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XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1 A ECONOMIA DA MUDANÇA CLIMÁTICA E SEUS IMPACTOS NA AGROPECUÁRIA E AGROINDÚSTRIA BRASILEIRA GUSTAVO INÁCIO DE MORAES. ESALQ/USP, PIRACICABA, SP, BRASIL. [email protected] APRESENTAÇÃO ORAL AGRICULTURA, MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL A Economia da Mudança Climática e Seus Impactos na Agropecuária e Agroindústria Brasileira Grupo de Pesquisa: Agricultura, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável Resumo: Oscilações nas condições climáticas representam um perigo a qualquer tempo para a espécie humana. Dispondo de crescente evidência que a atual era vivencia uma mudança climática cabe estudar as conseqüências e adaptações possíveis. O setor agropecuário e a agroindústria tendem a ser os principais setores econômicos afetados pela mudança climática, pois lidam com o principal insumo afetado: a terra. Deste modo, os reflexos negativos serão sentidos, predominantemente, nos países em desenvolvimento, que dependem da produção agropecuária para manter seu desenvolvimento econômico. O artigo estima, através de um modelo de equilíbrio geral computável, para a economia brasileira, quais os impactos econômicos esperados sob diferentes cenários. Conclui-se que os efeitos são importantes e sobretudo originados da queda da produtividade da terra em comparação aos efeitos oriundos da perda de dinamismo do comércio internacional, coeteris paribus. Palavras-Chave: Mudança Climática, Agricultura, Economia Brasileira. Abstract: Oscillations in climate conditions represent, for the civilization, danger in any age. The increasing evidence that the present age is living a global warming, show how important it is to study its consequences. Agricultural and Live stocking sectors tend to suffer major consequences of the climate changes, since they deal with the main affected input (land). Therefore, negative impacts will occur largely in developing countries, which depend on agricultural sector to maintain their economic development. This paper estimate, by using a computable general equilibrium methodology, what are the economic impacts expected in different scenes. Results show the importance of the effects and that

A Economia da Mudança Climática e Seus Impactos na ... · relativamente desconhecidas às interligações globais do clima e o comportamento de longo ... As causas dessas anomalias

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Londrina, 22 a 25 de julho de 2007,

Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural

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A ECONOMIA DA MUDANÇA CLIMÁTICA E SEUS IMPACTOS NA AGROPECUÁRIA E AGROINDÚSTRIA BRASILEIRA GUSTAVO INÁCIO DE MORAES. ESALQ/USP, PIRACICABA, SP, BRASIL. [email protected] APRESENTAÇÃO ORAL AGRICULTURA, MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO SUSTEN TÁVEL

A Economia da Mudança Climática e Seus Impactos na Agropecuária e

Agroindústria Brasileira

Grupo de Pesquisa: Agricultura, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável

Resumo: Oscilações nas condições climáticas representam um perigo a qualquer tempo para a espécie humana. Dispondo de crescente evidência que a atual era vivencia uma mudança climática cabe estudar as conseqüências e adaptações possíveis. O setor agropecuário e a agroindústria tendem a ser os principais setores econômicos afetados pela mudança climática, pois lidam com o principal insumo afetado: a terra. Deste modo, os reflexos negativos serão sentidos, predominantemente, nos países em desenvolvimento, que dependem da produção agropecuária para manter seu desenvolvimento econômico. O artigo estima, através de um modelo de equilíbrio geral computável, para a economia brasileira, quais os impactos econômicos esperados sob diferentes cenários. Conclui-se que os efeitos são importantes e sobretudo originados da queda da produtividade da terra em comparação aos efeitos oriundos da perda de dinamismo do comércio internacional, coeteris paribus. Palavras-Chave: Mudança Climática, Agricultura, Economia Brasileira. Abstract: Oscillations in climate conditions represent, for the civilization, danger in any age. The increasing evidence that the present age is living a global warming, show how important it is to study its consequences. Agricultural and Live stocking sectors tend to suffer major consequences of the climate changes, since they deal with the main affected input (land). Therefore, negative impacts will occur largely in developing countries, which depend on agricultural sector to maintain their economic development. This paper estimate, by using a computable general equilibrium methodology, what are the economic impacts expected in different scenes. Results show the importance of the effects and that

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they are caused by the productivity negative shock in the agricultural sector, in contrast with the shock in the international trade. Key- Words: Climate Change, Agricultural, Brazilian Economy. 1.Introdução Desde o momento em que se tornou sedentária, dominando a agricultura e construindo cidades, a espécie humana jamais enfrentou mudança brusca na condição climática do planeta. As condições climáticas de curto prazo e locais, fundamentais para várias atividades humanas, são relativamente conhecidas e dominadas sendo, entretanto, ainda relativamente desconhecidas às interligações globais do clima e o comportamento de longo prazo do clima no planeta. Um exemplo constitui-se no desconhecimento a respeito de como, quando e porque ocorrem “idades do gelo”. Pode-se, todavia, constatar-se nos últimos séculos, através de registros sistemáticos, que a temperatura da terra e do mar vem se elevando e, em paralelo, a superfície de geleiras diminui. As causas dessas anomalias são, por outro lado, polêmicas: atribui-se desde ao ciclo natural e/ou a ação humana, que desde a implementação dos processos industriais tem emitido gases, como subproduto, capazes de atuar na atmosfera e dessa forma influir nos processos naturais. O objetivo do presente artigo é, através de um modelo de equilíbrio geral computável, estimar impactos econômicos da mudança climática na economia brasileira. O setor agropecuário e a agroindústria brasileira, em especial, serão examinados, uma vez que estão intimamente ligados aos eventos relacionados por utilizarem como insumo básico recursos naturais. Para cumprir com este objetivo o artigo está dividido em quatro seções: a primeira discutirá as evidências de mudança climática, polemizando sobre suas causas e tendo como principal justificativa explicitar os cenários aguardados, sobretudo para a agricultura; numa segunda seção apresentar-se-á o modelo de equilíbrio geral computável utilizado; na terceira seção serão simulados, no modelo proposto, os cenários de mudança climática e apresentados os resultados e enfim, numa última seção, serão consolidadas brevemente as principais conclusões. 2. Mudança Climática e Agricultura O homem sempre se mediu com a natureza, dominá-la sempre foi uma preocupação para manter a espécie e diminuir os problemas da comunidade. A passagem do dia e a passagem das estações marcaram sempre as atividades humanas, determinando os afazeres. Mais recentemente, com o acúmulo de informações e a possibilidade de difundir conhecimento mais rapidamente, perceberam-se regularidades mais amplas do que dias e estações. As composições da atmosfera, dos elementos e do solo foram percebidas e amparam várias atividades. A compreensão de que o clima das diferentes regiões do planeta está interligado aumenta sistematicamente. Exemplo disso é a percepção de que as cheias e secas do Rio Nilo são influenciadas por erupções vulcânicas em altas latitudes (Oman et alli, 2006) ou ainda de que a seca no Nordeste brasileiro pode ser antecipada por quedas da pressão atmosférica em outros continentes em períodos defasados (Nimer, 1979). Nesse sentido a percepção de

