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Fundada em 21 de janeiro de 1883

Fundador: AUGUSTO ELIAS DA SILVA

Revista de Espiritismo CristãoAno 127 / Setembro, 2009 / N o 2.166

ISSN 1413-1749Propriedade e orientação daFEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRADiretor: NESTOR JOÃO MASOTTI

Editor: ALTIVO FERREIRA

Redatores: AFFONSO BORGES GALLEGO SOARES, ANTONIO

CESAR PERRI DE CARVALHO E EVANDRO NOLETO

BEZERRA

Secretário: PAULO DE TARSO DOS REIS LYRA

Gerente: ILCIO BIANCHI

Gerente de Produção: GILBERTO ANDRADE

Equipe de Diagramação: SARAÍ AYRES TORRES, AGADYR

TORRES PEREIRA E CLAUDIO CARVALHO

Equipe de Revisão: MÔNICA DOS SANTOS E WAGNA

CARVALHO

REFORMADOR: Registro de publicação no 121.P.209/73 (DCDP do Departamento de Polícia Federal do Ministério da Justiça)CNPJ 33.644.857/0002-84 • I. E. 81.600.503

Direção e Redação:Av. L-2 Norte • Q. 603 • Conj. F (SGAN) 70830-030 • Brasília (DF)Tel.: (61) 2101-6150FAX: (61) 3322-0523Home page: http://www.febnet.org.brE-mail: [email protected]

Departamento Editorial e Gráfico:Rua Sousa Valente, 17 • 20941-040Rio de Janeiro (RJ) • BrasilTel.: (21) 2187-8282 • FAX: (21) 2187-8298E-mails: [email protected]

[email protected]

Projeto gráfico da revista: JULIO MOREIRA

Capa: AGADYR TORRES PEREIRA

Editorial

Espiritismo e Ética

Entrevista: Vanessa Anseloni

Difusão do Espiritismo em inglês

Presença de Chico Xavier

Diante do Cristo – Alexandre Melo Morais

Esflorando o Evangelho

Com caridade – Emmanuel

A FEB e o Esperanto

44o Congresso Brasileiro de Esperanto – Affonso Soares

Conselho Espírita Internacional

Conselho Espírita Internacional promove Curso em Brasília

Conselho Federativo Nacional

Reunião da Comissão Regional Norte

Seara Espírita

A trajetória do Cristianismo – Juvanir Borges de Souza

Decadência da Ética (Capa) – Vianna de Carvalho

É muito simples – Richard Simonetti

Vamos viver?! – Mauro Paiva Fonseca

Influência dos Espíritos nos acontecimentos da vida –

Christiano Torchi

O verdadeiro amor – Clara Lila Gonzalez de Araújo

Em dia com o Espiritismo – Evolução e

hereditariedade – Marta Antunes Moura

Cristianismo Redivivo – Vida e morte –

Haroldo Dutra Dias

Retorno à Pátria Espiritual – Adésio Alves Machado

Liberdade, responsabilidade e compromisso –

Antonio Cesar Perri de Carvalho

Evangelizemos por amor! – Adeilson Salles

5

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SumárioExpediente

PARA O BRASILAssinatura anual R$ 339,00Número avulso R$ 55,00

PARA O EXTERIORAssinatura anual US$ 335,00

Assinatura dde RReformador: Tel.: (21) 2187-8264 • 2187-8274

E-mmail: [email protected]

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4 Reformador • Setembro 2009322

uando a Humanidade já havia evoluído o suficiente para receber asprimeiras noções a respeito da existência do Deus único e de suas leis deJustiça, a Providência Divina enviou Moisés, que nos deixou os Dez

Mandamentos, convidando os homens a não praticar o mal.Quando o ser humano começou a apresentar condições de aprender as noções

básicas do amor como procedimento de vida, Deus enviou Jesus, que nos deixou oEvangelho e se transformou em guia e modelo, convidando os homens a uma novapostura moral, no sentido de praticar o bem.

Quando a Humanidade começou a demonstrar interesse em conhecer a verdade,no seu sentido mais amplo e profundo, a Providência Divina enviou os EspíritosSuperiores, tendo à frente o Espírito de Verdade, os quais nos legaram a DoutrinaEspírita, o Consolador prometido por Jesus, popularizando a mediunidade, reve-lando o mundo espiritual e a nossa condição de seres imortais em constante evolução,assim como as Leis de Deus, jorrando novas luzes sobre os ensinos do Evangelhoque o Cristo nos deixou.

Em todas essas oportunidades, o ser humano tem sido convidado a adotar umapostura moral cada vez melhor, em face de novos conhecimentos obtidos por forçada Lei do Progresso.

Com a Doutrina Espírita, além de estarmos esclarecidos de que não devemosfazer o mal e devemos fazer o bem, temos uma clara consciência da verdade queemana de Deus e de suas Leis, as quais não deixam dúvida quanto à imperiosanecessidade de colocarmos em prática os ensinos do Evangelho, que expressamessas Leis, atendendo ao nosso próprio interesse e à melhoria da sociedade em quevivemos.

É por isso que os Espíritos Superiores apresentam uma única ética para os quedetêm os conhecimentos espíritas: a prática da Caridade, como a entendia Jesus –Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão dasofensas.1 A prática da Caridade nos traz, ainda, solução para todos os problemas esegurança para todos os desafios.

Com razão, Allan Kardec conclui que “os verdadeiros espíritas, ou melhor, os espíritascristãos” são aqueles em que “a caridade é, em tudo, a regra de proceder a que obedecem”.2

Q

Espiritismoe Ética

Editorial

1 KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Q. 886. Ed. FEB.2 Idem. O Livro dos Médiuns. Cap. 3, item 28. Ed. FEB.

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força e a influência doCristianismo primitivo fo-ram consequências dos

ensinos e dos exemplos de Jesus,manifestados através da caridade,da fraternidade e do amor.

Há muito o espírito do Mestreparece ter-se ausentado da reli-gião que domina há vinte sécu-los um reino que é deste mundoe não mais um sonho superior edivino.

Jesus limitava-se a orar nos sí-tios solitários e a meditar nostemplos naturais que têm por co-lunas as montanhas e por cupú-la a abóbada celeste, de onde opensamento se eleva facilmenteao Criador.

Agora, de há muito, a simpli-cidade natural foi substituída pe-lo fausto, pelos cânones e pelasencíclicas.

O Mestre jamais pretendeu do-minar os reis e os poderosos, masvivenciar, neste mundo, a humil-dade e o amor, exemplificandoentre os homens o que ensinava.

Por força das leis divinas, tantoas almas encarnadas quanto osEspíritos livres, todos têm vidaeterna e se aproximam de Deus, oCriador, na medida da evolução e progresso alcançados.

O Cristo, na sua passagem pelaTerra, nada deixou escrito. Natu-ralmente houve importantes mo-tivos para que assim procedesse.

Seus ensinos foram sempreverbais, em todos os lugares poronde transitou.

Durante cerca de meio século,após a tragédia do Calvário, conti-nuava a tradição cristã oral e viva,pregada pelos apóstolos, homenssimples, com poucos conheci-mentos, mas assistidos e ilumina-dos pelo Mestre amado.

As primeiras narrações escri-tas só aparecem dos anos 60 aos80, sendo a primeira a de Mar-cos, seguida das de Mateus e Lu-cas, todas constituídas de trechosfragmentários, em língua hebrai-ca, nas quais houve sucessivosacréscimos, como no Evangelhode Lucas, que se tornou defini-

A trajetóriado Cristianismo

AJU VA N I R B O RG E S D E SO U Z A

5Setembro 2009 • Reformador 323

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tivo no fim do século I, entre osanos 80 e 98.

Já o Evangelho de João, queemigrara para a cidade de Éfeso,só apareceu entre os anos 98 e110, com estrutura diferente dostrês anteriores, denominados si-nópticos, no qual, além da línguagrega, percebe-se a influência dafilosofia de Sócrates e Platão.

Os quatro Evangelhos citadosforam os únicos reconhecidos pe-la Igreja Católica, mas um maiornúmero de outros, cerca de vinte,vieram à luz.

O Cristianismo primitivo, ba-seado nos ensinos e exemplos deJesus, e seguido pelos apóstolosem todo o século I, a partir dosséculos II, III e IV, foi-se alteran-

do de tal maneira quese afastou de suas for-mas primitivas, ensi-nadas e exemplifica-

das pelo Cristo aos seusapóstolos e discípulos.

Durante os 300 anosapós o primeiro século, a

tradição cristã não maispermaneceu a mesma, afas-

tando-se cada vez mais dos seusfundamentos e práticas do tempode Jesus e de seus discípulos.

Com o Evangelho de João acrença cristã evolui, ao substituira ideia de um homem honrado,que se tornou divino, pela certezade que um ser divino se apresentacomo um homem.

Depois da proclamação da di-vindade do Cristo, no século IV, eda introdução no sistema eclesiás-tico do dogma da Trindade, no sé-culo VII, diversas passagens doNovo Testamento foram modifi-cadas, para que exprimissem aconcordância com os novos acrés-cimos (ver João, 1:5 e 7).

Existem manuscritos,“na Biblio-teca Nacional, na de Santa Geno-veva, e na do mosteiro de Saint--Gall”, em que o dogma da Trindadeestá acrescentado à margem e,

mais tarde, foi in-tercalado no texto.

(Cristianismo e Espi-ritismo, León Denis.Nota complementarn. 3, Ed. FEB.)

Outro fato degrande importância,ocorrido no ano 325,foi a aliança dos cris-tãos com Constan-tino, pretendente ao

trono imperial roma-no, em disputa com

outro candidato. Venci-da a disputa, Constantino

prestigiou os aliados cris-tãos, que se deixaram iludir

pelo poder temporal, pas-sando de perseguidos a perse-

guidores, em diversas situações.

Santo Hilário, Santo Agosti-nho, São Jerônimo e outros lumi-nares da Igreja afirmavam que osEvangelhos, além da letra, encer-ram um sentido oculto, que erapreciso descobrir, para dar-lhe ainterpretação espiritual.

Infelizmente a advertência nãofoi considerada. A letra e o ceri-monial acabaram prevalecendosobre o essencial.

O objetivo de Jesus, ao pregar àscriaturas simples “o Evangelho doReino dos Céus”, era pôr ao alcan-ce de todos, apesar da dificuldadede entendimento de seus ouvintes,o conhecimento de Deus, comoPai, cuja voz se fazia ouvir na cons-ciência de todos, e a imortalidadeda alma.

Entretanto, esses ensinos bási-cos, transmitidos verbalmente nosprimeiros tempos do Cristianis-mo, foram alterados posteriormen-te, sob a influência de outras cor-rentes, que agitavam o mundocristão, e espalhados por todo oImpério Romano.

Para terminar com as discus-sões sobre a natureza de Jesus, emdiversos concílios, São Jerônimorecebeu, em 384, a missão de redi-gir uma tradução latina do Velhoe do Novo Testamento.

Essa tradução, denominada Vul-gata, tornou-se ortodoxa comonorma das doutrinas da Igreja.Entretanto, essa tradução oficial,que deveria ser definitiva, foi reto-cada e modificada em várias épocas,por determinação dos pontífices.

Antes da Vulgata, latina, existiaa versão grega das Escrituras, de-nominada Septuaginta.

6 Reformador • Setembro 2009324

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O pensamento do Cristo sub-siste nos Evangelhos, nos textossagrados, apesar de mesclados comelementos e opiniões introduzi-dos, através dos séculos, por váriosconcílios da Igreja, visando a pre-dominância de seus conceitos.

Com a Nova Revelação, o Con-solador prometido e enviado aoshomens pelo Cristo, que sabia dasconfusões que ocorreriam sobreseus ensinos, tornou-se muito maisfácil escoimar-se a Doutrina doMestre das obscuridades que a en-volveram no decorrer dos séculos.

O Consolador, o Espiritismo,traz de volta o Cristianismo pri-mitivo, com o acréscimo do conhe-cimento de coisas novas, como adoutrina das reencarnações, a vidaneste mundo e sua continuação nasesferas espirituais.

O ideal do Reino de Deus e desua Justiça, cultivado pelos primei-ros cristãos, induzidos pelos ensi-nos de Jesus, foi mais tarde subs-tituído pelas profecias do fim domundo e do juízo final, tomados aopé da letra, levando muitos crentes aacreditarem na salvação individualmediante vantagens materiais ofe-recidas às organizações religiosas.

Essa e várias outras práticas ins-tigadas aos cristãos deram motivo

à discordância de muitos, inclu-sive levando Martinho Lutero aformular os motivos que deramorigem à Reforma.

Diz Emmanuel em A Caminhoda Luz que

[...] Os postulados de Lutero

constituíram, antes de tudo, mo-

dalidade de combate aos absur-

dos romanos, sem representa-

rem o caminho ideal para as ver-

dades religiosas. Ao extremismo

do abuso, respondia com o ex-

tremismo da intolerância, pre-

judicando a sua própria doutri-

na. Mas o seu esforço se coroou

de notável importância para os

caminhos do porvir.1

A verdadeira doutrina do Cris-to acha-se enunciada nos Evan-gelhos, no seu todo, mas não empartes que possam contrapor-sepor interpretações isoladas.

O essencial é a compreensão deque Deus é o Criador universal, oPai, como o definia Jesus.

A vida é eterna para todos osEspíritos, permitindo o Pai, a cada

um, realizar em si mesmo o “Rei-no de Deus”, ou seja a perfeição,pelo desprendimento dos bensmateriais, pelo amor a Deus sobretodas as coisas e pelo amor aopróximo como a si mesmo, com operdão das ofensas.

O Sermão da Montanha resu-me os ensinos de Jesus de modosimples, mas em traços indelé-veis. Nele a lei moral é expressade forma admirável, para queos homens aprendam a elevar--se moralmente pelas virtudeshumildes:

Bem-aventurados os pobres de

espírito (isto é, os Espíritos

simples e retos), porque deles é

o Reino dos Céus. – Bem-aven-

turados os que choram, porque

serão consolados. – Bem-aven-

turados os que têm fome e sede

de justiça, porque serão sacia-

dos. – Bem-aventurados os que

são misericordiosos, porque al-

cançarão misericórdia. – Bem-

-aventurados os limpos de cora-

ção, porque esses verão a Deus.

(Mateus, 5:1 a 12; Lucas, 6:20

a 25.)2

1XAVIER, Francisco C. A caminho da luz.37. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2008. Cap. 20,item Renascença religiosa, p. 211.

2DENIS, Léon. Cristianismo e espiritismo.Rio de Janeiro: FEB, 2008. Cap. 4, p. 52.

7Setembro 2009 • Reformador 325

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nalisando-se a situaçãosocioespiritual do planetana atualidade, não há co-

mo negar-se a presença da destru-tiva onda de pessimismo e utilita-rismo que domina as criaturashumanas em toda parte.

