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O Porquê dos nossos Sentimentos Argos de Arruda Pinto Por que existem os nossos sentimentos? Nossas emoções? Por que somos seres racionais e emocionais e não apenas racionais? A resposta a estas perguntas, embora possa - inicialmente - soar estranha e aparentemente sem sentido ao leitor, me parece estar relacionada com um dos mais poderosos instintos inerentes ao ser humano: a sobrevivência de sua espécie. O conceito de "sobrevivência", entretanto, deve ser mais amplo do que se supõe quando se refere a nós, seres humanos, pois comer, beber, dormir e procriar não bastam. É como se extrapolássemos estes quatro requisitos básicos para sobrevivermos. Precisamos de mais... E este mais está ligado ao nosso bem estar físico e mental, felicidade e satisfação. Sentimentos e emoções são em grande número em nossas mentes; eles afetam nossos corpos, nosso comportamento, as nossas vidas. Não há espaço aqui para explicar um a um com base na sobrevivência de nossa espécie como animal. Darei exemplos de alguns. Importante realçar também o caráter "estatístico" deste artigo, no sentido em que estarei falando de características de populações. As características de um indivíduo pode representar uma tendência em toda uma população, uma maioria, onde as exceções não importam. Quando eu falar de algum sentimento ou emoção, o leitor deverá pensar em termos amplos, gerais. Por exemplo: se digo que o amor é o elo de

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O porquê dos nossos sentimentos

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O Porqu dos nossos SentimentosArgos de Arruda Pinto

Por que existem os nossos sentimentos? Nossas emoes? Por que somos seres racionais e emocionais e no apenas racionais?A resposta a estas perguntas, embora possa - inicialmente - soar estranha e aparentemente sem sentido ao leitor, me parece estar relacionada com um dos mais poderosos instintos inerentes ao ser humano: a sobrevivncia de sua espcie.O conceito de "sobrevivncia", entretanto, deve ser mais amplo do que se supe quando se refere a ns, seres humanos, pois comer, beber, dormir e procriar no bastam. como se extrapolssemos estes quatro requisitos bsicos para sobrevivermos. Precisamos de mais... E este mais est ligado ao nosso bem estar fsico e mental, felicidade e satisfao.Sentimentos e emoes so em grande nmero em nossas mentes; eles afetam nossos corpos, nosso comportamento, as nossas vidas. No h espao aqui para explicar um a um com base na sobrevivncia de nossa espcie como animal. Darei exemplos de alguns. Importante realar tambm o carter "estatstico" deste artigo, no sentido em que estarei falando de caractersticas de populaes. As caractersticas de um indivduo pode representar uma tendncia em toda uma populao, uma maioria, onde as excees no importam. Quando eu falar de algum sentimento ou emoo, o leitor dever pensar em termos amplos, gerais. Por exemplo: se digo que o amor o elo de ligao mais importante entre pais e filhos e que sem ele a raa humana j estaria extinta, excluo os poucos casos onde os filhos foram abandonados ao nascer ou quando criana.A Teoria da Evoluo de Darwin sempre fora mal explicada e mal vista por muita gente. No comeo do sculo XX, aqui no Brasil, era proibido falar nela nas escolas; havia preconceito em todos os pases mas entre os cientistas ela simplesmente s evoluiu desde a sua concepo no sculo XIX. Isto criou um abismo entre os conhecimentos da Cincia nesta rea e tudo aquilo que as pessoas comuns pensam e imaginam sobre como os seres vivos se modificam, se adaptam, sobrevivem, etc. E tudo isto se relaciona apenas com os corpos desses seres; imagine quanta ignorncia existe quando se entra na correspondncia entre evoluo e mente.Os seres vivos mais complexos do planeta, aves e principalmente mamferos, possuem crebros altamente complexos e adaptados para conseguirem sobreviver aos estmulos negativos, destrutivos do meio ambiente. Insetos, peixes e rpteis nascem em um estgio de maturidade o suficiente para se locomoverem e explorarem o mundo exterior; fora isto, o nmero de filhotes grande o bastante para nem todos serem devorados pelos predadores. A coisa diferente com os mamferos: poucos filhotes e frgeis, necessitando-se de uma longa jornada de aprendizagem sobre seu ambiente, para um dia enfrentarem sozinhos os perigos deste mesmo ambiente e procriarem. A que entram as emoes. Algumas so bsicas e compartilhamos com seres menos complexos: o medo e a agressividade. O medo importante pois um sinal de alerta, de algum perigo no meio; quem sobreviveria se no tivesse medo de nada? necessrio a existncia de agressividade porque nada pode ser s passivo; enfrentar algum perigo, uma ameaa, requer tambm respostas passando, s vezes, pela agressividade. Em especial nos seres humanos, a natureza foi "caprichosa" no aspecto emocional: sentimos alegria, tristeza, dio, paixo, culpa, satisfao, amor, afeto, temos f, esperana, etc.Temos a capacidade de procurar sexo mesmo sem a inteno de procriar. Procuramos porque gostamos, porque faz bem, porque nos satisfaz. Chegamos ao ponto de nos deliciar com um prato s para nos satisfazer mesmo sem estar com fome, ou seja, sem a necessidade momentnea de sobrevivncia; por puro prazer. Procuramos coisas como viajar, sair, encontrar algum de quem gostamos, nos divertir, porque faz parte do nosso lazer, do nosso bem estar. A palavra "gostar" est sempre presente; os sentimentos esto sempre presentes.Existe o trabalho... Ele deve ser entendido como uma atividade inerente ao ser humano, seja qual for o seu modo ou finalidade: do homem de duzentos mil anos atrs ao perseguir uma presa durante horas, ao homem de hoje em um escritrio repleto de aparelhos eletrnicos a ajud-lo em seu dia a dia, tudo trabalho. Tudo o que for uma atividade a implicar em gerao de bens ou realizao de uma tarefa imprescindvel nossa sobrevivncia, mesmo que indiretamente. o caso, este ltimo, das sociedades que se modernizaram e o fruto do trabalho passou a ser algo "simblico", o dinheiro, onde atravs dele conseguimos o que precisamos. Existiria o trabalho para ns se no gostssemos? Se no gostssemos ou se no sentssemos nada com os seus frutos? No existe somente o ato de trabalhar; sentimentos e emoes, conquistas que nos levam a satisfaes extremamente benficas a ns esto em jogo.Quero dizer que vivemos procurando atividades, conquistas, coisas que nos fazem bem, para a nossa felicidade e bem estar. Se ora no conseguimos temos outras chances, temos nosso amor prprio e continuamos a viver, a procurar. Temos f, esperana, sonhamos.E os sentimentos negativos, as emoes violentas e negativas? Veja, nenhum sistema adaptativo como o crebro, que visa o comando de um corpo para se perpetuar junto a ele, ir responder somente de modo positivo, no sentido de sentimentos positivos, em um meio ambiente onde os estmulos exteriores so positivos e negativos tambm. Ningum gostar de um inimigo!Para se capturar um animal faz-se necessrio uma boa dose de agressividade e ns utilizamos recursos muitas vezes cruis onde, se fssemos parar para pensar, no comeramos sequer um pequeno peixe do mar! Pode-se imaginar o quanto as nossas sociedades cresceram e se desenvolveram s custas de muitas mortes ou explorao, onde nossos ancestrais utilizaram e muito da capacidade humana de destruio para com os inimigos. E destruir envolve muita coisa de negativo.Este o universo da mente. Interessante salientar o papel da conscincia em todos esses processos. Por exemplo: temos conscincia de que o sexo bom; ento o procuramos, como disse anteriormente, sem a inteno de procriar. E tambm procuramos de forma consciente para deixarmos descendentes... A conscincia que talvez nos leve a transpor quilo que eu disse a respeito de comer, beber, dormir e procriar: seres conscientes buscam estas coisas de maneira "automtica", intuitiva. Mas procuram tambm para us-las como fonte de prazer e satisfao; procriar seria exceo mas o sexo em si no; e procuram outras, como em um nvel mais alto de atividade sistmica, como o lazer, atividades prazerosas, etc., para se sentirem bem. O sexo sem interesse de gerar filhos talvez o ponto mais alto nessa "escala".A conscincia, indo mais longe, precisa necessariamente de, no mnimo, dois suportes emocionais para se perpetuar; duas foras poderosssimas: a f e o amor prprio. Que espcie de seres conscientes conseguiria a perpetuao se no acreditassem em si mesmos? No seu trabalho, na sua luta diria? Ou, como na maioria dos habitantes do planeta, em algo divino para se apoiarem? Nem levantariam da cama! E que sistema poderia tambm sobreviver se no gostasse de si prprio? O que adianta um corpo forte em uma mente fraca? Talvez chegamos a um fato universal: qualquer ser consciente no cosmos ter este tipo de caracterstica. Talvez no exista nada somente racional.Este artigo pode dar a impresso de que refere nossa civilizao ocidental, consumista, desejosa de prazeres, poder e dinheiro; no isso. Ele se refere quilo que os seres humanos possuem em sua natureza ntima, de bsico em suas mentes onde se criou todas as culturas e civilizaes at hoje. Umas foram mais pacficas que outras; algumas foram mais mercantilistas, enquanto outras se preocuparam com a tecnologia e produo industrial. Mas a sobrevivncia do homem se deu at hoje com a combinao de um lado racional com outro emocional. E sobrevivncia para o ser humano engloba, alm de sua natureza racional, tudo o que proporciona satisfao, felicidade, prazer, conquistas, etc. "Estados" correlacionados com nossas emoes e sentimentos. Retire tudo isto dos humanos e ver a nossa espcie desaparecer.Imagen: National Cancer InstituteO AutorSistema Lmbico: O Centro das EmoesJlio Rocha do Amaral, MD & Jorge Martins de Oliveira, MD, PhD

