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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS Programa de Pós-Graduação em Ensino Reginaldo Eustáquio A BOBINA DE TESLA: UMA ABORDAGEM DIDÁTICA DOS CONCEITOS DE GERAÇÃO, TRANSMISSÃO E RECEPÇÃO DE ONDAS ELETROMAGNÉTICAS Belo Horizonte 2013

A BOBINA DE TESLA: UMA ABORDAGEM DIDÁTICA DOS CONCEITOS DE … · período de Engenharia Elétrica do Instituto Doctum de Ensino e Pesquisa (DOCTUM-MG) no período de 2010 a 2012,

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

Programa de Pós-Graduação em Ensino

Reginaldo Eustáquio

A BOBINA DE TESLA: UMA ABORDAGEM DIDÁTICA DOS CONCEITOS DE

GERAÇÃO, TRANSMISSÃO E RECEPÇÃO DE ONDAS ELETROMAGNÉTICAS

Belo Horizonte

2013

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Reginaldo Eustáquio

A BOBINA DE TESLA: UMA ABORDAGEM DIDÁTICA DOS CONCEITOS DE

GERAÇÃO, TRANSMISSÃO E RECEPÇÃO DE ONDAS ELETROMAGNÉTICAS

Dissertação apresentada ao Programa

de Pós-Graduação em Ensino da

Pontifícia Universidade Católica de Minas

Gerais; como requisito parcial à obtenção

do título de Mestre em Ensino de

Ciências e Matemática.

Área de concentração: Ensino de Física.

Orientador: Prof. Dr. Lev Vertchenko

Belo Horizonte/MG

2013

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FICHA CATALOGRÁFICA

Elaborada pela Biblioteca da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

Eustáquio, Reginaldo

E91b A bobina de tesla: uma abordagem didática dos conceitos de geração,

transmissão e recepção de ondas eletromagnéticas / Reginaldo Eustáquio. Belo

Horizonte, 2013.

148f.: il.

Orientador: Lev Vertchenko

Dissertação (Mestrado) – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.

Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática.

1. Eletromagnetismo. 2. Ondas eletromagnéticas - Transmissão. 3. Bobinas.

4. Física – Estudo e ensino. I. Vertchenko, Lev. II. Pontifícia Universidade

Católica de Minas Gerais. Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e

Matemática. III. Título.

CDU: 538.3

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Reginaldo Eustáquio

A BOBINA DE TESLA: UMA ABORDAGEM DIDÁTICA DOS CONCEITOS DE

GERAÇÃO, TRANSMISSÃO E RECEPÇÃO DE ONDAS ELETROMAGNÉTICAS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Ensino da Pontifícia

Universidade Católica de Minas Gerais, como

requisito parcial à obtenção do título de Mestre

em Ensino de Ciências e Matemática.

_________________________________________________

Prof. Dr. Lev Vertchenco (Orientador) – PUC Minas

________________________________________________

Prof. Dr. Peter Loroy de Faria – PUC Minas

________________________________________________

Profª. Drª. Adriana Gomes Dickman – PUC Minas

Belo Horizonte, 08 de Novembro de 2013

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Dedico este trabalho a Deus e ao meu filho.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, Físico da minha existência, por permitir a conclusão desse

trabalho.

Agradeço a Elem Márcia Leal, por ter contribuído em minha formação,

lembrando-me de estar com os pés no chão.

Ao meu filho Iury Leal Eustáquio, por estar sempre me chamando para brincar

quando estou estressado com a dissertação.

Agradeço ao Instituto Doctum, na pessoa do Professor Pedro Leitão, pela

contribuição financeira e acadêmica.

À professora Marcia, professora Marta e ao professor Fernando, pela

contribuição na escrita. Ao meu amigo Maycon Douglas Botelho Campos.

Ao meu orientador, Lev Vertchenko, pela paciência e por chamar-me a

atenção nos momentos necessários. E como foi necessário!

Ao programa de Pós-Graduação em Ensino da Pontifícia Universidade

Católica de Minas Gerais.

Aos professores e mestres, com carinho.

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RESUMO

O objetivo deste trabalho é desenvolver e aplicar uma sequência didática

sobre a geração, transmissão e recepção das Ondas Eletromagnéticas no contexto

da história da Bobina de Tesla. O produto educacional é composto por um conjunto

de atividades experimentais que permitem aos alunos explorar, testar e discutir os

fenômenos físicos relacionados ao eletromagnetismo. O referencial teórico-

pedagógico é o conceito sócio-histórico de Vigotski, valorizando-se, assim, a relação

professor-aluno, colocando este como mediador do processo de aprendizagem. Um

teste preliminar da sequência foi aplicado ao alunos do terceiro período de

Engenharia Civil, na disciplina Física II; a aplicação efetiva foi realizada com os

alunos na disciplina Eletromagnetismo do quinto período de Engenharia Elétrica. A

avaliação dos alunos foi feita por meio da análise de dados coletados através de

observações, um questionário e um texto produzido pelos próprios alunos. Os

resultados mostram que os alunos foram capazes de desenvolver conceitos

científicos. Acreditamos que esta proposta é adequada para ensinar tópicos de

ondas eletromagnéticas, auxiliando professores de física a preparar aulas

contextualizadas.

Palavras-chave: Eletromagnetismo, Conceitos Científicos, Bobina de Tesla, Ensino

de Física, Vigotski.

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ABSTRACT

The aim of this work is to develop and apply a didactic sequence about the

generation, transmission and reception of electromagnetic waves in the context of the

history of the Tesla coil. The educational product consists of a set of experimental

activities that allow the students to explore, test and discuss the physical phenomena

related to electromagnetism. The theoretical-pedagogical frame is Vigotski's social-

historical concept, thereby enhancing the teacher-student relationship, and

emphasizing the teacher as the mediator of the learning process. A preliminary test

of the product was performed with civil engineering students, in the course Physics II;

it was subsequently put into effect in an electromagnetism course for electrical

engineering students. The students' performance was evaluated through the analysis

of the data collected from observations, a questionnaire and a text composed by the

students. The results show that the students were able to develop scientific concepts.

We believe that this proposal is appropriate for teaching about electromagnetic

waves, helping physics teachers to prepare contextualized classes.

Keywords: Electromagnetism, scientific concepts, Tesla coil, physics education,

Vigotski.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Equipamentos e materiais para experimento. ............................................ 48

Figura 2: Posições para medir o brilho da lâmpada. ................................................. 50

Figura 3: Observando a influência das ondas eletromagnéticas. .............................. 51

Figura 4: Medindo a tensão elétrica, ao fundo está a Bobina de Tesla. .................... 53

Figura 5: Nicola Tesla. .............................................................................................. 61

Figura 6: Representação de uma onda eletromagnética. .......................................... 62

Figura 8: Definição de comprimento de onda. ........................................................... 63

Figura 9: Esquema elétrico da BT. ............................................................................ 64

Figura 10: Foto da BT usada para essa dissertação. ................................................ 65

Figura 11: Descarga no terminal do indutor secundário LS....................................... 66

Figura 12: Bobina construída por Tesla. Ao fundo Tesla, lendo um livro. ................. 66

Figura 13: Gráfico espector eletromagnético. ............................................................ 67

Figura 14: Espectro visíveis ao olho humano. ........................................................... 68

Figura 15: Esquema elétrico da bobina de tesla. ...................................................... 70

Figura 16: Apresentação da gaiola de Faraday. ........................................................ 71

Figura 17: Explicação das partes constituintes do aparato experimental. ................. 77

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LISTA DE TABELAS E QUADROS

Tabela 1: Classificação das tensões .................................................................................. 70

Tabela 2: Resultados da questão 2.3 ................................................................................. 81

Tabela 3: Resultados da questão 3.1 ................................................................................. 83

Tabela 4: Resultados da questão 4.1 ................................................................................. 86

Tabela 5: Resultados da questão 4.3 ................................................................................. 87

Tabela 6: Resultados da questão 5.2 ................................................................................. 90

Tabela 7: Resultados da questão 6.1 ................................................................................. 91

Tabela 8: Resultados da questão 6.2 ................................................................................. 94

Tabela 9: Resultados da avaliação do texto redigido pelos alunos. ............................. 96

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LISTA DE SIGLAS

BT - Bobina de Tesla

DCN - Diretizes Curriculares Nacionais

FIC. MG - Faculdades Integradas de Caratinga – Minas Gerais

PCN - Parâmetros Curriculares nacionais

OEM - Ondas Eletromagnéticas

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. 16 1.1 Motivação para o trabalho ...................................................................................... 16 1.2 Objeto de estudo ....................................................................................................... 16 1.3 Justificativa ............................................................................................................... 17

1.4 A importância do estudo dos conceitos de eletromagnetismo com a Bobina de

Tesla e a estrutura da dissertação ..................................................................................... 17 2 FUNDAMENTACÃO LEGAL E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..................................................... 20 2.1 Diretrizes Curriculares Nacionais dos cursos de Engenharia ............................. 20 2.2 O ensino de física nos cursos de Engenharia ......................................................... 21 2.3 Propostas para o ensino de Eletromagnetismo de forma experimental ............. 23 2.4 Bobina de Tesla para o ensino de eletromagnetismo ............................................ 24

2.5 A nossa proposta ...................................................................................................... 27 3 REFERENCIAL TEÓRICO- PEDAGÓGICO ................................................................................ 29 3.1 Introdução ................................................................................................................ 29 3.2 Análise dos conceitos pedagógicos de Vigotski ...................................................... 30

3.3 Os conceitos pedagógicos de Vigotski no contexto educacional .......................... 32 3.4 A formação dos conceitos ........................................................................................ 34 3.5 A formação dos conceitos científicos ...................................................................... 35

3.6 Metodologia: Aplicação das idéias de Vigotski no trabalho proposto ................ 37 4 METODOLOGIA ADOTADA E A EXPERIMENTAÇÃO NO ENSINO DE FÍSICA ..................... 39 4.1 Introdução ................................................................................................................ 39 4.2 Transposição Didática: instrumento transformador no processo de ensino de

física... .................................................................................................................................. 40

4.3 Laboratório adotado para a execução da sequência didática .............................. 25

4.4 O laboratório Estruturado e a proposta vigente ................................................... 41 5 PRODUTO .................................................................................................................................... 44 5.1 Apresentação ............................................................................................................ 44

5.2 Introdução ................................................................................................................ 44 5.3 Objetivos ................................................................................................................... 46

5.3.1 Objetivo geral ................................................................................................. 46

5.3.2 Objetivos específicos ...................................................................................... 46

5.4 Uso do vídeo “Tesla Mestre dos Raios” ................................................................. 46 5.5 Materiais e equipamentos utilizados nas atividades experimentais .................... 47

5.6 Orientações para execução do experimento .......................................................... 48 5.7 Parte I – Analisando a bobina e o campo eletromagnético .................................. 49

5.7.1 Identificando os componentes da bobina e as finalidades de cada item ......... 49

5.7.2 Detectando a presença de campo eletromagnético ......................................... 50

5.7.2.2 Resultados esperados ...................................................................................... 51

5.7.3 Verificando a presença de tensão elétrica associada às ondas eletromagnéticas

52

5.7.3.1 Material utilizado: ........................................................................................... 52

5.7.3.2 Resultados esperados ...................................................................................... 53

5.7.3.3 Identificando as antenas geradoras e receptoras de ondas eletromagnéticas .. 54

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5.7.3.4 Resultados esperados ...................................................................................... 54

5.7.4 Analisando o comprimento de onda ............................................................... 55

5.7.4.1 Material utilizado: ........................................................................................... 55

5.7.4.2 Resultados esperados ...................................................................................... 56

5.7.5 Semelhanças e diferenças entre as ondas eletromagnéticas geradas pela BT e

o sistema de Rádio. ........................................................................................................... 56

5.7.6 Resultados esperados ...................................................................................... 57

5.7.7 Explorando um pouco mais o eletromagnetismo da Bobina de Tesla ............ 57

5.7.8 A criação de um campo elétrico devido ao campo magnético variável .......... 59

5.7.9 Intensidade das ondas eletromagnéticas: uma descrição do vetor de

Poynting.... ........................................................................................................................ 60

5.8 Entendendo a bobina de Tesla ................................................................................ 60 5.7.2 Nikola Tesla .................................................................................................... 61

5.8.2 Bobina de Tesla .............................................................................................. 61

5.8.2.1 Campo Eletromagnético ................................................................................. 61

5.8.2.2 Funcionamento da Bobina deTesla ................................................................. 64

5.8.3 História e aplicação da Bobina de Tesla ......................................................... 66

5.8.4 Grandezas típicas da radiação ......................................................................... 67

5.8.5 Perigos da Bobina de Tesla ............................................................................. 68

5.8.5.1 Alta tensão e altas freqüências ........................................................................ 69

5.8.5.2 Ozônio ............................................................................................................. 72

5.8.5.3 Efeitos da radiação eletromagnética no organismo humano........................... 72

6 APLICAÇÃO DO PRODUTO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ................................................ 74 6.1 Metodologia da pesquisa ......................................................................................... 74

6.1.1 Escolha dos participantes ................................................................................ 74

6.2 ELABORAÇÃO DO MATERIAL E ATIVIDADES EXPERIMENTAIS ....... 75

6.3 Elaboração do texto como instrumento de avaliação ........................................... 42 6.4 Aplicação do material .............................................................................................. 76

6.5 Dificuldades e soluções encontradas na aplicação do material ............................ 78 6.6 Indagações e sugestões feitas pelos alunos ............................................................. 79

6.7 Análise dos resultados ............................................................................................. 80 6.7.1 Análise das respostas individuais dos alunos ................................................. 81

6.7.1.1 Observação quanto ao tópico “Explorando um pouco mais os conceitos de

eletromagnetismo” ............................................................................................................ 95

6.7.2 Análise dos textos escritos como forma de avaliação dos conteúdos ............. 96

6.7.3 Depoimento dos alunos quanto à metodologia de ensino. ............................. 98

7 CONSIDERACÕES FINAIS ....................................................................................................... 101

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7.1 Pesquisas futuras .................................................................................................... 102 REFERÊNCIAS .............................................................................................................................. 104 APÊNDICES ................................................................................................................................... 110

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1 INTRODUÇÃO

1.1 Motivação para o trabalho

Ao ministrar o conteúdo eletromagnetismo na disciplina Física II para o quarto

período de Engenharia Elétrica do Instituto Doctum de Ensino e Pesquisa

(DOCTUM-MG) no período de 2010 a 2012, verificou-se a grande dificuldade dos

alunos na aprendizagem dos conceitos relacionados aos campos elétrico, magnético

e eletromagnético. Corroborando essa constatação, Magalhães (2002) evidencia

que a dificuldade provém da forma abstrata de como são passados os conceitos

para o aluno, fazendo com que eles não sejam percebidos, embora estejam

presentes no dia a dia, no domínio concreto. Esse foi um dos motivos que

descortinaram a ideia de desenvolver métodos para melhorar o ensino da Física no

curso de graduação na referida Instituição.

Outro motivo foi o pré-requisito do programa de Mestrado em Ensino de

Ciências e Matemática da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, que

propõe a necessidade de elaboração de um material didático para o ensino de

Física. Dessa forma, optou-se por utilizar o aparato experimental Bobina de Tesla

(BT) como ferramenta na elaboração de uma sequência didática que possibilite ao

aluno o despertar para a ciência, compreendendo a física abstrata através de

demonstrações concretas.

1.2 Objeto de estudo

A análise experimental é importante para o entendimento das leis, princípios e

conceitos científicos. Galileu, revolucionando o método científico, mostrou que pôr a

natureza à prova é uma das melhores formas para compreender os fenômenos

físicos.

Nos cursos de Engenharia, especificamente no curso de Engenharia Elétrica,

o Eletromagnetismo, disciplina básica na formação profissional dos recém-

ingressados na área, possui caráter abstrato, o que dificulta a compreensão de seus

conceitos científicos. Nesse sentido, nosso objeto de estudo consiste em

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desenvolver, aplicar e analisar os resultados de uma sequência didática voltada para

o ensino de eletromagnetismo, tendo como foco os processos de geração,

transmissão e recepção das ondas eletromagnéticas (OEM).

1.3 Justificativa

De acordo com pesquisadores em Ensino de Física, dentre eles Ribeiro et al.

(2012). A maioria dos alunos vê a Física como algo com alto grau de dificuldade,

sendo esse o motivo principal da falta de interesse em sala de aula e,

consequentemente, do grande número de reprovações. Por esse motivo, as aulas

práticas com experimentos simples que correlacionem física com elementos do

cotidiano são necessárias para atrair o interesse dos alunos. Baseando-se nesse

pressuposto, o presente trabalho tem, como um de seus objetivos, proporcionar aos

alunos um contato mais íntimo com aplicações práticas do eletromagnetismo. E,

para isto, procuramos estar em consonância com os Parâmetros Curriculares

Nacionais (PCN), que evidenciam a necessidade de apresentar a Física como um

conjunto de competências capazes de levar os alunos a lidar com fenômenos

naturais e tecnológicos, possibilitando a formação de indivíduos participativos e

dispostos a intervir na realidade.

Nesse contexto, surge a bobina de Tesla, um dos experimentos com efeitos

extraordinários. A bobina de Tesla (BT) foi construída no final do século XIX, por

Nikola Tesla, mago da energia elétrica, criador da corrente alternada, do rádio e

diversos outros equipamentos. Esse magnífico invento surge como um valioso

instrumento para o ensino de Eletromagnetismo, possibilitando desenvolver as

competências listadas nos PCNs, como a discussão de temas de interesse da

ciência e tecnologia.

1.4 A importância do estudo dos conceitos de eletromagnetismo com a Bobina de

Tesla e a estrutura da dissertação

No ensino de eletromagnetismo, impera o formalismo teórico em detrimento

de uma abordagem experimental aliada ao debate e aplicações práticas dos

conceitos de eletromagnetismo. No desejo de contribuir para a superação desta

deficiência, o presente estudo sugere a aplicação da Bobina de Tesla (BT) no estudo

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dos fenômenos eletromagnéticos. Essa escolha deveu-se ao relativo baixo custo dos

materiais empregados, facilidade de construção e imenso potencial didático.

A BT possibilita o que as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs)

recomendam. Ou seja, o surgimento de habilidades e competências aliadas à

interdisciplinaridade e transversalidade no ensino de Física. Os experimentos e

demonstrações possíveis com a BT são magníficos, tanto no aspecto visual quanto

nas abordagens conceituais dos fenômenos eletromagnéticos. Basicamente, todos

os conceitos estudados no eletromagnetismo são passíveis de ser analisados com a

BT. Esses conceitos são relacionados pelas leis de Maxwell, as quais possuem um

caráter abstrato.

As pesquisas com a BT foram pioneiras no sistema de comunicação, dando

ao seu inventor a patente do Rádio. Por ser uma antena emissora de ondas

eletromagnéticas e possibilitar a visualização de vários fenômenos relacionados a

este conceito, iremos nos voltar para o uso da BT no ensino de geração e recepção

do campo eletromagnético.

Carvalho et. al. (2012) evidencia que é fundamental associarmos o

eletromagnetismo com as perspectivas profissionais. Na pesquisa e

desenvolvimento do projeto, que culminou na construção do produto descrito nesta

dissertação, consideramos quatro pontos importantes:

Os conceitos a serem desenvolvidos;

A escolha do aparato experimental que contribua de forma significativa para o

desenvolvimento dos conceitos;

O referencial teórico-pedagógico;

A escolha da metodologia para aplicação da sequência experimental.

Buscamos desenvolver uma sequência didática que oferecesse ao aluno a

possibilidade de aprender os conceitos de geração e recepção das OEMs,

procurando uma contextualização com as aplicações tecnológicas destas.

Escolhemos a BT como aparato experimental por possibilitar ao aluno o

desenvolvimento da curiosidade, induzindo-o ao questionamento e desenvolvendo

nele o interesse em fazer ciência, pesquisar e experimentar a partir de uma

sequência de investigações fundamentada nos referenciais pedagógicos de Vigotski.

A seguir, apresentamos nos Capítulos 2 e 3 a fundamentação legal e o

referencial pedagógico que conduziram a elaboração, aplicação e análise dos

resultados do produto. Apresenta-se também uma análise do ensino de

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eletromagnetismo e propostas para o ensino dos conceitos de eletromagnetismo

evidenciando o uso da BT no ensino. Em seguida, apresenta-se no Capítulo 4 a

experimentação no ensino de física, onde se justifica a escolha do tipo de laboratório

e como este deve-se adequar a nossa proposta.

O produto dessa dissertação é apresentado no Capítulo 5, no qual mostramos

a sequência experimental em forma de roteiro para ser aplicada nas disciplinas de

Física Geral com alunos do terceiro período de Engenharia Civil, e na disciplina de

Eletromagnetismo, com alunos do quinto período de Engenharia Elétrica.

Apresentam-se também os detalhes da BT quanto à sua história, seu funcionamento

e os perigos oferecidos por ela.

Nos capítulos 6, na aplicação da sequência didática, analisamos os

resultados obtidos com a aplicação do produto e a satisfação dos alunos quanto à

metodologia adotada. Apresentamos no Capítulo 6, em particular, uma série de

depoimentos dos alunos e, por fim, no Capítulo 7, encerramos este trabalho com as

considerações finais.

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2 FUNDAMENTAÇÃO LEGAL E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Diretrizes Curriculares Nacionais dos cursos de Engenharia

As Diretrizes Curriculares Nacionais, estabelecidas pela Câmara de Educação

Superior - CNE, definem para os cursos de Engenharia, a resolução em 11/2002 do

CNE (2002), em seu artigo terceiro:

Art. 3º. O Curso de Graduação em Engenharia tem como perfil do formando egresso/profissional, o engenheiro, com formação generalista, humanista, crítica e reflexiva, capacitado a absorver e desenvolver novas tecnologias, estimulando a sua atuação crítica e criativa na identificação e resolução de problemas, considerando seus aspectos políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais, com visão ética e humanística, em atendimento às demandas da sociedade.

Diante disso, cabe à escola, na formação do engenheiro, a função de dotar o

profissional dos conhecimentos requeridos para as competências citadas no artigo

terceiro do CNE, possibilitando-lhe agir como transformador do meio social em que

esteja inserido, levando-o, como egresso, a ultrapassar os limites das disciplinas

estudadas.

As diretrizes curriculares estabelecem ainda que a escola deva garantir, na

formação do aluno, a capacidade de aplicar os conhecimentos matemáticos,

científicos, tecnológicos e instrumentais à engenharia, com o objetivo de:

Projetar, conduzir experimentos e interpretar resultados; conceber, projetar e analisar sistemas, produtos e processos; planejar, supervisionar, elaborar e coordenar projetos e serviços de engenharia; identificar, formular e resolver problemas de engenharia; desenvolver e/ou utilizar novas ferramentas e técnicas; supervisionar a operação e a manutenção de sistemas; avaliar criticamente a operação e a manutenção de sistemas; comunicar-se eficientemente nas formas escrita, oral e gráfica; atuar em equipes multidisciplinares; compreender e aplicar a ética e responsabilidade profissional; avaliar o impacto das atividades da engenharia no contexto social e ambiental; avaliar a viabilidade econômica de projetos de engenharia; assumir a postura de permanente busca de atualização profissional.

No que tange ao assunto, o parágrafo primeiro do artigo 6º estabelece:

1º O núcleo de conteúdos básicos, cerca de 30% da carga horária mínima,

versará sobre os tópicos que seguem:

I - Metodologia Científica e Tecnológica;

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II - Comunicação e Expressão;

III - Informática;

IV - Expressão Gráfica;

V - Matemática;

VI - Física;

VII - Fenômenos de Transporte;

VIII - Mecânica dos Sólidos;

IX - Eletricidade Aplicada;

X - Química;

XI - Ciência e Tecnologia dos Materiais;

XII - Administração;

XIII - Economia;

XIV - Ciências do Ambiente;

XV - Humanidades, Ciências Sociais e Cidadania.

Vale lembrar que nas disciplinas de Física, Química e Informática é

obrigatório o uso de laboratório para aulas práticas. Evidencia-se nos textos das

Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) a importância do ensino experimental ao

possibilitar ao aluno uma contextualização dos conceitos apreendidos em sala no

cotidiano, pois assim será possível desenvolver no egresso de Engenharia uma

visão crítica quanto ao uso das tecnologias, capacitando-o a entender e a participar

das transformações no meio social em que se insere.

2.2 O ensino de física nos cursos de Engenharia

O ensino de Física nos cursos de Engenharia divide-se em Física I, Física II e

Física III. Essa Física varia nas nomenclaturas usadas pela Instituição de Ensino ou

pela área de formação; por exemplo: os conceitos enfatizados na Engenharia

Hidráulica não são os mesmos da Engenharia Elétrica. No curso de Engenharia

Elétrica do Instituto Doctum de Ensino e Pesquisa, no qual se desenvolve o presente

estudo, o ensino de Física divide-se em:

Fundamentos da Física, abordando os conceitos de Mecânica (Leis de

Newton e suas aplicações, Trabalho e Energia, Quantidade de movimento e suas

propriedades);

Física I: aborda os conceitos de Termodinâmica, Oscilações e Eletrostática;

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Física II: o foco são os conceitos de Eletrodinâmica, Ondas Eletromagnéticas,

Física Moderna e Introdução à Física Quântica.

Destacam-se as disciplinas Eletromagnetismo I e Eletromagnetismo II, nas

quais os conceitos referentes a eletromagnetismo são estudados com uma

abordagem matemática mais profunda. A proposta de ensino que segue aplica-se ao

ensino de Física II e Eletromagnetismo I e II.

As disciplinas de Física, Química e Matemática são fundamentais para uma

sólida formação do engenheiro, pois essas serão a base para a construção do

conhecimento nas demais áreas que se seguirão. Todavia, não se pode ensinar a

Física tomando-se como base o curso de formação de um Físico. Para o graduando

em Engenharia, é necessário ampliar a ligação da Física com outras disciplinas, a

fim de mostrar ao estudante o objetivo do seu estudo. Enquanto cabe ao Físico

pesquisar, estudar os fenômenos e arranjá-los em modelos matemáticos precisos, o

Engenheiro deve se valer desse conhecimento organizado e tirar proveito para o

progresso e conforto da humanidade.

A função do cientista é conhecer, enquanto que a do engenheiro é conhecer

o que o cientista pesquisou e usar tal conhecimento para fazer. Assim ocorre na

área da Física. O físico adiciona dados e informações ao conhecimento verificado e

sistematizado do mundo físico; e o engenheiro torna esse conhecimento útil na

solução de problemas práticos, que envolvem o projeto e construção de artefatos,

equipamentos, instrumentos, instalações e também a concepção de sistemas e

processos, via de regra envolvendo os elementos anteriores de modo a serem

operados de forma econômica. (ZAJNBERG, ZAKON, 2011, p.02).

