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A CULTURA DE ESPARGOS - Culturas Emergentes€¦ · A cultura de espargos insere-se no referido conjunto de culturas consideradas emer-gentes, o qual foi aferido através da realiza-ção

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MANUALBOAS PRÁTICASPARA CULTURAS EMERGENTES

A CULTURA DE ESPARGOS

Pensar Global,pela Competitividade,Ambiente e Clima

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A CULTURA DE ESPARGOS

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Ficha técnica

Título: Manual Boas Práticas para Culturas Emergentes

A Cultura de Espargos

Autor: Associação dos Jovens Agricultores de Portugal

Lisboa | 2017

Grafismo e Paginação: Miguel Inácio

Impressão: GMT Gráficos

Tiragem: 250 ex.

Depósito Legal: 436940/18

ISBN: 978-989-8319-28-9

Distribuição Gratuita

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ÍndiceIntrodução1 - Origem2 - Taxonomia e Morfologia3 - Requisitos Edafoclimáticos

3.1 - Clima3.1.1. - Temperatura3.1.2 - Humidade3.1.3 - Precipitação

3.2 - Solos4 - Ciclo Biológico

4.1 - Fase de formação das garras4.2 - Fase improdutiva4.3 - Fase produtiva

5 - Tecnologias de Produção5.1 - Cultura ao ar livre5.2 - Plásticos opacos e de anti�condensação5.3 - Mini-Túneis5.4 - Túneis de Sopro5.5 - Hidroponia

6 - Sistemas de Produção7 - Material Vegetal

7.1 - Variedades8 - Particularidades do Cultivo

8.1 - Escolha da parcela8.2 - Preparação do terreno8.3 - Plantação8.4 - Desenho de plantação8.5 - Fertilização8.6 - Rega8.7 - Poda

9 - Pragas e Doenças9.1 - Pragas9.2 - Doenças

10 - Colheita11 - Produção Integrada e Agricultura BiológicaBibliografia

Pensar Global, pela Competitividade, Ambiente e Clima

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Introdução

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Manual Boas Práticas para Culturas Emergentes A Cultura de Espargos

Introdução

No âmbito da candidatura �Pensar Globalpela Competitividade, Ambiente e Clima�,inserida na operação 2.1.4 � Ações de infor-mação, com o objetivo de reunir, divulgare disseminar informação técnica, organiza-cional e de mercados, valorizando o ambi-ente e o clima, foi definido como meta aelaboração de um conjunto de elementosnos quais se inclui o presente �Manual deBoas Práticas para Culturas Emergentes�.

Este manual, a par dos outros elementosprevistos neste projeto, visa dotar os agen-tes do setor agrícola, em particular os as-sociados da AJAP, de um conhecimentomais aprofundado sobre 15 culturas emer-gentes aliadas às boas práticas agrícolas.

A cultura de espargos insere-se no referidoconjunto de culturas consideradas emer-gentes, o qual foi aferido através da realiza-ção de inquéritos a nível nacional, por partedos técnicos da AJAP, junto de organismose instituições de referência do setor, tendoem conta a atual conjuntura, ou seja, consi-derando as culturas que se destacam pelacomponente de inovação aliada à rentabi-lidade da exploração agrícola, aumentandoassim a competitividade do setor.

Para a elaboração deste manual, foramconsultadas diferentes fontes bibliográficas,bem como produtores e especialistas quecontribuíram de forma determinante paraa valorização da cultura de espargos.

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1 - Origem

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1 - Origem

A cultura do espargo apresenta uma grandedispersão mundial no seu estado selvagem,não existindo uma origem definida. Contu-do, a maioria dos autores defende que acultura é originária da Ásia ou da RegiãoMediterrânica. Esta cultura foi muito cultiva-da pelos gregos e pelo império romano quedistinguiram as espécies cultivadas dassilvestres. Foi através do império romanoque o cultivo dos espargos chegou à Penín-sula Ibérica, sendo atualmente sobretudoaproveitada na gastronomia espanhola.Todavia, as variedades atualmente utilizadasprovêm de seleções realizadas na Holandae em França, a partir do século XVIII.

Os espargos são uma cultura cultivada noscinco continentes, contudo a maioria daprodução mundial encontra-se concentradano Continente Asiático (88,4%), especifi-camente na China, que é responsável,segundo dados da FAO de 2014, por 87,5%da produção mundial. O segundo país commaior produção desta cultura é o Perú, cujaprodução corresponde a 4,8% da produçãomundial.

Na Europa, segundo dados da FAO relati-vamente ao ano de 2014, a produção deespargos foi de 285.844 ton, sendo que opaís com maior expressão foi a Alemanhacuja produção correspondeu a 1,5% daprodução mundial e 40% da produção

europeia. Em termos de variedades, en-quanto que na Europa se verifica um equi-líbrio entre a produção de espargos verdese brancos, na Ásia predominam os espargosbrancos e na América do Norte, África eOceânia a produção recai nos espargosverdes.

