A Falta de Representação Do Legislador e Judicialização Da Saúde

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    2 CONGRESSO BRASILEIRO DE POLTICA, PLANEJAMENTO E GESTO EMSADE

    UNIVERSALIDADE, IGUALDADE E INTEGRALIDADE DA SADE: UM PROJETOPOSSVEL

    A falta de representao do legislador e judicializao da sade

    Alexandre Gustavo de Mello Franco Bahia

    Sara Helena Pereira e Silva

    Pedro Emlio Paradelo

    Mayanna De Franco Tibes

    Fernanda Marques de Souza

    Salete Aparecida dos Santos

    Luana Cristina Rosa

    FACULDADE DE DIREITO DO SUL DE MINAS

    BELO HORIZONTE

    2013

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    A FALTA DE RESENTAO DO LEGISLADOR E JUDICIALIZAO DA SUDE

    THE LACK OF REPRESENTATION OF CONGRESS AND HEALTHJUDICIALIZATION

    TITULO RESUMIDO:Judicializao da Sade

    RESUMO: O grupo desenvolve atualmente trs linhas de pesquisa:I) a judicializao dasreivindicaes quanto ao direito sade;II) a judicializao das reivindicaes quanto aodireito educao eIII) os direitos dos homoafetivos. Analisa-se a efetivao destes direitos por meio: das polticas pblicas existentes sobre estes temas e a eficcia (ou no) das mesmas;

    das demandas que chegam ao Poder Judicirio pleiteando a concretizao de tais direitos; e dalegitimidade e limites de atuao do Judicirio. O intuito deste trabalho demonstrar asconseqncias desta ao do Judicirio, bem como da inrcia do Legislativo e Executivo noque tange ao direito sade pblica, pois observa-se que o Judicirio que outrora decidiasobre temas marcadamente jurdicos, agora delibera tambm sobre questes polticas, o queferiria a democracia e tornaria insustentvel o ambiente democrtico. Inerte ou no, quem possui a legitimidade para fazer as leis e representar o povo o Congresso e no os juzes. O

    Legislativo deve possuir mais representatividade, assumindo as funes que so de suacompetncia e o Judicirio deve limitar-se funo de aplicar a lei e apontar os defeitos deuma norma defeituosa, trabalhando a lei no limite do texto constitucional.Palavras-chave: Polticas pblicas de sade; Acesso aos servios de sade; Equidade emsade.

    ABSTRACT: The group works in three different themes:I) the judicialization of demandsconcern health rights;II) the judicialization of demands about education rights andIII)

    homosexual rights. We construe the effectiveness of these rights thought: public policiesexistent and if they are effective or not; of lawsuits that go to the Courts demanding the

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    materialization of these rights and the legitimacy and limits of action of Judiciary Power, alsoconsidering the Legislative and Executive inertia considering matters about public health. Thecourts, which in the past only decided about strictly juridical themes now decide also about

    political matters, what would hurt democracy and make it unsustainable. Inactive or not thelegitimacy to create bills and represent the people remains with the Congress and not with judges. The Legislative should, considering all that was presented, rescue its representativerole and the Judiciary power must stick to the function of application and interpretation oflaw, pointing the possible bugs that it might have, working into the boundaries ofConstitution.Key words:Public Policies of Health; Access to Health Technology; Equity

    ORGOS FINANCIADORES:Fundao de Amparo Pesquisa do Estado de Minas Gerais FAPEMIG e Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico CNPq.

    INTRODUO

    Nos ltimos anos observou-se em nosso pas um grande aumento do raio de atuao

    do Poder Judicirio, denominado ativismo judicial: o Judicirio que outrora decidia sobretemas marcadamente jurdicos, agora delibera tambm sobre questes polticas. Os tribunaisassim como a doutrina tm divididas suas posies. Por um lado temos os que defendem estamaior interferncia do Judicirio no que tange resoluo de questes polticas, pois,oJudicirio, nos tempos atuais no pode propor-se a exercer funo apenas jurdica, tcnica,secundria, mas deve exercer papel ativo, inovador da ordem jurdica e social, com decisesde natureza e efeitos marcadamente polticos. 1 Por outro lado h o posicionamento

    doutrinrio que vai absolutamente contra esta interferncia do Judicirio sobre questeseminentemente polticas, pois isto feriria a democracia e tornaria insustentvel o ambientedemocrtico.

    Inerte ou no, quem possui a legitimidade para fazer as leis e representar o povo oCongresso e no os juzes. de se esperar, portanto, que o Legislativo possua maisrepresentatividade, assumindo as funes que so de sua competncia, enquanto o Judicirio

    1 DOBROWOLSKI, Silvio. A necessidade de ativismo judicial no estado contemporneo . Disponvel em:. Acesso em: 4 fev. 2012.

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    limita-se funo de aplicar a lei e apontar os defeitos de uma norma defeituosa. Trabalhandoa lei no limite do texto constitucional.2

    2. JUSTIFICATIVA

    A Constituio ptria em vigor expressa quando determina em seu artigo 196 atotal proteo ao direito sade: determinou o constituinte que a sade direito do todos edever do Estado3. inegvel, luz no s do artigo mencionado, mas conforme todainterpretao do texto constitucional que esta proteo se d (ou deveria dar-se) de forma nodiscriminatria e igualitria, atendendo as demandas de todos os integrantes da coletividade.

