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1 COMPLEXO JURÍDICO DAMÁSIO DE JESUS PRÁTICA PENAL OAB 2ª FASE Coordenação Prof. Marcelo Tadeu Cometti Professores Cícero Marcos Lima Lana Flávio Cardoso de Oliveira Colaboradores Luciano Casaroti Paula Quaggio

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COMPLEXO JURÍDICO DAMÁSIO DE JESUS

PRÁTICA PENAL OAB 2ª FASE

Coordenação Prof. Marcelo Tadeu Cometti

Professores

Cícero Marcos Lima Lana Flávio Cardoso de Oliveira

Colaboradores Luciano Casaroti Paula Quaggio

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SUMÁRIO

1. Instruções preliminares 2. Regras de competência 3. Ação penal 3.1. Ação penal pública 3.2. Ação penal privada 4. Ritos processuais 4.1. Rito ordinário 4.2. Rito sumário 4.3. Rito sumaríssimo 4.4. Ritos especiais 4.4.1. Júri 4.4.2. Lei de drogas 4.4.3. Funcionários públicos 4.4.4. Lei de Imprensa 4.4.5. Crimes contra a honra 5. Teses 5.1. Extinção da punibilidade 5.1.1. Prescrição 5.1.2. Decadência 5.2. Nulidades 5.3. Abuso de autoridade 5.4. Falta de justa causa 6. Peças 6.1. Modelo geral 1 6.2. Modelo geral 2 7. Peças (espécies) 7.1. Liberdade provisória (com e sem fiança) 7.2. Relaxamento da prisão em flagrante 7.3. Representação 7.4. Queixa-crime 7.5. Defesa prévia 7.6. Alegações finais 7.7. Apelação 7.8. Recurso em sentido estrito 7.9. Agravo em Execução 7.10. Embargos de declaração 7.11. Embargos infringentes e de nulidade 7.12. Correição parcial 7.13. Protesto por novo júri 7.14. Carta testemunhável 7.15. Recurso ordinário constitucional 7.16 Recurso extraordinário

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7.17. Recurso especial 7.18. Habeas corpus 7.19. Mandado de Segurança 7.20. Revisão criminal 7.21. Reabilitação 7.22. Livramento condicional 8. Problemas 9. Gabarito 10. Questões práticas 11. Gabarito

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1. INSTRUÇÕES PRELIMINARES:

1. A prova não pode ser identificada; dessa forma, não se deve colocar datas, nomes, assinaturas, marcas, desenhos, ou qualquer sinal que possa ser entendido como identificação, salvo se determinado no próprio enunciado do problema.

2. A prova consiste em uma peça prática e 05 (cinco) questões, sendo que cada parte tem o

mesmo valor, qual seja, 5,0 (cinco) pontos.

3. Para aprovação, deve o candidato obter, no mínimo, a nota 6,0 (seis); por isso, não existe uma parte mais importante do que a outra. A peça e as questões devem ser respondidas com o mesmo zelo e atenção.

4. A correção da peça é feita com base nos seguintes critérios:

- Adequação da peça ao problema apresentado - Raciocínio jurídico - Fundamentação e sua consistência - Capacidade de interpretação e exposição - Correção gramatical - Técnica profissional

5. As questões, por sua vez, são objetivas, de forma que podem estar corretas, parcialmente

corretas ou erradas; 6. A peça deve ser fundamentada, com citação de jurisprudência e doutrina, que darão

maior suporte à tese que será defendida.

7. As questões podem ser fundamentadas com doutrina e jurisprudência (desde que cabível no espaço reservado para a resposta).

8. A letra deve ser legível.

9. É permitido o uso de doutrina, legislação e legislação comentada; são proibidos livros

que contenham modelo de peça, apostilas e dicionários jurídicos.

10. O segredo da prova é estudar e manter a calma!!!!

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2. REGRAS DE COMPETÊNCIA

As regras de competência determinam qual será o órgão judicial responsável pelo julgamento de determinado processo, se a Justiça Estadual Federal, 1ª Instância, STJ e assim por diante. Para perfeita compreensão das regras de competência, imperiosa é a verificação da distribuição da organização judiciária.

A Justiça Estadual comum se divide entre os juízes de 1ª Instância (que

atuam nas mais diversas comarcas) e os Tribunais de Justiça, que representam a 2ª Instância (cada Estado do Brasil possui um Tribunal de Justiça).

Na Justiça Federal, onde serão julgados os crimes federais (de acordo com a

regra do artigo 109 da Constituição Federal), a 1ª Instância é composta por juízes federais a 2ª Instância pelos Tribunais Regionais Federais.

No entanto, diferente do que ocorre na Justiça Estadual, os Tribunais

Regionais não existem em todos os estados brasileiros; na verdade, existem apenas 05 (cinco) Tribunais Regionais Federais, cuja competência é assim distribuída: - Tribunal Regional Federal da 1ª Região (sede em Brasília): Distrito Federal, Acre, Amazonas, Rondônia, Roraima, Pará, Amapá, Mato Grosso, Tocantins, Maranhão, Piauí, Goiás, Bahia e Minas Gerais. - Tribunal Regional Federal da 2ª Região (sede no Rio de Janeiro): Rio de Janeiro e Espírito Santo. - Tribunal Regional Federal da 3ª Região (sede em São Paulo): São Paulo e Mato Grosso do Sul. - Tribunal Regional Federal da 4ª Região (sede em Porto Alegre): Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. - Tribunal Regional Federal da 5ª Região (sede em Recife): Alagoas, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe.

Os Tribunais Superiores, por sua vez, têm sua competência prevista na Constituição Federal.

O STJ – Superior Tribunal de Justiça – tem sua competência definida no

artigo 105, ao passo que o STF – Supremo Tribunal Federal – tem competência definida no artigo 102. LEMBRETES: - A Justiça Federal não é competente para julgamento de contravenções penais, que deverão ser processadas na Justiça Estadual. - Caso haja conexão entre a Justiça Federal e a Estadual, prevalece a primeira. - A Justiça Estadual julga apenas as infrações penais que não forem de competência das justiças especializadas, tendo competência residual. - De acordo com o Código de Processo Penal a competência é fixada com base no lugar da infração (teoria do resultado: aquele local onde ocorreu a consumação do crime) ou o último ato da execução no caso de tentativa.

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- Quando for desconhecido o local onde o crime se consumou, ou foram praticados os últimos atos da execução, a competência poderá ser fixada de acordo com o domicílio ou residência do réu (esta regra vale apenas para as ações penais públicas). - Na ação penal privada o querelante poderá propor a queixa-crime no local onde se consumou o crime ou no foro do domicílio do querelado, de acordo com o artigo73 do CPP. - A competência também poderá ser fixada pela prevenção; nessa hipótese, o primeiro juiz que praticar algum ato no processo será o competente.

DICA PARA A IDENTIFICAÇÃO DA COMPETÊNCIA: Verificar se a ação é da competência da justiça comum ou especializada (Justiça Militar ou Justiça Eleitoral) e, posteriormente, se da Justiça Estadual ou Federal. Em seguida, observar se o acusado goza de prerrogativa de função, que justifique o deslocamento de seu processo para um tribunal e, por fim, deve-se seguir as regras quanto à determinação do local, para a fixação da competência territorial.

EXEMPLOS DE ENDEREÇAMENTOS: - DELEGADO DE POLÍCIA (fase pré-processual): Ilustríssimo Senhor Doutor Delegado de Polícia Titular da Delegacia de Polícia de________ Ilustríssimo Senhor Doutor Delegado de Polícia Federal da Delegacia de Polícia Federal de___________ - JUIZ DE DIREITO (fase pré-processual, processual ou recursal): Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito do Departamento de Inquérito Policiais – DIPO- da Comarca da Capital-SP Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ____ Vara Criminal da Comarca de _________. Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito do Juizado Especial Criminal da Comarca de __________ Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da Vara das Execuções Criminais da Comarca de _________ Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz Federal da _____ Vara Criminal Federal da Subseção Judiciária de _________ Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da _____ Vara do Júri da Comarca de ________ Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz Federal da ____ Vara do Júri da Subseção Judiciária de _________ Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz-Presidente do Tribunal do Júri da Comarca de __________ TRIBUNAIS de 2ª INSTÂNCIA (fase recursal): Excelentíssimo Senhor Doutor Desembargador Presidente do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de _______

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Excelentíssimo Senhor Doutor Desembargador Federal Presidente do Egrégio Tribunal Regional Federal da _______Região Excelentíssimo Senhor Doutor Desembargador Relator do (recurso nº)___________, da ____ Câmara Criminal do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de_________ Excelentíssimo Senhor Doutor Desembargador Federal Relator do (recurso nº)_________da ____ Turma Criminal do Egrégio Tribunal Regional Federal da _____Região TRIBUNAIS SUPERIORES (fase recursal): Excelentíssimo Senhor Doutor Ministro Presidente do Egrégio Superior Tribunal de Justiça Excelentíssimo Senhor Doutor Ministro Presidente do Egrégio Supremo Tribunal Federal

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3. AÇÃO PENAL

A ação penal é pública, em regra, mas pode ser também de iniciativa privada. A ação penal somente será privada quando o Código Penal assim determinar expressamente; é uma exceção à regra. Na verdade, se o Código Penal nada mencionar, a ação será pública, essa é a regra geral. 3.1. Ação penal pública

Possui duas espécies: incondicionada ou condicionada: A ação penal pública incondicionada tem como titular o Ministério Público

(art. 129, I e 5º, LIX da CF, art. 100 do CP e 24 do CPP) e independe da vontade do ofendido. Devem ser obedecidos os seguintes princípios, atinentes às ações penais

públicas incondicionadas: - Oficialidade: somente órgãos oficiais podem oferecer a denúncia e conduzir o processo penal contra o acusado. - Obrigatoriedade: o Ministério Público não pode deixar de oferecer a denúncia. - Indisponibilidade: o Ministério Público não pode dispor da ação penal. - Intranscendência: a ação penal somente poderá ser promovida contra os indivíduos que praticaram, em tese, a infração penal.

A ação penal pública condicionada também tem como titular o Ministério

Público, mas para exercer esse direito deve haver a representação do ofendido ou seu representante legal, ou requisição do Ministro da Justiça (art. 100, § 1º do CP; art. 7º,§ 3º, ‘b’ do CP; art. 145, p. único; 24, 2ª parte do CPP):

A representação não tem uma forma específica, basta a declaração da vítima

demonstrando o desejo de ver processar seu ofensor, é uma autorização para o início da investigação e da persecução penal que pode ser dirigida ao Juiz, ao Ministério Público ou ao Delegado de Polícia. Já a requisição tem como destinatário único o Ministério Público.

A representação é irretratável após o oferecimento da denúncia (art. 25 do

CPP). 3.2 Ação penal privada

A titularidade da ação penal é do ofendido ou seu representante legal (arts.

100, § 2º do CP e 30 do CPP). Para o oferecimento da queixa-crime, há um prazo decadencial de seis

meses, (art. 38 do CPP e 103 do CP). Existem 03 (três) tipos de ação penal privada:

- Exclusivamente privada: o titular da ação é o ofendido, mas este pode ser representado, pelo cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.

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- Personalíssima: somente o ofendido pode ingressar com a ação penal; atualmente, existe apenas no crime de indução a erro no casamento (artigo 236 do CP). - Subsidiária da pública: apenas pode ser intentada na inércia do Ministério Público.

Devem ser obedecidos os seguintes princípios, atinentes às ações penais privadas: - Oportunidade: o ofendido tem o direito de promover ou não a ação penal, de acordo com a sua conveniência. - Disponibilidade: o ofendido poderá desistir da ação penal, a qualquer tempo, mesmo após o recebimento da queixa-crime. - Indivisibilidade: a ação penal deve ser proposta contra todos os autores do crime.

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4. RITOS PROCESSUAIS

Os ritos processuais são importantíssimos pára a elucidação do problema na prova. A seqüência de atos do rito processual é o que determina a peça a ser feita ou mesmo pode ser a solução para o problema apresentado, quando uma de suas particularidades não for obedecida (vale lembrar que o rito processual pode aparecer nas questões objetivas). 4.1. Rito Ordinário (art. 396 e seguintes, CPP - Crimes com pena máxima igual ou superior a 4 anos) Fluxograma do procedimento ordinário: a) oferecimento da denúncia ou queixa; b) recebimento pelo juiz; c) citação; d) defesa prévia, no prazo de dez dias; e) absolvição sumária ou designação de audiência; f) audiência de instrução e julgamento (no prazo de 60 dias): - declarações do ofendido - oitiva das testemunhas de acusação - oitiva das testemunhas de defesa - esclarecimentos dos peritos - acareações - reconhecimento de pessoas e coisas - interrogatório - requerimento de diligências - alegações finais (ou conversão em memoriais) - sentença 4.2. Rito sumário (art. 531 e seguintes, CPP - Crimes com pena máxima inferior a 4 anos) - Fluxograma do procedimento sumário: a) oferecimento da denúncia ou queixa; b) recebimento pelo juiz; c) citação; d) defesa prévia, no prazo de dez dias; e) absolvição sumária ou designação de audiência; f) audiência de instrução e julgamento (no prazo de 30 dias): - declarações do ofendido - oitiva das testemunhas de acusação - oitiva das testemunhas de defesa - esclarecimentos dos peritos - acareações - reconhecimento de pessoas e coisas - interrogatório - alegações finais

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- sentença 4.3. Rito sumaríssimo (Lei nº 9.099/95 - Infrações de menor potencial ofensivo, isto é, contravenções e crimes com pena máxima não superior a dois anos) - Fluxograma do procedimento sumaríssimo: a) lavratura do Termo Circunstanciado de Ocorrência; b) audiência preliminar: composição civil dos danos, transação penal e denúncia oral; c) audiência de instrução e julgamento: c.1) resposta preliminar; c.2) recebimento da denúncia ou queixa; c.3) proposta de suspensão condicional do processo; c.4) oitiva da vítima, das testemunhas de acusação e de defesa; c.5) interrogatório do acusado; c.6) debates orais; c.7) sentença. 4.4. Ritos especiais 4.4.1. Júri (art. 406 e seguintes, CPP - Crimes dolosos contra a vida, tentados ou consumados) - Fluxograma do procedimento do Juri: 1ª Fase: a) oferecimento da denúncia ou queixa; b) recebimento pelo juiz; c) citação; d) defesa prévia, no prazo de dez dias; e) manifestação do MP ou querelante; f) audiência de instrução e julgamento: - declarações do ofendido - oitiva das testemunhas de acusação - oitiva das testemunhas de defesa - esclarecimentos dos peritos - acareações - reconhecimento de pessoas e coisas - interrogatório - alegações finais - decisão O juiz poderá proferir, ao final da 1ª fase, as seguintes decisões: a) Pronúncia (art. 413, CPP): prova de materialidade e indícios de autoria, é a decisão que remete o réu ao julgamento pelo tribunal do Júri;

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b) Impronúncia (art. 414, CPP): faltam os elementos mínimos para que o réu vá ao Plenário: não existem indícios suficientes da autoria e prova de materialidade; c) Desclassificação (art. 419, CPP): o crime imputado ao réu não é da competência do Júri; d) Absolvição sumária (art. 415, CPP): quando houver uma excludente de ilicitude ou culpabilidade, exceto inimputabilidade, a não ser que seja a única tese da defesa, quando estiver provada a inexistência do fato, quando estiver provado não ser o réu o autor ou partícipe do fato ou quando estiver provado não constituir o fato infração penal, deve o juiz absolver desde logo o réu.

2ª Fase: a) Prazo para requerimento de diligências, juntada de documentos e rol de testemunhas em cinco dias; b) despacho Plenário: - instalação da sessão (mínimo de 15 jurados); - sorteio dos 7 jurados que vão integrar o conselho de sentença; - jurados prestam compromisso (exortação); - declarações do ofendido; - testemunhas de acusação; - testemunhas de defesa; - acareações, reconhecimento de pessoas e coisas, esclarecimentos dos peritos e leitura de peças; - interrogatório - debates orais: acusação fala em primeiro lugar pelo período de uma hora e meia (ou duas horas e meia, se forem dois ou mais réus); defesa na seqüência, pelo mesmo prazo; - réplica: acusação poderá falar novamente pelo período de mais uma hora (duas horas se forem dois ou mais réus); - tréplica: somente se a acusação fez a réplica, a defesa terá direito à tréplica, pelo mesmo prazo; - elaboração e leitura dos quesitos - votação dos quesitos na sala secreta: os jurados respondem aos quesitos formulados com cédulas definidas com “sim” e “não”; - sentença – após a votação o juiz presidente do Júri profere a sentença. 4.4.2. Lei de drogas (Crimes relacionados ao consumo ou uso de entorpecentes – Lei nº 11.343/06) - Fluxograma do procedimento da lei de drogas: • Crimes relacionados ao uso de drogas para consumo pessoal: segue o rito sumaríssimo, com a ressalva de que a transação penal apenas pode versar sobre uma das penas previstas na legislação (advertência; prestação de serviços à comunidade e obrigação de freqüência a casa de recuperação). • Crimes relacionados ao tráfico de drogas: a) laudo de constatação preliminar (suficiente para início do Inquérito Policial e/ou prisão em flagrante); b) oferecimento da denúncia; c) resposta preliminar;

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d) recebimento ou rejeição da denúncia, ou determinação de diligência para saneamento de eventuais pontos obscuros; e) audiência de instrução e julgamento. 4.4.3. Funcionários públicos (art. 513 e seguintes, CPP - Crimes praticados por funcionários públicos) - Fluxograma do procedimento especial: a) oferecimento da denúncia ou queixa; b) resposta preliminar, no prazo de 15 dias; c) recebimento pelo juiz; d) citação; e) interrogatório do réu; f) defesa prévia, no prazo de três dias; g) audiência para oitiva das testemunhas de acusação; h) audiência para oitiva das testemunhas de defesa; i) requerimento de diligências; j) alegações finais, no prazo de três dias; k) sentença. 4.4.4. Lei de imprensa (Crimes relacionados a crimes praticados através da imprensa – Lei nº 5250/67) - Fluxograma do procedimento da lei de imprensa: a) oferecimento da denúncia ou queixa; b) defesa prévia; c) audiência de apresentação do réu; d) audiência de instrução e julgamento; e) sentença. 4.4.5. Crimes contra a honra (art. 519 e seguintes, CPP) - Fluxograma do procedimento especial: a) oferecimento da queixa; b) audiência de conciliação; c) recebimento da queixa pelo juiz; d) citação; e) interrogatório do réu; f) defesa prévia, no prazo de três dias; g) audiência para oitiva das testemunhas de acusação; h) audiência para oitiva das testemunhas de defesa; i) requerimento de diligências; j) alegações finais, no prazo de três dias; k) sentença.

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5. TESES DE DEFESA 5.1. Extinção da punibilidade

As causas de extinção da punibilidade estão previstas no artigo 107 do Código Penal. A presença de qualquer uma destas causas implica na impossibilidade de punição do agente

Oportuno mencionar que o rol do artigo 107 não é taxativo verificando-se

causas extintivas da punibilidade em outros dispositivos, bem como nas leis especiais. 5.2. Nulidade

A tese de nulidade será utilizada quando houver um erro no procedimento. As hipóteses de nulidade, em regra, estão definidas no artigo 564 do Código

de Processo Penal. Não há nulidade se não houver prejuízo para a acusação ou para defesa. Existem algumas nulidades mais comuns que podem ser pedidas no Exame

de Ordem, quais sejam:

a) Funcionário público sem o direito à defesa preliminar – art.514 do CPP; b) Processo por delito funcional que seguiu o rito sumário e não o ordinário (arts. 513 a 518 CPP); c) Incompetência do juízo; d) Inversão na seqüência legal da lavratura do auto de prisão em flagrante (art. 304 CPP); e) Ausência de audiência de reconciliação no rito especial dos crimes contra a honra – art. 520 CPP; f) Não comparecimento do número mínimo de 15 jurados no Júri; g) Falta dos quesitos ou das respectivas respostas;

Deve ser verificada a possibilidade de argüição das nulidades, uma vez que

o artigo 571 do Código de Processo Penal determina em que momentos as nulidades relativas devem ser arguidas. 5.3. Falta de justa causa

Falta de justa causa é motivo, fundamento. É a falta de suporte para o desenvolvimento do processo, seja suporte fático ou jurídico.

A atipicidade, presença de excludentes, crime impossível, são alguns dos

exemplos de falta de justa causa. No entanto, não há uma regra clara, pré-definida sobre a falta de justa causa,

devendo ela ser verificada caso a caso.

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5.4. Abuso de autoridade

A tese de abuso de autoridade sempre estará ligada ao excessivo rigor da autoridade ao avaliar a postulação do réu. Aquele que proferiu a decisão, ou determinou a realização de um ato, está indo além dos seus limitados poderes legais, de forma que abusa da autoridade concedida.

Também não há uma regra clara, pré-definida sobre o abuso de autoridade,

devendo ser verificado caso a caso.

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6. PEÇAS

No processo penal, regra geral, existem apenas dois tipos de peças diferentes, isto é, a estrutura de qualquer peça sempre deverá obedecer a dois pré-definidos modelos.

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6.1. Modelo geral 1

Este modelo de peça é utilizado para todos os requerimentos, “habeas corpus”, revisão criminal, alegações finais, etc. Consiste em uma peça única, com endereçamento, qualificação, a descrição dos fatos, do direito e o pedido. Exemplo:

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ____ Vara Criminal da Comarca ___________________. Autos nº_____.

(Pulam-se aproximadamente 10 linhas do endereçamento até o preâmbulo, com a epígrafe no meio do espaço)

FULANO DE TAL, já qualificado, nos autos da AÇÃO PENAL que lhe move a JUSTIÇA PÚBLICA, processo em epígrafe, por seu advogado infra-assinado, vem, respeitosamente à presença de Vossa Excelência, requerer _____________________, com fundamento no art. ..........., pelos motivos a seguir expostos:

1) DOS FATOS. (Aqui o candidato vai relatar os fatos que envolvem o problema formulado. Deve se ater ao que foi exposto na prova, sem, contudo, fazer cópia literal do problema). 2) DO DIREITO. (Esta é a parte onde o candidato vai apresentar sua argumentação, visando o resultado pretendido. Tudo o que for argumento para amparar a tese sustentada deve ser exposto, na busca do convencimento do julgador) 3) PEDIDO. Diante do exposto, requer seja...................., por ser medida de JUSTIÇA! Nestes Termos, Pede Deferimento. (local/ data). (nome e assinatura do advogado/ nº da OAB)

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6.2. Modelo geral 2

Este modelo de peça é utilizado para a maioria dos recursos, tais como

RESE, Apelação, Agravo etc. Consiste em duas peças: uma de interposição (ou juntada) e outra de razões (ou contra-razões).

Exemplo:

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ____ Vara Criminal da Comarca ___________________. Autos nº_____.

(Pulam-se aproximadamente 10 linhas do endereçamento até o preâmbulo, com a epígrafe no meio do espaço)

FULANO DE TAL, já qualificado, nos autos da AÇÃO PENAL que lhe move a JUSTIÇA PÚBLICA, processo em epígrafe, por seu advogado infra-assinado, vem, respeitosamente à presença de Vossa Excelência, interpor RECURSO, com fundamento no art........., do Código de Processo Penal.

Requer seja recebido o presente e encaminhado ao Egrégio Tribunal de

Justiça do Estado de ..............., com as razões em anexo.

Nestes Termos, Pede Deferimento. (local/ data). (nome e assinatura do advogado/ nº da OAB)

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RAZÕES DE RECURSO RECORRENTE: ............................... RECORRIDA: Justiça Pública Processo nº ........., da _____ Vara Criminal da Comarca ___________.

(Pular aproximadamente 5 linhas) EGRÉGIO TRIBUNAL, COLENDA CÂMARA, Em que pese o notório saber jurídico do meritíssimo Juiz de primeiro grau, impõe-se a reforma da respeitável sentença (ou decisão) pelas razões fáticas e de direito que passa a expor. 1) DOS FATOS. (Aqui o candidato vai relatar os fatos que envolvem o problema formulado. Deve se ater ao que foi exposto na prova, sem, contudo, fazer cópia literal do problema). 2) DO DIREITO. (Esta é a parte onde o candidato vai apresentar sua argumentação, visando o resultado pretendido. Tudo o que for argumento para amparar a tese sustentada deve ser exposto, na busca do convencimento do julgador) 3) PEDIDO. Diante do exposto, requer seja...................., por ser medida de JUSTIÇA! (local/data) (nome e assinatura do advogado/nº OAB)

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7. PEÇAS (ESPÉCIES)

7.1. LIBERDADE PROVISÓRIA (art. 321 e seguintes, CPP).

É o instituto processual que garante ao acusado o direito de aguardar o curso do processo em liberdade.

Não é admitida a liberdade provisória nos crimes de lavagem de dinheiro (Lei nº 9.613/98), de tráfico de drogas (Lei nº 11.343/06) e assemelhados e nos ligados a organizações criminosas (Lei nº 9.034/95). Anote-se que a proibição que existia em relação aos crimes hediondos não mais persiste, em razão da alteração da Lei nº 8.072/90, promovida pela Lei nº 11.464/07. Da mesma forma, a proibição de liberdade provisória aos crimes de porte ilegal de arma de fogo de uso proibido, comércio ilegal de arma de fogo e tráfico internacional de arma de fogo, foi afastada por decisão do Supremo Tribunal Federal, no julgamento da Adin 3.112-1. No Exame de Ordem, basicamente vamos trabalhar com duas modalidades de liberdade provisória – sem o arbitramento de fiança e com o arbitramento de fiança. Pode o pedido ser formulado durante a fase de inquérito policial ou durante o curso da ação penal, antes do trânsito em julgado. Liberdade provisória sem fiança (art. 310, CPP). O juiz deve conceder a liberdade provisória independente do pagamento de fiança quando: a) verificar que o acusado agiu amparado por causa excludente de ilicitude (art. 310, caput); b) verificar que não se encontram presentes os motivos autorizadores da prisão preventiva (art. 310, parágrafo único, CPP).

Aqui pouco importa se a infração é afiançável ou inafiançável, o que importa é a verificação dos requisitos legais. A liberdade provisória sem fiança, como adiantado, só pode ser concedida pelo juiz, após oitiva do Ministério Público. Caso concedida, o acusado ficará vinculado ao juízo através da assinatura de termo de comparecimento aos atos processuais, sob pena de revogação. Quando se tratar de crime contra a economia popular ou de sonegação fiscal, o juiz somente poderá conceder a liberdade provisória mediante fiança, por expressa disposição contida no art. 325, § 2º, do CPP.

Liberdade provisória com fiança (art. 323 e segs., CPP).

Fiança é uma caução destinada a garantir o cumprimento das obrigações processuais pelo réu. Seu mecanismo consiste em depositar determinada quantia como garantia da liberdade do acusado durante o processo. A fiança poderá ser feita através de depósito (dinheiro, pedras preciosas, títulos da dívida pública) ou através de hipoteca (art. 330, CPP).

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O Código de Processo Penal traz as hipóteses em que não deverá ser concedida fiança, ou seja, trata da inafiançabilidade. Se a infração não se encaixar nas hipóteses relacionadas, ela é afiançável.

Não se concederá fiança: a) em crimes punidos com reclusão, cuja pena mínima seja superior a 2 anos; b) nas contravenções penais de vadiagem e mendicância (arts. 59 e 60, Dec. Lei 3688/41);

c) nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade, se o réu já tiver sido condenado por outro crime doloso, com trânsito em julgado;

d) se houver prova de ser o réu vadio;

e) nos crimes punidos com reclusão que provoquem clamor público ou que tenham sido cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa;

f) a quem tiver quebrado fiança ou desrespeitado obrigação no mesmo processo;

g) em caso de prisão civil, disciplinar, administrativa ou militar;

h) a quem estiver no período de prova de sursis ou livramento condicional, salvo de o novo processo for por crime culposo ou contravenção penal;

i) quando presentes os motivos que autorizem a decretação da prisão preventiva.

São também inafiançáveis os crimes de racismo, hediondos, tráfico ilícito de entorpecentes, terrorismo, tortura, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático, por disposição constitucional.

A autoridade policial pode conceder fiança nos casos de crimes apenado com detenção e prisão simples (art. 322), lembrando que, em princípio, a maior parte dessas infrações são de menor potencial ofensivo, o que leva à aplicação dos institutos previstos na Lei nº 9.099/95. Observação: Note-se que, em suma, no pedido de liberdade provisória deve-se procurar demonstrar que não estão presentes os requisitos para a decretação da prisão preventiva ou então que a fiança (que é direito subjetivo do indiciado ou réu) é admitida na hipótese. Assim, trabalha-se com o mérito subjetivo do preso e com as circunstâncias da infração para pleitear a soltura e não se ataca a legalidade da medida, como se faz no pedido de relaxamento da prisão em flagrante.

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MODELO DE LIBERDADE PROVISÓRIA

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito do Departamento de Inquéritos Policiais da Comarca da Capital-SP. (somente quando o problema for específico, dizendo que o crime ocorreu em São Paulo). OU Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ___ Vara Criminal da Comarca de ________ do Estado de ____________

“A”, (nacionalidade), (estado civil), (profissão), portador do Rg nº

__________, inscrito no CPF sob nº______________, (endereço), no auto de prisão em flagrante n.º _____, por seu defensor infra-assinado (procuração em anexo), vem à presença de Vossa Excelência requerer LIBERDADE PROVISÓRIA SEM FIANÇA , com fundamento no artigo 5º, LXVI, da Constituição Federal, combinado com o artigo 310 e seguintes do Código de Processo Penal, pelos motivos que passa a expor:

1) DOS FATOS. O Requerente foi preso em flagrante delito, no último dia 20 de maio, pois teria subtraído mediante grave ameaça a bolsa da transeunte “B”, na Rua das Flores, nesta cidade. Encontra-se ainda detido na Cadeia Pública local. 2) DO DIREITO. Excelência, a liberdade provisória deve ser concedida. De fato, não estão presentes, no caso em tela, os requisitos autorizadores da prisão preventiva. Como se pode verificar, não há que se falar em garantia da ordem pública, uma vez que o Requerente não denota periculosidade, pois é primário e ostenta bons antecedentes (doc. ___). Não há fundado motivo para se acreditar que vá colocar em risco a ordem social através da prática de novos delitos. Da mesma forma, não há que se dizer que o Indiciado solto possa oferecer qualquer obstáculo à produção da prova, pois não apresenta, como já dito, o perfil de pessoa perigosa, assim, não está presente o requisito da conveniência da instrução criminal. Muito menos razão existe para se acreditar que o Requerente apresente risco iminente de fuga, o que justificaria a decretação da custódia pelo fundamento da garantia de aplicação da lei penal, pois o Requerente é comerciante estabelecido há 10 anos no mesmo local (doc. ___), tem família constituída, residência fixa (doc. ___), não apresentando qualquer indício de que possa se furtar à aplicação da lei.

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Assim, não estando presentes os requisitos da custódia preventiva, não há que se falar em manutenção da prisão em flagrante, consoante redação do art. 310, parágrafo único, do Código de Processo Penal. Essa é a jurisprudência dominante em nossos tribunais:

“Não havendo requisitos para eventual decretação de prisão preventiva, deve o acusado ser posto em liberdade” (RT 000/000).

No mesmo sentido ensina o Mestre FULANO DE TAL:

“A prisão em nosso ordenamento é medida de exceção. Se não se verificar, no caso concreto, a necessidade da segregação cautelar, deve o acusado ser colocado em liberdade, ante a ausência de elementos que autorizem a decretação da prisão preventiva” (in Processo Penal. São Paulo: Editora, 2006, p. 120).

A melhor solução para o caso presente, então, é a soltura do Requerente, mediante a assinatura do termo de comparecimento aos atos processuais. 3) DO PEDIDO. Diante do exposto, requer, após oitiva do digno representante do Ministério Público, a concessão da liberdade provisória ao Requerente, mediante assinatura do termo de comparecimento, expedindo-se o alvará de soltura em seu favor, por ser medida de JUSTIÇA! Nestes Termos, Pede Deferimento. [CIDADE], ___, de ____________, de _____. __________________________________ OAB/___ nº ______________

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7.2. RELAXAMENTO DA PRISÃO EM FLAGRANTE O pedido de relaxamento da prisão em flagrante deverá ser formulado se, pela formulação do problema, for possível identificar que a prisão ocorreu fora das hipóteses legais ou que há vício na elaboração do Auto de Prisão em Flagrante. Analisemos as duas hipóteses. PRISÃO EM FLAGRANTE É a prisão que ocorre durante a prática de uma infração penal ou momentos após; é a prisão que tem lugar ainda no calor dos acontecimentos. Segundo disposição do nosso Código de Processo Penal (art. 301) os agentes e as autoridades policiais devem e qualquer pessoa do povo pode prender quem se encontre em estado de flagrância. A prisão em flagrante é a única modalidade de prisão cautelar que dispensa a apresentação de mandado, justamente por ser imposta no momento da prática delitiva. Por essa razão, deve-se observar se ela foi realizada dentro dos limites legais. Hipóteses legais: 1) Flagrante próprio ou real (art. 302, I e II, CPP): ocorre quando alguém é surpreendido cometendo uma infração penal ou quando acaba de cometê-la. É a hipóteses clássica de flagrante. 2) Flagrante impróprio ou quase-flagrante (art. 302, III, CPP): ocorre quando alguém é perseguido logo após a prática de uma infração penal, em situação que faça presumir ser ele o seu autor. 3) Flagrante ficto ou presumido (art. 302, IV, CPP): ocorre quando alguém é encontrado logo depois da prática de uma infração penal, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele o seu autor. 4) Flagrante retardado ou diferido (art. 2º, I, da Lei nº 9.034/95): ocorre quando, nos crimes praticados por organizações criminosas, os agentes policiais deixam de prender os suspeitos no momento em que se deparam com a prática criminosa, aguardando momento mais oportuno para fazê-lo, do ponto de vista da formação de provas e fornecimento de informações. Há dispositivo semelhante no art. 53, II, da Lei nº 11.343/06. Hipóteses ilegais. A doutrina aponta, ainda, algumas hipóteses nitidamente ilegais de flagrante: 1) flagrante preparado ou provocado (delito de ensaio): alguém induz o autor à prática do crime, viciando sua vontade, e, em seguida, o prende em flagrante. Como a infração não foi praticada espontaneamente pelo agente, não pode existir crime, caracterizando, na hipótese, crime impossível (Súmula 145 do STF). 2) flagrante forjado: policiais ou terceiros criam, forjam, provas de um crime que sequer existe. Flagrante de acordo com o crime:

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1) crimes permanentes: enquanto não cessar a permanência, o agente encontra-se em situação de flagrância, como por exemplo ocorre no crime de seqüestro (art. 148, CP). 2) crimes habituais: em tese não se admite, pois o crime só se caracteriza com a reiteração da conduta, o que não se pode verificar num ato isolado. Há, contudo, doutrinadores que admitem tal hipótese, desde que haja investigação anterior e provas da habitualidade. 3) crimes de ação penal privada: neles, o ofendido, se não for o autor da prisão, deverá ratificá-la no prazo de entrega da nota de culpa, ou seja, em 24 horas, sob pena de relaxamento. AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE Efetuada a prisão em flagrante, ela precisa ser formalizada, documentada, o que se faz através do respectivo auto. Isso porque, como dito, ela independe de mandado e, assim, a verificação de sua legalidade será feita posteriormente pelo juiz, através da análise do documento em questão. A autoridade competente para a lavratura do auto é a da circunscrição onde foi efetuada a prisão. Se ela foi realizada em local distinto daquele onde se consumou a infração, posteriormente os autos de inquérito seguirão para a autoridade policial respectiva. Apresentado o preso à autoridade, a elaboração do autos seguirá as seguintes etapas: 1) Antes da lavratura, comunicação da prisão à família do preso ou a quem ele indicar (art. 5º, LXIII, CF); 2) Oitiva do condutor, colheita de sua assinatura e entrega do recibo de entrega de preso; 3) Oitiva da vítima, se for possível; 4) Oitiva de pelo menos 2 testemunhas que tenham acompanhado o condutor e colheita de suas assinaturas. Se não houver, devem assinar o auto 2 testemunhas que tenham presenciado a apresentação do preso à autoridade. 5) Oitiva do preso, alertando-o de seu direito ao silêncio e observando-se, no que couber, os dispositivos do interrogatório judicial. Se o preso não souber, não puder ou se recusar a assinar, 2 testemunhas assinarão após a leitura, em sua presença. 6) Encerrada a lavratura, cópia do auto será encaminhada ao juiz no prazo de 24 horas, a contar da prisão. No mesmo prazo deve ser enviada cópia à Defensoria Pública, se o preso não tiver declinado possuir advogado. Nota de culpa. No prazo de até 24 horas após a prisão, deverá ser entregue a nota de culpa ao preso (art. 306, § 2º, CPP), que indicará o motivo da prisão, o nome do condutor e das testemunhas. A falta de entrega no prazo estipulado pode trazer o relaxamento da prisão.

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MODELO DE PEDIDO DE RELAXAMENTO DE PRISÃO EM FLAGRA NTE Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ____ Vara do Júri da Comarca de _____________

“A”, (nacionalidade), (estado civil), (profissão), portador do Rg nº __________, inscrito no CPF sob nº______________, (endereço), no auto de prisão em flagrante n.º _____, por seu defensor infra-assinado (procuração em anexo), vem à presença de Vossa Excelência, requerer o RELAXAMENTO DA PRISÃO EM FLAGRANTE , com fundamento no artigo 5º, LXV, da Constituição Federal, pelas razões que passa a expor:

1) DOS FATOS. O Requerente foi preso em flagrante, pois teria infringido o art. 121, caput, do Código Penal, ao efetuar 10 disparos de arma de fogo contra “B”. Encontra-se detido na Cadeia Pública local desde a data de 20 de maio. 2) DO DIREITO. Excelência, não há motivos para a manutenção da prisão do Requerente. Com efeito, a prisão em flagrante imposta não atendeu às exigências legais. Sabe-se que referida modalidade de prisão cautelar só pode ser imposta dias das hipóteses previstas no art. 302 do Código de Processo Penal. Pode-se verificar que, no caso em tela, o Requerente não foi preso durante a prática do delito, nem quando ele tinha acabado de ser cometido. Também não foi perseguido em circunstâncias que fizessem presumir ser ele o autor da prática delitiva, muito menos foi encontrado, logo depois da prática do crime, com objetos ou armas que o ligassem a tal prática. O Requerente foi detido dois dias depois do delito ter sido cometido, em plena Universidade, quando assistia à aula de Direito Penal. Não há nexo nenhum entre o momento da prisão e a prática do delito. Note-se que, ainda que se pudesse presumir ser ele o autor do crime, em razão de algum objeto encontrado em seu poder – o que não é o caso – a prisão não foi efetuada logo depois da prática do crime. O requisito temporal, portanto, está afastado. A melhor solução, portanto, é o relaxamento da prisão. Essa é a jurisprudência dominante em nossos tribunais:

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“..............................................” (RT 000/000). No mesmo sentido ensina o Mestre FULANO DE TAL:

“...................................................................................” (in Processo Penal. São Paulo: Editora, 2006, p. 120).

3) DO PEDIDO. Diante do exposto, requer o relaxamento da prisão imposta ao Requerente, expedindo-se o competente alvará de soltura em seu favor, por ser medida de JUSTIÇA! Nestes Termos, Pede Deferimento. [CIDADE], ___, de ____________, de _____. __________________________________ OAB/___ nº ______________

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7.3. PEDIDO DE REVOGAÇÃO DE PRISÃO PREVENTIVA OU TE MPORÁRIA. Como visto, se a prisão em flagrante for ilegal, ou por ter sido imposta fora das hipóteses previstas em lei, ou por conter o auto de prisão em flagrante algum vício de formalidade, deve referida prisão ser relaxada. Caso ela seja legal, mas o preso, em razão de suas condições pessoais, não apresente risco ao processo nem à sociedade, autoriza-se a concessão da liberdade provisória, que pode acontecer mediante o arbitramento de fiança ou não, conforme o caso. Já se foi imposta uma prisão preventiva ou uma prisão temporária, muito embora possa eventualmente se falar em relaxamento (no caso de excesso de prazo), não há que se falar em liberdade provisória, mas sim em sua revogação. De fato, a liberdade provisória é um instituto que permite ao réu responder aos termos do processo em liberdade, diante de uma prisão em flagrante legal. É um benefício concedido ao indiciado/acusado. A prisão preventiva e a temporária são impostas por ordem do juiz e se elas foram decretadas sem que se atenda ao critério da necessidade, sem fundamento ou sem observância dos critérios legais, deve ela ser revogada, ou seja, cancelada. Assim, tendo em vista o Exame de Ordem, se um problema for apresentado, constando uma prisão preventiva ou temporária imposta abusivamente, caberá ao candidato redigir o pedido de revogação, que em termos de modelo não foge nada ao que já foi estudado (relaxamento e liberdade provisória).

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MODELO DE PEDIDO DE REVOGAÇÃO DE PRISÃO PREVENTIVA OU TEMPORÁRIA Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ____ Vara Criminal da Comarca de _____________ Autos nº ______.

“A”, (nacionalidade), (estado civil), (profissão), portador do Rg nº __________, inscrito no CPF sob nº______________, (endereço), nos autos da Ação Penal que lhe move a Justiça Pública, processo em epígrafe, por seu defensor infra-assinado (procuração em anexo), vem à presença de Vossa Excelência, requerer a REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA , pelas razões que passa a expor:

1) DOS FATOS. O Acusado foi denunciado por suposta infração ao art. 171, caput, do Código Penal, pois teria obtido vantagem ilícita em prejuízo alheio, ao empregar o denominado “golpe do bilhete premiado” em via pública desta cidade. A denúncia foi recebida por Vossa Excelência, momento em que foi decretada a prisão preventiva do Acusado, sob o fundamento de que seus antecedentes apontam que se ele continuasse em liberdade, continuaria a praticar crime, portanto, necessária a custódia cautelar. O mandado foi cumprido e o Réu encontra-se detido no Centro de Detenção Provisória local. 2) DO DIREITO. Excelência, a prisão preventiva imposta ao Acusado deve ser revogada. De fato, não há motivos para a decretação, uma vez que o Acusado, por suas condições subjetivas, não dá indícios de que pode praticar crimes se em liberdade. Não há que se falar que seus antecedentes autorizam a medida, pois assim se estaria violando o consagrado princípio constitucional da presunção de inocência. Admitir a prisão por eventuais antecedentes é presumir a culpabilidade no caso presente e não a inocência, o que é inaceitável. Note-se que o Acusado é tecnicamente primário, tem residência fixa e trabalho honesto, nada indicando que seja dado a práticas delitivas. O motivo autorizador da prisão preventiva para garantia da ordem pública está intimamente ligado à periculosidade do agente, que está totalmente afastada no caso concreto. Como se sabe, a prisão em nosso sistema processual é medida de exceção e só deve ser

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imposta em casos extremos, naqueles casos em que se denota que o Acusado não tem condições de conviver em sociedade, pois colocará em risco a paz social. Essa é a jurisprudência dominante em nossos tribunais: “..............................................” (RT 000/000). No mesmo sentido ensina o Mestre FULANO DE TAL:

“...................................................................................” (in Processo Penal. São Paulo: Editora, 2006, p. 120).

3) DO PEDIDO. Diante do exposto, requer seja revogada a prisão imposta ao Acusado, expedindo-se o competente alvará de soltura em seu favor, por ser medida de JUSTIÇA! Nestes Termos, Pede Deferimento. [CIDADE], ___, de ____________, de _____. __________________________________ OAB/___ nº ______________

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7.4. REPRESENTAÇÃO DO OFENDIDO Representação é a manifestação de vontade do ofendido ou de seu representante legal, no sentido de ser instaurada a ação penal. Exemplos de crimes que exigem representação no Código Penal: art. 129, caput (este por força do art. 88 da Lei nº 9.099/95); art. 130; art. 147. A natureza jurídica da representação é de condição de procedibilidade, ou seja, é condição para que o Ministério Público possa intentar a ação penal, possa proceder à ação, caso contrário, não poderá agir. Ela é verdadeira autorização para que o órgão ministerial possa propor a ação penal. Note-se que a representação oferecida pela vítima ou seu representante legal, não vincula o Ministério Público a oferecer denúncia. O promotor ou procurador deverá analisar se estão presentes os requisitos para propor a ação. A vontade do ofendido importa apenas para autorizar o Ministério Público a analisar as condições da ação. O prazo para oferecimento da representação é de 6 meses, a contar da data em que o ofendido vier a saber quem é o autor da infração penal, conforme art. 38, CPP. O não oferecimento da representação dentro do prazo acarreta a extinção da punibilidade pela decadência (art. 107, IV, CP). Assim, o prazo para representação é decadencial: não oferecida no prazo, terá o ofendido decaído de seu direito. Quanto à forma, não se exige nenhum rigor formal, basta a inequívoca manifestação de vontade do ofendido, no sentido de ver o autor do fato processado. O art. 39 do CPP, porém, indica que ela deve conter todas as informações que possam servir à apuração do fato e da autoria. Ressalte-se que se o ofendido representar apenas um, dos vários autores, o Ministério Público poderá denunciar todos eles. Isso é o que se chama de eficácia objetiva da representação. A titularidade do direito de representação é: a) do ofendido, em regra; b) do representante legal, se o ofendido tiver menos de 18 anos ou for doente mental; c) do cônjuge, ascendente, descendente ou irmãos (CADI), se o ofendido for morto ou declarado ausente; d) de um curador especial, no caso dos interesses do ofendido e do representante colidirem ou se não houver representante. Na hipótese de nomeação de curador, ele não está obrigado a representar, deve avaliar o interesse do assistido. No caso de ser pessoa jurídica a que deva oferecer representação, esta deve ser feita através da pessoa indicada no respectivo contrato social ou por seus diretores e sócios gerentes. A representação poderá ser dirigida ao juiz, ao representante do Ministério Público e à autoridade policial, nos termos do art. 39, caput. São os destinatários da representação. Uma vez oferecida a representação, é possível voltar atrás, ou seja, retratar-se? Sim, desde que a retratação seja realizada antes do oferecimento da denúncia, como estampado no art.

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25, CPP. Não é possível após esse momento, pois a partir daí o Ministério Público já conta com a autorização de que necessitava e não pode dispor da ação, como visto anteriormente. Nunca é demais lembrar que se trata de ação pública, de titularidade do Ministério Público.

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MODELO DE REPRESENTAÇÃO Ilustríssimo Senhor Doutor Delegado de Polícia do ___ Distrito Policial de ___________ do Estado de _______

“A”, (nacionalidade), (estado civil), (profissão), portador do Rg nº

__________, inscrito no CPF sob nº______________, (endereço), por seu advogado infra-assinado (procuração com poderes especiais em anexo), vem à presença de Vossa Senhoria, oferecer REPRESENTAÇÃO contra “B”, (qualificação), com fundamento no artigo 39 do Código de Processo Penal, pelos motivos que passa a expor:

1) DOS FATOS. O Requerente foi vítima, no último dia 20 de maio, de ameaça proferida por “B”, diante de seus familiares. “B”, sem pudores, disse ao Requerente, em alto e bom som, que ria matá-lo com um tiro na cabeça na primeira oportunidade, pois conhecia todos os passos do Requerente. 2) DO DIREITO. Tendo em vista os fatos acima narrados, torna-se evidente que, assim agindo, o ofensor praticou a conduta descrita no art. 147 do Código Penal, pois ameaçou o Requerente, por meio de palavras, de causar-lhe mal injusto e grave. Note-se que a ameaça revestiu-se de seriedade, foi proferida de forma serena pelo ofensor, não havendo qualquer discussão no momento da conduta. Ressalte-se ainda que o Requerente, de fato, sentiu-se atemorizado, pois não há dúvidas de que poderia efetivamente sofrer mal injusto e grave. Como tal infração exige a condição de procedibilidade da representação, oferece esta para que possa ter curso o competente persecução penal, com a instauração do devido Termo Circunstanciado e demais providências legais. 3) DO PEDIDO. Diante do exposto, requer seja recebida a presente Representação, lavrando-se o competente Termo Circunstanciado e prosseguindo-se nos demais termos legais. Nestes Termos, Pede Deferimento. [CIDADE], ___, de ____________, de _____. __________________________________ OAB/___ nº ______________

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7.5. QUEIXA-CRIME Queixa-crime ou simplesmente queixa é a petição inicial da ação penal privada, modalidade de ação penal já estudada anteriormente. Como toda petição inicial a queixa-crime deve preencher os requisitos enumerados pela lei para que possa ser recebida, possibilitando o regular desenvolvimento do processo. Requisitos (art. 41, CPP): a) Descrição do fato em todas as suas circunstâncias. A descrição na peça inicial deve ser exata, de modo a possibilitar a perfeita identificação da acusação para que seja exercido o direito de defesa. Deve-se narrar tudo o que se passou e na forma em que se passou, de modo que o julgador possa vislumbrar a possibilidade de ter existido crime, bem como a possibilidade de ser o querelado seu autor. b) Qualificação ou identificação do querelado. Se não for possível qualificar o querelado, isto é, apontar sua completa individualização, deve-se indicar os dados que possibilitem sua identificação. Tratam-se aqui de dados físicos, que permitam ao menos saber quem ele é, muito embora não se saiba sua qualificação, pois não se pode imputar vagamente a prática de um crime a alguém de quem não se tem a mínima certeza de quem seja. Caso não seja possível colher o menor elemento identificador, deve-se rejeitar a peça. c) Classificação jurídica do fato. É necessário apontar qual a previsão legal para a conduta que é narrada na inicial. Isso porque não se admite o recebimento da queixa de fato que não é considerado crime pela lei penal. Assim, ainda que não seja uma classificação imodificável, o correspondente abstrato ao fato concreto deve ser trazido na peça inicial. d) Rol de testemunhas. A apresentação do rol de testemunhas aparece como requisito, mas é óbvio que ele só será exigido se houver testemunha a ser inquirida. Havendo, este é o momento de arrolar, sob pena de preclusão. Note-se que para a queixa, outros requisitos ainda são exigidos, no que diz respeito à procuração outorgada ao advogado, nos termos do art. 44 do CPP. Deve o instrumento de mandato conter poderes especiais para promover a ação, além de fazer menção ao fato criminoso e indicar o nome do querelado (há erro de redação no CPP, que traz, erroneamente, a palavra querelante). O prazo para o oferecimento da queixa é de 6 meses, a contar da data do conhecimento da autoria do delito, ou do término do prazo do Ministério Público, dependendo da modalidade de ação.

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MODELO DE QUEIXA-CRIME Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ____ Vara Criminal da Comarca ______________.

“A”, (nacionalidade), (estado civil), (profissão), portadora do Rg nº

__________, inscrito no CPF sob nº_________, (endereço), por seu advogado infra-assinado (procuração com poderes especiais em anexo), vem à presença de Vossa Excelência oferecer QUEIXA-CRIME contra “B”, (qualificação), com fundamento no artigo 30 do Código de Processo Penal, pelos motivos que passa a expor:

1) DOS FATOS. Na data de 20 de abril, a Querelante voltava do trabalho para sua residência quando foi abordada pelo Querelado, em uma viela. De posse de uma faca, este obrigou-a a entrar num terreno abandonado e ali constrangeu-a à conjunção carnal. Foi instaurado o competente Inquérito Policial, que colheu todos os elementos necessários à propositura da ação penal e que segue em anexo. 2) DO DIREITO. De acordo com os fatos apurados na peça investigatória, não resta dúvida que o Querelado infringiu o art. 213 do Código Penal. De fato, a conjunção carnal, cuja prova se encontra estampada no laudo de exame de corpo de delito de fls., foi praticada sem consentimento da Querelante, muito pelo contrário, foi obtida mediante grave ameaça, através do emprego de arma branca, apreendida nos autos (fls. ). A conduta praticada pelo Querelado é grave e trouxe sérias conseqüências psicológicas à Querelante, não podendo restar impune. Como se sabe, tal crime se processa, em regra, mediante ação penal de iniciativa privada e, por essa razão, oferece a presente queixa.. 3) DO PEDIDO. Diante do exposto, requer seja recebida a presente queixa-crime, prosseguindo-se nos termos do art. 396 e seguintes do Código de Processo Penal, até final condenação do Querelado, na pena do art. 213 do Código Penal. Requer ainda sejam ouvidas as testemunhas constante do rol abaixo.

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Nestes Termos, Pede Deferimento. [CIDADE], ___, de ____________, de _____. __________________________________ OAB/___ nº ______________ Rol de testemunhas: 1)_____________, residente na Rua _________, número _____; 2)_____________, residente na Rua _________, número _____; 3)_____________, residente na Rua _________, número _____.

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7.6. RESPOSTA À ACUSAÇÃO (art. 396-A, CPP) Peça destinada ao oferecimento da primeira defesa por escrito do réu no processo. Nela, pode-se: a) discutir o mérito da imputação; b) opor exceções que verificar existirem; c) argüir nulidades ocorridas até então; d) requerer as diligências que entender necessárias; e) juntar documentos ; f) arrolar testemunhas. O prazo para apresentação é de 10 dias.

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MODELO DE RESPOSTA À ACUSAÇÃO Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da _____Vara Criminal da Comarca da _________________ do Estado de _________ Autos nº _____/___

“A”, já qualificado, nos autos da Ação Penal que lhe move a Justiça Pública, processo em epígrafe, por seu defensor infra-assinado, vem, respeitosamente à presença de Vossa Excelência, com fundamento no artigo 396-A do Código de Processo Penal, apresentar DEFESA PRÉVIA, expondo e requerendo o seguinte:

1) DOS FATOS. O Acusado foi denunciado e está sendo processado por suposta infração ao art. 157, § 2º, I, do Código Penal, pois teria subtraído um veículo com emprego de arma de fogo. 2) DO DIREITO. A acusação dirigida ao Réu é infundada, o que provará no decorrer da instrução criminal. (OBS: Nesta peça, a defesa já deve discutir matéria de mérito que possa levar à absolvição sumária, se houver, além de fazer eventuais requerimentos e arrolar as testemunhas que quer sejam ouvidas). 3) DO PEDIDO. Diante do exposto, requer a improcedência do pedido acusatório, requerendo ainda sejam ouvidas as testemunhas constantes do rol abaixo, por ser medida de JUSTIÇA! Nestes Termos, Pede Deferimento. [CIDADE], ___, de ____________, de _____. __________________________________ OAB/___ nº ______________

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Rol de testemunhas: 1)_____________, residente na Rua_________, número_____; 2)_____________, residente na Rua_________, número_____; 3)_____________, residente na Rua_________, número_____.

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7.7. ALEGAÇÕES FINAIS (MEMORIAIS) Momento para exposição da acusação e da defesa, propriamente ditas, discutindo-se e analisando-se a prova produzida nos autos, tecendo as considerações devidas. Aqui devem ser alegadas todas as matérias preliminares, isto é, aquelas cujo acolhimento impede a análise do mérito, e a matéria de mérito propriamente dita. Dessa forma, comumente se faz a argüição em preliminar de causas extintivas da punibilidade e de nulidades, pois, se acolhidas, aquelas põem fim ao processo enquanto estas implicam na renovação dos atos processuais viciados. A apresentação das alegações finais é obrigatória, tanto para a acusação, que não pode indispor da ação penal, quanto para a defesa, em atendimento aos princípios do contraditório e da ampla defesa. Vigora ainda, nesta peça, o denominado princípio da eventualidade, que permite às partes aduzirem toda a matéria que julgarem pertinente, sob a forma de pedidos subsidiários, conforme o caso. Devem ser feitas em audiência, havendo previsão de sua apresentação por escrito, em forma de memoriais, no prazo de 5 dias (art. 403, § 3º, CPP).

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MODELO DE ALEGAÇÕES FINAIS (MEMORIAIS) Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da _____ Vara Criminal da Comarca ___________________. Autos nº _____/___

“A”, já qualificado, nos autos da Ação Penal que lhe move a Justiça Pública, processo em epígrafe, por seu defensor infra-assinado, vem, respeitosamente à presença de Vossa Excelência, com fundamento no artigo 403, § 3º, do Código de Processo Penal, apresentar seus MEMORIAIS, apoiados nas seguintes razões:

1) DOS FATOS. O Acusado foi denunciado e está sendo processado por suposta infração ao art. 157, § 2º, I, do Código Penal, pois teria, mediante a simulação de estar armado, subtraído um automóvel em via pública. Em suas alegações finais, o ilustre representante do Ministério Público pugnou pela condenação do Réu, nos exatos termos da denúncia. 2) DO DIREITO. Excelência, o Réu deve ser absolvido. De fato, não se apurou nos autos a autoria do delito. De toda a prova colhida, nenhuma aponta com segurança para o acusado, apenas restam presunções e conjecturas, o que não se pode admitir no processo penal. Quando interrogado, o Acusado negou veementemente a prática do delito, dizendo que no momento do crime estava em sua residência, na companhia de seus familiares. As testemunhas arroladas pela acusação apenas disseram ter visto uma pessoa parecida com o Acusado no local do delito, sem, contudo, reconhecê-lo com segurança. Os policiais militares que atenderam à ocorrência informaram que a detenção do Réu ocorreu em sua residência, após terem recebido denúncia anônima de que ele ali se ocultava. Já as testemunhas arroladas pela defesa, por seu turno, foram unânimes ao afirmar que o acusado estava em sua residência e que nada tem a ver com a prática do delito. Inaceitável, portanto, que se possa condenar uma pessoa se nenhum elemento de prova é capaz de vinculá-la à prática delitiva, sem o mínimo de segurança. Meras suposições não têm o condão de sustentar a pretensão punitiva estatal. Por isso, a única solução para o presente caso é a absolvição do Acusado.

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Essa é a jurisprudência dominante em nossos tribunais: “..............................................” (RT 000/000). No mesmo sentido, ensina o Mestre FULANO DE TAL:

“...................................................................................” (in Processo Penal. São Paulo: Editora, 2006, p. 120).

Muito embora esteja demonstrada a inexistência de elementos comprobatórios da autoria delitiva, caso Vossa Excelência entenda deva condenar o acusado, subsidiariamente requer seja afastada a causa de aumento de pena do emprego de arma. Com efeito, já é pacífico o entendimento de que a simulação de arma não pode autorizar o aumento em questão, pois não foi efetivamente empregada uma arma, no sentido técnico. Se a simulação pode servir para caracterizar a grave ameaça, o mesmo não se pode dizer em relação à causa de aumento de pena. Se nesse sentido for admitida, teremos violação ao princípio da legalidade, pois não há previsão legal para o aumento pela simulação. Essa é a jurisprudência dominante em nossos tribunais: “..............................................” (RT 000/000). No mesmo sentido ensina o Mestre FULANO DE TAL:

“...................................................................................” (in Processo Penal. São Paulo: Editora, 2006, p. 120).

(OBS: Nesta peça deve-se argumentar sobre tudo que diga respeito à defesa do cliente, de acordo com o problema formulado: causas extintivas da punibilidade, nulidades e mérito propriamente dito). 3) DO PEDIDO. Diante do exposto, requer seja absolvido o acusado, com fundamento no art. 386, IV, do Código de Processo Penal. Caso não seja esse o entendimento de Vossa Excelência, subsidiariamente, requer seja afastada a causa de aumento de pena descrita no Art. 157, § 2º, I, por ser medida de JUSTIÇA! Nestes Termos, Pede Deferimento. [CIDADE], ___, de ____________, de _____. __________________________________ OAB/___ nº ______________

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7.8. APELAÇÃO É o recurso interposto das sentenças definitivas de condenação ou absolvição e das sentenças definitivas ou com força de definitiva, quando não caiba recurso em sentido estrito. No rito do júri, em razão da garantia de soberania dos veredictos, o cabimento da apelação não é completamente amplo, ditado pelo mero inconformismo do apelante, mas sim está ele restrito às hipóteses previstas no Código. Nos termos do art. 593, III, caberá apelação das decisões proferidas pelo Tribunal do Júri quando: a) ocorrer nulidade posterior à pronúncia. O julgamento é anulado e o réu submetido a outro; b) a sentença do juiz presidente for contrária à lei expressa ou à decisão dos jurados. O tribunal reforma e retifica a sentença, já que não se trata da decisão do conselho de sentença, não havendo, portanto, novo julgamento; c) houver erro ou injustiça na aplicação da pena. O tribunal retifica a dosagem da pena, não havendo necessidade de novo julgamento; d) decisão dos jurados for manifestamente contrária à prova dos autos. Realiza-se novo julgamento. A apelação por este fundamento só é cabível uma única vez. Na apelação, não se pode formular novo pedido, até então inexistente nos autos. Só se procede ao reexame de matéria já discutida em primeira instância. Assim, de acordo com a matéria que será discutida, pode ser ampla ou limitada, ou seja, pode-se apelar da decisão por inteiro ou de parte dela. Desta forma, o Tribunal estará preso aos limites do apelo, adotando-se o princípio tantum devolutum quantum apellatum. O limite do apelo é fixado na interposição do mesmo e não quando da apresentação das razões. Comporta também a apelação, a veiculação de matérias preliminares. Quanto à legitimidade, pode apelar o réu, mesmo que a sentença seja absolutória, desde que seja visando alterar o fundamento da absolvição, para fundamento que melhor lhe aproveite. O Ministério Público não pode apelar de sentença absolutória na ação penal privada. Em caso de sentença condenatória, pode ele apelar em favor do réu, seja ação pública ou privada, na função de custos legis. O assistente de acusação tem legitimidade supletiva, ou seja, poderá apelar se o Ministério Público não o fizer. Quanto à possibilidade de apelar para aumentar a pena, a posição não admite tal hipótese, pois se coloca ao lado do entendimento de que seu interesse é a condenação para a formação do título executivo judicial, apenas.. Poderá o assistente, contudo, arrazoar o recurso interposto pelo Ministério Público. O prazo para interposição da apelação é de 5 dias e para a apresentação das razões 8 dias. No caso da apelação supletiva, terá o assistente de acusação os mesmo 5 dias para interpor a apelação, se já estiver habilitado nos autos, e 15 dias se não estiver. O art. 600, § 4º, CPP, faculta ao apelante apresentar as razões em Segunda Instância, desde que declare na interposição do recurso. Na Lei nº 9.099/95 o prazo é de 10 dias, com razões já inclusas.