Introduo: As Trs Unidades do Crebro Humano

Ao longo de sua evoluo, o crebro humano adquiriu trs componentes que foram surgindo e se superpondo, tal qual em um stio arqueolgico : o mais antigo, situando-se embaixo, na parte infero-posterior; o seguinte, em uma posio intermediria e o mais recente, localizando-se anteriormente e por cima dos outros. So eles, respectivamente :1 - Oarquipliooucrebro primitivo, constituido pelas estruturas do tronco cerebral - bulbo, cerebelo, ponte e mesencfalo, pelo mais antigo ncleo da base - o globo plido e pelos bulbos olfatrios. Corresponde ao crebro dos rpteis , tambm chamado complexo-R, pelo neurocientista Paul MacLean2 - Opaleopliooucrebro intermedirio(dos velhos mamferos), formado pelas estruturas do sistema lmbico. Corresponde ao crebro dos mamferos inferiores.3 - Oneoplio, tambm chamadocrebro superiorouracional(dos novos mamferos), compreendendo a maior parte dos hemisfrios cerebrais ( formado por um tipo de crtex mais recente, denominadoneocrtex) e alguns grupos neuronais subcorticais. o crebro dos mamferos superiores, a includos os primatas e, consequentemente, o homem. Essas trs camadas cerebrais foram aparecendo, uma aps a outra, durante o desenvolvimento do embrio e do feto (ontogenia), recapitulando, cronologicamente, a evoluo (filogenia) das espcies, do lagarto at o homo sapiens. No dizer de MacLean, elas so trs computadores biolgicos que, embora interconectados, conservam, cada um, nas palavras do cientista, "suas prprias formas peculiares de inteligncia, subjetividade, sentido de tempo e espao, memria, motricidade e outras funes menos especficas".Na verdade, so trs unidades cerebrais constituindo um nico crebro. A unidade primitiva responsvel pela autopreservao. a que nascem os mecanismos de agresso e de comportamento repetitivo. a que acontecem as reaes instintivas dos chamados arcos reflexos e os comandos que possibilitam algumas aes involuntrias e o controle de certas funes vscerais (cardaca, pulmonar, intestinal, etc), indispensveis preservao da vida.O desenvolvimento dos bulbos olfatrios e de suas conexes tornou possivel uma anlise precisa dos estmulos olfativos e um aprimoramento das respostas orientadas por odores, como aproximao, ataque, fuga e acasalamento. No curso da evoluo, parte dessas funes reptilianas foram sendo perdidas ou minimizadas (em humanos, a amgdala e o crtex entorrinal so as nicas estruturas lmbicas que mantm projees para o sistema olfatrio). tambm a, no complexo-R, que se esboam as primeiras manifestaes do fenmeno de ritualismo, atravs do qual o animal visa marcar posies hierrquicas no grupo e estabelecer o prprio espao em seu nicho ecolgico (delimitao de territrio).Em 1878, o neurologista francs Paul Broca observou que, na superfcie medial do crebro dos mamferos, logo abaixo do cortex, existe uma regio constituda por ncleos de clulas cinzentas (neurnios), a qual ele deu o nome delobo lmbico(do latim limbus, que traduz a idia de crculo, anel, em torno de, etc), uma vez que ela forma uma espcie de borda ao redor do tronco enceflico (em outra parte desse texto escreveremos mais sobre esses ncleos). Esse conjunto de estruturas, mais tarde denominadosistema lmbico, surgiu com a emergncia dos mamferos inferiores (mais antigos). ele que comanda certos comportamentos necessrios sobrevivncia de todos os mamferos. Que tambm cria e modula funes mais especficas, as quais permitem ao animal distinguir entre o que lhe agrada ou desagrada. Aqu se desenvolvem funes afetivas, como a que induz as fmeas a cuidarem atentamente de suas crias, ou a que promove a tendncia desses animais a desenvolverem comportamentos ldicos (gostar de brincar). Emoes e sentimentos, como ira, pavor, paixo, amor, dio, alegria e tristeza, so criaes mamferas, originadas no sistema lmbico. Este sistema tambm responsvel por alguns aspectos da identidade pessoal e por importantes funes ligadas memria. E, com a chegada dos mamferos superiores ao planeta, desenvolveu-se, finalmente, a terceira unidade cerebral : o neoplio ou crebro racional, uma rede complexa de clulas nervosas altamente diferenciadas, capazes de produzirem uma linguagem simblica, assim permitindo ao homem desempenhar tarefas intelectuais como leitura, escrita e clculo matemtico. O neoplio o gerador de idias ou, como diz Paul MacLean - " ele a me da inveno e o pai do pensamento abstrato".

As Estruturas Cerebrais na Formao das Emoes importante destacar que as estruturas envolvidas com a emoo se interligam intensamente e que nenhuma delas exclusivamente responsvel por este ou aquele tipo de estado emocional. No entanto, algumas contribuem mais que outras para esse ou aquele determinado tipo de emoo Assim, veremos, uma a uma, aquelas sobre as quais mais se conhece.Amgdala e Hipocampo

Amigdalapequena estrutura em forma de amndoa, situada dentro da regio antero-inferior do lobo temporal, se interconecta com o hipocampo, os ncleos septais, a rea pr-frontal e o ncleo dorso-medial do tlamo. Essas conexes garantem seu importante desempenho na mediao e controle das atividades emocionais de ordem maior, como amizade, amor e afeio, nas exteriorizaes do humor e, principalmente, nos estados de medo e ira e na agressividade. A amigdala fundamental para a auto-preservao, por ser o centro identificador do perigo, gerando medo e ansiedade e colocando o animal em situao de alerta, aprontando-se para se evadir ou lutar. A destruio experimental das amigdalas ( so duas, uma para cada um dos hemisfrios cerebrais) faz com que o animal se torne dcil, sexualmente indiscriminativo, afetivamente descaracterizado e indiferente s situaes de risco. O estmulo eltrico dessas estruturas provoca crises de violenta agressividade. Em humanos, a leso da amgdala faz, entre outras coisas, com que o indivduo perca o sentido afetivo da percepo de uma informao vinda de fora, como a viso de uma pessoa conhecida. Ele sabe quem est vendo mas no sabe se gosta ou desgosta da pessoa em questo.HipocampoEst particularmente envolvido com os fenmenos de memria, em especial com a formao da chamada memria de longa durao (aquela que persiste, as vezes, para sempre). Quando ambos os hipocampos ( direito e esquerdo) so destrudos, nada mais gravado na memria. O indivduo esquece, rapidamente, a mensagem recm recebida. Um hipocampo intacto possibilita ao animal comparar as condies de uma ameaa atual com experincias passadas similares, permitindo-lhe, assim, escolher qual a melhor opo a ser tomada para garantir sua preservao.