    Tendo isso em considerao, surge a tarefa rdua e necessria de regulamentar como essedireito vai ser materialmente assegurado, quais os recursos a serem destinados para o mesmoe as melhores formas de realizao das polticas pblicas.

    Essa tarefa cabe ao Poder Legislativo, formado por representantes ideais datotalidade de atores sociais. Melhor explicando, usando como marco terico a filosofia doalemo Jrgen Habermas, os espaos de formao de opinio pblica dos cidados soessenciais para o funcionamento da democracia. Neles cada ator social, intrprete da

    Constituio, traz suas expectativas e planos de vida boa, que so colocados em discusso emum discurso idealmente universal, onde os melhores argumentos convenceriam a todos, ouquase todos. Como no materialmente possvel realizar um debate que inclua auniversalidade de membros de uma sociedade, principalmente considerando as dimensescontinentais do nosso prprio, a formao da opinio e a discusso da mesma ocorrem deforma gradual at se transformarem em aes governamentais4.

    O Parlamento ento surge como espao destinado a formar os discursos de

    fundamentao das normas do direito, Os representantes do, ou deveriam dar, voz aosinfluxos comunicativos perifricos, representando seus eleitores em um dilogo aberto aomelhor argumento, sempre de acordo com a Constituio. Esta entendida como o projeto

    2 RAMOS, Elival da Silva,O ativismo judicial ruim independente do resultado. Disponvel emhttp://www.conjur.com.br/2009-ago-01/entrevista-elival-silva-ramos-procurador-estado-sao-paulo. Acesso em25 Fev. 2012.: Acesso em 25 Fev. 20123 In verbis : art. 196 : A sade direito de todos e dever do Estado, garantido mediante polticas sociais eeconmicas que visem reduo do risco de doena e de outros agravos e ao acesso universal e igualitrio s

    aes e servios para sua promoo, proteo e recuperao 4 BAHIA, Alexandre Gustavo Melo Franco. A interpretao jurdica no Estado Democrtico de Direito:contribuio a partir da teoria do discurso de Jrgen Habermas . Disponvel em: CATTONI, Marcelo.

    Jurisdio e hermenutica constitucional , pgina 301. Belo Horizonte, Editora Mandamentos, 2004.

    http://www.conjur.com.br/2009-ago-01/entrevista-elival-silva-ramos-procurador-estado-sao-paulohttp://www.conjur.com.br/2009-ago-01/entrevista-elival-silva-ramos-procurador-estado-sao-paulo
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    civilizatrio, um acordo das vontades dos membros de determinado conjunto social quedetermina o que eles querem que esta sociedade seja5.

    O problema surge ento no pela falta de normatizao expressa da exigibilidade do

    direito em questo, mas da ineficincia do debate, em sede parlamentar, de sua devidaregulamentao. Um rgo que deveria, acima de tudo, representar seus cidadosespecialmente em questes importantes para o projeto de sociedade institudo pela ordemconstitucional jamais poderia deixar de opinar, seja positiva ou negativamente, acerca de umademanda colocada em sua pauta de discusso. Segundo Menelick de Carvalho Netto6:

    A possibilidade de participao ativa dos movimentos sociais no processo deelaborao das leis que nos regem, imprescindvel para o incremento dacredibilidade e da legitimidade da prpria democracia representativa.

    Desta forma, a falta de regulamentao e discusso de polticas pblicas voltadas para a efetivao do direito sade gera como reflexo a atuao do poder judicirio que,frente a demandas no atendidas pelo outro poder, tem que decidir de uma forma ou de outra pela providncia ou no do recurso pleiteado. A falta de regulamentao afeta tambm asessas decises que vo ser tomadas em sede do Poder Judicirio, faltando critrios paraanlise se certa prescrio ou no adequada e qual deveria ser o procedimento para taldeterminao. Dilemas como a dvida se primeiro deveriam ser disponibilizados ostratamentos disponveis no Sistema nico de Sade e s posteriormente requeridostratamentos indisponvel na rede pblica, sobre a forma de acompanhamento do tratamento do paciente ps-provimento ou se possvel, vivel, seguro e em quais termos devem serexigidos medicamentos sem a devida aprovao prvia da Agncia Nacional de VigilnciaSanitria7 so exemplos de possibilidades fticas que deveriam ser minimamenteregulamentadas a fim de permitir a efetivao do direito da melhor forma possvel, semcolocar em risco a sade da pessoa que necessita do tratamento.

    Ainda vale ressaltar que, quando ocorre a to esperada discusso dentro da instnciado parlamento, esta permeada pela introduo de interesses escusos, advindos dos sistemas

    5 HABERMAS, Jrgen. Faticidad y Validez: sobre el derecho y el Estado democrtico de derecho em trminosde teora Del discurso . Editora Trotta, 2010, Madrid, p. 102.6 NETTO, Menelick de Carvalho.Uma reflexo acerca dos direitos fundamentais do portador de sofrimento outranstorno mental em conflito com a lei como expresso da dinmica complexa dos princpios em uma co-munidade constitucional os influxos e as repercusses constitucionais da Lei n 10.216, de 6 de abril de 2001 .

