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Doutrinas Bíblicas / IBNC 1 8. O que é oração Pr Luciano R. Peterlevitz Tema e assunto Nessa aula, estudaremos acerca da oração. Os seguintes tópicos serão abordados: A oração e a providência de Deus A oração e a vontade de Deus Os tipos de oração Como devemos orar Objetivos Após estudar essa lição você será capaz de: Reconhecer as orientações bíblicas acerca da oração. Entender que a oração é uma prática fundamental na vida cristã. Desenvolver a prática da oração. Oração: uma prática reconhecidamente importante, mas declaradamente negligenciada Orar é apresentar a Deus, através de Jesus e com a ajuda do Espírito Santo, súplicas, pedidos, ações de graças e confissões dos pecados. Todo cristão reconhece que a oração é uma prática fundamental, mas muitos cristãos não se dedicam de fato à oração. Precisamos entender que oração é essencial para a vida cristã. Tão logo se inicia a vida cristã, deve-se iniciar a prática da oração. Logo após a conversão, Paulo já estava “orando” (At 9.11). “Provavelmente pela primeira vez, Paulo descobriu o que a oração realmente significa, tão profunda foi a transformação de seu coração, efetuada pela conversão.” 1 Portanto, é notável que, corações convertidos ao Senhor, oram ao Senhor. “A oração é a evidência mais importante da verdadeira fé em Cristo (1Tm 2.1). É a própria marca do cristão (1Tm 5.5; cf. At 9.11). Até mesmo Jesus orava (Hb 5.7; cf. Lc 22.44) e fazia intercessão (Lc 22.32).” 2 A oração deveria ser tão essencial e natural como o respirar ou o alimentar-se. Spurgeon dizia: “Deveria existir uma fome e uma sede santas para orarmos, e a alma nunca ora tão bem quanto quando é lembrada, não pela hora do dia ou da noite, mas por sua real 1 J. G. S. S. Thomson, verbete “oração”, em J. D. Douglas (organizador), O Novo Dicionário da Bíblia, vol.2 (São Paulo: Edições Vida Nova, 1ª. Edição, 1962), p. 1149. 2 H. Schönweiss, verbete d. e,omai, em DITNT (vol. 2), p. 1441.

8. O que é oração§ão_ibnc.pdf · 2017-11-02 · A oração deveria ser tão essencial e natural como o respirar ou o alimentar-se. Spurgeon ... É por isso que oramos. Porque

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Doutrinas Bíblicas / IBNC

1

8. O que é oração

Pr Luciano R. Peterlevitz

Tema e assunto

Nessa aula, estudaremos acerca da oração. Os seguintes tópicos serão abordados:

A oração e a providência de Deus

A oração e a vontade de Deus

Os tipos de oração

Como devemos orar

Objetivos

Após estudar essa lição você será capaz de:

Reconhecer as orientações bíblicas acerca da oração.

Entender que a oração é uma prática fundamental na vida cristã.

Desenvolver a prática da oração.

Oração: uma prática reconhecidamente importante, mas declaradamente

negligenciada

Orar é apresentar a Deus, através de Jesus e com a ajuda do Espírito Santo, súplicas,

pedidos, ações de graças e confissões dos pecados.

Todo cristão reconhece que a oração é uma prática fundamental, mas muitos cristãos

não se dedicam de fato à oração.

Precisamos entender que oração é essencial para a vida cristã. Tão logo se inicia a vida

cristã, deve-se iniciar a prática da oração. Logo após a conversão, Paulo já estava

“orando” (At 9.11). “Provavelmente pela primeira vez, Paulo descobriu o que a oração

realmente significa, tão profunda foi a transformação de seu coração, efetuada pela

conversão.”1 Portanto, é notável que, corações convertidos ao Senhor, oram ao Senhor.

“A oração é a evidência mais importante da verdadeira fé em Cristo (1Tm 2.1). É a

própria marca do cristão (1Tm 5.5; cf. At 9.11). Até mesmo Jesus orava (Hb 5.7; cf. Lc

22.44) e fazia intercessão (Lc 22.32).”2

A oração deveria ser tão essencial e natural como o respirar ou o alimentar-se. Spurgeon

dizia: “Deveria existir uma fome e uma sede santas para orarmos, e a alma nunca ora

tão bem quanto quando é lembrada, não pela hora do dia ou da noite, mas por sua real

1 J. G. S. S. Thomson, verbete “oração”, em J. D. Douglas (organizador), O Novo Dicionário da Bíblia,

vol.2 (São Paulo: Edições Vida Nova, 1ª. Edição, 1962), p. 1149. 2 H. Schönweiss, verbete d.e,omai, em DITNT (vol. 2), p. 1441.

2

08. O QUE É ORAÇÃO

necessidade, e quando se refugia em seu lugar particular para orar, não porque acha que

deve, mas porque sente que deve, e o faz com o deleite do privilégio da comunhão com

o seu Deus.”

A oração não é uma opção. É uma ordem, um mandamento (1Ts 5.17). Thomas Lye,

pregador puritano, afirmava que “assim como a oração sem fé é um esforço inútil, a

confiança sem a oração [é] apenas uma vanglória presunçosa. Aquele que promete dar,

e nos ordena a confiar em Suas promessas, também ordena que oremos, e espera que

obedeçamos à Sua ordem.”

