A Educação Nas Constituições Brasileiras

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    Resumo

    Analisa a educao nas diversas constituies brasileiras, detendo-se sobre elementos do contexto onde estas so concebidas. Apresentaconsideraes sobre o conjunto dos textos, buscando elucidar aspectoscomuns e diferenas marcantes. Evidencia que a presena da educaonas constituies relaciona-se com o seu grau de importncia ao longoda histria. Enquanto nas primeiras constituies (1824 e 1891) as re-ferncias so escassas, a presena de artigos relacionados com o temacresce significativamente nos textos posteriores (1934, 1937, 1946, 1967e 1988). As constituies expressam desejos de reforma da sociedade,apontando possibilidades sem assegurar garantias. Ao mesmo tempo,reforam privilgios de grupos que fazem valer seus interesses junto aoLegislativo. O aprofundamento do tema permite apreciar o contraditriomovimento da educao enquanto um valor que passa a incorporar-seaos anseios sociais sem, contudo, oferecer a cidadania plena. Do mes-mo modo, permite melhor situar as reformas de educao propostas aolongo da histria.

    Palavras-chave: constituies brasileiras; poltica educacional; reformaeducacional; histria da educao.

    Sofia Lerche Vieira

    A educao nas constituiesbrasileiras: texto e contexto

    ESTUDOS RBEPRBEPRBEPRBEPRBEP

    R. bras. Est. pedag., Braslia, v. 88, n. 219, p. 291-309, maio/ago. 2007.

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    Introduo

    A anlise das constituies ora apresentada insere-se no mbito dapesquisa Desejos de reforma: inventrio da legislao educacional Brasil eCear (Vieira, 2006a).1 O trabalho tem por objetivo proceder a um levanta-mento das principais leis de reforma no Pas e no referido Estado, detendo-se sobre documentos marcantes da histria da poltica educacional no Im-prio e na Repblica.

    Na perspectiva da pesquisa, as constituies brasileiras so compreen-didas como documentos-chave para compreender o contexto e os temasrelevantes dos diferentes momentos histricos. Do mesmo modo, sinali-zam (ou no) a agenda de reformas que vo sendo propostas ao longo dotempo. Assim sendo, estud-las no apenas oportuno como necessrioao conhecimento da temtica que se quer desvendar.

    As constituies tm-se revelado um tema preferencial de pesquisa nocampo da educao. Tais estudos abordam desde aspectos mais gerais(Costa, 2002), sua evoluo (Fvero, 1996; Martins, 1996), Constituintes econstituies especficas (Oliveira, 1990; Cury, 2001, 2003), constituiesestaduais (Catani, Oliveira, 1993; Vieira, 2006b), para citar apenas alguns.

    O significativo nmero de incurses ilustra o valor dos textos constitu-cionais na anlise da poltica educacional em nosso pas. Tais contribuies,

    Sofia Lerche Vieira

    AbstractThe education in the brazilian constitutions: text and context

    The work analyses the education in the diverse Brazilian constitutions,focusing on elements of the context in which they are conceived.Considerations on the set of the texts are presented, elucidating commonaspects and remarkable differences. The analysis evidences that the presenceof the education in the constitutions becomes related with its degree ofimportance throughout history. While in the first constitutions (1824 and1891) the references are scarce, the articles related with the subject growsignificantly in posterior texts (1934, 1937, 1946, 1967 and 1988). Theconstitutions express a desire to reform the society, pointing out possibilitieswithout assuring guarantees. At the same time, they strengthen privilegesof groups that validate their interests together with the Legislative Power.The deepening of the subject allows to appreciate the contradictory movementof the education while a value that becomes incorporated to the socialyearnings without, however, offering full citizenship. In a similar way, itbetter allows to point out the education reforms proposals throughout history.

    Keywords: brazilian constitutions, educational policies, educationalreform, history of education.

    1 Pesquisa desenvolvida com apoiofinanceiro do Conselho Nacional deDesenvolvimento Cientfico eTecnolgico (CNPq) e da FundaoCearense de Apoio ao Desenvolvi-mento Cientfico e Tecnolgico(Funcap). A autora agradece a Mariado Socorro Sales Felipe Bezerra,Priscila Holanda Costa e RosalinaRocha Arajo Moraes, bolsistas deiniciao cientfica do projeto, a co-laborao na organizao de dadosrelativos a este trabalho.

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    A educao nas constituies brasileiras: texto e contexto

    porm, no esgotam o manancial desses textos; deixam abertas outras pos-sibilidades de investigao, entre elas o aprofundamento da articulao pas-sado-presente (eixo diacrnico) e dos nexos texto-contexto (eixo sincrnico)desses discursos.

    A interpretao dos textos legais requer uma compreenso do cenriomais amplo onde as decises sobre os rumos da poltica educacional soforjadas (Saviani, 1976). Assim como as reformas, tambm os textos dasconstituies merecem ser interpretados luz dos contextos em que soproduzidos. Neles, no raro esto razes que ultrapassam a vontade doslegisladores, assim como explicaes para mudanas (ou permanncias)macroestruturais que determinam boa parte das circunstncias do fazereducativo.

    Este ensaio apresenta uma reflexo acerca dos dispositivos sobreeducao nas diversas constituies brasileiras, detendo-se sobre ele-mentos do contexto onde estas so concebidas. O estudo focalizar cadauma das sete cartas magnas, procurando situ-las a partir de um cenriopoltico e educacional. Feito tal movimento, sero apresentadas conside-raes sobre o conjunto dos textos, buscando elucidar aspectos comunse diferenas marcantes.

    Constituio de 1824

    A primeira Constituio brasileira data do Imprio, tendo sido promul-gada por Dom Pedro I. Retrata o momento poltico subseqente Indepen-dncia, quando os anseios de autonomia convivem com idias advindas daantiga Colnia.

    Uma das frentes de embates do perodo se d na elaborao da primei-ra Carta Magna. Convocada em junho de 1822, a Assemblia Geral Consti-tuinte e Legislativa para o Reino do Brasil efmera. Em busca de preservarseu prprio poder, o imperador a dissolve e convoca um Conselho de Esta-do para refazer o projeto.

