A Construção Da Pesquisa Em Educação No Brasil

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    Bernardete Angelina Gatti

    A

    CONSTRUG o D

    PESQ, : ISA

    EM

    EDUC G o NO

    BR SIL

    Serie Pesquisa

    v

    1

    rasilia DF

    2012

  • 7/23/2019 A Construo Da Pesquisa Em Educao No Brasil

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    Copyright 2012 Liber Livro Edirora Ltda.

    Eproibida a r e p r o d u ~ i i o total ou parcial des

    ta

    p u b l i c a ~ i i o

    por quaisquer meios. sem a u t o r i z a ~ a o prev ia por escrito. da

    ed

    itora

    Grafia atualizada segundo

    0

    Acordo Ortografico da Lingua Portuguesa

    de 1999. que entrou em vigor no Brasil em 2009.

    Conselho Editorial

    Bernardete A. Gatti.

    Iria Brzezinski. Maria

    Celia

    de

    Abreu. Osmar

    Favero.

    Pedro Demo. Rogerio de And/ tlde Cordova, Sojia Lerche

    Viei/ tl.

    C o o r d e n a ~ a o da

    se rie

    Bemardete Angelina

    Gatti

    Revisao

    jail Santalla

    Mo/ tle

    s

    Capa

    Patricia Me/asso Garcia

    O i a g r a m a ~ a o

    Samuel

    Tabosa de Castro

    Impressao e acabamento

    Grdjica e Editol fl Viena Ltda.

    Oados Internadonais de

    C a t a o g a ~ i i o

    na Fonte (Crp)

    Gatti. Bernardere Angelina

    G263c A

    c o n s t r u ~ a o

    da pesquisa em e d u c a ~ a o no Brasil IBernardete

    Angelina

    Gatti

    - Brasilia: Liber

    Livro

    Editora. 2012.

    96 p.

    ISBN 85-85946-31-8 (Plano Ed itora)

    ISBN 978-85-98843-46-9 (Liber Livro Editora)

    1 Pesquisa em e d u c a ~ i i o 2. Metodos de pesquisa. I Titulo.

    II. Serie.

    Impresso no

    Bras

    il

    COU

    301.175

    Liber Livro Editora Ltda.

    CLN Qd

    3

    15

    . Bloco B Sala

    15

    Asa

    Norte - 70774-520 - Brasilia-OF

    Fone: (61) 3965-9667 Fax : (61) 3965-9668

    [email protected] www.liberlivro.com.br

    SUM RIO

    Apresentac;:ao ............................ .............................. 7

    Introduc;:ao ............................................ ..................... 9

    Capitulo

    1

    A produc;:ao

    da

    pesquisa

    em Educac;:ao

    no

    Brasil e suas implicac;:6es ........... 17

    Capitulo

    2.

    ~ e s t e s

    de

    metodo

    nas pesquisas em educac;:ao ...................... .............

    47

    Capitulo

    3. Pesquisa

    em

    educac;:ao:

    urn tern a

    em

    debate

    em

    revista cientifica ..............73

    Sobre a autora ............................................................

    95

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    P R E S E N T ~ O

    ste

    texto abre

    uma

    cole

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    permitir discuss6es sobre a validade e 0 ambito de

    pertinencia desses dados.

    Esta

    cole

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    negar as explica

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    a crer que

    ha

    urn so metodo para se fazer ciencia

    a distancia e grande demais.

    Na

    pesquisa, muito importantes sao os dados

    com que trabalhamos. E dado pode ser desde urn

    conjunto de medidas bern precisas que tomamos

    ate depoimentos, entrevistas, dialogos, discussoes,

    observa

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    A pesqUlsa

    educacional tal como vern

    sendo realizada compreende assim

    uma

    vasta

    diversidade de questoes de diferentes conota

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    Capitulo

    A PRODUC;XO D PESQUIS

    EM EDUCAC;XO NO BRASIL

    E SUAS IMPLICAC;OES

    .

    Trabalhos esparsos que sao reveladores de

    certa preocupa

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    metodos e tecrucas de investigayao cientifica em

    educayao, inclusive as de natureza experimental.

    Pesquisadores desses Centros passaram a atuar

    tambem

    no

    en

    sino superior e professores de

    cursos superiores tambem vieram a atuar neles,

    criando uma fecunda interface, especialmente

    com

    algumas uruversidades, nas decadas de 1940 e 1950.

    Com

    0 desenvolvimento de pesquisas com base

    em equipes fixas, com uma serie de publicay6es

    regulares e 0 oferecimento de

    cursos

    para a

    formayao de pesquisadores

    com

    a participayao de

    o ~ e n t e s de diversas nacionalidades, especialmente

    latino-americanos, esses

    Centros contribuiram

    para certa institucionalizayao da pesquisa, com a

    formayao de fontes de dados e com a implantayao

    de grupos voltados a pesquisa educacional

    em universidades. Mas foi somente com a

    implementayao de programas sistematicos de p6s

    graduayao, mestrados e doutorados,

    no

    final da

    decada de 1960, e

    com

    base

    na

    intensificayao

    dos programas de formayao no exterior e na

    reabsoryao

    desse pessoal que se acelerou 0

    desenvolvimento dessa area de pesquisa no Pais,

    transferindo seu foco de produyao e de formayao

    de quadros para

    as

    uruversidades. Paralelamente,

    os

    centros

    regionais de pesquisa do Inep sao

    fechados e comeyam investimentos dirigidos aos

    programas de p6s-gradua

    y

    ao nas instituiy6es de

    enSlnO

    supenor.

    No contexto

    dessa trajet6ria

    e tendo

    durante

    algumas decadas uma

    produyao

    bem

    pequena

    em

    grupos

    localizados a pesquis a

    em educayao

    no

    Brasil pas sou por visiveis

    convergencias tematicas e metodol6gicas. Segundo

    8

    estudos de Aparecida Joly Gouveia 1971, 1976),

    as pesquisas

    em

    educayao

    no Brasil

    tiveram

    inicialmente um enfoque predominantemente

    psicopedag6gico, em que a tematica abrangia

    estudos do desenvolvimento

    psicol6gico

    das

    crianyas e adolescentes, processos de ensino e

    instrumentos de medida de aprendizagem. Em

    meados da decada de 1950, esse foco se desloca

    para as condi

    y

    6es

    culturais e as tendencias de

    desenvolvimento da sociedade brasileira. Nesse

    periodo, 0 Pais vinha saindo de urn ciclo ditatorial

    e tentava integrar processos democriticos nas

    priticas politicas. Vive-se

    um momenta

    de certa

    efervescencia social e cultural, inclusive com

    grande expansao da escolarizayao da populayao

    nas

    prim

    eiras series do nivel fundamental, em

    funyao da grande ampliayao de oporturudades em

    escolas publicas, comparativamente ao periodo

    anterior Silva; Gatti, 1990). 0 objeto de atenyao

    mais

    comum

    nas pesquisas educacionais passou

    a ser, nesse momento, a relayao entre

    0

    sistema

    escolar e certos aspectos da sociedade.

    A partir de meados da decada de 1960,

    comeyaram a

    ganhar

    f6lego e destaque os

    estudos de natureza econ6mica,

    com

    trabalhos

    sobre a

    educayao

    como

    investimento, demanda

    profissional formayao de recursos humanos

    tecrucas programadas de

    ensllo

    etc.

    E

    0 periodo em

    que se instalou

    0

    governo militar, redirecionando

    as perspectivas sociopoliticas do Pais. Passa-se

    a privilegiar os enfoques de planejamento, dos

    custos, da eficiencia e das tecrucas e tecnologias

    no en sino

    e

    no

    ensino

    profissionalizante.

    A politica cientifica passa a definida num

    9

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    contexto de macroplanejamento direcionando

    os

    esforc;os e financiamentos

    no

    conjunto

    da

    politic a desenvolvimentista nao fugindo a pesquisa

    educacional

    em

    sua maiar parte desse cenario e

    desses interesses.

