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Paralisia de Aran-Duchenne & Doença de Becker
Patologia III
ÍNDICE
Resumo ………………………………………………………………………………… 4
Introdução ……………………………………………………………………………….5
Doenças Neuromusculares .................……………………………………………... 6
O Músculo …. …………………………………………………………………………..8
Anatomia/Fisiologia....……………………………………………………………...9
Músculo Esquelético ………………………………………………………11
Fisiopatologia .……….………………………………………………………….…13
Paralisia de Aran-Duchenne e Doença de Becker ………………………………...14
Gene da Distrofina ……………………………………………………………......14
Sintomas ……………….. ……………………………………………………….…16
Fraqueza Muscular …………………………………………………………17
Hipertrofia Muscular………………………………………………………...17
Desvios de Coluna ……………………………………………….…………18
Problemas nos Pés …………………………………………………………19
Elasticidade dos Tendões e Articulações ………………………………..19
Deficiências Cognitivas ………………………………………………….…20
Problemas Respiratórios ………………………………………………..…21
Problemas Cardíacos ……………………..…………………………….….22
Outros ………………………………………………………………………..23
Fases de Diagnóstico ……………………………………………………………..24
Fase Inicial …………………………………………………………………..24
Fase Transitória …………………………………………………………....24
Perda de Deambulação …………………………………………………… 25
Fase Adulta…………………………………………………………………..26
Exames de Confirmação do Diagnóstico ……………………………………….27
Creatinafosfoquinase ………………………………………………………28
Biopsia Muscular………………………………………………………….…28
Electromiografia ………………………………………………………….…29
Tratamento …………………………………………………………………………31
Reabilitação ………………………………………………………………………...33
Adaptação …………………………………………………………………………..34
Considerações Finais …… ……………………………………………………..…35
Referências Bibliográficas …………………………………………………………..…36
Paralisia de Aran-Duchenne & Doença de Becker
Patologia III
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ÍNDICE DE FIGURAS
Fig. 1 – Crianças com Duchenne ……………………………………………..…….4
Fig. 2 – Fibras de músculo Esquelético ……………………....……………………5
Fig. 3 – Neuropatia (Bell) …………………………………………………………....6
Fig. 4 – Distrofia Miotónica …………………………………………………………..7
Fig. 5 – Músculos e Movimento ……………………………………………….…….8
Fig. 6 – Flexão dos músculos do braço ……………………………………………9
Fig. 7 – Músculo Cardíaco ……………………………………………………...…...9
Fig. 8 – Músculo Liso……………………………………………………………….. .9
Fig. 9 – Músculo Esquelético …………………………..…………………………...10
Fig. 10 – Interacção Neuromuscular ……………………………………………….10
Fig. 11 – Anatomia Muscular………………………………………………………..11
Fig. 12 – Sarcolema ………………………………………….……..……………….11
Fig. 13 – Complexo associado à Distrofina ……………………………...……….12
Fig. 14 – Esquema do gene da Distrofina…………………………………………12
Fig. 15 – Esquema de localização da Distrofina …………………………………13
Fig. 16 – Hereditariedade da Distrofia de Duchenne ……………………………14
Fig. 17 – Cromossoma X …………………………………………………………...15
Fig. 18 – Função da Distrofina …………………………………………………..…15
Fig. 19 – Distrofia de Becker ………………………………………………………..16
Fig.20 – Pseudohipertrofia ………………………………………………………...17
Fig. 21 – Lordose ………………………………………………………………….…18
Fig. 22 – Escoliose …………………………………………………………….. …..18
Fig. 23 – Pé Equino ……………………………………………………………….…19
Fig. 24 – Contracturas na mão direita ……………………………………………..19
Fig. 25 – Crianças com DMD na escola ……………………………………………20
Fig. 26 – Ventilação Mecânica Invasiva …………………………………………...21
Fig. 27 – Dilatação do Coração……………………………………………………...22
Fig. 28 – Interacção Sistémica da Distrofia ……………………………………..…23
Fig. 29 – Duchenne em vários meninos ……………………………………………24
Paralisia de Aran-Duchenne & Doença de Becker
Patologia III
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Fig. 30 – Manobra de Gowers ……………………………………………………..25
Fig. 31 – Crianças em cadeira de rodas ………………………………………….25
Fig. 32 – Crianças com Duchenne ………………………………………………...26
Fig. 33 – Evidência de Lordose ……………………………………………………27
Fig. 34 – Exame de Sangue………………………………………………………..28
Fig. 35 - Biopsia ……………………………………………………………………..28
Fig. 36 – Electromiografia ………………………………………………………….29
Fig 37 – Esfregaço de Tecido Muscular ……………………………………….....29
Fig. 38 – Becker……………………………………………………………………...30
Fig. 39 – Osteoporose ……………………………………………………..............31
Fig. 40 – Comparação entre o patológico e o ‘normal’ ………………………….32
Fig. 41 – Duas crianças com DMD………………………………………………...33
Fig. 42 – Cadeira para Duche ……………………………………………………..33
Fig. 43 – Baseball em DMD ……………………………………………………….34
Fig. 44 – Actividades em Família …………………………………………………34
Fig. 45 – Exercícios Aquáticos ……………………………………………………34
Fig. 46 – Um Sorriso Sincero ……………………………………………………..35
Paralisia de Aran-Duchenne & Doença de Becker
Patologia III
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RESUMO
As doenças neuromusculares tratam de um conjunto heterogéneo de
doenças, constituído por miastenias, neuropatias, miopatias e atrofias espinhais.
Genéticas, têm em comum a falta de força muscular. A Paralisia de Duchenne ocorre
devido à ausência de produção de uma proteína que intervém na estrutura do
músculo, a distrofina. Na Doença de Becker, existe produção da proteína, mas
deficiente. Por este motivo, fala-se de DMD quando o quadro é muito grave, e de
DMB quando é mais leve e se desenvolve mais tardiamente.
São doenças normalmente fatais a médio prazo, culminando em insuficiência
respiratória e cardíaca. Apesar de não haver cura, existem diversos métodos para
atrasar a sua progressão ou melhorar apenas a qualidade de vida dos pacientes.
Fig.1 – Crianças com Duchenne
Paralisia de Aran-Duchenne & Doença de Becker
Patologia III
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INTRODUÇÃO
Este trabalho insere-se na unidade curricular de Patologia III, e tem como
objectivos o estudo e apresentação da Paralisia de Aran-Duchenne e da Doença de
Becker. Uma vez que as doenças têm poucas diferenças, falaremos da mais grave,
– Distrofia de Aran-Duchenne – salientando de seguida, as características que as
distinguem. Pontos a focar serão:
• O conceito de Doença Neuromuscular;
• A fisiologia do músculo e a sua fisiopatologia;
• O gene da distrofina e de que forma ocorrem as patologia;
• Descrever os sintomas das patologias;
• Analisar as fases de diagnóstico;
• Compreender a utilidade dos exames de confirmação do diagnóstico;
• Qual o tratamento em experimentação;
• O processo de reabilitação.
