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GOVERNANÇA CORPORATIVA NAS COOPERATIVAS DE CRÉDITO
CORPORATE GOVERNANCE IN COOPERATIVES OF CREDIT
Ana Cristina Alves de Paula1
Sumário: 1. Introdução. 2. Cooperativismo. 2.1.1. Histórico da regulação do segmento no Brasil. 2.2. Classificação
das cooperativas brasileiras. 2.2.1. Quanto à forma legal de constituição. 2.2.2. Quanto ao objeto social. 3. O
conceito e a prática de Governança Corporativa. 3.1. Definição e delimitação. 3.2. Governança Corporativa no
mundo. 3.3. Governança Corporativa no Brasil. 3.4. Singularidades da governança em cooperativas. 3.5. Condições
para construção de diretrizes de governança nas cooperativas. 3.6. Contribuição da Governança Corporativa para as
Cooperativas de Crédito. 4. Conclusão. 5. Referências. 6. Notas.
Resumo: O presente trabalho visa desvendar os benefícios da implantação da boa Governança Corporativa nas
cooperativas de crédito, tendo em vista a significativa evolução no segmento cooperativista e a necessidade da
adoção de práticas que aumentem a transparência, o controle, o desenvolvimento, a eficácia e a participação dessas
organizações no mercado financeiro, de forma sustentada. A ampliação da base de associados e das fontes de
capacitação aumentam os problemas de agência e o risco de oportunismo, e a mitigação e o controle destes riscos só
podem se dar com a eficácia dos instrumentos de controle interno e externo. Por parte dos sistemas cooperativos
organizados, grandes são os esforços para melhorar os sistemas e procedimentos aplicados, embora haja ainda um
longo caminho a ser percorrido.
Palavras-Chave: cooperativismo. governança corporativa. cooperativas de crédito.
Abstract: The present work aims to unravel the benefits of implanting of good Corporate Governance in credit
unions, in view of the significant increase in the cooperative tracking and the need of adopting practices that
increase transparency, control, development, effectiveness and participation of these organizations in the financial
market on a sustained basis. The expansion of the membership base and sources of empowerment increase agency
problems and the risk of opportunism, and the mitigation and control of these risks can only be given with the
effectiveness of the instruments of internal and external control. By the part of organized cooperative systems, major
are the efforts to improve systems and procedures applied, although there is still a long way to go.
Keywords: cooperativism. corporate governance. cooperatives of credit.
1. Introdução
Nos últimos anos têm-se observado um conjunto de mudanças na estrutura das
organizações provocadas, sobretudo, pelas pressões da globalização, privatizações, fusões,
aquisições, incorporações, o que tem provocado até mesmo a descontinuidade de algumas. As
empresas globais, procurando manter-se em ascensão diante dos constantes desafios que lhe são
impostos pela economia mundial, necessitam elaborar fundamentos em seus métodos de gestão
para que o meio externo note confiabilidade nos rumos do mercado de atuação, reforçando
alçadas para enfrentar novos níveis de competição. As incertezas permeiam as empresas, levando
os seus gestores a encontrarem meios para reduzir o grau de risco dos negócios, elevando lucros
e principalmente remunerando os investidores que por livre decisão, resolveram apostar
aplicando seu capital. Esse mesmo cenário recai sobre empresas de atuação restrita ao mercado
interno. Verifica-se também um esforço de profissionalização da gestão de muitas organizações
que, anteriormente, tinham seu foco voltado quase que exclusivamente a seus produtos, dentre as
quais se podem mencionar as empresas familiares e cooperativas.
Diante disso, os associados necessitam ter informações dos negócios com clareza e
fidedignidade acerca dos resultados financeiros, não financeiros, bem como as estratégias que
serão seguidas, já que um ponto tido como chave na gestão das empresas consiste na
comunicação do meio interno com os agentes externos, o que fará com que estas empresas
passem a adotar práticas de governança corporativa em sua gestão, método recente em nível
mundial, mas que vem ganhando ao longo dos anos cada vez mais importância.
A presente pesquisa objetiva desvendar como a implantação da boa Governança
Corporativa contribuiria para gestão estratégica efetiva das administrações nas cooperativas de
crédito, tendo em vista a significativa evolução no seguimento cooperativista, e a necessidade da
adoção de práticas que aumentem a transparência, o controle, o desenvolvimento e a eficácia
dessas organizações. Por entender que as cooperativas mantêm presença marcante no cenário
econômico e social do Brasil, gerando riquezas sobre os bens produzidos, atuando nos mercados
local e global em concorrência com as demais modalidades societárias, observa-se que a adoção
de boas práticas para a divulgação de seus atos de gestão representa um elevado grau de
responsabilidade e coerência perante os agentes externos.
2. Cooperativismo
Cooperativismo é “a associação voluntária de pessoas, visando atingir objetivos em
comum, que são propostos em sua constituição estatutária”. O principal objetivo consistiria no
desenvolvimento socioeconômico da comunidade, como indica citação de Daiane Costa
Stecanella Batista, em “A contribuição da governança corporativa para as cooperativas de
crédito: um estudo de caso”, transcrita abaixo:
O cooperativismo é um movimento, filosofia de vida e modelo socioeconômico capaz de unir desenvolvimento econômico e bem-estar social. Seus referenciais fundamentais são: participação democrática, solidariedade, independência e autonomia. É o sistema fundamentado na reunião de pessoas e não no capital. Visa às necessidades do grupo e não do lucro. Busca prosperidade conjunta e não individual. Estas diferenças fazem do cooperativismo a alternativa socioeconômica que leva ao sucesso com equilíbrio e justiça entre os participantes. Associado a valores universais, o cooperativismo se desenvolve independentemente de território, língua, credo ou nacionalidade (BATISTA, 2009).
As cooperativas investem na capacitação e qualificação de todos os associados e
colaboradores, para que estejam preparados para assunção de novos postos de trabalho perante a
sociedade ou para que incrementem seus conhecimentos sobre o ato cooperativo. O
cooperativismo revela várias dimensões (econômica, social, educacional, cultural e ética), dentre
as quais duas apresentam grande destaque e importância: seu perfil econômico, que foca o
mercado e a maximização de resultados como sinalizadores da alocação de fatores de produção,
enquanto que seu perfil social, por sua vez, visa a ética contratual, a fidelidade contratual, a
transparência e o desenvolvimento, com a correção dos desníveis sociais e a promoção de uma
convivência harmoniosa na sociedade, de forma a elevar a riqueza e o bem-estar da sociedade.
É verdade que, em muitos de seus variados ramos o cooperativismo exerceu em seus
primórdios ações de amparo e assistência para que determinadas categorias profissionais ou
econômicas superassem condições de extrema pobreza e indigência material. Essa vasta atuação
do cooperativismo na economia nacional resulta numa importante participação desse tipo de
sociedade agindo de maneira a promover o desenvolvimento sustentável das comunidades em
que atuam (Disponível em: <http://dvl.ccn.ufsc.br/congresso/anais/2CCF/20080810181035.pdf>.