    Embora

    a tonica nas pesquisas seja essa

    durante alguns anos especialmente as financiadas

    por

    orgaos publicos as instituic;oes de ensino

    superior ou outras

    ligadas a

    produc;ao

    da

    pesquisa em educac;ao mantem uma formac;ao

    diversificada

    de

    quadros.

    Com a necessaria

    expansao do ensino superior e trabalho

    em

    alguns

    cursos de

    mestrado

    e

    doutorado

    que

    comec;am a se consolidar em meados da decada de

    1970 deparamo-nos nao so com uma ampliac;ao

    das tematicas de estudo mas

    tambem

    com

    um

    aprimoramento metodologico especialmente

    em

    algumas subareas.

    Levantamentos

    disponiveis

    nos

    mostram

    que os estudos comec;am a se

    distribuir mais equitativamente entre diferentes

    problematicas: curriculos caracterizac;oes de redes

    e recursos educativos avaliac;ao de programas

    relac;oes entre educac;ao e profissionalizac;ao

    caracteristicas de alunos familias e ambiente de

    que provem nutric;ao e aprendizagem validac;ao e

    critic a de instrumentos de diagnostico e avaliac;ao

    estrategias de ensino entre outras. Nao so houve

    aumento

    de trabalhos

    em

    temas diversificados

    como

    tambem quanto aos

    modos

    de enfoca-los.

    Passou-se a utilizar tanto metodos quantitativos

    mais sofisticados

    de

    analise

    como tambem

    qualitativos

    e no

    final da decada um referencial

    teorico mais critico cuja utilizac;ao se

    estende

    a

    muitos

    estudos. Mas

    nesse periodo

    ainda

    20

    predominaram os enfoques tecnicistas

    0

    apego

    as taxonomias e a operacionalizac;ao de variaveis e

    sua mensurac;ao. Com algumas criticas aos limites

    desse tipo de investigac;ao com a propagac;ao do

    emprego

    das metodologias da pesquisa-ac;ao e

    das teorias do conflito

    no

    final dos anos 1970 e

    comec;o dos anos 1980 ao lado de certo descredito

    de que soluc;oes tecnicas resolveriam problemas de

    base

    na

    educac;ao brasileira

    perm

    da pesquisa

    educacional

    se

    enriquece com

    essas novas

    perspectivas abrindo espac;o para abordagens

    criticas.

    Todo

    esse

    processo

    da decada de 1970 e

    inicio dos anos 1980 se faz num contexto politico

    e social

    em

    que

    num primeiro momento

    a sociedade

    e cerceada em sua liberdade de manifestac;ao na

    vigencia da censura em que se impoe uma politica

    economica de acumulo de capital para

    uma

    elite

    e

    em

    que

    as

    tecnologias de diferentes naturezas

    passam a ser valorizadas

    como

    prioridade.

    Em

    um

    segundo momento

    deparamo-nos

    com

    movimentos

    sociais diversos que comec;am a emergir e vem

    num crescendo criando espac;os mais abertos

    para manifestac;oes socioculturais e para a critica

    social inaugurando um periodo de transi

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    em teorias de inspirac;:ao marxista.

    Do

    ponto de

    vista metodologico,

    no

    entanto, e um periodo em

    que encontramos alguns problemas de base na

    construc;:ao das proprias pesquisas. Voltaremos a

    essa

    questio

    mais adiante.

    Sendo a expansao intensa

    do en

    sino superidr

    e

    da

    pos-graduac;:ao necessaria e inevitavel, a

    formac;:ao de quadros

    no

    exterior tambem e gran

    demente expandida na segunda metade dos anos

    oitenta 1980 e inicio dos anos 1990. retorno

    desses quadros traz para as universidades, nesse

    p

    riodo, contribuic;:oes que

    comec;:am

    a produzir

    grandes

    diversificac;:oes

    nos trabalhos tanto

    em relac;:ao as tematicas

    como

    as

    formas de

    abordagem.

    Ao

    lado disso, alguns pesquisadores

    experientes alimentam a comunidade academic a

    com analises contundentes quanto a consistencia

    e ao significado

    do

    que

    vem

    sendo produzido sob

    o rotulo de pesquisa educacional .

    E tambem

    nesses anos que se consolidam grupos de pesquisa

    em algumas subareas, quer

    por necessidades

    institucionais a luz das avaliac;:oes de

    orgaos

    de fomento a pesquisa, quer pela maturac;:ao

    propria de grupos que, durante

    as

    duas decadas

    anteriores vinham desenvolvendo trabalhos

    integrados. Descortinam-se,

    no

    final desse periodo,

    grupos solidos de investigac;:ao, por exemplo,

    em

    alfabetizac;:ao e linguagem, aprendizagem escolar,

    formac;:ao de professores, ensino e curriculos,

    educac;:ao

    infantil, fundamental e media,

    educac;:ao

    de jovens e adultos, ensino superior, gestio escolar,

    avaliac;:ao

    educacional

    historia

    da

    educac;:ao,

    politicas educacionais, trabalho e educac;:ao Esse

    movimento

    pode ser acompanhado tanto nas

    22

    Conferencias Brasileiras de Educac;:ao dos anos

    1980,

    como

    pelo desenvolvimento da Associac;:ao

    Nacional

    de Pesquisa e Pos-Graduac;:ao em

    Educac;:ao (Anped) mediante suas reunioes anuais.

    Essa

    associac;:ao

    teve, a partir

    do

    final da decada de

    1970, papel marc ante

    na

    integrac;:ao e intercambio

    de pesquisadores e na disseminac;:ao da pesquisa

    educacional e de questoes a ela ligadas. Contando

    com

    mais de vinte

    Grupos

    de Trabalho, que se

    concentram

    em

    temas especificos dos estudos de

    questoes educacionais, a Anped sinaliza bem a

    expansao da pesquisa educacional nas instituic;:oes

    de ensino superior

    ou em

    centros independentes,

    publicos ou privados.

    Essa

    expansao se traduz

    em numeros

    expressivos.

    Em

    suas

    Reunioes

    Anuais, a

    Anped

    tem contado com a participac;:ao

    de, aproximadamente dois mil especialistas,

    entre pesquisadores e alunos dos mestrados e

    doutorados,

    com

    aumento sistematico de trabalhos

    que sao submetidos a

    apreciac;:ao

    de suas comissoes

    cientificas.

    No

    entanto, com essa expansao,

    tambem

    se evidenciaram problemas de fundo na propria

    produc;:ao das pesquisas, os quais merecem alguma

    considerac;:ao.

    eoria e

    meto o

    As novas perspectivas com que se trabalhou

    na pesquisa educacional nas decadas de 1980 ate

    meados dos anos 1990 assentaram-se

    em

    criticas

    relativas a questoes de teoria e metodo, que nao

    estao resolvidas, mas que deram

    ~ v o

    impulso aos

    23

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    trabalhos e alimentaram alguns grupos de

    ponta

    na pesquisa. Assim, a qualidade da produ

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    dos problemas.

    Esses problemas oriundos de

    priticas profissionais sao tratados

    em

    geral nos

    limites de urn recorte academicista discutivel em

    seus alcances. Alem disso a

    relac;:ao

    pesquisa/

    ac;:ao

    / mudanc;:a parece ser encarada de maneira

    urn tanto simplista.

    Embora

    reconhecendo

    a

    necessaria origem social dos temas e problemas na

    pesquisa em

    educac;:ao

    e a necessidade de trabalhos

    que estejam vinculados mais especificamente

    a quest6es

    que no

    imediato sao carentes

    de

    analise e proposic;:6es certa cautela quanto a essa

    tendencia deveria ser tomada porque esse tipo

    de abordagem

    na

    maioria das vezes

    na

    medida

    em

    que facilita a prevalencia

    do

    aparente e do

    excessivamente limitado acaba deixando de lado

    quest6es que sao

    as

    realmente fundamentais. As

    perguntas mais de fundo e de espectro mais amplo

    deixam de ser trabalhadas. Esse imediatismo traz

    tambem consigo urn grande empobrecimento

    teorico.

