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Centro de Linguagem e Comunicação Publicidade e Propaganda Criação e Redação de Mídias Eletrônicas e Impressas “A Emoção e a Regra” Domenico De Masi

A Emoção e a Regra

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Essa resenha obteve nota máxima na avaliação. O texto resume todos os capítulos da obra de De Masi, e oferece uma visão que aproxima o leitor da lógica dos pensamentos do autor.

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Page 1: A Emoção e a Regra

Centro de Linguagem e ComunicaçãoPublicidade e Propaganda

Criação e Redação de Mídias Eletrônicas e Impressas

“A Emoção e a Regra”Domenico De Masi

Campinas, 2010

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Introdução

O livro “A Emoção e a Regra” de Domenico Demasi trata da era Pós-Industrial, e com ela as

várias revoluções que modificaram a sociedade desde o século XVIII. Domenico define esse período

como a Terceira Onda do Mundo, antecedendo a Segunda Onda do maquinismo, produção em série e

sincronização dos movimentos que mudaram os novos tempos; e a Primeira Onda que expõem a era

Rural e reinou durante tempos.

A partir da Terceira Onda, com o mundo repleto de mudanças, passou-se a valorizar mais a

cultura do que a estrutura, e a CRIATIVIDADE foi a característica que pode resumir esse período.

Antes, achava-se que essa era fruto do descontrole pessoal perante as regras pré-estabelecidas da

sociedade, da indisciplina e da indolência. No Segunda Onda foi a produção em série, mecanizada e

estereotipada, longe de qualquer raiz da imaginação.

É na era pós-industrial que os homens estabelecem o que é a criatividade, é a relação direta

entre o “equilíbrio da razão associada á emoção, da fantasia e o senso prático”, e foram poucos os

iluminados que portam esse dom. A criatividade se manifesta como um fenômeno de grupo, de

pessoas capazes de organizar e formular estratégias para ideias que antes não passavam de sonhos, e

que se tornaram realidade através do esforço e da idealização coletiva, não mais como fruto da

genialidade individual como se pensava nos séculos passados. A motivação, o profissionalismo, o

surgimento idéias, a possibilidade de um líder para organizar as idéias e tornarem-nas realidades são

os principais objetos de estudo propostos por Domenico Demasi na obra.

Não existe conhecimento ou teorias consolidadas se como essas organizações se

estruturaram e foram capazes de construir e criar corporações que entraram para a história, não

encontraram manuais explicando seus funcionamentos, ou como ser criativo a ponto de marcar a

história do Mundo.

A partir da Segunda Guerra Mundial tornou-se cada vez mais evidente que o mundo ia

transformar-se bruscamente, a ponto do aprimoramento do saber e da especialização do ser humano

transformando a matéria prima da civilização. Grandes acontecimentos ocorridos no século XII e XII

contribuíram como descobertas teórico-práticas da civilização Mesopotâmica. Na metade do século

XVIII com o Iluminismo, a revolução Francesa e o nascimento da Indústria muita coisa se

revolucionou também. Foram necessários milhares de anos de organização moderna para construir a

sociedade Industrial, e apenas dois séculos de industrialização para o começo do advento Pós-

Industrial. A ciência, a razão, o conhecimento teórico ocupam agora o papel central que antes

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pertencia a produção manufatureira, ao individualismo, ao teocentrismo e produção em massa. Todo

esse processo teve inicio na Europa e logo após nos Estados Unidos. Na Europa deu-se por causa do

familiarismo, cooperação, á estética, auto-realização, ao senso coletivo e principalmente ao modo

inovador dos criativos europeus. Enquanto isso nos Eua desenvolveu-se para a massa os novos

conhecimentos, voltada a eficiência e máxima valorização de vantagens e trabalho, para diminuir o

tempo da produção, á especialização e sincronização.

Domenico Demasi estrutura o livro no período em que a Industria teve sua hegemonia social

e quando ocorreu sua organização cientifica: época de Marx, Weber, Taylor, Ford e Mayo, e utiliza-

se de 13 organizações que exemplificam a criatividade reunida nessas. Desde equipes cientificas,

fabricantes, os primeiros estilistas, médicos, filósofos e pensadores, pessoas criadas para produzir

arte e ciência. Os Estados Unidos realizavam um grande esforço teórico-prático que levou á

descoberta das leis e princípios que criaram a produção em série, enquanto a Europa percorria um

caminho autônomo buscando modalidades originais para criar e organizar um trabalho criativo de

maneira coletiva.

A criatividade de hoje é sem duvidas inspirada nos tempos do século XIX e XX, que os

orientou e permitiu para esses grupos o sucesso organizativo e fundamentalista. Demasi faz um

estudo com vários sistemas atuais relacionando-os com os de antigamente, analisando 1 espetáculo

de cinema, sociedades e consultorias, formação gerencial, clinicas cirúrgicas, laboratórios.. Além

disso, analisou os fatores INDIVIDUAIS comuns em pessoas criativas: forte envolvimento emotivo,

forte senso de união e de grupo, motivação grande para as atividades idealizadoras e realizadoras,

espírito inovativo, confiança, vontade firme, decisão e dedicação total, flexibilidade nos enfoques,

competitividade com concorrentes, capacidade organizativa, ousadia e culto pela estética.

Quanto as características dos grupos criativos destaca-se a convivência pacifica, a procura

por um ambiente acolhedor, flexibilidade aos horários, sincronismo e afinidade de interesses,

concentração nas habilidades e objetivos, e o motivo que destaca-se sobre todos os outros aspectos é

a proeminência do líder-fundador, fortemente dedicado e orientado para solucionar conflitos,

carismático e competente para motivar os outros membros.

Os estudos de “A emoção e a Regra” limita-se aos casos europeus que foram, mais

precursores que os americanos. Ele então compara os últimos tempos da Sociedade Industrial e a Pós

Industrial para avaliar o esforço intuitivo desses pioneiros.

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Um Lobby pacifista e elitista: O Grupo Bloomsbury

“Talvez seja sorte Bloomsbury ter um som agradável que lembra jardins antigos e passeios

solitários em locais rústicos; de outra forma, como se poderia suportá-lo?”

VANESSA BELL

A citação de Vanessa Bell nos leva ao mito ligado à palavra Bloomsbury, que quando pela

primeira vez usada foi comparada a um distrito londrino, onde viveram “pessoas de gostos

refinados”, ou sendo, refere-se a uma entidade particular, com pessoas de um ponto de vista

particular. Já no Oxford English Dictionary , “designa uma escola de escritores e estetas”, apesar de

nunca ter sido uma escola com professores ou um código definitivo de conduta, a originária desse

grupo foi a amizade.

Em 1920, doze intelectuais fundam um grupo Memoir Club. Um dos fundadores, Leonard

Woolf, Vanessa Bell e sua irmã Virginia, definem esse núcleo como Old Bloomsbury. Lytton

Strachey, o mais influente do grupo,diz que sempre mostrou a intransigência de opinião de define os

grandes lideres de movimentos importantes. Longe de ser uma diarquia, o grupo funciona como uma

oligarquia marcada por uma feroz critica recíproca, próprio ar de sua existência.

Considerando as problemáticas surgidas, parece um tanto complexo definir quem faz parte do

grupo e que outros personagens, além dos citados, foram penetrados pelo espírito do grupo. Espírito

no qual a fé na razão, a busca da verdade e a contemplação da beleza. Nesse grupo, nenhum assunto

ali era tabu, nenhuma tradição era aceita sem exame e nenhuma conclusão era evitada. Em uma

sociedade hipercrítica, eles foram provocadores; em uma sociedade conservadora, foram

revolucionários e numa sociedade bélica, pacifistas. São definidos por seus denegridores como

“limitados na moral, irreverentes, não-patriotas, desligados e superiores”, porém, outros observadores

vêem o grupo como algo precioso e remoto.