Na graduação em Engenharia entendemos que é importante o formalismo

matemático. Contextualizá-la não significa ensinar uma física conceitual, sem uma

abordagem matemática profunda, como está em “moda” no ensino de física. De

acordo com Arand et al. (2008) a transposição entre o saber sábio e o saber a

ensinar, segundo Dominguini (2013) ocasiona uma simplificação associada à

linguagem (incluindo recursos matemáticos) utilizada para conceituar e demonstrar

os conteúdos, levando à um artificialismo dos livros didáticos. Contudo os autores

evidenciam que, uma abordagem matemática sólida, associada aos conceitos,

possibilita aos estudantes um aprendizado mais significativo.

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2.3 Propostas para o ensino de Eletromagnetismo de forma experimental

Diversos são os artigos que apontam a necessidade de se pensar o ensino de

eletromagnetismo. Vários desses artigos evidenciam a necessidade da

experimentação como elemento para uma aprendizagem significativa. Krapas et. al.

(2005), propõem a construção de um aparato experimental para abordar os

conceitos de campo eletromagnético. A experimentação é feita com um prego

inserido em um eletroímã, construído com um tubo de caneta em que enrola-se um

fio de cobre, este eletroímã é associado em série com uma lâmpada incandescente,

em seguida conecta-se a rede elétrica. As oscilações do prego dentro desse

eletroímã possibilitam discussões que fogem ao escopo das explicações acerca do

campo magnético criado pela bobina na abordagem de sua levitação e sustentação.

Um dos objetivos do artigo é mostrar como experimentos simples podem instigar em

alunos com certa experiência uma gama de explicações.

Nossa proposta de sequência didática com a BT levará a uma inquietação

similar. Porém, nela constarão os processos e comparações com cálculos teóricos,

utilizando como referencial teórico os conceitos de Vigotski.

Nesse contexto, Monteiro et al. (2010) apresentam o experimento de

construção de um motor elétrico, partindo do ponto de vista vigotskiano de que há

precedência da cultura sobre o desenvolvimento cognitivo de uma pessoa.

As dificuldades no ensino dos conceitos de campo eletromagnético são

conhecidas pela sua abstração. Assim, experimentos que possibilitem a visualização

dos conceitos contribuem de forma significativa para a aprendizagem. Laburu (2000)

apresenta um modo prático e acessível de visualizar ondas eletromagnéticas

estacionárias, tendo como “ferramenta” principal um forno microondas e descreve a

forma de executar tal experimento.

A proposta apresentada no artigo citado difere da sequência didática proposta

neste trabalho quanto às características do campo eletromagnético, pois analisa

microondas formando ondas estacionárias. Outra diferença está no aspecto

pedagógico, o trabalho analisado possibilita apenas uma ilustração, não apresenta

uma abordagem didática, nem intervenções com os referenciais de Vigostski.

Para a compreensão do conceito de campo eletromagnético, os conceitos de

campo elétrico e campo magnético devem ser estudados em separado e,

posteriormente, em sua junção. Para isso contribui Silva (1999) ao apresentar um

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estudo sobre transmissão e detecção de campo elétrico, através da interface de dois

guias de ondas planos, onde desenvolve um procedimento para entender o

processo de transmissão e reflexão de campo elétrico.

Para o ensino dos conceitos de campo magnético, Furukawa e Sartorelli

(2000) contribuem, apresentando uma montagem experimental para medição do

campo magnético terrestre. Tal montagem consiste em um osciloscópio adaptado a

um tripé, para este tipo de medida. O tripé possibilita a regulagem do osciloscópio, a

fim de alinhar-se ao campo magnético terrestre. Possibilita também, o estudo do

movimento de cargas elétricas em campos magnéticos.

Ainda para o ensino de campo magnético, Robert (2003) apresenta uma

técnica de cálculo de campo magnético utilizando a bobina de Helmholtz. A

abordagem é feita com a solução analítica da equação de Laplace para um potencial

com simetria axial, descreve os detalhes construtivos e aplicações, como o cálculo

do campo magnético terrestre.

A forma como são abordados os conceitos assemelha-se à proposta de

sequência didática com a BT, haja vista propormos a detecção de campo

eletromagnético de forma experimental. E com os resultados, faz-se uma

comparação com as equações de onda.

Dentre as propostas analisadas, destacam-se algumas com o uso da bobina e

Tesla, as quais são discutidas a seguir.

2.4 Bobina de Tesla para o ensino de eletromagnetismo

A abstração no ensino dos conceitos de campo elétrico, magnético e

eletromagnético pode ser verificada mediante aplicação de simples questionários,

como se verifica no Apêndice E. Analisando o trabalho de Borges (1998), pode-se

constatar que o ensino experimental dos conceitos de eletromagnetismo possibilita

ao aluno formar modelos mentais quanto aos fenômenos observados. Neste

contexto, surge a Bobina de Tesla como instrumento de ensino; seu uso propicia as

mais fascinantes demonstrações, o que causa o despertar do aluno para os

conceitos de eletromagnetismo.

Tendo como finalidade equipar o professor com um aparelho para

demonstração de fenômenos elétricos em nível de terceiro e segundo graus, em um

curso de eletromagnetismo, Laburu (1991) descreve a construção de uma Bobina de

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Tesla. O artigo enfatiza quais práticas poderão ser feitas, com a demonstração do

efeito corona (o efeito de pontas), uma aplicação da gaiola de Faraday (blindagem

eletromagnética), a proteção do para raios, a “presença” do campo eletromagnético

no espaço, o efeito de altas tensões em gases sob baixas pressões, diferenças entre

descargas elétricas num rio e no mar.

Mais completos Chiquito e Lanciotti (2000) descrevem o funcionamento de

uma bobina de Tesla, apresentando os cálculos e o procedimento experimental para

detecção das ondas eletromagnéticas com um osciloscópio, deixando a cargo do

professor a proposta de aplicação em sala de aula.

Outro trabalho interessante é de Silva (2012). Seu estudo apresenta a

constituição e os cálculos envolvidos na construção da BT, assim como alguns

experimentos.

Vários sites descrevem a construção das mais diversas bobinas de Tesla;

porém, não apresentam aspectos didático-pedagógicos, apenas possíveis

experimentos com a bobina de Tesla. Dentre esses sites, destaca-se Netto (2012),

que apresenta todos os passos para a construção de uma bobina de Tesla pequena,

descreve alguns exemplos de demonstrações, como o efeito corona em um condutor

retilíneo fixado no extremo superior do terminal da BT, onde serão observadas

radiações azuis que parecem partir perpendicularmente em direção do fio.

Os artigos analisados não abordam como se devem tratar tais práticas no

aspecto pedagógico, mostra apenas como utilizar a bobina para realizar tais

experimentos, não apresentam um tutorial, ou sequência didática que possibilite

evidenciar a metodologia na aplicação. A nossa proposta se diferencia, pois

possibilita ao professor uma sequência para a introdução e discussão dos conteúdos

em sala.

2.5 Laboratório adotado para a execução da sequência didática

Verifica-se, no número de publicações, a importância de se pensar o ensino

de eletromagnetismo. Silva (2002) apresenta o laboratório de eletromagnetismo no

enfoque investigativo, apontando para a importância da discussão, e não propondo

um laboratório com repetições, como meras ilustrações da teoria. Aponta problemas

abertos, ao invés de experimentos fechados, possibilitando ao aluno interferir na

execução desses.

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Ribeiro (1997), abordando o ensino experimental, salienta a importância da

problematização no ensino de Laboratório, além de enfatizar a dissociação entre os

textos utilizados e os roteiros propostos para as aulas práticas, levando os alunos a

assumirem uma postura de observadores externos à experiência que está sendo

feita. Ribeiro (1997) deixa claro: “o eixo permanente na interação entre pensar, sentir

e fazer é fundamental na produção de conhecimento”.

Nesse processo de experimentação, diversos autores apresentam diferentes

abordagens quanto ao uso do laboratório, sendo os laboratórios classificados,

segundo Borges (2002), como Estruturado e não Estruturado.

O Laboratório Estruturado de acordo com Rosa (2013), é também chamado

de acadêmico, tradicional, convergente ou tipo receita. Ramos (2009) evidencia que

nesse laboratório os alunos realizam os procedimentos experimentais seguindo as

orientações de uma proposta. Ou seja, os alunos recebem um roteiro com as

instruções passo a passo, no qual são descritos os pormenores da execução do

experimento. Esse laboratório possibilita a execução do experimento em um tempo

pré-determinado.

O Laboratório não Estruturado não possui um roteiro. Esse processo

possibilita aos alunos desenvolver seu procedimento. Para Rosa (2013) é chamado

de experimental, aberto, divergente, por descoberta. Para Ventura e Nascimento

(1992) a análise experimental deve ser apresentada em relatório que contempla de

maneira clara o procedimento experimental adotado, os resultados de medições

acompanhados de uma análise que equacione as variáveis envolvidas na

manipulação do fenômeno físico e uma conclusão. Assim, torna o aluno agente

transformador no processo de investigação, cabendo a ele inferir o procedimento

para execução do experimento. Possui uma abordagem interessante, porém o

tempo de execução é a principal deficiência do procedimento.

No que tange à compreensão dos conteúdos em consequência do tempo

disponível para realizá-lo, o tipo de laboratório adotado influi na qualidade da

aprendizagem dos conceitos abordados. Estudos como Gonçalves e Moreira (1980)

mostram que o laboratório não estruturado utiliza um tempo maior na execução da

experimentação. Todavia, Borges (2002) defende o uso do laboratório não

estruturado, pois possibilita ao aluno uma maior participação no processo

experimental analisado. Entretanto, é de consenso de todos que apenas o uso de

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laboratórios para o ensino de ciências não resolve as dificuldades da aprendizagem

dos conceitos científicos.

2.6 A nossa proposta

Baseando-se nos pressupostos de Vigotski (2007) de que o ensino deve ser

relevante à vida, a presente proposta foi desenvolvida com o objetivo de tornar o

conhecimento útil na solução de problemas práticos, possibilitar a manipulação de

instrumentos e materiais, e, ao contextualizar os fenômenos observados, levar o

estudante de engenharia à formação crítica quanto ao contexto tecnológico no qual

esteja inserido. Atendendo a esse propósito, a sequência didática com a bobina de

Tesla parte da implementação dos artigos analisados que mostram como construir a

BT. Essa proposta diferencia-se das demais ao apresentar sugestões de

experimentos sob a ótica dos conceitos sócio-históricos de Vigotski.

A proposta desta dissertação apresenta o roteiro experimental tendo a

atenção voltada para a geração, transmissão e detecção das OEM. Segundo

Vigostski (1999), para a formação de conceitos, a síntese deve ser combinada com a

análise, para que na transferência do abstrato para o concreto o aluno consiga

aplicar os conceitos apreendidos em outras situações. Nesse sentido, parte-se de

um debate sobre a história da ciência, seguindo, em cada tópico experimental,

exercícios conceituais, aliados às aplicações desses conceitos no dia a dia.

Apresentam-se aspectos da história da ciência que possibilitem ao estudante

entender a construção da BT, e, principalmente, o motivo da sua invenção por Nikola

Tesla. Em anexo (Apêndice C), apresentam-se passo a passo a construção da BT e

as referências sobre os cálculos necessários ao processo de sua construção e

funcionamento.

Na proposta com a BT, usa-se uma lâmpada fluorescente para visualizar a

área de atuação do campo eletromagnético e um voltímetro e frequencímetro para

analisar as características da OEM gerada pela bobina de Tesla. O uso da BT

proposto na presente sequência didática se diferencia quanto aos aspectos

metodológicos para aplicação em sala de aula, pois possibilita o desenvolvimento da

aprendizagem utilizando a concepções espontâneas dos alunos e apresenta em sua

sequência o surgimento de signos trabalhando a Zona de Desenvolvimento Proximal

de cada aluno. Esta proposta também se diferencia das demais quanto à própria

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construção da BT. nos artigos e sites analisados, os protótipos foram construídos

pelo professor. Ao contrário, todo o processo de construção da BT usada neste

trabalho foi realizado pelos alunos na disciplina de Circuitos Elétricos I, sob a

coordenação do professor autor desta dissertação.

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3 REFERENCIAL TEÓRICO- PEDAGÓGICO

Para a elaboração, aplicação e análise dos resultados obtidos após a

execução da sequência didática, utilizamos como referencial a teoria sócio-histórica

de Vigotski, sobre a qual faremos uma breve explanação, atendo-nos aos principais

pontos e à forma como iremos aplicá-los no trabalho.

3.1 Introdução

De acordo com Vigotski (2001), o desenvolvimento e o aprendizado estão

diretamente relacionados. Há dois tipos de mediadores no processo de

aprendizagem: os instrumentos e os signos. Estes são representações mentais que

substituem objetos do mundo real. As interações nesse processo possibilitam o

desenvolvimento das representações e essas levam ao aprendizado.

Mesmo seus estudos sendo voltados, prioritariamente, para crianças, Vigotski

analisou o processamento da formação de conceitos em crianças, adolescentes e

adultos, comparando o desenvolvimento de conceitos espontâneos e científicos. O

autor demonstrou que as crianças não se diferem dos adolescentes e dos adultos

pela forma como compreendem os problemas, mas pela forma como o seu espírito

opera para atingir os objetivos na resolução dos mesmos.

Vigotski (2007)1, propõe em seu trabalho uma correlação entre o brinquedo e

a instrução escolar e como a instrução, e, o aprendizado na escola estão avançados

em relação ao desenvolvimento cognitivo da criança, essa correlação é feita por

meio da zona de desenvolvimento proximal. Para esse processo, a criança utiliza o

brinquedo para se projetar nas atividades adultas de sua cultura e ensaia papéis e

valores futuros. A escolha das teorias de Vigotski como referencial pedagógico se

deve à visão do autor quanto à relação professor-aluno, pois ele evidencia, em sua

obra, o papel do professor como mediador do conhecimento. Fazendo analogia

entre o uso de brinquedos e a experimentação, propiciamos um ambiente que

possibilite ao aluno o desenvolvimento de conceitos. Organizamos a sala em grupos,

destacando o professor como mediador do processo, envolvendo aluno e professor

em uma dinâmica de busca do conhecimento.

1 Vale ressaltar que Vigotski publicou seus trabalhos entre 1924 e 1934. Estamos, porém, usando

reedições desses trabalhos.

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O ensino representa o meio através do qual o desenvolvimento avança sob a

forma de conteúdos socialmente elaborados do conhecimento humano em

estratégias cognitivas evocadas. O autor continua:

É precisamente com auxílio dos problemas propostos, da necessidade que surge e é estimulada, pelos objetivos colocados perante o adolescente que o meio social circundante o motiva e o leva a dar esse passo decisivo no desenvolvimento do seu pensamento onde o meio não cria os problemas correspondentes, não apresenta novas exigências, não motiva nem estimula com novos objetivos o desenvolvimento do intelecto, o pensamento do adolescente não desenvolve todas as potencialidades que efetivamente contém, não atinge as formas superiores ou chega a elas com um extremo atraso. (VIGOTSKI, 2001,p.171).

A sequência didática experimental aborda os conceitos de ondas

eletromagnéticas, sugere o trabalho em grupo e possibilita um ambiente de

cooperação. Nesse ambiente o aluno explorará conceitos que dificilmente seriam

percebidos por ele isoladamente, buscando evocar, através de signos e da

mediação entre professor e aluno, e aluno/aluno, aspectos próprios do cotidiano

desses. Assim, procura-se não apenas a formação de conceitos, mas uma formação

crítica do aluno quanto às questões conceituais e históricas do desenvolvimento

tecnológico.

3.2 Análise dos conceitos pedagógicos de Vigotski

Lev Semyonovitch Vigotski nasceu em 5 de novembro de 1896, em Orsha, na

Bielorrúsia, e faleceu em 11 de junho de 1934 em Moscou. Dedicou-se,

intensivamente, ao estudo do comportamento humano a partir de 1924.

Entre 1925 e 1934 Vigotski reuniu em torno de si um grande grupo de jovens

cientistas, que trabalhavam nas áreas da Psicologia e no estudo das anormalidades

físicas e mentais (VIGOTSKI, 2007). Na mesma época, estudou Medicina e,

posteriormente, dirigiu o Departamento de Psicologia do Instituto Soviético de

Medicina Experimental. Morreu precocemente de turbeculose aos 37 anos.

Devido à censura, os trabalhos de Vigotski foram proibidos na antiga União

das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). No entanto, seus trabalhos ganharam

destaque em 1962, com a publicação da sua monografia intitulada Pensamento e

Linguagem. A partir de 1980, surgiu um crescente estudo de seus trabalhos, os

quais são reeditados até os dias atuais. De acordo com Ramos (2009), as traduções

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das obras escolhidas de Vigotski, em edições bem cuidadas, aparecem a partir de

1980.

A teoria desenvolvida por Vigotski evidencia que o desenvolvimento humano

se dá através da relação sujeito e natureza, utilizando-se de signos. Através do

surgimento de novas funções intelectuais, surgem na criança novas estruturas de

pensamento. O gesto é o signo visual inicial que contém a futura escrita. Os gestos

são a escrita no ar e os signos escritos são, frequentemente, simples gestos que

foram fixados ( VIGOTSKI, 2007).

Vigotski, em sua obra, valoriza a interação aluno e professor, posicionando o

professor como mediador do conhecimento no processo de ensino e aprendizagem.

O presente trabalho vai ao encontro às teorias de Vigotski, pois na forma como a

sequência didática foi montada, questionamentos e indagações feitos pelo professor

possibilitam tal mediação. Vigotski evidencia também que, apesar do processo de

ensino estar completo e inseparavelmente atrelado ao processo de

desenvolvimento, esses se diferem quanto ao seu desenvolvimento.

Nesse contexto, Vigotski salienta que a relação aprendizagem e

desenvolvimento estão na zona de desenvolvimento proximal:

A zona de desenvolvimento proximal, ela é a distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma determinar através da solução independente de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros mais capazes. (VIGOTSKI,2007, p. 97).

No processo de desenvolvimento e na capacidade de aprendizado, Vigotski

aponta dois níveis: o nível de desenvolvimento proximal e o desenvolvimento real ou

potencial. No nível de desenvolvimento real as funções já amadureceram, enquanto

que o nível de desenvolvimento proximal é definido como aquele em que as funções

ainda amadurecerão: são os “brotos” e “flores” que se transformarão em frutos. No

presente estudo supõe-se que os alunos estejam no nível de desenvolvimento

proximal na abordagem inicial, acompanhando a exibição do documentário “Tesla,

Mestre dos Raios” e fazendo indagações sobre as funções dos componentes que

formam o aparato experimental. Espera-se que o conceito de campo

eletromagnético e seus princípios de geração, transmissão e recepção, apontados

neste trabalho, venham a constituir os “frutos” do desenvolvimento proximal,

incorporando-se ao desenvolvimento real.

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Por meio da zona de desenvolvimento proximal permite-se delinear o futuro

imediato da criança e seu estado dinâmico de desenvolvimento, propiciando o

acesso não somente ao que já foi atingido através do desenvolvimento como

também àquilo que está em processo de maturação (VIGOTSKI, 2007). O estudo

aqui apresentado vai ao encontro das teorias de Vigotski ao apresentar uma

sequência didática que procure detalhar o aparato experimental, com cada parte

dando subsídios para a parte seguinte, fornecendo ao aluno suporte teórico e

desafios para se chegar à formação dos conceitos.

A teoria de Vigotski é primariamente indutiva, possuindo uma dinâmica

própria que possibilita entender o desenvolvimento humano. Vigotski (2007) destaca

a influência do meio em que a criança se insere como fundamental no processo de

aprendizagem e enfatiza que a relação do homem com esse meio não ocorre de

forma direta, mas mediada por instrumentos e signos. Nesse sentido, procura-se,

nessa proposta experimental, contextualizar a experimentação, abordando os

conceitos de ondas eletromagnéticas com as aplicações tecnológicas do meio social

do aluno.

3.3 Os conceitos pedagógicos de Vigotski no contexto educacional

Para Vigotski, o ato de brincar caracteriza a iniciação do processo de

aprendizagem, possibilitando a expansão dos conceitos através da imaginação.

Porém, ao contrário de outras experiências, como chupar chupeta, o ato de brincar

não é simplesmente uma situação prazerosa, é o ato em que a criança coloca-se em

situação imaginária com a realidade. Sendo assim, qual o significado do

comportamento de uma criança numa situação imaginária?

Vigotski (2007) descreve o ato de brincar como uma encenação da realidade.

Tão logo se retirasse a situação imaginária do ato de brincar, restariam apenas

regras, o que caracteriza uma situação sem prazer. No entanto, é no brinquedo que

a criança aprende a agir na esfera cognitiva, tendo ação e significado dependendo

das motivações externas. Não conseguindo separar o pensamento do objetivo real,

o brinquedo fornece um estágio de transição nessa direção. Faz-se essa conexão no

presente estudo através da experimentação.

Wallon (2007) corrobora essas idéias ao afirmar que o brincar parece com

uma exploração jubilosa ou apaixonada, que tende a pôr à prova todas as

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possibilidades das funções; é o desejo de fazer tocar seus limites. O ato de

experimentar descrito nesta dissertação, assim como o brinquedo, possibilita um

estímulo, pois a participação ativa do aluno permite que ele expresse opiniões e,

assim, o professor pode entender como o aluno percebe o mundo, o que ele

conhece do conteúdo, fazendo da experimentação o papel do brinquedo na esfera

cognitiva.

O ato de brincar é uma forma mais simples de atingir o desenvolvimento. De

acordo com Vigotski (2007), embora no brinquedo a criança seja livre para

determinar suas próprias ações, esse brinquedo tem vários significados de acordo

com a idade. Esse brinquedo se inicia como um jogo sério aos três (03) anos; passa-

se a uma atividade limitada, na pré-escola; transformando-se em uma atividade que

permeia a realidade na idade escolar. Para Vigotski o brinquedo possibilita a

situação imaginária, a imitação e as regras. Ao brincar, a criança cria uma situação

imaginária na qual assume um papel que inicialmente é a imitação de um adulto

observado. Dessa forma ela traz regras de comportamento próprias, culturalmente

constituídas, e, em seguida ela se afasta da imitação e passa a construir novas

combinações e novas regras. Neste contexto a brincadeira possibilita que a criança

execute uma tarefa mais avançada do que a de costume para a sua idade. Vigostski

conclui que em todas as etapas o brinquedo é um agente na zona de

desenvolvimento proximal.

Análogo ao brinquedo, a experimentação descrita neste trabalho possibilita,

através da imaginação, a contextualização do experimento perante a tecnologia,

possibilitando a aprendizagem dos conceitos. Para Wallon (2007), é o livre inventário

dessas contextualizações ou das disponibilidades funcionais que possibilitam a

aprendizagem.

Vigotski (2007), apresentando uma demonstração elaborada, mostra que a

linguagem, o brinquedo e o uso de signos possibilitam o desenvolvimento do

processo de aprendizagem. Deleuze (2003) corrobora as idéias de Vigostki ao

evidenciar que “alguém só se torna marceneiro tornando-se sensível aos signos da

madeira, e médico tornando-se sensível aos signos da doença”. Ninguém decifra um

código, portanto, sem criar, no momento da decifração, uma nova sensibilidade.

Busca-se na sequência didática, através da experimentação, fazer uma relação

entre o aprendizado escolar com o desenvolvimento tecnológico.

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3.4 A formação dos conceitos

Para Vigotski, o uso de instrumentos e o uso de signos, numa junção com o

meio social, são intrínsecos à formação de conceitos. A apropriação do

conhecimento é impulsionada pelo meio onde a criança se insere. Assim, cabe aos

professores a escolha dos instrumentos, possibilitando o uso de signos, através do

meio social. Esse meio possibilita a relação da criança com seus semelhantes.

Vigotski (2001) evidencia que a linguagem é o próprio meio através do qual a

reflexão e a elaboração da experiência ocorrem. Essa relação entre indivíduo e

sociedade ocorre de forma dialética. A fala atua como organizadora da integração

dos aspectos variados do comportamento infantil, como a percepção, a memória e a

solução de problemas. Em nossa proposta, partimos de situações do dia a dia,

levando à discussão de conceitos, como o funcionamento do sistema de telefonia,

para através desse, compreender os conceitos físicos abstratos, possibilitando ao

aluno uma relação dialética com o observado.

A gênese dos conceitos é um processo criativo e não mecânico e passivo.

Um conceito surge e toma forma no decurso de uma complexa operação orientada

para a resolução de um problema, e a simples presença das condições externas que

favorecem uma relação mecânica entre a palavra e o objeto não bastam para

produzir um conceito (VIGOTSKI, 2001). Quando o aluno começa a aprender o

significado de campo eletromagnético, ele não formou ainda o conceito de campo

eletromagnético. Essa formação acontece através de mecanismos psicológicos mais

complexos, indo de uma vaga noção ao conceito propriamente dito.

Segundo Vigotski, a percepção da existência de problemas, o estágio das

tentativas e erros e o pensamento complexo definido como uma forma de ver o

mundo possibilita à criança iniciar-se na formação de conceitos. Para solucionar

problemas, ela começa a agrupar de forma desorganizada os objetos, além da

relação dos objetos com o seu significado, a qual se dá com o uso de signos e

instrumentos por meio da atividade mediada. Cunha (2011), citando Vigotski,

salienta que nessas interações a linguagem se apresenta como o principal sistema

simbólico utilizado pelos grupos humanos; por meio dela, os conhecimentos

produzidos pela humanidade são veiculados.

Vigotski evidencia que a formação do conceito se dá em um processo

sociocultural em que o meio influencia diretamente esses conceitos e, para a

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mesma, é necessário o uso de signos e instrumentos. Porém, a relação entre a

linguagem e o objeto por si não forma conceitos; esse processo acontece perante o

surgimento de um problema que não possa ser resolvido doutra forma, a não ser

pela formação de novos conceitos. A sequência didática está organizada, de forma a

possibilitar o surgimento de indagações em que as respostas surgirão após a

formação dos conceitos. Para isso partimos dos conhecimentos dos alunos

previamente à formação dos conceitos científicos. Assim, o pseudoconceito constitui

o elo entre a forma de ver o mundo e o estágio final e superior do desenvolvimento

dos conceitos, o que, segundo Vigotski (2001), é a regra, mais do que a exceção, no

desenvolvimento intelectual das crianças.

3.5 A formação dos conceitos científicos

Os professores de ciências imaginam que o espírito científico começa como uma aula, que é sempre possível reconstruir uma cultura falha pela repetição da lição, que se pode fazer entender uma demonstração repetindo-a ponto por ponto. Não levam em conta que o adolescente entra na aula de Física com conhecimentos empíricos já constituídos: não se trata, portanto,de adquirir uma cultura experimental, mas sim de mudar de cultura experimental, de derrubar o obstáculo já sedimentado pela vida cotidiana. (...) Toda cultura científica deve começar por uma catarse intelectual e afetiva. Resta, então, a tarefa mais difícil: colocar a cultura científica em estado de mobilização permanente, substituir o saber fechado e estático por um conhecimento aberto e dinâmico, dialetizar todas as variáveis experimentais, oferecer enfim à razão razões para evoluir (BACHELARD,1996).

Em seus trabalhos, Vigotski diferencia o conhecimento científico dos

conhecimentos adquiridos com a vivência do aluno, conhecidos como concepções

espontâneas. É consenso, na comunidade de pesquisadores em Educação em

Ciências, que estudantes venham para a sala de aula com um repertório de

aplicações para os fenômenos e conceitos científicos que são diferentes daqueles

ensinados na escola (SHOROEDEGER, 2007).