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MODELO DE PETIÇÃO PARA INTERPOSIÇÃO DO RECURSO DE A PELAÇÃO Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ____ Vara Criminal da Comarca ___________________. Autos nº _____/___

“A”, já qualificado, nos autos da Ação Penal que lhe move a Justiça Pública, processo em epígrafe, por seu defensor infra-assinado, vem, respeitosamente à presença de Vossa Excelência, inconformado com a r. sentença de fls., interpor APELAÇÃO , com fundamento no artigo 593, I, do Código de Processo Penal.

Requer seja a presente recebida e seja ordenado o seu processamento, encaminhando-se ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado _______________, com as razões em anexo.

Nestes Termos, Pede Deferimento. [CIDADE], ___, de ____________, de _____. __________________________________ OAB/___ nº ______________

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MODELO DE RAZÕES DE APELAÇÃO RAZÕES DE APELAÇÃO APELANTE: “A” APELADA: Justiça Pública Processo nº ........., da _____ Vara Criminal da Comarca ___________.

(Pular aproximadamente 5 linhas) EGRÉGIO TRIBUNAL, COLENDA CÂMARA, (EMÉRITOS JULGADORES) Em que pese o notório saber jurídico do meritíssimo Juiz de primeiro grau, impõe-se a reforma da r. sentença pelas razões fáticas e de direito que passa a expor. 1) DOS FATOS. O Apelante foi denunciado e processado por suposta infração ao art. 157, § 2º, I, do Código Penal, pois teria, mediante a simulação de estar armado, subtraído um automóvel em via pública. Restou condenado às penas de 5 anos e 4 meses de reclusão, em regime inicial semi-aberto, e ao pagamento de 13 dias-multa, no mínimo legal. 2) DO DIREITO. Preliminarmente. Antes que seja enfrentado o mérito da presente causa, se faz necessária a análise de matéria preliminar, qual seja, a nulidade do processo. De fato, pode-se observar que o Acusado não foi citado, muito embora estivesse preso. Não há justificativa para a inexistência do referido ato, pois há nos autos, desde o início, notícia do local onde se encontra recolhido. Por muito tempo nosso ordenamento aceitou que em relação ao réu preso, bastava a requisição para sua apresentação em juízo, dispensando-se, assim, a citação. A nova redação do art. 360, contudo, impõe a necessidade do ato citatório ao réu preso, atendendo à idéia de que a citação não é mero chamamento ao processo, mas ato pelo qual o acusado deve tomar plena ciência da imputação. Não tendo havido a citação, impossibilitou-se a ampla defesa, garantia constitucional dos acusado em geral. Desta forma, ocorreu nulidade absoluta, o que traz como conseqüência a anulação do processo, desde o seu início. Essa é a jurisprudência dominante em nossos tribunais:

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“..............................................” (RT 000/000). No mesmo sentido ensina o Mestre FULANO DE TAL:

“...................................................................................” (in Processo Penal. São Paulo: Editora, 2006, p. 120).

Mérito. Caso seja ultrapassada a matéria preliminarmente argüida, no mérito o Apelante deve ser absolvido. De fato, não se apurou nos autos a autoria do delito. De toda a prova colhida, nenhuma aponta com segurança para o Apelante, apenas restam presunções e conjecturas, o que não se pode admitir no processo penal. Quando interrogado, o Apelante negou veementemente a prática do delito, dizendo que no momento do crime estava em sua residência, na companhia de seus familiares. As testemunhas arroladas pela acusação apenas disseram ter visto uma pessoa parecida com o Apelante no local do delito, sem, contudo, reconhecê-lo com segurança. Os policiais militares que atenderam à ocorrência informaram que a detenção do Apelante ocorreu em sua residência, após terem recebido denúncia anônima de que ele ali se ocultava. Já as testemunhas arroladas pela defesa, por seu turno, foram unânimes ao afirmar que o acusado estava em sua residência e que nada tem a ver com a prática do delito. Inaceitável, portanto, que se possa condenar uma pessoa se nenhum elemento de prova é capaz de vinculá-la à prática delitiva, sem o mínimo de segurança. Meras suposições não têm o condão de sustentar a pretensão punitiva estatal. Por isso, a única solução para o presente caso é a reforma da r. decisão com a conseqüente absolvição do Apelante. Essa é a jurisprudência dominante em nossos tribunais: “..............................................” (RT 000/000). No mesmo sentido, ensina o Mestre FULANO DE TAL:

“...................................................................................” (in Processo Penal. São Paulo: Editora, 2006, p. 120).

Muito embora esteja demonstrada a inexistência de elementos comprobatórios da autoria delitiva, caso Vossas Excelências entendam devam manter a condenação do Apelante, subsidiariamente requer seja afastada a causa de aumento de pena do emprego de arma. Com efeito, já é pacífico o entendimento de que a simulação de arma não pode autorizar o aumento em questão, pois não foi efetivamente empregada uma arma, no sentido técnico.

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Se a simulação pode servir para caracterizar a grave ameaça, o mesmo não se pode dizer em relação à causa de aumento de pena. Se nesse sentido for admitida, teremos violação ao princípio da legalidade, pois não há previsão legal para o aumento pela simulação. Essa é a jurisprudência dominante em nossos tribunais: “..............................................” (RT 000/000). No mesmo sentido ensina o Mestre FULANO DE TAL:

“...................................................................................” (in Processo Penal. São Paulo: Editora, 2006, p. 120).

(OBS: Nesta peça deve-se argumentar sobre tudo que diga respeito à defesa do cliente, de acordo com o problema formulado, contrariando a decisão do Magistrado). 3) DO PEDIDO. Diante do exposto, requer seja conhecido e provido o presente recurso, para declarar a nulidade desde o início do processo, nos termos do art. 564, III, e, do Código de Processo Penal. Caso seja ultrapassada a matéria preliminarmente argüida, no mérito requer a absolvição do Apelante, com fundamento no art. 386, IV, do Código de Processo Penal, ou, subsidiariamente, seja afastada a causa de aumento de pena prevista no art. 157, § 2º, I, do Código de Penal, por ser medida de JUSTIÇA! [CIDADE], ___, de ____________, de _____. __________________________________ OAB/___ nº ______________

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MODELO DE APRESENTAÇÃO DE CONTRA-RAZÕES DE APELAÇÃO Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz Presidente do ____ Tribunal do Júri da Comarca de ___________________. Autos nº _____/___

“A”, já qualificado, nos autos da Ação Penal que lhe move a Justiça Pública, processo em epígrafe, por seu defensor infra-assinado, vem, respeitosamente à presença de Vossa Excelência, apresentar suas CONTRA-RAZÕES DE APELAÇÃO , com fundamento no artigo 600 do Código de Processo Penal.

Requer seja a presente juntada aos autos, encaminhando-se ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado___________.

Nestes Termos, Pede Deferimento. [CIDADE], ___, de ____________, de _____. __________________________________ OAB/___ nº ______________

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MODELO DE CONTRA-RAZOES DE APELAÇÃO CONTRA-RAZÕES DE APELAÇÃO APELANTE: Justiça Pública APELADO: “A” Processo nº ........., da _____ Vara Criminal da Comarca ___________.

(Pular aproximadamente 5 linhas) EGRÉGIO TRIBUNAL, COLENDA CÂMARA, (EMÉRITOS JULGADORES), Em que pese o infonformismo do ilustre representante do Ministério Público, impõe-se a manutenção da r. sentença pelas razões fáticas e de direito que passa a expor. 1) DOS FATOS. O Apelante foi denunciado e processado por suposta infração ao art. 157, § 2º, I, do Código Penal, pois teria, mediante a simulação de estar armado, subtraído um automóvel em via pública. Ao final, foi absolvido pelo MM. Juiz, com fundamento no art. 386, IV, do Código de Processo Penal. Inconformado, o ilustre representante do Ministério Público recorreu da r. decisão. 2) DO DIREITO. Não há motivos para a reforma da r. decisão. De fato, não se apurou nos autos a autoria do delito. De toda a prova colhida, nenhuma aponta com segurança para o Apelado, apenas restam presunções e conjecturas, o que não se pode admitir no processo penal. Quando interrogado, o Apelado negou veementemente a prática do delito, dizendo que no momento do crime estava em sua residência, na companhia de seus familiares. As testemunhas arroladas pela acusação apenas disseram ter visto uma pessoa parecida com o Apelante no local do delito, sem, contudo, reconhecê-lo com segurança. Os policiais militares que atenderam à ocorrência informaram que a detenção do Apelado ocorreu em sua residência, após terem recebido denúncia anônima de que ele ali se ocultava. Já as testemunhas arroladas pela defesa, por seu turno, foram unânimes ao afirmar que o Apelado estava em sua residência e que nada tem a ver com a prática do delito. Inaceitável, portanto, que se possa condenar uma pessoa se nenhum elemento de prova é capaz de vinculá-la à prática delitiva, sem o mínimo de segurança. Meras

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suposições não têm o condão de sustentar a pretensão punitiva estatal. Por isso, agiu acertadamente o Magistrado ao proferir sentença absolutória. Essa é a jurisprudência dominante em nossos tribunais: “..............................................” (RT 000/000). No mesmo sentido, ensina o Mestre FULANO DE TAL:

“...................................................................................” (in Processo Penal. São Paulo: Editora, 2006, p. 120).

(OBS: Nesta peça deve-se argumentar sobre tudo que diga respeito à defesa do cliente, de acordo com o problema formulado, ressaltando o acerto da decisão do Magistrado e contrariando as razões do MP). 3) DO PEDIDO. Diante do exposto, requer seja negado provimento ao recurso, para manter a absolvição do Apelante, com fundamento no art. 386, IV, do Código de Processo Penal, por ser medida de JUSTIÇA! [CIDADE], ___, de ____________, de _____. __________________________________ OAB/___ nº ______________

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7.9. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO É o que se destina a possibilitar o reexame das matérias previstas no art. 581 do Código de Processo Penal. A posição majoritária da doutrina aponta para a taxatividade do rol, apesar de opiniões em contrário. De qualquer forma, estabelece referido artigo que caberá recurso em sentido estrito: a) da decisão que rejeitar a denúncia ou a queixa. Há exceções na legislação processual, quanto a essa decisão nos crimes de imprensa e nas infrações de menor potencial ofensivo, em que é desafiada por apelação. b) da decisão que concluir pela incompetência do juízo. Trata-se da decisão que reconhece a incompetência de ofício e não através de exceção oferecida pelas partes. c) da decisão que julgar procedente exceção, salvo a de suspeição. Como visto anteriormente, no caso da exceção de suspeição não cabe o recurso porque ela é julgada pela segunda instância. d) da decisão que pronunciar o réu. Hipótese em que podem recorrer o Ministério Público, o assistente de acusação e o acusado. Inclusive, pode o acusado recorrer da impronúncia, para sustentar que deva ser absolvido sumariamente, por exemplo (situação mais favorável a ele). e) da decisão que conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar inidônea a fiança, indeferir requerimento de prisão preventiva ou revogá-la, conceder liberdade provisória ou relaxar a prisão em flagrante. f) da decisão que julgar quebrada a fiança ou perdido seu valor. g) da decisão que decretar a prescrição ou julgar, por outro modo, extinta a punibilidade. A decisão, portanto, que declara extinta a punibilidade do acusado, apesar de ser definitiva, é atacada por recurso em sentido estrito e não por apelação. h) da decisão que indeferir o pedido de reconhecimento da prescrição ou de outra causa extintiva da punibilidade. A diferença em relação à previsão anterior é que aqui foi feito requerimento pela parte, para a declaração de extinção da punibilidade, enquanto no outro a decisão era de ofício. i) da decisão que conceder ou negar a ordem de habeas corpus. Refere-se à decisão proferida por juiz, em primeira instância. Esta decisão também se sujeita, como visto, ao reexame necessário. j) da decisão que anular o processo da instrução criminal, no todo ou em parte. k) da decisão que incluir jurado na lista geral ou desta o excluir. Cuida a hipótese da lista anual que contém o nome dos jurados selecionados para trabalharem nas sessões do Júri. Esta lista pode ser impugnada no prazo de 20 dias, dirigindo-se o recurso diretamente ao Presidente do Tribunal de Justiça.

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l) da decisão que denegar a apelação ou julgá-la deserta. Trata-se de juízo de admissibilidade do recurso de apelação. m) da decisão que ordenar a suspensão do processo, em virtude de questão prejudicial. n) da decisão que decidir o incidente de falsidade. Trata-se do incidente de falsidade documental. As demais hipóteses contidas no art. 581 perderam a aplicação em razão de tratar de matéria de execução penal, que passou a ser disciplinada pela Lei nº 7.210/84 – Lei de Execução Penal. São eles: incisos XI, XII, XVII, XIX, XX, XXI, XXII, XXIII, XXIV. O recurso em sentido estrito possibilita ao próprio juiz recorrido uma nova apreciação da questão, antes da remessa dos autos à Segunda Instância – o que se denomina juízo de retratação. O prazo para sua interposição é de 5 dias. As razões devem ser apresentadas em 2 dias (art. 588, CPP). Lembre-se da hipótese que impugna lista geral de jurados, onde o prazo é de 20 dias e recurso endereçado ao Presidente do Tribunal de Justiça.

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MODELO DE INTERPOSIÇÃO DO RECURSO EM SENTIDO ESTRIT O (R.E.S.E.) Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da Vara do Júri da Comarca ___________________. Autos nº _____/___

“A”, já qualificado, nos autos da Ação Penal que lhe move a Justiça Pública, processo em epígrafe, por seu defensor infra-assinado, vem, respeitosamente à presença de Vossa Excelência, inconformado com a r. decisão de fls., interpor RECURSO EM SENTIDO ESTRITO , com fundamento no artigo 581, IV, do Código de Processo Penal.

Requer seja recebido o presente recurso e, caso Vossa Excelência entenda deva manter a r. decisão, seja ele encaminhado ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado _______________, com as razões em anexo.

Nestes Termos, Pede Deferimento. [CIDADE], ___, de ____________, de _____. __________________________________ OAB/___ nº ______________

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MODELO DE RAZÕES DE RECURSO EM SENTIDO ESTRITO (R.E .S.E.) RAZÕES DE RECURSO EM SENTIDO ESTRITO RECORRENTE: “A” RECORRIDA: Justiça Pública Processo nº ........., da _____ Vara do Júri da Comarca ___________.

(Pular aproximadamente 5 linhas) EGRÉGIO TRIBUNAL, COLENDA CÂMARA, (EMÉRITOS JULGADORES), Em que pese o notório saber jurídico do meritíssimo Juiz de primeiro grau, impõe-se a reforma da r. decisão pelas razões fáticas e de direito que passa a expor. 1) DOS FATOS. O Recorrente foi denunciado e processado por suposta infração ao art. 121, caput, do Código Penal, pois teria efetuado disparos de arma de fogo que levaram “B” à morte. Restou pronunciado nos termos da denúncia, sob o fundamento de que estão presentes no caso, indícios veementes de autoria e prova da materialidade do crime. 2) DO DIREITO. Excelências, o Recorrente deve ser despronunciado. De fato, não há indícios de autoria a autorizar a pronúncia. Observa-se, pela análise do que foi produzido nos presentes autos, que nenhuma das pessoas ouvidas liga o Recorrente ao crime. Seu nome só é mencionado porque as testemunhas “ouviram dizer” que seria ele o autor do delito. Ora, como se sabe, prova de “ouvir dizer” não é prova suficiente para submeter o Recorrente a julgamento perante o Tribunal Popular. Ainda que se exija apenas indícios de autoria, esses indícios devem ser, no mínimo, razoáveis, o que não acontece no caso em tela. Não se argumente, também, que na fase da pronúncia vigora o princípio “in dubio pro societate”. Como se sabe, em qualquer fase processual, a dúvida deve beneficiar o acusado. Seria temeroso submeter o Recorrente a julgamento pelo Júri, se não existem ao menos indícios razoáveis de autoria. Essa é a jurisprudência dominante em nossos tribunais: “..............................................” (RT 000/000). No mesmo sentido, ensina o Mestre FULANO DE TAL:

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“...................................................................................” (in Processo Penal. São Paulo: Editora, 2006, p. 120).

(OBS: Nesta peça deve-se argumentar sobre tudo que diga respeito à defesa do cliente, de acordo com o problema formulado, contrariando a decisão do Magistrado). 3) DO PEDIDO. Diante do exposto, requer seja conhecido e provido o presente recurso, para despronunciar o Recorrente, com fundamento no art. 409, do Código de Processo Penal, por ser medida de JUSTIÇA! [CIDADE], ___, de ____________, de _____. __________________________________ OAB/___ nº ______________

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7.10. AGRAVO EM EXECUÇÃO É o recurso cabível de todas as decisões proferidas pelo Juízo das Execuções Criminais, conforme dispõe o art. 197 da Lei nº 7.210/84 (Lei de Execução Penal), tais como: unificação de penas, progressão de regime, saída temporária, livramento condicional, entre outras. Pode ser utilizado tanto pela defesa como pelo Ministério Público. Por falta de previsão legal, segue o mesmo procedimento do RESE, incluindo o prazo de 5 dias para interposição e 2 dias para apresentação de razões, admitindo-se, também, o juízo de retratação.

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MODELO DE INTERPOSIÇÃO DE AGRAVO EM EXECUÇÃO

Excelentíssimo Senhor Doutor de Direito da Vara das Execuções Criminais da Comarca ___________________. Autos nº _____/___

“A”, já qualificado, nos autos da Execução em epígrafe, por seu defensor infra-assinado, vem, respeitosamente à presença de Vossa Excelência, inconformado com a r. decisão de fls., interpor AGRAVO EM EXECUÇÃO , com fundamento no artigo 197 da Lei nº 7.210/84.

Caso Vossa Excelência entenda deva manter a r. decisão, requer seja o presente recebido e seja ordenado o seu processamento, encaminhando-se ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado ___________, com as razões em anexo.

Nestes Termos, Pede Deferimento. [CIDADE], ___, de ____________, de _____. __________________________________ OAB/___ nº ______________

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MODELO DE RAZÕES DE AGRAVO EM EXECUÇÃO

RAZÕES DE AGRAVO EM EXECUÇÃO AGRAVANTE: “A” AGRAVADA: Justiça Pública Processo nº ........., da _____ Vara das Execuções Criminais da Comarca ___________.

(Pular aproximadamente 5 linhas) EGRÉGIO TRIBUNAL, COLENDA CÂMARA, (EMÉRITOS JULGADORES), Em que pese o notório saber jurídico do meritíssimo Juiz de primeiro grau, impõe-se a reforma da r. decisão de fls., pelas razões fáticas e de direito que passa a expor. 1) DOS FATOS. O Agravante foi processado e condenado por infração ao art. 213 do Código Penal, à pena de 6 anos de reclusão, em regime inicial fechado. Recorreu e seu recurso foi improvido. Encontra-se recolhido na Penitenciária do Estado há 3 ano, com bom comportamento. Requereu progressão para o regime semi-aberto, o que foi indeferido pelo Magistrado, sob o fundamento de que o crime pelo qual foi condenado é de extrema gravidade. 2) DO DIREITO. Excelências, o recurso deve ser provido. De fato, a r. decisão de fls. carece de fundamento legal, pois negou o direito do Agravante de progredir de regime prisional, sob o argumento de que o crime praticado é de extrema gravidade. Ora, os dispositivos legais que disciplinam a progressão de regime – art. 122, da Lei nº 7.209/84 e art. 2º, § 2º, – estabelecem apenas dois requisitos para a concessão do benefício: bom comportamento e cumprimento de mais de 2/5 da pena. No caso presente, o Agravante tem seu bom comportamento demonstrado no atestado emitido pelo diretor do estabelecimento prisional (fls. ). Quanto ao lapso temporal, cumpre pena há 3 anos, o que supera a fração de 2/5 exigida pela Lei. Portanto, não há motivos para o indeferimento do pleito. A Lei não impõe como restrição a gravidade do delito; pautar-se por ela, com todo o respeito, é inovação legislativa, tarefa que não cabe ao Poder Judiciário.

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Essa é a jurisprudência dominante em nossos tribunais: “..............................................” (RT 000/000). No mesmo sentido, ensina o Mestre FULANO DE TAL:

“...................................................................................” (in Processo Penal. São Paulo: Editora, 2006, p. 120).

(OBS: Nesta peça deve-se argumentar sobre tudo que diga respeito à defesa do cliente, de acordo com o problema formulado, contrariando a decisão do Magistrado). 3) DO PEDIDO. Diante do exposto, requer seja conhecido e provido o presente recurso, para conceder a progressão de regime prisional para o semi-aberto ao Agravante, por ser medida de JUSTIÇA! [CIDADE], ___, de ____________, de _____. __________________________________ OAB/___ nº ______________

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7.11. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO É o recurso endereçado ao próprio prolator da decisão, seja juiz ou tribunal, a fim de declarar, isto é, esclarecer, completar a decisão que contenha obscuridade, ambigüidade, contradição ou omissão. No Código de Processo Penal, o prazo para interposição é de 2 dias, tendo como efeito a interrupção do prazo dos demais recursos. Já na Lei 9.099/95, o prazo é de 5 dias, tendo como efeito a suspensão do prazo dos demais recursos.

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MODELO DE EMBARGOS DE DECLARAÇÃO

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ___ Vara Criminal da Comarca ___________.

Autos nº _____/___

“A”, já qualificado, nos autos da Ação Penal que lhe move a Justiça Pública, processo em epígrafe, por seu defensor infra-assinado, vem, respeitosamente à presença de Vossa Excelência, com fundamento no artigo 382 do Código de Processo Penal, opor EMBARGOS DE DECLARAÇÃO à r. sentença de fls., pelas razões a seguir expostas:

1) DOS FATOS. O Embargante foi processado e condenado à pena de 12 anos de reclusão, por infração ao art. 213 e art. 214, ambos do Código Penal. Em sua r. decisão, contudo, o MM. Juiz deixou de analisar tese relevante sustentada pela defesa, qual seja, a aplicação da regra do crime continuado. 2) DO DIREITO. Não obstante o brilho do ilustre Magistrado, deixou ele de apreciar tese de extrema importância, sustentada pela defesa. De fato, a imputação dirigida ao Embargante prevê a prática de duas condutas em concurso material, o que foi acolhido pelo MM. Juiz. Porém, a defesa, fundamentadamente, pleiteou, caso fosse o Embargante condenado, que fosse reconhecida e aplicada a regra contido no art. 71 do Código Penal, ou seja, regra do crime continuado, tese não apreciada pelo Magistrado. Se acolhido o pleito subsidiário, a pena aplicada poderia ter sido bem menor, o que demonstra o prejuízo ao Embargante, pela não apreciação da tese ventilada nas alegações finais da defesa. Essa é a jurisprudência dominante em nossos tribunais: “..............................................” (RT 000/000). No mesmo sentido, ensina o Mestre FULANO DE TAL:

“...................................................................................” (in Processo Penal. São Paulo: Editora, 2006, p. 120).

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(OBS: Nesta peça deve-se argumentar de modo a apontar o defeito contido na decisão). 3) DO PEDIDO. Diante do exposto, requer sejam acolhidos os presentes embargos, para que seja suprida a omissão na r. sentença de fls., por ser medida de JUSTIÇA! Nestes Termos, Pede Deferimento. [CIDADE], ___, de ____________, de _____.

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7.12. EMBARGOS INFRINGENTES E DE NULIDADE São recursos exclusivos da defesa, cabíveis quando não for unânime a decisão de Segunda Instância - prejudicial ao acusado -, no julgamento de recurso em sentido estrito e apelação (e agravo em execução, para alguns). Diferenciam-se os recursos apenas pela matéria neles veiculadas. Os infringentes versam sobre matéria de mérito e os de nulidade, sobre questão processual, ou, como o próprio nome diz, nulidades. Só pode ser objeto de discussão nos embargos a matéria divergente, desfavorável ao acusado. Assim, as razões do recurso estão adstritas a tecer argumentação sobre o voto vencido. O prazo para oposição é de 10 dias.

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MODELO DE PETIÇÃO PARA OPOSIÇÃO DOS EMBARGOS INFRIN GENTES E DE NULIDADE Excelentíssimo Senhor Doutor Desembargador Relator da Apelação nº ______, da _____ Câmara Criminal do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de _______. Autos nº _____/___

“A”, já qualificado, nos autos da Apelação em epígrafe, por seu defensor infra-assinado, vem, respeitosamente à presença de Vossa Excelência, inconformado com o v. acórdão de fls., opor EMBARGOS INFRINGENTES (OU DE NULIDADE) , com fundamento no artigo 609, parágrafo único, do Código de Processo Penal.

Requer seja o presente recebido e seja ordenado o seu processamento, com as razões em anexo.

Nestes Termos, Pede Deferimento. [CIDADE], ___, de ____________, de _____. __________________________________ OAB/___ nº ______________

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MODELO DE RAZÕES DE EMBARGOS INFRINGENTES E DE NULI DADE RAZÕES DE EMBARGOS INFRINGENTES (OU DE NULIDADE) EMBARGANTE: “A” EMBARGADA: Justiça Pública Recurso nº __________, da ______ Câmara do Tribunal de Justiça do Estado _______.

(Pular aproximadamente 5 linhas) EGRÉGIO TRIBUNAL, COLENDA CÂMARA, Em que pese o notório saber jurídico do nobre Turma Julgadora, impõe-se a reforma do v. acórdão, pelas razões fáticas e de direito que passa a expor. 1) DOS FATOS. O Embargante foi processado e condenado à pena de 8 anos de reclusão, em regime inicial aberto, por infração ao art. 213 do Código Penal. Recorreu e seu recurso foi improvido por maioria de votos, sustentando o voto vencido que a pena deveria ser reduzida ao patamar mínimo – 6 anos – uma vez que o Acusado é primário e ostenta bons antecedentes. 2) DO DIREITO. Excelências, a pena deve ser reduzida. Como muito bem observado pelo ilustre Desembargador Revisor, ainda que a condenação seja mantida, não se justifica o aumento realizado pelo MM. Juiz a quo. Não há nos autos nenhum elemento que autorize o referido aumento de pena. Note-se que o Embargante é primário e não possui nenhuma anotação criminal. Além disso, as demais circunstâncias judiciais lhe são favoráveis, o que ampara a solução encontrada pelo ilustre Desembargador vencido. Essa é a jurisprudência dominante em nossos tribunais: “..............................................” (RT 000/000). No mesmo sentido, ensina o Mestre FULANO DE TAL:

“...................................................................................” (in Processo Penal. São Paulo: Editora, 2006, p. 120).

Assim, o voto vencido é quem deve prevalecer no novo julgamento a ser realizado perante essa Colenda Câmara.

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(OBS: Nesta peça deve-se argumentar a respeito do voto vencido, a matéria que foi nele ventilada é o objeto de sustentação). 3) DO PEDIDO. Diante do exposto, requer sejam acolhidos os embargos opostos, para reduzir a pena imposta ao Embargante, por ser medida de JUSTIÇA! [CIDADE], ___, de ____________, de _____. __________________________________ OAB/___ nº ______________

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7.13. CORREIÇÃO PARCIAL É um recurso de caráter administrativo-judiciário, que visa corrigir despachos que impliquem em inversão tumultuária do processo. Tem cabimento subsidiário, ou seja, só deve ser utilizado quando não há recurso específico para a hipótese. Ocorre divergência na doutrina, a respeito do processamento da correição parcial. Alguns entendem que tal recurso deve seguir o rito do agravo de instrumento, como dispõem as leis de organização judiciária de alguns Estados da Federação. Outros entendem que deve a correição seguir o mesmo processamento do recurso em sentido estrito, recurso de cabimento semelhante. Adotamos para nosso modelo, aqui, a segunda posição.

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MODELO DE CORREIÇÃO PARCIAL Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da _____Vara Criminal da Comarca ___________. Autos nº _____/___

_______________________, já qualificado, nos autos da Ação Penal que lhe move a Justiça Pública, processo em epígrafe, por seu defensor infra-assinado, vem, respeitosamente à presença de Vossa Excelência, inconformado com a r. sentença/decisão de fls., interpor CORREIÇÃO PARCIAL , com fundamento no artigo ____, da Lei nº __________.

Caso Vossa Excelência entenda deva manter a r. decisão, requer seja o presente recebido e ordenado o seu processamento, encaminhando-se ao Egrégio Tribunal _______________.

Nestes Termos, Pede Deferimento. [CIDADE], ___, de ____________, de _____. __________________________________ OAB/___ nº ______________

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MODELO DE RAZÕES DE CORREIÇÃO PARCIAL

RAZÕES DE CORREIÇÃO PARCIAL CORRIGENTE: ............................... CORRIGIDO: Juízo da _____ Vara Criminal da Comarca ___________.

(Pular aproximadamente 5 linhas) EGRÉGIO TRIBUNAL, COLENDA CÂMARA, Em que pese o notório saber jurídico do meritíssimo Juiz de primeiro grau, impõe-se a reforma da r. sentença/decisão pelas razões fáticas e de direito que passa a expor. 1) DOS FATOS. (Descrição do fato narrado no problema). 2) DO DIREITO. (Nesta peça deve-se apontar qual o erro do juiz que cause inversão tumultuária dos atos do processo). 3) DO PEDIDO. Diante do exposto, requer seja dado provimento ao recurso, para __________, com fundamento no art. _____, do Código de Processo Penal, (conforme a tese ventilada no problema) por ser medida de JUSTIÇA! [CIDADE], ___, de ____________, de _____. __________________________________ OAB/___ nº ______________

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7.14. CARTA TESTEMUNHÁVEL Recurso cabível da decisão que não recebe ou nega seguimento ao recurso em sentido estrito (e, para alguns, do agravo em execução e do protesto por novo júri). Deve ser requerida no prazo de 48 horas ao Escrivão Diretor do Cartório Judicial. Também conta com o juízo de retratação por parte do magistrado.

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MODELO DE CARTA TESTEMUNHÁVEL Ilustríssimo Senhor Escrivão Diretor do Cartório do ______ Ofício Criminal da Comarca ______________. Autos nº _____/___

_______________________, já qualificado, nos autos da Ação Penal que lhe move a Justiça Pública, processo em epígrafe, por seu defensor infra-assinado, vem, respeitosamente à presença de Vossa Senhoria, interpor CARTA TESTEMUNHÁVEL , com fundamento no artigo 639 do Código de Processo Penal.

Caso o MM. Juiz entenda deva manter a r. decisão, requer seja o presente recebido e ordenado o seu processamento, encaminhando-se ao Egrégio Tribunal _______________, com as seguintes peças trasladadas:

1) ____________

2) ____________

3) ____________.

Nestes Termos, Pede Deferimento. [CIDADE], ___, de ____________, de _____. __________________________________ OAB/___ nº ______________

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MODELO DE RAZÕES DE CARTA TESTEMUNHÁVEL RAZÕES DE CARTA TESTEMUNHÁVEL TESTEMUNHANTE: _______________ TESTEMUNHADA: Justiça Pública Processo nº ........., da _____ Vara Criminal da Comarca ___________.

(Pular aproximadamente 5 linhas) EGRÉGIO TRIBUNAL, COLENDA CÂMARA, Em que pese o notório saber jurídico do meritíssimo Juiz de primeiro grau, impõe-se a reforma da r. sentença/decisão pelas razões fáticas e de direito que passa a expor. 1) DOS FATOS. (Descrição do fato narrado no problema). 2) DO DIREITO. (Nesta peça deve-se argumentar sobre o não recebimento ou não seguimento do recurso interposto). 3) DO PEDIDO. Diante do exposto, requer seja dado provimento ao recurso, para que seja recebido/seja dado seguimento ao recurso interposto, por ser medida de JUSTIÇA! [CIDADE], ___, de ____________, de _____. __________________________________ OAB/___ nº ______________

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7.15. RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL Trata-se de recurso previsto na Constituição da República e será cabível, em matéria criminal, da: a) decisão denegatória de habeas corpus e mandado de segurança em Tribunais. Se a decisão for proferida por Tribunal Superior, será julgado pelo STF, se proferida por Tribunal Estadual ou Tribunal Regional Federal, será julgado pelo STJ; b) decisão que julga crimes políticos. A competência para julgamento é do STF. O prazo para interposição é de 5 dias no caso de habeas corpus e 15 dias, no caso de mandado de segurança, ambos com as razões já inclusas.

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MODELO DE PETIÇÃO PARA INTERPOSIÇÃO DE RECURSO ORDI NÁRIO CONSTITUICIAL

Excelentíssimo Senhor Doutor Desembargador Presidente do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado ____________. Autos nº _____/___

“A”, já qualificado, nos autos do Habeas Corpus em epígrafe, por seu advogado infra-assinado, vem, respeitosamente à presença de Vossa Excelência, interpor RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL , com fundamento no artigo 105, II, “a”, da Constituição Federal e artigos 30 e seguintes da Lei nº 8.038/90.

Requer seja o presente recebido e ordenado o seu processamento, encaminhando-se ao Egrégio Superior Tribunal de Justiça.

Nestes Termos, Pede Deferimento. [CIDADE], ___, de ____________, de _____. __________________________________ OAB/___ nº ______________

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MODELO DE RAZÕES DE RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONA L

RAZÕES DE RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL RECORRENTE: “A” RECORRIDA: Justiça Pública Habeas Corpus nº _____ do Tribunal de Justiça do Estado __________.

(Pular aproximadamente 5 linhas) EGRÉGIO TRIBUNAL, COLENDA TURMA, (EMÉRITOS JULGADORES), Em que pese o notório saber jurídico do Tribunal a quo, impõe-se a reforma do v. acórdão, pelas razões fáticas e de direito que passa a expor. 1) DOS FATOS. O Recorrente foi denunciado e está sendo processado por suposta infração ao art. 159, caput, do Código Penal, pois teria privado de liberdade “B”, exigindo de seus parentes, quantia a título de resgate. Encontra-se preso desde o flagrante. O processo encontra-se em fase de instrução e já conta com 2 anos de andamento, o que motivou a impetração de ordem de habeas corpus junto ao Tribunal de Justiça, que indeferiu-a, através de sua 1ª Câmara Criminal. 2) DO DIREITO. Excelências, o presente recurso deve ser provido. De fato, não há justificativas para a demora no andamento do processo e muito menos para a manutenção do Recorrente na prisão. Como se sabe, a soma dos prazos processuais do rito ordinário totaliza 81 dias. Este é o prazo para o encerramento da instrução, quando o acusado se encontra preso. Contudo, já se passaram 2 anos sem que a defesa tivesse concorrido para isso, já que o momento processual é o da colheita de provas da acusação. Assim, inadmissível que o Recorrente suporte no cárcere a morosidade do Poder Judiciário, impondo-se, de imediato o relaxamento de sua prisão, pelo gritante excesso de prazo na formação da culpa. Essa é a jurisprudência dominante em nossos tribunais: “..............................................” (RT 000/000). No mesmo sentido ensina o Mestre FULANO DE TAL:

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“...................................................................................” (in Processo Penal. São Paulo: Editora, 2006, p. 120).

(OBS: Nesta peça deve-se atacar o acórdão que denegou a ordem, apresentando argumentos que possibilitem sua reforma). 3) DO PEDIDO. Diante do exposto, requer seja conhecido e provido o presente recurso, para relaxar a prisão imposta ao Recorrente, expedindo-se o competente alvará de soltura em seu favor, por ser medida de JUSTIÇA! [CIDADE], ___, de ____________, de _____. __________________________________ OAB/___ nº ______________

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7.16. RECURSO EXTRAORDINÁRIO Recurso constitucional de competência exclusiva do STF, destinado a discutir matéria de direito e jamais reexame da matéria fática, cabível das decisões que: a) contrariar dispositivo da Constituição da República; b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal; c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face da Constituição da República; d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal. Valem para o recurso extraordinário as mesmas regras já expostas para o recurso especial, ou seja, deve ele deve ser interposto perante o tribunal recorrido, ficando aí sujeito ao exame de admissibilidade. Além da verificação de seu cabimento, só será admitido se houver esgotamento das vias recursais e houver também prequestionamento da matéria Exige-se ainda, para admissão do recurso extraordinário a demonstração de repercussão geral, isto é, deve o recorrente demonstrar que a matéria é relevante, do interesse geral. Segundo manifestação recente do STF, a repercussão geral deve vir alegada em sede de preliminar, para que seja analisada como uma verdadeira condição de admissibilidade deste recurso. O prazo para interposição é de 15 dias, com as razões inclusas. Caso seja negado seguimento pelo tribunal recorrido, caberá agravo de instrumento (ou agravo de despacho denegatório de recurso especial) no prazo de 5 dias.

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MODELO DE RECURSO EXTRAORDINÁRIO Excelentíssimo Senhor Doutor Desembargador Presidente do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado ____________. Autos nº _____/___

“A”, já qualificado, nos autos da Apelação em epígrafe, por seu advogado infra-assinado, vem, respeitosamente à presença de Vossa Excelência, interpor RECURSO EXTRAORDINÁRIO , com fundamento no artigo 102, III, a, da Constituição Federal e nos artigos 26 e seguintes da Lei nº 8.038/90.

Requer seja o presente recebido e seja ordenado o seu processamento, encaminhando-se ao Colendo Supremo Tribunal Federal.

Nestes Termos, Pede Deferimento. [CIDADE], ___, de ____________, de _____. __________________________________ OAB/___ nº ______________

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MODELO DE RAZÕES DE RECURSO EXTRAORDINÁRIO RAZÕES DE RECURSO EXTRAORDINÁRIO RECORRENTE: ............................... RECORRIDA: Justiça Pública Apelação nº _____ do Tribunal ___________.

(Pular aproximadamente 5 linhas) COLENDO TRIBUNAL, COLENDA TURMA, Em que pese o notório saber jurídico do Tribunal a quo, impõe-se a reforma do v. acórdão, pelas razões fáticas e de direito que passa a expor. 1) DOS FATOS. O Recorrente foi processado e ao final condenado à pena de 1 ano de reclusão e 10 dias-multa, por suposta infração ao art. 171, caput, do Código Penal, pois teria aplicado o denominado “golpe do bilhete premiado” em “B”. Durante o processo, requereu a oitiva de testemunhas de quem teve conhecimento durante a fase de instrução. O MM. Juiz indeferiu o pleito, sob o argumento de que as provas seriam protelatórias apenas. Em sede de apelação o pedido foi renovado e também afastado pelo Egrégio Tribunal de Justiça. Sob o mesmo fundamento. 2) PRELIMINARMENTE. Cumpre apontar que a presente questão é de repercussão geral. Com efeito, a ofensa à ampla defesa do acusado não diz respeito somente a ela, mas é matéria de ordem pública, uma vez que integrante dos direitos fundamentais da Constituição da República. O resultado de um processo onde não se observou a ampla defesa repercute em toda a coletividade, pois não é interesse dos membros da sociedade um processo ilegítimo. Assim, aguarda o conhecimento e julgamento do presente recurso, em razão da relevância do assunto ora tratado. 3) DO CABIMENTO. Quanto ao cabimento, o presente recurso atende às exigências da Constituição da República. De fato, é evidente à ofensa ao art. 5º, LV, da Carta Magna, uma vez que a ampla defesa do Recorrente no processo não foi observada. Houve esgotamento das vias recursais, já que a decisão no Tribunal de Justiça foi unânime e não apresentou vícios que motivassem sua declaração, o que afasta a possibilidade de oposição de embargos. Nessa esteira, a matéria foi devidamente prequestionada, pois, como se pode notar, o acórdão afastou explicitamente a pretensão do Recorrente.

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(OBS: Aqui, deve-se demonstrar que estão atendidos todos os pressupostos específicos de admissibilidade do recurso, tais como a ofensa à Constituição, o esgotamento das vias recursais, o prequestionamento). 4) DO DIREITO. Excelências, o presente recurso deve ser provido. De fato, a Constituição Federal aponta como garantia individual o exercício da ampla defesa no processo. Garantir a ampla defesa é permitir ao acusado que se utilize de todos os meios lícitos e legítimos para enfrentar a pretensão estatal. Ao impedir que o Recorrente produzisse novas provas, o Magistrado, bem como o Tribunal a quo, violaram o art. 5ٹ, LV, da Carta Constitucional, trazendo evidente cerceamento de defesa ao processo. Havendo ofensa à ampla defesa, há nulidade absoluta do processo, o que espera seja declarada por essa Colenda Corte. Essa é a jurisprudência dominante em nossos tribunais: “..............................................” (RT 000/000). No mesmo sentido ensina o Mestre FULANO DE TAL:

“...................................................................................” (in Processo Penal. São Paulo: Editora, 2006, p. 120).

5) DO PEDIDO. Diante do exposto, requer seja conhecido e provido o presente recurso, para anular o processo desde a decisão que indeferiu a produção de provas, renovando-se os atos processuais, por ser medida de JUSTIÇA! [CIDADE], ___, de ____________, de _____. __________________________________ OAB/___ nº ______________

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7.17. RECURSO ESPECIAL O recurso especial, também de previsão constitucional, é dirigido a discussão de matéria de direito, não se admitindo reexame dos fatos. A competência para julgamento é exclusiva do STJ e caberá da decisão proferida pelos Tribunais Estaduais ou Tribunais Regionais Federais quando: a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência; b) julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal; c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal. O recurso especial deve ser interposto perante o tribunal recorrido e estará sujeito a rigoroso exame de admissibilidade. Além da verificação de seu cabimento, só será admitido se houver esgotamento das vias recursais e houver também prequestionamento da matéria. O prazo para interposição é de 15 dias, com as razões inclusas. Caso seja negado seguimento pelo tribunal recorrido, caberá agravo de instrumento (ou agravo de despacho denegatório de recurso especial) no prazo de 5 dias.

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MODELO DE RECURSO ESPECIAL Excelentíssimo Senhor Doutor Desembargador Presidente do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado ____________. Autos nº _____/___

“A”, já qualificado, nos autos da Apelação em epígrafe, por seu advogado infra-assinado, vem, respeitosamente à presença de Vossa Excelência, interpor RECURSO ESPECIAL, com fundamento no artigo 105, III, a, da Constituição Federal e nos artigos 26 e seguintes da Lei nº 8.038/90.

Requer seja o presente recebido e ordenado o seu processamento, encaminhando-se ao Egrégio Superior Tribunal de Justiça.

Nestes Termos, Pede Deferimento. [CIDADE], ___, de ____________, de _____. __________________________________ OAB/___ nº ______________

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MODELO DE RAZÕES DE RECURSO ESPECIAL RAZÕES DE RECURSO ESPECIAL RECORRENTE: “A” RECORRIDA: Justiça Pública Apelação nº _____ do Tribunal de Justiça do Estado _______.

(Pular aproximadamente 5 linhas) EGRÉGIO TRIBUNAL, COLENDA TURMA, Em que pese o notório saber jurídico do Tribunal a quo, impõe-se a reforma do v. acórdão, pelas razões fáticas e de direito que passa a expor. 1) DOS FATOS. O Recorrente foi processado e condenado à pena de 8 anos de reclusão, por infração ao art. 214 do Código Penal. No cálculo da pena, o MM. Juiz desconsiderou as circunstâncias judiciais do art. 59 do Código Penal, majorando a pena base em razão da postura do Recorrente durante a instrução processual, pois confessara friamente a prática do delito. Na apelação interposta pelo Recorrente, o Egrégio Tribunal de Justiça manteve o mesmo entendimento manifestado pelo julgado de Primeiro Grau. 2) DO CABIMENTO. Quanto ao cabimento, o presente recurso atende às exigências da Constituição da República. De fato, é evidente à ofensa ao art. 68 do Código Penal, uma vez que não foram observadas as circunstâncias judiciais para a fixação da pena-base. Houve esgotamento das vias recursais, já que a decisão no Tribunal de Justiça foi unânime e não apresentou vícios que motivassem sua declaração, o que afasta a possibilidade de oposição de embargos. Nessa esteira, a matéria foi devidamente prequestionada, pois, como se pode notar, o acórdão afastou explicitamente a pretensão do Recorrente. (OBS: Aqui, deve-se demonstrar que estão atendidos todos os pressupostos específicos de admissibilidade do recurso, tais como a ofensa a Lei Federal, o esgotamento das vias recursais, o prequestionamento). 3) DO DIREITO. Excelências, o presente recurso deve ser provido. De fato, ao deixar de observar as exigências legais, o MM. Juiz trouxe enorme prejuízo ao Recorrente, exasperando sua pena sem razão para tanto. O órgão julgador de Segunda Instância não fez por menos e ratificou tal decisão.

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Resta então ao Recorrente, utilizar a via recursal especial, para sanar a patente ilegalidade. Essa é a jurisprudência dominante em nossos tribunais: “..............................................” (RT 000/000). No mesmo sentido ensina o Mestre FULANO DE TAL:

“...................................................................................” (in Processo Penal. São Paulo: Editora, 2006, p. 120).

3) DO PEDIDO. Diante do exposto, requer seja conhecido e provido o presente recurso, para reduzir a pena imposta ao Recorrente, por ser medida de JUSTIÇA! [CIDADE], ___, de ____________, de _____. __________________________________ OAB/___ nº ______________

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7.18. HABEAS CORPUS Da mesma forma que a revisão criminal, a despeito de haver recebido tratamento de recurso pelo Código de Processo Penal, não é o habeas corpus recurso. É ação de impugnação, destinada a fazer cessar coação ou ameaça de coação a direito de locomoção da pessoa, por ilegalidade ou abuso de poder (ou seja, constrangimento ilegal). Daí derivam duas espécies de habeas corpus: a) liberatório: destinado a fazer cessar constrangimento ilegal já existente; b) preventivo: destinado a impedir que constrangimento ilegal se efetive. O Código traz enumeração do que se entende por constrangimento ilegal (art. 648): a) quando houver falta de justa causa (para a ação, pisão ou inquérito policial); b) quando alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei; c) quando quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo; d) houver cessado o motivo que autorizou a coação; e) quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que a lei autoriza; f) quando o processo for manifestamente nulo; g) quando estiver extinta a punibilidade. Qualquer pessoa poderá impetrar ordem de habeas corpus em seu favor ou em favor de outrem, podendo até mesmo ser analfabeto, sendo denominado impetrante. Aquele em favor de quem se impetra a ordem, ou seja, quem sofre a coação ilegal, é denominado paciente, que deve ser sempre pessoa física. Quem pratica o constrangimento ilegal é chamado de autoridade coatora, ou até mesmo coator. É posição majoritária a que admite possa figurar como coator um particular. Não há prazo estabelecido para impetração de habeas corpus. Na peça prática, pode-se trabalhar com as seguintes situações: a) Nulidade: 1. Se a nulidade ocorreu no início da ação penal (até o interrogatório do réu): o candidato deverá requerer a anulação desde o início da ação penal; 2. Se a nulidade ocorreu após o início da ação penal (a partir da defesa prévia): o candidato deverá requerer a anulação da ação penal a partir da fase em que ocorrer o vicio ou a nulidade. Cuidado com o fenômeno da preclusão temporal, já que as nulidades relativas deverão ser argüidas em tempo oportuno. b) Falta de Justa Causa:

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3. Se ainda não tem sentença: busca-se o trancamento da ação penal; 4. Se já tem sentença: busca-se a cassação da sentença proferida contra o paciente; c) Extinção da Punibilidade: d) Relaxamento da Prisão em Flagrante: e) Revogação da Prisão Preventiva: f) Concessão de Liberdade Provisória sem Fiança; g) Arbitramento de Fiança

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MODELO DE HABEAS CORPUS Excelentíssimo Senhor Doutor Desembargador Federal Presidente do Egrégio Tribunal Regional Federal da _____ Região.

______________, advogado, inscrito na OAB/SP sob o nº ________, com escritório na Rua _____________________, nº ___, cidade de ______________, Estado de ______________, vem, com fundamento no artigo 5º LXVIII, da Constituição Federal, impetrar ordem de HABEAS CORPUS em favor de “A”, (nacionalidade), (estado civil), (profissão), portador do Rg nº __________, inscrito no CPF sob nº______________, (endereço), que sofre constrangimento ilegal por parte do MM. Juiz Federal da 1ª Vara Criminal da Seção Judiciária de __________ , no processo nº _____ , pelos motivos a seguir expostos: 1) DOS FATOS. O Paciente foi denunciado como incurso no art. 121, caput, do Código Penal, pois teria tirado a vida de “B” com emprego de faca, a bordo de uma aeronave. Ao receber a denúncia o MM. Juiz proferiu o seguinte despacho; “recebo a denúncia, designo o interrogatório para o dia 15 e decreto a prisão preventiva do réu” O Paciente foi preso em razão da decisão referida, encontrando-se recolhido desde então. 2) DO DIREITO. A presente ordem deve ser concedida. De fato, a prisão imposta ao Paciente é completamente ilegal, uma vez que o despacho que a decretou carece de fundamentação. Como se sabe, a motivação de decisões judiciais é preceito constitucional, estampado no art. 93, IX, além de constar também em nosso Diploma Processual, mais especificamente no art. 315, concernente à decretação da prisão preventiva. O nobre Magistrado, como se vê, não observou tais dispositivos. Como a prisão é medida extrema, exceção ao direito de liberdade, é mister que sua imposição se dê respeitando estritamente as determinações legais.

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Não se pode tolerar que alguém seja levado ao cárcere, ainda que provisoriamente, sem que a autoridade judiciária indique mais são os motivos e os fundamentos para a adoção da medida extrema. Portanto, a melhor solução é a concessão da ordem para que o Paciente possa responder aos termos do processo em liberdade. Essa é a jurisprudência dominante em nossos tribunais: “..............................................” (RT 000/000). No mesmo sentido ensina o Mestre FULANO DE TAL:

“...................................................................................” (in Processo Penal. São Paulo: Editora, 2006, p. 120).

(OBS: Nesta peça deve-se atacar o ato da autoridade coatora, demonstrando sua ilegalidade e o conseqüente constrangimento a que está submetido o paciente). 3) DO PEDIDO. Diante do exposto, requer que, após requisitadas as informações da ilustre autoridade coatora e ouvido o digno representante do Ministério Público, seja concedida a presente ordem, para revogar a prisão imposta ao Paciente, expedindo-se o competente alvará de soltura em seu favor, por ser medida de JUSTIÇA! Nestes Termos, Pede Deferimento. [CIDADE], ___, de ____________, de _____. __________________________________ OAB/___ nº ______________

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7.19. MANDADO DE SEGURANÇA É a ação destinada a proteger direito liquído e certo não amparado por habeas corpus e habeas data, quando houver ilegalidade ou abuso de poder por autoridade pública ou particular no exercício de atribuições do Poder Público (art. 5º, LXXIX, CF). O mandado de segurança tem cabimento bastante reduzido na esfera penal, uma vez que boa parte dos atos ilegais são impugnados por habeas corpus. Seu processamento segue o determinado pela Lei nº 1.533/51, impondo-se como prazo para impetração 120 dias a contar da ciência do ato praticado pela autoridade coatora.

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MODELO DE MANDADO DE SEGURANÇA Excelentíssimo Senhor Doutor Desembargador Presidente do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de ____________.

“A”, (nacionalidade), (estado civil), (profissão), portador do Rg nº __________, inscrito no CPF sob nº______________, (endereço), por seu advogado infra-assinado (procuração em anexo), vem, com fundamento no artigo 5º, LXIX, da Constituição Federal e Lei nº 1.533/51, impetrar MANDADO DE SEGURANÇA COM PEDIDO DE LIMINAR, contra ato do meritíssimo Juiz de Direito da 1ª Vara Criminal da Comarca ____________, no processo nº _______, pelos motivos a seguir expostos: 1) DOS FATOS. O Impetrante foi vítima de roubo na data ______, tendo sido subtraído seu veículo, não mais localizado. Após registro da ocorrência, foi formalizado o competente inquérito policial, identificando-se o autor do delito – “B”. “B” foi denunciado e está sendo processado. O processo encontra-se aguardando audiência para oitiva das testemunhas de acusação. O Impetrante requereu, então, sua habilitação nos autos, como assistente de acusação, o que foi indeferido pelo MM. Juiz, sob o fundamento de que não é o momento processual adequado para tanto. 2) DO DIREITO. Excelências, a segurança deve ser concedida. De fato, o Impetrante preenche todos os requisitos para figurar nos autos como assistente do Ministério Público. Como se sabe, basta que o ofendido faça prova de sua identidade e que o processo ainda não tenha transitado em julgado para que seja admitido como assistente, conforme redação dos artigos 286 e 269 do Código de Processo Penal. Não há que se falar, então, em indeferimento do pedido, pois se trata de direito líquido e certo do Impetrante. Essa é a jurisprudência dominante em nossos tribunais: “..............................................” (RT 000/000). No mesmo sentido ensina o Mestre FULANO DE TAL:

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“...................................................................................” (in Processo Penal. São Paulo: Editora, 2006, p. 120).

(OBS: Nesta peça deve-se atacar o ato da autoridade coatora, demonstrando sua ilegalidade e a ofensa a direito líquido e certo do impetrante). 3) DA MEDIDA LIMINAR. Estão presentes, no presente caso, os dois requisitos que autorizam a concessão liminar da segurança. Com efeito, há fumus boni iuris, pois o direito líquido e certo invocado e patente, bem como sua violação, demonstrando, assim, a verossimilhança do alegado. Quanto ao periculum in mora, se a medida liminar não for concedida, haverá prejuízo para o Impetrante, pois estará impedido de acompanhar a fase probatória do processo, onde poderá colaborar sobremaneira com o Ministério Público. (OBS: Neste item deve ser demonstrada a presença dos dois requisitos que autorizam a concessão de medida liminar: fumus boni iuris e periculum in mora). 4) DO PEDIDO. Diante do exposto, requer seja concedida a medida liminar para habilitar, de plano, o Impetrante como assistente de acusação nos autos. Após, requisitadas as informações da ilustre autoridade coatora e ouvido o digno representante do Ministério Público, requer seja concedida definitivamente a segurança, para o mesmo fim, por ser medida de JUSTIÇA! Nestes Termos, Pede Deferimento. [CIDADE], ___, de ____________, de _____. __________________________________ OAB/___ nº ______________

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7.20. REVISÃO CRIMINAL Ação penal de caráter rescisório, dirigida contra sentença condenatória transitada em julgado. Muito embora esteja elencada no Código de Processo Penal entre os recursos, vigora o entendimento de que se trata realmente de ação. É admitida nas seguintes hipóteses: a) sentença contra texto expresso de lei ou contra a evidência dos autos; b) sentença fundada em provas falsas; c) quando surgirem novas provas de inocência do condenado ou de circunstância que autorize a redução da pena. A revisão criminal, como dito, só pode ser proposta para rescindir sentença condenatória, nunca contra sentença absolutória, ou seja, não é ela admitida pro societate. Têm legitimidade para figurar no pólo ativo o próprio sentenciado ou procurador habilitado. Se for ele falecido, poderão ingressar o cônjuge, ascendente, descendente ou irmão (CADI). Nota-se, então, que não há prazo para propositura da revisão criminal, podendo ocorrer o ingresso até mesmo após a morte do sentenciado. Acolhido o pedido revisional, o Tribunal poderá absolver o sentenciado, reduzir sua pena ou declarar a nulidade do processo.

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MODELO DE REVISÃO CRIMINAL Excelentíssimo Senhor Doutor Desembargador Presidente do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de __________.

“A”, (nacionalidade), (estado civil), (profissão), portador do Rg nº __________, inscrito no CPF sob nº______________, (endereço), por seu advogado infra-assinado (procuração em anexo), inconformado com a r. sentença já transitada em julgado, conforme certidão em anexo (doc. ___), proferida no processo nº _____, da ____ Vara Criminal da Comarca __________, vem, respeitosamente à presença de Vossa Excelência, promover pedido de REVISÃO CRIMINAL com fundamento no artigo 621, III, do Código de Processo Penal, pelos motivos a seguir expostos:

1) DOS FATOS. O Peticionário foi denunciado, processado e ao final condenado à pena de 6 anos de reclusão, por infração ao art. 213 do Código Penal, pois teria constrangido “B” à conjunção carnal. Após o trânsito em julgado da r. sentença, descobriu-se documento onde a suposta vítima admitia que não houve constrangimento e sim uma relação sexual consentida. 2) DO DIREITO. Excelências, o presente pedido deve ser deferido. De fato, o Peticionário foi condenado injustamente, conforme documento descoberto posteriormente à sua condenação e ora anexado para apreciação dessa Colenda Câmara. Nele, encontra-se relato de “B”, onde admite que não foi forçada em nenhum momento e que a relação sexual foi consentida. A acusação de estupro se deu em razão de vingança contra o Peticionário. Ora, tal situação não pode prevalecer. Impõe-se a imediata revisão do processo e da condenação, para que o Peticionário possa resgatar sua condição de inocente, da qual nunca deveria ter sido privado. Essa é a jurisprudência dominante em nossos tribunais: “..............................................” (RT 000/000). No mesmo sentido ensina o Mestre FULANO DE TAL:

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“...................................................................................” (in Processo Penal. São Paulo: Editora, 2006, p. 120).

(OBS: Nesta peça deve-se argumentar sobre tudo que diga respeito à defesa do cliente, de acordo com o problema formulado, como nulidades e mérito propriamente dito. Mesmo já tendo havido trânsito em julgado, busca-se contrariar a sentença ou o acórdão). 3) DO PEDIDO. Diante do exposto, requer seja deferido o presente pedido revisional, para absolver o Peticionário, com fundamento no art. 626 do Código de Processo Penal, por ser medida de JUSTIÇA! Nestes Termos, Pede Deferimento. [CIDADE], ___, de ____________, de _____. __________________________________ OAB/___ nº ______________

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7.21. REABILITAÇÃO A reabilitação tem por fim restituir o condenado à situação anterior à condenação, no tocante às anotações de sua folha de antecedentes, assegurando-lhe o sigilo dos registros sobre seu processo e condenação (art. 93, CP). São requisitos para a concessão (art. 94, CP): a) que já tenham transcorridos 2 anos do cumprimento da pena ou do início do período de prova do sursis ou do livramento; b) que o sentenciado tenha tido domicílio no país, nos últimos 2 anos; c) que durante esse prazo o condenado tenha dado demonstração efetiva de bom comportamento público e privado; d) que tenha ressarcido a vítima, salvo impossibilidade de fazê-lo. Estabelece o Código de Processo Penal, em seu art. 744, que a petição que requerer a concessão da reabilitação deverá ser acompanhada de: a) certidões comprobatórias de não ter o requerente respondido, nem estar respondendo a processo penal, em qualquer das comarcas em que houver residido no prazo após a condenação; b) atestados de autoridades policiais ou outros documentos que comprovem ter residido nas comarcas indicadas e mantido, efetivamente, bom comportamento; c) atestados de bom comportamento fornecido por pessoas a cujo serviço tenha estado; d) quaisquer outros documentos que sirvam como prova de sua regeneração; e) prova de haver ressarcido o dano causado pelo crime ou persistir a impossibilidade de fazê-lo.