Assim, entre críticas e controvérsias, cria-se a lenda dos “bloomsburyanos” como um clã,

grupo de amigos afeiçoados uns aos outros, insolentes, arrogantes, esnobes e excêntricos, mas apesar

de tudo o grupo é dotado de forte ética pessoal e com um ideal aristocrático. São intelectuais, têm

paixões genuínas e profundas: a amizade, verdade, belo, música e a arte. Cada um trabalhando em

seu setor específico de interesse.

Bloomsbury representa a difusão da arte e do seu desfrute, da estética visual, da criatividade

literária e empresarial. Nasceu em Cambridge, no Trinity College, em 1899; onde quase todos os

membros, além de seus cursos, participavam de dois clubes de inspiração intelectual: Midnight

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Society e Apostles Society, antigos, cheios de tradições e com um numero bastante restrito de

membros. Os Apostles Society tinham o objetivo de discutir livremente sobre os problemas que os

afligem e submetê-los a críticas amigáveis. Já os Midnight Society unem um profundo

tradicionalismo a um vivo sentido progressivo.

Leonard Woolf, o judeu que ao perder o pai, na infância, perdeu tudo o que tinha escreveu de

si mesmo “Sei tudo o que se deve saber sobre certezas e inseguranças”. Ambicioso e persistente, ao

terminar os estudos médios, entram na Trinity College, superando a escalada social “de Bloomsbury

à classe média de Brighton até alcançar a elite inglesa”.

Lytton Strachey tem a segurança de seu mundo rude, mas aspira a formas mais delicadas do

conhecimento. Lytton possuía um tipo de esquizofrenia de falar com dois tipos de voz, uma viril e

outra delicada, a característica que mais o distingue dos outros membros. Com o tempo essas

inflexões foram adotadas por pessoas inteligentes e usadas para obter efeitos totalmente diversos na

hora de comunicar sentimentos e idéias, tornando-o “a voz de Bloomsbury”. Mais brilhante que

qualquer um, Lytton é considerado um “pastiche humano que transforma sua habilidade em

biografias”.

Vanessa Bell, uma jovem que não aceitava submissões, monolítica. Na verdade, muitos

percebiam seu distanciamento das pessoas, isola-se pelo fato de que prefere a beleza dos objetos, das

suas formas e cores. Já Virgínia, ao contrário da irmã, está profundamente envolvida com as pessoas

em sua eterna busca pelo amor, refletiu de maneira muito precisa os comportamentos da época.

Clive Bell, futuro marido de Vanessa Bell veio de uma classe média intelectual, dedicada a caça e a

pesca. Ao contrário de Leonard, Clive vive em dificuldades financeiras e em permanente mal-estar

pessoal, devido a sua sensibilidade aguçada, como Proust pensa que “a única certeza da vida é a

mudança”, vivendo o presente.

A busca na arte e a descoberta de um mundo estético amadurecem através de suas

descobertas da vida nos campos, seus olhos de caçador tornam-se olhos de crítico e dessa forma sua

vida torna-se uma perseguição a caça nas galerias do mundo ocidental de arte.

Os membros do grupo são acirrados críticos uns dos outros, mas sempre unidos para destruir os mitos

pré-constituídos, cada membro a seu modo. Isso fez com que cada um dos membros adere-se a uma

ética pessoal, o que desunindo parte do grupo aos passar dos anos, mas acabam se reunindo

novamente.

Os “bloomsburyanos”, novamente reunidos, conscientes do vazio entre a situação social e a

cultural, propõem novas formas culturais em um movimento tendente à destruição do passado, e

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baseando se na Principia Ethica, fazendo-a sua Bíblia Laica. O “moorismo”, como denominam tal

pensamento, é uma espécie de diálogo socrático sobre a verdade, a bondade e a beleza. Moore os

leva a seguir a lógica da lógica, um exame crítico de todos os dogmas. Mostrando que a compreensão

da pergunta leva a preceder a busca da resposta, buscando o conhecimento dos estados de

consciência.

O poder jornalístico é um centro de poder que se libera em varias partes, se o imaginarmos

segundo a fantasia de Vanessa, é como uma serie de jaula de leões de zoológico. O público londrino

vê o grupo como um único e forte leão, assim dirigindo o mercado da arte visual, segundo o gosto

que prevalece em Paris, isso explica como alguns artistas iniciantes sofrem tamanho fascínio pelo

grupo e por ele se deixam dominar, enquanto outros os rejeitam. Uma grande quantidade de literatura

e resenhas de arte é veiculada através do poder jornalístico de Bloomsbury, dessa forma influencia a

opinião publica com freqüentes publicações literárias nos mais influentes periódicos.

O grupo tende ao anárquico, se pensarmos na ideologia da criatividade lúdica e sem regras

não possuem nenhum freio ou tabu sexual, o que é imoral para os londrinos e hoje pode se constituir

em objeto confusão histórica, assim, para os “bloomsburyanos” é um estilo de vida. De resto,

continuam a comportar com a consciência dos próprios comportamentos, convicções estéticas,

políticas e internacionais.

Como uma estrutura lobística, os “bloomsburyanos” experimentam novos modelos

organizativos e as soluções adotadas são devidas a um planejamento altamente criativo como poder,

informações e capacidade de mobilização, que derivam de seus excelentes rendimentos, da sua

cultura, que é seu poder.

O segundo modelo da estrutura logística difere notavelmente do primeiro e espelha muito

mais a organização de Bloomsbury, sendo que o recurso fundamental desta organização é a

capacidade política, entendida seja como capacidade de mobilização, seja como capacidade de

influencia, os valores privilegiados são aqueles que contrapõem os valores da massa.

Bloomsbury permanece sendo uma entidade impalpável e indefinível, embora na sua

qualidade de precioso caminho para a desenvoltura de artes e algumas ciências como economia,

filosofia e historiografia.

Nessa imagem não se capta unicamente amorfo do grupo, mas o fato de que seus membros

falavam entre si, comunicavam mutuamente. Os elementos de conexão não são nem os problemas da

ética protestante, nem a racionalidade da ética taylorista. Bloomsbury fala, não grita nem faz

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estrépito, não obstante a profunda divergência de opiniões, fala e a credita na discussão pacífica e

racional.

Quando inicia a luta entre a razão e violência, e a violência vence Bloomsbury não tem mais

o interlocutor possível nem o velho pacifismo tem mais sentido de existir. A neutralidade mantida

entre 1914 e 1918 não é suficiente para contrapor-se ao establishment.

Seu estilo persiste nas obras e nos dias daqueles que, um a um, sobreviverão como vestais das

lembranças comuns. De fato, grupo como tal, elitista e pacifista, terminara nos umbrais da sociedade

pós-industrial sem assistir nem à rebelião das massas nem à fúria da era nuclear.

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Uma cooperativa de artistas e artesãos: A genialidade politécnica da

Winer Werkstatte:

O foco da cooperativa era o de promover os interesses econômicos de seus membros através do

artesanato artístico (produção de objetos de todos os gêneros artesanais, abertura de oficinas e vendas

das mercadorias por eles produzidas).

No ano de 1903 Ford fundava nos EUA sua empresa e Taylor apresentava os princípios do seu

scientific management em Saratoga.

Os critérios organizativos de Ford e Taylor eram os de apostar em uma estrutura de trabalho com

“homens robôs” que através da repetição contribuiriam para a produção em série de objetos materiais

destinados ao consumo de massa.

Contrários a este tipo de organização Klimt, Hoffmann e Moser propunham uma organização de

trabalho de criativa, na qual artistas, artesãos e empresários poderiam conjugar o bem-estar material

com a excelência estética, na tentativa de construir um mundo mais belo e feliz, além de mais rico.

Viena, imperial e burguesa:

Às vésperas da primeira guerra mundial Viena dispunha de uma densa concentração de mentes

geniais.

Uma cidade divergente:

Viena era culturalmente hegemônica e demograficamente majoritária. Segundo Quirino Príncipe a

cidade era também um paradoxo histórico uma fez que primeiramente foi a capital do Império Sacro-

Romano, em 1806 tornou-se capital do Império da Áustria, 1867 da Áustria-Hungria e finalmente em

1918 a cidade tornou-se a capital da Republica Austríaca.

