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GOVERNANÇA CORPORATIVA NAS COOPERATIVAS DE CRÉDITO CORPORATE GOVERNANCE IN COOPERATIVES OF CREDIT Ana Cristina Alves de Paula 1 Sumário: 1. Introdução. 2. Cooperativismo. 2.1.1. Histórico da regulação do segmento no Brasil. 2.2. Classificação das cooperativas brasileiras. 2.2.1. Quanto à forma legal de constituição. 2.2.2. Quanto ao objeto social. 3. O conceito e a prática de Governança Corporativa. 3.1. Definição e delimitação. 3.2. Governança Corporativa no mundo. 3.3. Governança Corporativa no Brasil. 3.4. Singularidades da governança em cooperativas. 3.5. Condições para construção de diretrizes de governança nas cooperativas. 3.6. Contribuição da Governança Corporativa para as Cooperativas de Crédito. 4. Conclusão. 5. Referências. 6. Notas. Resumo: O presente trabalho visa desvendar os benefícios da implantação da boa Governança Corporativa nas cooperativas de crédito, tendo em vista a significativa evolução no segmento cooperativista e a necessidade da adoção de práticas que aumentem a transparência, o controle, o desenvolvimento, a eficácia e a participação dessas organizações no mercado financeiro, de forma sustentada. A ampliação da base de associados e das fontes de capacitação aumentam os problemas de agência e o risco de oportunismo, e a mitigação e o controle destes riscos só podem se dar com a eficácia dos instrumentos de controle interno e externo. Por parte dos sistemas cooperativos organizados, grandes são os esforços para melhorar os sistemas e procedimentos aplicados, embora haja ainda um longo caminho a ser percorrido. Palavras-Chave: cooperativismo. governança corporativa. cooperativas de crédito. Abstract: The present work aims to unravel the benefits of implanting of good Corporate Governance in credit unions, in view of the significant increase in the cooperative tracking and the need of adopting practices that increase transparency, control, development, effectiveness and participation of these organizations in the financial market on a sustained basis. The expansion of the membership base and sources of empowerment increase agency problems and the risk of opportunism, and the mitigation and control of these risks can only be given with the effectiveness of the instruments of internal and external control. By the part of organized cooperative systems, major are the efforts to improve systems and procedures applied, although there is still a long way to go. Keywords: cooperativism. corporate governance. cooperatives of credit.

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GOVERNANÇA CORPORATIVA NAS COOPERATIVAS DE CRÉDITO

CORPORATE GOVERNANCE IN COOPERATIVES OF CREDIT

Ana Cristina Alves de Paula1

Sumário: 1. Introdução. 2. Cooperativismo. 2.1.1. Histórico da regulação do segmento no Brasil. 2.2. Classificação

das cooperativas brasileiras. 2.2.1. Quanto à forma legal de constituição. 2.2.2. Quanto ao objeto social. 3. O

conceito e a prática de Governança Corporativa. 3.1. Definição e delimitação. 3.2. Governança Corporativa no

mundo. 3.3. Governança Corporativa no Brasil. 3.4. Singularidades da governança em cooperativas. 3.5. Condições

para construção de diretrizes de governança nas cooperativas. 3.6. Contribuição da Governança Corporativa para as

Cooperativas de Crédito. 4. Conclusão. 5. Referências. 6. Notas.

Resumo: O presente trabalho visa desvendar os benefícios da implantação da boa Governança Corporativa nas

cooperativas de crédito, tendo em vista a significativa evolução no segmento cooperativista e a necessidade da

adoção de práticas que aumentem a transparência, o controle, o desenvolvimento, a eficácia e a participação dessas

organizações no mercado financeiro, de forma sustentada. A ampliação da base de associados e das fontes de

capacitação aumentam os problemas de agência e o risco de oportunismo, e a mitigação e o controle destes riscos só

podem se dar com a eficácia dos instrumentos de controle interno e externo. Por parte dos sistemas cooperativos

organizados, grandes são os esforços para melhorar os sistemas e procedimentos aplicados, embora haja ainda um

longo caminho a ser percorrido.

Palavras-Chave: cooperativismo. governança corporativa. cooperativas de crédito.

Abstract: The present work aims to unravel the benefits of implanting of good Corporate Governance in credit

unions, in view of the significant increase in the cooperative tracking and the need of adopting practices that

increase transparency, control, development, effectiveness and participation of these organizations in the financial

market on a sustained basis. The expansion of the membership base and sources of empowerment increase agency

problems and the risk of opportunism, and the mitigation and control of these risks can only be given with the

effectiveness of the instruments of internal and external control. By the part of organized cooperative systems, major

are the efforts to improve systems and procedures applied, although there is still a long way to go.

Keywords: cooperativism. corporate governance. cooperatives of credit.

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1. Introdução

Nos últimos anos têm-se observado um conjunto de mudanças na estrutura das

organizações provocadas, sobretudo, pelas pressões da globalização, privatizações, fusões,

aquisições, incorporações, o que tem provocado até mesmo a descontinuidade de algumas. As

empresas globais, procurando manter-se em ascensão diante dos constantes desafios que lhe são

impostos pela economia mundial, necessitam elaborar fundamentos em seus métodos de gestão

para que o meio externo note confiabilidade nos rumos do mercado de atuação, reforçando

alçadas para enfrentar novos níveis de competição. As incertezas permeiam as empresas, levando

os seus gestores a encontrarem meios para reduzir o grau de risco dos negócios, elevando lucros

e principalmente remunerando os investidores que por livre decisão, resolveram apostar

aplicando seu capital. Esse mesmo cenário recai sobre empresas de atuação restrita ao mercado

interno. Verifica-se também um esforço de profissionalização da gestão de muitas organizações

que, anteriormente, tinham seu foco voltado quase que exclusivamente a seus produtos, dentre as

quais se podem mencionar as empresas familiares e cooperativas.

Diante disso, os associados necessitam ter informações dos negócios com clareza e

fidedignidade acerca dos resultados financeiros, não financeiros, bem como as estratégias que

serão seguidas, já que um ponto tido como chave na gestão das empresas consiste na

comunicação do meio interno com os agentes externos, o que fará com que estas empresas

passem a adotar práticas de governança corporativa em sua gestão, método recente em nível

mundial, mas que vem ganhando ao longo dos anos cada vez mais importância.

A presente pesquisa objetiva desvendar como a implantação da boa Governança

Corporativa contribuiria para gestão estratégica efetiva das administrações nas cooperativas de

crédito, tendo em vista a significativa evolução no seguimento cooperativista, e a necessidade da

adoção de práticas que aumentem a transparência, o controle, o desenvolvimento e a eficácia

dessas organizações. Por entender que as cooperativas mantêm presença marcante no cenário

econômico e social do Brasil, gerando riquezas sobre os bens produzidos, atuando nos mercados

local e global em concorrência com as demais modalidades societárias, observa-se que a adoção

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de boas práticas para a divulgação de seus atos de gestão representa um elevado grau de

responsabilidade e coerência perante os agentes externos.

