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ANFÍBIOS E RÉPTEIS: PRIMOS CHEGADOS OU AFASTADOS PARQUE DE MONSERRATE BIOLOGIA NO VERÃO 2008

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ANFÍBIOS E RÉPTEIS: PRIMOS CHEGADOS OU AFASTADOS

���� PARQUE DE MONSERRATE

BIOLOGIA NO VERÃO 2008

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BIOLOGIA NO VERÃO – PROGRAMA CIÊNCIA VIVA A Biologia no Verão é uma iniciativa do programa Ciência Viva do Ministério da Ciência e da Tecnologia, na qual participam várias instituições portuguesas, que durante alguns dias abrem as portas para ensinar o que é a biologia a todos os que tiverem curiosidade. Neste âmbito, a Parques de Sintra – Monte da Lua, S.A. convida-vos a fazerem uma viagem ao mundo da Biologia através da realização de um workshop no Parque de Monserrate, orientado por biólogos. Ao longo desta actividade serão abordados vários aspectos da vertente natural da Serra de Sintra, em que se destaca a exuberante vegetação, as áreas abertas, as áreas rochosas e os vários e diferentes planos e linhas de água cujo importante papel permite a existência da grande variedade da herpetofauna (anfíbios e répteis). O visitante terá a oportunidade de conhecer melhor as espécies da herpetofauna que se encontram presentes no Parque de Monserrate mas também no Convento dos Capuchos, no Castelo dos Mouros e no Parque da Pena através de palestras e estudos laboratoriais.

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A SERRA DE SINTRA 1. A ORIGEM GEOLÓGICA DA SERRA DE SINTRA Ao contemplarmos a magnífica Serra de Sintra, tudo nos leva a crer que este imponente e luxuriante monumento natural sempre existiu na forma que hoje conhecemos. Não é essa a realidade, porém. A serra de Sintra formou-se há cerca de 60-70 milhões de anos, e deve a sua origem a um fenómeno geológico denominado intrusão magmática. Este processo consiste no aprisionamento de uma bolha de magma no interior da crosta terrestre que solidifica lentamente, permitindo a formação dos cristais que constituem o granito. Devido às movimentações da crosta terrestre, esta massa de granito acaba, eventualmente, por emergir à superfície, formando, no caso de Sintra, uma serra. 2. UM CLIMA MUITO ESPECIAL Por se erguer perpendicularmente à linha de costa, a Serra de Sintra é o primeiro obstáculo natural que os ventos carregados de humidade, vindos do oceano Atlântico, encontram a interceptar o seu percurso. Este facto permite a existência neste local de um microclima mediterrânico de feição oceânica, com níveis de humidade característicos dos climas subtropicais. A evapotranspiração gerada pela floresta e a protecção constante proporcionada pelas suas copas, bem como a manta morta gerada pela queda das folhas e dos ramos, contribuem para a manutenção de temperaturas e de níveis de humidade no solo propícias ao desenvolvimento da grande diversidade de espécies que aqui podemos encontrar. 3. A VEGETAÇÃO EXUBERANTE A vegetação exuberante da Serra de Sintra está longe de ser um vestígio da floresta primitiva que cobria praticamente toda a área que viria a ser Portugal antes das

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modificações de paisagens impostas pela acção do Homem. De facto, devido às intervenções ao longo dos tempos, como as explorações agrícola, florestal e a utilização da terra para pastagens, a serra encontrava-se, em pleno século XIX, praticamente despida de vegetação. Foi com a chegada do Romantismo a Sintra que a situação se inverteu. 4. SIR FRANCIS COOK Em 1856, um rico comerciante inglês, Francis Cook, adquire Monserrate e inicia a transformação da propriedade. A antiga vivenda é transformada num singular palácio de traços orientais, e o espaço rural é modificado num exótico jardim, com a plantação de muitas espécies de plantas exóticas, provenientes de todos os continentes. O arquitecto responsável pela criação do palácio foi James Knowles Jr., enquanto que para a concepção dos jardins, Francis Cook chamou a Portugal um jardineiro inglês de nome Burt. A sensibilidade de Sir Francis Cook conseguiu fazer de Monserrate, um harmonioso e exuberante conjunto artístico e ambiental onde se sente, de uma forma viva e marcante, o «glorioso Eden» que Lord Byron tão bem soube cantar.

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FIGURA 1 – Cascata de Beckford

O PARQUE DE MONSERRATE O domínio das forças da natureza sobre o homem é a essência e o espírito do exótico jardim de Monserrate criado no século XIX por Sir Francis Cook. Este milionário Inglês procurou recriar em Monserrate ambientes de várias partes do mundo aproveitando as extraordinárias condições naturais e as possibilidades cénicas oferecidas. A paisagem, assim construída, levou a que o Parque fosse considerado um dos mais notáveis Jardins Românticos do mundo, no período vitoriano. A exploração do Parque de Monserrate transporta-nos numa viagem no tempo e no espaço à medida que se descobre os recantos e a larga diversidade de ambientes onde podemos encontrar espécies provenientes de diferentes climas e zonas geográficas. Ao longo do percurso proposto no âmbito deste programa pretende-se dar a conhecer algumas espécies botânicas notáveis, exóticas e autóctones, aspectos da sua biologia e curiosidades etnobotânicas e culturais. No que respeita à fauna, a grande diversidade de ambientes deste Jardim proporciona habitats para muitas espécies que é possível aqui encontrar.

FIGURA 2 – Imagens do Parque de Monserrate

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A HERPETOFAUNA NO PARQUE NATURAL DE SINTRA-CASCAIS São referenciadas para o Parque Natural de Sintra-Cascais cerca de 71% das espécies de anfíbios e 77% das espécies de répteis que existem em território nacional, confirmando a importância da zona em termos de diversidade e riqueza. No entanto, as áreas do Parque têm sofrido um aumento crescente de pressão por parte do turismo e por algumas intervenções e práticas de gestão dos habitats que podem ter influenciado as comunidades herpetológicas nos últimos 20 anos.

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A HERPETOFAUNA DO PARQUE DE MONSERRATE

1. OS ANFÍBIOS 1.1. ENTRE A ÁGUA E A TERRA Não há dúvida que a vida na água precedeu a vida na terra firme e que muitos grupos de animais passaram de um elemento para o outro, obrigados por factores diversos. Os animais que dispunham de uma maior capacidade de adaptação, ou seja, que possuíam órgãos mais facilmente modificáveis para se adaptarem às novas condições, conseguiram conquistar o habitat terrestre. Há mais de 350 milhões de anos, os anfíbios foram os primeiros animais vertebrados que se atreveram a sair da água para conquistar a terra. Porém não conseguiram tornar-se completamente independentes da água e a sua maioria necessita de água para se reproduzir. 1.2. CARACTERÍSTICAS DOS ANFÍBIOS Os anfíbios são animais de sangue frio, o que quer dizer que a sua temperatura interna varia em função da temperatura do meio exterior. Possuem pele nua, ou seja, não têm a revesti-los pêlos, penas ou escamas, o que possibilita a respiração cutânea. Possuem muitas glândulas na pele secretoras de substâncias químicas para se protegerem dos predadores e que ajudam a manter a humidade do corpo.