Fig. 2 – Fibras de músculo esquelético
Paralisia de Aran-Duchenne & Doença de Becker
Patologia III
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DOENÇAS NEUROMUSCULARES / DISTROFIA MUSCULAR PROGRESSIVA
Este termo aplica-se a um conjunto heterogéneo de doenças que engloba quatro
‘ramos’. São estes as miopatias, neuropatias, atrofias espinhais e as miastenias. As
miopatias referem-se aos músculos, as neuropatias aos nervos, as atrofias
espinhais aos cornos anteriores da medula, e as miastenias à junção
neuromuscular. (Associação Portuguesa de Doentes Neuromusculares, 2007)
Em meados do século XIX, alguns físicos descobriram que a fraqueza
progressiva dos músculos voluntários podia ser causada por uma desordem do
sistema nervoso ou uma degeneração primária muscular.
Distrofia Muscular foi o nome por que designaram a
degeneração muscular primária. Nos anos que se seguiram,
numerosas variantes deste tipo de doença neuromuscular
foram descritas e classificadas como hereditárias,
progressivas e degenerativas. De uma forma geral, muitas
destas condições mostram alterações patológicas similares,
evidência de um processo miopático crónico, activo e não-
inflamatório. Fig.3 – Neuropatia (Bell)
Estas doenças são genéticas e possuem em comum a falta de força muscular. A
sua maioria não tem cura, mas através de equipas multidisciplinares, é possível
minorar os problemas que delas advêm. (APN, 2007)
Os diferentes tipos de distrofia muscular são classificados de acordo com a
forma como aparecem e pela parte do corpo afectada. Se umas começam na
infância, outras têm o seu início na idade adulta; algumas afectam maioritariamente
um dos géneros, outras afectam de igual modo ambos os sexos; existe, também,
uma grande diferença em termos de gravidade entre as diferentes distrofias. Por
exemplo, a Doença de Tay-Sachs, causa uma profunda devastação a nível cognitivo
e motor nos primeiros meses de vida. No entanto, muitas destas desordens
neurológicas e neuromusculares tornam a cognição e comunicação inviáveis, o que
dificulta saber quando a criança sente dor, e às vezes, qual a causa da mesma.
(Wikipédia, 2007)
Em Portugal, são estimados cerca de 5 000 doentes que padecem deste tipo de
doença, sendo a Distrofia Muscular de Duchenne a mais comum, afectando cerca
de 3 000 meninos. Deste modo, é de salientar a importância de adaptação dos
locais onde o paciente interage à sua patologia, de haver uma terceira pessoa
implicada em todo o processo da equipa multidisciplinar e nas actividades do
Paralisia de Aran-Duchenne & Doença de Becker
Patologia III
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indivíduo, e do apoio da equipa e do estado aos familiares dos pacientes, para que
consigamos proporcionar-lhes uma melhor qualidade de vida. (Wikipédia, 2007)
A ventilação mecânica é um método invasivo e doloroso, mas muito útil para o
prolongamento de vida ou melhoria da qualidade de vida. Cada vez mais, muitas
crianças com miopatias ou outras desordens predominantemente caracterizadas por
fraqueza muscular, recebem ventilação mecânica por via nasal ou máscara.
Destas doenças, as que vamos tratar são as mais comuns em crianças e a
Distrofia Miotónica é a mais comum em adultos.
Fig. 4 – Distrofia Miotónica
Paralisia de Aran-Duchenne & Doença de Becker
Patologia III
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O MÚSCULO
Os cílios ou flagelos de algumas células, a gravidade e sobretudo a contracção
muscular, são os responsáveis pelos movimentos do corpo. Os músculos
encontram-se ligados aos ossos por tendões. Os ossos encontram-se ligados uns
aos outros por ligamentos, que estabilizam as articulações e controlam os seus
graus de movimento. Os músculos são os responsáveis pelo movimento das
articulações. (APN, 2007)
Os músculos têm essencialmente seis funções, para além do movimento
corporal. São elas a manutenção da postura, através da manutenção do tónus; a
respiração, através do controlo dos músculos torácicos; produção de calor corporal,
através da contracção dos músculos
esqueléticos; a comunicação, pelo
envolvimento dos músculos em todos os
gestos que a envolvem, como o falar e o
escrever; constrição de órgãos e vasos,
uma vez que as suas paredes são
constituídas por músculo liso, que
controla vários aspectos, como o
deslocamento dos alimentos ao longo do
tubo digestivo; e por ultimo, os
batimentos cardíacos, provocando o
bombeamento do sangue para todo o
corpo. (Seeley et al, 2003)
Fig.5 – Músculos e Movimento
Paralisia de Aran-Duchenne & Doença de Becker
Patologia III
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Anatomia/Fisiologia
O tecido muscular é grandemente especializado, de
forma a permitir o encurtamento ou contracção forçados.
Parte da energia resultante do processo metabólico é
usada na contracção muscular. A restante é dispersa em
calor ou aproveitada nos diversos processos
metabólicos. Fig. 6 –Flexão dos Músculos do Braço
As características fundamentais para que os músculos cumpram as suas
funções são: contractilidade, excitabilidade, extensibilidade e elasticidade. O
primeiro refere-se à capacidade de produção de determinada força, ao haver
contracção. Apesar de encurtar forçosamente, o seu alongamento é passivo. Este
acontecimento é provocado pela gravidade, contracção de um músculo antagonista
ou a pressão de um líquido num órgão oco ou vaso. Quanto à excitabilidade,
falamos da capacidade do músculo de responder a um estímulo, uma vez que a sua
contracção normalmente acontece por resposta ao estímulo nervoso. O músculo liso
e o cardíaco, apesar de também responderem ao estímulo nervoso e através de
hormonas, podem contrair-se sem ocorrência de qualquer estímulo. Por sua vez, a
extensibilidade traduz a capacidade de o músculo poder
ser estirado até ao normal comprimento em repouso, e
para lá do mesmo, noutras situações. Por último, e como
é claro, a elasticidade salienta o facto de os músculos
estirados serem capazes de voltar ao comprimento
original em repouso. (Seeley et al, 2003 Fig.7 – Músculo Cardíaco
Existem três tipos de músculos: o liso, que é o mais difusamente distribuído no
corpo humano e aquele que executa maior variedade de funções, uma vez que está
presente na parede de músculos ocos, músculos intrínsecos do olho e áreas deste
género; o músculo esquelético com tecido conjuntivo associado compreende 40%
do peso do corpo e é responsável pela locomoção, postura, movimentos
respiratórios e outros movimentos corporais. A sua função depende em grande parte
do controlo voluntário pelo SNC. Por último, o musculo cardíaco encontra-se apenas
no coração, sendo que este e o liso são, ao contrário do esquelético, auto-rítmicos,
por controlo involuntário, através do sistema nervoso
autónomo e endócrino. (Seeley et al, 2003)
Os músculos que mais são afectados nas patologias
que aqui apresentamos são os esqueléticos, pelo que
falaremos brevemente da sua estrutura.
