Regulamentação da Profissão
LEI 7377, DE 30/09/85 E LEI 9261(*), DE 10/01/96
Dispõe sobre o exercício da profissão de secretário e dá outras providências
O Presidente da República.
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º. O exercício da profissão de secretário é regulado pela presente Lei.
Art. 2º. Para os efeitos desta Lei, é considerado:
I - Secretário Executivo
a) o profissional diplomado no Brasil por curso superior de Secretariado, reconhecido na forma da Lei, ou diplomado no exterior por curso de Secretariado, cujo diploma seja revalidado no Brasil, na forma da Lei. b) portador de qualquer diploma de nível superior que, na data de início da vigência desta Lei, houver comprovado, através de declarações de empregadores, o exercício efetivo, durante pelo menos trinta e seis meses, das atribuições mencionadas no Art. 4º. desta Lei (Red. Lei 9261 D.O.U. 11/01/96).
II - Técnico em Secretariado
a) o profissional portador de certificado de conclusão de curso de Secretariado em nível de 2º grau.
b) portador de certificado de conclusão do 2º grau que, na data de início da vigência desta Lei, houver comprovado, através de declarações de empregadores, o exercício efetivo, durante pelo menos trinta e seis meses, das atribuições mencionadas no Art. 5º desta Lei (Red. Lei 9261 D.O.U 11/01/96).
Art. 3º. É assegurado o direito ao exercício da profissão aos que, embora não habilitados nos termos do artigo anterior, contém pelo menos cinco anos ininterruptos ou dez anos intercalados de exercício de atividades próprias de secretária, na data de vigência desta Lei (Red. Lei 9261 D.O.U. 11/01/96).
Art. 4º. São atribuições do Secretário Executivo:
I - planejamento, organização e direção de serviços de secretaria; II - assistência e assessoramento direto a executivos; III - coleta de informações para consecução de objetivos e metas de empresas; IV - redação de textos profissionais especializados, inclusive em idioma estrangeiro; V - interpretação e sintetização de textos e documentos; VI - taquigrafia de ditados, discursos, conferências, palestras de explanações, inclusive em idioma estrangeiro;
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VII - versão e tradução em idioma estrangeiro, para atender às necessidades de comunicação da empresa; VIII - registro e distribuição de expediente e outras tarefas correlatas; IX - orientação da avaliação e seleção da correspondência para fins de encaminhamento a chefia; X - conhecimentos protocolares.
Art. 5º. São atribuições do Técnico em Secretariado:
I - organização e manutenção dos arquivos da secretaria; II - classificação, registro e distribuição de correspondência; III - redação e datilografia de correspondência e documentos de rotina, inclusive em idioma estrangeiro; IV - execução de serviços típicos de escritório, tais como recepção, registro de compromissos, informações e atendimento telefônico.
Art. 6º. O exercício da profissão de Secretário requer prévio registro na Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (antiga Delegacia Regional do Trabalho) do Ministério do Trabalho e far-se-á mediante a apresentação de documento comprobatório de conclusão dos cursos previstos nos incisos I e II do Art.2º. desta Lei e da Carteira de Trabalho e Previdência Social - CTPS.
Parágrafo Único - No caso dos profissionais incluídos no Art.3º., a prova da atuação será feita por meio de anotações na Carteira de Trabalho e Previdência Social e através de declarações das empresas nas quais os profissionais tenham desenvolvido suas respectivas atividades, discriminando as atribuições a serem confrontadas com os elencos especificados nos Arts. 4º. e 5º. (Red. Lei 9261 D.O.U. 11/01/96).
Art. 7º. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 8º. Revogam-se as disposições em contrário.
Brasília, em 30 de setembro de 1985. 164º.da Independência e 97º.da República José Sarney Almir Pazzianotto
* Brasília, em 10 de janeiro de 1996. 175º.da Independência e 108º.da República Fernando Henrique Cardoso Paulo Paiva
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CÓDIGO DE ÉTICA DE SECRETARIADO
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Código de Ética
Este Código de Ética é um dos instrumentos básicos para o direcionamento correto da nossa atuação como profissionais. Se você ainda não o conhece, invista cinco minutos na sua leitura. Se você já o conhece, aproveite para relê-lo. Deixe-o à mão, divulgue-o entre as colegas de profissão, mostre-o ao setor de RH de sua empresa e aos executivos.
Faça uma reflexão e veja como - individualmente ou em grupo - o Código pode ser melhor conhecido e, principalmente, colocado em prática. Sempre que fizer sua auto-avaliação profissional, tenha o Código de Ética como parâmetro.
Diretoria do SINSESP
Código de Ética
Publicado no Diário Oficial da União de 7 de julho de 1989.
Capítulo I Dos Princípios Fundamentais
Art.1º. - Considera-se Secretário ou Secretária, com direito ao exercício da profissão, a pessoa legalmente credenciada nos termos da lei em vigor.
Art.2º. - O presente Código de Ética Profissional tem por objetivo fixar normas de procedimentos dos Profissionais quando no exercício de sua profissão, regulando-lhes as relações com a própria categoria, com os poderes públicos e com a sociedade.
Art.3º. - Cabe ao profissional zelar pelo prestígio e responsabilidade de sua profissão, tratando-a sempre como um dos bens mais nobres, contribuindo, através do exemplo de seus atos, para elevar a categoria, obedecendo aos preceitos morais e legais.
Capítulo II Dos Direitos
Art.4º. - Constituem-se direitos dos Secretários e Secretárias:
a) garantir e defender as atribuições estabelecidas na Lei de Regulamentação; b) participar de entidades representativas da categoria;
c) participar de atividades públicas ou não, que visem defender os direitos da categoria;
d) defender a integridade moral e social da profissão, denunciando às entidades da categoria qualquer tipo de alusão desmoralizadora;
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e) receber remuneração equiparada à dos profissionais de seu nível de escolaridade;
f) ter acesso a cursos de treinamento e a outros eventos cuja finalidade seja o aprimoramento profissional;
g) jornada de trabalho compatível com a legislação trabalhista em vigor.
Capítulo III Dos Deveres Fundamentais
Art.5º. - Constituem-se deveres fundamentais das Secretárias e Secretários:
a) considerar a profissão como um fim para a realização profissional;
b) direcionar seu comportamento profissional, sempre a bem da verdade, da moral e da ética;
c) respeitar sua profissão e exercer suas atividades, sempre procurando aperfeiçoamento;
d) operacionalizar e canalizar adequadamente o processo de comunicação com o público;
e) ser positivo em seus pronunciamentos e tomadas de decisões, sabendo colocar e expressar suas atividades;
f) procurar informar-se de todos os assuntos a respeito de sua profissão e dos avanços tecnológicos, que poderão facilitar o desempenho de suas atividades; g) lutar pelo progresso da profissão;
h) combater o exercício ilegal da profissão;
i) colaborar com as instituições que ministram cursos específicos, oferecendo-lhes subsídios e orientações.
Capítulo IV Do Sigilo Profissional
Art.6º. - A Secretária e o Secretário, no exercício de sua profissão, deve guardar absoluto sigilo sobre assuntos e documentos que lhe são confiados.
Art.7º. - É vedado ao Profissional assinar documentos que possam resultar no comprometimento da dignidade profissional da categoria.
Capítulo V Das Relações entre Profissionais Secretários
Art.8º. - Compete às Secretárias e Secretários:
a) manter entre si a solidariedade e o intercâmbio, como forma de fortalecimento da categoria;
b) estabelecer e manter um clima profissional cortês, no ambiente de
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trabalho, não alimentando discórdia e desentendimento profissionais;
c) respeitar a capacidade e as limitações individuais, sem preconceito de cor, religião, cunho político ou posição social;
d) estabelecer um clima de respeito à hierarquia com liderança e competência.
Art.9º. - É vedado aos profissionais:
a) usar de amizades, posição e influências obtidas no exercício de sua função, para conseguir qualquer tipo de favoritismo pessoal ou facilidades, em detrimento de outros profissionais;
b) prejudicar deliberadamente a reputação profissional de outro secretário;
c) ser, em função de seu espírito de solidariedade, conivente com erro, contravenção penal ou infração a este Código de Ética.
Capítulo VI Das Relações com a Empresa
Art.10º. - Compete ao Profissional, no pleno exercício de suas atividades:
a) identificar-se com a filosofia empresarial, sendo um agente facilitador e colaborador na implantação de mudanças administrativas e políticas;
b) agir como elemento facilitador das relações interpessoais na sua área de atuação;
c) atuar como figura-chave no fluxo de informações desenvolvendo e mantendo de forma dinâmica e contínua os sistemas de comunicação.
Art.11º. - É vedado aos Profissionais:
a) utilizar-se da proximidade com o superior imediato para obter favores pessoais ou estabelecer uma rotina de trabalho diferenciada em relação aos demais;
b) prejudicar deliberadamente outros profissionais, no ambiente de trabalho.
Capítulo VII Das Relações com as Entidades da Categoria
Art.12º. - A Secretária e o Secretário devem participar ativamente de suas entidades representativas, colaborando e apoiando os movimentos que tenham por finalidade defender os direitos profissionais.
Art.13º. - Acatar as resoluções aprovadas pelas entidades de classe.
Art.14º. - Quando no desempenho de qualquer cargo diretivo, em entidades da categoria, não se utilizar dessa posição em proveito próprio.
Art.15º. - Participar dos movimentos sociais e/ou estudos que se relacionem
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com o seu campo de atividade profissional.
Art.16º. - As Secretárias e Secretários deverão cumprir suas obrigações, tais como mensalidades e taxas, legalmente estabelecidas, junto às entidades de classes a que pertencem.
Capítulo VIII Da Obediência, Aplicação e Vigência do Código de Ética
Art.17º. - Cumprir e fazer cumprir este Código é dever de todo Secretário.
Art.18º. - Cabe aos Secretários docentes informar, esclarecer e orientar os estudantes, quanto aos princípios e normas contidas neste Código.
Art.19º. - As infrações deste Código de Ética Profissional acarretarão penalidades, desde a advertência à cassação do Registro Profissional na forma dos dispositivos legais e/ou regimentais, através da Federação Nacional das Secretárias e Secretários.
Art.20º. - Constituem infrações:
a) transgredir preceitos deste Código;
b) exercer a profissão sem que esteja devidamente habilitado nos termos da legislação específica;
c) utilizar o nome da Categoria Profissional das Secretárias e/ou Secretários para quaisquer fins, sem o endosso dos Sindicatos de Classe, em nível Estadual e da Federação Nacional nas localidades organizadas em Sindicatos e/ou em nível Nacional.
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PARECER MEC No. CSE/CNE 0102/2004 (Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação em Secretariado Executivo)
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PARECER HOMOLOGADO (*) (*) Despacho do Ministro, publicado no Diário Oficial da União de 12/4/2004. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO INTERESSADO: Conselho Nacional de Educação / Câmara de Educação Superior UF: DF ASSUNTO: Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de Graduação em Secretariado Executivo RELATORES: José Carlos Almeida da Silva e Lauro Ribas Zimmer PROCESSOS NºS: 23001.000074/2002-10, 23001.000303/2001-15 e 23001.000150/2003-60 PARECER Nº CES/CNE 0102/2004 COLEGIADO: CES APROVADO EM: 11/3/2004 I – RELATÓRIO A Lei 9.131, sancionada em 24/11/95, deu nova redação ao Art. 9º, § 2º, alínea “c”, da então LDB 4.024/61, conferindo à Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de Educação a competência para “a elaboração do projeto de Diretrizes Curriculares Nacionais – DCN, que orientarão os cursos de graduação, a partir das propostas a serem enviadas pela Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação ao Conselho Nacional de Educação”, tal como viria a estabelecer o inciso VII do Art. 9º da nova LDB, Lei 9.394/96, de 20/12/96. Para orientar a elaboração das propostas de Diretrizes Curriculares Nacionais, a Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de Educação já havia editado os Pareceres CNE/CES 776/97 e 583/2001, tendo a SESu/MEC publicado o Edital 4, de 4/12/97, convocando as instituições de ensino superior para que realizassem ampla discussão com a sociedade científica, ordens e associações profissionais, associações de classe, setor produtivo e outros envolvidos do que resultassem propostas e sugestões para a elaboração das Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos de Graduação, contribuições essas, significativas, a serem sistematizadas pelas Comissões de Especialistas de Ensino de cada área. A Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de Educação aprovou também, em 11/3/2003, o Parecer CNE/CES 067/2003, contendo todo um referencial para as Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos de Graduação, inclusive para o efetivo entendimento da
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transição entre o regime anterior e o instituído pela nova Lei 9.394/96, como preceitua o seu Art. 90, tendo, por razões de ordem metodológica, estabelecido um paralelo entre Currículos Mínimos Nacionais, Profissionalizantes e Diretrizes Curriculares Nacionais. Constata-se que, quanto aos Currículos Mínimos, o referencial enfocou a concepção, a abrangência e os objetivos dos referidos currículos, fixados por curso de graduação, ensejando as respectivas formulações de grades curriculares, cujo atendimento implicava fornecer diplomas profissionais, assegurado o exercício das prerrogativas e o direito de cada profissão. José Carlos 0074/0303/0150/SOS 2 No entanto, quanto às Diretrizes Curriculares Nacionais, o parecer elencou os princípios que lhes embasam a formulação, disto resultando o nítido referencial entre o regime anterior e o proposto para nova ordem jurídica. Ainda sobre o referencial esboçado no Parecer CNE/CES 067/2003, verifica-se que existem mesmo determinadas diretrizes que poderiam ser consideradas comuns aos cursos de graduação, enquanto outras atenderiam à natureza e às peculiaridades de cada curso, desde que fossem contempladas as alíneas “a” a “g” do item II do Parecer CNE/CES 583/2001, “litteris”: “a- Perfil do formando/egresso/profissional - conforme o curso, o
projeto pedagógico deverá orientar o currículo para um perfil
profissional desejado;
“b- Competência/habilidades/atitudes.
“c- Habilitações e ênfase.
“d- Conteúdo curriculares.
“e- Organização do curso.
“f- Estágios e atividades complementares
“g- Acompanhamento e Avaliação”.
É evidente que as Diretrizes Curriculares Nacionais, longe de serem consideradas como um corpo normativo, rígido e engessado, a se confundirem com os antigos Currículos Mínimos Profissionalizantes, objetivam, ao contrário, “servir de referência para as instituições na organização de seus programas de formação, permitindo flexibilidade e priorização de áreas de conhecimento na construção dos currículos plenos. Devem induzir à criação de diferentes formações e habilitações para cada área do conhecimento, possibilitando ainda definirem múltiplos perfis profissionais, garantindo uma maior diversidade de carreiras, promovendo a integração do ensino de graduação com a pós-graduação, privilegiando, no perfil de seus formandos, as competências intelectuais que reflitam a heterogeneidade das demandas sociais”.
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Assim, as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação em Secretariado Executivo devem refletir uma dinâmica que atenda aos diferentes perfis de desempenho a cada momento exigidos pela sociedade, nessa “heterogeneidade das mudanças sociais” sempre acompanhadas de novas e mais sofisticadas tecnologias, a exigir contínuas revisões do projeto pedagógico de um curso para que ele se constitua a caixa de ressonância dessas efetivas demandas, através de um profissional adaptável e com a suficiente autonomia intelectual e de conhecimento para que se ajuste sempre às necessidades emergentes. Sem dúvida este é um novo tempo, em que as instituições de ensino superior responderão pelo padrão de qualidade do curso de graduação em Secretariado Executivo de forma a atender, dentre outros, o Art. 43, incisos II e III, da Lei 9.394/96, comprometendo-se por preparar profissionais aptos para a sua inserção no campo do desenvolvimento social, segundo as peculiaridades da graduação, resultando, não propriamente um profissional “preparado”, mas profissional apto às mudanças e, portanto, adaptável. Sendo o Conselho Nacional de Educação uma instituição de Estado e não de Governo, constitui-se ele um espaço democrático por excelência, onde se discutem e se refletem sobre todas as contribuições que possam, de algum modo, enriquecer as diretrizes curriculares de um determinado curso, para que, sendo nacionais, se adeqüem àquelas expectativas de maior amplitude, naquilo que é geral e comum a todos e, ao mesmo tempo, ensejem a flexibilização José Carlos 0074/0303/0150/SOS 3 necessária para o atendimento regional, comunitário, local, “segundo as exigências do meio” e de cada época, como preconiza a lei. Por esta razão, foi acolhida parte significativa das novas contribuições encaminhadas pelos participantes do Fórum de Profissionais, Estudantes e Docentes de Secretariado, realizado no período de 25 a 27/4/2002, em Foz do Iguaçu, Estado do Paraná, endossadas pela Federação Nacional das Secretárias e Secretários – FENASSEC, acrescentando- lhes ainda as remetidas pela mesma entidade através do Ofício – PRE 55/2003, de 20/11/2003, contendo uma “Proposta para Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Secretariado Executivo”, aprovada em 15/11/2003, em Aracaju/SE. Por fim, vale salientar que as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação em Secretariado Executivo estão analisadas e definidas por tópico específico, a seguir destacado, em cada situação concreta. ?? Organização do Curso A organização do curso de graduação em Secretariado Executivo, observadas as
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Diretrizes Curriculares Nacionais e os pareceres desta Câmara, indicará claramente o regime de oferta, os componentes curriculares, o estágio curric ular supervisionado, as atividades complementares, a monografia como componente opcional da instituição, o sistema de avaliação, o perfil do formando, as competências e habilidades, os conteúdos curriculares e a duração do curso, sem prejuízo de outros aspectos que tornem consistente o referido projeto pedagógico. ?? Projeto Pedagógico As instituições de ensino superior deverão, na elaboração do projeto pedagógico de cada curso de graduação ora relatado, definir, com clareza, os elementos que lastreiam a própria concepção do curso, com suas peculiaridades e contextualização, o seu currículo pleno e sua adequada operacionalização e coerente sistemática de avaliação, destacando-se os seguintes elementos estruturais, sem prejuízo de outros: I - objetivos gerais do curso, contextualizados em relação às suas inserções institucional, política, geográfica e social; II - condições objetivas de oferta e a vocação do curso; III - cargas horárias das atividades didáticas e da integralização do curso; IV - formas de realização da interdisciplinaridade; V - modos de integração entre teoria e prática; VI - formas de avaliação do ensino e da aprendizagem; VII - modos da integração entre graduação e pós-graduação, quando houver; VIII - cursos de pós-graduação lato sensu, nas modalidades especialização integrada e/ou subseqüente à graduação, de acordo com o surgimento das diferentes manifestações teórico-práticas e tecnológicas aplicadas à área da graduação, e de aperfeiçoamento, de acordo com as efetivas demandas do desempenho profissional. IX - incentivo à pesquisa, como necessário prolongamento da atividade de ensino e como instrumento para a iniciação científica; X - concepção e composição das atividades de estágio curricular supervisionado, suas diferentes formas e condições de realização, observado o respectivo regulamento; XI - concepção e composição das atividades complementares. José Carlos 0074/0303/0150/SOS 4 O projeto pedagógico de cada curso de graduação em Secretariado Executivo, por seu turno, poderá admitir linhas de formação específicas, nas diversas áreas que ensejem o exercício das funções como Assessor Executivo, abrangendo encargos relacionados com situações gerenciais de empreendedorismo ou de consultoria, correlacionadas ou contidas nas atribuições do Secretário Executivo, para melhor atender as mudanças culturais, econômicas, políticas, sociais, empresariais e profissionais, em âmbito nacional e internacional. ?? Perfil Desejado do Formando O curso de graduação em Secretariado Executivo se propõe formar bacharéis com sólida formação geral e humanística, com capacidade de análise, interpretação e articulação
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de conceitos e realidades inerentes à administração pública e privada, aptos para o domínio em outros ramos do saber, desenvolvendo postura reflexiva e crítica que fomente a capacidade de gerir e administrar processos e pessoas, com observância dos níveis graduais de tomada de decisão, capazes para atuar nos níveis de comportamento microorganizacional, mesoorganizacional e macroorganizacional. O curso de graduação em Secretariado Executivo deve ensejar a formação com sólidos domínios acadêmicos, científicos e tecnológicos de seu campo de atuação, competente para assessorar a instituições em suas relações nacionais e internacionais, apto ao eficaz desempenho de múltiplas relações de acordo com as especificidades da organização, gerenciando informações e comunicações internas e externas. Competências e Habilidades O curso de graduação em Secretariado Executivo deve possibilitar a formação profissional que revele, pelo menos, as seguintes competências e habilidades: I – capacidade de articulação de acordo com os níveis de competências fixadas pelas organizações; II – visão generalista da organização e das peculiares relações hierárquicas e intersetoriais; III – exercício de funções gerenciais, com sólido domínio sobre planejamento, organização, controle e direção; IV – utilização do raciocínio lógico, critico e analítico, operando com valores e estabelecendo relações formais e causais entre fenômenos e situações organizacionais; V – habilidade de lidar com modelos inovadores de gestão; VI – domínio dos recursos de expressão e de comunicação compatíveis com o exercício profissional, inclusive nos processos de negociação e nas comunicações interpessoais ou inter-grupais; VII – receptividade e liderança para o trabalho em equipe, na busca da sinergia; VIII – adoção de meios alternativos relacionados com a melhoria da qualidade e da produtividade dos serviços, identificando necessidades e equacionando soluções; IX – gerenciamento de informações, assegurando uniformidade e referencial para diferentes usuários; X – gestão e assessoria administrativa com base em objetivos e metas departamentais e empresariais; XI – capacidade de maximização e otimização dos recursos tecnológicos; XII – eficaz utilização de técnicas secretariais, com renovadas tecnologias, imprimindo segurança, credibilidade e fidelidade no fluxo de informações; e José Carlos 0074/0303/0150/SOS 5 XIII – iniciativa, criatividade, determinação, vontade de aprender, abertura às mudanças, consciência das implicações e responsabilidades éticas do seu exercício profissional. ?? Conteúdos Curriculares Os cursos de graduação em Secretariado Executivo deverão contemplar, em seus projetos pedagógicos e em sua organização curricular, os seguintes conteúdos interligados: I – Conteúdos Básicos: estudos relacionados com as ciências sociais, com as ciências
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jurídicas, com as ciências econômicas e com as ciências da comunicação e da informação; II – Conteúdos Específicos: estudos das técnicas secretariais, da gestão secretarial, da administração e planejamento estratégico nas organizações públicas e privadas, de organização e métodos, de psicologia empresarial, de ética geral e profissional, além do domínio de, pelo menos, uma língua estrangeira e do aprofundamento da língua nacional; III – Conteúdos Teórico-Práticos: laboratórios informatizados, com as diversas interligações em rede, estágio curricular supervisionado e atividades complementares, especialmente a abordagem teórico-prática dos sistemas de comunicação, com ênfase em softwares e aplicativos. ?? Organização Curricular O projeto pedagógico do curso de graduação em Secretariado Executivo se reflete, indubitavelmente em sua organização curricular, para a qual a instituição de ensino superior exercitará seu potencial inovador e criativo, com liberdade e flexibilidade e estabelecerá expressamente as condições para a efetiva conclusão do curso e subseqüente colação de grau, desde que comprovadas a indispensável integralização curricular e o tempo útil fixado para o curso, de acordo com os seguintes regimes acadêmicos que as instituições de ensino superior adotarem: regime seriado anual; regime seriado semestral; sistema de créditos com matrícula por disciplina ou por módulos acadêmicos, com a adoção de pré-requisitos, ou outros modelos operacionais que atendam, pelo menos, aos mínimos de dias letivos, ou aos créditos/carga horária atribuídos ao curso. ?? Estágio Curricular Supervisionado O projeto pedagógico do curso de graduação em Secretariado Executivo deve contemplar objetivamente a realização de estágios curriculares supervisionados, tão importantes para a dinâmica do currículo com vistas à implementação do perfil desejado para o formando, não os confundindo com determinadas práticas realizadas em instituições e empresas, a título de “estágio profissional”, que mais se assemelha a uma prestação de serviço, distanciando-se das características e finalidades específicas dos estágios curriculares supervisionados. Voltado para desempenhos profissionais, antes mesmo de se considerar concluído o curso, é necessário que, à proporção que os resultados do estágio forem sendo verificados, interpretados e avaliados, o estagiário esteja consciente do seu atual perfil, naquela fase, para que ele próprio reconheça a necessidade da retificação da aprendizagem, nos conteúdos e práticas em que revelara equívocos ou insegurança de domínio, importando em reprogramação da própria prática supervisionada, assegurando-se-lhe reorientação teóricoprática