Tabela I – Principais grupos de anfíbios Ordem Característica

principal Exemplo

Anuros Sem cauda Sapos, rãs e relas Urodelos Com cauda Tritões e

salamandras Ápodes Sem membros Cecílias

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1.3. A METAMORFOSE Os anfíbios são os únicos animais vertebrados que se desenvolvem por metamorfose. Isto significa que durante a sua vida sofrem uma série de transformações que fazem com que o seu corpo de adultos seja completamente diferente da forma que tinham quando nasceram. Estas transformações são tão incríveis que, em muito pouco tempo, um organismo que antes vivia como um peixe converte-se num animal muito diferente, que é capaz de viver e respirar fora de água.

FIGURA 3 – Esquema ilustrativo do processo de metamorfose dos anfíbios

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No caso dos Anuros os ovos são postos na água, onde nascem os jovens girinos, que possuem cauda e brânquias externas, mas não têm pernas. Com o crescimento e desenvolvimento do girino as brânquias desaparecem e vão-se formando os pulmões, surgem os membros posteriores e os anteriores e a cauda encolhe, chegando mesmo a desaparecer nalguns casos. Para além disso, enquanto vivem na água os anuros são normalmente herbívoros e convertem-se depois em carnívoros quando passam a viver fora dela. No caso dos Urodelos os ovos são também depositados na água mas nalgumas espécies, como as salamandras, nem sequer chega a haver esta fase, ou seja, a fêmea deposita as larvas na água e estas são muito semelhantes aos adultos, com excepção da coloração e da ausência de brânquias. Por seu lado os tritões são muito semelhantes aos Anuros com excepção do desaparecimento da cauda e do aparecimento dos membros posteriores e anteriores muito cedo (logo quase após a eclosão dos ovos), e ao mesmo tempo. 1.4. OS PREDADORES Apesar de produzirem uma enorme quantidade de ovos, nem todos os girinos dos anfíbios conseguem atingir com sucesso a idade adulta. Entre os seus inimigos encontram-se animais muito diferentes: peixes, répteis, insectos, mamíferos e aves. Há ainda muitas espécies de anfíbios em que os indivíduos adultos devoram tranquilamente os girinos e mesmo alguns pais que comem os seus próprios filhos (canibalismo), como por exemplo a salamandra-de-pintas-amarelas. 1.5. MEIOS DE DEFESA CONTRA OS PREDADORES Nos adultos, o principal meio de defesa consiste na ocultação e na confiança na sua capacidade de permanecerem completamente imóveis e na sua coloração

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críptica, coloração que pode modificar-se pela influência de determinados factores. Por outro lado, a pele segrega uma substância mucosa que os torna escorregadios e difíceis de apanhar. Além disso muitas das espécies possuem glândulas secretoras de um veneno que pode ser mais ou menos tóxico. 1.6. FACTORES DE AMEAÇA Os que mais incidem sobre os anfíbios são a perda, fragmentação e degradação dos habitats por acção do Homem, como por exemplo a destruição da vegetação dos habitats circundantes dos rios e ribeiras, a actividade agrícola intensiva (perda de locais de reprodução – charcos e tanques) e poluição dos cursos de água. Existem outros factores também relevantes como os atropelamentos na altura das migrações para os locais de reprodução, os incêndios que provocam a perda de recursos e a introdução de espécies exóticas predadoras em particular os peixes (e.g. lúcio Exos lucius, perca-sol Lepomis gibbosus e achigã Micropterus salmoides), e o lagostim-vermelho da Louisiana Procambarus clarckii, que se alimenta dos ovos e larvas, pondo em causa a sobrevivência das populações. São também conhecidas ameaças à escala planetária que contribuem para o declínio dos anfíbios, como o progressivo aumento da temperatura, devido ao aumento das radiações ultra-violeta e ainda, mais ou menos directamente associado a estes fenómenos, a aparente diminuição das defesas imunitárias.

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1.7. BIOLOGIA DAS ESPÉCIES OBSERVADAS 1.7.1 SALAMANDRA-DE-COSTELAS-SALIENTES OU SALAMANDRA-DOS-POÇOS Classe: Amphibia Ordem: Caudata Família: Salamandridea Género: Pleurodeles Espécie: Pleurodeles waltl – – Michahelles, 1830

Descrição: É o maior urodelo ibérico podendo passar dos 30 cm de comprimento. Tem cerca de 7-9 protuberâncias em cada um dos flancos, amarelas ou alaranjadas. A pele é tipicamente rugosa e apresenta uma coloração dorsal muito variada. Hábitos:

• Espécie de hábitos aquáticos encontrando-se activa maioritariamente à noite ou no crepúsculo. Pode ser encontrada ocasionalmente em terra debaixo de pedras ou troncos;

• É bastante resistente à secura e à poluição; • Pode passar por períodos de estivação entre

Novembro e Fevereiro; • Pode migrar para outros locais de água quando os

locais onde estão secam ou começam a secar. Habitats: Prefere águas temporárias com fundos de natureza arenosa;

Figura 4 – Salamandra- de-costas-salientes

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Alimentação: • Adultos – larvas de insectos, crustáceos e outros

invertebrados aquáticos, larvas de anfíbios (incluindo a própria espécie), animais mortos, pequenos peixes e tritões;

• Larvas – pequenos insectos aquáticos e crustáceos.

Defesa: Morder e fazer ruídos profundos, libertar um cheiro característico e segregar substâncias tóxicas. Reprodução:

• Entre Setembro e Julho. Pode também ocorrer de meados de Outono aos primeiros meses de Inverno;

• Sem dimorfismo sexual. Ao fim de 2-3 dias a fêmea põe entre 150-1300 ovos, consoante o tamanho, em pequenos grupos de 9-20 unidades em plantas aquáticas, pedras submersas e no fundo dos charcos;

• A eclosão ocorre após 1-2 semanas e as larvas sofrem a metamorfose 4 meses mais tarde.

Distribuição: Um pouco por todo o país, mas mais comum a sul da Serra da Estrela. Estatuto/Legislação: Estatuto IUCN 2007 – Espécie quase ameaçada (NT). Está incluída no anexo III da Convenção de Berna.

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1.7.2. SALAMANDRA-DE-PINTAS-AMARELAS Classe: Amphibia; Ordem: Caudata; Família: Salamandridea; Género: Salamandra Espécie: Salamandra salamandra – Linnaeus, 1758 Descrição: Espécie grande, até 25cm, de cores vivas no dorso com um padrão muito variável (amarelo, laranja ou vermelho). A pele é lisa e brilhante e está permanentemente húmida. Hábitos:

• Sobretudo nocturna e maioritariamente terrestre; • Os adultos são péssimos nadadores – afogamento de

fêmeas; • Utilizam o meio aquático somente para fins

reprodutores; • Encontra-se activa todo o ano sendo mais comum

entre Setembro e Maio, podendo ficar inactiva nos meses mais frios nas regiões mais altas.

