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CADERNO CULTURAL COARACI - BAHIA FEVEREIRO DE 2014 - 19.500 DISTRIBUÍDOS - 500 MENSAIS - EDIÇÃO Nº 38

38 Caderno Cultural de Coaraci

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Page 1: 38 Caderno Cultural de Coaraci

C A D E R N O C U L T U R A L C O A R A C I - B A H I A

FEVEREIRO DE 2014 - 19.500 DISTRIBUÍDOS - 500 MENSAIS - EDIÇÃO Nº 38

Page 2: 38 Caderno Cultural de Coaraci

UMA QUESTÃO DE ESCOLHA

De Francisco Carlos Rocha AlmeidaBacharel em Teologia

Diplomado pela UESC em 1992

Às vezes nós pensamos que as coisas acontecem em nossas vidas por acaso. Mero engano, talvez por ceticismo espiritual, falta de conhecimento sobre Deus, o materialismo secular, que está tão impregnado em nossa consciência que achamos que devemos simplesmente viver a vida da forma que nós queremos ou tentando imitar estereótipos ou seguir com a multidão, ou seja, viver como a maioria das pessoas vive uma existência apática onde se busca preencher o vazio existencial com valores temporais: lazer, dinheiro, mulheres, homens, bebidas, festas. Quem pensa exclusivamente dessa maneira está fadado a um determinado momento ''perder o gás'', perdendo o sentido da vida, entrando em uma depressão, estressado, desanimado e cansado.

Viver plenamente é crer que existe um comando superior, que você não está só, e que é preciso ter uma clara compreensão que devemos entender qual o propósito de Deus para as nossas vidas. Deus não trabalha com casualidades, mas com certezas, promessas e um plano que foi feito unicamente para a sua vida.

Que você possa sair da defensiva, do receio e enfrentar o novo, que é algo normal, mas que o medo não o impeça de tomar a melhor decisão de sua vida, que é buscar a cada dia ser uma pessoa melhor, com o coração mais sensível, aberto ao sofrimento alheio. Mas isso só conseguimos quando deixamos o autor da vida, entrar em nosso ser e causar uma verdadeira revolução. Quebrando paradigmas, mudando nossas estruturas, transformando aquilo que nós temos como valores, dos quais não queremos abrir mão, achando que nossas vidas dependem dessas pequenas coisas as quais não queremos nos desgarrar. Abra mão dos seus erros, reconheça suas fraquezas, pois não existem super-homens ou supermulheres. Deixe que Deus através do seu filho Jesus faça de você uma pessoa melhor do que já é. Pense nisto e esteja atento pra ouvir a palavra D'Ele, pois ela tem coisas boas e com certeza é a garantia da verdadeira felicidade. Pois o Todo Poderoso, não retrocede naquilo que prometeu. Leia a bíblia, conheça o caráter de Deus, então verá que sua vida vai mudar. Deus o ama e quer lhe dar o melhor. Mas para receber a sua bênção, você terá que pedir a Deus. Ele sabe do que você necessita, mas para acontecer terá que pedir e crer que Ele o ama e lhe dará o melhor.

Que Deus o abençoe e persiga os seus sonhos de fé.

’’O destino

não é uma

questão de

sorte, é uma

questão de

escolha!’’

’’O destino

não é algo

a se

esperar, é

algo a se

conquistar!’’

Capa, projeto gráfico, diagramação editoração e artefinalização PauloSNSantana

Impressão Gráfica GRÁFICA MAIS

Trabalhe conosco Caderno Cultural de Coaraci - (73)8121-8056/9118-5080

Cartas a redação [email protected]

Para anunciar [email protected]

PRINCIPAIS FONTESLivros: Coaraci o Último Sopro de Enock Dias de Cerqueira e Minhas Garatujas de Dr.Eldebrando Morais Pires

Page 3: 38 Caderno Cultural de Coaraci

A casa que se tornou primeiro ponto comercial de João Maurício e José Laudelino Monteiro localizava-se onde hoje existe a esquina da Avenida Almerinda de Carvalho Santos com a Rua Presidente Dutra, esse local no passado era conhecido como Beira Rio, que na verdade foi o primeiro nome de Coaraci.

Os fregueses destes comerciantes pioneiros chegavam de vários pontos da região, e muitas vezes viajavam muitas léguas, para poder comprar fumo de corda, cachaça, açúcar, sal, sabão, jabá, que eram por sua vez adquiridos em Sequeiro Grande, percurso percorrido no lombo dos animais e utilizando-se da ferrovia até chegar a Rio do Braço ou Banco do Pedro, onde havia muitos comerciantes vendendo a atacado e no varejo. Por essa trilha viajavam comerciantes e tropeiros de Pouso Alegre, Garganta, Ribeirão do Terto, Bandeira do Almada e Acampamento. O nome Beira Rio como era conhecido o pequeno comércio permaneceu intocável até os anos 1928, 1929.

Entre os anos 1925 e 26 começaram a surgir algumas casas rústicas, perto do trecho mais raso do rio, o que garantia uma segura travessia de pessoas e animais. Por volta de 1928 à 1930 já eram aproximadamente de dez a doze casas, construídas de tábuas ou taipa e distribuídas em um grande circulo, próximas a uma frágil e estreita ponte de madeira de 1,50 metros, e que só era possível ser atravessada por pessoas. O movimento do pequeno mais eficiente comercio crescia dia a dia, e cada vez mais tropeiros apareciam para reabastecerem suas cangalhas de produtos adquiridos no comercio local. A essa altura o povoado já possuía duas lojas, uma casa de ferragens e um armazém de secos e molhados e alguns comerciantes importantes, como por exemplo: Eurípedes Leão, Leonel Andrade, Edgar Mota, Josafá Lopes, Timóteo e Manuel Pereira de Souza, pai de Maria Anita Santana.

Havia um local as margens do Rio Almada, aproximadamente duzentos metros acima da casa comercial de João Maurício e José Laudelino, pelo qual era possível uma pessoa de estatura média atravessar o rio, sem correr perigo de afogar-se, pois a profundidade máxima era de 1,00 metro, e a água alcançava a cintura de um homem ou tocava a barriga de um animal de montaria e transporte de carga.

Neste local criou-se uma erosão causada pelo intenso movimento de pessoas e animais, por isso aproveitado para construção de um VAU rudimentar, com um troco e 150 centímetros de largura, que ficava um pouco acima do nível da água.

Na época das vazantes era firme e difícil de remover, mas durante as fortes chuvas era facilmente arrancado do seu leito.

A cultura do cacau estava se transformando numa esperança para a região, e logo se destacou como principal produto de exportação do estado, e segundo do país, superado apenas pelo café.

Ilhéus, reconhecido mundialmente como centro maior dessa cultura, muito se beneficiou com essas exportações, e realizou esforços para difundir sua cultura, para isso construiu e recuperou estradas e pontes, para garantir, um melhor escoamento da produção do cacau. Técnicos competentes e da confiança do executivo Ilheense foram deslocados para centros mais promissores, onde atuaram como Administradores.

Esse foi o caso de Juvêncio Peri Lima, em 1930, homem de confiança escolhido pelo então prefeito de Ilhéus, Eusínio Lavigne para administrar a pequena comunidade que surgiu não muito distante da foz do ribeirão, a promissora MACACOS!

UM ’’VAU’’ NA TERRA DO SOL!Fonte Coaraci Último Sopro

De Enock Dias

Texto adaptado por PauloSNSantana

ONDE COMEÇOU O BAR BOLACHA!Fonte Renato Fraifer

Texto adaptado por PauloSNSantana

O boteco ''Bar Bolacha'' pertenceu ao Sr. Joaquim, o pai de Zé Milome, e quando iniciou suas atividades era uma barraquinha localizada em frente à área onde foi construção do Clube Social de Coaraci. Na época reuniam-se lá, comerciantes, fazendeiros, e alguns profissionais liberais existentes na região. O antigo Bolacha vendia ''fogos'' e ''cachaça'' e até uísque, ainda não vendia cervejas, mas lá só frequentavam pessoas da ''sociedade'', da época. Depois que o Clube Social foi construído, mudou-se para a Praça Jairo de Araújo Góes, local onde até hoje está localizado. Era um point da elite da região, depois bem mais tarde, com a instalação da feira livre na Praça, a frequência ficou bem mais democrática, já se via fregueses feirantes, magarefes, pessoas mais humildes. Mas os primeiros fregueses nunca deixaram de estar presente naquele espaço, para beber umas e outras e também ouvir o som do ''Jazz Bolacha'', uma bandinha bem afinada formada por amantes da música, seresteiros e instrumentistas que tocavam bandolim, cavaquinho, violão, saxofone, clarinete, pandeiro, etc. Os músicos eram instrumentistas gabaritados, que sabiam mesmo, tocar um instrumento. Alguns dos frequentadores daquela época foram Nonô Leal, Dourival Mascarenhas, Dr. Eldelbrando, Dr. Vanderlino, Raimundo Benevides, Sr. Vavá, Tete, Joaquim Moreira, Elias Leal, Dr. Afonso, Dr. Queiroz, Candido e muitos outros...