Acesso em: 27 nov. 2012).
A título de complementação, toma-se como base reflexão de Elvira Cruvinel Ferreira
Ventura (coordenação geral), na obra “Governança cooperativa: diretrizes e mecanismos para
fortalecimento da governança em cooperativas de crédito”,
Como a cooperativa de crédito contribui para fomento de economias locais, o envolvimento com a comunidade em que está inserida, ao prover acesso aos serviços financeiros para a população desassistida pelos meios tradicionais, é fundamental para seu sucesso e sua continuidade (VENTURA, 2009).
2.1.1. Histórico da regulação do segmento no Brasil
Dois anos após a fundação da primeira cooperativa de crédito das Américas, em Quebec,
no Canadá, foi constituída, em 28 de dezembro de 1902, a primeira cooperativa de crédito
brasileira, no município de nova Petrópolis (RS): a Caixa de Economia e Empréstimos,
posteriormente batizada de caixa Rural de Nova Metrópole, pelo padre jesuíta suíço Theodor
Amstad. Buscava ela atingir os pequenos produtores rurais e comunidades que ali moravam,
baseando-se no modelo de Friedrich Wilhelm Raiffeisen, que não se importava com a quantidade
de capital no ingresso do associado.
Mas só em 1903, com a edição do Decreto n.º 979, teve-se a primeira legislação sobre
cooperativismo. Um dos objetivos desse Decreto era a permissão aos sindicatos de agricultores a
organização de caixas rurais de crédito e cooperativas de consumo e produção.
No Brasil do início do século XX, houveram algumas tentativas de estabelecimento de
leis trabalhistas, como o projeto apresentado em 1905 pelo deputado baiano Joaquim Inácio
Tosta, que se converteu em lei pelo Decreto Legislativo n.º 1637, de 05/01/1907. Esse projeto
facultava a criação de sindicatos profissionais e sociedades cooperativas mediante registro e
independentemente de autorização governamental. Todavia, esse diploma legal equiparava as
sociedades cooperativas às sociedades anônimas, e as consideravam entidades de fins lucrativos,
cujas sobras poderiam ser distribuídas, em partes iguais ou proporcionalmente ao capital
subscrito pelos sócios. O Decreto n.º 22.239, editado em 19 de dezembro de 1932, adotou as
principais características elaboradas pela doutrina cooperativista, mas continuou admitindo a
cooperativa com fins lucrativos e de natureza mercantil. Em 1938, o Decreto-lei n.º 581 cuidou
do registro e fiscalização da sociedade cooperativa (GIAROLA et al, 2007).
Por volta de 1930, surgiu outro tipo de cooperativa no Brasil, nomeada também como
“Bancos Populares Luzzati”, em consequência de ter sido importada a filosofia do italiano Luigi
Luzzati (que exigia de seus associados um pequeno capital para sua admissão, e adotava o
princípio do self-help, mas admitia a ajuda estatal até que estivesse suficientemente fortalecida)
por alguns membros da Igreja Católica. Ademais, após ter feito um curso no Canadá sobre
cooperativas de crédito, Maria Thereza Rosália, na época, professora e assistente social,
introduziu um terceiro modelo de cooperativismo no Brasil baseando-se na teoria de Alphonse
Desjardins, que se dedicou a criar sistema federado, com um órgão centralizador que oferecesse
a prestação de serviços de educação, assistência técnica, divulgação das cooperativas de crédito e
gerasse a estabilização econômica de tais cooperativas mediante a constituição de uma Caixa
Central, “pois naquela fase da vida brasileira o cooperativismo de crédito já não dispunha de uma
vida tranquila” (BATISTA, 2009).
Em meados dos anos 60, as cooperativas foram balizadas, conforme o Estado autoritário,
pressionado pelos banqueiros, prescrevia à época, proibindo a sua captação de recursos para
aplicações e limitando suas taxas de juros. Estas exigências acabaram por liquidar um grande
número de cooperativas, principalmente as cooperativas do tipo Luzzatti (aberta à população de
uma ou mais cidades), obrigando outras a se reestruturarem e limitarem sua atuação.
Nas décadas de 70 e 80, o cooperativismo era regulamentado pelo Conselho Nacional do
Cooperativismo – CNC, e fiscalizadas pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
– INCRA, que tinha por atribuição a expedição de uma autorização de funcionamento para as
cooperativas. Assim, as cooperativas ainda estavam sob o controle e intervenção estatal.
Em 1988, as cooperativas readquiriram sua independência de organização (autonomia de
constituição e funcionamento sem a interferência estatal na gestão das cooperativas), ao permitir
a Constituição Federal que trabalhassem com mais liberdade em relação aos anos anteriores e
reconhecer o ato cooperativo (como um ato diferente do ato comercial). Entretanto, a citada
Constituição não foi aplicada às cooperativas de crédito, que até hoje continuam sob a tutela do
Banco Central, juntamente com o Conselho Monetário Nacional. Gradualmente, vão estes órgãos
emitindo resoluções concessoras de maiores aberturas de atuação às CREDis.
Como consequência imediata, houve uma disseminação indiscriminada de conceitos
deturpados da gestão cooperativa, em concomitância com um crescimento acelerado na
constituição de cooperativas nas juntas comerciais dos estados, como resposta à crise econômica
da época.
2.2. Classificação das cooperativas brasileiras
Segundo a Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (OCESC),
Cooperativa é uma associação autônoma de pessoas que se unem, voluntariamente, para satisfazer aspirações e necessidades econômicas, sociais e culturais comuns, por meio de uma empresa de propriedade coletiva e democraticamente gerida por membros comprometidos e conscientes de seus direitos e deveres.
Fundamenta-se na economia solidária e se propõe a obter um desempenho econômico
eficiente. É uma empresa com dupla natureza, que contempla o lado econômico e o social de
seus associados. O cooperado é ao mesmo tempo dono e usuário da cooperativa: enquanto dono
ele vai administrar a empresa, quer obtendo para os cooperados os mais baixos custos nos bens e
serviços que necessitam, quer colocando, no mercado, a preços justos, os bens e serviços que
produzem, e enquanto usuário ele vai utilizar os serviços (Disponível em:
<http://www.sebrae.com.br>. Acesso em: 27 nov. 2012).
Segundo Diva Benedives Pinho e Valdecir Manoel Affonso Palhares, na obra “O
cooperativismo de crédito no Brasil”,
Sociedades cooperativas são sociedades de pessoas, com forma e natureza jurídica próprias, constituída para prestar serviços aos associados, cujo regime jurídico, atualmente, é instituído pela lei 5.764, de 16 de dezembro de 1971. São Sociedades simples, e, portanto não sujeitas a falência, por força do disposto no parágrafo único do artigo 982 do novo Código Civil, muito embora tenham por objeto o exercício de atividades próprias do empresário, ou seja, exercem atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens e serviços (PINHO et al, 2004).
