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E M E N T A Órgão : 3ª TURMA CRIMINAL Classe : HABEAS CORPUS N. Processo : 20150020062634HBC (0006341-51.2015.8.07.0000) Impetrante(s) : NPJ - NUCLEO DE PRATICAS JURIDICAS DO UNICEUB Autoridade Coatora(s) : JUIZO DA VARA CRIMINAL E TRIBUNAL DO JURI DO NUCLEO BANDEIRANTE Relatora : Desembargadora NILSONI DE FREITAS Acórdão N. : 858176 HABEAS CORPUS . ROUBO CIRCUNSTANCIADO. CONCURSO DE AGENTES. EMPREGO DE ARMA. PRISÃO PREVENTIVA. REQUISITOS. MATERIALIDADE E INDÍCIOS SUFICIENTES DE AUTORIA. GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA. I - Deve ser mantida a decisão que converte a prisão em flagrante em preventiva para o resguardo da ordem pública, quando fundamentada no modus operandi dos agentes, demonstrativo de periculosidade em concreto, e presentes a materialidade do delito e indícios suficientes de autoria, a evidenciar a insuficiência ao caso de outras medidas cautelares. II - Condições pessoais favoráveis como primariedade, residência fixa e ocupação lícita não são suficientes para revogar a prisão preventiva quando presente qualquer dos requisitos previstos nos arts. 312 e 313 do Código de Processo Penal. III - Ordem denegada. Poder Judiciário da União Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios Fls. _____ Código de Verificação :2015ACO7Q6YMR1XAGEAJV5JSEX1 GABINETE DA DESEMBARGADORA NILSONI DE FREITAS 1

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E M E N T A

Órgão : 3ª TURMA CRIMINALClasse : HABEAS CORPUSN. Processo : 20150020062634HBC

(0006341-51.2015.8.07.0000)Impetrante(s) : NPJ - NUCLEO DE PRATICAS JURIDICAS DO

UNICEUBAutoridadeCoatora(s)

: JUIZO DA VARA CRIMINAL E TRIBUNAL DOJURI DO NUCLEO BANDEIRANTE

Relatora : Desembargadora NILSONI DE FREITASAcórdão N. : 858176

HABEAS CORPUS . ROUBO CIRCUNSTANCIADO.

CONCURSO DE AGENTES. EMPREGO DE ARMA. PRISÃO

PREVENTIVA. REQUISITOS. MATERIALIDADE E INDÍCIOS

SUFICIENTES DE AUTORIA. GARANTIA DA ORDEM

PÚBLICA.

I - Deve ser mantida a decisão que converte a prisão em

flagrante em preventiva para o resguardo da ordem pública,

quando fundamentada no modus operandi dos agentes,

demonstrativo de periculosidade em concreto, e presentes a

materialidade do delito e indícios suficientes de autoria, a

evidenciar a insuficiência ao caso de outras medidas

cautelares.

II - Condições pessoais favoráveis como primariedade,

residência fixa e ocupação lícita não são suficientes para

revogar a prisão preventiva quando presente qualquer dos

requisitos previstos nos arts. 312 e 313 do Código de Processo

Penal.

III - Ordem denegada.

Poder Judiciário da UniãoTribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios

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A C Ó R D Ã O

Acordam os Senhores Desembargadores da 3ª TURMA CRIMINAL

do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, NILSONI DE FREITAS -

Relatora, JOÃO BATISTA TEIXEIRA - 1º Vogal, JESUINO RISSATO - 2º Vogal,

sob a presidência do Senhor Desembargador JESUINO RISSATO, em proferir a

seguinte decisão: CONHECIDO. DENEGOU-SE A ORDEM. UNÂNIME, de acordo

com a ata do julgamento e notas taquigráficas.

Brasilia(DF), 26 de Março de 2015.

Documento Assinado Eletronicamente

NILSONI DE FREITAS

Relatora

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Alega o impetrante que sequer há indícios de que o paciente

participou do roubo, pois a vítima, ao contrário do afirmado na decisão guerreada,

não o reconheceu e somente o fato dele ter sido encontrado no veículo junto com os

demais denunciados, um dia após o crime, não é suficiente para concluir pela sua

participação no crime.