Então, muito mais do que estudar sobre oração, nós precisamos nos dedicar à oração.

No entanto, o estudo sobre a oração não pode ser negligenciado. Certo autor escreveu:

“Não estude sobre oração. Ore”. Não concordamos com essa afirmação. É verdade que

não podemos limitar a oração a um mero estudo teológico. Por outro lado, toda prática é

prática de alguma coisa. Para praticarmos a oração, precisamos nos atendar às diretrizes

que o Senhor deixou em sua Palavra acerca da oração. Precisamos aprender a orar.

Certa vez, os discípulos chegaram para Jesus com o seguinte pedido: “Senhor, ensina-

nos a orar” (Lc 11.1). Sim, a oração precisa ser aprendida. O próprio Deus deixou

recomendações em sua Palavra sobre o que é oração e como devemos fazê-la.

A oração e a providência de Deus

Já estudamos que o Senhor Deus é o Criador de todas as coisas, e soberanamente exerce

poder sobre a criação e sobre a história, a fim de que seus propósitos sejam plenamente

cumpridos. Mas, ao refletirmos sobre a oração, duas perguntas podem ser levantadas:

1. Se o plano de Deus já está estabelecido e não pode ser alterado, então por que

orar?

2. Se a oração pode mover a ação de Deus, então quer dizer que o plano de Deus

não é algo estabelecido e fixo e não foi estabelecido desde o começo?

A Bíblia faz duas declarações: 1) os planos e os propósitos de Deus não podem ser

alterados; 2) a oração de um justo pode muito em seus efeitos (Tg 5.16), isso significa

que Deus pode fazer algo ou deixar de fazer algo, de acordo com nossa atitude

relacionada à oração.

Para Millard J. Erickson, as Escrituras evidenciam que, “em muitos casos, Deus opera

em um tipo de parceria com os seres humanos. Deus não age se os seres humanos não

fazem sua parte.”3

Concordamos com John Piper:

O próprio Deus, o Soberano do Universo, ordenou que a oração causasse as coisas.

Tiago 4.2 diz: “Nada tendes, porque não pedis”. Isso significa que as coisas não vão

acontecer porque Deus determinou que elas aconteçam, pois o texto diz exatamente o

oposto. A oração faz as coisas acontecerem, e elas não acontecerão se você não orar.

Por isso, é um tremendo privilégio orar. E se você não participa com Deus para mudar

3 Millard J. Erickson, Teologia Sistemática (São Paulo: Vida Nova, 2015), p. 403. No entanto, Erickson

reconhece que “a oração não muda o que era seu propósito fazer. Ela é o meio pelo qual ele[Deus] realiza

seu fim”, mas é vital “que uma oração seja pronunciada, pois sem ela, o resultado desejado não ocorrerá”

(p. 403).

Doutrinas Bíblicas / IBNC

as coisas ao seu redor pela oração, então você é um grande tolo. É por isso que

oramos. Porque Deus compartilha conosco o reger do Universo.4

Realmente Deus não faz algumas coisas por causa da incredulidade. Jesus “não pôde

fazer” nenhum milagre em Nazaré por causa da incredulidade das pessoas de lá (Mc

6.5,6). Por outro lado, quando oramos com fé ao Senhor, ele faz grandes coisas, e

ouvimos suas Palavras sussurrando em nossos ouvidos: “te seja feito assim como

creste” (Mt 8.13; cf. 9.22).

Além disto, é pela oração que reconhecemos nossa dependência de Deus. Deus já

conhece nossas necessidades (Mt 6.8), mas ele quer que elas sejam apresentadas a ele

(Fl 4.6). Arthur W. Pink corretamente afirma: “A finalidade da oração é expressar a

Deus o nosso reconhecimento de que ele sabe o de que temos necessidade. A oração

jamais se destinou a proporcionar a Deus o conhecimento daquilo de que precisamos;

antes visa a ser o meio de lhe confessarmos o nosso senso da necessidade que temos”.5

A oração e a vontade de Deus

A oração não é o meio pelo qual todas as nossas vontades são realizadas, mas sim o

meio pelo qual nós conhecemos melhor a Deus e sua vontade.

A oração não é um monólogo. A oração é um diálogo. Pela oração, abrimos nosso

coração ao Senhor, e expressamos a ele nossos agradecimentos e nossas inquietações,

mas também abrimos nossos ouvidos, para ouvirmos a voz do Senhor e entendermos

sua vontade para conosco (cf. At 13.2; 22.17-18).

Orar não é esfregar a lâmpada do gênio, e pedir que nossos desejos se realizem. O

próprio Jesus orou três para que o cálice do sofrimento fosse passado dele, no entanto,

desejava que a vontade do Pai fosse realizada (Mt 26.39,42). Podemos até pedir ao

Senhor alguma coisa, mas no final sempre precisamos dizer “todavia, não seja como eu

quero, mas como tu queres”.

Portanto, orar é ouvir a Deus; é pedir, a partir da comunhão com Deus, o que está no

coração de Deus.

