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SSA: ANÁLISE DA VIABILIDADE E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO DE ORGANIZAÇÃO DO TERCEIRO SETOR: UM ESTUDO DE CASO DA FUNDAÇÃO HOSPITAL CASSIANO CAMPOLINA José Roberto de Souza Francisco [email protected] UFSJ Hudson Fernandes Amaral [email protected] UFMG Yane Santos Lucindo [email protected] UFSJ Luiz Alberto Bertucci [email protected] UFMG Resumo:A questão do terceiro setor da economia no Brasil é, ainda hoje, pouco discutida e motiva muitas dúvidas, seja em relação ao seu papel na sociedade ou aos retornos em diversos âmbitos que podem ostentar as organizações. Neste sentido, buscou-se fazer um estudo mais aprofundado da participação e viabilidade de um Hospital Filantrópico na cidade de Entre Rios de Minas, tendo como base os resultados dos anos de 2005 a 2009. Portanto, o seguinte questionamento se coloca: A manutenção de um Hospital Filantrópico na cidade de Entre Rios de Minas estimula o desenvolvimento econômico no município? O objetivo geral deste estudo consiste na observação da realidade apresentada, analisar as principais aplicações da verba destinada à entidade tendo em vista suas origens de recursos; e analisar os resultados dos anos estudados, visto que a caracterização da eficiência e viabilidade é de grande importância para a população de Entre Rios de Minas e para as comunidades circunvizinhas. Para a realização deste estudo foram utilizadas análises de índices e técnicas estatísticas como correlação e regressão, que serão apresentadas a fim de facilitar o entendimento. Por meio da pesquisa foi possível constatar que a manutenção de um Hospital Filantrópico na cidade de Entre Rios de Minas estimula o desenvolvimento econômico no município e possui representatividade na economia municipal.

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  • SSA: ANLISE DA VIABILIDADE EDESENVOLVIMENTO ECONMICO DEORGANIZAO DO TERCEIRO SETOR:UM ESTUDO DE CASO DA FUNDAO

    HOSPITAL CASSIANO CAMPOLINA

    Jos Roberto de Souza [email protected]

    UFSJ

    Hudson Fernandes [email protected]

    UFMG

    Yane Santos [email protected]

    UFSJ

    Luiz Alberto [email protected]

    UFMG

    Resumo:A questo do terceiro setor da economia no Brasil , ainda hoje, pouco discutida e motivamuitas dvidas, seja em relao ao seu papel na sociedade ou aos retornos em diversos mbitos quepodem ostentar as organizaes. Neste sentido, buscou-se fazer um estudo mais aprofundado daparticipao e viabilidade de um Hospital Filantrpico na cidade de Entre Rios de Minas, tendo comobase os resultados dos anos de 2005 a 2009. Portanto, o seguinte questionamento se coloca: Amanuteno de um Hospital Filantrpico na cidade de Entre Rios de Minas estimula o desenvolvimentoeconmico no municpio? O objetivo geral deste estudo consiste na observao da realidade apresentada,analisar as principais aplicaes da verba destinada entidade tendo em vista suas origens de recursos; eanalisar os resultados dos anos estudados, visto que a caracterizao da eficincia e viabilidade degrande importncia para a populao de Entre Rios de Minas e para as comunidades circunvizinhas. Paraa realizao deste estudo foram utilizadas anlises de ndices e tcnicas estatsticas como correlao eregresso, que sero apresentadas a fim de facilitar o entendimento. Por meio da pesquisa foi possvelconstatar que a manuteno de um Hospital Filantrpico na cidade de Entre Rios de Minas estimula odesenvolvimento econmico no municpio e possui representatividade na economia municipal.

  • Palavras Chave: Organizao do Terce - Hospital Filantrpic - Eficincia - -

  • 1. Introduo

    sabido por todos que as aes de solidariedade se fazem cada vez mais necessrias nos mais diversos aspectos de nossa sociedade. As necessidades bsicas dos seres humanos se tornam por vezes, difceis de serem satisfeitas por variados motivos.

    Segundo Maluf (1995) apud Paganella (2003) O Estado, democraticamente considerado, uma instituio pblica, com recursos destinados realizao dos fins da comunidade nacional. Nesse sentido, o governo carrega consigo enumerveis obrigaes que nem sempre so cumpridas, emergindo ento a iniciativa da sociedade em diversas organizaes que colaboram com o Estado na execuo de suas responsabilidades.

    Tais organizaes, que tm evoludo consideravelmente nos ltimos anos e recebem denominaes variadas, sendo enquadradas no Terceiro Setor e possuem grande importncia no cenrio da economia e da sociedade moderna, pois, aliadas ao voluntariado, dedicam - se s atividades que visam promover a cidadania.

    Segundo Bava (2000) apud Arajo (2006): [...] para o Banco Mundial e outras instituies multilaterais, o Terceiro Setor, tendo frente as ONGs, tem um importante papel executor de poltica social articulada e complementar ao do Estado. [...] estas instituies sem fins lucrativos[...] no desperdiam recursos com a burocracia, no so corruptas e apresentam resultados muito mais significativos que a ao do Estado.