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que os fenômenos ENSO1 e as tempestades tropicais no Atlântico na costa africana são responsáveis por, respectivamente, precipitações acima da média na América do Sul e furacões no Caribe constituem-se no caso clássico (Alley, 2004), desse modo, monitorar as condições climáticas de todo o planeta justifica-se. Entretanto, os monitoramentos constatam que a temperatura do planeta eleva-se em um ritmo talvez nunca constatado, como demonstra o atual estado de conhecimento da Paleoclimatologia2. World Meteorological Organization/United Nations Environment Programme (2001, p. 26/7) comprova o constante aumento de temperatura, tanto na superfície terrestre quanto na superfície do mar. Para a superfície do oceano, desde os anos 50, o aumento da temperatura é de 0,04ºC por década. Já na superfície do planeta a temperatura elevou-se em 0,6ºC com intervalo de erro de 0,2ºC desde 1861, sendo o ano de 1998 o mais quente da história e a década de 90 do século vinte a mais quente já verificada. Os modelos climatológicos concentram-se na interação entre atmosfera e oceano, sendo simulados através de equações que descrevem o comportamento dos constituintes destes. Dois métodos costumam ser adotados para a previsão do clima futuro: um extrapolando as tendências observadas pela paleoclimatologia, outro com modelos numéricos reproduzindo a circulação geral atmosférica, envolvendo oceanos e superfície terrestre na análise (Cusbasch et alli, 1990). Na interação da atmosfera destaca-se o efeito estufa, processo natural que domina o balanço de energia do planeta. Conforme Meirelles (1994, p.4): “A atmosfera terrestre é constituída de gases que permitem a passagem da radiação solar, porém absorvem grande parte da radiação infravermelha termal, que é emitida pela superfície terrestre”. Grande quantia do efeito estufa natural deve-se ao vapor d água, o dióxido de carbono e as nuvens, sendo de apenas 10% a contribuição natural de ozônio, óxido nitroso, metano e outros gases. A principal influência humana para potencializar a mudança climática residira no aumento sobremaneira da concentração de gases que provocam o efeito estufa. Com a alteração da composição química da atmosfera o efeito estufa desviaria de suas condições naturais aquecendo sobremaneira o planeta. Naquilo que diz respeito à agricultura, sua contribuição para acelerar o efeito estufa encontra-se na alteração dos fluxos naturais de nitrato, fosfato e carbono, com liberação principalmente do gás carbônico e metano (Meirelles, 1994). Em favor da evidência da decisiva participação da atividade humana na elevação da temperatura associada ao efeito estufa a concentração dos principais gases coligados elevou-se em comparação ao período pré-revolução industrial, conforme demonstra o quadro 1, abaixo. A vida útil da atmosfera é uma medida útil para a discussão do problema já que o conceito procura mensurar a razão entre a taxa de acúmulo e a capacidade da atmosfera utilizar o gás. Para o gás carbônico, no entanto, a estimativa refere-se apenas à atmosfera, uma vez que este pode se fixar em outros componentes como, por exemplo, o oceano.

QUADRO 1 – SUMÁRIO DA CONCENTRAÇÃO DE GASES NA ATMO SFERA CO2 CH4 CFC-11 CFC-12 N2O

1750-1800 280 ppmv 0,8 ppmv 0 0 288

1 ENSO – Oscilação Sul El Niño, fenômeno responsável pelo El Niño e La Nina, respectivamente, o aquecimento e resfriamento das águas do Pacífico. 2 A medição da temperatura global de outras épocas, sem registro histórico, é possível através do exame de árvores e fósseis vegetais e animais, sedimentos, testemunhos de gelo etc. É a isto que se dedica a investigação da Paleoclimatologia.

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ppbv

1990 353 ppmv 1,72 ppmv 280 pptv 484 pptv 310 ppbv

Taxa de Acumulação 1,8 ppmv 0,015 ppmv 9,5 pptv 17 pptv 0,8 ppbv

Vida útil da Atmosfera

50 -200 anos 10 anos 65 anos 130 anos 150 anos

Fonte: Extraído de World Metereological Organization/United Nations Environment Programme (1990, p.7). Legenda: CO2 – gás carbônico; CH4 – metano; CFC-11 – clorofluocarboneto 11; CFC-12 – clorofluocarboneto 12; N2O – óxido nitroso; ppvm – volume em partes por milhão; ppvb – volume em partes por bilhão; ppvt – volume em partes por trilhão. Já entre aqueles que advogam a idéia de que o aumento recente da temperatura tem origens naturais destacam-se os seguidores do astrônomo sérvio Milutin Milankovich, que associou as idades do gelo e as alterações no clima terrestre ao movimento do planeta em relação ao Sol e a posição do eixo da Terra, afetando por conseqüência a insolação recebida. Essa teoria explicaria, sobretudo, a ocorrência de idades do gelo, mas seria aplicada também a variações em temperatura em geral do planeta, pois a posição do planeta teria comportamento cíclico (Kopal, 1980). Todavia, mesmo Lomborg(2002), o auto-denominado “ambientalista cético”, reconhece que apesar dos ambientalistas serem exagerados e confundirem muitos conceitos, notadamente os estatísticos, há razões para preocupar-se com o lançamento de gases na atmosfera e que, em algum tempo, haveria um efeito importante sobre o planeta. Davis(2002), de forma dramática expressa a ligação entre variações climáticas naturais e a distribuição do produto econômico. A “ENSO” da década de 70 do século 19 aliada a apropriação do produto agrícola, em colapso, pelos colonizadores ingleses na Ásia condenou milhões de indianos e chineses a morte por fome. Em paralelo, relaciona a migração de nordestinos à Amazônia, mais tarde iniciando o ciclo da borracha, à severa seca vivida pelo Nordeste e a total ausência de medidas adaptativas. O aspecto a ser destacado é que tragédias sociais e/ou políticas podem ser evitadas se a organização social também souber se adaptar e transformar-se em função da mudança climática. Nesse sentido, os efeitos sobre a agricultura mundial de uma mudança climática atingiriam metade da força de trabalho mundial, afora o fato de o setor ser o maior da economia em um quarto dos países ao redor do mundo, como destaca Fischer et alli (2002). Como resposta ao nível de emissões de gases que poderiam contribuir para potencializar o efeito estufa o Protocolo de Kyoto determinou cotas para os países, inicialmente apenas os industrializados, para limites de emissões por atividade. O mecanismo de desenvolvimento limpo (MDL) nasceu das oportunidades de “compra” de cotas adicionais de emissões. O protocolo criou as bases para um entendimento futuro, pois sua efetividade ficou comprometida uma vez que o principal poluidor, os Estados Unidos, não aderiu ao acordo. Bohringer & Loschel (2005) testam novos cenários até 2020 dentro da metodologia de equilíbrio geral computável, e concluem que mesmo os impactos econômicos para os Estados Unidos seriam moderados ao se associarem a novas rodadas do protocolo, ao passo que os países membros da Opep, o México, a Oceania, o Canadá, os países da ex-União Soviética e os países da África observariam perdas econômicas em qualquer dos cenários construídos. Jorgenson et alli (2005) utiliza uma metodologia de equilíbrio geral computável e confronta dois cenários de mudança climática onde o PIB pode cair até 2% ou até mesmo

