141
i JOÃO AFONSO MARTINS DO CARMO A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, MG CAMPINAS 2014

A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

  • Upload
    others

  • View
    5

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

i

JOÃO AFONSO MARTINS DO CARMO

A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE

CAMANDUCAIA, MG

CAMPINAS

2014

Page 2: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

ii

Page 3: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

iii

Page 4: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

iv

Page 5: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

v

Page 6: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

vi

Page 7: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

vii

Resumo

Rubiaceae é uma família cosmopolita, distribuída principalmente por regiões tropicais e

subtropicais do planeta. Nela estão incluídos cerca de 620 gêneros e mais de 13000 espécies. No

Brasil são reconhecidos 120 gêneros e 1392 espécies. A Mata Atlântica, considerada um

“hotspot” para conservação da biodiversidade, abriga cerca de 600 espécies de Rubiaceae. A

Serra da Mantiqueira, na qual se localiza a região de Camanducaia, extremo sul de Minas Gerais,

apresenta importantes remanescentes deste domínio fitogeográfico. O presente estudo tem como

objetivos produzir uma monografia taxonômica sobre a família Rubiaceae no município de

Camanducaia, bem como a produção de uma chave interativa de entradas múltiplas para as

espécies inventariadas, e avaliar aspectos fitogeográficos da região de estudo com base na

distribuição geográfica de suas espécies nativas. O levantamento florístico foi realizado através

de viagens de coleta e consulta a herbários. A família Rubiaceae está representada no município

de Camanducaia por 17 gêneros e 34 espécies, duas subespécies e duas variedades. Os gêneros

mais diversos foram Psychotria, com sete espécies, seguido por Manettia e Borreria, ambos com

cinco espécies. Uma monografia taxonômica foi produzida. A análise da distribuição de espécies

selecionadas corrobora a separação entre as regiões norte e sul da Mata Atlântica. Neste contexto,

a região de Camanducaia desempenha a função de corredor e refúgio de espécies endêmicas da

floresta Atlântica do sul. Uma chave interativa de entradas múltiplas é apresentada para as

espécies inventariadas.

Page 8: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

viii

Page 9: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

ix

Abstract

Rubiaceae is a cosmopolitan family, mainly distributed along tropical and subtropical regions

throughout the world, and comprises around 620 genera and 13000 species. In Brazil 120 genera

and 1392 species have been recognized. The Atlantic Rain Forest, considered to be a hotspot for

biodiversity conservation, harbors ca. 600 Rubiaceae species. The Mantiqueira Mountain Range,

in which Camanducaia municipality is located, Southern Minas Gerais, exhibits important

remnants of this phytogeographic domain. This study aims to produce a taxonomic monograph

about the Rubiaceae at Camanducaia municipality, as well as to produce an interactive key of

multiple entries for the inventoried species, and to asses phytogeographic aspects of the region on

the basis of native species geographic distribution analysis. The Rubiaceae family is represented

at Camanducaia municipality by 17 genera and 34 species, two subspecies and two varieties. The

most diverse genera were Psychotria, presenting seven species, followed by Manettia and

Borreria, both presenting five species. A taxonomic monograph is presented. The geographic

distribution analysis of the selected species corroborates for a separation of southern and northern

Atlantic forests. Within this context, the Camanducaia region performs the function of corridor

and refuge of species endemic to the southern Atlantic forest. An interactive key of multiple

entries for the inventoried species is presented.

Page 10: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

x

Page 11: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

xi

Sumário

Resumo .......................................................................................................................................... vii

Abstract ........................................................................................................................................... ix

Introdução Geral ............................................................................................................................... 1

A família Rubiaceae Juss. ................................................................................................................ 1

Mata Atlântica, Serra da Mantiqueira e o Município de Camanducaia ........................................... 6

Chaves Interativas ............................................................................................................................ 8

Referências Bibliográficas ............................................................................................................... 9

Capítulo 1: ...................................................................................................................................... 17

A Família Rubiaceae Juss. no Município de Camanducaia, Minas Gerais, Serra da Mantiqueira,

Brasil: Taxonomia e Aspectos Fitogeográficos ............................................................................. 17

Resumo ........................................................................................................................................... 17

1. Introdução ................................................................................................................................... 18

2. Material e Métodos ..................................................................................................................... 20

2.1. Região de Estudo ..................................................................................................................... 20

2.2. Levantamento Florístico .......................................................................................................... 21

3. Resultados .................................................................................................................................. 23

3.1. Inventário ................................................................................................................................ 23

3.2. Tratamento Taxonômico ......................................................................................................... 24

Rubiaceae Juss. ........................................................................................................................... 24

Chave de identificação para os gêneros de Rubiaceae no município de Camanducaia, MG. .... 25

1. Borreria Meyer (1818: 79), nom. cons. .................................................................................. 26

Chave de identificação para as espécies de Borreria no município de Camanducaia, MG. ...... 27

1.1. Borreria capitata (Ruiz & Pavon) De Candolle (1830: 545) .............................................. 28

1.2. Borreria latifolia (Aublet) K.Schum. in Martius et al. (1888: 61) ...................................... 29

1.3. Borreria ocymifolia (Willd. in Roemer & Schultes) Bacigalupo & Cabral (1996: 307) .... 30

1.4. Borreria palustris (Chamisso & Schlechtendal) Bacigalupo & Cabral (1998: 264) .......... 31

1.5. Borreria verticillata (Linnaues) Meyer (1818: 83) ............................................................. 32

2. Coccocypselum Browne (1756: 144) ...................................................................................... 34

Chave de identificação para as espécies de Coccocypselum no município de Camanducaia,

MG. ............................................................................................................................................. 34

2.1. Coccocypselum condalia Persoon (1805: 132) ................................................................... 34

2.2. Coccocypselum lanceolatum (Ruiz & Pavon) Persoon (1805: 132) ................................... 36

2.3. Coccocypselum lymansmithii Standley (1930: 165) ............................................................ 37

Page 12: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

xii

3. Cordiera De Candolle (1830: 445) ......................................................................................... 40

3.1. Cordiera concolor (Chamisso) Kuntze (1891: 279) var. concolor ..................................... 40

4. Coussarea Aublet (1775: 98) ................................................................................................. 42

4.1. Coussarea contracta (Walpers) Müller (1875: 467) ........................................................... 42

5. Declieuxia Kunth in Humboldt et al. (1819: 352) .................................................................. 43

5.1. Declieuxia cordigera var. angustifolia Müll.Arg. in Martius et al. (1881: 434)................. 44

6. Galianthe Grisebach (1879: 156) ........................................................................................... 45

Chave de identificação para as espécies de Galianthe no município de Camanduacaia, MG. .. 46

6.1. Galianthe vaginata Cabral & Bacigalupo (1997: 875) ....................................................... 46

6.2. Galianthe valerianoides (Cham. & Schltdl.) Cabral (1991: 246) ....................................... 47

7. Galium Linnaeus (1753: 105) ................................................................................................. 49

Chave de identificação para as espécies de Galium no município de Camanduacaia, MG. ...... 49

7.1. Galium hypocarpium (Linnaeus) Grisebach (1861: 351) .................................................... 49

7.2. Galium nigroramosum (Ehrendorfer) Dempster (1990: 300) ............................................. 51

7.3. Galium noxium (Saint-Hilaire) Dempster (1990: 292) ........................................................ 51

8. Guettarda Linnaeus (1753: 991) ............................................................................................ 53

8.1. Guettarda uruguensis Chamisso & Schlechtendal (1829: 183) .......................................... 53

9. Manettia Mutis ex Linnaeus (1771: 558) ............................................................................... 56

Chave de identificação para as espécies de Manettia no município de Camanducaia, MG. ...... 56

9.1. Manettia congesta (Vellozo) K.Schum. in Martius et al. (1889: 177) ................................ 57

9.2. Manettia cordifolia Martius (1824: 95) ............................................................................... 58

9.3. Manettia glaziovii Wernham (1919: 36) ............................................................................. 59

9.4. Manettia gracilis Chamisso & Schlechtendal (1829: 169) ................................................. 60

9.5. Manettia luteorubra (Vellozo) Bentham (1850: 445) ......................................................... 61

10. Margaritopsis Wright (1869: 146) ....................................................................................... 62

10.1. Margaritopsis sp. ............................................................................................................... 62

11. Mitracarpus Schult. & Schult.f. in Roemer & Schultes (1827: 210) ................................... 63

11.1. Mitracarpus brasiliensis M.L.Porto & J.L.Wächt. in Holmrich (1977: 91) ..................... 63

12. Palicourea Aublet (1775: 172) ............................................................................................. 64

12.1. Palicourea rudgeoides (Müll.Arg.) Standley (1931: 381) ................................................ 65

13. Posoqueria Aublet (1775: 133) ............................................................................................ 66

13.1. Posoqueria latifolia (Rudge) Schult. in Roemer & Schultes (1819: 227) ......................... 66

14. Psychotria Linnaeus (1759: 929), nom. cons. ...................................................................... 67

Page 13: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

xiii

Chave de identificação para as espécies de Psychotria no município de Camanducaia, MG. ... 68

14.1. Psychotria alegre ined. ...................................................................................................... 69

14.2. Psychotria beyrichiana Müller (1876: 545) ...................................................................... 70

14.3. Psychotria longipes Müll.Arg. in Martius et al. (1881: 354) ............................................ 71

14.4. Psychotria niveobarbata (Müll.Arg.) Britton (1891: 110) ................................................ 72

14.5. Psychotria stachyoides Bentham (1850: 464) ................................................................... 75

14.6. Psychotria suterella Müll.Arg. in Martius et al. (1881: 380) ............................................ 76

14.7. Psychotria vellosiana Bentham (1850: 464) ..................................................................... 77

15. Randia Linnaeus (1753: 1192) ............................................................................................. 78

15.1. Randia armata (Swartz) De Candolle (1830: 387) ........................................................... 79

16. Richardia Linnaeus (1753: 330) ........................................................................................... 80

Chave de identificação para as espécies de Richardia no município de Camanducaia, MG. .... 81

16.1. Richardia brasiliensis Gomes (1801: 31) .......................................................................... 81

16.2. Richardia humistrata (Chamisso & Schlechtendal) Steudel (1840: 459) ......................... 82

17. Rudgea Salisbury (1807: 327) .............................................................................................. 83

Chave de identificação para as subespécies de Rudgea no município de Camanducaia, MG. .. 84

17. 1. Rudgea jasminoides (Chamisso) Müller (1879: 452) subsp. jasminoides ........................ 84

17.2. Rudgea sessilis (Velloso) Müll.Arg. in Martius et al. (1881: 182) subsp. sessilis ............ 85

3.3. Aspectos Morfológicos e Períodos de Floração e Frutificação ............................................... 88

3.4. Aspectos Fitogeográficos ........................................................................................................ 92

4. Discussão .................................................................................................................................... 95

5. Conclusão ................................................................................................................................... 96

6. Referências bibliográficas .......................................................................................................... 97

Capítulo 2 ..................................................................................................................................... 107

Chave Interativa para as Espécies de Rubiaceae Juss. do Município de Camanducaia, Sudeste do

Brasil ............................................................................................................................................ 107

Resumo ......................................................................................................................................... 107

1. Introdução ................................................................................................................................. 107

2. Material e Métodos ................................................................................................................... 108

2.1. Lista de Táxons e Descritores ............................................................................................... 108

2.2. Software Utilizado ................................................................................................................. 113

3. Resultados e Discussão ............................................................................................................ 115

4. Referências Bibliográficas ....................................................................................................... 119

Considerações Finais .................................................................................................................... 121

Page 14: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

xiv

Page 15: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

xv

Agradecimentos

Ao Prof. Dr. André Olmos Simões, por ter me recebido na Unicamp e pela orientação.

Ao CNPq e à FAPESP (processo 2012/09032-9), pela bolsa de mestrado concedida nos

períodos de 03/2012 a 08/2012 e 09/2012 a 03/2014, respectivamente.

Ao Departamento de Biologia Vegetal da Unicamp e ao Laboratório de Taxonomia. Ao

João Carlos Galvão, técnico do laboratório citado, pela amizade.

Aos professores do Departamento de Biologia Vegetal, que de alguma maneira

contribuíram direta ou indiretamente para minha formação, em especial ao Prof. André Olmos

Simões, Profa. Luiza Sumiko Kinoshita, Profa. Kikyo Yamamoto, Prof. João Semir, Prof. Jorge

Yoshio Tamashiro e Profa. Sandra Maria Carmello-Guerreiro.

À secretária do Programa de Pós-graduação em Biologia Vegetal, Maria Roseli, pela

disponibilidade.

Aos membros da banca de qualificação, Profa. Ana Maria Goulart de Azevedo Tozzi,

Prof. Leonardo Dias Meireles e Dra. Maria Fernanda Calió, e da pré-banca, Profa. Luiza Sumiko

Kinoshita, Profa. Ingrid Koch e Profa. Maria Regina de Vasconcellos Barbosa, pela leitura,

críticas e sugestões. Aos membros da banca, Profa. Luiza Sumiko Kinoshita e Profa. Ingrid

Koch, pela disponibilidade.

Aos curadores e técnicos dos herbários consultados durante a elaboração desta dissertação

(BHCB, ESA, IAC, MBM, SP e UEC).

À Charlotte Taylor, pela ajuda com as identificações de Psychotria e afins. À Elsa Cabral

e ao Roberto Salas, pela disponibilidade, envio de manuscritos, ajuda com as identificações de

Spermacoceae sensu stricto e por compartilharem informações valiosas sobre estas plantas.

Aos colegas (amigos) de laboratório. Ao Gustavo Shimizu, pelo apoio nas mais

complicadas e improváveis situações. Ao Marcelinho, ao André (Pavarotti) e à Deise, pela

amizade desde o momento em que cheguei ao laboratório. À Nallarett, pelas discussões e planos

mirabolantes em Rubiaceae. À Marcela, Su, Fer, Rose, Zé Júnior, Rafael, Milena, Tamires,

Thiago (Padre), May, Fabrício e Nicoll, pela amizade e convivência. Deixo aqui registrados os

meus sinceros agradecimentos pela amizade de todos vocês.

Ao Yure Pessa, pela amizade.

À minha família, pelo apoio incondicional.

Page 16: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

xvi

À Ana, que mesmo distante se faz presente todos os dias, pelo carinho.

Page 17: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

xvii

Lista de Figuras

Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no município de Camanducaia, Minas Gerais, Serra da

Mantiqueira, Brasil: Taxonomia e Aspectos Fitogeográficos

Figura 1...........................................................................................................................................21

Figura 2...........................................................................................................................................39

Figura 3...........................................................................................................................................55

Figura 4...........................................................................................................................................74

Figura 5...........................................................................................................................................87

Figura 6...........................................................................................................................................94

Capítulo 2: Chave Interativa para as Espécies de Rubiaceae Juss. do Município de Camanducaia,

Sudeste do Brasil

Figura 1. Interface da edição de itens contidos na base de dados “Rubiaceae do município de

Camanducaia” em Xper3..............................................................................................................115

Figura 2. Interface da edição de descrições na base de dados “Rubiaceae do município de

Camanducaia” em Xper3..............................................................................................................115

Figura 3. Comparação entre Galianthe vaginata e G. valerianoides...........................................116

Figura 4. Exemplo de tela apresentada na chave interativa..........................................................117

Figura 5. Imagem parcial da janela apresentada após a conclusão do processo de identificação,

contendo imagens e a descrição do táxon.....................................................................................117

Page 18: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

xviii

Page 19: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

xix

Lista de Tabelas

Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no município de Camanducaia, Minas Gerais, Serra da

Mantiqueira, Brasil: Taxonomia e Aspectos Fitogeográficos

Tabela 1. Classificação em subfamílias e tribos dos gêneros de Rubiaceae inventariados no

município de Camanducaia, MG....................................................................................................24

Tabela 2. Distribuição das espécies, subespécies ou variedades de Rubiaceae em Camanducaia,

MG, de acordo com o habitat e hábito............................................................................................89

Tabela 3. Períodos de floração e frutificação das espécies, subespécies ou variedades de

Rubiaceae do município de Camanducaia, MG.............................................................................91

Tabela 4. Distribuição geográfica de espécies, subespécies ou variedades de Rubiaceae do

município de Camanducaia, MG, endêmicos do domínio fitogeográfico da Mata

Atlântica..........................................................................................................................................92

Capítulo 2: Chave Interativa para as Espécies de Rubiaceae Juss. do Município de Camanducaia,

Sudeste do Brasil

Tabela 1. Lista de caracteres e seus respectivos estados de caráter propostos para chave interativa

de entradas múltiplas para as Rubiaceae Juss. do município de Camanducaia, MG...................109

Page 20: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

xx

Page 21: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

1

Introdução Geral

A família Rubiaceae Juss.

Jussieu (1789) reuniu 31 gêneros em um Ordo, o qual nomeou, com base no gênero Rubia

L., “Rubiaceae”. Para tal proposição, baseou-se em características compartilhadas por esses

gêneros, como folhas opostas, raramente verticiladas, pecíolos unidos na base por estípulas e

ovário ínfero. Desde então, esta é considerada a combinação de caracteres morfológicos mais

óbvia e constante encontrada em Rubiaceae, o que facilita o reconhecimento de membros da

família (Robbrecht 1988, Bremer 1996, Davis et al. 2009).

Rubiaceae é composta por cerca de 620 gêneros e mais de 13000 espécies (Govaerts et al.

2006). Estes números corroboram estimativas de que Rubiaceae seja a quarta família de

Angiospermas em número de espécies, depois de Asteraceae, Orchidaceae e Leguminosae

(Mabberley 2008). Segundo Davis et al. (2009), trata-se de uma família cosmopolita, cuja

diversidade e biomassa se concentram nos trópicos e subtrópicos, sendo menos frequente e

diversa em regiões temperadas, chegando até regiões subpolares do Ártico e da Antártica. Para

estes autores, devido à alta sensibilidade ecológica observada em Rubiaceae e ao considerável

nível de endemismo de suas espécies, é evidente que grande parte da família encontra-se

vulnerável frente às mudanças ambientais globais e influência antrópica em escala local.

Devido à sua abundância, diversidade e presença em todos os estratos vegetais, Rubiaceae

é uma família importante a ser considerada em pesquisas de cunho ecológico, principalmente

estudos de composição florística e fitosociológica, comparações entre estratos vegetais e habitats

e status de conservação de vegetações tropicais (Delprete & Jardim 2012). Além disso, de acordo

com Robbrecht (1988), a maioria das Rubiaceae são zoófilas, e seus principais agentes

polinizadores são borboletas, mariposas, abelhas, moscas ou pássaros, que têm como recompensa

o néctar produzido em discos nectaríferos epíginos. A família também é uma importante fonte de

frutos principalmente para pássaros tropicais e pequenos mamíferos, que constituem os principais

agentes dispersores de seus frutos carnosos (Bremer & Eriksson 1992, Robbrecht 1988).

Rubiaceae foi tradicionalmente incluída em uma ordem própria, Rubiales (Cronquist

1981). Entretanto, análises filogenéticas indicam a pertinência da família à ordem Gentianales,

que inclui também Apocynaceae s.l. (incl. Asclepiadaceae), Gelsemiaceae, Gentianaceae e

Page 22: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

2

Loganiaceae (Struwe et al. 1994, Bremer 1996, Backlund et al. 2000), com as quais compartilha

características morfológicas como folhas opostas, inteiras, com estípulas (algumas exceções),

coléteres e formação de endosperma nuclear (Backlund et al. 2000). O posicionamento de

Rubiaceae em Gentianales é corroborado por APG I, II e III (1998, 2003, 2009).

Em Gentianales, Rubiaceae forma um grupo monofilético (Struwe et al. 1994, Bremer et

al. 1995, Bremer 1996, Backlund et al. 2000), distinguindo-se das demais famílias da ordem pela

ausência de floema interno, e pela presença de ovário ínfero, obturador, estrias de Caspary e

simpetalia precoce (Erbar 1991, Backlund et al. 2000). Bremer & Eriksson (2009), utilizando

filogenias moleculares calibradas com datações de carbono de alguns fósseis, estimaram que

Rubiaceae teve sua origem há cerca de 90 milhões de anos, possivelmente no sudeste da Ásia.

A classificação de Rubiaceae em subfamílias foi objeto de vários estudos (Schumann

1891, Verdcourt 1958, Bremekamp 1966, Robbrecht 1988, Bremer & Jansen 1991, Bremer et al.

1995, Bremer 1996, Robbrecht & Manen 2006, Bremer & Eriksson 2009), divergindo de autor

para autor. Segundo Robbrecht (1988) o reconhecimento de subfamílias em Rubiaceae é

necessário, devido ao fato de que a evolução de uma família tão diversa só poderá ser entendida a

partir de uma classificação principal aplicável, na qual várias tribos são agrupadas em subfamílias

naturais, as quais eventualmente indicarão prioridades a serem consideradas para pesquisa

taxonômica detalhada.

Schumann (1891) foi o primeiro a reconhecer subfamílias em Rubiaceae. Este autor

reconheceu 21 tribos pertencentes a duas subfamílias, as quais foram baseadas em apenas um

caráter, o número de óvulos por lóculo do ovário: um em Coffeoideae e vários em

Cinchonoideae. A classificação proposta por Schumann (1891) é objetiva e útil no processo de

identificação (Verdcourt 1958), entretanto, segundo Bremekamp (1934), classificações

dicotômicas, i.e., baseadas em um ou poucos caracteres, podem gerar anomalias: tribos ou

gêneros relacionados (até que estudos filogenéticos fossem produzidos, o termo “relacionados”,

como indicado por Verdcourt (1958), foi utilizado para designar grupos morfologicamente

similares sob um amplo espectro de estruturas, e não necessariamente descendentes de um

ancestral comum imediato) são alocados em subfamílias distintas (e.g., Gardenieae em

Cinchonoideae e Ixoreae em Coffeoideae), simplesmente por divergirem em número de óvulos

Page 23: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

3

por lóculo. Para evitar tais anomalias, as classificações deveriam se basear em todas as fontes de

evidências disponíveis (Bremekamp 1934, Verdcourt 1958).

A classificação proposta por Verdcourt (1958) incluía novos conjuntos de evidências além

da morfologia, como citologia, anatomia e palinologia. Segundo este autor, Rubiaceae seria

subdividida em 28 tribos pertencentes a três subfamílias, as quais seriam definidas da seguinte

maneira: ráfides de oxalato de cálcio presentes e sementes albuminosas em Rubioideae; ráfides

ausentes e sementes albuminosas em Cinchonoideae; e ráfides ausentes e sementes com pouco ou

nenhum albúmen em Gettardoideae. Verdcourt (1958) também inferiu sobre a polarização de

caracteres em Rubiaceae, correlacionando morfologia e distribuição geográfica de tribos e

gêneros: estados de caráter presentes em táxons amplamente distribuídos seriam considerados

primitivos, enquanto estados de caráter presentes em táxons de distribuição restrita seriam mais

recentes.

Bremekamp (1966) reconheceu 43 tribos distribuídas em oito subfamílias, definidas com

base em apresentação secundária de pólen em Ixoroideae; cristais de oxalato de cálcio nas

paredes dos tricomas, endosperma escasso e embriões relativamente grandes em Guettardoideae;

placenta de forma alongada e células da testa com parede basal provida de perfurações

conspícuas em Cinchonoideae; células da testa grandes e de paredes espessadas em

Urophylloideae; ráfides presentes, prefloração da corola contorta, ápice das sementes

apendiculados em Hillioideae; ráfides presentes, prefloração valvar, raramente imbricada em

Rubioideae; sementes exalbuminosas e embriões com cotilédones grandes em Gleasonoideae; e

células da testa com parede basal finamente pontilhada em Pomazotoideae.

A última classificação proposta antes do advento das filogenias moleculares foi a de

Robbrecht (1988). Em sua obra, Robbrecht (1988) critica Verdcourt (1958) e Bremekamp (1966)

por terem segregado grupos relacionados com base apenas na presença ou ausência de ráfides,

alocando-os em subfamílias distintas, pré-existentes ou novas, respectivamente. Robbrecht

(1988) alega que esta postura é tão artificial quanto o uso do número de óvulos por lóculo para o

reconhecimento de subfamílias em Rubiaceae. Para este autor, Rubiaceae seria composta por 44

tribos distribuídas em quatro subfamílias, definidas com base em um maior número de caracteres:

Cinchonoideae são plantas lenhosas, com estípulas inteiras, frutos secos e deiscentes, com várias

sementes, geralmente aladas, células exotestais expessadas ao longo da parede tangencial interna,

Page 24: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

4

heterodistilia frequente; Ixoroideae plantas lenhosas, com estípulas inteiras, prefloração contorta,

placentas pluriovuladas, frutos carnosos, apresentação secundárias de pólen, flores unissexuais;

Anthireoideae plantas lenhosas, com estípulas inteiras, prefloração valvar, placentas uniovuladas,

óvulos pêndulos, frutos drupáceos, endosperma delicado e oleoso, embrião muito grande com

radícula superior, apresentação secundária de pólen e flores unissexuais comuns; Rubioideae

plantas lenhosas ou herbáceas, com estípulas frequentemente bífidas ou fimbriadas, ráfides

presentes, prefloração valvar, células exotestais em formato de parênquima, heterodistilia

comum.

A partir da última década do século XX, iniciaram-se em Rubiaceae estudos filogenéticos

baseados em dados moleculares (Delprete 1999). Bremer (2009) estima que de 1991 a 2005,

cerca de 50 reconstruções filogenéticas foram publicadas para Rubiaceae. De acordo com

Delprete & Jardim (2012), estes estudos demonstraram que caracteres utilizados anteriormente

para a definição de subfamílias e tribos são muito mais facilmente mutáveis do que se pensava.

Entretanto, estes autores alegam que tais caracteres não devem ser abandonados, e sim

reavaliados, para que sejam de fato compreendidos do ponto de vista evolutivo e taxonômico.

De acordo com os resultados obtidos por Bremer et al. (1995) e Bremer (1996),

Rubiaceae se subdivide em três grupos, mais ou menos correspondentes com as subfamílias

Rubioideae, Ixoroideae e Cinchonoideae de Robbrecht (1988). Robbrecht & Manen (2006),

baseados em análises de superárvore (“supertree”), propõem uma classificação em duas

subfamílias, Cinchonoideae e Rubioideae, e 40 tribos. Posteriormente, Bremer & Eriksson (2009)

produziram uma árvore com alta resolução, na qual se basearam para propor a subdivisão da

família novamente em três subfamílias, Cinchonoideae, Ixoroideae e Rubioideae, e 44 tribos.

Delprete & Jardim (2012) observaram que a maioria dos grupos reconhecidos nas análises

filogenéticas de Robbrecht & Manen (2006) e Bremer & Eriksson (2009) são similares, sendo as

principais diferenças entre estes estudos as categorias taxonômicas com as quais tais grupos são

relacionados.

A classificação mais aceita atualmente por pesquisadores da família é a proposta por

Bremer & Eriksson (2009), que caracterizam as três subfamílias da seguinte maneira:

Cinchonoideae geralmente são árvores ou arbustos de pequeno porte, com prefloração da corola

imbricada ou valvar (contorta para a direita em Hillieae e Hamelieae); Ixoroideae são árvores ou

Page 25: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

5

arbustos, com prefloração da corola geralmente contorta para a esquerda e apresentação

secundária de pólen comum; Rubioideae são ervas ou arbustos com ráfides, prefloração da corola

valvar e indumento formado por tricomas septados.

No Brasil, Rubiaceae é representada por 120 gêneros (29 endêmicos) e 1392 espécies

(791 endêmicas), ocorrendo em todos os estados e domínios fitogeográficos e praticamente todos

os tipos de fitofisionomias do país (Barbosa et al. 2013). Os domínios fitogeográficos mais

representativos em diversidade são Amazônia, com 754 espécies, e Mata Atlântica, com 599

espécies. As regiões mais diversas são a Norte, com 1408 espécies, e a Sudeste, com 1152

espécies. Segundo Davis et al. (2009), estas regiões ocupam a quarta e sexta posições,

respectivamente, entre as regiões mais diversas do mundo para Rubiaceae em números totais de

espécies, e 44° e 13° posições em diversidade relativa. Estes dados corroboram a importância

dessas regiões em termos de diversidade para a família e demonstram o caráter emergencial da

conservação de seus remanescentes de vegetação nativa, principalmente na região Sudeste, que

segundo estes autores, é a sexta região em número bruto de espécies endêmicas de Rubiaceae do

mundo.