    Virt. Revista virtual de Filosofia Jurdica e Teoria Constitucional. Nm. 1, Maro 2007. Disponvel em:. Acesso em: 02/04/2009. 7 Matria bem analisada no artigoUm enfoque sanitrio sobre a demanda judicial de medicamentos , Revista deSade Coletiva, Rio de Janeiro, 20 [1], 2010.

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    sociais Economia e/ou Religio8. O uso da dualidade imanente/terreno (cdigo utilizado parao sistema social da Religo) ou lucro/prejuzo (linguagem utilizada pelo sistema daEconomia) no podem fundamentar uma deciso que abrange, dentro de um Estado

    Democrtico de Direito laico e realizador dos direitos fundamentais, uma infinidade dediferentes crenas (ou a ausncia delas) e de diferentes necessidades materiais, ainda mais se pensarmos em um contexto de sociedade altamente diferenciada. Esta influncia pode serextremamente danosa dentro da discusso de implementao de polticas pblicas, impedindomuitas vezes a distribuio ou promoo de certas tecnologias mdicas com base em preceitosreligiosos ou dando preferncia a uma tecnologia (nem sempre comprovadamente melhor) emdetrimento de outras por conta delobby coorporativo e poltico.

    3. OBJETIVOS

    O objetivo geral da pesquisa verificar a relao entre a inrcia legislativa e oativismo judicial.

    Para isso objetivos especficos foram traados:I) identificar o contedo dos projetosde lei apresentados Cmara dos Deputados Federais nos anos de 2012 e 2013;II) identificar

    qual os posicionamentos inicial e atual dos Tribunais Superiores em relao ao direito sade; e III) discutir os limites de atuao e a legitimidade do Poder Judicirio naconcretizao do direito sade.

    4. REFERENCIAL TERICO

    O marco terico foi o filsofo alemo Jrgen Habermas e suaTeoria da Ao

    Comunicativa . Esta foi escolhida como marco terico porque trabalha, em mbito do discursoe do processo de formao do sujeito, a diferena entre os entes de poder dentro dademocracia representativa tendo como base as formas de discurso encampadas e reproduzidas por eles, servindo perfeitamente para o presente trabalho.

    5. MTODO

    8 LUHMANN, Nikls. Introduo teoria dos sistemas , Editora Vozes, 2 edio, 2012.

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    O mtodo da pesquisa foi o hipottico-dedutivo, pois se objetivou testar a hiptese deque sem a devida representao legislativa, o direito sade encontra sua concretizao nona elaborao e execuo de polticas pblicas, mas em demandas que reivindicam tal direito

    constitucional ao Judicirio.O mtodo de procedimento foi monogrfico, tendo como tcnica a pesquisa

    documental indireta de bibliografia e documentos (projetos e lei e decises judiciais).Analisaram-se, inicialmente, os projetos de lei apresentados Cmara dos Deputados Federaisno perodo de 2012 a 2013, e, posteriormente, as decises do Superior Tribunal de Justia edo Supremo Tribunal Federal que versavam sobre o direito sade.

    6. RESULTADOS E DISCUSSO

    6.1 A falta de ao/representao do legislador para atender as necessidades dasociedade

    Ocorre em nosso pas que os Poderes Executivo e principalmente o Legislativo,devido aos escndalos polticos envolvendo corrupo e m gesto do dinheiro pblico, esto

    em notrio descrdito. Nas palavras de Octavio Amorim Neto e Fabiano Santos: O Congresso uma instituio impopular. Severamente criticado pela imprensa, extremamente malvistotambm pela populao em geral.9 Situao fcil de vislumbrar, se observarmos os recentesmovimentos populares que tomaram s ruas do pas nos ltimos dias. O que tm se buscado,alm de sade, educao e transporte a ftica representao. Afinal, vivemos em um pasem que os partidos polticos no representam, rompem com suas ideologias e noconseguem/querem atingir os interesses da populao no que toca a efetivao de direitos.

    Desaguando estas demandas no Poder Judicirio. Pois, todo poder quando no exercido (ouquando no bem exercido) deixa vcuo e sempre existe algum pronto para preencher esseespao vazio por ele deixado.10

    Sabe-se que nosso projeto Constitucional, imps aos Poderes a competncia paraimplementao de uma srie de polticas pblicas de incluso com a finalidade de viabilizar

    9 NETO, Octavio Amorim. SANTOS, Fabiano. Produo legislativa do Congresso Entre a parquia e a nao. In : VIANNA, Luiz Werneck (Org.). A democracia e os trs poderes no Brasil . Belo Horizonte: UFMG, Rio de

    Janeiro: IUPERJ/FAPERJ, 2002. p. 91.10 GOMES, Luiz Flvio.O STF est assumindo um ativismo judicial sem precedentes? Disponvel em:. Acesso em:04 fev. 2012.