Apoiados no niilismo, embora oscomportamentos rotulados de reli-giosos de alguns dos seus segmentossociais, o cinismo das pessoas e a de-cadência da ética dão-nos a dimen-são do desespero que avassala asmentes e os corações atormentados.

Em consequência, a violência e odespautério, a drogadição e o ero-tismo substituem as aspirações deenobrecimento dos seres, comomecanismos escapistas para preen-cher o vazio existencial e o desen-canto que se apossaram do séculoXX, que se desenhava com perspec-tivas iluministas, libertadoras, ricasde anseios de felicidade e de beleza.

A amargura toma conta dos in-divíduos que se sentem coisifica-dos, enquanto a revolta arma asmultidões desvairadas que se le-vantam contra os abusos do poder,as injustiças sociais, os desregra-mentos dos dominadores, a deso-nestidade dos legisladores que per-deram o respeito moral, a liberdadee o direito de viver com o mínimode honorabilidade que seja…

Pode-se afirmar que a aparentecalma que ainda paira sobre algu-

mas nações não esconde os paióisde explosivos prestes a deflagrar oestouro prenunciador das tragé-dias que produz.

Não se trata, porém, de umaocorrência inesperada, quando seobservam as suas raízes plantadasno fim do século XVIII, por oca-sião da Revolução Francesa, quan-do a tirania substituiu os ideaisdos filósofos da liberdade, instau-rando os dias do terror.

Em desesperada tentativa demanter a ordem na França, Robes-pierre, chamado “o incorruptível”,que lutara pelos ideais da fraterni-dade, da liberdade e da igualdade,não teve forças morais para resistiràs pressões do desespero das mas-sas e de outros pensadores, man-tendo a guilhotina a funcionarsem trégua, ao ponto de tornar-seultrajante ditador e sanguinário.Vítima de um golpe dos seus ad-versários da Convenção, foi presoe também guilhotinado.

Nesse período difícil, a morte deDeus foi anunciada, e a revolta re-tirou os vestígios da Sua presençano país, inclusive mudando osnomes de ruas, boulevards e pra-ças que os tivessem de santos oudenominações religiosas, assimcomo os objetos de culto das igre-jas, tentando apagar a lembrançada fé e da crença espiritual no ter-ritório francês.

Logo depois, com o retorno deDeus através da Concordata de 1802,firmada por Napoleão Bonapartecom o Vaticano, permaneceram osódios e resquícios do período derevolta e de perseguições incle-mentes, dando lugar a um amor-tecimento ético dos sentimentos.

O Iluminismo em declínio favo-receu o Positivismo em ascensão, en-quanto as ideias pessimistas e des-trutivas de Arthur Schopenhauerespalhavam-se por toda parte, pro-clamando a desnecessidade de Deuse de qualquer formulação religio-sa no comportamento humano.

À medida que o materialismotomava conta da cultura, a amar-gura doentia de Friedrich Nietz-sche passou a comandar as mentese os corações desesperados, am-parados no ceticismo científicodas Academias, que asseverava sera alma uma sudorese cerebral quedesaparecia com a morte do encé-falo. Nessa paisagem de morbideze desencanto, o ateísmo tornou-sea diretriz comportamental dos in-divíduos, que logo depois se atira-ram à guerra perversa de 1869--1870, que ressurgiu entre 1914--1918 e retornou calamitosa entre1939-1945, com as mais inacredi-táveis cargas de ódio e destruiçãode que a História tem notícia.

Muito contribuíram para essatragédia as ideias do super-homem

Decadência da Ética

8 Reformador • Setembro 2009326

A

Capa

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do referido Nietzsche e o pensa-mento de Heidegger, que muitoinfluenciou o surgimento do na-zismo, partido ao qual ele se filioupor algum tempo, embora rom-pendo depois, quando da perse-guição aos professores judeus daUniversidade de Freiburg, ondeera reitor…

A ética do mais forte substituiua dos direitos humanos e da dig-nidade, em face da aristocracia dopoder totalitário e insano de al-guns governantes…

Heidegger influenciou filosofi-camente Jean-Paul Sartre com oseu pensamento sobre o ser, servin-do de inspiração para o existencia-lismo e total desinteresse pelos va-lores ético-morais que conduzirama civilização ao largo dos séculos.

Viver agora e fruir ao máxi-mo, não poucas vezes sem qual-quer respeito pelos direitos dosoutros, cultivar o prazer até aexaustão, passaram a ser oscomportamentos aceitos edivulgados como recursovalioso para a preservaçãoda vida e das experiências dealegria e de bem-estar.

Lamentavelmente, as religiõesortodoxas, incapazes de oferecerresistência filosófica e ética aos ab-surdos da nova ordem, por se man-terem fiéis aos programas medie-vais totalmente ultrapassados, fo-ram desprezadas e consideradasresponsáveis pela miserabilidadedo ser humano, pelos seus desai-res, pelas suas amarguras.

Carregado pelas heranças teo-lógicas do pecado e da culpa, o serhumano rompeu com as tradi-

ções enganosas e preferiu arrostaras consequências da sua liberda-de, derrapando na libertinagem.

Sucede que, toda vez quando searrebentam as algemas da escravi-dão de qualquer tipo, a ânsia deliberdade é tão grande que, pordesconhecimento dos seus limi-tes, aquele que a aspira tomba nosresvaladouros da irresponsabili-dade, da agressividade aos direitosalheios, do abuso desrespeitoso…

Assim ocorrendo, desaparece aética da conduta para apresentar--se o direito de exceção, colocan-do-se o indivíduo acima da lei, daordem e de qualquer restrição.

Os avanços da Ciência, demiti-zando algumas das informações edogmas religiosos, os milagres deJesus, que passaram a ser observa-dos do ponto de vista das doutri-nas psicológicas e parapsicológi-

cas, reduziram a cultura ao mate-rialismo, desde 1859, quandoCharles Darwin, através do Evolu-cionismo, aplicou o golpe de mise-ricórdia no mitológico Criacionis-mo bíblico, servindo de suportepara a vitalização do ateísmo…

A contribuição da Tecnologia,alargando e aproximando os es-paços e as distâncias, facultandoa demonstração dos postuladoscientíficos através das experiên-cias dos fatos, foi fundamental pa-ra a indiferença humana pelos có-digos de dignidade e de valoriza-ção da própria vida.

O século XX, portanto, herdeiroda revolução filosófico-científica dopassado, rapidamente aceitou o no-vo comportamento que se consoli-dou durante a revolução hippieístados anos 60, quando se deram asgrandes mudanças de conduta, eas tradições nobres como a famí-

lia, o casamento, a dignidade, aordem passaram a ser insti-tuições ultrapassadas.

Irrompendo em avalanchaavassaladora, tomou conta

da juventude, que se sentia cas-trada pela intolerância e pelo po-

der dominador, passando a cons-tituir um novo mundo, um mododiferente de vida…

O aborto, a eutanásia, o suicídio,a agressividade, passaram a seréticos na linguagem nova, que iriaculminar nos homens e mulheresbombas, nos atentados terroristas,no crime organizado, na violênciaurbana, no alcoolismo exacerba-do, no tabagismo, na drogadição eno sexo destituído de qualquersentido moral e afetivo.

9Setembro 2009 • Reformador 327

Friedrich Nietzsche

Capa

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Dando-se largas aos instintosprimários, o nadaísmo, estimulan-do o erotismo, coisificou os sereshumanos, que passaram a vender--se no mercado da luxúria sem qual-quer pudor, sob o disfarce de ex-periências artísticas, desde queeconomicamente rentáveis.

Nesse comércio hediondo, emque pouquíssimos logram alcan-çar os patamares elevados, multi-dões de jovens inexperientes sãodevoradas pelas máfias que o ad-ministram, passando os tratoresda indiferença sobre os corpos eas almas mutiladas daqueles queficaram vencidos durante as ten-tativas iniciais.

Inevitavelmente, houveuma total decadência éticada cultura e da civilização,que passaram a adorar osnovos deuses do prazer e doengodo, da utopia e da men-tira, embora vivendo-se o va-zio existencial que leva à de-pressão e ao suicídio.

Nada obstante, nesse ínte-rim, surgiu o Espiritismo em1857, revitalizando a ética moral,baseada nas lições insuperáveis deJesus, que foram corrompidas pe-las ambições e conchavos huma-nos através dos séculos, desde odia em que se uniram ao ImpérioRomano, passando de persegui-das a perseguidoras.

Com a revelação dos imortais,a vida passou a ter sentido pro-fundo e significado psicológicoindiscutível, como decorrência daproposta filosófica erguida pelospilotis dos fatos demonstrativosda imortalidade da alma, da vida

futura, da justiça divina e da Leide Causa e Efeito, responsável portodos os fenômenos humanos.

A partir de então, embora lenta-mente, vem sendo restaurada a pro-posta do amor como sendo a fon-te inexaurível para a felicidade,em razão dos seus conteúdos oti-mistas e realistas, que dignificama espécie humana, proporcionan-do-lhe os necessários estímulos pa-ra desenvolver-se e atingir as cul-minâncias da iluminação pessoal.

A falência do novo comporta-mento niilista encontra-se em todaparte, porque a sua doutrina enga-nou os seus adoradores, conduzin-

do-os às aflições superlativas e àsangústias dantes jamais vivenciadas.

Aturdidas, essas multidões de-cepcionadas e sem rumo buscam,mesmo sem o saber, retornar àsorigens do bem e da alegria, ao en-contro da pureza de sentimentos ede convivência nobre, sentindo fal-ta da fraternidade que deve sem-pre viger entre os seres humanos,sequiosos de paz e de esperança.

Ninguém pode viver em equilí-brio sem a bênção confortadora

da esperança que abre perspecti-vas formosas para o futuro.

O Espiritismo, portanto, pos-suindo os paradigmas que foramdeixados para trás pelo anarquismoe ceticismo, apresenta-os como pro-postas que levam à ética do dever eda harmonia, propiciando ventura.

A crença em Deus, a crença naimortalidade da alma, a crençana comunicabilidade dos Espíritos,a crença na reencarnação, a crençana pluralidade dos mundos habi-tados e as propostas ético-moraisde O Evangelho segundo o Espiri-tismo, que proporciona uma relei-tura das lições insuperáveis de Je-sus, conforme as conhecemos em

as narrativas dos evange-listas, são as novas diretri-zes para a construção do serhumano feliz e da sociedadeditosa que todos aspiram.

Não há outra alternativa,exceto a coragem para supe-rar a crise moral que dominapraticamente toda a sociedadecontemporânea, reflexionan-do e vivendo a vigorosa éticaespírita, que resume as maisgrandiosas formulações da an-

cestral diante das novas necessida-des que tomam conta da sociedade.

Revigorada, a ética lentamenteressurge e passará a comandar osdestinos humanos na direção dapaz e da alegria de viver medianteo correto culto dos deveres.

Vianna de Carvalho

(Página psicografada pelo médium Divaldo

Pereira Franco, em Boca Raton, Flórida,

EUA, na manhã de 24 de junho de 2009.)

10 Reformador • Setembro 2009328

Capa

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Reformador: Em função da edi-ção de The Spiritist Magazine(lançada em abril de 2008), co-mo você percebe a receptividadeàs ideias espíritas?Vanessa: Estamos num dos pe-ríodos mais férteis com relaçãoà receptividade a conceitos de es-piritualidade e à evidente neces-sidade de ressignificação da vidahumana na Terra. Nos EstadosUnidos, por exemplo, o númerode filmes e seriados de TVcom temas espirituais (me-diunidade, mundo espiri-tual etc.) tem aumenta-do significativamente,sem contar o númerode artigos e conferên-cias científicas dedi-cados à investiga-ção da correlação

saúde e espiritualidade. No campodas religiões, há uma saturaçãono ortodoxismo, fazendo com

que o público de língua inglesabusque, com relativa facilidade,novas maneiras de se compreen-der, sentir, pensar e se relacionarcom Deus. A revista The SpiritistMagazine, deste modo, adentra seusprimeiros anos de existência emmeio à busca intensa da famíliahumana por respostas e consolo.

Reformador: Essa revista suscitainteressse dentro e fora do Movi-mento Espírita?Vanessa: A veiculação de ideiase formação de opiniões através

de periódicos, como a re-vista espírita, têm sidouma das melhores manei-ras de se popularizaremos conhecimentos espíri-tas. Atualmente, a distri-buição da revista encon-

11Setembro 2009 • Reformador 329

VA N E S S A AN S E LO N IEntrevista

Difusão do

Espiritismoem inglês

Vanessa Anseloni, dirigente da Sociedade Espírita de Baltimore (Spiritist Society of Baltimore), dos Estados Unidos, e editora da revista

The Spiritist Magazine (edição do Conselho Espírita Internacional),comenta sobre a difusão do Espiritismo no idioma inglês

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tra-se, principalmente, nos EUA,na Inglaterra, no Canadá, na No-va Zelândia e na Austrália, paísesnos quais o número de assinan-tes aumenta a cada edição, in-cluindo nativos de Israel, Finlân-dia, Camarões e Gana, na África.O interesse na revista já se ex-pande para organizações espiri-tualistas e holistas, bem comosuscita interesse de revistas in-glesas como, por exemplo, NewDawn, Nova Zelândia, a qual re-centemente fizera assinatura deThe Spiritist Magazine.

Reformador: Quais são os temasespíritas que despertam mais aten-ção junto aos americanos?Vanessa: Em meio à crise social emoral que passamos atualmenteno planeta, o tema mais procura-do é a cura. Por isso, temos buscadodedicar pelo menos um artigo decada edição à visão espiritual doprocesso de cura e a cura inte-gral que vai muito além do corpo,pois que, como nos ensinara oMestre, buscamos a cura da alma.Outros temas bastante procura-dos são reencarnação, mediunida-de e relacionamentos familiares.Interessante observar que não so-mente leitores de língua inglesatêm se interessado pela The Spiri-tist Magazine (página eletrônica:<www.thespir it istmagazine.com>), mas também escritoresque, em colaboração, têm publi-cado seus artigos na mesma, sendoo caso de Dr. Bernie Siegel, CarolBowman, Dr. Peter Hinderbergere Dr. Alan Sanderson, entre ou-tros. Criamos, deste modo, uma

coluna especial intitulada Diálo-gos entre o Espiritismo e a Socie-dade para, inspirados em Kardec,estabelecermos pontes a partirda universalidade dos conceitosespíritas.

Reformador: Como tem ocorrido aparticipação, em parceria, de espe-cialistas americanos na área dasaúde?Vanessa: Desde 2004, a SpiritistSociety of Baltimore (SSB) (páginaeletrônica: <www.ssbaltimore.org>)tem-se dedicado a realizar pro-gramas e seminários para au-xiliar a construção de um espa-ço comum entre o Espiritismo ea Ciência. O primeiro deles foicom o médium e orador DivaldoPereira Franco, na Faculdade deMedicina da Universidade de Ma-ryland. E por dois anos sucessi-vos, no mesmo local, realizamoseventos do gênero, incluindo olançamento da campanha “Eu meamo, Eu não tenho vícios”, paraauxiliar na prevenção aos vícios,

questão pública e peculiarmenteacentuada na cidade de Baltimo-re. Com o interesse crescente deamericanos locais, trouxemos oDr. Raymond Moody Jr. e, em2008, por ocasião dos 10 anos daSSB e o lançamento do PrimeiroMovimento Você e a Paz, foi cria-do espaço para discussão com apresença do renomado “WilliamJames do século 21”, o Prof. Dr.Gary Schwartz, e a humanitária ejudia Zohara Meyerhoff Hierno-nimus, fundadora da primeiraclínica de medicina integral daCosta Leste dos EUA.