“O crente pode orar com confiança, sabendo que o nosso sábio e bom Deus nos dará

não necessariamente o que pedimos, mas o que é melhor.”6 De fato o Senhor “não

negará bem algum aos que andam na retidão” (Sl 84.11). Jesus disse que o Pai celestial

sempre dará coisas boas aos seus filhos (Mt 7.11).

Quando refletimos sobre a relação entre a nossa oração e a vontade de Deus, poderemos

compreender o significado de orar “em nome de Jesus” (Jo 14.13; 15.16. 16.23).

Devemos orar “em nome de Jesus” porque Jesus é o único mediador entre Deus e os

homens. É através de Jesus que temos acesso ao Pai. E ele que intercede por nós junto

ao Pai. “Orar em nome de Jesus é orar como o próprio Jesus oraria, é orar ao Pai

conforme o Filho O tornou conhecido para nós - ora, para Jesus, o verdadeiro foco da

4 John Piper, vídeo disponível em https://www.youtube.com/watch?v=TYFauU0w2-A. Acessado em

28.03.2016. 5 Citado por Paulo Fontes, Providência e oração, disponível em

www.monergismo.com/textos/oracao/oracaoeprovidencia.pdf. Acessado em 24.03.2016. 6 Millard J. Erickson, p. 404.

4

08. O QUE É ORAÇÃO

oração era a vontade do Pai”.7 Jesus nos leva à presença do Pai, e também nos coloca

em sintonia com a vontade do Pai.

Spurgeon sabiamente explica o sentido de orar em nome de Jesus:

Jesus nos disse: “Use Meu nome quando estiver falando com o Meu Pai;” e até onde

eu posso ir usando esse nome? Até onde o próprio Cristo pode ir. Todo o poder que

exista no nome de Jesus, toda a influência que Ele tenha no coração do Seu Pai, este

poder e esta influência nos são permitidos exercer por meio da oração. Senhor Meu, eu

costumava pedir ao Senhor para fazer certas coisas por amor ao Teu Filho, mas agora

eu venho com um pedido ainda mais forte, pois Ele me autorizou a usar o Seu nome, e

pedir que Você faça por mim assim como Você faria por Ele. Meu Pai, se não podes

recusar o teu Primogênito também não podes me recusar. E se estou pedindo alguma

coisa que Ele não podia pedir e que eu mesmo não desejasse pedir, quero fazer esse o

limite da minha oração e da sua aceitação. Se Ele tivesse recusado orar pedindo isso,

eu também iria. E se o que estou pedindo parece ser uma bênção do meu ponto de

vista, mas não para Ele, sejam minhas palavras: todavia, não seja como eu quero, mas

como tu queres – Mateus 26:39.

Portanto, orar em nome de Jesus é orar na perspectiva de Jesus. Quando estivermos

conectados com Jesus, e suas palavras estiveram guardadas no nosso coração, então

certamente nossos pedidos serão atendidos: “Se vocês permanecerem em mim, e as

minhas palavras permanecerem em vocês, pedirão o que quiserem, e lhes será

concedido” (Jo 15.7 – NVI). Se estivermos intimamente unidos a Cristo, e sua palavra

estiver em nós, certamente o nosso pedido será de acordo com a sua vontade.8 E Deus

sempre ouvirá a oração feita segundo a sua vontade: “Esta é a confiança que temos ao

nos aproximarmos de Deus: se pedirmos alguma coisa de acordo com a sua vontade, ele

nos ouve.” (1Jo 5.14 – NVI).

Desde modo, poderemos nos alegrar em todas as ocasiões. Na verdade, a alegria é

resultado da oração feita em nome de Jesus: “Até agora nada tendes pedido em meu

nome; pedi e recebereis, para que a vossa alegria seja completa” (Jo 16.24).

A teologia puritana tem razão, quando afirma: “A oração é basicamente a conversão dos

nossos pensamentos e caminhos, a renúncia deles para abraçar os que são de Deus. Não

oramos para que Ele viabilize nosso caminho, mas para que sejamos convertidos ao

Seu.”

Os tipos de oração

As Escrituras apresentam vários tipos de oração. Normalmente nossas orações se

constituem por “pedidos”, mas precisamos entender que existe uma variedade de tipos

de oração.

Oração de adoração

A oração de adoração é um hino que focaliza a Pessoa de Deus e os seus atos poderosos.

7 J. G. S. S. Thomson, verbete “oração”, em J. D. Douglas (organizador), O Novo Dicionário da Bíblia,

vol.2 (São Paulo: Edições Vida Nova, 1ª. Edição, 1962), p. 1148. 8 H. Schönweiss, verbete aite,w, em DITNT (vol. 2), p. 1438.

Doutrinas Bíblicas / IBNC

A relação entre adoração e oração pode ser observada no verbo grego proskuneo, que

significa tanto “participar do culto público” como “fazer orações” (Jo 12.20; At 8.27;

24.11).9 A oração necessariamente precisa vir acompanhada de adoração. Assim como

todo ato de adoração pressupõe oração, toda oração pressupõe adoração. Os Evangelhos

relatam vários personagens que se prostraram diante de Jesus e adoraram-no, antes de

pedir por algum milagre (Lc 8.41; 5.12; cf. Mt 15.25). Isso significa que precisamos

incluir em nossas orações palavras que exaltem a grandeza de Deus e seus atributos.