Delprete & Jardim (2012) apresentam uma visão geral sobre a Sistemática, Taxonomia e

Florística das Rubiaceae do Brasil. Apesar da grande representatividade da família na flora

nacional, os trabalhos mais completos para Rubiaceae no Brasil ainda são os tratamentos de

Müller (1881) e Schumann (1888, 1889). Desde então, muitas espécies têm sido sinonimizadas e

novas espécies descritas. Sendo assim, uma atualização do conhecimento da família para o Brasil

se faz necessária. Dentro deste contexto, os levantamentos florísticos locais e/ou regionais são

importantes na medida em que agregam informações, principalmente no que diz respeito à

distribuição geográfica de suas espécies e variações de caracteres diagnósticos dos táxons nela

incluídos. Floras de Rubiaceae para regiões ou áreas específicas do Brasil foram elaboradas por

Jung-Mendaçolli et al. (2007), para o estado São Paulo; Delprete et al. (2004, 2005) para o estado

de Santa Catarina; Delprete (2010a,b), para os estados de Goiás e Tocantins; Taylor et al. (2007)

para a Reserva Ducke, Amazonas; Pessoa & Barbosa (2012) para o Cariri Paraibano; Pereira et

al. (2006) para a Reserva Florestal Mata do Paraíso, em Viçosa, Minas Gerais; e Pereira &

Kinoshita (2013) para o Parque Estadual das Várzeas do Rio Invinhema, Mato Grosso do Sul.

Além disso, eventualmente, espécies novas para a ciência podem ser encontradas.

Page 26: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

6

Mata Atlântica, Serra da Mantiqueira e o Município de Camanducaia

A Mata Atlântica é considerada um dos hotspots mundiais para a conservação da

biodiversidade (Myers 1998). O Brasil abriga 95% deste domínio fitogeográfico, o qual inclui

formações florestais e não-florestais que ocorrem ao longo da costa brasileira, com grande

amplitude latitudinal (Stehmann et al. 2009). Segundo Ribeiro et al. (2009), restam apenas cerca

de 11% de sua vegetação original. Este fato é alarmante, pois, como demonstrado por Sobral &

Stehmann (2009), podemos considerar o conhecimento relativo à biodiversidade da Mata

Atlântica ainda incipiente, visto que em menos de duas décadas mais de 1.000 novas espécies de

angiospermas deste domínio fitogeográfico foram descobertas, o que representa 42% do total

descrito para o Brasil neste período.

Segundo Fiaschi & Pirani (2009), a maioria dos estudos relacionados à biogeografia da

Mata Atlântica (Cracraft & Prum 1988, Costa 2003, Silva et al. 2004, Pinto-da-Rocha et al. 2005,

Perret et al. 2006) apontam para uma separação histórica entre as partes norte e sul deste domínio

fitogeográfico, cujas diferenças florísticas são corroboradas por dados filogenéticos e teriam seus

limites mais ou menos coincidentes com o vale do Rio Doce, ao norte do Espírito Santo: a

floresta Atlântica do norte ocorre do Rio Grande do Norte (ca. 5° S) até o norte do Espírito Santo

(ca. 19° S), enquanto a floresta Atlântica do sul ocorre a partir deste limite até o sul de Santa

Catarina (ca. 29° S). A floresta Atlântica do sul inclui uma grande extensão ocidental de florestas

sazonalmente secas no sudeste do Brasil, Paraguai oriental e província de Misiones na Argentina

(Oliveira-Filho & Fontes 2000) e a Província da Floresta de Araucaria angustifolia (Bertol.)

Kuntze (Morrone 2006). Neste contexto, a Serra do Mar e Serra da Mantiqueira, por

apresentarem notável extensão (amplitude) e gradiente altitudinal, representam extensos centros

de endemismo de espécies (Prance 1982, Silva et al. 2004, Pinto-da-Rocha et al. 2005).

A Serra da Mantiqueira, localizada no sudeste brasileiro, é um importante abrigo de

remanescentes de Mata Atlântica (Costa et al. 1998). Esta é formada por uma cadeia de

montanhas incluídas no domínio dos Cinturões Móveis Neoproterozóicos, que se estende ao

longo dos estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo, com direção NE-

SW, aproximadamente entre 20° e 23° graus de latitude sul, formando o segundo degrau do

Planalto Brasileiro, detrás da Serra do Mar (Moreira & Camelier 1977).

Page 27: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

7

Várias fitofisionomias podem ser encontradas na Serra da Mantiqueira, desde formações

florestais até formações campestres, havendo predomínio de florestas estacionais semidecíduas

em seu planalto (Meireles 2003). Esta região destaca-se por ainda apresentar extensas áreas de

vegetação nativa, principalmente em regiões mais elevadas, onde o difícil acesso e o baixo

potencial madeireiro contribuíram para sua preservação (Costa et al. 1998). Podem-se observar,

entretanto, o avanço de extensas monoculturas madeireiras, destacando-se o plantio de espécies

dos gêneros Araucaria Juss., Cunninghamia R. Br. ex A. Rich., Cupressus L., Eucalyptus L'Hér.

e Pinus L., que responderiam de forma adequada ao clima mais ameno e frio, característico dessa

região (Golfari 1975).

Machado-Filho et al. (1983) dividem a Serra da Mantiqueira em Mantiqueira Meridional,

composta pelos Planaltos de Campos de Jordão e do Itatiaia, e Mantiqueira Setentrional, a qual

compreende formações denominadas como Patamares Escalonados do Sul Capixaba, Maciço do

Caparaó e Serranias da Zona da Mata Mineira. Segundo Meireles (2009), a Mantiqueira

Meridional representa a divisa entre os estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo,

onde se observa a maior representatividade de terras acima de 1.500 m de altitude no território

brasileiro, formando uma longa cadeia de montanhas voltadas para o Vale do Paraíba com cerca

de 170 km de extensão entre seus extremos, a sudoeste, na região de Camanducaia

(MG)/Joanópolis (SP) no Planalto de Campos do Jordão, e a nordeste, na região de Itaitiaia

(RJ)/Bocaina de Minas (MG) no Planalto do Itatiaia. A Mantiqueira Meridional é considerada

como Área de Importância Biológica Especial, na qual persistem cerca de 20% da cobertura

vegetal de Mata Atlântica no estado de Minas Gerais (Costa et al. 1998).

O Planalto de Campos de Jordão apresenta florestas ombrófilas densas montanas e alto-

montanas, florestas ombrófilas mistas alto-montanas, campos de altitudes, afloramentos rochosos

e pequenos fragmentos de cerrado (Azevedo 1962, Meireles 2003). Principalmente a vegetação

florestal montana e os fragmentos campestres foram substituídos na sua maior parte por

pastagens, reflorestamentos monoculturais e construções urbanas (Machado-Filho et al. 1983,

Meireles 2003). Em uma das áreas mais elevadas deste planalto, destaca-se o distrito de Monte

Verde (município de Camanducaia), na divisa entre os estados de Minas Gerais e São Paulo.

Nesta região observam-se fitofisionomias típicas de áreas de altitude pronunciada, que

apresentam uma flora diferenciada, com elevado número de espécies endêmicas (Meireles 2003,

Page 28: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

8

Safford 1999). Meireles (2003) afirma que os trabalhos científicos realizados nesta região são

escassos, e nesta, conjuntamente com outras áreas elevadas da Serra do Mar, se localizam os

remanescentes menos conhecidos da Mata Atlântica.

Chaves Interativas

A identificação de plantas pertencentes tanto a regiões quanto táxons megadiversos pode

representar um desafio, tanto para leigos quanto especialistas.

A principal ferramenta utilizada para a identificação de plantas são chaves dicotômicas ou

politômicas, amplamente difundidas em toda a literatura taxonômica. Estas chaves seguem uma

sequência rígida de caracteres apresentada pelos seus autores, e tratando-se especificamente de

plantas, podem tornar a identificação impossível, devido à ausência de estruturas no material

disponível (e.g. flores ou frutos). Outro problema comum, como apontado por Bittrich et al.

2012, é que a maioria de tratamentos taxonômicos ou guias de campo são publicados em versões

impressas, e, em se tratando de regiões como a Amazônia, por exemplo, cuja flora é pouco

conhecida, tais publicações se tornam ultrapassadas dentro de poucos anos.

No contexto atual, as chaves interativas de entradas múltiplas estão se tornando cada vez

mais populares. Estas ferramentas possibilitam a livre escolha de caracteres a serem analisados

pelo usuário (Bittrich et al. 2012, Chrétiennot-Dinet et al. 2014), o qual pode optar pela

utilização caracteres mais fáceis de serem observados, sendo que estruturas ausentes no material

examinado não necessariamente comprometem a sua identificação. Além disso, a publicação

online de tais chaves possibilita a sua constante atualização.

Chaves interativas de entradas múltiplas produzidas para a flora brasileira podem ser

encontradas em Bittrich et al. (2012), Espírito Santo et al. (2013) e produzidas pelo

Departamento de Biologia Vegetal da Unicamp, no endereço http://www2.

ib.unicamp.br/profs/volker/.

O presente estudo, o qual é apresentado em dois capítulos, tem como objetivos:

Produzir uma monografia taxonômica sobre a família Rubiaceae no município de

Camanducaia, MG, contendo descrições, chaves de identificação e comentários sobre

características diagnósticas das espécies encontradas, seus habitats e períodos de floração;

Page 29: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

9

Avaliar aspectos fitogeográficos da região de estudo com base na distribuição geográfica

das espécies pertencentes à família Rubiaceae.

Produzir uma chave interativa de entradas múltiplas para as espécies encontradas no

município de Camanducaia, MG.

Referências Bibliográficas

APG – Angiosperm Phylogeny Group. 1998. An ordinal classification for the families of

flowering plants. Annals of the Missouri Botanical Garden 85: 531–553.

APG – Angiosperm Phylogeny Group. 2003. An update of the Angiosperm Phylogeny Group

classification for the orders and families of flowering plants: APG II. Botanical Journal of the

Linnaean Society 141: 399–436.

APG – Angiosperm Phylogeny Group. 2009. An update of the Angiosperm Phylogeny Group

classification for the orders and families of flowering plants: APG III. Botanical Journal of the

Linnean Society 161: 105–121.

AZEVEDO, L.G. 1962. Tipos de vegetação do sul de Minas e campos da Mantiqueira (Brasil).

Anais da Academia Brasileira de Ciências 34: 225–234.

BACKLUND, M.; OXELMAN, B. & BREMER, B. 2000. Phylogenetic relationships within the

Gentianales based on ndhF and rbcL sequences, with particular reference to the Loganiaceae.

American Journal of Botany 87: 1029–1043.

BARBOSA, M. R., ZAPPI, D., TAYLOR, C., CABRAL, E., JARDIM, J. G., PEREIRA, M. S.,

CALIÓ, M. F., PESSOA, M. C. R., SALAS, R., SOUZA, E. B., DI MAIO, F. R., MACIAS, L,

ANUNCIAÇÃO, E. A., GERMANO FILHO, P. & OLIVEIRA, J. A. 2013. Rubiaceae in Lista de

Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

(http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2012/FB000210). Acesso em 14 Jan 2013.

Page 30: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

10

BITTRICH, V., SOUZA, C.S.D., COELHO, R.L.G., MARTINS, M.V., HOPKINS, M.J.G. &

AMARAL, M.C.E. 2012. An interactive key (Lucid) for the identifying of the genera of seed

plants from the Ducke Reserve, Manaus, AM, Brazil. Rodriguésia 63: 55–64.

BREMEKAMP, C.E.B. 1934. Notes on the Rubiaceae of Surinam. Recueil des Travaux

Botaniques Neerlandais 31: 248–308.

BREMEKAMP, C.E.B. 1966. Remarks on the position, the delimitation, and the subdivision of

the Rubiaceae. Acta Botanica Neerlandica 15: 1–33.

BREMER, B. 1996. Phylogenetic studies within Rubiaceae and relationships to other families

based on molecular data. Opera Botanica Belgica 7: 33–50.

BREMER, B. 2009. A Review of Molecular Phylogenetic Studies of Rubiaceae. Annals of the

Missouri Botanical Garden 96(1): 4–26.

BREMER, B.; ANDREASEN, K. & OLSSON, D. 1995. Subfamilial and tribal relationships in

the Rubiaceae based on rbcl sequence data. Annals Missouri Botanical Garden 82: 383–397.

BREMER, B. & ERIKSSON, O. 1992. Evolution of fruit characters and dispersal modes in the

tropical family Rubiaceae. Biological Journal of the Linnean Society 47: 79–95.

BREMER, B. & ERIKSSON, O. 2009. Time tree of Rubiaceae: phylogeny and dating the family,

subfamily, and tribes. International Journal of Plant Science 170: 766–793.

BREMER, B. & JANSEN, R.K. 1991. Comparative restriction site mapping of de chloroplast

DNA implies new phylogenetic relationships within the Rubiaceae. American Journal of Botany

78: 198–213.

Page 31: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

11

CHRÉTIENNOT-DINET, M.J., DESREUMAUX, N. & VIGNES-LEBBE, R. 2014. An

interactive key to the Chrysochromulina species (Haptophyta) described in the literature.

Phytokeys 34: 47–60.

COSTA, L.P. 2003. The historical bridge between the Amazon and the Atlantic Forest of Brazil:

a study of molecular phylogeography with small mammals. Journal of Biogeography 30: 71–86.

COSTA, C.M.R.; HERMANN, G.; MARTINS, C.S.; LINS, L.V. & LAMAS, I.R. (orgs.) 1998.

Biodiversidade em Minas Gerais: um atlas para sua conservação. Fundação Biodiversitas, Belo

Horizonte. 94pp.

CRACRAFT, J. & PRUM, R.O. 1988. Patterns and processes of diversification: speciation and

historical congruence in some neotropical birds. Evolution 42: 603–620.

CRONQUIST, A. 1981. An integrated system of classification of flowering plants. Columbia

University Press, New York, 1262 pp.

DAVIS, A.P.; GOVAERTS, R.; BRIDSON, D.M.; RUHSAM, M.; MOAT, J. & BRUMMITT,

N.A. 2009. A Global Assessment of Distribution, Diversity, Endemism, and Taxonomic Effort in

the Rubiaceae. Annals of the Missouri Botanical Garden 96: 68–78.

DELPRETE, P. G. 1999. Rondeletieae (Rubiaceae). Part I. Flora Neotropica Monographs 77: 1–

226.

DELPRETE, P.G. 2010a. Rubiaceae – Parte 1: Introdução, Gêneros A-H. In: RIZZO, J.A.

(coord.). Flora dos estados de Goiás e Tocantins. Vol. 40. IRD/UFG, Universidade Federal de

Goiás, Goiânia. pp. 1–580.

Page 32: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

12

DELPRETE, P.G. 2010b. Rubiaceae – Parte 3: Gêneros S-W, Índices. In: RIZZO, J.A. (coord.).

Flora dos estados de Goiás e Tocantins. Vol. 40. IRD/UFG, Universidade Federal de Goiás,

Goiânia. pp. 1098-1610.

DELPRETE, P.G. & JARDIM, J. G. 2012. Systematics, taxonomy and floristics of Brazilian

Rubiaceae: an overview about the current status and future challenges. Rodriguésia 63: 101–128.

DELPRETE, P.G.; SMITH, L.B & KLEIN, R.B. 2004. Rubiáceas. Vol. I – Gêneros de A-G: 1.

Alseis até 19. Galium. (com observações ecológicas por Klein, R.; Reis, A. & Iza, O.). In: REIS,

A. (ed.). Flora ilustrada catarinense. Herbário Barbosa Rodrigues, Itajaí. pp. 1–344.

DELPRETE, P.G.; SMITH, L.B & KLEIN, R.B. 2005. Rubiáceas. Vol. 2 – Gêneros de G-Z: 20.

Gardenia até 46. Tocoyena (com observações ecológicas por Klein, R.; Reis, A. & Iza, O.). In:

REIS, A. (ed.). Flora ilustrada catarinense. Herbário Barbosa Rodrigues, Itajaí. pp. 345–843.

ERBAR, C. 1991. Sympetaly—a systematic character. Botanische Jahrbücher für Systematik,

Pflanzengeschichte und Pflanzengeographie 112: 417–451.

ESPÍRITO SANTO, F.S., SIQUEIRA, A.A. & RAPINI, A. 2013. Chave interativa para a

identificação das espécies da Aliança Tabebuia (Bignoniaceae) no estado da Bahia, Brasil. Biota

Neotropica 13: 345–349.

FIASCHI, P. & PIRANI. J.R. 2009. Review of plant biogeographic studies in Brazil. Journal of

Systematics and Evolution 47: 477–496.

GOLFARI, L. 1975. Zoneamento Ecológico do estado de Minas Gerais para reflorestamento.

Brasília: PRODERPEF, n.3, 65 pp.

Page 33: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

13

GOVAERTS, R.; ANDERSSON, L.; ROBBRECHT, E.; BRIDSON, D.; DAVIS, A.;

SCHANZER, I. & SONKE, B. 2006. World Checklist of Rubiaceae. The Board of Trustees of

the Royal Botanic Gardens, Kew. http://www.kew.org/wcsp/rubiaceae/.

JUNG-MENDAÇOLLI, S.L. (coord.). 2007. Rubiaceae. In: WANDERLEY, M.G.L.;

SHEPHERD, G.J.: MELHEM, T.S. & GIULIETTI, A.M. (eds.). Flora Fanerogâmica do Estado

de São Paulo Vol. 5, Instituto de Botânica, São Paulo, pp. 259–460.

JUSSIEU, A.L. de. 1789. Rubiaceae. Genera Plantarum secundum ordines naturales disposita,

juxta methodum in horto regio parisiensis exaratum. Herissant & Barrois, Paris. pp. 196–210.

MABBERLEY, D.J. 2008. Mabberley’s plant book: a portable dictionary of plants, their

classification and uses. Cambridge University Press, Cambridge, 1019 pp.

MACHADO-FILHO, L.; RIBEIRO, M.W.; GONZALES, S.R.; SCHENINI, C.A.; SANTOS-

NETO, A.; PALMEIRA, R.C.B.; PIRES, J.L.; TEIXEIRA, W. & CASTRO, H.E.F. 1983. In:

Projeto RADAMBRASIL. Geologia. Folhas EF: 23/24 Rio de Janeiro/Vitória. v.32., pp. 56–66.

MEIRELES, L.D. 2003. Florística das fisionomias vegetacionais e estrutura da Floresta Alto-

Montana de Monte Verde, Serra da Canastra, MG. Tese de Mestrado – Unicamp, Universidade

Estadual de Campinas, Campinas, 93 pp.

MEIRELES, L.D. 2009. Estudos Florísticos, Fitossociológicos e Fitogeográficos em Formações

Altimontanas da Serra da Mantiqueira Meridional, Sudeste do Brasil. Tese de Doutorado –

Unicamp, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 273 pp.

MOREIRA, A.A.N. & CAMELIER, C. 1977. Relevo. In Geografia do Brasil. Fundação Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística, Rio de Janeiro, v.3, pp.1–150.

Page 34: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

14

MORRONE, J.J. 2006. Biogeographic areas and transition zones of Latin America and the

Caribbean Islands based on panbiogeographic and cladistic analyses of the Entomofauna. Annual

Review of Entomology 51: 467–494.

MÜLLER, J. 1881-1888. Rubiaceae. In: Flora Brasiliensis (C.F.P Martius & A.G. Eichler, eds)

6(5):1–485.

MYERS, N., MITTERMEIER, R.A., MITTERMEIER, C.G., FONSECA, G.A.B. & KENT, J.

2000. Biodiversity hotspots for conservation priorities. Nature 403(6772): 853–858.

http://dx.doi.org/10.1038/35002501.

OLIVEIRA-FILHO, A.T. & FONTES, M.A.L. 2000. Patterns of floristic differentiation among

Atlantic forests in southeastern Brazil and the influence of climate. Biotropica 32: 793–810.

PEREIRA, Z.V; CARVALHO-OKANO, R.M. & GARCIA, F.C.P. 2006. Rubiaceae Juss. da

Reserva Florestal Mata do Paraíso, Viçosa, MG, Brasil. Acta Botanica Brasilica 20(1): 207–224.

PEREIRA, Z.V.; KINOSHITA, L.S. 2013. Rubiaceae Juss. do Parque Estadual das Várzeas do

Rio Ivinhema, MS, Brasil. Hoehnea 40(2): 205–251.

PERRET, M.; CHAUTEMS, A. & SPICHIGER, R. 2006. Dispersal–vicariance analysis in the

tribe Sinningieae (Gesneriaceae): a clue to understanding biogeographical history of the Brazilian

Atlantic Forest. Annals of the Missouri Botanical Garden 93: 340–358.

PESSOA,M.C.R.; BARBOSA, M.R.V. 2012. A família Rubiaceae Juss. no Cariri Paraibano.

Rodriguésia 63(4).

PINTO-DA-ROCHA, R.; SILVA, M.B. da & BRAGAGNOLO, C. 2005. Faunistic similarity and

historic biogeography of the harvestmen of southern and southeastern Atlantic rain forest of

Brazil. The Journal of Arachnology 33: 290–299.

Page 35: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

15

PRANCE, G.T. 1982. A review of the phytogeographic evidences for Pleistocene climate

changes in the Neotropics. Annals of the Missouri Botanical Garden 69: 594–624.

RIBEIRO, M. C.; METZGER, J. P.; MARTENSEN, A. C.; PONZONI, F. J. & HIROTA, M. M.

2009. The Brazilian Atlantic Forest: How much is left, and how is the remaining forest

distributed? Implications for conservation. Biological Conservation 142: 1144–1156.

ROBBRECHT, E. 1988. Tropical woody Rubiaceae. Opera Botanica Bélgica 1: 1–127.

ROBBRECHT, E. & MANEN, J.F. 2006. The major evolutionary lineages of the coffee family

(Rubiaceae, angiosperms). Combined analysis (nDNA and cpDNA) to infer the position of

Coptosapelta and Luculia, and supertree construction based on rbcL, rps16, trnL- trnF and atpB-

rbcL data. A new classification in two subfamilies, Cinchonoideae and Rubioideae. Systematics

and Geography of Plants 76: 85–146.

SAFFORD, H.D. 1999. Brazilian Paramos I. An introduction to the physical environment and

vegetation of the campos de altitude. Journal of Biogeography 26 : 693–712.

SCHUMANN, K. 1888-1889. Rubiaceae. In: Flora Brasiliensis (C.F.P. Martius & A.G. Eichler,

eds) 6(6):1-466.

SCHUMANN, K. 1891. Rubiaceae. In: Engler, A. & Prantl, K. (eds.). Die Natürlichen

Pflanzenfamilien 4(4): 1–156.

SILVA, J.M.C. da; SOUZA, M.C. de & CASTELLETI, C.H.M. 2004. Areas of endemism for

passerine birds in the Atlantic forest, South America. Global Ecology and Biogeography 13: 85–

92.

Page 36: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

16

SOBRAL, M. & STEHMANN, J.R. 2009. An analysis of new angiosperm species discoveries in

Brazil (1990 - 2006). Taxon 58: 227–232.

STEHMANN, J.R. [ed.] 2009. Plantas da Floresta Atlântica. Jardim Botânico do Rio de Janeiro,

516 pp.

STRUWE, L.; ALBERT, V.A. & BREMER, B. “1994” [1995]. Cladistics and family-level

classification of the Gentianales. Cladistics 10: 175–206.

TAYLOR, C.M.; CAMPOS, M.T.V.A. & ZAPPI, D. 2007. Flora da reserva Ducke, Amazonas,

Brasil: Rubiaceae. Rodriguésia 58 (3): 549-616.

VERDCOURT, B. 1958. Remarks on the classification of the Rubiaceae. Bulletin du Jardin

Botanique de l'Etat à Bruxelles 28: 209–281.

Page 37: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

17

Capítulo 1:

A Família Rubiaceae Juss. no Município de Camanducaia, Minas Gerais, Serra da

Mantiqueira, Brasil: Taxonomia e Aspectos Fitogeográficos

Resumo

Rubiaceae é uma família cosmopolita, distribuída principalmente por regiões tropicais e

subtropicais do planeta. Nela estão incluídos cerca de 620 gêneros e mais de 13000 espécies. No

Brasil são reconhecidos 120 gêneros e 1392 espécies. A Mata Atlântica, considerada “hotspot”

para conservação da biodiversidade, abriga cerca de 600 espécies de Rubiaceae. A Serra da

Mantiqueira, na qual se localiza o município de Camanducaia, extremo sul de Minas Gerais,

apresenta importantes remanescentes deste domínio fitogeográfico. Este estudo tem como

objetivos realizar uma pesquisa taxonômica sobre a família Rubiaceae no extremo sudoeste da

Serra da Mantiqueira, no município de Camanducaia, e avaliar aspectos fitogeográficos da região

com base na análise da distribuição geográfica das espécies nativas. O levantamento florístico foi

realizado através de viagens de coleta e consulta a herbários. A família Rubiaceae está

representada no município de Camanducaia por 17 gêneros e 34 espécies, duas subespécies e

duas variedades. Uma monografia taxonômica é apresentada. A análise da distribuição geográfica

de espécies endêmicas da Mata Atlântica corrobora a separação deste domínio fitogeográfico em

regiões norte e sul. Neste contexto, a região de Camanducaia desempenha a função de corredor e

refúgio de espécies endêmicas da floresta Atlântica do sul.

Palavras chave: afloramento rochoso, floresta ombrófila densa, floresta ombrófila mista,

Galianthe, Manettia, Psychotria

Rubiaceae Family at Camanducaia Municipality, Minas Gerais, Mantiqueira Mountain

Range, Brazil: Taxonomy and Phytogeographic Aspects

Abstract

Rubiaceae is a cosmopolitan family, mainly distributed along tropical and subtropical regions

throughout the world, and comprises around 620 genera and 13000 species. In Brazil 120 genera

Page 38: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

18

and 1392 species have been recognized. The Atlantic Rain Forest, considered to be a hotspot for

biodiversity conservation, harbors ca. 600 Rubiaceae species. The Mantiqueira Mountain Range,

in which Camanducaia municipality is located, Southern Minas Gerais, exhibits important

remnants of this phytogeographic domain. This study aims to conduct a taxonomic survey on the

Rubiaceae family at the southwestern Mantiqueira Mountain Range, at Camanducaia

municipality, and to asses phytogeographic aspects of the region on the basis of native species

geographic distribution analysis. The floristic survey was based on field expeditions and

herbarium material analisis. The Rubiaceae family is represented at Camanducaia municipality

by 17 genera and 34 species, two subspecies and two varieties. A taxonomic monograph is

presented. The geographic distribution analysis of the species endemic to the Atlantic Rainforest

corroborates for a separation of southern and northern regions of this phytogeographic domain.

Within this context, the Camanducaia region performs the function of corridor and refuge of

species endemic to the southern Atlantic forest.

Keywords: Araucaria forest, Galianthe, Manettia, Psychotria, rainforest, rock outcrop

1. Introdução

Rubiaceae é uma família cosmopolita, cuja diversidade e biomassa se concentram nos

trópicos e subtrópicos (Davis et al. 2009), composta por cerca de 620 gêneros e mais de 13000

espécies (Govaerts et al. 2006). Segundo Davis et al. (2009), a família apresenta alta

sensibilidade ecológica, considerável nível de endemismo e espécies de distribuição restrita, o

que a torna vulnerável frente às mudanças ambientais globais e influência antrópica em escala

local.