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MODELO DE REABILITAÇÃO CRIMINAL Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da _____ Vara Criminal da Comarca ___________________. Autos nº _____/___

“A”, já qualificado, nos autos da Ação Penal que lhe moveu a Justiça Pública, processo em epígrafe, por seu advogado infra-assinado, vem, respeitosamente à presença de Vossa Excelência, requerer sua REABILITAÇÃO, com fundamento nos artigos 93 e seguintes do Código Penal e artigos 743 e seguintes do Código de Processo Penal, pelas razões a seguir expostas:

1) DOS FATOS. O Requerente foi processado e condenado à pena de 2 anos de reclusão, por infração ao art. 129, § 2º, do Código Penal. Cumpriu sua reprimenda em regime aberto, tendo ela sido extinta, por sentença datada de ________. 2) DO DIREITO. Como demonstram os documentos acostados aos autos, o Requerente atende a todos os requisitos exigidos pela lei, para a concessão da reabilitação. De fato, já se passaram mais de 2 anos desde o término do cumprimento de sua pena, conforme sentença do Juízo das Execuções Criminais (doc. ____). Além disso, o Requerente morou no País desde então, mais precisamente no mesmo endereço em que sempre residiu (doc. _____). Tanto durante a execução da pena, como posteriormente a ela, o Requerente ostentou bom comportamento. Não envolveu em nenhuma ocorrência policial, demonstrando que o fato pelo qual foi condenado, foi realmente o único desabonador em sua vida (doc. ___). Como prova de sua boa índole, o Requerente ressarciu a vítima de todos os gastos com medicamentos e tratamentos decorrentes das lesões sofridas (doc. ____). Assim, atendidos os requisitos impostos pela lei, é medida de rigor a concessão da reabilitação. Essa é a jurisprudência dominante em nossos tribunais:

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“..............................................” (RT 000/000). No mesmo sentido, ensina o Mestre FULANO DE TAL:

“...................................................................................” (in Processo Penal. São Paulo: Editora, 2006, p. 120).

3) DO PEDIDO. Diante do exposto, requer que, após a oitiva do ilustre representante do Ministério Público, seja concedido o presente pedido de Reabilitação, por ser medida de JUSTIÇA! Nestes Termos, Pede Deferimento. [CIDADE], ___, de ____________, de _____. __________________________________ OAB/___ nº ______________

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7.22. LIVRAMENTO CONDICIONAL É a concessão, pelo Poder Judiciário, da liberdade antecipada ao condenado, atendidos os pressupostos e condicionada a determinadas exigências durante o restante da pena que deveria cumprir preso. Os pressupostos para concessão são: 1) Objetivos: a) condenação a pena privativa de liberdade não superior a dois anos; b) ter o sentenciado cumprido: - mais de 1/3 da pena, se não for reincidente em crime doloso; - mais de ½ da pena se for reincidente em crime doloso; - mais de 2/3 da pena se a condenação for por crime hediondo, desde que não seja reincidente específico. 2) Subjetivos: a) comportamento satisfatório do sentenciado durante a execução da pena; b) bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído; c) aptidão para prover a própria subsistência mediante trabalho honesto; d) para o condenado por crime doloso, cometido com violência ou grave ameaça à pessoa, constatação de condições pessoais que façam presumir que não voltará a delinqüir; e) reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo. Para a concessão do livramento, devem ser ouvidos o Ministério Público e o Conselho Penitenciário. Se deferido o pedido, o juiz especificará as condições a que o liberado ficará sujeito e determinará a expedição da carta de livramento, que conterá cópia integral da sentença.

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MODELO DE LIVRAMENTO CONDICIONAL Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da Vara das Execuções Criminais da Comarca ___________________. Autos nº _____/___

“A”, já qualificado, nos autos da Execução em epígrafe, por seu defensor infra-assinado, vem, respeitosamente à presença de Vossa Excelência, requerer LIVRAMENTO CONDICIONAL, com fundamento no artigo 131 da Lei nº 7.210/84 e art. 83 do Código Penal, pelos motivos a seguir expostos:

1) DOS FATOS. O Requerente foi processado e condenado à pena de 6 anos de reclusão, por infração ao art. 33, caput, da Lei nº 11.343/06. Encontra-se preso há 4 anos e 2 meses. 2) DO DIREITO. O Requerente está recluso há 4 anos e 2 meses, ou seja, já ultrapassou o período exigido pela Lei para a concessão do livramento, ou seja, 2/3 de sua pena. É primário, possuidor de bons antecedentes, como atestam as certidões em anexo (doc. ____). Além disso, aprendeu ofício enquanto encarcerado, com excelente aproveitamento (doc. ____), o que lhe possibilita exercer trabalho honesto estando em liberdade. Inclusive, já conta com proposta para tal (doc. _____). Portanto, estão presentes os pressupostos subjetivos e objetivos contidos no art. 83 do Código Penal, fazendo jus, então, o Sentenciado, à concessão da medida. Essa é a jurisprudência dominante em nossos tribunais: “..............................................” (RT 000/000). No mesmo sentido, ensina o Mestre FULANO DE TAL:

“...................................................................................” (in Processo Penal. São Paulo: Editora, 2006, p. 120).

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3) DO PEDIDO. Diante do exposto, requer que, após parecer do Conselho Penitenciário e manifestação do ilustre representante do Ministério Público, seja concedido o livramento condicional ao Requerente, por ser medida de JUSTIÇA! [CIDADE], ___, de ____________, de _____. __________________________________ OAB/___ nº ______________

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7.23. RECLAMAÇÃO A Reclamação cabe quando as decisões ou súmulas vinculantes deixem de ser cumpridas pelas instâncias inferiores. Tem ela a finalidade de manter a autoridade dos tribunais que proferiram a decisão ou das referidas súmulas vinculantes. Não há prazo para sua apresentação, porém, deve-se lembrar que ela não será admitida quando já tiver transitado em julgado o ato a que se imputa desrespeitar a decisão da instância superior, nos termos da Súmula 734 do STF. Sua previsão encontra-se nos artigos 13 e seguintes da Lei nº 8.038/90 e também nos regimentos internos dos tribunais: - arts. 659 a 666 do TJSP - arts. 187 a 192 do STJ - arts. 156 a 162 do STF Deve ela ser dirigida ao presidente do tribunal que tem sua decisão não cumprida e, no caso das súmulas vinculantes, ao presidente do STF. Recebida pelo presidente, ele requisitará as informações da autoridade a quem se imputa a prática do ato impugnado, que as prestará no prazo de 10 dias. Se necessário, o presidente ordenará a suspensão do processo ou do ato impugnado. Se a reclamação não foi formulada pelo MP, ele será ouvido no prazo de 5 dias. Julgando procedente a reclamação, o tribunal cassará a decisão exorbitante de seu julgado ou determinará a medida adequada à preservação de sua competência.

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MODELO DE RECLAMAÇÃO Excelentíssimo Senhor Doutor Ministro Presidente do Colendo Supremo Tribunal Federal. “A”, brasileiro, casado, comerciante, portador do RG nº ____ e inscrito no CPF sob nº _____, residente da Rua Hum, 123, Vila Velha, em São Paulo-SP, por seu advogado infra-assinado (procuração em anexo), vem, respeitosamente à presença de Vossa Excelência, apresentar RECLAMAÇÃO , com fundamento nos artigos 13 e seguintes da Lei nº 8.038/90 e artigos 156 e seguintes do RISTF, contra r. decisão do MM. Juiz da 1ª Vara Criminal da Comarca da Capital-SP, nos autos do Inquérito Policial nº ____, pelos motivos a seguir expostos: 1. Dos fatos. O Reclamante está sendo investigado por suposta infração ao art. 159, caput, do CP. No curso do inquérito policial, foi determinada a interceptação telefônica de linha telefônica pertencente ao Reclamante, devidamente transcrita e juntada aos referidos autos. O defensor devidamente constituído pelo Reclamante teve negado pelo MM. Juiz Reclamado pedido de vista do inquérito, sob o fundamento de que os autos correm em sigilo, tendo em vista referida interceptação. 2. Do direito. Assim agindo, o Magistrado negou vigência à recém editada Súmula Vinculante nº 14, desse Colenda Corte. De fato, através de referida súmula, fica assegurado ao investigado, por intermédio de seu defensor, ter pleno acesso ao que já foi produzido em inquérito policial, não devendo prevalecer a alegação de sigilo. 3. Do pedido. Diante do exposto, requer que, após requisitadas as informações da autoridade reclamada e ouvido o ilustre representante do MP, seja julgada procedente a reclamação, para cassar a r. decisão impugnada, como medida de Justiça! Termos em que, Pede Deferimento. (local/data) (advogado/OAB)

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8. PROBLEMAS. RELAXAMENTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE PROBLEMA 1 Na data de ontem, por volta das 22 horas, Romualdo encontrava-se no interior de sua residência quando ouviu um barulho no quintal. Munido de um revólver, abriu a janela de sua casa e percebeu que uma pessoa, que não pôde identificar devido à escuridão, caminhava dentro dos limites de sua propriedade. Considerando tratar-se de um ladrão, desferiu três tiros que acabaram atingindo a vítima em região letal, causando sua morte. Ao sair do interior de sua residência, Romualdo constatou que havia matado um adolescente que lá havia entrado por motivos que fogem ao seu conhecimento. Imediatamente, Romualdo dirigiu-se à Delegacia de Polícia mais próxima onde comunicou o ocorrido. O Delegado Plantonista, após ouvir os fatos, prendeu-o em flagrante pelo crime de homicídio. QUESTÃO: Elaborar a medida cabível visando a libertação de Romualdo. PROBLEMA 2 Peter Perfeito era apaixonado por Penélope Charmosa e não era correspondido. Certo dia, não mais suportando a dor da rejeição, aguardou-a defronte sua casa e desferiu 6 disparos de arma de fogo, que lhe causaram a morte. Transtornado, Peter refugiou-se na casa de um amigo, onde permaneceu por 1 semana até que, através de denúncia anônima, policiais surpreenderam-no, prendendo-o em flagrante, pelo crime de homicídio. QUESTÃO: como advogado de Peter, adote a medida cabível. PROBLEMA 3 (OAB UNIFICADO–2006.3) Maria José, indiciada por tráfico de drogas, apontou, em seu interrogatório extrajudicial, realizado em 3/11/2006, Thiago, seu ex-namorado, brasileiro, solteiro, bancário, residente na rua Machado de Assis, n.º 167, no Rio de Janeiro–RJ, como a pessoa que lhe fornecia entorpecentes. No dia 4/11/2006, cientes da assertiva de Maria José, policiais foram ao local em que Thiago trabalhava e o prenderam, por suposta prática do crime de tráfico de drogas. Nessa oportunidade, não foi encontrado com Thiago qualquer objeto ou substância que o ligasse ao tráfico de entorpecentes, mas a autoridade policial entendeu que, na hipótese, haveria flagrante impróprio, ou quase-flagrante, porquanto se tratava de crime permanente. Apresentado à autoridade competente, Thiago afirmou que nunca teve qualquer envolvimento com drogas e muito menos passagem pela polícia. Disse, ainda, que sempre trabalhou em toda a sua vida, apresentou a sua carteira de trabalho e declarou possuir residência fixa. Mesmo assim, lavrou-se o auto de prisão em flagrante, sendo dada a Thiago a nota de culpa, e, em seguida, fizeram-se as comunicações de praxe. Com base na situação hipotética descrita acima, e considerando que Thiago está sob custódia decorrente de prisão em flagrante, redija a peça processual, privativa de advogado, pertinente à defesa de Thiago.

LIBERDADE PROVISÓRIA PROBLEMA 1 José, sabendo que sua filha Manuela está grávida de dois meses e que seu namorado é casado, decide fazer com que a filha pratique o aborto. Em contato com uma clínica, José marca a realização do aborto para dali a dois dias. Contrária à prática, Manuela comparece ao Distrito Policial do bairro onde se localiza a clínica e relata à autoridade de plantão tudo o que irá ocorrer no dia seguinte. Quando Manuela se encontrava na clínica, iniciada a manobra abortiva, os policiais, comandados pelo delegado, invadem o local e prendem em flagrante José e o médico

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Alfredo. A acusação é de tentativa de aborto. Manuela, juntamente com seu namorado, no auto de prisão em flagrante, acusa José e o médico Alfredo da intenção de praticarem o crime. Ambos são primários e não registram nenhum antecedente criminal. QUESTÃO: Na condição de advogado (a) do médico Alfredo, preso no 1º DP, elaborar a medida cabível que melhor atenda a seus interesses, no sentido de ser libertado da forma mais rápida. PROBLEMA 2 (OAB/SP 135) Daniel, conhecido empresário de São Paulo – SP, brasileiro, casado, residente e domiciliado na rua Xangai, n.º 27, bairro Paulista, foi preso em flagrante pela suposta prática do delito tipificado no artigo 3.º da Lei n.º 1.521/1951: “destruir ou inutilizar, intencionalmente e sem autorização legal, com o fim de determinar alta de preços, em proveito próprio ou de terceiro, matérias-primas ou produtos necessários ao consumo do povo”. Diante desse fato, Geiza, esposa de Daniel, procurou um advogado e lhe informou que Daniel era primário e possuía residência fixa. Aduziu que a empresa do marido, Feijão Paulistano S.A., já atuava no mercado havia mais de 8 anos. Ressaltou que Daniel sempre fora pessoa honesta e voltada para o trabalho. Além disso, Geiza narrou que Daniel era pai de uma criança de tenra idade, Júlia, que necessitava urgentemente do retorno do pai às atividades laborais para manter-lhe o sustento. Por fim, informou que estava grávida e não trabalhava fora. Geiza apresentou ao advogado os seguintes documentos: CPF e RG de Daniel, comprovante de residência, cartão da gestante expedido pela Secretaria de Saúde de SP, certidão de nascimento da filha do casal, Júlia, auto de prisão em flagrante, nota de culpa e folha de antecedentes penais do indiciado, sem qualquer incidência. Considerando a situação hipotética descrita, formule, na condição de advogado(a) contratado(a) por Daniel, a peça — diversa de habeas corpus — que deve ser apresentada no processo. PROBLEMA 3 (OAB/MG 2005) Antônio Sérgio, brasileiro, casado, economista, residente na rua das Acácias, nº 847, Bairro Pampulha, Belo Horizonte, é administrador da empresa Euro-Dolar S/A, instituição financeira sediada na Rua: Barão de Cocais, nº 26, Betim, Minas Gerais, foi autuado em flagrante como incurso nas sanções do art. 4º da Lei nº 7.492/86. O respectivo auto de prisão está corretamente lavrado, com observância de todas as formalidades legais. Antônio é primário, de bons antecedentes, casado, pai de 2 filhos menores. Considerando que você foi constituído(a), tendo inclusive acompanhado a autuação na delegacia competente, elabore a petição visando obter a liberdade de seu constituinte, com o devido e completo encaminhamento e os dispositivos legais aplicáveis à espécie. REVOGAÇÃO DE PRISÃO PROBLEMA 2 (OAB/SP 137) Foi instaurado contra Mariano, brasileiro, solteiro, nascido em 23/1/1960, em Prado – CE, comerciante, residente na rua Monsenhor Andrade, n.º 12, Itaim, São Paulo – SP, inquérito policial a fim de apurar a prática do delito de fabricação de moeda falsa. Intimado a comparecer à delegacia, Mariano, acompanhado de advogado, confessou o crime, inclusive, indicando o local onde falsificava as moedas. Alegou, porém, que não as havia colocado em circulação. As testemunhas foram ouvidas e declararam que não sofreram qualquer ameaça da parte do indiciado. O delegado relatou o inquérito e requisitou a decretação da prisão preventiva de Mariano, fundamentando o pedido na garantia da instrução criminal. Foi oferecida denúncia contra o acusado pelo crime de fabricação de moeda falsa. O juiz competente para julgamento do feito decretou a custódia cautelar do réu, a fim de garantir a instrução criminal.

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Em face dessa situação hipotética e considerando que as cédulas falsificadas eram quase idênticas às cédulas autênticas e, ainda, que Mariano é residente na cidade de São Paulo há mais de 20 anos, não tem antecedentes criminais e possui ocupação lícita, redija, em favor do réu, peça privativa de advogado e diversa de habeas corpus, para tentar reverter a decisão judicial. QUEIXA-CRIME PROBLEMA 1 (OAB/SP 117 - ADAPTADO) No dia 1o de julho de 2008, por volta das 12 horas, na confluência das ruas Maria Paula e Genebra, Maria da Luz teve seu relógio subtraído por João da Paz, que se utilizou de violência e grave ameaça, exercida com uma faca. Descoberta a autoria e formalizado o inquérito policial com prova robusta de materialidade e autoria, os autos permanecem com o Ministério Público há mais de trinta dias, sem qualquer manifestação. QUESTÃO: Como advogado de Maria da Luz, atue em prol da constituinte. PROBLEMA 2 Anna Karenina encontrava-se em festa concorrida da cidade. Ao dirigir-se ao banheiro para retocar a maquiagem, foi perseguida por um garçom, de nome Antoine e levada a um quarto vazio. Lá, mediante grave ameaça, ele obrigou-a a praticar nele sexo oral. A ocorrência foi registrada e a pedido de Anna foi instaurado inquérito policial, já concluído com provas contundentes e encaminhado à 1ª Vara Criminal. QUESTÃO: Tendo sido contratado por Anna, mulher rica, atue em seu favor. PROBLEMA 3 (OAB/MG – 2001 - ADAPTADO) Na tarde do dia 29 (vinte e nove) de fevereiro do corrente ano, por volta das 15:00 horas, DEOLICE PEREIRA, brasileira, casada, funcionária pública, residente a rua José Silvéiro, 122, apto 1302, bairro Casa Branca, nesta Capital, compareceu ao restaurante “BOM DE BOCA”, localizado na Av. Rio Branco, bairro Pindorama, também nesta Capital, onde fez uso do “self service”. Durante a refeição, após já Ter se servido do primeiro prato, a Sra. DEOLICE PEREIRA dirigiu-se ao garçon do citado estabelecimento comercial, Sr. FRANCISCO DA CRUZ, alegando que não iria efetuar o pagamento das despesas do almoço, tendo em vista esta a comida “muito salgada, uma porcaria”. Diante do acontecido, o garçon disse para a Sra. DEOLICE, educadamente, que aproximadamente 500 pessoas já haviam se servido da comida naquele dia, e nenhum havia apresentado qualquer tipo de reclamação. Diante da insistência da Sra. DEOLICE em não saldar o débito contraído, o Sr FRANCISCO chamou a dona do restaurante “BOM DE BOCA”, Sra. MARIA CELESTE, brasileira, solteira, comerciante, residente a Rua Francisco Pedrosa, 213 bairro Floresta, nesta Capital, que imediatamente foi ao encontro da freguesa. Após ouvir atentamente às reclamações da freguesa, a Sra. MARIA CELESTE ponderou que a mesma poderia servir novo prato, sem qualquer ônus pela substituição. No entanto, de modo brusco, a Sra. DEOLICE interrompeu o diálogo e, dirigindo-se à pessoa de MARIA CELESTE, começou a dizer que “eu não vou comer esta merda de comida, essa merda não presta”, não querendo conversa com “você, sua puta, piranha, pintada”, “vai se foder, vai tomar naquele lugar...”. Não satisfeita, antes de ser retirada do estabelecimento comercial por outros fregueses que ali se encontravam, a Sra. DEOLICE ainda desferiu uma “cusparada” no rosto de MARIA CELESTE, dizendo que “eu não vou comer neste lugar nojento, pois a sua proprietária é uma sem vergonha, vagabunda”. Certo é que os atos se deram na presença de inúmeras pessoas, fregueses, que se viam no interior do estabelecimento, que, como dito, não só retiraram a Sra. DEOLICE, como também tentaram

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acalmar a proprietária do restaurante, que, muito abalada, desandou a chorar, quase tendo uma crise nervosa. Seguindo conselhos, e ainda abalada, a comerciante lhe procura como advogado no último dia 21(vinte e um) de março. Você entendendo, dada a notoriedade dos fatos, da desnecessidade de procedimento inquisitório, decide, após a devida outorga do instrumento procuratório, aviar a peça com vistas à instauração da persecutio criminis in judicio. PEDE-SE: REDIJA A PEÇA EM QUESTÃO COM TODOS OS CONTORNOS DE NATUREZA PENAL E PROCESSUAL PENAL. PROBLEMA 4 (OAB/MG 2008) Fernando Gregório, Promotor de Vendas, residente na rua Haití, nº 42 em Belo Horizonte/MG, estava bebendo com amigos no bar Cruzeiro, no bairro PTB em Betim, quando chegou Alfredo Mota, Auxiliar de Enfermagem, ex-noivo de Acácia, atual namorada de Fernando. Alfredo, que não admitia ter sido trocado por outro, passou a esbravejar que Fernando era “chifrudo”, “impotente” e “mau-caráter”. Tais ofensas foram ouvidas por todos que se achavam naquele recinto, especialmente por César Silva e Natália de Alencar, ambos residentes em Belo Horizonte. Procurado por Fernando para tomar as medidas judiciais cabíveis, elabore a petição para instauração da ação penal. PROBLEMA 5 (OAB/MG 2005) Armando Soares, brasileiro, casado, Funcionário Público Federal, residente na Rua Aquiles Bastos, 43 em Montes Claros/MG, local onde tem sede o órgão público que trabalha, foi agredido em sua honra por Mário da Silva, brasileiro, solteiro, Funcionário Público Federal, residente na Rua Dr. Viriato Gomes 69, Montes Claros/MG. No dia 11.05.2005, durante reunião na repartição pública onde ambos trabalham, na presença de Maria da Conceição, Nestor Alvarenga e Renato Antunes, Mário teceu os seguintes comentários: O Armando é corrupto, vocês sabiam? Eu tenho documentos que comprovam! É bom que todos saibam que ele é corrupto, bandido, laranja, testa de ferro que não é dono nem do patrimônio que tem, pois não tem caixa para tal. Não é possível que um corrupto como ele seja diretor de Órgão Público Federal. Constituído (a) como advogado(a) de Armando Soares, elabore a petição apta a iniciar a ação penal. PROBLEMA 6 (OAB/MG 1999) Amarantina do Espírito Santo, brasileira, viúva, servidora pública municipal aposentada, documento de identidade nº M/1.111.111-SSP/MG, CIC nº 000.222.333-00, residente e domiciliada nesta Comarca, na Rua Vila Rica, 333, bairro Ouro Preto, contando com 55 (cinquenta e cinco) anos de idade, viu-se vítima no dia 15 (quinze) de fevereiro do corrente, por volta das 15:30 horas, nos folguedos do carnaval, de abusos sexuais perpetrados por um homem encapuzado, trajando um macacão do tipo jeans surrado e sujo aparentemente de graxa, com aproximadamente 1,90 de altura, de cor morena. Deram-se os fatos no interior da casa da vítima, sem que tenha havido arrombamento, porquanto a porta encontrava-se destrancada, não tendo a vítima percebido a entrada do intruso. Visivelmente alcoolizado, o intruso segurou fortemente a vítima, pessoa de certa idade e fisicamente frágil, forçando-a a deitar-se no chão da sala de visitas, retirando-lhe abruptamente as roupas e penetrando-lhe a genitália com seu órgão sexual. Não satisfeito, o intruso ainda forçou a vítima a práticas sexuais libidinosas, como o “coito per anus”, quando após, saiu da casa em desabalada carreira, deixando a vítima prostrada no chão.

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Socorrida por vizinhos após algumas horas, dirigiu-se ao 1º Distrito Policial, localizado no seu bairro, requerendo a instauração de inquérito, recebendo da Autoridade a guia para submeter-se a exame de corpo de delito que, juntado aos autos após sua conclusão, comprovou as violências sexuais cometidas. Após investigações feitas com afinco pela Autoridade e seus agentes, onde ouvidas testemunhas, concluiu-se ser o irmão paterno da vítima, Vesúvio da Silva, brasileiro, casado, mecânico de automóvel, com 35 (trinta e cinco) anos de idade, residente e domiciliado também nesta Comarca, na Rua Nelson Hungria, 11, bairro Industriários, o autor dos atentados sexuais, sendo o móvel dos crimes, o fato da vítima negar-lhe empréstimos em dinheiro para que o mesmo pagasse dívidas de jogo. O autor dos delitos teve pedida a sua prisão temporária pela Autoridade Policial, sendo deferida pelo MM. Juiz da 1ª Vara Criminal da Comarca.. Concluídas as investigações no prazo legal, procedeu o Delegado ao relatório, remetendo em seguida os autos do IP ao Juízo da 1ª Vara Criminal, determinando este que se aguardasse em cartório as providências legais cabíveis. Desolada, aturdida e com crises depressivas, sobretudo após tomar conhecimento da autoria das violências, a vítima seguindo conselho de parentes e amigos, o procura no seu escritório, com o intento de não deixar os crimes impunes. Acertados os honorários advocatícios, e assinada a procuração pertinente, você se incumbe de tomar as medidas legais cabíveis ao caso, aviando a peça judicial competente. Assim, cumpre-lhe, diante do problema exposto, redigir a dita peça. PROBLEMA 7 (OAB/SP 137) No dia 30/8/2008, por volta das 23 h, José, brasileiro, casado, nascido em 30/2/1969, em São Paulo – SP, empresário, residente e domiciliado na cidade de São Paulo, na rua Hugo Lobo n.º 15, Morumbi, constrangeu Ana, brasileira, solteira, nascida em 8/9/1940, em São Paulo – SP, dentista, residente e domiciliada na rua Quintino Bocaiúva, n.º 12, Morumbi, à conjunção carnal, mediante violência. O delito ocorreu em um matagal nas proximidades da casa de Ana. Foi instaurado, mediante requerimento da vítima, inquérito policial, tendo o feito tramitado na Terceira Vara Criminal da Capital. Nele constam as seguintes provas: depoimento da vítima, reconhecimento formal do autor do crime por parte da vítima e das testemunhas Maria e Pedro, bem como resultado de exame de corpo de delito, em que foi constatada a presença de violência sexual (sangue e sêmen), mas sem a ocorrência de lesão corporal (violência real). O indiciado negou a autoria do crime. Encerradas as investigações, o inquérito foi relatado, tendo a autoridade policial concluído pela existência da materialidade do delito e pela autoria atribuída a José. Na folha de antecedentes do indiciado, existem duas condenações definitivas e anteriores ao crime em questão: estelionato e atentado violento ao pudor, ambos praticados no estado do Rio de Janeiro. Registre-se que Ana possui uma boa condição financeira. E, ainda, que Maria, brasileira, casada, residente e domiciliada na rua Paulista, n.º 2, Morumbi, e Pedro, brasileiro, casado, residente e domiciliado na rua Paulista, n.º 2, Morumbi, relataram ao delegado que presenciaram o fato criminoso, pois, quando estavam passando pelo local, ouviram os gritos de Ana e aproximaram-se para prestar-lhe auxílio, ocasião em que José fugiu. Em face dessa situação hipotética, na qualidade de advogado de Ana, munido de procuração com poderes especiais e com menção expressa ao fato criminoso, redija a petição cabível para dar início à ação penal. Fundamente sua resposta com a tipificação completa da conduta, indicando, se for o caso, a existência de qualificadoras, de circunstâncias agravantes ou de causas de aumento de pena. RESPOSTA À ACUSAÇÃO PROBLEMA 1

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Alessandro, de 22 anos de idade, foi denunciado pelo Ministério Público como incurso nas penas previstas no art. 213, c/c art. 224, alínea b, do Código Penal, por crime praticado contra Geisa, de 20 anos de idade. Na peça acusatória, a conduta delitiva atribuída ao acusado foi narrada nos seguintes termos: "No mês de agosto de 2000, em dia não determinado, Alessandro dirigiu-se à residência de Geisa, ora vítima, para assistir, pela televisão, a um jogo de futebol. Naquela ocasião, aproveitando-se do fato de estar a sós com Geisa, o denunciado constrangeu-a a manter com ele conjunção carnal, fato que ocasionou a gravidez da vítima, atestada em laudo de exame de corpo de delito. Certo é que, embora não se tenha valido de violência real ou de grave ameaça para constranger a vítima a com ele manter conjunção carnal, o denunciando aproveitou-se do fato de Geisa ser incapaz de oferecer resistência aos seus propósitos libidinosos assim como de dar validamente o seu consentimento, visto que é deficiente mental, incapaz de reger a si mesma." Nos autos, havia somente a peça inicial acusatória, os depoimentos prestados na fase do inquérito e a folha de antecedentes penais do acusado. O juiz da 2.ª Vara Criminal do Estado XX recebeu a denúncia e determinou a citação do réu para se defender no prazo legal, tendo sido a citação efetivada em 18/11/2008. Alessandro procurou, no mesmo dia, a ajuda de um profissional e outorgou-lhe procuração ad juditia com a finalidade específica de ver-se defendido na ação penal em apreço. Disse, então, a seu advogado que não sabia que a vítima era deficiente mental, que já a namorava havia algum tempo, que sua avó materna, Romilda, e sua mãe, Geralda, que moram com ele, sabiam do namoro e que todas as relações que manteve com a vítima eram consentidas. Disse, ainda, que nem a vítima nem a família dela quiseram dar ensejo à ação penal, tendo o promotor, segundo o réu, agido por conta própria. Por fim, Alessandro informou que não havia qualquer prova da debilidade mental da vítima. Em face da situação hipotética apresentada, redija, na qualidade de advogado(a) constituído(a) pelo acusado, a peça processual, privativa de advogado, pertinente à defesa de seu cliente. Em seu texto, não crie fatos novos, inclua a fundamentação legal e jurídica, explore as teses defensivas e date o documento no último dia do prazo para protocolo. MEMORIAIS (ALEGAÇÕES FINAIS) PROBLEMA 1 (OAB/SP 106) "A" está sendo processado segundo denúncia que lhe imputa violação do artigo 121, parágrafo 2o., inciso III, 1a. parte, combinado com o artigo 14, II do Código Penal, porque teria tentado matar "B", mediante aplicação de injeção venenosa. O laudo do Instituto Médico Legal é taxativo, concluindo que a substância ministrada não tinha potencialidade lesiva, ou seja, era inócua. O Ministério Público apresentou alegações finais, postulando a pronúncia de "A", nos termos da denúncia. QUESTÃO:- Como advogado de "A", pratique o ato processual adequado ao rito processual. PROBLEMA 2 (OAB/SP 109) Policiais Militares, em razão de denúncia sobre tráfico de entorpecentes, efetuaram diligência na residência de "A", encontrando em determinado armário apenas uma cédula de identidade falsa, com a foto de "A". Em razão desse fato, "A" foi denunciado por uso de documento falso. "A" sempre negou a prática delituosa. Responde o processo em liberdade, sendo certo que a instrução já foi concluída e, em alegações finais, o Ministério Público postulou a procedência da ação e condenação de "A" como incurso nas penas do artigo 304, do Código Penal. A ação penal tem curso perante a 12a Vara Criminal da Capital. QUESTÃO: Como advogado de "A" elabore a peça processual pertinente. PROBLEMA 3 (OAB/SP 116)

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João da Silva foi preso em flagrante delito, pois no dia 10 de janeiro do corrente ano, por volta das 10:00 horas, fazendo uso de uma arma de fogo, tentou efetuar disparos contra seu vizinho Antônio Miranda. Foi denunciado pelo representante do Ministério Público como incurso nas sanções do artigo 121 caput, c.c. o artigo 14, inciso II, ambos do Código Penal, porque teria agido com “animus necandi”. Segundo o apurado na instrução criminal, uma semana antes dos fatos o acusado, planejando matar Antônio, pediu emprestada a um colega de trabalho uma arma de fogo e quantidade de balas suficiente para abastecê-la completamente, guardando-a eficazmente municiada. Seu filho, a quem confidenciara seu plano, sem que o acusado percebesse retirou todas as balas do tambor do revólver. No dia seguinte, conforme já esperava, João encontrou Antônio em um ponto de ônibus e, sacando da arma, acionou o gatilho diversas vezes, não atingindo a vítima, em face de ter sido a arma desmuniciada anteriormente. Dos autos consta o laudo pericial da arma apreendida, a confissão do acusado e as declarações da vítima e do filho do acusado. Por ser primário, o Juiz de primeiro grau concedeu ao acusado o direito de defender-se solto. As alegações finais de acusação foram oferecidas pelo representante do Ministério Público, requerendo a condenação do acusado nos exatos termos da denúncia. QUESTÃO: Como advogado de João da Silva, elabore a peça profissional pertinente. PROBLEMA 4 (OAB/SP 118) Agostinho registra grande número de condenações por crimes contra o patrimônio e já cumpriu parte em regime fechado. Estava em gozo de livramento condicional, veio a ser autuado em flagrante e foi denunciado por roubo simples. Encerrada a instrução probatória, em fase oportuna, o Ministério Público pleiteia a condenação de Agostinho, sustentando que a prova é suficiente para tanto, especialmente pelos maus antecedentes. Permanece preso. Consta dos autos que tem trâmite na 1 a Vara Criminal da Capital, que Agostinho ingressou na farmácia de Thomás, que desconfiou "daquele mal encarado" e avançou contra este imobilizando-o até a chegada da polícia. Agostinho, sempre alegou que fora comprar remédio. QUESTÃO: Como advogado de Agostinho, desenvolva a medida judicial pertinente. PROBLEMA 5 (OAB/SP 133 - ADAPTADO) Pedro foi acusado de roubo qualificado por denúncia do Promotor de Justiça da comarca, o dia 1 de julho de 2006. Dela constou que ele subtraiu importância em dinheiro de Antônio, utilizando-se de um revólver de brinquedo. Arrolou, para serem ouvidos, a vítima e dois policiais militares. O Juiz ouviu-o no dia 5 de setembro de 2006, sem a presença de defensor, ocasião em que ele confessou, com detalhes, a prática delituosa, descrevendo a vítima e afirmando que o dinheiro fora utilizado na compra de drogas. Afirmou, ainda, que havia sido internado várias vezes para tratamento. O defensor nomeado arrolou três testemunhas na defesa prévia. A vítima, ao ser ouvida, confirmou o fato e afirmou que não viu o rosto do autor do crime porque estava encoberto e, por isso, não tinha condições de reconhecê-lo. Os dois policiais afirmaram que ouviram a vítima gritando que havia sido roubada, mas nada encontraram; contudo, no dia seguinte, houve, no mesmo local, outro roubo, sendo o acusado preso quando estava fugindo e, por isso, ligaram o fato com o do dia anterior; o acusado, por estar visivelmente “drogado”, não teve condições de esclarecer o fato. As testemunhas de defesa nada disseram sobre o fato; confirmaram que o acusado tinha problemas com drogas e, por isso, era sempre internado. Na fase do 402 CPP, nada foi requerido pelas partes. O Promotor de Justiça pediu a condenação, alegando que a materialidade estava provada e que a confissão do acusado, pelos informes que continha, mostrava ser ele o autor do crime. Quanto às penas, entendeu que poderiam ser aplicadas nos patamares mínimos. Intimado o acusado para os fins do artigo 403, §3º, do CPP, seus pais resolveram contratar um advogado para defendê-lo. QUESTÃO: Como Advogado, apresente a peça adequada, com todos os argumentos e pedidos cabíveis na defesa do acusado.

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PROBLEMA 6 (OAB/SP 134 - ADAPTADO) Em 3/1/2008, quando caminhava na beira de uma estrada, saindo de uma festa, Vilma percebeu dois rapazes se aproximarem pelas suas costas, os quais, dizendo portar uma arma de fogo, encostaram algo em suas costas e lhe ordenaram que continuasse andando, olhando apenas para frente, e lhes entregasse a bolsa. Vilma obedeceu à ordem, sem ver os dois rapazes, e, cerca de vinte minutos depois, voltou à festa, pediu auxílio a um segurança e ambos saíram, em um carro, para procurar os autores da subtração. Encontraram a bolsa, logo em seguida, a cerca de 100 metros do local do fato, e Vilma verificou que faltavam R$ 50,00, em uma nota de R$ 20,00, duas de R$ 10,00 e duas de R$ 5,00, um relógio e um celular. Caminhando a cerca de 200 metros do mesmo local, estavam dois rapazes, Luís e Antônio. O segurança os deteve e ligou para a polícia, que compareceu ao local e os revistou. Com Luís foi encontrada a importância de R$ 50,00, em duas notas de R$ 20,00 e uma de R$ 10,00; com Antônio, o total de R$ 15,00, em uma nota de R$ 10,00 e uma de R$ 5,00. Não portavam celulares, nem relógio. Em seguida, os policiais os conduziram para a delegacia, onde foi lavrado o auto de flagrante. Em 11/1/2008, Luís e Antônio foram denunciados como incursos na prática do crime previsto no artigo 157, §2.º, I e IV, c.c. art. 29, todos do Código Penal. A denúncia foi recebida em 14/1/2008. Ambos, primários, com residência fixa e com bons antecedentes, foram liberados pelo juiz. Constituíram advogados distintos. No interrogatório, realizado em 21/1/2008, com a presença de seu advogado, e diante da ausência do advogado de Luís, não intimado para o ato, Antônio acusou Luís de ter cometido o roubo, dizendo, na ocasião, que não portavam qualquer arma, tendo sido encostado um dedo nas costas de Vilma. No dia seguinte, no interrogatório de Luís, com participação do seu advogado somente, o acusado negou que ele ou Antônio tivessem realizado o roubo. A vítima foi ouvida e ,também, como testemunhas de acusação, foram ouvidos o segurança e os dois policiais que realizaram a condução, os quais confirmaram o roubo e o encontro do dinheiro com os acusados, afirmando que ambos haviam permanecido em silêncio. Foram ouvidas testemunhas de defesa que atestaram o bom comportamento dos dois acusados. Na fase prevista no artigo 402 CPP, nada foi requerido pelas partes. Na seqüência, o Ministério Público manifestou-se pedindo a condenação de Luís e Antônio pela prática do crime previsto no artigo 157, §2.º, I e IV, c.c art. 29, todos do Código Penal. O advogado de Luís foi intimado para manifestar-se nos autos. Considerando a situação hipotética descrita, formule, na condição de advogado contratado por Luís, a peça a ser apresentada no processo. PROBLEMA 7 (OAB/ES – 2004) Félix Silva, nascido no dia 10/1/1978, foi denunciado como incurso nas penas do art. 155, § 4.º, incisos I, II e IV, do Código Penal, combinado com o art. 1.º da Lei n.º 2.252/1954. Eis trecho da denúncia. “No dia 31/3/1998, por volta das 10 h 30 min, em Vitória – ES, o denunciado, mediante vontade livre e consciente e previamente ajustado com Roberval, menor de 18 anos, com repartição de tarefas, subtraiu, em proveito de ambos, após escalar o muro e arrombar a porta, os objetos descritos no Auto de Apresentação e Apreensão, que se encontravam no interior da residência da vítima, quais sejam: xampu, condicionador, escova e creme dental, várias bijuterias, um rádio AM/FM e dois perfumes, perfazendo um total de R$ 230,00, conforme Laudo de Avaliação Indireta. Consta dos autos que o denunciado, após pular o muro da casa da vítima, arrombou a porta de entrada da frente e subtraiu de seu interior, depois de revirar toda a residência, os objetos já referidos, colocando-os em uma mochila de náilon, também de propriedade da vítima. O menor corrompido, concorrendo para a realização do delito, aguardava Félix do lado de fora em uma motocicleta que conduzia, empreendendo fuga do local após a subtração dos bens. Os bens subtraídos da vítima foram localizados em poder dos denunciados, que acabaram por confessar a prática do delito.”

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A denúncia foi recebida em 14 de abril de 2004. O réu foi interrogado e constituiu advogado, que apresentou defesa prévia no prazo legal. Na instrução, foram ouvidas as testemunhas Taciano, Roberval, Lília e Pedro. Taciano, vizinho da vítima, afirmou que havia observado, momentos antes dos fatos, que o portão da residência estava aberto, tendo inclusive pensado em avisar os moradores. Antes que o tivesse feito, porém, o crime aconteceu. Afirmou ainda que havia visto pessoas entrando na casa, não reconhecendo, no entanto, o acusado ou o menor. Disse não poder asseverar se houve escalada do muro. Roberval, menor que praticou o fato em conjunto com o acusado, afirmou já ter sido processado perante a Vara da Infância e Juventude por mais de uma vez, tendo inclusive sido submetido a medida sócio-educativa. Disse ainda que costumava praticar furtos nas redondezas da casa da vítima, pois era viciado em drogas e precisava do dinheiro obtido com os furtos para sustentar seu vício. Lília, vítima do delito, afirmou não saber se houvera arrombamento da porta de sua casa ou escalada do muro, pois havia saído no momento dos fatos e, quando retornou, no dia seguinte, sua irmã tinha providenciado tudo. Declarou ainda ter-se casado com Félix três meses após os fatos, apesar de não ter reavido os bens subtraídos. Pedro disse ser vizinho de Félix, o qual, além de ser primário e ter bons antecedentes, apresentava boa conduta social e personalidade pacata. Na fase prevista pelo art. 402 do Código de Processo Penal, foram juntadas as folhas de antecedentes penais do acusado e do menor Roberval, que indicaram ser Félix réu primário e Roberval, um menor infrator com várias passagens na Delegacia da Criança e do Adolescente. Em seguida, os autos foram ao Ministério Público para manifestação, oportunidade em que o promotor requereu a condenação do acusado Félix nos exatos termos da denúncia. Por despacho, o juiz ordenou, em seguida, que os autos fossem à defesa do acusado, para a manifestação no prazo legal. Em face da situação hipotética acima descrita, como advogado legalmente constituído pelo acusado Félix Silva, redija a peça processual cabível para cumprimento do despacho do juiz e a apresente no último dia do prazo, levando em conta que a intimação à defesa tenha sido feita no dia 26 de agosto de 2004 (quinta-feira). PROBLEMA 8 (OAB UNIFICADO - 2007.3 - ADAPTADO) O Ministério Público ofereceu denúncia contra Alexandre Silva, brasileiro, casado, taxista, nascido em 21/01/1986, pela prática de infração prevista no art. 121, caput, do CP. Consta na denúncia que, no dia 10/10/2006, aproximadamente às 21 horas, em via pública da cidade de Brasília – DF, o acusado teria efetuado um disparo contra a pessoa de Filipe Santos, que, em razão dos ferimentos, veio a óbito. No laudo de exame cadavérico acostado aos autos, os peritos do Instituto Médico Legal registraram a seguinte conclusão: “morte decorrente de anemia aguda, devido a hemorragia interna determinada por transfixação do pulmão por ação de instrumento perfurocontundente (projétil de arma de fogo)”. Consta da folha de antecedentes penais de Alexandre, um inquérito policial por crime de porte de arma, anterior à data dos fatos e ainda em apuração. No interrogatório judicial, o acusado afirmou que, no horário dos fatos, encontrava-se em casa com sua esposa e dois filhos; que só saiu por volta das 22 horas para comprar refrigerante, oportunidade em que foi preso quando adentrava no bar; que conhecia a vítima apenas de vista; que não responde a nenhum processo. Na instrução criminal, Paulo Costa, testemunha arrolada pelo Ministério Público, em certo trecho do seu depoimento, disse que era amigo de Filipe, que aparentemente a vítima não tinha inimigos; que deve ter sido um assalto; que estava a aproximadamente cinqüenta metros de distância e não viu o rosto da pessoa que atirou em Filipe, mas que certamente era alto e forte, da mesma compleição física do acusado; que não tem condições de reconhecer com certeza o ora acusado.

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André Gomes, também arrolado pela acusação, disse que a noite estava muito escura e o local não tinha iluminação pública; que estava próximo da vítima, mas havia bebido; que hoje não tem condições de reconhecer o autor dos disparos, mas tem a impressão de que o acusado tinha o mesmo porte físico do assassino. Breno Oliveira, policial militar, testemunha comum, afirmou que prendeu o acusado porque ele estava próximo ao local dos fatos e suas características físicas correspondiam à descrição dada pelas pessoas que teriam presenciado os fatos; que, pela descrição, o autor do disparo era alto, forte, moreno claro, vestia calça jeans e camiseta branca; que o céu estava encoberto, o que deixava a rua muito escura, principalmente porque não havia iluminação pública; que, na delegacia, o acusado permaneceu em silêncio; que a arma do crime não foi encontrada. Maíra Silva, esposa de Alexandre, arrolada pela defesa, confirmou, em seu depoimento, que o marido permanecera em casa a noite toda, só tendo saído para comprar refrigerante, oportunidade em que foi preso e não mais voltou para casa; que só tomou conhecimento da acusação na delegacia e, de imediato, disse ao delegado que aquilo não era possível, mas este não acreditou; que o acusado vestia calça e camiseta clara no dia dos fatos; que Alexandre é um bom marido, trabalhador e excelente pai. Após a audiência, o juiz abriu vista dos autos ao Ministério Público, que requereu a pronúncia do réu nos termos da denúncia. Com base na situação hipotética apresentada, redija, na qualidade de advogado de Alexandre, a peça processual, privativa de advogado, pertinente à defesa do réu; inclua a fundamentação legal e jurídica e explore a tese defensiva cabível nesse momento processual. PROBLEMA 9 (OAB/MG - 2001 - ADAPTADO) O representante do Ministério Público ofereceu denúncia, narrando em síntese o seguinte: “ (...) No dia 2 de dezembro de 2008, por volta das 21:00 (vinte e uma) horas, nesta Comarca de Barão do Rio Branco, José da Silva, já qualificado, de 20 (vinte) anos de idade, seduziu sua colega Maria Imaculada, de 17 (dezessete) anos, pobre, segundo declaração expressa de seus pais, que regularmente aviaram a devida representação, com quem mantinha um relacionamento de amizade. Para tanto, convidou-a para acampar nas margens de uma cachoeira no distrito de Água Limpa, e lá, aproveitando-se da situação, manteve com a vítima relações sexuais que foram atestadas pelo ACD de fls. e fls., que comprovam, inclusive, a sua condição de moça virgem antes daquela relação. ‘(...) Com tal procedimento, acha-se José da Silva incurso nas sanções do art. 217 do CP, motivo pelo qual a denúncia deve ser recebida e, ao final devendo o ora denunciado ser condenado.’” No decorrer da instrução processual, ficou patenteado por depoimentos de testemunhas e, até mesmo pelo depoimento da vítima, que ela é moça esclarecida quanto aos fatos da vida em geral, sendo estudante de segundo grau, tendo noção completa do que representa manter relações sexuais na idade em que se achava. Provado que nenhuma violência viu-se praticada por parte do réu e, segundo a própria Maria Imaculada, “(...) a relação se deu porque eu também estava a fim” . Encerrada a referida instrução, nada requerendo as partes na fase do art. 402 CPP, o Promotor de Justiça, em suas alegações, insiste na procedência da acusação, estando agora os autos com vista à defesa para os fins do art. 403, §3º, do Código de Processo Penal. PEDE-SE: Elabore as alegações finais, com o devido e completo encaminhamento, alegando toda a matéria de natureza penal e porventura processual aplicável ao caso proposto. PROBLEMA 10 (OAB/MG 2007)

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Nabil de Paiva Dornas, brasileiro, solteiro, estudante, natural de Cristais/MG, nascido em 27.01.1985, foi denunciado como incurso nas sanções do art. 302 c/c art. 303 e 306 do Código de Trânsito Brasileiro, na forma do art. 70 do Código Penal, posto que, segundo consta do inquérito policial, no dia 19 de fevereiro de 2004, por volta das 4.00 hs, na rodovia BR 356, altura do quilômetro 055, bairro Belvedere, nesta capital, na condução do veículo automotor marca Fiat, modelo pálio, de placa GVY-2255, praticou homicídio culposo e lesão corporal culposa, eis que embriagado e desenvolvendo excessiva velocidade, deu causa ao capotamento que vitimou Suely dos Anjos, que veio a falecer no HPS e Daniel Freitas que sofreu fratura na perna esquerda. A denúncia foi recebida em 12 de outubro de 2006. Seguiram-se citação e interrogatório, defesa prévia e oitiva de testemunhas. Manifestaram-se as partes na fase do art. 499 do CPP. A instrução não deixa dúvida acerca de acidente e da autoria. Por ocasião do interrogatório, o imputado afirmou que não desenvolvia velocidade incompatível com o local e que foi fechado por outro veículo, razão pela qual perdeu o controle do carro. Contesta, ainda a assertiva de que estava embriagado, já que não existe laudo técnico que dê suporte as tal acusação e a testemunha sobrevivente sustenta que ninguém havia ingerido bebida alcoólica. Em alegações finais, o Ministério Público pede a condenação nos termos da denúncia. Como advogado (a) do acusado, elaborar as alegações finais, com o devido e completo encaminhamento, com base nos dados fornecidos. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO PROBLEMA 1 (OAB/SP 115) "A" e "B" eram amigos de infância. Resolveram excursionar por lugar extremamente perigoso, hostil, deserto e com algumas cavernas, localizado no município de São Paulo. Ficaram perdidos durante 2 meses. Finalmente, os bombeiros alcançaram o lugar onde eles estavam. "A" havia tirado a vida de "B" e os homens viram "A" sentado ao lado de uma fogueira, tranqüilamente assando a coxa da perna esquerda de "B". Os bombeiros ficaram horrorizados e "A" foi preso em flagrante. Processado no Juízo competente, por homicídio doloso simples, alcançou a liberdade provisória. Acabou pronunciado pelo magistrado, por sentença de pronúncia prolatada há 2 dias. QUESTÃO: Elabore a peça processual conveniente, em favor de "A" destinando-a à autoridade judiciária competente. PROBLEMA 2 (OAB/SP 117) Os indivíduos Felício e Roberval, após uma partida de tênis, começaram a discutir. Felício que estava com a raquete na mão, atingiu de lado e sem muita força a cabeça de Roberval, de estrutura física inferior à do agressor e mãos desprovidas de qualquer objeto. Roberval desequilibrou-se e, ao cair ao solo, bateu com a cabeça na guia, vindo a falecer. Felício foi processado em liberdade perante a 1ª Vara do Júri, por homicídio simples – art. 121, "caput", do C.P. e pronunciado pelo magistrado, ao entendimento de que houve dolo eventual, pois o acusado teria assumido o risco de produzir o resultado, ao golpear Roberval com a raquete. A sentença de pronúncia foi prolatada há dois dias. QUESTÃO: Na condição de advogado de Felício, elabore a peça adequada à sua defesa. PROBLEMA 3 (OAB/SP 123 - ADAPTADO) João Alves dos Santos, vítima de estelionato, atuara no processo por seu advogado, como assistente do Ministério Público e apelou de sentença condenatória que, em 05.12.2008, condenara Antonio Aparecido Almeida às penas mínimas de 1 (um) ano de reclusão e dez dias-multa, pleiteando aumento da pena porque o condenado era reincidente. O juiz não admitiu a apelação porque, no seu entendimento, não pode o ofendido apelar de sentença condenatória para pleitear aumento de pena.

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QUESTÃO: Verifique a medida cabível e, de forma fundamentada, apresente a peça adequada, postulando, como advogado, o que for de interesse de João Alves dos Santos. PROBLEMA 4 (OAB/SP 125) João foi acusado pelo Ministério Público de praticar homicídio qualificado por motivo fútil porque disparou tiros que atingiram Pedro, seu amigo, e causaram-lhe a morte, assim agindo porque este cuspira, em brincadeira, no seu rosto. Na decisão de pronúncia, o juiz, além de admitir a qualificadora do motivo fútil, acrescentou, ainda, a qualificadora da traição porque, segundo a prova colhida, João mentira para Pedro, convidando-o para almoçar em sua casa e, aproveitando-se de momento em que ele estava sentado à mesa, atingiu-o pelas costas. QUESTÃO: Como advogado de João, verifique o que pode ser feito em sua defesa e, de forma fundamentada, postule o que for de seu interesse por meio de peça adequada. PROBLEMA 5 (OAB/SP 127 - ADAPTADO) João, em 5.1.2008, foi denunciado pelo crime de homicídio duplamente qualificado: por motivo fútil (discussão anterior por dívida de jogo) e por uso de recurso que impossibilitou a defesa (a surpresa com que agiu). Procurado para ser citado, João não foi encontrado, realizando-se a sua citação por edital e sendo declarada a sua revelia. Foi-lhe nomeado Defensor Dativo, que apresentou a defesa prévia. Durante a instrução foram ouvidas duas testemunhas. A primeira, arrolada pela acusação, afirmou ter visto quando João, por ela reconhecido fotograficamente na audiência, surgiu de repente e logo desferiu disparos em direção à vitima Antonio, causando-lhe a morte, tendo sabido pela esposa da vítima que o motivo era discussão anterior em virtude de dívida. A segunda testemunha, arrolada pela defesa, afirmou que conhecia João há muito tempo, sabendo que, na data do fato, ele não estava no Brasil e, por isso, não podia ser o autor dos disparos. Oferecidas as alegações pelas partes, João foi pronunciado por homicídio duplamente qualificado, nos termos da denúncia, sob o fundamento de que o depoimento da testemunha da acusação, por ser ela presencial, merece crédito, além do que, em caso de dúvida, deve o acusado ser pronunciado, já que, nessa fase processual, vigora o princípio in dubio pro societate. João, intimado da decisão, deu ciência ao seu advogado. QUESTÃO: Como advogado de João, redija a peça processual mais adequada à sua defesa. PROBLEMA 6 (OAB/SP 131 - ADAPTADO) João foi denunciado criminalmente por, supostamente, ter causado a morte de Josefa, funcionária da OAB/SP. Segundo a denúncia, o acusado, em atividade típica de grupo de extermínio, após diversas discussões e ameaças à funcionária, a qual, segundo consta, não o teria tratado adequadamente, aguardou a saída de Josefa de seu local de trabalho para outro prédio da OAB, onde iria despachar outros processos, momento em que lhe deferiu disparos de arma de fogo que a levaram a óbito. Recebida a denúncia, o réu alegou que não se encontrava, no dia dos fatos, em São Paulo. Alegou, também, que uma simples discussão não seria motivo para um homicídio. Mesmo apresentando testemunhas que o teriam visto em outro local, naquela hora, e mesmo não tendo sido encontrada a arma do crime, o réu foi pronunciado como incurso no art.121, §2.º, II, IV, CP, já que, pelo princípio in dubio pro societate, deveria caber aos jurados a avaliação quanto à culpa ou inocência de João. QUESTÃO: Como defensor de João, redija a peça mais adequada para sua defesa. PROBLEMA 7 (OAB/SP 132) Luiz, no período do Carnaval, decide ir com seus amigos a seu sítio perto de Itu, com o intuito de descansar do “stress” da cidade. Na quarta-feira de cinzas, Luiz decide ir até a cidade de Itu a fim de comprar cerveja, vez que realizariam pescaria no período da tarde. No trajeto até a cidade, Luiz, por meio de veículo automotor, realiza ultrapassagem em veículo que transitava no mesmo sentido, conduzindo o veículo em velocidade compatível com o local. Entretanto, Luiz não havia

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ligado a seta no instante da ultrapassagem, momento em que veio a colidir com um motociclista que, sem capacete, vinha conduzindo em alta velocidade, no sentido oposto, vindo o condutor da motocicleta a falecer, em virtude da colisão com o carro de Luiz. Instaurado o Inquérito Policial por crime de homicídio culposo, decide o Promotor de Justiça denunciar Luiz por homicídio doloso na modalidade de dolo eventual, argumentando que ele, por não ter dado a seta para a ultrapassagem, assumiu o risco do resultado da morte do motociclista. Após a instrução probatória, o Juiz decidiu pronunciar Luiz por crime doloso na modalidade eventual, encaminhando os autos para a Vara do Júri de Itu para o respectivo julgamento, já tendo sido expedida a intimação da decisão de pronúncia ao defensor de Luiz. QUESTÃO: Como advogado de Luiz, interponha a peça pertinente. PROBLEMA 8 (OAB/SP 133) João e Mário, juntos, ingressaram, no dia 20 de janeiro de 2007, na residência de Pedro, com a intenção de subtrair coisas que nela encontrassem. Os dois eram empregados de Pedro e este não estava efetuando os pagamentos de seus salários. Pretendiam, assim, com o que subtraíssem, receber o que lhes era devido. Quando estavam no interior da casa, antes que tivessem começado a subtrair qualquer coisa, Pedro, com um revólver, desferiu disparos contra os dois, vindo a atingi-los e causar-lhes a morte. Os dois não traziam consigo nenhuma arma. Ele próprio chamou a polícia e solicitou uma ambulância. Chegou a ser preso, mas foi liberado. Foi acusado, por denúncia do Ministério Público, de duplo homicídio qualificado pela surpresa, recurso que impossibilitou a defesa das vítimas, e, por motivo torpe, vingança, porque as vítimas queriam subtrair bens como forma de receberem seus salários e, ainda, por guardar em sua residência arma não registrada e sem autorização regular. Ouvido, confessou o crime, mas disse que não sabia que as vítimas eram seus empregados, pois, se soubesse, não as teria atingido. Quanto à arma, disse que, como já havia sido vítima de três roubos anteriormente, a havia adquirido recentemente e ainda não tivera tempo de registrá-la. As testemunhas de acusação ouvidas foram os policiais que atenderam a ocorrência. As testemunhas de defesa afirmaram que as vítimas eram boas pessoas e nunca haviam cometido qualquer crime. O Promotor pediu a pronúncia do acusado nos termos da denúncia. O advogado apresentou alegações. O Juiz, afirmando que, nesse momento, prevalece o princípio in dubio pro societate, pronunciou o acusado, acolhendo integralmente a denúncia. O acusado foi intimado no dia 5 de setembro de 2007 e manifestou interesse em recorrer. QUESTÃO: Como Advogado, apresente a peça mais adequada para a defesa do acusado, com os fundamentos e pedidos. PROBLEMA 9 (OAB/SP 110 - ADAPTADO) Aurélio, Promotor de Justiça, oferece denúncia contra Agripino, empresário, descrevendo infração penal tipificada como receptação ocorrida em outubro de 2007. Contudo, esquece-se de apresentar o rol de testemunhas na peça inicial, além de narrar fato equivocado, fazendo inserir circunstâncias totalmente divorciadas da realidade, não oferecendo, outrossim, a qualificação do indiciado. O Magistrado, ao tomar conhecimento do teor da denúncia, rejeita-a, expondo os motivos para tal. O Promotor de Justiça recorre de tal decisão, expondo os motivos de seu inconformismo, reiterando que a ação penal deve ser recebida para, ao final da instrução probatória, ser o réu condenado pelo crime que cometeu. Você, como advogado de Agripino, é intimado para tomar ciência da decisão do Juiz, bem como do recurso interposto pelo Promotor de Justiça. Assim, proponha a peça processual que julgar correta para a defesa de Agripino, justificando fundamentadamente os argumentos que nela desenvolverá. PROBLEMA 10 (OAB/MG - 2006)

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No curso de ação penal de iniciativa privada ajuizada por João Henrique contra Edmar Benson, na Comarca de Perdões/MG, pela prática dos delitos previstos nos artigos 138, 139 e 140 do CP, o querelante foi devidamente intimado para constituir novo patrono por ter o anterior renunciado aos poderes que lhe foram outorgados, deixando, no entanto, o querelante de fazê-lo por mais de trinta dias seguidos. O advogado do querelado requereu a decretação da perempção e o juiz indeferiu a pretensão ao argumento de que a suposta omissão não poderia ser caracterizada como inércia ou desídia, pois independente de ser iniciativa privada, toda ação penal tem interesse público e deve seguir o seu trâmite até o final com o julgamento do mérito. Em face de tal decisão, atuando como advogado do querelado, elabore a petição de interposição do recurso e as razões que o acompanha com o devido e completo encaminhamento. PROBLEMA 11 (OAB/MG 2002) João José da Silva, brasileiro, casado, pedreiro, residente e domiciliado na cidade de Belo Horizonte, no beco 09, casa 10, da Favela Palmital, doc. de identidade nº M-1.222.333/SSP-MG, e Manoel Sebastião de Souza, brasileiro, casado, também pedreiro, residente e domiciliado em Belo Horizonte, na mesma Favela, no beco 11, casa 12, doc. de identidade nº M-2.333.444/SSP-MG, eram desafetos de longa data, vivendo de atritos e ameaças de morte há pelo menos 05 (cinco) anos. Quando não se atracavam fisicamente nas ruas da favela, mandavam, através de terceiros, recados ameaçadores. Ambas as famílias viviam em pânico, posto que, os inimigos não saíam de casa sem portarem, quando não um revólver, uma faca do tipo ”peixeira”. Toda a desavença, tinha como pano de fundo, boatos na favela relacionados a relacionamento envolvendo a filha de João com o filho de Manoel. Num domingo de agosto de 2001, estando em um bar, nas proximidades da favela, bebendo e jogando sinuca já por longas horas, João vê, entrando no estabelecimento, o desafeto, que, na cintura, de forma escancarada, portava seu revólver. Trocaram as mais graves ofensas, sendo que João já havia ingerido cerca de 06 (seis) garrafas de cerveja. Serenados os ânimos, João se senta numa mesa, pede mais uma cerveja e um pastel e mais a conta de consumo. Enquanto era servido e conferia a nota, não percebe a aproximação de Manoel, que sai do canto onde se encontrava, passando por detrás de João, ainda sentado, dando-lhe um tapa na nuca e saindo correndo do bar. Possesso, João se levanta, saca de sua arma, indo atrás de Manoel, e contra ele disparando já na rua, enquanto o mesmo corria em desabalada carreira. Segundo laudo de necropsia, 03 (três) tiros atingiram Manoel nas costas, que teve morte instantânea. Acionada a Polícia, João foi preso em flagrante. O inquérito tramitou até seu final não havendo dúvidas em torno da materialidade e autoria, tendo o representante do Ministério Público, quando do recebimento dos autos do inquisitório, denunciado e pedido a condenação de João como incurso no art. 121, § 2º, incisos II, III e IV do Código Penal. Após a regular instrução do processo, feitas as alegações finais escritas, o MM. Juiz Sumariante do I Tribunal do Júri da Capital pronuncia João nos termos da exordial acusatória decretando seu recolhimento à prisão, tendo sido você, defensor dativo nomeado desde o início do feito, intimado da decisão em 05 (cinco) de abril do corrente ano. Inconformado com a decisão pronunciatória, maneje a medida recursal pertinente, argumentando toda a matéria de direito e de processo porventura existentes. PROBLEMA 12 (OAB/MG 2004) José Antunes da Silva, processado perante a 100ª Vara Criminal da comarca de Sant’Ana de Serrinha – MG (Processo n. 04.001) pela prática de lesão corporal de natureza grave (Código penal, art. 129, § 1º, I), foi beneficiado com a suspensão condicional do processo, nos termos do art. 89 da lei 9.099/95, por decisão transitada em julgado. Meses depois, o Ministério Público requereu a revogação do benefício, com fundamento nos parágrafos 3º e 4º do mesmo art. 89 da lei citada, alegando que o beneficiado veio a praticar

