69
MANDIOCA HISTÓRIA E ORIGEM Origem americana. Região Amazônica é o provável centro de origem. Irradiou-se ao norte atingindo as Antilhas, América Central e Sul da América do Norte Expandiu-se igualmente ao Sul atingindo o estuário do Prata. Os índios Tupis, que habitavam a Região amazônica atingindo parte do litoral e região central do país, .tiveram grande papel na sua expansão. Os Tapuias também tiveram papel importante na sua expansão através do Nordeste , Leste e Sul do país. Após o descobrimento e a colonização do Brasil a planta foi levada para a África e Ásia. É cultivada em todas as regiões tropicais do globo entre as latitudes de 30 o Norte e 30 o Sul. Está presente como planta cultivada em todos os países americanos com exceção do Canadá. Seu cultivo estende-se pelos continentes africano, asiático americano e Oceania. Não é cultivada na Europa. IMPORTÂNCIA ECONÔMICA Produção mundial TABELA I PRODUÇÃO MUNDIAL DE MANDIOCA POR CONTINENTE 1

A Cultura Da Mandioca-07

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: A Cultura Da Mandioca-07

MANDIOCA

HISTÓRIA E ORIGEM

Origem americana.

Região Amazônica é o provável centro de origem.

Irradiou-se ao norte atingindo as Antilhas, América Central e Sul da América do Norte

Expandiu-se igualmente ao Sul atingindo o estuário do Prata.

Os índios Tupis, que habitavam a Região amazônica atingindo parte do litoral e região

central do país, .tiveram grande papel na sua expansão.

Os Tapuias também tiveram papel importante na sua expansão através do Nordeste ,

Leste e Sul do país.

Após o descobrimento e a colonização do Brasil a planta foi levada para a África e Ásia.

É cultivada em todas as regiões tropicais do globo entre as latitudes de 30 o Norte e 30o

Sul.

Está presente como planta cultivada em todos os países americanos com exceção do

Canadá.

Seu cultivo estende-se pelos continentes africano, asiático americano e Oceania. Não é

cultivada na Europa.

IMPORTÂNCIA ECONÔMICA

Produção mundial

TABELA I PRODUÇÃO MUNDIAL DE MANDIOCA POR CONTINENTE

2000 2001 2002 2003

Mundo 179.819.022 185.439.193 186.766.505 188.933.568.

 Africa 96.745.777 100.198.071 100.843.628 100.739.306

Asia 50.506.892 52.279.828 51.651.784 54.468.994

America Latina 31.258.416 31.540.239 32.828.389 32.273.099

America do Norte e Central 1.130.068 1.237.547 1.258.578 1.268.079

 Oceania 177.869 183.508 184.126 184.090

1

Page 2: A Cultura Da Mandioca-07

No continente africano responde por mais da metade da mandioca produzida. Em

seguida vem a Ásia com aproximadamente ¼ da produção. Em seguida vem a América

Latina. A América Central e do Norte e a Oceania apresentam produção insignificante.

TABELA II PRODUÇÃO MUNDIAL DE MANDIOCA POR PAÍS

2000 2001 2002 2003

  Nigeria 32.010.000 32.586.000 34.476.000 34.476.000

  Brazil 23.335.974 22.479400 23.131.200 22.362.500

  Thailand 19.064.000 18.396.000 16.868.300 18.430.000

  Indonesia 16.089.100 17.054.600 16.913.104 17.722.804

  Congo 15.959.000 15.435.700 14.929.410 14.929.410

  Ghana 8.106.800 8.965.840 9.731.040 9.731.040

  India 6.800.000 6.900.000 7.000.000 7.100.000

  Tanzania 7.120.000 6.884.000 6.888.000 6.888.000

  Angola 4.433.026 5.394.322 5.400.000 5.400.000

  Mozambique 5.361.974 5.400.000 5.400.000 5.400.000

  Uganda 4.966.000 5.265.000 5.300.000 5.300.000

  Viet Nam 1.986.300 3.509.200 4.438.000 5.007.100

  Paraguay 2.719.410 3.568.010 4.430.330 4.435.000

  China 3.800.933 3.851.279 3.851.402 3.851.402

  Colombia 1.792.380 1.980.110 1.768.440 1.850.000

  Philippines 1.765.710 1.652.040 1.626.329 1.400.000

Entre os países produtores destacam-se pela ordem, Nigéria, Brasil, Tailândia Indonésia

e Congo.

Nos últimos cinco anos a produção da mandioca tem apresentado pequena oscilação

2

Page 3: A Cultura Da Mandioca-07

PRODUÇÃO BRASILEIRA

Tabela III Produção Brasileira de Mandioca por Unidades da Federação

1991 1995 1997 1999 2000 2002Brasil 24.537.505 25.422.959 19.896.205 20.864.340 23.040.670 23.065.577Pará 2.968.491 3.592.740 3.870.329 4.067.052 4.079.152 4.128.707Bahia 4.240.771 3.046.975 3.046.917 3.152.555 4.143.953 4.088.788Paraná 2.261.788 3.106.608 2.941.233 3.494.395 3.777.677 3.455.667R. G. do Sul 1.509.924 1.505.935 1.385.207 1.306.426 1.297.740 1.275.913Maranhão 1.962.619 2.445.730 674.254 828.678 938.526 1.054.145Amazonas 384.701 446.497 844.067 998.954 957.434 944.458M. Gerais 1.022.229 961.633 886.666 866.252 901.579 858.796Ceará 1.185.494 1.012.348 323.691 517.706 712.178 815.306São Paulo 571.100 794.050 563.460 701.300 769.132 805.435Mato G. Sul 433.120 555.808 522.440 622.973 591.231 731.644S. Catarina 1.099.855 906.468 585.452 632.547 691.996 582.995Pernambuco 1.126.161 874.769 716.671 353.431 377.757 483.634Sergipe 498.679 646.126 576.632 425.021 444.625 449.301Mato Grosso 421.445 341.526 237.269 284.125 362.191 418.442R.G.Norte 446.932 496.184 425.120 276.466 366.332 373.163Acre 442.155 395.380 152.800 320.791 355.779 363.451Piauí 1.934.266 1.579.266 411.248 262.318 403.703 353.612Alagoas 184.591 402.775 333.896 340.317 360.952 347.095

Os principais estados produtores são, pela ordem: Pará, Bahia, Paraná, R.G. do

Sul Maranhão e Amazonas. O Ceará ocupa o oitavo lugar entre os maiores produtores.

No período de 1991 a 2002 a cultura experimentou um a pequena redução na sua

produção doméstica.

USO

É cultivada basicamente por suas raízes tuberosas feculentas com elevado teor de amido

Apresenta os seguintes limites de variação na sua composição:

3

Page 4: A Cultura Da Mandioca-07

Tabela IV Composição percentual das raízes frescas de mandioca

Constituinte PercentagemUmidade 60,0 a 65,0Amido 21,0 a 33,0Proteína 1,0 a 1,5Gordura 0,18 a 0,24Fibras 0,70 a 1,06Cinzas 0,60 a 0,90 Fonte: Gonçalves, 1976

A composição das raízes de diversas cultivares pode ser vista nas tabelas 60 e

61. Os dados revelam percentagem de amido superiores a 35%.

A parte aérea, vulgarmente denominada de ramas é largamente utilizada na

alimentação animal após sua desintegração. Ela pode ainda ser usada como silagem em

mistura com outras forrageiras ou como feno. A tabela 75 mostra os teores de proteína

da massa verde e feno da parte aérea.

O feno apresenta-se como um excelente produto para a alimentação de

ruminantes com valores de teor protéico variando de 17,94 a 22,68%. A rama fresca

apresentou variação na proteína bruta de 4,65 a 5,87.