    Assim, o Terceiro Setor caracterizado por: Ser institucionalizado: constitudo legalmente; Ser privado: no integra o aparelho do Estado; Possuir fins no lucrativos: no distribui lucros para os seus administradores ou dirigentes; Ser autoadministrado: gerencia suas prprias atividades; e Ser voluntrio: pode ser constitudo livremente por qualquer pessoa ou grupo de pessoas. Observa-se tambm que as Instituies Sem Fins Lucrativos esto inseridas no Sistema Nacional de Contas e, por conseguinte, foram desenvolvidas pela Diviso de Estatsticas das Naes Unidas em conjunto com a Universidade Johns Hopikins (HANDBOOK, 2003).

    O presente artigo, ao estudar um Hospital Filantrpico demonstrar a relevncia da Contabilizao neste tipo de organizao tendo em vista o papel das informaes contbeis para sua transparncia e obteno de vantagens concedidas pelo governo, e revelar sua importncia medida que for caracterizada a eficincia da instituio em questo para a regio do Alto Paraopeba atuando de forma a informar a comunidade circunvizinha, principalmente populao de Entre Rios de Minas, e ainda promovendo um incentivo aos pesquisadores a fim de que dedique maior ateno s Organizaes do Terceiro Setor, que, exercem hoje um papel de imensurvel importncia na sociedade.

    Dessa forma, levando-se em considerao os novos desafios inerentes aos negcios organizacionais, torna-se cada vez mais necessrio um controle eficaz avaliado por meio de sistemas de gesto contbil, onde podero ser identificadas a eficcia e tambm a eficincia dessas organizaes. Ressalta-se, portanto, que as Receitas obtidas pelas Entidades do Terceiro Setor so vinculadas a uma prestao de contas transparente e a uma boa gesto das atividades.

    A respeito disso, Gimzauskiene e Valanciene (2009) relatam que: The aspect of performance systems efficiency attained the least attention in management accounting studies, but it is very interesting and important. Effective management researches calls for the development of measuring techniques which are designed to capture information on all aspects of the business and its environment. The implementation of such theoretically concepts of management accounting into practice does not automatically imply its incorporation into decision making process

  • in an organization and does not guarantee efficiency of performance measurement system.

    Portanto, a boa performance organizacional no Terceiro Setor contempla a interao da perfeita aplicabilidade dos recursos, adequado a acessibilidade da camada de sociedade. O objetivo geral deste estudo analisar a viabilidade financeira e econmica da manuteno da organizao filantrpica Fundao Hospital Cassiano Campolina (F.H.C.C.) na cidade de Entre Rios de Minas por meio de um paralelo entre o comportamento de seu patrimnio e o volume de pacientes atendidos. Seus objetivos especficos so definidos como: analisar as principais aplicaes da verba destinada entidade por meio de suas origens de recursos; apontar as principais fontes de recursos e, ainda, analisar os resultados econmicos dos anos abordados. Em meio das informaes apresentadas, importante realizar o seguinte questionamento: a manuteno de um Hospital Filantrpico na cidade de Entre Rios de Minas estimula o desenvolvimento econmico no municpio? 2. Referencial Terico 2.1 BREVE HISTRICO DA FUNDAO HOSPITAL CASSIANO CAMPOLINA

    A Fundao Hospital Cassiano Campolina, foi construda com o objetivo de atender a populao carente de Entre Rios de Minas e cidades vizinhas, fruto da doao de Cassiano Antnio da Silva Campolina, rico fazendeiro da regio, que deixaria sua fortuna e todos os seus bens para seus amigos e parentes, mas, ao acatar idia do ento Juiz de Direito da Comarca da Cidade, Dr. Artur Ribeiro de Oliveira, resolveu destinar a maior parte de sua herana para a construo de um hospital (RESENDE, 2000). Cassiano Antnio da Silva Campolina (1836/1904) j era conhecido por toda a redondeza por ser um fazendeiro aficionado por cavalos e foi este homem que reformulou todo o seu testamento deixando em legado para a fundao toda a sua fortuna, fazendo questo de destacar neste documento que o atendimento prioritrio seria dado aos menos favorecidos. Assim, em 1904 teve incio a construo da Fundao Hospital Cassiano Campolina, que contaria com uma irmandade composta por trinta homens, sendo escolhidos entre eles os membros dos Conselhos Administrativo e Fiscal da fundao. Hoje, o Hospital Cassiano Campolina, inaugurado em 1910, atende a cidade de Entre Rios de Minas, Desterro de Entre Rios, Piedade dos Gerais e tantas outras cidades da redondeza e a verba para sua manuteno proveniente de atendimentos pelo SUS, convnios e doaes. Essa Fundao est enquadrada em seu aspecto contbil, social e fiscal como uma Organizao do Terceiro Setor. A cidade possui atualmente uma populao que segundo o Instituto Brasileiro de Geografia (IBGE, 2010) gira em torno de 14.548 habitantes com um Produto Interno Bruto (PIB) a preos correntes de R$79.784,00. Desse total, R$3.387,00 refere-se a Impostos sobre produtos lquidos de subsdios e o restante pode ser dividido entre os setores de atividade conforme Grfico 1.

    Grfico 1: Produto Interno Bruto de Entre Rios de Minas em 2007

    Fonte: IBGE, 2007

    R$ - R$ 10.000,00 R$ 20.000,00 R$ 30.000,00 R$ 40.000,00 R$ 50.000,00

    Valor Adicionado

    Servios/Comrcio Agricultura Indstria Setores Analisados

  • importante observar que durante o ano analisado no Grfico 1, a Fundao Hospital Cassiano Campolina (F.H.C.C.) obteve um supervit de R$9.147,14 que corresponde a 11,46% do PIB municipal, o que o coloca em posio de destaque na economia do municpio, se comparada com outros hospitais filantrpicos. Para se fazer uma analogia o Grfico 2, apresenta dados comparativos conforme disposto a seguir.