Orações de adoração podem ser notadas especialmente no livro dos Salmos e no livro de

Apocalipse.

O livro dos Salmos apresenta um rico manual de oração. Vários teólogos ao longo da

história da Igreja recorreram aos Salmos para aprender a orar e para ensinar os crentes a

orarem.10

Dentre os vários tipos de oração encontrados nos Salmos, destacam-se os

hinos de louvor ao Senhor. São orações que exaltam a soberania de Deus e seus atos na

história da salvação. O salmo 8, por exemplo, é uma oração que celebra o grandioso

nome do Senhor: “Senhor, Senhor nosso, como é majestoso o teu nome em toda a

terra!” (Sl 8.1,9). Há vários outros salmos classificados como hinos, e que convidam o

povo de Deus e toda a criação para louvar ao Senhor: Sl 9; 29; 33; 46-48; 76; 84; 87;

93; 96-100; 103-106; 113; 114; 117; 122; 135; 136; 145-150.

O livro de Apocalipse também apresenta várias orações de adoração: 4.8-11; 5.8-10,12-

14; 7.10-12; 11.15-18; 12.10-11; 15.3-4; 16.5-7; 19.1-7. Essas orações exaltam o Ser de

Deus e seus atributos: “Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso” (4.8);

“Graças te damos, Senhor Deus Todo-Poderoso, que és, e que eras...” (Ap 7.17); “ó

Senhor Deus Todo-Poderoso” (15.3; cf. 16.7), “tu és santo” (15.4), “Justo és tu, que és e

que eras, o Santo; porque julgaste estas coisas” (16.5); “Aleluia! A salvação e a glória e

o poder pertencem ao nosso Deus” (19.1); “Aleluia! porque já reina o Senhor nosso

Deus, o Todo-Poderoso” (19.6).

No livro de Apocalipse, as orações de adoração declararam que Deus é digno de ser

adorado: “Digno és, Senhor nosso e Deus nosso, de receber a glória e a honra e o

poder...” (4.11; cf. 5.12-14; 7.11-12). Também celebram a Deus por suas obras

grandiosas (15.4): a criação (4.11), a redenção (5.8-10), o reino (7.15-18; 12.10; 19.6), a

vitória dos salvos sobre o Diabo pelo sangue de Cristo (12.10-11), as grandes e

admiráveis obras de Deus (15.3-4) e a volta de Jesus (19.7).

Oração de petição

Embora nosso Pai celestial conheça todas nossas necessidades antes mesmo de

pedirmos qualquer coisa para Ele (Mt 6.8), ele quer que apresentemos para ele essas

necessidades (Fl 4.6).

A Bíblia reiteradamente afirma que os nossos pedidos dirigidos a Deus sempre serão

ouvidos (Sl 18.6; Sl 102.17; Mt 6.8; 7.7-11; 18.19; 21.22; Jo 14.13-14; 15.7,16; 16.23-

9 H. Schönweiss, verbete proskune,w, em DITNT (vol. 2), p. 1455.

10 Franklin Ferreira, “O uso dos Salmos na devoção cristã”, em Revista Teologia Brasileira. Disponível

em http://www.teologiabrasileira.com.br/teologiadet.asp?codigo=294. Acessado em 28.03.2016.

6

08. O QUE É ORAÇÃO

24,26; 1Jo 3.22; 5.14-15; Tg 1.5). “Contanto que tenha um coração para orar, Deus tem

um ouvido para ouvir.”11

Somos filhos do Pai celestial, e o Pai nos concede o privilégio de dirigir a ele nossos

pedidos. Os nossos pedidos são ouvidos não porque somos bons o suficiente para

chamar a atenção de Deus, ou porque haja em nós justiça e mérito pessoal capazes de

fazer Deus se inclinar para nós. Antes, nossos pedidos são atendidos porque Deus, em

sua infinita graça e misericórdia, nos adotou como filhos. Se você, sendo filho de Deus,

não pede, está desperdiçando a grande oportunidade de receber infinitas bênçãos do Pai

celestial. Só recebe quem pede (Mt 7.7,8).

O que podemos pedir ao Senhor?

Podemos pedir por sabedoria: Tg 1.5-8;

Podemos pedir pela cura de enfermidades: Mt 8.2; 2Co 12.8;

Podemos pedir por nossas necessidades pessoais: Sl 7; 102.1-11; Mt 6.11; Fl 4.6

Podemos pedir por filhos: Gn 25.21; 1Sm 1.12-18; Lc 1.13;

Podemos pedir pelo livramento das tentações: Mt 6.13;

Podemos orar pelo livramento do mal: Sl 27; 54; cf. Lc 21.36;

Precisamos orar para que o Senhor nos encha do Espírito Santo: Lc 11.13 (veja

11.5-13).

Precisamos rogar para que o Senhor envie mais missionários à obra: Mt 9.3812

;

Precisamos orar antes da escolha de líderes para a igreja: Lc 6.12,1313

.

Podemos pedir muitas coisas para Deus. Mas os nossos pedidos precisam estar voltados

para a vontade de Deus e seus propósitos, e só depois podemos colocar nossas

necessitadas e anseios pessoais.

