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A DEGRADAÇÃO DO A DEGRADAÇÃO DO A DEGRADAÇÃO DO A DEGRADAÇÃO DO TRABALHO, DO EMPREGO E TRABALHO, DO EMPREGO E TRABALHO, DO EMPREGO E TRABALHO, DO EMPREGO E DAS RELAÇÕES SOCIAIS DE DAS RELAÇÕES SOCIAIS DE DAS RELAÇÕES SOCIAIS DE DAS RELAÇÕES SOCIAIS DE TRABALHO NA ERA DO TRABALHO NA ERA DO TRABALHO NA ERA DO TRABALHO NA ERA DO CAPITALISMO FLEXÍVEL CAPITALISMO FLEXÍVEL CAPITALISMO FLEXÍVEL CAPITALISMO FLEXÍVEL 2017/04/01 Paulo Marques Alves/VIII Encontro Nacional do Trabalho 1

A DEGRADAÇÃO DO TRABALHO, DO EMPREGO E …€¦ · A cobalt mine between Lubumbashi and Kolwezi in theDemocraticRepublicoftheCongo. ... Trabalhadores do sistema de C&T • Salários

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A DEGRADAÇÃO DO A DEGRADAÇÃO DO A DEGRADAÇÃO DO A DEGRADAÇÃO DO TRABALHO, DO EMPREGO E TRABALHO, DO EMPREGO E TRABALHO, DO EMPREGO E TRABALHO, DO EMPREGO E DAS RELAÇÕES SOCIAIS DE DAS RELAÇÕES SOCIAIS DE DAS RELAÇÕES SOCIAIS DE DAS RELAÇÕES SOCIAIS DE

TRABALHO NA ERA DO TRABALHO NA ERA DO TRABALHO NA ERA DO TRABALHO NA ERA DO CAPITALISMO FLEXÍVELCAPITALISMO FLEXÍVELCAPITALISMO FLEXÍVELCAPITALISMO FLEXÍVEL

2017/04/01Paulo Marques Alves/VIII Encontro

Nacional do Trabalho1

2017/04/01Paulo Marques Alves/VIII Encontro

Nacional do Trabalho2

1. Do capitalismo regulado ao capitalismo flexível

2. O capitalismo flexível

2.1. A degradação do trabalho

2.2. A degradação do emprego

2.3. A degradação das relações sociais de trabalho

3. O futuro do trabalho e do emprego

Sumário

1. Do capitalismo regulado ao capitalismo flexível

2017/04/01Paulo Marques Alves/VIII Encontro

Nacional do Trabalho3

2017/04/01Paulo Marques Alves/VIII Encontro

Nacional do Trabalho4

Capitalismo regulado Capitalismo flexível

“O que é importante perceber é que este ‘contra-ataque’ constitui umareversão da estratégia da classe dominante, um retorno à estratégia pré-1848, quando se administrava o descontentamento das classestrabalhadoras conjugando indiferença e repressão. Após 1848, até 1968, aclasse dominante tentou apaziguar as classes trabalhadoras através dainstituição do Estado liberal, combinada com concessões económicas. Estaestratégia foi politicamente vitoriosa. ElaElaElaEla sósósósó reverteureverteureverteureverteu essaessaessaessa estratégiaestratégiaestratégiaestratégiaquandoquandoquandoquando aaaa faturafaturafaturafatura sesesese tornoutornoutornoutornou muitomuitomuitomuito elevadaelevadaelevadaelevada.” (Immanuel Wallerstein, 1995)

Programa de “espoliação do Estado” (RiccardoPetrella, 1996)

“Metódica destruição do coletivo” (Pierre Bourdieu, 1998)

Substituição da “mão esquerda” pela “mão direita”

“A substancial aquisição de direitos feita pelos trabalhadoresnos países capitalistas depois de 1850 enfrenta agora umadevastadora reversão. Nada sugere que um novo ciclo deaquisição esteja prestes a começar. DaDaDaDa mesmamesmamesmamesma formaformaformaforma quequequeque ooooEstadoEstadoEstadoEstado declina,declina,declina,declina, declinamdeclinamdeclinamdeclinam osososos direitosdireitosdireitosdireitos dosdosdosdos trabalhadorestrabalhadorestrabalhadorestrabalhadores.”(Charles Tilly, 1995)

2017/04/01Paulo Marques Alves/VIII Encontro

Nacional do Trabalho5

“Remoção do Estado económico, desmantelamento doEstado social e fortalecimento do Estado penal [que usa oseu] punho de ferro” (Loïc Wacquant, 2003)

As três forças que moldam o trabalho e o emprego na era do capitalismo flexível

� Neoliberalismo

� Teorias da sociedade da informação

� Teorias da racionalização flexível(concepções gestionárias)

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Nacional do Trabalho6

O que defendem

2017/04/01Paulo Marques Alves/VIII Encontro

Nacional do Trabalho7

� O trabalho como empreendimento individual sujeito às leis de mercado –competição entre os indivíduos no mercado de trabalho e individualizaçãodas relações de trabalho

� Cada indivíduo é detentor de capital humano, prestando um serviço e gerindoo seu trabalho e a sua carreira

� O trabalho deixa de ser um direito convertendo-se num recurso, não sendo otrabalhador um sujeito de direitos mas um custo

� O tecno-otimismo: fetichização das TIC

� A “racionalização flexível” como forma de aumentar a competitividade dasempresas no contexto de um mercado turbulento

� Métodos utilizados: qualidade total (total quality management), just-in-time,downsizing (emagrecimento), re-engineering (reengenharia), outsourcing(subcontratação)

� Palavras-chave: espírito de iniciativa, inovação, adaptabilidade

As práticas

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Nacional do Trabalho8

� Práticas despóticas: “empresacampo de concentração”

� Práticas hegemónicas: “empresacomunidade de interesses”