2. Cooperativismo

Cooperativismo é “a associação voluntária de pessoas, visando atingir objetivos em

comum, que são propostos em sua constituição estatutária”. O principal objetivo consistiria no

desenvolvimento socioeconômico da comunidade, como indica citação de Daiane Costa

Stecanella Batista, em “A contribuição da governança corporativa para as cooperativas de

crédito: um estudo de caso”, transcrita abaixo:

O cooperativismo é um movimento, filosofia de vida e modelo socioeconômico capaz de unir desenvolvimento econômico e bem-estar social. Seus referenciais fundamentais são: participação democrática, solidariedade, independência e autonomia. É o sistema fundamentado na reunião de pessoas e não no capital. Visa às necessidades do grupo e não do lucro. Busca prosperidade conjunta e não individual. Estas diferenças fazem do cooperativismo a alternativa socioeconômica que leva ao sucesso com equilíbrio e justiça entre os participantes. Associado a valores universais, o cooperativismo se desenvolve independentemente de território, língua, credo ou nacionalidade (BATISTA, 2009).

As cooperativas investem na capacitação e qualificação de todos os associados e

colaboradores, para que estejam preparados para assunção de novos postos de trabalho perante a

sociedade ou para que incrementem seus conhecimentos sobre o ato cooperativo. O

cooperativismo revela várias dimensões (econômica, social, educacional, cultural e ética), dentre

as quais duas apresentam grande destaque e importância: seu perfil econômico, que foca o

mercado e a maximização de resultados como sinalizadores da alocação de fatores de produção,

enquanto que seu perfil social, por sua vez, visa a ética contratual, a fidelidade contratual, a

transparência e o desenvolvimento, com a correção dos desníveis sociais e a promoção de uma

convivência harmoniosa na sociedade, de forma a elevar a riqueza e o bem-estar da sociedade.

É verdade que, em muitos de seus variados ramos o cooperativismo exerceu em seus

primórdios ações de amparo e assistência para que determinadas categorias profissionais ou

econômicas superassem condições de extrema pobreza e indigência material. Essa vasta atuação

do cooperativismo na economia nacional resulta numa importante participação desse tipo de

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sociedade agindo de maneira a promover o desenvolvimento sustentável das comunidades em

que atuam (Disponível em: <http://dvl.ccn.ufsc.br/congresso/anais/2CCF/20080810181035.pdf>.

Acesso em: 27 nov. 2012).

A título de complementação, toma-se como base reflexão de Elvira Cruvinel Ferreira

Ventura (coordenação geral), na obra “Governança cooperativa: diretrizes e mecanismos para

fortalecimento da governança em cooperativas de crédito”,

Como a cooperativa de crédito contribui para fomento de economias locais, o envolvimento com a comunidade em que está inserida, ao prover acesso aos serviços financeiros para a população desassistida pelos meios tradicionais, é fundamental para seu sucesso e sua continuidade (VENTURA, 2009).

2.1.1. Histórico da regulação do segmento no Brasil

Dois anos após a fundação da primeira cooperativa de crédito das Américas, em Quebec,

no Canadá, foi constituída, em 28 de dezembro de 1902, a primeira cooperativa de crédito

brasileira, no município de nova Petrópolis (RS): a Caixa de Economia e Empréstimos,

posteriormente batizada de caixa Rural de Nova Metrópole, pelo padre jesuíta suíço Theodor

Amstad. Buscava ela atingir os pequenos produtores rurais e comunidades que ali moravam,

baseando-se no modelo de Friedrich Wilhelm Raiffeisen, que não se importava com a quantidade

de capital no ingresso do associado.

Mas só em 1903, com a edição do Decreto n.º 979, teve-se a primeira legislação sobre

cooperativismo. Um dos objetivos desse Decreto era a permissão aos sindicatos de agricultores a

organização de caixas rurais de crédito e cooperativas de consumo e produção.

No Brasil do início do século XX, houveram algumas tentativas de estabelecimento de

leis trabalhistas, como o projeto apresentado em 1905 pelo deputado baiano Joaquim Inácio

Tosta, que se converteu em lei pelo Decreto Legislativo n.º 1637, de 05/01/1907. Esse projeto

facultava a criação de sindicatos profissionais e sociedades cooperativas mediante registro e

independentemente de autorização governamental. Todavia, esse diploma legal equiparava as

sociedades cooperativas às sociedades anônimas, e as consideravam entidades de fins lucrativos,

cujas sobras poderiam ser distribuídas, em partes iguais ou proporcionalmente ao capital

subscrito pelos sócios. O Decreto n.º 22.239, editado em 19 de dezembro de 1932, adotou as

principais características elaboradas pela doutrina cooperativista, mas continuou admitindo a

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cooperativa com fins lucrativos e de natureza mercantil. Em 1938, o Decreto-lei n.º 581 cuidou

do registro e fiscalização da sociedade cooperativa (GIAROLA et al, 2007).

Por volta de 1930, surgiu outro tipo de cooperativa no Brasil, nomeada também como

“Bancos Populares Luzzati”, em consequência de ter sido importada a filosofia do italiano Luigi

Luzzati (que exigia de seus associados um pequeno capital para sua admissão, e adotava o

princípio do self-help, mas admitia a ajuda estatal até que estivesse suficientemente fortalecida)

por alguns membros da Igreja Católica. Ademais, após ter feito um curso no Canadá sobre

cooperativas de crédito, Maria Thereza Rosália, na época, professora e assistente social,

introduziu um terceiro modelo de cooperativismo no Brasil baseando-se na teoria de Alphonse

Desjardins, que se dedicou a criar sistema federado, com um órgão centralizador que oferecesse

a prestação de serviços de educação, assistência técnica, divulgação das cooperativas de crédito e

gerasse a estabilização econômica de tais cooperativas mediante a constituição de uma Caixa

Central, “pois naquela fase da vida brasileira o cooperativismo de crédito já não dispunha de uma

vida tranquila” (BATISTA, 2009).

Em meados dos anos 60, as cooperativas foram balizadas, conforme o Estado autoritário,

pressionado pelos banqueiros, prescrevia à época, proibindo a sua captação de recursos para

aplicações e limitando suas taxas de juros. Estas exigências acabaram por liquidar um grande

número de cooperativas, principalmente as cooperativas do tipo Luzzatti (aberta à população de

uma ou mais cidades), obrigando outras a se reestruturarem e limitarem sua atuação.

Nas décadas de 70 e 80, o cooperativismo era regulamentado pelo Conselho Nacional do

Cooperativismo – CNC, e fiscalizadas pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária

– INCRA, que tinha por atribuição a expedição de uma autorização de funcionamento para as

cooperativas. Assim, as cooperativas ainda estavam sob o controle e intervenção estatal.

Em 1988, as cooperativas readquiriram sua independência de organização (autonomia de

constituição e funcionamento sem a interferência estatal na gestão das cooperativas), ao permitir

a Constituição Federal que trabalhassem com mais liberdade em relação aos anos anteriores e

reconhecer o ato cooperativo (como um ato diferente do ato comercial). Entretanto, a citada

Constituição não foi aplicada às cooperativas de crédito, que até hoje continuam sob a tutela do

Banco Central, juntamente com o Conselho Monetário Nacional. Gradualmente, vão estes órgãos

emitindo resoluções concessoras de maiores aberturas de atuação às CREDis.

