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Coordenador EditorialJosé Carlos Godoy [email protected] - 9782

ComercialPaulo [email protected]

Redação Érica BarrosAlexandre [email protected]

Diagramação e arteMundo Agro e Bravos Comunicaçã[email protected]

Circulação e Assinatura Alexandre Aguilar(19) 3241 9292 [email protected]

expediente editORiAL

Fale com a redaçã[email protected]: (19) 3241 9292

ISSN 1983-0017Produção Animal - Avicultura

Mundo Agro Editora Ltda.Rua Erasmo Braga, 115313070-147 - Campinas, SP

Resultados positivos no semestre para os setores de frango e ovos

Analisando os números divulgados nesta edição entre as páginas 36 e 45 po-demos concluir que avicultura de corte e de postura encerram o semestre de forma positiva, apesar dos maiores benefícios te-rem sido alcançados pelos produtores de ovos.

O setor de postura vinha já há dois anos buscando uma adequação da produção ao consumo e segue neste caminho para en-frentar a elevação dos custos de produção. Já o segmento de frangos de corte que vi-nha amargando uma redução de 30% nos preços no primeiro trimestre deste ano con-seguiu alcançar melhores preços no fecha-mento do semestre com uma menor produ-ção e uma menor disponibilidade interna, também influenciada pelo aumento das ex-portações nesta primeira metade do ano, de quase 20%.

Talvez pelos resultados positivos con-quistados, os dois setores podem estar su-perestimando a futura demanda (interna e

externa). É o que mostra a evolução do alojamento de matrizes de corte e de pos-tura que, no semestre, registrou expansão próxima de 18%, o maior dos últimos qua-tro anos. O resumo da avicultura no se-mestre aqui divulgado pode servir de alerta.

Crescendo junto com a produção de ovos no município, a Festa do Ovo de Bas-tos, que neste ano contou com representan-tes da comunidade japonesa no Brasil e com o secretário de Agricultura de São Paulo também recebe destaque na edição, assim como o novo regime de cotas de exportação de frango para a União Européia que passa a vigorar a partir de outubro.

José Carlos GodoyCoordenador Editorial

[email protected]

Ponto Final

Bem-estar animal e os desafios da inovação

tecnológica

O resumo da avicultura brasileira no

semestre

Novo regime de cotas de frango

para a União Européia

Postura em Foco 49ª Festa do Ovo de Bastos

O Programa de Controle de Resíduos e Contaminantes ....................15

Produção Animal | Avicultura 3

Eventos ............................ 04 Noticias Curtas 08

AviGuia ........................... 24 Ciência Avícola 26

Associações ..................... 34

ESTATÍSTICAS E PREÇOSProdução e mercado em resumo .......................................... 36

Alojamento de matrizes de corte ..........................................37

Produção de pintos de corte ................................................ 38

Produção de carne de frango ............................................... 39

Exportação de carne de frango............................................ 40

Disponibilidade interna de carne de frango ........................41

Alojamento de matrizes de postura .................................... 42

Alojamento de pintainhas comerciais de postura .............. 43

Desempenho do frango vivo no mês de julho .................... 44

Desempenho do ovo no mês de julho ................................. 45

Sumário

Eventos

4 Produção Animal | Avicultura

Agosto

4 Produção Animal | Avicultura

Setembro

2 de setembro

162º Jantar do Clube do Galo Mineiro

Local: Espaço Multicenter de Eventos, Pará de Minas, MG

Realização: Associação dos Avicultores de MG (Avimig)

Contato: 31- 3371-3234

E-mail: www.avimig.com.br

Informações: [email protected]

3 e 4 de setembro

i SUpeRFAS - Feira de Avicultura e Suinocultura

Local: Pará de Minas, MG

Realização: Avimig e Associação dos Suinocultores de MG

Contato: 31- 3371-3234

E-mail: www.superfas.com.br

Informações: [email protected]

10 e 11 de setembro

Vi Simpósio de Sanidade Avícola

Local: Park Hotel Morotin, Santa Maria, RS

Realização: Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)

Contato: 55-3220-8072

E-mail: [email protected]

Informações: www.ufsm.br/lcdpa

11 e 12 de setembro

V Curso de Atualização em Avicultura para postura

Comercial

Local: Centro de Convenções da UNESP/FCAV

de Jaboticabal, SP

Realização: Associação Paulista de Avicultura (APA) e FCAV

Contato: 16-3209-1300

E-mail: [email protected]

Informações: www.funep.com.br/eventos

22 de agosto a 30 de julho de 2010

Curso de MBA em AviculturaLocal: Goiânia, GORealização: Instituto DidatusContato: 41-3018- 8246E-mail: [email protected]ções: www.didatus.com.br

Outubro 22 a 24 de outubro

Simpósio CBnA de Manejo e nutrição de Aves e SuínosLocal: Auditório do IAC, Campinas, SPRealização: Colégio Brasileiro de Nutrição Animal (CBNA)Contato: 19-3232-7518E-mail: [email protected]ções: www.cbna.com.br

11 e 14 de novembro

eurotierLocal: Hanôver, AlemanhaRealização: Sociedade Alemã de AgriculturaE-mail: [email protected]ções: www.eurotier.de

19 a 21 de novembro

AViSULAt - i Congresso Sul Brasileiro de Avicultura, Suinocultura e LaticíniosLocal: Centro de Exposições Fundaparque, Bento Gonçalves, RSRealização: Associação Gaúcha de Avicultura (ASGAV), Sindicato das Indústrias de Laticínios e Produtos Derivados do Estado (SINDI-LAT) e Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos (SIPS)Contato: 51-3228-8844Informações: www.avisulat.com.br

novembro

26 e 27 de agosto

Simpósio de Manejo de Frangos de CorteLocal: Av. República do Líbano, 1520, Setor Oeste, Goiânia, GORealização: FACTA e Associação Goiana de Avicultura (AGA)Contato: 19- 3243-6555E-mail: [email protected]ções: www.facta.org.br

Eventos

6 Produção Animal | Avicultura

Com a proposta de unir os setores avícola, suinícola e lácteo acontece no Centro de Exposições de Bento

Gonçalves, município do Rio Grande do Sul, nos dias 19, 20 e 21 de novembro, a primeira edição do AVISULAT. O evento, que é resultado da parceria entre a Asso-ciação Gaúcha de Avicultura (ASGAV), o Sindicato da Indústria de Produtos Suínos (SIPS/RS) e o Sindicato das Indústrias de La-ticínios e Produtos Derivados (SINDI-LAT/RS), recebe também uma feira de equipa-mentos, tecnologias e serviços.

No auditório da ASGAV, a primeira palestra será de José Luis Januário, da Cobb-Vantress, sobre ambiência em incubatórios. Já o Coordenador Geral de Apoio Laboratorial (CGAL) do MAPA,

Abrahão Buchatsky, fala a respeito do diagnóstico laboratorial no setor. No mesmo dia, ocorrem mais seis palestras e um painel. Entre os palestrantes estão os Presidentes da ABEF e da Associação Latino-Americana de Avicultura (ALA), Francisco Turra e Ariel Antônio Mendes, e o Diretor de Tecnologia da Vitagri, Professor Paulo Tabajara Chaves Costa.

O evento conta ainda com a premia-ção de artigos científicos nas três áreas (avicultura, suinocultura e laticínios), que podem ser inscritos pelo site (www.avisulat.com.br) até o dia 28 de setem-bro. Informações para a participação podem ser obtidas através do e-mail [email protected] ou pelo telefone (51) 2108 3111.

Em trabalho que desenvolvem conjuntamente, FACTA – Funda-ção APINCO de Ciência e Tecnologia Avícolas e AGA – Associa-ção Goiana de Avicultura promovem entre os dias 26 e 27 de

agosto de 2008 um “Simpósio de Manejo de Frangos de Corte”. As duas entidades estão com um curso completo de atualiza-

ção sobre a produção de frango (manejo inicial, manejo pré-aba-te, tipos de instalações, controle de qualidade, etc.), com investi-

das em nutrição, biosseguridade, administração e marketing do frango (inserção da média empresa no mercado exportador; mitos, desafios e expectativas do consumidor).

O quadro abaixo sintetiza os principais temas do Simpósio, que acontece nas dependências do Castro’s Park Hotel (Av. Repú-blica do Líbano, 1.520 – Goiânia, GO).

Maiores informações: www.facta.org.br

em novembro, avicultura gaúcha tem encontro conjunto com mais dois setores

FACtA e AGA promovem curso sobre a produção de frangos

Importância da Produção Avícola no Estado de Goiás - Uacir ÂBernardes – Presidente da AGA – Associação Goiana de AviculturaInserção da Média Empresa no Mercado Exportador - José ÂCarlos de Souza – Super Frango – Itaberaí – GOBiosseguridade em Granjas de Frangos de Corte - Luiz Sesti – CEVA – Paulínia – SPDark-House em Frangos de Corte - Tuffi Bichara – Nutron – ÂCampinas – SPCuidados na Coleta e Envio de Materiais para Laboratório - ÂAlberto Back – Mercolab – Cascavel – PRManejo Inicial de Pintos de Corte - Antonio Guilherme M. de ÂCastro – IB – Descalvado – SP

Importância do Controle de Qualidade na Produção de Frangos Â- Sandra Iara Rodrigues – Asa Alimentos – Brasília – DFManejo Pré-abate em Frangos de Corte - A definir ÂIngredientes Alternativos na Produção de Frangos - José ÂHenrique Stringhini – UFG – Goiânia – GOAtualidades na Produção de Frangos - Antonio Froilano M. ÂCarvalho – Consultor – Descalvado – SPCarne de Frango: Mitos e ÂDesafios & Expectativas do Consumidor - Simone Machado – SADIA – Curitiba – PR

SÍMpOSiO de MAneJO de FRAnGOS de CORte 26 e 27 de agosto de 2008 – Goiânia, GO

8 Produção Animal | Avicultura

Notícias

Com a proposta de aumentar a oferta de proteína animal

aos venezuelanos e transferir tecnologia para a produção de frangos, a Embrapa Suínos e Aves de Concórdia, SC, - através de um escritório instalado em Caracas - em parceria com o Instituto de Investigação Agrope-cuária da Venezuela (INIA) desen-volveu um projeto de avicultura para a agricultura familiar naque-le País.

Segundo a Embrapa, a inten-ção da Venezuela, que hoje im-porta 70% de todo o alimento consumido no país, é diminuir a dependência externa pelo menos na produção de frango de corte. Com a expectativa de reduzir a importação de carne de frango em 2%, o governo venezuelano destinou ao projeto cerca de U$10 milhões.

O projeto intitulado “Incre-mento da Produção de Aves para fortalecer a Segurança e Soberania Alimentar” prevê o abate de 25 mil aves por dia e segue o modelo de criação de frango de corte utilizado em assentamentos da reforma agrária em Santa Catari-

na, onde a gestão do sistema é realizada pelos próprios avicul-tores organizados em coopera-tivas. Márcio Saatkamp, técni-co da Embrapa, explica: “A premissa deste sistema é justa-mente uma produção com otimização de recursos físicos e financeiros e distribuição iguali-tária das sobras”.

Além do desenvolvimento deste projeto, o INIA pretende melhorar e ampliar suas pes-quisas com aves. O chefe de Comunicação e Negócios da Embrapa, Cícero Monticelli, comenta que o interesse maior é no fornecimento do material genético do Frango Colonial da Embrapa 041. “A única criação que o país pos-sui é de frango de corte co-mercial, importado por gran-des empresas. Eles não têm produção própria”, afirma Monticelli.

De acordo com os pesqui-sadores, o projeto de avicul-tura elaborado pela empresa brasileira já foi entregue ao governo da Venezuela e está sendo analisado.

embrapa elabora projeto de avicultura para Venezuela

iSO tem nova norma para ambientes frios

AOrganização Internacional para Padronização (em inglês, Inter-national Organization for Standardization, identificada mun-

dialmente pela sigla ISO) lançou uma nova norma voltada especifi-camente para o gerenciamento de riscos em ambientes de trabalho frios, como abatedouros, instalações de processamento de carnes e câmaras de estocagem.

A nova norma (identificada pela sigla ISO 15743:2008) propõe estratégias e apresenta instruções práticas para a detecção e o geren-ciamento de riscos ocasionados pelo frio no ambiente de trabalho.

As normas ISO estão presentes em 157 países e representam o consenso de especialistas reconhecidos internacionalmente.

Mais informações sobre a ISO 15743:2008 e outras normas ISO relacionados ao trabalho sob baixas temperaturas ambientais: www.iso.org

Frango Colonial 041• É um frango de corte para cria-

ções semi-confinadas e agro-

ecológicas;

• Resultado do cruzamento en-

tre raças pesadas de corte e ra-

ças semi-pesadas de postura;

• Alcança idade de abate aos 84

dias, com peso vivo de 2,4 kg.

ITENS INCLUSOS NA NORMA ISO 15743:2008

Modelos e métodos de detecção e gerenciamento de ;riscos;

Checklist para identificação de problemas relacionados ao ;frio no ambiente de trabalho;

Modelo, métodos e questionário para uso de profissionais ;voltados à saúde ocupacional. O material auxilia, por exem-plo, a identificar indivíduos com maior sensibilidade ao frio, possibilitando a adoção prévia de medidas protetoras;

Guia prático sobre como aplicar os padrões térmicos e ou- ;tros métodos científicos reconhecidos na análise dos riscos relacionados ao frio;

Exemplo prático de ambiente de trabalho frio. ;

Pesquisadores brasileiros participam de reunião na Venezuela

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Produção Animal | Avicultura 9

exportação de frango dos eUA cresceu quase 30% até maio

Com o embarque, recorde, de 288.472 toneladas em maio pas-

sado, as exportações norte-americanas de carne de frango nos cinco primei-ros meses de 2008 totalizaram 1,240 milhão de toneladas, volume que representou incremento

de 28,95% sobre o mesmo período de 2007.

Rússia, China e México, com 52% do total exportado, foram os principais compradores do frango norte-america-no. Mas quem mais chama a atenção é o comprador posicionado no quarto lugar, Cuba, que aumentou suas im-portações em quase 126% e, até maio (isto é, em cinco meses) adquiriu prati-camente o mesmo volume dos 12 meses de 2006.

Mantida a atual média – cerca de 248 mil toneladas mensais – em 2008 as exportações de carne de frango dos EUA irão se aproximar dos 3 milhões de toneladas, aumentando perto de 15% em relação a 2007.

na Argentina, embarques de frango crescem 25% em volume e 52% em receita

Produção Animal | Avicultura 9

Dados divulgados pelo Serviço de Nacional de Saúde e Qualidade

Agroalimentar (SENASA) da Argentina revelam que no primeiro semestre de 2008 o país exportou 85.135 tonela-das de carne de frango in natura e pós-processada, com as quais obteve receita cambial de US$124,080 mi-

lhões. Graças à valorização do produto no período, enquanto o volume cres-ceu 25%, a receita experimentou incremento de 52%.

No gráfico abaixo, divulgado pela SE-NASA e atualizado até maio de 2008, a evolução das exportações argentinas de carne de frango desde janeiro de 2004.

1,240milhão de toneladas

de jan. a maio

ARGENTINAEVOLUÇÃO MENSAL DAS EXPORTAÇOES DE CARNE DE FRANGO

JANEIRO DE 2004 A MAIO DE 2008 - MIL TONELADAS

toneladas

10 Produção Animal | Avicultura

Notícias: Influenza Aviária no mundo

Hong Kong: Cai a eficácia de vacina aviária

A vacina que Hong Kong vem utilizando em suas aves há sete anos para prevenir a ocor-

rência de Influenza Aviária está per-dendo sua eficácia, informaram microbiologistas.

A ocorrência é confirmada pelo Pro-fessor Yuen Kwok-yung, Diretor do De-

partamento de Microbiologia de Universi-dade de Hong Kong, pesquisador reconhecido internacionalmente. Para o Professor, a vacina que até agora propi-ciava adequada proteção às aves contra a cepa H5 do vírus da Influenza Aviária vem apresentando eficácia cada vez menor. A ocorrência coloca Hong Kong sob risco de surtos da doença, pois a perda total da eficácia é inevitável, alerta.

De acordo com o pesquisador da Universidade de Hong Kong, a perda de eficácia da vacina é devida à mutação do vírus, que vem se distanciando e se tornando totalmente diferente da cepa Fujian, a partir da qual foi elaborada a vacina.

O alerta de Professor Yuen está sendo considerado extremamente opor-tuno pelas autoridades de saúde pública de Hong Kong, pois ocorre logo depois do registro (em junho último) da presen-ça do H5N1 em diferentes pontos de venda de aves vivas daquele território especial chinês. Primeiro caso a ser registrado após anos de ausência do vírus, o episódio levou o governo local a propor o fim do comércio de aves vivas na antiga colônia britânica. Mas a pro-posta (que iria interferir em hábitos culturais milenares) foi bombardeada pela opinião pública e abandonada.

Mas agora, com as novas informa-ções da Universidade de Hong Kong, a

proposta deve ser retomada. E, neste caso, o Professor Yuen é taxativo ao afirmar que “a cidade precisa se livrar de todas as galinhas vivas comercializadas localmente antes que a vacina se torne completamente ineficaz”.