Em 16 de Dezembro de 1971, foi sancionada a Lei 5.741/71 que é a principal legislação
escrita em vigor no nosso país, contemplando tudo o que está ligada à constituição desse tipo de
sociedade, em 18 capítulos e 117 artigos. Além de disciplina jurídica própria, que varia conforme
o contexto nacional e regional, a sociedade cooperativa possui uma identidade internacional,
homologada pela Aliança Cooperativa Internacional (ACI).
2.2.1. Quanto à forma legal de constituição
Pela forma legal de constituição (lei 5.764/71), as sociedades cooperativas são
classificadas em:
● Cooperativas singulares: são as sociedades constituídas com no mínimo 20 pessoas,
destinadas à prestação de serviços diretamente aos associados, nas quais também são
permitidas a adesão de pessoas jurídicas com atividades econômicas correlatas às das
pessoas físicas e de outras sociedades sem fins lucrativos.
● Cooperativas centrais (ou federações de cooperativas): tem como sócios mais de três
cooperativas singulares, excepcionalmente com sócios individuais. Essas cooperativas
têm como finalidade organizar, em comum e em maior escala, os serviços econômicos e
assistenciais de interesse das associadas, integrando e orientando suas atividades, bem
como facilitando a utilização recíproca dos serviços (artigo. 8º, da lei nº 5.764/71).
● Confederação de cooperativas: são constituídas por mais de três federações de
cooperativas ou cooperativas centrais, de igual ou diferente modalidade, cujo objetivo,
conforme disposto na mesma lei citada acima, art. 9º, é o de “orientar e coordenar as
atividades das filiadas, nos casos em que o vulto dos empreendimentos transcender o
âmbito de capacidade ou conveniência de atuação das centrais e federações”.
2.2.2. Quanto ao objeto social
O cooperativismo brasileiro está classificado em várias sociedades cooperativas, sendo
que as principais sociedades são as de (BATISTA, 2009):
● Cooperativas de produtores: tem como associados pequenos produtores ou trabalhadores
da zona rural e urbana, com a finalidade de se unirem em prol de atingir maior poder
perante o mercado consumidor;
● Cooperativas de consumo: tem como atividade primordial as operações de compra de
artigos de primeira necessidade para revendê-los aos cooperados. São também
conhecidas como cooperativas fechadas, à medida que a admissão dos associados é
restrita aos empregados ou pessoas ligadas à empresa ou ao grupo econômico que as
constituiu. O grupo de clientes, interessados nos serviços da empresa cooperativa, é
idêntico ao grupo dos donos.
● Cooperativas mistas: são cooperativas de diversas categorias.
● Cooperativas de crédito: as cooperativas de crédito são instituições de crédito, criadas sob
a forma de sociedades cooperativas de natureza civil, mantidas pelos próprios
cooperados, tendo como finalidade a prestação de serviços de natureza bancária aos
associados, como empréstimos, aplicações, depósitos, serviços de cobrança, custódia,
recebimento e pagamento de contas, financiamentos, capitalizações, criação de fundos de
investimento e consórcios, entre outras operações específicas e estabelecidas na
legislação em vigor, com condições mais favoráveis, contando com o suporte dos bancos
cooperativos. Elas são eficientes para o fortalecimento da economia local (aumentando a
geração de empregos), a democratização do crédito e a desconcentração de renda. Isso
resume a sua importância estratégica para todos os setores do governo. O funcionamento
de cooperativas de crédito depende de prévia autorização do Banco Central do Brasil,
tendo em vista revestirem-se da natureza de instituição financeira, concedida por prazo
indeterminado, na forma da lei nº. 5.764, art. 92, inciso I; da mesma forma, pode ele
cancelar o funcionamento das mesmas, por vários fatores relevantes. Os administradores,
diretores ou gerentes das cooperativas estão sujeitos à lei 7.492, regulamentadora dos
crimes contra o Sistema Financeiro Nacional.
3. O conceito e a prática de Governança Corporativa
3.1. Definição e delimitação
Governança corporativa é, de acordo com o Instituto Brasileiro de Governança
Corporativa (IBGC), “um sistema pelo qual as sociedades anônimas são dirigidas e monitoradas,
envolvendo os acionistas e os cotistas, Conselho de Administração, Diretoria, Auditoria
Independente e Conselho Fiscal3”, visando otimizar o desempenho da empresa e facilitar o
acesso ao capital. Através da governança corporativa cria-se a “democracia societária”, sistema
de equilíbrio e separação de poderes, em oposição ao regime anterior de onipotência e poder
absoluto e discricionário do controlador ou grupo de controle (Disponível em:
<http://www.cvm.gov.br/port/public/publ/ie_ufrj_cvm/Felix%20_Arthur_C_Azevedo_Garcia.pd
f >. Acesso em: 07 set. 2012).
Ela surgiu em meados da década de 90, fruto de um movimento impulsionado por
acionistas estadunidenses em prol da consolidação de normas “que os protegessem dos abusos da
diretoria executiva das empresas, da inércia de conselhos de administração inoperantes e das
omissões das auditorias externas (Disponível em:
<http://www.ibgc.org.br/Secao.aspx?CodSecao=18>. Acesso em: 06 set. 2012)” e da superação
dos conflitos de agência entre acionistas minoritários e majoritários (se os interesses de ambos
divergissem, em decorrência da separação entre a propriedade e a gestão empresarial), para
socorrer a perda de confiança social que ocorreu com os escândalos contábeis, definir as regras
que regem o relacionamento dentro de uma companhia de acionistas controladores, acionistas
minoritários e acionistas administradores (alinhando interesses com a finalidade de preservar e
otimizar o valor da organização) e auxiliar na comunicação dos atos de gestão das organizações
com o meio externo, resultando em aumento do seu Valor de Mercado e maior atratividade.
Embora o termo tenha se firmado na disciplina empresarial, sua compreensão transcende
este universo, podendo ser utilizado para designar os requisitos necessários à gestão de uma
organização, seja ela pública, privada, ou comunitária, com ou sem finalidade lucrativa,
independente do seu porte ou da composição do capital (TOSINI et al, 2008).
A gestão de riscos ou obediência e cumprimento das leis do país (compliance), a equidade e o
senso de justiça para com os acionistas minoritários contra transgressões de majoritários e
gestores (fairness), a transparência (com dados acurados, registros contábeis fora de dúvida e
relatórios entregues nos prazos combinados – disclosure) e a responsabilidade pela prestação de
contas por parte dos que tomam as decisões de negócios (accountability), são atributos de grande
valia às práticas da boa governança (Disponível em:
<http://dvl.ccn.ufsc.br/congresso/anais/2CCF/20080810181035.pdf>. Acesso em: 27 nov. 2012).