Miguel Cardoso, Elias Leal, Joaquim Moreira, Domingos, Tutu, Renato Datole, Dr. Alfonso, Dorival Mascarenhas, Dr.Vanderlino e Dr.Queiroz.

Page 4: 38 Caderno Cultural de Coaraci

UM CASO DIFERENTE!Adaptado do Livro Minhas Garatujasdo Autor Dr. Edelbrando Morais Pires,

por PauloSNSantana

O Dr. Bandinho era médico do Hospital de Coaraci, e estava de plantão. Após o meio dia desceu do quarto dos médicos, pois pretendia bater um papo com o pessoal da administração e enfermagem, antes de retomar o atendimento a seus pacientes.

Quando chegou à sala, lá estavam algumas funcionárias ouvindo atentas e curiosas uma história que estava sendo contada por Mariza também funcionária:

Ela dizia:-Repare bem, meninas. -É aquele negócio da televisão que

v a i c r e s c e n d o , c r e s c e n d o , engrossando, engrossando...

As meninas entreolhavam-se surpresas, e com um discreto sorriso e muita curiosidade!

O doutor cheio de malícia disse que sabia o que era!

A narradora prosseguii contando efusivamente que o negócio crescia e possuía uma a cabeça bem grande! Bandinho já tinha certeza do que se tratava!

Então ela olhou para ele e disse:

UM PERFIL DE COARACI DE 1953 ÀOS ANOS 80Fonte Livro Minhas GaratujasDe Dr.Eldebrando Morais Pires

Texto adaptado por PauloSNSantana

Em 1953 cidade não tinha calçamento, havia muita poeira no verão e lama densa no inverno, chovia todos os dias. Não havia luz, nem água encanada, nem telefone, nem estrada asfaltada, nem banco, o dinheiro vinha de Ilhéus em espécie, não havia ginásio, nem Comarca, nem Hospital!Havia uma Unidade Sanitária do SESP, a Maçonaria e por mais incrível que pareça dois excelentes cinemas que exibiam filmes atualizadíssimos que estavam em exibição nos cinemas da capital baiana.

O povo era ordeiro e cativante, a sociedade unida e alegre, os idosos ensimesmados e os jovens bairristas e de fácil amizade. Um povo acolhedor, os visitantes sentiam-se em casa, admirados pelo respeito e organização da comunidade.

Mais tarde calçaram as ruas, colocaram luz elétrica, substituíram as cisternas por água encanada, asfaltaram a estrada, instalaram telefone, criaram diversos e bons Ginásios, fundaram dois Clubes Sociais, o Rotary Clube, instalaram a comarca e edificaram o Fórum, fizeram o hospital, o Mercado Municipal, e muito mais. Coaraci ficou um brinco!

-Doutor quando ele está bem grande, grosso e com a cabeça enorme fica todo verde!

Bandinho voltou à estaca zero! Decepcionado, já não sabia do que se tratava, por causa da cor,

verde!Então ela gritou:-''Me lembrei, é o Huck!'', aquele bichão verde da televisão, que

aparece todo dia de Domingo, na Globo. Estava explicado!''Aquilo'' que Dr. Bandinho pensava maliciosamente ser o sujeito da história de Mariza não poderia aparecer de jeito nenhum na programação dos domingo, da rede Globo.

COARACI ANOS 50

Page 5: 38 Caderno Cultural de Coaraci

O projeto da construção

de Coaraci, de Peri Lima, foi

árduo, os funcionários

u t i l i z a v a m v á r i a s

ferramentas entre elas:

enxadas, picaretas, pás,

algumas caçambas e várias

ga l eo tas , que e ram

pequenas carroças de duas

rodas, puxadas por uma e

às vezes duas pessoas.

A missão da construção

do aterro durou três anos,

até alcançar o nível

desejado pelos engenheiros.

Todos os esforços de Peri

Lima foram concentrados

em torno do largo, para

transformá-lo na Praça

Getúlio Vargas e na área

comercial existente até hoje.

SR.TATÚFonte Livro Coaraci Útimo Sôpro de Enock Dias Cerqueira

Texto adaptado por PauloSNSantana

Peri Lima reconheceu que a sede do povoado deveria permanecer em torno do largo onde hoje está construída a Praça Getúlio Vargas, mesmo levando em consideração as imperfeições do relevo da área. As imperfeições ficavam por conta de um morro com aproximadamente duzentos metros de comprimento por três a quatro de altura, que se estendia no sentido norte-sul acompanhada de uma extensa região baixa, sempre alagada em decorrência das constantes chuvas e enchentes do rio. Peri aproveitou então as maquinas e caminhões e operários da rodovia Pirangi-Itacaré, em 1934, começando por derrubar o morro, mesmo sob protestos dos moradores, as casas desmontadas na sua maioria foram construídas com tábuas e cobertas com palhas de catolé, por isso conhecida por rua da palha.

Grande parte do material desmontado das casas foi aplicado na correção do largo, aumentando-se o nível para três ou quatro metros, como proteção das grandes repetidas enchentes do rio Almada. Enquanto as máquinas e os operários davam início aos trabalhos, um reforçado cais de pedra bruta, ainda existente, fora logo construído e necessário para suportar a pressão do aterro, e consequentemente servir de apoio à estrutura de uma ponte que seria construída. Em pouco tempo esse largo fora transformado num movimentado canteiro de obras, onde vários barracões de madeira e combustível para as máquinas foram levantados. Com o inicio das obras, a travessia de pessoas e animais no local fora imediatamente suspensa. Juvêncio contornou o problema colocando um pouco abaixo, em frente a casa comercial de João Maurício e José Laudelino, um imenso e pesado tronco de árvore secionado, que só permitia a travessia de pessoas, e logo apelidado pelo povo de ’’Pau de Peri’’, aí permanecendo por cerca de quarenta anos, até hoje existente, porém, em forma de passarela de concreto armado, construída no Governo de Joaquim Almeida Torquato. Peri Lima recebeu muitas criticas e criou muitas inimizades, mas, que foram insuficientes para modificar o seu projeto, mesmo depois de ganhar da população o apelido de Dr. Tatú, continuou incentivado pelas sucessivas doações, em dinheiro, que recebia de comerciantes e fazendeiros, entre eles, João Vital. Entre os prejudicados, estava Alípio de Souza Guerra que fora obrigado a construir uma rústica escada de madeira para seus fregueses manterem o acesso ao seu Cinema Rio Branco.

Junto aos primeiros barracos de taipa, cobertos de palha e levantados em circulo,havia uma ponte rudimentar de troncos de arvores, que nas enchentes eram arrancados pela força da águas...

Grande parte do material desmontado das casas da rua da Palha foi aplicado na correção do largo, aumentando-se o nível para três ou quatro metros, como proteção das grandes repetidas enchentes do rio Almada. As máquinas e os operários davam início aos trabalhos, da construção do reforçado cais de pedra bruta, ainda existente nos dias de hoje, necessário para suportar a pressão do aterro...