No Brasil, Rubiaceae é representada por 120 gêneros (29 endêmicos) e 1392 espécies

(791 endêmicas), ocorrendo em todos os estados e domínios fitogeográficos e praticamente todos

os tipos de fitofisionomias do país (Barbosa et al. 2013). Os domínios fitogeográficos mais

representativos em diversidade são Amazônia, com 754 espécies, e Mata Atlântica, com 599

espécies. As regiões mais diversas são a Norte, com 1408 espécies, e a Sudeste, com 1152

espécies. Segundo Davis et al. (2009), estas regiões ocupam a quarta e sexta posições,

respectivamente, entre as regiões mais diversas do mundo para Rubiaceae em números totais de

Page 39: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

19

espécies, e 44° e 13° posições em diversidade relativa. Estes dados corroboram a importância

dessas regiões em termos de diversidade para a família e demonstram o caráter emergencial da

conservação de seus remanescentes de vegetação nativa, principalmente na região Sudeste, que

segundo estes autores, é a sexta região em número bruto de espécies endêmicas de Rubiaceae do

mundo.

A Mata Atlântica é considerada um dos hotspots mundiais para a conservação da

biodiversidade (Myers 1998). O Brasil abriga 95% deste domínio fitogeográfico, o qual inclui

formações florestais e não-florestais que ocorrem ao longo da costa brasileira, com grande

amplitude latitudinal (Stehmann et al. 2009).

Segundo Fiaschi & Pirani (2009), a maioria dos estudos relacionados à biogeografia da

Mata Atlântica (Cracraft & Prum 1988, Costa 2003, Silva et al. 2004, Pinto-da-Rocha et al. 2005,

Perret et al. 2006) apontam para uma separação histórica entre as regiões norte e sul deste

domínio fitogeográfico, cujas diferenças florísticas são corroboradas por inferências

filogenéticas. Estas regiões apresentam seus limites mais ou menos coincidentes com o vale do

Rio Doce, ao norte do Espírito Santo: a floresta Atlântica do norte ocorre do Rio Grande do Norte

(ca. 5° S) até o norte do Espírito Santo (ca. 19° S), enquanto a floresta Atlântica do sul ocorre a

partir deste limite até o sul de Santa Catarina (ca. 29° S). A delimitação adotada no presente

estudo da floresta Atlântica do sul segue Fiaschi & Pirani (2009), a qual inclui uma grande

extensão ocidental de florestas sazonalmente secas no sudeste do Brasil, Paraguai oriental e

província de Misiones na Argentina (Oliveira-Filho & Fontes 2000) e a Província da Floresta de

Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze (Morrone 2006).

No contexto da floresta Atlântica do sul, a Serra do Mar e a Serra da Mantiqueira, no

sudeste do Brasil, destacam-se como extensos centros de endemismo de espécies (Prance 1982,

Silva et al. 2004, Pinto-da-Rocha et al. 2005). A Serra da Mantiqueira destaca-se por ainda

apresentar extensas áreas de vegetação nativa, principalmente em regiões mais elevadas, onde o

difícil acesso e o baixo potencial madeireiro contribuíram para sua preservação (Costa et al.

1998). As áreas protegidas desta cadeia de montanhas figuram entre as mais insubstituíveis do

mundo em termos de biodiversidade (Saout et al. 2013), e sua proximidade com grandes centros

urbanos como São Paulo e Rio de Janeiro fornecem uma oportunidade para que novos modelos

Page 40: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

20

de conservação e sustentabilidade sejam considerados, como o adotado nas Montanhas

Adirondacks, nos Estados Unidos (Becker et al. 2013).

Este estudo tem como objetivos realizar uma pesquisa taxonômica sobre a família

Rubiaceae no extremo sudoeste da Serra da Mantiqueira, no município de Camanducaia, e avaliar

aspectos fitogeográficos da região com base na análise da distribuição geográfica das espécies

nativas.

2. Material e Métodos

2.1. Região de Estudo

O município de Camanducaia localiza-se no extremo sudoeste da Mantiqueira Meridional, no

Planalto de Campos do Jordão, região Sudeste do Brasil, na divisa entre os estados de Minas

Gerais e São Paulo (Fig. 1A). A vegetação da região (Fig. 1B–F) é composta predominantemente

por floresta ombrófila densa montana e alto-montana, além de floresta ombrófila mista (mata de

araucária), campos de altitudes e afloramentos rochosos (Meireles 2003). Segundo Meireles

(2003), os campos de altitude localizam-se em áreas mais planas, a partir de 1500 m de altitude,

justamente onde se situa o distrito de Monte Verde, e por isso, atualmente, encontram-se

totalmente descaracterizados devido à ocupação humana. A altitude pode chegar até 2.082m

(Martins, 2000). O clima é caracterizado como subtropical de altitude (Martins, 2000). Latossolos

vermelho-amarelo distróficos são encontrados nas áreas mais baixas e cambissolos álicos nas

áreas mais elevadas, bem como afloramentos rochosos granitidóides (Machado-Filho et al. 1983).

Page 41: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

21

Figura 1. A. localização do município de Camanducaia; B. aspecto geral da região; C.

afloramento rochoso; D. área de transição entre floresta ombrófila densa alto-montana e

afloramento rochoso; E. interior de floresta ombrófila densa montana; F. floresta ombrófila mista

alto-montana.

2.2. Levantamento Florístico

Este estudo se baseou em viagens para coleta de material específico da família Rubiaceae

em Camanducaia e análise de coleções da família provenientes da região de estudo depositadas

em herbários. Sete viagens de coleta foram realizadas, nos meses de abril (duas viagens), julho e

setembro de 2012, e janeiro, abril e dezembro de 2013, totalizando cerca de 140 espécimes

C

E F

A

D

B

Page 42: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

22

coletados. Estas coletas ocorreram de maneira assistemática, principalmente nos arredores do

distrito de Monte Verde, ao longo de suas estradas, trilhas e picos. Além de materiais para

montagem de exsicatas, dados de floração das espécies, bem como de seus habitats, foram

obtidos através de observações em campo, e amostras de folhas foram coletadas em sílica gel

para a realização de estudos futuros, baseados em dados moleculares. Os materiais coletados

foram herborizados (flores e frutos foram fixados em álcool 70% quando possível, para análise

em laboratório), identificados (com base em literatura específica da família, consulta às imagens

de materiais tipos disponíveis no JSTOR, comparação com materiais depositados no herbário

UEC e/ou consulta a especialistas na família) e incorporados ao herbário UEC. Duplicatas de

espécimes coletados foram doadas ao herbário CTES (Instituto de Botánica del Nordeste) e MO

(Missouri Botanical Garden). As coleções dos herbários BHCB, ESA, IAC, MBM, SP e UEC

foram analisadas pessoalmente e registros das espécies inventariadas dos herbários FUEL,

HUEFS, MO, NY, RB, SPSF, UPCB foram analisados on line. A consulta a estas coleções

também ampliaram dados de floração e de habitats preferenciais das espécies, obtidos através das

etiquetas das exsicatas analisadas.

Descrições e chaves de identificação dicotômicas foram elaboradas. Os táxons supra-

específicos foram descritos com base na literatura específica da família e as espécies com base

nos materiais analisados, seguindo a terminologia morfológica de Radford et al. (1974). Tais

descrições foram complementadas a partir da análise de materiais adicionais de outras

áreas/regiões quando necessário. Comentários acerca da distribuição geográfica de gêneros e

espécies são feitos após cada descrição, adicionando-se também comentários sobre diversidade

no caso dos gêneros e obra contendo a sinonímia adotada, ilustrações de referência, habitats,

períodos de floração e características diagnósticas no caso das espécies.

Aspectos fitogeográficos da região de estudo foram avaliados a partir da análise da

distribuição geográfica de espécies, subespécies ou variedades, endêmicos do domínio

fitogeográfico da Mata Atlântica. Camanducaia corresponde a um mosaico formado por áreas

perturbadas e vegetação nativa, portanto, espécies restritas a ambientes impactados e de

distribuição geográfica ampla não são informativas de um ponto de vista fitogeográfico. Para os

táxons analisados são apresentados os domínios fitogeográficos de ocorrência, fitofisionomias

ocupadas na região de estudo e distribuição geográfica em unidades políticas. Os domínios

Page 43: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

23

fitogeográficos de ocorrência, bem como distribuição geográfica em unidades políticas foram

obtidos através de literatura específica de cada gênero e complementados a partir de dados da

lista de espécies da flora do Brasil (Barbosa et al. 2013). As fitofisionomias foram categorizadas

de acordo com IBGE (2012) quando da observação em campo dos táxons. Táxons conhecidos da

região somente a partir da análise de materiais de herbário não possuem suas fitofisionomias

apresentadas quando estas não foram especificadas nas etiquetas. Os padrões fitogeográficos

relativos às espécies restritas à Mata Atlântica foram ilustrados em mapas a partir de dados

obtidos através de análise de materiais de herbário e registros dessas espécies na rede

SpeciesLink (http://splink.cria.org.br/), os quais foram selecionados a partir do determinador

(somente registros determinados por especialistas da família foram considerados).

3. Resultados

3.1. Inventário

A família Rubiaceae está representada no município de Camanducaia por 17 gêneros e 34

espécies, duas subespécies e duas variedades. As três subfamílias e seis tribos atualmente

reconhecidas em Rubiaceae estão representadas na região. Os gêneros mais diversos foram

Psychotria L., com sete espécies, seguido por Manettia Mutis ex L. e Borreria G.Mey., ambos com

cinco espécies, Coccocypselum P.Browne e Galium L. com três, Galianthe Griseb. e Richardia L.

com duas espécies cada, Coussarea Aubl., Guettarda L., Margaritopsis Wright, Mitracarpus Zucc.

ex Schult. & Schult.f., Palicourea Aubl., Posoqueria Aubl. e Randia L. com uma espécie cada.

Rudgea Salisb. apresentou duas subespécies, e Cordiera A.Rich. ex DC. e Declieuxia Kunth uma

variedade cada.

Page 44: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

24

Tabela 1. Classificação em subfamílias e tribos dos gêneros de Rubiaceae inventariados no

município de Camanducaia, MG. Números entre parênteses indicam o número de espécies,

subespécies ou variedades apresentadas por cada gênero.

Cinchonoideae Ixoroideae Rubioideae

Guettardeae

Guettarda (1)

Gardenieae

Cordiera (1)

Randia (1)

Posoquerieae

Posoqueria (1)

Coussareeae

Coccocypselum (3)

Coussarea (1)

Declieuxia (1)

Psychotrieae

Margaritopsis (1)

Palicourea (1)

Psychotria (7)

Rudgea (2)

Rubieae

Galium (3)

Spermacoceae sensu lato

Borreria (5)

Galianthe (2)

Manettia (5)

Mitracarpus (1)

Richardia (2)

3.2. Tratamento Taxonômico

Rubiaceae Juss.

Árvores, arbustos, subarbustos, lianas ou ervas, hermafroditas, menos frequentemente dióicas.

Ramos cilíndricos a achatados ou tetrágonos, ocasionalmente armados, costados ou alados.

Coléteres presentes na margem ou face adaxial das estípulas, geralmente na região nodal, e no

cálice, cônicos. Estípulas interpeciolares, livres ou conatas formando bainha ao redor do caule,

inteiras, lobadas ou fimbriadas. Folhas opostas, raramente verticiladas, sésseis a pecioladas;

lâminas simples, margens inteiras, domácias ocasionalmente presentes nas axilas das nervuras

Page 45: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

25

secundárias na face abaxial. Inflorescências cimosas ou racemosas, congestas a laxas, brácteas

geralmente presentes. Flores pediceladas a sésseis, actinomorfas, raramente zigomorfas,

homostílicas a heterostílicas, bissexuais, menos frequentemente unissexuais; cálice gamossépalo,

2–4–5–mero a truncado, geralmente persistente no fruto; corola gamopétala, raramente

dialipétala, (3–)4–5(–6)–mera, infundibuliforme, hipocrateriforme ou tubulosa, raramente rotada,

prefloração valvar, contorta ou imbricada; estames exsertos ou inclusos, epipétalos, em número

igual e alternos aos lobos da corola, anteras dorsifixas, deiscência por fendas longitudinais;

ovário ínfero, carpelos 2–5, (1–)2(–5)–locular, um a vários óvulos por lóculo, placentação axilar,

raramente parietal, estilete inteiro, raramente dividido desde a base, estigma inteiro ou lobado,

lobos estigmáticos em número igual aos carpelos. Frutos bacáceos, drupáceos, esquizocárpicos

ou capsulares. Sementes 2 a numerosas por fruto, raramente 1.

Chave de identificação para os gêneros de Rubiaceae no município de Camanducaia, MG.

1. Estípulas fimbriadas ................................................................................................................... 2

- Estípulas inteiras ou lobadas ........................................................................................................ 5

2. Inflorescências laxas, tirsóides, pleiotirsóides ou cimoidais com inflorescências parciais

fasciculadas ................................................................................................................... 6. Galianthe

- Inflorescências congestas, glomerulares, raramente tirsóides com inflorescências parciais

glomerulares ................................................................................................................................... 3

3. Cálice e corola 4–6–lobados; ovário 3–4–locular .................................................. 16. Richardia

- Cálice 2–4–lobado e corola (3–)4–lobada; ovário 2–locular ....................................................... 4

4. Fruto cápsula com deiscência longitudinal ou esquizocarpo ...................................... 1. Borreria

- Fruto cápsula com deiscência transversal ............................................................ 11. Mitracarpus

5. Ramos cilíndricos a achatados, portando crista longitudinal em ambos os lados ..................

............................................................................................................................... 10 Margaritopsis

- Ramos cilíndricos a achatados ou tetrágonos, desprovidos de crista longitudinal ....................... 6

6. Ramos tetrágonos; estípulas e folhas iguais em tamanho e forma ............................... 7. Galium

- Ramos tetrágonos, cilíndricos ou achatados; estípulas e folhas diferentes em tamanho e forma ...

......................................................................................................................................................... 7

Page 46: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

26

7. Estípulas providas de apêndices dorsais e/ou marginais ............................................ 17. Rudgea

- Estípulas desprovidas de apêndices .............................................................................................. 8

8. Frutos secos ................................................................................................................................ 9

- Frutos carnosos ........................................................................................................................... 10

9. Subarbustos ou ervas; frutos esquizocárpicos; sementes sem alas ......................... 5. Declieuxia

- Lianas; frutos capsulares; sementes aladas .................................................................. 9. Manettia

10. Corola infundibuliforme ou tubular, prefloração valvar ........................................................ 11

- Corola hipocrateriforme, prefloração contorta ou imbricada ..................................................... 14

11. Ervas reptantes; fruto baga; sementes várias ................................................. 2. Coccocypselum

- Árvores, arbustos, subarbustos ou ervas eretas; fruto drupa; sementes 1–2(–5) ........................ 12

12. Estípulas inteiras; frutos 1–seminados .................................................................. 4. Coussarea

- Estípulas inteiras ou bilobadas; frutos 2(–5)–seminados ........................................................... 13

13. Flores actinomorfas ou zigomorfas; corola amarela ........................................... 12. Palicourea

- Flores actinomorfas; corola branca a creme ........................................................... 14. Psychotria

14. Plantas dioicas; inflorescências em fascículos ou unifloras ................................................... 15

- Plantas hermafroditas; inflorescências em cimeiras ou corimbos .............................................. 16

15. Plantas inermes ........................................................................................................ 3. Cordiera

- Plantas armadas ............................................................................................................ 15. Randia

16. Inflorescências axilares, cimeiras dicotômicas; flores actinomorfas; corola 4–9–mera; estigma

capitado ........................................................................................................................ 8. Guettarda

- Inflorescências terminais, corimbo; flores zigomorfas; corola 5–mera; estigma bilobado .......

................................................................................................................................... 13. Posoqueria

1. Borreria Meyer (1818: 79), nom. cons.

Arbustos, subarbustos ou ervas, eretos ou decumbentes, hermafroditas. Ramos tetrágonos,

ocasionalmente alados. Estípulas fimbriadas. Inflorescências axilares e/ou terminais,

glomerulares, raramente tirsóides com inflorescências parciais glomerulares. Flores

actinomorfas, homostílicas; cálice (2–)4–mero; corola (3–)4–mera, infundibuliforme, branca,

Page 47: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

27

internamente pubescente na fauce, menos frequentemente glabra, prefloração valvar; ovário 2–

locular, lóculos 1–ovulados, estigma bilobado. Fruto cápsula septicida. Sementes 2.

Notas Gerais:—Borreria compreende ca. de 150 espécies e possui distribuição

pantropical (Mabberley 2008). No Brasil ocorre em todos os estados, totalizando 77 espécies

(Cabral & Salas 2013a). Um histórico e visão geral sobre a atual discussão relacionada ao

reconhecimento de Borreria ou sua sinonimização sob Spermacoce Linneaus (1753: 102), gênero

com o qual é relacionado, são apresentados por Delprete (2010b) e Miguel & Cabral (2013). Para

os propósitos do presente estudo, optou-se pelo reconhecimento de Borreria como gênero válido,

devido aos resultados ainda preliminares em estudos filogenéticos, os quais não apresentam

resolução no que diz respeito às relações entre estes táxons (Cabral et al. 2011, Miguel & Cabral

2013). Em Camanducaia, o gênero Borreria está representado por cinco espécies.

Chave de identificação para as espécies de Borreria no município de Camanducaia, MG.

1. Fruto separando-se em 2 mericarpos indeiscentes, ou apenas um destes parcialmente deiscente

......................................................................................................................................................... 2

- Fruto separando-se em 2 mericarpos deiscentes .......................................................................... 3

2. Ramos alados; inflorescências terminais, tirsóides, com inflorescências parciais

glomeriformes; mericarpos caducos ....................................................................... 1.4. B. palustris

- Ramos sem alas; inflorescências terminais e axilares, glomerulares; mericarpos persistentes .

............................................................................................................................... 1.3. B. ocymifolia

3. Folhas pseudoverticiladas; glomérulos (1–)2 por ramo; cálice 2–lobado ....................

.............................................................................................................................. 1.5. B. verticillata

- Folhas opostas, menos frequentemente pseudoverticiladas; glomérulos 3 a 7 por ramo; lobos

do cálice iguais ............................................................................................................................... 4

4. Ervas decumbentes; glomérulos 2-bracteados; estigma bilobado ........................ 1.2. B. latifolia

- Ervas ou subarbustos, eretos; glomérulos 4-6-bracteados; estigma capitado-biolobado ..........

.................................................................................................................................... 1.1.B. capitata

Page 48: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

28

1.1. Borreria capitata (Ruiz & Pavon) De Candolle (1830: 545)

≡ Spermacoce capitata Ruiz & Pavon (1798: 71)

Sinonímia em Cabral & Salas (2013a)

Fig. 2A–B

Subarbustos ou ervas 30–40 cm alt., eretos, simples ou ramificados. Ramos tetrágonos,

pubescentes a esparsamente pubescentes. Bainha estipular 1,9–2,3 mm compr., pubescente, 5–8

laciniada, lacínios 2,2–4,3 mm compr., lineares. Folhas sésseis, opostas, menos frequentemente

pseudoverticiladas; lâmina 2–4 × 0,3–1 cm, elíptica a estreitamente elíptica, base atenuada,

margem ciliolada, ápice agudo a acuminado, nervuras secundárias 3–4 pares conspícuos na face

abaxial, face adaxial pubescente a esparsamente pubescente, face abaxial pubescente ao longo

das nervuras primárias e secundárias, coriácea. Glomérulos axilares e terminais, 4–7 por ramo,

multifloros (mais de 10 flores); brácteas 4–6(–10), foliáceas. Flores sésseis a curtamente

pediceladas, pedicelos até ca. 2 mm compr., esparsamente hirsutos; hipanto 2–2,5 mm compr.,

tricomas esparsos no ápice; cálice 4–lobado, lobos 2–2,5 mm compr., estreitamente triangulares,

ciliados; corola 1,5–2 mm. compr., infundibuliforme, branca, externamente com tricomas

esparsos nos lobos, internamente pubescente na fauce, 4–lobada, lobos ca. 1 mm compr.,

triangulares; estames inseridos na fauce, filetes ca. 1 mm compr., anteras ca. 0,5 mm compr.;

estilete 3–3,2 mm compr., estigma capitado-bilobado, disco nectarífero bipartido. Cápsula

septicida, 1,5–2 mm compr., mericarpos deiscentes. Sementes 2, 1,3–1,5 mm compr.,

oblongoides, sulco longitudinal ventral coberto pelo estrofíolo.

Ilustrações:—Cabral & Bacigalupo (1999), p. 265, fig. 3.

Distribuição e habitat:—B. capitata distribui-se pela América do Sul na Guiana

Francesa, Venezuela, Peru e Bolívia, e em quase todos os estados do Brasil, em Cerrado s.l.,

Mata Atlântica (restinga) e Caatinga, sendo também registrada como erva daninha (Cabral et al.

2011). Em Camanducaia foi coletada em áreas perturbadas, como beira de estradas e pastos.

Fenologia:—Encontrada com flores e frutos em abril.

Discussão:—B. capitata possui variações em seu padrão de ramificação e largura da

lâmina foliar, entretanto pode ser caracterizada pelo hábito herbáceo a subarbustivo, ereto, pelos

Page 49: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

29

ramos pubescentes, principalmente nos ângulos, e glomérulos multifloros, portando 4–6(–10)

brácteas foliáceas.

Espécimes examinados:—BRASIL. Minas Gerais: município de Camanducaia, Estrada

Camanducaia–Monte Verde, 27 abril 2013, Carmo 126 (UEC), 27 abril 2013, Carmo 132 (UEC);

Monte Verde, Trilha para a Pedra do Selado, 12 junho 2012, Carmo 28 (UEC), 12 junho 2012,

Carmo 29 (UEC), 12 junho 2012, Carmo 31 (UEC), 12 junho 2012, Carmo 32 (UEC).

1.2. Borreria latifolia (Aublet) K.Schum. in Martius et al. (1888: 61)

≡ Spermacoce alata Aublet (1775: 55)

Sinonímia em Cabral et al. (2011: 262)

Subarbustos ou ervas, decumbentes, ramificados. Ramos tetrágonos, esparsamente pubescentes,

curtamente alados, margem das alas ciliadas. Bainha estipular 1,5–2,7 mm compr., pubescente,

5–7 laciniada, lacínios 2,4–4,8 mm compr., estreitamente triangulares, ciliados. Folhas sésseis;

lâmina 1,5–6 × 0,4–2,3 cm, ovada, elíptica ou obovada, base atenuada, decurrente, margem

ciliolada, ápice acuminado, nervuras secundárias 3–4 pares conspícuos na face abaxial, face

adaxial esparsamente pubescente, face abaxial esparsamente pubescente, pubescente ao longo das

nervuras primárias e secundárias, membranácea. Glomérulos axilares, 3–8 por ramo, paucifloros

(até 7 flores); brácteas 2, foliáceas. Flores sésseis a curtamente pediceladas; hipanto ca. 1,5 mm

compr., glabro; cálice 4–lobado, lobos 3–4 mm compr., lanceolados, ciliados; corola 4–4,2 mm.

compr., infundibuliforme, branca, raramente lilás, externamente esparsamente papilosa nos lobos,

internamente pubescente na fauce, 4–lobada, lobos ca. 2 mm. compr., triangulares; estames

inseridos na fauce, filetes ca. 1 mm compr., anteras ca. 1,1 mm compr.; estilete ca. 6 mm compr.,

estigma bilobado, ramos estigmáticos ca. 1 mm compr., disco nectarífero bipartido. Cápsula

septícida, 2,5–3 mm compr., mericarpos deiscentes. Sementes 2, ca. 2 mm compr., elipsoides,

sulco longitudinal ventral coberto pelo estrofíolo.

Ilustrações:—Burger & Taylor (1993), p. 19, fig. 5; Taylor & Steyermark (2004c), p.

534, fig. 424 (sob Borreria alata (Aublet) De Candolle (1830: 544)), p. 536, fig. 430.

Distribuição e habitat:—B. latifolia ocorre no México, Antilhas e América do Sul

(Burger & Taylor 1993). No Brasil, habita quase todo o país e todos os biomas, sendo

Page 50: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

30

especialmente abundante em cerrado e campo rupestre, podendo ser registrada como erva

daninha (Cabral et al. 2011). Em Camanducaia foi coletada em trilhas, beira de estradas e

subosque de floresta ombrófila densa.

Fenologia:—Encontrada com flores e frutos de dezembro a janeiro.

Discussão:—B. latifolia pode ser caracterizada pelo hábito herbáceo decumbente,

glomérulos 2-brateados, paucifloros, e estigma bilobado.

Espécimes examinados:—BRASIL. Minas Gerais: município de Camanducaia, Mata do

Altair, 20 dezembro 1999, Torres 1025 (IAC); Monte Verde, 31 outubro 2001, Meireles 721

(UEC), 11 dezembro 2001, Meireles 773 (UEC), 9 janeiro 2002, Meireles 860 (UEC), Trilha para

a Pedra do Selado, 12 junho 2012, Carmo 20 (UEC), 12 junho 2012, J.A.M. Carmo 21 (UEC), 12

junho 2012, Carmo 26 (UEC), trilha para o Platô, 24 janeiro 2013, Carmo 107 (UEC), trilha para

Pedra Partida, 18 dezembro 2013, Carmo 143 (UEC).

1.3. Borreria ocymifolia (Willd. in Roemer & Schultes) Bacigalupo & Cabral (1996: 307)

≡ Spermacoce ocymifolia Willd. in Roemer & Schultes (1818: 530)

Sinonímia em Cabral & Salas (2013a)

Fig. 2C–E

Ervas ca. 40 cm alt., eretas, simples ou escassamente ramificadas. Ramos tetrágonos,

pubescentes a glabros, estrigosos nos ângulos, ocasionalmente curtamente alados. Bainha

estipular 1,5–2 mm compr., pubescente, 5–7 laciniada, lacínios 1,7–5,2 mm compr., lineares,

ciliados. Folhas sésseis; lâmina 3–7,5 × 1–3 cm, ovada, base atenuada, margem ciliolada, ápice

acuminado, nervuras secundárias 4–5 pares conspícuos na face abaxial, face adaxial

esparsamente pubescente, face abaxial esparsamente pubescente, esparsamente estrigosa ao longo

das nervuras primárias e secundárias, cartácea. Glomérulos axilares, 7–9 por ramo, paucifloros

(até 6 flores); brácteas 2, foliáceas, diminuindo de tamanho ao longo do ramo. Flores não

analisadas. Cápsula septícida, 3–3,5 mm compr., mericarpos indeiscentes ou apenas um

parcialmente deiscente. Sementes 2, ca. 2,3 mm compr., elipsoides, sulco longitudinal ventral

parcialmente coberto pelo estrofíolo.

Page 51: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

31

Ilustrações:—Delprete et al. (2005), p. 733, fig. 125 (sob Spermacoce ocymifolia Willd.

in Roemer & Schultes (1818: 530)).

Distribuição e habitat:—B. ocymifolia distribui-se nas Antilhas e do sul do México ao

sul do Brasil, ocorrendo em quase todos os estados (Govaerts et al. 2006). Em Camanducaia foi

coletada em áreas perturbadas, como beira de estradas e pastos.

Fenologia:—Encontrada com frutos em abril.

Discussão:—B. ocymifolia caracteriza-se pelo porte ereto, com escassas ramificações, 7–

9 glomérulos por ramo, brácteas cada vez menores ao longo dos ramos e cápsula separando-se

em 2 mericarpos indeiscentes ou apenas um parcialmente deiscente.

Espécimes examinados:—BRASIL. Minas Gerais: município de Camanducaia, Estrada

Camanducaia–Monte Verde, 3 abril 2013, Carmo 2 (UEC), 3 abril 2013, Carmo 4 (UEC), 3 abril

2013, Carmo 5 (UEC), 3 abril 2013, Carmo 12 (UEC), 3 abril 2013, Carmo 16 (UEC), 3 abril

2013, Carmo 18 (UEC), 12 abril 2013, Carmo 33 (UEC).

1.4. Borreria palustris (Chamisso & Schlechtendal) Bacigalupo & Cabral (1998: 264)

≡ Diodia palustris Chamisso & Schlechtendal (1828: 347)

Sinonímia em Cabral & Salas (2013a)

Fig. 2F–J

Ervas até 15 cm alt., decumbentes, ramificadas na base, formando ramos curtos próximos ao

ápice. Ramos tetrágonos, radicantes, glabros, alados, margem das alas denteadas a escabras.