Frnix e Giro Parahipocampal

Importantes vias de conexo do circuito lmbico

Tlamo e Hipotlamo

TlamoLeses ou estimulaes do ncleo dorso-medial e dos ncleos anteriores do tlamo esto correlacionadas com alteraes da reatividade emocional, no homem e nos animais. No entanto, a importncia desses ncleos na regulao do comportamento emocional possivelmente decorre, no de uma atividade prpria, mas das conexes com outras estruturas do sistema lmbico. O ncleo dorso-medial conecta com as estruturas corticais da rea pr-frontal e com o hipotlamo. Os ncleos anteriores ligam-se aos corpos mamilares no hipotlamo ( e, atravs destes, via fornix, com o hipocampo) e ao giro cingulado, fazendo, assim, parte do circuito de Papez.HipotlamoEsta estrutura tem amplas conexes com as demais reas do prosencfalo e com o mesencfalo. Leso dos ncleos hipotalmicos interferem com diversas funes vegetativas e com alguns dos chamados comportamentos motivados, como regulao trmica, sexualidade, combatividade, fome e sede. Aceita-se que o hipotlamo desempenha, ainda, um papel nas emoes.Especificamente, as partes laterais parecem envolvidas com o prazer e a raiva, enquanto que a poro mediana parece mais ligada averso, ao desprazer e `a tendncia ao riso (gargalhada) incontrolavel. De um modo geral, contudo, a participao do hipotlamo menor na gnese do que na expresso (manifestaes sintomticas) dos estados emocionais. Quando os sintomas fsicos da emoo aparecem, a ameaa que produzem, retorna, via hipotlamo, aos centros lmbicos e, destes, aos ncleos pr-frontais, aumentando, por um mecanismo de "feed-back" negativo, a ansiedade, podendo at chegar a gerar um estado de pnico. O conhecimento desse fenmeno tem, como veremos adiante, importante sentido prtico, dos pontos de vista clnico e teraputico.

Giro Cingulado

Situado na face medial do crebro, entre o sulco cingulado e o corpo caloso (principal feixe nervoso ligando os dois hemisfrios cerebrais). H ainda muito por conhecer a respeito desse giro, mas sabe-se que a sua poro frontal coordena odores, e vises com memrias agradveis de emoes anteriores. Esta regio participa ainda, da reao emocional dor e da regulao do comportamento agressivo. A ablao do giro cingulado (cingulectomia) em animais selvagens, domestica-os totalmente. A simples seco de um feixe desse giro (cingulotomia), interrompendo a comunicao neural do circuito de Papez, reduz o nvel de depresso e de ansiedade pr-existentes .

Tronco Cerebral

O tronco cerebral a regio responsvel pelas "reaes emocionais", na verdade, apenas respostas reflexas, de vertebrados inferiores, como os rpteis e os anfbios. As estruturas envolvidas so a formao reticular e o locus crulus, uma massa concentrada de neurnios secretores de nor-epinefrina. importante assinalar que, at mesmo em humanos, essas primitivas estruturas continuam participando, no s dos mecanismos de alerta, vitais para a sobrevivncia, mas tambm da manuteno do ciclo viglia-sono.Outras estruturas do tronco cerebral, os ncleos dos pares cranianos, estimuladas por impulsos provenientes do cortex e do estriado (uma formao subcortical), respondem pelas alteraes fisionmicas dos estados afetivos : expresses de raiva, alegria, tristeza, ternura, etc.

rea tegmental ventral

Na parte mesenceflica (superior) do tronco cerebral existe um grupo compacto de neurnios secretores de doapmina - rea tegmental ventral - cujos axnios vo terminar no ncleo accumbens, (via dopaminrgica mesolmbica). A descarga espontnea ou a estimulao eltrica dos neurnios desta ltima regio produzem sensaes de prazer, algumas delas similares ao orgasmo. (Fig.4a e 4b) Indivduos que apresentam, por defeito gentico, reduo no nmero de receptores das clulas neurais dessa rea, tornam-se incapazes de se sentirem recompensados pelas satisfaes comuns da vida e buscam alternativas "prazeirosas" atpicas e nocivas como, por exemplo, alcoolismo, cocainomania, compulsividade por alimentos doces e pelo jogo desenfreado.

Septo

Anteriormente ao tlamo, situa-se a rea septal, onde esto localizados os centros do orgasmo (quatro para a mulher e um para o homem). Certamente por isto, esta regio se relaciona com as sensaes de prazer, mormente aquelas associadas s experincias sexuais.

rea Pr-frontal

A rea pr-frontal compreende toda a regio anterior no motora do lobo frontal. Ela se desenvolveu muito, durante a evoluo dos mamferos, sendo particularmente extensa no homem e em algumas espcies de golfinhos. No faz parte do circuito lmbico tradicional, mas suas intensas conexes bi-direcionais com o tlamo, amigdala e outras estruturas sub-corticais, explicam o importante papel que desempenha na gnese e, especialmente, na expresso dos estados afetivos. Quando o cortex pr-frontal lesado, o indivduo perde o senso de suas responsabilidades sociais, bem como a capacidade de concentrao e de abstrao. Em alguns casos, a pessoa, conquanto mantendo intactas a conscincia e algumas funes cognitivas, como a linguagem, j no consegue resolver problemas, mesmo os mais elementares. Quando se praticava a lobotomia pr-frontal, para tratamento de certos distrbios psiquitricos, os pacientes entravam em estado de "tamponamento afetivo", no mais evidenciando quaisquer sinais de alegria, tristeza, esperana ou desesperana. Em suas palavras ou atitudes no mais se vislumbravam quaisquer resqucios de afetividade.