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2 - Taxonomia e Morfologia

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2 - Taxonomia e Morfologia

O espargo pertence ao género botânicoAsparagus, que contem cerca de 150 espé-cies dividas em três subgéneros: Asparagus,Protoasparagus e Myrsiphyllum, sendo oprimeiro subgénero dioico e os restanteshermafroditas. A espécie Asparagusofficinalis é a espécie cultivada mais utilizadamundialmente. A família a que pertence ogénero Asparagus é objeto de discussãoentre os taxonomistas, sendo atualmentemais consensual a sua atribuição à famíliadas Asparagacea que das Liliaceae, à qualpertencia até 1969.

O espargo é uma cultura perene, compostapor um sistema radicular com raízes dereserva, carnudas e divergentes, e comraízes absorventes. Apresenta um rizomade onde emergem anualmente turiões quevão dar origem ao caule da planta. O con-junto do sistema radicular e rizoma é vulgar-mente denominado de garra. Os turiões sãoa parte com interesse comercial da planta,podendo ter entre 18 a 25 cm de altura.Apresentam cor branca enquanto estãodebaixo de terra e verde assim que emer-gem, devendo-se a mudança de cor ao inícioda fotossíntese, ocorrendo assim que hajapresença de luz. Se estes não forem colhidosdão origem a caules aéreos, herbáceos,aprumados, com entrenós longos e comaltura variável entre 0,3 a 2 m. Cada cauleirá conter ramos primários e secundários

onde se irão gerar pequenos cladódios, com10 a 25 mm, dispostos em espiral, com umafolhagem muito fina, responsável pelaprodução de fotoassimilados que serãoarmazenados nas raízes de reserva.

As flores da espécie Asparagus officinalis sãodioicas. Como tal, esta espécie apresentadois tipos de flores, as masculinas que apre-sentam uma coloração verde amarelada eas femininas que são praticamente invisíveis.Os frutos desta cultura são inicialmente ver-des e após a maturação são vermelhos, con-tendo sementes negras, arredondadas comuma das superfícies aplanada.

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3 - Requisitos Edafoclimáticos

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3 - Requisitos Edafoclimáticos

3.1 - Clima

O espargo é uma cultura que se desenvolveem vários climas, desde temperados atéclimas de zonas subtropicais. Contudo, acultura necessita de primaveras suaves,afetando diretamente a precocidade dacolheita, e de temperaturas invernais oucalores estivais com stress hídrico, quepermitam um período de dormência su-perior a 90 dias. Durante a época de colheitaa presença de condições climáticas secasaumenta a qualidade dos turiões e diminuia severidade de doenças na cultura.

3.1.1 - Temperatura

Os espargos são uma cultura resistente auma gama muito grande de temperaturas,sendo capazes de sobreviver tanto a tempe-raturas muito elevadas como a tempe-raturas muito baixas, entrando em dormên-cia. A temperatura média mensal crítica paraque se verifique o rebentamento dos turiõessitua-se entre 11 a 13°C, enquanto que atemperatura ótima para a produção ecrescimento vegetativo dos espargos situa--se entre 18 a 29°C.

3.1.2 - Humidade

Enquanto que a humidade relativa não setrata de um factor que afete os espargosbrancos, no caso dos espargos verdes são

necessários valores entre 60 a 70% dehumidade relativa para um bom desen-volvimento.

3.1.3 - Precipitação

A cultura do espargo é tolerante à seca,contudo as necessidades de água da culturaestão diretamente relacionadas com atemperatura média existente na exploração,sendo que em zonas com temperaturaselevadas no verão as necessidades de águasão bastante superiores. A título de exem-plo, na costa sul da Califórnia as necessida-des de água da cultura rondam 900 mm deprecipitação anual, enquanto que no valeimperial da Califórnia, também situado nazona sul da Califórnia, são necessários cercade 3.000 mm de precipitação anual devidoàs elevadas temperaturas que se registamno verão, sendo que no norte da Califórniaa cultura apenas necessita de cerca de 500a 750 mm de precipitação anual.

Em climas temperados a precipitaçãodurante o inverno e a primavera é normal-mente suficiente para satisfazer as neces-sidades de água desta espécie. Em média oespargo necessita de uma precipitaçãosemanal de 25 mm. Dado que Portugal, apar de outras zonas mediterrânicas, se carac-teriza por verões com altas temperaturas ebaixa humidade relativa, é aconselhável orecurso a irrigação nesta cultura, de modoa evitar a paragem de crescimento estival,assunto que será desenvolvido mais à frente.