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elevar-se em 1%. Os efeitos são em grande medida originados pela queda do preço dos produtos agropecuários, e complementando-os temos principalmente mortalidade humana e alterações nos preços energéticos. Pizer et alli (2003) sugere que os instrumentos econômicos aplicados a redução de emissões são ineficientes e avaliam através de um modelo de equilíbrio geral computável quais medidas de natureza regulatórias e, sobretudo, concentradas sobre os setores de energia e transportes, podem apresentar retorno marginal maior. Com a incorporação dos problemas ambientais nas agendas políticas a partir dos anos oitenta, o problema da oferta energética adequada e das emissões adquiriu uma “popularidade” inédita. Particularmente, na Europa os movimentos verdes alcançaram cadeiras no Legislativo e no final do século vinte participavam de gabinetes executivos (Alemanha / Suécia). Na Inglaterra o governo trabalhista foi o responsável por levantar questões acerca da mudança climática. Especificamente, foi encomendada pelo governo a confecção de um relatório destacando os impactos econômicos da mudança climática que se materializou, em 2006, no denominado “Stern Review on Climate Change”, coordenado por Sir Nicholas Stern, dando novo status ao debate. Texto em parte político, parte técnico, Stern (2006) inicia-se com um apelo para que os países possam colaborar com a redução do nível de emissões, pois a atual trajetória é considerada insustentável e confessa a fé em soluções no setor privado a partir de ações governamentais de incentivo, que iriam além de instrumentos econômicos, incluindo ações regulatórias e diplomáticas, especificamente para disciplinar as cognominadas economias de rápido crescimento. O relatório, prosseguindo sua argumentação, aponta os tipos de eventos que a humanidade estaria sujeita na hipótese de confirmação da tendência hoje verificada para o ritmo da mudança climática. O primeiro deles seriam as inundações como conseqüência do derretimento das calotas polares e da neve localizada nos cumes montanhosos e que afetariam não apenas áreas costeiras, mas todo o curso de rios que nascem em grandes cordilheiras. Outra importante conseqüência negativa se daria sobre as espécies e a biodiversidade do planeta, as quais as áreas tropicais seriam as principais vítimas. A alteração das propriedades químicas dos oceanos seria outro importante evento, acarretando em alterações nos estoques populacionais das espécies marítimas, para além daquele ocasionado pela pesca predatória e afetando o clima do planeta já que influenciariam as correntes marítimas. Ademais, a mortalidade humana aumentaria como conseqüência da fome, do mal estar em altas temperaturas, além da maior reprodução de vetores de doenças importantes, como malária e dengue. Depois de tantas más notícias, o relatório nos informa que algumas regiões poderiam observar aumento das colheitas agrícolas (ver próximo tópico), mas os efeitos globais seriam ainda negativos. A extensão dos efeitos dependeria, maiormente, do ritmo e da intensidade da elevação da temperatura da atmosfera, mas também das águas superficiais do oceano. Nesse cenário apocalíptico os impactos sobre o PIB mundial seriam significativos. Em 2005 esses custos superaram 0,5% do PIB Mundial3, batendo um recorde de prejuízos de US$ 200 bilhões. Finalmente admite que na pior das hipóteses esses custos podem se estabilizar em 2% ao ano, no melhor cenário, ao passo que poderiam, no pior cenário, elevar-se ao longo das décadas atingindo 3% (2015), 5% (2035) e por fim, 6% do PIB

3 1,2% do PIB dos Estados Unidos foi o custo do furacão Katrina em 2005 (Munich Re, 2006 apud Stern (2006))

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Mundial em 2045 (Stern, 2006, p. 132). Existem custos associados a eventos de pequena escala e a estimativa para países em desenvolvimento que o relatório não dimensiona. O custo para se abater emissões de gases ligados ao efeito estufa estimados pelo mesmo relatório não passaria de 1%, compensando, desse modo, sua adoção em vistas dos prejuízos esperados, sendo esta uma das mensagens do relatório, sobretudo aos países em desenvolvimento4. 2.1 – Efeitos sobre a Agricultura No geral, os diferentes cenários agrícola-climáticos concordam que os países localizados em altas latitudes serão os maiores beneficiados na redistribuição da produção agrícola que pode ocorrer com o cenário de aquecimento global sendo mantido. Em contra partida seriam os maiores perdedores no que diz respeito à exposição a catástrofes naturais e/ou climáticas. É preciso, a esta altura, ponderar que a agricultura e a pecuária são responsáveis por importante contribuição no total de gases emitidos. Wolfe & Erickson(1993) reconhecem o efeito positivo sobre a produção agrícola que as altas concentrações de CO2 podem trazer. Na medida em que o insumo básico para a fotossíntese é o gás carbônico, a agricultura iria se beneficiar. Contudo, a interação entre temperatura alta e gás carbônico por longo período leva a retornos decrescentes, conforme as culturas se adaptem a situação, visto que a principal enzima (rubizco) envolvida torna-se mais frágil com as concentrações de CO2. Entretanto, alertam que esses benefícios nos países em desenvolvimento e subdesenvolvidos são duvidosos, pois necessitam de fertilizantes, herbicidas, pesticidas e irrigação adequada, insumos muitas vezes inacessível. Esses elementos estavam presentes nas experiências laboratoriais e dessa forma teriam que ser reproduzidos nas condições de campo para os resultados serem próximos. Além disso, destacam a incidência de raios ultravioleta mais intensa nas regiões tropicais, coincidentemente as subdesenvolvidas. Reilly et alli (2001) consideram os impactos sobre a agricultura em cinco efeitos principais: uso de pesticidas, suprimento de água para irrigação, qualidade do pasto disponível para pecuária, comércio internacional e, finalmente, produtividade das lavouras. Esses cinco elementos foram combinados para determinar consumo, preço, produção regional e uso de recursos e os resultados foram simulados para os horizontes de 2030 e 2090, a partir de um cenário base. No caso específico dos efeitos sobre o comércio internacional o estudo aponta que o Brasil observaria queda da produção de trigo, grãos, arroz e outras colheitas em dois cenários climáticos distintos: UKMO e GISS5. Os dois cenários confirmam em escala global aquilo que se espera para a agricultura com mudança climática: os países em desenvolvimento seriam prejudicados ao passo que os países desenvolvidos extrairiam vantagens para a agricultura. Os modelos, entretanto, são discordantes quanto à produção na ex-União Soviética; para um (UKMO) haveria queda importante, ao passo que para outro seria observado crescimento expressivo da produção agrícola (GISS). Ambos os cenários, consideram o papel do gás carbônico no benefício da fotossíntese. Abaixo, na tabela 1, ilustram-se os efeitos esperados para o modelo climático mais severo (UKMO), enquanto na tabela 2 são ilustrados os efeitos esperados do modelo climático mais brando (GISS).

