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Ressentimento da dialética (prefácio)

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ocialism o

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\

Indice

 

Prefac io Bento Prado

Jr

I

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adoxo do In

telectual

Q ue

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s

Horn

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1 ctual como igu d pirito) na en

m

enolo

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. D. alguma

man

ira, · ojeve atirou no qu

viu

·

n iu:

proj

tando arbitrariamente no livro de ege l uma Gestalt d 1 au ,

n

p nu s m qu ri r, o netvo vivo da Dialetica. Uma esp'ci de pre

entlmenJo

ob

curo da pi \ s

n ~ a do

ressentimento do intelectual

s mpre

oscilando · ntr

mania

d pr s ao) na pr6pria ss ncia da

Dial

'tica e que o livro

Re

sentimento

da

ialettca

pret nde e por

(Darstellen

seria

mais

bonito) em todas as suas complicadas m e d i a ~ 0 e s ·

pr ssentim nto a ser explicitado e levado as

suas

ultimas conseqiiencias. Embora igno

re o vidente aristotelismo de

Hegel

isto e, a m a n u t e n ~ a o

do

privilegio indiscuttdo

da bios teoretikos), insistindo na

d e s q u a l i f i c a ~ a o

do intelectual

como

ta1 (o homem da

c o n t e m p l a ~ a o

em

proveito

do

homem

da

~ a o

e

do

Trabalho, Kojeve

nao

deixa de

ligar, de maneira pertinente, o destino dessa figura paradoxal (essa ventoinha irrespon

savel, sempre atropelada pelo curso

da

hist6ria

real que quer, em

vao, comandar ou,

pelo

menos, acompanhar) ao

destino da

Dialetica. 0 processo

movido

aos intelectuais

tern algo a ver

corn

o Devir

do

Espirito.

E

claro

que

,

no

pano

de

fundo

da Fenomenolo-

gia do

Espirito, esta a Revolu9ao Francesa e a r a n s f o n n a ~ a o do fil6sofo das Luzes em

cidadao revolucionario -

como j

na filosofia do setecentos, antes da Revolu9ao, a

Dialetica da Aufkltirung eesmiu9ada por Hegel em sua analise do Neveu de Rameau

de

Diderot, numa i m b r i c a ~ a o que sera desdobrada por Paulo Arantes ao longo de seu

livro. 0

philosophe

e

seu

alter

ego seu

intelocutor cinico e niilista

avant la

lettre)

compoem, na verdade,

um unico

e mesmo personagem, que define o eixo da paradoxal

experiencia

do

intelectual oscilante entre

as

classes fundamentais', que o comprimem

e se confunde

nas

suas

rel l95es

complicadas corn o Estado. E ainda o elogio hegeliano

da

Skepsis

da Antiguidade que

exprime

a verdade {particulannente alema) de wna

intricada hist6ria ideol6gica

que no

limite se confunde corn a trajet6ria

cumprida

pela

moderna Intelligentzia europeia em vias de emancipa9ao e

c r i s t a l i z a ~ a o

num corpo

social

sui generis''

(P. Arantes).

Trata-se, assim de descrever o ciclo de fonna9ao

do

intelectual modemo em s

us

continuos volteios entre a mania e a depressao

que

corr spondem a

algo

mais do

que

psicologia, como e expresso na no9ao de ''neurose objetiva, utilizada por Sartre m

L 'Idiot de la Famille) e

de

fomecer assim o

quadro

da e periencia que

constitui

o chao

bruto donde emergirao a ideia hegeliana de experi ncia da conscienci ', o con

da Dialetica e a dialetica do

Conceito.

Nao

se

trata de uma iniciativ bizarra

egel, na

suaHistoria da Filosofta,

e plicava a sofistica bem como s u grio d

de) a partir do

lugar

social do

intelectual

na Polis numa persp ctiv m tid

filolosia cont mporan

a,

A modema

r e c u p e r ~ a o

d Dialetica

-

d

pod

ria

s r visada corn lentes sem lhantes. Nenhum scindalo h po

pJi nd

r

corn

a ajud d

Jacques

e

Gofl)

m

tamorfo

do

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h ista

do

· n cim nto como

efl

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l ~ . _ ~ . . a a

·cul , como corpo ao corpo

- - ~ W 3 1 1

Jib

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do i · o,

olvim nto Ji datario - nfi , iro ·a

obj

· ._

z c

pi

na

pres n ~

de

espirito,

na

a r t i c u l a ~ inte

. a da

p

...

nomia Politica

sobretudo nos momentos

em

que Marx ressalta s

za

metaflsica

do

Capital, misterio resolvido da filosofia especul

ro,

de seu principal representante, o momento positivo-racional da

As cambalhotas do espirito ironico-niilista acompanham as revira.vo

desencadeadas pelo desenvolvimento

desigual e combinado

do capitali

o..

·

essa desigualdade combinada que fomece a chave das diferentes curvas ou ci

lntelligentzia europeia e as mil peripecias de seus entrecruzamentos, em co to

corn

o fundo de universalismo da

Intelligentzia

e da s

oc

iedade medieval.. ao e

..

 

de

uma iniciativa novae Paulo Arantes nao aspira

a

original idade

6

- de alguma m

e'

-

ra o segredo nao-especulativo da origem da Diale

ti

ca e

um

segredo de Polichinelo

1

-

mas a e a t i v ~ a o da empresa da critica da ideologia, ja

que

esta, como o gato, tem se

,

vidas e a ilusao intelectual

ou

filos6fica da sinais, hoje, de excelente saitde. E para

retomar esse movimento que Paulo Arantes passa pelas anAlises lukacsianas

da

cul

ra

l e m ~ sobretudo quando insistem nas vantagens do atraso alemao ,

8

e explora obse

..

sivamente as dobras

do

ressentimento alemao

em

face

da

cultura francesa das u m i e

res

esse paraiso dos intelectuais. Para fazer o a l a n ~ o dessas vantag,ens do olhar

perife

rico, epreciso percorrer os varios capitulos do ciclo alemao, do momento clas ·ico

(Lessing, Schiller, Goethe) e dos dois momentos do romantismo, para chegar a

s

. ...,..