A qualidade da rama e do feno depende da origem (parte apical ou média da

planta) e também da idade da planta. As plantas jovens apresentam maior percentagem

de folhas e portanto maior riqueza protéica. As plantas com mais de um ciclo têm uma

grande massa de caules com um mais elevado teor de fibra.

A tabela 78 mostra a composição de aminoácidos do farelo do feno da folha da

mandioca.

Por ser uma proteína foliar apresenta grande diversificação na composição de

aminoácidos o que eleva sua qualidade como ração animal.

Alguns autores citam o uso da parte mais lenhosa da maniva como combustível.

A figura a seguir mostra as diversas possibilidades de uso das raízes da mandioca na

indústria em geral.

São destaques o amido, dextrinas, álcool etílico, glicose, maltose, farinha de mesa,

raspas, farinha de raspas, farelo para ração animal . O amido é usado na indústria de

extração de petróleo.

Quando lançado o pró-álcool na década de 70, foi discutida a possibilidade de uso de

outras culturas além da cana-de-açúcar na industrialização do álcool.

Muito falou-se na mandioca e no sorgo forrageiro.

4

Page 5: A Cultura Da Mandioca-07

Vale destacar que durante a II guerra mundial , em Minas foi produzido álcool a

partir de mandioca em Divinópolis.

Vejamos algumas comparações entre a mandioca e a cana-de-açúcar na

produção de álcool.

Rendimento industrial:

Mandioca: 180 l/t

Cana-de-açúcar: 60 l/t

Rendimento agrícola

Mandioca: 15 t/ha

Cana-de-açúcar : 50 t/ha

Fornecimento de combustivel para a destilaria

Mandioca fornece 50%

Cana-de-açúcar fornece 100%

Exigências edafoclimáticas

Mandioca é pouco exigente sendo adaptada a solos pobres em áreas marginais e

tolerante à deficiência hídrica.

Cana-de-açúcar exige solos férteis profundos sem limitações hídricas.

Processo industrial:

Cana-de-açúcar: simples com tecnologia dominada no Brasil. O país inclusive

exporta equipamentos.

Mandioca: há problemas (método de bateladas e contínuo).

Importância da mandioca como cultura alimentícia

Pode ser consumida após o cozimento (cultivares mansas, com baixo teor de

HCN).

Tanto a farinha como a fécula (goma) são muito importantes como alimento

energético para a população de baixa renda.

A mandioca apresenta uma elevada produção de calorias/área/tempo.

5

Page 6: A Cultura Da Mandioca-07

Tabela V Rendimento calórico de algumas culturasCultura 100 calorias/ha/diaMandioca 250Milho 200Sorgo 114Arroz 176Trigo 110

Vale destacar que com exceção da mandioca todas as culturas listadas foram

submetidas a intensivos programas de melhoramento genético.

A grande vantagem da mandioca reside no fato de produzir elevado índice de

colheita em relação às outras culturas. Há também a especialização na produção de

carboidratos por parte da mandioca, ao contrário das outras culturas que produzem

também proteína.

A mandioca apresenta grande eficiência biológica como produtora de alimento.

Em geral culturas cujas raízes constituem o produto comercial apresentam

grande eficiência biológica. Numa cultura produtora de grãos ou sementes a planta tem

que desenvolver um suporte para sustentar a produção utilizando grande parte de suas

reservas para este mister. Em trigo, por exemplo, 36% do peso seco total da planta é

constituído de semente e 64% é material não aproveitável, sem valor comercial. No caso

da mandioca as raízes podem chegar a 60 a 70% do peso seco total da planta.

A cultura não apresenta grande dependência de estação climática. Há maior

flexibilidade com relação à época de plantio e maior ainda com relação a colheita. As

demais culturas exigem, ao contrário bem mais definidas épocas de plantio e colheita.

A cultura apresenta baixo custo de produção.

Apresenta grande adaptação ecológica sendo cultivada tanto no trópico úmido

como no semi-árido. Produz satisfatoriamente em solos de baixa fertilidade.

Mandioca na alimentação animal (documento anexo)

6

Page 7: A Cultura Da Mandioca-07

BOTÂNICA

Taxonomia

A mandioca cultivada é uma dicotiledônea da

Família Euphorbiaceae

Gênero Manihot

Espécie M.esculenta Crantz.

É a única espécie comestível do gênero que congrega cerca de 200 espécies.

Existem algumas classificações incorretas da mandioca como:

M. utilíssima; M. aipi; M. dulcis; M.; flexulosa; M. flabellifolia; M. difusa; M.

melanobasis; M. digitiformis e M. sprucei.

Descrição da planta

Crescimento

Durante a primeira semana após o plantio da estaca, ela perde peso seco devido à

intensa respiração, mobilização e utilização de suas reservas.

Durante a segunda semana se inicia a germinação e alongamento das gemas

axilares e se forma um calo na superfície do corte do extremo inferior da estava.

Na terceira semana se inicia o desenvolvimento das raízes que brotam tanto do

calo formado como dos internódios e das gemas.

Até o trigésimo dia após o plantio todo o desenvolvimento da planta é feito às

custas das reservas presentes na estaca. A partir desta data as folhas produzidas através

da brotação das gemas axilares passarão a produzir assimilados através do processo

fotossintético.

Inicialmente as folhas são pequenas. Em seguida elas vão aumentar de tamanho.

Nessa fase o crescimento da parte aérea é mais rápido. Grande parte das reservas

das estacas é mobilizada para a formação dos ramos e folhas. Ao contrário, o

crescimento do sistema radicular é lento.

A tabela VI permite inferir sobre o crescimento relativo das diversas partes da

mandioca. Entre 70 e 90 dias a planta inicia o processo de tuberização (dependendo da

cultivar). Nesta fase há redução no crescimento da parte aérea e intensificação do

acúmulo de matéria seca nas raízes.

7

Page 8: A Cultura Da Mandioca-07

TABELA VI Características de crescimento de dez cultivares de mandioca nas condições de Pacajus- Ce.

Dias 70 84 95 112 126 142 156 187 218 248 309 491Altura (mm) 336 530 567 717 898 1009 1206 1379 1569 1758 1856 2447Ápices 2,3 2,6 2,5 2,6 3,1 3,3 3,2 4,6 7,5 8,7 12,5 14,6Raízes 2,1 3,9 5,6 10,1 11,9 11,5 10,8 10,3 10,2 10,3 10,4 10,9C.raiz (mm) 102 255 298 269 327 285 235 216 239 234 233 231Diâmetro(mm) 2,9 7,3 8,9 13,9 19,0 22,3 28,2 37,1 47,0 56,0 61,8 75,1Índice de colheita

3,1 21,8 24,9 34,5 53,4 55,7 59,9 59,8 68,0 65,3 67,3 68,8

M.S raiz (kg/ha)

6,5 89,9 155,6 562 1038 1233 2420 3795 6422 8281 9933 12496

M.S.P.Aérea (kg/ha)

155 279 398 982 858 925 1539 2508 2981 280 4856 5477

IAF 0,18 0,97 0,73 0,92 1,50 1,26 1,54 1,87 1,95 1,94 2,02 1,36

A tabela 9 mostra a regressão linear entre a produção da matéria seca das raízes

tuberosas e a produção total da planta em dez cvs. de mandioca nas condições de

Pacajus. A cv. BGM 187 foi a que necessitou menor quantidade de matéria seca

acumulada pela planta antes de dar início ao processo de tuberização (182,17 kg/ha). A

cv. menos eficiente foi a Bujá branca que necessitou acumular 964 kg/ha de matéria

seca total antes de dar início ao processo de tuberização.