Revelando que a perda de eficácia vem ocorrendo paulatinamente, o Profes-sor observa que, nos testes de eficiência realizados em 2005, a vacina produziu somente um quarto dos anticorpos alcan-çados quatro anos antes, em 2001. “O nível de anticorpos de algumas das aves vacinadas encontravam-se numa ‘fase de alarme’ indicativa de que a proteção oferecida pela vacina vem sendo míni-ma”, explicou, acrescentando que a qualquer momento o produto pode per-der todas as suas características originais.

Ao mesmo tempo em que concita o seu governo a proibir a comercialização ou mesmo a existência de aves vivas em Hong Kong (antes que a vacina, desen-volvida na Holanda, perca a sua eficácia), Yuen destaca ser indispensável os labo-ratórios fabricantes desenvolverem novas vacinas para prevenir a doença.

nobel de Medicina minimiza risco de pandemia

O médico australiano Peter Doherty, Prêmio Nobel de Medicina de 1996, que com o

colega suíço Rolf Zinkernagel descobriu como o sistema imunitário reconhece células infectadas por vírus, foi um dos convidados especiais do XXIII Congresso Mundial de Avicultura, realizado em Brisbane, na Austrália, entre os dias 29 de junho e 4 de julho.

Doherty, um dos oradores do evento, demons-trou otimismo ao observar que a possibilidade de ocorrência de uma pandemia pelo vírus da In-fluenza Aviária se torna cada dia mais remota.

Mas será que essas colocações indicam já ser possível uma diminuição dos esforços visando à erradicação do vírus? Muito pelo contrário, ressalta o Nobel de Medi-cina: “As medidas de biossegurança devem ser rigoro-samente mantidas e precisam envolver tanto as aves como o homem”.

Também orador no congresso, o executivo brasi-leiro José Augusto Lima de Sá, Diretor de Relações Internacionais da Sadia, falou sobre um permanente desafio enfrentado pela indústria da carne: a insti-tuição de uma marca global em um mundo multicultural.Peter Doherty

Com a perda da eficácia da

vacina contra a cepa H5, Hong

Kong pode ficar suscetível a IA

10 Produção Animal | Avicultura

Produção Animal | Avicultura 11

estudo identifica porta de entrada do vírus

Juntamente com o Centro de Emergências para o Controle de Doenças Animais

Transfronteiriças (ECTAD), o Escritório Regio-nal da FAO para a América Latina e Caribe lançou há cerca de um mês um “Curso Interativo para Simulação de Influenza Aviá-ria” que, conforme o órgão, se destina a fortalecer os sistemas de prevenção e vigilân-cia dos serviços veterinários oficiais e do setor, preparando-os para uma eventual emergência sanitária relacionada à Influenza Aviária de Alta Patogenicidade.

O Curso objetiva apenas apoiar a prepa-ração dos planos nacionais de prevenção e contingenciamento, proporcionando sua atualização e avaliando a capacidade de resposta a um eventual desafio real.

Gratuito, o Curso é desenvolvido através de técnicas de educação à distância basea-das na Internet, o que permite ser acessado por profissionais dos setores públicos e privado, assim como (citação da FAO) por trabalhadores envolvidos em todas as fases da cadeia produtiva de aves.

Na página inicial do Curso Interativo (www.educa-consul-tores.com.mx/fao), a FAO ofe-rece informações mais detalha-das sobre a iniciativa e apresenta o temário, formas de trabalho e avaliação e – o mais importante – as instruções para inscrição on line.

A revista “Nature” divulgou um estudo de cientistas dos EUA,

Japão e Brasil que lista a descoberta de cem genes usados pelo vírus da Influen-za Aviária como porta de entrada para infectar células. Em relação à dissemi-nação em humanos foram descobertas três proteínas humanas aproveitadas pela cepa H5N1 do vírus da doença.

Na pesquisa foram utilizadas moscas-

das-frutas geneticamente modificadas para se tornarem suscetíveis à IA, através de uma técnica especial que “desliga” os genes que produzem essas proteínas nos insetos. O resultado do estudo mostrou que os animais se tornaram imunes.

“Isso [a identificação dos genes] pode acelerar o desenvolvimento de novas classes de drogas (...), que serão necessá-rias com urgência frente aos obstáculos

para o desenvolvimento rápido de uma vacina efetiva contra a gripe pandêmica”, relatam os autores do estudo.

No mundo, apesar de ser um vírus essencialmente de aves, já foram detec-tados cerca de 500 casos de infecção em humanos pelo H5N1 com 243 mortes.

Mais informações:www.nature.com

FAO lança curso interativo para simulação da enfermidade

Da mesma forma que na Indonésia, a Influenza Aviária já está classificada no

Egito como uma endemia. Só que, aqui, o reconhecimento vem da própria autoridade sanitária egípcia.

Em meados de julho, em notificação com 199 páginas dedicadas à discriminação de um número infindável de focos da doença, técnicos do governo egípcio declararam à Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) ser improvável conseguir-se a erradicação ou o controle dos focos de IA existentes no país, razão porque a Influenza Aviária é, doravante, considerada uma doença endêmica no Egito.

Embora discrimine apenas casos ocorridos de fevereiro de 2006 para cá, o relatório é, pro-

vavelmente, o mais longo e detalhado já encami-nhado à OIE. Revela que, desde então, foram detectados no país 1.047 focos de Influenza Aviária ocasionados por vírus da cepa H5N1. Esses casos ocasionaram a morte de mais de um milhão de aves, enquanto outros 8,9 milhões sofreram sacrifício sanitário. Os casos descritos abrangem, praticamente, todo o país, mas a maior concentração vem sendo verificada na região do Rio Nilo e, mais especialmente, no Delta do Nilo.

Com a declaração de “doença endêmica”, o Egito se dispensa de enviar notificações semanais à OIE e, doravante, só emitirá infor-mativos sobre o assunto de seis em seis meses.

Mais informações: www.oie.int

enfermidade já se tornou endêmica no egito

Produção Animal | Avicultura 11

12 Produção Animal | Avicultura

Notícias

Sadia anuncia grande investimento no Mato Grosso

Com capacidade para abater 500 mil frangos por dia, produzir 80 mil

toneladas de ração e 150 milhões de ovos férteis por ano, além de silos de estocagem de grãos, o projeto de ex-pansão da Sadia em Campo Verde (MT), prevê investimentos de R$630 milhões.

A nova unidade de produção da empresa deve entrar em operação em 2010 e a estimativa é gerar uma receita adicional por ano à Sadia de R$ 780 milhões. Cerca de 60% da produção será destinada ao mercado externo e serão gerados 3,5 mil empregos diretos e 9.000 indiretos.

A Sadia já está presente em Campo Verde com um incubatório, granjas próprias, fábrica de ração e armazéns de grãos, que abastecem a planta de Várzea Grande. Uma unidade de gran-de porte também está sendo construída em Lucas do Rio Verde, que deve come-çar a operar até o final deste ano.

Gilberto To-mazoni, presi-dente da Sadia, comenta: “Esta-mos implemen-tando este ano um plano de investi-mento ambicioso e pretendemos seguir nesse mesmo caminho em 2009. Proje-tos como este de Campo Verde fazem parte da nossa estratégia de dobrar o tamanho da Sadia em cinco anos”.Capacitação em Pernambuco

A Sadia deu início na segunda quinze-na de julho às atividades de sua escola de capacitação profissional montada em Vi-tória de Santo Antão, PE, município que receberá a primeira fábrica da companhia na Região Nordeste. A escola, batizada de Saber Sadia, será responsável por capaci-tar a mão-de-obra da região, possibilitan-do o acesso da população às vagas que serão abertas com a chegada da Sadia e de outros novos empreendimentos.

Para a unidade da Sadia em Vitória de Santo Antão serão criadas 1.500 novas vagas e outros 4 mil empregos indiretos.

A escola funcionará na FAINTVISA (Faculdades Integradas de Vitória de San-to Antão), local cedido pela Prefeitura da cidade, parceira da Sadia na iniciativa. Para a formatação da estrutura e do con-teúdo do curso, a companhia contratou o Serviço Nacional de Aprendizagem Indus-trial (SENAI), que também será responsá-vel por ministrar as aulas.

A participação nos cursos é parte da se-leção para a nova unidade, que é feito dire-tamente pela Sadia, com o apoio de em-presas de recrutamento. A inscrição deve ser feita por meio do centro de recrutamen-to da empresa em Vitória de Santo Antão.

À esquerda o presidente da Sadia, Gilberto Tomazoni e

à direita o Governador do Estado, Blairo Maggi Div

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Aurora investe R$54 milhões para construir fábrica de rações em SC

Com previsão de conclusão para 2009, a Cooperativa Central Oeste

Catarinense (Coopercentral Aurora/Aurora Alimentos) está construindo no município de Cunha Porã, Santa Catari-

na, um complexo formado por silos e fábrica de rações em uma área de 120.000 metros quadrados.

Até o momento dois silos estão concluídos e o terceiro está executado

em 50%. A fábrica de ração está com 30% da obras finalizadas. A capacidade estática de armazenagem de milho será da ordem de 24.000 toneladas. A unida-de produzirá 80 toneladas por hora de peletizados para aves, o que correspon-derá a 40.000 toneladas por mês. O movimento econômico anual da nova fábrica será da ordem de R$ 110 mi-lhões de reais.

A nova fábrica é próxima da base produtiva de campo formada por mais de 1.400 avicultores, grande parte dos quais abastece a unidade de Maravilha, no mesmo Estado.

A empresa explica que as questões de logística determinaram a escolha de Cunha Porã para sediar a unidade. “O que vamos poupar com essa racionaliza-ção do transporte permite recuperar o investimentos entre oito e dez anos”, afirma a Aurora.Fábrica de rações vai ocupar área de 120 mil metros quadrados

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12 Produção Animal | Avicultura

Produção Animal | Avicultura 13

Faturamento da perdigão cresce mais de 80% no segundo trimestre

Segundo a assessoria de imprensa da empresa, no segundo trimestre deste ano a Perdigão teve um

faturamento bruto de R$ 3,3 bilhões, valor 81,2% superior ao obtido no mes-mo período de 2007. O crescimento se deve ao aumento de vendas tanto em volumes quanto em receitas nos mercados interno e externo. A estes fatores, somam-se ainda a consoli-dação dos resultados da aquisição da Eleva/ Cotochés e outras parcerias.

As exportações apresentaram elevação de 45,4% em volumes de carnes e 64% em receitas totais, atingindo R$ 1,3 bilhão. O cresci-mento da demanda internacional por proteína animal (aves e suínos) do Brasil sustentou o desempenho positivo no mercado externo, mes-mo diante da contínua apreciação do real em relação ao dólar e do aumento do preço das principais commodities verificado no trimestre.

No mercado interno, as receitas cresceram 93,9% em relação ao segundo trimestre do ano passado, somando R$ 1,99 bilhão. Em volu-mes, as vendas aumentaram 338,9% em lácteos e 30,5% em carnes.

Em maio, a Perdigão assumiu integralmente o ágio de R$ 1,5 bilhão (diferença entre o valor contá-bil e o valor de mercado), advindo das aquisições da Eleva, dos negó-cios de margarina e do controle da

Batávia, o que gerou um benefício fiscal de R$ 501,3 milhões. Este reconheci-mento proporcionou um efeito líquido negativo não recorrente, no trimestre, de R$ 984,3 milhões.

Entre abril e junho de 2008, a em-presa investiu R$ 225,5 milhões. Deste total, cerca de R$ 174,5 milhões foram direcionados às obras do complexo agroindustrial de Bom Conselho (PE).

Arantes conclui compra da Sertanejo Alimentos

Em negócio que atingiu R$ 94,8 milhões, a Arantes Alimentos, com sede em São

José do Rio Preto (SP), concluiu a compra da Sertanejo Alimentos.

A Sertanejo é uma indústria avícola do Estado de São Paulo composta por duas plan-tas de abate com capacidade para 200 mil aves por dia. O negócio consolida a Arantes Alimentos como uma das maiores produtoras de proteínas animais do Brasil.

Marco Garcia, Investor Relations Offi-cer da Arantes, explica: “A aquisição da Sertanejo está dentro de um contexto de sinergias comerciais e logísticas com os nossos produtos bovinos. Há também similaridades com os produtos dos frigorí-ficos Hans e Eder, tradicionais produtores de embutidos finos no Brasil, que também foram recentemente adquiridos pela Aran-tes Alimentos”.

14 Produção Animal | Avicultura

Notícias

de olho na bolsa, Frangos Canção se transforma em S.A.

De acordo com informações do Valor Online, a Frangos Canção, empresa

com sede em Maringá, região noroeste do Paraná, se tornou uma socieda-de anônima de capital fechado. O interesse dos sócios é prepará-la para a abertura de capital e lança-mento de ações em bolsas de valores.

Segundo o Diretor-Industrial e sócio-fundador da Canção, Cilio-mar Tortola, a empresa faturou R$150 milhões em 2007 e neste ano espera crescer 60%. “Chega-mos a um tamanho em que preci-samos ser uma S.A.”, comenta.

Com abate diário de 160 mil aves em uma unidade própria e outras 24 mil em planta arrendada, a Canção destina cerca de 60% de sua produção ao mercado externo. A expectativa para 2009 é elevar o

abate para 210 mil animais por dia.No Estado do PR, existem outras

sociedades anônimas que atuam no

mesmo setor, como a Avícola Felipe e a Diplomata, mas nenhuma delas com ações em bolsa.

Frangos Canção de Maringá (PR) deixou de ser uma empresa limitada

tyson Foods amplia investimentos na China

Dirigentes da Tyson Foods confir-maram na segunda quinzena de junho a existência de pro-

cesso de “due diligence” visando à aquisição de 60% do Grupo Xinchang, integração avícola vertical instalada nas proximidades da cidade de Qingdao,

província costeira de Shandong., a pouco mais de 500 quilômetros da capital chinesa, Pequim.

De acordo com Gary Mickelson, porta-voz da Tyson, o acordo preliminar foi assinado em junho passado e além de estar sujeito aos resultados da “due diligence”, depende da aprovação do governo local.

Se a operação for completada sem problemas, a Tyson se tornará sócia majoritária da quinta maior empresa produtora de frangos da China, com vendas anuais de US$289 milhões (2007). E já em agosto próximo a Xin-chang inaugura um novo abatedouro, com o qual sua capacidade de abate anual subirá para 125 milhões de cabeças.

Por seu turno, a Tyson está desen-volvendo o projeto de uma fábrica para o processamento e embalagem de carne de frango nas proximidades de Xangai. Com capacidade para proces-

sar 40 milhões de frangos anualmente, as novas instalações da Tyson irão aten-der, preponderantemente, o mercado do Delta do Rio Yangtze, onde está localizada Xangai, a maior cidade da China, com 17 milhões de habitantes.Lucro no segundo trimestre tem queda de 92%

Em julho, foram divulgados os resultados financeiros do segundo semestre de 2008 (para a empresa, terceiro trimestre, já que seu ano fiscal começa em outubro). A Tyson anun-ciou um lucro de US$9 milhões, o valor foi 92% inferior ao obtido no mesmo período do ano passado, de US$111 milhões.

A perda registrada se concentra exclusivamente no setor avícola, pois – conforme Richard L. Bond, presidente e diretor executivo da Tyson – as opera-ções com bovinos, suínos e alimentos industrializados foram lucrativas, “só o segmento aves apresentou prejuízo”.

14 Produção Animal | Avicultura

Produção Animal | Avicultura 15

Com o objetivo de me-lhorar a qualidade dos produtos de origem

animal produzidos no Brasil, o MAPA e outras entidades ligadas ao setor avícola têm trabalhado no Plano Nacio-nal de Controle de Resíduos e Contaminantes (PNCRC). Mais que isso, o trabalho conjunto permite ao País se adequar às regras internacio-nais de produção e comércio de carnes e derivados e assim expandir as exportações.

Neste sentido, a Coorde-nação de Controle de Resídu-os e Contaminantes (CCRC) do MAPA, após uma série de reuniões com as entidades que representam a avicultura no País, decidiu realizar um seminário para apresentar o PNCRC (veja box).

Análises do programaNo mês de abril deste

ano foram publicadas duas instruções normativas no Diário Oficial da União (DOU). Na primeira, IN nº9, foram divulgados os resulta-dos de 2007 do acompanha-mento dos PNCRC em Car-nes (bovina, suína, avícola e eqüina), Leite, Ovos, Mel e Pescado. Em aves e ovos, com mais de sete mil análi-ses concluídas, foram regis-tradas sete violações (ou

não-conformidades) em ve-rificações realizadas em aves para nicarbazina, sulfonami-das e metabólitos de nitrofu-ranos.

Já a IN nº 10, aprova os programas de controle de resí-duos e contaminantes em ovos, carne de aves e outros produtos de origem animal

para a realização de análises de 2008 nos laboratórios ofi-ciais credenciados pela Coor-denação Geral de Apoio Labo-ratorial da Secretaria de Defesa Agropecuária (CGAL/SDA).