Opulência e Miséria:

Era visível a contradição entre a opulência dos edifícios imperiais e a decadência da grande maioria

das casas. Os estudantes e os intelectuais pobres de Nápoles para fugir do desconforto de suas casas

dispunham de praias e campo. Já Viena tinha à disposição os famosos cafés, onde acabou por se

concentrar de forma móbil e interdisciplinar toda a cultura da época.

Burguesice e estabilidade:

Os poderes públicos eram muito generosos com os artistas uma vez que estes projetavam de forma

excelente os objetivos mais simples da vida cotidiana, destinados a cobrir de decoro burguês o senso

de segurança, que representava o pano de fundo de toda a vida vianense.

De acordo com Stefan Zweig em, O mundo que vi – “Ninguém acreditava em guerras, revoluções e

agitações. Atos radicais e violência simplesmente pareciam impossíveis na idade da razão”.

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Filosofia, estética, interdisciplinaridade:

A filosofia era definida como sendo uma pluralidade, estando inter-relacionada com todos os outros

aspectos da cultura.

Já o senso estético se fundiu com o desejo de imitar a aristocracia, assim o mecenato para com as

artes de transformou em um símbolo de riqueza e status.

O homem dedicava todo o seu tempo livre às artes, exatamente como se dedicava aos negócios, e por

tradição a burguesia havia encontrado na arte um instrumento de educação moral e metafísica.

Em Viena não era raro que um mesmo artista se firmasse simultaneamente em campos diversos

(músico, pintor, filósofo, arquiteto, escritor, poeta, dramaturgo). O espírito europeu foi invadido pela

utopia de um único homem que se utilizava da interdisciplinaridade, controlando assim as diversas

formas do saber e suas múltiplas práticas.

Inspiradores e precursores

Nos outros países:

Surgimento da burguesia industrial/financeiras por meio de grupos artísticos que produziam móveis e

objetos artesanais.

Apaixonado pelas máquinas que facilitavam a produção em série, Stickley defendeu a ligação entre o

artesanato e a indústria.

No final do século XIX, em Viena, surgiram as primeiras cooperativas de artistas e artesãos.

A “secessão”:

Em 23 de março de 1897, o Conselho Municipal de Viena decidiu consignar a alguns jovens artistas

um terreno onde pudessem construir para expor suas obras. No entanto, estes artistas já possuíam

uma cooperativa (Wiener Kunstlerhaus), porém esta incorporou um caráter muito conservador.

Então, os jovens aceitaram o terreno e construíram lá sua cooperativa (Wiener Secession).

Em 1901, os alunos de Hoffmann e Moser fundaram com objetivos comerciais, uma nova associação

(Wiener Kunst in hause).

O início

A Fundação:

Em 12 de maio de 1903 foi realizada a Assembléia Constituinte da Wiener Werkstatte, “cooperativa

de produção de artesãos”, na qual o objetivo era promover os interesses econômicos de seus

membros através da preparação/formação/produção de objetos de gêneros artesanais e artísticos,

abertura de oficinas e venda das mercadorias produzidas.

O ambiente físico:

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Criar ambientes de trabalho saudáveis e agradáveis fazia parte da obra educativa da Wiener

Werkstatte. Além disso, cada superior mantinha com seus dependentes um relacionamento pessoal,

além do profissional.

O ambiente humano:

Formou-se em Viena uma empresa de artesanato artístico em grande estilo. As máquinas utilizadas

não eram mais vistas como tiranas, mas como ajudantes e prestativas, sendo que quem determinava o

espírito da fisionomia dos produtos eram seus próprios criadores e não mais as máquinas.

Um dos lemas da Wiener Werkstatte era, “É melhor trabalhar dez dias na confecção de um objeto do

que produzir dez objetos por dia”.

No ano de 10904, em Berlim, ocorreu a primeira exposição pública da Wiener Werkstatte, com

sucesso de crítica e negócios. Seguiram-se outras exposições e vieram então as grandes encomendas.

A Maturidade:

Os primeiros clientes da cooperativa foram os amigos que encomendavam a decoração de suas

próprias casas e ateliês.

Novos sócios aderiram aos projetos e a organização consolidou-se em subgrupos. Novos artistas

surgiram e outros recorreram às lojas da cooperativa para que vendessem suas obras.

Em 1909, a Wiener Werkstatte expôs em Viena e devido ao seu grande sucesso ocasionou a fundação

de um Werkbund austríaco.

A diferença entre produção austríaca e a alemã é que a primeira caracteriza-se pela maior

originalidade inventiva e pela prevalença do elemento artesanal sobre o industrial.

O declínio

O ano de 1914 assinala uma reviravolta na cooperativa e o início do lento declínio que durará até

1932.

A Wiener Werkstätte (W.W.) foi vendida por 1 milhão e meio de coroas para o deputado Robert

Primavesi, para o industrial Otto Primavesi e para sua mulher Eugênia. Com Hoffmann como

responsável pela direção da W.W, foi constituída no lugar uma nova “cooperativa de produção de

objtos de artesanato”.

Apesar da guerra e da morte de Klimt, as atividades continuaram, novas lojas foram abertas, muitas

mulheres ingressaram no trabalho e rendas cresceram.

Devido uma longa doença de Hoffmann a direção da empresa foi assumida por Philipp Häusler, que

reorganizou e levantou economicamente a empresa que estava em decadência. Para isso, ele freou o

custoso experimentalismo, fez acordos com as industrias para realizar os projetos desenhados pela

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cooperativa, limpando a empresa de todos os incapazes, adotando uma estratégia comercial, um

programa de marketing, uma rede de vendas e abrindo novas filiais no exterior.

Assim, Hoffmann percebeu que todos seus critérios artesanais estavam indo em direção a

organização cientifica e industrial, algo que combateu durante toda sua vida. Além disso, precisou

enfrentar uma conferência, intitulada: “A doença vienense. A W.W. Uma prestação de contas”. Nesta

conferência a cooperativa era acusada de ser

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desorganizada e de se interessar apenas em artigos de luxo para pessoas de luxa, manchando assim o

nome da Áustria.

As vendas iam mal, os Primavesi estavam em dificuldades, então a cooperativa fora colocada sob

intervenção. Mas três industriais tentaram levantar a cooperativa substituindo novos diretores,

tentaram planos de restauração e expansão na Áustria e no Exterior. Mas com a impossibilidade de

manter um acordo com a Senhora Primavesi, a empresa foi abandonada.

Em 1931, a empresa foi obrigada a fechar as oficinas, demitir operários e artistas e vender o estoque

existente. E em 1932, foi divulgado que todos os objetos da cooperativa iriam a leilão.

A organização

Organograma e objetivos

A assembléia dos sócios que elegia o administrador delegado e a direção artística era formada por

vinte e nova sócios, pelo comitê dos supervisores e por uma comissão de conselheiros. Os membros

da direção artística e os sócios desempenhavam também o papel de produtores nos laboratórios, junto

com os trabalhadores.

Os elementos constituintes da W.W. como empresa são:

a) Um objetivo que depois veremos articular-se em objetivos a curto e longo prazos;

b) A identificação do tipo de recursos humanos e dos perfis profissionais (artistas e artesões);

c) O papel central da função formativa dentro da empresa;

d) A caracterização de uma escala fins-meios que corresponda ao objetivo considerado central e a

definição do processo necessário (os projetos artísticos preparado pelos membros da cooperativa)

para a realização do mesmo.

e) Uma organização que integra e dirige todas as fases do processo produtivo: desde a escolha e

compra das matérias-primas até a venda a varejo do produto acabado.

O objetivo principal é articulado em vários objetivos a curto e longo prazo, que é citado no

“Programa de Trabalho”, redigido por Hoffmann. Este programa se inicia com um analise da

situação artística, econômica e cultural, onde se afirma a presença obrigatória da grande empresa

industrial e da entrada da arte na reprodutibilidade técnica.