Para Vigotski, uma concepção espontânea, mesmo incorreta, não é obstáculo

à aprendizagem do conceito correlato e sim um elemento de apoio a essa

aprendizagem, sendo a ausência desses conceitos espontâneos um fator relevante

que dificulta a compreensão dos conceitos científicos. Nesse sentido, Ramos (2009),

citando Vigotski, evidencia que os conhecimentos científicos adquiridos pela criança

em idade escolar não podem ser adquiridos por um processo mecânico. A aquisição

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acontece seguindo relações de influências entre o desenvolvimento dos conceitos

espontâneos e dos conceitos não espontâneos através das Zonas de

Desenvolvimento Proximal.

Vigotski denomina de científico todo conhecimento sistematizado, construído

socialmente e apropriado em situações de ensino e aprendizagem na escola,

resultando no desenvolvimento das capacidades superiores, tais como atenção,

memorização, abstração, generalização, imaginação, entre outras (VIGOTSKI,

2001). Contrário aos conceitos científicos, os conceitos espontâneos, segundo

Vigotski, são aqueles elaborados em situações e ambientes informais, no decorrer

das experiências adquiridas no dia a dia, por meio de suas percepções sensoriais.

De acordo com Vigotski (2001), a construção de conceitos científicos se dá na

execução de atividades bem elaboradas e estruturadas em um ambiente

educacional. Essas atividades devem ser aplicadas com o auxílio do professor,

contribuindo diretamente na formação dos conceitos pelos alunos. O presente

estudo foi desenvolvido em uma sequência experimental, com o objetivo de fazer

emergir essas concepções e proporcionar a formação de conceitos científicos,

através de uma sequência didática teórico-experimental e dinâmica, possibilitando a

troca de informações entre professor e aluno, e entre os alunos.

Nesse processo de formação dos conceitos científicos, os alunos conseguem

se elevar a outro nível: segundo Bachelard (1996), elevam-se para a formação do

espírito científico. Para isso, o aluno explora os conceitos por ele construídos e

estes, na maioria das vezes, vão contra os existentes nas referências adotadas, o

que segundo Vigotski define como concepções espontâneas.

A ciência é uma busca de respostas para entender a natureza, mas sempre

questionando-a. O ato de analisar a natureza é fundamental para a formação do

cientista. Deve o professor possibilitar ao aluno meios para formular tais questões,

posicionando-se, segundo Vigotski, como o mediador do conhecimento.

Vigotski, referindo-se ao ensino, salienta:

A experiência pedagógica nos ensina que o ensino direto de conceitos sempre se mostra impossível e pedagogicamente estéril. O professor que envereda por esse caminho costuma não conseguir senão uma assimilação vazia de palavras, um verbalismo puro e simples que estimula e imita a existência dos respectivos conceitos na criança mas, na prática, esconde o vazio. (VIGOTSKI, 2001, p. 247).

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Então, cabe aos professores buscarem formas para ensinar aos alunos,

possibilitando a conexão entre as concepções científicas e as não científicas. É

necessário salientar que tais concepções espontâneas ocorrem em variadas faixas

etárias escolares. Zylbersztajn (1981), no trabalho realizado com estudantes de

Engenharia, nos Estados Unidos, mostrou que, independemente da política

educacional e do grau de escolaridade, essas concepções são inerentes ao ser

humano e necessita-se que os professores façam emergir nos próprios alunos essas

concepções, e que lhes possam ensinar. Assim, acreditamos que ao montarmos a

sequência didática, estabelecendo uma ordem entre as partes, começando com a

exibição do documentário, seguindo com a exposição e abordagem experimental em

um contexto tecnológico, estaremos propiciando ao aluno condições para

problematizar quanto da exposição experimental, evocando as concepções

espontâneas e possibilitando a formação de conceitos de forma mais significativa.

3.6 Metodologia: Aplicação das idéias de Vigotski no trabalho proposto

Mostraremos, nesse tópico, como pretendemos fazer uso das idéias de

Vigotski na sequência didática aqui proposta.

Ao iniciar os estudos nas disciplinas de Física II ou Teoria Eletromagnética,

espera-se que o aluno já apresente um nível de cognição necessário para

aprendizagem dos assuntos que serão estudados como os conceitos de indutâncias,

campo magnético e elétrico. Assim, fazendo uso da visão de Vigotski (2001), esses

assuntos já se encontram dentro da zona de desenvolvimento proximal do aluno.

Para Vigotski (2007), um conceito é algo mais que a soma de certas ligações

associativas formadas pela memória. Ao evidenciar que as disciplinas formais

contribuem para o desenvolvimento do intelecto dos alunos, Vigotski (2001) está

salientando que a formação de um conceito é própria do ato de pensar, o qual só

pode ser realizado, quando o desenvolvimento mental tiver atingido o nível

necessário. Assim, ao estarem dentro da zona de desenvolvimento proximal,

queremos, ao executar as atividades, levá-los à zona de desenvolvimento real ou

potencial.

Continuando, Vigotski (2001) afirma que os conceitos formados em uma

disciplina auxiliam na formação de novos conceitos em outras disciplinas. Ao

propormos uma sequência didática que explore o comportamento e propriedades

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das ondas eletromagnéticas, pretendemos que os alunos compreendam conceitos

relativos à geração e transmissão de uma onda eletromagnética para que

futuramente possam aplicá-los noutras disciplinas, como Linha de Transmissão,

Antenas e Propagações, Máquinas Elétricas e outras disciplinas afins na Engenharia

Elétrica.

Propomos uma sequência relacionando os conceitos científicos teóricos com

a prática, conduzindo o aluno a exercitar funções intelectuais na análise dos

resultados. Por estarem dentro da zona de desenvolvimento proximal, as atividades

foram propostas em grupos com o acompanhamento do professor, pois, ao discutir

os resultados encontrados com outros grupos, eles podem ser levados, mediante a

intervenção do professor, ao debate de suas explicações acerca dos fenômenos

observados.

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4 METODOLOGIA ADOTADA E A EXPERIMENTAÇÃO NO ENSINO DE FÍSICA

4.1 Introdução

Para montarmos esse material, analisamos, além da escolha do laboratório,

os seguintes aspectos:

Área da Física que apresente fenômenos interessantes: escolhemos o

eletromagnetismo, por estar presente em tudo e ser apaixonante e

aterrorizante em seus fenômenos, como por exemplo as descargas

atmosféricas.

Abordagem histórica e conceitual quanto ao aspecto tecnológico: nesse caso,

a escolha do documentário “Tesla, Mestre dos Raios” possibilita mostrar os

conceitos, a história da BT e a contribuição desta para o desenvolvimento

tecnológico e possibilitar uma boa introdução para a sequência didática.

Experimento que despertasse a curiosidade: escolheu-se a BT por ser

magnífico o seu funcionamento e fenômenos físicos das suas descargas.

Para conseguirmos este objetivo, adotamos os artigos Chiquito e Lanciotti, Jr

(2000); Laburu e Arruda (1991) e Borges (2013). Os dois primeiros trabalhos

apresentaram a BT, o terceiro contribui mostrando uma nova abordagem para

ensinar ciências.

O ato de experimentar possibilita pôr a natureza à prova. Ao experimentar, o

aluno manuseia equipamentos, faz medições e inferências no processo de

aprendizagem. Aulas práticas possibilitam ao aluno um melhor desenvolvimento dos

conceitos científicos, leva à contextualização numa abordagem objetiva do seu

mundo e um despertar de curiosidades. Com este objetivo, escolhemos para

conduzir o procedimento de ensino o texto “Ensino de Física no Brasil segundo

Richard Feynman”, Feynman (2012). Este texto mostra como o fazer ciência é

fundamental para o ensino de Física.

A melhor maneira de aprender é fazendo. Um experimento é usado para

testar a validade de uma teoria ou para ilustrar um conceito científico. Nesse

processo os alunos trabalham de forma similar aos cientistas: observam,

experimentam, investigam, e, como citado, testam a validade de uma teoria.

É de consenso dos pesquisadores em Ensino de Física a importância do

ensino experimental como suporte no processo de ensino e aprendizagem. Todavia,

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a experimentação sem um apoio de uma estratégia de ensino não é suficiente.

Apenas manipular equipamentos não possibilita ao aluno uma relação entre a teoria

e a prática, assim como a abordagem conceitual sem a experimentação não

possibilita a formação crítica do aluno quanto aos fenômenos físicos estudados.

Porém, esses conceitos, aliados à experimentação, com suporte em uma boa

didática, posibilitam o estímulo do aluno na busca pelo conhecimento.

O texto de Grandinni e Grandinni (2013) trouxe-nos uma grande contribuição,

pois apresenta como o aluno vê a experimentação no ensino de Física. Na proposta

aqui descrita faz-se uma exposição experimental com o objetivo de despertar a

curiosidade do aluno quanto aos conceitos científico presentes no funcionamento da

BT. Seguindo-se a sequência experimental, passa-se à análise dos conceitos

presentes na OEM gerada pela BT.

4.2 Transposição Didática: instrumento transformador no processo de ensino

de física.

Ao ensinar os conceitos científicos, o professor deve estar atento à

linguagem adotada e ao contexto socioeducacional dos alunos, a fim de interferir no

processo de ensino e aprendizagem. Esse processo de ensino é articulado pelas

propostas pedagógicas que levam em consideração fatores sociais e econômicos.

Essas articulações acontecem através do processo chamado de transposição

didática, e, através desse processo, faz-se a contextualização e interdisciplinaridade

dos conceitos a serem ensinados.

Segundo Polidoro e Estigar (2010), a Transposição Didática é um

“instrumento” para análise da transição entre o saber sábio (aquele que os cientistas

descobrem) e o saber a ensinar (aquele que está nos livros didáticos). Logo, o saber

ensinado é o que realmente acontece em sala de aula. Aqui vale ressaltar a

importância da escolha de dispositivos que permitam essa transição.

Dominguini (2008) evidencia que o saber sábio é um conhecimento apurado,

elaborado através de uma atividade criteriosa, pois segue um método de

investigação através da observação, coletando dados a fim de se formular hipóteses

para explicar um fenômeno. Em seguida, realiza-se o teste experimental da hipótese

com o objetivo de reproduzir artificialmente o fenômeno natural e testar as hipóteses

através da comparação dos resultados obtidos nos experimentos científicos. Assim,

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a construção, os cálculos e as pesquisas com a geração e transmissão de OEM

realizadas por Nikola Tesla com a Bobina de Tesla configuram o saber sábio,

enquanto a nossa proposta em relação à bobina de Tesla é definida como saber a

ensinar.

A transição desse processo é a transposição didática, a adaptação desse

conhecimento científico para o conhecimento ensinado, pois a linguagem adotada

em sala de aula por professores e alunos não é a mesma adotada pelo cientista.

Chevallard, citado por Dominguini (2008, p.11), afirma que:

O conhecimento passa pelos seguintes processos: “nascimento na comunidade acadêmica, assumindo modalidades e funções diferentes; exposição e difusão; reprodução e reconstrução social – produção didática, na qual as exigências não são as mesmas da produção acadêmica”.

O conhecimento escolar, portanto, não é uma reprodução fiel do

conhecimento científico. A transposição didática faz a adaptação desses conceitos

para uma aplicação em sala de aula.

É nesse processo que alunos e professores confrontam novos

conhecimentos, decodificando ou transpondo para a aprendizagem em sala de aula,

fazendo emergir as concepções espontâneas, confrontando-as, sendo conduzidos a

analisar fatos e princípios e, por um processo dialético, são levados à compreensão

de novos conceitos.

Ao adotar-se a bobina de Tesla como ferramenta para o ensino de

eletromagnetismo, procura-se contextualizar os conceitos abordados, possibilitando

ao aluno refletir sobre aspectos sociais e tecnológicos, uma vez que através da

observação dos fenômenos na experimentação ele possa analisar conceitos

presentes no seu dia a dia. Ramos (2009) salienta que na elaboração dos

procedimentos didáticos não se deve preocupar somente com o que se quer que o

aluno saiba, é preciso levar em consideração aquilo que o aluno pensa, para que

assim se possa atingir os objetivos desejados.

4.3 O laboratório estruturado e a proposta vigente

Independentemente do tipo de laboratório adotado, é de consenso dos

pesquisadores em ensino que a adoção do laboratório no ensino de Física permite

aos alunos explorar os conceitos estudados, aliados à realidade.

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Escolhemos o laboratório estruturado devido à quantidade de conceitos a

serem analisados e ao curto período de tempo disponível para execução. Entende-

se que em nossa proposta adota-se o laboratório estruturado, pois os alunos

recebem um roteiro. Porém, os objetivos não são delimitados anteriormente. Por

exemplo: ao colocar a lâmpada próxima à BT, os alunos não tinham conhecimento

quanto ao que iria acontecer. Não foi uma experimentação para comprovar uma

teoria, mas sim para mostrar ao aluno que as ondas eletromagnéticas exerciam uma

influência na lâmpada. Porém, questiona-se o porquê dessa influência. Foram

propostas explicações em grupo e, após as apresentações dessas, o professor fez a

abordagem quanto aos aspectos teóricos envolvidos.

Preocupamo-nos, ao confeccionar os roteiros, em apresentar o passo a passo

para a execução da sequência didática. A execução da sequência dos experimentos

se deu de forma detalhada, a fim de possibilitar o surgimento das concepções

espontâneas nos alunos e para que, após a apresentação das explicações sobre o

fenômeno observado, o professor pudesse apresentar a explicação de cada

fenômeno analisado, contribuindo no processo de aprendizagem.

Com o propósito de ir além do simples ato de encontrar uma resposta, o que

se busca é que o aluno observe, reflita, analise e discuta os fenômenos observados.

A avaliação desse processo foi de forma continuada, através de debates após cada

equipe apresentar seus resultados. Os alunos confeccionaram também um texto,

associando os diversos aspectos analisados com o dia a dia do aluno. A seguir

apresentamos o produto no qual consta a historia aplicação e funcionamento da BT.

4.4 Elaboração do texto como instrumento de avaliação

Na presente proposta, utilizamos como instrumento de avaliação, o

desenvolvimento de um texto dissertativo. Esse texto foi desenvolvido uma semana

após a aplicação da sequência didática e escolheu-se esse intervalo de tempo com

o objetivo de avaliar se os alunos tinham assimilado as informações analisadas.

Para o desenvolvimento do texto, o professor fez algumas ponderações sobre os

temas que nele deveriam estar presentes. A título de ilustração apresenta-se o

enunciado:

Faça um texto frente e verso na folha, contendo: A constituição da BT,

criação, transmissão e detecção do campo eletromagnético criado pela BT. No

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mesmo, faça uma correlação com as equações de Maxwell e o aparato analisado.

Contextualize as primeiras pesquisas sobre o rádio e o experimento analisado.

Optamos por serem abertas as questões formuladas pelo fato de que

permitem aos participantes expressarem seu pensamento com liberdade.

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5 PRODUTO

5.1 Apresentação

O produto desenvolvido neste estudo consiste numa sequência didática

experimental para o ensino de eletromagnetismo. Busca-se a construção do

conhecimento por meio da problematização, abordando-se a geração, a transmissão

e a detecção das ondas eletromagnéticas geradas pela BT.

Este estudo propicia ao aluno a formação dos conceitos básicos de

eletromagnetismo sob uma ótica pedagógica baseada nos conceitos sócio-históricos

de Vigotski. O produto é dirigido aos professores de eletromagnetismo da

engenharia, com a sequência didática possibilitando ao docente fazer uma conexão

entre a teoria e a prática, além de uma aprendizagem através de questionamentos e

visualizações dos conceitos de OEM.

Os conceitos de eletromagnetismo são de fundamental importância na

formação acadêmica do estudante de Engenharia Elétrica. Sendo esses conceitos

abstratos, o uso de atividades experimentais serve como ferramenta nesse

processo, pois, através de análise experimental, os alunos são instigados à

criatividade e à reflexão acerca da aplicabilidade desses conceitos, possibilitando a

compreensão dos fenômenos relacionados por estudantes e professores.

Vigotski (2007) salienta que o surgimento de habilidades na solução de

problemas se dá pelo desenvolvimento de novas funções psicológicas e pelo uso

dos instrumentos e signos verbais. Propõe-se com isso uma abordagem

experimental para o ensino de geração e detecção das ondas eletromagnéticas,

buscando promover problematizações favoráveis à compreensão desses conceitos e

das equações de ondas eletromagnéticas.

Com o objetivo de formar uma visão crítica quanto ao desenvolvimento

tecnológico, propõe-se a discussão sobre a invenção do rádio e as suas

semelhanças e diferenças em relação à Bobina de Tesla.

5.2 Introdução

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Essa sequência didática, baseada na teoria de Vigotski, possibilita, em cada

parte, o surgimento de signos, possibilitando o desenvolvimento das zonas de

desenvolvimento proximal e efetivo.

Para aplicação do produto adotamos diferentes estratégias:

A primeira se dá na exibição de um documentário, intitulado Tesla Mestre dos

Raios;

O professor exibe o documentário interrompendo-o a cada 15 minutos para

comentar os pontos importantes (criação e aplicações da BT): estes

comentários não deixaram a turma se dispersar.

Para a segunda, desenvolve-se um debate;

O debate deve frisar a contribuição de Tesla para o desenvolvimento da

telecomunicação. Porém, cabe ao professor observar o interesse da turma e

ponderar de acordo com suas observações.

A terceira estratégia é o uso de um artigo, abordando a história e a

construção da Bobina de Tesla;

O professor pode optar pelo artigo de Chiquito e Laciotti Jr ( 2000) ou pelas

informações na apresentação da Bobina de tesla, contidas nesta dissertação.

Em seguida, faz-se a demonstração do funcionamento da BT, explica-se a

função de cada componente do aparato experimental e equipamentos utilizados.

A quarta estratégia é a experimentação. Primeiro, identificam-se os

componentes responsáveis pelo funcionamento da BT. Os materiais e

cálculos referentes à construção do aparato são descritos em anexo. Os

alunos verificam, experimentalmente, a influência do campo eletromagnético

na lâmpada fluorescente. Em seguida, analisa-se a existência de tensão

elétrica no ar. Os alunos são indagados sobre como a tensão é transmitida

até o voltímetro e como ela influencia no brilho da lâmpada.

Após verificar a existência de tensão elétrica ao redor da bobina e observar

que a lâmpada acende sem conexão com a instalação elétrica da sala, segue-se a

discussão quanto aos conceitos de geração do campo eletromagnético, do efeito

dessas ondas na lâmpada e a relação entre a potência emitida pela lâmpada e a

distância da BT. O apêndice D, Funcionamento da Lâmpada fluorescente, possibilita

ao professor discutir sobre as diferenças entre brilho e luminosidade.

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A duração da sequência didática está prevista para 500 minutos, ou seja, 10

horas /aula. Ressaltamos a importância de comentar os pontos importantes das

aulas anteriores, sempre que o professor for dar continuidade à execução da

sequência didática. Apresentam-se no Apêndice A, a proposta e as fotos para

ilustrar a montagem do experimento e a aplicação dessa sequência didática de

ensino.

5.3 Objetivos

5.3.1 Objetivo geral

Tem-se como objetivo geral propor uma sequência didática experimental que

visa a despertar o interesse do aluno para os conceitos relacionados ao campo

eletromagnético, promovendo problematizações favoráveis à formação desses

conceitos e possibilitando uma compreensão conceitual das relações matemáticas.

5.3.2 Objetivos específicos

1. Compreender a importância de Nikola Tesla para o desenvolvimento

tecnológico, enfatizando seu pioneirismo na transmissão de ondas de rádio

através da Bobina de Tesla;

2. Detectar a presença de campo eletromagnético gerado pela Bobina de Tesla,

utilizando uma lâmpada fluorescente;

3. Verificar, experimentalmente, a existência de tensão elétrica em torno da

bobina;

4. Calcular a potência das ondas eletromagnéticas transmitidas pela Bobina de

Tesla;

5. Identificar antenas transmissoras e receptoras de ondas eletromagnéticas;

6. Identificar semelhanças e diferenças entre as ondas geradas pela bobina e as

ondas de rádio.

5.4 Uso do vídeo “Tesla Mestre dos Raios”

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Com o objetivo de apresentar aos alunos a importância das contribuições de

Tesla para a sociedade e despertar a curiosidade deles para o assunto, exibe-se o

documentário Tesla Mestre dos Raios, que retrata e a vida e obra de Nikola Tesla

(www.youtube.com/watch ).

Após o vídeo, organiza-se o debate, em que se abordam algumas questões,

como:

- Quem foi Tesla?

- Quais são os inventos de Tesla comentados no documentário que têm influência

direta em sua vida?

- Qual o objetivo da construção da bobina de Tesla? Ele foi alcançado? Explique-o.

- Quem inventou o rádio? Como essa questão é abordada no documentário?

A fim de possibilitar ao aluno várias abordagens para uma maior discussão

quanto ao tema, adotam-se questões abertas. Seguem, na sequência dessa

dissertação, algumas das questões aplicadas. Porém, o professor deve formulá-las

de acordo com a reação dos alunos na exibição do vídeo.

Com informações adquiridas ao assistir ao documentário e ao debate, passa-

se para a etapa de execução do experimento.

5.5 Materiais e equipamentos utilizados nas atividades experimentais

Os materiais necessários à execução da sequência didática são:

- bobina de Tesla constituída por: transformador neon, capacitor, indutor primário e

secundário e faiscador;

- cinco (5) lâmpadas fluorescentes de 40 W;

- multímetro, do qual serão utilizados o frequencímetro e voltímetro;

- cinco (5) trenas;

Os equipamentos e materiais podem ser observados na Figura 01.

Ressalta-se que, à exceção do transformador neon, todos os componentes da

bobina de Tesla foram construídos pelos alunos. Os detalhes dessa construção

encontram-se anexos a este material, no apêndice Construção da Bobina de Tesla.

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Figura 1: Equipamentos e materiais para experimento

Fonte: foto de Reginaldo Eustáquio

5.6 Orientações para execução do experimento

O experimento faz uso da BT (Figura 9), da lâmpada fluorescente, do

voltímetro, do frequencímetro e de trenas (Figura 1).

Na primeira etapa, formam-se equipes e faz-se uma demonstração com a

bobina. Em seguida, os alunos respondem às questões do item 5.7.1 (Identificando

as partes constituintes da BT e a função de cada uma) para se familiarizar com os

componentes da bobina.

Estando os alunos aptos a continuarem - pois já conhecem as partes

constituintes e suas respectivas funções - passa-se à verificação do campo

eletromagnético criado pela bobina, utilizando uma lâmpada fluorescente com

potência nominal de 40 W. Cada equipe em torno da bobina aproxima e distancia a

lâmpada anotando suas observações quanto à percepção do brilho. Um voltímetro

usado como antena receptora é posicionado em pontos marcados e refaz-se o

procedimento (ligar a BT), a fim de observar a tensão elétrica transportada pelas

ondas eletromagnéticas. Nesse tópico, faz-se uma análise quanto à potência

transmitida das ondas emitidas pela bobina.

Após observar experimentalmente a influência das ondas eletromagnéticas na

lâmpada, segue-se para a identificação das partes que correspondem às antenas: a

Bobina de Tesla como antena geradora e a lâmpada como antena receptora. Com o

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frequencímetro posicionado, liga-se a BT e registra-se a frequência da OEM.

Seguindo a sequência didática, inicia-se uma análise quanto às diferenças e às

semelhanças entre as ondas da bobina e as ondas de rádio. Essa análise remete o

aluno ao debate realizado após a exibição do vídeo.

Em cada atividade descreve-se a forma de execução, a fim de facilitar a

compreensão dos alunos e professores para a reprodução dessa sequência didática.

Porém, para iniciá-la necessita-se de conhecimentos básicos de eletromagnetismo,

como capacitância, indutância, campo elétrico e magnético, e, caso seja preciso, o

professor poderá consultar a teoria no final do produto ou as referências sugeridas.

5.7 Parte I – Analisando a bobina e o campo eletromagnético

5.7.1 Identificando os componentes da bobina e as finalidades de cada item

5.7.1.1 Material utilizado:

Bobina de Tesla (BT)

Identifique os itens listados abaixo, na Bobina de Tesla (BT), explique seu

funcionamento e descreva sua função:

a) transformador Neon;

b) faiscador;

c) capacitor;

d) indutor primário;

e) indutor secundário.

Nessa etapa o professor revisa conceitos sobre o funcionamento das partes

constituintes da bobina, podendo explorar as aplicações de alguns componentes nas

tecnologias existentes.

5.7.1.2 Resultados esperados

Espera-se que o aluno consiga identificar as partes constituintes. Porém,

quanto à função das partes, espera-se uma confusão entre as funções do indutor

primário e secundário, pois a função do indutor primário é criar um campo magnético

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variável, o qual irá induzir uma corrente elétrica no secundário. Este, por sua vez,

criará o campo eletromagnético em torno de sua área. Os dados descritos na

carcaça do transformador Neon possibilitam o entendimento da função deste.

O capacitor possui a função de aperfeiçoar o sistema, armazenando e

descarregando no indutor primário. Sendo seu funcionamento de fácil entendimento,

acreditamos que os alunos responderão de forma correta. No entanto, a explicação

da função do faiscador deve estar além dos conhecimentos prévios dos alunos.

5.7.2 Detectando a presença de campo eletromagnético

5.7.2.1 Material utilizado:

1. bobina de Tesla;

2. trenas;

3. lâmpadas fluorescentes tubulares de 40 W.

Cada equipe, tendo uma trena em mãos, deve medir a distância a partir da

bobina, marcando diferentes pontos onde a lâmpada será colocada para observar a

influência do campo eletromagnético na lâmpada fluorescente, como está ilustrado

na Figura 2.

Figura 2: Posições para medir o brilho da lâmpada

Fonte: foto de Reginaldo Eustáquio

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Em seguida, deve-se ligar a BT, variando a posição da lâmpada, começando

com um metro, depois posicionando a dois metros, e, finalmente, a três metros,

observando-se a intensidade do brilho para cada posição da lâmpada.

Refaça o experimento segurando a lâmpada a 0,3 m do solo (Figura 3);

OBS. A BT esta sobre o piso da sala.

Figura 3: Observando a influência das ondas eletromagnéticas

Fonte: foto de Reginaldo Eustáquio

1. Explique a dependência entre a potência emitida pela lâmpada e as

distâncias analisadas.

2. O que se pode concluir quanto ao item analisado? Explique.

3. Segure a lâmpada a 0,50m da sua extremidade inferior da lâmpada e

ligue a bobina. Segure na extremidade inferior da lâmpada e ligue a bobina.

Descreva o fenômeno observado. Explique.

5.7.2.2 Resultados esperados

Ao analisar a influência do campo eletromagnético na lâmpada, os alunos

poderão correlacionar a potência luminosa da lâmpada com a sua distância à BT.