4 Uma mensagem sugestiva antes da Reunião em Nairóbi com o intuito de revisão das cotas do Protocolo de Kyoto. 5 As siglas referem-se a fonte do cenário, no caso: UKMO – United Kingdom Meteorology Office; GISS – Goddard Institute for Space Studies

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TABELA 1 – Cenários para o Comércio Internacional: Variações Percentuais Esperadas com Base no Cenário UKMO de Mudança Climática.

Região Trigo Coarse Grains

Arroz Outros Cereais

Secundários

Canadá +4,5 -6,6 +6,0 -7,5 -2,0

Europa Ocidental +11,0 +9,8 +13,5 +11,6 -1,4

Ex-URSS -8,1 -6,0 -7,4 -1,4 -0,3

Leste Europeu +1,5 +3,0 +3,1 +11,2 -0,3

Oceania +46,2 +19,8 +28,0 +27,0 -0,3

China, Taiwan e Coréia +0,9 +0,7 +2,6 +12,9 +0,5

Outros Leste Asiático -15,0 -30,0 -15,7 -10,2 -0,8

India -19,8 -36,0 -17,1 -25,6 -1,2

Argentina -7,6 -0,6 +18,7 +17,5 0,0

Brasil -28,4 -13,7 -18,6 -7,0 -0,6

Mexico -27,2 -33,8 -24,1 -16,1 -0,2

Japão +1,6 +17,3 +8,5 +10,4 -1,7

Africa & Oriente Médio -12,8 -25,3 +8,7 -8,0 -1,6

Outros América Latina -28,7 -17,6 -15,5 -25,2 +0,1

Fonte: Reilley et alli (2001, p.59)

TABELA 2 – Cenários para o Comércio Internacional: Variações Percentuais Esperadas com Base no Cenário GISS de Mudança Climática.

Região Trigo Coarse Grains

Arroz Outros Cereais

Secundários

Canada +20,0 +17,2 +2,2 +20,3 +1,4

Europa Ocidental -0,7 +3,1 +4,5 +12,0 +0,7

Ex-URSS +23,0 +12,0 +13,2 +17,6 +0,1

Leste Europeu +6,8

+1,3 +1,3 +13,7 +0,1

Oceania -11,6 +10,7 +17,1 +8,2 +0,4

China, Taiwan e Coréia +14,9 +0,1 +1,1 +15,6 -0,1

Outros Leste Asiático -21,0 -32,9 -5,7 -15,6 +0,4

India -4,4 -13,9 -2,2 -6,1 +0,8

Argentina -25,8 +8,5 +9,8 +6,0 +0,4

Brasil -35,2

-10,3 -11,8 -0,5 +0,2

Mexico -34,9 -34,8 -18,0 -19,9 +0,2

Japão -1,9 +22,2 +11,4 +11,2 +0,4

Africa & Oriente Médio -19,0

-24,0 +3,2 -5,3 +1,9

Outros América Latina -29,1

-10,6 -9.7 -18,6 +0,1

Fonte: Reilley et alli (2001, p.59)

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Os efeitos sobre o sul da Ásia incluem alteração nos efeitos das monções tradicionais, que são importantes para o ciclo agrícola e são especialmente graves se considerados em paralelo ao crescimento populacional esperado para esta região do mundo. Nas demais partes do mundo, os efeitos são distintos incluindo secas severas e mais freqüentes para os países da América Latina (Mendelshon & Dinar,1999) (Reilley et alli, 2001) (Bohringer & Loschel, 2005) (Stern, 2006). Bosello & Zhang (2005) também realizam simulação de impactos utilizando um modelo de equilíbrio geral computável e, linha geral, concluem que os países em desenvolvimento percebem as maiores conseqüências. A base de dados utilizada é o GTAP modificado por Burniaux et alli (2002) e o horizonte temporal foi dado por 2010, 2030 e 2050. Os autores aplicaram um choque exógeno de produtividade diferenciado por área. Os resultados foram consolidados por atividade em cada país, tendo como variáveis endógenas produto e preço, sendo que, regra geral, mostra pequenos impactos em relação ao cenário base, já que se considera a adaptação à mudança climática. Nesse particular, existem pesquisadores céticos quanto ao impacto mais forte sobre os países em desenvolvimento e consideram que os agentes se adaptarão. Mendelshon & Dinar (1999) apontam que evidências a partir de amostra de agricultores do Brasil e da Índia demonstram essa adaptabilidade, mas ainda assim reconhecem a necessidade do poder público conduzir o estímulo nessa direção, sinalizando se possível com instrumentos econômicos. Warren et alli (2006) estimam para a América do Sul os efeitos sobre a agricultura e sobre o fornecimento de água de aumentos de temperatura da atmosfera em intervalos de 1ºC. O cenário-base são as condições de 1990 e apontam que a produtividade agrícola cairia entre -1,5% e -4,1% para a cultura de milho para cada grau de aumento. Para o arroz situar-se-ia entre -1,2% e -7,7% e o trigo fica entre assistir queda de 6,4% e aumento de 2,6%. Baseados ainda nos cenários climáticos mais difundidos foram possíveis simulações não apenas para a produção agropecuária, mas para todas as variáveis associadas. Julia et alli (2005), por exemplo, preocupando-se com repercussões no comércio internacional analisou o impacto para seis diferentes tipos de condições de terreno. Seus resultados mostram uma ampliação da área destinada a agropecuária, aumentos de preços para grãos (+0,65% a +1,17%), carnes (+0,41% a +0,72%) e para outros produtos (+0,65% a 1,18%) e quedas nos salários agrícolas. 3. Metodologia - O Modelo MINIMAL e Suas Características Como metodologia para se apurar os efeitos econômicos dos eventos associados à mudança climática, será utilizado o modelo de equilíbrio geral computável MINIMAL, originalmente construído por Hodridge (2001) com dados para a economia australiana. O MINIMAL, todavia, foi adaptado para os dados da economia brasileira e a versão brasileira é descrita por Hasegawa et alli (2006). Duas observações a princípio são importantes: a primeira observação é que o MINIMAL foi alimentado pelos dados da matriz de insumo-produto de 1996. A segunda observação é que ao contrário da agregação de setores sugerida por Hasegawa et alli (2006), no presente artigo optou-se por agregar os setores da matriz de insumo produto de outro modo, bem como os elementos relativos à demanda final. Esta diferenciação foi necessária para que se possam atingir os objetivos do presente artigo e será explicitada na seqüência. O modelo MINIMAL adaptado para o Brasil não distingue modalidades de impostos, considerando apenas dois (um sobre a produção, outro sobre a importação) e sua estrutura