Nesse sentido, a “oração do Pai nosso” apresenta um modelo de oração a ser seguido

(Mt 6.9-13). Essa oração apresenta seis pedidos, ao todo. Os três primeiros focalizam os

interesses de Deus (v.9-10): “santificado seja o teu nome”; “venha o teu reino” e “seja

feita a tua vontade”. Os três pedidos seguintes focalizam nossas necessitadas pessoais

(v.11-13): “o pão nosso de cada dia nos dá hoje”; “perdoa-nos as nossas dívidas...”; “e

não nos deixes entrar em tentação; mas livra-nos do mal”.

Geralmente queremos primeiramente o que é nosso. A oração do Pai nosso ensina que

primeiramente precisamos buscar os interesses de Deus. Quando compreendemos quem

é o nosso Pai celestial (pessoal, amoroso e poderoso), quando desejamos que o nome de

Deus seja honrado entre os homens, quando ansiamos pela vinda do reino de Deus e

11

Charles Haddon Spurgeon, A oração mais curta de Pedro. Sermão pregado na noite de Quinta Feira, 2

de Outubro de 1873. Disponível em http://www.projetospurgeon.com.br/2012/01/a-oracao-mais-curta-de-

pedro/. Acessado em 23.03.2016. 12

Veja Russel P. Shedd, A oração e o preparo de líderes (São Paulo: Shedd, 2001), p. 27-28. 13

Jesus passou uma noite toda em oração a Deus, antes de escolher seus discípulos.

Russel P. Shedd relata que um cristão chinês perguntou para William Carey: “De onde você obtém os

seus líderes?”. Resposta: “Das reuniões de oração.” Russel P. Shedd, A oração e o preparo de líderes

(São Paulo: Shedd, 2001), p. 24. Shedd ainda afirma que “verdadeiros líderes surgirão em resposta a

orações de fé” (p. 27).

Doutrinas Bíblicas / IBNC

pela realização da vontade Deus, então aprendemos a descansar sob suas mãos

poderosas, sabendo que Ele cuidará das nossas necessidades.

Oração de ações de graça

Os nossos pedidos a Deus sempre devem ser acompanhados “com ação de graças” (Fl

4.6; cf. Sl 100.4; Jo 6.11; 11.41; Mt 26.27; Rm 1.8; 1Co 1.4; Cl 1.3; 1Ts 1.2; 2Ts 1.3; Fl

1.3; Fm 4).

A gratidão é uma ordem. Em Ts 5.18, a Escritura ordena: “Em tudo dai graças”. O

verbo está no imperativo: “dai graças”. Devemos agradecer a Deus “em toda e qualquer

circunstância” (Bíblia King Kames Atualizada). Mesmo quando a situação não é boa,

podemos agradecer ao Senhor. Isso significa que devemos agradecer e louvar a Deus

porque suas bênçãos sempre são maiores do que as provações pelas quais passamos.

Alguém já disse que a verdadeira alegria é chegar ao final do dia com a lista de

agradecimentos muito maior do que a lista de pedidos. As pessoas infelizes sempre

estão reclamando; jamais agradecem. Mas elas são infelizes não porque não tem

recebido coisas boas de Deus, mas porque não conseguem enxergar as coisas boas

recebidas. Entretanto, quando percebemos as grandiosas obras que Deus tem feito nas

nossas feitas, os nossos corações se enchem de alegria, e dizemos como o salmista:

“Bom é render graças ao Senhor” (Sl 92.1).

Se fôssemos tentar enumerar todas as coisas boas que o Senhor tem nos dado,

certamente a lista ficaria inacabada. Não conseguimos retribuir ao Senhor por todos os

seus benefícios para conosco (Sl 116.12).

Portanto, sempre haverá motivos para agradecermos a Deus.

Oração de confissão de pecados

No livro dos Salmos lemos várias orações nas quais os salmistas manifestam um

coração contrito por causa seus pecados e suplicam pelo perdão de Deus: Sl 6, 32, 38,

51, 102, 130, 143. Davi era um homem segundo o coração de Deus porque tinha um

coração quebrantado, e humildemente reconhecia o seu erro (“Contra ti, só contra ti,

pequei e fiz o que tu reprovas...”, Sl 51.4 – NVI) e confessava o seu pecado (“reconheci

diante de ti o meu pecado e não encobri as minhas culpas. Eu disse: ‘Confessarei as

minhas transgressões ao Senhor’”, Sl 32.5 – NVI).

Confessar o pecado é dizer exatamente qual foi o erro cometido. Oração de confissão

não é pedir para Deus perdoar “a multidão” dos nossos pecados, mas sim, falar diante

dele quais foram os pecados que cometemos contra ele.

Oração de intercessão

Interceder significa clamar a Deus em favor de outras pessoas. De fato, esse é o clamor

que ouvimos de muitos: “Orem ao Senhor por mim” (At 8.24).

Podemos destacar os seguintes intercessores:

Abraão (Gn 20.17);

Jó (42.8,10);

8

08. O QUE É ORAÇÃO

Moisés (Êx 32.11-14; 33.12-16; 34.9; Nm 12.13; Dt 9.18-21; 10.10);

Aarão (Nm 6.22-27);

Samuel (1Sm 7.5-13; 12.19,23);

Salomão (1Rs 8.22-53);

Amós (Am 7.1-6);

Ezequias (2Rs 19.14-19);

Paulo (Rm 1.9; Ef 1.16; 1Ts 1.2; Fp 1.4);

Jesus (Jo 17.6-19,20-26; Lc 22.31-34; 23.34; Mc 10.16; Hb 5.7).