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outro crime – novamente de lesão corporal de natureza grave – durante a vigência da suspensão, além de ter também descumprido a condição imposta de não freqüentar estabelecimentos em que se vendem ou servem bebidas alcoólicas, vez que foi visto comprando cigarros no interior de um bar. Entretanto, junta a petição aos autos do processo mencionado, o juiz julgou improcedente o pedido, deixando, assim, de revogar o benefício, para manter suspenso o feito. Publicada a decisão, o Ministério Público retirou, por intermédio de funcionário credenciado, os autos da secretaria da Vara, mediante carga. Dez (10) dias depois, protocolou petição de recurso em sentido estrito, para o Tribunal de Justiça, contra a decisão que lhe indeferiu o pedido, requerendo, para oferecimento de razões, vista dos autos, que foram então devolvidos. Neles se vê uma certidão de funcionário da repartição, feita com dizeres de carimbo complementados, de que naquela mesma data da devolução fora intimado da decisão o promotor a quem foram ali distribuídos os autos. Aberta a vista dos autos, alegou o recorrente em suas razões, oferecidas quinze (15) dias depois de intimado, que a decisão é equivocada porque a lei não exige que haja a formalidade de sentença condenatória, muito menos passada em julgado, bastando apenas, como se vê do dispositivo legal aplicável, que o réu beneficiado venha a ser processado por novo crime, como de fato ele comprovadamente estava sendo, com o processo já em fase de instrução; dizendo também que as alegações da defesa, no sentido de que o réu não foi autor do fato e apenas tentou separar duas pessoas que brigavam, não encontravam apoio nos elementos dos autos. Alegou ainda que estava provado que o réu entrara em um bar, desobedecendo a condição que aceitara, visto que não podia freqüentar estabelecimento como aquele. Elaborar, como advogado do recorrido, as contra-razões do recurso, com o necessário para seu correto encaminhamento. PROBLEMA 13 Cristiano foi denunciado pela prática do crime previsto no art. 121, § 2.º, incisos III e IV, do Código Penal, nos seguintes termos: No dia 8/5/2008, no período compreendido entre 19 h e 19 h 30 min, nas proximidades da rua Paulo Chaves, casa 32, no bairro Aricanduva, São Paulo – SP, o denunciado, Cristiano, brasileiro, solteiro, ajudante de pintor, residente na rua Paulo Chaves, casa 32, no bairro Aricanduva, São Paulo – SP, imbuído de inequívoco animus necandi, utilizando-se de um facão, golpeou João cinco vezes, causando-lhe a lesão descrita no laudo de exame de corpo de delito, a qual foi a causa eficiente de sua morte. O delito foi cometido mediante meio cruel, causando intenso e desnecessário sofrimento à vitima. O crime foi, ainda, praticado de surpresa, recurso que dificultou a defesa da vítima. A denúncia foi recebida, em 20/8/2008, pelo juiz da primeira vara do júri da capital, que ordenou a citação do acusado para responder à acusação, por escrito, no prazo de 10 dias. Na resposta, o acusado alegou que havia agido para se defender, juntou comprovante de residência e sua folha penal bem como arrolou uma testemunha, qualificando-a e requerendo sua intimação. O Ministério Público não se opôs à juntada dos documentos e, no dia e hora marcados, procedeu-se à inquirição das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem. A acusação arrolou Pedro, que informou que conhecia Cristiano havia 5 anos e que o acusado tinha o hábito de beber, comumente se embriagando e causando confusão nos bares da cidade. A defesa arrolou Francisco, irmão do réu e único a presenciar o fato, o qual foi ouvido com a concordância da acusação e sem o compromisso legal, tendo afirmado em juízo: que presenciou o fato ocorrido no dia 8/5/2008, aproximadamente às 19 h, no interior da casa; que avisou Cristiano de que havia uma pessoa subtraindo madeira e telhas de sua residência. Diante disso, Cristiano dirigiu-se ao local onde o larápio estava. Chegando lá, Cristiano, de posse de um facão, mandou que o ladrão parasse com o que estava fazendo, tendo o ladrão o desafiado e, de posse de um pé-de-cabra, caminhado em sua direção. Imediatamente, Cristiano tentou desferir alguns golpes no ladrão, que, ao ser atingido, tombou ao solo. Por fim,

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Cristiano, ao ser interrogado em juízo, disse que a acusação não era verdadeira, porque havia atuado para se defender da iminente agressão por parte da vítima. Disse, ainda, que, apesar de ter tentado desferir cinco golpes na vítima, somente a atingiu no quinto golpe, momento em que a vítima caiu. Ressalta-se que o laudo cadavérico indicou a existência de apenas uma lesão no corpo da vítima, na altura do peito, e apontou como causa mortis hemorragia no pulmão, em consequência de ação perfurocortante. Apresentadas as alegações finais orais, o juiz entendeu que o feito havia tramitado regularmente, sem nulidades. Outrossim, entendeu haver indícios de autoria e estar configurada a materialidade do crime, comprovada por meio do laudo de exame de corpo de delito (cadavérico), bem como pelos depoimentos colhidos no curso da instrução, e pronunciou o acusado, na própria audiência, pelo crime previsto no art. 121, § 2.º, incisos III e IV, do Código Penal, a fim de que fosse submetido a julgamento pelo júri popular. Por fim, determinou o magistrado que o réu deveria permanecer em liberdade, já que esteve solto durante toda a instrução, haja vista a ausência dos requisitos para a prisão preventiva, além de ser primário e possuir bons antecedentes. Considerando a situação hipotética apresentada, redija, em favor de Cristiano, a peça profissional, diversa de habeas corpus, cabível à espécie. APELAÇÃO PROBLEMA 1 (OAB/SP 107) "A" já cumpriu pena na Penitenciária do Estado de São Paulo pela prática de diversos delitos patrimoniais, sendo certo que obteve a liberdade definitiva no dia 28 de agosto de 1996. Em liberdade, "A" locou de "B", para fins comerciais, o imóvel sito à rua "C", nº 100, Centro, São Paulo, Capital, vencendo o contrato aos 15 de setembro de 1998. No dia 01 de fevereiro de 1997, por volta das 23:00 horas, "B" passou defronte o imóvel de sua propriedade e notou um caminhão sendo carregado com telhas, portas e janelas do imóvel, e foi informado de que aqueles objetos estavam sendo retirados por ordem expressa de "A". Imediatamente "B" acionou a polícia e após a tramitação do inquérito policial, "A" foi denunciado por furto agravado. O juiz da 28ª Vara Criminal da Capital julgou procedente a ação penal, condenando "A", por violação do artigo 155, § 1º, do Código Penal, a pena de 2 (dois) anos e 4 (quatro) meses de reclusão, em regime fechado, sem direito a apelar em liberdade. O mandado de prisão já foi cumprido e "A" está preso na Casa de Detenção de São Paulo. O magistrado não acolheu a alegação de "A" no sentido de que na condição de inquilino estava apenas reparando o imóvel de que tinha a posse em razão de contrato em vigor. Entendeu o magistrado que, pelos antecedentes ostentados, "A" não poderia estar fazendo outra coisa senão praticando o furto descrito na denúncia. O Advogado de "A" foi intimado da respeitável sentença na data de ontem. QUESTÃO: Como advogado(a) de "A", adote a medida judicial cabível, apresentando em separado a justificativa. PROBLEMA 2 (OAB/SP 108) Aurélio, em sede de inquérito policial, reservou-se o direito de permanecer calado. Na fase judicial, foi condenado como incurso no art. 157, § 2º, incisos I e II, c.c. o art. 14, inciso II, do Código Penal, às penas de 01 ano, 09 meses e 10 dias de reclusão e 04 dias-multa. Embora frágeis as provas produzidas, o MM. Juízo da 15ª Vara Criminal Central da Comarca da Capital fundamentou a decisão na presunção de culpa, pelo silêncio de Aurélio na fase policial. A sentença foi publicada há cinco dias. QUESTÃO: Como advogado de Aurélio, adote a medida judicial cabível, justificando-a. PROBLEMA 3 (OAB/SP 108)

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Gaio foi denunciado como incurso no art. 121, § 2º, inciso II, c.c. o art. 29, todos do Código Penal. Em Plenário, sustentou a Defesa, dentre outras, a tese da ausência do “animus necandi”. Os Jurados, por significativa maioria de votos, rejeitaram todas, sendo certo que não foi formulado quesito acerca da referida tese defensiva, fato que não foi objeto de reclamação na oportunidade. A sentença, proferida no julgamento realizado há três dias, condenou Gaio a cumprir a pena de 12 anos de reclusão, em regime fechado. QUESTÃO: Como advogado de Gaio, ajuíze a providência judicial adequada, justificando-a. PROBLEMA 4 (OAB/SP 113) O cidadão "A", em São Paulo, Capital, comprou do comerciante "B" um sofá de couro, no valor de R$ 3.000,00. A compra foi efetuada no dia 10 de março de 1999, sendo que o comprador pediu ao comerciante que apenas apresentasse o cheque no dia 30 do mesmo mês. O pedido foi aceito e ficou consignado no verso da cártula. Porém, o acordo não foi cumprido e o cheque referido voltou sem fundos, tanto na primeira vez em que foi apresentado quanto na posterior. Por causa desses fatos, o cidadão "A" foi denunciado e processado, pelo artigo 171, parágrafo 2º, inciso VI do Código Penal e restou condenado à pena de 1 ano e 8 meses de reclusão com "sursis". O réu recusou a suspensão do processo, prevista no artigo 89 da Lei 9.099/95, no momento procedimental oportuno. A respeitável sentença foi prolatada hoje. QUESTÃO: Produzir a peça adequada na espécie, em favor de "A", perante o Órgão Judiciário competente. PROBLEMA 5 (OAB/SP 114) "A" foi condenado a pena de 1 (um) ano de reclusão e 10 (dez) dias-multa pelo Juízo da 1ª Vara Criminal da Capital, que o considerou incurso no artigo 333, do Código Penal. Não havia aceito a aplicação da Lei Federal 9.099/95 e persiste no mesmo sentido, daí ter o juiz concedido o "sursis". No qüinqüídio legal, o Ministério Púbico não recorreu e a defesa de "A", sim. Consta da sentença condenatória que "...embora o réu apenas tenha aquiescido ao insistente pedido do funcionário público e lhe dado R$ 100,00 (cem reais) para retardar ato de ofício, a condenação seria de rigor em razão da crescente onda de corrupção que não é tolerada pela sociedade. Mesmo que o réu tenha se sentido coagido, o que ficou bem demonstrado nos autos, o fato é que se viu favorecido, o que também justificava a condenação." QUESTÃO: Como advogado constituído por "A" e hoje intimado, dê continuidade ao recurso interposto. PROBLEMA 6 (OAB/SP 121) Xisto e Peter combinaram entre si a prática de furto qualificado, consistente na subtração, mediante arrombamento, do toca-fitas de veículo estacionado na via pública. Ao iniciarem o furto, aparece o dono do veículo. Xisto sai correndo, enquanto Peter enfrenta a vítima e, usando de uma arma de fogo que portava, o que não era do conhecimento de Xisto, vem a matar a vítima. A sentença condenatória do MM. Juiz de Direito da 5.ª Vara Criminal da Capital aplicou a pena de 20 anos a cada um dos acusados. Os advogados foram intimados da decisão há dois dias. QUESTÃO: Na qualidade de defensor de Xisto, apresentar a peça jurídica competente. PROBLEMA 7 (OAB/SP 123) João Alves dos Santos foi condenado, no dia 05.01.2004, por apropriação indébita porque, como marceneiro, recebera, no dia 06.02.2002, importância de seu cliente, Antonio Aparecido Almeida, como pagamento adiantado pelos serviços que prestaria em sua residência. Entendeu o Magistrado que João cometera o crime porque ficou com o valor recebido, não executando os trabalhos pelos quais foi contratado. Ele e seu advogado foram intimados da sentença condenatória, no dia 20.05.04.

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QUESTÃO: Como advogado de João, verifique a medida cabível e, de forma fundamentada, postule o que for de seu interesse por meio de peça adequada. PROBLEMA 8 (OAB/SP 124) João foi condenado porque ele e Pedro, no dia 01.02.2004 ingressaram na residência de Antônio, com a intenção de subtrair bens a este pertencentes, e, em virtude da resistência do morador, desferiram-lhe tiros que vieram a causar lhe a morte. Um dos tiros atingiu o comparsa, Pedro, que faleceu. João, temeroso, fugiu sem nada subtrair. O juiz, em razão dos fatos, condenou João, como incurso duas vezes em concurso material, às penas do art. 157, § 3. °, segunda parte, do Código Penal, num total de 40 (quarenta) anos de pena privativa de liberdade e 20 (vinte) dias multa, fixadas no mínimo legal, e ao regime integralmente fechado, para o seu cumprimento. QUESTÃO: Como advogado de João, redija a peça processual mais adequada à sua defesa PROBLEMA 9 (OAB/SP 125) João foi acusado de ter subtraído, no dia 5 de janeiro de 2003, vinte mil dólares de seu pai, Fábio, com cinqüenta e oito anos de idade. Houve proposta de suspensão condicional do processo, não aceita pelo acusado. Ouvidas duas testemunhas de acusação, disseram que, realmente, houve a subtração, por elas presenciada. O pai, vítima, confirmou o fato e a propriedade dos dólares. Por outro lado, o acusado e duas testemunhas de defesa afirmaram que os dólares não pertenciam ao pai do acusado, mas à sua mãe, que, antes de falecer, os dera para o filho. Não foi juntada prova documental a respeito da propriedade do dinheiro. O juiz, no dia 4 de janeiro de 2005, condenou João pelo crime de furto simples às penas de 1 (um) ano de reclusão e 10 dias-multa, no valor mínimo, substituindo a pena de reclusão pela restritiva de direitos consistente em prestação de serviços à comunidade. QUESTÃO: Como advogado de João, verifique o que pode ser feito em sua defesa e, de forma fundamentada, postule o que for de seu interesse por meio de peça adequada. PROBLEMA 10 (OAB/SP 126) João, casado com Semprônia, foi denunciado como incurso nas penas dos arts. 213, “caput”, e 217 do Código Penal, cada um deles combinado com o art. 226, inciso III, do mesmo diploma legal, em concurso material. Segundo a denúncia, João namorou Caia, virgem, de 15 anos de idade, por vários meses durante o primeiro semestre de 2004 e, aproveitando-se de sua inexperiência e iludindo-a com promessa de casamento, seduziu-a, conseguindo manter relações sexuais com ela. Ainda, aproveitando-se do fato de freqüentar a casa de Caia, em dia não esclarecido do mês de junho de 2004, mediante violência, João constrangeu a irmã de sua namorada, de nome Tícia, de 21 anos de idade, a manter com ele conjunção carnal, vindo a vítima a sofrer lesões corporais de natureza leve. Na delegacia, Tícia, em relação ao fato de que foi vítima, e seus pais, quanto ao fato em que Caia foi vítima, apresentaram representação e comprovaram ser pessoas pobres. Foram ouvidos o acusado, que negou os fatos, e Caia, que confirmou ter sido vítima de sedução e afirmou ter sua irmã sido vítima de estupro. Tícia não foi localizada. João foi condenado pelo crime do art. 217 à pena de 2 (dois) anos de reclusão, aumentado de ¼ em face da incidência do art. 226, III, do Código Penal, totalizando a pena de 2 (dois) anos e 6 (seis) meses de reclusão. Foi também condenado pelo crime do art. 213, “caput”, do Código Penal à pena de 6 (seis) anos, aumentada de quarta parte, totalizando a pena de 7 (sete) anos e 6 (seis) meses de reclusão. Foi fixado como regime de pena o integralmente fechado, em razão de ser hediondo o crime de estupro. O acusado foi intimado da sentença no dia 04.05.05 e o advogado foi intimado no dia 19.05.05. QUESTÃO: Como advogado de João, redija a peça processual mais adequada à sua defesa. PROBLEMA 11 (OAB/SP 126 - ADAPTADO)

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João foi condenado por crime de roubo qualificado pelo emprego de arma às penas de 5 (cinco) anos e 4 (quatro) meses de reclusão e multa, fixada em seus patamares mínimos. Levou o juiz em conta na aplicação da pena mínima, entre outras circunstâncias, a atenuante da menoridade prevista no art. 65, I, do Código Penal, bem como o fato de o prejuízo sofrido pela vítima ter sido de pequena monta. O processo foi anulado em sede de revisão criminal por vício de citação. Renovada a instrução, apurou-se que o acusado era, na verdade, maior de 21 (vinte e um) anos à época do fato e que o prejuízo da vítima era bem mais elevado do que o inicialmente apurado. O juiz proferiu sentença condenando João às penas de 6 (seis) anos e 6 (seis) meses de reclusão e 10 dias-multa, sendo o valor de cada dia-multa fixado em um trigésimo do salário mínimo vigente. O juiz fixou a pena privativa de liberdade acima do mínimo, em uma única operação, em face das conseqüências graves do crime e, ainda, porque se provou ser o réu reincidente e não lhe beneficiar nenhuma atenuante. QUESTÃO: Como advogado de João, redija a peça processual mais adequada à sua defesa. PROBLEMA 12 (OAB/SP 128 - ADAPTADO) José foi denunciado como incurso no art. 155, § 4o, incisos I e II, do Código Penal. Segundo a acusação, José, em 5 de agosto de 2007, por volta das 22 horas, invadiu casa localizada na rua Coronel Pereira Vaz, no 85, São Paulo – Capital, de propriedade e residência de Armando Paixão, mediante a transposição de um muro de 80 centímetros de altura. Na garagem, percebendo que o portão estava apenas encostado, sem estar trancado, segundo a denúncia, José resolveu furtar o veículo de Armando ali estacionado. Para tanto, quebrou o vidro lateral do veículo e ingressou em seu interior, evadindo-se do local com o carro. O veículo foi encontrado, no dia seguinte, na garagem do prédio em que José reside. Em juízo, José negou o crime em seu interrogatório, afirmando que, a pedido de um conhecido, de nome Pedrinho, deixou que este estacionasse o veículo em sua vaga de garagem, pois esta estava disponível, nada tendo a ver com a subtração. Que, após este dia, não encontrou mais Pedrinho. A vítima, ao ser ouvida, confirmou a subtração. Carlos, vizinho da vítima, confirmando reconhecimento feito durante o inquérito policial, afirmou que José foi visto por ele, saindo com o veículo. Em suas alegações finais, a defesa sustentou que José apenas consentiu que Pedrinho guardasse o carro. Quanto ao reconhecimento feito pelo vizinho, alegou que José é pessoa de fisionomia bastante comum e que, certamente, fora confundido. Afirmou, ainda, que o fato ocorreu à noite, o que dificultava a visualização do condutor do veículo. O MM. Juiz da 23a Vara Criminal da comarca da Capital julgou procedente a acusação e condenou José pelo crime de furto duplamente qualificado (escalada e rompimento de obstáculo). Quanto à aplicação da pena, na primeira fase, o juiz, com base no art. 59 do Código Penal, fixou a pena em 3 (três) anos de reclusão, acima do mínimo legal, porque eram duas as qualificadoras do furto, fato que demonstraria dolo intenso do agente. A pena de multa foi fixada no mínimo legal. Para o cumprimento da pena, determinou o regime aberto, substituindo a pena privativa de liberdade por duas restritivas de direito, consistentes em prestação de serviços à comunidade e multa. José foi intimado da sentença no dia 16 de fevereiro e o advogado foi intimado no dia 17 de fevereiro de 2008. QUESTÃO: Como advogado de José, redija a peça processual mais adequada à sua defesa. PROBLEMA 13 (OAB/SP 130) João foi processado e condenado por homicídio duplamente qualificado à pena de 19 (dezenove) anos de reclusão. Conforme a denúncia e a pronúncia, houve motivo fútil porque o crime foi praticado em razão de uma simples desavença em virtude de uma dívida de jogo no valor de R$ 200,00 (duzentos reais) e, também, houve utilização de recurso que impossibilitou a defesa consistente em surpresa porque os tiros foram desferidos logo após rápida discussão sobre a dívida, quando a vítima, Antonio, chegou na casa de João, chamada por este. Não houve testemunhas presenciais. A denúncia foi baseada em depoimento de Maria, namorada de

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Antonio, a qual afirmou que conversou com a vítima sobre a desavença antes de sua morte. Contudo, Maria desapareceu e não foi ouvida na fase processual. João negou a autoria na polícia e em juízo. Foram ouvidos no processo dois policiais militares que afirmaram terem atendido à vítima e visto quando ela conversava com a namorada, Maria, mas disseram que não chegaram a conversar com a vítima ou com sua namorada. A arma não foi encontrada. A morte foi demonstrada por laudo pericial. Indagados, os jurados responderam: a) por quatro votos a três, que João desferiu os tiros na vítima Antonio, causando-lhe ferimentos; b) por cinco votos a dois, que os ferimentos resultantes dos tiros causaram a morte de Antonio; c) por seis votos a um, que João agiu por motivo fútil; d) por seis votos a um, que João usou de recurso que impossibilitou a defesa de Antonio; e) por sete votos a zero, que inexistia circunstância atenuante em favor de João. O advogado impugnou os quesitos sobre as qualificadoras, argumentando que foram redigidos de forma singela, sem especificação do motivo fútil ou do recurso que impossibilitou a defesa, não sendo a impugnação aceita pelo juiz. O Promotor de Justiça não apresentou a réplica. O advogado, com base no princípio constitucional da plenitude da defesa, quis apresentar a tréplica, sendo impedido pelo magistrado, o qual entendeu que não há tréplica sem réplica. A sentença condenatória foi lida em plenário. No dia seguinte, 15.09.2006, o advogado recorreu. QUESTÃO: Como advogado, indique os fundamentos do recurso e apresente as suas razões. PROBLEMA 14 (OAB/SP 131) João foi processado perante a ____ Vara Criminal da Capital por, supostamente, em 10.02.06, ter, mediante violência, levado para sua casa, Maria, dançarina da casa noturna “Noites de Prazer”, com fins libidinosos. Em seu interrogatório, afirmou, primeiramente, não ser Maria pessoa honesta. Por outro lado, asseverou ter convidado a moça para sua casa, no que esta teria concordado, mediante remuneração pecuniária. Alegou, ainda, que, em momento posterior, ambos discutiram sobre o valor a ser pago, tendo, Maria, saído revoltada e dizendo que iria se vingar. Testemunhas foram apresentadas, asseverando terem se encontrado, na mesma noite e na mesma casa noturna, com Maria, após sua saída com João. Em 20.01.07, João foi condenado a uma pena de 2 anos de reclusão, sob a alegação de que teria ele, de qualquer forma, retido, com fins libidinosos, Maria, contra a vontade desta. QUESTÃO: Como advogado de João, escolha o melhor meio para sua defesa. Redija a peça. PROBLEMA 15 (OAB/SP 134) Em 1.º/3/2001, quando tinha dezenove anos de idade, Renato foi denunciado por roubo com emprego de arma (art. 157, §2.º, I, do Código Penal). A denúncia foi recebida em 4/3/2002 e Renato foi interrogado no dia 11/3/2002, tendo, no dia 12/3/2002, apresentado defesa prévia, na qual foram arroladas cinco testemunhas suas e três que constavam da denúncia. Na audiência de oitiva de testemunhas da acusação, foram ouvidas sete delas, tendo o Ministério Público desistido de uma, também arrolada pela defesa. Cinco das testemunhas ouvidas afirmaram que souberam do roubo, mas não o presenciaram, nem conheciam o acusado. Duas outras disseram ter visto uma pessoa semelhante a Renato cometer o crime. A vítima o reconheceu. Foram ouvidas cinco das testemunhas arroladas pela defesa, tendo todas elas somente feito referência à boa personalidade e ao bom comportamento de Renato. O juiz dispensou as últimas testemunhas da defesa, duas que já haviam sido ouvidas como testemunhas da acusação e uma que não mais deveria ser ouvida ante a desistência do Ministério Público e, ainda, em razão de não ter comparecido, tendo ficado clara a intenção da defesa em procrastinar o encerramento do processo. Na audiência, o advogado manifestou sua inconformidade, solicitando a inquirição da testemunha e se comprometendo a levá-la, independentemente de intimação. O juiz não atendeu ao seu pleito. Na fase prevista no art. 402 do Código de Processo Penal, o Ministério Público nada requereu, enquanto a defesa insistiu na oitiva da testemunha, afirmando ser importante para a prova, contudo o juiz indeferiu o pedido e reiterou o seu entendimento. Em alegações finais, o Ministério Público pleiteou a condenação, ao passo que a defesa, em preliminar, novamente

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postulou a oitiva da testemunha e, no mérito, pediu absolvição. Na sentença, publicada em 10/8/2007, o juiz rejeitou a preliminar da defesa e condenou Renato, fixando, respectivamente, a pena-base no mínimo legal — 4 anos de reclusão e 10 dias-multa —, e cada dia-multa, em um trigésimo do salário mínimo, tendo acrescentado 1/3 pela causa de aumento, o que resultou na pena de 5 anos e 4 meses de reclusão e 13 dias-multa. O acusado e seu advogado foram intimados da decisão em 5 de março de 2008. Considerando a situação hipotética descrita, atue na defesa de Renato, como se seu advogado fosse. PROBLEMA 16 (OAB/SP 111) O Promotor de Justiça, quando da apresentação de alegações finais, em ação penal pública incondicionada, conclui pela inocência do réu, e postula a sua absolvição. O Magistrado, ao analisar os autos, profere sentença absolutória, acolhendo o pleito ministerial. Na ocasião da intimação da sentença, em virtude de férias do subscritor das alegações finais, outro membro do Ministério Público entende diferentemente do seu colega e do Juiz, considerando que a sentença deve ser reformada. Assim, interpõe recurso, alegando ter independência funcional consagrada na Carta Magna, afirmando que, por ser ação penal pública incondicionada, o Promotor que o antecedeu, jamais poderia ter pleiteado a absolvição, mas tão-somente a condenação. Pugna, outrossim, pela condenação do acusado nos termos do art. 171 do Código Penal (estelionato consumado), aduzindo a presença de todos os elementos do tipo penal na conduta descrita na denúncia, e o réu teria agido com culpa presumida, ainda que não tivesse obtido a vantagem ilícita em prejuízo alheio. QUESTÃO: Como advogado(a) do réu, formule a peça processual que julgar oportuna PROBLEMA 17 (OAB/MG – Abril 2006) Jorge Mattos, funcionário público estadual, conhecido por seus amigos como excelente motorista, no dia 25 de novembro de 2005, dirigia seu veículo esportivo pela Av. do Contorno a 100 Km/h durante a madrugada, sem permissão ou habilitação para direção de veículo automotor, quando, ao ultrapassar um semáforo vermelho, colidiu com outro veículo, vindo a lesionar Anabella de Castro, que ficou paralítica. Imediatamente, uma pessoa no local acionou o SAMU, que prestou atendimento à vítima, encaminhando-a ao Hospital de Pronto-socorro. Antes da chegada da Polícia Militar, Jorge ausentou-se do local dos fatos, deixando o número da placa de seu veículo com o motorista da ambulância do SAMU. A Polícia lavrou um TCO, oportunidade em que foi requisitado o exame pericial, capitulando o fato nos artigos 303, 305 e 309 do Código de Trânsito Brasileiro (Lei 9.503/97), sendo distribuído ao Juizado Especial Criminal de Belo Horizonte e designada audiência preliminar. As partes foram intimadas sendo que apenas Jorge compareceu. O Promotor de justiça ofereceu proposta de transação, sendo prontamente recusada pelo autor do fato. Denunciado pelos fatos acima narrados como incurso nas sanções dos artigos 303, 305 e 309 do Código de Trânsito Brasileiro, foi regularmente citado, apresentou defesa prévia. Na audiência de instrução e julgamento, ocorrida em 28 de abril de 2006, o promotor solicitou o adiamento da audiência pois a vítima não tinha comparecido ao fato o que foi negado pelo juiz ante a demonstração de que esta foi regularmente intimada da audiência preliminar, bem como da presente audiência. Logo após foram ouvidas as testemunhas, os policiais militares que participaram da ocorrência policial e duas testemunhas do acusado para comprovar seus antecedentes, e o acusado foi interrogado. Em seu interrogatório, o acusado narrou o fato, ressaltando que a vítima se encontrava atravessando a avenida em um local em curva, distante da faixa de pedestre e que ela parecia estar embriagada. Também justificou sua saída do local do acidente, pois estava ermo o local, era de madrugada, que a pessoa que tinha chamado o SAMU foi imediatamente embora, que entregou ao enfermeiro um papel com o número da placa, pelo qual a polícia o localizou , que não possui mesmo habilitação para conduzir veículos

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automotores. As alegações finais foram feitas oralmente pelo MP e defensor público, tendo o juiz proferido sentença em audiência, cientificando as partes. Na sentença o juiz dispensou o relatório, sustentado no TCO e no depoimento dos policiais, condenou o réu pelos crimes previstos nos artigos 303, 305 e 309 do CTB, em concurso material, a pena privativa de liberdade de 2 anos de detenção, substituída por uma pena restritiva de direitos, consistente na prestação de serviço à comunidade por igual prazo. Você foi contratado, hoje, por Jorge para assumir a causa. Produza a peça processual cabível com o seu completo encaminhamento. PROBLEMA 18 (OAB/MG – Dezembro 2006) Pafúncio Augusto foi preso em flagrante delito. Consta da denúncia que o co-réu (Confúcio Henrique) invadiu uma Agência da Caixa Econômica Federal (CEF) no Bairro do Santo Agostinho (em Belo Horizonte – MG), após o expediente bancário. Com o uso de uma arma de fogo (de numeração raspada e sem registro adequado), ele ameaçou o gerente e os seguranças da instituição. Subtraiu R$ 50.000,00 de dentro do cofre da agência. Consta, ainda, que Pafúncio Augusto teria ficado dentro do seu veículo, ao lado do local do crime, de forma a oferecer ao co-réu um meio seguro de fuga. Os Policiais Militares, convocados para a diligência, perseguiram os dois acusados, conseguindo efetivar a prisão em flagrante de ambos minutos depois de uma perseguição ininterrupta. Foram pegos com os dois acusados a arma usada por Confúcio Henrique e todos os valores subtraídos da Agência da CEF. O Ministério Público ajuizou ação penal em desfavor dos dois co-réus. De acordo com os termos da denúncia oferecida, eles teriam infringido as normas penais anotadas nos arts. 157, § 1°, I e II, do Código Penal, e 16 da Lei 10.826/03. Denúncia recebida pelo Juiz Competente. Em seu Interrogatório, Pafúncio Augusto negou a prática dos delitos a ele imputados na inicial acusatória. Afirmou que Confúncio Henrique, um conhecido antigo, apenas lhe pedira uma carona para depositar determinados valores no caixa automático da CEF. Anunciou, ainda, que não sabia da intenção delituosa do co-réu, somente tomando consciência do crime quando, por vontade própria, deu fuga àquele outro. Tomou ciência da arma de fogo, também, apenas durante a fuga. Defesa Prévia apresentada. Audiência de Instrução realizada, na qual foram ouvidas as testemunhas arroladas pelas partes. Como as testemunhas (gerente e seguranças) não saíram de dentro da CEF, não conseguiram reconhecer Pafúncio Augusto como sendo o autor do delito. Apenas os Policiais Militares o reconheceram como sendo a pessoa presa na perseguição realizada. Na fase do art. 402 CPP, o MP requereu a juntada da CAC e da FAC dos acusados. Pafúncio Augusto era primário e de bons antecedentes. A defesa, a seu turno nada requereu. Não foi juntada, nos autos, a perícia oficial, com o exame de perfeito funcionamento da arma de fogo apreendida. Alegações Finais do Ministério Público e da Defesa foram apresentadas devidamente. A sentença foi publicada. Não houve prescrição, entendendo o Magistrado por condenar os co-réus de acordo com a denúncia apresentada: arts. 157, § 1°, I e II, do Código Penal, e 16 da Lei 10.826/03. Como Pafúncio Augusto era primário e de bons antecedentes, a pena foi fixada no mínimo legal: 5 anos e 4 meses para o roubo com as majorantes e 3 anos para o porte ilegal de arma. Totalizou-se 8 anos e 4 meses de reclusão, em pena a ser inicialmente cumprida em regime fechado, além do pagamento do valor equivalente a 15 (quinze) dias-multa, fixados a unidade de 1/30 (um trigésimo) do salário mínimo. Não se conformando com a decisão do Magistrado, Pafúncio Augusto recorreu tempestivamente da sentença, constituindo-o para elaborar as razões recursais. Assim, elabore-as, com o devido e completo encaminhamento, arguindo toda a matéria pertinente.

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PROBLEMA 19 (OAB/MT 2007.2) O Ministério Público ofereceu denúncia contra Pedro Antunes Rodrigues, por infração prevista no art. 121, caput, c/c o art. 14, inciso II, e art. 61, inciso II, alínea e, todos do Código Penal. Conforme a inicial acusatória, no dia 2 de novembro de 2006, por volta das 15 horas, na quadra 5, em via pública, na localidade de Planaltina – DF, o denunciado, fazendo uso de uma pistola, da marca Taurus, calibre 380, semi-automática, com capacidade para doze cartuchos, conforme laudo de exame em arma de fogo, efetuou um disparo contra seu irmão Alberto Antunes Rodrigues, na tentativa de matá-lo, causando-lhe lesões no peito, do lado esquerdo. O delito de homicídio não se consumou por circunstâncias alheias à sua vontade, sendo evitado porque a vítima recebeu pronto atendimento médico. O que motivou o fato, conforme a exordial, foi a divisão de uma área de terras oriunda de herança. Narra a denúncia que Pedro Antunes Rodrigues disse à vítima, na véspera dos fatos, que “a fazenda seria sua de qualquer jeito, nem que, para isso, tivesse que matar o próprio irmão”. Ao ser interrogado, o réu admitiu que teria dito ao seu irmão, um dia antes do crime, exatamente as palavras narradas na denúncia. Durante a instrução do feito, a acusação apresentou testemunhas não-presenciais. A defesa, por seu turno, arrolou Catarina Andrade, que informou que, depois de efetuar um único disparo de arma de fogo contra a vítima, Pedro Antunes Rodrigues absteve-se, voluntariamente, de reiterar atos agressivos à integridade física da vítima e, ato contínuo, retirou-se, caminhando, do local onde ocorreram os fatos. Consta nos autos informação da polícia técnica de que na arma, apreendida imediatamente após o crime, havia 7 cartuchos intactos. E, ainda, que Pedro não possui antecedentes penais. Conforme o laudo de exame de corpo de delito (lesões corporais), a vítima foi atingida no lado esquerdo do peito, tendo o projétil transfixado o coração, do que resultou perigo de vida. Em razão da lesão sofrida, Alberto ficou 40 dias sem exercer suas atividades normais. Sobreveio, então, sentença que pronunciou o réu nos termos da denúncia. Submetido a julgamento pelo tribunal do júri, o réu foi condenado a 5 anos de reclusão, em regime semi-aberto, conforme o disposto no art. 121, caput, c/c o art. 14, inciso II, e art. 61, inciso II, alínea e, todos do Código Penal. Considerando essa situação hipotética, redija, na qualidade de advogado de Pedro Antunes Rodrigues, a peça processual que não seja o habeas corpus, privativa de advogado, pertinente à sua defesa, incluindo a fundamentação legal. PROBLEMA 20 (OAB/SP 112) Cleóbulo, soldado da Polícia Militar, após cumprir seu turno de trabalho, dirigindo-se para o ponto de ônibus, deparou-se com um estranho grupo de pessoas em volta de um veículo, percebendo que ali ocorria um roubo e que um dos elementos mantinha uma senhora sob a mira de um revólver. Aproximando-se por trás do meliante, sem ser notado, desferiu-lhe quatro tiros com sua arma particular, vindo este a falecer no local. Os outros dois elementos que participavam do roubo evadiram-se. Cleóbulo foi processado e, a final, absolvido sumariamente em primeiro grau, pois a r. decisão judicial reconheceu que o policial agira no cumprimento do dever de polícia (artigo 23, inciso III, 1ª parte, Código Penal). Inconformado, o Ministério Público recorreu pleiteando a reforma da r. decisão. Para tanto alega, em síntese, que o policial estava fora de serviço e que houve excesso no revide, eis que Cleóbulo, disparando quatro tiros do seu revólver, praticamente descarregou-o, pois a arma possuía, ao todo, seis balas. QUESTÃO: Na condição de advogado de Cleóbulo, apresente a peça pertinente. PROBLEMA 21 (OAB/SP 135)

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Luciano foi denunciado por ter, no dia 5 de junho de 2006, por volta das 00 h 30 min, em frente à Igreja São Judas Tadeu, no bairro Moema, São Paulo – SP, desferido, com intenção de matar, disparos de arma de fogo contra Eduardo, os quais, por sua natureza e sede, foram a causa eficiente da morte deste, razão pela qual Luciano estaria incurso nas penas do art. 121, caput, do Código Penal (CP). Após regular trâmite, sobreveio a decisão de pronúncia, determinando que Luciano fosse submetido a júri popular, segundo a capitulação da denúncia. No dia do julgamento, terminada a inquirição das testemunhas, o promotor de justiça deu início à produção da acusação. Durante sua explanação perante o conselho de sentença, com o fito de influenciar o ânimo dos julgadores quanto à conduta pretérita de Luciano, o promotor mostrou aos jurados, sem a concordância da defesa, documentos relativos a outro processo, no qual o réu Luciano era acusado de crime de homicídio qualificado praticado em 2/5/2005. Salientou, ainda, o órgão ministerial que os jurados deveriam “pensar o que quisessem” acerca da recusa, pela defesa, da produção da nova prova. Finda a acusação, foi dada a palavra ao defensor, que pediu ao magistrado o registro, em ata, de que o promotor de justiça havia mostrado aos jurados documentos relativos a outro processo a que respondia o réu, a despeito da discordância da defesa. O pleito defensivo foi deferido. Ademais, tratou a defesa das questões de mérito, bem como advertiu os jurados acerca da primariedade do réu. Por fim, Luciano foi condenado, pelo Tribunal do Júri de São Paulo/SP, como incurso no art. 121, caput, do CP, à pena de 7 anos de reclusão, que deveria ser cumprida em regime inicialmente fechado. Considerando a situação hipotética descrita, formule, na condição de advogado(a) contratado(a) por Luciano, a peça — diversa de habeas corpus — que deve ser apresentada no processo. PROBLEMA 22 (OAB/MG 2007) Frank Henrique, brasileiro, casado, empresário estabelecido na cidade de Betim MG, foi indiciado pelo suposto delito de lavagem de dinheiro ou ocultação de bens ou valores (Lei n. 9.613/98), em procedimento que se acha em curso sem que tenha havido o oferecimento da denúncia. Por ocasião do cumprimento de decisão judicial, foi apreendido um veículo Audi A-3 Turbo e um Jeep Ford Willys ano 1970. A medida, efetivada em janeiro de 2007, bloqueou ainda todos os seus ativos financeiros e imobiliários, situação que permanece até a presente data, embora a correspondente ação penal não tenha sido intentada. Em agosto do ano em curso, você requereu o levantamento da referida medida assecuratória, oportunidade em que o magistrado, justificando a necessidade de sua permanência, indeferiu o pedido, determinando a publicação do ato, o que ocorreu na quinta-feira última. Pede-se: Elaborar a petição de interposição e as razões recursais, com o devido e completo encaminhamento. EMBARGOS INFRINGENTES E DE NULIDADE PROBLEMA 1 (OAB/SP 111) Teodósio, nascido em 20 de setembro de 1980, subtraiu para si, de um supermercado, um queijo importado, duas latas de refrigerante e um tablete de chocolate, avaliados em R$ 25,00 (vinte e cinco reais). Denunciado pelo Ministério Público e após regular instrução criminal foi, a final, condenado à pena de 01 (um) ano de reclusão, sendo-lhe concedido o benefício do sursis por 02 (dois) anos. Inconformado, o acusado recorreu. Julgado o recurso pelo Tribunal competente, a sentença foi mantida por maioria de votos, sendo que o Magistrado vencido, embora mantivesse a condenação, reduzia a reprimenda para 08 (oito) meses de detenção em razão do privilégio disposto no próprio tipo penal, convertendo a pena corporal em restritiva de direitos, em face do artigo 44 do C. P. O acórdão foi publicado há três dias. QUESTÃO: Como advogado(a) de Teodósio, tome a providência judicial cabível. PROBLEMA 2 (OAB/SP 120)

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"A", com 21 anos de idade, dirigia seu automóvel em São Paulo, Capital, quando parou para abastecer o seu veículo. Dois adolescentes, que estavam nas proximidades, começaram a importuná-lo, proferindo palavras ofensivas e desrespeitosas. "A", pegando no porta-luvas do carro seu revólver devidamente registrado, com a concessão do porte inclusive, deu um tiro para cima, com a intenção de assustar os adolescentes. Contudo, o projétil, chocando-se com o poste, ricocheteou, e veio a atingir um dos menores, matando-o. "A" foi denunciado e processado perante a 1.ª Vara do Júri da Capital, por homicídio simples – art. 121, caput, do Código Penal. O magistrado proferiu sentença desclassificatória, decidindo que o homicídio ocorreu na forma culposa, por imprudência, e não na forma dolosa. O Ministério Público recorreu em sentido estrito, e a 1.ª Câmara do Tribunal competente reformou a decisão por maioria de votos, entendendo que o crime deveria ser capitulado conforme a denúncia, devendo "A" ser enviado ao Tribunal do Povo. O voto vencido seguiu o entendimento da r. sentença de 1.º grau, ou seja, homicídio culposo. O V. acórdão foi publicado há sete dias. QUESTÃO: Como advogado de "A", elabore a peça adequada. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO PROBLEMA 1 (OAB/SP 124) O juiz, ao proferir sentença condenando João por furto qualificado, admitiu, expressamente, na fundamentação, que se tratava de caso de aplicação do privilégio previsto no parágrafo segundo, do art. 155 do Código Penal, porque o prejuízo da vítima era de R$ 100,00 (cem reais), devendo, em face de sua primariedade e bons antecedentes, ser condenado à pena mínima. Na parte dispositiva, fixou como pena a de reclusão de 2 (dois) anos, substituindo-a por uma pena restritiva de direito e multa, fixando regime inicial aberto. QUESTÃO: Diante do inconformismo de João com essa condenação, como seu advogado, tome as providências cabíveis para a sua defesa e redija a peça processual adequada. HABEAS CORPUS PROBLEMA 1 (OAB/SP 112) Protágoras encontra-se preso há 18 dias em virtude de auto da prisão em flagrante, lavrado por infração ao artigo 250, parágrafo 1º, inciso I, do Código Penal. O laudo do instituto de criminalística ainda não foi elaborado, estando o inquérito policial aguardando a sua feitura. O juízo competente, que se encontra na posse da cópia do auto da prisão em flagrante, indeferiu o pedido de relaxamento desta, por excesso de prazo, sob o fundamento de que a gravidade do fato impõe a segregação de Protágoras. QUESTÃO: Com o objetivo de conseguir a liberdade de Protágoras, elabore a peça profissional condizente. PROBLEMA 2 (OAB/SP 113 - ADAPTADO) "A" é titular da empresa ABC Produtos Veterinários, que atua na distribuição de medicamentos na cidade de São Paulo. Seus vendedores "B" e "C", contrariando normas da empresa e sem o conhecimento de "A", mediante o uso de notas fiscais falsas, efetuaram vendas de produtos para "D", "E" e "F", recebendo os valores e não entregando as mercadorias. Após regular inquérito policial, o Promotor de Justiça em exercício na 1ª Vara Criminal da Capital denunciou somente "A" por estelionato na forma continuada, porque seria o proprietário da empresa, requerendo o arquivamento em relação a "B" e "C". O Meritíssimo Juiz recebeu a denúncia, estando designado o dia 03 de julho de 2008 para interrogatório. "A" não preenche os requisitos para beneficiar-se da Lei Federal 9.099/95. QUESTÃO: Adotar a medida judicial cabível em favor de "A", justificando. PROBLEMA 3 (OAB/SP 116 - ADAPTADO)

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José da Silva foi condenado por violação do artigo 33, caput, da Lei Federal no 11.343/06, à pena de 5 anos de reclusão. Tendo ocorrido o trânsito em julgado, eis que não apelou da decisão de primeiro grau. Está recolhido na Penitenciária local. Compulsando-se os autos, verifica-se que a materialidade do delito está demonstrada pelo auto de constatação que instruiu o auto de prisão em flagrante delito, conforme, aliás, frisado pelo MM. Juiz sentenciante da 1a Vara Criminal da Capital. A substância entorpecente já foi incinerada. QUESTÃO: Como advogado de José da Silva, busque sua libertação. PROBLEMA 4 (OAB/SP 117 - ADAPTADO) Procópio está sendo processado pela prática do delito do artigo 184, "caput", do Código Penal, por Maurício da Silva, autor da obra literária "Minha Vida, Meus Amores". Na inicial, distribuída em 14 de fevereiro de 2008, o querelante acusa o querelado de ter-se utilizado de trecho de obra intelectual de sua autoria, sem a devida autorização, em jornal da sociedade de amigos de bairro da qual aquele faz parte, que circulou no mês de dezembro de 2007. A vestibular, que veio acompanhada tão-somente da procuração que atende os requisitos do artigo 44, do Código de Processo Penal, foi recebida pelo juízo da 25ª Vara Criminal da Capital, que marcou, para interrogatório de Procópio, o dia 20 de junho próximo. A citação operou-se em 13 de maio de 2008. QUESTÃO: Como advogado de Procópio, aja em seu favor. PROBLEMA 5 (OAB/SP 118) Antonio é presidente de um grande clube local, com mais de três mil sócios, onde existem piscinas, salão de festas, campo de futebol, etc. O clube é freqüentado por muitos jovens da localidade. No mês de dezembro de 2001, o garoto Cipriano, sem perceber que o nível da água de uma das piscinas estava baixo, lá jogou-se para brincar. Ao mergulhar, Cipriano bateu a cabeça no fundo da piscina e veio a falecer. O presidente do clube, Antonio, agora, está sendo processado criminalmente perante a 1 a Vara Criminal da Capital, em razão da aceitação da denúncia formulada pelo Ministério Público, acusando-o da prática da figura prevista no artigo 121, parágrafo 3º , do Código Penal. Antonio não aceitou a suspensão processual, que lhe foi proposta pelo Órgão Ministerial. A ação penal está tramitando. QUESTÃO: Na condição de advogado de Antonio, atue em favor do constituinte. PROBLEMA 6 (OAB/SP 120) O cidadão "A" viajava de avião de carreira do Rio de Janeiro para São Paulo no mês de agosto de 2005 quando, na aproximação da Capital, passou a importunar a passageira "B", chegando a praticar vias de fato. Em virtude destes fatos, "A", ao desembarcar, foi indiciado em inquérito, como incurso no artigo 21 da Lei das Contravenções Penais – "vias de fato". Os fatos ocorreram a bordo de aeronave, e assim entendeu-se de processar "A" perante a Justiça Federal, tendo este sido condenado pela 1.ª Vara Criminal Federal da Seção Judiciária da Capital, à pena de 15 dias de prisão simples, com concessão de sursis. O acusado não aceitou nenhum benefício legal durante o processo. A r. sentença condenatória já transitou em julgado. QUESTÃO: Elabore a peça cabível em favor de "A". PROBLEMA 7 (OAB/SP 124) Policial civil ingressou, sem mandado judicial, na residência de João, e nela apreendeu documento público que, submetido à perícia, constatou-se ser falso, vindo por isso João a ser denunciado como incurso no artigo 297, caput, do Código Penal. A denúncia foi recebida pelo juiz. QUESTÃO: Como advogado de João, redija a peça processual de sua defesa. PROBLEMA 8 (OAB/SP 125)

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O Ministério Público pleiteou a colocação de A, que cumpre pena pelo crime de seqüestro, no regime disciplinar diferenciado, com base no artigo 52 da Lei de Execução Penal, pelo período máximo de 360 (trezentos e sessenta) dias. O juiz indeferiu o pedido porque, no seu entendimento, o regime disciplinar diferenciado, na forma em que foi definido, fere princípios constitucionais. Intimado da decisão, o Ministério Público interpôs agravo, juntando suas razões, após ter decorrido o prazo de oito (dias), requerendo que fosse seguido o rito do agravo de instrumento do Código de Processo Civil. Processado o recurso, o Tribunal de Justiça deu provimento ao agravo e determinou a inclusão do preso no regime diferenciado. QUESTÃO: Como advogado de A, verifique o que pode ser feito em sua defesa e, de forma fundamentada, postule o que for de seu interesse por meio de peça adequada. PROBLEMA 9 (OAB/SP 127) João, definitivamente condenado, estava cumprindo pena privativa de liberdade em regime aberto. Foi acusado, em novo processo, ainda não sentenciado, de roubo qualificado pelo emprego de arma e concurso de agentes. Chegando ao conhecimento do Juiz das Execuções Criminais a existência deste processo, ele revogou imediatamente, de ofício, o regime aberto e determinou a regressão de João para regime fechado. João foi intimado da decisão no dia 15.9.05, e, no mesmo dia, deu ciência ao seu advogado. QUESTÃO: Como advogado de João, redija a peça processual mais adequada à sua defesa. PROBLEMA 10 (OAB/SP 127) O Delegado de Polícia representou ao Juiz de Direito a fim de que fosse decretada a prisão temporária de João, alegando que ele estava sendo investigado por crimes de estelionato e furto e se tratava de pessoa sem residência fixa, sendo a sua prisão imprescindível para as investigações. O juiz, após ouvir o Ministério Público, decretou a prisão temporária por 5 (cinco) dias, autorizando, desde logo, a prorrogação da prisão por mais 5 (cinco) dias, se persistissem os motivos que levaram à sua decretação. Foi expedido mandado de prisão. Sem ser preso, João soube da decisão e procurou um advogado para defendê-lo. QUESTÃO: Como advogado de João, redija a peça processual mais adequada à sua defesa. PROBLEMA 11 (OAB/SP 128) José, advogado, foi denunciado como incurso no artigo 288, parágrafo único, c.c. artigo 157, § 2o, incisos I e II, todos do Código Penal, porque estaria associado com A, B e C para a prática de crimes de roubo de veículos com a utilização de armas. Pela denúncia, a sua participação consistia em estimular os autores materiais dos crimes à prática dos delitos, garantindo-lhes que, com sua atuação profissional, conseguiria livrá-los de eventual prisão e condenação. Oferecida a denúncia, o Promotor de Justiça requereu a sua prisão preventiva para garantia da ordem pública, argumentando que os crimes de roubo, na atualidade, causam grande insegurança social e que o acusado, na sua condição de advogado, não poderia agir de forma a incentivar a prática de tais delitos. O juiz, apenas repetindo os argumentos expostos pelo membro do Ministério Público, decretou a prisão preventiva. José foi preso e colocado em cela comum, com outros presos provisórios, apesar de, em petição, sustentar perante o juiz que isso não podia ocorrer em face de sua condição de advogado. QUESTÃO: Como advogado de José, redija a peça processual mais adequada à sua defesa. PROBLEMA 12 (OAB/SP 129) João, sócio da firma “Antenados”, revendedora de componentes eletrônicos, foi denunciado, nesta capital, em 05 de dezembro de 2005, por crime previsto no artigo 1.°, inciso II, da Lei n.o 8.137/90, acusado de ter fraudado a fiscalização tributária, omitindo operação de compra e venda em livro contábil. O MM. Juiz da _Vara Criminal da Comarca da Capital recebeu a denúncia. Em seu interrogatório, realizado no dia 13 de abril de 2006, João alegou que a operação inexistiu

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e que o débito fiscal era objeto de impugnação em recurso administrativo, ainda pendente de julgamento, interposto perante o Tribunal de Impostos e Taxas do Estado de São Paulo, comprovando tal alegação com certidão emitida pelo referido Tribunal. QUESTÃO: Como advogado de João, escolha o melhor meio para a sua defesa. Redija a peça. PROBLEMA 13 (OAB/SP 129) João, primário e de bons antecedentes, foi denunciado pelo crime previsto no artigo 171, § 2.°, VI, combinado com o artigo 69 (por três vezes), ambos do Código Penal, porque teria emitido cheques sem provisão de fundos. Consta do inquérito policial lavrado em razão dos fatos que João, no dia 05 de setembro de 2005, emitira cinco cheques, para serem descontados mensalmente, sendo o primeiro para pagamento à vista, referentes a prestações de uma máquina de lavar que João teria comprado de Antonio. Antonio recebera o valor relativo aos dois primeiros meses, não recebendo os valores dos demais (três últimos cheques) por insuficiência de fundos. Ao ser citado para a ação penal em curso, João não foi encontrado, pois havia se mudado para lugar desconhecido. Com base na revelia do acusado, o MM. Juiz da _Vara Criminal da Comarca da Capital, em 24 de abril de 2006, determinou a suspensão do processo, decretando a prisão preventiva de João. QUESTÃO: Como advogado de João, escolha o melhor meio para a sua defesa. Redija a peça PROBLEMA 14 (OAB/SP 133) Maria, saindo de uma escola, em horário noturno, no dia 25 de agosto de 2007, dirigia-se a sua casa quando foi agarrada por Mário, que a levou para um matagal e, com uma faca, obrigou-a a ter com ele conjunção carnal. Após, a vítima foi até a sua casa e contou para os seus pais o que havia sucedido. Estes entraram em contato com a polícia, que se dirigiu ao local do fato e, nas proximidades, depois de cerca de quatro horas de sua ocorrência, encontraram uma pessoa com as características semelhantes às descritas pela vítima e com uma faca. Foi elaborado auto de prisão em flagrante. A vítima, ao ser ouvida, disse que a pessoa presa era muito parecida com a que a atacou, mas, como era noite, não tinha certeza. Afirmou ainda que ela e seus pais preferiam que aquela pessoa não fosse processada, pois temiam que pudesse ser novamente atacada. Foram ouvidos os policiais que confirmaram a prisão. Mário preferiu o silêncio, asseverando que somente prestaria declarações em juízo. Encaminhado o auto de prisão em flagrante ao Ministério Público, este, no dia 3 de setembro de 2007, ofereceu denúncia contra Mário pela prática do crime de estupro (art. 213, caput, do CP). O Juiz recebeu a denúncia. Promotor e Juiz entenderam que a prisão era regular. PROBLEMA 15 (CESPE/NE 2006) João da Silva procurou um escritório de advocacia, localizado no Setor Noroeste, Edifício Modern Hall, salas 110/112, em Brasília/DF, e relatou ao advogado que o atendeu que sua irmã, Lilian da Silva, brasileira, solteira, do lar, residente e domiciliada na SQN 311, bl. X, ap. 702, Brasília – DF, havia sido presa e autuada em flagrante delito no dia 1/3/06, na cidade de Brasília, pela prática de crime contra a ordem tributária tipificado no art. 1.º, I, da Lei 8.137/90. João da Silva informou ainda que a denúncia fora recebida no dia 3/4/06 pelo Juiz de Direito da 5.a Vara Criminal da Circunscrição Judiciária de Brasília – DF. Ele afirmou que Lilian da Silva é primária, tem bons antecedentes, possui residência fixa no distrito da culpa e freqüenta regularmente as aulas do 3.º ano do ensino médio. Outrossim, argumentou que Lilian, após a prisão em flagrante, quitou integralmente os débitos para com a Fazenda Pública, referentes ao Auto de Infração n.º 6.332/2005, no valor de R$ 2.100,00, motivo pelo qual, segundo ele, a indiciada merece ser posta em liberdade, aquiescendo em prestar compromisso de comparecer a todos os atos processuais aos quais for intimada. Na ocasião, João da Silva, com o propósito de auxiliar o pleito, trazia consigo os seguintes documentos pertencentes a sua irmã: nota de culpa, cópia do auto de prisão em flagrante, certidão negativa de antecedentes criminais, conta de água, histórico escolar e comprovantes de pagamento de tributos.

