15
Palavras-Chave: análise envoltória de dados, portos brasileiros, eficiência. Key words: data envelopment analysis, Brazilian ports, efficiency. Recommended Citation Abstract This study aimed to identify benchmarkings in Brazilian ports using the technique of Data Envelopment Analysis (DEA). This technique enabled the construction of a score of technical efficiency from inputs and outputs considered important in the process of port handling services. From these indices it was possible to verify which ports have been presenting better performances, in other words, optimizing their resources to improve the movement of their cargo. The ports that showed to be more efficient were Areia Branca (RN), Itaqui (MA), Natal (RN), Santos (SP) and São Francisco do Sul (SC). The analysis of these ports showed that factors like the kind of cargo moved, location and modernization contributed for them to reach the frontier of efficiency. Acosta, C. M. M., Silva, A. M. V. A. and Lima, M. L. P. (2011) Aplicação de análise envoltória de dados (DEA) para medir eficiência em portos brasileiros. Journal of Transport Literature, vol. 5, n. 4, pp. 88-102. Cristina Maria Machim Acosta, Ana Maria Volkmer de Azambuja da Silva, Milton Luiz Paiva de Lima Resumo Este estudo teve como objetivo identificar benchmarkings em portos brasileiros utilizando a técnica de Análise Envoltória de Dados (DEA). Essa técnica possibilitou a construção de um escore de eficiência técnica a partir de insumos e produtos considerados importantes no processo de movimentação de cargas portuárias. A partir desses índices foi possível verificar quais portos vem apresentando melhores desempenhos, isto é, otimizando seus recursos para a movimentação de suas cargas. Os portos que se mostraram eficientes foram Areia Branca (RN), Itaqui (MA), Natal (RN), Santos (SP) e São Francisco do Sul (SC). Analisando esses portos percebe-se que fatores como tipo de carga movimentada, localização e modernização contribuíram para que atingissem a fronteira de eficiência. This paper is downloadable at www.transport-literature.org/open-access. JTL|RELIT is a fully electronic, peer-reviewed, open access, international journal focused on emerging transport markets and published by BPTS - Brazilian Transport Planning Society. Website www.transport-literature.org. ISSN 2238-1031. * Email: [email protected]. Research Directory Journal of Transport Literature Submitted 23 Dec 2010; received in revised form 21 Jan 2011; accepted 31 Jan 2011 Vol. 5, n. 4, pp. 88-102, Oct. 2011 Aplicação de análise envoltória de dados (DEA) para medir eficiência em portos brasileiros [Application of data envelopment analysis (DEA) to evaluate the efficiency of Brazilian ports] Universidade Federal do Rio Grande (FURG), Brazil B T P S B T P S B T P S B T P S Brazilian Transportation Planning Society www.transport-literature.org JTL|RELIT JTL|RELIT JTL|RELIT JTL|RELIT ISSN 2238-1031

5_ARTIGO_Aplicação de Análise Envoltória de Dados (DEA) Para Medir Eficiência

Embed Size (px)

DESCRIPTION

DEA

Citation preview

  • Palavras-Chave: anlise envoltria de dados, portos brasileiros, eficincia.

    Key words: data envelopment analysis, Brazilian ports, efficiency.

    Recommended Citation

    Abstract

    This study aimed to identify benchmarkings in Brazilian ports using the technique of Data Envelopment Analysis (DEA). This

    technique enabled the construction of a score of technical efficiency from inputs and outputs considered important in the

    process of port handling services. From these indices it was possible to verify which ports have been presenting better

    performances, in other words, optimizing their resources to improve the movement of their cargo. The ports that showed to be

    more efficient were Areia Branca (RN), Itaqui (MA), Natal (RN), Santos (SP) and So Francisco do Sul (SC). The analysis of these

    ports showed that factors like the kind of cargo moved, location and modernization contributed for them to reach the frontier of

    efficiency.

    Acosta, C. M. M., Silva, A. M. V. A. and Lima, M. L. P. (2011) Aplicao de anlise envoltria de dados (DEA) para medir eficincia

    em portos brasileiros. Journal of Transport Literature, vol. 5, n. 4, pp. 88-102.

    Cristina Maria Machim Acosta, Ana Maria Volkmer de Azambuja da Silva,

    Milton Luiz Paiva de Lima

    Resumo

    Este estudo teve como objetivo identificar benchmarkings em portos brasileiros utilizando a tcnica de Anlise Envoltria de

    Dados (DEA). Essa tcnica possibilitou a construo de um escore de eficincia tcnica a partir de insumos e produtos

    considerados importantes no processo de movimentao de cargas porturias. A partir desses ndices foi possvel verificar quais

    portos vem apresentando melhores desempenhos, isto , otimizando seus recursos para a movimentao de suas cargas. Os

    portos que se mostraram eficientes foram Areia Branca (RN), Itaqui (MA), Natal (RN), Santos (SP) e So Francisco do Sul (SC).

