27
ENCONTRO ANUAL DA ANDHEP DIREITOS HUMANOS, DEMOCRACIA E DIVERSIDADE 23 a 25 de maio de 2012/UFPR/Curitiba (PR) GT EXTENSÃO EM DIREITOS HUMANOS E INTERDISCIPLINARIEDADE A UNIVERSIDADE E AS PENAS ALTERNATIVAS: A PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE NO CAMPUS DA UFF EDNA DEL POMO DE ARAUJO UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE Coordenadora do Projeto Doutoranda em Ciência Política/Programa de Pós-Graduação em Ciência Política/UFF Mestre em Direito/Área de Concentração: Criminologia e Ciências Penais/ Universidade Candido Mendes Professora do Departamento de Sociologia/UFF Coordenadora do Núcleo de Estudos em Criminologia e Direitos Humanos (NUESC) Ex-Membro do Conselho Penitenciário do Estado do Rio de Janeiro MAIO/2012

7º ENCONTRO ANUAL DA ANDHEP DIVERSIDADE 23 a 25 de … · 7º encontro anual da andhep – direitos humanos, democracia e diversidade 23 a 25 de maio de 2012/ufpr/curitiba (pr) gt

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: 7º ENCONTRO ANUAL DA ANDHEP DIVERSIDADE 23 a 25 de … · 7º encontro anual da andhep – direitos humanos, democracia e diversidade 23 a 25 de maio de 2012/ufpr/curitiba (pr) gt

7º ENCONTRO ANUAL DA ANDHEP – DIREITOS HUMANOS, DEMOCRACIA E

DIVERSIDADE

23 a 25 de maio de 2012/UFPR/Curitiba (PR)

GT EXTENSÃO EM DIREITOS HUMANOS E INTERDISCIPLINARIEDADE

A UNIVERSIDADE E AS PENAS ALTERNATIVAS:

A PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE NO CAMPUS DA UFF

EDNA DEL POMO DE ARAUJO

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

Coordenadora do Projeto Doutoranda em Ciência Política/Programa de Pós-Graduação em Ciência Política/UFF

Mestre em Direito/Área de Concentração: Criminologia e Ciências Penais/ Universidade Candido Mendes

Professora do Departamento de Sociologia/UFF Coordenadora do Núcleo de Estudos em Criminologia e Direitos Humanos (NUESC)

Ex-Membro do Conselho Penitenciário do Estado do Rio de Janeiro

MAIO/2012

Page 2: 7º ENCONTRO ANUAL DA ANDHEP DIVERSIDADE 23 a 25 de … · 7º encontro anual da andhep – direitos humanos, democracia e diversidade 23 a 25 de maio de 2012/ufpr/curitiba (pr) gt

P á g i n a | 2

.

RESUMO

Trata-se de um Projeto que visa acompanhar e avaliar o cumprimento da pena de

prestação de serviços à comunidade no campus da universidade. Projeto de caráter pioneiro

em uma universidade federal propicia a UFF e a comunidade acadêmica, a oportunidade de

participar de uma proposta que já vem sendo executada com sucesso por várias entidades

públicas e privadas.

Pretende-se também avaliar o impacto desta proposta na comunidade universitária e

apresentar sugestões ao poder judiciário para uma otimização e eficácia da pena alternativa

da “prestação de serviços à comunidade”. O presente projeto teve início em 2004, quando foi

celebrado o Convênio entre a UFF e o Poder Judiciário para viabilizar o cumprimento das

penas restritivas de direitos (as chamadas penas alternativas) em especial a de prestação de

serviços à comunidade, no campus da UFF, por iniciativa da professora Edna Del Pomo de

Araújo.

Palavras chave: penas alternativas; penas restritivas de direitos; alternativas penais;

prestação de serviços à comunidade; pena; penas e medidas alternativas.

Page 3: 7º ENCONTRO ANUAL DA ANDHEP DIVERSIDADE 23 a 25 de … · 7º encontro anual da andhep – direitos humanos, democracia e diversidade 23 a 25 de maio de 2012/ufpr/curitiba (pr) gt

P á g i n a | 3

.

A Universidade e as Penas Alternativas:

A Prestação de Serviços à Comunidade no campus da UFF

“Realmente, nada revela melhor a crueldade dos homens do que a história das penas, mais do que a dos crimes”.

Aníbal Bruno

Introdução:

É indiscutível que a pena de prisão, notadamente a pena privativa de liberdade, em

todo o mundo, passa por uma crise sem precedentes. A idéia disseminada a partir do século

XIX segundo a qual a prisão seria a principal resposta à criminalidade, tornou-se uma falácia.

Nosso atual sistema carcerário é um depósito de “excluídos sociais”, que cumprem a

perversa trajetória de um sistema capitalista que tem necessidade de manter setores

marginalizados da renda, da propriedade e do avanço tecnológico. Isso significa dizer que no

lugar de se buscar culpar a criminalidade pela ótica da pobreza ou da ausência de uma

cultura social, é mais oportuno afirmar que, urge sanar os efeitos maléficos da sociedade

capitalista que por motivos ideológicos e econômicos, precisa da marginalização criminal,

para que se possa diminuir de fato a criminalidade.

Querer, portanto, que a aplicação da pena de privação da liberdade resolva a questão

da segurança pública é desconhecer as raízes da criminalidade, pois de nada adiantam leis

severas, penas mais duradouras ou mais cruéis, um retrocesso inútil e muitas vezes de

efeitos pirotécnicos e demagógicos. É extremamente sério o atual quadro do sistema

prisional, caracteristicamente criminalizante e que atua no contexto de um conjunto arcaico

onde subsiste uma escola para a reprodução do crime. Na prática, apenas segrega,

temporariamente o condenado, pela ótica exclusiva da repressão.

“Pobres, prisionizados e com o estigma da lei penal, que lhe dificulta cada vez mais a

reinserção social (na realidade a própria inserção social, pois de fato nunca foram

socializados) o ex-preso dificilmente fugirá de comportamentos considerados ilícitos como

estratégia de sobrevivência, engrossando o círculo perverso da reincidência criminal que já

atinge a cifra média de 85% no país. É importante frisar que toda a sociedade se vitimização

com a reincidência criminal na medida que se ressente da violência praticada pelo ex-preso.

Page 4: 7º ENCONTRO ANUAL DA ANDHEP DIVERSIDADE 23 a 25 de … · 7º encontro anual da andhep – direitos humanos, democracia e diversidade 23 a 25 de maio de 2012/ufpr/curitiba (pr) gt

P á g i n a | 4

.

