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Monografia apresentada ao curso de Teologia. Graduação pela Instituição de Educação Teológica como requisito parcial para obtenção do título de bacharel em Teologia.
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1
INSTITUTO DE EDUCAO TEOLGICA
POR
MARCOS ALEXANDRE DORNELLES DA SILVA
TEMA:
A CULTURA COMO BASE DE COMUNICAO DO EVANGELHO
TERESPOLIS
2015
2
INSTITUTO DE EDUCAO TEOLGICA
POR
MARCOS ALEXANDRE DORNELLES DA SILVA
TEMA: A CULTURA COMO BASE DE COMUNICAO DO EVANGELHO
.
TERESPOLIS 2015
Monografia apresentada ao curso de Teologia. Graduao pela Instituio de Educao Teolgica como requisito parcial para obteno do ttulo de bacharel em Teologia.
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INSTITUTO DE EDUCAO TEOLGICA
POR
MARCOS ALEXANDRE DORNELLES DA SILVA
Monografia apresentada ao Curso de Teologia. Graduao pela Instituio de Educao Crist, como requisito parcial para obteno do ttulo de Bacharel em Teologia, submetida aprovao da seguinte Banca Examinadora:
__________________________________ Membro da Banca
__________________________________
Membro da Banca
__________________________________ Prof. Orientador
Data da defesa: ___/___/_____
Nota da defesa: ____________
TERESPOLIS
2015
4
Dedico este Trabalho de Concluso de Curso minha me, pelo apoio e amor incondicional.
5
AGRADECIMENTOS
A DEUS, meu Senhor. MINHA FAMLIA. Aos PROFESSORES, pelos conhecimentos transmitidos. Aos COLEGAS (na verdade amigos), pela troca de experincias e solidariedade nos momentos em que mais precisei.
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EPGRAFE
Viver conviver e conviver significa tambm interferir.
(Paulo Suess).
7
RESUMO
A pregao do evangelho no escapar da Cultura. Ela a base para que o ser humano sobreviva Natureza. A Arte apenas um subconjunto do grande conjunto chamado Cultura. Mas no somente a Arte que o compe. Outros subconjuntos o definem: os hbitos alimentares, as crenas, os modos de se vestir, a lngua etc. H autores que dizem que a Cultura est eivada de secularismo e de aspectos perniciosos. Remeto-me ento etimologia primeva da palavra cultura: cultivo. Logo, cultura assumir a caracterstica boa ou ruim dependendo do que se cultiva. O Evangelho no pode ter seus valores distorcidos por causa da Cultura, mas a sua pregao nunca conseguir se esquivar dela, a comear da lngua local com a qual o evangelho pregado. O presente trabalho um manual de ao para que se atente para o bom uso da Cultura em prol do Reino de Deus. Requer cuidado, mas evitar o contato com a Cultura uma atitude, alm de alienante, impossvel. No somos do mundo, mas estamos nele. H algo disponvel nele que podemos utilizar como base de comunicao do evangelho, para que ele se torne claro, eficaz e acessvel: e esse algo se chama Cultura. Palavras-chave: cultura, evangelizao, comunicao, arte, Jesus Cristo
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ABSTRACT
The preach off the gospel cant escape of Culture. Its the base for the human being suvirves nature. Art is only a subset of the great set called Culture. But not only the art that makes up the culture. Other subsets define: eating habits, beliefs, modes of dress, language etc. Some authors say that culture is contaminated by secularism and pernicious aspects. I refer me then the primeval etymology of the word culture: farming. Therefore, culture will take the good or bad depending on the feature that is grown. The Gospel can not have their values distorted because of Culture, but his preaching can never evade it, the start of the local language with which the gospel is preached. The present work is an action manual for that watch out for the good use of Culture for the kingdom of God. Requires care, but avoid contact with the culture is an attitude, and alienating, impossible. We are not the world, but we are in it. There is something available that we can use it as gospel communication base, so that it becomes clear, effective and affordable: and that something is called Culture. Keywords: culture, evangelization, communication, art, Jesus Christ
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SUMRIO
1. INTRODUO 10
2. FUNDAMENTAO TERICA 11
2.1 Consideraes sobre a Cultura 11
2.2 Trs tipos de Cultura que servem como base nesse processo de comunicao 16
3. A PRODUO CULTURAL NO PROCESSO DE EVANGELIZAO 29
3.1 Socializando o Evangelho por meio dos elementos do conjunto Cultura 29
4. A COMUNICAO CULTURAL 31
4.1 Uma Estratgia de Ao no uso da Cultura como base de pregao do Evangelho 31
4.2 Resultados esperados a partir dessa estratgia 37
5. CONSIDERAES FINAIS 38
6. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS 39
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1. INTRODUO
O presente trabalho traz como proposta e ttulo A CULTURA COMO BASE
DE COMUNICAO DO EVANGELHO. No se pretende reinventar a roda,
nem trazer o mundo para dentro da igreja com suas influncias artsticas
arrojadas, modernas e sofisticadas, muito menos apenas em conceber que a
arte e a esttica precisam estar obrigatoriamente presentes na pregao do
evangelho. Este trabalho monogrfico se restringe em apenas um tpico, que
ser ramificado em tantos outros, mas tem como cerne o seguinte: utilizao
daquilo que h de disponvel em termos de cultura local como suporte de
transmisso do evangelho para que haja uma comunicao clara e inteligvel de
modo que os ouvintes o recebam, o compreendam e o assimilem, bem como a
utilizao dos diversos mecanismos que a Cultura nos proporciona para
veiculao do mesmo. H muitas linguagens hermticas, ou seja, difceis de se
entender. E esse grau de dificuldade no est restrito a erudio. H vrios
outros fatores que dificultam a comunicao de modo a tornarem a pregao no
to clara, e um dos fatores o uso precrio da cultura local para que se
estabelea tal comunicao. certo que no somos do mundo, mas por outro
lado estamos no mundo (Jo 17:15). A alienao, no sentido de estar alheio s
coisas desse sculo, nos torna ignorantes inclusive acerca dos desgnios de
satans, pois em tempo de guerra, se faz mister o conhecimento sobre os
estratagemas do inimigo. Entretanto, se observarmos as prprias Escrituras
Sagradas, em Salmos 24:1 lemos que do Senhor a Terra e tudo o que nele se
contm. Entendemos que Deus no condena as coisas, e sim o mau uso das
coisas. Contudo, necessrio esclarecer que os elementos da terra tambm
receberam sua dose de maldio por causa da queda do homem, contraindo
os tais cardos e abrolhos referidos em Gnesis 3:17-18. Mas h de se diferenciar
o que natural do que cultural. O natural j est contaminado. O cultural pode
vir a estar contaminado. O Natural o que h. O Cultural o que vem a ser por
meio da transformao promovida pelo homem ao meio que est inserido ou
sofrida pelo homem atravs deste mesmo meio levando-o a um determinado
comportamento (cultural). O tema dessa monografia Cultura, sobre a qual
veremos mais detalhadamente as suas respectivas definies nos tpicos
11
subsequentes. Mas antecipamos uma das definies para ratificar aquilo que foi
mencionado com o fim de demonstrar a necessidade de o evangelho precisar de
uma boa comunicao para poder ser entendido. A definio a seguinte:
cultura tudo o que provm da criatividade humana fomentada por aquilo que
est disponvel. Aquilo que nos est disponvel em termos culturais uma das
coisas que podemos utilizar para pregar o evangelho, obviamente nos moldes
cristos de conduta, com o fim de transmitir os valores cristos. Um exemplo
desse usufruto basilar da cultura para esse fim, de modo positivo, foi o que Jesus
Cristo fez com o vinho. Em primeiro lugar, necessrio afirmar que Jesus no
mandou importar as melhores bebidas de outras regies para realizar a ceia. Ele
utilizou os vinhos daquela regio. Alm disso, realizou um milagre utilizando o
vinho nas bodas de Can da Galilia (Jo 2:1-12), ou seja, usou a Cultura
daquele povo, e foi numa festa, outro tipo de expresso cultural local, expresses
estas que Jesus Cristo nunca ignorou ou desprezou. Muito pelo contrrio: Jesus
andou pela Cultura para que esta servisse de base de comunicao do
evangelho.
2. FUNDAMENTAO TERICA
No podemos continuar a confundir cultura com a indstria do
entretenimento to em voga. A cultura uma capacidade individual e coletiva
numa dinmica de desenvolvimento e integrada num projeto coletivo para um
determinado territrio. A cultura pensamento e imaginao, racionalidade e
emoo, construir e partilhar sentidos de vida. Enquanto que o entretenimento
tende a ser uma consolao anestesiante e cmoda perante as perplexidades
complexas do mundo atual, e cuja perspectiva implica exclusivamente a viso
do cidado como mero consumidor (o idiota feliz). (MATOSO, 2010).