    Analisando esses portos percebe-se que fatores como tipo de carga movimentada, localizao e modernizao contriburam para

    que atingissem a fronteira de eficincia.

    This paper is downloadable at www.transport-literature.org/open-access.

    JTL|RELIT is a fully electronic, peer-reviewed, open access, international journal focused on emerging transport markets and

    published by BPTS - Brazilian Transport Planning Society. Website www.transport-literature.org. ISSN 2238-1031.

    * Email: [email protected].

    Research Directory

    Journal of Transport Literature

    Submitted 23 Dec 2010; received in revised form 21 Jan 2011; accepted 31 Jan 2011

    Vol. 5, n. 4, pp. 88-102, Oct. 2011

    Aplicao de anlise envoltria de dados (DEA) para medir eficincia

    em portos brasileiros

    [Application of data envelopment analysis (DEA) to evaluate the efficiency of Brazilian ports]

    Universidade Federal do Rio Grande (FURG), Brazil

    B T P SB T P SB T P SB T P S

    Brazilian Transportation Planning Society

    www.transport-literature.org

    JTL|RELITJTL|RELITJTL|RELITJTL|RELIT

    ISSN 2238-1031

  • 1. Introduo A competitividade dos portos uma exigncia do mundo globalizado e, no Brasil, passou a ter destaque com a promulgao da Lei de Modernizao dos Portos (Lei 8.630/93). Praticamente todos os servios e estruturas at ento operados pelo governo (federal, estadual ou municipal) foram privatizados por meio de contratos ou arrendamentos, ficando o governo apenas com a administrao e com o papel de Autoridade Porturia. Com a disputa por clientes, os terminais realizaram elevados investimentos em equipamentos destinados movimentao de mercadorias, adotaram mtodos inovadores de gerenciamento empresarial e movimentao de carga e descarga, o que refletiu na qualidade dos servios e na reduo de preos. Esse aumento na qualidade dos servios e reduo de custos levou ao aumento das importaes e principalmente das exportaes, propiciando maior competitividade e, conseqentemente, refletindo na economia brasileira.

    Apesar disso, diversas variveis ainda precisam ser analisadas na maioria dos portos brasileiros, tais como: terminais dedicados; falta de estacionamentos para caminhes; excesso de mo-de-obra; dragagem; questes ambientais quanto disposio dos sedimentos originais da dragagem; lentido no processo de regionalizao dos portos; ausncia de articulao entre os rgos governamentais e os empreendedores, na busca de solues integradas; problemas de acesso aos portos (rodovirio, ferrovirio); infra-estrutura; procedimentos aduaneiros; proximidade dos portos com centros produtivo-consumidores de bens e servios; entre outras.

    Percebe-se que a administrao de um porto de extrema complexidade, pois envolve inmeras variveis importantes no processo de movimentao de suas cargas e, conseqentemente, para que o mesmo se mostre eficiente. Apesar de avanos importantes com relao prestao de servios, equipamentos e, de forma mais ampla, a adaptao dos portos Lei de Modernizao dos Portos, essas reformas ainda se encontram em andamento. Alguns portos ainda enfrentam problemas de espao e estrutura fsica para operao, diminuindo sua competitividade, principalmente para o comrcio exterior.

    Nbrega (2005) e Fialho (2006) sugerem que os portos passem por constantes avaliaes, como forma de se verificar se esto atendendo as demandas de forma eficiente.

    Revista de Literatura dos Transportes, vol. 5, n. 4 (2011)

    89

  • Assim, conhecendo algumas caractersticas porturias e os produtos movimentados em portos brasileiros, pretende-se definir um escore capaz de medir seus desempenhos e identificar aqueles que se mostram mais eficientes na operao de seus servios.

    Na seo 2 ser introduzido o mtodo de Anlise Envoltria de Dados, utilizado para anlise de eficiente tcnica, bem como o modelo adotado. A seo 3 comenta sobre os insumos e produtos disponveis nos portos brasileiros e quais podero ser includos no modelo proposto. A seo 4 justifica a escolha da amostra. A seo 5 apresenta o ndice de eficincia construdo a partir do modelo adotado e analisa os resultados. A seo 6 caracteriza os portos que se mostraram eficientes nessa amostra e a seo 7 destaca as principais concluses.

    2. Referencial Terico De acordo com Pearson (1993), no processo de produo, as empresas transformam fatores de produo (insumos) em produtos.