Afirma que a decisão resistida não está fundamentada em fatos

concretos que conduzam ao entendimento de que o paciente, se solto, poderia

oferecer risco à ordem pública, sendo certo que não constam condenações criminais

em seu desfavor, razão pela qual, comprovada a ausência de periculosidade.

Além disso, informa ser o paciente primário, com residência fixa e

trabalho lícito. Ressalta que o paciente já foi citado, mas ainda se encontra em

liberdade, inexistindo qualquer indício de que pretende se furtar à aplicação da lei

penal.

Requer a concessão para garantir a liberdade do paciente até o

trânsito em julgado ou, ao menos, até a sentença de primeiro grau nos autos do

processo.

O habeas corpus vem instruído com documentos de fls. 10/58.

A liminar foi indeferida às fls. 62/63v.

Em suas informações (fls. 66/67), a MMª Juíza de Direito da Vara

Criminal e do Tribunal do Júri do Núcleo Bandeirante noticia os fatos e informa que a

audiência de instrução e julgamento foi designada para o dia 13/03/2015, e que o

acusado foi devidamente citado e intimado, sendo nomeado o NAJ/UNICEUB para

patrocinar sua defesa, e que após a resposta à acusação foi realizada a audiência

de instrução e julgamento oportunidade em que foi cumprido o mandado de prisão

preventiva em desfavor do Paciente e encerrada a instrução processual.

A 2ª Procuradoria de Justiça Criminal Especializada por intermédio

da d. Promotora de Justiça, em substituição, Wanessa Alpino Bigonha Alvim oficia

pelo conhecimento e denegação da ordem (fls. 94/96v).

R E L A T Ó R I O

Trata-se de Habeas Corpus, com pedido de liminar, impetrado pelo

NÚCLEO DE PRÁTICAS JURÍDICAS DO UNICEUB - NPJ, em favor de FÁBIO

WILLAMIS GOMES DA SILVA, denunciado pela suposta prática do delito descrito

no art. 157, § 2º, incs. I e II, do Código Penal, por duas vezes, apontando como

autoridade coatora a MM. Juíza de Direito da Vara Criminal da Circunscrição

Judiciária do Núcleo Bandeirante que decretou a prisão preventiva para garantia da

ordem pública (fls. 17/19).

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É o relatório.

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Trata-se de Habeas Corpus, com pedido de liminar, impetrado pelo

NÚCLEO DE PRÁTICAS JURÍDICAS DO UNICEUB - NPJ, em favor de FÁBIO

WILLAMIS GOMES DA SILVA, denunciado pela suposta prática do delito descrito

no art. 157, § 2º, incs. I e II, do Código Penal, por duas vezes, apontando como

autoridade coatora a MM. Juíza de Direito da Vara Criminal da Circunscrição

Judiciária do Núcleo Bandeirante que decretou a prisão preventiva para a garantia

da ordem pública (fls. 17/19), em face do que se insurge o impetrante requerendo a

concessão da ordem para garantir a liberdade do paciente até o trânsito em julgado

ou até a sentença de primeiro grau nos autos do processo.

É, em síntese, o que consta.

Razão não lhe assiste.

Inicialmente, insta consignar que, no tocante ao pedido de salvo

conduto para garantir o comparecimento em audiência sem risco de prisão, o

presente habeas corpus quedou-se sem objeto, porquanto já realizada a audiência

de instrução, oportunidade em que foi cumprido o mandado de prisão preventiva

expedido contra o paciente.

Quanto ao mais, numa análise detida dos autos, não se vislumbra

qualquer ilegalidade na decretação da prisão preventiva, depreendendo-se dos fatos

narrados na decisão combatida (fls. 17/19), a existência de fundamentos para a

manutenção da segregação cautelar que foi imposta ao paciente, uma vez que os

requisitos da prisão preventiva, elencados nos artigos 312 e 313 do Código de

Processo Penal, se encontram presentes.

O fumus comissi delicti está consubstanciado na existência da

materialidade e dos indícios suficientes de autoria que ressaem do Auto de Prisão

em Flagrante (fls. 23/29) e, em especial, da decisão que recebeu a denúncia (fls.