Bainha estipular 2,3–3,5 mm compr., glabra, 5–7 laciniada, lacínios 3,4–8,3 mm compr.,

estreitamente triangulares. Folhas sésseis; lâmina 1,2–4 × 0.8–2,4 cm, elíptica ou obovada, base

atenuada, margem ciliolada, ápice obtuso ou acuminado, nervuras secundárias 3–4 pares sulcados

na face adaxial e conspícuos na face abaxial, face adaxial glabra, face abaxial glabra, escabra ao

longo das nervuras primárias e secundárias, cartácea a firmemente cartácea. Tirsos terminais,

inflorescências parciais glomeriformes multifloras, curtamente pedunculados; brácteas 2,

foliáceas. Flores sésseis a curtamente pediceladas; hipanto ca. 1 mm compr., glabro; cálice 2–

3–lobado, lobos ca. 1 mm compr., triangulares, glabros; corola 0,5–1 mm. compr., estreitamente

infundibuliforme, branca, externamente esparsamente papilosa nos lobos, internamente glabra, 3–

Page 52: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

32

lobada, lobos ca. 1 mm. compr., triangulares; estames inseridos na fauce, filetes ca. 0,2 mm

compr., anteras ca. 0,3 mm compr.; estilete ca. 1,2 mm compr., estigma bilobado, ramos

estigmáticos ca. 0,5 mm compr., disco nectarífero bipartido. Cápsula septicida, 1,2–1,5 mm

compr., mericarpos indeiscentes, caducos. Sementes 2, ca. 1 mm compr., elipsoides, sulco

longitudinal ventral coberto pelo estrofíolo.

Ilustrações:—Bacigalupo & Cabral (1998), p. 265, fig. 2; Delprete et al. (2005), p. 741,

fig. 127 (sob Spermacoce palustris (Chamisso & Schlechtendal) Delprete (2005: 740)).

Distribuição e habitat:—B. palustris distribui-se no Sudeste e Sul do Brasil, Colômbia,

Peru e Nordeste da Argentina, em terras baixas, inundáveis ou pantanosas (Cabral et al. 2011).

Em Camanducaia foi coletada em campos de terrenos brejosos e próximas a poças de água em

bordas de fragmentos de mata e pastos.

Fenologia:—Coletada com flores e frutos de janeiro a abril.

Discussão:—Caracteriza-se pelo hábito prostrado, ramos conspicuamente alados,

inflorescências tirsóides com inflorescências parciais glomeriformes, corola 3–lobada e frutos

dividindo-se em mericarpos indeiscentes e caducos.

Espécimes examinados:—BRASIL. Minas Gerais: município de Camanducaia, Estrada

Camanducaia–Monte Verde, 27 abril 2013, Carmo 125 (UEC); Mata dos Vargas, 1000 m, 20

março 2000, Torres 1176 (IAC); Monte Verde, 24 janeiro 2013, Carmo 111 (UEC).

1.5. Borreria verticillata (Linnaues) Meyer (1818: 83)

≡ Spermacoce verticillata Linnaues (1753: 102)

Sinonímia em Cabral & Salas (2013a)

Fig. 2K–M

Subarbustos 20–50 cm alt., eretos, ramificados. Ramos tetrágonos, pubérulos a glabros. Bainha

estipular 2,5–4,5 mm compr., pubérula a glabrescente, 5–7 laciniada, lacínios 4,3–8,3 mm

compr., lineares. Folhas sésseis, pseudoverticiladas; lâmina 2–7,5 × 0,4–1,5 cm, estreitamente

elíptica ou lanceolada, base atenuada, margem ciliolada, ápice acuminado, nervuras secundárias

3-4 pares inconspícuos, face adaxial glabra, face abaxial esparsamente estrigosa ao longo das

nervuras primárias e secundárias, membranácea a cartácea. Glomérulos terminais, (1–)2 por

Page 53: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

33

ramo, multifloros; brácteas 2–4, foliáceas. Flores sésseis a subsésseis; hipanto ca. 2 mm

compr., glabro; cálice 2–lobado, lobos ca. 2 mm compr., estreitamente triangulares, pubescentes;

corola 1,5–2 mm compr., infundibuliforme, branco-esverdeada a branca, externamente glabra,

internamente pubescente na fauce, (3–)4–lobada, lobos ca. 1 mm. compr., triangulares; estames

inseridos na fauce, filetes ca. 1,5 mm compr., anteras ca. 0,5 mm compr; estilete ca. 3 mm

compr., estigma capitado-bilobado, disco nectarífero bipartido. Cápsula septicida, 1,5–2 mm

compr., mericarpos deiscentes, raramente indeiscentes. Sementes 2, ca. 1,3 mm compr.,

elipsoides, sulco longitudinal ventral parcialmente coberto pelo estrofíolo.

Ilustrações:—Porto et al. (1977), p. 104, fig. IX1; Taylor & Steyermark (2004c), p. 534,

fig. 425.

Distribuição e habitat:—Segundo Cabral et al. (2011), B. verticillata distribui-se desde

os EUA até o norte da Argentina e é introduzida no oeste da África. Ainda segundo estes autores,

trata-se de uma espécie heliófila de ampla distribuição no Brasil, que cresce em beira de estradas,

com solos arenosos e por ocasião muito erodidos, e em ambientes secundários de formações

vegetais variadas. Em Camanducaia foi coletada em beira de estradas e trilhas e em afloramentos

rochosos.

Fenologia:—Encontrada com flores de junho a dezembro e frutos em maio.

Discussão:—B. verticillata possui grande variação quanto ao tamanho e forma das folhas,

entretanto pode ser facilmente caracterizada pelas folhas pseudoverticiladas, ramos com 1 ou 2

glomérulos terminais e cálice 2–lobado.

Espécimes examinados:—BRASIL. Minas Gerais: município de Camanducaia, Estrada

para Gonçalves, 20 dezembro 2013, Carmo 158 (UEC); Mata do Altair, 20 dezembro 1999,

Torres 1028 (IAC); Mata dos Mota, 900 m, 22°44’S 46°0.9’W, 14 outubro 1999, Torres 829

(IAC); Melhoramentos, 13 julho 2012, Carmo 66 (UEC); Monte Verde, Afloramento do Platô,

12 julho 2001, Meireles 804 (UEC), 7 novembro 2001, Meireles 730 (UEC), Pedra Redonda,

22°53’15.7’’S 46°01’17.3’’W, 16 maio 2002, Lewinson 40 (UEC), Platô, 12 julho 2012, Carmo

52 (UEC), Trilha para a Pedra Partida, 18 dezembro 2013, Carmo 146 (UEC), Trilha para o

Platô, 12 julho 2012, Carmo 43 (UEC), 12 julho 2012, Carmo 45 (UEC).

Page 54: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

34

2. Coccocypselum Browne (1756: 144)

Ervas reptantes, hermafroditas. Ramos cilíndricos a subcilíndricos. Estípulas inteiras,

subuladas. Inflorescências axilares, sésseis ou pedunculadas, dicásios congestos, raramente

unifloras. Flores actinomorfas, heterostílicas; cálice 4–mero; corola 4–mera, infundibuliforme,

tubo alvo, fauce e lobos lilases, raramente vináceos, internamente pubescente na fauce,

ocasionalmente também nos lobos, prefloração valvar; ovário 2–locular, lóculos pluriovulados,

estigma bilobado. Fruto baga azulada. Sementes numerosas.

Notas Gerais:—Gênero neotropical, representado por 35 espécies, com maior diversidade

na costa atlântica do Brasil (Costa & Mamede 2002, Costa 2004). No Brasil ocorre nas regiões

Centro-oeste, Sudeste e Sul, e nos estados de Alagoas, Amazonas, Amapá, Bahia, Ceará,

Maranhão, Pará, Pernambuco, Roraima e Tocantins, totalizando 16 espécies reconhecidas (Calió

2013a). Em Camanducaia, Coccocypselum está representado por três espécies.

Chave de identificação para as espécies de Coccocypselum no município de Camanducaia,

MG.

1. Lâmina foliar 0,5–1 × 0,5–1 cm, ovada a orbicular; inflorescência 1–flora ........................

........................................................................................................................... 2.3. C. lymansmithii

- Lâmina foliar 1,9–4,5 × 1,1–2,6 cm, lanceolada a ovada; inflorescências em cimeiras congestas

......................................................................................................................................................... 2

2. Ramos esparsamente seríceos a glabros; cimeira congesta subglobosa; lobos do cálice

esparsamente pubescentes a glabros ....................................................................... 2.1. C. condalia

- Ramos velutinos; cimeira congesta globosa; lobos do cálice velutinos ......... 2.2. C. lanceolatum

2.1. Coccocypselum condalia Persoon (1805: 132)

Sinonímia em Costa (2004: 50)

Ervas rasteiras. Ramos cilíndricos, ocasionalmente vináceos, esparsamente seríceos a glabros.

Estípulas 3–5 mm compr., subuladas, esparsamente seríceas a glabras. Folhas pecioladas,

Page 55: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

35

pecíolos 5–15 mm compr., esparsamente seríceos; lâmina 1,9–4,5 × 1,2–2,5 cm, ovada a

lanceolada, base oblíqua, truncada ou cordada, margem ciliada, ápice agudo, nervuras

secundárias 7–8 pares conspícuos na face abaxial, ambas as faces esparsamente seríceas a

glabras, membranácea. Cimeira congesta, fasciculada, subglobosa; pedúnculo 2–4 cm compr.,

esparsamente seríceo; brácteas 2, ca. 5 × 2 mm, lanceoladas, esparsamente seríceas em ambas as

faces. Flores sésseis a subsésseis; hipanto ca. 2 mm compr., pubescente a glabro; cálice 4–

lobado, lobos desiguais dois a dois, maiores ca. 4 mm compr., lanceolados, menores ca. 1,5 mm

compr., triangulares, esparsamente pubescentes a glabros; corola 1–1,5 cm. compr.,

infundibuliforme, tubo branco, fauce e lobos lilases, externamente glabra a esparsamente

pubescente, internamente pubescente na fauce, 4–lobada, lobos 4–5 mm. compr., triangulares;

estames afixados no tubo, filetes ca. 1 mm compr. e anteras ca. 1,7 mm compr. nas flores

longistilas, afixados na fauce, filetes ca. 0,5 mm compr. e anteras ca. 1,5 mm compr. nas flores

brevistilas; estilete ca. 9,5 mm compr. nas flores longistilas, ca. 5 mm compr. nas flores

brevistilas, estigma bilobado, ramos estigmáticos ca. 2 mm compr., disco nectarífero bipartido.

Baga esponjosa, 6–16 × 4,9–10 mm, elipsoide a ou obovoide, azul. Sementes numerosas, ca. 1,2

mm compr., orbiculares, plano-convexas.

Ilustrações:—Costa (2004), p. 52, fig. 13; Schumann (1889), fig. 135 I.

Distribuição e habitat:—C. condalia ocorre nas Guianas, Venezuela, Colômbia,

Equador, Peru e Paraguai, e no Brasil ocorre no Sudeste e Sul, bem como no Mato Grosso e Mato

Grosso do Sul, em floresta ombrófila densa e mista, bordas de mata, campos, capoeiras, campos

de altitude e locais úmidos, geralmente sombreados (Costa 2004). Em Camanducaia foi coletada

em bordas de mata, matas ciliares, floresta ombrófila densa e mista e em áreas de transição entre

floresta ombrófila densa montana e afloramentos rochosos.

Fenologia:—Encontrada com flores e frutos durante todo o ano.

Discussão:—C. condalia possui variação em relação à forma da lâmina foliar,

principalmente na base, que pode ser oblíqua, truncada ou cordada. Entretanto, pode ser

facilmente caracterizada pelas inflorescências em cimeiras fasciculadas congestas, subglobosas, e

lobos do cálice desiguais com a face adaxial glabra.

Espécimes examinados:—BRASIL. Minas Gerais: município de Camanducaia, Divisa

com Município de Gonçalves, “Mata do Altair”, 1800 a 2000 m, 22°42’50’’S 45°56’12’’W, 20

Page 56: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

36

junho 2000, Kamino 39 (BHCB); Estrada Camanducaia–Monte Verde, 3 abril 2012, Carmo 17

(UEC); Fazenda Melhoramentos, 9 outubro 2001, Mota 1261 (BHCB); Mata do Altair, 1746,5 m,

22°42’S 45°56’W, 15 outubro 1999, Torres 924 (IAC), 20 dezembro 1999, Torres 1024 (IAC),

1900 m, 22°42’50’’S 45°56’12’’W, 12 outubro 2000, França 120 (BHCB); Monte Verde, 18

março 2001, Meireles 4 (UEC), 15 maio 2001, Meireles 278 (UEC), 20 setembro 2001, Meireles

615 (UEC), caminho para S. Francisco, 26 abril 2001, Marconde-Ferreria 1722 (UEC), córrego

da Catede, 29 março 2003, Meireles 1327 (UEC), Pico do Selado, 22°53’39.6’’S 46°02’46.6’’W,

17 maio 2002, Lewinson 54 (UEC), Platô, 1934 m, 22°53’08’’S 46°01’55’’W, 12 julho 2012,

Carmo 46 (UEC), 1934 m, 22°53’08’’S 46°01’55’’W, 12 julho 2012, Carmo 49 (UEC), Trilha

para a Pedra do Selado, 12 abril 2012, Carmo 22 (UEC), trilha para a Pedra Partida, 18 dezembro

2013, Carmo 138 (UEC), trilha para a Pedra Redonda, 9 setembro 2012, Carmo 73 (UEC), Trilha

para o Platô, 1836 m, 22°52’47’’S 46°01’58’’W, 12 julho 2012, Carmo 44 (UEC).

2.2. Coccocypselum lanceolatum (Ruiz & Pavon) Persoon (1805: 132)

≡ Condalia lanceolata Ruiz & Pavon (1794: 54)

Sinonímia em Costa (2004: 86)

Fig. 2N–O

Ervas rasteiras. Ramos cilíndricos, ocasionalmente vináceos, velutinos, tricomas ocasionalmente

vináceos. Estípulas 1,9–4,7 mm compr., subuladas, velutinas. Folhas pecioladas, pecíolos 4,2–

8,5 mm compr., velutinos; lâmina 2,2–4,2 × 1,1–2,6 cm, lanceolada a ovada, base oblíqua,

truncada ou cordada, margem ciliada, ápice agudo, nervuras secundárias 7–8 pares inconspícuos,

face adaxial esparsamente velutina, face abaxial velutina, membranácea. Cimeira congesta,

fasciculada, globosa; pedúnculo 1,1–3 cm compr., esparsamente velutino; brácteas 2, ca. 5 × 3

mm, ovadas, velutinas em ambas as faces. Flores homostílicas, sésseis a subsésseis; hipanto ca.

2 mm compr., velutino; cálice 4–lobado, lobos ca. 3 mm compr., lanceolados a oblongos,

velutinos; corola 5–6 mm compr., infundibuliforme, tubo branco, fauce e lobos lilases,

externamente velutina, internamente pubescente na fauce, 4–lobada, lobos 3–4 mm compr.,

triangulares; estames afixados na fauce, filetes ca. 0,3 mm compr., anteras ca. 1,2 mm compr.;

estilete ca. 5,5 mm compr., estigma bilobado, ramos estigmáticos ca. 1,3 mm compr., disco

Page 57: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

37

nectarífero bipartido. Baga esponjosa, 8–16 × 6–9 mm, elipsoide a ou obovoide, azul. Sementes

numerosas, ca. 1 mm compr., orbiculares, plano-convexas.

Ilustrações:—Costa (2004), p. 87, fig. 20.

Distribuição e habitat:—C. lanceolatum possui ampla distribuição nos Neotrópicos,

desde o sul do México até a Argentina, ocorrendo em floresta ombrófila densa, floresta de

galeria, cerradões, campos, capoeiras e subosque de eucaliptos (Costa 2004). Em Camanducaia

foi coletada em beira de estrada.

Fenologia:—Encontrada com flores e frutos em abril.

Discussão:—C. lanceolatum pode ser caracterizada pelo indumento velutino,

ocasionalmente apresentando tricomas arroxeados, inflorescência em cimeiras fasciculadas

congestas, globosas, e lobos do cálice reflexos, velutinos em ambas as faces. Esta espécie é

descrita como heterostílica na literatura (Costa 2004), entretanto, apenas um morfo floral foi

observado nos materiais examinados, por isso suas flores são descritas como homostílicas.

Espécimes examinados:—BRASIL. Minas Gerais: município de Camanducaia, Estrada

Camanducaia–Monte Verde, 3 abril 2012, Carmo 8 (UEC), 3 abril 2012, Carmo 10 (UEC), 27

abril 2013, Carmo 127 (UEC), 27 abril 2013, Carmo 128 (UEC), 27 abril 2013, Carmo 129

(UEC), 27 abril 2013, Carmo 130 (UEC).

2.3. Coccocypselum lymansmithii Standley (1930: 165)

Sinonímia em Costa (2004: 93)

Ervas rasteiras. Ramos subcilíndricos, ocasionalmente vináceos, seríceos a esparsamente

seríceos. Estípulas 0.8–1,2 mm compr., subuladas, seríceas a esparsamente seríceas. Folhas

pecioladas, pecíolos 2,1–3,5 mm compr., seríceos; lâmina 0,5–1 × 0,5–1 cm, ovada a orbicular,

base cordada a truncada, margem ciliada, ápice arredondado, obtuso, agudo ou acuminado,

nervuras secundárias 3–4 pares, inconspícuas, face adaxial esparsamente serícea a glabra, face

abaxial esparsamente serícea, serícea ao longo das nervuras primárias e secundárias,

membranácea. Inflorescências 1–floras, raramente bifloras; pedúnculo ca. 4,4 mm compr.,

seríceo; brácteas 2, 1,4–1,7 mm compr., estreitamente triangulares, esparsamente seríceas em

ambas as faces. Flores homostílicas, sésseis a subsésseis; hipanto ca. 1,2 mm compr., seríceo a

Page 58: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

38

esparsamente seríceo; cálice 4–lobado, lobos 1,1–1,4 mm compr., lanceolados, esparsamente

seríceos; corola 6–7 mm. compr., infundibuliforme, lilás, externamente serícea a esparsamente

serícea, internamente densamente serícea no tubo, 4–lobada, lobos 3,5–3,6 mm. compr.,

triangulares; estames afixados na fauce, filetes ca. 1 mm compr., anteras ca. 2 mm compr.;

estilete ca. 6 mm compr., estigma bilobado, ramos estigmáticos ca. 1,3 mm compr., disco

nectarífero bipartido. Baga esponjosa, 1,2 × 1,3 cm, globosa, roxa. Sementes numerosas, ca. 1

mm compr., orbiculares, plano-convexas.

Ilustrações:—Costa (2004), p. 59, fig. 15E–M.

Distribuição e habitat:—C. lymansmithii é uma espécie típica dos campos de altitude do

Sudeste e Sul do Brasil, ocorrendo também no Distrito Federal, chegando até o Paraguai (Costa

2004). Em Camanducaia foi coletada crescendo sobre rochas à margem de córrego, em floresta

ombrófila mista.

Fenologia:—Coletada com flores em junho e frutos em março.

Discussão:—C. lymansmithii pode ser facilmente reconhecida pela forma (oval a

orbicular) e tamanho reduzido da lâmina foliar (5,7–9,9 × 5,3–10,6 mm) e inflorescências 1–

floras. Esta espécie é descrita como heterostílica na literatura (Costa 2004), entretanto, apenas um

morfo floral foi observado nos materiais examinados, por isso suas flores são descritas como

homostílicas.

Espécimes examinados:—BRASIL. Minas Gerais: município de Camanducaia, Monte

Verde, córrego do Catede, 29 março 2003, Meireles 1329 (UEC).

Espécimes adicionais examinados:—BRASIL. São Paulo: município de Campos do

Jordão, Pico do Itapeva, 9 junho 1992, Salino 26410 (UEC), 9 junho 1992, Sciamarelli 26559

(UEC).

Page 59: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

39

Figura 2. A–B. Borreria capitata: A. hábito, B. fruto; C–E. B. ocymifolia: C. hábito, D. fruto, E.

semente; F–J. B. palustris: F. hábito, G. estípula, H–I. flor, J. fruto; K–M. B. verticillata: K.

hábito, L–M. flor; N–O. Coccocypselum lanceolatum: N. hábito, O. fruto. (A–B Carmo 29; C–E

Carmo 6; F–J Carmo 125; K–M Carmo 45, N–O Carmo 130)

Page 60: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

40

3. Cordiera De Candolle (1830: 445)

Árvores ou arbustos, dióicos. Ramos cilíndricos a achatados. Estípulas inteiras, truncadas,

triangulares ou subuladas. Inflorescências terminais, masculinas fasciculadas, femininas 1(–3)–

floras. Flores actinomorfas, unissexuadas; cálice truncado a denticulado; corola 4–5–mera,

hipocrateriforme, branca a creme, internamente pubescente na fauce ou glabra, prefloração

contorta; ovário 2–locular, lóculos 2–pluriovulados, estigma bilobado ou clavado-bilobado.

Fruto baga. Sementes 2 a numerosas.

Notas Gerais:—Gênero composto por mais 40 espécies, distribuído desde o Panamá e

Ilha de Trinidad até Bolívia e Sul do Brasil (Delprete et al. 2004). No Brasil são encontradas dez

espécies, distribuídas nas regiões Centro-oeste, Nordeste (Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão,

Paraíba, Pernambuco), Norte (Acre, Amazonas, Pará, Rondônia, Tocantins), Sudeste (Minas

Gerais, São Paulo) e Sul (Paraná, Santa Catarina) (Zappi 2014). Em Camanducaia, o gênero

Cordiera está representado por apenas uma variedade.

3.1. Cordiera concolor (Chamisso) Kuntze (1891: 279) var. concolor

≡ Gardeniola concolor Chamisso (1835: 247)

Sinonímia em Delprete et al. (2004: 126)

Fig. 3A

Árvores a abustos, até ca. 6 m alt. Ramos subcilíndricos a achatados, glabros a pubérulos.

Estípulas unidas ao redor do caule, 2–3 mm compr., triangulares a subuladas, pubérulas a

glabras. Folhas pecioladas, pecíolos 3–4,5 mm compr., pubérulos a glabros; lâmina 3–11,5 ×

1,5–6,5 cm, elíptica a obovada ou oblanceolada, base aguda a obtusa, margem inteira, ápice

obtuso a acuminado ou curtamente caudado, nervuras secundárias 6–7 pares conspícuos na face

abaxial, face adaxial glabra, face abaxial pubérula ao longo das nervuras primária e secundárias,

domácias pilosas ocasionalmente presentes nas axilas das nervuras secundárias, membranácea a

cartácea. Inflorescência masculina fasciculada, 3–flora; pedúnculo ca. 1,5 mm compr., glabro;

brácteas ca. 2 cm, foliáceas. Inflorescência feminina uniflora; pedúnculo 1–1,5 mm compr,

glabro; brácteas foliáceas. Flores masculinas sésseis; hipanto ca. 1 mm compr., esparsamente

Page 61: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

41

pubérulo a glabro; cálice ca. 0,5 mm compr. truncado, ciliolado; corola ca. 5 mm compr.,

hipocrateriforme, branca, externamente esparso pubescente, internamente denso pubescente na

fauce e lobos, 4–lobada, lobos ca. 2,5 mm compr., ovados; estames adnatos à fauce, filetes

inconspícuos, anteras ca. 1,3 mm compr.; estilete ca. 1,2 mm compr.; estigma bilobado, ramos

estigmáticos ca. 1 mm compr., disco nectarífero inteiro. Flores femininas sésseis a subsésseis;

hipanto ca. 1,7 mm compr., glabro; cálice ca. 0,5 mm compr. truncado, ciliolado; corola ca. 5,5

mm compr., hipocrateriforme, branca, externamente tomentosa, internamente densamente

pubescente na fauce e lobos, 4–lobada, lobos 2,5–3,3 mm compr., ovados; estames afixados na

fauce, filetes inconspícuos, anteras ca. 1,3 mm compr.; estilete ca. 2 mm compr.; estigma

clavado-bilobado, ca. 1 mm compr., disco nectarífero inteiro. Baga, 0,6–1,2 × 0,6–1, globosa.

Sementes 3–5, 5–5,3 mm compr., obovoides.

Ilustrações:—Delprete et al. (2004), p. 127, fig. 18.

Distribuição e habitat:—C. concolor apresenta duas variedades reconhecidas por

Delprete (2010a), a var. goyana, que ocorre nos campos rupestres de Minas Gerais e Goiás, e a

var. concolor, que ocorre em Minas Gerais, Rio de Janeiro até Santa Catarina, Paraguai e

nordeste da Argentina, preferencialmente em florestas primárias da Mata Atlântica (Delprete et

al. 2004). Em Camanducaia foi coletada em subosque de floresta ombrófila densa montana e

borda de mata.

Fenologia:—Encontrada com flores em janeiro e frutos de fevereiro a junho.

Discussão:—C. concolor var. concolor pode ser reconhecida pelos indivíduos dióicos,

estípulas triangulares a subuladas unidas ao redor do caule formando uma curta bainha,

inflorescências masculinas fasciculadas e femininas 1–floras, cálice truncado e fruto 3–5–

seminado.

Espécimes examinados:—BRASIL. Minas Gerais: município de Camanducaia,

Fazenda São José, 1400 m, 22°45’18’’S 46°06’16’’W, 21 junho 2000, Kamino 53 (SP); Mata do

Altair, 1900 m, 22°42’39’’S 45°55’54’’W, 2 fevereiro 2001, França 236 (BHCB), 20 abril 2001,

França 271 (BHCB, SP); Mata do Romulo, 1563 m, 6 junho 2000, Torres 1236 (IAC, UEC);

Sertão dos Lopes, 1 março 2000, Torres 1141 (IAC, UEC).

Page 62: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

42

Espécimes adicionais examinados:—BRASIL. Minas Gerais: município de Poços de

Caldas, Campo de Santa Rosalia, 21°50’20’’S 46°33’53’’W, 13 janeiro 1981, Gouvea 785

(UEC).

4. Coussarea Aublet (1775: 98)

Árvores ou arbustos, hermafroditas. Ramos cilíndricos a achatados. Estípulas inteiras,

triangulares. Inflorescências terminais, tirsos. Flores actinomorfas, homostílicas ou

heterostílicas; cálice truncado a denticulado; corola 4–mera, infundibuliforme, branca,

internamente glabra, prefloração valvar; ovário 2–locular, lóculos 1–ovulados, estigma bilobado.

Fruto drupa. Semente única.

Notas Gerais:—Gênero composto por ca. de 140 espécies naturais das regiões tropicais

da América Central e Meridional (Delprete et al. 2004). Ocorre em todas as regiões do Brasil,

com exceção dos estados de Alagoas, Rio Grande do Norte, Roraima e Sergipe, totalizando 56

espécies reconhecidas (Pereira 2013). Em Camanducaia, o gênero Coussarea está representado

por apenas uma espécie.

4.1. Coussarea contracta (Walpers) Müller (1875: 467)

≡ Faramea contracta Walpers (1843: 331)

Sinonímia em Delprete et al. (2004: 135)

Árvores até 10 m. Ramos subcilíndricos a achatados, glabros. Estípulas curtamente unidas ao

redor do caule, 1,4–2,9 mm compr., triangulares, glabras. Folhas pecioladas, pecíolos 2,2–3,4

mm compr., glabros; lâmina 5–9,6 × 1,2–3 cm, lanceolada, elíptica a oblongo-elíptica ou

oblanceolada, base obtusa a arredondada, margem inteira, ápice acuminado, nervuras secundárias

6–9 pares conspícuos na face abaxial, domácias ocasionalmente presentes nas axilas das nervuras

secundárias, glabra, cartácea. Tirso, inflorescências parciais em címulas fasciculadas sésseis;

pedúnculo 1,5–2,1 cm compr., achatado, glabros; brácteas inconspícuas. Flores homostílicas,

sésseis a curtamente pediceladas, pedicelos ca. 1,2 mm compr., glabro; hipanto 0,9–1,4 mm

compr., glabro; cálice ca. 1 mm compr., tubuloso, ápice 4-denticulado a truncado, glabro; corola

Page 63: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

43

0,5–1 cm compr., estreitamente infundibuliforme, branca, glabra, 4-lobada, lobos 4–4,5 mm.

compr., triangulares; estames afixados na fauce, filetes ca. 2 mm compr., anteras 3–4 mm

compr.; estilete 3–4 mm compr., estigma bilobado, ramos estigmáticos ca. 1,5 mm compr., disco

nectarífero inteiro. Drupa 7–10 × 5–7 mm, elipsoide, ocasionalmente comprimida lateralmente.