O programa traça o objetivo estratégico da empresa, define o que é necessário para alcançá-lo e

delimita o mercado de clientes potenciais e as condições de concorrência impostas pelas outras

empresas.

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Enfim, a clientela que a W.W. pretende atingir é a classe operária que esta integrando na classe

urbano-burguesa.

O diretor artístico, Hoffmann, pede a burguesia faça sua parte, levando a termo a evolução do bom

gosto para dar forma adequada a sensibilidade moderna.

Organização para projetos

Em 1903 foi a inauguração das oficinas para trabalho em ouro, prata e outros metais para

encadernação, trabalho em couro, marcenaria, uma oficina para envernizamento e uma seção para

trabalhos de construção civil.

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Toda a montagem destas oficinas foi basicamente feito em um espaço de 24 horas. A estrutura destas

oficinas baseava-se em “grupos de trabalho por projeto”, com um espírito de grupo através de

trabalho coletivo.

Sobre esse tipo de trabalho Octave Gélinier acha que a formação destes grupos é necessária para o

alcance do Maximo rendimento possível e que estes grupos possibilitam interação entre seus

membros e uma grande rapidez nos ajustes que forem necessários.

Nestas oficinas de trabalho da W.W. existiam profissionais de alto nível profissional e também

artistas, cuja experiência eram importantes na criação e produção.

No inicio das atividades destas oficinas tinham que ser produzidos os objetos que seriam usados

internamente, ou seja, as oficinas tinham que ser equipadas. O papel de Hoffmann era de liderança

criativa, um assimilador que antes observava o funcionamento do grupo para depois estimulá-las na

melhor direção possível.

Já Moser exercia o papel de liderança projetista, o estimulador: ficava continuamente idealizando

formas, objetos, linhas, etc.

O ambiente destas oficinas, com a interação entre os artesões e os artistas, propiciava um contexto

ideal para o trabalho criativo de Moser e Hoffmann, que através de suas competências davam vida a

soluções originais.

Este grupo de trabalho por projeto demonstrou possuir uma imensa capacidade de auto-regulação, e

também cada oficina tinha sua individualização reconhecida – cada uma era identificada com uma

cor e era responsável por uma atividade especifica.

As relações humanas

Entre colaboradores e o diretor artístico de cada oficina, há uma relação de confiança. A liderança

baseada no saber fazer e criar melhor que os outros componentes do grupo levam a melhores salários

e férias superiores a outros em outras empresas do mesmo tipo. Como compromissos constantes

tinham a ocupação máxima, as oficinas eram grupos de trabalhos caracterizados pela alta autonomia

no desenvolvimento da atividade.

Na organização acima citada as redes de comunicação são densas e ampliadas. Na comunicação, o

elemento central, é a convivência harmônica, sendo uma linguagem formal e com a proibição de falar

palavrões.

Na oficina, o ambiente físico tem grande destaque. Tendo um grande grau de iluminação e amplos

espaços entre as mesas, é gerido e produzido pelos próprios usuários e conjugava um clima agradável

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de convívio baseado em uma hierarquia formal e informal. A atenção dada a relação homem-

maquina-ambiente era importante e portanto constante.

O conflito

Com a nova organização praticada na W.W., os conflitos no interior da empresa eram apenas de

ciúmes profissionais e incompreensões sentimentais. As tensões eram mais ligadas à personalidade

individual do que as relações de poder e a direção da empresa.

O trabalhador deixava a empresa somente por causa de divergências sobre o estilo ou sobre a

concepção do produto artístico.

Hoffmann e Taylor

Hoffmann e Taylor não tiveram a chance de se conhecer.

O modelo taylorismo é uma cooperação extrínseca, ou seja, um trabalho executado por mais pessoas,

onde o processo de produção é projetado por outros, não sendo mas sujeito a modificações sugeridas

de quem trabalha (divisão entre atribuições manuais e

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atribuições intelectuais). A W.W. tinha características contrárias, uma cooperação intrínseca, os

artistas trabalhavam em conjunto com os artesões. Assim, não havia divisão entre o momento da

criação e o da produção.

Ainda que a organização cientifica experimentada e propagada por Taylor não tenha sido aplicada

integralmente, teve as seguintes conseqüências:

a) Criar uma força de trabalho estratificada social e culturalmente, privada de profissão autônoma;

b) Desenvolver uma tecnologia de transformação capaz de centralizar em si as tarefas de controle

tradicionalmente delegadas a cada trabalhador;

c) Subtrair de todo o controle social o conjunto dos recursos de governo da empresa (meios

financeiros, natureza jurídica, etc).

Concluindo o objetivo da organização Taylorística era o de transformar a empresa em uma máquina,

em que as funções de adaptação ao ambiente externo estavam centralizadas em cargos e unidades

especializadas.

Ao contrário, Hoffmann quer construir uma empresa que coloque no mercado bens assinalados com a

marca da originalidade artística. A organização da W.W. estava estruturada como um organismo

vivo, biológico e não mecânico, em que a unidade produtiva era a oficina na qual operavam os

grupos de trabalho por projeto, enquanto a autonomia e a cooperação intrínseca forneciam as bases

sobre as quais se alicerçava a organização.

Os ensinamentos

Hoffmann sentia uma desconfiança pelas máquinas, essa desconfiança se referia a fase de

desenvolvimento que as máquinas haviam alcançado no seu tempo: linhas de montagem rígidas e

opressoras que permitiam um produção em série de milhares de cópias do mesmo exemplar, baseada

em uma rígida divisão de tarefas em que poucos projetistas auto-realizados se opunham a milhares de

executores anônimos e alienados.

O que Hoffmann teve um pensamento não inteligente, já que não previu que mais tarde as maquinas

seriam como robôs que teriam o mesmo potencial de um artesão, hoje provavelmente as oficinas da

W.W seriam dotadas de equipamentos modernos.

Essa história da W.W no traz alguns ensinamentos.

Como o primeiro ensinamento tem a necessidade de conjugar os meios modernos com o gosto

clássico, as oportunidades de hoje com as raízes do passado com vistas a um futuro com uma

qualidade de vida cada vez mais alta.

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O segundo ensinamento são os dois princípios organizativos: Taylorismo, e a W.W. Se um sistema

sócio-técnico se destina a produzir objetos nos quais prevalece a criatividade e a estética, ele é

organizado segundo critérios completamente diferentes de um sistema destinado à produção em série.

O terceiro ensinamento é ergonômico: o trabalhador precisa de um ambiente que respeite a sua

dignidade e exalte sua criatividade, um ambiente harmonioso, confortável, estimulante e saudável. E

também necessita que o ritmo do trabalho da atividade criativa não seja sincronizado e massificado.

Assim sua produtividade está assegurada pela própria motivação interior.

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O quarto ensinamento é psicossocial: o clima participativo deve prevalecer na divisão do trabalho. A

relação entre chefe e empregado sempre deve ser pessoal e cordial, nunca como a de um oficial e seu

soldado. Para buscar qualidade e diferenciação.

O quinto ensinamento é profissional: os trabalhadores são cuidadosamente escolhidos e preparados

(levando em conta suas qualidades criativas) e são encaminhados para as tarefas que melhor

correspondem as suas capacidades. Mas não se pode esquecer que a curiosidade e as atitudes do

trabalhador mudam com o tempo, devido aos interesses que os outros setores espertam nele de vez

em quando, fazendo assim com que ele mude sua tarefa.

O sexto ensinamento é disciplinar: assim como não é possível colocar lado a lado objetos bonitos e

objetos feios, sendo preciso criar um conjunto de coisas todas belas, da mesma forma as qualidades

de cada pessoa genial em um determinado campo são estimuladas pela freqüência de outras pessoas

igualmente geniais em campos diversos. Um intelectual total deve corresponder o máximo possível à

obra total, tornando-se capaz de operar com o cérebro e as mãos.

