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Teoria Geral do Processo
Ilustra Folha rosto
1 verso: Aline Martins Coelhongela Issa Haonat
Rosa Maria Silva Leite
2 verso revisada e ampliada: Paulo Beninc
Ubirajara Coelho Neto
1 perodo
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FUNDAO UNIVERSIDADE DO TOCANTINS
ReitorHumberto Luiz Falco Coelho
Vice-ReitorLvio William Reis de Carvalho
Pr-Reitor de GraduaoGalileu Marcos Guarenghi
Pr-Reitor de Ps-Graduao e ExtensoClaudemir Andreaci
Pr-Reitora de PesquisaAntnia Custdia Pedreira
Pr-Reitora de Administrao e FinanasMaria Valdnia Rodrigues Noleto
Diretor de EaD e Tecnologias EducacionaisMarcelo Liberato
Coordenador PedaggicoGeraldo da Silva Gomes
Coordenador do CursoJos Kasuo Otsuka
EDUCON EMPRESA DE EDUCAO CONTINUADA LTDA
Diretor PresidenteLuiz Carlos Borges da Silveira
Diretor ExecutivoLuiz Carlos Borges da Silveira Filho
Diretor de Desenvolvimento de ProdutoMrcio Yamawaki
Diretor Administrativo e FinanceiroJlio Csar Algeri
MATERIAL DIDTICO
Organizao de Contedos Acadmicos1 verso: Aline Martins Coelho
ngela Issa HaonatRosa Maria Silva Leite
2 verso revisada e ampliada: Paulo BenincUbirajara Coelho Neto
Coordenao EditorialMaria Lourdes F. G. Aires
Assessoria EditorialDarlene Teixeira Castro
Assessoria Produo GrficaKatia Gomes da Silva
Reviso Didtico-PedaggicaMarilda Piccolo
Reviso Lingstico-TextualKyldes Batista Vicente
Reviso DigitalDouglas Donizeti Soares
Projeto GrficoDouglas Donizeti Soares
Irenides TeixeiraKatia Gomes da Silva
IlustraoGeuvar S. de Oliveira
CapaEdglei Dias Rodrigues
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PLANO DE ENSINOCURSO: Fundamentos e Prticas JudiciriasPERODO: 1DISCIPLINA: Teoria Geral do Processo
EMENTA
O Estado-Juiz. Categorias jurisdicionais. Da norma processual. Da jurisdio e da
competncia. Do Poder Judicirio. Da organizao judiciria do Estado do
Tocantins. Do Ministrio Pblico. Do Advogado. Da ao. Do processo. Do juiz. Das
partes. Dos atos processuais. Do processo civil, do processo, dos procedimentos e
das fases processuais. Do processo penal, do processo e dos procedimentos.
OBJETIVOS
Reconhecer os conceitos bsicos do Direito Processual.
Reconhecer os princpios que do forma ao Direito Processual, a partir
da doutrina e da Constituio Federal.
Definir o que jurisdio e suas caractersticas.
Conhecer o Poder Judicirio, indicando os rgos, as funes, a
independncia e as garantias dos magistrados do Poder Judicirio.
Conhecer o papel fundamental do Ministrio Pblico.
Conhecer o direito que surge para o indivduo acionar e fazer agir o
Poder Judicirio.
CONTEDO PROGRAMTICO
Soluo de conflitos
Princpios do Direito Processual
Jurisdio e competncia
Poder judicirio; Ministrio Pblico; Advogado; Auxiliares da justia;
Escrivo; Oficial de justia; Perito; Depositrio; Administrador e
Intrprete
Da ao e Do processo
BIBLIOGRAFIA BSICA
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CINTRA, Antonio Carlos Arajo; DINAMARCO, Cndido Rangel; GRINOVER,
Ada Pellegrini. Teoria Geral do Processo.21. ed. So Paulo: Malheiros, 2005.
ALVIM, Jos Eduardo Carreira. Teoria Geral do Processo. 10. ed. Rio de
Janeiro: Forense, 2005.
SILVA, Jos Milton da. Teoria Geral do Processo. 2. ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2003.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
BITTAR, Eduardo Carlos Bianca. Linguagem Jurdica. 2. ed. So Paulo:
Saraiva, 2003.
BRASIL. Decreto-Lei n. 3.689, de 03.10.1941. Cdigo de Processo Penal.Braslia: DOU, 13 de outubro de 1941.
BRASIL. Lei n. 5.869, de 11.01.1973. Institui o Cdigo de Processo Civil.
Braslia: DOU, 17 de janeiro de 1973.
BRASIL. Lei n. 8.906, de 04.07.1994. Dispe sobre o Estatuto da Advocacia e
a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Braslia: DOU, 5 de julho de 1994.
BRASIL. Lei n. 10.406, de 10.01.2002. Institui o Cdigo Civil. Braslia: DOU,
11 de janeiro de 2002.BRASIL. Constituio da Repblica Federativa do Brasil, de 05.10.1988.
Braslia: DOU, 05 de outubro de 1988.
COELHO, Fbio Alexandre. Teoria Geral do Processo. So Paulo: Juarez de
Oliveira, 2004.
DIDIER JUNIOR, Fredie. Direito Processual Civil. 3. ed. So Paulo: Salvador,
2003.
DONIZETTI, Elpidio. Curso Didtico de Direito Processual Civil. Belo
Horizonte: Del Rey, 2005.
GRECCO FILHO, Vicente. Direito Processual Civil Brasileiro. 16. ed. So
Paulo: Saraiva, 2000, v 1.
MARCATO, Antnio Carlos. Procedimentos Especiais. 10. ed. So Paulo:
Atlas, 2004.
ROCHA, Jos de Albuquerque. Teoria Geral do Processo. 8. ed. So Paulo:
Atlas, 2005.
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SUMRIO
Aula 1: A soluo dos conflitos
Aula 2: Princpios do Direito Processual
Aula 3: Jurisdio e Competncia
Aula 4: Do Poder Judicirio: organizao
Aula 5: Das funes essenciais Justia
Aula 6: Da Ao
Aula 7: Do Processo
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AULA 1 A soluo de conflitos
Objetivos
Esperamos que, ao final desta aula, voc seja capaz de:
reconhecer os conceitos bsicos ao Direito Processual e as formas
de resoluo dos conflitos jurdicos;
distinguir o Direito Material do Direito Processual.
Pr-requisitos
Para que voc atinja os objetivos propostos, interessante que faauma leitura prvia a respeito dos conceitos bsicos do Direito Processual e as
normas de resoluo dos conflitos jurdicos, distinguindo o Direito Material do
Direito Processual.
Introduo
A soluo dos conflitos entre os homens nem sempre se deu da forma
como conhecemos hoje, seja na via judicial ou extrajudicial. Antes de o Estadochamar para si a tarefa de dizer o Direito, o que assistamos era a soluo dos
conflitos via vingana privada, os mais fortes sempre vencendo os mais fracos.
Com o passar dos tempos, o Direito aparece como uma das formas de controle
social, com o fim de solucionar os conflitos de maneira mais justa.
1.1 O homem e o direito
Desde a Antiguidade, o homem v no Direito uma forma deinstrumento de controle social, embora, naquele tempo, o homem j sofresse
igualmente a influncia de outros instrumentos de controle social, como a moral
e a religio. Da a razo do brocardo jurdico: ubi societas ibi ius.
A relao entre a sociedade e o direito encontra-se fundada na funo
de controle que o direito exerce na sociedade por meio de sua fora coativa.
Assim, o direito representa a via de compatibilizao entre as necessidades e
os interesses que surgem em decorrncia da vida em sociedade.
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Para compreender necessidades e interesses na forma que
interessam ao direito, so envolvidos na anlise alguns conceitos bsicos, tais
como: necessidade, bem, utilidade, interesse, conflito de interesses,
pretenso, resistncia e lide.
a) Necessidade
A palavra necessidade, segundo o dicionrio Houaiss (2004), pode
ser entendida como: As exigncias mnimas para satisfazer condies
materiais e morais de vida. Podemos citar como exemplo as carncias
naturais(necessidades) do organismo humano, como beber, comer, dormir etc.
Segundo Alvim (2005, p. 2), as necessidades so satisfeitas, levando-se em
conta determinados elementos:
O homem experimenta necessidades as maisdiversas, sob variadosaspectos, e tende a proceder de forma a que sejam satisfeitas; quedesaparea a carncia ou se restabelea o equilbrio perdido. Anecessidade decorre do fato de que o homem depende de certoselementos, no s para sobreviver, como para aperfeioar-se social,poltica e culturalmente, pelo que no seria errneo dizer que ohomem um ser dependente.
b) Bem
Carnelutti citado por Alvim (2005, p. 3) lecionava que bem o entecapazde satisfazer uma necessidade. Assim, para o direito, bem deve ser entendido de
forma ampla, abrangendo tanto os bens materiais como os imateriais.
BENSMATERIAIS IMATERIAISgua PazAlimento LiberdadeVesturio HonraTransporte Amor
c) Utilidade
Para Carnelutti citado por Alvim (2005, p. 3), utilidade a capacidade
ou a aptido de uma coisa (bem) para satisfazer uma necessidade.
Alvim (2005, p. 3), porm, faz uma ressalva: nem sempre que haja
utilidade num bem, ocorraum interesse relativamente a ele.
Para ilustrar, usamos o exemplo de Carnelutti citado por Alvim, para
quem o po sempre ser um bem e sempre ter uma utilidade, mas no haver
interesse (no po) para quem no tem fome ou no prev que possa vir a t-la
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(ALVIM, 2005, p. 4).
SAIBA MAIS
Carnelutti foi considerado um dos maiores juristas italiano do sculo XX,
nascido em 1879 e falecido em 1965. Professor da Universidade de Milo.
d) Interesse
Este tpico que efetivamente assume relevncia para o Direito, quer
pela importncia, quer pela discusso doutrinria sobre o tema. Porm, h
divergncia doutrinria sobre o melhor significado do termo interesse.
Segundo o entendimento deCarnelutticitado porAlvim (2005, p. 4) o
interesse a posio favorvel do homem em relao satisfao de uma
necessidade. a relao entre o ente (homem) que experimenta a
necessidade e o ente (bem) apto a satisfaz-la.
