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E M E N T A Órgão : 3ª TURMA CRIMINAL Classe : HABEAS CORPUS N. Processo : 20150020075949HBC (0007681-30.2015.8.07.0000) Impetrante(s) : JOSIANA GONZAGA DE CARVALHO Autoridade Coatora(s) : JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA CRIMINAL DE SAMAMBAIA - DF Relatora : Desembargadora NILSONI DE FREITAS Acórdão N. : 859924 HABEAS CORPUS . ROUBO SIMPLES. FLAGRANTE. CONVERSÃO. PREVENTIVA. REQUISITOS. MATERIALIDADE E INDÍCIOS DE AUTORIA. GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA. DENEGAÇÃO DA ORDEM. I - Deve ser mantida a decisão que converte a prisão em flagrante em preventiva para o resguardo da ordem pública, quando fundamentada no modus operandi do agente, demonstrativo de periculosidade em concreto, e presentes a materialidade do delito e indícios suficientes de autoria, de forma a se concluir que outras medidas cautelares distintas da prisão são insuficientes para a prevenção e repressão ao crime. II - Ordem denegada. Poder Judiciário da União Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios Fls. _____ Código de Verificação :2015ACO1X6JQXY26XJCPD2FTUX6 GABINETE DA DESEMBARGADORA NILSONI DE FREITAS 1

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E M E N T A

Órgão : 3ª TURMA CRIMINALClasse : HABEAS CORPUSN. Processo : 20150020075949HBC

(0007681-30.2015.8.07.0000)Impetrante(s) : JOSIANA GONZAGA DE CARVALHOAutoridadeCoatora(s)

: JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA CRIMINAL DESAMAMBAIA - DF

Relatora : Desembargadora NILSONI DE FREITASAcórdão N. : 859924

HABEAS CORPUS. ROUBO SIMPLES. FLAGRANTE.

C O N V E R S Ã O . P R E V E N T I V A . R E Q U I S I T O S .

MATERIALIDADE E INDÍCIOS DE AUTORIA. GARANTIA DA

ORDEM PÚBLICA. DENEGAÇÃO DA ORDEM.

I - Deve ser mantida a decisão que converte a prisão em

flagrante em preventiva para o resguardo da ordem pública,

quando fundamentada no modus operandi do agente,

demonstrativo de periculosidade em concreto, e presentes a

materialidade do delito e indícios suficientes de autoria, de

forma a se concluir que outras medidas cautelares distintas da

prisão são insuficientes para a prevenção e repressão ao crime.

II - Ordem denegada.

Poder Judiciário da UniãoTribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios

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A C Ó R D Ã O

Acordam os Senhores Desembargadores da 3ª TURMA CRIMINAL

do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, NILSONI DE FREITAS -

Relatora, JOÃO BATISTA TEIXEIRA - 1º Vogal, JESUINO RISSATO - 2º Vogal,

sob a presidência do Senhor Desembargador JESUINO RISSATO, em proferir a

seguinte decisão: CONHECIDO. DENEGOU-SE A ORDEM. UNÂNIME., de acordo

com a ata do julgamento e notas taquigráficas.

Brasilia(DF), 9 de Abril de 2015.

Documento Assinado Eletronicamente

NILSONI DE FREITAS

Relatora

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Narra a impetrante existir dúvidas a respeito da autoria do crime

atribuída ao paciente, pois a prisão foi efetuada apenas com base na palavra da

vítima que apenas disse que o autor do fato era “pessoa conhecida”, sem saber,

todavia, o seu nome. Estranhamente, a vítima levou os policiais até a residência do

paciente e o reconheceu como autor do roubo, sem que com ele tivesse sido

encontrado o celular supostamente subtraído.

Alega a impetrante que o paciente se encontra preso

preventivamente tão-somente porque possui uma condenação por roubo no ano de

2005. Afirma, contudo, que esse crime é fato isolado em sua vida, eis que depois

disso constituiu família e possui ocupação lícita, em clara intenção de levar uma vida

honesta.

Sustenta que, manter o paciente em cárcere, sem que estejam

presentes os pressupostos da prisão preventiva, implica violação ao princípio da não

culpabilidade.

Requer liminarmente a soltura do paciente e no mérito, sua

confirmação.

O habeas corpus vem instruído com documentos de fls. 16/62.

A liminar foi indeferida às fls. 66/67v.

Em suas informações (fl. 70), o MM. Juiz de Direito da 1ª Vara

Criminal da Circunscrição Judiciária de Samambaiacomunica que a denúncia foi

recebida no dia 04 de março de 2015.

A 4ª Procuradoria de Justiça Criminal Especializada, por intermédio

da d. Promotora de Justiça em substituição, Tânia Regina Fernandes Gonçalves

Pinto, oficia pelo conhecimento e denegação da ordem (fls. 75/79).

É o relatório.