Michael Burawoy

A fabricação do consentimento

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Nacional do Trabalho9

2.1. A degradação do trabalho

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Nacional do Trabalho10

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Nacional do Trabalho11

Capitalismo regulado Capitalismo flexívelFunções • Oportunidades de carreira

• Estabilidade• Ausência de carreiras• Diluição das carreiras• Congelamento de carreiras• Cada indivíduo é detentor de capital

humano, prestando um serviço e gerindo oseu trabalho e a sua carreira

• Instabilidade

Qualificações • Oportunidades de formação• Validação da formação com

consequências na carreira e ao nívelsalarial

• Formação instrumental• Inexistência de oportunidades de

formação• Formação sem consequências na carreira

e no nível salarial

Condições detrabalho

• Forte regulação da segurança e saúdeno trabalho

• Horário de trabalho rígido sujeito a forteregulação

• Condições de trabalho degradantes• Intensificação dos ritmos de trabalho• Aumento da penosidade do trabalho• Aumento do tempo de trabalho e sua

flexibilização• Emails/sms fora de horas• Riscos psicossociais

Remunerações • Rendimento adequado e estável• Salário mínimo• Indexação salarial• Salário social (proteção social)• Impostos progressivos• Algum esbatimento das desigualdades

sociais

• Redução salarial• Diminuição do peso dos salários norendimento nacional

• Tentativa de privatização da segurançasocial

• Desproteção social• Menor progressividade dos impostos• Aumento das desigualdades sociais

2017/04/01Paulo Marques Alves/VIII Encontro

Nacional do Trabalho12

ChildrenChildrenChildrenChildren asasasas youngyoungyoungyoung asasasas sevensevensevenseven miningminingminingmining cobaltcobaltcobaltcobalt usedusedusedused ininininsmartphones,smartphones,smartphones,smartphones, sayssayssayssays AmnestyAmnestyAmnestyAmnesty

A cobalt mine between Lubumbashi and Kolwezi inthe Democratic Republic of the Congo.

The Guardian, 19The Guardian, 19The Guardian, 19The Guardian, 19----01010101----2016201620162016

TenthTenthTenthTenth apparentapparentapparentapparent suicidesuicidesuicidesuicide atatatat FoxconnFoxconnFoxconnFoxconn iPhoneiPhoneiPhoneiPhone factoryfactoryfactoryfactory ininininChinaChinaChinaChina

TheTheTheThe Guardian,Guardian,Guardian,Guardian, 27272727----05050505----2010201020102010

FoxconnFoxconnFoxconnFoxconn anunciaanunciaanunciaanuncia otraotraotraotra subidasubidasubidasubida salarialsalarialsalarialsalarial trastrastrastras lalalala olaolaolaola dedededesuicídiossuicídiossuicídiossuicídios

ElElElEl PaisPaisPaisPais,,,, 07070707----06060606----2010201020102010

FoxconnFoxconnFoxconnFoxconn auditauditauditaudit findsfindsfindsfinds illegalillegalillegalillegal overtimeovertimeovertimeovertime andandandand unpaidunpaidunpaidunpaid wageswageswageswages atatatat AppleAppleAppleApple factoryfactoryfactoryfactory

TheTheTheThe Guardian,Guardian,Guardian,Guardian, 29292929----03030303----2012201220122012

ModernModernModernModern----daydaydayday slaveryslaveryslaveryslavery riferiferiferife inininin Malaysia’sMalaysia’sMalaysia’sMalaysia’s electronicselectronicselectronicselectronicsindustryindustryindustryindustry

TheTheTheThe Guardian,Guardian,Guardian,Guardian, 17171717----09090909----2014201420142014

“Estou na empresa há 3

anos e fico doente de 15 em 15 dias.”

“Eu fui chamada à atenção porque auditaram as

minhas chamadas há uns

meses e embirraram porque fiz um silêncio.”

“Trabalhei uma semana sem almofada nos headsets (…) vamos perder a audição por

estarmos sempre com os headsets nos ouvidos.”

“Estamos constantemente a dizer

a mesma frase, a ter a mesma atitude, a mesma postura, fazer da mesma

forma. Sim, chega um ponto que satura um pouco.”

“Temos um guião que não está escrito mas é implícito. Há palavras proibidas. (…) É tudo muito formatado.”

“Não tenho autonomia

nenhuma. Zero. (…) Tratam-nos como

meninos da primária.”

“Eu estive durante 3 anos com contratos renováveis a cada 7 dias.”

“A empresa criou uma ferramenta que

controla as nossas tarefas e as nossas

pausas.”

“Este trabalho é completamente desumanizado e isso sente-se em tudo. Desde o discurso que tu és obrigado a ter, às condições de trabalho, à relação com a chefia.”

“Não tenho controlo

nenhum nas chamadas.”

“Em termos da gestão de tempo, ali é um

ritmo muito alucinante. (…) Mal

uma chamada acabou já está a entrar a

seguinte. Eles querem que o tempo que

demoramos a atender a chamada seja de 2 segundos. Portanto, é

tudo cronometrado.”

“Não tenho nenhuma autonomia. As chamadas

caem ao ritmo que a máquina quer. (…) A hora de pausa é decidida por eles, a hora de almoço é decidida por eles. Temos sempre uma hora, mas à hora que eles entendem. Há pessoas que

chegam a ter hora de almoço às 10.”

“Não há sentido de humanidade nenhum. Somos máquinas!”

“Parece que tenho uma linha de montagem na cabeça!”

“Os russos ganham o dobro do salário da linha francesa quando o que muda é só a língua.”

“Somos verdadeiros gestores de sinistrosmas recebemos como operadores de callcenter.”

2017/04/01Paulo Marques Alves/VIII Encontro

Nacional do Trabalho14

ExExExEx----FranceFranceFranceFrance TelecomTelecomTelecomTelecom CEOCEOCEOCEOprobedprobedprobedprobed overoveroverover 35353535 suicidessuicidessuicidessuicides

Between 2008 and 2009, 35employees at France Telecomtook their own lives. OnWednesday the operator’sformer CEO Didier Lombardwas placed under formalinvestigation for psychologicalharassment.