Segundo o entendimento de Ugo Rocco citado porAlvim (2005, p. 4),
o interesse pode ser compreendido como sendo:
Juzo formulado por um sujeito acerca de uma necessidade,sobre a utilidade ou sobre o valor de um bem, enquanto meiopara a satisfao dessa necessidade. Ato da inteligncia, que
dado pela representao de um objeto (bem), pelarepresentao de uma necessidade e pela representao daaptido do objeto (bem) para satisfazer a prpria necessidade.
Por outro lado, temos que considerar que, de acordo com esse raciocnio,
nem sempre o homem estar numa posio de interesse. Pode-se citar como
exemplo o fato de que, se o homem est com fome e possui o alimento sua
disposio, estar em uma posio de interesse, o que no ocorrer na hiptese
do homem que tem fome e no tem o alimento sua disposio.
O interesse, no que toca sua relao com o Direito, pode ser classificado,
em um primeiro momento, como: Interesse imediato e Interesse mediato.
Interesse imediato: quando a situao se presta diretamente
satisfao de uma necessidade. Ex: quem possui o alimento presta-se
diretamente satisfao da necessidade de alimentar-se.
Interesse mediato: quando a situao apenas indiretamente presta-se a
satisfao de uma necessidade, enquanto dela possa derivar uma outra
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situao (intermediria), que consegue a satisfao da necessidade. Ex:
quem possui dinheiro para adquirir alimento, apenas indiretamente
(mediatamente) se presta satisfao da necessidade de alimentar-se.
Outra questo importante a definio das espcies de interesses.
Alvim (2005, p. 5) menciona que o interesse se classifica em: interesse
individual e interesse coletivo.
Interesse individual: caracteriza-se quando existe uma situao
favorvel satisfao de uma necessidade, pode determinar-se em
relao a um s indivduo, de forma isolada.
Interesse coletivo: caracteriza-se por uma situao favorvel satisfao
de uma necessidade no pode determinar-se seno em relao a vriosindivduos.
1.2 Conflito de Interesses, Pretenso, Resistncia e Lide
Vistos os significados de necessidade, bem, utilidade e interesse, faz-se
necessrio tratar dos conceitos de conflito de interesses, pretenso, resistncia e lide.
Alvim (2005, p. 6) ensina que existe conflito de interesses quando a
situao favorvel satisfao de uma necessidade exclui, ou limita, a situao
favorvel satisfao de outra necessidade.
O conflito de necessidade que envolve dois interesses e uma s
pessoa pode ser chamado de conflito subjetivo. Ocorre quando o indivduo tem
mais de uma necessidade e tem que se decidir por uma delas em especfico. Em
geral, no ultrapassa as pessoas do prprio sujeito nele envolvido.
H, tambm, o que se pode chamar de conflito intersubjetivo, como
chamou Carnelutti citado porAlvim (2005, p. 6, grifo nosso), que o conflitode interesse que envolve duas ou mais pessoas. Tem importncia para o
Estado pelo fato do perigo que representa de uma soluo violenta, quando
ambos os interessados recorrem fora, para fazer valer o seu direito.
Os conflitos de interesses ocorrem, por assim dizer, quando estiver
caracterizada a disputa pelos bens considerados limitados ou, ainda, sobre o
exerccio de direitos sobre esses bens, exigindo-se, assim, o controle e a
regulao por parte do Estado, por meio do Poder Judicirio. Instalado o
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conflito de interesses entre as partes, chega-se ao que a doutrina tradicional
denominou de lide. Passamos, ento, ao conceito de lide. Carnelutti citado por
Alvim (2005, p. 10), ao tratar de lide, leciona que lide o conflito de
interesses, qualificado pela pretenso de um dos interessados e pela
resistncia do outro".
A lide compe-se de um elemento material e um elemento formal.
Como elemento material da lide, temos o prprio conflito de interesses e,
como elemento formal, a pretenso e a resistncia, tambm chamada de
oposio (ALVIM, 2005, p. 10-11).
Assim, a lide o prprio conflito de interesses, que pode ser
representado, de um lado, por uma pessoa que formula uma pretenso contraoutra pessoa, que ir a esta opor uma resistncia.
1.3 Das formas de soluo dos conflitos
Desde que o homem passou a viver em sociedade, passaram a existir
conflitos e havia a necessidade de regular a forma de soluo. Num primeiro
momento, no existia a figura do Estado a regular os conflitos existentes na
sociedade. Nesse tempo, imperava a vingana privada. Com o passar dotempo, o Estado chama para si a tarefa de dizer o Direito, ou seja, o Estado
passou a controlar os conflitos que aconteciam na sociedade.
Assim, em um primeiro momento, o que regulou os conflitos do homem
foi a autotutela tambm chamada de autodefesa.
a) Autotutela
Conforme Ada Pellegrini Grinover e outros (2005, p. 23), a autotutelapossui dois traos caractersticos: a) ausncia de juiz distinto das partes; b)
imposio da deciso por uma das partes outra.
Alvim (2005, p.13), ao falar sobre a autodefesa, leciona que
Esta forma de resoluo dos conflitos apontada como a maisprimitiva, quando ainda no existia, acima dos indivduos, umaautoridade capaz de decidir e impor sua deciso aos contendores,pelo que o nico meio de defesa do indivduo (ou do grupo) era o
emprego da fora material ou fora bruta contra o adversrio para
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vencer sua resistncia.
Os Estados modernos reconhecem que, em determinados casos, no
h como evitar leses de Direito. Por isso, o prprio Estado criou mecanismos
que permitem ao prprio indivduo defender seu interesse, mesmo que seja
necessrio usar de fora, desde que respeitados os limites impostos pelo
prprio direito (ALVIM, 2005, p. 14).
Alvim (2005, p. 14) menciona os seguintes exemplos de autodefesa no
Estado moderno: (a) Legtima defesa (art. 25 do Cdigo Penal); (b) Desforo
incontinenti (art. 1.210 do Cdigo Civil); (c) Penhor legal (art. 1.467 do
Cdigo Civil); e(d) Direito de greve (previsto no art. 9 da Constituio Federal
e na Lei n 7.783/89).
SAIBA MAIS:
Desforo Incontinenti: a resistncia ou a reao promovida por iniciativa
prpria do possuidor, por prpria fora dele.
b) Autocomposio
Com a evoluo do homem, mas ainda em tempos remotos, surgem
outras formas de soluo de conflitos, como a autocomposio, que pode serconsiderada como um passo adiante na soluo dos conflitos que se
estabeleciam na sociedade.
O termo autocomposio, de acordo com Alvim (2005, p.15), deve ser
creditado a Carnelutti, que, ao tratar dos equivalentes jurisdicionais, ali a
incluiu. Assim auto (prprio) e o substantivo composio, na linguagem do
renomado mestre, equivalem asoluo, resoluooudeciso do litgio por
obra dos prprios litigantes.A autocomposio continua a existir no ordenamento jurdico, nas
seguintes formas: a desistncia, a submisso e a transao. Grinover e
outros (2005, p, 23) traz a definio de cada uma delas:
desistncia (renncia pretenso);
submisso (renncia resistncia oferecida pretenso);
transao (concesses recprocas).
Essas formas de autocomposio s podem acontecer em razo dos
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direitos disponveis.
Direitos
Disponveis IndisponveisPode ser transacionado No pode ser transacionadoPode haver renncia No pode haver rennciaTransigveis Intransigveis
Dessa forma, com o decorrer dos tempos, com a evoluo do homem e
do prprio Direito, passou-se a preferir, conforme leciona Grinover e outros (2005,
p, 23), a figura do rbitro, que atribua ao caso concreto uma soluo imparcial.
Surge assim, conforme Alvim (2005, p. 16), a arbitragem facultativa,
como forma bem mais evoluda de soluo dos conflitos.
SAIBA MAIS:A arbitragem matria a ser estudada no 5 perodo do curso.
Normalmente, a figura do rbitro na Antiguidade era representada por
um sacerdote: acreditava-se que, por estar intimamente ligado s divindades,
isso, por si s, garantiria uma soluo mais acertada. Outra figura que
normalmente se utilizava como rbitro eram os ancios, pois eram dotados de
sabedoria e conheciam os costumes do grupo social da poca.
Segundo Alvim (2005, p. 17), a arbitragem facultativa, por seu turno,favoreceu o aparecimento do Processo, que pode ser considerado como a
ltima etapa na evoluo dos mtodos compositivos do litgio.
SAIBA MAIS:
Processo - Latim Processu. Proceder: avanar, seguir caminhando.
De acordo com o que ensina Alvim (2005, p. 17), o processo se apresenta
como um instrumento pronto viabilizao de maior nmero de solues justas e
pacficas dos conflitos porque, quando se fala em processo, a contenda
solucionada por um terceiro sujeito, alheio s questes que esto sendo debatidas.
Esclarece, ainda, Alvim (2005, p. 18) que,
Para que o processo produza resultados preciso que esse terceiroimparcial que decide o conflito seja mais forte do que as parteslitigantes, para que possa impor sua vontade, coativamente, frente aqualquer intuito de desobedincia ou descumprimento por parte doscontendores. Compreende-se, pois, que este terceiro seja o Estado.
Vrios doutrinadores preocuparam-se em definir o processo. Alvim
traz-nos alguns conceitos cunhados na doutrina.
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que, em nossa disciplina, o direito ser melhor compreendido quando classificado
em direito material e direito processual.
Passemos ento a uma breve anlise sobre o direito material e o
direito processual, de acordo com o que leciona Rocha (2005, p. 32-34), que
assim ilustra a diferena entre ambos.
DIREITOMATERIAL PROCESSUALConjunto de normas de valorao dascondutas sociais, visando proteo dosinteresses considerados essenciais manuteno de uma dada formao socialcuja aplicao garantida, pelo aparelhocoativo do Estado.
Conjunto de normas jurdicas que dispemsobre a constituio dos rgos jurisdicionais esua competncia, disciplinando essa realidadeque chamamos processo.
O direito material disciplina as condutas
materiais, isto , condutas cuja realizao nocria novas normas jurdicas, mas situaesmateriais.
O direito processual um conjunto de normas
que tem por objetivo disciplinar os atos devontade dos rgos jurisdicionais e partes, paraa criao da norma do caso concreto (decisodo conflito) e sua eventual execuo.
O Direito Material consiste no conjunto de princpios e normas que
regulam os fatos e relaes sociais, ou seja, so as normas que disciplinam as
condutas humanas e pode ser subdividido em: Direito Civil, Administrativo,
Comercial, Tributrio, Trabalhista, Constitucional, Penal etc.