Precisamos interceder por aqueles que pregam o Evangelho (2Co 1.11; Ef 6.19-20).

Precisamos interceder pela unidade da igreja (veja a oração de Jesus em João 17, a

favor dos Seus discípulos e de todos os crentes – especialmente os v.9,15,20-21,23).

Precisamos interceder para que a fé dos irmãos seja fortalecida: Lc 22.32.

Precisamos interceder por nossos inimigos: Mt 5.44.

Precisamos interceder por todos os homens, especialmente pelas autoridades políticas:

1Tm 2.1-2.

Precisamos interceder pela salvação daqueles que não conhecem o evangelho: 1Tm 2.1-

4; Rm 10.1.

Precisamos interceder pelos enfermos: Tg 5.14-15.

Como devemos orar

Precisamos orar “no Espírito”

“Orem no Espírito em todas as ocasiões” (Ef 6.18 – NVI, ênfase acrescentada; cf. Jd

20).

Precisamos orar “no Espírito” porque é o Espírito que nos sustenta em nossas fraquezas.

Não sabemos orar como convém, mas o Espírito Santo intercede por nós com gemidos

inexprimíveis (Rm 8.26-27), isto é, ele coloca em nossos corações o clamor “Aba, Pai”

(Gl 4.6), e assim, coloca em nossa boca aquilo que devemos pedir em oração.14

O

Espírito nos ajuda a pedir aquilo que está de acordo com a vontade de Deus, porque ele

mesmo intercede pelos santos segundo a vontade de Deus: “Porque o Espírito pede em

favor do povo de Deus e pede de acordo com a vontade de Deus” (Rm 8.27b – NTLH).

Só o Espírito conhece plenamente a vontade de Deus (1Co 2.11), e é ele que nos ajuda a

compreender as coisas de Deus (1Co 2.9-15), e assim, cria em nós a “mente de Cristo”

(1Co 2.16). Portanto, orar no Espírito Santo significa orar na perspectiva do Espírito,

que é a perspectiva do próprio Deus.

Precisamos orar com fé

14

C. Brown, verbete entugχa,nw, em DITNT (vol. 2), p. 1462.

Doutrinas Bíblicas / IBNC

Jesus diz que “tudo é possível ao que crê” (Mc 9.23). Aquele que pede com fé,

certamente será atendido (Mt 21.22), e o incrédulo não receberá do Senhor coisa alguma

(Tg 1.7; veja Tg 1.5-6).

“Na oração, nunca devemos nos esquecer da Pessoa a quem nos dirigimos: o

Deus vivo, o Onipotente para quem nada é impossível, e da parte de quem,

portanto, pode-se esperar todas as coisas. Duvidar de Deus é fazer injustiça a

Ele, pois a dúvida faz pouco da Sua divindade, julga falsamente o Seu caráter,

e, portanto, nada recebe da parte dEle (Tg 1.7).”15

Jamais ousemos entrar na presença do Deus Todo-Poderoso duvidando de sua grandeza.

Para isso, precisamos clamar para que o Senhor fortaleça a nossa fé: “Creio! Ajuda a

minha incredulidade” (Mc 9.24).

Precisamos orar habitualmente

Daniel habitualmente se colocava de joelhos três vezes por dia, para dar graças ao

Senhor Deus (Dn 6.10).

Os Evangelhos relatam que Jesus dedicava muito tempo à oração (Mt 14.25; 26.36-46;

Mc 1.35; Lc 5.16; 9.18; 11.1). Muitas vezes passava noites inteiras orando (Lc 6.12).

Jesus pressupunha que seus discípulos orariam regularmente: “Mas quando você orar,

vá para seu quarto, feche a porta e ore a seu Pai...” (Mt 6.6 – ênfase acrescentada).

Em suas cartas, Paulo diversas vezes fala das orações incessantes que ele fazia, e assim

podemos notar que a oração fazia parte do seu cotidiano (Ef 1.16; 3.14; Fm 4; etc.).

Pedro e João iam ao templo para orar, todos os dias às três horas da tarde (At 3.1).

É no dia a dia que a nossa fé é amadurecida, quando meditamos na Palavra de Deus, na

presença de Deus. Sobre isso, há uma observação muito oportuna de Russel Shedd:

“A fé que crê que Deus fará o que se pede não nasce às pressas, não nasce em meio à

poeira das ruas e ao ruído das multidões. Ela nasce é no lugar secreto e, para que se

desenvolva, é necessário tempo, o abrir da Palavra e um coração reverente. Num

coração assim entrará uma fé simples, porém poderosa, de que o que for pedido será

realmente realizado. Nosso Senhor declarou: ‘Tudo é possível ao que crê’ (Mc

9.23).”16

Precisamos orar em todos os momentos

A oração deve ser constante. “Orai sem cessar” (1Ts 5.17). A expressão “sem cessar”

(grego adialeiptos) tem o sentido de “voltar a fazer constantemente”. Todo tempo é

tempo de orar (Ef 6.18).