    Isso nao quer dizer que nao devamos nos

    voltar para os problemas concretos que emergem

    no cotidiano da historia da educac;:ao vivida pOl

    nos - e ai que os problemas

    tomam corpo

    - mas

    a pesquisa nao

    pode

    estar a

    servic;:o

    de solucionar

    pequenos impasses do cotidiano porque ela

    pOl

    sua natureza e processo de construc;:ao parece

    nao se pres tar a isso

    uma

    vez que 0 tempo da

    investigac;:ao cientifica em geral nao se coaduna

    com as

    necessidades de decis6es mais ripidas. A

    busca da pergunta adequada da questao que nao

    tern resposta evidente e que constitui 0 ponto

    de origem de uma investigac;:ao cientifica. Nem

    sempre esse

    esforc;:o

    de busca de hipoteses mais

    26

    consistentes de colocac;:ao de perguntas mais

    densas, e encontrado na produc;:ao das pesquisas

    na

    area educacional e nao so

    em

    nosso Pais.

    Neste ponto a relatividade do impacto dos

    resultados de

    investigac;:6es cujas

    dimens6es

    sao sempre dificeis de aquila ar e urn aspecto

    que deve ser lembrado. Acresc;:a-se ainda que

    o

    levantamento de quest6es mais de fundo

    e a capacidade

    de antecipar

    hoje

    problemas

    que

    estao se

    descortinando

    mas cuja eclosao

    nao esta visivel sao

    pontos

    fundamentais

    na

    colocac;:ao

    de problemas para pesquisa. Isso so e

    possivel na medid a em que haja certa constancia

    e continuidade no trabalho de pesquisadores

    dedicados a temas preferenciais

    pOl periodos

    mais longos caracterizando certa especificidade

    em

    sua contribuic;:ao a urn conhecimento mais

    sistematizado. Essa

    condensac;:ao de

    grupos

    em algumas especialidades ou temas e uma das

    dificuldades que encontramos na area da produc;:ao

    da pesquisa em educac;:ao.

    s

    i n s t i t u i ~ o s

    Ha que considerar que de

    modo

    geral

    nas

    universidades onde

    a

    pesquisa

    veio a se

    desenvolver

    nem

    sempre encontramos condic;:6es

    institucionais de apoio

    a

    pesquisa educacional

    e,

    nesse quadro a pesquisa na area veio revestida

    de caracteristicas de iniciativa individual. Essas

    condic;:6es atingiram os programas de

    pos-

    graduarao

    stri to sensu

    decorrendo dai

    em

    )

    .

    parte

    suas dificuldades

    em

    consolidar ate

    27

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    recentemente de

    modo

    fecundo

    grupos

    de

    pesquisa com produc;:ao continuada. Verificamos

    que,

    em

    alguns poucos programas de mestrado e

    doutorado,

    no

    final dos anos 1980, solidificaram

    se tendencias de trabalho -

    poderiamos

    dizer,

    comec;:aram a formar

    tradic;:ao

    - , enfrentando,

    todavia, condic;:oes institucionais internas ainda

    nao tao favoraveis. As universidades brasileiras,

    com

    raras excec;:oes nao nasceram conjugando

    pesquisa e ensino; voltaram-se so para ensino,

    para dar urn diploma profissionalizante, tanto as

    de natureza confessional,

    como as

    leigas privadas

    e algumas publicas. Elas nao foram estruturadas

    para incorporar a produc;:ao de

    conhecimento

    de modo sistematico, como parte de sua

    func;:ao

    sequer para a discus sao

    do

    conhecimento. Elas

    se mostraram voltadas para a reproduc;:ao de urn

    conhecimento que elas nao produziram, com

    qual nao trabalharam investigativamente, mas que

    o absorveram e transferiram.

    o

    espirito das horas-aula das instituic;:oes

    isoladas de ensino superior igualmente se mostra

    nas universidades

    especialmente

    nas

    recem

    criadas.

    Muito pouco espac;:o

    se

    abriu

    para a

    pesquisa nessas instituic;:oes, a nao ser a partir de

    pouco tempo para ca quando outras perspectivas

    sociopoliticas colocaram novos

    referenciais

    para a constituic;:ao de universidades. grande

    desenvolvimento

    no

    final da dec ada de 1980

    enos

    anos 1990 de programas de mestrado e doutorado,

    com estimulos espedficos a pesquisa e com

    avaliac;:oes periodicas, e a redefmic;:ao das exigencias

    para

    as

    carreiras docentes universitarias, trazem

    mudanc;:as

    substantivas a esse quadro institucional.

    28

    ontrapontos import ntes

    Os

    anos 1980

    foram

    fecundos: palco de

    contrapontos

    importantes decisivos mesmo

    para cenario atual

    da

    pesquisa

    em

    educac;:ao.

    Dois

    artigos publicados

    no

    final desse periodo

    tipificam essas discussoes. Refletindo

    0

    embate

    quanto aos encaminhamentos

    das

    questoes

    teorico-metodologicas entre os pesquisadores

    em

    educac;:ao no

    periodo, Luna

    Cadernos de Pesquisa,

    n. 66, 1988) trabalha a ideia de urn falso conflito

    entre tendencias metodologicas e Franco Cadernos

    e Pesquisa,

    n.

    66, 1988) contrapoe-se argumentando

    que conflito entre tendencias metodologicas

    nao e falso.

    Luna

    afirma

    que

    a questao das

    diferenc;:as metodologicas tern sido formulada

    em

    termos imprecisos e que mesmo

    0

    sentido da

    palavra metodologia tern variado

    no

    tempo, ora

    aproximando-se do ambito das tecnicas estatisticas,

    ora da ftlosofia

    ou

    sociologia da ciencia.

    No

    entanto, para esse autor, se pesquisador

    explicit a sua

    pergunta/problema

    com clareza,

    elabora os passos que 0 levam a obter a informac;:ao

    necessaria para responde-Ia(o) e indica 0 grau

    de confiabilidade na resposta obtida, e possivel

    avaliar seu produto dentro do referencial proprio

    dele.

    Supoe

    -se,

    com

    isso

    que os conflitos

    metodologicos seriam falsos, pois so poderiam

    se estabelecer

    no

    ambito de

    crenc;:as

    de confrarias

    restritas. Outros vieses sobre a questao adviriam

    da considerac;:ao das diferentes tecnicas

    como

    explicitadoras de diferenc;:as metodologicas, bern

    como pela tentativa de confro.ntar diferentes

    tendencias

    teorico-metodologicas como se a

    29

  • 7/23/2019 A Construo Da Pesquisa Em Educao No Brasil

    16/49

    verdade de cada

    uma

    pudesse ser atestada pela

    fragilidade de outra .

    A base de suas analises e dada pela sua

    concepyao de que a realidade empirica e complexa

    mas objetiva.

    Nao

    traz nela mesma ambiguidades .

    Ja 0

    individuo e subjetivo, nao sendo capaz de

    separar

    0

    objeto de sua representayao.

    Dai 0

    papel

    da teoria, que e por onde existe a possibilidade de

    se integrarem os recortes que 0 homem faz dos

    fenomenos.

    Ao discutir as ideias de Luna, Franco adota

    o

    ponto de vista de que nao ha como separar

    aquele que conhece

    do

    objeto a ser conhecido,

    ou seja, da parte da perspectiva de que

    0

    homem

    nao e urn ser

    meramente

    especulativo que

    precis a controlar sua subjetividade e sair de

    si

    mesmo

    para

    gerar conhecimento

    cientifico.

    o pensamento humano man ern uma relayao

    dialetica

    na

    construyao das teorias, vinculada a

    pratica social de seus construtores e dos que

    as

    utilizam. Nao cabe, pois, dicotomizar sujeito e

    objeto, nem teoria e pratica. Considera essa autora

    que a

    formalizayao dos requisitos que Luna coloca

    como

    basicos

    em

    qualquer pesquisa, qualquer que

    seja a metodologia, nao e suficiente para expressar

    tendencias metodol6gicas nem para explicitar a

    abordagem te6rica, e muito menos para expor 0

    fio condutor que da significado aos procedimentos

    que ela adota, quaisquer que sejam, e

    mesmo a

    investigayao

    como

    urn todo.