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Como consequência imediata, houve uma disseminação indiscriminada de conceitos

deturpados da gestão cooperativa, em concomitância com um crescimento acelerado na

constituição de cooperativas nas juntas comerciais dos estados, como resposta à crise econômica

da época.

2.2. Classificação das cooperativas brasileiras

Segundo a Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (OCESC),

Cooperativa é uma associação autônoma de pessoas que se unem, voluntariamente, para satisfazer aspirações e necessidades econômicas, sociais e culturais comuns, por meio de uma empresa de propriedade coletiva e democraticamente gerida por membros comprometidos e conscientes de seus direitos e deveres.

Fundamenta-se na economia solidária e se propõe a obter um desempenho econômico

eficiente. É uma empresa com dupla natureza, que contempla o lado econômico e o social de

seus associados. O cooperado é ao mesmo tempo dono e usuário da cooperativa: enquanto dono

ele vai administrar a empresa, quer obtendo para os cooperados os mais baixos custos nos bens e

serviços que necessitam, quer colocando, no mercado, a preços justos, os bens e serviços que

produzem, e enquanto usuário ele vai utilizar os serviços (Disponível em:

<http://www.sebrae.com.br>. Acesso em: 27 nov. 2012).

Segundo Diva Benedives Pinho e Valdecir Manoel Affonso Palhares, na obra “O

cooperativismo de crédito no Brasil”,

Sociedades cooperativas são sociedades de pessoas, com forma e natureza jurídica próprias, constituída para prestar serviços aos associados, cujo regime jurídico, atualmente, é instituído pela lei 5.764, de 16 de dezembro de 1971. São Sociedades simples, e, portanto não sujeitas a falência, por força do disposto no parágrafo único do artigo 982 do novo Código Civil, muito embora tenham por objeto o exercício de atividades próprias do empresário, ou seja, exercem atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens e serviços (PINHO et al, 2004).

Em 16 de Dezembro de 1971, foi sancionada a Lei 5.741/71 que é a principal legislação

escrita em vigor no nosso país, contemplando tudo o que está ligada à constituição desse tipo de

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sociedade, em 18 capítulos e 117 artigos. Além de disciplina jurídica própria, que varia conforme

o contexto nacional e regional, a sociedade cooperativa possui uma identidade internacional,

homologada pela Aliança Cooperativa Internacional (ACI).

2.2.1. Quanto à forma legal de constituição

Pela forma legal de constituição (lei 5.764/71), as sociedades cooperativas são

classificadas em:

● Cooperativas singulares: são as sociedades constituídas com no mínimo 20 pessoas,

destinadas à prestação de serviços diretamente aos associados, nas quais também são

permitidas a adesão de pessoas jurídicas com atividades econômicas correlatas às das

pessoas físicas e de outras sociedades sem fins lucrativos.

● Cooperativas centrais (ou federações de cooperativas): tem como sócios mais de três

cooperativas singulares, excepcionalmente com sócios individuais. Essas cooperativas

têm como finalidade organizar, em comum e em maior escala, os serviços econômicos e

assistenciais de interesse das associadas, integrando e orientando suas atividades, bem

como facilitando a utilização recíproca dos serviços (artigo. 8º, da lei nº 5.764/71).

● Confederação de cooperativas: são constituídas por mais de três federações de

cooperativas ou cooperativas centrais, de igual ou diferente modalidade, cujo objetivo,

conforme disposto na mesma lei citada acima, art. 9º, é o de “orientar e coordenar as

atividades das filiadas, nos casos em que o vulto dos empreendimentos transcender o

âmbito de capacidade ou conveniência de atuação das centrais e federações”.

2.2.2. Quanto ao objeto social

O cooperativismo brasileiro está classificado em várias sociedades cooperativas, sendo

que as principais sociedades são as de (BATISTA, 2009):

● Cooperativas de produtores: tem como associados pequenos produtores ou trabalhadores

da zona rural e urbana, com a finalidade de se unirem em prol de atingir maior poder

perante o mercado consumidor;

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● Cooperativas de consumo: tem como atividade primordial as operações de compra de

artigos de primeira necessidade para revendê-los aos cooperados. São também

conhecidas como cooperativas fechadas, à medida que a admissão dos associados é

restrita aos empregados ou pessoas ligadas à empresa ou ao grupo econômico que as

constituiu. O grupo de clientes, interessados nos serviços da empresa cooperativa, é

idêntico ao grupo dos donos.

● Cooperativas mistas: são cooperativas de diversas categorias.

● Cooperativas de crédito: as cooperativas de crédito são instituições de crédito, criadas sob

a forma de sociedades cooperativas de natureza civil, mantidas pelos próprios

cooperados, tendo como finalidade a prestação de serviços de natureza bancária aos

associados, como empréstimos, aplicações, depósitos, serviços de cobrança, custódia,

recebimento e pagamento de contas, financiamentos, capitalizações, criação de fundos de

investimento e consórcios, entre outras operações específicas e estabelecidas na

legislação em vigor, com condições mais favoráveis, contando com o suporte dos bancos

cooperativos. Elas são eficientes para o fortalecimento da economia local (aumentando a

geração de empregos), a democratização do crédito e a desconcentração de renda. Isso

resume a sua importância estratégica para todos os setores do governo. O funcionamento

de cooperativas de crédito depende de prévia autorização do Banco Central do Brasil,

tendo em vista revestirem-se da natureza de instituição financeira, concedida por prazo

indeterminado, na forma da lei nº. 5.764, art. 92, inciso I; da mesma forma, pode ele

cancelar o funcionamento das mesmas, por vários fatores relevantes. Os administradores,

diretores ou gerentes das cooperativas estão sujeitos à lei 7.492, regulamentadora dos

crimes contra o Sistema Financeiro Nacional.

3. O conceito e a prática de Governança Corporativa

3.1. Definição e delimitação

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Governança corporativa é, de acordo com o Instituto Brasileiro de Governança

Corporativa (IBGC), “um sistema pelo qual as sociedades anônimas são dirigidas e monitoradas,

envolvendo os acionistas e os cotistas, Conselho de Administração, Diretoria, Auditoria

Independente e Conselho Fiscal3”, visando otimizar o desempenho da empresa e facilitar o

acesso ao capital. Através da governança corporativa cria-se a “democracia societária”, sistema

de equilíbrio e separação de poderes, em oposição ao regime anterior de onipotência e poder

absoluto e discricionário do controlador ou grupo de controle (Disponível em:

<http://www.cvm.gov.br/port/public/publ/ie_ufrj_cvm/Felix%20_Arthur_C_Azevedo_Garcia.pd

f >. Acesso em: 07 set. 2012).