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de produção é dada inicialmente por uma função Leontief entre as diferentes matérias primas necessárias à produção de cada setor e os fatores primários, que no modelo são apenas trabalho e capital. Num segundo nível as matérias primas podem ser formadas por dotações importadas e domésticas em uma relação de elasticidade substituição constante (CES), bem como essa relação de elasticidade de substituição constante é observada nos fatores primários de produção, ou seja, entre trabalho e capital. Nesse aspecto o MINIMAL aproxima-se do modelo FARM construído por Darwin et alli (1995) para examinar o impacto da mudança climática na agricultura mundial. Neste modelo os insumos primários e intermediários comportam-se numa função de produção Leontief, ao passo que a composição dos diferentes insumos intermediários comporta-se numa função de elasticidade constante. Entretanto, os insumos primários são quatro: terra, água, trabalho e capital. No que diz respeito a demanda de famílias o modelo considera unidades maximizadoras e cuja estrutura de demanda comporta-se como uma função Cobb-Douglas entre os diferentes produtos demandados pelas famílias. Em um segundo nível há uma elasticidade de substituição constante entre a demanda em particular de cada produto para produto importado ou doméstico. Ademais, o modelo supõe uma estrutura de mercado em competição perfeita, com as famílias consumindo toda a renda obtida e desse modo do lado da produção o custo do produto corresponde ao seu preço. A agregação dos setores obedeceu a lógica de aproximá-los por afinidade e mantendo os setores que nos interessam diretamente desagregados para fins de aplicação de políticas setoriais e/ou análise. A tabela 3 explicita como foram realizadas as agregações entre os setores intermediários e de demanda final. Considerando a agregação realizada pela pesquisa as elasticidades de Armington, de demanda por exportações e de substitubilidade entre fatores primários também foram agregadas e ponderadas segundo o peso do setor. Para os dados da elasticidade de Armington, a substitubilidade entre insumos domésticos e importados, foram usados os dados de Tourinho et alli(2003). Para os dados referentes a elasticidade de exportações foram utilizados os dados de Domingues(2004) e finalmente para as elasticidades de substituição entre fatores primários foram utilizados os dados de Oliveira(2002). Os valores das elasticidades para os setores agregados estão contidos na tabela 4, na sequência. A próxima seção será dedicada à simulação dos efeitos da mudança climática no modelo MINIMAL para a economia brasileira. Ressalte-se adicionalmente que os modelos de equilíbrio geral computável têm sido utilizados para esta finalidade: Wingle (2001) lembra que as primeiras aplicações ambientais dos modelos de equilíbrio geral computável ocorreram com simulações de aplicação de impostos sobre emissão de poluentes.

Tabela 3 – Agregação de Setores da Matriz de Insumo Produto Nova Agregação Setores da Matriz Insumo Produto

Agropecuária Agropecuária Mineração Extrativa Mineral; Extração de Petróleo e Gás; Minerais Não

Metálicos; Siderurgia; Metais Não Ferrosos; Outros Metalúrgicos Manufatura Máquinas e Tratores; Material Elétrico; Equipamentos Eletrônicos;

Automóveis; Outros Veículos e Peças; Madeira e Mobiliário; Papel e Gráfica; Indústria de Borracha; Elementos Químicos; Refino de Petróleo; Químicos Diversos; Farmácia e Perfumaria; Artigos

Plásticos e Indústria Diversas Indústria Têxtil Indústria Têxtil

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Artigos de Vestuário Artigos de Vestuário Fabricação de Calçados Fabricação de Calçados

Indústria de Café Indústria de Café Benefeciamento Vegetal Benefeciamento Vegetal Indústria de Abate de

Animais Indústria de Abate de Animais

Indústria de Laticínios Indústria de Laticínios Indústria de Açúcar Indústria de Açúcar Fabricação de Óleos

Vegetais Fabricação de Óleos Vegetais

Outros Produtos Alimentares

Outros Produtos Alimentares

Comércio / Transporte Comércio; Transporte Serviços SIUP; Construção Civil; Comunicações; Instituições Financeiras;

Serviços Famílias; Serviços Empresas; Aluguel de Imóveis; Administração Pública e Serviços Privados Não Mercantis

Investimento Investimento; Estoques Consumo Governo Consumo Governo Consumo Famílias Consumo Famílias

Exportação Exportação Fonte: Dados da Pesquisa

Tabela 4 – Agregação de Setores da Matriz de Insumo Produto Nova Agregação Elasticidade de

Armington Elasticidades de Demanda por Exportação

Elasticidades de Substituição de

Fatores Primários Agropecuária 1,91 13,24 0,24

Mineração 1,12 1,54 1,04 Manufatura 1,15 1,74 1,26

Indústria Têxtil 2,34 4,54 1,26 Artigos de Vestuário 2,20 0,40 1,26

Fabricação de Calçados 0,15 0,89 1,26 Indústria de Café 2,65 0,41 1,12

Beneficiamento Vegetal 2,47 1,94 1,12 Indústria de Abate de Animais 3,80 2,12 1,12

Indústria de Laticínios 2,68 2,64 1,12 Indústria de Açúcar 2,65 0,35 1,12

Fabricação de Óleos Vegetais 1,15 1,32 1,12 Outros Produtos Alimentares 0,95 0,75 1,12

Comércio / Transporte 1,33 6,40 1,68 Serviços 1,08 2,11 1,28

Fonte: Dados da Pesquisa com base em Domingues(2004); Oliveira(2002) e Tourinho et alli(2003) 4. Cenários, Simulação de Políticas e Resultados 4.1 – Cenários Adotados e Fechamentos de Curto e Longo Prazo Como Wingle (2001, p.5) afirma o experimento típico em equilíbrio geral computável é perguntar-se: “Qual o impacto de uma determinada política?”. Em nossa simulação,

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entretanto, o impacto é dado pelas condições naturais, logo a pergunta é “Qual o efeito da mudança climática”? O problema da mudança climática é caracteristicamente de longo prazo, embora parte de seus efeitos já possam ser conhecidos no curto prazo. Assim, vale a pena testar cenários nos dois horizontes temporais, lembrando que a distinção entre curto prazo e longo prazo refere-se ao comportamento das variáveis econômicas e não a uma data específica para os dois horizontes. Como “numeráire” para o modelo foi escolhido o índice de preços ao consumidor para ambos os fechamentos. As variáveis exógenas de curto prazo, portanto, são aquelas sugeridas em Hasegawa et alli(2006, p. 47):

• índice de preços ao consumidor; • demanda de investimento; • demanda de governo; • estoque de capital corrente; • salário real; • consumo real das famílias; • mudança técnica associada ao uso de fatores de produção; • preços mundiais; • deslocador da demanda de exportação; • alíquota de importação e alíquota de imposto sobre a produção.