    13

    nesse nivel que

    os conflitos se instalam, ou seja,

    no

    processo em

    que homens concretos, historicizados, pesquisam

    uma realidade concreta, dinamica.

    Enfoque do

    real, metodologia e teoria sao interdeterminantes.

    30

    Como ha enfoques conflitantes, ha posturas

    metodol6gicas tambem conflitantes.

    Parte desses confrontos tern a ver com a

    chamada

    s q u i s ~

    qualitativa, cujo

    usa

    se expandiu

    pela busca de metodos alternativos aos modelos

    experimentais e aos estudos empiricistas, cujo poder

    explicativo sobre os fenomenos educacionais vinha

    sendo

    posto

    em

    quesdo, como

    foram postos

    em

    quesdo os conceitos de objetividade e neutralidade

    embutidos

    nesses modelos. As alternativas

    apresentadas pelas analises chamadas qualitativas

    comp6em

    urn universo heterogeneo de metodos e

    tecnicas, que

    vaG

    desde a analise de conteudo,

    com

    toda sua diversidade de propostas, passando pelos

    estudos de caso, pesquisa participante, estudos

    etnograficos, antropol6gicos etc.

    o

    confronto salutar, explicitado em todos estes

    trabalhos, foi caldo de cultura no qual se avanyou

    nos anos 1990, nas produy6es e preocupa

    y

    6es com

    a pesquisa em Educayao. Conflitos entre posturas

    epistemol6gicas, diferenciais de metodos e formas

    espedficas de utilizayao de tecnicas, avanyos na

    explicitayao do objeto e problemas de natureza

    institucional fazem parte

    do

    vivido nas lides dos

    que trabalham com a investigayao cientifica.

    s

    procedimentos

    na n v e s t i g ~ o

    Alguns problemas ligados ao uso de certos

    metodos sao comuns

    no

    Brasil como na produyao

    de outros paises, na area educacional, inclusive

    nos considerados

    como

    matrizes dessa produyao.

    Quesdo

    que

    nao

    se acha suficientemente

    discutida e trabalhada pelos pe ; quisadores e a

    3

  • 7/23/2019 A Construo Da Pesquisa Em Educao No Brasil

    17/49

    tendencia a nao discussao em profundidade das

    implica

  • 7/23/2019 A Construo Da Pesquisa Em Educao No Brasil

    18/49

    tambem um

    grau alto de exigencia para

    0

    trato

    com a realidade e a reconstrw;:ao, justamente

    por postularem envolvimento historicizado do

    pesquisador, assim como em

    outros

    modelos,

    por

    exemplo nos experimentais

    ou

    quase-

    experimentais, se coloca a necessidade de um

    dominio de tecnicas de constru

  • 7/23/2019 A Construo Da Pesquisa Em Educao No Brasil

    19/49

    adequada nem suficiente. Acrescenta Warde (1990)

    que

    ha

    de se destacar que

    da utiliza

  • 7/23/2019 A Construo Da Pesquisa Em Educao No Brasil

    20/49

    os orgaos produtores e os orgaos potencialmente

    consumidores de pesquisa educacional; projetos

    de

    pesquisa excessivamente

    individualizados,

    com descontinuidade na

    produ

  • 7/23/2019 A Construo Da Pesquisa Em Educao No Brasil

    21/49

    problemas comec;:aram a ser contundentemente

    revelados e abordados,

    com

    a conotac;:ao espedfica

    dada a ele hoje publicamente just

    amente

    em

    pesquisas de

    porte

    realizadas e publicadas

    no

    final

    dos anos 1970 e

    comec;:o

    dos anos 1980.

    Depois

    desses trabalhos, que se fez foi desenvolver

    a

    mesma

    trilha e mostrar

    que 0

    problema so

    aumentava de magnitude.

    Entre Ii

    e

    ca

    alguns

    reflexos existiram em iniciativas politicas, algumas

    mais locais,

    em

    instituic;:oes espedficas, outras mais

    amplas, em Estados ou munidpios como,

    por

    exerhplo, a implantac;:ao do ciclo basico no Estado

    de Sao Paulo,

    ai,

    tambem, as escolas-padrao ; as

    diferentes iniciativas de diversos governos para

    a renovac;:ao dos processos de alfabetizac;:ao e

    desenvolvimento da leitura e da escrita; os ciclos

    de ensino nos

    munidpios

    de Sao Paulo e Belo

    Horizonte; as classes de acelerac;:ao , em muitos

    Estados, entre outras.

    Esse

    impacto assume

    as

    caracteristicas

    do

    possivel historicamente determinado, portanto,

    nao assume uma feic;:ao do idealizado nas reflexoes

    enos desejos dos pesquisadores, mas a feic;:ao do

    factivel, no confronto dos interesses e poderes que

    atuam no social numa dada conjuntura.

    A porosidade entre pesquisa e suas aplicac;:oes

    possiveis nas politicas educacionais tambem

    e determinada pela formac;:ao

    dos quadros

    componentes

    dos sistemas

    de

    ensino. Esses

    quadros receberam sua formac;:ao bisica em um

    determinado

    tempo

    e lugar, tendo acesso e lendo

    uma

    deter

    min

    ada

    bibliografia,

    ou

    sendo

    por

    esta orientados mediante as exposic;:oes de seus

    professores. Ensinou-se a eles alguma coisa em

    40

    um periodo his torico no qual eles formaram ideias,

    ideais e valores. Essas aprendizagens, feitas pelas

    mediac;:oes de cad a um, serao transformadas, pois

    terao ressonancia nos lugares em que suas ac;:oes

    profissionais irao se desenvolver. As ideias que

    se formulam pelas pesquisas, estudos, reflexoes,

    ensaios, e que passam para

    as

    gerac;:oes em formac;:ao

    num

    dado tempo,

    bem como no

    continuo de seu

    exerdcio profissional, sao levadas de alguma forma

    para dentro desse exerdcio, e suas marcas se fazem

    sentir numa temporalidade diferente daquela

    em

    que se formou uma base de conhecimentos e

    de formas de pensar determinadas. Por sua vez,

    esses professores nao deixam de receber 'novas

    informac;:oes, que se confrontam ou se integram as

    que eles

    ji

    tem.

    Entao 0

    processo tem aspectos de

    sucessividade e de simultaneidade,

    num

    contexto

    institucional que e historico, historico pessoal e

    social. Alguns permanecem na escola ensinando,

    outros

    vaG

    desempenhar outras

    func;:oes

    tecnicas

    ou administrativas, ou normativas, mas portando

    consigo a base,

    mesmo

    que transformada, com

    a qual adentraram

    na

    seara da

    educac;:ao. i

    se

    manifestara

    em

    suas ac;:oes aquilo que construiram

    como conhecimento a partir de seu proprio

    processo educativo e

    de

    sua

    pratica

    social e

    profissional.

    i

    urn papel social para a consistencia

    metodol gica?

    Os resultados de pesquisa, na sua

    disseminac;:ao

    pelo social, parecem tambem te; alguma

    relac;:ao

    41

  • 7/23/2019 A Construo Da Pesquisa Em Educao No Brasil

    22/49

    com os metodos de trabalho dos pesquisadores

    em sua possibilidade de gerar alguma credibilidade

    dentro

    e depois, fora dos ambientes academicos.

    Algo ligado

    a

    plausibilidade dos resultados e

    de

    sua generalizac;ao ou transformac;ao em ac;oes e

    priticas. Claro que essa disseminac;ao e seletiva,

    desigual e dependente dos jogos de forc;as sociais

    em determinado momento. Esse aspecto mereceria

    maiores estudos.

    E

    como se

    houvesse uma

    sensibilidade

    social ao que e mais rigoroso,

    ou

    confiavel, ao

    men9s frigil

    metodo

    logicamente, nao facilmente

    demolivel pelos furos nas coletas de dados

    ou

    analises, nao facilmente contra-argumentavel.

    Ha tambem nesse

    processo

    de impacto social

    os consequentes da aplicac;ao dos resultados da

    investigac;ao cientifica nos sistemas escolares

    - efetivos,

    nao

    efetivos - ,

    que servem para

    a

    avaliac;ao de sua consistencia.