Ela surgiu em meados da década de 90, fruto de um movimento impulsionado por

acionistas estadunidenses em prol da consolidação de normas “que os protegessem dos abusos da

diretoria executiva das empresas, da inércia de conselhos de administração inoperantes e das

omissões das auditorias externas (Disponível em:

<http://www.ibgc.org.br/Secao.aspx?CodSecao=18>. Acesso em: 06 set. 2012)” e da superação

dos conflitos de agência entre acionistas minoritários e majoritários (se os interesses de ambos

divergissem, em decorrência da separação entre a propriedade e a gestão empresarial), para

socorrer a perda de confiança social que ocorreu com os escândalos contábeis, definir as regras

que regem o relacionamento dentro de uma companhia de acionistas controladores, acionistas

minoritários e acionistas administradores (alinhando interesses com a finalidade de preservar e

otimizar o valor da organização) e auxiliar na comunicação dos atos de gestão das organizações

com o meio externo, resultando em aumento do seu Valor de Mercado e maior atratividade.

Embora o termo tenha se firmado na disciplina empresarial, sua compreensão transcende

este universo, podendo ser utilizado para designar os requisitos necessários à gestão de uma

organização, seja ela pública, privada, ou comunitária, com ou sem finalidade lucrativa,

independente do seu porte ou da composição do capital (TOSINI et al, 2008).

A gestão de riscos ou obediência e cumprimento das leis do país (compliance), a equidade e o

senso de justiça para com os acionistas minoritários contra transgressões de majoritários e

gestores (fairness), a transparência (com dados acurados, registros contábeis fora de dúvida e

relatórios entregues nos prazos combinados – disclosure) e a responsabilidade pela prestação de

contas por parte dos que tomam as decisões de negócios (accountability), são atributos de grande

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valia às práticas da boa governança (Disponível em:

<http://dvl.ccn.ufsc.br/congresso/anais/2CCF/20080810181035.pdf>. Acesso em: 27 nov. 2012).

3.2. Governança Corporativa no mundo

O sistema de governança corporativa no mundo se divide principalmente em dois

modelos: o outsider system (grande pulverização do controle acionário das empresas) ou sistema

de governança anglo-saxão e o insider system (instituições financeiras no comando das

operações diárias e ativas na administração dos negócios) ou sistema de governança da Europa

Continental e Japão.

O modelo de shareholder define-se pela tipologia de propriedade das empresas e pela

forma preponderante de financiamento das corporações, cujo foco é o acionista, quanto a seus

interesses e direitos, e o papel dos executivos e investidores institucionais na monopolização do

poder e controle das empresas, através de ofertas que evidenciem a maximização de retorno para

os acionistas, que na maioria das vezes participam de forma dispersa. O foco principal é a

geração de riquezas para os associados, tendo como outras prioridades a redução de conflitos de

agência na apropriação dos valores gerados e a sua equânime distribuição entre os cooperados.

Boa governança empresarial significaria, portanto, a adoção de mecanismos que forçassem os

administradores das cooperativas a proteger os interesses dos associados (GIAROLA et al,

2007).

O outro modelo é o stakeholder, conhecido como “modelo dos grupos de interesse”, o

qual se define pela postura do mundo corporativo quanto ao seu envolvimento e ao seu

compromisso com objetivos de maior amplitude, não limitados aos de natureza econômico-

financeira. Trata-se de modelo que vai além do retorno do investimento e da geração de riqueza

para os acionistas, assumindo compromissos com outras partes interessadas no desenvolvimento

das empresas, como empregados, fornecedores, clientes e a comunidade, e nos impactos de suas

ações. Este segundo grupo diferencia-se pelo foco ampliado, envolvendo-se com múltiplos

interesses, e pela organização de blocos de controle industriais-financeiros para que os acionistas

exerçam, de fato, o poder nas companhias, tendo como dever a prestação de contas para a

obtenção de resultados.

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A literatura que se ocupa dos interesses dos shareholders considera-os os principais

carregadores de risco, concentrando neles a alocação dos direitos de propriedade. Já a abordagem

stakeholder reconhece as reivindicações de grupos que não são legalmente detentores de direitos

de propriedade da firma. Além disso, também admite que não é perfeitamente possível precificar

ex-ante os esforços não verificáveis dos agentes, que também carregam uma parcela do risco da

firma ao ter de confrontar situações inesperadas e tomar decisões cujos resultados (positivos ou

negativos) não estão previstos na distribuição contratual. Uma vez que não podem ser objeto de

contrato ex-ante, estes resultados devem ser apropriados em um processo de barganha ex-post. A

barganha ex-post de um período torna-se o arranjo ex-ante do próximo, definindo as expectativas

das partes, que por sua vez servirão de guia para as decisões dos agentes. A abordagem

stakeholder parece ser mais apta a incorporar o conceito de trust, ou confiança, do que a visão da

primazia dos shareholders, mais inclinada para o uso de mecanismos contratuais de governança.

O tamanho e a homogeneidade (de perfil e de ideias) dentro do quadro social das CCs podem

criar um ambiente propício para a presença de trust, na medida em que economiza em custos

relacionados com seleção adversa e risco moral (GIAROLA et al, 2007).

Analisando esses modelos de governança e considerando serem as cooperativas de

crédito organizações associativas compreendidas pelo setor financeiro, mas não pelo mercado

acionário – não se sujeitando, portanto, ao escrutínio dos investidores –, verifica-se que o melhor

sistema de governança a ser adotado por tais instituições é o stakeholder, ao combinar a

eficiência econômica à eficiência associativa de forma a não descaracterizar sua finalidade social

(NUNES et al, 2006).

3.3. Governança Corporativa no Brasil

No Brasil, o fenômeno de inclusão das boas práticas de Governança Corporativa foi

impulsionado pelo cenário de globalização, privatização e desregulamentação da economia, a

partir da década de 1990, em resposta à necessidade das empresas de modernizarem sua gestão e

de se adaptarem às exigências e padrões internacionais para que se tornassem mais atraentes para

o mercado, fomentando a competitividade no ambiente corporativo (TOSINI et al, 2008), após o

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esgotamento do modelo de financiamento oficial, incentivos fiscais e subsídios para as empresas

e os investidores.

A captação de recursos pelas empresas via mercado de capitais passou a depender da

decisão voluntária dos investidores. Foi no âmbito das empresas privatizadas que se pôde

verificar pela primeira vez o compartilhamento do controle acionário entre vários grupos

nacionais e internacionais via contratual: investidores estrangeiros começaram a participar do

capital das empresas brasileiras inicialmente através de investimentos realizados dentro do país

e, depois, mediante aquisição de ADR’s representativos de ações de companhias nacionais nas

bolsas americanas (Disponível em: <http://www.ibgc.org.br/Secao.aspx?CodSecao=20>. Acesso

em: 06 set. 2012). As companhias brasileiras foram obrigadas a seguir as regras impostas pela

SEC – Securities and Exchange Commission – relacionadas a princípios de governança

corporativa.

Tal exemplo ilustra o crescente contato que as empresas brasileiras estabeleceram com

acionistas acostumados a investir em mercados com práticas de governança corporativa mais

avançadas que as aplicadas no mercado brasileiro. E foi com o objetivo de estimular novos

investidores a aplicarem seus recursos voluntariamente no mercado que se procurou aperfeiçoar

as regras de governança além das obrigações que as companhias têm perante a Lei das

Sociedades por Ações (Lei das S.A.), proporcionando mais direitos e garantias aos investidores

(Disponível em:

<http://www.cvm.gov.br/port/public/publ/ie_ufrj_cvm/Felix%20_Arthur_C_Azevedo_Garcia.pd

f>. Acesso em: 06 set. 2012) e a redução das assimetrias de informações entre acionistas

controladores, gestores da companhia e os participantes do mercado.