Construção da Praça Getúlio Vargas Ponte rudimentar de madeira

ANOS - 1930

Page 6: 38 Caderno Cultural de Coaraci

HISTÓRIA DA MATRIZ DA IGREJA CATÓLICA NOSSA SENHORA DE LOURDES

IGREJA CATÓLICA DE COARACI

Texto adaptado por PauloSNSantana

A Vila de Guaraci seguia a mesma tradição religiosa do município de Ilhéus. A religião católica, predominante em toda região, teve suas primeiras missas celebradas aqui em 1939, numa casa na esquina das atuais Av. Juracy Magalhães com a Rua Jaime Ribeiro Campos, hoje laboratório Santa Rita. Era uma pequena sala onde se instalou a capela Nossa Senhora de Lourdes, cujos primeiros trabalhos estavam sob a responsabilidade do frei Victor(O.F.). Com ajuda da própria comunidade católica, tiveram início as obras de construção da igreja Matriz, em 1937, situada numa área privilegiada dentro da vila, onde as doações de pedras, tijolos, madeira, cimento e andaimes mantiveram os trabalhos num ritmo lento, até adquirir condições de receber seus fiéis. Após um longo e exaustivo período de dez anos de trabalhos e dedicação da população católica, e dos vigários que por aqui passaram, as obras da nave foram concluídas por volta de 1947, quando teve inicio a construção da torre, concluída no ano seguinte. A sua fundação aconteceu em 06 de outubro de 1968, após a conclusão dos trabalhos de reforma, quando a parte posterior foi demolida, para ampliação. Nesse trabalho, a demolição da cúpula exigiu um grande esforço, devido à alta resistência da estrutura, onde se utilizou óleo de baleia em sua composição. Muitos outros vigários dedicaram seu trabalho em prol da evangelização do povo coaraciense, dentre eles, os freis: Victor O.F., Hermano José, Oto, Mário, Petrônio Augusto,Carlos Valentin e a ...

De 1964, só voltou às atividades em 14 de junho de 1979, com a chegada do dinâmico Padre Francisco Xavier Cardoso, no salão paroquial e com a presença da Federação das Congregações Marianas de Ilhéus, Itabuna, Almadina e outras representações. Finalmente a Congregação foi oficializada, e consequentemente eleita a nova diretoria, assim constituída, presidente: Lourival Araújo; vice-presidente, Alcides de Almeida; 1o. Secretário, Nelson de Almeida Sandes; 1o. Tesoureiro, Basileu Cardoso. Os demais cargos foram ocupados por membros em outra assembleia extraordinária. A primeira eucaristia celebrada pelo frei Victor, teve sua turma preparada sob a responsabilidade de dona Alzira Clímaco e Professora Rita Lima, católicas bastante atuantes na vila. Com a chegada da professora Nair Gomes, a coordenação ficou sob sua responsabilidade. Destacadas irmãs deixaram sua colaboração: Eulina, Judite, Catarina, Margarida, Dilvânia, Helena, Cleusa, Beatriz, Elisa e Idalina. Entre as leigas, destacaram-se: Eunice Miranda, Beatriz Soares, Maria José Soares, Nelma de Cássia Sandes, Iracema Maria Vasconcelos, Efandil Soares, Clélia Coelho, Maria Isabel Araújo, Josefina Ana Belo, Linalda, Carmem Barbosa, Maria Jocelina, Adma Boaventura, Núbia Brandão, Irenezita Meire, Ivonete Nunes, Celsina Castro, Clara Íris, Cândida Mercês, Aimberé, Marlene Sena, Verônica, Elisângela, Rosana, Maria Aparecida, Josete, Cássia, Dejanira, Clemência e Ironilda.

Havia também o Coral Nossa Senhora de Lourdes, sob a direção do Frei Victor O.F., através de sua assistência a Guaraci a partir de 1939, onde a Professora Rita Lima e Dona Alzira Clímaco iniciaram um curso de catecismo com um grupo de crianças, cujo objetivo era prepará-las para a primeira eucaristia, o que aconteceu em 28 de maio de 1940. Após essa realização, o grupo já formado começou a cantar nas missas dos sábados, o Ofício de Nossa Senhora, no período quaresmal, e no mês de maio, em louvor a Nossa Senhora, nas trezenas, surgindo assim o pequeno Coral Nossa Senhora de Lourdes. Os componentes foram: Judite, Joselita, Zenilda, Dulce Leal, Dejanira, Terezinha, Bidinha e Romilce...

partir da fundação, os Padres Sinval, Laurentino, Paulo Lima, Frei José Maria Alves, Francisco Xavier Cardoso, Alberto Kruschevsky, Nilton Conceição de Souza, João Boaventura Oiticica,e nos dias de hoje o Padre Laudelino José Neto. Estavam vinculadas à Paróquia de Coaraci, a Cidade de Almadina e as Vilas de São Roque, Itamotinga, Bandeira do Almada, e Ruinha dos três Braços. A Congregação Mariana Nossa Senhora de Lourdes e São José de Coaraci foram fundadas em 30 de maio de 1947, através do Sr. Júlio Olímpico da Cruz, estando entre os primeiros congregados os senhores: Naziazeno Machado, João Ferreira, José Batista de Oliveira, Clemente Moreno Pereira, Antídio José de Araújo, Pedro Bomfim, Miguel José de Souza, Domingos Teodoro e Deusdete Dias, e, como diretores espirituais, os freis Sérgio, Wenceslau, Augusto de Santana e outros, que muito contribuíram para o crescimento da Congregação. Essa congregação funcionou plenamente até o ano de 1964, com seus encontros sendo realizados no salão paroquial da Igreja Matriz, sempre obedecendo às regras do Manual Devocionário do Congregado Mariano, realizando eleições a cada dois anos pa ra compor seu quadro administrativo.

Fonte:LIvro de Enock Dias de Cerqueira

Page 7: 38 Caderno Cultural de Coaraci

HISTÓRIA DA IGREJA BATISTA DE COARACITexto adaptado por PauloSNSantana

Fonte: Coaraci Último Sopro de Enock Dias Cerqueira

A Igreja batista deu início a suas atividades em 1930, quando Coaraci era conhecido por Itacaré. Seus fundadores foram o Sr. Antônio Dias de Cerqueira Filho e a Sra. Alcida Dias, residentes na fazenda Boa Esperança, eles resolveram adquirir um terreno onde pudessem construir um espaço para a realização de cultos evangélicos, até então praticados em sua fazenda, nas Duas Barras. Optaram por uma área, ainda recoberta por muita guaxuma, brejo e outras vegetações rasteiras, em plena Rua da Palha, e no mesmo local onde hoje se encontra. De início, um barracão de madeira funcionou por alguns anos quando aos poucos foi sendo substituído por uma construção sólida, onde cabiam cerca de quatrocentas pessoas sentadas, em cuja fachada existiam duas janelas e uma porta em forma de arco, além de três janelas na lateral esquerda. Posteriormente as duas janelas foram transformadas em portas. Muitos pastores trabalharam na Igreja Batista, entre eles: Saturnino Braga, Pedro Brandão, Silônio Amorim, Gustavo José da Silva casado com Srta. Jemima Calado da Silva, esse pastor organizou o Instituto Batista de Ensino, onde ministrou curso primário e supletivo. Foi também, presidente da Associação Lar dos Cegos, e um excelente evangelizador, aumentando consideravelmente o numero de pessoas convertidas e posteriormente batizadas, que passariam a colaborar com os trabalhos da igreja. Por volta de 1948, dois anos após sua chegada, a Igreja Batista de Coaraci surpreendia a todos com os resultados positivos de seu trabalho, e já considerada a mais vibrante dentre as demais Igrejas da região. Uma movimentação maior era aos domingos quando eram realizadas as sessões ordinárias e batismos, quando contavam com a presença dos membros e suas respectivas famílias residentes nas Congregações de Almadina, Ribeirão do Terto e Nova Floresta. Eram dias em que as portas e janelas mantinham-se abertas das primeiras horas do dia até altas horas da noite.

As comemorações do Natal eram muito especiais, chamando atenção de fieis de outras cidades brasileiras, tal o nível de profundidade dos eventos realizados entre os anos 1946 e 1958. Os dramas, as poesias, os monólogos, os diálogos e ensaios com meses de antecedência, para que fossem cumpridas todas as exigências do texto. Nos dias que antecediam o Natal, logo cedo a Igreja já estava repleta de pessoas sentadas nos lugares, mais próximos do palco, para não perderem nenhum detalhe do que seria apresentado. As longas poesias de Mário Barreto França, declamadas por Elza Dias, Odete Rocha, Nilzete Rocha ou Geysa Galvão. Os instrumentistas Pedro Pereira, Antines, José Dias de Cerqueira.