    Historicamente, alem das associac;oes com

    determinados tipos de poder e conjuntura, para ser

    tomado

    como

    conhecimento relevante e penetrar

    no

    social, 0 conhecimento advindo das pesquisas

    parece necessitar

    tambem

    carregar em si um tipo

    de abrangencia, nivel de consistencia e foco de

    impacto, aderencia ao real, tocando em pontos

    criticos concretos. Ha pesquisas politicamente

    interessantes ante certos grupos,

    mas

    que

    mostram

    fDlego

    curto

    ante 0 experimentado

    socialmente. Suas inconsistencias

    metodo

    l6gicas

    dao-Ihes fDlego curto. Ha muitos exemplos

    historicos disso em pesquisas de diferentes areas.

    Como se ve, muitos sao os fatores presentes

    nessa tensao e na porosidade entre as pesquisas e

    42

    as

    politicas educacionais, entendidas estas tanto

    como

    expressas nos aspectos de sua gestio mais

    ampla,

    como

    tambem naquilo que se concretiza

    nos cotidianos das escolas.

    eferencias bibliograficas

    ANDRE, Marli E .

    D.

    A. de. Texto, contexto e

    significados: algumas sugestoes

    na

    analise de

    dados qualitativos. Cadernos

    de P esquisa

    Sao Paulo,

    n. 45, 1983.

    CAMPOS,

    Maria M. M. Pesquisa participante:

    possibilidades para estudo da escola.

    Cadernos

    de

    Pesquisa Sao Paulo, n. 49, 1984.

    DEMO, Pedro. Qualidade e representatividade

    de pesquisa em educac;ao.

    Cadernos

    de Pesquisa Sao

    Paulo, n. 55, 1985.

    FRANCO,

    Maria Laura P B. Porque conflito

    entre tendencias metodol6gicas nao e falso.

    Cadernos

    de

    Pesquisa Sao Paulo, n. 66, 1988.

    GATTI,

    Bernardete A. P6s-graduac;ao e pesquisa

    em

    educac;ao no Brasil, 1978-1981.

    Cadernos de

    Pesquisa Sao Paulo, n. 44, 1983.

    Participac;ao

    do

    pessoal da educac;ao

    superior nas reformas ou inovac;oes do sistema

    educacional.

    Cadernos de Pesquisa Sao Paulo,

    n . 59, 1986.

    43

  • 7/23/2019 A Construo Da Pesquisa Em Educao No Brasil

    23/49

    Pesquisa em educa

  • 7/23/2019 A Construo Da Pesquisa Em Educao No Brasil

    24/49

    Capitulo

    QUESTOES DE

    METODa

    N S

    PESQUISAS

    EM

    EDUCAC;XO

    Metodo

    nao e algo abstrato.

    Metodo

    e ato

    vivo concreto que se revela nas nossas

    a

  • 7/23/2019 A Construo Da Pesquisa Em Educao No Brasil

    25/49

    mais por questoes de natureza ftlosofica de teoria

    sociologica de reflexoes mais gerais. Dominava

    beletrismo ou bacharelismo de base dlscursiva.

    E preciso apontar tambem que as politic as de

    financiamento

    da pesquisa

    por

    longo

    tempo

    nao privilegiaram

    as

    areas sociais e humanas

    e

    em

    particular a

    educac :ao.

    A

    tradlc :ao

    de pesquisa

    nessa area veio se

    formando

    aos poucos com

    apoio financeiro precario e enfrenta dlficuldades

    para se fir mar porque dlspomos de urn conjunto

    ainda reduzido de pessoas que mergulharam a

    fundo

    na

    construc :ao

    do

    conhecimento a partir de

    investigac :oes consistentes e solidas desenvolvidas

    com

    continuidade

    tematica

    e teorica. Temos

    problemas

    no

    dominio de teorias. Enfrentamos

    problemas de base nas abordagens metodologicas.

    Esses problemas variam de subarea para subarea

    e de grupo para grupo ressalvando que alguns

    grupos

    apresentam uma

    situac :ao quase de

    excelencia.

    Quando

    falamos de metodo estamos falando

    da forma de construir 0 conhecimento. Nesse

    ambito setores em que a pesquisa e a teoria

    levaram a constituic :ao de referenciais espedficos

    mais

    daros

    e mais fortes estes suportaram

    levantamento e a sustentac :ao de novas ideias

    questoes hipoteses de trabalho e os meios de

    investiga-las.

    Onde

    teorias mais

    consistentes foram

    elaboradas a partir da observac :ao sistematica e

    da critica pertinente

    - e confrontadas dentro dos

    limites de suas

    defmic :oes

    pela natureza

    do

    proprio

    referencial que lhes da suporte e dos

    esforc :os

    para

    sua construc :ao - encontramos posicionamentos

    48

    mais solidos quanto as questoes de pesquisa aos

    metodos de trabalho e a abrangencia e possivel

    validade de suas condusoes.

    Por

    exemplo teorias

    como

    a abordagem piagetiana ou a psicanalise na

    psicologia ou

    0

    weberianismo e

    0

    marxianismo

    na sociologia quando trabalhadas com pertinencia

    of re cern

    ~

    balizamento forte dentro de seus

    parametros para investigac :oes e para a revisao de

    perspectivas e de teoria.

    Porem

    isso nao ocorre de modo geral

    nas diferentes subareas

    em

    que se des

    dobra

    0

    campo

    da

    investigac :ao em educac :ao em

    que

    os estudos

    mostram

    uma

    teorizac :ao

    ainda

    precaria e onde ha nas apropriac :oes teorico

    metodologicas de outras areas grandes dlstorc :oes

    e ambiguidades. Muitas vezes pela falta de

    consistencia trabalha-se sobretudo no ambito de

    ideologias ideossincratizadas e monolitizadas e

    a construc :ao teorica propria mostra-se bastante

    fragil contraditoria e/ou incipiente.

    E

    comum

    verificar-se transporte de teorias e abordagens

    de

    tradic :oes mais consistentes

    para

    areas em

    que isso nao ocorreu ainda sem haver uma

    analise critica quanto a seu nivel de abrangencia

    e adequac :ao relativas a perspectivas problemas

    e campo de

    trabalho

    e muitas vezes

    mesmo

    sem dominio academico adequado das teorias

    transplantadas. Ha nesse sentido

    uma

    apropriac :ao

    superficial empobrecedora e no mais das vezes

    equivocada. Podemos dlzer que se faz urn usa

    acritico de teorias criticas. Teorias tern sentido

    no

    ambito historico de sua construc :ao que se

    da

    no

    contexto

    de uma

    tradic :ao de trabalho.

    Descontextualizadas e transplantadas

    sem

    raizes

    49

  • 7/23/2019 A Construo Da Pesquisa Em Educao No Brasil

    26/49

    as

    teorias se descaracterizam

    ou

    viram dogmas.

    Perdem,

    portanto, sua condi

  • 7/23/2019 A Construo Da Pesquisa Em Educao No Brasil

    27/49

    fossem exatas e as relac :oes lineares de causa e

    efeito fossem diretamente detectaveis e pudessem

    tudo explicar dos fenomenos humanos, sociais

    ou educacionais, sem maiores indagac,:oes sobre

    a natureza das medidas e a propriedade

    ou

    a real

    validade dos conceitos que

    as

    fundamentam.

    Tudo

    isso corresponde a uma construc,:ao hist6rica,

    que se mostrou possivel e talvez ate necessaria

    em certo contexto da civilizac :ao ocidental. Foi

    o caminho pelo qual se construiu estatuto de

    ciencia para essas areas que pretendiam basear

    seu

    conhecimento

    em pesquisa empiric a e nao

    mais em proposic,:oes idealizadas. Historicamente

    essa concepc,:ao de ciencia e metodo se impos

    na produc,:ao social

    da

    Ciencia. Psicometria e

    sociometria expandem-se. Na psicologia,

    por

    exemplo e momenta aureo dos testes de

    inteligencia, das escalas de atitudes; na sociologia,

    das escalas sociometricas, de distancia social; na

    educac :ao

    os testes de prontidao para alfabetizac,:ao

    etc. Foi um movimento para tirar essas areas da

    egide da ftlosofia ou da especulac,:ao puramente

    beletrista ou subjetivista.