    Entre Rios de Minas R$ 79.784

    Florianpolis R$7.104.195

    FHCC: R$ 9.147,14

    IHC: R$ 1.191.650,91

    0%

    20%

    40%

    60%

    80%

    100%

    Hospitais Analisados

    Rel

    ao

    Sup

    erv

    it/ P

    IB

    (%)

    PIB Municipal Supervit da Instituio Grfico 2: Relao Supervit/ PIB Municipal em 2007

    Fonte: Dados da Pesquisa, 2010. O Grfico 2 apresenta uma comparao entre Hospitais Filantrpicos de Florianpolis e Entre Rios de Minas. Florianpolis possui um PIB a preos correntes de R$7.104.195,00 (IBGE, 2010) e seus hospitais filantrpicos; Irmandade do Senhor Jesus dos Passos e Imperial Hospital de Caridade alcanaram no ano de 2007 um supervit de R$1.191.650,91 o que corresponde a 16,77% do PIB municipal. Observa-se que embora haja uma grande diferena entre os supervits das organizaes analisadas, as representatividades, em termos percentuais, em seus municpios no possuem grandes disparidades: 2.2 PRINCIPAIS ASPECTOS DO TERCEIRO SETOR E FUNDAES

    O conceito de Terceiro Setor, segundo Ioschpe (2000) apud Arajo (2006): utilizado para designar o conjunto composto de organizaes sem fins lucrativos, cujo papel principal a participao voluntria, fora do mbito governamental, que do suporte s prticas de caridade, da filantropia e do mecenato, voltadas para a garantia do direito de cidadania da sociedade.

    No Primeiro Setor encontra-se o Estado, responsvel por diversas funes, dentre elas a de prover as necessidades bsicas de toda a sociedade e o Segundo Setor composto por empresas privadas que visam a obteno de lucros a serem distribudos entre seus proprietrios e acionistas. A figura 1 apresenta a identificao dos setores de produo.

    Figura 1: Identificao dos Setores de Produo

    Fonte: Adaptado por Fonseca (2000, p.5)

  • A questo do Terceiro Setor ainda hoje muito discutida devido complexidade que envolve sua definio e suas funes. De acordo com Fonseca (2000) apud Arajo (2006) organizaes do terceiro setor so aqueles agentes no econmicos e no estatais que procuram atuar, coletiva e formalmente, para o bem estar de uma comunidade ou sociedade (...). Essas organizaes recebem, no Brasil, diversas denominaes: organizaes no-governamentais, organizaes sem fins lucrativos, organizaes da sociedade civil, dentre outras.

    De acordo com a NBC 10.19.14 - as entidades sem finalidade de lucros exercem atividades assistenciais, de sade, educacionais, tcnico-cientficas, esportivas, religiosas, polticas, culturais, beneficentes, sociais, de conselhos de classe e outras, administrando pessoas, coisas, e interesses coexistentes e coordenados em torno de um patrimnio com finalidade comum ou comunitria.

    Neste sentido, Vermei, (2009) informa que: Organizational performance is significantly dependent on the effectiveness and efficiency of the organizations processes. Therefore, organizational leaders should focus much of their own and their peoples efforts on operating and improving these processes. If you are going to seek to improve, you need some sense of what is better.

    Assim, pode-se dizer que as organizaes do Terceiro Setor buscam contribuir com a sociedade mobilizando pessoas, gerando empregos, recursos e valendo-se do servio voluntrio. As organizaes do Terceiro Setor contam ainda com o apoio do Estado no que diz respeito sua no-tributao, recebendo incentivos por meio de imunidades, isenes e benefcios fiscais que so oferecidos a terceiros que investem em sua continuidade.

    A grande questo no Terceiro Setor envolve sua distribuio de resultados, pois segundo Arajo (2006) apud Hudson (1999) o Terceiro Setor possui duas caractersticas principais: a no distribuio de lucro e a no sujeio ao controle estatal. Neste sentido as organizaes participantes do Terceiro Setor no devem distribuir lucros a seus gerentes e administradores, sendo adequado, obter sobras financeiras que devem ser reinvestidas na organizao a fim de cumprir seus objetivos institucionais (MACHADO, 1994).

    As Organizaes do Terceiro Setor so classificadas em Associaes, Institutos, Fundaes, Organizaes Sociais e Organizaes da Sociedade Civil de Interesse Publico. Neste estudo sero abordados aspectos das Fundaes, visto que a entidade em questo se enquadra neste tipo de organizao. De acordo com o Cdigo Civil Brasileiro (CCB) 2002, uma fundao deve ser criada a partir da destinao de bens para seu funcionamento, por meio de escritura pblica ou testamento, e quando for insuficiente para a constituio de uma fundao, deve ser incorporada por outra fundao. As fundaes devem voltar-se exclusivamente para fins religiosos, morais, culturais ou de assistncia, devendo seus responsveis formular o estatuto e submet-lo aprovao da autoridade competente. Caso no seja formulado no prazo estabelecido pelo instituidor, o Ministrio Pblico ficar encarregado de elabor-lo. O controle sobre o funcionamento das fundaes tambm ficar a cargo do Ministrio Pblico.