Se a BT emitisse igualmente em todas as direções, a sua potência por área deveria

variar com o inverso do quadrado desta distância. Apesar da BT não emitir

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isotropicamente, espera-se que a sua energia emitida se distribua por áreas maiores

à medida que se afasta da fonte e que, portanto, a energia transmitida à lâmpada

diminua com o afastamento. Isto resulta em uma diminuição da luminosidade da

lâmpada.

Ao refazerem o experimento segurando a lâmpada a uma distância de 30 cm

do solo e a 1m da BT, poderão observar que a potência emitida pela lâmpada será

menor do que para as distâncias analisadas com a lâmpada a uma distância de 1m

do solo e a 1m da BT. Isto ocorre porque a 30 cm do solo pode-se considerar como

se fosse uma BT pequena (30cm) e a 1m do solo temos uma BT com maior número

de espiras, o que possibilitará um campo eletromagnético mais intenso.

Quanto a segurar a lâmpada em partes diferentes desta, ocorrerá que o corpo

humano funciona como o ponto de aterramento, fechando o circuito. Logo, ao

segurarmos no meio da lâmpada, esta emitirá brilho apenas em sua metade. Ao

segurarmos em sua extremidade, toda a lâmpada emitirá brilho.

5.7.3 Verificando a presença de tensão elétrica associada às ondas

eletromagnéticas

5.7.3.1 Material utilizado:

1. bobina de Tesla;

2. trena;

3. voltímetro.

a) Cada equipe, tendo um voltímetro em mãos, deve posicionar-se nos

pontos marcados. Coloque as pontas de prova do voltímetro voltadas para o teto

como está mostrado na Figura 4. Ligue a BT, afaste o multímetro e registre a

intensidade da tensão para as seguintes distâncias, entre as pontas de prova e a

BT:

1,0m; 2,0m; 3,0m e 4,0m;

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Figura 4: Medindo a tensão elétrica, ao fundo está a Bobina de Tesla

Fonte: foto de Reginaldo Eustáquio

Refaça o item a, segurando o voltímetro a 0,3m do piso.

a) O que se pode concluir? Explique.

b) Como é possível existir tensão no ar?

c) Pode-se afirmar que o brilho da lâmpada depende da tensão aplicada? Por

quê?

d) Ondas se propagando entre duas antenas (similares às usadas em

telecomunicações) devem transportar potência? Como se pode quantificar isso?

Sugestão: analisar o tópico “Vetor de Poynting”.

Segundo Nascimento (2000), o “enfraquecimento” da onda eletromagnética

no vácuo é um fenômeno puramente geométrico. No caso da emissão de uma OEM

por igual em todas as direções, sua intensidade é dada pela expressão

)1(,4 2r

PI t

onde r é a distância entre a fonte e o observador e Pt é a potência emitida pela fonte.

e) Discuta a relação dessa equação com a intensidade do brilho da lâmpada

analisado e com os valores obtidos com o voltímetro.

5.7.3.2 Resultados esperados

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Espera-se que o aluno consiga fazer uma correlação entre a potência da

lâmpada analisada no item anterior (explique a dependência entre a distância da

lâmpada até a BT com o brilho analisado) com a tensão registrada no voltímetro,

pois os valores registrados irão diminuir com a distância entre o voltímetro e a BT.

Da mesma forma as tensões medidas a uma altura igual ao terminal do indutor

secundário da BT serão maiores que as tensões registradas a uma mesma distância

e a 30 cm do piso.

A OEM possui a capacidade de transmitir energia, o que possibilita a análise

com o voltímetro. Espera-se então que os alunos correlacionem a potência luminosa

emitida pela lâmpada com as tensões registradas, visto que existe uma relação que

é expressa através do Vetor de Poynting. Toda a análise feita, referente ao brilho e

tensão transmitida, será baseada na equação de potência analisada no item Vetor

de Poynting.

5.7.3.3 Identificando as antenas geradoras e receptoras de ondas

eletromagnéticas

Observação: O professor deve enfatizar que toda bobina de Tesla é

composta tanto pelo indutor primário quanto pelo secundário. Assim evita-se uma

confusão entre as partes da BT. Constantemente os alunos se referem à BT

considerando apenas a bobina secundária.

a) Identifique (no experimento realizado para verificação da tensão elétrica e

influência das ondas eletromagnéticas na lâmpada fluorescente) a antena emissora

e receptora. Explique como se deu essa identificação.

b) Comente a relação entre a potência irradiada pela bobina de Tesla e as

tensões encontradas em pontos diferentes.

c) Existe uma relação entre essa potência irradiada com o brilho da lâmpada

analisado? Explique.

d) As ondas eletromagnéticas possibilitaram que a lâmpada acenda? É

possível fazer funcionar um liquidificador com essas ondas? Por quê?

5.7.3.4 Resultados esperados

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Presume-se que os alunos identificarão facilmente quais elementos (BT ou

lâmpada) constituem a antena emissora e a antena receptora, uma vez que nos

itens anteriores foi possível verificar que a BT emite ondas eletromagnéticas e assim

representa a antena geradora no processo, enquanto a lâmpada, ao receber as

OEM geradas pela BT, emite brilho e representa a antena receptora.

Quanto maior a potência das OEMs mais intenso será o brilho emitido pela

lâmpada. Logo, como a potência convertida em luminosidade da lâmpada possui

uma relação com a distância da BT ou antena emissora, o aluno poderá concluir

corretamente acerca dessa relação. Porém, presume-se que o aluno não possua

conhecimento prévio para responder à indagação sobre a possibilidade de fazer

funcionar um liquidificador com as OEMs. Como a potência da onda eletromagnética

se dissipa no espaço, a energia também se dissipa, enquanto que o liquidificador

necessita de uma grande potência para seu funcionamento e esta potência está

diretamente associada ao valor da corrente de alimentação para criar o campo

magnético no núcleo (induzido) do motor.

5.7.4 Analisando o comprimento de onda

5.7.4.1 Material utilizado:

1. bobina de Tesla;

2. trena;

3. frequencímetro.

Seguindo a execução da sequência didática, passa-se para a análise da

frequência (f) e comprimento de onda (λ) das OEM geradas pela BT. Estando a

bobina ligada, posiciona-se o frequencímetro a uma distância de 2 m da BT e

registram-se seus valores de frequência. É possível calcular o comprimento das

ondas emitidas pela BT através da relação na Equação 2:

(PAUL, 2006)

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onde c é a velocidade da luz no vácuo (aproximadamente 3,0 x 108 m/s) e f é

a frequência da onda.

a) Com o valor registrado pelo frequencímetro, calcule o comprimento de

onda (λ) expressando sua unidade no SI (Sistema Internacional de medidas).

É a frequência que diferencia uma onda eletromagnética da outra. A

frequência das ondas de rádio vai de 530 kHz a 1.600 kHz (rádio AM).

b) O que se pode concluir ao se comparar o comprimento de onda da bobina

de Tesla ao do rádio?

c) Calcule o período (T) dessas ondas analisado e represente-o em desenho.

5.7.4.2 Resultados esperados

Ao calcular o comprimento de onda através da relação entre o comprimento

de onda, a velocidade da luz e a frequência da onda, o aluno poderá concluir que a

diferença de frequência implica em comprimentos diferentes e, consequentemente,

em períodos diferentes da OEM.

5.7.5 Semelhanças e diferenças entre as ondas eletromagnéticas geradas pela

BT e o sistema de Rádio

a) De acordo com Rios (2002), as ondas de rádio que se propagam entre a

antena transmissora e a antena receptora são chamadas ondas eletromagnéticas. A

antena transmissora transforma variações de tensão e corrente elétrica produzida

pelo equipamento transmissor em ondas eletromagnéticas, sendo a antena

receptora responsável pela captação e conversão das ondas transmitidas em sinais

elétricos.

Diante do analisado nos itens anteriores quanto à geração e a recepção das

ondas eletromagnéticas, quais semelhanças ou diferenças existem entre a BT e o

Rádio?

b) O que possibilita a lâmpada acender é o mesmo que possibilita as

informações chegarem ao rádio receptor? Sim. Não. Explique.

c) As ondas de rádio são semelhantes às ondas geradas na BT (Bobina de

Tesla)? Explique.

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d) Segundo o documentário Tesla Mestre dos Raios, o primeiro pedido de

patente da invenção do rádio foi negado a Marconi devido às semelhanças as

patentes de Tesla. Que semelhanças são essas?

e) Alguns historiadores atribuem a “Tesla a invenção do Rádio”. Esse feito é

relacionado a Nikola Tesla devido a pesquisas com a bobina de Tesla. Tendo

analisado o funcionamento da bobina de Tesla quanto à geração, à transmissão e à

recepção das ondas eletromagnéticas, construa um texto de dez (10) linhas,

apresentando sua conclusão quanto à contribuição de Tesla para o desenvolvimento

do rádio.

f) Finalizando este trabalho, faça uma pesquisa sobre o Padre Roberto

Landell de Moura.

o Após a pesquisa, você mudaria algo na sua conclusão? Por quê?

5.7.6 Resultados esperados

A semelhança está no funcionamento, uma vez que as pesquisas com a BT

foram pioneiras na transmissão de rádio. Assim, o que possibilita a lâmpada emitir

brilho sem estar ligada à rede elétrica é o mesmo que possibilita a chegada de

informações ao rádio, as ondas eletromagnéticas.

As semelhanças questionadas se referem ao funcionamento físico do

sistema, sendo o princípio de geração e recepção do sistema de Marconi igual ao de

Tesla.

Interessante ressaltar como o patriotismo aflora, pois após fazer a pesquisa

sobre o Padre e pesquisador Landell de Moura, parte do texto redigido será alterado.

Os alunos remetem esse fato ao acontecido com Santos Dumomt.

5.7.7 Explorando um pouco mais o eletromagnetismo da Bobina de Tesla

De acordo com a lei de Ampère, uma corrente elétrica cria um campo

magnético e, quando o último varia, aparece um campo elétrico( explicado pela lei

de Faraday) que, agindo em um meio condutor, resulta em uma corrente elétrica.

Logo, o surgimento de uma corrente variável em um dos circuitos da BT possibilita

uma interação entre os dois circuitos, ou seja, ao energizar o enrolamento da bobina

primária Lp com uma corrente alternada, surge um campo magnético variável. Isso

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ocasiona o surgimento de uma indutância mútua entre a bobina primária e

secundária Ls.

De acordo com Young e Fredmam (2004), na presença de material

magnético, a indutância mútua M depende das propriedades magnéticas e

geométricas do material.

Essa indutância entre as duas bobinas é calculada através de:

onde é o número de espiras do indutor primário,

é o fluxo magnético em cada uma das espiras do indutor primário,

é a indutância mútua entre a bobina primária e secundária e

é a intensidade de corrente na bobina primária. Logo:

Segundo Halliday (2006), o fluxo magnético é a integral de superfície

)5(, AdBBs

onde B

é o campo magnético e Ad

é um elemento infinitesimal de área, orientado

perpendicularmente ao plano da espira, e o “ponto” indica o produto escalar entre

estes vetores.

Considerando um campo magnético constante orientado perpendicularmente

ao plano das espiras, de área A,

Usando a lei de Ampère, podemos obter o campo magnético no enrolamento

secundário, que fica

onde Ns é o número de espiras no enrolamento, l é o seu comprimento e é a

permeabilidade magnética.

Usando a equação 7 na equação 6, temos:

Nesta equação, Bs é o fluxo magnético através de uma única espira no

indutor , A é a Área do solenóide, é o Campo magnético do indutor secundário

e é o comprimento do indutor secundário.

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Substituindo 8 em 4, finalmente se têm a equação da indutância mútua,

correlacionando as grandezas físicas dos indutores primário e secundário.

onde é o número de espiras do enrolamento primário e é o número de espiras

do secundário.

Exercício 1

Estimando o comprimento , a área A e os números de espiras dos

indutores, secundário e primário da Bobina de Tesla, calcule a indutância mútua.

Exercício 2

Sabendo que a intensidade da corrente no indutor primário é fornecida pelo

transformador, adote a indutância mútua calculada no item anterior para calcular o

fluxo magnético médio através de cada espira do solenoide secundário.

5.7.8 A criação de um campo elétrico devido ao campo magnético variável

Nesta parte do estudo deve-se distinguir, claramente, um campo elétrico

produzido por cargas, de acordo com a Lei de Coulomb, de um campo elétrico

produzido por um campo magnético variável (Young e Freedman, 2004, p.274). Ou

seja, analisar-se-á, nesta parte do presente estudo, o campo elétrico produzido pelo

campo magnético criado pelo solenóide secundário .

Wentworth (2006) evidencia que, em uma bobina com N espira idêntica,

atravessada por um fluxo magnético que varia com a mesma taxa em todas as

espiras, ocorre o surgimento de uma força eletromotriz induzida , proporcional ao

número de espiras. De acordo Young e Freedman (2004).

Quando uma carga q completa uma volta em torno da espira, o trabalho

realizado pelo campo elétrico é igual ao produto da carga q pela fem

. Logo se conclui que o campo não é conservativo (WENTWORTH, 2006), como

se pode ver em Young e Freedman (2004), que mostram que a integral de linha de

campo elétrico ao longo do percurso fechado não é igual a zero.

Observe que a Equação 10 fornece uma relação entre a variação do campo

magnético com o campo elétrico, ou seja, a geração do campo elétrico ao longo das

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espiras em decorrência da variação do campo magnético que as atravessa. Todavia,

de acordo com as equações de Maxwell sobre o eletromagnetismo, esta mesma

variação do campo magnético nas espiras faz a BT emitir uma OEM - por exemplo,

Young e Freedman (2004), em que na propagação da OEM a relação entre os

módulos dos campos elétricos e magnéticos fica dada por.

sendo

denominado de kapa é uma constante que depende do meio e c é a

velocidade de ondas eletromagnéticas no vácuo, cujo valor aproximado é 3x108 m/s.

5.7.9 Intensidade das ondas eletromagnéticas: uma descrição do vetor de

Poynting.

As ondas eletromagnéticas transportam energia. Isso pode ser verificado ao

colocar a lâmpada fluorescente na presença do campo eletromagnético gerado pela

BT. No item d) da 5.7.3, mostra-se que a energia transmitida por uma onda

eletromagnética pode ser quantificada através do vetor de Poynting (S) definido por:

Em qualquer ponto do espaço, o vetor de Poynting tem a orientação de

propagação da onda eletromagnética (KNIGHT, 2009).

Exercício 4

Utilizando os dados calculados no itens anteriores, calcule com uma

aproximação o vetor de Poynting e o módulo. Esses valores estão de acordo com a

realidade das ondas eletromagnéticas emitidas pela bobina de tesla? Explique.

Exercício 5

Calcule a intensidade da onda eletromagnética emitida pela bobina de Tesla

sobre a lâmpada fluorescente. Esses valores estão de acordo com a realidade?

Explique.

5.8 Entendendo a bobina de Tesla

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5.8.1 Nikola Tesla

Figura 5: Nikola Tesla.

Fonte: (NETTO, 2012)

Nikola Tesla (Figura 5), nascido na Croácia em 1856, estudou nas

Universidades de Gratz, na Áustria, e de Praga, na República Checa (antiga

Checoslováquia). Radicado nos Estados Unidos da América, trabalhou com Thomas

Edson, pelo qual possuía grande admiração, transformada mais tarde em ódio

(CHIQUITO; LANCIOTTE, 2000). Inventor do sistema de correntes alternadas (AC) e

várias outras invenções para esse sistema, trabalhou posteriormente para a

Westinghouse, onde impulsionou a utilização da corrente alternada na rede elétrica.

Esse feito despertou a ira de Thomas Edson, levando-os a uma batalha na qual

Edson defendia o uso da Corrente Contínua (CC) e Tesla, o uso da Corrente

Alternada (CA), chamada Guerras das Correntes.

Suas pesquisas com a Bobina de Tesla foram pioneiras no sistema de

transmissão de Rádio. Em 1914, processou judicialmente Marconi, o qual afirmou ter

inventado o rádio. Em 1943, ano em que Tesla morreu, a Corte Suprema de Justiça

dos Estados Unidos deu-lhe a patente da invenção do rádio (FERREIRA, 2012).

5.8.2 Bobina de Tesla

5.8.2.1 Campo Eletromagnético

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Toda carga elétrica gera uma modificação no espaço, capaz de influenciar

outras cargas elétricas, o que se denomina “campo elétrico” (E).

Porém, esta carga, ao se movimentar, cria em torno de si outro campo,

denominado campo magnético (H). Assim, o fluxo ordenado de cargas, ao formar a

corrente (i), influencia diretamente esse campo.

O campo elétrico e o magnético podem existir, independentemente de cargas e de correntes para criá-los, em uma região do espaço livre de fontes... Nossa afirmação é a de que os campos podem existir de um modo autossustentado, em que uma variação do campo magnético cria um campo elétrico (lei de Faraday), o qual, por sua vez, varia exatamente da maneira correta para recriar o campo magnético original (lei de Ampére-Maxwell) (KNIGHT, 2009,p 53).

A propagação desses campos no vácuo se dá formando a onda

eletromagnética (OEM), que se desloca à velocidade da luz (c = 3,0 x 108 m/s).

Segundo Young e Freedman (2004), por exemplo, as ondas eletromagnéticas

senoidais são diretamente análogas às ondas mecânicas transversais em uma corda

esticada. Nessa onda eletromagnética senoidal, E e B, em qualquer ponto do

espaço, são funções senoidais, e o conjunto todo se desloca na direção e sentido de

propagação, sendo o campo magnético perpendicular ao campo elétrico (Figura 6 ).

Figura 6: Representação de uma onda eletromagnética.

Fonte: (PRAS, 2012)

As ondas eletromagnéticas são ondas progressivas que transportam energia

de uma região para outra (por exemplo, YOUNG, FREEDMAN, 2004). Ao se

propagar, a energia das ondas eletromagnéticas se distribui entre o campo elétrico e

o campo magnético, que estão em fase. Tanto o campo elétrico quanto o campo

magnético são capazes de induzir uma corrente elétrica em um aparelho de

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medição. Logo, ao se posicionar um equipamento de medição espera-se obter

alguma influência das ondas eletromagnéticas.

Essa onda transporta energia, que pode ser descrita em termos quantitativos

através do produto vetorial denominado “densidade de potência”:

)14(HES

(aqui apresentado em unidades SI). Como foi o físico inglês John Henry

Poynting (1852-1914) quem mostrou que este vetor corresponde à potência por área

transversal transmitida pela onda eletromagnética, ele passou a ser conhecido como

“vetor de Poynting”.

As ondas eletromagnéticas, similares em algumas grandezas às ondas

criadas ao atirar uma pedra em um lago, possuem a sua frequência dependente da

sua fonte de emissão. Ao jogar uma sequência de pedras em um lago, pode-se

perceber que as ondas criadas possuem a sua frequência de acordo com o intervalo

em que as pedras são atiradas.

A relação entre o período do campo (T), a frequência cíclica (f) e o

comprimento de onda (λ) podem facilmente ser visualizadas na Figura 7.

Figura 7: Definição de comprimento de onda.

Fonte: (PORTINOI, 2012)

Observe que quanto menor o comprimento de onda, maior a sua frequência,

em acordo com a equação 2.

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Os fatores de fase e atenuação das ondas eletromagnéticas dependem de

outros fatores, como o meio em que se propagam. Se a mesma OEM deslocar-se no

ar ou no vácuo, ela apresentará comprimentos de onda diferentes. O comprimento

de onda depende do meio em que a OEM se propaga, que pode ser um dielétrico no

solo, a água doce ou do mar, etc. (por exemplo, RIBEIRO, 2008). Porém, aqui nessa

seção preocupar-se-à em analisar os parâmetros físicos dessas ondas como

comprimento e período das ondas, sem se ater a seus detalhes, como o tipo de meio

de propagação, os quais serão analisados no decorrer desse estudo.

5.8.2.2 Funcionamento da Bobina deTesla

A bobina de Tesla é um circuito ressonante que possibilita a transferência de

energia entre dois circuitos, o primário e o secundário. O circuito primário é formado

por quatro componentes listados a seguir e apresentados esquematicamente na

Figura 8:

Transformador primário (T), que possui voltagem de saída de 12kV,

com uma corrente nominal de 30mA;

Capacitor (C);

Indutor (L1);

Centelhador;

O circuito secundário é formado apenas pelo indutor secundário L2.

Figura 8: Esquema elétrico da BT.

Fonte: (LABURU, 1991)

Na Figura 9 podemos visualizar o aparato BT representado pelo esquema

elétrico da Figura 8.

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Figura 9: Foto da BT usada para essa dissertação

Fonte: foto de Reginaldo Eustáquio

Na Figura 8, observa-se que o transformador (T) tem a função de elevar a

tensão elétrica de 127 VCA (volts corrente alternada) para 12kV. Essa tensão, sendo

suficiente para vencer a rigidez dielétrica do ar (campo elétrico máximo, suportado

pelo ar), entre as extremidades do centelhador, produz uma centelha entre elas,

fechando o circuito. A carga armazenada no capacitor é disparada ao indutor

primário (LP ou L1), criando um intenso campo eletromagnético no indutor

secundário (LS ou L2). A relação de espiras entre o indutor primário e secundário

possibilita um aumento da tensão. Outros fatores discutidos no Apêndice C

(construção da bobina de Tesla) influem nesse aumento da tensão.

Ao ocorrer a descarga no centelhador, o capacitor (C) é descarregado,

liberando toda a energia para a bobina primária (LP) do transformador da BT. Esse

processo se repete a cada descarga do capacitor C, formando um circuito oscilador.

Com essa oscilação, toda a energia acumulada no circuito primário é passada ao

secundário (L2) de forma pulsada.

Nos terminais do indutor secundário (L2), verifica-se uma coroa de descarga

formando pequenos relâmpagos (efeito corona). No protótipo usado nesta

dissertação, o aumento foi para 500kV. Esse valor pode ser verificado nos cálculos

citados no apêndice (A construção da BT), a Figura 10 possibilita a visualização da

descarga no terminal superior do indutor secundário (L2).

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Figura 10: Descarga no terminal do indutor secundário LS

Fonte: foto de Reginaldo Eustáquio

5.8.3 História e aplicação da Bobina de Tesla

Construída para realizar pesquisas com correntes alternadas em altas

frequências, acima de 100kHz, a bobina de Tesla (Figura 11) é um transformador

elevador de tensão (CHIQUITO; LANCIOTTI,2000). Os efeitos produzidos pelas

altas tensões possibilitam as mais espetaculares demonstrações que se podem

realizar em Física.

Figura 11: Bobina construída por Tesla. Ao fundo Tesla lendo um livro.

Fonte: (SILVEIRA, 2012)

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As aplicações da Bobina de Tesla destacam-se na indústria e na medicina.

Na indústria são usadas em alguns tipos de fornos; em medicina, as correntes de

altas frequências produzidas por uma BT foram usadas em uma técnica chamada

diatermia, na qual se submete o paciente a correntes de altas frequências e, em

virtude do efeito joule, os órgãos internos são aquecidos (CHIQUITO; LANCIOTTI,

2000).

A maior aplicação da BT foi nas pesquisas de transmissão de sinais

eletromagnéticos. Previstas teoricamente por Maxwell, em 1865, e verificadas

experimentalmente por Hertz, em 1886 (WENTERSON, 2006), as ondas

eletromagnéticas foram o foco da pesquisa com a Bobina de Tesla. Com as

pesquisas desenvolvidas, Tesla marcou os primórdios da radiodifusão.

5.8.4 Grandezas típicas da radiação

Antes de iniciar a próxima análise, é interessante salientar ao leitor as

grandezas eletromagnéticas observadas no brilho da lâmpada. Em uma lâmpada

elétrica acesa, é possível verificar uma série de radiações: infravermelha, ultravioleta

e luz visível.

O espectro eletromagnético é o “DNA” dessas radiações, cuja classificação se

dá pela frequência (f) e comprimento de onda (λ) (Figura 12)

Figura 12: Gráfico espectro eletromagnético.

Fonte: (PRAS, 2012)

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Observa-se que, ao aumentar a frequência do espectro, diminui o

comprimento de onda devido à relação

onde c é a velocidade da luz.

O grupo de radiações compreendidas entre 380 nm e 760nm tem a

capacidade de estimular a retina do olho humano, produzindo a sensação luminosa.

Esta faixa do espectro luminoso, denominada luz visível, está indicada na Figura 13.

A lâmpada utilizada no experimento para analisar a área de influência do

campo eletromagnético produzido pela BT emite luz com comprimento de onda

dentro desta faixa, o que possibilita analisar o brilho desta lâmpada pela sensação

que produz.

Através da relação dada pela equação (15), infere-se que o olho humano

percebe apenas frequências que vão de 4,3x1014 Hz a 7x1014 Hz.

Figura 13: Espectro visíveis ao olho humano.

Fonte: (FIGUEIREDO, 2005)

5.8.5 Perigos da Bobina de Tesla

Bobinas de Tesla são potencialmente fatais. A construção de um dispositivo

como uma BT necessita de monitoramento rigoroso de pessoal qualificado em

operações de circuitos de altas voltagens. Cabe ao professor procurar informações

acerca dos perigos potenciais do aparato. Silva (2012) recomenda o estudo dos

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documentos Electrical Safety (Segurança Elétrica) e Tesla Coils Safety Information

(Bobinas de Tesla – Informações de Segurança).

Ao se trabalhar com Bobinas de Tesla, é provável que se esteja exposto a

tensões e correntes muito altas, capacitores carregados, fiação exposta, fortes

campos elétricos e magnéticos, correntes induzidas, perigo de incêndio, perigo

químico e explosão, ozônio, luz ultravioleta e ruído alto (SILVA, 2012).

Na construção do protótipo simples, obtem-se valores de tensão

extremamente elevados. Tornam-se necessários, portanto, alguns cuidados, que

ficarão evidentes nos itens seguintes.

5.8.5.1 Alta tensão e altas frequências

Tensões com valores acima de 72,5 kV são caracterizadas como “alta tensão”

(ver a tabela-1). Porém o perigo da eletricidade não está necessariamente nas altas

tensões, mas na intensidade da corrente que pode surgir no organismo quando

submetido a estas tensões. Define-se corrente (i) como a quantidade de carga

elétrica que atravessa um condutor por unidade de tempo, estando relacionada à

tensão elétrica (V) através de:

onde R é a resistência elétrica

Até o limiar de sensação, que é de aproximadamente 3 mA, a corrente que

atravessa o corpo humano é praticamente inócua, qualquer que seja sua duração. A

partir desse valor, à medida que a corrente cresce, a contração muscular torna-se

mais desagradável (ALCANTARA, 2012), podendo causar a fibrilação ventricular aos

15mA.

Alcantara (2012) afirma que, para as frequências industriais (50 - 60 Hz ),

desde que a intensidade não exceda o valor de 9mA, o choque não produz

alterações de consequências graves. Quando a corrente ultrapassa 9mA, as

contrações musculares tornam-se mais violentas e podem chegar ao ponto de

impedir que a vítima se liberte do contato com o circuito. Se a zona toráxica for

atingida, poderão ocorrer asfixia e morte aparente2, caso em que a vítima morre se

não for socorrida a tempo.