    A Constituio de 1824 estabelece princpios de um liberalismo mode-rado expressando a busca de separao entre Colnia e Metrpole, proces-so marcado por ambigidades e contradies. O fortalecimento da figura doimperador se concretiza atravs do Poder Moderador, garantindo-lhe amplamargem de interveno na vida pblica do Pas, inclusive na nomeao dospresidentes das provncias (Iglesias, 1985).

    O Legislativo organizado por meio do Senado e da Cmara de Depu-tados. Os senadores so vitalcios; os Deputados so eleitos por voto indire-to e censitrio, por eleitores representados apenas pelos homens livres.

    Essa Constituio foi a de mais longa vigncia em toda a histria dasconstituies brasileiras, tendo orientado o ordenamento jurdico do Paspor 65 anos. Regulamentou de maneira estvel a vida institucional nas di-versas crises e turbulncias atravessadas no Imprio. Foi substituda apenasem 1891, com o advento da Repblica.

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    Educao na Constituio de 1824

    Com a proclamao da Independncia e fundao do Imprio do Bra-sil, em 1822, inicia-se uma fase de debates e projetos que visavam aestruturao de uma educao nacional. Com a abertura da AssembliaLegislativa e Constituinte, em 3 de maio de 1823, D. Pedro referiu-se necessidade de uma legislao particular sobre a instruo. Abertas as ses-ses da Constituinte e eleita a Comisso de Instruo Pblica, os trabalhosdesenvolvidos nos seis meses de seu funcionamento produziram dois pro-jetos de lei referentes educao pblica. Embora esse debate tenha sidointenso, em virtude da dissoluo da Constituinte de 1823, no veio a tradu-zir-se em dispositivos incorporados Constituio de 1824. A primeiraCarta Magna brasileira traz apenas dois pargrafos de um nico artigo so-bre a matria. Ao tratar da "inviolabilidade dos direitos civis e polticos doscidados brasileiros", estabelece que "A instruo primria gratuita a to-dos os cidados" (art. 179, 32). A segunda referncia diz respeito aos"Colgios e universidades, onde sero ensinados os elementos das cincias,belas letras e artes" (art. 179, 33).

    A presena desses dois nicos dispositivos sobre o tema no texto de1824 um indicador da pequena preocupao suscitada pela matriaeducativa naquele momento poltico. de se ressaltar, entretanto, a refern-cia idia de gratuidade da instruo primria para todos, tema no con-templado pela Lei de 15 de outubro de 1827 ou pela primeira Constituiorepublicana, de 1891, a ser detalhada adiante. No deixa de surpreenderque, mesmo no nvel das expectativas, a Repblica silencie sobre tema acer-ca do qual o Imprio se pronuncia.

    Como se v, no contexto do nascente Imprio, o texto constitucionalpassa ao largo da matria educacional, muito embora o Brasil tenha sidoum dos primeiros pases a inscrever em sua legislao a gratuidade daeducao a todos os cidados, apesar de esta no ter se efetivado na prtica(Oliveira, Adrio, 2002). O momento de maior destaque para a educao noperodo a promulgao da Lei de 1827 posterior Carta de 1824, notendo com esta uma relao direta. Torna-se clara, assim, a pequena rele-vncia do tema para os constituintes sob o jugo da autoridade do primeiroimperador.

    Constituio de 1891

    A Constituio de 1891 produto do alvorecer de uma Repblicamarcada por contradies. Proclamada pelo Exrcito, tendo frente ummonarquista, desde seu nascedouro esta assinalada por conflitos entredeodoristas e florianistas, que representam os dois segmentos das forasmilitares que tomam o poder.

    A Assemblia Nacional Constituinte instalada no primeiro aniversrioda proclamao da Repblica, sendo a nova Constituio promulgada em

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    fevereiro de 1891. Os princpios federalistas nela inscritos buscam aumen-tar a autonomia das antigas provncias. A fora do poder central se mantmpela hegemonia poltica, enquanto os Estados exercem controle sobre amquina administrativa. Alm disso, eliminado o Poder Moderador e somantidos os trs poderes tradicionais. Institui-se o voto direto, descobertoe reservado aos homens maiores de 21 anos e a separao entre Estado eIgreja.

    A passagem do Imprio para a Repblica faz emergir anseios de umnovo projeto para a educao. Nesse contexto proposta a Reforma Benja-min Constant, que aprova os Regulamentos da Instruo Primria e Secun-dria do Distrito Federal, do Ginsio Nacional (Decretos n 981/90 e n1.075/90, respectivamente) e do Conselho de Instruo Superior (Decreton 1.232-G/91).

    Educao na Constituio de 1891

    A Constituio de 1891 apresenta maior nmero de dispositivos sobreeducao que o texto de 1824, mas ainda no chega a ser prdiga. Mesmoassim, sua importncia significativa para a educao, explicitando algunstemas que iro estar presentes ao longo da histria. Como signo fundanteda Repblica, traz inscrita em seu texto a bandeira da laicidade, assim comoa separao entre os poderes. Vejamos um pouco mais de perto os artigosde interesse direto para o campo educacional.

    A nova Carta Magna define como atribuio do Congresso Nacional"legislar sobre [...] o ensino superior e os demais servios que na capitalforem reservados para o Governo da Unio" (art. 34, inciso 30); suas res-ponsabilidades limitam-se esfera da Unio. Tem ainda a incumbncia de"no privativamente: animar, no Pas, o desenvolvimento das letras, artes, ecincias [...] sem privilgios que tolham a ao dos governos locais, criarinstituies de ensino superior e secundrio nos Estados e prover instru-o primria e secundria no Distrito Federal" (art. 35, incisos 2, 3 e 4).Aqui importante assinalar que o texto de 1891 afirma uma tendncia quevai se manter constante na histria da poltica educacional.

    Palavras como "animar" e "no tolher" referendam o tom federalistaantes aludido, revelando, ainda que de forma indireta, as atribuies daUnio em matria de educao: o ensino superior no Pas e a instruoprimria e secundria no Distrito Federal. Esta inovao do texto de 1891em relao ao de 1824 traduz uma primeira marca que chegaria para ficarem um sistema educacional cujo embrio se definira no Imprio atravs doAto Adicional de 1834. Segundo Cury (2001), as condies para a satisfa-o da educao como "um direito de cidadania ficar por conta dos estadosfederados", que "determinaro a natureza, o nmero e a abrangncia daeducao pblica".