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    os direitos fundamentais.11 Todavia neste sentido, esbarra o Poder Legislativo em duassituaes de notria omisso. Sendo a primeira delas, no que toca ao posicionamento dos partidos polticos sobre temas fraturantes de nossa sociedade, como asseveram Nunes e

    Bahia: No h clareza sobre qual a posio de certo partido sobre temas fraturantes; naverdade, poucas vezes os mesmos tomam partido em temas conflituosos, o que incompatvel com a democracia contempornea de sociedades plurais, caracterizada pela existncia de conflitos (e onde os mesmos no so vistos como um problema,mas como sua normalidade).12

    O parlamento no se posiciona para a realizao dos direitos dos grupos que no possuem voz ativa na sociedade, como o caso a minoria homoafetivas, no s possuem precria representao, como tambm so alvos de projetos de lei que visam cercear seusdireitos reiterando o preconceito que sofrem. Como ocaso da Cura -Gay 13 recentementeaprovada na Comisso de Direitos Humanos.

    Ilegtima esta postura do Congresso que em vez de promover direitos, se utiliza daarena institucionalizada que possui o poder de transformao social, o parlamento, para nutrirdiscursos de dio proferidos por maiorias eventuais. Vale dizer, a maioria, mediante seusrepresentantes eleitos, no pode democraticamente decretar a perda de direitos civis daminoria pela qual eventualmente nutre alguma averso.14 Essa viso distorcida do que sejademocracia- como sendo o governos de maioria- tambm foi criticada por Ronald Doworkin,ao criticar processos polticos que embora formalmente democrticos, relegavam ao acasominorias sociais destitudas de expresso poltico eleitoral, como foi o caso dos negros ehomossexuais em determinado momento da histria dos EUA.15

    E no apenas em temas fraturantes que o legislador demonstra sua no ao ou norepresentao. Em temas de consenso social/ cultural como o caso da sade e as polticas pblicas no eficazes para suprir as demandas. Afinal, de um lado a Constituio consagra

    este direito, norteando o legislador a realizar aes para a promoo da sade. No entanto oque visto so que a cada dia ante a ausncia de aes eficazes, a sociedade est indo ao

    11 NUNES, Dierle. Precedentes, Padronizao Decisria preventiva e coletivizao . In: Teresa Arruda AlvimWambier(coord.) Direito Jurisprudencial. Ed. Revista dos Tribunais. p. 24712 Bahia, Alexandre Gustavo Melo Franco, NUNES, Dierle.Crise da democracia representativa, infidelidade

    partidria e seu reconhecimento judicial . Revista Brasileira de Estudos Polticos, Belo Horizonte, n. 100, p. 57-84, jan./jun. 2010. p. 60.13 BRASIL.Camara dos Deputados.PDC 234/11 . Deputado Joo Campos. Susta a aplicao do pargrafo nicodo Art. 3 e o Art. 4, da Resoluo do Conselho Federal de Psicologia n 1/99 de 23 de Maro de 1999, queestabelece normas de atuao para os psiclogos em relao questo da orientao sexual.14

    NUNES, Dierle. Precedentes, Padronizao Decisria preventiva e coletivizao . In: Teresa Arruda AlvimWambier(coord.) Direito Jurisprudencial. Ed.Revista dos Tribunais. p. 251.15 BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso especial n. 1.183.378. Segunda Turma, Rel. e voto Min. LuisFelipe Salomo, j. 12 set. 2012

    http://www.rt.com.br/?sub=conteudo&id=50&autor_id=129491http://www.rt.com.br/?sub=conteudo&id=50&autor_id=129491http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/TRABALHO-E-PREVIDENCIA/199469-PROJETO-SUSTA-RESOLUCAO-DE-PSICOLOGOS-SOBRE-PRECONCEITOS-CONTRA-HOMOSSEXUAIS.htmlhttp://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/TRABALHO-E-PREVIDENCIA/199469-PROJETO-SUSTA-RESOLUCAO-DE-PSICOLOGOS-SOBRE-PRECONCEITOS-CONTRA-HOMOSSEXUAIS.htmlhttp://www.rt.com.br/?sub=conteudo&id=50&autor_id=129491http://www.rt.com.br/?sub=conteudo&id=50&autor_id=129491http://www.rt.com.br/?sub=conteudo&id=50&autor_id=129491http://www.rt.com.br/?sub=conteudo&id=50&autor_id=129491http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/TRABALHO-E-PREVIDENCIA/199469-PROJETO-SUSTA-RESOLUCAO-DE-PSICOLOGOS-SOBRE-PRECONCEITOS-CONTRA-HOMOSSEXUAIS.htmlhttp://www.rt.com.br/?sub=conteudo&id=50&autor_id=129491http://www.rt.com.br/?sub=conteudo&id=50&autor_id=129491
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    Judicirio paraa efetivao deste direito, pois, no pode o cidado a merc da boa vontadedo legislador. Seria preciso induzir o cumprimento de um verdadeiro financiamento para asade para tornar desnecessria a propositura das demandas.16 O que est longe de acontecer,

    afinal, conforme tabela do item 6.3 deste artigo, observamos vrios projetos de leirepresentariam avanos para o setor da sade, deixados de lado e em consequncia, essesdireitos foram buscados no Poder Judicirio.

