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A corrupção no Brasil e no Mundo AUTOR: PROF. ROBERTO VIEIRA MEDEIROS E CO-AUTOR: PROF. LEONINO GOMES ROCHA UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE - ENSINO A DISTÂNCIA® 1

A corrupção no Brasil e no Mundo - tce.ce.gov.br · Concepção e Coordenação Geral Cliff Villar Coordenação de Conteúdo Marcelo Lettiere Marcelo Maciel ... em decorrência

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A corrupção no Brasil e no MundoAutor: Prof. roberto VieirA Medeiros e Co-Autor: Prof. Leonino GoMes roChA

UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE - ENSINO A DISTâNcIA®

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Copyright © 2016 by fundação demócrito rocha

bacelar, Lucidalva Pereirab121p Projeto Político-Pedagógico (PPP): função social da escola e gestão do PPP / Lucidalva

Pereira bacelar; Lindalva Pereira Carmo, ilustrações, rafael Limaverde. – fortaleza: edições demócrito rocha/uAne/instituto Albanisa sarasate, 2016.

24p.: il. Color (fascículo 1) isbn 978-85-7529-730-8 1. PPP – Projeto Político Pedagógico 2. Gestão escolar 3. Pereira, Lucidalva bacelar.

4. Carmo, Lindalva Pereira. 5. Limaverde, rafael. ii. título

Cdu 37.012(813.1)

fundAÇÃo deMÓCrito roChA (fdr)PresidênciaJoão Dummar Neto

direção GeralMarcos Tardin

uniVersid Ade AbertA do nordeste (uAne)Coordenação GeralAna Paula Costa Salmin

Curso trAnsPArÊnCiA nA GestÃo PÚbLiCAConcepção e Coordenação GeralCliff Villar

Coordenação de ConteúdoMarcelo Lettiere Marcelo Maciel

edição de designAmaurício Cortez

editoração eletrônicaCristiane Frota Welton Travassos

revisão de textoDaniela Nogueira

ilustraçõesCarlus Campos

Catalogação na fonteKelly Pereira

Produção executiva de Projetos especiaisLucíola Vitorino Rebeca Sabóia

este fascículo é parte integrante do curso transparência na Gestão Pública – Controle Cidadão composto por 6 fascículos oferecido pela universidade Aberta do nordeste (uane), em decorrência do contrato celebrado entre o tribunal de Contas do estado do Ceará e a fundação demócrito rocha (fdr), sob nº. 36/2016.

Todos os direitos desta edição reservados a:

Fundação Demócrito RochaAv. Aguanambi, 282/A - Joaquim távora Cep 60.055-402 - fortaleza-Ceará tel.: (85) 3255.6037 - 3255.6148 - fax (85) 3255.6271fundacaodemocritorocha.com.br [email protected]

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SuMário1. Introdução .............................................................................................................. 4

2. Teoria sobre a corrupção ....................................................................................... 4

3. Definição de corrupção pública ............................................................................ 6

4. Problema da corrupção no mundo e no Brasil ..................................................... 6 4.1. A corrupção é antiga no mundo e no Brasil? .........................................................6 4.2. Medindo a corrupção..............................................................................................8

5. Consequências da corrupção .............................................................................. 10 5.1. Corrupção e desigualdade social.........................................................................11

6. Controle cidadão para prevenção e combate à corrupção ............................... 12

7. Como combater a corrupção ............................................................................... 14

7.1. Dimensão Responsabilização de Combate à Corrupção .......................... 14

7.2. Dimensão Comportamento Ético-Moral.................................................... 14

Perfil dos Autores ................................................................................................... 15

Referências Bibliográficas .................................................................................... 15

EMEnta As teorias sobre a corrupção. O problema da corrupção no Brasil e no mundo.

Determinantes, consequências e formas de combate à corrupção. Medindo a corrupção. Inovações de controle cidadão para prevenção da corrupção.

oBJEtiVoS Do FaSCÍCuLo Este fascículo visa fazer uma abordagem de diversos aspectos da

corrupção, em especial: 1) definição do fenômeno; 2) detalhamento de como o fenômeno se comporta no Brasil e no mundo; 3) apresentação de um modelo de medição da corrupção; 4) detalhamento das consequências do fenômeno; e 5) abordagem de como o cidadão, as organizações públicas e a sociedade podem combater a corrupção.

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4 Fundação demócrito rocha | universidade aberta do nordeste

reflexão sobre o fenômeno. esse tema faz parte de uma área ainda pouco pesquisa-da e discutida no brasil, havendo atual-mente um momento único na história do País em que se cria uma “janela de opor-tunidade” para se implementarem medi-das que diminuam a incidência desse mal que tanto prejudica a sociedade.

espera-se neste fascículo responder aos seguintes questionamentos: 1) o que é corrupção?; 2) como o fenômeno se comporta no brasil e no mundo?; 3) É possível medir a corrupção?; 4) Quais as consequências do fenômeno?; 5) como o cidadão, as organizações públicas e a so-ciedade podem combater a corrupção?.

2.Teoria sobrea corruPção

em período anterior aos anos 1990, estudos do impacto negativo da corrup-ção sobre a economia eram raros, sen-do o fenômeno considerado por muitos pesquisadores como uma “graxa” que lubrifica a burocracia, uma acidentalida-de pouco importante e, para alguns, até benéfica para a eficiência econômica1.

Quanto ao benefício, a corrupção era considerada necessária para contratação com a administração pública, sendo es-sencial para obtenção de celeridade na tramitação de certos processos. o paga-mento de suborno em países menos de-senvolvidos era aceito e até incentivado por diversos países desenvolvidos, inclu-sive com previsão de dedução tributária nas legislações2.