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para a melhoria do exercício profissional. José Carlos 0074/0303/0150/SOS 6 Dir-se-á, então, que estágio supervisionado é componente curricular obrigatório, indispensável à consolidação dos desempenhos profissionais desejados inerentes ao perfil do formando, devendo cada instituição, por seus colegiados superiores acadêmicos, aprovar o correspondente regulamento de estágio, com suas diferentes modalidades de operacionalização. Assim sendo, o estágio poderá ser realizado na própria instituição de ensino, mediante laboratórios que congreguem as diversas ordens práticas, correspondentes às diferentes concepções das práticas secretariais e desde que seja estruturado e operacionalizado de acordo com regulamentação própria, aprovada pelo colegiado superior acadêmico competente, na instituição. Convém enfatizar que as atividades de estágio deverão ser reprogramadas e reorientadas de acordo com os resultados teórico-práticos gradualmente revelados pelo aluno, até que os responsáveis pelo estágio curricular possam considerá- lo concluído, resguardando, como padrão de qualidade, os domínios indispensáveis ao exercício da profissão. Portanto, o estágio curricular supervisionado deve ser concebido como conteúdo curricular implementador do perfil do formando, consistindo numa atividade obrigatória da instituição, no momento da definição do projeto pedagógico do curso, tendo em vista a consolidação prévia dos desempenhos profissionais desejados. ?? Atividades Complementares As atividades complementares, por seu turno, devem possibilitar o reconhecimento, por avaliação, de habilidades e competências do aluno, inc lusive adquiridas fora do ambiente escolar, hipóteses em que o aluno alargará o seu currículo com experimentos e vivências acadêmicos, internos ou externos ao curso, não se confundindo estágio curricular, supervisionado, com a amplitude e a rica dinâmica das atividades complementares. Orientam-se, desta maneira, a estimular a prática de estudos independentes, transversais, opcionais, de interdisciplinaridade, de permanente e contextualizada atualização profissional específica, sobretudo nas relações com o mundo do trabalho, estabelecidas ao longo do curso, notadamente integrando-as às diversas peculiaridades regionais e culturais. Nesse sentido, as atividades complementares podem incluir projetos de pesquisa, monitoria, iniciação científica, projetos de extensão, módulos temáticos, seminários, simpósios, congressos, conferências, além de disciplinas oferecidas por outras instituições de ensino ou de regulamentação e supervisão do exercício profissional, ainda que esses conteúdos não estejam previstos no currículo pleno de uma determinada instituição, mas nele podem ser aproveitados porque circulam em um mesmo currículo, de forma interdisciplinar e
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se integram com os demais conteúdos realizados. Em resumo, as atividades complementares são componentes curriculares que possibilitam o reconhecimento, por avaliação, de habilidades, conhecimentos e competências do aluno, inclusive adquiridas fora do ambiente escolar, incluindo a prática de estudos e atividades independentes, transversais, opcionais, de interdisciplinaridade, especialmente nas relações com o mundo do trabalho e com as ações de extensão junto à comunidade. José Carlos 0074/0303/0150/SOS 7 Trata-se, portanto, de componentes curriculares enriquecedores e implementadores do próprio perfil do formando, sem que se confundam com estágio curricular supervisionado. Nesse mesmo contexto, estão as atividades de extensão, que podem e devem ser concebidas no projeto pedagógico do curso, atentando-se para a importante integração das atividades do curso de Secretariado Executivo com as experiênc ias da vida cotidiana da comunidade e das suas organizações, até mesmo nos mercados informais ou emergentes, alguns dos quais estimulados até por programas de governo. Com efeito, fica estabelecida a coerência com o disposto no Art. 44, inciso IV, da Lei 9.394/96, cuja finalidade básica, dentre outras, consiste em propiciar à comunidade o estabelecimento de uma relação de reciprocidade com a instituição, podendo ser integradas nas atividades complementares, enriquecedoras e implementadoras do próprio perfil do formando, sem que se confundam com estágio curricular supervisionado. ?? Acompanhamento e Avaliação As IES deverão adotar formas específicas e alternativas de avaliação, internas e externas, sistemáticas, envolvendo todos quantos se contenham no processo do curso, centradas em aspectos considerados fundamentais para a identificação do perfil do formando, estando presentes o desempenho da relação professor/aluno, a parceria do aluno para com a instituição e o professor. Importante fator para a avaliação das instituições é a produção que elas podem colocar à disposição da sociedade e de todos quantos se empenhem no crescimento e no avanço da ciência e da tecnologia. Com efeito, a produção que uma instituição divulga, publica, socializa, certamente será um forte e ponderável indicador para o acompanhamento e avaliação sobre a instituição, sobre o curso e para os alunos em particular que, durante o próprio curso, já produzem, como reflexo da consciência que possuem quanto ao desenvolvimento de suas potencialidades. Em síntese, as instituições de ensino superior deverão adotar formas específicas e alternativas de avaliação, internas e externas, sistemáticas, envolvendo todos quantos se contenham no processo do curso, centradas em aspectos considerados fundamentais para a identificação do perfil do formando, destacando-se, de logo, a exigência legal no sentido de que os planos de ensino, a serem fornecidos aos alunos antes do início do período letivo,
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deverão conter, além dos conteúdos e das atividades, a metodologia do processo de ensinoaprendizagem, os critérios de avaliação a que serão submetidos e a bibliografia básica. ?? Trabalho de Conclusão de Curso Ainda como componente curricular e mecanismo de avaliação, é necessário que o projeto pedagógico do curso de Secretariado Executivo contenha a clara opção de cada instituição de ensino superior sobre a inclusão de Trabalho de Conclusão de Curso, sob a modalidade de monografia ou de projetos, para efeito de avaliação final e definitiva do aluno. Desta maneira, o Trabalho de Conclusão de Curso – TCC deve ser entendido como um componente curricular opcional da instituição que, se o adotar, poderá ser desenvolvido nas modalidades de monografia, projeto de iniciação científica ou projetos de atividades centrados em determinada área teórico-prática ou de formação profissional do curso, na forma disposta em regulamento próprio. José Carlos 0074/0303/0150/SOS 8 Optando a instituição por incluir, no currículo do curso de graduação em Secretariado Executivo, Trabalho de Conclusão de Curso – TCC, nas modalidades referidas, deverá emitir regulamentação própria, aprovada pelo seu conselho superior acadêmico, contendo, obrigatoriamente, critérios, procedimentos e mecanismos de avaliação, além das diretrizes técnicas relacionadas com a sua elaboração. II – VOTO DO RELATOR Voto favoravelmente à aprovação das Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de Graduação em Secretariado Executivo, na forma deste Parecer e do Projeto de Resolução em anexo, do qual é parte integrante. Brasília-DF, 11 de março de 2004. Conselheiro José Carlos Almeida da Silva - Relator Conselheiro Lauro Ribas Zimmer - Relator III – DECISÃO DA CÂMARA A Câmara de Educação Superior aprova por unanimidade o voto dos Relatores. Sala das Sessões, 11 de março de 2004. Conselheiro Éfrem de Aguiar Maranhão - Presidente Conselheiro Edson de Oliveira Nunes - Vice-Presidente José Carlos 0074/0303/0150/SOS 9 RESOLUÇÃO Nº DE DE DE 2002. Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de graduação em Secretariado Executivo e dá outras providências. O PRESIDENTE DA CÂMARA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR DO CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, no uso de suas atribuições legais, com fundamento no art. 9º, § 2º, alínea “c”, da Lei nº 4.024, de 20 de dezembro de 1961, com a redação dada pela Lei nº 9.131, de 25 de novembro de 1995, tendo em vista as diretrizes e os princípios fixados pelos
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Pareceres CES/CNE 776/97, de 3/12/97, 583/2001, de 4/4/2001, as Diretrizes Curriculares Nacionais elaboradas pela Comissão de Especialistas de Ensino de Administração, propostas ao CNE pela SESu/MEC, e considerando o que consta dos Pareceres CES/CNE 67/2003, de 11/3/2003, e ..............., de ..../2/2004, homologados pelo Senhor Ministro de Estado da Educação, respectivamente, em 2/6/2003 e .............., RESOLVE: Art. 1º. A presente resolução institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de graduação em Secretariado Executivo, bacharelado, a serem observadas pelas Instituições de Ensino Superior em sua organização curricular. Art. 2º. A organização do curso de graduação em Secretariado Executivo, observadas as Diretrizes Curriculares Nacionais e os pareceres desta Câmara, indicará claramente os componentes curriculares, abrangendo o perfil do formando, as competências e habilidades, os conteúdos curriculares e a duração do curso, o regime de oferta, as atividades complementares, o sistema de avaliação, o estágio curricular supervisionado e o trabalho de curso ou de graduação, ambos como componentes opcionais da instituição, sem prejuízo de outros aspectos que tornem consistente o projeto pedagógico. § 1º. O projeto pedagógico do curso, além da clara concepção do curso de graduação em Secretariado Executivo, com suas peculiaridades, seu currículo pleno e sua operacionalização, abrangerá, sem prejuízo de outros, os seguintes elementos estruturais: I - objetivos gerais do curso, contextualizados em relação às suas inserções institucional, política, geográfica e social; II - condições objetivas de oferta e a vocação do curso; III - cargas horárias das atividades didáticas e da integralização do curso; IV - formas de realização da interdisciplinaridade; V - modos de integração entre teoria e prática; VI - formas de avaliação do ensino e da aprendizagem; VII - modos da integração entre graduação e pós-graduação, quando houver; VIII - cursos de pós-graduação lato sensu, nas modalidades especialização integrada e/ou subseqüente à graduação, de acordo com o surgimento das diferentes manifestações teórico-práticas e tecnológicas aplicadas à área da graduação, e de aperfeiçoamento, de acordo com as efetivas demandas do desempenho profissional. IX - incentivo à pesquisa, como necessário prolongamento da atividade de ensino e como instrumento para a iniciação científica; José Carlos 0074/0303/0150/SOS 10 X - concepção e composição das atividades de estágio curricular supervisionado, suas diferentes formas e condições de realização, observado o respectivo regulamento; XI - concepção e composição das atividades complementares. § 2º. Os projetos pedagógicos do curso de graduação em Secretariado Executivo poderão admitir linhas de formação específicas, nas diversas áreas relacionadas com
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atividades gerenciais, de assessoramento, de empreendedorismo e de consultoria, contidas no exercício das funções de Secretário Executivo, para melhor atender as necessidades do perfil profissiográfico que o mercado ou a região exigirem. Art. 3º. O curso de graduação em Secretariado Executivo deve ensejar, como perfil desejado do formando, capacitação e aptidão para compreender as questões que envolvam sólidos domínios científicos, acadêmicos, tecnológicos e estratégicos, específicos de seu campo de atuação, assegurando eficaz desempenho de múltiplas funções de acordo com as especificidades de cada organização, gerenciando com sensibilidade, competência e discrição o fluxo de informações e comunicações internas e externas. Parágrafo único. O bacharel em Secretariado Executivo deve apresentar sólida formação geral e humanística, com capacidade de análise, interpretação e articulação de conceitos e realidades inerentes à administração pública e privada, apto para o domínio em outros ramos do saber, desenvolvendo postura reflexiva e crítica que fomente a capacidade de gerir a administrar processos e pessoas, com observância dos níveis graduais de tomada de decisão, bem como capaz para atuar nos níveis de comportamento microorganizacional, mesoorganizacional e macroorganizacional. Art. 4º. O curso de graduação em Secretariado Executivo deve possibilitar a formação profissional que revele, pelo menos, as seguintes competências e habilidades: I – capacidade de articulação de acordo com os níveis de competências fixadas pelas organizações; II – visão generalista da organização e das peculiares relações hierárquicas e intersetoriais; III – exercício de funções gerenciais, com sólido domínio sobre planejamento, organização, controle e direção; IV – utilização do raciocínio lógico, critico e analítico, operando com valores e estabelecendo relações formais e causais entre fenômenos e situações organizacionais; V – habilidade de lidar com modelos inovadores de gestão; VI – domínio dos recursos de expressão e de comunicação compatíveis com o exercício profissional, inclusive nos processos de negociação e nas comunicações interpessoais ou inter-grupais; VII – receptividade e liderança para o trabalho em equipe, na busca da sinergia; VIII – adoção de meios alternativos relacionados com a melhoria da qualidade e da produtividade dos serviços, identificando necessidades e equacionando soluções; IX – gerenciamento de informações, assegurando uniformidade e referencial para diferentes usuários; X – gestão e assessoria administrativa com base em objetivos e metas departamentais e empresariais; XI – capacidade de maximização e otimização dos recursos tecnológicos; XII – eficaz utilização de técnicas secretariais, com renovadas tecnologias, imprimindo segurança, credibilidade e fidelidade no fluxo de informações; e José Carlos 0074/0303/0150/SOS 11
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XIII – iniciativa, criatividade, determinação, vontade de aprender, abertura às mudanças, consciência das implicações e responsabilidades éticas do seu exercício profissional. Art. 5º. Os cursos de graduação em Secretariado Executivo deverão contemplar, em seus projetos pedagógicos e em sua organização curricular, os seguintes campos interligados de formação: I – Conteúdos básicos: estudos relacionados com as ciências sociais, com as ciências jurídicas, com as ciências econômicas e com as ciências da comunicação e da informação; II – Conteúdos específicos: estudos das técnicas secretariais, da gestão secretarial, da administração e planejamento estratégico nas organizações públicas e privadas, de organização e métodos, de psicologia empresarial, de ética geral e profissional, além do domínio de, pelo menos, uma língua estrangeira e do aprofundamento da língua nacional; III – Conteúdos teórico-práticos: laboratórios informatizados, com as diversas interligações em rede, estágio curricular supervisionado e atividades complementares, especialmente a abordagem teórico-prática dos sistemas de comunicação, com ênfase em softwares e aplicativos. Art. 6º A organização curricular do curso de graduação em Secretariado Executivo estabelecerá expressamente as condições para a sua efetiva conclusão e integralização curricular, de acordo com os seguintes regimes acadêmicos que as Instituições de Ensino Superior adotarem: regime seriado anual; regime seriado semestral; sistema de créditos com matrícula por disciplina ou por módulos acadêmicos, observada a pré-requisitação, que vier a ser estabelecida no currículo, atendido o disposto nesta resolução. Art. 7º. O estágio supervisionado é um componente curricular obrigatório indispensável à consolidação dos desempenhos profissionais desejados inerentes ao perfil do formando, devendo cada instituição, por seu colegiado superior acadêmico, aprovar o correspondente regulamento, com suas diferentes modalidades de operacionalização. § 1º. O estágio de que trata este artigo poderá ser realizado na própria instituição de ensino, mediante laboratórios que congreguem as diversas ordens práticas correspondentes aos diferentes concepções das funções e técnicas secretariais. § 2º. As atividades de estágio poderão ser reprogramadas e reorientadas de acordo com os resultados teórico-práticos gradualmente revelados pelo aluno, até que os responsáveis pelo acompanhamento, supervisão e avaliação do estágio curricular possam considerá-lo concluído, resguardando, como padrão de qualidade, os domínios indispensáveis ao exercício da profissão. § 3º. O regulamento do estágio de que trata este artigo, aprovada pelo seu colegiado superior acadêmico, conterá, obrigatoriamente, critérios, procedimentos e mecanismos de avaliação, observado o disposto no parágrafo precedente. Art. 8º. As atividades complementares são componentes curriculares que possibilitam
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o reconhecimento, por avaliação, de habilidades, conhecimentos e competências do aluno, inclusive adquiridas fora do ambiente escolar, abrangendo a prática de estudos e atividades independentes, transversais, opcionais, de interdisciplinaridade, especialmente nas relações com o mundo do trabalho, com as peculiaridades das organizações e com as ações de extensão junto à comunidade. José Carlos 0074/0303/0150/SOS 12
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REGISTRO PROFISSIONAL DE SECRETARIADO SRTE (DRT)
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Obter SRTE (Antiga DRT)
REGISTRO NA SRTE – SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL DO TRABALHO E EMPREGO (Antiga DRT - Delegacia Regional do Trabalho)
A profissão de secretariado é regulamentada pelas leis 7.377 de 30/09/85 e 9.261 de 11/01/96. Nestas leis estão descritas as atribuições mínimas que variam conforme o porte da empresa, ramo de atividade, etc. Para exercer estas atribuições é preciso ter o registro na SRTE – Superintendência Regional do Trabalho e Emprego.
Você pode obter este registro com o certificado de conclusão do curso de Técnico em Secretariado ou Superior em Secretariado Executivo ou por tempo de serviço (36 meses até a data da Lei 7.377 de 30/09/85).
Em São Paulo você deve se dirigir à Rua Martins Fontes, 109 - 2º andar - sala 203 - Fone: (11) 3150-8163. Horário: das 9h às 15h.
A entrada no processo pode ser por um portador, mas só o requerente ou parente de 1o. grau pode retirar o registro. Após dar entrada na documentação abaixo, o requerente deve retornar após 15 dias úteis, com a carteira de trabalho e protocolo do processo.
Para saber endereços de Gerências Regionais do Trabalho, no estado de São Paulo, clique aqui: http://www.mte.gov.br/delegacias/sp/sp_subdelegacias.asp .
DOCUMENTAÇÃO NECESSÁRIA PARA OBTER O REGISTRO NA SRTE
• Secretária(o) Executiva(o) - por tempo de serviço • Técnico em Secretariado - por tempo de serviço • Secretária(o) Executiva(o) - diplomada • Técnico em Secretariado - diplomada • Modelo de Requerimento para a Superintendência Regional do Trabalho
• Modelo de Requerimento para Gerência Regional
DOCUMENTOS PARA REGISTRO COMO SECRETÁRIA EXECUTIVA - POR TEMPO DE SERVIÇO
IMPORTANTE: TODA CÓPIA DEVE ESTAR ACOMPANHADA DOS RESPECTIVOS ORIGINAIS. NA FALTA DE ALGUM DOCUMENTO, NÃO SERÁ POSSÍVEL PROTOCOLAR O PROCESSO NA SRTE.
· Xerox simples (sem cortar o papel) da CTPS (Carteira de Trabalho Profissional) das seguintes páginas
1. FOTO E QUALIFICAÇÃO CIVIL;
2. CONTRATOS DE TRABALHO QUE SOMEM, PELO MENOS 36 MESES, ATÉ
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30/09/85;
3. TODAS AS ALTERAÇÕES DE CARGO E SALÁRIO ATÉ 30/09/85;
· Xerox simples (sem cortar o papel) da Cédula de identidade, do CPF e do PIS.
· Xerox simples (sem cortar o papel do Diploma de NÍVEL SUPERIOR (frente e verso) concluído até 30/09/85);
· Declaração, em papel timbrado (vide modelo anexo), do (s) empregador(s) dos contratos acima citados.
· Em caso de não possuir diploma de nível superior até 30/09/85, considerar como prova de tempo de serviço 5 anos ininterruptos ou 10 anos intercalados até 30/09/85.
Declaração para Secretária(o) Executiva(o) Por tempo de serviço
Declaro, para, fins de obtenção de registro profissional junto à Superintendência Regional do Trabalho e Emprego no Estado de São Paulo, sob as penas do artigo 299 do Código Penal, que: ______________________, portadora da CTPS n.°: ____, série: ____, foi registrada nesta empresa na função de . ______________, no período de __/__/__ à __/__/___ exercendo as atribuições de Secretária(o) Executiva(o), no período de ___/__/___ à __ /__/__, conforme o artigo 4° da Lei 7.377/85, modificado pela Lei 9.261/96.
São Paulo, _______ de _______de ____
(data recente)
____________________________________
Nome legível de quem assina (declarante) e o cargo
IMPORTANTE: RECONHECER FIRMA DO DECLARANTE
No caso de empresas que fecharam ou faliram, o interessado deve procurar a Junta Comercial - www.jucesp.sp.gov.br e pedir uma certidão de breve relato da empresa para se informar sobre quem ficou com a massa falida ou documentos da empresa, para que essa pessoa, normalmente denominada "Síndico", faça a declaração.
DOCUMENTOS PARA REGISTRO COMO TÉCNICO EM SECRETARIADO - POR TEMPO DE SERVIÇO
IMPORTANTE: TODA CÓPIA DEVE ESTAR ACOMPANHADO DOS RESPECTIVOS ORIGINAIS. NA FALTA DE ALGUM DOCUMENTO, NÃO SERÁ POSSÍVEL PROTOCOLAR O PROCESSO NA SRTE.
· Xerox simples (sem cortar o papel) da CTPS (Carteira de Trabalho
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Profissional) das seguintes páginas.
1. FOTO E QUALIFICAÇÃO CIVIL;
2. CONTRATOS DE TRABALHO QUE SOMEM, PELO MENOS 36 MESES, ATÉ 30/09/85;
3. TODAS AS ALTERAÇÕES DE CARGO E SALÁRIO ATÉ 30/09/85;
· Xerox simples (sem cortar o papel) da Cédula de identidade, do CPF e do PIS.
· Xerox simples (sem cortar o papel) do Diploma de 2º. grau (frente e verso) concluído até 30/09/85;
· Declaração, em papel timbrado (vide modelo anexo), do (s) empregador(s) dos contratos acima citados.
· Em caso de não possuir diploma de 2º. grau completo até 30/09/85, considerar como prova de tempo de serviço 5 anos ininterruptos ou 10 anos intercalados até a data acima citada.
Declaração para Técnico em Secretariado Por tempo de serviço EM PAPEL TIMBRADO DA EMPRESA
Declaro, para, fins de obtenção de registro profissional junto à Superintendência Regional do Trabalho e Emprego no Estado de São Paulo, sob as penas do artigo 299 do Código Penal, que: ______________________, portadora da CTPS n.°: ____, série: ____, foi registrada nesta empresa na função de . ______________, no período de __/__/__ à __/__/___ exercendo as atribuições de Técnico em secretariado, no período de ___/__/___ à __ /__/__, conforme o artigo 5° da Lei 7.377/85, modificado pela Lei 9.261/96.
São Paulo, _______ de _______de ____
(data recente)
___________________________________ Nome legível de quem assina (declarante) e o cargo
IMPORTANTE: RECONHECER FIRMA DO DECLARANTE
No caso de empresas que fecharam ou faliram, o interessado deve procurar a Junta Comercial - www.jucesp.sp.gov.br e pedir uma certidão de breve relato da empresa para se informar sobre quem ficou com a massa falida ou documentos da empresa, para que essa pessoa, normalmente denominada "Síndico", faça a declaração.
DOCUMENTOS PARA REGISTRO COMO SECRETÁRIA(O) EXECUTIVA(O) – DIPLOMADA(O)
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IMPORTANTE: TODA CÓPIA DEVE ESTAR ACOMPANHADO DOS RESPECTIVOS ORIGINAIS. NA FALTA DE ALGUM DOCUMENTO, NÃO SERÁ POSSÍVEL PROTOCOLAR O PROCESSO NA SRTE.
· Xerox simples (sem cortar o papel) da Cédula de identidade, do CPF e do PIS.
. Xerox simples (sem cortar o papel) da CTPS (Carteira de Trabalho Profissional) - página da foto e da qualificação civil.
. Xerox simples (frente e verso) do Diploma do curso superior de Secretariado Executivo ou Histórico e Certificado de conclusão e a data da colação de grau.
. Requerimento a Superintendente Regional do Trabalho e Emprego (abaixo)
ILUSTRÍSSIMA SENHORA SUPERINTENDENTE REGIONAL DO TRABALHO E EMPREGO NO ESTADO DE SÃO PAULO. (Nome completo) portadora do RG nº...e CPF nº. ...., PIS ..., residente na ..., bairro..., cidade..., CEP..., UF..., fone...., REQUER, mui respeito de V.Sa., seu registro como Secretária(o) Executiva(o), de conformidade com a Lei 7.377, de 30.9.85 e Lei 9.261, de 10/1/96.
Nestes Termos, Pede deferimento.
São Paulo,
Assinatura
DOCUMENTOS PARA REGISTRO COMO TÉCNICO EM SECRETARIADO - DIPLOMADA
IMPORTANTE: TODA CÓPIA DEVE ESTAR ACOMPANHADO DOS RESPECTIVOS ORIGINAIS. NA FALTA DE ALGUM DOCUMENTO, NÃO SERÁ POSSÍVEL PROTOCOLAR O PROCESSO NA SERT.
· Xerox simples (sem cortar o papel) da Cédula de identidade, do CPF e do PIS.
. Xerox simples (sem cortar o Papel) da CTPS (Carteira de Trabalho Profissional) - página da foto e da qualificação civil.
. Xerox simples (frente e verso) do Diploma do curso de Técnico em Secretariado ou o Histórico e do Certificado de conclusão.
. Xerox simples do Diploma ou do histórico e do certificado de conclusão do Ensino Médio para curso feito a distância ou com duração inferior a 3 anos.
. Requerimento a Superintendente Regional do Trabalho e Emprego (abaixo).
ILUSTRÍSSIMA SENHORA SUPERINTENDENTE REGIONAL DO TRABALHO E EMPREGO NO ESTADO DE SÃO PAULO.
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(Nome completo) portadora do RG nº..., CPF nº. .... PIS ..., residente na ..., bairro..., cidade..., CEP..., UF..., fone...., REQUER, mui respeito de V.Sa., seu registro de Técnico em Secretariado, de conformidade com a Lei 7.377, de 30.9.85 e Lei 9.261, de 10/1/96.
Termos em que Pede deferimento
São Paulo,
MODELO DO REQUERIMENTO A SUPERINTENDENTE REGIONAL DO TRABALHO E EMPREGO
ILUSTRÍSSIMA SENHORA SUPERINTENDENTE REGIONAL DO TRABALHO E EMPREGO NO ESTADO DE SÃO PAULO.
(Nome completo) portadora do RG nº..., CPF nº... e PIS no. ... (se não tiver PIS, escrever "não possuo") residente na ..., no.... bairro... cidade... estado... cep... fone ..., REQUER mui respeito de V.Sa., seu registro como (Técnico em Secretariado OU Secretária(o) Executiva(o), de conformidade com a Lei 7.377, de 30.09.85 e Lei 9.261, de 10/01/96.
Termos em que Pede deferimento
São Paulo,
MODELO DO REQUERIMENTO AO GERENTE REGIONAL DO TRABALHO (SE VOCÊ FOR ENTREGAR SUA DOCUMENTAÇÃO EM UMA GERÊNCIA REGIONAL VOCÊ DEVE FAZER OS DOIS REQUERIMENTOS, PARA A SUPERINTENDENTE E PARA O GERENTE REGIONAL).
