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Resumo de Luciano Tavares Junior Temática especial Do meio ambiente A degradação ambiental resultante da evolução industrial e tecnológica aliada à maior conscientização do ser humano em relação à natureza e à qualidade do ambiente em que vive, fizeram com que a proteção ao meio ambiente passasse a ser consagrada, inicialmente, nos tratados e convenções internacionais e, em seguida, nas constituições do segundo pós- guerra como um direito fundamental de 3.ª dimensão. O caráter de fundamentalidade do direito a um meio ambiente equilibrado reside no fato de ser indispensável a uma qualidade de vida sadia, a qual, por sua vez, é essencial para que uma pessoa tenha condições dignas de vida. Por ser um limite expresso às atividades de natureza econômica (CF, art. 170, VI), a defesa do meio ambiente goza de uma prevalência prima facie nos casos de colisão envolvendo esses direitos fundamentais. Destinatários do direito ao meio ambiente e do dever de proteção CF, art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. Por ser um bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, todos são destinatários do direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado (direito difuso), cabendo aos poderes públicos e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para gerações presentes e futuras (CF, art. 225).13 A proteção ao meio ambiente foi atribuída à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, seja no âmbito administrativo por meio da competência comum (CF, art. 23, VI), seja no âmbito legislativo através da competência concorrente (CF, art. 24, VI c/c o art. 30, II). Efetividade do direito ao meio ambiente

7 - Temática Especial

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Temática direito constitucinal

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Resumo de Luciano Tavares JuniorTemtica especialDo meio ambienteA degradao ambiental resultante da evoluo industrial e tecnolgica aliada maior conscientizao do ser humano em relao natureza e qualidade do ambiente em que vive, fizeram com que a proteo ao meio ambiente passasse a ser consagrada, inicialmente, nos tratados e convenes internacionais e, em seguida, nas constituies do segundo ps-guerra como um direito fundamental de 3. dimenso. O carter de fundamentalidade do direito a um meio ambiente equilibrado reside no fato de ser indispensvel a uma qualidade de vida sadia, a qual, por sua vez, essencial para que uma pessoa tenha condies dignas de vida. Por ser um limite expresso s atividades de natureza econmica (CF, art. 170, VI), a defesa do meio ambiente goza de uma prevalncia prima facie nos casos de coliso envolvendo esses direitos fundamentais.

Destinatrios do direito ao meio ambiente e do dever de proteoCF, art. 225. Todos tm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Pblico e coletividade o dever de defend-lo e preserv-lo para as presentes e futuras geraes.

Por ser um bem de uso comum do povo e essencial sadia qualidade de vida, todos so destinatrios do direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado (direito difuso), cabendo aos poderes pblicos e coletividade o dever de defend-lo e preserv-lo para geraes presentes e futuras (CF, art. 225).13

A proteo ao meio ambiente foi atribuda Unio, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municpios, seja no mbito administrativo por meio da competncia comum (CF, art. 23, VI), seja no mbito legislativo atravs da competncia concorrente (CF, art. 24, VI c/c o art. 30, II).

Efetividade do direito ao meio ambienteCF, art. 225, 1. Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Pblico: I preservar e restaurar os processos ecolgicos essenciais e prover o manejo ecolgico das espcies e ecossistemas; II preservar a diversidade e a integridade do patrimnio gentico do Pas e fiscalizar as entidades dedicadas pesquisa e manipulao de material gentico; III definir, em todas as unidades da Federao, espaos territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alterao e a supresso permitidas somente atravs de lei, vedada qualquer utilizao que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteo; IV exigir, na forma da lei, para instalao de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradao do meio ambiente, estudo prvio de impacto ambiental, a que se dar publicidade;V controlar a produo, a comercializao e o emprego de tcnicas, mtodos e substncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; VI promover a educao ambiental em todos os nveis de ensino e a conscientizao pblica para a preservao do meio ambiente; VII proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as prticas que coloquem em risco sua funo ecolgica, provoquem a extino de espcies ou submetam os animais a crueldade.

A fim de assegurar a efetividade do direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, a Constituio incumbiu os poderes pblicos, de todas as unidades da federao, de definir espaos territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alterao e a supresso permitidas somente atravs de lei (CF, art. 225, 1., III). A lei referida no dispositivo uma exigncia formal apenas para os casos de alterao ou supresso dos referidos espaos, no para a criao de reserva ambiental, a ser feita mediante ato administrativo.

Responsabilizao ambientalCF, art. 225, 3. As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitaro os infratores, pessoas fsicas ou jurdicas, a sanes penais e administrativas, independentemente da obrigao de reparar os danos causados.

Nos termos da Constituio, as condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitaro os infratores, pessoas fsicas ou jurdicas, a sanes penais e administrativas, independentemente da obrigao de reparar os danos causados (CF, art. 225, 3.).De forma inovadora, a Constituio de 1988 incluiu a pessoa jurdica como agente de crime em matria ambiental. Esta inovao acompanha uma mudana paradigmtica ocorrida no direito penal no sentido de construir uma responsabilidade dos entes fictcios nos casos em que este se beneficia diretamente do ilcito penal, a fim de tornar a punio mais eficaz. Diversamente dos dirigentes, em relao aos quais se exige o elemento subjetivo (dolo ou culpa) na prtica do ato, a responsabilidade penal da empresa pode ser caracterizada com a simples deliberao social no sentido de praticar a conduta e de obter vantagens desta ao danosa.22 Neste sentido, o entendimento adotado pelo STF: Diferenas entre conduta dos dirigentes da empresa e atividades da prpria empresa. Problema da assinalagmaticidade em uma sociedade de risco. Impossibilidade de se atribuir ao indivduo e pessoa jurdica os mesmos riscos.

A punio da pessoa jurdica restringir-se-, por bvio, s penas de multa e restritivas de direito, no sendo cabvel a impetrao de habeas corpus quando a liberdade de locomoo dos dirigentes no estiver, ao menos indiretamente, ameaada ou restringida.