Habitats: Massas florestais caducifólicas (castanheiros e carvalhos, por exemplo) e zonas agrícolas com oliveiras e gramíneas.

FIGURA 6 – Larvas em Metamorfose

FIGURA 5 – Indivíduo adulto

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Alimentação: • Adultos – escaravelhos, formigas, caracóis, lesmas,

minhocas, centopeias e aranhas; • Larvas – insectos aquáticos, crustáceos, pequenos

vermes e larvas de outros anfíbios incluindo a própria espécie.

Defesa: Secreções tóxicas esbranquiçadas das glândulas parótidas ou adopta uma postura defensiva baixando a cabeça e arqueando o corpo. Reprodução:

• Entre Setembro e Maio. Possível ocorrência de 2 épocas – Outono e Primavera;

• Pouco dimorfismo sexual; • Espécie ovovivípara ou vivípara. As fêmeas dão à luz

entre 8-70 larvas, uma vez ou em várias ocasiões sucessivas ao longo da época.

Distribuição: Um pouco por todo o país. Estatuto/Legislação: Estatuto IUCN 2007 – Espécie pouco preocupantes (LC). Está incluída no anexo III da Convenção de Berna.

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1.7.3. TRITÃO-DE-VENTRE-LARANJA Classe: Amphibia; Ordem: Caudata; Família: Salamandridea; Género: Triturus Espécie: Triturus boscai – Lataste, 1879

Descrição: Machos mais pequenos que as fêmeas com 6.5-7.5cm e 7-10cm de comprimento, respectivamente. Coloração dorsal variável do amarelo-acastanhado ao cinzento-acastanhado escuro e ventre geralmente do laranja-amarelado ao laranja-avermelhado, com manchas escuras dispersas. Hábitos: Espécie geralmente aquática todo o ano, mas pode ter uma fase terrestre. Actividade maioritariamente diurna na fase aquática e geralmente nocturna na fase terrestre. Habitats: Florestas de coníferas e de folhosas caducifólias e meios lênticos de água doce – pequenas poças, ribeiros, lagoas e poças dentro de cavernas. Alimentação: Adultos e larvas – invertebrados aquáticos, ovos e larvas da própria espécie e de outras espécies de urodelos.

FIGURA 7 – Macho FIGURA 8 – Adultos e larvas

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Defesa: Fuga e emissão de secreções tóxicas das glândulas cutâneas. Reprodução:

• Dimorfismo sexual – machos mais pequenos com cloaca redonda evidente e com uma linha branca na extremidade inferior da cauda;

• Entre Novembro e Junho, dependendo da região geográfica;

• Complexo comportamento de corte dentro de água; • As fêmeas põem 100-250 ovos ao longo da época

que são fixados individualmente a plantas aquáticas ou a outros objectos no fundo da água e eclodem entre 1 a 3 semanas.

Distribuição: Mais comum no norte e centro do país (interior) e junto ao litoral centro e sul. Estatuto/Legislação: Estatuto IUCN 2007 – Espécie pouco preocupantes (LC). Está incluída no anexo III da Convenção de Berna.

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1.7.4. TRITÃO-MARMORADO Classe: Amphibia; Ordem: Caudata; Família: Salamandridea; Género: Triturus Espécie: Triturus marmoratus – Latreille, 1800

Descrição: Os adultos chegam aos 16cm de comprimento. A coloração dorsal é sobretudo verde, claro ou escuro, e o ventre é escuro, normalmente preto e com pequenas manchas brancas. Hábitos: Espécie aquática, sobretudo durante a época de reprodução, e terrestre fora da última. Activa normalmente todo o ano, podendo ficar inactiva nos meses mais frios do Inverno e nos meses mais quentes do Verão. Habitats: Meios lênticos de água doce (permanentes ou temporários). Alimentação:

• Adultos – larvas de insectos aquáticos, minhocas, lesmas, caracóis e larvas de outros;

• Larvas – pequenos insectos aquáticos e crustáceos – cladóceras e copépodes.

Defesa: Fuga, secreções cutâneas tóxicas e tentativa de morder o agressor.

FIGURA 9 – Macho, fêmea e larvas

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Reprodução: • Com dimorfismo sexual – as fêmeas e juvenis têm

uma risca vertebral alaranjada e os machos uma crista no dorso;

• Entre Outubro-Maio dependendo da região geográfica;

• Ocorre à noite e dentro de água; • A fêmea deposita 150-400 ovos que são envolvidos,

individualmente, em plantas aquáticas. A eclosão dá-se 8-14 dias depois da postura;

• A metamorfose ocorre na Primavera ou até ao final do Verão.

Distribuição: Mais comum a norte e centro do país e também no litoral centro. Estatuto/Legislação: Estatuto IUCN 2007 – Espécie pouco preocupantes (LC). Está incluída no anexo III da Convenção de Berna e no anexo IV da Directiva Habitats.

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1.7.5. RÃ-DE-FOCINHO-PONTIAGUDO Classe: Amphibia; Ordem: Anura; Família: Discoglossidae; Género: Discoglossus Espécie: Discoglossus galganoi – Capula, Nascetti, Lanza, Bullini & Crespo 1985 Descrição: Pode ter 6-8cm de comprimento. A cabeça é achatada, o focinho pontiagudo, as pupilas redondas e possuí uma “máscara” na cabeça, entre os olhos e a extremidade do focinho. A pele é lisa com algumas verrugas e a coloração muito variável (desde o cinza ao castanho) sendo o ventre esbranquiçado. Hábitos: Geralmente crepuscular, podendo também ser diurna em dias húmidos e chuvosos. Permanece activa geralmente todo o ano mas com pouca actividade nos meses mais frios e também nos mais quentes. Habitats: Encontra-se nas imediações das massas de água em qualquer tipo de biótopo, preferindo terrenos encharcados, prados e lameiros.

FIGURA 10 – Indivíduos adultos

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Alimentação: • Adultos – insectos, aranhas, caracóis, lesmas,

minhocas ou até mesmo juvenis da própria espécie; • Larvas – matéria vegetal e detritos.

Defesa: Fuga. Reprodução:

• Ocorre no Inverno e na Primavera dentro de água; • O amplexo é inguinal; • A fêmea acasala com vários machos e põe 20-50

ovos de cada vez, podendo pôr cerca de 1500 num único dia em pequenos grupos no fundo das massas de água ou nas plantas aquáticas. A eclosão dá-se 2-9 dias depois;

• A metamorfose ocorre ao fim de 4-9 semanas. Distribuição: Ocorre em todo o país mas é mais comum no litoral, o que corresponde a 25% da área global. Estatuto/Legislação: Estatuto IUCN 2007 – Espécie pouco preocupantes (LC). Está incluída no anexo II da Convenção de Berna e nos anexos II e IV da Directiva Habitats.