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MANDADO DE SEGURANÇA PROBLEMA 1 (OAB/SP 119) Antenor teve seu veículo subtraído e posteriormente localizado e apreendido em auto próprio, instaurando a autoridade policial regular inquérito, já que estabelecida a autoria. Requereu a liberação do veículo, indiscutivelmente de sua propriedade, o que foi indeferido pelo delegado de polícia civil local, a afirmação de que só será possível a restituição depois do processo penal transitar em julgado, conforme despacho cuja cópia está em seu poder. QUESTÃO: Como advogado de Antenor, agir no seu interesse. PROBLEMA 2 (OAB/SP 123 - ADAPTADO) João Alves dos Santos, por estar indiciado pela prática de crime de roubo, procurou advogado para atuar em sua defesa. Este, no dia 20.05.2008, dirigiu-se à Delegacia de Polícia e solicitou os autos de inquérito para exame. O Delegado de Polícia, todavia, não lhe permitiu o acesso aos autos porque a investigação era sigilosa. QUESTÃO: Como advogado de João, verifique a medida cabível e de forma fundamentada postule o que for adequado ao caso. RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL PROBLEMA 1 (OAB/SP 110) Ésquines foi denunciado e está sendo processado por infração ao artigo 159 do Código Penal porque, mediante grave ameaça exercida com arma de fogo, seqüestrou Demóstenes, empresário, exigindo de sua família, como condição para sua libertação, a importância de R$ 100.000,00 (cem mil reais). Foi autuado em flagrante delito no momento em que pegava o dinheiro deixado em local previamente combinado e a vítima foi encontrada ilesa. O acusado encontra-se preso, por força da flagrância delitiva, há mais de 180 (cento e oitenta dias) e ainda não se encerrou a instrução criminal, uma vez que o representante do Ministério Público insiste na oitiva de duas testemunhas que devem ser ouvidas através de Carta Precatória, por residirem em outro Estado. Requerido o relaxamento do flagrante ao Juízo processante, foi o mesmo indeferido, ensejando interposição de ordem de Habeas Corpus ao Tribunal competente. O Tribunal denegou a ordem requerida fundamentando o V. acórdão no fato de que a gravidade da infração se sobrepõe ao eventual excesso de prazo, desconfigurando o alegado constrangimento ilegal. Como advogado de Ésquines, tome a providência judicial cabível. PROBLEMA 2 (OAB/SP 114) João, investigador de polícia, está preso no Presídio Especial da Polícia Civil de São Paulo, por força de auto de prisão em flagrante delito, e denunciado por violação do artigo 316, do Código Penal, sendo certo que teve concedida a fase do artigo 514, do Código de Processo Penal, e os prazos legais estão sendo observados. É primário, tem residência fixa e exerce atividade lícita. O Meritíssimo Juiz de primeira instância negou a liberdade provisória com fiança, alegando apenas e tão-somente "ser o crime muito grave", enquanto a Egrégia 1a Câmara do Tribunal de Justiça de São Paulo, por maioria de votos, denegou a ordem de habeas corpus que fora impetrada, usando do mesmo argumento, conforme consta do Venerando Acórdão hoje publicado. QUESTÃO: Como advogado de João, adotar a medida judicial cabível. PROBLEMA 3 (OAB/SP 121) João, investigador de polícia, está preso no Presídio Especial da Polícia Civil de São Paulo por força de auto de prisão em flagrante delito e denunciado como violador do artigo 316, do Código

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Penal, sendo certo que teve concedida a fase do artigo 514, do Código de Processo Penal, e que os prazos legais estão sendo observados. É primário, tem residência fixa e exerce atividade lícita. O Meritíssimo Juiz de primeira instância negou a liberdade provisória com fiança, alegando apenas e tão somente "ser o crime muito grave", enquanto a Egrégia 1.ª Câmara do Tribunal de Justiça de São Paulo, por maioria de votos, denegou a ordem de habeas corpus que fora impetrada usando do mesmo argumento, conforme consta do v. aresto hoje publicado. QUESTÃO: Como advogado de João, adotar a medida judicial cabível. PROBLEMA 4 (OAB/MT 2007.1 - ADAPTADO) João Silva, brasileiro, taxista, residente na Rua Madre Tereza n.º 167, Brasília – DF, foi denunciado em 2 de fevereiro de 2007 pela prática de estelionato. Foi interrogado em juízo em 14 de março de 2007, sem que o ato fosse presenciado por qualquer pessoa habilitada a exercer a denominada defesa técnica. O representante do Ministério Público também estava ausente. Consta do termo de audiência que o acusado dispensou a entrevista prévia com o defensor nomeado. Durante a instrução processual, João Silva foi regularmente assistido por profissional habilitado na OAB. João Silva foi condenado a 3 anos de reclusão. Interposto o recurso de apelação para o TJDFT, restou improvido. Impetrado habeas corpus para o mesmo tribunal, requerendo-se a concessão da ordem para que o processo fosse anulado desde o interrogatório, inclusive, foi a ordem denegada por acórdão assim ementado: Processo Penal. Habeas corpus. Interrogatório do réu. Defensor ausente por haver sido dispensado pelo próprio réu. Feito sentenciado. Possível nulidade não alegada na defesa prévia, nas alegações finais nem nas razões do recurso de apelação. 1. Mesmo considerando que, no processo penal, o princípio do contraditório tenha natureza efetiva, real, não se verifica, no caso concreto, vício insanável a macular de forma grave e irreversível o ato processual realizado em descompasso com a exigência legal. 2. Por outro lado, foi o próprio paciente quem dispensou a entrevista com o defensor nomeado, não lhe sendo possível, posteriormente, argüir possível nulidade de ato a que deu causa, como preceitua o art. 565 do Código de Processo Penal. 3. De mais a mais, rememore-se que tal possível nulidade não foi agitada no momento processual oportuno — as alegações finais, art. 403, §3º, do CPP —, como exige o art. 571, inciso II, do mesmo Código de Processo Penal. 4. Por último: estando sentenciado o processo, resta superada a alegação de nulidade, sobretudo porque não utilizadas as fases que a lei reserva para esse fim. 5. Ordem de habeas corpus denegada. Diante da denegação da ordem de habeas corpus, na qualidade de advogado, interponha o recurso cabível em favor de João Silva, tendo em conta os fatos narrados e a legislação pertinente. RECURSO ESPECIAL PROBLEMA 1 (OAB/MG 1998) Levado Joaquim da Silva Xavier, brasileiro, casado, comerciante, residente e domiciliado nesta cidade, a julgamento pelo Tribunal do Júri por crime de homicídio simples (art. 121 do CP) contra Salim Al Fayed, o MM. Juiz-Presidente, concluídos os debates, indeferiu o pedido de esclarecimentos sobre matéria fático-probatória solicitados por um dos jurados, ao entendimento de que os mesmos eram desnecessários. Ao final, o réu, seu cliente, restou condenado à pena de sete (7) anos de reclusão.

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Em sede de apelo, argüiu você tão somente a nulidade do julgamento, visto não ter o juiz dado ou mandado dar os esclarecimentos solicitados pelo jurado em questão. A turma julgadora do Tribunal de Justiça do Estado negou provimento ao recurso, mantendo, pois o decisum de primeiro grau, porquanto entendeu que tais esclarecimentos se consubstanciam em prerrogativa do juiz, faculdade dele, cabendo-lhe, portanto, decidir de sua necessidade ou não. Opostos embargos declaratórios, com vistas apenas a reforço do imprescindível prequestionamento, viram-se os mesmos rejeitados. Maneje, agora, o recurso que achar pertinente, redigindo a peça profissional RECURSO EXTRAORDINÁRIO PROBLEMA 1 Zé Ninja foi processado por infração ao art. 121, § 2º, II e IV, do CP perante o 1º Tribunal do Júri, restando absolvido da imputação. Inconformado, o Promotor de Justiça recorreu e a 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça deu provimento ao recurso por unanimidade de votos, afirmando que os jurados decidiram manifestamente contrária à prova dos autos. É certo que a prova é amplamente favorável a Zé Ninja. A matéria foi prequestionada em embargos de declaração. QUESTÃO: Como advogado de Zé Ninja, adote o recurso cabível. REVISÃO CRIMINAL PROBLEMA 1 (OAB/SP 109) João da Silva foi condenado, por sentença transitada em julgado, a cumprir 06 (seis) anos de reclusão em regime prisional fechado, como incurso nas sanções do artigo 213 caput do Código Penal, eis que teria constrangido Maria Soares à conjunção carnal mediante grave ameaça. Decorrido 01 (um) ano do trânsito em julgado e encontrando-se João em cumprimento de pena, Maria confidenciou à sua amiga Joana Gonçalves que antes dos fatos, já namorava João e que com ele havia mantido relacionamento sexual por sua própria vontade. Relatou também, que o acusou de crime, porque João rompera definitivamente com o namoro. Joana Gonçalves imediatamente procurou os familiares de João transmitindo-lhes os fatos que integram a justificação criminal já realizada. QUESTÃO: Como advogado de João da Silva tome a providência judicial cabível. PROBLEMA 2 (OAB/SP 121) José, funcionário público com 38 anos de idade, casado, pai de três filhos, estava trabalhando em presídio da Capital, quando inesperadamente ocorreu uma rebelião. Alguns detentos estavam muito agitados, e por ordem de um superior, José imobilizou dois deles, com ataduras de pano, fazendo-o com o devido cuidado para não os machucar. Após hora e meia, José soltou os detentos, pois estes se mostravam calmos, e foram levados para a realização de exame de corpo de delito, que apurou lesões bem leves, causadas pela própria movimentação dos presos. Mesmo assim, ambos os detentos disseram que foram torturados por José. Diante desses fatos, José foi processado e acabou sendo condenado pelo crime de tortura, previsto na Lei 9.455, de 7 de abril de 1997, artigo 1.º, inciso II, parágrafo 4.º, inciso I, à pena de três anos de reclusão, mais a perda de função pública. José está preso e a r. sentença já transitou em julgado. Agora, um dos condenados foi colocado em liberdade e procurou a família de José, dizendo que foi obrigado pelo outro preso a dizer que tinha sido torturado, mas a verdade é que José inclusive fez de tudo para não os ferir. Como o outro detento não gostava de José, havia inventado toda a estória, obrigando-o a mentir. Esta declaração foi colhida numa justificação criminal. QUESTÃO: Como novo advogado de José, produzir a peça cabível que atenda o seu interesse.

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PROBLEMA 3 (OAB/SP 122) Mário, após violenta discussão com Antônio, agride-o com um cano, causando-lhe ferimentos, ato presenciado por duas testemunhas. Durante o inquérito policial, depois do primeiro exame em Antônio, realizado 15 (quinze) dias após o fato, ele foi intimado para comparecer após 90 (noventa) dias, tendo os peritos, com base em informes do ofendido e de registros hospitalares, pois desaparecidos os vestígios, afirmado a incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30 (trinta) dias. Concluído o inquérito, Mário foi denunciado e condenado nas penas do artigo 129, parágrafo 1.º, n.º I, do Código Penal. O acusado Mário e seu advogado deixaram escoar o prazo para impugnação da sentença. QUESTÃO: Como novo advogado, o que faria em favor de Mário? Redija a peça. PROBLEMA 4 (OAB/SP 128) José, funcionário do Banco do Brasil, moveu ação contra o banco, em razão de descontos ilegais efetuados pela instituição em sua folha de pagamento, no valor de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais). A ação foi julgada procedente. A sentença transitou em julgado no dia 10 de março de 2005. Já na fase de execução, após dois meses, no dia 11 de maio do mesmo ano, José, em virtude de sua atividade no Banco do Brasil, recebera a quantia de R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais) para o pagamento de serviços de manutenção do prédio onde o banco estava instalado. Em posse do numerário, resolveu ficar com parte do dinheiro, no valor exato de seu crédito, R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais), utilizando o restante, R$ 1.000,00 (mil reais), para parcial pagamento dos referidos serviços. Em 15 de junho de 2005, José foi denunciado como incurso no artigo 312, “caput”, do Código Penal. A denúncia, sem que José fosse notificado para eventual resposta, foi recebida em 20 de junho de 2005. Na instrução criminal, ouvido José, este confirmou o fato, dizendo, contudo, que somente queria receber seu crédito para cobrir despesas pessoais e familiares. Foram ouvidos, também, funcionários do banco que confirmaram o fato. Superadas as fases dos artigos 402 e 403 do CPP, o MM. Juiz da 23a Vara Criminal da comarca da Capital condenou José pelo crime de peculato, fixando a pena privativa de liberdade em 2 (dois) anos de reclusão, a ser cumprida em regime aberto, e a de multa em 10 dias-multa, no valor de 1/30 (um trigésimo) do salário mínimo cada. A pena privativa de liberdade foi substituída por duas penas restritivas de direitos (prestação de serviços à comunidade e multa). As partes, Ministério Público e acusado, não apelaram. A decisão transitou em julgado no dia 20 de janeiro de 2006. Intimado para o cumprimento das penas, José procurou um novo advogado para examinar sua situação e saber o que poderia ser feito. QUESTÃO: Como advogado de José, redija a peça processual mais adequada à sua defesa. PROBLEMA 5 (OAB/SP 132) João foi processado e condenado à pena de 2 anos de reclusão, cumprida em regime aberto, com o respectivo trânsito em julgado, pela prática de estelionato majorado, previsto no artigo 171, § 3.º, do Código Penal, em face de um golpe financeiro que teria, mediante ardil, induzido em erro e gerado prejuízos a entidade de direito público localizada no centro da cidade de São Paulo. Passados dois meses após o trânsito em julgado da decisão condenatória, surgem novas provas reconhecendo que, na realidade, a entidade de direito público não teve qualquer prejuízo econômico em face da conduta de João. QUESTÃO: Como advogado de João, ajuíze a peça pertinente. AGRAVO EM EXECUÇÃO PROBLEMA 1 (OAB/SP 112) Quílon, por ter furtado um toca-fitas de um veículo que estava aberto e estacionado na via pública, fato ocorrido no dia 17 de janeiro de 1999, no bairro da Penha, tendo agido sozinho, foi condenado pelo Meritíssimo Juiz de Direito da 1ª Vara Criminal da Capital à pena de 1 (um) ano

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de reclusão e multa de 10 (dez) dias-multa, em regime fechado, já transitada em julgado. Também por furto de um toca-fitas, por delito perpetrado no dia 18 de janeiro de 1999, no mesmo bairro e mesmas condições que o delito anterior, foi condenado, de modo irrecorrível, pelo Meritíssimo Juiz da 2ª Vara Criminal da Capital à pena de 1 (um) ano de reclusão e multa de 10 (dez) dias-multa, em regime fechado. Quílon encontra-se recolhido na Penitenciária do Estado de São Paulo em virtude de ostentar outras condenações por delitos diversos. Em fase de execução de sentença, por intermédio de Advogado, Quílon requereu a unificação de penas relativa aos delitos de furto ocorridos nos dias 17 e 18 de janeiro de 1999, indeferida pelo Meritíssimo Juiz sob o argumento de que os crimes são graves. QUESTÃO: Como advogado de Quílon, hoje intimado, adote a medida judicial cabível. PROBLEMA 2 (OAB/SP 114) Ernesto Manoel foi condenado por juízo criminal singular, a cumprir 6 (seis) anos de reclusão, em regime prisional fechado, por ter sido incurso nas penas do artigo 213, caput, do Código Penal. Houve recurso interposto pela defesa e o Tribunal confirmou a sentença do juízo a quo. Contudo, o V. acórdão, expressa-mente, admitiu a progressão meritória do regime prisional. Já em fase de execução penal, transcorrido o lapso temporal do cumprimento da pena no regime fechado, o condenado pleiteou transferência ao semi-aberto. O exame criminológico concluiu favoravelmente à progressão e foi no mesmo sentido o parecer do Conselho Penitenciário. Entretanto, apoiando-se naquele do Ministério Público, o Juiz das Execuções indeferiu o benefício, fundamentando-se na Lei nº 8072/90. QUESTÃO: Como advogado de Ernesto Manoel, tome a providência cabível. PROBLEMA 3 (OAB/SP 115) "A", com 35 anos de idade, professor de natação, convidou uma de suas alunas de nome "B", de 23 anos, moça de posses, para tomar um suco após a aula. Quando se dirigiam ao barzinho, passaram por um bosque e "A", usando de violência, estuprou "B". Neste momento, policiais militares que passavam por ali ouviram os gritos de "B" e efetuaram a prisão em flagrante de "A". "A" foi processado pelo artigo 213 do Código Penal, sendo que "B" moveu uma ação privada contra "A". Durante o processo, "A" não expressou humildade e até disse que "a vítima na verdade gostou". "A" está cumprindo pena, já tendo descontado mais de 2/3 da reprimenda carcerária. Agora, após tantos anos na cadeia, indenizou a vítima, tem ótimo comportamento prisional, boa laborterapia e inclusive subsiste do seu trabalho, tendo recebido elogios do Diretor da Unidade Prisional. Requereu o seu livramento condicional, sendo o exame criminológico favorável, o mesmo ocorrendo com o parecer do Conselho Penitenciário. Porém, o Juiz da Vara competente, impressionado com a gravidade do caso e ainda influenciado pela frase que a vítima na verdade teria gostado, dita por "A" na época do processo, entendeu prematuro o benefício e indeferiu a postulação. A r. decisão que indeferiu o benefício foi prolatada hoje. QUESTÃO: Produzir a peça cabível na espécie, em favor de "A", direcionada ao Órgão Judiciário ad quem. PROBLEMA 4 (OAB/SP 119) Tertuliano da Silva foi definitivamente condenado à pena de 6 anos de reclusão, em regime inicial fechado, por infração ao artigo 157 do Código Penal, praticada em 29 de janeiro de 2000. Acha-se condenado, também, em outros dois processos, com trânsito em julgado, às penas de 5 anos e 4 meses e 6 anos e 2 meses de reclusão, de igual modo por infração ao artigo 157 do Código Penal, cujos fatos ocorreram, respectivamente, em 10 de janeiro e 15 de fevereiro de 2000, no mesmo bairro. Requereu junto ao Juiz da Vara das Execuções a unificação de penas, que foi indeferida, ao fundamento de que o sentenciado agiu reiteradamente de forma criminosa. A decisão foi publicada no Diário Oficial há dois dias e o condenado foi intimado ontem. QUESTÃO: Como advogado de Tertuliano da Silva, cometa a ação pertinente.

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PROBLEMA 5 (OAB/SP 130) João, condenado definitivamente por vários crimes de homicídio qualificado, roubo, latrocínio e seqüestro, a 156 (cento e cinqüenta e seis) anos de reclusão, iniciou o cumprimento de sua pena no dia 01.09.2006. Sob o argumento de que ele pertenceria a organização criminosa, o Ministério Público, no dia 04.09.2006, requereu sua colocação em regime disciplinar diferenciado pelo prazo de três anos. O juiz, no dia 05.09.2006, sem ouvir o sentenciado, acatou o pedido, e determinou o encaminhamento de João para penitenciária destinada ao cumprimento da pena no regime disciplinar diferenciado. PROBLEMA 6 (OAB/MG 2003) EUSTÁQUIO DA SILVA foi condenado a 5 anos de reclusão, em regime fechado, pela prática do crime de tráfico de entorpecentes. Desde então, vem ele cumprindo pena na Penitenciária Nélson Hungria, localizada na cidade de Contagem. Faltando 8 meses para se concretizar o prazo legal estabelecido para a obtenção de liberdade condicional, o condenado tomou conhecimento de que poderia “descontar”, da pena restante, 180 dias trabalhados na faxina interna daquela Instituição, devidamente comprovados pela respectiva certidão, o que foi pleiteado ao Juízo da Execução Criminal de Contagem. No entanto seu pleito foi-lhe negado sob o fundamento de que a remição seria impossível em face de o condenado ter sido punido por falta grave. Observe-se, porém, que tal sanção disciplinar lhe fora imposta sem que se ouvisse o condenado a respeito da indisciplina a ele imputada. No mesmo dia em que foi intimado da sentença que indeferiu o pleito da remissão, o condenado entrou em contato com sua mãe, a fim de que esta providenciasse um advogado para avaliar aquela decisão. Suponha que você seja procurado pela genitora do condenado. Em face do exposto, INTERPONHA a medida processual cabível para rever a dita decisão, apresentando as razões recursais. PROGRESSÃO DE REGIME PROBLEMA 1 (OAB/SP 132) Carlos foi processado e condenado com trânsito em julgado pela prática de homicídio simples (artigo 121, caput) praticado na cidade de Avaré, no ano de 2001, tendo sido condenado pelo Juiz de Avaré à pena de 6 anos de reclusão a ser cumprida em regime fechado, em face de sua condição de reincidente. Iniciada a execução de sua pena na Penitenciária de Avaré, passaram-se exatos 2 anos desde o início do cumprimento da sua pena no regime fechado, ainda não pleiteando Carlos qualquer benefício no âmbito da execução penal, não obstante o seu bom comportamento na prisão e a existência da Vara de Execução na cidade de Avaré. QUESTÃO: Como advogado de Carlos, faça a peça adequada. LIVRAMENTO CONDICIONAL PROBLEMA 1 (OAB/SP 109) Manoel de Sassoferrato está condenado por homicídio qualificado a 12 (doze) anos de reclusão, e encontra-se recolhido na Penitenciária do Estado de São Paulo. Não é reincidente. Em ação própria na esfera cível reparou o dano. Já cumpriu mais de 2/3 (dois terços) da pena imposta, sempre com excelente comportamento carcerário, aprendeu ofício e já tem emprego certo para quando estiver em liberdade. QUESTÃO: Como advogado de Manoel de Sassoferrato lance mão da medida cabível visando sua libertação.

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SEQUESTRO PROBLEMA 1 Nos autos do inquérito policial, ainda vinculado ao juízo do Departamento de Inquéritos Policiais da Capital de SP– DIPO –, ficou evidenciado que Graciliano, o autor do furto, logo após a sua prática, adquiriu imóvel cujo valor coincide com o do numerário subtraído conforme escritura lavrada em Cartório e registrada no serviço imobiliário competente. QUESTÃO: Como advogado da vítima "B", atuar no escopo de obter o ressarcimento.

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9. GABARITO. RELAXAMENTO DE FLAGRANTE PROBLEMA 1 Relaxamento da prisão em flagrante dirigido ao juiz da Vara do Júri, em razão da apresentação espontânea (art. 317, CPP), que afasta o estado de flagrância. PROBLEMA 2 Pedido de relaxamento da prisão em flagrante dirigido ao juiz de direito da Vara do Júri, sustentando a ilegalidade da prisão, uma vez que a situação descrita não se encontra nas hipóteses elencadas no art. 302, CPP, já que o preso foi encontrado uma semana após o crime, sem que tenha, ao menos, sido perseguido. PROBLEMA 3 PEÇA: PEDIDO DE RELAXAMENTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE (art. 5º, LXV, da CF). COMPETÊNCIA: JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA CRIMINAL DA COMARCA DE ___. TESE: PRISÃO EM FLAGRANTE DECRETADA FORA DAS HIPÓTESES AUTORIZADAS PELO ART. 302 DO CPP. PEDIDO: RELAXAMENTO DA PRISÃO EM FLAGRANTE E EXPEDIÇÃO DO COMPETENTE ALVARÁ DE SOLTURA. FUNDAMENTO: O crime de tráfico de drogas, na forma “fornecer”, é um crime instantâneo (e não permanente, como entendeu o delegado). Ademais, o crime de tráfico de drogas é um crime formal, cabendo, portanto, prisão em flagrante apenas no momento da prática do delito (a prisão em flagrante não poderá ocorrer no momento do exaurimento do delito). Sendo assim, não houve o flagrante impróprio ou quase-flagrante (art. 302, III, do CPP), vez que NÃO houve perseguição logo após a prática da infração (os policiais prenderam o Requerente no seu local de trabalho, no dia seguinte ao da acusação feita), NEM presunção de autoria do delito (já que não foi encontrado nenhum objeto ou substância que o ligasse ao tráfico de drogas). LIBERDADE PROVISÓRIA PROBLEMA 1 Liberdade provisória com ou sem fiança apoiando-se no mérito pessoal do preso, médico estabelecido que não vai oferecer risco para o processo. PROBLEMA 2 O candidato deve fazer um pedido de liberdade provisória em favor de Daniel. Sabidamente, ninguém deverá ser recolhido à prisão senão após o trânsito em julgado de sentença condenatória. A custódia cautelar, desta forma, apenas é prevista nas hipóteses de absoluta necessidade, conforme se depreende do artigo 5.º da Constituição Federal (incisos LXVI – “ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança;” e LVII – “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória.”). Assim sendo, houve a necessidade de estabelecer institutos com a finalidade de assegurar o regular desenvolvimento do processo, sem que ocorresse qualquer prejuízo à liberdade do acusado. Na nossa legislação pátria, esse instituto é a liberdade provisória. Para o deferimento da liberdade provisória, exige o estatuto processual a inocorrência das hipóteses previstas nos seus artigos 311 e 312. Atualmente, somente se admite a continuidade da segregação caso resulte demonstrada a sua necessidade diante da análise dos requisitos objetivos e subjetivos que autorizam a prisão preventiva. No caso em análise, não estão presentes os requisitos da prisão preventiva pois o requerente é primário e possui residência

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fixa, nada indicando que, em liberdade, venha a ausentar-se do distrito da culpa, dificultando a aplicação da lei penal, nem que venha a causar perturbações durante a instrução criminal, dificultando a prova. Deve ser ressaltada, na resposta, a natureza do delito, pois não se trata de crime no qual se tenha utilizado de violência ou grave ameaça. Por fim, deve ser requerida a concessão de liberdade provisória mediante fiança, já que se trata de crime contra a economia popular, e, nos termos do art. 325, § 2.º, nos casos de prisão em flagrante pela prática de crime contra a economia popular ou de crime de sonegação fiscal, não se aplica o disposto no art. 310 e parágrafo único do Código de Processo Penal. Assim, a liberdade provisória somente poderá ser concedida mediante fiança, por decisão do juiz competente e após a lavratura do auto de prisão em flagrante. Ressalte-se que não incide na hipótese o art. 350 do CPP, pois não se trata de requerente comprovadamente pobre. Lei n.º 1.521, de 26 de dezembro de 1951 Art. 1.º - Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes e as contravenções contra a economia popular. Esta Lei regulará o seu julgamento. Art. 3.º - São também crimes desta natureza: I - destruir ou inutilizar, intencionalmente e sem autorização legal, com o fim de determinar alta de preços, em proveito próprio ou de terceiro, matérias-primas ou produtos necessários ao consumo do povo; CPP, Art. 325 - O valor da fiança será fixado pela autoridade que a conceder nos seguintes limites: a) de 1 (um) a 5 (cinco) salários mínimos de referência, quando se tratar de infração punida, no grau máximo, com pena privativa da liberdade, até 2 (dois) anos; b) de 5 (cinco) a 20 (vinte) salários mínimos de referência, quando se tratar de infração punida com pena privativa da liberdade, no grau máximo, até 4 (quatro) anos; c) de 20 (vinte) a 100 (cem) salários mínimos de referência, quando o máximo da pena cominada for superior a 4 (quatro) anos. § 1º - Se assim o recomendar a situação econômica do réu, a fiança poderá ser: I - reduzida até o máximo de dois terços; II - aumentada, pelo juiz, até o décuplo. § 2º - Nos casos de prisão em flagrante pela prática de crime contra a economia popular ou de crime de sonegação fiscal, não se aplica o disposto no Art. 310 e parágrafo único deste Código, devendo ser observados os seguintes procedimentos: I - a liberdade provisória somente poderá ser concedida mediante fiança, por decisão do juiz competente e após a lavratura do auto de prisão em flagrante; II - o valor de fiança será fixado pelo juiz que a conceder, nos limites de dez mil a cem mil vezes o valor do Bônus do Tesouro Nacional – BTN, da data da prática do crime; III - se assim o recomendar a situação econômica do réu, o limite mínimo ou máximo do valor da fiança poderá ser reduzido em até nove décimos ou aumentado até o décuplo. Ressalte-se que o candidato que propuser habeas corpus (peça não privativa de advogado), ou qualquer outra peça, deve obter a nota zero no quesito raciocínio jurídico. PROBLEMA 3 Deve ser elaborado pedido de liberdade provisória sem fiança, pois se trata de crime inafiançável, dirigido ao juiz de uma das Varas Criminais da Comarca de Betim-MG, sustentando que em razão do mérito do preso não há motivo para manutenção da prisão cautelar e pleiteando a concessão da liberdade provisória e a expedição do competente alvará de soltura. REVOGAÇÃO DE PRISÃO PROBLEMA 1

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Deve ser redigida uma petição de revogação de prisão preventiva. O candidato que fizer liberdade provisória não deverá obter a pontuação máxima, por não ser esta medida a mais correta tecnicamente. Observa-se que, na prática, é comum a confusão entre revogação da preventiva e liberdade provisória, razão pela qual esta última será aceita, mas com a restrição acima. Para FREDERICO MARQUES, a liberdade provisória é disciplinada pelo Código de Processo Penal como "(...) medida de caráter cautelar em prol da liberdade pessoal do réu ou do indiciado, no curso do procedimento, (...) para fazer cessar prisão legal do acusado ou para impedir a detenção deste em casos em que o cacer ad custodiam é permitido". MIRABETE, usando a expressão "custódia atual ou iminente", também ressalta a possibilidade do instituto em estudo impedir a prisão. Segundo ele, a liberdade provisória "(...) substitui a custódia provisória, atual ou iminente, com ou sem fiança, nas hipóteses de flagrante (arts. 301 a 310), em decorrência da pronúncia (art. 408, § 1 º) e da sentença condenatória recorrível (art. 594) (...)" Já TORNAGHI apresenta um conceito bem peculiar: "a liberdade provisória é uma situação do acusado; situação paradoxal em que ele é, ao mesmo tempo, livre e vinculado. Livre de locomover-se, mas vinculado a certas obrigações que o prendem ao processo, ao juízo e, eventualmente, a um lugar predeterminado pelo juiz". Alguns autores, no entanto, dão uma maior abrangência à liberdade provisória, entendendo que este instituto se identifica com a liberdade do indivíduo contra qualquer prisão cautelar. Dentre eles está JOÃO JOSÉ LEAL, defensor de que a liberdade provisória "(...)está relacionada com sua face repressiva, que é a prisão provisória ou prisão cautelar e suas espécies: a prisão em flagrante, a prisão preventiva, a prisão temporária, a prisão decorrente de sentença de pronúncia e a de sentença condenatória recorrível". Como observa TORNAGHI, "(...) em relação à prisão preventiva, a lei brasileira se portou da seguinte forma: se a prisão é absolutamente necessária, ela é permitida ou mesmo imposta e não pode ser substituída pela liberdade provisória; se, ao contrário, a prisão não é de todo imprescindível, a decretação dela constituiria abuso de poder. Não há que falar em substituí-la, pois seria substituir uma coisa que não deve existir (...)". Assim, decretada a custódia preventiva, "(...) a possibilidade de libertação do agente não se verificará através de liberdade provisória, mas de revogação da medida cautelar de prisão preventiva (...)" . TOURINHO explica, na prática, essa incompatibilidade: "(...) a preventiva é decretada para assegurar a aplicação da lei penal, por conveniência da instrução criminal, da ordem econômica e como garantia da ordem pública (CPP, art. 312). Assim, não teria sentido permitir-se-lhe a liberdade provisória mediante fiança, mesmo ciente o Juiz de que o réu , ou indiciado, está preparando para fugir. Se o réu está afugentando as testemunhas que devam depor contra ele, se está tentando subornar testemunhas ou peritos, e o juiz lhe decreta a medida extrema, teria sentido pudesse ele lograr a liberdade provisória mediante fiança?"(...). Em suma, em se tratando de prisão preventiva, ou é ela revogada, desaparecendo a situação coercitiva (pressuposto básico da liberdade provisória), ou é ela mantida. O delito de moeda falsa é previsto no Art. 289 do CP: Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda metálica ou papel-moeda de curso legal no país ou no estrangeiro: Pena - reclusão, de 3 a 12 anos, e multa. Trata-se de crime formal, não sendo necessário que a moeda seja colocada em circulação ou que venha a 2/7 causar dano a outrem. Para a caracterização do crime em tela, é imprescindível a imitatio veritatis (imitação da verdade), ou seja, exige-se que a cédula falsa tenha a eficácia de enganar o homem médio, induzindo a engano número indeterminado de pessoas. Note-se que não se exige perfeição na imitatio veri, mas, é realmente necessário que a coisa falsificada contemple as mesmas características exteriores da moeda verdadeira. E, em não sendo preenchido tal exigência, fica afastado o crime em questão, abrindo-se espaço para a tentativa de estelionato. A análise de todas essas circunstâncias tem como foco principal determinar a competência para o processo e julgamento da infração. Ficando configurado o crime do artigo 289 do CP, a competência cabe à Justiça Federal, em razão do interesse da União. Por outro lado, diante da caracterização do estelionato, a competência será da Justiça Estadual. Trata-se de disposição expressa, que se extrai da súmula 73 do STJ "A utilização de papel moeda grosseiramente falsificado configura, em tese, o crime de estelionato,

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da competência da Justiça Estadual". Foi exatamente esse o entendimento firmado pelo STJ no caso concreto objeto de estudo. De acordo com a Min. Relatora, como as cédulas eram aptas a enganar o homem médio, não resta dúvidas que o crime é o do artigo 289 do CP, o que revela, automaticamente, a competência da Justiça Federal para processá-lo e julgá-lo: 'Discute-se se a falsificação de papel moeda é grosseira (Súm. n. 73-STJ) ou se o produto é capaz de passar por cédulas autênticas, a fim de determinar a competência para processar e julgar o feito. Sob o ponto de vista técnico, as cédulas são de baixa qualidade, mas capazes de passar por cédulas autênticas, a depender do local e momento em que forem utilizadas. Para a min. Relatora, diante dos elementos de convicção até então colhidos nos autos, apesar do parecer técnico, em tese, há a configuração de delito definido no art. 289, § 1º, do CP, que, por lesar os interesses da União, é de competência da Justiça Federal (art. 109, IV, da CF/1988). Diante do exposto, a seção declarou competente o juízo Federal. CC 79.889-PE, rel. Min. Jane Silva (desembargadora convocada do TJ-MG), julgado em 23/6/2008. (Informativo 361 do STJ). Cabe ainda adentrar ao mérito da medida decretada: não estão presentes os requisitos do art. 312 do CP. Na espécie, efetivamente, não restou comprovada a indispensabilidade da medida cautelar para que os fins processo sejam atingidos. A prisão de Mariano não demonstra-se como dado essencial para que a prestação jurisdicional não se frustre quando da prolação da eventual sentença penal condenatória. É ressabido que para externar-se a decretação da custódia preventiva devem concorrer duas ordens de pressupostos: os denominados pressupostos proibitórios (o fumus commisi delicti representado no nosso direito processual pela prova da materialidade do delito e pelos indícios suficientes da autoria) e os pressupostos cautelares (o periculum libertatis, representado na legislação brasileira pelas nominadas finalidades da prisão preventiva, trazidas na parte inicial do art. 312 do estatuto processual penal). Para se ver decretada a medida coativa, deve revelar-se no caso concreto uma das três finalidades expressas pela lei: a conveniência da instrução criminal, o asseguramento da ordem pública ou a garantia da ordem pública. Na espécie sequer um de tais pressupostos se encontra evidenciado.Vejamos: Com relação à conveniência da instrução criminal, saliente-se que, tão logo teve notícia do procedimento investigado contra si instaurado, o requerente compareceu ao órgão policial, onde ofereceu sua versão sobre o caso, confessando o crime. Ademais, as testemunhas foram ouvidas e declararam que não sofreram qualquer ameaça por parte do indiciado. Com referência ao asseguramento da aplicação da lei penal, o requerente, em momento algum, buscou fugir à eventual responsabilidade criminal, apresentando-se inclusive para depor sobre os fatos ocorridos, sendo de salientar-se não ter qualquer pretensão de furtar-se aos ulteriores termos do processo. Lembra-se que Mariano reside na capital há 20 anos. Também não está presente o requisito da garantia da ordem pública, eis que se trata de réu primário e de bons antecedentes.. Não tem ele qualquer passagem criminal anterior, em momento algum evidencia-se periculosidade na ação delitiva lhe imputada, sendo de salientar-se ainda que não é possível vislumbrar-se a periculosidade do acusado apenas pelo ato anti-social por ele praticado desde que unitariamente vislumbrado, não podendo a custódia preventiva ser decretada tendo em linha de conta somente as conseqüências do fato. Assim, em face do exposto, deve-se requerer a revogação da medida cautelar, comprometendo-se Mariano a comparecer a todos os atos do processo. QUEIXA-CRIME PROBLEMA 1 Oferecimento de queixa-crime, com estrita observância do artigo 41 do CPP. Trata-se de ação penal privada subsidiária da pública, em conformidade com o artigo 100 § 3º do CP em virtude da inércia do Ministério Público em oferecer denúncia no prazo legal (requerimento endereçado ao juízo de uma das Varas Criminais da Capital). PROBLEMA 2

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Deverá ser redigida Queixa-Crime contra Antoine, narrando o crime de atentado violento ao pudor e requerendo o processamento do feito, seguindo-se o rito ordinário. PROBLEMA 3 PEÇA: QUEIXA-CRIME (ART. 100, §1º, do CP e art. 30 do CPP). COMPETÊNCIA: JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL DA COMARCA DE ___. TESE: CRIME DE INJÚRIA REAL COM VIAS DE FATO (art. 140, § 2º, do CP) + CAUSA DE AUMENTO DE PENA (art. 141, III, do CP) PEDIDO: RECEBIMENTO E AUTUAÇÃO DA QUEIXA-CRIME + CITAÇÃO DA QUERELADA PARA SER INTERROGADA, PROCESSADA E CONDENADA NA PENA DO CRIME PREVISTO NO ART. 140, § 2º, COMBINADO COM O ART. 141, III, AMBOS DO CP + NOTIFICAÇÃO E OITIVA DAS TESTEMUNHAS ARROLADAS (COLOCAR O ROL DE TESTEMUNHAS). FUNDAMENTO: A Querelante teve a sua honra subjetiva ofendida pela Querelada, configurando, assim, o crime de injúria. Trata-se, inclusive, de um crime de injúria qualificado por vias de fato (injúria real), vez que, além das ofensas, a Querelada cuspiu no rosto da Querelante. Ademais, incidirá, ainda, a causa de aumento do art. 141, III, do CP, pois o crime foi praticado na presença de inúmeras pessoas. PROBLEMA 4 Deve ser redigida a queixa-crime, por ter Alfredo cometido o crime descrito no artigo 140, do Código Penal (Injúria). A inicial deve ser endereçada ao Juiz da Vara Criminal de Betim, com procuração com poderes especiais. O candidato deverá requerer seja o querelado processado e condenado como incurso nas sanções do artigo 140, do Código Penal. Por fim, deve-se apresentar o rol de testemunhas. PROBLEMA 5 1ª Opção (queixa-crime) Deve ser redigida a queixa-crime, por ter Mario cometido o crime descrito no artigo 140, do Código Penal (Injúria). A inicial deve ser endereçada ao Juiz do Juizado Especial Criminal de Montes Claros/MG, com procuração com poderes especiais. O candidato deverá requerer seja o querelado processado e condenado como incurso nas sanções do artigo 140, do Código Penal. Por fim, deve-se apresentar o rol de testemunhas. 2ª Opção (representação) Por ser o ofendido funcionário público, a ação pode ser pública condicionada a representação (ação concorrente), por força da Súmula 714 do STF. PROBLEMA 6 Deve ser redigida a queixa-crime contra Vesúvio da Silva, por ter cometido os crimes descritos nos artigos 213 e 214, do Código Penal, contra sua irmã Amarantina do Espírito Santo. A inicial deve ser endereçada ao Juiz da 1ª Vara Criminal da Comarca de Ouro Preto, com procuração com poderes especiais. O candidato deverá requerer seja o querelado processado e condenado como incurso nas sanções dos artigos 213 e 214, do Código Penal, com a causa de aumento de pena do artigo 226, II, do Código Penal. Por fim, se necessário, deve-se apresentar o rol de testemunhas. PROBLEMA 7 A queixa-crime é a petição inicial, com a qual se dá início à ação penal privada. Equivale à denúncia e como esta deve ser formulada, juntando-se o inquérito policial ou outro elemento

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informativo. É subscrita por advogado, devendo a procuração conter poderes especiais e menção expressa ao fato criminoso. A queixa-crime só pode ser apresentada por intermédio de advogado, com procuração especial do ofendido. O ofendido (ou seu representante legal) poderão propor a ação penal privada em até 6 meses contados da data em que ele soube quem foi o autor do crime. Fundamentação legal: Art. 41 do CPP - A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas. Art. 44 do CPP- A queixa poderá ser dada por procurador com poderes especiais, devendo constar do instrumento do mandato o nome do querelante e a menção do fato criminoso, salvo quando tais esclarecimentos dependerem de diligências que devem ser previamente requeridas no juízo criminal. O art.225 do CP estabelece que nos crimes contra os costumes previstos nos Capítulos I, II e III do Título VI da Parte Especial (dos crimes contra a liberdade sexual, sedução e corrupção de menores, e rapto), deve-se proceder mediante queixa, portanto, através de ação penal privada. Visa a lei deixar à vítima ou a seu representante legal a oportunidade de promover ou não a ação penal, em respeito à honorabilidade da ofendida, optando, se quiser, pelo silêncio. O artigo 225 do Código Penal estabelece os tipos de ação penal cabíveis no caso de crimes contra os costumes. São elas: Art.225. Nos crimes definidos nos capítulos anteriores, somente se procede mediante queixa. Parágrafo 1º. Procede-se, entretanto, mediante ação pública: I - se a vítima ou seus pais não podem prover às despesas do processo sem privar-se de recursos indispensáveis à manutenção própria ou da família; II - se o crime é cometido com abuso do pátrio poder, ou da qualidade de padrasto, tutor ou curador. Parágrafo 2.º. No caso do n.º I do parágrafo anterior, a ação do Ministério Público depende de representação. Referindo-se a lei aos "capítulos anteriores", resultando lesão corporal de natureza grave ou morte, eventos inscritos nos capítulo IV para as formas qualificadas, a ação penal será pública. Assim, para os crimes sexuais violentos em que ocorre apenas lesão corporal de natureza leve, admitir-se-ia somente a ação penal de iniciativa privada. Entretanto, com o apoio de parte da doutrina, passou a entender-se na jurisprudência que, no caso, deve-se aplicar a regra contida no art.101 do CP, que prevê, para os crimes complexos, a ação penal pública quando para um dos crimes componentes se preveja essa espécie de procedimento. Nesse sentido foi editada a Súmula 608 do STF: "no crime de estupro praticado mediante violência real, a ação penal é pública incondicionada". Pública incondicionada seria a ação penal nos crimes previstos nos arts.213 a 219 do CP quando houvesse, em decorrência da violência real, lesão corporal de natureza leve ou vias de fato. O candidato deve qualificar a vítima e apresentar queixa crime, com fulcro no art. 41 do CPP, em face de José Martins, que deve ser também qualificado. Em seguida, deve expor os fatos de forma detalhada, narrando, sobretudo, que não houve lesão corporal(violência real), pois, nesse caso, a ação penal seria de iniciativa pública. No mérito, frente à situação delineada no problema, deve tipificar a conduta de José Martins no art. 213 do CP(estupro), c/c art. 61, I e II, h, do CP. Segundo o CP, art. 61: "São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime: I - a reincidência; II - ter o agente cometido o crime: h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher grávida". E, ainda, art. 63: "Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de transitar em julgado a sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior". Outrossim, quanto à negativa de autoria, o candidato deve argumentar que a jurisprudência é assente no sentido de que, em crimes contra os costumes, a palavra da vítima é indiscutivelmente relevante, ainda mais, quando em sintonia com as demais provas dos autos. Nesse sentido: HABEAS CORPUS - ESTUPRO - ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR - PRISÃO PREVENTIVA – DECISÃO CONDENATÓRIA TRANSITADA EM JULGADO - ENCARCERAMENTO JUSTIFICADO POR TÍTULO EXECUTIVO JUDICIAL DEFINITIVO

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- ABSOLVIÇÃO - INVIABILIDADE - ESTREITA VIA DO WRIT - PALAVRAS DA VÍTIMA - LAUDO PERICIAL - AUSÊNCIA DE LESÕES - ORDEM DENEGADA. Nos crimes contra os costumes, as palavras da vítima, se coesas e coerentes, merecem especial atenção, vez que tais delitos são costumeiramente cometidos na clandestinidade. Precedentes. Em delitos dessa natureza, inexistindo lesões no corpo da vítima, o laudo pericial se torna dispensável. Precedentes. Ordem denegada. (HC 84.010/SP, Rel. Ministra JANE SILVA (DESEMBARGADORA CONVOCADA DO TJ/MG), QUINTA TURMA, julgado em 08.11.2007, DJ 26.11.2007 p. 222). PENAL E PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. ART. 214 C/C ART. 224, ALÍNEA "A", AMBOS DO CP. AUSÊNCIA DE PROVAS PARA A CONDENAÇÃO. DOSIMETRIA DA PENA. I - A palavra da vítima, em sede de crime de estupro, ou atentado violento ao pudor, em regra, é elemento de convicção de alta importância, levando-se em conta que estes crimes, geralmente, não tem testemunhas, ou deixam vestígios. (Precedentes). (HC 79.622/SP, rel. ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 20/9/2007, DJ 12/11/2007 p. 253). Por fim, deve requerer ao juiz que receba a queixa-crime e, ao final da instrução, condene o Querelado pela prática do delito de estupro, conforme art. 213, c/c art. 61, I e II, h, todos do Código Penal, notificando-se as testemunhas para comparecer em juízo e depor, no dia e hora a serem designados, sob as cominações legais. RESPOSTA À ACUSAÇÃO PROBLEMA 1 Deve ser redigida Resposta à Acusação, com fundamento no art. 396-A do Código de Processo Penal, endereçada ao MM. da 2ª Vara Criminal. Quanto às teses, deve ser levantada preliminarmente a ilegitimidade de parte, pois o Ministério Público ofereceu denúncia em crime de ação penal privada, ou, na pior das hipóteses, se a vítima for pobre, sem a devida representação. No mérito, sustentar que o fato narrado evidentemente não constitui crime, pois ausente qualquer prova da debilidade da vítima, bem como ausente também qualquer sinal que pudesse indicar tal debilidade. O pedido deve ser de anulação do processo e, no mérito, de absolvição sumária, com base no art. 397, III, do CPP. ALEGAÇÕES FINAIS PROBLEMA 1 Alegações finais sob a forma de memoriais, apresentadas perante o Juízo do Júri, invocando o titulado crime impossível (artigo 17 do Código Penal); pois, houve ineficácia absoluta do meio empregado. PROBLEMA 2 Alegações Finais, com base no artigo 403, §3º, do CPP. Endereçamento: Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da 12ª Vara Criminal da Capital. Conteúdo da peça: Abordar que o Ministério Público não tem razão, já que o crime é de uso de documento falso. No caso, o acusado não estava portando o documento que também não foi exibido (daí não haver uso). Como o documento foi "encontrado no armário", a conduta de "A" é atípica. Requerer: A improcedência da ação penal nos termos do artigo 386, III, do CPP. PROBLEMA 3 Peça profissional adequada: Alegações finais de defesa. Competência: Juiz de Direito da Vara do Júri

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Argumento: Crime impossível, artigo 17 do Código Penal. Arma desmuniciada configura ineficácia absoluta do meio. O fato não é punido, sequer, a título de tentativa. Pedido: impronúncia por inexistência de crime, salientando que o Ministério Público equivocadamente requereu a condenação, quando o correto seria a pronúncia. PROBLEMA 4 Deverá ser cumprida a fase do artigo 403, §3º, do CPP, com a apresentação de alegações finais perante o Juízo da 1ª Vara Criminal da Capital. A postulação é de absolvição com fulcro no inciso I, do artigo 386, do CPP ("estar provada a inexistência do fato"), expedindo-se alvará de soltura. A prova reunida no processo não evidencia ter o réu ingressado em atos de execução, nos moldes do tipo penal que lhe foi imputado (art. 157, "caput", do C.P.). O fato de contar com antecedentes insalubres não tem o condão de conduzir o juiz para um decreto de reprovação. A postulação ministerial vem firmada em suposição, que viola o princípio da presunção legal de inocência. PROBLEMA 5 Peça: alegações finais (art. 403, §3º, CPP). Dirigida ao juiz do processo. Alegações possíveis: a) nulidade do interrogatório em virtude da ausência do defensor; b) requerimento para instauração de exame de dependência toxicológica; c) absolvição – não basta a confissão, não foi reconhecido pela vítima, testemunhas não imputam a ele o fato. PROBLEMA 6 Alegações finais. Dirigida ao juiz de direito. Fundamentos: pedido de absolvição, de nulidade e de afastamento da qualificadora do inciso I. Absolvição - falta de provas suficientes para a condenação, observando-se que os testemunhos são indiretos, não presenciais, não sendo suficiente a palavra do co-réu e o encontro do dinheiro; nulidade pela realização do interrogatório de Antônio sem a presença do advogado de Luís e ofensa ao contraditório. Afastamento das qualificadoras – não há prova de uso da arma e de que os dois cometeram os crimes. PROBLEMA 7 PEÇA: ALEGAÇÕES FINAIS (art. 403, §3º, do CPP). COMPETÊNCIA: JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA CRIMINAL DA COMARCA DE ____ TESE E PEDIDO: ATIPICIDADE DA CONDUTA EM RELAÇÃO AO CRIME DE CORRUPÇÃO DE MENORES + AFASTAMENTO DA QUALIFICADORA DO CRIME DE FURTO FUNDAMENTOS: O menor já teve diversas passagens pela Vara da Infância e Juventude, inclusive tendo cumprido medida sócio-educativa de internação. Além disso, o menor era conhecido nas redondezas por praticar pequenos furtos, desconfigurando a prática do crime de corrupção de menores. Em relação ao crime de furto qualificado, cumpre ressaltar que em nenhum momento houve provas suficientes de que o réu escalou o muro ou arrebentou o portão da casa da vítima. (in dubio pro reo). PROBLEMA 8 PEÇA: ALEGAÇÕES FINAIS, Art. 411, §4º, CPP COMPETÊNCIA: JUIZ DE DIREITO DA VARA DO JÚRI DA COMARCA DE _ TESE: AUSÊNCIA DE INDÍCIOS SUFICIENTES DE AUTORIA PEDIDO: IMPRONÚNCIA DO RÉU (ART. 414 CPP)

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FUNDAMENTOS: Na incerteza da autoria do delito, prevalece a impronúncia, por falta de provas. O princípio do in dubio pro reo é garantia constitucional. PROBLEMA 9 PEÇA : ALEGAÇÕES FINAIS COMPETÊNCIA : JUIZ DE DIREITO DA _ VARA CRIMINAL DA COMARCA DE PEDIDO: DECLARAÇÃO DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE TESE: EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE FUNDAMENTOS: Abolitio criminis. A Lei 11.106/2005 revogou o crime de sedução do CP, tornando o fato atípico. PROBLEMA 10 Devem ser apresentados os memoriais, com fundamento no artigo 403, § 3º, do Código de Processo penal. Sustentar, preliminarmente, a nulidade por ausência de exame de corpo de delito, com fundamento no artigo 564, III, b, do CPP. No mérito, sustentar que o réu não agiu com culpa, pois foi fechado por outro veículo e perdeu o controle da direção, requerendo a absolvição com fundamento no artigo 386, III, do CPP. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO PROBLEMA 1 Recurso cabível: recurso em sentido estrito, dirigido ao Tribunal de Justiça, com fundamento no art. 581, IV, do CPP. Deve-se requerer a reconsideração da r. decisão e em caso de manutenção da mesma, a remessa ao Tribunal. A argumentação deverá invocar a legítima defesa, requerendo-se a absolvição sumária do recorrente. PROBLEMA 2 Trata-se de Recurso em Sentido Estrito em duas petições. A primeira de interposição endereçada ao Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da 1ª Vara do Júri da Capital, fundamentada no artigo 581, inciso IV do Código de Processo Penal, sendo que nesta petição deverá constar o juízo de retratabilidade. A segunda petição deverá ser endereçada ao Egrégio Tribunal de Justiça, sendo que "A" agiu em estado de necessidade, nos exatos termos do artigo 24 do Código Penal, podendo também ser suscitado o artigo 23, inciso I do Código Penal. Ao final o candidato deverá postular a absolvição sumária com base no artigo 415 do Código de Processo Penal. PROBLEMA 3 Trata-se de um recurso em sentido estrito, que deverá ser elaborado em duas petições: A primeira, de interposição, no prazo de cinco dias, ao Juiz de Direito da 1ª Vara do Júri, com fundamento no art. 581, IV do C.P.P.. O juízo de retratação deverá ser observado pelo candidato. A segunda, de razões em recurso de sentido estrito, deverá ser endereçada ao Tribunal de Justiça, postulando-se a desclassificação para o crime de lesões corporais seguidas de morte – art. 129 parágrafo 3º do C.P. - para que o réu seja julgado perante uma vara singular. Não houve dolo eventual no caso em tela, que autorizasse a imputação de homicídio doloso. O recurso deverá ser fundamentado ao final, com o disposto no artigo 419 do C.P.P. PROBLEMA 4 Peça – Recurso em sentido estrito. Endereçamento –Tribunal de Justiça Pedido – Alteração pelo juiz. Se mantida, reforma pelo tribunal. Finalidade: recebimento da apelação e seu processamento.

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Fundamento – Segundo forte corrente doutrinária e jurisprudencial, o assistente pode recorrer para pleitear agravamento da pena. Ele atua como auxiliar do Ministério Público e não defende, exclusivamente, interesse próprio de natureza civil. PROBLEMA 5 Peça – Recurso em sentido estrito (art. 581, IV) Endereçamento –Tribunal de Justiça. Pedido e fundamento – Afastamento das qualificadoras. Afastamento da qualificadora do motivo fútil porque cuspir no rosto de outra pessoa pode configurar, até mesmo, crime de injúria, e não é insignificante. Afastamento da qualificadora da traição porque não fora incluída na denúncia, havendo necessidade de aditamento. Pode-se, também, pleitear a nulidade da pronúncia pela inclusão da segunda qualificadora. PROBLEMA 6 Recurso em sentido estrito Habeas corpus (só para a declaração de nulidade) Fundamento – Havia necessidade de suspensão do processo conforme dispõe o artigo 366 do Código de Processo Penal. No mérito, há dúvida razoável sobre a autoria. O reconhecimento fotográfico, apesar de admitido, não se prestaria à comprovação da autoria. A prova testemunhal é controvertida, pois, enquanto uma afirma que o acusado era o autor dos disparos, outra assevera que ele estava fora do país. Não é correto afirmar que, na decisão de pronúncia, vigora o princípio “in dubio pro societate”, pois a dúvida razoável, em virtude do princípio do favor rei, beneficia o acusado, mesmo em relação a essa espécie de decisão. Pedido no Recurso em sentido estrito: Preliminar - declaração de nulidade; Mérito - impronúncia. Pedido no habeas corpus: declaração da nulidade. PROBLEMA 7 PEÇA: Recurso em Sentido Estrito ENDEREÇAMENTO: Tribunal Regional Federal da 3ª Região PEDIDO: Impronúncia de João pela não existência de indícios suficientes de que seja o réu o seu autor, art.414, CPP. PROBLEMA 8 A peça pertinente constitui na interposição do Recurso em Sentido Estrito perante o Tribunal de Justiça de São Paulo, tendo como fundamento o artigo 581, inciso IV, do CPP, contrariando a decisão de pronúncia proferida pelo juiz de Itu, vez que os fatos não configuram infração dolosa já que não houve assunção do risco com indiferença quanto ao resultado, não sendo suficiente para a caracterização do dolo a presença da assunção do risco, vez que obrigatória também a indiferença quanto ao resultado, podendo o candidato alegar no recurso em sentido estrito pela desclassificação por conduta culposa, negando o dolo eventual, destacando que o recurso em sentido estrito é o recurso apropriado, já que não há informação de que o pronunciado está preso, sendo admissível subsidiariamente o habeas corpus, caso o candidato considere que o pronunciado esteja preso, sendo, entretanto, mais apropriado o recurso em sentido estrito. PROBLEMA 9 Recurso em sentido estrito contra a decisão de pronúncia. Dirigido ao juiz e ao tribunal.

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Pedidos: absolvição sumária porque agiu em legítima defesa de sua propriedade, com remessa dos autos ao juiz competente para o exame do crime conexo; afastamento das qualificadoras: não agiu por motivo torpe, pois não sabia quem eram as pessoas que invadiram a sua casa; não houve surpresa, pois é possível que o dono de uma residência reaja ao ingresso de pessoa estranha em sua casa. Não se pode invocar mais, segundo doutrina atual, o princípio do in dubio pro societate na pronúncia. PROBLEMA 10 Tribunal competente – Tribunal de Justiça Peça adequada – Contra-Razões de Recurso em Sentido Estrito (art. 581, I e 588 do C.P.P.) Pontos a serem abordados – inépcia da inicial por falta do rol de testemunhas, por falta de qualificação do indiciado e por fazer inserir circunstâncias totalmente divorciadas da realidade (art. 41 e 395 do C.P.P.) Crime prescrito – art. 109 + 107 C.P. PROBLEMA 11 PEÇA: RECURSO EM SENTIDO ESTRITO (art. 581, IX, do CP). OBS: Lembrar que RESE tem juízo de retratação. COMPETÊNCIA: JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA CRIMINAL DA COMARCA DE ___ (INTERPOSIÇÃO DO RECURSO) + TRIBUNAL DE JUSTIÇA (RAZÕES DO RECURSO). TESE: PEREMPÇÃO - EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE (art. 60, I, do CPP c/c art. 107, IV, do CP). PEDIDO: DECLARAÇÃO DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. FUNDAMENTO: A ação penal privada é norteada, entre outros, pelo princípio da disponibilidade, ou seja, a vítima pode desistir da ação proposta. A perempção é um instituto decorrente do princípio da disponibilidade da ação penal privada, ou seja, é uma sanção processual imposta ao querelante inerte ou negligente na condução do processo, acarretando a extinção da punibilidade (a qual deverá ser, inclusive, declarada de ofício pelo juiz – art. 61 do CPP). No caso em tela, ocorreu a perempção com base no art. 60, I, do CPP e, conseqüentemente, a extinção da punibilidade (art. 107, IV, do CP). PROBLEMA 12 A peça será o RESE, com fundamento no artigo 581, IV, CPP. Deverão ser elaboradas duas peças, uma de Interposição de RESE endereçada ao Juiz do I Tribunal do Júri da Capital e outra apresentando as razões, endereçada ao Tribunal. Deve o candidato sustentar a legítima defesa, pois eram desafetos e longa data e, Manoel, armado, iniciou o desentendimento, sendo certo, sim, ter sido absolvido sumariamente. PROBLEMA 13 Devem ser elaboradas duas peças, sendo uma petição informando que serão apresentadas as contra-razões de RESE, endereçada ao juiz da 100ª Vara Criminal da comarca de Sant’Ana de Serrinha – MG e as contra-razões de RESE, endereçada ao TJMG. Deve-se sustentar preliminarmente que o recurso interposto pelo representante do parquet não deveria ter sido recebido, pois foi interposto intempestivamente, após 10 dias, sendo certo 5 dias, por força do art. 586, CPP. Além disso, não é o recurso adequado, pois o CPP prevê o RESE para suspensão do processo, em razão de “questão prejudicial”. Ademais as razões, também, foram intempestivas, o MP as apresentou 15 dias após, sendo certo, por força do artigo 588, CPP, 2 dias. No mérito, pugnar pela manutenção da suspensão, com base nos argumentos já expendidos pela defesa, ou seja, de que o réu não é o autor do novo fato e que não freqüentava local destinado a vender bebida, pois só entrou ali para comprar cigarros.

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PROBLEMA 14 Deve ser interposto recurso em sentido estrito, conforme art.581, IV, do CPP, pelo advogado de Cristiano, em face da sentença que o pronunciou como incurso nas penas do art. 121, § 2º, inciso IV do CP. O recurso deve ser interposto para o próprio juiz sentenciante, que poderá retratar-se da decisão de pronúncia ( ou poderá ser interposto diretamente no TJSP). As razões devem ser dirigidas ao TJSP. O procedimento narrado no enunciado está de acordo com a Lei n.º 11.689/2008. A Lei n.º 11.689, publicada no Diário Oficial do dia 10 de junho do ano de 2008, por certo marca o início de novos tempos para o processo penal, que deverá se adequar ao disposto no inciso LXXVIII do artigo 5.º da Constituição da República de 1988, in verbis: "A todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação". De acordo com a novel legislação, o magistrado, ao receber a denúncia ou a queixa (em caso de ação penal privada subsidiária), deverá citar o acusado para apresentação de uma defesa escrita. Após apresentada a defesa do acusado por seu procurador, constituído ou nomeado, e colhida a manifestação do Ministério Público ou querelante acerca das preliminares e documentos juntados pelo réu, o magistrado, no prazo de 10 dias, determinará a oitiva das testemunhas arroladas e a realização de demais diligências pleiteadas pelas partes. Na audiência de instrução e julgamento serão colhidas as declarações do ofendido, depoimentos das testemunhas de acusação e defesa, esclarecimentos de peritos, e, somente por fim, será interrogado o réu, o que lhe garantirá maior possibilidade de exercer em plenitude sua autodefesa uma vez que se pronunciará já ciente das demais provas colhidas. A lei dispõe que encerrada a instrução, e ainda durante a audiência, se o magistrado se convencer sobre a existência de elementares de crime não descrito na denúncia, promoverá a mutatio libelli; se não for este o caso, colherá as alegações finais das partes de forma oral. Colhidas as alegações, o magistrado deverá pronunciar, impronunciar, absolver o réu ou desclassificar a conduta por ele praticada. No mérito, deve-se alegar ter o réu agido em legítima defesa, repelindo agressão tida como injusta. É certo que a materialidade do crime se comprovou por meio do laudo de exame de corpo de delito. Por outro lado, pelos depoimentos colhidos no curso da instrução, verifica-se que o réu atuou amparado pela excludente de ilicitude da legítima defesa. Com efeito, ao ser interrogado em juízo, o acusado narrou que havia atuado para se defender da iminente agressão por parte da vítima. Disse, ainda, que apesar de ter desferido cinco golpes na vítima, somente a atingiu no quinto golpe, momento em que ela caiu. Como se vê, existe comprovação nos autos de apenas uma versão para os fatos, narrando haver o acusado agido em legítima defesa. Para que se possa acenar com a legítima defesa, há de restar demonstrada a presença concomitante de todos os pressupostos legalmente exigidos para sua caracterização: a presença de injusta agressão, atual ou iminente, a um bem juridicamente tutelado; a necessidade dos meios empregados na repulsa à suposta agressão; e a moderação com que esses meios foram empregados, sem que se verifique excesso. E mais: esses elementos hão de despontar, de forma inconteste, do arcabouço probatório. Assim sendo, no caso presente, a legítima defesa restou evidenciada com a certeza exigida para seu acolhimento nesta fase preambular. Assim, dispõe o art. 23 do Código Penal: "Art. 23. Não há crime quando o agente pratica o fato: (...) II - em legítima defesa; E, ainda, dispõe o art. 25 do Código Penal: "Art. 25. Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem". Consoante se infere dos elementos probatórios colhidos nos autos, o denunciado efetuou cinco golpes na vítimas, mas apenas um a atingiu, tão somente para se defender de uma agressão injusta e iminente. Dessa forma, sequer se pode falar em crueldade ou em excesso de legítima defesa. Observa-se que o irmão do denunciado, ainda que tenha sido ouvido em juízo sem prestar

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o compromisso legal, descreveu com riqueza de detalhes a dinâmica dos fatos, por ser a única pessoa que presenciou os fatos, razão pela qual deve ser valorado o seu depoimento. Outrossim, a única testemunha de acusação não presenciou os fatos e apenas informou que conhecia o acusado havia 5 anos, que o acusado tinha o hábito de beber, comumente se embriagando e causando confusão nos bares da cidade. Havendo certeza quanto à ocorrência de legítima defesa, deve o réu ser absolvido sumariamente, nos termos do art. 411 do CPP. Deve-se, ainda, caso não atendido o pleito de absolvição sumária, na hipótese de o TJSP manter a sentença de pronúncia, requerer a exclusão da qualificadora do meio cruel e do recurso que dificultou a defesa da vítima, visto que estão em total descompasso com a prova coligida. Os Tribunais têm se manifestado no sentido de prestigiar as qualificadoras dispostas na denúncia, as quais não devem ser extirpadas na decisão de pronúncia, exceto quando em caráter raro e excepcional, comparecem manifestamente improcedentes, numa flagrante demonstração de excesso de acusação, até porque cabe ao Colendo Tribunal Popular do Júri, que é o juiz natural das causas criminais contra a vida, de maneira sábia e soberana, decidir acerca da qualificadora ofertada na denúncia, verificando a sua incidência, nos termos do art. 5º, XXXVIII, da Constituição Federal. No caso em tela, porém, há fortes indicativos de que a vítima estava prestes a agredir o réu, daí porque não se pode falar que a mesma fora atingida de surpresa, sem chances ou com grande dificuldade para se defender do ataque. Do elenco probatório, produzido sob o crivo do contraditório, não se colhe nenhum indício de traição, dissimulação, surpresa ou recurso similar, razão pela qual deve ser afastada a respectiva qualificadora, a qual, se admitida, evidenciaria excesso de acusação. Acrescenta-se que a vítima estava armada. Assim, a qualificadora arrolada pelo Ministério Público está em manifesta e evidente contrariedade com as provas dos autos. Portanto, não deve incidir a qualificadora do meio cruel, pois esta se baseia única e exclusivamente na reiteração de golpes, restando certo que o réu não teve o propósito deliberado de causar sofrimento adicional à vítima.