2 Estado de imobilidade absoluta confundível com a morte verdadeira.

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O circuito primário do protótipo que será descrito possui uma corrente de

30mA e tensão de 12kV, caracterizando um perigo potencial ao operador.

Tabela 1: Classificação das tensões

Baixa Tensão 0 V <1000 V

Média Tensão >1000 V < 72500 V

Alta Tensão > 72500 V < 242000 V

Extra- alta Tensão >242000 V < 800000 V

Fonte: (ALCANTARA, 2012)

De acordo com a tabela 1, a descarga da BT classifica-se como de extra-alta

tensão, pois no secundário da BT temos uma descarga de aproximadamente 500kV,

acima do limite de 72kV para o que se considera como alta tensão.

Deve-se tomar cuidado com o circuito primário da BT, que apresenta baixa

frequência e tensão de 12 kV. A BT possibilita a transformação de 12kV do

transformador primário (TP) para mais de 100 kV, caracterizando alta tensão (tabela-

1), na saída do indutor secundário (LS) da BT (Figura 14). O valor dependerá do

protótipo construído. Mesmo apresentando uma baixa corrente e alta frequência, a

bobina proporciona perigo em suas descargas.

Figura 14: Esquema elétrico da bobina de tesla.

Fonte: (LABURU, 1991)

Existe um mito de que os perigos de corrente elétrica de alta frequência são

menores que os de frequências mais baixas: isso é um erro ( ALCANTARA, 2012).

As bobinas de Tesla grandes podem apresentar níveis perigosos de corrente de alta

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frequência, pois possuem tensões significativamente altas. Perigos como

queimaduras, descargas diretas do capacitor e arcos que podem carbonizar a carne

estão presentes na BT. A BT é um perigo potencial aos portadores de marcapasso.

Alvaro et al (2012) corroboram a idéia ao salientar que,

modernamente, todo gerador de marcapasso é protegido contra sinais de

interferência em alta frequência por meio de sua cápsula metálica, geralmente

construída a partir de uma liga de titânio, e possui também capacitores de filtro

localizados estrategicamente em sua estrutura arquitetônica para atenuar as

eventuais perturbações que o alcança. Todavia, orienta aos portadores de

marcapasso a não se exporem a experimentações com campos eletromagnéticos.

Salienta-se a necessidade de um aviso, pois ocasionalmente pode a frequência de

operação da BT ocasionar interferência na frequência do marcapasso.

Devido a tais riscos, o operador deve evitar contato direto com a descarga.

Para fazer uma experimentação com as descargas, deve-se fixar um metal em um

pedaço de aproximadamente 0,5m de madeira ou tubo PVC, devendo-se atentar

para o tamanho do material isolante, pois este quando pequeno, possibilita

descargas entre a extremidade de metal e a mão do operador. Outra forma de

proteção seria usando uma gaiola de Faraday (Figura 15) que, por ser um condutor

oco, não apresenta campo elétrico em seu interior, similarmente à proteção que o

automóvel oferece durante uma descarga atmosférica.

Figura 15: Apresentação da gaiola de Faraday.

Fonte: foto de Reginaldo Eustáquio

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5.8.5.2 Ozônio

O ozônio é uma forma química ou "alotrópica" de oxigênio, assim como o diamante e o carvão são formas alotrópicas do carbono. O oxigênio molecular consiste de dois átomos de oxigênio (O + O) formando uma molécula di-atômica de oxigênio (O2). O ozônio é composto por três átomos de oxigênio, que formam uma molécula tri-atômica de oxigênio (O3). Embora seja verdade que o ozônio, em doses muito elevadas pode ser tóxico, também é tão verdadeiro que o ozônio é essencial para a vida na Terra (FILHO, et.al 2013, p. 08).

Ao ligar a Bobina de Tesla, percebe-se que o terminal superior da bobina

secundária torna-se luminescente, provocando cheiro forte no ar. Isso se deve à

formação de ozônio (O3): os elétrons liberados e capturados no terminal levam à

ionização do ar e à produção de ozônio (O3). Mais informações técnicas podem ser

encontradas em Filho, et. al (2013). Devido ao ozônio ser tóxico, Laburu (1991)

aconselha fazer a experimentação em locais ventilados e não deixar a bobina ligada

por períodos superiores a alguns minutos. Silva (2002) salienta que, ao operar uma

BT, deve-se ter certeza de ter ventilação adequada, proteção auditiva e deve-se

evitar olhar diretamente para os faiscadores quando estiverem em ignição e, se

possível, dispor de um extintor de incêndio e óculos de segurança.

5.8.5.3 Efeitos da radiação eletromagnética no organismo humano

Ao executar a sequência didática, alunos e professores estarão imersos no

campo eletromagnético criado pela BT, o que leva a alguns questionamentos quanto

à influência do campo eletromagnético no corpo humano.

Algumas das radiações eletromagnéticas, em contato com o corpo humano,

podem produzir efeitos biológicos. Ao afetar átomos e moléculas, poderão afetar

células. As radiações se classificam em ionizantes e não ionizantes, dependendo da

frequência (f) dessas radiações. Segundo a teoria quântica de Einstein a energia do

“quantum” de radiação eletromagnética (fóton) é dada por

onde: h = 6,63x10-34 J.s é a constante de Planck (por exemplo, EISBERG;

RESNICK,1979).

Segundo Mercon (2012), as radiações ionizantes incluem os raios alfa, beta e

gama. Essas radiações eletromagnéticas possuem energia dos fótons superior a 12

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eV, o que possibilita a produção de íons ejetando os elétrons orbitais dos átomos de

Carbono (C), Hidrogênio (H), Oxigênio (O) e Nitrogênio (N).

Em frequências mais baixas que as das emissões de luz, incluindo as faixas

de microondas, os campos eletromagnéticos não possuem energia suficiente (10 eV)

para provocar a quebra das ligações químicas, como no caso anterior e, portanto,

essa radiação é chamada de não ionizante (MERCON, 2012).

Os efeitos das radiações não ionizantes, como os térmicos, são de relevância,

pois traduzem-se num aumento da temperatura dos tecidos biológicos. Segundo

Nascimento (2012), as frequências da ordem de quilohertz (Kz), que são

classificadas e usadas para transmitir informações, não implicam perigo potencial à

exposição. Como a frequência da Bobina de Tesla está na faixa de quilohertz (ver o

Apêndice construção da BT), as suas ondas eletromagnéticas não apresentam

perigo.

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6 APLICAÇÃO DO PRODUTO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

6.1 Metodologia da pesquisa

Descreveremos neste tópico como desenvolvemos e aplicamos a sequência

didática e analisamos os seus resultados, avaliando-a. O desenvolvimento dessa

pesquisa divide-se em quatro etapas, sendo a primeira não computada como

aplicação da sequência didática, mas como levantamento dos conhecimentos

prévios dos alunos acerca dos conhecimentos de campo elétrico, campo magnético

e ondas eletromagnéticas. A aplicação apresentou três etapas realizadas em 10

horas/aulas.

1 etapa – levantamento das concepções prévias dos alunos;

2 etapa – exibição do documentário Tesla Mestre dos Raios;

3 etapa – aplicação da sequência didática;

4 etapa – avaliação dos conceitos.

6.1.1 Escolha dos participantes

Essa sequência didática é uma proposta para o ensino de Física II e

Eletromagnetismo I. Foi aplicada para os alunos do quarto período de Engenharia

Civil, na disciplina Física II, e para o quinto período de Engenharia Elétrica, na

disciplina Eletromagnetismo I do INSTITUTO DOCTUM DE ENSINO E PESQUISA -

MG. Vale ressaltar que para os setenta e cinco (75) alunos de Engenharia Civil,

aplicamos a sequência a título de teste, ou seja adaptando o questionário, pois com

os resultados deste teste algumas questões foram retiradas e outras alteradas para

a montagem da sequência didática.

Para os vinte e sete (27) alunos de Engenharia Elétrica aplicamos todas as

etapas a fim de testar a validade da sequência didática.

O INSTITUTO DOCTUM oferece os cursos de Engenharia Elétrica e

Engenharia Civil, os quais possuem em suas grades curriculares as disciplinas

Fundamentos de Física, Física I e Física II. Ressalta-se que na Engenharia Elétrica

a disciplina Física II foi modificada para Eletromagnetismo I.

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A escolha dessas turmas se deu mediante o fato de o autor ser o professor

das disciplinas Física II e Eletromagnetismo I. Os participantes da pesquisa são

alunos que tiveram a oportunidade de estudar diversos assuntos, como oscilações

em Física I e circuitos elétricos I (Engenharia Elétrica), o que leva a crer que

possuem um nível de desenvolvimento cognitivo necessário para o entendimento

dos conceitos de OEM.

6.2 elaboração do Material e Atividades Experimentais

A elaboração do material deu-se ao longo de várias aulas e principalmente

nas realizações de palestras, usando uma pequena Bobina de Tesla. Porém,

precisávamos de uma BT que tivesse uma potência maior na criação de um campo

eletromagnético. Na aplicação da sequência didática, optamos por construir a BT

juntamente com os alunos do curso de Engenharia Elétrica, o que possibilitou aos

alunos desenvolverem pesquisa e executar experimentações na disciplina de

circuitos elétricos.

Para analisarmos a existência de OEM, precisávamos de um equipamento de

baixo custo. Surgiu a idéia de usarmos uma lâmpada fluorescente compacta. Ao

fazermos uma experimentação para alunos do terceiro período de Engenharia Civil,

surgiu também a idéia de abordarmos a função do aterramento. E assim passamos a

usar uma lâmpada tubular de 40 W, pois esta possibilitava variarmos os pontos para

segurá-la, possibilitando que a lâmpada acenda até onde a mão esteja segurando.

Sabendo que a luminosidade emitida pela lâmpada varia de acordo com a distância

da lâmpada em relação à BT, optamos por utilizar um voltímetro para verificarmos o

valor aproximado da tensão elétrica presente na OEM.

Assim, fizemos um primeiro roteiro com apenas quatro questões:

1- Ligue a BT segure a lâmpada a uma distância de um metro, variando esta

distância. Descreva o que acontece com a luminosidade emitida pela

lâmpada.

2- Explique o fenômeno observado, utilizando os conceitos estudados sobre

campo elétrico, magnético e eletromagnético.

3- Ligue o voltímetro, variando sua posição a partir de um metro de distância.

Verifique a existência de tensão no ar.

4- Faça uma contextualização entre o observado no item 1 e 3.

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Ao executar o procedimento descrito, foram surgindo indagações sobre o tipo

de onda, frequência dessas ondas eletromagnéticas, objetivo para o qual a BT foi

inventada e outras indagações. Percebemos a necessidade de uma quantidade

maior de questões. Estas foram formuladas à medida que as curiosidades fossem

surgindo. Nesta etapa, os alunos, ao executarem a experimentação, sugeriram

segurar a lâmpada no alto, próximo à extremidade superior e inferior da BT. Esta

sugestão foi excelente, possibilitando o surgimento de várias perguntas como, por

exemplo, o local escolhido para instalar torres de transmissão.

Ao final desta etapa, tínhamos conseguido detectar a presença da OEM, mas

não poderíamos quantificar usando a lâmpada fluorescente. Para isto seria

necessário o uso de um frequencímetro, pois assim conseguiríamos um valor

aproximado dos valores da frequência e, através de cálculos, encontraríamos o

comprimento de onda da OEM. Vale ressaltar que não abordamos o comportamento

da OEM na matéria, pois o objetivo é apenas identificar as antenas emissoras e

receptoras, como a OEM foi gerada e captada por elas. No que tange à transmissão

abordamos apenas os conceitos de frequência e potência de forma superficial.

A curiosidade é agente transformador no ato de fazer ciência. Assim,

pensamos em apresentar a história de Nikola Tesla. Inicialmente pensamos em fazer

esta abordagem usando um artigo, documentário ou site. Optamos por usar um

documentário devido à possibilidade de ilustração do mesmo e à possibilidade da

realização de debate mediado pelo professor, pausando o documentário.

Tendo o material em mãos, além de uma sequência inicial, procuramos

sequenciar o produto da seguinte forma:

Documentário, apresentação das partes constituintes da BT, análise do

campo eletromagnético e exploração dos conceitos histórico-tecnológicos referentes

à criação da BT e pesquisas realizadas com a mesma.

6.3 Aplicação do material

Esta sequência experimental foi aplicada para 27 alunos do quinto período de

Engenharia Elétrica na disciplina Eletromagnetismo I, nos dias 05, 06, 12, 13, 19 e

26 de Novembro de 2012, computando 6 horas/aula de análise experimental, 4

horas/aula de Análise dos conceitos e 2 horas/aula referentes a uma avaliação.

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A turma foi dividida em 5 grupos e cada grupo recebeu o roteiro contendo as

questões e procedimentos experimentais que deveriam ser seguidos.

Atividades do dia 05 de Novembro (2 horas/aula): os alunos assistiram ao

documentário Tesla Mestre dos Raios. Após a exibição, aplicou-se um questionário

contendo as seguintes perguntas:

1. Quem foi Tesla?

2. Quais inventos de Tesla têm uma influência direta em sua vida?

3. Qual foi o objetivo da construção da bobina de Tesla? Ele foi

alcançado? Explique.

4. Quem inventou o rádio? Como essa questão é abordada no

documentário?

Em seguida, cada equipe apresentou as respostas, seguindo-se de um debate

mediado pelo professor.

Atividades realizadas no dia 06 de Novembro (2 horas/aula): o professor fez

uma exibição experimental (Figura 16) do aparato Bobina de Tesla, apresentou uma

abordagem dos conceitos de campo eletromagnético e suas propriedades, da

constituição da bobina e em seguida aplicou o questionário referente aos itens 1

(Identificação dos componentes e finalidade de cada item) e item 2 (Detectando a

presença de campo eletromagnético).

Figura 16: Explicação das partes constituintes do aparato experimental.

Fonte: foto de Reginaldo Eustáquio

Atividades desenvolvidas em 12 de Novembro de 2012 (2 horas/aula): os

alunos receberam os equipamentos e fizeram a experimentação referente ao item 3

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(verificando a presença de tensão elétrica transportada pelas OEM). Logo após, os

alunos passaram para o item (identificando as antenas geradoras e receptoras de

ondas eletromagnéticas).

Atividades desenvolvidas no dia 13 de Novembro de 2012 (2 horas/aula): o

professor fez uma abordagem dos conceitos presentes em uma onda. Em seguida

os alunos responderam ao iten 5 (analisando as grandezas de uma onda

eletromagnética) e 5.7.5 (semelhanças e diferenças entre as OEM da BT e do

Rádio). Porém, o item 6 não pôde ser terminado nesta data, pois foi solicitada uma

pesquisa referente ao padre e pesquisador Robert Landell de Moura.

Atividade desenvolvida em 19 de Novembro de 2012 (2 horas/aula): com a

intervenção do professor os alunos resolveram os exercícios referentes ao tópico

“explorando um pouco mais o eletromagnetismo da BT”. Nesse momento, o

professor apresentou as equações de Maxwell, identificando onde se aplicavam.

Atividade desenvolvida no dia 26 de Novembro ( 2 horas/aula): nesta data os

alunos foram avaliados por meio da redação de um texto contendo os conceitos

analisados.

6.2 Dificuldades e soluções encontradas na aplicação do material

Ao aplicarmos a sequência didática, surgiram alguns problemas, dos quais

pontuaremos os mais importantes:

1 - Espaço do laboratório: sendo a BT utilizada de grandes dimensões, não

houve possibilidade de transportá-la para uma sala maior. A análise experimental

necessita de espaço. Por exemplo, para analisarmos a luminosidade da lâmpada em

função da distância à BT. Sendo o laboratório de pequena dimensão, decidimos

dividir a turma em dois grupos. Assim as equipes A e B fizeram a observação inicial,

enquanto as equipes C, D e E aguardavam numa sala ao lado e, nesse ínterim,

tiveram a possibilidade de analisar o roteiro recebido.

Essa dificuldade é apontada nos estudos de Resende e Ostermann (2005).

Os autores evidenciam que os professores que contam com um espaço físico

próprio para o laboratório didático de Física queixam-se da falta de condições

técnicas para o uso, devido ao grande número de alunos por turma.

2 – Disponibilidade de equipamento: sendo apenas uma bobina de tesla

disponível para a experimentação, houve atrasos no desenvolvimento das

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atividades, pois uma equipe deveria aguardar o desenvolvimento da outra, antes de

religar a BT, pois o seu barulho atrapalhava a concentração dos demais.

3 - Números de questões a serem respondidas: inicialmente o número de

questões era maior. Porém, na aplicação junto ao quarto período de Engenharia

Civil, verificou-se a necessidade de compactarmos a sequência didática.

Interessante ressaltar que a decisão de aplicar a sequência didática para

efeito de teste para a turma de Engenharia Civil nos forneceu uma visão do produto

que até então não tinha sido possível. Por exemplo, na aplicação do item 1 do

questionário, observou-se o seguinte: não fluiu como o esperado, pois observamos

que os alunos não estavam preparados, mesmo tendo feito uma experimentação,

abordando de forma rápida a função e funcionamento da BT. Para a turma seguinte,

o professor, quando revisou os conceitos de campo, fez uma leitura comentada do

artigo de Chiquito e Lacelloti (2000), abordando de forma mais eficiente os

conceitos. Todavia, ao analisar as respostas e debater com os alunos, percebeu

dificuldades na compreensão dos conceitos referentes ao funcionamento das partes

constituintes.

Mesmo tendo adotado o laboratório estruturado, o qual possibilita a

determinação de um tempo prévio para execução dos procedimentos, houve

necessidade de parte do trabalho ser feito em forma de pesquisa. Outro fator que

influenciou nessa decisão foi a necessidade de dividirmos a turma.

6.3 Indagações e sugestões feitas pelos alunos

O laboratório propicia aos alunos visualizar e manusear instrumentos. Permite

também, conhecer diversos tipos de atividades, podendo estimular-lhes a

curiosidade e a vontade de aprender a vivenciar ciência (GRANDINI; GRANDINI,

2004). Isto pode ser verificado na aplicação da sequência didática. O interesse dos

alunos é evidente, e isto verificamos pelo número de indagações e sugestões ao

longo da resolução do produto. Algumas delas serão analisadas nesse trabalho.

Ao fazermos uma abordagem experimental com a BT, foram feitas variações

entre as extremidades do faiscador da BT, para que os alunos pudessem observar

que o tamanho da descarga no terminal superior da bobina secundário depende da

distância entre as extremidades do faiscador. Nesse momento o aluno A4G1( aluno

quatro do grupo um), fez a pergunta: “O que acontece se encostarmos os dois

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extremos do faiscador?” O professor fez o sugerido pelo aluno, e seguiu-se a

discussão. Então, outro aluno A2G5, perguntou: “O que acontece se distanciarmos

ao máximo?” Ao distanciarmos ao máximo, observou-se uma fuga por efeito de

borda, pois não conseguindo descarregar, o capacitor armazenava muita carga.

Ao responder esses questionamentos os alunos puderam fazer uma

correlação entre a função do capacitor e do faiscador ao observar que ao distanciar

as pontas do faiscador aumenta-se a descarga. Em seguida, o professor propôs aos

interessados uma pesquisa sobre capacitância e rigidez dielétrica do ar.

Ao analisarmos a tensão elétrica das OEMs criada pela BT, houve um

questionamento interessante: “A tensão medida a um metro da BT e a 50 cm do

chão, é diferente da tensão elétrica medida a um metro da bobina e a 1,80m do

chão?” O aluno relatou: ao verificar que, ao variarmos involuntariamente a posição

da lâmpada em relação à BT e ao solo, a lâmpada emitia potências diferentes. Após

esses questionamentos, inserimos essas questões no produto.

Observamos ao longo da análise que frequentemente os alunos confundiam a

bobina secundária com a Bobina de Tesla. Foi necessário um tempo maior para

compreenderem que a BT relacionava-se a todo o sistema. Então, para não

confundir, chamamos o aparato de “transformador Tesla”.

6.4 Análise dos resultados

Adotou-se, para analisar as respostas e dados referentes à aplicação da

sequência didática a análise de conteúdo de Bardin (2009), a qual evidencia que a

análise do mesmo se faz com a prática. Nesse sentido, Farago e Fonfoca (2013)

corroboram as idéias de Bardin ao afimar que a análise de conteúdo deve ter como

ponto de partida uma organização, ou seja, uma sequência para a execução da

análise. Os autores evidenciam que a fase da análise divide-se em três polos:

1- A pré-análise;

2- A exploração do material;

3- O tratamento dos resultados, o qual se constitui pela inferência e pela

interpretação.

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6.4.1 Análise das respostas individuais dos alunos

A análise das respostas aos questionários teve como objetivo verificar se

houve a formação de conceitos em decorrência da experimentação, discussão e

aplicação do produto.

Salienta-se que não classificamos aqui no estudo todas as respostas às

questões, pois as que serviram como base para conduzir ao desenvolvimento de

outras não foram registradas nesse trabalho. Ao analisarmos as respostas,

percebemos similaridades de um item para o outro. Logo, optamos por registrar as

que avaliamos como tendo maior importância.

Para uma melhor análise, classificamos as respostas em ótima, boa, regular e

ruim. Considera-se ótima a resposta que contenha todos os requisitos necessários

para explicar o fenômeno analisado.

Nota explicativa: optamos por prescrever a originalidade das respostas.

Análise das respostas ao item a da 5.7.2:

Explique a dependência entre a potência emitida pela lâmpada e as distâncias

analisadas.

Tabela 2: Resultados da questão a da 5.7.2

Classificação Número de alunos

Ótima 1

Boa 14

Regular 11

Ruim 1

Descrição da classificação da resposta:

Resposta ótima: Deve conter a dependência da potência em função da

distância da fonte criadora do campo eletromagnético, evidenciando que o agente

causador da luminosidade da lâmpada é o campo elétrico, e explicitar que a

intensidade desse campo é inversamente proporcional à distância.

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Resposta boa: Deve evidenciar a dependência da potência emitida pela

lâmpada, em função da distância da fonte e deve conter algumas características do

agente causador.

Resposta regular: Deve contemplar algumas características do agente

causador da dependência da luminosidade da lâmpada com a distância.

Resposta ruim: A que não contemplar nenhuma das características citadas

anteriormente.

Exemplos de respostas classificadas como ótimas.

A3G1 – A bobina de Tesla cria a onda eletromagnética, quanto mais se aproxima da

bobina mais a lâmpada aumenta sua luminosidade pelo fato do campo elétrico ser

maior e o fluxo também aumentar. Sendo assim, com as menores distâncias, a

luminosidade será maior e com as maiores distâncias a luminosidade

consequentemente será menor.

Apenas um aluno caracterizou os detalhes da observação descritos na

classificação das respostas.

Exemplos de respostas classificadas como boas.

A4G2 – A intensidade do brilho depende diretamente da quantidade de campo

elétrico envolvido na lâmpada. Ao afastar a lâmpada da bobina o campo elétrico

diminui.

A2G3 - Para apresentar mais brilho, a lâmpada deve estar mais próxima da BT, pois

lá é o ponto de maior tensão. Pode-se perceber que quanto mais se afasta a

lâmpada desse ponto, seja distanciando em direção ao solo ou distanciando da

própria bobina, o brilho da lâmpada vai ficando mais fraco.

Das respostas analisadas, doze evidenciaram a fonte criadora e a influência do

campo elétrico no brilho da lâmpada, correlacionando a redução da intensidade do

campo elétrico com a queda da luminosidade da lâmpada.

Exemplos de respostas classificadas como regulares.

A3G2 – A intensidade do brilho depende diretamente da quantidade de campo na

lâmpada. Ao afastar a lâmpada da bobina, diminui.

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A1G5 - Quanto mais se afasta a lâmpada do campo magnético, menor fica seu

brilho, pois o campo vai perdendo sua área de alcance.

Um número considerável de respostas foi classificado como regular. Nessas,

foi possível observar uma certa confusão quanto aos conceitos de campo elétrico e

campo magnético, o que nos leva a concluir que uma revisão mais detalhada desses

conceitos deve ser feita antes da análise experimental. Todavia, surge a pergunta:

os alunos sabiam a diferença entre os campos elétricos e magnéticos criados,

respectivamente, por uma carga e por uma corrente elétrica, e os campos criados

de forma mútua nas ondas eletromagnéticas?

Exemplos de resposta classificadas como ruins.

A4G1 – A intensidade do brilho vai depender de onde colocamos a mão na lâmpada,

pois o corpo é um isolante para que a energia não ultrapasse. Quanto maior a

distância maior a força que aproximamos da energia e maior criando um campo

magnético.

Observação importante. O grupo 1, composto por cinco alunos, foi o grupo

mais aplicado no debate e a constatação de um dos seus alunos com resposta ruim

foi intrigante, demonstrando a possível falta de entrosamento entre os participantes

do grupo.

Observações:

O objetivo foi verificar a capacidade do aluno de analisar a relação entre o

brilho da lâmpada e a posição desta. Nesse tópico, esperava-se que os alunos

tivessem a capacidade para executar o procedimento, o que foi comprovado.

Neste item, a relação da lei de Coulomb para cargas puntiformes prevaleceu.

Esperava-se também respostas diretas como “está com luminosidade, pois está

dentro do campo e apaga quando está fora”. Nesse item, começou a surgir uma

confusão na compreensão e na expressão para os campos elétricos, magnéticos e

eletromagnéticos.

Análise das respostas referentes ao item b da 5.7.3:

Como é possível existir tensão no ar?

Tabela 3: Resultados do item b da 5.7.3

Classificação Número de alunos

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Ótima 1

Boa 10

Regular 3

Ruim 13

Descrição da classificação das respostas:

Ótima: Explica, em termos científicos, a razão da existência de tensão elétrica

ao redor da BT. Deve explicitar uma contextualização para o agente responsável

pela existência de tensão perante outros fatores presentes no processo analisado

ou em uma tecnologia;

Boa: Explica, em termos científicos, o agente responsável pela existência de

tensão elétrica em torno da BT;

Regular: Explica, com conhecimentos prévios ou científicos, a razão da

existência de tensão elétrica em pontos próximos à BT. Contém alguns erros

conceituais;

Ruim: Não possui lógica na resposta, ou não conseguiu responder.

Exemplos de respostas classificadas como ótimas.

A4G5 – A tensão elétrica existente no ar se dá devido a propagação das ondas

eletromagnéticas, pois se formam produzidas pela bobina de Tesla com uma

potência considerável. O fenômeno é o mesmo da transmissão de rádio frequência.

Observa-se na resposta, a capacidade de correlacionar a presença das OEM

com a tensão elétrica, ou seja, o aluno consegue entender que na ausência dessas

ondas não haveria tensão elétrica e que o fenômeno observado é semelhante ao

processo de transmissão de rádio.

Exemplos de respostas classificadas como boas.

A4G3 - A emissão de uma onda eletromagnético, gera dois tipos de corrente a

elétrica e magnética, e a cada momento que são emitidas no ar uma gera outra,

devido a seu movimento e direção do seu campo. O campo magnético induz uma

tensão no voltímetro.

A4G1 – Essa tensão é criada devido a existência do campo eletromagnético, que

devido a sua potência, passa a transmitir valores de tensão medidos pelo voltímetro,

esse valor é maior quanto mais perto da bobina.