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3.2 - Solos

Os espargos devido às suas característicasnecessitam de solos muito profundos, ricosem matéria orgânica (2 a 4%), com boacapacidade de drenagem e com texturaarenosa ou franco arenosa. Em solosarenosos devido a uma maior concentraçãode calor há um aumento da precocidade dacultura, permitindo também uma maiorfacilidade na limpeza durante as operaçõesde pós-colheita. Devem ser evitadosterrenos compactados ou encharcados,uma vez que a planta possui um extensosistema radicular, sendo igualmenteprejudicial a presença de lençol freáticoperto da superfície. Solos com elementosgrosseiros, que podem causar danos nosturiões são também desaconselhados.

Os solos adequados para a cultura dosespargos têm o pH entre 6 e 7, sendo o pHótimo de 6,5, e condutividade elétrica entre0,8 a 1,6 dS/m.

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4 - Ciclo Biológico

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4 - Ciclo Biológico

O ciclo biológico da planta de espargosapresenta três fases diferentes consoantea idade da planta, designadamente a fasede formação das garras, a fase improdutivae a fase produtiva, durante a qual existeprodução de turiões.

4.1 - Fase de formação das garras

Esta é a fase inicial do desenvolvimento dacultura de espargos que decorre desde asementeira até à formação das plantas, cujoprincipal objetivo é o desenvolvimento dorizoma para a transplantação. Considera-seque as garras estão prontas para seremtransplantadas para o local definitivo comum ano de idade, podendo utilizar-se garrascom 2 a 3 anos.

4.2 - Fase improdutiva

A fase improdutiva inicia-se com a plantaçãodas garras no terreno e tem uma duraçãode dois anos. Durante esta fase existe umafraca produtividade de turiões, sendo quedurante o primeiro ano a produção duraentre 15 dias a 1 mês e no segundo ano entreum mês a um mês e meio. Durante esta fasedeve dar-se prioridade ao desenvolvimentodo rizoma e do sistema radicular.

4.3 - Fase produtiva

A fase produtiva inicia-se com a colheita noterceiro ano após a plantação da cultura,tendo uma duração entre 7 a 12 anos edividindo-se em três fases anuais:

� O período de colheita, quando se realizaa colheita dos turiões antes que rami-fiquem. Esta fase decorre em Portugalentre janeiro e maio, não devendoexceder 100 dias.

� Segue-se o período vegetativo, no qualse deixa de colher os turiões para quedeem origem a caules e posteriormen-te desenvolvam ramos e folhas. Esteperíodo permite a acumulação desubstâncias de reserva que serãodepois armazenadas nas raízes dereserva para que exista produção deturiões no ano seguinte. É durante esteperíodo que ocorre a floração e a fru-tificação, que em Portugal ocorre entreabril e outubro, sendo fundamentalque as plantas tenham, pelo menos,um período de crescimento vegetativosuperior a 90 dias.

� Por último, quando a temperatura dosolo atinge 5°C a cultura entra em re-pouso vegetativo, constituindo a últimafase anual do ciclo que ocorre duranteo outono e inverno, sendo quebradaquando a temperatura do solo atinge10°C. Nesta fase deve ser realizado ocorte das partes aéreas da planta, bemcomo uma limpeza do terreno.

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Repouso Vegetativo

Crescimento dos turiões

Desenvolvimento Vegetativo

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

Fonte: Abreu, 2014; Cermeño,1995

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

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5 - Tecnologias de Produção

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5 - Tecnologias de Produção

As primeiras tecnologias de produção doespargo tiveram como principal objetivo aprodução de espargo branco. Atualmente,para além deste objetivo as tecnologias deprodução são utilizadas para permitir umamaior amplitude do calendário de produçãoe colheita. De referir que as técnicas decultivo iniciais são iguais quer se pretendacultivar espargo branco ou verde, apenasse diferenciando depois da transplantaçãopara o local definitivo.

5.1 - Cultura ao ar livre

A produção de espargos em cultura ao arlivre é a técnica tradicionalmente utilizada,em que o crescimento dos turiões e respe-tiva colheita se realiza durante o inverno eo início da primavera. Em Portugal, a planta-ção das garras deve ser realizada entrejaneiro e março, técnica que se inicia com aabertura de valas, que difere, como referido,consoante se pretenda produzir espargosverdes ou espargos brancos, assim comodo nível de mecanização da exploração.

Assim, no caso dos espargos verdes, deve--se abrir valas com 1,0 m de largura e 10 a15 cm de profundidade, colocando-se duasfilas de plantas distanciadas 0,50 m e comuma distância de 0,50 cm entre plantas.As valas devem estar separadas 1,2 a 1,6 m,ou 3,0 m no caso de explorações com neces-sidade da passagem de máquinas. Posterior-

mente à plantação (cerca de 15 dias), cobre-se com 5 a 7 cm de solo, como se podeobservar na figura seguinte.