APELAÇÃO

PROBLEMA 1 Recurso de Apelação - art. 593, do CPP Interposição: ao Juiz da 28º Vara Razões: ao Tribunal de Justiça de São Paulo Tese Principal: Não há que se falar de furto, de vez que "A" é inquilino e tem a posse do imóvel (falta o denominado "animus furandi"). Ademais, só os antecedentes são insuficientes para magistrado formar seu convencimento quanto a autoria. Requerer: reforma da sentença (absolvição) - art. 386, III. PROBLEMA 2 Interposição e razões de recurso de Apelação Competência do Tribunal de Justiça Desenvolver a tese de regular exercício do direito previsto no art. 5º, LXIII, da Constituição Federal, que não pode ser interpretado em desfavor do acusado, transformando o seu silêncio na polícia em presunção de culpa. Pedido de absolvição por insuficiência de provas - art. 386, inciso VII, do CPP. A impetração de habeas-corpus deverá ser considerada errada e suficiente para a reprovação do candidato. PROBLEMA 3 Interposição e razões de recurso de apelação - competência do Tribunal de Justiça Pedido de anulação do julgamento por deficiência dos quesitos.

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Vício insanável do questionário, que independe de reclamação oportuna. (art. 564, parágrafo único, do CPP). A impetração de habeas-corpus deverá ser considerada errada e suficiente para a reprovação do candidato. PROBLEMA 4 Trata-se de uma Apelação, composta por duas petições. A primeira de interposição, endereçada ao Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da 1º Vara Criminal do Foro Central da Capital, no prazo de 5 dias, com fulcro no art. 593, inciso I, do CPP. A segunda petição deverá ser endereçada ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, na qual deve ser postulada a absolvição do apelante, visto que o fato não constitui infração penal. O STF, por meio da Súmula 246, examinou esta matéria, entendendo que o fato é atípico, pois não há fraude e o estelionato não existe a não ser com cheque emitido para pronto pagamento, não como promessa de dívida; também há jurisprudência neste sentido. Deverá ao final ser postulada a absolvição do apelante "A" com fulcro no art. 386, inciso III do CPP. PROBLEMA 5 Deverá ser apresentada, em 8 (oito) dias, nos termos do artigo 600, do Código de Processo Penal, as razões de apelação. As razões são apresentadas no juízo "a quo", sendo que o arrazoado é direcionado aos Desembargadores do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. Deverá ser requerida a reforma da sentença (ou provimento do recurso) para os fins de absolver o apelante, nos termos do artigo 386, inciso III, do Código de Processo Penal, já que atípica a conduta de "A". O apelante não realizou as condutas núcleo do tipo que são "oferecer" ou "prometer" vantagem indevida, mas deu a importância por imposição do funcionário, o que, segundo Delmanto, "não há corrupção ativa, mas concussão praticada pelo funcionário". PROBLEMA 6 A solução é a interposição do recurso de apelação perante o juízo de primeira instância, seguido das razões endereçadas ao Egrégio Tribunal de Justiça de São Paulo. Nas razões postular de forma mais ampla a absolvição do apelante, enquanto que subsidiariamente (tese principal) pleitear a desclassificação do crime com base no artigo 29, § 2º, 1ª parte do Código Penal, pela participação idealizada em delito de menor gravidade. PROBLEMA 7 Peça – Apelação Endereçamento –Tribunal de Justiça. Pedido – Reforma pelo tribunal. Absolvição. Fundamento – Quando alguém recebe valor em dinheiro como pagamento de seus serviços e não os executa não comete apropriação indébita. O dinheiro que é entregue passa a ser de sua propriedade. A questão, assim, é estritamente civil, não penal. PROBLEMA 8 Peça – Apelação Endereçamento – Tribunal de Justiça. Pedidos: crime único, desclassificação para tentativa de latrocínio e inconstitucionalidade do regime integralmente fechado. Fundamentos: Crime único – Existe forte entendimento no sentido de que a morte do co-autor não serve para afirmar a existência de concurso material, por ser ele sujeito ativo e não passivo do crime. Desclassificação para tentativa de latrocínio – Embora haja súmula do Supremo Tribunal Federal no sentido de que “há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não realize

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o agente a subtração de bens da vítima” (Súmula 610), poderia ser sustentada a tese de tentativa de latrocínio, aceita em alguns acórdãos, porque não houve a subtração. Inconstitucionalidade do regime integralmente fechado – Há posicionamento no sentido de que a fixação de regime integralmente fechado fere a garantia constitucional de individualização da pena. Cuida-se de posição que, no momento, está sendo objeto de especial atenção do Supremo Tribunal Federal, em sua nova composição. PROBLEMA 9 Peça – Apelação, com pedido de absolvição, com fundamento no art. 386, VI do Código de Processo Penal e no art. 181, II, do Código Penal. OUTRA ALTERNATIVA Peça - Habeas corpus. Endereçamento –Tribunal de Justiça. Pedido e fundamento – pedindo anulação da sentença, porque é isento de pena o filho que comete crime contra pai, com menos de sessenta anos de idade (artigos 181, II e 183, III, do Código Penal). PROBLEMA 10 Apelação. Endereçamento –Tribunal de Justiça. Pedidos e fundamentos – Absolvição por ausência de provas em relação ao crime de estupro. Quanto à sedução, abolitio criminis em razão da supressão do delito previsto no art. 217 do CP, pela Lei 11.106, de 2005. Subsidiariamente, no tocante ao estupro, afastamento da causa de aumento prevista no art. 226, inciso III, do CP, também em face da lei acima referida. PROBLEMA 11 Apelação. Habeas corpus. Endereçamento –Tribunal de Justiça. Pedido e fundamento – Redução da pena em face da impossibilidade de agravamento, o que representou reformatio in pejus indireta. PROBLEMA 12 Apelação Endereçamento: Tribunal de Justiça Pedidos e fundamentos - No mérito, deveria sustentar a absolvição do acusado com base em negativa de autoria, bem como em razão da dúvida ocasionada pelas condições em que a testemunha de acusação o teria reconhecido (reconhecimento em período noturno; localização do acusado no momento do reconhecimento - interior do veículo; tipo físico comum). Subsidiariamente, deveria requerer o afastamento das qualificadoras. Quanto à qualificadora do rompimento de obstáculo (art. 155, inciso I, do Código Penal), deveria argumentar que o rompimento, para qualificar o crime de furto, deve ser efetuado contra o obstáculo que dificulta a subtração da coisa e não contra a própria coisa. Quanto à qualificadora da escalada (art. 155, inciso II, do Código Penal), deveria argumentar que a escalada somente se caracteriza com o emprego de meio instrumental, como, por exemplo, uma escada, ou de esforço incomum, o que não se vislumbra em razão da pequena altura do muro transposto. Ainda, quanto à aplicação da pena, deveria indicar o equívoco do juiz ao exasperar a pena-base, acima do mínimo legal, com base tão-somente no dolo intenso do agente, aspecto subjetivo que não se denota da simples qualificação do crime, apartando-se dos elementos previstos no art. 59 do Código Penal e norteadores da fixação da pena-base. PROBLEMA 13

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Peça: Apelação Endereçamento: Tribunal de Justiça de São Paulo. Pedido: decretação de nulidade ou realização de novo julgamento (artigo 593, III, “a” e “d” do Código de Processo Penal). Fundamentos: I – nulidade: a. existência de contrariedade na votação dos quesitos por parte dos jurados, principalmente entre os quesitos referentes à autoria e o evento morte; b. existência de erro por parte do Magistrado na formulação dos quesitos referentes às qualificadoras; c. indeferimento da tréplica pelo Magistrado. II – decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos; PROBLEMA 14 PEÇA: Apelação Criminal ENDEREÇAMENTO: Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo PEDIDO: Absolvição de João do crime previsto no art.148, §1º, V, do Código Penal por não haver prova da existência do fato (art.386, II, CPP) ou por não existir prova suficiente para a condenação (art.386, VII, CPP). PROBLEMA 15 Peça: Apelação. Órgão competente Tribunal de Justiça. Pedidos – absolvição – insuficiência de prova Nulidade do processo (é o pedido principal, no caso) - cerceamento de defesa e pedido de reconhecimento de prescrição, pela proibição da reformatio in pejus indireta. Denúncia recebida em 04.03.2002 – Prescrição – 12 anos (art. 109, III) – Redução pela metade – menoridade (art. 115) – tempo 6 anos – Tempo decorrido até agora. PROBLEMA 16 a) Contra-Razões de Apelação. b) Órgão competente: Tribunal de Justiça c) Preliminar: Apesar de gozar o Promotor de Justiça de independência funcional, o Ministério Público é uno e indivisível. Assim, o pleito ministerial não pode ser alterado em sede recursal. Além disso, só pode recorrer quem foi vencido no pedido (sucumbência), o que não ocorreu no caso em tela. d) Mérito: Pode o Promotor de Justiça pleitear a absolvição do réu se concluir por sua inocência, eis que não está vinculado à denúncia. Não é obrigatório o pleito condenatório. Pode requerer a condenação, a absolvição ou o acolhimento parcial da denúncia. Não pode ser estelionato consumado se inexistiram todos os elementos do tipo penal (não houve a vantagem ilícita, nem o prejuízo alheio). Se crime existiu, foi ele tentando e nunca consumado. Ainda, não há estelionato culposo; o estelionato só é púnivel a título de dolo, que consiste na vontade de enganar a vítima, dela obtendo vantagem ilícita, em prejuízo alheio, empregando artifício, ardil ou qualquer outro meio fraudulento. PROBLEMA 17 PEÇA: APELAÇÃO (art. 593, I, do CPP). COMPETÊNCIA: JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL DA COMARCA DE BELO HORIZONTE (INTERPOSIÇÃO DA APELAÇÃO) + TURMA RECURSAL (RAZÕES DA APELAÇÃO). TESES: NULIDADE (FALTA DE CONDIÇÃO OBJETIVA DE PROCEDIBILIDADE) + ABSOLVIÇÃO POR ATIPICIDADE DA CONDUTA, OU, SUBSIDIARIAMENTE, EXCLUDENTE DE ANTIJURIDICIDADE).

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PEDIDO: ANULAÇÃO “AB INITIO” EM RELAÇÃO AOS CRIMES DOS ARTS. 303 E 309, DO CTB (art. 564, III, “a”, do CPP) + ABSOLVIÇÃO DO RÉU EM RELAÇÃO AO CRIME DO ART. 305, DO CTB (art. 386, VI, do CPP). FUNDAMENTOS: O crime de direção sem permissão ou habilitação (art. 309 do CTB) é, necessariamente, absorvido pelo crime de lesão corporal culposa (art. 303 do CTB), uma vez que configura causa de aumento de pena (art. 302, parágrafo único, I, c/c art. 303, parágrafo único, ambos do CTB). Então, no caso em tela, ocorreu a absorção do crime de perigo (direção sem habilitação) pelo delito de dano (lesão corporal culposa). Necessário ressaltar, ainda, que o crime de lesão corporal culposa é um crime de ação penal pública condicionada à representação da vítima. CONCLUSÃO: a falta de representação é causa de nulidade absoluta (a punibilidade não está extinta, pois ainda não ocorreu a decadência do prazo para representação). Como o crime de direção sem habilitação foi absorvido pelo crime de lesão corporal culposa, a nulidade também o abrangerá. Em relação ao crime de fuga do local do acidente (art. 305 do CTB), importante ressaltar que o réu, antes de deixar o local dos fatos, entregou ao enfermeiro da ambulância um papel contendo a identificação do seu carro, tornando, portanto, o fato atípico (já que o tipo penal exige a intenção específica do agente de fugir da responsabilidade penal e civil). Todavia, ainda que se entenda que o fato é típico, o afastamento do réu ocorreu por questão de segurança física (madrugada + lugar ermo), configurando, assim, uma causa excludente de antijuridicidade. PROBLEMA 18 PEÇA: RAZÕES DE APELAÇÃO COMPETÊNCIA: TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA _ REGIÃO TESE: DIMINUIÇÃO DE PENA EM RELAÇÃO AO CRIME DE ROUBO + ATIPICIDADE QUANTO AO CRIME DE PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO PEDIDO: DIMINUIÇÃO DA PENA NA MEDIDA DE SUA CULPABILIDADE EM RELAÇÃO AO CRIME DE ROUBO E ABSOLVIÇÃO DO CRIME DE PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO FUNTAMENTOS: De acordo com o art. 29, § 1º, CP, Pafúncio deverá ter sua pena diminuída de 1/6 a 1/3, em razão de sua participação de menor importância no delito. Quanto ao crime de porte ilegal de arma, Pafúncio não praticou nenhuma das condutas típicas descritas. PROBLEMA 19 PEÇA: APELAÇÃO, Art. 593, III, d, CPP COMPETÊNCIA: JUIZ PRESIDENTE DO TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA DE TESE: DESCLASSIFICAÇÃO DO CRIME DE HOMICÍDIO TENTADO PARA O CRIME DE LESÃO CORPORAL DE NATUREZA GRAVE PEDIDO: SEJA O RÉU SUBMETIDO A NOVO JULGAMENTO FUNDAMENTAÇÃO: A acusação não conseguiu provar a intenção do réu de matar seu irmão, ficando provado nos autos a intenção de lesionar, tão somente, a vítima (já que se absteve de consumar o homicídio, por vontade própria). PROBLEMA 20 a) CONTRA-RAZÕES DE APELAÇÃO; b) Órgão competente: Tribunal de Justiça; c) Fundamento: artigo 593 do Código de Processo Penal. Deve-se requerer improvimento ao recurso ministerial e a conseqüente manutenção, em inteiro teor, da R. decisão de 1º grau. A argumentação pode fundamentar-se, entre outras, na prova, alegando-se que o acusado, mesmo sem farda e fora de serviço, está investido na condição de policial, treinado para a proteção da sociedade.

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PROBLEMA 21 O candidato deve interpor recurso de apelação com fundamento no art. 593, III, a, do CPP. CPP, Art. 593 - Caberá apelação no prazo de 5 (cinco) dias: I - das sentenças definitivas de condenação ou absolvição proferidas por juiz singular; II - das decisões definitivas, ou com força de definitivas, proferidas por juiz singular nos casos não previstos no Capítulo anterior; III - das decisões do Tribunal do Júri, quando: a) ocorrer nulidade posterior à pronúncia; b) for a sentença do juiz-presidente contrária à lei expressa ou à decisão dos jurados; c) houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da medida de segurança; d) for a decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos. Deverá sustentar a nulidade do julgado, ante a violação ao art. 475 do CPP, visto que o representante do Ministério Público, sem a concordância da defesa, exibiu documentos relativos a outro processo a que responde o réu com o fito de influenciar o ânimo dos julgadores no que concerne às condutas pretéritas do Apelante. Art. 475 - Durante o julgamento não será permitida a produção ou leitura de documento que não tiver sido comunicado à parte contrária, com antecedência, pelo menos, de 3 (três) dias, compreendida nessa proibição a leitura de jornais ou qualquer escrito, cujo conteúdo versar sobre matéria de fato constante do processo. A proibição contida no dispositivo em comento tem por escopo evitar que, em plenário, sejam as partes – uma ou outra – surpreendidas com a produção ou leitura de documentos novos, sem a oportunidade de contraditá-los. Sobre o tema leciona Aury Lopes Júnior: “Situação bastante problemática e que acabou se tornando comum na atualidade é a seguinte: no curso do júri, quando dos debates, uma das partes postula ao juiz a utilização de um determinado documento que – pelos mais variados motivos – não pode ser juntado com a antecedência legal de 3 dias. O que fazem os juízes, na sua maioria? Questionam a outra parte se concordam com a produção. Pronto, está criado o problema. Errou o juiz. Nesse momento, a parte adversa fica numa situação dificílima, que pode – definitivamente – comprometer o julgamento. Se aceitar a produção, estará em situação de desvantagem pela surpresa gerada, e, conforme o conteúdo do documento, será impossível contradizê-lo. Está perdido o júri e uma grave injustiça pode ser produzida. Por outro lado, se não aceitar a produção, o estrago é ainda maior. Basta que o adversário saiba explorar a curiosidade dos jurados, fazendo-os deslizar no imaginário, para extrair de lá (do imaginário, lugar do logro, portanto) a decisão que pretende. É até mais útil explorar o imaginário em torno do que foi mostrado (agravado pela recusa da outra parte, logo, se recusou é porque algo tinha para esconder...), do que trabalhar com a realidade do documento. Isso é elementar, basta saber lidar com a situação. Daí porque das duas uma: ou o juiz veda categoricamente a produção do documento (sem questionar a outra parte para não comprometê-la frente aos jurados) e não permite qualquer menção a ele no julgamento; ou, verificando sua relevância, dissolve o conselho de sentença, determina a juntada do documento, assegurando o necessário contraditório, e, após, marca novo júri (...). Assim, relevante a proibição do art. 475 (pois é uma garantia revestida de forma), e firmeza devem demonstrar os juízes na sua aplicação, evitando comprometimento da outra parte com o ingênuo questionamento ‘concorda com a leitura do documento’? Tal prática, muitas vezes fundamentada na (pseudo) garantia do contraditório, causa danos irreparáveis ao julgamento.” (In: Direito Processual e sua Conformidade Constitucional. Ed. Lumen Juris. Rio de Janeiro. 2007, p. 649/650). Hermínio Alberto Marques Porto anota, na obra Júri – Procedimentos e aspectos do julgamento (11.ª ed., Editora Saraiva, página 133), que: “Constitui prova nova o documento que, mesmo não lido em Plenário, tem seu conteúdo transmitido aos jurados”. Ora, pode ser que este fato não tenha sido aquele que levou o conselho de sentença a decidir como decidiu. Entretanto, também não é possível afastar a conclusão de que o nobre promotor de justiça surpreendeu a defesa. É que, ao fazer uso do direito que lhe confere o art. 475 do CPP, restou prejudicada, mormente porque o órgão ministerial instigou os senhores jurados a que “pensassem o que quisessem” acerca da

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recusa, pela defesa, na produção da nova prova. Assim, o candidato deve pedir ao magistrado que acolha a argüição de nulidade suscitada, para determinar seja o acusado submetido a novo julgamento. Subsidiariamente, o candidato deve pleitear a reforma da r. sentença, de modo que se estabeleça regime mais ameno para o cumprimento da pena, qual seja, o semi-aberto, de acordo com o art. 33 do CP. Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semi-aberto ou aberto. A de detenção, em regime semi-aberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado. (...) § 2º - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, segundo o mérito do condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de transferência a regime mais rigoroso: a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a cumpri-la em regime fechado; b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e não exceda a 8 (oito), poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime semi-aberto; c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá, desde o início, cumpri-la em regime aberto. Nesse sentido:TJDFT Órgão: Segunda Turma Criminal Classe: APR - Apelação Criminal Num. Proc.: 2004 09 1 004111-7 Apelante: JÚLIO CÉSAR SOUZA Apelado: MINISTÉRIO PÚBLICO DO DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS Relator: DESEMBARGADOR ROMÃO C. OLIVEIRA Revisor: DESEMBARGADOR VAZ DE MELLO PROBLEMA 22 Deve ser interposto recurso de apelação, com fundamento no art. 593, II, do CPP. A interposição deve ser endereçada ao juiz da Comarca de Betim-MG e as razões dirigidas ao TJMG. Deve-se sustentar que o seqüestro deve ser levantado, pois a ação penal não foi proposta dentro de prazo de 60 dias a contar do aperfeiçoamento da medida (art. 131, I, CPP), pedindo-se o provimento do recurso para esse fim. EMBARGOS INFRINGENTES E DE NULIDADE PROBLEMA 1 a) Recurso cabível: EMBARGOS INFRINGENTES restritos à matéria divergente: b) Órgão competente: Tribunal de Justiça; c) Fundamento: Parágrafo único do artigo 609, C.P.P.; d) Requisito de admissibilidade: decisão não unânime do Tribunal; e) Prazo para interposição: 10 (dez) dias. O recurso deverá, de forma fundamentada, sustentar a tese contida no voto vencido. PROBLEMA 2 Trata-se da interposição do Recurso de Embargos Infringentes e de Nulidade para o Tribunal de Justiça, em petição que deverá conter, anexas, as razões do inconformismo. A petição deverá ser endereçada ao Desembargador Relator do Recurso em sentido estrito, com base no art. 609, parágrafo único do CPP. Nas razões, o candidato deverá postular a reforma do V. Acórdão, para que prevaleça o voto vencido, no sentido de ser "A" processado por homicídio culposo e não por homicídio doloso, pois sua conduta não passou dos limites da imprudência. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO

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PROBLEMA 1 1ª OPÇÃO: Peça – Embargos de Declaração Endereçamento – Juiz de Direito Pedido – Aplicação do §2º do artigo 155 do CP. Fundamentos: Há contrariedade entre a parte dispositiva e a fundamentação. O juiz deve ajustar a parte dispositiva à fundamentação, aplicando o §2° do art. 155 do Código Penal. Embora, com isso, a pena venha a ser alterada, boa parte da doutrina admite, nos casos de contrariedade, essa possibilidade. Ainda que haja entendimento contrário à admissibilidade de privilégio no furto qualificado, há também orientação diversa, e, no caso, de qualquer forma, o juiz havia admitido a aplicação do artigo 155, §2º, do Código Penal na fundamentação. 2ª OPÇÃO: Peça – Apelação Endereçamento – Petição de interposição ao Juiz de Direito e Razões ao Tribunal de Justiça Pedido – Aplicação do §2º do artigo 155 do CP. Fundamentos: Embora não fosse o remédio mais expedito e indicado, poderia ser admitida a apelação, principalmente porque, segundo entendimento diverso do exposto na primeira opção, não poderia haver alteração de pena por meio de embargos de declaração. Como já referido na 1ª opção, ainda que haja entendimento contrário à admissibilidade de privilégio no furto qualificado, há também orientação diversa, e, no caso, de qualquer forma, o juiz já havia admitido a aplicação do artigo 155, §2º, do Código Penal na fundamentação. HABEAS CORPUS PROBLEMA 1 Habeas Corpus ao Tribunal de Justiça, uma vez que sofre coação ilegal por desrespeito ao artigo 10 do Código de Processo Penal em evidente excesso de prazo. PROBLEMA 2 Deverá ser impetrada uma Ordem de "Habeas Corpus" (art. 5º, inciso LXVIII, da C.F. c.c. 647 e 648, inciso I, do C.P.P.) visando o trancamento da ação penal, visto que da forma como foi elaborada a denúncia, "A" está sendo responsabilizado objetivamente, o que não é admitido em direito penal (art. 13, do C.P.), já que somente responde quem desenvolver ação ou omissão. Nessas condições, a conduta é atípica e o Juiz não poderia ter recebido a denúncia (art. 41 e 395 do C.P.P.). O Tribunal de Justiça é o competente para o julgamento do "Habeas Corpus", devendo ser requerida a concessão de liminar para sustar o processo até final julgamento do "writ". PROBLEMA 3 O laudo de constatação é uma perícia preliminar e não definitiva. Serve apenas para a autuação em flagrante e oferecimento da denúncia. A prova da materialidade da infração somente pode ser comprovada pelo laudo de exame químico toxicológico, que tem caráter definitivo. Desse modo, a sentença é nula eis que não demonstrada a materialidade do delito. Deverá ser impetrada uma ordem de "habeas corpus", com fundamento no artigo 5º, inciso LXVIII, da Constituição Federal, c.c. 648, inciso VI, do C.P.P., dirigida ao Tribunal de Justiça de São Paulo. PROBLEMA 4 Competência: Tribunal de Justiça de SP Peça: Habeas Corpus

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Fundamentação: alegar que Procópio está sofrendo constrangimento ilegal em razão do recebimento irregular de queixa-crime pelo juízo da 25ª Vara Criminal da Capital, uma vez que os delitos contra a propriedade imaterial constituem ilícitos penais que deixam vestígios materiais, sendo, pois, indispensável o exame de corpo de delito direto, elaborado por peritos, para comprovar a materialidade delitiva, ao teor do que dispõem os artigos 158 e 564, III, "b" do código de Processo Penal, o que não ocorreu no presente caso. Ainda, nos termos do artigo 525 do CPP, o exame pericial é condição especial que assegura a viabilidade inicial da ação penal nos delitos contra a propriedade imaterial. Pedido: o trancamento da queixa-crime e a concessão de medida liminar para suspender o andamento da ação penal até julgamento do HC, em face da proximidade do interrogatório. PROBLEMA 5 Trata-se de um "Habeas Corpus" endereçado ao Tribunal de Justiça, com base no artigo 648, inciso I, do Código de Processo Penal, pois não há justa causa para o processo. O processo foi instaurado com fundamento na teoria da responsabilidade objetiva, que não é admissível em Direito Penal, que só reconhece a responsabilidade subjetiva, que não ocorreu no presente caso. PROBLEMA 6 Trata-se de um Habeas Corpus, endereçado ao Tribunal Regional Federal da 3ª Região, com base no art. 648, VI do CPP, em virtude da total incompetência do Juízo, com fulcro no art. 564, inciso I, 1ª figura do CPP, visto que segundo o art. 109, inciso IV, da Constituição Federal, e a Súmula 38 do STJ, a Justiça Federal não é competente para julgar as contravenções, mas sim a Justiça Estadual comum. Deverá ser postulada a anulação do processo desde o início, e a remessa dos autos ao Juízo competente para a sua renovação. PROBLEMA 7 Peça – Habeas Corpus Endereçamento – Tribunal de Justiça Pedido – Trancamento da ação penal. Fundamentos: Ilicitude da prova colhida em virtude do ingresso na residência sem mandado judicial. No caso, a ilicitude não permitia a acusação porque dizia respeito ao próprio ato de apreensão de documento falso e, portanto, à própria configuração da materialidade do crime. PROBLEMA 8 Peça – Habeas corpus – Superior Tribunal de Justiça. Pedido e fundamento – O rito adequado para o recurso do Ministério Público era o recurso em sentido estrito, e, por isso, o agravo do Ministério Público foi intempestivo, não podendo, assim, ser conhecido pelo Tribunal. Além disso, poderia acentuar os argumentos de inconstitucionalidade, por violação do princípio da dignidade humana (art. 1 º, III), por ofensa à integridade física e moral dos detentos (art. 5 º, XLIX), por contrariar o princípio de individualização da pena (art. 5 º, XLVI). PROBLEMA 9 Habeas corpus Agravo de execução Fundamento – A decisão de regressão para regime fechado deve ser precedida de oitiva do condenado (art. 118, § 2°, da Lei 7.210/84 – Lei de Execução Penal) e de oportunidade de defesa, com participação de advogado (art. 5°, inciso LV, da CF). Pedido: declaração de nulidade da decisão.

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PROBLEMA 10 Habeas corpus Fundamento – A prisão temporária só é possível em relação aos crimes expressamente previstos no inciso III do artigo 1.º da Lei 7.960, de 21.12.1989. Além disso, a prorrogação do prazo só é possível em caso de extrema e comprovada necessidade (art. 2º., caput, parte final, da Lei 7960, de 21.12.1989), não podendo ser autorizada, desde logo. Pedido – concessão de habeas corpus para que seja revogada a prisão temporária, expedindo-se contramandado de prisão. PROBLEMA 11 Habeas Corpus Endereçamento: Tribunal de Justiça Pedidos e fundamentos: pedido de trancamento da ação penal por ausência de justa causa para a ação penal em razão da inconsistência dos argumentos acusatórios (estímulo à prática de delitos e garantia de impunidade). Subsidiariamente, pedido de nulidade da decisão que impôs a prisão preventiva, haja vista a ausência do requisito da garantia da ordem pública. Deveria apontar, ainda, a ilegalidade da colocação do acusado em cela comum, uma vez que o advogado, nos termos do art. 7°, inciso V, da Lei 8.906/94 (Estatuto da Advocacia), tem direito à prisão especial antes de eventual sentença condenatória transitada em julgado. PROBLEMA 12 Habeas Corpus Endereçamento: Tribunal de Justiça Pedidos e fundamentos: pedido de trancamento da ação penal por ausência de justa causa para a ação penal em razão da inconsistência dos argumentos acusatórios (estímulo à prática de delitos e garantia de impunidade). Subsidiariamente, pedido de nulidade da decisão que impôs a prisão preventiva, haja vista a ausência do requisito da garantia da ordem pública. Deveria apontar, ainda, a ilegalidade da colocação do acusado em cela comum, uma vez que o advogado, nos termos do art. 7°, inciso V, da Lei 8.906/94 (Estatuto da Advocacia), tem direito à prisão especial antes de eventual sentença condenatória transitada em julgado. PROBLEMA 13 Peça: Habeas Corpus Endereçamento: Tribunal de Justiça de São Paulo. Pedido: declaração de ilegalidade do decreto de prisão preventiva e trancamento da ação penal. Fundamentos: a) quanto à prisão preventiva, ausência dos requisitos previstos na lei (artigos 311 e 312 do Código de Processo Penal), não podendo o decreto sustentar-se em simples revelia do acusado; PROBLEMA 14 Habeas corpus ao Tribunal de Justiça. Pedidos possíveis: a) trancamento da ação penal por falta de justa causa e por ilegitimidade ativa do Ministério Público; b) relaxamento da prisão em flagrante porque não havia situação de flagrância; c) liberdade provisória porque não estão presentes os requisitos da prisão preventiva. PROBLEMA 15 PEÇA: HABEAS CORPUS COM PEDIDO DE LIMINAR, art. 648,VI, CPP COMPETÊNCIA: DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DF

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TESE: EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE PEDIDO: RELAXAMENTO DA PRISÃO EM FLAGRANTE E EXPEDIÇÃO DE ALVARÁ DE SOLTURA + DECRETAÇÃO DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE E CONFIRMAÇÃO DA LIMINAR FUNDAMENTOS: De acordo com o art. 34 da Lei 9.249/95, o pagamento do tributo devido (reparação dos danos) antes do recebimento da denúncia acarreta a extinção da punibilidade. O dispositivo citado se aplica aos crimes contra a ordem tributária. No caso em tela, Lílian efetuou o pagamento logo após sua prisão, ou seja, antes do recebimento da denúncia. MANDADO DE SEGURANÇA PROBLEMA 1 Impetrar junto ao Juízo de Direito de 1.ª Instância da Justiça Comum Estadual, com base no art. 5.º inciso LXIX, da Constituição Federal, combinado com os arts. 1.º e seguintes da Lei n.º 1533/51, Mandado de Segurança com pedido de liminar. Fundamentar no sentido de que o indeferimento da pleiteada restituição fere direito líquido e certo do impetrante, já que é o legítimo proprietário do veículo, não havendo necessidade de o mesmo permanecer à disposição da justiça por falta de interesse ao processo, conforme preconizado nos arts. 118, 119 e 120 do CPP. Apresentar fundamentação diante do "fumus boni iuris" e o "periculum in mora" para a obtenção da liminar, sendo que ao final a segurança deverá ser concedida definitivamente. PROBLEMA 2 Peça – Mandado de segurança Endereçamento –Juiz de primeiro grau. Pedido – Determinação à autoridade coatora para que garanta a vista dos autos. Fundamento – O Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil (Lei 8906, de 4.7.94), em seu artigo 7º, XIV, garante ao advogado o direito de examinar, na repartição policial, os autos do inquérito policial. O sigilo não pode prevalecer em relação ao advogado. RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL PROBLEMA 1 a) Recurso cabível: RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL; b) Órgão competente: Superior Tribunal de Justiça; c) Fundamento: Artigo 105, inciso II, alínea "a" da Constituição Federal e Lei nº. 8038/90, artigos 30 a 32; d) Prazo: 05 (cinco) dias. Trata-se de decisão denegatória de Habeas Corpus. O único recurso cabível é o Recurso Ordinário Constitucional, cuja competência para conhecimento e julgamento é do Superior Tribunal de Justiça. O recurso deverá, portanto, ser interposto ao Tribunal de Justiça, no prazo de 05 dias, juntamente com as razões endereçadas ao Superior Tribunal de Justiça. A autoridade coatora é o Tribunal de Justiça. O pedido de relaxamento do flagrante com a expedição de Alvará de Soltura poderá enfocar o excesso de prazo para o término da instrução criminal por motivos aos quais o acusado não deu causa; a configuração do constrangimento ilegal pela manutenção do acusado sob custódia por mais tempo do que o admitido pela jurisprudência dos Tribunais. e) Aceitável, também, a impetração de Habeas Corpus, substitutivo ao Recurso Ordinário Constitucional, dirigido diretamente ao STJ, no sentido de cessar o constrangimento ilegal que o réu sofre, em virtude do excesso de prazo, para a formação da culpa. PROBLEMA 2

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Deverá ser interposto Recurso Ordinário Constitucional para o Superior Tribunal de Justiça, com base no artigo 105, inciso II, alínea A, da Constituição Federal. O endereçamento da interposição é para o Presidente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo que encaminhará os autos para o STJ. As razões apresentadas junto com a interposição do recurso referindo-se e buscando convencer os Ministros daquela Corte. Indiscutivelmente a infração é afiançável, tanto que é concedido o prazo do artigo 154, do Código de Processo Penal. Outrossim, a simples gravidade do fato não é motivo para não conceder a fiança, aliás, direito subjetivo do réu consagrado na Constituição Federal. Portanto, além de não estar o despacho e a decisão de segunda instância devidamente fundamentados, foi eleito motivo que a lei não prescreve como impeditivo, persistindo o constrangimento ilegal. Buscar seja provido o recurso. PROBLEMA 3 Deverá ser interposto Recurso Ordinário Constitucional para o Superior Tribunal de Justiça, com base no artigo 105, inciso II, alínea a, da Constituição Federal. O endereçamento da interposição é para o Presidente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, que encaminhará os autos para o STJ. As razões devem ser apresentadas junto com a interposição do recurso. Indiscutivelmente a infração é afiançável, tanto é que foi concedido o prazo do artigo 514, do Código de Processo Penal. Outrossim, a simples gravidade do fato não é motivo para não conceder a fiança, aliás, direito subjetivo do réu consagrado na Constituição Federal. Portanto, além de não estarem o despacho e a decisão de segunda instância devidamente fundamentados, foi eleito motivo que a lei não prescreve como impeditivo, persistindo o constrangimento ilegal. Buscar seja provido o recurso. Admite-se, também, a impetração de ordem de "Habeas Corpus" – substitutivo do Recurso Ordinário Constitucional para o Superior Tribunal de Justiça, desde que com a fundamentação própria. PROBLEMA 4 PEÇA: RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL (art. 105, II, “a”, da CF e Lei 8.038/90). COMPETÊNCIA: DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE ___ (INTERPOSIÇÃO DO ROC) + STJ (RAZÕES DO ROC). TESE: NULIDADE PEDIDO: ANULAÇÃO DO PROCESSO DESDE O INTERROGATÓRIO. FUNDAMENTOS: O recorrente deverá, no ROC, reproduzir a argumentação veiculada no “habeas corpus” denegado e requerer aquela mesma providência que deveria ser concedida e não foi (no caso em tela, a ausência de defensor e do próprio MP, no interrogatório do réu, viola os princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa, acarretando a nulidade absoluta do ato processual. A nulidade absoluta pode ser alegada a qualquer tempo, inclusive de ofício pelo juiz). RECURSO ESPECIAL PROBLEMA 1 Deve ser interposto recurso especial perante o TJMG, com as razões dirigidas ao STJ. Nele, sustentar que houve ofensa a lei federal, pois o CPP, em seu art. 480, determina que o juiz esclareça dúvidas dos jurados. Deve-se pedir o conhecimento e o provimento do recurso para anular o julgamento, designando-se nova sessão plenária. RECURSO EXTRAORDINÁRIO PROBLEMA 1

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Recurso Extraordinário dirigido ao Supremo Tribunal Federal, sustentando ofensa à Constituição da República, pois o Tribunal de Justiça, quando deu provimento ao apelo do Ministério Público, violou a soberania dos veredictos que vigora no júri, já que os jurados apoiaram-se em prova favorável ao acusado. REVISÃO CRIMINAL PROBLEMA 1 a) Recurso cabível: REVISÃO CRIMINAL; b) Orgão competente: Tribunal de Justiça; c) Fundamento: artigo 621, inciso III do C. P. P.; d) Requisito de admissibilidade: juntada da sentença transitada em julgado; e) Prazo para interposição: não há prazo. PROBLEMA 2 Trata-se de Revisão Criminal, endereçada ao Egrégio Tribunal de Justiça, com base no art. 621, inciso III do C.P.P., visto que surgiu uma prova nova, com a juntada da justificação criminal, onde foi ouvido o ex-detento, que comprovou a ocorrência de um enorme erro judiciário, pois José não cometeu o crime de tortura que lhe foi imputado, sendo inocente portanto. O candidato deverá postular seja conhecida a revisão e julgada procedente (artigo 626, 2ª parte do CPP) para o fim de absolver José com base no art. 386, inciso III do C.P.P., requerendo o competente alvará de soltura clausulado. PROBLEMA 3 Revisão Criminal ou habeas corpus, pedindo a desclassificação para lesões leves e, eventualmente, a anulação por falta de representação ou a aplicação da Lei 9.099/95. PROBLEMA 4 Revisão criminal Habeas corpus Endereçamento: Tribunal de Justiça Fundamentos: pedido de nulidade em razão da não concessão de prazo para defesa preliminar (art. 514 do CPP). No mérito, desclassificação do crime para o de exercício arbitrário das próprias razões (art. 345, caput, do CP), haja vista a retenção do dinheiro com vista a ressarcimento de dinheiro devido pelo banco ao acusado, e conseqüente extinção da punibilidade em virtude da decadência do direito de queixa do ofendido (art. 38, caput, do Código de Processo Penal combinado com os artigos 107, inciso IV, e 345, parágrafo único, ambos do Código Penal). Ainda, em relação ao crime de apropriação indébita, referência à teoria restritiva que não enquadra o funcionário de sociedade de economia mista como funcionário público. Pedido na Revisão criminal: Preliminar - nulidade. Mérito - desclassificação e extinção da punibilidade. Pedido no Habeas Corpus - nulidade da decisão. PROBLEMA 5 A peça pertinente consiste na interposição da revisão criminal ajuizada perante o Tribunal de Justiça de São Paulo, prevista a revisão criminal com fulcro no artigo 621, inciso III do CPP, em face da descoberta de novas provas ter ocorrido após o trânsito em julgado da sentença condenatória, destacando que no mérito deverá o candidato pleitear a desconstituição da sentença condenatória e a absolvição do seu cliente em face da atipicidade da conduta, vez que segundo o problema, as novas provas corroboram que não houve prejuízo econômico para a entidade de

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direito público, destacando que, por ser o estelionato um crime contra o patrimônio, torna-se atípica a conduta, não havendo ofensa ao patrimônio. Destaque que a impetração de habeas corpus não é a medida tecnicamente mais correta, vez que não há ninguém preso, sendo por isso a medida mais adequada a revisão criminal, podendo, entretanto, subsidiariamente, ser aceita a impetração de habeas corpus perante o Tribunal de Justiça, sob alegação de estar havendo constrangimento ilegal em face de condenação, sendo que o problema do habeas corpus se restringirá à possibilidade ou não da analise da prova, sendo por isso a revisão criminal a medida tecnicamente mais adequada. AGRAVO EM EXECUÇÃO PROBLEMA 1 O artigo 71 do Código Penal é claro ao especificar quais são os requisitos para a unificação de penas: pluralidade de ações (foram dois crimes), crimes da mesma espécie (furto simples), condições de tempo (menos de 30 dias entre um delito e outro), lugar (no bairro da Penha), maneira de execução (sempre sozinho e do mesmo modo) e outras semelhantes, não havendo, portanto, qualquer referência a gravidade do fato. Em assim sendo, o Meritíssimo Juiz de Direito da Vara das Execuções Criminais da Capital indeferiu o pleito estribado em motivo não determinado pela lei, o que é inadmissível. O recurso cabível é o Agravo, previsto no artigo 197 da Lei de Execução Penal (Lei 7210/84), que deverá ser interposto no juízo "a quo" para fins de retratação/reconsideração ou não e, se mantida a decisão, as razões do recurso são para o Tribunal de Justiça de São Paulo, argumentando que, ao contrário do decidido, estão presentes os pressupostos legais do artigo 71 do Código Penal, cumprindo, como conseqüência, ser aplicada apenas a pena de um dos crimes, que é de 1 (um) ano, acrescida de 1/6 (um sexto), restando unificadas em 1 (um) ano e 2 (dois) meses, o mesmo ocorrendo com a multa. PROBLEMA 2 a) Recurso cabível: AGRAVO; b) Órgão competente: Tribunal de Justiça; c) Fundamento: artigo 197 da Lei de Execuções Penais; d) Prazo para interposição: 05 (cinco) dias. Deverá ser interposto AGRAVO ao Juiz da Vara das Execuções Criminais requerendo a reconsideração da R. decisão. Em caso de manutenção da mesma, requerer, desde logo, que os autos subam ao Tribunal competente. As razões do recurso deverão ser dirigidas ao Tribunal de Justiça, competente por tratar-se de crime de estupro. A argumentação poderá fundamentar-se na individualização da pena, enfatizando a permissão contida no V. acórdão para a progressão do regime prisional. Poderá, ainda, guerrear a disposição da Lei 8072/90 que determina cumprimento integral da pena em regime fechado permitindo, contudo, o Livramento Condicional. PROBLEMA 3 Trata-se de um Agravo em Execução, composto por duas petições. A primeira de interposição endereçada ao Exmo. Sr. Juiz de Direito da Vara das Execuções Criminais da Capital, fundamentada no artigo 197 da Lei de Execução Penal, no prazo de 5 dias, sendo que nesta petição deverá constar o juízo de retratabilidade. A segunda petição de Razões de Agravo de Execução, deverá ser endereçada ao Egrégio Tribunal de Justiça. O agravante tem direito ao benefício uma vez que já cumpriu todos os requisitos, quer objetivo (tempo), quer subjetivo (desenvolvimento perante a terapêutica Penal), previstos no artigo 83, incisos III, IV, V e parágrafo único, do Código Penal, cc com o artigo 131 da Lei 7210/84,

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devendo o recurso ao final ser fundamentado com o artigo 66, inciso III, letra "e" da Lei de Execução Penal e também no artigo 83, inciso III, IV, V e parágrafo único do Código Penal, postulando a expedição de carta de livramento, com base no artigo 136 da Lei 7210/84. PROBLEMA 4 O candidato deverá formular recurso de agravo ao TJ, com fundamento no artigo 197 da Lei de Execuções Penais, peça essa consistente em petição de interposição e razões anexas. Deverá sustentar que se trata de crime continuado. PROBLEMA 5 Peça: Agravo em Execução. Endereçamento: Tribunal de Justiça de São Paulo. Pedido: revogação da decretação do Regime Disciplinar Diferenciado. Fundamentos: I – inconstitucionalidade do Regime Disciplinar Diferenciado, por ofensa aos princípios da dignidade da pessoa humana e da proibição de tratamento cruel e, principalmente, sua inconstitucionalidade na modalidade pretendida, pois, logo após ingressar, foi o preso colocado nesse regime, sem que tivesse cometido qualquer falta disciplinar; II – o prazo para a decretação do Regime Disciplinar Diferenciado é de no máximo trezentos e sessenta dias, sendo que sua prorrogação dependeria de nova avaliação após o transcurso do prazo. PROBLEMA 6 A peça correta é o Agravo em Execução, que deve ser interposto perante a Vara das Execuções Criminais de Contagem-MG, com as razões dirigidas ao TJMG. Sustentar preliminarmente a nulidade da decisão que impôs a sanção em virtude de falta grave, pois não foi possibilitada a ampla defesa do sentenciado. No mérito, apontar que a falta grave não impede a remição pelo trabalho, a qual deve ser reconhecida, possibilitando, assim, a concessão do almejado livramento. PROGRESSÃO DE REGIME PROBLEMA 1 A Peça adequada é a interposição de um Pedido de Progressão de Regime, interposto perante o juiz da Vara de Execuções Criminais de Avaré, tendo como fundamento o artigo 112, da Lei de Execuções Penais, vez que cumprido o requisito objetivo, qual seja, ficou na prisão ao menos 1/6 da pena de 6 anos, no caso já tendo cumprido 2 anos, estando preenchido também o requisito subjetivo, vez que o problema confirma que o condenado teve bom comportamento durante os 2 anos no cárcere, a ensejar a solicitação ao juiz para passar ao regime semi-aberto, vez que ele foi condenado no regime fechado porquanto era reincidente. Destaque-se não ser cabível a interposição do livramento condicional porquanto ainda não preencheu o requisito objetivo que consiste em cumprir mais de 1/3 da pena – vez que não cumpriu ainda mais de 1/3 da pena, mas sim exatos 1/3 da pena, não preenchendo também o artigo 83, inciso I, do Código Penal, porquanto se trata de cliente que não ostenta bons antecedentes, tanto que reincidente, sendo cabível apenas o livramento condicional, caso tivesse cumprido mais de metade da pena, o que não ocorreu, a corroborar ser a medida adequada o pedido de progressão de regime ao Juiz de Execução de Avaré, já que o problema confirma que há Vara de Execução Criminal em Avaré. LIVRAMENTO CONDICIONAL PROBLEMA 1

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Manoel reúne os requisitos do artigo 83, inciso V do Código Penal, de maneira que poderá requerer a concessão do Livramento Condicional. O pedido deverá ser endereçado ao Juiz da Vara das Execuções Criminais, com a exposição do preenchimento dos requisitos legais e o requerimento no sentido de que seja ouvido o Conselho Penitenciário, para, ao final, ser concedido o livramento condicional com expedição de carteira. Obs. Nada impede que o pedido seja dirigido diretamente ao Conselho Penitenciário, mas a decisão será do Juiz da Vara de Execuções Criminais. SEQUESTRO PROBLEMA 1 Requerer junto ao DIPO o seqüestro do bem, autuando-se em apartado, operando-se a inscrição no Registro de Imóveis, tudo com base nos artigos 125, 126, 128 e 129 todos do Código de Processo Penal. Na fundamentação deverá demonstrar que a aquisição do imóvel se deu com os proventos do delito, havendo o pressuposto dos indícios veementes de sua proveniência. O requerimento deverá estar instruído com cópias das peças do inquérito que demonstrem a autoria do delito e sua materialidade, juntando-se também a certidão do Cartório onde o imóvel foi registrado.

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10. MÓDULO AVANÇADO (PROBLEMAS DIVERSOS) PROBLEMAS – PEÇA PROFISSIONAL PROBLEMA 01 (CESPE NACIONAL 2008.2) Odilon Coutinho, brasileiro, com 71 anos de idade, residente e domiciliado em Rio Preto da Eva – AM, foi denunciado pelo Ministério Público, nos seguintes termos: “No dia 17 de setembro de 2007, por volta das 19 h 30 min, na cidade e comarca de Manaus – AM, o denunciado, Odilon Coutinho, juntamente com outro não identificado, imbuídos do propósito de assenhoreamento definitivo, quebraram a janela do prédio onde funciona agência dos Correios e de lá subtraíram quatro computadores da marca Lunation, no valor de R$ 5.980,00; 120 caixas de encomenda do tipo 3, no valor de R$ 540,00; e 200 caixas de encomenda do tipo 4, no valor de R$ 1.240,00 (cf. auto de avaliação indireta às fls.). Assim agindo, incorreu o denunciado na prática do art. 155, §§ 1.º e 4.º, incs. I e IV, do Código Penal (CP), combinado com os arts. 29 e 69, todos do CP, motivo pelo qual é oferecida a presente denúncia, requerendo-se o processamento até final julgamento.” O magistrado recebeu a exordial em 1.º de outubro de 2007, acolhendo a imputação em seus termos. Após o interrogatório e a confissão de Odilon Coutinho, ocorridos em 7 de dezembro de 2007, na presença de advogado ad hoc, embora já houvesse advogado constituído não intimado para o ato, a instrução seguiu, fase em que o magistrado, alegando que o fato já estava suficientemente esclarecido, não permitiu a oitiva de uma testemunha arrolada, tempestivamente, pela defesa. O policial Jediel Soares, responsável pelo monitoramento das conversas telefônicas de Odilon, foi inquirido em juízo, tendo esclarecido que, inicialmente, a escuta telefônica fora realizada “por conta”, segundo ele, porque havia diversas denúncias anônimas, na região de Manaus, acerca de um sujeito conhecido como Vovô, que invadia agências dos Correios com o propósito de subtrair caixas e embalagens para usá-las no tráfico de animais silvestres. Jediel e seu colega Nestor, nas diligências por eles efetuadas, suspeitaram da pessoa de Odilon, senhor de “longa barba branca”, e decidiram realizar a escuta telefônica. Superada a fase de alegações finais, apresentadas pelas partes em fevereiro de 2008, os autos foram conclusos para sentença, em março de 2008, tendo o magistrado, com base em toda a prova colhida, condenado o réu, de acordo com o art. 155, §§ 1.º e 4.º, incs. I e IV, do CP, à pena privativa de liberdade de 8 anos de reclusão (a pena-base foi fixada em 5 anos de reclusão), cumulada com 30 dias-multa, no valor de 1/30 do salário mínimo, cada dia. Fixou, ainda, para Odilon Coutinho, réu primário, o regime fechado de cumprimento de pena. O Ministério Público não interpôs recurso. Em face da situação hipotética acima apresentada, na qualidade de advogado(a) constituído(a) de Odilon Coutinho, e supondo que, intimado(a) da sentença condenatória, você tenha manifestado seu desacordo em relação aos termos da referida decisão e que, em 13 de outubro de 2008, tenha sido intimado(a) a apresentar as razões de seu inconformismo, elabore a peça processual cabível, endereçando-a ao juízo competente, enfrentando todas as matérias pertinentes e datando o documento no último dia do prazo para apresentação. PROBLEMA 02 (CESPE NACIONAL 2008.1) Mariano Pereira, brasileiro, solteiro, nascido em 20/1/1987, foi denunciado pela prática de infração prevista no art. 157, § 2.º, incisos I e II, do Código Penal, porque, no dia 19/2/2007, por volta das 17 h 40 min, em conjunto com outras duas pessoas, ainda não identificadas, teria subtraído, mediante o emprego de arma de fogo, a quantia de aproximadamente R$ 20.000,00 de agência do banco Zeta, localizada em Brasília – DF. Consta na denúncia que, no dia dos fatos, os autores se dirigiram até o local e convenceram o vigia a permitir sua entrada na agência após o horário de encerramento do atendimento ao público, oportunidade em que anunciaram o assalto.

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Além do vigia, apenas uma bancária, Maria Santos, encontrava-se no local e entregou o dinheiro que estava disponível, enquanto Mariano, o único que estava armado, apontava sua arma para o vigia. Fugiram em seguida pela entrada da agência. Durante o inquérito, o vigia, Manoel Alves, foi ouvido e declarou: que abriu a porta porque um dos ladrões disse que era irmão da funcionária; que, após destravar a porta e o primeiro ladrão entrar, os outros apareceram e não conseguiu mais travar a porta; que apenas um estava armado e ficou apontando a arma o tempo todo para ele; que nenhum disparo foi efetuado nem sofreram qualquer violência; que levaram muito dinheiro; que a agência estava sendo desativada e não havia muito movimento no local. O vigia fez retrato falado dos ladrões, que foi divulgado pela imprensa, e, por intermédio de uma denúncia anônima, a polícia conseguiu chegar até Mariano. O vigia Manoel reconheceu o indiciado na delegacia e faleceu antes de ser ouvido em juízo. Regularmente denunciado e citado, em seu interrogatório judicial, acompanhado pelo advogado, Mariano negou a autoria do delito. A defesa não apresentou alegações preliminares. Durante a instrução criminal, a bancária Maria Santos afirmou: que não consegue reconhecer o réu; que ficou muito nervosa durante o assalto porque tem depressão; que o assalto não demorou nem 5 minutos; que não houve violência nem viu a arma; que o Sr. Manoel faleceu poucos meses após o fato; que ele fez o retrato falado e reconheceu o acusado; que o sistema de vigilância da agência estava com defeito e por isso não houve filmagem; que o sistema não foi consertado porque a agência estava sendo desativada; que o Sr. Manoel era meio distraído e ela acredita que ele deixou o primeiro ladrão entrar por boa fé; que sempre ficava até mais tarde no banco e um de seus 5 irmãos ia buscá-la após as 18 h; que, por ficar até mais tarde, muitas vezes fechava o caixa dos colegas, conferia malotes etc.; que a quantia levada foi de quase vinte mil reais. O policial Pedro Domingos também prestou o seguinte depoimento em juízo: que o retrato falado foi feito pelo vigia e muito divulgado na imprensa; que, por uma denúncia anônima, chegaram até Mariano e ele foi reconhecido; que o réu negou participação no roubo, mas não explicou como comprou uma moto nova à vista já que está desempregado; que os assaltantes provavelmente vigiaram a agência e notaram a pouca segurança, os horários e hábitos dos empregados do banco Zeta; que não recuperaram o dinheiro; que nenhuma arma foi apreendida em poder de Mariano; que os outros autores não foram identificados; que, pela sua experiência, tem plena convicção da participação do acusado no roubo. Na fase de requerimento de diligências, a folha de antecedentes penais do réu foi juntada e consta um inquérito em curso pela prática de crime contra o patrimônio. Na fase seguinte, a acusação pediu a condenação nos termos da denúncia. Em face da situação hipotética apresentada, redija, na qualidade de advogado(a) de Mariano, a peça processual, privativa de advogado, pertinente à defesa do acusado. Inclua, em seu texto, a fundamentação legal e jurídica, explore as teses defensivas possíveis e date no último dia do prazo para protocolo, considerando que a intimação tenha ocorrido no dia 23/6/2008, segunda-feira. PROBLEMA 03 Firmino dos Santos, brasileiro, casado, ferramenteiro, residente na Rua dos Florais, 200, Vila Bach, em Santo André-SP, foi preso por dois policiais militares em flagrante delito, sob a acusação de, no dia 22 de janeiro de 2009, por volta das 19h15, na Avenida das Arvores, defronte ao número 100, em Santo André-SP, ter subtraído, mediante grave ameaça exercida com emprego de arma de fogo, um veículo VW/Gol, placas SSS-0171, pertencente à vítima Andrade Neto. O Acusado, na fase policial, informou que somente praticou o delito porque foi ameaçado de morte pelo seu colega, conhecido como “Ge”, uma vez que com este possui dívida de droga. Afirmou ainda que “Ge” ameaçou matar sua filha, se ele não roubasse referido veículo, para que pudesse convertê-lo em dinheiro. A arma foi devidamente apreendida e o veículo entregue à vítima. O Inquérito Policial foi relatado e encaminhado ao Fórum de Santo André. O

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Magistrado abriu vista ao Ministério Público e este ofereceu a denúncia. O MM. Juiz, fundamentadamente, recebeu a exordial acusatória e prolatou o seguinte despacho: “1)Tendo em vista os indícios de autoria criminosa, o preenchimento dos requisitos do artigo 41 do CPP e a não verificação dos óbices apontados pelo artigo 395 do mesmo diploma legal, recebo a denúncia em face de Firmino dos Santos, dando-lhe início ao processo criminal e; 2) Nos termos do artigo 396 do Código de Processo Penal, cite-se o acusado, para responder a acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias”. O acusado encontra-se detido no Centro de Detenção Provisória da mesma Comarca e até a presente data está aguardando a presença do Oficial de Justiça para ser citado. Ocorre que sua mãe, dona Florinda, desesperada, dirigiu-se à Ordem dos Advogados do Brasil e informou que seu filho não possui as mínimas condições para contratar um advogado e requereu que seu filho fosse assistido por um patrono nomeado. Sendo assim, a OAB encaminhou indicação ao MM. Juiz da 1ª Vara Criminal de Santo André. O magistrado aceitou a indicação e determinou o prosseguimento do feito, dispensando a citação do Acusado, tendo em vista o comparecimento espontâneo de sua mãe à OAB, buscando a nomeação de defensor. Considerando a situação hipotética narrada e tendo sido intimado para manifestar-se no processo, como defensor dativo do Acusado, adote a medida cabível, diversa do habeas corpus. PROBLEMA 4 (OAB/SP 136) Pedro Paulo e Marconi estavam sendo investigados pela autoridade policial de distrito policial da comarca de São Paulo em razão da prática do delito de tentativa de furto qualificado pelo concurso de pessoas, ocorrido no dia 9/6/2008, por volta das 22 h. O inquérito policial foi autuado e tramitava perante a 2.a vara criminal da capital. Ao registrar ocorrência policial, a vítima, Maria Helena, narrou ter visto dois indivíduos de estatura mediana, com cabelos escuros e utilizando bonés, no estacionamento do shopping Iguatemi, tentando subtrair o veículo Corsa/GM, de cor verde, placa IFU 6643/SP, que lhe pertencia. Disse, ainda, que eles só não alcançaram êxito na empreitada criminosa por motivos alheios às suas vontades, visto que foram impedidos de concluí-la pelos policiais militares que estavam em patrulhamento na região. No dia 30/6/2008, Pedro Paulo foi convidado para que se fizesse presente naquela delegacia de polícia e assim o fez, imediata e espontaneamente, a fim de se submeter a reconhecimento formal. Na ocasião, negou a autoria do delito, relatando que, no horário do crime, estava em casa, dormindo. A vítima Maria Helena, e a testemunha Agnes, que, no dia do crime, iria pegar uma carona com a vítima não reconheceram, inicialmente, Pedro Paulo como autor do delito. Em seguida, Pedro Paulo foi posto em uma sala, junto com Marconi, para reconhecimento, havendo insistência, por parte dos policiais, para que a vítima confirmasse que os indiciados eram os autores do crime. Então, a vítima assinou o auto de reconhecimento, declarando que Pedro Paulo era a pessoa que, no dia 9/6/2008, havia tentado furtar o seu veículo, conforme orientação dos agentes de polícia. Diante disso, o delegado autuou Pedro Paulo em flagrante delito e recolheu-o à prisão. Foi entregue a Pedro Paulo a nota de culpa, e, em seguida, foram feitas as comunicações de praxe. Pedro Paulo não é primário, porém possui residência e emprego fixos. Considerando a situação hipotética apresentada, redija, em favor de Pedro Paulo, a peça jurídica, diversa de habeas corpus, cabível à espécie. PROBLEMA 05 Candido Alegria foi preso em flagrante nas imediações de local onde vítima noticiou o roubo de seu carro, mediante grave ameaça exercida com emprego de arma, logo após a ocorrência do delito. Na delegacia, diante do reconhecimento pela vítima do roubo, foi autuado por infração ao art. 157, § 2º, I, do CP. O auto de prisão em flagrante foi realizado regularmente, tendo sido encaminhado ao juízo da 1ª Vara Criminal da Comarca no prazo legal, bem como a nota de culpa foi-lhe entregue também dentro do mesmo prazo. Conforme documentação apresentada pela esposa de Candido, consta que ele é primário, tem bons antecedentes, trabalha como comerciante estabelecido na cidade há 15 anos, cidade, aliás, em que nasceu e sempre morou.