Oligopólios, empresas exclusivamente de controle e gestão familiar com alta concentração do capital, acionistas minoritários passivos e conselhos de administração figurativos passaram a dar lugar a investidores institucionais mais ativos, maior dispersão do controle acionário, maior foco na eficiência econômica e transparência da gestão (Disponível em: <http://www.cvm.gov.br/port/public/publ/ie_ufrj_cvm/Felix%20_Arthur_C_Azevedo_Garcia.pdf>. Acesso em: 06 set. 2012).

Como resultado da necessidade de adoção de boas práticas de Governança Corporativa, o

governo investiu e incentivou projetos que direcionassem executivos e acionistas no melhor

desenvolvimento das práticas realizadas nas empresas. Foram publicados o Código sobre

Governança Corporativa, formulado pelo IBGC, e a cartilha sobre o tema da Governança pela

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Comissão de Valores Mobiliários (CVM), representando um grande passo no aprimoramento nas

relações corporativas no país; o primeiro, compartilhando informações sobre o Conselho de

Administração e sobre os princípios da boa Governança no Brasil, estabelecendo ser este a

principal referência nacional em governança corporativa; a segunda, ilustrando o relacionamento

entre administradores, conselheiros, acionistas controladores, acionistas minoritários e auditores

independentes.

Outrossim, o IBGC ainda desenvolveu uma política de premiações no âmbito

empresarial, acadêmico e midiático das melhores práticas de Governança (Disponível em:

<http://www.ibgc.org.br/Secao.aspx?CodSecao=20>. Acesso em: 06 set. 2012), e foram

implementadas algumas iniciativas institucionais e governamentais com o objetivo de assegurar

a melhorias das práticas de governança corporativa das empresas brasileiras, dentre as quais

destacam-se a aprovação da Lei nº 10.303/01, a criação do Novo Mercado e dos Níveis 1 e 2 de

governança corporativa pela Bolsa de Valores de São Paulo – Bovespa e as novas regras de

definição dos limites de aplicação dos recursos dos Fundos de Pensão.

O enquadramento de cada companhia depende da adesão aos principais requisitos

considerados pela Bovespa como fundamentais. De forma geral, as regras criadas pela Bovespa

têm como objetivo ampliar os direitos dos acionistas, melhorar a qualidade das informações

divulgadas pelas empresas e oferecer ao investidor uma maior segurança jurídica com relação

aos compromissos firmados.

O Código Civil que entrou em vigor em 10 de janeiro de 2002 agregou sua contribuição

no fortalecimento da obrigação do fornecimento da melhor e mais transparente informação das

empresas por meio de seus relatórios contábeis, consagrando a proteção do cidadão nas relações

empresariais, de modo geral. Contempla em seu art. 422 o princípio da eticidade como diretriz e

boa-fé nas informações, em sua dupla feição: a subjetiva (designativa de uma crença na

aparência de licitude, ou da convicção de não se estar a lesar direito alheio) e a objetiva (como

regra de conduta).

3.4. Singularidades da governança em cooperativas de crédito

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Na economia mundial existem muitas sociedades cooperativas, cuja forma de sociedade

não trata o capital como essência do negócio, e sim, o utiliza para remunerar os associados que

dela participam, repartindo as sobras de maneira proporcional às operações de cada um. Trata-se

de uma associação de pessoas que por livre adesão constituem a sociedade de cooperação, com o

objetivo de facilitar a comercialização da produção de seus cooperados associados.

Ao contrário de empresas privadas, as cooperativas são administradas por seus associados

que independentemente do valor de seu capital, possuem um voto, ou seja, direitos iguais, em

deliberações de Assembleias. Elas possuem como princípios fundamentais a gestão democrática,

a participação econômica dos membros, a autonomia e a independência.

A cooperativa de crédito é um sistema financeiro que tem como objetivo levantar

recursos por meio da cooperação, para a concessão de empréstimos a juros menores que os

cobrados no mercado financeiro convencional, além de amplo prazo para pagamento e

disponibilização de maiores benefícios, aos associados. É a opção mais adequada para as

necessidades financeiras de vários segmentos da sociedade brasileira, em virtude de ser o crédito

no Brasil, fornecido principalmente por instituições bancárias, cada vez mais restrito e

burocrático. Segundo consta nos registros do Banco Central do Brasil as cooperativas de crédito

brasileiras contam com mais de três milhões de associados e se constituem num segmento que

apresenta trajetória de expansão e constante mudança em relação ao perfil das cooperativas.

Todavia, todo processo evolutivo exige contrapartidas – foi necessária a implantação de

um sistema de Governança Corporativa para que as cooperativas de crédito alcançassem o

patamar de desempenho exigido pelo mercado (equilíbrio entre os interesses envolvidos e

delimitação dos poderes entre as partes, capacitação dos dirigentes e colaboradores e adoção de

práticas que aumentem a transparência e controle), em razão de serem a veracidade das

informações e os padrões de eficiência e eficácia fundamentais para a garantia da sobrevivência

organizacional.

As cooperativas apresentam também questões específicas associadas à sua governança,

que devem ser adequadamente tratadas. A definição de boas práticas de governança em

cooperativas de crédito deve envolver mecanismos que venham a fortalecer suas estruturas e

processos, de forma sistematicamente articulada. Podem ser destacados como pontos relevantes a

serem considerados para a aplicabilidade da governança corporativa em cooperativas de crédito a

ausência de separação entre os órgãos de decisão estratégica e o de execução, demonstrativa da

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debilidade da administração, o poder dos executivos, que possuem maior acesso às informações

e mais conhecimentos das práticas e das operações da cooperativa, a participação limitada dos

associados no acompanhamento da gestão e na manifestação de seus interesses nas Assembleias

e sua fragilidade.

Estes conflitos, ou a potencialidade de sua ocorrência, decorrem da dificuldade de

alinhamento do interesse destes diversos agentes ou do fato de se ignorar a possibilidade de que

atores organizacionais, mesmo pertencendo a uma mesma instituição possam ter interesses

distintos, os quais, se não devidamente administrados, podem comprometer a efetividade do

empreendimento como um todo. Em resumo, as cooperativas veem-se hoje envoltas em questões

que já há algum tempo preocupam as sociedades anônimas. A partir da constatação destes fatos,

iniciou-se um movimento entre a maioria das cooperativas, que passaram a se obrigar às práticas

de governança corporativa com o intuito de prevenir e minimizar o máximo de problemas que

possam denegrir a imagem das cooperativas.

3.5. Condições para construção de diretrizes de governança nas cooperativas

As cooperativas de crédito (CC) estão sujeitas a forte regulação e supervisão externas,

Que vão desde a regulamentação e padronização contábil, que facilita a fiscalização, até a

qualificação de seus executivos e funcionários, seja pela via legislativa, seja pela ação de

instituições, como qualquer organização que opera no Sistema Financeiro Nacional.

