56
Vigilância Epidemiológica e Sanitária Dan Cordeiro Machado Dan Cordeiro Machado Fisioterapeuta, Mestre em Fisioterapia (UNITRI-MG), Fisioterapeuta da Escola Naval e Coordenador das Pós-Graduações em Fisioterapia Pediatrica e Fisioterapia Hospitalar(UNIVERSO)

99377884-Vigilancia-Epidemiologica

Embed Size (px)

DESCRIPTION

epidemiologia

Citation preview

Vigilância Epidemiológica e Sanitária

Dan Cordeiro MachadoDan Cordeiro Machado

Fisioterapeuta, Mestre em Fisioterapia (UNITRI-MG), Fisioterapeuta da Escola Naval e Coordenador das Pós-

Graduações em Fisioterapia Pediatrica e Fisioterapia Hospitalar(UNIVERSO)

Vigilância Sanitária

• Controle de produtos como medicamentos, soros, vacinas, sangue e hemoderivados, visando à promoção da saúde da população do Brasil.

Vigilância Epidemiológica

• Conjunto de ações que proporcionam o conhecimento, detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes das condições de saúde, com finalidade de recomendar medidas de prevenção e controle das doenças.

Vigilância Epidemiológica

Conceitos básicos de Epidemiologia

O que é Epidemiologia?

• “Estudo dos fatores que determinam a freqüência e a distribuição das doenças nas coletividades humanas”. Guia de Métodos de Ensino da Associação Internacional de Epidemiologia (1973)

• Enquanto a clínica dedica-se ao da doença no indivíduo, caso a caso, a Epidemiologia debruça-se sobre o coletivo.

Vigilância Epidemiológica

• A VE é um conjunto de atividades “que tem como propósito fornecer orientação técnica permanente para os profissionais de saúde que têm a responsabilidade de decidir aobre a execução de ações de controle de doenças e agravos, bem como dos fatores que a condicionam, numa área geográfica ou população definida”. (Waldman, 1991)

Vigilância Epidemiológica

• É função da vigilância epidemiológica: reunir informações sobre doenças, processá-las e interpretá-las.

• Todo cidadão tem o dever de comunicar à autoridade sanitária local a ocorrência de fato comprovado ou presumível de casos de doença transmissível.

Vigilância Epidemiológica

• Caso índice: é o primeiro a se comunicar

as autoridades sanitárias.

Vigilância Epidemiológica

A poliomielite constitui objeto de programa de erradicação em nível mundial. Neste sentido, as notificações de paralisia flácida aguda devem ser feitas em até 48h. A Secretaria Municipal de Saúde do RJ instituiu a notificação (-) semanal para paralisia flácida aguda. Este conjunto de ações constitui uma prática de saúde pública denominada: vigilância sanitária.

Vigilância Epidemiológica

• Em uma região endêmica de cólera, onde o Vibrio cholerae foi isolado, a utilidade de confirmação laboratorial é: monitorização da circulação do vibrião e detecção de novos sorotipos em casos autóctones ou importados.

Vigilância Epidemiológica

• Em uma área onde a presença do Anopheles é conhecida, não há relato de casos de malária há 10 anos. Neste período não se evidenciou contaminação dos vetores. Recentemente ocorreram 2 casos em moradores de um mesmo domicílio.

Vigilância Epidemiológica

• A investigação epidemiológica dos casos concluiu que o 1° foi importado, e o 2°, autóctone em conseqüência do 1°. As medidas de controle mais adequadas, que devem ser tomadas com o objetivo de impedir que a malária se torne endêmica na região são: intensificar o controle do vetor na área (focos naturais e domiciliares) e intensificar a vigilância epidemiológica específica.

Vigilância Epidemiológica

Na implementação da medicina preventiva, o princípio da educação rege que o médico deve: educar para a saúde e assim praticar a prevenção primária das doenças.

Objetivos da Vigilância Epidemiológica

• Identificar tendências, grupos e fatores de risco com vistas a elaborar estratégias de controle de específicos eventos adversos à saúde.

• Descrever o padrão de ocorrência de doenças de relevância em saúde pública.

• Detectar epidemias.

Objetivos da Vigilância Epidemiológica

• Documentar a disseminação de doenças.• Estimar a magnitude da morbidade e

mortalidade causadas por determinados agravos.

• Recomendar, com bases objetivas e científicas, as medidas necessárias para prevenir ou controlar a ocorrência de específicos agravos à saúde.

Objetivos da Vigilância Epidemiológica

• Avaliar o impacto de medidas de intervenção.

• Avaliar a adequação de táticas e estratégias de aplicação de medidas de intervenção, não só nos seus fundamentos técnicos mas também naqueles referentes à própria operacionalização dessas intervenções.

LEI No 6.259, de 30 DE OUTUBRO DE 1975

• Dispõe sobre a organização das ações de Vigilância Epidemiológica, sobre o Programa Nacional de Imunizações, estabelece normas relativas à notificação compulsória de doenças e dá outras providências.