No caso de se pretender produzir espar-gos brancos, a profundidade a que seplantam as garras deve ser superior, de-vendo as valas ser abertas a 25 cm deprofundidade, com 0,40 a 0,50 cm delargura colocando apenas uma fila deplantas distanciadas 0,40 a 0,50 entre si,obtendo-se dessa forma uma densidadeinferior relativamente aos espargos ver-des. No segundo ano de cultura devemformar-se os camalhões, durante o inver-no, de modo a estimular o desenvol-vimento dos turiões.

Em cultura ao ar livre, a colheita de espar-go branco está muito dependente dacapacidade do operador em identificaros espargos debaixo do solo antes destesemergirem. Esta capacidade é crucialpara garantir a qualidade dos espargosbrancos.

Fonte: Netafim USA

Plantação de garras de espargos verdes

4- 6�

1 2 3 4

1 - Colocar as garras em sulcos largos com 10 a 15 cm de profundidade2 - Cobrir com 5 cm de solo3 e 4 - Preencher gradualmente o sulco à medida que as plantas crescem

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Atualmente existem tecnologias deprodução para o espargo branco quepermitem não só economia de custos deprodução como aumentos na qualidade dosturiões.

5.2 - Plásticos opacos e de anti�condensação

Atualmente a utilização de plásticos opacose de anti-condensação é a técnica deprodução mais utilizada para a produção deespargos brancos, principalmente na Europa.Estes são utilizados como complemento aocamalhão tornando a cultura mais viáveleconomicamente e permitindo a produçãode turiões com qualidade superior. A utili-zação de coberturas do solo é uma técnicaantiga, contudo eram utilizados materiaiscomo palha e casca de arroz.

Esta tecnologia de produção permite a pro-dução precoce de turiões através do aque-cimento do solo antes do previsto. A utili-zação de plásticos para cobrir o solo, nofinal do inverno, permite aquecer o solo,ativando o crescimento de turiões, prote-gendo contra pragas e infestantes, emantendo a opacidade, o que irá promovera produção de espargos brancos.

A colocação dos plásticos pode ser feitamanual ou mecanicamente. Na aplicaçãomanual o plástico é desenrolado por doisoperadores enquanto outros o prendemao solo. Na aplicação mecânica o rolo é de-senrolado por uma alfaia ligada ao trator,

que para além de o desenrolar também opressiona, estica e fixa.

Em Espanha foi criada uma cobertura combolsas laterais que no momento da colo-cação são cheias com terra fixando-a aosolo sem necessitar de abertura de valaspara fixar as laterais, facilitando a remoçãoe reaplicação da cobertura para a realizaçãode operações culturais, como a colheita.

A utilização de plásticos de coberturapermite controlar a temperatura do solo,formar uma barreira à passagem de luz,manipular a data de colheita, reduzir acompetição entre infestantes e facilitaras operações de colheita de espargosbrancos, por existir uma maior perceçãoface ao local onde se encontram osturiões.

Fonte: http://www.agronegocios.eu/noticias/cultura-do- -espargo-parte-ii-ii/

Produção de espargos com cobertura removívelcom bolsas laterais

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5.3 - Mini-Túneis

A produção de espargos em mini-túnelrealiza-se através da cobertura do solocom plásticos pretos e da instalação deum túnel a 30 cm de altura da coberturado solo. A cobertura utilizada no túnel éum plástico claro, que é instalado comauxílio de aros distanciados a 1,5 m,cobrindo a cultura até ao solo, criandoduas camadas de ar quente, entre o soloe a cobertura, e entre a cobertura e o tú-nel. A principal vantagem desta tecnolo-gia de produção é o aumento da tempe-ratura do solo, para temperaturas entre10 e 12°C, por um maior período detempo.

5.4 - Túneis de Sopro

Os túneis de sopro são principalmenteutilizados na Holanda e Alemanha porpermitirem uma colheita quatro semanasantes das produções obtidas através de

mini-túneis, podendo os produtores atingirpreços mais elevados devido à procura deespargos de produção precoce.

Os túneis, com 100 m de comprimento,4 m de largura e 1,8 m de altura, são colo-cados no final do inverno sobre os cama-lhões e presos nos lados através de valas.É colocada uma porta numa das extremi-dades do túnel, ao lado da qual é instaladoo tubo que irá insuflar o túnel com ar,proveniente de um compressor, a cercade 27°C. A produção precoce é promovidapela manutenção constante de tempera-turas elevadas no interior do túnel.

A principal desvantagem desta tecno-logia de produção é a promoção de tem-peraturas diurnas superiores a 35°C, querestringe o tempo de colheita dos espar-gos brancos, só podendo ser colhidosentre as 3 e as 11 horas da manhã, paraque não existam danos promovidos pelocalor.