SaiBa MaiS

Apenas na década de 1990, a maioria dos países desenvolvidos começou a retirar de suas legislações a previsão de dedução tributária sobre o pagamento de propinas efetuadas em investimen-tos nos países em desenvolvimento.

Esse fato ocorreu quando o mundo concluiu que a corrupção é um proble-ma global e que o desvio de recursos públicos prejudica o funcionamento da economia globalizada, independente-mente de onde ocorra o ato corrupto.

1.inTrodução

o instituto datafolha realiza desde 1996 pesquisas sobre: “o que a popula-ção brasileira entende como os maiores problemas da nação?”. como resultado, tem-se que a corrupção se tornou o tema mais preocupante da sociedade nos últi-mos dois anos (2015 e 2016), ultrapas-sando problemas nas áreas de saúde, de-semprego, educação e segurança pública, dentre outros. esse é um fato que nunca havia ocorrido desde a primeira pesquisa realizada, há 21 anos.

essa preocupação dos brasileiros torna instigante e desafiante abordar o assunto corrupção, com o objetivo de trazer uma

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5GESTÃO PÚBLICATRANSPARÊNCIA NA CONCERTAÇÕES SOCIAIS

nessa perspectiva, pesquisadores acreditavam que a corrupção podia fun-cionar como um redutor das incertezas e barreiras num projeto de investimen-to, por exemplo, bem como podia re-presentar um forte instrumento contra as regulações excessivas e inadequadas3.

a partir dos anos 1990, entretanto, o debate sobre o fenômeno aumentou e ganhou densidade, surgindo inicia-tivas visando identificar as causas ins-titucionais da corrupção, alertando a sociedade para os custos sociais, eco-nômicos e políticos e sugerindo refor-mas para diminuir a incidência desse complexo fenômeno4. com isso, houve o declínio da interpretação da corrup-ção como “lubrificante” benéfico para a economia, passando a analisar o fe-nômeno em relação aos prejuízos que ele traz à sociedade1.

com a globalização da economia, houve um incremento na circulação de bens e capitais lícitos e ilícitos, o que não prejudica apenas o país de origem da corrupção, mas também os países re-ceptores, no que se chama de “corrup-ção globalizada”.

Quando se fala em combate à cor-rupção globalizada, tem-se como funda-mental o pioneirismo norte-americano, que criou, em 1977, após o escândalo de corrupção Watergate, uma forte legisla-ção de prevenção e combate à corrupção. essa norma serviu de modelo para criação de leis de prevenção e combate ao fenô-meno em todo o mundo, bem como para a criação de convenções internacionais de prevenção e combate à corrupção.

essas convenções de combate à cor-rupção são a base para implementação de medidas anticorrupção em todo o mundo e abordam aspectos como su-borno nacional e transnacional, enrique-cimento ilícito, recuperação de ativos, cooperação jurídica internacional, res-ponsabilização de pessoas jurídicas por atos de corrupção, proteção ao denun-ciante etc, conforme Quadro 1.

SaiBa MaiS

O Escândalo Watergate ocorreu nos Estados Unidos na década de 1970, quando foi descoberta uma série de práticas corruptas por empresas multinacionais norte-ameri-canas em outros países, incluindo contribuições ilegais para a campanha do ex-presi-dente dos Estados Unidos Richard Nixon, tendo levado o político à renúncia do cargo.

Houve, no período, o pagamento por empresas dos Estados Unidos a autoridades de governos estrangeiros, como no caso da Lockheed Corporation, que realizou desem-bolsos ilícitos de U$ 25 milhões às autoridades japonesas para garantir a venda de aviões. Esse fato culminou com a renúncia e condenação criminal do primeiro-minis-tro Japonês Kakuei Tanaka.

Nesse contexto, os EUA foram o primeiro país do mundo a implementar uma legislação com o objetivo de combater a corrupção em nível global, isto é, fora das fronteiras nor-te-americanas, que é a Lei Contra Práticas Corruptas Internacionais (FCPA).

No Brasil, legislação da mesma natureza veio apenas em 2013, por meio da Lei nº 12.846, chamada de Lei Anticorrupção.

fonte: GLYnn, Kobrin e nAÍM (2002)14.

QUADRO 1PRinciPAis convenções inteRnAcionAis de PRevenção e comBAte à coRRuPção

convenção oRGAniZAção dAtA dA APRovAção

PRomuLGAçãono BRAsiL

Combate da Corrupção de funcionários Públicos

estrangeiros em transações Comerciais

internacionais

organização para a Cooperação econômica e desenvolvimento (oCde)

17/12/1997decreto Presidencial

nº 3.678, de 30/11/2000.

Convenção interamericana contra a Corrupção

organização dos estados Americanos (oeA)

29/3/1996decreto Presidencial

nº 4.410, de 7/10/2002.

Convenção da onu contra a Corrupção (Convenção

de Mérida)

organização das nações unidas (onu)

9/12/2003decreto Presidencial

nº 5.687, de 31/1/2006.