Ilustríssimo Senhor Gerente Regional do Trabalho de ...
(Nome), portadora do RG ..., vem, respeitosamente, solicitar o encaminhamento do processo do registro profissional como Secretária(o) Executiva(o) ou Técnico em Secretariado) à Superintendência Regional do Trabalho e Emprego no Estado de São Paulo.
Veja aqui as leis 7.377 de 30/09/85 e 9.261 de 11/01/96
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ÍNTEGRA DA ENTREVISTA INDIVIDUAL COM AS SEIS
SECRETÁRIAS.
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Secretaria 13
1 – Você poderia descrever como foi sua infância, sua
juventude? Como você escolheu sua profissão? Fale um pouco
de sua história de vida.
Resposta: Minha infância foi muito feliz. Brinquei demais, tive
muitos brinquedos e bonecas lindas, pois meu pai gerenciava
algumas lojas do “Jumbo-Eletro”, então conseguia promoções
em todas as mercadorias. Estudei no Colégio Batista Brasileiro
e com isso adquiri disciplina e aprendi a importância de Jesus
em nossa vida. Quando completei 07 anos minha mãe
acidentou-se e ficou entre a vida e a morte por 25 dias, ficando
internada no total de 45 dias. Minha avó materna cuidou da
gente e meu pai dia-a-dia lutava para salva-la. Gastou tudo o
que tinha e conseguimos minha mão por mais um tempo
conosco. Minha juventude foi tranqüila, mas com
responsabilidade. A mamata acabou, pois meu pai ficou
desfalcado financeiramente e com 15 anos comecei a trabalhar
numa loja de roupas no bairro em que morávamos Pompéia.
Fiquei apenas 06 meses lá. Decidi fazer magistério e prestei
vestibulinho no CEFAM, na Lapa. Fiz 04 anos com direito a
estágio remunerado equivalente a 01 salário mínimo. Comecei
a atuar na área, mas o salário era pouco para ajudar meu pai a
suprir as contas, já que minha mãe tomava remédios caros.
Esta época foi complicada, pois quando meu pai deu entrada
na aposentadoria, o dispensaram. Ficamos mal porque meu pai
deu o sangue naquela empresa e de repente consideravam-no
“velho demais” para o mercado de trabalho. Mas superamos
com muita fé e estrutura familiar. Com tanta dificuldade não
pude continuar dando aulas, pois era pouco o que eu ganhava.
Parti para a área administrativa e sempre atuei como auxiliar,
assistente e secretária. Atuo desde os 21 anos de idade e sou
feliz. Acredito que temos que aceitar os desafios da vida e se
fizermos tudo com amor e carinho, seguiremos felizes. Não tive
opção concorda? Precisava ajudar em casa, o que eu ganhava
como professora, mesmo dando aulas particulares não era o
bastante, então tive que encontrar algo que me realizasse
profissionalmente e suprisse financeiramente. Nesta profissão
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consegui tudo o que tenho. Inclusive prorrogar a vida da minha
mãe, quando adquiriu câncer de mama aos 55 anos. Minha
mãe desencarnou assim que casei, com 24 anos. Foi difícil,
éramos muito amigas e não me conformava. Tive momentos de
revolta, mas a vida foi me mostrando pouco a pouco que cada
um tem seu processo e que não somos “ninguém” para
questionar. Fui muito feliz na minha infância e juventude, pois
fui rodeada de amor, carinho, respeito e educação. Acho que é
isso. Encaro tudo como aprendizado e não como vítima.
2 – Como você lida em determinadas situações com o cansaço
de seu corpo no trabalho e em sua casa para cumprir com suas
obrigações profissionais e familiares?
Resposta: Respiro fundo e penso em tudo que idealizo para
tornar realidade, como por exemplo, uma pequena reforma na
nossa casa. Tento enxergar o que a vida nos dá de bom. Tudo
tem seu lado bom e é isso que tento absorver no dia-a-dia para
que eu renove minhas energias e siga em frente.
3 – Você se acha criativa?
Resposta: Pouquíssimo! Minha insegurança não me deixa
ousar, então muito do meu talento fica guardadinho. Estou
exercitando isso e sei que ainda vou ousar. Estranho, porque
fui muito estimulada na minha infância e meus pais não me
proibiam de fazer o que eu tinha vontade. Talvez, seja da
minha personalidade, não sei. Ainda não parei para analisar a
fundo.
4 – Como fica o seu humor ao chegar à empresa depois de
atravessar um longo percurso por intermédio de metrô, ônibus
ou automóvel numa cidade como São Paulo para chegar ao
trabalho?
Resposta: Procuro vibrar um dia feliz para mim e para todos da
empresa. Energia positiva gera tudo positivamente. Temos que
estar bem para enfrentar os desafios, então procuro emanar luz
violeta e na seqüência verde, para tranqüilizar o ambiente. È
claro que tem dias que a gente está mais cabisbaixa, enfim.
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Somos seres humanos. Mas mesmo assim tento estar sempre
bem, por mim mesma entende?
5 – Você acha que você recebe o que o governo tem por
obrigação de dar aos contribuintes em relação à saúde,
educação e habitação?
Resposta: NÃO! Só tiram do povo. Quem não tem condições
de arcar com despesas de educação, fica cada vez mais
alienado. Às vezes acho que a intenção é deixar o povo cada
vez mais ignorante pra que “eles” possam dominar.
6 – Você participa de alguma entidade de classe?
Resposta: Não, por falta de tempo. Tenho planos de no
próximo ano me organizar melhor e passar a participar.
7 – O fato de você perceber uma concorrência grande em sua
empresa faz com que você busque aprender cada vez mais?
Você busca oportunidades para melhorar sua carreira? O que
você e sua empresa fazem para que se torne um profissional
sempre capacitado?
Resposta: Sim, tento buscar conhecimentos de um modo geral.
A empresa que trabalho não dá muita importância à minha
profissão, mas neste momento tenho como meta agregar
bagagem e assim poder escolher. Mas não entenda como
reclamação, estou feliz exercendo minha profissão e poder
colaborar com o desenvolvimento da Empresa. Tudo tem seu
tempo, certo?
8 – Você sabe que você tem direitos? Sabe que tem deveres?
Você sabe a diferença entre o que é ser cidadão e sujeito?
Resposta: Sim, sei. O cidadão é aquele que tem direitos e o
sujeito o que tem deveres, é isso? Não sei.
9 – Você pode descrever o tipo de organização que você
trabalha?
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Resposta: É uma Organização em que o dono é inteiramente
centralizador e tenta se policiar com relação à ambição.
Existem muitos feudos ainda, portanto a Organização é muito
prejudicada com relação ao bom desenvolvimento e
crescimento. Isso porque os interesses são individuais, as
idéias não são alinhadas. Cada um por si, mais ou menos
assim. Tento não captar este tipo de energia, pois a Secretária
tem que ser imparcial, não sei se da pra entender. O que quero
é ver a Organização crescer e o que me preocupa é que a
minoria pensa assim. Os colaboradores reclamam demais de
salário, mas também não se unem para que as coisas
melhorem. Reclamam e não fazem por onde melhorar.
10 – Em que tipo de organização você acredita ter formado sua
vida até aqui (religião, família, política)? O que você destaca de
melhor e pior nessas organizações?
Resposta: Temos um conceito forte de família e religião. Meus
pais sempre fizeram questão de nos mostrar o que de fato tem
valor na vida. Melhor: Aprendizado que oferece basta a gente
abrir os olhos e saber absorver. .Pior: As vaidades. O ser
humano é cheio de vaidade e isso impacta o crescimento de
toda e qualquer Organização. Temos que nos preocupar com o
sucesso da Organização, bem como a integração entre os
colaboradores. Não importa o cargo que exerço. Temos quer
ser um só.
11 – Você é capaz de dizer qual delas deu mais sentido a sua
vida e qual delas você se sentia mais em casa?
Resposta: A atual, talvez pelo meu amadurecimento. Consigo
enxergar melhor as coisas e separar o que é bom e o que não.
Acredito que estou onde deveria estar. Tudo na vida é
merecimento. O plano espiritual diz que acima da energia que
flui entre nós existe uma ainda maior que nos rege. Tudo que
fazemos de bom ou ruim sempre será repleta de coisas boas.
Então devemos abrir o coração e enxergarmos que estamos
onde temos que estar. Desta forma cabe á nós absorver ao
máximo para darmos chance ao que esta por vir. Aproveito
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tudo em todas as Empresas que tenho a oportunidade de estar.
Estou feliz na atual.
12 – Em qual delas você sentiu mais tesão, mais vontade
de estar ou mais realizada?
Resposta: Onde estou. Deram-me oportunidades e valorizo
esta postura no Empresário. Pra mim independe do salário.
Realizo-me na função e como já citei estou tendo oportunidade
de aprender muita coisa.
13 – Nessas organizações que trabalha (trabalhou) o que você
gostaria de ser ou ser igual? Como ela era? O que a fazia
sentir vontade dessa igualdade?
Resposta: Sempre fiz o que gosto de fazer em várias funções.
Ser assistente, Secretária, enfim colaborar com o outro. Acho
que dar o melhor de si, seja qual for a função, nos torna mais
profissionais.
14 – Você se sente capaz de comentar que tipo de cultura sua
empresa tem? Como você classificaria o clima de trabalho na
empresa que atua?
Resposta: Falei um pouco na questão 9. O dono é bem
centralizador e ainda precisamos alinhar as idéias entre os
colaboradores.
15 – Como você analisa sua relação com a sua chefia? Que
tipo de personalidade ela possui? Isso agrega conhecimentos à
experiência no seu dia-a-dia ou simplesmente você não leva a
personalidade dela em consideração?
Resposta: Temos uma relação saudável, pois sempre me dirijo
a ele com respeito e educação. Talvez isso faça com que ele
se policie. Procuro evidenciar o que ele tem de bom e não
absorver o que me incomoda.
16 – Diante da variedade de personalidades em uma
organização, com formações diferenciadas em todos os
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sentidos, como é para você trabalhar as questões de conflito,
de cargos e de posicionamentos dentro da empresa?
Resposta: Tento, dentro do possível, mostrar que somos iguais
e que juntos seremos muito mais fortes. Não dou ouvidos às
fofocas e nem abertura para papos furados.
17 - Você costuma apresentar soluções para os problemas
quando observa que algumas coisas estão desalinhadas e
a empresa esta levando prejuízo de alguma forma com
isso?
Resposta: Sim, desde que eu tenha abertura.
18 - O que você entende por auto-conhecimento? Você o acha
importante para sua formação social e profissional na
atualidade?
Resposta: Sem dúvida. Temos que nos conhecer muito bem
para evitarmos conflitos com nós mesmos e com o outro.
Temos que nos respeitar também, pois não somos de ferro.
Sem nos conhecer como sabemos o que nos magoa ou não. O
auto-conhecimento nos faz estar com os pés no chão e a não
tomar atitudes impensadas.
19 - Você julga importante alguns mecanismos como a auto-
aprendizagem, a escola, uma formação específica essencial
para seu sucesso dentro da sociedade e dentro das
organizações atuais?
Resposta: Sim, pois solidifica o que já sabemos na prática.
Conhecimento nunca é demais e o melhor de tudo isso é que
nunca tirarão de nós. Ponto que acho importante é a
humildade. Temos que ser humildes, pois facilita nosso
aprendizado. Humildes aprender a ensinar. Nada caminha se
não exercitarmos nosso lado humano.
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Secretária 17
1 – Você poderia descrever como foi sua infância, sua
juventude? Como você escolheu sua profissão? Fale um pouco
de sua história de vida
Resposta: Venho de uma família de origem italiana, de classe
média onde somente meu pai trabalhava> Eu fazia trabalhos
esporádicos enquanto estava no ensino médio e quando iniciei
a faculdade. Casei (1986) antes de completar a faculdade
de Administração, até porque não visualizava uma carreira
nesta época. Depois que me separei (1991) tive que correr
atrás do prejuízo. De lá para cá conclui o curso de
Administração de Empresas, comecei a trabalhar regularmente,
fiz pós em RH e trabalhei na área por alguns anos. Depois
trabalhei como secretária no Banco do Brasil e quando fui para
Londrina trabalhei como secretária da Pró-Reitoria de
Graduação de uma IES. Quando vim para São Paulo, trabalhei
em uma consultoria financeira com ex-Diretores de Bancos
onde tive um aprendizado intensivo, já que o nível de exigência
era grande. Depois de três anos pedi demissão. Durante o
período de recolocação, participei de um processo seletivo
para vaga de secretária executiva, que eu queria muito, e
acabei não conseguindo em função de não ter o DRT. Esta foi
a principal razão para eu decidir cursar uma faculdade de
secretariado.
2 – Como você lida em determinadas situações com o cansaço
de seu corpo no trabalho e em sua casa para cumprir com suas
obrigações profissionais e familiares?
Resposta: Conversando com pessoas de minha família
3 – Você se acha criativa?
Resposta: Não muito.
4 – Como fica o seu humor ao chegar à empresa depois de
atravessar um longo percurso por intermédio de metrô, ônibus
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ou automóvel numa cidade como São Paulo para chegar ao
trabalho?
Resposta: O trânsito de São Paulo me estressa muito, muito
mesmo. Percorro cerca de 90 km por dia. De manhã o transito
não cansa tanto quanto a noite. Chego animada no trabalho,
sou uma pessoa bem-humorada. Venho de carro, escutando a
CBN ou música, ou seja, chego super bem. Agora à noite
depois da faculdade chego “acabada em casa”.
5 – Você acha que você recebe o que o governo tem por
obrigação de dar aos contribuintes em relação à saúde,
educação e habitação?
Resposta: Com certeza não para a quantidade de imposto que
se paga neste país.
6 – Você participa de alguma entidade de classe?
Resposta: No momento não, mas já participei do Grupo de
Recursos Humanos de Embu, Itapecerica e Taboão da Serra
(pro fissionas de RH).
7 – O fato de você perceber uma concorrência grande em sua
empresa faz com que você busque aprender cada vez mais?
Você busca oportunidades para melhorar sua carreira? O que
você e sua empresa fazem para que se torne um profissional
sempre capacitado?
Resposta: Hoje minha maior preocupação é manter minha
empregabilidade. Embora esteja com 42 anos, procuro ver
minha idade como um ponto forte dentro da minha profissão.
Características como foco, responsabilidade, maturidade,
comprometimento, bom senso, experiência, expertise, além de
estarem atenta às oportunidades profissionais outras são
próprias da idade. Minha maior limitação hoje é a falta de
fluência no idioma inglês. Já perdi várias oportunidades em
função disso. Hoje este é o meu maior objetivo. Já na empresa
busco oportunidades de aprender sempre. A empresa vê com
bons olhos participar de palestras, congressos ou cursos em
área que sejam de interesse dela.
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8 – Você sabe que você tem direitos? Sabe que tem deveres?
Você sabe a diferença entre o que é ser cidadão e sujeito?
Resposta: Sim o cidadão tem consciência de seus deveres e
direitos e procura exercê-los.
9 – Você pode descrever o tipo de organização que você
trabalha?
Resposta: Trabalho na ABPM – Associação Brasileira de
Preservadores de Madeira. www.abpm.com.br. Uma entidade
representativa de classe com abrangência nacional que reúne
preservadores de madeira (indústrias químicas, usinas de
tratamento de madeira, instituto de pesquisa, concessionárias
de energia e usuários finais). Temos uma diretoria eleita a cada
biênio composta pelo Presidente, Vice-Presidente, Tesoureiro,
Secretário, Diretores Adjuntos e Coordenadoria Técnica. Tenho
uma assistente que me auxilia.
10 – Em que tipo de organização você acredita ter formado sua
vida até aqui (religião, família, política)? O que você destaca de
melhor e pior nessas organizações?
Resposta: Principalmente a família e também a igreja católica.
Posso destacar como pontos principais os valores que são
transmitidos. Não vejo pontos ruins. Em relação às empresas
que trabalhei considero que foram válidas todas as
experiências, mesmo as negativas.
11 – Você é capaz de dizer qual delas deu mais sentido a sua
vida e qual delas você se sentia mais em casa?
Resposta: A família em primeiro lugar.
12 – Em qual delas você sentiu mais tesão, mais vontade
de estar mais ou realizada?
Resposta: Em minha carreira talvez tenha me arrependido de
uma única experiência profissional. Das empresas em que
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trabalhei posso destacar que tive realização profissional,
remuneração justa, um bom clima organizacional, poder de
decisão, autonomia, posição de destaque na organização em
função da proximidade com o ”poder”. Todavia, não consegui
tê-las reunidas na mesma empresa.
13 – Nessas organizações que trabalha (trabalhou) o que você
gostaria de ser ou ser igual? Como ela era? O que a fazia
sentir vontade dessa igualdade?
Resposta: Sempre estive satisfeita com as condições como um
todo, com exceção da remuneração.
14 – Você se sente capaz de comentar que tipo de cultura sua
empresa tem? Como você classificaria o clima de trabalho na
empresa que atua?
Resposta: Por ser uma associação com diretoria eleita, nosso
objetivo principal é o associado. É curioso que muitos dos
associados são concorrentes entre si. Alguns vêem isso como
uma possibilidade de parceria, outros não. Quanto ao clima
organizacional é muito bom.
15 – Como você analisa sua relação com a sua chefia? Que
tipo de personalidade ela possui? Isso agrega conhecimentos à
experiência no seu dia-a-dia ou simplesmente você não leva a
personalidade dela em consideração?
Resposta: Sempre tive um bom relacionamento com todas as
chefias que tive. Na ABPM por assistir a oito diretores que têm
personalidades e demandas diferentes, e algumas vezes
posicionamentos antagônicos entre eles, é necessário ter muita
habilidade relacional. Quanto à personalidade individual,
procuro vê-la de uma forma profissional, sempre usando o
respeito, mantendo a postura profissional e exercitando
empatia.
16 – Diante da variedade de personalidades em uma
organização, com formações diferenciadas em todos os
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sentidos, como é para você trabalhar as questões de conflito,
de cargos e de posicionamentos dentro da empresa?
Resposta: Procuro observar sempre a hierarquia. Uso o bom
senso. Fico atenta aos posicionamentos das pessoas e evito
comentários que podem “inflamar” situações.
17 - Você costuma apresentar soluções para os problemas
quando observa que algumas coisas estão desalinhadas e
a empresa esta levando prejuízo de alguma forma com
isso?
Resposta: Sempre que possível. Vejo isso como
comprometimento.
18 - O que você entende por auto-conhecimento? Você o acha
importante para sua formação social e profissional na
atualidade?
Resposta: Auto-conhecimento é a reflexão sobre como você
era e o que é que pode vir a ser. Conhecer situações que te
fazem bem e as que te prejudicam. Conhecer seus limites e
aprender a respeitá-los. Saber onde esta e o que é necessário
para chegar lá. Ter metas reais e definidas.
Exercitar a autodisciplina. Fortalecer a auto-estima. Ter valores
sólidos.
19 - Você julga importante alguns mecanismos como a auto-
aprendizagem, a escola, uma formação específica essencial
para seu sucesso dentro da sociedade e dentro das
organizações atuais?
Resposta: Com certeza são ferramentas que auxiliam no
sucesso profissional.
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Secretária 21
1 – Você poderia descrever como foi sua infância, sua
juventude? Como você escolheu sua profissão? Fale um pouco
de sua história de vida.
Resposta: Eu fui bem moleca, levada e com 16 anos comecei a
procurar emprego por opção minha, comecei a trabalhar perto
de casa como auxiliar de escritório, daí eu comecei a gostar
dessa área e comecei a procurar algo melhor em empresas
melhores. Sou a caçula e na minha família tos costuma se
reunir sempre.
2 – Como você lida em determinadas situações com o cansaço
de seu corpo no trabalho e em sua casa para cumprir com suas
obrigações profissionais e familiares?
Resposta: Eu acho que lido bem com esse cansaço, eu
procuro fazer algo que gosto bastante, gosto de dançar, de
ouvir bastante musica, então faço algo para compensar aquela
adrenalina, aquele estresse.
3 – Você se acha criativa?
Resposta: Eu acho. Depende da inspiração, do dia, de coisas
que às vezes eu vejo, de idéias de outras pessoas, por
exemplo, de professores em aula que deram palestras, alguma
coisa interessante, no dia seguinte eu já tenho idéia do que
fazer.
4 – Como fica o seu humor ao chegar à empresa depois de
atravessar um longo percurso por intermédio de metrô, ônibus
ou automóvel numa cidade como São Paulo para chegar ao
trabalho?
Resposta: Se eu for ficar de mal-humor por conta do trânsito eu
vou ficar mal-humorada todos os dias, pois entro na Vinte e
Três de Maio todos os dias, eu moro na Zona Norte e trabalho
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na Zona Sul, vou ouvindo música todos os dias então ficar de
mal-humor é difícil.
5 – Você acha que você recebe o que o governo tem por
obrigação de dar aos contribuintes em relação à saúde,
educação e habitação?
Resposta: Eu acho que deixa a desejar muita coisa. Muito
imposto a pagar e pouco retorno.
6 – Você participa de alguma entidade de classe?
Resposta: Não
7 – O fato de você perceber uma concorrência grande em sua
empresa faz com que você busque aprender cada vez mais?
Você busca oportunidades para melhorar sua carreira? O que
você e sua empresa fazem para que se torne um profissional
sempre capacitado?
Resposta: Sim. Busco sempre me aperfeiçoar, por exemplo;
quando está terminando um curso, já pesquiso outro para me
aperfeiçoar, sempre busco me aperfeiçoar cada vez mais.
8 – Você sabe que você tem direitos? Sabe que tem deveres?
Você sabe a diferença entre o que é ser cidadão e sujeito?
Resposta: Eu acho que é meio a meio, de vez em quando nós
acabamos esquecendo um pouco, principalmente dos direitos
que temos, e acabamos não buscando esse direito quando
necessitamos dele em determinadas situações.
9 – Você pode descrever o tipo de organização que você
trabalha?
Resposta: Trabalho na Wolkswagem, no ramo de consórcio,
estou lá há nove anos, é ótima boa empresa para trabalhar,
tem convênio médico e odontológico. È uma empresa que
cobra muito dos funcionários, e isso às vezes nos deixa um
pouco insatisfeitos.
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10 – Em que tipo de organização você acredita ter formado sua
vida até aqui (religião, família, política)? O que você destaca de
melhor e pior nessas organizações?
Resposta: Acredito mais na família porque você aprende a ter
índole, o caráter ter conduta correta, aprende a viver bem, a
lidar com as pessoas de forma correta. O ponto negativo é que
você acaba ficando dependente de pai e mãe. Não me
identifico com a política e também não sou muito praticante de
religião
11 – Você é capaz de dizer qual delas deu mais sentido a sua
vida e qual delas você se sentia mais em casa?
Resposta: A família
12 – Em qual delas você sentiu mais tesão, mais vontade
de estar ou mais realizada?
Resposta: Não soube responder.
13 – Nessas organizações que trabalha (trabalhou) o que você
gostaria de ser ou ser igual? Como ela era? O que a fazia
sentir vontade dessa igualdade?
Resposta: Acho que tem alguém, com alguma característica,
alguma forma de agir que eu admire, porque em determinados
momentos eu não tenho essa forma de agir, como pulso firme,
pois sou um pouco maleável, existem pessoas que são mais
firmes mais decididas e eu admiro.
14 – Você se sente capaz de comentar que tipo de cultura sua
empresa tem? Como você classificaria o clima de trabalho na
empresa que atua?
Resposta: É bem séria, a cultura mais reservada.
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15 – Como você analisa sua relação com a sua chefia? Que
tipo de personalidade ela possui? Isso agrega conhecimentos à
experiência no seu dia-a-dia ou simplesmente você não leva a
personalidade dela em consideração?
Resposta: Hoje é uma servidora é uma gerente que tenho lá, já
tive superiores homens, é mais fácil de lidar com ela do que
com ele, que era mais grosseiro a palavra dele tinha que ser
sempre a final, e ela sabe ouvir, sabe ceder eu acho que hoje é
muito melhor.
16 – Diante da variedade de personalidades em uma
organização com formações diferenciadas em todos os
sentidos, como é para você trabalhar as questões de conflito
de cargos, de posicionamentos dentro da empresa?
Resposta: Eu tento não entrar em discussão, achar uma
solução, uma forma de solucionar o problema sem precisar
continuar, porque às vezes dependendo do caso tem atrito, tem
picuinhas de um servidor com o outro, então a gente tem que
entrar de uma forma para baixar a guarda dos dois.
17–Você costuma apresentar soluções para os problemas
quando observa que algumas coisas estão desalinhadas e a
empresa esta levando prejuízo de alguma forma com isso?
Resposta: Eu costumo apresentar soluções desde que eu
tenha essa condição.
18 – O que você entende por auto-conhecimento? Você o acha
importante para sua formação social e profissional na
atualidade?
Resposta: Entendo que preciso saber o suficiente do meu
comportamento, do meu temperamento, e saber como lidar
com cada situação, e me conhecer melhor.
19-Você julga importante alguns mecanismos como a auto-
aprendizagem, a escola, uma formação específica essencial
para seu sucesso dentro da sociedade e dentro das
organizações atuais?
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Resposta: Sim é muito importante.
Secretária 22
1 – Você poderia descrever como foi sua infância, sua
juventude? Como você escolheu sua profissão? Fale um pouco
de sua história de vida.