Estados AfetivosTalvez pela intensa malha de conexes entre a rea pr-frontal e as estruturas lmbicas tradicionais, a espcie humana aquela que apresenta a maior variedade de sentimentos e emoes. Embora alguns indcios de afetividade sejam percebidos entre os pssaros, o sistema lmbico s comeou a evoluir, de fato, a partir dos primeiros mamferos, sendo praticamente inexistente em rpteis e anfbios e em todas as outras espcies que os precederam.Alis, no dizer de Paul MacLean, fica difcil imaginar um ser mais solitrio e emocionalmente mais vazio do que um crocodilo. Dois comportamentos, com conotao afetiva, surgidos com o advento dos mamferos (os pssaros tambm os exercem, mas com menor intensidade), merecem ser destacados, pela sua peculiaridade : o especial e prolongado cuidado das fmeas para com seus filhotes e a tendncia brincadeira. E quanto mais evoludo o mamfero, mais acentuados so esses comportamentos.J a ablao de partes importantes do sistema lmbico (as experincias foram feitas com hamsters) faz com que o animal perca tanto a afetividade maternal quanto o interesse ldico. E a evoluo dos mamferos nos traz at o homem : O nosso antepassado homindeo certamente diferenciava as sensaes que experimentava em ocasies distintas, como estar em sua caverna polindo uma pedra, correndo atrs de um animal mais fraco, fugindo de um animal mais forte ou caando uma fmea da sua espcie.Com o desenvolvimento da linguagem, nomes foram atribudos a essas e a outras sensaes, permitindo sua delimitao e explicitao a outros membros do grupo. Porm, at hoje, dada a existncia de um componente subjetivo importante, difcil de ser comunicado, no existe uniformidade quanto a melhor terminologia a ser empregada para designar essas sensaes. Assim que utiliza-se, de maneira imprecisa e intercambivel, quase como sinnimos, os termos afeto, emoo e sentimento. Entretanto, assim pensamos, a cada uma dessas palavras deve ser atribuda uma definio precisa, em respeito etimologia e s diferentes reaes fsicas e mentais que produzem. Afeto (do Latim affectus, significando afligir, abalar, atingir) definido por Aurlio como sendo "um conjunto de fenmenos psquicos que se manifestam sob a forma de emoes, sentimentos ou paixes, acompanhadas sempre da impresso de prazer ou dor, de satisfao ou insatisfao, agrado ou desagrado, alegria ou tristeza" , Curiosamente, existe uma tendncia universal para s considerar como afeto (e seus derivados, afetividade, afeio, etc) as impresses positivas.Assim, ao se dizer "sinto afeto por fulana" estou manifestando amor ou carinho; nunca raiva ou medo. J em relao s emoes e sentimentos, o uso se aplica nos dois sentidos : "ela tem bons sentimentos; eu tenho sentido emoes desagradveis." No dizer de Nobre de Melo, os afetos designam, genericamente, situaes vivenciadas, sob a forma de emoes ou de sentimentos. Emoes (do Latim emovere, significando movimentar, deslocar) so, como sua prpria etmologia sugere, reaes manifestas frente quelas condies afetivas que, pela sua intensidade, mobilizam-nos para algum tipo de ao.Confrontando a opinio de vrios autores, podemos dizer que as emoes se caracterizam por uma sbita ruptura do equilbrio afetivo. Quase sempre so episdios de curta durao, com repercusses concomitantes ou consecutivas, leves ou intensas, sobre diversos rgos, criando um bloqueio parcial ou total da capacidade de raciocinar com lgica. Isto pode levar a pessoa atingida a um alto grau de descontrole psquico e comportamental. Por contraste, os sentimentos so tidos como estados afetivos mais durveis, causadores de vivncias menos intensas, com menor repercusso sobre as funes orgnicas e menor interferncia com a razo e o comportamento. Exemplificando : amor, medo e dio so sentimentos; paixo. pavor e clera (ou ira) so emoes.Existem, ainda, duas condies bem caracterizadas que, de certa forma, esto inseridas no contexto da vida afetiva, posto que, dependendo da intensidade dos afetos, elas podem resultar destes e, as vezes, com eles se confundirem. Estamos nos referindo aos distrbios do humor, representados pelas depresses e euforias manacas e a diminuio do estado de relaxamento mental com reao de alerta, representada pela ansiedade. Ao longo dos sculos, filsofos, mdicos e psiclogos estudaram os fenmenos da vida afetiva, questionando sua origem, seu papel sobre a vida psquica, sua ao favorecedora ou prejudicial adaptao, seus concomitantes fisiolgicos e seu substrato neuroendcrino. As manifestaes afetivas teriam, como causa ltima, a capacidade da matria viva de responder a estmulos sobre ela incidentes. Existem duas teorias clssicas e antagnicas sobre a questo. A primeira, defendida, por Darwin e seus seguidores, prega que as reaes afetivas seriam padres inatos destinados a orientar o comportamento, com a finalidade de adaptar o ser ao meio ambiente e, assim, assegurar-lhe a sobrevivncia e a da sua espcie.Os distrbios orgnicos que podem acompanhar o processo, seriam apenas uma consequncia de natureza fisiolgica. Em oposio, outros, como William James, afirmam que, diante de um determinado estmulo, real ou imaginado, o organismo reagiria com uma srie de alteraes neurovegetativas, musculares e viscerais. A percepo de tais alteraes originaria estados afetivos correspondentes. E existe uma terceira posio, mais moderna, que prope solues de compromisso entre as duas teorias clssicas. o caso de Lehmann, o qual afirma que o afeto um fenmeno complexo, que se inicia por um processo central, a partir de uma causa interna ou externa. Ele se manifesta como uma alterao do "eu" e pode desencadear movimentos reflexos faciais e variadas alteraes orgnicas. medida que os sintomas corporais aumentam de intensidade, o afeto torna-se mais mobilizador e se define como uma emoo. Esta idia encontra sustentao na clinica, no tratamento de pacientes com fobias de desempenho, os quais, diante de situaes que temem (falar em pblico, por exemplo), apresentam palpitaes, suores, dificuldade de respirar, etc. Betabloqueadores que no atravessam a barreira hemato-enceflica, e portanto, no agem sobre centros cerebrais e sim na periferia, bloqueando os fenmenos neurovegetativos, "esvaziam" a ansiedade, permitindo maior controle da fobia.Divergem ainda as opinies quanto a relao entre os estados afetivos e a razo. Algumas correntes filosficas e religiosas consideram os aspectos afetivos da personalidade como inferiores, negativos ou pecaminosos, necessitando ser controlados e dominados pela razo. Claparde, em um artigo intitulado "Feelings and emotions", conceitua as emoes como fenmenos inteis, desadaptativos e prejudiciais, verdadeiros vestgios de reaes ancestrais.Ao contrrio dos sentimentos, que seriam teis, permitindo aos seres humanos estimar o valor das coisas s quais deve adaptar-se, distinguindo o benfico do nocivo. Nas palavras do autor : " a observao mostra quo desadaptativos so os fenmenos emocionais. As emoes ocorrem precisamente quando a adaptao obstaculizada por qualquer motivo"..."A anlise das reaes corporais nas emoes evidenciam que a pessoa no realiza movimentos adaptativos, mas, ao contrrio, reaes que lembram instintos primitivos indefinidos." ..."Longe de ser o lado psquico de um instinto, a emoo representa uma confuso desse instinto," Outros autores, porm, consideram as reaes afetivas como fatores favorecedores da adaptao e da sobrevivncia, induzindo determinadas condutas e inibindo outras.Para eles, mesmo emoes intensas, tidas como desorganizadoras, poderiam favorecer a sobrevivncia, porque a desorganizao seria seletiva, eliminando algumas aes mas permitindo que outras acontecessem. A nosso ver, quando dentro de determinados limites, a participao afetiva refora o componente cognitivo, dando maior sabor s vivncias do cotidiano e facilitando os comportamentos adaptativos. Contudo, acima do limite, as emoes comprometem a capacidade de raciocnio e, abaixo, como ressalta Damsio em "O Erro de Descartes", a afetividade escasseia, empobrecendo a vida.Teorias Sobre o Papel das Estruturas Cerebraisna Formao das Emoes

Comparao das teorias sobre as emoes de James-Lange e Cannon-Bard.De acordo com a teoria de James-Lange (flexas vermelhas), o homem percebe o animal ameaador e reage com manifestaes fsicas (neurovegetativas). Como consequncia de tal reao fsica desprazerosa, ele desenvolve medo. Na teoria Cannon-Bard (flexas azuis), o estmulo ameaador conduz, primeiro, ao sentimento de medo, o qual, ento, causa a reao fsica.No final do sculo passado,William Jamesprops que um indivduo, aps perceber um estmulo que, de alguma forma o afeta, sofre alteraes fisiolgicas perturbadoras, como palpitaes, falta de ar, angstia, etc. E precisamente o reconhecimento desses sintomas (pelo crebro) que gera a emoo. Em outras palavras, as sensaes fsicas so a emoo. Em 1929, Walter Cannon refutou a teoria de James e apresentou uma outra, a qual, por sua vez, foi pouco depois modificada por Phillip Bard.