Fig. 8 – Músculo Liso
Paralisia de Aran-Duchenne & Doença de Becker
Patologia III
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Músculo Esquelético
Os músculos esqueléticos compõem-se de fibras musculares esqueléticas,
associadas a pequenas quantidades de tecido conjuntivo, vasos sanguíneos e
nervos. Estas fibras são células musculares esqueléticas.
Cada uma é uma célula cilíndrica com diversos núcleos,
localizados à periferia da fibra, junto à membrana celular.
Uma vez que o número de fibras musculares esqueléticas
se mantém relativamente constante após o nascimento, a
hipertrofia muscular não resulta de um aumento significativo
do número de fibras, mas sim de um aumento do seu
tamanho, tal como acontece na hipertrofia muscular como
resposta ao exercício. (Seeley et al, 2003) Fig. 9 – Músculo Esquelético
A fibra muscular está envolvida por uma membrana designada sarcolema.
Várias fibras musculares dão origem a um feixe muscular, envolvido por perimísio,
uma camada de tecido denso. Entre as fibras musculares existe ainda uma lâmina
externa, chamada endomísio. Um músculo é constituído por muitos feixes
musculares agrupados e rodeados por
uma terceira camada mais espessa, o
epimísio, formado por tecido conjuntivo
denso, fibroso e colagénico. (Seeley et
al, 2003)
Os neurónios motores são de
extrema importância, uma vez que são
eles que estimulam a contracção
muscular, já que são células nervosas
especializadas. Fig.10 – Interacção neuromuscular
Os múltiplos núcleos de cada fibra muscular encontram-se imediatamente sob o
sarcolema, enquanto a maior parte interior da fibra está preenchida por miofibrilhas.
Entre estas, estão alojados outros organelos, como as mitocôndrias. Cada
miofibrilha compõe-se de duas espécies de filamentos proteicos, chamados
miofilamentos. São eles os miofilamentos finos, ou miofilamentos de actina, e os
miofilamentos grossos ou de miosina. Estes dois organizam-se em sarcómeros, que
se unem topo a topo para formar miofibrilhas. (Seeley et al, 2003)
Cada sarcómero estende-se de disco Z ao outro disco Z. O disco Z é uma rede
filamentosa de proteínas que forma uma estrutura em forma de disco e faz a ligação
dos miofilamentos de actina. Cada banda I (ou isotrópica) inclui um disco Z e
Paralisia de Aran-Duchenne & Doença de Becker
Patologia III
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estende-se de um dos seus lados até às extremidades dos miofilamentos de
miosina. Cada banda A (ou anisotrópica) estende-se ao comprimento dos
miofilamentos de miosina num sarcómero. Assim, os miofilamentos de miosina e
actina sobrepõem-se em parte da sua extensão em ambas as extremidades da
banda A. Por sua vez, no centro desta, está uma pequena banda, chamada Zona H,
onde os miofilamentos não se sobrepõem, apenas estando presentes miofilamentos
de miosina. A linha M mantém no lugar os miofilamentos de miosina, de forma
semelhante à usada pelo
disco Z para manter no
lugar os miofilamentos de
actina. As numerosas
fibrilhas orientam-se dentro
de cada fibra muscular, de
modo que as bandas A e
as bandas I de miofibrilhas
paralelas ficam alinhadas,
dando origem ao padrão
estriado que se observa
quando em examinação
microscópica. (Seeley et al,
2003)
Fig.11 – Anatomia Muscular
De salientar que é o
deslizamento destas
estruturas umas sobre
as outras que originam
as diferentes
características
musculares, produzindo
contracção e extensão
muscular.
Fig.12 – Sarcolema
Paralisia de Aran-Duchenne & Doença de Becker
Patologia III
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Fisiopatologia
Em 1987, alguns investigadores conseguiram isolar o gene das Distrofias de
Duchenne e de Becker e descobriram que
é a produção defeituosa de uma proteína
– a distrofina – que leva à doença.
(Wikipédia, 2007)
Esta proteína, da família das
proteínas citosqueléticas da membrana, é
essencial para a manutenção estrutural e
mecânica das células musculares, pelo
que a ausência desse produto genético
leva à degeneração das respectivas
células. A sua gravidade e prognóstico
associado dependem sobretudo das
características das mutações ocorridas
neste gene. Se na Distrofia de Duchenne,
esta ausência é quase completa, na de
Becker, a produção da proteína resulta
numa molécula maior que o normal que
não funciona de modo adequado.
(Concha & Norelli, 2004) Fig.13 – Complexo associado à Distrofina
Assim, o processo que ocorre consiste na necrose das fibras musculares, uma
tentativa de reparação e regeneração e por fim, fibrose progressiva. Este processo
degenerativo pode ultrapassar a capacidade regenerativa do músculo. Como
consequência, haverá um número progressivamente mais baixo de fibras
musculares e cada vez mais tecido fibroso. O último estádio é caracterizado por
uma perda quase total das fibras esqueléticas musculares. No primeiro estádio da
doença, as fibras necrosadas e regeneradoras tendem a ocorrer em grupos
pequenos. Mais tarde, contraem-se e precedem a necrose fibrosa. Uma das
primeiras mudanças estruturais é a quebra do sarcolema (membrana plasmática).
Os macrófagos
invadem as fibras
necrosadas,
começando a limpar
o sistema, tal como
num processo inflamatório. Fig.14 – Esquema do gene da distrofina
Paralisia de Aran-Duchenne & Doença de Becker
Patologia III
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Com a não estruturação correcta da célula muscular, a creatinafosfoquinase (um
enzima sérico) liberta-se das células musculares, fazendo aumentar a sua
concentração no sangue. Este é um indicador importante no diagnóstico da distrofia,
mas por si só, não serve como prova, uma vez que existem outras patologias onde
isto acontece. Por isso, convém prestar atenção aos diversos sinais e sintomas.