2.1 Consideraes sobre a Cultura
A Igreja foi chamada para uma misso: ide por todo mundo e pregai o
evangelho a toda e qualquer criatura (Jo 16:15). A pregao do evangelho a
12
mensagem por meio de significantes e significados, e por se tratar de uma
comunicao, envolve nesse processo a mensagem, o emissor da mensagem e
o receptor. Assim sendo, se for uma comunicao clara, acarretar efeitos de
resultados positivos, isto , a palavra no volta vazia (Is 55:11), que o mesmo
quer dizer a palavra (mensagem) eficaz (Hb 4:12a). Por isso, h inmeras
passagens que tambm nos alertam de que no se pode haver rudos na
transmisso do evangelho, tais como distores, relaxamento, estrpitos etc.
Jesus Cristo sempre teve esse cuidado. E quando dissemos que Ele teve esse
desvelo, pensamos logo na essncia do contedo do Evangelho. Mas estamos
falando no critrio de Jesus ao escolher lugares apropriados para que sua
mensagem fosse bem audvel e inteligvel, como as reas gramneas e os
montes da Palestina, por exemplo, cujos posicionamentos dos ouvintes e
acsticas para receber a mensagem eram ideais. A lngua (local) tambm foi um
fator preponderante. No to bvio dizer que se escolhe sempre a lngua local
para se fazer entender. Hodiernamente, h os que nem mesmo se preocupam
em aprender a lngua local para pregar o evangelho em outros pases, contando
com tradutores autctones do pas numa arrogncia cultural tal que at parece
que os ditos pregadores pretendem se fazer valer de sua cultura dita
hegemnica, (a maioria deles so lderes de ondas e modismos pseudo-
evanglicos) que adentram em pases alheios e pregam estritamente em sua
prpria lngua materna por minimizar a necessidade de o aprendizado da lngua
nativa que estabelece uma comunicao ideal. Jesus utilizou sua lngua local, e
em sua vertente mais popular (a saber, o aramaico). Jesus utilizou a Cultura
local! Se fez de fracos para com os fracos ao utilizar o disponvel. Cristo fruiu
aquilo que h de peculiaridade de cada povo para difundir a sua mensagem, e
isso o mesmo que se diminuir. O uso da Cultura corrobora ainda mais o
fenmeno da kenose de Deus (esvaziamento descrito em Fp 2). Despojar da sua
glria (ptria) celestial e viver como um de ns em toda a essncia da expresso
o esvaziamento por excelncia. Com isso, Jesus de fato Deus e de fato
homem uma vez que se esvaziou, e automaticamente se inculturou
(inculturao a inteno de assumir as expresses culturais de outro grupo
social, que no caso de Jesus teve como finalidade o ato de comunicar o
Evangelho).
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Afinal, o que Cultura? Encontramos essa palavra na prpria Bblia
Sagrada (o livro de Daniel no captulo primeiro traz esse vocbulo, mostrando-
nos como exemplo os jovens Daniel, Ananias, Mizael e Hazarias, que eram
versados nas culturas dos povos), e no h o mnimo sentido pejorativo quando
encontramos tal vocbulo nas Escrituras Sagradas. Apenas quando se fala dos
costumes pagos (da mesma forma que arte, costume apenas um
subconjunto contido no grande conjunto chamado Cultura. E s o fato de ser
costume no o problema. O problema est no fato de ser costume pago). Por
extenso, portanto, entendemos que o problema no a Cultura em si, mas a
cultura que no sadia, que no edifica. Mahatma Gandhi, grande pacifista
indiano, dizia que considerava positivas todas as culturas, menos as que
subjugavam outras. Conclui-se ento que o mau uso da cultura que o
problema.
Em primeiro lugar, vejamos os significados de cultura.
Etimologicamente, podemos afirmar que cultura o mesmo que cultivar, e vem
do latim colere, que significa 'lavoura, cultivo dos campos' e, ao mesmo tempo,
'instruo, conhecimentos adquiridos' vocbulo este surgido nos primeiros
sculos do milnio em Roma. Portanto, nos primrdios, e em estrito senso,
tratava-se de um ato. E um ato neutro, pois se pode cultivar sementes boas ou
ms. Dependendo do gnero, o que se est cultivando o que determinar se o
ato foi benfico ou malfico. E ao longo do tempo, a partir de anlises mais
reflexivas, foi-se ampliando cada vez mais o que se entendia por cultura. Vrias
reas do saber, como a Filosofia, a Antropologia, a Sociologia e a prpria
Teologia j apresentaram vrios significados sobre o vocbulo. Como no
pretendemos compor um tratado filolgico sobre o termo para esgot-lo,
abordaremos apenas alguns conceitos pertinentes ao tema do presente trabalho
monogrfico.
Mesmo com base neste conceito primrio, j podemos chegar a alguma
elucubrao. A partir dele, duas definies de cultura passam a assumir dois
conceitos distintos que so os seguintes: um em que o objeto de cultivo
externo ao cultivador; e outro em que o objeto de cultivo o prprio cultivador
(BAITELLO JR., 1997.). Ento, vemos a cultura sendo parte do ser humano, e
no apenas o que este ser produz. Podemos fazer um paralelo com a pregao
do evangelho (o homem no s edifica como tambm edificado") e com a
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promoo da paz (o homem passa a ter nele a paz ao promover fora dele essa
paz). Logo, esta paz internada e externada, bem como a Cultura. Ao cultivar,
ele tambm cultivado. E ao cultivar, ela (trans)forma o ambiente em que est
inserido ao mesmo tempo que se (trans)forma, pois passa do estado no
produtivo para o produtivo. Assim tambm o homem quando nasce de novo
(do esprito) em termos da f crist, pois deixa o antigo estado e assume o novo.
Passar de meramente Natural a ser Cultural exclusividade do homem, no
momento em que d seu primeiro choro. Seres exclusivamente naturais so
somente os animais irracionais, no ns. Portanto, o fato de sermos culturais, de
acordo com o antroplogo americano Alfred Kroeber, nos difere dos demais
animais (LARAIA, 1989).
Ento, ao mesclar os aspectos extrnsecos e intrnsecos que conceituam
o termo cultura, nasce a mais conhecida definio do vocbulo, muito corriqueira
em lxicos: a cultura todo aquele complexo que inclui a arte, as crenas, o
conhecimento, os costumes, a moral, a lei e todos os outros hbitos adquiridos
pelo homem. Tal definio uma impecvel mostra de que se trata de um
conjunto que aambarca vrios subconjuntos, como j foi dito. O interessante
que nela encontramos as crenas, os costumes, a lei etc., termos estes que so
muito familiares no que concerne terminologia crist. H a moral crist, h a lei
crist (decerto que no somos adeptos do legalismo no sentido judaizante ou
fundamentalista, mas Paulo se refere lei como espiritual em sua epstola aos
Romanos (Rm 8:2), logo, h a lei crist), h os costumes cristos (embora no
se deva apegar demasiadamente a eles para no beirarmos o ritualismo, o
cristo cultiva os costumes de ir Igreja, de cear, de estudar a Bblia etc.).
Conclui-se que todos estes termos esto includos (ou como diria um
matemtico, esto contidos) no conceito (ou conjunto) Cultura, compondo-o por
justaposio uma vez que se complementam entre si. Portanto, por sermos um
tipo de crena, de uma moral etc, inevitavelmente fazemos parte desse imenso
mosaico chamado Cultura.
J em termos antropolgicos, a Cultura compreendida como a
totalidade dos padres aprendidos e desenvolvidos pelo ser humano. A cultura
a partir do conhecimento da cincia chamada Antropologia tem como objetivo
representar o saber proveniente da experincia vivenciada por uma comunidade.
Portanto, conclumos que no seio da igreja instituio (visvel), e at mesmo na
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igreja espiritual (invisvel), h o aprendizado, o discipulado, a leitura das
escrituras, o ouvir da pregao etc. Logo, h a disseminao da Cultura nesse
sentido antropolgico no meio cristo. E no somente estritamente a mensagem
do evangelho. A Igreja hoje recebe inmeras orientaes acerca de diversos
assuntos, tais como sexualidade, poltica internacional, violncia contra as
mulheres etc., tudo luz das escrituras. Por meio de seminrios, palestras e
prelees sobre esses assuntos, a igreja recebe essa transmisso cultural.
Agora observe esse texto:
A primeira vez que o termo 'cultura' aparece
como um conceito de cunho antropolgico
na Alemanha, em 1793, no verbete Kultur do
Dicionrio Adelung: "A cultura o
aperfeioamento do esprito humano de um
povo. Assim, haveria diferentes nveis de
'aperfeioamento espiritual' entre as etnias e
subentende-se que cada povo teria um
determinado grau de desenvolvimento nesta
escala. Desde o incio a noo de cultura foi
etnocntrica porque desqualificava as
sociedades 'primitivas' e tradicionais frente a
sua prpria e suposta superioridade cultural.