Em resumo, a seguinte a teoriaCannon-Bard: quando o indivduo se encontra diante de um acontecimento que, de alguma forma, o afeta, o impulso nervoso atinge inicialmente o tlamo e a, a mensagem se divide. Uma parte vai para a crtex cerebral, onde origina experincias subjetivas de medo, raiva, tristeza, alegria, etc. A outra se dirige para o hipotlamo, o qual determina as alteraes neurovegetativas perifricas (sintomas). Ou seja, por esta teoria, as reaes fisiolgicas e a experincia emocional so simultneas. O erro essencial da teoria Cannon-Bard foi considerar a existncia de um "centro" inicial (o tlamo) para a emoo.O Circuito de PapezPapez acreditava que a experincia da emoo era primariamente determinada pelo cortex cingulado, e secundariamente por outras reas corticais. Pensava-se que expresso emocional era governada pelo hipotlamo. O giro cingulado se projeta ao hipocampo, e o hipocampo se projeta ao hipotlamo pelo caminho do feixe de axnios chamado frnix. Impulsos hipotalmicos alcanam o crtex via rel no ncleo talmico anterior.Mais recentemente, Paul MacLean, aceitando, em sua essncia, a proposta de Papez, criou a denominaosistema lmbicoe acrescentou novas estruturas ao sistema: as crtices rbitofrontal e mdiofrontal (rea pr-frontal), o giro parahipocampal, e importantes grupamentos subcorticais : amigdala, ncleo mediano do tlamo, rea septal, ncleos basais do prosencfalo (regio mais anterior do crebro), e formaes do tronco cerebral (veja naprxima pgina"As Estruturas do Sistema Lmbico")Mas logo, em 1937, o neuroanatomista James Papezdemonstraria que a emoo no funo de centros cerebrais especficos e sim de um circuito, envolvendo quatro estruturas bsicas, interconectadas por feixes nervosos : o hipotlamo com seus corpos mamilares, o ncleo anterior do tlamo, o giro cingulado e o hipocampo.(veja figura ao lado). Este circuito, ocircuito de Papez, atuando harmonicamente, responsvel pelo mecanismo de elaborao das funes centrais das emoes (afeto

A Base Material dos SentimentosPorArgos de Arruda Pinto

Voc est ansioso. Uma angstia profunda o faz sentir-se como quem perdera um membro familiar. Tudo, menos feliz o estado em que se encontra. recomendado tomar um ansioltico pelo seu mdico e pronto: voc, feito mgica, volta a sorrir, suas emoes se estabilizam e a vontade de viver se torna intensa. E o que ingeriu? Substncias qumicas!Outro est deprimido. Pior: a tristeza, a autocomiserao, a incapacidade momentnea de no achar graa em nada, podem destruir essa pessoa. Sair, ver amigos, praticar esportes, no surtem efeitos. Nem vontade para essas coisas ela tm. indicado adequadamente o uso de antidepressivos e em pouco tempo a vida dela muda radicalmente. Os sentimentos negativos cessam em intensidade e a estrutura emocional se restaura. O humor e a alegria de viver voltam a fazer parte de seu dia a dia. E o que ela ingeriu? Substncias qumicas!Esses dois exemplos, em meio a tantos, ilustram de maneira simplificada o poder curativo de certas substncias. Elas atuam em nvel celular, nos neurnios, influindo no comportamento visvel demonstrado pelas pessoas atravs de seus sentimentos e emoes.Neurnio. (1). Os sinais gerados por um neurnio so enviados atravs do corpo celular (2), que contm o ncleo (2a), o "armazm" de informaes genticas. Axnios (3) so as principais unidades condutoras do neurnio. O coneaxonal (2b) a regio na qual os sinais das clulas so iniciados. Clulas de Schwann (6), as quais no so partes da clula nervosa, mas um dos tipos das clulas gliais, exercem a importante funo de isolar neurnios por envolver seus processos membranosos ao redor do axnio formando a bainha de mielina (7), uma substncia gordurosa que ajuda os axnios a transmitirem mensagens mais rapidamente do que as no mielinizadas. A mielina quebrada em vrios pontos pelos nodos of Ranvier (4), de forma que em uma seco transversal o neurnio se parece como um cordo de salsichas. Ramos do axnio de um neurnio (o neurnio pr-sinptico) transmitem sinais a outro neurnio (o neurnio ps-sinptico) em um local chamado sinapse (5).

Os neurnios so clulas cerebrais constituintes do sistema nervoso. Para um impulso nervoso se deslocar de um neurnio a outro -a sinapse- faz-se necessrio a presena entre eles de substnciaschamadas neurotransmissoras. Nesse processo podem ocorrer reflexos para determinadas regies de nosso corpo, onde temos a sensao de que o que sentimos produzido no prprio local. Um aperto em nosso peito devido a uma paixo levava os antigos a acharem que a sede de nossos sentimentos amorosos era no corao...A depresso caracteriza-se por uma baixa atividade neurnica devido falta de substncias desse tipo, como, por exemplo, aserotonina. O ansioltico atua aumentando o efeito de neurotransmissores inibitrios da resposta nervosa, como o cido gama-aminobutrico - GABA. A ansiedade, ento, grosso modo, um estado emocional no qual os neurnios tm suas atividades exageradas.Tudo isso bem conhecido entre os mdicos e pouco pelo pblico. Poucas so as reportagens, livros ou informaes, relacionando toda essa qumica aos nossos sentimentos. Os cientistas, j h dcadas, vm descobrindo e utilizando para o nosso bem, na forma de medicamentos, as interligaes entre neurotransmissores, conduo nervosa, sentimentos e emoes. Estes dois ltimos seriam produzidos no crebro devido a estmulos internos ou externos, visando a perpetuao da espcie segundo a Teoria da Evoluo de Darwin. No formaramos famlias, sociedades, etc., se no fosse a imensa variedade de sentimentos a que nos pertencem, formando poderosos vnculos entre ns e nossos semelhantes. Como apenas um exemplo, o amor e o afeto, e consequentemente a dedicao dos pais com os filhos, mostra de maneira clara esse elo de ligao entre eles.Ns nascemos completamente indefesos contra as adversidades do mundo exterior. No s os humanos, mas os outros mamferos e as aves so evoludos suficientemente para cuidarem, por meses ou anos, de seus filhotes at atingirem a maturidade necessria para enfrentarem o mundo que os rodeia. A agressividade e at o medo, em forma de defesa, so importantes nessa luta pela sobrevivncia e tambm fazem parte da rede intrincada de reaes qumicas no crebro desses seres vivos que so os mais complexos do planeta.Os peixes, os rpteis, os anfbios e os animais inferiores j nascem em condies favorveis de luta para sobreviverem, no possuindo, ou pelo menos sendo pouco desenvolvida, uma regio cerebral denominadasistema lmbico. esse sistema o principal responsvel pelas nossas emoes e sentimentos.J se conseguiu, atravs de estimulao natural do sistema lmbico, que pessoas chegassem a sentimentalismos exagerados, achando elas inexplicvel esse tipo de comportamento. Em animais agressivos, a simples remoo de uma poro lmbica chamada amgdala, fez com que eles se tornassem dceis e calmos. Em situao oposta, a estimulao do funcionamento da amgdala levou um animal domstico a estados de terror, agitao intensa e anormal, sem quaisquer motivos reais.Os objetos de estudo das cincias so aqueles fenmenos percebidos pelos nossos sentidos, algumas vezes utilizando-se equipamentos especficos de laboratrio, e que podemos depois entend-los de maneira objetiva e racional. Fenmenos considerados como manifestaes de nossa alma vem sendo sistematicamente estudados como poderosas interaes qumicas, capazes de levarem as pessoas desde a simples estados momentneos de alegria ou tristeza, at a paixes avassaladoras e o amor.Nosso crebro composto de um nmero de combinaes sinpticas que ultrapassa o nmero de tomos do universo conhecido. O nmero de estados mentais, ento, muito grande, mas evidente que no somos afetados por todos eles. Mesmo assim o restante considervel a ponto do crebro entrar em estados riqussimos em complexidade e singularidade, tornando-o fonte daquelas situaes ora negativas, ora positivas, s quais chamamos de emoes e sentimentos.Para muitos isto soa como puro materialismo, entretanto, os filsofos cristos e telogos, entre outros, e em pocas nada adiantadas em Tecnologia, Medicina, Qumica, e cincias afins, atriburam a causas sobrenaturais o que essas disciplinas esto descobrindo agora em termos de qumica cerebral. E os resultados dessas atribuies foram passadas de gerao a gerao at ns como fatos incontestveis e intocveis.Se algumas substncias qumicas alteram profundamente os nossos sentimentos, ento tudo aquilo que sobrenatural, principalmente os nossos conceitos de alma e esprito, dever sofrer com o tempo algumas modificaes com respeito s suas influncias sobre a nossa mente e nosso corpo. O futuro da Cincia ser em descobrir at que ponto eles so afetados por tudo que no sobrenatural. Se que o sobrenatural existe...Uma nova revoluo filosfica-religiosa est prestes a acontecer. No antes da Cincia ter certeza por onde comear, pois, lidar com conceitos to arraigados em nossa civilizao tarefa, no mnimo, para ser realizada com muita responsabilidade.O autorO Crebro Eltrico...Osdesenvolvimento tcnicos no campo das medidas e do registro de fenmenos eltricos realizados nos ltimos 25 anos do sculo XIX tornaram possvel um dos maiores triunfos da neurocincia moderna: a descoberta, feita pelo psiquiatra alemo Hans Berger, em 1929, de que o crebro humano tambm gerava atividade eltrica contnua, e que ele podia ser registrada (veja a Histria do Eletroencefalograma).