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FIGURA 11 – Indivíduo adulto

1.7.6. SAPO-COMUM Classe: Amphibia; Ordem: Anura; Família: Bufonidae; Género: Bufo Espécie: Bufo bufo – Linnaeus, 1758 Descrição: É o maior sapo da Europa podendo atingir os 15cm de comprimento. Apresenta uma pupila horizontal de cor cobre-dourado e uma pele muito rugosa, normalmente acastanhada, com glândulas parótidas bastante evidentes e oblíquas. Hábitos: Espécie de hábitos aquáticos e terrestres, essencialmente crepusculares, mas também diurnos em dias húmidos e chuvosos. Activa todo o ano, ocorrendo uma diminuição da actividade no Inverno. Habitats: Cursos de água, charcos temporários, florestas, habitats rochosos e arenosos, matos, terrenos agrícolas e águas estagnadas. Alimentação: Espécie muito voraz.

• Adultos – centopeias, escaravelhos, moscas, borboletas, lesmas, minhocas e ainda outros anfíbios;

• Larvas – matéria vegetal.

Defesa: Incham o corpo e libertam secreções cutâneas esbranquiçadas das glândulas parótidas. Também podem expelir urina.

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Reprodução: • Apresenta dimorfismo sexual – fêmeas muito

maiores que os machos; • Entre Novembro-Abril ou final do Inverno em zonas

mais frias ; • Migrações até aos locais de reprodução no Outono; • O amplexo é axial ocorrendo competição entre os

machos – amplexos de vários machos e uma só fêmea;

• As fêmeas depositam 2000-8000 ovos esféricos em cordões gelatinosos com 5-10mm de espessura e até 5m de comprimento. A eclosão dá-se após 2-3 semanas.

• A metamorfose ocorre 2-4 meses depois a eclosão.

Distribuição: Comum em todo o país. Estatuto/Legislação: Estatuto IUCN 2007 – Espécie pouco preocupantes (LC). Está incluída no anexo III da Convenção de Berna.

FIGURA 12 – Ovos agrupados em cordões gelatinosos

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1.7.7. RÃ-VERDE Classe: Amphibia; Ordem: Anura; Família: Ranidae; Género: Rana Espécie: Rana perezi – Seoane, 1885 Descrição: Geralmente com 8,5-10cm de comprimento. A coloração varia de verde, cinzento e castanho, com manchas irregulares mais escuras sendo muito frequente uma risca vertebral esverdeada. Tem pregas dorso-laterais castanhas e ventre esbranquiçado com reticulações cinzentas. Hábitos: Espécie activa de noite e de dia, altamente aquática e abundante. É boa nadadora e óptima saltadora, atingindo em salto distâncias até 2 metros. Pode sobreviver em algumas águas salobras e poluídas. Habitats: Ocorre numa grande variedade de massas de água, encontrando-se frequentemente a apanhar sol nas margens. Alimentação: Espécie muito voraz.

• Adultos – insectos, aranhas, minhocas, crustáceos, moluscos, peixes e anfíbios, incluindo os da própria espécie, pequenas rãs e pequenos roedores;

FIGURA 13 – Adulto e Juvenil

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• Larvas – matéria vegetal e detritos. Defesa: Fuga para dentro de água. Reprodução:

• Ocorre na Primavera; • O amplexo é axilar e dá-se sobretudo de noite; • As fêmeas depositam 800-10.000 por época em

grandes aglomerados flutuantes; • A eclosão dá-se passados alguns dias e os girinos

sofrem a metamorfose 2-4 meses depois. Distribuição: Encontra-se uniformemente distribuída por todo o país. Estatuto/Legislação: Estatuto IUCN 2007 – Espécie pouco preocupantes (LC). Está incluída no anexo III da Convenção de Berna e no anexo V da Directiva Habitats.

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2. OS RÉPTEIS A rastejar pelo Parque de Monserrate podemos, igualmente encontrar diversas espécies de répteis (do latim reptare que significa rastejar) cujo nome deriva da principal característica do seu modo de locomoção. Algumas das espécies que aqui existem são protegidas, pelo que é importante conhecê-las. 2.1. A HISTÓRIA DA EVOLUÇÃO DOS RÉPTEIS Os répteis foram os primeiros vertebrados a tornarem-se independentes do meio aquático e a dominaram a Terra durante a era Mesozóica, que começou há 225 milhões de anos e durou cerca de 150 milhões de anos. Muitos chegaram a atingir tamanhos gigantescos, como os dinossauros, que no final da era Mesozóica se extinguiram. No processo de evolução da vida animal, ocupam uma posição entre os anfíbios – anteriores – e as aves e os mamíferos – tendo estas duas classes evoluído a partir dos répteis. 2.2. CARACTERÍSTICAS DOS RÉPTEIS

Os répteis constituem a primeira classe de animais vertebrados a conquistar definitivamente o meio terrestre. Para isso foi necessário que sofressem uma série de adaptações. Possuem, pois, uma pele grossa impermeável, seca e sem glândulas, apresentam uma espessa camada de queratina coberta por escamas epidérmicas (cobras e lagartos) ou placas córneas (crocodilos e caimões) que, nas tartarugas, se unem sobre a pele formando uma carapaça protectora. Em muitos casos ocorrem mudas, com a eliminação das camadas mais superficiais da epiderme para permitir o crescimento do animal. Não são capazes de controlar a temperatura de seu corpo por processos internos, logo precisam de adaptações comportamentais para manter sua temperatura em níveis adequados à actividade (são animais de sangue frio ou pecilotérmicos). A

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principal causa do sucesso dos répteis no ambiente terrestre está na sua reprodução, que se tornou completamente independente da água. Em primeiro lugar, a fecundação é interna. Os répteis são, na sua maioria, ovíparos. Depositam ovos em ninhos sob folhas, em buracos feitos no solo, na areia de praias ou às margens de rios. Após algum tempo de incubação, nascem os filhotes, já independentes para se deslocarem à procura de alimento.

Tabela II – Resumo das principais adaptações dos répteis que permitiram a colonização do meio terrestre

Adaptação Descrição

Impermeabilização da pele (carapaças, escamas e

placas córneas)

Para a protecção do animal contra o atrito durante a locomoção e evitar que o

ambiente seco, o vento e o sol desidratem o corpo

Respiração pulmonar

Os pulmões são os órgãos que possibilitaram aos

vertebrados a respiração em ambiente gasoso

Esqueleto mais forte, sistema muscular mais

complexo e sistema nervoso central melhor desenvolvido

O desenvolvimento destes três sistemas possibilita o

equilíbrio e a sustentação do animal em ambiente terrestre

Excreção urinária concentrada

Adaptação necessária para evitar a perda de grande

quantidade de água através da excreção.

Reprodução com fecundação interna e desenvolvimento directo. Ovos com casca e

anexos embrionários.

A desova ocorre em ambiente terrestre e os filhotes saem

dos ovos com a forma adulta, não passando por estágios

intermediários de desenvolvimento.