O Direito Processual pode ser compreendido como o complexo de
normas e princpios que regem o exerccio da jurisdio. , assim, uminstrumentopara a concretizao do Direito Material.
1.5 A Norma Processual
A norma jurdica, em sentido amplo, tem por objeto a regulao da
conduta humana, criando direitos e estabelecendo obrigaes. As normas
processuais, ao contrrio, disciplinam os meios de defesa dos direitos
estabelecidos pela norma material.
a) Objeto da norma processual
Conforme leciona Coelho (2004, p. 151-152), o objeto maior das normas
processuais disciplinar a atividade do Estado e dos litigantes, bem como o
desenvolvimento do processo. A finalidade da norma processual estabelecer a
forma de soluo dos conflitos, por meio do processo.
PENSANDO SOBRE O ASSUNTO:
E como pode a lei processual ser aplicada na soluo dos conflitos por meio do
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processo? Quem a aplica?
Aqui nos reportamos clssica tripartio de poderes de Montesquieu,
pela qual a atividade jurisdicional reconhecida como uma das funes do
poder estatal, ao lado das funes administrativas e legislativas.
Assim, para exercer a atividade jurisdicional no mbito do sistema jurdico,
faz-se necessrio a verificao do disposto no princpio da investidura, pelo qual o juiz
necessita estar investido do Poder delegado pelo Estado, para exercer a atividade
judicante e aplicar a norma material e a norma processual ao caso concreto.
b) Diviso da norma processual na doutrina
A doutrina classifica a norma processual em trs grandes grupos:
normas processuais em sentido estrito: so as que cuidam do
processo como tal, atribuindo poderes e deveres processuais;
normas de organizao judiciria: tratam primordialmente da criao e
da estrutura dos rgos judicirios e seus auxiliares;
normas procedimentais: dizem respeito apenas ao modus procedendi,
inclusive estrutura e coordenao dos atos processuais que compem o
processo.
Essa diviso acatada pela prpria Constituio Federal nos arts. 22,inciso I e 24, inciso XI. Vejamos cada uma delas.
Art. 22. Compete privativamente Unio legislar sobre:
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrrio, martimo,
aeronutico, espacial e do trabalho; [...].
Art. 24. Compete Unio, aos Estados e ao Distrito Federal legislar
concorrentemente sobre:
XI - procedimentos em matria processual; [...].
c) Natureza da norma processual
A norma processual parte integrante do Direito Pblico, uma vez que
por meio da mesma que se desenvolve a atividade jurisdicional. Assim,
quando falamos em norma processual, no propriamente uma relao de
coordenao, mas, como nos ensinam Grinover e outros (2001, p. 90), uma
relao de poder e sujeio, predominando sobre o interesse pblico na
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Como as demais normas jurdicas, a norma processual tambm
limitada no tempo, considerado o disposto no direito intertemporal. Dois
aspectos devem ser levados em considerao. Vamos a eles:
as leis processuais brasileiras submetem-se ao disposto na Lei de
Introduo do Cdigo Civil - LICC, no tocante observncia da eficcia
temporal das leis. Em regra, quando no se dispuser de forma contrria,
ou no silncio da lei, a mesma entra em vigor, em todo o pas, quarenta
e cinco dias aps sua publicao;
problema maior ocorre quando a lei incidir sobre situaes idnticas,
para se estabelecer qual das leis - se a anterior ou a posterior - deve ser
aplicada ao caso concreto. Como nos ensina Grinover e outros (2001, p.98), o processo se constitui por uma srie de atos que se desenvolvem e
se praticam sucessivamente no tempo (atos processuais integrantes de
uma cadeia unitria, que o procedimento), torna-se particularmente
difcil e delicada a soluo do conflito temporal de leis processuais.
Ocorrendo o conflito de normas processuais no tempo, devemos
analisar os sistemas propostos por Grinover e outros (2001, p. 98), que
poderiam ser em tese levados em considerao, realando o sistema doisolamento dos atos processuais que o sistema consagrado na doutrina
brasileira, alm de estar expresso no CPP e no CPC. So eles:
Sistema da unidade processual: apesar de se desdobrar em vrios atos,
o processo apresenta uma unidade que somente poderia ser regulado por
uma nica norma, seja nova ou velha, devendo a velha se impor para no
ocorrer a retroao da nova, com prejuzo dos atos praticados at a sua
vigncia; Sistema das fases processuais: sistema no qual distinguir-se-iam
fases processuais autnomas (postulatria, ordinatria, instrutria,
decisria e recursal), cada uma delas capaz de ser disciplinada por uma
lei diferente;
Sistema do isolamento dos atos processuais: pelo qual a lei nova
no atinge os atos processuais j praticados, nem seus efeitos, mas se
aplica aos atos processuais a praticar, sem limitaes relativas s
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chamadas fases processuais.
e) Interpretao da lei processual
No podemos deixar de levar em considerao que a interpretao e a
aplicao das normas processuais esto subordinadas s mesmas regras das
normas materiais. As normas processuais seguem as disposies contidas
nos arts. 4 e 5 da Lei de Introduo do Cdigo Civil Brasileiro (GRINOVER e
outros, 2001, p. 102).
SAIBA MAIS:
Art. 4. LICC: Quando a lei for omissa, o juiz decidir o caso de acordo com a
analogia, os costumes e os princpios gerais de direito.
Art. 5. LICC: Na aplicao da lei, o juiz atender aos fins sociais a que ela sedirige e s exigncias do bem comum.
Esclarecem, ainda, os autores acima mencionados, que, para no
deixar dvidas quanto aplicao daquelas regras, o Cdigo de Processo
Penal dispe de forma expressa no seu art. 3 a lei processual penal admitir
interpretao extensiva e a aplicao analgica, bem como o suplemento dos
princpios gerais de direito.
As normas processuais, tais como as normas materiais, necessitam,por vezes, de que se preencham as lacunas da lei. Dessa forma, para se
preencher as lacunas verificadas na lei, podero se fazer uso da integrao,
conforme se extrai da leitura do art. 126 do CPC: O juiz no se exime de
sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscuridade da lei.
O preenchimento das lacunas da lei, de acordo com Grinover e outros
(2001, p. 102), ser feito por meio da analogia e pelos princpios gerais do direito.
Aps o estudo da presente aula, podemos concluir que, a soluo dosconflitos entre os homens sofreu uma grande transformao durante a sua
evoluo histrica, passando da vingana privada, onde os mais fortes sempre
venciam os mais fracos, at chegar ao modelo atual em que o Estado chama para
si a tarefa de dizer o Direito, com o fim de solucionar os conflitos da maneira
menos injusta possvel.
Sntese da aula
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Esta aula foi planejada com o intuito de transmitir aos alunos
conhecimentos bsicos sobre a soluo dos conflitos de interesses entre os
homens, a lide e os elementos que a compem. Vimos as formas de soluo
dos conflitos e as diferenas entre Direito Processual e Direito Material.
Estudamos a diferenciao entre as normas materiais e as normas
processuais; bem como apresentamos as particularidades destas, como seu
objeto, sua natureza, suas caractersticas, a eficcia da lei processual no
tempo e no espao e sua interpretao.
Atividades
1. correto afirmar, em relao s normas, que:
a) as normas materiais disciplinam os meios de defesa dos direitos;b) as normas processuais visam a assegurar o cumprimento das normas
materiais, estabelecendo a forma de possveis conflitos, por meio da
aplicao das normas substanciais;
c) o objeto da norma processual disciplinar somente a atividade do
Estado e dos litigantes;
d) a natureza jurdica da norma processual de direito privado.
2. Em relao lide, correto afirmar, que:
a) os elementos formais da lide so a pretenso e o conflito de interesses;
b) a lide pode ser definida como o conflito de interesses, qualificado por
uma pretenso resistida ou insatisfeita;
c) os elementos da lide so o material e o conflito de interesses.
3. Qual o marco distintivo entre as normas cogentes e as normas dispositivas?
4. Disserte, em 20 linhas, sobre a eficcia da lei processual no tempo e no espao.
Comentrio das atividades
Se voc compreendeu os contedos ministrados nesta aula, verificou que
h diferenas substanciais entre as normas processuais e as normas materiais.
Assim, voc verificou que, na questo 1, a alternativa (b) est correta, uma vez
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que as normas processuais asseguram o cumprimento do direito previsto na
norma material, estabelecendo a maneira da norma material ser aplicada. A
alternativa exposta na letra (a) est errada, uma vez que so as normas
processuais que definem os meios de defesa dos direitos. A alternativa (c) est
errada, uma vez que a norma processual no disciplina a atividade do Estado e
dos envolvidos na lide. Por fim, a alternativa exposta na letra (d), tambm no est
correta, uma vez que a norma jurdica processual de direito pblico.
Em relao questo 2, voc pode observou que ela definida como
o conflito de interesses, qualificado por uma pretenso resistida ou no
satisfeita. Assim, a alternativa (b) a correta. A Alternativa (a) est errada, uma
vez que a pretenso e o conflito de interesses so elementos materiais da lide.A alternativa (c) tambm est errada, uma vez que os elementos da lide so: o
forma e o material. O conflito de interesse o elemento material da lide.
Em relao questo 3, em sua resposta voc deve ter levado em
considerao que as normas cogentes so obrigatrias e no podem sofrer
alterao pelos particulares e as facultativas, diferentemente das cogentes,
so permissivas.
Voc que se props a estudar nestes contedos a aplicao dasnormas jurdicas no espao e no tempo, precisou reconhecer as formas de
soluo dos conflitos com a aplicao das normas aos casos concretos. Voc
atingiu esse objetivo respondendo questo 4, se a resposta foi delineada,
levando em conta o territrio em que ela pode ser aplicada (eficcia no espao)
e por quanto tempo (eficcia no tempo), levando em considerao questes
sobre o vigncia no tempo e solues de direito intertemporal.
As atividades lhe conferiram a oportunidade de reconhecer os conceitosbsicos ao Direito Processual e as formas de resoluo dos conflitos jurdicos e
de distinguir o Direito Material do Direito Processual.
Referncias
ALVIM, J. E. C. Teoria Geral do Processo. 10. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2005.CINTRA, A. C. A.; DINAMARCO, C. R.; GRINOVER, A. P. Teoria Geral doProcesso.21. ed. So Paulo: Malheiros, 2005.
ROCHA, J. de A. Teoria Geral do Processo. 8. ed. So Paulo: Atlas, 2005.
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Na prxima aula
Estudaremos os princpios do direito processual tendo por base os aspectos
constitucionais ligados ao tema e as funes dos princpios gerais.