Reformador: Quais as repercus-sões da participação de pesquisa-dora sobre reencarnação no 3o Sim-pósio Espírita dos EUA?Vanessa: Carol Bowman, tera-peuta e pesquisadora de memó-rias de vidas passadas em crian-ças, também escritora dos livrosCrianças e suas Vidas Passadas eO Amor me Trouxe de Volta, rea-lizou a palestra de abertura do

12 Reformador • Setembro 2009330

Página eletrônica de The Spiritist Magazine

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Terceiro Simpósio Espírita queorganizamos, juntamente ao pa-trocínio e apoio de outras 27instituições espíritas, em Boston(Massachusetts), nos EUA, em 11de abril deste ano. Não somenteCarol comovera o público presen-te com seu carisma, mas sentira--se particularmente tocada com opúblico espírita e sua receptivida-de. “Posso honestamentedizer que nunca fui tãobem acolhida quanto noSimpósio de Boston […]Senti como que umaenergia transformadorada sala em si, como se es-tivesse carregada do es-pírito da Revolução Ame-ricana”, foi o depoimen-to da pesquisadora na úl-tima edição de The SpiritistMagazine publicada emjulho/setembro de 2009.A partir de então, há pers-pectivas de trabalho emcolaboração entre CarolBowman e nossas orga-nizações espíritas em fu-turo breve.

Reformador: As pesquisassobre reencarnação sãobem difundidas junto aosamericanos?Vanessa: A Opinion DynamicsCorporation e o Gallop Poll divul-garam em 2004 e 2005, respecti-vamente, que em sua pesquisa na-cional nos EUA constava que 25%da população americana acreditaem reencarnação. O conceito dereencarnação torna-se populardia a dia, de tal modo que o canal

Fox da televisão americana estarálançando no outono deste ano asérie drama intitulada Past Life,filmada na cidade de Baltimore,inspirada no livro The Reincarna-tionist da autora M. J. Rose. A sé-rie usará o conceito de reencarna-ção para resolver os mistérios davida atual causados por traumasde vidas passadas.

Reformador: Quais aspectos vocêconsidera importante para facilitara presença de americanos em reu-niões, estudos e eventos espíritas? Vanessa: Allan Kardec, visiona-riamente, nos declarara em O Evan-gelho segundo o Espiritismo queo “Espiritismo não tem nacionali-dade” e, com isto, deixa como

herdeiros de seu legado toda aHumanidade, sem distinção oupreferência. Desse modo, acredi-tamos que se fazem fundamentaisquatro elementos complementarespara facilitar a presença de ameri-canos no Movimento Espírita: co-nhecimento real da CodificaçãoEspírita, conhecimento da culturanorte-americana, planejamento e

espírito de serviço. Com-binando os elementos aci-ma mencionados, estare-mos abertos à necessáriaadaptação da maneira pelaqual apresentamos o Es-piritismo, sem mudar-lhea imutável essência. Nes-ta adaptação, formamos,por exemplo, book clubs,workshops, summer camps(reuniões no campo, de ve-rão) para crianças e jo-vens, programas caritati-vos com objetivos de re-educação alimentar paraas famílias, devido à obe-sidade crescente nos EUA,e o programa de estudosespíritas (Roadmap Pro-gram) com dinâmica pe-culiar ao ritmo das esta-ções do ano nos EUA.

Com paciência e dedicaçãoprosseguimos inspirados no sábioconselho do Prof. William Jamesao Irmão X: “Cada companheiro,cada agrupamento e cada paísterão do Espiritismo o que delefizerem”.1

13Setembro 2009 • Reformador 331

1XAVIER, Francisco C.; VIEIRA, Waldo.Entre irmãos de outras terras. Diversos Es-píritos. 8. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2008.Cap. 5, p. 30.

Capa de The Spiritist Maganize,edição de abril de 2008

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iante do Cristo encontra-se o homem à fren-te da luz do mundo.

Antes dele, embora a ciência de Hermes, afilosofia de Sócrates e a religião de Buda, que lhe fo-ram excelsos mensageiros, a vida no mundo era a ab-soluta dominação da conquista.

Tenebrosa noite envolvendo o sentimento, rios desangue afogando a cerebração...

Ei-lo, no entanto, que se manifesta no trono dahumildade, convidando as Nações à glória da sabe-doria e do amor.

Seu programa divino, a espelhar-se no Evangelhoque lhe reúne as boas-novas da salvação, preconiza afraternidade ao invés do egoísmo, a renúncia edifican-te em vez da posse inútil, o perdão em lugar da vin-gança, o trabalho com a supressão da inércia, a li-berdade, com o olvido da escravidão, e o auxílio à felici-dade dos outros, como garantia da própria felicidade.

Defendendo-lhe o código de luz, de Tibério a Dio-cleciano, milhares e milhares de criaturas sofrem aflagelação e a morte no decurso de quase trezentosanos.

Além disso, desde a conversão de Constantino, em312, até a morte de Isaac II, em 1204, do Ocidente aoOriente todas as gerações de príncipes e guerreirossenhorearam a casta dos sacerdotes, oprimindo aslições do Senhor.

E desde a perseguição ordenada por Inocêncio IIIcontra os albigenses, em 1209, até a Revolução Fran-cesa, a casta dos sacerdotes, através de todos os pro-cessos da imposição inquisitorial, senhoreou as gera-ções de príncipes e guerreiros, deturpando os ensi-namentos do Divino Enviado.

Durante quinze séculos sucessivos, os religiosos eos políticos, com justas exceções, empenharam-se aodogmatismo e à violência, à crueldade e à devassidão,à vindita e ao banditismo coroado.

Eis, porém, que, na atualidade, com a evolução doDireito, acalentado ao sol dos princípios cristãos,culminando na extinção do cativeiro organizado, noseio de todos os povos cultos da Terra, temos no Es-piritismo o Cristianismo renascente, concitando-nos,de novo, ao reinado do amor e da sabedoria.

Qual aconteceu ao próprio Evangelho, a Doutrinaque o revive nasce sem guerras de sangue e lágrimas...

A fonte da Verdade e do Bem sulca o terreno mo-ral do mundo, ao alcance de ignorantes e sábios, feli-zes e infelizes, justos e injustos.

Até ontem, à face da aventura política dominandotribunais e escolas, casernas e santuários, era de todoimpraticável a experiência cristã na vida individual.

Hoje, entretanto, com o avanço da ideia religiosaque nos cabe preservar nobre e livre, pela dignifica-ção e excelência de nossa conduta, conseguimos em-preender o nosso reencontro com Jesus, elegendo-oMestre incomparável de nossos destinos, podendoreverenciá-lo cada dia em nosso próprio espírito,repetindo a antiga saudação dos primeiros seguido-res da Boa Nova – “Salve Cristo!” – não mais com oobjetivo de empunhar, de imediato, a palma do mar-tírio e da morte, mas, a fim de viver e servir com onosso Mestre e Senhor para a eternidade.

Fonte: XAVIER, Francisco C. Vozes do grande além. Diversos Es-

píritos. 5. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2003. Cap. 26.

Diante doCristo

14 Reformador • Setembro 2009332

D

Presença de Chico Xavier

Pelo Espírito Alexandre Melo Morais

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ão sou feliz! A felicidadenão foi feita para mim! ex-clama geralmente o homem

em todas as posições sociais. Isso,meus caros filhos, prova, melhor doque todos os raciocínios possíveis,a verdade desta máxima do Ecle-siastes: “A felicidade não é destemundo”. Com efeito, nem a riqueza,nem o poder, nem mesmo a flori-da juventude são condições essen-ciais à felicidade. Digo mais: nemmesmo reunidas essas três condi-ções tão desejadas, porquanto in-cessantemente se ouvem, no seio dasclasses mais privilegiadas, pessoasde todas as idades se queixaremamargamente da situação em quese encontram.

Estas observações constam deuma manifestação registrada nocapítulo V, item 20, de O Evangelhosegundo o Espiritismo, recebida em1863, assinada pelo Espírito Mor-lot, que foi importante prelado ca-tólico, cardeal e arcebispo de Paris.

Desencarnou em 1862. Leia amanifestação por inteiro, leitor ami-go, e constatará que suas virtudeseram compatíveis com seus títulos,

justificando a autêntica glória departicipar da Codificação da Dou-trina Espírita, meses após o retor-no à vida espiritual.

Ele se reporta a algo que qual-quer pessoa de bom senso podeconstatar: não existe a felicidadeem plenitude na Terra, até porqueseria uma incoerência.

Não estagiamos em ce-leste paraíso.

A Terra está muito maispara purgatório, mundode expiação e provas, habi-tado por Espíritos orienta-dos pelo egoísmo.

Concebem alguns psi-cólogos interessante ideia:o anseio de felicidade se-ria um truque da Natu-reza, que nos faz pen-sar, trabalhar, estudar,produzir, casar, terfilhos... Sempreobjetivando es-sa suprema rea-lização.

Lembra a imagemdo burro diante

da cenoura pendurada à sua fren-te, numa vara presa à carroça quevai puxando, movido pela ânsiade alcançá-la.

Podemos, de vez em quando,com o balanço da carroça existen-cial, dar uma mordiscada na ce-noura – conseguir algo do que de-sejamos –, mas não podemos nun-ca abocanhar a cenoura inteira, oque equivaleria a perder o estímu-lo para novas realizações.

É muitosimples

NRI C H A R D SI M O N E T T I

15Setembro 2009 • Reformador 333

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Conclusão: não é interessantealcançar a felicidade em plenitude.

Cairíamos na inércia, marcandopasso nos caminhos da evolução.

Talvez o problema maior estejano fato de que nem mesmo con-seguimos definir com precisão oque é a felicidade.

Não raro, julgando caminharem sua direção, desembocamos noextremo oposto – a infelicidade.

Dentre esses caminhos equivo-cados, o cardeal Morlot cita três,que devem merecer nossa aten-ção: riqueza, poder e juventude.

Riqueza.As pessoas dizem, jocosamente:

Dinheiro não traz felicidade,manda buscar.

Em princípio parece verdadei-ro. Quem herda uma fortuna ouacerta a Mega-Sena acumulada,

experimenta alto nível de satisfa-ção, antessala da felicidade.

No entanto, pesquisas demons-tram que logo retorna aos níveis cos-tumeiros, automaticamente. Pior:não raro, o rico tem tantas preo-cupações com a administração deseus bens, que resvala para pata-mares inferiores de inquietação,porta fechada para a satisfação.

Poder.Vamos simplificar a expressão,

situando-a como a capacidade demandar nas pessoas.

Suprema realização seria o abso-lutismo monárquico do passado.Os reis eram situados como repre-sentantes divinos para gerir os des-tinos dos súditos, até com poderde vida e morte sobre eles. Pala-vra de rei era a vontade de Deus.

Hoje as pessoas devem conten-tar-se com menos.

Mandar na família, por exemplo.O problema é que nos tempos

atuais, de expansão da liberdadeindividual, fica complicado gover-nar cônjuge e filhos, sempre dis-

postos a cometer a ousadia denão acatar nossas ordens, fur-tando-se às nossas expectativas.

Se a pessoa espera dema-siado da família, querendo

moldá-la às suas conve-niências, vai decepcio-nar-se.

É preciso respeitaro direito de cadaum ser o que é, etudo o que pode-mos fazer, no senti-

do de mudar algo docônjuge e filhos, é

mudar a nós mesmos, oferecendoum padrão do que julgamos ocomportamento ideal.

Hoje como ontem e sempre, amelhor influência é a do exemplo.

Juventude.Define Goethe, o grande poeta

e escritor alemão:

A juventude é a embriaguez semvinho.

Perfeito! Podemos consideraressa embriaguez sob dois aspectos:

A inconsequência que marca ojovem, empenhado em usufruir domomento que passa, as noitadasalegres que hoje começam no ho-rário em que deviam terminar; ficar,o prazer sem compromisso dos re-lacionamentos amorosos fugazes,o sexo sem amor; a busca do pa-raíso nas drogas...

Por outro lado, a insegurançade quem balança na indefinição dopróprio futuro, em relação à pro-fissão e ao lugar que deve ocuparna vida social.

Os anseios viram receios, e ficaa felicidade para o futuro, quandose formarem, quando obtiveremsucesso na profissão, quando secasarem, quando tiverem filhos...

Teólogos medievais ensinavamque somente no céu, o paraíso dasalmas eleitas, é possível a felicidadeperfeita, em contemplação eterna.

Tenho minhas dúvidas, por-quanto, há de ser muito enjoadoum lugar assim, sem chance paraa felicidade.

16 Reformador • Setembro 2009334

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No rescaldo dessas ideias todas,resta a ideia fundamental, básica,de quem veio até nós justamentepara nos mostrar o caminho dafelicidade: Jesus.

Relata o evangelista Lucas(17:20-21):

E, interrogado pelos fariseus so-bre quando havia de vir o Reino deDeus, respondeu-lhes Jesus: O Rei-no de Deus não vem com aparênciaexterior.

Nem dirão: Ei-lo aqui! Ou: Ei-loali! Porque eis que o Reino de Deusestá dentro de vós.

Ensina Morlot que a felicida-de perfeita não existe na Terra,este rigoroso estabelecimento deensino, que funciona também co-mo doloroso purgatório ou tor-mentoso inferno para os alunosrebeldes.

Realmente, seremos sempre fe-lizes fracionariamente, digamos,quando consideradas as condi-ções do Mundo em que vivemos.

Não obstante, seremos felizespor inteiro no mundo que cons-truirmos na intimidade de nossasalmas, a partir do momento emque estivermos dispostos a cum-prir o que Deus espera de nós.

É tão simples, amigo leitor, quesó o egoísmo exacerbado, entra-nhado em nossas almas, nos im-pede de entender e cumprir isso.O que nosso Pai espera de nós,como não se cansou de ensinarJesus, é que nos amemos uns aosoutros e façamos pelo próximoexatamente o que gostaríamosque o próximo fizesse por nós.

17Setembro 2009 • Reformador 335

Vamos viver?!Justiça Divina não premiaos inertes, indiferentes e ne-gligentes.É do trabalho que

se origina o progresso, tanto maiscontínuo quanto mais constante eativamente nos dediquemos a ele.

Para demonstrar que acredi-tamos na bondade e justiça deDeus, assim como nos ensina-mentos do Evangelho de Jesus,não precisamos abdicar das ati-vidades sadias e úteis que nosoferece a existência em coletivi-dade. Em todos os setores daatividade humana estará presen-te a oportunidade de progresso!