Oregistro eletroencefalogrfico usualmente realizado atravs de eletrodos (pequenos discos metlicos) afixados com um gel condutor de eletricidade pele do crnio. Um poderoso amplificador eletrnico aumenta milhares de vezes a amplitude do fraco sinal eltrico que gerado pelo crebro e que pode ser captado (geralmente menos do que alguns microvolts). Um dispositivo chamadogalvanmetro, que tem uma pena escritora presa ao seu ponteiro, escreve sobre a superfcie de uma tira de papel, que se desloca a velocidade constante. O resultado a inscrio de uma onda tortuosa, como se v acima. Um par de eletrodos constitui o que chamamos de umcanal de EEG. Dependendo da aplicao clnica que se d ao EEG, os aparelhos modernos permitem o registro simultneo de 8 a 40 canais, em paralelo. Este chamado deregistro multicanal do EEG.Desde os tempos de Berger, conhecido o fato que as caractersticas das ondas registradas no EEG mudam conforme a situao fisiolgica, especialmente com onvel de vigilncia(acordado, dormindo, sonhando, etc. ). A freqncia e a amplitude das ondas registradas mudam, e ento essas ondas caractersticas foram batizadas com nomes como alfa, beta, teta e delta. Determinadas tarefas mentais tambm alteram o padro observado nas ondas tomadas em diferentes pontos do crebro (veja o artigo sobre asbases fisiolgicas do sonho, no ltimo nmero deCrebro & Mente). O eletroencefalograma usado em neurologia e psiquiatria, principalmente para auxiliar no diagnstico de doenas do crebro, tais como epilepsia (convulses causadas pela atividade catica dos neurnios, ou clulas cerebrais), desordens do sono e tumores cerebrais.

Neurotransmissores: Diversidade e FunesPor Michael W. King, Ph.D Tabela de neurotransmissores Transmisso sinptica Transmisso neuromuscular Receptores dos neurotransmissores Acetilcolina Agonistas e antagonistas colinrgicos Catecolaminas Serotonina GABA

Tabela de NeurotransmissoresMolcula transmissoraDerivada deLocal de sntese

AcetilcolinaColinaSNC, nervos parasimpticos

Serotonina5-Hidroxitriptamina (5-HT)TriptofanoSNC, clulas cromafins do trato digestivo, clulas entricas

GABAGlutamatoSNC

GlutamatoSNC

AspartatoSNC

GlicinaEspinha dorsal

HistaminaHistidinaHipotlamo

Metabolismoda epinefrinaTirosineMedula adrenal, algumas clulas do SNC

Metabolismo danorepinefrinaTirosinaSNC, nervos simpticos

Metablolismo dadopaminaTirosinaSNC

AdenosinaATPSNC, nervos perifricos

ATPnervos simpticos, sensoriais e entricos

xido ntrico, NOArgininaSNC, trato gastrointestinal

Muitos outros neurotransmissores so derivados de precursores de protenas, os chamadospeptdeos neurotransmissores. Demonstrou-se que cerca de 50 peptdeos diferentes tm efeito sobre as funes das clulas neuronal. Vrios desses peptdeos neurotransmissores so derivados da proteinapr-opiomelanocortina (POMC). Os neuropeptdeos so responsveis pela mediao de respostas sensoriais e emocionais tais como a fome, a sede, o desejo sexual, o prazer e a dor.

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Transmisso sinpticaA transmisso sinptica refere-se propagao dos impulsos nervosos de uma clula nervosa a outra. Isso ocorre em estruturas celulares especializadas, conhecidas como sinapses--- na qual o axnio de um neurnio pr-sinptico combina-se em algum local com o neurnio ps-sinptico. A ponta do axnio pr-sinptico, que se justape ao neurnio ps-sinptico, aumentada e forma uma estrutura chamada deboto terminal. Um axnio pode fazer contato em qualquer lugar do segundo neurnio: nos dendritos (umasinapse axo-dendrtica), no corpo celular (umasinapse axo-somtica) ou nos axnios (umasinapse axo-axnica).Os impulsos nervosos so transmitidos nas sinapses atravs da liberao de substncias qumicas chamadasneurotransmissores. Quando um impulso nervoso, oupotencial de ao, alcana o fim de um axnio pr-sinptico, as molculas dos neurotransmissores so liberadas no espao sinptico. Os neurotransmissors constituem um grupo variado de compostos qumicos que variam de simples aminas como adopaminae aminocidos como og-aminobutirato (GABA), a polipeptdeos tais como asencefalinas. Os mecanismos pelo qual eles provocam respostas tanto nos neurnios pr-sinpticos e ps-sinpticos so to diversos como os mecanismos empregados pelos receptores de fator de crescimento e citoquinas.

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Transmisso neuromuscularUm tipo diferente de transmisso nervosa ocorre quando um axnio se liga a uma fibra do msculo esqueltico, em uma estrutura especializada chamada dejuno neuromuscular. Um potencial de ao que ocorre nesse local conhecido comotransmisso neuromuscular. Em uma juno neuromuscular, o axnio subdivide-se em inmeros botes terminais localizados em depresses formadas naplaca motora. A acetilcolina o transmissor especial utilizado na juno neuromuscular.

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Receptores de neurotranmissoresUma vez que as molculas do neurotransmissor so liberadas de uma clula como resultado do disparo de um potencial de ao, elas se ligam a receptores especficos na superfcie da clula ps-sinptica. Em todos os casos nos quais esses receptores foram clonados e caracterizados em detalhe, demonstrou-se que existem muitos subtipos de receptores para um determinado neurotransmissor. Alm de estar presente nos neurnios ps-sinpticos, os receptores de neurotransmissores so encontrados nos neurnios pr-sinpticos. Em geral, os receptores dos neurnios pr-sinpticos agem para inibir a liberao de mais neurotransmissores.A grande maioria dos receptores de neurotransmissores pertence a uma classe de protenas conhecida comoreceptores em serpentina. Essa classe exibe uma estruturatransmembranacaracterstica. Isto , ela cruza a membrana celular, no apenas uma e sim sete vezes. A ligao entre os neurotransmissores e o sinal intracelular realizado atravs da associao ou com proteinas G (pequenas protenas que se ligam e hidrolizam a GTP) ou com as enzimas protena-kinases, ou com o prprio receptor na forma de um canal de on controlado pelo ligante (por exemplo, o receptor de acetilcolina). Uma caracterstica adicional dos receptores de neurotransmisores que eles esto sujeitos adesensibilizao induzida pelo ligante: isto , eles podem deixar de responder ao estmulo em seguida a uma exposio prolongada a seus neurotransmissores.

