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RESUMOA prematuridade e o baixo peso ao nascer so problemas de sade p-blica. Este trabalho objetivou relacionar a ocorrncia de partos prema-turos e de baixo peso ao nascer com a gravidez em adolescentes e foi realizada uma reviso bibliogrfica sobre as suas condies socioecon-micas e culturais da gravidez na adolescncia e os resultados perinatais. Utilizando o levantamento bibliogrfico foram identificados artigos ob-servacionais e de reviso sistemtica que abordam o assunto. A anlise da literatura permite concluir que as gestaes na adolescncia bem como o ambiente socioeconmico e cultural em que est inserida a jo-vem me esto associadas ao aumento da freqncia de recm-nascidos de baixo peso e de prematuros. O desenvolvimento e a implantao de polticas pblicas efetivas direcionadas a essa populao so necessrias para uma melhor abordagem do problema.

Palavras-chaves: Prematuridade; Baixo peso ao nascer; Gravidez na adolescncia.

ABSTRACTPrematurity and low birth weight are public health problems. This pa-per aims to relate the occurrence of premature labors and low birth wei-ght with adolescent pregnancy. We performed a literature review about the socioeconomic and cultural conditions of adolescent pregnancy and perinatal results. Through bibliographical data, we identified observa-tional and systematic review articles that deal with the subject. The li-terature analysis permits us to conclude that adolescent pregnancies as well as the socioeconomic and cultural environment in which the young mother is inserted are associated with the increased frequency of prematures and low birth weight babies. The development and the im-plementation of effective public policies directed to that population are necessary to a better approach of the problem.

Keywords: Prematurity; Low birth weight; Adolescent pregnancy.

Evaldo Lima da Costa1

Maria Cristina Ferreira Sena1

Adriano Dias2

Gravidez na adolescncia - determinante para prematuridade e baixo peso

Teenage Pregnancy determinant of prematurity and low-birth weight

artigo de reviSo

1Escola Superior de Cincias da Sade-ESCS/FEPECS da Secretaria de Estado de

Sade do Distrito Federal. Braslia-DF, Brasil.

2Programa de Ps-Graduao em Ginecologia, Obstetrcia e Mastologia

da Faculdade de Medicina de Botucatu/UNESP. Botucatu-SP, Brasil.

CorrespondnciaEvaldo Lima da Costa

QI 27 Condomnio Quintas da Alvorada, Avenida Rio Paran n. 169, Lago Sul,

Braslia-DF. 71680-356, Brasil.evaldolimacosta@yahoo.com.br

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Costa EL et al.

INTRODUO

Segundo Bezerra1, Colli2, Cavalcanti3, adolescer uma poca rica em manifestaes emocionais, caracterizadas pela ambiguidade de papis, pela mudana de valores e por dificuldades frente busca de independncia pela vida. Os adolescen-tes representam de 20 a 30% da populao mun-dial, e no Brasil estima-se que essa proporo seja de 25%.

A Organizao Mundial de Sade (OMS)4 conside-ra a gravidez na adolescncia como uma gestao de alto risco devido a repercusses sobre a me e ao RN, alm de acarretar problemas sociais e bio-lgicos. A gravidez na adolescncia pode leva con-sequncias emocionais, sociais e econmicas para a sade da me e seu filho e ocorre no extremo inferior da vida reprodutiva que dos 10 aos 19 anos de idade5-11

A ocorrncia de partos prematuros e tambm recm nascidos (RN) de baixo peso so proble-mas de sade pblica, por gera um custo ele-vado de despesas mdicas hospitalares, com as internaes dos RN em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Diversos estudos tem procurado relacionar a gravidez na adolescncia e as carac-tersticas socioeconmica dos pais com esse fato.

No Brasil, h uma estreita relao entre educao e maternidade. Resultados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios (PNAD) mostram maior frequncia de gravidez em adolescentes de 15 a 19 anos sem escolarizao do que naquelas com 9 a 11 anos de estudo12.

Existem fatores de natureza objetiva e subjetiva que levam gestao nos anos iniciais da vida re-produtiva, tais como o desconhecimento dos m-todos contraceptivos, a dificuldade de acesso do adolescente a tais mtodos, a dificuldade das me-ninas em negociar o uso do preservativo, ingenui-dade, violncia, submisso, desejo de estabelecer uma relao estvel como parceiro, forte desejo pela maternidade, com expectativa de mudana social e de obteno de autonomia atravs da ma-ternidade.