Mas além de ineficiente, o sistema penitenciário brasileiro é caro, muito caro. Onera o

contribuinte, sem nenhum retorno positivo. O custo médio para a manutenção do preso no

Brasil é de 3,5 salários mínimos por mês.1

É aí que se enquadra uma das maiores contribuições das “penas restritivas de

direitos” 2, as chamadas “penas alternativas” que, além de evitar que o condenado sofra um

processo de prisionização (que o tornará incapaz para a convivência na comunidade livre),

oferece uma real perspectiva de reeducá-lo para o convívio social, além de propiciar uma

reparação à sociedade principalmente através das “penas de prestação de serviços à

comunidade”. Trata-se de um dispositivo legal da maior importância e que já deveria ser

reconhecido como a pena mais praticada no país ante não só a falência da pena de prisão,

mas principalmente, tendo em vista as características dos crimes mais penalizados e que

constituem a grande massa de nosso sistema penal. ”3

A base legal das alternativas penais:

Os requisitos necessários para que o condenado ou o autor do fato tenha direito a uma pena

ou medida alternativa são: pena privativa de liberdade não superior a quatro anos; crime sem

violência ou grave ameaça à pessoa; qualquer que seja a pena se o crime for culposo, em

razão de imprudência, negligência ou imperícia; não reincidência em crime doloso, que se

refere àquele com intenção de se atingir o resultado ou assumir o risco de produzir o ato

delitivo; verificação da culpabilidade, antecedentes, conduta social e personalidade do

condenado, bem como motivos e circunstâncias que indiquem a substituição; artigo 76 ou

artigo 89 da Lei 9099/95, e seus parágrafos, se for o caso. As penas alternativas foram

previstas pela lei n° 9.714/98 e as medidas alternativas, pela lei n° 9.099/95.

Assim, o primeiro e essencial objetivo que se pretende alcançar com as penas e medidas

alternativas à prisão, é a redução da pena privativa da liberdade. A prisão deve ser vista

como a última medida do Direito Penal.

“Por que defender Penas e Medidas Alternativas?

Aplica-se ao autor que não é segregado, separado da família ou do

trabalho; Abrem à vítima a perspectiva da reparação dos danos ou outros

1 Cf. ítem 34: Custo médio de manutenção do preso; opus cit., p. 63. 2 Ver Legislação Brasileira/Código Penal, Título V, Seção II, arts. 43-48.

3 ARAÚJO, Edna Del Pomo de. Vitimização Carcerária: Uma visão sociológica. In: Vitimologia em

Debate II, Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 1997, pág. 26.

Page 5: 7º ENCONTRO ANUAL DA ANDHEP DIVERSIDADE 23 a 25 de … · 7º encontro anual da andhep – direitos humanos, democracia e diversidade 23 a 25 de maio de 2012/ufpr/curitiba (pr) gt

P á g i n a | 5

.

tipos de prestações; Proporcionam mais segurança à sociedade, pois

exigem menos custos, previnem o delito e reduzem a taxa de reincidência;

Impedem que uma pessoa primária que cometeu um crime de pequeno

potencial ofensivo seja encaminhada ao sistema penitenciário para o

convívio com autores de crimes graves; Não rompem o vínculo familiar,

comunitário e social aumentando muito as chances de reintegração social;

Propiciam aos cumpridores a possibilidade de pagar pelo delito sem deixar

de trabalhar e sustentar sua família; Não resolvem a situação do sistema

penitenciário, mas atenuam a sua superpopulação. ”4

Objetivos:

O presente Projeto de Extensão, cujo primeiro título foi “Educação e Trabalho para o

Exercício da Cidadania: Uma proposta de inclusão social utilizando as Penas

Alternativas” teve início em 2004 quando foi celebrado o Convênio entre a UFF e o Poder

Judiciário, para viabilizar o cumprimento das penas restritivas de direitos (as chamadas

penas alternativas) em especial a de prestação de serviços à comunidade, no campus da

UFF. Por iniciativa da professora Edna Del Pomo de Araújo, do Departamento de Sociologia

contou com o apoio do Magnífico Reitor na época, professor Cícero Mauro Fialho Rodrigues5

e da Pró-Reitoria de Extensão. Projeto de caráter pioneiro em uma universidade federal

propiciou a UFF e a comunidade acadêmica, a oportunidade de participar de uma proposta

que já vem sendo executada com sucesso por várias entidades públicas e privadas.

Em geral, as instituições que recebem os prestadores de serviço, apenas controlam,

burocraticamente, sua freqüência e a encaminham à Central de Penas e Medidas

Alternativas do Poder Judiciário (CPMA). Mas este programa pretende ir mais além, ou seja,

o diferencial deste Projeto da UFF é oferecer ao prestador de serviços um conjunto de

benefícios que não só propicie o resgate de sua auto-estima, como também o habilite ao

mercado de trabalho de acordo com suas habilidades e expectativas.

Os objetivos específicos do Projeto em pauta são:

Analisar o perfil do prestador e a relação com o tipo de delito cometido;

Acompanhar a implantação da pena alternativa nos diversos setores da UFF;

4 Fonte: Manual de Monitoramento das Penas e Medidas Alternativo, publicado pela Central Nacional

de Apoio e Acompanhamento às Penas e Medidas Alternativas (CENAPA); 5 O Magnífico Reitor da UFF, professor Cícero Mauro Fialho Rodrigues, designou, por ofício, a

professora Edna Del Pomo de Araújo como a coordenadora responsável na UFF pelo Convênio.

Page 6: 7º ENCONTRO ANUAL DA ANDHEP DIVERSIDADE 23 a 25 de … · 7º encontro anual da andhep – direitos humanos, democracia e diversidade 23 a 25 de maio de 2012/ufpr/curitiba (pr) gt

P á g i n a | 6

.

Verificar os efeitos produzidos pela pena de prestação de serviços à comunidade

junto ao beneficiário;

Analisar o impacto da relação entre os funcionários e os beneficiários no

cumprimento da pena de prestação de serviços à comunidade;

Avaliar o nível de conhecimento dos estudantes da UFF a respeito das Penas

Alternativas.

Avaliar o impacto desta proposta na comunidade universitária e apresentar sugestões

ao poder judiciário para uma otimização e eficácia da pena alternativa da “prestação

de serviços à comunidade”.

Esse projeto atende as preocupações comuns das instituições de nível superior, em

especial a UFF, de se fazerem presentes prestando serviços às comunidades onde estão

inseridas. Propicia também, ao corpo discente, um aprendizado e estágio profissional.

Metodologia:

A metodologia utilizada no projeto em pauta fundamenta-se na eficiente metodologia

de acompanhamento das penas e medidas alternativas, hoje difundidas pela Central

Nacional de Penas e Medidas Alternativas (CENAPA), e decorrentes da experiência e do

trabalho técnico que vêm sendo efetivados há um bom tempo em várias unidades da

federação. Ela consiste em quatro momentos que serão aqui brevemente descritos:

Primeiro Momento - Ação junto aos Departamentos e/ou Unidades Acadêmicas

Apresentação: a professora Edna Del Pomo de Araujo dirige-se pessoalmente

aos diretores ou chefes de departamentos da UFF, em reunião previamente agendada, para

apresentar o Projeto e expor em linhas gerais as penas restritivas de direitos. Nesta ocasião,

ela esclarece os fundamentos das penas alternativas em especial à de prestação de serviços

à comunidade, objetivando obter o interesse dessas chefias em aceitar e apoiar o Projeto. A

seguir, é agendada pela Coordenadora do projeto, uma reunião com as técnicas da Central

de Penas e Medidas Alternativas e o chefe e/ou responsável pelo setor onde o prestador

atuará. Nesta reunião são colocados pela equipe técnica da CPMA, os procedimentos

necessários ao acompanhamento da “prestação de serviços”, tais como o preenchimento da

freqüência, da avaliação, etc. Na oportunidade, o responsável pelo setor recebe uma

documentação onde deverá preencher as profissões que tem interesse em receber os

prestadores, horários disponíveis da instituição, etc.