R E L A T Ó R I O

Trata-se de Habeas Corpus, com pedido de liminar, impetrado por

JOSIANA GONZAGA DE CARVALHO, advogada inscrita na OAB/DF nº 41.428,

em favor de ADRIANO DE JESUS TEIXEIRA GOMES, preso pela suposta prática

do delito de roubo, apontando como autoridade coatora o MM. Juiz de Direito da 1ª

Vara Criminal da Circunscrição Judiciária de Samambaia que converteu o flagrante

em prisão preventiva para garantia da ordem pública (fls. 33/35) e, posteriormente,

indeferiu o pedido de concessão de liberdade provisória (fls. 61/62).

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Trata-se de Habeas Corpus, com pedido de liminar, impetrado por

JOSIANA GONZAGA DE CARVALHO, advogada inscrita na OAB/DF nº 41.428, em

favor de ADRIANO DE JESUS TEIXEIRA GOMES, preso pela suposta prática do

delito de roubo, apontando como autoridade coatora o MM. Juiz de Direito da 1ª

Vara Criminal da Circunscrição Judiciária de Samambaia que converteu o flagrante

em prisão preventiva para garantia da ordem pública (fls. 33/35) e, posteriormente,

indeferiu o pedido de concessão de liberdade provisória (fls. 61/62), em face do que

se insurge a impetrante requerendo a concessão da ordem para que o paciente seja

posto em liberdade.

É, em síntese, o que consta.

Razão não lhe assiste.

No caso dos autos, não se vislumbra qualquer ilegalidade na

conversão do flagrante em prisão preventiva, depreendendo-se dos fatos narrados e

dos elementos de prova colhidos até então, a existência de fundamentos para a

manutenção da segregação cautelar que foi imposta ao paciente, uma vez que os

requisitos da prisão preventiva, elencados nos artigos 312 e 313 do Código de

Processo Penal, encontram-se presentes.

O fumus comissi delicti está consubstanciado na existência da

materialidade e dos indícios suficientes de autoria, demonstrados pelo Auto de

Prisão em Flagrante (fls. 17/18) e Ocorrência nº 2.367/2015-0 (fls. 22/25).

A propósito:

Ausentes dúvidas quanto à existência dos indícios da

materialidade e da autoria atribuídas ao paciente, resulta

configurado o fumus comissi delicti. (Acórdão n. 519385,

20110020102764HBC, Relator: SOUZA E AVILA, 2ª Turma

Criminal, Data de Julgamento: 07/07/2011, Publicado no DJE:

20/07/2011. Pág.: 143).

V O T O S

A Senhora Desembargadora NILSONI DE FREITAS - Relatora

Presentes os requisitos de admissibilidade, conheço da

impetração.

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Tem-se ainda que a ação penal já foi iniciada com o recebimento da

denúncia (fl. 70), o que reforça a presença do fumus comissi delicti, porque

constatado pelo nobre Juiz a existência de materialidade e indícios suficientes de

autoria.

Vejamos entendimento:

Denota-se o fumus comissi delicti no recebimento da

denúncia contra o paciente pela prática do crime de roubo

simples. Reforça essa percepção a anterior prisão dele em

flagrante pelo fato e o reconhecimento seguro feito pela

vítima. (Acórdão n. 623195, 20120020202552HBC, Relator:

SOUZA E AVILA, 2ª Turma Criminal, Data de Julgamento:

27/09/2012, Publicado no DJE: 02/10/2012. Pág.: 292).

Ainda nesse sentido:

A materialidade dos fatos relatados nos autos encontra-se

comprovada e há indícios da autoria do crime de roubo

imputado ao paciente, o que é informado pelo recebimento

da denúncia, demonstrando, assim, o fumus comissi

delicti. (Acórdão n. 624663, 20120020208054HBC, Relator:

JOÃO TIMÓTEO DE OLIVEIRA, 2ª Turma Criminal, Data de

Julgamento: 27/09/2012, Publicado no DJE: 08/10/2012. Pág.:

249).

A princípio, não se pode descartar os indícios de autoria atribuída ao

paciente apenas porque a vítima o apontou como "pessoa conhecida" naquela

região, pois, conforme depoimento colhido na delegacia de polícia, ela o conhecia de

vista e indicou aos policiais o local de seu domicílio, reconhecendo-o formalmente

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como o autor do fato (fl. 19). Não havendo, até o presente momento, qualquer

circunstância a indicar que a vítima pretendia incriminar o paciente levianamente,

presume-se verdadeira a sua narrativa.

O periculum libertatis restou demonstrado pelo modus operandi do

paciente que, em plena via pública, utilizou de certa violência contra a vítima, a qual

foi segurada com força pelo braço, tendo sido subtraído o seu celular, situação que

demonstra ousadia e destemor, configuradora de desassossego e instabilidade no

convívio social.