(Merck Sharp & Dohme, 1995)
Como consequência, os músculos deixam de funcionar correctamente e as
células musculares degeneradas são progressivamente substituídas por tecido
adiposo e fibroso. (APN, 2007)
Quando o músculo não é utilizado ou enfraquece, encurta-se, bem como os
ligamentos e articulações. Estas últimas tornam-se rígidas, devido à sedimentação
da fibrose e dão origem a contracturas ou deformidades com encurtamento dos
tendões. Nos pacientes com esta distrofia, as contracturas surgem mais
frequentemente nas ancas, joelhos e tornozelos, criando posições rígidas que
dificultam, como é óbvio, as tarefas do quotidiano. (APN, 2007)
Fig.15 – Esquema da localização da distrofina
Paralisia de Aran-Duchenne & Doença de Becker
Patologia III
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PARALISIA DE ARAN-DUCHENNE
Como referido, dos vários tipos de distrofias conhecidas, a Distrofia
Muscular de Duchenne (DMD), também conhecida como Paralisia de Aran-
Duchenne, é uma forma de progressão rápida de distrofia muscular. A sua
incidência é cerca de 1 para cada 3500 nascimentos masculinos. (Feder, &
Langer, 2001)
Gene da Distrofina
O gene da distrofina é o mais largo encontrado na natureza (com 2.4 Mb) e
o responsável pelas distrofias musculares de Duchenne e Becker. Estas
apresentam um padrão recessivo, associado ao cromossoma X, pelo que a
mulher deve ter ambos os alelos modificados para apresentar a doença. Se tiver
apenas um deles, será só portadora da mesma. Pelo contrário, um homem que
tenha um alelo modificado, será sempre afectado, razão pela qual a DMD e DMB
afectam sobretudo os homens. Em casos raros, pode surgir raparigas
homozigóticas sintomáticas, fruto de um homem afectado e uma mulher
heterozigótica.
Dois terços dos casos ocorrem por causas hereditárias (da parte da mãe) e
um terço pode ocorrer por mutações espontâneas independentes da
hereditariedade. (Wikipédia, 2007)
Fig.16 – Hereditariedade da Distrofia de Duchenne
Paralisia de Aran-Duchenne & Doença de Becker
Patologia III
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No braço mais curto do cromossoma, na região C do seu terminal, mais
especificamente na posição designada por Xp21, o gene responsável pela
produção de distrofina é formado por 2,4 milhões de pares de bases, tornando-o
assim no maior gene encontrado em humanos, já que
representa 1,5% do cromossoma X. Treze mil,
novecentos e setenta e três pares de base são
responsáveis pela síntese da proteína distrofina, de
427 kD. (National Center for Biotechnology Information
e U.S. National Library of Medicine, 2007) Fig.17 – Cromossoma X
Não há nenhuma maneira de evitar a DMD de progredir, uma vez que a
criança nasceu com a doença. No entanto, no momento em que a criança nasce
com esta doença, é possível fazer o diagnóstico pré-natal das gravidezes
futuras, para a mãe ou para outras mulheres da mesma família que podem ser
portadores do cromossoma X danificado. (Parent Project Muscular Dystrophy,
2003)
A presença de distrofina, uma proteína muscular citoesquelética, é
essencial para a estabilidade das células musculares durante a contracção
muscular, dando a sua ausência lugar a uma deformação celular e ao
encurtamento das miofibrilhas. A função do complexo da glicoproteína-distrofina
é proporcionar um acoplamento mecânico forte do citoesqueleto intracelular e da
matriz extracelular, ou seja, do sarcolema e da membrana celular. (Concha &
Norelli, 2004)
A distrofina faz parte de um complexo de proteínas que ancora a
membrana do músculo ao
citoesqueleto. Este complexo é
constituído por proteínas
transmembranares citoplasmáticas e
extracelulares, das quais se conhecem
mais de cinquenta. Quando a distrofina
está ausente, o equilíbrio entre as
diferentes partes deste complexo
distrófico (ligado à distrofina) fica
perturbado. (Concha & Norelli, 2004) Fig.18 – Função da Distrofina
Como referido acima, a DMD ocorre devido a mutações no gene da
distrofina. Como consequência, é transcrito um ARNm com um marco de leitura
alterado, originando uma proteína não funcional, que é rapidamente degradada,
com a consequente ausência de distrofina e alteração de todo o complexo
Paralisia de Aran-Duchenne & Doença de Becker
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Distrofina-Glicoproteínas. Por sua vez, estas alterações conduzem à perda da
união entre o citoesqueleto e o sarcolema, e finalmente à necrose da fibra
muscular.
Já a DMB ocorre devido à ocorrência de mutações que, em 95% dos casos
conhecidos, não ocasionam alterações no marco de leitura, de modo que
permitem a produção de distrofina; no entanto, esta
encontra-se alterada, mas não ausente. Este facto
debilita a união entre o sarcolema e o citoesqueleto,
pelo que a fibra diminui de tamanho lenta e
progressivamente, até produzir-se a necrose
tecidular. As mutações que afectam o gene da
distrofina correspondem em 67% a mutações
herdadas e 33% a novas mutações. (Concha &
Norelli, 2004) Fig.19 – Distrofia de Becker
Sintomas
A doença manifesta-se clinicamente em rapazes entre um e seis anos. A
progressão da doença conduz a muitos sintomas físicos que afectam tipicamente
diferentes parcelas do corpo, incluindo a coluna, pés, articulações, músculos e
tendões. A deterioração muscular geralmente não é dolorosa e se ocorrerem
cãibras, podem tratar-se com analgésicos vendidos livremente nas farmácias. De
qualquer modo, já que a distrofia muscular não afecta directamente os nervos, as
pessoas afectadas pela doença continuam a ter as sensações normais no que
diz respeito ao tacto e outros sentidos. Normalmente, têm controlo sobre os
músculos lisos ou involuntários da bexiga e intestinos, e as funções sexuais
encontram-se normais. (Muscular Dystrophy Association, 2006)
A progressão dos sintomas (por ordem de ocorrência) é:
- Fraqueza geral
- Hipertrofia Muscular
- Lordose
- Problemas nos pés
- Elasticidade dos tendões e das articulações
- Escoliose
- Deficiências intelectuais
- Problemas respiratórios
Paralisia de Aran-Duchenne & Doença de Becker
Patologia III
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Fraqueza Muscular
É rapidamente progressiva. Verifica-se a ocorrência frequente de quedas e
muita dificuldade para as tarefas rotineiras, como subir escadas, correr ou pular,
por volta dos 2 ou 3 anos. Nota-se uma dificuldade acrescida em andar, sendo
normalmente esta capacidade perdida por volta dos 12 anos. Uma vez que o
enfraquecimento muscular é continuado, a certa altura os pacientes têm de usar
aparelhos para se conseguirem levantar. Esta debilidade pode variar e flutua
entre dias bons e dias maus. (AllRefer Health, 2007)
A fraqueza muscular ocorre de forma simétrica, é superior na zona
proximal dos membros, acontece sobretudo ao nível dos braços e
(especialmente das) pernas. (Neuromuscular Disease Center, 2007)
Verifica-se um sinal muito próprio desta patologia: o Sinal de Gowers, em
que as crianças se levantam com a ajuda das mãos, que empurram os joelhos.