Acompanhamento: corresponde a todas as etapas onde a equipe técnica do

projeto, acompanha e auxilia os chefes e funcionários da UFF, na supervisão do trabalho dos

“prestadores”;

Page 7: 7º ENCONTRO ANUAL DA ANDHEP DIVERSIDADE 23 a 25 de … · 7º encontro anual da andhep – direitos humanos, democracia e diversidade 23 a 25 de maio de 2012/ufpr/curitiba (pr) gt

P á g i n a | 7

.

Segundo Momento - Com os “prestadores de serviço”:

Recepção: corresponde ao momento em que o prestador de serviços chega à

UFF e é recebido pela equipe do projeto, onde lhe é explicado noções básicas da instituição

e a seguir encaminhado ao responsável pelo seu trabalho.

Acompanhamento: corresponde aos momentos onde a equipe técnica do

projeto avalia o perfil do prestador, sua satisfação ou não com o ambiente de trabalho, sua

relação com os colegas e com a instituição, etc.

Avaliação: corresponde ao momento onde o prestador é avaliado pela chefia

imediata, com a supervisão da equipe técnica do projeto.

Encaminhamento: corresponde ao momento onde a equipe técnica do projeto,

encaminha o prestador para a Central de Penas e Medidas Alternativas, seja por término da

pena, ou por qualquer outro motivo que justifique seu encaminhamento.

Terceiro Momento - Com os estudantes participantes do projeto:

Treinamento: corresponde ao momento da leitura e explicação da

legislação das penas restritivas de direitos em especial a de “prestação de serviços a

comunidade”;

Acompanhamento interdisciplinar: reuniões semanais com os alunos

participantes do Projeto para orientação do procedimento técnico a ser desenvolvido com o

“prestador”. Relato de experiências dos alunos em sua pesquisa de campo e leitura de textos

específicos.

Quarto Momento - Com os funcionários da UFF:

Acompanhamento: corresponde aos momentos onde a equipe técnica avalia e

assessora os funcionários que convivem diretamente com os “prestadores”.

Ressalte-se que o trabalho de acompanhar e avaliar a execução da pena

alternativa no campus da UFF é realizado através de uma prática interdisciplinar, envolvendo

alunos da graduação das áreas de sociologia, direito, psicologia e serviço social. Esse

acompanhamento se faz através de uma pesquisa de campo, em que são realizadas

mensalmente visitas aos setores da UFF envolvidos com o Projeto. Os alunos (as)

envolvidos no Projeto são orientados a escrever um “Diário de Campo” de suas observações

para ser analisados e discutidos na reunião semanal com a professora Edna Del Pomo de

Araújo, coordenadora do Projeto.

Page 8: 7º ENCONTRO ANUAL DA ANDHEP DIVERSIDADE 23 a 25 de … · 7º encontro anual da andhep – direitos humanos, democracia e diversidade 23 a 25 de maio de 2012/ufpr/curitiba (pr) gt

P á g i n a | 8

.

Desenvolvimento do Projeto:

O primeiro local a receber os prestadores de serviço foi o Instituto de Ciências

Humanas e Filosofia (ICHF), com o apoio do diretor da época, professor Francisco Palharini.

Este reuniu os funcionários do ICHF e comunicou que o instituto iria receber estes

prestadores, solicitando a colaboração de todos. Foram dadas também explicações sobre a

pena alternativa, em especial a de prestação de serviço à comunidade e um rápido perfil

desses beneficiários. Esta atitude propiciou o diferencial na avaliação da execução da pena

alternativa no campus da UFF, conforme será visto mais adiante.

Nessa ocasião, a coordenadora do Projeto foi procurada pelo diretor do serviço de

pessoal do Hospital Universitário Antonio Pedro (HUAP), para que lhe desse um suporte no

acompanhamento, pois lá já existiam pessoas cumprindo pena de prestação de serviços à

comunidade. Foi assim que se tomou conhecimento que alguns magistrados, antes da

criação da Central de Penas e Medidas Alternativas da comarca de Niterói, encaminhavam

diretamente para o HUAP, para o cumprimento das penas alternativas. Sabe-se que a

intenção dos magistrados era a melhor possível, evitando a condenação a uma pena

privativa de liberdade, mas como o HUAP não foi preparado para tal, à existência de

pessoas cumprindo uma pena alternativa em suas instalações não foi bem compreendida e

aceita. Mais tarde, após algumas reuniões entre a direção do hospital, as técnicas da CPMA

e a coordenadora do Projeto professora Edna Del Pomo de Araújo, o Diretor do HUAP

consciente da importância de um eficaz acompanhamento da prestação de serviços, enviou

um oficio solicitando à Central de Penas e Medidas Alternativas da comarca de Niterói, o

cancelamento daquele espaço para recebimento destes prestadores.

Ainda com caráter de um estudo preliminar, o presente trabalho apresentará

reflexões obtidas durante a realização do projeto e alguns dados coletados sobre a pena de

prestação de serviços no campus da UFF.

Com o intuito de integrar ainda mais o projeto e a comunidade acadêmica, a

professora Edna Del Pomo, através da disciplina “Prática de Pesquisa em Ciências Sociais”,

abriu vagas para que alunos da graduação dos cursos de Ciências Sociais, Psicologia,

Serviço Social e Direito, participassem do Projeto. Os referidos alunos e o bolsista de

extensão entrevistaram os prestadores de serviços, e seus relatos da experiência foram

registrados em um Diário de Campo. Cada semana de aula, um aluno apresentava os dados

colhidos na entrevista. A seguir, um resumo desse trabalho:

O perfil dos Prestadores de Serviços (beneficiários)

O perfil do prestador de serviços, de acordo com as entrevistas aplicadas e a

convivência com eles, nos aponta para indivíduos que possuem um grau de escolaridade

Page 9: 7º ENCONTRO ANUAL DA ANDHEP DIVERSIDADE 23 a 25 de … · 7º encontro anual da andhep – direitos humanos, democracia e diversidade 23 a 25 de maio de 2012/ufpr/curitiba (pr) gt

P á g i n a | 9

.

que varia do ensino fundamental ao médio, sendo duas exceções, um estudante da própria

universidade e outro de uma universidade particular. A maioria reside em regiões periféricas,

levando-se em conta o ponto de vista socioeconômico. Dos delitos cometidos pelos

beneficiários os que mais se destacam são: pequenos furtos uso de entorpecentes, porte

ilegal de armas, crime de trânsito, injúria e agressão.

Jovens, em sua maioria, aparentemente não relacionados ao “crime organizado”,

consideram justas as punições que receberam e afirmaram conhecer o artigo pelos quais

foram condenados. Quase todos possuem relações familiares relativamente fortes e

afirmaram que o apoio familiar é fundamental. A maioria demonstrou bastante

arrependimento. Todos conheciam a UFF e a escolheram por julgar um ótimo local para

cumprir sua pena. Dentre as dificuldades apontadas pelos beneficiários na prestação de

serviços, destaca-se o custo do transporte e alimentação, o preconceito e a desconfiança de

alguns funcionários, o excesso de tarefas a que são designados a fazer e a dificuldade de

conciliar o trabalho com a pena. A coordenação do Projeto conseguiu junto aos dirigentes

das unidades onde os prestadores atuavam o ticket do Bandejão para o dia da prestação de

serviços à comunidade. Todos agradeceram e ficaram muito satisfeitos, fato também

elogiado pelas técnicas da CPMA.