3.2. Governança Corporativa no mundo
O sistema de governança corporativa no mundo se divide principalmente em dois
modelos: o outsider system (grande pulverização do controle acionário das empresas) ou sistema
de governança anglo-saxão e o insider system (instituições financeiras no comando das
operações diárias e ativas na administração dos negócios) ou sistema de governança da Europa
Continental e Japão.
O modelo de shareholder define-se pela tipologia de propriedade das empresas e pela
forma preponderante de financiamento das corporações, cujo foco é o acionista, quanto a seus
interesses e direitos, e o papel dos executivos e investidores institucionais na monopolização do
poder e controle das empresas, através de ofertas que evidenciem a maximização de retorno para
os acionistas, que na maioria das vezes participam de forma dispersa. O foco principal é a
geração de riquezas para os associados, tendo como outras prioridades a redução de conflitos de
agência na apropriação dos valores gerados e a sua equânime distribuição entre os cooperados.
Boa governança empresarial significaria, portanto, a adoção de mecanismos que forçassem os
administradores das cooperativas a proteger os interesses dos associados (GIAROLA et al,
2007).
O outro modelo é o stakeholder, conhecido como “modelo dos grupos de interesse”, o
qual se define pela postura do mundo corporativo quanto ao seu envolvimento e ao seu
compromisso com objetivos de maior amplitude, não limitados aos de natureza econômico-
financeira. Trata-se de modelo que vai além do retorno do investimento e da geração de riqueza
para os acionistas, assumindo compromissos com outras partes interessadas no desenvolvimento
das empresas, como empregados, fornecedores, clientes e a comunidade, e nos impactos de suas
ações. Este segundo grupo diferencia-se pelo foco ampliado, envolvendo-se com múltiplos
interesses, e pela organização de blocos de controle industriais-financeiros para que os acionistas
exerçam, de fato, o poder nas companhias, tendo como dever a prestação de contas para a
obtenção de resultados.
A literatura que se ocupa dos interesses dos shareholders considera-os os principais
carregadores de risco, concentrando neles a alocação dos direitos de propriedade. Já a abordagem
stakeholder reconhece as reivindicações de grupos que não são legalmente detentores de direitos
de propriedade da firma. Além disso, também admite que não é perfeitamente possível precificar
ex-ante os esforços não verificáveis dos agentes, que também carregam uma parcela do risco da
firma ao ter de confrontar situações inesperadas e tomar decisões cujos resultados (positivos ou
negativos) não estão previstos na distribuição contratual. Uma vez que não podem ser objeto de
contrato ex-ante, estes resultados devem ser apropriados em um processo de barganha ex-post. A
barganha ex-post de um período torna-se o arranjo ex-ante do próximo, definindo as expectativas
das partes, que por sua vez servirão de guia para as decisões dos agentes. A abordagem
stakeholder parece ser mais apta a incorporar o conceito de trust, ou confiança, do que a visão da
primazia dos shareholders, mais inclinada para o uso de mecanismos contratuais de governança.
O tamanho e a homogeneidade (de perfil e de ideias) dentro do quadro social das CCs podem
criar um ambiente propício para a presença de trust, na medida em que economiza em custos
relacionados com seleção adversa e risco moral (GIAROLA et al, 2007).
Analisando esses modelos de governança e considerando serem as cooperativas de
crédito organizações associativas compreendidas pelo setor financeiro, mas não pelo mercado
acionário – não se sujeitando, portanto, ao escrutínio dos investidores –, verifica-se que o melhor
sistema de governança a ser adotado por tais instituições é o stakeholder, ao combinar a
eficiência econômica à eficiência associativa de forma a não descaracterizar sua finalidade social
(NUNES et al, 2006).
3.3. Governança Corporativa no Brasil
No Brasil, o fenômeno de inclusão das boas práticas de Governança Corporativa foi
impulsionado pelo cenário de globalização, privatização e desregulamentação da economia, a
partir da década de 1990, em resposta à necessidade das empresas de modernizarem sua gestão e
de se adaptarem às exigências e padrões internacionais para que se tornassem mais atraentes para
o mercado, fomentando a competitividade no ambiente corporativo (TOSINI et al, 2008), após o
esgotamento do modelo de financiamento oficial, incentivos fiscais e subsídios para as empresas
e os investidores.
A captação de recursos pelas empresas via mercado de capitais passou a depender da
decisão voluntária dos investidores. Foi no âmbito das empresas privatizadas que se pôde
verificar pela primeira vez o compartilhamento do controle acionário entre vários grupos
nacionais e internacionais via contratual: investidores estrangeiros começaram a participar do
capital das empresas brasileiras inicialmente através de investimentos realizados dentro do país
e, depois, mediante aquisição de ADR’s representativos de ações de companhias nacionais nas
bolsas americanas (Disponível em: <http://www.ibgc.org.br/Secao.aspx?CodSecao=20>. Acesso
em: 06 set. 2012). As companhias brasileiras foram obrigadas a seguir as regras impostas pela
SEC – Securities and Exchange Commission – relacionadas a princípios de governança
corporativa.
Tal exemplo ilustra o crescente contato que as empresas brasileiras estabeleceram com
acionistas acostumados a investir em mercados com práticas de governança corporativa mais
avançadas que as aplicadas no mercado brasileiro. E foi com o objetivo de estimular novos
investidores a aplicarem seus recursos voluntariamente no mercado que se procurou aperfeiçoar
as regras de governança além das obrigações que as companhias têm perante a Lei das
Sociedades por Ações (Lei das S.A.), proporcionando mais direitos e garantias aos investidores
(Disponível em:
<http://www.cvm.gov.br/port/public/publ/ie_ufrj_cvm/Felix%20_Arthur_C_Azevedo_Garcia.pd
f>. Acesso em: 06 set. 2012) e a redução das assimetrias de informações entre acionistas
controladores, gestores da companhia e os participantes do mercado.
Oligopólios, empresas exclusivamente de controle e gestão familiar com alta concentração do capital, acionistas minoritários passivos e conselhos de administração figurativos passaram a dar lugar a investidores institucionais mais ativos, maior dispersão do controle acionário, maior foco na eficiência econômica e transparência da gestão (Disponível em: <http://www.cvm.gov.br/port/public/publ/ie_ufrj_cvm/Felix%20_Arthur_C_Azevedo_Garcia.pdf>. Acesso em: 06 set. 2012).