France24, 06-07-2012L'enquête sur les suicides à France Telecom est closeL'enquête sur les suicides à France Telecom est closeL'enquête sur les suicides à France Telecom est closeL'enquête sur les suicides à France Telecom est close

Cette enquête pourrait ouvrir la voie à la reconnaissance par la justice d’un harcèlement moral institutionnel. 35 salariés de l’entreprise se sont suicidés en 2008 et 2009.

Libération, 06Libération, 06Libération, 06Libération, 06----01010101----2015201520152015

ASSÉDIO MORAL

2017/04/01Paulo Marques Alves/VIII Encontro

Nacional do Trabalho15

“O turno da noite do entreposto de Montélimar, em França, acaba de pegar aotrabalho: os managers irão anunciar os objetivos de produtividade pelos altifalantes.Começa então a maratona. BaterBaterBaterBater recordesrecordesrecordesrecordes sobsobsobsob fogofogofogofogo cerradocerradocerradocerrado dosdosdosdos contramestres,contramestres,contramestres,contramestres, quequequequemonitorizammonitorizammonitorizammonitorizam oooo tempotempotempotempo dededede cadacadacadacada tarefatarefatarefatarefa, aaaa médiamédiamédiamédia dededede movimentosmovimentosmovimentosmovimentos dededede cadacadacadacada trabalhadortrabalhadortrabalhadortrabalhador eeeeproduzemproduzemproduzemproduzem ráciosráciosráciosrácios dededede produtividadeprodutividadeprodutividadeprodutividade. Os números, as metas e os gráficos dedesempenho são o pão nosso de cada dia, num ambiente em que os trabalhadorespassam por um processo brutal de seleção e formatação – e acabamacabamacabamacabam porporporpor serserserserencorajadosencorajadosencorajadosencorajados aaaa denunciardenunciardenunciardenunciar osososos colegascolegascolegascolegas quequequeque sesesese desviemdesviemdesviemdesviem umumumum milímetromilímetromilímetromilímetro dadadada doutrinadoutrinadoutrinadoutrina dadadadaimaculadaimaculadaimaculadaimaculada AmazomAmazomAmazomAmazom.” (Jean-Baptiste Malet (2016 [2013]), Dentro da Selva da Amazon,Lisboa: Plátano Editora)

My week as an Amazon insider My week as an Amazon insider My week as an Amazon insider My week as an Amazon insider

It is the world's biggest online business.But with questions being asked about itstreatment of employees, what is it like towork at Amazon? Carole Cadwalladrlands a job in one of its giant warehousesand discovers the humanhumanhumanhuman costcostcostcost ofofofof ourourourour lustlustlustlustforforforfor consumerconsumerconsumerconsumer goodsgoodsgoodsgoods

The Guardian, 01The Guardian, 01The Guardian, 01The Guardian, 01----12121212----2013201320132013

2017/04/01Paulo Marques Alves/VIII Encontro

Nacional do Trabalho16

Engenheiros de software dos países em desenvolvimento ou desenvolvidos daperiferia:

• Exploração do conhecimento de trabalhadores altamente qualificados em regime deoutsourcing, de modo a reduzir custos e maximizar lucros

• O tempo livre tende a ser absorvido pelo tempo de trabalho

• Trabalho à tarefa

• Mobilidade temporal e espacial compulsória (nómadas high tech; migrações virtuais)

Engenheiros de software nos países centrais do capitalismo

• Salários e autonomia muito elevados

• Diluição das fronteiras entre tempo de trabalho e tempo de lazer

• Longas jornadas de trabalho

• Autodisciplina no quadro do “novo espírito do capitalismo”

• Fortes pressões sociais e dos pares

• Incentivos para passar grande parte do tempo em contexto de trabalho

Trabalhadores do sistema de C&T

• Salários e autonomia muito elevados, mas também trabalho não remunerado

• Longas jornadas de trabalho

2017/04/01Paulo Marques Alves/VIII Encontro

Nacional do Trabalho17

Produção de informação na Internet (otrabalho dos prosumers)

• Tempo de lazer é tempo de trabalho

• Partilha algumas das característicasdo trabalho doméstico: não éremunerado, os sindicatos estãocompletamente ausentes e os níveisde exploração são elevados

2017/04/01Paulo Marques Alves/VIII Encontro

Nacional do Trabalho18

As tecnologias avançadas conjugam-se com a imposição de condições de trabalho degradantes

“A tecnologia não aliviou a deterioraçãodo trabalho, apenas a transformou”(Ricardo Antunes)

2017/04/01Paulo Marques Alves/VIII Encontro

Nacional do Trabalho19

Bangladesh - 24 de Abril de 2013

1 127 mortos no desmoronamento do Rana Plaza, umedifício que albergava um centro comercial e cincofábricas de confeções que produziam vestuário para aPrimark, Benetton, El Corte Inglés, Mango, Joe Freshou Bon Marché

“O trabalho é muito repetitivo, fazemos sempre a mesma coisa, eu já cá estou há nove anos (…) vou resistindo com muito sacrifício.”

“Para a empresa sinto-me um

número; para 90% dos clientes sinto-me um scanner e para 10% deles

sinto-me como um ser humano que

trabalha.”

“Houve situações desde que aqui estou em que

trabalhei dez dias seguidos sem uma única folga (…) já não os podia ver à frente.”

“É complicado porque muitas vezes estou a fazer intercalado, não vou a casa. não saio do shopping…

Para quê?”

“Muito acelerado. Tem que ser. (…) Ou nós fazemos o ritmo ou depois acabamos por sair. (…) Se não correspondermos ou a própria pessoa sai da marca, ou a marca convida sair. Há certas pessoas que não conseguem trabalhar na marca mesmo, não é para qualquer pessoa, há um ritmo de

competição muito forte, é muito exigente.”