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2.3. ALIMENTAÇÃO DOS RÉPTEIS

Na sua maioria os répteis são carnívoros, procurando as suas presas na água, no solo e até nas árvores. Muitos répteis têm dentes (como o crocodilo), utilizados para capturar e matar as presas, mas não para as mastigar, pois geralmente engolem-nas inteiras ou em grandes pedaços. Existem, no entanto, alguns que não têm dentes, como a tartaruga, que é herbívora. A sua boca, porém, possui bordos cortantes que desempenham uma função semelhante à dos dentes. Os dentes podem igualmente estar modificados para injectar veneno, como acontece nalgumas serpentes que utilizam veneno para paralisar ou para matar os animais de que se alimentam. 2.4. MEIOS DE DEFESA Tal como muitos outros animais, os répteis desenvolveram numerosos métodos de defesa contra os seus inimigos. Os menos elaborados consistem na utilização de alguma parte do corpo como arma (ex.: dentes, mandíbulas ou garras). A cauda é frequentemente utilizada para golpear os adversários como faz, por exemplo, o crocodilo. Os quelónios, por possuírem carapaça, não desenvolveram outros meios de defesa, embora possam demonstrar uma grande agressividade quando se sentem ameaçados. Os escamosos desenvolveram métodos de defesa muito mais sofisticados, como o ataque através de venenos ou o abandono de um fragmento do corpo que é regenerado rapidamente. 2.5. FACTORES DE AMEAÇA Os factores que mais incidem sobre os répteis são a perda, fragmentação e degradação dos habitats por acção do Homem, como por exemplo a urbanização, os incêndios e a expansão da rede viária que potencia a fragmentação dos habitats e a mortalidade por atropelamento.

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Outros factores relevantes são a perseguição directa por aversão, nomeadamente a serpentes e osgas e a captura de exemplares para comércio e coleccionismo, como é o caso de espécies como os cágados e a víbora-cornuda, cuja cabeça é utilizada como amuleto e para a preparação de “medicamentos” tradicionais. São ainda pouco conhecidas as evidências quanto a um declínio dos répteis à escala mundial. No entanto este apresentam características que os tornam bastante susceptíveis às alterações ambientais, tal como o aumento da temperatura, o que poderá levar à restrição da zona climática temperada e à consequente redução dos habitats para as espécies adaptadas a esse tipo de clima (lagarto-de-água Lacerta schreiberi e cobra-de-água-de-colar Natrix natrix, por exemplo).

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2.6. BIOLOGIA DAS ESPÉCIES OBSERVADAS 2.6.1. CÁGADO Classe: Reptilia; Ordem: Testudines; Família: Emydidae; Género: Mauremys Espécie: Mauremys leprosa – Schweigger, 1812 Descrição: É uma tartaruga de água doce de pequenas dimensões cujas carapaças atingem 201 mm nos machos e os 228 mm nas fêmeas. A coloração é uniforme – oliváceo, acinzentado ou pardo – por vezes com tons alaranjados ou manchas claras difusas dispersas pela carapaça. Existem exemplares com quilha longitudinal na linha média dorsal. O ventre é normalmente amarelado e as escamas no pescoço, cauda e patas amareladas. O nome “leprosa” provem da presença das algas que vivem na sua carapaça. Hábitos: Hábitos semi-aquáticos. Activo de Fevereiro/Março a Outubro/Novembro hibernando nos meses mais frios.

FIGURA 14 – Cágados (adaptado de http://pdubois.free.fr/reptil_batra/images/reptiles/90

92MauremysLeprosa.jpg e http://www.cheloniophilie.com/Images/Photos/Mauremys-leprosa/Grande-taille/Mauremys-leprosa1.jpg,

respectivamente)

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Habitats: Ribeiros de montanha de fundo rochoso, ribeiros temporários de fundo lodoso ou arenoso, tanques, lagoas, canais de irrigação, barragens e locais costeiros de elevada salinidade. Suportam índices relativamente elevados de poluição. Alimentação: Espécie omnívora. Alimenta-se de anfíbios (larvas e adultos), peixes, insectos, moluscos e crustáceos, algas e outras plantas aquáticas. Pode ser necrófilo e coprófago (excrementos). Defesa: Fuga ao menor sinal de perigo. Expelem um líquido nauseabundo pela cloaca. Reprodução: • Cópulas em Março-Abril e preferencialmente dentro de

água; • 1-2 Posturas por ano ocorrendo 15-68 dias após a cópula; • A fêmea põe 1-13 ovos, geralmente em Abril-Junho. A

eclosão dá-se 56-108 dias após a postura. Distribuição: Bastante comum no sul e centro do país e também no interior norte. Estatuto/Legislação: Espécie incluída no anexo III da Convenção de Berna e nos anexos II e IV da Directiva Habitats.

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2.6.2. LAGARTO-DE-ÁGUA Classe: Reptilia; Ordem: Sauria; Família: Lacertidae; Género: Lacerta Espécie: Lacerta schreiberi – Bedriaga, 1878 Descrição: Espécie com 12-13,5cm de comprimento do corpo, cauda com 2x o comprimento do corpo. Machos predominantemente verdes com pequenas manchas pretas, maiores no dorso do que nos flancos e fêmeas geralmente acastanhadas ou esverdeadas com flancos verdes ou castanhos e com o mesmo tipo de manchas dos machos. O ventre é às manchas nos machos mas não tão marcado nas fêmeas, a garganta é branca ou azul nos machos na época de acasalamento e também em algumas fêmeas, podendo esta cor cobrir toda a cabeça. Os juvenis são acastanhados ou pretos com manchas redondas ou em barras, brancas ou amareladas debruadas a preto, com a cauda geralmente laranja ou amarela; estas manchas podem ficar retidas nos sub-adultos. Hábitos: Espécie relativamente ágil mantendo-se activa com hábitos diurnos de Março a Outubro. Habitats: Zonas húmidas e frescas, geralmente ao longo de cursos de água com uma certa corrente e vegetação ripícola

FIGURA 15 – Juvenil FIGURA 16 – Macho e fêmea adultos

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densa, como silvas e urtigas podendo surgir no leito ou nas margens rochosas. Os juvenis podem deslocar-se para meios mais secos. Alimentação: Moscas, escaravelhos, gafanhotos, abelhas, larvas diversas, aranhas, caracóis e frutos maduros, como amoras. Defesa: Geralmente fogem, podendo morder se capturados. Reprodução: • Acentuado dimorfismo sexual – machos mais coloridos e

mais robustos que as fêmeas; • Cópulas em Março-Abril e por vezes violentas (ocorrência

de feridas nas fêmeas); • Espécie ovípara. Porém a fêmea pode reter os ovos dentro

dela durante 3 semanas antes da postura. Enterra 5-25 ovos e a incubação demora 65-110 dias.

Distribuição: Todo o país acima do rio Tejo, na Serra de S. Mamede e na Costa Vicentina. Estatuto/Legislação: Estatuto IUCN 2007 – Espécie quase ameaçada (NT). Está incluída no anexo II da Convenção de Berna e nos anexos II e IV da Directiva Habitats.