:I

hegeliana, co

mo fecho

e verdade

desse processo

e, a seguir -

nova

revira ol

do

espirito e da realidade -

as

varias desmontagens do sistema hegeliano. Tudo s s o

numa e r i o d i ~ o da hist6ria da cultura e da filosofia que

e

escandida pelos mom ntos

cruciais da hist6ria da luta de classes da Europa do seculo XIX. ,

Algum

leitor

mais

bl se

podera dizer, bocejando: .

..

parece que

ja

ouvi

sta

.. ..

em algum lugar, ha muito tempo, quando pessoas

se

consagravam amda a

emelhantes ..

.

A ele recomendaria que comeQasse a

leitura

do livro pelo i

or

eu A

pendice

  ,onde

e

analisada a ideia de

ideologia

e onde

e

mai

o lugar

do

nde fala o.autor, mais precisamente pelo primeiro

te

o o •__

._

_ ira q matica, qua e

geometrica,

a ,deia de ideolog1 qu di

. .

. ....• . . 0 .

gar e

do dout

. .

rismo

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Qu nao st 0

...

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o

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-···

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p

ri

nci

u

i '-1 la.do,

ja

qu os sue s ivo r o do p oc

oloca-la fora d pauta

(1 mbremos que

M.

rl

a .

.

o

ty

e

.,..

· mo e

filosofia,

ou

a

famosa

crise

do

marxismo

de

.

que

nao deveria ser antipatica a Paulo

Arantes, isto e, sobre

o

fu do d

e o

do bloqueio da luta de classes).

Contrariando as d e c l a r a ~ o e s explicitas de seu autor, gostaria de afinn

ar

o ea ' r

essencialmente jilosofico

de seu livro e sugerir, pelo

men

os, em que sentido o afinno.

Em

algum lugar ele diz mais

ou

men

os

o seguinte:

' 'Dep

ois de

Ma

rx

e de Freud,

nao

se

pode mais fazer filosofia coma antigamente (a nao ser nas universidades, e

acrescen

taria,

talvez, mantendo seu constante espirito de c o n t r a d i ~ a o que

nao h

fil

os

ofia

fora

da

universidade).

Nao

se trata, para mim, de arrastar meu amigo reticente, contra su

vontade,

para

torna-lo cUmplice de mais uma visita ao topos arcaico do EJo

gio

da

Filosofia.

Mas,

se seus escritos nao sao.filos6ficos (coma o sao confessadamente

os de

Lukacs e de Adorno em que se inspira e que utiliza em conjunto, a despeito da tensao

que

os

opoe), a que

gen

era literario pertencem?

Talvez pudessemos ensaiar uma

d e f i n

~ a o

minima desse estilo, isto e,

uma

defini-

9ao

negativa:

defmi-lo na diferen9a que o separa de seus aliados Lukacs e Adorno.

Talvez Paulo Arantes tenha menos alergia a

filosofia como

tal

(ou seja afetado

de

filosofofobia) do que a ua cristaliza9ao positiva

na

Dialetica. Momenta positivo-racio

nal que culm

ina

corn o ultimo Lukacs (ao lado dos escritos sempre vivos do materia

lismo hist6rico  ou

da

hist6ria social da cultura). no materialismo dialetico

,

isto

e,

na

gigan

tesca Summa Ontologica,

onde reconcilia Hegel e Marx corn Arist6teles, corn a

aju

da

de Nicolai Hartmann. que, paradoxalmente, parece nao estar ausente daDiale-

tica Negativa de Adorno, ou da gigantomaquia metafisica que nela se desenrola. Tal-

vez, aqui, o espirito de contradi9ao organizado se recuse a

dar

o passo em

d i r e ~ o

cla

instancia que, ao mesmo tempo, o fundamenta e o neutraliza (um pouco como o Lebrun

de

1960,

que, diante de meu entusiasmo pelo esfor90 de Sartre por fundar o marxismo

na

Critica da Razao Dialetica, redarguia irritado: o marxismo

nao

precisa de fund -

menta.9ao ). Uma dialetica puramente negativa, que nao dissolve o mundo aman i

omanti

ca

, mas que se institui como

cultura e politica

de oposi9i1

e resisf ncia.

dentificar a perspectiva de Paulo Arantes e identificar seu alvo e st

nao

a cr

itica

da

filosofia contemporfulea (diagn6stico, f pito, d nosso

filosofia)

na

sua

dispersao

estilistica e

geo-nacional: p6s-mod mismo

d ~ o critica e giro lingi.iistico'

na

Al manh n

o ~ p

m i

lo o a univcrsitaria no Brasil. Na sua disp rs -'o m

c - ·c .

ada

pelo ne o do d

senvolvim nto d

e d pi I. M , com i o b d n

c c

dclc p

c m r n

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p. 12.

 

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nte 

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Hegel

de 

Lebrun

e o 

Marx

de

Giannott

i.

Cf.,

p. 

ex

., 

respectiva

Cap . 3

 da S

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L6gica.

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-

 

··· -· ·,-

na 

iniuneras

e

longas

notas que

o leitor podenl

vislumbrar

mais

do

que

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terpre

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7