H de se ter cuidado com essa afirmao, claro. No podemos seguir
os tpicos apregoados pelo pr-gnosticismo, movimento do primeiro sculo, que
ensinava que a salvao s poderia ser obtida atravs de conhecimento
especial (NEVES, 2012), nem que h em ns um aperfeioamento de esprito
no sentido evolutivo, como assim pregam os budistas, muito menos que, quanto
maior cabedal de conhecimento de um determinado povo que apresente um
indicativo considervel de saber, de tecnologia e de intelectualidade, maior o
grau de desenvolvimento daquele povo, uma vez que existem diferentes padres
civilizatrios. No entanto, podemos extrair algo de positivo nesse texto
(sobretudo, o seguinte trecho: A cultura o aperfeioamento do esprito humano
de um povo) no sentido de conceber que ignorncia e alienao nunca ajudou
ningum a chegar a lugar algum. E quanto mais se exercita o aprendizado a
partir de noes culturais, mais se controla a natureza e a si mesmo. Podemos
16
fazer um paralelo com nossa conduta crist, expressa na nossa luta diria contra
o pecado que de fato tenta exercer um controle sobre ns, mas quando
entregamos esse controle nas mos de Deus e nos enchemos do Esprito
Santo, conseguimos obter o domnio sobre o pecado, aperfeioando-nos no bem
(Hb 13:21) e no amor (1Jo 2:5)).
E como encerramento da abordagem sobre o conceito Cultura, eis uma
citao de Roman Jakobson que concebeu que a cultura conjunto de
referncias comuns a emissor e receptor (JAKOBSON, 1971). Precisamos
explicar mais uma vez que a pregao do evangelho uma comunicao. E
para que esta seja estabelecida almejando resultados eficazes segundo o
propsito da grande comisso, preciso que o evangelho seja comunicado com
o mximo de clareza de modo que se torne inteligvel e receptvel. Essa
transmisso prxima ao ideal requer a utilizao do suporte cultural. Segundo
Paulo Suess, O Evangelho a graa de Deus em expresses humanas. No
foi toa que Jesus Cristo fez uso de parbolas para passar a sua mensagem,
uma vez que elas eram simplesmente o que havia de conhecimento local em
termos de cultura popular do povo judeu daquele contexto histrico cultural. Ao
se familiarizarem com a parbola (expresso humana), os ouvintes entendiam e
assimilavam os princpios do evangelho (expresso divina).
2.2 Trs tipos de Cultura que podem servir como base nesse processo de
comunicao
H uma mirade de expresses humanas, bem como h uma infinidade
de culturas locais, alm do fato de que a Cultura no algo esttico, e sim
dinmico, progredindo a cada vicissitude uma vez que se a natureza altera, o
conhecimento se recicla e o evangelho se apodera de vrias outras metodologias
para que adapte a propagao dele (e que fique bem claro que o evangelho so
princpios, no tendo, portanto, que se adaptar. O que muda so os mtodos,
no os princpios). Consecutivamente h a renovao cultural tambm. Isso
bom, pois no somente vemos diversidade em se tratando da localidade, mas
atravs dos tempos.
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H a cultura que se perpetua atravs dos tempos, como o patrimnio
histrico, mas h tambm a transitria de um determinado contexto histrico
cultural. Por isso que temos que ter cuidado acerca do que descritivo e
prescritivo na Palavra de Deus. Dois exemplos clssicos so os momentos em
que Paulo fala s mulheres que no mantenham o cabelo cortado em um
determinado contexto(I Co 11:3-16) e que se mantenham caladas em outro (I Co
14:34). Tratava-se de uma explanao direcionada ao pblico feminino daquele
contexto histrico cultural especfico para que atentasse para o fato de que as
outras mulheres que faziam parte do culto Deusa Afrodite ou do templo de
Apolo se comportavam da seguinte maneira: respectivamente, cortavam cabelo
e falavam durante os cultos, e a preocupao de Paulo era que, naquele
determinado tempo ou cultura, no se reproduzisse o comportamento do povo
pago, uma vez que o contraste entre a luz e as trevas precisa ser bvio. Mas
era especfico daquele momento, ou seja, algo descritivo, e no prescritivo. A m
interpretao e uma exegese equivocada causam confuso. Eis a um exemplo
que demonstra o porqu da necessidade de se utilizar tpicos de Cultura. para
que haja um eficaz entendimento das Escrituras Sagradas com o fim de
promover um ensino claro das mesmas s Igrejas analisando a contextualizao
cultural das situaes.
Como j foi dito, o presente trabalho monogrfico no tem a pretenso de
esgotar o assunto, enumerando as culturas de todos os povos para que se
transmita uma minuciosa frmula de como se evangelizar em cada tipo de
cultura. Isso funo da missiologia e da antropologia cultural, que por meio de
pesquisas de campo, mapeiam os povos, tribos e raas ao detectar os fatores
identitrios culturais de cada povo e etnia, a partir de ferramentas dessas reas
do saber, tais como relativizao (compreender o outro a partir dos seus prprios
valores, e no nos nossos (ROCHA, 1994)), trabalho de campo etc.
No nosso caso, nos apoderaremos de classificaes a partir de trs
noes fenomenolgicas acerca do conceito Cultura. Trata-se de uma trade
que parece conflitiva entre si, mas no : cultura de massa, cultura popular e
cultura de elite.
Antes de nos aprofundarmos sobre cada uma das trs, podemos fazer um
paralelo com tais noes citando algumas prticas de cada uma delas descritas
18
na prpria Bblia: vemos a cultura de massa nos gritos de hosana proferidos
pelo povo no momento da entrada triunfal em Jerusalm (um aspecto positivo da
cultura de massa) e os gritos de crucifica-o (um aspecto negativo dela),
mostrando de fato que nem sempre verdadeiro o adgio em latim vox populi,
vox dei (j que nem sempre a voz do povo a voz de Deus). Um exemplo de
cultura popular, como j foi mencionado, so as parbolas proferidas de Jesus.
E exemplo de cultura de elite, podemos encontrar na poesia hebraica, com todo
o seu estilo, repleto de antteses, paralelismos etc.
Como no poderia ser diferente, em nossa localidade, da mesma forma
como em outra localidade qualquer, encontramos esses trs tipos de cultura, que
parecem rivalizar entre si, mas na verdade no rivalizam. Nstor Grcia Canclini,
pensador cultural, diz que essas barreiras na verdade no existem, pois h uma
espcie de hibridizao das trs noes (CANCLINI, 1998). De fato,
constatamos isso tomando como exemplo o povo brasileiro, seja ele cristo ou
no, que v um futebol ou uma novela (cultura de massa), brinca quando
criana em meio ludicidade cultural repleta de msicas e brincadeiras
folclricas (cultura popular) e provavelmente em algum dia de sua vida visitar
um museu ou apreciar uma exposio de arte ou um recital de msica clssica
(cultura de elite). Os exemplos ilustram que o ser humano no precisa se
radicalizar em apenas um tipo de noo fenomenolgica sobre cultura. Apenas
precisa reter o que bom de cada uma delas. No caso dessa trade, que foi
definida a partir dos pensamentos acerca da indstria cultural postulada pela
Escola de Frankfurt (cujas figuras proeminentes so os pensadores Theodor
Adorno e Max Hokheimer), encontramo-la tambm no seio da igreja instituio,
com as pregaes do tipo arrasa quarteiro e os famigerados shows gospel
(cultura de massa), as dinmicas ldicas, festas tpicas e momentos de
comunho com diversificados hbitos alimentares (cultura popular) e as
apresentaes de orquestras e corais cristos (cultura de elite). Mas para que
no haja nenhuma espcie de preconceito acerca das noes, se faz mister um
acurado estudo das mesmas.
A Cultura de Massa causa um certo desconforto nas alas mais
conservadoras, claro, por beirar o entretenimento, mas algo que no
podemos ignorar. H inclusive os que nem ao menos considere essa vertente
19
como cultura. Deixando o mrito de lado, abordaremos aquilo que move
multides uma vez que Jesus Cristo nunca as evitou, como por exemplo o
milagre da multiplicao de pes e peixes. Contudo, seu po e peixe nunca foi
po e circo. O problema est no fato de as massas se deixarem levar com
facilidade. A massa no reflete. Ela no conduzida conscientemente, mas
induzida ou manobrada. Ela passiva, no ativa. Por isso que determinados
lderes carismticos mal-intencionados, sejam religiosos ou no, que tm o
poder da palavra, induzem facilmente tais multides incautas. Elas so como
gros de areia, unidas, mas sem nenhum poder de autonomia, facilmente
impelidas pelo vento. O pregador do evangelho e o produtor cultural sensatos
no se faro valer desse atributo indefeso das massas para manobra-las. Muito
pelo contrrio. Trata-las-o com benevolncia, alimentando-as com a Palavra de
Deus, com pes e peixes e tambm com Cultura.