De 1936, até por volta de 1958, batistas e católicos não se viam com bons olhos em Coaraci. Uma escola, anexa à Igreja e sob a responsabilidade da professora Conceição Belmonte, fora criada para que os filhos de pais batistas pudessem receber uma boa educação, livre de qualquer discriminação. A fase mais tensa aconteceu em 1952, quando o ex-padre Gióia Martins realizou uma concorrida série de conferências no templo da Igreja Batista. Durante a semana, a partir da meia-noite alguns católicos saíam em procissão, segundo eles, com a finalidade de descontaminar a cidade! A partir de 1957, com as festas de formatura do ginásio indicando solenidades nas duas religiões as divergências foram definitivamente esquecidas. Em 02 de dezembro de 1956, chega o Pastor Jessé Maria da Silva, em 1977 assumi o Pastor Reginaldo Assis Leal, concluindo o atual templo da primeira Igreja Batista, concretizando assim um antigo desejo dos seus membros. Pastor Reginaldo tem os seguintes filhos com a Senhora. Mary: André, Edna, Manuela e Régia.

PRIMEIRA IGREJA BATISTA DE COARACI

Page 8: 38 Caderno Cultural de Coaraci

Almir Tourinho RochaO popular Michelin

Um jogo da pesada!Autor Chico Bolota

Texto de PauloSNSantana

Michelin era metido a juiz de futebol. Certa ocasião foi marcar um jogo entre as equipes dos pretos e dos brancos na zona rural. A luva que recebeu para marcar o jogo, promovido pelos pretos, foram doze galinhas d'angola.

No final do segundo tempo, o juiz querendo agradar os pretos, arranjou um pênalti fajuto em favor deles.

O capitão da equipe branca puxou uma peixeira e cravou na bola, inconformado com o roubo do juiz.

O capitão da equipe, um homem de dois metros de altura por 1,50 de largura, pés enormes e por isso jogava descalço, destemido, chamou o capitão dos brancos e afirmou categoricamente que iriam continuar o jogo nem que fosse com uma bola de coco!

Pegaram um coco seco, colocaram na marca do pênalti e chamaram Castilho, um negrão enorme, com a unha do dedão o pé direito medindo a p r ox i m a d a m e n t e u n s t r ê s centímetros, para chutar o coco:

Castilho tomou distância correu como um touro e chutou com tanta força que dividiu o coco em duas bandas, uma foi parar nas mãos do goleiro e a outra dentro do gol.

O juiz então decidiu pela banda do coco que fora gol, e confirmou o tento. Foi uma revolta danada!

Pouco depois chegou um recado para o Juiz;

-Perguntaram quem era ele? Michelin apresentou-se tremulo!

-O portador do recado ofegante disse a Michelin que dezesseis torcedores dos brancos estavam com galhos de araçá para dar uma surra nele! Como retirar Michelin do campo de futebol, na verdade o pasto do gado? Perguntaram se ele sabia montar a cavalo, arranjaram um animal quase selvagem, mas veloz! Michelin subiu no animal em pelo, empurrado pelos fundos, e com as doze galinhas, amarradas pelos pés.

Soltaram o cavalo arisco debaixo de cipoadas, o animal saiu voando e Michelin sem nada poder fazer para pará-lo, mesmo porque, atrás dele vinham uns vinte torcedores perversos montados em burros bravos, para alcança-lo e dar-lhe uma lição. Chegou em casa, com as calças rasgadas, o traseiro assado, e as galinhas depenadas, prontas para o abate! A sua mulher vendo a cena para agradá-lo,aprontou uma galinhada para o jantar. Ele nunca mais apitou jogos de futebol.

ELITE BAREntrevista com Renato Fraifer

Texto de PauloSNSantana

O Elite Bar começou com Feitosa irmão de Juscelino Feitosa depois passou para o Sr. João Reis. Era um bar e sorveteria frequentado por coronéis do cacau, gente da alta roda, pessoas poderosas da região. A sorveteria era equipada com o que havia de mais moderno na época, o que aumentava o movimento do bar nos finais de semana. A Elite de Coaraci, pessoas como o Dr. Durval Duarte, Lourival Mascarenhas, Raimundo Benevides, comerciantes, médicos, advogados eram comumente encontrados neste point. Lá se realizavam grandes negócios, e circulava muito dinheiro da compra e venda de cacau. Os dias de Sábado eram os mais movimentados em razão da feira livre, e das grandes festas no clube social. A propósito as primeiras feiras livres ficavam situadas onde hoje esta localizado o Banco do Brasil, na João Batista Del Rei e na Praça da Bandeira. naquela época não havia calçamento e quando chovia a feira livre transformava-se em um imenso lamaçal, por causa do transito de pessoas, e dos animais.

Junto ao Elite Bar havia o snooker de Agripo com três mesas, que pertenciam a Enock Ramos, junto a este encontrava-se o gabinete do Dr. Adalto Sacramento, em frente localizava-se a Sapataria de Raimundo Benevides, onde um dos funcionários era o Sr. Edinho Pão. O primeiro andar era a república onde moravam o falecido Alberto Assis, Raimundo Benevides e muitos outros rapazes que vieram iniciar suas vidas na Terra do Sol. No lado esquerdo do Bar Elite junto a este era o deposito de atacados de Enock Ramos, e em frente a este havia duas mansões uma dos Kruschevsky e a outra do Sr. Manuel Ramos, na esquina localizava-se a farmácia de Soares do avô de Evandro. A Farmácia que hoje pertence a Evandro Soares, pertenceu aos Drs. Eldelbrando e Vanderlino, o farmacêutico da mesma era o Senhor Swing, conhecido por todos como Dr. Carlos, embora não fosse médico, dava injeção, receitava remédios, e realizava consultas. O estoque das farmácias daquela época era muito variado, e se encontrava de tudo no ato da compra. Havia muitos fregueses para comprar e pagar em dinheiro.

Sr. João Reis tocou o Bar Elite durante aproximadamente vinte anos. A Praça Getúlio Vargas era local escolhido para apresentações, desfiles cívicos de sete de setembro as festas de carnaval, desfiles dos blocos carnavalescos, e batucadas. Lá se realizavam comícios, movimentos estudantis, recepção de visitantes ilustres. As famílias reuniam-se para conversar, os fatos eram divulgados e noticias sobre politica e sociedade eram difundidas.

Vinte anos mais tarde surgiu o Tambaú, e muitos outros comerciantes abriram novos negócios. Surgiu a beira-rio, construiu-se o calçadão da Ruy Barbosa, mas o movimento já não era o mesmo.

Com os novos tempos chegando em Coaraci, ao invés de criarem pontos de encontro para as famílias circularem com áreas de lazer, lugares aprazíveis, a prioridade sempre passou a ser dos bares e das festas noturnas, na Praça de Eventos.

Ainda existem praças onde as famílias podem encontrar-se, entre elas a Praça Pio XII, Praça João XXIII, a Fonte Luminosa, a pracinha do Bairro Maria Gabriela, outra no bairro do Cemitério. Hoje município oferece poucas opções de lazer e como são poucas as opções as famílias permanecem em suas casas, para evitar os risco das drogas, prostituição e marginalização.

Page 9: 38 Caderno Cultural de Coaraci

DOLE, ANTÔNIO TRÊS MORROS E BRAGA MÚSICOS AUTO-DIDATAS DE COARACITexto adaptado por PauloSNSantana - Fonte Livro de Enock Dias Cerqueira*

O Sr. Antônio Dias, o Dole, ao chegar às Duas Barras, vindo do Rio do Braço, 1914, com pouco mais de dez anos, trazia também em sua bagagem uma pequena harmônica, como gostava de chamar. À medida que o tempo ia passando, foi também substituindo uma por outra até quando, por volta de 1947, 48, Zezinho, seu filho mais velho, transmitiu-lhe durante três ou quatro semanas alguns conhecimentos básicos de música adquiridos com o maestro João Evangelista Melo, regente da Filarmônica, e de quem era aluno. Três meses depois, Zezinho, ao retornar de Jaguaquara, onde estudava, ao avaliar a aprendizagem de seu Dole, assustou-se com os conhecimentos adquiridos, muito além dos ensinados, e já utilizados em sua possante 120 baixos. Seu Dole, unindo seus conhecimentos musicais aos seus quarenta anos de instrumento, tornou-se também um virtuoso de raríssimas qualidades. Não foi preciso muito tempo para encontrar em suas gavetas rabiscos e composições de sua autoria, todas elas enriquecidas com passagens de difícil execução, que era sua característica. Vez por outra realizava transcrições, de tons fáceis, para difíceis, cheios de sustenidos, bemóis e semicolcheias encravados na pauta, para dificultar o desempenho dos que pretendiam acompanhá-lo ao violão.