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6 Fundação demócrito rocha | universidade aberta do nordeste

QUADRO 2FoRmAs de GoveRno

FoRmA de GoveRno um só GoveRnAnte GRuPos muitos

bom Monarquia Aristocracia democracia

ruim tirania oligarquia Anarquia

3.definição de corruPção Pública

a definição de corrupção pública não é fácil, pois o que é desvio de recursos em um país pode não ser em outro, a prática aceita numa determi-nada época pode não ser permitida em outra etc. logo, é um conceito em permanente mutação.

segundo o dicionário houaiss, a palavra cor-rupção (substantivo feminino derivada do latim corruptio) pode significar: 1) deterioração, decom-posição física, orgânica de algo ou (putrefação); 2) modificação, adulteração das características origi-nais de algo; 3) no sentido figurado, pode significar degradação dos valores morais, hábitos ou costu-mes; 4) ato ou efeito de subornar uma ou mais pes-soas em causa própria ou alheia; 5) emprego, por parte de um grupo de pessoas de serviço público e/ou particular, de meios ilegais para, em benefício próprio, apropriar-se de informações privilegiadas.

uma definição científica aceita internacional-mente afirma que corrupção é o comportamento que se desvia dos deveres de uma função públi-ca devido a interesses privados (pessoais, familia-res, de grupo fechado), de natureza pecuniária ou para melhorar o status, ou que viola regras contra o exercício de certos tipos de comportamento liga-dos a interesses privados6.

Podemos, então, afirmar, de uma forma mais didática, que corrupção é um ato de gestão ou omissão com o objetivo de auferir vantagem, pe-cuniária ou não, para si ou outrem, contrariando uma norma ou princípio da administração pública.

4. o problema da corrupção nomundo e no brasil

Pretende-se neste tópico abordar aspectos so-bre como a corrupção foi tratada na literatura em épocas passadas e apresentar uma forma de medi-ção do fenômeno.

4.1 A CORRUPçãO É ANtIgA NO MUNDO E NO BRAsIL?

a corrupção é tão antiga quanto o próprio go-verno. há uns 2.300 anos, um primeiro ministro da classe mais alta da sociedade hindu (da Índia) fazia referência à corrupção, relacionando “pelo menos 40 maneiras” de fraudar dinheiro do governo6.

Pensadores clássicos da filosofia, como Platão (séculos v e iv a. c. – livro as leis) e aristóteles (século iv a. c. – livro v), abordavam o tema cor-rupção no período antes de cristo, quando tra-tavam da dificuldade de se obedecer às leis sem receber presentes e que a ambição era a principal causa da corrupção, vindo as riquezas muitas ve-zes do erário público.

Platão fez uma divisão entre as formas boas e corruptas de governo, conforme o Quadro 2.

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7GESTÃO PÚBLICATRANSPARÊNCIA NA CONCERTAÇÕES SOCIAIS

Filósofos como maquiavel, Jean-Jac-ques rousseau e montesquieu também abordaram o tema entre os séculos Xv e Xviii, quando diziam que a corrupção é crescente, começando pelo povo, de-pois atingindo as instituições ou orde-namentos políticos, chegando ao grau máximo de corrupção caso nada seja feito ao contrário.

no brasil, cita-se a carta de Pero vaz de caminha ao rei de Portugal sobre o descobrimento da nossa nação no ano de 1500, quando, no fim, caminha aproveita para solicitar ao rei que liber-tasse da prisão em Portugal seu genro, que havia sido condenado na ilha de são tomé por ter roubado uma igreja e por ter ferido o padre quatro anos antes.

nos primeiros anos após o descobri-mento (período colonial), a fraude mais comum na colônia era o contrabando do ouro, sendo uma das formas de se fazer corrupção por meio de santos de madeira com vazios na parte interna, onde eram escondidas as pedras pre-ciosas. dessa maneira de corrupção foi derivada a famosa expressão “santo do pau oco”, isto é, aquilo ou aquele que parece algo por fora, mas internamente é completamente diferente.

Carta de Pero Vaz de Caminha no Descobrimento do Brasil

“E pois que, senhor, é certo que tanto neste cargo que levo como em outra qualquer coisa que de Vosso serviço for, Vossa Alteza há de ser de mim mui-to bem servida, a Ela peço que, mande vir da ilha de são tomé meu genro...”

fonte: hAbib (1994)15.

Curio SiDaDES

ainda no período colonial, a compa-nhia do comércio do maranhão (empresa comercial monopolista criada por dom Pe-dro ii – 1667-1706) andou longe de fun-cionar corretamente, pois7:

• os pesos e as medidas que usavam eram falsificados;

• tudo era produzido em quantidade in-suficiente para abastecimento do mer-cado e da pior qualidade;

• o próprio governador estava envolvido no esquema, pois o cravo que produ-zia era depositado no palácio e em-barcado com prioridade, para não fa-lar nas negociatas laterais que faziam.

a Figura 1 mostra ratazanas “roendo” o tesouro nacional, imagem feita pelo desenhista Ângelo agostini e publicado na Revista Ilustrada, na época do segun-do reinado, retratando bem o patrimo-nialismo no brasil, no qual há uma “con-fusão” entre o que é público ou privado.

verifica-se, portanto, que a corrup-ção é algo bastante antigo no brasil e no mundo, sendo o fenômeno considerado um problema que foi agravado com a globalização, tendo facilitado o fluxo de capitais, lícitos e ilícitos, precisando haver uma coalização global para combatê-la.

FIgURA 1imAGem do seGundo ReinAdo mostRAndo RAtAZAnAs Roendo o tesouRo nAcionAL

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8 Fundação demócrito rocha | universidade aberta do nordeste

respeito do nível de corrupção que eles entendem existir em um país.

o Índice de Percepções de corrupção da Transparency International é expres-so na forma de um ranking, mostrando um número (0 a 10) para exprimir a po-sição dos países, sendo 0 (zero) a pior situação e 10 a melhor.

o iPc divulgado em 24/1/2017 se comportou da forma constante na Figu-ra 1, sendo os países da cor mais clara os menos corruptos e os de cores mais escuras os mais corrutos.