Como resultado da necessidade de adoção de boas práticas de Governança Corporativa, o
governo investiu e incentivou projetos que direcionassem executivos e acionistas no melhor
desenvolvimento das práticas realizadas nas empresas. Foram publicados o Código sobre
Governança Corporativa, formulado pelo IBGC, e a cartilha sobre o tema da Governança pela
Comissão de Valores Mobiliários (CVM), representando um grande passo no aprimoramento nas
relações corporativas no país; o primeiro, compartilhando informações sobre o Conselho de
Administração e sobre os princípios da boa Governança no Brasil, estabelecendo ser este a
principal referência nacional em governança corporativa; a segunda, ilustrando o relacionamento
entre administradores, conselheiros, acionistas controladores, acionistas minoritários e auditores
independentes.
Outrossim, o IBGC ainda desenvolveu uma política de premiações no âmbito
empresarial, acadêmico e midiático das melhores práticas de Governança (Disponível em:
<http://www.ibgc.org.br/Secao.aspx?CodSecao=20>. Acesso em: 06 set. 2012), e foram
implementadas algumas iniciativas institucionais e governamentais com o objetivo de assegurar
a melhorias das práticas de governança corporativa das empresas brasileiras, dentre as quais
destacam-se a aprovação da Lei nº 10.303/01, a criação do Novo Mercado e dos Níveis 1 e 2 de
governança corporativa pela Bolsa de Valores de São Paulo – Bovespa e as novas regras de
definição dos limites de aplicação dos recursos dos Fundos de Pensão.
O enquadramento de cada companhia depende da adesão aos principais requisitos
considerados pela Bovespa como fundamentais. De forma geral, as regras criadas pela Bovespa
têm como objetivo ampliar os direitos dos acionistas, melhorar a qualidade das informações
divulgadas pelas empresas e oferecer ao investidor uma maior segurança jurídica com relação
aos compromissos firmados.
O Código Civil que entrou em vigor em 10 de janeiro de 2002 agregou sua contribuição
no fortalecimento da obrigação do fornecimento da melhor e mais transparente informação das
empresas por meio de seus relatórios contábeis, consagrando a proteção do cidadão nas relações
empresariais, de modo geral. Contempla em seu art. 422 o princípio da eticidade como diretriz e
boa-fé nas informações, em sua dupla feição: a subjetiva (designativa de uma crença na
aparência de licitude, ou da convicção de não se estar a lesar direito alheio) e a objetiva (como
regra de conduta).
3.4. Singularidades da governança em cooperativas de crédito
Na economia mundial existem muitas sociedades cooperativas, cuja forma de sociedade
não trata o capital como essência do negócio, e sim, o utiliza para remunerar os associados que
dela participam, repartindo as sobras de maneira proporcional às operações de cada um. Trata-se
de uma associação de pessoas que por livre adesão constituem a sociedade de cooperação, com o
objetivo de facilitar a comercialização da produção de seus cooperados associados.
Ao contrário de empresas privadas, as cooperativas são administradas por seus associados
que independentemente do valor de seu capital, possuem um voto, ou seja, direitos iguais, em
deliberações de Assembleias. Elas possuem como princípios fundamentais a gestão democrática,
a participação econômica dos membros, a autonomia e a independência.
A cooperativa de crédito é um sistema financeiro que tem como objetivo levantar
recursos por meio da cooperação, para a concessão de empréstimos a juros menores que os
cobrados no mercado financeiro convencional, além de amplo prazo para pagamento e
disponibilização de maiores benefícios, aos associados. É a opção mais adequada para as
necessidades financeiras de vários segmentos da sociedade brasileira, em virtude de ser o crédito
no Brasil, fornecido principalmente por instituições bancárias, cada vez mais restrito e
burocrático. Segundo consta nos registros do Banco Central do Brasil as cooperativas de crédito
brasileiras contam com mais de três milhões de associados e se constituem num segmento que
apresenta trajetória de expansão e constante mudança em relação ao perfil das cooperativas.
Todavia, todo processo evolutivo exige contrapartidas – foi necessária a implantação de
um sistema de Governança Corporativa para que as cooperativas de crédito alcançassem o
patamar de desempenho exigido pelo mercado (equilíbrio entre os interesses envolvidos e
delimitação dos poderes entre as partes, capacitação dos dirigentes e colaboradores e adoção de
práticas que aumentem a transparência e controle), em razão de serem a veracidade das
informações e os padrões de eficiência e eficácia fundamentais para a garantia da sobrevivência
organizacional.
As cooperativas apresentam também questões específicas associadas à sua governança,
que devem ser adequadamente tratadas. A definição de boas práticas de governança em
cooperativas de crédito deve envolver mecanismos que venham a fortalecer suas estruturas e
processos, de forma sistematicamente articulada. Podem ser destacados como pontos relevantes a
serem considerados para a aplicabilidade da governança corporativa em cooperativas de crédito a
ausência de separação entre os órgãos de decisão estratégica e o de execução, demonstrativa da
debilidade da administração, o poder dos executivos, que possuem maior acesso às informações
e mais conhecimentos das práticas e das operações da cooperativa, a participação limitada dos
associados no acompanhamento da gestão e na manifestação de seus interesses nas Assembleias
e sua fragilidade.
Estes conflitos, ou a potencialidade de sua ocorrência, decorrem da dificuldade de
alinhamento do interesse destes diversos agentes ou do fato de se ignorar a possibilidade de que
atores organizacionais, mesmo pertencendo a uma mesma instituição possam ter interesses
distintos, os quais, se não devidamente administrados, podem comprometer a efetividade do
empreendimento como um todo. Em resumo, as cooperativas veem-se hoje envoltas em questões
que já há algum tempo preocupam as sociedades anônimas. A partir da constatação destes fatos,
iniciou-se um movimento entre a maioria das cooperativas, que passaram a se obrigar às práticas
de governança corporativa com o intuito de prevenir e minimizar o máximo de problemas que
possam denegrir a imagem das cooperativas.
3.5. Condições para construção de diretrizes de governança nas cooperativas
As cooperativas de crédito (CC) estão sujeitas a forte regulação e supervisão externas,
Que vão desde a regulamentação e padronização contábil, que facilita a fiscalização, até a
qualificação de seus executivos e funcionários, seja pela via legislativa, seja pela ação de
instituições, como qualquer organização que opera no Sistema Financeiro Nacional.
Internamente, as CC contemplam uma estrutura hierárquica composta da Assembleia Geral, do
Conselho de Administração, do Conselho Fiscal, e da administração contratada.
O Banco Central do Brasil, no intuito de identificar e direcionar a gestão cooperativa,
lançou o Projeto Governança Cooperativa que tem como um dos objetivos disseminar as
diretrizes para boas práticas de governança em cooperativas de crédito no Brasil, justificado pela
crescente e significativa expansão desse segmento, baseado no pressuposto de que a solidez e a
eficiência do sistema financeiro passam por uma boa governança (BATISTA, 2009).
