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4 – UMA ESTRATÉGIA PARA O ESTUDO DA TABELA PERIÓDICA,
APOIADA EM RECURSOS DIGITAIS: ESTUDO DE IMPACTO
MESTRADO EM QUÍMICA PARA O ENSINO
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44.. UUMMAA EESSTTRRAATTÉÉGGIIAA PPAARRAA OO EESSTTUUDDOO DDAA TTAABBEELLAA
PPEERRIIÓÓDDIICCAA NNOO 99ººAANNOO,, AAPPOOIIAADDAA CCOOMM RREECCUURRSSOOSS
DDIIGGIITTAAIISS:: EESSTTUUDDOO DDEE IIMMPPAACCTTOO..
44..11.. DDEESSCCRRIIÇÇÃÃOO DDAA FFEERRRRAAMMEENNTTAA DDIIGGIITTAALL DDEE SSUUPPOORRTTEE
A Tabela Periódica online utilizada para este trabalho nasceu com o projecto Soft
Ciências. Actualmente, encontra-se inserida no portal “Mocho”, como se referiu na secção
2.2.1.
O acesso à Tabela pode ser efectuado pelo referido portal ou através da página
http://nautilus.fis.uc.pt/st2.5. Ao aceder a esta página, o utilizador encontrará inicialmente
a apresentação do instrumento de trabalho que lhe permite a consulta em versão portuguesa
ou em versão inglesa, como se poderá constatar pela Figura 4.1.
Figura 4.1 – Página de apresentação da Tabela Periódica
Na página que se segue (Figura 4.2), o utilizador pode consultar a biografia de alguns
cientistas importantes, a história da organização dos elementos químicos de acordo com as
sucessivas descobertas dos mesmos, entre outras opções assinaladas a azul. Nesta página,
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está ainda disponível informação sobre elementos químicos e sobre alguns cientistas, que
poderá ser facilmente consultada nos campos “seleccione o elemento” e “seleccione o
cientista”, respectivamente.
Existem ainda hiperligações sinalizadas por ícones (assinalados na Figura 4.2) na parte
superior de cada página, possibilitando o acesso directo a outras informações. Um dos
ícones, possivelmente o mais utilizado, permite a visualização de todos os elementos da
Tabela Periódica, diferenciados com cores e organizados por períodos, grupos, estados
físicos, classes de substâncias, famílias e origem. Esta Tabela pode ser facilmente
impressa, copiada, ou enviada através de ícones de comando que aparecem quando o
cursor está sobre ela.
Figura 4.2 – Página da Tabela Periódica com as diversas opções de pesquisa
O ícone com a máquina fotográfica dá acesso a uma galeria de imagens que contém
uma vasta gama de fotografias de substâncias elementares e compostos, minerais da
Colecção do Museu de Mineralogia de Coimbra, cientistas, e aplicações dos elementos
químicos (copyright da Association of the Dutch Chemical Industry - Holanda). O ícone
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MESTRADO EM QUÍMICA PARA O ENSINO
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com uma lista permite ao utilizador obter uma listagem dos elementos com quatro
propriedades atómicas à escolha. Esta listagem aparece sob a forma de tabela, o que facilita
a sua rápida consulta. O ícone seguinte, que apresenta um gráfico, permite a obtenção de
gráficos com variáveis escolhidas também pelo utilizador. O ícone que apresenta uma lupa
encaminha o utilizador para um pequeno motor de busca por palavra. A qualquer
momento, pode-se escolher a versão inglesa. Para isso basta “clicar” sobre o ícone com a
respectiva bandeira, que também se encontra no topo da página (Figura 4.2).
A pesquisa de informação pode ser igualmente consultada por elemento químico. Ao
escolher um determinado elemento químico, o utilizador terá acesso a uma vasta e variada
informação sobre esse elemento. Poderá saber-se um pouco sobre a sua descoberta,
aplicações, acção biológica, propriedades químicas e físicas (Figura 4.3). A “navegação” é
muito fácil, pois existem sempre setas que possibilitam o avanço ou recuo das páginas e os
ícones de acesso directo à Tabela Periódica estão sempre presentes, para facilitar a escolha
de um novo elemento.
A utilização de imagens das substâncias elementares é comum na página de cada
elemento químico, a qual inclui um quadrado de consulta rápida da informação mais
procurada pelos estudantes (o número atómico, distribuição electrónica, pontos de fusão e
ebulição, etc.) (Figura 4.3).
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Figura 4.3 – Página inicial da pesquisa sobre o carbono, com as diversas opções de consulta
Em cada uma das páginas consultadas, existem ligações a imagens e pequenos
esclarecimentos ao longo do texto, através de hipertexto, assinalados a cores diferentes.
Esta organização permite uma leitura mais rápida e proporciona o esclarecimento de
pequenas dúvidas que possam surgir ao longo da pesquisa.
Na página referente às propriedades dos elementos, aparecem por vezes animações
relacionadas com estruturas cristalinas, cujo modelo é apresentado a três dimensões e roda
em várias direcções. Esta animação possibilita ao utilizador uma visão mais concreta da
organização espacial de átomos na rede cristalina.
Existe informação dirigida a um público com conhecimentos mais avançados em
Química, nomeadamente alunos a partir do 11º ano. Esta informação inclui, entre outras,
propriedades atómicas, espectros de emissão e absorção, etc.
Este site é, portanto, um recurso digital que abrange uma comunidade científica
diversificada, desde o jovem aluno que inicia a sua primeira abordagem dos elementos
químicos, até ao estudante universitário. Por isso mesmo tem cerca de mil acessos/mês,
principalmente de Portugal e do Brasil. Por ser tão abrangente, a criação e utilização do
roteiro, que se apresenta de seguida, foi fundamental para o uso, no presente estudo, deste
recurso digital.