(NDC, 2007)
Hipertrofia Muscular
Outro dos indicadores verificados, é um grande desenvolvimento dos
gémeos, chamado também de “pseudohipertrofia”. Durante o exercício, a maioria
das pessoas experimentam a hipertrofia do músculo, ou o crescimento dos
músculos. No caso destas distrofias, ao invés de
se fortificarem, os músculos danificam-se
permanentemente e o tecido acaba por necrosar
devido ao dano ou a falta da distrofina. À medida
que isto ocorre, há outras células que podem
responder produzindo o tecido conectivo fibroso
com depósitos de gordura. Tal aumenta o volume
do músculo e faz com que se torne maior devido
a gordura, e não por aumento de células
musculares. (PPMD, 2003) Fig.20 - Pseudohipertrofia
A hipertrofia muscular pode ser generalizada, embora ocorra
especialmente ao nível dos gémeos, como descrito acima. Esta hipertrofia
aumenta com a idade. (NDC, 2007)
Paralisia de Aran-Duchenne & Doença de Becker
Patologia III
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Desvios da Coluna
Tendo em conta que a coluna é composta por uma pilha de vértebras, e
que são elas que suportam o corpo, compreende-se facilmente a gravidade de
um aumento das suas curvaturas fisiológicas que, à partida, são necessárias ao
equilíbrio das forças de pressão a que estamos sujeitos. Mediante as
características da longa estrutura de suporte a que nos referimos, esta é dividida
em cinco secções: região cervical, região dorsal,
lombar, sagrada e coccígea. A maioria do peso e do
stress do corpo cai nas vértebras lombares. (PPMD,
2003)
A hiperlordose é o aumento da curvatura
fisiológica da coluna lombar e cervical. Ora, como os
músculos posteriores das crianças com este tipo de
distrofia se tornam mais fracos, a lordose faz com que
os seus corpos se inclinem para a frente. (PPMD, 2003) Fig.21 - Lordose
A escoliose já é uma curvatura tridimensional da coluna com
desenvolvimento verificado normalmente na área entre a zona dorsal e lombar.
No contexto desta patologia, a escoliose tem o seu início apenas após perda
ambulatória. Pode ser reduzida se o andar e estar de pé se prolongarem até aos
17, 18 anos. Se for grave, a escoliose pode desfigurar e eventualmente limitar a
função dos pulmões e dos membros superiores. Quando se verifica esta
gravidade da situação, recorre-se à cirurgia para corrigir ou limitar a curvatura.
Nesta intervenção, os cirurgiões introduzem uma
haste de metal para manter a coluna direita.
Normalmente, a cirurgia é prescrita entre os 13 e os
14 anos, mas esta decisão depende, claro está, da
extensão e gravidade dos danos. (PPMD, 2003)
Fig.22 – Escoliose
Paralisia de Aran-Duchenne & Doença de Becker
Patologia III
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Problemas nos pés
Normalmente as crianças com DMD terão problemas com os seus pés. Isto
ocorre á medida que os músculos ficam mais fracos, os tendões de Aquiles
estão contraídos frequentemente, puxando os pés para uma posição anormal e
interferindo com a marcha.
Outros problemas do pé que se relacionam com a DMD incluem uma
coloração roxa dos pés e de os ter constantemente frios devido à má circulação.
Pois à medida que a função dos músculos dos pés e das
pernas diminuem, vai haver menos sangue a circular
nesta zona. Como se sabe, os músculos activos
requerem um fluxo elevado de sangue, e assim, os
músculos inactivos não necessitam de tanto fluxo do
sangue. O sistema cardiovascular ajusta-se
automaticamente a fim de levar o sangue onde é mais
necessário. (PPMD, 2003) Fig.23 – Pé Equino
Elasticidade dos tendões e articulações
As limitações das articulações e dos tendões é um outro sintoma de que as
crianças com Duchenne podem sofrer. À medida que um músculo se deteriora, o
paciente com distrofia muscular desenvolve frequentemente imobilidade nas
articulações. Isto é conhecido como contractura. Normalmente afecta primeiro os
tornozelos, seguido pelas ancas e pelos joelhos,
e finalmente, as articulações dos membros
superiores. Podem ser tratadas de forma não
cirúrgica, com a colocação de talas nos
tornozelos à noite, o que se mostrou mais eficaz
que o estiramento passivo; ou cirurgicamente.
(PPMD, 2003) Fig.24 – Contracturas na mão direita
Paralisia de Aran-Duchenne & Doença de Becker
Patologia III
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Deficiências cognitivas
Devido às anormalidades da distrofia que causam no cérebro deficits
cognitivos e comportamentais, as deficiências intelectuais são mais frequentes
em crianças com DMD do que na população geral, mas afectam somente uma
percentagem pequena. Aproximadamente um terço das crianças com DMD tem
algum grau de inabilidade de aprendizagem, embora somente alguns tenham
casos graves de retardamento. E ao contrário da fraqueza progressiva do
músculo, quando uma inabilidade de aprendizagem ocorre num menino com
DMD, nunca piora com a passagem do tempo. A inteligência que tem no
nascimento, mantém-na durante toda a sua vida, a menos se for afectada por
uma outra doença mental. O Quociente de Inteligência fixado nestes casos, é
por volta dos 88. (NDC, 2007)
As habilidades manuais, as habilidades
visuais e a criatividade são frequentemente
excelentes em jovens com DMD, que é talvez por
isso que muitos se transformam artistas muito
bons. (PPMD, 2003)
Por seu turno, a concentração, aprendizagem
verbal, memória e interacção emocional são as
áreas mais problemáticas. (MDA, 2006)
Fig.25 – Criança com DMD na escola
Paralisia de Aran-Duchenne & Doença de Becker
Patologia III
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Problemas Respiratórios
DMD causa muitas mudanças em todo o corpo. Os pulmões são afectados
por estas mudanças. A função respiratória mantém-se normal até por volta dos
10 anos. Mais tarde, a função dos músculos respiratórios pode começar a
declinar bastante, mudando a forma como os pulmões inspiram e expiram. O
diafragma fica abaixo dos pulmões e é o músculo responsável por este
movimento crucial. Enquanto a DMD progride, o diafragma torna-se enfraquecido
(devido ao acumulo do tecido cicatricial) e respirar torna-se mais difícil. Ao
mesmo tempo, os músculos responsáveis pelo movimento de tossir, também
ficam mais fracos e não suportam o diafragma. (PPMD, 2003)
Em consequência, a quantidade de oxigénio diminuída no sangue está a
ser substituída pelo dióxido de carbono enquanto a troca de ar se torna mais
difícil para os pulmões. Isto pode conduzir aos sintomas como dores de cabeça,
lapsos mentais, e dificuldades de concentração ou dificuldades de permanecer
acordado durante o dia. Além das dificuldades do pulmão, os músculos
enfraquecidos responsáveis pela acção de tossir podem permitir que as
bactérias e os vírus cresçam, porque a tosse é a defesa normal para livrar os
pulmões destes microrganismos. Isto pode permitir que uma simples constipação
progrida rapidamente numa pneumonia. (PPMD, 2003)
Quando os sintomas de DMD forem controlados convencionalmente, os
jovens morrem geralmente de falha respiratória antes de atingirem os 25 anos.