Esta IN traz também a re-lação dos laboratórios inte-grantes do PNCRC: Laborató-rios Nacionais Agropecuários (LANAGRO) de Minas Gerais, Pernambuco, São Paulo e Rio Grande do Sul; Ladetec no RJ, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); LARP, da Esalq/Universidade São Paulo (USP); e, no setor privado, Analytical (RJ), Ga-leno (SP), Microbióticos (SP), Plantec (SP) e Tasqa (SP).

Avicultura aguarda ajustes para implementação total

15 Produção Animal | Avicultura

Com o propósito de reunir médicos veteri-nários, químicos e engenheiros de alimentos que trabalham no setor avícola para debater os programa de controle de resíduos e seus pro-cedimentos de análise, aconteceu no final de junho, na cidade de Campinas, SP, o Seminário de Resíduos e Contaminantes em carnes de aves e ovos.

O curso, que envolveu teoria e prática, con-tou com a presença de 50 participantes e o apoio da Associação Paulista de Avicultura, da União Brasileira de Avicultura (UBA) e da Ovos Brasil.

Ministrado por Leandro Feijó, o seminário abordou questões relacionadas ao monitora-mento dos alimentos, legislações referentes a resíduos e contaminantes no País e exterior, além da importância de antimicrobianos na saúde pública e considerações sobre nitrofura-nos em aves e ovos.

Profissionais do setor avícola participam de Seminário

pnCRCFiscalizaçãoFiscalização

Leandro Feijó

Atenção redobrada aos medicamentos veterinários que podem deixar resíduos no produto final

16 Produção Animal | Avicultura

Fiscalização

As análises dos produ-tos de origem animal le-vam em consideração as recomendações do Codex Alimentarius (órgão in-ternacional de regulariza-ção de alimentos), estabe-lecidas pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pela Organização Mun-dial de Saúde (OMS). Os estabelecimentos registra-dos no Serviço de Inspe-ção Federal (SIF) partici-pam semanalmente de sorteios para coleta de amostras que são exami-nadas de acordo com as normas do plano.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) estabelece o Li-mite Máximo de Resíduo (LMR), que representa as concentrações que se per-mite legalmente ou que se reconhece como ad-missível em um alimen-to. A inclusão de um me-dicamento na lista de LMRs deve levar em con-ta alguns critérios como: se o medicamento deixa resíduos, o potencial de toxicidade, os resíduos que podem constituir barreiras às exportações, aspectos farmacológicos, etc. Drogas veterinárias como aditivos e antibió-

ticos usados na avicultu-ra industrial, por exem-plo, podem levar à presença de resíduos no produto final (carne de frangos e os ovos).

PNCRC para ovosAinda em processo de

ampliação, o PNCRC para ovos aguarda a in-clusão de mais substân-cias para se equivaler aos padrões sanitários da União Européia e permi-tir que o alimento seja importado pelo bloco.

Leandro Feijó, Coor-denador do Controle de Resíduos e Contaminan-tes, explica: “O PNCRC/ovos ainda não está total-mente implementado, a IN nº 10 que aprova os programas de controle de resíduos deste ano faz ape-nas a análise de duas subs-tâncias: cloranfenicol e metabólitos de nitrofura-nos. A expectativa é que até o final do ano um nú-mero maior de substâncias possa ser reconhecido”. De acordo com Feijó, ou-tro requisito importante para exportar o produto é que o PNCRC seja capaz de rastrear toda a cadeia produtiva com a inspeção de resíduos na água, ração e tecidos dos animais. •

CUStOS dO pnCRC pOR AnO**

COMMODITIES Nº de amostras Valor Unitário (R$) Custo Estimado Final (R$)

BOVINO 12493 174,80 2.905.792,40

AVES 19370 167,40 3.248.242,00

EQUINO 2900 183,60 533.550,00

SUÍNO 3380 178,50 646.500,00

AQUICULTURA 7570 211,50 1.599.905,00

MEL 465 162,30 75.489,00

OVOS 2320 167,40 388.428,00

LEITE 2220 158,80 337.960,00

CUSTO TOTAL (R$) 9.735.866,40** Estimativa do MAPA

evolução do número de amostras pnCRC

Aves (2003 a 2007)

evolução do número de amostras pnCRCOvos (2005 a 2007)

Fonte: CCRC

Fonte: CCRC

Produção Animal | Avicultura 17

18 Produção Animal | Avicultura

Mercado Externo

Em 2005, o Brasil e a Tailândia venceram uma disputa con-tra a União Européia na Or-

ganização Mundial do Comércio (OMC). A briga era pela mudança da classificação tarifária do frango salgado pelo bloco que elevaria a sua taxa de importação de 15,4% para 75%. Os europeus criaram en-tão as cotas para evitar um excesso da oferta da carne de frango brasi-leira em seu mercado.

Após a “vitória”, os exportado-res brasileiros passaram a enfrentar um novo desafio. Para Christian Lo-hbauer, Diretor Executivo da ABEF, entidade que reúne os exportadores de frango do Brasil, é o caso de dizer “ganhamos, mas não levamos.”

Isto porque acreditou-se que o Certificado de Origem Especial seria suficiente para garantir a transpa-rência nas vendas para a União Eu-ropéia. Não foi o que ocorreu. Exis-tente na exportação de qualquer

produto, a função deste certificado é evidenciar

se o importador está

adquirindo a mercadoria dentro ou fora da cota disponível para o mes-mo. Além de o acordo ter sido assi-nado sem que a União Européia es-tivesse com a regulamentação

pronta, o bloco, ao contrário da so-licitação brasileira, foi muito liberal e concedeu licenças de importação para companhias com um histórico mínimo de compras. “Empresas que importavam em quantidades maio-res tiveram que comprar estes pa-péis (por cerca de 500 euros) para adquirir frango dentro da cota e desta forma os exportadores brasi-leiros se viram obrigados a dar des-contos no preço da tonelada”, ex-

plica Lohbauer.A ABEF estima que desde

julho de 2007, quando entrou

em vigor a cota, a receita obtida pelo Brasil com o mercado europeu foi reduzida em cerca de US$500 milhões devido ao comércio ilegal de licenças.

“Depois de cinco anos e muitos milhões gastos no contencioso com a União Européia, o beneficio ainda não veio. Não usufruímos in-tegralmente das vantagens das co-tas”, afirma Lohbauer.

A entidade ainda tomou conhe-cimento de companhias que possu-íam licenças e criaram empresas “laranjas” para adquirir carne de frango das brasileiras. “As ‘laranjas’ alegavam que haviam comprado um monte de papéis para poder ter acesso à importação, o que não era verdade, e exigiam um corte nos preços. Ainda temos notícias de empresas falidas que se reergueram às custas do mercado ilegal de li-cenças. A União Européia sabe que este mercado existe, mas não assu-me que pequenas fortunas foram criadas às custas disto”.Novo regime

Tentando reverter as perdas re-gistradas, e diante das dificuldades encontradas para resolver a questão com as indústrias brasileiras, a ABEF pediu a intervenção do governo fe-deral. Após algumas reuniões, a Câ-mara de Comércio Exterior (CAMEX) aprovou uma portaria que estabelece um regime de distribuição das cotas de exportação de carne de frango para a União Européia.

exportação de carne de frango: A questão das cotas da União européia

Mercado Externo

Christian Lohbauer:

Gastamos alguns milhões

de dólares no contencioso

com a União Européia e o

beneficio ainda não veio

18 Produção Animal | Avicultura

Novo regime de

distribuição das cotas

deve ser iniciado em

outubro

18 Produção Animal | Avicultura

Produção Animal | Avicultura 19

Cota de exportação de 170 mil

toneladas de frango salgado

para a União Européia passa a ser

distribuída pelo governo brasileiro

exportação de carne de frango: A questão das cotas da União européia

Christian explica: “Algumas em-presas argumentam que querem ter a liberdade de escolher seus compra-dores e vender pelo preço que quise-rem. Não conseguimos chegar a um consenso e por isso pedimos a ajuda federal. A partir de outubro, o novo regime de controle das cotas de peito salgado, frango cozido e peru tempe-rado passa pelo governo e é ele o res-ponsável por decidir qual volume caberá a cada empresa”.

A Camex é um órgão integrante do Conselho de Governo e coorde-na as políticas e atividades relativas ao comércio exterior de bens e servi-ços. É integrada pelo Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Co-mércio Exterior (que a preside), pe-los Ministros Chefe da Casa Civil, das Relações Exteriores, da Fazenda,

da Agricultura e do Planejamento.Para garantir o princípio da

não-discriminação, conforme acordo com a União Européia, 90% do volume será dividido en-tre as empresas exportadoras (com base no desempenho histórico de suas vendas à UE nos últimos três anos) e os restantes 10% ficam de reserva para a entrada de novos exportadores.

O governo e a ABEF estão no aguardo da resposta da UE a um co-municado com a proposta do novo regime.

O diretor da entidade, acredita que houve um desencontro de in-formações e até mesmo informa-ções erradas divulgadas pela grande imprensa na cobertura da questão das cotas da União Européia. Dian-

te disto, destacamos aqui, que a ABEF não detém o controle das co-tas. “A entidade não vai adminis-trar as cotas. Inclusive, o termo ad-ministrar não é correto. O que existe é um novo regime de distri-

buição das cotas sob a responsabili-dade federal. Além disso, o governo atuou como parceiro da ABEF, de-fendendo os interesses do setor ex-portador de frango”, afirma. •

HistóricoCOtAS* intROdUZidAS peLA UniÃO

eUROpÉiA pARA A iMpORtAÇÃO de CARneS AVÍCOLAS pARA O BRASiL

(MiL tOneLAdAS)

Frango salgado 170,807

Peito de peru 92,300

Frango cozido 73,000

* As importações excedentes às cotas sujeitam-se a

adicionais de 1.300 euros por tonelada (frango salgado)

e 1.025 euros por tonelada (peito de peru e frango

cozido), além do imposto de importação normal.

Fonte: ABEF

O sistema de cotas imposto pela União Européia em torno das exportações de frango salgado, frango cozido e peito de peru entrou em vigor em julho de 2007.

Ao firmar o acordo com o Brasil, a UE também estabeleceu limites para a importação dentro das tarifas aduaneiras em vigor. Assim, as importações de frango salgado com imposto de importa-ção de 15,4% estão limitadas a 264.245 toneladas, das quais 170.807 toneladas foram concedidas ao Brasil. Já para o peito de peru, a cota-limite (sujeita a um imposto de 8,5%) foi fixada 103.896 toneladas, sendo 92.300 toneladas para o Brasil. Por fim, estabeleceu-se para o frango cozido (imposto de 10,9%) uma cota de 230.453 toneladas distribuídas entre Brasil e Tailândia – esta ficando com pouco mais de 68% da cota (157.453 toneladas) e o Brasil com os (quase) 32% restantes (73.000 toneladas).

20 Produção Animal | Avicultura

Postura em Foco

Festa do Ovo

49ª

evento coroa 80 anos de Bastos e 100 anos da imigração japonesa

* Fotos Tetsuo Miyakubo

Postura em Foco

20 Produção Animal | Avicultura

Produção Animal | Avicultura 21

Modernização da UPD

de Bastos beneficia

avicultores da região

Bastos, a maior região produtora de ovos do Es-tado de São Paulo, que continua surpreendendo

pelos números (são quase 12 mi-lhões de ovos por dia), realizou entre os dias 17 e 20 de julho sua 49º Festa do Ovo. Fundada por imigrantes que chegaram do Ja-pão em junho de 1928, Bastos co-memora neste ano os 80 anos de sua fundação e também os 100 anos da imigração japonesa no Brasil. No entanto, em edições passadas, o evento, organizado pela prefeitura da cidade e pelo sindicato rural do município, ce-lebrava a parceria entre os dois países.

Fora os eventos tradicionais que compõem a Festa do Ovo (jor-nada técnica, encontro dos avicul-tores, feira de exposições agro-aví-cola, concurso de qualidade do ovo e shows populares), este ano os participantes presenciaram a inauguração das novas instalações e adequações da Unidade de Pes-quisa e Desenvolvimento de Bas-tos do Instituto Biológico (UPD de

Bastos). Veja a seguir mais informações sobre os even-tos citados.

Modernizada e preparada para a realização de diagnósticos com ele-vado padrão de qualidade, a UPD de Bastos foi entregue em uma cerimô-nia realizada no segundo dia do evento, com a presença do secretá-rio de Agricultura de São Paulo, João Sampaio.

O laboratório atende os avicul-tores da região com a prestação de assistência técnico-científica e higi-ênico-sanitária e agora está apto a ser credenciado pelo Ministério da

Agricultura para realizar exames de controle da laringotraqueíte (LTI) e salmonella sp.

A adequação foi realizada na es-trutura física do prédio onde estão instalados os laboratório de sorolo-gia, bacteriologia e nos setores ane-xos necessários, como recepção de amostras, lavagem de material, este-rilização e preparo de meios de cul-tura e soluções. A unidade recebeu também novos equipamentos para realização de técnicas laboratoriais.

O investimento de R$200.000,00 na modernização e adequação da UPD de Bastos foi efetivado através do programa “Risco Sanitário Zero” (do Governo do Estado de São Pau-lo), com o apoio da Prefeitura e do Sindicato Rural do município.

Laboratório Avícola

BASTOS E A PRODUÇÃO DE OVOS

A cidade possui a maior porcentagem de ♦ pessoas de origem asiática de São Paulo e a população total é de cerca de 20 mil habitantes

Conta com um jornal (Furusato) editado em ♦grafia japonesa

O plantel de aves destinadas à postura é de ♦17.680.039 cabeças

O município movimenta quase 7 mil sacos de 60 ♦kgs de milho por dia

São produzidos por dia 11.906.869 ovos ou ♦33.074 caixas de 30 dúzias

Fonte: Prefeitura de Bastos

Cerimônia de entrega das adequações. Agora, Laboratório pode ser credenciado para análises da LTI e salmonella sp

Abertura contou com

a presença de Natalino

Chagas, prefeito do

município, e João

Sampaio, Secretário de

Agricultura de SP

Produção Animal | Avicultura 21

22 Produção Animal | Avicultura

Postura em Foco

Para seguir com seu projeto de valo-rização do produto ovo, a OSCIP (Orga-nização da Socieda-de Civil de Interesse Público) Ovos Brasil contratou a empresa de pesquisa MKT-STAT para conhecer a situação atual da percepção dos con-sumidores, médicos e nutricionistas.

Os resultados da pesquisa qualitativa realizada en-tre abril e maio deste ano em Porto Alegre, São Paulo e Recife e as sugestões sobre como abordar os fatores negativos e promover os positivos foram apresentados pela consultora Claudia de San Juan.

A informação mais relevante le-vantada é: O consumidor não se sente totalmente tranqüilo para consumir ovos. “Donas e donos de casa de todas as classes sociais têm

insegurança em relação ao consu-mo do ovo: O ovo é bom ou é ruim? Estas dúvidas são resultado da cul-tura tradicional e regional, de lem-branças do consumo do ovo pelos pais e avós como alimento nutricio-nal e bom para a saúde e das infor-mações da década de 60, quando o ovo foi considerado o vilão dos pro-blemas coronarianos”, afirma a pesquisa.

A surpresa fica por conta da classe médica, que de modo geral acredita que o ovo é rico em prote-ínas e colesterol e por isso deve ser consumido com moderação por toda a população.

Nutricionistas têm um melhor conhecimento em relação às pro-priedades gerais do ovo, porém ainda incompleta. Sabem que o alimento tem uma composição protéica de altíssima qualidade, com nutrientes como ferro, vita-minas lipossolúveis e gorduras, porém limitam o seu consumo para estimular a diversidade na alimentação.

Já cardiologistas, endocrinolo-gistas e outros demonstraram grandes reservas ao consumo do ovo. Estes profissionais defendem que o alimento é muito calórico e, portanto, deve ser sempre con-sumido com moderação.

31ª Jornada técnica

Parte qualitativa do projeto da Ovos Brasil foi finalizada

Para Ivan Lee, médico veterinário e Diretor de Marketing da BioCamp La-boratórios, os países que al-cançaram um nível satisfató-rio de controle da Salmonella se valeram de forte monito-ria, biosseguridade e probió-ticos de exclusão competiti-va. “Para o Brasil, a sugestão é a formação de barreiras que dificultem a presença da bactéria nos aviários, come-çando pelo recebimento de pintainhas livres da doença, além de outras ferramentas”, afirma.

De acordo com Lee, é preci-so compreender a importância do controle e prevenção da Sal-monella e conscientizar os avi-cultores de que o uso indiscri-minado de antibióticos não resolve o problema da salmo-nela e ainda dificulta a adoção de ferramentas adequadas. “A empresa competitiva atende a demanda do consumidor por alimento seguro com preço competitivo e alcança outras oportunidades de negócios, como o setor de carnes que já exportou mais de 30% do total produzido”, completa.