17/19).

A propósito:

A materialidade dos fatos relatados nos autos encontra-se

comprovada e há indícios da autoria do crime de roubo

imputado ao paciente, o que é informado pelo recebimento

V O T O S

A Senhora Desembargadora NILSONI DE FREITAS - Relatora

Presentes os requisitos de admissibilidade, conheço da impetração.

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da denúncia, demonstrando, assim, o fumus comissi

de l ic t i . Ordem denegada . (Acó rdão n . 624663 ,

20120020208054HBC, Relator: JOÃO TIMÓTEO DE

OLIVEIRA, 2ª Turma Criminal, Data de Julgamento:

27/09/2012, Publicado no DJE: 08/10/2012. Pág.: 249).

O periculum libertatis restou demonstrado pelo modus operandi do

paciente, pois, consoante se infere dos documentos colacionados, ele, juntamente

com outros três indivíduos, mediante emprego de arma de fogo, subtraíram vários

objetos de uma distribuidora de bebidas e das vítimas Vínicius Miguel de Faria Diniz

e João Paulo de Oliveira Lima, clientes que estavam no local. Coube ao paciente

vigiar o local pelo lado externo, razão pela qual não foi, de fato, reconhecido pela

vítima Vínicius Miguel de Faria Diniz (fl. 21).

Nesse sentido:

O modus operandi e as circunstâncias do crime,

concretamente grave, demonstram a periculosidade do

agente, de modo a indicar que sua prisão é necessária para

garant i r a ordem públ ica . (Acórdão n . 846310,

20150020003898HBC, Relator: SOUZA E AVILA, 2ª Turma

Criminal, Data de Julgamento: 29/01/2015, Publicado no DJE:

04/02/2015. Pág.: 148).

Ocorre que tal fato não é suficiente para afastar os indícios de

autoria atribuída ao paciente, pois, conforme depoimento dos policiais que efetuaram

a abordagem dos meliantes, foi-lhes repassada informação anônima de que eles, os

infratores, estariam levando consigo os bens subtraídos em um veículo até a

residência de um deles, situada em São Sebastião (fls. 23/26). Os agentes, então,

se dirigiram ao local indicado e lá encontraram o paciente e os outros denunciados

na posse dos objetos roubados.

Frise-se que a gravidade em concreto da conduta está comprovada,

pois, conforme esta Corte já teve a oportunidade de se posicionar o conceito de

ordem pública não se limita a prevenir a reprodução de fatos criminosos, mas

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também acautelar o meio social em face da gravidade do crime. Há fatos

concretos que denotam descontrole. Necessário saber se não há indícios de

periculosidade antes de conceder o retorno ao convívio social. (Acórdão n.

682497, 20130020107660HBC, Relator: SANDRA DE SANTIS, 1ª Turma Criminal,

Data de Julgamento: 06/06/2013, Publicado no DJE: 10/06/2013. Pág.: 251).

Vejamos ainda:

Se as circunstâncias em que o delito restou praticado

denotam maior periculosidade do paciente, autorizada está

a custódia preventiva para assegurar a ordem pública..

(Acórdão n. 796715, 20140020114982HBC, Relator: CESAR

LABOISSIERE LOYOLA, 2ª Turma Criminal, Data de

Julgamento: 05/06/2014, Publicado no DJE: 16/06/2014. Pág.:

195).

Nos termos do art. 93, inciso IX, da Constituição Federal, todas as

decisões do Poder Judiciário devem ser fundamentadas, sob pena de nulidade,

sendo certo que, no presente caso, a decisão proferida foi clara e devidamente

motivada, tendo examinado a materialidade e os indícios da autoria com fundamento

na prova coligida, e consignado expressamente as razões da segregação, do que se

constata, guarda a decisão pertinência com os fatos e com a gravidade dos delitos,

tendo demonstrado a potencial periculosidade do agente.