O tempo de trabalho (I)

2017/04/01Paulo Marques Alves/VIII Encontro

Nacional do Trabalho20

“Moritz Erhardt, jovem alemão de 21 anos estagiário nafilial do Bank of America em Londres que foi encontradomorto em sua casa em Agosto de 2013 depois de tertrabalhado praticamente 72727272 horashorashorashoras seguidasseguidasseguidasseguidas. De acordocom um seu colega em declarações ao EveningStandard, citadas pelo Público de 21/08/2013, estesestagiários trabalham ‘habitualmente 15 horas por diamais ou menos’, um regime de trabalho que a ONGbritânica Finance Interns considera como de verdadeira‘escravatura’”.

Moritz Erhardt

Torpedeamento de um horário de trabalho que confira qualidade e dignidade aotrabalho:

� Trabalho a tempo parcial involuntário� Flexibilização (adaptabilidade; banco de horas)� Contratos ao dia e à hora, sem direitos laborais, como dias de descanso ou férias� Encurtamento das pausas ou o seu desconto na contagem do tempo de trabalho� Introdução de intervalos desmedidos como forma de extensão do horário de

trabalho, ficando os trabalhadores mais tempo à disposição do patronato� Falsas isenções de horário de trabalho� Trabalho suplementar não pago� Encurtamento do tempo para refeições� Alongamento da jornada de trabalho e/ou trabalho fora do período normal

O tempo de trabalho (II)

Quadro 1 - Proporção do emprego a tempo parcial no emprego total (UE28 ePortugal) (%), em 2002 e 2015

Grande parte deste crescimento deve-se ao significativo aumento do tempoparcial involuntário…

Quadro 2 - Proporção do emprego a tempo parcial involuntário no conjunto doemprego a tempo parcial na UE28 e em Portugal (%), em 2002 e 2015

2002200220022002 2015201520152015

UE28 15,6 21,8

Portugal 8,4 8,4

2002200220022002 2015201520152015

UE28 17,2 29,1

Portugal 24,9 50,1

Fonte: EUROSTAT – LFS, 2002-2015

2017/04/01Paulo Marques Alves/VIII Encontro

Nacional do Trabalho21

O tempo de trabalho (III)

2017/04/01Paulo Marques Alves/VIII Encontro

Nacional do Trabalho22

Quadro 3 - Número de trabalhadores com segundo emprego naUE28 e em Portugal, em 2002 e 2015

Quadro 4 – Proporção dos que trabalham a horas antissociais no totaldo emprego na UE28 e em Portugal (%), em 2004 e 2015

2002200220022002 2015201520152015

UE28 7 368,5 8 706,6

Portugal 330,9 195,0

UE28UE28UE28UE28 PortugalPortugalPortugalPortugal

2004200420042004 2015201520152015 2004200420042004 2015201520152015

Turnos 18,0 18,4 16,9 18,4

Sábado* 50,3 43,3 48,5 40,7

Domingo* 28,2 25,3 22,8 21,8

À noite* 16,2 13,9 19,9 10,7

Ao anoitecer* 36,8 35,8 - 25,3Fonte: EUROSTAT – LFS, 2004-2015 *Sometimes+Usually

Fonte: EUROSTAT – LFS, 2002-2015

2017/04/01Paulo Marques Alves/VIII Encontro

Nacional do Trabalho23

Fonte: OCDE Stats

Gráfico 1 – Média de horas semanais de trabalho no empregoprincipal em Portugal e na média dos países da OCDE, 1979-2014

41,541,541,541,5

38,938,938,938,9

39,939,939,939,9

37,837,837,837,8

37,237,237,237,2

38,638,638,638,6

36

37

38

39

40

41

42

43

%

Anos

Portugal Média da OCDE

O tempo de trabalho (IV)

Quadro 5 – Evolução da proporção dostrabalhadores a tempo completo abrangidospelo salário mínimo (%), entre abril de 2003 eabril de 2014

2000 6,2

2001 4,0

2002 4,0*

2003 5,2

2004 5,8

2005 4,8

2006 4,0

2007 5,5

2008 6,8

2009 8,1

2010 9,4

2011 10,9

2012 12,7

2013 11,7

2014 13,2

2015 21,4

Fonte: GEP/MSSS – Inquérito aos Ganhos e à Duração do Trabalho* outubro

“120 mil portugueses ganham menos doque o salário mínimo.” (JN, 27-11-2010)

“Quanto ao intervalo remuneratórioapresentado nos quadros de pessoal,conclui-se ainda que 41,8% dostrabalhadores recebem menos de 600euros, correspondendo a cerca de 998 milpessoas.” (Expresso, 11-04-2014)

Número de salários em atraso duplica Número de salários em atraso duplica Número de salários em atraso duplica Número de salários em atraso duplica “O número de trabalhadores e de empresas com saláriosem atraso mais que duplicou nos primeiros nove mesesdo ano comparando com o mesmo período do anopassado.Os números apurados pela autoridade para as condiçõesde trabalho são adiantados pelo Diário Económico. Nocaso das empresas o número passou de 700 para quase1500.Os trabalhadores com salários em atraso eram sete milno ano passado e no final de setembro deste anopassaram para quase 17 mil.” (TSF, 20-11-2012)

“Trabalhadores em part-time ganham cada vez menos desde 2013.” (DN, 14-03-2016)

Os salários

2.2. A degradação do emprego

2017/04/01Paulo Marques Alves/VIII Encontro

Nacional do Trabalho25

2017/04/01Paulo Marques Alves/VIII Encontro

Nacional do Trabalho26

Capitalismo regulado Capitalismo flexível

Mercado detrabalho

Emprego estável e a tempo inteiro • Emprego instável• Desemprego massivo• Crescimento do regime de tempo

parcial involuntário

Emprego Forte regulação da contratação edo despedimento

• Flexibilização da contratação –precarização dos vínculos laborais

• Facilitação dos despedimentos• Fomento do “empreendedorismo”

2017/04/01Paulo Marques Alves/VIII Encontro

Nacional do Trabalho27

DESEMPREGO

OIT – World of Work Report (2014)

200 milhões de desempregados!200 milhões de desempregados!200 milhões de desempregados!200 milhões de desempregados!