Controle satisfatório e eficiente da salmonela

Ivan Lee:

Pintainhas livres da

doença é essencial

Claudia Juan:

Combater fonte

das informações

erradas

COnCLUSÕeS MKt-StAt

Ovo in natura necessita √de melhor conhecimento

pelo consumidor e pelos

formadores de opinião

O mercado de ovos sofre hoje √as conseqüências de idéias

errôneas “plantadas” há

décadas

Deve-se trabalhar na formação √dos futuros consumidores e

formadores de opinião

Ações de marketing com foco √no consumidor devem se

concentrar na divulgação do

que realmente é verdade e o

que é “achismo”

Produção Animal | Avicultura 23

Nova legislação para vacinação

da laringotraqueíte

Lúcio Oliveira Leite, diretor do Centro de Defesa de Sanidade Animal (CEDESA), da Coordenadoria de Defesa Agropecuária, revelou que dentro algum tempo a vacina-ção para laringotraquíte (LTI) poderá ser re-tirada do Bolsão de Bastos. “Estamos insta-lando medidas para retirá-la e as propriedades que se adequarem poderão pleitear junto ao CEDESA o fim da vacina-ção em suas granjas. A autorização vai de-pender das medidas de biossegurança e do manejo.”

A LTI é uma doença respiratória que ocor-re principalmente em galinhas de postura e foi registrada pela primeira vez em Bastos e no Brasil em 2003. Desde então, a vacinação é obrigatória no Bolsão de Bastos.

O diretor afirma que uma nova legisla-

ção deve ser publi-cada no médio pra-zo com instruções para a possível reti-rada da vacinação. Ele acredita que a medida é válida já que desde 2004 não é registrado ne-nhum caso clínico da doença na região. Já foram realizados 3 inquéritos sorológicos e nenhum apontou focos da LTI.

A vacina utilizada para laringotraquíte foi especialmente desenvolvida para a re-gião de Bastos e é produzida no exterior. O serviço oficial controla a vacina e a vacina-ção, mas a comercialização fica por conta do laboratório de Bastos. •

Pela terceira vez consecutiva, a Granja Mizohata, com poedeiras da linhagem Dekalb, foi a vencedora da categoria ovos brancos do Concurso de Qualidade do Ovo realizado na Festa do Ovo de Bastos, entre os dias 17 e 20 de julho. Na categoria ovos vermelhos a vence-dora foi a Granja Ono, com a linhagem Lohmann Brown.

Os ovos, que devem ter mais de 60 gramas, foram julgados e analisados sob os aspectos externos, internos e de espessura da casca. A seleção é ampla, até chegar às dez melhores amostras de cada categoria.

O corpo de juízes é formado por dez profissionais ligados à avicultura de postura. São médicos veteriná-rios, pesquisadores, zootecnistas e representantes de empresas ligadas ao setor.

Este ano, os responsáveis pelo julgamento foram: Ademir Moreira (Granja Planalto), Carla Pizzolante (Apta - Pólo Centro Oeste), Júnior Sazaka (Uniquímica), Rafael Kuiavisk (Interaves), Elizabete Guastalli (Apta - Caapta - IB-SAA), José Roberno Medina Garcia (Multimix), Marce-lo Checco (Hy-Line do Brasil), Mário Nihei (Granja Kuni-tomo), Sérgio Abe (Amicil) e Ricardo Ito (Nutron). Já o presidente da comissão organizadora foi Dante Miyakubo.

31ª Jornada técnica

Granjas Mizohata e Ono são as campeãs do Concurso de Qualidade do Ovo

Ovos Brancos

Ovos Vermelhos

Lucio Leite:

Vacinação poderá

ser retirada no

médio prazo

1º Lugar Granja Mizohata (Dekalb)

2º Lugar Granja Ono (Hisex)

3º Lugar Granja Yorozuya (Lohmann LSL)

4º Lugar Granja Nakanishi (Hisex)

5º Lugar Granja Hirai (Hisex)

1º Lugar Granja Ono (Lohmann Brown)

2º Lugar Granja Katsuhide Maki (Isa Brown)

3º Lugar Granja Eiji Miyakubo (Hisex Brown)

4º Lugar Granja Yorosuya (Hy-Line Brown)

5º Lugar Granja Mizohata (Dekalb Brown)

Menção Honrosa

Granja Nelson Higashi (Dekalb Brown)

24 Produção Animal | Avicultura

AviGuia: produtos, serviços e empesas

Sempre participando das atividades da Big Frango, o Laboratório Biovet esteve

presente em mais um encontro promovido por esta empresa para reforçar práticas rotineiras de sanidade.

Para Paulo Roberto P. Zacouteguy, Su-pervisor de Sanidade da Big Frango, o even-to é uma oportunidade para reforçar a im-portância de atividades aparentemente simples. “Palestras como a oferecida pelo Biovet evitam que alguns cuidados caiam na rotina, demonstrando a importância de cada detalhe quando o assunto é sanidade. Desta forma devemos manter vigilância constante em tudo”, afirma.

Em comunicado à imprensa, divul-gado em julho, a Cobb-Vantress e

a Hendrix Genetics concretizaram um acordo de compra e venda. O termo assinado entre duas empresas informa que a Cobb adquiriu a divisão de matrizes de corte da Hendrix, a Hybro.

O acordo envolve ainda os res-pectivos Departamentos de Pesquisa & Desenvolvimento das empresas na área de genética animal. Com a parceria, as linhas genéticas e as instalações da Hybro passam a fazer parte da Cobb.

O Presidente da Cobb, Jerry Moye, comenta: “Uma vez iniciadas as discussões tornou-se evidente que compartilhamos de visões e estraté-gias bastante semelhantes, e perce-bemos, assim, que essa parceria se formará naturalmente”.

Thijs Hendrix, Presidente da Hendrix Genetics, acrescenta: “Atra-vés desta parceria, estamos pisando em novas terras. Juntos criaremos uma nova plataforma, com amplos horizontes nas áreas de criação ani-mal e zootecnia.”

Cobb-Vantress fecha acordo com Hendrix Genetics

Com uma nova estratégia de ação, a Unida-de de Aves e Suínos da Bayer HealthCare

dividiu seus representantes técnicos de vendas para melhor atender as necessidades dos clientes.

Humberto Bussada, novo médico veterinário contratado, é responsável pelas regiões do Triângulo Mineiro, Mato Grosso, Distrito Federal e Goiás. Formado pela Universidade Federal de Uberlândia, Bussada trabalhou quatro anos na unidade de avicultura da Sadia.

Já Lauri Morgan, que antes era representan-

te técnico de vendas, está com uma nova fun-ção e assumiu a coordenação técnica de biosse-gurança da empresa.

O gerente da Unidade de Aves e Suínos, Rogério Petri, explica: “Após quase dez anos de trabalho e know-how adquirido na área de bios-segurança junto aos nossos clientes, e aliado ao fato de estarmos ampliando nossa linha com a inclusão de produtos para a higienização am-biental, vimos a necessidade de renovar nosso trabalho para melhoria constante de nossa pres-tação de serviço”.

Mudanças na equipe da Bayer Aves e Suínos

Humberto Bussada

Big Frango e Biovet colocam sanidade em primeiro lugar

24 Produção Animal | Avicultura

Jerry Moye da Cobb-Vantress e

Thijs Hendrix da Hendrix Genetics

Produção Animal | Avicultura 25

Trinta e oito empresas estiveram presentes na exposição agro-avícola que aconteceu durante a 49ª Festa do Ovo

de Bastos. Muitas delas aproveitaram para homenagear os japoneses pelo centenário da imigração no Brasil em seus

estandes. Os expositores levaram sua equipe de profissionais para recepcionar avicultores e visitantes da feira. Além disso, a participação das empresas no evento cumpre o papel de contribuir para o crescimento da avicultura no País.

em Bastos, empresas destacam centenário da imigração japonesa

A DES-VET patrocinou de forma exclusiva o coquetel de abertura no primeiro dia do evento. A empresa também contou com um estande e exibiu um filme institucional no espaço

Visitante pôde conhecer o portfólio da Fort Dodge no estande da empresa, que estava representada pelo seu corpo técnico e comercial, além dos distribuidores locais

A equipe da Hy-Line esteve reunida no evento e recebeu em seu estande os proprietários das Granjas Ono e Yorozuya, premiadas no Concurso de Qualidade do Ovo

Comercializada com exclusividade pela Granja Planalto, a poedeira da linhagem Dekalb White venceu pela terceira vez consecutiva o Concurso de Qualidade na categoria ovos brancos

Quem passou pelo estande do Biovet pôde conferir detalhes sobre o ramo de atuação da empresa e seu amplo leque de produtos e serviços

Também presente no evento, os profissionais da Merial receberam os participantes da feira com um estande comemorativo em homenagem ao centenário da imigração japonesa no País

26 Produção Animal | Avicultura

Ciência Avícola

Autores: Daise Aparecida Rossi, Marcelo Emilio Beletti, Belchiolina Beatriz Fonseca e Paulo Lourenço da Silva

introduçãoNa cadeia produtiva de frangos, alguns microrga-

nismos são rotineiramente mais diagnosticados e estu-dados e entre eles, há destaque para Salmonella, Yersi-nia, Escherichia coli e Pasteurella. Porém, outros aparecem como bactérias emergen-tes ou reemergentes e de grande im-portância, dentre as quais se desta-cam as do gênero Campylobacter.

Campylobacter sp é a primeira causa de gastroenterite em humanos nos Estados Unidos e em outros países desenvolvidos (FRIEDMAN et al., 2000) e o trato intestinal das aves do-mésticas tem sido apontado como o principal reservatório de Campylobac-ter jejuni (MACHADO et al., 1994). Além da gastroenterite, Campylobac-ter jejuni é capaz de causar uma grave doença, a síndrome de Guillain-Barré, uma perturbação que resulta numa pa-ralisia neuromuscular aguda. Calcula-se que essa compli-cação ocorra aproximadamente uma vez em cada 1000 casos de campilobacteriose (ALTEKRUSE et al., 1999).

Nos últimos anos, várias pesquisas sobre a epidemio-logia da campilobacteriose em humanos vêm sendo rea-lizadas em países da União Européia e nos Estados Uni-dos. Outros lugares menos desenvolvidos como China,

México, Chile, Guatemala, Peru, Singapura, Libéria, África do Sul e Bangladesh (SHANE, 2002), também têm pesquisado a doença, mas ainda não criaram uma tradi-ção de diagnósticos. Estudos sobre isolamento de Cam-pylobacter sp em frangos são numerosos nos países de-senvolvidos, tanto no pré-abate como nos abatedouros. Em reprodutoras de postura ou pesadas, a prevalência do agente também é estudada, mas em menor número

que em frangos. A epidemiologia da doença, porém, ainda não está total-mente desvendada e a transmissão vertical ainda é conteúdo divergente e de grande discussão entre autores do mundo inteiro.

A comprovação da transmissão vertical não foi realizada de forma de-finitiva por nenhum pesquisador através do isolamento da bactéria em embriões ou pintos de um dia. Os poucos relatos de positividade foram realizados por PCR (Reação da Poli-

merase em Cadeia) direta e, nestes estudos, não houve comprovação da relação epidemiológica entre as cepas de reprodutoras e progênie. Assim, toda e qualquer defe-sa da probabilidade da transmissão vertical se baseia em achados não definitivos de alguns pesquisadores.Material e Métodos

Local e amostragemA coleta das amostras foi realizada em animais em

idade reprodutiva alojados na propriedade de uma em-

transmissão vertical de Campyl obacter sp em um sistema de produção avícola

A epidemiologia

da doença não

está totalmente

desvendada e a

transmissão vertical

ainda gera discussões

A importância da Campylo-bacter sp para a saúde pública é notável no mundo todo e os trabalhos já realizados e em desenvolvimento no Laborató-rio de Biotecnologia Animal e Centro de Microscopia Eletrô-nica da Universidade Federal

de Uberlândia tem contribuído para dados estatísticos e desco-bertas dessa doença principal-mente em produtos de origem avícola, que são os principais re-servatórios da bactéria. Tais es-tudos têm como objetivos prin-cipais um melhor entendimento

da infecção que essa bactéria causa nas aves, sua epidemio-logia, patogenia e transmissão vertical. Destas pesquisas, uma dissertação de monografia foi concluída, além de outros tra-balhos publicados em revistas científicas.

O texto abaixo foi enviado por Belchiolina Beatriz Fonseca, doutoranda do programa de Imunologia e Parasitologia Aplicadas da Universidade Federal de Uberlândia e pesquisadora discente da FAPEMIG (Fundação de Amparo a Pesquisa de Minas Gerais):

Campylobacter sp: uma bactéria importante para a saúde pública, mas ainda pouco estudada

26 Produção Animal | Avicultura

Beatriz Fonseca

Produção Animal | Avicultura 27

transmissão vertical de Campyl obacter sp em um sistema de produção avícola

Nos lotes de

matrizes foram

coletadas amostras

cloacais e de

órgãos das aves

presa avícola localizada na região do Triângulo Minei-ro, no período de março a outubro de 2005. Todo o ci-clo de cria e produção foi realizada na mesma fazenda, com aves alojadas com um dia de idade e transferidas para aviários de produção com 22 semanas. As aves eram provenientes de lotes de avós de produção comer-cial sem informação sobre a prevalência de Campylo-bacter sp. No experimento, foram utilizados 3 lotes de matrizes de corte, alojados em núcleos diferentes. Esses lotes (A, B e C) eram da mesma linhagem, mas possuí-am origens diferentes e foram alojados em locais dis-tintos. As idades das aves no início dos estudos eram 55, 49 e 42 semanas, respectivamente, para os lotes A, B e C. O experimento foi conduzido até o descarte dos lotes (69 semanas).estudo

Campylobacter sp nos lotes de matrizesForam coletadas para análise da presença/ausência

de Campylobacter sp, amostras cloacais e de órgãos das aves. Com o auxílio de suabe estéril, foram coletados nos lotes A e B, amostras cloacais individuais de 279 aves. Dessas, 141 foram provenientes do lote A e 138 do B.

Todas elas foram previamente identificadas com uma anilha numerada na região da asa. No lote C, foram coletas 11 amostras provenientes de 33 aves (pool de 3 animais) não identificadas. Após coleta, as suabes foram adicionados a 10mL de água peptonada tamponada es-téril (APT), acondicionadas em caixa isotérmica conten-do gelo e transportados ao laboratório para análise.

As aves positivas no suabe cloacal dos lo-tes A e B foram se-paradas em baias e as do lote C fo-ram soltas no aviário.

Para coleta de órgãos, ma-trizes positivas em suabe cloacal foram sacrificadas no dia do descarte (69 semanas de ida-de) por rompimento da medula na região cer-vical. Foram assepticamen-te colhidas um total de 33 amostras, (11 de ovário e ovidu-to, 11 de fígado, baço e coração 11 de intestino). Dessas 11 amostras, 6 eram provenientes de aves do lote A e 5 do lote B. Cada amostra foi composta de um pool de 3 aves. No lote C, não foi realizada coleta de ór-gãos para análise.

Amostras ambientaisForam coletadas 10 amostras ambientais nos lotes A

e B. As coletas foram realizadas por meio de 2 e 4 sua-

Atualmente, uma grande pes-quisa experimental e de campo vem sendo conduzida sobre transmissão vertical financiada pela FAPEMIG e os resultados já obtidos serão de in-teresse para a sociedade científica e para aplicação técnica, já que esse tema ainda é objeto de discussão por autores de todo o mundo. Ou-tro trabalho em andamento é sobre a patogenia da campilobacteriose nas aves que fomenta verificar se

essas são apenas um reservatório ou se essa bactéria pode causar danos à saúde avícola. Estudos paralelos também existem sobre a transmis-são da bactéria em produtos de ori-gem aviária e seu impacto na saúde pública que já gerou um prêmio em evento científico latino americano para os pesquisadores. Outros tra-balhos serão iniciados a partir de agosto sobre a epidemiologia da Campylobacter também na cadeia

de produção de suínos.Para o setor da avicultura as pes-

quisas conduzidas têm importância ímpar para o melhor entendimento da Campylobacter sp. Além de for-necer dados técnico-científicos que auxiliam no entendimento, preven-ção e controle dos plantéis avícolas também coloca o país em destaque pelos achados e estudos de ponta já desenvolvidos e em fase de experi-mentação.

Campylobacter sp: uma bactéria importante para a saúde pública, mas ainda pouco estudada

Produção Animal | Avicultura 27

28 Produção Animal | Avicultura

Ciência Avícola

bes de arrasto da cama nos lotes A e B, respectivamen-te, e 2 nos ninhos de cada um deles. As amostras foram adicionadas a 50mL de APT, acondicionadas em caixa isotérmica com gelo e transportadas ao laboratório para análises. No lote C, não foram coletadas amostras ambientais.estudo da transmissibilidade para a progênie

Ovos na granjaA cada 15 dias, os ovos das aves positivas para Cam-

pylobacter sp dos lotes A e B em suabes cloacais foram coletados totalizando 366 para análise. Destes, 234 fo-ram submetidos ao processo de fumigação (12 g/m3 de

paraformoldeído) e 132 anali-sados sem nenhum tratamen-to. De cada um dos lotes A (126 e 69) e B (108 e 63) foram utilizados 195 e 171 ovos, res-pectivamente, divididos em não fumigados e fumigados. A presença ou ausência de Cam-pylobacter sp foi pesquisada na casca e na gema. No labo-ratório os ovos foram quebra-dos e separadas as cascas e as gemas que individualmente foram transferidas para sacos estéreis contendo 50mL de APT. Cada amostra foi com-posta por um pool de 3 ovos. No lote C, não foram colhidas amostras de ovos.