    Coelli et al. (1997), define a produtividade de uma empresa como a relao entre a(s) quantidade(s) de insumo(s) necessria(s) para produzir(em) determinada(s) quantidade(s) de produto(s). Ou seja: Produtividade = produto(s) / insumo(s) (1) A eficincia tcnica de uma unidade produtiva medida atravs da comparao entre os valores observados e os valores timos de seus produtos (outputs) e/ou insumos (inputs). Esta comparao pode ser feita pela razo entre a produo observada e a produo mxima, dados os recursos disponveis, ou pela razo entre a quantidade mnima necessria de recursos e a quantidade efetivamente empregada, dada a quantidade de produtos gerada (Gomes e Ponchio, 2005). Qualquer que seja a abordagem, a eficincia tcnica sempre 1. Uma medida de eficincia igual a 1 significa que a unidade tecnicamente eficiente.

    2.1 Anlise Envoltria de Dados A Anlise Envoltria de Dados (DEA) uma tcnica que utiliza modelos de programao linear para construir uma fronteira de eficincia, definida a partir de uma superfcie linear por partes que se apia sobre as observaes que ficam no topo do conjunto de observaes. O DEA analisa cada Unidade de Tomada de Deciso (DMU) separadamente, medindo a

    Revista de Literatura dos Transportes, vol. 5, n. 4 (2011)

    90

  • eficincia de suas prticas em relao a todo conjunto de DMUs participantes da amostra atravs da distncia entre a fronteira e aquela observao particular. Assim, essa tcnica fornece uma avaliao de desempenho relativo para todas as unidades do conjunto. No necessita de nenhuma suposio inicial sobre a forma analtica da funo de produo. As duas nicas exigncias que todas as DMUs permaneam sobre ou abaixo da fronteira de eficincia (Seiford & Thrall, 1990) e que sejam comparveis. Permite utilizar mltiplos produtos e mltiplos insumos.

    De acordo com Charnes et al (1978) apud Finamore et al. (2004), na tcnica DEA analisa-se uma unidade por vez. Considera-se que uma unidade est operando de forma a otimizar seus recursos e, determinam-se, assim, os pesos de seus insumos e produtos. O mesmo deve ser feito para todas as demais unidades, determinando-se os pesos segundo a tica particular de cada uma. A seguir, cada unidade avaliada segundo a tica das demais. Se a unidade for eficiente, obter o ndice mximo na avaliao de vrias outras unidades. Algumas unidades s conseguem ser julgadas eficientes atravs de seus prprios critrios; outras, nem mesmo tendo a liberdade de escolher quaisquer pesos para seus insumos e produtos, conseguem se mostrar eficientes.

    2.2 Modelos Bsicos do DEA Uma medida de eficincia pode ser descrita como:

    insumosdosponderadasomaprodutosdosponderadasomaEficincia = (2)

    Segundo Charnes et al. (1978) apud Mello et al (2004), essa tcnica permite que se trabalhe com modelos com retornos de escala constantes e com retornos de escala variveis. Ainda, esses modelos podem do tipo aditivos (reduo de insumo(s) e aumento de produto(s)), multiplicativos, orientados para insumo ou orientados para produto.

    Levando em considerao que os portos brasileiros possuem caractersticas diferenciadas em relao ao porte e aos produtos movimentados, optou-se em trabalhar com modelos de retornos variveis. O modelo orientado para produto foi escolhido com o intuito de aproveitar os recursos j disponveis como, por exemplo, beros de atracao, profundidade do canal, equipamentos, etc. Isso significa que aqueles portos que se mostrarem ineficientes devem

    Revista de Literatura dos Transportes, vol. 5, n. 4 (2011)

    91

  • tentar aumentar a sua produo (captando mais cargas), considerando as quantidades de insumos disponveis.

    2.2.1 Modelo Orientado para o Produto Os modelos orientados para produtos objetivam aumentar a quantidade de produtos mantendo os recursos disponveis. O aumento de produtos pode ser especificado da seguinte forma:

    lS

    l Ys +=l

    (3)

    Onde ls a folga existente nos produtos; o aumento proporcional de produtos; l

    Y o

    vetor de produtos observado e lS o aumento residual adicional individual de produtos.

    O modelo orientado para produto com retornos de escala variveis utilizado nesse estudo foi: Primal Dual

    ( )esirj es

    11max,,,

    ++

    0,0,011

    0

    =

    =+

    =+

    se

    XeXsYYl

    l

    1,101

    1

    min,,

    ++

    =

    +

    XYY

    Xir

    l

    l

    (4)

    Onde a constante infinitesimal no arquimediana; s a folga de produto(s); e representa a folga de insumo(s); Y o vetor de produtos; X o vetor de insumos;

    indica o(s) peso(s) alocado(s) ao(s) produto(s); indica o(s) peso(s) atribudo(s) ao(s) insumo(s); o intercepto; so propores das quantidades de insumos e produtos das unidades de referncia que devem ser utilizadas pelas unidades ineficientes; a

    reduo proporcional de insumo(s) e o aumento proporcional de produto(s). A Figura 1 representa o modelo com orientao para produtos.