As diretrizes são normas de conduta que tem como finalidade identificar e minimizar os
pontos que podem fragilizar e comprometer o alcance da boa governança corporativa nas
cooperativas de crédito, garantindo a obediência aos princípios e valores cooperativistas e os
princípios de boa governança e as condições necessárias à sua sobrevivência no mercado e
criando um contraste com as organizações de outra natureza. Criadas pelo Banco Central, estão
divididas em quatro seções, que dispõem sobre a representatividade e participação; a Direção
Estratégica; a Gestão Executiva; e a fiscalização de controle. O desempenho das pessoas que
ocupam esses cargos é de suma importância para o cumprimento do objeto social.
1.1. Participação e Representatividade
Requer-se a adoção de práticas específicas de governança corporativa, em especial no
que se refere à participação e a representatividade dos grupos componentes, no quadro social da
cooperativa de crédito. Podem exercer os associados a sua representatividade e participação nas
deliberações da Assembleia Geral, que ocorre uma vez ao ano. Entretanto, para que tal
possibilidade seja assegurada de forma efetiva, é essencial que o edital de convocação contenha a
descrição detalhada das matérias a serem discutidas e a data e hora da Assembleia, que não dever
obstaculizar o acesso dos acionistas.
Segundo Elvira Cruvinel Ferreira Ventura (coordenação geral), em “Governança
cooperativa: diretrizes e mecanismos para fortalecimento da governança em cooperativas de
crédito”,
A participação dos associados nas assembleias pode ser avaliada tanto quantitativamente, ou seja, pelo número de associados, quanto qualitativamente, pela sua contribuição ao debate, às deliberações e à tomada de decisões. [...] A representatividade dos associados refere-se a presença e a manifestação dos diversos conjuntos ou grupos legítimos de interesses quanto aos objetivos a ás políticas praticadas da cooperativa (VENTURA, 2009).
É de extrema relevância que todos os associados conheçam e adiram às regras do
processo eleitoral, para garantir a transparência e oportunidade de participação de todos. Outro
fator importante, agregador na representatividade e participação, é a educação cooperativista
como base para o autodesenvolvimento e continuidade da cooperativa, ao proporcionar aos
associados qualificação para tarefas de controle, fiscalização e administração da cooperativa,
tendo em vista a prioridade de seus interesses e a necessidade recorrente de lideranças.
1.2. Direção Estratégica
As cooperativas de crédito serão administradas por Diretoria ou por Conselho de
Administração. Compete ao último, eleito pelos associados em Assembleia Geral Ordinária, a
promoção das políticas e diretrizes gerais da empresa, a responsabilidade pela eleição e
destituição do executivo principal, a avaliação dos planos e projetos propostos pela Diretoria
Executiva e a aferição dos resultados obtidos, a seleção dos integrantes da Auditoria
Independente e a ratificação dos membros da Diretoria Executiva. Outorgasse-lhe, ainda, a
obrigatoriedade de acompanhar e deliberar sobre implementação da estratégia organizacional
pertinente aos negócios, bem como aprovar as demonstrações financeiras findas a cada exercício
social e proteger o patrimônio da sociedade, de forma independente de quem os indicou ou
elegeu, mas sem perder de vista todas as demais partes interessadas, o objeto social e a
sustentabilidade da sociedade no longo prazo, conforme a lei cooperativista, em seu art. 47, a fim
de agregar valor ao empreendimento. A capacidade de monitoramento dos conselheiros da
gestão de uma CC depende de suas habilidades e conhecimentos para lidar com a complexidade
da cooperativa que eles devem monitorar. Os constantes desafios do mercado tornam a função do
Conselho chave para a manutenção e crescimento das cooperativas. É fundamental que hajam
reuniões exclusivas entre os membros do órgão de administração estratégica sem a participação
dos administradores executivos.
1.3. Gestão Executiva
Os profissionais que ocupam cargos de gestão executiva são responsáveis pela execução
do negócio, levando ao alcance das metas das cooperativas. Para que se possa ter uma gestão
executiva eficaz, as funções dos membros desta gestão devem se limitar à informação e à
prestação de esclarecimentos, não cabendo a eles a coordenação dos trabalhos, nem a condução e
a participação de processos decisórios da competência do órgão de administração estratégica.
Não devem eles exercer suas atividades de forma secundária, mas sim se empenhar ao máximo
para tornarem o controle de áreas específicas da organização (em especial daquelas diretamente
relacionadas com os objetivos estabelecidos pelo órgão de administração) cada vez mais
eficiente, de forma que evitem ações que possam colocar as cooperativas em situação de risco
(VENTURA, 2009).
A capacitação técnica que os torne qualificados para o exercício do cargo de
administrador é pressuposto ao exercício da função executiva, cuja principal responsabilidade é a
de assunção da responsabilidade pelas demonstrações patrimoniais e pelos resultados da
cooperativa.
1.4. Fiscalização e Controle
Os instrumentos internos de controle reduzem a possibilidade de ações indevidas,
entendidas tanto como àquelas associadas a dolo, imperícia ou imprudência, quanto às ações bem
intencionadas, mas que não foram plenamente aderidas pelos cooperados, principais interessados
nos resultados da cooperativa. Estes instrumentos visam à supervisão do conjunto de contratos e
acordos da cooperativa, reforçando, principalmente, o monitoramento do conselho de
administração sobre a gestão executiva e destes sobre o restante da organização. Os instrumentos
de controle interno podem ser constituídos também pelos agentes da cooperativa, destacando-se
entre eles os Associados (pelo exercício ativo e bem informado dos seus direitos e deveres), as
Auditorias (exercitando a profissão com qualidade e independência, adotando os padrões legais
de auditoria e comunicando os resultados materialmente relevantes por meio de relatórios
objetivos e inteligíveis), o Conselho Fiscal (por meio do exercício de uma fiscalização efetiva e
independente) e as Organizações Sistêmicas, de modo a obter mais segurança e fortalecer o
sistema cooperativista de crédito no Brasil. Sua eficácia resulta “de um processo de arbitragem
entre custos e perdas provocados pelo comportamento oportunista dos agentes envolvidos com a
cooperativa e os custos de controle desses comportamentos” (BATISTA, 2009).
1.4.1. Associados
O associado, como dono e usuário da cooperativa, goza de direitos e obrigações, sendo
uma delas a fiscalização e a verificação do controle das organizações. É preocupante a falta de
acompanhamento por parte dos associados que, na maioria das vezes, assumem riscos e
responsabilidades que extrapolam as de simples usuários de serviços financeiros, devido à
confiança do cooperado na administração da cooperativa e à falta de conhecimento a respeito da
sua responsabilidade perante a cooperativa, evidenciando o chamado “efeito carona”, pelo qual o
associado pondera a importância da sua participação frente aos benefícios que pode obter pela
melhoria advinda dessa supervisão. Ao não participar, torna-se menos consciente de seu papel e
desconsidera a importância da sua participação, gerando um ciclo que enfraquece o controle
interno pelos associados (TOSINI et al, 2008).