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AULA 2 Princpios do direito processual
Objetivos
Esperamos que, ao final desta aula, voc seja capaz de:
reconhecer os princpios que do forma ao Direito Processual, a
partir da doutrina e da Constituio Federal;
identificar as funes desses princpios.
Pr-requisitos
Para voc alcanar os objetivos propostos, interessante que leia arespeito do assunto nas obras indicadas na bibliografia bsica, bem como as
fontes do Direito, estudados na disciplina Introduo ao Estudo do Direito, pois
daro a voc embasamento terico para a compreenso da presente aula.
Introduo
O estudo dos princpios no mbito da cincia jurdica fator de grande
relevncia. Isso porque os princpios so como leitores de uma realidade,considerados como sobre-normas que informam os fundamentos do Direito.
Sinalizam, tambm, uma varredura dos caminhos a serem percorridos pelo
intrprete do Direito, que faz uso dos mesmos ao interpretar as normas, em
harmonia com os valores consagrados na Constituio Federal.
Neste tema, a nfase ser dada aos princpios que se aplicam de
forma geral Teoria Geral do Processo e, medida que aprofundarmos no
estudo do Direito Processual Penal e do Direito Processual Civil, realaremosos princpios inerentes a cada uma dessas disciplinas.
2.1 Princpios gerais do direito processual
Ao tomar como ponto de partida o fato de que ns vivemos em um
Estado Democrtico de Direito, no poderamos deixar de iniciar o estudo
sobre princpios relacionando-os nossa ordem constitucional.
Dinamarco (2001, p. 191) leciona que:
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A tutela constitucional do processo feita mediante os princpios e
garantias que, vindos da Constituio, ditam padres polticos para a vida
daquele. Trata-se de imperativos cuja observncia penhor da fidelidade do
sistema processual ordem poltico-constitucional do pas.
Tomando por base as noes de direito vistas na disciplina Introduo ao
Estudo do Direito, necessrio visualizar as fontes do Direito, uma vez que os
princpios gerais do direito encontra-se entre elas. Alis, a prpria Lei de
Introduo ao Cdigo Civil - LICC reporta-se aos princpios como fonte de direito,
no seu art. 4, que dispe o seguinte: quando a lei for omissa, o juiz decidir o
caso de acordo com a analogia, os costumes e os princpios gerais de direito.
O quadro a seguir demonstra quais so as fontes do direito.FONTES DO DIREITOMATERIAIS FORMAIS Valores sociais Elementos culturais Vontade do povo etc.
ESTATAIS NO ESTATAIS Lei Jurisprudncia Conveno Internacional
Costumes Doutrina Princpios Gerais do Direito
Para ilustrar a importncia do estudo dos princpios, necessrio
mencionar, inicialmente, as funes dos mesmos. Rocha (2005, p. 42-43)
enumera trs funes dos princpios no Direito Processual. So elas:
FunoFundamentadora
FunoOrientadora da Interpretao
FunoDe Fonte Subsidiria
Os princpios constituem a raizde onde deriva a validezintrnseca do contedo dasnormas jurdicas.Quando o legislador se dispea normatizar a realidade
social, o faz sempre, a partirde algum princpio.Os princpios so idiasbsicas que servem defundamento ao DireitoPositivo.
A funo orientadora decorre dafuno fundamentadora do direito.Se as leis so informadas oufundamentadas nos princpios,ento devem ser interpretadas deacordo com os mesmos, porque
so eles que do sentido snormas.Os princpios servem, pois, deguia e orientao na busca dosentido e alcance das normas.
Nos casos de lacunas da lei osprincpios atuam comoelemento integrador do direito.Como a lei funda-se nosprincpios, estes servem, sejacomo guia para a compreenso
do seu sentido (interpretao),seja como guia para o juizsuprir a lacuna da lei, isto ,como critrio para o juizformular a norma do casoconcreto.
Uma discusso que se coloca presente quando falamos de princpios,
j nos remetendo matria processual, o que a doutrina tende a nomear de
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princpios formativos do processo. Esta discusso se faz presente, como
leciona Dinamarco (2001, p. 195-196):
A tcnica processual inclui tambm um nmero extenso de regras degrande importncia, desenvolvidas ao longo dos sculos e daexperincia acumulada, sendo responsveis pela boa ordem doprocesso e correto encaminhamento de suas solues.Rigorosamente, contudo, no se qualificam como princpios porquetm lugar no interior do sistema e no atuam como pilares sobre osquais este se apia.
Dentre esses princpios tcnicos, destacam-se, quase que de forma
unnime, segundo a doutrina:
I - princpio econmico: voltado s questes de economia processual;
II - princpio lgico: seleo de meios eficazes descoberta da verdade e dassolues corretas, evitando erros;
III - princpio jurdico: postula a igualdade no processo e a fidelidade dos
julgamentos ao Direito Substancial;
IV - princpio poltico: direcionado ao binmio representado pelo mximo
possvel de garantia social com o mnimo de sacrifcio pessoal.
Estudados os princpios informativos do processo, passamos ao estudo
dos princpios de ndole poltico-constitucional ou, ainda, dos princpiossustentculos da Teoria Geral do Processo. Elegemos para nosso estudo os
elencados por Rocha (2005, p. 45/49), que passamos a expor de forma sintetizada.
a) princpio da independncia: o Princpio da independncia pode ser visto
sob duas ticas. Pode ser entendido sob a tica da instituio judiciria (art. 2
da CF) ou do juiz, pessoa fsica (art. 95 da CF). Dessa forma, por
independncia pode-se entender tanto a ausncia de sujeio a ordens de
outros poderes, bem como as garantias de imparcialidade que garantem ao juizcerta estabilidade, especialmente nas causas em que o Estado parte.
b) princpio da imparcialidade: significa em resumo, a eqidistncia do juiz das
partes e seus interesses nos processos em que atua. A imparcialidade pode ser
subjetiva (quando disser respeito s partes) e objetiva (quando disser respeito aos
interesses). Vale lembrar, porm, que as idias polticas do juiz no comprometem
a sua imparcialidade, que s pode ser exigida sob a gide do caso concreto;
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c) princpio do juiz natural: estabelece um trplice entendimento. Num
primeiro momento significa que a instituio dos juzos e tribunais devem ser
anteriores ao fato ensejador de sua atuao. Num segundo momento, que a
competncia dos rgos deve ser estabelecida por regra geral. E, por ltimo,
requer que a designao dos juzes seja feita com base em critrios gerais,
estabelecidos por lei ou procedimentos fixados em lei.
d) princpio da exclusividade da jurisdio pelo Judicirio: em sntese, o
princpio quer dizer que nenhum conflito pode ser excludo da apreciao do
judicirio. Art. 5, XXXV: a lei no excluir da apreciao do Poder Judicirio
leso ou ameaa a direito.
SAIBA MAIS:Art. 5, XXXV. A lei no excluir da apreciao do Poder Judicirio leso ou
ameaa a direito.
O princpio, porm, comporta temperamentos, uma vez que a prpria
Constituio estabelece a exceo do art. 52, incisos I e II, que dita regra de
competncia privativa ao Senado Federal, para processar e julgar o Presidente
e o Vice-Presidente da Repblica, nos crimes de responsabilidade, bem como
os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exrcito e daAeronutica, nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles e, ainda, os
Ministros do Supremo Tribunal Federal, o Procurador Geral da Repblica e o
Advogado Geral da Unio, nos crimes de responsabilidade. No mbito
infraconstitucional, ressalta-se, tambm, a ttulo de exceo do princpio da
exclusividade da jurisdio pelo judicirio, os conflitos dirimidos por rbitros
luz da Lei n 9.307/1996:
e) princpio da inrcia:o processo no pode principiar por iniciativa do juiz.Pode-se dizer que deriva do princpio da independncia (visa a resguardar a
imparcialidade do juiz) e do acesso justia;
f) princpio do acesso justia: a possibilidade garantida pela Constituio
Federal, no seu art. 5, XXXV, para que todos possam pleitear a proteo
jurisdicional do Estado;
g) princpio do devido processo legal: princpio expresso no art. 5, LIV, da
Constituio Federal que estabelece ningum ser privado da liberdade ou
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de seus bens sem o devido processo legal. Assim, cabe ao Judicirio
observar o processo estabelecido em lei, a fim de que este assegure o respeito
s garantias e direitos fundamentais aos que a ele se submetem;
h) princpio da igualdade: derivado do princpio do devido processo legal.
Expresso na Constituio Federal no art. 5 caput. Atualmente, temos que
enxergar o princpio da igualdade no s sob a tica da igualdade formal, mas
tambm do aspecto da igualdade substancial;
i) princpio do contraditrio: decorre da prpria estrutura dialtica do
processo. Pressupe que a verdade s pode ser evidenciada pelas teses
contrapostas das partes. Por este princpio, o rgo judicante no pode decidir
uma demanda, sem ouvir a parte contra qual ela foi proposta;j) princpio da ampla defesa: previsto no art. 5, inciso LV da Constituio
Federal. Por este princpio, entende-se que as partes podem produzir provas
de maneira ampla, quando observados os meios lcitos conhecidos e
permitidos pelo direito. A ampla defesa, em sentido amplo, significa a
observncia de dois ngulos: a defesa tcnica, que a defesa por advogado, e
a defesa no tcnica, que consiste no direito de presena;
l) princpio da liberdade da prova: expresso na Constituio Federal, no seuart. 5, LVI so inadmissveis, no processo, as provas obtidas por meio ilcito.
Assim, sero admitidos todos os meios de prova em direito, admitidas desde
que no sejam obtidas por meio ilcito;
m) princpio da publicidade: o princpio da publicidade destina-se: (a) s
partes; e (b) ao pblico em geral. Possui grande relevncia e tambm est
expresso na Constituio Federal no seu art. 93, IX;
n) princpio dos recursos: no Brasil, o recurso constitui-se garantia fundamentalinerente ampla defesa. A prpria estrutura dos rgos judicantes induz
aceitao do princpio dos recursos, facultando a parte sucumbente a possibilidade
de outro rgo jurisdicional reexaminar a deciso que lhe foi desfavorvel;
o) princpio da motivao: a motivao das decises encontra-se expressa no
art. 93, IX; portanto, o juiz, como intrprete e aplicador da lei, dever motivar
suas decises, sob pena de cometer ato contrrio ao direito;
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p) princpio da coisa julgada: visa a assegurar a efetividade das decises
judiciais. Expresso na Constituio Federal no art. 5, XXXVI: a lei no
prejudicar o direito adquirido, o ato jurdico perfeito e a coisa julgada;
q) princpio da justia gratuita: pode ser considerado como a manifestao do
princpio da igualdade material no processo. princpio expresso na Constituio
Federal no art. 5 LXXIV: o Estado prestar assistncia jurdica integral e gratuita
aos que comprovarem insuficincia de recursos., bem como no art. 134, tambm
da Constituio Federal: A Defensoria Pblica instituio essencial funo
jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a orientao jurdica e a defesa, em todos
os graus, dos necessitados na forma do art. 5, LXXIV.