    Outro problema que esbarra a questo da sade, so questes relativas a laicidade doEstado. Convices morais e religiosas esto, por exemplo, retardando o tratamento da AIDS,como bem destacou Pedro Chequer, representante do Programa das Naes Unidas para oHIV/aids (Unaids) no Brasil:

    Urge lutar para a retomada do Estado verdadeiramente laico porque em muitos pases estamos vendo como o fundamentalismo religioso dos pentecostais noBrasil ou dos catlicos em muitos pases hispano-americanos catlico -- prejudicarseriamente o combate AIDS.17

    O Brasil, infelizmente est aqum da legtima representao, pois a cada dia as aes propostas e arquivadas no Congresso demonstram a tendncia do legislador em manter-seomisso ou propor aes inversas, que no lugar de promover direitos, acaba cerceando direitos

    em nome de uma viso errnea de que a democracia um governo de maiorias. Deveria, portanto o legislador acionar a mquina para realizar polticas que realmente atinjam ointeresse da sociedade, sade no caso, e em vez de promover discursos de dio, voltassemseus esforos para que o direito fundamental sade alcanasse nveis satisfatrios e nofosse necessria as demandas ao Judicirio.

    6.2 A proteo e promoo da sade chegam ao Judicirio

    Sem a representatividade do Poder Legislativo, cabe ao Judicirio atender sdemandas da sociedade. No caso especfico do direito fundamental sade existe farta jurisprudncia sobre a matria, mas segue controversa a possibilidade do reconhecimento de

    16 NUNES, Dierle. Precedentes, Padronizao Decisria preventiva e coletivizao . In: Teresa Arruda Alvim

    Wambier(coord.) Direito Jurisprudencial. Ed.Revista dos Tribunais. p. 252.17 BRASIL. Ministrio da Sade. Participao de organizaes da sociedade civil no desenho de estratgiaslocais essencial para uma boa resposta epidemia de AIDS. Disponivel em: http://www.aids.gov.br/noticia/2012/para-combater-aids-e-preciso-garantir-o-estado-laico.

    http://www.rt.com.br/?sub=conteudo&id=50&autor_id=129491http://www.rt.com.br/?sub=conteudo&id=50&autor_id=129491http://www.aids.gov.br/noticia/2012/para-combater-aids-e-preciso-garantir-o-estado-laicohttp://www.aids.gov.br/noticia/2012/para-combater-aids-e-preciso-garantir-o-estado-laicohttp://www.rt.com.br/?sub=conteudo&id=50&autor_id=129491http://www.rt.com.br/?sub=conteudo&id=50&autor_id=129491
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    um direito subjetivo individual ou coletivo a prestaes na rea da sade, bem como olimite da prestao reclamada pelo particular perante o Estado.18

    O Poder Pblico, neste cenrio, argumenta que o direito sade foi positivado como

    norma de eficcia limitada, que os recursos so escassos e que os rgos judicirios soincompetentes para decidirem acerca da alocao e destinao de recursos pblicos. Taisargumentos so descabidos, principalmente quando se trata da preservao da vida humana.19

    Inicialmente, a exigibilidade do direito sade pela via judicial encontrou uma posturamais contida por parte dos Tribunais Superiores20, especialmente por parte do SuperiorTribunal de Justia (STJ) que, julgando recurso em mandado de segurana, entendeu que as

    normas constitucionais meramente programticas ad exemplum , o direito sade protegem um interesse geral, todavia, no conferem, aos beneficirios desseinteresse, o poder de exigir sua satisfao pela via domandamus eis que nodelimitado o seu objeto, nem fixada a sua extenso, antes que o legislador exera omnus de complet-las atravs da legislao integrativa. Essas normas (arts. 195,196, 204, e 227 da CF) so de eficcia limitada, ou, em outras palavras, no tmfora suficiente para desenvolver-se integralmente, ou no dispem de eficcia

    plena , posto que dependem, para ter incidncia sobre os interesses tutelados, delegislao complementar.

    Na regra jurdico-constitucional que dispes todos tm direito e o Estado dever dever de sade como afianam os constitucionalistas, na realidade todos no tmdireito, porque a relao jurdica entre o cidado e o Estado devedor no sefundamenta emvinculum juris gerador de obrigaes, pelo que falta ao cidado odireito subjetivo pblico, oponvel ao Estado, de exigir em juzo, as prestaes

    prometidas a que o Estado se obriga por proposio ineficaz dos constituintes . 21

    H pouco tempo, porm, o mesmo tribunal redirecionou suas decises em matria dedireito sade, esclarecendo alguns pontos controversos. Julgando outro recurso em mandadode segurana, em setembro de 2000, o STJ passou a entender que

    dever do Estado assegurar a todos os cidados, indistintamente, o direito sade,que fundamental e est consagrado na Constituio da Repblica nos artigos 6 e196.

    Diante da negativa/omisso do Estado em prestar atendimento populao carente,que no possui meios para a compra de medicamentos necessrios suasobrevivncia, a jurisprudncia vem se fortalecendo no sentido de emitir preceitos pelos quais os necessitados podem alcanar o benefcio almejado.

    18 SARLET, Ingo Wolfgang; MARINONI, Luiz Guilherme; MITIDIERO, Daniel.Curso de direitoconstitucional . So Paulo: RT, 2012. p. 577.19

    Ibid. p. 578.20 Ibid, loc. cit.21 BRASIL. Superior Tribunal de Justia. Recurso em Mandado de Segurana n. 6564/RS. Primeira Turma, Rel.Min. Demcrito Reinaldo, j. 23 mai. 1996, DJ. 17 jun. 1996.