    Revista de Literatura dos Transportes, vol. 5, n. 4 (2011)

    92

  • Figura 1: Superfcie Envoltria para um Modelo (BCC) Orientado para Produto FONTE: Charnes et al (1996)

    2.3 Restries nos Pesos Segundo Roll & Golany (1993), atravs da estrutura dos programas lineares construdos pela AED, pode-se definir um grande nmero de solues alternativas (diferentes vetores de peso). Em muitas aplicaes de AED, o primeiro vetor de pesos timo, gerado pelo software, usado sem que se verifiquem possveis solues alternativas. Pela adio de restries, reduz-se o nmero de solues alternativas, mas no se pode garantir unicidade. Ainda, esses autores perceberam que a falta de restrio na escolha dos pesos para os fatores poderia levar as unidades a atriburem pesos absurdos como forma de atingirem eficiente.

    Novaes (2001) complementa dizendo que outro fato que deve ser levado em conta para restringir pesos, corresponde grande diferena percebida nos pesos de uma determinada varivel, entre as vrias DMUs.

    A restrio nos pesos consiste na imposio de limites (inferior e superior) a esses pesos. Essas restries podem vir a reduzir o nmero de unidades relativamente eficientes.

    Este estudo utilizou o Mtodo de Regies de Segurana (Assurance Region Method AR), utilizado pelo software DEA-Solver que, segundo Cooper et al. (2006), um caso especial do mtodo Cone Ratio. O mtodo Cone Ratio impe restries sobre a relao entre pesos de

    Insumo 5 10 15

    10

    5

    0

    P6

    P5

    P7

    P1

    P2

    P3 P4

    Produto

    Revista de Literatura dos Transportes, vol. 5, n. 4 (2011)

    93

  • insumos e/ou entre pesos de produtos. Como definido em Cooper et al. (2000) (apud Novaes, 2001), essa relao da seguinte forma:

    1,2i

    j1,2 U

    L (5) onde: L1,2 e U1,2 limites inferiores e superiores, respectivamente.

    i, j pesos dos insumos i e j, respectivamente.

    Os limites inferior e superior da relao entre pesos so definidos a partir da variao existente nesses pesos atribudos pelas DMUs. Esses limites vo sendo restringidos gradativamente at se perceber que essa variao razovel para aquelas variveis analisadas. Um critrio que pode ser aplicado verificar a relao mdia entre os pesos de duas variveis (dois insumos ou dois produtos) atribudos pelas DMUS, e definir seus limites a partir de um determinado nmero de desvios padres distantes dessa mdia.

    3. Seleo dos Insumos e Produtos Os insumos que exercem influncia no tipo e quantidade de carga movimentada nos portos e que foram possveis de serem avaliados foram: nmero de acessos (rodovirio, ferrovirio, lacustre, fluvial, martimo e dutovias), extenso total de cais, profundidade do canal, profundidade mxima dos beros, nmero de beros, rea de armazenagem e nmero de guindastes e empilhadeiras. Para a varivel produto foi considerada a movimentao geral nos portos, ou seja, a soma de granis slidos, lquidos, carga geral e contineres (em toneladas).

    Para a construo do escore de eficincia foram escolhidos os insumos considerados importantes para a avaliao da eficincia tcnica porturia, uma vez que as operaes (importaes e exportaes) devem ocorrer dentro de um determinado prazo, com um padro de qualidade especfico, otimizando as instalaes existentes. Assim, foram selecionadas variveis que representassem as condies de acesso aquavirio, a capacidade de atendimento s embarcaes e a infra-estrutura porturia, percebendo sua contribuio para a melhoria da eficincia mdia do conjunto. Para a construo do ndice de eficincia utilizou-se o software DEA- Solver LV, verso 3.0 (Cooper et al, 2006).

    Revista de Literatura dos Transportes, vol. 5, n. 4 (2011)

    94

  • Para uma melhor interpretao dos resultados todas as variveis foram relativizadas.

    4. Seleo da Amostra Para a anlise de eficincia foram includos todos os portos brasileiros que disponibilizaram informaes sobre suas quantidades de insumos e produtos nas seguintes fontes: Anurio Estatstico Porturio 2005 da ANTAQ (Agncia Nacional de Transporte Aquavirio), Anurio - Portos e Navios 2005/2006; e os sites Portos (acesso s Companhias de Docas do Brasil), Portos e Navios e Aviso aos Navegantes. A anlise de eficincia dos portos brasileiros foi realizada considerando a movimentao de carga e insumos existentes em 2005.