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O aluno A4G3 faz confusões entre os conceitos de campo magnético e

corrente elétrica; porém, entende-se que o aluno compreendeu o fenômeno, pois ele

afirma que o campo magnético induz uma tensão elétrica no voltímetro.

O aluno A4G1 consegue contextualizar a relação entre a tensão elétrica no ar

e a abordagem experimental da distância entre a BT e a lâmpada e essa relação

com a potência emitida pela lâmpada.

Exemplos de respostas classificadas como regulares.

A1G2 – A tensão existente no ar esta situada entre o líquido e seu vapor saturado no

ar, normalmente a pressão atmosférica. A emissão de uma onda eletromagnética

gera dois tipos de corrente a elétrica e magnética, e a cada momento que são

transmitidas uma gera a outra esses campos gerados pela bobina gera uma corrente

que tem uma tensão elétrica.

A1G5 - A tensão esta no ar devido ao campo elétrico que existe no ar e no vapor.

Em uma onda eletromagnética há dois tipos de corrente, a elétrica e magnética, uma

gerando a outra.

O aluno A1G2 confunde o termo corrente elétrica e campo; porém, consegue

expressar que a tensão existe em função do campo magnético variável da OEM

gerada pela BT.

A outra resposta analisada é similar, o que nos leva a concluir a existência de

dificuldades na compreensão de corrente elétrica e os conceitos de campo

magnético e elétrico em separado.

Exemplos de respostas classificadas como ruins.

A4G1 – Quando a tensão é muito grande ela pode vencer a resistência do ar, que

possui várias partículas e dentre elas os sais que são capazes de conduzir a

eletricidade.

A3G3 - Devido ao campo magnético, faz com que haja a tensão no ar, através de

onde ou longo tensão.

Em algumas respostas, a princípio pensou-se que a explicação sobre o

funcionamento do faiscador (centelhador), na qual abordaram-se conceitos sobre

rigidez dielétrica do ar, pudesse ter influenciado nesse tipo de resposta.

Observam-se também respostas sem coerência. Porém o número de respostas

classificadas como ruins levou-nos a indagar se o problema estava na abordagem

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experimental, na abstração dos conceitos ou na dificuldade de expressar o

observado.

Observação:

Ao executar o procedimento experimental, surgiram dúvidas quanto ao

posicionamento do voltímetro. Esperava-se a influência do documentário nas

respostas, uma vez que o mesmo aborda transmissão de energia sem fio e isso

pode ser observado em algumas explicações, como na explicação do aluno A4G1.

Respostas do tipo “a energia é transportada pelas ondas eletromagnéticas” levam-

nos a crer que houve aprendizagem dos conceitos explicados e analisados.

Esta atividade possibilitou ao aluno observar uma conexão entre o observado

na lâmpada e no voltímetro, como se verifica em algumas respostas.

Análise das respostas à questão a da 5.7.3.3

Identifique, no experimento realizado para verificação da tensão elétrica e da

influência das ondas eletromagnéticas na lâmpada fluorescente, as antenas

emissora e receptora. Explique como se deu essa identificação.

Tabela 4: Resultados da questão a da 5.7.3.3

Classificação Número de alunos

Ótima 0

Boa 27

Regular 0

Ruim 0

Descrição da classificação da resposta:

Ótima: Consegue identificar as antenas emissora e receptora, cita à lâmpada

e o multímetro como antenas receptoras. Contextualiza, na prática, com citações de

exemplos, descreve uma abordagem conceitual das antenas emissora e receptora;

Boa: Consegue identificar a antena emissora e a receptora, cita a lâmpada ou

multímetro como antena receptora;

Regular: Consegue identificar uma das antenas, receptora ou emissora;

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Ruim: Não consegue identificar as antenas emissora e receptora no processo

experimental.

Exemplos de respostas classificadas como boas.

A5G2 - Na lâmpada, a onda eletromagnética influencia agitando os átomos que

liberam os fótons de luz quando seus elétrons são excitados, quando a lâmpada é a

receptora.

A antena emissora é a bobina secundária que emite a onda eletromagnética, a

receptora é a ponta de teste do voltímetro que recebe as informações para o

aparelho.

A3G1- As pontas do multímetro funcionam como antenas receptoras que recebem

as ondas eletromagnéticas, emitidas pelo condutor no final da bobina, que serviu de

antena monopólio (entendemos querer dizer monopolo), onde irradiou onda de

potencial que foi capitada pela antena multímetro

Destaca-se, nessa abordagem, que parte dos objetivos em demonstrar a

captação das ondas eletromagnéticas foi alcançada, haja vista o número de

respostas boas em relação ao número de regulares e ruins. Porém, leva-se a

questionar se a formulação da questão é compatível com os resultados.

Observação:

Interessante destacar que não houve confusão na compreensão das antenas

geradoras e emissoras, uma vez que a lâmpada acendeu ao ligar a bobina e isso

possibilitou estabelecer a relação da BT com a antena geradora dos sinais

eletromagnéticos.

Em debates ao longo da experimentação sempre surgiam as comparações do

sistema constituído pela lâmpada e a BT com o sistema de telecomunicação

constituído pelo telefone celular e a torre de transmissão.

Análise da questão c da 5.7.3.3

Existe uma relação entre a potência irradiada pela BT e o brilho da lâmpada

analisado? Explique.

Tabela 5: Resultados da questão c da 5.7.3.3

Classificação Número de alunos

Ótima 2

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Boa 17

Regular 2

Ruim 6

Descrição da classificação das respostas:

Ótima: Consegue descrever a relação entre a luminosidade emitida pela

lâmpada e a potência da Bobina de Tesla. Consegue, com a resposta, ultrapassar o

limite do que foi pedido, evidenciando fatores da experimentação correlacionados

com a questão;

Boa: Consegue identificar e expressar corretamente, em termos científicos, a

relação entre a potência da Bobina de Tesla e a luminosidade emitida pela lâmpada;

Regular: Consegue identificar a relação. No entanto erros conceituais

acompanham a explicação;

Ruim: Não consegue identificar ou contém muitos erros conceituais na

explicação.

Exemplo de resposta classificada como ótima.

A2G1 - Sim existe uma relação, a potência irradiada pela bobina de Tesla em

questão, é o suficiente para ordenar os átomos do interior da lâmpada, e fazer

circular uma corrente elétrica, fazendo que haja luminosidade produzida, diferente do

liquidificador que precisa de mais potência, maior a potência maior o brilho.

Interessante destacar a relação feita entre as análises. O aluno consegue

correlacionar a potência emitida pela lâmpada, a potência irradiada pela OEM da BT

e a capacidade de funcionar um motor com essa potência. Ressalta-se também a

conexão da potência irradiada (analisada e resolvida, de forma experimental e

teórica, “matematicamente”, nos itens anteriores) com a luminosidade da lâmpada.

Exemplos de respostas classificadas como boas.

A5G3 - Sim, quanto maior for a potência recebida pela lâmpada, maior será a

intensidade do seu brilho.

A2G5 - Quanto maior for a potência irradiada maior será o brilho da lâmpada, por

isso que mais próximo da bobina mais potência irradiada.

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Nestas respostas conclui-se pela formação de conceitos devido à objetividade

presente nas mesmas, sendo que vários alunos responderam de forma similar ao

aluno A5G3.

Exemplos de respostas classificadas como regulares.

A1G2- A bobina de Tesla é um monopolo de ¼ de potência, se fosse de 1/5 a

lâmpada brilha mais.

A3G3 – Sim, quando maior a potência maior a intensidade de radiofrequência, e ai

então maior o brilho.

Observa-se nestas respostas que o aluno conseguiu correlacionar a

luminosidade da lâmpada com a potência irradiada pela BT. Porém as concepções

espontâneas estiveram presentes em quase todas.

Exemplos de respostas classificadas como ruins.

A4G4 – Sim, porque a irradiação transmitida pela lâmpada, ela irradia determinado

campo eletromagnético, que é da bobina primária para secundária.

A2G1- Sim, porque a potência da lâmpada sendo maior, maior será o seu brilho por

causa da intensidade.

Vale ressaltar que não houve uma verificação empírica dessa relação, ou

seja, o aluno construiu a relação baseando-se na variação de luminosidade com a

distância da BT. Equipes como A2G1, Concluíram que, se a fonte tiver menor

potência, a luminosidade da lâmpada será menor. Isso é magnífico e evidencia que

o aluno compreendeu os conceitos analisados.

Observação:

Ao responder esta questão e, ao determinar a potência irradiada, o aluno se

deparou com uma correlação entre a situação real e a abstrata, que ocasionou uma

confusão entre a potência elétrica de uma lâmpada, a luminosidade e a potência

irradiada pela BT, e essa confusão foi sanada com uma breve explicação do

professor quanto às diferenças.

Análise das respostas ao item b da 5.7.4

O que se pode concluir ao se comparar o comprimento de onda da bobina de

Tesla ao do rádio.

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Tabela 6: Resultados da questão b 5..7.4

Classificação Número de alunos

Ótima 0

Boa 10

Regular 6

Ruim 11

Descrição da classificação das respostas:

Ótima: Deve conter uma conclusão evidenciando as diferenças e

semelhanças entre a BT e o rádio e expor alguma consequência dessas

semelhanças e diferenças.

Boa: Resposta que evidencie semelhanças ou diferenças entre os

comprimentos de onda da BT e do rádio.

Regular: A que apresentar uma conclusão lógica, mesmo que baseada em

concepções espontâneas;

Ruim: Resposta com ou sem evidência de diferenças ou semelhanças quanto

ao comprimento de onda.

Exemplos de respostas classificadas como boas.

A1G2- Concluímos que a frequência da bobina de Tesla é aproximadamente dez

vezes menor que a mínima frequência da onda de rádio, assim a bobina não

interfere nas ondas do rádio.

A4G1 – O período da onda é dado por f = 1/ T, logo o período do Rádio é da casa de

87MHz, ou seja a frequência da BT é muito menor comparada com a do Rádio então

se comprimento é maior.

Concluímos que os alunos conseguiram aplicar os conceitos apreendidos,

pois evidenciam que só existe interferência de ondas quando as frequências são

similares. Esses fatores referentes à interferência de onda foram comentados no

momento de revisão dos conceitos de ondas.

Exemplos de respostas classificadas como regulares.

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A5G5 – Tanto da bobina de Tesla e do Rádio a frequência e comprimento de onda

calcula da mesma forma.

A3G5 – Tanto a bobina de Tesla quanto o rádio tem seu comprimento de onda

definido pela frequência.

Pode-se concluir que as semelhanças ficaram evidentes para os alunos;

porém, não conseguiram evidenciar as diferenças.

Exemplo de respostas classificadas como ruíns.

A2G5 – Rádio tem frequência em kilorertz e Megahertz, o pulso de eletricidade se

espalha como uma onda de Rádio e mantém sua propagação.

A3G3 – A bobina de Tesla tem uma frequência de aproximadamente 8kHz e a do

Rádio aproximadamente 8700MkHz, sendo assim a freqüência do Rádio é muito

maior que a da BT.

O objetivo não foi alcançado, houve confusão quanto às unidades e

conceitos, a maioria das respostas foi confusa. Por isso, a maior parte foi

classificada como ruim.

Observação:

Sendo esta a maior parte teórica e os cálculos de baixo grau de dificuldade,

os alunos não tiveram problemas para responder a essas questões. Observamos

nas conclusões e comentários, a presença das concepções espontâneas. Ao longo

da aplicação desta etapa, tivemos uma série de questionamentos referentes ao rádio

AM e FM.

Análise das respostas à questão a da 5.7.5

Diante o analisado nos itens anteriores quanto à geração e à recepção das

ondas eletromagnéticas, quais semelhanças ou diferenças existem entre a BT e o

Rádio?

Tabela 7: Resultados da questão a da 5.7.5

Classificação Número de alunos

Ótima 13

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Boa 8

Regular 6

Ruim 0

Descrição da classificação da resposta:

Ótima: É considerada ótima se a resposta contiver as semelhanças e

diferenças entre a BT e o rádio, assim como a contextualização dos fatores

analisados.

Boa: Considera-se boa se forem explicitadas diferenças ou semelhanças

entre a BT e o Rádio;

Regular: Deve conter semelhanças ou diferenças entre o rádio e a BT;

Ruim: Resposta sem lógica, que não aborda os fatores relacionados para as

classificações acima.

Exemplos de respostas classificadas como ótimas.

A4G5 – A BT gera ondas eletromagnéticas devido ao seu campo eletromagnético,

sendo que as espiras funcionam como antenas transmissoras e não se tem uma

antena receptora fixa , já que a recepção pode ser qualquer coisa colocado em seu

campo, no laboratório tivemos como antena receptora o multímetro, e a lâmpada. Já

no caso das ondas de Rádio são geradas por osciladores eletrônicos instalados

geralmente em um lugar alto, para atingir uma maior região. Logo o nome “ondas de

Rádio”inclui as microondas, as ondas de TV, as ondas curtas, as longas e as

próprias bandas de AM e FM, e logo sua antena receptora é sempre a mesma, a que

tem o intuído de converter ondas eletromagnéticas em sinais elétricos, decodificação

dos sinais eletromagnéticos recebidos do espaço, captados pela antena,

transformando-os em ondas sonoras, sinais digitais e/ou analógicos. A televisão e o

Rádio automotivo, por exemplo, são receptores.

A4G3 – As semelhanças e similaridades entre a transmissão e recepção, a antena

de transmissão de rádio tem seu funcionamento semelhante a BT, transforma

variação de I e V, em ondas eletromagnéticas. Já a antena de recepção que é

semelhante a lâmpada na experiência da BT, capta as ondas eletromagnéticas, e a

transforma em variações de I e V. No caso do Rádio, transforma em música e a

lâmpada em luz.

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Nas respostas classificadas como ótimas, é possível perceber e visualizar a

apreensão dos conceitos, sendo que o aluno consegue identificar as semelhanças

entre a BT e o rádio, assim como os efeitos das ondas eletromagnéticas numa

antena receptora e na lâmpada, aqui identificadas como antenas receptoras.

Exemplos de respostas classificadas como boas.

A2G1 – De acordo com Rios (2002), as ondas de Rádio que se propagam entre a

antena transmissora e receptora são chamadas ondas eletromagnéticas, tem na BT

e no Rádio. A antena transmissora transforma variações de tensão e corrente

elétrica, produzida pelo equipamento transmissor em ondas eletromagnéticas, sendo

a receptora responsável por pela captação das ondas transmitidas em sinais

elétricos, no experimento a lâmpada transforma em brilho.

A4G1 – Os dois aparelhos enviam ondas eletromagnéticas através do ar. Para essa

transmissão o Rádio utiliza de um antena, e a BT utiliza a ponta do indutor

secundário, que faz a mesma função da antena de Rádio. A antena de Rádio

também funciona como receptora.

Observa-se que alguns alunos identificam apenas a parte de cima da bobina

secundária como antena, e não a bobina como um todo. É interessante ressaltar que

a maioria dos alunos conseguiu identificar a presença da OEM nos dois aparelhos

analisados.

Exemplos de respostas classificadas como regulares.

AIG5 – Sim, essas ondas são capazes de transmitir informações.

A4G4 – A BT, produz OEM por causa do seu campo eletromagnético, sendo assim,

suas espiras funcionam como antenas transmissoras.

Deve-se estar ciente da imparcialidade e do profissionalismo necessários ao

processo científico; porém, comemoramos esse resultado, uma vez que na

comparação entre as grandezas físicas presentes na BT e o Rádio, foi possível

percebermos a aprendizagem do aluno, o que foi constatado com o número de

respostas classificadas como ótimas.

Observações:

Como esperado, a questão acima (Diante do analisado nos itens anteriores

quanto à geração e a recepção das ondas eletromagnéticas, quais semelhanças ou

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diferenças existem entre a BT e o Rádio?) possibilitou ao aluno fazer uma conexão

entre as várias questões analisadas, pois uma resposta influencia de forma direta

em outra.

Classificação das respostas da questão b da 5.7.5

O que torna possível a lâmpada acender é o mesmo que possibilita às

informações chegarem ao rádio receptor? Explique.

Tabela 8: Resultados da questão b da 5.7.5

Classificação Número de alunos

Ótima 8

Boa 15

Regular 2

Ruim 2

Descrição da classificação da resposta:

Ótima: Resposta que explicite as ondas eletromagnéticas como agente

fundamental nos dois processos e contenha uma contextualização tecnológica;

Boa: Resposta que explicite as ondas eletromagnéticas como agente

fundamental nos dois processos;

Regular: Resposta que explicite as ondas eletromagnéticas como

responsáveis pelos dois fenômenos, mas que contenha erros conceituais;

Respostas em branco ou sem lógica.

Exemplos de respostas classificadas como ótimas.

A6G5 - Sim. O que possibilita a lâmpada acender são as ondas eletromagnéticas TX

pela BT como a BT transmite sua onda em baixa frequência a lâmpada não

acendera em uma longa distância. Ao contrario das ondas de Rádio que são de alta

freqüência, sendo possível percebê-la em longas distâncias.

A1G4 – Sim, porém com fenômenos de recepção diferentes, já que no caso da

lâmpada, a mesma capta as ondas eletromagnéticas e ocorre uma passagem de

corrente excitando os elétrons, já no caso do Rádio temos um decodificador que

converte as ondas eletromagnéticas em sinais elétricos.

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Nessas respostas o aluno consegue expressar o agente responsável pelo

efeito e correlaciona a dependência entre a distância e a potência, além das

transformações que ocorrem no processo analisado.

Exemplos de respostas classificadas como boas.

A3G1 - Sim. A transmissão e recepção das ondas eletromagnéticas.

A2G2 – Sim. As duas tem uma recepção das ondas eletromagnéticas, o Rádio

receptor recebe as ondas eletromagnéticas também.

Como abordado na descrição da classificação das respostas, as classificadas

como boas são aquelas que expressam o agente responsável pelo fenômeno.

Exemplos de respostas classificadas como regulares.

A5G3 – A BT produz ondas eletromagnéticas por causa do seu campo

eletromagnético, sendo assim, suas espiras funcionam como antenas.

A6G4 - Sim, as ondas magnéticas e elétricas nos dois casos são as responsáveis.

É possível verificar que o aluno consegue identificar o agente causador dos

dois fenômenos. Porém, não consegue expressá-lo conceitualmente.

Exemplos de respostas classificadas como ruins.

NÃO RESPONDERAM

Observação:

Nessa questão, ficou claro para o aluno que a OEM é fundamental nos

processos analisados.

6.4.1.1 Observação quanto ao tópico “Explorando um pouco mais os

conceitos de eletromagnetismo”

Desenvolvemos esse tópico com o objetivo de avaliar alguns conceitos.

Porém, não obtivemos resultados satisfatórios na sua aplicação, dificultada pelo

tempo disponível. Tendo em vista estarmos em final de período, optamos por

resolver os exercícios com a participação ativa do professor, uma vez que os

objetivos para os quais esse tópico foi formulado não foram alcançados.

Ciente da necessidade de avaliarmos se houve apreensão dos conceitos

estudados na aplicação da sequência didática, optamos por propor ao aluno a

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redação de um texto, o que lhe possibilitaria expor seu ponto de vista e

contextualizar as respostas abertas.

6.4.2 Análise dos textos escritos como forma de avaliação dos conteúdos

Salienta-se que essa avaliação foi aplicada uma semana após o

encerramento da sequência didática. Esse procedimento foi adotado com o objetivo

de analisarmos se houve construção dos conceitos científicos.

Tabela 9: Resultados da avaliação do texto redigido pelos alunos.

Classificação Número de alunos

Ótimo 0

Bom 1

Regular 20

Ruim 6

Classifica-se como ótimo o texto que cumpra todas as exigências do

enunciado e que contenha aplicações práticas dos conceitos analisados,

contextualizando-as perante a prática de Engenharia Elétrica.

Dos textos analisados, apenas um foi classificado como bom. Para ser

classificado como bom, o texto deve conter os requisitos pedidos na orientação para

a dissertação, que são a constituição da bobina de Tesla e sua relação com as

propriedades das OEMs (geração, transmissão e detecção das ondas

eletromagnéticas) e uma contextualização no dia a dia. No entanto, não obtivemos

tal resultado para a grande maioria dos textos redigidos.

Classifica-se como regular o texto que contiver parcialmente os itens

relacionados, mesmo que apresente concepções espontâneas. Esse texto deve

conter a constituição da bobina de Tesla e sua relação com as propriedades da OEM

(geração, transmissão e detecção das ondas eletromagnéticas).

Como exemplo, segue o texto do aluno A1G1, o qual foi classificado como

regular. Os textos que foram classificados como ruins não expressavam as

observações contidas na questão.

Orientação para a dissertação: O texto deve conter a constituição da bobina e

a sua relação com a criação, transmissão, detecção e recepção das OEMs. No

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mesmo deve ser feita uma correlação com as equações de Maxwell e com o aparato

analisado. Deverá também contextualizar as primeiras pesquisas sobre o rádio e o

experimento analisado.

Texto exemplo da avaliação (classificado como regular)

A1G1 – A bobina de Tesla é composta por um transformador de Neón TP, que

possui a função de elevar a tensão da rede que é de 127VAC para o valor de

12kVAC, alimentando assim o capacitor.

O capacitor C possui a função de alimentar com uma energia X a bobina primária,

através do seu descarregamento após um Y tempo de carregamento que é definido

por uma constante RC que poderá se calculado através do produto da capacitância

em Faraday pela resistência equivalente de Thevin.

O faiscador F tem a função de definir o valor da tensão do descarregamento do

capacitor, este valor que pode variar de uma tensão mínima até máxima 12kV,

através do ajuste de distância dos seus terminais, utilizando o fenômeno de

rompimento da rigidez dielétrica do ar, dependendo da distância dos seus terminais

o capacitor irá carregar até o valor desejado e irá descarregar na bobina primária.

A bobina primária tem a função de produzir o campo eletromagnético variável,

através da circulação de corrente provida do capacitor. E a bobina juntamente com o

capacitor formará o circuito oscilador CL que definirá a sequência de oscilação do

campo eletromagnético. Logo se o seu desejo é mudar a frequência da tensão

induzida devo trabalhar no valor do capacitor ou B primária, no caso da BT é viável

no capacitor.

A bobina secundária é cortada pelo campo eletromagnético de alta freqüência

advinda da Bp e gera uma tensão de mesma freqüência, mas o seu valor respeitará

a formula da relação

VpNp=VsNs deduzindo Vp=VpNp.Ns , onde Vp=tensão primário, Np=número de

espiras de primário, VS=tensão secundário, Ns=número de espiras do secundário.

Tudo isso só é possível devido a colaboração e intervenção de várias figuras da

história.

As equações de Maxwell vão comprovar as experiências feitas na prática, onde há

uma interação entre a criação do campo elétrico pela simples presença de elétrons,

sua equação do campo magnético comprova a geração de campo magnético pela

circulação dos elétrons que carregam consigo o campo elétrico.

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O que dizer sobre a participação de Tesla e Marconi, onde de forma prática, aplicou

toda a teoria eletromagnética, com a construção da bobina que recebeu seu nome,

BT, onde sua visão inicial que perdurou até o fim de sua vida era a transmissão de

energia sem a necessidade de fio elétrico.

O que de forma indireta se transformou na transmissão de rádio que temos até hoje.

Já a façanha de desenvolver a idéia de transmitir informação, claro utilizando o

princípio da BT, coube a Marconi e ao Padre Landell, que mesmo separados pela

geografia, e pelas dificuldades da troca de informações, realizaram experimentos

com a transmissão de radio.

Segundo historiadores a transmissão de rádio mesmo patenteada por Marconi havia

sido inventada efetivamente pelo Padre Landell, poucos anos antes.

Mas, de forma geral, até o reconhecimento científico, foi atribuído a Tesla a grande

descoberta da transmissão de energia, seja em pequenos mW (miliwatts) ou em

informações mais complexas.

Pois através de uma simples ponta terminal de uma bobina secundária que

funcionava como uma antena de transmissão, ele conseguia o transporte de campo

eletromagnético que se propagava no espaço, num circulo vicioso onde, campo

elétrico gerava campo magnético, e o campo magnético gerava campo elétrico, num

efeito semelhante a uma pedra jogada a água, escoando até os nossos dias, como

um grito: Obrigado Tesla.

A avaliação da sequência didática como um todo, foi feito mediante os

debates, pesquisas e questionamentos no decorrer da aplicação deste produto.

6.4.3 Depoimento dos alunos quanto à metodologia estratégica de ensino.

Segundo Knuppe (2006), o bom professor é aquele que sabe motivar o aluno,

e a motivação deve estar presente no processo de ensino e aprendizagem em todos

os momentos. A boa participação dos alunos depende diretamente do interesse pela

atividade. Isso foi analisado no decorrer da aplicação do produto. Todavia, para uma

melhor análise, solicitou-se aos alunos que respondessem a um questionário.

Salientamos que não se tratava de uma avaliação e que não conteria o nome do

aluno. Assim, o aluno poderia expor seu ponto de vista sem se preocupar com o

professor. Esse questionário é composto pelas seguintes:

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Dê o seu depoimento quanto à abordagem didática para os itens abaixo:

1 - Como o professor abordou o assunto em sala de aula?

2 - Em que a execução do experimento contribui para facilitar a aprendizagem

dos conceitos estudados?

3 - A pesquisa realizada influenciou o seu ponto de vista quanto à invenção

do Rádio? Explique.

4 - Houve contextualização do assunto estudado em sala perante o

desenvolvimento tecnológico inserido no seu cotidiano e na sua formação

profissional? Por favor, explique.

A título de ilustração, escolhemos duas respostas para cada questão e, em

anexo, uma terceira, cuja imagem foi digitalizada com o objetivo de mostrar o

manuscrito do aluno.

Exemplos de respostas referentes à primeira questão

A4G4 – A forma como o professor aborda a matéria não passa apenas o conteúdo

para o aluno, ele instiga o aluno a pesquisar e buscar a matéria, o que ajuda para

que o conhecimento não seja apenas decorado e sim apreendido.

A2G1 – De forma interessante, ele consegui nos deixar mais curioso, fazendo com

que pesquisássemos mais sobre o assunto e automaticamente discutimos entre os

alunos, cada um com alguma visão diferente sobre o assunto.

Exemplos de respostas referentes à segunda questão

A2G4 – Todos os experimentos feitos no laboratório teve o seu objetivo alcançado, e

facilitou a compreensão dos alunos na conclusão da matéria, pois puderam observar

como a matéria estudada influencia na vida real

A3G1 - Contribui de forma significante, pois trabalhos dinâmicos, com participação

ativa dos alunos, e também uma parte importante que o incentivo à pesquisa ao

aluno.

Exemplos de respostas referentes à terceira questão

A2G3- Para mim foi tudo novidade. Ao fim defendo Tesla pois a base de tudo parte

se de seus fundamentos que foram aplicados pelos demais posteriormente,

obviamente também merecedores do crédito, mas a raiz em si foi plantada por Tesla,

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a quem faltou saber aplicá-la.