(PPMD, 2003)
Com os últimos avanços na área da ventilação mecânica domiciliar e mais
recentemente na de ventilação
mecânica não-invasiva, houve
uma significativa melhoria na
qualidade de vida desses
jovens, e consequente
diminuição das mortes por
causas respiratórias,
alongando-se em alguns anos
mais a esperança de vida dos
doentes com DMD. (Wikipedia,
2007) Fig.26 – Ventilação Mecânica Invasiva
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Patologia III
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Problemas Cardíacos
Estimou-se que entre 9% a 50% morrem de
falha cardíaca antes de atingirem os 25 anos.
(PPMD, 2003)
Em 90 % das crianças com esta perturbação, é
frequente um aumento de tamanho e uma debilidade
do músculo cardíaco, que causa problemas de
frequência cardíaca. (Merck Sharp & Dohme, 1995) Fig.27 – Dilatação do coração
Relativamente ao coração, os pacientes com DMD e DMB desenvolvem
com frequência cardiomiopatia – debilidade do músculo cardíaco – devido à
deficiência de distrofina. O miocárdio deteriora-se de modo idêntico aos
músculos esqueléticos, e a pessoa fica em risco de ter uma insuficiência
cardíaca mortal. Os principais sintomas da cardiomiopatia são a falta de ar,
líquido nos pulmões e o inchaço nos pés e parte inferior das pernas, devido a
uma retenção de líquidos (edema). Os efeitos podem ser diminuídos com uma
dieta baixa em sódio, exercício leve, respiração mecânica ou medicamentos.
(MDA, 2006)
Estes problemas ocorrem em pessoas com mais de 15 anos. (NDC, 2007)
Paralisia de Aran-Duchenne & Doença de Becker
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Outros
Outras alterações verificadas prendem-se com a visão – especialmente a
dificuldade em adaptar-se às mudanças de intensidade de luz, amplitude visual
diminuída e modificações ao nível da retina. (NDC, 2007)
É raro, mas também podem ocorrer problemas intestinais, como a pseudo-
obstrução ou dilatação gástrica nos estádios mais avançados da doença. (NDC,
2007)
A morte é mais comum entre os 15 e os 25 anos na DMD devido a falha
respiratória ou cardíaca. Com suporte respiratório, pode haver prolongamento de
vida de 6 a 25 anos, intervalo que diminui, caso haja problemas cardíacos.
Fig.28 – Interacções Sistémicas da Distrofia
Paralisia de Aran-Duchenne & Doença de Becker
Patologia III
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Fases de Diagnóstico
DMD é diagnosticado tipicamente entre os três
e os sete anos. Entretanto, as taxas de progressão e
de severidade de cada caso são diferentes. Há
quatro estágios que são associados geralmente à
DMD:
- Fase inicial
- Fase transitória
- Perda da deambulação Fig.29 – Duchenne em vários meninos
- Fase adulta
Fase inicial (diagnóstico até aos 7 anos)
Durante o primeiro ano de vida da criança, esta parece normal, mas mais
de metade é incapaz de andar até aos 18 meses. Quando isso acontece, a
criança é muito desajeitada a andar.
A partir do momento que uma criança é diagnosticada com DMD, é
frequentemente difícil de aceitar ou acreditar que há qualquer coisa errada com
ela. Frequentemente parecerá que está a melhorar no aspecto externo dos
músculos mas estes começam a deteriorar-se no interior. É durante esta fase
inicial que os gémeos podem parecer muito desenvolvidos. Pode parecer
desajeitado e cai muito. A transição para uma posição erecta pode tornar-se
quase impossível. (PPMD, 2003)
Fase Transitória (6-82 anos)
A criança terá provavelmente problemas em andar, porque os seus
quadrícepetes se tornaram mais fracos. Isto faz com que tenda a perder o
equilíbrio enquanto tenta deslocar seu corpo e andar. Pode andar nas bolas dos
pés ou nas pontas dos dedos do pé com uma marcha ligeira. Com o fim de
compensar a sensação de estar a cair para a frente, as crianças com DMD
colocam as suas barrigas para fora e os seus ombros para trás para manter o
equilíbrio enquanto andam.
Quando se pede para se levantarem do chão, levantará
frequentemente a sua extremidade posterior primeiro então apoiam-se sobre os
Paralisia de Aran-Duchenne & Doença de Becker
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braços e pés até que estejam de pé, e usam os braços para se sustentarem. O
termo médico para estas acções é manobra de “Gowers”. (PPMD, 2003)
Fig.30 – Manobra de Gowers
Perda da deambulação (8-14 anos)
Pelos 10 anos, necessitará provavelmente de dispositivos para poder ter
alguma mobilidade, e por volta dos 12 encontra-se confinado a uma cadeira de
rodas. Os músculos enfraquecidos fazem com
que se canse facilmente. É neste momento que
as actividades que envolvem os braços, os pés,
ou o tronco requerem o auxílio ou a sustentação
mecânica (ortóteses). A maioria dos jovens vão
manter o uso dos seus dedos sendo possível
assim escreverem e usar um computador.
(PPMD, 2003)
Os ossos desenvolvem-se de uma forma
anormal, causando deformidades esqueléticas a
nível da coluna e outras áreas.
Fig.31 – Crianças em cadeiras de rodas
Paralisia de Aran-Duchenne & Doença de Becker
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Fase adulta (+15 anos)
A fraqueza muscular e as deformidades esqueléticas são grandes
contribuintes para o desenvolvimento de desordens respiratórias. Quase todos
os jovens com DMD desenvolvem problemas no músculo cardíaco. As
complicações cardíacas transformam-se na ameaça principal à saúde e à vida
devido aos danos e perda do músculo. O miocárdio começa a deteriorar-se. Isto
põe os jovens em risco de um ataque cardíaco. Também a capacidade
respiratória estará diminuída devido ao enfraquecimento do diafragma, como já
foi referido anteriormente. Desta forma, os sintomas principais do
enfraquecimento do miocárdio e do diafragma incluem: encurtamento da
respiração, presença de líquido nos pulmões, inchaço nas pernas e nos pés
(causados pela retenção liquida). (PPMD, 2003)
Fig.32 – Criança com Duchenne
Paralisia de Aran-Duchenne & Doença de Becker
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Exames de Confirmação do Diagnóstico
Actualmente não há nenhuma maneira de detectar a DMD no nascimento.
A DMD é diagnosticada tipicamente em crianças entre os 3 e os 7 anos.