    A alterao do estatuto de uma fundao deve ser aceita por dois teros de seus gerentes, observando ainda, o fim a que se dedica e tambm a aprovao no rgo do Ministrio Pblico. No entanto, no sendo a alterao aprovada pelos gerentes, ainda assim, deve ser submetido ao Ministrio Pblico, momento ao qual seus administradores devero subjugar minoria vencida tenha cincia para impugn-la em dez dias. Ressalta-se que caso o ocorra a extino, seu patrimnio ser incorporado pelo Mistrio Pblico ou outra fundao semelhante. (CCB, 2002; art. 67 a 69).

  • Para que um hospital seja considerado filantrpico necessrio possuir o Certificado de Entidade Beneficente de Assistncia Social - CEBAS, concedido pelo Conselho Nacional de Assistncia Social CNAS, no qual a organizao deve ser cadastrada. por meio deste Certificado que uma instituio reconhecida perante a sociedade civil como uma Entidade Beneficente, alm de possuir condies para requerer benefcios concedidos pelo Estado.

    Os Hospitais Filantrpicos devem ofertar seus servios para atendimento a pelo menos 60% pacientes do Sistema nico de Sade (SUS) e o restante por meio de convnios. Observa-se que, esses convnios mantm uma representatividade relevante nas margens de lucros dessas organizaes (Wareline, 2009). Outro fator relevante a grande capacidade de atendimento como prestador de servio pblico em relao a leitos hospitalares. O Grfico 3 mostra essa ocupao no Brasil.

    33%

    67%

    Hospitais Filantrpicos

    Outras Instituies

    Grfico 3: Ocupao dos leitos hospitalares no Brasil

    Fonte: Ug et all, 2008. O Grfico 3 apresenta os Hospitais Filantrpicos com destaque ao agregar cerca de um

    tero dos leitos hospitalares, demonstrando grande fora de ordem social, visto que em muitos municpios eles correspondem ao nico hospital existente. (UG et all, 2008). 2.3 A IMPORTNCIA DAS DEMONSTRAES CONTBEIS PARA AS ORGANIZAES DO TERCEIRO SETOR

    Assim como outras empresas regidas pela Lei das Sociedades Annimas, as Organizaes do Terceiro Setor possuem escriturao contbil e, em se tratando de hospitais filantrpicos so representativas na regio onde esto inseridas, portanto, devem publicar anualmente seus demonstrativos contbeis em jornal de circulao regional devido importncia de sua anlise na identificao de sua situao patrimonial, econmica e financeiro e devido, ainda, necessidade de se observar se esto sendo cumprido o seu papel perante a sociedade (Alves, 2007). As Organizaes do Terceiro Setor devem respeitar tambm os princpios contbeis, as determinaes da Lei 6.404/76 e as Normas Brasileiras de Contabilidade (NBCs), algumas redigidas especificamente para essas organizaes (SIQUEIRA, 2010).

    Segundo Ribeiro (2008, p.40) Demonstraes Financeiras so relatrios ou quadros tcnicos que contm dados extrados dos livros, registros e documentos que compem o sistema contbil de uma entidade. E so justamente essas demonstraes que devem ser analisadas para o fornecimento de informaes. De acordo com a Lei 11.638/07 que alterou a Lei 6.404/76 e de acordo com o Conselho Federal de Contabilidade, (CFC, 2010), as Demonstraes Contbeis que devem ser apresentadas pelas organizaes do Terceiro Setor so: Balano Patrimonial; Demonstrao do Supervit ou Dficit do Exerccio; Demonstraes das Mutaes do Patrimnio Social e Demonstrao dos Fluxos de Caixa.

    A anlise de demonstrativos contbeis de extrema importncia para todos os usurios de suas informaes. Iudcibus (1998, p.20) caracteriza a anlise de balanos como a arte de saber extrair relaes teis, para o objetivo econmico que tivermos em mente, dos

  • relatrios contbeis tradicionais e de suas extenses e detalhamentos, se for o caso. J Assaf Neto (2002, p.48) complementa: a anlise de balanos visa relatar, com base nas informaes contbeis fornecidas pelas empresas, a posio econmico-financeira atual, as causas que determinaram a evoluo apresentada e as tendncias futuras.

    Portanto, para que anlise de demonstrativos contbeis alcance os objetivos esperados necessrio um conhecimento prvio dos Princpios Fundamentais de Contabilidade, e no que diz respeito contabilizao no Terceiro Setor, a anlise de demonstrativos financeiros deve ser ainda melhor trabalhada, visto que, as demonstraes provenientes deste setor possuem particularidades e adaptaes prprias (VARELA e JUNIOR, 2006).