    A "dualidade dos sistemas", traduzida na configurao de um sistemafederal integrado pelo ensino secundrio e superior, ao lado de sistemas

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    acruzada CarlosCaixa de textoAtribuies do governo federal

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    estaduais, com escolas de todos os tipos e graus, estimularia a reproduode um sistema escolar organizado em moldes tradicionais e de base livresca.No h ainda no Pas uma mentalidade de pesquisa, embora se possa dizerque a Reforma Benjamin Constant evidencie uma preocupao mais osten-siva com a formao cientfica.

    Caracterizada pela separao entre Estado e Igreja, a nova Carta trazcomo grande inovao a laicidade do ensino, ao dispor que seria "leigo oensino ministrado nos estabelecimentos pblicos" (art. 72, 6). Tambmeste artigo introduz uma temtica que estar presente ao longo da histria,assinalando a diferena entre catlicos e liberais, questo que se aprofundarno curso da Repblica.

    Um ltimo aspecto a mencionar a proibio do voto aos analfabetos(art. 70, 1), revelando uma excluso do direito cidadania que somenteser superada pela Constituio de 1988.

    Constituio de 1934

    O frtil perodo representado pelos anos trinta preparado pelos mo-vimentos sociais da dcada anterior, a exemplo da fundao do PartidoComunista do Brasil (1922) e das Revoltas Tenentistas (1922 e 1924), quetraduzem insatisfaes contra as oligarquias e o sistema republicano vigen-te. Com Getlio Vargas no poder, a efervescncia poltica se materializa naRevoluo Constitucionalista de 1932. No campo econmico, em reao crise de 1929, busca-se a substituio de importaes como alternativa aodesenvolvimento industrial.

    O momento tambm rico para a educao. Vrios Estados deflagramreformas (Cear, Pernambuco, Bahia, Rio de Janeiro, So Paulo e MinasGerais). Cria-se o Ministrio de Educao e Sade (1930), sendo seu primei-ro dirigente Francisco Campos, jurista e poltico mineiro. Sua ao orienta-se para a reforma do ensino superior e secundrio. No campo do ideriopedaggico forte a influncia do escolanovismo, traduzido no Manifestodos Pioneiros da Escola Nova (1932), marco referencial importante do pen-samento liberal com repercusses sobre idias e reformas propostas emmomentos subseqentes.

    Educao na Constituio de 1934

    A Carta de 1934 a primeira a dedicar espao significativo educao,com 17 artigos, 11 dos quais em captulo especfico sobre o tema (cap. II,arts. 148 a 158). Em linhas gerais, mantm a estrutura anterior do sistemaeducacional, cabendo Unio "traar as diretrizes da educao nacional" (art.5, XIX), "fixar o plano nacional de educao, compreensivo do ensino detodos os graus e ramos, comuns e especializados, organizar e manter" ossistemas educativos dos Territrios e manter o ensino secundrio e superior

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    acruzada CarlosCaixa de textoManifesto dos pioneiros da Escola Nova (1932)

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    acruzada CarlosCaixa de textoAtribuies da federao

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    no Distrito Federal (art. 150), assim como exercer "ao supletiva na obraeducativa em todo o Pas" (art. 150, "d" e "e").

    A organizao e manuteno de sistemas educativos permanecem comos Estados e o Distrito Federal (art. 151). Entre as normas estabelecidaspara o Plano Nacional de Educao esto o "ensino primrio integral e gra-tuito e de freqncia obrigatria extensivo aos adultos e tendncias gratuidade do ensino ulterior ao primrio, a fim de o tornar mais acessvel"(art. 150, pargrafo nico, "a" e "b").

    Ao lado de idias liberais, o texto constitucional tambm expressa ten-dncias conservadoras, favorecendo o ensino religioso "de freqncia facul-tativa [...] nas escolas pblicas primrias, secundrias, profissionais e nor-mais" (art. 153). Tais influncias tambm esto presentes no apoio irrestritoao ensino privado atravs da iseno de tributos a quaisquer "estabeleci-mentos particulares de educao gratuita primria ou profissional, oficial-mente considerados idneos" (art. 154).

    Importante matria do texto o financiamento da educao. Pela pri-meira vez so definidas vinculaes de receitas para a educao, cabendo Unio e aos municpios aplicar "nunca menos de dez por cento e os Estadose o Distrito Federal nunca menos de vinte por cento, da renda resultante dosimpostos na manuteno e no desenvolvimento do sistema educativo" (art.156). Nos mesmos termos estabelecida a reserva de parte dos patrimniosda Unio, dos Estados e do Distrito Federal para a formao de fundos deeducao (art. 157). So ainda atribudas responsabilidades relativas sempresas com mais de 50 empregados na oferta de ensino primrio gratui-to (art. 139).

    Outros destaques do texto de 1934 so: as normas do Plano Nacional deEducao, prevendo "liberdade de ensino em todos os graus e ramos obser-vadas as prescries da legislao federal e da estadual e reconhecimento dosestabelecimentos particulares de ensino somente quando assegura a seusprofessores a estabilidade, enquanto bem servirem, e uma remunerao con-digna" (art. 150, pargrafo nico, "c" e "f"); a oferta do ensino em lngua ptria(art. 150, "d"); a proibio do voto aos analfabetos (art. 108). Finalmente, valecitar dispositivos relativos ao magistrio: a iseno de impostos para a profis-so de professor (art. 113, inciso 36) e a exigncia de concurso pblico comoforma de ingresso ao magistrio oficial (art. 158).

    Constituio de 1937

    Se com Vargas no poder o Pas progressivamente volta a mergulhar emnovo perodo autoritrio, o momento histrico corresponde ao incio de umprocesso de mudanas de amplo espectro, a partir das quais so construdasas bases para a modernizao do Estado brasileiro. So criados o Ministriodo Trabalho, Indstria e Comrcio (1931) e a Companhia Siderrgica Naci-onal (1941). Direitos trabalhistas so assegurados, por meio da Consolida-o das Leis do Trabalho (1943).