O sétimo ensinamento é cultural: se o operário de uma linha de montagem pode ser desprovido de

qualquer dimensão intelectual, o trabalhador criativo deve nutrir-se muito de novas culturas: por isso

deve ler, escutar, viajar, alimentar a sua curiosidade de conhecimentos e emoções sempre novas.

O oitavo ensinamento refere-se a dimensão estética: os objetos se distinguirão cada vez menos por

sua capacidade de uso e cada vez mais por sua estética. Na sociedade pós-industrial, a única

diferença entre eles é o design.

O nono ensinamento é comercial: A W.W. viu a necessidade de valorizar a burguesia emergente,

diminuindo seu complexo de inferioridade frente à aristocracia valorizando-a como classe e

fornecendo-lhe um senso estético que a ajudava a libertar-se do desconforto dos novos-ricos. Com

esta visão da burguesia a W.W. fortaleceu o grupo que era seu principal consumidor no mercado.

O décimo ensinamento diz que o uso da publicidade e da mídia para vender mais é muito importante,

uma vez que esta faz com que a procura pelo produto oferecido aumente.

Todos esses dez ensinamentos fizeram com que a W.W. sobrevivesse com sucesso durante seus 30

anos. Apesar de ainda não estarem preparados para as intuições antecipadas, permitiu oferecer um

bom trabalho a centenas de artistas e permitiu experimentar um tipo de organização que fará história

na sociedade pós-industrial.

Page 19: A Emoção e a Regra

Um grupo de discussões abertas sobre a linguagem e a Ciência: O

Círculo Filosófico de Viena

A Burguesia

Era uma expressão fiel da sociedade industrial nascente, mais era ao mesmo tempo a guarda de uma

cultura milena, da qual defendia as diversas formas de arte e do pensamento.

Constituia em Viena uma verdadeira arte, do qual o teatro imperial, o Burgtheater, era para os

Vienenses e para os Austríacos mutio mais do que um simples palco, era reflexo matizado de uma

sociedade.

Os movimentos artísticos e científicos

Da sociedade burguesa e conservadora originou-se uma geração de jovens artistas que dedicou todo

seu tempo de vida à arte.

No pensamento especulativo, antes mesmo nas artes, nasce assim a reflexão do indivíduo sobre seus

instintos, suas falhas de personalidade, sobre a fragilidade das quais o ser humano percebe e vive sua

propria exitência, e beste clima de fervor e inquietação Viena tardo-habsbúrgica, encontram-se

aceitção as reflexões de Freud, as observações de Musil, as mpusicas de Maher, as imagens míticas

pintadas por Klint.

Felicidade e Declinio de um Império

Em suma a imagem de Viena representava o Miame mais delicado, mais complexo, mais frágil,

constituía o simbolo mais desejável da busca de uma felicidade, em certo sentido, já

comprometida.Seu modo de viver encantado e livre de preocupações já escondia as devergências e as

contradições que fariam cair a monarquia.

O estudo da linguagem

O aprisionamento do eu e dos limites da comunicação humana tornaram-se os problemas centrais de

uma epóca que já encarava com desespero o próprio futuro, e encontraram no estudo da linguagem e

das suas formas, o modelo explicativo mais adequado.

Kraus exerceu influência preponderante sobre a Inteligentzia Vienense por sua posição assumida

contra o gosyo decadente e a hipocresia da classe burguesa, e com isso liderou sua luta contra toda

forma de corrupção estética e moral defendendo a ssencialidade e a absoluta relevância dos valores

da vida e da cultura.

Talvez ainda maior, com respeito as influências de Kraus, foi a ascendência exercida pelo filósofo

Mach, o impulso para a criatividade que seu pensamento suscitou fezdele o ponto central em torno do

qual se ligam todas as manifestações artísticas e intelectuais de Viena.

Page 20: A Emoção e a Regra

A circularidade do saber

O princípio de economia de Mach tinha constituído a distinção entre razão e a fantasia, bem como

eliminar toda a decoração de objetos funcionais. Todavia, a teoria de Mach teve sua maior

ressonância em Musil, em sua obra - o possibilismo – parece refletir a imagem d realidade como

resultado da interação entre as infinitas percepções do mundo sensível, adquiridas através do hábito e

modificadas pela experiência.

Page 21: A Emoção e a Regra

Em suma o que caracterizou a Viena cultural do século foi a coexistência de dois conceitos a

discução do eu, e premonição da perda do indivíduo do século XX.

O nascimento da Verein E. Mach

Particularmente na Universidade de Viena o pensamento de Mach foi rico em ressonância , segundo

a qual a essência do mundo fenomênico não se manifesta nas coisas em si mais nas suas relações, foi

o fio condutor do qual raníficaram o pensamento científico e a criação artística.

O neopositivismo lógico

Através de um grupo de pensadores apassou-se da herança Machiana e reelaborou de forma

completamente original os pontos básicos, inserindo os na crítica gnosiológica e nas suas mais

profundas ligações com a especulação filosófica e abstrata.

A procura de uma nova lógica da ciência

Tratou-se do problema da legitimação do conhecimento ciêntifico, da ligação de uma nova

concepção da natureza aos valores preexistentes de uma época e de uma cultura.

Neopositivismo, neo-empirismo

Os neo-emperistas contrapuseram uma epistemologia entendida como construção racional dos

sistemas lógicos dos conceitos correspondentes de modo Unívoco as relações entre os fatos sob a

influência direta de Wittgenstein e indireta daquela corrente de pensamento florescente em Viena em

torno da obra de Kraus, os neopositivistas acabaram por reduzir o estudo das teorias científicas à

analise de sua linguagem centralizando a atenção sobre os fundamentos e sobre as implicações

lógicas, de todo sistema de sinais que quisesse colocar-se como um sistema cognitivo da realidade.

Teoria e prática

Os interesses fundamentais dos neopositivistas estava a tentaiva de traduzir na prática da vida social

os signifcados e as implicações da reviravolta teórica realizada, as concepções por eles definidas no

âmbito da epistemologia deveriam epentrar em todos os campos da vida pública e privada, a arte, a

educação, a arquitetura deveriam intervir na esfera econômica-política, fazer as funções de

instrumentos operacionais para a mudança da vida e da sociedade.

Organização e Criatividade

A organização que os membros dos Círculo de Viena seguiram foi de uma rede de malha fina um

sistema de relacionamento estreitamente coligado e sob muitos aspectos informal que extrai sua

criatividade da capacidade de receber os mais diversos estímulos advindos da cultura Vienense.

Page 22: A Emoção e a Regra

A liderança de Schlick

Lider de personalidade dinâmica e equilibrada que teve o mérito de dar forma concreta às aspirações

e os pensamentos dos filósofos agrupados a sua volta.

Três níveis organizativos

O seminário era constituído por jovens estudantes de filosofia. Nas suas casas mantinham grupos de

estudos, o mais importante era a aula acadêmica.

A característica essencial do Círculo filosófico de Viena é que seus membros não idealizavam a

criação de um sistema, e sim uma discussão livre, na qual cada um poderia expor suas idéias e suas

observações sobre a própria ciência, uma troca de idéias que ao invés de se criar um sistema se criava

uma “enciclopédia”. Essa era a característica da multiplicidade dos autores, que nem ao menos eram

de mesmas disciplinas, mas cada componente desejava comunicar aos outros as conclusões às quais

chegara.

O clima específico das reuniões do Círculo era devida principalmente à personalidade de Schlick, à

sua incomparável gentileza, tolerância e modéstia. Sua aguda percepção mental e o profundo

conhecimento em física faziam dele um respeitado defensor do modo de pensar científico. As

reuniões aconteciam em sua casa às sextas-feiras e tinham como objetivo comum entre seus

participantes, a unificação do saber científico contemporâneo através da unificação de sua

linguagem.