5.5 - Hidroponia

A cultura em hidroponia em estufa podeser realizada de duas formas diferentes:a produção em sacos com substrato deperlite ou fibras de madeira ou, em calei-ras em que é apenas utilizado substratoinerte de perlite. Em ambas as formasde hidroponia é utilizado um sistema defertirrega gota-a-gota, através de umtubo com cerca de 25 mm de diâmetro

Produção de espargos em mini-túnel

Fonte: http://www.agf.nl/

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colocado no interior do solo antes daplantação.

A rega deve ser realizada com água a cercade 24°C, que irá promover o aquecimentodo substrato, induzindo o crescimentoprecoce de turiões. Se os tubos estiverembem localizados a cultura tem um cresci-mento mais precoce e com gastos energé-ticos inferiores à cultura em estufa. Estetipo de cultura é principalmente interes-sante em zonas onde exista água quentefacilmente disponível, por exemplo autilização de água como subprodutoproveniente de indústrias ou de recursosgeotérmicos da zona.

Produção hidropónica com cama aquecida

Fonte: http://www.agronegocios.eu/noticias/cultura-do- -espargo-parte-ii-ii/

CaleiroSubstratoTubo de Água Quente

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6 - Sistemas de Produção

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6 - Sistemas de Produção

Como já foi referido anteriormente, ossistemas de produção adotados têm visado,para além das questões diretamenterelacionadas com os aspetos agronómicos(produtividade, tipo e qualidade dosturiões), as questões de mercado, uma vezque a grande maioria dos espargos comer-cializados em Portugal se destinam ao

mercado de exportação, sendo necessárioequilibrar a balança comercial face a esteproduto.

Assim, torna-se fundamental conseguirdirecionar a produção, de modo a obterpreços competitivos, para períodos em quea oferta de outros produtores mundiais sejamenor, estando estes períodos relativamen-te bem definidos, como se pode verificarno quadro abaixo.

México

Perú

Chile

Espanha

Holanda

Itália

Austrália

Portugal

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

Fonte: Área de Desarrollo - Agrobanco, 2007

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7 - Material Vegetal

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7 - Material Vegetal

7.1 - Variedades

Existe uma grande variedade de cultivaresde espargos, sendo que umas estão maisadaptadas à produção de espargos verdese outras à produção de espargos brancos,apesar de todas as variedades produziremespargos dos dois tipos, apenas ocorrendoo desenvolvimento da cor verde na presen-ça de luz, após a emergência.

A escolha da variedade a plantar deve terem consideração o tipo de espargos quese quer produzir (verdes ou brancos), aresistência a doenças aéreas, como oFusarium, o calibre e diâmetro dos turiões,a precocidade, o destino final do produto(consumo em fresco ou conserva), as neces-sidades de água das variedades e o tipo detecnologia de produção utilizado. Emparticular, para as variedades verdes énecessário ter em atenção à cor e à resis-tência da gema final. No caso das variedadesbrancas é necessário escolher as variedadesconsoante a produtividade, a sensibilidadeà aparição de manchas de ferrugem e decolorações rosáceas junto à gema após acolheita, a probabilidade de produção deespargos ocos ou duplos, a longevidadedos turiões e a terminação do turião, quedeve ser fechada.

Algumas das variedades para a produçãode espargos verdes são a UC-157, variedadeprecoce, a Plaver e a Huéter, variedades deprecocidade média e com baixa produtivi-dade. Enquanto que para a produção deespargos brancos são utilizadas variedadescomo a Cipres, a Darbonne-3 e a Steline,apresentando as duas primeiras elevadaprodutividade. Algumas variedades comadaptabilidade para a produção de espar-gos verdes ou brancos são a Vehim, Backlime a Gynhim, variedade precoce e muitoprodutiva.

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8 - Particularidades do Cultivo

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8 - Particularidades do Cultivo

8.1 - Escolha da parcela

Os critérios utilizados na escolha da parceladevem ser o tipo de solo, a fertilidade e acapacidade de drenagem do solo, a pre-sença de infestantes perenes e o tipo decultura previamente plantada na parcela,devendo ser excluídas parcelas onde existiuprodução de espargos há menos de oitoanos, que podem vir a ter uma reação ousupressão alelopática.

8.2 - Preparação do terreno

Durante a preparação do terreno para acultura de espargos deve ser realizada umalavoura em que devem ser retiradas aspedras existentes, de modo a permitir obom desenvolvimento do sistema radiculare dos turiões. Seguidamente deve serrealizada uma análise ao solo e se necessárioa instalação de um sistema de drenagem.Por fim, devem ser abertas as valas, comas dimensões referidas anteriormente,consoante se pretenda produzir espargosbrancos ou verdes, onde serão plantadasas garras. Após a abertura das valas deveser realizada uma adubação com a incorpo-ração de matéria orgânica ou estrumes nofundo da vala.