Sntese da aula
Nesta aula, tivemos a oportunidade de estudar as fontes do direito, as
funes dos princpios gerais do direito e os princpios informativos do
processo, luz da Constituio federal, que do sustentabilidade Teoria
Geral do Processo. Estudamos, de forma especfica, os princpios da
independncia, da imparcialidade, do juiz natural, da exclusividade da
jurisdio pelo judicirio, da inrcia, do acesso justia, do devido processolegal, da igualdade, do contraditrio, da ampla defesa, da liberdade da prova,
da publicidade, dos recursos, da motivao, da coisa julgada e da justia
gratuita.
Atividades
1. Em relao aos princpios, correto afirmar que:
a) as funes dos princpios no Direito Processual so a funofundamentadora e a funo de fonte subsidiria;
b) a funo fundamentadora dos princpios atua nos casos de lacunas da lei;
c) a funo de fonte subsidiria consiste em que os princpios constituem a
raiz de onde deriva a validez intrnseca do contedo das normas
jurdicas;
d) so funes dos princpios no Direito Processual: a fundamentadora, a
orientadora da interpretao e a fonte subsidiria;
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e) pelo princpio da inrcia, o juiz pode iniciar o processo.
2. Das alternativas a seguir apresentadas, uma no representa o princpio da
imparcialidade do juiz. Marque-a.
a) O princpio determina a imparcialidade em relao s partes envolvidas
na demanda.
b) O princpio determina a imparcialidade em relao aos interesses
envolvidos na demanda.
c) O princpio representa a eqidistncia do juiz em relao s partes e aos
interesses envolvidos nos processos em que atua.
d) Exterioriza a imparcialidade que o juiz deve ter perante as partes eperante os interesses, ressalvados os casos em que as posies
polticas, morais e religiosas do magistrado estejam em choque com o
processo.
3. Em que consiste o princpio do devido processo legal?
4. correto afirmar que os princpios do Direito Processual servem para suprirlacunas normativas?
Comentrio das atividades
Se voc compreendeu os tpicos trabalhados nesta aula, verificou que,
para a questo 1, a resposta correta a descrita na letra (d), uma vez que so
trs as funes dos princpios no Direito Processual: a funo fundamentadora; a
funo orientadora da interpretao e a funo de ser fonte subsidiria do direito.Por estarem incompletas, as alternativas (a) e (b) esto erradas. A alternativa c
est errada, uma vez que os princpios, como fonte subsidiria do direito, tm por
finalidade auxiliar na interpretao das leis. Por fim, a letra d est errada, uma
vez que, pelo princpio da inrcia, a atuao do juiz deve ser provocada.
Em relao questo 2, voc estudou que o princpio da imparcialidade
se dirige ao juiz ao conduzir um processo. Neste sentido, ele no pode sofrer
influncias externas. Reconhecendo, assim, o princpio da imparcialidade, voc
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AULA 3 Jurisdio e competncia
Objetivos
Esperamos que, ao final desta aula, voc seja capaz de:
definir o que jurisdio e apontar suas caractersticas;
conhecer os princpios, os fins e as espcies da jurisdio.
Pr-requisitos
Para voc alcanar os objetivos propostos, interessante que leia a
respeito do assunto nas obras indicadas na bibliografia bsica, bem como asaulas 1 e 2 deste caderno de contedos e atividades, pois daro a voc
embasamento terico para a compreenso da presente aula.
Introduo
Para o Estado desempenhar sua funo jurdica, necessita de se ater
a duas ordens de atividades: a legislao e a jurisdio. A primeira ordem
estabelece as normas que regulam a vida em sociedade, ditando o que lcitoe o que ilcito, atribuindo direitos e obrigaes. J a segunda ordem se
caracteriza pela atuao do Estado, com o intuito de solucionar os conflitos de
interesses, declarando qual o preceito que se aplica ao caso concreto. Dada
a forma com que o Estado brasileiro organizado, especialmente em relao
ao Poder Judicirio, necessrio definir quem tem competncia legal para
aplicar a norma vigente ao caso concreto.
3.1 Definio de jurisdio
Juris + dictio= dizer o direito
Muitos autores, para definir o que jurisdio, levam em conta apenas
o significado literal da palavra, assim, para defini-la, apoiamos-nos em Coelho
(2004, p. 180). Pode-se considerar, num primeiro momento, que a funo do
Estado, concretizada pelo Poder Judicirio, de dizer o direito.
Boa parte da doutrina prefere conceituar a jurisdio da seguinte
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forma: funo do Estado, mediante a qual este se substitui aos titulares dos
interesses em conflito para, imparcialmente, buscar a pacificao do conflito
que os envolve com justia (GRINOVER e outros, 2001, p. 131).
3.2 Jurisdio enquanto poder
A jurisdio, enquanto manifestao do poder estatal, pode ser
conceituada, segundo Grinover e outros (2001, p. 131), como a capacidade de
decidir imperativamente e impor decises. Assim, a jurisdio gera um poder
de imprio, no qual as decises, quando no acolhidas espontaneamente, so
impostas, a fim de gerar eficcia atingindo sua finalidade.
3.3 Jurisdio enquanto funo
A jurisdio uma funo estatal, visto que, salvo em casos especiais,
no se permite a autotutela, como visto nas unidades anteriores. Ela
representa o poder de julgar, que decorre do imperiumpertencente ao Estado.
A jurisdio, como funo do Estado, representa, de acordo com
Coelho (2004, p. 181):
a) poder: manifestao do imperium(autoridade, domnio) do Estado, por meio
do qual impe e determina o cumprimento coativo (atravs da fora se
necessrio) de suas decises;
b) funo: atribuio prpria dos rgos jurisdicionais de prestarem a tutela
jurisdicional, para que ocorra a pacificao social;
c) atividade: complexo de atos praticados no processo pelos juzes e auxiliares
como representantes do Estado.
3.4 Caractersticas da jurisdio
Vrias so as caractersticas da jurisdio. Dentre elas, Coelho (2004,
p 181 e182) destaca as seguintes:
a) imparcialidade do juiz: o juiz, como agente ou representante do Estado,
age de forma imparcial no processo;
b) inrcia: como decorrncia da adoo do princpio da ao ou da demanda,
preciso acionar, movimentar o Poder Judicirio, pois seus rgos so inertes,
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de acordo com os brocardos jurdicos que ilustramos a seguir:
Nemo judex sine actore =no h juiz sem autor
Ne procedat judex ex officio =o juiz no deve proceder de ofcio
c) observncia do contraditrio: no exerccio da atividade jurisdicional do
Estado, est presente a possibilidade de contrariar, contradizer, contestar o
que foi alegado pela parte contrria. O contraditrio aqui se perfaz por dois
elementos: (i) informao e (ii) reao;
d) coisa julgada e irrevogabilidade dos atos jurisdicionais pelos outros
poderes: a coisa julgada definida em nosso direito como sendo a eficcia
que torna imutvel e indiscutvel a sentena, no mais sujeita a recurso;
e) atividade substitutiva: conforme Chiovenda citado por (Coelho, 2004, p.182), a jurisdio
[...] a funo do Estado que tem por escopo a atuao da vontadeconcreta da lei por meio da substituio, pela atividade dos rgospblicos, da atividade de particulares ou de outros rgos pblicos, jno afirmar a existncia da vontade da lei [processo de conhecimento],j no torn-la, praticamente efetiva, [processo de execuo].
f) atividade voltada para a soluo de uma lide:a existncia de uma lide ou
litgio corresponde ao conflito de interesses caracterizado por uma pretensoresistida, o fator que, para Carnelutti, identifica a jurisdio e serve para
diferenci-la das demais funes estatais;
g) carter pblico: essa caracterstica decorre do fato, de a jurisdio estar
relacionada ao Estado e ser voltada para a satisfao dos interesses pblicos;
h) instrumental: a jurisdio o instrumento para a realizao do direito
material. Sua existncia liga-se suposta existncia de uma relao jurdica
material, servindo para tornar efetivo os comandos normativos que regulam os
relacionamentos disciplinados pelo direito;
i) inafastabilidade ou indeclinabilidade: O art. 5, XXXV da CF dispe que a
lei no poder excluir da apreciao do Poder Judicirio leso ou ameaa de
direito. Assim, no h como afastar o controle jurisdicional e os juzes; por
outro lado, no podem declinar de suas atribuies, j que atuam em nome do
Estado e no para a satisfao de interesses pessoais;
j) presena do juiz natural: o juiz natural aquele que se liga ao litgio antes
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mesmo de sua ocorrncia. Sua competncia para solucionar determinados
tipos de conflitos previamente estabelecida em lei;
l) territorialidade: a atividade de dizer o direito adere a determinado territrio,
consoante a idias de soberania.
3.5 Fins da Jurisdio
Fredie Didier Junior (2003, p. 39) apresenta-nos os fins da jurisdio.
Segundo o autor, a jurisdio encontra-se arrimada em trs fins. So eles:
I - O escopo jurdico: atuao da vontade concreta da lei. Ajurisdio tem por fim primeiro, portanto, fazer com que se atinjam,em cada caso concreto, os objetivos das normas de direito objetivo
substancial. A aplicao ou a realizao do Direito objetivo no umaatividade privativa ou especfica da jurisdio. Os particulares,quando cumprem a lei, realizam o direito objetivo;II - O escopo social: Promover o bem-comum, com a pacificaocom justia, pela eliminao dos conflitos alm da conscincia dosdireitos prprios e respeito aos alheios. Como forma de expresso depoder do estado, deve-se canalizar fins do Estado. Perceba que,aqui, o fim jurisdio em si mesma, no das partes, pois ningumseria ingnuo de afirmar que algum entra com uma aocondenatria contra outrem por interesses altrustas;III - O escopo poltico: O Estado busca a afirmao de seu poder,alm da participao democrtica (ao popular, aes coletivas,presena de leigos nos juizados etc.) e a preservao do valor
liberdade, com a tutela das liberdades polticas por meio dosremdios constitucionais (tutela constitucional da liberdade).