O isolamento egoísta, o afasta-mento das atividades e do conví-vio com os semelhantes, a títulode guardar pureza, castidade esantidade, fugindo deliberada-mente para evitar o contágio dasimperfeições e fraquezas, é atitu-de que nos conserva estagnadosna situação em que nos encon-tramos. Enclausurar-se, fugindoà luta no desejo de conquistarelevação espiritual, será sempreuma maneira cômoda de escra-vizar-se à inutilidade.

É errando para se corrigir, pe-cando para se arrepender e sofren-do para se purificar que a almaencontra a abençoada oportuni-dade de evoluir, crescendo mo-ral e espiritualmente, justifican-do assim a inigualável oportuni-dade que o Pai Eterno oferece às

suas criaturas: a VIDA! Somosviajores da eternidade rumo àperfeição!

Não há espaço para a estag-nação; quem ofereça permanen-te resistência aos impositivos dalei da evolução será inexorável eautomaticamente arrastado pe-lo turbilhão do progresso.

Vivamos uma vida de relaçãoativa, pois será nela que encon-traremos as oportunidades deexercitar os elevados atributosmorais e de nos libertar das cha-gas da alma. O matrimônio, a ati-vidade profissional, a vida comu-nitária, o exercício da cidadania,o esforço cooperativo nas ativi-dades sociais são meios de ati-varmos o aperfeiçoamento do Es-pírito. Quem pretenda alcançarelevação moral e progresso espi-ritual não precisará passar todasas horas úteis do dia no temploreligioso ou mergulhado, todo es-se tempo, na literatura evangélica.O que significarão a amplitude deconhecimentos e a fé, que enri-queçam nosso acervo de conquis-tas, se não as colocarmos em prá-tica? A convivência é a oportuni-dade para aplicá-las! Será indis-pensável, entretanto, viver comsabedoria, orientando o própriocaminho com rigoroso respeito àsLeis Divinas que governam a vi-da, e aos ensinamentos liberta-dores do Evangelho de Jesus.

AMAU RO PA I VA FO N S E C A

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m homem de negóciosdirigia-se ao aeroportoprestes a seguir viagem,

mas o táxi que o transportavasofreu um pequeno acidente e,por causa disso, o executivo per-deu o seu voo. Transtornado, re-tornava para o seu escritório,remoendo o acontecido, quandoouviu a notícia de que a aerona-ve em que viajaria explodiu aodecolar, matando todos os pas-sageiros e tripulantes. Refletin-do sobre o ocorrido, lembrou-sede um comentário que alguémfizera, concluindo que fora sal-vo do desastre graças à influên-cia de um bom Espírito. Mas, eos outros que desencarnaram:estariam sem proteção divina?

Os Espíritos realmente influen-ciam nos acontecimentos da vida?Os mentores da Codificação res-ponderam afirmativamente a estaquestão1 formulada por Kardec.Acerca desse assunto, esclarece oCodificador:

“Os Espíritos exercem sobre o

mundo moral, e mesmo sobre

o mundo físico, uma ação in-

cessante. Agem sobre a matéria

e sobre o pensamento e cons-

tituem uma das forças da Na-

tureza, causa eficiente de uma

multidão de fenômenos até ago-

ra não explicados ou mal ex-

plicados e que não encon-

tram solução racional senão no

Espiritismo”.2

Entretanto, não somos marione-tes dos entes desencarnados, poistoda ascendência que têm sobrenós resulta de nossa concordância,por meio da sintonia mental, “basedo fenômeno mediúnico”,3 já quetambém somos Espíritos:

“As relações dos Espíritos com

os homens são constantes. Os

Espíritos bons nos incitam ao

bem, nos sustentam nas provas

da vida e nos ajudam a suportá-

-las com coragem e resignação.

Os maus nos impelem para o

mal: é para eles um prazer ver-

-nos sucumbir e nos identificar

com eles”.4

Essas influências são de tal sor-te que, não raras vezes, dirigem eprovocam determinados aconte-cimentos, conforme as circuns-tâncias e as reações dos influen-ciados. Os Espíritos podem, porexemplo, provocar o encontro deduas pessoas, que o interpreta-rão como coincidência, bemassim podem intuir uma pessoaa desviar de caminho para pro-vocar ou evitar algum incidente,ou sugerir a um indivíduo passarpor certo lugar, chamando-lhe aatenção para determinado pon-to, conforme o objetivo a quevisam. Atuam, porém, de tal for-ma, permitindo que a pessoa de-cida por si mesma, sem afrontar

18 Reformador • Setembro 2009336

U

Influência dos Espíritosnos acontecimentos da vida

CH R I S T I A N O TO RC H I

1KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Trad.Evandro Noleto Bezerra. Ed. Comemorativado Sesquicentenário. Rio de Janeiro: FEB,2007. Q. 525-535b.

2Idem, ibidem. Introdução, item VI.

3MIRANDA, Hermínio C. Diálogo com assombras: teoria e prática. 24. ed. Rio deJaneiro: FEB, 2009. Introdução, p. 14.Apud O espiritismo de A a Z. 4. ed. Rio deJaneiro: FEB, 2008. Vocábulo “Sintonia es-piritual”, p. 808.

4KARDEC, Allan. Op. cit., Introdução,item VI.

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a sua liberdade de agir, dentrodas leis da Natureza e não pormeio de fenômenos milagrosos.

Os Espíritos são nossos parcei-ros, não nossos escravos ou algo-zes. Se soubermos aproveitar seusconselhos para o bem ou se sou-bermos prevenir e superar as in-terferências nocivas a que, muitasvezes, damos causa, por intermé-dio deles, podemos progredirmais rapidamente, ampliandonossa satisfação de viver:

[...] felizes daqueles que os bons

Espíritos aconselham e prote-

gem: tudo lhes sai bem, se obe-

decem às boas inspirações, que,

aliás, não recebem senão após

havê-las merecido e realizado o

esforço equivalente ao sucesso

que lhes é dado por acréscimo.5

Tudo na vida tem um propósi-to, tem uma razão de ser. Diante

de tantos acontecimentos queaturdem a Humanidade, diaria-mente, entre eles as catástrofesnaturais, os fenômenos socioló-gicos, a violência, o crime emseus múltiplos aspectos, algumaspessoas se revoltam, indagandose não estaríamos abandonadosem meio ao caos.

Embora as aparências nos in-duzam a acreditar nisso, anali-sando os ensinamentos dos Es-píritos superiores, vazados na ló-gica e na sensatez, verificamosque não é assim, porquanto tudoacontece para o bem das criatu-ras. Daí, é um equívoco dizerque Deus criou o mal, pois “[...]Ele estabeleceu leis, e estas sãosempre boas, porque Ele é sobe-ranamente bom; aquele que asobservasse fielmente, seria per-feitamente feliz; porém, os Es-píritos, tendo seu livre-arbí-trio, nem sempre as observam,e é dessa infração que provém omal”.6

Se soubermos interpretar cor-retamente os acontecimentos emnossas vidas, perceberemos sem-pre a sabedoria divina a conspi-rar em nosso favor, impulsionan-do-nos à corrigenda, porquanto“o sofrimento é inerente à imper-feição” e toda imperfeição, as-sim como toda falta dela origina-da, traz consigo a própria puni-ção nas consequências naturais einevitáveis.7 “[...] Em mundosmais adiantados, onde só encar-nam Espíritos depurados, o malnão existe ou está em minoria”,ao contrário da Terra, onde aindanos debatemos na ignorância.8

Brindados com o livre-arbítrio,os homens fazem o que querem,mas, muitas vezes, colhem o quenão querem: a semeadura é livre,mas a colheita é obrigatória. To-da vez que nos desviamos dobem, a lei natural nos compeleao reequilíbrio, a fim de que

19Setembro 2009 • Reformador 337

5KARDEC, Allan. Sobre o valor das Co-municações Espíritas. In: Revista espírita:jornal de estudos psicológicos, ano 3, p. 458,out. 1860. 3. ed. 1. reimp. Rio de Janeiro:FEB, 2007.

6Idem. O que é o espiritismo.Ed. espec. Rio de Janeiro:FEB, 2005. Cap. 3, q. 129.

7Idem. O céu e o inferno. 2. ed. espec. 1.reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2009. P. 1, cap. 7,item Código penal da vida futura, n. 1 e 2.

8Idem. O que é o espiritismo. Ed. espec. Riode Janeiro: FEB, 2005. Cap. 3, q. 131.

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ganhemos em responsabilidade epacifiquemos nossa consciência.Portanto, a Lei Divina é educa-dora e não punidora e tem umaresposta diferente para cada cria-tura. Na hipótese do acidente deavião, cogitada no início deste ar-tigo, os que desencarnaram nãoestavam desprotegidos da lei di-vina, mas provavelmente tinhamum ajuste com a própria cons-ciência, que deveria ser resolvi-do daquela maneira.

A lei de causa e efeito, ou ação ereação, credita a cada um a res-ponsabilidade por seus atos, comfinalidade pedagógica, permitin-do que o Espírito, sentindo naprópria alma o que fez o outrosofrer, aniquile o egoísmo, dei-xando de reincidir no erro, de sor-te que o Criador, em sua infinitamisericórdia, sempre oferece opor-tunidades para a nossa redençãomoral, as quais, se as soubermosaproveitar, nos conduzirão à rea-bilitação.

Em um mundo inferior comoa Terra, muitos acontecimentos,entre eles os flagelos destruido-res, atingem a Humanidade “pa-ra fazê-la progredir mais depres-sa”,9 hipótese em que colocam àprova a nossa vontade e a nossainteligência.

Os homens fazem parte doconcerto divino, em que as leissuperiores atuam para o bem dacoletividade. Todos têm seu pa-

pel nesse contexto, sejam bonsou maus. Mesmo quando os ho-mens erram, os desígnios divi-nos de suas faltas tiram o bem,“pois é necessário que venhamescândalos”,10 porquanto, “estan-do em expiação na Terra, os ho-mens se punem a si mesmos pelocontato de seus vícios, cujas pri-meiras vítimas são eles própriose cujos inconvenientes acabampor compreender”.11

O Espírito André Luiz, em umde seus livros, reporta-se à in-fluência de alguns benfeitores es-pirituais nos acontecimentos davida de personagens encarnados.

Num dos casos mais tocantes, re-lata que o Instrutor espiritual Ri-bas convidou dois trabalhadoresde sua equipe (Ernesto Fantini eEvelina Serpa) a tomarem conta-to com uma senhora encarnada(Mariana), que receberia Desidé-rio na condição de mãe biológi-ca, a qual desencarnaria em se-guida, devido à sua precária con-dição de saúde, abrindo espaçopara os protetores espirituaisencaminharem o recém-nascidoà adoção por um casal de meia--idade (Amâncio Terra e Brígida),que tinha pendências cármicascom o reencarnante.12

Há inúmeros outros episódiosdetalhados na vasta bibliografiaespírita.

As regras evolutivas são rigo-rosamente iguais para todos, semexceção ou privilégio. Muitas ve-zes, aquilo que pensamos ser ummal é, na verdade, o socorrooculto que surge, inesperada-mente, para nos proteger de ummal maior.

Finalmente, nunca é demaislembrar, porém, que não devemosatribuir aos Espíritos todo e qual-quer acontecimento que nos abor-reça ou nos contrarie, posto que,na maioria da vezes, eles são cau-sados por nossa própria incúria,como alertam os benfeitores.13

20 Reformador • Setembro 2009338

9KARDEC, Allan. O livro dos espíritos.Trad. Evandro Noleto Bezerra. Ed. Come-morativa do Sesquicentenário. Rio de Ja-neiro: FEB, 2007. Q. 737.

10MATEUS, 18:7.

11KARDEC, Allan. O evangelho segundo oespiritismo. Trad. Evandro Noleto Bezerra.Rio de Janeiro: FEB, 2008. Cap. 8, item 14.

12XAVIER, Francisco C. E a vida conti-nua... Pelo Espírito André Luiz. Ed. espec.1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2008.Cap. 26, p. 249-250.

13KARDEC, Allan. O livro dos espíritos.Trad. Evandro Noleto Bezerra. Ed. Come-morativa do Sesquicentenário. Rio de Ja-neiro: FEB, 2007. Q. 534.

As regrasevolutivassão iguais

para todos,sem

excessão ouprivilégio

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21Setembro 2009 • Reformador 339

Esf lorando o EvangelhoPelo Espírito Emmanuel

“Todas as vossas coisas sejam feitas com caridade.”– PAULO. (I CORÍNTIOS, 16:14.)

caridadeCom

Fonte: XAVIER, Francisco C. Pão nosso. Ed. Especial. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Cap. 31.

inda existe muita gente que não entende outra caridade, além daquela que

se veste de trajes humildes aos sábados ou domingos para repartir algum

pão com os desfavorecidos da sorte, que aguarda calamidades públicas

para manifestar-se ou que lança apelos comovedores nos cartazes da imprensa.

Não podemos discutir as intenções louváveis desse ou daquele grupo de pessoas;

contudo, cabe-nos reconhecer que o dom sublime é de sublime extensão.

Paulo indica que a caridade, expressando amor cristão, deve abranger todas as

manifestações de nossa vida.

Estender a mão e distribuir reconforto é iniciar a execução da virtude excelsa.

Todas as potências do espírito, no entanto, devem ajustar-se ao preceito divino, por-

que há caridade em falar e ouvir, impedir e favorecer, esquecer e recordar. Tempo

virá em que a boca, os ouvidos e os pés serão aliados das mãos fraternas nos servi-

ços do bem supremo.

Cada pessoa, como cada coisa, necessita da contribuição da bondade, de

modo particular. Homens que dirigem ou que obedecem reclamam-lhe o con-

curso santo, a fim de que sejam esclarecidos no departamento da Casa de Deus,

em que se encontram. Sem amor sublimado, haverá sempre obscuridade, geran-

do complicações.

Desempenha tuas mínimas tarefas com caridade, desde agora. Se não encontras

retribuição espiritual, no domínio do entendimento, em sentido imediato, sabes

que o Pai acompanha todos os filhos devotadamente.

Há pedras e espinheiros? Fixa-te em Jesus e passa.

A

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22 Reformador • Setembro 2009 340

lição de Jesus ao defendera mulher adúltera, daquelesque a queriam apedrejar –

conforme é narrado pelo apóstoloJoão, na expressiva passagem acimaregistrada –, convida-nos a refletirsobre as razões que levaram a des-venturada mulher a cometer infi-delidade matrimonial. A interpre-tação desse precioso ensinamento

deve considerar, sobretudo, a gran-deza do Mestre diante da esposa in-fiel, pois, ao transmitir-lhe verda-deira mensagem de amor, esperançae fé, aconselhou-a a não pecar mais.