Um aspecto bem interessante a ser apontado é que todos os prestadores estavam

satisfeitos com as atividades que desenvolveram e desenvolvem na UFF. Alguns fizeram

questão de ressaltar que “era um aprendizado”, o que demonstra não só um bom

entrosamento entre eles e os funcionários, mas principalmente o atendimento a um dos

objetivos do Projeto. Outros expressaram vontade de permanecer na UFF após o término da

pena:

Preciso de um emprego...Gostaria de ser aproveitado aqui ...(Entrevista com

Beneficiário)

Em relação à expectativa e o que realmente eles encontraram, alguns responderam

que não havia nenhuma diferença. Mas o que chama a atenção foram as respostas de três

prestadores que afirmaram esperar uma tarefa bem rigorosa ou mesmo serem maltratados e

desprezados, evidenciando o estigma que carregam por serem condenados e a sensação de

desconfiança que recai sobre eles.

Foram perguntadas quais as sugestões que eles apresentavam para a eficácia da

pena. As respostas apontaram para as próprias dificuldades que eles encontravam, ou seja,

as questões relativas a transporte e alimentação. Um deles chegou a sugerir que o juiz

deveria determinar um auxilio do judiciário para as passagens e alimentação, o que

Page 10: 7º ENCONTRO ANUAL DA ANDHEP DIVERSIDADE 23 a 25 de … · 7º encontro anual da andhep – direitos humanos, democracia e diversidade 23 a 25 de maio de 2012/ufpr/curitiba (pr) gt

P á g i n a | 10

.

evidencia o perfil de uma população pobre e em sua maioria sem trabalho com vínculo

empregatício.

Sobre o relacionamento entre os prestadores e funcionários:

A respeito dos funcionários, é certo afirmar que a concepção que eles têm sobre as

pena alternativa nos setores que trabalham é bem diferente. Isso é fato quando se tem o

HUAP numa posição extremamente desfavorável, e contrariamente a essa posição o ICHF e

mais singularmente, a Faculdade de Direito.

Sobre o que os funcionários sabiam a respeito da pena de prestação de serviços à

comunidade quase todos responderam que sim, e fizeram questão de enfatizar que era um

benefício, e uma maneira de diminuir a superlotação carcerária.

No que tange a opinião sobre a prestação de serviços no campus da UFF, a maioria

aprova esse tipo de iniciativa (com exceção de um funcionário do HUAP) e um funcionário

afirmou que veio “suprir a carência de mão de obra”.

Quando perguntados se acreditavam na eficácia desse tipo de pena, uma boa parte

dos funcionários disse sim, desde que tivesse muito cuidado no acompanhamento do

prestador. Sobre o perfil dos prestadores de serviços, quase todos tinham conhecimento que

“não eram perigosos embora possuíssem baixa escolaridade” e que são réus primários.

Quanto às dificuldades para a aplicação e o cumprimento da pena, os funcionários de

uma maneira geral apontaram o controle da freqüência e a preocupação com os roubos e

furtos na UFF temendo que os prestadores fossem apontados injustamente.

Os prestadores e os funcionários apresentaram, no geral, bom relacionamento. Trata-

se de um fator bem interessante, porque o tipo de tratamento dado aos prestadores na

Faculdade de Direito, foi o de estagiário, onde apenas o funcionário responsável por eles

tinha conhecimento sobre sua origem, enfatizando que fazia questão que os outros

funcionários e a comunidade acadêmica não tomassem conhecimento que eles cumpriam

uma pena alternativa. A justificativa apresentada pela Faculdade de Direito é que tal atitude

foi escolhida para preservá-los, com o objetivo de evitar o constrangimento e não criar

qualquer tipo de preconceito. Tal fato evidencia o que Goffman classifica como

“encobrimento”: “O fenômeno do encobrimento sempre levantou questões referentes ao

estado psíquico da pessoa que se encobre. Em primeiro lugar, supõe-se que ela deve

necessariamente pagar um alto preço psicológico, um nível de ansiedade, por viver uma vida

que pode entrar em colapso a qualquer momento.” 6 Importante pontuar que o encobrimento

6GOFFMAN, Erving. Estigma: Notas sobre a manipulação da identidade deteriorada. Rio de Janeiro:

Jorge Zahar, 1975, pág. 98.

Page 11: 7º ENCONTRO ANUAL DA ANDHEP DIVERSIDADE 23 a 25 de … · 7º encontro anual da andhep – direitos humanos, democracia e diversidade 23 a 25 de maio de 2012/ufpr/curitiba (pr) gt

P á g i n a | 11

.

acaba por interferir negativamente no alcance do que a lei determina com a pena alternativa

que é a de ser instrumento eficaz de punição, conscientização e responsabilização.

Diferentemente, no ICHF, onde os prestadores sempre foram apresentados como tal,

o que se apurou nas entrevistas com os funcionários, foi uma mudança na postura, ou seja,

muitos afirmaram que “o que ocorreu com eles poderia acontecer a qualquer um de nós”,

“que errar é humano”, etc. Ou seja, evidenciou-se uma conscientização da pena alternativa,

através do conhecimento e do esclarecimento. Um funcionário do ICHF chegou a dizer que a

convivência com os prestadores foi um “aprendizado de vida”. 7

No primeiro semestre de 2010, a turma da “Prática de Pesquisa em Ciências Sociais”

e a referida professora, construíram alguns documentos importantes para o desenvolvimento

do Projeto na universidade. Isto porque, quando a coordenadora do Projeto apresentava aos

dirigentes da UFF o Projeto em tela, percebeu que seria importante oferecer informações

mais detalhadas sobre o desenvolvimento do Projeto, principalmente, quais seriam suas

responsabilidades, assim como o da própria coordenadora e seu bolsista. Foram elaborados

então os seguintes documentos:

Apresentação do Projeto (Cf. Anexo 1);

Atribuições da Coordenação do Projeto e sua equipe (Cf.: Anexo 2);

Atribuições do Funcionário responsável pelo beneficiário na instituição UFF (Cf.

Anexo 3);

Memorando Circular (Cf. Anexo 4)

Anexo ao Memorando Circular (Cf. Anexo 5)

No segundo semestre de 2010, a turma da “Pratica de Pesquisa em Ciências

Sociais”, participou de uma pesquisa exploratória no campus da UFF, visando obter não só

qual o conhecimento que os alunos tinham sobre a Pena Alternativa como também suas

opiniões sobre a existência de pessoas cumprindo esta pena na universidade8. Diante do

universo de aproximadamente 40.888 universitários existentes na Universidade Federal

Fluminense, definiu-se, como 205 universitários entrevistados, o tamanho mínimo da

7 Os dados deste trabalho foram coletados pelos alunos (as) da disciplina “Prática de Pesquisa

Sociológica”, do curso de Ciências Sociais, dos anos de 2004/2005/2006 e pelos bolsistas de extensão, Marcus Vinicius Teixeira Valle e Rodrigo Carvalho Salum (ano 2005) e Brenda Suzarte Garcia da Silva (ano 2006). 8 Esta pesquisa contou com a colaboração de Wilson Santos de Vasconcelos, Mestre em Estudos Populacionais e Pesquisas Sociais/Escola Nacional de Ciências Estatísticas (ENCE/IBGE), ex-aluno da professora Edna Del Pomo, que tratou estatisticamente os dados da pesquisa. Participaram da aplicação dos questionários, os alunos: Cehyl Pessoa Tinoco, Daniel Hoffman da Silva, Marcos Raddi

dos Santos e o bolsista Michel Lobo.