Desta forma, a atuao da vontade concreta da lei, a promoo do
bem-comum, e a busca da afirmao do poder estatal, so os pilares do
instituto jurdico da jurisdio.
3.6 Princpios da Jurisdio
O instituto jurdico da jurisdio fundado em diversos princpios, taiscomo:
a) Princpio da investidura: o Estado atua por meio de seus rgos. E, assim
sendo, somente os agentes polticos investidos do poder estatal de aplicar o
direito ao caso concreto que podem exercer a jurisdio.
A investidura se d, em regra, por aprovao em concursos pblicos de ttulos
e conhecimento jurdico. Alm desta via, a investidura poder ocorrer, tambm,
pela nomeao direta, por ato do chefe do Poder Executivo, nos casos
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previstos em lei, de pessoas com prvia experincia e notvel saber jurdico,
por exemplo, o ingresso na magistratura pelo quinto constitucional, ou
nomeao dos ministros dos tribunais superiores.
b) Princpio da aderncia ao territrio: o exerccio da jurisdio, por fora do
princpio da territorialidade da lei processual, est atrelado a uma prvia delimitao
territorial. Grinover e outros (2001, p. 138) leciona que, por existirem muitos juzes
no mesmo pas, distribudos em comarcas, pode-se da inferir que cada juiz s
exerce sua autoridade nos limites do territrio sujeito por lei sua jurisdio;
c) Princpio da indelegabilidade: como a jurisdio investida aps
preenchimento de rigorosos critrios tcnicos, como nos concursos pblicos,
por exemplo, no podem os investidos na funo delegar o nus que a prpriaConstituio lhe atribuiu com exclusividade.
d) Princpio da inevitabilidade: a situao das partes (autor e ru) ser a de
sujeio quanto ao decidido pelo rgo jurisdicional, independentemente da
vontade das partes ser contrria deciso proferida pelo Estado-juiz.
e) Princpio do juiz natural: apregoa que todos tm direito de ser julgados por
um juzo independente e imparcial, previsto como rgo legalmente criado e
instalado anteriormente ao surgimento da lide. diametralmente oposto aosTribunais de Exceo. Ex.: Tribunal de Nuremberg, criado aps a Segunda
Guerra, para julgamento dos delitos praticados pelos nazistas.
3.7 Unidade da jurisdio
Rocha (2005, p. 92) afirma que
[...] quando falamos em espcies de jurisdio, temos em vista no
uma pluralidade de funes jurisdicionais, mas a diversidade dasmatrias sobre as quais se exerce a jurisdio, ou outrasparticularidades, que impem a repartio das atribuies jurisdicionaisentre diferentes rgos, o que, contudo, no informa a tese de suaunidade, vez que em todas essas situaes a jurisdio , sempre, amesma funo soberana do Estado de dizer ou executar coativamenteo direito no caso concreto, em ltima instncia, e de modo definitivo eirrevogvel.
Reforando a idia de unidade da jurisdio, resultado do fato de ser
esta uma atribuio fundamental do Estado exercida por ele em regime de
exclusividade significa, Rocha (2005, p. 91) afirma que s o Estado a exerce,
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atravs dos rgos por ele institudos, e que s esses rgos podem prestar o
servio pblico da justia, com aquelas caractersticas de criatividade,
definitividade e irrevogabilidade.
No nosso sistema jurdico, o princpio da unidade da jurisdio
encontra-se expresso no art. 5, incisos XXXV e XXXVII, e no art. 93 da
Constituio Federal. No ordenamento infraconstitucional, este princpio est
insculpido no art. 345 do Cdigo Penal.
3.8 Jurisdio comum e jurisdio especial
A jurisdio comum, como leciona Rocha (2005, p. 92), aquela que
tem carter geral; portanto, diz respeito generalidade dos interesses por
tutelar. Ensina, ainda, o autor que
jurisdio comum cabe conhecer de todas as controvrsias,excludas apenas aquelas que a lei reserva s jurisdies especiais.A jurisdio comum s est limitada no sentido negativo, poisconhecem todas as causas, menos as que so cometidas a outrasjurisdies.
A jurisdio especial, ao contrrio, aquela que s conhece as
matrias que a lei expressamente assim reconhece. De acordo com Rocha
(2005, p.92), s opera em relao a certos interesses, tendo em vista suanatureza, a qualidade de seus titulares, etc.
A prpria Constituio Federal dispe sobre as justias que exercem a
jurisdio especial e as justias que exercem a jurisdio comum. Entre as que
exercem jurisdio especial esto: a Justia Militar (arts. 122 a 124); a Justia
Eleitoral (arts. 118 a 121); a Justia do Trabalho (arts. 111 a 117); e a Justia
Militar Estadual (art. 125, 3.). No mbito da jurisdio comum, esto: a Justia
Federal (art. 106 a 110); e a Justia Estadual Ordinria (art. 125 e 126).
3.9 Jurisdio penal e jurisdio civil
Rocha (2005, p. 93) esclarece que a jurisdio penal
cuida dos conflitos disciplinados pelo Direito Penal comum eespecial. , pois, preposta atuao das normas penais, que secaracterizam por definirem os fatos punveis (crimes econtravenes) e lhes cominarem penas, que so as mais gravesdas sanes.
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A jurisdio civil, por seu turno, define-se, segundo Rocha (2005, p.
93), por excluso da jurisdio penal. Tudo quanto no cabe na jurisdio
penal, por excluso, jurisdio civil. Tem, pois, por objeto, todas as matrias
que a lei no confia jurisdio penal.
3.10 Jurisdio superior e inferior
Grinover e outros (2005, p. 155) mencionam que prprio da natureza
humana o inconformismo, perante as decises desfavorveis do judicirio. Na
maioria das vezes, a parte vencida quer nova oportunidade, para demonstrar
suas razes e reivindicar novamente os seus direitos.
A classificao da jurisdio em superior e inferior se d por conta da
posio verticalizada dos rgos judicirios na estrutura organizacional do
Poder Judicirio (ROCHA, 2005, p. 93).
Grinover e outros (2005, p. 155) resumem em breves linhas essa
estrutura organizacional do Poder Judicirio. Ensinam eles que
Chama-se jurisdio inferior quela exercida pelos juzes queordinariamente conhecem do processo desde o seu incio
(competncia originria): trata-se na Justia Estadual, dos juzes dedireito das comarcas distribudas por todo o Estado, inclusivecomarca da Capital. E chama-se jurisdio superior a exercida pelosrgos a que cabem os recursos contra as decises proferidas pelosjuzes inferiores. O rgo mximo, na organizao judiciriabrasileira, e que exerce a jurisdio em nvel superior ao de todos osoutros juzes e tribunais, o Supremo Tribunal Federal.
Essa diviso no possui conotao hierrquica, mas apenas
distribuio de trabalho, conforme a competncia de cada um desses rgos. E
se d por conta da observao do princpio do duplo grau de jurisdio.
3.11 Jurisdio voluntria e jurisdio contenciosa
Didier (2003, p. 50) conceitua a jurisdio voluntria como a
atividade jurisdicional que integra a vontade das partes; sem a participao do
Estado-juiz, tal interesse no poderia ser tutelado. Aqui, o rgo judicial atua
como fiscalizador da produo de vontade.
Assim a jurisdio voluntria se d, no dizer do autor, como uma
atividade integrativa e fiscalizadora, uma vez que h determinados atos
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jurdicos dos particulares que se revestem de tal importncia, que os mesmos
no poderiam se dar sem a participao do Estado-juiz.
Didier (2003, p. 50-52) fornece argumentos para os que entendem a
jurisdio voluntria como administrao pblica de interesses privados e para
os que entendem a jurisdio voluntria como atividade jurisdicional. A seguir,
apresentamos os argumentos presentes na defesa da jurisdio voluntria
como administrao pblica dos interesses privados.
JURISDIO VOLUNTRIA COMO ADMINISTRAO PBLICA DE INTERESSESPRIVADOSa) insuficincia de critrio orgnico:no por se tratar de atividades desenvolvidas pelo juizque poderiam ser consideradas jurisdicionais;b) no atuao do direito: no se visa atuao do direito ao caso concreto, mas sim constituio de situaes jurdicas novas;c) no haveria substitutividade: o magistrado se insere entre os participantes do negciojurdico, no os substituindo;d) no existncia de lide:no h lide e sim concurso de vontades;e) interessados: como no h conflito, no haveria partes e sim interessados;f) no haveria ao: pois esta consiste no poder de exercitar o judicirio;g) no h processo: no havendo ao, tambm no haveria processo e sim procedimento;h) no haveria produo de coisa julgada material: os atos em jurisdio voluntria s produzemcoisa julgada formal. O juiz nada declara com eficcia para fazer coisa julgada material.
Na defesa da jurisdio voluntria como atividade jurisdicional, pesam
os argumentos listados a seguir.JURISDIO VOLUNTRIA COMO ATIVIDADE JURISDICIONALa) redao legal: o art. 1 do CPC fala em jurisdio voluntria: Art. 1 do CPC: A jurisdiocivil, contenciosa e voluntria, exercida pelos juzes, em todo territrio nacional, conforme asdisposies que este Cdigo estabelece;b) outros escopos: a jurisdio possui outros escopos que no a simples atuao do direito(que no lhe caracterstica exclusiva);c) preventividade: a lide jamais poderia ser da essncia da jurisdio, pois, se assim o fosse,apenas as hipteses de tutelas repressivas teriam esta qualidade. A jurisdio voluntria possuicerta natureza preventiva;d) processo: a jurisdio voluntria se exerce por meio das formas processuais (petio inicial;sentena etc.), alm do que, no seria razovel defender-se a inexistncia de relao jurdica
entre os interessados e o juiz;e) coisa julgada: no se trata de critrio diferenciador do ato jurisdicional, pois h hipteses dejurisdio contenciosa que no fazem coisa julgada material;f) conceito processual de parte: no h parte em sentido substancial, porquanto no hajaconflito de interesse material. Mas parte aquele que postula, da ser inadmissvel no serparte nesta situao;g) substitutividade: o juiz intervm para assegurar a tutela de um interesse a que ele semantm estranho, como terceiro imparcial mantendo sua independncia.