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    acruzada CarlosCaixa de textoorganizao da educao- estados - distrito federalensino primrio: obrigatrio

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    acruzada CarlosCaixa de texto- favoreceimento do ensino religioso (mesmo sendo facultativo)- instituio privada

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    acruzada CarlosCaixa de texto- definio do volar do investimento em educao pelo estado e unio- reposabiliza as empresas a dar educao primria

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    No campo da educao, o Estado Novo corresponde a uma retomadada centralizao. Se nos anos anteriores a autonomia dos Estados floresce-ra com o surgimento de vrios movimentos reformistas, o incio dos anosquarenta responde por reformas educacionais desencadeadas pelo podercentral, especificamente as chamadas Leis Orgnicas de Ensino, concebidasdurante a administrao de Gustavo Capanema no Ministrio da Educao.Estas eram integradas por seis decretos-leis, efetivados de 1942 a 1946,como se ver adiante.

    Educao na Constituio de 1937

    De orientao oposta ao liberal texto de 1934, a Constituio do EstadoNovo claramente inspirada nas constituies de regimes fascistas europeus.Amplia-se a competncia da Unio para "fixar as bases e determinar os qua-dros da educao nacional, traando as diretrizes a que deve obedecer aformao fsica, intelectual e moral da infncia e da juventude" (art. 15, IX).

    A liberdade de ensino ou, melhor dizendo, a livre iniciativa objeto doprimeiro artigo dedicado educao no texto de 1937, que determina: "Aarte, a cincia e o ensino so livres iniciativa individual e de associaesou pessoas coletivas pblicas e particulares" (art. 128). O dever do Estadopara com a educao colocado em segundo plano, sendo-lhe atribudauma funo compensatria na oferta escolar destinada "infncia e juven-tude, a que faltarem os recursos necessrios educao em instituiesparticulares" (art. 129). Nesse contexto, o "ensino pr-vocacional e profissi-onal destinado s classes menos favorecidas" compreendido como "o pri-meiro dever do Estado" em matria de educao (art. 129).

    clara a concepo da educao pblica como aquela destinada aosque no puderem arcar com os custos do ensino privado. O velho precon-ceito contra o ensino pblico presente desde as origens de nossa histriapermanece arraigado no pensamento do legislador estado-novista.

    Sendo o ensino vocacional e profissional a prioridade, flagrante aomisso com relao s demais modalidades de ensino. A concepo dapoltica educacional no Estado Novo estar inteiramente orientada para oensino profissional, para onde sero dirigidas as reformas encaminhadaspor Gustavo Capanema.

    idia de gratuidade da Constituio de 1934 o texto de 1937 contra-pe uma concepo estreita e empobrecida. Embora estabelea que "o ensi-no primrio obrigatrio e gratuito" (art. 130), acrescenta no mesmo artigoo carter parcial dessa gratuidade que "no exclui o dever de solidariedadedos menos para com os mais necessitados; assim, por ocasio da matrcu-la, ser exigida aos que no alegarem, ou notoriamente no puderem alegarescassez de recursos, uma contribuio mdica e mensal para a caixa esco-lar". A educao gratuita , pois, a educao dos pobres.

    Tambm em matria de ensino religioso, a Constituio de 1937 assinalauma tendncia conservadora no dispositivo que permite que este ensino se

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    acruzada CarlosCaixa de textoo estado passa a ter menor participao na educao nacional, fica restrito as classes menos favorecidas, precoupando-se em fornecer ensino tcnico como forma de incluso

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    apresente como "matria do curso ordinrio das escolas primrias, normais esecundrias", muito embora no deva se "constituir objeto de obrigao dosmestres ou professores, nem de freqncia compulsria por parte dos alu-nos" (art. 133). A ambigidade do texto bvia, deixando margem a umfacultativo, que acabou por tornar-se compulsrio, em se considerando ahegemonia da religio catlica sobre as demais, bem como a expressiva pre-sena de escolas confessionais no cenrio brasileiro.

    Constituio de 1946

    No incio da dcada de quarenta, a sustentabilidade da ditadura Vargasj no a mesma, em decorrncia do cenrio agravado pela Segunda GuerraMundial. Insatisfaes contra a ditadura se avolumam tanto entre militaresque se opem ao governo como em manifestos de categorias profissionais.Aos poucos consolidam-se as condies que vo levar o pas redemocratizao.

    A queda da ditadura do Estado Novo ocorre em final de 1945. EmboraVargas afaste-se do poder, a ordem getulista se mantm. O presidente elei-to, general Eurico Gaspar Dutra, de incio revela-se um moderado. Assumeo poder em janeiro de 1946, promulgando a nova Constituio, orientadapor princpios liberais e democrticos, em setembro do mesmo ano. Resta-belece tambm o estado de direito e a autonomia federativa. Essa ordeminicial, contudo, rompida pouco depois. Em 1947 ocorre a interveno emmais de uma centena de sindicatos e decretada a ilegalidade do PartidoComunista Brasileiro (PCB). No plano econmico o Pas passa por um per-odo de significativo crescimento da indstria nacional, estimulada por res-tries s importaes e um regime cambial desfavorvel s exportaes.

    Os anos quarenta caracterizam-se por reformas educacionais que pas-sariam histria como as Leis Orgnicas do Ensino, aluso ao ttulo de cadauma, acrescido da rea especfica a que se destinam. Embora ultrapassemno tempo a obra do Estado Novo, sob sua vigncia so acionados decretos-leis referentes ao ensino industrial (Lei Orgnica do Ensino Industrial De-creto-Lei n 4.073/42), ao secundrio (Lei Orgnica do Ensino Secundrio Decreto-Lei n 4.244/42) e ao comercial (Lei Orgnica do Ensino Comercial Decreto-Lei n 6.141/43). Tambm durante este perodo criado o Servi-o Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai Decreto-Lei n 4.048/42).

    Aps a queda de Vargas, em 1945, so propostas medidas relativas aoensino fundamental (Lei Orgnica do Ensino Primrio Decreto-Lei n 8.529/46), ao ensino normal (Lei Orgnica do Ensino Normal Decreto-Lei n8.530/46) e ao ensino agrcola (Lei Orgnica do Ensino Agrcola Decreto-Lei n 9.613/46). Tambm institudo o Servio Nacional de AprendizagemComercial (Senac Decretos-Lei n 8.621/46 e n 8.622/46). Com a Refor-ma Capanema o sistema educacional brasileiro no s mantm como acen-tua o dualismo que distingue a educao escolar das elites daquela ofertadapara as classes populares. Suas diretrizes vo orientar a educao nacional

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    at a promulgao da primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educao Naci-onal (LDB Lei n 4.024/61). Esta foi, sem dvida, expresso da necessida-de histrica de estruturao do sistema nacional de educao.