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2.6.3. LAGARTIXA-IBÉRICA Classe: Reptilia; Ordem: Sauria; Família: Lacertidae; Género: Podarcis Espécie: Podarcis hispanica – Steindachner, 1870 Descrição: Atinge 6,5cm sem contar com a cauda e tem um padrão de desenho e coloração muito variáveis geralmente castanho ou esverdeado. O ventre pode ser branco, rosado ou vermelho e ocasionalmente amarelo. O padrão dorsal é geralmente às riscas, em que a risca vertebral está mais difusa que as dorso-laterais. As fêmeas tem riscas regulares e as dos machos são mais às manchas. Hábitos: Espécie ágil, desconfiada e esquiva encontrando-se activa praticamente todo o ano desde que as temperaturas sejam superiores a 13ºC. É unimodal – observada da parte da manhã. Habitats: Rochas, muros, amontoados de pedras, paredes, parapeitos, afloramentos e troncos de árvores nalguns locais. Alimentação: Artrópodes tais como moscas, mosquitos, centopeias, aranhas, formigas, gafanhotos e escaravelhos,

FIGURA 17 – Macho FIGURA 18 – Fêmea

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indivíduos mais pequenos da própria espécie, detritos e restos de alimentos em zonas urbanas. Defesa: Fuga. Emite sons quando capturada tentando mordiscar o agressor. Reprodução: • Começa em Fevereiro podendo prolongar-se até Abril e as

posturas podem ir até Julho (Almeida et al, 2001). • Fêmeas põem 1-5 ovos que são chocados em 8 semanas.

Podem realizar até 3 posturas por ano sendo o tempo entre cada postura de 22-34 dias.

Distribuição: Por todo o país mas mais abundante no norte e litoral centro. Estatuto/Legislação: Estatuto IUCN 2007 – Espécie pouco preocupante (LC). Está incluída no anexo III da Convenção de Berna.

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2.6.4. LAGARTIXA-DO-MATO Classe: Reptilia Ordem: Sauria Família: Lacertidae Género: Psammodromus Espécie: Psammodromus algirus algirus – Linnaeus, 1758

Descrição: Espécie de lagartixa de tamanho grande e relativamente larga. Os machos medem, da cabeça ao corpo, 91mm e as fêmeas 93mm. A cauda mede cerca de 230mm, sendo 2-3 vezes o tamanho do corpo. Tem escamas dorsais grandes e planas – imbricadas – terminadas em ponta e fortemente aquilhadas. A coloração dorsal é parda podendo variar do oliváceo ao cobre. Tem duas linhas laterais esbranquiçadas (entre as linhas apresenta uma tonalidade escura). A zona ventral é sobretudo esbranquiçada com tons avermelhados ou alaranjados em especial na zona da cauda e apresenta ainda ocelos azulados atrás dos membros anteriores. As fêmeas têm 1-3 ocelos e machos têm 2-7 ocelos. Hábitos: Espécie extremamente ágil e bastante heliófila – retira-se quando os últimos raios de sol desaparecerem. Activa desde finais de Fevereiro a Outubro, sendo estritamente diurna (máximos de actividade durante a manhã e tarde). Habitats: Zonas de arbustos baixos com grande cobertura de ervas ao nível do solo e evita substratos arenosos, sendo bastante abundante em pinhais.

FIGURA 19 – Lagartixa-do-mato

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Alimentação: Aracnídeos, hemípteros, formicídeos, coleópteros, homópteros, artrópodes e dípteros. Defesa: Imobilizam-se por completo ao escutarem ruídos estranhos e se algo se aproxima fogem velozmente. Quando capturados emitem um grito agudo e curto (audível), tentando morder o agressor. Reprodução: • Com dimorfismo sexual – macho com coloração vermelha; • Machos reproduzem-se com 1-3 fêmeas e as fêmeas com

1-2 machos; • Cópula pouco ritualizada. O macho faz escolta à fêmea

durante 1-3 dias; • Espécie ovípara – fêmea pode realizar várias posturas por

ano. Esta ocorre 30-40 dias após a cópula, na qual são postos 1-11 ovos, dependendo do tamanho da fêmea. A incubação demora cerca de 35-45 dias.

Distribuição: É comum em todo o país. Estatuto/Legislação: Estatuto IUCN 2007 – Espécie pouco preocupantes (LC). Está incluída no anexo III da Convenção de Berna.

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2.6.5. COBRA-DE-FERRADURA Classe: Reptilia; Ordem: Serpentes; Família: Colubridae; Género: Coluber Espécie: Coluber hippocrepis – Linnaeus, 1758 Descrição: O seu nome deve-se à mancha escura na parte superior da cabeça em forma de ferradura. Mede entre 80-150cm de comprimento podendo chegar aos 180cm de comprimento. Cabeça bem diferenciada, pupilas redondas e escamas suaves cujo padrão dorsal consiste numa série de grandes manchas pouco espaçadas normalmente pretas ou castanhas escuras. Os flancos têm uma ou mais filas de pequenas manchas pretas e a cor de fundo varia do castanho ao cinzento com uma pigmentação escura que faz com que pareça preta. O ventre é amarelo-alaranjado com algumas manchas escuras. Serpente aglifa, ou seja, não possui colmilhos (dentes venenosos). Hábitos: Espécie tímida e rápida de hábitos diurnos, podendo apresentar hábitos crepusculares e nocturnos nas épocas mais quentes do ano. Está activa todo o ano excepto nas zonas mais frias da sua distribuição, passando por um período de inactividade em Novembro-Março Pode escalar bastante bem a arbustos, em declive e em paredes rochosas.

FIGURA 20 – Cobra-de-ferradura

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Habitats: Prefere locais secos, muitas vezes rochosos, colinas arbustivas, planícies costais com pouca vegetação e zonas agrícolas como amendoeiras, alfarrobeiras, oliveiras e vinhas, sendo frequente em zonas urbanas junto a habitações, edifícios e paredes rochosas. Alimentação: Pequenos mamíferos, ocasionalmente morcegos, répteis como a osga, lagartixa e sardão, aves como o pardal, a andorinha e o pintassilgo. Defesa: Foge e quando encurralada enrosca e dilata ligeiramente a cabeça, incha o corpo, sopra ruidosamente e morde o agressor caso seja manejada. Reprodução: • Decorre ao longo da Primavera e início do Verão; • As fêmeas põem até 29 ovos alongados depositados debaixo de pedras ou troncos ou até mesmo em tocas de roedores. As posturas ocorrem em Junho e a eclosão dá-se após 1-2 meses de incubação. Distribuição: Localizada em vários pontos do país mas mais comum no centro e sul. Estatuto/Legislação: Estatuto IUCN 2007 – Espécie pouco preocupantes (LC). Está incluída no anexo II da Convenção de Berna e no anexo IV da Directiva Habitats.

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2.6.6. COBRA-DE-ESCADA Classe: Reptilia; Ordem: Serpentes; Família: Colubridae; Género: Elaphe Espécie: Elaphe scalaris – Schinz, 1799

Descrição: Espécie robusta e de grande tamanho podendo atingir os 1570 mm de comprimento. Caracteriza-se pelo seu padrão dorsal, que está na origem do seu nome, com duas faixas longitudinais castanhas escuras ligadas por bandas transversais da mesma cor, formando o desenho de uma escada (mais evidente nos juvenis pois os adultos costumam perder as bandas transversais). Dorso amarelado ou acastanhado claro e ventre esbranquiçado com manchas escuras dispersas, tendo sido registados casos de albinismo nesta espécie. Serpente aglifa – sem colmilhos (dentes venenosos). No entanto aplica uma mordida dolorosa. Hábitos: Activa praticamente todo o ano, sendo a actividade mais reduzida em Outubro-Fevereiro. É essencialmente diurna mas também tem actividade nocturna, principalmente nos meses mais quentes. É muito heliófila (gosta muito de sol), além de apresentar notáveis capacidades trepadoras.