A4G5- Sim. Pois na verdade nunca tinha procurado conhecer os conceitos de rádio,

o que fazia da minha visão sobre algo banal. Após esses estudos pude ver a

complexidade que se tem por traz disso.

Exemplos de respostas referentes à quarta questão

A2G3- Sim, justamente nessa questão de visão. Conhecer teorias, mas estar atento

e atualizado com o desenvolvimento e não ficar parado no tempo. No fundo os

fundamentos são os mesmos, mudaram apenas ajustes que farão diferenças

importantes e nesse aspectos temos que estar ligados.

A6G5 – Sim. Foram feitos diversos comentários sobre como esse assunto nos

influencia cada dia onde muitas vezes chegamos a não notá-las no nosso dia a- dia.

Diante o depoimento dos alunos e, tendo como base os resultados da

aplicação da sequência didática, concluímos que houve um relevante interesse do

aluno na análise experimental com a Bobina de Tesla.

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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho apresentou uma sequência de atividades experimentais

para o ensino de ondas eletromagnéticas usando o aparato experimental Bobina de

Tesla. Constituíram o referencial teórico os conceitos sócio-históricos de Vigotski.

Assim, colocamos o professor como mediador do processo de ensino e

aprendizagem. Desta forma, ao executar a sequência didática, buscou-se interferir

no processo experimental, conduzindo à discussão entre os diferentes pontos de

vista, das equipes, quando estas relatavam suas análises após executar a

experiência e responder às questões.

O trabalho atingiu seus objetivos, desenvolvendo competências para o ensino

de física, como habilidades de análise e interpretação referentes às propriedades

das OEMs, possibilitando ao aluno fazer uma contextualização destes conceitos

perante aspectos tecnológicos presentes no seu cotidiano. Isso foi verificado nos

debates, nas análises das respostas e, principalmente, nas questões formuladas

pelos alunos. É interessante ressaltar a interação que houve entre o professor e os

alunos na execução da sequência didática quando, na visualização dos efeitos do

funcionamento da BT, surgiram várias questões que foram fundamentais para a

participação do professor como mediador dos debates.

Destaca-se também, na análise, a dificuldade na compreensão de alguns

conceitos do eletromagnetismo. Avaliando as respostas individuais dos alunos,

observa-se que, mesmo o aluno sabendo definir conceitualmente uma OEM, ele

apresenta grande dificuldade em diferenciar campo elétrico e magnético, dificuldade

essa que gera confusão na compreensão da função da bobina primária e da bobina

secundária na BT. Outra dificuldade que merece destaque verificou-se quando o

aluno afirma que a OEM, após ser emitida pela BT, continua sendo gerada pelo

movimento de cargas elétricas, sendo que essas afirmações continuavam mesmo

após a explicação prévia dos conceitos referentes à criação dos campos elétricos e

magnéticos e da relação entre eles na OEM. Assim, percebe-se a existência de

dificuldade em compreender que o campo elétrico cria um campo magnético e vice e

versa.

Ressaltamos também a importância em integrar a pesquisa no processo de

ensino, pois a cada aula seguinte os alunos traziam indagações e percebíamos que

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tinham realizado pesquisas para explicar algum fenômeno que não haviam

compreendido.

Concluímos esse trabalho confirmando sua contribuição para o ensino por

meio da abordagem experimental dos conceitos científicos, instigando nos alunos o

raciocínio e o espírito investigativo por meio de uma cooperação mútua na solução

dos problemas propostos. Conjecturamos também que apenas a aula experimental

não será solução para os problemas de ensino dos conceitos abstratos do

eletromagnetismo. É necessário fazer a junção de aulas teóricas, experimentais,

pesquisas e proporcionar a contextualização dos conceitos científicos com as

tecnologias presentes no cotidiano do aluno, principalmente se o aluno for estudante

de cursos especializados na área tecnológica. Assim, os objetivos da aprendizagem

significativa serão alcançados.

Tivemos várias dificuldades ao longo do caminho, das quais destacam-se a

construção da BT e as limitações impostas pelo tamanho do laboratório. Mas tais

dificuldades não comprometeram o andamento dos trabalhos. Elas, na verdade,

possibilitaram a aprendizagem e o desenvolvimento juntamente com o professor.

Diante do exposto, pode-se concluir pela viabilidade da aplicação desta

sequência didática, pois a BT possibilitou o surgimento de questões que não teriam

ocorrido em uma aula puramente teórica ou em experimentos realizados apenas em

laboratório na abordagem “fechada”.

7.1 Pesquisas futuras

Devido à complexidade e abstração dos conceitos do eletromagnetismo e

ensino do mesmo, vários conceitos referentes às ondas eletromagnéticas não foram

abordados. A BT revela-se como excelente ferramenta para a realização de práticas

no ensino de ondas eletromagnéticas, das quais destacamos algumas investigações

dignas de pesquisas futuras:

I – Analisar o comportamento de lâmpadas de diferentes potências e

diferentes tipos de funcionamento (fluorescentes, incandescentes, vapor de

mercúrio, sódio e outros);

II- Fazer uma abordagem matemática e física mais profunda dos conceitos

referentes à construção, funcionamento e transmissão das OEMs da Bobina de

Tesla;

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III- Fazer um estudo comparativo entre ensinar os conceitos de

eletromagnetismo usando a BT e uma abordagem puramente teórica, que faz uso

apenas de aulas expositivas;

IV- Fazer uma análise entre o uso da BT e outros experimentos para ensinar

os conceitos de eletromagnetismo.

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APÊNDICES

APÊNDICE A- PRODUTO EDUCACIONAL

1 Uso do vídeo Tesla Mestre dos Raios

Com o objetivo de apresentar aos alunos a importância das contribuições de Tesla

para a sociedade e despertar a curiosidade deles para o assunto, será exibido o

documentário, Tesla Mestre dos Raios, que retrata a vida e obra de Nicolas Tesla. O

documentário está disponível em

http://tvescola.mec.gov.br/index.php?searchword=TESLA+MESTRE+DOS+RAIOS&

ordering=newest&searchphrase=exact&limit=20&Itemid=116&option=com_search#c

ontent o qual foi acessado em 14 de maio de 2013.

Após o vídeo, organiza-se o debate, em que se abordam algumas questões

como:

- Quem foi Tesla?

- Quais inventos têm influência direta em sua vida?

- Qual o objetivo da construção da bobina de Tesla? Ele foi alcançado? Explique-o.

- Quem inventou o rádio? Como essa questão é abordada no documentário?

A fim de possibilitar ao aluno várias abordagens para uma maior discussão

quanto ao tema, adotam-se questões abertas. Seguem, na sequência dessa

dissertação, algumas questões aplicadas. Porém, o professor deve formulá-las de

acordo com a reação dos alunos na exibição do vídeo.

Com informações adquiridas ao assistir ao documentário e ao debate, passa-

se para a etapa de execução do experimento.

2 Materiais e equipamentos utilizados nas atividades experimentais

- bobina de Tesla constituída por transformador neon, capacitor, indutor primário e

secundário e faiscador;

- cinco (5) Lâmpadas fluorescentes 40w;

- multímetro, do qual será utilizados o frequencímetro e voltímetro;

- cinco (5) trenas;

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Ressalta-se que, com exceção do transformador neon, todos os componentes

da bobina de Tesla foram construídos pelos alunos. Os detalhes dessa construção

encontram-se em anexo.

3 Analisando a bobina e o campo eletromagnético

3.1 Identificando os componentes da bobina e as finalidades de cada item

Material utilizado:

Bobina de Tesla (BT)

a) Para os itens listados abaixo, identifique na Bobina de Tesla (BT), explique

seu funcionamento e descreva sua função para o funcionamento da BT:

1 transformador Neon;

2 faiscador;

3 capacitor;

4 indutor primário;

5 indutor secundário.

Nessa etapa, o professor revisa conceitos sobre o funcionamento das partes

constituintes da bobina, podendo estender a aplicações de alguns componentes nas

tecnologias existentes.

4 Detectando a presença de campo eletromagnético

1. Material utilizado:

1. bobina de Tesla;

2. trenas;

3. lâmpadas fluorescente tubular 40 w;

a) Cada equipe, tendo uma trena em mãos, deve medir a distância

(Figura 1) a partir da bobina, marcando diferentes pontos onde a

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lâmpada será colocada para observar a influência do campo

eletromagnético na lâmpada fluorescente.

Figura 1: posições para medir o brilho da lâmpada Fonte: dados da pesquisa

b) Em seguida, deve-se ligar a BT, variando a posição da lâmpada

começando com um, depois posicionando a dois e finalmente a três

metros, deve-se observar a potência emitida pela lâmpada para cada

posição desta. Como citado as distâncias para posicionar a lâmpada

são:

1,0m; 2,0m e 3,0m (Figura 2).

Figura 2: verificando a influência das ondas eletromagnéticas na lâmpada fluorescente

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113

Fonte: dados da pesquisa

c) Refaça o item 1.1, segurando a lâmpada a 0,3 m do solo (Figura 3);

Figura 3: observando a influência das ondas eletromagnéticas, à distância de um metro da BT e a 0,30m do piso. Fonte: dados da pesquisa.

d) Explique a dependência entre a potência emitida pela lâmpada e as

distâncias analisadas.

e) O que se pode concluir quanto ao item 1.1 e 1.2 ? Explique.

f) Segure a 0,50m da extremidade inferior da lâmpada, ligue a bobina.

Segure na extremidade inferior da lâmpada e ligue a bobina. Descreva

o fenômeno.

5 Verificando a presença de tensão elétrica transportada pelas ondas

eletromagnéticas

Material utilizado:

1. bobina de Tesla;

2. trena;

3. voltímetro.

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114

a) Cada equipe, tendo um voltímetro em mãos, deve posicionar-se nos pontos

marcados. Coloque as pontas de prova voltada para o teto (Figura 4), ligue a

BT, afaste o multímetro e registre a intensidade da tensão para as distâncias:

1,0m; 2,0m; 3,0m e 4,0m;

Figura 4: medindo a tensão elétrica, ao fundo está a Bobina de Tesla.

Fonte: dados da pesquisa.

b) Refaça o item a, segurando o voltímetro a 0,3m do piso.

c) O que se pode concluir? Explique.

d) Como é possível existir tensão no ar?

e) Pode-se afirmar que o brilho da lâmpada depende da tensão aplicada? Por

que?

f) Ondas se propagando entre duas antenas, similares às usadas em

telecomunicações devem transportar potência? Como se pode quantificar

isso? Sugestão, analisar o tópico Vetor de Poynting.

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115

Segundo Nascimento (2000), o “enfraquecimento” da onda eletromagnética

no vácuo é um fenômeno puramente geométrico. A frente de onda é igual em todas

as direções e a sua intensidade é dada pela Equação

(7)

Onde:

I é a potência à distância r de uma fonte, em W/m2;

r é a distância entre o observador e a frente de onda, em, m;

Pt = potência transmitida, em W (no SI).

g) Discuta a relação dessa equação com a intensidade do brilho da lâmpada,

analisado no item 2.1 e com os valores obtidos em 3.1.

6 Identificando as antenas geradoras e receptoras de ondas

eletromagnéticas

OBS. O professor deve ressaltar que toda a bobina de Tesla é composta

tanto pelo indutor primário quanto o secundário, assim evita-se uma confusão entre

as partes da BT. Constantemente os alunos quando se referem a BT trocam a

expressão BT por bobina secundária.

a) Identifique, no experimento realizado para verificação da tensão

elétrica e influência das ondas eletromagnéticas na lâmpada fluorescente, a antena

emissora e receptora. Explique como se deu essa identificação.

b) Comente a relação entre a potência irradiada pela bobina de Tesla com

as tensões encontradas em pontos diferentes no item 4.1.

c) Existe uma relação entre essa potência irradiada com o brilho da

lâmpada analisado, no item 1.4? Explique.

d) As ondas eletromagnéticas possibilitaram a lâmpada acender? É

possível funcionar um liquidificador com essas ondas? Por quê?

8 Analisando o comprimento de onda

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Material utilizado:

1. bobina de Tesla;

2. trena;

3. frequecímetro.

a) Com o valor registrado pelo frequencímetro, calcule o comprimento de

onda (λ) expressando sua unidade em SI (Sistema Internacional de

medidas).

E o comprimento de onda (λ), é que diferencia uma onda eletromagnética da

outra. A frequência das ondas de rádio, vai de 530 KHz a 1.600 KHz Rádio AM.

b) O que se pode concluir ao se comparar o comprimento de onda da bobina

de Tesla ao do rádio?

c) Calcule o período (T) dessas ondas (item 5,1 e 5.2) e represente-o em

desenho.

9 Semelhanças e diferenças entre as ondas eletromagnéticas geradas

pela BT e o sistema de Rádio.

a) Diante o analisado nos itens anteriores quanto à geração e a recepção das

ondas eletromagnéticas, quais semelhanças ou diferenças existem entre a BT e o

Rádio?

b) O que possibilita a lâmpada acender, em 2.1 é o mesmo que possibilita as

informações chegarem ao rádio receptor? Sim. Não. Explique.

c) As ondas de rádio são semelhantes às ondas geradas na BT (Bobina de

Tesla)? Explique.

Sugestão: Volte ao item 5.2.

d) Segundo o documentário Tesla Mestre dos Raios, o primeiro pedido de

patente da invenção do rádio, foi negado a Marconi, devido às semelhanças ao de

Tesla. Que semelhanças são essas?

e) Alguns historiadores atribuem a “Tesla a invenção do Rádio”. Esse feito é

relacionado a Nicolas Tesla devido a pesquisas com a bobina de Tesla. Tendo

analisado o funcionamento da bobina de Tesla, quanto à geração, à transmissão e à

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recepção das ondas eletromagnéticas, construa um texto de dez (10) linhas,

apresentando sua conclusão.

10 Finalizando este trabalho faça uma pesquisa sobre o Padre Roberto

Landell de Moura.

a) Após a pesquisa, você mudaria algo na sua conclusão? Por quê?

11 Explorando um pouco mais o eletromagnetismo da Bobina de Tesla

a) Adotando o comprimento l, a área A e número de espiras N2 do indutor

secundário, da bobina de Tesla e o número de espiras do indutor primário N1

. Calcule a indutância mútua.

b) Sabendo que a intensidade da corrente no indutor primário é fornecida pelo

transformador, adote a indutância mútua calculada no item anterior, para

calcular o fluxo magnético médio através de cada espira do solenóide

secundário.

c) Adotando o valor do campo magnético calculado no exercício 1 e a equação

que relaciona, o campo magnético com o elétrico, calcule o campo elétrico.

Dados : kar = 1,00029 (MARCOS,2012).

d) Utilizando os dados calculados no itens anteriores, calcule com uma

aproximação o vetor de Poynting e o módulo. Esses valores estão de acordo

com a realidade das ondas eletromagnéticas emitidas pela bobina de tesla?

Explique.

e) Calcule a intensidade da onda eletromagnética emitida pela bobina de Tesla

sobre a lâmpada fluorescente. Esses valores estão de acordo com a

realidade? Explique.

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APÊNDICE B- DESCRIÇÃO COMPLETA DE ALGUMAS RESPOSTAS DOS ALUNOS

Com o objetivo de demonstrar respostas da sequência didática, escolheu-se de

forma aleatória duas folhas de respostas.

Respostas transcritas de acordo com a escrita e linguagem do aluno 1 ( A1)

Resposta do aluno referente a questão ( posicionando a lâmpada a 1; 2 e 3m da BT) :

1,0m – Maior é a intensidade da luminosidade.

2,0m – A luminosidade da lâmpada diminui.

3,0m – A luminosidade fica bem mais fraca.

A1

Resposta referente a questão ( refazendo o experimento anterior, porém a 0,3m do

solo)

A luminosidade fica menor, pois a quantidade de espiras é menor do que no meio e fim

da bobina.

A1

Resposta referente a questão a) 5.7.2

Quanto mais aproximar a lâmpada da bobina e maior o numero de espiras “referente a

altura”, a luminosidade será mais intensa.

A1

Resposta referente a questão b) 5.7.2

Há 0,3m a intensidade do campo magnético é menor, devido ao numero menores de

espiras, numa maior altura o campo magnético será maior, por uma concentração

maior de espiras, assim a luminosidade será maior.

A1

Resposta referente a questão c) 5.7.2

Segurando a 0,5m na extremidade da lâmpada a mão fecha o circuito, gerando a

luminosidade ate o ponto de contato, pois é descarregado pelo corpo ao chão.

A1

Resposta referente a questão (anulada devido erros no procedimento experimental)

A parede feita pelo papelão não apresentou impedância a propagação do campo

magnético.

A1

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Resposta referente a questão (anulada devido erros no procedimento experimental)

Que após a colisão da onda direta com o morro, a onda passa a ser difratada,

ocorrendo igualmente com o exemplo do papelão, quando a onda eletromagnética

passa pelo mesmo e passa a ser difratada.

A1

Resposta referente a questão 5.7.3 (medidas de tensão à diferentes pontos a partir da

BT)

1,0m – tensão do voltímetro chegou a 730V.

2,0m – tensão do voltímetro chegou a 400V.

3,0m – tensão do voltímetro chegou a 200V.

4,0m – tensão do voltímetro chegou a 3V.

A1

Resposta referente a questão 5.7.3 (medidas de tensão à diferentes pontos a partir da

BT)

A 0,3m do chão a tensão chegou a 270V.

A1

Resposta referente a questão a) 5.7.3

Que aproximando os terminais à bobina, a tensão aumenta.

A1

Resposta referente a questão b) 5.7.3

O ar,funciona como um isolador elétrico, ai quando a tensão elétrica gerada pelo

campo eletrostático excede a sua tensão de rupturas dielétricas, assim o ar ioniza-se e

torna-se um condutor.

A1

Resposta referente a questão c) 5.7.3

Podemos sim, quanto maior a tensão, maior será o campo eletromagnético e maior

também será a corrente induzida na lâmpada.

A1

Resposta referente a questão d) 5.7.3

Quando as ondas se propagam fazendo contato com o solo, elas sofrem muita

atenuação por absorção. Sendo assim, o sinal aquece a terra perdendo energia, e a

A1

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atenuação das ondas da superfície aumenta rapidamente com o aumento da

freqüência. Essa atenuação faz com que as ondas de superfície com polarização

vertical se curvem acompanhando o contorno da Terra, tornando possível a

transmissão de ondas de baixas freqüências a grandes distancias, quando o sinal

emitido pela antena tem eleva potencia.

Resposta referente a questão a) 5.7.3.3

No teste realizado com as pontas do multi-teste em formato “V”, funcionaram como

antenas receptoras que captaram as ondas eletromagnéticas de alta freqüência, ondas

essas emitidas pelo condutor no final da bobina de tesla.

A1

Resposta referente a questão b) 5.7.3.3

Longe a potência é menor

A1

Resposta referente a questão c) 5.7.3.3

Sim. A potência irradiada pela bobina de tesla foi suficiente para ordenar os átomos no

interior da lâmpada, fazendo circular uma corrente elétrica e assim fazendo com que a

lâmpada produzisse luminosidade.

A1

Resposta referente a questão d) 5.7.3.3

Não acho possível, pois a potencia liberada pela bobina não seria suficiente para fazer

com que o liquidificador ligasse. E também creio que se isso fosse possível, nós

humanos ficaríamos vulneráveis a choques, pois seria praticamente uma rede elétrica

sem fio!

A1

Resposta referente a questão a) 5.7.4

λ=CF=300.000.0008.000=37.500 metros

A1

Resposta referente a questão b) 5.7.4

Radio tem frequência em Kilohertz e Megahertz. O pulso de eletricidade se espalha

como uma onda de radio e mantém sua propagação.

A1

Resposta referente a questão c) 5.7.4

Período rádio: T= 1f = 1/ 106 = 11x109

Período BT: T= 1f = 1/ 8000= 125x10-6

A1

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A1

Resposta referente a questão a) 5.7.5

BT: gera ondas com freqüência menor que o radio. A onda é a mesma.

O rádio conta com centenas de transmissão e recepção, processo semelhante a

Bobina de Tesla que tem a bobina atuando como antena de transmissão.

A1

Resposta referente a questão b) 5.7.5

Sim. No radio receptor, as informações chegam da antena transmissora, que

transforma variações de tensão e corrente em ondas eletromagnéticas. Já na BT, o

que possibilita a lâmpada acender é o campo eletromagnético formado através de alta

tensão. A Bobina de Tesla é um transmissor de radio sem a centelha.

A1

Resposta referente a questão c) 5.7.5

Sim. Estão com freqüência semelhante, porém com intensidade menor. O período da

bobina ainda é maior que o do radio, porem estamos trabalhando com objetivos

diferentes: Transporte de energia e de informação.

A1

Resposta referente a questão d) 5.7.5

Ao todo pelo menos 17 patentes foram usadas por Marconi. Na BT, há conceitos de

quebra da rigidez dielétrica do ar, circuitos ressonantes e transmissão e recepção de

energia pelo ar através de ondas eletromagnéticas, ou seja, ilustrando os princípios de

radio.

A1

Resposta referente a questão e) 5.7.5

Tesla não deixa de ter contribuído para a descoberta do radio. O radio “de Marconi”,

possui todos os princípios descobertos antes por Tesla. O principio de geração de

ondas eletromagnéticas que deu origem a diversos conceitos e equipamentos que

conhecemos. Mas, o fato é que os trabalhos de cada um estão extremamente ligados

aos de seus antecessores e não podem ser considerados isoladamente.

A1

Resposta referente a questão g) 5.7.5

Sim. Ainda que com aparelho rudimentar, muito antes, o padre trouxe o principio de

A1

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transmissão e recepção sem fio da voz e com êxito. Tudo isto antes de Marconi iniciar

seus primeiros testes, logo, Landell foi o primeiro no objetivo do radio, já que o fazia

ao mesmo tempo que Tesla, que objetivava outra coisa.

Respostas transcritas de acordo com a escrita e linguagem do aluno 2 ( A2)

Resposta referente a questão ( análise da luminosidade medida em diferentes pontos

a partir da BT)

1m, o brilho da lâmpada é mais intenso;

2m, o brilho da lâmpada diminui;

3m, a lâmpada apaga.

A2

Resposta referente a questão a) 5.7.2

Criou um campo eletromagnético, quando vai distanciando, a sua carga diminui.

A2

Resposta referente a questão a) 5.7.2

Quanto mais se aproxima da bobina mais a lâmpada aumenta sua luminosidade pelo

fato do campo elétrico ser maior e o fluxo também aumentar. Sendo assim, com as

menores distancias, a luminosidade será maior e com maiores distancias a

luminosidade conseqüentemente será menor.

A2

Resposta referente a questão b) 5.7.2

Na parte debaixo da bobina possui um menor numero de espiras, sendo assim o

campo magnético é menor (indutor primário). Já na parte superior da bobina, o

numero de espiras é maior, conseqüentemente o campo magnético será maior

(indutor secundário).

A2

Resposta referente a questão c) 5.7.2

A Mão em contato com a lâmpada esta bloqueando o circuito naquele ponto

impedindo que o fluxo continue.

A2

Resposta referente a questão ( anulada devido falhas no procedimento experimental)

A lâmpada acende das duas maneiras. Não há diferença. Sendo assim o papelão

A2

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123

não isola o campo magnético.

Resposta referente a questão b) 5.7.3

A intensidade de campo de uma onda eletromagnética e inversamente proporcional à

distancia da fonte de origem. Portanto, se um ponto de recepção de sinais de um

emissor em uma estação está situada em uma distancia em dobro de outra estação,

a intensidade de campo na estação receptora mais distante será justamente a

metade da intensidade do campo que foi detectada na estação receptora mais

próxima. Isto ocorre porque o fecho de energia da frente da onda devera distribuir-se

sobre uma maior superfície na medida em que a onda eletromagnética se distancia

do emissor. Esta lei inversa da distancia esta baseada na suposição de que não

existe nada no meio ambiente em que a mesma se propaga e que venha a absorver

energia da onda durante sua trajetória, o que acontece no espaço livre não e o

mesmo que esta acontecendo em uma transmissão na pratica, pois a onda

eletromagnética ao percorrer sua trajetória através da atmosfera e em torno da terra

encontra numerosos obstáculos que vão absorvendo e atenuando sua energia.

A2

Resposta referente a questão c) 5.7.3

A luminosidade ou brilho da lâmpada relaciona-se com a tensão à qual for ligada:

tensão nominal - brilho normal; tensão menor que a nominal - brilho menor que o

normal e tensão maior que a nominal – brilho maior que o normal: a lâmpada pode

queimar-se.

A2

Resposta referente a questão d) 5.7.3

Uma linha de transmissão é um dispositivo de dois terminais capaz de guiar energia

de um ponto a outro. Em um dos terminais a potencia (ou informação) é inserida e no

outro terminal essa potencia é extraída. O principal uso de linhas de transmissão é a

transferência de sinais e potencia entre dois pontos. As linhas de transmissão são

geralmente grandes em uma dimensão e pequenas nas outras duas. Nas freqüências

utilizadas para transmissão de potencia, as dimensões transversais são muito

pequenas quando comparadas

A2

com λ (comprimento de onda). A2

Resposta referente a questão a) 5.7.3.3

No experimento da Bobina de Tesla a antena emissora é o transformador que

transforma a energia de onda, a antena receptora é a lâmpada e o voltímetro.

A2

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Resposta referente a questão b) 5.7.3.3

Mais próximo maior a potencia e maior a tensão.

A2

Resposta referente a questão c) 5.7.3.3

Sim, porque a potencia da lâmpada sendo maior, maior será o seu brilho por causa

da intensidade.

A2

Resposta referente a questão d) 5.7.3.3

Sim. Não. Porque as ondas da Bobina de Tesla não oferecem potencia suficiente,

será necessário um circuito para receber as ondas.

A2

Resposta referente a questão a) 5.7.4

λ=CF=300.000.0008.2Khz=35x103 metros

A2

Resposta referente a questão b) 5.7.4

Pode-se concluir que a frequência da Bobina de Tesla é aproximadamente 10 vezes

inferior que a mínima frequência da onda de radio. Deste modo a bobina não interfere

nas ondas de radio.

A2

Resposta referente a questão c) 5.7.4

T=1/f T=1/8,2khz T=1,14x10-4

Tr=1/f T=1/88khz T=1,14x10-6

A2

Resposta referente a questão d) 5.7.4

V= λ/t v= 35x101/1,22x10-4 v=286,88x106 m/s

Vr= λ/t λ=300/88mhz = 341m

Vr= 341 / 1,14x10-6 Vr= 299x106 m/s

A2

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APÊNDICE C- A CONSTRUÇÃO DA BOBINA DE TESLA

BOBINA DE TESLA

1 INTRODUÇÃO

Como citado na introdução deste estudo, a falta de equipamento adequados

para experimentação em eletromagnetismo, dificulta o processo de ensino-

aprendizagem. Neste tópico aborda-se-á a construção do aparato experimental

Bobina de Tesla (BT), a qual possibilitará as mais fascinantes demonstrações em

eletromagnetismo, como por exemplo; o ensino de blindagem eletromagnética

(aplicação da gaiola de Faraday), efeito de altas tensões em gases sobre baixa

pressão (efeito corona), comportamento de isolantes sob altas tensões e a

“presença” de campo eletromagnético no espaço, foco desta dissertação.