    Dos 54 portos brasileiros foram excludos da anlise os portos fluviais (com exceo do Porto de Manaus, por apresentar grande movimentao porturia) e os Terminais de Uso Privativo. De acordo com a disponibilidade de informaes, foi possvel manter somente vinte e sete portos. Estes so: Angra dos Reis (RJ), Antonina (PR), Aratu (BA), Areia Branca (RN), Barra do Riacho (ES), Belm (PA), Cabedelo (PB), Forno (RJ), Fortaleza ou Mucuripe (CA), Ilhus (BA), Imbituba (SC), Itagua (RJ), Itaja (SC), Itaqui (MA), Macei (AL), Manaus (AM), Natal (RN), Paranagu (PR), Recife (PE), Rio Grande (RS), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA), Santos (SP), So Francisco do Sul (SC), So Sebastio (SP), Suape (PE) e Vitria (ES).

    Como a tcnica de Anlise Envoltria de Dados mede, atravs de seus modelos, a eficincia relativa, os resultados so dependentes das unidades avaliadas, ou seja, da amostra utilizada. Assim, a incluso ou excluso de uma nica DMU pode alterar o rol de ndices de eficincia e, consequentemente, a relao de unidades eficientes. Com isso, cabe salientar que os resultados aqui expostos esto condicionados amostra.

    5. Anlise dos Resultados O ndice de eficincia final que alcanou a maior eficincia mdia para os portos analisados foi:

    mArmazenagedereaBCanaldoofundidadeBCaisdeExtensoBGeraloMovimentaB

    Eficincia++

    =

    432

    1Pr

    (6)

    Revista de Literatura dos Transportes, vol. 5, n. 4 (2011)

    95

  • Onde Extenso de Cais, Profundidade do Canal e rea de Armazenagem representam os insumos e a Movimentao Geral representa o produto (soma de granis slidos, lquidos, carga geral e contineres).

    Pode-se perceber a consistncia desse ndice lembrando que um dos fatores importantes para a movimentao de carga em um porto a profundidade de seu canal de acesso, o que define o porte das embarcaes que podem acessar aquele porto. O insumo Extenso de Cais define o nmero de embarcaes que podem atracar naquele porto para realizar suas operaes de carga ou descarga, aumentando a velocidade de atendimento e, conseqentemente, diminuindo o tempo de permanncia dessas embarcaes no porto. A rea de Armazenagem representa uma parte da infra-estrutura existente no porto e tambm contribui para agilizar o processo de carga e descarga.

    Avaliando os pesos atribudos a cada varivel pelos portos analisados, se observou que alguns portos apresentaram pesos elevados para as variveis Profundidade do Canal e rea de Armazenagem e outros mostraram valores iguais a zero, principalmente para as variveis

    Extenso de Cais e rea de Armazenagem. Assim, foi preciso se impor restries nos pesos. Aps vrias restries nas relaes entre os insumos, observou-se que as mostradas abaixo foram as que se mostraram mais adequadas, impossibilitando que alguma DMU atribusse peso zero a alguma das variveis.

    (7)

    (8)

    Os portos que se mantiveram eficientes aps a restrio nos pesos foram: Areia Branca (RN), Itaqui (MA), Natal (RN), Santos (SP) e So Francisco do Sul (SC). O porto de Belm (PA), apesar de ineficiente, se encontra prximo fronteira de eficincia.

    Como o modelo utilizado orientado para o produto, no existem folgas proporcionais para os insumos. A Tabela 1 analisa, em relao aos insumos, as folgas residuais e, em relao ao nico produto Movimentao Geral, o aumento proporcional necessrio para aqueles portos ineficientes atingirem a fronteira de eficincia.

    Revista de Literatura dos Transportes, vol. 5, n. 4 (2011)

    96

  • Interpretando os resultados apresentados na Tabela 1, pode-se dizer, por exemplo, que para o porto de Angra dos Reis se tornar eficiente, deveria aumentar sua profundidade de canal em 7,21%, possui uma folga de 30,10% em Extenso de Cais e que a sua rea de Armazenagem no possui folga, ou seja, est sendo totalmente aproveitada. Com esses insumos disponveis, poderia aumentar sua movimentao em 88,48%.

    Ainda, pode-se verificar que para os portos eficientes no existem folgas em seus insumos e no produto. O porto de Belm (PA), para alcanar a fronteira de eficincia necessita aumentar em apenas 4,98% sua Movimentao Geral. Porm, existem portos que poderiam aumentar sua produo em quase 1000% como o caso dos portos de Cabedelo (PB), Forno (RJ), Imbituba (SC), Recife (PE) e Salvador (BA).