Page 12: 7º ENCONTRO ANUAL DA ANDHEP DIVERSIDADE 23 a 25 de … · 7º encontro anual da andhep – direitos humanos, democracia e diversidade 23 a 25 de maio de 2012/ufpr/curitiba (pr) gt

P á g i n a | 12

.

amostra a ser pesquisada, sendo que, de fato, foram entrevistados 211 universitários através

de um questionário com perguntas fechadas e abertas. (Cf. Anexo 6)

O conhecimento dos estudantes da UFF a respeito das Penas alternativas:

O intuito das entrevistas visava saber se os estudantes da universidade tinham algum

conhecimento sobre as penas alternativas e do projeto em si. A pesquisa contou com a

participação de 211 universitários entrevistados.

Indagados sobre o que entende por penas alternativas, a grande maioria dos

estudantes responderam de forma satisfatória. Analisando a tabela abaixo, podemos notar

que os estudantes possuem certa noção do que seja pena alternativa, pois parte responde

pela sua definição/característica da pena e outra por atividades que a lei impõe ao apenado.

O que você entende por “penas alternativas”?

Respostas Percentual

Alternativa à prisão 43,6% Trabalhos Comunitários e/ou sociais 18,8% Medidas educativas/forma de ressocialização 9,6% Delitos de menor potencial ofensivo 7,2% Outros 5,6% Não sabe 4,8% Penas leves / "brandas" 4,4% Progressão de pena

2,8% Meio de punir melhor 1,6% Pena não eficaz 1,6% Total 100,0%

Fonte: Dados da pesquisa

Questionados acerca da eficiência da prestação de serviços a comunidade como

pena alternativa a pena de prisão, a maioria dos universitários respondeu que “sim” (60,7%),

os que disseram “depende” representa 36% dos entrevistados. Apenas 3,3% não são a

favor. Importante destacar que os entrevistados que assinalaram a opção “depende” avaliam

que a prestação de serviço a comunidade só será favorável nos casos em que o apenado

não tenha cometidos crimes perigosos ou que dependa do tipo de pessoa.

Page 13: 7º ENCONTRO ANUAL DA ANDHEP DIVERSIDADE 23 a 25 de … · 7º encontro anual da andhep – direitos humanos, democracia e diversidade 23 a 25 de maio de 2012/ufpr/curitiba (pr) gt

P á g i n a | 13

.

Você é a favor da prestação de serviço à comunidade como pena alternativa à pena de prisão?

Fonte: Dados da pesquisa

Quando perguntados se sabiam que haviam prestadores de serviços de penas

alternativas na universidade, 87,2% disseram que não sabiam e apenas 12,8% dos

estudantes entrevistados tinham conhecimento da existência de prestadores de serviço por

penas alternativas com atividades laborais na UFF. É um dado importante, pois reforça a

criação de novos meios ou instrumentos mais efetivos para divulgação do projeto.

Você sabia que na UFF há prestadores de serviços de penas alternativas?

Fonte: Dados da pesquisa

Quando perguntado sobre a existência de um projeto de penas alternativas no

campus da UFF, a maioria respondeu ser benéfico (71,6%). 12,8% acharam indiferente ao

projeto e 3,8% acharam perigoso. Os que responderam ser perigoso temem apenados na

instituição, pois reforçam a idéia do tipo de crime e do infrator.

Page 14: 7º ENCONTRO ANUAL DA ANDHEP DIVERSIDADE 23 a 25 de … · 7º encontro anual da andhep – direitos humanos, democracia e diversidade 23 a 25 de maio de 2012/ufpr/curitiba (pr) gt

P á g i n a | 14

.

O que você acha da existir um projeto de penas alternativas no campus da UFF?

Fonte: Dados da pesquisa

Quando indagados se imaginavam quais serviços prestados como pena alternativa

na UFF, 67,8% dos universitários não tinham noção o que os beneficiários faziam na

universidade, enquanto 32,2% disseram que imaginavam. Os que responderam que sim

imaginaram que os serviços prestados pelos apenados envolviam a área de serviços gerais

como: jardinagem, faxina, cozinha, almoxarifado, etc.. Tal assertiva corresponde à realidade

do projeto.

Você imagina quais são os serviços prestados como pena alternativa na UFF?

Fonte: Dados da pesquisa

No que se refere à recuperação social do apenado que cometeu um crime e teve

como punição uma pena alternativa, a grande maioria dos universitários disse que sim

90,5% e apenas 9,5% disseram que não. É uma informação de extrema importância

Page 15: 7º ENCONTRO ANUAL DA ANDHEP DIVERSIDADE 23 a 25 de … · 7º encontro anual da andhep – direitos humanos, democracia e diversidade 23 a 25 de maio de 2012/ufpr/curitiba (pr) gt

P á g i n a | 15

.

constatar que os universitários vêem com bons olhos a utilização das penas alternativas

como instrumento de ressocialização do indivíduo ante a perversidade que a prisão

proporciona ao indivíduo apenado.

Você acha que a pena alternativa pode recuperar socialmente alguém que cometeu um delito leve, sendo uma punição que reduz a vulnerabilidade do cidadão frente ao sistema prisional?

Fonte: Dados da pesquisa

Em relação às perguntas abertas, observa-se que embora minoria, alguns alunos

entrevistados mostraram-se críticos quanto ás penas alternativas. Na pergunta 6 (Cf.

Questionário) que indaga sobre a pena de prestação de serviços, um aluno do Curso de

Relações Internacionais diz: São aquelas que "passam a mão na cabeça" de delinqüentes,

aumentando os índices de criminalidade. Outro aluno, de Ciências Sociais, na mesma

pergunta responde: Pode servir para explorar a mão de obra e como mecanismo de

violência. Outro aluno, do curso de Ciências Sociais responde: É uma questão de pagar pelo

erro, não de recuperar. Na pergunta 8 (Cf. Questionário) que indaga a opinião sobre ter

pessoas cumprindo pena alternativa na UFF, o mesmo aluno de Relações Internacionais

citado respondeu: Péssimo: Universidade não é lugar para criminosos

Page 16: 7º ENCONTRO ANUAL DA ANDHEP DIVERSIDADE 23 a 25 de … · 7º encontro anual da andhep – direitos humanos, democracia e diversidade 23 a 25 de maio de 2012/ufpr/curitiba (pr) gt

P á g i n a | 16

.

Conclusões:

Embora preliminar, a conclusão que se pode afirmar é que o principal objetivo deste

Projeto, que era a de acompanhar e avaliar a execução da pena alternativa no campus da

UFF foi realizado com sucesso. Desde que foi implantado o Projeto “A Universidade e as

Penas Alternativas: A Prestação de Serviços à Comunidade no campus da UFF”, já recebeu

um total de vinte e cinco (25) prestadores de serviços, assim distribuídos: - no Instituto de

Ciências Humanas e Filosofia (ICHF) quatro cumprem pena atualmente, dezesseis

terminaram sua pena, um foi devolvido por excesso de faltas e dois reincidiram;

-na Faculdade de Direito, sete prestadores já cumpriram sua pena, atualmente não há

prestadores por solicitação da própria Faculdade;

- na Pró-Reitoria de Extensão (Proex), um prestador já cumpriu sua pena e foi

elogiado pelo seu supervisor;

- atualmente, dois prestadores cumprem pena no Almoxarifado Central da UFF.