Pirênio único, elipsoide.

Ilustrações:—Delprete et al. (2004), p. 136, fig. 19; Gomes (2003), p. 453, fig. 1a, fig.

1b–c (sob Coussarea contracta var. panicularis Müll.Arg. in Martius et al. (1881)).

Distribuição e habitat:—C. contracta distribui-se pela Argentina, Paraguai e Brasil nos

estados da Bahia, Ceará, Pernambuco, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rio de Janeiro,

São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, em floresta ombrófila densa montana,

floresta de galeria, tabuleiro, cerrado e pantanal (Gomes 2003). Em Camanducaia foi coletada em

floresta ombrófila densa.

Fenologia:—Encontrada com flores em novembro e frutos em janeiro.

Discussão:—C. contracta pode ser caracterizada pelas estípulas curtamente unidas ao

redor do caule, inflorescência em tirso, portando inflorescências parciais em cimeiras

fasciculadas, cálice truncado a denticulado e drupas portando apenas um pirênio.

Espécimes examinados:—BRASIL. Minas Gerais: município de Camanducaia, nativo

em mata nas proximidades da vila de Montes-Verdes, 19 novembro 1979, Leitão-Filho 10681

(SP, UEC).

Espécimes adicionais examinados:—BRASIL. Minas Gerais: município de Poços de

Caldas, Fonte dos Amores, 12 janeiro 1981, Mathes 664 (UEC).

5. Declieuxia Kunth in Humboldt et al. (1819: 352)

Subarbustos ou ervas, eretas, raramente prostradas, hermafroditas. Ramos cilíndricos. Estípulas

inteiras, lineares, linear-lanceoladas ou linear-triangulares. Inflorescências axilares e/ou

terminais, dicásios compostos ou cimeiras modificadas. Flores actinomorfas, heterostílicas ou

homostílicas; cálice (2–)4–mero; corola 4–mera, hipocrateriforme a estreitamente

infundibuliforme, lilás, internamente pubescente na fauce e minutamente papilada nos lobos,

Page 64: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

44

prefloração valvar; ovário 2–locular, lóculos 1–ovulados, estigma bilobado. Fruto

esquizocárpico, ocasionalmente comprimido lateralmente. Sementes 2.

Notas Gerais:—Declieuxia é composto por 28 espécies (Govaerts et al. 2006)

distribuídas por vegetações savânicas neotropicais, com centro de diversidade no Planalto Central

do Brasil, principalmente na Cadeia do Espinhaço (Kirkbride 1976). Todas as espécies de

Declieuxia ocorrem no Brasil, onde este gênero é encontrado em todas as regiões, com exceção

dos estados do Rio Grande do Norte e Rio Grande do Sul (Calió 2013b). Em Camanducaia, o

gênero Declieuxia apresenta apenas uma variedade.

5.1. Declieuxia cordigera var. angustifolia Müll.Arg. in Martius et al. (1881: 434)

Sinonímia em Kirkbride (1976: 35–36)

Subarbustos 20 cm alt., eretos, escassamente ramificados. Ramos cilíndricos, pubérulos.

Estípulas 0.8–1 mm compr., lineares, pubérulas a glabrescentes. Folhas opostas, ocasionalmente

verticiladas, sésseis; lâmina 1–2,5 × 0,4–0,8 cm, elíptica a estreitamente elíptica ou oblanceolada,

base truncada a atenuada, margem ciliolada, ápice acuminado, nervuras secundárias 4–5 pares

conspícuos na face abaxial, face adaxial esparsamente pubérula a glabrescente, face abaxial

glabra, pubérula ao longo das nervuras primárias e secundárias, cartácea. Cimeira modificada,

composta, terminal, raramente lateral; pedúnculo 4–10 mm compr., pubérulo; brácteas 1,3–1,6

mm compr., estreitamente lanceoladas a oblongas, glabras. Flores homostílicas, sésseis a

subsésseis; hipanto ca. 0,8 mm compr., glabro; cálice 4–lobado, lobos ca. 0,7 mm compr.,

lineares, glabros; corola 3–5 mm. compr., estreitamente infundibuliforme, lilás, externamente

glabra ou tricomas esparsos nos lobos, internamente pubescente na fauce, 4–lobada, lobos ca. 1,5

mm compr., triangulares; estames afixados na fauce, filetes ca. 1 mm compr., anteras ca. 1 mm

compr.; estilete 4–4,2 mm compr., estigma bilobado, ramos estigmáticos ca. 0,8 mm compr.,

disco nectarífero bipartido. Esquizocarpo, 1,7–2 mm compr., mericarpos sublenticulares,

comprimidos lateralmente.

Ilustrações:—Delprete et al. (2004), p. 153, fig. 21H–N; Müller (1881), fig. 66 I (sob

Declieuxia polygaloides var. aristolochia Müll.Arg. in Martius et al. (1881: 447)).

Page 65: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

45

Distribuição e habitat:—D. cordigera var. angustifolia distribui-se nos estados de Minas

Gerais, São Paulo e Paraná, ocorrendo em campos, campos altos e cerrados (Jung-Mendaçolli

2007). Em Camanducaia foi coletada sobre barranco em área impactada.

Fenologia:—Coletada com flores e frutos em outubro.

Discussão:—Táxon facilmente caracterizado por apresentar folhas ocasionalmente

verticiladas, inflorescências em cimeiras modificadas e frutos esquizocárpicos comprimidos

lateralmente.

Espécimes examinados:—BRASIL. Minas Gerais: município de Camanducaia, Monte

Verde, 31 outubro 2001, Meireles 703 (UEC).

6. Galianthe Grisebach (1879: 156)

Subarbustos ou ervas, eretas ou prostradas, hermafroditas. Ramos tetrágonos a subcilíndricos.

Estípulas fimbriadas. Inflorescências terminais, tirsóides ou pleiotirsóides, corimbiformes, ou

cimoidais com inflorescências parciais fasciculadas. Flores actinomorfas, heterostílicas; cálice

(2–)4–mero; corola 4–mera, infundibuliforme, branca, internamente pubescente na fauce,

ocasionalmente também nos lobos, prefloração valvar; ovário 2–locular, lóculos 1–ovulados,

estigma bilobado. Fruto cápsula septicida. Sementes 2.

Notas Gerais:—Galianthe é um gênero americano representado por 49 espécies de

distribuição tropical e subtropical, ocorrendo no Brasil, Peru, Bolívia, Argentina, Paraguai e

Uruguai, tendo como centro de diversidade os planaltos centrais e meridionais do Brasil e serras

do Paraguai oriental (Cabral 2009). No Brasil distribui-se pelas regiões Centro-oeste, Sudeste

(com exceção do Espírito Santo) e Sul, e nos estados da Bahia, Pará e Tocantins, totalizando 36

espécies reconhecidas (Cabral & Salas 2013b). Galianthe está representado em Camanducaia por

duas espécies.

Page 66: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

46

Chave de identificação para as espécies de Galianthe no município de Camanduacaia, MG.

1. Ramos alados; bainha estipular prolongada acima do ponto de inserção do par de folhas

correspondente; inflorescência cimoidal; fruto separando-se em dois mericarpos indeiscentes .

................................................................................................................................. 6.1. G. vaginata

- Ramos sem alas; bainha estipular até o ponto de inserção do par de folhas correspondente;

inflorescência pleiotirsóide corimbiforme; fruto separando-se em dois mericarpos deiscentes

.......................................................................................................................... 6.2. G. valerianoides

6.1. Galianthe vaginata Cabral & Bacigalupo (1997: 875)

Fig. 3B–I

Subarbustos ou ervas, eretos ca. 20 cm alt. ou decumbentes, ramificados. Ramos tetrágonos,

glabros, alados, margem das alas escabriúscula. Bainha estipular 3–10 mm compr., prolongada

acima do ponto de inserção do par de folhas correspondente, glabra a pubescente, 7–12 laciniada,

lacínios 4–12 mm compr., estreitamente triangulares. Folhas sésseis; lâmina 2,4–9 × 0,7–3,3 cm,

elíptica, ovada ou lanceolada, base atenuada, margem ciliolada, ápice acuminado, nervuras

secundárias 4–5 pares, ocasionalmente sulcadas na face adaxial, conspícuas na face abaxial, face

adaxial glabra, face abaxial glabra, estrigulosa ao longo das nervuras, subcoriácea.

Inflorescência cimoidal, inflorescências parciais fasciculadas; pedúnculo 2–3 cm compr., alado,

glabro; brácteas 2,5–5 × 0.8–1,5 mm, estreitamente elípticas a lanceoladas, margem estrigulosa.

Flores sésseis a subsésseis; hipanto 1,5–2 mm compr., estriguloso; cálice 4–lobado, lobos

ligeiramente desiguais dois a dois, maiores ca. 1,7 mm compr., menores ca. 1,2 mm compr.,

triangulares, margens estrigulosas; corola 3–4 mm. compr., infundibuliforme, branca,

externamente papilosa, internamente pubescente na fauce e nos lobos, (3–)4–lobada, lobos 2–3

mm compr., triangulares; estames afixados na fauce, filetes inconspícuos nas flores longistilas,

ca. 1,2 mm compr. nas flores brevistilas, anteras 1–1,2 mm compr.; estilete ca. 6 mm compr. nas

flores longistilas, ca. 3,2 mm. compr. nas flores brevistilas, estigma bilobado, ramos estigmáticos

ca. 1mm compr. nas flores longistilas, ca. 1,5 mm compr. nas flores brevistilas, disco nectarífero

Page 67: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

47

bipartido. Cápsula septicida, 1,5–2 mm compr., estrigulosa, mericarpos indeiscentes. Sementes

2, 1,5–2 mm compr., elipsoides, sulco longitudinal ventral parcialmente coberto pelo estrofíolo.

Ilustrações:—Cabral & Bacigalupo (1997), p. 874, fig. 10.

Distribuição e habitat:—Endêmica do sudeste do Brasil, ocorrendo nos estados de

Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, nos campos de altitude da Serra da Mantiqueira

(Cabral & Bacigalupo 1997, Zappi et al. 2013). G. vaginata é uma espécie ameaçada, citada no

Livro Vermelho da Flora do Brasil na categoria “em perigo” (Zappi et al. 2013). Em

Camanducaia foi coletada em afloramentos rochosos e trilhas em floresta ombrófila densa alto-

montana.

Fenologia:—Coletada com flores de setembro a janeiro e frutos em abril.

Discussão:—G. vaginata pode ser facilmente identificada pela presença de alas de

margem inteira no caule, bainha estipular desenvolvida até acima do ponto de inserção do par de

folhas correspondentes e inflorescências cimoidais. Esta espécie tem aqui sua variação floral

relativa à forma brevistila e frutos e sementes descritos e ilustrados pela primeira vez.

Espécimes examinados:—BRASIL. Minas Gerais: município de Camanducaia, Monte

Verde, 20 setembro 2001, Meireles 608 (UEC), 16 outubro 2001, Meireles 640 (UEC), Trilha

para a Pedra do Selado, 12 abril 2012, Carmo 24 (UEC), trilha para o Platô, 24 janeiro 2013,

Carmo 105 (UEC), trilha para Pedra Partida, 18 dezembro 2013, Carmo 140 (UEC), 18

dezembro 2013, Carmo 141 (UEC), 18 dezembro 2013, Carmo 142 (UEC), trilha para Pedra

Redonda, 9 setembro 2012, Carmo 71 (UEC), 9 setembro 2012, Carmo 72 (UEC), 9 setembro

2012, Carmo 74 (UEC).

6.2. Galianthe valerianoides (Cham. & Schltdl.) Cabral (1991: 246)

≡ Borreria valerianoides Chamisso & Schlechtendal (1828: 335)

Sinonímia em Cabral (2009: 48)

Fig. 3J–L

Subarbustos 0.8–1 m alt., cespitosos, eretos, ramificados. Ramos tetrágonos, fistulosos, glabros

a tricomas esparsos nos ângulos. Bainha estipular 1,1–3,3 mm compr., glabra a pubescente, 6–

10 laciniada, lacínios 3,5–10 mm compr., estreitamente triangulares. Folhas sésseis; lâmina 1,2–

Page 68: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

48

3 × 0,4–1 cm, lanceolada, base obtusa a ligeiramente atenuada ou truncada, margem inteira a

esparsamente ciliolada, ápice agudo a acuminado, nervuras secundárias 2–3 pares,

ocasionalmente sulcadas na face adaxial, inconspícuas na face abaxial, glabra, cartácea.

Inflorescência tirsóide ou pleiotirsóide, corimbiforme; pedúnculo 6–9 cm compr., glabro;

brácteas 0,6–1,7 cm compr., foliáceas. Flores pediceladas, pedicelos ca. 0,5 mm compr.;

hipanto ca. 1,5 mm compr., glabro a esparsamente pubérulo; cálice 4(–5)–lobado, lobos 1,2–1,7

mm compr., triangulares, papilhosos; corola 3–3,5 mm. compr., infundibuliforme, branca,

externamente papilosa, internamente pubescente na fauce e nos lobos, 4–lobada, lobos 2–2,5 mm

compr., triangulares; estames afixados na fauce, filetes inconspícuos nas flores longistilas, ca. 1,2

mm compr. nas flores brevistilas, anteras 1–1,2 mm compr.; estilete ca. 3 mm compr. nas flores

longistilas, ca. 2,5 mm nas flores brevistilas; estigma bilobado, ramos estigmáticos ca. 0,5 mm

compr. nas flores longistilas, ca. 1 mm compr. nas flores brevistilas, disco nectarífero bipartido.

Cápsula septicida, ca. 4 mm compr., glabra a esparsamente pubérula, mericarpos deiscentes.

Sementes 2, 2–2,3 mm compr., comprimidas dorsiventralmente, estrofíolo membranáceo

cobrindo toda a superfície ventral.

Ilustrações:—Cabral (2009), p. 50, fig. 11.

Distribuição e habitat:—G. valerianoides distribui-se no Nordeste da Argentina,

Paraguai oriental e Brasil, nos Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná, Rio

Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo, ocorrendo em pântanos, lugares baixos, estuários,

banhados e próximas a córregos (Cabral 2009). Em Camanducaia foi coletada em áreas

pantanosas e substrato encharcado acumulado sobre afloramento rochoso.

Fenologia:—Coletada com flores de dezembro a março e frutos de julho a setembro.

Discussão:—G. valerianoides pode ser identificada por ser um subarbusto cespitoso de

ramos fistulosos, inflorescências tirsóides ou pleiotirsóides corimbiformes e sementes

comprimidas dorsiventralmente com estrofíolo cobrindo toda a superfície ventral.

Espécimes examinados:—BRASIL. Minas Gerais: município de Camanducaia, Monte

Verde, 29 março 2003, Meireles 1315 (UEC), Platô, 12 dezembro 2001, Meireles 803 (UEC), 12

julho 2012, Carmo 50 (UEC), 10 setembro 2012, Carmo 76 (UEC), 10 setembro 2012, Carmo 78

(UEC), 24 janeiro 2013, Carmo 108 (UEC), 19 dezembro 2013, Carmo 156 (UEC), 19

dezembro 2013, Carmo 157 (UEC).

Page 69: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

49

7. Galium Linnaeus (1753: 105)

Ervas, prostradas ou escandentes, hermafroditas, ocasionalmente monóicas ou dióicas. Ramos

tetrágonos. Estípulas inteiras, foliáceas. Inflorescências axilares ou terminais, 1–floras. Flores

actinomorfas, bissexuais ou unissexuais; cálice truncado ou ausente; corola 4(–5–6)–mera,

campanulada, rotada ou urceolada, branca a branco-esverdeada, glabra, prefloração valvar;

ovário 2–locular, lóculos 1–ovulados, estilete completamente dividido em 2 ramos estigmáticos

ou ausente. Fruto baga. Sementes 2, raramente 1.

Notas Gerais:—Gênero composto por cerca de 400 espécies (Judd et al. 2002),

apresentando maior número de espécies na zona temperada do hemisfério Norte e em regiões

montanhosas na zona Tropical (Burger & Taylor 1993). Para o Brasil são reconhecidas 21

espécies, distribuídas pelas regiões Centro-oeste, Sudeste e Sul, e nos estados da Bahia, Pará,

Paraíba e Rio Grande do Norte (Pessoa & Zappi 2013). O gênero Galium está representado em

Camanducaia por três espécies.

Chave de identificação para as espécies de Galium no município de Camanduacaia, MG.

1. Folhas trinérveas, membranáceas; baga branca .................................................... 7.3. G. noxium

- Folhas uninérveas, membranácea a cartácea; baga laranja a vermelha ........................................ 2

2. Ramos vilosos ou hirsutos a glabros; lâmina foliar oblongo-elíptica ou oblanceolada ...........

.......................................................................................................................... 7.1. G. hypocarpium

- Ramos estrigulosos a glabros; lâmina foliar lanceolada a estreitamente elíptica ......................

........................................................................................................................ 7.2. G. nigroramosum

7.1. Galium hypocarpium (Linnaeus) Grisebach (1861: 351)

≡ Valantia hypocarpia Linnaeus (1759: 1307)

Sinonímia em Delprete et al. (2004: 299–301)

Ervas prostradas ou escandentes, ramificadas. Ramos tetrágonos, vilosos ou hirsutos a glabros.

Estípulas foliáceas. Folhas curtamente pecioladas, pecíolos ca. 0,5 mm compr., glabros a

Page 70: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

50

vilosos; lâmina 0,3–2 × 0,2–1 cm, elípticas, oblongo-elípticas ou oblanceoladas, base aguda a

obtusa, margem inteira a ciliada, ápice arredondado ou apiculado, uninérveas, face abaxial glabra

a vilosa, face adaxial glabra a esparsamente vilosa, membranácea a cartácea. Inflorescências 1–

floras; pedúnculo 1,5–5 mm compr., viloso ou hirsuto a glabro; brácteas 4, 0,5–2 mm compr.,

involucrais, oblanceoladas, cilioladas. Flores bissexuais, sésseis; hipanto ca. 0,5 mm compr.,

glabro a esparsamente pubescente; cálice inconspícuo; corola ca. 1,4 mm. compr., rotada, branca

a rosada, glabra, 4–lobada, lobos ca. 1,1 mm. compr., ovados; estames afixados nas pétalas,

filetes ca. 0,5 mm compr., anteras ca. 0,2 mm compr.; estiletes 2, ca. 0,2 mm, estigmas capitados.

Baga 1,6–2,6 × 1,7–2,3 mm, laranja a vermelha. Sementes (1–)2 ca. 1,6 mm compr., elipsoides,

depressão ventral central.

Ilustrações:—Schumann (1888), fig. 92 (sob Relbunium hypocarpium (Linnaeus)

Hemsley (1881: 63)).

Distribuição e habitat:—G. hypocarpium possui distribuição geográfica muito ampla,

desde as ilhas do Caribe, América Central e toda a América do Sul, ocorrendo no Brasil desde

Minas Gerais até o Rio Grande do Sul, ao longo de bordas de floresta, beiras de rio e capoeiras

(Delprete et al. 2004). Em Camanducaia foi coletada em beira de estrada, borda e subosque de

mata, ao longo de matas ciliares e pântanos.

Fenologia:—Coletada com flores e frutos em dezembro e janeiro.

Discussão:—Espécie altamente variável em relação ao indumento e forma e tamanho da

lâmina foliar. Em Camanducaia pode ser identificada pelo porte herbáceo, prostrado ou

escandente, estípulas foliáceas e coloração dos frutos variando de laranja a vermelho.

Espécimes examinados:—BRASIL. Minas Gerais: município de Camanducaia, 26 abril

2001, Marcondes-Ferreira 1719 (ESA); Estrada Camanducaia–Monte Verde, 19 junho 2000,

Kamino 8 (BHCB), 3 abril 2012, Carmo 9 (UEC); Fazenda Melhoramentos, 9 outubro 2001,

Mota 1262 (BHCB); Mata do Altair, 20 setembro 2001, Stehmann 2987 (BHCB); Mata dos

Candidos, 5 abril 2000, Torres 1203 (IAC); Melhoramentos, 13 julho 2012, Carmo 65 (UEC);

Monte Verde, Platô, 12 julho 2012, Carmo 47 (UEC), 10 setembro 2012, Carmo 77 (UEC), 19

dezembro 2013, Carmo 155 (UEC), Trilha para a Pedra do Selado, 12 abril 2012, Carmo 34

(UEC), Trilha para o Platô, 12 julho 2012, Carmo 39 (UEC), 12 julho 2012, Carmo 42 (UEC).

Page 71: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

51

7.2. Galium nigroramosum (Ehrendorfer) Dempster (1990: 300)

≡ Relbunium nigroramosum Ehrendorfer (1955: 529)

Ervas eretas a prostradas, ramificadas. Ramos tetrágonos, estrigulosos a glabros. Estípulas

foliáceas. Folhas sésseis; lâmina 2,5–7,5 × 0,5–2,5 mm, lanceolada a estreitamente elíptica, base

aguda, margem inteira a ciliada, ápice apiculado, uninérveas, estrigulosa a glabrescente,

membranácea a cartácea. Inflorescências 1–floras; pedúnculo 1–5 mm compr., glabro; brácteas

4, 0,5–1,5 mm compr., involucrais, oblanceoladas, ciliadas. Flores bissexuais, sésseis; hipanto

ca. 0,3 mm compr., glabro; cálice inconspícuo; corola ca. 1 mm. compr., rotada, branca a rosada,

glabra, 4–lobada, lobos ca. 1,1 mm. compr., ovados, ciliados; estames afixados nas pétalas,

filetes ca. 0,5 mm compr., anteras ca. 0,2 mm compr.; estiletes 2, ca. 0,2 mm, estigmas capitados.

Baga 1–1,5 × 0.8–1 mm, laranja a vermelha. Sementes 2, ca. 1 mm compr., cotiledonares,

depressão ventral central.

Ilustrações:—Delprete et al. (2004), p. 321, fig. 51.

Distribuição e habitat:—G. nigroramosum se distribui no Brasil, no sudoeste de Minas

Gerais e desde o Rio de Janeiro ao Rio Grande do Sul, e na Bolívia, Paraguai, Argentina e

Uruguai (Delprete et al. 2004). Em Camanducaia foi coletada em borda de mata e estrada.

Fenologia:—Coletada com flores e frutos em dezembro e janeiro.

Discussão:—Caracteriza-se pelo hábito ereto, tornando-se prostrada ao longo do

desenvolvimento, ramos estrigulosos e folhas lanceoladas a estreitamente elípticas.

Espécimes examinados:—BRASIL. Minas Gerais: município de Camanducaia, Estrada

para Gonçalves, Carmo 159 (UEC); Melhoramentos, 25 janeiro 2013, Carmo 120 (UEC).

7.3. Galium noxium (Saint-Hilaire) Dempster (1990: 292)

≡ Rubia noxia Saint-Hilaire (1824: 229)

Sinonímia em Delprete et al. (2004: 326)

Fig. 3M

Ervas prostradas ou escandentes, ramificadas. Ramos tetrágonos, hirsutos a glabros. Estípulas

foliáceas. Folhas curtamente pecioladas, pecíolos ca. 1 mm compr., hirsutos a glabros; lâmina

Page 72: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

52

0,4–1,5 × 0,2–1 cm, elípticas ou obovadas, base aguda a obtusa, margem ciliada, ápice apiculado,

trinérvea, nervuras conspícuas em ambas as faces, esparsamente vilosa, membranácea.

Inflorescências 1–floras; pedúnculo 4–8 mm compr.; brácteas 4, 2–3,2 mm compr.,

involucrais, elípticas, ciliadas. Flores bissexuais, sésseis; hipanto ca. 0,5 mm compr., glabro;

cálice inconspícuo; corola ca. 1,5 mm. compr., rotada, branca, glabra, 4–lobada, lobos ca. 0,5

mm. compr., ovados; estames afixados nas pétalas, filetes ca. 0,1 mm compr., anteras ca. 0,1 mm

compr.; estiletes 2, ca. 0,2 mm, estigmas capitados. Baga 2,3–5 × 1,4–3,7 mm, branca. Sementes

2, ca. 1,6 mm compr., elipsoides, depressão ventral central.

Ilustrações:—Dempster (1990), p. 293, fig. 5a–d, fig. 5e–f (sob Galium noxium subsp.

valantoides (Chamisso & Schlechtendal 1828: 231) Dempster (1990: 295)); Schumann (1888),

fig. 91 II (sob Relbunium asperum (Pohl ex De Candolle 1830: 592) K.Schum. in Martius et al.

(1888: 111)).

Distribuição e habitat:—G. noxium distribui-se no Peru, Bolívia, Paraguai, Argentina,

Uruguai e no Brasil, em Goiás e da Bahia até o Rio Grande do Sul, sendo encontrada em solos

úmidos, brejos e lugares sombrios em campos, bosques e florestas ripárias (Delprete et al. 2004).

Em Camanducaia foi coletada em beira de estrada e trilhas.

Fenologia:—Coletada com flores e frutos de abril a julho.

Discussão:—Espécie facilmente caracterizada pelo hábito herbáceo, prostrada, com

folhas trinérveas e frutos brancos.

Espécimes examinados:—BRASIL. Minas Gerais: município de Camanducaia, Estrada

Camanducaia–Monte Verde, 3 abril 2012, Carmo 15 (UEC); Monte Verde, 7 maio 2002,

Meireles 1071 (UEC), Afloramento da Pedra do Selado, 28 junho 2001, Meireles 331 (UEC),

Trilha para o Platô, 12 julho 2012, Carmo 42 (UEC).

Espécimes adicionais examinados:—BRASIL. São Paulo: município de Campos do

Jordão, Pico do Itapeva, Parque Estadual de Campos do Jordão, 9 abril 2000, Anderson 00/35

(UEC).

Page 73: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

53

8. Guettarda Linnaeus (1753: 991)

Árvores ou arbustos, hermafroditas. Ramos cilíndricos. Estípulas inteiras, triangulares.

Inflorescências axilares, cimas dicotômicas. Flores actinomorfas, homostílicas; cálice truncado

ou denticulado; corola 4–9–mera, hipocrateriforme, branca, internamente glabra, prefloração

imbricada; ovário 2(–9)–locular, lóculos 1–ovulados, estigma capitado. Fruto drupa. Pirênios 2–

9.

Notas Gerais:—Gênero pantropical com mais de 200 espécies, das quais cerca de 140

ocorrem nos neotrópicos (Barbosa 2007). No Brasil, distribui-se em todos os estados, sendo

reconhecidas 20 espécies (Barbosa 2013a). O gênero Guettarda está representado em

Camanducaia por apenas uma espécie.