Para as variáveis de longo prazo também foi atendida a sugestão de Hasegawa et alli(2006, p. 48) e escolhidas como variáveis exógenas:

• índice de preços ao consumidor; demanda de investimento; • demanda de governo; • taxas de retorno do capital; • emprego agregado; consumo real das famílias; • mudança técnica associada ao uso de fatores de produção; • preços mundiais; deslocador da demanda de exportação; • alíquota de importação e alíquota de imposto sobre a produção.

As variáveis que sofrerão choques, tanto no longo prazo quanto no curto prazo, serão o deslocador da demanda por exportações, representando o impacto de choques sobre o PIB mundial por conseqüência de mudanças climáticas. Outra variável que sofrerá choque será a mudança técnica no uso de fatores primários como resultado dos efeitos da mudança climática sobre os solos da agricultura brasileira. Nesse sentido, o impacto negativo do deslocador da demanda de exportações atuará sobre todos os setores, ao passo que o choque sobre a variável mudança técnica no uso de fatores primários sofrerá choque, negativo, apenas sobre o setor agropecuário. O cenário de curto prazo verificar-se-á com um impacto negativo de 1% sobre o deslocador de demanda de exportações com base em Stern (2006), ao passo que a mudança técnica do uso de fatores primários no setor agropecuário será de 1% representando impacto ainda pequeno sobre o desempenho do fator terra, que será admitido no MINIMAL como incorporado ao capital. Os impactos de longo prazo, entretanto, são mais severos. Nesse sentido dois cenários serão testados: um correspondente a uma mudança climática moderada e outro com mudança climática mais severa. No primeiro caso o deslocador de demanda de exportações

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terá choque negativo de 3%, ao passo que no segundo observará choque negativo de 6%, baseado em Stern (2006). Para a mudança técnica do uso de fatores primários o cenário de longo prazo de mudança climática presenciará um choque de 5%, como resultado das simulações do modelo climático GISS (ver tabela 2). No cenário mais severo, baseado no modelo climático UKMO, o choque negativo sobre a mudança técnica do uso de fatores primários será de 10% (ver tabela 1). Lembramos que as culturas tropicais e outros produtos agropecuários representativos na produção brasileira não foram estudados, logo a adoção de uma média ponderada para ambos os cenários constituir-se-ia em um equívoco. Assim, uma escolha ad hoc baseada na observação destes cenários climáticos talvez seja mais interessante e simples para a visualização dos resultados6. 4.2 – Simulação e Resultados para o Cenário de Curto Prazo O cenário de curto prazo considerará um impacto negativo sobre a renda mundial de 1%, adotando assim um impacto sobre a variável deslocadora das exportações mundiais. Além disso, considerar-se-á um impacto sobre a mudança técnica do uso de fatores primários, também negativo, de 1% como representativo da depreciação do fator terra sob condições de mudança climática. A análise fez uso do software GEMPACK. Os resultados para esta simulação estão contidos na tabela 5 e 6, na seqüência. A tabela 5 contém os resultados para cada impacto e o total dos impactos, já a tabela 6 contém variações por setores agregadas. O impacto sobre o PIB real neste cenário é de -0,18% e a maior parte dos efeitos originam-se na deterioração da produtividade dos fatores primários. Digno de nota também é a variação da taxa de câmbio neste cenário, valorizando-se 0,43% e naquilo que dependesse apenas da perda da produtividade seria valorizada em 0,6%, ao passo que o choque na demanda externa anula esse efeito, pois seu efeito é desvalorizar a taxa de câmbio em 0,17%. Ainda no campo do setor externo da economia percebe-se que o índice de preços de exportação observou uma queda mais moderada do que a notada para o índice de volume, o que se repetirá para os demais cenários. Quanto ao índice de preços do investimento, o choque na demanda mundial provoca sua elevação, ao passo que o choque de produtividade negativo na agricultura provoca a queda, sendo o resultado líquido negativo. A taxa agregada de salário permanece inalterada. Na tabela 6 é possível observar o comportamento de várias variáveis por setor. A produção observa queda em todos os setores, exceto artigos de vestuário, sendo o impacto mais intenso na agropecuária. Por fontes de choque percebeu-se uma única variação positiva, em artigos de vestuário quando o choque se deu sobre o uso de fatores primários e uma única variação positiva, sobre a indústria de laticínios, quando o choque se deu sobre o deslocador de demanda de exportações. O emprego sofre uma queda agregada (tabela 5), mas entre os setores ainda percebe variação positiva em agropecuária (dado o fator primário composto) e artigos de vestuário apenas. Sobre o preço, por se tratar de concorrência perfeita, pode-se dizer que iguala o custo unitário de produção e os setores agropecuário e todos os relativos à agroindústria com

6 Importante notar que os dados da tabela 2 referem-se a quantidades. O cenário base adotado pelos modelos climáticos considera, apesar de tudo, expansão das terras ocupadas pela agropecuária, o que resultaria numa produtividade agregada menor. Todavia, o ideal seria uma análise por cultura levando-se em conta a atratividade econômica, no cenário base, das diferentes culturas.

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maior uso de insumos na agropecuária observaram aumento nos preços, enquanto os demais setores observaram queda. Percebe-se ademais que os movimentos provocados pelo choque sobre o uso dos fatores primários predominam sobre os movimentos apontados pelo choque do deslocador da demanda de exportações. Em outras palavras mesmo que por algumas vezes os dois choques tenham apresentado tendências distintas, a intensidade do primeiro mostrou-se mais forte que a intensidade do segundo.

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TABELA 5 – CENÁRIO DE CURTO PRAZO – Variáveis Macro Resultados da Simulação em Variações Percentuais Resultado Total Resultado Mudança

Técnica Fatores Primários

Resultado Queda PIB Mundial

Razão Balança Comercial / PIB (variação)

-0,0015 -0,00113 -0,00037

Emprego Agregado -0,19303 -0,16048 -0,03254

Deflator do PIB 0,01094 0,027445 -0,01651

Índice de Preços do Investimento

-0,07575 -0,08375 0,008001

Índice de preços de exportação -0,06113 -0,03792 -0,02322

Taxa de Câmbio (R$)/(US$) -0,43068 -0,60293 0,172256

Índice do volume importado a preços CIF

0,239964 0,461756 -0,22179

PIB Real -0,18165 -0,16308 -0,01857

Índice do volume Exportado -2,19839 -1,66087 -0,53752

Fonte: Dados da Pesquisa TABELA 6 – CENÁRIO DE CURTO PRAZO – Resultados por Indústria Agregados

Resultados da Simulação em Variações Percentuais Produção Preço Emprego Taxa de Retorno do