    Essa anlise permite que se avaliem as regies de retornos escala que os portos vem trabalhando. O porto de Itaqui (MA) se encontra em regio de retornos constantes escala, indicando que deve manter seu porte para continuar na fronteira de eficincia. Os portos do Rio de Janeiro (RJ) e Santos (SP) se encontram em regies de retornos decrescentes escala sugerindo que esses devem diminuir de porte para alcanarem ou se manterem na fronteira de eficincia. Os demais portos esto em regies de retornos crescentes escala apontando para o aumento de porte.

    6. Caracterizao dos Portos Eficientes

    Dos 27 portos analisados neste estudo, cinco portos se mostraram eficientes. A seguir sero apresentadas algumas caractersticas desses portos como forma de identificar aes e/ou padres que contriburam para que atingissem a fronteira de eficincia.

    O porto de Areia Branca (RN) um porto ilha localizado estrategicamente prximo aos maiores produtores de sal do Brasil. responsvel pelo embarque do sal produzido nas salinas de Macau, Galinhos, Grossos, Mossor e Areia Branca, destinado indstria qumica. Totalmente mecanizado, possui caractersticas particulares, pois tambm considerado em alguns estudos como terminal. Apesar de ter sido projetado para atender s necessidades de

    Revista de Literatura dos Transportes, vol. 5, n. 4 (2011)

    97

  • Tabela 1 Folgas (%) Residuais para os Insumos e Proporcional para o Produto Movimentao Geral para o ano de 2005. Variveis Porto

    Angra dos

    Reis (RJ) Antonina

    (PR) Aratu

    (BA) Areia

    Branca (RN) Barra do

    Riacho (ES) Belm (PA) Cabedelo

    (PB) Forno

    (RJ) Fortaleza

    (CE) Profundidade do Canal 7,21 5,43 -1,95 0,00 -1,78 14,53 0,00 -2,23 2,27

    Extenso de Cais -30,10 0,00 9,20 0,01 13,58 -36,84 0,00 16,11 -8,64

    rea de Armazenagem 0,00 -74,57 -35,24 0,00 -33,48 -27,82 0,00 35,89 -8,35 Movimentao Geral 88,48 760,15 74,78 0,00 282,24 4,98 999,90 999,90 299,17

    Ilhus

    (BA) Imbituba

    (SC) Itagua (RJ) Itaja

    (SC) Itaqui (MA) Macei (AL) Manaus (AM) Natal

    (RN) Paranagu

    (PR) Profundidade do Canal 0,45 21,48 1,46 3,39 0,00 8,01 2,50 0,00 27,94

    Extenso de Cais -3,73 -50,20 21,37 0,00 0,00 -37,48 -15,71 0,00 -37,48

    rea de Armazenagem -10,24 0,00 -82,34 -51,30 0,00 0,00 0,00 0,00 -77,04 Movimentao Geral 368,60 999,90 17,64 50,70 0,00 219,47 84,85 0,00 36,92

    Recife

    (PE) Rio Grande

    (RS) Rio de

    Janeiro (RJ) Salvador (BA) Santos

    (SP) So Francisco

    do Sul (SC) So

    Sebastio

    (SP)

    Suape

    (PE) Vitria

    (ES)

    Profundidade do Canal 27,00 74,46 17,10 4,95 0,00 0,00 -17,11 2,11 90,77

    Extenso de Cais -58,57 -55,52 -35,15 -20,65 0,00 0,00 71,68 -10,99 -58,70

    rea de Armazenagem 0,00 -90,90 29,31 0,00 0,00 0,00 80,44 0,00 -89,97 Movimentao Geral 999,90 269,46 357,39 999,90 0,00 0,00 47,69 697,1 598,47

    Revista de Literatura dos Transportes, vol. 5, n. 4 (2011)

    98

  • um nico produto, existem projetos de expanso para poder movimentar outros tipos de cargas.

    O Porto de Itaqui localiza-se na baa de So Marcos, em So Lus (MA). Sua influncia abrange os estados do Maranho e Tocantins, parte do Par, Gois e Mato Grosso. Possui silos e tanques para depsito de combustvel e per petroleiro. As cargas movimentadas so: fertilizantes, malte, minrio de ferro e de mangans, alumnio, ferro gusa, soja, alumnio, petrleo e seus derivados, soda custica, carvo/coque, alumina e bauxita. Est prximo de mercados internacionais, tem boa logstica multimodal, grande profundidade de canal, permitindo receber navios de grande porte. Tm investido em recursos humanos, equipamentos, infra-estrutura e tecnologia para atender um mercado em ascenso.