• O Presidente da República, faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

• Art. 1o - Consoante as atribuições que lhe foram conferidas dentro do Sistema Nacional de Saúde, na forma do art. 1o da Lei no 6.229, inciso I e seus itens "a" e "d", de 17 de julho de 1975, o Ministério da Saúde coordenará as ações relacionadas com o controle das doenças transmissíveis, orientando sua execução inclusive quanto à vigilância epidemiológica, a aplicação da notificação compulsória, ao programa de imunizações e ao atendimento de agravos coletivos à saúde, bem como os decorrentes de calamidade pública.

LEI No 6.259, de 30 DE OUTUBRO DE 1975

• Parágrafo único. Para o controle de epidemias e na ocorrência de casos de agravo à saúde decorrentes de calamidades públicas, o Ministério da Saúde, na execução das ações de que trata este artigo, coordenará a utilização de todos os recursos médicos e hospitalares necessários, públicos e privados, existentes nas áreas afetadas, podendo delegar essa competência às Secretarias de Saúde dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.

LEI No 6.259, de 30 DE OUTUBRO DE 1975

LEI No 6.259, de 30 DE OUTUBRO DE 1975

• TÍTULO I

• Da Ação de Vigilância Epidemiológica

• Art. 2o - A ação de Vigilância Epidemiológica compreende as informações, investigações e levantamentos necessários à programação e à avaliação das medidas de controle de doenças e de situações de agravos à saúde.

• § 1o - Compete ao Ministério da Saúde definir, em Regulamento, a organização e as atribuições dos serviços incumbidos da ação de Vigilância Epidemiológica, promover a sua implantação e coordenação.

LEI No 6.259, de 30 DE OUTUBRO DE 1975

LEI No 6.259, de 30 DE OUTUBRO DE 1975

• § 2o - A ação de Vigilância Epidemiológica será efetuada pelo conjunto dos serviços de saúde, públicos e privados, devidamente habilitados para tal fim.

LEI No 6.259, de 30 DE OUTUBRO DE 1975

• Consistem objeto de notificação compulsória as doenças a seguir relacionadas:

LEI No 6.259, de 30 DE OUTUBRO DE 1975

I - Em todo o território nacional: • cólera, coqueluche, dengue, difteria, doença

meningocócica e outra meningites, doença de Chagas (casos agudos), febre amarela, febre tifóide, hanseníase, leishmaniose tegumentar e visceral, oncocercose, peste, poliomielite, raiva humana, rubéola e síndrome de rubéola congênita, sarampo sífilis congênita, síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS), tétano, tuberculose, varíola, hepatites virais,

LEI No 6.259, de 30 DE OUTUBRO DE 1975

II - Em áreas específicas:

• Esquistossomose (exceto nos Estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas, Pernambuco e Sergipe)

• Filariose (exceto em Belém), malária (exceto na região da Amazônia Legal)

LEI No 6.259, de 30 DE OUTUBRO DE 1975

• Art. 2o - Outras doenças poderão ser consideradas de notificação compulsória, no âmbito da unidade federada que assim as considere, mediante prévia justificativa, submetida ao Ministério da Saúde.

LEI No 6.259, de 30 DE OUTUBRO DE 1975

• Art. 3o - A sistemática referente ao fluxo de notificação, à investigação epidemiológica e às medidas de controle das doenças indicadas obedecerá às normas estabelecidas pela Fundação Nacional de Saúde, consultados os órgãos competentes do Ministério da Saúde.

VIGILÂNCIA SANITÁRIA

NORMA GERAL

LEI No 6. 437, DE 20 DE AGOSTO DE 1977

• Configura infrações à legislação sanitária federal, estabelece as sanções respectivas, e dá outras providências.

LEI No 6. 437, DE 20 DE AGOSTO DE 1977

Das Infrações e Penalidades

• Art.1o - As infrações à legislação sanitária federal, ressalvadas as previstas expressamente em normas especiais, são as configuradas na presente Lei.

LEI No 6. 437, DE 20 DE AGOSTO DE 1977

• Art.2º - Sem prejuízo das sanções de natureza civil ou penal cabíveis, as infrações sanitárias serão punidas, alternativa ou cumulativamente, com as penalidades de:

Penalidades

• I - advertência;

• II - multa;

• III - apreensão do produto;

• IV - inutilização do produto;

• V - interdição do produto;

• VI - suspensão de vendas e/ou fabricação de produto;

• VII - cancelamento de registro de produto;

• VIII - interdito parcial ou total do estabelecimento;

• IX - proibição de propaganda;

• X - cancelamento de autorização para funcionamento de empresa;

Penalidades

• XI - cancelamento do alvará de licenciamento de estabelecimento.

• XI-A - intervenção no estabelecimento que receba recursos públicos de qualquer esfera. (inciso introduzido pela Lei no9.695 de 20.08.98)

Um Sistema de VE

Um sistema de VE

• Funções de um sistema de VE:– coleta de dados– processamento dos dados coletados– recomendação de medidas apropriadas– promoções de ações de controle indicadas– avaliação da eficácia e efetividade das medidas

adotadas– divulgação das informações pertinentes.