Em decorrência da previsão expressa no art. 1.095 do Código Civil de 2002 e nos arts. 89
e 80 da Lei 5.764/1971, o sócio de uma cooperativa passa a responder não somente pela parcela
de sua contribuição ao capital social, correspondente às quotas por ele integralizadas, mas
também pelos prejuízos porventura verificados, na proporção das operações que tiver realizado.
Diante da responsabilidade que a legislação brasileira imputa aos associados, propõe-se
que a administração das cooperativas crie meios para que eles exerçam efetivamente seu direito e
dever (legal e estatutário) de fiscalizar e controlar os negócios da cooperativa, uma vez que a
responsabilidade legal dos sócios pode ser limitada ou ilimitada, especialmente em casos de
perda e/ou prejuízo (TOSINI et al, 2008).
1.4.2. Auditorias
As auditorias são ferramentas de grande importância para a fiscalização e controle de
cooperativas e outras empresas. Uma das contribuições do trabalho de auditoria é reduzir a
assimetria de informação, ao confrontar a veracidade dos dados informados nos relatórios
gerenciais e econômico-financeiros enviados ao Conselho Fiscal e Conselho de Administração.
Outra contribuição da auditoria é na mitigação do risco operacional, também conhecido como
risco de processo.
1.4.2.1. Auditoria Interna
Conforme citação de Daiane Costa Stecanella Batista, na obra “A contribuição da
governança corporativa para as cooperativas de crédito: um estudo de caso”,
A administração da empresa, com a extensão dos negócios, sentiu necessidade de dar maior ênfase as normas ou procedimentos internos, devido ao fato de que o administrador, ou em alguns casos o proprietário da empresa, não poderia supervisionar pessoalmente todas as suas atividades (BATISTA, 2009).
O auditor interno surgiu como opção empresarial pela contratação de um profissional da
própria empresa, de modo a minimizar a ocorrência de possíveis erros, inibir fraudes e agilizar o
processo de acompanhamento e verificação dos procedimentos internos, que não deve se
subordinar àqueles cujo trabalho se examina. É ramo da auditoria externa e da contabilidade que
assessora os membros da Administração no desempenho de suas atividades, fornecendo-lhes
análises de dados, recomendações e sugestões pertinentes, serviço este prestado de maneira
independente dos agentes que ela deve controlar. Contudo, a Auditoria Interna deve prestar
contas ao Presidente Administrativo e ao Conselho Fiscal.
1.4.2.2. Auditoria Externa
Embora a responsabilidade principal pelo bom funcionamento dos instrumentos de
controle e fiscalização seja do Conselho de Administração e da gestão executiva, estes órgãos
podem falhar se interesses oportunistas dos conselheiros estiverem alinhados com os dos
gestores. Constata-se a necessidade de também se promover a realização de controles externos à
organização, que atuem limitando os comportamentos oportunistas dos dirigentes (TOSINI et al,
2008) em benefício dos interesses dos demais associados.
A auditoria externa é executada por um Auditor Independente, sem vínculo algum com o
quadro de funcionários da entidade auditada, ao qual cabe a verificação da correspondência entre
as demonstrações financeiras e a realidade da cooperativa, de forma mais rápida e prática,
prestando inestimáveis serviços ao acionista, aos banqueiros, aos órgãos públicos
governamentais e ao público em geral. Por concederem maior credibilidade ao negócio, são
frequentemente solicitados.
São profissionais sujeitos às normas e à supervisão da Comissão de Valores Mobiliários e
respondem judicialmente por seus pareceres e relatórios, tanto na esfera civil quanto na criminal.
Isso tende a tornar o trabalho da auditoria externa um instrumento eficaz de fiscalização e
controle dos registros contábeis.
Sua intervenção é ajustada em contrato de serviços com prazo pré-estabelecido. Estes
profissionais devem usufruir de independência absoluta, jamais podendo aceitar posições da
empresa quanto ao procedimento que deverá adotar para a realização da auditoria, nem quanto às
conclusões a que deve chegar e oferecer ao final sobre a matéria examinada (TOSINI et al,
2008).
1.4.2.3. Relatório de Auditoria
O relatório é a compilação dos trabalhos realizados pela auditoria, como fonte de
informação sobre o estado patrimonial da cooperativa; por meio dele, são emitidos opiniões e
pareceres sobre o trabalho que se realizou, o seu alcance e a forma de divulgação dos resultados,
os fatos observados julgados mais pertinentes e a conclusão a que se chegou, de forma clara,
completa, objetiva, independente e imparcial.
1.4.3. Conselho Fiscal
A Lei Cooperativa, 5.764/71, determina em seu art. 56 que “a administração da sociedade
será fiscalizada, assídua e minuciosamente, por um Conselho Fiscal, constituído de 3 (três)
membros efetivos e 3 (três) suplentes, todos associados eleitos anualmente pela Assembleia
Geral, sendo permitida apenas a reeleição de 1/3 (um terço) dos seus componentes”.
O Conselho Fiscal se destaca nas cooperativas de crédito como um dos mais importantes
instrumentos de fiscalização e controle, cuja eficácia depende de sua independência e
imparcialidade para colher informações relevantes à realização dos seus trabalhos, devendo estar
subordinado somente à Assembleia Geral. Aconselha-se que os membros do Conselho Fiscal não
promovam negócios com a cooperativa além daqueles realizados na condição de associados, nem
sejam empregados de entidade e/ou empresa fornecedora da sociedade, e que também não sejam
cônjuges ou parentes até segundo grau de membros da diretoria executiva ou de gerentes da
cooperativa (BATISTA, 2009).
A capacidade de fiscalização do conselheiro fiscal deve ser a mais ampla possível,
encontrando-se regulada apenas pela lei, pelo estatuto da cooperativa e pelo regimento interno do
Conselho. O artigo 1.070 do Novo Código Civil e o artigo 53 da Lei 5.764/1971 estabelecem que
os componentes da administração e do Conselho Fiscal se equiparam aos administradores das
sociedades anônimas para efeito de responsabilidade criminal, podendo responder às ações
oriundas de cooperados ou terceiros.
É órgão responsável pela fiscalização dos atos dos administradores, pela verificação do
cumprimento de seus deveres legais e estatutários e pela análise dos balancetes, demonstrações
financeiras do exercício social e das propostas dos órgãos da administração, a serem submetidas
à Assembleia-Geral, relativas à modificação do capital social, planos de investimento ou
orçamentos de capital, transformação, incorporação, fusão ou cisão.