44..22.. AAPPRREESSEENNTTAAÇÇÃÃOO DDOO RROOTTEEIIRROO DDEE EEXXPPLLOORRAAÇÇÃÃOO
O “Roteiro para a Tabela Periódica na Internet”4 foi elaborado com o objectivo
principal de potenciar a eficácia pedagógica deste recurso digital e de permitir ao aluno ser
o próprio descobridor e construtor do seu saber. Para tal, começa-se por dar indicações dos
passos que devem ser efectuados para que o aluno possa aceder à página da Tabela
Periódica na Internet (http://nautulus.fis.uc.pt/st2.5).
Uma vez que nem todos os alunos sabem manusear o computador com facilidade, foi
necessário que as primeiras indicações fossem simples e pormenorizadas. A apresentação 4 O roteiro de exploração encontra-se no anexo I
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de imagens do ecrã foi de grande utilidade para os alunos, pois ajudou-os a situarem-se e a
perceberem melhor a mensagem.
Desta forma, logo na primeira aula, alguns alunos mostraram compreender as
indicações iniciais. Nas aulas que se seguiram, já não foi necessário voltar a ler essas
indicações. Bastava que os alunos olhassem para as imagens para conseguirem aceder
facilmente à página pretendida. Mesmo os alunos que não estavam familiarizados,
conseguiram aceder à Tabela Periódica online com relativa facilidade.
O passo seguinte consistiu em colocar questões e elaborar pistas para que os alunos
acedessem à informação necessária que os conduzia às respostas. Para que se conseguisse
ir de encontro à resposta pretendida, foram dadas indicações de como se poderia obter a
informação relevante:
11º. Podemos agora conhecer alguns pormenores sobre a organização da actual Tabela Periódica:
Quantos grupos e períodos existem na Tabela Periódica?
Na Tabela Periódica onde podemos encontrar os metais? E os não-metais?
Identifica os elementos químicos que são líquidos e os que são gasosos.
Quais são os elementos químicos que são obtidos sinteticamente?
Para encontrares respostas para estas questões podes começar por pesquisar da seguinte forma:
No início da página onde estás existe o seguinte:
“Clica” na seta para baixo que está ao lado da palavra “All” (todos). Aparecerão algumas opções:
Nota 4: A cor azul significa que é essa opção que está escolhida.
Para escolheres uma das opções, basta “clicar” uma vez sobre a opção pretendida. De seguida, “clica”
sobre o quadrado com o desenho da Tabela Periódica e aparecerá a Tabela Periódica faseada
consoante a tua escolha anterior. Ex: por classe de substâncias:
Todos Período Grupo Estados físicos (sólidos, líquidos, gasosos e sintetizados) Classe de substâncias (metais, não metais e semi-metais) Família Origem (naturais ou sintetizados)
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Não metais Metais Semi-metais
Nem toda a informação que aparece nas sucessivas páginas é necessária. Assim, numa
fase inicial, os alunos tiveram algumas dificuldades em seleccionar o que lhes interessava.
Este exercício é bastante importante por várias razões. Nesta faixa etária existe uma grande
dificuldade em distinguir o que é importante do que é acessório. É necessário que os alunos
tenham a noção que na Internet existe muita informação da qual eles não necessitam. Este
tipo de metodologia leva-os a pensar e a estabelecer raciocínios lógicos e críticos sobre o
que é pretendido, de forma a obterem uma resposta coerente, pois verifica-se que algumas
vezes estes alunos não respondem ao que lhes é questionado. Ao estabelecerem raciocínios
lógicos, terão de perceber a mensagem que lhes é transmitida, construindo assim o seu
raciocínio e pensamento crítico. Criam também alguma autonomia e autoconfiança,
fundamental para a sua aprendizagem e para os incentivar na busca pelo saber.
As questões formuladas têm em conta e abordam os principais conteúdos e objectivos
propostos pela Ministério da Educação. Existem algumas questões que permitem a
transversalidade de conhecimentos, nomeadamente quando se pede para preverem o tipo
de iões que os elementos de uma dada família tendem a formar, ou porque razão os
elementos da família dos gases nobres apresentam grande estabilidade. Também houve a
preocupação de seguir uma perspectiva Ciência, Tecnologia, Sociedade e Ambiente neste
roteiro, quando se questiona, por exemplo, sobre a utilização de alguns elementos na
indústria, na saúde e na sociedade em geral (capítulo 3).
O facto de, na Tabela Periódica online, existirem as fotografias das substâncias
elementares permite aos alunos associarem mais facilmente a substância elementar ao seu
estado físico e também a algumas substâncias que já conhecem, como, por exemplo, a
grafite. Para que os alunos não adquiram a ideia errada de que os elementos são as
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substâncias que conhecem, foram colocadas algumas questões sobre substâncias
compostas, como o cloreto de sódio, em que se pede que descubram algumas
características de um dos elementos, o sódio. Além disso, houve o cuidado de os alertar no
sentido de os questionar se o que estava na fotografia era o elemento ou a substância
elementar.
Os estudos mais pormenorizados de algumas características atómicas são referentes aos
elementos com número atómico inferior a vinte. Tal está de acordo com o previsto pela
nova revisão curricular para o 3º Ciclo do Ensino Básico, já referida na secção 3.1.1.
À medida que se avança no roteiro, as indicações para a descoberta das respostas vão
diminuindo, uma vez que alguns passos se vão repetindo e não há necessidade de os voltar
a mencionar.
No final do roteiro aparece uma tabela de síntese para que os alunos, mais uma vez,
ponham à prova os conhecimentos recentemente adquiridos. Sugerem-se também outros
sites da Internet que os alunos podem consultar para consolidação ou complementação de
informação. Um dos endereços que aí aparece é o da página dos jogos,
http://nautilus.fis.uc.pt/cec/jogostp, onde podem encontrar jogos didácticos sobre a Tabela
Periódica, desenvolvidos no âmbito do presente trabalho e apresentados de seguida.