Capital Agropecuária -0,97917 0,869369 0,073234 0,384986

Mineração -0,38628 -0,247284 -0,83628 -0,72528 Manufatura -0,23839 -0,208919 -0,62252 -0,41896

Indústria Têxtil -0,25745 -0,197229 -0,76539 -0,5326 Artigos de Vestuário 0,078579 -0,117703 0,084872 0,143206

Fabricação de Calçados

-0,48203 -0,163374 -0,82522 -0,58019

Indústria de Café -0,49725 0,220124 -1,79808 -1,5324 Beneficiamento

Vegetal -0,52706 0,238217 -1,41084 -1,18579

Indústria de Abate de Animais

-0,55403 0,369767 -1,35107 -1,1323

Indústria de Laticínios

-0,31929 0,241261 -1,26654 -1,05666

Indústria de Açúcar -0,5499 0,293997 -0,7261 -0,57324 Fabricação de Óleos

Vegetais -0,78399 0,23411 -2,88385 -2,50504

Outros Produtos Alimentares

-0,23878 0,06577 -0,48343 -0,35627

Comércio / Transporte

-0,20938 -0,076589 -0,24734 -0,07161

Serviços -0,04312 -0,043106 -0,07845 0,014491 Fonte: Dados da Pesquisa

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4.3 – Simulação e Resultados - Longo Prazo com Mudança Climática Moderada Para os cenários de longo prazo, o fechamento foi modificado sendo substituídas as variáveis, retorno ao capital e salário real, por, respectivamente, estoque de capital e emprego como variáveis exógenas. Neste cenário, onde a mudança técnica de fatores primários recebe um choque negativo de 5% e o deslocador da demanda por exportações recebe um choque negativo de 3%, o PIB real cai 0,48%, enquanto o índice de volume exportado cai 5,93%. O salário real observa queda de 0,58% e a taxa de câmbio aprecia-se em 0,92% .As únicas variáveis que observam variação positiva são o índice de preço das exportações (0,12%) e o índice de volume das importações (0,57%), esses resultados considerados em conjunto com a queda do volume de exportação resulta numa queda da Balança Comercial como proporção do PIB de -0,00402%. Novamente os choques apresentaram alguma discrepância nas tendências (as mesmas do cenário de curto prazo): taxa de câmbio, índice do volume importado e no índice de preços do investimento. Mais uma vez, também, os efeitos da mudança técnica do uso de fatores mostraram-se mais agudos.

TABELA 7 – CENÁRIO DE LONGO PRAZO MODERADO – Variáv eis Macro Resultados da Simulação em Variações Percentuais

Resultado Total Resultado Mudança Técnica Fatores

Primários

Resultado Queda PIB Mundial

Razão Balança Comercial / PIB (variação)

-0,00402 -0,00273 -0,00129

Salário Real -0,58745 -0,47787 -0,10958

Deflator do PIB -0,04944 -0,0063 -0,04314

Índice de Preços do Investimento

-0,30271 -0,32013 0,017412

Índice de preços de exportação

0,126065 0,11184 0,014225

Taxa de Câmbio (R$)/(US$) -0,92478 -1,36525 0,440474

Índice do volume importado a preços CIF

0,574419 1,155885 -0,58147

PIB Real -0,48404 -0,39812 -0,08593

Índice do volume Exportado -5,93491 -4,01655 -1,91836

Fonte: Dados da Pesquisa Os resultados setoriais, regra geral, também sofrem extensão maior dos choques sobre a mudança técnica dos fatores. Para a produção, como já havia ocorrido no curto prazo, o único setor a variar positivamente sua produção foi o setor artigos para vestuário. O setor mais prejudicado na produção (=demanda doméstica) seria mais uma vez o agropecuário, seguido de fabricação de óleos vegetais. O emprego, variável exógena, tem variação agregada zero, mas variações setoriais que são positivas para agropecuária, artigos para vestuário e serviços. Finalmente, o estoque de capital, que era fixo no curto prazo, agora

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assiste a variações, negativas para todos os setores exceto agropecuária. Lideram as quedas de estoque de capital os setores de fabricação de óleos vegetais e indústria de abates de animais. As variações positivas de preço para a agropecuária e suas principais inter-relações, as agroindústrias registram variação positiva refletindo o maior uso de insumos enquanto os demais setores observam queda do preço de seus produtos sendo a maior para o setor de comércio e transporte.

TABELA 8– CENÁRIO DE LONGO PRAZO MODERADO – Variáve is Macro

Resultados da Simulação em Variações Percentuais Produção Preço Emprego Estoque de

Capital Agropecuária -3,23854 3,249523 1,65812 1,589143

Mineração -1,17408 -0,370858 -1,01473 -1,31011 Manufatura -0,75473 -0,322969 -0,53362 -0,89142

Indústria Têxtil -0,87983 -0,19584 -0,64228 -0,99969 Artigos de Vestuário 0,281145 -0,381285 0,307927 -0,0529

Fabricação de Calçados -1,54295 -0,207589 -1,39503 -1,74973 Indústria de Café -2,05999 1,829801 -1,83226 -2,14621

Beneficiamento Vegetal -2,14606 1,437923 -1,94906 -2,26264 Indústria de Abate de Animais -2,19628 1,78016 -2,01083 -2,32422

Indústria de Laticínios -1,74775 1,597262 -1,51175 -1,82673 Indústria de Açúcar -1,76402 1,177632 -1,68745 -2,00187

Fabricação de Óleos Vegetais -2,87817 1,610027 -2,65059 -2,96192 Outros Produtos Alimentares -0,95159 0,536928 -0,79073 -1,10802

Comércio / Transporte -0,32657 -0,476606 -0,25304 -0,73117 Serviços -0,00238 -0,405323 0,162668 -0,20352

Fonte: Dados da Pesquisa

4.4 – Simulação e Resultados -Longo Prazo com Mudança Climática Severa

Finalmente, para o cenário mais severo de mudança climática (tabela 9) a queda do PIB real atinge 0,92% de variação percentual sobre a variação do índice de preços ao consumidor. Desta feita apenas o índice de preço das exportações e o índice de volume importado vaiam positivamente. O salário real cai 1,14% e o índice do volume exportado cai 11,2%. A Balança Comercial deteriora-se e o câmbio valoriza-se mais intensamente do que nos cenários anteriores, conforme esperado. Como já foi notado nos cenários anteriores verificou-se que os resultados derivados do choque da mudança técnica do uso de fatores primários contribuem para os resultados de forma mais intensa. Desta forma, comprova-se que para o MINIMAL os resultados da mudança climática no front interno são mais significativos em impactos econômicos do que os resultados originados no front externo.