Desde que possam influenciar os números fiscalizados, todos os documentos e
informações sobre os quais não recaia dever legal de sigilo devem ser disponibilizados. Para o
bom exercício de sua função fiscalizadora, o conselheiro fiscal precisa de autonomia para acessar
informações pertinentes à sua atribuição, podendo, em analogia ao inciso IV do artigo 163 da Lei
6.404/1976 e do inciso IV do artigo 1.069 do Novo Código Civil, denunciar aos órgãos de
administração os erros, fraudes ou crimes que descobrirem e sugerir providências úteis à
companhia. Caso os órgãos de administração não tomem as providências necessárias, ou estejam
dificultando ou impedindo esse acesso, pode o Conselho Fiscal, convocar uma Assembleia-Geral
para denunciar tais fatos.
Embora o Conselho Fiscal e as auditorias sejam órgãos pertencentes à estrutura de
fiscalização e controle, suas funções dentro da cooperativa são distintas e complementares. As
auditorias devem prestar contas tanto ao Conselho de Administração quanto ao Conselho Fiscal.
Portanto, o Conselho Fiscal não só pode, mas deve usar os relatórios, pareceres e recomendações
das auditorias, interna e externa, como fonte de informação para realização e conclusão de seus
trabalhos, bem como reunir-se com a auditoria de forma a buscar a colaboração mútua. O risco,
responsabilidades e demandas inerentes ao cargo devem ter justa remuneração, equivalente à dos
membros do Conselho de Administração. Sua falta pode desestimular uma atuação mais efetiva
deste conselho e inibir cobranças sobre sua atuação, sob o argumento de que executa um trabalho
não remunerado (TOSINI et al, 2008).
1.4.4. Organização Sistêmica
A organização sistêmica melhora o manejo das funções de cada colaborador e gestor em
uma cooperativa, pois outros órgãos, como centrais ou confederações, auxiliam na supervisão e
regulação dessas instituições, contribuindo para a boa governança dessas instituições, de forma
mais efetiva e diferenciada. Os cargos executivos em cooperativas singulares, centrais e
confederações não devem ser ocupados pela mesma pessoa, a fim de assegurar a independência
dos trabalhos, especialmente de supervisão.
As confederações ou sistemas organizados, ao cumprirem suas próprias responsabilidades
relativas à governança, lideram a conciliação das estratégias individuais de governança de suas
filiadas e das cooperativas singulares que as compõem. Entretanto, a atuação da confederação ou
sistema organizado não isenta a responsabilidade das centrais e singulares pela efetividade
individual das boas práticas de governança. Recomenda-se ainda que os sistemas organizados
estabeleçam e divulguem a classificação/indicadores (a servirem como fonte de referência para
as diversas partes interessadas) e a política de relacionamento de suas cooperativas filiadas,
buscando mitigar conflitos de interesses entre centrais e, ainda, entre essas e as respectivas
singulares (TOSINI et al, 2008).
3.6. Contribuição da Governança Corporativa para as Cooperativas de Crédito
A boa governança corporativa nas cooperativas de crédito acarreta a construção de
diretrizes fundamentadas nas suas características específicas, considerando a relação entre os
associados, gestores, a comunidade em que está inserida, demais instituições financeiras e Banco
central. De acordo com Elvira Cruvinel Ferreira Ventura (coordenação geral), em “Governança
cooperativa: diretrizes e mecanismos para fortalecimento da governança em cooperativas de
crédito”,
Cabe conhecer, por fim que a melhoria das práticas de uma cooperativa representa não apenas benefícios individuais, mas para todo o seguimento cooperativista de crédito, para melhorar a segurança, reduzir custos de fiscalização e controle, melhorar a imagem e fortalecer o espírito cooperativista da participação, ação coletiva e de pertencimento (TOSINI et al, 2008).
Para o segmento de cooperativas de crédito, a boa governança deve contribuir para:
● “Equilibrar os sistemas externos e internos de controle, de forma que minimizem custos e melhore a afetividade;
● Reduzir o custo da decisão coletiva e melhorar o processo decisório aos proprietários; ● Assegurar gestão eficiente e monitorar a atuação dos gestores; ● Promover alinhamento de interesses dos gestores e dos técnicos com as prioridades da
cooperativa; ● Preservar equidade no tratamento dos interesses dos associados” (VENTURA, 2009).
4. Conclusão
Este artigo procurou focar a realidade das cooperativas em seus principais contextos de
governança. Para manter o espaço conquistado ou ampliar sua fatia no mercado financeiro, o
segmento de crédito cooperativo tem como desafio melhorar suas práticas de governança,
especialmente adotando instrumentos de fiscalização e controle mais eficientes. A ampliação da
base de associados e das fontes de capacitação, consequências naturais do crescimento,
aumentam os problemas de agência e o risco de oportunismo; e a mitigação e o controle desses
riscos só podem ocorrer com bons mecanismos de controles internos e externos (TOSINI et al,
2008).
Há ainda um longo caminho a ser percorrido na melhoria dos mecanismos de governança
corporativa em instituições financeiras, sendo que essa melhoria não diz respeito somente às
novas normas, mas também à necessidade de se fazer cumprir as existentes (PINTO et al).
Embora evidencie diversos aspectos da governança que carecem de melhorias, também mostra
aspectos positivos que contribuirão para que o cooperativismo vença os novos desafios e o
aumento de sua participação no mercado financeiro de forma sustentada.
Por parte dos sistemas cooperativos organizados, grandes são os esforços para melhorar
os sistemas e procedimentos aplicados, pois são muitos os benefícios que a boa prática da
governança corporativa traz para as cooperativas de crédito: a melhora do desempenho dos
resultados (problema relacionado à lentidão nas decisões por envolver consenso entre os
cooperados), uma maior transparência e fiscalização dos atos aplicados pela diretoria, um
aumento da participação e do controle interno pelos associados (problema relacionado à reduzida
participação dos associados nas Assembleias), uma melhor gestão democrática da organização
(problema relacionado à centralização do poder e à falta de uma gestão administrativa), mais
segurança das cooperativas singulares e do sistema, o fortalecimento dos conselhos e maior
estímulo ao desenvolvimento profissional, o desenvolvimento de uma visão cooperativista e a
redução de custos operacionais, entre outras, que facilitam enormemente o financiamento de
novos projetos econômico-sociais e promovem o desenvolvimento e o aumento da participação
dessas organizações no mercado financeiro.
Percebe-se que trabalhar esta temática junto às cooperativas é bastante estimulante e
recomenda-se avanço contínuo deste estudo, pretendendo que o resultado ora atingido contribua
para que a gestão dessas entidades considere a importância de boas práticas de governança em
virtude de sua interferência no desempenho dessas instituições, e, consequentemente na
agregação de seu respectivo valor (PINTO et al).
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2009. 257 p.
1 Ana Cristina Alves de Paula. Discente do curso de Direito da Universidade Estadual Paulista
"Júlio de Mesquita Filho" – Unesp, Campus de Franca.