É claro que não se esperaria que na UFF, a execução da pena alternativa seria

aplicada de forma perfeita, isso seria impossível. Por outro lado, o fato de se conseguir um

auxílio para a alimentação através do ticket do Bandejão, foi um fator muito positivo, elogiado

por todos. Alguns prestadores almejam um vale transporte, porém julgam que tal auxílio

deveria ser dado pela “justiça”.

Em relação às freqüências podemos dizer que, o grau de presença do prestador,

assim como a sua produtividade, está diretamente relacionado ao comprometimento da

instituição que o recebe, preparando os funcionários, designando uma atividade condizente

às habilidades do prestador, facilitando a inserção do mesmo no ambiente e na função da

prestação de serviços. E por último, ao acompanhamento correto do prestador, em

harmonia com a CPMA que por sua vez, deverá estar disponibilizando um responsável para

acompanhar de perto a freqüência e o entrosamento, mantendo uma comunicação aberta e

mais participativa com a instituição conveniada. Interessante pontuar uma observação feita

pela Coordenadora do “Programa Vida no Campus” (um dos espaços no ICHF, onde atua

um prestador de serviços), professora Dalva Moraes Pinheiro, quando afirma: não nos

parece que eles tenham sido informados ou conscientizados da importância que a

oportunidade que estamos oferecendo representa para a sua vida, pois abrimos as portas da

UFF sem preconceitos e ainda com vontade de ensinar um oficio que significa possibilidade

de reinserção social futura. Às vezes, sinto que sou tratada como uma “feitora” que está lhe

obrigando a trabalhar. Talvez, esse significado possa estar dependendo de um melhor

preparo para assumir este novo papel.

Page 17: 7º ENCONTRO ANUAL DA ANDHEP DIVERSIDADE 23 a 25 de … · 7º encontro anual da andhep – direitos humanos, democracia e diversidade 23 a 25 de maio de 2012/ufpr/curitiba (pr) gt

P á g i n a | 17

.

Foram realizadas as avaliações dos bolsistas, discentes não bolsistas, funcionários que

atuaram no Projeto e todos se mostraram satisfeitos com os resultados obtidos. Porém

identificaram a falta de uma infra-estrutura específica para o Projeto9 tais como: espaço

específico para a secretaria do Projeto, com a presença de uma secretária para atender os

bolsistas e prestadores (estes chegam a qualquer momento da CPMA e precisam encontrar

um funcionário para a sua recepção na universidade) e também as técnicas da Central de

Penas e Medidas Alternativas que constantemente fazem contato, seja para enviar os

prestadores, seja para comunicar alguma reunião, onde, na maioria das vezes, tais contatos

são realizados através do celular da professora Edna Del Pomo de Araújo, coordenadora do

Projeto.

Com apenas o primeiro prestador, dado o caráter pioneiro do Projeto, este foi matéria de

primeira página do Jornal O Globo, em 12 de junho de 2004 e de matéria no Jornal Momento

UFF, número 149, também em 2004. Em 2007, recebeu o 1º lugar, no V Prêmio Josué de

Castro de Extensão, apresentado pela bolsista de extensão Carolina Weller Thibes.

O alcance social deste projeto foi a recuperação social dos indivíduos que cometeram

crimes menos graves, condenados ao cumprimento das penas alternativas. Outro fator

relevante observado foi permitir ao prestador “sentir-se útil” à comunidade no cumprimento

da prestação do serviço. Um exemplo deste fato ocorreu com um “prestador de serviços à

comunidade” que atuou no ICHF: este se identificou de tal forma com a UFF, ou como disse

o Diretor na época, professor Francisco de Assis Palharini, “vestiu a camisa da UFF”, que ao

término do cumprimento de sua pena, foi contratado como prestador de serviço no ICHF,

atuando perfeitamente integrado, de forma harmoniosa, com os outros funcionários.

Também, no Almoxarifado Central, a Diretora responsável pelo setor, elogiou muito o

trabalho dos prestadores de serviços relatando que um deles, apesar de ainda estar no

cumprimento de sua pena (7 horas semanais), já foi contratado pela UFF.

Cria-se assim, uma real perspectiva de reinserção social que por sua vez impede

a reincidência criminal evidenciando a diferença entre o cumprimento da pena através

da prestação de serviços e o da pena privativa de liberdade.

Por último, não poderia deixar de citar o apoio dos chefes de setores da UFF, que

acreditaram neste projeto, sem preconceitos, abrindo as portas da universidade,

convencendo os mais reticentes a uma proposta pioneira e que se ocupa com uma

9 O Projeto em tela funciona no gabinete da professora Edna Del Pomo de Araújo e sede do Núcleo

de Estudos em Criminologia e Direitos Humanos (NUESC), situado no 4º andar, 415, do Bloco Ó, do Campus do Gragoatá/UFF/Niterói/RJ

Page 18: 7º ENCONTRO ANUAL DA ANDHEP DIVERSIDADE 23 a 25 de … · 7º encontro anual da andhep – direitos humanos, democracia e diversidade 23 a 25 de maio de 2012/ufpr/curitiba (pr) gt

P á g i n a | 18

.

população sabidamente vista como “perigosa”. Também o empenho dos funcionários

Solange dos Santos Rosa, Valdir Viana Valle, Maria de Jesus Correa da Costa Ramos e,

atualmente Stela Maria Guerreiro da Silveira e Luiza de Andrade Miguel que foram e são

fundamentais para o sucesso deste Projeto a quem agradeço o empenho e a seriedade no

trabalho do acompanhamento dos prestadores.

Page 19: 7º ENCONTRO ANUAL DA ANDHEP DIVERSIDADE 23 a 25 de … · 7º encontro anual da andhep – direitos humanos, democracia e diversidade 23 a 25 de maio de 2012/ufpr/curitiba (pr) gt

P á g i n a | 19

.

Referências Bibliográficas:

ARAÚJO, Edna Del Pomo de. Vitimização Carcerária: Uma visão sociológica. In: Vitimologia

em Debate II, Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 1997.

ABRANTES, Agnaldo. As Penas Alternativas no Modelo de Justiça Criminal Brasileiro. Rio

de Janeiro, UCM , 2004.171 p.

BRASIL, Presidência da República. CÓDIGO PENAL, Decreto-Lei nº 2.848 de 07/12/1940.

BRASIL, Presidência da República. CÓDIGO DE PROCESSO PENAL, Decreto-Lei nº 3.689

de 03/10/1941.

BRASIL, Congresso Nacional, LEI DE EXECUÇÃO PENAL (LEP): lei n°7.210 de 11/07/1984.

BRASIL, Congresso Nacional. CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL,

1988.

CENSO PENITENCIÁRIO NACIONAL: 1994. Brasília: Ministério da Justiça, Conselho

Nacional de Política Criminal e Penitenciária. 1995.

CENSO PENITENCIÁRIO DE 1995. Brasília: Ministério da Justiça, Conselho Nacional de

Política Criminal e Penitenciária. 1996.

DOTTI, René Ariel. Bases e Alternativas para o Sistema de Penas. São Paulo: Editora

Revista dos Tribunais, 1998.

GOFFMAN, Erving. Estigma: Notas sobre a manipulação da identidade deteriorada. Rio de

Janeiro: Jorge Zahar, 1975, pág. 98.

MENDES, Fernanda.A Produção das Penas Alternativas e a Criminalização do Cotidiano.

Niterói, UFF, 2004.78 p.