A jurisdio contenciosa, na lio de Coelho (2004, p. 191), a
exercida em funo de um conflito, litgio, ou, nas palavras de FRANCESCO
CARNELUTTI, de um conflito de interesses qualificado por uma pretenso
resistida. A doutrina costuma traar um paralelo realando as diferenas entre
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a jurisdio voluntria e a jurisdio contenciosa, que transcrevemos a seguir:
JURISDIO CONTENCIOSA JURISDIO VOLUNTRIAAtividade jurisdicional Atividade administrativaComposio de litgios Administrao pblica do direito privado
Bilateralidade da causa Unilateralidade da causaQuestionam-se os direitos ou obrigaes deoutrem
No se questionam obrigaes ou direitos deoutrem
Envolve partes Envolve apenas interessadosH contraditrio ou possibilidade decontraditrio No h contraditrio
H jurisdio No h jurisdioH ao No h ao
H processo No h processo, mas apenas uma medidaadministrativaLegalidade estrita No h obrigatoriedade de legalidade estritaInter nolentes Inter volentesH coisa julgada No h coisa julgada
H revelia No h reveliaEm regra, no h provas determinadas deofcio Qualquer prova pode ser determinada de ofcio
Fonte: Maximilianus Cludio Amrico Fuhrer (2002, p. 48)
3.12 Jurisdio de direito ou de eqidade
Coelho (2004, p. 192) leciona que a jurisdio por eqidade encontra
arrimo no disposto no art. 127 do CPC, que ora transcrevemos: o juiz s
decidir por eqidade nos casos previstos em lei. Explica o autor que decidirpor eqidade significa decidir sem as limitaes impostas pela precisa
regulamentao legal; que, s vezes, o legislador renuncia a traar, desde
logo, na lei, a exata disciplina de determinados institutos, fato que deixa uma
grande margem para a individualizao da norma pelos rgos jurisdicionais.
Como exemplo, o prprio autor trabalha trs possibilidades: (i) a fixao de
alimentos art. 1.694 do CC; (ii) a deciso na arbitragem art. 11 da Lei n.
9.307/96; e a jurisdio voluntria art. 1.109 do CPC.
3.13 Da Competncia
Segundo Liebman citado porMenna (2005, p. 42), a competncia a
quantidade de jurisdio cujo exerccio atribudo a cada rgo ou grupo de
rgos. Assim podemos considerar a competncia como a repartio do poder
estatal entre os rgos e seus respectivos agentes.
Contudo, para se estabelecer a competncia de determinado juzo,
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para julgar determinada causa, alguns critrios devem ser observados. Assim
Grecco Filho (2002, p. 170), leciona que: A competncia, portanto, o poder
que tem um rgo jurisdicional de fazer atuar a jurisdio diante de um caso
concreto.
3.14 Critrios de determinao de competncia
Vrios critrios de determinao de competncia tero que ser
examinados, a fim de que esta possa ser determinada. Comecemos pela
Competncia Internacional.
a) Da competncia internacional
Grecco Filho (2002, p. 171) explica que, por ser necessrio a anlise
de mltiplas etapas, para se apontar a competncia de determinado rgo, a
primeira etapa a prpria definio da competncia internacional, segundo as
normas dos arts. 88 a 90 do CPC, pois, se a lide no guarda nenhum elemento
de conexo com o Brasil, nenhum rgo jurisdicional brasileiro ser
competente para julg-la.
Assim o art. 88 trata da competncia concorrente, ou seja, nos casos
em que a autoridade judiciria brasileira competente para julgar, sem prejuzoda competncia de outra jurisdio estrangeira.
O art. 89 do CPC, por seu turno, trata da competncia exclusiva. Nesta
hiptese, a autoridade judiciria brasileira se diz a nica competente para
conhecer dos conflitos, negando, assim, qualquer soluo que venha a ser
proferida em outro pas.
E, por ltimo, o art. 90 do CPC impede que haja litispendncia e
conexo quando se tratar da matria tratada no artigo antecedente, ou seja,impede a litispendncia e a conexo de demandas interpostas no Brasil e
perante tribunal estrangeiro.
b) Da competncia interna
Vista a primeira etapa, para saber se a autoridade brasileira
competente para julgar determinada demanda, passamos a tratar da
competncia interna, observando os critrios que devem ser adotados para
esta determinao.
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A primeira diviso que se deve observar quanto atribuio da
Justia Federal E Da Justia Estadual. A Justia Federal tem sua competncia
fixada em mbito constitucional (art. 109 da CF). Deste artigo podemos extrair,
de acordo com o que ensina Carlos Eduardo Ferraz de Mattos Barroso (2000,
p. 40-41), que dois critrios devem ser observados, o primeiro em relao
pessoa envolvida na demanda, e o segundo em relao a matria objeto de
anlise. Assim, a competncia da justia estadual se dar por excluso, ou
seja, ser a competncia residual, segundo a qual, esta ser competente para
julgar as causas que no sejam de competncia de qualquer outra justia -
federal, militar, do trabalho e eleitoral.
CRITRIOS OBSERVADOS QUANTO COMPETNCIA DA JUSTIA FEDERALEm relao pessoa Em relao matria Causas em que so partes a Unio,entidade autrquica ou empresa pblicafederal
Causas fundadas em tratado ou contrato daUnio com Estado estrangeiro ou organismointernacional
Causas entre Estado estrangeiro ouorganismo internacional e Municpio oupessoa domiciliada ou residente no Pas.
Demandas sobre direitos indgenas
Os mandados de segurana e os habeasdatacontra ato de autoridade federal.
Causas relativas nacionalidade e anaturalizao
- x- Execuo de sentenas estrangeirashomologadas pelo Supremo Tribunal Federal.
c) Competncia territorial ou de foro ratione loci
O critrio territorial determina o local que dever ser ajuizada a ao. Assim
a competncia territorial indicar a comarca onde a demanda dever ser proposta.
SAIBA MAIS:
Foro significa a delimitao territorial onde o juiz exerce a sua atividade.
Como regra, o foro comum para a propositura da ao ser sempre o
do domiclio do ru (CPC, art. 94), porm esta uma regra que comporta
temperamentos, uma vez que o prprio CPC prev esses temperamentos (arts.
95 a 101), quanto: natureza do direito versado nos autos; a qualidade
especial da parte; a situao da coisa e ao local de cumprimento da obrigao
ou da prtica do ato ilcito, como leciona Barroso (2000, p. 42).
A competncia fixada em razo do territrio relativa: ou seja, poder
ser derrogada por vontade das partes. A exceo quanto competncia
territorial relativa d-se por conta do art. 95 do CPC, que trata de aes
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fundadas em direito real sobre imveis, tornando, assim, a competncia
absoluta, significando que no poder ser modificada pela vontade das partes.
d) Competncia material ratione materiae
A competncia fixada em razo da matria ser sempre de carter absoluto.
Em razo do interesse pblico, no poder ser modificada. A forma como ser
distribuda ser determinada pelas normas de organizao judiciria de cada estado
da Federao, conforme leciona Grecco Filho (2002, p. 205).
Dessa forma, se a demanda versar sobre direito de famlia, dever ser
proposta perante a Vara de Famlia.
e) Competncia em razo da pessoa ratione personae
Tal qual a competncia em razo da matria, a competncia em razoda pessoa absoluta, no pode ser mudada pela conveno das partes. A
competncia em razo da pessoa decorre do fato de que determinadas
pessoas, em razo do interesse pblico que representam, serem julgadas por
juzes especializados.
f) Competncia fixada pelo valor da causa
O valor da causa tambm um dos critrios determinantes da
competncia. S que, de acordo com o art. 111 do CPC, tanto a competncia emrazo do territrio quanto a competncia fixada em razo do valor da causa so
consideradas como competncias relativas: ou seja, podem ser modificadas em
razo de conveno entre as partes. O exemplo mais ilustrativo da competncia
fixada pelo valor da causa o do Juizado Especial Civil da justia estadual, que
fixa em 40 salrios mnimos o teto mximo para as aes ali interpostas.
QUADRO COMPARATIVO DAS COMPETNCIASCompetncia absoluta Competncia relativa
Interesse pblico Interesse privadoNulidade absoluta Nulidade relativa (sanvel)Reconhecvel de ofcio Depende de argio da parteA qualquer tempo e grau de jurisdio Alegvel no prazo da resposta do ru, sob
pena de prorrogaoNo tem forma prescrita em lei Forma prescrita em lei (exceo)
3.15 Prorrogao de competncia
A prorrogao da competncia se d pelo fenmeno, pelo qual o juiz, a
princpio incompetente, torna-se competente para apreciar determinada
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demanda, por ausncia de oposio do ru via exceo.
3.16 Perpetuao da jurisdio
A perpetuao da jurisdio, de acordo com o art. 87 do CPC, ser
determinada no momento em que a ao proposta. So irrelevantes as
modificaes do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo
quando suprimirem o rgo judicirio ou alterarem a competncia em razo da
matria ou da hierarquia.
A perpetuao da jurisdio diferente da prorrogao de
competncia. Na primeira, ojuiz perde sua competncia original, por fora da
alterao das regras de fixao de natureza absoluta; enquanto na prorrogao
de competncia, o juiz adquire sua competncia no curso do processo por
ausncia de oferecimento de exceo declinatria de foro.
3.17 Conflito de competncia
De acordo com Menna (2005, p. 45/46), o conflito de competncia ocorre
quando dois ou mais juzes reclamarem ou rejeitarem a competncia de um
mesmo processo. O conflito de competncia poder ser positivo ou negativo.
SAIBA MAIS:
Conflito positivo: ocorre quando dois ou mais juzes reclamarem a competncia
de um mesmo processo.
Conflito negativo: ocorre quando dois ou mais juzes rejeitarem a competncia
de um mesmo processo.
O conflito de competncia poder ser suscitado pelas partes, pelo
Ministrio Pblico, ou, ainda, pelo prprio juiz que reclamar ou rejeitar a
competncia.
ANEXO I
Quadro sintico Fredie (Didier Jnior, Direito Processual Civil)
ABSOLUTA RELATIVARegra de competncia criada para atenderinteresse pblico
Regra de competncia criada para atenderinteresse particular
A incompetncia absoluta pode ser alegada aqualquer tempo, por qualquer das partes, podendo
ser reconhecida ex officio pelo magistrado. A
A incompetncia relativa somente pode serargida pelo ru, no prazo de resposta (15
dias), sob pena de precluso, no podendo o
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parte que deixar de alegar no primeiro momentoque lhe cabe falar nos autos arcar com as custasdo retardamento
magistrado reconhec-la de ofcio (STJ 33).