8.1. Guettarda uruguensis Chamisso & Schlechtendal (1829: 183)

Sinonímia em Barbosa (2013a)

Fig. 3N

Árvores ou arbustos, 2–4,5 m alt. Ramos cilíndricos, tomentosos a glabros. Estípulas ca. 4 mm

compr., triangulares, tomentosas. Folhas pecioladas, pecíolos 0,5–2 cm compr., tomentosos;

lâmina 2,5–7 × 1,5–3 cm, ovada a elíptica, base obtusa, margem ciliolada, ápice agudo a

acuminado, nervuras secundárias 7–9 pares conspícuos na face abaxial, face adaxial glabra a

esparsamente pubérula, face abaxial tomentosa, cartácea. Cimeiras dicotômicas; pedúnculo 2–8

cm compr., tomentoso; brácteas 3–3,5 mm cmpr., estreitamente triangulares, tomentosas. Flores

sésseis a subsésseis; hipanto 1,5–2 mm compr., tomentosos; cálice ca. 2,5 mm compr., tubuloso,

esparsamente pubescente, truncado ou (2–)3–lobado, lobos ovados; corola 5–8 mm compr.,

hipocrateriforme, branca, externamente serícea, internamente glabra, 4–lobada, lobos ca. 3,5 mm.

compr., obovados; estames afixados na fauce, filetes inconspícuos, anteras ca. 2,5 mm compr.;

estilete 4,5–6,5 mm compr., estigma capitado, cabeça ca. 0,7 mm compr., disco nectarífero

inteiro. Drupa 5,7–8,5 × 3–4 mm, elipsoide, tomentosa.

Ilustrações:—Delprete et al. (2005), p. 372, fig. 59.

Page 74: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

54

Distribuição e habitat:—Distribui-se no Brasil, nos estados da Bahia, Minas Gerais, Rio

de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul e Uruguai, em mata ciliar ou

estacional (Barbosa 2007). Em Camanducaia foi coletada em mata ciliar.

Fenologia:—Coletada com flores em outubro e frutos em dezembro.

Discussão:—Espécie facilmente reconhecida pelas inflorescências axilares constituídas

de cimas dicotômicas, cálice tubuloso, truncado a (2–)3–lobado, corola hipocrateriforme de

prefloração imbricada e estigma capitado.

Espécimes examinados:—BRASIL. Minas Gerais: município de Camanducaia, Mata

Ciliar do Rio Camanducaia, 1039 m, 10 outubro 2000, Torres 1346 (IAC), 10 outubro 2000,

Torres 1347 (IAC); Mata da Patrícia, 1116 m, 11 dezembro 2001, Torres 1473 (IAC, UEC).

Page 75: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

55

Figura 3. A. Cordiera concolor var. concolor: fruto; B–I. Galianthe vaginata: B. hábito, C.

estípulas, D–E. flor longistila, F–G. flor brevistila, H. fruto, I: semente; J–L. G. valerianoides: J.

hábito, K. fruto, L. semente; M. Galium noxium: hábito: N. Guettarda uruguensis: hábito. (A

Torres 1236; B–C, H–I Carmo 24; D–E Carmo 141; F–G Carmo 142; J–L Carmo 50; M Carmo

42; N Torres 1473)

Page 76: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

56

9. Manettia Mutis ex Linnaeus (1771: 558)

Lianas, hermafroditas. Ramos cilíndricos a tetrágonos. Estípulas inteiras, triangulares.

Inflorescências axilares, dicasiais, monocasiais, pseudofasciculadas a 1–floras. Flores

actinomorfas, homostílicas ou heterostílicas; cálice 4–8–mero; corola 4(–5)–mera, tubulosa,

hipocrateriforme ou infundibuliforme, brancas, vermelhas ou vermelhas com ápice amarelo,

internamente pubescente na fauce e lobos, ou com um anel de pubescência na porção basal do

tubo, prefloração valvar; ovário 2–locular, lóculos pluriovulados, estigma bilobado. Fruto

cápsula septícida. Sementes numerosas, aladas.

Notas Gerais:—Gênero neotropical composto por cerca de 80 espécies (Mabberley

2008). Para o Brasil são reconhecidas 27 espécies, ocorrendo nas regiões Centro-oeste, Sudeste e

Sul, e nos estados do Acre, Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia, Ceará, Pará, Paraíba,

Pernambuco, Rondônia (Pessoa & Macias 2013). O gênero Manettia está representado em

Camanducaia por cinco espécies.

Chave de identificação para as espécies de Manettia no município de Camanducaia, MG.

1. Inflorescências em dicásios congestos; corola branca ................................................................ 2

- Inflorescências em dicásios reduzidos, ocasionalmente 1–floras; corola vermelha .................... 3

2. Ramos esparsamente pubescentes; lâminas foliares com face adaxial glabra, face abaxial

glabra, glabra a esparsamente pubescente ao longo das nervuras primárias e secundárias,

membranáceas ........................................................................................................ 9.1. M. congesta

- Ramos velutinos a esparsamente velutinos; lâminas foliares com face adaxial esparsamente

velutina, face abaxial velutina, coriáceas ............................................................... 9.3. M. glaziovii

3. Ramos tomentosos a esparsamente tomentosos; corola 2–2,2 cm. compr., tubulosa,

completamente vermelha ou tubo vermelho e lobos amarelos ........................... 9.5. M. luteorubra

- Ramos glabros, tomentosos ou pubescentes; corola 2,5–5 cm. compr., estreitamente

infundibuliforme, vermelha ............................................................................................................ 4

4. Ramos glabros; corola 2,5–3,3 cm. compr. .......................................................... 9.4. M. gracilis

- Ramos tomentosos a pubescentes; corola 4–5 cm. compr. ................................ 9.2. M. cordifolia

Page 77: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

57

9.1. Manettia congesta (Vellozo) K.Schum. in Martius et al. (1889: 177)

≡ Guagnebina congesta Vellozo (1829: t. 119)

Sinonímia em Macias (1998: 256)

Lianas, ramificadas. Ramos subcilíndricos a tetrágonos, fistulosos, esparsamente pubescentes.

Estípulas 1,2–1,8 mm compr., triangulares, pubescentes a glabras. Folhas pecioladas, pecíolos

1,6–5,6 mm compr., pubescentes; lâmina 3–6,1 × 1,2–2,5 cm, lanceoladas a estreitamente

elípticas, base aguda a atenuada, margem esparsamente ciliolada, ápice acuminado, nervuras

secundárias 4–7 pares conspícuos na face abaxial, face adaxial glabra, face abaxial glabra, glabra

a esparsamente pubescente ao longo das nervuras primárias e secundárias, membranácea.

Dicásios congestos, sésseis; brácteas inconspícuas. Flores homostílicas, pediceladas, pedicelos

1,7–7 mm compr., pubescentes a velutinos; hipanto 1,5–2 mm compr., velutino; cálice 4(–5)–

lobado, lobos 2–2,2 mm compr., lanceolados, glabros a tricomas esparsos; corola 6–7 mm.

compr., infundibuliforme, branca, externamente pubescente, internamente densamente

pubescente na fauce e nos lobos, 4–lobada, lobos ca. 1 mm. compr., ovados; estames afixados na

fauce, filetes inconspícuos a 0,5 mm compr., anteras ca. 1 mm compr., estilete 6–6,5 mm compr.,

estigma bilobado, raramente trilobado, ramos estigmáticos ca. 1 mm compr., disco nectarífero

inteiro. Cápsula septicida, ca. 5 mm compr., velutina. Sementes numerosas, ca. 1,2 mm compr.,

comprimidas dorsiventralmente, aladas.

Ilustrações:—Macias (1998), p. 260, fig. 61.

Distribuição e habitat:—M. congesta é endêmica do estado de Minas Gerais (Macias

1998). A coleção analisada referente à Camanducaia não faz referência em relação ao habitat em

que o espécime foi coletado.

Fenologia:—Encontrada com flores e frutos em abril.

Discussão:—M. congesta pode ser caracterizada pelo indumento esparsamente

pubescentes nos ramos e lâmina foliar de face adaxial glabra, face abaxial glabra, glabra a

esparsamente pubescente ao longo das nervuras primárias e secundárias, membranácea.

Espécimes examinados:—BRASIL. Minas Gerais: município de Camanducaia, Monte

Verde, 1716 m, 22°52’32.8’’S 46°01’30.4’’W, 26 abril 2012, Kinoshita 12_18 (UEC).

Page 78: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

58

9.2. Manettia cordifolia Martius (1824: 95)

Sinonímia em Macias (1998: 124–126)

Lianas, ramificadas. Ramos subcilíndricos a tetrágonos, tomentosos a pubescentes. Estípulas

1,5–2 mm compr., triangulares a subuladas, tomentosas. Folhas pecioladas, pecíolos 0,4–1,2 cm

compr., tomentoso; lâmina 2.8–8 × 1–3,5 cm, ovadas, base arredondada a curtamente cordada,

margem ciliolada, ápice agudo a acuminado, nervuras secundárias 4–5 pares conspícuos na face

abaxial, face adaxial esparsamente tomentosa a glabrescente, face abaxial esparsamente

tomentosa, tomentosa ao longo das nervuras primárias e secundárias, membranácea. Dicásios

reduzidos, ocasionalmente 1–floras, sésseis; brácteas 2,4–3 cm compr., foliáceas. Flores

homostílicas, pediceladas, pedicelos 1,5–2 cm compr., tomentosos; hipanto 4–4,8 mm compr.,

densamente tomentosos; cálice 4–lobado, lobos 7–8 mm compr., estreitamente triangulares,

pubescentes; corola 4–5 cm compr., estreitamente infundibuliforme, vermelha, externamente

esparsamente tomentosa, tricomas róseos, internamente densamente pubescente na porção basal

do tubo, 4–lobada, lobos ca. 2,5 mm. compr., triangulares; estames afixados na região apical do

tubo, filetes inconspícuos, anteras ca. 3,2 mm compr.; estilete ca. 5 cm compr., estigma bilobado,

ramos estigmáticos ca. 1,5 mm compr., disco nectarífero inteiro. Cápsula septicida, 0.8–1 cm

compr., glabra. Sementes numerosas, ca. 3 mm compr., comprimidas dorsiventralmente, aladas.

Ilustrações:—Macias (1998), p. 142, fig. 35; Marinero et al. (2012), p. 638, fig. 1f–j.

Distribuição e habitat:—M. cordifolia possui ampla distribuição geográfica, ocorrendo

desde o Peru até o Uruguai (Macias 1998). Em Camanducaia foi coletada em borda de mata.

Fenologia:—Encontrada com flores e frutos em dezembro e abril.

Discussão:—M. cordifolia pode ser reconhecida pelas inflorescências em dicásios

reduzidos, ocasionalmente 1–floras, corola relativamente longa (4–5 cm. compr.), vermelha,

externamente esparsamente tomentosa, portando tricomas róseos.

Espécimes examinados:—BRASIL. Minas Gerais: município de Camanducaia, Estrada

Camanducaia–Monte Verde, 27 abril 2013, Carmo 133 (UEC), 18 dezembro 2013, Carmo 134

(UEC).

Espécimes adicionais examinados:—BRASIL. São Paulo: município de Valinhos,

rodovia D. Pedro I, 20 fevereiro 1976, Leitão-Filho 1801 (UEC).

Page 79: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

59

9.3. Manettia glaziovii Wernham (1919: 36)

Fig. 4A–D

Lianas, ramificadas. Ramos subcilíndricos a tetrágonos, fistulosos, velutinos a esparsamente

velutinos. Estípulas 2,4–3,9 mm compr., triangulares a subuladas, velutinas. Folhas pecioladas,

pecíolos 3,6–7,4 mm compr., velutinos; lâmina 3–7,5 × 1–2,5 cm, ovadas a lanceoladas, base

obtusa a arredondada, margem ciliolada, ápice acuminado, nervuras secundárias 5–7 pares

conspícuos na face abaxial, face adaxial esparsamente velutina, face abaxial velutina, coriácea.

Dicásios congestos, sésseis; brácteas inconspícuas. Flores homostílicas, pediceladas, pedicelos

2,7–8,7 mm compr., velutinos; hipanto ca. 2,2 mm compr., velutino a esparsamente velutino;

cálice 4–lobado, lobos 4–5 mm compr., lanceolados, esparsamente velutinos; corola ca. 1 cm

compr., estreitamente infundibuliforme, branca, externamente pubescente, internamente

densamente pubescente na fauce e nos lobos, 4–lobada, lobos ca. 2 mm. compr., triangulares;

estames afixados na fauce, filetes inconspícuos a 0,5 mm compr., anteras ca,2 mm compr.;

estilete ca. 8 mm compr., tricomas esparsos a partir da porção mediana, estigma bilobado, ramos

estigmáticos ca. 1,5 mm compr., disco nectarífero inteiro. Cápsula septicida, 0,5–1 cm compr.,

velutina a esparsamente velutina. Sementes numerosas, 1–3 mm compr., comprimidas

dorsiventralmente, aladas.

Ilustrações:—Marinero et al. (2012), p. 643, fig. 5f–j.

Distribuição e habitat:—M. glaziovii distribui-se nos estados de Minas Gerais, Rio de

Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul (Marinero et al. 2012). Em

Camanducaia foi coletada em borda de floresta ombrófila densa montana.

Fenologia:—Encontrada com flores e frutos em junho.

Discussão:—M. glaziovii pode ser caracterizada pelo indumento velutino nos ramos e

lâmina foliar, que apresenta consistência coriácea.

Espécimes examinados:—BRASIL. Minas Gerais: município de Camanducaia, Estrada

para Gonçalves, Pinheirão, 1700 m, 20 junho 2000, Kamino 46 (SP); Mata do Altair, 1900 m,

22°42’39’’S 45°55’54’’W, 3 fevereiro 2001, França 254 (BHCB); Monte Verde, Trilha para o

Platô, 12 julho 2012, Carmo 56 (UEC).

Page 80: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

60

9.4. Manettia gracilis Chamisso & Schlechtendal (1829: 169)

Sinonímia em Macias (1998: 93–94)

Lianas, escassamente ramificadas. Ramos subcilíndricos, glabros. Estípulas 2–2,3 mm compr.,

triangulares a subuladas, pubérulas. Folhas pecioladas, pecíolos 2,5–4,5 mm compr., pubescente;

lâmina 2,5–5 × 1–2,3 cm, ovada a lanceolada, base obtusa a levemente atenuada, margem

ciliolada, ápice atenuado, nervuras secundárias 4–5 pares conspícuos na face abaxial, face adaxial

glabra, face abaxial glabra, pubérula ao longo das nervuras primárias e secundárias,

membranácea. Dicásios reduzidos, ocasionalmente 1–floras, sésseis; brácteas 2–3 cm compr.,

foliáceas. Flores homostílicas, pediceladas, pedicelos 0,7–1,8 cm compr., glabros; hipanto 1–2,5

mm compr., glabro; cálice 4–lobado, lobos 1–2,3 mm compr., estreitamente triangulares, glabros;

corola 2,5–3,3 cm. compr., estreitamente infundibuliforme, vermelha, externamente

esparsamente pubérula a glabra, internamente densamente pubescente na porção basal do tubo,

4–lobada, lobos ca. 2,5 mm. compr., triangulares; estames afixados na região apical do tubo,

filetes ca. 3,2 mm compr., anteras ca. 4 mm compr.; estilete ca. 3 cm compr., estigma bilobado,

ramos estigmáticos ca. 1 mm compr., disco nectarífero inteiro. Cápsula septicida, 5,5–7 mm

compr., glabra. Sementes numerosas, 1–2 mm compr., comprimidas dorsiventralmente, aladas.

Ilustrações:—Macias (1998), p. 100, fig. 28; Marinero et al. (2012), p. 641, fig. 3a–e.

Distribuição e habitat:—M. gracilis distribui-se no Brasil, de Minas Gerais ao Rio

Grande do Sul (Macias 1998). Em Camanducaia foi coletada em subosque de mata.

Fenologia:—Encontrada com flores em março e frutos em junho.

Discussão:—M. gracilis pode ser caracterizada por apresentar ramos, lâminas foliar,

pedicelo e hipanto quase totalmente glabros, corola vermelha, externamente esparsamente

pubérula a glabra, com lobos estreitamente triangulares.

Espécimes examinados:—BRASIL. Minas Gerais: município de Camanducaia, Mata do

Chico Rei, 1395 m, 20 março 2001, Torres 1416 (IAC, UEC).

Espécimes adicionais examinados:—BRASIL. São Paulo: município de Sto Antônio do

Pinhal, 11 junho 1992, Sartori 26578 (UEC).

Page 81: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

61

9.5. Manettia luteorubra (Vellozo) Bentham (1850: 445)

≡ Guagnebina luteorubra Vellozo (1829: 46)

Sinonímia em Macias (1998: 224)

Lianas, escassamente ramificadas. Ramos subcilíndricos, fistulosos, tomentosos a esparsamente

tomentosos. Estípulas 1,9–3,6 mm compr., triangulares a subuladas, tomentosas. Folhas

pecioladas, pecíolos 1.8–7 mm compr., tomentoso; lâmina 2–6 × 0.8–2 cm, ovadas a lanceoladas,

base aguda a obtusa, margem ciliolada, ápice agudo a acuminado, nervuras secundárias 3–6 pares

conspícuos na face abaxial, face adaxial esparsamente tomentosa, face abaxial esparsamente

tomentosa, tomentosa ao longo das nervuras primárias e secundárias, cartácea. Dicásios

reduzidos, ocasionalmente 1–floras, sésseis; brácteas 5–8 mm compr., foliáceas. Flores

homostílicas, pediceladas, pedicelos 0,7–1 cm compr., tomentosos; hipanto 1.8–2,5 mm compr.,

densamente tomentosos; cálice 4–lobado, lobos 4–6 mm compr., ovados, pubescentes; corola 2–

2,2 cm. compr., tubulosa, completamente vermelha ou tubo vermelho e lobos amarelos,

externamente pubérula, internamente anel de pubescência na base do tubo, 4–lobada, lobos ca. 3

mm. compr., ovados; estames afixados na região apical do tubo, filetes inconspícuos, anteras ca.

3,3 mm compr.; estilete ca. 7 mm compr., estigma bilobado, ramos estigmáticos ca. 2 mm

compr., disco nectarífero inteiro. Cápsula septicida, ca. 7 mm compr., glabra a esparsamente

tomentosa. Sementes numerosas, ca. 2 mm compr., comprimidas dorsiventralmente, aladas.

Ilustrações:—Macias (1998), p. 232, fig. 53.

Distribuição e habitat:—M. luteorubra distrubui-se no Distrito Federal, Minas Gerais,

Rio de Janeiro e São Paulo (Macias 1998). Em Camanducaia foi coletada em beira de estradas.

Fenologia:—Encontrada com flores e frutos em abril.

Discussão:—M. luteorubra pode ser caracterizada pelo indumento tomentoso nos ramos,

folhas e hipanto e corola tubulosa, completamente vermelha ou tubo vermelho e lobos amarelos.

Espécimes examinados:—BRASIL. Minas Gerais: município de Camanducaia, Estrada

Camanducaia—Monte Verde, 3 abril 2012, Carmo 1 (UEC), 3 abril 2012, Carmo 11 (UEC);

Monte Verde, Melhoramentos, 8 abril 2002, Meireles 972 (UEC).

Page 82: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

62

10. Margaritopsis Wright (1869: 146)

Árvores, arbustos ou subarbustos, hermafroditas. Ramos cilíndricos a achatados, portando crista

longitudinal em ambos os lados. Estípulas interias, ovadas a triangulares ou 2–lobadas.

Inflorescências terminais, capitadas a paniculadas. Flores actinomorfas, heterostílicas; cálice

truncado a 5–mero; corola 5–mera, tubular a infundibuliforme, branca a creme, internamente

glabra a pubescente na fauce, prefloração valvar; ovário 2–locular, lóculos 1–ovulados, estigma

2–lobado. Fruto drupa. Pirênios 2.

Notas Gerais:—Gênero pantropical com aproximadamente 50 espécies, das quais ca. de

27 são neotropicais (Taylor 2005). No Brasil, Margaritopsis distribui-se nas regiões Norte e

Sudeste e nos estados Bahia, Ceará, Goiás, Maranhão, Mato Grosso e Paraná, sendo reconhecidas

15 espécies (Taylor 2014a). Margaritopsis está representado em Camanducaia por apenas uma

espécie.

10.1. Margaritopsis sp.

Árvores ca. 3 m alt. Ramos achatados, costados, glabros. Estípulas ca. 3 mm compr., ovadas,

externamente glabras, internamente densamente pubescente na base. Folhas pecioladas, pecíolos

3,5–5 mm compr., glabros; lâmina 12–17 × 5,5–6 cm, elíptica a oblongo-elíptica, base obtusa,

margem inteira, ápice agudo a acuminado, nervuras secundárias 8–9 pares conspícuos na face

abaxial, glabra, membranácea. Inflorescência, frutos e sementes não analisados.

Discussão:—O espécime coletado encontra-se desprovido de estruturas reprodutivas.

Considerando-se a importância da análise da inflorescência para a identificação de espécies de

Margaritopsis, esta espécie permanece indeterminada até a realização de novas coletas de

espécimes férteis.

Espécimes examinados:—BRASIL. Minas Gerais: município de Camanducaia, Estrada

para Gonçalves, 20 dezembro 2013, Carmo 160 (UEC).

Page 83: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

63

11. Mitracarpus Schult. & Schult.f. in Roemer & Schultes (1827: 210)

Subarbustos ou ervas, hermafroditas. Ramos cilíndricos a tetrágonos, ocasionalmente alados.

Estípulas fimbriadas. Inflorescências axilares e/ou terminais, glomerulares. Flores

actinomorfas, homostílicas; cálice 4–mero; corola 4–mera, hipocrateriforme ou

infundibuliforme, branca, internamente pubescente no tubo, prefloração valvar; ovário 2–locular,

lóculos 1–ovulados, estigma bilobado. Fruto cápsula circuncisa. Sementes 2.

Notas Gerais:—Gênero neotropical, composto por cerca de 50 espécies, distribuído

desde o sul dos Estados Unidos até o centro da Argentina, sendo o Brasil um de seus centros de

diversidade, juntamente ao México e Caribe (Souza et al. 2010). No Brasil Mitracarpus se

distribui por todo o país (com exceção dos estados do Acre, Amapá e Rondônia), onde são

reconhecidas 25 espécies (Souza 2013). Mitracarpus está representado em Camanducaia por

apenas uma espécie.

11.1. Mitracarpus brasiliensis M.L.Porto & J.L.Wächt. in Holmrich (1977: 91)

Fig. 4E–G

Subarbustos a ervas ca. 50 cm alt., eretas, ramificadas. Ramos tetrágonos, curtamente alados,

margem das alas pubescente. Bainha estipular 1,3–3 mm compr., pubérula a glabrescente, 5–8

laciniada, lacínios 1,3–2,6 mm compr., lineares. Folhas sésseis; lâmina 1,5–3,8 × 0,5–1,4 cm,

estreitamente elíptica a elíptica, base atenuada, margem ciliolada, ápice agudo a acuminado,

nervuras secundárias 3-4 pares, inconspícuas, face adaxial glabra a esparsamente pubérula, face

abaxial glabra, esparsamente pubérula ao longo das nervuras primárias e secundárias,

membranácea. Glomérulos 2–3 por ramo, multifloros; brácteas 2–4, foliáceas. Flores sésseis a

subsésseis; hipanto ca. 1 mm compr., glabro; cálice 4–lobado, lobos desiguais dois a dois,

maiores ca. 1,2 mm compr., estreitamente triangulares, ciliados, menores ca. 0,8 mm compr.,

filiformes; corola ca. 2 mm. compr., hipocrateriforme, branca, externamente glabra, internamente

anel de pubescência no tubo, 4–lobada, lobos ca. 0,5 mm. compr., triangulares a ovados; estames

afixados na fauce, filetes incosnpícuos, anteras ca. 0,2 mm compr.; estilete ca. 2 mm compr.,

Page 84: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

64

estigma bilobado, ramos estigmáticos ca. 0,5 mm compr., disco nectarífero bipartido. Cápsula

circunsisa, 1–1,2 mm compr., porção superior em forma de “mitra”. Sementes 2, 0.8–1 mm

compr., elipsoides, depressão ventral em forma de “X”.

Ilustrações:—Porto et al. (1977), p. 109, fig XIV1; Souza et al. (2010), p. 9, fig. 2A–G.

Distribuição e habitat:—Distribui-se nas Regiões Sudeste e Sul do Brasil e noroeste da

Argentina (Misiones), em campos degradados e beira de caminhos (Souza et al. 2010). Em

Camanducaia foi coletada em beira de estrada.

Fenologia:—Encontrada com flores e frutos em julho.

Discussão:—M. brasiliensis pode ser facilmente reconhecida pelo fruto, que consiste de

cápsula circuncisa com a parte superior em forma de “mitra”, e sementes com uma depressão

ventral em “X”.

Espécimes examinados:—BRASIL. Minas Gerais: município de Camanducaia, Estrada

Camanducaia–Monte Verde, 3 abril 2012, Carmo 6 (UEC), 12 abril 2012, Carmo 19 (UEC);

Melhoramentos, 13 julho 2012, Carmo 61 (UEC), 13 julho 2012, Carmo 62 (UEC); monte

Verde, Trilha para a Pedra do Selado, 12 abril 2012, Carmo 27 (UEC).

12. Palicourea Aublet (1775: 172)

Arbustos ou subarbustos, hermafroditas. Ramos cilíndricos a tetrágonos. Estípulas 2–lobadas.

Inflorescências terminais, tirso paniculado. Flores actinomorfas ou zigomorfas, homostílicas ou

heterostílicas; cálice 5–mero; corola 5–mera, tubular a infundibuliforme, ocasionalmente gibosa

na base, tubo amarelo, lobos amarelos, rosados ou púrpuros, internamente com anel de

pubescência na base do tubo, prefloração valvar; ovário 2(–5)–locular, lóculos 1–ovulados,

estigma 2(–5)–lobado. Fruto drupa. Pirênios 2(–5).

Notas Gerais:—Gênero com ca. 250 espécies com ocorrência no México, América

Central, Antilhas, Colômbia, Venezuela, Trinidad, Guiana, Suriname, Guiana Francesa, Equador,

Peru, Brasil, Bolívia, Paraguai e Argentina (Taylor & Steyermark 2004a). Para o Brasil, são

reconhecidas 55 espécies, com registros para as regiões Centro-oeste, Norte e Sudeste, e para os

estados de Bahia, Ceará, Maranhão, Paraná, Pernambuco, Santa Catarina (Zappi 2014b). O

gênero Palicourea está representado em Camanducaia por apenas uma espécie.

Page 85: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

65

12.1. Palicourea rudgeoides (Müll.Arg.) Standley (1931: 381)

≡ Psychotria rudgeoides Müll.Arg. in Martius et al. (1881: 463)

Sinonímia em Taylor (2014b)

Fig. 4H

Arbustos, 0.8–4 m alt., ocasionalmente decumbentes. Ramos subcilíndricos, esparsamente

estrigosos a glabrescentes. Estípulas unidas ao redor do caule, bainha estipular ca. 0,8 mm

compr., estrigosa, bilobada, lobos 1.8–3,3 mm compr., triangulares a subulados, ciliolados.

Folhas 3–4 verticiladas, pecíolos 1.8–3,5 mm compr., estrigosos; lâmina 6,5–17 × 1.8–6 cm,

elíptica, estreitamente elíptica, lanceolada ou oblanceolada, base aguda, margem ciliolada, ápice

agudo a acuminado, nervuras secundárias 8–12 pares conspícuos na face abaxial, face adaxial

esparsamente estrigosa, estrigosa sobre as nervuras primárias e secundárias, face abaxial

pubescente, membranácea a papirácea. Tirso paniculado, inflorescências parciais em címulas;

pedúnculo 6–10 cm compr., estrigoso, avermelhado; brácteas 2,4–6 mm compr., estreitamente

lanceoladas, cilioladas. Flores homostílicas, pediceladas, pedicelos ca. 1mm compr.; hipanto 1–

2 mm compr., estrigosos; cálice 5–lobado, lobos 2–2,3 mm compr., triangulares a lanceolados,

tricomas esparsos no ápice, ciliados; corola 1–1,5 cm compr., tubulosa, amarela, externamente

vilosa, tricomas multicelulares ocasionalmente com ápices avermelhados, internamente anel de

pubescência na base do tubo, 5–lobada, lobos 3–4 mm. compr., triangulares; estames afixados no

tubo, filetes ca. 0,6 mm compr., anteras ca. 3 mm compr.; estilete 7–7,3 mm compr.; estigma

bilobado, ramos estigmáticos ca. 1,5 mm compr., disco nectarífero inteiro. Drupa, 5–7 × 5,1–8

mm, globosa, ocasionalmente comprimida lateralmente. Pirênios 2, plano-convexos, 3–5 cristas

na face dorsal.