FIgURA 1comPoRtAmento do BRAsiL no Índice de PeRcePções de coRRuPção

fonte: https://www.transparency.org/news/feature/corruption_perceptions_index_2016#table

4.2. MEDINDO A CORRUPçãOexiste uma grande dificuldade de me-

dir a corrupção diretamente, pois os atos são sigilosos, fora do ambiente legal e, obviamente, os atores não divulgam o montante desviado nas transações ilíci-tas. Quando o fazem, indicam apenas parcialmente o que foi fraudado.

dessa forma, a opção é fazer medi-ções indiretas. a escala mais conhecida e aceita no mundo é o Índice de Percepções de corrupção (iPc) da Transparency Inter-national (ti), que é um indicador a partir de opiniões de empresários e analistas a

No dia em que dom João desembar-cou no Rio de Janeiro, em 1808, ele re-cebeu “de presente” de um traficante de escravos a melhor casa da cidade, no mais belo terreno.

Ceder a Quinta da Boa Vista à famí-lia real assegurou a Elias Antônio Lopes um status de “amigo do rei” e foi seu visto de entrada para os pri-vilégios da Corte.

Nos anos seguintes, como consequên-cia, ele ganhou muito dinheiro rapida-mente, além de títulos de nobreza.

Lopes não estava só: era comum que senhores de engenho, fazendeiros e traficantes de escravos estabeleces-sem um regime de “toma lá, dá cá” com o rei, que chegou ao país pratica-mente falido.

Os negócios públicos e privados já se confundiam no Brasil Colônia, mas essa ligação se estreitou com a vinda da Corte portuguesa, quando se instaurou o costume da “caixinha” (porcentagem de dinheiro desviado) e a troca de di-nheiro por títulos de nobreza.

fonte: http://oglobo.globo.com/sociedade/historia/historiadores-resgatam-episodios-de-corrupcao-no-brasil-colonia-na-epoca-do-imperio-17410324 .

Curio SiDaDES

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9GESTÃO PÚBLICATRANSPARÊNCIA NA CONCERTAÇÕES SOCIAIS

SaiBa MaiS

A transparency International (tI) é uma organização não governamental que tem como principal objetivo a luta contra a corrupção. Foi fundada em março de 1993 e encontra-se sedia-da em Berlim. É conhecida pela pro-dução anual de um relatório no qual são medidos os índices de percepção de corrupção dos países do mundo.

Em 2016, a transparency International elegeu a Operação Lava Jato como a maior iniciativa de combate à corrup-ção no mundo, classificando a inves-tigação como um dos maiores escân-dalos de corrupção a nível mundial.

os países menos corruptos do mundo são, nessa ordem: 1) dinamarca; 2) nova Zelândia; 3) Finlândia; 4) suécia; 5) suiça; 6) noruega; 7) singapura; 8) holanda; 9) canadá e 10) alemanha.

cabem as seguintes considerações so-bre o Índice de Percepções de corrupção divulgado em 2016:• o brasil perdeu três posições, ficando

com 40 pontos e a 79º colocação entre 171 países analisados;

• na américa do sul, os melhores países são o uruguai (21º) e chile (24º);

• estão piores que o brasil na américa do sul países como a colômbia (90º), argentina (95º), Peru (101º), bolívia (113º), equador (120º), Paraguai (123º) e venezuela (166º);

• todos os países do brics (brasil, rússia, Índia, china e África do sul) não con-seguiram 50 pontos, o que é preocu-pante em função do elevado Produto interno bruto dessas nações;

• entre 1998 e 2016 (19 anos), o bra-sil possui um Índice muito parecido, o que demonstra que o brasil não me-lhorou em relação a outros países no período (ver Gráfico 1).

apesar de o índice de medição de cor-rupção ser o mais aceito do mundo, o iPc recebe críticas, tais como:• possíveis inclinações ideológicas dos

entrevistados;

• diferença do que é corrupção nos va-riados países;

• afirmação de aumento da corrupção por estar “ouvindo” falar mais no fe-nômeno;

• países mudam de posição no índice em função das notas de outras nações.

Desde a criação do Índice de Percep-ções da Corrupção, em 1995, a Dina-marca vem acumulando o primeiro lu-gar na maioria das edições, mas nem sempre foi assim.

Em meados do século 17, a Dinamarca perdeu parte de seu reinado para a sué-cia e viu que era preciso ter uma admi-nistração mais eficiente para coletar im-postos e financiar as batalhas em curso.

Nessa época em que a nobreza goza-va de vários privilégios, o rei Frederik 3º proibiu que se recebessem ou ofe-recessem propinas e presentes, sob pena de morte.

A partir de então, novas medidas fo-ram sendo instituídas ao longo do tempo, o que demonstra que foi um processo de adoção de medidas anti-corrupção por séculos.

fonte: http://www.bbc.com/portuguese/noti-cias/2016/01/160126_dinamarca_corrupcao_fm_ab

Curio SiDaDES

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10 Fundação demócrito rocha | universidade aberta do nordeste

gRáFICO 1Índice de PeRcePção dA coRRuPção de 2016 dA tRAnsPARênciA inteRnAcionAL

fonte: elaborado pelo Autor a partir de informações da transparência internacional.

Existem características comuns entre os países menos corruptos do mundo, que são:

• altos níveis de liberdade de imprensa; • acesso à informação detalhando a origem do dinheiro e como se gasta;• democracias consolidadas;• maior nível de participação social;• altos níveis de integridade entre aqueles que ocupam cargos públicos e em toda

a sociedade;• alto índice de punibilidade.