Pesquisa em pintainhos e resíduos de incubatório – lote A e B

Outros 202 ovos (99 do lote A e 103 do lote B) foram

coletados e enviados ao incubatório. Esses ovos não fumigados foram incubados após estocagem média de 5 dias. Com 10 dias de incubação, houve a retira-da de 36 ovos (18 do lote A e 18 do lote B) inférteis que foram enviados ao laboratório. Cada amostra foi

composta de 3 ovos e foram analisados macerados de casca e gema.

Dos 121 pintainhos eclodidos (55 do lote A e 66 do lote B), foram coletadas amostras de mecônio adiciona-do a 10mL de caldo Bolton. Além do mecônio, 45 ovos não eclodidos (25 do lote A 20 do lote B) foram enviados inteiros ao laboratório para análise microbiológica.

Após a retirada do mecônio, os pintainhos foram sacrificados e deles retiradas 36 amostras (pool de 3 aves) para coleta de órgãos.

As amostras consistiam de coração, baço e fígado (análise 1) e intestino (análise 2), perfazendo um total de 16 amostras do lote A e 20 do lote B. Estas amostras foram adicionadas a 50mL de APT e enviadas para análise.

Pesquisa em pintainhos – lote CNo mesmo dia da coleta de suabe cloacal nas repro-

dutoras, foi coletado mecônio de 30 pintainhos (pool de 3 aves). Essas amostras foram adicionadas a 10 mL de APT e enviadas imediatamente para análise.Resultados e discussão

Campylobacter sp em matrizes – lotes A, B e CA positividade para Campylobacter sp utilizando o

método tradicional de cultivo foi de 14,18% (20/141), 13,77% (19/138) e 54,54% (6/11) nas aves provenientes dos lotes A B e C, respectivamente. Esses achados são inferiores aos de Kazwala et al. (1990) que encontraram uma prevalência de 80% e de Buhr (2002) que encon-trou de 90% a 100% de positividade em lotes de matri-zes. Os resultados do lote C, com os quais se utilizou o Sistema BAX®, mostraram uma maior positividade (54,54%), mas ainda inferior aos observados pelos ou-tros pesquisadores. Fernandez et al. (1993), estudando a freqüência de isolamento de Campylobacter sp em gali-nhas domésticas, poedeiras e livres de patógenos especí-ficos (LPE) encontraram percentagens de 66,7%, 29,4% e 7,3% respectivamente, concluindo que à medida em que as condições de manejo são melhoradas, a prevalên-cia diminui. Assim, é provável que o índice de isolamen-to inferior observado nesse estudo seja pelas excelentes condições de manejo sanitário empregados na granja de que os animais desse estudo eram provenientes.

POSITIVIDADE PARA CAMPYLOBACTER SP EM AMOSTRAS PROVENIENTES DE MATRIZES

AMOSTRAS LOTE A LOTE B LOTE C

% +/n % +/n % +/n

suabe cloacal 14,18 20/141 13,77 19/138 54,54 6/11*

suabe cloacal 50 1/2 100 4/4 NR NR

suabe de ninho 50 1/2 0 0/2 NR NR

ovário e oviduto 0 0/6* 0 0/5 NR NR

fígado, baço e coração 0 0/6 * 0 0/5 NR NR

intestinos 50 3/6 * 0 0/5 NR NR

* pool de 3 aves; NR – não realizado; + amostras positivas ; n – número de amostras coletadas

Produção Animal | Avicultura 29

Nas amostras dos órgãos internos (ovários, ovidutos, fígados, baços e corações) coletados das aves dos lotes A e B, não houve isolamento da bactéria. Esses resultados diferem daqueles encontrados por Camarda et al. (2000) e Di Modugno (1997) que encontraram positividade no trato reprodutivo. Buhr também encontrou um alto ín-dice de positividade em ovário e oviduto. Os índices de positividade foram de 58,33%, 33,33% e 16,66% respec-tivamente em útero, magno e istmo.

Campylobacter sp não foi isolada de intestinos de animais provenientes do lote B, porém no lote A, 50% (3/6) das amostras foram positivas. Era esperada uma positividade maior nas amostras de intestinos devido os resultados obtidos no suabe cloacal. Provavelmente, há uma ciclicidade na excreção dessa bactéria, porém, o pouco conhecimento sobre a epidemiologia da Cam-pylobacter sp e a coleta aleatória das amostras no lote dificultam o entendimento desses resultados.

Nas amostras ambientais provenientes do lote A, a positividade foi de 50% (1/2) nas amostras de cama e ninho. No lote B, houve 100% de positividade em amostras de cama (4/4) e todas foram negativas naque-las de ninho (0/2). Franchin et al. (2005) encontraram 37,5% de positividade em lotes de frango, mas não fo-ram encontrados relatos de estudos em camas de repro-dutoras. A alta prevalência de Campylobacter SP nos lotes, segundo Berndtson et al. (1996), é maior em ca-mas úmidas devido provavelmente, a sua sensibilidade à desidratação. Nos lotes A e B, as camas estavam rela-tivamente secas e sem cheiro característico de amônia. A menor positividade nos ninhos pode ser conseqüên-cia do ambiente com menor quantidade de matéria or-gânica e do uso de paraformaldeido a cada 45 dias.

Campylobacter sp na progênieOs resultados obtidos nesse estudo não consegui-

ram demonstrar a presença de Campylobacter sp nos macerados de casca. Esperava-se que matrizes positivas

em suabe cloacal tives-sem ovos positivos ao menos em macerado de casca de ovos não desin-fetados. Esse resultado difere dos achados de Doyle (1984) e Shanker et al. (1986) que detecta-ram 0,8% e 1% de positi-vidade, respectivamente, em casca de ovos de ma-trizes positivas para Campylobacter jejuni. Neill et al. (1985) encon-traram a bactéria na cas-ca de ovos, mas restrita à membrana da casca. Nes-se estudo, a negatividade na casca dos ovos deve-se provavelmente à des-secação, pois a Campylo-bacter sp é muito sensível à desidratação e condições atmosféricas (EVANS,1997).

Nenhuma positividade foi encontrada nas gemas dos ovos pesquisados. Doyle (1984) não encontrou a bactéria no conteúdo interno dos ovos, mesmo após terem permanecido em contato com cultura de Cam-pylobacter sp em três temperaturas diferentes. Também Baker (1987); Rabie (1992); Zaki e Reda (1995); Sahin et al. (2003) não encontraram nenhuma positividade Campylobacter em gema de ovos.

Não houve positividade em amostras de mecônio oriundas dos lotes positivos pelo método de cultura tradicional. Porém, com o uso do PCR a positividade foi de 80%. Hiett (2002) também não encontrou po-sitividade em penugem e casca de ovos de ambiente no incubatório, utilizando técnica de cultivo tradi-cional.

Todavia, quando utilizou PCR direto encontrou positividade de 100% e 70% para amostras de penu-gem e casca de ovos, respectivamente. É possível que injúria por condições adversas torne as células de Campylobacter sp em formas VNC, fazendo com que a detecção da bactéria só seja possível por técnicas moleculares.

Na literatura, não há descrição de qualquer autor que conseguisse isolar Campylobacter sp em amostras

Os resultados da pesquisa pelo método

tradicional não acusou a presença de

Campylobacter sp. Já com o uso de

PCR a positividade foi de 80%

CAMPYLOBACTER SP

Em animais, as manifestações clínicas ocorrem em menor número, e quando aparecem, os mais envol-vidos são jovens

Muitos deles como frangos, suínos, carneiros, bovi-nos, cães e gatos possuem Campylobacter sp nos tratos gastrointestinais, sem apresentar qualquer sintoma

A doença pode ser considerada enzoótica, causan-do infecção crônica em frangos e suínos e enterite em bovinos, cães e gatos

Apesar de o trato intestinal das aves domésticas ser apontado como o principal reservatório de Cam-pylobacter jejuni, normalmente, em frangos, o organismo é apatogênico

30 Produção Animal | Avicultura

Ciência Avícola

de mecônio. Os resultados positivos encontrados nesse estudo são importantes achados, considerando que a presença em mecônio é um indício da transmissão vertical.

A positividade do mecônio com o uso de PCR aliada à negatividade pelo método de cultura tradicional, pode indicar a presença de um número de células do agente abaixo do nível de detecção do método de culti-vo tradicional ou que as bactérias estivessem em forma não cultivável. A Campylobacter sp, quando em condi-ções de injúria como deficiência nutritiva ou pH ácido, sofre alterações morfológicas, passando da forma origi-nal de espiroqueta móvel para cocóide. Essas formas não são cultiváveis em meios de cultura, porém, são infectivas (MORENO et al., 2001).

Campylobacter sp não foi isolada em órgãos de pin-tainhos provenientes dos lotes A e B com uso da meto-

dologia tradicional. A negatividade para Campylobac-ter sp em pintos de 1 dia também foi demonstrada por Jacobs-Reistman (1995), Evans (2000), Newell et al. (2000) e Shreeve et al. (2000).

Amostras de ambiente de incubatório, ovos infér-teis e ovos não eclodidos foram negativas para Cam-pylobacter sp em método tradicional de cultivo. Rabie (1992); Zaki e Reda (1995) também não encontraram positividade em ovos inférteis. Porém, Zaki e Redá (1995), após inoculação, encontraram 0,72% de positi-vidade em embriões com mortalidade embrionária ini-cial, 1,85% em embriões com mortalidade embrionária tardia e 2,15% em embriões que bicaram os ovos, mas não conseguiram eclodir.

Os resultados positivos obtidos nas amostras prove-nientes dos lotes da progênie podem ser visualizados na tabela abaixo.

POSITIVIDADE PARA CAMPYLOBACTER SP EM AMOSTRAS PROVENIENTES DE MATRIZES

AMOSTRASLOTE A LOTE B LOTE C

% +/n % +/n % +/n

Macerado de casca (ovos desinfetados)

0 0/42* 0 0/36* NR NR

Macerado de casca (ovos não desinfetados)

0 0/23* 0 0/21* NR NR

Conteúdo interno (ovos desinfetados)

0 0/42 * 0 0/36 * NR NR

Conteúdo interno (ovos não desinfetados)

0 0/23* 0 0/21* NR NR

Macerado de ovos inférteis 0 0/6* 0 0/6* NR NR

Conteúdo interno de ovos inférteis

0 0/6* 0 0/6* NR NR

Suabe de mecônio 0 0/55 0 0/66 80 8/10*

Ovos não eclodidos 0 0/25 0 0/20 NR NR

Coração, Baço e Fígado dos pintainhos

0 0/16* 0 0/16* NR

Intestino de Pintainhos 0 0/16 0 0/16 NR NR

Ambiente Nascedouro 0 0/6 0 0/7 NR NR

* pool de 3; NR – não realizado; + amostras positivas; n – número de amostras coletadas

ConclusãoOs resultados desse estudo demonstram negativida-

de de Campylobacter sp em materiais de pintainhos de um dia pelo método de cultura tradicional. Mas parale-lamente, apontam positividade em mecônio de pintai-

nhos dessa mesma idade, pelo método de PCR automa-tizado BAX®, despertando a necessidade de outras pesquisas que utilizem métodos de genética molecular para análise da transmissão vertical desse agente em lo-tes de frango. •

Produção Animal | Avicultura 31

S empre propiciando novas respostas a antigos desa-fios da avicultura, técnicos da Universidade da Geor-gia (UGA) divulgaram recentemente os resultados

de dois novos trabalhos realizados em seus laboratórios (Athens, Geórgia, EUA). Em um deles, a autora principal do estudo (a brasileira Adriana Pedroso) demonstra que a co-lonização intestinal das aves pelas bactérias é anterior à própria eclosão do ovo. O segundo trabalho trata do de-senvolvimento de uma nova tecnologia de descontamina-ção de alimentos que supera o tradicional banho de cloro e é aplicável, por exemplo, nos abatedouros avícolas.

Mais informações: http://www.ovpr.uga.edu/.

Bactérias intestinais vêm com o ovoO conceito de que as aves obtêm no meio ambiente

as bactérias de que necessitam para desenvolver um sis-tema intestinal saudável pode ter ido por água abaixo. De acordo com um estudo desenvolvido na UGA, as aves, na realidade, nascem com essas bactérias.

Segundo a própria Universidade, ao divulgar os resul-tados do trabalho no 18º Encontro Geral da Sociedade Americana de Microbiologia, realizado na primeira sema-na de julho em Boston, EUA, a autora principal da pesqui-sa, Adriana Pedroso (do Departamento de Saúde Popula-cional) afirmou que o achado pode ter importantes implicações na indústria avícola e na segurança alimen-tar: “Compreender a ecologia microbiana da ave ainda em desenvolvimento é o primeiro passo em direção à pro-dução avícola mais saudável e sem antibióticos” afirmou Pedroso, pesquisadora que faz pós-doutorado na Faculda-de de Medicina Veterinária da Universidade da Geórgia e é zootecnista brasileira, formada pela UNESP (1996).

Na pesquisa, Adriana Pedroso e colaboradores mergulharam ovos em fase de incubação numa

solução de hipoclorito de sódio, após o que extraíram os embri-ões utilizando instrumentos e material esterilizado. A análise do DNA dos embriões revelou a presença, nos intestinos, de uma comunidade diversificada de bactérias. Os pesquisadores su-gerem que as bactérias penetra-ram na casca do ovo e atravessaram a clara, após o que foram ingeridas pelos embriões em desenvolvimento.

Co-autores do estudo, os professores John Maurer e Margie Lee afirmaram que a descoberta pode revolucio-nar a utilização dos promotores de crescimento (na rea-lidade, controladores da flora intestinal), além de possi-bilitar a redução dos riscos de ocorrência das toxi-infecções humanas de origem alimentar.

Explicando que, em função da redução do uso de antibióticos nos promotores de crescimento, a indústria avícola vem se direcionando cada vez mais para os pro-bióticos (bactérias intestinais benéficas), administrados a pintos de um dia, Maurer observa que os resultados até aqui obtidos têm sido contraditórios: “O estabelecimen-to, nas aves, de uma colônia de bactérias intestinais sau-dáveis parece ser a melhor forma de impedir a coloniza-ção do intestino por bactérias patogênicas. Mas os resultados dos estudos do uso dos probióticos têm sido mistos. Parece, agora, que o momento de administração do probiótico é o fator mais importante. O que significa que talvez tenhamos que administrar o probiótico “in ovo” para obter o resultado desejado.

novo antimicrobiano para abatedouros Pesquisadores desta mesma Universidade anunciaram

o desenvolvimento do que chamam de “uma nova e efi-ciente tecnologia voltada à redução da contaminação de alimentos”. Trata-se de uma solução antimicrobiana que mata rapidamente Salmonella e E. coli (O157.H7) presen-tes na superfície de vegetais e de carnes. O produto, se-gundo se informa, foi considerado seguro pela Adminis-tração de Alimentos e Drogas dos EUA (FDA).

Já patenteada, a nova tecnologia – que tem aplica-ção comercial em vários setores, inclusive na produção e processamento de aves e ovos – está disponível, para uso sob licenciamento, na Fundação de Pesquisas da Universidade da Geórgia.

O descontaminante mais usado na atualidade para a redução da carga de bactérias nocivas normalmente presentes em vegetais, frutas e carnes avícolas é o ba-nho de cloro. O problema é que, frente à sensibilidade desse elemento químico aos componentes do alimento

equipe da Universidade da Georgia divulga resultados de novas pesquisas

Acima Margie Leee a esquerda Adriana Pedroso, Pesquisadora Brasileira da UGAAdriana Pedroso

Margie Lee

32 Produção Animal | Avicultura

Ciência Avícola:

e, sobretudo, às matérias estranhas presentes na água clorada, a atividade do cloro se reduz e algumas bactérias conseguem sobreviver.

Esse desafio seria equacionado através do aumento do teor de cloro na água de tratamento. Mas o produ-to, em concentrações mais elevadas, não só é tóxico, como também produz odores e aparência indesejáveis em de-terminados alimentos. Além disso, re-quer manipulação com equipamentos específicos e pessoal treinado. Para completar, em excesso é nocivo ao meio ambiente.

“Nós não podemos confiar no cloro para eliminar os patógenos presentes nos alimentos”, afirma Michael Doyle,

diretor do Centro de Segurança Alimentar da Universida-de da Geórgia e um dos técnicos responsáveis pelo desen-volvimento do novo antimicrobiano. “Esta nova tecnolo-gia é eficiente, segura para o consumidor e para quem opera no processamento de alimentos e não afeta a apa-rência ou a qualidade do produto. E ainda pode prolongar a vida útil de alguns produtos”, completa.