44..33.. JJOOGGOOSS AASSSSOOCCIIAADDOOSS ÀÀ TTAABBEELLAA PPEERRIIÓÓDDIICCAA,, NNAA IINNTTEERRNNEETT
Os jogos5 que se apresentam de seguida, foram concebidos pela autora deste trabalho
com a ajuda do seu orientador Doutor João Paiva. Tiveram como base alguns jogos já
conhecidos e foram elaborados com os objectivos de fomentar a compreensão, aplicação,
memorização e consolidação dos conhecimentos adquiridos. Como estes jogos se destinam
a alunos do 9ºano de escolaridade, as actividades envolvidas só se referem aos vinte
primeiros elementos da Tabela Periódica. Assim que se entra na página dos “Jogos tp”,
aparece uma breve síntese dos jogos disponíveis (Figura 4.4):
5 Todos estes jogos, além de estarem disponíveis online, encontram-se também offline, no CD-ROM anexo à tese
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Figura 4.4 – Apresentação da página dos jogos, na Internet
No jogo das “adivinhas”, aparece inicialmente uma página com indicações sobre as
regras e funcionamento do jogo (Figura 4.5). Neste jogo, os alunos tentam adivinhar, com
base nos textos que lhes são fornecidos, de que elemento se trata6. Quando descobrirem de
que elemento se trata, basta “clicar” sobre a imagem da substância elementar
correspondente. Caso esteja correcto, a pontuação aumenta. Caso a resposta esteja errada,
ocorre uma penalização de vinte segundos no tempo contabilizado (Figura 4.6). O jogo
termina quando o utilizador conseguir adivinhar todos os elementos. Quanto mais rápida a
resposta, maior é a pontuação alcançada. 6 Todas as adivinhas e respectivas soluções encontram-se no anexo II. Estas adivinhas foram apresentadas no “XVIII
Encontro Nacional de Química”, promovido pela Sociedade Portuguesa de Química e decorrido em Aveiro em Março de
2002, no qual se apresentou um poster do trabalho, até à data desenvolvido. Foram também premiadas com o 4ºprémio,
no concurso “Tabela Periódica. Um elemento em cada casa e uma casa em cada elemento” promovido pelo ISEP,
Instituto Politécnico do Porto e Centro de Química da Universidade do Porto.
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Figura 4.5 – Apresentação do início do jogo das adivinhas
Figura 4.6 – Jogo das adivinhas
No “Jogo dos Elementos I e II”, os alunos terão de adivinhar qual o elemento que o
computador “pensou”, escolhendo questões relativas a características de alguns
elementos7, às quais o computador vai respondendo sim (Y) ou não (N). A resposta será
alcançada por exclusão de partes, uma vez que nem todos os elementos apresentam as
mesmas características. À semelhança do jogo anterior, é apresentada inicialmente uma
7 A correspondência questões/respostas que serviram de base para este jogo encontram-se no anexo II.
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página com o regulamento do jogo (Figura 4.7). Quando se “clica” sobre o “continuar”
aparece a página do jogo (Figura 4.8). Também neste jogo há penalização de tempo para
quem escolha o elemento errado, e que irá diminuir a pontuação alcançada.
Figura 4.7 – Página inicial do jogo dos elementos I
Figura 4.8 – Jogo dos Elementos
O jogo das “Borboletas Químicas” consiste em tentar “apanhar” as borboletas
correctas, “clicando” sobre elas. Inicialmente, efectua-se uma questão sobre quais os
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elementos que têm uma determinada característica8, como famílias, classe, entre outras, tal
como se exemplifica na Figura 4.9.
Figura 4.9 – Página inicial do jogo das borboletas
De seguida os alunos terão de “apanhar” as borboletas correctas que se movimentam
constantemente, tal como é mostrado na Figura 4.10. Quando se “clica” sobre uma das
borboletas correctas, esta desaparece, aparecendo momentaneamente no seu lugar a palavra
“OK”. Caso a borboleta escolhida não seja correcta, aparece a palavra “ERROR”
momentaneamente. As borboletas vão desaparecendo do ecrã à medida que são escolhidas,
de forma a facilitar a progressão do jogo. Quando são “apanhadas” todas as borboletas
referentes à resposta da questão, o utilizador passa de imediato para outra pergunta, e assim
sucessivamente, até não haver mais questões.
Figura 4.10 – Jogo das Borboletas
8 Todas as questões e respostas que estiveram na origem a este jogo encontram-se no anexo II.
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Neste jogo estimula-se a agilidade de raciocínio, associada a uma certa prática de
velocidade de manipulação do rato.
O “Jogo da Descoberta dos Pares” ajuda os alunos a associarem mais facilmente os
elementos químicos às suas substâncias elementares. O início do jogo começa com a
explicação das regras, tal como se pode ver na Figura 4.11.
Figura 4.11 – Início do jogo da descoberta dos pares
Depois, ao se “clicar” sobre um dos quadrados aparecerá uma imagem de uma
substância e o nome do elemento químico correspondente. Basta memorizar onde está cada
um dos elementos e “clicar” sobre outro igual (Figura 4.12). Quando se “clicar” duas vezes
consecutivas sobre quadrados do mesmo elemento, estes desaparecem do painel. Ganha
quem conseguir eliminar mais rapidamente todos os pares.
Figura 4.12 – Página do jogo da descoberta de pares
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Este jogo é um bom exercício de memorização visual e de desenvolvimento de destreza
no manuseamento com o rato. Houve o cuidado de se apresentarem fotografias (retiradas
da Tabela online utilizada neste estudo) das substâncias elementares, juntamente com os
símbolos químicos dos elementos correspondentes, de forma a desenvolver nos alunos a
associação rápida entre eles e a associação do símbolo químico à substância elementar.
44..44.. MMEETTOODDOOLLOOGGIIAA DDEE EESSTTUUDDOO
Este estudo decorreu no final do terceiro período do ano lectivo 2001/2002, na Escola
EB 2,3 de Paredes, Concelho de Paredes.