Geralmente os pais observarão que a criança tem um atraso em relação às
outras crianças da sua idade. É frequente os pais observarem que os gémeos
do seu filho parecem ser maiores (chamado também pseudohipertrofia), que é
um outro indicador da presença da DMD. (PPMD, 2003)
Outro indicador é, por exemplo, entre as idades de 3 a 5 anos (pré-escolar)
parecerem desajeitados e perderem frequentemente o equilíbrio, o que faz
com que caiam muito. Subir escadas, correr e levantar-se do chão torna-se
muito difícil. Pela altura da escola, contracturas causadas pela DMD (perda da
elasticidade) nos seus tendões de Aquiles, que os força a andar nas pontas
dos dedos ou nas bolas dos pés. A fim de manter o equilíbrio e manter o centro
de gravidade, as crianças com DMD colocam para fora as suas barrigas e
empurram os ombros para trás, ficando com uma lordose lombar. A fadiga é
outro sintoma pois as crianças com DMD cansam-se muito, muitas vezes com
níveis normais de actividade, mas especialmente ao
andar muito ou ao subir escadas. O médico manda o
menino executar determinados testes funcionais, para
avaliar a habilidade contráctil dos vários músculos e a
flexibilidade das articulações, indicando um
diagnóstico possível de DMD. (PPMD, 2003)
Esta é a primeira etapa do diagnóstico. A
segunda é a confirmação clínica, através de exames
laboratoriais. Os mais importantes são os enumerados
de seguida. (Concha & Norelli, 2004)
Fig.33 – Evidência de lordose
Paralisia de Aran-Duchenne & Doença de Becker
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Creatinafosfoquinase
Trata-se de um exame de sangue que mede os níveis de uma enzima (com
o mesmo nome do exame) encontrada predominantemente no coração,
cérebro e músculo esquelético. A creatinafosfoquinase (CPK) encontra-se
então dentro das células musculares. Quando os músculos são danificados,
esta enzima escapa-se para o sangue, aumentando os seus valores, que à
priori seriam baixos. Se houver indicação de um aumento substancial de CPK,
é sinal que há uma lesão ou stress de uma ou mais áreas.
Pode ainda determinar-se que tipo de CPK
está elevado, e assim sabermos que tecido foi
danificado. Pelo que já foi dito, este exame
também é utilizado para outras situações, tais
como o diagnóstico de ataque cardíaco. (AllRefer
Health, 2007)
Fig.34 – Exame de Sangue
Biopsia muscular
Como apenas o teste de creatinafosfoquinase sozinho não é suficiente
para diagnosticar a distrofia, deverá ser efectuada uma biopsia muscular. Este
teste deve ser efectuado por várias razões: para distinguir as disfunções
neurogénicas e miopáticas, identificar a desordem muscular específica de que
se trata, identificar os defeitos metabólicos do músculo, diagnosticar doenças
no tecido conectivo e das hemácias, e diagnosticar infecções que possam
afectar os músculos. (AllRefer Health, 2007)
Consiste num procedimento de remoção e examinação de algum tecido
muscular. Apenas aqueles afectados terão, como é óbvio, alterações
tecidulares visíveis, o que é útil na medida em que em cada doença, há um
conjunto de músculos mais afectado, que aparecerá largamente substituído por
tecido conectivo adiposo e fibroso em fases mais avançadas, e presença de
tecido morto – necrose – e um aumento do
tamanho das fibras musculares, em fases
mais precoces. (Merck Sharp & Dohme,
1995)
Em cada tipo de doença existe uma forma
própria de reacção, como por exemplo, a
ocorrência de necrose em miopatias. (MDA,
2006) Fig.35 - Biopsia
Paralisia de Aran-Duchenne & Doença de Becker
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Electromiografia
Este exame detecta e mede a actividade eléctrica que passa através das
fibras musculares, quando o músculo é
estimulado. (Concha & Norelli, 2004)
É bastante utilizado quando as
pessoas apresentam fraqueza muscular e
enfraquecimento da firmeza muscular.
Pode ajudar a diferenciar uma causa
pelas condições do músculo de causas
de desordens neurológicas. (Concha &
Norelli, 2004) Fig.36 - Electromiografia
Como já vimos, e sendo esta patologia hereditária, é muito importante que
o teste genético seja feito, embora normalmente seja realizado tardiamente.
Também o teste do DNA é a melhor maneira de obter a informação genética
exacta que conduz a um diagnóstico conclusivo de DMD. (PPMD, 2003)
Fig.37 – Esfregaço de tecido muscular
Setas largas: fibras hiper-contraídas; Setas finas: fibras necrosadas
Paralisia de Aran-Duchenne & Doença de Becker
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DOENÇA DE BECKER
Também designada de Distrofia Muscular de Becker, nesta doença, os
sintomas começam a aparecer entre os 5 e os 15 anos e a sobrevivência
acima dos 30 anos é um grande indicador desta
patologia, como diferenciação para a de Aran-
Duchenne. Ainda em comparação com a última, o gene
afectado é o mesmo, mas o defeito genético é diferente.
Na doença de Becker, existe produção de distrofina,
mas esta apresenta-se com um dimensão maior do que
o normal e não funciona correctamente. (Biblioteca
Nacional de Medicina de EE.UU e Institutos Nacionales
de la Salud, 2007; Feder, & Langer, 2007)
Fig.38 - Becker
Sintomas
Os sintomas são muito semelhantes aos de Duchenne, mas com um
começo e progressão mais lentos e menos gravidade.
Os exames de diagnóstico e os tratamentos são os mesmos, claro está,
com reacções e resultados semelhantes. Em média estes pacientes
sobrevivem até aos 50, 60 anos. (Biblioteca Nacional de Medicina de EE.UU e
Institutos Nacionales de la Salud, 2007)
Paralisia de Aran-Duchenne & Doença de Becker
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TRATAMENTO
Não há cura para estas distrofias. Têm vindo a ser desenvolvidas algumas
intervenções para que os pacientes possam prolongar a sua comodidade,
funções e expectativas de vida. O impacto da DMD e da DMB pode minimizar-
se de forma significativa, ao manter o corpo o mais flexível, direito e móvel
possível. À medida que um músculo se deteriora, o paciente com distrofia
muscular desenvolve frequentemente imobilidade nas articulações. Ao não
serem tratadas, as contracturas podem ficar realmente severas, o que
formaliza uma postura rígida e viciada, nada cómoda ou funcional. Assim, o
mais indicado será a fisioterapia, uma vez que os seus objectivos se prenderão
com o controlo dos sintomas o melhor possível, de modo a maximizar a
qualidade de vida. Normalmente, a fisioterapia actua ao nível da manutenção
da força e função dos músculos. No entanto, toda a actividade física é sempre
encorajada, uma vez que as posições estáticas promovem a pioria da doença
muscular. A cirurgia actua em casos mais graves, quando existe já uma rigidez
e dor muscular severas – tal como em escolioses ou cifoses avançadas.