Doyle é uma autoridade internacionalmente reco-nhecida no campo da segurança alimentar. O foco de

suas pesquisas tem sido exatamente o desenvolvimen-to de métodos e produtos capazes de detectar e contro-lar a presença de bactérias patógenas em todas as fases de produção dos alimentos, desde o produtor até o consumidor. Ele tem atuado como consultor científico de diversos órgãos, entre eles a Organização Mundial da Saúde (OMS), a FDA, o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), o Departamento de Defesa e a Agên-cia de Proteção Ambiental dos EUA (EPA).

Desenvolvida por Doyle e por Tong Zhao, pesquisa-dor do Centro de Segurança Alimentar da Universidade da Geórgia, a nova tecnologia de descontaminação uti-liza uma combinação de ingredientes que matam a bactéria no espaço de um a cinco minutos após a apli-cação. Pode ser utilizada como spray ou solução para imersão e sua concentração pode ser ajustada para o tratamento de alimentos mais frágeis (por exemplo, pés de alface), bem como para a desinfecção de equipa-mentos e veículos.

Pesquisador

Michael Doyle,

da UGA

Um grupo de pesquisadores da Universidade de Bristol, no

Reino Unido, recebeu de uma ONG local dedicada ao bem-estar animal uma dotação de 850 mil libras (mais de 2,5 milhões de reais) para, nos próximos três anos, desenvol-

ver estudos que condu-zam a uma re dução

da picagem entre poe deiras.

Também co nhecida co mo “bi-

cagem de penas”,

a picagem sempre foi encarada como um sério problema econômi-co para o setor de postura, pois, conforme o grau, pode levar à mor-te das aves que se “agridem” entre si. Vem daí o processo de debica-gem das poedeiras como forma de evitar o problema.

Mas, para a ONG que está fi-nanciando o projeto, trata-se ape-nas de uma questão de bem-estar animal, pois o que está sendo pro-posto é avaliar o comportamento das aves para, a partir daí, encon-trar meios de reduzir sua agressivi-dade. E se isso for alcançado uma segunda meta de bem-estar animal estará sendo alcançada, pois a re-dução da picagem eliminará o pro-cesso de debicagem, considerado agressivo.

O senso comum sugere que a picagem corresponde apenas a um vício adquirido por poedeiras cria-

das em gaiolas e que, sem nenhu-ma outra atividade a não ser ali-mentar-se e produzir ovos, bicam-se entre si. Mas tudo indica que esse é um fator herdado e potencializável conforme o tipo de manejo impos-to às aves. Nesta pesquisa, por exemplo, o que se pretende é redu-zir o nível de canibalismo entre po-edeiras criadas à solta e ao ar livre. Quem sabe surjam, daí, novos indi-cadores aplicáveis também às aves mantidas em confinamento.

pesquisadores britânicos recebem 850 mil libras na tentativa de reduzir picagem

Proposta é avaliar

o comportamento

das poedeiras para

encontrar meios

de reduzir sua

agressividade

32 Produção Animal | Avicultura

Solução antimicrobiana que mata

rapidamente Salmonella e E. coli

tem aplicação comercial inclusive

na produção e processamento

de aves e ovos

Produção Animal | Avicultura 33

Uma das maiores preocupações (senão a maior preocupação)

da medicina mundial em relação a uma eventual pandemia de Influen-za Aviária refere-se à impossibilida-de de produzir rapidamente quanti-dade suficiente de vacinas para imunizar no mais curto espaço de tempo o maior número possível de pessoas. Ou seja: desenvolver uma vacina específica não é difícil; o pro-blema é fabricá-la em massa.

Uma das dificuldades, no caso, se encontra no meio utilizado para a multiplicação celular – o ovo em-brionado – considerado “uma mí-dia limitada”. Daí a busca (quase frenética) por outros meios, com referências, recentes, ao uso de cé-lulas de macaco.

Mas um professor japonês parece ter encontrado respos-ta mais adequada para a ques-tão, ainda que o meio adota-do para a multiplicação continue sendo o ovo em-brionado. E seu achado – com o perdão do trocadilho – é, sem dúvi-da, verdadeiro “ovo de Colombo”.

Ou seja: se o ovo de galinha tem suas limitações (devido ao tama-nho), por quê não utilizar um ovo maior? Foi o que fez o professor Ya-suhiro Tsukamoto, da Universidade Provincial de Quioto: para produzir maior volume de anticorpos neces-sários para a fabricação de uma vaci-na contra a Influenza Aviária ado-tou como meio multiplicador o ovo de avestruz.

Falando a respeito de seu “acha-do”, o professor japonês lembra que um ovo de avestruz é de 25 a 30 ve-zes maior que o de galinha e, além disso, os avestruzes apresentam maior resistência ao vírus da doença, o que torna a vacina mais eficiente.

Mas a grande notícia divulgada pela imprensa japonesa (algo que precisa, ainda, ser confirmado) é que um único ovo de avestruz pos-sibilita a produção de um volume de vacina suficiente para imunizar 20 mil pessoas.

O site do jornal britânico Daily Mail divulgou uma pesquisa

realizada pela Escola de Ciências Ve-terinárias da Universidade de Bristol com 10 provadores, aos quais se ofe-receu a carne de 120 frangos criados de formas diversas. No teste foram avaliados sabor, textura, suculência e preferência geral.

“Para nossa surpresa, a preferên-cia recaiu sobre a carne de aves cria-das no sistema convencional (isto é, industrial), contradizendo a percep-ção comum de que os frangos orgâ-nicos têm uma carne muito mais saborosa”, afirma o Dr. Paul Warris, líder da equipe que realizou a pes-quisa. De toda forma ele ressalva que isso pode ser devido ao fato de, nas criações industriais, os frangos serem abatidos com menos idade. Assim, conclui, “têm a carne menos dura que o frango mais velho”.

A questão mexe com a opinião pública britânica, já que a influên-cia de cozinheiros, que defendem o

frango orgânico, sobre os consumi-dores tem sido tão forte que as ven-das do frango orgânico e do frango criado ao ar livre, a despeito das vá-rias denúncias de fraude (produto industrial embalado como orgâni-co), evoluem duas vezes mais rápi-do que as do frango comum. Isso, embora o frango orgânico custe três vezes mais.

Os defensores do produto or-gânico ou criado ao ar livre retru-cam que está em jogo não o sabor da carne e, sim, o bem-estar do animal. Mas – conforme o Daily Mail – argumentos a favor do fran-go industrial começam a se acu-mular. Entre eles:

O frango orgânico é menos nu- √tritivo e contém mais gordura;Teste com amostras de peito de √frango coletadas em supermer-cados revelaram que o produto orgânico contém menor teor de omega-3 que seu similar industrial;

Também se constatou que o ní- √vel de antioxidantes é inferior em frangos orgânicos;Para completar, a carne de √frangos que haviam sido cria-dos o mais naturalmente possí-vel e só receberam antibióticos por motivo de doença conti-nha o dobro do colesterol pre-sente na carne de frangos cria-dos intensivamente.

influenza Aviária: professor japonês descobre forma de massificar produção de vacinas

Frango industrial é mais saboroso, aponta pesquisa

Testes cegos

revelam que

mais saborosos,

na verdade,

são os frangos

provenientes

das criações

industriais

Produção Animal | Avicultura 33

34 Produção Animal | Avicultura

Associações

A entidade que reúne os produto-res de frango do Acre, a AGRO-

AVES, participa de um projeto em Brasiléia (sul do Acre, na fronteira com a Bolívia) que deve suprir 50% da demanda de frango do mercado acreano. O “Complexo Agroindus-trial de Brasiléia” é na verdade um frigorífico com capacidade para abater 7,5 mil frangos abatidos ao dia, além de fábrica de ração, central de incubação e matrizeiro. Para atender esta produção, seis tonela-

das de ração devem ser produzidas por hora e 80% dos insumos (milho, farinha de osso e sebo) estão sendo adquiridos no Acre. Suplementos, soja e sorgo são de outras regiões.

Os investimentos são de R$9,8 milhões com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econô-mico e Social (BNDES) e da Prefeitura de Brasiléia, entre outros.

O Complexo será administrado através de uma Parceria Público-Pri-vada-Comunitária (PPPC) e coorde-

nado pela Secretaria de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar (SEAPROF). A empresa Acre Aves Alimentos Ltda detém a concessão de gestão com 94% das cotas do capital social e a AGROAVES, de 6%.

Cerca de 130 famílias estão envolvidas na cadeia de produção de várias linhagens de frango. A previ-são é que cada uma delas obtenha de um salário mínimo a R$840 ao mês fornecendo frango para a Acre Aves.

Com a expectativa da abertura definitiva do mercado chinês, a

ABEF em parceira com a Agência Brasileira de Promoção de Exporta-ções e Investimentos (APEX-Brasil), participou, em julho, da China Inter-national Foodstuff Exposition (CIFE), na cidade de Guangzhou.

Christian Lohbauer, Diretor Exe-cutivo que liderou a equipe da enti-dade, afirma que dezenas de visitan-tes de Shangai e outras regiões do País ficaram entusiasmados com a possibilidade de a carne de frango brasileira ser importada diretamente do Brasil, além de Hong Kong.

De acordo com a assessoria de imprensa da ABEF, o setor já mantém

contatos com a Associação Chinesa dos Importadores e Exportadores de Carnes. Atualmente, o Brasil embar-ca 350 mil toneladas por ano de carne de frango para Hong Kong.

“A feira é mais uma oportuni-dade de mostrarmos a qualidade da carne de frango brasileira para os chineses. A China tem interesse em comprar e nós estamos capaci-tados para atender a este mercado. Temos 24 plantas habilitadas desde março de 2006, e faltam apenas poucos detalhes para a abertura efetiva deste mercado”, explica o

Presidente Executivo, Francisco Turra.Acordo de cooperação com WSPA

No final de junho, a entidade que representa os exportadores de frango no País, assinou um termo de cooperação com a Sociedade Mun-dial de Proteção Animal (WSPA, na sigla em inglês) para desenvolver e executar programa de capacitação dos veterinários e profissionais que atuam no manejo e no abate de aves, nas ações ligadas aos requisitos de bem-estar animal e abate humanitário.

estado inaugura abatedouro público-privado-comunitárioAcre

Associações

Brasil

ABeF evidencia participação em feira na China

34 Produção Animal | Avicultura

Marília Martins, Christian Lohbauer e Isis Sardella na CIFE

Autoridades e lideranças da região na inauguração do Complexo

Linha de Produção do Complexo

Agroindustrial

Sérg

io V

ale/

Seco

m

Sérg

io V

ale/

Seco

m

Produção Animal | Avicultura 35

O Avicultor teve como

ênfase a busca pelo

aprimoramento

tecnológico e a

excelência sanitária

no Avicultor 2008, Gilman Viana destaca fundo para emergência sanitária

SindiAVipAR comemora forte participação do pR no abate de frangos

Os investimentos promovidos por várias indústrias e cooperativas avíco-las do Estado, com o objetivo de ampliar a exportação de seus produ-tos no mercado internacional e forta-lecer suas posições no mercado interno, é, segundo o Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Paraná (SINDIAVIPAR), um dos moti-vos para o aumento da produção paranaense de frango.

De acordo com o levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado em junho, nos três primeiros meses do ano o abate de frango no Brasil atingiu 1,184 bilhão de cabeças. O PR, principal produtor nacional de carne de frango, respondeu por 22,95% da produção avícola brasileira.

“No primeiro trimestre do ano,

o Estado abateu 301.392.830 ca-beças, registrando um crescimento de 9,82% comparado ao desempe-nho paranaense no mesmo período do ano anterior”, afirma o presi-dente do SINDIAVIPAR, Domingos Martins.

Martins destaca que o desafio é manter a posição de destaque nacio-nal tanto na produção quanto nas vendas de aves.

Com a presença do Secretário de Agricultura de Minas Gerais,

Gilman Viana, aconteceu em Belo Horizonte, o Avicultor 2008 - evento anual organizado pela Associação dos Avicultores do Estado (Avimig) - que reuniu cerca de 500 pessoas entre pesquisadores, técnicos, estudantes e empresários ligados ao setor avícola.

Em uma reunião, que ocorreu antes da abertura do evento, com o Presidente da Avimig, Tarcísio Franco do Amaral, e o deputado estadual Domingos Sávio, Viana destacou a importância da criação do Fundo de Emergência Sanitária, que oferece suporte ao setor caso ocorram proble-mas epidemiológicos, além de aten-der à exigência do Plano Nacional de Sanidade Avícola (PNSA). O fundo será utilizado para indenizar os avicul-tores em casos de plantéis sacrifica-dos em decorrência da Influenza Aviária ou Doença de Newcastle. “O fundo é um símbolo da defesa sanitá-ria avícola mineira e uma garantia de que o mercado tem segurança”, afirma.

Além disso, o secretário reco-mendou aos participantes que se antecipem às ameaças do mercado. “A produção de alimento não se dá de forma espontânea. É preciso adquirir o saber para produzir bem e ter conhecimento para antecipar-se aos problemas”, afirmou.

O Avicultor 2008 contou com palestras e discussões sobre assuntos ligados ao setor. Entre os destaques está a apresentação do Diretor do Setor de Ovos da UBA, Dr. Rogério Belzer, com o tema “Ovos Brasil”.

O Presidente da União Brasileira de Avicultura (UBA), Zoé Silveira D’Ávila, e o Professor da Universida-de Federal de MG (UFMG), Egladison João Campos, foram convidados especiais do evento.

Minas Gerais

paraná

Produção Animal | Avicultura 35

Abertura oficial do evento com a presença de autoridades

Domingos Sávio, Tarcísio F. Amaral e Gilman Viana

Momento de descontração no evento

36 Produção Animal | Avicultura

Estatísticas e Preços

produção e mercado em resumoexpansão no alojamento de reprodutores (de corte e postura) acende sinal de alerta que o setor precisa avaliar

Alguns dos números registrados no encerramento da primeira metade de 2008 mostram que

a avicultura de corte respondeu com eficiência aos desafios do semestre, es-pecialmente os dos três primeiros meses do ano, período em que os preços do produto de referência do setor – o fran-go vivo – caminharam na contra mão dos custos de produção, apresentando uma redução de quase 30% - de

R$1,65/kg em 31 de dezembro de 2007 para apenas R$1,20/kg três meses depois, em 31 de março de 2008.

Assim, de-pois de apresen-tar, no fecha-mento do primeiro trimes-tre, expansão de

quase 12% na produção total de carne de frango e de cerca de 9% na disponi-bilidade interna do produto, o setor en-cerrou o semestre com incrementos de, respectivamente, 7% e 1,5% nesses dois índices – uma expansão, convenha-mos, bem mais “palatável”.

É verdade que parte dessa redução se deve ao aumento das exportações,

responsáveis por proporcionarem, a um só tempo, redução na velocidade de incremento da produção global (ex-pandiram-se as vendas externas de “grillers”, produto de menor peso uni-tário) e no volume disponibilizado in-ternamente (o total embarcado no pe-ríodo aumentou quase 20%). Mas os resultados obtidos teriam sido menos efetivos se, concomitantemente à me-lhora comercial externa, não houvesse um esforço por conter a produção in-terna. Dessa forma, a produção de pin-tos de corte, que poderia ter crescido até 10%, acabou tendo expansão infe-rior a 6%, do que acabou redundan-do, naturalmente, uma oferta interna visivelmente menor e que ocasionou um crescimento apenas vegetativo, que assegurou o mesmo consumo per capita do primeiro semestre de 2007.

Os benefícios daí decorrentes - e que resultaram, sobretudo, em preços ao produtor mais compatíveis com os explosivos custos de produção – foram bem mais visíveis no setor de postura, que colhe agora os frutos de uma bus-ca de adequação (da produção ao con-sumo) iniciada há quase dois anos. Não há dúvida, aqui, que a redução de pro-dução da ordem de 11% apontada pela UBA soa exagerada. Mas, neste caso, pode-se afirmar que “Deus es-creve certo por linhas tortas”, pois,

não fosse essa redução extremada, o setor não teria condições de enfrentar e vencer, como tem ocorrido, a absur-da elevação dos custos de produção.

Tudo isso considerado – dificulda-des surgidas, prejuízos acumulados, esforços desenvolvidos para neutralizá-los, compensação através de preços mais remuneradores (ou, no mínimo, menos onerosos) – torna-se preocu-pante a perspectiva com que ambos os setores encaram o futuro próximo da atividade. Sim, porque parece haver na atividade um excesso de otimismo em relação ao consumo vindouro, posição demonstrada pela evolução do aloja-mento de matrizes de corte e de pos-tura que, no semestre, registrou ex-pansão próxima de 18%.