Os dados da tabela 7 mostram o número de dias necessários para que o acúmulo

de matéria seca das raízes ultrapasse o das ramas. Quanto menor o número de idas mais

8

Page 9: A Cultura Da Mandioca-07

eficiente é a planta na distribuição de matéria seca entre as diversas partes da planta

(raiz e parte aérea). As cvs. BGM 187 e 028 apresentaram-se como mais eficientes. Ao

contrário a cv. Bujá preta foi a menos eficiente, necessitando 163 dias para equilibrar a

produção de matéria seca das raízes e das ramas.

Estudos realizados em Pacajus (Fig. 13) mostram claramente que as cvs Do Céu

e Saracura apresentaram maior proporção de matéria seca nas raízes no primeiro ciclo

(7 a 11 meses) do que no segundo (15 a 17 meses). No segundo ciclo houve maior

proporção de matéria seca no caule.

9

Page 10: A Cultura Da Mandioca-07

A mandioca é considerada planta potencialmente perene, podendo ser colhida ao

final do primeiro ciclo de crescimento (primeiro ano) ou do segundo ciclo (segundo

ano).

Há tipos precoces e tardios. A precocidade pode ser explicada de três formas

(Fig.2):

1. Início cedo do processo de tuberização

2. Elevada taxa de tuberização

3. Combinação das duas possibilidades anteriores

10

Page 11: A Cultura Da Mandioca-07

A tabela 8 mostra o índice de precocidade de colheita de dez cvs cultivadas em

Pacajus. O IPC revela maior precocidade aos 187 dias para a cv. BGM 187. Aos 218

dias a BGM 187 e a Mastruço revelaram maior precocidade.

Figura 2 Diagrama ilustrando explicações para a precocidade da mandioca

11

Page 12: A Cultura Da Mandioca-07

Raízes

O sistema radicular é superficial, fibroso, constituído de um número reduzido de

raízes. Apenas algumas raízes intumescem pelo armazenamento de amido

transformando-se em raízes tuberosas que são superficiais.

A resistência à seca desta cultura deve estar associada a outras característica e

não à extensão do sistema radicular da planta.

O número de raízes tuberosas varia de 5 a 20 com média de 5 a 12 por planta

(ver tabela VI e figura 2). O número de raízes é importante para definir o tamanho do

dreno da planta. Uma deficiência no número de raízes pode limitar o potencial produtiva

da planta por redução de dreno. A tabela VI mostra a evolução média do número de

raízes de dez cvs. de mandioca em Pacajus-Ce. Os dados mostram também a evolução

do comprimento e do diâmetro das raízes ao longo dos dois ciclos de crescimento.

Observa-se que o diâmetro apresentou grande ritmo de crescimento evoluindo desde 70

dias após o plantio (dap) até 491 dap ao final do segundo ciclo. Ao contrário o

comprimento atingiu valores máximos logo aos 84 dap estabilizando daí até o período

final de crescimento. Fica claro que a produção de raízes está mais associada ao

diâmetro que ao comprimento das raízes.

12

Page 13: A Cultura Da Mandioca-07

Figura 2 Relação entre matéria seca total, parte aérea e raízes e número de raízes por

planta.(Mcol 1513).

Estudos de Campos e Sena (1975) revelam que a profundidade máxima atingida

pelas raízes fibrosas de plantas com 210 dias foi de 0,9 m e com 365 dias, 1,4m. A

maior parte se concentra nas camadas superficiais do solo.

A raiz tuberosa é constituída de:

Casca

Periderma ou película externa suberizada (felema)

Esclerênquima

Parênquima cortical (látex com linamarina)

Floema

Cilindro central

Cambio

Parênquima de armazenamento

Vasos do xilema

Vasos do xilema e fibras

Cilindro central branco ou amarelo (parênquima de reserva), rico em amido.

Encerra no centro cambio vascular e xilema.

As raízes são classificadas de acordo com o formato em:

Cônica, Cilíndrica, Fusiforme, Estrangulada, Tortuosa, Globulosa.

13

Page 14: A Cultura Da Mandioca-07

Figura 2 Seção transversal e uma raiz nova de mandioca .

Figura 2 Formatos de raízes de mandioca.

14

Page 15: A Cultura Da Mandioca-07

Parte aérea

Caule

O caule, de altura variável entre 1 e 3 metros pode ser ou não ramificado. Com o

tempo torna-se suberizado com coloração cinzenta ou marrom.

As cultivares ramificadas são classificadas em ramificação alta e baixa.

Depois de atingir certo desenvolvimento a haste produz inflorescências na sua

extremidade. Em geral as três gemas situadas abaixo do ápice da planta brotam e se

desenvolvem em posição inclinada (45o) em relação à horizontal. Em geral crescem

vários ramos por ápice. Assim a ramificação pode ser dicotômica, tricotômica,

tetracotômica e ainda apresentar tipos intermediários (Tabela VI).

Os internódios são longos no início, diminuindo de tamanho com o crescimento

da planta.

Na axila dos nós ocorrem gemas que germinam em condições satisfatórias

possibilitando a propagação vegetativa da espécie (Figura 4).

No caule estão presentes vasos lactíferos que encerram o glicosídeo cianogênico

linamarina.

Figura 4 Tipos de maniva de mandioca.

Folhas

As folhas são palminérveas, com longo pecíolo, lobadas, com três, cinco, sete

ou mais lobos. Estes apresentam diferentes cores variando do verde claro até roxo e

15

Page 16: A Cultura Da Mandioca-07

formatos também variados, destacando-se espatulados lanceolados e oblongos (Figuras

5 e 6 ). Apresenta filotaxia 2/5.

Figura Corte transversal de folha de mandioca.

Figura 6 Diferentes tipos de folhas de mandioca.

A anatomia da folha é simples. Apresenta epiderme com deposição de cutícula.

Há uma camada de células de tecido palissádico seguido de 4 camadas de células de

tecido lacunoso ou esponjoso. Há estômatos em ambas as superfícies (Figura 6 ).

Lobo estreito é dominante sobre lobo largo. Teoricamente há vantagem das

folhas com lobo estreito em condições de plantios densos e elevado índice de área

16

Page 17: A Cultura Da Mandioca-07

foliar. Na prática há um problema: as folhas com lobo estreito têm menor área foliar

unitária.

A duração da folha talvez seja uma característica tão ou mais importante que sua

forma na otimização do uso da radiação solar ao longo do ciclo cultural.

Durante a estação seca as folhas sofrem abscisão e a planta diminui sua atividade

fotossintética. A queda das folhas deve refletir um mecanismo de defesa da planta para

evitar uma transpiração excessiva em condições de desequilíbrio hídrico.

A longevidade das folhas varia, dependendo do IAF (Figura 6), pragas, doenças

e clima.

Figura 6 Duração da folha em função do índice de área foliar médio, seis semanas após

a formação da folha.

O tamanho das folhas varia com a idade da planta. De início ela apresenta

pequena área foliar, em seguida aumenta para finalmente cair (Figura 3).

17

Page 18: A Cultura Da Mandioca-07

Figura 3 Tamanho da folha em função da idade

A taxa de formação de folhas novas por ápice diminui com a idade da planta.

A taxa de crescimento da cultura varia com o IAF. Observa-se na Fig. 1 a

variação da TCC para raízes e produção total. Valores ótimos de TCC foram obtidos

com um IAF de 3,5. Resultados obtidos em Pacajus (Tabela VI) mostram valores

médios de 2,02 ao final do primeiro ciclo.

Flores

São agrupadas em panículas na extremidade dos ápices. Não apresentam

importância econômica pois os frutos não têm valor comercial. A reprodução sexuada é

importante apenas em trabalhos de melhoramento, na produção de novas cultivares.

A planta é monóica. Há flores masculinas e femininas numa mesma planta,

numa mesma inflorescência. Ambas têm curta duração. As masculinas em maior

número abrem antes que as femininas e ocupam posição superior na panícula (Figuras 3

e 4). Há dicogamia (protandria) com as flores masculinas estando aptas a polinizar antes

que as femininas estejam receptíveis.

