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O TESTE KTK EM ESTUDOS DA COORDENAO MOTORADndo. Jos Irineu Gorla Dr. Paulo Ferreira de Arajo Dr. Jos Luiz Rodrigues Faculdade de Educao Fsica/UNICAMP Dr. Vanildo Rodrigues Pereira Universidade Estadual de Maring ResumoO objetivo deste estudo consiste em realizar uma anlise do teste de coordenao corporal KTK para que possamos identificar suas vantagens e desvantagens, suas caractersticas tcnicas e a possibilidade de sua utilizao em nosso contexto, principalmente com pessoas portadoras de deficincia mental. Foi realizado um breve relato de sua origem e evoluo, a descrio da estrutura e da forma de administrao do KTK, uma analise do processo de validao do teste e por ltimo uma reviso dos estudos realizados com o KTK. Em sntese o teste de coordenao corporal para crianas KTK se mostrou eficiente dentro dos objetivos a que se propem.Por isso , um instrumento que pode ser utilizado tanto na educao fsica regular como na especial, para delinear programas de educao fsica, diagnosticar crianas com problemas, verificar o desenvolvimento e a aquisio de habilidades motoras globais. Tambm torna-se interessante e necessrio realizar outros estudos utilizando estes instrumentos na prtica, para verificar sua adequao em diferentes contextos sociais, econmicos e culturais de nossas escolas.

Em face de inquietaes e da complexidade dos processos avaliativos em educao fsica adaptada, objetivou-se neste estudo buscar uma maior compreenso a respeito dos estudos realizados com o teste de coordenao motora KTK. Existem diferentes mtodos para avaliar o nvel de competncia motora e eventualmente estabelecer o diagnstico de deficincia. Um teste que avalia as competncias percepto-motoras tem que satisfazer s condies de fidelidade e validade, assim como apresentar tabelas relativas s diferentes idades. Uma das maiores preocupaes quando da seleo de instrumentos de avaliao para examinar processos verificar por que o teste est sendo utilizado e para que propsito os resultados sero usados. Johnson (1972) afirma que preciso conhecer muito bem os diversos instrumentos de aferio e seus propsitos educacionais, alm de aplic-los com as tcnicas adequadas e interpretar os resultados corretamente. A esse respeito, Faria Jnior (1986) refere que comumente a avaliao confundida com a simples tarefa de testar, medir e observar. Contudo, embora no haja o ento chamado padro de ouro de avaliao acredita-se que temos suficientes informaes e tcnicas para identificar e avaliar com razovel exatido, levando ao diagnstico e interveno. Acredita-se tambm que um certo nmero de crianas possui dificuldades presentes que vo alm dos contextos, enquanto as dificuldades de outras so vistas mais freqentemente em certas situaes do meio. No surpreendente encontrar um leque de mtodos diferentes para identificar crianas com problemas de desordem de movimento. Segundo Sugden e Wright (1998), vrios so os instrumentos de avaliao, dentre os quais citam-se: Teste de Integrao Sensorial da Califrnia do Sul, Teste de Bruininks-Oseretsky de Proficincia Motora, Teste de Habilidades de Crianas Jovens, Teste de Sensibilidade Cinestsica, Exame da Criana com Disfuno Neurolgica Menor, Teste de Desenvolvimento Motor Grosso, Bateria de Avaliao de Movimento para Crianas - Teste do Movimento ABC, Teste de Coordenao Corporal para Crianas - KTK, entre outros. No entanto, neste estudo foi utilizado o teste de Coordenao Corporal para Crianas - KTK de Kiphard e Schilling (1974).

O objetivo deste estudo consiste em realizar uma anlise do teste de coordenao corporal KTK para que possamos identificar suas vantagens e desvantagens, suas caractersticas tcnicas e a possibilidade de sua utilizao em nosso contexto, principalmente com pessoas portadoras de deficincia mental. Para tanto se faz necessrio um breve relato de sua origem e evoluo, a descrio da estrutura e da forma de administrao do KTK, uma analise do processo de validao do teste e por ltimo uma reviso dos estudos realizados com o KTK.