Gráfico 2 – Evolução do desemprego e sua projeção nos países desenvolvidos e em desenvolvimento, 2003-2019

Fonte: INE – Inquérito ao Emprego (1983-2015)

Gráfico 3 – Evolução da taxa de desemprego global emPortugal (%), entre 1983 e 2015

2017/04/01Paulo Marques Alves/VIII

Encontro Nacional do Trabalho28

A taxa de desemprego global mascara variações que por A taxa de desemprego global mascara variações que por A taxa de desemprego global mascara variações que por A taxa de desemprego global mascara variações que por vezes são muito relevantes entre géneros, grupos etários, vezes são muito relevantes entre géneros, grupos etários, vezes são muito relevantes entre géneros, grupos etários, vezes são muito relevantes entre géneros, grupos etários, regiões, níveis de escolaridade ou grupos profissionais!regiões, níveis de escolaridade ou grupos profissionais!regiões, níveis de escolaridade ou grupos profissionais!regiões, níveis de escolaridade ou grupos profissionais!

7,68,2 8,5 8,3

6,8

5,65,0

4,64,1 4,1

5,5

6,8 7,1 7,26,7

4,94,4

3,9 4,0

5,0

6,3 6,6

7,6 7,68,0

7,6

9,4

10,8

12,7

15,516,2

13,9

12,4

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

198319841985198619871988198919901991199219931994199519961997199819992000200120022003200420052006200720082009201020112012201320142015

%

Anos

CT2003 CT2009 ME

Nota: Neste gráfico, e nos restantes, as linhas a tracejado azuis representam quebras de série estatística e as linhas a tracejado laranja, marcos importantes em termos das alterações nas relações laborais

2017/04/01Paulo Marques Alves/VIII

Encontro Nacional do Trabalho29

Fonte: INE – Inquérito ao Emprego (1ºT1999-3ºT2016)

Gráfico 4 – Evolução do peso do desemprego de longaduração no total do desemprego em Portugal (%), entre o1ºT1999 e o 3ºT2016

40,1

67,463,2

0

10

20

30

40

50

60

70

80

1T1999

2T1999

3T1999

4T1999

1T2000

2T2000

3T2000

4T2000

1T2001

2T2001

3T2001

4T2001

1T2002

2T2002

3T2002

4T2002

1T2003

2T2003

3T2003

4T2003

1T2004

2T2004

3T2004

4T2004

1T2005

2T2005

3T2005

4T2005

1T2006

2T2006

3T2006

4T2006

1T2007

2T2007

3T2007

4T2007

1T2008

2T2008

3T2008

4T2008

1T2009

2T2009

3T2009

4T2009

1T2010

2T2010

3T2010

4T2010

1T2011

2T2011

3T2011

4T2011

1T2012

2T2012

3T2012

4T2012

1T2013

2T2013

3T2013

4T2013

1T2014

2T2014

3T2014

4T2014

1T2015

2T2015

3T2015

4T2015

1T2016

2T2016

3T2016

%

Trimestres

O desemprego no 4ºT2016

2017/04/01Paulo Marques Alves/VIII

Encontro Nacional do Trabalho30

� Volume: 543,2 mil pessoas 543,2 mil pessoas 543,2 mil pessoas 543,2 mil pessoas (275,7 mil homens e 267,4 mulheres)

� Taxa de desemprego: 10,5%10,5%10,5%10,5%

� Taxa de desemprego feminino: 10,6%10,6%10,6%10,6%

� Taxa de desemprego masculino: 10,4%10,4%10,4%10,4%

� Taxa de desemprego jovem: 27,7%27,7%27,7%27,7%

� Volume de desempregados de longa duração: 337,4 mil 337,4 mil 337,4 mil 337,4 mil pessoaspessoaspessoaspessoas

� Taxa de desemprego de longa duração: 6,5%6,5%6,5%6,5%

� Peso do desemprego de longa duração no desemprego total: 62,1%62,1%62,1%62,1%

Mas a situação é ainda mais grave… (I)

2017/04/01Paulo Marques Alves/VIII

Encontro Nacional do Trabalho31

4T2016

Desempregados 543,2

Subemprego de trabalhadores a tempo parcial 221,2

Inativos à procura de emprego mas não disponíveis

19,8

Inativos disponíveis mas que não procuram emprego

235,4

TOTAL 1.019,6

População ativa 5.186,8

Taxa de desemprego oficial: 10,5%Taxa de desemprego oficial: 10,5%Taxa de desemprego oficial: 10,5%Taxa de desemprego oficial: 10,5%

Taxa de desemprego real: 19,7%Taxa de desemprego real: 19,7%Taxa de desemprego real: 19,7%Taxa de desemprego real: 19,7%

Mais de 1 milhão de desempregados em Portugal!Mais de 1 milhão de desempregados em Portugal!Mais de 1 milhão de desempregados em Portugal!Mais de 1 milhão de desempregados em Portugal!

2017/04/01Paulo Marques Alves/VIII Encontro

Nacional do Trabalho32

E falta contabilizar o mercado de trabalho paralelo E falta contabilizar o mercado de trabalho paralelo E falta contabilizar o mercado de trabalho paralelo E falta contabilizar o mercado de trabalho paralelo (estágios, bolsas, CEI,…)(estágios, bolsas, CEI,…)(estágios, bolsas, CEI,…)(estágios, bolsas, CEI,…)

O capitalismo flexível veio acentuar fortemente ocarácter destrutivo do capital (István Mészáros, 1997)

2017/04/01Paulo Marques Alves/VIII Encontro

Nacional do Trabalho33

Do “Do “Do “Do “salariatsalariatsalariatsalariat” ao “” ao “” ao “” ao “precariatprecariatprecariatprecariat” ” ” ” (Robert Castel)(Robert Castel)(Robert Castel)(Robert Castel)

McJobsMcJobsMcJobsMcJobs ((((AllanAllanAllanAllan etetetet al.al.al.al., 2006; , 2006; , 2006; , 2006; ButlerButlerButlerButler e Watt, 2007; e Watt, 2007; e Watt, 2007; e Watt, 2007; LindsayLindsayLindsayLindsaye e e e McQuaidMcQuaidMcQuaidMcQuaid, 2004; Lucas, , 2004; Lucas, , 2004; Lucas, , 2004; Lucas,