(AllRefer Health, 2007)
Devido aos efeitos relacionados com o metabolismo dos açúcares, os
esteróides catabólicos são também designados como glicocorticóides. Estes
são produzidos e libertados da porção externa do córtex, pelo que também são
conhecidos como corticosteróides. Está a investigar-se a administração de
prednisona, um medicamento corticosteroide, – forma sintética de um
corticosteróide natural, a hidrocortisona - que se tem revelado extremamente
promissor na diminuição da degeneração
muscular, para que se possa melhorar
temporariamente a debilidade muscular. Com
prolongamento da capacidade de andar por mais
2 ou 3 anos, consoante os casos, o tratamento
com medicamentos aumenta a força, reduz as
quedas, e durante algum tempo evita a
progressão da escoliose, uma vez que a pessoa
ainda anda. (NDC, 2007) Fig.39 - Osteoporose
O problema que mais comummente leva à descontinuação da prednisona
ou redução da dose é o ganho de peso. A obesidade numa criança com DMD
ou DMB pode reduzir a sua mobilidade e/ou deteriorar seriamente a sua
Paralisia de Aran-Duchenne & Doença de Becker
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função respiratória. Contudo, existem bastantes efeitos, dos quais se pode
enumerar a ocorrência de diabetes, caso haja uma pré-disposição, uma vez
que os valores de glicemia aumentam; osteoporose, que deve ser evitada
através da ingestão de complementos; cataratas e baixa estatura. Verifica-se
que anões com DMD têm uma forma mais branda da doença. (Feder &
Langer, 2007)
Outro catabólico esteróide, o deflazacort, tem vindo a ser testado
especificamente para DMD. Derivado da prednisona, este fármaco possui
efeitos anti-inflamatórios e imunosupressores. Os efeitos retardantes da
degeneração muscular e preservação da função pulmonar foram idênticos aos
da prednisona. Outro achado importante do uso deste fármaco foi o retardar
das necessidades cirúrgicas para correcção da escoliose. (Feder & Langer,
2007)
Nos pacientes que usem este último fármaco, verifica-se um menor ganho
de peso relativamente à prednisona, mas por outro lado, têm uma incidência
maior de cataratas. Um efeito colateral deste medicamento é a supressão do
crescimento, embora este possa ser
considerado benéfico para os
pacientes com DM. (Feder &
Langer, 2007)
A terapia esteróide é então a
única forma comprovada que
retarda os efeitos degenerativos das
distrofias musculares. No entanto,
pelos seus efeitos, a sua indicação
deve ser alvo de análise médica e
familiar e o seu controlo deve ser
rigoroso. Fig.40 – Comparação entre o patológico e o normal
Também está a ser investigada a terapia genética, a qual facilitaria a
produção de distrofina por parte dos músculos, e uma terapia de substituição
dos tecidos nervosos, mas ainda não está comprovada a eficácia de ambos.
(Merck Sharp & Dohme, 1995)
As famílias cujos membros sofrem de distrofia muscular de Duchenne
devem consultar um geneticista para avaliar o risco de transmitir aos seus
descendentes o gene da doença. (Merck Sharp & Dohme, 1995)
Paralisia de Aran-Duchenne & Doença de Becker
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REABILITAÇÃO
A ortoprotesia tem um papel essencial na melhor qualidade de vida destes
pacientes. Com a ajuda de dispositivos, podemos
proporcionar-lhes mobilidade e a possibilidade de
poderem cuidar de si sem precisarem de terceiros para
tal. (AllRefer Health, 2007)
A um nível primário, as ortóteses podem servir de
apoio à não evolução das deformidades. Aplicadas nas
mãos, nas pernas e pés, ajudam a manter as
extremidades estiradas e flexíveis, retardando o início de
contracturas. (MDA, 2007) Fig.41 – Duas crianças com DMD
Estar de pé várias horas por dia requer um suporte mecânico para que haja
menos peso corporal. Este fomenta uma melhor circulação, ossos mais sãos e
coluna recta. Algumas cadeiras de rodas têm a característica de permitirem ao
paciente estar de pé. (MDA, 2006)
De resto, existem muitos equipamentos que podem
auxiliar as necessidades destes pacientes, desde
elevadores de cadeiras de rodas, cadeiras para duche,
mesas electrónicas, etc.
Após cirurgia, as crianças deverão precisar de usar
ortóteses para estabilizar os membros. (MDA, 2006)
Fig.42 – Cadeira para duche
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ADAPTAÇÃO
É importante a sensibilidade dos profissionais de saúde para a adaptação
da família ao estado condicionado de um membro. Todas as
questões que possam surgir devem ser esclarecidas, deve
incentivar-se à participação social da criança e encaminhar
os pais para que deixem as crianças arranjarem forma de
fazer o que querem, uma vez que a família tem tendência a
‘prender’ estas crianças, com o objectivo de as protegerem.
As actividades familiares devem ser as normais, incluindo
actividades em família. É preciso imaginação e muita
paciência. (MDA, 2006) Fig.43 – Baseball em DMD
Estes casos devem ser acompanhados pelos profissionais de saúde e o
espaço de vivência deve ser adaptado ao estado do paciente e recursos
disponíveis.
Para além da Fisioterapia, há pequenos exercícios que podem ser
realizados em casa pelos pais ou responsável da
criança, desde exercícios de estiramento passivo, às
simples correcções posturais, exercícios activos, para o
fortalecimento global e respiratórios. Convém serem
realizados regularmente, de modo à obtenção de
resultados satisfatórios. A ter em conta que nestas
crianças os músculos se cansam mais rapidamente. Por
isso, o esforço a fazer deve ser doseado. (APN, 2005) Fig.44 – Activ. Em família
Outro tipo de exercício utilizado é a natação ou exercícios aquáticos,
fortalecendo os músculos contra determinados tipos de lesões e esforços
musculares. De qualquer modo, o exercício deve ser
controlado, devendo ser assegurada uma avaliação
cardíaca prévia. (MDA, 2006)
É importante uma dieta rica em líquidos e fibras,
sobretudo fruta e verduras, uma vez que os músculos
abdominais se encontram débeis. (MDA, 2006)
Fig.45 – Exercícios Aquáticos
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
As distrofias musculares não são tão raras quanto gostaríamos, e tratando-se
de patologias degenerativas, assiste-se a uma degradação (essencialmente) motora
e cognitiva dos pacientes. Tratando-se de crianças, mais complicado é. Por isso, é
importante um cuidado acrescido, não só com o paciente, mas também no
esclarecimento e ensino dos pais.
O que em ortoprotesia nos incentiva, é podermos promover a estes pacientes
alguma independência, por menor que seja, e proporcionar, à criança e à sua
família, a melhor qualidade de vida possível. Todos conhecemos a alegria do
sorriso, sobretudo de um sorriso infantil. Só por isso…vale a pena.
Fig.46 – Um sorriso sincero
Paralisia de Aran-Duchenne & Doença de Becker
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