Tipos de dados em VE

• Tipos de dados:– demográficos– ambientais– sócio-econômicos– dados de morbidade

• notificação de casos/surtos

– dados de mortalidade

Fontes de dados em um SE

• Estudos epidemiológicos– Inquérito Epidemiológico– Levantamento Epidemiológico– Sistemas Sentinelas

• Evento sentinela: Evento sentinela é adetecção de doença previnível, incapacidade ou morte inesperada, cuja ocorrência serve como um sinal de alerta

– Monitoramento de grupos alvos - exames periódicos

Roteiro de Investigação em VE

• Dados de identificação

• Dados de anamnese e exame físico

• Diagnóstico (suspeitas diagnósticas)

• Informações sobre o meio ambiente (exposições)

Roteiro de Investigação em VE

• Informações sobre o ambiente de trabalho (exposições)

• Exposições

• Busca ativa de casos

• Busca de pistas

Processamento e Análise de dados

• Pessoas• Tempo• Lugar

– Freqüências absolutas– Indicadores Epidemiológicos (taxas de incidência,

prevalência, letalidade, mortalidade)– “Quanto mais oportuna for a análise , mais eficiente

será o sistema de Vigilância Epidemiológica” (MS, 1996)

Objetivos de um Sistema de Vigilância Epidemiológica

• Prevenção, controle, eliminação ou erradicação de uma doença.

Exemplo de uma investigação em saúde ocupacional

• Histórico: (Evento sentinela)

– 1990 - 2 óbitos por doenças hematológicas em uma empresa do pólo petroquímico de Camaçari, BA.

– O 10 de um médico, com diagnóstico de aplasia medular, o 20 um operador de processo com leucemia mielóide crônica.

Exemplo de uma investigação em saúde ocupacional

• Histórico: (Evento sentinela)

– Exposição: a empresa processa benzeno, matéria prima naindústria do plástico, tinta, etc...

A intoxicação pelo benzeno

• A intoxicação pelo benzeno ocorre por três vias:

– respiratória (principal)

– Cutânea

– digestiva

Manifestações Clínicas do benzenismo

• Agudas:

– efeito narcótico (tonteiras, desmaios,

narcose, coma)

• Crônicas:

– mielotoxicidade– genotoxicidade– carcinogênese– leucopenia– neutropenia

O ambiente

• A empresa que notificou os dois óbitos situava-se em um complexo petroquímico integrado, na época com aproximadamente 47 indústrias, com cerca de 50 mil empregados.

• Pistas: identificadas 9 usinas de produção que utilizavam benzeno

A investigação epidemiológica

• Início: Solicitado hemograma dos funcionários dos setores de origem dos casos (marcador biológico de efeito)

Resultados da investigação

• Dos 7.356 trabalhadores examinados nas 9 indústrias:

• 850 (12%) apresentaram leucograma com < de 5.000 leucócitos por mm3 (e/ou 2.500 neutrófilos).

• Esses casos suspeitos foram submetidos a mais três exames consecutivos, sendo também analisados seus prontuários médicos.

Resultados da Investigação

• Ao final, 216 mantiveram-se com valores abaixo de 4.000 leucócitos/mm3 (e/ou 2.000 neutrófilos;

• e/ou série hematológica com valores decrescentes).

• Esses casos foram classificados como “casos epidemiológicos”.

• Desses, 34 exerciam função administrativa, indicando uma contaminação ambiental.

Outros Resultados da investigação

• O tempo médio no emprego era de 9 anos.

• A evidência da exposição ocupacional determinou o afastamento cautelar dos 216 trabalhadores de suas atividades.

• Os valores do benzeno encontrados no ambiente estavam acima do estabelecido pela legislação vigente.

Pontos para a organização de um SVE de Causas Externas

• Normatização:– Definição de caso:

• suspeito• confirmado: laboratorial ou clínico

• Retroalimentação:– Retorno regular de informações às fontes geradoras

de dados– consolidação dos dados– Publicações

Avaliação dos SVEs

• Situação Epidemiológica

• Atualidade da lista de agravos

• Pertinência dos instrumentos utilizados

• Cobertura da rede de notificação

• Funcionamento do fluxo de informações

• Oraganização da documentação coletada

• Informes analíticos

Avaliação dos SVEs

• Retroalimentação

• Composição e qualificação da equipe técnica

• Interação com as instâncias responsáveis pelas ações de controle

• Interação com a comunidade científica

• Condições administrativas e custos

Medidas Quantitativas de Avaliação

• Sensibilidade (capacidade de detectar casos)• Especificidade (Capacidade de exluir não

casos)• Reprodutibilidade• Oportunidade (agilidade)

Medidas Qualitativas de avaliação

• Simplicidade

• Flexibilidade

• Aceitabilidade

Perspectivas

• Acompanhamento do desenvolvimento científico e tecnológico

• Comitês técnicos de assessores

• Incorporação de novas tecnologias