Resposta: A minha infância e juventude foram muito difíceis,
porque eu tinha um pai que era muito doente e uma mãe que
não trabalhava, meu pai acabou perdendo um grande emprego
em uma multinacional e minha mãe teve que trabalhar, quem
cuidou da casa fui eu e tive também que trabalhar, por isso
resolvi fazer magistério, então descobri que eu gostava de
ensinar e gostava de fazer as coisas pelos outros. Um dia foi
oferecido um cargo de secretária para substituir uma amiga
que estava de licença e eu me apaixonei e resolvi ser
secretária daí pra frente.
2 – Como você lida em determinadas situações com o cansaço
de seu corpo no trabalho e em sua casa para cumprir com suas
obrigações profissionais e familiares?
Resposta: Primeiro com responsabilidade, eu venço o cansaço
pela responsabilidade, me cobro muito, não me deixo abater
minha responsabilidade acima de tudo, eu estou caindo, mas
estou presente.
3 – Você se acha criativa?
Resposta: Absurdamente criativa não, mas normalmente eu
acho uma saída para qualquer problema.
4 – Como fica o seu humor ao chegar à empresa depois de
atravessar um longo percurso por intermédio de metrô, ônibus
ou automóvel numa cidade como São Paulo para chegar ao
trabalho?
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Resposta: Normalmente quando eu chego ao ponto fixo, vou
dizer assim, eu chego num mau humor que nem eu me
agüento ter que tomar várias conduções, então acaba te
levando para um estresse. Quando eu chego ao lugar, no
trabalho ou em casa, eu acabo ficando contente de ter chegado
aí eu mudo de humor, eu começo encontrar pessoas que eu
converso e vejo o que eu tenho para fazer no dia, ou chego em
casa feliz porque terminou o dia e eu estou com a minha
família, daí eu mudo de humor.
5 – Você acha que você recebe o que o governo tem por
obrigação de dar aos contribuintes em relação à saúde,
educação e habitação?
Resposta: Nada, nada, a saúde não funciona, o transporte não
funcionam, os impostos são pagos querendo ou não eles são
retirados de você e o governo não faz nada para ninguém.
6 – Você participa de alguma entidade de classe?
Resposta: Não
7 – O fato de você perceber uma concorrência grande em sua
empresa faz com que você busque aprender cada vez mais?
Você busca oportunidades para melhorar sua carreira? O que
você e sua empresa fazem para que se torne um profissional
sempre capacitado?
Resposta: É claro, Minha empresa faz curso de atualização
para funcionários, palestras, por exemplo; para você aprender
inglês eles te mandam para a matriz na Filadélfia onde você
fica um mês aprendendo.
8 – Você sabe que você tem direitos? Sabe que tem deveres?
Você sabe a diferença entre o que é ser cidadão e sujeito?
Resposta: Ninguém nunca discutiu comigo e até gostaria de
saber que não é pra mim, o cidadão é a pessoa que cumpre
com as leis e faz uma retribuição jurídica, pessoa que vota que
tira seu título. Tira seus documentos paga seus impostos,
circulam na rua e pagam seu IPVA ou o que for o sujeito é
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simplesmente uma pessoa que nasceu que existe, mas ele não
atua dentro do país, da cidade ou ela não tem nenhuma
atuação política vamos dizer assim.
9 – Você pode descrever o tipo de organização que você
trabalha?
Resposta: Uma multinacional de grande porte tem 50 filiais
pelo país todo, a matriz fica na Filadélfia, tem no Japão e em
vários paises, no Brasil tem um diretor presidente que comanda
também a parte financeira, tem um controller que tem um
departamento de mais de 7ou 8 pessoas e cada produto tem
um gerente.
10 – Em que tipo de organização você acredita ter formado sua
vida até aqui (religião, família, política)? O que você destaca de
melhor e pior nessas organizações?
Resposta: Familiar, pois eu quero que saia tudo certo.
11 – Você é capaz de dizer qual delas deu mais sentido a sua
vida e qual delas você se sentia mais em casa?
Resposta: A família, o emprego. Fico contente com o sucesso
dos outros também. Ou seja, a palavra de ordem é ter
responsabilidade e praticidade.
12 – Em qual delas você sentiu mais tesão, mais vontade
de estar ou mais realizada?
Resposta: Eu procuro primeiro verificar se a empresa é sólida
ou não
13 – Nessas organizações que trabalha (trabalhou) o que você
gostaria de ser ou ser igual? Como ela era? O que a fazia
sentir vontade dessa igualdade?
Resposta: Não tive ainda ninguém que me servisse de trilha,
que me desse àquela inveja boa.
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14 – Você se sente capaz de comentar que tipo de cultura sua
empresa tem? Como você classificaria o clima de trabalho na
empresa que atua?
Resposta: Eles prezam muito a parte pessoal das pessoas, a
qualidade de vida é muito valorizada, e tem programas de
ginástica, você pode chegar 1 hora mais tarde desde que você
esteja na ginástica, prezam o jogo de futebol uma vez por mês
para juntar todo mundo, as mulheres fazem churrasco e os
homens jogam futebol.
15 – Como você analisa sua relação com a sua chefia? Que
tipo de personalidade ela possui? Isso agrega conhecimentos à
experiência no seu dia-a-dia ou simplesmente você não leva a
personalidade dela em consideração?
Resposta: Os meus executivos um deles absurdamente
centrado, ele não confiava, não delegava, ele queria uma
secretária para dizer que tinha, mas o outro era bem parceiro e
achava que nós tínhamos que andar lado a lado, ele tinha uma
dúvida, perguntava, ele aceitava sugestões e críticas da
mesma maneira que eles faziam.
16 – Diante da variedade de personalidades em uma
organização, com formações diferenciadas em todos os
sentidos, como é para você trabalhar as questões de conflito,
de cargos e de posicionamentos dentro da empresa?
Resposta: Se forem pessoas acessíveis normalmente, eu tento
descobrir o que está acontecendo e botar “pano quente”,
vamos dizer assim, tentar apaziguar e que eles cheguem a um
consenso tranqüilo, que não seja uma guerra de matar ou
comer o outro, mas se é pessoa com personalidade muito forte,
que menospreza a gente, pessoas que acham que não tem
valor. Você não é capaz de decidir nada ou de enxergar nada,
então eles normalmente enxergam você como um nada, então
eu não me meto, deixo que eles se matem.
17- Você costuma apresentar soluções para os problemas
quando observa que algumas coisas estão desalinhadas e a
empresa esta levando prejuízo de alguma forma com isso?
228
Resposta: Se eu puder evitar não, acho que você está lá a
maior parte do seu tempo e é como se fosse a sua família, ele
tem que se dar bem, para você poder se dar bem.
18 - O que você entende por auto-conhecimento? Você o acha
importante para sua formação social e profissional na
atualidade?
Resposta: Acho que é conhecer o que eu não sei
19 - Você julga importante alguns mecanismos como a auto-
aprendizagem, a escola, uma formação específica essencial
para seu sucesso dentro da sociedade e dentro das
organizações atuais?
Resposta: Sim. Ajuda e é um bom passo, não é essencial, mas
é um grande passo. Ajuda bastante o fato de você se
conhecer, sobretudo. Porque você impõe toda uma
personalidade, toda uma maneira comportamental e isso são
importantes para a empresa e a empresa acaba olhando isso.
Secretária 03
1 – Você poderia descrever como foi sua infância, sua
juventude? Como você escolheu sua profissão? Fale um pouco
de sua história de vida.
.
Resposta: Fui uma criança normal, a segundas de cinco filhos,
morei em lugares maravilhosos, estudei e brinquei muito com a
maioria dos meus amiguinhos. Tive aos sete anos uma doença
quase mortal, e pude perceber o quanto à vida era valiosa para
mim já naquela ocasião. Minha juventude foi de trabalhar e
estudar e pouco tempo para curtição, eu diria. Aos 15 anos eu
já havia começado a trabalhar para ajudar em casa aos 17
anos escolhi o secretariado por intermédio do exemplo de vida
de uma secretária na primeira empresa que trabalhei na minha
vida. Em tudo me espelhei nela e assim tenho hoje 28 anos de
experiência na área secretarial.
229
2 – Como você lida em determinadas situações com o cansaço
de seu corpo no trabalho e em sua casa para cumprir com suas
obrigações profissionais e familiares?
Resposta: Muitas vezes tenho vontade de parar, de descansar,
de alongar o corpo, mas o excesso de tarefas não me permite.
Sinto muitas vezes que minhas pernas doem e minha coluna
grita de tanta dor, mas corro contra o tempo. Preciso do
emprego e também preciso mostrar que tenho competência
para desenvolver dupla ou tripla jornada. Muitas vezes cansada
ainda tenho as tarefas em casa como filha e mãe. Tenho que
ter tempo para a filha e ainda disposição para as providências
do lar. A minha família não entende porque eu trabalho tanto.
Mal sabe que preciso dar conta de tudo, o que esperam de
mim na organização e em casa. Então sacrifico minha saúde
em beneficio deste reconhecimento. Dificilmente respeito o
limite do meu corpo. Em casa ou no trabalho. Cobro muito de
mim. Desafios e resultados. Esqueço muitas vezes da saúde.
3 – Você se acha criativa?
Resposta: Sim, na maioria das vezes quando consigo
conquistar a confiança de meus executivos para mostrá-la. No
ambiente de trabalho nem sempre podemos colocar a
criatividade a prova em nossas tarefas. È uma questão da
cultura da organização, prezar esta qualidade em um
colaborador. Muitas empresas fazem com que os funcionários
cumpram exatamente aquilo que seus dirigentes querem e
estipulam, não respeitando muitas vezes a criatividade, a
competência e o dinamismo de seus funcionários.
4 – Como fica o seu humor ao chegar à empresa depois de
atravessar um longo percurso por intermédio de metrô, ônibus
ou automóvel numa cidade como São Paulo para chegar ao
trabalho?
Resposta: Na maioria das vezes chego muito irritada, pois sei
que, como cidadã, pago meus impostos, honro com as minhas
obrigações e ainda tenho que passar tantas dificuldades com
transporte na maior cidade da América Latina. Um transito
230
caótico, pessoas estressadas, violências e pior chego para
trabalhar e meu executivo muitas vezes ainda reclama que
cheguei atrasada. Como se chegar atrasada fosse a minha
primeira escolha do dia assim que acordo. Tento muitas vezes
não deixar esse aborrecimento interferir no meu dia, mas fica
muito difícil, pois sei que na hora da saída começa tudo de
novo para eu chegar em casa.
5 – Você acha que você recebe o que o governo tem por
obrigação de dar aos contribuintes em relação à saúde,
educação e habitação?
Resposta: Falar do governo e suas responsabilidades é falar
também de nossas obrigações e deveres além de tudo que já
temos que fazer na vida. Dizem que devemos e temos que
fiscalizar os órgãos responsáveis por estes mecanismos, mas o
que dizer de governos? Corruptos? Ineficazes? Classe política
doente e sem sentido? Ficamos sempre reféns seja na
situação que for e depois ainda somos obrigados a fiscalizar
eles? O Brasil esta doente! Sem previsão de cura e nós é que
pagamos à conta do hospital. Para mim eles não fazem nada
de bom, nunca fizeram.
6 – Você participa de alguma entidade de classe?
Resposta: Sim, do Sindicato das Secretárias do estado de São
Paulo – Sinesp. Temos eleições, assembléias, discutimos
todos os assuntos da área e também com relação à imagem, a
capacitação profissional, eventos, educação etc. É importante
participar das decisões tomadas com relação a sua área de
trabalho. As secretárias são reconhecidamente profissionais
extremamente importantes na organização e fazem com que a
engrenagem funcione adequadamente na empresa junto com
os demais colaboradores e chefias.
7 – O fato de você perceber uma concorrência grande em sua
empresa faz com que você busque aprender cada vez mais?
Você busca oportunidades para melhorar sua carreira? O que
você e sua empresa fazem para que se torne um profissional
sempre capacitado?
231
Resposta: Como participante do sindicato, sempre recebe
informações sobre cursos, novas modalidades de trabalho,
capacitação profissional etc. As empresas hoje não investem
como deveriam em seus secretários e por isso a carga
financeira de atualizações profissionais ficam em risco muitas
vezes nem é a parte financeira que atrapalha uma possível
melhoria profissional, mas sim por parte da empresa liberar os
profissionais para fazerem cursos. Ficar fora da organização
por muito tempo acarreta inúmeros problemas e os executivos
não abrem mão disso. Tenho consciência das necessidades,
mas a impossibilidade de me atualizar na maioria das vezes
me tira a motivação de trabalhar na área e faz com que isso
reflita no meu ambiente de trabalho e nas minhas tarefas.
Mesmo sabendo da concorrência às vezes sinto vontade de
mudar de profissão.
8 – Você sabe que você tem direitos? Sabe que tem deveres?
Você sabe a diferença entre o que é ser cidadão e sujeito?
Resposta: Pelo que aprendi com meus pais e nas escolas,
temos enquanto grupos inseridos em uma determinada
sociedade respeitar os meus direitos e dos demais. Nascemos
e crescemos na obediência de regras de bom conviver de
acordo com convenções pré-estabelecidas desde que o mundo
é mundo. Alguém lá atrás convencionou o que é certo ou
errado e viemos ao longo da história de alguma maneira
seguindo essa cartilha. È impossível não saber minhas
obrigações quando governo, família e trabalho me lembram
disso vinte e quatro horas por dia. Meus deveres são inúmeros
e não caberia aqui elencar todos, mas o primeiro que me vem à
cabeça é pagar um milhão de impostos a troco de nada, com a
nítida sensação de que rasgo dinheiro na janela, coisa de louco
mesmo. Meus direitos então, nem penso, pois sofro ainda
mais. Segurança por exemplo: o que podemos dizer daqueles
que deveria nos proteger (policiais) e hoje nos matam a troco
de nada? Um pais caótico onde poucos têm muito e muitos
quase nada! Sofremos as conseqüências de nossos próprios
atos quando nos tornamos analfabetos políticos, colocando
232
aquela corja na direção do país a troco de dentaduras e cestas
básicas.
9 – Você pode descrever o tipo de organização que você
trabalha?
Resposta: Com meus 28 anos de experiência, já atuei em
diversas organizações com as mais variadas direções, culturas,
finalidades e portes.
É complicado analisar sob o ponto de vista secretarial, pois
sempre trabalhei junto aos centros decisórios e sempre sob
muita pressão por resultados, acertos e metas alcançadas. Isso
fazia com que as pessoas atuassem de formas diferenciadas
de acordo com seus interesses na e pela organização. Hoje
trabalho em uma empresa que é um holding de um grupo e
cujo proprietário é extremamente machista, centralizador e
autoritário. Apesar de sermos grandes amigos, não compactuo
com o seu gênero administrativo de ser. Trabalhei com ele
durante 12 anos e pedi dispensa para lecionar. Após quatro
anos longe, fui convidada a voltar, mas não consegui me
adaptar novamente e depois de seis meses percebi que ele
continuava o mesmo. Hoje as empresas precisam delegar,
confiar, acreditar no potencial de seus funcionários. Senão a
desmotivação fica muito aparente prejudicando os negócios.
10 – Em que tipo de organização você acredita ter formado sua
vida até aqui (religião, família, política)? O que você destaca de
melhor e pior nessas organizações?
Resposta: Acredito muito na família, pois ela sempre foi o meu
porto seguro, minha direção. Meu pai foi um homem
maravilhoso, dedicado, amoroso e confidente. Hoje não esta
mais aqui comigo, com a minha família. Sinto falta de seus
conselhos, de seu sorriso e de sempre estar pronto para
aconselhar-me. Minha mãe já não foi assim. Ela vive comigo
hoje, temos os papéis invertidos, eu é que cuido dela é uma
convivência normal. Da política nunca pude tirar um bom
exemplo em esfera nenhuma e na religião pude observar
quase todas elas e não chegar a lugar nenhum. Gosto do
espiritismo por várias razões, mas sou adepta a meditações e
233
reflexões. Gosto do silêncio e paz, fruto da educação de meu
pai. Destaco de melhor na minha educação familiar o exemplo
de ser humano que meu pai foi e de pior, não saber trabalhar
com a ausência dele e consequentemente não saber lidar com
as faltas emocionais.
11 – Você é capaz de dizer qual delas deu mais sentido a sua
vida e qual delas você se sentia mais em casa?
Resposta: Como dito anteriormente a família representa tudo
de bom na minha vida e isso reflete no profissional. Por ter tido
essa educação hoje sou muito querida nos ambientes
acadêmicos, profissionais e sociais. Sinto que as maiorias das
pessoas me recebem bem, gostam do meu jeito, da minha
personalidade e também de meus conhecimentos. Realmente
em função disso sinto a vontade em qualquer lugar que eu vá
trabalhar ou lecionar.
12 – Em qual delas você sentiu mais tesão, mais vontade
de estar ou mais realizada?
Resposta: Reafirmo, foi dentro da família. Meus irmãos hoje
(uma mais velha e três mais novos) têm em mim a figura
daquela pessoa que um dia meu pai foi para nós. Como se eu
tivesse me incumbido desta responsabilidade deixada por meu
pai. Conselhos, ajudas, eventos sociais tudo eles falam e
fazem junto comigo. É importante essa união desejo constante
de meu pai e da minha mãe também. Sinto-me feliz porque
ajudo a todos eles e me sinto bem com isso. Realmente o meu
tesão é poder ser útil, ouvido e querida pela minha família.
13 – Nessas organizações que trabalha (trabalhou) o que você
gostaria de ser ou ser igual? Como ela era? O que a fazia
sentir vontade dessa igualdade?
Resposta: Infelizmente tenho que reconhecer que em nenhuma
delas tive algum exemplo de liderança, espelho profissional ou
que eu concordava com o tipo de direção. A maioria das
empresas em que atuei não se preocupava em investir nos
colaboradores e nem tão pouco em seus estudos, coisa que
234
hoje é bem diferente. Eu tinha vontade de ser ouvida não era.
Tinha idéias e sugestões, mas ninguém se prontificava a ouvir
ou colocar em prática, principalmente nas questões humanas
das relações profissionais. O interesse maior era nos lucros e
na substituição imediata de pessoas que não se adaptavam ao
sistema da empresa. Ao longo dos anos fui percebendo que
pouco mudaria com os meus ideais de empresa maravilhosa
de se trabalhar e com a realidade do país e dos empresários.
Atualmente esta realidade está diferente. Alguns empresários
chegaram à conclusão que se não houver investimento interno,
investimento no material humano e na tecnologia as empresas
fecham as portas.
14 – Você se sente capaz de comentar que tipo de cultura sua
empresa tem? Como você classificaria o clima de trabalho na
empresa que atua?
Resposta: Como mencionado anteriormente, a cultura que a
empresa tem hoje ainda é machista. Não se acredita muito na
capacidade, no trabalho e na gestão feminina de cargos e
departamentos infelizmente. O clima é de tensão constante. As
pessoas não trabalham felizes (e querer felicidade no ambiente
de trabalho não é uma utopia), não se sentem realizadas e
nem motivadas a buscar resultados. É como em muitas
repartições públicas: as pessoas estão ali por estar. Não se
tem planos de carreiras, investimento em cursos e formação
profissional e muitas vezes sentem-se pressionadas a trabalhar
muito senão podem perder seus empregos. É de ficar perplexo,
mas ainda existem empresas assim e muita gente se
sujeitando a este tipo de tratamento pela necessidade de
sobreviver.
15 – Como você analisa sua relação com a sua chefia? Que
tipo de personalidade ela possui? Isso agrega conhecimentos à
experiência no seu dia-a-dia ou simplesmente você não leva a
personalidade dela em consideração?
Resposta: Meus relacionamentos com meus executivos
sempre foram bons. Começavam sempre com um determinado
grau de assédio. Talvez para eles me testarem ou coisa assim.
235
Situações difíceis e complicadas eu sempre tive, pois só
trabalhei com homens. Ficava durante muitos anos nas
empresas e depois conquistava a confiança deles por
intermédio de meu trabalho muito competente e dedicado,
apresentava meus projetos e tentava colocar em prática. Meu
último executivo, com quem trabalhei durante 12 anos foi
realmente uma escola de vida. Ensinou-me muitas coisas do
lado positivo e do negativo. A questão não era aceitar ou não a
personalidade dele e sim me adaptar a usufruir da experiência
dele para fazer a minha lição de vida.
16 – Diante da variedade de personalidades em uma
organização, com formações diferenciadas em todos os
sentidos, como é para você trabalhar as questões de conflito,
de cargos e de posicionamentos dentro da empresa?
Resposta: Sempre procurei ouvir. Aprendi isso ao longo da
vida. As pessoas querem ser ouvidas. Elas querem que nós
sintamos o que elas sentem para entender o seu problema. O
uso da empatia foi uma coisa muito fácil, pois meu pai sempre
ensinou isso para mim e para os meus irmãos. Os conflitos
existem. Pois o ser humano pensa e age de formas diferentes
e se não dermos a chance de cada um mostrar o que pensa e
sabe o mundo ficaria impossível de se viver. Respeito,
humildade, determinação fizeram ao longo de minha carreira
secretarial uma diferença enorme para se trabalhar quando
atuamos ao lado do poder nas organizações. Vaidades,
disputas e política fazem parte, infelizmente ainda, de muitas
realidades organizacionais no Brasil. Por isso todo cuidado é
pouco.
17 - Você costuma apresentar soluções para os problemas
quando observa que algumas coisas estão desalinhadas e
a empresa esta levando prejuízo de alguma forma com
isso?
Resposta: Apresentava e ainda apresento. Faço parte de um
time, de uma equipe e se algo não vai bem compete a também
tentar solucionar. Independente de ser um problema da
empresa, o problema passa a ser meu também quando estou
236
integrada em um grupo. Sempre que posso sugiro idéias ou
projetos para beneficiar a todos: empresa, funcionário e
sociedade.
18 - O que você entende por auto-conhecimento? Você o acha
importante para sua formação social e profissional na
atualidade?
Resposta: Sinceramente eu acreditava que auto-conhecimento
era buscar o conhecimento sozinha, sem ajuda de escolas. Eu
acreditava que auto-conhecer era realmente buscar estudos e
formação fora dos bancos escolares. Lendo melhor a palavra e
buscando seu significado no dicionário pude constatar que não
era bem isso. Pode ser também se conhecer por dentro e por
fora. Saber quem você é. De que grupo você faz parte. Que
personalidade você tem e o que deseja para a sua vida.
Começo a entender hoje que a minha formação social depende
de eu saber quem eu sou por dentro e por fora e me aceitar.
Evidentemente que isso reflete no aspecto profissional.
Conhecendo-me e conhecendo melhor o outro. Com certeza
vou poder ser uma pessoa completa, feliz e realizada.
19 - Você julga importante alguns mecanismos como a auto-
aprendizagem, a escola, uma formação específica essencial
para seu sucesso dentro da sociedade e dentro das
organizações atuais?
Resposta: Evidentemente que sim, buscar conhecer-se e
adquirir conhecimentos variados são essenciais hoje para
quem quiser se manter profissional e socialmente incluso em
qualquer grupo. Podemos notar uma variedade enorme de
empresas atuando no treinamento de funcionários como
motivação, atualização, formação específica etc., como forma
de minimizar muitas vezes as diferenças entre os
colaboradores, chefias e dirigentes em uma organização.
Manter-se empregável hoje exige sacrifícios, estudos
constantes, paciência e conhecimento de si e dos outros.
Ninguém chega a lugar algum sem investir e não podemos
depender de absolutamente nada e nem ninguém para
chegarmos ao sucesso pessoal, social e profissional.
237
Secretária 23
1 – Você poderia descrever como foi sua infância, sua
juventude? Como você escolheu sua profissão? Fale um pouco
de sua história de vida.
Resposta: A minha infância não poderia ter sido mais feliz. Foi
uma infância sadia, em que brincava na rua com toda a
molecada era sempre uma diversão ímpar. Sempre rodeada de
alegria e de pessoas que me amavam muito. A juventude como
de toda garota foi rodeada de descobertas e com certeza foi
muito proveitosa. Todos os momentos foram vividos com muita
intensidade. A escolha da profissão se deu de forma um pouco
confusa. Ao sair do colégio queria fazer jornalismo. Prestei
vestibular, não passei. Fui então fazer outros cursinhos
preparatórios para vestibular e me vi diante de um impasse,
não era aquela profissão que queria para minha vida. Então
comecei a trabalhar para então decidir o que fazer. Arrumei um
emprego de secretária e auxiliar administrativo ao mesmo
tempo, e foi ai que me apaixonei pela profissão e resolvi fazer a
faculdade. Hoje sou completamente realizada com minha
escolha e tenho certeza que foi a melhor que poderia ter feito.
2 – Como você lida em determinadas situações com o cansaço
de seu corpo no trabalho e em sua casa para cumprir com suas
obrigações profissionais e familiares?
Resposta: Estar com a sensação de cansaço é quase que
diária. A rotina de trabalho, faculdade e demais afazeres nem
sempre são bem aceitas pelo nosso corpo. Existem dias em
que levantar da cama é um verdadeiro suplício, mas sei que
acima de tudo tenho minhas responsabilidades pessoais e
profissionais. Diante disso o que podemos fazer é levantar,
fazer o que temos que fazer e sempre lembrar que temos que
aproveitar bem toda a nossa vida. E caso o cansaço seja muito
forte, tentar descansar em um horário alternativo mais sempre
lembrar que não devemos desistir nunca.