A polinização é feita por insetos.

Vejamos os principais componentes:

Masculina:

Cinco sépalas, disco, estames (10) sendo 5 internos e 5 externos, anteras

birimosas.

Feminina:

18

Page 19: A Cultura Da Mandioca-07

19

Page 20: A Cultura Da Mandioca-07

Duas flores por inflorescência; cálice com cinco sépalas e disco; três estilos

conatos; estigma trilobado; ovário súpero com três lojas; estaminóide presente, às

vezes.

Figura Esquerda: flor masculina; direita: flor feminina.

Fruto

Cápsula tricoca, constituída de três lojas bivalvas com uma semente em cada. As

sementes apresentam carúncula muito semelhante às da mamona.

São constituídas de tegumento; endosperma, rico em óleo; embrião com

cotilédones, radícula, hipocótilo e epicótilo(Figs. 12 e 13).

Figura 12 Sementes de mandioca

20

Page 21: A Cultura Da Mandioca-07

Figura 13 Cápsulas do fruto da mandioca

Ideotipo da mandioca

Características morfológicas e fisiológicas que a planta deve apresentar para

maximizar o seu potencial produtivo.

Vejamos alguns parâmetros:

IAF:

A TCC aumenta até um IAF de 4.

A TCR atinge um máximo entre 3 e 3,5.

É possível que ocorram diferenças entre cultivares com diferentes características

de morfologia de copa e de folhas.

Desenvolvimento do IAF

O IAF é um parâmetro importante para a análise do crescimento das culturas em

geral. Por que? Ele expressa o tamanho da capacidade assimilatória da cultura. Não

expressa a qualidade, entretanto.

O IAF depende de:

Área foliar unitária

Número de folhas por ápice

Número de ápices por planta

Longevidade da folha

Um IAF adequado ao longo do ciclo permite o bom aproveitamento da radiação

solar pela cultura.

É importante igualmente a distribuição de assimilados nos órgãos da

planta.

Daí a importância do índice de colheita. Em condições extremamente

favoráveis ele pode atingir níveis de 70%.

Cock sugere as seguintes características como ideotipo para a mandioca.

Ramificação na vigésima semana

21

Page 22: A Cultura Da Mandioca-07

Folhas com área unitária média de 500 cm2

IAF máximo de 3,5

Número médio de raízes por planta : 10.

O autor sugere uma população de 20.000 plantas por ha.

ECOFISIOLOGIA

Latitude e altitude

Apresenta extrema adaptabilidade às condições de solo e clima de regiões

tropicais.

Seu cultivo ocorre com maior freqüência entre latitudes 30o N e S.

É cultivada em diversas altitudes desde o nível do mar até 2000 m.

O crescimento da planta é comprometido com a altitude (Fig. 3 e 4).

Figura 3 Efeito da altitude na taxa de formação das folhas.

22

Page 23: A Cultura Da Mandioca-07

Figura 4 Mudanças na altura, produção de raízes e índice de colheita em função

da altitude.

Temperatura

Tolera elevadas temperaturas.

O nível crítico mínimo é de 18 a 20o C.

Abaixo desses limites o crescimento e o rendimento caem substancialmente.

O crescimento cessa a 10o C.

Cresce sem problemas até 35o C.

Há interação entre genótipo e temperatura. Este fato reforça a grande

adaptabilidade da espécie.

Vejamos resultados obtidos no CIAT na tabela VII.

23

Page 24: A Cultura Da Mandioca-07

Tabela VII Produtividade (t/ha) de cultivares de mandioca submetidos a variações de

temperatura

Temperatura (o C)

Variedade 20 24 28

Papayan 39 15 9

M Col 22 9 27 40

A taxa fotossintética da folha da mandioca varia com a temperatura (Fig 2). Ela

atinge níveis máximos entre 25 e 30o C.

Figura 2 Resposta fotossintética de folhas de mandioca em função da

temperatura.

Fotoperíodo

Resultados presentes na tabela VIII revelam que maiores produções de raízes são

obtidas quando as plantas receberam 12 horas de luz. Com o aumento do fotoperíodo

constatou-se a redução significativa no rendimento de raízes.

Sabe-se que dias longos provoca a redução do número de raízes tuberosas,

inibindo o desencadeamento do processo de tuberização.

Segundo Cock, dias longos não afeta necessariamente a produção total da planta

mas limita a proporção da matéria seca presente nas raízes (Tabela VIII)

24

Page 25: A Cultura Da Mandioca-07

Tabela VIII Características de cultivares de mandioca submetidos a fotoperíodo de

12 e 16 horas.

Clone Comprimento

do dia (h)

Matéria seca

total ( t/ha)

Matéria seca

raiz (t/ha)

Ápices por

planta

Índice de

colheita

M Ptr 26 12 13,9 8,1 8 0,58

16 14,2 4,9 21 0,35

M Col 22 12 14,3 9,5 13 0,66

16 18,8 8,3 51 0,44

M Col 1684 12 15,8 8,7 15 0,55

16 16,4 4,6 81 0,28

A tabela 1 mostra também resultados que comprovam a influência do

comprimento do dia no processo de tuberização da mandioca.

Radiação

Em geral a taxa de crescimento da cultura aumenta com o incremento da

radiação.

O sombreamento reduz o crescimento da planta de forma marcante. Afeta

igualmente a proporção de matéria seca destinada às raízes.

Na Colômbia, estudos de sombreamento artificial revelaram que um nível de

50% de sombreamento entre 5 e 10 meses após o plantio determinou uma proporção de

apenas 40% de matéria seca nas raízes ao contrário das plantas não sombreadas que

25

Page 26: A Cultura Da Mandioca-07

repartiram 58% da matéria seca com as raízes. O sombreamento também reduz a

longevidade das folhas.

Requerimentos hídricos

Há poucas informações quantitativas sobre as exigências hídricas da mandioca.

Há cultivares que crescem em regiões com um mínimo de 500 mm de chuva

anual, enquanto há regiões produtivas onde a chuva excede 5000mm durante o ano.

O solo precisa estar úmido para que a estaca germine e a planta se estabeleça.

Talvez essa seja a fase mais crítica com relação às exigências hídricas.

Oliveira et al (1982) estudou nas condições de Cruz das Almas o comportamento

da mandioca em relação à deficiência hídrica. Os resultados estão sumariados na tabela

IX.

Tabela IX Efeito da deficiência hídrica aplicada em diversas fase do ciclo da

mandioca

Tratamento Produção de raízes (t/ha) %

Testemunha 24,0 100

Déficit no 2o e 3o meses 9,8 42

Déficit no 4o e 5o meses 9,0 38

Déficit no 6o e 7o meses 18,6 77

Déficit no 8o e 9o meses 19,0 79

Déficit no 10o e 11o meses 20,0 8,3

Turno de rega de 7 dias. Durante o estresse irrigação foi suspensa.

Os resultados presentes na tabela IX são melhor visualizados de forma

esquemática na figura 2.

26

Page 27: A Cultura Da Mandioca-07

Figura 2 Efeito de déficit hídrico sobre a produção e rendimento ralativo de

raízes de mandioca.

Após 90 dias do plantio caso haja um período de seca a planta cessará seu

crescimento eliminando a maioria das folhas. Culturas como o milho, o feijão e o arroz

não sobreviveriam numa situação semelhante. Caso as condições hídricas satisfatórias

se façam presentes novamente a mandioca mobilizará reservas presentes nas raízes e

reiniciará o seu crescimento.

A resistência à seca está baseada, principalmente, na capacidade da planta

eliminar rapidamente a transpiração. Inicialmente há um eficiente fechamento parcial

dos estômatos. Com o desenvolvimento do estresse há redução na pressão de

turgescência que afeta a expansão celular e conseqüentemente há redução na área foliar.