Quanto às características comuns dos países mais corruptos, temos:

• alta impunidade;• conflitos e guerras;• governabilidade deficiente;• instituições públicas frágeis, como a Polícia e o Poder Judiciário;

• falta de independência dos meios de comunicação.

fonte: AbrAMo (2005)16.

para rEFLEtir

5. consequênciasda corruPção

a corrupção, em maior ou menor grau, representa uma ameaça não so-mente ao meio ambiente, aos direitos humanos, às instituições democráticas e aos direitos e liberdades fundamen-tais, mas também aumenta a pobreza das populações e solapa o desenvolvi-mento8. Quando muito disseminada, a corrupção diminui o fluxo dos investi-mentos, facilita as atividades do crime organizado e mina a legitimidade políti-ca, podendo impedir a consolidação das reformas pró-democráticas9.

os atos corruptos representam ônus insustentável para economias que bus-cam um patamar competitivo, aumen-tando muito o custo operacional de di-versos países. traduz-se como uma das mais perversas tipologias criminosas, por impedir a ruptura dos ciclos de pobreza; minar os esforços dos estados nacionais em produzir desenvolvimento econômico e social; e condenar amplos contingentes populacionais a condições de pobreza10.

como efeitos negativos da corrup-ção para as nações, um estudo da Fiesp11 apontou as seguintes consequências do fenômeno: 1) desestimula o investimento privado, ao funcionar como um imposto; 2) afeta negativamente a competitividade do país, ao elevar o custo do investimento produtivo; 3) reduz a produtividade do in-vestimento público; 4) prejudica a eficiên-cia da administração pública; 5) diminui a efetividade do gasto social; e 6) gera uma perda da arrecadação tributária.

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11GESTÃO PÚBLICATRANSPARÊNCIA NA CONCERTAÇÕES SOCIAIS

5.1 CORRUPçãO E DEsIgUALDADE sOCIAL

imagine uma criança de classe menos favorecida residindo em um município do interior do brasil com Índice de de-senvolvimento humano (idh) baixo e de-pendente de educação e saúde pública. você acha que será justa a concorrência no mercado de trabalho para essa crian-ça quando estiver em idade adulta com outras que não dependem das políticas sociais básicas do governo?

Pesquisadores como a cientista polí-tica susan rose-ackerman, da universi-dade de Yale (estados unidos), afirmam que a corrupção cria uma ineficiência pública, impacta negativamente o cres-cimento econômico, mina a legitimida-de política, além de aumentar a desi-gualdade social.

corroborando a posição acima, pes-quisa realizada sobre os impactos da corrupção no desenvolvimento humano, na desigualdade de renda e na pobreza dos municípios brasileiros trouxe como resultado uma estreita relação entre corrupção governamental e indicadores socioeconômicos e suas consequências de longo prazo para economia. Foi ve-rificado que um aumento da corrupção impacta positivamente a desigualdade de renda e pobreza e negativamente o desenvolvimento humano dos municí-pios brasileiros12.

o montante da despesa pública que é desviada pela corrupção vai principal-mente para os atores que participam do “jogo”, isto é, aqueles que possuem aces-so à máquina pública. essas pessoas que estão no “sistema” são as que têm uma condição financeira mais favorável, po-dendo pagar propinas, financiar políticos e

servidores públicos corruptos etc e, conse-quentemente, acumular mais riqueza.

Por outro lado, projetos que finan-ciam programas de governo para as classes baixas são frequentemente pre-teridos por ações que favorecem os mais ricos, como, por exemplo, a construção de uma via pública em um bairro nobre que é, muitas vezes, priorizada em de-trimento de uma obra de saneamento básico em um local onde habitam pes-soas mais pobres.

a afirmação de daniel Kaufmann (pre-sidente do natural resource Governance institute e ex-diretor do banco mundial) é categórica em relação ao prejuízo que a corrupção traz para a renda dos cidadãos: “dados mostram que os países que con-seguiram controlar a corrupção têm uma renda per capita quatro vezes mais alta do que aqueles que ainda possuem altos índices de corrupção”.

Pode-se inferir da afirmação de Kau-fmann que a diminuição da corrupção eleva a renda dos cidadãos, levando-os a terem acesso a uma educação e saú-de de mais qualidade e permitindo-os, consequentemente, concorrerem com ci-dadãos mais favorecidos, o que levaria a uma menor desigualdade social.

Por fim, pode-se concluir que o cidadão citado no parágrafo inicial, que não possui acesso à educação e à saúde básica de qualidade, parece estar permanentemente condenado a continuar numa posição des-favorável na pirâmide social, pois recursos que poderiam estar sendo aplicados em políticas públicas eficientes para diminuir a desigualdade social são desviados por meio da corrupção.

A Controladoria-geral da União (CgU) realizou, de 2003 até meados de 2015, 182 Operações Especiais em parceria com órgãos como Polícia Federal e Mi-nistério Público Federal.

As principais políticas públicas afeta-das com a corrupção foram das áreas de educação e de saúde. Na educa-ção, os programas mais prejudicados foram: Fundeb, Pnae, Pnate e Brasil Escolarizado. Na saúde foram: sanea-mento básico, saúde da família, aten-ção básica à saúde, farmácia básica e Piso de Atenção Básico Fixo.

As irregularidades mais comuns envolveram fraudes na execução e na prestação de contas irregulares, além de montagem e direcionamen-to de licitações.