Antes de iniciar as aulas com a aplicação do “Roteiro para a Tabela Periódica”,
contactou-se a colega de disciplina para que o trabalho pudesse ser realizado com as suas
turmas. Foi também necessário informar o Conselho Executivo da Escola sobre os
objectivos deste trabalho de investigação. Em ambos os acasos, foi total a disponibilidade
manifestada, para ajudar no que fosse necessário.
Começou-se, então, pela análise detalhada dos programas para o 9ºAno e das novas
orientações curriculares relativas à revisão do Ensino Básico, fornecidas pelo Ministério da
Educação. Desta forma, foi possível verificar quais as competências essenciais, os temas
organizadores e a avaliação para o 3º ciclo do Ensino Básico. Por comparação das
orientações anteriores com as propostas para 2002/2003, foi possível criar material
adequado às duas orientações. Este procedimento prende-se com a preocupação de manter
a metodologia utilizada neste estudo actual e aplicável nos novos tempos que se
aproximam.
De seguida, procedeu-se à exploração da Tabela Periódica online, já apresentada na
secção 4.1, para descobrir as suas potencialidades e estudar a melhor forma de a utilizar. O
conhecimento da organização da Tabela Periódica online possibilitou que a elaboração do
roteiro obedecesse a uma sequência lógica, de acordo com as orientações previstas para a
abordagem deste tema.
Fez-se uma compilação de toda a informação que existia na página da Tabela Periódica
online, referente aos elementos com número atómico inferior a vinte, inclusive. Alguma da
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informação disponível no site não era adequada para o 9ºAno, pelo que se procurou dirigir
e focalizar adequadamente indicações do roteiro. As questões efectuadas ao longo do
roteiro foram elaboradas de forma a enfatizar toda a informação importante para a faixa
etária em estudo, desde textos e imagens a tabelas, que se poderiam pesquisar nessa página
da Internet.
Antes de se proceder à elaboração de todo o material didáctico para o presente estudo,
foi necessário fazer a pesquisa sobre os conceitos científicos já anteriormente apresentados
no capítulo 3.
Posteriormente, passou-se à elaboração do roteiro, sempre com a preocupação de se
adaptar às possíveis dificuldades dos alunos e aos currículos actuais, não esquecendo a
nova proposta de revisão curricular. Procedeu-se à criação de alguns jogos didácticos, já
apresentados na secção 4.3, que foram integrados no roteiro e que estão disponíveis na
página da Internet http://nautilus.fis.uc.pt/cec/jogostp. Para tal, foi necessário recorrer a um
programador, o que obrigou a que os jogos fossem criados com uma certa antecedência,
para que pudessem ser testados previamente e estar prontos na devida altura.
Foram escolhidas duas turmas para trabalhar com o roteiro, o 9ºA e o 9ºC, deixando-se
o 9ºB para turma de referência. Nesta turma, o assunto foi abordado de forma mais
tradicional: várias exposições, fichas de trabalho e resolução de exercícios. A
caracterização de cada uma destas turmas será apresentada na secção 4.5 deste trabalho. A
autora da dissertação só leccionou à turma 9ºC, sendo as restantes da responsabilidade da
colega de disciplina, ao longo do ano lectivo.
A planificação inicial foi feita para três aulas (um tempo lectivo de 90 minutos e outro
de 45 minutos). Depois da prévia simulação das aulas, verificou-se que este tempo não era
suficiente, já que seria necessário contabilizar factores como o tempo de entrada na sala de
aula, o tempo de acesso à Internet e as possíveis dificuldades dos alunos na selecção de
informação. Assim, optou-se por usar cinco aulas, nomeadamente dois tempos lectivos de
90 minutos e um de 45 minutos9.
A abordagem começou por ser executada com a turma 9ºC e só depois com a turma
9ºA, devido ao facto de as duas professoras não se encontrarem em simultâneo no mesmo
ponto do programa curricular. Tal facto possibilitou que a investigadora corrigisse e
9 A planificação detalhada destas aulas encontra-se no anexo III.
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ajustasse pequenos parâmetros, principalmente na gestão do tempo, o que foi benéfico para
o decorrer das aulas na turma 9ºA.
Na primeira aula, começou-se por distribuir os alunos por grupos de trabalho, de
acordo com o número de computadores disponíveis na sala (oito). Assim, foram feitos
grupos de dois ou três alunos. De seguida, expôs-se os assuntos a tratar e o funcionamento
das aulas seguintes, com a ajuda de diapositivos em PowerPoint projectados por data
show10. Foi também explicado aos alunos como estava organizado o roteiro e como poderia
ser utilizado.
Ao longo das aulas seguintes, os alunos foram respondendo às questões propostas,
seguindo as indicações do roteiro. Alguns grupos de alunos foram gravando as suas
respostas em disquete própria, que era entregue à professora no final de cada aula.
No início da quinta aula foram colocadas algumas questões aos alunos, de forma a ser
feita uma breve síntese do trabalho desenvolvido até então. Estas questões foram dirigidas
à turma e projectadas pelo datashow, em powerPoint. Como os alunos responderam
acertadamente a todas as questões, não houve necessidade de apresentar as respectivas
respostas correctas11.
Durante todas as aulas, os alunos foram manifestando algumas dificuldades pontuais,
cuja resolução foi conseguida com o auxílio das docentes.
No final, os alunos puderam participar nos jogos sobre a Tabela Periódica online e
verificar a aplicabilidade dos seus conhecimentos.
No final do último tempo lectivo, os alunos responderam a um inquérito de recolha de
opiniões12 com o objectivo de avaliar a repercussão do roteiro e da Tabela Periódica online
no pensamento e interesses dos alunos. Após a conclusão dos inquéritos, os alunos
resolveram um mini-teste13, com o objectivo de avaliar os conhecimentos adquiridos. Este
mini-teste foi elaborado e corrigido pela investigadora, de forma a uniformizar os critérios
de avaliação nas duas turmas que utilizaram o roteiro.