No livro de Atos, lemos que a igreja orava em todo o tempo:

Enquanto era necessário aguardar a vinda do Espírito Santo, a igreja orava: At

1.14.

Quando era necessário escolher um substituto para Judas, a igreja orava: At

1.24. É preciso orar, antes de tomar decisões importantes.

15

H. Schönweiss, verbete aite,w, em DITNT (vol. 2), p. 1437. 16

Russel P. Shedd, A oração e o preparo de líderes (São Paulo: Shedd, 2001), p. 20-21.

10

08. O QUE É ORAÇÃO

Quando o Espírito Santo veio sobre a Igreja, e muitas pessoas se convertiam, a

igreja orava: At 2.42. A igreja não orava somente quando enfrentava sérios

problemas. Também orava quando recebia bênçãos. Toda hora, é hora de oração.

Precisamos orar não só nos momentos difíceis, mas também nos momentos

bons.

Quando a perseguição se levantava sobre a Igreja, a Igreja orava, pedindo mais

ousadia na pregação da Palavra: At 4.23-31.

Quando Pedro foi preso por causa da pregação do Evangelho, “a igreja fazia

contínua oração por ele a Deus”: At 12.5.

Pelo que precisamos orar incessantemente? Podemos responder a essa pergunta

tomando as orações de Paulo como modelo:

1Tessalonicensses 3.10: Paulo orava incessantemente para o

Senhor permitisse que sua vida fosse usada no reparo da

deficiência da fé dos crentes.

Colossenses 1.9-11: Paulo orava incessantemente para que os

crentes conhecessem mais a Deus e sua vontade. Veja Ef

1.16-23.

Filipenses 1.9-11: Paulo orava incessantemente para que o amor

dos crentes aumentasse.

2Tessalonicensses 1.11-12: Paulo orava incessantemente para que

Deus cumprisse seus propósitos e para que o nome de Cristo

fosse glorificado nos crentes. Assim, John Bunyan (1628-

1688) estava correto ao dizer “O propósito da oração nunca

somos nós ou nossos interesses, mas sim Deus e Seus

propósitos eternos".

Precisamos orar com perseverança

A Escritura orienta para que oremos vigilantemente “com toda a perseverança” (Ef

6.18). Jesus ensinou seus discípulos sobre o dever de “orar sempre e nunca desanimar”

(Lc 18.1), contando a parábola de um juiz iniquo que atendeu a causa de uma viúva que

constantemente o importunava com seu pedido de justiça (Lc 18.1-7). O Senhor

concluiu a parábola com os seguintes dizeres: “Será, então, que Deus não vai fazer

justiça a favor do seu próprio povo, que grita por socorro dia e noite? Será que ele vai

demorar para ajudá-lo?” (v.7 – NTLH). Em alguns momentos o Senhor demora a

responder nossa oração, mas mesmo assim nós precisamos perseverar na oração.

Precisamos orar com humildade

A humilhação faz parte da oração (2Cr 7.14; Lc 18.9-14).

Nos dias de hoje, é comum vermos pessoas reivindicando as bênçãos de Deus. Muitos

até ousam dar ordens para Deus. Essas orações ousadas manifestam a arrogância do

coração humana.

Doutrinas Bíblicas / IBNC

Quando estamos diante do Deus Santo e Poderoso, inevitavelmente reconheceremos que

somos pecadores e pequenos (Is 6.5; Lc 5.8). E se nos humilharmos debaixo de sua mão

poderosa, certamente receberemos graça e misericórdia (1Pe 4.6,10).

Precisamos orar com vigilância

“Vigiai e orai”, disse Jesus (Mt 26.41; cf. Mc 13.33; 14.38). Precisamos estar alertas,

porque o tentador almeja nos conduzir à tentação com o objetivo de nos derrubar. O

diabo está rugindo como um leão, querendo nos intimidar. Por isso, precisamos orar

como Jesus orou: “não nos deixes entrar em tentação; mas livra-nos do mal” (Mt 6.13).

Precisamos orar com integridade de coração

A verdadeira oração precisa ser feita de todo coração, isto é, a oração

abrange a pessoa completa, e significa que o homem chega diante de Deus com a

totalidade do seu ser, e com atitude de humilde submissão a Deus (Jr 29.12 e segs.). A

falsa oração, por contraste, se profere meramente ‘com os lábios’, isto é, alguém

meramente pronuncia (ou simplesmente repete) palavras e frases, sem qualquer

entrega de si mesmo ou oferecimento do seu ‘coração’ e vida a Deus, a não talvez, por

pura formalidade, sem qualquer intenção real de cumprir a vontade de Deus conforme

ela se revela, por exemplo, nos Seus mandamentos (Is 1.15-16; 29.13; Am 5.23-24).17

O Senhor não ouvirá nossas orações se vivermos em rebeldia contra sua Palavra. Nesse

contexto, é importante notar que nossas orações não serão ouvidas se não tivermos um

relacionamento íntegro com o próximo. O Senhor também não ouvirá nossa oração, se

nossos pedidos brotarem de um coração que almeja unicamente seus desejos pessoais e

promove guerras contra os outros (Tg 4.3). Através de Isaías, o Senhor disse que não

ouviria as orações dos israelitas, porque suas mãos estavam cheias de sangue das

pessoas inocentes (Is 1.15). Referindo-se àqueles que promovem injustiças sociais, o

profeta Miqueías declara: “um dia clamarão ao Senhor, mas ele não lhes responderá.