Ilustrações:—Jung-Mendaçolli (2007), p. 385, fig. 17E–O.

Distribuição e habitat:—P. rudgeoides distribui-se nos estados de Minas Gerais, São

Paulo e Bahia, ocorrendo em floresta de galeria, floresta ombrófila e floresta costeira (Taylor

2014b). Em Camanducaia foi coletada em subosque de floresta ombrófila mista.

Fenologia:—Encontrada com flores de dezembro a janeiro e frutos de abril a julho.

Page 86: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

66

Discussão:—P. rudgeoides pode ser identificada por apresentar filotaxia oposta,

ocasionalmente verticilada, pedúnculo das inflorescências avermelhado, flores de corolas

amarelas com tricomas multicelulares de ápice ocasionalmente avermelhado.

Espécimes examinados:—BRASIL. Minas Gerais: município de Camanducaia, Estrada

Camanducaia–Monte Verde, 24 abril 2013, Carmo 131 (UEC), 18 dezembro 2013, Carmo 135

(UEC); Mata do Cascalho, 1360 m, 21 dezembro 2000, Torres 1399 (IAC); Melhoramentos, 8

janeiro 2002, Meireles 851 (UEC), 13 julho 2012, 1352 m, 22°49’53’’S 46°03’25’’W, Carmo 59

(UEC), 13 julho 2012, 1352 m, 22°49’53’’S 46°03’25’’W, Carmo 60 (UEC), 25 janeiro 2013,

Carmo 114 (UEC), 25 janeiro 2013, Carmo 115 (UEC), 25 janeiro 2013, Carmo 116 (UEC), 25

janeiro 2013, Carmo 117 (UEC).

13. Posoqueria Aublet (1775: 133)

Árvores ou arbustos, hermafroditas. Ramos cilíndricos a subtetrágonos. Estípulas interias,

triangulares. Inflorescências terminais, corimbosas. Flores zigomorfas, homostílicas; cálice 5–

mero; corola 5–mera, hipocrateriforme, branca, internamente glabra a pubescente na fauce,

prefloração imbricada ou contorta; ovário 2–locular, lóculos pluriovulados, estigma 2–lobado.

Fruto baga. Sementes numerosas.

Notas Gerais:—Gênero neotropical composto por 14 espécies, ocorrendo desde o sul do

México até o sul do Brasil (Macias 1988). No Brasil são reconhecidas dez espécies, ocorrendo

nas regiões Norte, Sudeste e Sul, e nos estados de Alagoas, Bahia, Distrito Federal, Goiás,

Maranhão, Mato Grosso, Paraíba, Pernambuco e Sergipe (Barbosa 2013b). O gênero Posoqueria

está representado em Camanducaia por apenas uma espécie.

13.1. Posoqueria latifolia (Rudge) Schult. in Roemer & Schultes (1819: 227)

≡ Solena latifolia Rudge (1805: 26)

Sinonímia em Macias (1988: 65–67)

Árvores 5 m alt. Ramos cilíndricos a subtetrágonos, glabros a glabrescentes. Estípulas 0,5–1,2

mm compr., deltoide a triangulares, glabras. Folhas pecioladas, pecíolos ca. 6,5 cm compr.,

Page 87: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

67

glabros; lâmina 11–13,5 × 6–6,5 cm, obovada, base arredondada, margem inteira, ápice obtuso,

nervuras secundárias 5–7 pares conspícuos na face abaxial, glabra, cartácea. Corimbo;

pedúnculo ca. 3 cm compr., esparsamente pubérulo a glabrescente; brácteas inconspícuas.

Flores pediceladas, pedicelos 0,5–2 cm compr., pubérulos; hipanto 3,5–4 mm compr., glabros;

cálice 5–lobado, lobos ovados, ciliados; corola 16–19 cm compr., hipocrateriforme, branca,

externamente glabra, internamente vilosa na fauce, 5–lobada, lobos 1–1,5 cm. compr.,

lanceolados; estames afixados na fauce, filetes 0.8–1,2 cm compr., anteras ca. 8 mm compr.;

estilete ca. 10 cm compr., estigma bilobado, ramos estigmáticos ca. 1 mm compr., disco

nectarífero inteiro. Baga lenhosa, 3–3,4 × 3,3–3.5, globosa. Sementes numerosas, 1–1,3 cm

compr., plano-convexas.

Ilustrações:—Delprete et al. (2005), p. 519, fig. 86; Macias (1988), p. 93, fig. 11.

Distribuição e habitat:—Espécie de ampla distribuição nos neotrópicos, ocorrendo desde

o sul do México até o sul do Brasil (Macias 1988). Em Camanducaia foi coletada em mata ciliar.

Fenologia:—Encontrada com frutos em outubro.

Discussão:—Espécie facilmente reconhecida pela inflorescência corimbosa e flores de

corolas hipocrateriformes relativamente muito longas (17–20 cm compr.).

Espécimes examinados:—BRASIL. Minas Gerais: município de Camanducaia, Costa s.

n. (BHCB 41055).

Espécimes adicionais examinados:—BRASIL. São Paulo: município de São Miguel

Arcanjo, Parque Estadual Carlos Botelho, 24°3’22’’S 47°59’36’’W, 15 outubro 2004, Kinoshita

300 (UEC).

14. Psychotria Linnaeus (1759: 929), nom. cons.

Árvores, arbustos ou ervas, hermafroditas. Ramos cilíndricos a subtetrágonos ou achatados.

Estípulas 2–lobadas, menos frequentemente inteiras. Inflorescências axilares e/ou terminais,

tirsos, panículas, cimeiras ou dicásios, ocasionalmente congestas. Flores actinomorfas,

homostílicas ou heterostílicas; cálice (4–)5–mero; corola (4–)5–mera, tubular a infundibuliforme,

branca a creme, internamente pubescente na fauce, prefloração valvar; ovário 2(–5)–locular,

lóculos 1–ovulados, estigma 2(–5)–lobado. Fruto drupa. Pirênios 2(–5).

Page 88: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

68

Notas Gerais:—Psychotria é um gênero pantropical (Taylor & Steyermark 2004b) que

compreende 1.834 espécies (Davis et al. 2009). No Brasil distribui-se em quase todos os estados,

com exceção de Piauí, Rio Grande do Norte e Tocantins, sendo reconhecidas 265 espécies

(Taylor et al. 2014). O gênero Psychotria está representado em Camanducaia por sete espécies.

Chave de identificação para as espécies de Psychotria no município de Camanducaia, MG.

1. Ramos glabros a pubérulos, portando anel de pubescência formado por tricomas ferrugíneos

nos internós; estípulas interpeciolares, arredondadas a obtusas ........................

........................................................................................................................ 14.4. P. niveobarbata

- Ramos glabros, pubérulos, velutinos ou hirsutos, sem anel de pubescência nos internós;

estípulas unidas ao redor do caule formando uma bainha, bilobadas, raramente truncadas .......... 2

2. Cálice longo (4–11 mm compr.), tubular a infundibuliforme, ápice lobado .............................. 3

- Cálice curto (ca. 1 mm compr.), tubular, ápice denteado a dentilhado ........................................ 4

3. Ápice da lâmina foliar caudado a acuminado; inflorescências sésseis, fasciculadas; cálice

tubular, ápice (4–)5–lobado, lobos 1,5–3 mm compr., estreitamente triangulares ................

................................................................................................................................ 14.6. P. suterella

- Ápice da lâmina foliar agudo a acuminado; inflorescências pedunculadas, dicasias; cálice

tubular a infundibuliforme, ápice irregularmente 3–lobado, lobos 2–5 mm compr., ovados a

triangulares ................................................................................................................ 14.1. P. alegre

4. Inflorescência tirsóide ou corimbosa .......................................................................................... 5

- Inflorescência fasciculada ou capitada, raramente espiciforme ................................................... 6

5. Ramos glabros a pubérulos; lobos estipulares 0,5–1 cm compr.; lâminas foliar elíptica;

inflorescência corimbiforme, inflorescências parciais cimoidais congestas .............................

........................................................................................................................... 14.2. P. beyrichiana

- Ramos pubérulos a velutinos ou hirsutos; lobos estipulares 0,2–0,3 cm compr.; lâmina foliar

lanceolada a estreitamente elíptica; inflorescência tirsóide, inflorescências parciais em dicásios

congestos .......................................................................................................... 14.5. P. stachyoides

6. Árvores; inflorescência capitada a espiciforme; pedúnculo 1,3–2,7 cm compr. ..............

................................................................................................................................ 14.3. P. longipes

Page 89: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

69

- Arbustos, raramente árvores; inflorescência fasciculada; pedúnculo 0,1–0,4 cm compr. ........

............................................................................................................................. 14.7. P. vellosiana

14.1. Psychotria alegre ined.

≡ Psychotria dusenii Standley 378 (1931: 378), nom. illeg.

Arbustos, 1,5–2,5 m alt.; Ramos cilíndricos a subcilíndricos ou achatados, glabros. Estípulas

unidas ao redor do caule, bainha estipular ca. 1 mm compr., glabra, bilobada, lobos 1–1,3 mm

compr., estreitamente triangulares, glabros. Folhas pecioladas, pecíolos 0,5–1,5 cm compr.,

glabros; lâmina 6–11 × 1,5–4 cm, elíptica, base aguda, margem inteira, ápice agudo a acuminado,

nervuras secundárias 6–12 pares conspícuos na face abaxial, glabra, membranácea a papirácea.

Dicásio, inflorescências parciais em címulas, terminal; pedúnculo 1–5 cm compr., glabro;

brácteas ca. 1 mm compr., triangulares, glabras. Flores sésseis; hipanto ca. 1,3 mm compr.,

glabro; cálice 8–11 mm compr., tubular a infundibuliforme, glabro, ápice irregularmente 3–

lobado, lobos 2–5 mm compr., ovados a triangulares, glabros; corola não analisada; estames não

analisados; estilete não analisado, disco nectarífero inteiro. Drupa, 3.8–5,5 × 3,3–3,8 mm,

globosa. Pirênios 2, plano-convexos, ocasionalmente 3–5 cristas na face dorsal.

Distribuição e habitat:—Ocorre no Sudeste do Brasil, até o Paraná, em mata atlântica

(Taylor 2007). Em Camanducaia foi coletada em interior de mata de altitude.

Fenologia:—Encontrada com frutos em junho.

Discussão:—P. alegre pode ser caracterizada pelas inflorescências em dicásioa com

inflorescências parciais em címulas e cálice tubular a infundibuliforme relativamente longo (8–11

mm compr.), com ápice irregularmente 3–lobado, sendo os lobos ovados a triangulares. Esta

espécie foi descrita por Standley em 1931 como P. dusenni. Estretanto, Schumann, em 1903, já

havia descrito uma espécie africana com este nome, portanto P. dusenii sensu Standley é um

nome ilegítimo. O nome válido para este táxon será P. alegre Govaerts, o qual ainda não foi

validamente publicado.

Espécimes examinados:—BRASIL. Minas Gerais: município de Camanducaia, Mata do

Pinheirão, 22°42’24.6’’S 45°58’00.3’’W, 2 junho 2001, Lombardi 4400 (BHCB, MBM); Monte

Verde, 30 junho 2001, Meireles 414 (UEC).

Page 90: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

70

14.2. Psychotria beyrichiana Müller (1876: 545)

Fig. 4J–P

Arbustos, 0,5–1 m alt. Ramos cilíndricos a subtetrágonos, glabros a pubérulos. Estípulas unidas

ao redor do caule, bainha estipular 2–3,7 mm compr., pubescente, margem ciliolada, bilobada,

lobos 0,5–1 cm compr., estreitamente triangulares, ciliados. Folhas pecioladas, pecíolos 0,6–1

cm compr., pubérulos a glabros; lâmina 4–8 × 1,4–3 cm, elíptica, base obtusa a atenuada,

margem ciliolada, ápice agudo a acuminado, nervuras secundárias 6–9 pares conspícuos na face

abaxial, face adaxial glabra, face abaxial glabra, pubérula ao longo das nervuras primárias e

secundárias, papirácea. Inflorescência corimbiforme, inflorescências parciais cimoidais

congestas, terminais; pedúnculo 2,5–5 cm compr., glabro a pubérulo; brácteas ca. 7,5 mm

compr., lanceoladas ou oblanceoladas a lineares, ciliadas. Flores sésseis, heterostílicas; hipanto

ca. 1 mm compr., glabro; cálice tubular, ca. 1,2 mm compr., 5–dentilhado, glabro; corola ca. 1

cm compr., estreitamente infundibuliforme, branca, externamente glabra, internamente

pubescente na fauce, 5–lobada, lobos ca. 4 mm. compr., triangulares, dorsalmente corniculados;

estames afixados no tubo, filetes ca. 0,1 mm compr. e anteras ca. 2 mm compr. nas flores

longistilas, filetes ca. 3,5 mm compr. e anteras ca. 1,7 mm compr. nas flores brevistilas; estilete

ca. 9 mm compr. nas flores longistilas, ca. 3 mm compr. nas flores brevistilas, estigma bilobado,

ramos estigmáticos 0,5 mm compr. nas flores longistilas, ca. 2 mm nas flores brevistilas, disco

nectarífero inteiro. Drupa, 3,2–5,5 × 3–5,5 mm, globosa. Pirênios 2, plano-convexos, 3–5 cristas

na face dorsal.

Distribuição e habitat:—Ocorre no Sudeste do Brasil, em mata atlântica (Taylor 2007),

sendo este o seu primeiro registro para o estado de Minas Gerais. Em Camanducaia foi coletada

em subosque de floresta ombrófila densa montana.

Fenologia:—Encontrada com flores de dezembro a janeiro e frutos em abril.

Discussão:—P. beyrichiana pode ser caracterizada pelas estípulas unidas ao redor do

caule formando uma bainha bilobada, lobos estreitamente triangulares relativamente longos (0,5–

1 cm compr.), inflorescência corimbiforme com inflorescências parciais cimoidais congestas com

brácteas lanceoladas ou oblanceoladas a liguladas. A análise de uma população em campo

possibilitou a observação do padrão heterostílico das flores. O morfo brevistilo apresentou

Page 91: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

71

estames com filetes curvados de maneira a agrupar as anteras de um mesmo lado da flor, e estas

são voltadas para a direção oposta. Este padrão provavelmente está relacionado à seleção de

polinizadores. Esta espécie é aqui ilustrada pela primeira vez.

Espécimes examinados:—BRASIL. Minas Gerais: município de Camanducaia, Estrada

Camanducaia–Monte Verde, 18 dezembro 2013, Carmo 136 (UEC), 18 dezembro 2013, Carmo

137 (UEC), 22°49’S 46°03’W, 27 abril 2013, Carmo 121 (UEC), 22°49’S 46°03’W, 27 abril

2013, Carmo 122 (UEC), 22°49’S 46°03’W, 27 abril 2013, Carmo 123 (UEC), 22°49’S

46°03’W, 27 abril 2013, Carmo 124 (UEC); Melhoramentos, 25 janeiro 2013, Carmo 119 (UEC).

14.3. Psychotria longipes Müll.Arg. in Martius et al. (1881: 354)

Fig. 4Q

Árvores, 5–15 m alt. Ramos subcilíndricos a achatados, glabros. Estípulas unidas ao redor do

caule, bainha estipular 1,9–2,3 mm compr., glabra, bilobada, lobos ca.1,7 mm compr.,

estreitamente triangulares, glabros. Folhas pecioladas, pecíolos 0,3–1,2 cm compr., glabros;

lâmina 6,5-10 × 1-2 cm, estreitamente elíptica a elíptica ou lanceolada, base aguda a atenuada,

margem inteira, ápice agudo a acuminado, nervuras secundárias 12–15 pares conspícuos na face

abaxial, glabra, cartácea. Inflorescência capitada a espiciforme, axilar; pedúnculo 1,3–2,7 cm

compr., glabro; brácteas ca. 2 mm compr., triangulares, esparsamente cilioladas. Flores

homostílicas, sésseis; hipanto ca. 1 mm compr., glabro a esparsamente pubérulo; cálice tubular,

ca. 1 mm compr., glabro, 5–dentilhado; corola ca. 7 mm compr., infundibuliforme, branca,

externamente glabra, internamente pubescente na fauce, 5–lobada, lobos ca. 3 mm. compr.,

triangulares; estames afixados na fauce, filetes ca. 2 mm compr., anteras ca. 2,5 mm compr.;

estilete ca. 4 mm compr., estigma bilobado, ramos estigmáticos ca. 1,3 mm compr., disco

nectarífero inteiro. Drupa, 2,5–4,6 × 3–4,3 mm, elipsoide. Pirênios 2, plano-convexos, 3-5

cristas na face dorsal.

Distribuição e habitat:—Distribui-se no Sudeste do Brasil, em mata atlântica e mata de

encosta (Taylor 2007), no Paraná, Santa Catarina e Bahia. Em Camanducaia foi coletada em

floresta ombrófila mista, floresta ombrófila densa montana e borda de mata.

Fenologia:—Encontrada com flores em dezembro e frutos de fevereiro a agosto.

Page 92: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

72

Discussão:—P. longipes pode ser caracterizada por apresentar indivíduos arbóreos

relativamente altos (5–15 m alt.), inflorescências capitadas a espiciformes com pedúnculos

relativamente longos (1,3–2,7 cm compr.). Existem divergências entre autores (Delprete et al.

2005, Taylor 2007) em relação ao tratamento de P. longipes como sinônimo de P. vellosiana

Bentham (1850: 464). Os materiais analisados referentes a estas espécies diferem no tamanho do

pedúnculo da inflorescência, principal caráter distintivo entre elas, portanto optou-se pelo

reconhecimento de ambas.

Espécimes examinados:—BRASIL. Minas Gerais: município de Camanducaia, 28

fevereiro 2000, Torres 1071 (IAC); Estrada Camanducaia–Monte Verde, 3 abril 2012, Carmo 14

(UEC); Mata do Altair, 22°42’S 45°56’ W, 15 outubro 1999, Torres 908 (IAC, UEC), 21

dezembro 1999, Torres 1040 (IAC), 21 dezembro 1999, Torres 1043 (IAC), 1800 a 2000 m,

22°42’50’’S 45°56’12’’W, 22 agosto 2000, Kamino 26 (BHCB), 1800 a 2000 m, 22°42’50’’S

45°56’12’’W, 22 agosto 2000, França 91 (BHCB), 1900 m, 8 dezembro 2000, França 190

(BHCB), 1900 m, 8 dezembro 2000, França 198 (BHCB), 1900 m, 8 dezembro 2000, França

204 (BHCB), 1900 m, 22°42’39’’S 45°55’54’’W, 2 fevereiro 2001, França 233 (BHCB); Monte

Verde, 26 junho 2001, Meireles 399 (UEC), 10 março 2002, Meireles 957 (UEC), 24 abril 2002,

Meireles 1065 (UEC)

Espécimes adicionais examinados:—BRASIL. Minas Gerais: município de Extrema,

Serra do Lopo, 21 dezembro 2004, Yamamoto 1791 (UEC).

14.4. Psychotria niveobarbata (Müll.Arg.) Britton (1891: 110)

≡ Mapouria niveobarbata Müll.Arg. in Martius et al. (1881: 401)

Sinonímia em Taylor et al. (2014)

Fig. 4R

Arbustos, ca. 1,8 m alt. Ramos cilíndricos a subcilíndricos ou achatados, glabros a pubérulos,

anel de pubescência formado por tricomas ferrugíneos nos internós. Estípulas interpeciolares, 5–

7,8 mm compr., arredondadas a ovadas, glabras a pubérulas. Folhas pecioladas, pecíolos 0,5–1

cm compr., pubérulos a glabros; lâmina 6–15 × 1–3 cm, estreitamente elíptica, base aguda a

atenuada, margem inteira, ápice agudo a acuminado, nervuras secundárias 7–9 pares conspícuos

Page 93: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

73

na face abaxial, face adaxial glabra, face abaxial glabra a pubérula sobre as nervuras pimárias e

secundárias, membranácea. Tirso, inflorescências parciais dicasias, terminal; pedúnculo 0.8–1

cm compr., glabro a pubérulo; brácteas ca. 0,5 mm, pubérulas. Flores homostílicas, sésseis a

subsésseis; hipanto ca. 0,5 mm compr., pubérulo; cálice 5–lobado, lobos ca. 0,3 mm compr.,

triangulares, pubérulos; corola 3–3,3 mm compr., infundibuliforme, branca, externamente

papilosa, internamente pubescente na fauce, 5–lobada, lobos ca. 1,5 mm. compr., triangulares;

estames afixados na fauce, filetes inconspícuos, anteras ca. 0,8 mm compr.; estilete ca. 1,5 mm

compr., estigma bilobado, ramos estigmáticos ca. 0,5 mm compr., disco nectarífero inteiro.

Drupa, 3,5–4,5 × 2,5–3,5 mm, elipsoide. Pirênios 2, plano-convexos, 3–5 cristas na face dorsal.

Distribuição e habitat:—Distribui-se no Sudeste do Brasil, em capoeiras e brejos em

regiões decíduas (Taylor 2007) e na Bahia. Em Camanducaia foi coletada em subosque de mata

de altitude.

Fenologia:—Encontrada com flores em novembro e frutos em junho.

Discussão:—P. niveobarbata pode ser caracterizada pelos ramos internos com anel de

pubescência densa formado por tricomas ferrugíneos, estípulas interpeciolares arredondadas a

obtusas, interpeciolares, e corola relativamente pequena (3–3,3 mm compr.).

Espécimes examinados:—BRASIL. Minas Gerais: município de Camanducaia,

Fazenda São José, 1400m, 22°45’18’’S 46°06’16’’W, 20 junho 2000, Kamino 49 (BHCB,

MBM), 20 junho 2000, Kamino 57 (BHCB); Mata dos Mota, 25 novembro 1999, Torres 972

(IAC, UEC).

Page 94: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

74

Figura 4. A–D. Manettia glaziovii: A. hábito, B. indumento dos ramos, C. fruto, D. semente; E–

G. Mitracarpus brasiliensis: E. fruto fechado, F. fruto aberto, G. semente; H–I. Palicourea

rudgeoides: H. hábito, I. flor aberta; J–P. Psychotria beyrichiana: J. hábito, K. estípula, L–M.

flor longistila, N–O. flor brevistila, P. fruto; Q. P. longipes: inflorescências; R. P. niveobarbata:

estípula. (A–D Carmo 56; E–G Carmo 19; H–I Carmo 115; J–K, P Carmo 124; L–M Carmo

136; N–O Carmo 137; Q Carmo 14; R Torres 972)

Page 95: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

75

14.5. Psychotria stachyoides Bentham (1850: 464)

Sinonímia em Taylor et al. (2014)

Fig. 5A–E

Ervas eretas ou arbustos, 0,4–1,5 m alt. Ramos subcilíndricos, pubérulos a velutinos,

ocasionalmente hirsutos. Estípulas unidas ao redor do caule, bainha estipular ca. 3 mm compr.,

pubescente, bilobada, lobos 2–3,5 mm compr., estreitamente triangulares, esparsamente

pubescentes. Folhas pecioladas, pecíolos 2–3,5 mm compr., pubescentes; lâmina 4,3–9,5 × 0.8–

1,9 cm, lanceolada a estreitamente elíptica, base aguda, margem ciliolada, ápice agudo a

acuminado, nervuras secundárias 4–8 pares conspícuos na face abaxial, ambas as faces

esparsamente pubescentes, pubescentes ao longo das nervuras primárias e secundárias, papirácea.

Inflorescência tirsóide, inflorescências parciais em dicásios congestos, terminal, ocasionalmente

axilar; pedúnculo 5,3–8 mm compr., hirsutos; brácteas 6–7,5 mm compr., ovadas a lineares,

pubescentes. Flores sésseis, heterostílicas; hipanto ca. 1 mm compr., velutino; cálice tubular, ca.

1 mm compr., 5–dentado, ciliado; corola ca. 1 cm compr., estreitamente infundibuliforme,

branca, externamente pubescente, internamente pubescente na fauce, 5–lobada, lobos ca. 3 mm.

compr., lanceolados; estames afixados no tubo, filetes ca. 0,3 mm compr. e anteras ca. 1,6 mm

compr. nas flores longistilas, filetes ca. 2,7 mm compr. e anteras ca. 1,4 mm compr. nas flores

brevistilas; estilete ca. 9 mm compr. nas flores longistilas, ca. 2,8 mm compr. nas flores

brevistilas, estigma bilobado, ramos estigmáticos ca. 0,5 mm compr. nas flores longistilas, ca. 1,5

mm compr. nas flores brevistilas, disco nectarífero inteiro. Drupa, 4–6 × 2,5–3 mm, elipsoide.

Pirênios 2, plano-convexos, 3–5 cristas na face dorsal.

Distribuição e habitat:—Ocorre no Sudeste e Sul do Brasil, em mata tropical pluvial de

altitude e campo rupestre (Taylor 2007). Em Camanducaia foi coletada em subosque de floresta

ombrófila densa montana.

Fenologia:—Encontrada com flores de maio a dezembro e frutos em janeiro.

Discussão:—P. stachyoides caracteriza-se pelo porte herbáceo a arbustivo de seus

indivíduos, indumento frequentemente velutino a hirsuto e inflorescências tirsóides com

inflorescências parciais em dicásios congestos. A análise de populações em campo possibilitou a

Page 96: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

76

observação do padrão heterostílico das flores. O morfo longistilo apresenta frequentemente uma

volta completa dos estiletes. Ilustrações desta espécie são apresentadas aqui pela primeira vez.

Espécimes examinados:—BRASIL. Minas Gerais: município de Camanducaia, Mata do

Altair, 1670 m, 22°42’S 55°45’W, 26 agosto 1999, Stehmann 2581 (BHCB, IAC), 22°42’S

45°56’W, 15 outubro 1999, Torres 914 (IAC, UEC), 20 dezembro 1999, Torres 1032 (IAC,

UEC), 1800 a 2000 m, 22°42’50’’S 45°56’12’’W, 20 junho 2000, Kamino 33 (BHCB, MBM),

1800 a 2000 m, 22°42’50’’S 45°56’12’’W, 20 junho 2000, Kamino 37 (BHCB), 1900 m,

22°42’39’’S 45°55’54’’W, 20 abril 2001, França 275 (BHCB); Monte Verde, 17 outubro 2001,

Meireles 674 (UEC), 31 outubro 2001, Meireles 718 (SP, UEC), Córrego do Catede, 29 março

2003, Meireles 1330 (UEC), trilha para o Platô, 24 janeiro 2013, Carmo 104 (UEC), 24 janeiro

2013, Carmo 106 (UEC), 19 dezembro 2013, Carmo 153 (UEC), 19 dezembro 2013, Carmo 154

(UEC); Patrimônio São Domingos, 1850 m, 22°42’27’’S 45°56’56’’W, 31 maio 2001, Lombardi

4376 (BHCB, MBM).

14.6. Psychotria suterella Müll.Arg. in Martius et al. (1881: 380)

≡ Suteria parviflora Gardner (1845: 110)

Sinonímia em Taylor et al. (2014)

Fig. 5 F

Árvores a arbustos, até 9 m alt. Ramos cilíndricos a subcilíndricos ou achatados, glabros.

Estípulas unidas ao redor do caule, bainha estipular ca. 1 mm compr., glabra, truncada. Folhas

pecioladas, pecíolos 0,5–1 cm compr., glabros; lâmina 3,5–8 × 1,5–3,5 cm, elíptica, base aguda,

margem inteira, ápice caudado a acuminado, nervuras secundárias 6–10 pares conspícuos na face

abaxial, glabra, membranácea a papirácea. Fascículo (2–)3–floro, séssil a subséssil, terminal;

brácteas ca. 0,5 mm compr., ovadas, cilioladas. Flores homostílicas, sésseis; hipanto ca. 1,2 mm

compr., glabro; cálice 4–7 mm compr., tubular, glabro, ápice (4–)5–lobado, lobos 1,5–3 mm

compr., estreitamente triangulares, glabros; corola ca. 1,5 cm, infundibuliforme, branca,

externamente glabra, internamente pubescente na fauce, 5–lobada, lobos ca. 5 mm campr.,

triangulares, glabros; estames afixados na fauce, filete ca. 4 mm compr., anteras ca. 3,5 mm

Page 97: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

77

compr.; estilete ca. 7 mm compr., estigma bilobado, ramos estigmáticos ca. 3 mm compr., disco

nectarífero inteiro. Drupa, 4–8 × 6,7–9 mm, globosa. Pirênios 2, plano-convexos.