1997199719971997

MinijobsMinijobsMinijobsMinijobs –––– 400/450€400/450€400/450€400/450€50, 60 cêntimos ou 1, 2€ 50, 60 cêntimos ou 1, 2€ 50, 60 cêntimos ou 1, 2€ 50, 60 cêntimos ou 1, 2€ /hora; +7/41 milhões em /hora; +7/41 milhões em /hora; +7/41 milhões em /hora; +7/41 milhões em

2012201220122012

ZeroZeroZeroZero----hourhourhourhour contractscontractscontractscontracts

2012201220122012TTTT4444 –––– 200200200200 000000000000 (hotelaria(hotelaria(hotelaria(hotelaria –––– 19191919%%%%;;;; saúdesaúdesaúdesaúde –––– 13131313%%%%;;;; educaçãoeducaçãoeducaçãoeducação –––– 10101010%%%%))))

CharteredCharteredCharteredChartered InstituteInstituteInstituteInstitute ofofofof PersonnelPersonnelPersonnelPersonnel andandandand DevelopmentDevelopmentDevelopmentDevelopment –––– 1111 milhãomilhãomilhãomilhão ((((2013201320132013))))

[[[[BurgerBurgerBurgerBurger KingKingKingKing –––– 100100100100%%%% ((((20202020 000000000000))));;;; Domino’sDomino’sDomino’sDomino’s PizzaPizzaPizzaPizza –––– 90909090%%%% (+(+(+(+20202020 000000000000))));;;; SportsSportsSportsSports DirectDirectDirectDirect ––––90909090%%%% ((((20202020 000000000000))));;;; McDonald’sMcDonald’sMcDonald’sMcDonald’s –––– 90909090%%%% ((((82828282 800800800800))));;;; JDJDJDJD WetherspoonWetherspoonWetherspoonWetherspoon (pubs)(pubs)(pubs)(pubs) –––– 80808080%%%% ((((24242424000000000000))));;;; CineworldCineworldCineworldCineworld (cinemas)(cinemas)(cinemas)(cinemas);;;; SubwaySubwaySubwaySubway;;;; SpiritSpiritSpiritSpirit PubPubPubPub CompanyCompanyCompanyCompany ((((16161616 000000000000))));;;; BootsBootsBootsBoots ((((4444000000000000)))) eeee………… BuckinghamBuckinghamBuckinghamBuckingham PalacePalacePalacePalace ((((350350350350)])])])]

2017/04/01Paulo Marques Alves/VIII Encontro

Nacional do Trabalho34

DexDexDexDex e e e e McCullochMcCullochMcCullochMcCulloch (1995) (1995) (1995) (1995) ––––12 modalidades de emprego precário:12 modalidades de emprego precário:12 modalidades de emprego precário:12 modalidades de emprego precário:

� Autoemprego

� Trabalho a tempo parcial

� Trabalho temporário

� Trabalho a termo

� “Zero-hour contracts”

� Trabalho sazonal

� Trabalho a domicílio

� “Term time working”

� Trabalho ao domingo

� Partilha de trabalho (job sharing)

QuinlanQuinlanQuinlanQuinlan, , , , MayhewMayhewMayhewMayhew e e e e BohleBohleBohleBohle (2001) (2001) (2001) (2001) ----Cinco grupos de trabalhadores Cinco grupos de trabalhadores Cinco grupos de trabalhadores Cinco grupos de trabalhadores

precários:precários:precários:precários:

� Trabalhadores temporários

� Trabalhadores sujeitos a mudançasorganizacionais

� Trabalhadores em regime deoutsourcing

� Trabalhadores a tempo parcial

� Trabalhadores em pequenosnegócios

2017/04/01Paulo Marques Alves/VIII Encontro

Nacional do Trabalho35

OIT – World of Work Report (2014)

Gráfico 5 – Evolução da taxa de emprego e da incidência doemprego “atípico” em alguns países entre 2007 e 2010

Fonte: INE – Inquérito ao Emprego (2T1983-3T2015)

Gráfico 6 – Evolução da proporção de contratos de trabalhocom termo e de outro tipo de contratos de trabalho nãopermanentes no total dos assalariados (%) em Portugal,entre o 2T1983 e o 3T2015

2017/04/01Paulo Marques Alves/VIII Encontro

Nacional do Trabalho36

19,8

9,5

23,322,2

0

5

10

15

20

25

2T83

4T83

2T84

4T84

2T85

4T85

2T86

4T86

2T87

4T87

2T88

4T88

2T89

4T89

2T90

4T90

2T91

4T91

2T92

4T92

2T93

4T93

2T94

4T94

2T95

4T95

2T96

4T96

2T97

4T97

2T98

4T98

2T99

4T99

2T00

4T00

2T01

4T01

2T02

4T02

2T03

4T03

2T04

4T04

2T05

4T05

2T06

4T06

2T07

4T07

2T08

4T08

2T09

4T09

2T10

4T10

2T11

4T11

2T12

4T12

2T13

4T13

2T14

1T15

3T15

%

Trimestres

2017/04/01Paulo Marques Alves/VIII Encontro

Nacional do Trabalho37

Gráfico 7 – Percentagem do emprego temporário involuntário (%)no total do emprego temporário em alguns países europeus, entre2007 e 2010

OIT – World of Work Report (2014)

Fonte: EUROSTAT – Labour Force Survey e EUROSTAT – Structure of Earnings Survey (2010)

Gráfico 8 – Taxas de emprego temporário e diferencialsalarial na UE27 e respetivos países, em 2010

Taxa de emprego temporário (%)

Diferencial salarial entre trabalhadores temporários e permanentes (%)

2017/04/01Paulo Marques Alves/VIII Encontro

Nacional do Trabalho39

Aos 704704704704 000000000000 contratados a termo e aos 145145145145600600600600 trabalhadores com outros contratosestimados pelo INE no Inquérito ao Empregono 4T2016 haverá que adicionar ainda os“falsos independentes”, uma proporçãocertamente relevante dos 781781781781 300300300300trabalhadores independentes estimados nomesmo período, mais os que escapam àsestatísticas oficiais!