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AcetilcolinaA acetilcolina (ACh) uma molcula simples sintetizada a partir de colina e acetil-CoA atravs da ao dacolina acetiltransferase. Os neurnios que sintetizam e liberam ACh so chamadosneurnios colinrgicos. Quando um potencial de ao alcana o boto terminal de um neurnio pr-sinptico, um canal de clcio controlado pela voltagem aberto. A entrada de ons clcio, Ca2+, estimula a exocitose de vesculas pr-sinpticas que contm ACh, a qual conseqentemete liberada na fenda sinptica. Uma vez liberada, a ACh deve ser removida rapidamente para permitir que ocorra a repolarizao; essa etapa, a hidrlise, realizada pela enzimaacetilcolinesterase. A acetilcolinesterase encontrada nas terminaes nervosas est ancorada membrana plasmtica atravs de um glicolipdeo.Os receptores ACh so canais de cations controlado por ligantes, composto por quatro unidades subpeptdicas dispostas na forma [(a2)(b)(g)(d)]. Duas classes principais de receptores de ACh foram identificadas com base em sua reatividade ao alcalide, muscarina, encontrada no cogumelo e nicotina, respectivamente, osreceptores muscarnicose osreceptores nicotnicos. Ambas as classes de receptores so abundantes no crebro humano. Os receptores nicotnicos ainda so divididos conforme encontrados nas junes neuromusculares e aqueles encontrados nas sinapses neuronais. A ativao dos receptores de ACh pela ligao com o ACh provoca uma entrada de Na+na clula e uma sada de K+, provocando a desporalizao do neurnio ps-sinptico e no inicio de um novo potencial de ao.

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Agonistas e antagonistas colinrgicosForam identificados numerosos compostos que agem ou como agonistas ou antagonistas dos neurnios colinrgicos. A principal ao dos agonistas colinrgicos a excitao ou inibio de clulas efetoras autnomas que so inervadas pelos neurnios parasimpticos ps-ganglionares e como tal so chamados deagentes parasimpatomimticos. Os agonistas colinrgicos incluem os steres de colina (tais como a prpria ACh ) assim como seus compostos proticos ou alcalides. Demonstrou-se que vrios compostos que ocorrem naturalmente agem sobre os neurnios colinrgicos, seja positiva ou negativamente.As respostas dos neurnios colinrgicos podem ser ampliadas pela administrao de inibidores de colinesterase (ChE). Os inibidores ChE tem sido utiliado como componentes dos gases paralizantes mas tambm tem significativas aplicaes medicinais no tratamento de doenas como a glaucoma e a miastenia grave bem como para terminar o efeito de agentes bloqueadores neuromusculares tais como a atropina.

Agonistas and antagonistas colinrgicos naturaisFonte do compostoModo de ao

Agonistas

NicotinaAlcalide predominante no tabacoAtiva os receptores de ACh da classe nicotnica, trava o canal aberto

MuscarinaAlcalide produzido pelo cogumeloAmanita muscariaAtiva os receptores de ACh da classe muscarnica

a-LatrotoxinaProtena produzida pela aranha "viva negra"Induz liberao macia de ACh, talvez agindo como um ionforo Ca2+

Antagonistas

Atropina (e compostos relacionados a escopolamina)Alcalide produzido pela "dama da noite",Atropa belladonnaBloqueia a ao da ACh apenas nos receptores muscarinicos

Toxina BotulnicaOito protenas produzida peloClostridium botulinumInibe a liberao de ACh

a-BungarotoxinaProtena produzida por cobras do gneroBungarusImpede a abertura do canal receptor de Ach

d-TubocurarinaIngrediente ativo do curarImpede a abertura do canal receptor de ACh na placa motora

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CatecolaminasAs principais catecolaminas so anorepinefrina, aepinefrinae adopamina. Esses compostos so formados de fenilalanina e tirosina. A tirosina produzida no fgado a partir da fenilalanina atravs dafenilalanina hidroxilase. A tirosina ento transportada para neurnios secretores de catecolamina onde uma srie de reaes a convertem em dopamina, norepinefrina e por fim epinefrina. (vejaProdutos especializados dos aminocidos).As catecolaminas exibem efeitos excitatrios e inibitrios do sistema nervoso perifrico assim como aes no SNC, tais como a estimulao respirao e aumento da atividade psicomotora. Os efeitos excitatrios so exercidos nas clulas dos msculos lisos dos vasos que fornecem sangue pele e s membrans mucosas. A funo cardaca tambm est sujeita aos efeitos excitatrios, que levam a um aumento dos batimentos cardacos e da fora de contrao. Os efeitos inibitrios, ao contrrio, so exercidos nas clulas dos msculos lisos na parede do estmago, nas rvores brnquicas dos pulmes, e nos vasos que fornecem sangue aos msculos esquelticos.Alm de seus efeitos como neurotransmissores, a norepinefrina e a epinefrina podem influenciar a taxa metablica. Essa influncia funciona tanto pela modulao da funo endcrina como a secreo de insulina e pelo aumento da taxa de glicogenlise e a mobilizao de acidos graxos.As catecolaminas ligam-se a duas classes diferentes de receptores denominados receptores a- e b-adrenrgicos. As catecolaminas portnato sao tambm conhecidas comoneurotransmissores adrenrgicos; os neurnios que os secretam so osneurnios adrenrgicos. Os neurnios que secretam a norepinefrina so osnoradrenrgicos. Os receptores adrenrgicos so receptores em serpentina clssicos que se acoplam a protenas G intracelulares. Parte da norepinefrina liberada dos neurnios pr-sinpticos e reciclada no neurnio pr-sinptico por um mecansmo de reabsoro.Catabolismo da catecolaminaA epinefrina e a norepinefrina so catabolizadas em compostos inativos pela ao sequencial das enzimascatecolamine-O-metiltransferase(COMT) emonoamina oxidase(MAO). Demonstrou-se que os compostos que inibem a ao da MAO apresentam efeitos benficos no tratamento de depresso clnica, mesmo quando os antidepressivos tricclicos no ineficazes. A utilidade dos inibidores de MAO foi descoberta por acaso quando os pacientes submetidos a tratamento da tuberculose com isoniazida mostraram melhoras em seu humor; depois descobriu-se que a isoniazida funcionava inibindo a MAO.

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SerotoninaA serotonina (5-hidroxitriptamina,5HT) formada pela hidroxilao e descarboxilao do triptofano (verProdutos Especializados de aminocidos). A mais alta concentrao de 5HT (90%) encontrada nas clulas enterocromafinas do trato gastrointestinal. A maioria do restante do 5HT corporal encontrada nas plaquetas e no SNC. Os efeitos do 5HT so sentidos de maneira mais proeminente no sistema cardiovascular, com efeitos adicionais no sistema respiratria e nos intestinos. A vasoconstrio a resposta clssica administrao de 5HT.Os neurnios que secretam 5HT so denominadosserotonrgicos. Em seguida a liberao de 5HT, uma certa poro absorvida pelo neurnio pr-sinptico serotonrgico de modo similar aquele da reutilizao da norepinefrina.A funo da serotonina exercida graas a sua interao com receptores especficos. Vrios receptores de serotonina foram clonados e identificados como 5HT1, 5HT2, 5HT3, 5HT4, 5HT5, 5HT6, e 5HT7. Dentro do grupo 5HT1existem os subtipos 5HT1A, 5HT1B, 5HT1D, 5HT1E, e 5HT1F. existem trs subtipos 5HT2, o 5HT2A, o 5HT2B, e 5HT2Casssim como dois subtipos 5HT5, o 5HT5ae o 5HT5B. A maioria desses receptores est acoplada a protenas G que afetam a atividade daadenilate ciclaseou dafosfolipase Cg. A classe dos receptores 5HT3so canais inicos.Alguns receptores de serotonina so pr-sinpticos e outros ps-sinpticos. Os receptores 5HT2Aso mediadores da agregao plaquetria e da contrao dos msculos lisos. Supe-se que os receptores 5HT2Cesto envolvidos no controle alimentar, dado que camundongos desprovidos desse gene tornam-se obesos pela ingesto de alimentos e so tambm sujeitos a ataques fatais. Os receptores 5HT3esto presentes no trato intestinal e esto relacionados a vomitao. Tambm presentes no trato gastrointestinal esto os receptores 5HT4, onde funcionam na secreo e nos movimentos peristlticos. Os receptores 5HT6e 5HT7esto distribuos por todo o sistema lmbico cerebral e os receptores 5HT6apresentam uma alta afinidade por drogas antidepressivas.