A propósito:

Restando devidamente fundamentada a decisão que

converteu o flagrante em prisão preventiva a partir da

prova coligida, não há que se falar em nulidade, porquanto

cumprido o disposto no art. 93, inciso IX, da Constituição

Federal. (Acórdão n. 676364, 20130020093024HBC, Relator:

NILSONI DE FREITAS, 3ª Turma Criminal, Data de

Julgamento: 09/05/2013, Publicado no DJE: 15/05/2013. Pág.:

293).

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Não há falar-se, portanto, em fundamentação abstrata ou inidônea

para configurar a custódia cautelar, pois presentes os requisitos descritos no art. 312

do Código de Processo Penal, conforme acima exposto; além de a pena máxima

cominada ao delito ser superior a 04 (quatro) anos de reclusão, autorizando a

aplicação de medida mais gravosa, conforme art. 313, I, Código de Processo Penal,

sendo certo que as circunstâncias evidenciam, nessa análise superficial dos autos, a

necessidade da manutenção do decreto de segregação cautelar, conforme previsto

nos arts. 312 e 313 do Código de Processo Penal.

Confira-se julgado desta egrégia Corte:

A decisão que converteu o flagrante em prisão preventiva

restou devidamente fundamentada na presença dos

requisitos do art. 312 do CPP, face à necessidade da prisão

cautelar para a garantia da ordem pública. Inadequada, na

espécie, qualquer das medidas cautelares diversas da

prisão. (Acórdão n. 781510, 20140020061223HBC, Relator:

HUMBERTO ADJUTO ULHÔA, 3ª Turma Criminal, Data de

Julgamento: 24/04/2014, Publicado no DJE: 29/04/2014. Pág.:

265).

Além disso, primariedade, residência fixa e trabalho lícito não

interferem na manutenção da prisão preventiva, quando presentes seus requisitos,

insculpidos no art. 312 do Código de Processo Penal, como é o caso dos autos.

Vejamos:

Condições pessoais favoráveis não impedem a decretação

da prisão preventiva com fundamento na garantia da

ordem pública, quando se verifica a necessidade concreta

de sua imposição para evitar a reiteração criminosa.

(Acórdão n. 641264, 20120020259375HBC, Relator: SOUZA E

AVILA, 2ª Turma Criminal, Data de Julgamento: 06/12/2012,

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Publicado no DJE: 17/12/2012. Pág.: 455).

A corroborar este entendimento colhe-se trecho do parecer da d.

Promotora de Justiça, em substituição, na 2ª Procuradoria de Justiça Criminal

Especializada (fls. 94/96v), onde se lê: (...) as circunstâncias do delito,

especialmente sua gravidade concreta, o modus operandi e a violência

empregada, demonstram a necessidade da prisão preventiva para garantia da

ordem pública. Observe-se que o Paciente responde pela prática de crime de

roubo circunstanciado pelo concurso de agentes, o que não resta dúvida,

revelar maior reprovabilidade da conduta em face da redução da capacidade

de resistência da vítima e o alto poder de intimidação provocado pelos

agentes, que ainda utilizavam uma arma de fogo. Nas palavras de Rogério

Schietti Machado Cruz, se pode ter como válida a prisão preventiva para

garantia da ordem pública, de modo a evitar a prática de novos crimes pelo

investigado ou acusado, ante sua periculosidade, manifestada na forma de

execução do crime, ou no seu comportamento, anterior ou posterior à prática

ilícita. A pena máxima do delito imputado ao Paciente é superior a quatro anos,

situação que configura a hipótese autorizadora da prisão preventiva prevista

no art. 313, inciso I do CPP. Ademais, as circunstâncias do crime demonstram,

ainda, que as medidas cautelares previstas no art. 319 do Código de Processo

Penal não são cabíveis ao caso. (...) Assim, inexistindo qualquer ilegalidade na

manutenção da prisão preventiva do Paciente, a qual se mostra cabível e

necessária, não há que se falar em constrangimento sanável pela via

excepcional do Habeas Corpus.

Ante o exposto, DENEGO A ORDEM.

É como voto.

O Senhor Desembargador JOÃO BATISTA TEIXEIRA - Vogal

Com o relator.

O Senhor Desembargador JESUINO RISSATO - Vogal

Com o relator.

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CONHECIDO. DENEGOU-SE A ORDEM. UNÂNIME

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