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TABELA 9 – CENÁRIO DE LONGO PRAZO SEVERO – Variávei s Macro

Resultados da Simulação em Variações Percentuais Resultado Total Resultado Mudança

Técnica Fatores Primários

Resultado Queda PIB Mundial

Razão Balança Comercial / PIB (variação)

-0,00765 -0,00504 -0,0026

Salário Real -1,14311 -0,92334 -0,21977

Deflator do PIB -0,0918 -0,00501 -0,08679

Taxa Agregada de Salário -1,14311 -0,92334 -0,21977

Índice de Preços do Investimento

-0,59586 -0,63068 0,03483

Índice de preços de exportação

0,219711 0,19101 0,028701

Taxa de Câmbio (R$)/(US$)

-1,88956 -2,76999 0,880428

Índice do volume importado a preços CIF

1,237295 2,409809 -1,17252

PIB Real -0,92789 -0,75479 -0,1731

Índice do volume Exportado

-11,2041 -7,34783 -3,85626

Fonte: Dados da Pesquisa

Finalmente, os resultados setoriais (tabela 10) mostram os mesmos padrões registrados nos cenários anteriores, porém com repercussões mais sérias. O setor de artigos para vestuário persiste sendo o único com variação positiva da produção e no “balanço” dos choques aquele que ocorre sobre o uso dos fatores primários permanecem determinando, na imensa maioria dos casos, as tendências (sinais) dos efeitos. 4.5 –Limitações dos Resultados A esta altura cabe lembrar que os resultados apresentados estão limitados pro algumas razões, apontadas por Ferreira Filho(2006), como restringir o número de parâmetros a serem estimados e adoção de pressupostos a respeito do comportamento dos agentes produtores e consumidores. Ademais, uma das principais, porém, está relacionada aos dados da matriz de insumo produto do ano de 1996, portanto correspondente a uma estrutura econômica que se aproxima da verificada atualmente. Esta afirmação é válida para as interações dos setores, mas é especialmente válida para a estrutura do setor externo, uma vez que a relação cambial verificada era outra, distinta da atual configuração. Assim sendo, mais do que as intensidades dos efeitos, importante é tomar atenção para a direção dos efeitos e a sensibilidade dos parâmetros aos choques de política estudados, como destacado por Ferreira Filho(2006, p.11).

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TABELA 10– CENÁRIO DE LONGO PRAZO SEVERO – Variávei s Macro Resultados da Simulação em Variações Percentuais

Produção Preço Emprego Estoque do Capital

Agropecuária -5,9398 6,484714 3,581701 3,446099 Mineração -2,34547 -0,729624 -2,04136 -2,60475 Manufatura -1,49022 -0,638807 -1,06627 -1,75198

Indústria Têxtil -1,75849 -0,389851 -1,30363 -1,9877 Artigos de Vestuário 0,550905 -0,750337 0,602744 -0,09454

Fabricação de Calçados -3,08814 -0,404943 -2,807 -3,48064 Indústria de Café -4,06853 3,656706 -3,63745 -4,23153

Beneficiamento Vegetal -4,19188 2,861468 -3,81918 -4,41213 Indústria de Abate de

Animais -4,30168 3,557388 -3,95136 -4,54323

Indústria de Laticínios -3,45025 3,189216 -3,00206 -3,60005 Indústria de Açúcar -3,49321 2,356918 -3,34796 -3,94375 Fabricação de Óleos

Vegetais -5,5982 3,207752 -5,17074 -5,75525

Outros Produtos Alimentares

-1,82932 1,070293 -1,52141 -2,12836

Comércio / Transporte -0,64556 -0,933773 -0,50417 -1,42258 Serviços -0,00513 -0,792112 0,313593 -0,39302

Fonte: Dados da Pesquisa 5. Considerações Finais Há uma clara percepção de que os resultados da mudança climática tendem a prejudicar substancialmente os países em desenvolvimento e especialmente o setor agrícola destes. Países com economias pequenas, dependentes do setor externo para garantir renda, ainda tem um segundo efeito importante, trata-se do impacto sobre o PIB mundial de eventos catastróficos decorrentes do processo de mudança climática. Desse modo para os países em desenvolvimento, cuja situação social e tecnológica ainda é defasada, o tema da mudança climática precisa ser considerado no planejamento desde o presente momento. Os modelos de equilíbrio geral computável vêm sendo largamente empregados para a análise destes e outros efeitos sobre a economia. Deste modo o presente trabalho procurou realizar uma avaliação para a economia brasileira utilizando-se de um modelo simplificado, o MINIMAL. As estimativas variaram de impacto de -0,18% no PIB no curto prazo, até -0,92% no longo prazo. Outros aperfeiçoamentos são possíveis, tanto nos modelos como nas estimativas que os alimentam. Quanto aos modelos o principal seria a introdução do fator terra como insumo e a ampliação do número de relações da economia, além da contextualização regional. Para as estimativas seria importante avaliar o efeito da mudança climática não apenas sobre os cereais, cuja compreensão pode continuar avançando, mas também sobre culturas tropicais e sobre a pecuária, importante fonte de renda para os países em desenvolvimento. Finalmente, o cálculo sobre os efeitos econômicos para o PIB mundial deve introduzir os efeitos sobre os países em desenvolvimento, ainda em grande parte ignorados.

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Defrontar-se com fenômenos naturais sempre foi desafiante para o homem, mas talvez em nenhum outro período da história os efeitos em desorganização social e econômica sejam potencialmente catastróficos como em nossa era. REFERÊNCIAS

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• BOHRINGER, Christopher & LOSCHEL, Andreas. Kyoto Protocol: Quo Vadis? Kyklos, vol. 58, 2005, pp. 467-493.

• BOSELLO, Francesco & ZHANG, Jian. Assessing Climate Change Impacts: Agriculture . Fondazione Eni Enrico Mattei, Nota di Lavoro 94, 2005.

• CUSBASCH, U. & CESS, R.D. Processes and Modelling in Climate Change: The Intergovernamental Panel for Climate Change Scientific Assessment, World Metereological Organization/United Nations Environment Programme , 1990.

• DALTON, M. & O’NEIL, B. & JIANG, L. & FUERKRANZ-PRSKAWETZ, A.& PITKIN, J. “Population Aging and Future Carbon Emissions in the United States” in Socio-Economic Causes and Consequences of Future Environmental Changes Workshop, United States – Environmental Protection Agency, 2003, pp.51-88.

• DARWIN, Roy & TSIGAS, Marino & LEWANDROWSKI, Jan & RANESES, Anton. World Agriculture and Climate Change. USDA, Agricultural Economic Report nº 703, Junho 1995.

• DAVIS, Mike. Holocaustos Coloniais. Rio de Janeiro: Record, 2002, 486p.. • FISCHER, Gunther & SHAH, Mahendra & VAN VELTHUIZEN, Harrij. Climate

Change and Agricultural Vulnerability . World Summit on Sustainable Development, Johannesburg, 2002.

• DOMINGUES, E.P. Dimensão regional e setorial da integração brasileira na Área de Livre Comércio das Américas. São Paulo. 2002. Tese (Doutorado) – Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade – Universidade de São Paulo.

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