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A disseminação de uma cultura de gestão democrática e orientada à melhoria dos resultados educacionais: o impacto das funções dos Conselhos Escolares nas escolas prioritárias. Daniela Aparecida Guedes de Paula Supervisor de Ensino

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A disseminação de uma cultura de gestão democrática e orientada à melhoria dos

resultados educacionais: o impacto das funções dos

Conselhos Escolares nas escolas prioritárias.

Daniela Aparecida Guedes de Paula

Supervisor de Ensino

Como os gestores das escolas prioritárias da rede pública de ensino

do Estado de São Paulo avaliam o impacto das quatro funções dos

Conselhos Escolares – deliberativa, consultiva, fiscal e mobilizadora –

para a melhoria dos resultados educacionais das escolas em que

atuam?

Objetivos:

Analisar quais funções do Conselho Escolar estão incorporadas na dimensão participativa da gestão das escolas prioritárias, a partir do Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos Escolares.

Identificar a relação entre as funções do Conselho Escolar com a melhoria dos resultados educacionais.

Apenas existe sentido numa gestão

participativa quando a participação se encontrar associada à melhoria do ensino e da aprendizagem – aspecto de maior relevância e eficácia na produção e garantia da qualidade de ensino. Se a escola almeja uma gestão participativa é preciso pensar os mecanismos que irão ajudá-la nesse processo. Daí se tem a virtude do Conselho Escolar.

Ocorre que o Conselho Escolar possui uma característica própria que lhe dá dimensão fundamental: ele se constitui uma forma colegiada da gestão democrática. Assim, a gestão deixa de ser o exercício de uma só pessoa e passa a ser uma gestão colegiada, na qual os segmentos escolares e a comunidade local se congregam para, juntos, construírem uma educação de qualidade e socialmente relevante. Com isso, divide-se o poder e as consequentes responsabilidades. (Caderno 2, p. 20 In: Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos Escolares)

A pesquisa envolveu doze Diretores de Escola da Rede Pública de Ensino de escolas prioritárias.

A boa aceitação pelos diretores em participar da pesquisa, se deu por dois motivos:

I) pelo compromisso que demonstram ter com o processo educativo de suas escolas;

II) pelo entusiasmo com a possibilidade de relatar suas experiências e então compartilhar das potencialidades e fragilidades das escolas.

Compreensão dos princípios

democráticos no processo de gestão escolar.

Provido da consciência de que a participação da

comunidade local e escolar em conselhos escolares na unidade de ensino é importante, bem como a garantia de espaços para essa participação, o Diretor L assim se coloca sobre a participação: “alarga as possibilidades para o crescimento e o fortalecimento da instituição”.

O Diretor “D” afirma que a participação

“justifica uma gestão escolar democrática que visa o sucesso na aprendizagem efetiva dos alunos”. A gestão democrática serve para isso: promover a eficácia e a produtividade para conseguir seus objetivos. É aquela que tem como referência “garantir a qualidade de ensino” (Diretor J). Em se tratando de qualidade, é fundamental considerar a realidade concreta onde a escola está inserida e então a partir de uma análise crítica do contexto articular os aspectos pedagógicos e políticos que caracterizarão verdadeiramente a qualidade do ensino.

O exercício das atividades – funções do

Conselho Escolar.

Três diretores com maior tempo no cargo/função de Diretor de Escola na rede de ensino concordam que a função mobilizadora do Conselho Escolar é a mais relevante para a melhoria dos resultados educacionais nas escolas em que atuam.

Os Conselhos Escolares têm as funções

mobilizadoras quando promovem a participação, de forma integrada, dos segmentos representativos da escola e da comunidade local em diversas atividades, contribuindo assim para a efetivação da democracia participativa e para a melhoria da qualidade social da educação. (Navarro, 2004: 39)

Em segundo lugar sobre o grau de relevância temos as funções consultiva e deliberativa do Conselho Escolar.