Somente para efeito de exemplo, mencionarei trs tipos polmicos de
Cultura de Massa, dos meios seculares, culturais e evanglicos,
respectivamente: o funk, a dicotomia futebol/telenovela e a chamada cultura
gospel. Todos vistos por muitos como instrumentos de alienao, entrave para
a dedicao plena ao servio de Deus ou simplesmente uma praga dos dias
atuais. Entretanto, inegvel dizer que tais culturas de massa tem influncia
sobre o povo de Deus. Tambm bvio que certas catarses coletivas em
manifestaes espirituais no seio eclesistico se assemelham em muito com o
mover das citadas culturas acima, e podemos fazer um paralelo apenas para
efeito de estudo.
Todos os trs exemplos de cultura de massa tm uma caracterstica
comum: no preciso muita complexidade para pensar ou praticar. Estaramos
sendo insanos se dissermos que todas as trs devem ser urgentemente aceitas
como benficas para a igreja, ou melhor, para que sejam base de comunicao
do evangelho do jeito que so, nuas e cruas. Mas tambm imprudente, qui
utpico, ignor-las
O funk, por exemplo. Antes de fazer uma breve abordagem histrica
desse movimento cultural de massa, menciono exemplos positivos de algumas
situaes descritas na prpria Bblia de comportamentos da massa bem
parecidos aos adeptos do funk carioca. Primeiro, um aspecto negativo. As tais
20
cantigas de beberres que ofendiam Davi, mencionadas nos Salmos. Mas esse
mesmo Davi foi enaltecido e reconhecido por uma cano desse formato, de
fcil entendimento e do coro da massa, que foi o momento em que a multido o
equiparou a um guerreiro que fere dez milhares, enquanto Saul, apenas
milhares. No estamos querendo dizer que basta fazer funk que veicule a
verdade que j se est fazendo o uso da cultura de massa como base de
comunicao do evangelho. O que se pretende demonstrar que a massa age
assim. Produz de imediato, sem muito pensar (na maioria das vezes, sem pensar
mesmo, mas inegvel que o agir sem refletir um problema (Pv19:2)). Todavia,
por no encontrar censura ou barreiras para que se expresse, a massa comunica
de modo clere e torna conhecido o bvio, coisa que o elitizado e o
excessivamente reflexivo muitas das vezes, por meio de circunlquios, no o
fazem. Jesus Cristo mostrou que seu discpulo Pedro, que apresentava um
comportamento impulsivo e emotivo, bem como os dos adeptos da cultura de
massa, agiu muitas vezes sem pensar, por impulso, irrefletidamente. Tal
comportamento pode apresentar pontos negativos, como quando Pedro
decepou sem pensar a orelha de Malco (Jo 18:10), mas, por mais paradoxal que
possa parecer, h tambm os pontos positivos, uma vez que Pedro, mesmo que
tenha andando poucos passos, foi o nico apstolo que andara sobre o mar (Mt
14:29). Agir sem pensar sempre errado, mas o que age sem muito pensar
sempre age e nunca deixa de agir. preciso ento corrigir com carinho e
considerar sempre que a massa, por ser passiva, bem parecida com a ovelha,
animal passivo sempre mencionado nas analogias que mencionam Cristo (o
sumo pastor) e o seu rebanho.
O breve histrico do funk (carioca) nesse trabalho monogrfico simples:
uma batida musical percussiva repetitiva eletrnica picante com letras fceis
que geralmente induzem o adepto sensualidade, adicionada a letras que no
tenham bom tom ou que, para encerrar a questo, levam apenas a uma diverso
libertina. De fato, a prpria etimologia do funk quer dizer apimentamento (tornar
picante). Mas o que no se pode ignorar que o funk o que h de mais fcil
para que algum possa produzir expresso musical. Uma batida musical e uma
letra fcil de ser cantada at por quem desafinado. Como o cntaro da mulher
samaritana. Um recipiente simples de um ser humano que naquela poca era
21
preterido, discriminado e menosprezado, mas que Jesus usou como base de
comunicao do evangelho. Mais uma vez preciso ser dito que a soluo
imediata no se apoderar do funk e acrescentar uma letra crist ao som desse
ritmo e lana-lo de qualquer jeito dentro da liturgia da igreja. Mas alertar que, em
algum momento, at mesmo esse que o mais controverso suporte pode ser um
cntaro samaritano nas mos de Jesus para que ele ensine que ele a gua
viva!
H algo tambm a dizer sobre a dicotomia futebol/novela (a referncia a
eles de modo simultneo apenas para que no haja machismo nem feminismo
na explanao). H telogos liberais que j se referiam ao livro potico da Bblia
sobre a histria de J como uma novela, fato este que o autor do presente
trabalho no concorda por conceber que a histria de J real, e no fictcia.
Todavia, essa classificao nos ajudar a mostrar que o termo novela vem de
classificaes literrias, sendo a novela um intermedirio entre o conto e o
romance. Quando os seres humanos, sobretudo os latinos, resolveram chamar
programas televisivos com tramas produzidos em inmeros captulos de
telenovelas, equivocaram-se, pois deveriam chamar de tele romance, uma
vez que o romance que tem muitos captulos, e a novela, enquanto gnero
literrio, poucos, assim como o livro de J. Enfim, a telenovela uma cultura de
massa, que de fato torna o sujeito uma massa passiva, e no reflexiva. Ela
aliena, (de)forma opinio (uma vez que geralmente transmite valores contrrios
aos princpios cristos) e todo o resto de influncias negativas que todos ns j
conhecemos. Da mesma forma, o futebol. Enquanto a telenovela penetra
majoritariamente ao universo feminino, por causa dos elementos que a
compem com a seguinte frmula: drama, romance e violncia; com o futebol
mesma coisa, cuja a frmula virilidade, competitividade e violncia, para
atingir o pblico masculino. E ambos, por serem exemplos de cultura de massa,
alienam, tornam o sujeito passivo, irreflexivo etc. Mas ser que so somente
estas as caractersticas da dicotomia futebol/novela?
Seno vejamos: o futebol um esporte. O apstolo Paulo utilizou como
base de comunicao do evangelho os esportes, como corridas (I Co 9:24), lutas
(I Co 9:27) etc. Tal utilizao dos esportes no seria tambm uma forma de se
fazer entender, i. e, uma base de comunicao? Em primeiro lugar, temos que
22
considerar que a maioria das pessoas no possuem um satisfatrio coeficiente
de intelectualidade para assimilarem coisas muito complexas. Da que vem a
explicao de o conceito elite muita das vezes ser empregado nesse caso (a
nosso ver, equivocadamente), entendido por alguns como minoria superior. A
massa ento supostamente entendida como maioria inferior. Entretanto,
reflitamos: tanto o futebol como a novela, mesmo que sejam um instrumento de
alienao, se apresentam como uma frmula simples. O futebol um jogo cujo
objetivo to simples que passa a ser simplista: a bola tem que passar a linha
de uma trave. A telenovela so captulos que se restringem em exibir em meio
televisivo simplesmente uma ilustrao da vida real de maneira encenada (em
ritmo lento, se comparado aos filmes e s minissries). A histrias das
telenovelas so representaes da prpria vida, da prpria sociedade, com uma
pitada de formao de opinio segundo o ponto de vista dos autores, mas o
citado ritmo lento a estratgia de os produtores de telenovelas para que tal
cultura de massa se ajuste ao crebro da massa que as assiste, resultando em
adeso em massa. Nada de linguagem excessivamente hermtica! to
simples que os cristos muitas vezes no percebem que as ciladas do inimigo
(propagadas na novela) so na verdade sutilezas, e o que a sutileza seno
algo simples e fcil de se assimilar.
H ento as vrias propostas evangelicalistas de se ter ento jogadores
de futebol, autores e atores de telenovela cristos para que se reverta o quadro
de tais culturas de massas, de modo que as telenovelas e o esporte breto no
influenciem negativamente. Contudo, na prtica, o que vemos so pessoas se
corrompendo ou se comportando como os mpios ao ingressarem nesses meios,
sendo poucos os bons testemunhos.