    Os primeiros anos da redemocratizao so agitados tambm no cam-po da educao, revelando elementos de contradio que expressam umasintonia com o contexto poltico, antes mencionado. Pode-se dizer que oconceito de democracia limitada tambm se aplica s idias pedaggicasque circulam no perodo. Assim, no de estranhar a convivncia entretendncias conservadoras e liberais, trao marcante do debate traduzido naConstituio de 1946.

    Educao na Constituio de 1946

    A Carta Magna de 1946 retoma o esprito da Constituio de 1934,apresentando algumas novidades. estabelecida a competncia da Uniopara "legislar sobre as diretrizes e bases da educao nacional" (art. 5, XV).As constituies anteriores haviam definido atribuies no sentido de "tra-ar as diretrizes" (Constituio de 1934) ou "fixar as bases [...] traando asdiretrizes" (Constituio de 1937).

    O texto de 1946 faz ressurgir o tema da educao como direito detodos. No h, entretanto, um vnculo direto entre esse direito e o dever doEstado em um mesmo artigo, como ocorrera no texto de 1934. Aqui se dizque "o ensino dos diferentes ramos ser ministrado pelos Poderes Pblicose livre iniciativa particular, respeitadas as leis que o regulem" (art. 167).Outro aspecto importante a determinao de que "O ensino primrio ofici-al gratuito para todos: o ensino oficial ulterior ao primrio s-lo- paraquantos provarem falta ou insuficincia de recursos" (art. 168, II).

    a primeira vez que a expresso ensino oficial aparece em um texto legal.O registro tem sentido, por colocar um elemento adicional de diferenciaoentre o ensino "ministrado pelos Poderes Pblicos" e aquele "livre iniciativaparticular". H, ainda, outro aspecto a destacar com referncia ao termo ensinooficial. Parece colocar-se aqui a possibilidade do ensino oficial no gratuito, poisa Constituio estabelece que a instruo subseqente primria somente sejagratuita para aqueles que "provarem falta ou insuficincia de recursos".

    O ensino religioso, fonte adicional para uma compreenso dos emba-tes entre catlicos e liberais, assegura seu espao no texto, atravs da ori-entao de que "o ensino religioso constitui disciplina dos horrios dasescolas oficiais, e de matrcula facultativa e ser ministrado de acordo coma confisso religiosa do aluno, manifestada por ele, se for capaz, ou peloseu representante legal ou responsvel" (art. 168, V).

    Como se v, a laicidade no assegurada nas escolas oficiais. Poroutro lado, h uma conquista formal na determinao de que a religioseja ministrada de acordo com as confisses de cada um, muito emboraseja impossvel aquilatar se religies no-catlicas puderam penetrarlivremente nas escolas oficiais.

    Sofia Lerche Vieira

    R. bras. Est. pedag., Braslia, v. 88, n. 219, p. 291-309, maio/ago. 2007.

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    acruzada CarlosCaixa de texto- educa como direito de todos- ensino ministrados pelos pblio e privado (dentro da lei que regula- ensino primrio oficial e gratuto

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    Entre outros dispositivos a destacar no texto de 1946, cabe lembrarainda a novidade da vinculao de recursos para a educao, estabelecendoque a Unio deva aplicar nunca menos de 10% e Estados, Municpios eDistrito Federal, nunca menos de 20% das receitas resultantes de impostosna "manuteno e desenvolvimento do ensino" (art. 169). Ainda em matriafinanceira, de se observar que a Unio deve colaborar com o desenvolvi-mento dos sistemas de ensino, prestando "auxlio pecunirio", que, no casodo ensino primrio, "provir do respectivo Fundo Nacional" (art. 171, par-grafo nico).

    Na organizao da educao escolar mantm-se a orientao de que osEstados e o Distrito Federal organizem seus "sistemas de ensino" (art. 171),cabendo Unio organizar o "sistema federal de ensino e o dos Territrios,tendo este um carter supletivo, estendendo-se a todo o Pas nos estritoslimites das deficincias locais" (art. 170). Como se v, prevalece a organiza-o escolar que remonta origem das primeiras determinaes legais sobrea administrao da educao, caracterstica que h de permanecer ao longoda construo de um sistema de ensino no Pas.

    Constituio de 1967

    Aps vivenciar a experincia da redemocratizao, o Pas volta a mer-gulhar numa fase marcada pelo autoritarismo. Com o golpe de 1964 viria ofechamento da ordem poltica por um perodo superior quele que, de in-cio, parecia anunciar-se. Somente 20 anos depois da ascenso dos militaresao poder, um novo governo civil seria eleito pelo voto indireto.

    Os tempos inaugurados com a ditadura representam uma estratgia deadequao entre o modelo poltico e o modelo econmico, de base capitalis-ta. Durante o regime militar avanam os processos de urbanizao e deindustrializao iniciados nos anos trinta e acelerados com o governo Jus-celino Kubitschek. H um aumento significativo da populao urbana, a in-dstria passa a responder por parcela importante do Produto Interno Bruto(PIB), sendo incrementada a produo de bens durveis.

    Depois de uma fase inicial de ajuste estrutural, o ritmo de desenvolvi-mento acelera-se, ingressando o Pas na fase do chamado "milagre econ-mico". Projetos de grande porte so concebidos e realizados, comeando oBrasil a ser percebido no rol das grandes potncias emergentes.

    Sob a gide da ditadura, concebido um novo marco legal para o Pas,a comear por uma nova Constituio Federal (1967). Como esta concebi-da antes das medidas que instauram o estado de exceo, as caractersticasdo novo regime nem sempre so visveis no texto.

    No campo da educao, somente depois da Constituio de 1967 que so encaminhadas as principais propostas de reforma do perodo.Cabe, porm, uma breve referncia a elas, j que marcam de forma deci-siva o cenrio dos anos subseqentes. Primeiro, concebida a reformado ensino superior (Lei n 5.540/68). Depois toma corpo a reforma da

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    R. bras. Est. pedag., Braslia, v. 88, n. 219, p. 291-309, maio/ago. 2007.

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    acruzada CarlosCaixa de textovalores de investimento na educao pelo poder pblico. a unio deve auxiliar e coladorar com os municpios

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    educao bsica, que fixa as diretrizes e bases para o ensino de 1 e 2graus (Lei n 5.692/71).