8.3 - Plantação

A instalação da cultura de espargos podeser realizada através de três diferentesmodos de propagação: sementes, rebentosou garras, sendo esta última a forma maisaconselhável, por permitir antecipar o iníciode produção e dessa forma também oretorno económico.

A propagação através de sementes é amenos utilizada, por demorar dois anos atése poder realizar a primeira colheita. Normal-mente são utilizados 2 kg de sementes porhectare semeadas em furos com 20 cm deprofundidade que só devem ser tapadosquando os rebentos estiverem suficiente-mente desenvolvidos, o que ocorre normal-mente no final do outono. A temperaturado solo ótima para o desenvolvimento dasemente é 20°C, demorando para estatemperatura cerca de 15 dias até ao apare-cimento do rebento. Este método permiteum maior número de turiões e uma maiorprodutividade por hectare, mas produzturiões mais pequenos. As principais desvan-tagens deste método são o aumento doscustos de plantação e a existência de umamaior competitividade com as infestantes.

A plantação de rebentos com 10 a 12 sema-nas de idade tem uma probabilidade desucesso de 92 a 98%. Este método deplantação pode ser realizado em qualqueraltura do ano se as condições climáticas

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assim o permitirem. O espaçamento entreplantas deve ser cerca de 30 cm, e após aplantação devem ser regadas, com cercade 0,25 l de água por planta e posteri-ormente tapadas pelo solo. Este métodode plantação permite obter turiões unifor-mes, uma elevada produtividade da culturae um rápido retorno do investimento.

Na plantação através de garras (conjuntodo rizoma e do sistema radicular), como járeferido a mais indicada, as mesmas pode-rão ter 1 ou 2 anos de idade e cerca de 20 a60 g, com raízes turgidas maleáveis, vigoro-sas e uniformes, e gemas arredondadascom as quais se deve ter cuidado para nãoas danificar. As garras, sendo de preferênciaobtidas em viveiros certificados e especia-lizados, devem incluir as indicações de pro-fundidade e densidade de plantação, poispodem diferir consoante a variedade e fima que se destinam (espargo verde ou branco).

A plantação pode ser mecânica ou manual,sendo que para densidades de plantaçãosuperiores há uma diminuição do diâmetroe do peso dos turiões. Na plantação mecâ-nica é possível plantar cerca de 120 a 150plantas por minuto. As garras devem serplantadas a 10 ou 25 cm de profundidadecaso o objetivo seja a produção de espargosverdes ou brancos respetivamente, sendoque quanto mais fundo menor é o numerode turiões produzidos, mas com umdiâmetro e peso superior. Este método de

plantação tem uma elevada eficácia, geraturiões maiores, bem como produtividadeselevadas, contudo existe uma maiorsuscetibilidade a doenças.

8.4 - Desenho de plantação

A densidade de plantação do espargodeve ser entre 25 a 30 mil plantas porhectare podendo estes valores reduzi-rem-se a cerca de metade, caso se optepor cultura mecanizada, o que obriga auma maior distância entrelinhas, demodo a permitir a passagem das máqui-nas na exploração. Neste caso, a distânciaentrelinhas não deverá ser inferior a 3 m.A distância entre plantas deve ser cercade 40 a 50 cm. Em estufas o espaçamen-to deve ser de 1 x 0,33 m que equivale a30 mil plantas por hectare.

8.5 - Fertilização

Os nutrientes mais importantes na cultu-ra de espargos são o azoto, potássio efósforo. O azoto e o potássio são impor-tantes para o desenvolvimento vege-tativo, sendo que o potássio é responsá-vel pelo transporte do açúcar das folhaspara as raízes. Enquanto que o fósforoé especialmente importante para odesenvolvimento das raízes e diferencia-ção das gemas. O boro, ferro e zinco sãoos micronutrientes com maior importân-cia para o desenvolvimento da cultura,

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pelo que importa monitorizar a presençadestes nutrientes no solo.

A cultura de espargos necessita de umafertilização adequada ao seu estado dedesenvolvimento. Desde a plantação atéao quinto ano da cultura os nutrientes deprimordial importância para o bom desen-volvimento da cultura são o potássio e ofósforo que irão promover o desenvolvi-mento dos órgãos de reserva e garantir aprodutividade da colheita. A partir do sextoano até ao final da cultura há um aumentodo pico de produção, podendo ser neces-sário ajustar as necessidades de azoto dacultura.

Antes da plantação pode ser necessário arealização de uma adubação de fundo, emque as necessidades de azoto podem sergarantidas através da incorporação de 50a 60 ton de matéria orgânica no solo, quedeve estar bem curtida, uma vez que a cul-tura é muito suscetível a fungos do solo. Afertilização de potássio, fósforo, cálcio emagnésio deve ser realizada de acordo comas necessidades obtidas através da análiseao solo.