A iniciao sexual cada vez mais precoce na me-nina acarreta inmeras conseqncias, entre elas a gravidez precoce. A gravidez na adolescncia encarada negativamente nas condies emocio-nais e financeiras das adolescentes e suas famlias, alterando drasticamente sua rotina. O abando-

no, a promiscuidade, a desinformao entre ou-tros, so os fatores mais frequentes na gestao da adolescente13.

A maioria das adolescentes abandona os estudos para cuidar da criana, ocorrendo aumento dos riscos de desemprego, mudana de estrato scio econmico e dependncia econmica dos familia-res, perpetuando-se assim, a pobreza, educao limitada, abuso e violncia familiar tanto me quanto criana(Suzuki 2007).

O ambiente familiar tambm tem relao direta com o incio da atividade sexual. Experincias se-xuais precoces so observadas em adolescentes em cuja famlia, os irmos mais velhos j apresen-tam vida sexual ativa. comum encontrar ado-lescentes grvidas cujas mes tambm iniciaram a vida sexual precocemente ou engravidaram du-rante a sua adolescncia.

A ocorrncia de morbimortalidade na infn-cia alta em pases pouco desenvolvidos, mas principalmente nascidos de mes adolescentes. Associado situao socioeconmica e falta de apoio no acompanhamento da gestao, as ado-lescentes no recebem informaes adequadas quanto alimentao materna correta, importn-cia da amamentao e imunizao infantil, acarre-tando prejuzo s crianas, impacto na sade p-blica, alm da limitao no desenvolvimento pes-soal, social e profissional da gestante.

Segundo boletim da (OMS)14-16, todos os dias nas-cem cerca de 13 milhes de RN prematuros no planeta, cerca de 10% do total de nascimentos. Isso acarreta uma taxa de mortalidade em torno de 28% em crianas menores de cinco anos, sen-do a principal causa de morte nesta faixa etria.

A ocorrncia de nascimentos prematuros decor-rente de vrias circunstncias. Traz para as fam-lias expectativas e anseios que envolvem a peri-natalidade; para a sociedade em geral, um custo social e financeiro, exige assistncia com estrutura tcnica e equipamentos que nem sempre esto ao alcance da populao.

A partir de 1990 com a criao do Sistema de Informaes de Nascidos Vivos (SINASC) pelo Ministrio da Sade houve um avano no acom-panhamento estatstico dos nascimentos por meio da implantao da obrigatoriedade de preenchi-

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Gravidez na adolescncia - prematuridade e baixo peso

mento da Declarao de Nascido Vivo. O maior conhecimento sobre os bitos em RN tem propi-ciado a incluso de estratgias de ateno sade da gestante.

O peso ao nascer obtido logo aps o nascimen-to est diretamente relacionado s condies de nutrio da gestante e do RN, sendo o principal fator determinante no aspecto do crescimento e desenvolvimento da criana. De acordo com a OMS, todo nascido vivo com peso ao nascimen-to inferior a 2.500g considerado como baixo peso ao nascer.

Associado prematuridade, o baixo peso ao nas-cer o maior fator determinante de mortalida-de neonatal, ocorrncias de infeces perinatais, maior ocorrncia de hospitalizao, dficit no crescimento e desenvolvimento da criana, alm de baixo desempenho escolar17,18.

O objetivo desta reviso foi buscar na literatura cientfica os aspectos da gravidez na adolescn-cia observando condio socioeconmica e seus resultados perinatais quanto ao recm-nascido de baixo peso ao nascer e a prematuridade.

MATERIAIS E MTODO

Foram selecionados, por meio de busca eletrni-ca, artigos das bases de dados biblioteca Cochrane, Medline, Lilacs e Scielo, publicados de 1997 a 2010. Para o levantamento foram utilizados os descritores de 25 artigos. Foram usados mais 34 artigos como fonte de consultas para realizao da reviso. Os critrios de excluso para a seleo dos artigos foram aqueles que no apresentavam resumo, e os indisponveis em portugus, ingls ou espanhol.

Os termos descritores foram utilizados separada-mente no campo de busca de cada base de dados, sendo utilizadas as ferramentas de refinamento quando estas estavam disponveis.