    A reforma universitria tem por objetivo oferecer resposta s deman-das crescentes por ensino superior. Busca, ao mesmo tempo, formar qua-dros deste nvel de modo a dar substncia ao crescimento econmico gera-do pelo "milagre brasileiro". A reforma do ensino de 1 e 2 graus, por suavez, pretende atingir um duplo objetivo: de um lado, conter a crescentedemanda sobre o ensino superior; de outro, promover a profissionalizaode nvel mdio.

    Durante os governos militares h uma expressiva subordinao dasunidades federadas s decises tomadas pelo poder central, com aumentoda ingerncia dos ministrios na esfera dos Estados e adoo de uma siste-mtica de planejamento estranha cultura de governo at ento existenteem nvel local. A centralizao retorna como marca dominante da gestopblica.

    Educao na Constituio de 1967

    Como se viu, a Constituio de 1967 foi concebida num cenrio emque a supresso das liberdades polticas ainda no atingira seu estgio maisagudo. Assim, no caso da educao, os dispositivos no chegam a traduziruma ruptura com contedos de constituies anteriores. Antes expressama presena de interesses polticos j manifestos em outras Cartas, sobretu-do queles ligados ao ensino particular. A "liberdade de ensino", tema chavedo conflito entre o pblico e o privado desde meados dos anos cinqenta, visvel no texto produzido no regime militar. Outros temas advindos dostextos nacionais de 1934, 1937 e 1946 so reeditados, fazendo com quenos dispositivos relativos educao a Constituio de 1967 esteja maisprxima da LDB de 1961 do que da legislao aprovada em pleno vigor doestado de exceo.

    Mantendo orientao do texto de 1946 (art. 5, XV), a Constituio de1967 define a competncia da Unio para legislar sobre diretrizes e bases daeducao nacional (art. 8, XVII, "q"). So acrescidas atribuies relativasaos planos nacionais de educao (art. 8, XIV). Orientaes e princpios deCartas anteriores so reeditados, tais como: o ensino primrio em lnguanacional (Constituio de 1946, art. 168, I, e Constituio de 1967, art.176, 3, I), a obrigatoriedade e a gratuidade do ensino primrio (Constitui-o de 1946, art. 168, I e II, e Constituio de 1967, art. 176, 3, II), oensino religioso, de matrcula facultativa como "disciplina dos horrios nor-mais das escolas oficiais de grau primrio e mdio (Constituio de 1946,art. 168, 5, e Constituio de 1967, art. 176, 3, V). noo deeducao como "direito de todos", j presente no texto de 1946 (art. 166), aConstituio de 1967 acrescenta "o dever do Estado" (art. 176).

    Nos mesmos termos da Carta de 1946 (art. 167), a Constituio de1967 determina que o ensino seja "ministrado nos diferentes graus pelos

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    acruzada CarlosCaixa de texto"liberdade de ensino" - favorecimento da instituio privada. marca da constituio

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    acruzada CarlosCaixa de textoatribuies da unio:

    - manuteo de alguns artigos das constituiesanteriores

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    poderes pblicos" (art. 176, 1). Embora ambas definam que este seja"livre iniciativa particular", nota-se, porm, uma importante diferena en-tre elas. O texto de 1946 observa que devam ser "respeitadas as leis que oregulem" (art. 167), ao passo que a Carta de 1967 avana visivelmente noterreno do subsdio ao ensino privado, uma vez que este "merecer amparotcnico e financeiro dos Poderes Pblicos, inclusive mediante bolsas de es-tudo" (art. 176, 2).

    Embora outros dispositivos possam ser destacados acerca da matriana Constituio de 1967, para no detalh-lo em excesso oportuno acres-centar apenas mais dois aspectos relativos ao tema do financiamento. Emprimeiro lugar, admite-se a "interveno do Estado no municpio" que noaplicar "no ensino primrio, em cada ano, de vinte por cento, pelo menos dareceita tributria municipal" (art. 15).

    Em segundo lugar, vale registrar o flagrante retrocesso representadopela desvinculao dos recursos para a educao. Enquanto pela Constitui-o de 1946, a Unio estaria obrigada a aplicar "nunca menos de dez porcento, e os Estados, o Distrito Federal e os Municpios nunca menos de vintepor cento da renda resultante dos impostos na manuteno e desenvolvi-mento do ensino" (art. 169), na Carta de 1967 tal obrigao desaparece. Avinculao seria reeditada muitos anos depois, por fora de Emenda Cons-titucional (EC) aprovada j na dcada de oitenta. A partir de ento, a Unio responsvel pela aplicao de "nunca menos de treze por cento, e os Esta-dos, o Distrito Federal e os Municpios, vinte e cinco por cento, no mnimo,da receita resultante de impostos na manuteno e desenvolvimento do en-sino" (EC n 24/83, art. 176, 4).

    Constituio de 1988

    Com o progressivo esgotamento do regime militar, iniciado em 1978, oPas retoma os anseios pelo estado de direito. Em 1984 h um intensomovimento democrtico por eleies diretas. O Congresso Nacional, entre-tanto, referenda ainda em escolha indireta os nomes de Tancredo Nevespara presidente e de Jos Sarney para vice.

    Por motivos de sade, o presidente eleito falece antes da posse. Em seulugar assume o vice, que mantm o compromisso de revogar a legislaoautoritria por meio de vrias medidas, entre elas a eleio de uma Assem-blia Nacional Constituinte, encarregada de dar ao Pas uma nova Carta Magna.

    Em termos do cenrio educacional, pode-se dizer que o governo JosSarney corresponde a uma fase de indefinio de rumos. H um debatesobre educao expresso em alguns documentos que traduzem os anseiosde mudana do perodo (Educao para Todos: caminhos para mudana, IPlano de Desenvolvimento da Nova Repblica 1986-1989 e Dia Nacional deDebate sobre Educao). Os instrumentos de poltica educacional, todavia,continuam os mesmos do perodo autoritrio. Com efeito, a ateno doseducadores converge para a Assemblia Nacional Constituinte, que, mesmo

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    acruzada CarlosCaixa de textoFinanciamento do poder pblico em escolas particulares por meio de bolsas de estudosEXEMPLO ATUAL: pr-uni.