    O Balano Patrimonial segundo Ribeiro (2008, p.43) a demonstrao financeira que evidencia resumidamente o Patrimnio da entidade, quantitativa e qualitativamente. Ele se divide em Ativo, Passivo e Patrimnio Lquido. No que tange Organizaes do Terceiro Setor, o Capital Social contido no Patrimnio Lquido figura como Patrimnio Social. A Demonstrao do Resultado do Exerccio ainda segundo Ribeiro (2008, p.66), um relatrio contbil que evidencia a situao econmica da entidade. Atravs deste relatrio possvel observar se a empresa obteve lucro ou prejuzo no exerccio em questo. Em Organizaes do Terceiro Setor ser possvel obter Supervit ou Dficit, segundo o CFC (2000). A Demonstrao das Mutaes do Patrimnio Lquido Social (DMPS) evidencia as mutaes patrimoniais ocorridas durante o perodo analisado e a Demonstrao do Fluxo de Caixa adotada pelas organizaes conforme estabelecido na Lei 11.638/07, indica segundo Marion (1998) apud Ribeiro (2006) a origem de todo o dinheiro que entrou no Caixa, bem como a aplicao de todo o dinheiro que saiu do Caixa em determinado perodo, e, ainda, o Resultado do Fluxo Financeiro. 3-Metodologia 3.1 CLASSIFICAO E CARACTERIZAO DOS DADOS O presente artigo, ao realizar um Estudo de Caso da Fundao Hospital Cassiano Campolina, situa-se na rea contbil, aprofundando-se na Contabilizao de Entidades do Terceiro Setor e na Anlise das Demonstraes Financeiras. A pesquisa aqui apresentada caracterizada como uma pesquisa quantitativa, medida que trabalha com dados numricos e suas anlises. Pesquisa exploratria, visto que envolve levantamentos bibliogrficos buscando proporcionar um conhecimento mais aprofundado sobre determinado assunto e, posteriormente, colaborar na formulao de problemas e hipteses que meream maior ateno no tema estudado (Gil, 1999 apud Clemente, 2007). Tendo como base um referencial terico fundamentado em estudos de autores como Arajo (2006), Ribeiro (2008) e Iudcibus (1998), este estudo prope anlise de ndices pormenorizado da instituio no perodo de 2005 a 2009, bem como aplicaes de tcnicas estatsticas como correlao e regresso linear, para representar da forma mais apropriada a real situao econmico-financeira da instituio e facilitar suas interpretaes. Assim, atravs dessa anlise que ser permitido encontrar respostas ao problema de pesquisa. 3.2 DESCRIO DOS PROCEDIMENTOS Para a realizao deste estudo, foram adotados os seguintes procedimentos: a primeira etapa refere-se reviso literria, cujo objetivo proporcionar uma base terica slida que fornea ferramentas para a compreenso do assunto em questo. Nesse sentido, as bibliografias pesquisadas focalizam-se em Organizaes do Terceiro Setor e Anlise de Demonstraes Financeiras, alm de pesquisas documentais referentes histria e estrutura

  • da fundao em questo. Na segunda etapa, foram realizadas visitas fundao e ao escritrio de contabilidade responsvel a fim de obter acesso aos demonstrativos e informaes contbeis, e esclarecimentos especficos a fim de aprofundar a pesquisa. Na terceira etapa, referente ao tratamento dos dados, foi analisado as Demonstraes Contbeis da Fundao Hospital Cassiano Campolina e com base em suas informaes, calculados um conjunto de ndices, bem como realizadas diversas inferncias estatsticas como correlaes e regresses lineares de tal forma a enriquecer o estudo. Por fim, a anlise dos dados, a interpretao das informaes e a inferncia das metodologias estatsticas foram um fator determinante para que se pudesse chegar ao resultado final e responder ao problema de pesquisa levantado. 4. Anlise dos Resultados A Fundao Hospital Cassiano Campolina enquanto hospital filantrpico atende predominantemente pacientes provenientes do SUS, respeitando assim sua principal caracterstica. Durante os anos analisados observa-se que a mdia do volume de atendimentos de pacientes provenientes do SUS consideravelmente maior que o nmero de pacientes particulares e provenientes de outros convnios, cerca de trs a cinco vezes, demonstrando assim a grande relevncia dessa organizao para o municpio, conforme apresentado no Grfico 4.

    Grfico 4: Origem dos pacientes atendidos

    Fonte: Dados da pesquisa, 2010.

    Conforme Grfico 4, O Hospital Cassiano Campolina conta hoje com cinco mdicos que compem o seu corpo clnico e oito mdicos autnomos que prestam plantes no Pronto Atendimento, cuja verba para sua manuteno repassada pela Prefeitura Municipal de Entre Rios de Minas atravs de convnio. O hospital conta ainda com uma equipe composta por um enfermeiro chefe e vinte auxiliares de enfermagem.

    Os principais recursos dessa fundao so provenientes do SUS e do convnio com a Prefeitura Municipal de Entre Rios de Minas, que juntos respondem por mais da metade de toda a verba destinada ao hospital. Outras fontes constituem-se dos clientes particulares, convnios com cidades vizinhas e outros convnios. O Grfico 5 demonstra essas participaes.