Otto Neurath

Outra grande personalidade extremamente relevante no Círculo é a de Otto Neurath, provavelmente a

pessoa mais impetuosa, a mais ativa de um ponto de vista organizativo. Otto teve muitos projetos e

grandes conquistas em sua vida, mas o objetivo central de suas iniciativas culturais fora a

International Encyclopedia of Unified Science (Enciclopédia Internacional de Ciência Unificada).

Sobre alguns membros do Círculo, inclusiive sobre Carnap, Neurath conseguiu projetar suas

concepções políticas e seus objetivos marxisistas de renovação política e econômica.

A influencia de Wittgenstein

O referencial mais imediato da filosofia neopositivista foida dado pelo Tractatus logico-

philosophicus, de Wittgenstein, que apareceu pela primeira vez em 1921, e publicado no ano seguinte

em edição inglesa.

Os traços característicos do pensamento de Wittgenstein e suas ligações com o Círculo de Viena

parecem singulares sob muitos aspectos. De modo particular, da lógica hertziana dos modelos, ele

tirou o ensino e o método para libertar a linguagem da ambigüidade, somente a estrutura matemática

Page 23: A Emoção e a Regra

podia, nesse caso, permitir a crítica da linguagem comum, assim como Hertz havia tornado possível a

análise lingüística da mecânica.

Suas relações com o Círculo de Viena nunca foram muito estreitas, se distanciando muitas vezes das

teses do Círculo, do qual nunca se considerou um membro, porém foi de Wittgenstein que os

neopositivistas mais extraíram os motivos fundamentais do seu pensamento: a redução da filosofia à

análise da linguagem, a negação da metafísica enquanto contem de enunciados não verificáveis.

Page 24: A Emoção e a Regra

O manifesto

Foi exatamente a concepção da filosofia como análise da linguagem e não como doutrina, o que

representou a tese fundamental do manifesto oficial do Círculo.

A filosofia neo-empirista delineou-se na tentativa de circunscrever o campo do conhecimento e do

domínio das cognições empíricas, através do método de análise lógica da linguagem, proposto por

Wittgenstein.

A partir de então, vê se a incapacidade da parte dos neo-empiristas de escapar dos limites da sua

teoria e de elaborar aquele modelo geral de uma linguagem unificada, que constituía um dos pontos

essenciais do programa expresso no manifesto. No programa neo-empirista, pelo contrário, as

proposições elementares eram interpretadas como empíricas e a linguagem da ciência identificou-se

com a linguagem da física, cuja lógica, poderia ser encontradas as regras capazes de transformar as

percepções sensíveis em dados empíricos e objetivos.

A crise e o epílogo

O programa assinado pelo Círculo de Viena era unitário apenas na aparência, a recusa da metafísica,

a restrição do campo do significado às preposições da ciência natural constituíram apenas uma

“moldura”, dentro da qual logo se colocaria a principal questão de desacordo entre os neopositivistas,

o problema relativo à natureza da experiência.

Tensões e conflitos

Os contrastes de ordem teórica provavelmente escondiam tensões bem mais graves, de natureza

ideológica, ligadas às dificuldades pessoas dos neo-empiristas e aos acontecimentos históricos nos

quais, naqueles anos eles foram envolvidos.

Por volta de 1930, Viena sofria com as conseqüências gravíssimas da crise econômica, seguida da

derrota da Primeira guerra mundial e à fragmentação do império, e preparava-se para aceitar a

invasão nazista como sua única perspectiva no futuro.

A mediação de Schlick

Na dramática evolução dos acontecimentos históricos, a existência do Círculo filosófico de Viena

deveu-se ainda por algum tempo à influência medidora exercida por Schlick, à sua capacidade de

resolver os momentos problemáticos e de intervir pessoalmente nos problemas enfrentados na época.

Schlick sustenta um critério de avaliação de natureza estética e convencional ao mesmo tempo,

ligado à capacidade das teorias de satisfazer necessidades emotivas e desinteressadas de crescimento

cultural e espiritual. Ainda que não considerava a filosofia como uma ciência, ele sempre lhe atribuiu

o papel de rainha das ciências.

Page 25: A Emoção e a Regra

O fim de uma experiência

Em junho de 1936, Schlick foi assassinado nos degraus da Universidade de Viena. Sua morte foi o

sinal do destino, inevitável e próximo, do Círculo surgido ao seu redor. Os problemas

epistemológicos, que já haviam causado rupturas e divergências entre os neopositivistas, acabaram

por esquecidas em busca de soluções jamais encontradas.

Page 26: A Emoção e a Regra

Em uma perspectiva histórica mais ampla, antes mesmo que os regimes totalitários se firmassem na

Europa (desde 1918), a estação da “Grande Viena” estava concluída. “A primavera” como definiu

Jean Clair, que invadira a sociedade vienense dando vida a uma explosão de arte e de pensamento

somente comparável à do Renascimento italiano, havia acabado. Assim como aconteceu com os

membros do Círculo de Viena, a dispersão física dos outros artistas vienenses foi logo seguida pelo

fim dos seus projetos e do fechamento do seu mundo genial e eclético.

Page 27: A Emoção e a Regra

Uma ponte entre artesanato, arte, indústria e academia:

A criatividade racional de Bauhaus

“O belo não é o fim da arte, é um elemento da realidade; enquanto a obra de arte também é

realidade, o belo é um motivo da realidade que a arte cria.”

KONRAD FIEDLER

No final do século XIX, o desenvolvimento da industrialização abriu um debate em torno da arte

opondo o mundo espiritual e o material. Esse debate fazia com que no processo de produção, a

idealização (criação) e a realização (instrumentos técnicos) de um produto fossem feitas

distintamente. O artista limitava-se no máximo até uma modelagem parcial do material, ignorando a

obra de mecânica industrial, enquanto a industrial fazia indiferença à obra criativa.

Na Inglaterra de 1847, houve uma brecha para que a fase artística fosse mais valorizada no processo

industrial. Pois foi na Alemanha onde suas influências são acolhidas. O artesão–artista é limitado há

fase idealizadora do processo produtivo, na criação de protótipos. Walter Gropius, arquiteto, atribuiu

ao Bauhaus a tarefa de finalizar a separação entre o momento artístico-criativo e o técnico-material.

Essa vontade, fez com que Gropius encontrasse imediatamente patrocinadores com formação e

competência que trabalhassem para realizar um novo ideal de “arte-técnica”

A Staatliches Bauhaus nasceu como instituição estatal, financiada pelos conselhos municipais das

cidades onde eram instaladas (Weimar, Dessau, e Berlim). Esse grupo lutava para recuperação da

qualidade do produto fabricado mecanicamente inserindo um ideal. Mas isso só se daria com a

participação de profissionais dotados de conhecimento artístico-teórico e técnico-material. Buscando

encontrar uma mediação entre o artesão e o artista, um método racional de justaposição dos

elementos, exata percepção e execução das formas, com a fusão das instâncias da socialização da arte

e difusão do objeto artístico, conservando a instância criativa.

Em um período onde os trabalhadores eram escravizados às maquinas, limitando seus conhecimentos

do processo de fabricação (the one Best way), Gropius organizou uma estrutura produzindo

profissionais capazes de conhecer o processo produtivo demonstrar criatividade, expressando

racionalidade constante. Tal organização tinha a intenção de manter as potencialidades da criação e

restituir a dignidade de trabalhador.

Com a estrutura de um campus universitário, a Bauhaus formou um modelo de academia de arte

depois copiado em todo mundo. Mesmo sendo uma instituição estatal, não obteve grande apoio

financeiro e político, seu orçamento era pago ao fornecer para a indústria. A espontaneidade era parte

de uma estratégia com o intuito de exaltar a criatividade do instituto contra a pobre inspiração

Page 28: A Emoção e a Regra

industrial e tirar da criação o caráter de excepcionalidade criando um circulo de atividade produtiva:

“a arte destinada a repercutir e a se confundir na vida deveria nascer como ato da vida”. O resultado

foi uma comunidade artística que organizou seu trabalho em várias fases: idealizadora (o habito de

pensar e projetar), formativa (transmitir os conhecimentos), e produtiva (busca de produtos de

qualidade elevada para produzir em larga escala). O output das oficinas da academia de artes era um

produto fabricado em um projeto, muitas vezes eram modelos experimentais, um subproduto do

output era a criação de novos profissionais, que garantiam manutenção da qualidade.