Todas as partes constituintes do protótipo abordado, foram construídas pelos

alunos sob orientação e acompanhamento do professor autor desta dissertação,

com o fim de obtenção dos créditos na disciplina circuitos elétricos I.

A seguir, descreve-se a construção e abordagem teórica do funcionamento da

Bobina de Tesla. Com o objetivo de mostrar os conceitos de eletromagnetismo

presentes na BT e possibilitar ferramentas para outras abordagens didáticas em

sala, inserimos um tópico com abordagem mais científica da BT.

2 CONSTRUÇÃO

As dimensões físicas do protótipo usado neste trabalho, foram escolhidas

com o objetivo de conseguir descargas de aproximadamente quarenta centímetros

(40 cm) nos terminais da bobina secundária, portanto, Bobinas de Tesla, que com

dimensões menores podem ser encontradas em http://www.megavolts.nl .

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2.1 Materiais utilizados

- Seis (06) tábuas, de trinta centímetros (0,30m) de largura e quarenta centímetro

(0,40m) de comprimento; que constituirão a bobina primária ou indutor (L1);

- Para bobina primária (indutor L1), quinze metros (15m) de tubo de cobre

comumente utilizado em refrigeração, ou quinze metros (15m) de fio rígido dez

milímetros (10mm );

- Um (01) cano PVC duzentos milímetros (200 mm) de diâmetro e um metro e

setenta (1,70 m) de comprimento, será usado na construção da bobina secundária

(indutor L2);

- Para construir a bobina secundária (L2), um kilograma (1,0kg) de fio esmaltado

número vinte e quatro (24), utilizado para enrolar motores elétricos. Esse fio, pode

ser comprado em lojas de materiais elétricos ou oficinas de manutenção de motores

elétricos;

- Um litro (01L) de verniz isolante, o qual é adquirido em lojas de materiais elétricos

ou oficinas de manutenção de motores elétricos;

- Uma lixa média (lixa usada para lixar lataria de carros);

um (01) pincel;

- Uma placa de vidro quadrada, com dimensões de quarenta centímetros (40cm) que

será o dielétrico do capacito (C);

- Usado na construção do capacitor, dois (02) pedaços de folha de alumínio

(comumente utilizado para “forrar” fogão), ou alumínio usado em gráfica, com

dimensões de trinta centímetro (30cm) por trinta centímetros (30cm);

- Uma lata de verniz isolante, que poderá ser comprada em lojas de materiais

elétricos ou oficinas de motores elétricos;

- Para o centelhador, dois (02) pedaços de vareta para solda oxigênio, com dez

centímetros de comprimento (10cm), dois (02) pedaços de tubo PVC de meia

polegada (1/2) e duas rolhas de borracha;

- Dois metros (02m) de cabo de quatro milímetro (04mm);

transformador neon;

Obs. Este componente possui custo mais elevado (360,00RS)(pesquisado em

12 de janeiro de 2013), todavia consegue-se resultado similar, utilizando flyback de

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127

TV (encontra-se em oficinas de eletrônica), mais detalhes em

www.feiradeciencias.com.br.

Alguns materiais listados podem ser visualizados na Figura- 1.

Figura-1: componentes para montagem do aparato experimental. Fonte: dados da pesquisa

2.1.1 Perigos

Será descrito abaixo a construção de um protótipo simples, usado para esta

dissertação, esse protótipo de BT, possui valores de tensão extremamente elevados,

assim, torna-se necessário algumas observações.

2.2 Indutor primário

Para o protótipo desta dissertação utilizou-se uma bobina em formato de

cone, Figura . O formato cilíndrico possibilita um melhor ajuste, porém os modelos

planos e cônicos, se bem calculados e construídos, apresentam um melhor

rendimento, especialmente a cônica( ).

Corta-se a tábua no formato de triângulo retângulo, Figura, com quarenta

centímetros (40cm ou 0,4m) de base, trinta centímetros (30 cm ou 0,30m) de altura e

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cinquenta centímetros de hipotenusa, nessa, a cada um centímetro (0,01m) faz-se

furos para fixar o condutor da bobina primária (Figura- a).

Figura 2 : corte e marcação para a execução dos furos. Fonte: dados da pesquisa.

Em seguida, faz-se furos com espaços, de forma que não encoste uma espira

na outra. Após, passa-se para o processo de fixação das espiras. Figura 3.

Figura 3: fixação do fio nos furos do suporte ( tábuas cortadas em triangulo), para montagem da bobina primária em formato de cone.Fonte: dados da pesquisa.

A bobina primária foi fixada em uma base de madeira, na qual, para facilitar o

transporte, adaptamos quatro rodinhas (optativas). No centro da bobina primária,

fixamos um carretel de fio de cobre, que tem o diâmetro externo equivalente ao

diâmetro interno do tubo de PVC da bobina secundária, assim, possibilitando o

encaixe da bobina secundária à base (ficando o carretel embutido no tubo PVC do

indutor secundário). Os valores da indução serão calculados no próximo tópico.

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2.3 Indutor secundário

Constituído de fio de cobre número vinte e quatro (24) enrolado no tubo PVC

de duzentos milímetros de diâmetro (200mm) e um metro e setenta de altura (1,70

m), essa bobina é constituída de mais de 2900 espiras (Figura 4 ).

Figura 4: construção da bobina secundaria pelos alunos de Engenharia Elétrica.

2.3.1 Observações

Deve-se raspar a superfície do tubo com lixa média, passar duas (02) demãos de

verniz isolante e esperar secar.

Ao enrolar o fio de cobre número vinte e quatro (24), deve-se atentar para

enrolar voltas ao lado de voltas e não enrolar uma sobre a outra, Figura 4.

Feito isto, deve-se passar 4 demão de verniz isolante, o qual impedirá curto

circuito entre as espiras. A bobina secundária do protótipo aqui descrito possui 2900

espiras. Sites como www.feiradeciencias.com.br e www.teslacoils.com.br mostram o

passo a passo para esta etapa.

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2.4 O capacitor

O capacitor de placas paralelas foi construído com as dimensões do dielétrico

(placa de vidro), a qual possui quarenta por quarenta centímetros (40 cm x 40cm), o

papel alumínio, cortado no formato quadrado trinta por trinta centímetro (30cm x

30cm) que formará as placas condutoras do capacitor, devendo ser coladas na

superfície inferior e superior do alumínio. Estas placas de alumínio (folhas de

alumínio) devem ser coladas de forma que fiquem a cinco centímetros da

extremidade do dielétrico ( placas de vidro) Figura 5, esta distância impedirá o efeito

de borda (descargas entre as extremidades das superfícies condutoras do capacitor,

no caso as placas de alumínio).

Figura 5: capacitor construído para o protótipo (dois capacitores associados). Fonte: dados da pesquisa.

Para evitar acidente com o capacitor, deve-se colocar placas de vidro ou

isolante, sobre a superfície condutora ( Placas de alumínio) inferior e superior. O

capacitor construído para este protótipo, possui o cálculo de sua capacitância no

tópico transferência de energia, e pode ser aumentada associando outros

capacitores em paralelo, Figura 6 .

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Figura 6 : associação de capacitores. Fonte: LABURU,1991.

2.5 O centelhador

Construído sob a base de acrílico, na qual foram fixados dois tubos PVC de

meia polegada (1/2”) e 10 cm de altura. Esse tubo possui um furo a um centímetro

(01cm) da extremidade superior, para instalar-se os terminais do centelhador,

(Figura 7)

Figura 7: Centelhador. Fonte: LABURU,1991.

Os terminais do centelhador foram feitos com pedaços de arame para solda

oxigênio de dez centímetros (0,10m) de comprimento. Na extremidade fixou-se

rolhas de borracha. O faiscador tem a função de determinar a frequência das

descargas do capacitor e otimizar a descarga no terminal secundário da BT.

2.6 Montagem e funcionamento

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2.6.1 Circuito primário

O circuito primário é formado por quatro (04) componentes. O transformador

primário (TP), foi o único componente não construído devido ao grau de dificuldades.

Este transformador possui voltagem de saída de doze quilovolts (12kv), com uma

corrente nominal de trinta miliamper (30mA). Além do transformador, temos o

capacitor (C), o indutor (L1), e o centelhador, (Figura 8).

Figura 8: esquema elétrico da bobina de tesla. Fonte: Laburu (1991).

Na Figura observa-se o transformador (TP) ligado em paralelo ao capacitor

(C) e o indutor primário (L1). Observe no circuito que entre uma das extremidades do

capacitor (C ) e o indutor (LP), temos o centelhador.

Para uma melhor compreensão, é possível visualizar na Figura 9, o protótipo usado

para esse trabalho.

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Figura 9: Bobina de Tesla usada para a sequência didática.

2.6.1 Circuito secundário

Formada apenas pela bobina secundária, indutor (LP) Figura 3, essa bobina

tem a função de criar o campo eletromagnético analisado na sequência didática.

2.7 Funcionamento

A Bobina de Tesla é um transformador elevador de tensão com núcleo de ar,

é um circuito ressonante que tem a capacidade de transferir energia, seu

equivalente em circuito, consta na Figura 10.

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.

Figura 10: circuito elétrico da Bobina de Tesla. Fonte: Laburu (1991)

Quando o transformador T é energizado e estando a extremidade do

centelhador a uma distância suficiente para vencer a rigidez dielétrica do ar ( campo

elétrico máximo suportado por um isolante), é produzida uma centelha entre os

terminais do centelhador, fechando desse modo, o circuito primário e toda energia

armazenada no capacitor vinda do transformador flui para o indutor LP, que é

percorrido por um pulso elétrico criando um campo eletromagnético em torno da

bobina secundária.

Esse campo possui um campo magnético variável, que induzirá uma corrente

na bobina secundária LS. Essa absorve a energia do campo eletromagnético

ampliando a voltagem, produzindo centelhas de milhares de volts, Figura 11.

Figura 11: descarga do terminal superior do indutor secundário LP. Fonte: dados da pesquisa.

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Ao energizar a BT, ocorre uma ionização do ar causando efeitos

espetaculares como o efeito corona. O campo eletromagnético criado pelo indutor

secundário LS, foi o fenômeno fundamental para essa sequência didática.

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APÊNDICE D – LÂMPADA FLUORESCENTE: FUNCIONAMENTO, BRILHO E LUMINOSIDADE

1 Funcionamento de uma Lâmpada fluorescente

A lâmpada fluorescente foi outra invenção pioneira do Físico e Engenheiro

Nicolas Tesla. Ela possui grande eficiência por emitir mais energia eletromagnética

em forma de luz do que calor ( HARRIS, 2013).

A lâmpada fluorescente é constituída de um tubo selado de vidro, contendo

em seu interior uma pequena porção de mercúrio e um gás inerte, comumente o

argônio. O mercúrio e o argônio são mantidos sob baixa pressão, já o tubo de vidro

possui um revestimento interno de pó de fósforo, que, por sua vez filtra a radiação

ultravioleta deixando passar apenas luz visível. O tubo possui também dois eletrodos

em seus terminais. Esses eletrodos são conectados ao reator acoplado à rede

elétrica de corrente alternada. Na Figura 1 podemos visualizar parcialmente os

elementos constituintes da lâmpada fluorescente.

Figura 1: Componentes da lâmpada fluorescente. Fonte: HARRIS, 2013.

Quando aplicada um voltagem considerável através dos eletrodos, uma

corrente flui pelo gás de uma extremidade à outra. As colisões entre os elétrons e os

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átomos de mercúrio dentro do tubo excitam os átomos, jogando-os para níveis de

energia mais altos. Esses átomos, ao retornarem para seus níveis de energia

originais (menor energia) possibilitam a liberação de fótons de luz.

A lâmpada estando perto da BT funciona como uma antena receptora. Ao receber

o campo eletromagnético, este campo provoca uma diferença de potencial entre as

extremidades da lâmpada, a superior e a outra extremidade em que o aluno está

segurando, isto possibilita uma corrente elétrica no interior da lâmpada

desencadeando o processo de emissão de fótons.

2 Brilho e luminosidade

Usando-se uma lâmpada fluorescente procura-se inferir as características do

campo elétrico que, juntamente com o campo magnético, compõe o campo

eletromagnético gerado pela BT. Aparece uma diferença de potencial na lâmpada

proporcional à amplitude do campo elétrico, que resulta na sua emissão de luz.

Portanto, pretende-se relacionar de forma qualitativa a luminosidade (ou potência

luminosa) da lâmpada à amplitude do campo elétrico da onda eletromagnética

gerada pela BT. No entanto, deve-se atentar para as seguintes considerações:

- A luminosidade é uma característica da lâmpada (submetida à diferença de

potencial), enquanto o olho é sensível ao seu brilho (ou fluxo luminoso) e este

depende da distância que o olho está da lâmpada;

- A resposta do olho ao brilho não é linear, mas ocorre de forma logarítmica. Isto

pode ser exemplificado pela relação logarítmica, usada em Astronomia, para

relacionar a magnitude ao brilho das estrelas, sobre o que discorre-se, por exemplo,

em Vertchenko e Silveira (2010).

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APÊNDICE E - ANÁLISE DAS CONCEPCÕES ESPONTÂNEAS NA COMPRENSÃO DOS CONCEITOS DE CAMPO ELETROMAGNÉTICO

I INTRODUÇÃO

A grande dificuldade encontrada por docentes e discentes para ensinar e

aprender os conceitos de eletromagnetismo nos levou a formular um estudo acerca

deste. O tema é inerente ao cotidiano de qualquer cidadão, pois o desenvolvimento

tecnológico se dá mediante a aplicação do campo eletromagnético, ao usar o

celular, ouvir rádio, assistir tv, acessar a internet dentre outros.

O aluno está imerso nos campos eletromagnéticos e de tanto ouvir sobre os

mesmos, formou um conhecimento prévio deste assunto, o que leva aos conceitos

denominados espontâneos acerca destes. Para Ausubel(1982), o conhecimento

prévio é a variável que mais influencia a aprendizagem significativa, o conhecimento

prévio do aluno é que prepara terreno para a introdução do conhecimento que se

pretende ensinar (MOREIRA, 2004).

Ao apresentar o conceito de eletromagnetismo no curso de engenharia,

constatou-se uma grande dificuldade quanto à aprendizagem do conceito de campo

eletromagnético e uma forte incidência dos conceitos espontâneos. Segundo

Zylbersztajn (1983), no trabalho realizado com estudantes de engenharia nos

Estados Unidos, alunos ingleses dentre outros; mostrou-se que independente da

política educacional e grau de escolaridade, estas concepções são inerentes ao ser

humano, sendo necessário que os professores façam emergir pelos próprios alunos

essas concepções e através das mesmas possamos ensinar.

Com o exponencial aumento do número de alunos nos cursos de engenharia

e o significativo avanço tecnológico advindo destes conceitos, faz-se necessária

pesquisa sobre o ensino de eletromagnetismo para esta demanda, pois é

fundamental na formação desses alunos em qualquer área da engenharia.

Neste sentido o objetivo deste trabalho, é apresentar um estudo de caso acerca dos

conceitos de eletromagnetismo, tendo como ênfase o conceito de campo

eletromagnético contextualizando com as aplicações destes conceitos na

comunicação. Para o mesmo foi feita uma pesquisa qualitativa, trabalhada com a

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metodologia de análise. O estudo inicia-se com a descrição da Bobina de Tesla,

segue com a explanação sobre o questionário aplicado, e uma discussão dos

resultado, culminando com as apresentações da conclusão, o que possibilita ao

docente uma reflexão quanto ao ensino dos conceitos de eletromagnetismo.

II DESENVOLVIMENTO DO ESTUDO

2.1 Apresentação da “ferramenta” de tomada de dados

Utilizou-se como ferramenta para ilustrar os conceitos de campos

eletromagnéticos, o aparato experimental desenvolvido por Tesla intitulado a Bobina

de Tesla. A Bobina de Tesla (BT) (Figura 1), como o próprio nome sugere, foi

construída pelo físico e engenheiro Iuguslávio radicado nos Estados Unidos, Nicolas

Teslas. Os efeitos produzidos pelas altas voltagens geradas pela BT são uma das

mais espetaculares ilustrações em Física. Pode-se encontrar detalhes da construção

e funcionamento em ( CHUIQUITO;LANCELOTTI,2000).

A Bobina de Tesla é um transformador que possibilita aumentar a tensão para

milhares de volts. Quando ligada cria ao seu redor um campo eletromagnético e

descargas no terminal superior da bobina formando pequenos raios (efeito corona).

Figura 1: apresentação da bobina de tesla aos alunos participantes da pesquisa. Fonte: dados da

pesquisa

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Antes de aplicarmos o questionário, os alunos participaram da demonstração

do funcionamento da Bobina de Tesla. Segura-se uma lâmpada a uma distância de

um metro (1m) (Figura 2), observa-se que esta acende, aumenta-se a distância para

dois metros (2m), observa-se que a intensidade do brilho diminui. Aumentando a

distancia para três metros (3m) ou mais, a lâmpada não emite brilho.

Figura 2: Bobina de Tesla funcionando, à direita o aluno segura a lâmpada fluorescente, essa emite luz, devido ao campo eletromagnético criado pela BT. Fonte: dados da pesquisa.

Seguindo, aplicou-se um questionário dissertativo (questões presentes no

tópico 2.2.1). Foram distribuídas para 30 alunos de Engenharia Elétrica, 20 de

Ciência da Computação e 103 de Engenharia Civil, no total de 153 alunos, todos

cursando o quarto período. Os alunos responderam individualmente os questionários

de forma a não inferir nas respostas dos demais, foi salientado que as questões não

seriam avaliadas.

Partindo do pressuposto de que os alunos já cursaram o ensino médio,

espera-se respostas na sua maioria dentro dos parâmetros científicos, com pouca

influência das concepções espontâneas, pois esses já cursaram o ensino de física.

Espera-se também de uma porcentagem:

A não definição de campo;

Uma confusão entre os conceitos de campo elétrico e magnético; na definição

e associação;

A não definição científica de campo eletromagnético;

A influência da lei de Coulomb nas respostas ao item 5.

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As expressões “porque não tem mais campo magnético” ou “está fora do

campo elétrico” são esperadas. Espera-se também uma correlação entre o

funcionamento dos celulares (antena de geração com a bobina e lâmpada com o

celular), conceitos muito discutidos no dia-dia do aluno, quando um telefone está

fora da área de cobertura, o aluno constata que não há torres de transmissão por

perto; assim como o experimento observado remete à relação distância e

funcionamento, mais uma vez as concepções formadas no dia a dia afloram.

Pesquisas mostram que alunos no ensino superior ainda apresentam

dificuldades em compreender os conceitos de campo elétrico e magnético devido

aos conceitos abstratos neles envolvidos (MAGALHAES, SANTOS e DIAS, 2002),

neste contexto pretende-se, com as respostas, obter dados que possibilitem interferir

no planejamento de futuras aulas.

2.2 Análise dos conhecimentos dos alunos.

Após uma prévia análise das respostas, concluímos a importância de

categorizá-las em subrespostas devido à diversificação das mesmas. Para uma

melhor análise, separamos as aplicações em uma coluna à parte.

2.2.1 Respostas às questões aplicadas aos alunos da Engenharia Elétrica, Civil

e Computação, no total de 153 alunos.

Questões aplicadas (As respostas seguem na tabela-1):

O que é campo?

Como funciona o campo elétrico? A que você associa?

Como funciona o campo magnético? A que você associa?

O que é campo eletromagnético? A que você associa?

Porque a lâmpada acende perto e apaga ao se distanciar da bobina?

Existe alguma relação entre o experimento observado com o sistema de

comunicação do telefone, radio ou TV? Por favor, explique.

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Tabela 1: Computação das respostas ao questionário e observações;

Número de

alunos

Questão Observações

65 01 Área de influência da carga elétrica/magnética

49 01 Área ou espaço onde acontece algo/local onde acontece

movimentos

36 01 Área ao redor de determinado objeto

03 01 Outras definições sem lógica

Número de

alunos

Questão Observações

68 02 Área ao redor de um condutor /Relacionaram com área de

movimento dos elétrons, associaram a equipamentos elétricos

31 02 Criada por uma fonte geradora de energia/ associa a descarga

elétrica

23 02 Não sabem definir

21 02 Sem definição coerente

Número de

alunos

Questão Observações

54 03 Ação do magnetismo/associam a imã

26 03 Campo gerado por atividade elétrica/associaram a

equipamentos elétricos

17 03 Atração de algum tipo de material/associaram a imã e

materiais magnéticos

56 03 Não foi possível classificar devido a variedades de respostas

desconexas

Número de

alunos

Questão Observações

96 04 Junção dos dois campos/ associaram ao rádio ao experimento

observado

14 04 Sem definição/Alcance de um sinal

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25

04 Local com presença de cargas/associam a equipamentos

elétricos

18

04 Não souberam

Número de

alunos

Questão Observações

29

05

Está dentro do alcance/está fora do alcance da eletricidade

11

05

Está dentro do alcance/está fora do alcance do campo

magnético

09

05 Alcance ou não do campo elétrico/ corrente elétrica

35 05 Devido à presença do campo eletromagnético

79 05 Relacionaram ao fato da lâmpada estar dentro, ou fora da área

de atuação dos campos, elétricos, magnéticos e

eletromagnéticos

Número de

alunos

Questão Observações

75 06 Sim, emitem sinal a distância, funciona com campo

eletromagnético

/relacionam o fato de a lâmpada apagar com o celular estar

fora da área de cobertura

36 06 Sim, pois o sistema de comunicação tem campo elétrico e

magnético

13 06 Sim, sem explicação

19 06 Impossível de classificar (sim pois absorvem energia do

elétron)

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Ao analisar as respostas observa-se que, para o aluno, o termo Campo está

ligado a uma área ou espaço onde ocorre algo, porém 65 dos 153 entrevistados

demonstraram dificuldades nas definições de campo, associando a definição ao

campo elétrico.

Nas respostas para o campo elétrico percebe-se uma confusão, entre criação

do campo elétrico e campo magnético, entre as 153 respostas analisadas, em 68

dessas, os alunos correlacionam o fenômeno observado, com a área próxima ao

movimento de elétrons ou a condutores elétricos. De acordo com Silvo; Garcia

(2009) em todos os textos analisados para o ensino de eletromagnetismo, a

natureza do campo elétrico não é esclarecido e isto talvez seja o grande complicador

na compreensão física desse conceito. Dos entrevistados, 31 associam campo

elétrico com descargas elétricas. Das 153 respostas obtivemos 21 sem coerência;

por exemplo: “elétron em movimento ao redor da partícula”, “movimento de certa

rede de elétrons e isolante de corrente elétrica”.

Assim como na questão campo elétrico, ao ser questionado sobre o campo

magnético, o aluno relacionou a atividade elétrica associada a equipamentos

elétricos. Vale ressaltar que não houve uma quantidade significativa de respostas

coerentes; por exemplo: “não correlacionaram o movimento da carga elétrica com a

criação do campo magnético, e sim à diversas atividades elétricas como raio e

equipamentos elétricos”, e também em muitas das respostas associam a imãs e

ferro.

O item quatro (04), o que é campo eletromagnético e a que se associa,

demonstram a presença dos conceitos espontâneos em noventa e seis (96)

respostas;por exemplo: definiram campo eletromagnético como a junção dos

campos elétrico e magnético, porém os mesmos alunos não conseguiram dar uma

definição exata de campo magnético e campo elétrico. Cento e dez (110) respostas

relacionaram campo eletromagnético com rádio, sinal de celular e com o

experimento observado.

Setenta e nove (79) dos alunos entrevistados, relacionaram o brilho da

lâmpada, ao fato de estar perto ou longe da Bobina de Tesla, segundo os mesmos

dentro e fora da área de atuação dos campos elétrico, magnéticos e

eletromagnéticos.

Sobre a existência de alguma relação entre o experimento observado (lâmpada e

bobina de tesla), setenta e cinco (75) de cento e... citaram as ondas

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eletromagnéticas como relação existente entre o funcionamento da Bobina de Tesla

e sistema de comunicação.

Observa-se no tocante às questões analisadas, uma dificuldade na definição

de campo e uma confusão entre a compreensão dos campos magnéticos e elétricos

o que pode ser observado na amostra do questionário (Figura 3)

Figura 3: Amostra das respostas dos alunos. Fonte: dados da pesquisa.

Esses resultados mostram que o ensino dos conceitos de campo elétrico e

magnético requer um tratamento mais elaborado do que os feitos na maioria dos

livros-texto convencionais (MAGALHÃES,2002).

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III CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo fez uma análise quanto aos conceitos de campo

eletromagnético no ensino de engenharia. O objetivo proposto foi alcançado, pois

evidenciou que, mesmo alunos na graduação, estão imersos em “conceitos

errôneos” e concepções espontâneas Vigotsky (2007) mostra que existem relações

claras entre os conceitos formais e não formais e que as estruturas formadas nas

concepções espontâneas ou pré-concepções (mesmos imperfeitas e fragmentadas)

servem de alicerce para uma construção do conhecimento científico mais rápida e

eficiente.

Os resultados vão de encontro à constatação de Magalhães (2002) o qual

evidencia que muitos alunos do Ensino Superior ainda apresentam dificuldades em

lidar com os conceitos de campo elétrico e campo magnético, devido à abstração

neles envolvida; esses conceitos, embora presentes no dia a dia, estão fora do

nosso domínio concreto. Pode-se concluir que, ao estudar os conceitos científicos

não os substituímos totalmente no lugar das concepções espontâneas, pois estando

inseridas em nosso contexto social, estas nos seguirão enquanto vivermos, porém é

necessário sabermos inferir e utilizá-las como “ferramentas” no ensino.

O presente estudo possibilitou ponderar sobre a forma de abordar tais

conceitos acima discutidos em sala, culminando numa maior objetividade das aulas.

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APÊNDICE F- FUNDAMENTOS DE ANTENAS

As antenas são dispositivos essenciais aos equipamentos de áudio e

telecomunicação, esta é um dispositivos que transforma a energia das ondas

eletromagnéticas, guiando-as por meio das linhas de transmissão, ou seja,

captando-as e conduzindo-as até o dispositivo eletrônico. Segundo Nascimento

(2000) a forma e tamanho são elementos fundamentais nas antenas, esse

comprimento corresponde ao comprimento de ondas que elas recebem.

Segundo o mesmo autor, as antenas são monopolo e dipolo, a Bobina de Tesla

classifica-se como antenas monopolo, similar a Figura 1.

Figura 1: antena monopolo. Fonte: (NETTO, 2012)

Segundo Furtado (2013) a antena dipolar consiste de duas peças longas de

tubo de arame ou metal, que formam uma linha reta, mas não ligadas uma à outra,

que contribuirá para um par de fios que conduzem a um receptor de rádio (Figura 2).

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Figura 2: tipos de antena dipolo. Fonte: (NETTO, 2012)

Um monopolo é semelhante a um dipolo mas substitui um condutor, usando o

plano de terra para um dos dipolo de peças. Essas antenas são móveis e usadas em

veículos, em telefones portáteis, rádios de bolso e walk-talkies.