    O Porto de Natal (RN) est localizado margem direita do rio Potengi, em guas tranquilas. o porto mais prximo da Europa. Sua influncia abrange o estado do Rio Grande do Norte, especialmente os municpios de Mossor, Pau dos Ferros, Areia Branca, Macau e Cear-Mirim, alm dos estados da Paraba, Pernambuco e Cear. As cargas movimentadas so: acar, camaro, algodo, maquinrios, trigo, derivados de petrleo, destacando-se no embarque de frutas. O terminal de Dunas (privativo da Petrobrs), especializado na movimentao de combustveis, localiza-se na rea do porto organizado. Possui reas arrendadas para outras empresas.

    O Porto de Santos (SP) tem como rea de influncia o estado de So Paulo, parte do Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Gois, Minas Gerais e Paran. Esto instalados em torno de 44 terminais que movimentam granis slidos, lquidos, carga geral, contineres e veculos. Outras cargas movimentadas so: sucos ctricos, farelo de polpa ctrica, produtos qumicos, chapas de ao, carvo, minrio de ferro e produto siderrgico, contineres, adubos, enxofre, soja, acar, caf, lcool, trigo, sal, gs liquefeito de petrleo (GLP) e leo diesel. considerado o maior porto da Amrica Latina, registrando grandes ampliaes, melhoramentos e modernizao. Investiu, tambm, em novas ligaes ferrovirias e reaparelhamento. o nico porto brasileiro a possuir uma hidreltrica que gera energia para

    Revista de Literatura dos Transportes, vol. 5, n. 4 (2011)

    99

  • seu prprio consumo e dos navios atracados, sendo o excedente comercializado com a Eletropaulo.

    O porto de So Francisco do Sul est situado no lado oeste da ilha ocenica de So Francisco, norte do estado de Santa Catarina, prximo aos principais parques industriais desse estado e no centro do Mercosul. Sua influncia abrange o estado de Santa Catarina e o estado do Rio Grande do Sul. As cargas movimentadas so: produtos eletro-eletrnicos, equipamentos, carnes, frango congelado, trigo, farelo e leo de soja, fumo, suco, arroz, milho, artigos txteis, mveis, revestimentos, peas para veculos, mveis, cermicas, petrleo cru, fertilizantes, polipropileno/polietileno, resina, amianto, artigos de ferro, ao e papel. Destaca-se por estar integrado com a cidade e com a regio norte catarinense. reconhecido pelo dinamismo e agilidade nas operaes.

    Concluses A partir da tcnica de Anlise Envoltria de Dados foi possvel a construo de um escore de eficincia capaz de verificar o desempenho operacional em portos brasileiros. Esse escore de eficincia, representado neste estudo por um produto Movimentao Geral e trs insumos: Profundidade do Canal, Extenso de Cais e rea de Armazenagem, aponta os portos brasileiros que se encontram na fronteira de eficincia. Em 2005, esses portos foram: Areia Branca (RN), Itaqui (MA), Natal (RN), Santos (SP) e So Francisco do Sul (SC).

    Analisando a folga proporcional em relao ao produto, observa-se que 51,9% dos portos investigados podem aumentar a quantidade de carga movimentada em pelo menos 200%, chegando o aumento a 1000% em cinco destes portos (Cabedelo (PB), Forno (RJ), Imbituba (SC), Recife (PE) e Salvador (BA)). O porto de Belm (PA) se encontra prximo fronteira de eficincia, com indicativo de aumento de movimentao de menos de 5%.

    Os portos considerados ineficientes tambm possuem folgas residuais em relao aos insumos Profundidade do Canal, Extenso de Cais e rea de Armazenagem, indicando condies de captarem mais cargas. importante ressaltar que essa captao de cargas em muitos casos est relacionada com a posio geogrfica, com a aquisio e/ou modernizao de seus equipamentos.

    Revista de Literatura dos Transportes, vol. 5, n. 4 (2011)

    100

  • Verificou-se que o porto de So Francisco do Sul (SC) est integrado com a sua cidade, contribuindo para o desenvolvimento local e regional, sendo esta uma tendncia para o desenvolvimento das regies localizadas prximas a portos.

    Observou-se que entre os cinco portos que se mostraram eficientes, com exceo do porto de Areia Branca (RN) que movimenta somente sal, os portos de Itaqui (MA), Natal (RN), Santos (SP) e So Francisco do Sul (SC) transportam carga geral, granis slidos, granis lquidos e contineres.

    Referncias ANTAQ (2005) Anurio Estatstico Porturio 2005. Agncia Nacional de Transportes Aquavirios.

    Disponvel em: < http:// www.antaq.gov.br>. Acesso: 21 de setembro de 2007. Anurio Portos e Navios 2005 / 2006. (2005) Revista Portos e Navios. So Paulo. Aviso aos Navegantes (2005) Centro de Hidrografia da Marinha. ISSN0104-3102. n.08. Avisos 44 a

    46. 30 abril 2005. 127 p. Disponvel em: . Acesso: 15 de agosto de 2007.