O propsito desse trabalho diferente dessas estratgias ditas culturais
existentes por a. A pergunta que surge : ento a metodologia do inimigo
acertada e temos que copi-la? Em nossas instituies eclesisticas deve haver
campos de futebol e telenovelas crists? No seria essa a soluo mais
apropriada para estar em consonncia com o uso da cultura de massa como
base de comunicao do evangelho. No precisamos aderir metodologia po
e circo com uma roupagem evanglica. Mas o que temos que nos atentar
que, no contexto cultural dos nossos tempos, h uma sociedade que possui toda
23
a caracterstica de cultura de massa. preciso apenas que tenhamos
conscincia disso: nossa gerao adepta Cultura de Massa. Tendo essa
informao, que nos apoderemos de ferramentas para saber como agir. A revolta
vociferante contra a adeso da membresia da igreja a esse tipo de cultura algo
sem nenhuma valia. A proposta desse trabalho agir da seguinte maneira: j
que recebemos diariamente em nossas casas tais telenovelas (mesmo quando
nossas televises esto desligadas, a sociedade tambm eivada por esses
esportes e produes televisivas alienantes), lembremos como Jesus reagiu ao
receber uma moeda com a efgie e inscrio de Czar (e a inscrio era a
seguinte: Cezar Deus) dos fariseus (Mt 22:15-22). Faamos como ele!
Transformemos tais temas abordados nas mpias telenovelas em pregao do
Evangelho, da mesma forma que Jesus fez quando recebeu uma mensagem
totalmente contrria dos princpios do evangelho da inscrio da moeda. De
Cezar Deus, ele tornou em Dai a Cezar o que de Czar, e a Deus o que
de Deus. Jesus no diz Ei, essa frase dessa moeda est errada. Vamos ento
gastar um enorme tempo de nossas vidas corrigindo-a para ento responder
pergunta de vocs, colocando cristos na Casa de fundio de moedas de
Czar para cunhar frases de culto ao bom Deus. No se gasta muito tempo em
corrigir o que se est torto, mas se apodera de algo torto com sabedoria e
praticidade para us-lo como uma base de comunicao do evangelho. Sem
perda de tempo!
Agora, tratemos da cultura de massa dita cultura gospel. Antes da
explanao, necessrio afirmar que, da mesma forma que o funk que est em
nosso meio no o funk genuno vindo dos EUA, a cultura gospel do nosso pas
no o mesmo que o gospel dos EUA. O gospel norte americano se originou
como um estilo musical proveniente das igrejas pentecostais afro-americanas
com influncias do rythm and blues. O termo gospel tambm traduzido como
evangelho, mas por aqui perdeu todo o sentido cientfico. Em nosso pas,
msicas com letras crists tem como classificao gospel, independente de
estilo musical. Tais msicas so propagadas pela mdia mercadolgica,
contando com grandes gravadoras, rdios, videoclipes, tietagem e
megaeventos. Mas uma vez preciso considerar: no adianta fechar os olhos
para o que est instaurado. E bvio que a dita cultura gospel tem penetrao
24
considervel nas igrejas, j que a igreja instituio o seu nicho mercadolgico.
As ondas e os modismos so caractersticas precpuas da cultura de massa.
realmente necessrio afirmar que ondas e modismos em nada tm a ver com o
evangelho. Contudo, o que ningum pra para reparar que dentro desse
circuito, h os que abdicam dos ditames do mesmo, inclusive de forma
declarada, mas que ainda so classificados como adeptos da cultura gospel.
um efeito que pode ser percebido quando se pressupe que um pastor um
aproveitador, o inserindo no mesmo balaio dos falsos pastores. H no meio da
cultura gospel, por incrvel que parea, os artistas (praticantes de uma arte)
srios, que no deixaram se corromper. No porque poltico que
necessariamente precisa ser corrupto. Um sistema, seja ele qual for, pode conter
pessoas srias, pode conter cristos! Paulo saudou os da casa de Czar (Fp
4:22)! E tambm h os que j se apartaram dessa classificao cultura gospel,
como o Rodolfo Abrantes, ex-vocalista do grupo de rock secular Raimundos, que
atualmente tem uma pregao combativa em relao a essa cultura, mas que
ainda mantm uma agenda de apresentaes (o termo show, ele no usa mais),
fs, cach etc. No o que acontece com alguns pregadores, que possui
agenda, admiradores etc.? E estes que os tem? So todos pilantras, estrelas ou
no condizem com o evangelho? H sim, nesse tipo de cultura os aspectos
negativos, mas se o artista, mesmo pertencendo cultura gospel, rejeita
adorao, privilgios etc., no pode ser respeitado e convidado para
programaes nas igrejas? No posso deixar de mencionar a cantora Cassiane,
que todos associam cultura gospel. Ela sria, e de fato uma verdadeira
adoradora!
Conclumos ento que, mesmo sendo a cultura de massa um produto da
industrializao cultural, que geralmente massifica, aliena e torna o sujeito
passivo, com sabedoria, discernimento e cuidado, podemos utiliz-la como base
de comunicao do Evangelho.
No caso da cultura popular, lidamos ainda com um grupo de pessoas,
sendo este no um grupo induzido, passivo, como um gro de areia, mas uma
coletividade organizada em torno de um s objetivo, e essa coletividade ativa,
reflexiva e tem inclusive conscincia revolucionria e identitria. Apesar de sua
expressividade ser oriunda do povo, resistente massificao cultural.
25
Segundo Antnio Augusto Arantes, a cultura popular est a servio do povo, isto
, dos interesses efetivos do pas, mostrando que o que a define a
conscincia de que a cultura tanto pode ser instrumento de conservao como
de transformao social (ARANTES, 1996).
Apresento como texto base desse pensamento o seguinte trecho:
Sabemos que as manifestaes de nosso
folclore no so consideradas pela cultura
protestante, exceto com simples curiosidade,
quando, na realidade, poderiam ser uma
forma de relao e de comunicao
extraordinariamente rica e natural. Se
verdade que o grupo oculta sua cultura
diante do colonizador, necessrio que
saibamos descobrir as variedades dessa
cultura sua origem, seus sincretismos, a
diversidade regional, as interpretaes que
do artistas, poetas e novelistas. O impacto
da tcnica moderna, em que pese a
tendncia de uniformizar usos e costumes,
no conseguiu deter, nem tampouco limitar
os aspectos particulares de cada cultura. A
antropologia cultural ensina que cada grupo
adota seu prprio modo seu estilo. Enquanto
isso, o programa de nossas Escolas
Dominicais, por exemplo, a repetio do
que se fez em outras partes do mundo, o que
comprova sua imposio forada. Isto
significa que devemos aprender muito dos
antroplogos e dos socilogos, procurando
uma base cientfica para o estudo sobre as
formas autctones que a Igreja e suas
instituies devem adotar na Amrica Latina.
No se trata, simplesmente de variar a ordem
do culto, introduzindo msica popular ou
fragmentos de autores nacionais. Isto pode
ser feito, mas no significa,
necessariamente, identificar-se com as
26
expresses da cultura nacional e regional.
Trata-se, no fundo de uma descoberta
revolucionria: encarnar-se na cultura
autctone. Sem isto, provavelmente, nunca
chegaremos a saber o que significa uma
nova estrutura da congregao local, fato
que de algum modo deve expressar esse
encontro e manifest-lo (CESAR, 1968).
Somente esse trecho esgota o que se quer demonstrar com a cultura
popular em prol do evangelho. Todavia, um comentrio a mais sobre ele
completa o que o autor deste trabalho quer propor. Hoje, e sempre que nos
entendemos por frequentadores de igrejas evanglicas, no encontramos uma
enculturao (ou socializao cultural, que o aprendizado da nossa prpria
cultura) plena da igreja, apesar de que na ala pentecostal e em alguns
segmentos tradicionais da cristandade brasileira encontrarmos suportes culturais
autctones, como base de comunicao do evangelho tais como msicas,
danas e at mesmos citaes de autores de nossa literatura popular do
repertrio literrio mas, como o texto acima nos mostrou, isso no o suficiente
nem demonstra de fato uma forma de relao e de comunicao
extraordinariamente rica e natural do evangelho por meio de nossa cultura.
Esse processo seria extremamente saudvel para que, como tambm o
trecho mostra, nos desarraiguemos de amarras coloniais que, apesar de no
temos nenhuma relao com a interveno jesutica que se caracterizou como a
vinda do Europeu para c no af de explorar a colnia sul americana e deter o
avano do protestantismo, tambm criamos e mantemos a caracterstica colonial
quando ignoramos a cultura popular local. E o que de fato ignorar?
Precisamos deixar bem claro que a soluo no rechaarmos por
completo os nossos modelos de culto que so de fato idnticos aos dos pases
beros do protestantismo da Europa e das igrejas dos Estados Unidos da
Amrica. inevitvel que culturas hegemnicas sempre tero enorme influncia.
realmente uma utopia criar uma igreja genuinamente brasileira. Nada
nacionalmente puro em termos culturais. O prprio evangelho no o (h nele
27
a cultura grega, hebraica, latina etc). Segundo o dizer de Paulo Suess, os
mistrios de Deus no cabem numa [s] cultura (grifo meu). Contudo, no
nada inteligente deixar de transitar ou comunicar plenamente o evangelho com
base no que h de bom em nossa cultura popular, tais como a nossa culinria,
o nosso jeito cordial (termos este no segundo Sergio Buarque de Holanda que
alude ser o brasileiro o povo que aceita tudo de bom grado, mas a partir do
conceito original do termo, criado por Ribeiro Couto, mostrando que ser cordial
o povo que age com o corao), a ludicidade, a criatividade e a riqueza do
repertrio cultural folclrico que no tem somente teores pagos e msticos, mas
riquezas morais como as prprias parbolas proferidas por Jesus (este jamais
descartou essa expresso cultural popular) que podemos encontrar em
literaturas de cordis, melodias do cancioneiro popular etc.