Há participação, discussão e manifestação de opiniões. Diretor C

Propõe ações em conjunto. Diretor D

Há apresentação de sugestões ou até mesmo de soluções para análise dos pontos positivos e negativos dos diversos segmentos da escola. Diretor E

Propõe sugestão de ação ou soluções e analisa as questões encaminhadas pelos segmentos para melhoria dos resultados educacionais. Diretor K

Há necessidade que mais pessoas participem do processo educacional. Diretor G

Os Conselhos têm a função deliberativa quando decidem sobre o projeto político-pedagógico e outros assuntos da escola, aprovam encaminhamentos de problemas, garantem a elaboração de normas internas e o cumprimento das normas dos sistemas de ensino e decidem sobre a organização e o funcionamento geral das escolas, propondo à direção as ações desenvolvidas. Elaboram normas internas sobre questões referentes ao seu funcionamento nos aspectos pedagógico, administrativo ou financeiro. (Navarro, 2004: 39)

A função do conselho escolar é consultiva:

Quando têm um caráter de assessoramento, analisando as questões encaminhadas pelos diversos segmentos da escola e apresentando sugestões ou soluções, que poderão ser acatadas pelas direções das unidades escolares. (Navarro, 2004: 39)

[...]das funções fiscais do Conselho

Escolar: “quando acompanham a execução das ações pedagógicas, administrativas e financeiras, avaliando e garantindo o cumprimento das normas das escolas e a qualidade social do cotidiano escolar” (Navarro, 2004: 39). O Diretor E ao ressaltar o motivo da relevância dessa função para a melhoria dos resultados educacionais foi claro e objetivo: “avaliar e acompanhar a execução das ações elaboradas”.

Da função fiscal...

“Após as decisões e destinos das verbas e suas execuções é necessário efetivo acompanhamento e fiscalização das ações desenvolvidas na escola em todos os segmentos para garantir o ensino-aprendizagem". Diretor F

O que se verifica nas respostas dos gestores é a clareza das funções do Conselho Escolar e como estão relacionadas à melhoria dos resultados educacionais, considerando as vulnerabilidades a que estão expostas as escolas, cada qual com sua especificidade. Uma questão que chamou a atenção foi uma observação realizada pelo Diretor L: “as funções fazem parte de uma engrenagem, para garantir o pleno funcionamento, todas devem agir”.

O funcionamento dos Conselhos Escolares.

O Diretor D cita, além das reuniões ordinárias, as extraordinárias que tiveram como objeto de discussão principal o PAP – Plano de Ação Participativo e o SARESP.

A informação é peça fundamental para assegurar um direcionamento consciente das questões, além de aumentar a responsabilidade e o envolvimento das pessoas quando se reconhecem como parte do problema. Elas participam com mais entusiasmo quando percebem que os resultados estão

diretamente relacionados à sua realidade.

Abranches (2006: 74)

Conclusão...

O impacto do envolvimento do

Conselho Escolar em reflexões e encaminhamentos sobre as dificuldades de gestão, bem como sobre os resultados de desempenhos dos alunos, é de fato percebido pelos sujeitos da pesquisa.

As pessoas e as relações são mais retratadas do que as estruturas burocráticas, ainda que foi evidenciado a dificuldade de mobilizar a comunidade escolar e local para participar de maneira efetiva. O aprimoramento da gestão escolar democrática é consequência natural ao Diretor de Escola que faz dos obstáculos e das dificuldades seu ponto de partida.

A contribuição deste trabalho é sem dúvida sinalizar a articulação entre a dimensão pedagógica, participativa e de análise de resultados educacionais na gestão escolar e a importância do Conselho Escolar exercer suas funções frente às demandas que cada escola possui, considerando a qualidade que é atribuída ao ensino oferecido.

Como se pôde ver, é grande a importância dos Conselhos Escolares para a busca de transformações no cotidiano escolar, transformações essas orientadas pelo desejo de construção de uma sociedade igualitária e justa. Suas atividades são muitas e variadas, devendo sempre ser referenciadas, no imediato, pelas demandas da comunidade e pela realidade de cada escola, que deve primar pelo exercício da sua própria autonomia. (Navarro, 2004: 53)