A formação de novas folhas não é muito afetada pelo estresse. A redução da área

foliar é conseqüência da diminuição do tamanho da folha (redução na expansão).

Com o agravamento do estresse a planta perde suas folhas como mecanismo de

defesa à desidratação. É certo que a redução da área foliar determina uma diminuição na

capacidade fotossintética da planta.

A presença de raízes de reserva é extremamente importante à planta pois através

da mobilização dessas reservas ela pode se recuperar de períodos adversos de estresse.

Déficit de pressão de vapor

As figuras 3 e 4 mostram resultados obtidos com a mandioca exposta a

diferentes déficits de pressão de vapor (DPV) associados à deficiência hídrica do solo.

Constata-se a grande influência da umidade da atmosfera sobre o comportamento

27

Page 28: A Cultura Da Mandioca-07

fisiológico da planta. A fotossíntese, a condutância estomática e a transpiração foram

mais afetados pelo déficit de pressão de vapor da atmosfera do que pela deficiência

hídrica do solo.

28

Page 29: A Cultura Da Mandioca-07

A figuras 2 mostra a variação da condutância estomática de diversas culturas

frente a variações no VPD. Observa-se que a mandioca foi a que sofreu maiores

reduções com o incremento do VPD.

29

Page 30: A Cultura Da Mandioca-07

Irrigação

Estudos de freqüência de irrigação conduzidos na Bahia revelam aumentos de 43

a 45% no rendimento de raízes de mandioca nos tratamentos irrigados,

independentemente do turno de rega. Além do aumento no rendimento de raízes e parte

aérea houve também aumento no IC em resposta à irrigação.

Estudos de época de plantio associadas a irrigação combinados com épocas de

colheita desenvolvidos em Paraipaba-Ce por Távora e Barbosa Filho estão sumariadas

nas tabelas X e XI.

Os resultados revelam a possibilidade de aumento substancial da produtividade

da mandioca através da complementação da irrigação associada à antecipação do

plantio.

Tabela X Peso fresco das raízes (t/ha) e índice de colheita (%) de mandiocacultivada com suplementação de irrigação associada a várias épocas de colheita.

Épocas de colheitaEC1 (13/06) EC2 (13/08) EC3 (13/10) EC4 (13/12)Raiz IC Raiz IC Raiz IC Raiz IC

Jaburu 7,9 43,2 16,1 64,9 25,6 70,2 43,6 72,9EAB 652 6,6 39,7 17,9 58,8 22,4 61,7 33,9 64,3Fonte: Távora & Barbosa Filho, 1994

.

Tabela XI Peso fresco das raízes (t/ha) e índice de colheita (%) de mandioca cultivada com suplementação de irrigação associada a váriasépocas de plantio

Épocas de plantioEP1* (13/12) EP2* (13/01) EP3 (13/02) EP4 (13/03) EP4** (13/03)Raiz IC Raiz IC Raiz IC Raiz IC Raiz IC

Média das épocas de colheitaJaburu 36,0 68,5 33,2 71,1 22,5 62,2 12,7 55,0 14,0 57,3EAB 652 29,9 59,2 21,3 60,7 20,4 54,9 13,2 51,2 16,1 54,6

Colhida em 13/12 (EC4)Jaburu 63,6 74,0 55,1 73,6 43,7 74,2 25,7 70,2 29,7 72,9EAB 652 44,6 64,5 31,9 63,9 40,5 64,7 23,7 64,6 31,3 63,7

*plantio irrigado no início do ciclo** plantio irrigado no final do cicloFonte: Távora e Barbosa Filho, 1994

30

Page 31: A Cultura Da Mandioca-07

Potencial de produtividade

A produtividade da mandioca (raízes tuberosas frescas) no mundo varia entre 10

a 18 t/ha.

Qual seria o potencial produtivo da mandioca se fossem otimizados os fatores

limitantes como práticas culturais adequadas (controle de plantas daninhas, qualidade da

maniva, fertilidade do solo, população de plantas adequadas) , cultivares melhorados e

controle de doenças e pragas?

Considerando uma taxa de crescimento máxima em condições moderadas de

radiação solar de 1,2 t/ha/semana (matéria seca).

Essas taxas só acontecem durante um intervalo de tempo em que a área foliar

atinge e mantém um tamanho ótimo.

Após o quinto mês, nas condições do CIAT, ela começa a cair por causa do

processo de abscisão em resposta às condições climáticas (escassez de água). Algumas

cultivares conseguem manter sua área foliar elevada durante um maior período e,

portanto, são mais produtivas. Há cultivares que alocam 70% da matéria seca nas raízes.

Para estimar o potencial de produtividade da mandioca façamos algumas

simulações:

Suponhamos que a planta demore 6 semanas para formar sua área foliar ótima e

que durante 46 semanas ela produza 1,2 t/ha/semana de matéria seca. Suponhamos uma

perda de 0,2 t/ha/semana em função da abscisão foliar. Assim, teríamos 46 t/ha/ano.

Considerando uma cultivar que aloque 70% da matéria seca nas raízes, teríamos 32

t/ha/ano de matéria seca ou 90 t/ha/ano de matéria fresca (30% de matéria seca).

No estudo de Pacajus obivemos uma TCR de 4,3 g.m-2.dia-1, o que corresponde a

301 kg.ha-1, que multiplicando-se por 46 obtemos 13.846 t.ha-1.ano-1 de matéria seca.

Dividindo-se por 0,3 obtemos a produtividade de raízes em matéria fresca (46,15 t.ha-1

ano-1)

Em nosso estudo em Paraipaba associando antecipação de plantio com irrigação

obtivemos 63,4 t/ha, valor cerca de 70% do potencial apurado com a simulação feita.

Solos

A mandioca exige solos leves de boa drenagem profundo, de fertilidade média a

alta.

31

Page 32: A Cultura Da Mandioca-07

É, entretanto, cultivada em solos pobres, marginais a outras culturas. A grande

adaptação à seca permite que esta planta se desenvolva em solos com pequena

capacidade de retenção de água.

A planta não tolera solos encharcados e pesados. A faixa de pH de 5,5 a 6,5

permite a exploração da cultura. A faixa ideal está entre 6 e 7. Abaixo de cinco é

inadequado exigindo a correção através da calagem .

A planta não tolera solos alcalinos, salinos e sódicos.

Principais solos do Nordeste brasileiro adaptados ao plantio da mandioca:

Areias quartzozas, Argissolo vermelho amarelo e latossol vermelho amarelo.

Toxidez

As cultivares de mandioca contêm várias concentrações de glicosídeos

cianogênicos. Essas substâncias quando hidrolisadas produzem ácido cianídrico.

Há dois tipos de glicosídeos:

Linamarina (93%)

Lotaustralina (7%)

A linamarina , sob a ação da linamarase produz glicose, acetona e ácido

cianídrico, segundo a seguinte equação:

C10H17O6N + H2O C6H12O6 + (CH3)2CO + HCN

(linamarina) (glicose) (acetona) (ac. cianídrico)

A concentação do princípio tóxico varia bastante

As variedades são comumente classificadas em:

Doce, mansa ou macaxeira e

Amarga, brava ou mandioca.

O teor de HCN na raiz tuberosa apresenta grande variação com amplitude de 6 a

370 mg/kg.

As mandiocas são classificadas segundo o teor de HCN em:

Não tóxicas: < 50 mg HCN/kg raiz

Pouco tóxicas 50 – 80

Tóxicas 80 a 100

Muito tóxicas > 100

O teor de HCN varia na própria planta (Tabela XII)

32

Page 33: A Cultura Da Mandioca-07

Tabela XII Concentração de HCN (mg/kg) nas diversas partes da planta de mandioca.

Parte da planta Mandioca brava Mandioca mansa

Folha 41 16

Caule verde 24 14

Caule lenhoso 113 43

Medula 76 19

Raiz (cilindro central) 53 4

A casca da raiz é mais rica em princípio tóxico que o cilindro central.