No h forma especial para argio deincompetncia absoluta.
H forma especfica de argio deincompetncia relativa: exceo instrumental.
Reconhecida a incompetncia absoluta,remetem-se os autos ao juiz competente ereputam-se nulos os atos decisrios jpraticados.A incompetncia absoluta no gera extino doprocesso.
Reconhecida a incompetncia relativa,remetem-se os autos ao juiz competente e nose anulam os decisrios j praticados. Aincompetncia relativa no gera extino doprocesso. Ver a questo dos JuizadosEspeciais.
A regra de competncia absoluta no pode seralterada pela vontade das partes
As partes podem modificar a regra decompetncia relativa, quer pelo Foro deeleio, quer pela no oposio da exceode incompetncia.
A regra de competncia absoluta no pode seralterada por conexo/ continncia
A regra de competncia relativa pode sermodificada por conexo/continncia
Competncia em razo da matria, da pessoa,funcional, alm dos limites do valor da causa eem algumas hipteses de competncia territorial
Competncia territorial (regra) e nas hiptesesem que se fica aqum do limite do valor dacausa.
Aps o estudo da presente aula, podemos concluir que, para o Estado
desempenhar sua funo jurdica, necessita de se ater a duas ordens de
atividades: a legislao e a jurisdio. A primeira caracterizada pelo
estabelecimento das normas que regulam a vida em sociedade, ditando o que
lcito e o que ilcito, atribuindo direitos e obrigaes. J a segunda ordem
caracterizada pela atuao do Estado, com o intuito de solucionar os conflitosde interesses, declarando qual o preceito que se aplica ao caso concreto.
Sntese da aula
Iniciamos esta aula com a definio de jurisdio, detalhando suas
caractersticas, os fins e os princpios a ela aplicveis. Num segundo momento,
estudamos que a jurisdio, embora sendo uma, comporta subdivises. Por
fim, foram tratados temas relativos competncia, com a finalidade de
estabelecer o exerccio da jurisdio.
Atividades
1. Concernente jurisdio incorreto afirmar:
a) A jurisdio funo do estado por no se permitir a autotutela,
salvo em casos especiais previstos em lei.
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b) A jurisdio representa o poder do Estado em impor o cumprimento de
suas decises.
c) A jurisdio, uma vez provocada, no sofre limites ao poder de impor
suas decises.
d) A jurisdio representa a responsabilidade do Estado em resguardar
a tutela dos direitos dos interessados.
2. Quanto s espcies de jurisdio, marque a alternativa correta:
a) So justias que exercem a jurisdio especial: a justia federal e a
justia estadual;
b) As justias militar, eleitoral, do trabalho e a militar estadual exercemjurisdio especial;
c) Instncia o grau administrativo das comarcas e da carreira dos
juzes estaduais e membros do ministrio pblico;
d) Entrncia significa o grau de jurisdio.
3. Trace um paralelo, realando 3 diferenas entre a jurisdio contenciosa e a
jurisdio voluntria.
4. correto afirmar que, na comarca em que existirem vrios juzes, a matria
invocada definir a competncia de um deles para julgar a demanda?
Comentrio das atividades
Nesta unidade, voc conheceu as funes da Jurisdio. Tambm verificou
que ela sofre limitaes pela competncia. Logo, assinalando a alternativa (c), vocacertou a questo 1, uma vez que a afirmativa incorreta. Veja que uma vez provocada,
a jurisdio sofre limites pela competncia, em razo da matria, do lugar e em funo
das pessoas. As demais alternativas esto corretas. A primeira porque do Estado a
funo de decidir as questes e no os particulares por meio da autotutela, como dito na
letra (a). A segunda (letra (b)), pois as decises da jurisdio comportam execuo
forada. A alternativa da letra (d) tambm est correta, pois do Estado a
responsabilidade de resguardar os direitos dos interessados e o faz atravs da jurisdio.
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Em relao questo 2, voc estudou as definies e divises da
jurisdio comum e da jurisdio especial. Logo, voc acertou se assinalou
a alternativa (b). As justias militar, eleitoral, do trabalho e a militar estadual
exercem jurisdio especial. Na alternativa (a), a justia estadual no exerce
jurisdio especial. Na alternativa (c), instncia representa grau de jurisdio e
no grau administrativo. A alternativa d est errada, pois entrncia representa
grau administrativo e no grau de jurisdio.
Na questo 3, ao conhecer as espcies de jurisdio, voc estudou vrias
diferenas entre a jurisdio contenciosa e jurisdio voluntria, se voc respondeu
que na jurisdio contenciosa a atividade jurisdicional, h o contraditrio, e h coisa
julgada, e, se respondeu que na jurisdio voluntria a atividade administrativa, noh contraditrio e no h coisa julgada, a resposta est correta.
Na questo 4, conhecendo a jurisdio, voc observou que todo o juiz
tem o poder de decidir, mas, nos locais em que existirem vrios juzes, a
matria invocada (cvel, crime, criana e adolescente), ir definir quem
competente para julgar a demanda. Se voc respondeu seguindo essa linha de
pensamento, voc acertou a resposta.
Ao realizar as atividades, voc alcanou os objetivos de definir o que jurisdio e apontar suas caractersticas e de conhecer os princpios, os fins e
as espcies da jurisdio.
Referncias
BRASIL. Constituio da Repblica Federativa do Brasil, de 5.10.1988.Braslia: DOU, 5 de outubro de 1988.CINTRA, A. C. A.; DINAMARCO, C. R.; GRINOVER, A. P. Teoria Geral do
Processo.21. ed. So Paulo: Malheiros, 2005.COELHO, F. A. Teoria Geral do Processo. So Paulo: Juarez de Oliveira, 2004.DIDIER JUNIOR, F. Direito Processual Civil. 3. ed. So Paulo: Salvador, 2003.GRECCO FILHO, V.Direito Processual Civil Brasileiro. 16. ed. So Paulo:Saraiva, 2000, v 1.ROCHA, J. de A. Teoria Geral do Processo. 8. ed. So Paulo: Atlas, 2005.
Na prxima aula
Estudaremos o Poder Judicirio, mencionando seus rgos e sua
principal funo.
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Estado Democrtico de Direito, adota a tripartio de poderes (Poder
Legislativo, Poder Executivo e Poder Judicirio).
Coelho (2004, p. 329) afirma que essa classificao a adotada por
Montesquieu, segundo o qual o poder do Estado exercido pelo legislativo,
pelo Executivo e pelo Judicirio, a fim de afastar o arbtrio que decorreria de
sua concentrao. Este o sistema de freios e contrapesos.
SAIBA MAIS:
Sistema de freios e contrapesos: posicionamento adotado pelos norte-
americanos para ressaltar a necessidade de harmonia e equilbrio entre os
Poderes.
De acordo com a forma esposada, o Judicirio tem como funoprecpua a soluo dos conflitos de interesses, alm de assegurar os direitos e
garantias individuais e coletivos, afirmados pela Constituio Federal. O que
no quer dizer que no possua outras funes, como veremos mais adiante.
4.2 O Poder judicirio e o princpio da inafastabilidade da jurisdio
A importncia do Poder Judicirio encontra-se expressa na disposio
do art. 5, XXXV, da Constituio Federal, podendo-se da extrair-se o princpioda inafastabilidade da apreciao judiciria, como um direito e garantia
individual. pelo Poder Judicirio que se afirmam os direitos fundamentais,
importando a soluo dos conflitos de interesses.
Sobre o princpio da inafastabilidade da jurisdio, Coelho (2004, p.
329) ensina que devemos nos atentar para dois aspectos.
a) A jurisdio monoplio do Estado. Ao fazer tal afirmativa, Coelho (2004,
p. 329) faz um esboo histrico sobre o perodo que a jurisdio no dependia
do Estado, vejamos.
Os senhores feudais tinham jurisdio dentro de seu feudo:encontravam-se jurisdies feudais [senhores feudais] e jurisdiesbaronais [bares]. Lembre-se que os donatrios das CapitaniasHereditrias no Brasil colonial dispunham da jurisdio civil e criminalnos territrios de seu domnio. No perodo monrquico brasileiro,tnhamos jurisdio eclesistica, especialmente em matria defamlia, a qual desapareceu com a separao entre Igreja e Estado.
Agora s existe jurisdio estatal, confiada a certos funcionrios,
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mesmo com a tripartio dos poderes, no corresponde tamanha rigidez de
funes, pois o Executivo e o Judicirio tambm legislam, o Legislativo e o
Judicirio tambm administram, e o Executivo e o Legislativo tambm julgam.
As outras funes que o judicirio exerce so: a legislativa, ao
elaborar os seus regimentos internos, ligadas ao poder de autogoverno e
funo administrativa, tambm ligada ao autogoverno.
Ressalta-se que essa autonomia e independncia no so absolutas, pois
h que se respeitar as regras de equilbrio, expressas na teoria dos freios e
contrapesos, checks and balances, pela qual alguma participao haver de ter de
um Poder no outro, por exemplo, a nomeao do Ministro do Supremo Tribunal
Federal da competncia do Chefe do Poder Executivo, exclusividade doPresidente da Repblica, como esclarece Dinamarco (2001, p. 359).
4.5 A independncia do Poder Judicirio e suas garantias
J falamos, anteriormente, que, por possuir como funo tpica a
atividade jurisdicional, ao Poder Judicirio devido a proteo dos direitos e
garantias fundamentais, dispostos em nossa Constituio, bem como a soluo
dos conflitos entre particulares.SAIBA MAIS:
Funo Tpica do Poder Judicirio: soluo dos conflitos de interesse.
Funo Atpica do Poder Judicirio: legislar sobre os seus regimentos internos.
Ocorre que, muitas vezes, a soluo desses conflitos envolve, alm dos
interesses entre particulares, os demais poderes, (os Poderes Executivo e
Legislativo). Assim, no fosse a independncia do Poder Judicirio, no haveria
para ns, jurisdicionados, nenhuma garantia contra o arbtrio do Estado.
Dessa forma, Coelho (2004, p. 331) leciona que, para garantir essa
independncia ao Poder Judicirio, a ordem constitucional prev duas ordens de
garantias: (i) as primeiras que visam a proteger o Poder Judicirio dos demais
poderes; e (ii) as segundas que visam a proteger os exercentes das funes
jurisdicionais.
4.6 As garantias do Poder Judicirio
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