É possível relacionar o impacto da corrupção nas operações com alguns tópicos, como transparência e desen-volvimento econômico e social dos mu-nicípios do País. No caso da transparên-cia, a nota média dos municípios onde ocorreram operações foi 2,9 (numa es-cala de 0 a 10), utilizando-se como base a Escala Brasil transparente (EBt). Já o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) médio desses municípios é 0,649; enquanto o nacional é 0,744. Por fim, o Índice de Desenvolvimento da Educa-ção Básica (Ideb) desses entes foi 3,36, enquanto o nacional é 5,2.

fonte: http://www.cgu.gov.br/noticias/2015/09/em-doze-anos-cgu-e-orgaos-de-controle-realizaram-182-operacoes-especiais-no-pais

para rEFLEtir

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12 Fundação demócrito rocha | universidade aberta do nordeste

6. conTrole cidadão para prevenção e combate à corruPção

a constituição brasileira de 1988, também chamada de constituição cidadã, previu que a nossa democracia é participativa, o que sig-nifica que o povo brasileiro tem o direito de participar da gestão e do controle do estado. esse direito está assegurado quando a cF/88 afirma que “todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta constituição”.

o controle social, entendido como a partici-pação do cidadão no controle e gestão das polí-ticas públicas, é um mecanismo de prevenção e combate à corrupção e de fortalecimento da ci-dadania. no brasil, a preocupação em se estabe-lecer um controle social forte e atuante torna-se ainda maior, em razão da sua extensão territorial e do grande número de municípios que possui. assim, o controle social revela-se como comple-mento indispensável ao controle institucional exercido pelos órgãos fiscalizadores.

mesmo sem participar dos conselhos gesto-res de políticas públicas, cada cidadão ou gru-po de cidadãos, isoladamente ou em conjunto com organizações da sociedade civil, pode fis-calizar os recursos públicos. cada um desses atores sociais pode, por exemplo, verificar se o município realizou as obras das escolas, se as unidades básicas de saúde estão funcionando adequadamente, se a construção das vias foi concluída conforme o projeto etc.

outra forma de efetivar o controle e partici-pação social pode ser realizada pelos cidadãos enviando sugestões, solicitações, críticas, de-núncias, para os mais diversos órgãos e enti-dades públicas, dentre os quais se destacam os que atuam na prevenção e combate à corrupção constantes do Quadro 3.

QUADRO 3oRientAção soBRe contAtos PARA Atendimentos Ao cidAdão

como APResentAR umA denúnciA, suGestão, cRÍticA ou soLicitAR inFoRmAções nA esFeRA

FedeRAL

cGu – ministério da transparência, Fiscalização e controladoria-Geral da união:

site: http://www.cgu.gov.br/assuntos/ouvidoria/denuncias-e-manifestacoes

ministério Público Federal: sala de Atendimento ao Cidadãosite: http://www.mpf.mp.br/para-o-cidadao/sac

telefone: (61) 3105 7070

tribunal de contas da união: site: http://portal.tcu.gov.br/ouvidoria/duvidas-frequentes/denuncia-

como-formalizar.htmtelefone: 0800 644 1500

estAduAL

controladoria e ouvidoria Geral do estado site: http://sou.cge.ce.gov.br/inicialPublico.seam

telefone: (85) 3101 3467

ministério Público do estado do cearásite: http://www.mpce.mp.br/procap/formulario-de-denuncia/

telefone: 0800 281 1553

tribunal de contas do estado do cearásite: http://www.tce.ce.gov.br/ouvidoria

telefone: 0800 079 6666

municiPAL

tribunal de contas dos municípios do estado do ceará:site: http://www.tcm.ce.gov.br/tcm-site/como-formular-uma-denuncia-ao-tribunal-de-contas-dos-municipios/

telefone: 162 (Ligação gratuita)

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13GESTÃO PÚBLICATRANSPARÊNCIA NA CONCERTAÇÕES SOCIAIS

como exemplo de prevenção e comba-te à corrupção por meio da sociedade civil organizada no ceará, citam-se as ações realizadas pela ação cearense de comba-te à corrupção e à impunidade (acecci).

contando com apoio de órgãos e enti-dades como o ministério da transparência, tribunal de contas do estado do ceará, Fis-calização e controladoria-Geral da união, ordem dos advogados do brasil (ce), transparência internacional, instituto de Fis-calização e controle, articulação brasileira

contra a corrupção e à impunidade, movi-mento de combate à corrupção eleitoral e participando do Fórum cearense de com-bate à corrupção (Focco), a acecci realizou as ações em 2016 constantes do Quadro 4.

a acecci utiliza a lei de acesso à infor-mação e os portais das transparências pú-blicas para conseguir a documentação e in-formações necessárias para realização das auditorias cívicas nos municípios cearenses.

a efetividade dos mecanismos de con-trole social depende essencialmente da

capacidade de mobilização da sociedade e do seu desejo de contribuir, sendo de fundamental importância que cada cida-dão assuma a tarefa de exercer o controle social da despesa pública.

assim, com a participação da socieda-de, será possível um controle efetivo dos recursos públicos, o que permitirá uma utilização mais adequada dos recursos fi-nanceiros disponíveis, obtendo-se, conse-quentemente, uma sociedade mais iguali-tária, cidadã e com menos corrupção.

QUADRO 4FiscALiZAções dA Ação ceARense de comBAte à coRRuPção e à imPunidAde em 2016

evento PeRÍodo municÍPios FiscALiZAdos oBjetivo Ações ReALiZAdAs

MArChA ContrA A CorruPÇÃo e PeLA

VidA10 A 25 de JAneiro de 2016

AntoninA do norte, AssAre, ALtAneirA, noVA

oLindA, CrAto e JuAZeiro do norte

Mobilizar a sociedade civil dos municípios com

o objetivo de iniciar a formação de grupos locais

de acompanhamento e fiscalização das

contas públicas e o acompanhamento dos

serviços de saúde, educação, obras públicas etc.