Entre 1 e 1,5 milhões de trabalhadores Entre 1 e 1,5 milhões de trabalhadores Entre 1 e 1,5 milhões de trabalhadores Entre 1 e 1,5 milhões de trabalhadores precários em Portugal!precários em Portugal!precários em Portugal!precários em Portugal!

Gráfico 9 – Evolução do subemprego de trabalhadores atempo parcial (milhares) em Portugal, entre o 1T2006 e o3T2016

Fonte: INE – Inquérito ao Emprego (1T2006-3T2016)

2017/04/01Paulo Marques Alves/VIII Encontro

Nacional do Trabalho40

65,1

71

174,8

270,4

213,1

0

50

100

150

200

250

300

Trimestres

milhares

2017/04/01Paulo Marques Alves/VIII Encontro

Nacional do Trabalho41

OIT – World of Work Report (2014)

Gráfico 10 – Evolução da incidência do emprego a tempoparcial involuntário (%) no emprego a tempo parcial total nospaíses da OCDE, entre 2007 e 2010

2017/04/01Paulo Marques Alves/VIII Encontro

Nacional do Trabalho42

“A acumulação capitalista produz antes (…) constantemente uma população

operária relativa, i. é, excessiva para as necessidades médias de valorização do capital, portanto supérflua ou população operária adicional. (…) Ela forma um

exército industrial de reserva disponível, que pertence ao capital tão

absolutamente como se ele o tivesse feito crescer à sua própria custa. (…) Grosso modo, os movimentos gerais do salário são regulados exclusivamente pela

expansão e pela contracção do exército industrial de reserva.”

Karl Marx (1997 [1890]), pp. 715-728 (CapítuloXXIII – Lei geral absoluta de acumulaçãocapitalista)

Quatro formas de existência da sobrepopulação relativa

�População fluída (o que hoje se designa pordesempregados)

�População latente (população expulsa doscampos e esperando aceder ao trabalhoindustrial)

�População estagnante (o que hoje se designapor precários)

�Pauperismo (DLD, sinistrados do trabalho,crianças, trabalhadores idosos)

2017/04/01Paulo Marques Alves/VIII Encontro

Nacional do Trabalho43

2017/04/01Paulo Marques Alves/VIII Encontro

Nacional do Trabalho44

2.3. A degradação das relações sociais de trabalho

2017/04/01Paulo Marques Alves/VIII Encontro

Nacional do Trabalho45

Capitalismo regulado Capitalismo flexível

Representação • Voz coletiva através desindicatos fortes e/ou de outroscanais de representação;

• Crise das formas derepresentação

• Legislação antissindical

Conflitos detrabalho

• Direito de greve semrestrições;

• Limitações ao direito à greve

Negociaçãocoletiva

• Relevância da negociaçãocoletiva

• Tentativa de destruição dasformas de regulamentaçãocoletiva de trabalho

• Crescente individualização dasrelações de trabalho

A crise do sindicalismo

� Poder organizacional

� Poder económico

� Poder institucional

2017/04/01Paulo Marques Alves/VIII Encontro

Nacional do Trabalho46

Indicadores da crise do sindicalismo� Decréscimo das taxas de sindicalização

� Diminuição do número de indivíduos dispostos a militar

� Quebra dos níveis de mobilização

� Procura de outras formas organizativas

� Desativação de estruturas sindicais e inoperacionalidade de outras

� Diminuição do número de greves e de grevistas

� Aparecimento de movimentos grevistas fora do quadro sindical

� Perda de poder sindical na negociação coletiva

� Perda de influência política do sindicalismo

� ...2017/04/01

Paulo Marques Alves/VIII Encontro Nacional do Trabalho

47

29,4% (0,7%)

19,0% (-42,2%)

20,8% (-70,0%)

18,1% (-63,9%)

11,3% (-63,4%)

Mapa 1 – Evolução das taxas de sindicalização (%) em algunspaíses capitalistas não europeus (1960-2011)

22,2% (2008)

14,5% (2010)

13,2% (2011)

27,7% (2008)

41,1% (2008)

9,7% (3,2%)

Mapa 2 – Evolução das taxas de sindicalização (%) emalguns países capitalistas europeus (1960-2011)

17,2% (-52,4%)

18,0% (-48,1%)

19,0% (-52,5%)

36,1% (-22,2%)

5,9% (-45,3%)

50,4% (21,4%)

27,8% (-59,1%)

35,2% (42,5%)

7,9% (-59,6%)

68,5% (20,4%)

54,6% (-9,0%)

27,1% (-32,9%)

68,9% (-4,4%)

69,0% (116,3%)

79,4% (2008)

42,7% (2008)

16,8% (2008)

14,8% (2008)

14,1% (2010)

8,1% (2010)

10,0% (2010)

16,7% (2011)

17,3% (2009)

19,8% (2008)

32,8% (2008)

49,0% (2011)48,6% (2011)

25,4% (2011)

15,6% (2010)

19,3% (2010)

24,4% (2010)

60,8

19,3

18,3

45,1

15,6

19,6

22,2

7,9

35,8

37,6

24,024,7

50,5

35,2

53,4

66,9

76,0

49

0

10

20

30

40

50

60

70

80

1960

1961

1962

1963

1964

1965

1966

1967

1968

1969

1970

1971

1972

1973

1974

1975

1976

1977

1978

1979

1980

1981

1982

1983

1984

1985

1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

%

Anos

Portugal Espanha França Grécia Itália Malta Chipre

Fonte: ICTWSS

Gráfico 11 – Evolução das taxas de sindicalização (%) nospaíses do sul da Europa (1960-2011)