Teste de Coordenao Corporal para Crianas KTKO teste de coordenao corporal para crianas (KTK) surgiu de um trabalho estreitamente conjunto do Westflischen Institut fr Jugendpsychiatrie und Heilpdagogik Hamm e do Institut fr rztl. Pd. Jugendhilfe der Philippe-Universitt, frente necessidade de diagnosticar mais sutilmente as deficincias motoras em crianas com leses cerebrais e/ou desvios comportamentais. O histrico do desenvolvimento do teste KTK foi traduzido de Motopdagogik de Kiphard ([19--]). O desenvolvimento do teste ocorreu durante cinco anos de estudo em diversos estgios, e com apoio da Sociedade Alem de Apoio Pesquisa. Em busca de um procedimento motor exato, Hnnekens, Kiphard e Kesselmann (1967) apresentaram o Hammer Geschicklich-Keitstest (teste Hammer de Habilidades). Este primeiro tipo de teste construdo na forma de uma escala nominal no possibilitava, no entanto, uma diferenciao suficiente dentro de cada faixa etria dos cinco aos oito anos. Nos anos de 1968 a 1972 foi realizada uma ampla reviso por Schilling de acordo com os pontos de vista das modernas teorias de testes. Com isso foi abandonado o principio da dificuldade da tarefa relativa idade (medido pelo conseguir ou no conseguir) e, ao invs disso, assumida uma diferenciao quantitativa do mximo de rendimento dentro de cada tarefa. Assim foi obtido o rendimento mximo do testando pela constante repetio das tarefas com dificuldades crescente, atravs de uma avaliao por pontos ou pela contagem das repeties por unidade de tempo, no teste de coordenao corporal para crianas Hamm-Marburger (MHKTK-Hamm-Marburger Krperkoordinationtest fr Kinder), apresentado por Kiphard e Schilling em 1970. Pela elevao da dificuldade das tarefas, tornou-se possvel ampliar o teste de oito a doze anos, podendo mais tarde, ser estendido at os quatorze anos. A concepo final do teste foi publicada em 1974 em Weinhein (Beltz-Verlag); ela est baseada na normatizao n1228 de 1973-74 usada por Schilling. O teste de KTK leva cerca de 10 a 15 minutos para ser administrado. A sala de teste deve ser de mais ou menos 4x5 metros. O KTK tem, em sua forma final, quatro tarefas de movimento descritas a seguir:

ProcedimentosTarefa 1 - Trave de Equilbrio Objetivo: estabilidade do equilbrio em marcha para trs sobre a trave. Material: Foram utilizadas trs traves de 3 metros de comprimento e 3 cm de altura, com larguras de 6cm, 4,5cm e 3cm. Na parte inferior so presos pequenos travesses de 15 x 1,5 x 5cm, espaados de 50 em 50 cm. Com isso, as traves alcanam uma altura total de 5cm. Como superfcie de apoio para sada, coloca-se frente da trave, uma plataforma medindo 25 x 25 x 5cm. As trs traves de equilbrio so colocadas paralelamente. Tarefa 02 - Salto Monopedal Objetivo: Coordenao dos membros inferiores; energia dinmica/fora.

Material: So usados 12 blocos de espuma, medindo cada um 50 x 20 x 5cm. Tarefa 03 - Salto Lateral Objetivo: Velocidade em saltos alternados. Material: Uma plataforma de madeira (compensado) de 60 x 50 x 0, 8cm, com um sarrafo divisrio de 60 x 4 x 2cm e um Cronmetro. Tarefa 04 - Transferncia Sobre Plataforma Objetivo: lateralidade; estruturao espao-temporal. Material: So usados para o teste, 2 plataformas de 25 x 25 x 5cm e um cronmetro. As plataformas so colocadas lado a lado com uma distncia entre elas de 5cm. Na direo de deslocar necessrio uma rea livre de 5 a 6 metros.