Ademais, no se tem um interesse em enaltecer tanto as figuras crists
histricas e folclricas, como as do Padre Jos Manuel da Conceio, como se
tem feito com figuras de suma importncia como Joo Calvino, Martin Lutero,
Charles Spurgeon, Charles Finey, D. L. Moody, John Wesley. De fato, so figuras
que compe a nossa histria crist, mas tivemos em nosso pas simplesmente
um padre que se tornou protestante e utilizou em muito a nossa cultura popular
como base para comunicao do evangelho. Sem contar que, ao construirmos
nossos templos, as estticas so bifurcadas a partir de duas referncias: esttica
europia para construo de igrejas evanglicas tradicionais ou meros galpes,
teatros ou cinemas que se tornaram igrejas pentecostais. Porque no reproduzir
templos cristos evanglicos ou protestantes a partir da esttica do Barroco
Mineiro do artista Aleijadinho (falo da esttica arquitetnica das igrejas
projetadas por esse arquiteto mineiro, e no da confeco de imagens de
santos)?
A resposta est descrita no texto inserido acima: O programa de nossas
Escolas Dominicais, por exemplo, a repetio do que se fez em outras partes
do mundo, o que comprova sua imposio forada. De fato, a igreja no se
encarnou na cultura autctone. Stuart Mill, filsofo e economista britnico, alegou
que cada instituio deve ser adequada realidade de sua localidade. Jesus
Cristo no teve esse receio de se encarnar a meio caminho. Sua encarnao foi
total, completa. No dizer de Paulo Suess, Deus desceu e se encarnou na
28
condio mais vil da humanidade, no prespio e na cruz, um sem-casa e um
sem-terra. Tal ato foi manifestado mormente em termos culturais. Jesus foi um
participante de festas, um utilizador por excelncia da cultura popular sendo
considerado por isso, enquanto esteve aqui na terra em sua forma encarnada,
como UM DO POVO!
Agora falemos da cultura de elite. H um grupo de pensadores que afirma
que cultura de elite o culto sofisticao formal e hipersensibilidade, que
cr na tcnica apenas como habilidade e virtuose. No me atrevo a dizer que
tal definio no est correta. S queria inserir o seguinte adendo: elite no
uma minoria esnobe ou um grupo melhor de pessoas por ter o padro civilizatrio
melhor ou um cabedal de saber intelectual mais vasto e, por isso, um grupo de
seres humanos superiores. O conceito elite pode ser mais apropriado no
presente trabalho e melhor entendido como aqueles que se destacam. Na
Bblia Sagrada encontramos vrios exemplos de grupos seletos de homens que
se destacavam, seja pela valentia (valentes de Davi II Sm 23:20-23), seja pelas
habilidades tcnicas (Aoliabe e Bezalel Ex 36:1), artsticas (Davi),
administrativas (Jos - Gn) e intelectuais (Paulo). Decerto que os critrios de
Deus so diferentes dos do mundo para se compor a Sua elite. Por exemplo, um
dos cones da tecnologia Steve Jobs quando compunha sua equipe de trabalho,
s tolerava os funcionrios de primeira linha. No caso de Deus no assim.
Como diz o velho chavo, Deus capacita os escolhidos. Contudo, h os que se
destacam. Portanto, precisamos entender o termo elite, no como um grupo de
seres humanos superiores, mas como pessoas que se destacam numa misso,
numa obra etc.
Em se tratando de cultura de elite, para ficar bem claro que, por incrvel
que parea, compositores da msica erudita tais como Chopin e Villa Lobos
sempre se inspiraram na cultura popular para comporem o seu repertrio. Ento,
no h um abismo to imenso assim entre cultura popular e cultura de elite.
No meio cristo a gente tambm v esses exemplos. Paulo de Tarso, sim,
comps a espinha dorsal do Novo Testamento, com toda sua erudio e
intelecto, mas encontramos tambm cartas no estilo coloquial escritas por Pedro
e Joo. Lemos na Bblia Sagrada que todos instrumentos, tudo que tiver flego,
todo o ser que respira deve louvar ao senhor, seja o instrumento de corda, seja
29
o instrumento de percusso, seja o erudito, seja o popular, seja de massa, todos
devem estar unidos nessa hibridizao. Que haja cultura de elite na igreja, mas
que ela se envolva tambm com a cultura popular para que ela prpria possa ser
mais rica, uma vez que tudo um corpo cristo e cultural, no sendo o dedo
mais importante que a cabea ou vice-versa.
Portanto, eis uma recomendao vlida para que faamos um bom uso
dos tipos de cultura em prol do reino de Deus: considerar essa classificao tripla
(cultura de massa, cultura popular e cultura de elite), nos apoderando de
seus respectivos tpicos com o fim de comunicar com clareza, acessibilidade e
eficcia o evangelho de Jesus Cristo, mas sempre nos mantendo atentos,
avaliando criticamente esta interao de tais noes culturais para que faamos
tudo com excelncia, decncia e ordem.
3. A PRODUO CULTURAL NO PROCESSO DE EVANGELIZAO
O fomento cultural de modo intensivo por meio de mecanismos e aes
para que haja uma dinmica cultural mais ampla na sociedade o que
chamamos de Produo Cultural.
3.1 Socializando o Evangelho por meio dos elementos do conjunto Cultura
Em nossas igrejas, notria a produo cultural. Entretanto, se faz
mister algumas observaes para analisar essa produo de modo a verificar se
de fato cultura o que se est produzindo e separar aquilo que animao
cultural da verdadeira produo cultural (como o joio e o trigo).
Analisemos, pois, o verbete cultura-anlise: processo de determinao
do diagnstico sobre a situao cultural de uma comunidade determinada ou da
dinmica cultural mais ampla (COELHO, 1997). Com base nesse verbete,
passamos ento analisar a situao cultural da localidade em que uma
determinada igreja est inserida para que possamos diagnosticar sua situao
cultural.
A igreja em questo a Igreja Batista em Barra do Imbu, localizada no
municpio de Terespolis, Rio de Janeiro. Trata-se de um municpio da Regio
Serrana do Estado do Rio de Janeiro, municpio este conhecido como ponto
turstico por ter em seu territrio a vista exuberante da cadeia montanhosa Serra
dos rgos com a deslumbrante vista do Dedo de Deus, um clima hibernal, a
30
sede da CBF, o fato de ter sido conhecida como uma das cidades que sofreu na
catstrofe da chuva de 2011 e de possuir uma feira artesanal muito visitada
chamada Feirinha do Alto (FEIRARTE).
A Igreja Batista em Barra do Imbu (IBBI) compe o carto postal da
cidade, podendo inclusive ter sua fachada tombada como patrimnio histrico e
cultural, com um estilo clssico do seu frontispcio, mas conta com outros lugares
de cultos nos bairros da Vrzea, Motas e Alto, tambm em Terespolis. H uma
considervel produo cultural na IBBI. A saber, existncia de corais, orquestra,
grupos musicais, peas de teatro, grupos de dana, recitaes de poesias,
realizaes de festas internas (com temas diversos apresentando tanto a nossa
Cultura como cultura de outros pases, como a hebraica) e externas (como a
Festa do Amor, que interage com a comunidade num verdadeiro processo de
mediao cultural) etc.
A IBBI valoriza esse fomento cultural, ciente de que alm da pregao
do evangelho, h tambm o atendimento da comunidade a partir de diversos
tipos de aes sociais e culturais. O presente trabalho uma proposta para que
apenas seja aprimorado esse fomento j existente. Sero ento enumerados
elementos que compem o conjunto Cultura de modo a fazer uma demonstrao
sobre como real-los como vetores impulsionadores de uma produo cultural
crist significativa e efetiva, que sero utilizados como ferramentas a servio do
Reino de Deus.
Sendo a arte um dos elementos desse conjunto chamado cultura,
enumeramos as artes existentes na Igreja: teatro, dana, msica etc. Falemos
primeiramente sobre o elemento cultural artstico teatro: originando-se na Grcia
(pelo menos o que alegam os historiadores), significando local onde se v,
foi tambm base de comunicao do evangelho j nos tempos Bblicos, como
por exemplo a encenao de Isaas (Is 20:2) que profetizara despido (um
verdadeiro ato teatral) e a encenao providencial de Davi quando diante do Rei
Aquis esgravatava no postigo (I Sm 21:13) etc.