Pelo menos no momento, um fato relativamente raro está sendo observa-do tanto na avicultura de corte quanto na de postura: a utilização plena, sem ociosidade, do plantel reprodutor alo-jado. E ampliar em 18% esse plantel significará dispor, dentro de um ano, de uma capacidade de produção de frangos e de poedeiras pelo menos 18% maior que a atual. Será que a de-manda (interna e externa) crescerá nesse ritmo? É algo que o setor precisa começar a avaliar antes que a expan-são semestral se repita também em termos anuais.

números da Avicultura - Janeiro a Junho de 2008Variação no

Semestre

MatrizesCorte (milhões de cabeças) 24,062 17,73%

Postura (milhares de cabeças) 468,635 17,83%

pintos Comerciais

Corte (bilhões de cabeças) 2,651 5,99%

Postura (milhões de cabeças) 29,936 0,86%

Carne de Frango

Produção (milhões de toneladas) 5,320 7,08%

Exportação (milhões de toneladas) 1,842 19,34%

Oferta interna (milhões de toneladas) 3,478 1,55%

Ovos Produção (bilhões de unidades) 12,591 -10,95%

Expansão de

cerca de 18% no

alojamento de

matrizes deve

merecer a pon-

deração do setor

Produção Animal | Avicultura 37

MAtRiZeS de CORteAlojamento mensal em 24 meses

MILHÕES DE CABEÇAS

MÊS 2006/2007 2007/2008 VAR. %

Julho 3,263 3,601 10,36%

Agosto 3,152 3,527 11,90%

Setembro 3,105 3,347 7,77%

Outubro 3,444 3,945 14,56%

Novembro 3,490 3,858 10,55%

Dezembro 3,585 3,766 5,05%

Janeiro 3,137 4,265 35,97%

Fevereiro 2,962 3,852 30,06%

Março 3,674 3,944 7,34%

Abril 3,444 3,953 14,78%

Maio 3,863 4,012 3,84%

Junho 3,358 4,037 20,22%

Em 6 meses 20,438 24,062 17,73%

Em 12 meses 40,477 46,106 13,91%

Fonte: UBA – Elaboração e análises: AVISITE

Alojamento de matrizes de corteincremento de 17,73% no 1º semestre

Conforme a UBA, em junho passado foram alojadas no Brasil 4,037 mi-

lhões de matrizes de corte, volume qua-se similar ao alojado no mês anterior, maio de 2008, mas 20,22% superior ao de junho de 2007. Com isso, o aloja-mento do primeiro semestre do ano so-mou 24,062 milhões de cabeças, au-mentando 17,73% sobre o mesmo período de 2007.

A média até aqui alcançada, de pou-co mais de 4 milhões de matrizes de cor-te por mês, projeta para o ano alojamen-to total de 48 milhões de cabeças, cerca de 13% a mais que o alojado em 2007. É pouco provável, no entanto, a manu-tenção da mesma média, porquanto os alojamentos do segundo semestre são invariavelmente maiores que os da pri-meira metade do ano.

Um bom indicador nesse sentido é o volume acumulado em períodos de 12 meses. No semestre passado, esse volu-me evoluiu continuamente - à média aproximada de 1,12% ao mês. Mantida essa mesma média nos seis meses finais de 2008, o alojamento do ano ficará próximo dos 49,3 milhões, crescendo 16% no ano.

No fechamento do primeiro se-mestre não se ficou muito distante desse índice, visto que os 46,106 mi-lhões de matrizes de corte acumula-

dos entre julho de 2007 e junho de 2008 foram quase 14% maiores que o alojado nos 12 meses imediatamen-te anteriores.

MAtRiZeS de CORte evolução do alojamento semestral entre 1998 e 2008MiLHÕeS de CABeÇAS

1998 20022000 2004 20061999 20032001 2005 20082007

11,3

26

14,3

74

13,7

44

13,5

17

14,9

22

15,0

48

15,8

32

17,4

27

18,3

59

24,0

62

20,4

3813,7

32

14,7

58

13,7

92

15,0

8

15,5

77

15,9

87

17,4

61

19,2

37

20,0

39

22,0

44

38 Produção Animal | Avicultura

Estatísticas e Preços

produção de pintos de corteno semestre, perto de 6% de aumento em relação ao mesmo período de 2007

Dados divulgados pela APINCO re-velam que em junho passado fo-

ram produzidos no Brasil 437.041.076 pintos de corte, volume 4,34% supe-rior ao registrado em junho de 2007, mês em que a produção foi pouco além dos 418,8 milhões de pintos de corte. Em relação ao mês anterior, maio de 2008, houve uma redução no-minal de 4,06% e relativa (considera-do o número de dias de um e outro mês) de 0,8%. Além disso, o semestre foi encerrado com um volume inferior ao do primeiro mês do ano, fato raro no setor.

Com esse resultado, a produção de pintos de corte do primeiro semestre de 2008 totalizou 2,651 bilhões de ca-beças, aumentando 5,99% em relação ao mesmo período do ano passado. O curioso, no entanto, é que ela pratica-mente repetiu – com uma diferença de apenas 0,027%, cerca de 720 mil pin-tos a mais – a produção do segundo semestre de 2007 que, em números redondos, atingiu a marca dos 2,650 bilhões de cabeças. Dessa forma, en-quanto nos seis últimos meses de 2007 foram produzidos, em média, 441,760 milhões de pintos de corte, na primeira

pintOS de CORte Produção brasileira em 24 meses

MILHÕES DE CABEÇAS

MÊS 2006/2007 2007/2008 VAR. % AnUAL

Julho 387,6 434,6 12,12%

Agosto 396,4 444,8 12,22%

Setembro 388,3 424,4 9,30%

Outubro 412,6 463,4 12,30%

Novembro 394,1 431,5 9,50%

Dezembro 405,4 451,8 11,44%

Janeiro 420,5 460,7 9,56%

Fevereiro 390,8 427,9 9,48%

Março 423,4 441,1 4,19%

Abril 414,3 429,0 3,56%

Maio 433,5 455,5 5,06%

Junho 418,8 437,0 4,34%

EM 6 MESES 2.501,3 2.651,1 5,99%

EM 12 MESES 4.885,7 5.301,7 8,52%

Fonte: APINCO – Elaboração e análises: AVISITE

1998 20022000 2004 20061999 20032001 2005 20082007

1,38

3

1,52

9

1,59

7

1,65

9

1,86

4

1,82

2

2,07

4

2,24

6

2,19

2 2,65

1

2,50

1

1,49

6

1,62

4

1,65

7

1,81

5

1,95

5

2,02

5

2,20

4

2,45

0

2,38

4

2,65

0

0

1

2

3

4

5

pintOS de CORteBiLHÕeS de CABeÇAS

evolução da produção semestral entre 1998 e 20086

metade de 2008 essa média ficou em 441,880 milhões de cabeças.

Naturalmente, os volumes até aqui registrados tendem a ser superados no decorrer deste semestre. Mas tudo in-dica que dificilmente alcançarão o po-tencial instalado e que – em função do

alojamento de matrizes de corte de 2007 – possibilitaria uma produção de pintos de corte até 10% maior no pre-sente exercício. A própria UBA já refez as contas e, depois de estimar para este ano um aumento de 8,52%, ago-ra projeta expansão da ordem de 7%.

Produção Animal | Avicultura 39

produção de carne de frangoCai o ritmo e produção cresce 7% no semestre

CARne de FRAnGOProdução em 24 meses

MIL TONELADAS

MÊS 2006/2007 2007/ 2008 VAR. % ANUAL

Julho 802,2 872,6 8,78%

Agosto 764,4 871,8 14,04%

Setembro 777,3 866,9 11,53%

Outubro 797,5 891,4 11,78%

Novembro 790,7 887,9 12,29%

Dezembro 851,4 945,5 11,05%

Janeiro 828,9 914,0 10,26%

Fevereiro 749,8 866,3 15,53%

Março 843,7 926,5 9,81%

Abril 835,3 880,0 5,35%

Maio 859,7 872,1 1,45%

Junho 851,6 861,8 1,20%

EM 6 MESES 4.969,0 5.320,7 7,08%

EM 12 MESES 9.752,5 10.656,8 9,27%

Fonte: APINCO – Elaboração e análises: AVISITE

P elas projeções da APINCO, em ju-nho passado o Brasil produziu

861.759 toneladas de carne de frango, volume 1,2% superior ao registrado um ano antes, mas, nominalmente, a me-nor produção do semestre. Com esse resultado, a produção da primeira me-tade de 2008 totalizou 5,320 milhões de toneladas, aumentando 7,08% em relação ao mesmo período de 2007.

Considerando-se que no ano passa-do o alojamento de reprodutoras de corte aumentou 10%, esse deveria ser, aproximadamente, o índice de expan-são na produção de carne de frango, já que o plantel reprodutor existente vem sendo plenamente utilizado. Porém, conforme o próprio setor produtivo, dois fatores atuaram para que o índice de incremento ficasse aquém do espe-rado: primeiro, um significativo aumen-to na exportação de “grillers”, aves de baixo peso unitário – fator que reduz o peso bruto total; segundo, uma até aqui inexplicada queda de produtivida-de (inverno?) que mantém a produção abaixo do potencial instalado.

Naturalmente, a menor produtivi-dade atual tende a ser superada no curto prazo, sobretudo se for decor-rente das temperaturas mais baixas.

De toda forma, a expansão de 10% sinalizada pelo alojamento anterior de matrizes jamais será alcançada, pois, para tanto, a produção do corrente semestre precisaria situar-se em uma média mensal de um milhão de tone-ladas, volume quase 13% superior à média mensal do primeiro semestre.

A produção acumulada nos últimos 12 meses, da ordem de 10,657 milhões de toneladas, apresenta uma evolução de 9,27% em relação aos 12 meses an-teriores. Mas nem mesmo esse índice será alcançado no ano, pois também solicita uma produção mensal próxima do milhão de toneladas.

1998 20022000 2004 20061999 20032001 2005 20082007

2,33

7

2,68

0

2,97

4

3,08

8

3,60

7

3,77

7

4,06

0

4,42

0

4,57

0

5,32

0

4,96

92,51

7

2,84

6

3,00

6

3,48

0

3,84

2

3,86

8

4,34

9

4,92

8

4,78

4

5,33

6

0

2

4

6

8

10

CARne de FRAnGOMiLHÕeS de tOneLAdAS

evolução da produção semestral entre 1998 e 200812

40 Produção Animal | Avicultura

Estatísticas e Preços

exportação de carne de frangoembarques tiveram em junho segundo melhor resultado do ano

CARne de FRAnGOExportação brasileira em 24 meses

MIL TONELADAS

MÊS 2006/2007 2007/2008 VAR. % ANUAL

Julho 186,2 284,0 52,54%

Agosto 300,6 304,7 1,36%

Setembro 210,6 242,1 15,00%

Outubro 256,9 313,4 20,57%

Novembro 284,1 298,9 5,32%

Dezembro 238,1 299,9 25,95%

Janeiro 209,2 274,9 31,40%

Fevereiro 232,4 292,6 25,89%

Março 303,6 313,2 3,18%

Abril 264,0 270,0 2,27%

Maio 275,2 361,4 31,33%

Junho 259,3 330,1 27,30%

Em 6 meses 1.543,7 1.842,2 19,34%

Em 12 meses 3.020,2 3.585,2 18,71%

Fonte: ABEF - Elaboração e análises: AVISITE

Os números consolidados da ABEF confirmaram a exportação, em

junho passado, de 330.125 toneladas de carne de frango, volume 27,30% superior ao de junho de 2007, mas 8,66% inferior ao recorde de maio de 2008. Ainda assim, o semestre foi en-cerrado com o segundo maior volume embarcado no ano e, naturalmente, em toda a história das exportações, já que o recorde de maio ainda não foi superado.

Na verdade, porém, o recuo em re-lação ao mês anterior surpreendeu, pois em termos de dias úteis (número de embarques possíveis no mês), junho teve um dia a mais que maio e, assim, deveria apresentar resultados superio-res. Não se deve esquecer, porém, que o excepcional resultado de maio foi alavancado por embarques não conta-bilizados de abril. Isso considerado, é bem provável que os embarques men-sais do último bimestre tenham sido similares.

Sob esse aspecto, aliás (e para mi-nimizar as diferenças “contábeis”), tal-vez seja mais interessante avaliar a evo-lução das exportações em função das médias mensais alcançadas em cada trimestre do ano. E o que se constata é

que enquanto no primeiro trimestre de 2008 as exportações giraram em torno das 293,5 mil toneladas mensais, no trimestre seguinte subiram para 320,5 mil toneladas mensais, um incremento de pouco mais de 9% de um trimestre para outro. Parece pouco, mas foi o

que permitiu que o volume embarcado no primeiro semestre de 2008 aumen-tasse 19,34% em relação ao mesmo período de 2007 e totalizasse 1,842 milhão de toneladas, 56% do volume exportado nos 12 meses do ano passado.

1998 20022000 2004 20061999 20032001 2005 20082007

0,3 0,4 0,4 0,59 0,614 0,91

3

1,11

0

1,35

2

1,24

1 1,84

2

1,54

4

0,323 0,420 0,4970,659 0,

986

1,00

9 1,31

4 1,49

4

1,47

2 1,74

3

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

expORtAÇÃO CARne de FRAnGO

MiLHÕeS de tOneLAdAS

evolução da exportação semestral entre 1998 e 2008

Produção Animal | Avicultura 41

disponibilidade interna de carne de frangoproduto ofertado internamente tem crescimento apenas

vegetativo no 1º semestre

A inesperada combinação da redu-ção da produção com um signifi-

cativo avanço das exportações fez com que houvesse uma reversão na oferta interna de carne de frango. Assim, de-pois de encerrar o primeiro quadrimes-tre do ano com um incremento de 8,34% sobre o mesmo período de 2007, a disponibilidade interna sofreu rápido recuo nos últimos dois meses e fechou a primeira metade de 2008 com um incremento de 1,55% - o que signi-fica crescimento apenas vegetativo e manutenção dos mesmos níveis de oferta per capita do primeiro semestre de 2007.

Em junho foi registrada, de um lado, a menor produção do semestre enquan-to, de outro lado, as exportações regis-travam o segundo melhor desempenho de todos os tempos. E isso fez com que a oferta interna, da ordem de 531.634 toneladas, embora 4,09% maior que a do mês anterior, recuasse 10,23% em relação a junho do ano passado. No ba-lanço final, o volume ofertado interna-mente no encerramento do semestre igualou-se ao de dois anos atrás (532,3 mil toneladas em junho de 2006).

Como totalizou, em seis meses, 3,478 milhões de toneladas, se manti-

CARne de FRAnGODisponibilidade interna em 24 meses

MIL TONELADAS

MÊS 2006/2007 2007/2008 VAR. % ANUAL

Julho 616,5 588,6 -4,52%

Agosto 465,3 567,0 21,87%

Setembro 567,7 624,7 10,04%

Outubro 541,6 578,1 6,73%

Novembro 506,9 589,0 16,20%

Dezembro 613,6 645,6 5,21%

Janeiro 619,7 639,1 3,13%

Fevereiro 517,5 573,8 10,88%

Março 540,1 613,2 13,53%

Abril 571,3 610,0 6,77%

Maio 584,5 510,7 -12,62%

Junho 582,2 531,6 -10,23%

Em 6 meses 3,425,3 3.478,4 1,55%

Em 12 meses 6.736,9 7.071,5 4,96%

Fontes dos dados básicos: APINCO e ABEF - Elaboração e análises: AVISITE

0

1

2

3

4

5

6

7

8

1998 20022000 2004 20061999 20032001 2005 20082007

2,49

7

2,56

5

2,33

0

2,04

7

2,99

4

2,86

4

2,94

9

3,06

8

3,32

9

3,47

8

3,42

5

2,82

1

2,50

9

2,42

6

2,19

4

2,85

5

2,85

9

3,03

5

3,43

4

3,31

1

3,59

3

CARne de FRAnGOMiLHÕeS de tOneLAdAS

disponibilidade interna semestral entre 1998 e 2008

vesse, no semestre corrente, os mesmos níveis do semestre passado, a oferta in-terna de carne de frango recuaria no ano quase 1% (6,956 milhões de toneladas, contra 7,018 milhões/t em 2007).

No entanto, isso não deve ocor-rer, pois, a despeito das exportações

apresentarem tendência de manu-tenção em níveis mais elevados que há um ano, a produção também deve experimentar um avanço mais signi-ficativo. Por isso, um aumento de oferta entre 2% e 4% é plenamente viável.

42 Produção Animal | Avicultura

Estatísticas e Preços

Alojamento de matrizes de posturaAumento de quase 18% no semestre é o mais elevado em quatro anos

MAtRiZeS de pOStURAAlojamento em 24 meses (ovos brancos e vermelhos)

MILHARES DE CABEÇAS

MÊS2006/

2007

2007/

2008VAR. %

% OVO BRANCO

2006/2007 2007/2008

Julho 93,053 53,253 -42,77% 76,50% 64,66%

Agosto 43,751 63,392 44,89% 66,41% 85,02%

Setembro 31,827 67,212 111,18% 34,56% 43,68%

Outubro 78,400 24,339 -68,96% 66,45% 55,63%

Novembro 80,900 40,126 -50,40% 73,42% 91,92%

Dezembro 62,143 50,503 -18,73% 73,13% 80,03%

Janeiro 59,975 92,858 54,83% 83,33% 56,45%

Fevereiro 34,687 98,130 182,90% 59,64% 85,95%

Março 100,664 47,021 -53,29% 64,12% 62,29%

Abril 23,304 42,813 83,72% 56,66% 69,68%

Maio 83,167 83,202 0,04% 74,63% 81,46%

Junho 95,915 104,611 9,07% 63,49% 68,73%

EM 6 MESES 397,712 468,635 17,83% 68,23% 71,64%

EM 12 MESES 787,786 767,460 -2,58% 68,49% 70,92%

Fonte: UBA – Elaboração e análises: AVISITE

De acordo com a UBA, foram aloja-das no Brasil no encerramento do

primeiro semestre 104.611 matrizes de postura, 68,73% delas (71,9 mil cabe-ças) de linhagens voltadas à produção de ovos brancos. O volume registrado, o mais elevado em quase quatro anos, representou aumentos de 9,07% so-bre junho de 2007 e de 25,73% sobre o mês anterior, maio de 2008.