238
3 – Você se acha criativa?
Resposta: Não sei ao certo se posso me considerar uma
pessoa criativa, mas tento sempre criar alternativas para
dinamizar o trabalho, organizar melhor as tarefas e fazer com
que o tempo seja mais bem aproveitado.
4 – Como fica o seu humor ao chegar à empresa depois de
atravessar um longo percurso por intermédio de metrô, ônibus
ou automóvel numa cidade como São Paulo para chegar ao
trabalho?
Resposta: Acho que já estou tão acostumada com essa rotina
alucinante de viver em São Paulo que meu humor não se altera
ao enfrentar dificuldades das mais diversas para chegar ao
trabalho.
5 – Você acha que você recebe o que o governo tem por
obrigação de dar aos contribuintes em relação à saúde,
educação e habitação?
Resposta: Não, nenhum cidadão hoje recebe o que tem por
direito do governo, muito pelo contrário, acaba se contentando
com o que lhe é proposto.
6 – Você participa de alguma entidade de classe?
Resposta: Não. Ultimamente não participo de nenhuma.
7 – O fato de você perceber uma concorrência grande em sua
empresa faz com que você busque aprender cada vez mais?
Você busca oportunidades para melhorar sua carreira? O que
você e sua empresa fazem para que se torne um profissional
sempre capacitado?
Resposta: Acho que o aprendizado deve estar presente em seu
cotidiano. Todos os dias aprendemos coisas diferentes e temos
experiências diferentes, por isso não é somente no momento e
na ameaça profissional que buscamos uma outra visão. ”Todas
as oportunidades que nos são propostas têm que agarrar com
239
as duas mãos, pois como diz o ditado popular”.” Ela não bate
duas vezes na mesma porta.”.
A empresa em que trabalho valoriza muito o interesse de seus
profissionais que estudarem e trazem um maior conhecimento
para o seu ambiente profissional. Visando isso paga a alguns
de seus funcionários, cursos, faculdade e tudo o que achar que
envolve aquisição de conhecimento.
8 – Você sabe que você tem direitos? Sabe que tem deveres?
Você sabe a diferença entre o que é ser cidadão e sujeito?
Resposta: Um sujeito é uma pessoa que tem direito há algo e
um cidadão só é considerado cidadão a partir do momento em
que começa a votar e exercer o seu poder de escolha. Todas
as pessoas têm direitos e deveres mais nem todas sabem
distinguir ou sabem disso.
9 – Você pode descrever o tipo de organização que você
trabalha?
Resposta: Trabalho em uma empresa extremamente
burocrática em fase de crescimento e desenvolvimento. O grau
de conhecimento das pessoas é grande e é possível crescer
muito na organização.
10 – Em que tipo de organização você acredita ter formado sua
vida até aqui (religião, família, política)? O que você destaca de
melhor e pior nessas organizações?
Resposta: Na família. Destaco o amor, respeito e carinho dos
pais e irmãos. Não tem pior. Família literalmente.
11 – Você é capaz de dizer qual delas deu mais sentido a sua
vida e qual delas você se sentia mais em casa?
Resposta: Família literalmente.
12 – Em qual delas você sentiu mais tesão, mais vontade
de estar ou mais realizada?
240
Resposta: Família
13 – Nessas organizações que trabalha (trabalhou) o que você
gostaria de ser ou ser igual? Como ela era? O que a fazia
sentir vontade dessa igualdade?
Resposta: Dentro da minha organização não sinto a
necessidade de ser igual a nenhuma pessoa que lá trabalha.
Conseguir impor o meu ritmo de trabalho, as minhas idéias e
as minhas vontades. Acredito no meu potencial profissional e
sei das minhas capacidades e dos objetivos que quero
alcançar, por isso confio plenamente em mim.
14 – Você se sente capaz de comentar que tipo de cultura sua
empresa tem? Como você classificaria o clima de trabalho na
empresa que atua?
Resposta: Não sou capaz hoje de dizer o tipo de cultura que
temos dentro da empresa. Ela está sofrendo uma
transformação muito grande o que faz com que tudo que hoje é
apresentado possa ser transformado a qualquer momento. O
clima de trabalho nem sempre é agradável. Por vezes você
sempre que as pessoas esperam o seu erro para passar por
cima e mostrar a todos que você foi capaz de errar e nunca
demonstrar os seus erros. Porém, isso acontece na grande
maioria das organizações. Do mais vivemos em um clima
ameno.
15 – Como você analisa sua relação com a sua chefia? Que
tipo de personalidade ela possui? Isso agrega conhecimentos à
experiência no seu dia-a-dia ou simplesmente você não leva a
personalidade dela em consideração?
Resposta: A minha relação com meu diretor não poderia ser
melhor. Uma pessoa calma, inteligente, exigente, que sabe
ouvir as suas opiniões e idéias e quem acredita sempre no seu
potencial de trabalho. Tem uma personalidade forte. Todos os
dias me trás experiências novas, me passa ensinamento, em
nossas conversas diárias sobre tudo o que acontece no Brasil
241
e no mundo, visando o lado econômico e financeiro. Mas acho
que a personalidade dela não influencia muito no cotidiano.
16 – Diante da variedade de personalidades em uma
organização, com formações diferenciadas em todos os
sentidos, como é para você trabalhar as questões de conflito,
de cargos e de posicionamentos dentro da empresa?
Resposta: É aquela história de saber dançar conforme a
musica. Ada pessoa é de um jeito e é preciso ser tratada de um
jeito. Os conflitos podem existir mais nada que possa exercer
grandes dificuldades no ambiente de trabalho.
17 - Você costuma apresentar soluções para os problemas
quando observa que algumas coisas estão desalinhadas e
a empresa esta levando prejuízo de alguma forma com
isso?
Resposta: Sim. Se eu apontar o problema, nada melhor do que
levar a solução para ser analisada. Às vezes por analisarmos
de um outro ângulo conseguimos mostrar uma solução não
pensada antes.
18 - O que você entende por auto-conhecimento? Você o acha
importante para sua formação social e profissional na
atualidade?
Resposta: auto-conhecimento é ter ciência do que você sabe e
é capaz de apresentar. Isso é importantíssimo em todos os
momentos. Você sempre deve mostrar as pessoas que são
capazes de muito mais coisas do que elas pensam e sempre
mostrar a você que é capaz de vencer os seus próprios
desafios.
19 - Você julga importante alguns mecanismos como a auto-
aprendizagem, a escola, uma formação específica essencial
para seu sucesso dentro da sociedade e dentro das
organizações atuais?
Resposta: Sim. Porque quando a pessoa é especializada
naquele determinado assunto ela poderá mostrar um melhor
242
caminho, um melhor desenvolvimento do que a pessoa que
não tem um conhecimento aprofundado.
243
ÍNTEGRA DA DISCUSSÃO TEMÁTICA EM GRUPO
COM SEIS SECRETÁRIAS EXECUTIVAS.
244
Unifieo – Centro Universitário Fieo Programa de Mestrado em Psicologia Educacional Mestranda: Cathia Petroni Professor Orientador: João Clemente de Souza Neto Entrevista com seis secretárias executivas – Local: Faculdade Sumaré – 01.07.08 Objetivo da entrevista foi levantar quem são essas profissionais enquanto pessoas, enquanto sujeito da história e personagem principal desta pesquisa. Verificar como elas retratam suas vidas da infância a maturidade, que valores carregam e que experiências elas trazem da família ou da sociedade que lhes permitem atuar como secretária, ao lado dos executivos que normalmente estão no centro de poder das organizações. Analisar o perfil e o histórico de cada uma delas, contribuindo para que se possa entender os motivos da escolha profissional e saber o que elas entendem por identidade profissional. Intermediadores: I) Prof. João Clemente II) Mestranda Cathia Petroni Participantes: (25=J), (20=M), (27=V), (29=N), (28=K) e (26=ME.)
I) Como você aprendeu na vida?
J: responde que aprendeu com os pais. I) Com seus pais! Mas o que você aprendeu?
J: Acho que as regras de conduta, de convivência, de educação, hábitos e costumes, acho cultura familiar que é passada começa na infância. Desde o que você falar, você aprender a comer, a andar, a se vestir, acho que é o começo, o começo da vida. N: Inclusive algumas regras que geralmente as famílias tem como eles procedem, como eles falam com você é forma como você vai falar com eles, é a forma como eles te ensinam como ensinaram o abc, um dois três, como se chama um quadrado, um redondo, a maçã, o vermelho, é assim que se aprende falando de forma educada e carinhosa e você vai resistindo e depois você aprende a formar as coisas e ter suas idéias.
I) Você aprendeu mais com o seu pai ou com a sua mãe?
N: Com a minha mãe. I) Sua mãe te ensinou mais?
J: Geralmente mais meu pai. I) Então conta para nós como foi isso.
J: Meu pai era um exemplo, então ele... ah...o convívio com ele, o que ele ensinava foi fundamental por ser sempre destaque, então a minha infância foi super marcada pelo meu pai. Pelo o que ele era, ele sempre ensinou muito a questão do ser e não do ter, na época ele era empresário, tinha muito dinheiro depois não teve mais e ele conseguiu lidar com isso e ensinar os filhos que isso é uma coisa passageira, então eu aprendi muito com meu pai.
I) Você poderia dizer para nós o seguinte, assim, uma coisa que você aprendeu com seu pai, que é importante na sua vida.
245
J: É o amor, é o amor...demonstrar isso, falar isso, isso eu passo para os meus filhos isso. Não tenho vergonha de demonstrar de quem você gosta, independentemente da situação, eu aprendi isso com meu pai. Meu pai não tinha vergonha de falar eu te amo é..ele era muito carinhoso...
I) Legal...Com quem você aprendeu mais na sua vida? Ela aprendeu com a mãe dela e você?
K: É...não eu acho que aprendi com a minha mãe, mas acho que o papel dos meus avós foi fundamental na minha formação, no meu aprendizado em geral porque a minha mãe me teve com vinte anos, então ela era uma adolescente ainda e se separou cedo então a minha base familiar foi composta pelos meus avós e acho que tudo o que eu aprendi com eles, acho que até essa questão do amor é muito importante mas eu lembro assim do meu avô essa parte muito profissional assim dele, dele como micro-empresário de estar sempre assim num processo de crescimento, de responsabilidade, de dar muita importância para os estudos, eu aprendi isso muito com os meus avós, o meu avô principalmente.
I) Qual a cena, o que você aprendeu com seu avô que marca na sua vida até hoje?
K: Ai...as vezes assim de noite a gente ficava deitado, conversando ele me contava as estórias dele, de como ele começou, que ele trabalhou em várias funções até chegar a ser empresário. Ele tinha uma empresa de trilhos de trem, foi o auge da.... mas ele começou com boy, então eu achava isso, essa trajetória toda dele de sucesso dele ter começado de baixo e ter crescido pra mim me motivava também querer crescer. Na época eu queria fazer Direito, ser juíza, então era, foi um fortalecimento pra mim aquilo, me lembro disso à gente tava sempre ele me contando as estórias dele, das dificuldades que ele tinha encontrado para estudar, ele sempre deu muito valor aos estudos.
I) O que você aprendeu lá na infância com sua mãe que te marca até hoje?
N: Respeitar meu pai. I) Respeitar seu pai (risos)...
N: Era bem dividida a situação, a posição dos dois. A minha mãe dava o carinho, a atenção, era meiga, cuidava da casa. Ela era do lar. O meu pai era o trabalhador, saia cedo, voltava à noite só passava os finais de semana com os filhos, chegava à noite e não se tinha muito carinho, ela era um homem bastante assim....então o que eu aprendi com minha mãe foi respeitar o meu pai e o que eu aprendi com meu pai foi respeitar a todos. Meu pai sempre ficava assim: essa agulha eu comprei hoje e vou colocar em cima da geladeira, se você tiver que passar aqui e a agulha tiver aqui em cima do fogão, voe retira ela passa e fico lá. Daqui um ano se eu voltar aqui e eu não ver onde estava essa agulha antes, eu gostaria que ela estivesse aqui. Dito e feito. Então foi assim com uma agulha, uma roupa, um sapato, dinheiro, livro, algo seu, algo do próximo, foi com meu pai aprendi a respeitar e ai eu vou chorar......(lágrimas) o que é do próximo. Aprendi a respeitar.....(lágrimas) aprendi a respeitar o meu pai na posição dele.
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I) Eu vou indicando, mas pode ir falando disso
M: Ah, eu muitas coisas eu tive que aprender meio que sozinha mesmo. Eu perdi a estrutura familiar cedo, meus pais se separaram eu tinha treze anos, meu pai foi embora de casa, a gente começou a trabalhar com treze anos para ajudar no orçamento do lar, minha mãe na época perdeu a estrutura e tentou suicídio, meu irmão desandou na vida e alguém tinha que manter a família né e ai eu tive que amadurecer muito cedo, sustentar a família cuidar de mãe (Cathia pergunta: isso com quantos anos?) quatorze anos. É que eu sempre tive isso comigo o tempo todo: ou você escolhe ir pra, seguir a vida caladinha. ou procurar o melhor pra minha e pra minha familia. E foi o que eu fiz. Começando lá no meu primeiro trabalho no material de construção, meu pai nunca teve essa preocupação, meu pai foi embora para outro estado e largou eu com o meu único salário que era dois salários mínimos para manter uma casa sem estrutura, alugar, fui atrás de fiador de aluguel no centro de São Paulo para alugar uma casa, mas não vejo como Ah! coitada eu acho que isso serve para amadurecer, valorizar a sua vida né , não dar uma de vítima, eu passei por isso mas muita gente passa também. Eu olho hoje para trás: olha como estou e como eu estava, porque eu escolhi, tive escolha, por isso tornou-se mais fácil batalhar.
I) Dessa experiência o que é mais significativo do seu aprendizado que lhe deu impulso até hoje em sua vida
M: olha, assim que eu recentemente é com conhecimento e família. Hoje pra mim estrutura familiar é tudo. Eu casei nova, casei com dezoito anos, tenho minha filha, então pra mim a estrutura familiar, a base que eu não tive, então é o que prezo e eu tenho certeza, a preocupação que meus pais não tiveram, com a educação eu tenho com a minha filha. Eu falo: eu quero dar instrução pra ela para que ela seja o que ela quiser. Quero ser médica. Que a vida não leve ela, mas que ela tenha escolha, oportunidades que eu não tive né. Mas não culpo meus pais, não acho, eram as condições deles né. Hoje eu cuido deles, dou uma força para eles, tenho até preocupação com eles, às vezes minha mãe chora, ela fala que ela não devia ter feito isso e que eu sou uma pessoa boa. Sabe então eu não reclamo da vida não, sabe sou feliz, tenho nome, ávida é assim e a gente tem que fazer escolhas. Cada um escolhe o que é certo e o que é errado na vida. V: Eu fui criada na casa das quatro mulheres. (Risos) A mãe da minha avó, minha avó, minha mãe e eu. Risos (I:ta legal, três, quatro gerações), é quatro gerações nós somos, minha bisavó, eu cuidava da casa cedo, minha mãe e minha avó trabalhavam, então eu cuidava da minha bisavó, eu achava divertidíssimo que ela tinha arteriosclerose (risos) e eu era criança e ficava as duas botando fogo na casa (I:legal, risos), são coisas que a gente lembra né. Eu acho que de tudo o que minha mãe pode me ensinar foi dignidade mesmo, eu sempre sou muito objetiva, também tive um pai ausente. Quando criança a gente procura depois a gente não procura mais (refere-se ao pai), a gente vê que aquilo não é mais essencial na sua vida. Acho que minha mãe ensinou mais o que é família dentro das quatro gerações. Minha bisavó faleceu eu tinha 12 anos e ai continuai morando eu, minha mãe e minha avó. A minha família ta lá.
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I) Você é filha única?
V: Sou filha única e elas agora estão no interior. Elas foram atrás de qualidade de vida. ME: Engraçado, eu assim, a lembrança que eu tenho maior não foram os meus pais não, foi no colégio, porque meu pai e minha mãe trabalhavam o tempo todo eles ficavam trabalhando fora e eu estudava num colégio interno então o que tenho de aprendizado foi com as freiras, com o ensino, até para brincar a não se saia na rua, passava por um túnel para ir a chácara brincar, então quer dizer, toda aprendizagem que eu tive praticamente foi lá, eu tinha o carinho sim dos meus pais, mas mais da minha mãe do que do meu pai. Então era mais trabalho, trabalho, trabalho e até assim de criança eu poderia brincar a gente fazia alguma outra atividade, brincar era arrumar armário, arrumar gaveta esse monte de coisas tal, tal, e com as Madres era mais ou menos assim. Era o tempo todo trabalho, trabalho, quando não levava ainda aquele negócio de bordar. Panos de prato para bordar em casa e as pessoas com que eu convivia, assim do meu convívio social eram semi-internas e as outras eram assim, pessoal do meu bairro, que cada uma o pai era isso, o pai era aquilo, então eu ia para a casa de um quando do meu tempo livre pra ir na cada da Irani porque a Irani tinha piano então a babá dela que coordenava a casa me ensinava a tocar piano, e com ela aprendia francês e por ai ia. Então mais o meu aprendizado foi da escola do colégio com as Madres do que propriamente com a minha casa. Lá era disciplina, disciplina, disciplina, disciplina. Onde tudo isso que contou mais para mim foi ä disciplina. Às vezes eu até tenho que me policiar porque eu sou muito chatinha em determinadas circunstâncias tem que sair tudo perfeito.
I) Você acha que a disciplina te ajuda no seu fazer profissional ou te atrapalha?
ME: Às vezes não, porque a gente precisa ser um pouco mais assim solta, leve precisa levar a vida com mais fluidez, a gente fica muito nervoso, não é bem por ai, tem que dar uma relaxada. A disciplina é importante, mas eu acho que não é tudo, não é tudo. Eu tenho que às vezes sair para um outro lado, para poder relaxar mais, e as coisas, clarear mais as idéias sabe no campo profissional Ainda mais com a disciplina, disciplina o tempo todo.
I) E a empresa, a empresa prefere o quê, mais disciplina...
ME: A empresa com certeza disciplina o tempo todo, 100 por cento integral. Então às vezes na minha casa eu acabo me relaxando um pouco procurando fazer outros tipos de atividades que eu consiga relaxar porque na empresa eu to......
I) Uma secretária para ser bem sucedida ela tem que ser mais flexível ou mais disciplinadora?
ME: Hoje em dia flexível. Ela tem que ser flexível. I) Por quê?
ME: Senão ela não se adapta no mercado de trabalho. As mudanças que ela vivencia, hoje seu chefe está aqui, amanhã não é mais o seu chefe. É o diretor, seu vice-presidente já não é mais esse é outro, o fornecedor que é hoje, amanhã já não é mais e você vai ter que procurar outros que agreguem a
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mesma qualidade, com preços competitivos, menores preços. Se você não for flexível hoje em dia você não se adapta ao mercado. J: Não vai se adequar em relação às mudanças, sem ferir os seus valores.
I) E como a gente faz isso?
J: Quando a gente tem certeza do que a gente quer na vida a gente consegue fazer mesmo que sofra algumas conseqüências, porque elas tem, elas existem, e até são doloridas, mas você tem que fazer uma opção. Ou eu vou ser, ou eu vou tentar ser aquilo que eu sou realmente ou eu vou ter que dançar conforme a música, eu acho, que uma secretária, uma secretária não consegue dançar conforme a música. Tem coisas que não dá para eliminar no meu ponto de vista. Tem coisa que não dá para falar, eu vou largar tudo aquilo que eu aprendi e que eu, as coisas boas que eu retive para mim em função de um emprego, um cargo, de um salário. Talvez a minha situação seja tranqüila referente a isso, mas eu tenho a impressão que a porta pode fechar, mas quando você tem objetivo na vida outra abre. Pode não ser tão boa quanto à outra, mas só de você se sentir bem onde você trabalha, é se sentir realizado e trabalhar tranquilamente acho que isso não tem preço. Agora trabalhar com gente que exige que você mude totalmente para atendê-lo acho que é complicado pra mim. Eu não conseguiria, aliás, eu já passei por uma fase dessas (risos). N: Então vou ter que mudar, mudar não, porque eu não mudo, ninguém muda. Você nasceu, cresceu e vai morrer aquilo que o seu íntimo é. Agora você se adéqua a uma situação. J: E ai eu acho que volta essa questão, não sei, mas acho que vocês amarraram isso viu, Ai volta à questão do que você aprendeu na infância. N: É J: Algumas coisas que você aprendeu na infância, você não consegue evitar. N: E a vida no trabalho, mas não flexível quanto ao namorado J: Como? N: A gente é flexível no trabalho em adaptações de trabalho, mas não com relação aos namorados J: Sim... N: Moral não dá para ser flexível. É mais ou menos o que você falou. Você acredita naquilo, você está acreditando na sua cultura, na sua moralidade, são parte de sua cultural os, princípios, isso não dá para ser flexível. J: E ai foi à base, foi a minha base, não consegue destruir a base. N: Você diz eu, eu não procuro emprego que não se adéqüe aos meus princípios. Eu não vou procurar um emprego numa área que eu sei que ali a secretária pode ser de desagrado ou que afete moralmente ou monetariamente, enfim que afete outra pessoa. Um exemplo: eu comecei a trabalhar no XXXXXX (risos) logo no meu inicio ali, fui trabalhar no XXXX, nossa o XXXX. Quando eu falei para aos meus pais, nossa, trabalhar no XXXX? Eu também achei aquilo nossa formidável. Depois de cinco ou seis meses lá dentro que eu conheci a situação, eu vi o que era, eu falei realmente isso aqui não é para mim. Ali ganhava-se dinheiro, só o que se faz de falcatrua e coisas horríveis, o que se engana, engana mesmo as pessoas que tem boa índole é uma coisa espantosa. Não sei como aquele homem ainda tem saúde, porque geralmente quando se faz coisas erradas, creio eu, a primeira coisa que você perde, começa a perder a sua saúde, você não consegue aproveitar o
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que você retirou financeiramente, a saúde não te deixa aproveitar. Eu não sei como o homem está tão bem, quer dizer, penso eu que ele está bem. Então quando eu vi que aquilo não eram os princípios da minha base, do que o meu pai sempre me ensinou, eu fui embora. A princípio foi assim quando foi para procurar a gente procura, por exemplo, na sala. Você entra você é acolhida, você chega, fui acolhida, você fica porque as coisas são difíceis explicar isso com palavras exatas, mas fica no ar, é sua posição com outras pessoas que estão ali dentro, elas são quase parecidas, Elas se encaixam razoavelmente, não é exatamente encaixam, mas razoavelmente todos estão voltados para a mesma coisa. Dificilmente dentro de um local, de uma área que você trabalha você vai ter uma pessoa totalmente desfocada dos princípios ou ela é igual ou ela sai fora. Ela não fica, tanto do lado bom, quanto do lado ruim. Não se adéqua não se adapta e acaba saindo. Não fica.
I) Mas como ser flexível?
N: Ser flexível, dentro do que você conhece, do que você crê de seus princípios você adéqua. Eu sou um exemplo disso: Eu tenho um patrão que é rigorosíssimo, porém eu tenho um gerente que não é tão rigoroso. Então as coisas que eu levar do gerente, que passa por mim e que eu vou levar ao meu diretor eu faço uma peneira, ajeito e passo para o meu diretor. Então o gerente fica sabendo que o trabalho dele foi bem visto pelo meu diretor que também é diretor dele. Eu consigo explicar para esse gerente que a forma como ele apresentou não é a adequada, que ele pode melhorar de tal forma, que ele pode fazer assim, assado, que ele não se adéqua, ele não quer saber por que ele é um gerente. Então o que você faz? Você vai e arruma o trabalho dele e passa para o outro. Ele fica bem, você fica bem, o outro fica bem. Mas você tinha que fazer aquilo? Não tinha que fazer aquilo, porque você vai pegar o trabalho aqui e botar prá lá e acabou. O que você vai arrumar? Um desemprego pra ele. Pode ser que no lugar dele venha um pior... Então o que você faz? Tenta adequar às coisas é adequar às situações. M: A flexibilidade para mim está nos seus conhecimentos. Não pode estagnar só em torno de uma área. Na empresa é bom você ter uma visão global. Conhecer um pouco. Eu, nessa empresa onde eu trabalho entrei lá eu tinha dezenove anos. Então de tudo eu sei um pouco dos departamentos. Então eu tenho aquela flexibilidade de atender qualquer departamento. Estar na importação eu sei os procedimentos da importação. Se precisar na licitação, eu sei. Então vai precisar das suas atividades, não ser focado somente naquilo. Eu faço isso Hoje no mercado não é muito não é tão bom e a gente pensa que a flexibilidade é conhecer outras áreas também. K: Eu vejo essa questão de uma maneira bem diferente. Essa questão discutida eu acho para mim é um pouco obvio porque procurando emprego eu vou tentar me associar a uma empresa que eu tenha as mesmas questões de valores, crenças e acredite que eu vou fazer parte desta empresa. Eu não vou me ligar a uma empresa que eu não tenha a minha cara. Por isso que eu nunca fiquei desempregada. Sempre sai de uma para outra melhor e fiquei de forma e essa é minha trajetória profissional. E a flexibilidade para mim é essencial. Eu sempre sou muito flexível porque é uma necessidade de mercado e você tem que estar sempre se comunicando e crescendo e aprendendo, evoluindo então é aquilo que ela falou (M falou), é você saber os departamentos, é você vestir a camisa, é você estar numa área ou numa outra, o diretor saiu, morreu, veio
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outro tudo bem. Fui promovida beleza..., não fui promovida beleza (risos) acho que são coisas que fazem parte da sua trajetória, porque te motiva, talvez tava esperando uma promoção não deu certo então ta na hora de você ir embora. O que aconteceu comigo então é a flexibilidade de você se adaptar ou não e de você estar sempre buscando conhecimentos. Eu penso dessa forma.