DISCUSSO

A busca por artigos para realizar esta reviso de-monstrou que existe uma vasta literatura que aponta a associao da idade materna e sua condio socioeconmica como o maior fator de risco para a prematuridade e o baixo peso ao nascer.

Rocha et al.19 apuraram que a ocorrncia de RN de baixo peso logo aps o nascimento no grupo de adolescentes precoces foi muito maior (13,5%) em relao ao grupo de adolescentes tardias (3,1%); identificaram no seu estudo que 91,3% das adolescentes precoces possuam somente o ensino fundamental, enquanto que as adolescen-tes tardias representavam 55,5%. Ainda nessa pes-quisa foi constatado que 37,5% das adolescentes precoces tiveram acompanhamento pr-natal in-suficiente comparecendo a menos de 06 consultas, diferentemente das gestantes tardias que totaliza-ram 19,3%.

Na anlise de Santos, Martins e Souza et al20 foi comparado um grupo de adolescentes (10 a 19 anos) com outro de mulheres adultas (20 a 34 anos):

Verificou-se a freqncia de 25,4% de partos ado-lescentes que apresentaram baixa escolaridade, ausncia de companheiro, menor nmero de con-sultas no pr-natal, incio tardio do pr- natal, bai-xo peso ao nascer e prematuridade.

Em estudo realizado por Gama et al 21 na Amrica do Norte so levantadas 03 hipteses para explicar o baixo peso ao nascer em filhos de mes adoles-centes, quais sejam a desvantagem social, imatu-ridade biolgica e estilo de vida inadequado du-rante a gravidez.

Ramos e Cuman22 destacam que a gravidez na adolescncia fator de maior concentrao de agravos sade materna, bem como de compli-caes perinatais, tais como baixo ganho de peso materno, desproporo cefaloplvica, pr-eclmp-sia, prematuridade, baixo peso ao nascer e Apgar baixo no quinto minuto. Relatam ainda que as intercorrncias relativas gravidez na adolescn-cia se potencializam quando associadas a condi-es socioeconmicas e geogrficas, bem como fragilidade da estrutura familiar e dificuldade de acesso aos servios assistenciais.

Arajo et al 23 consideram a desvantagem socioeconmica como um fator etiolgico indire-to tanto para a prematuridade quanto para o baixo peso ao nascer, pois pode mediar exposies psi-colgicas, comportamentais e ambientais na redu-o do crescimento fetal.

Em estudo realizado no estado do Acre24 foi cons-tatado que a mdia de peso do RN foi menor em mes adolescentes, bem como a freqncia de bai-

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xo peso ao nascer; vale ressaltar que pouco mais de 86% dessas mes haviam alcanado at o 1 grau em nvel de escolaridade.

Na cidade de Feira de Santana, Bahia, identifi-cou-se que a baixa escolaridade foi fator de ris-co para o peso inadequado do RN, que na faixa adolescente e com baixa idade ginecolgica ocor-reram mais casos de prematuridade, e nas situ-aes de coabitao com a famlia e baixo peso no terceiro trimestre de gestao foram decisivas tanto para a o baixo peso ao nascer quanto para a prematuridade25.

CONCLUSO

A literatura quase unnime em afirmar que a associao da gestao adolescente e o aspecto socioeconmico cultural em que est inserida fator de risco determinante para a ocorrncia de prematuridade e/ou baixo peso ao nascer. A idade da me como fator isolado, ou a anlise pura e sim-ples do ambiente socioeconmico cultural em que se encontra, perigosamente reducionista quando comparados com os de mes no adolescentes ou com condio social melhor diferenciada.

Sob a tica da sade pblica h consenso sobre os maiores riscos quando as idades das adolescentes so mais precoces, o que solicita o estudo e a ela-borao de polticas pblicas efetivas direcionadas a essa populao.

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Esse artigo parte da dissertao Fatores associados e desfechos perinatais em gentao na adoles-cncia em um amostra de gestantes do Distrito Federal apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Ginecologia, Obstetrcia e Mastologia da Faculdade de Medicina de Botucatu/UNESP, para obteno do ttulo de Mestre em agosto de 2011. Recebeu financiamento da Fundao de Ensino e Pesquisa em Cincias da Sade/FEPECS.