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    Despicienda de quaisquer comentrios a discusso a respeito de ser ou no a regrados arts. 6 e 196, da CF/88, normas programticas de eficcia imediata. Nenhumaregra hermenutica pode sobrepor-se ao princpio maior estabelecido, em 1988, naConstituio Brasileira, de que a sade direito de todos e dever do Estado (art.196).22

    O Supremo Tribunal Federal (STF) posicionou-se sobre o tema, tambm no ano de2000, em deciso que consignou, em caso sobre fornecimento de medicamentos pelo Estado a paciente portador do vrus HIV, que a sade, enquanto direito pblico subjetivo, pode serexigida judicialmente.23

    O direito pblico subjetivo sade representa prerrogativa jurdica indisponvelassegurada generalidade das pessoas pela prpria Constituio da Repblica (art.

    196). Traduz bem jurdico constitucionalmente tutelado, por cuja integridade devevelar, de maneira responsvel, o Poder Pblico, a quem incumbe formular - eimplementar - polticas sociais e econmicas idneas que visem a garantir, aoscidados, inclusive queles portadores do vrus HIV, o acesso universal e igualitrio assistncia farmacutica e mdico-hospitalar.

    O direito sade - alm de qualificar-se como direito fundamental que assiste atodas as pessoas - representa conseqncia constitucional indissocivel do direito vida. O Poder Pblico, qualquer que seja a esfera institucional de sua atuao no plano da organizao federativa brasileira, no pode mostrar-se indiferente ao problema da sade da populao, sob pena de incidir, ainda que por censurvelomisso, em grave comportamento inconstitucional.

    O carter programtico da regra inscrita no art. 196 da Carta Poltica - que tem pordestinatrios todos os entes polticos que compem, no plano institucional, aorganizao federativa do Estado brasileiro - no pode converter-se em promessaconstitucional inconsequente, sob pena de o Poder Pblico, fraudando justasexpectativas nele depositadas pela coletividade, substituir, de maneira ilegtima, ocumprimento de seu impostergvel dever, por um gesto irresponsvel deinfidelidade governamental ao que determina a prpria Lei Fundamental do Estado.

    O reconhecimento judicial da validade jurdica de programas de distribuio gratuitade medicamentos a pessoas carentes, inclusive quelas portadoras do vrusHIV/AIDS, d efetividade a preceitos fundamentais da Constituio da Repblica(arts. 5, caput, e 196) e representa, na concreo do seu alcance, um gesto reverentee solidrio de apreo vida e sade das pessoas, especialmente daquelas que nadatm e nada possuem, a no ser a conscincia de sua prpria humanidade e de suaessencial dignidade. Precedentes do STF.24

    O posicionamento atualmente prevalente, contudo, de maro de 2010. O STF, emdeciso proferida em sede de suspenso de tutela antecipada, revisou, agregou e sistematizouimportantes argumentos e critrios sobre a exigibilidade do direito sade como direitosubjetivo. Em sntese, so relevantes ao presente estudo os seguintes pontos:

    22 BRASIL. Superior Tribunal de Justia. Recurso em Mandado de Segurana n. 11183/PR. Primeira Turma,Rel. Min. Jos Delgado, j. 22 ago. 2000, DJ. 4 set. 2000.23

    SARLET, Ingo Wolfgang; MARINONI, Luiz Guilherme; MITIDIERO, Daniel.Curso de direitoconstitucional . So Paulo: RT, 2012. p.582, nota 658, segunda parte.24 BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Agravo Regimental no Recurso Extraordinrio n. 271286. SegundaTurma, Rel. Min. Celso de Mello, j. 12 set. 2000, DJ 24 nov. 2000.

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    I) O direito subjetivo sade possui uma dupla dimenso individual e coletiva. Dessemodo, cabvel sua tutela jurisdicional individual, por meio at mesmo de ao proposta peloMinistrio Pblico.

    II) O Estado responsvel solidariamente, atingindo todos os entes da Federao.

    III) O direito sade deve ser estabelecido pelo Legislativo e Executivo, assegurandoaos cidados acesso igualitrio e universal s prestaes disponibilizadas pelo SUS, porm,excepcionalmente, quando estiver em causa o direito vida com dignidade, o Estado tem odever de disponibilizar os bens e servios correspondentes.25

    6.3 Quadro comparativo de projetos de lei e jurisprudncia na rea da sade

    PROPOSIO SITUAO JURISPRUDNCIAPL 3697/2012- Dispe sobre o programa de agendamento deconsultas e entrega domiciliar demedicamentos de uso contnuos pessoas portadoras denecessidades especiais e idosos,em todo o territrio nacional, ed outras providncias.

    AguardandoDes. de Relatorna Comisso deSeguridadeSocial e Famlia(CSSF), desde06 de junho de2012.