I) Como é que vocês lidam com as adversidades dentro do espaço de trabalho?
V: Eu procuro tirar o melhor. I) Mas como assim?
V: Eu procuro sempre olhar o outro lado. Eu já fui muito de bater de frente, de causar algumas adversidades mesmo, diferenças. Hoje eu procuro agir diferente. Eu abstraio o que me interessa, o que não me interessa eu deixo prá lá. É como eu lido com as adversidades. Eu tenho três chefes completamente diferentes. Uma das minhas chefes fala da mal da outra chefe sabe. Eu abstraio o que me interessa, o que não me interessa, por exemplo, uma fofoca. E daí. M: Mas é difícil. Lá no meu trabalho..... V: (Risos) É difícil sim lá apanha muito para conseguir M: Lá no meu trabalho o que acontece, é o setor de reclamações. Qualquer problema de funcionários vem até mim eu tenho que tentar harmonizar a situação. É problema de refeitório, é um que te problema de horário. É um que respondeu mal, que é grossa. Ai tem dias que eu digo meu Deus! Ai eu escuto uma situação séria e ai vamos ver, vamos mudar. Agora você faz isso, ela faz aquilo. Ai sabe quando tem que ficar tendo que apaziguar as situações. Ai, às vezes o meu diretor fala pra mim: mas Mônica isso é porque está calma. Você tinha que ver como estava antes. De chegar alguns funcionários quase se pegarem dentro da empresa, sabe de ter que pegar, chamar e falar que isso, isso é falta de respeito, de palavrões (risos)
II) E quem te escuta?
M: Ah???? III) Quem escuta você na hora que você precisa?
N: O marido (risos) M: É complicado porque você fica numa situação que você não tem quem te escutar. Você fica lá e todo mundo vai em cima Às vezes os funcionários perguntam – Monica me explica como esta? O que está acontecendo isso na empresa? Eu falo bom isso, isso, isso. Eu eles fala: o que a gente faz? Então vamos seguir este caminho, fazer isso, mas assim se eu tenho um problema eu tenho que me virar sozinha. Eu também tenho essa liberdade de ter carta branca com eles. ME: Assim você continua com o mesmo elenco. Você abstrai o que é importante e deleta o resto. Você acha o foco do problema. O problema é processo. Tudo o que a pessoa falou ali abstrai. M: Dar tempo ao tempo à gente consegue resolver os problemas dos profissionais. N: E, você consegue atuar assim, desculpa? ME: Acho que sim. No meu caso eu tenho uma vice-presidente que é uma fúria mais o vice-presidente financeiro é um....é quase da familia, o marido, o
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secretário é o presidente, a esposa ela fica fora mas ela também faz parte da companhia. Então é complicado quando, quando os dois estão de bem é ótimo, tudo ocorre dentro do previsto o dia que acontece alguma coisa eu tenho que peneirar, triar o que eu vou falar pra ela, o que eu vou falar pra ele pra não dar conflito entre os dois, sabe, ser essa luz, mesmo assim é complicado, não é fácil. Meu marido já evito porque chateio ao falar. Não falo mais nada. Eu cansei de escutar: eu não aguento mais ouvir você falar isso. Então chega, vamos falar de outra coisa, está ótimo assim. Vamos encerrar o assunto, vamos correr, vamos para casa dos amigos. M: Quando eu to muito cansada eu vou até no banheiro chorar e depois eu volto. Eu tenho que trabalhar de alguma maneira, não sou grossa, sou calma, então às vezes eu vou para o banheiro chorar mesmo. Eu digo ai meu Deus eu tenho que extravasar de alguma maneira. Ai eu choro, choro, ai eu vou lá lavo o rosto ai eu falo para as meninas, já chorei e agora to em de volta. Já extravasei o que tinha que extravasar.
II) Quem te escuta K como secretária?
K: Minha mãe. Mãe. Marido eu acho que é a mesma história. Como você vai saber. Quando vê já está trocando de canal, não ta nem ai. Eu tenho que ouvir o dele o tempo todo. Eu ouço todo mundo, minha mãe, papagaio, cachorro. Mas a única pessoa que me ouve é minha mãe mesmo, tenho problemas, vamos fazer uma troca, fazemos uma troca. J: Ah, eu tenho uma amigona, no serviço, Nós trocamos, quando eu ...falo dela ela fala pra mim. O assunto morreu ali, acabou e assim somos departamentos muito próximos então é ah o problema é de um acaba refletindo no outro, não tem como então é até gostoso porque a gente ri e chora juntos de tudo....então eu lido bem com isso e eu trabalho em um departamento que assim, eu acho que sempre fui, eu posso usar uma palavra sorte, eu sempre fui muito sortuda em relação aos meus gerentes e diretores, sempre. Sempre tive pessoas, é incrível né, parece uma coisa assim muito parecidas com meu pai. Dá pra acreditar nisso? Assim pessoas firmes, integras eu sempre tive a sorte de trabalhar com pessoas assim. Caí uma vez na mão de uma pessoa que não era assim, que me demitiu e eu fui recontratada, fui para um lugar melhor ainda, foi uma vez nesses 22 anos e eu sei que tenho uma relação com chefias, com direção, é uma coisa muito gostosa e quando acontece as adversidades eu só me envolvo quando eles pedem o meu comparecimento porque quando eu percebo que está acontecendo alguma coisa eu fico na minha, surda eu já sou né? professor..risos...então eu fico muda eu só assim falo alguma coisa ou emito uma opinião se me chamarem e me perguntarem, caso contrário, ela fala o fulano, o siciliano, o beltrano, eu acho que é a forma que eu tenho de me preservar sempre.
III) Nádia e você, quem te escuta Nádia?
N: Eu tenho grandes problemas aí. Não tenho marido, não tenho namorado, não tenho pai....Minha filha me ajuda muito quanto a isso mas eu só falo pra ela depois que eu tenho a solução. Eu não chego, por exemplo, eu tenho 27 regionais, 3.200 associados, pode tudo cair na minha cabeça e tenho que administrar a sociedade como um todo. Então todos os problemas chegam a mim eu passo, repasso, encaminho enfim. Então a forma que eu achei de diminuir a tensão do outro lado e ela chegar a mim quando eu quero. A pessoa
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liga querendo falar, xingando tal e tal, olha, por favor, me passa um e-mail com todas as suas informações e eu vou encaminhar sim para o responsável. E quando o vejo o e-mail da pessoa, eu só vou ver quando eu tiver tempo então depois que eu leio, quando eu soluciono e daí se realmente eu não solucionar eu passo para outras pessoas. Do contrário eu resolvo depois porque a pessoa quando te escreveu, ela fica mais calma e ai quando eu tiver um tempo depois que ela falou você vai ver com outros olhos, ouvir com outros ouvidos, então você vai ter mais calma para solucionar aquela problemática ali, naquele momento era uma bomba, depois que passou era uma coisa simples. Então você vai ter outra visão daquilo e quando é, são os diretos que são os diretores fica um pouco mais pesado porque eu bato de frente. Infelizmente pra mim porque sou subordinada, mas eles já conhecem. E é assim eles vão, falam, falam, falam e a hora que realmente eles falam sobre algum assunto que eles não estão corretos, daí é a minha vez. Daí então bom agora eu vou falar. Daí eles sentam e eu falo e aí a gente discute como se fôssemos funcionários comuns, no mesmo nível , mas ao mesmo tempo que eles sejam superiores, de se acharem superiores e de se fazerem superiores. Eles também a hora que eu falo agora é minha vez, eles param. Aí eles escutam. Então quando eu tenho um problema que vai sai di âmbito profissional né, que quando eu fecho a porta do escritório ele vem junto, ele já está quase solucionado. Então quando ele chega na minha filha que é o meu ursinho, meu saquinho de pancada, eu vou contar uma história para ela, não vou levar um problema. Ai hoje aconteceu isso, aquele chefe chato falou isso e eu falei aquilo e ela e no fim? No fim ficou tudo bem. Eu não costumo levar o problema sério para casa, eu fico toda pipocada, agora já diminuiu bastante, mas eu fico tão estressada que surte o efeito, não tem como. Então eu penso, até sinto falta e acho que vou procurar um marido pra ver se resolve. (risos). J: Não filha, eu tenho marido, mas eu não levo problemas. Pensa em coisa melhora para sua vida. N: Só amigas eu não consigo. V: Eu acho que só problemas ninguém agüenta né? A Cathia já teve uma fase de ouvir quando a Cathia era professora, nossa então já ouviu algumas coisas, minha mãe ouve, tenho amigas, aquelas amigas que você conta metade, a outra amiga termina a estória. Eu não gosto de levar meus problemas para as pessoas e na questão profissional, ai no emprego meu Deus, eu acabo dividindo um pouquinho para não saturar ninguém (risos) eu acabo me acertado. N: Eu sou bastante ouvidos. Se tirarem uma fotografia minha vão fazer um ouvido grande e um caminho. Eu sou todo ouvidos, então eu quase não tenho boca pra impor o que eu quero. Eu ouço, ouço, ouço depois daquilo é problema de Deus. Estou livre. Eu não vou ter que tomar postura nem que você me peça, eu vou procurar solução. Se você é amiga dela, você ouve ela, o problema é dela e ela vai pra cada dela. Você vai ouvir, acabou ali. Para minha casa eu tenho que levar alegria, eu tenho que levar meu senso de responsabilidade, que eu trabalhe, que estou bem, porque eu tenho uma filha eu tenho um neto, eles dependem desse ar profissional, porque eu levo o carinho da família , mas ela tem que saber que tem o lado profissional e que essas coisas acontecem, é um exemplo, não tem como.
I) Como você lida com esse estress profissional, com as adversidades profissionais?
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ME: Ah, eu acho que é fundamental ter flexibilidade. Lá é assim, tem vários departamentos: importação, exportação, financeiro, departamento de marketing, e tudo acaba indo um pouco pra minha área, acaba caindo na minha área. Quando a pessoa é acostumada que: hoje ME você vai fazer isso, amanhã já muda todo o foco, você já ta mexendo com uma coisa. A pessoa vai pro Amazonas, pra China, nos vamos mexer com a Alemanha e eu acho assim, o que a J falou eu tinha isso, me marcou muito. Eu acho que os problemas do trabalho a gente tem que conversar com alguém que está focado nisso, ta vivendo a mesma, ta tendo a mesma vivência que você porque eu também tinha uma amiga uma super amiga, hoje ela não, é falecida, mas era uma que eu dividia muito porque tudo o que acontecia era a mesma coisa porque tinha que ser com a Ética, é uma coisa que você tem que confiar na pessoa com quem você ta conversando, se eu to conversando a N, eu tenho que confia na N pra saber o que eu to passando, eu não tratando, eu to trocando de diretor, de departamento, presidente de empresa. Eu não posso colocar certas coisas. E ela não, ela ta lá do meu lado, a gente trabalha no departamento do lado ou mesmo num andar ao lado, mas ela vivencia as mesmas coisas que eu. Então isso é importante pra mim. Que eu vou trocar com ela, eu sei que com ela, eu não vou ...ali, a gente vai chegar até numa conclusão ali, até para resolver um problema, uma ajuda a outra ri e chora da mesma forma e uma ajuda a outra e aí você chega na sua casa mais leve. Por isso que eu falei, o meu marido eu não converso mais nada. Agora eu não tenho mais a minha amiga então a forma deu eu lidar, eu tenho que arrumar uma válvula de escape, senão eu estouro. Ai eu procuro correr, faço esporte, faço musculação. J: Esse negócio de falar com uma amiga dentro da empresa no outro dia quando você já parou, tudo o que você tinha pra dizer você olha pra ela: ai a história não é bem assim, não é só isso que eu falei e ai você vai, você pondera, você consegue ver as coisas boas Dalí de dentro e as que não são tão boas e assim a gente vai vivendo. Porque a vida é assim.
I) E agora eu vou perguntar para vocês duas: Como que você se sente com essa situação, o que você sente?
J: O que eu sinto. Olha eu ali, o senhor sabe como é que é lá. Eu tenho um trabalho muito técnico e é muito...no dia-a-dia ele é bem independente então eu não dependo muito das pessoas e eu não tenho conflito diretos, assim, as coisas acontecem Dalí pra cima (risos) e ai estoura ali na minha mesa. Mas assim então falar o que eu sinto às vezes eu tenho decepção, em relação ah, ao lugar que eu idealizei porque quando eu fui trabalhar neste lugar onde eu estou trabalhando eu ia pra levar meus filhos pra escola e eu sentava no banco e falava assim: eu quero trabalhar aqui. Um dia eu vou trabalhar aqui. Sabe o que eu achava que eu ia ser professora porque eu fazia pedagogia. Jamais pensei que eu fosse parar onde eu estou, nunca e aí você olha como mãe, você olha empresa do lado de cá. Quando as cortinas se abrem que você ta lá dentro você sente realmente qual é a realidade decepciona um pouco, quando você vê que não é bem aquilo que você imaginava que fosse. Mas ao mesmo tempo eu tenho uma coisa que quanto mais eu vejo que o negócio está errado, mas eu quero trabalhar pra mudar, consertar. Eu tenho uma coisa, acho que é doença, não é possível né, mas eu tenho isso. Quanto mais a coisa está dando errado, não eu vou fazer a minha parte e vou consertar. Eu tenho minha parcela ali para consertar. Mas a decepção chega, a tristeza, tristeza de ver um
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ambiente que poderia ser, que você olha e você fala assim: esse é um lugar bom de trabalhar quando você entra você vê que ele não é tão bom assim e tem tudo pra ser. Então acho que decepção e tristeza eu sinto, às vezes eu sinto. ME: Às vezes eu penso, porque eu não fiz educação física, balé. Eu queria tanto ter feito balé no Municipal, mas minha mãe trabalhava e a minha mãe não tinha condições de me levar até a bendita Praça Ramos de Azevedo e eu tinha conseguido balé gratuito. Estudava no Santa Marcelina e fazia balé gratuito. E era gordinha então aquilo pra mim era o máximo, eu queria porque queria fazer balé. Às vezes eu penso: deveria ter sido bailarina ou ter feito educação física, hoje eu não me arrependo, não vou desistir não, não me arrependo me dá uma certa assim: poxa vida voe ta aqui e por outro lado eu penso aqui junto comigo tem várias pessoas que estão dependendo de mim, ou seja, o meu boy, a moça da copa, pra tudo até para apertar o botão do microondas ela fala: Ai E eu to tão confusa, minha cabeça (risos).....ai ela me chama, como é que é os dois mesmo E ai eu paro tudo e ai eu fico pensando nessas pessoas, não pêra lá, vamos virar tudo isso sabe e aí porque pra ser sincero o que acaba me motivando são as pessoas, o que acaba me motivando a eu mudar meu comportamento, a sabe, que elas dependem de mim, então também se eu não passar de uma forma legal, de uma forma boa pra elas, eu to com um boy novo, imagine o desastre, ele nunca trabalhou, tem 16 anos. Eu prefiro pegar um que nunca trabalhou pra eu moldar de acordo como é o meu departamento, então tudo é D. E, D. E, D.E o dia inteiro, eu tenho mil coisas para fazer, tenho e-mails pra ler, os trabalhos que eu tenho para entregar, ai ele sai e eu falo pra ele, boy tem que ter um comportamento, cabelos arrumados, você ta trabalhando aqui....ai ele chega com o cabelinho “demo”, então tudo eu tenho que ver, a história dele tem que ver, o comportamento dele, porque 16 anos, ele é uma criança pra mim. Então se eu não passar de forma correta, ele depende de mim, hoje foi o primeiro dia do reinicio dele, tava todo eufórico, feliz, já mudou. Eu tenho que pegar um tempinho e sentar com o menino e pêra lá, vamos conversar. Você tem que chegar no trabalho entusiasmado, alegre, motivado, eu sei que você ta com soninho, Ele tava assim na cadeira, eu disse pelo amor de Deus, não pode filhinho...(risos) Eu entendi a pergunta?
I) Agora eu dei risada agora.
ME: É no sentido de sentimento? I) É de sentimento, agora a pergunta...
J: A coisa de sentir que eu deveria fazer, eu sei que eu nasci para ser secretária eu acho que não daria certo fazendo nada mais na vida..
I) Mas você pode responder o sentido de duas formas: o sentir que você sente com as adversidades do trabalho, como secretária e o que você sente como pessoa tal.....
J: Ah eu acho que seria uma incompetente para fazer qualquer outra coisa. Acho que eventos eu me daria bem porque é uma área que eu gosto, que eu trabalho então ela é extensão do que eu faço, mas fora isso eu não consigo me ver fazendo nada diferente. Eu vou entrar para ser professora, igual você doutora, mas porque eu não quero trabalhar em casa depois de
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me aposentar e já está chegando a hora quase, mas fora isso eu não consigo. I) E você? O que você sente?
K: Eu acho que é um pouco que ela falou mesmo. A gente se sente impotente, não pode fazer nada, se tenho amigas, aquela confusão toda você não pode fazer nada. Impotente por não poder melhorar. Eu to falando que a secretária sempre tem que fazer mais, não quero mudar, vamos aprender, vamos mudar, acontecer e às vezes você não tem opção, você às vezes tem que assumir, mas acho que as adversidades existem, na nossa vida pessoal, profissional e é a flexibilidade, então sei lá tem que se adaptar, uma hora ta adverso, uma hora ta melhor então eu consigo administrar bem, hoje eu to caprichada e rou a unha, mas qual diferença. I) Você sabe que eu tenho que conversar com a minha avó que já morreu
(risos) Já morreu minha avó, mas é assim: ela quer saber, ela ta aqui no meu ouvido me atrapalhando a vida. Ela quer saber o seguinte: o que é peculiar de uma secretária? Assim, que só uma secretária pode fazer na empresa?
K: É um pouco do eu ela falou do ouvido. Às vezes a secretária é um ouvido gigante para vários, às vezes é uma oportunidade porque às vezes a pessoa é limitada, às vezes não tem tempo, hoje eu não posso fazer isso não e uma boa secretária tem que ter um bom ouvido, tem que saber fazer uma leitura de tudo, não só ouvir, mas também um bom olho faz aquele mapeamento quem é aquela pessoa, aquele pessoa te espera, aquela pessoa é amiga então você já em eu fazer isso como diferença no trabalho, nos meus primeiros anos as adversidades de fazer um trabalho que não quer, o cheque que você não queria ter falado e falou então é por ai, você vai usando no dia-a-dia, mas acho que é muito disso. I) Se eu fosse explicar para uma pessoa começando como secretária eu
diria: Você tem um bom ouvido? Então pode ser. Se não tem, ou tem alguma coisa mais?
J: Sigilo é fundamental. I) Não, não eu acredito que seja, não tem problema.
V: Acho que tudo o que foi falado cabe a qualquer profissional. I) Isso minha avó falou. Você está certa.
V: não é porque você é uma secretária tem que ter um bom ouvido, gerente tem que ter um bom ouvido. Chefe tem que ter um bom ouvido. Só que existem competências intituladas lá atrás que cabem a uma secretária, a ética. Não é porque você é uma secretária. Você ter que se ética até quando você vai embora. Eu acho que para ser uma boa secretária ela sabe o que faz como qualquer outra pessoa, só que existem competências que foram intituladas para essa profissão né, que cada um tem o seu e muitos acabam no mesmo centro e fazem bem feito aquilo.
I) É então numera para mim. Qual é aquilo que é próprio da secretária?
V: Que faz diferença?
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I) Que faz a diferença. Eu sou sociólogo quando você fala, fala ai tem que ter um bom ouvido eu tenho que ter. Ela falou tem que ser uma analista, sociólogo que não for capaz de ser um excelente analista não compreende a realidade, portanto não interpreta a realidade.
J: Eu insisto no sigilo V: Eu acredito, apesar de ainda existir controvérsias secretária é feminino.
I) Ela tem que ser mulher
V: Eu acho que tem. I) Ta e daí?
V: É a delicadeza e faz alguma diferença o jogo de cintura. N: Talvez eu pudesse definir assim..... J: Eu discordo
I) Você discorda por quê?
J: Eu acho que é a delicadeza, eu acho que a sensibilidade da mulher que faz o diferencial na carreira. N: É isso que eu quis dizer. J: Sabe por que, a mulher já tem um instinto, uma coisa que o homem não tem. Não adianta tentar explicar para o senhor agora... (risos) porque o senhor é homem então o senhor não vai entender. A sensibilidade que a mulher tem, não em, a gente consegue se entender se olhando.
I) Mas aí é a mulher eu quero saber da secretária.
J: Se você for olhar o homem ele vai achar outra coisa. V: É a mesma coisa... risos M: Agora a secretária, eu acho assim, se lá, a secretária é a junção de vários departamentos né, porque você lida vai diretamente com os donos, e ai você tem informações que nem os gerentes, nenhuma outra pessoa tem. Que fica entre vocês...você não pode. Se você falar com alguém você é mandada embora né. ME: Exatamente. M: Eu às vezes me sinto sozinha porque às vezes eu não posso...vai ter uma reunião, todo mundo percebe, vai rolar cabeças, alguém vai ser mandado embora, o que quê vai ser...então você acaba sendo só, porque quando você tem informações demais as pessoas ficam querendo ter essas informações e aí às vezes você fica tendo informações que até hoje diretores, gerentes não tem e eu acho que é uma mescla de várias funções. Hoje a secretária não tem uma função única. Por que antigamente, lá no passado atendia telefone, hoje é uma função, e apesar disso hoje ela já faz funções muito mais de iniciativa, mais de assessora né. J: Ela executa juntos. M: Executa juntos...ela tem apoio do executivo J: Eu não vejo muita diferença, mas acho que ela tem diretor, tem supervisor, tem gerente que não faz nada se não falar assim: olha ta pronto, mas eu queria que você desse uma olhada e aí você tira aqui, tira ali e ele manda. M: É, é bem isso mesmo. J: Então a questão é de confiança é fundamental.
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M: Confiança, meu diretor ele viaja para fora ele chega pra você e olha eu não vou estar aqui, mas fala com a M que ela vai resolver seu problema. A pessoa vem e diz: vim resolver meu problema. Risos.. M: Ele falou, eu vou ver o que eu faço né, mas você tem mesmo que substituir seu executivo, nas reuniões, nos poderes de decisões, assinaturas de contratos, aquelas coisas da confiança. V: Acho que são competências que deram ao nome secretária, mas que poderia a confiança também ser para uma outra pessoa M: Mas a outra pessoa pode ser V: Fiz papel de gerente então? M: Não, mas de uma área, um gerente financeiro. A secretária não atende só o financeiro, ela vai atende o financeiro, vários departamentos né.. V: Olha a minha indignação risos.... M: A confiança, a sensibilidade, a integridade são coisas que deveriam existir em qualquer profissão. J: Isso, só que a posição da secretária M: Mas é isso que eu to falando são as funções que deram a secretária, então qual a diferença da secretária é o nome e as funções que cabem a ela, Nenhuma outra pessoa tem. Só a secretária tem. J: Então a secretária agora tem todos os poderes não mão dela, querendo ou não ela tem poder, porque ela ta lá ao lado do executivo que manda, Se ela for de confiança dele e ela tiver sigilo ela influencia todas as decisões dele, muitas vezes você manda muito mais do que diretor, gerente, não é para falar, mas elas mandam muito mais do que eles. Tem que estar no alto escalão, ela é secretária, mas a influência que ela tem, a palavra dela tem um poder tão forte que é gostoso. M: O meu executivo diz: M como está sendo o trabalho do fulano e eu falo assim olha: Se não ta bom pra você então manda embora. Por que ele acredita no que você ta falando. O tempo de experiência que você ta trabalhando ali, ele sabe, se a M está falando isso é que realmente a pessoa não está atendendo as expectativas, não serve. Então, realmente assim influenciar, de outro departamento, de contatos com determinada área. A secretária pra mim é global, ela entende tudo da empresa, ela tem que tomar conta de todos os departamentos. J: Eu acho que o desafio da secretária é esse, quanto mais confiança te damos, mais responsável você se vê e aí eles te dão mais confiança, mais responsável e até aquela sensação de que eu não vou decepcionar, eu não sei eu, tenho muito disso. Eu faço essa leitura do meu diretor. Eu falo assim: o senhor confia demais em mim. Tem coisas que eu preferia não saber e tem coisas que ele não conta pra mim e depois que a coisa acontece ela fala pra mim: eu não falei pra te poupar. É um relacionamento gostoso. Quando você se identifica com a pessoa. Eu acho assim. N: Eu acho que a secretária então tem todas as qualidades que todos os profissionais deveriam ter porque ela é a fonte entre o superior e os subordinados.
I) Qual o poder da secretária? No ponto de vista institucional tem poder?
J: Do ponto de vista? I) Institucional. O poder pertence ao executivo ou pertence a ela?