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    acruzada CarlosCaixa de textosegundo ponto:desaparece a obrio da Unio de investir um valor determinado em lei na educao. isso s ser retomado na dcada de 1980.

    acruzada CarlosCaixa de textoprimeiro ponto:interveno do Estado nos municpios que no aplicarem o valor determinado em lei para a educao primria.

    acruzada CarlosCaixa de textoOBS: cosequncia dos pontos: sobrecarregou os municpios mais pobres, por isso o ensino no interior sempre foi fraco em relao as capitais no perodo da ditadura.

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    antes de ser instalada, recebe contribuies dos atores ligados ao campoeducacional, em franco processo de organizao desde o incio da dcada.

    Educao na Constituio de 1988

    A Constituio de 1988 a mais extensa de todas em matria de edu-cao, sendo detalhada em dez artigos especficos (arts. 205 a 214) e figu-rando em quatro outros dispositivos (arts. 22, XXIV, 23, V, 30, VI, e arts. 60e 61 do Ato das Disposies Constitucionais Transitrias ADCT). A Cartatrata da educao em seus diferentes nveis e modalidades, abordando osmais diversos contedos.

    Em sintonia com o momento de abertura poltica, o esprito do texto o de uma "Constituio Cidad" que prope a incorporao de sujeitos his-toricamente excludos do direito educao, expressa no princpio da "igual-dade de condies para o acesso e permanncia na escola" (art. 206, I).Outras conquistas asseguradas so: a educao como direito pblico subje-tivo (art. 208, 1), o princpio da gesto democrtica do ensino pblico(art. 206, VI), o dever do Estado em prover creche e pr-escola s crianasde 0 a 6 anos de idade (art. 208, IV), a oferta de ensino noturno regular (art.208, VI), o ensino fundamental obrigatrio e gratuito, inclusive aos que aele no tiveram acesso em idade prpria (art. 208, I), o atendimento educa-cional especializado aos portadores de deficincias (art. 208, III).

    O esprito da Carta de 1988 est expresso, sobretudo, nos artigos quetratam da concepo, dos princpios e dos deveres do Estado no campo daeducao. A noo de educao como direito, que comea a se materializarna Constituio de 1934 (art. 149) e reafirmada em 1946 e 1967, reeditadade forma ampla atravs da afirmao de que "A educao, direito de todos edever do Estado e da famlia, ser promovida e incentivada com a colaboraoda sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo parao exerccio da cidadania e sua qualificao para o trabalho" (art. 205).

    Os princpios norteadores do ensino so tratados em um mesmo arti-go (art. 206). Alm daqueles j mencionados antes (art. 206, I e VI), outroscinco assim se expressam: a "liberdade de aprender, ensinar, pesquisar edivulgar o pensamento, a arte e o saber"; o "pluralismo de idias e de con-cepes pedaggicas, e coexistncia de instituies pblicas e privadas deensino"; a "gratuidade do ensino pblico em estabelecimentos oficiais"; a"valorizao dos profissionais do ensino, garantido, na forma da lei, planode carreira para o magistrio pblico, com piso salarial profissional e in-gresso exclusivamente por concurso pblico de provas e ttulos, assegura-do regime jurdico nico para todas as instituies mantidas pela Unio"; e a"garantia de padro de qualidade" (art. 206, II, III, IV, V e VII).

    Outras constituies haviam estabelecido deveres do Estado para coma educao, mas nenhuma avanaria tanto quanto a "Constituio Cidad".Alm daqueles j mencionados, cabe acrescentar: a "progressiva extensoda obrigatoriedade e gratuidade ao ensino mdio"; o "acesso aos nveis mais

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    acruzada CarlosCaixa de textoconsquistas realizadas pela constituio de 1888

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    acruzada CarlosCaixa de textoprincpios norteadores do ensino

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    elevados do ensino, da pesquisa e da criao artstica, segundo a capacidadede cada um"; o "atendimento ao educando, no ensino fundamental, atravsde programas suplementares de material didtico-escolar, transporte, ali-mentao e assistncia sade" (art. 208, II, VI e VII, respectivamente). Omesmo artigo dispe que o "no-oferecimento do ensino obrigatrio peloPoder Pblico, ou sua oferta irregular, importa responsabilidade da autori-dade competente" (art. 208, 2). Atribui ainda a este a tarefa de "recensearos educandos no ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, juntoaos pais ou responsveis, pela freqncia escola" (art. 208, 3).

    Esta a primeira Carta Magna a tratar da autonomia universitria, esta-belecendo que "as universidades gozam de autonomia didtico-cientfica,administrativa e de gesto financeira e patrimonial, e obedecero ao princ-pio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extenso" (art. 207).

    A Constituio de 1988 mantm a competncia privativa da Unio para"legislar sobre diretrizes e bases da educao nacional" (art. 22, XXIV) e com-partilhada com os Estados, o Distrito Federal e os Municpios para "proporci-onar os meios de acesso cultura, educao e cincia" (art. 23, V). Aosmunicpios atribuda a manuteno, "com a cooperao tcnica e financeirada Unio e do Estado, os programas de educao pr-escolar e de ensinofundamental" (art. 30, VI) e a orientao reforada na determinao de suaatuao prioritria no ensino fundamental e pr-escolar (art. 211, 2).

    A articulao entre as esferas do Poder Pblico expressa na afirmaode que "a Unio, os Estados, o Distrito Federal e os Municpios organizaroem regime de colaborao seus sistemas de ensino" (art. 211). Nesta pers-pectiva, cabe Unio organizar e financiar "o sistema federal de ensino e o dosTerritrios" e prestar "assistncia tcnica e financeira aos Estados, ao DistritoFederal e aos municpios para o desenvolvimento de seus sistemas de ensinoe o atendimento prioritrio escolaridade obrigatria" (art. 211, 1).

    A vinculao de recursos para a educao recebeu tratamento prioritrio,sendo estabelecido que a Unio aplicaria "anualmente, nunca menos de dezoi-to, e os Estados, o Distrito Federal e os municpios vinte e cinco por cento, nomnimo, da receita resultante de impostos, compreendida a proveniente detransferncias, na manuteno e desenvolvimento do ensino" (art. 212). Omesmo artigo assegura como prioritrio na distribuio de recursos pblicoso "atendimento das necessidades do ensino obrigatrio, nos termos do planonacional de educao" (art. 212, 3). Mantm-se como fonte adicional definanciamento a este nvel de ensino pblico "a contribuio social do salrio-educao, recolhida, na forma da lei, pelas empresas, que dela podero dedu-zir a aplicao realizada no ensino fundamental de seus empregados e depen-dentes" (art. 212, 5). Ainda sobre a matria cabe assinalar que o financia-mento dos "programas suplementares de alimentao e assistncia sade"seria advindo de "recursos provenientes de contribuies sociais e outrosrecursos oramentrios" (art. 212, 4).