    0

    10000 20000

    30000

    2005 2006 2007 2008 2009Anos analisados

    Clientes particulares Clientes SUS Outros Convnios*

    Qua

    ntid

    ade

    de

    Paci

    ente

    s

  • Grfico 5: Origem das Receitas Operacionais

    Fonte: Dados da Pesquisa, 2010. Atravs do Grfico 5 possvel observar que no ano de 2005, o SUS era responsvel pela maior parte das receitas operacionais, sendo seguido pela Prefeitura Municipal de Entre Rios de Minas (P.M.E.R.). O mesmo acontece durante os anos de 2006, 2007 e 2008. No ano de 2006 a representatividade da P.M.E.R. nas Receitas Operacionais apresenta um aumento, ao contrrio dos clientes particulares, que diminuem sua participao. ainda neste ano de 2006 que surge a participao da Prefeitura de Piedade dos Gerais. O SUS apresenta diminuio na participao, tendncia que seguida nos anos seguintes. No ano de 2007 observada, assim como em 2006, a diminuio da participao do SUS. A participao dos clientes particulares se mantm estvel enquanto a de clientes conveniados aumenta juntamente com a participao da P.M.E.R. No ano de 2008 a participao da P.M.E.R. se mantm estvel, enquanto a do SUS diminui juntamente com a da Prefeitura de Desterro de Entre Rios. Verificou-se aumento da participao de clientes conveniados e clientes particulares. No ano de 2009 ocorre uma inverso: a P.M.E.R. passa a ser responsvel pela maior parte das Receitas Operacionais, enquanto o SUS diminui sua participao juntamente com os clientes particulares. A Prefeitura Municipal de Desterro de Entre Rios aumenta sua representatividade, mas o Convnio com a Prefeitura Municipal de Piedade dos Gerais deixa de existir. Ainda no que tange aos recursos recebidos, observa-se no Grfico 6 que, durante os anos analisados, a Receita da Prestao de Servios da fundao aumentou gradativamente, cerca de 53% entre os anos de 2005 e 2009, fato esse que poder ser explicado pelo aumento do nmero de pacientes atendidos ao longo dos anos e principalmente pelo aumento do repasse realizado pela Prefeitura Municipal de Entre Rios de Minas.

    Grfico 6: Evoluo da Receita da Prestao de Servios

    Fonte: Dados da Pesquisa, 2010

    0,00

    50.000,00

    100.0000,00

    150.0000,00

    200.0000,00

    Anos estudados

    20052006

    20072008

    2009

  • Observa-se tambm, atravs do Grfico 7, que o Resultado Operacional Lquido acompanha o crescimento da Receita de Prestao de Servios, apresentando um aumento de cerca de 31% entre os anos analisados.

    Grfico 7: Evoluo do Resultado Operacional Lquido

    Fonte: Dados da Pesquisa, 2010 Bem como a Receita na prestao de Servios e o Resultado Operacional Lquido, as Despesas Operacionais (Administrativas, Gerais e de Depreciao) apresentaram um gradativo aumento entre os anos estudados, como pode ser verificado no Grfico 8.

    Grfico 8: Evoluo das Despesas Operacionais

    Fonte: Dados da Pesquisa, 2010.

    Portanto, observar que h uma forte relao entre os itens acima relacionados: Receita da Prestao de servios, Resultado Operacional Lquido, Despesas Operacionais e o nmero de pacientes atendidos. Segundo Malhotra (2004, P.453), o grau de relao entre variveis o objeto de estudo da correlao. A correlao entre duas variveis pode ser forte ou fraca de acordo com o grau de relao existente entre elas. O instrumento que mede a correlao linear entre duas variveis o coeficiente de correlao de Pearson, que conforme Malhotra (2004, p.455) dado pela frmula abaixo, onde xi e yi so os valores das variveis X e Y e onde e

    so respectivamente as mdias dos valores xi e yi.

    Frmula do coeficiente de correlao de Pearson

    0,00 100.000,00 200.000,00 300.000,00 400.000,00 500.000,00 600.000,00 700.000,00

    Anos estudados

    20052006 2007

    20082009

    0,00

    200.000,00

    400.000,00

    600.000,00

    800.000,00

    Anos estudados

    2005 20062007 2008

    2009

  • Ainda de acordo com Dancey (2006, p. 185) ...a correlao ser tanto mais forte quanto mais prximos estiver o resultado de + 1, e ser tanto mais fraca quanto mais prximo o resultado estiver de zero.

    Buscando fazer uma anlise mais elaborada, foram calculadas correlaes entre os itens acima mencionados e obteve-se como resultado a Tabela 1:

    Tabela 1: Variveis Correlacionadas

    Variveis Valor Correlao Receita de Prestao de Servios/ Atendimentos 0,88 Correlao Resultado Operacional Lquido/ Atendimentos 0,80 Correlao Despesas Operacionais/ Atendimentos 0,82

    Fonte: Dados da Pesquisa, 2010.

    Atravs do clculo dessas correlaes possvel observar que as variveis mais

    fortemente relacionadas so Receita de Prestao de Servios e Atendimentos, cujo valor (0,88) mais se aproxima de 1 (um). Entre as Despesas Operacionais e os Atendimentos h tambm uma forte relao cujo coeficiente expresso por 0,82. J entre as variveis Resultado Operacional Lquido e Atendimentos a relao existente ainda forte, pois seu coeficiente (0,80) est prximo de 1 (um). Outra forma muito eficiente de analisar a relao entre duas variveis atravs de Diagramas de Disperso. Por meio de pontos com maior ou menor disperso e de acordo com seus comportamentos possvel verificar uma forte ou fraca relao entre duas variveis alm de observar se essa relao ocorre de maneira positiva ou negativa.

    No Grfico 9 observa-se que a relao entre as variveis estudadas forte e positiva, visto que os pontos se distribuem uniformemente, pois, medida que a Receita com Prestao de Servios aumenta h um aumento no nmero de atendimentos.

    -

    500.000,00

    1.000.000,00

    1.500.000,00

    2.000.000,00

    - 5.000 10.000 15.000 20.000 25.000 30.000 35.000

    N me ro d e A t e nd ime nt o s

    Rec

    eita

    da

    Pres

    ta

    o de

    Se

    rvi

    os

    Grfico 9: Relao Receita de Prestao de Servios /Atendimentos.

    Fonte: Dados da Pesquisa, 2010. Analisando o Grfico 9, a Regresso Linear da evoluo da Receita de Prestao de Servios relacionada ao nmero de atendimentos, observa-se a Equao de Regresso mostra que a cada variao de 1 (um) paciente atendido corresponde ocorre um aumento de R$39,85, reais na Receita da Prestao de Servios. Portanto, esta equao tem uma probabilidade de acerto na ordem de 77,75% dos casos.