    Essa objetivac,:ao se faz, pois, sem os ques

    tionamentos da relatividade dos fenomenos, da

    contaminac,:ao valorativa

    do

    pesquisador

    na

    coleta

    e no tratamento dos dados, dos vieses intrinsecos

    dos

    instrumentos

    de medida e de sua validade

    real, da pr6pria discussao sobre as possibilidades

    concretas de controle das condic,:oes de levanta

    mento

    dos dados, e sem questionamentos quanto

    as reais possibilidades de experimentos envolven

    do questoes sociais e humano-subjetivas - todas

    as questoes que irao balizar mais tarde as criticas

    52

    a essa forma de investigac,:ao cientifica. Aquele

    tipo de busca de objetividade correspondeu a um

    momenta social

    em

    que a

    crenc :a

    na

    ciencia e seu

    metodo

    - reificados e endurecidos

    num

    modelo

    unico - se

    impunha como

    ideia hegemonic a tanto

    no

    ambiente universitario

    como

    aos leigos.

    Tudo

    nesse modelo e invalido?

    E

    6bvio que

    nao. Onde se localizam os problemas? Podem estar

    nos fundamentos dos instrumentos, nas formas e

    perspectivas associadas a seu uso e manipulac,:ao.

    Podem nao se situar nos instrumentos em si mas

    em

    se admitir que esses instrumentos sao neutros

    e objetivos

    e

    assim, interpreta-Ios;

    em

    se to mar

    as

    conclusoes

    como

    verdades que sao absolutizadas

    e generalizadas sem questionamentos sobre seus

    limites.

    Esta

    em nao se considerar erros e vieses.

    Os problemas situam-se na maneira como se

    utilizam tecnicas que se traduzem como

    metodo.

    Esta, pois, nas crenc :as no julgamento de que

    se esta medindo os fenomenos e

    respondendo

    a questoes de modo definitivo e absoluto, sem

    mesmo

    considerar que qualquer medida e

    uma

    construc,:ao arbitrada. Ela nao fenomeno.

    Essa tradic :ao objetivante, embora relativizada

    e mudada pelas criticas internas e externas, esta

    presente em nosso cotidiano de pesquisas e tem

    ai seu papel. Essa presenc,:a se coloca muitas

    vezes de uma forma crivada

    por um bom

    senso

    critico, mas, outras vezes, nao. Evidencia-se

    entre grupos de pesquisa grande desigualdade de

    consistencia na apropriac,:ao e

    no

    desenvolvimento

    de metodos e tecnicas de analise nessa tradic :ao.

    No meio educacional podemos detectar, pelo

    acompanhamento

    hist6rico

    de

    'produc,:oes

    de

    53

  • 7/23/2019 A Construo Da Pesquisa Em Educao No Brasil

    28/49

    grupos de pesquisa, que a maioria deles na verdade

    sequer

    apreendeu

    com consistencia a logica e

    os procedimentos dessa vertente. Houve uma

    apropriac;ao nao so acritica do modelo,

    como

    tambem

    esta foi feita sem aprofundamento e sem

    o dominio necessario, pelo menos a seu born uso

    dentro de seus limites. Observa-se mesmo falta

    de dominio de prindpios e conceitos elementares

    entre os usuarios e tambem entre seus criticos.

    Ou

    seja, 0 que se constata e urn uso sem base real. Isso

    e observavel em erros primarios detectaveis em

    analises quantitativas e instrumentos de medida,

    que estao descritos

    em

    teses, artigos, relatorios etc.

    Acrescentamos aos problemas, nas apropriac;oes

    metodologicas nessa tradic;ao, os problemas de uso

    inadequado de metodos analiticos, com emprego

    de tecnicas nao sustenta.veis para certo tipo de

    dados.

    s

    posis oes

    criticas

    e

    seus problemas

    N essas condic;oes de dominio superficial,

    partiu-se, em nosso meio, sobretudo a partir

    dos anos de 1970 e 1980, para a critica a esse

    modelo de investigac;ao cientifica, critica que

    nem

    sempre foi fruto da reflexao de urn conhecedor

    profundo

    e experiente das lidas

    na

    investigac;ao

    cientifica (mesmo porque essa profundidade era

    rarefeita entre nos, mais em algumas subareas

    do

    que noutras) . E assim, partiu-se tambem para a

    adesao

    pouco

    fundamentada aos procedimentos

    genericamente denominados de qualitativos, como

    se em qualquer condic;ao de investigac;ao cientifica

    5

    nao se estivesse lidando, sempre e sempre, com

    questoes

    de qualidade,

    de

    qualificac;ao. Nessa

    mudanc;a nao parece

    ter

    havido urn processo

    de transformac;ao, mas, sim, urn movimento de

    adesao, novamente acritica, sem que as novas

    perspectivas tenham sido realmente dominadas,

    apropriadas com

    integrac;ao

    compreensiva

    e

    abrangente de seus

    prindpios

    basicos, estes muito

    complexos pela natureza mesma das metodologias

    nao quantitativas e dos elementos novos

    com

    que

    se esta trabalhando. Nessa direc;ao nao espanta

    ao pesquisador experimentado encontro com

    urn

    grande numero

    de

    trabalhos meramente

    descritivos, verdadeiras estorias para

    uma

    boa

    mesa de bar. Mas preocupa a ligeireza com que se

    caracteriza essa tradic;ao investigativa

    em

    certos

    drculos. Ainda nao se conseguiu urn dominio

    consistente de teorias e metodologias, inclusive

    nas autointituladas tentativas de desmistificac;ao

    dos metodos que objetivam 0 sujeito, os fatos, nos

    questionamentos de que

    0

    objeto nao e observavel

    diretamente, que instrumento esta contaminado

    por uma serie de vieses etc. Assim, aderindo-se

    as novas modalidades aceitas, nao parece haver

    consciencia clara de que as perguntas abertas, os

    depoimentos, as historias de vida, as anotac;oes

    livres

    de campo tanto quanto

    as escalas, os

    instrumentos fechados e os testes, tambem estao

    sujeitos a distorc;oes e imprecisoes oriundas dos

    valores e das atitudes do pesquisador, porque ha urn

    sujeito falante que pergunta, que usa de termin adas

    palavras, que inter vern e que tern urn referencial

    pessoal, valores, escolhas, e que nessa condic;ao

    dialoga

    com

    seus interlocutores na pesquisa.

    55

  • 7/23/2019 A Construo Da Pesquisa Em Educao No Brasil

    29/49

    Quem discute e analisa essas possibilidades de

    miscigena

  • 7/23/2019 A Construo Da Pesquisa Em Educao No Brasil

    30/49

    se abordam essas preocupa

  • 7/23/2019 A Construo Da Pesquisa Em Educao No Brasil

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    somente

    um

    conjunto de passos que ditam um

    caminho. Sao tambem um con unto de cren

  • 7/23/2019 A Construo Da Pesquisa Em Educao No Brasil

    32/49

    Numa abordagem logico-empirista,

    0

    metodo

    tern de

    ser

    consistente com a epistemologia

    que sustenta essa perspectiva. E a teoriza

  • 7/23/2019 A Construo Da Pesquisa Em Educao No Brasil

    33/49

    ciencia, e algo que se coloca como inatingivel.

    A verdade e uma abstra

  • 7/23/2019 A Construo Da Pesquisa Em Educao No Brasil

    34/49

    na area em que trabalha, alem de experiencia pelo

    contato

    com

    os problemas relativos a tematica.

    Os pesquisadores que lidam

    em

    areas que tern

    espectro profissional,

    por

    exemplo, precis am ter

    vivencia dessa profissionalidade, ter experiencia

    concreta de

    situa

  • 7/23/2019 A Construo Da Pesquisa Em Educao No Brasil

    35/49

    como base

    para

    a compreensao de situac:;oes.