Culturalmente falando, o grupo teatral da IBBI j contribuiu em muito com
a comunidade teresopolitana, realizando apresentaes em praas, shoppings
etc. Para aprimor-lo na igreja, no se faz necessrio mencionar no presente
trabalho os aparatos tcnicos, mas importante realar que necessrio o
ensino sobre metodologia de teatrlogos, como por exemplo a de Bertolt Brecht,
31
teatrlogo alemo, cognominada de distanciamento, uma vez que precisamos
separar realidade daquilo que fico, j que existe uma metodologia
antagnica que ensina que o praticante do teatro deve incorporar o personagem
para poder interpret-lo da melhor maneira (ora, interpreta-se nessas peas
tambm o diabo. Imaginem se tivermos que incorpor-lo a cada encenao? No
toa que muitos se afastam da igreja aps terem participados dessas peas.
E ningum atenta para isso).
Sobre a dana, se faz mister o aprendizado de diversas modalidades,
pegando atributos positivos de cada uma delas (por exemplo, do Ballet, apodera-
se da leveza e da postura; da Dana Contempornea, do impacto), mas sempre
rechaando a sensualidade, sem necessariamente retirar a graa e a
feminilidade das danarinas.
No que concerne msica, os grupos precisam de uma vida espiritual
sria e tambm cuidados tcnicos para que no haja o sobressair da melodia em
detrimento do contedo da msica, que o mais importante para que a
mensagem seja transmitida por meio desse suporte artstico para o louvor. Alm
disso, os msicos devem se legitimar como tais, registrando os respectivos
nomes dos ministrios de louvor no rgo responsvel por esse ato (INPI
Instituto Nacional de Propriedade Nacional). Tambm precisam ser registradas
as msicas no Escritrio de Direito Autoral e/ou na Escola de Msica da UFRJ,
sendo recomendado tambm que os msicos cristos tenham a carteira da
Ordem dos Msicos do Brasil (OMB), para que estejam aptos para exercerem o
ofcio de msico na esfera profissional, se apresentando aprovado tambm
diante das leis dos homens.
So alguns exemplos de como apresentar com excelncia a Cultura no
seio da Igreja. Como j foi proposto, a IBBI tambm poder contar com um
projeto de tombamento como Patrimnio Histrico Cultural junto ao IPHAN
(Instituto de Patrimnio Histrico e Artstico-Cultural) a partir dos critrios do
INEPAC (Instituto Estadual do Patrimnio Cultural). A igreja pode inclusive
instaurar em seu recinto Pontos de Cultura, que um programa do Governo
Federal que estimula s sociedades civis sem fins lucrativos a criarem esses
pontos de fomento cultural com os recursos disponibilizados atravs de convnio
firmado com o Ministrio da Cultura, apoiando assim o desenvolvimento das
atividades culturais ali realizadas (sendo uma estratgia muito boa para utilizar
32
a Cultura como base de comunicao do evangelho). Toda essa estratgia de
ao ser descrita com pormenores no tpico seguinte desse trabalho
monogrfico.
4. A COMUNICAO CULTURAL
Numa comunicao (do Evangelho), h o emissor (pregador), o receptor
(povo) e o contedo (Evangelho) e o meio atravs do qual ser transmitido esse
contedo (Cultura).
4.1 Uma Estratgia de Ao no uso da Cultura como base de pregao do
Evangelho
Sendo autor do presente trabalho graduado pela Universidade Federal
Fluminense em Bacharel em Produo Cultural, quando se formar tambm em
Teologia estar apto para exercer o ministrio cristo da pregao do evangelho
e ter como especialidade a rea da Cultura, ou para ser mais exato, da
Produo Cultural. Por providncia divina o autor desta monografia est
posicionado em pontos estratgicos do Municpio de Terespolis para que, por
meio dele e de tantos outros agentes cristos do processo cultural de
evangelizao, Deus possa realizar o seu propsito da comunicao do
evangelho tendo como base a Cultura.
A estratgia de ao estar descrita no projeto a seguir, com tpicos de
acordo com o modelo contido no Guia de Incentivo Cultura (CESNIK, 2002) e
do modelo de Elaborao de Projetos do SEBRAE:
APRESENTAO
No ano de 1998, Marcos Alexandre Dornelles da Silva, o autor deste
presente trabalho, ingressa na faculdade de Produo Cultural. Recebe ento as
seguintes aulas: Fundamentos e Tcnicas de Artes Cnicas; Fundamentos e
Tcnicas da Msica; Preservao do Patrimnio Histrico Cultural; tica e
Esttica; Teoria da Percepo; Rdio, Televiso e Cinema; Elaborao de
Projetos para Empresas Patrocinadoras; Fundamentos e Tcnicas da Msica;
Polticas Culturais; Imaginrio Coletivo; Filosofia da Arte; Sociologia da Arte; etc.
e obtm a graduao em Bacharel em Produo Cultural em 2002.
Seus trabalhos na rea da Produo foram:
33
- Exposio de Arte Pluralidades realizada na galeria da UFF;
-Exposio de Artes de obras de drogadictos do NEPAD e detentos do
DESIPE;
-Estgio no Departamento Cultural da Escola de Magistratura do Rio de
Janeiro, na assistncia de Produo em eventos tais como Teatro na Justia,
recitais de msica, projeo de filmes relacionados Justia seguidos de
debates acerca do tema, etc.
-Festival de Dana contempornea Migraes, realizada no Teatro da
UFF;
-Produo de Peas Teatrais no Teatro da UFF cujos ttulos so
Quisera eu... e A Trilha, peas estas de sua autoria e direo.
-Produo de Peas Crists na IBBI de sua autoria e direo (seus
textos esto publicados em http://teatrocristao.net/texto/marcos_alexandre_dornelles_da_silva);
-Premiado no Concurso de Dramaturgia do Estado do Rio de Janeiro
com o texto Laboratrio de Estrelas;
-Integrao no Grupo de Samba Cristo Em Esprito e Em Verdade;
-Produo com o Maestro Sergio Rojas;
-Autor da Monografia cujo ttulo Guia sobre os rgos Responsveis
pelo Direito Autoral da rea Musical;
-Atual Produtor Cultural na Secretaria de Cultura do Municpio de
Terespolis e atual Professor de Produo Cultural nos colgios Ginda Bloch e
Beatriz Silva da rede municipal da Educao de Terespolis na EJA (Educao
de Jovens e Adultos) e realizador do Projeto Educao Infantil e Produo
Cultural na Creche Professora Oneide Maria dos Santos;
Ao se formar em Produo Cultural pela UFF, depois de ter pregado o
Evangelho na formatura, uma vez que foi escolhido para fazer a apresentao
final na solenidade, vem para o Municpio de Terespolis para exercer seu
ministrio, sendo desencorajado por muitos colegas de turma que alegavam ser
Terespolis um deserto cultural. Mas crendo que Deus transforma o deserto em
manancial, vem assim mesmo, optando por uma vida de f.
Portanto, desde 2002 vem se preparando espiritualmente e
culturalmente para o exerccio do Ministrio que Deus colocou em sua vida.
OBJETIVOS
http://teatrocristao.net/texto/marcos_alexandre_dornelles_da_silva34
-Pregao do evangelho no municpio de Terespolis como Pastor de
uma igreja, mas tambm em aes itinerantes (em ruas, nos eventos seculares
como Ter Fantasy e Carnaval; em instituies de outras localidades etc.)
usando como base de comunicao do evangelho a Cultura;
-Participar do fomento cultural tanto na esfera pblica quanto na privada,
elaborando projetos culturais tais como criao de um Departamento Cultural na
Empresa de Softwares Alterdata, produo de um curta-metragem com alunos
da EJA etc. para difundir por meio da Cultura o evangelho;
-Orientar os adoradores criativos que utilizam a arte para adorao ao
Senhor Jesus a estarem em um lugar, que o universo da Cultura, tomando os
devidos cuidados, tais como no se deixar envaidecer ou ser adorado. Tambm
ensin-los a utilizarem os mecanismos da Cultura respeitando seus trmites
burocrticos segundo a legislao, para que tais projetos possam usufruir de
subsdios a partir de mecanismos tais como enquadramento de Projetos na Lei
de Incentivo Cultura (Lei Rouanet), participao dos fomentos descritos no
Plano Municipal de Cultura de Terespolis e preservao e tombamento do
patrimnio histrico e artstico cultural da Igreja etc. As apresentaes em culto
ao Senhor com uso da arte assumindo contornos de fomento cultural ganham
proeminncia que as tornam excelentes.