Durante os restantes anos de cultura afertilização com azoto e potássio deve seraplicada no final da colheita, enquanto quea fertilização com fósforo deve ser realizadaapós o corte da rama, uma vez que cons-tituem os momentos do ciclo da cultura queapresentam uma maior carência nutritiva.

Nos quadros seguintes encontram-serecomendações de fertilização com basenos resultados das análises de solo.Contudo, não é possível realizar recomen-dações específicas para a fertilização destacultura, pelo facto de ser mais suscetível àscondições ambientais existentes e àscondições culturais praticadas do que aotipo de fertilização aplicada. Não devemser utilizados produtos na forma de sulfatos,pois promovem o aparecimento de mausaromas nos espargos.

Quantidade de Azoto a Aplicar (kg/ha)

Fonte: Fritz et al., 2013

Baixo

Médio

Alto

Teor de Matéria Orgânica

135

112

90

90

67

45

<_ 4º ano >_ 5º ano

Quantidade de Fósforo (P2O5) (kg/ha)

Fonte: Fritz et al., 2013

0-10

11-20

21-30

31-40

> 41

Resultado das Análises ao Solo (ppm)

224

168

112

56

28

84

56

28

0

0

<_ 4º ano >_ 5º ano

Quantidade de Potássio (K2O) (kg/ha)

Fonte: Fritz et al., 2013

0-55

56-85

86-110

111-170

171-220

> 220

Resultado das Análises ao Solo (kg/ha)

280

224

168

112

56

0

112

84

56

28

0

0

<_ 4º ano >_ 5º ano

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A aplicação de 15 a 25 toneladas de matériaorgânica por hectare anualmente é sufici-ente para suprimir as necessidades denutrientes da cultura, podendo substituirem parte ou totalmente a utilização de ferti-lizantes minerais. A aplicação deve ser rea-lizada após a colheita, incorporando amatéria orgânica entre 10 a 15 cm de profun-didade e a 30 cm do centro da linha de plan-tação, de modo a evitar danos na cultura.

8.6 - Rega

Apesar da cultura do espargo ser muitoresistente à seca, o stress hídrico após aplantação, durante a colheita dos turiões edurante o desenvolvimento aéreo pode terum efeito prejudicial na produtividade dacultura no ano corrente e no ano seguinte.

Uma vez que o espargo é uma cultura deinverno/primavera, normalmente asnecessidades de água são satisfeitas pelaprecipitação existente, contudo em zonascom tempo seco é aconselhável realizaruma rega a cada duas semanas com cercade 50 mm de água. Durante a colheita aperiodicidade da rega deve diminuir, sódevendo a cultura ser irrigada a cada trêsou quatro semanas. No final da colheita, arega permite promover o desenvolvimentoda parte aérea da planta responsável pelaacumulação de nutrientes posteriormenteacumulados nas raízes de reserva, quedeterminarão a produtividade da colheitado ano seguinte.

Os sistemas de rega utilizados na culturasão a rega por aspersão e a rega gota-a--gota. Contudo, a rega por aspersão apóso desenvolvimento da parte aérea promoveo desenvolvimento de doenças fúngicascomo a ferrugem nas folhas, devendo estemétodo ser evitado durante a fase dedesenvolvimento aéreo. O sistema de reganão deve permitir o encharcamento dosolo.

8.7 - Poda

Após o período de colheita é necessárioque ocorra o crescimento da parte aéreada planta, para que haja a acumulaçãode reservas nas raízes. Contudo, após aentrada da planta no período de dormên-cia é realizada uma poda completa daparte aérea, devendo ser removida daparcela, queimada e reutilizada comomatéria orgânica em campos onde nãoexista produção de espargos.

O QUE DIZEM OS PRODUTORES:

Em explorações comerciais, com recursoa maior mecanização, o compasso temde ser mais alargado, sendo comum hojeem dia distâncias superiores a 3 metros.A título de exemplo, na Alemanha e Ho-landa é usual utilizar-se distâncias de 3,5m em explorações modernas.(Rui Pereira, 2017)

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9 - Pragas e Doenças

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9 - Pragas e Doenças

9.1 - Pragas

As principais pragas que afetam a cultura do espargo são:

Inimigos (Nome vulgar)

escaravelho

mosca do espargo

alfinete

nóctuas/Roscas

afídeos

scutigerela

tripes

percevejo

Nome científico

Pragas

Crioceris asparagiCrioceris duodecimpunctata

Platyparea poeciloptera

Agriotes sp

Agrotis sp

Aphis gossypiiMacrosiphum euphorbiaeBrachycolus asparagi

Scutigerella immaculata

Frankliniella sp.