10 Os diapositivos estão disponíveis em CD e no anexo III. 11 As questões apresentadas na aula e as respectivas respostas encontram-se no anexo III. 12 O inquérito de opiniões e as percentagens de respostas obtidas com os alunos encontra-se no anexo IV – B. A análise dos resultados obtidos é desenvolvida na secção 4.5.4 deste trabalho. 13 Os mini-testes e os resultados obtidos, encontram-se no anexo IV – A. A sua análise é feita nas secções 4.5.2, 4.5.3.
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MESTRADO EM QUÍMICA PARA O ENSINO
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No início de cada aula foi necessário preparar e montar as câmaras de filmar14. Para
que se pudesse ter uma visão de todos os alunos, foi necessário colocar 3 câmaras de
filmar, devido à disposição em “U” das mesas de trabalho (Figura 4.13).
Figura 4.13 – Imagem retirada das filmagens das aulas
Nas duas turmas de trabalho, houve algumas dificuldades iniciais comuns. Uma delas
foi no acesso à página, facilmente ultrapassada quando os alunos verificaram que não
escreviam correctamente o endereço da página. Outra dificuldade surgiu na tentativa de
descobrir a resposta à primeira questão do roteiro, devido à leitura incompleta das
indicações fornecidas no mesmo roteiro. Estas dificuldades sentidas pelos alunos foram
quase exclusivamente devidas à falta de atenção durante a apresentação inicial do roteiro.
O funcionamento simultâneo dos oito grupos de trabalho impediu a assistência
imediata de todos os alunos em dificuldades, o que implicou alguma perda de tempo. Esta
situação teve, no entanto, a vantagem de incentivar a autonomia dos alunos e a sua auto-
14 Algumas filmagens encontram-se no CD-ROM em anexo.
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MESTRADO EM QUÍMICA PARA O ENSINO
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suficiência na resolução das próprias dificuldades. Esta atitude de independência foi mais
comum nos alunos da turma 9ºC, que conseguiram resolver problemas por si só.
Por exemplo, apesar de não existirem legendas de cores, na Tabela Periódica online,
para o agrupamento dos elementos quanto ao estado físico, origem, família, etc. (Figura
4.14), os alunos mostraram destreza suficiente para a desvendarem facilmente.
Pesquisaram as propriedades de um dos elementos com determinada cor e concluíram que
os elementos com essa cor correspondiam aos elementos com determinadas características.
Na turma 9ºA, só alguns dos alunos tiveram este comportamento, eventualmente por não
estarem tão treinados nos trabalhos de pesquisa e resolução de problemas.
Figura 4.14 – Tabela Periódica online, diferenciando os estados físicos por cores
Assim, nesta mesma turma (9ºA), só a partir da segunda aula é que os alunos
mostraram alguma autonomia e destreza para ultrapassar as suas dificuldades. Ainda
assim, estes alunos solicitavam frequentemente a ajuda da professora para quase todas as
respostas que procuravam, o que demonstra alguma insegurança nas suas tarefas. Uma das
dificuldades permanentes, em especial nesta turma, foi a selecção da informação. Os
alunos tiveram muitas dificuldades em distinguir a informação mais importante daquela
que era irrelevante. Desta forma, a professora que trabalhou com eles foi constantemente
solicitada, sentindo muitas dificuldades para auxiliar todos os vinte e três alunos da turma.
Para as professoras, as três primeiras aulas foram mais cansativas, na medida em que
eram constantemente solicitadas pelos alunos dos muitos grupos de trabalho. No entanto, o
interesse dos alunos nas aulas fez com que eles rapidamente evoluíssem e se tornassem
4 – UMA ESTRATÉGIA PARA O ESTUDO DA TABELA PERIÓDICA,
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MESTRADO EM QUÍMICA PARA O ENSINO
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mais autónomos, solicitando com menor frequência as docentes, à medida que as aulas
avançavam. De notar que este tipo de aulas pode ser mais fácil para o professor captar o
interesse de todos mas não de que requer menos trabalho, dentro e fora da sala de aula
(BELANGER, 2000).
Antes da finalização das aulas, a investigadora reuniu, numa conversa informal, com a
professora responsável pelas turmas 9ºA e 9ºB, a fim de recolher a sua opinião sobre as
metodologias efectuadas15, estas são analisadas na secção 4.5.6.
Como houve falta de tempo, a investigadora viu-se obrigada a dar duas das aulas à
turma 9ºA, uma vez que não houve disponibilidade da outra professora para o fazer.
Das quatro turmas do 9ºAno que funcionaram no ano lectivo 2001/2002, foram
analisadas estatisticamente somente 2 delas: 9ºA e 9ºB. Esta escolha prendeu-se com o
facto de a investigadora estar a leccionar uma só turma (9ºC), o que não possibilitaria a
comparação com um grupo de controlo que fosse submetido à mesma forma de leccionar.
Assim, escolheram-se as duas turmas, já referidas, usando-se o 9ºB como grupo de
controlo e o 9ºA como grupo experimental. Desta forma, o estudo incidiu sobre dois
grupos leccionados por uma mesma professora, que não a investigadora. Assim, garantiu-
se que ambas as turmas em análise eram comparáveis ao nível do “estilo” do professor e
eliminou-se o “efeito do investigador” nos resultados obtidos ao longo do trabalho.
A turma 9ºC foi submetida no entanto, ao mesmo método de ensino do grupo
experimental (9ºA), o que possibilitou uma análise qualitativa de mais uma turma a
trabalhar com o método em estudo. No capítulo 5 e na secção 4.5.4 serão apresentadas
algumas observações relativas a esta turma, que vêm de encontro, por várias vezes, com o
que se passou com a turma 9ºA.
A quarta turma, 9ºD, não foi considerada no estudo, por se terem observado graves
lacunas na aprendizagem dos seus alunos. Assim, o 9ºD destaca-se das restantes turmas,
não tendo significado usá-la para de acordo com os objectivos deste trabalho.