THOMPSON, August F. G. A Questão Penitenciária. Petrópolis, RJ: Vozes, 1976.162 p.

VASCONCELOS, W. Penas alternativas: um estudo acerca da execução das penas

restritivas de direito no Rio de Janeiro (1994-2009), Rio de Janeiro, ENCE/IBGE, 2011.

ZAFFARONI, Eugenio Raúl. Em Busca das Penas Perdidas: A perda da legitimidade do

sistema penal. Rio de Janeiro: Revan, 1991.

Page 20: 7º ENCONTRO ANUAL DA ANDHEP DIVERSIDADE 23 a 25 de … · 7º encontro anual da andhep – direitos humanos, democracia e diversidade 23 a 25 de maio de 2012/ufpr/curitiba (pr) gt

P á g i n a | 20

.

ANEXO 1:

EDUCAÇÃO E TRABALHO PARA O EXERCICIO DA CIDADANIA: Uma Proposta de Inclusão Social Utilizando as Penas Alternativas

PROJETO DE EXTENSÃO

A Pena de Prestação de Serviços à Comunidade no Campus da UFF

O Projeto busca acompanhar o cumprimento da pena de prestação de serviços à

comunidade no campus da UFF.

Esse Projeto, coordenado pela Prof.ª Edna Del Pomo, é fruto de um convênio entre o

Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro e a Universidade Federal Fluminense visando o

monitoramento dos beneficiados pelas penas de prestação de serviços à comunidade onde

estes serão acolhidos nas dependências do campus da UFF para o cumprimento dessas

penas.

A prestação de serviços à comunidade é um benefício concedido pelo sistema de

justiça àquele que cometeu um delito leve que ao invés de cumprir sua pena na prisão,

trabalhará gratuitamente para a comunidade, por um período de 7hs semanais; por tempo

determinado pelo Juiz. Consiste em trabalho gratuito, sem vínculo empregatício e visa o

cumprimento de uma pena que se dá fora das prisões, não acarretando em custas para a

instituição.

Esse benefício é concedido para pessoas sem antecedentes criminais, que

cometeram um delito cuja pena possui curta duração, praticado sem violência, nem grave

ameaça, tais como: acidente de trânsito, calúnia, dentre outros de menor potencial ofensivo.

Ao responsável pelo recebimento do beneficiário na Instituição é assegurado o direito

de, a qualquer tempo promover o desligamento do beneficiário.

Espera-se que através desses conceitos e concepções se estabeleça uma nova

forma para se punir melhor, resgatando e mantendo a cidadania daquele que cometeu um

delito leve, além de promover benefícios à nossa sociedade por meio das penas alternativas.

Quaisquer dúvidas sobre o projeto e sua execução, pode-se entrar em contato com a

coordenação do NUESC e sua equipe, nos horários de 14hs às 18hs às terças-feiras e

quintas-feiras.

................................. Edna Del Pomo Coordenadora

Page 21: 7º ENCONTRO ANUAL DA ANDHEP DIVERSIDADE 23 a 25 de … · 7º encontro anual da andhep – direitos humanos, democracia e diversidade 23 a 25 de maio de 2012/ufpr/curitiba (pr) gt

P á g i n a | 21

.

ANEXO 2:

EDUCAÇÃO E TRABALHO PARA O EXERCICIO DA CIDADANIA:

Uma Proposta de Inclusão Social Utilizando as Penas Alternativas

PROJETO DE EXTENSÃO

Cabe à Coordenação do Projeto e Sua Equipe:

Receber as informações e dados do beneficiário que serão fornecidos pelo CPMA

para poder encaminhá-lo a uma função adequada ao seu perfil, em harmonia com o

parecer das técnicas do CPMA;

Receber o prestador no NUESC e em seguida encaminhá-lo às suas funções, que

estarão de acordo com o parecer das técnicas do CPMA, ressaltando que:

Haverá um responsável (estagiário do projeto) no NUESC para receber os

beneficiários nos seguintes horários:

14hs às 18hs às terças-feiras e quintas-feiras.

Acompanhar a freqüência dos beneficiários, ressaltando que:

As freqüências serão recolhidas mensalmente, até o dia 4 (quatro) do mês

seguinte e entregues à CPMA pelo estagiário do projeto;

Informar à CPMA sobre qualquer possível inadequação ou incompatibilidade do

beneficiário com o setor o qual estará prestando serviço na UFF.

........................................ Edna Del Pomo Coordenadora

Page 22: 7º ENCONTRO ANUAL DA ANDHEP DIVERSIDADE 23 a 25 de … · 7º encontro anual da andhep – direitos humanos, democracia e diversidade 23 a 25 de maio de 2012/ufpr/curitiba (pr) gt

P á g i n a | 22

.

ANEXO 3:

EDUCAÇÃO E TRABALHO PARA O EXERCICIO DA CIDADANIA:

Uma Proposta de Inclusão Social Utilizando as Penas Alternativas

PROJETO DE EXTENSÃO

Cabe ao Funcionário Responsável Pelo Beneficiário na Instituição (UFF):

Receber o beneficiário e orientá-lo;

Preencher, assinar e carimbar a ficha de avaliação do beneficiário, anulando as

linhas em branco;

Preencher e assinar a folha de freqüência do beneficiário a cada dia de trabalho,

ressaltando que:

a) o setor não poderá dar folga ao beneficiário. Caso ele falte, registrar na folha

de freqüência a respectiva falta;

b) quando o beneficiário faltar, solicitar ao mesmo a justificativa da falta, que

deve ser compensada, se possível, no mesmo mês. Em caso de falta por doença, o

beneficiário deverá apresentar atestado a ser anexado à ficha de freqüência do mês, e

compensar a falta, salvo em caso de internação.

d) se o dia do cumprimento da Prestação de Serviço à Comunidade cair num

feriado, o beneficiário deverá, preferencialmente, compensar este dia dentro do mesmo mês;

e) quando o beneficiário se ausentar do setor (almoço, chegar atrasado, sair

mais cedo e outros) terá que ser anotado na folha de freqüência;

f) a compensação de horas pendentes deverá ser mencionada no rodapé da

freqüência do mês.

Informar, tão logo possível, à coordenadora do convênio na UFF, professora

Edna Del Pomo: caso o beneficiário cometa faltas disciplinares, tiver problemas de

relacionamento com os demais funcionários e/ou clientela da entidade, não executar

as tarefas que lhe foram atribuídas ou não se adequar ao perfil da instituição.

............................... Edna Del Pomo Coordenadora

Page 23: 7º ENCONTRO ANUAL DA ANDHEP DIVERSIDADE 23 a 25 de … · 7º encontro anual da andhep – direitos humanos, democracia e diversidade 23 a 25 de maio de 2012/ufpr/curitiba (pr) gt

P á g i n a | 23

.

ANEXO 4:

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

MEMORANDO Circular NUESC .../...... Em,.... de.... de 201...

De: Professora Edna Del Pomo

Coordenadora da Ação de Extensão “Educação e Trabalho para o Exercício da Cidadania:

Uma proposta de inclusão social utilizando as penas alternativas”.

Para: ........................................

Assunto: Encaminhamento do Projeto de Penas de Prestação de Serviços na UFF

Venho por meio deste, encaminhar em anexo, a apresentação do referido projeto, as

Atribuições do Coordenador e do Funcionário responsável pelo beneficiário da pena de

prestação de serviços à comunidade, na UFF.