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Considerando a situação hipotética acima descrita, e tendo sido constituído advogado de Candido, adote medida em seu favor, diversa do habeas corpus. QUESTÃO: Como advogado de Candido, redigir a peça adequada para obter sua libertação. PROBLEMA 06 (OAB/SP 131 - ADAPTADO) Maria, alta funcionária da empresa “ATR”, no Centro de São Paulo, Capital, recebe normalmente cantadas de seu superior hierárquico, João. Temendo por seu emprego, Maria nunca efetuou nenhuma reclamação. Em 20.11.08, contudo, João, prevalecendo-se de sua condição na empresa, chama Maria em sua sala. Quando ela na sala ingressa, João tranca a porta, exigindo favores sexuais. Visivelmente alterado, João grita com Maria, dizendo que se ela não concordasse com o ato sexual, ele iria demiti-la. Outros funcionários, escutando os gritos de Maria, vão, imediatamente, em seu socorro, abrindo a sala de João com a chave mestra, encontrando Maria aos prantos. João, nesse momento, sai rapidamente da sala. No dia seguinte, pede desculpas a Maria, dizendo haver bebido demais na véspera, e que tudo não teria passado de um mal entendido. Maria, revoltada, diz que vai procurar os seus direitos. QUESTÃO: Como advogado de Maria, redija a peça mais adequada para fazer valerem os direitos de sua cliente. PROBLEMA 07 (CESPE – OAB / 2006.2 - ADAPTADO) Consta do Inquérito Policial n.º 359/2008, referente à comunicação de ocorrência n.º 154/2008, que, no dia 18/6/2008, por volta das 13 h, nas proximidades do estádio de futebol conhecido como Maracanã, Pedro, brasileiro, professor, solteiro, residente na rua São Judas Tadeu, na cidade do Rio de Janeiro – RJ, foi agredido fisicamente por Cristiano, após assistirem a uma partida de futebol. Pedro, ao prestar declarações na delegacia de polícia, disse que Cristiano desferiu-lhe um soco, causando-lhe hematomas na face. Ainda chocado com o acontecido, mas ansioso para voltar para casa para assistir ao jogo do Brasil na Copa, Pedro não se dirigiu ao Instituto Médico Legal (IML) a fim de fazer o exame de corpo de delito. No inquérito, registra-se, ainda, que Cristiano, brasileiro, bancário, casado, residente na rua José das Couves, Rio de Janeiro – RJ, não possui antecedentes criminais. Alguns dias após o incidente, os autos da investigação policial foram conclusos ao Ministério Público, que, mesmo diante da ausência do exame de corpo de delito, denunciou Cristiano, conforme a exordial acusatória transcrita integralmente a seguir: “Aos 18 de junho de 2008, Cristiano ofendeu a integridade corporal de Pedro. Isso posto, o Ministério Público (MP) requer a citação do réu, sob pena de revelia, e sua condenação nas penas do art. 129, caput, do Código Penal.” A denúncia foi recebida em 30 de junho pelo juiz da 4.ª Vara Criminal do Rio de Janeiro. Cristiano foi regularmente citado e qualificado. Interrogado em juízo, Cristiano afirmou que os fatos narrados na denúncia não eram verdadeiros. Segundo ele, no dia dos fatos, após assistir a um jogo de futebol no Maracanã, estava em uma parada de ônibus nas proximidades do estádio quando Pedro aproximou-se fazendo piadas a respeito do seu time, que havia perdido o jogo. Cristiano esclareceu que não deu ouvidos a Pedro, que ficou ainda mais irritado. Quando tentou dirigir-se para longe do local, Pedro o puxou pela camisa e começou a agredir-lhe com socos. Cristiano, então, agindo em legítima defesa, deu um soco em Pedro. Em poucos instantes, populares separaram os dois, e ele fugiu do local com medo de novas agressões. Não houve abertura de prazo para a defesa prévia. O MP arrolou duas testemunhas, que não foram localizadas, motivo pelo qual o MP desistiu de ouvi-las. Na fase do artigo 402 do Código de Processo Penal, a acusação e a defesa nada requereram. Em seguida, o juiz abriu vista às partes. Diante dessa situação hipotética, considerando-se advogado de Cristiano, redija uma peça processual pertinente à próxima fase do processo.

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PROBLEMA 08 (OAB/SP 134) Em 1.º/2/2008, Mário foi acusado de ter contratado, em 3/1/2008, André para matar Vítor, que era amante de sua esposa. André foi acusado de ter instalado, em 15/1/2008, uma bomba no carro de Vítor, para que ela explodisse quando a ignição do veículo fosse ligada. De fato, quando Vítor acionou o motor do carro, houve uma explosão que o matou. Mário e André foram apontados como incursos no art. 121, §2.º, I – mediante paga; II – motivo fútil consistente em ciúmes; III – emprego de explosivo; IV – recurso que impossibilitou a defesa da vítima; c.c. art. 29, caput, do Código Penal. Em 12/2/2008, André faleceu, tendo sido, então, declarada extinta a sua punibilidade, não tendo ele chegado a ser ouvido, visto que, na fase policial, permanecera em silêncio. Em interrogatório realizado em 14/2/2008, Mário negou a contratação e disse viver bem com a esposa. Foram ouvidos em juízo: o médico legista, que confirmou a morte por explosão; dois policiais que afirmaram que, como André já era procurado pela polícia, uma interceptação telefônica autorizada para desvendar outro crime captara, casualmente, conversa entre ele e outra pessoa, não identificada, supostamente Mário, na qual este negociava com André a morte de uma pessoa, cujo nome não foi mencionado, tendo sido, na ocasião, marcado encontro entre os dois; e um perito, o qual declarou que, conforme perícia juntada aos autos, a voz da conversa interceptada era semelhante à de Mário, embora não fosse possível uma afirmação conclusiva. Da gravação nada constava sobre a forma de execução do crime. Duas testemunhas, amigos de Vítor, afirmaram que ele era amante da esposa de Mário. Como testemunhas de defesa foram ouvidos dois amigos de Mário, que disseram ser este pessoa calma e dedicado pai de família, incapaz de causar mal a qualquer um, e sua esposa, que negou ter relações com a vítima. Finda a instrução, as partes apresentaram suas alegações e, em 3/3/2008, o juiz pronunciou Mário pelo art. 121, §2.º, I, II, III, IV, c.c art. 29, caput, todos do Código Penal, assentando-se na gravação e nos depoimentos das testemunhas de acusação e afirmando que, na pronúncia, prevalece o princípio in dubio pro societate. O acusado e seu advogado foram intimados da decisão em 5 de março de 2008. Considerando a situação hipotética descrita, atue na defesa de Mário, como se seu advogado fosse. PROBLEMA 09 (OAB/SP 113) João da Silva foi denunciado pelo Ministério Público porque teria causado em Antonio de Souza, mediante uso de uma barra de ferro, as lesões corporais que o levaram à morte. Durante a instrução criminal, o juiz, de ofício, determinou a instauração do Incidente de Sanidade Mental do acusado. A perícia concluiu ser este portador de esquizofrenia grave. Duas testemunhas presenciais arroladas pela defesa afirmaram, categoricamente, que no dia dos fatos Antonio de Souza, após provocar o acusado injustamente, com palavras de baixo calão, passou a desferir-lhe socos e pontapés. Levantando-se com dificuldade, João alcançou uma barra de ferro que se encontrava nas proximidades e golpeou Antonio por várias vezes, até que cessasse a agressão que sofria. Encerrada a primeira fase processual, o Magistrado, acatando o Laudo Pericial, absolveu sumariamente João da Silva, aplicando-lhe Medida de Segurança, consistente em internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico, pelo prazo mínimo de 02 (dois) anos. A decisão judicial foi publicada há dois dias. QUESTÃO: Na condição de advogado de João da Silva, tome a providência judicial cabível. PROBLEMA 10 (OAB/SP 116) Onesto de Abreu, agente de polícia federal, foi denunciado pelo Ministério Público Federal como incurso no art. 317 do Código Penal, porque teria aceitado de Inocêncio da Silva, a quantia de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a fim de não autuá-lo em flagrante delito por porte de substância entorpecente. Inocêncio da Silva, por sua vez, também foi denunciado, nos mesmos autos, como incurso no art. 333 do Código Penal, por ter pago a Onesto de Abreu a quantia já referida. Desde

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a fase de inquérito policial, ambos os acusados negam a autoria que lhes foi imputada pela acusação, mantendo a negativa no interrogatório judicial. Na instrução criminal, duas testemunhas arroladas pela Promotoria, que se encontravam no dia dos fatos no Departamento de Polícia, alegaram que ouviram os acusados conversando sobre um possível acordo, sem, contudo, presenciarem a efetiva transação. Nenhuma outra prova foi produzida pelo Ministério Público. A defesa, por sua vez, provou que Onesto tem incólume vida profissional. Concomitantemente à ação penal, Onesto de Abreu respondeu a um procedimento administrativo que resultou em sua demissão do serviço público. Encerrada a instrução, Onesto de Abreu foi absolvido com fundamento no artigo 386, inciso VII do Código de Processo Penal. QUESTÃO: Na condição de Advogado de Onesto de Abreu, tome a providência judicial cabível. PROBLEMA 11 (OAB/MG 2000) Colombino de Almeida, brasileiro, solteiro, atualmente desempregado, residente na Comarca de Ferros/MG, na Rua Maria Quitéria, 33, bairro da Natividade, viu decretada sua prisão preventiva pelo MM. Juiz da Vara Única da Comarca, no despacho que recebeu a denúncia, a pedido do i. representante do Ministério Público, em processo-crime a que responde como incurso nas lides dos arts. 155, §§ 1° e 5° c/c 29 do Diploma Penal pátrio. Com efeito, após mencionar o nome do denunciado, sua qualificação, bem como os dispositivos penais que, segundo a exordial acusatória, teria infringido, diz o decreto de prisão o seguinte: “Pelo que se vê, trata-se de uma quadrilha organizada, da qual o denunciado ao que tudo indica, é o líder, que vem agindo nesta Comarca há bastante tempo, tirando o sossego dos habitantes com uma série de furtos de veículos, via de regra estacionados nas ruas durante a noite, e conforme se extrai dos autos do inquisitório, transportando-os posteriormente para outros Estados da Federação, com certeza para “desmanche”. Em face disso, percebo a inicial do MP de fls. 02 a 05 contra os elementos nela qualificados e, para garantia da ordem pública, por conveniência da instrução criminal e mesmo para assegurar a aplicação da lei penal, hei por bem decretar a custódia preventiva do primeiro denunciado, Colombino de Almeida, como dito, ao que tudo está a indicar o líder da mencionada quadrilha, tudo de conformidade com o art. 311 e seguintes do Código de Processo Penal. Expedir o competente mandado de prisão.” Viu-se a ordem de prisão provisória cumprida, estando o custodiado recolhido em péssimas condições na cela da Delegacia de Polícia da Comarca. Procurado por familiares do “preso”, você após Ter acesso aos autos e, sobretudo ao decreto de custódia cautelar, entende ser possível medida com vistas à liberdade do agora seu cliente. Redija a peça pertinente ao caso, fundamentando as questões de natureza processual existentes. PROBLEMA 12 (OAB/SP 136) No dia 30 de agosto de 2007, Vânia Pereira, brasileira, casada, residente na Rua José Portela nº 67, em Franco da Rocha – SP, foi presa, em flagrante, na posse de 11,5 g da substância entorpecente causadora de dependência química e física, conhecida como cocaína, na forma de uma única porção, trazida consigo, no interior de estabelecimento prisional. Vânia foi denunciada por tráfico de drogas, de acordo com o art. 33, c/c art. 40, III, ambos da Lei n.º 11.343/2006. As testemunhas de acusação, agentes penitenciários, confirmaram que, na data dos fatos, a ré fora surpreendida, dentro da Penitenciária III de Franco da Rocha, na posse da substância entorpecente — escondida no interior do solado de um tênis —, destinada à entrega e consumo do preso José Pereira da Silva, seu marido. Relataram, também, que somente após a perfuração da sola do tênis, com um facão, puderam verificar a existência da droga. Informaram, por fim, que a abordagem da ré ocorrera de modo aleatório, tendo ela passado calmamente pela guarita policial, sem demonstrar nervosismo ou medo. As testemunhas de defesa disseram que a ré fora instigada por um tal de João a levar o par de tênis, de modo que ela não tinha como saber que estava levando drogas para o seu marido. Ademais, Vânia levava-lhe, semanalmente,

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mantimentos e roupas. Em seu interrogatório em juízo, Vânia refutou a imputação, contando a mesma versão dos fatos que narrara na delegacia. Afirmou que, na noite anterior aos fatos, um indivíduo de prenome João fora até sua residência e pedira-lhe que entregasse um par de tênis a seu marido, preso na Penitenciária III de Franco da Rocha, o que foi aceito. Declarou, ainda, que “não sabia que havia droga dentro da sola do tênis” e que, por isso, decidira levar o calçado para seu marido, ocasião em que foi detida. Há, nos autos, os laudos de constatação prévia e de exame químico-toxicológico, que confirmam não apenas a quantidade da droga apreendida, mas também a forma de acondicionamento apresentada, típica da atividade de tráfico. Constam, ainda, nos autos, documentos que comprovam que Vânia é primária, tem bons antecedentes, não se dedica a atividades criminosas nem integra organização criminosa. Ao final, Vânia foi condenada pelo juiz da 1.a vara criminal da comarca de Franco da Rocha nas penas de seis anos de reclusão, em regime inicial fechado, e pagamento de sessenta e seis dias-multa, no valor unitário mínimo, como incursa no art. 33, c/c art. 40, III, ambos da Lei n.º 11.343/2006. A defesa tomou ciência da decisão. Considerando a situação hipotética apresentada, redija, em favor de Vânia Pereira, a peça jurídica, diversa de habeas corpus, cabível à espécie. PROBLEMA 13 (OAB/SP 108) Octaviano, funcionário público, foi condenado pela 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça, por maioria de votos. O relator, vencido, entendeu ser nulo o processo porque suprimida a fase das alegações preliminares. O v. acórdão foi publicado há dois dias. QUESTÃO: Como advogado de Octaviano, pratique o ato judicial pertinente, justificando-o. PROBLEMA 14 (OAB/SP 122 - ADAPTADO) Lúcio, com 19 (dezenove) anos à época do fato, encontra-se condenado pela 27.ª Vara Criminal desta Comarca ao cumprimento da pena de 2 (dois) anos e 4 (quatro) meses de reclusão, pela prática do crime de furto qualificado na modalidade continuada (artigos 155, parágrafo 4.º, n.º I, e 71, do Código Penal), conforme sentença que transitou em julgado, para a acusação no dia 05.01.2007 e, para a defesa, no dia 20.02.2007. Lúcio, que estava foragido, veio a ser preso no dia 28.01.2009. QUESTÃO: Como advogado de Lúcio, qual a medida cabível em sua defesa? Redija a peça. PROBLEMA 15 (CESPE OAB/SP 136) Rodrigo Malta, brasileiro, solteiro, nascido em 4/5/1976, em São Paulo – SP, residente na rua Pedro Afonso n.o 12, Moema, São Paulo – SP, foi preso em flagrante delito, em 2/8/2008. Em 9/9/2008, foi denunciado como incurso nas sanções previstas no art. 14, caput, e no art. 16, parágrafo único, IV, ambos da Lei n.º 10.826/2003 (porte de arma de fogo de uso permitido e posse de arma de fogo de uso restrito, com a numeração raspada), de acordo com o que dispõe o art. 69 do Código Penal brasileiro. O advogado de Rodrigo pleiteou a liberdade provisória de seu cliente, entretanto o pleito foi indeferido pelo juiz a quo, que assim se manifestou: “Após analisar os autos, entendo que o pedido de liberdade provisória formulado não merece acolhida. Com efeito, os crimes imputados ao acusado são sobremaneira graves, indicando a prova indiciária, até o momento, que o acusado é provavelmente soldado do tráfico, o que só será dirimido, com exatidão, durante a instrução. De outro lado, a primariedade e os bons antecedentes não são pressupostos a impor a liberdade de forma incontinente, destacando-se que, em casos como o presente, melhor razão está com a bem pautada promoção do Ministério Público, que oficiou contrariamente à liberdade provisória. Isto posto, indefiro o pedido de liberdade.” A defesa, então, impetrou habeas corpus perante o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, objetivando a concessão de liberdade provisória, sob o argumento de que o decreto de prisão cautelar não explicitara a necessidade da medida nem indicara os motivos que a tornariam indispensável, entre os elencados no art. 312 do Código de Processo Penal.

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A ordem, contudo, restou denegada, confirmando-se a decisão do juiz a quo, em razão do disposto no art. 21 da Lei n.º 10.826/2003, que proíbe a liberdade provisória no caso dos crimes de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito. Registre-se que Rodrigo Malta é primário, possui bons antecedentes e compareceu à delegacia e ao juízo todas as vezes em que foi intimado. Outrossim, não demonstrou qualquer intenção de fuga. Considerando a situação hipotética apresentada, na condição de advogado(a) contratado(a) por Rodrigo Malta, interponha a peça jurídica cabível, diversa de habeas corpus, em favor de seu cliente, diante da denegação da ordem. PROBLEMA 16 (OAB/SP 110) Petrônio cumpria pena na Penitenciária do Forte quando, em 08 de fevereiro de 1993, conseguiu evadir-se do presídio. Já na rua, roubou um veículo Opala, ameaçando de morte o seu proprietário, fazendo gesto de que estava armado, para tanto colocando a mão sob a camisa, e utilizando-se do veículo na fuga. Como o pneu do veículo estourasse, Petrônio o abandonou e, novamente colocando as mãos sob a camisa, ameaçou Maria de morte, roubando seu veículo Monza. Vinte minutos depois, quando trafegava pela rodovia, prosseguindo em sua fuga, foi preso por policiais militares. Petrônio, então transferido para a Penitenciária de Jacaré, foi denunciado como incurso nas penas do artigo 157, parágrafo 2º, inciso I, do Código Penal, por duas vezes, c/c artigo 69 "caput", também do Código Penal. Na audiência para a oitiva das vítimas e testemunhas de acusação, Petrônio não foi apresentado, em virtude de falta de viaturas para conduzi-lo à cidade do Forte, tendo o seu defensor dativo dispensado a sua presença. Ao final do processo, foi condenado à pena de treze anos e quatro meses de reclusão, além da pena de multa, sendo aquela assim fixada: quatro anos, acrescidos de 1/4 pela reincidência, mais 1/3 pela qualificadora para cada um dos crimes, tendo o Juiz considerado, para fins de reincidência, um crime de homicídio noticiado apenas em sua Folha de Antecedentes, desacompanhado da certidão cartorária . A sentença transitou em julgado, ante a ausência de recurso da defesa. Anos após, e ainda estando Petrônio preso, você é nomeado pelo Juiz da Comarca do Forte para arrazoar pedido feito pelo réu para que fosse revista sua condenação. Como advogado de Petrônio, apresente a peça processual cabível. PROBLEMA 17 (OAB/SP 115) João foi processado por infração ao art. 157, parágrafo segundo, I e II, do Código Penal, recebendo pena de 21 anos de reclusão, sem fundamentação judicial no tocante à majoração da pena. Apresentou Recurso de Apelação, sendo certo que o Tribunal reconheceu a tese por ele apresentada por dois votos a um, diminuindo a pena para 7 anos de reclusão. O Ministério Público aforou Recurso Extraordinário, baseado no voto divergente desta decisão, o que culminou por exasperar a pena para 12 anos de reclusão. O STF aduziu, apenas, que o Juiz sentenciante equivocou-se materialmente, e onde se lê 21 anos, leia-se 12 anos, mantendo, no mais, a r. sentença de primeiro grau jurisdicional, verificando-se o trânsito em julgado. QUESTÃO: Como advogado de João, elabore a peça processual em prol de seu interesse, fundamentando-a. PROBLEMA 18 (OAB/SP 135) Márcio, brasileiro, solteiro, pedreiro, atualmente recluso no Centro de Readaptação Penitenciária de Presidente Bernardes – SP, foi condenado, pelo juiz da 2.a Vara Criminal de São Paulo – SP, a 8 anos de reclusão, em regime fechado, pela prática do crime previsto no art. 157, § 2.º, incisos I e II. Recentemente, progrediu ao regime semi-aberto, razão pela qual ainda não faz jus à progressão ao regime aberto. Márcio, que já cumpriu 5 anos do total da pena, tem profissão certa e definida e está trabalhando, com carteira assinada, como pedreiro, demonstra intenção de fixar residência na Colônia Agrícola Águas Lindas, lote 1, Guará – DF, em companhia de seus pais, bem como de constituir uma família tão logo seja colocado em liberdade. Em razão disso, por

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meio da defensoria pública, pleiteou ao juízo competente a concessão do livramento condicional. O juiz indeferiu o pedido de livramento condicional, visto que, no relatório carcerário expedido pelo diretor daquele estabelecimento prisional, consta uma tentativa de fuga em 22/4/2006, na qual Márcio estivera envolvido. Entretanto, no mesmo relatório, a autoridade carcerária informa que, atualmente, o detento, não reincidente em crime doloso, ostenta bom comportamento e exerce trabalho externo. Considerando a situação hipotética descrita, formule, na condição de advogado(a) contratado(a) por Márcio, a peça — diversa de habeas corpus — que deve ser apresentada no processo. PROBLEMA 19 Tício foi processado e condenado às penas de 2 anos de reclusão e 15 dias-multa pela prática do crime de furto em regime aberto, substituída a pena privativa de liberdade por duas penas de prestação de serviços à comunidade. Recorreu e seu recurso foi improvido por unanimidade de votos, alterando ainda, os julgadores, sua pena, ou seja, afastando a possibilidade de substituição por pena restritiva de direitos, já que ostenta maus antecedentes. A matéria foi devidamente prequestionada. QUESTÃO: Adote o recurso cabível em favor de Tício. GABARITO PROBLEMA 01 PEÇA: RAZÕES DE APELAÇÃO (DUAS PETIÇÕES) ENDEREÇAMENTO: TRIBUNAL DE JUSTIÇA ARGUMENTAÇÃO: Preliminar: Nulidade consistente no cerceamento de defesa (ausência de intimação do advogado regularmente constituído; na não oitiva da testemunha arrolada tempestivamente e na ilicitude da prova, consistente na não observância da lei de interceptação). Mérito: Fundamentar que não existe prova de ter o acusado concorrido a infração (inciso V, 386, CPP). Sustentar, também, a pena excessivamente majorada e a fixação do regime mais gravoso que o necessário. PEDIDO Preliminar: anulação do processo desde o início. Mérito: absolvição e, subsidiariamente seja reduzida a pena e fixado o regime menos gravoso que o estabelecido pelo juiz a quo. PROBLEMA 02 PEÇA: MEMORIAIS (Art. 403, § 3º, CPP) ENDEREÇAMENTO: Juiz de direito da Vara Criminal ARGUMENTAÇÃO: Provas insuficientes para a condenação. As provas existentes são exclusivas da fase inquisitiva (pré-processual), não sendo suficientes para amparar um édito condenatório, uma vez que não foram corroboradas em juízo, sob o crivo do contraditório. Subsidiarimente, o afastamento da qualificadora do emprego de arma e reconhecimento da atenuante relativa à menoridade relativa do agente. PEDIDO Absolvição com fundamento no artigo 386, VII e, subsidiariamente, afastamento da qualificadora e reconhecimento da atenuante.

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PROBLEMA 03 Peça: Defesa Prévia / Resposta à Acusação Fundamentação: Art. 396-A, do CPP. Competência: Juízo da 1ª Vara Criminal da Comarca de Santo André-SP. Tese: Preliminar de nulidade, ausência de citação pessoal. No mérito, sustentar excludente de culpabilidade – coação moral irresistível (art. 22 do CP). Pedido: Absolvição com fundamento no art. 397, II, CPP. PROBLEMA 04 No caso em comento, a peça processual cabível é o relaxamento de prisão, em face do art. 5.º, LXV, da Constituição Federal, que determina que “a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária”. [O examinando que fizer habeas corpus (peça não privativa de advogado) deve obter a nota zero no quesito raciocínio jurídico. Frise-se que, devido a ilegalidade no flagrante, não é a liberdade provisória o meio tecnicamente correto para obter-se a soltura de Pedro Paulo e, sim, o relaxamento de prisão. Na prática, porém, é comum que os advogados cumulem o pedido de relaxamento de prisão com o de liberdade provisória, o que poderá ser aceito. Aqueles que se limitarem à liberdade provisória, deverão perder ponto no quesito domínio do raciocínio jurídico. Prender em flagrante é capturar alguém no momento em que comete um crime. O que é flagrante é o delito; a flagrância é uma qualidade da infração: o sujeito é preso ao perpetrar o crime, preso em (a comissão de) um crime flagrante, isto é, atual. É o delito que está se consumando. Prisão em flagrante delito é a prisão daquele que é surpreendido cometendo uma infração penal. Não obstante seja esse o seu preciso significado, o certo é que as legislações alargaram um pouco esse conceito, estendendo-o a outras situações. Daí dizer o art. 302 do CPP que se considera em flagrante delito quem: I está cometendo a infração penal; II) acaba de cometê-la; III) é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido, ou por qualquer pessoa, em qualquer situação que faça presumir ser o autor da infração; IV) é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis, que façam presumir ser ele o autor da infração. As duas primeiras modalidades são consideradas flagrante próprio, a terceira, flagrante impróprio ou quase flagrante e, finalmente, a última, flagrante presumido. Ora, das três modalidades acima expostas, nenhuma destas ocorreu no caso em tela, conforme pode-se observar da situação narrada. Com efeito, no momento em que foi detido pela polícia, Pedro Paulo não estava cometendo a infração penal, nem havia acabado de cometê-la (flagrante próprio); não foi perseguido pela polícia ou por qualquer pessoa, logo após, em situação que faça presumir ser ele o autor da infração (flagrante impróprio), nem foi encontrado, logo depois, com nenhum objeto que faça presumir ser ele autor da infração que lhe foi imputada. Se há indícios, ou não, de seu envolvimento no crime de furto qualificado, isso terá que ser apurado durante a instrução criminal, com obediência aos princípios da ampla defesa e do contraditório, não podendo, todavia, os fatos apurados sustentar uma prisão em flagrante. Ressalte-se que não houve flagrante nenhum com relação a Pedro Paulo, uma vez que o mesmo, conforme se verifica do auto de prisão em flagrante, “foi convidado para que se fizesse presente naquela delegacia de polícia, o que o fez, imediata e espontaneamente”. Está, assim, Pedro Paulo sofrendo coação por parte da Autoridade Policial, uma vez que o mesmo não se enquadra em nenhuma das hipóteses do art. 302 do Código de Processo Penal. De tal entendimento não discrepam nossos tribunais, senão vejamos: “Prisão em flagrante — Inocorrência — Agente que não foi surpreendido cometendo a infração penal, nem tampouco perseguido imediatamente após sua prática, não sendo encontrado, ademais, em situação que autorizasse presunção de ser o seu autor.” (TJSP - Câm. Crim. h.c. n.º 128.260, RJTJESP 39/256)

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“Prisão em flagrante — Inocorrência — Inteligência dos arts. 302 e 317 do CPP — O caráter de flagrante não se coaduna com a apresentação espontânea do acusado à autoridade policial. Inexiste prisão em tais circunstâncias.” (TJSP Câm. Crim. h.c. n.º 126.351, RT 82/296) Em verdade, a apresentação espontânea do requerente desfigura, por imprópria, a lavratura do auto de prisão em flagrante. Nesse sentido, a doutrina de Magalhães Noronha nos ensina que: “apresentando-se o acusado, nem por isso a autoridade poderá prendê-lo: deverá mandar lavrar o auto de apresentação, ouvi-lo-á e representará ao juiz quanto à necessidade de decretar a custódia preventiva. Inexiste prisão por apresentação” (in Curso de Direito Processual Penal). Assim, por todo o exposto, deve-se requerer o relaxamento da prisão em flagrante delito levada a efeito, uma vez ser esta totalmente nula, o que constitui prisão ilegal. Não obstante ser necessária, para a prisão cautelar, apenas a existência da materialidade do crime e indícios da autoria, não se pode, por outro lado, desconsiderar que a autoria deve vir ao menos comprovada com o mínimo de prova — leiam-se aí indícios idôneos — pois, em caso contrário, o jus libertatis estaria seriamente comprometido, e, reflexamente, o Estado Democrático de Direito. Por fim, a reincidência não poderá prejudicar o pedido de relaxamento de prisão, com base na periculosidade presumida do indiciado, segundo jurisprudência do STJ: A Suprema Corte tem reiteradamente reconhecido como ilegais as prisões preventivas decretadas, por exemplo, com base na gravidade abstrata do delito (HC 90.858/SP, Primeira Turma, Rel. min. Sepúlveda Pertence, DJU de 21/06/2007; HC 90.162/RJ, Primeira Turma, Rel. min. Carlos Britto, DJU de 28/06/2007); na periculosidade presumida do agente (HC 90.471/PA, Segunda Turma, Rel. min. Cezar Peluso, DJU de 13/09/2007); no clamor social decorrente da prática da conduta delituosa (HC 84.311/SP, Segunda Turma, Rel. min. Cezar Peluso, DJU de 06/06/2007) ou, ainda, na afirmação genérica de que a prisão é necessária para acautelar o meio social (HC 86.748/RJ, Segunda Turma, Rel. min. Cezar Peluso, DJU de 06/06/2007). Em resumo, nos casos de presunção “juris tantum” da desnecessidade da custódia cautelar, quais sejam, de réu solto, primário e de bons antecedentes, como na Lei, ou de réu que responde, solto, ao processo da ação penal, ainda que de maus antecedentes e reincidente, como na jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça, a sua prisão, até o trânsito em julgado de sua condenação, somente será legal e conforme a Constituição da República, se demonstrada a sua necessidade pelo Juiz.(AgRg na MC 6576 / PR Agravo regimental na medida cautelar 2003/0105593-0) A privação cautelar da liberdade individual reveste-se de caráter excepcional (HC 90.753/RJ, Segunda Turma, Rel. Min. Celso de Mello, DJU de 22/11/2007), sendo exceção à regra (HC 90.398/SP, Primeira Turma. Rel. Min. Ricardo Lewandowski, DJU de 17/05/2007). Assim, é inadmissível que a finalidade da custódia cautelar, qualquer que seja a modalidade (prisão em flagrante, prisão temporária, prisão preventiva, prisão decorrente de decisão de pronúncia ou prisão em razão de sentença penal condenatória recorrível) seja deturpada a ponto de configurar uma antecipação do cumprimento de pena (HC 90.464/RS, Primeira Turma, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, DJU de 04/05/2007). O princípio constitucional da não-culpabilidade se por um lado não resta malferido diante da previsão no nosso ordenamento jurídico das prisões cautelares (Súmula n.º 09/STJ), por outro não permite que o Estado trate como culpado aquele que não sofreu condenação penal transitada em julgado (HC 89501/GO, Segunda Turma, Rel. Min. Celso de Mello, DJU de 16/03/2007). Desse modo, a constrição cautelar desse direito fundamental (art. 5.º, inciso XV, da Carta Magna) deve ter base empírica e concreta (HC 91.729/SP, Primeira Turma, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJU de 11/10/2007). Assim, a prisão preventiva se justifica desde que demonstrada a sua real necessidade (HC 90.862/SP, Segunda Turma, Rel. Min. Eros Grau, DJU de 27/04/2007) com a satisfação dos pressupostos a que se refere o art. 312 do Código de Processo Penal, não bastando, frise-se, a mera explicitação textual de tais requisitos (HC 92.069/RJ, Segunda Turma, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJU de 09/11/2007). Não se exige, contudo, fundamentação exaustiva, sendo suficiente que o decreto constritivo, ainda que de forma sucinta, concisa, analise a presença, no caso, dos requisitos legais ensejadores da prisão preventiva (RHC 89.972/GO, Primeira Turma, Rel.ª Min.ª

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Cármen Lúcia, DJU de 29/06/2007). Desse modo, deve ser expedido em favor de Pedro Paulo o competente alvará de soltura. PROBLEMA 05 Liberdade provisória sem fiança, tendo em vista as condições subjetivas favoráveis ao preso e, por conseguinte, ausência dos requisitos para a prisão preventiva. Fundamento: art. 310, parágrafo único do CPP. PROBLEMA 06 PEÇA: Queixa-Crime ENDEREÇAMENTO: Juizado Especial Criminal de São Paulo, art.61, Lei nº 9.099/95, com redação dada pela Lei nº 11.313/06. PEDIDO: Condenação de João pela prática de assédio sexual, art.216-A, c.c., art.225, ambos do CP. PROBLEMA 07 PEÇA: ALEGAÇÕES FINAIS (art. 403, §3º, do CPP) COMPETÊNCIA: JUIZ DE DIREITO DA 4ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DO RIO DE JANEIRO. TESES: NULIDADE DO PROCESSO (art. 564 do CPP) e ABSOLVIÇÃO (art. 386, VI, do CPP = causa excludente de antijuridicidade). PEDIDO: ANULAÇÃO DO PROCESSO E, NO MÉRITO, A ABSOLVIÇÃO DO RÉU FUNDAMENTOS: Em primeiro lugar, o crime é infração de menor potencial ofensivo, sujeito, portanto, ao procedimento especial da Lei 9.099/95 (e não ao procedimento comum ordinário). Desse modo, deveria ter sido lavrado um Termo Circunstanciado (em substituição ao Inquérito Policial) e encaminhado ao Juizado Especial. Em seguida, deveria ter sido realizada a audiência preliminar de conciliação (possibilidade de composição civil e transação penal) e, somente na falta de acordo, oferecida a denúncia. Ocorre que o crime de lesão corporal leve é um crime de ação penal pública condicionada à representação. No caso em tela, não houve a representação do ofendido, tornando nula a denúncia do promotor. Cumpre ressaltar, ainda, que a denúncia do promotor é inepta, pois não preenche todos os requisitos exigidos pelo art. 41 do CPP. Apesar de, no Juizado Especial, estar dispensado o exame de corpo de delito, deve existir laudo médico comprovando a materialidade do delito (fato que também não ocorreu no problema acima). Por fim, o réu agiu em legítima defesa (causa excludente de antijuridicidade). PROBLEMA 08 Peça - Recurso em sentido estrito. Órgão competente - Tribunal de Justiça. Juiz de direito – juízo de retratação. Pedidos: impronúncia e afastamento das qualificadoras. Fundamentos: Impronúncia: falta de prova, inaplicabilidade do princípio “in dubio pro societate”; prova ilícita (interceptação se destinava à descoberta de outro crime, tendo havido encontro casual). Afastamento da qualificadora do inciso I, porque em nenhum momento houve referência a pagamento feito por Mário, do inciso II, porque ciúme não configura motivo fútil; III e IV porque não se comunicariam, no caso, não sendo previsível o uso de explosivo e de recurso que impossibilitaria a defesa. PROBLEMA 09 a) Recurso cabível: Apelação;

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b) Órgão competente: Tribunal de Justiça; c) Fundamento: artigo 593, II do C.P.P.; d) Prazo para interposição: 05 (cinco) dias. Deve-se interpor Apelação ao Juiz da Vara do Júri. As razões do recurso deverão ser dirigidas ao Tribunal de Justiça. A argumentação e a fundamentação deverão invocar a legítima defesa como excludente de ilicitude, requerendo a reforma em inteiro teor da decisão de primeiro grau, a fim de que o acusado seja absolvido sumariamente (art. 415 do C.P.P.), com fundamento no artigo 25 do Código Penal, revogando-se a Medida de Segurança. Aceitar-se-ia para a solução do problema a interposição de um pedido de HC endereçado ao Tribunal de Justiça desde que o mesmo esteja fundamentado na modificação de absolvição sumária para que os julgadores acatem a legítima defesa como excludente de ilicitude de conformidade com o artigo 25 do Código Penal; pleiteando-se ainda a revogação da medida de segurança. PROBLEMA 10 a) Peça adequada: RECURSO DE APELAÇÃO; b) Interposição: a uma das Varas Federais Criminais; c) Competência: Tribunal Regional Federal 3ª Região.; d) Fundamento: art. 593, inciso I do C.P.P. Argumento: Deve-se interpor recurso de apelação a qualquer Vara Criminal Federal. As razões do recurso devem ser dirigidas ao Tribunal Regional Federal. Há interesse em apelar da sentença absolutória pois houve um prejuízo na esfera administrativa que poderá ser revisto se o Tribunal reconhecer a inexistência do fato. Assim, a fundamentação deve ser deduzida neste sentido, requerendo-se a absolvição, com fundamento no artigo 386, inciso I do C.P.P.. PROBLEMA 11 Deve ser pedida a revogação da prisão preventiva decretada pelo juiz, pois carente de fundamentação, uma vez que a prisão cautelar, por ser medida excepcional, exige a demonstração de sua necessidade concretamente. O pedido deve ser dirigido ao juiz da Vara Criminal da Comarca de Ferros-MG, pleiteando a revogação da prisão e a expedição do competente alvará de soltura. PROBLEMA 12 Deve-se interpor recurso de apelação, com fundamento no art. 593, I, do CPP, para o TJSP. Com efeito, o artigo 33 da Lei n.° 11.343/06 prevê: “Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: Pena – reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 ( mil e quinhentos) dias-multa.” “§ 4o Nos delitos definidos no caput e no § 1.o deste artigo, as penas poderão ser reduzidas de um sexto a dois terços, vedada a conversão em penas restritivas de direitos, desde que o agente seja primário, de bons antecedentes, não se dedique às atividades criminosas nem integre organização criminosa.” E o artigo 40, III, da Lei n° 11.343/06 prescreve: “As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são aumentadas de um sexto a dois terços, se: III a infração tiver sido cometida nas dependências ou imediações de estabelecimentos prisionais, de ensino ou hospitalares, de sedes de entidades estudantis, sociais, culturais, recreativas, esportivas, ou beneficentes, de locais de trabalho coletivo, de recintos onde se realizem espetáculos ou diversões de qualquer natureza, de serviços de tratamento de

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dependentes de drogas ou de reinserção social, de unidades militares ou policiais ou em transportes públicos.” No caso, deve-se alegar que houve, por parte de Vânia, o erro de tipo determinado por terceiro (artigo 20, § 2.o, do Código Penal). Segundo Damásio E. de Jesus, em Código Penal Anotado, em hipóteses como essa, o terceiro que provocou o erro responde pelo crime a título de dolo ou de culpa. Já a pessoa que foi provocada, tratando-se de erro invencível, não responde pelo crime cometido, quer a título de dolo ou culpa; tratando-se de provocação de erro vencível (aquele que poderia ser evitado pelo homem médio, naquelas circunstâncias), não responde pelo crime a título de dolo, subsistindo a modalidade culposa, se prevista em lei. Restou comprovado nos autos, especialmente diante dos depoimentos das testemunhas, que a acusada não tinha consciência do seu proceder. Até mesmo as testemunhas arroladas pela acusação relataram que, somente após a perfuração da sola do tênis, com um facão, puderam verificar a existência da droga. Informaram, por fim, que a abordagem da ré se deu de modo aleatório, visto que Vânia passou caminhando calmamente pela guarita policial, sem demonstrar nervosismo ou medo. Ademais, a acusada, durante toda a persecução criminal, afirmou uma única versão para os fatos. O quadro probatório, portanto, contém elementos de convicção, de molde a não deixar dúvidas sobre a inocência da ré quanto ao delito de tráfico de entorpecentes, razão pela qual se deve requerer o conhecimento e provimento do recurso de apelação, reformando-se a sentença condenatória integralmente, de modo que a ré seja absolvida da imputação constante na denúncia. Subsidiariamente, em caso de o TJSP negar provimento à apelação, deve-se requerer o reconhecimento da causa de diminuição do artigo 33, § 4.o, da nova lei de combate às drogas, e a fixação de regime inicial menos severo, haja vista que Vânia é primária, de bons antecedentes, não se dedica a atividades criminosas nem integra organização criminosa. Frise-se que a inconstitucionalidade do regime integralmente fechado declarada pelo Supremo Tribunal Federal no leading case HC 82.959/SP e, em seguida, a Lei n.º 11.464/07 (Nova Lei dos Crimes Hediondos) possibilitaram a progressão de regime no cumprimento da pena e afastaram o óbice legal para permitir o regime inicial aberto ou substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, mediante minuciosa análise das peculiaridades de cada caso. PROBLEMA 13 Interposição de embargos infringentes com base no voto minoritário dirigida ao Desembargador Relator - 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça. Pedido de nulidade do processo "ab initio", por desrespeito ao disposto no art. 514 o CPP. A impetração de habeas-corpus deverá ser considerada errada e suficiente para a reprovação do candidato. PROBLEMA 14 Habeas Corpus por prescrição da pretensão executória, contando-se o prazo a partir do trânsito em julgado para a acusação. A prescrição seria 4 anos, desconsiderando a continuidade, cai pela metade pela idade, ficando apenas 2 anos. PROBLEMA 15 Deve-se interpor recurso ordinário em habeas corpus (RHC), para o STJ (CF, art. 104, II, alínea “a”), tecendo-se os seguintes argumentos. A exigência de fundamentação do decreto judicial de prisão cautelar, seja temporária ou preventiva, tem atualmente o inegável respaldo da doutrina jurídica mais autorizada e da jurisprudência dos tribunais do país, sendo, em regra, inaceitável que a só gravidade do crime imputada à pessoa seja suficiente para justificar a sua segregação, antes de a decisão condenatória penal transitar em julgado, em face do princípio da presunção de inocência. Por conseguinte, é fora de dúvida que o decreto de prisão cautelar há de explicitar a

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necessidade dessa medida vexatória, indicando os motivos que a tornam indispensável, entre os elencados no art. 312 do CPP, como, aliás, impõe o art. 315 do mesmo Código. Como se verifica da decisão que determinou a prisão cautelar, confirmada pela corte estadual, manteve-se a segregação do acusado sob o argumento de que, provavelmente, o acusado seria soldado do tráfico, fato que justificaria a custódia. Tal fundamento, no entanto, afastado de qualquer circunstância concreta diversa da relativa ao fato delituoso, como se vislumbra in casu, não basta para, isoladamente, justificar a prisão cautelar. Como é cediço, a prisão cautelar é medida excepcional e deve ser decretada apenas quando devidamente amparada pelos requisitos legais, em observância ao princípio constitucional da presunção de inocência ou da não-culpabilidade, sob pena de antecipar a reprimenda a ser cumprida quando da condenação. A mera alusão a requisito legal da segregação cautelar, sem apresentação de fato concreto determinante, não pode servir de motivação à custódia, segundo jurisprudência pacífica do STJ e do STF. A propósito: HC – Competência originária. Não pode o STF conhecer originariamente de questões suscitadas pelo impetrante que, sequer submetidas ao STJ, ao qual, por conseguinte, não se pode atribuir a alegada coação. II. Prisão preventiva: fundamentação: inidoneidade. Não constituem fundamentos idôneos à prisão preventiva a invocação da gravidade do crime imputado, definido ou não como hediondo, nem os apelos à repercussão dos delitos e à necessidade de acautelar a credibilidade das instituições judiciárias: precedentes. III. Prisão preventiva: ausência de dados concretos que justifiquem a afirmação de que o paciente não se sente inibido à prática de delitos. IV. Decisão judicial: a falta ou inidoneidade da sua fundamentação não pode ser suprida pela decisão do órgão judicial de grau superior ao negar habeas corpus ou desprover recurso: precedentes. (STF, HC 85.020/RJ, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJU 25.02.2005). Processual penal. Habeas corpus. Homicídio tentado por duas vezes. Prisão preventiva decretada com base na gravidade do delito. Ausência dos pressupostos e fundamentos legais que autorizam a prisão preventiva. Necessidade concreta da medida restritiva de liberdade não demonstrada. Constrangimento ilegal. Ordem concedida. O decreto prisional cautelar exarado em desfavor dos pacientes bem como o acórdão que manteve referida decisão não demonstram de forma consistente a presença dos pressupostos e fundamentos que autorizam a custódia preventiva (CPP, art. 312), limitando-se a fazer referência à gravidade do delito imputado na denúncia contra eles ofertada, circunstância que não se mostra suficiente, por si só, para a decretação da referida medida restritiva de liberdade antecipada, que deve reger-se sempre pela demonstração da efetiva necessidade no caso em concreto. 2. A simples reprodução das expressões ou dos termos legais expostos na norma de regência, divorciada dos fatos concretos ou baseada em meras suposições ou pressentimentos, não é suficiente para atrair a incidência do art. 312 do Código de Processo Penal, tendo em vista que o referido dispositivo legal não admite conjecturas. 3. Considerando que a denúncia não foi precedida de inquérito policial, mas apenas de procedimento administrativo instaurado no âmbito do Ministério Público Estadual, e que nem mesmo a expedição da precatória destinada à citação dos acusados — para responder à respectiva ação penal iniciada no mesmo instante em que decretada a preventiva — foi efetivada, é prematuro decretar a custódia cautelar fundada na conveniência da instrução criminal e para assegurar a aplicação da lei penal, quando ausentes quaisquer fatos concretos que justifiquem tal medida preventiva, como fuga ou escusa no atendimento a chamado policial ou judicial. 4. Não se pode acolher sob o manto da ordem pública, que tem sentido muito amplo por estar voltada para a preservação de bens jurídicos essenciais à convivência social, eventual sentimento de vingança ou revolta por interesses ilegítimos contrariados. 5. Ordem concedida para revogar o decreto de prisão preventiva, ressalvada a possibilidade de decretação de nova custódia cautelar por motivo superveniente, caso fique demonstrada concretamente a necessidade da referida medida. (HC 38.397/MG, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, DJU 21.03.2005).

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Anote-se, ainda, que, por ocasião do julgamento da ADIN 3.112-1/DF, do STF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, considerou-se inconstitucional o disposto no art. 21 da Lei 10.826/2003, que proibia a liberdade provisória no caso dos crimes de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, comércio ilegal de arma de fogo e tráfico internacional de arma de fogo. A questão foi retirada da jurisprudência do STJ: Recurso em habeas corpus nº 23.344 – RJ (2008/0071349-8) Relator: Ministro Napoleão Nunes Maia Filho Recurso ordinário em habeas corpus. Prisão em flagrante. Posse ilegal de arma de fogo de uso permitido e posse ilegal de arma de fogo de uso restrito, com a numeração raspada. Indeferimento do pedido de liberdade provisória. Ausência de justificativa idônea amparada em fatos concretos. Constrangimento ilegal evidenciado. Precedentes do STJ e do STF. Recurso provido. É fora de dúvida que o decreto de prisão cautelar, assim entendida aquela que antecede a condenação transitada em julgado, há de explicitar a necessidade da medida, indicando os motivos que a tornam indispensável, dentre os elencados no art. 312 do CPP, como, aliás, impõe o art. 315 do mesmo Código. Como se verifica da decisão que indeferiu o pedido de liberdade provisória do paciente, confirmada pela corte estadual, manteve-se a segregação do acusado sob o argumento de que, provavelmente, os acusados são soldados do tráfico, fato que justificaria a custódia; todavia, tal fundamento, afastado de qualquer circunstância concreta diversa da relativa ao fato delituoso, é insuficiente para, isoladamente, justificar a segregação provisória. Anote-se, ainda, que, por ocasião do julgamento da ADIN 3.112-1/DF, do STF, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, considerou-se inconstitucional o disposto no art. 21 da Lei 10.826/2003, que proibia a liberdade provisória no caso dos crimes de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, comércio ilegal de arma de fogo e tráfico internacional de arma de fogo. Recurso provido, mas apenas e somente para deferir o pedido de liberdade provisória ao paciente, se por outro motivo não estiver preso, sem prejuízo de nova decretação, com base em fundamentação concreta, em consonância com o parecer do MPF. PROBLEMA 16 Razões de Revisão Criminal, dirigida ao Tribunal de Justiça. Nas razões, alegar: preliminarmente, nulidade do processo em vista da ausência do réu, ora requerente, na audiência, sendo que o defensor dativo não pode dispensar a presença do acusado – segundo entendimento do STF. No mérito, pleitear absolvição em vista de não haver dolo de roubo, mas apenas intenção de fugir. Subsidiariamente, pedir afastamento da reincidência ( não comprovada através de certidão cartorária ), afastamento da circunstância qualificadora ( ele não se encontrava armado ) e reconhecimento do crime continuado ( em lugar do concurso material de crimes ). Pode-se, também, impetrar Habeas Corpus em vista da nulidade apontada. PROBLEMA 17 Foro competente: Supremo Tribunal Federal; Peça processual: Revisão Criminal; Fundamentação: O Recurso Extraordinário apresentado pela Procuradora Geral de Justiça foi dirigido ao Supremo Tribunal Federal. Portanto, o foro competente é o STF, consoante dispõe o art. 624, I do C.P.P.. Assim, compete ao STF rever, em benefício dos condenados, as decisões criminais em processos findos, quando por ele proferidas, ainda que através da via recursal. A peça processual deve ser a Revisão Criminal, visto que a decisão transitou em julgado para o réu. A fundamentação da defesa deve se basear na nulidade da sentença que não fundamentou a exasperação da pena (todas as sentenças devem ser fundamentadas, posto que o réu deve saber por quais motivos foi condenado). Além disso, o STF não apreciou os argumentos apresentados

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pela Defesa, apenas aduzindo, laconicamente, que houve erro material, transmudando a pena de 21 para 12 anos, o que não pode prosperar. Admite-se a impetração de "Habeas Corpus" com a finalidade de reconhecer a ausência da fundamentação e ajustando-se a pena. Competência STF. PROBLEMA 18 Com fundamento no artigo 197 da Lei n.º 7.210/1994, deve-se interpor agravo em execução da decisão do juiz da Vara de Execuções Criminais de São Paulo/SP. No mérito, com fulcro no art. 83, inciso II, do Código Penal, e art. 131 da LEP, deve-se requerer a concessão do benefício do LIVRAMENTO CONDICIONAL, comprometendo-se Márcio, desde já, a cumprir todas às condições que forem impostas e submeter-se a elas. Para a concessão do livramento condicional, é necessário que o sentenciado preencha requisitos objetivos e subjetivos. Márcio já cumpriu 5 anos do total da pena, possui profissão certa e definida, e está trabalhando, como pedreiro, com carteira assinada. Ademais, no relatório carcerário, expedido pelo diretor do estabelecimento prisional, consta que a última punição de Márcio ocorreu há mais de dois anos, em razão de tentativa de fuga. A autoridade carcerária informou que, atualmente, o detento ostenta bom comportamento e encontra-se exercendo trabalho externo. O artigo 131 da LEP deixa bem clara a necessidade da observância dos requisitos elencados no art. 83 do CP. “Art. 131. O livramento condicional poderá ser concedido pelo juiz da execução, presentes os requisitos do art. 83, incisos e parágrafo único do Código Penal, ouvidos o Ministério Público e o Conselho Penitenciário”. O referido art. 83 do CP assim dispõe: Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena privativa de liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que: I - cumprido mais de um terço da pena se o condenado não for reincidente em crime doloso e tiver bons antecedentes; II - cumprida mais da metade se o condenado for reincidente em crime doloso; III - comprovado comportamento satisfatório durante a execução da pena, bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído e aptidão para prover à própria subsistência mediante trabalho honesto; IV - tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo, o dano causado pela infração; V - cumpridos mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime hediondo, prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, e terrorismo, se o apenado não for reincidente específico em crimes dessa natureza. Parágrafo único - Para o condenado por crime doloso, cometido com violência ou grave ameaça à pessoa, a concessão do livramento ficará também subordinada à constatação de condições pessoais que façam presumir que o liberado não voltará a delinqüir. A existência de registro de transgressão disciplinar ocorrida há mais de dois anos não tem o condão de exigir que ele permaneça encarcerado até a final de sua expiação, mormente diante do relatório atualizado da autoridade carcerária informando seu bom comportamento. Com efeito, o relatório favorável da autoridade carcerária, por si só, denota que se houve, no passado, alguma intenção deliberada do detento em frustrar a execução da pena, esta não mais subsiste, porquanto há dois anos não se registra qualquer fato desabonador à sua conduta, pelo contrário. Bem a propósito, destaque-se o que preleciona o mestre Júlio Fabrini Mirabete, in execução penal, 8.ª edição, pág. 302: “Ainda que nos artigos 83 do CP e 132 da LEP se afirme que o juiz ‘poderá’ conceder o livramento condicional e que a doutrina se tenha posicionado no sentido de considerá-lo como uma faculdade do juiz, hoje se admite que se trata de um direito do sentenciado. Embora atribuído em caráter excepcional, Frederico Marques lembra que pelo benefício é ampliado o ‘status libertatis’, tornando-se este um direito público subjetivo de liberdade, de modo que, preenchidos os seus pressupostos, o juiz é obrigado a concedê-lo.”

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PROBLEMA 19 Recurso Especial para o Superior Tribunal de Justiça, alegando “reformatio in pejus” no julgamento da apelação já que o Tribunal afastou a pena restritiva de direitos concedida pelo Juízo de 1ª Instância.

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11. QUESTÕES PRÁTICAS. (OAB/SP – 106) 1. O que é reabilitação? (OAB/SP – 106) 2. O que é perdão? (OAB/SP – 106) 3. Que autoridade elabora o libelo crime acusatório? (OAB/SP – 106) 4. Em que peça processual são trazidas aos autos as lesões sofridas pela vítima em processo-crime por infração ao artigo 129, "caput" do Código Penal? (OAB/SP – 107) 5. Cite três crimes considerados hediondos. (OAB/SP – 107) 6. Estabeleça a diferença entre a concussão e a corrupção passiva. (OAB/SP – 107) 7. Defina as notas características do instituto da perempção. (OAB/SP – 107) 8. Indique os elementos do fato típico. (OAB/SP – 112) 9. Quando da dosimetria da pena, por ocasião da prolação da sentença, o Magistrado fixou a pena-base do acusado acima do mínimo legal em decorrência de maus antecedentes, por existir condenação anterior (CP, art. 59). Após isso, aumentou a reprimenda fixada em virtude da agravante da reincidência, por ostentar o réu aquela condenação anterior (CP, art. 61, I). Está correto tal procedimento? Fundamente. (OAB/SP – 112) 10. Manoel chega em casa, após o dia de trabalho, e sua mãe diz que policiais estiveram à sua procura, aduzindo ser ele a pessoa que roubou Maria. Imediatamente, Manoel dirige-se à Delegacia, com vistas a elucidar não ser ele o verdadeiro autor do delito. Neste momento, o Delegado de Polícia efetua sua prisão em flagrante delito para garantia da ordem pública. Quais os argumentos que podem ser invocados a favor de Manoel? Justifique. (OAB/SP – 112) 11. Em que crime estará incurso o agente que, propositalmente, interrompe fornecimento de força e luz em escola pública, com o intento de não serem realizadas na data prevista os exames finais do ano letivo? (OAB/SP – 113) 12. João da Silva e Antonio de Souza, em 10 de abril do corrente ano, desentenderam-se devido à posição de uma cerca que separa as propriedades de ambos. Após acalorada discussão, inclusive com agressões verbais, João da Silva, munido de uma marreta, destruiu a lateral direita do veículo pertencente a Antonio. Se João da Silva cometeu crime, classifique juridicamente sua conduta. Indique a natureza da eventual ação penal e o prazo final para sua distribuição. (OAB/SP – 113) 13. Maria das Flores foi a uma clínica clandestina, acompanhada de seu namorado Ulisses Gabriel, submetendo-se a intervenção de abortamento, pago por ele. Neste caso, se Maria e Ulisses cometeram crime, classifique juridicamente suas condutas, justificando. (OAB/SP – 113) 14. Quais os requisitos para o deferimento da reabilitação? (OAB/SP – 114) 15. Em Direito Penal, qual a diferença entre remição e detração?

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(OAB/SP – 114) 16. É possível a manutenção do averiguado em custódia, após o esgotamento do prazo legal da prisão temporária já prorrogado? (OAB/SP – 114) 17. João Antônio, casado e pai de uma criança de seis meses de idade, na véspera de completar dezoito anos dispara dois tiros com arma de fogo contra José Pedro, com o objetivo de matá-lo. José Pedro, ferido, é socorrido por populares, porém, morre três dias depois, quando João Antônio completara dezoito anos. João Antônio é considerado imputável e poderá ser processado criminalmente? Justifique. (OAB/SP – 114) 18. Antônio de Souza, durante a madrugada e mediante escalada, entra em uma fábrica de cigarros com o fim de subtrair tantos pacotes quantos pudesse carregar. Quando se encontrava já no interior do edifício, foi sur-preendido por um segurança da empresa que, armado de revólver, lhe deu voz de prisão. Antônio, então, envolveu-se em luta corporal com o segurança e com uma barra de ferro desferiu-lhe vários golpes, produzindo-lhe lesões que resultaram perigo de vida. Em seguida, fugiu do local, sem nada levar. Classifique juridicamente a conduta pela qual Antônio deverá ser responsabilizado. (OAB/SP – 115) 19. Carlos, menor de 21 anos e primário, é condenado por roubo à pena de 5 anos e 4 meses em regime fechado, não lhe sendo facultado recorrer em liberdade. Arrole argumentos hábeis à reforma de tal decisão. (OAB/SP – 115) 20. A causa especial de aumento de pena concernente ao repouso noturno aplica-se ao furto qualificado? Explique. (OAB/SP – 115) 21. O artigo 14, em seu inciso II, aduz que "diz-se o crime: tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente". Ainda, o parágrafo único deste artigo afirma que "salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços". Pergunta-se: Qual o critério adotado para a diminuição entre um a dois terços? Justifique. (OAB/SP – 115) 22. Pecuarista que tem sua propriedade margeando leito de estrada de ferro e não coloca cerca para que o gado não invada a linha férrea comete algum delito? Elabore resposta motivada e fundamentada. (OAB/SP – 116) 23. Pode o Ministério Público impetrar Habeas Corpus? Explique. (OAB/SP – 116) 24. José participou como jurado no julgamento de Américo, acusado de crime de homicídio simples. Proferida sentença absolutória, dias após constatou-se que José e outros três jurados receberam, cada um, a importância de R$1.000,00 (um mil reais) para votarem favoravelmente ao acusado. José e seus companheiros do Conselho de Sentença cometeram crime? Justifique fundamentadamente a resposta. (OAB/SP – 116) 25. Ana induziu a gestante Maria a provocar aborto em si mesma, e ela o provocou. Em outra hipótese, Geralda executou aborto em Clementina, gestante, com o seu consentimento. Tipifique, juridicamente, as condutas de Ana, Maria, Geralda e Clementina. (OAB/SP – 117) 26. Maria das Dores, chefe das enfermeiras de hospital municipal, presenciou outra funcionária, Madalena, enfermeira a ela subordinada, furtando comprimidos para dor de cabeça do almoxarifado. Sabedora de que Madalena encontrava-se em precária situação financeira, deixou de responsabilizá-la pelo fato. Estaria Maria das Dores incursa em alguma figura típica? Responda e justifique.

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(OAB/SP – 117) 27. O julgamento do crime de furto, de alguma forma, pode submeter-se à competência do Tribunal Popular do Júri? Dê sua posição, motivando-a. (OAB/SP – 117) 28. Pítaco, sentenciado por furto, teve extinta a punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva estatal. Dias após, cometeu novo furto. Deverá ser considerado reincidente? Explicite e justifique. (OAB/SP – 118) 29. Eliseu compareceu ao Fórum da Capital e notou afixado no local de costume o edital de citação em seu nome, vindo a dilacerá-lo. Não satisfeito, foi até o cartório onde tramita a ação penal e, tendo o serventuário se descuidado, arrancou do livro de registro de distribuições a folha que continha os seus dados, destruindo-a. Cometeu algum delito? Oferte resposta motivada e fundamentada. (OAB/SP – 118) 30. O advogado poderá arrolar testemunhas em dois momentos processuais no Rito Ordinário e no Especial do Júri. Quais são estes momentos e quantas testemunhas poderão ser arroladas em cada um? Explicite de modo detalhado. (OAB/SP – 118) 31. "A revisão criminal, em regra, é ação com dúplice pedido, podendo, ainda, cumular um terceiro: a indenização pelo erro judiciário". É correta a afirmativa? Por quê? (OAB/SP – 118) 32. Quase ao término da construção de Hospital Público, com inauguração já programada, o mestre de obras participa de greve e abandona o serviço junto com seus subordinados, em razão de pretenderem justo aumento de salário e recebimento dos atrasados. Praticaram algum crime? Emita seu parecer de modo fundamentado. (OAB/SP – 119) 33. De acordo com os arts. 59 e 68 do CP, quando da dosimetria da pena, o Magistrado considera os maus antecedentes resultantes de diversas condenações para sua fixação, aumentando-a em 1/3 e, depois, tendo em vista as circunstâncias atenuantes e agravantes, utiliza a reincidência para majorá-la. Foi aplicada a lei penal? (OAB/SP – 119) 34. Dê as notas características do instituto da representação. (OAB/SP – 119) 35. Agente que, com mais de cinco pessoas, participa de reuniões periódicas, sob o compromisso de ocultar das autoridades a existência, o objetivo e a finalidade da organização ou administração da associação, poderá estar incorrendo em algum ilícito penal previsto na legislação própria? (OAB/SP – 120) 36. Qual é o momento processual adequado para que se contradite testemunha da acusação? (OAB/SP – 120) 37. Arrole os direitos do inimputável sujeito à internação por força de medida de segurança. (OAB/SP – 120) 38. É possível a tentativa de contravenção? (OAB/SP – 120) 39. Pode o Ministério Público impetrar Habeas Corpus? Explique. (OAB/SP – 121) 40. Explique, dando o dispositivo legal, o que são normas penais permissivas, também conhecidas como autorizantes.