Naquela época, a obediênciaaos princípios rígidos da religiãojudaica impingia à condição femi-nina processos cruéis como esse.A análise dos versículos citados, no

entanto, limita-se à correlação doreferido tema ao modo de vidade certas mulheres e homens que sedeixam conduzir, nos dias atuais, aestados lastimáveis diante do des-vario do sexo desequilibrado e, emnome de uma “nova moral”, des-virtuam a realidade e se conver-tem em pessoas que cultivam sen-sações desatinadas, envolvidas

O verdadeiroamor

“Jesus se ergueu e lhe perguntou: Mulher, onde estão os que te acusavam?Ninguém te condenou? Respondeu ela: Não, Senhor. Disse-lhe, então Jesus: Nem eu também te condenarei. Vai e daqui por diante não peques mais.”

(João, 8:10-11.)

CL A R A LI L A GO N Z A L E Z D E AR A Ú J O

ACristo e a Mulher considerada adúltera por Nicholas Colombel

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pelas paixões que irrompem exces-sivas e se tornam um mal para elas.

Em matéria de afetividade, nemsempre conseguimos manter a es-tabilidade das emoções, e os men-tores espirituais, em O Livro dosEspíritos, alertam-nos para as de-licadas situações que haveremosde vivenciar, se não conseguirmoscontrolar nossa emocionalidade:

“As paixões são como um corcel,

que só tem utilidade quando go-

vernado e que se torna perigoso

desde que passe a governar. Uma

paixão se torna perigosa a partir

do momento em que deixais de

poder governá-la e que dá em re-

sultado um prejuízo qualquer pa-

ra vós mesmos, ou para outrem”.1

Allan Kardec, na interpretaçãoque dá a essa questão, observa que“toda paixão que aproxima o ho-mem da natureza animal afasta-oda natureza espiritual”.2 Em razãodisso, certos Espíritos, reencarna-dos, transgridem comportamen-tos íntegros que os fariam progre-dir moralmente, sem considerar arespeitabilidade dos interessesalheios, mormente daqueles quese vinculam a eles pelos laços doscompromissos conjugais.

O Espírito Emmanuel, ao exa-minar, cuidadosamente, esses as-pectos, alerta-nos para o fato de“[...] que a Justiça Divina alcançatambém os contraventores da leido amor e determina se lhes insta-le nas consciências os reflexos dosaque afetivo que perpetram con-tra os outros”.3 Significa que nãofugiremos das decisões infelizes

que tomamos e que nos afastamdas obrigações matrimoniais, le-vianamente desprezadas, impelin-do-nos a vivenciar cruéis sofrimen-tos no resgate de tais débitos.

Fundamentado em estudos de-senvolvidos sobre o tema, Emma-nuel elucida de forma clara:

Em matéria de afetividade, no

curso dos séculos, vezes inúme-

ras disparamos na direção do

narcisismo e, estirados na volú-

pia do prazer estéril, espezinha-

mos sentimentos alheios, impe-

lindo criaturas estimáveis e no-

bres a processos de angústia e

criminalidade, depois de pren-

dê-las a nós mesmos com o vín-

culo de promessas brilhantes, das

quais nos descarta-

mos em movi-

mentação im-

ponderada.4

Nas ligações amorosas, incontes-tavelmente, encontramos inúmerasalegrias. Mas, nos momentos emque permanecemos ao lado dos queamamos, também somos defron-tados pelas mais duras provaçõesque surgem, geralmente, das desa-venças domésticas, confrangen-do-nos o coração. Na maioria dasvezes, quando ofendidos, deixamo--nos influenciar pelas tendênciasinferiores e reavivamos as forçasdesequilibradas do nosso pretéri-to, sem vigiar e orar para não cair-mos em tentação (Mateus, 26:41),como nos aconselha Jesus, acarre-tando sérios prejuízos morais pa-ra os que assim agem.

No terreno do sexo, os arrasta-mentos aventureiros devem ser

23Setembro 2009 • Reformador 341

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evitados, tornando as experiên-cias entre os casais mais equilibra-das e conscientes dos deveres delealdade que ambos assumem, umperante o outro, pois, de acordocom Emmanuel:

O matrimônio pode ser prece-

dido de doçura e esperança, mas

isso não impede que os dias

subsequentes, em sua marcha

incessante, tragam aos cônjuges

os resultados das próprias cria-

ções que deixaram para trás.5

Essa instabilidade emotiva, entre-tanto, promove o sexo sem educa-ção e controle e tem sido, para mui-tos, o causador de graves obsessões.

Ao discorrer sobre o sentido dapalavra escândalo como ação que, demaneira propositada, vá de encon-tro à moral ou à dignidade, AllanKardec analisa as suas repercussões,admitindo “[...] que resulta dos ví-cios e das imperfeições humanas”,como “[...] resultado efetivo do malmoral”.6 Assevera o Codificador:

[...] os homens se punem a si

mesmos pelo contato de seus ví-

cios, cujas primeiras vítimas

são eles próprios e cujos inconve-

nientes acabam por compreen-

der. Quando estiverem cansados

de sofrer devido ao mal, procura-

rão remédio no bem. A reação

desses vícios serve, pois, ao mes-

mo tempo, de castigo para uns

e de provas para outros. [...]7

Observam os Espíritos superio-res, no exame que fazem sobre o as-sunto,que “embora necessário,o mal

não deixa de ser o mal. Essa necessi-dade desaparece, entretanto, à me-dida que a alma se depura, passandode uma a outra existência”.8 Dondese conclui que a formação moral doser deve começar com a sua reformaíntima, esforçando-se por domarsuas inclinações menos nobres e sa-ber distinguir o certo do errado pa-ra ter firme a vontade, convicto deque, ao praticar atos impensados quecausam prejuízos ao próximo, es-tará lesando a si mesmo.

Nas explicações do assistenteSilas, em uma das obras do autorespiritual André Luiz, sobre ma-trimônios agravados pela deser-ção de um dos consortes ou mes-mo pelo afastamento de ambosdo dever a cumprir, encontramosvaliosas lições sobre o problema:

[...] é preciso considerar que

nos achamos ainda longe de ad-

quirir o verdadeiro amor, puro e

sublime. Nosso amor é, por en-

quanto, uma aspiração de eter-

nidade encravada no egoísmo e

na ilusão, na fome de prazer e na

egolatria sistemática, que fanta-

siamos como sendo celeste vir-

tude. [...] nossa afetividade ter-

restre [...] pode ser um conjunto

de estados mentais, consubstan-

ciando simplesmente os nossos

desejos. E nossos desejos se al-

teram todos os dias... [...]9

O Evangelho, todavia, permiteao homem enfermo curar-se desuas doenças da alma.“Vai, e daquipor diante não peques mais” [João,8:11.], disse Jesus à “infeliz criatura”que experimentou “uma sensação

nova no espírito”, presa de inten-sa alegria; o “Messias lhe iluminavao coração, em claridades vivas quelhe banhavam a alma toda”.10

Da mesma forma, a generosida-de do Mestre não nos condenaria seporventura tivéssemos vida censu-rável aos olhos de todos, mas have-ria de oferecer-nos experiências deregeneração, iluminando-nos os ca-minhos, para reabilitação dos pró-prios deveres; Ele nos ensinaria queo verdadeiro amor é força indelévelque preside às nossas vidas; amorsem adjetivações ou imposições;amor que não espera recompensas,mas que sabe renunciar e encon-tra no ato de se doar a essência inex-tinguível de sua existência.

Referências:1KARDEC, Allan. O livro dos espíritos.

Trad. de Guillon Ribeiro. 91. ed. 1. reimp.

Rio de Janeiro: FEB, 2008. Q. 908.2______. ______. Comentário de Kardec,

q. 908, p. 469.3XAVIER, Francisco C. Vida e sexo. Pelo

Espírito Emmanuel. 26. ed. 1. reimp. Rio

de Janeiro: FEB, 2009. Cap. 6, p. 36.4______. ______. p. 34.5______. ______. Cap. 9, p. 47.6KARDEC, Allan. O evangelho segundo o

espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro.

129. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2009.

Cap. 8, item 12.7______. ______. item 14, p. 169-170.8______. O livro dos espíritos. Q. 638.9XAVIER, Francisco C. Ação e reação. Pe-

lo Espírito André Luiz. 2. ed. espec. 1.

reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2008. Cap. 14,

p. 212-213.10______. Boa nova. Pelo Espírito Hum-

berto de Campos. 3. ed. espec. 3. reimp.

Rio de Janeiro: FEB, 2009. Cap. 13, p. 106.

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ara os conhecidos filósofosHerbert Spencer (1820-1903)e Henri Bergson (1859-1941),

evolução é processo de desenvol-vimento progressivo, biológico eespiritual da Natureza, no qual osseres vivos e os inanimados seaperfeiçoam. Para a Biologia, sig-nifica a ocorrência de variação eadaptação das populações dos se-res, assim como o surgimento denovas espécies a partir de outrapreexistente. A teoria da evoluçãoespecifica que todas as espéciesvegetais e animais, inclusive o ho-mem, existem em função de mu-danças ocorridas nas característi-cas hereditárias das gerações ante-riores. Sintonizado com essa linhade ideias, Kardec conclui a res-peito da evolução dos animais:“Compreende-se então que os ani-mais de organização complexa nãosejam mais do que uma transfor-mação ou, em outras palavras, umdesenvolvimento gradual [...] daespécie imediatamente inferior[...]”.1

Nos tempos modernos, os cien-tistas preferem utilizar as expres-sões macroevolução e microevolu-ção, do que evolução, simplesmen-te. Macroevolução ou Teoria Geralda Evolução – também conhecidacomo “darwinismo”, teoria evo-lutiva popularizada por CharlesDarwin (1809-1882), no séculoXIX –, indica mudanças genéticasque ocorrem em larga escala, du-rante um longo período de tempo.Segundo a teoria, todas as formasde vida atuais se desenvolveramdurante milhares de anos a partirde um ancestral comum. O Es-pírito André Luiz acrescenta: “Ocorpo terreno é também umpatrimônio herdado há milêniose que a Humanidade vem aperfei-çoando, através dos séculos”.2

Em outro momento, AndréLuiz destaca que o processo evo-lutivo é bem mais amplo do quese supõe, inicialmente:

[...] o corpo espiritual que mode-

la o corpo físico e o corpo físico

que representa o corpo espiritual

constituem a obra de séculos nu-

merosos, pacientemente elabora-

da em duas esferas diferentes da

vida, a se retomarem no berço e

no túmulo com a orientação dos

Instrutores Divinos que super-

visionam a evolução terrestre.

[...]

Propomo-nos [...] salientar que

a lei da evolução prevalece para

todos os seres do Universo, tan-

to quanto os princípios cosmo-

cinéticos, que determinam o

equilíbrio dos astros, são, na ori-

gem, os mesmos que regulam

a vida orgânica, na estrutura e

movimento dos átomos.

O veículo do Espírito, além do

sepulcro, no plano extrafísico

ou quando reconstituído no

berço, é a soma de experiências

infinitamente repetidas, avan-

çando vagarosamente da obs-

curidade para a luz. Nele, situa-

mos a individualidade espiri-

tual, que se vale das vidas meno-

res para afirmar-se, das vidas

PMA RTA AN T U N E S MO U R A

Em dia com o Espiritismo

hereditariedadeEvolução e

25Setembro 2009 • Reformador 343

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menores que lhe prestam servi-

ço, dela recolhendo preciosa

cooperação para crescerem a

seu turno, conforme os inelutá-

veis objetivos do progresso.3

A Microevolução, ou Teoria Espe-cial da Evolução, descreve mudan-ças menores, limitadas, dentro deuma mesma espécie ou tipo, vege-tal ou animal. É o que se percebenos cães, por exemplo, cujas dife-rentes características distinguemuma raça da outra. As plantas me-dicinais fornecem maiores evidên-cias da microevolução porque, ne-las, o princípio de cura é uma espe-cialização. Há plantas medicinaisindicadas para um único tipo deenfermidade, outras são prescritaspara diferentes doenças. E mais: hávegetais em que se utiliza a cascacomo medicamento específico, en-quanto outras partes, da mesmaplanta (flores, folhas ou raízes), ser-vem a outros fins terapêuticos.

No livro Nosso Lar há o relato decura fitoterápica adequadamenteutilizada por uma benfeitora:

Narcisa manipulou, em poucos

instantes, certa substância com

as emanações do eucalipto e da

mangueira e, durante a noite,

aplicamos o remédio ao enfermo,

através da respiração comum e

da absorção pelos poros.4

Independentemente de como semanifesta o processo evolutivo, umfato é incontestável: a espécie deveestar totalmente adaptada ao meioambiente. Em essência, este é o me-canismo biológico que permite aoscactos sobreviverem no deserto; aoflamingo rosa mergulhar a cabeçano lodo para alimentar-se; ao beija--flor ter bicos alongados para cole-tar o néctar das flores tubulosas etc.

A hereditariedade é mecanismobiológico intimamente relacionadoà evolução. Trata-se de processo detransmissão de caracteres genéti-cos de uma geração para outra. No

homem, as células reprodutorastransferem esses caracteres duran-te a fecundação, definindo, assim, oconjunto de genes que cada indi-víduo terá em uma reencarnação.

Os genes (ou marcadores gené-ticos) são unidades de informaçãoque ocupam locais específicos nocromossomo da célula. Cromosso-mo (ou cromossoma), por sua vez,é uma longa sequência da moléculade DNA (em inglês: deoxyribonu-cleic acid) ou ADN (em português,ácido desoxirribonucleico) que reali-za funções especializadas nas célu-las de todos os seres vivos. Para aCiência, os cromossomos e o DNAsão estruturas exclusivamente físi-cas, ainda que a última seja simbo-licamente denominada “código davida”. A orientação espírita, porém,é mais completa, quando diz:

Os cromossomas, estruturados

em grânulos infinitesimais de

natureza fisiopsicossomática, par-

tilham do corpo físico pelo nú-

cleo da célula em que se man-

têm e do corpo espiritual pelo

26 Reformador • Setembro 2009 344

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citoplasma em que se implan-

tam.5 (Grifo nosso.)