-Transmitir ensinos sobre o discernimento a partir de um senso crtico
que instrua os membros a julgarem os elementos culturais, retendo deles o que
for bom e descartando o que for mal (por exemplo: rechaa-se o carnaval (festa
da carne) e preserva-se o samba da nossa cultura)
-Propor que esse projeto coopere com as aes evangelsticas, sociais
e at mesmo as artsticas j existentes no seio da Igreja;
-Ministrar cursos sobre o tema, uma vez que a igreja precisa ter esse
aprendizado para que possa em conjunto contribuir executivamente com as
aes culturais, bem como cooperar na captao de recursos, apoio cultural e
patrocnio na realizao de eventos a partir dos mecanismos da Cultura, como
j foi mencionado;
-Interao da Igreja com a comunidade com o fim de evangeliza-la a
partir de mais uma base, a saber, a Cultura;
-Ter relevncia para o Reino com uma proposta criativa e santa, uma
vez que pretendemos transitar pelo sistema cultural para exercer o ministrio
35
cristo, mas sempre prontos a desviar das estruturas do pecado (expresso
usada por Paulo Suess, citando o termo mencionado na conferncia de Santo
Domingo) existentes nesse sistema, uma vez que por ser composto por homens
e estar no sculo presente, infelizmente apresentam tais estruturas;
- Preparar produtores (e tambm atores) para filmes, minissries
televisivas e peas teatrais a partir de roteiros de filmes e textos dramatrgicos
cristos e seculares que tragam implcitos valores cristos.
-No entreter, mas evangelizar fomentando Cultura. Assim como
avivamento algo completamente diferente de animamento, Produo Cultural
e Animao Cultural tambm so conceitos antagnicos.
JUSTIFICATIVA
No podemos enterrar nosso talento. Precisamos ser luz. E h uma
passagem da Bblia que ilustra bem a justificativa dessa proposta que o
discurso de Paulo em Atenas (At 17:16-34)
O Apstolo Paulo se depara com vrias situaes nesse momento
sublime de sua trajetria. Nessa passagem, Paulo cita Epimnides, Cleanto e
Arato, poetas gregos. Ao mencionar seus escritos, diz que Nele nos movemos
e existimos. Nele quem? Resposta: Deus. O interessante que na obra original
no est escrito Deus, mas Zeus, o deus grego. Isso me lembrou o momento em
que Jesus d uma lio aos fariseus usando como base aquele escrito na moeda
de Czar. H tambm outro momento. Quando Paulo aponta para um altar
dedicado ao Deus desconhecido, diz: este o Deus de quem eu vos falo. Todos
esses exemplos mostram o uso daquilo que disponvel, ou seja, da Cultura
como base de comunicao do Evangelho. Mas tudo no foi feito de qualquer
jeito. A formao e o conhecimento de Paulo, somados claro com sua busca
ferrenha por ser santo diante do Senhor, foram fatores importantes nessa ao.
Alm disso, observe o dizer de Paulo Suess em seu artigo sobre Cultura muito
citado nesse trabalho monogrfico:
O culturalmente disponvel no "qualquer coisa". As
diferentes experincias humanas vividas e
culturalmente codificadas por grupos sociais no so
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algo arbitrrio ou descartvel. So resultado de uma
longa experincia histrica.
H, portanto, muitos dessas experincias histricas que compem um
acervo de herana patrimonial da humanidade que podem muito bem servir de
base de comunicao do evangelho, como o apstolo Paulo assim o fez em
Atenas e em tantos outros lugares. Apesar de ser disponvel, esse disponvel
no qualquer coisa. O resultado dessas experincias humanas no pode ser
entendido como qualquer coisa, para que seja aniquilado arbitrariamente, como
fizeram insensata e imprudentemente os talibs, numa atitude iconoclasta e
pueril, quando destruram as esttuas de Buda no Paquisto, no as
preservando como patrimnio da humanidade. Paulo fez diferente: usou o
culturalmente disponvel como base de comunicao das boas novas. Portanto,
este ato que Paulo sempre cometia com as culturas locais quando evangelizava
a justificativa do presente trabalho.
MEMORIAL DESCRITIVO
1. O que j est em execuo do projeto: Produo Cultural nos colgios;
participao efetiva na Produo Cultural no Municpio por meio de aes da
Secretaria de Cultura do Municpio de Terespolis; aes Evangelsticas
Culturais tais como peas, apresentaes musicais e de dana em ruas, centros
de referncia e reabilitao etc.; pregao do Evangelho em Igrejas do Municpio
de Terespolis e tambm de outros municpios, em praas pblicas para
homossexuais, drogadictos, artistas, adeptos de funk, de rock, de samba e todo
os tipos de pessoas, em locais estratgicos para fixar pontos de base de
comunicao do evangelho por meio da Cultura.
2. O que ainda vai acontecer: ordenao do autor do presente trabalho ao
episcopado para que ele exera o ministrio evangelstico a partir da Produo
Cultural em prol do Reino de Deus; estabelecimento de Pontos de Cultura, com
base no programa Mais Cultura, que foi institudo pelo Decreto 6.226, de 04
(quatro) de outubro de 2007, em igrejas de modo a inseri-las numa participao
relevante no que tange a fomento cultural, consecutivamente, com seu modus
vivendis, evangelizando os membros da comunidade teresopolitana; preparao
de atores, de elaboradores de projetos, de captadores de recursos, de
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produtores culturais, de diretores, de cantores, dramaturgos, roteiristas etc. por
meio de cursos tambm ministrados em Igrejas, para que a membresia da igreja
saiba ser sal da terra e luz do mundo ao fomentar cultura, sem se corromper no
meio cultural em que estiverem inseridos, seja ele qual for (secular ou
eclesistico); constituir um colgio cristo cultural, j que o autor do trabalho
da Educao do Municpio de Terespolis e tambm Ps-Graduado em Gesto
Escolar e Prticas Pedaggicas Integradas e agregar este projeto no futuro
proposta apresentada no presente trabalho.
4.2 Resultados esperados a partir dessa estratgia
Espera-se com essa proposta tanto ganhar o mximo de almas para
Jesus Cristo como oferecer uma espcie de discipulado para que se administre,
se opere e se frua a Cultura com propriedade, comunicando o evangelho tendo
ela como base. Cultura algo fascinante, por se tratar de um processo contnuo
para lidarmos com a Natureza. Sem a existncia da Cultura, a Natureza s
serviria para ser contemplada, e nunca usufruda ou transformada. E a Cultura
sendo base de comunicao do evangelho, tambm funciona como vetor de
transformao dos homens, renovando suas mentes. Sendo ela este excelente
vetor para a manuteno das relaes humanas por meio de seus ideais
estticos e das diferentes formas de expresso, dinmica e em constante
desenvolvimento, influencia as diversas formas de pensar. O povo cristo
inserido nesse processo de Produo Cultural da humanidade, com sua moral,
com seus hbitos, com sua arte, com sua criatividade e acima de tudo com sua
santidade, pode contribuir em muito tanto para salvao de almas como para a
circulao, a fruio e a produo da prpria Cultura, tornando-a sadia e
formando a opinio dos homens para que estes passem agir segundo os
preceitos do maior Produtor Cultural de todos os tempos: Jesus Cristo!
5. CONSIDERAES FINAIS
O autor do trabalho props a construo de um manual para instruir a
Igreja acerca do uso da Produo Cultural no Processo de Evangelizao de
modo que se socialize o Evangelho por meios dos elementos do conjunto
Cultura, que no somente a Arte, mas tambm o patrimnio histrico, os
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hbitos, os comportamentos idiossincrticos, as experincias e vivncias, a
nossa lngua etc., no af de demonstrar a diferena entre Cultura e mero
entretenimento.
Nesta monografia foram apresentadas as vertentes culturais
disponveis como base de comunicao do Evangelho a partir da pesquisa sobre
a Cultura e seus diversos conceitos e definies, no de modo a esgotar o
assunto que muito vasto, mas abordando apenas o que ser necessrio para
a proposta. Para tal, o autor do trabalho procurou desmistificar algumas falcias
sobre contextualizao cultural, demonstrar uma perspectiva crist da Cultura,
abordar alguns elementos desse ramo do conhecimento e apresentar uma
estratgia de ao a partir do uso da Cultura como base de comunicao do
Evangelho.
O presente trabalho tambm contm um projeto de vida Ministerial que
servir de esteio no somente para a carreira pastoral do autor do projeto como
tambm para todos os que desejem ter um referencial terico que contenha
alguns ensinamentos basilares sobre como utilizar a Cultura para comunicar as
boas novas de modo ordeiro e decente e com conhecimento de causa,
contribuindo de modo profcuo para o Reino de Deus com criatividade.
Toda honra e toda glria sejam dadas ao Senhor Jesus Cristo. Haver
o dia em que todo joelho se dobrar, toda lngua confessar que Jesus Cristo
o Senhor.
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