Para alguns autores o HCN constitui defesa da planta contra predadores ou

parasitas.

A quantidade de linamarina presente na mandioca depende grandemente das

condições ambientais. Uma mesma cultivar pode se comportar como mansa num local e

tóxica em outro.

TECNOLOGIA DA PRODUÇÃO DA MANDIOCA

Adaptação da área

A adaptação da área consiste nas operações de desmatamento, eliminação

da parte aérea da vegetação, encoivaramento, queima, limpeza da área e

destocamento que pode ser manual ou mecanizado

Conservação do solo

Não descuidar das práticas conservacionistas. Destaque para o plantio em

curvas de nível ou a construção de terraços.

Preparo do solo

Correção - Deve ser feita se o pH for inferior a 5,0. Quando

recomendada, a aplicação de calcário é feito com 45 a 60 dias antes da aplicação

dos fertilizantes e plantio. Realizada entre as operações de aração e gradagem

(Tabela 21).

A quantidade de calcário a aplicar depende das características do solo.

A tabela 21 apresenta as quantidades a aplicar em função dos valores de

cálcio, magnésio e alumínio revelados pela análise do solo.

33

Page 34: A Cultura Da Mandioca-07

Aração- Pode-se usar o arado de discos ou de aiveca.

Gradagem – grade hidráulica ou de controle remoto (grade aradora) é

recomendada em terrenos recém desbravados. No caso de área já incorporada ao

plantio mecanizado recomenda-se o uso de grade hidráulica.

Roçagem – Recomendada para facilitar a incorporação da vegetaão

herbácea na operação de gradagem da área.

Plantio

Sulcamento ou coveamento feito na profundidade de 5 a 10 cm.

A tabela 22 mostra resultados de estudo onde se variou a profundidade de

plantio. Os dados revelam que a profundidade ideal foi de 10 cm.

34

Page 35: A Cultura Da Mandioca-07

Seleção de material de plantio

Sanidade das hastes - É obvio que não se deve propagar material

contaminado com pragas ou doenças. Uma rigorosa seleção quanto a esse aspecto deve

ser feita, descartando-se materiais de propagação que não atendam a essas

especificações.

Idade da planta

A maniva semente deve se oriunda de plantas com 10 a 12 meses. Deve-se

escolher manivas maduras com mais de 2cm de diâmetro. Utilizar apenas o terço médio

das hastes. Estaca madura, com diâmetro da medula igual ou menor que 50% do

diâmetro da haste, em corte transversal.

Quando obtidas de plantas com dois ciclos (18 a 24 meses) podem apresentar

problemas de pragas e doenças, além de serem muito lignificadas, fato que

comprometerá a germinação e o estabelecimento de uma nova cultura saudável.

Quando se utiliza maniva de plantas com 18 meses, selecionar as oriundas da

primeira ramificação.

No caso de não haver coincidência entre época de plantio e de colheita (caso

do Ceará), há três possibilidades de obtenção de maniva semente:

a. Armazenamento da maniva

O armazenamento geralmente é feito à sombra com as manivas, de

preferência na posição vertical com a extremidade basal para baixo, com proteção com

palhas. Além de 30 dias de armazenamento já há perda do vigor das sementes.

b.Manutenção de parte do mandiocal para colheita na época do plantio.

Esta prática pode trazer problemas devido à presença de chuvas na época de

plantio. A mandioca é geralmente colhida em tempo seco.

c.Poda de mandiocais estabelecidos

Esta prática traz benefícios, pois além de proporcionar maniva de boa

qualidade, não compromete a produção de raízes.

Viabilidade da maniva

É extremamente importante o uso de manivas de boa qualidade, viáveis, para a

para a obtenção de plantios uniformes

Quantidade de maniva

Aos 12 meses, 1 ha de mandioca pode fornecer entre 16 a 20 m3 de hastes.

São necessários 4 a 5 m3 de hastes para plantio de 1 ha de mandioca.

35

Page 36: A Cultura Da Mandioca-07

Assim, 1 ha de mandioca deve fornecer maniva suficiente para plantio de 4 a 5

ha.

Colheita das hastes

O corte das hastes deve ser feito a 10 cm da superfície do solo.

Preparo do material do plantio

As manivas devem ser preparadas pouco antes do plantio, manualmente com o

uso de facões afiados ou serra. Devem ter 20 cm de comprimento, 2 a 3 cm de diâmetro

e conter 5 a 7 gemas. Devem ser cortadas em ângulo reto, suspensas, para evitar

danos às gemas .

Tratamento da maniva

Alguns autores recomendam o tratamento das sementes para a prevenção de

problemas fitossanitários.

As manivas devem ser imersas em solução contendo inseticida e fungicida por 2

a 5 minutos e a seguir secas na sombra.

Tabela XIII Tratamento de manivas semente

Produto Gramas/ha

Dithane M-45 333

Manzate 80 188

Vitigran 300

Malathion PM 750

Sulfato de zinco 6000

Épocas de plantio

Em plantio de sequeiro, no Ceará o plantio deve ser feito no início da

estação chuvosa (janeiro a março). A mandioca por ser mais resistente à seca pode ser

plantada após o milho e o feijão que necessitam o melhor aproveitamento da água

disponível

Em geral, o adiamento do plantio após o início das chuvas deve reduzir o

rendimento da cultura.

36

Page 37: A Cultura Da Mandioca-07

No caso de plantio para atendimento de projetos industriais pode-se combinar a

época de plantio com a precocidade da mandioca para obter-se um maior período de

colheita e consequentemente oferta das raízes (Tabela 35).

Método de plantio

O plantio pode ser feito manual ou mecanizado através do uso de

plantadeira (Figura 21).

A maniva pode ser disposta no solo em três posições, a saber: horizontal ,

vertical e inclinada. No primeiro caso ela é totalmente enterrada no solo na

profundidade adequada (10 cm). Nos dois outros casos ela é enterrada até a metade ou

dois terços de seu comprimento. Deve-se ter o cuidado de não plantar a maniva na

posição invertida.

37

Page 38: A Cultura Da Mandioca-07

Espaçamento - O espaçamento da mandioca depende grandemente do sistema

de plantio utilizado.

A mandioca pode ser plantada no sistema consorciado ou plantio solteiro.

Predomina no Nordeste o plantio consorciado. Como o crescimento inicial da mandioca

é muito lento em relação às outras culturas (milho, feijão) deve-se antecipar o seu

plantio em uma a duas semanas.

Plantio solteiro - Recomenda-se o plantio em fileiras simples espaçadas de

1,00m por 0,6m (população de 16.600 plantas por ha).

Plantio consorciado - Pode ser feito em fileiras simples ou duplas onde as

plantas são alternadas nas fileiras. Há resultados conflitantes com referência à resposta

da cultura ao uso de fileiras duplas. Alguns resultados mostram vantagens expressivas

quando a mandioca é plantada em fileiras duplas. Esses estudos foram realizados na

Bahia (Tabela 1). No Ceará estudos desenvolvidos pela UFC não mostraram os mesmos

resultados. Não houve diferenças entre os dois arranjos de plantio (Tabela 2). Num caso

e noutro a mandioca pode ser consorciada em fileiras alternadas com outras culturas. As

mais usadas são o milho e o feijão de corda. O amendoim e o gergelim podem

igualmente ser usados em esquemas de consórcio com a mandioca. O espaçamento mais

recomendado para a mandioca em plantio em fileira dupla é 2,0m x 0,60m x 0,60m.

38

Page 39: A Cultura Da Mandioca-07

Tabela 1 Efeito do espaçamento em fileiras duplas e simples na produtividade de raiz e

amido de mandioca.