FIGURA 21 – Juvenil (Fotografia de Daniel James Phillips e Jan Van Der Voort -

http://www.herp.it)

FIGURA 22 – Adulto (Fotografia de Daniel James Phillips e Jan Van Der Voort -

http://www.herp.it)

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Habitats: Bastante comum em vários biótopos, geralmente semi-áridos. Alimentação: Espécie extremamente voraz e constritora alimentando-se de micromamíferos (pequenos roedores), sáurios (lagartos), pequenas aves e artrópodes. Defesa: Relativamente agressiva quando perturbada não hesita em atacar e morder quando molestada (enche-se de ar e sopra fortemente projectando a cabeça para morder o agressor). Porém o mais usual é colocar-se em fuga. Quando capturada pelo Homem enrola-se à volta do braço apertando-o fortemente, além de tentar morder. Reprodução: • Acasalamento na Primavera; • As cópulas podem ser agressivas e ocorrem em Maio-

Junho; • As posturas ocorrem em Junho e consiste em 4-14 ovos,

dependendo do tamanho da fêmea que são depositados debaixo de pedras, tocas de micromamíferos ou noutros locais apropriados. A incubação demora 55-69 dias.

Distribuição: Um pouco por todo o país Estatuto/Legislação: Estatuto IUCN 2007 – Espécie pouco preocupantes (LC). Está incluída no anexo III da Convenção de Berna.

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2.6.7. COBRA-DE-CAPUZ Classe: Reptilia Ordem: Serpentes Família: Colubridae Género: Macroprotodon Espécie: Macroprotodon cucullatus ibericus – Geoffroy Saint-Hilaire, 1827

Descrição: Cobra de tamanho médio alcançando os 598-679 mm de comprimento. Tem uma cabeça diferenciada e um corpo cilíndrico e a coloração de fundo é cinzenta ou castanha (após a muda). Apresenta manchas castanhas dispersas e ainda um colar grosso castanho na parte posterior da cabeça e que se pode prolongar por esta – o que lhe dá o nome. Possui ainda duas bandas estreitas laterais mais escuras, uma de cada lado, desde os orifícios nasais, atravessando os olhos e terminando na comissura bocal. O dorso é geralmente esbranquiçado ou amarelado. Serpente opistoglifa – colmilhos (dentes venenosos) encontram-se na parte detrás da boca – possuindo um veneno neurotóxico. Hábitos: Activa anualmente mas mais comum em Março-Novembro, maioritariamente diurna, podendo também ser nocturna. Habitats: Encontra-se num grande número de habitats, sobretudo em maciços montanhosos e o seu biótopo natural consiste no bosque mediterrânico seco e bem exposto.

FIGURA 23 – Cobra-de-capuz (adaptado de

http://darwin.icn.pt/sipnat_images/repteis/m_cucull.jpg)

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Alimentação: A cobra-cega (Blanus cinereus) é a presa mais comum, lagartos, osgas, cobras da mesma espécie, aves e mamíferos – nomeadamente o rato-das-hortas (Mus spretus). Defesa: Não foge ao ser descoberta e em vez disso enrola e incha desmesuradamente o corpo. Quando capturada é extremamente agressiva mordendo insistentemente o agressor. Reprodução: • Apenas 50% das fêmeas se reproduzem por ano; • Espécie ovípara – põe 3-5 ovos, no máximo até 7 ovos

depositando-os em lugares húmidos e solarengos. A incubação demora 49-63 dias.

Distribuição: Sobretudo no sul do país mas mais localizada nos Parques Naturais de S. Mamede, Sintra-Cascais e Vale do Guadiana; pequenos focos no Alentejo e Trás-os-Montes (Godinho et al, (1999). Estatuto/Legislação: Estatuto IUCN 2007 – Espécie pouco preocupantes (LC). Está incluída no anexo III da Convenção de Berna.

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2.6.8. COBRA-DE-ÁGUA-VIPERINA Classe: Reptilia Ordem: Serpentes Família: Colubridae Género: Natrix Espécie: Natrix maura – Linnaeus, 1758

Descrição: Cobra aglifa de tamanho médio com 762 mm de comprimento podendo atingir até 1 metro de comprimento máximo. Apresenta uma cabeça triangular com um focinho aplanado e tem uma coloração dorsal muito variada sendo o castanho-escuro a cor predominante. O desenho dorsal consiste numa série de manchas escuras de forma e tamanho variáveis ao longo do dorso na forma de um zig-zag escuro – mimetismo batesiano com as víboras) – o que lhe dá o nome. Apresenta um padrão em “V” na cabeça e o ventre é normalmente esbranquiçado ou avermelhado, com manchas escuras quadrangulares. Hábitos: Espécie de hábitos aquáticos permanecendo activa de Março a Outubro e inactiva de Novembro a Fevereiro. Apresenta actividade diurna e nocturna. É ágil em terra e ainda mais na água, podendo trepar pedras e arbusto. É frequentemente avistada a aquecer-se sobre pedras nas proximidades de água, semi-submersa ou ainda sobre plantas aquáticas. Habitats: Encontrada na proximidade de qualquer massa de água – rio, ribeiro, poço, tanque, charco, etc. Alimentação: Larvas e adultos de anfíbios, peixes (água doce ou salobra), micromamíferos (mais raro) – Arvicola sapidus (Salvador e Pleguezuelos, 2002) – anelídeos

FIGURA 24 – Cobra-de-água-viperina

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(minhocas e sanguessugas), répteis – osga ou até mesmo exemplares da própria espécie. Defesa: Normalmente foge para a água. Quando encurralada enrosca-se, sopra fortemente e avança a cabeça para morder, fazendo-o de boca fechada. Quando capturada regurgita a última vítima e liberta uma substância nauseabunda que esfrega no agressor com movimentos corporais. Reprodução: • Tem duas épocas de reprodução – Primavera e Outono

(no Outono não ocorre postura – a fêmea só os põe na Primavera seguinte);

• A fêmea põe 1-14 ovos podendo chegar a 20 ovos (Crespo dependendo do seu tamanho. Estes são depositados na proximidade de água, sob pedras, entre raízes de arbustos ou entre restos de decomposição. A incubação demora cerca de 40-45 dias.

Distribuição: É comum em todo o país. Estatuto/Legislação: Estatuto IUCN 2007 – Espécie pouco preocupantes (LC). Está incluída no anexo III da Convenção de Berna.