Realizou-se, portanto, um estudo quase experimental, com um pré-teste (“teste para
aferir a equivalência dos grupos”)16 e um pós-teste. Alguma informação recolhida
15 O questionário e as respectivas respostas, encontram-se no anexo IV – C. 16 Preferiu-se chamar a este teste, em vez do nome clássico “pré-teste”, um “teste para aferir a equivalência
dos grupos”. Salientando-se que este teste envolveu conhecimentos de química mas não especificamente,
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MESTRADO EM QUÍMICA PARA O ENSINO
94
(incluindo vídeos) é tratada no capítulo 5, também a esta investigação é dado um carácter
qualitativo.
A apreciação da equivalência das duas turmas no início deste estudo foi feita com base
num teste prévio ao estudo, sobre toda a matéria de química abordada até então. Aplicando
o teste de hipóteses com a distribuição t-student, poderá concluir-se que as turmas controlo
e experimental podem ser consideradas equivalentes, tal como será mostrado na secção
4.5.2 (SPIEGEL, 1985).
44..55.. DDAADDOOSS EE RREESSUULLTTAADDOOSS OOBBTTIIDDOOSS
444...555...111... CCCaaarrraaacccttteeerrriiizzzaaaçççãããooo dddaaasss tttuuurrrmmmaaasss
A turma 9ºA era constituída por 23 alunos, com idades compreendidas entre os 13 e os
14 anos, distribuídos da seguinte forma:
Idade
Sexo 13 Anos 14 Anos Total de alunos
Feminino 2 12 14 Masculino 2 7 9
Total de alunos 4 19 23 Média de idades da turma = 13,8 anos
Tabela 4.1 – Tabela de idades do grupo experimental
Esta turma não tinha quaisquer problemas de comportamento e os alunos eram, de uma
forma geral, bastante interessados.
sobre a Tabela Periódica. Tal pode representar um “ponto fraco” deste estudo, mas não se poderá esquecer
que um pré-teste (ou teste para aferir equivalência dos grupos) sobre a Tabela Periódica estimularia
claramente a chamada “sensibilização” ao pré-teste. Esta seria uma ameaça de validade significativa, pois os
alunos poderiam ter melhores resultados no pós-teste, não pelas aprendizagens, mas pelo simples treino
conferido pelo pré-teste.
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95
No que diz respeito à turma 9ºB, foram avaliados 17 alunos com idades compreendidas
entre os 13 e os 16 anos, com a seguinte distribuição:
Idade
Sexo 13 Anos 14 Anos 15 Anos 16 Anos Total de alunos
Feminino 2 3 1 3 9 Masculino 4 4 ______ ______ 8 Total de alunos 6 7 1 3 17
Média de idades da turma = 14,1 anos.
Tabela 4.2 – Tabela de idades do grupo de controlo
A turma de controlo continha apenas 18 alunos, dado incluir um aluno com
necessidades educativas especiais. O referido aluno não foi avaliado à disciplina de
Ciências Físico-Químicas. A turma só apresentava um aluno repetente do 9ºano, tendo,
esta turma, um perfil genericamente semelhante ao do grupo experimental (9ºA).
444...555...222... RRReeesssuuullltttaaadddooosss dddaaa aaavvvaaallliiiaaaçççãããooo dddooo ttteeesssttteee pppaaarrraaa aaafffeeerrriiirrr aaa eeeqqquuuiiivvvaaalllêêênnnccciiiaaa
dddooosss gggrrruuupppooosss eee sssuuuaaa aaannnááállliiissseee
Tomaram-se como dados para o teste para aferir a equivalência dos grupos (pré-
teste)17, como foi referido, os resultados obtidos no teste realizado antes do início do
estudo da Tabela Periódica. Neste momento de avaliação, foram abordados só os temas de
Química leccionados até à data do início da investigação.
9ºA (Grupo experimental) Pelas avaliações sumativas efectuadas ao longo do ano lectivo, esta turma era
considerada como a que apresentava melhor aproveitamento.
17 A tabela dos resultados obtidos no pré-teste encontra-se disponível no anexo IV – A.
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Gostavas que este tipo de aulas se repetisse?
53%47%
Positivas Negativas
Gostavas que este tipo de aulas se repetisse?
35%65%
Positivas Negativas
No que diz respeito à avaliação em Química, esta turma obteve um aproveitamento
globalmente positivo, até à data do início do estudo, tal como se pode verificar pelo gráfico
seguinte:
Gráfico 4.1 – Aproveitamento percentual no teste para aferir a equivalência dos grupos, do grupo
experimental
9ºB (Grupo de controlo) Os resultados da avaliação no teste para aferir a equivalência dos grupos desta turma
demonstram que, embora próximos, se encontram um pouco abaixo da turma anterior:
Gráfico 4.2 – Aproveitamento percentual no teste para aferir a equivalência dos grupos, do grupo de
controlo
Análise dos dados do teste para aferir a equivalência dos grupos Através de uma análise estatística, utilizando o método da distribuição de t-student para
amostras pequenas (número de indivíduos ≤ 30) e independentes (SPIEGEL, 1985), pode-
-se verificar se para o “teste para aferir a equivalência dos grupos”, a seguinte hipótese é
válida:
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“ A turma de controlo e a turma experimental são equivalentes”
Para o teste em causa obtiveram-se os seguintes resultados:
Parâmetros estatísticos
Grupo de estudoGrupo experimental
(9ºA): Grupo de controlo
(9ºB): Média 60,35 50,65
t-student (calculado) 1,182 t-student (tabelado) 3,574
Pela análise do quadro anterior, conclui-se que a hipótese é válida para um nível de
significância estatística de 0,01 e 38 graus de liberdade e para, uma vez que t calculado se
encontra dentro do intervalo -3,574 ≤ t ≤ 3,574, para 99% de confiança.
Desta forma, pode-se afirmar que não existiam diferenças significativas entre os dois
grupos no início do estudo e por isso podem ser consideradas como equivalentes.
444...555...333... RRReeesssuuullltttaaadddooosss dddaaa aaavvvaaallliiiaaaçççãããooo dddooo pppóóósss---ttteeesssttteee
Tal como foi referido anteriormente, os resultados do pós-teste18 são referentes ao
mini-teste só com conteúdos sobre a Tabela Periódica. Este elemento de avaliação foi
aplicado assim que se terminou a abordagem do tema em questão.