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(OAB/SP – 121) 41. O indivíduo "A", em estado de embriaguez, promove atos escandalosos no interior de freqüentado restaurante. "A", visivelmente embriagado, é retirado do ambiente por seu amigo "B" e conduzido até o bar anexo, onde "B" e o garçom "C" lhe servem uísque. Justifique, dando os dispositivos legais, se ocorreu ilícito penal. (OAB/SP – 121) 42. Particular pode ser co-autor de peculato? Explicite. (OAB/SP – 121) 43. O crime de roubo qualificado, art. 157, parágrafo 2.º, incisos I, II, III, IV e V do C.P., é considerado crime hediondo? (OAB/SP – 122) 44. Qual é, atualmente, o conceito de infração de menor potencial ofensivo? Justifique e fundamente a resposta. (OAB/SP – 122) 45. Pode o juiz, na pronúncia, enquadrar o acusado em dispositivo penal que prevê pena mais grave do que a imposta ao crime articulado na denúncia? Justifique e fundamente a resposta. (OAB/SP – 122) 46. Em que hipótese o delegado de polícia pode instaurar inquérito de ofício para a apuração do crime de estupro? Fundamente a resposta. (OAB/SP – 122) 47. Que justiça é competente para julgar civil que, em co-autoria com policial militar estadual em serviço, subtrai bem pertencente a uma Secretaria de Estado? Justifique e fundamente a resposta. (OAB/SP – 123) 48. O particular, não funcionário público, pode ser punido por crime de peculato? Explique e fundamente. (OAB/SP – 123) 49. Qual o procedimento a ser seguido em relação ao recurso interposto da decisão do juiz da execução penal que indefere o livramento condicional? Fundamentar. (OAB/SP – 123) 50. João atira em determinada pessoa, mas erra o alvo, atingindo apenas outra pessoa que vem a falecer. Como deve ser responsabilizado? (OAB/SP – 123) 51. O que pode suceder se foi recebida queixa apresentada por advogado sem estar acompanhada de procuração que faça menção ao fato criminoso? (OAB/SP – 124) 52. Em qual tipo de procedimento e em quais momentos processuais o juiz pode indeferir pedido de juntada de documentos? Quais as razões que justificam tais regras? Fundamente. (OAB/SP – 124) 53. “A” esteve preso preventivamente no período de 02.03.2003 a 02.06.2003, mas foi absolvido da acusação. Contudo, foi condenado por outro crime, cometido em 01.02.2003, à pena de 5 (cinco) anos e 4 (quatro) meses de reclusão. No tocante à pena aplicada, o que poderá ser levado em conta, em benefício do condenado? Fundamente. (OAB/SP – 124) 54. Uma lei nova que impusesse prisão preventiva obrigatória em crimes de tráfico internacional de entorpecentes poderia ser aceita e poderia ser aplicada a processos em andamento? Por quê? Fundamente. (OAB/SP – 124) 55. Corrija a seguinte frase, apontado os seus erros e justificando a correção:

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“A coação moral, como causa excludente da tipicidade, ocasiona sempre a absolvição do coato, só sendo punível o coator”. (OAB/SP – 125) 56. O advogado do acusado A, em plenário de julgamento pelo Júri, apesar de inexistir réplica do promotor, requereu ao juiz que lhe fosse dada a oportunidade para oferecer tréplica. Qual a solução a ser adotada? Fundamente. (OAB/SP – 125) 57. O advogado de João, apesar de regularmente intimado, deixou de oferecer as razões de apelação que interpusera em favor do acusado em virtude de sua condenação. Que deve fazer o juiz? Justifique. (OAB/SP – 125) 58. Como o artigo 5o, XLII, da Constituição Federal, considera, entre outros, crime inafiançável e insuscetível de graça ou anistia o terrorismo, tem sido questionada pela doutrina a previsão do crime de terrorismo entre nós. Pergunta-se: a) que artigo de lei se refere ao terrorismo como prática criminosa? b) essa disposição permite afirmar que existe, entre nós, o crime de terrorismo? (OAB/SP – 125) 59. Pedro, não-funcionário, ingressou na repartição pública em que João, funcionário público, seu amigo, trabalha e subtraiu o computador que João, conforme previamente combinado, deixara sobre a sua mesa. O ingresso se deu no período noturno, com uso de chave cedida por João. Pergunta-se: que crimes cometeram Pedro e João? Justifique. (OAB/SP – 126) 60. Pode, durante o processamento de recurso especial, ser iniciado o cumprimento de pena privativa de liberdade ou de pena restritiva de direito aplicada a acusado que respondeu o processo em liberdade? Justifique. Considere, separadamente, as hipóteses de pena privativa e de pena restritiva. (OAB/SP – 126) 61. O Promotor de Justiça requereu arquivamento do inquérito policial porque, em face das circunstâncias objetivas e subjetivas ligadas ao fato e ao agente, a pena aplicável levaria à prescrição retroativa. Como deve o juiz agir em face do requerimento formulado? Indique, se for o caso, as alternativas possíveis para o juiz em face das orientações divergentes a respeito do assunto. (OAB/SP – 126) 62. Como deve proceder o juiz, na aplicação da pena, em caso de concurso de causas de aumento? E em caso de concurso de causas de diminuição? Justifique. (OAB/SP – 126) 63. O Brasil adotava o sistema do duplo binário. O que significa a adoção desse sistema? Qual sistema o substituiu e qual o seu significado? (OAB/SP – 127) 64. No que consiste a teoria da actio libera in causa? É adotada no direito brasileiro? Fundamentar legalmente. (OAB/SP – 127) 65. João e Maria convivem, sem serem casados, há vinte anos, na mesma casa e tiveram três filhos. João foi condenado por crime de roubo qualificado. Maria e o pai de João, de nome Pedro, escondem-no em um sítio de propriedade de um amigo, chamado Antonio, dando a este conhecimento do fato de João estar condenado. Que crimes cometem Maria, Pedro e Antonio? Justifique. (OAB/SP – 127) 66. Que justiça e órgão julgam juiz de direito do Estado de São Paulo acusado de homicídio doloso ocorrido na cidade de Campo Grande – MS?

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(OAB/SP – 127) 67. As Comissões Parlamentares de Inquérito estaduais podem determinar a quebra de sigilo bancário de pessoas por elas investigadas? Fundamentar. (OAB/SP – 128) 68. Tem-se admitido que o Tribunal de Justiça, em revisão criminal, possa absolver pessoa condenada pelo Tribunal do Júri. Como conciliar tal orientação com o princípio constitucional da soberania dos veredictos (art. 5o, inciso XXXVIII, alínea c, da Constituição Federal)? (OAB/SP – 128) 69. Verifique os crimes abaixo descritos e, de forma justificada, esclareça se são crimes próprios. I) Art. 1o, inciso I, alínea a, da Lei 9.455/97: “ Constitui crime de tortura: I – constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental: a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa”. II) Art. 133, caput, do Código Penal: “ Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono”. (OAB/SP – 128) 70. Para a regressão de regime de cumprimento de pena pela prática de fato definido como crime doloso, conforme disposto no art. 118, inciso I, da Lei de Execução Penal, há necessidade de sentença condenatória transitada em julgado em relação a este crime? Fundamentar. (OAB/SP – 128) 71. Que é flagrante diferido ou retardado? É possível a sua realização? Aplica-se a todas as espécies de crimes? (OAB/SP – 129) 72. Que são escusas absolutórias? Fundamente e indique as suas conseqüências. (OAB/SP – 129) 73. O juiz pode receber apenas parcialmente a denúncia oferecida pelo Ministério Público? Fundamente a resposta. (OAB/SP – 129) 74. Que é competência por prerrogativa de função? Em relação ao co-autor particular, estende-se a ele essa competência? Fundamente. (OAB/SP – 129) 75. Se alguém, para matar, fere a vítima, segundo a doutrina ele só será punido pelo crime de homicídio. Neste caso, que tipo de conflito existe e qual o critério utilizado para resolvê-lo? (OAB/SP – 129) 76. O acusado apelou de uma condenação pelo Tribunal do Júri, alegando que se tratava de decisão manifestamente contrária à prova dos autos. No dia seguinte, ainda dentro do prazo, ingressa com nova apelação, sustentando que a decisão, além de manifestamente contrária à prova dos autos, era nula. É admissível essa segunda apelação? Por quê? (OAB/SP – 130) 77. A e B, sem estarem previamente combinados, atiram, ao mesmo tempo, em C, que faleceu em virtude de ser atingido por somente um dos projéteis. Como a doutrina denomina essa situação? A e B responderiam por algum crime? Justifique. (OAB/SP – 130) 78. Foi expedido mandado de busca e apreensão para ingresso na residência de A, cujo objeto era a busca e apreensão de coisas que serviriam como fontes de prova em

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investigação sobre homicídio que teria sido cometido por A. No interior da residência nada foi encontrado sobre o homicídio, mas os policiais acharam, fortuitamente, um famoso quadro que fora subtraído de um museu. Pode ser o quadro apreendido? Explique, indicando as diversas posições. (OAB/SP – 130) 79. Por que a exigência de prisão para apelar constitui uso anômalo da prisão processual? Fundamente a resposta. (OAB/SP – 130) 80. O Ministério Público pode apelar de sentença absolutória proferida em processo iniciado por queixa? Fundamente a resposta. (OAB/SP – 130) 81. O tempo de prisão provisória em um processo pode, sempre, ser computado em pena privativa de liberdade imposta em outro processo? Fundamentar. (OAB/SP – 131) 82. O uso de arma de brinquedo pode ser tida como qualificadora do crime de roubo (art.157, §2.º, I, do Código Penal)? (OAB/SP – 131) 83. Em que tipo penal se enquadra o chamado seqüestro-relâmpago? (OAB/SP – 131) 84. Quais os requisitos de admissibilidade da prisão temporária? Eles são alternativos ou cumulativos? (OAB/SP – 131) 85. Existem recursos criminais que podem ser considerados privativos da defesa? Quais? (OAB/SP – 131) 86. Todos os crimes da lei de drogas (Lei n.° 11.343/06) autorizam a prisão preventiva? Por que razão? (OAB/SP – 132) 87. O que significa a expressão “detração penal”? (OAB/SP – 132) 88. Qual a diferença entre perdão judicial e perdão tácito? (OAB/SP – 132) 89. O que é a reforma in pejus indireta? (OAB/SP – 132) 90. O que significa a expressão “despronúncia”? (OAB/SP – 132) 91. É possível a incidência da escusa absolutória no crime de roubo? (OAB/SP – 133) 92. A Constituição Federal, em seu artigo 5.º, LVI, declara a inadmissibilidade de provas obtidas por meios ilícitos. Houve, na doutrina e na jurisprudência, entendimento de que, com a aplicação de determinado princípio, permite-se utilização de prova obtida com ofensa às inviolabilidades constitucionais. Qual é esse princípio? Quando poderá ser aplicado? (OAB/SP – 133) 93. É possível crime continuado entre estupro e atentado violento ao pudor? Explique. (OAB/SP – 133) 94. O que é tipo misto alternativo? Indique, na legislação brasileira, tipos desse teor.

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(OAB/SP – 133) 95. Comete crime quem coloca pontas de lança no muro de sua residência para protegê-la e causa, por isso, lesões corporais graves em uma criança de 9 (nove) anos que tentou pular o referido muro para colher frutas no quintal daquela residência? Explique. (OAB/SP – 133) 96. Um Promotor de Justiça foi intimado de decisão do Juiz das execuções criminais e interpôs agravo no sétimo dia útil após a sua intimação. O recurso interposto é o adequado? Foi tempestivo? (UnB/CESPE – OAB/SP 134) 97. Distinga crime habitual de crime continuado, indicando o critério de distinção. QUESTÃO 2 (UnB/CESPE – OAB/SP 134) 98. Que é absolvição imprópria? Ela impede o ajuizamento da ação civil ex delicto? QUESTÃO 3 (UnB/CESPE – OAB/SP 134) 99. Considere-se que, em homicídio culposo decorrente de acidente de trânsito, a acusação tenha atribuído ao acusado conduta imprudente, consistente em direção em excesso de velocidade. Considere-se, ainda, que, durante a instrução, as provas demonstraram ter ocorrido, na realidade, negligência na conservação do veículo, causa da falha no funcionamento do freio. Considere-se, por fim, que, encerrada a instrução, após ouvidas as partes, o juiz tenha proferido decisão condenatória por homicídio culposo, à pena mínima, fundando-se na negligência provada. Nessa situação, agiu corretamente o juiz? Justifique a sua resposta com base na legislação pertinente. QUESTÃO 4 (UnB/CESPE – OAB/SP 134) 100. Carlos, em sua casa, desferiu tapas e socos em sua esposa, Sônia, causando-lhe ferimentos leves. Ela se dirigiu à delegacia de polícia, manifestando interesse em que seu marido fosse processado, porque, segundo ela, ele já a havia agredido outras vezes. O promotor de justiça ofereceu denúncia contra Carlos por infração ao art. 129, caput, do Código Penal. Depois disso, Sônia compareceu ao gabinete do promotor e disse que não queria mais a instauração do processo contra o marido, pois ela e Carlos haviam se reconciliado e estavam vivendo em harmonia. Discorra sobre o que pode ou deve ser feito em face da situação apresentada. (UnB/CESPE – OAB/SP 134) 101. Há corrente doutrinária e jurisprudencial que entende ser inconstitucional a internação do inimputável por prazo indeterminado. Que fundamentos podem embasar essa corrente? 12 – (CESPE UNIFICADO 2008.2) 102. Pietro, acusado de ter atropelado fatalmente Júlia, esposa de Maurício, foi absolvido, após o regular trâmite processual, por falta de provas da autoria. Inconformado, Maurício continuou a investigar o fato e, cerca de um ano após o trânsito em julgado da decisão, conseguiu reunir novas provas da autoria de Pietro. Considerando a situação hipotética apresentada, na qualidade de advogado(a) consultado(a) por Maurício, elabore parecer acerca da possibilidade de Maurício se habilitar como assistente da acusação e de Pietro ser novamente processado. 13 – (CESPE UNIFICADO 2008.2) 103. Ivan, Caio e Luiz, reunidos na residência de Caio, em São José – PR, planejaram subtrair, mediante grave ameaça, bens e valores da agência de um banco privado localizado em Piraquara – PR. Para tanto, ainda em São José, adquiriram armas de uso restrito e, na cidade de Curitiba – PR, subtraíram, sem grave ameaça ou violência à pessoa, o

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automóvel que, posteriormente, foi utilizado durante a ação. Consumado o crime, os agentes foram presos em flagrante, após perseguição policial, no município de Quatro Barras – PR. Considerando a situação hipotética acima apresentada e supondo que todos os municípios mencionados sejam sede de comarca da justiça estadual, responda, com o devido fundamento legal, às perguntas a seguir. Que crimes cometeram Ivan, Caio e Luiz? Qual é o juízo competente para julgá-los? 14 – (CESPE UNIFICADO 2008.2) 104. Enilton, brasileiro, com 23 anos de idade, casado, previamente combinado com Lúcia, brasileira, solteira, com 19 anos de idade, e tendo contado com o apoio efetivo desta, enganou Sofia, brasileira, com13 anos de idade, dizendo-se curandeiro, e, a pretexto de curá-la de uma suposta síncope, com ela manteve conjunção carnal consentida, o que acarretou a perda da virgindade da adolescente. Ato contínuo, enquanto Lúcia segurava a adolescente, Enilton, contra a vontade da garota, praticava vários atos libidinosos diversos da conjunção carnal, o que provocou, embora inexistente a intenção de lesionar, a incapacidade de Sofia, por mais de 30 dias, para as ocupações habituais. Considerando a situação hipotética apresentada, tipifique a(s) conduta(s) de Enilton e Lúcia. 15 – (CESPE UNIFICADO 2008.2) 105. José, policial militar responsável pelo controle do trânsito, abordou Gonçalo, pedindo-lhe que retirasse o veículo da via por este estar mal estacionado, oportunidade em que Gonçalo retrucou-lhe: “Quero ver o militarzinho borra-botas que é homem para me fazer tirar o carro!”. José conduziu Gonçalo até a delegacia mais próxima, onde a autoridade efetuou os procedimentos cabíveis e encaminhou as partes para o juízo criminal competente. Na audiência preliminar, Gonçalo confirmou as ofensas proferidas e pediu desculpas a José, que as aceitou, ocorrendo a conciliação nos termos previstos em lei. Em face da situação hipotética apresentada e considerando que Gonçalo não tenha antecedentes criminais, responda, de forma fundamentada, às perguntas a seguir. Que crime Gonçalo praticou? Em face do crime praticado, o representante do Ministério Público tem legitimidade para tomar alguma providência legal? 16 – (CESPE UNIFICADO 2008.2) 106. Penélope, grávida de 6 meses, foi atingida por disparo de arma de fogo efetuado por Teobaldo, cuja intenção era matar a gestante e o feto. Socorrida por populares, a vítima foi levada ao hospital e, em decorrência das lesões sofridas, perdeu o rim direito. O produto da concepção veio ao mundo e, alguns dias depois, em virtude dessas circunstâncias, morreu. Considerando a situação hipotética apresentada, tipifique a(s) conduta(s) de Teobaldo.

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11. GABARITO. 1. É a restituição de qualidades e atribuições que o condenado havia perdido. 2. É uma causa extintiva da punibilidade e ocorre quando, uma vez instaurada a ação penal privada, o ofendido ou seu representante legal desiste de prosseguí-la. 3. O representante do Ministério Público. 4. No laudo de exame de corpo de delito. 5. Considerar o disposto na Lei 8.072/90 6. A diferença está no núcleo do tipo. Na concussão o agente "exige" a vantagem indevida, enquanto que na corrupção passiva o agente "solicita" ou "recebe" a vantagem indevida. 7. É causa extintiva da punibilidade, que se verifica quando o querelante por inércia deixa de providenciar o andamento da ação penal privada, acarretando a perda do direito de nela prosseguir. 8. Conduta/ resultado/ relação de causalidade/ tipicidade 9. O fato que serve para justificar a agravante da reincidência (CP, art. 61, I) não pode ser levado à conta de maus antecedentes para fundamentar a fixação da pena-base acima do mínimo legal (CP, art. 59). Reconhecendo a ocorrência de "bis in idem", deve-se excluir da pena-base o aumento decorrente da circunstância judicial desfavorável. 10. A manutenção da prisão em flagrante só se justifica quando presentes os requisitos ensejadores da prisão preventiva, nos termos do art. 310, parágrafo único do C.P.P.. O fundamento invocado de garantia da ordem pública, sem qualquer outra demonstração de real necessidade, nem tampouco da presença dos requisitos autorizadores da prisão preventiva, não justifica a manutenção do flagrante. 11. Artigo 265 C.P.. 12. Resolveu-se desconsiderar a questão, com conseqüente atribuição positiva em prol do candidato. 13. Maria das Flores comete o crime de auto-aborto (artigo 124 do Código Penal) e Ulisses Gabriel também responde pelo mesmo crime, na condição de co-autor (artigo 29, caput, do Código Penal). 14. Arts. 93 a 95 CP. decurso de dois anos, a partir da data em que foi extinta, de qualquer modo, a pena imposta; tenha tido domicílio no País no prazo acima referido; tenha dado, durante esse tempo, demonstração efetiva e constante de bom comportamento público e privado; tenha ressarcido o dano causado pelo crime ou demonstrada a absoluta impossibilidade de o fazer, até o dia do pedido, ou exiba documento que comprove renúncia da vítima ou novação da dívida.

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15. Detração é o cômputo, na pena privativa de liberdade e na medida de segurança, do tempo de prisão provisória, no Brasil ou no estrangeiro, o de prisão administrativa e internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à sua falta, a outro estabelecimento adequado (Artigo 42, C.P.) Remição: é instituto pelo qual o condenado que cumpre pena em regime fechado ou semi-aberto poderá remir, pelo trabalho, parte do tempo da execução da pena. A contagem do tempo é feita a razão de um dia de pena por três de trabalho (artigo 126 e § 1º da LEP). 16. É possível desde que, havendo prova do crime e indício suficiente de autoria, seja decretada a prisão preventiva pelo juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante representação da autoridade policial. 17. João Antonio não poderá ser processado criminalmente pois era inimputável à época do fato, ficando sujeito às normas estabelecidas na legislação especial (artigo 27 do C.P.). A circunstância de ser casado não lhe confere maioridade penal, mas tão-somente a civil. 18. Antonio deverá ser responsabilizado por tentativa de furto qualificado (mediante escalada) em concurso material com lesão corporal de natureza grave (Artigo 155, § 4º, inciso II e artigo 129, § 1º, inciso II, c.c. o artigo 69, todos do Código Penal). 19. Cabível o recurso em liberdade ante a menoridade e primariedade do réu. Quanto ao regime fechado, pode ser outorgado regime semi-aberto, eis que não vedado pela lei, consoante art. 33, parágrafo 2º, "b" do C.P.P. 20. "A causa especial de aumento do parágrafo 1º do art. 155 do CP (repouso noturno) somente incide sobre o furto simples, sendo pois, descabida a sua aplicação na hipótese de delito qualificado (art. 155, parágrafo 4º, IV do CP). (HC nº 10.240/RS, 6ª turma, rel. min. Fernando Gonçalves, j. 21.10.99, v.u., DJU 14.02.00, p. 79). 21. O Código Penal adotou a teoria objetiva, sendo certo que o quantum da redução da pena deve ser encontrado em função das circunstâncias da própria tentativa. Vale dizer: quanto mais o agente aproximou-se da consumação do crime, menor deve ser a redução da pena; quanto mais distante ficou da consumação, maior deve ser a redução da pena. 22. O pecuarista que assim agir incide nas penas do artigo 260, inciso IV, do Código Penal, cometendo o crime de perigo de desastre ferroviário ("Impedir ou perturbar serviço de estrada de ferro: IV � praticando outro fato de que possa resultar desastre".) 23.O artigo 654 do Código de Processo Penal confere ao Ministério Público legitimidade para impetrar Habeas Corpus. Demais, a Constituição Federal, em seu artigo 127, caput, atribui-lhe a incumbência da "defesa da ordem jurídica, no regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis". Porém, só estará apto a agir em nome do Ministério Público o promotor que, em razão do exercício de suas funções e nos limites de suas atribuições, tiver conhecimento da ocorrência do constrangimento ou ameaça à liberdade. 24. José e os demais jurados envolvidos cometeram Crime Contra a Administração Pública, pois sendo considerados funcionários públicos para fins penais (art.327 caput do CP) receberam vantagem indevida. Incorreram, assim, nas sanções do artigo 317 do Código Penal - Corrupção Passiva.

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25. Ana: é partícipe no crime de auto-aborto (artigo 124, c.c. o artigo 29, ambos do Código Penal); Maria: responde por auto-aborto (artigo 124 caput do Código Penal); Geralda: responde por crime de aborto praticado com o consentimento da gestante (artigo 126 do Código Penal); Clementina: responde por aborto consentido (artigo 124 do Código Penal). 26. A conduta de Maria das Dores se acomoda ao tipo penal do artigo 320, ou seja, assim descrita:- "deixar o funcionário por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou quando lhe falte competência, levar o fato ao conhecimento da autoridade competente". 27. Em princípio o Tribunal do Júri detém a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida, tentados e consumados, enquanto que, se houver outro delito conexo, esse fato atrairá a competência, fazendo a exceção, que é referida no Código de Processo Penal em seu artigo 78, inciso I. 28. O reconhecimento da prescrição da pretensão punitiva, também chamada de retroativa ou da ação penal, faz desaparecer a sentença condenatória e, portanto, seus efeitos. Como conseqüência, não tem como influir para os fins de se reconhecer a reincidência. 29. O comportamento de "A" configura dois delitos, que estão previstos nos artigos 336 ("Rasgar ou, de qualquer forma, inutilizar ou conspurcar edital afixado por ordem de funcionário público...") e 337 ("Subtrair, ou inutilizar, total ou parcialmente, livro oficial... confiado à custódia de funcionário..."), ambos do Código Penal. 30. Defesa prévia, art. 395 do CPP, até 8 testemunhas e contrariedade ao libelo, art. 421 parágrafo único, até 5 testemunhas. 31. Sim. Com a RC é instaurada uma nova relação processual, visando a desconstituir a sentença e substituí-la por outra. Assim, a sentença na RC rescinde a sentença anterior e determina uma das 3 primeiras hipóteses do 626, caput, do CPP. Conforme o 630, CPP, é possível, ainda, cumular o pedido de indenização. 32. Não, pois exerceram um direito, haja vista que o artigo 201 do Código Penal foi, em tese, revogado pelo artigo 9º da Constituição Federal, bem como, a Doutrina entende que é uma infração atípica, ainda que os grevistas sejam funcionários públicos, pois o artigo 37, inciso VII, da C. Federal, não foi até a presente data, objeto de Lei Complementar. 33. Não. Hipótese que caracteriza "bis in idem". "Dosimetria da pena. Maus antecedentes e reincidência considerados na fixação da pena-base e, depois, para a aplicação da agravante da reincidência. Nesta hipótese, as condenações anteriores foram explicitamente invocadas na fixação da pena-base; não cabia, a seguir, tê-las em conta para a agravante da reincidência. Exclusão da agravante". (HC nº 76.285-6/SP, 2ª Turma, rel. min. Néri da Silveira, j. 05.05.98, v.u., DJU 19.11.99, nº 1.185). 34. Representação é um meio que visa provocar iniciativa do Ministério Público, a fim de que este ofereça a denúncia, que é a peça inicial da ação penal pública. É considerada condição de procedibilidade.

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35. Sim, conforme artigo 39 da lei de Contravenções Penais. 36. A contradita deverá ser argüida após a qualificação e antes da oitiva da testemunha, conforme artigo 214, do Código de Processo Penal. 37. Os direitos do internado estão previstos no artigo 99, do Código Penal, que estabelece o recolhimento a estabelecimento dotado de características hospitalares e recebimento de tratamento. 38. Não, pois o art. 4º da Lei das Contravenções Penais declara a impunibilidade da tentativa dessa espécie de ato ilícito. 39. O artigo 654 do Código de Processo Penal confere ao Ministério Público legitimidade para impetrar Habeas Corpus. Demais, a Constituição Federal, em seu artigo 127, caput, atribui ao Ministério Público a incumbência da "defesa da ordem jurídica, no regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis". Porém, só estará apto a agir em nome do Ministério Público o promotor que, em razão do exercício de suas funções e nos limites de suas atribuições, tiver conhecimento da ocorrência do constrangimento ou ameaça à liberdade. Assim, não pode o promotor atuante em determinada comarca impetrar Habeas Corpus por fato ocorrido em outra comarca, onde não atue. 40. São aquelas que permitem a prática de um fato típico, excluindo-lhe a ilicitude. São, portanto, as causas de exclusão da ilicitude, art. 23 do Código Penal. 41. Sim. "A" cometeu a contravenção penal de embriaguez (art. 62), e os indivíduos "B" e "C", a contravenção penal de servir bebida alcoólica a quem já se encontre embriagado, art. 63, II, todos da L.C.P.. 42. Sim, conforme o art. 30 do C.P., pois é circunstância elementar do delito, a condição de servidor público, que se comunica ao particular, quando este conhecia a condição do mencionado funcionário. 43. Não, em virtude da relação dos crimes hediondos, mencionados na Lei 8072 de 25/07/90, não ter incluido o crime de roubo no elenco dos delitos considerados como tal. 44. O conceito originário da Lei 9.099/95 foi ampliado pela dos Juizados Especiais Federais (Lei nº 10.259/2001) de modo que atualmente abrange toda infração penal cuja pena máxima não seja superior a 2 anos, sujeita ou não a procedimento especial.

45. Sim. Pronunciando o réu por crime mais grave (por exemplo: homicídio ao invés de infanticídio); nem por isso o réu será julgado por fato de que não se defendeu, porque, após a pronúncia, vem o libelo, do qual passará a constar o novo dispositivo legal, em que passou a estar incurso o réu, podendo a defesa, na contrariedade, se insurgir contra a nova definição jurídica do fato. Além do mais aplica-se ao caso o art. 408, parágrafo 4º c/c art. 383 do CPP. 46. Quando o estupro for seguido de lesão corporal grave, ou morte da vítima, ou cometido com abuso de pátrio poder. Nesse caso, trata-se de crime de ação penal pública incondicionada, pois pressupõe o emprego da violência. Aplica-se também no caso a súmula 608 do STF, o que autoriza igualmente o delegado a instaurar inquérito em todos os casos de violência real.

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47. Justiça Estadual Comum porque, pela Constituição Federal (art. 125, parágrafo 4º ), a Justiça Militar só julga policial militar e bombeiro, não tendo, assim, competência para julgar processo civil. Ainda, pelo artigo 79 – I, a continência, no caso, não importa em unidade de processo e julgamento. 48. O particular pode ser punido como partícipe. Embora o peculato se trate de crime próprio, praticado por funcionário público e não por particular, este pode, contudo, de qualquer modo colaborar para a prática do crime (art. 29, do Código Penal). Responderá pelo ilícito criminal, diante do que dispõe o artigo 30 do Código Penal, pois a condição de funcionário público se trata de circunstância elementar do peculato. 49. O recurso é o agravo previsto no artigo 197 da Lei de Execução Penal. Embora houvesse anteriormente divergência doutrinária e jurisprudencial quanto ao rito a ser seguido para esse recurso, ora se afirmando que deveria ser o procedimento do agravo do Código de Processo Civil, ora se sustentando que deveria ser o procedimento do recurso em sentido estrito, atualmente, em virtude de orientação consolidada no Supremo Tribunal Federal, deve ser adotado o rito do recurso em sentido estrito. 50. Cuida-se de hipótese de erro na execução do crime. Assim, aplica-se ao caso o artigo 73 do Código Penal, ou seja, o agente responde como se tivesse praticado o crime contra a pessoa que pretendia ofender, atendendo-se o disposto no §. 3 º, do artigo 20, do Código Penal. 51. O juiz não deveria ter recebido a queixa. Assim, se a falha for descoberta posteriormente, deve o juiz anular o processo e, se for o caso, declarar extinta a punibilidade em virtude da decadência. Ainda, se o juiz determinar que a procuração seja regularizada ou se o próprio querelante perceber a falha, tem-se entendido, com base no artigo 568, do Código de Processo Penal, ser possível a regularização desde que não tenha havido decadência. 52. As provas poderão ser apresentadas em qualquer fase do processo, desde que a lei não disponha de forma contrária. Esta é a regra geral. Contudo, no procedimento dos crimes da competência do Tribunal do Júri, há duas ressalvas a essa possibilidade: a primeira ocorre no momento das alegações previstas no art. 406, §2°, do Código de Processo Penal; e a segunda no momento do julgamento em plenário, conforme disposto no art. 475 do Código de Processo Penal. Em relação à primeira, a restrição é justificada em face da natureza da decisão de pronúncia, de admissibilidade de encaminhamento da causa a julgamento em plenário, e em razão da possibilidade posterior de juntada de documentos antes do julgamento em plenário. Quanto à segunda, justifica-se a proibição da apresentação de documentos em data muito próxima ao julgamento, ou durante este, para evitar surpresa às partes, impedindo-se o pleno exercício do contraditório. 53. Em benefício do condenado, poderá levar-se em conta a detração penal, prevista nos artigos 42 do Código Penal (“Computam-se, na pena privativa de liberdade e na medida de segurança, o tempo de prisão provisória, no Brasil ou no estrangeiro, o de prisão administrativa e o de internação em qualquer dos estabelecimentos referidos no artigo anterior”). Segundo entendimento jurisprudencial, assinalado por Mirabete (Execução Penal, Ed. Atlas, tópico 3.17), tem-se admitido a detração por prisão ocorrida em outro processo, em que logrou o réu a absolvição, quando se trata de pena por outro crime anteriormente cometido. 54. A aceitação, ou não, de prisão preventiva obrigatória envolve a admissibilidade, ou não, de prisão que não tenha natureza cautelar. A tendência da doutrina é aceitar apenas a prisão

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cautelar, ou seja, a prisão que é necessária em face de circunstâncias do caso concreto, porque, assim, estaria sendo observado o princípio constitucional da presunção de inocência (art. 5 º, LVII, da CF). A prisão preventiva obrigatória representaria simples antecipação de pena, sendo o acusado tratado, antes de decisão definitiva, como se fosse culpado. Contudo, como boa parte da jurisprudência admite prisões não cautelares, apesar do referido princípio constitucional da presunção de inocência, deveria ser visto se a nova disposição seria aplicável aos processos em andamento. A regra é de que a norma processual tem aplicação imediata, atingindo processos em andamento. Contudo, parte da doutrina considera que, nos casos de prisão, como está envolvida a liberdade, seja por aplicação de princípios constitucionais de proteção à liberdade, seja por aplicação do artigo 2° da Lei de Introdução ao Código de Processo Penal, só deveria ser aplicada aos novos crimes, ou, pelo menos, aos novos processos. 55. A frase correta, de acordo com o artigo 22 do Código Penal, aplicável ao caso, seria: “A coação moral irresistível, como causa excludente da culpabilidade, ocasiona, sempre, a absolvição do coato, só sendo punível o coator”. A coação moral pode ser irresistível ou resistível. Quando irresistível, a coação moral exclui a culpabilidade em relação ao coato, sendo punido apenas o coator. Neste caso, como há um resquício de vontade na conduta do coato, o crime subsiste. Existindo crime, não há que se falar em exclusão da tipicidade. Trata-se, como dito, de causa excludente da culpabilidade. A coação resistível, por sua vez, não causa a exclusão da culpabilidade, sendo o coato punido. Neste caso, a coação serve apenas como atenuante genérica prevista no art. 65, inciso III, c, primeira parte, do Código Penal. 56. Há duas posições, as quais indicam as possíveis soluções. Uma, no sentido de que o advogado do acusado não pode oferecer a tréplica, pois ela pressupõe a réplica. Além do mais, haveria prejuízo ao Ministério Público e ofensa ao princípio do contraditório. Conforme essa orientação, o juiz deveria indeferir o pedido. Outra posição sustenta que a defesa pode apresentar a tréplica, porque a Constituição Federal garante, no artigo 5 º, XXXVIII, alínea a, a plenitude da defesa, não podendo ficar o acusado prejudicado em sua defesa devido à ausência de réplica do Ministério Público, com tempo menor em relação ao que poderia ser utilizado. Por esse entendimento, o juiz deveria deferir o requerimento. 57. Segundo o Código de Processo Penal, poderia o juiz dar seguimento ao processo (artigo 601) sem as razões, encaminhando os autos ao tribunal. Contudo, conforme doutrina predominante e forte jurisprudência, para melhor preservar o direito de defesa, em momento culminante do processo, o juiz deveria intimar o acusado a constituir novo defensor para oferecer as razões no prazo. Decorrido o prazo, deveria nomear defensor para o acusado. 58. O artigo 20 da Lei 7.170, de 14.12.83, considera crime “... praticar... atos de terrorismo”. Parte da doutrina, contudo, sustenta que, ante a generalidade da disposição, inexiste, na realidade, definido entre nós o crime de terrorismo. Considera que há ofensa ao princípio da legalidade. 59. Peculato-subtração (artigo 312, §1º). Comunica-se a condição de funcionário público, porque elementar do crime (art. 30 do Código Penal). 60. Pena restritiva de direitos – Não pode, segundo orientação do STJ e do STF, em face do artigo 147 da Lei de Execução Penal. Há, contudo, orientação jurisprudencial minoritária em sentido contrário, sustentando que o recurso especial não tem efeito suspensivo.

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Pena privativa de liberdade – Não pode, segundo orientação doutrinária e em parte da jurisprudência, por ofensa ao princípio constitucional da presunção de inocência, que exige ser toda prisão cautelar. Pode, conforme orientação do STF e do STJ, porque o recurso especial não tem efeito suspensivo e não há ofensa ao princípio constitucional da presunção de inocência. 61. Primeira alternativa – Encaminhar ao Procurador-Geral de Justiça (art. 28 do CPP), sustentando o não cabimento do arquivamento em face de provável prescrição pela pena em concreto, porque esta depende da sentença e não está prevista no direito brasileiro. Segunda alternativa – Determina o arquivamento do inquérito policial, admitindo falta de interesse de agir pela provável prescrição da pena em concreto. 62. Concurso de causas de aumento. Primeira possibilidade é a de o juiz aplicar somente a mais ampla. A outra possibilidade, de aplicar as diversas causas de aumento, depende da orientação adotada. Conforme uma orientação, os aumentos são sempre aplicados sobre a pena-base. Por outra orientação, aplicado o primeiro aumento, os outros incidirão sobre a pena já acrescida. Concurso de causas de diminuição. Primeira possibilidade é a de o juiz aplicar somente a mais ampla. A outra possibilidade, de aplicar as diversas causas de diminuição, depende da orientação adotada. Conforme uma orientação, as diminuições são sempre aplicadas sobre a pena-base. Por outra orientação, aplicada a primeira diminuição, as outras incidirão sobre a pena já diminuída. Há quem sustente que se deve adotar critérios diversos. No concurso de causas de diminuição, feita a primeira redução, as demais incidiriam sobre a pena já diminuída, para evitar a pena “zero”. Todavia, no concurso de causas de aumento, seria adotado outro critério, o de todos os acréscimos incidirem sobre a pena-base, porque mais favorável ao acusado. 63. Segundo o sistema do duplo binário, vigente antes da Reforma Penal de 1984, o juiz podia aplicar pena e medida de segurança. O sistema que o substituiu foi o vicariante, o qual veda a aplicação conjunta de pena e de medida de segurança. 64. Conforme consta da Exposição de Motivos do Código, foi adotada, com o artigo 28 do Código Penal, a teoria da “actio libera in causa”. Por essa teoria, “não deixa de ser imputável quem se pôs em estado de inconsciência ou de incapacidade de autocontrole dolosa ou culposamente (em relação ao fato que constitui o delito) , e nessa situação comete o crime” (Mirabete, 5.7.2). Esclarece o autor citado: “A explicação é válida para os casos de embriaguez preordenada ou mesmo da voluntária ou culposa quando o agente assumiu o risco de, embriagado, cometer o crime ou, pelo menos, quando a prática do delito era previsível, mas não nas hipóteses em o agente não quer ou não prevê que vá cometer o fato ilícito”. 65. O crime seria o previsto no artigo 348 do Código Penal. O pai, Pedro, não responde pelo crime porque, segundo o § 2º, fica isento de pena o ascendente. O amigo, Antonio, poderá ser punido pelo delito, porque a ele não se aplica o referido parágrafo. Quanto a Maria, duas interpretações são possíveis. Por uma orientação mais rígida, ela responderia porque o parágrafo só isenta de pena o cônjuge. Por outra, mais afinada com a vigente Constituição Federal, a companheira deve ser equiparada à mulher casada (art. 226, § 3°). 66. O juiz de direito é julgado pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. 67. Segundo o Supremo Tribunal Federal, é possível que as comissões parlamentares de inquérito estaduais determinem a quebra do sigilo bancário, equiparando-se os poderes dessas comissões aos outorgados às comissões federais, pela invocação do princípio federativo (STF, Inq. 779-RJ). Por outro lado, o Supremo Tribunal Federal admite que as comissões federais

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determinem a quebra de sigilo bancário, por terem os mesmos poderes do juiz, exceto aqueles que são exclusivos do Poder Judiciário. 68. A soberania dos veredictos, princípio constitucional, "é preceito estabelecido como garantia do acusado, podendo ceder diante de norma que visa exatamente a garantir os direitos de defesa e a própria liberdade. Portanto, é juridicamente possível o pedido de revisão dos veredictos do Júri" (Grinover, Magalhães e Scarance, Recursos no Processo Penal, Ed. Revista dos Tribunais, 4ª ed., tópico 212). 69. O art. 1.°, inciso I, alínea a, da Lei 9.455/97, não é crime próprio, tratando-se de delito comum, pois para a sua consecução não se exige nenhuma qualidade especial do agente, podendo ser cometido por qualquer pessoa. Já o crime de abandono de incapaz, previsto no art. 133, caput, do Código Penal, é próprio, pois exige "que o agente tenha especial relação de assistência com o sujeito passivo (cuidado, guarda, vigilância ou autoridade), ou tenha a posição de garantidor, ou, ainda, haja dado causa ao abandono por anterior comportamento (CP, art. 13, § 2.°)" (Delmanto, Código Penal Comentado, Ed. Renovar, comentário ao art. 133). 70. Não há necessidade de que o fato definido como crime doloso seja objeto de sentença condenatória transitada em julgado para possibilitar a regressão do condenado a regime mais gravoso, nos termos do art. 118, inciso I, da Lei de Execução Penal (Lei n° 7.210/84). Como ensina Mirabete, "... quando a lei exige a condenação ou o trânsito em julgado da sentença é ela expressa a respeito dessa circunstância, como, aliás, o faz no inciso II do artigo 118. Ademais, a prática de crime doloso é também falta grave (art. 52 da LEP) e, se no inciso I desse artigo, se menciona também a infração disciplinar como causa de regressão, entendimento diverso levaria à conclusão final de que essa menção é superabundante, o que não se coaduna com as regras de interpretação da lei. Deve-se entender, portanto, que, em se tratando da prática de falta grave ou crime doloso, a revogação independe da condenação ou aplicação da sanção disciplinar" (Execução Penal, ed. Atlas, 8ª edição, tópico 5.37). 71. O flagrante diferido, também conhecido como retardado ou prorrogado, "é a possibilidade que a polícia possui de retardar a realização da prisão em flagrante, para obter maiores dados e informações a respeito do funcionamento, componentes e atuação de uma organização criminosa" (Guilherme de Souza Nucci, Código de Processo Penal Comentado, Ed. Revista dos Tribunais, 2ª edição, comentário ao art. 302, n. 18). É possível a sua realização quando o flagrante referir-se a alguns crimes. Aplica-se às investigações referentes a ilícitos decorrentes de ações praticadas por quadrilha ou bando ou organizações ou associações criminosas de qualquer tipo (art. 1° da Lei 9.034/95). Nos termos do art. 2°, inciso II, da referida lei, "em qualquer fase de persecução criminal são permitidos, sem prejuízo dos já previstos em lei, os seguintes procedimentos de investigação e formação de provas: II - a ação controlada, que consiste em retardar a interdição policial do que se supõe ação praticada por organizações criminosas ou a ela vinculado, desde que mantida sob observação e acompanhamento para que a medida legal se concretize no momento mais eficaz do ponto de vista da formação de provas e fornecimento de informações". Aplica-se o instituto, também, aos procedimentos investigatórios relativos aos crimes de tóxicos, nos termos do artigo 33, inciso II, da Lei n° 10.409/02. O dispositivo possibilita, mediante autorização judicial, "a não-atuação policial sobre os portadores de produtos, substâncias ou drogas ilícitas que entrem no território brasileiro, dele saiam ou nele transitem, com a finalidade de, em colaboração ou não com outros países, identificar e responsabilizar maior número de integrantes de operações de tráfico e distribuição, sem prejuízo da ação penal cabível".

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72. As escusas absolutórias, também conhecidas como imunidades absolutas, são circunstâncias de caráter pessoal, referentes a laços familiares ou afetivos entre os envolvidos, que, por razões de política criminal, o legislador houve por bem afastar a punibilidade. Trata-se de condição negativa de punibilidade ou causa de exclusão de pena. Estão previstas nos arts. 181, incisos I e II, e 348, § 2.°, do Código Penal. 73. A maioria da doutrina entende ser possível o recebimento parcial da denúncia pelo juiz, tendo em vista a inexistência de vedação legal. Ressalte-se, ainda, que, havendo imputações cumulativas e recebendo o juiz a denúncia apenas em relação a algumas, haverá rejeição quanto às outras e, neste ponto, caberá recurso em sentido estrito. 74. É a competência determinada em razão da função ou cargo exercido por determinadas pessoas. Tal determinação é feita tendo em vista a dignidade de alguns cargos e funções públicas e não das pessoas que os ocupam. Segundo a doutrina a competência por prerrogativa de função abrange também as pessoas que não gozam de foro especial, sempre que houver concurso de pessoas (arts. 77, I, e 78, III). É também o entendimento da jurisprudência. Entretanto, rejeitada a denúncia contra a pessoa que goza de foro privilegiado, a competência para o julgamento dos demais retorna para o 1° grau de jurisdição. Em alguns casos, não se observa a regra de extensão da competência por estarem envolvidas normas constitucionais, hierarquicamente superiores às regras sobre conexão do Código de Processo Penal. 75. Trata-se de conflito aparente de normas, resolvido pelo princípio da consunção, pois ocorre a relação consuntiva, ou de absorção, quando um fato definido por uma norma incriminadora é meio necessário ou normal fase de preparação ou execução de outro crime, bem como quando constitui conduta anterior ou posterior do agente, cometida com a mesma finalidade prática atinente àquele crime, a exemplo do que ocorre no denominado crime progressivo, como é o caso do crime de homicídio, o qual pressupõe a lesão corporal como resultado anterior. 76. O fundamento utilizado pelo juiz para não receber a apelação no caso aventado poderia ser o da ocorrência de preclusão consumativa, alegando a perda da faculdade processual em decorrência do seu exercício com o ingresso da primeira apelação. Contudo, entende a doutrina que tal decisão não seria acertada, pois a regra da preclusão consumativa não se aplica ao caso, visto se tratar de simples suplementação do recurso interposto, realizada tempestivamente. 77. A doutrina denomina de autoria colateral (ou co-autoria lateral ou imprópria). “Caso duas pessoas, ao mesmo tempo, sem conhecerem a intenção uma da outra, dispararem sobre a vítima, responderão cada uma por um crime se os disparos de amas forem causas da morte. Se a vítima morreu apenas em decorrência da conduta de uma, a outra responde por tentativa de homicídio. Havendo dúvida insanável sobre a autoria, a solução deverá obedecer ao princípio do in dubio pro reo, punindo-se ambos por tentativa de homicídio” (MIRABETE, Julio Fabbrini. “Manual de Direito Penal – Parte Geral”. Vol 1. São Paulo: Atlas, 1997, p. 230). 78. Existem duas posições principais: a primeira entende que, estando a busca e apreensão autorizada por mandado do juiz competente, a entrada na casa seria lícita, por isso tudo o que fosse encontrado na casa poderia ser apreendido; a segunda defende que a diligência deve ser relacionada apenas ao conteúdo do mandado e ao que está autorizado por este, só admitindo, parte da doutrina, apreensão do que estivesse relacionado com o objeto do mandado

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79. Essa exigência representa um impedimento ao exercício do direito de recorrer, ofendendo o princípio do duplo grau de jurisdição e impondo ao acusado ônus excessivo sem que haja qualquer limitação para o órgão da acusação. Assim, por não ter natureza cautelar, a prisão exerce função anômala de impedimento da apelação. 80. Depende. Em se tratando de ação penal pública de iniciativa exclusivamente privada, o Ministério Público não poderá interpor o recurso de apelação, uma vez que nesta ação vigora o princípio da disponibilidade. Já na ação penal privada subsidiária da pública poderá o Ministério Público apelar, segundo disposição expressa do artigo 29 do Código de Processo Penal. 81. Existem duas orientações. A primeira mais restrita entende que somente é computável na pena de prisão aquela prisão cautelar relativa ao objeto da condenação. Uma segunda posição mais liberal entende que é possível a “detração da pena ocorrida por outro processo, desde que o crime pelo qual o sentenciado cumpre pena tenha sido praticado anteriormente à sua prisão. Seria uma hipótese de fungibilidade da prisão” (MIRABETE, Julio Fabbrini. “Manual de Direito Penal – Parte Geral”. Vol 1. São Paulo: Atlas, 1997, p. 262). 82. Não. O entendimento jurisprudencial dado pela antiga Súmula do STJ nº 174, foi revogada pela Lei nº 9.437/97, que previu crime próprio para a utilização de simulacro de arma de brinquedo (art.36). Esse artigo foi revogado, ao depois, pela Lei nº 10.826/03. Entretanto, hoje não mais se considera motivo de maior reprovação a utilização de arma sem o potencial ofensivo, não podendo ser tido o emprego de arma de brinquedo como qualificadora do roubo. 83. Existem 3 posições. A primeira, afirma tratar-se unicamente de crime de roubo com causa de aumento de pena pela manutenção da vítima em poder do agente, restringindo sua liberdade (art.157, §2º, V, CP). A segunda posição, assevera que tem-se configurado o crime de roubo simples em concurso material com o crime de seqüestro (art.157, caput, c.c. art.148, caput, todos do CP)(REGIS PRADO, Luiz.Curso de Direito Penal Brasileiro. São Paulo, RT, 2005, vol.2, p.445). A terceira, entende haver, unicamente, extorsão, e não roubo (art.158, CP)(JESUS, Damásio de.Código Penal Anotado. São Paulo: Saraiva, 2006, p.598). 84. Os requisitos são dados pelo art.1º, da Lei nº 7.960/89, quais sejam: I.quando imprescindível para as investigações do inquérito policial; II.quando o indiciado não tiver residência fixa ou não fornecer elementos necessários ao esclarecimento de sua identidade; III.quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova admitida na legislação penal, de autoria ou participação do indiciado nos seguintes crimes: homicídio doloso (art.121 caput e seu §2º); seqüestro e cárcere privado (art.148, caput, e seus §§1º e 2º); roubo (art.157, caput, e seus §§1º e 2º); extorsão (art.158, caput e seus §§1º e 2º); extorsão mediante seqüestro (art.159, caput e seus §§1º e 2º); estupro (art.213 caput e sua combinação com o art.223, caput e parágrafo único); atentado violento ao pudor (art.214, caput e sua combinação com o art.223, caput e parágrafo único), epidemia com resultado morte (art.267, §1º); envenenamento de água potável ou substância alimentícia ou medicinal qualificado pela morte (art.279, caput, cc art.285); quadrilha ou bando (art.288, todos do Código Penal); genocídio (art.1º, 2º, 3º da Lei nº 2.889/56), tráfico de drogas (art.12 da Lei nº 6.368/76); crimes contra o sistema financeiro (Lei nº 7.492/86). Existe posição que entende serem eles alternativos, bastando a presença de um deles para a possibilidade de prisão temporária, e outra, que os entende cumulativos, sendo necessária a presença do item I ou do item II, em conjunto com o item III. 85. Protesto por novo júri, Revisão Criminal; Embargos infringentes e de nulidade.

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86. Não. Segundo o art. 48, §2° da Lei n° 11.343/06, “tratando-se da conduta prevista no art.28 desta Lei, não se imporá prisão em flagrante, devendo o autor do fato ser imediatamente encaminhado ao juízo competente ou, n falta deste, assumir o compromisso de a ele comparecer, lavrando-se termo circunstanciado e providenciando-se as requisições dos exames e perícias necessárias”. Isso se explica pelo fato do crime disposto no art.28 não prever penas privativas de liberdade, não devendo, tampouco, ser submetido a prisão processual. 87. A detração penal é um instituto de direito penal que abate o tempo de segregação provisória cumprida pelo condenado, tendo como fundamento o artigo 42 do Código Penal que enuncia que se computam, na pena privativa de liberdade e na medida de segurança, o tempo de prisão provisória, no Brasil ou no estrangeiro, o de prisão administrativa e o de internação em qualquer dos estabelecimentos referidos no artigo 41 do Código Penal. 88. O perdão tácito é uma causa extintiva de punibilidade prevista no artigo 107, inciso V, do Código Penal, configurando-se na ação penal exclusivamente privada, em face de um ato do querelante para com o querelado, denotando incompatibilidade e continuar o processo-crime, vez que o ato da vítima denota que perdoou o querelado, existindo apenas quando já recebida a queixa-crime por parte do juiz, não devendo ser confundida com a renuncia tácita que é sempre antes de iniciar o processo, devendo o perdão tácito para extinguir a punibilidade ser aceito por parte do querelado, porquanto o perdão é sempre bilateral. Já o perdão judicial constitui providência exclusivamente do Poder Jurisdicional derivada de medida de Política Criminal, havendo previsão expressa em situações de homicídio culposo e outras culposas expressas em lei, quando as conseqüências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária, destacando que o artigo 120 do Código Penal é expresso ao afirmar a natureza declaratória do instituto do perdão judicial ao afirmar que “a sentença que conceder perdão judicial não será considerada para efeitos de reincidência”. 89. A reforma in pejus indireta consiste na situação em que anulada sentença condenatória em recurso exclusivo da defesa, não pode ser prolatada nova decisão mais gravosa do que a anulada. Trata-se assim de conseqüência negativa ao réu que exclusivamente apelou, não podendo por isso o Tribunal piorar indiretamente a sua situação do réu. Exemplo: O réu condenado a 2 anos de reclusão apela e obtém a nulidade da sentença. A nova decisão poderá impor-lhe, no máximo, a pena de dois anos, pois do contrario o réu estaria sendo prejudicado indiretamente pelo seu recurso. 90. A despronúncia é a reconsideração da própria decisão de pronúncia ou a não aceitação da pronúncia por parte do Tribunal de Justiça, em face do Recurso em Sentido Estrito interposto pelo pronunciado. A despronúncia, assim, pode ocorrer em duas hipóteses: 1) se o juiz, em face do recurso em sentido estrito, interposto contra a sentença de pronuncia, reconsiderar a decisão, revogando-a; se mantida a pronúncia, em primeira instância, vier o Tribunal a revogá-la. A despronúncia é, portanto, a revogação ou desconstituição da pronúncia anteriormente decretada, seja por parte do juízo de primeira instância, em sede de reconsideração, seja por parte do Tribunal de Justiça que, apreciando recurso do réu, reforma a sentença de pronúncia para impronunciá-lo. A distinção entre impronúncia e despronúncia está em que a primeira é decretada pelo juízo “a quo” em juízo de valor que afirma, desde logo, a inexistência do crime ou de indícios suficientes de autoria, enquanto a segunda pressupõe a existência de uma sentença de pronúncia e o reconhecimento desses pressupostos por parte do juízo de origem, mas que vem a ser reformada em sede de reexame pela instância “ad quem”.

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91. Conforme o artigo 183 inciso I do Código Penal não é cabível a incidência da escusa absolutória no crime de roubo. 92. É o princípio da proporcionalidade. Admite-se, amplamente, a sua aplicação em favor do acusado, discutindo-se sobre a sua utilização para admitir prova em favor da acusação. Apontam-se, ainda, alguns requisitos para sua aplicação: necessidade, adequação e proporcionalidade em sentido estrito. 93. A matéria não é pacífica, mas a posição predominante é de que não é possível, restringindo-se a continuidade aos crimes do mesmo tipo. Recentemente, porém, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal entendeu ser cabível a hipótese de crime continuado: “Entendeu-se que a circunstância de esses delitos não possuírem tipificação idêntica não seria suficiente a afastar a continuidade delitiva, uma vez que ambos são crimes contra a liberdade sexual e, no caso, foram praticados no mesmo contexto fático e contra a mesma vítima” (HC nº 89827/SP, 27.02.2007). 94. Tipo misto alternativo é o composto por várias ações, sendo que, configurada qualquer uma delas, o crime se realiza. Exemplos desse tipo são o do crime de tráfico de drogas e o de instigação ao suicídio (art. 122, CP). 95. O caso é de uso de ofendículo. A doutrina entende que a pessoa age em exercício regular de direito ou em legítima defesa predisposta ou preordenada. Normalmente, entende-se que não há excesso na colocação de pontas de lança. 96. O recurso interposto é o adequado, conforme artigo 197, da Lei das Execuções Penais. Deve ele, segundo orientação do Supremo Tribunal Federal, seguir o rito do recurso em sentido estrito. Assim, o prazo é de cinco dias. Portanto, foi intempestivo. 97. A distinção entre crime habitual e crime continuado está assentada na natureza diversa das ações que os constituem. No crime continuado, “as ações que o compõem, por si mesmas, constituem crimes. (...) No crime habitual, ao contrário, as ações que o integram, consideradas em separado, não são delitos.” (Damásio, Cap. XVIII, 36, p. 212). 98. A absolvição imprópria se verifica quando o autor do fato havido como infração penal for inimputável, e consiste na “sentença que permite a aplicação da medida de segurança, (...), tendo em vista que, a despeito de considerar que o réu não cometeu delito, logo, não é criminoso, merece uma sanção penal (medida de segurança)”. (Guilherme de Souza Nucci, Código Penal comentado, art.97, nota 6-A). A decisão absolutória imprópria não impede a propositura da ação cível, pois não exclui a ilicitude do fato imputado, apenas isenta o acusado de pena. 99. O juiz agiu incorretamente. Apesar de a pena ter sido fixada no mínimo e não ter havido alteração no tipo penal, houve mudança do fato imputado, uma vez que o acusado foi denunciado por uma modalidade de culpa e condenado por outra. Ada Pellegrini Grinover, Antonio Magalhães Gomes Filho e Antonio Scarance Fernandes (As nulidades no processo penal, Cap. XI, 10) salientam que “não pode o juiz, sob pena de nulidade, condenar o réu, com base nessas novas circunstâncias, por negligencia, sem tomar as providências do art. 384, caput, ou sem que tenha havido prévio aditamento. Não se cuida de mera adequação do fato. Esse é diferente daquele historiado na denúncia.” 100. Pela Lei de Violência Doméstica, a desistência da representação deve ser feita em audiência com o juiz e com a presença do Ministério Público e pode ser refeita após a denúncia e antes de

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seu recebimento (art. 16 da Lei 11.340). Pode-se, ainda, considerar que, para alguns autores, a ação é pública incondicionada, e, assim, nada mais poderia ser feito. 101. Há quem sustente ser inconstitucional o prazo indeterminado para a medida de segurança, pois é vedada a pena de caráter perpétuo – e a medida de segurança (...) é uma forma de sanção penal –, além do que o imputável é beneficiado pelo limite das suas penas em 30 anos (art. 75, CP)”. (Nucci, art. 97, nota 8). 102. Não há possibilidade de Maurício se habilitar como assistente de acusação. Primeiramente porque, nos termos do art. 269, do CPP, o assistente só poderá ser admitido enquanto a sentença não transitar em julgado. Além disso, a coisa julgada em favor do acusado, ainda que ele tenha sido absolvido por falta de provas, jamais pode ser rescindida. Resta a Maurício, com as provas que colheu, buscar providência judicial na esfera cível, no que toca à reparação dos danos causado pelo ato ilícito. 103. Ivan, Caio e Luiz praticaram os crimes de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, tipificado no art. 16 da Lei nº 10.826/03, o crime de furto qualificado, descrito no art. 155, § 4º, IV, do CP e também o crime de roubo com aumento de pena, art. 157, § 2º, I e II, do CP, na forma do art. 69, do CP. A competência será da Comarca de Piraquara-PR, já que lá foi cometido o delito mais grave, nos termos do art. 78, II, a, do CPP. 104. Enilton e Lucia praticaram o crime de estupro com violência presumida e com aumento de pena (art. 213, c.c. art. 224, a, e art. 226, I, todos do CP) e também o crime de atentado violento ao pudor qualificado pela lesão grave e com aumento de pena (art. 214, c.c. art. 223 e art. 226, I, todos do CP), em concurso material (art. 69, do CP). 105. Gonçalo praticou o crime de desacato, previsto no art. 331 do CP. Tendo em vista tratar-se de crime de ação penal pública incondicionada, o Ministério Público tem legitimidade para oferecer a transação penal (art. 76 da Lei nº 9.099/95), presentes os requisitos legais. 106. Como a intenção de Teobaldo era matar tanto a gestante, como o feto, ele praticou o crime de tentativa de homicídio (art. 121, do CP) e o crime de aborto sem o consentimento da gestante (art. 125, do CP), em concurso formal impróprio (art. 70, parte final, do CP).