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2.6.9. COBRA-DE-ÁGUA-DE-COLAR Classe: Reptilia Ordem: Serpentes Família: Colubridae Género: Natrix Espécie: Natrix natrix astreptophora – Linnaeus, 1758

Descrição: Os machos medem 1053mm e as fêmeas 1190mm, podendo ultrapassar os 2m de comprimento. A coloração dorsal varia do acinzentado ao verde oliváceo e ao acastanhado, com manchas escuras dispersas irregularmente. A cabeça é redonda e bem definida, as pupilas também são redondas e apresentam um colar amarelado debruado a preto logo atrás da cabeça o que está na origem do nome que lhe foi atribuído. Hábitos: Geralmente de hábitos aquáticos, pode também ter hábitos terrestres. Está activa em Março-Outubro. Espécie essencialmente diurna e um pouco nocturna e crepuscular nos meses mais quentes. É ágil, nada bastante bem e caça frequentemente dentro de água. Habitats: Biótopos húmidos encontrando-se sobretudo em campos orvalhados e bosques, mas no sul, ocorre usualmente perto de água. Alimentação: Sapos, rãs, tritões, girinos, peixes, pequenos mamíferos, aves, outras cobras e lesmas. Em média ingere uma presa a cada 20 dias. Defesa: Quando encurralada enrola, incha o corpo e sopra com violência; depois achata a cabeça e projecta-a como se

FIGURA 25 – Cobra-de-água-de-colar

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fosse morder (muito raro). Liberta substâncias nauseabundas pela cloaca ou vomita o conteúdo estomacal. Pode ainda finge-se de morta permanecendo imóvel de costas com a boca aberta e a língua de fora. Reprodução: • Entre a Primavera e o Outono – acasalamentos em Abril-

Maio podendo ocorrer também no final do Verão e do Outono;

• Cópulas demoram cerca de três horas e as fêmeas frequentemente só copulam uma vez;

• A fêmea deposita 2-105 ovos, normalmente 30 para uma fêmea madura, 2-5 semanas após a cópula;

• Os ovos são depositados em buracos, tocas de mamíferos, debaixo de troncos e pedras e em montes de estrume e a incubação demora 6-10 semanas.

Distribuição: Um pouco por todo o país mas mais comum no norte e centro. Estatuto/Legislação: Estatuto IUCN 2007 – Espécie de baixo risco (LR/lc). Está incluída no anexo III da Convenção de Berna.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Pargana J. M., Paulo O. S., Crespo E. G. (1998). Anfíbios e Répteis do Parque Natural da Serra de S. Mamede. Instituto da Conservação da Natureza, Portalegre. Salvador A. & Pleguezuelos J.M. (2002). Reptiles Españoles – Identificatión, historia natural y distribuición. 1ªedição. Espagnos.

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CONSULTAS ON-LINE

• http://curlygirl2.no.sapo.pt/repteis.htm • http://www.amphibiaweb.org • http://www.club100.net • http://www.chelonia.org/byspecies.htm • http://www.herp.it/indexjs.htm?SpeciesPages/Pleur

Waltl.htm • http://www.infotortuga.com • http://www.uga.edu/srelherp/jd/jdweb/Herps/specie

s/usturtles/Psenel.htm • http://www.vertebradosibericos.org/ • http://www.whose-tadpole.net

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LEGISLAÇÃO

• Convention on the Conservation of European Wildlife and Natural Habitats (1979). European treaty series – No. 104. Council Of Europe. Bern, www.conventions.coe.int/Treaty/EN/Treaties/Html/104.htm

• Council Directive 92/43/EEC of 21 May 1992 on the

conservation of natural habitats and of wild fauna and flora. Consolidated version 1.1.2007, www.ec.europa.eu/environment/nature/legislation/habitatsdirective/index_en.htm

• IUCN 2007. 2007 IUCN Red List of Threatened

Species. www.iucnredlist.org

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GLOSSÁRIO • Amplexo axial – forma de pseudocópula no qual um

anuro macho se coloca no dorso de uma fêmea, agarrando-a com as suas patas na zona das axilas, enquanto esta faz a postura dos ovos.

• Amplexo inguinal – forma de pseudocópula no qual um anuro macho se coloca no dorso de uma fêmea, agarrando-a com as suas patas na zona da cintura, enquanto esta faz a postura dos ovos.

• Anfíbio – Pequeno animal de pele mole, permeável, geralmente húmida e sem escamas que podemos encontrar na água e em locais húmidos. Possui, geralmente, a capacidade de respirar dentro e fora de água.

• Autóctone – Originário do local onde se encontra. • Biodiversidade – Variedade de organismos vivos de

todas as origens, compreendendo, entre outros, os ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos de que fazem parte. Compreende, ainda, a diversidade dentro de espécies, entre espécies e de ecossistemas.

• Biologia – Ciência que estuda a vida. • Canibalismo – Relação entre organismos da mesma

espécie em que um se alimenta do outro. • Córnea (placa) – Estrutura de consistência rija,

semelhante a uma escama, que cobre a pele de alguns répteis.

• Cúspides – pontas formadas na extremidade dos dentes.

• Desovar – Fazer uma postura. • Dimorfismo sexual – ocorrência de indivíduos do sexo

masculino e feminino de uma espécie com características físicas não sexuais marcadamente diferentes.

• Ecossistema – Sistema ecológico formado pelo ambiente e pelos seres vivos que nele vivem e com o qual se relacionam.

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• Endemismo – Fenómeno que consiste na ocorrência de espécies ou de subespécies animais ou vegetais numa única área restrita e relativamente isolada.

• Epidérmico – Relativo à pele. • Espécie – Conjunto de organismos anatómica e

fisiologicamente semelhantes e que, em condições naturais, se cruzam entre si, dando origem a descendentes férteis.

• Evapotranspiração – Libertação de vapor de água pelos organismos vegetais.

• Exótico – Animal ou planta que não é natural do local para o qual foi transportado.

• Habitat – Local que oferece as condições apropriadas à vida de um ser vivo.

• Intrusão magmática – Aprisionamento de uma bolha de magma no interior da crosta terrestre, que depois de solidificar emerge à superfície.

• Magma – Material fundido, rico em gases, que se encontra no interior da Terra.

• Meios lênticos – Águas eutróficas (bem nutridas) permanentes, paradas ou lentas.

• Metamorfose – Conjunto de transformações que ocorre no corpo de alguns animais desde que nascem até à fase adulta.

• Microclima – Conjunto de condições climatéricas específicas de um local, geralmente devido às condições geográficas existentes.

• Mimetismo batesiano – relação de semelhança nas características – morfológicas, etológicas, biológicas, etc. – entre uma espécie que é a modelo e outra que é a cópia.

• Nutriente – Substância que constitui os alimentos e que é necessário à vida.

• Ovíparo – Animal que se desenvolve fora do corpo materno, dentro de um ovo que lhe fornece as substâncias necessárias ao seu desenvolvimento.

• Ovovivíparo – Animal que se desenvolve dentro de um ovo, no interior do corpo materno.

• Pecilotérmico – Animal de sangue frio.

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• Plastron – parte ventral da estrutura da carapaça (ao que vulgarmente se chama barriga) de um cágado ou tartaruga.

• Predação – Relação entre organismos de espécies diferentes em que um sai beneficiado e o outro sai prejudicado a ponto de ser eliminado.

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