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Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) Cursinho Pré-vestibular da UFSCar Disciplina de Sociologia Professor Irto Moreira Jr. A ação social para Max Weber “A ação social (incluindo tolerância e omissão) se orienta pelas ações de outros, que podem ser passadas, presentes ou esperadas como futuras (vingança por prévios ataques, réplica a ataques presentes, medidas de defesa frente a ataques futuros). Os 'outros' podem ser individualizados e conhecidos ou uma pluralidade de indivíduos indeterminados e completamente desconhecidos (o 'dinheiro', por exemplo, significa um bem — de troca — que o agente admite no intercâmbio porque sua ação está orientada pela expectativa de que muitos outros, agora indeterminados e desconhecidos, estão dispostos a aceitá-lo também, por sua parte, numa troca futura). [...] Nem toda espécie de contato entre os homens é de caráter social; mas somente uma ação, com sentido próprio, dirigida para a ação de outros. O choque de dois ciclistas, por exemlo, é um simples evento como um fenômeno natural. Por outro lado, haveria ação social na tentativa dos ciclistas se desviarem, ou na briga ou consideração amistosa subseqüentes ao choque”. WEBER, Max. Ação social e relação social. In: M. M.Foracchi e J. S Martins. Sociologia e sociedade – leituras de introdução à sociologia. Rio de Janeiro, LCT, 1977. Weber e o desencantamento do mundo “Quem continua ainda a acreditar - salvo algumas crianças grandes que encontramos justamente entre os especialistas - que os conhecimentos astronômicos, biológicos, físicos ou químicos poderiam ensinar-nos algo a propósito do sentido do mundo ou poderiam ajudar-nos a encontrar sinais de tal sentido, se é que ele existe? Se existem conhecimentos capazes de extirpar, até às raízes, a crença na existência de seja lá o que for que se pareça a uma "significação" do mundo, esses conhecimentos são exatamente os que se traduzem pelas ciências. [...] O destino de nosso tempo, que se caracteriza pela racionalização, pela intelectualização e, sobretudo, pelo "desencantamento do mundo" levou os homens a banirem da vida pública os valores supremos e mais sublimes. [...] A quem não é

A ação social para Max Weber

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Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)Cursinho Pré-vestibular da UFSCar

Disciplina de SociologiaProfessor Irto Moreira Jr.

A ação social para Max Weber

“A ação social (incluindo tolerância e omissão) se orienta pelas ações de outros, que podem ser passadas, presentes ou esperadas como futuras (vingança por prévios ataques, réplica a ataques presentes, medidas de defesa frente a ataques futuros). Os 'outros' podem ser individualizados e conhecidos ou uma pluralidade de indivíduos indeterminados e completamente desconhecidos (o 'dinheiro', por exemplo, significa um bem — de troca — que o agente admite no intercâmbio porque sua ação está orientada pela expectativa de que muitos outros, agora indeterminados e desconhecidos, estão dispostos a aceitá-lo também, por sua parte, numa troca futura). [...]

Nem toda espécie de contato entre os homens é de caráter social; mas somente uma ação, com sentido próprio, dirigida para a ação de outros. O choque de dois ciclistas, por exemlo, é um simples evento como um fenômeno natural. Por outro lado, haveria ação social na tentativa dos ciclistas se desviarem, ou na briga ou consideração amistosa subseqüentes ao choque”.

WEBER, Max. Ação social e relação social. In: M. M.Foracchi e J. S Martins. Sociologia e sociedade – leituras de introdução à sociologia. Rio de Janeiro, LCT, 1977.

Weber e o desencantamento do mundo

“Quem continua ainda a acreditar - salvo algumas crianças grandes que encontramos justamente entre os especialistas - que os conhecimentos astronômicos, biológicos, físicos ou químicos poderiam ensinar-nos algo a propósito do sentido do mundo ou poderiam ajudar-nos a encontrar sinais de tal sentido, se é que ele existe? Se existem conhecimentos capazes de extirpar, até às raízes, a crença na existência de seja lá o que for que se pareça a uma "significação" do mundo, esses conhecimentos são exatamente os que se traduzem pelas ciências. [...]

O destino de nosso tempo, que se caracteriza pela racionalização, pela intelectualização e, sobretudo, pelo "desencantamento do mundo" levou os homens a banirem da vida pública os valores supremos e mais sublimes. [...] A quem não é capaz de suportar virilmente esse destino de nossa época, só cabe dar o conselho seguinte: volta em silêncio, sem dar a teu gesto a publicidade habitual dos renegados, com simplicidade e recolhimento, aos braços abertos e cheios de misericórdia das velhas Igrejas. Elas não tornarão penoso o retorno. De uma ou de outra maneira, quem retorna será inevitavelmente compelido a fazer o "sacrifício do intelecto".”

WEBER, Max. A ciência como vocação. In: Ciência e Política: duas vocações. São Paulo, Editora Cultrix, 2008.