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N: Para o executivo ela faz o meio de campo. Ela influencia I) Mas não pertence a ela
N: mas o poder de decisão é dele e quem responde pela decisão é ele, mesmo que ele tenha tomado com a sua orientação digamos, ele vai arcar. J: A secretária mesmo ela não vai, a secretária que é secretária ela não vai falar assim: eu fiz, para o diretor. Ela nunca vai admitir isso, porque não cabe, não cabe. Eu acho que o prazer da gente é ver nosso executivo lá em cima. Enquanto ele tiver lá em cima, automaticamente eu to, porque quando eu andar pela empresa eles vão olhar pra mim e falar assim: olha a secretária do fulano e só isso é o suficiente para mostrar a competência da gente também porque é o reflexo. Dele pra gente da gente pra ele. N: Eu acho que não há como um profissional que trabalha junto de outro profissional, ele deixa outros profissionais, na organização, superiores, funcionários tomar por bom o relacionamento. Se for dois ruins o departamento vai ser uma droga. Se ele for ruim, mas tiver uma boa coordenadora, uma boa funcionária, no caso a secretária, ele vai ser um bom diretor, o departamento vai ser bom porque ele manda, ela executa e ela é o elo entre, ela é a fonte entre eles e os demais. Então ela vai levar aos demais, ao departamento o que é bom porque ela sabe que o departamento precisa e ela sabe o que ele gosta. Ele manda, ela e ela faz. Ela faz o que é necessário dentro do que ele mandou e o que é o que os outros precisam. Como o boy ela fala o que o boy precisa, ela vai passar isso pro diretor dela? Ela não vai, ela vai solucionar e depois ela fala: esse menino chegou aqui assim, assim, daí nos conversamos, passou um tempo, ele melhorou e aí quando ele for olhar o boy, por que até então ele não viu, ele vai ver um outro rapaz. Mas só que se eu tivesse feito dele ali cru e passado pro diretor, o diretor diria: rua!, Não ia tentar, ia falar: esse menino no mínimo embora. M: Eu tenho o meu diretor que ele é muito difícil. Ele é temperamental. Não gosta que pergunta duas vezes, imediatista. É trabalhar sob pressão. O pessoal tem muito medo dele e quando eles precisam falar alguma coisa eles passam lá e falam: M é um bom momento para falar sobre isso? Eu falo: não. Não porque ele não leu o jornal ainda. Deixa ele ler o jornal depois você volta. Ih! O Santos perdeu hoje, Ih! Não fala nada. Por que ele é muito influenciado pelo time (risos)
I) E se perder?...
M: Então se o perde ele não fala com ninguém. (risos) I) Desculpa.
M: É verdade..(risos) V: Isso porque ele não é corintiano. M: Um é corintiano, outro santista e o outro flamenguista M: Mas o santista é o mais temperamental. Se perdeu ele não fala bom dia, então ele é assim, olha o Santos perdeu.
I) Qual é a formação dele?
M: Ele é formado, ele é farmacêutico pela Unibero. Ele é muito influenciado mesmo. Ele não aceita nenhuma piadinha do time dele. Ele chegou a quase sair no tapa com outro funcionário por causa de futebol. Pra você ver o nível que ele é de torcedor. Então eu já falo isso: o Santos perdeu hoje então não
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fala nada hoje, espera. Ai quando o Santos ganha eu falo: quem quiser pedir aumento hoje é o dia, o humor ta bom, mas eu faço esse termômetro né com o pessoal. Fala não, ta nervoso, ta calmo. N: Do mesmo jeito que as secretárias têm consciência do que elas podem e do que elas não podem e tem respeito pelos outros funcionários como têm pelos seus diretores, os diretores deveriam fazer um curso, alguma coisa pra também pensar sobre secretária, seus subordinados, seus imediatos...
I) Os diretores não respeitam a secretária?
N: Alguns não. Um diretor que leva os problemas do time dele pra dentro do escritório e não deixa que as coisas se desenvolvam porque o time perdeu, ele é um mau profissional. Saiu do campo deixa a bola lá, deixa o uniforme lá. Vai pra sua casa e vista uma roupa confortável, seu tênis, seu chinelo, brinque com seu cachorro, com seus filhos, ama a sua esposa, beija sua sogra. Vai para o seu trabalho com terno, com porte e trate seus funcionários como você.
I) Será que as pessoas conseguem fazer essa relação assim tranqüila que eu tenho que arrumar as gavetinhas tudo.....
M: Acho que vai da personalidade né? Ele é uma ótima pessoa, mas nesse lado ele não é acessível, mas ele prefere não conversar, às vezes ele vai até embora mais cedo pra não magoar as pessoas, ser grosso por causa do momento que ele está passando que ele não consegue mesmo. Ele já chegou a ir embora mais cedo, embora de festa por causa de discussão de futebol. N: Imagina se ele fosse uma pessoa qualquer. Como seria a vida dele. Por que agora ele tem a opção Ah! O meu time perdeu eu, estou indisposto, M diz a todos que ninguém pode me atrapalhar.
I) Que vou fazer....(risos)
N: Cancela minha agenda (risos) N: Ele pode, ele não pode! M: Mesmo antes, esqueci de dizer, eles próprios trabalhavam na mesma empresa. Um era vendedor, os dois eram vendedores e um era o técnico e aí eles cresceram na empresa, ajuntaram um dinheirinho para montar uma empresa. E estão juntos há treze anos. E sempre foram assim. Às vezes eles começam a contar estórias da época que eles trabalhavam porque eles têm muito essa visão do funcionário e ai eles falam: é melhor eu para senão vou dar idéias aos funcionários da empresa. Eles aprontavam muito na empresa onde eles trabalhavam e assim ele conseguia trabalhar, administrar bem, mas como ele ta hoje numa posição privilegiada então ele se dá ao luxo de pegar e vou embora. V: Pelo menos ele tem consciência de que ele pode
I) Eu vou conta pra minha avó que secretária ela é aquela mulher, que faz um curso, que tem a profissão e que depois consegue ter várias gavetinhas e ela consegue como um rádio que tem várias emissoras, uma ora ela ta na Tupy, outra hora ela ta na Globo, outra hora ela ta na Capital, e ela não mistura, as vozes não misturam. Não tem mistureba na vida da secretária.
N: Ai você está falando que ela não tem personalidade.
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I) Eu to perguntando, porque eu...to perguntando. Pode falar você, não tem problema
N: Você na tua casa é do jeitinho que você é na faculdade, é do jeitinho que você é no estádio de futebol. É do jeitinho que você é quando vai a um teatro com os amigos ou está num “happy-hour” com os amigos. I) Mas os problemas eu levo eles todos. Eu não nunca consigo separar.
N: Ah! Mas então vamos conversar (risos) I) Aqui eu representei. Que vocês colocaram assim. O desenho que vocês
fizeram eu to polarizando com vocês, o desenho que vocês fizeram foi o seguinte: Secretária ela sai de um canal e passa pro outro, desliga, muda da estação vai pra outra, desliga. Ai eu perguntei pra você: O ser humano consegue fazer isso? Como é que faz isso?
J: Ela convive com isso. Não tem jeito. Eu convivo com os problemas todos que eu tenho lá onde eu trabalho. Só que eu não deixo isso me atingir pelo menos hoje não e se eu pensasse nisso cinco anos atrás eu iria embora. Hoje eu sei que isso não vai agregar nada. Carregar tudo aquilo, levar problemas pra minha casa pra fazer parte dos poucos momentos que eu tenho com o meu marido e com os meus dois filhos. Eles não tem obrigação de agüentar isso. Eu sim lá dentro de casa tenho obrigação como aí mãe de ouvir o se dia deles foi bom, se não foi. O que passou lá atrás eu espero até amanhã. Eu posso até deitar, refletir e pensar: bom amanhã pra eu ajudar ou tentar resolver tal coisa, eu vou fazer isso, isso e isso. Ou eu posso até levantar e mandar um e-mail de madrugada pro meu diretor porque eu pensei num negócio que talvez dê certo, mas fazer com a pessoa que gosto. Sofrer, se você ta sofrendo lá, eu acho que depois de nove anos de empresa, depois de cinco anos eu consegui descobri que não vale a pena fazer isso. M: Eu também lá no meu trabalho eu tenho que ter calma, mas teve um dia que eu simplesmente comecei a gritar com meu diretor por telefone, foi o dia que eu cheguei ao meu limite de estress que ele me causou, que eu dei um berro com ele, bati o telefone na cara dele e fui embora. E vim pra aula, assisti à aula, fiz apresentação de trabalho, chorei no caminho todo, porque eu estava num estress emocional muito grande, mas eu chorei, cheguei à aula, fiz à apresentação as meninas viram e eu disse que tive um problema no trabalho, vamos fazer a apresentação então a gente consegue de alguma maneira separar. Chega em casa meu marido percebe. Aconteceu alguma coisa? Ah! Aconteceu um negócio chato no trabalho, deixa prá lá. Eu olho a cara dele e vejo que ele está cheio de problemas eu vou chegar mais com os meus? Eu não vou falar nada né J: Aliás, depois numa outra situação você já resolveu, vai estar mais tranqüila. Acontece a mesma coisa quando o diretor entra olha pra mim e fala: Ta tudo bem. Não ta, mas eu não quero falar. Acabou, porque ele conhece. M: Eles percebem a fisionomia né? J: Pela voz, pelo tom, pela roupa que você põe. Quando a roupa morrer é diferente do habitual alguma coisa aconteceu. É mesmo. Aconteceu alguma coisa? (risos) ME: Eu acho assim o mercado hoje está assim: você é u número. Seu crachá é o 414420, seu nome é ME é o meu ponto de vista hoje. Meu chefe me entra me
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fala bom dia, boa tarde. Ele é um senhor, ele é super-dinâmico e não necessariamente se eu morrer amanhã ou se eu sair ele vai ficar na mão de maneira nenhuma, ele passa a mão no telefone, ele pede uma passagem pra Itália, pra França, ele faz o trajeto dele ao pé da letra. Não vai morrer não, eu na sou insubstituível não. Não sou uma peça chave. Hoje em dia as empresas o que elas estão fazendo. Você é responsável pelos seus atos eles dão uma série de competências e com lucro. Você tem que dar lucros para a empresa, você tem que ter o objetivo, eles traçam o objetivo e os funcionários tem que cumprir. Não é porque eu trabalho na área da secretaria de departamento e tal que eu também vou estar envolvida nesse, no lucro da empresa. Todos estão envolvidos no lucro. Então enquanto eu to lá, amanhã se não vender, se eu não atingir meu objetivo de exportação, se o navio encalhar minha filha e não entrar com as peças aqui por n coisas, ou porque errou os dados de não seio que, não importa amanhã ME eu não posso te pagar ME R$ 10.000,00 se for. Não posso te pagar ME R$ 10.000,00. Então eu tenho que me adaptar ao mercado ai eu vou procurar uma outra empresa. M: Acho que depende do perfil da empresa. ME: O meu chefe eu to há muito tempo com ele, ele me conhece desde pequena. Nos conhecemos quando eu tinha uma pequena empresa, uma mini empresa e ele me chamou pra voltar quando eu fechei minha empresa e eu fui, mas o que ocorre, bom dia e boa tarde Ele nunca chegou pra mim pra perguntar, nunca, eu não tenho essa relação assim com ele sabe não tenho, extremamente profissional e eu posso ser sincera, eu acho que é o mundo real hoje em dia. O mercado é completamente fechado, você é um número, rendeu, rendeu, não lucrou vamos ter que mandar embora. O quê que nós vamos fazer? Não posso ficar com 3 ou 4 secretárias. Eu vou ter que mandar embora. J: Ontem eu cheguei atrasada na aula porque o meu diretor me chamou e eu fui lá e ele falou se senta e eu sentei uma hora e meia. Ele abriu o computador começou a fazer uns trabalhos e conversando comigo ele não queria nada, só queria que eu ficasse ali um pouco, mas eu tenho esses momentos também, a gente tem amizade. Vamos ver isso. Uma vida normal. M: Minha irmã trabalha numa multinacional americana e ela fala vai M vai fazer uma entrevista. Eu não quero, amo meu trabalho, adoro a empresa que eu trabalho. Sim eu vou porque eu quero ver como está o processo seletivo hoje, que eu não sei. E eu fui lá. Uma hora e meia de entrevista com a pessoa do RH. Perguntavam tudo desde os meus avós, uma hora e meia. E depois mais uma hora com o diretor, mas o que eu vejo no mercado é que você trabalha em equipe, flexibilidade, facilidade de lidar com outras pessoas, pois eu já vejo que muitos conflitos prejudicam o andamento e o departamento da equipe e lá eles têm muito esse contato. A empresa tem muita aquela preocupação com o funcionário, o bem estar dele. Até a professora me perguntou qual a diferença de uma secretária de uma empresa grande de uma empresa pequena. Ai eu falei empresa grande você é um número. Eles te conhecem como um crachá, a empresa pequena não, eles conhecem a pessoa então no poder de decisão e demissão isso vai ser válido, o dono te conhece. Não a M eu conheço o trabalho dela. Numa empresa grande eles não têm essa visão. Quem ganha mais? Vamos reduzir, mandar embora. Contrate uma que ganhe a metade. Então na empresa grande esse é o diferencial. Só que em contraparte a empresa Multinacional grande ela tem a preocupação com o bem estar o funcionário: café da manhã, previdência sabe, toda aquela assistência. Tem
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empresas pequenas, médias que não tem essa visão, não tem essa preocupação. Não tem. Eles te dão os benefícios básicos e é aquilo. A Multinacional já é outra visão. Então é isso mesmo. Multinacional é isso mesmo. N: Você passou? M: Não porque tinha que ter o inglês fluente. (risos) e eu fui bem sincera, eu não vou atender o perfil, mas foi ótima a experiência. Fazia treze anos que eu não participava de um processo seletivo. E eu não entendi porque perguntavam do meu avô, mas o que você lembra do seu avô? E até hoje eu queria saber por que ele frisou tanto essa parte do meu avô e comecei a entrar no Google para pesquisar e eu falei assim eu fui bem objetiva na minha resposta. J: Então professor como estamos no canal você continua achar que não sintonizou direito. As secretárias são assim. Elas mudam de canal, mas aquele chefe ruim fica lá é um ponto de luz. Fica lá.
I) E aí o que você faz com o chefe?
J: Você agüenta ele até o momento que ele consiga sintonizar direito o canal. I) Pelo jeito vocês estão em contato com muitas secretárias, Como vai à
saúde da secretária?
V: Eu estou bem, tranquilamente. I) Assim no geral, (risos) por que vocês têm contato né, falo no geral. Por
que é assim. Vocês têm muito contato profissional né e como no geral a secretária, com está a saúde da secretária.
ME: Eu to com uma amiga que não come e chegou num momento dela de estress total e ela simplesmente disse ME eu to indo embora.Ela tem uns 10, 12 anos de carreira na companhia e ta indo embora, ela não agüenta mais pressão, pressão, pressão, ela não come. Ela põe um sanduíche, às vezes eu falo você vai almoçar, compro sanduíche pra ela, converso sério não vai. Teria que dar o prazer de falar eu vou, tenho horário no dentista, tenho horário no médico. Tenho que fazer meus exames semestrais. Ela não sai para ir ao médico. E hoje em dia tem toda facilidade, você pode ir no sábado, tem convênio que atende de domingo com a maior facilidade. Ela não faz isso. Ela chegou num momento total. Acho que é um erro, primeiro porque você tem que cuidar da sua saúde pra depois chegar.... K: A valorização. A pessoa tem que ter consciência, qualquer profissional tem que ter consciência de si mesmo e de se valorizar. De saber, olha eu tenho que ir ao médico, eu tenho que me alimentar, eu tenho que fazer uma atividade física. Eu agora há pouco tempo nossa eu quero me cuidar, eu quero ir numa academia todo dia e eu coloquei isso na minha agenda e inclui e estou me sentindo bem melhor. Acho que isso também faz a gente se sentir melhor e o estress vai embora. Isso é uma coisa que as secretárias precisam se atualizar por isso que é importante ter essa interação entre secretárias, porque às vezes a pessoa fica enfiada dentro de um escritório, não vai a eventos, não tem uma reciclagem, tem vários eventos à disposição falando sobre o bem-estar, senão fica doente mesmo. J: A prioridade de nossa vida não tem que ser eu como secretária, tem que ser eu como pessoa. Pra mim é minha família é o bem-estar de quem está em
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volta de mim. Se eu não tiver bem, eles também não vão estar bem. O meu serviço é conseqüência do que acontece em minha casa, eu estar bem lá no meu serviço. Eu acho assim quando eu to bem dentro da minha casa qualquer coisa pode vir que eu enfrento Estar bem o meu marido, meus filhos, minha mãe, que é o meu mundo de verdade quando ele está bem estruturado pode vim e acontecer lá no meu serviço que o máximo que vai acontecer é eles me mandarem embora e ai eu vou servir em algum lugar. A gente não pode ficar amarrada num serviço. M: É que nem eu me vi numa saia justa com meu diretor. Eu participei de uma reunião forma com ele com um pessoal do Japão. Na reunião, na mesa tem uma hierarquia. Eu tinha que sentar na 4ª. Cadeira, com meu papel e caneta, diretor ao lado de diretor. E ai começou a reunião toda em inglês. Ai eu falei o que eu to fazendo aqui. E o japonês olhava pra mim e eu só entendia no nome do hotel. Meu chefe me pediu desculpas N: Eu acho que falando assim o maior problema da secretária é o estress. Realmente o stress é muito grande.
II) O que causa o estress na secretária?
V: É tudo isso. Humor de um humor de outro, é um que ta ruim, é outro que ta bom. O papel chegou ou não chegou ou ta numa situação constrangedora.. J: Depois falam que o nosso problema é TPM. Vê se pode. Isso é tão ruim. V: Eu brinco no serviço que enquanto eu não colocar meu pijama, trabalhar de salto e falar que estou de terno, ta tudo bem (risos). O dia que eu entrar aqui com o meu pijama rosa de salto e vim trabalhar, pode me internar. (risos). Acho que o maior é o estress mesmo, mas acho que nem é o problema da secretária, é o problema do século mesmo. Eu sou muito.... J: Mas não dá para viver sem ele. V: Ah! Dá porque faz bem, faz mal..... J: Não dá para viver sem essa agitação toda. M: Verdade. Eu trabalho melhor sob pressão em acho que sempre trabalhei assim. Quando ele fala assim: é pra agora. Então antes que ele fale agora. Eu falo vou fazer agora. Eu sei que ele quer ouvir o agora no final da minha frase. Ai ele liga e diz já fez aquilo? Não e às vezes é aquela correria, mas se não se não dá tempo e falta, ele viaja e eu fico chateada ai eu falo.....
I) Ele vai dar bronca. (risos)
ME: Meu departamento é morto. I) Quê?
Quando meu chefe vai pra China meu departamento fica um marasmo M: A gente não fica sente falta? ME: Eu Sinto, não vou mentir não. N: Eu nunca sinto. (risos) M: Hoje eu vou renovar isso, ai eu fico pensando vou renovar aquilo vou mudar aquilo, calma Vilma!!! (risos), tal ai meu gerente... J: Autonomia acaba. A gente consegue fazer tudo ao mesmo tempo com eles falando. Quando a gente fica muito longe, que ele some ai a gente fica com o coração apertado. M: É um vazio né? J: Ai então a gente fala: amanhã eu faço.
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I) Deixa eu fazer uma pergunta para vocês. Qual é o maior sofrimento da secretária?
V: Acho que Preconceito ainda. É o que eu penso. I) Você acha que o preconceito é o maior sofrimento que a secretária tem.
V: Ah, eu acho. K: Eu também acho é terrível... V: É preconceito porque é mulher, é preconceito porque ta de TPM, é preconceito porque está de tênis não ta de salto, é preconceito porque, pela sua cara....
I) Quem que não ta de salto?
V: Ontem eu machuquei meu pé, eu fui trabalhar de tênis. Não teve um que não olhou. Eu fui trabalhei de Tênis e calça jeans. Eu machuquei meu pé. K: Eu acho, que eles ficam focados e ta de tênis por quê? V: Não lá todo mundo pode. O quê que houve? Eu acho que é o preconceito mesmo de ta ali, atrás, as pessoas nem sempre acreditam que você é capaz de poder de decisão, de poder persuasão, de influência, isso pesa sim. Ainda encontra pessoas que desmerecem a profissão. M: Acho que é ainda falta de reconhecimento. Estou fazendo um trabalho sobre nomenclatura da secretária. Hoje uma recepcionista fala que fala é uma secretária, eu não aceito. Para ser secretária você tem que estudar, tirar um DRT. Então eu não aceito. Às vezes eu pego um jornal lá ... V: Secretária do lar é pior M: É às vezes a recepcionista não está e falam a secretária. Eu digo secretária não. Hoje gente estuda, tenta mudar essa visão que a sociedade tem e se você não corrigir ali pras pessoas ali né... V: A minha chefe falou: secretária é uma profissão que está acabando. E eu disse: aonde? Eu falei aonde está sendo regularizado, tem teto salarial, tem professor, diretor e a profissão nunca acaba. J: Como é que você acreditou em mim? V: Está acabando a secretária e eu disse aonde? K: Existe faculdade de secretariado? O que você faz, se o que você faz? V: O que você tem de aula? O que você aprende? A mexer na agenda?
I) Depois do preconceito, qual o outro grande sofrimento.
V: Falta de reconhecimento. I) Falta de reconhecimento, preconceito, vamos ver se a gente levanta
aqui os cinco grandes sofrimentos:
ME: Acho que sou secretária gerente ou gerente secretária....(risos) I) Você acha que o maior sofrimento é a nomenclatura?
ME: Acho M: Acho que poderia mudar. ME: Poderia ser alterada que permitiria outras nomenclaturas. Começa que a secretária vem lá de auxiliar e chegou ao topo. Você não quer, você que continuar a ser secretária, você tem tanto conhecimento, você tem bagagem até ultrapassar. Então...agente de secretariado.
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M: Mas isso está mudando porque nas multinacionais, as secretárias são assistentes executivas, eles falam secretária, mas elas não são. É tudo assistente executiva ou financeiro ou comercial. K: O que muda é a nomenclatura, mas ela é uma secretária. V: Melhorada (risos) M: Mas em multinacionais, eu tenho uma amiga que trabalha na X, entre eles, eles falam secretária, mas nos e-mails, no cabeçalho é: assessora executiva. ME: E às vezes surge à oportunidade para a secretária e você não vai. É cômodo para o presidente, para o diretor eu to né, na zona de conforto. Muitas vezes eles não tiram você de lá, pra ir para outro cargo, porque é cômodo, porque eu to com a Ciclana, a Ciclana conhece todo o meu perfil, eu facilito a vida dele, eu sou uma facilitadora ao passo que se eu sair eu vou ter que deixar as coisas em stand by tal, tal, tal. Poxa eu to há tempo tempos aqui e não aparece uma oportunidade, porque é cômodo para o presidente M: É mais ou menos assim. A secretária trabalha como gerente. O reconhecimento salarial dentro da minha empresa é.. N: Você conta nos dedos. M: Ah, eu não sei. Quem eu conheço, assim é difícil quem tem o teto baixo, eu acho que eu sou exceção, mas é que eu estou na área há bastante tempo, quem tem 6, 7 anos de experiência. Houve um crescimento profissional, investi na carreira, a parte salarial.
I) Nós temos três grandes sofrimentos, o quarto e o quinto não vão aparecer?
N: Falta de atitude. I) Falta de atitude de quem? Do chefe ou da secretária?
N: Dos dois. Se o chefe não tiver atitude ou não der chance da secretária ter atitude, nada vai funcionar. K: Você vai ficar acomodada né? V: A zona de conforto.
I) Ta todo mundo adepto. Gozado o pessoal da administração, sós administrações estão todos os adeptos a Vygotsky. Ta todo mundo preso a ele. Ele que falava da zona de conforto e da zona de desconforto e agora ta todo mundo...
V: Ta na moda, I) Eu vou aos lugares de administração zona de conforto e zona de
desconforto (risos) porque ele trabalhava o tempo todo com essa perspectiva com a criança então a criança precisa da zona de conforto e da zona de desconforto e agora eu to chegando no pessoal de administração ta todo mundo, zona de conforto, conforto, zona de desconforto...
V: São coisas que sempre existiram e eles colocam nome agora. I) E agora e empregabilidade, como a secretária, como é que vai a
empregabilidade da secretária. Porque eu aqui senti que o grupo aqui todas bem empregadas, mas no geral as secretárias todas são bem empregadas assim?
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M: Não. N: Eu acho que para uma boa secretária nunca falta emprego. Ela é automaticamente indicada. É o networking. É isso também. M: É verdade. A minha irmã já é secretária há 20 anos.
I) Eu vou mudar de profissão...
M: É, e ela tem o perfil assim e ela fala: eu não sou secretária, eu não faço serviço particular para chefe, é o perfil dela. Ela está desempregada. Ela escolhe emprego. Ela entra e vê, sai e diz que este emprego não serve. Ficou quatro anos sem emprego e agora está numa multinacional porque tem o perfil dela
I) Ela ficou quatro anos desempregada
M: quatro anos porque ela ficou escolhendo emprego. Ela ia, esse paga pouco eu não vou. Ah esse....