Internamente, as CC contemplam uma estrutura hierárquica composta da Assembleia Geral, do

Conselho de Administração, do Conselho Fiscal, e da administração contratada.

O Banco Central do Brasil, no intuito de identificar e direcionar a gestão cooperativa,

lançou o Projeto Governança Cooperativa que tem como um dos objetivos disseminar as

diretrizes para boas práticas de governança em cooperativas de crédito no Brasil, justificado pela

crescente e significativa expansão desse segmento, baseado no pressuposto de que a solidez e a

eficiência do sistema financeiro passam por uma boa governança (BATISTA, 2009).

As diretrizes são normas de conduta que tem como finalidade identificar e minimizar os

pontos que podem fragilizar e comprometer o alcance da boa governança corporativa nas

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cooperativas de crédito, garantindo a obediência aos princípios e valores cooperativistas e os

princípios de boa governança e as condições necessárias à sua sobrevivência no mercado e

criando um contraste com as organizações de outra natureza. Criadas pelo Banco Central, estão

divididas em quatro seções, que dispõem sobre a representatividade e participação; a Direção

Estratégica; a Gestão Executiva; e a fiscalização de controle. O desempenho das pessoas que

ocupam esses cargos é de suma importância para o cumprimento do objeto social.

1.1. Participação e Representatividade

Requer-se a adoção de práticas específicas de governança corporativa, em especial no

que se refere à participação e a representatividade dos grupos componentes, no quadro social da

cooperativa de crédito. Podem exercer os associados a sua representatividade e participação nas

deliberações da Assembleia Geral, que ocorre uma vez ao ano. Entretanto, para que tal

possibilidade seja assegurada de forma efetiva, é essencial que o edital de convocação contenha a

descrição detalhada das matérias a serem discutidas e a data e hora da Assembleia, que não dever

obstaculizar o acesso dos acionistas.

Segundo Elvira Cruvinel Ferreira Ventura (coordenação geral), em “Governança

cooperativa: diretrizes e mecanismos para fortalecimento da governança em cooperativas de

crédito”,

A participação dos associados nas assembleias pode ser avaliada tanto quantitativamente, ou seja, pelo número de associados, quanto qualitativamente, pela sua contribuição ao debate, às deliberações e à tomada de decisões. [...] A representatividade dos associados refere-se a presença e a manifestação dos diversos conjuntos ou grupos legítimos de interesses quanto aos objetivos a ás políticas praticadas da cooperativa (VENTURA, 2009).

É de extrema relevância que todos os associados conheçam e adiram às regras do

processo eleitoral, para garantir a transparência e oportunidade de participação de todos. Outro

fator importante, agregador na representatividade e participação, é a educação cooperativista

como base para o autodesenvolvimento e continuidade da cooperativa, ao proporcionar aos

associados qualificação para tarefas de controle, fiscalização e administração da cooperativa,

tendo em vista a prioridade de seus interesses e a necessidade recorrente de lideranças.

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1.2. Direção Estratégica

As cooperativas de crédito serão administradas por Diretoria ou por Conselho de

Administração. Compete ao último, eleito pelos associados em Assembleia Geral Ordinária, a

promoção das políticas e diretrizes gerais da empresa, a responsabilidade pela eleição e

destituição do executivo principal, a avaliação dos planos e projetos propostos pela Diretoria

Executiva e a aferição dos resultados obtidos, a seleção dos integrantes da Auditoria

Independente e a ratificação dos membros da Diretoria Executiva. Outorgasse-lhe, ainda, a

obrigatoriedade de acompanhar e deliberar sobre implementação da estratégia organizacional

pertinente aos negócios, bem como aprovar as demonstrações financeiras findas a cada exercício

social e proteger o patrimônio da sociedade, de forma independente de quem os indicou ou

elegeu, mas sem perder de vista todas as demais partes interessadas, o objeto social e a

sustentabilidade da sociedade no longo prazo, conforme a lei cooperativista, em seu art. 47, a fim

de agregar valor ao empreendimento. A capacidade de monitoramento dos conselheiros da

gestão de uma CC depende de suas habilidades e conhecimentos para lidar com a complexidade

da cooperativa que eles devem monitorar. Os constantes desafios do mercado tornam a função do

Conselho chave para a manutenção e crescimento das cooperativas. É fundamental que hajam

reuniões exclusivas entre os membros do órgão de administração estratégica sem a participação

dos administradores executivos.

1.3. Gestão Executiva

Os profissionais que ocupam cargos de gestão executiva são responsáveis pela execução

do negócio, levando ao alcance das metas das cooperativas. Para que se possa ter uma gestão

executiva eficaz, as funções dos membros desta gestão devem se limitar à informação e à

prestação de esclarecimentos, não cabendo a eles a coordenação dos trabalhos, nem a condução e

a participação de processos decisórios da competência do órgão de administração estratégica.

Não devem eles exercer suas atividades de forma secundária, mas sim se empenhar ao máximo

para tornarem o controle de áreas específicas da organização (em especial daquelas diretamente

relacionadas com os objetivos estabelecidos pelo órgão de administração) cada vez mais

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eficiente, de forma que evitem ações que possam colocar as cooperativas em situação de risco

(VENTURA, 2009).

A capacitação técnica que os torne qualificados para o exercício do cargo de

administrador é pressuposto ao exercício da função executiva, cuja principal responsabilidade é a

de assunção da responsabilidade pelas demonstrações patrimoniais e pelos resultados da

cooperativa.

1.4. Fiscalização e Controle

Os instrumentos internos de controle reduzem a possibilidade de ações indevidas,

entendidas tanto como àquelas associadas a dolo, imperícia ou imprudência, quanto às ações bem

intencionadas, mas que não foram plenamente aderidas pelos cooperados, principais interessados

nos resultados da cooperativa. Estes instrumentos visam à supervisão do conjunto de contratos e

acordos da cooperativa, reforçando, principalmente, o monitoramento do conselho de

administração sobre a gestão executiva e destes sobre o restante da organização. Os instrumentos

de controle interno podem ser constituídos também pelos agentes da cooperativa, destacando-se

entre eles os Associados (pelo exercício ativo e bem informado dos seus direitos e deveres), as

Auditorias (exercitando a profissão com qualidade e independência, adotando os padrões legais

de auditoria e comunicando os resultados materialmente relevantes por meio de relatórios

objetivos e inteligíveis), o Conselho Fiscal (por meio do exercício de uma fiscalização efetiva e

independente) e as Organizações Sistêmicas, de modo a obter mais segurança e fortalecer o

sistema cooperativista de crédito no Brasil. Sua eficácia resulta “de um processo de arbitragem

entre custos e perdas provocados pelo comportamento oportunista dos agentes envolvidos com a

cooperativa e os custos de controle desses comportamentos” (BATISTA, 2009).