Cada gene fornece um único ti-po de informação (cor dos olhos,grupo sanguíneo, cabelo liso ouencaracolado etc.) que é transmitidaaos descendentes, segundo as leisda hereditariedade. A soma dessasinformações constitui o genótipoindividual, que é único em cadapessoa. É preciso destacar, contu-do, que o automatismo biológicorelacionado à formação do genóti-po é desencadeado pela mente doreencarnante, de acordo com o ní-vel evolutivo em que o Espírito seencontra, como assinala Clarêncio,ministro da colônia espiritual Nos-so Lar: “[...] No círculo de matériadensa, sofre a alma encarnada osefeitos da herança recolhida dospais, entretanto, na essência, a leida herança funciona invariavelmen-te do indivíduo para ele mesmo.[...]”6 Complementa esta informa-ção o Benfeitor Alexandre, desta-cada personagem descrita no livroMissionários da Luz:

[...] O organismo dos nascitu-

ros, em sua expressão mais den-

sa, provém dos pais, que lhes

entretêm a vida [...] todavia, em

semelhante imperativo das leis

divinas para o serviço de repro-

dução das formas, não devemos

ver a subversão dos princípios de

liberdade espiritual, imanente na

ordem da Criação Infinita. Por

isso mesmo, a criatura terrena

herda tendências e não qualida-

des. As primeiras cercam o ho-

mem que renasce, desde os pri-

meiros dias de luta, não só em

seu corpo transitório, mas tam-

bém no ambiente geral a que foi

chamado a viver, aprimorando-

-se; as segundas resultam do labor

individual da alma encarnada,

na defesa, educação e aperfeiçoa-

mento de si mesma nos círculos

benditos da experiência. [...]7

Nessas condições, o genótipo deuma pessoa é sempre o mesmo,da fecundação à desencarnação.Entretanto, a sua expressão ou vi-sualização biológica, conhecida co-mo fenótipo, sofre influências domeio ambiente. Por definição, fenó-tipo é o conjunto das característi-cas físicas, morfológicas e fisioló-gicas visíveis em um organismo,humano, animal, vegetal ou micro-biano. Enquanto as informaçõesgenéticas são sempre as mesmas, ascaracterísticas fenotípicas modifi-cam-se. Por exemplo: se uma pes-soa com gene para pele branca ésubmetida a contínuas exposiçõessolares ficará com a pele escureci-da, uma vez que a produção dopigmento melanina foi ativada.Sendo assim, o genótipo dessa pes-soa será sempre o mesmo: pele cla-ra. O que altera é apenas o seu fe-nótipo, o que é visível e perceptível.

Em suma, os caracteres genéti-cos hereditários estão submetidosà evolução geral das espécies, e àdo Espírito, em particular. Clarên-cio resume, em poucas palavras, oprocesso evolução–hereditarieda-de do ser humano:

– O psicossoma ou o perispíri-

to da definição espírita não é

idêntico de maneira absoluta

em todos nós, assim como, na

realidade, não existem dois cor-

pos físicos totalmente iguais.

Cada criatura vive num carro

celular diferente, apesar das pe-

ças semelhantes, impostas pelas

leis das formas. [...] Detemos

tão-somente o que seja exclusi-

vamente nosso ou aquilo que

buscamos. Renascemos na Ter-

ra, junto daqueles que se afi-

nam com o nosso modo de ser.

[...]

– A hereditariedade é dirigida

por princípios de natureza espi-

ritual. Se os filhos encontram

os pais de que precisam, os pais

recebem da vida os filhos que

procuram.6

Referências:1KARDEC, Allan. A gênese. Tradução de

Evandro Noleto Bezerra. Rio de Janeiro:

FEB, 2009. Cap. 10, item 25, p. 256.2XAVIER, Francisco C. Missionários da luz.

Pelo Espírito André Luiz. 43. ed. 1. reimp.

Rio de Janeiro: FEB, 2009. Cap. 13, p. 280.3XAVIER, Francisco C.; VIEIRA, Waldo. Evo-

lução em dois mundos. Pelo Espírito An-

dré Luiz. 25. ed. 2. reimp. Rio de Janeiro:

FEB, 2009. P. 1, cap. 4, item Evolução e

princípios cosmocinéticos, p. 48.4XAVIER, Francisco C. Nosso lar. Pelo Es-

pírito André Luiz. 60. ed. 1. reimp. Rio de

Janeiro: FEB, 2008. Cap. 50, p. 333.5XAVIER, Francisco C.; VIEIRA, Waldo. Evolu-

ção em dois mundos. Op cit., P. 1, cap. 6, item

Concentrações fluídico-magnéticas, p. 62.6XAVIER, Francisco C. Entre a terra e o céu.

Pelo Espírito André Luiz. 25. ed. 1. reimp.

Rio de Janeiro: FEB, 2008. Cap. 12, p. 98-99.7______. Missionários da luz. Op. cit.,

p. 277.

27Setembro 2009 • Reformador 345

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erca de 400 congressistas, incluindo-se es-perantistas dos Estados Unidos, França, Po-lônia e Portugal, ocuparam, no período de

12 a 17 de julho do corrente ano, as confortáveisinstalações do Centro de Ensino Superior (CES),em Juiz de Fora (MG), para concretizarem a ricaprogramação do 44o Congresso Brasileiro de Espe-ranto, cujo tema principal foi “Juventude e Es-peranto: Bases do Futuro”.

Palestras sobre temas diversos, números de ar-te, cursos, teatro, simpósios, seminários, lança-mentos de livros, revistas e CDs, venda de livros,serviram para evidenciar, tanto as excelências do

esperanto para o estabelecimento, no futuro, deum sistema linguístico mais justo e democráticonas comunicações internacionais, como tambéma sua nobre função aproximadora de povos, cul-turas, etnias, religiões, sobre um fundamentoneutro, como idealizou o seu criador, Lázaro LuísZamenhof.

Não podendo, por falta de espaço, abordar atotalidade das manifestações ali apresentadas,destacamos, dessa rica programação, um profun-do estudo de Paulo Sérgio Viana sobre a geniali-dade e a vida trágica do escritor brasileiro Eucli-des da Cunha, com foco em sua singular produ-

44o Congresso Brasileiro de Esperanto

A FEB e o Esperanto

AF F O N S O SOA R E S

CGrupo de congressistas em pátio do Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora

28 Reformador • Setembro 2009 346

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ção intitulada Os Sertões;a exposição de Alberto Flo-res sobre o seu trabalho,em Volta Redonda (RJ),de utilização do esperanto,por meio de cursos e ati-vidades afins, na chama-da Terapia Ocupacional;a evocação do Sesquicen-tenário de Zamenhof, napalavra vibrante de José Pas-sini; um simpósio, con-duzido pelo jornalista Fa-biano Henrique, sobre o usodo esperanto na comunica-ção radiofônica; e o lança-mento, pela CooperativaCultural dos Esperantis-tas, de um CD contendouma preciosa raridade: o registro sonoro de duaspalestras proferidas por Ismael Gomes Braga, em1o de janeiro e 15 de dezembro de 1958, na sededaquela Instituição, no Rio de Janeiro (RJ). A Co-operativa nos deu a honrosa incumbência de, noevento, discorrer sobre a vida e a obra desse gran-de e saudoso pioneiro do esperanto no Brasil.

A programação dos espíritas ocorreu em toda amanhã do dia 14, tendo como principal objetivofestejar os 100 anos de atividades da FederaçãoEspírita Brasileira (FEB) em favor do esperantopara a divulgação mundial do Espiritismo.

Compuseram a mesa diretora dos trabalhos oscoidealistas Benedicto Silva, de São José do RioPreto (SP), João da Silva Santos e RobinsonMattos, diretores da Societo Lorenz, no Rio de Ja-neiro (RJ), Kleber Halfeld, de Juiz de Fora (MG),Waldir Silvestre, de Brasília (DF) – membro da di-retoria da Associação Brasileira dos Esperantistas--Espíritas (ABEE), e o autor desta notícia.

A reunião, sob o patrocínio conjunto da So-ciedade Editora Espírita F. V. Lorenz (Societo Lo-renz), da FEB e da ABEE, constituiu-se, pela excep-cionalidade e magnitude do evento, no 4o EncontroBrasileiro de Esperantistas-Espíritas, tendo como

itens principais a nossa palestra sobre o JubileuCentenário das atividades da FEB, em torno doesperanto, e a homenagem a dois grandes lidadoresesperantistas: Benedicto Silva, emérito tradutor deobras espíritas para a Língua Internacional Neutra,e Kleber Halfeld, pioneiro do Movimento Espe-rantista de Juiz de Fora. A consagrada poetisa, es-critora, declamadora, Neide de Barros Rego, a to-dos encantou com a apresentação de poemas emesperanto.

Ainda dentro da participação dos espíritas, umnumeroso público teve a feliz oportunidade de as-sistir, às 20h desse mesmo dia, na instituição deno-minada “Centro Espírita”, à brilhante e fecunda pa-lestra do Prof. José Carlos Leal sobre a vida, a obrae a personalidade fulgurante de Francisco Val-domiro Lorenz, baseando-se em seu livro, recente-mente lançado pela Societo Lorenz, O Homem queSabia Demais. Após a preleção, o Prof. José Carlosparticipou de uma sessão de autógrafos em inúme-ras obras de sua vasta produção literária.

O Congresso deixou em todos a profunda e po-sitiva impressão de se haver constituído numa dasmais significativas e fecundas manifestações doMovimento Esperantista brasileiro.

Reunião dos espíritas, quando se cantava o Hino do Esperanto (esq./dir.): Robinson Mattos, Neide de Barros Rego, Guilherme Jardim, Benedicto Silva,

Kleber Halfeld, Waldir Silvestre e Affonso Soares

29Setembro 2009 • Reformador 347

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o limiar do Saltério, encon-tramos o belíssimo verso“Feliz o homem que não vai

ao conselho dos ímpios, não parano caminho dos pecadores, nemse assenta na roda dos zombado-res”.2 (Grifo nosso.) Este Salmo ofe-rece uma síntese perfeita dos ensi-namentos morais encontrados nasEscrituras. Há dois caminhos: odo justo e o do injusto.

O primeiro nos conduz à pleni-tude da “vida”, ao passo que o se-gundo nos leva à perdição da“morte”. Comentando o referidopoema, os sábios da Palestina di-ziam haver uma espécie de enca-deamento, uma progressão na prá-tica do mal. Quem segue o conse-lho dos criminosos acaba se de-tendo no caminho dos perversos,e termina por zombar das realida-des divinas.

Por outro lado, aquele que seentrega à prática do bem é se-melhante a uma árvore frondo-sa, plantada próxima de um ria-

cho, cujas folhas nunca murchame os frutos nunca se acabam, se-gundo a linguagem poética doreferido salmo.

No Evangelho de João encon-tramos a inusitada afirmativa deJesus: “Eu sou [...] a Vida”. A as-sertiva merece atenção e reclamainterpretação cuidadosa à luzdos ensinamentos trazidos pelaEspiritualidade Superior, siste-matizados e codificados na Dou-trina Espírita.

Sugerimos que, para a judiciosacompreensão do vocábulo “vida”,no sentido empregado por Jesusnaquele versículo, é imperioso oexame de sua antítese: “morte”.Compreendendo o significado dotermo “morte” nas Escrituras, po-deremos apreender o sentido ple-no da palavra “vida”.

Há três textos de Emmanuel quepodem nos socorrer nessa tarefa:

Espiritualmente falando, ape-

nas conhecemos um gênero te-

mível de morte – a da consciên-

cia denegrida no mal, torturada

de remorso ou paralítica nos

despenhadeiros que marginam

a estrada da insensatez e do

crime.3 (Grifo nosso.)

No concerto das lições divinas

que recebe, o cristão, a rigor,

apenas conhece, de fato, um gê-

nero de morte, a que sobrevém à

consciência culpada pelo desvio

da Lei; e os contemporâneos do

Cristo, na maioria, eram criatu-

ras sem atividade espiritual edifi-

cante, de alma endurecida e cora-

ção paralítico. [...]4 (Grifo nosso.)

O bem semeia a vida, o mal se-

meia a morte. O primeiro é o

movimento evolutivo na escala

ascensional para a Divindade, o

segundo é a estagnação.

Muitos Espíritos, de corpo em

corpo, permanecem na Terra

com as mesmas recapitulações

durante milênios. A semeadura

prejudicial condicionou-os à

N

Cristianismo Redivivo

HA RO L D O DU T R A DI A S

“Eu sou [...] a Vida.” 1

Vida e morte

1Bíblia de Jerusalém. 3. ed. São Paulo:PAULUS, 2004. João, 14:6, p. 1879.

2Idem, ibidem. Salmo, 1:1, p. 864.

3XAVIER, Francisco C. Pão nosso. Pelo Es-pírito Emmanuel. 29. ed. 1. reimp. Rio deJaneiro: FEB, 2008. Cap. 42.

4Idem. Caminho, verdade e vida. Pelo Es-pírito Emmanuel. 28. ed. 2. reimp. Rio deJaneiro: FEB, 2009. Cap. 108.

30 Reformador • Setembro 2009 348

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chamada “morte no pecado”.

Atravessam os dias, resgatando

débitos escabrosos e caindo de

novo pela renovação da semen-

teira indesejável. A existência

deles constitui largo círculo vi-

cioso, porque o mal os enraíza ao

solo ardente e árido das paixões

ingratas.5 (Grifo nosso.)

É notória a semelhança entre ovocabulário utilizado pelo salmis-ta e por Emmanuel. Pode-se con-cluir que essa intencional analogiade palavras, adotada pelo Benfei-tor espiritual em seus comentá-rios do Evangelho, tenha uma fi-

nalidade didática: facilitar o pro-cesso interpretativo.

Essas lições nos revelam que ocaminho da injustiça, da maldadee da inferioridade moral guarda amarca da “paralisia” espiritual, da“estagnação”. Enfim, da prisãodo ser ao “círculo vicioso” retratadono Salmo acima citado.

Mesmo quando o mal procededo exterior, somente se enraízaem nosso ser, se com ele nos afi-namos, na intimidade do coração.Por esta razão, advertem-nos osamigos espirituais que a extensãode nossa inferioridade se medepela natureza das coisas e situa-ções que nos atraem.

O mal, nesta ótica, é a estagna-ção da alma que permitiu o desviodos seus sentimentos mais nobres.Milênios de fixação nos caminhos

do mal acabam por constituir emnós “o fundo viciado e perverso danatureza humana primitivista”.6

O Cristo, tipo mais perfeito queDeus tem oferecido ao homem paralhe servir de guia e modelo, repre-senta a “vida” – estado de alma al-cançado por aquele que se dispõea trilhar o “caminho” do amor, ex-pressando em sua individualida-de os clarões da “verdade” – pois oMestre reflete a bondade e a sabedo-ria divinas em sua conduta, confor-me atestam os registros evangélicosacerca da sua passagem pela Terra.

Não é por outra razão que Jesusressuscitou Lázaro, símbolo da Hu-manidade escravizada no mal,e “morta no pecado”. Da mesma for-ma, continua ressuscitando cons-

5XAVIER, Francisco C. Caminho, verdadee vida. Pelo Espírito Emmanuel. 28. ed. 2.reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2009. Cap. 35,p. 85-86. 6Idem, ibidem. Cap. 129, p. 274.

A ressurreição de Lázaro porJacopo il Vecchio Palma

31Setembro 2009 • Reformador 349

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ciências, devolvendo-lhes o sagra-do dom da “vida”.

Nessa linha interpretativa, Em-manuel assim se expressa:

Em razão disso, o Divino Mestre

veio até nós para que sejamos

portadores de vida transbordante,

repleta de luz, amor e eternidade.

[...]

Não nos visitou o Cristo, como

doador de benefícios vulgares.

Veio ligar-nos a lâmpada do co-

ração à usina do Amor de Deus,

convertendo-nos em luzes inex-

tinguíveis.7 (Grifo nosso.)