Solicito o preenchimento do anexo com as necessidades do setor e nos envie, assim

que for possível.

Sem mais, colocando-me à disposição para qualquer esclarecimento

Atenciosamente,

............................................... Edna Del Pomo

Coordenadora do Projeto “Educação e Trabalho para o Exercício da Cidadania: Uma proposta de inclusão social utilizando as penas alternativas”

Coordenadora do NUESC

Page 24: 7º ENCONTRO ANUAL DA ANDHEP DIVERSIDADE 23 a 25 de … · 7º encontro anual da andhep – direitos humanos, democracia e diversidade 23 a 25 de maio de 2012/ufpr/curitiba (pr) gt

P á g i n a | 24

.

ANEXO 5 :

RELAÇÃO DE NECESSIDADES DA INSTITUIÇÃO

Atividades que poderão ser executadas:

GRUPO 01: Construção Civil GRUPO 06: Jardim Horta

( ) Pedreiro ( ) Jardineiro

( ) Auxiliar de Pedreiro ( ) Agricultor

( ) Eletricista ( ) Apicultor

( ) Encanador

( ) Pintor GRUPO 07: Ensino e Creche

( ) Carpinteiro ( ) Professor / Instrutor

( ) Marceneiro ( ) Atendente de Creche

( ) Vidraceiro ( ) Recreacionista

( ) Serralheiro

GRUPO 08: Enfermagem e Farmácia

GRUPO 02: Manutenção ( ) Auxiliar de Enfermagem / Atendente

( ) Mecânico ( ) Auxiliar de Farmácia

( ) Técnico em Eletrônica ( ) Auxiliar de Locomoção Deficientes Físicos

( ) Técnico em Caldeiraria ( ) Massagista

( ) Chapeador ( ) Fisioterapeuta

( ) Torneiro Mecânico ( ) Instrumentador Cirúrgico

Grupo 03: Serviço de Escritório GRUPO 09: Gráfica

( ) Office-boy / Contínuo ( ) Gráfico

( ) Auxiliar de Escritório ( ) Tipógrafo

( ) Auxiliar de Contabilidade ( ) Serigrafia

( ) Almoxarifado ( ) Desenhista

( ) Datilógrafo

( ) Redator GRUPO 10: Outros

( ) Orçamentista ( ) Barbeiro

( ) Desenhista ( ) Pesquisador

( ) Auxiliar Administrativo ( ) Costureira

( ) Operador Máquina Reprográfica

( ) Alfaiate

Page 25: 7º ENCONTRO ANUAL DA ANDHEP DIVERSIDADE 23 a 25 de … · 7º encontro anual da andhep – direitos humanos, democracia e diversidade 23 a 25 de maio de 2012/ufpr/curitiba (pr) gt

P á g i n a | 25

.

( ) Digitador ( ) Sapateiro

( ) Programador ( ) Fotógrafo

( ) Tradutor ( ) Cinegrafista

( ) Músico

GRUPO 04: Apoio Administrativo

( ) Vigilante / Zelador GRUPO 11: Profissionais Liberais

( ) Porteiro ( ) Médico

( ) Recepcionista ( ) Dentista

( ) Telefonista ( ) Advogado

( ) Ascensorista ( ) Analista de Sistemas

( ) Motorista ( ) Psicólogo

( ) Tradutor ( ) Programador

( ) Veterinário

GRUPO 05: Limpeza / Cozinha ( ) Arquiteto

( ) Faxineiro ( ) Sociólogo

( ) Lavanderia ( ) Bibliotecário

( ) Passadeira ( ) Assistente Social

( ) Camareira ( ) Fisioterapeuta

( ) Copeira ( ) Jornalista

( ) Cozinheira ( ) Publicitário

( ) Confeiteira ( ) Engenheiro Civil

( ) Padeiro ( ) Engenheiro Mecânico

( ) Merendeira ( ) Engenheiro Químico

( ) Auxiliar de Nutrição ( ) Agrônomo

( ) Operador de Lavanderia ( ) Nutricionista

( ) Fonoaudiólogo

Page 26: 7º ENCONTRO ANUAL DA ANDHEP DIVERSIDADE 23 a 25 de … · 7º encontro anual da andhep – direitos humanos, democracia e diversidade 23 a 25 de maio de 2012/ufpr/curitiba (pr) gt

P á g i n a | 26

.

ANEXO 6:

QUESTIONÁRIO:

A PENA DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE NO CAMPUS DA UFF

1) Curso e período. Nome (opcional).

____________________________________________________________________

2) Idade.

________________________

3) Onde você mora (bairro e cidade)?

_________________________________

4) Sexo.

( ) Feminino ( ) Masculino

5) O que você entende por “penas alternativas”?

____________________________________________________________________

6) Você é a favor da prestação de serviço à comunidade como pena alternativa à pena

de prisão?

( ) Sim ( ) Não

( ) Depende. Por quê? ___________________________________________

____________________________________________________________________

7) Você sabia que na UFF há prestadores de serviços de penas alternativas?

( ) Sim ( ) Não

8) O que você acha da existir um projeto de penas alternativas no campus da UFF?

( ) Benéfico ( ) Perigoso ( ) Indiferente

( ) Outro ___________________________________________

9) Você tem algum parente ou conhece alguém que cumpriu ou cumpre pena

alternativa?

( ) Sim ( ) Não

Page 27: 7º ENCONTRO ANUAL DA ANDHEP DIVERSIDADE 23 a 25 de … · 7º encontro anual da andhep – direitos humanos, democracia e diversidade 23 a 25 de maio de 2012/ufpr/curitiba (pr) gt

P á g i n a | 27

.

10) Você imagina quais são os serviços prestados como pena alternativa na UFF?

( ) Sim. Quais?___________________________________ ( ) Não

11) Você acha que a pena alternativa aumenta as chances em recuperar socialmente

alguém que cometeu um delito leve?

( ) Sim ( ) Não Por que?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

12) Você acredita que a pena alternativa pode atingir qualquer cidadão, inclusive você?

( ) Sim ( ) Não

Por que?____________________________________________________________

13) Quais tipos de crimes cometidos (de menor potencial ofensivo, com até 4 anos de

condenação a prisão e sem uso de violência ou grave ameaça) você NÃO toleraria

para cumprir uma pena alternativa de prestação de serviços na UFF? OBS: Observar

a resposta da “questão 6”.

( ) Furto – art. 155.

( ) Estelionato – art. 171.

( ) Corrupção ativa – art. 333.

( ) Violação de sepultura – art. 210.

( ) Homicídio Culposo – art. 121, §3º.

( ) Lesão corporal leve – art. 129, caput.

( ) Seqüestro e cárcere privado – art. 148.

( ) Calúnia, Difamação ou Injúria – art. 138, 139 e 140.

( ) Crueldade contra os animais – art. 32 da Lei 9.605/98.

( ) Usuário de drogas – art. 28 da Lei Anti Drogas (Lei 11.343/06).

( ) Corrupção de menores (ato de libidinagem – apelo sexual sem ato

consumado) – art. 218.

( ) Nenhum.

( ) Outros._______________________________________________________

Todos os tipos penais estão dispostos no Código Penal Brasileiro, salvo o “usuário de drogas” que está tipificado penalmente na Lei 11.343/06 e a “crueldade contra os animais”, tipificada penalmente pela Lei 9.605/98.