I) Mas ai a empregabilidade é uma coisa complicada. A pessoa ficar quatro anos desempregada, a empregabilidade é
M: Não, mas ai ela escolheu até, ela podia ter conseguido outros, mas ai como ela teve a possibilidade de poder escolher o que ela queria. Ela disse eu quero trabalhar numa multinacional e ganhar mais de R$ 4.000,00 e ela falou não to precisando. Eu acho assim ficar tanto tempo fora do mercado e conseguir entrar.... ME: Acho que são os pré-requisitos. K: Eu acho assim os pré-requisitos hoje é o superior completo e línguas e você estar buscando uma pós-graduação, outras culturas e outra língua. De preferência o inglês. M: Se você não tiver o inglês você não consegue. K: Você não consegue. Até quem já conseguiu, conseguiu, mas para você crescer, e as pessoas que estão entrando agora no mercado, se não tiverem não tem chance. ME: E ter domínio de informática porque não adianta..mas hoje a gente tem que saber entender de photoshop ai joga uma coisa pra você fazer um folheto photoshop, ai você tem que ir lá, se interar, fazer curso de photoshop, saber mexer e a empresa pede que você apresente lá e como é que ficou o boneco da arte (risos) é assim. M: É que o idioma ele demora muito então se vê, hoje quem ta no mercado se começa cedo vai ter um sério problema como procurar porque exige a fluência mesmo. ME: Tanto é que até os nossos executivos hoje que em dois ou três finais de semana direto é inglês, inglês, inglês. M: No dia da entrevista da multi ele falou eu aprendi inglês bem depois de uma idade avançada e basicamente foi assim. V: Não, você tem que saber selecionar um bom profissional para exigir cada vez mais. Hoje pode ser o inglês, amanhã, não muito distante...vai ser o mexicano. K: Vai saber.... V: E Pequim, Pequim ta aí. Você vai selecionando tanto que hoje no mercado, na secretária de forma geral é o profissional especializado, eles estão
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procurando uma perfeição que quem consegue se adequar aquela vaga, fica bem. N: Quantas vezes eu ouço operador de máquina não acha pessoas, por exemplo, pode ser a pessoa secretária, que tenha pós, MBA, Mestrado e Doutorado é o que eu quero. Eu quero para minha empresa. V: Não vai ter, vai demorar muito tempo para ele achar. ME: Muitas vezes também a secretária tem tudo isso, mas não tem a bendita polivalência. V: A escrava (risos)....
I) E agora tem um complicador por que é assim que ao mesmo tempo em que você precisa do mercado especialista, você precisa do especialista polivalente, quer dizer você tem que ter uma especialidade, mas você não perder a dimensão de ser polivalente. Por exemplo: Tenho especialidade, mas tenho que ser polivalente, hoje o mercado tem esse drama.
ME: Já quer pronto. J: É verdade.
I) Quer pronto, porque antes você tinha o especialista tava bom agora não interessa o especialista. Eles querem especialista que também seja polivalente. Quer dizer ele tem que ser um médico clínico especialista numa modalidade, Não pode ser só especialista, mas essa discussão da empregabilidade é pela questão de polivalência.
N: Na área secretarial o que se discute muito é a profissional que trabalha com competência. Então é assim hoje é preciso ter uma secretária executiva que trabalhe com diversas competências, não que ela seja competente para fazer uma determinada coisa não, que ela seja especialista em determinadas áreas. O que se fala é que hoje se precisa trabalhar em dão cursos: olha secretariado vai trabalhar a partir de agora a base de competências então você acha que é, poxa será que até aqui então eu não tinha competência para ser secretária (risos) não, é porque realmente você tem que especializar-se em determinados conhecimentos dentro de sua área. Normalmente o inglês era o diferencial. M: Era e por aí vai. Amanhã o inglês não vai deixar de ser obrigação você vai ter que ter mais uma língua pelo menos engatilhada escondida debaixo do braço. N: Mas eu lecionava há mais de 6, 7 anos e já se exigia o espanhol, para você ter uma idéia, não era mais o inglês. Quando eu entrei nas primeiras aulas nos cursos técnicos o quê que ocorria já se sabia no mercado: meninas não fiquem só paradas no inglês, já partam para o espanhol porque o Mercosul vem vindo, aquela coisa toda né. Então hoje não adiante só o inglês e nem adianta mais só falar inglês e espanhol. Não é verdade. Com quem o país agora vai trocar relações comerciais? Com a bendita da Globalização? Com a China, então vocês viram a corrida dos executivos para aprender mandarim. Eles foram correndo aprender mandarim daqui a pouco vocês vão ter que..... M: Ai já chega.. ME: Uma coisa os chineses aprendem com muita facilidade o português porque eu converso com chinês que fala português e super bem. M: E, E, ela sabe (risos).
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I) Até por que lá tem uma região que fala muito bem o português.
ME: É incrível, eu fiquei assim.... V: Agora eu vou falar que o diferencial e a competência estão naquela secretária que procura se atualizar. Aprender o mandarim por exemplo. Ai ela vai lá e faz. De repente está assim. Competência.
I) Isso significa que toda secretária tem que estudar a vida inteira?
M: Ah não (risos) ME: Acho que tem que saber um pouco de tudo. Jogo de cintura, fazer cursos de marketing pessoal, networking.... M: De atualização, tem que estar atualizada com o mercado, mas não necessariamente ficar só..
I) Só na escola....
II) : Vou fazer uma pergunta para vocês, uma curiosidade minha: Vocês acham que experiência de vida, experiência profissional de outras empresas, contribui para atuação de vocês, onde vocês estão hoje?
J: Desculpa, eu não entendi a pergunta. III) A experiência de vida, independente de seu histórico, a experiência que
vocês tiveram em outros empregos mesmo não sendo secretárias ou sendo secretárias, efetivamente contribui para a atuação de vocês hoje dentro do quadro que vocês atuam.
N: Nós fomos cobaias por uma vez, mas também em contrapartida foram caminhos para seus acertos. V: Na empresa que estou hoje tem uma pessoa acha que eu sou a única e os erros que eu tive aqui numa próxima, não vou cometer.
II) Vocês acham que vocês podem ser de modelo para ensinar outras profissionais?
K: Eu acho isso muito importante porque, até na sala de aula, tudo, às vezes a gente nota trocas J: É boa essa troca. M: É legal K: Quem ta chegando agora no mercado tem muita coisa pra falar, se eu puder... M: Até o jeito de trabalhar diferente dá para se comparar. Ai o meu é diferente etc. III) O fato de vocês terem optado pelo ensino superior para realmente
buscar o registro na área, pelo fato de vocês terem optado pela profissão. Ninguém chegou pra você e falou quando você crescer você vai ser secretária.
K: Pra mim foi escolha própria. J: Secretaria não era um referencial. V: Até hoje não é. I) Por que você escolheu ser secretária?
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V: Por que eu queria uma profissão correlata ao que eu estava fazendo, executava no meu dia-a-dia e que me desse oportunidade de carreira. Então eu escolhi uma Faculdade que fosse correlata ao que eu tava fazendo. Eu já era secretária e escolhi fazer secretariado. Uma amiga do serviço me impulsionou.
I) Então você não escolheu a secretária, a secretária que te escolheu?
V: Foi M: Eu comecei fazendo ciência da computação. Eu parei por questões financeiras e ai eu falei que só voltaria para uma faculdade quando eu tivesse condições de pagar então eu voltei como secretária por que era a opção que eu achei que ficaria bem. Eu vi que eu deveria ter feito muito antes.
II) Eu vou fazer uma pergunta agora. Você acha que o profissional de secretariado dentro da empresa tem uma identidade própria? Na sua opinião.
J: Eu acho que tem. III) Por quê?
J: Eu acho que ele tem, depende do lugar que ele trabalha, depende da história dele na empresa. Ele ser responsável e as pessoas o conhecerem.
II) Mas só depende dele?
J: Não depende da estrutura toda. Depende inclusive de quem, na mão de quem ele passou. Por que tem chefe que não permite que a secretária faça o papel dela. Ele quer uma secretária para atender telefone, responder e-mail e pronto. Não é todo chefe que, não é todo diretor, todos os coordenadores de te dar liberdade de te chamar falar assim. Por que você não chega lá e fala assim: eu vim aqui dar a minha opinião, não é assim. Com o tempo ele ver que a tua opinião vai contribuir. Mas não é todo homem que aceita, não todo chefe que aceita e se for mulher é pior ainda, com a mulher é mais complicado. K: É onde a pessoa ta mesmo. Eu acho que é preponderante isso a localização, a estrutura da empresa. A empresa te dá status, te dá oportunidades ser você mesma, ser secretária, assim eu tive sorte em todas as empresas que eu trabalhei eu pude só acrescentar a minha identidade: eu sou, eu faço, eu aconteço, eu tive essa sorte.
I) Por que você escolheu ser secretária?
K: É como estava falando. É engraçado porque no primário eu estudava numa escola católica e a gente ouvia muito aquela coisa de chamado para a vocação e eu me sinto assim, recebi um chamado. Não tinha nada a ver, eu fazia direito, fiquei apertada, meu pai parou de pagar a faculdade, faleceu e eu tive que procurar emprego e então tinha uma multinacional do lado da minha casa, que foi comprada pelos dinamarqueses e eu fui, entrei como telefonista, virei secretária então eu me encantei pelo mundo corporativo. Não quero mais direito. Não eu quero ser secretária e ai eu vi que a secretária não era aquela secretária de médico e de dentista. A secretária era muito mais do que isso. A secretária poderia contribuir muito com a empresa. Crescer, aprender, evoluir e ser uma parceira do executivo. Eu vejo essa coisa, eu não sou secretária, eu sou secretária executiva e eu quero reforçar isso. É uma profissão brilhante, antiga que eu sou feliz enquanto secretária e quero as pessoas reconheçam.
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Eu busco este reconhecimento com todos que eu converso. Acho importante essa identidade, você poder expor para as pessoas. Acho especial e eu recebi esse chamado e sou feliz e quero continuar sendo secretária.
I) Você foi convoca a ser secretária.
K: Convocada, foi uma missão I) Foi escolhida porque foi convocada
M: Eu comecei como auxiliar de escritório, ai eu tive a primeira promoção para trabalhar como vendas de construção, depois eles criaram um cargo de secretária de vendas e depois me passaram para secretária da diretoria presidência onde to até hoje. A gente tem sim um perfil próprio mesmo. Uma que as pessoas te conhecem pelo feedback que dão sobre você, A M resolve isso, então as pessoas já criam uma imagem de você pela profissional que você é.
II) Mas vocês acham que perfil é a mesma coisa que identidade?
M: Na minha opinião sim. Eu penso assim: eu sou bem humorada todo dia, esse é meu perfil eu não sou estressada total e isso reflete no meu profissional, então eu acho assim caminha juntos. A minha personalidade é de pessoa calma e isso reflete na empresa. V: Ninguém é secretária sozinha. Pra mim ela tem identidade sim. N: Eu trabalho desde os 14 anos eu vejo assim, todo mundo vê o profissional secretária ou outro profissional qualquer como sendo um subordinado que deve obediência a uma pessoa, não importa se eu sou secretária da firma A, B ou C eu sou secretária, eu gosto de ser secretária, eu acho gostoso executar as funções de uma secretária, então a característica, o jeito que eu vou ser aqui ou lá, vai ser o mesmo. A minha profissão, as minhas atitudes vão ser as mesmas em todas as empresas. Então eu não me vejo trabalhando para uma pessoa, eu me vejo trabalhando para a empresa e aquela pessoa que está acima de mim também trabalha para aquela empresa. Então ali dentro somos todos uns números. Então juntando tudo isso, todas as pessoas, todos os crachazinhos você vai formar uma equipe e é por ela que você trabalha. Então eu me reporto a uma pessoa que vai se reportar a outra pessoa, mas independente de ser com essa ou com aquela eu sou a funcionária naquela atividade que eu desempenho com o meu melhor, quando estou ali dentro, eu estou ali dentro mesmo é uma dedicação ao trabalho, eu gosto de desempenhar aquele papel, eu gosto de pegar aquele trabalho, desde uma carta e lê-la e saber que aquilo eu posso melhorar, essas palavras foram repetidas, vamos trocar melhorar aquilo com o eu você trabalha, sempre tem uma forma de melhorar. Eu gosto de fazer isso. Então eu nunca trabalhei para a pessoa eu sempre trabalhei para a empresa. A secretária administra a empresa e assim como o diretor administra o seu setor.
I) Por que você escolheu essa profissão?
N: Por que eu sempre gostei. Eu gosto de desempenhar e se você é gerente você manda alguém fazer e se você está abaixo da secretária, você, ela manda você fazer e você faz alguma coisa. Eu gosto de fazer, eu gosto de saber que aquilo fui eu que fiz. É gostoso fazer algo que todo mundo vai olhar e elogiar ou criticar, porque depois que você adquire a confiança de seu diretor ele vai deixar você fazer. Eles só assinam infelizmente.
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I) Por que você escolheu ser secretária?
ME: Bom eu já trabalhava como recepcionista e eu cuidava de bebê até que o bebê fez xixi e eu vi que não era a minha praia. Não vou mais trabalhar como recepcionista. Vou fazer técnico, isso, aquilo pra que eu saia daí. Fui para Álvares Penteado e fui fazer técnico de secretariado e ai comecei a conhecer um outro mundo. Como Secretária eu ganhava mais como uma auxiliar de contabilidade, auxiliar daquilo ou daquilo outro. A secretária naquela época era registrada, era registrada e mesmo sem ter DRT ela conseguia ingressar e ter lá na carteira: secretária. Eu tinha um salário razoável, então não foi só por ser secretária foi também financeiramente porque ai eu conseguia pagar meus estudos onde eu queria
I) Há muitos anos atrás, na geração de vocês, a secretária tava mais presa, a formação da secretária tava mais presa ao curso de letras e não de gestão e o hoje o curso é mais preso a administração do que o curso de letras, porque antes era letras quem coordenava, que dava as regras, não era o perfil de secretárias, que era exatamente aquela que escrevia tudo o que o outro tava falando e depois mudou totalmente. Hoje vocês estão mais no campo competindo com os administradores do que outra coisa.
ME: Sem contar que você tem idéias, suas idéias são “roubadas” quem é o bambambam... M: É o seu chefe..
I) Aí é que ta, esse é o papel do assessor que é outro campo que vocês entraram porque antes o assessor também não era secretária, o assessor era a pessoa que tinha feito um curso de gestão ou dependendo da especialidade, se era na área de engenharia, por exemplo se pegar o Taylor ela vai mostras isso. Você é assessor aí então o assessor ele tem que, Ele dá a idéia para o outro, porque o outro que se apropria da idéia. Você vai ajudar ele a dar encaminhamento...
ME: Poxa que penas (risos) I) É a função, a função é para isso. Eu faço muita assessoria na minha
área e assessoria é isso, eu to assessorando então o resultado final não fica comigo, o resultado final ele fica com o outro, por isso eu sou assessor, porque se não eu seria o executivo, eu não seria o assessor. Então eu tenho que ter clareza que o produto do trabalho vai ser do outro. Agora eu queria falar duas coisas para vocês:
- Nós todos só nos realizamos a medida que se reconhece o produto do nosso trabalho. Quando o nosso trabalho não é reconhecido cria-se um problema psicológico. A doença da mente. Qualquer trabalho, porque a gente se reconhece no que a gente faz e às vezes é por isso que fica doente, fica estressado.
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M: É o reconhecimento, que causa motivação. I) É a motivação porque ao produto que você fez.
M: É porque a secretária quer fazer o melhor né? II) Isso já começa na infância, porque na infância o sofrimento dramático da
criança é quando ela evacua e a mãe fala que aquilo não presta, e ela considera: mãe como algo que saiu de mim não presta? A mesma coisa a gente, só que a criança não faz essa passagem rápida né? Então a mesma coisa nós. Como é que aquilo que eu produzi pode não prestar? É a mesma coisa que você falar que eu não presto, a gente sente isso. É por isso que o trabalho afeta na família, assim como a família afeta no trabalho não tem como você fazer essa relação. Existem as doenças e as doenças que são mais comprometidas, estou falando a respeito da saúde da secretária, as profissões que são mais comprometidas, as pessoas ficam mais doentes, por exemplo: professor você tem a quantidade maior na psiquiatria (risos), verdade porque tem o compromisso, se você tem o comprometimento você se reconhece no trabalho, a hora que você não vê o resultado do seu trabalho você tem uma crise psíquica. Não tem como não ter. Então conforme você avalia se a pessoa é comprometida no trabalho e se ela não está conseguindo executar, você valia pela situação da saúde dela. Então veja: você tem um professor hoje que ele não tem nenhuma manifestação de frustração, portanto, de problemas de saúde, você já começa avaliar que é um professor descomprometido, porque se você está comprometido com a situação você não tem como não ser afetado. Você pode é não deixar ela tomar conta de você, acabar com você, mas você é comprometido. Se você é comprometido você tem sentimentos. Isso no trabalho da secretária tem que evoluir. Por exemplo: outro problema que tem, aí a diferente ta. O banco, o caixa do banco é a terceira profissão que mais gera doença, mas aí é por causa do problema: a pessoa tem uma crise financeira em casa e vê aquele dinheiro todo (risos), é verdade, você pira, é a doença do ...(risos) Cada profissão e esta é uma coisa que tem que vocês tem que avaliar com vocês mesmas, cada profissão ela tem um tipo de doença própria. O motorista de ônibus em São Paulo tem outro tipo de doença. A sociologia da saúde ela vai classificando cada profissão com a sua doença que é própria. Você tem a patologia física que é própria e ela vai gerando, todas as profissões geram um tipo de tipo de doença a
Tipo de doença. Mas é legal a profissão de secretária. M: Não é legal, é ótima (risos)..
I) É uma profissão boa, depois da sociologia ela (risos). E a segunda coisa que eu queria colocar é que na entrevista perguntaram do seu avô é
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porque a gente sabe o seguinte: na história da pessoa aquilo que mais marcou ela, vai marcar na profissão, vai marcar na vida dela inteira. Então você tem que associar. Quando você ta analisando você tende imediatamente a associar o quê que aquilo tem a ver com o que a pessoa ta perguntando.
M: É porque voltou ao assunto... I) É volta....
M: Mas por que meu avô? Ai eu falei que era meu avô paterno... V: Mas por que o vô?
I) É porque na história dela a relação foi com o avô. Lembra quando eu fiz a pergunta: com quem vocês aprenderam? Por exemplo: se você falar: professor eu aprendi com o avô.....
M: Mas eu não falei do meu avô, ele perguntou, ele falou assim é me fale de seus pais aí eu falei rapidamente. Com quem você teve mais contato, com seus avós ou maternos e paternos.
I) Mas a pergunta não importa, você deu o conteúdo. Ele perguntou você deu a informação ele pegou...
M: Aí eu falei assim com meu avô paterno.. I) Ai a pergunta logo e a pessoa vai ficar encucada porque que ela falou do
avô paterno, devia ter falado materno. Bom, você falou do paterno pra ele.
M: Eu queria saber qual conclusão ele chegou (risos) I) Ai depende do que você ta direcionando, mas você puxa dali para
compreender um monte de coisa.
M: Essas entrevistas de RH, olha!!! I) Mas é bom, é sua área
M: Ai ele ia, passava meia hora ele voltava na primeira pergunta pra ver se eu respondia igual.
I) Agradecimentos finais, resultado da entrevista para todos e despedidas
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MODELO DO QUESTIONÁRIO COM 13 QUESTÕES FECHADAS
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Unifieo – Centro Universitário Fieo
Mestrado em Psicologia da Educação 2007 Mestranda: Cathia Petroni
O auto-conhecimento, a formação do sujeito e a profissão da secretária executiva
Questionário de pesquisa de campo Nome: .................................................. Idade: .................................................. Tempo de Profissão: ...................... Tipo de empresa: ............................ Porte: ................................................. Departamento de atuação:........... A quantos executivos se reporta:............... Estado Civil: ..................................................... Tem formação na área de secretariado: ( ) Sim Não ( ) Técnica ( ) Superior ( ) Possui DRT.................. No. ...........................
1. Para iniciarmos nossa carreira profissional é preciso pensar nas escolhas que fazemos. Ao optar pelo secretariado, sua escolha foi:
a) ( ) pura casualidade; b) ( ) por indicação; c) ( ) por escolha própria. d) ( ) Outra...................................................................................................................
2. Da infância para a fase adulta, escolher sua profissão foi:
a) ( ) uma decisão difícil; b) ( ) uma decisão fácil pois você já sabia o que queria seguir; c) ( ) uma decisão complicada, pois não tinha base nenhuma para escolher o secretariado. d) ( ) Outra...................................................................................................................
3. O que a (o) motivou escolher tal profissão: a) ( ) Oportunidade de momento; b) ( ) Saber que iria atuar com executivos no centro de poder das organizações; c) ( ) Saber que a profissão é promissora e dá status ao profissional. d) ( ) Outra...................................................................................................................
4. O mercado de trabalho atualmente é muito concorrido. Para se manter empregável hoje é preciso investir em formação específica, investir em educação continuada em nossa área e cultura geral. Neste contexto você se considera:
a) ( ) uma profissional que se atualiza constantemente em sua área de atuação; b) ( ) uma profissional que se atualiza quando tem condições financeiras; c) ( ) uma profissional que se atualiza somente quando a empresa banca os custos. d) ( ) Outra...................................................................................................................
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5. Qual a importância para você da Educação Continuada para solidificar a Carreira Profissional:
a) ( ) grande, pois dela depende o meu futuro e meu reconhecimento na área; b) ( ) razoável, pois dependo mais de técnicas específicas do que formação na área para me manter empregada (o); c) ( ) pequena, pois onde atuo no momento não exige formação específica, somente conhecimentos da área administrativa e/ou afins; d) ( ) Outra...................................................................................................................
6) O autoconhecimento nos ajuda, a saber, quem somos e o que precisamos na vida pessoal e na vida profissional. Somos parte integrante de uma sociedade e neste grupo atuamos diretamente com sujeitos em constante processo de crescimento e aprendizagem. Como secretária (o) que importância tem o autoconhecimento na sua carreira profissional:
a) ( ) é de suma importância adquirir cultura e conhecimentos variados para acompanhar os negócios da organização, os interesses de meu (s) executivo (s) e os meus próprios interesses; b) ( ) é importante desde que tenhamos tempo disponível para os estudos e para as pesquisas gerais; c) ( ) é importante, mas o tempo de trabalho não me permite ir além em meus estudos, pois tenho que me dedicar ao trabalho em tempo integral; d) ( ) Outra...................................................................................................................
7. Como secretária (o) hoje você se sente reconhecida (o) em seu local de trabalho: a) ( ) sim, pois tenho apoio aos projetos que desenvolvo em parceria com meu executivo, assim como meus conhecimentos profissionais são levados em conta; b) ( ) não, pois para a empresa o profissional de secretariado só executa as tarefas solicitadas pelos executivos; c) ( ) depende, às vezes sim outras não. Depende muito do humor de meu executivo; d) ( ) Outra...................................................................................................................
8. Você pode se considerar uma (m) secretária (o) cujo relacionamento profissional com os executivos e colegas de trabalho é:
a) ( ) proveitoso, enriquecedor e de aprendizado constante; b) ( ) crítico, pois o clima dentro da organização não propicia tempo para a troca de experiências profissionais e pessoais; c) ( ) bom e proveitoso à medida que eles dêem abertura para diálogos, o que não é muito comum na empresa, pois todos trabalham pressionados; d) ( ) Outra...................................................................................................................
9. Que nota aplicaria hoje a você em relação com relação aos seus conhecimentos profissionais e pessoais para ter o sucesso e o reconhecimento na profissão de secretariado na empresa onde atua:
a) ( ) de zero a três; b) ( ) de quatro a seis; c) ( ) de sete a dez; d) ( ) Outra...................................................................................................................
10. Como você costuma aprimorar seus conhecimentos profissionais: a) ( ) quando disponho de valores financeiros e o curso me interessa; b) ( ) quando a empresa me obriga a fazer cursos de interesse da organização; c) ( ) quando concluo que o curso de atualização é importante para o meu crescimento dentro ou fora da organização como profissional; d) ( ) Outra...................................................................................................................
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11. Como eu costumo conciliar minha vida profissional com os cursos de formação e atualização na
minha área profissional: a) ( ) Me desdobro e faço cursos a distância (internet, revistas e livros) para me manter atualizada (o) no pouco tempo que me sobra; b) ( ) Procuro demonstrar na empresa a importância dos assuntos de atualização profissional como benefício para a empresa e para mim; c) ( ) Planejo um curso por ano para não me atrapalhar com o serviço, família e escola; d) ( ) Outra...................................................................................................................
12. Muitos são os caminhos para atualização profissional e formação específica na área de Secretariado. A formação formal (técnica ou superior) na área é importante ou para você o que importa é a experiência na profissão que conta pontos preciosos na empregabilidade atual:
a) ( ) sim, a formação formal é importante para o reconhecimento profissional por parte das organizações e para o meu crescimento enquanto sujeito inserido nos grupos sociais; b) ( ) para mim é importante, mas para a empresa é indiferente que eu tenha ou não formação na área já que não sou registrada (o) como secretária (o), mas, desempenho as funções; c) ( ) não é importante, pois o diploma não vai atuar nas empresas, quem vai atuar sou eu; d) ( ) Outra...................................................................................................................
13. Você se sente realizada (o) com a profissão que escolheu? a) ( ) sim b) ( ) não c) ( ) às vezes sim, às vezes não, Depende da empresa e do executivo. d) ( ) Outra................................................................................................................... Justifique......................................................................................................................... ........................................................................................................................................ ....................................................................................................................................... ....................................................................................................................................... Grata pela cooperação e quando precisar também posso ajudar em sua pesquisa. Profa. Cathia Petroni Secretariado Executivo