Dole, durante grande parte de seus cinquenta anos como instrumentista, realizou grandes desafios, especialmente com Antônio Três Morros, sanfoneiro que conhecera em suas andanças pelo sertão de Jequié, quando tocavam por horas a fio, cada um empunhando sua sanfona. Seu Dole empolgou-se ao conhecer o dobrado ''Gentil Amorim'', do acervo da Filarmônica, a ponto de efetuar algumas adaptações para os recursos do acordeom, onde executava com profunda maestria, especialmente no trabalho da mão esquerda. Por volta de 1945, aos 65 anos, abandonou definitivamente o instrumento para tristeza daqueles poucos que tiveram o privilégio de ouvi-lo tocar.

De 1944 até 1955, Coaraci constituiu-se num palco de grandes músicos, influência trazida pelos moradores de Santo Antônio de Jesus e de Nazaré das Farinhas, quando aqui chegaram. Atraído por essa paixão, o meio musical da cidade foi enriquecido com a presença de um cidadão conhecido apenas por Braga. Não era fácil encontrá-lo sem os efeitos do álcool, mas era rotina vê-lo dormindo sob marquises de algumas casas comerciais da rua Rui Barbosa, às vezes, à luz do dia. Em seus momentos de lucidez, Braga tinha a competência de poucos, quando o assunto era música. Partituras para ele era como as leis para o jurista Rui Barbosa. Apesar de tocar outros instrumentos, o saxofone e a clarineta não tinham o menor segredo para ele. Na alfaiataria de Antônio Silveira, um de seus lugares preferidos, deu um espetáculo especial ao executar uma música numa clarineta, enquanto ia desmontando-a, a ponto de restar apenas à boquilha.

Quando alguém lhe pedia para tocar Espinha de Bacalhau, respondia com despreza! - Ahhh! música de principiante. Para os que bem a conhecem, Espinha de Bacalhau é música de difícil execução, reservada àqueles que possuem farinha no saco. Em vez d'eu executar Espinha de Bacalhau, vou executar Bacalhau sem espinha, composição certamente de sua autoria, já que ninguém dela nunca ouvira falar.

Hoje os tempos mudaram já não se houve clássicos da musica popular brasileira facilmente, os instrumentos eletrônicos, guitarras, teclados e sintetizadores, facilitam a execução de tocadores de autodidatas, que muitas vezes não sabem ler uma partitura musical. Onde estão os professores de piano e violão?

UMA VISITA INESPERADAFonte Dona Diva

Texto de PauloSNSantana

Senhora Diva, é uma senhora coaraciense, mãe de três filhos (Mara, Valdir e Neusa) ela me contou uma história que afirma ser verdadeira, e os acontecimentos se deram quando foi morar na cidade de São Paulo. Lá na capital ela casou-se. Foi morar na mesma rua de sua cunhada, que casada com o irmão do seu esposo. Como viviam no mesmo endereço eram próximas,uma sempre fora solidária à outra. Sempre foi uma mulher católica praticante, temente a Deus, muito caridosa e sempre esteve a disposição para dar ajudar alguém quando necessário fosse. Por causa da proximidade entre as famílias passou a ter conhecimento que sua cunhada era muito dura com o marido, chegando ao ponto de reclamar de tudo que o mesmo fazia q u a n d o e s t a v a e m c a s a , principalmente com referencia à arrumação da mesma. O pobre coitado não podia sentar-se na cama, nem tão pouco tirar uma cestinha

após o almoço! Ele passou então a passar na casa do irmão para pedir alguma coisa, ou mesmo para poder descansar um pouco após o almoço, e Dona Diva permitia sem problemas. Assim foi durante muito tempo, até que ele caiu doente! Câncer! Fora imediatamente internado o caso era grave!Diva continuou dando assistência e conforto ao pobre moribundo, abandonado pela mulher no hospital. Assim foi durante todo o tempo no qual esteve sofrendo com o tratamento, e com as terríveis dores causadas pela doença. Um dia quando retornou ao hospital para visitá-lo, soube da sua morte. Ficou sentida mais foi melhor assim, para acabar de vez com o sofrimento daquele homem. O tempo passou e Dona Diva permanecia residindo com a familia no mesmo endereço. A casa era humilde mais confortável, e acolhedora, com uma área na frente da casa e um belo quintal, onde as crianças brincavam e as vizinhas sentavam-se para conversar amenidades. Um dia um homem chegou no portão e chamou por ela!

Todos acharam estranho, como alguém sabia o nome de Diva, mas mesmo assim ela foi e atendeu com finesa, ao homem que chapéu muito tímido que olhava por chão e pedia um prato de comida, alegando que estava muito cansado e com fome. Muito caridosa Diva mandou o pobre homem entrar e sentar-se no batente na frente da casa, foi à cozinha e aprontou um prato de farta comida e trouxe água. La fora as suas vizinhas acompanhavam tudo de perto, porque naquelas bandas era muito perigoso dar guarita a um estranho. Estavam assustadas também com a aparência do homem! Acharam muito parecido, pra não dizer igual ao falecido seu cunhado. Quando ela finalmente olhou para o rosto dele, assustou-se também, pois era a cópia fiel do falecido. O homem acabou a refeição agradeceu e saiu. As mulheres ficaram apavoradas e correram atrás para identifica-lo melhor, mas quando chegaram no portão, o homem havia desaparecido. A rua não tinha esquinas, era uma reta de um quilometro. Mas o homem, desapareceu sem deixar rastro! Quem era aquela alma? Seria o espirito do cunhado de Diva? Acredite se quiser!

AC R E D I T E S E Q U I S E R !

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A equipe de futebol do Bolacha era convocada para o Torneio Caixeiral como forma de entretenimento para os adeptos do líquido etílico, frequentadores do boteco famoso.

A princípio apenas os mais fieis e assíduos fregueses foram convocados. Depois, virou clube, cresceu, tornando-se um dos mais queridos do torneio.

Com o passar do tempo, alguns atletas envelheceram, outros bateram em retirada, houveram novas convocações , o time foi reformulado e mais uma vez abraçado pela família Bolacha, que incentivou até quando pode. O símbolo da equipe era uma garrafa de pinga e um violão.

No final dos anos 1970 e início dos anos 1980, a equipe do Bolacha ganhou fama regional por sua péssima qualidade nos gramados. Derrotas consecutivas e jogada hilárias, dignas do Íbis de Pernambuco, era o tempero que conquistou fama municipal.

Foram anos sem comemorar uma única vitória, mas de muita festa e resenhas concorridas, regadas a muita cachaça, onde havia relatos dos micos do jogo. A fama de pior time do Caixeiral veio com uma brincadeira de torcedores da época.

Embora nunca tenha chegado às finais dos torneios caixeirais, sempre levou muita alegria aos torcedores e familiares dos bolacheiros que acompanhavam seus atletas, até o campo, uns cambaleantes, outros ainda sóbrios, mas todos imbuídos do sonho de vencer, mesmo que fosse um delírio ou uma ressaca.

Ficou na última posição em todos os torneios, era o primeiro a jogar e a retirar-se do evento, mas que importava isso, se para eles, mais importante era os quinze minutos de fama, tempo em que ouviam os torcedores incentivando suas jogadas hilariantes.

Nunca venceu uma partida. Teve a pior defesa entre todos os participantes e marcou pouquíssimos gols, resultando num imenso saldo negativo.

Mas deixou saudades, pelo desempenho amador, até mesmo infantil, que marcou um tempo, uma época de completa felicidade e harmonia, onde podia-se ver amigos sorrindo, incentivando-se, impacientes, esperando o final do jogo, para voltar beber mais umas e outras!