Cursos e oficinas de controle social e acesso à informação,

visita às Câmaras de Vereadores para ensinar a analisar os balancetes e fiscalização de obras

públicas.

CArAVAnA dA CidAdAniA –

AuditoriAs CÍViCAs nA sAÚde e nA eduCAÇÃo

16 A 20 de MAio de 2016 (Auditoria Cívica na saúde)

CrAto, JuAZeiro do norte e bArrbALhA

Avaliar a qualidade dos serviços públicos nos

municípios, levantar um diagnóstico dos problemas

e apontar possibilidades de melhoria, dando

continuidade à formação de grupos de controle social nas cidades onde foi realizada a

Marcha da Cidadania.

Palestras sobre transparência, controle social e realização

de auditoria cívica.

28 de JuLho de 2016 (Auditoria Cívica na saúde)

JArdiM

8 A 12 de outubro de 2016 (Auditoria Cívica na

educação)

ibiAPinA, sÃo benedito, GuArACiAbA do norte e

oCArA

24 A 28 de outubro de 2016 (Auditoria Cívica na saúde e

educação)

AntoninA do norte, ALtAneirA e noVA oLindA

7 A 11 de noVeMbro de 2016 (Auditoria Cívica na saúde e

educação)

PotenGi, sALitre e tArrAfAs

22 A 25 de noVeMbro 2016 (Auditoria Cívica na saúde)

ibiAPinA e sÃo benedito

28 A 30 de noVeMbro de 2016

bArbALhA e JArdiMretorno da Auditoria Cívica

na saúde para avaliação dos resultados.

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14 Fundação demócrito rocha | universidade aberta do nordeste

7. como combaTera corruPção

os agentes públicos, os empresários e os cidadãos tomam a decisão racional de se corromperem quando existe um incentivo para a prática do ato, isto é, no momento em que o somatório das probabilidades de serem descobertos e punidos acrescidos do tamanho da punição for menor que o benefício adquirido (KlitGaard, 1994)6.

o citado autor afirma, ainda, que ou-tro fator decisivo para a prática de atos corrutos, em maior ou menor grau, é o comportamento ético-moral da socieda-de, isto é, quais valores, costumes são considerados mais importantes para re-gular o comportamento da população.

essas são chamadas de dimensão “responsabilização” e dimensão “com-portamento Ético-moral”, para as quais se apresentam a seguir, exemplificativamen-te, ações que podem ser implementadas para prevenir e combater a corrupção, tendo essas duas dimensões como base.

7.1 DIMENsãO “REsPONsABILIzAçãO” DE COMBAtE à CORRUPçãO

dentro dessa dimensão, citam-se vá-rias medidas que podem ser adotadas vi-sando aumentar o risco de ser flagrado em atos de corrupção: • mais transparência;

• maior liberdade de imprensa e de aces-so à informação;

• estímulo e proteção ao denunciante;

• melhoria dos controles internos ad-ministrativos;

• órgãos de controle e investigação mais eficientes (controladorias, tribunais de contas, ministérios públicos, polícias e controle social);

A Ação Cearense de Combate à Corrup-ção e à Impunidade (Acecci) é uma Or-ganização da sociedade Civil sem Fins Lucrativos que tem por finalidade o con-trole social e o combate à corrupção por meio de um trabalho de conscientização e de fiscalização.

Para tanto, objetiva o exercício pleno da democracia direta por meio do con-trole social, da fiscalização das contas públicas, da regularidade da aplicação dos recursos públicos e do respeito aos princípios constitucionais da legalida-de, da impessoalidade, da moralidade, da publicidade, da eficiência e da eco-nomicidade, nos termos do art. 37 da Constituição Federal.

A metodologia de trabalho da Acecci é a realização de atividades que tenham, aci-ma de tudo, o objetivo educativo, visando demonstrar à sociedade que todos po-dem fiscalizar e exercer a cidadania por meio do controle social. A Acecci ministra cursos e oficinas com temas voltados ao controle social e ao acesso à informação e realiza atividades práticas como audito-rias cívicas populares em obras públicas, na saúde, na Educação, bem como visi-tas às Câmaras Municipais de Vereadores para fiscalização de prestações de contas.

fonte: http://www.acaocearense.org

Curio SiDaDES

• capacitação dos agentes públicos para identificação das “grandes” corrup-ções (sistema de inteligência); e

• prestação de contas mais transparentes (fotos de obras, notas fiscais divulgadas na internet etc).

Para aumentar a probabilidade de ser punido, podem ser implementadas diver-sas medidas, dentre as quais:• maior celeridade nos julgamentos pe-

los tribunais de contas e justiça;

• criação de um tribunal exclusivo para julgamento de crimes de corrupção;

• maior integração entre órgãos de con-trole (mPF, PF, cGu, tcu, bacen, recei-ta Federal do brasil etc);

• agentes públicos abrem mão ou flexi-bilizam os sigilos bancários e fiscais; e

• maior cooperação jurídica internacional.

visando aumentar o tamanho da puni-ção, pode-se aprovar diversas ações, entre as quais se pode citar:• leis mais rígidas de combate à corrupção;

• ter uma maior punição administrativa.