    Aviso aos Navegantes (2005) Centro de Hidrografia da Marinha. ISSN0104-3102. n.11. Avisos 55 a 58. 15 junho 2005. 125 p. Disponvel em: . Acesso: 28 de agosto de 2007.

    Charnes, Abraham; Cooper, William; Lewin, Arie Y. e Seiford, Lawrence M. (1996) Data Envelopment Analysis, Theory, Methodology and Applications, London: Kluwer Academic Publishers, 511 p.ISBN 0-7923-9480-1.

    Coelli, T.J., Rao, D.S. Prasada e Battese, G.E. (1997) Introduction to Efficiency and Productivity Analysis. 3 edio. London: Kluwer Academic Publishers. 275 p.ISBN 0-792-8062-2.

    Cooper, W.W., Seiford, L.M., Tone, K. (2006.) Data Envelopment Analysis: A Comprehensive. Text with Models, Applications, References and DEA-Solver Software, Academic Publishers, Boston, Kluwer.

    Fialho, Fernando Antnio Brito (2006) Anurio Estatstico 2005. Braslia, outubro de 2006. Disponvel em: < http://www.antaq.gov.br>. Acesso: 12 de dezembro de 2006.

    Revista de Literatura dos Transportes, vol. 5, n. 4 (2011)

    101

  • Finamore, Eduardo Belisrio M. C.; Gomes, Adriano Provezano e Dias, Roberto Serpa (2004) Desempenho Setorial da Economia Gacha: Uma Aplicao da Anlise Envoltria de Dados (DEA) utilizando Dados de Uma Matriz de Insumo-Produto. Texto para discusso n 24, Universidade de Passo Fundo. Faculdade de Cincias Econmicas, Administrativas e Contbeis, Centro de Pesquisa e Extenso da FEAC. Disponvel em: < http:// www.upf.br/cepeac/download/td_04_2004.pdf>. Acesso em: janeiro de 2007.

    Gomes, Alexandre Lopes e Ponchio, Leandro Augusto (2005) A Funo Custo no Setor do Leite: Uma Abordagem para a Regio Centro, So Paulo. Disponvel: < http://www.cepea.esalq.usp.br/ pdf/artigo_leite_01.pdf >. Acesso: dezembro de 2005.

    Mello, Joo Carlos C.B. Soares de; Leta, Fabiana R; Gomes, Eliane G. e Mello, Maria Helena C. Soares de. (2004) Anlise Envoltria de Dados para Avaliao de Departamentos de Ensino, Ensaio - Avaliao e Polticas Pblicas em Educao, Rio de Janeiro, v. 12, n. 42, p. 611-622. Disponvel em: < http:// www.uff.br/decisao/IO_sig-dea-mcda.pdf >. Acesso: 01 de julho de 2006.

    Nbrega, Carlos Alberto Wanderley (2005) Anurio Estatstico 2004. Diretor-Geral da ANTAQ em 2004, Braslia, dezembro de 2005. Disponvel em: . Acesso: 10 de julho de 2006. Novaes, Antonio G. N. (2001). Rapid-transit efficiency analysis with the assurance-region DEA

    method. Pesquisa Operacional, v.21, n2, p. 179 197. Pearson, Kate (1993) Data Envelopment Analysis: An Explanation. Working Paper n. 83, Bureau of

    Industry Economics. Canberra. Portos (2007) Departamento Nacional de Infra-Estrutura dos Transportes. DNIT, Marinha do Brasil

    Portos do Brasil. Disponvel em:< http://www.transportes.gov.br/bit/inportos.htm >. Acesso: dezembro de 2007.

    Portos e Navios (2006) Disponvel em: < http://www.portosenavios.com.br/ >. Acesso: julho de 2006. Roll, Y. e Golany, B. (1993) Alternate Methods of Trating Factor Weights in DEA. Omega Int.

    Journal of Management Science, Great Britain, v.21, n1, p.99109. Seiford, L. M. e Thrall, R. M.( 1990) Recent Developments in DEA: The Mathematical Programming

    Approach to Frontier Analysis. Journal of Econometrics, North-Holland, n.46, p.7 38. Tovar, Antonio Carlos de Andrada & Ferreira, Gian Carlos Moreira (2006). A Infra-estrutura

    Porturia Brasileira: O modelo atual e perspectivas para seu desenvolvimento sustentado. Revista do Bndes, Rio de Janeiro, Jun. 2006.

    Revista de Literatura dos Transportes, vol. 5, n. 4 (2011)

    102