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GABAVrios aminocidos tm diferentes efeitos excitatrios ou inibitrios sobre o sistema nervoso. O g-aminobutirato, um derivado de aminocido, tambm chamado de 4-aminobutirato, (GABA) um inibidor bem-conhecido da transmisso pr-sinptica no SNC e tambm na retina. A formao do GABA ocorre por descarboxilao do glutamato catalizada pelaglutamato descarboxilase(GAD). A GAD est presente em muitas terminaes no crebro assim como as clulas b do pncreas. Os neurnios que secretam GABA so chamados deGABAergicos.GABA exerce seus efeitos atravs da ligao de dois receptores distintos, GABA-A e GABA-B. Os receptores GABA-A formam um canal Cl-. A ligao do GABA aos receptores GABA-A aumenta a condutncia de Cl-dos neurnios pr-sinpticos. As drogas anxiolticas do grupo das benodiazepina exercem seus efeitos calmantes graas potenciao das respostas dos receptores GABA-A ligao do GABA. Os receptores GABA-B esto acoplados a uma protena G intracelular e agem aumentando a condutncia de um canal associado K+.

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Michael W. King, Ph.D / Medical Biochemistry / Terre Haute Center for Medical Education /[email protected] Associado de Bioqumica e Biologia Molecular, Faculdade de Medicina da Universidade de Indiana, Professor Associado de Cincias Biolgicas, da Universidade Estadual de Indiana, Professor Pesquisador de Biologia Aplicada e Engenharia Biomdica, Instituto de Tecnologia Rose-Hulman, Doutor pela Universidade da Califrnia em Riverside, 1984Medical Biochemistry PageAprendendoElson de Arajo Montagno, MD, PhDRecentes pesquisas cientficas demonstram que as experincias dos 3 primeiros anos de vida tm uma fora mpar no desenvolvimento do crebro humano. Proteo, conversa e canto, leitura com nossas crianas menores ajudam-nas a adquirir habilidades para aprender e se desenvolver. Pesquisas tantas vezes provam o que j sabemos. O crebro se forma na relao da criana com o ambiente, e isso ocorre principalmente at os 10 anos, e de maneira mais acentuada at os 3.Crianas que tm pouco estmulo nesta fase inicial da vida deixam de formar certos circuitos neuronais. E isto compromete a capacidade de aprender a falar, ler, cantar, tocar instrumentos, danar, dominar outros idiomas, tudo.Essa concluses foram oficializadas pelo presidente dos Estados Unidos, na "Conferncia da Casa Branca Sobre Desenvolvimento e Aprendizagem na Infncia: O Que as Novas Pesquisas do Crebro Nos Dizem Sobre Nossas Crianas Mais Jovens", que aconteceu no ltimo dia 17 de abril. e contou com pesquisadores das Universidades de Harvard, Yale, Washington, Califrnia, Conselho Nacional de Pesquisas norte-americano, entre outros. A conferncia centrou-se nas aplicaes prticas das ltimas pesquisas cientficas sobre o crebro, e se revelou voltada para os pais e aqueles que cuidam de crianas nas pr-escolas. obrigatrio que suas concluses sejam amplamente conhecidas, pois apontam para a importncia das primeiras experincias para um saudvel e forte comeo para que os jovens possam alcanar na vida o seu potencial pleno.Compromissadas com o futuro das crianas muito jovens, as pesquisas divulgadas, que receberam do governo federal americano investimentos de 1.6 bilho de dlares entre 93-97, nos ajudam a entender melhor a importncia dos primeiros anos de vida no desenvolvimento e aprendizado. A conferncia de Washington, foi transmitida ao vivo por todo os Estados Unidos, via satlite, para aproximadamente 100 locais e agncias municipais de unidades onde se cuidam das crianas. "A aprendizagem comea nos primeiros dias da vida.Os cientistas esto descobrindo como crianas pequenas desenvolvem-se emocional e intelectualmente desde seus primeiros dias... Ns agora sabemos que devemos ensinar as crianas antes que elas comecem a escola" - comentou em nota oficial o presidente norte-americano, Bill Clinton. A educao at os seis anos de idade exige bom senso; no se precisa ensinar o alfabeto a um infante de poucos meses.Mas tambm no se pode deix-lo merc do consistente lixo dirio da televiso. Exposio de crianas a cenas de violncia, principalmente de 0 a 3 anos, tende a hipertrofiar-lhes os circuitos que no crebro resultam em maior ansiedade. lamentvel que exista apenas um canal cultural no Brasil, a TV Cultura, com poucos programas infantis, e apenas um canal dedicado s descobertas prprias para as crianas, ainda a ser lanado, o Discovery kids.Durante o seu desenvolvimento, o crebro tem que formar cerca de 100 trilhes de conexes entre 100 bilhes de neurnios. H fatores, o gentico recebido dos pais e determinante de parte da estrutura cerebral da criana, e o ambiental, que produz estmulos determinantes da emisso de axnios e dendrites e da formao - ou no- das conexes, ou sinapses.Quanto mais a criana for exposta linguagem falada, escrita, lida, cantada, maior ser seu repertrio e suas alternativas para administrar suas emoes na relao com o ambiente. O Estado administra, e mal, o ensino aps os 7 anos, mas antes disso a fase mais propicia, conforme agora fartamente provado. At os 10 anos, o crebro est formando os circuitos da linguagem, razo pela qual quando se deve comear a aprender um idioma estrangeira antes disso.A criana se incumbe do seu papel de aprender quando o ambiente estruturado, afetivo e estimulante; no se precisa for-la a ter atividades, basta ser sensvel sua natural curiosidade e ter bom senso. Tudo isso pode no ser possvel em muitos lares de trabalhadores que, hoje, no tm condies e, ontem, no tiveram oportunidade de conviver com esses estmulos. Nas creches, o ambiente tem que ser interessante e os educadores, bem formados, para desenvolverem os potenciais das crianas (ao contrrio do que ocorre na maioria das creches do Pas).No Brasil, as reformas do ensino ora andamento visam o fundamental ( 7-14 anos ), em detrimento da educao infantil (0-6 anos). O fundo, que vai vigorar de 1998 a 2007, colocar 60% do dinheiro da educao no ensino fundamental - o que para muitos municpios significa menos dinheiro para a pr-escola. A dissertao de Marci Brondi, delegada de ensino que trabalhou 14 anos em pr-escolas, recebeu da Unesp nota dez com distino. Em "Cem anos de Pr-Escola Pblica Paulista: a Histria de sua Expanso e Descentralizao (1896-1996)" ela conclui: - A descentralizao um passo importante para a democratizao do acesso ao ensino pr-escolar de qualidade, pois significativa a participao dos municpios no atendimento pr-escola no Estado.Durante a conferncia, Clinton fez o anncio de uma srie de compromissos de seu governo com as crianas menores, reconhecendo a importncia da educao delas mais cedo; e que elas devam ser nutridas e estimuladas antes do que vem acontecendo no momento; a Associao de Faculdades de Medicina publicou carta aberta de apoio iniciativa para a sade infantil. Podamos aprender tambm as coisas boas, apoiando famlias que tm crianas pequenas, com programas de nutrio suplementar para mes e filhos, educao adequada e servios de sade.Quanto mais cedo se comea, melhor o aprendizado, e mais eficaz a recuperao. Afinal, o crebro da criana brasileira exatamente igual ao de qualquer outra, de qualquer lugar. Cuidemos, pois, das nossas crianas, - dos nossos filhos e dos de nossos semelhantes - e estaremos produzindo a massa humana fundamental para tornar o Brasil do futuro uma grande nao.

Elson de Arajo Montagno mdico neurocirurgio, doutor em Medicina pela Universidade Livre de Berlim, ex-professor visitante da Universidade de Harvard e ex-professor da faculdade de Cincias Mdicas da Unicamp.Email:[email protected]