Texto de PauloSNSantana

EQUIPE DE FUTEBOL DO BOLACHA 1983UM TÉCNICO ASTUTO!Texto de PauloSNSantana

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Um técnico do futebol brasileiro, famoso e muito respeitado, um disciplinador e vencedor, um homem sério e muito decidido e que treinava a seleção brasileira, possuía na equipe dois bons goleiros, um era titular absoluto, o outro era excelente, mas ainda permanecia na reserva, queria vê-lo jogar, mas como sacar um titular do time, sem nenhuma justificativa? Matutou muito, e no hotel às 21h00 telefonou para o apartamento dos goleiros e ordenou ao titular que fosse aos seus aposentos, pois pretendia falar com o mesmo. O craque chegou no apartamento do chefe e o encontrou com dois copos na mão e uma garrafa de uísque escocês. Assim que entrou foi convidado a sentar-se e a beber com o chefe que queria saber das suas reais condições físicas e técnicas. O goleiro espertamente recusou a bebida, mas o técnico ordenou que aceitasse, e que bebesse como homem, dose após dose! Que não era para bicar feito uma garotinha. Lá pelas tantas da madrugada, encerrou-se a bebedeira o craque retornou ao seu apartamento, quando estava abrindo a porta, ouviu o técnico chamá-lo e adverti-lo dizendo: Tu bebeu muito esta noite, estas indo dormir às 2h00 da madrugada, portanto amanhã tu não vais jogar, o titular será o teu companheiro, certo Tchê? Acredite se quiser!

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UMA PIABA INUSITADA!De Eldebrando Morais Pires

Em Coaraci havia um barbeiro, conhecido por Auxênio, homem extremamente irritável e, mais ainda pornográfico. Era bulir com ele e jorrar da sua boca os palavrões mais pesados. Para compensar mostrava-se um profissional competente, bom no corte de cabelo e excepcional na barba. A navalha mais suave da cidade. Afonso Tavares, a barba mais fechada e dura só ia lá a Auxênio e dizia: a sua navalha parece um papel de seda alisando a cara da gente. Auxênio tinha um freguês ilustríssimo, o Dr. Eduardo Catalão, um dos homens mais educados e de fino trato da região cacaueira, provinha de uma das mais tradicionais famílias de Ilhéus. Catalão era nome de peso na sociedade pelo poder econômico e político. O irmão Pedro foi Prefeito de Ilhéus. Ele, Eduardo, Senador da república, Ministro e presidente do banco do Brasil em ocasiões diversas. Corpo bem trabalhado, face simpática, largo bigode negro, porte impecável, elegante e gentil, voz firme grave e serena, acentuando as palavras, as silabas e as vogais, mais parecia oriundo da Inglaterra da Rainha Vitória, que da região rústica dos frutos de ouro de Jorge Amado, em fim, um verdadeiro gentleman. Como bom político, acessível, sem preconceito, mas sempre acentuando aquele, ''o senhor'', ''a senhora''. Possuía diversas fazendas de cacau, algumas perto de Coaraci pelos lados de Itapitanga, daí a necessidade de passar por Coaraci quando se dirigia às suas propriedades. O Dr. Eduardo Catalão vinha de Ilhéus, onde residia para fazer a barba na passagem por Coaraci, com o ''senhor'' Auxênio.

Em uma dessas passagens pela barbearia, o Senador já estava com o corpo estirado na cadeira do barbeiro, com os olhos fechados e a face escondida tomada pela espuma, quando ''Teteu'' ia passando pela porta da barbearia e confundiu o freguês que estava sendo atendido com uma pessoa da sua turma, do seu grupo, digamos assim, sem discriminar, da sua laia. Entrou na barbearia, tocou no ombro de Auxênio, fez sinal para ele se afastar, levantou o braço forte e a mão grande e desceu os dois dedos sem piedade sobre larga testa do ministro, naquilo chamado na época de uma piaba, completando o gesto impensado com sua voz gutural: - Acorda ladrão!

O Dr. Eduardo Catalão saltou da cadeira do barbeiro, firmou-se de pé a testa afogueada, encarou Teteu com espanto, reconheceu-o, controlou-se, respirou fundo, estendeu a mão ao agressor e falou: - Bom dia, senhor Aristeu. Como está a família? Teteu pasmo, parado, sem falar, sem respirar, atônito e quase se mijando ao reconhecer a sua vítima, olhou para o Senador, Ministro, Advogado, Presidente do banco do Brasil da linhagem dos Catalão, homem de uma educação primorosa e avaliou, num piscar de olhos o seu impropério. Recompondo-se estendeu a sua mão gelada na palma e cinco picolés compostos pelos dedos. E falou:

-Mas Doutor Eduardo, pela bênção de sua mãe, pelo amor dos seus filhos, por sua educação reconhecida, o senhor me perdoe! Eu pensei que era um vagabundo assim como eu fazendo a barba aí com Auxênio. Me perdoe doutor Eduardo pelo amor de Deus. Eu sou mesmo um desastrado, um infeliz. Como é que eu vou fazer uma coisa dessas, logo com o senhor, que me trata tão bem, embora sejamos de nível diferente. Me perdoe doutor Eduardo. Aquele desgraçado me paga.

-Nada disso senhor Teteu, nada de vinganças impensadas e injustificadas. Aconteceu e aconteceu com o senhor e comigo. São fatos do acaso. O senhor tenha um bom dia e me recomende a dona Santinha, sua esposa.

Teteu foi um mestre na piaba só até aquele dia. O caso correu célere pela cidade. Teteu sumiu do mapa por vários dias, para evitar as gozações, esfriar o desastre! Mesmo assim a turma caiu em cima: Teteu lá vem o doutor Eduardo! e chamou pelo

A BARBEARIA DO SR, EMÍDIO

Emidio Barbeiro

O JOGADOR FLECHA LIGEIRA!

Texto de PauloSNSantana

Durante uma partida de futebol entre duas equipes tradicionais, cada uma com sua imensa torc ida, r iva is e barulhentas, aconteceu um caso engraçado e ao mesmo tempo hilário com o ponta direta ''Flecha Ligeira'', como era conhecido, pois era muito veloz e sabia cruzar uma bola como ninguém. Aos trinta minutos do segundo tempo a partida ainda estava em zero a zero, quando o meia de sua equipe pega a bola no meio de campo, domina e quando prepara-se para lança-la, ouve o ponta gritar ''dá, dá, daaaa... Blufff'', esperto e inteligente, o m e i a l a n ç o u a b o l a primorosamente para a ala direita do ataque onde estava posicionado ''Flecha Ligeira'', que no momento do grito havia perdido a sua dentadura! A mesma caiu a dois metros de sua posição, como era bastante rápido, de um pulo pegou a dita cuja, enfiou na boca com grama e tudo, deu uma cambalhota pra frente, para disfarçar, saiu correndo alcançou a bola efetuou um excelente cruzamento para o centro avante '' peito de aço'', que de um pulo cabeceou para dentro das quatro linhas. Foi um gol importante e ''Flecha Ligeira'' pulava, com um sorriso largo e cheio de gramas! Os seus c o m p a n h e i r o s s u r p r e s o s apontavam para ele chamando-o de boca de periquito, pois parecia que tinha um entre os seus dentes. O juiz vendo aquilo parou o jogo para que o atacante retirasse a sujeira verde da boca (grama) e retornasse para o jogo.

Acredite se quiser!

FLECHA LIGEIRA!

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O CARÃO PAVOROSOCARÃO: AVE AQUÁTICA DO BRASIL; Nome Científico Aramus Guaraúna - Linnaeus 1766. De Solon Planeta .Adaptação: robertopovoas.blogspot.com.br

Como já falei em outra oportunidade, em 1929 meu pai comprou uma área rural na região, hoje conhecida como Lagoa de Dentro, mais como na propriedade não havia nenhum meio de subsistência, foi até sua terra natal e trouxe para aqui um irmão e um concunhado com a família e o colocou na área para desbravar a terra e dar inicio ao plantio de cacau. Isso feito legalizou a terra e voltou à região do Rio do Braço para gerenciar as fazendas do coronel Tico Brandão.