Page 29: A Emoção e a Regra

O grande sucesso da estrutura organizativa da Bauhaus deve-se ao cuidado com que Gropius

escolheu seus colaboradores, velhos artistas e novos profissionais formados pela mesma, com tanta

inteligência, reuniu profissionais de nível e levado, tanto que chegaram a por em discussão a

liderança, então resolveu demitir-se, então deu-se a entrada de Meyer. Meyer procurou reavivar o

espírito empresarial da instituição, mas não foi cauteloso com a procura de colaboradores. Chamou

experts de várias áreas, provocando contraste entre profissional-empresarial e academia. Um novo

diretor tentou voltar o aspecto didático de Gropius, mas a instituição estava comprometida,

dificuldades econômicas e acontecimentos históricos-políticos ameaçadores. Bauhaus foi fechada em

19 de julho de 1933. Mas mesmo com a perseguição nazista, seus ideais influenciaram várias partes

do globo. Principalmente nos EUA, as idéias das escolas receberam notável atenção. Na Europa, o

eco mais intenso da cultura Bauhauriana.

Gropius, como idealizador, integrou a arte e o domínio do utensílio de trabalho ao da maquina ás

necessidades do mundo circundante, isso identificava Bahaus um subsistema idealizador,

conceituado por aquisições teóricas que influenciou exorbitantemente a construtora da arquitetura

alemã.

Para juntar a arte com a técnica, Gropius tornou-se elemento de fusão na busca da superação do ideal

clássico baseado na natureza em uma arte que fazia da matéria o dado originário da natureza,

atingindo uma racionalidade que não deformasse “poeticamente” a realidade. Ele não queria destruir

o artesanato, mas “uma nova corporação de artesãos, sem aquela arrogância de classe que gostaria de

um muro entre artesãos e artistas”, para isso formou pessoas com grandes capacidades profissionais,

com total liberdade de criação.

A única coisa necessária para fazer o curso é que fosse aprovado no exame de admissão. A finalidade

do curso era habituar os alunos a uma nova percepção da forma que contivesse cada da experiência,

desenvolvendo, paralelamente a atitude receptiva e ativa do fazer.

O curso de especialização em arquitetura concluía o período de estudos da Bauhaus, que era

desenvolvido através de um aprendizado prático no canteiro de obras experimental da instituição.

O programa da escola previa reconduzir a ligação entre indústria e artesanato. A idéia era produzir

em grande escala. Com este objetivo, as oficinas eram laboratórios onde os modelos eram idealizados

e aperfeiçoados. Os alunos adquiriam o conhecimento manual e direto do material e dos métodos de

laboração dos mesmos. A relação com a indústria dava-se através de verdadeiros estágios, também

para aperfeiçoamento da produção. Procurando superar obstáculos econômicos e estruturais,

Page 30: A Emoção e a Regra

inclusive pelo fato de não haver instalações próprias, os modelos produzidos eram de baixo custo,

não por deficiência na qualidade, mas por utilização de meios modernos de realização.

Em 1925, foi elaborado o primeiro móvel de metal, que demonstrava certa libertação devido aos seus

padrões geométricos, expulsando os motivos ornamentais puxados para o Barroco.

O grande mérito da Bauhaus foi de ter produzido com esforço continuo na busca de um método

racional, de uma concepção teórica como base preliminar de todo trabalho artístico, evoluindo seu

trabalho em um nível moderno. A academia superou o limite da pirâmide Taylorística, capaz de

administrar de forma eficiente o controle dos membros e a obtenção de seus propósitos.

Page 31: A Emoção e a Regra

“A Bauhaus não era uma instituição com um programa definido, era uma idéia, e Gropius

formulou essa idéia com extraordinária precisão... o fato de que ela era uma idéia, penso eu, é a

causa da enorme influencia que a Bauhaus exerceu em toda a escola progressiva do mundo

inteiro. Não se consegue isso com organização, não se consegue isso com propaganda, só uma

idéia de alastra dessa maneira.”

Page 32: A Emoção e a Regra

Uma organização itinerante: O Instituto de Pesquisa de Frankfurt

A república de Weimar – proclamada em julho de 1919, após a repressão aos movimentos

revolucionários que, nascido da crise devida a derrota da Primeira Guerra Mundial, haviam

provocado a abdicação de Guilherme II.

Quando pensamos em Weimar, pensamos em tudo o que há de mais moderno na arte, na literatura,

no pensamento, na revolta dos filhos contra os pais, dos dadaístas contra a arte, dos berlinenses

contra filisteísmo bovino, dos libertinos contra os moralistas da velha guarda.

Este elenco poderia continuar com muitos outras artistas e intelectuais, como por exemplo pintores e

cineastas. O mito de Weimar tem inicio com o mito dos „‟dourados anos 20‟‟. Dar corpo e este ideal

equivaleria porem, a banalizar os frutos da renascença de Weil e a diminuir o preço que ela teve de

pagar para consegui-los. A excitação que caracterizou a sua cultura brotava em parte da exuberância

criativa e do clima de experimentação, mas sob muitos aspectos, foi ansiedade, apreensão, crescente

sentido de fatalidade. A dramaticidade daqueles anos aparece plenamente nas controvérsias e nos

turbulentos acontecimentos políticos e econômicos que povoaram a vida da república, e que eram o

resultado de uma crescente polarização e radicalização da luta política.

Portanto, só haviam duas opções : apoiar os socialistas moderados e a sua recente criatura, a

Republica de Weimar, evitando assim s revolução e desdenhando a experiência russa; ou então

aceitar a liderança de Moscou, unir-se ao partido comunista alemão. Mas também, era possível fazer

uma terceira escolha, que „‟consistia em reexaminar criticamente os próprios fundamentos da teoria

marxista, esperando com isso explicar os erros precedentes e preparando-se para a ação futura‟‟. E

este caminho dói adotado por um grupo de estudantes.

A fundação do instituto

A Fundação do instituto de Pesquisa social de Frankfurt inseriu-se no vivo contexto cultural que

caracterizou os difíceis anos da Republica Weimar. Uma das iniciativas culturais da época foi a

Primeira semana de estudos marxistas. Foi uma reunião informal na quais diversos intelectuais de

esquerda, discutiram sobre o manuscrito ainda inédito de Karl Korsch. Essa reunião pode ser

realizada graças a Felix Weil Filho, que dispunha de um patrimônio familiar grande, do qual lançou

Mao para subvencionar muitas iniciativas radicais na Alemanha.

Felix Weil: Felix nasceu em Buenos Aires, em 1898, e com 9 anos de idade foi mandado para

Frankfurt, onde feez faculdade e recebeu diploma em ciências políticas. Mais tarde teve a idéia de

fundar um instituto mais estável, financeiramente e intelectualmente independente, e que era algo

muito difícil de ser realizado na época no sistema universitário nos anos 20. A possibilidade de evitar

Page 33: A Emoção e a Regra

conseqüências, graças a um instituto autônomo de pesquisa social, fez com que a idéia de Weil logo

tivesse o apoio de dois jovens estudiosos interessados em uma revisão teórica, de amplo assunto

marxista.

Friedrich POLLOCK e Max HORKHEIMER

Page 34: A Emoção e a Regra

Pollock nasceu em Friburgo, em 1894. Antes de participar da guerra estudou algumas coisas de

interesse do pai (negócios), mais levou a serio mesmo após o conflito o estudo de ciências

econômicas e políticas. Max Horkheimer nasceu em 1895 em Stoccarda. Amigo de Pollock desde

1911, e com esta aproximação, também acorreu seu interesse na filosofia, onde mais tarde depois da

guerra deixou de lado os negócios e partiu para uma carreira de intelectual, estudando ciências

humanas e filosofia. E foi assim que ele freqüentou as mesma universidades que Pollock.