As tabelas a seguir mostram resultados de pesquisa obtidos envolvendo estudos

de consórcio da mandioca. com culturas de ciclo curto. Observa-se que no ano em que

choveu menos o desempenho do consórcio foi bem superior ao das culturas isoladas

(Tabelas 3, 4 e 5).

39

Page 40: A Cultura Da Mandioca-07

Adubação

Exigências nutricionais - A tabela 2 mostra a quantidade de nutrientes extraídos

do solo pela mandioca e repartidos entre raízes e ramas. Fica clara a necessidade de

reposição destes macroelementos caso se pretenda manter a exploração racional da área

cultivada sem deterioração da fertilidade natural do solo.

40

Page 41: A Cultura Da Mandioca-07

Fórmulas de adubação - A tabela 30 apresenta sugestões de fórmulas de

adubação para o estado de São Paulo em função do teor de fósforo e de potássio

revelados pela análise do solo.

Deve-se destacar a necessidade de análise da fertilidade do solo para o uso

racional da prática de aplicação de fórmulas de adubação mineral.

No caso de solos arenosos o uso de adubação orgânica é altamente

recomendável por melhorar a capacidade de retenção de nutrientes (evita a lixiviação)

bem como maior capacidade de retenção de água no solo.

No Ceará recomenda-se as fórmulas de adubação de 40-90-30 para a maioria

das regiões produtoras.

Controle de plantas daninhas -

Para um bom desenvolvimento a mandioca não deve sofrer competição de

plantas daninhas nos primeiros 90 dias dias, antes de cobrir total mente a superfície do

solo.

O controle de plantas daninhas pode ser feito mecanicamente ou através do uso

de herbicidas.

41

Page 42: A Cultura Da Mandioca-07

As capinas mecânicas podem ser manuais (à enxada) ou através de cultivadores

a tração animal ou trator. O número de capinas depende da infestação da área e do

período de cultivo da planta (um ou dois ciclos). Depende também do sistema de plantio

(solteiro ou consorciado). Em geral no plantio consorciado o número de capinas tende a

diminuir em função da cobertura mais rápida do solo proporcionada pela cultura

associada à mandioca. São necessárias de 2 a 5 capinas mecânicas dependendo do grau

de incidência de plantas daninhas, do sistema usado e do período de crescimento da

planta.

Diversos produtos químicos para aplicação em pré-emergência, pré-semeadura

incorporada e pós emergência são indicados para a cultura da mandioca. As tabelas 37 e

38 sumariam alguns dos mais recomendados.

Figura 37 Seletividade da cultura da mandioca a herbicidas pré-emergentes e de pré-

semeadura incorporados.

42

Page 43: A Cultura Da Mandioca-07

Tabela 38 Recomendações para o controle químico de ervs daninhas no cultivo da

mandioca.

Poda - É recomendada nas seguintes situações:

1. Eliminação da parte aérea de plantios com sérios

problemas fitossanitários (poda de limpeza).

2. Produção de ramas para uso na alimentação animal. O

produto da poda pode ser usado diretamente na alimentação animal após

desitegrada, usada para armazenamento em silos ou seca para

armazenamento na forma de silagem.

3. Produção de maniva semente para novos plantios.

Estudos realizados no Ceará revelaram que uma poda ao final do primeiro

ciclo não compromete a produção de raízes ou amido aumentando a biomassa

da parte aérea colhida ao final dos dois ciclos.

Colheita - A mandioca não exige uma data crítica para a colheita. Pode ser

colhida com um ou dois ciclos. Recomenda-se que seja colhida na ausência de chuvas.

No Ceará é feita no segundo semestre do ano, entre os meses de julho e dezembro. A

colheita pode ser feita manual ou mecanicamente. No Ceará praticamente ela é realizada

apenas manualmente. As operações de colheita englobam : Corte e remoção da parte

aérea,; arrancamento das raízes, destacamento das raízes da planta, amontoa e

transporte.

43

Page 44: A Cultura Da Mandioca-07

A raízes devem ser processadas 48 a 72 horas após a colheita, para que não sofra

processo de degradação e apodrecimento.

Pragas

Mandarová da mandioca (Erinnis ello)

Ácaro (Mononychellus tanajoa e Tetranychus urticae)

Cochonilha (Phenacoccus herreni)

Mosca branca (Bemisia spp)

Broca do caule (Coelosternus spp)

Formigas cortadoras e cupins.

Doenças

Murcha bacteriana, (Xanthomonas campestris pv. Manihotis)

Podridões da radícula provocadas por fungos do gênero Phytophthora e Fusarium.

Super brotamento provocada por micoplasma.

Antracnose (Colletotrichum spp e Glomerella spp)

Mancha parda (Cercosporidium henningsii)

http://www.agronline.com.br/artigos/artigo.php?id=189

Jorge de Almeida -Agrônomo - EBDA

MANDIOCA NA ALIMENTAÇÃO ANIMAL

1.INTRODUÇÃO

A mandioca (Manihot esculenta, Crantz) é uma planta brasileira, com

aproximadamente 2 milhões de ha cultivados. É uma cultura que desempenha

importante papel social como principal fonte de carboidratos para milhões de

pessoas, principalmente nos países em desenvolvimento. As raízes são

44

Page 45: A Cultura Da Mandioca-07

excelentes fontes de energia e as folhas são ricas em proteínas, que devem

ser utilizadas para a alimentação animal principalmente ruminantes. Os

estados maiores produtores são: Pará, Paraná e Bahia. A produtividade média

brasileira é de 13.200 Kh/ha.

2.VANTAGENS DO CULTIVO DA MANDIOCA

- Rusticidade e facilidade de cultivo;

- Produção de raízes de 10 a 30 t/ha e parte aérea 8 a 30 t/ha, dependendo se

solo, clima, cultivar e tecnologia empregada;

- Alimentação humana e animal;

- Pode ser utilizada na alimentação de animais monogástricos e poligástricos,

nas formas fresca, ensilada e seca;

- Permite exploração em condições de alta tecnologia como também em solos

marginais e com deficiência de insumos;

- A raspa triturada e o farelo obtido entram na composição de rações, e podem

ser peletizados;

- O amido é utilizado na panificação, adesivos, cervejarias, papelarias,

drogarias, lavanderias, explosivos, sapatarias, tintas, embutidos, perfuração de

poços de petróleo, confeitarias, culinárias, etc..

3. TIPOS

- Mansa, doce ou de mesa. Também conhecida como aipim ou macaxeira.

Contém glicosídeo cianogênico (HCN) inferior a 10 mg/kg na polpa fresca;

- Brava, amarga ou venenosa. HCN acima de 20 mg/kg.

obs: A mandioca brava raiz e parte aérea deve ser picada e espalhada em local

ventilado e aguardar 24 horas para fornecer aos animais. A mandioca mansa

pode ser fornecida fresca sem nenhum problema.

4. PRODUTOS E SUBPRODUTOS DA MANDIOCA

- Parte aérea ou rama da mandioca;

- Mandioca fresca – raiz integral “in natura”;

- Feno de mandioca – ramo com folhas, triturado e seco ao sol;

45

Page 46: A Cultura Da Mandioca-07

- Farinha integral ou raspa integral – raiz integral, moída medianamente e seca

ao sol;

- Farelo de raspa ou raspa residual – subproduto de raiz triturada, retirado o

amido e desidratado;

- Farelo de farinha de mesa – subproduto da fabricação de farinha de mesa e

polvilho;

- Silagem de mandioca – mandioca integral, triturada e ensilada.

5. A RAIZ DA MANDIOCA

- Rica em energia, possui muito amido (carboidratos solúveis);

- Pobre em proteína;

- Pode ser incluída em todas as rações de animais domésticos, promovendo

aumento de consumo e ganho de peso (é necessário que na formulação

contenha boa fonte de proteína (algodão, farelo de soja,..);

- Rica em aminoácidos lisina e trptófano, mas pobre em metionina e cistina.