    O mesmo acontece no Grfico 10, possvel verificar que a relao ainda se mantm forte com os pontos distribudos uniformemente.

  • 0100000200000300000400000500000600000700000

    0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 35000

    Nmero de Atendimentos

    Des

    pesa

    s O

    pera

    cion

    ais

    Grfico 10: Relao Despesas Operacionais/ Atendimento

    Fonte: Dados da Pesquisa, 2010. Em anlise ao Grfico 10, observa-se pela Equao de Regresso que a cada variao de 1 (um) paciente atendido corresponde a uma despesa de R$8,40. Portanto, esta equao tem uma probabilidade de acerto na ordem de 67,62% dos casos.

    Assim ao compararmos as equaes de Regresso Linear do Grfico 9 e do Grfico 10, observa-se que: Equao de Regresso para Receita de Prestao de Servios y = 39,851x + 219638 Equao de Regresso para Despesas Operacionais y = 8,4056x + 288660

    Neste caso identifica-se, por meio da equao da reta de regresso linear que um

    aumento de 1 (um) paciente atendido no F.H.C.C., corresponder a um aumento do resultado operacional lquido na ordem de R$31,45. Portanto, os dados analisados por meio da pesquisa apresentam-se como extremamente vivel a manuteno dessa fundao em termos econmico-financeiros para o municpio.

    O Grfico 11 mostra que tanto o Resultado Operacional Lquido quanto o Nmero de Atendimentos aumentam gradativamente.

    Grfico 11: Relao Resultado Operacional Lquido/Atendimento

    Fonte: Dados da Pesquisa, 2010.

    Por meio da anlise do Resultado Operacional Lquido observa-se que, conforme o Grfico 11, as disperses encontradas tendem a crescimento linear apontando que o aumento do nmero de atendimento corresponder a um aumento do Resultado Operacional Lquido.

    Ressalta-se que em Organizaes do Terceiro Setor, a nomenclatura Lucro, utilizada para denotar saldo positivo nas operaes no final de cada exerccio, cede lugar nomenclatura Supervit. Sendo assim, na Fundao analisada, possvel traar a seguinte em relao aos seus saldos superavitrios ou deficitrios, apresentados no Grfico 12.

    0 100.000 200.000 300.000 400.000 500.000 600.000 700.000

    0 5.000 10.000 15.000 20.000 25.000 30.000 35.000Nmero de Atendimentos

    Res

    ulta

    do O

    pera

    cion

    al

    Lq

    uido

  • -15.000,00

    -10.000,00

    -5.000,00

    0,00

    5.000,00

    10.000,00

    15.000,00

    2005 2006 2007 2008 2009

    Anos Analisados

    Valo

    res

    em R

    $

    Grfico 12: Evoluo do Supervit da F.H.C.C.

    Fonte: Dados da Pesquisa, 2010.

    Durante o perodo de 2005 a 2009, observa-se a presena de supervits, excetuando-se o ano de 2006 em que a organizao apresentou um dficit de R$9.523,91, proveniente do aumento de seus custos e despesas, acarretados pelo aumento do valor dos plantes pagos aos mdicos. Nos anos subseqentes nota-se o aumento de valor dos Supervits, visto que os repasses realizados pela Prefeitura Municipal de Entre Rios de Minas apresentaram um acrscimo considervel. Em relao rentabilidade do Patrimnio Lquido o Grfico 13 mostra o percentual de retorno.

    Grfico 13: Rentabilidade do Patrimnio Lquido

    Fonte: Dados da Pesquisa, 2010.

    O Grfico 13 demonstra o comportamento da Rentabilidade do Patrimnio Lquido nos anos estudados. Segundo Silva (2007) o ndice de rentabilidade do Patrimnio Lquido ou Taxa de Retorno sobre o Patrimnio Lquido apresenta o retorno que os acionistas ou quotistas da empresa esto obtendo em relao aos seus investimentos na empresa. Levando-se em considerao que a organizao estudada uma fundao que no almeja lucros nem tampouco possui acionistas, pode-se dizer que a Rentabilidade de seu Patrimnio Lquido mede o retorno dos investimentos existentes. Os resultados so relevantes, pois exceto o ano de 2006, a fundao obteve rentabilidade positiva em todos os anos, apresentando um retorno prximo de 2% ao ano. Ao comparar o resultado econmico em relao aos pacientes mostra-se como uma anlise determinante para que se possa responder ao problema de pesquisa, apresentada no Grfico 14.

    -3,00% -2,00% -1,00% 0,00% 1,00% 2,00% 3,00%

    2005

    2006 2007

    2008

    2009

    Rentabilidade em %

    Ano

    s A

    nalis

    ados

  • Grfico 14: Relao Supervit/ Paciente por ano

    Fonte: Dados da Pesquisa, 2010.