    A compreensao desse agir n t e n c i o n ~ dessas formas

    de intervenc:;ao

    no

    real, que e de carater social,

    que e

    uma ac:;ao

    social, requer urn outro tipo de

    conhecimento, aquele

    conhecimento que

    diz

    respeito

    a

    elac:;ao

    ncorporac:;ao de teorias

    coml

    em

    praticas intencionais,

    com

    finalidades socialmente

    definidas. A reflexao, 0 estudo, a investigac:;ao sobre

    seus modos de intervir sao 0 que constitui sua

    area privilegiada de construc:;ao de conhecimento.

    i

    encontramos suas especificidades.

    Nem por

    isso

    s ~ u s

    estudos perdem carater cientifico; ao

    contrario, e nesse recorte que sua contribuic:;ao e

    insubstituivel. Mas, para

    alc:;ar-se

    em area respeitada

    na construc:;ao de conhecimentos, necessario se faz

    que a

    educa;ao

    como area disciplinar, mostre a sua

    cara": qual sua contribuic:;ao caracteristica, aquela

    que e diferente da dos sociologos, dos demografos,

    dos psicologos etc.

    o n d i ~ o e s

    d s

    a ~ o e s investig tiv s

    A pesquisa e urn

    cerco

    em

    torno

    de urn

    problema. E necessario escolher

    instrumentos

    para acessar a

    quesdo,

    vislumbrar e escolher

    trilhas a seguir e modos de se comportar nessas

    trilhas, criar alternativas de

    ac:;ao

    para eventuais

    surpresas, criar armadilhas para capturar respostas

    significativas. Para tudo isso, tem-se que ter certo

    dominio da area e de areas transversas. Tudo isso se

    agiliza nao so pela cognic:;ao mas pela imaginac:;ao

    investigativa e pela

    intuic:;ao.

    Poderiamos falar

    em

    uma

    imaginac:;ao cognitiva.

    Esta

    nao e gratuita, e

    68

    exercitada. Entao, ha muitos detalhes a cuidar. Por

    exemplo, se se escolhe fazer entrevistas, a primeira

    quesdo e: tenho experiencia para realiza-las? Claro

    que

    urn cac:;ador

    para usar

    determinada arma

    deve conhece-Ia, e

    0

    pescador deve conhecer

    as

    caracteristicas das varas de pescar

    ou

    das redes,

    e ambos devem saber usa-las com certa pericia.

    E preciso definir como e onde se

    vaG lanc:;ar as

    is cas, as redes, as armadilhas para se capturar

    aquilo em que se esta interessado. Que perguntas

    fazer, como faze-las,

    que

    palavras usar, como

    tratar silencio,

    como

    manter dialogo em clima

    aberto. Cada palavra de

    uma

    entrevista tern de

    ser ponderada.

    Uma

    entrevista rica e aquela

    em

    que 0

    pesquisador

    consegue urn dialogo real

    com 0 entrevistado, em que nao predominam

    as

    respostas-chavoes, que nada acrescentam.

    . 0 desenvolvimento de habilidades para a

    pesquisa so se faz

    no

    proprio trabalho de pesquisa.

    Esse trabalho e a fonte de

    criac:;ao

    e guia de

    cada etapa e

    ac:;ao.

    Nao ha metodo estruturado

    teoricamente

    que

    aprioristicamente

    resolva

    os

    problemas

    e

    as

    questoes

    que emergem no

    desenvolvimento concreto da pesquisa. Sabemos

    que

    ha

    uma

    parte nao

    relatada

    nos

    artigos de

    pesquisa,

    por

    exemplo, decisoes

    tomadas

    em

    campo

    no

    ato mesmo do investigar, correc:;oes de

    rumos

    e tecnicas etc. 0

    metodo

    nao e urn roteiro

    fixo, e

    uma

    referencia.

    Ele

    de fato e construido

    na

    pratica,

    no exerdcio

    do "fazer a pesquisa".

    o

    metodo, nesse sentido,

    est:

    sempre

    em

    construc:;ao. Nao se

    pode

    deixar que prescric:;oes

    metodologicas aprisionem pesguisador

    como

    uma courac:;a. 0 metodo oferece a orientac:;ao

    69

    de base necessaria

    a

    garantia de consistencia e

    ou seja, a copia do que esta nos livros e que,

  • 7/23/2019 A Construo Da Pesquisa Em Educao No Brasil

    36/49

    validade, mas ele

    nao

    pode virar

    uma

    camisa

    de

    for

  • 7/23/2019 A Construo Da Pesquisa Em Educao No Brasil

    37/49

    de

    metodo

    estao intimamente relacionadas

    com

    propr io dominio dos conhecimentos e destes elas

    nao se separam. Nas ciencias humanas, uma outra

    tradi

  • 7/23/2019 A Construo Da Pesquisa Em Educao No Brasil

    38/49

    1971) traz antol6gico artigo de Aparecida Joly

    Gouveia, que faz nao s6 uma recupera

  • 7/23/2019 A Construo Da Pesquisa Em Educao No Brasil

    39/49

    quisa educacional

    numa

    perspectiva hist6rico

    institucional, sem deixar de tocar nos problemas

    de teoria e metodo. Estas questoes - teoria e

    metodo - estao abordadas em seus aspectos mais

    caracteristicos

    em

    outros artigos, entre os quais

    um marco e conjunto de trabalhos discutidos

    em seminario

    realizado na

    Fundac;:ao

    Carlos

    Chagas, sob os auspicios do Conselho Nacional

    de Desenvolvimento Cientifico e Tecnol6gico

    (CNPg), sobre Alternativas Metodol6gicas para a

    Pesquisa Educacional: Conhecimento e Realidade,

    e publicados

    no

    numero

    40

    dos

    eadernos

    de

    Pesquisa

    (1982). Nota

    -se,

    na

    sequencia de publicac;:ao da

    revista, que, de meados de

    1976

    ate esse numero,

    hi um

    hiato

    na publicac;:ao

    de artigos que tratam de

    pesquisa educacional

    como

    tema especifico, com

    excec;:ao de um trabalho de Rosemberg

    Cadernos

    de Pesquisa,

    n.

    34, 1980),

    que aborda a questao da

    democratizac;:ao do conhecimento.

    Esse hiato parece encontrar sua

    explicac;:ao

    por

    ser

    um

    periodo em que impacto e a

    maturac;:ao

    de

    novas teorias e abordagens metodol6gicas estavam

    trazendo uma efervescencia

    as

    discussoes sobre os

    modos de construc;:ao dos objetos de pesquisa na

    area educacional e seus modelos interpretativos,

    com mudanc;:as

    nos processos investigativos e nas

    tematicas, sob a influencia das teorias

    do

    conflito

    e os desafios das propostas da pesquisa-ac;:ao.

    Os tres temas sobre os quais se assentaram

    as

    discussoes

    no

    referido seminario

    no

    inicio da

    decada de

    1980

    refletem esse momento: pesquisa/

    responsabilidade social, pesquisa/intervenc;:ao e

    pesquisa/ teoria. Cada tema esta tratado em um

    7

    1982) aborda primeiro tema retomando ideias

    expostas em seu artigo publicado no Cadernos

    de Pesquisa,

    n.

    34, chamando

    a atenc;:ao

    para

    a

    vinculac;:ao entre conhecimento e poder,

    em

    que

    a

    busca

    do poder

    tem reproduzido,

    ao nivel

    do

    conhecimento

    academico e

    da

    pesquisa,

    formas de dominac;:ao-subordinac;:ao , as quais

    sao efetivadas pelas hierarquias funcionais, pelas

    barreiras ritualisticas de linguagens, de postura,

    de relacionamento, ficando acesso e a posse

    do

    conhecimento circunscritos a

    uns

    poucos

    iniciados . Propoe, entao,

    um

    questionamento da

    distancia entre pesquisador e objeto de pesquisa

    e uma nova postura na

    relac;:ao

    entre pesquisador

    e publico, considerando a divulgac;:ao como de

    importancia equivalente a realizac;:ao das pesquisas,

    na medida

    em

    que

    pode

    se constituir

    em

    via de

    acesso a transformac;:oes sociais .