Validao do Teste KTKA testagem dos critrios de validade do teste feita no sentido de normatizao resultou num rtt=0,80 - 0,96(sic), em valores ao reteste de confiabilidade para os valores brutos de pontuao. A validade importava em pesquisas anteriores referentes aos critrios de leses cerebrais, num coeficiente de r=0,70, alcanando, em relao aos LOS KF18 ( escala de Lincoln-Oseretzki modificada por Eggert), valores entre r=0,50 e 0,60 (N=20 alunos de escola pblica) Kiphard ([19--]). Uma objetividade suficiente da realizao e avaliao do KTK amplamente facultada pela indicao determinada e pelo planejamento das tentativas. No entanto, como o comportamento externo do aplicador pode, segundo experincias, ter grande importncia assegurado a ele, otimizar, pela motivao, o rendimento do teste pela criana. No projeto piloto de normatizao (n=1228) verificou-se algumas diferenas relativas ao sexo em algumas faixas etrias, nas tarefas do salto monopedal e salto lateral. Por esta razo foram construdas tabelas normativas por sexo para todas as faixas etrias, nestas duas tarefas (KIPHARD, [19--]). Para o teste de KTK existem normas de idade na forma de valores do Q.M.G. (quociente motor geral) para crianas de cinco a quatorze anos. So anlogos aos valores do Q.I. (quociente de inteligncia) com uma disperso de 15 em torno dos valores mdios de Q.M.G. de 100. O intervalo de confiana alcanado importa mais ou menos 9,3 valores de Q.M.G. Isto significa que o valor real do Q.M.G. est com 5% de probabilidade de erro na rea de mais ou menos 9,3 valores de Q.M.G. em torno do Q.M.G. obtido. Um Q.M.G. abaixo de 85 mostra simplesmente a existncia de fraqueza ou algo que chama ateno na coordenao de movimento. Somente abaixo de um Q.M.G. =70 que se pode falar em perturbaes de coordenao no sentido d e existncia de modelo patolgico de movimento. O teste de KTK possui uma confiabilidade individual de 65 a 87, ficando, porm com uma confiabilidade total de 90 (KIPHARD; SCHILLING, 1976), o que demonstra credibilidade para aplicao do mesmo.

Estudos Envolvendo o Teste KTKA partir da publicao do manual do teste KTK por Kiphard e Schilling (1974), alguns estudos e pesquisas foram realizados com o intuito de verificar os critrios de autenticidade cientfica de um teste, ou seja, validade, fidedginidade, objetividade, padro e padronizao. Os estudos com o teste KTK foram utilizados como instrumentos para

obter informaes de variveis das capacidades motoras globais, para estruturar programas de educao fsica, verificar a validade com outros testes entre outros. A seguir, estaremos relatando alguns estudos resumidamente sobre o teste KTK. Silva (1989) desenvolveu um estudo que teve como objetivo detectar a faixa etria de maior desenvolvimento da coordenao motora ampla (grossa) de crianas do sexo masculino e feminino, nas idades de sete a dez anos, assim como verificar se existem diferenas significativas entre os graus de coordenao motora ampla por sexo e idade. A amostra foi constituda de 1000 escolares (500 do sexo masculino e 500 do sexo feminino) e avaliados pelo teste de KTK. Os resultados mostraram uma superioridade do Q.M.G. no sexo masculino com exceo da idade de 8 anos que foi superior no sexo feminino. Outro estudo que se utilizou o teste KTK foi o de Lupatini citado por Silva (1989) que procurou observar se o equilbrio corporal entre 19 meninos e 19 meninas de seis a oito anos desenvolvia-se diferencialmente aps um programa especfico de Educao Fsica em uma escola pblica da cidade de guas de Chapec/SC. Verificou-se que houve melhora significativa tanto no equilbrio quanto na coordenao motora ampla de ambos os grupos, no entanto, no houve diferena significativa na comparao entre meninos e meninas na faixa etria de seis e sete anos. As pesquisas de Rapp e Schoder (1972) realizadas com crianas e jovens sadios e com leses cerebrais (N=43), mostraram que tambm as pessoas portadoras de Deficincia mental melhoram seus rendimentos de coordenao motora nas tarefas do KTK, com o passar da idade. Neste estudo, suas curvas mostraram um aumento vertical inesperado no desenvolvimento motor at a idade de 14 anos, e em alguns casos at mais alm. Bianchetti e Pereira (1994) realizaram uma anlise da contribuio de um programa de atividades fsicas no desenvolvimento da coordenao corporal de crianas deficientes auditivas, de 7 a 9 anos de idade. A amostra constituiuse de 8 crianas deficientes auditivas, de ambos os sexos, da ANPACIM (Associao Norte Paranaense de udio Comunicao Infantil), no municpio de Maring - Paran. Ao grupo foi aplicado um programa especfico (36 sesses), com base na teoria da variabilidade de prtica (CLIFTON, 1985). Como instrumento de medida, para avaliar a situao inicial e final da capacidade de coordenao corporal (pr e ps-teste), utilizou-se o teste KTK de KIPHARD e SCHILLING (1974). De acordo com os resultados, verificou-se uma confiabilidade de 95%, como diferena significativa favorvel, com relao hiptese, confirmando-a, portanto, ao nvel de p