Weil, Pollock e Horkhermer avaliaram positivamente as possibilidades de criar um instituto o que

facilitaria com os canais da universidade. Assim submeteram a uma ajuda financeira ao pai de Felix,

para a criação de um instituto que estudaria temas como a história do movimento dos trabalhadores e

as origens do anti-semitismo, assuntos ate então tratados de maneira insuficiente.

A independência financeira era uma condição indispensável para assegurar também a intelectual;

manter contatos com a universidade de Frankfurt facilitaria contatos com o mundo a fora, e assim

com um contato com a ministério da educação, foi que decidiram que o diretos do instituto deveria

ser alguém como um professor efetivo da universidade.

A escolha do primeiro diretor : Gerlach e Grunberg

O primeiro diretor do instituto foi Kurt Albert GERLACH, um economista simpático e de esquerda,

onde logo em outubro de 1922 com apenas 36 anos de idade, morreu de uma forma inesperada.

Iniciou-se então, a procura de um sucessor, uma pessoa mais velha, que ficaria no cargo até que uns

dos jovens membros fundadores tivessem atingido a idade de ocupar uma cátedra universitária. Foi

escolhido então Carl GRUNBERG, nascido em 1861 na România e desde 1909 professor de direto e

ciência política em Viena, Grunberg declarava-se abertamente ser um marxista, mais seus interesses

são eram do tipo teórico. Dessa forma, interessado no instituto ele veio de Viena para ser diretor de

um instituição interdisciplinar que se propunha a desenvolver uma analise radical da sociedade

burguesa.

Em 3 de Fevereiro em 1923, foi inaugurado o instituto de pesquisa social, onde nos primeiro tempos

suas atividades eram realizadas nas salas de um museu de ciências naturais. Mais logo em 1924

mudaram-se para um prédio situado na universidade.

Período de Grunberg: Programa e organização:

Em seu discurso Grunberg iniciou-se com a afirmação da pesquisa como atividade principal da

entidade; nele seriam também desenvolvidas atividades didáticas. Seu discurso prosseguia

apresentando alguns aspectos administrativos do instituto; em particular, deixou claro que um único

Page 35: A Emoção e a Regra

diretor exerceria um controle „‟ditatorial‟‟, o que diferenciava o instituto de outras sociedades de

pesquisa.

-Bases ideológicas: Grunberg declarava, de maneira explicita sua fidelidade ao marxismo; um

marxismo que, enquanto metodologia cientifica, era por ele entendido segundo uma simples

epistemologia „‟indutiva‟‟. A epistemologia indutiva não gozava de seus favores pela sua

ingenuidade teórica, inspirada em uma concepção adialética e mecanicista prevalente na ortodoxia

marxista da época, enquanto exatamente a exigência de sua revisão critica radical era um dos

motivos que haviam levado Horkheimer e Pollock a se empenharem na criação do instituto. E o

clima cultural e a atividade do instituto durante anos em que foi dirigido por Grunberg refletiam a

impostação ortodoxa de seu marxismo.

Page 36: A Emoção e a Regra

Nesse meio tempo em que ocorreu diversas transformações diante ao instituto, haviam dois jovens se

aproximando do instituto com interesses a fins aos de Pollock e Horkheimer : Leo LOWENTHAL e

Theodor W. Adorno.

- LEO LOWENTHAL: Filho de um médico judeu nasceu em Frankfurt em 1900. Estudou literatura,

historia, filosofia e sociologia. No mesmo tempo da faculdade, freqüentava os mesmo círculos de

estudantes universitários radicais freqüentados por Horkheimer, Pollock e Weil. Em 1926

aproximou-se do instituto, e em 1930 foi quando começou a fazer parte dele.

-THEODOR W. ADORNO:

Nasceu em Frankfurt em 1903, de família judia. Foi estimulado pela família estudar composição e

piano, mais Theodor mostrou interesse mesmo pela filosofia e pelas temáticas sociais. Adorno fez

seus estudos na universidade de Frankfurt, onde conhecer Horkheimer. Em 1925 foi para Viena, e

logo mais tarde em 1928 a 1930 decidiu voltar para Frankfurt e foi atraído pelos estudiosos mais

jovens do instituto.

O período de Horkheimer

Em 1927, Grunberg sofreu um infarto e decidiu demitir-se do cargo de diretor. Para a escolha do

novo diretor agora era possível pensar em um dos três membros fundadores; já tendo estes idade

suficiente para ocupar uma cátedra universitária. Weil não era um grande candidato, pois não queria

levar a serio a carreira universitária. Já Pollock queria mesmo é cuidar da parte administrativa da

instituição, então Horkheimer foi eleito o novo direto da instituição de pesquisa social de Frankfurt.

Diante a isso, ele implantou um novo programa na instituição, destacando a importância de

entrosamento entre filosofia e as ciências humanas, o que em breve foi realizado por ele.

Especificando mais, Horkheimer definiu que o objetivo principal da futura atividade de pesquisa do

instituto seria do da „‟Relacao entre a vida econômica da sociedade, o desenvolvimento psíquico dos

individuoes e as mudanças nas esferas culturais em sentido estrito‟‟.

Alem disso logo mais tarde surgiu a idéia de abrir uma sede no exterior, pois a situação política na

Alemanha não era favorável, deixando cada vez mais provável uma grande chance de exílio, parte

dos fundo do instituto foi transferido para Holanda em 1931.

Após a posse de Horkheimer como diretor do Instituto, ele determinou novas bases ideológicas, onde

buscava uma inovação com relação aqueles que seriam os produtos da sua atividade. A pensar disso

ele focou a analise da instituição em estudos dos fenômenos sociais mais amplos que interessavam a

superestrutura, criticando a tradicional formula marxista da relação entre estrutura e superestrutura,

que era analisada quando Grunberg estava na diretoria, mais no ponto de vista estrutural.

Page 37: A Emoção e a Regra

Fora isso, Horkheimer apresentou interesses nas teorias psicanalíticas de Freud, onde mais tarde ele

ajudou um amigo Landauer a formar o primeiro instituto psicanalítico de Frankfurt junto com Erich

Fromm, Herbert Marcuse e outros, que logo mais tarde tornou-se ligado ao instituto de pesquisa

social.

Erich Fromm nasceu em Frankfurt em 1900, de família judia, onde mais tarde depois de concluir

seus estudos foi apresentado a Horkheimer e foi uma figura que era adequado para tentar integrar

neomarxismo e psicanálise. E foi o mesmo que aconteceu com Herbert Mascuse, que entrou para o

grupo de estudiosos de Horkheimer em 1933.

Apesar de todas essas transformações, uma das grandes transformações foi a mudando da fonte do

instituto. No começo da historia da instituição o meio de publicar todas as

Page 38: A Emoção e a Regra

pesquisas, idéias e analises realizadas pela instituição era a Grunberg Archiv, e que agora passava a

ser o ZFS.

Quando, no final de janeiro de 1933, os nazistas tomaram poder, aos membros da instituição, todos

declaradamente marxistas e quase que exclusivamente de origem judia, não restou possibilidade e

não ser o exílio. E com a prudente transferência dos fundos para a Holanda, permitiu que o instituto

continuasse a trabalhar. Em Fevereiro do mesmo ano, o instituto passou a chamar Societé

Internacionale de Pecherches Sociales, tendo Horkheimer e Pollock como presidentes. Com grandes

mudanças diante a instituição, com auxilio de grandes estudiosos, o instituto abriu sedes em Paris e

Londres.

Com o advento do nazismo, o editor da ZFS era um alemão, o que fez parar de publicar as revistas

para o instituto, e passou para as mãos da Livraria Felix Alcan.

Em 1934 o instituto transfere-se para EUA , graças uma oferta do diretor da Columbia University. E

logo nos anos 50 ocorre o retorno o instituto para a Alemanha.