Aproveitando a facilidade de mão de obra da época, conseguiu dois trabalhadores da sua confiança para também vir para aqui para a Lagoa de Dentro plantar cacau na condição de contratistas. Um dos homens chamava-se Antônio João Batista, um dos homens mais direito e mais trabalhador que já tive oportunidade de conhecer. Às vezes, sozinho se arriscava a derrubar um jequitibá ou outra árvore com mais de 10 metros de “rodo” (comprimento do tronco) e mais de 2 metros de diâmetro levando 4 a 5 dias para derrubá-la. Na maioria das vezes gastava um dia ou mais, só para fazer o “girau” (armação construída com madeira mais fina, tipo, andaime de pedreiro), para fazer o corte acima das “catanas” (raízes que floram do solo para sustentação da árvore) que lhe dava sustentação. O outro trabalhador chamava-se Themístocles Tavares conhecido por Pombo que também muito contribuiu com a feitura da fazendinha que hoje tem o nome de Vencedora. Esses homens eram tão destemidos e operantes que pouco tempo depois, ambos conseguiram adquirir suas terras próprias, formando também suas propriedades. Em 1941, fui autorizado a passar uns dias na casa de minha tia Mocinha, esposa de meu tio Emídio que vieram lá das bandas do rio Itapicuru para desbravar a terra que meu pai adquiriu. Nessa época eu tinha 11 anos. Minha tia tinha três filhos adolescentes, duas mocinhas e um rapaz de nome Francisco que se tornou

famoso por tocar cavaquinho, violão e saxofone, ficou conhecido por Chico Viola, hoje já falecido. Essa turma criou um jazz que ficou conhecido, atraindo músicos que tocavam pandeiro e tamborim. Com mais gente a sobrecarga no sótão aumentou e uma noite a estrutura não resistiu e veio a baixo, causando um enorme susto e também algumas escoriações, sem maiores consequências. Como minha tia reclamava da nossa algazarra, pois Chico já tocava cavaquinho, fizemos um sótão na casa de farinha e passamos a dormir lá. Certa noite, já alta madrugada, fomos acordados por um alarido estranho, esquisito e assombroso que apavorou a todos. Não demorou muito e tio Emídio chegou na casa de farinha com lanterna e espingarda na mão, mandando que nós descêssemos para ir dormir dentro de casa, por que o alarido poderia ser uma onça, ou outro bicho qualquer. Ficamos alguns dias sobressaltados, até que um dia, buscando água no ribeirão, quando uma ave de porte médio, de pernas e pescoço alongado e depenado posou num galho de imbaúba e ensaiou alto e assustador, tal qual o grasnido da noite do pavor. Fui até a casa de “Seo” Antônio João ( homem vivido e experiente), pai do popular Manoel Pecadão e detalhando o tipo do animal, ele explicou que se tratava de um carão, ave pernalta existente nas grandes lagoas das nossas matas. Aí então, voltamos a dormir no girau e tocar cavaquinho e cantar até as tantas da noite.

Naquela época a começar pelo berimbau, os proprietários na Lagoa de Dentro ou Ribeirão do Recreio, eram: Manoel Peruna, João Biano, José Gregório, Marcolino Ferreira, Manoel Matias, Aureliano Dias, José Ludovico, o gringo Laroca, Afonso Portela Gaspar, Renato Leite da Silveira, Manoel Vila Nova e outros.

Na Lagoa de Fora ou Lagoa de Eurípedes (hoje Lagoa de Sambaíba), eram: Francolino Gonçalves, José Antônio Zoião, João Pedro Fraga, Dona Sinharinha, Benvindo de Tal, Egídio Pereira, Caetano Estrela, Eurípedes Leão, Carlos Oliveira, Dr. Sarmento e tantos outros.

Foi com esse denodo, arrojo e determinação desses pioneiros que hoje temos a nossa aprazível e aconchegante Terra do Sol.

Será que você se reconhece nessa foto?

P o d e - s e encontrar Emília d e V a v á , Expedito, o Sr. Du r va l , F r ed , Paulinho Caninha, Edson Galo, Elvia, Cid Bamba, Ruy Barbosa, Guaxá, Vilma, e parece ser Bel.

Você pode estar entre essas pessoas

Identifique-se procure por a m i g o s o u amigas, recorde o passado que pode t e r d e i x a d o s audade s p r a você.

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ESTÁDIO BARBOSÃO

Grandes equipes como o Bahia de Itajuípe, o Brasil de Buerarema, o Comercial de Ubaitaba, o Arsenal de Uruçuca, além de equipes de Jequié, Ipiaú, Gandu, algumas criadas desde a condição de distrito, essas equipes em muito honraram e dignificaram este gramado com grandes exibições, demonstrando também seus grandes mestres.

Antônio era um goleiro que sempre defendeu a Associação Atlética. Não tinha físico privilegiado, nem altura suficiente para a posição que exercia, mas, compensava pela agilidade e rapidez com que se deslocava de um lado para o outro da trave por baixo ou por cima, e logo ficou conhecido em toda a região com Antônio Circuito. Suas atuações a todos empolgava pela beleza e arrojo de suas defesas que pareciam prever a trajetória da bola, antes mesmo de seu lançamento. Tinha como adversário maior as atuações e os chutes violentíssimos de Filhinho, outro jogador de qualidade extrema, e centroavante do arqui-inimigo Tupinambá.

FILHINHOO encontro entre Antônio Circuito e Filhinho, garantia a

presença de grande público, que não queria perder as defesas de um e os arremates do outro. Por várias ocasiões, Ilhéus ou Itabuna, quando desejavam melhorar a eficiência de seus ataques, ou suas próprias seleções, recorriam a Filhinho, para solucioná-los. Alguns goleiros adversários gritavam desesperadamente a todo instante para seus zagueiros terem cuidado com Filhinho! Pra não deixar ele chutar!

Filhinho era um centro avante nato, possuía a velocidade de um puro sangue quarto de milha, e a astúcia de uma raposa. Deslocava-se e cabeceava como poucos, e a potência de seus chutes, com qualquer dos pés, poderia por em risco a integridade física de qualquer goleiro. Mesmo assim, Antônio Circuito com eles nunca se intimidou, qualquer que fosse sua força e sua direção. O espetáculo emocionava quando Filhinho e Circuito eram convocados e atuavam juntos pela Seleção de Coaraci. Joaquim Barreto, o Joaquinzinho, assíduo frequentador do palco sagrado, a eles se referia com as palavras mais elogiosas do vocabulário, e arrematava dizendo- nunca vi ninguém melhor!. Certa vez perguntaram a Filhinho se ele tinha alguma raiva de goleiro, ele respondia sorridente:

-Ah! Ah! Ah! Eu só chutava pra matar!Tanto em jogos oficiais, como em treinos, alguns

torcedores posicionavam-se atrás rede para poder observar de perto e com maiores detalhes as sucessivas finalizações de Filhinho, mas sempre se deslocando de um lado para o outro, evitando assim serem atingidos pelos seus sucessivos chutes. A bola oficial usada na época era número 5, e possuía 18, 24,36 gomos, era maior e bem mais pesada que as atuais, especialmente se estivesse molhada.

JOSAJosé Almeida, o ’’Josa’’, um pequeno grande jogador, e

marcador implacável de Filhinho foi sem dúvida nosso maior atleta. Além de atuar com grande destaque no futebol de campo, manteve a mesma eficiência no futebol de salão, e no voleibol transformou-se no mais importante levantador de Coaraci. Aqueles que o conheceram fora de campo, e das quadras, não tiveram nenhuma noção no gigante que se transformava na disputa por cada lance do jogo, ou por cada centímetro do campo. Infeliz daquele adversário que tivesse Josa em seus calcanhares. Como funcionário da Cia. Sul Baiana cumpriu de cabeça erguida todos os seus longos anos de trabalho, e que fizeram dele um dos mais queridos cidadãos desta cidade. Ganhou o apelido de ’’Amigo da Onça’’, por se assemelhar com a criação de Péricles, caricaturista da revista O Cruzeiro, principalmente, se estivesse vestido de paletó e gravata.

OTONIEL CALDAS DA SILVA. ’’SR. EMÍDIO’’.Era outro prodígio que a arte do futebol produziu em

Coaraci, filho de Santo Antônio de Jesus ou Nazaré das Farinhas era ponta esquerda avançado, arisco, veloz e muito forte. Sua característica principal era o drible e a velocidade no corredor lateral até a linha de fundo, cruzava a bola com maestria.