1.4.1. Associados

O associado, como dono e usuário da cooperativa, goza de direitos e obrigações, sendo

uma delas a fiscalização e a verificação do controle das organizações. É preocupante a falta de

acompanhamento por parte dos associados que, na maioria das vezes, assumem riscos e

responsabilidades que extrapolam as de simples usuários de serviços financeiros, devido à

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confiança do cooperado na administração da cooperativa e à falta de conhecimento a respeito da

sua responsabilidade perante a cooperativa, evidenciando o chamado “efeito carona”, pelo qual o

associado pondera a importância da sua participação frente aos benefícios que pode obter pela

melhoria advinda dessa supervisão. Ao não participar, torna-se menos consciente de seu papel e

desconsidera a importância da sua participação, gerando um ciclo que enfraquece o controle

interno pelos associados (TOSINI et al, 2008).

Em decorrência da previsão expressa no art. 1.095 do Código Civil de 2002 e nos arts. 89

e 80 da Lei 5.764/1971, o sócio de uma cooperativa passa a responder não somente pela parcela

de sua contribuição ao capital social, correspondente às quotas por ele integralizadas, mas

também pelos prejuízos porventura verificados, na proporção das operações que tiver realizado.

Diante da responsabilidade que a legislação brasileira imputa aos associados, propõe-se

que a administração das cooperativas crie meios para que eles exerçam efetivamente seu direito e

dever (legal e estatutário) de fiscalizar e controlar os negócios da cooperativa, uma vez que a

responsabilidade legal dos sócios pode ser limitada ou ilimitada, especialmente em casos de

perda e/ou prejuízo (TOSINI et al, 2008).

1.4.2. Auditorias

As auditorias são ferramentas de grande importância para a fiscalização e controle de

cooperativas e outras empresas. Uma das contribuições do trabalho de auditoria é reduzir a

assimetria de informação, ao confrontar a veracidade dos dados informados nos relatórios

gerenciais e econômico-financeiros enviados ao Conselho Fiscal e Conselho de Administração.

Outra contribuição da auditoria é na mitigação do risco operacional, também conhecido como

risco de processo.

1.4.2.1. Auditoria Interna

Conforme citação de Daiane Costa Stecanella Batista, na obra “A contribuição da

governança corporativa para as cooperativas de crédito: um estudo de caso”,

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A administração da empresa, com a extensão dos negócios, sentiu necessidade de dar maior ênfase as normas ou procedimentos internos, devido ao fato de que o administrador, ou em alguns casos o proprietário da empresa, não poderia supervisionar pessoalmente todas as suas atividades (BATISTA, 2009).

O auditor interno surgiu como opção empresarial pela contratação de um profissional da

própria empresa, de modo a minimizar a ocorrência de possíveis erros, inibir fraudes e agilizar o

processo de acompanhamento e verificação dos procedimentos internos, que não deve se

subordinar àqueles cujo trabalho se examina. É ramo da auditoria externa e da contabilidade que

assessora os membros da Administração no desempenho de suas atividades, fornecendo-lhes

análises de dados, recomendações e sugestões pertinentes, serviço este prestado de maneira

independente dos agentes que ela deve controlar. Contudo, a Auditoria Interna deve prestar

contas ao Presidente Administrativo e ao Conselho Fiscal.

1.4.2.2. Auditoria Externa

Embora a responsabilidade principal pelo bom funcionamento dos instrumentos de

controle e fiscalização seja do Conselho de Administração e da gestão executiva, estes órgãos

podem falhar se interesses oportunistas dos conselheiros estiverem alinhados com os dos

gestores. Constata-se a necessidade de também se promover a realização de controles externos à

organização, que atuem limitando os comportamentos oportunistas dos dirigentes (TOSINI et al,

2008) em benefício dos interesses dos demais associados.

A auditoria externa é executada por um Auditor Independente, sem vínculo algum com o

quadro de funcionários da entidade auditada, ao qual cabe a verificação da correspondência entre

as demonstrações financeiras e a realidade da cooperativa, de forma mais rápida e prática,

prestando inestimáveis serviços ao acionista, aos banqueiros, aos órgãos públicos

governamentais e ao público em geral. Por concederem maior credibilidade ao negócio, são

frequentemente solicitados.

São profissionais sujeitos às normas e à supervisão da Comissão de Valores Mobiliários e

respondem judicialmente por seus pareceres e relatórios, tanto na esfera civil quanto na criminal.

Isso tende a tornar o trabalho da auditoria externa um instrumento eficaz de fiscalização e

controle dos registros contábeis.

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Sua intervenção é ajustada em contrato de serviços com prazo pré-estabelecido. Estes

profissionais devem usufruir de independência absoluta, jamais podendo aceitar posições da

empresa quanto ao procedimento que deverá adotar para a realização da auditoria, nem quanto às

conclusões a que deve chegar e oferecer ao final sobre a matéria examinada (TOSINI et al,

2008).

1.4.2.3. Relatório de Auditoria

O relatório é a compilação dos trabalhos realizados pela auditoria, como fonte de

informação sobre o estado patrimonial da cooperativa; por meio dele, são emitidos opiniões e

pareceres sobre o trabalho que se realizou, o seu alcance e a forma de divulgação dos resultados,

os fatos observados julgados mais pertinentes e a conclusão a que se chegou, de forma clara,

completa, objetiva, independente e imparcial.

1.4.3. Conselho Fiscal

A Lei Cooperativa, 5.764/71, determina em seu art. 56 que “a administração da sociedade

será fiscalizada, assídua e minuciosamente, por um Conselho Fiscal, constituído de 3 (três)

membros efetivos e 3 (três) suplentes, todos associados eleitos anualmente pela Assembleia

Geral, sendo permitida apenas a reeleição de 1/3 (um terço) dos seus componentes”.

O Conselho Fiscal se destaca nas cooperativas de crédito como um dos mais importantes

instrumentos de fiscalização e controle, cuja eficácia depende de sua independência e

imparcialidade para colher informações relevantes à realização dos seus trabalhos, devendo estar

subordinado somente à Assembleia Geral. Aconselha-se que os membros do Conselho Fiscal não

promovam negócios com a cooperativa além daqueles realizados na condição de associados, nem

sejam empregados de entidade e/ou empresa fornecedora da sociedade, e que também não sejam

cônjuges ou parentes até segundo grau de membros da diretoria executiva ou de gerentes da

cooperativa (BATISTA, 2009).

A capacidade de fiscalização do conselheiro fiscal deve ser a mais ampla possível,

encontrando-se regulada apenas pela lei, pelo estatuto da cooperativa e pelo regimento interno do

Conselho. O artigo 1.070 do Novo Código Civil e o artigo 53 da Lei 5.764/1971 estabelecem que

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os componentes da administração e do Conselho Fiscal se equiparam aos administradores das

sociedades anônimas para efeito de responsabilidade criminal, podendo responder às ações

oriundas de cooperados ou terceiros.

É órgão responsável pela fiscalização dos atos dos administradores, pela verificação do

cumprimento de seus deveres legais e estatutários e pela análise dos balancetes, demonstrações

financeiras do exercício social e das propostas dos órgãos da administração, a serem submetidas

à Assembleia-Geral, relativas à modificação do capital social, planos de investimento ou

orçamentos de capital, transformação, incorporação, fusão ou cisão.