7.2 DIMENsãO “COMPORtAMENtO ÉtICO-MORAL”

os cidadãos devem ter um comporta-mento ético-moral cujos valores priorizem ações voltadas para melhorias da sociedade como um todo (coletividade) e com baixa incidência de práticas corruptas, devendo-se agir da seguinte forma, dentre outras:• família e meio de convivência social com

valores mais voltados para a coletivida-de (menor propensão a se corromper);

• escolas e universidades ensinarem nos currículos obrigatórios noções de co-letividade, de cidadania, de prevenção à corrupção;

• maior sanção moral da sociedade so-bre os atos de corrupção;

• ampla divulgação na mídia das puni-ções de atos corruptos;

• incentivo a um comportamento mais ético nas instituições públicas (comis-são de Ética);

• campanhas sobre os males e as vanta-gens de não praticar atos de corrupção;

• estímulo a não praticar a pequena cor-rupção (porta de entrada para a média e a grande corrupção).

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15GESTÃO PÚBLICATRANSPARÊNCIA NA CONCERTAÇÕES SOCIAIS

pErFiL DoS autorES

autor prof. roberto vieira medeiros: cearense de icó, bacharel em direito pela universidade de Fortaleza e Pós-graduado em direito disciplinar pela universidade de brasília-unb. atuou como advogado em Fortaleza, antes de ingressar na con-troladoria-Geral da união em brasília (no ano de 2002). na controladoria-Geral da união, foi assessor do corregedor-Geral da união, corregedor-adjunto da Área eco-nômica, substituto do corregedor-Geral. integrou a comissão de coordenação de correição, responsável por emitir enuncia-dos em matéria disciplinar. É professor da escola de administração Fazendária – esaF para as disciplinas de Processo adminis-trativo disciplinar, sindicância Patrimonial e improbidade administrativa. ocupou o cargo de chefe da controladoria-Geral da união – regional do estado do rio Grande do norte, sendo – desde fevereiro de 2015 – chefe da controladoria-Geral da união – regional do estado do ceará.

co-autor prof. leonino Gomes rocha: auditor Fiscal de Finanças e controle e su-perintendente substituto da controladoria regional da união no estado do ceará. atualmente estou fazendo doutorado na universidade de salamanca/espanha em estado de direito e Governança Global, com tese na área de redes de prevenção e combate à corrupção. Possuo mestrado em administração pela universidade estadual do ceará (2007), especialização em con-troladoria Governamental pela uFc (2002) e graduação em engenharia elétrica pela universidade de Fortaleza (1991). tenho experiência na área de administração Pú-blica, com ênfase em controladoria Gover-namental (Gestão e Finanças Públicas, con-tabilidade e auditoria Pública) e Prevenção e combate à corrupção.

rEFErênCiaS

1. abramo, cláudio Weber. percep-ções pantanosas. revista da contro-ladoria-Geral da união, brasília, v. 1, n. 1, dez. 2006, p. 117-121.

2. Pieth marK. cooperação interna-cional de combate à corrupção. in: elliott, Kimberly ann (org.). a corrup-ção e a economia Global. brasília: uni-versidade de brasília, 2002. p. 183-200.

3. camPos, Francisco. corrupção: as-pectos econômicos e institucionais. brazilian Journal of applied economics, são Paulo, v. 6, n. 4, out./dez. 2002.

4. sPecK, bruno Wilhelm et al. os cus-tos da corrupção. in: mensurando a corrupção: uma revisão de dados provenientes de pesquisas empí-ricas. cadernos adenauer/ Fundação Konrad adenauer, são Paulo, v. 10, dez. 2000, p. 9-46.

5. _________, bruno Wilhelm. caminhos da Transparência. campinas: editora da unicamp, 2002.

6. KlitGaard, robert. a corrupção sob controle. rio de Janeiro: Jorge Zahar editor, 1994.

7. rocha Furtado, lucas. a comuni-dade internacional e a corrupção transnacional: raízes para comba-ter a corrupção. revista da controla-doria-Geral da união, brasília, v. 1, n. 1, dez. 2006, p. 43-60.

8. eiGen, Peter. a ascensão do tema corrupção. in: sPecK, bruno Wilhelm (org.) caminhos da transparência. campinas: editora da unicamp, 2002.

9. rose-acKerman susan. a economia política da corrupção. in: elliott, Kimberly ann (org.). a corrupção e a economia Global. brasília: universidade de brasília, 2002. p. 59-96.

10. ribeiro, renato Jorge brown. possi-bilidades de combate à corrupção pelo estado burocrático/patrimo-nialista na américa latina em um contexto de cenário de sociedade informacional. revista do tribunal de contas da união, brasília, v. 32, n. 88, abr/jun. 2001, p. 75-85.

11. FiesP, Federação das indústrias do es-tado de são Paulo. corrupção: cus-tos econômicos e propostas de combate. são Paulo, 2006.

12. sodrÉ, Flavius raymundo arruda. os impactos da corrupção no desen-volvimento humano, desigualdade de renda e pobreza dos municípios brasileiros. 2014. 61 f. dissertação de mestrado. Programa de Pós-graduação em economia, universidade Federal de Pernambuco, 2014.

13. Furtado, lucas rocha. as raízes da corrupção: estudos de caos e lições para o futuro. 2012. 499 f. tese de doutorado no departamento de direito administrativo, Financeiro e Processual da universidade de sala-manca-espanha, 2012.

14. GlYnn, Patrick; Kobrin, stephen; naÍm, moises. a Globalização da corrupção. in: elliott, Kimberly ann (org.). a corrupção e a economia Global. brasília: universidade de bra-sília, 2002. p. 27-58.

15. habib, sérgio. brasil: Quinhentos anos de corrupção – enfoque sócio-históri-co-jurídico-penal. sergio antonio Fa-bris editor. Porto alegre, 1994.

16. abramo, c. W. percepções pan-tanosas: a dificuldade de medir a corrupção. novos estudos – cebraP, nº 73, 2005.

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