A alma voltada para o Cristo

quase sempre foi ressuscitada por

seu amor, escapando à sombra

dos pesadelos intelectuais que

operam a morte do sentimento...

Muitos homens estão mortos,

soterrados nos sepulcros da in-

diferença, do egoísmo, da nega-

ção. Quando um companheiro,

como Lázaro, tem a felicidade

de ser tocado pelo Cristo, eis

que se estabelece a curiosidade

geral em torno de suas atitudes.

Todos desejam conhecer-lhe as

modificações.8 (Grifo nosso.)

Por fim, cumpre ressaltar que aexpressão “caminho, verdade e vi-da” constitui uma autêntica pro-gressão no bem e no amor. Pri-meiramente é preciso trilhar o ca-

minho do justo, traçado no Evan-gelho pela exemplificação do Mes-tre. Em seguida, é imperioso har-monizar palavra e ação, de modoque nossa vida reflita verdadeira-mente nossa fé. Por fim, cumpreedificar o “Reino de Deus” no co-ração, para que nos desvencilhe-mos dos laços da “morte” no mal,a fim de alcançarmos a plenitudeda vida imortal com o Cristo.

Nesse contexto, vale lembrar asassertivas do Benfeitor Emmanuel:

[...] Expressões transitórias de po-

der humano não atestam o Rei-

no de Deus. A realização divina

começará do íntimo das criaturas,

constituindo gloriosa luz do tem-

plo interno. Não surge à comum

apreciação, porque a maioria dos

homens transita semicegos, atra-

vés do túnel da carne, sepultando

os erros do passado culposo.

A carne é digna e venerável, pois

é vaso de purificação, recebendo-

-nos para o resgate preciso; entre-

tanto, para os espíritos redimidos

significa “morte”ou “transforma-

ção permanente”. O homem car-

nal, em vista das circunstâncias

que lhe governam o esforço, pode

ver somente o que está “morto” ou

aquilo que “vai morrer”. O Reino

de Deus, porém, divino e imortal,

escapa naturalmente à visão dos

humanos.9 (Grifo nosso.)

9Idem, ibidem. Cap. 107, p. 229-230.

Desencarnou em Cantagalo(RJ), na manhã de 2 de julho, aos76 anos, o confrade Adésio AlvesMachado, dedicado e incansá-vel trabalhador da seara espírita,que agiu sempre com muito bomsenso, conhecimento e equilíbrioem todas as ações doutrináriase sociais em que atuou. Desde1999, participou ativamente doMovimento Espírita da RegiãoSerrana Fluminense como expo-sitor e autor de obras espíritas, as-sim como em programas radiofô-

nicos. Coordenava a Área de Uni-ficação do 8o Conselho Espíritade Unificação – Cantagalo. Eramembro do Conselho Superiorda Federação Espírita Brasileira.

As atividades por ele exerci-das marcaram, de forma signi-ficativa, sua atuação no Movi-mento Espírita, destacando-se suaimportância para o Estado doRio de Janeiro.

Em seu retorno à Pátria Espi-ritual, rogamos para Adésio asbênçãos de Jesus!

Adésio Alves Machado

Retorno à Pátria Espiritual

7XAVIER, Francisco C. Caminho, verdadee vida. Pelo Espírito Emmanuel. 28. ed. 2.reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2009. Cap. 166,p. 347-348.

8Idem, ibidem. Cap. 113, p. 241-242.

32 Reformador • Setembro 2009 350

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liberdade de expressão éimportante conquista denossa civilização. O uso da

liberdade deve se fundamentar norespeito, na ética, na responsabili-dade, em compromissos institu-cionais e nos elos da fraternidade.

Tais premissas, com base nosensinos do Cristo e nas obrasbásicas de Allan Kardec, devemnortear as ações espíritas e serparâmetro e filtro para as ativi-dades do Movimento Espírita.Este tem “por missão instruir eesclarecer os homens, abrindouma nova era para a regenera-ção da Humanidade”.1

Essas reflexões são oportunaspara a análise de alguns episódios– incoerentes com os princípiosdoutrinários do Espiritismo e atéde adequado relacionamento en-tre pessoas e instituições –, quetêm se concretizado em textos pu-blicados ou com circulação pela

Internet, bem como uma certadesconsideração à privacidadepessoal e espiritual de pioneiros ede líderes espíritas.

Sem qualquer ideia de contro-le, mas de apelo ao “bom senso e àrazão”, o momento é sugestivo pa-ra se aprofundar no processo edu-cativo do Espírito.

O estudo, o bom senso, o inter-câmbio entre pessoas e institui-ções, o compromisso com traba-lhos doutrinários e de elaboraçãocoletiva, e a fidelidade à DoutrinaEspírita são antídotos naturais àsopiniões e ações personalistas.

Recomendações e comentáriosde valor reconhecido podem serdestacados, desde Paulo de Tarso:“Porque, se a trombeta der sonidoincerto, quem se preparará para abatalha?”,2 até o Codificador: “Umdos maiores obstáculos capazes de

retardar a propagação da Doutri-na seria a falta de unidade”.3

O verdadeiro sentido da pala-vra caridade, explicitado na ques-tão 886 de O Livro dos Espíritos,deve ser a proposta para o interre-lacionamento pessoal e institucio-nal e, acima de tudo, para os com-promissos com os quais nos irma-namos: “[...] o Espiritismo nos so-licita uma espécie permanente decaridade – a caridade da sua pró-pria divulgação”.4

Referências:1KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. 2.

ed. espec. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Prole-

gômenos, p. 68.2PAULO, I Coríntios, 14: 8.3KARDEC, Allan. Obras póstumas. Ed. es-

pec. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Projeto –

1868.4XAVIER, Francisco C. Estude e viva. Pelo

Espírito Emmanuel. 13. ed. Rio de Janeiro:

FEB, 2008. Cap. 40, p. 235.

Liberdade,responsabilidade

e compromissoAN TO N I O CE S A R PE R R I D E CA RVA L H O

33Setembro 2009 • Reformador 351

A

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O Conselho Espírita Interna-cional (CEI) promoveu signifi-cativos eventos em Brasília, coma presença de sete membros desua Comissão Executiva e de 128participantes, oriundos de 21 paí-ses: Argentina, Bélgica, Bolívia,Brasil, Chile, Colômbia, Cuba,Equador, Espanha, Estados Uni-dos, Guatemala, Holanda, Itália,México, Panamá, Peru, Portugal,Reino Unido, Suécia, Uruguai eVenezuela.

No dia 17 de julho foi inaugu-rada sua sede em Brasília, locali-zada na Asa Norte (Quadra 909),que inclui o Centro Administra-tivo, TVCEI, EDICEI, distribuido-ra de livros e Núcleo de Ativida-des Federativas. Em seguida, reali-

zou-se reunião da Comissão Exe-cutiva do CEI, composta por Nes-tor João Masotti, secretário-geral,Antonio Cesar Perri de Carvalho,Edwin Bravo Marroquin, ElsaRossi, Fabio Villarraga, Jean-PaulÉvrard e Vitor Mora Féria. Du-rante a inauguração informou-sesobre o projeto de realização deTreinamentos Continuados paradirigentes e colaboradores dasinstituições que integram o CEI.

A EDICEI lançou a edição emespanhol da Revista Espírita – 1859,contando com a presença do tra-dutor Enrique Eliseo Baldovino.

Nos dias 18, 19 e 20, desenvol-veu-se o curso “Centro Espírita –Base do Movimento Espírita: Fina-lidades e Atividades”, ocorrido na

sede da Federação Espírita Brasi-leira (FEB), com a supervisão dosecretário-geral do CEI, NestorJoão Masotti, e a coordenação deAntonio Cesar Perri de Carvalho,Fabio Villarraga e Edwin BravoMarroquin.

O curso cumpriu a seguinteprogramação: Doutrina e Movi-mento Espírita – Nestor João Ma-sotti (Brasil); Centro Espírita:Conceito e Bases Doutrinárias –Fabio Villarraga (Colômbia); Fi-nalidades e Atividades do CentroEspírita – Edwin Bravo Marro-quin (Guatemala); Obras de AllanKardec e Psicográficas de ChicoXavier como Base para o Fun-cionamento do Centro Espírita– Antonio Cesar Perri de Car-

Conselho Espírita Internacional

Conselho Espírita Internacionalpromove Curso em Brasília

Mesa-redonda ao final do Curso, com todos os expositores

34 Reformador • Setembro 2009352

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valho (Brasil); Centro Espírita –Programas de Estudo (Adaptadosà realidade) – Marta AntunesMoura (Brasil); Centro Espírita– Práticas Assistenciais e Pro-mocionais – Edwin Bravo Mar-roquin (Guatemala); Centro Es-pírita – Atendimento Espiritual– Maria Euny Herrera Masotti(Brasil); O Centro Espírita e suaInteração com a Sociedade ecom o Trabalho Federativo e deUnificação do Movimento Espí-rita – Jean-Paul Évrard (Bélgi-ca), Fabio Villarraga (Colômbia)e Vanessa Anseloni (EUA); OTrabalhador Espírita – NestorJoão Masotti; neste momento,Antonio Cesar Perri de Carvalhoapresentou e comentou a men-sagem “Resistência ao Mal”, doEspírito Joanna de Ângelis, en-caminhada por Divaldo PereiraFranco para este evento; PainelTVCEI, EDICEI e Programa Ra-diofônico como Instrumentosde Divulgação do Espiritismo(Luis Hu Rivas, Fernando Qua-glia e Jean-Paul Évrard); Painel

Informativo: O Trabalho Fede-rativo do CEI – Nestor JoãoMasotti (Brasil), Antonio CesarPerri de Carvalho (Brasil), FabioVillarraga (Colômbia) e EdwinBravo Marroquin (Guatemala);6o Congresso Espírita Mundial –Lola Garcia (Espanha). Ao final,houve uma Mesa-redonda comtodos os expositores.

Na inauguração da sede do CEIe na abertura do evento desen-volveram-se apresentações de

música e canto com AzelmaNogueira e Lígia Nogueira; no sá-bado à noite, a peça teatral “Etu, porque te deténs?” (equipeFEB); e, no domingo à noite, umrecital com Marileia Conde vanAggelen.

Todas as atividades foram trans-mitidas ao vivo pela TVCEI.

Informações: <[email protected]>; <www.spiritist.org>; <www.edicei.com>; <www.tvcei.com>;<www.larevistaespirita.com>.

Participantes acompanhando o Curso do CEI

Hasteamento da bandeira do Brasil e das bandeiras do Distrito Federal e da União Europeia, na inauguração da sede do CEI

pela sua Comissão Executiva

35Setembro 2009 • Reformador 353

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36 Reformador • Setembro 2009 354

através da evangeliza-ção que o Espiritismodesenvolve seu mais va-

lioso programa de assistência edu-cativa ao homem.

A escola de letras continua a in-formar e instruir a fim de que aCiência se fortaleça no seio dascoletividades. Entretanto, é a edu-cação religiosa que vem estimu-lando a moral ilibada de modo alibertar a criatura humana para osaltiplanos do amor, de consciênciadespertada e vigilante junto aos im-perativos da vida.

Aliando sabedoria e amor al-cançaremos equilíbrio em nossafaina educativa.

Eduque-se o homem e teremosuma Terra verdadeiramente trans-formada e feliz!”

As palavras acima são introdu-tórias à lúcida comunicação dopresidente da Federação EspíritaBrasileira, Guillon Ribeiro, desen-carnado em 1943, psicografadapelo médium Júlio Cezar GrandiRibeiro, durante o 1o Curso dePreparação de Evangelizadores(CIPE), em 1963, realizado pela

Federação Espírita do Estado doEspírito Santo.

Essa comunicação foi publicadana revista Reformador em outu-bro de 1982 (p. 30(314)-31(315)),posteriormente reeditada comoopúsculo em 1985 devido ao seuvalioso conteúdo.

A atualidade desse pequeno tre-cho transcrito nos remete às maisprofundas reflexões, pois que aDoutrina Espírita cumpre um pa-pel deveras significativo na reno-vação da Humanidade.

Os avanços tecnológicos, em-bora lancem o ser humano nasmais entusiásticas conquistas, nãoconseguem aliviar as suas inquie-tações, muito menos responderàs indagações.

Em seu constante jornadearpelos planos dimensionais da vi-da, o Espírito imortal vem rece-bendo, ao longo dos séculos, aequivocada informação de queé herdeiro da culpa.

Sabemos que muitos conceitoserrôneos, ainda arraigados no com-portamento humano, são herançaspsicológicas seculares, inoculadas

na mente das criaturas, por um fu-nesto processo religioso opressor.

Invariavelmente, as propostasreligiosas salvacionistas apresen-tam ao homem adulto a tábuade salvação para os seus males eculpas.

Em contrapartida, o Espiritismo,com um propósito eminentementeeducacional, nos compele a pensar.

Em O Livro dos Espíritos (Ed.FEB), questão 383, Allan Kardec,junto às entidades venerandas, nosesclarece, de maneira pedagógica,quanto à imperiosa necessidadee valorização, para o Espírito, daEvangelização Infantil.

Indaga o insigne Codificador:

Qual, para este, a utilidade de

passar pelo estado de infância?

“Encarnando, com o objetivo

de se aperfeiçoar, o Espírito,

durante esse período, é mais

acessível às impressões que re-

cebe, capazes de lhe auxiliarem

o adiantamento, para o que de-

vem contribuir os incumbidos

de educá-lo.”

Evangelizemospor amor!

AD E I L S O N SA L L E S

“É

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A Doutrina Espírita veio ao ho-mem para outorgar-lhe alforriaespiritual, ou seja, incitá-lo ao exer-cício do livre-pensamento.

Através da Evangelização Infan-til, pode-se quebrar o círculo vicio-so, no qual o homem nasce e re-nasce em lares em que os concei-tos de culpa ainda são largamentedifundidos.

Membros da parentela física denossas futuras encarnações já seencontram em plena vilegiaturacarnal, pois são as crianças de hoje.

Que tipo de educação estamoslegando às nossas crianças, paraque elas nos eduquem amanhã?

Obteremos a resposta na prática,quando formos recebidos de voltapara as lutas redentoras.

A Evangelização Infantil é indu-bitavelmente o mais precioso re-curso para a reforma do mundo.

É na Evangelização Infantilque muitos paradigmas do me-do, há séculos estabelecidos, sãoquebrados.

É na Evangelização Infantil quese forja o homem de bem e se po-de libertar da ignorância a almahumana.

Lancemos mão dos recursospreciosos que essa escola ofereceao homem no processo de reden-ção da Humanidade.

Reflitamos com Guillon Ribeiro:

Evangelizemos por amor!

Auxiliemos a todos,

favorecendo sobretu-

do à criança e ao jovem

um melhor posiciona-

mento diante da vida, em

face da reencarnação.

Somente assim plasmaremos

desde agora os alicerces de uma

nova humanidade para o mun-

do porvindouro.