    STF - AG.REG. NA SUSPENSODE TUTELA ANTECIPADA STA328 PR (STF)Ementa: SISTEMA NICO DESADE - SUS. Fornecimento demedicamento. Concesso a pacientesusurios do SUS, residentes nosmunicpios da seo judiciria,mediante prescrio expedida pormdico vinculado ao Sistema. Tutelaantecipada para esse fim. Impugnaosob alegao de deciso genrica.Improcedncia. Especificaessuficientes. No ocorrncia de leso sade, nem economia pblicas.Suspenso indeferida. Agravoimprovido. Para efeito de suspensode antecipao de tutela, no constituideciso genrica a que determinafornecimento de medicamentos a pacientes usurios do SUS, residentes

    nos municpios da comarca ou daseo judiciria, mediante prescrioexpedida por mdico vinculado aoSistema nico de Sade - SUS. Datade publicao: 12/08/2010

    PL 3595/2012- Altera a Lei n11.664, de 29 de abril de 2008,que "dispe sobre a efetivaode aes de sade queassegurem a preveno, a

    Aguardando parecer naComisso deSeguridadeSocial e Famlia

    TJ-RS - Agravo de Instrumento70052006095 RS (TJ-RS)Ementa: SERVIO PBLICO DESADE. TRATAMENTO DOCNCER. BLOQUEIO. 1. H

    25 SARLET, Ingo Wolfgang; MARINONI, Luiz Guilherme; MITIDIERO, Daniel.Curso de direitoconstitucional . So Paulo: RT, 2012. p. 582.

    http://www.camara.gov.br/sileg/Prop_Detalhe.asp?id=541411http://www.camara.gov.br/sileg/Prop_Detalhe.asp?id=539844http://www.camara.gov.br/sileg/Prop_Detalhe.asp?id=539844http://www.camara.gov.br/sileg/Prop_Detalhe.asp?id=541411
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    deteco, o tratamento e oseguimento dos cnceres do colouterino e de mama, no mbitodo Sistema nico de Sade -

    SUS", para assegurar oatendimento s mulheres comdeficincia.

    (CSSF) Relator,Dep. PauloRubem Santiago(PDT-PE), pela

    aprovao,desde09/08/2012.

    solidariedade entre os entes daFederao na prestao de tratamentode neoplasias malignas e afecescorrelatas. Demanda que no autoriza

    o chamamento da Unio nem adenunciao da lide. Jurisprudnciada 22 Cmara Cvel. 2. A Poltica Nacional de Ateno Oncolgica, noSistema nico de Sade (SUS), estruturada para atender de formaintegral os pacientes que necessitamde tratamento contra o cncer. 3. Se oMunicpio no cumpre,voluntariamente, a deciso judicialque ordena o fornecimento demedicamentos, .. Data de publicao: 22/11/2012

    PL 3425/2012 - Dispe sobre arealizao das consultas mdicase exames de catarata e glaucomaem toda rede do Sistema nicode Sade - SUS no prazo que seestipula, e d outras providencias

    14/03/2012 -Apresentaodo Projeto deLei19/06/2013 -Retirado de pauta arequerimento doDeputadoEduardoBarbosa

    TJ-DF - Apelacao Cvel APC20070110655579 DF (TJ-DF)

    Ementa: Plano de Sade - Tratamentode Catarata e Glaucoma - Coberturade Prtese - Lei N 9.656 /98. 1 -Aplica-Se ao Contrato Relativo aoPlano de Sade as DisposiesPrevistas Na Lei N. 9.656 /98, aindaque concebido anteriormente, desdeque tenha vigncia de 12 (doze)meses, Com renovao automtica. 2- Nessas situaes, no h que se falarem violao ao direito adquirido e aoato jurdico perfeito, conquanto,opera-se a composio de novarelao contratual a cada renovao,incidindo a referida Lei

    Imediatamente Aps A Sua EntradaEm Vigor. 3 - Recurso Conhecido E No Provido.

    PL 3258/2012- Veda a exignciade depsito prvio de garantiafinanceira para atendimento deurgncia ou emergncia na rede privada de sade no territrionacional

    16/02/2012 -Apresentaodo PL.27/02/2013 -Teve que serarquivado porincluir noCdigo Penal o

    art. 135 - A(exigncia decauo no

    Tutela Antecipada - Plano de Sade -Contrato coletivo - Rescisounilateral durante internao de beneficiria Inadmissibilidade (Lein.9.656/98, artigo 13, pargrafonico, inciso III)- Hiptese, ademais,em que, encerrado o vnculoempregatcio, a beneficiria tem o

    direito de continuar com a coberturado plano, contratado agora em carterindividual e mediante o pagamento

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    atendimento).Projetoarquivado.

    integral da mensalidade, isto , a parcela do empregado somada a daempregadora (artigo 30 do mesmoestatuto) Reformada, entretanto, a

    deciso agravada na parte em quedeterminou a devoluo da nota promissria deixada em cauo como Hospital, pleito que a este deve aagravada formular - Recurso providoem parte.