2017/04/01Paulo Marques Alves/VIII Encontro

Nacional do Trabalho50

2017/04/01Paulo Marques Alves/VIII Encontro

Nacional do Trabalho51

1.576

6.5337.165

13.212

6.984

0

2.000

4.000

6.000

8.000

10.000

12.000

14.000

1892

1894

1896

1898

1900

1902

1904

1906

1908

1910

1912

1914

1916

1918

1920

1922

1924

1926

1928

1930

1932

1934

1936

1938

1940

1942

1944

1946

1948

1950

1952

1954

1956

1958

1960

1962

1964

1966

1968

1970

1972

1974

1976

1978

1980

1982

1984

1986

1988

1990

1992

1994

1996

1998

2000

2002

2004

2006

2008

2010

2012

2014

N.º de sindicalizados (m

ilhões)

Anos

Gráfico 12 – Evolução do número de sindicalizados no ReinoUnido entre 1892 e 2015

Fonte: DBI&T e Certification Officer

2017/04/01Paulo Marques Alves/VIII Encontro

Nacional do Trabalho52

425

85

292

27

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

N.º de IR

CT

Anos

Total CC AC AE

CT2003 CT2009 ME

Fonte: cálculos próprios a partir do BTE

Gráfico 13 – Evolução do número de convenções coletivasnegociais, por tipo de convenção, em Portugal, entre 1976 e2016 (setor privado)

2017/04/01Paulo Marques Alves/VIII Encontro

Nacional do Trabalho53

206

151

4

116

9

0

50

100

150

200

250

N.º de PE

Anos

CT2009 MECT2003

Gráfico 14 – Evolução do número de Portarias de Extensãoem Portugal, entre 1976 e 2016

Fonte: cálculos próprios a partir do BTE

2017/04/01Paulo Marques Alves/VIII Encontro

Nacional do Trabalho54

0

200000

400000

600000

800000

1000000

1200000

1400000

1600000

1800000

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

N.º de trabalhadores cobertos

N.º de IR

CT

Anos

Total IRCT N.º de trabalhadores cobertos

CT2003

CT2009

ME

Fonte: cálculos próprios a partir do BTE e DGERT

Gráfico 15 – Evolução do número de convenções coletivasnegociais em Portugal (1976-2016) e do número de trabalhadorescobertos (1998-2016) (setor privado)

2017/04/01Paulo Marques Alves/VIII Encontro

Nacional do Trabalho55

O que assistimos é a uma O que assistimos é a uma O que assistimos é a uma O que assistimos é a uma re-mercadorização do trabalho, que se , que se , que se , que se

acentuou durante o período de acentuou durante o período de acentuou durante o período de acentuou durante o período de intervenção da troika, através do que se intervenção da troika, através do que se intervenção da troika, através do que se intervenção da troika, através do que se procede à precarização do trabalho vivo procede à precarização do trabalho vivo procede à precarização do trabalho vivo procede à precarização do trabalho vivo

nas suas múltiplas dimensões e à nas suas múltiplas dimensões e à nas suas múltiplas dimensões e à nas suas múltiplas dimensões e à intensificação do seu consumo, o que intensificação do seu consumo, o que intensificação do seu consumo, o que intensificação do seu consumo, o que representa um perigoso retrocesso representa um perigoso retrocesso representa um perigoso retrocesso representa um perigoso retrocesso

civilizacional.civilizacional.civilizacional.civilizacional.

2017/04/01Paulo Marques Alves/VIII Encontro

Nacional do Trabalho56

3. O futuro do trabalho e do emprego

2017/04/01Paulo Marques Alves/VIII Encontro

Nacional do Trabalho57

• Plataformas digitais

• Robótica

• Inteligência artificial

2017/04/01Paulo Marques Alves/VIII Encontro

Nacional do Trabalho58

� Profissões novas, outras que desaparecem e outras quese alteram

� Qualificações novas e outras que se tornam obsoletas -reconversão

2017/04/01Paulo Marques Alves/VIII Encontro

Nacional do Trabalho59

Fonte: Frey e Osborne, 2013

Fonte: Brookfield Institute, 2016

2017/04/01Paulo Marques Alves/VIII Encontro

Nacional do Trabalho60

Gráfico 16 – Evolução do emprego total na Alemanha, EUA eReino Unido, entre 1956 e 2014

“Ainda que a maquinaria desaloje necessariamente operários nos ramos detrabalho em que é introduzida, pode provocar, no entanto, um acréscimo deocupação em outros ramos de trabalho” (Marx, 1990 [1890]:506)… ainda que talpossa suceder a uma escala menor…

24.795,0

39.855,0

23.916,0 30.607,9

65.767,0

147.652,3

0

20.000

40.000

60.000

80.000

100.000

120.000

140.000

160.000

1956

1957

1958

1959

1960

1961

1962

1963

1964

1965

1966

1967

1968

1969

1970

1971

1972

1973

1974

1975

1976

1977

1978

1979

1980

1981

1982

1983

1984

1985

1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

Emprego total (milhões)

Anos

Alemanha Reino Unido EUA

Fonte: OCDE Stats

224,5%

160,7%

128,0%

2017/04/01Paulo Marques Alves/VIII Encontro

Nacional do Trabalho61

65.767,0

140.395,5 147.652,3

2.751,3

14.824,8 9.616,4

0

20.000

40.000

60.000

80.000

100.000

120.000

140.000

160.000

1956

1957

1958

1959

1960

1961

1962

1963

1964

1965

1966

1967

1968

1969

1970

1971

1972

1973

1974

1975

1976

1977

1978

1979

1980

1981

1982

1983

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1985

1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

Emprego total e desemprego (milhões)

Anos

Emprego Desemprego

224,5%

349,5%538,8%

Fonte: OCDE Stats

Gráfico 17 – Evolução do emprego total e do desempregonos EUA, entre 1956 e 2014

2017/04/01Paulo Marques Alves/VIII Encontro

Nacional do Trabalho62

Prognósticos só no fim do jogo…

A catástrofe que nos ameaça e como combatê-la!

2017/04/01Paulo Marques Alves/VIII Encontro

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