Não tanto em função do último re-sultado, mas em decorrência dos signi-ficativos aumentos observados nos meses de janeiro, fevereiro e abril, o primeiro semestre do ano foi encerra-do com um volume de 468.635 matri-zes de postura, 17,83% a mais que no mesmo período de 2007 - uma expan-são sem dúvida preocupante para um setor que continua perseguindo o me-lhor equilíbrio possível entre oferta e demanda. É interessante ressalvar, no entanto, que o atual alojamento per-manece aquém do acumulado no pri-meiro semestre de 2005, período em que o volume alojado aproximou-se das 500 mil matrizes de postura.

Projetado para a totalidade do ano, o volume registrado no primeiro se-mestre (média mensal de 78.105 re-produtoras) sugere alojamento global de pouco mais de 937 mil matrizes de

postura, quantidade cerca de 35% su-perior à alojada no ano que passou. A alta variação, aqui, é justificada pelo baixo alojamento registrado no segun-do semestre de 2007 (média de 49.804 cabeças), o menor dos últimos quatro semestres.

Note-se, em oposição à expressiva expansão ora prevista, que o alojamen-to acumulado nos últimos 12 meses, de pouco mais de 767 mil matrizes de postura, se encontra 2,58% abaixo do acumulado no mesmo período anterior.

1998 20022000 2004 20061999 20032001 2005 20082007

366,

752

376,

082

485,

533

357,

177

392,

655

443,

496

391,

761

490,

454

315,

111

468,

635

397,

712

484,

649

448,

109

520,

748

546,

219

474,

902

322,

820

532,

226

357,

143

390,

074

298,

825

0

200

400

600

800

1000

MAtRiZeS de pOStURAMiLHAReS de CABeÇAS

evolução da produção semestral entre 1998 e 2008

Produção Animal | Avicultura 43

Alojamento de pintainhas de posturaSemestre estável é encerrado com recuo de 3,63%

pintAinHAS COMeRCiAiS de pOStURAAlojamento em 24 meses (ovos brancos e vermelhos)

MILHÕES DE CABEÇAS

MÊS2006/

2007

2007/

2008VAR. %

% OVO BRANCO

2006/2007 2007/2008

Julho 5,669 5,078 -10,44% 74,57% 74,30%

Agosto 5,543 5,091 -8,16% 72,91% 74,48%

Setembro 5,034 5,074 0,80% 73,43% 72,28%

Outubro 6,086 5,166 -15,13% 75,33% 73,26%

Novembro 4,882 5,105 4,57% 72,55% 73,80%

Dezembro 4,792 5,017 4,71% 75,16% 75,79%

Janeiro 4,821 4,897 1,57% 76,98% 75,11%

Fevereiro 4,749 5,048 6,29% 77,81% 73,17%

Março 5,028 5,122 1,88% 73,73% 72,51%

Abril 4,980 5,127 2,94% 73,53% 71,79%

Maio 4,960 4,788 -3,47% 74,17% 73,83%

Junho 5,142 4,955 -3,63% 74,39% 72,25%

EM 6 MESES 29,680 29,936 0,86% 75,07% 73,09%

EM 12 MESES 61,686 60,467 -1,98% 74,53% 73,54%

Fonte: UBA – Elaboração e análises: AVISITE

Persistindo na estabilidade observa-da a partir de novembro de 2006,

o alojamento de pintainhas comerciais de postura (ovos brancos + vermelhos) totalizou em junho passado, conforme a UBA, 4,955 milhões de cabeças, o que significou recuo de 3,63% sobre o mesmo mês de 2007 e aumento de 3,46% sobre maio de 2008. O volume alojado correspondeu, também, a ape-nas 36 mil cabeças aquém (-0,72%) da média mensal alojada nos últimos 20 meses, de 4,991 milhões de cabeças, o que ressalta a estabilidade dos alojamentos.

Com esse resultado, o acumulado no primeiro semestre ficou, como há um ano, muito próximo dos 30 milhões de cabeças, aumentando apenas 0,86% em relação ao mesmo semestre de 2007. É interessante notar, de toda forma, que essa estabilidade foi alcan-çada através de comportamentos di-versos das duas linhagens de postura, ou seja, enquanto o alojamento das li-nhas produtoras de ovos brancos caiu 1,79%, o das produtoras de ovos ver-melhos aumentou 8,86%. E isso signi-ficou, para o semestre, aumento de participação de 1,98 ponto percentual para as linhas produtoras de ovos ver-

1998 20022000 2004 20061999 20032001 20050

1

2

3

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5

6

7

8

20082007

27,2

01

28,0

31

26,6

12

33,3

24

28,1

28

30,2

41

30,9

13

35,6

13

31,9

64

29,9

36

29,6

80

30,4

09

29,9

89

27,3

64 32,2

78

26,8

39

33,1

39

31,9

18

32,1

69

32,0

06

30,5

31

pintAinHAS de pOStURA

MiLHÕeS de CABeÇAS

evolução do alojamento semestral entre 1998 e 2008

melhos – de 24,93% para 26,91% do plantel total.

E como a estabilidade comentada vem de longa data, é mínima, tam-bém, a variação do volume alojado nos últimos 12 meses. Ele soma 60,467 mi-

lhões de pintainhas comerciais de pos-tura e apresenta redução de 1,98% sobre os 12 meses imediatamente an-teriores – um índice que, com peque-nas variações, tende a manter-se no restante do ano.

44 Produção Animal | Avicultura

Estatísticas e Preços

FRAnGO ViVOEvolução de preços na granja, interior paulista – R$/kg

MÊS MÉDIA R$/KG

VARIAÇÃO % ANUAL MENSAL

Julho/2007 1,68 82,60% 20,00%

Agosto/2007 1,84 55,93% 9,52%

Setembro/2007 1,68 9,80% -8,69%

Outubro/2007 1,60 -9,09% -4,76%

Novembro/2007 1,55 21,09% -3,12%

Dezembro/2007 1,65 41,02% 6,45%

Janeiro/2008 1,52 14,28% -7,88%

Fevereiro/2008 1,38 -22,90% -9,21%

Março/2008 1,24 -20,00% -10,14%

Abril/2008 1,33 -2,20% 7,26%

Maio/2008 1,61 34,17% 21,05%

Junho/2008 1,78 27,14% 10,55%

Julho/2008 1,89 12,50% 6,18%

desempenho do frango vivo em julho de 2008Mês é encerrado com pequena diferença com relação a julho de 2007

Médias Anuais entre 2000 e 2007

ANO R$/KG VAR. % ANO R$/KG VAR. %

2000 0,91 14,57% 2004 1,49 2,75%

2001 0,97 6,47% 2005 1,35 -8,72%

2002 1,13 16,49% 2006 1,16 -14,70%

2003 1,45 28,31% 2007 1,55 33,62%

Situação em 2008 (em relação ao mesmo período de 2007)

MÉDIA JAN-JUL R$1,54/KG 4,27%

Fonte dos dados básicos: JOX - Elaboração e análises: AVISITE

O frango vivo comercializado no in-terior paulista encerrou o sétimo

mês do ano cotado a R$1,90/kg, valor apenas 2,70% superior ao vigente não só há um mês mas também há um ano, pois tanto em 30 de junho de 2008 como em 31 de julho de 2007 foi de R$1,85/kg a cotação alcançada pelo produto.

A diferença, como se constata, é pequena, mas como o valor atual pre-valeceu por dois terços do mês (perma-nece inalterado desde o dia 10 de ju-lho passado, denotando grande estabilidade do setor), o valor médio mensal do frango vivo registrou valori-zação nominal de 6,18%, enquanto o anual teve incremento de 12,5%. Além disso, a média alcançada correspon-deu, no ano, a um ganho nominal de 14,5% - claro que apenas aparente, pois totalmente neutralizado pelos au-mentos nos custos de produção.

Correspondendo ao maior valor nominal obtido pelo frango vivo em todos os tempos, o preço médio de ju-lho último também contribuiu para melhorar a média anual, que subiu para R$1,54/kg, valor 4,27% superior à média alcançada no período janeiro-julho de 2007. Na realidade, porém, essa variação é negativa, pois inferior à inflação acumulada no período. E isso é indicado em índices como o IGP-M que, nos 12 meses encerrados em ju-lho de 2008, acumulou variação de 8,71%.

FRAnGO ViVO - pReÇOS HiStóRiCOS e pReÇO eFetiVO eM 2008

PREÇO HISTÓRICO (MÉDIA 1998/2007): preço em dezembro do ano anterior igual a 100

PREÇO MÉDIO EFETIVO EM 2008: (R$/KG, granja, interior paulista)

Produção Animal | Avicultura 45

OVO BRAnCO extRA evolução de preços no atacado paulista – R$/Caixa de 30 dúzias

MÊS MÉDIA R$/CXA

VARIAÇÃO %ANUAL MENSAL

Julho/2007 42,13 63,16% -3,28%

Agosto/2007 43,34 73,22% 2,87%

Setembro/2007 38,42 42,03% -11,35%

Outubro/2007 37,29 28,36% -2,94%

Novembro/2007 36,64 26,12% -1,74%

Dezembro/2007 45,30 27,43% 23,64%

Janeiro/2008 38,69 27,69% -14,59%

Fevereiro/2008 50,71 29,20% 31,07%

Março/2008 50,30 22,14% -0,81%

Abril/2008 39,63 4,76% -21,21%

Maio/2008 44,60 19,86% 12,54%

Junho/2008 45,82 5,19% 2,73%

Julho/2008 47,50 12,74% 3,67%

desempenho do ovo em julho de 2008preço médio do mês é o terceiro melhor do ano

Ao alcançar, no final do mês, pre-ços que variaram entre R$46,00 -

R$47,00/caixa, o ovo acabou registran-do, na semana, os piores preços de julho. De toda forma, o valor médio do produto no mês, de cerca de R$47,50/caixa, foi o terceiro melhor do ano, va-lorizando-se (nominalmente) 12,74% e 3,67% em relação, respectivamente, a julho de 2007 e ao mês anterior, ju-nho de 2008.

Sob o aspecto comercial o resulta-do pode ser considerado excelente, pois julho é mês de férias, às quais o ovo é extremamente sensível, sobretu-do do ponto de vista da merenda esco-lar. Assim, o simples fato de ter regis-trado preços inferiores apenas aos da Quaresma (o segundo melhor período comercial do ano) indica adequação ao mercado, meta há tempos perseguida pelo setor. Além disso, o fato de os preços do final de julho terem sofrido queda insignificante (a redução em re-lação à primeira semana do mês foi de apenas 1,2%) sinaliza melhora das co-tações no decorrer de agosto.

Agora, no ano, o ovo alcança pre-ço médio de R$45,35/caixa, valor que se encontra 16,75% acima da média registrada entre janeiro e julho de 2007, o que sugere – fato raro no setor – que o produto vem ganhando da in-flação. Pode até ser. Note-se, porém, que a média dos sete primeiros meses de 2007 se encontra apenas 14% aci-ma daquela registrada há cinco anos, em 2003, quando a caixa do ovo regis-trou cotação média de R$39,67. Como, de lá para cá, a inflação foi muito su-perior (o IGP-DI da FGV, por exemplo, registra variação superior a 35% nesse período), conclui-se que as perdas per-sistem. Apesar de todo o esforço.

Médias Anuais entre 2000 e 2007

AnO R$/CxA VAR. % AnO R$/CxA VAR. %

2000 23,12 16,89% 2004 34,47 -13,11%

2001 24,07 4,11% 2005 33,48 -2,87%

2002 27,88 15,83% 2006 27,48 -17,92%

2003 39,67 42,29% 2007 39,37 43,27%

Situação em 2008 (em relação ao mesmo período de 2007)

MÉDIA JAN-JUL R$45,35/CAIXA +16,75%

Fonte dos dados básicos: JOX - Elaboração e análises: AVISITE

OVO extRA BRAnCO - pReÇOS HiStóRiCOS e pReÇO eFetiVO eM 2008

PREÇO HISTÓRICO (MÉDIA 1998/2007): preço em dezembro do ano anterior igual a 100

PREÇO MÉDIO EFETIVO EM 2008: (R$/caixa, no atacado paulista)

Produto mantém, no ano,

evolução aquém da

média histórica

46 Produção Animal | Avicultura

Ponto Final

46 Produção Animal | Avicultura

Nunca se tratou de um assunto com tanta ênfase na produção avícola, nem os consu-midores indagaram sobre o bem-estar ani-

mal com tanta veemência. A ação organizada de entidades de proteção animal e as exigências esta-belecidas pelas grandes redes de alimentos têm le-vado as empresas produtoras de carne, em especial as exportadoras, a dispor de elementos para aten-der uma série de requisitos de natureza técnica, es-trutural e organizacional na produção avícola.

A responsabilidade social é a premissa de boa conduta cada vez mais presente em nosso cotidia-no e manter uma política de bem estar dos animais é bom para as empresas e para os ne-gócios, uma vez que os consu-midores com maior poder de compra, via de regra, são tam-bém aqueles com maior grau de esclarecimento neste assun-to. Um bom profissional da avicultura não deve desconhe-cer este assunto, despreparo nesta área demonstra incapaci-dade de acompanhar as exigências do mercado. Para atender este requisito, uma companhia do se-tor brevemente irá lançar um manual de referência técnica, visando democratizar as informações.

O que dá sustentação a muitos destes princí-pios na criação de frangos de corte é a aplicação dos princípios de boas práticas de produção aví-cola, conjugados com o conhecimento aprofun-dado dos técnicos responsáveis e o treinamento constante dos funcionários vinculados ao manejo dos animais. O monitoramento contínuo dos equipamentos utilizados na produção animal, além do acompanhamento e a quantificação da eficácia da ação dos grupos de apanha, transporte de carga viva e atordoamento completam os re-quisitos fundamentais.

É possível aplicar técnicas mais adequadas de avaliação e interpretação das informações obtidas no monitoramento e desenvolver novas práticas na criação das aves, que assegurem bons índices de produtividade e alta qualidade do produto, sem colocar o bem estar dos frangos em risco. Para tanto, é necessário aprofundar o conheci-mento sobre a biologia dessas aves e definir os li-

mites para definir quais práticas seriam as melho-res recomendadas.

A aplicação de sistemas de garantia de qualida-de no cumprimento de normas técnicas permite que as empresas agreguem inovações tecnológicas aos seus processos, já que incorporam procedi-mentos para cumprir os requisitos destas normas, o que é de efeito positivo para os sistemas produtivos.

Grande parte dos problemas de bem-estar de frangos de corte está relacionada à saúde, portanto, podem ser influenciados pela densidade das aves,

pela ventilação, pelo sistema de alojamento e manejo. Altas densidades impedem que os frangos expressem seu compor-tamento normal, o que conflita com a busca por resultados eco-nômicos maximizados.

É necessário que os produ-tores entendam que parte do desempenho do trabalho dos aproximadamente 45 dias do ciclo produtivo está fortemen-

te ligada aos grupos de apanha das aves e a forma com que estes trabalham. Está comprovado que a grande maioria das fraturas, contusões, hemato-mas e conseqüentes descartes de cortes de frango estão associados às últimas 24 horas de vida dos animais. Os atributos da qualidade da carne como cor, maciez e suculência também são influencia-das pelas condições do manejo pré-abate.

A capacitação de pessoal não pode ser desconsi-derada, já que a interpretação e implantação de nor-mas demandam desdobramentos técnicos que agre-gam valor também ao corpo técnico da empresa.

É fundamental que as empresas realizem um delineamento estratégico que fundamente a ado-ção e o cumprimento efetivo de determinadas normas, de acordo com seus propósitos comer-ciais e baseado na viabilidade técnica, estrutural e organizacional dos seus sistemas produtivos.

É preciso mudar o paradigma de que a adoção da inovação tecnológica seja implantada somen-te por demandas de clientes, e não pela própria iniciativa de adoção de novas técnicas de modo compulsório, antecipando assim demandas e an-tevendo tendências.

Bem estar animal e as exigências de mercado: os desafios da inovação tecnológica

José Maurício França

é médico veterinário com doutorado em engenharia de produção e professor adjunto do curso de medicina veterinária da Universidade Tuiuti do PR (UTP)

Inovação não pode ser empregada apenas por exigência dos clientes. Deve ser um processo próprio de antecipação

de demandas e tendências

Produção Animal | Avicultura 47

48 Produção Animal | Avicultura

pOntO FinAL