Era exímio cabeceador e certeiro nas finalizações. Inteligente mantinha cabeça erguida e olhos abertos ao cabecear. Jogou pela equipe da Associação Atlética. Emídio era barbeiro era encontrado na barbearia na rua J.J. SEABRA, onde atendia à sociedade coaraciense.

HILTON FORTUNATOO cérebro da equipe, meio campista, dentro das quatro

linhas era elegante e tranquilo, como agia normalmente no seu dia a dia.

filhinho, josa e emídio os reis do ESTÁDIO

BIDÔGA, E JOÃO’’Os Três Mosqueteiros do Barbosão’’

Texto de PauloSNSantanaColaboração Miguel Magalhães

ELOY

Fui Preparador Físico da Seleção de Futebol de Coaraci e trabalhei no Estádio Barbosão nos anos oitenta e noventa. Onze anos aproximadamente, e tive a oportunidade de conhecer Eloy, Bidôga e João, ''Os Três Mosqueteiros do Campo de Futebol do Barbosão'', que naquela época era um tapete verde, nivelado aos melhores campos da Bahia. Havia regras, para o uso e cronograma para atividades físicas e técnicas. Babas eram raríssimos.

Bidôga era ''o comandante'', nada acontecia no campo sem sua autorização, os senhores João e Eloy seguiam suas regras, mas os três juntos eram uma barreira aos comedores de grama.

Hoje os três aposentaram-se, Israel e Fanta estão cuidando do gramado que não está passando bons momentos, talvez necessite de novo sistema de irrigação, uma nova drenagem ou um replantio.

Grama nova, vida nova!

Fonte Livro Coaraci Último SoproDe Enock Dias de Cerqueira

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DIABRURAS DE ESTUDANTES NO GINÁSIO

DE COARACI

Em 1955, primeiro ano sob a direção de João de Oliveira Leite, o ginásio de Coaraci destacava-se pela qualidade do ensino. Pais e mestres tinham sempre reuniões com a diretoria, onde se liam relatórios, problemas internos eram discutidos e sugestões apresentadas em prol do destino do ginásio, já que seu funcionamento regia-se pelo sistema de cooperativa. Em uma das reuniões noturnas, um fato aborreceu o diretor João Leite:

Oito alunos aproveitando-se que alguém havia esquecido um chapéu sobre a pilastra do portão de entrada, disputaram um joguinho de futebol usando o mesmo como bola, em pouco tempo jogo, já estava totalmente irreconhecível.

Os envolvidos não foram punidos, por falta de provas, mas os alunos da segunda série, a mais irreverente e problemática, tiveram que ouvir pesados sermões do diretor, por muito tempo..

SAPATO NO MINGAU!O ginásio de Coaraci continuava

um canteiro de obras, andaimes e materiais de construção ficavam espalhados por todos os lados, indicando que novas reformas estavam sendo realizadas ali.

Durante as aulas vagas ou qualquer minuto disponível o tempo era preenchido com alguns lances de voleibol, basquetebol ou futebol, qualquer objeto servia de bola.

Em um desses intervalos, no ano de 1955, um sapato velho retorcido abandonado no local certamente por algum pedreiro, foi a bola da vez que os alunos usaram para jogar uma partida de futebol. Foi chutado para todos os lados, todas as direções, com muita força, e irresponsavelmente, o que ninguém imaginava é que fosse parar acidentalmente dentro da panela de mingau de Dona Maria, a vendedora de lanches do Ginásio, presente ali todos os dias, durante as aulas. Em segundos os irresponsáveis sumiram da área, ninguém soube quem foi o autor da façanha;

Nunca se descobriu também como alguns sapos ’’cururus’’ apareciam com dentro de algumas gavetas das mesas dos professores.

Os alunos sempre arranjavam justificativas para o fato, diziam:

-Professora! Deve ser por causa dessas lagoas em volta do ginásio

UMA CHARGE DE MULHERUma brincadeira intencional custou à

perda do ano letivo a Novenal Quinto, que, com rara habilidade, rabiscou no quadro negro uma charge de uma mulher de maiô sentada nas areias de uma praia imaginária. Uma colega, sentindo-se ofendida queixou-se ao

diretor João Leite, que imediatamente aplicou a Novenal uma suspensão de 20 dias. Mesmo sem a prova material, a decisão fora mantida, atingindo até o período das provas finais. Ambos estudavam na mesma sala e o fato deixou os demais colegas revoltados e impossibilitados de promoverem uma reação.

PAU-DE-PERIO acesso ao ginásio para alguns alunos continuava sendo pela frágil ponte pau-de-peri, uma passarela que mal dava para passar uma pessoa, um tronco de árvore que unia o dois lados do rio, frontal à rua Presidente Dutra.Uma passagem estreita, escorregadia, que mal permitia o cruzamento de duas pessoas ao mesmo tempo. Em uma ocasião o professor João desequilibrou-se caindo dentro do rio.

FREI AUGUSTO x SÔNIA LEALEm 1956 o Frei Augusto ministrava aulas de religião no ginásio mas não gozava da simpatia dos alunos. Sônia Leal, de família tradicional, também não gostava da sistemática do Frei Augusto. Espirituosa e irreverente, era respeitada e extremamente querida pelos colegas, gostava de pular sobre a passarela com todo o vigor de suas forças, justamente no momento que algum colega passava. O Frei foi uma das vitimas dela, quando ia dar aulas. Sem ter onde segurar, desequilibrou-se e caiu nas águas turvas e fria do rio, de batina, com uma pasta, etc.. A aluna foi suspensa por quinze dias.

TURMA DE 1959 - AULA INAUGURAL

Fonte Livro Coaraci Último Sopro, de Enock Dias CerqueiraHISTÓRIAS DOS ANOS 1955

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farmácia evandro

comak

SOLON PLANETA PATROCINOU ESTE EXEMPLAR

Policia, Um Salto Muito Azarado

O ladrão já estava preso há mais de cinco anos numa penitenciária do interior do Estado de São Paulo e, pela primeira vez, ele havia recebido a oportunidade de ficar em casa por conta do beneficio do indulto de páscoa.

Assim que o criminoso saiu da cadeia, ele resolveu viajar para uma pequena cidade do interior. Alí, não resistindo à tentação, na primeira oportunidade que ele teve roubou a carteira e o celular de uma garota.

Depois do roubo à moça começou a gritar muito alto pedindo socorro. Logo apareceu um policial para ajudá-la. Prontamente, o policial saiu em perseguição ao rapaz. Depois de correr atrás do gatuno por mais de quatro quarteirões o policial ficou muito impressionado com a atitude do esperto ladrão.

O Bandido, correndo em altíssima velocidade , estava fugindo do policial, assim que ele entrou numa rua ele viu um grande muro e, pensando ser a área de uma empresa ou outra propriedade qualquer, ele rapidamente escalou o paredão e saltou para o outro lado.

O policial, ao ver aquilo parou de correr imediatamente. Meio atônito e bastante surpreso com a atitude do picareta, o policial, ainda não acreditando no que estava acontecendo, foi até o portão daquela propriedade onde o marginal havia pulado para ver o que é que estava acontecendo lá dentro.

Ao chegar, a primeira coisa que o policial viu foi que o assaltante já havia sido completamente imobilizado por outro homem, que não por acaso, era outro policial, pois aquele ladrão pra lá de azarado, pra não dizer outra coisa, havia pulado justamente dentro do Batalhão da Policia Militar daquela pequena cidade do interior. De Edilson Rodrigues Silva

O povo brasileiro tem umas coisas engraçadas. Ele clama que anseia por mudanças no jeito de fazer política, mas é incapaz de perceber quando os políticos se valem das mesmas velhas táticas para confundi-lo ou enganá-lo.É engraçado como gritam, batem os pés e protestam dizendo que querem uma “nova ética” e uma maneira limpa e honesta de agir do homem público; mas sucumbem as mais antigas formas de desonestidade e enganação..

Texto adaptado por PauloSNSanatana

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CADERNO CULTURAL DE COARACIEdição 38

Encapamos e publicamos esta revista pensando em você!Extraia dela todas as lições e conhecimentos e depois, divulgue, comente, discuta e

opine. Finalmente, nos envie suas considerações e criticas.

Paulo Sergio Novaes Santana

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