    A "liberdade de ensino", tema predominante em constituies anterio-res, colocada em novos termos na Carta de 1988, que chega a ser mdicaem relao ao assunto. A ambgua expresso do passado substituda por

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    acruzada CarlosCaixa de textoprincpios norteadores dever do Estado

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    acruzada CarlosCaixa de textodefinies das atribuies e valores referente ao financiamento da educao

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    outra mais prxima do papel reservado ao ensino particular no sistema deensino brasileiro contemporneo. Diz-se que "o ensino livre iniciativaprivada", observando-se o "cumprimento das normas gerais da educaonacional" e a "autorizao e avaliao de qualidade pelo poder pblico" (art.209, I e II).

    Mantm-se a abertura de transferir recursos pblicos ao ensino priva-do. As instituies passveis de receb-los so "escolas comunitrias,confessionais ou filantrpicas", as quais devem comprovar "finalidade nolucrativa" e aplicao de "excedentes financeiros em educao", assim comoassegurar "a destinao de seu patrimnio a outra escola comunitria, filan-trpica ou confessional, ou ao poder pblico, no caso de encerramento desuas atividades" (art. 212, I e II). A concesso de tais benefcios pode serfeita por meio de "bolsas de estudo para o ensino fundamental e mdio, naforma da lei, para os que demonstrarem insuficincia de recursos, quandohouver falta de vagas e cursos regulares da rede pblica na localidade daresidncia do educando, ficando o poder pblico obrigado a investirprioritariamente na expanso de sua rede na localidade" (art. 212, 1). Sotambm possveis beneficirias de apoio financeiro do Poder Pblico "ativi-dades universitrias de pesquisa e extenso" (art. 212, 2).

    Concluindo o mapeamento das questes relativas educao na Cartade 1988, cabe ainda mencionar a previso de lei para estabelecer o planonacional de educao (art. 214), assim como a concentrao de esforos doPoder Pblico na eliminao do analfabetismo e na universalizao do ensi-no fundamental (ADCT, art. 60).

    O Plano Nacional de Educao (PNE), discutido intensamente depoisda aprovao da Constituio de 1988 e da Lei de Diretrizes e Bases daEducao Nacional (LDB) de 1996, foi votado pelo Congresso Nacional eaprovado com vetos pelo Presidente da Repblica, atravs da Lei n 10.172,de 9 de janeiro de 2001.2

    Para finalizar

    O estudo das constituies tema relevante para a reflexo sobre apoltica educacional por vrias razes. As cartas magnas so documentosescritos para serem divulgados e incorporados vida pblica; configuram-se, portanto, como instrumentos formais de prescrio de regras que con-triburam para a formao de um aparato jurdico no Pas. Como elementosda administrao pblica, definem estratgias e registram polticas. Por issomesmo importante conhec-las e analis-las.

    oportuno assinalar que a presena ou ausncia da educao nasconstituies brasileiras evidencia seu menor ou maior grau de importn-cia ao longo da histria. Nas primeiras constituies (1824 e 1891) asreferncias so mnimas, ilustrando sua pequena relevncia para a socie-dade da poca. Com o aumento da demanda por acesso escola, a pre-sena de artigos relacionados com o tema cresce significativamente nasconstituies posteriores (1934, 1937, 1946, 1967 e 1988).

    2 Veja-se, a propsito, a apresenta-o de Vital Didonet (Brasil, 2000,p. 11-29).

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    acruzada CarlosCaixa de textoensino particular

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    acruzada CarlosCaixa de textosituaes que permite o repasse de verba do pblico para o privado

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    Entre as referncias iniciais ao ensino superior e gratuidade da instru-o primrio, da Carta de 1824 e o amplo espectro de temas da Constituiode 1988 h um percurso interessante a observar. As constituies so tri-butrias dos contextos em que so produzidas, expressando correlaes deforas que perpassam a produo das polticas pblicas no mbito do Esta-do. Assim, se em 1934 idias liberais aparecem no texto constitucional, em1937 o movimento no sentido inverso. J em 1946 as idias reformistasvoltam a permear as referncias educao. Por outro lado, se alguns te-mas perpassam o conjunto das constituies, outros so exclusivos de de-terminados momentos histricos, expressando suas marcas.

    Vale observar, tambm, que existe uma sintonia entre as expectativasmais amplas da sociedade e os contedos educacionais que acabam poraparecer nos textos das sete cartas magnas brasileiras. As constituiesexpressam esses desejos de reforma, apontando possibilidades sem, entre-tanto, assegurar garantias. Ao mesmo tempo, refora privilgios de gruposque fazem valer seus interesses junto ao Legislativo, como foi o caso doensino religioso e do ensino particular. A reflexo sobre esses discursospermite apreciar o contraditrio movimento da educao enquanto um valorque passa a incorporar-se aos anseios sociais sem, contudo, oferecer acidadania plena.

    Referncias bibliogrficas

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    A educao nas constituies brasileiras: texto e contexto

    R. bras. Est. pedag., Braslia, v. 88, n. 219, p. 291-309, maio/ago. 2007.

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    BRASIL. Constituies Brasileiras: 1967. vol. VI. Braslia: Senado Federale Ministrio da Cincia e Tecnologia, Centro de Estudos Estratgicos,2001f.

    ______. Constituies Brasileiras: 1988. vol. VII. Braslia: Senado Federale Ministrio da Cincia e Tecnologia, Centro de Estudos Estratgicos,2003.

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    Sofia Lerche Vieira

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    Sofia Lerche Vieira, doutora em Filosofia e Histria da Educao pelaPontifcia Universidade Catlica de So Paulo (PUC-SP), professora Titularda Universidade Estadual do Cear (UECE) e pesquisadora do Conselho Nacio-nal de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico (CNPq).

    [email protected]

    Recebido em 22 de agosto de 2006.Aprovado em 23 de abril de 2007.

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