    Mello Cadernos dePesquisa, n. 40, 1982) dis cute

    o segundo tema, tratando

    do

    significado da

    ac;:ao

    de pesquisar e seus diferentes modelos para a

    compreensao do objeto de estudo no agregado de

    suas

    condic;:oes contextuais: analisa 0 que chama de

    um

    modelo objetivista, aquele que coisifica os

    fatos humanos tendo por base que estes sao dados

    existentes em

    si

    mesmos, independentemente da

    consciencia de sua existencia, tanto

    por

    parte de

    quem os investiga, como por parte dos agentes

    tomados

    como

    objeto de investigac;:ao . Numa

    postura oposta, coloca modelo subjetivista,

    em

    que

    0

    conhecimento e tido como pura atividade

    de consciencia do sujeito,

    no

    qual

    nao

    existe

    uma preocupac;:ao explicita com 0 garantir a

    77

    objetividade

    do

    conhecimento, este tido como

    hoje

    como

    sempre, e

    0

    de privilegiar

    um

    autor,

    um

  • 7/23/2019 A Construo Da Pesquisa Em Educao No Brasil

    40/49

    produzido de urn

    ponto

    de vista determmado pelos

    valores e experiencias subjetivos. Segundo Mello,

    um

    e outro modelo redundam na fragmentac,:ao do

    conhecimento:

    0

    primeiro porque acaba colocando

    a realidade

    como

    impossivel de ser captada dentro

    do rigor analitico-descritivo necessario, portanto,

    se atendo a uma dimensao especifica do real; e 0

    segundo, por tomar a realidade como inteiramente

    dependente da consciencia que a pensa.

    0

    autor

    acaba

    propondo

    urna sintese,

    uma

    nova alternativa

    de

    mo

  • 7/23/2019 A Construo Da Pesquisa Em Educao No Brasil

    41/49

    metodologico

    vigente,

    de uma perspectiva

    fenomenologica, em cujo ponto de partida ele

    diz que, para se en ender a educa

  • 7/23/2019 A Construo Da Pesquisa Em Educao No Brasil

    42/49

    coloca de imediato a questao da postura teorica dos

    investigadores.

    Se

    essa questao nao e abordada e se

    nao sao superadas

    as

    perspectivas idiossincraticas,

    cai-se numa visao simplista de interdisciplinaridade,

    resvalando-se para urn ecletismo infrutifero, porque

    nao permite reais

    avan

  • 7/23/2019 A Construo Da Pesquisa Em Educao No Brasil

    43/49

    posto em

    questao, como se

    punham em

    questao

    os conceitos de objetividade e

    neutralidade,

    embutidos nesses modelos.

    As alternativas apresentadas pelas analises

    chamadas qualitativas

    come

  • 7/23/2019 A Construo Da Pesquisa Em Educao No Brasil

    44/49

    em Educa

  • 7/23/2019 A Construo Da Pesquisa Em Educao No Brasil

    45/49

    de curriculos e de professores .

    Poucos artigos na revista discutiram a questiio

    durante a decada de 1990. Essa decada se mostra

    como um periodo de consolidac;ao de grupos de

    pesquisa em variadas partes

    do

    Pais, e

    como uma

    busca de identidade no que se ref re a pesquisa

    em Educac;ao.

    Em julho de

    2001,

    0 numero

    113

    do adernos de Pesquisa

    tem

    como

    tema em

    destaque a pesquisa educacional em algumas de

    suas especificidades. A preocupac;ao dos artigos,

    nesse inicio de dec ada, volta-se para 0 significado,

    o sentido, dos processos de pesquisa educacional

    utilizados, a relevancia e a aplicabilidade de seus

    resultantes, a identidade das pesquisas qualitativas,

    o rigor e a qualidade do produzido. artigo

    de Brito e Leonardos sugere que ainda e cedo

    para a proposic;ao de

    um

    novo paradigma para

    ocampo das ciencias sociais e humanas, porque

    a emergencia historica desse paradigma

    viti

    nao

    por imposic;ao ou escolha, mas por maturac;ao

    historico-sociocultural. Os autores sinalizam que

    as tentativas,

    nos

    ultimos anos, de

    pro damar

    um novo paradigma mostram, na verdade, um

    embate pelo poder

    no

    meio cientifico, calando

    muito cedo os ricos debates sobre pressupostos

    e

    prindpios

    de investigac;ao

    em um campo

    em

    pleno

    desenvolvimento.

    Propoem um

    quadro

    descritivo, tentando contribuir com a discus sao

    sobre a qualidade nas abordagens qualitativas.

    Alves procura mostrar a importancia da teorizac;ao

    sobre os resultados de pesquisa, para favorecer

    uma contribuic;ao ampliada e melhor disseminac;ao

    dos trabalhos e sua avaliac;ao pela comunidade

    a construc;ao de modelos explicativos como etapa

    fundamental para a construc;ao da teoria e para

    sua aplicac;ao

    em

    outros contextos. Andre aborda

    questoes

    sobre

    a natureza

    dos conhecimentos

    produzidos

    a

    luz de mudanc;as

    em

    referenciais,

    contextos e metodologias adotadas, discutindo'

    o rigor necessarlO a essa produc;ao. Discute

    as condic;oes reais

    de

    produc;ao

    da

    pesquisa

    em Educac;ao e os desafios que colocam aos

    pesquisadores. Gatti (2001) faz

    um

    balanc;o das

    formas e condic;oes de produc;ao da pesquisa

    em

    educac;ao, no tempo, associando-as a conjunturas

    historico sociais e questionando 0 papel da

    consistencia metodologica

    no

    impacto que essas

    pesquisas

    possam

    causar em politicas e ac;oes

    educacionais. Todos os artigos mostram discussoes

    dens

    as

    das questoes levantadas, procurando trazer

    uma contribuic;ao aconsolidac;ao dos processos de

    investigac;ao cientifica na area e sinalizam, assim,

    uma nova postura

    no

    conjunto das produc;oes que,

    no tempo, vieram refletindo sobre a pesquisa em

    Educac;ao e seus problemas.

    o confronto

    salutar explicitado

    em todos

    esses artigos nessas tres decadas foi caldo de

    cultura

    no

    qual se tem avanc;ado nas preocupac;oes

    com a pesquisa em Educac;ao. Conflitos entre pos

    turas epistemologicas, diferenciais de metodos e

    utilizac;ao de tecnicas, avanc;os

    na

    explicitac;ao

    do

    objeto, problemas de natureza institucional fazem

    parte do vivido nas lides dos que trabalham com a

    investigac;ao cientifica. E preciso reconhecer que

    nao temos nos omitido

    no

    enfrentamento desses

    problemas, mas que

    nem

    tudo

    0

    que se faz sob a

    9

    egide da pesquisa educacional

    po

    de ser realmente

    considerado como fundado

    nos

    prindpios

    da

    BRITO

    Angela

    X de;

    LEONARD

    OS

    Ana C

    A

    identidade das pesquisas qualitativas:

    constru

  • 7/23/2019 A Construo Da Pesquisa Em Educao No Brasil

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    investiga

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    de

    Pesquisa Sao Paulo n. 113 p 65-82 jul. 2001.

    GOUVEIA Aparecida

    J

    Notas a respeito das

    diferentes propostas metodol6gicas apresentadas.

    Cadernos

    de

    Pesquisa Sao Paulo n. 49 p 67-70

    maio 1984.

    A pesquisa educacional no Brasil.

    Cadernos

    de Pesquisa Sao Paulo n. 1 p 11 -47 jul. 1971.

    A pesquisa sobre educa

  • 7/23/2019 A Construo Da Pesquisa Em Educao No Brasil

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    SOBRE UTOR

    ernardete A

    atti

    e pesquisadora colaboradora

    da Fundayao Carlos Chagas tendo nessa

    fundayao exercido

    as

    funy6es de coordenadora

    do

    Departamento de Pesquisas Educacionais

    e

    superintendente de Educayao

    e Pesquisa.

    E

    docente aposentada da Universidade de Sao

    Paulo USP) e foi docente do Programa de P6s

    Graduayao em Educayao - Psicologia da Educayao

    da Pontificia Universidade Cat6lica de Sao Paulo

    PUC-SP).

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