    (TJ-SP - AG: 5887764400 SP,Relator: Morato de Andrade, Data deJulgamento: 13/01/2009, 2 Cmarade Direito Privado, Data dePublicao: 28/01/2009)

    7. CONSIDERAES FINAIS

    O presente artigo quis demonstrar o grande aumento no raio de atuao do PoderJudicirio, denominado de ativismo Judicial. E a interligao deste fenmeno com a inrcialegislativa. A falta de representao dos poderes polticos deixa o cidado sem a efetivao

    dos direitos que a Constituio lhe garante, por conseqncia acabam desaguando noJudicirio que se encontra obrigado a dar uma soluo para o problema. Neste artigo procuramos demonstrar que tanto o ativismo quanto a inrcia legislativa ferem os ideais doEstado Democrtico de Direito, e que necessrio que os poderes cumpram de maneira eficazsuas funes para que se alcance as metas estabelecidas na Constituio. Pois,quando umPoder deixa uma lacuna, vir outro para preenche - l e isto no bom para o ambientedemocrtico.

    A falta de representao e posicionamento de nossos representantes, principalmente sobre questes polmicas e de grande interesse social acabam ferindo os ideaisda Constituio e so to ilegtimas quanto o ativismo judicial. Ento o que fazer se por umlado o cidado possui o direito constitucionalmente garantido, mas, por outro ele noconseguem efetivar esses direitos, pois os legisladores no tomam partido para realizaremessas polticas? A soluo para este problema ocorreria quando cada Poder agisse de maneira plena no exerccio de suas funes, vivendo em harmonia e realizando todas as funes que aConstituio lhes confere. Porm, enquanto esta ainda no a realidade de nosso pas, propomos que esses cidados que esto tendo seus direitos sonegados ante a inrcia do Poder

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    Legislativo que no conseguem ter sua representao de fato, venham pleitear seus direitos perante o Poder Judicirio. Ressaltando tambm que a via judicial deve ser a ltimaalternativa e no a primeira forma de se garantir direitos. Visto que o os rgos polticos ainda

    so a primeira e principal via para se realizarem polticas que representem a vontade popular.

    8. BIBLIOGRAFIA:

    BAHIA, Alexandre Gustavo Melo Franco, NUNES, Dierle. Crise da democraciarepresentativa, infidelidade partidria e seu reconhecimento judicial.

    BAHIA, Alexandre Gustavo Melo Franco. A interpretao jurdica no Estado Democrticode Direito: contribuio a partir da teoria do discurso de Jrgen Habermas . Disponvel em:CATTONI, Marcelo. Jurisdio e hermenutica constitucional , pgina 301, Belo Horizonte,Editora Mandamentos, 2004.

    BRASIL.Camara dos Deputados. PDC 234/11. Deputado Joo Campos.

    BRASIL. Ministrio da Sade. Participao de organizaes da sociedade civil no desenhode estratgias locais essencial para uma boa resposta epidemia de AIDS. Disponivel em: http://www.aids.gov.br/noticia/2012/para-combater-aids-e-preciso-garantir-o-estado-laico

    BRASIL. Superior Tribunal de Justia. Recurso em Mandado de Segurana n. 6564/RS.Primeira Turma, Rel. Min. Demcrito Reinaldo, j. 23 mai. 1996, DJ. 17 jun. 1996.

    BRASIL. Superior Tribunal de Justia. Recurso em Mandado de Segurana n. 11183/PR.

    Primeira Turma, Rel. Min. Jos Delgado, j. 22 ago. 2000, DJ. 4 set. 2000.

    BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Agravo Regimental no Recurso Extraordinrio n.271286. Segunda Turma, Rel. Min. Celso de Mello, j. 12 set. 2000, DJ 24 nov. 2000.

    BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso especial n. 1.183.378. Segunda Turma, Rel. evoto Min. Luis Felipe Salomo, j. 12 set. 2012.

    http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/TRABALHO-E-PREVIDENCIA/199469-PROJETO-SUSTA-RESOLUCAO-DE-PSICOLOGOS-SOBRE-PRECONCEITOS-CONTRA-HOMOSSEXUAIS.htmlhttp://www.aids.gov.br/noticia/2012/para-combater-aids-e-preciso-garantir-o-estado-laicohttp://www.aids.gov.br/noticia/2012/para-combater-aids-e-preciso-garantir-o-estado-laicohttp://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/TRABALHO-E-PREVIDENCIA/199469-PROJETO-SUSTA-RESOLUCAO-DE-PSICOLOGOS-SOBRE-PRECONCEITOS-CONTRA-HOMOSSEXUAIS.html
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    DOBROWOLSKI, Silvio. A necessidade de ativismo judicial no estadocontemporneo .Disponvel : .Acesso em: 04 fev. 2012.

    FIGUEIREDO, Tatiana Arago e outos. Um enfoque sanitrio sobre a demanda judicial demedicamentos , Revista de Sade Coletiva, Rio de Janeiro, 20 [1], 2010.GOMES, Luiz Flvio.O STF est assumindo um ativismo judicial sem

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    NETTO, Menelick de Carvalho.Uma reflexo acerca dos direitos fundamentais do portadorde sofrimento ou transtorno mental em conflito com a lei como expresso da dinmica

    complexa dos princpios em uma comunidade constitucional

    os influxos e as repercussesconstitucionais da Lei n 10.216, de 6 de abril de 2001 . Virt. Revista virtual de FilosofiaJurdica e Teoria Constitucional. Nm. 1, Maro 2007. Disponvel em:.Acesso em: 02/04/2009.

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