Através dos pós-testes, os alunos poderiam por à prova os conhecimentos que foram
retidos durante as aulas em que estiveram a trabalhar com o roteiro. Por isso, nestas
turmas, o pós-teste foi apresentado também no final das quatro aulas destinadas para o
assunto, mais precisamente depois de terem respondido aos inquéritos.
Os alunos que não trabalharam com o “Roteiro para a Tabela Periódica na Internet”
não responderam a nenhum inquérito de opinião19. No entanto, foi-lhes aplicado o mesmo
pós-teste, para que se pudesse fazer uma comparação dos conteúdos adquiridos durante as
aulas dedicadas ao estudo da Tabela Periódica.
De seguida são apresentados os resultados referentes a este momento de avaliação:
18 Os resultados obtidos no pós-testes encontram-se no anexo IV – A. 19 Este inquérito de opinião, também com alguns, “outputs” qualitativos, foi respondido apenas pelo grupo
experimental, analisados na secção 4.5.5
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74%26%
Positivas Negativas
71%29%
Positivas Negativas
9ºA (Grupo experimental)
Gráfico 4.3 – Aproveitamento percentual pós-teste do grupo experimental
Fazendo a análise deste gráfico pode-se verificar que grande parte dos alunos do grupo
experimental (9ºA), apresenta resultados positivos.
9ºB (Grupo de controlo)
Gráfico 4.4 – Aproveitamento percentual pós-teste do grupo de controlo
No caso do grupo de controlo (9ºB), verifica-se que grande parte dos alunos estudados,
apresentam resultados negativos (inferiores a 50%) para o mesmo teste de avaliação
aplicado ao grupo experimental (9ºA).
Uma primeira observação não exaustiva dá conta de resultados bastante melhores no
grupo experimental.
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Análise dos dados do pós-teste
À semelhança do que foi feito para o “teste para aferir a equivalência dos grupos, os
resultados dos pós-teste, foram analisados estatisticamente pelo mesmo teste de hipóteses.
Para tal utiliza-se novamente o método de distribuição de t-student, tendo como base a
seguinte hipótese:
“O grupo experimental e o grupo de controlo são equivalentes, após serem
sujeitas a métodos de ensino, sobre a Tabela Periódica, diferentes”
De acordo com os resultados obtidos no pós-teste tem-se:
Parâmetros estatísticos
Grupo de estudoGrupo experimental
(9ºA) Grupo de controlo
(9ºB) Média 58,48 34,88
t-student (calculado) 3,643 t-student (tabelado) 2,715
Pela análise da tabela anterior, verifica-se que a hipótese não é válida, para um nível de
significância estatística de 0,01, 38 graus de liberdade e 99% de confiança. Tal significa
que houve diferenças significativas nos resultados das duas turmas nos pós-testes e que
estas, por conseguinte, não se poderiam considerar equivalentes.
444...555...444... RRReeesssuuullltttaaadddooosss dddaaa rrreeecccooolllhhhaaa dddeee ooopppiiinnniiiõõõeeesss jjjuuunnntttooo dddooosss aaallluuunnnooosss
No final das quatro aulas atribuídas ao estudo da Tabela Periódica, foi pedido aos
alunos das duas turmas (23 alunos do 9ºA e 21 do 9ºC) que respondessem a um inquérito20.
Pretendeu-se, assim, que os alunos fizessem uma avaliação desta nova metodologia e
exprimissem a sua opinião quanto à utilização da Internet na sala de aula, obtendo-se o
maior número possível de opiniões.
20 O inquérito e os seus resultados encontram-se no anexo IV – B.
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100
Gostas de trabalhar com computadores ?
93%7%
SimNão
Nenhum dos alunos havia tido anteriormente aulas de disciplinas curriculares com
recurso a computadores. Alguns dos alunos estavam já familiarizados com a sala de
informática, onde preparavam trabalhos de desenvolvimento do projecto Área-Escola, em
anos anteriores. Tal situação é comum para grande parte dos alunos portugueses, como já
foi visto na secção 2.1.3. Foi, portanto, a primeira vez que estes alunos experimentaram
uma aula de Ciências Físico-Químicas com a utilização das novas tecnologias de
informação e comunicação, cuja implementação disciplinar está prevista a curto prazo no
Ensino Básico.
A análise das respostas aos inquéritos permitiu confirmar o que foi uma constante nas
aulas: o gosto, o empenho e o entusiasmo que este tipo de aulas e actividades desperta nos
alunos.
De seguida irão ser apresentados os resultados percentuais de algumas respostas
obtidas:
Gráfico 4.5 – Percentagens de respostas à primeira questão do inquérito
A grande maioria dos alunos não sabia aceder à Internet, pelo que, para cerca de 14%
dos alunos, as instruções do roteiro relativas ao acesso à Internet foram bastante úteis. Tal
pode ser visualizado através do gráfico seguinte (Gráfico 4.5).
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101
Sabias como aceder à Internet?
86%14%
SimNão
Gráfico 4.6 – Percentagens de respostas à segunda questão do inquérito
Apesar de muitos alunos utilizarem a Internet como ferramenta de auxílio nos seus
estudos, praticamente só a usam para trabalhos de desenvolvimento (Gráfico 4.6).
73%
11%
23%
9%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%80%
Custumas utilizar a Internet para o teu estudo?
Só para trabalhos depesquisaPara o meu estudo diário
Não utilizo a Internet paraestudarOutras
Gráfico 4.7 – Percentagens do uso da Internet
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102
Houve alunos que tiveram algumas dificuldades em encontrar as respostas, apesar de
considerarem que as indicações do roteiro eram claras, tal como se pode verificar nos
gráficos seguintes:
Foi fácil encontrares as respostas para as questões do roteiro?