Confira-se julgado desta egrégia Corte:

Justifica-se a manutenção do decreto de prisão cautelar

quando evidenciado o fumus comissi delicti e o periculum

libertatis. A gravidade concreta da conduta do paciente,

evidenciada pelo modus operandi adotado, demonstra

altíssimo grau de periculosidade e a necessidade da

constrição cautelar para garantia da ordem pública. Ordem

denegada. (Acórdão n. 621333, 20120020203730HBC,

Relator: ESDRAS NEVES, 3ª Turma Criminal, Data de

Julgamento: 20/09/2012, Publicado no DJE: 25/09/2012. Pág.:

220).

O juiz, ainda ressaltou que o réu ostenta condenação por roubo

circunstanciado, em que recebeu indulto, além de passagem por tráfico de drogas

desclassificada para posse de droga e outra incursão na Lei

Maria da Penha por ameaça, de forma que a prisão serve para evitar reiteração

criminosa (fl. 62).

A respeito do risco de reiteração criminosa como fundamento da

segregação cautelar, esse Tribunal de Justiça decidiu ser ele legítimo.

A propósito:

A reiteração delitiva atestada pelo juízo monocrático, em

que pese não sirva como maus antecedentes e

reincidência, reforça o fundamento esposado para a

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segregação preventiva, qual seja, garantia da ordem

pública. (Acórdão n. 656536, 20130020012867HBC, Relator:

SILVÂNIO BARBOSA DOS SANTOS, 2ª Turma Criminal, Data

de Julgamento: 21/02/2013, Publicado no DJE: 27/02/2013.

Pág.: 224).

Acrescente-se quea prisão cautelar não viola o princípio da

presunção de inocência, desde que devidamente fundamentada em seus requisitos

autorizadores, pois não implica juízo de culpabilidade antecipado, conforme já

decidido pelo Supremo Tribunal Federal, mas destina-se a acautelar a atividade

estatal. (HC 115623/SP, Rel. Min. Rosa Weber, 1ª Turma, DJe de 28/06/2013).

Não há falar-se, portanto, em fundamentação abstrata ou inidônea

para configurar a custódia cautelar, pois presentes os requisitos descritos no art. 312

do Código de Processo Penal, conforme acima exposto; além de a pena máxima

cominada ao delito ser superior a 4 (quatro) anos de reclusão, autorizando a

aplicação de medida mais gravosa, conforme art. 313, I, Código de Processo Penal,

sendo certo que as circunstâncias evidenciam a necessidade da manutenção do

decreto de segregação cautelar, conforme previsto nos arts. 312 e 313 do Código de

Processo Penal.

Confira-se o seguinte julgado:

O crime de roubo é punido com pena privativa de liberdade

máxima abstrata superior a 4 (quatro) anos de reclusão,

sendo, portanto, admitida a prisão preventiva, nos termos

do art. 313, inc. I , do CPP. (Acórdão n. 555743,

20110020226031HBC, Relator: SOUZA E AVILA, 2ª Turma

Criminal, Data de Julgamento: 01/12/2011, Publicado no DJE:

16/12/2011. Pág.: 255).

Assim, apesar de a prisão preventiva ser a última ratio, deve ela ser

mantida no presente feito, diante do modus operandi do paciente, o que indica

serem as medidas cautelares, previstas na Lei nº 12.403/2011, inadequadas e

insuficientes para coibir o cometimento de novos crimes pelo paciente.

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A respeito, colhe-se julgado deste Tribunal:

Correta a decisão que converte a prisão em flagrante em

preventiva para garantia da ordem pública, com

fundamento na gravidade da conduta e periculosidade do

agente, evidenciada no caso concreto pelo modus

operandi, a demonstrar a insuficiência das medidas

cautelares diversas da prisão. Ordem denegada. (Acórdão

n. 688545, 20130020138030HBC, Relator: JESUINO

RISSATO, 3ª Turma Criminal, Data de Julgamento: 27/06/2013,

Publicado no DJE: 02/07/2013. Pág.: 185).

A corroborar este entendimento colhe-se trecho do parecer da douta

Promotora de Justiça em substituição, onde se lê: "As circunstâncias concretas do

fato, especialmente sua gravidade e o modus operandi - uma vez que o agente agiu

valendo-se da superioridade de sua força física contra vítima mulher e desprevenida,

em local próximo à residência de ambos - demonstram seu total desrespeito em

relação à ordem vigente e recomenda a manutenção da segregação cautelar. (...) A

pena máxima do delito pelo qual o Paciente foi denunciado (roubo) é superior a

quatro anos e o Paciente é reincidente, estando a prisão preventiva autorizada nos

termos do art. 313, incisos I e II, do CPP. A necessidade da prisão preventiva

demonstra, ainda, que as medidas cautelares diversas da prisão (art. 319 do CPP)

não serão adequadas ao caso, tampouco suficientes para evitar a prática de novos

delitos".

Ante o exposto, DENEGO a ordem de habeas corpus.

É o voto.

O Senhor Desembargador JOÃO BATISTA TEIXEIRA - Vogal

Com o relator.

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O Senhor Desembargador JESUINO RISSATO - Vogal

Com o relator.

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CONHECIDO. DENEGOU-SE A ORDEM. UNÂNIME.

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