    Os dados apresentados no Grfico 14 demonstram a forte relao entre o Supervit obtido pela fundao em questo e o nmero de pacientes atendidos. Assim, representa o retorno que o atendimento de cada paciente gera em termos de resultado. Analisando o comportamento do Grfico 14 em relao ao Grfico 12 (Evoluo do Supervit da F.H.C.C.), verifica-se que as variveis so diretamente proporcionais; quanto maior o nmero de pacientes atendidos, maior ser o supervit da Fundao. Assim, exceto o ano de 2006, o retorno de cada paciente para fundao permaneceu no interstcio entre R$ 0,10 a R$ 0,35, por paciente. Em anlise a importncia da representatividade da Fundao Hospital Cassiano na cidade de Entre Rios de Minas, o Grfico 15, mostra a participao de 10% na Receita Corrente do municpio. Conforme Tesouro Nacional, (2010): As Receitas Correntes caracterizam-se por ser:

    Receitas que apenas aumentam o patrimnio no duradouro, ou seja, que se esgotam dentro do perodo anual. Compreendem as receitas patrimoniais e outras de natureza semelhante, bem como as provenientes de transferncias correntes.

    90%

    10%

    Receita Corrente OutrosSetoresReceita CorrenteF.H.C.C.

    Grfico 15: Participao da F.H.C.C. na Receita Corrente Municipal em 2009

    Fonte: Dados da Pesquisa , 2010.

    Tendo em vista que a fundao objeto da pesquisa uma Entidade sem Fins Lucrativos, pode-se afirmar que possui uma representatividade significativa para o municpio, o que contribui para seu desenvolvimento, visto que, no ano de 2009 a Receita Corrente Municipal de acordo com AMALPA (2010) apud STN (2010) foi de R$ 15.751.797,46 e a Receita Bruta da F.H.C.C. foi de R$1.564.282,81.

    5. Consideraes Finais O problema central de pesquisa torna-se possvel de ser respondido medida que foram analisados ndices, grficos, correlaes e regresses pertinentes ao estudo proposto. Por meio da pesquisa realizada e todas as ferramentas utilizadas para a apurao e anlise de

    R$ (0,40)

    R$ (0,20)

    R$ -

    R$ 0,20

    R$ 0,40

    2005 2006 2007 2008 2009

    Anos estudados

    R e t o r no

    Supervit/n de pacientes atendidos

  • dados constata-se que a manuteno de um Hospital Filantrpico na cidade de Entre Rios de Minas estimula o desenvolvimento econmico no municpio. Muitas so as fundamentaes que fornecem suporte para essa constatao. A primeira delas refere-se ao Supervit obtido ao longo de quase todos os anos analisados, excetuando-se o ano de 2006, cuja causa foi mencionada durante o estudo e corrigido no ano posterior; O aumento do nmero de pacientes atendidos, embora no de maneira constante, tambm se revela como fator de colaborao da F.H.C.C. com o desenvolvimento do municpio. E ainda, relacionado aos pacientes, tem-se o fato de que a fundao cumpre seu papel social no que diz respeito ao atendimento de seu pblico principal, a populao menos favorecida, que atualmente passa a ter acesso a atendimento mdico atravs do S.U.S, pois, mais de 60% dos pacientes desta organizao provm deste sistema; e tambm a rentabilidade positiva do Patrimnio Lquido da F.H.C.C. revela a viabilidade de sua manuteno, visto que os investimentos existentes por parte de seus doadores e conveniados esto obtendo retorno favorvel que reinvestido no municpio, cumprindo assim o seu papel maior que a assistncia sade e sociedade. As variveis objeto da anlise mostraram-se relevantes, apresentando uma correlao positiva forte, acima de 80%, conforme demonstrado nas variveis da Tabela 1. Isto corresponde dizer que as variveis analisadas em conjunto no perodo analisado mostram que a cada paciente atendido o Resultado Operacional Lquido aumenta em torno de R$31,45. Finalizando, a representatividade da F.H.C.C. na economia do municpio, no que diz respeito suas receitas correntes, demonstra que sua manuteno corrobora com o desenvolvimento econmico municipal, contribuindo ainda na gerao de empregos para profissionais de nvel tcnico, visto que a F.H.C.C. depende destes profissionais para a realizao de suas atividades. Sugere-se assim novos estudos sobre Organizaes do Terceiro Setor para trabalhos futuros, tendo em vista que essas organizaes includas em contextos especficos podem contribuir muito para o desenvolvimento das regies em que esto inseridas. Referncias Bibliogrficas ALVES, OLIVETE ALCNTARA. A Contabilidade Aplicada nas Organizaes do Terceiro Setor, 2007. WebArtigos.com. Disponvel em: . Acesso em Junho de 2010 ARAJO, OSRIO CAVALCANTE. Contabilidade para Organizaes do Terceiro Setor. 1 Ed. So Paulo: Atlas, 2006. 164 p. ASSAF NETO, ALEXANDRE. Estrutura e Anlise de Balanos: um enfoque econmico-financeiro. 7 ed. So Paulo: Atlas, 2002. 320p. CLEMENTE, FABIANE. Pesquisa qualitativa, exploratria e fenomenolgica: Alguns conceitos bsicos, 2007. Disponvel em:. Acesso em Julho de 2010. CCB. Cdigo Civil Brasileiro. Braslia: Cmara dos Deputados, Coordenao de Publicaes, 2002. 342 p. CORREIO DA CIDADE, JORNAL. Receita Corrente dos Municpios, 2008. Disponvel em:. Acesso em Outubro de 2010. DANCEY, CHIRSTINE P. Estatstica sem Matemtica para a Psicologia. Porto Alegre: Artmed, 2006. GIMZAUSKIENE, EDITA; VALANCIENE, LORETA. Efficiency of performance measurement system:the perspective of decision making. Economics and management: 2010. 15. ISSN 1822-6515

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