Lygus lineolarisAdelphocoris lineolatus

Código OEPP (Bayer)

CRIEASCRIEDU

PLPRPO

AGRISP

AGROSP

APHIGOMACSEUBRAYAS

SCUTIM

FRANSP

LYGULIADPHLI

Fonte: Abreu, 2014; Jones te al. 2008; Weston, 2012

9.2 - Doenças

As principais doenças que afetam a cultura do espargo são:

Inimigos (Nome vulgar)

míldio

fusarium

podridão cinzenta

ferrugem

mancha Roxa

Nome científico

Doenças

Phytophthora asparagiRhizoctonia violacea

Fusarium oxysporum f. sp. asparagiFusarium moniliforme

Botrytis cinerea

Puccinia asparagi

Stemphylium vesicarium

Código OEPP (Bayer)

PHYTASHLCBBR

FUSAASGIBBFU

BOTRCI

PUCCAS

PLEOAL

Fonte: Abreu 2014; Jones te al. 2008; Weston 2012

Para cada uma destas pragas e doençastanto o diagnóstico como os tratamentosdeverão ser elaborados por técnicosespecializados na cultura, dado que con-

soante as características climáticas e edáficasdas explorações, as recomendações de tra-tamento poderão variar.

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O QUE DIZEM OS PRODUTORES:

No nosso território a ferrugem poderepresentar um grave problema para acultura do espargo, devendo ter-se aten-ção às condições no local de plantaçãoe ao sistema produtivo, devendo optar--se por zonas bem arejadas e sistemasde rega que não promovam o humede-cimento da folhagem, como é o caso darega por aspersão. O Fusarium tambémpode apresentar um impacto negativona cultura do espargo.(João Oliveira, 2017)

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10 - Colheita

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10 - Colheita

A colheita dos espargos ocorre entre janeiroe maio, é realizada manualmente e de formaescalonada, sendo que durante o segundoano tem uma duração de cerca de dez dias,no terceiro ano de cerca de seis semanas ea partir do quarto ano de pelo menos oitosemanas. O processo de colheita varia deacordo com o tipo de espargos produzidos,brancos ou verdes, contudo deve ser reali-zada durante a manhã, altura em que osturiões estão mais turgidos, condição quepermite menos alterações durante asoperações de pós-colheita. Os espargosverdes são colhidos com 15 a 20 cm de altura,devendo o corte ser feito junto à base doturião. Posteriormente são lavados e calibra-dos consoante o diâmetro.

A colheita de espargos brancos é a maisexigente a nível de mão de obra, neces-sitando que seja mais especializada, umavez que a colheita é realizada antes dosturiões atingirem a superfície do solo. Dessaforma, é necessário identificar os espargosdebaixo do solo e cortá-los sem expor osrestantes turiões em crescimento à luz solar.Para tal são feitos pequenos buracos nosolo na zona onde existam espargos pron-tos a colher, que devem ser cortados comcerca de 25 cm. Os buracos são então tapa-dos para não comprometer o crescimentoe a qualidade dos turiões em redor. A lava-gem dos turiões após a colheita é mais

exigente nos espargos brancos para quenão existam vestígios de terra, o quecomprometerá a qualidade e valor comercialdo produto final.

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11 - Produção Integrada e Agricultura Biológica

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11 - Produção Integrada e Agricultura Biológica

As questões relacionadas com a preservaçãoambiental, manutenção da biodiversidade,sustentabilidade no uso dos recursosnaturais e responsabilidade social, impul-sionadas por uma cada vez maior consci-encialização/exigência por parte dosconsumidores, têm sido os grandes motoresdo crescimento da agricultura biológica eda produção integrada.

Em Portugal, a produção de espargos temainda uma fraca expressão, sendo de 775hectares a área dedicada a espargos, se-gundo dados de 2015 do GPP. Segundo oINE (Recenseamento agrícola de 2009), aárea de espargos em Modo de ProduçãoBiológico era inferior a 9 hectares.

No que se refere à Produção Integrada, umdos constrangimentos decorre da já referidafraca expressão que a cultura ainda tem nonosso país, pelo que não existem produtosfitofarmacêuticos homologados, existindosim autorizações, ao abrigo dos usosmenores para a utilização de alguns produ-tos fitofarmacêuticos.

No entanto, sendo notório o crescenteinteresse por parte dos consumidores, emque ao aumento do consumo de espargosse associa um estilo de vida saudável, aopção por sistemas de agricultura mais

sustentáveis, como o Modo de ProduçãoBiológico e Produção Integrada podem seropções cada vez mais interessantes.

Por outro lado, a obtenção de certificaçãoem Modo de Produção Biológico ou Produ-ção Integrada, permite acrescentar valor,uma vez que os mercados do Norte daEuropa são muito sensíveis, impondo porvezes a certificação como condição deentrada dos produtos.

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Bibliografia

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