Naquele tempo ele esconderá deles o rosto por causa do mal que eles têm feito” (Mq 3.4

– NVI; veja Mq 3.1-3). Por essa mesma razão, Deus proibiu Jeremias de orar pelo povo

rebelde (Jr 7.16; 11.14; 14.11).

O Senhor não ouvirá nossa oração, se não nos atentamos para as necessidades do

próximo (Is 58.3-10). João 15.7: “Se vocês permanecerem em mim, e as minhas

palavras permanecerem em vocês, pedirão o que quiserem, e lhes será concedido”

(NVI). No contexto de João 15, as “palavras” de Jesus têm a ver com o seu mandamento

de amar uns aos outros (veja v.9-17). Então, os nossos pedidos serão ouvidos, se

guardamos os mandamentos do Senhor relacionados com o amor ao próximo (1Jo 3.22).

Também precisamos notar outros dois pontos:

1. O Senhor não ouvirá nossa oração, se não perdoarmos as ofensas cometidas

contra nós: “E quando estiverem orando, se tiverem alguma coisa contra alguém,

perdoem-no, para que também o Pai celestial lhes perdoe os seus pecados” (Mc

11.25 – NVI; cf. Mt 6.12).

2. O Senhor não ouvirá a oração dos maridos que não tratam a esposa como “o

vaso mais frágil” (1Pe 3.7). Aprendemos aqui um princípio: se queremos que o

17

H. Schönweiss, verbete proseu,χomai, em DITNT (vol. 2), p. 1444.

12

08. O QUE É ORAÇÃO

Senhor abençoe nossas famílias, precisamos nos dispor a desenvolver bons

relacionamentos com nossos familiares.

Portanto, é muito importante percebermos que Deus não ouvirá nossas orações se não

tivermos um bom relacionamento com o próximo.

Precisamos orar de forma objetiva

Nossas orações não precisam ser longas. São os pagãos que empregam vãs repetições

em suas orações, achando “que pelo seu muito falar serão ouvidos” (Mt 6.7).

Spurgeon, comentando a menor oração de Pedro (“Senhor, salva-me” – Mt 14.30),

corretamente afirma:

Creio que a excelência da oração é, frequentemente, na sua concisão. Haverão notado

a extrema brevidade da maioria das orações que foram preservadas na Bíblia. Uma das

orações mais longas é a oração de nosso Salvador, registrada por João, que teria

tomado, suponho eu, cerca de uns cinco minutos; e a oração de Salomão, motivada

pela dedicação do Templo, que pode ter tomado uns seis minutos. Quase todas as

demais orações registradas na Bíblia são muito breves...18

Por isso, ninguém pode dizer que não tempo para orar. Porque, para orarmos, não

precisamos necessariamente de um tempo longo. Em menos de um minuto podemos

fazer uma oração, e, por mais breve que ela seja, certamente será ouvida pelo Pai

celestial.

Lições para a vida

Seguem duas aplicações para nossas vidas, considerando o que estudamos:

Somos desafiados a uma vida de oração

Dedique mais tempo à oração. S. D. Gordon corretamente afirma que “os grandes sobre

a terra são as pessoas que oram...não são...aqueles que falam sobre oração, nem aqueles

que dizem acreditar na oração, nem ainda aqueles que ensinam sobre a oração; são

aqueles que dedicam tempo à oração”19

.

Você tem o hábito de orar regularmente?

Somos desafiados a exercitar todos os tipos de oração

Conforme estudamos, a Bíblia apresenta uma variedade de tipos de oração.

Normalmente centralizamos os “pedidos” e as “intercessões” em nossas orações.

Embora isso seja importante, precisamos entender que a adoração, as ações de graças e

as confissões de pecados também devem fazer parte do vocabulário das nossas orações.

Invista um tempo em oração, reconhecendo na presença do Senhor que o Senhor é

digno de louvor e adoração, e exalte assim os atributos de Deus. Dica: leia os Salmos e

18

Charles Haddon Spurgeon, A oração mais curta de Pedro. Sermão pregado na noite de Quinta Feira, 2

de Outubro de 1873. Disponível em http://www.projetospurgeon.com.br/2012/01/a-oracao-mais-curta-de-

pedro/. Acessado em 23.03.2016. 19

Citado por Russel P. Shedd, A oração e o preparo de líderes, p. 33-34.

Doutrinas Bíblicas / IBNC

os trechos do livro de Apocalipse que tributam louvor a Deus, e tente usar em sua

oração as mesmas palavras dessas passagens bíblicas.

Invista um tempo em oração, agradecendo ao Senhor pelas abundantes bênçãos

derramadas sobre sua vida.

Invista um tempo em oração, confessando os seus pecados ao Senhor e humilhando-se

diante do Senhor.

Invista um tempo em oração, intercedendo pelas necessidades de outras pessoas.

Invista um tempo em oração, apresentando ao Senhor as suas necessidades pessoais.