84%16%
SimNão
Gráfico 4.8 – Percentagens sobre as questões relativas às orientações do roteiro
As dificuldades sentidas com maior frequência foram a interpretação das indicações e a
falta de tempo, pois verificou-se que os alunos muitas vezes não conseguiam captar
rapidamente toda a mensagem (Gráfico 4.9).
39%36%
7%
21%
2%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40% Não consegui entender algumasinstruções do roteiro
Não consegui efecuar todas astarefas proposta por falta detempoNão percebi o que era parafazer
Apesar das indicações dadasnão consegui encontrar arespostaOutras
Gráfico 4.9 – Dificuldades sentidas pelos alunos durante a aplicação do roteiro
Pode-se verificar facilmente, pela análise do gráfico seguinte, que os alunos
reconhecem a importância da utilização da Internet e dos benefícios que dela podem tirar.
4 – UMA ESTRATÉGIA PARA O ESTUDO DA TABELA PERIÓDICA,
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103
64%
30%
39% 39%
0%5%
9%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
GOSTAS DOS JOGOS PROPOSTOS? PORQUÊ?
Sim, para ter acesso a maisinformação
Sim, pois aprendo maisfacilmente ao pesquisarinformaçãoSim, porque estou mais tempo aestudar
Não, porque a informação dasaulsa é suficiente
Não, porque não gosto detrabalhar com computadores
Não, porque é uma perda detempo
Outras
Gráfico 4.10 – Percentagens sobre a possível utilização e importância da Internet
Apesar de alguns alunos não terem tempo de responder a todas as questões do roteiro,
experimentaram os jogos propostos fora da sala de aula. Mais uma vez se verifica que os
alunos têm noção dos proveitos que podem tirar deste tipo de actividades. Os 34% de
alunos que jogaram, afirmam que enquanto jogam também aprendem (Gráfico 4.11). Estes
34% correspondem, na sua maioria, a alunos da turma 9ºA, onde o tempo foi gerido de
forma eficaz, o que nem sempre aconteceu com a turma 9ºC.
32%
2%
34%
5%
1%0%
14%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
GOSTAS DOS JOGOS PROPOSTOS? PORQUÊ?
Sim, porque são divertidos
Sim, porque são fáceis de jogar
Sim, porque aprendo enquantojogo
Não, porque não gosto decomputadores
Não, porque são poucointeressantes
Não porque não consigo jogar
Outras
Gráfico 4.11 – Opinião dos alunos relativamente aos jogos propostos.
4 – UMA ESTRATÉGIA PARA O ESTUDO DA TABELA PERIÓDICA,
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104
Mais uma vez se pode verificar, através do Gráfico 4.2, as preferências dos nossos
alunos. Quase todos os alunos gostariam que este tipo de aulas se repetisse. As razões não
foram muito diversificadas, e incidiram basicamente no gosto em trabalhar com
computadores e na menor monotonia das aulas. Algumas respostas foram de extrema
importância, pois alguns alunos, nomeadamente os que usualmente demonstravam pouco
interesse pela vida escolar, afirmaram que “... era da maneira que conseguiam aprender
alguma coisa, pois eram obrigados a pensar durante toda a aula”. Os alunos que
responderam que não gostariam de repetir este tipo de aulas, explicaram que tal se devia ao
facto de não gostarem de trabalhar com computadores ou com os colegas de grupo.
Gostavas que este tipo de aulas se repetisse?
96%
4%
Sim Não
Gráfico 4.12 – Opinião dos alunos quanto a este tipo de aulas
444...555...555 RRReeesssuuullltttaaadddooosss dddaaa rrreeecccooolllhhhaaa dddaaa ooopppiiinnniiiãããooo dddaaa ppprrrooofffeeessssssooorrraaa
Como os professores terão de ser os fomentadores deste tipo de projectos, é importante
saber a opinião deles. Como só houve oportunidade de trabalhar com outra colega, foi ela a
única docente inquirida sobre o trabalho.
Desde o início deste trabalho, esta colega mostrou-se disponível para colaborar com a
docente investigadora. Pouco antes de se iniciar a primeira aula, com a utilização do
roteiro, foram-lhe colocadas algumas questões relacionadas com as suas perspectivas
relativamente ao funcionamento das aulas e à atitude dos alunos. Segundo esta professora,
este tipo de aulas parecia ser bastante interessante e cativante para os alunos. Por outro
4 – UMA ESTRATÉGIA PARA O ESTUDO DA TABELA PERIÓDICA,
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105
lado, acreditou ser capaz de dar este novo tipo de aulas, pois possuía alguns conhecimentos
sobre o funcionamento de computadores e da Internet. Além disso, confiava no apoio que
seria dado pela investigadora para alguma eventualidade, dado que esta última também
estaria presente nas aulas.
Depois de terminado o ano lectivo, já no período das reuniões, a investigadora pediu à
professora colaboradora que respondesse também a um inquérito21. Desta vez, o inquérito
tinha como finalidade analisar o impacto e o resultado junto de uma docente que, também
ela, nunca tinha participado numa experiência do género.
De acordo com os resultados obtidos, a professora considera muito importante a
utilização do computador e da Internet como instrumentos auxiliares do processo ensino-
aprendizagem. Para a inquirida, a utilização da Internet é útil e constituiu um desafio para
o professor. Reconheceu não encontrar grandes dificuldades nas aulas em que participou e
que as considerou muito interessantes e aliciantes. No que diz respeito ao efeito no aluno, a
professora foi de opinião que o uso da Internet é apelativo e incentiva o aluno, captando o
seu interesse.
No que diz respeito à apreciação do roteiro, este foi classificado como muito bom, tal
como a sua utilidade, metodologia utilizada e clareza de informação. A representação
gráfica e os jogos propostos foram considerados bons.
A docente inquirida considera este tipo de abordagem à Tabela Periódica com recursos
digitais viável e admite repetir este tipo de aulas nos próximos anos lectivos.
21 os resultados deste inquérito encontram-se disponíveis no anexo IV – C.