É de suma importância amparar

as almas através da evangeliza-

ção, colaborando de forma de-

cisiva junto à economia da vida

para quantos deambulam pelas

estradas existenciais.

E não tenhamos dúvidas de que

a criança e o jovem evangelizados

agora serão, indubitavelmente,

aqueles cidadãos do mundo,

conscientes e alertados, condu-

zidos para construir, por seus

esforços próprios, os verdadei-

ros caminhos da felicidade na

Terra. (Op. cit., p. 31.)

Um dos mais preciosos recur-sos para a educação da criançae do jovem é o livro espí-rita infanto-juvenil.

Pais e educadores!leiam com seus filhos epara os seus filhos.

A leitura é uma prá-tica que ajuda a aproxi-mar pais e filhos.

A leitura fo-menta o diá-logo.

A leitura forma o homem debem.

A leitura cria um elo de afeti-vidade entre o educador e oeducando.

Evangelizar é amar, é instruir!Sigamos a advertência do Espíritode Verdade:

“Espíritas! amai-vos, este o pri-meiro ensinamento; instruí-vos,este o segundo”. (O Evangelho se-gundo o Espiritismo, cap. VI, item5. Ed. FEB.)

37Setembro 2009 • Reformador 355 37Setembro 2009 • Reformador

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Sessão de Abertura

No dia 12, às 8h30, ocorreu aSessão de Abertura, iniciada pelosecretário-geral do Conselho Fe-derativo Nacional da FEB e coor-denador das Comissões Regionais,Antonio Cesar Perri de Carvalho.Seguiram-se as saudações do pre-sidente da FEB, Nestor João Ma-sotti, e da presidente da Federati-va anfitriã, Francisca Vera MoreiraIsrael. O coordenador da Reuniãoapresentou as equipes das Áreas

das Comissões Regionais do CFNe convidou os presidentes das Fe-derativas a apresentarem suas equi-pes. A reunião contou com a parti-cipação das seis Entidades Fede-rativas Estaduais da Região: Ma-nuel Felipe Menezes da Silva Júnior(Federação Espírita do Amapá),José Furtado de Medeiros (repre-sentante da Federação Espírita doAcre), Najda Maria de OliveiraSantos (União Espírita Paraense),Francisca Vera Moreira Israel (Fe-deração Espírita Roraimense),

Pedro Barbosa Neto (FederaçãoEspírita de Rondônia) e SandraFarias de Moraes (Federação Es-pírita Amazonense).

Seminários e Palestra

Antecedendo a Reunião da Co-missão Regional Norte, na tardedo dia 11, entre 16h e 18h30, foidesenvolvido, nas dependênciasdo Instituto Federal de Educação,Ciência e Tecnologia, o seminário“O Centro Espírita e sua Intera-

38 Reformador • Setembro 2009 356

Conselho Federativo Nacional

Reunião da ComissãoRegional Norte

A Reunião da Comissão Regional Norte, em seu vigésimo terceiro ano, desenvolveu-se nos dias 11 a 13 de junho de 2009, nas dependências do

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia, em Boa Vista, Roraima

Mesa de Abertura: saudação do presidente da FEB, Nestor João Masotti

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ção com o TrabalhoFederativo e de Uni-ficação do Movi-mento Espírita”,com a atuaçãode Roberto Fui-na Versiani e An-tonio Cesar Perride Carvalho, daSecretaria-Geral doCFN.

Na noite do dia 13,foi proferida palestrapública sobre o tema“Centenário de Chico Xavier – Vi-da e Obra”, por Antonio CesarPerri de Carvalho, no Palácio daCultura Nenê Maccagi.

Reunião dos Dirigentes

Ocorreu na sexta-feira e no sá-bado. A direção dos trabalhoscoube ao coordenador das Comis-sões Regionais, Antonio Cesar Perride Carvalho, e ao secretário da Co-missão Regional Norte, ManuelFelipe Menezes da Silva Júnior,com participações do presidenteda FEB, Nestor João Masotti, dovice-presidente da FEB Altivo Fer-

reira e de Roberto FuinaVersiani, integrante

da equipe da Se-cretar ia-Geraldo CFN.

Os dirigentesdas Federativas

trataram do te-ma “O Dirigente

Espírita como Mul-tiplicador, nos dife-rentes níveis da Ges-tão Federativa”. Emseguida, nos demais

itens da Pauta, houve a análise con-junta das sugestões para o apri-moramento do documento “Di-retrizes da Dinamização das Ati-vidades Espíritas” (aprovado peloCFN em 1983), com o objetivo deoriginar o documento “Orienta-ção aos Órgãos de Unificação”, epara o “Curso de Capacitação pa-ra Dirigentes e Trabalhadores paraas Atividades dos Órgãos Federa-tivos e de Unificação do Movi-mento Espírita”, com base em mi-nuta elaborada pela Secretaria--Geral do CFN, já incorporandosugestões recebidas de EntidadesFederativas Estaduais das outras

Regiões. Foram trocadas informa-ções sobre os itens da Pauta: “Pro-jeto Centenário de Chico Xavier”,distribuindo-se material de divul-gação às Federativas; comemora-ções dos 60 anos do Pacto Áureo;e foram prestadas informaçõessobre as atividades do ConselhoEspírita Internacional. Definiu-sesobre a Reunião Conjunta dasComissões Regionais no dia 15 deabril de 2010, em Brasília, tendopor tema “Avaliação com resulta-dos da implementação do Planode Trabalho para o MovimentoEspírita Brasileiro”, e que, em2011, a Reunião da Comissão Re-gional Norte ocorrerá em Rio Bran-co (Acre), com o tema “A partici-pação na sociedade – Diretriz 7do Plano de Trabalho para o Mo-vimento Espírita Brasileiro”.

Reuniões Setoriais

Simultaneamente, realizaram--se as reuniões das Áreas especiali-zadas, todas elas com a participa-ção de trabalhadores dos Estadosda Região: Atendimento Espiri-tual no Centro Espírita, Atividade

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Aspecto da Reunião dos Dirigentes

Cesar Perri proferindoa palestra

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Mediúnica, Comunicação SocialEspírita, Estudo Sistematizado daDoutrina Espírita, Infância e Ju-ventude, e Serviço de Assistência ePromoção Social Espírita.

Sessão Plenária

Ao final, na tarde de sábado,houve uma sessão plenária desen-volvida como mesa-redonda, pre-sidida pelo coordenador das Co-missões Regionais, com a participa-ção do secretário da Comissão Re-gional Norte, Manuel Felipe Mene-zes da Silva Júnior, do presidenteda FEB, Nestor João Masotti, do

vice-presidente da FEB Altivo Fer-reira e dos presidentes das Federa-tivas. Ressaltou-se o apoio e o en-tusiasmo das equipes jovens da Fe-derativa anfitriã. O secretário daComissão Regional e os coorde-nadores das Áreas das ComissõesRegionais do CFN fizeram apre-sentação sintética acerca do temadiscutido e indicaram o tema paraa próxima reunião, seguindo-se aparticipação do Plenário com di-versas manifestações. Eis os rela-tos dos trabalhos realizados nasseguintes reuniões setoriais:

Reunião da Área do AtendimentoEspiritual no Centro Espírita, coor-denada por Maria Euny HerreraMasotti, com assessoria de Virgí-nia Roriz. Assunto da reunião: “Sis-

tematizaçãodo Trabalhodo Passe ena Área doAtendimen-to Espiri-tual”. Temapara a pró-xima reu-nião: “OAtendimen-to Espiritual

na Casa Espírita nas diretrizesdo Plano de Trabalho para oMovimento Espírita Brasileiro(2007-2012)”.

Reunião da Área da AtividadeMediúnica, coordenada por MartaAntunes de Oliveira Moura, comassessoria de Edna Maria Fabro.Assunto da reunião: “Resultadosda Divulgação e Aplicação do Do-cumento Organização e Funciona-mento da Reunião Mediúnica”. Te-ma para a próxima reunião: “Cor-relacionar à prática mediúnica assete diretrizes definidas no Planode Trabalho para o MovimentoEspírita Brasileiro (2007-2012)”.

Reunião da Área da ComunicaçãoSocial Espírita, coordenada porIvana Leal S. Raisky. Assunto dareunião: “Contribuição da Áreade Comunicação Social Espíritaao Plano de Trabalho para o Mo-vimento Espírita, no que se refereàs Diretrizes e Ação”. Tema para a

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Área da Comunicação Social Espírita

Área do Atendimento Espiritual no Centro Espírita

Área da Atividade Mediúnica

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próxima reunião: “Avaliação e de-senvolvimento de novas estraté-gias para a Comunicação SocialEspírita em função do Plano deTrabalho para o Movimento Espí-rita Brasileiro (2007-2012)”.

Reunião da Área do Estudo Sis-tematizado da Doutrina Espíri-ta, coordenada por Sônia ArrudaFonseca, com assessoria de Tos-sie Yamashita. Assunto da reunião:“Elaboração de um Plano de Açãodo ESDE Federativo”. Tema paraa próxima reunião: “O ESDE e oPlano de Trabalho para o Movi-mento Espírita Brasileiro – Dire-trizes números 2 e 6”.

Reunião da Área da Infância eJuventude, coordenada por RuteRibeiro, com assessoria de CirneFerreira. Assunto da reunião: “Ju-

ventude Espírita: 1) Complemen-tação dos dados sobre a juventudecom vistas a formar o perfil da ju-ventude espírita; 2) Ações que vi-sem corrigir as dificuldades en-contradasno censo; 3)Capacitaçãodo evange-lizador dejuventude;4) Apresen-tação peloPará dos re-sultados doFórum so-bre a evan-gelização na Casa Espírita”. Temapara a próxima reunião: “Apre-sentação de um plano de ação edos resultados, com base nos pro-

blemas detectados no censo da Ju-ventude ou na constatação da rea-lidade de cada Estado”.

Reunião da Área do Serviço deAssistência e Promoção Social Espí-rita, coordenada por José Carlosda Silva Silveira, com assessoria deMaria de Lourdes Pereira de Oli-veira. Assunto da reunião: “Apre-sentação de resultados, na Área doSAPSE, do ‘Plano de Trabalho pa-ra o Movimento Espírita’, buscan-do-se dar ênfase à diretriz no 5, vis-to que se verificou a necessidade deintegração e articulação da rede in-terna, e promover a capacitaçãocontínua”. Tema para a próxima

reunião: “O SAPSE e o Plano deTrabalho para o Movimento Espí-rita Brasileiro (2007-2012)”.

Sessão de Encerramento

Encerrando os trabalhos, ocor-reram manifestações de despe-dida dos dirigentes das EntidadesFederativas Estaduais; do secretá-rio da Comissão Regional Norte,do coordenador das ComissõesRegionais, e do presidente da FEB,sendo a prece proferida por AltivoFerreira.

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Área do Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita

Área do Serviço de Assistência e Promoção Social Espírita

Área da Infância e Juventude

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Paraná: Estudo para os jovensDe que forma estudar as obras básicas na juventu-de? Como tornar as aulas mais envolventes, de formaa transmitir-se ao jovem a importância do estudo esua aplicabilidade em seu dia a dia? Esses e outrostemas foram discutidos no projeto promovido peloDepartamento de Infância e Juventude da Federa-ção Espírita do Paraná, no dia 5 de julho, em Foz doIguaçu. Informações: <[email protected]>.

Piauí: Congresso EspíritaO tema do 5o Congresso Espírita do Piauí, ocorrido de10 a 12 de julho, foi “Família – Alicerce da Sociedade”,nas dependências do Atlantic City Club, de Teresina.O evento contou com atuação de Divaldo Pereira Franco,Alberto Ribeiro de Almeida, Roberto Lúcio Vieira deSouza, Kátia Marabuco e João Pinto Rabelo, este,diretor da FEB. Informações: <www.fepiaui.org.br>.

FEB: Presidente visita Interior de São PauloO presidente da FEB, Nestor João Masotti, visitou oCentro Espírita “Pátria do Evangelho”, em Fernandó-polis, e o Grupo Espírita Emmanuel, em Votuporanga,nos quais proferiu palestras, respectivamente, em 11 e12 de julho. Informações: <www.febnet.org.br>.

Santa Catarina: Encontro no oeste doEstado

A Federação Espírita Catarinense promoveu um semi-nário regional em Chapecó, no dia 11 de julho, sobreo tema “Centro Espírita – Finalidades e Atividades”,desenvolvido por Célia Maria Rey de Carvalho e Anto-nio Cesar Perri de Carvalho, da Secretaria-Geral doCFN da FEB. Este último também proferiu palestras so-bre “Vida e Obra de Chico Xavier”, na citada cidade, emXanxerê e Concórdia. Informações: <www.fec.org.br>.

Ceará: Projeto EvangelizadorO III Encontrão – Projeto Evangelizador, promovidopela Federação Espírita do Estado do Ceará, ocorreunos dias 18 e 19 de julho. Foi um momento de inte-

gração e aprendizagem, além de ter possibilitadocompartilhar experiências com todo o movimentoespírita infanto-juvenil do Ceará. Atuaram no even-to a diretora do DIJ da FEB, Rute Ribeiro, e SandraMaria Borba Pereira. Informações: <www.feec.org.br>.

Mato Grosso: Congresso EspíritaO 4o Congresso Espírita de Mato Grosso ocorreu de23 a 26 de julho, com exposição do tema “Ummundo em transformação: A Era de Regeneração daTerra”. O Congresso contou com palestras e semi-nários, pelos expositores Divaldo Pereira Franco,José Raul Teixeira, Alberto Almeida, Suely CaldasSchubert, Cosme Massi e o vice-presidente da FEBAltivo Ferreira, além de apresentações culturais comPlínio Oliveira. O evento foi transmitido ao vivo pelaTVCEI, sendo acompanhado em 35 países. Informa-ções: <www.feemt.org.br>.

Goiás: Encontro de Comunicação SocialEspírita

Nos dias 25 e 26 de julho, a Federação Espírita doEstado de Goiás sediou o V Encontro Estadual deComunicação Social Espírita. Com programação di-versificada, composta de palestras e oficinas; comonovidade, o encontro apresentou a 1a Mostra Goianade Cinema e Vídeo Espírita. A TVCEI esteve presen-te. O presidente da FEB, Nestor João Masotti, foi umdos expositores. Informações: <www.feego.org.br>.

Minas Gerais: Fórum sobre o ESDERealizou-se no Auditório da União Espírita Mineira,em Belo Horizonte, no dia 8 de agosto, o I FórumEstadual de Debates sobre o ESDE, com o tema cen-tral “O ESDE na Edificação de um Mundo Melhor”,abordado na palestra inicial por Cecília Rocha, vice--presidente e coordenadora nacional do ESDE daFEB. Houve mais duas palestras: “O Papel do ESDEna Educação do Espírito”, por Mércia Pedra (UEM),e “Os Desafios a Vencer na Implantação do ESDE”,por Miguel Soares (10o CRE/BH).

Seara Espírita

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