Desde que possam influenciar os números fiscalizados, todos os documentos e

informações sobre os quais não recaia dever legal de sigilo devem ser disponibilizados. Para o

bom exercício de sua função fiscalizadora, o conselheiro fiscal precisa de autonomia para acessar

informações pertinentes à sua atribuição, podendo, em analogia ao inciso IV do artigo 163 da Lei

6.404/1976 e do inciso IV do artigo 1.069 do Novo Código Civil, denunciar aos órgãos de

administração os erros, fraudes ou crimes que descobrirem e sugerir providências úteis à

companhia. Caso os órgãos de administração não tomem as providências necessárias, ou estejam

dificultando ou impedindo esse acesso, pode o Conselho Fiscal, convocar uma Assembleia-Geral

para denunciar tais fatos.

Embora o Conselho Fiscal e as auditorias sejam órgãos pertencentes à estrutura de

fiscalização e controle, suas funções dentro da cooperativa são distintas e complementares. As

auditorias devem prestar contas tanto ao Conselho de Administração quanto ao Conselho Fiscal.

Portanto, o Conselho Fiscal não só pode, mas deve usar os relatórios, pareceres e recomendações

das auditorias, interna e externa, como fonte de informação para realização e conclusão de seus

trabalhos, bem como reunir-se com a auditoria de forma a buscar a colaboração mútua. O risco,

responsabilidades e demandas inerentes ao cargo devem ter justa remuneração, equivalente à dos

membros do Conselho de Administração. Sua falta pode desestimular uma atuação mais efetiva

deste conselho e inibir cobranças sobre sua atuação, sob o argumento de que executa um trabalho

não remunerado (TOSINI et al, 2008).

1.4.4. Organização Sistêmica

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A organização sistêmica melhora o manejo das funções de cada colaborador e gestor em

uma cooperativa, pois outros órgãos, como centrais ou confederações, auxiliam na supervisão e

regulação dessas instituições, contribuindo para a boa governança dessas instituições, de forma

mais efetiva e diferenciada. Os cargos executivos em cooperativas singulares, centrais e

confederações não devem ser ocupados pela mesma pessoa, a fim de assegurar a independência

dos trabalhos, especialmente de supervisão.

As confederações ou sistemas organizados, ao cumprirem suas próprias responsabilidades

relativas à governança, lideram a conciliação das estratégias individuais de governança de suas

filiadas e das cooperativas singulares que as compõem. Entretanto, a atuação da confederação ou

sistema organizado não isenta a responsabilidade das centrais e singulares pela efetividade

individual das boas práticas de governança. Recomenda-se ainda que os sistemas organizados

estabeleçam e divulguem a classificação/indicadores (a servirem como fonte de referência para

as diversas partes interessadas) e a política de relacionamento de suas cooperativas filiadas,

buscando mitigar conflitos de interesses entre centrais e, ainda, entre essas e as respectivas

singulares (TOSINI et al, 2008).

3.6. Contribuição da Governança Corporativa para as Cooperativas de Crédito

A boa governança corporativa nas cooperativas de crédito acarreta a construção de

diretrizes fundamentadas nas suas características específicas, considerando a relação entre os

associados, gestores, a comunidade em que está inserida, demais instituições financeiras e Banco

central. De acordo com Elvira Cruvinel Ferreira Ventura (coordenação geral), em “Governança

cooperativa: diretrizes e mecanismos para fortalecimento da governança em cooperativas de

crédito”,

Cabe conhecer, por fim que a melhoria das práticas de uma cooperativa representa não apenas benefícios individuais, mas para todo o seguimento cooperativista de crédito, para melhorar a segurança, reduzir custos de fiscalização e controle, melhorar a imagem e fortalecer o espírito cooperativista da participação, ação coletiva e de pertencimento (TOSINI et al, 2008).

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Para o segmento de cooperativas de crédito, a boa governança deve contribuir para:

● “Equilibrar os sistemas externos e internos de controle, de forma que minimizem custos e melhore a afetividade;

● Reduzir o custo da decisão coletiva e melhorar o processo decisório aos proprietários; ● Assegurar gestão eficiente e monitorar a atuação dos gestores; ● Promover alinhamento de interesses dos gestores e dos técnicos com as prioridades da

cooperativa; ● Preservar equidade no tratamento dos interesses dos associados” (VENTURA, 2009).

4. Conclusão

Este artigo procurou focar a realidade das cooperativas em seus principais contextos de

governança. Para manter o espaço conquistado ou ampliar sua fatia no mercado financeiro, o

segmento de crédito cooperativo tem como desafio melhorar suas práticas de governança,

especialmente adotando instrumentos de fiscalização e controle mais eficientes. A ampliação da

base de associados e das fontes de capacitação, consequências naturais do crescimento,

aumentam os problemas de agência e o risco de oportunismo; e a mitigação e o controle desses

riscos só podem ocorrer com bons mecanismos de controles internos e externos (TOSINI et al,

2008).

Há ainda um longo caminho a ser percorrido na melhoria dos mecanismos de governança

corporativa em instituições financeiras, sendo que essa melhoria não diz respeito somente às

novas normas, mas também à necessidade de se fazer cumprir as existentes (PINTO et al).

Embora evidencie diversos aspectos da governança que carecem de melhorias, também mostra

aspectos positivos que contribuirão para que o cooperativismo vença os novos desafios e o

aumento de sua participação no mercado financeiro de forma sustentada.

Por parte dos sistemas cooperativos organizados, grandes são os esforços para melhorar

os sistemas e procedimentos aplicados, pois são muitos os benefícios que a boa prática da

governança corporativa traz para as cooperativas de crédito: a melhora do desempenho dos

resultados (problema relacionado à lentidão nas decisões por envolver consenso entre os

cooperados), uma maior transparência e fiscalização dos atos aplicados pela diretoria, um

aumento da participação e do controle interno pelos associados (problema relacionado à reduzida

participação dos associados nas Assembleias), uma melhor gestão democrática da organização

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(problema relacionado à centralização do poder e à falta de uma gestão administrativa), mais

segurança das cooperativas singulares e do sistema, o fortalecimento dos conselhos e maior

estímulo ao desenvolvimento profissional, o desenvolvimento de uma visão cooperativista e a

redução de custos operacionais, entre outras, que facilitam enormemente o financiamento de

novos projetos econômico-sociais e promovem o desenvolvimento e o aumento da participação

dessas organizações no mercado financeiro.

Percebe-se que trabalhar esta temática junto às cooperativas é bastante estimulante e

recomenda-se avanço contínuo deste estudo, pretendendo que o resultado ora atingido contribua

para que a gestão dessas entidades considere a importância de boas práticas de governança em

virtude de sua interferência no desempenho dessas instituições, e, consequentemente na

agregação de seu respectivo valor (PINTO et al).

5. Referências

BATISTA, Daiane Costa Stecanella. A contribuição da governança corporativa para

as cooperativas de crédito: um estudo de caso. 2009. 67 f. Dissertação (Monografia em

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2009. 257 p.

1 Ana Cristina Alves de Paula. Discente do curso de Direito da Universidade Estadual Paulista

"Júlio de Mesquita Filho" – Unesp, Campus de Franca.