6. A PARTE AÉREA DA MANDIOCA

- Alto valor nutritivo (proteína, açúcares, vitaminas A e C, minerais Ca e P);

- Excelente aceitabilidade pelos animais;

- Produção de rama – a quantidade de manivas para o plantio de um hectare é

estimada entre 4 e 6 m3 , sendo que um há da cultura, com 12 meses de ciclo,

produz hastes para o plantio de 4 a 5 ha;

- Eficiência alimentar com a rama (formular rações com fontes de energia -

milho, sorgo e a própria raiz).

7. PREPARO DAS RAÍZES PARA ALIMENTAÇÃO ANIMAL

7.1. RAIZ FRESCA:

- Mandioca mansa: colher, lavar, selecionar (eliminar as de coloração escura),

picar e fornecer imediatamente. Em clima quente, em 3 dias sofre fermentação

e apresenta forte odor alcoólico ;

- Mandioca brava: colher, lavar, selecionar, picar em máquina de fazer raspa ou

picadeira de capim, espalhar em local ventilado e aguardar 24 horas para

fornecer aos animais;

46

Page 47: A Cultura Da Mandioca-07

7.2. RAIZ DESIDRATADA AO SOL - RASPA DE MANDIOCA

a) Colher, lavar, selecionar e picar;

b) Espalhar para secagem (baixar a umidade de 60 a 70 % para 12 a 14 %);

- Terreiro cimentado: camadas de 4 a 5 cm de espessura, 12 kg/m2, revolver 4

vezes ao dia. Maior custo inicial com a construção do terreiro, maior vida útil do

investimento;

- Bandejas: indicada quando as condições climáticas favoráveis à secagem

ocorrem em curtos períodos; melhor aproveitamento do vento e temperatura,

com o posicionamento e inclinação das bandejas (25 a 30 º). Rendimento 10 a

16 kg/m2, dispensa revolvimento;

- Lonas plásticas: menor custo inicial no investimento, menor vida útil,

dificuldade no revolvimento, rendimento 5 a 8 kg/m2 ;

c) Proteger o material com lona no caso da ocorrência de chuvas;

d) Como saber se a raspa está seca – 12 a 14 % de umidade: tomar um

pedaço da raspa e riscar o piso . Se deixar um risco/escrever como giz, está

pronta para ensacar;

e) Ensacar diretamente ou transformar em farelo. Empilhar os sacos sobre

estrado de madeira, em local arejado. Armazenamento por um ano não altera o

valor nutritivo;

f) Fornecer aos animais em misturas preferencialmente com alimentos

protéicos;

g) Tempo de secagem: depende do nº de revolvimentos e das condições de

umidade relativa do ar e temperatura. Temperatura de 23º C e Umidade

Relativa de 70 % o material seca em 1 a 2 dias;

h) Rendimento: depende do teor de umidade da raiz fresca. Em média 3 kg de

raiz fresca rende 1 kg de raspa.

7.3. RAIZ ENSILADA

a) Colher, lavar e selecionar as raízes;

b) Picar em pedaços de 1 a 2 cm;

c) Compactar o material a cada camada de 20 cm;

d) Vedar o silo (forma abaulada);

47

Page 48: A Cultura Da Mandioca-07

e) Fazer canaletas para proteger das chuvas;

f) Nunca abrir o silo antes de 30 dias;

g) Não expor muito a parte do silo que não vai ser utilizada;

h) Efetuar todas as operações com rapidez para obter uma silagem de boa

qualidade.

8. PREPARO DA PARTE AÉREA

8.1. PARTE AÉREA FRESCA

- Mandioca mansa: picar e colocar diretamente no cocho. Não oferece risco;

- Mandioca brava: picar, fazer a murcha por 24 horas e fornecer aos animais.

Misturar com 50 % de outro volumoso (ruminantes). Para não ruminantes,

utilizar 20 % na mistura.

8.2. PARTE AÉREA DESIDRATADA AO SOL

a) Depende das condições climáticas;

b) Colher a parte aérea da mandioca, deixando fora a haste principal, de

aproximadamente 40 cm, o que permite maior concentração de folhas e,

portanto, do teor de proteínas;

c) Picar com picadeira de forragem em pedaços menores que 2 cm;

d) Espalhar o material picado (15kg/m2), sobre lona ou terreira cimentado;

e) Revirar a cada duas horas no 1º dia e 2 vezes no 2º dia;

f) Deixar no sol até ficar completamente seco;

g) Ensacar na forma que foi seco ou transformar em farelo em moinho e,

guardar em lugar arejado;

h) Material em torno de 12 % de umidade conserva o valor nutritivo por

aproximadamente um ano;

i) Nesse processo, ocorre grande perda de folhas, que contém teor de PB de

aproximadamente 28 a 32 % , pois se pulveriza e se perdem com o manuseio.

Hastes e talos possuem de 5 a 10 % de PB.

8.3. PARTE AÉREA ENSILADA

- Não depende das condições climáticas; evita perda de folhas; maior custo

inicial (construção de silo); risco de perda do material;

48

Page 49: A Cultura Da Mandioca-07

a) Colher o material e aproveitar toda a parte aérea;

b) A haste contém de 18 a 22 % de carboidratos solúveis;

c) Compactar a cada camada de 20 cm;

d) Encher o silo com rapidez, até ficar abaulado na parte de cima;

e) Cobrir com lona plástica (vedar), colocar terra ou pneu na parte de cima;

f) Fazer valetas para proteger das de chuvas;

g) Aguardar no mínimo 30 dias para abrir o silo;

h) Ensilagem com capim elefante colocar 25 % da parte aérea de mandioca

misturada, para melhorar a fermentação e valor nutritivo, ou 5 % de farelo da

parte aérea distribuído a cada camada de 20 cm;

i) Aconselha-se utilizar a parte aérea por ocasião da colheita das raízes. Pode-

se efetuar uma poda dois meses antes da colheita. Esta prática além de não

prejudicar muito a produção de raízes para alimentação animal, possibilita uma

segunda obtenção de parte aérea, e torna mais fácil o manejo.

9. UTILIZAÇÃO DA RASPA

a) SUINOS

- Utilizar a partir de 15 dias de idade, rações com até 40 % de raspa. Nas fases

de crescimento e engorda a raspa substitui integralmente qualquer fonte

energética, tendo o cuidado de acrescentar fonte de metionina para minorar os

efeitos do HCN;

b) AVES

- Para frango de corte, as rações não devem ter mais de 15 % de raspa. Para

galinhas poedeiras até 40 % como fonte de energia. A raspa é pobre em

pigmentos como xantofila e carotenóides, (colorir a pele do frango e a gema do

ovo) e baixo teor de ácidos graxos em especial o linoleico (a deficiência

provoca diminuição da produção e tamanho dos ovos como também morte

embrionária);

c) RUMINANTES: fornecer preferencialmente em misturas com outro volumoso

de valor protéico;

12. UTILIZAÇÃO DO FENO DA PARTE AÉREA

49

Page 50: A Cultura Da Mandioca-07

a) Ao contrário da raspa, o feno da rama varia muito em relação aos

constituintes nutricionais, dependendo do sistema de produção, época de

colheita e relação caule-talo-folha;

b) Boa fonte de energia e proteína;

c) Restrição na alimentação de não ruminantes, devido ao alto teor de fibra e

presença de HCN. Este último pode ser contornado com a adição de metionina

+ cistina e complexo vitamínico mineral. Não deve ultrapassar 10 a 15 % na

composição da ração;

d) Rico em carotenóides e pigmentos – importante na alimentação de frangos

de corte e aves de postura;

e) Para ruminantes não há limitações, porque seu sistema digestivo é capaz de

digerir grandes quantidades de fibras.

50