Ilustrações:—Delprete et al. (2005), p. 602, fig. 103.

Distribuição e habitat:—P. suterella distribui-se no Sul e Sudeste do Brasil, do Rio de

Janeiro ao Rio Grande do Sul, e Argentina (Delprete et al. 2005), ocorrendo em mata ombrófila,

mata de encosta, capoeira e mata pluvial montana (Taylor 2007). Em Camanducaia foi coletada

em subosque de mata e mata de encosta.

Fenologia:—Encontrada com flores em maio e frutos de dezembro a março.

Discussão:—Espécie facilmente reconhecida pelas folhas de lâmina com ápice

geralmente caudado, inflorescências fasciculares sésseis e cálice tubular de ápice (4–)5–lobado,

com lobos estreitamente triangulares.

Espécimes examinados:—BRASIL. Minas Gerais: município de Camanducaia, Mata do

Chico Rei, 1395 m, 14 março 2001, Torres 1418 (IAC, UEC); Mata do Milton Tóta, 1278 m, 11

dezembro 2001, Torres 1468 (IAC, UEC).

Espécimes adicionais examinados:—BRASIL. Minas Gerais: município de Extrema,

Campo de altitude nos arredores da cidade, 1410 m, 22°53’34’’S 46°19’53’’W, 13 maio 2004,

Kinoshita 04/102 (UEC), Trilha para Pedra das Flores, 1600 m, 22°53’25’’S 46°19’35’’W, 14

maio 2004, Kinoshita 04/114 (UEC).

14.7. Psychotria vellosiana Bentham (1850: 464)

≡ Coffea sessilis Velloso (1829: 64)

Sinonímia em Taylor et al. (2014)

Fig. 5G–H

Arbustos, raramente árvores, ca. 0,5–5 m alt. Ramos subcilíndricos a achatados, glabros a

pubérulos ou hirsutos. Estípulas unidas ao redor do caule, bainha estipular ca. 2,6 mm compr.,

pubescente, bilobada, lobos 1.8–2,5 mm compr., lineares a estreitamente triangulares,

esparsamente pubescentes. Folhas pecioladas, pecíolos 1,7–3 mm compr., pubescentes; lâmina

1.8–5,2 × 0,4–1,1 cm, lanceolada a estreitamente lanceolada, base obtusa a arredondada, margem

inteira, ápice agudo a acuminado, nervuras secundárias 12–15 pares conspícuos na face abaxial,

Page 98: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

78

face adaxial glabra, face abaxial glabra, esparsamente pubescente a pubescente sobre a nervura

primária, membranácea. Inflorescência fasciculada, axilar; pedúnculo 1,3–4 mm compr., glabro;

brácteas 2–3 mm compr., triangulares, estreitamente triangulare a lineares, esparsamente

ciliadas. Flores homostílicas, sésseis; hipanto ca. 0,5 mm compr., glabro a esparsamente

pubérulo; cálice ca. 0,5 mm compr., tubular, glabro, 5–dentilhado; corola ca. 7 mm compr.,

infundibuliforme, branca, externamente glabra, internamente pubescente na fauce, 5–lobada,

lobos ca. 2 mm. compr., triangulares; estames afixados na fauce, filetes inconspícuos, anteras ca.

1,5 mm compr.; estilete ca. 5,5 mm compr., estigma bilobado, ramos estigmáticos ca. 1,5 mm

compr., disco nectarífero inteiro. Drupa, 4–5 × 2,5–3 mm, obovoide. Pirênios 2, plano–

convexos, 3–5 cristas na face dorsal.

Ilustrações:—Schumann (1881), fig. 56 (sob P. hancorniifolia var. genuina Müll.Arg. in

Martius et al. (1881: 355)).

Distribuição e habitat:—Ocorre do sul da Venezuela até o Paraguai, em mata atlântica,

mata higrófila de encosta, mata de restinga e mata mesófila. Em Camanducaia foi coletada em

subosque de floresta ombrófila densa montana.

Fenologia:—Encontrada com flores de outubro a novembro e frutos de janeiro a junho.

Discussão:—P. vellosiana pode ser caracterizada pelas folhas de lâminas lanceolada a

estreitamente lanceolada e inflorescências fasciculadas, axilares, de pedúnculos curtos (1,3–2,6

mm compr.).

Espécimes examinados:—BRASIL. Minas Gerais: município de Camanducaia,

Fazenda São José, 1400 m, 22°45’18’’S 46°06’16’’W, 21 junho 2000, Kamino 60 (BHCB); Mata

dos Mota, 1000 m, 22°44’S 46°08’W, 13 outubro 1999, Torres 767 (IAC), 14 outubro 1999,

Torres 850 (IAC), 24 novembro 1999, Torres 958 (IAC), 25 novembro 1999, Torres 968 (IAC);

Mata dos Vargas, 1040 m, 22°44’S 46°07’W, 14 outubro 1999, Torres 884 (IAC, UEC);

Melhoramentos, 24 janeiro 2013, Carmo 118 (UEC).

15. Randia Linnaeus (1753: 1192)

Árvores a arbustos, dióicos. Ramos cilíndricos, armados. Estípulas inteiras, ovadas.

Inflorescências terminais, masculinas fasciculadas, femininas 1–floras. Flores actinomorfas;

Page 99: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

79

cálice truncado a denticulado; corola 4–6–mera, hipocrateriforme, branca, internamente vilosa na

fauce, prefloração contorta; ovário 2–locular, lóculos pluriovulados, estigma clavado-bilobado.

Fruto baga. Sementes numerosas.

Notas Gerais:—Gênero neotropical composto por cerca de 90 espécies (Gustafsson &

Persson 2002). Sete espécies são reconhecidas no Brasil, ocorrendo em todo o país (Barbosa

2014). O gênero Randia está representado em Camanducaia por apenas uma espécie.

15.1. Randia armata (Swartz) De Candolle (1830: 387)

≡ Gardenia armata Swartz (1788: 51)

Sinonímia em Barbosa (2014)

Fig 5I–J

Árvores ca. 6 m alt. Ramos cilíndricos, descamantes, armados. Estípulas 2.8–3,5 mm compr.,

imbricadas, ovadas, ápice acuminado a mucronado, glabras a ciliadas. Folhas pecioladas,

pecíolos 6–8 mm compr., estrigoso; lâmina 4–5,5 × 2–3,5 cm, elíptica a obovada, base obtusa a

atenuada, margem inteira a ciliolada, ápice obtuso a acuminado, nervuras secundárias 6–7 pares

conspícuos na face abaxial, face adaxial glabra, face abaxial estrigosa ao longo das nervuras

primárias e secundárias, membranácea. Inflorescência masculina fasciculada, 3–10–flora;

pedúnculo inconspícuo; brácteas 1,4–1,5 mm compr., lanceoladas, glabras. Inflorescência

feminina uniflora; pedúnculo inconspícuo; brácteas inconspícuas. Flores masculinas

pediceladas, pedicelos 3–4,5 mm compr., glabros; hipanto 2–4,3 mm compr., glabro; cálice 5–

lobado, lobos lanceolados, glabros; corola 2,5–3 cm compr., hipocrateriforme, branca,

externamente glabra, internamente vilosa na fauce, 5–lobada, lobos ca. 0,5–1 cm. compr.,

obovados; estames afixados na fauce, filetes inconspícuos, anteras ca. 5 mm compr.; estilete ca.

3 cm compr., estigma clavado-bilobado, ramos estigmáticos ca. 2,5 mm compr., disco nectarífero

inteiro. Flores femininas sésseis a subsésseis; hipanto 7,5–8 mm compr., estriguloso; cálice 5–

lobado, lobos ovados, ciliados; corola 3,5–4 cm compr., hipocrateriforme, tubo esverdeado e

lobos brancos, externamente glabra, internamente vilosa na fauce, 5–lobada, lobos ca. 3,5 mm.

compr., obovados; estames afixados na fauce, filetes inconspícuos, anteras ca. 2,5 mm compr.;

estilete 1,5–2,5 mm compr., estigma clavado-bilobado, ramos estigmáticos ca. 3,5 mm compr.,

Page 100: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

80

disco nectarífero inteiro. Baga lenhosa, 1.8–2,5 × 1,5–1.8, elipsoide a obovoide. Semantes

numerosas, 6,3–7, comprimidas dorsiventralmente, orbiculares.

Ilustrações:—Schumann (1889), fig. 149 (sob Basanacantha spinosa var. ferox

Schumann in Martius et al. (1889: 378)).

Distribuição e habitat:—Distribui-se nas Índias Ocidentais e desde o México, Guianas,

Venezuela, Colômbia, Peru, Brasil até o Paraguai, em mata atlântica, restinga, mata de galeria,

mangue doce “brejoso”, matas secundárias e cerrados perturbados com eucaliptos (Jung-

Mendaçolli & Anunciação 2007). Em Camanducaia foi coletada em mata de altitude.

Fenologia:—Encontrada com flores em outubro e frutos de outubro a março.

Discussão:—R. armata caracteriza-se por apresentar indivíduos dióicos, ramos armados,

corola com prefloração imbricada e lobos obovados e estigma clavado-bilobado.

Espécimes examinados:—BRASIL. Minas Gerais: município de Camanducaia, Mata

dos Mota, 14 outubro 1999, Torres 854 (IAC, UEC).

Espécimes adicionais examinados:—BRASIL. São Paulo: município de Angatuba,

Estação Ecológica de Angatuba, 624 m, 9 outubro 1987, Torres 307 (UEC); município de

Valinhos, 955 m, 15 março 2009, Costa 126 (UEC).

16. Richardia Linnaeus (1753: 330)

Ervas, decumbentes ou prostradas, hermafroditas. Ramos cilíndricos a tetrágonos. Estípulas

fimbriadas. Inflorescências terminais, glomerulares. Flores actinomorfas, homostílicas; cálice

4–6–mero; corola 4–6–mera, infundibuliforme, branca, lobos geralmente rosados ou lavanda,

pubescente no tubo, ocasionalmente também nos lobos, prefloração valvar; ovário (2–)3–4(–6)–

locular, lóculos 1–ovulados, estigma 3–4–lobado. Fruto esquizocárpico. Sementes 1 por

mericarpo.

Notas Gerais:—Gênero composto por 18 espécies, distribuídas desde o sul dos Estados

Unidos até o noroeste da América do Sul (Colombia, Venezuela, Guyana, Equador e Peru),

incluindo Cuba e Jamaica, e centro da América do Sul, incluindo Bolívia, norte da Argentina,

Paraguai, Uruguai e grande parte do Brasil, com exceção da Bacia Amazônica, com algumas

espécies daninhas alcançando a África, Ceilão (atual Sri Lanka), Java (Indonésia) e Havaí

Page 101: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

81

(Lewis & Oliver 1974). No Brasil, Richardia distribui-se nas regiões Centro-oeste, Nordeste,

Sudeste e Sul, e nos estados de Rondônia e Tocantins, sendo reconhecidas sete espécies (Cabral

& Salas 2013c). O gênero Richardia está representado em Camanducaia por duas espécies.

Chave de identificação para as espécies de Richardia no município de Camanducaia, MG.

1. Ramos esparsamente hirsutos a hirsutos; lâmina foliar membranácea; hipanto papiloso-

estrigoso; cálice (5–)6–lobado; corola 6–lobada; estigma trilobado; esquizocarpo separando-se

em 3 mericarpos ................................................................................................ 16.1. R. brasiliensis

- Ramos densamente hirsutos; lâmina foliar cartácea; hipanto glabro; cálice 4–lobado; corola 4–

lobada; estigma capitado 4–lobado; esquizocarpo separando-se em 4 mericarpos .............

............................................................................................................................ 16.2. R. humistrata

16.1. Richardia brasiliensis Gomes (1801: 31)

Sinonímia em Cabral & Salas (2013c)

Ervas decumbentes, ramificadas. Ramos cilíndricos a tetrágonos, hirsutos. Bainha estipular

2,2–3,7 mm compr., hirsutas, 4–6 laciniada, lacínios 2–4 mm compr., estreitamente triangulares a

lineares. Folhas sésseis; lâmina 1,1–6 × 0,5–1,8 cm, elíptica, base atenuada, margem ciliada,

ápice agudo a obtuso, nervuras secundárias 4 pares, inconspícuas, face adaxial pilosa a

esparsamente pilosa, face abaxial esparsamente pilosa, pilosa ao longo das nervuras primárias e

secundárias, membranácea. Glomérulos terminais, multifloros; brácteas 2–4, foliáceas. Flores

sésseis a subsésseis; hipanto 1–2 mm compr., papiloso-estrigoso; cálice (5–)6–lobado, lobos

1,1–3 mm compr., triangulares, ciliados; corola 4–5,5 mm. compr., infundibuliforme, branca,

ocasionalmente rosada nos lobos, externamente tricomas esparsos nos lobos, internamente

pubescente no tubo, 6–lobada, lobos 1–3 mm. compr., triangulares; estames afixados na fauce,

filetes 1–1,2 mm compr., anteras ca. 1 mm compr.; estilete 6–7 mm compr., estigma trilobado,

ramos estigmáticos ca. 0,7 mm compr., disco nectarífero inteiro. Esquizocarpo 3–4 mm compr.,

papiloso-estrigoso, separando-se em 3 mericarpos. Sementes ca. 1,5 mm compr., obcordadas,

comprimidas dorsi-ventralmente, face ventral parcialmente coberta pelo estrofíolo.

Page 102: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

82

Ilustrações:—Delprete et al. (2005), p. 627, fig. 106; Porto et al. (1977), p. 97, fig. II1;

Schumann (1889), fig. 87 (sob Richardsonia brasiliensis (Gomes) Klotzsch in Hayne (1846: t.

21)).

Distribuição e habitat:—R. brasiliensis é uma espécie amplamente distribuída desde a

América do Norte, Antilhas e toda a América do Sul e introduzida na África e Ásia (Delprete et

al. 2005), ocorrendo em savanas, campos, pradarias, dunas, locais impactados e como invasora de

cultivos (Lewis & Oliver 1974; Porto et al. 1977). Em Camanducaia foi coletada em beira de

estradas, trilhas e pastos.

Fenologia:—Encontrada com flores e frutos de janeiro a abril.

Discussão:—R. brasiliensis apresenta grande variação em relação ao tamanho da lâmina

foliar, mas pode ser facilmente caracterizada pelo cálice (5–)6–lobado, corola 6–lobada e fruto

esquizocárpico, separando-se em três mericarpos indeiscentes.

Espécimes examinados:—BRASIL. Minas Gerais: município de Camanducaia, Estrada

Camanducaia–Monte Verde, 3 abril 2012, Carmo 3 (UEC), 3 abril 2012, Carmo 7 (UEC), 3 abril

2012, Carmo 13 (UEC); Monte Verde, 24 janeiro 2013, Carmo 110 (UEC), Afloramento do

Platô, 27 janeiro 2002, Meireles 896 (UEC), Trilha para a Pedra do Selado, 12 abril 2012, Carmo

23 (UEC), 12 abril 2012, Carmo 30 (UEC).

16.2. Richardia humistrata (Chamisso & Schlechtendal) Steudel (1840: 459)

≡ Richardsonia humistrata Chamisso & Schlechtendal (1828: 353)

Sinonímia em Cabral & Salas (2013c)

Fig. 5K–N

Ervas prostradas, basalmente ramificadas. Ramos subcilíndricos a tetrágonos, densamente

hirsutos, radicantes. Bainha estipular 1–1,5 mm compr., hirsuta, 4–6 laciniada, lacínios 3–6 mm

compr., lineares. Folhas sésseis; lâmina 0,6–1,5 × 0,3–0,8 cm, elíptica, base atenuada, margem

ciliada, ápice agudo a acuminado, nervuras secundárias 3 pares, inconspícuas, face adaxial

esparsamente pilosa a glabra, face abaxial pilosa, densamente pilosa ao longo das nervuras

primárias e secundárias, cartácea. Glomérulos terminais, multifloros; brácteas 4, foliáceas.

Flores sésseis a subsésseis; hipanto 1,5–2 mm compr., glabro; cálice 4–lobado, lobos 1,5–2 mm

Page 103: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

83

compr., lanceolados, pilosos; corola 1–1,5 mm. compr., infundibuliforme, branca, externamente

tricomas esparsos nos lobos, internamente pubescente no tubo, 4–lobada, lobos 0,6–0,9 mm.

compr., triangulares; estames afixados na fauce, filetes 0,2–0,4 mm compr., anteras ca. 0,3 mm

compr.; estilete ca. 1,5 mm compr., estigma capitado 4–lobado, disco nectarífero inteiro.

Esquizocarpo 1,5–3 mm compr., liso, separando-se em 4 mericarpos. Sementes ca. 1,5 mm

compr., subelipsoides, sulco longitudinal ventral recoberto pelo estrofíolo.

Ilustrações:—Porto et al. (1977), p. 98, fig. III1; Schumann (1889), fig. 88I (sob

Richardsonia humistrata).

Distribuição e habitat:—R. humistrata distribui-se nos Estados Unidos, México, Perú,

Argentina, Uruguai, Sul e Sudeste do Brasil, em campos e beira de estradas, ocorrendo como

introduzida na África do Sul (Delprete et al. 2005; Lewis & Oliver 1974). Em Camanducaia, foi

coletada em pasto.

Fenologia:—Encontrada com flores e frutos de janeiro a abril.

Discussão:—R. humistrata pode ser facilmente reconhecida pelo seu hábito herbáceo

prostrado, com ramos densamente hirsutos e radicantes, dando à planta um aspecto de “tapete” e

esquizocarpos lisos, separando-se em quatro mericarpos.

Espécimes examinados:—BRASIL. Minas Gerais: município de Camanducaia, Monte

Verde, 26 abril 2012, Meireles 3387 (UEC), 24 janeiro 2013, Carmo 112 (UEC).

17. Rudgea Salisbury (1807: 327)

Árvores ou arbustos, hermafroditas. Ramos subcilíndricos a achatados. Estípulas inteiras,

ovadas a espatuladas, providas de apêndices dorsais e/ou marginais. Inflorescências terminais,

tirso ou dicásio, ocasionalmente congestas. Flores actinomorfas, heterostílicas; cálice truncado a

4–mero; corola 4–6–mera, infundibuliforme a tubular, branca, creme ou lilás, internamente

glabra a pubescente na fauce, prefloração valvar; ovário 2–locular, lóculos 1–ovulados, estigma

bilobado. Fruto drupa. Pirênios 2.

Notas Gerais:—Gênero composto por pelo menos 120 espécies neotropicais, distribuídas

do México à Argentina, com dois centros de diversidade, um no noroeste da América do Sul e

outro na Mata Atlântica do Sudeste do Brasil (Zappi 2003). Distribui-se em quase todo o

Page 104: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

84

território brasileiro, com exceção dos estados de Pernambuco e Rio Grande do Norte, totalizando

66 espécies reconhecidas (Zappi & Bruniera 2013). O gênero Rudgea está representado em

Camanducaia por duas subespécies.

Chave de identificação para as subespécies de Rudgea no município de Camanducaia, MG.

1. Estípulas ovadas a oblongas, apêndices dorsais numerosos, filiformes; lâmina foliar elíptica a

obovada; inflorescência em tirso ...................................... 17.1. R. jasminoides subsp. jasminoides

- Estípulas naviculares, quilhadas dorsalmente; lâmina foliar elíptica a estreitamente elíptica;

inflorescência em cimeira congesta .................................................. 17.2. R. sessilis subsp. sessilis

17. 1. Rudgea jasminoides (Chamisso) Müller (1879: 452) subsp. jasminoides

≡ Coffea jasminoides Chamisso (1834: 222)

Sinonímia em Zappi (2003: 524)

Fig. 5O

Árvores a arbustos, 1,5–9 m alt. Ramos subcilíndricos, glabros. Estípulas 1,5–2,2 mm compr.,

ovadas a espatuladas, glabras, apêndices dorsais numerosos, 1,5–2,8 mm compr., filiformes.

Folhas pecioladas, pecíolos 3,7–6,4 mm compr., glabros; lâmina 5–10,6 × 1,5–4,4 cm, elíptica a

obovada, base aguda a atenuada, margem inteira, ápice agudo a acuminado, nervuras secundárias

8–10 pares conspícuos na face abaxial, glabra, face abaxial com domácias ocasionalmente

presentes nas axilas das nervuras secundárias, membranácea a cartácea. Tirso terminal;

pedúnculo 2–5 cm compr., glabros; brácteas 0,9–1,2 mm compr., estreitamente triangulares,

glabras. Flores pediceladas, pedicelos 1–4 mm compr.; hipanto 1–1,8 mm compr., glabro; cálice

4–lobado, lobos 1–1,2 mm compr., triangulares a lanceolados, ciliados; corola 0.8–2,5 cm

compr., estreitamente infundibuliforme, branca, glabra, 5–lobada, lobos 5–8 mm. compr.,

lanceolados; estames afixados na fauce, filetes ca. 1 mm compr. nas flores longistilas, ca. 1,2 cm

compr. nas flores brevistilas, anteras ca. 1,3 mm compr.; estilete ca. 2,1 cm compr. nas flores

longistilas, ca. 1,4 cm. compr. nas flores brevistilas, estigma bilobado, ramos estigmáticos ca. 2

Page 105: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

85

mm compr., disco nectarífero inteiro. Drupa, 5–6,7 × 4,7–5 mm, elipsoide. Pirênios 2, plano-

convexos, ventralmente sulcados.

Ilustrações:—Zappi (2003), p. 522, fig. 1A–D.

Distribuição e habitat:—Ocorre em São Paulo, Minas Gerais, parte oeste do Paraná até o

Paraguai, em mata de planalto e floresta de galeria (Zappi 2003). Em Camanducaia foi coletada

em subosque de floresta ombrófila densa montana e floresta ombrófila mista, bem como em mata

ciliar.

Fenologia:—Encontrada com flores de outubro a novembro e frutos de dezembro a abril.

Discussão:—Três subespécies são reconhecidas em R. jasminoides, além da subespécie

típica. Estas subespécies (corniculata, micranta e nervosa) têm suas distribuições restritas à costa

brasileira, do Espírito Santo à Santa Catarina, enquanto R. jasminoides subsp. jasminoides ocorre

em mata de planalto e floresta de galeria em São Paulo, Minas Gerais, parte oeste do Paraná até o

Paraguai. Este táxon pode ser caracterizado pelas estípulas ovadas a oblongas, portando

apêndices dorsais numerosos, filiformes e inflorescência em tirso, laxa.

Espécimes examinados:—BRASIL. Minas Gerais: município de Camanducaia, Estrada

para Gonçalves, 20 dezembro 2012, Carmo 161 (UEC), 20 dezembro 2012, Carmo 162 (UEC);

Fragmento da dona Mariana, 1565 m, 11 outubro 2000, Torres 1360 (IAC); Mata Ciliar do

Canela, 8 junho 2000, Torres 1265 (IAC); Mata da Patrícia, 1116 m, 25 outubro 2001, Torres

1452 (IAC); Mata do Chico Rei, 1395 m, 20 março 2001, Torres 1413 (IAC); Mata do Milton

Tóta, 1278 m, 11 dezembro 2001, Torres 1469 (IAC); Mata do Romulo, 1435 m, 18 abril 2000,

Torres 1226 (IAC), 1563 m, 6 junho 2000, Torres 1237 (IAC); Mata dos Mota, 1000 m, 22°44’S

46°08’W, 10 outubro 1999, Torres 737 (IAC), 1000 m, 22°44’S 46°08’W, 13 outubro 1999,

Torres 766 (IAC), 22 novembro 1999, Torres 993 (IAC); Mata dos Vargas, 1040 m, 22°44’S

46°07’W, 14 outubro 1999, Torres 880 (IAC), 1115 m, 23 março 2000, Torres 1185 (IAC);

Melhoramentos, 13 julho 2012, Carmo 68 (UEC); Monte Verde, 7 novembro 2001, Meireles 736

(UEC), 8 novembro 2001, Meireles 748 (UEC), 10 março 2002, Meireles 956 (UEC), Córrego do

Cadete, 20 outubro 2002, Meireles 1202 (UEC)

17.2. Rudgea sessilis (Velloso) Müll.Arg. in Martius et al. (1881: 182) subsp. sessilis

≡ Psychotria sessilis Velloso (1829: 65)

Page 106: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

86

Sinonímia em Zappi (2003: 536–537)

Fig. 5Q

Árvores até 9 m alt. Ramos subcilíndricos a achatados, glabros. Estípulas ca. 4,5 mm compr.,

ovadas, glabras, quilhadas dorsalmente, apêndices dorsais e marginais numerosos, ca. 1,5 mm

compr., filiformes. Folhas pecioladas, pecíolos 3–5 mm compr., glabros; lâmina 6–11,5 × 1,5–

3,5 cm, elíptica a estreitamente elíptica, base aguda a atenuada, margem inteira, revoluta, ápice

agudo a acuminado, nervuras secundárias 7–10 pares inconspícuos, glabra, face abaxial com

domácias ocasionalmente presentes nas axilas das nervuras secundárias, membranácea a cartácea.

Cimeira congesta, terminal; pedúnculo 1–2,5 cm compr., glabros; brácteas ca. 1 mm compr.,

estreitamente triangulares. Flores sésseis; hipanto ca. 1 mm compr., glabros; cálice 4–lobado,

lobos ca. 1 mm compr., triangulares a lanceolados, ciliados; corola não analisada; estames não

analisados; estilete não analisado, disco nectarífero bipartido. Drupa, 4–8 × 3–7 mm, globosa a

obovoide. Pirênios 2, plano-convexos, ventralmente sulcados.

Ilustrações:—Zappi (2003), p. 534, fig. 3H–L.

Distribuição e habitat:—Ocorre em Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo, em

vegetações associadas a afloramentos de gnaisse (Zappi 2003). Em Camanducaia foi coletada em

subosque de mata de encosta.

Fenologia:—Encontrada com frutos de dezembro a março.

Discussão:—Zappi (2003) reconhece duas subespécies em R. sessilis, R. sessilis subsp.

cipoana, restrita aos campos rupestres da Serra do Cipó, e R. sesslis subsp. sessilis, que se

distribui em Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo, em vegetações associadas a

afloramentos de gnaisse. Este táxon pode ser caracterizado pelas estípulas ovadas, dorsalmente

quilhadas, dotadas de apêndices dorsais e marginais e inflorescências em cimeiras congestas.

Espécimes examinados:—BRASIL. Minas Gerais: município de Camanducaia, Mata do

Chico Rei, 1395 m, 22 março 2001, Torres 1419 (IAC, UEC); Mata do Milton Tóta, 1278 m, 12

dezembro 2001, Torres 1474 (IAC).

Page 107: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

87

Figura 5. A–E. Psychotria stachyoides: A. hábito, B–C. flor longistila D–E. flor brevistila; F. P.

suterella: fruto; G–H. P. vellosiana: G. inflorescência, H. folha; I–J. Randia armata: I. hábito, J.

flor; K–N. Richardia humistrata: K. hábito, L. indumento do ramo, M–N. fruto; O–P. Rudgea

jasminoides subsp. jasminoides: O. estípula, P. fruto; Q. Rudgea sessilis subsp. sessilis: hábito.

(A–C Torres 1032; D–E Carmo 153; F Torres 1468; G–H Torres 884; I–J Torres 854; K–N

Carmo 112; O–P Carmo 68; Q. Torres 1419)

Page 108: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

88

3.3. Aspectos Morfológicos e Períodos de Floração e Frutificação

O hábito das Rubiaceae do município de Camanducaia varia desde ervas (ca. 40% dos

táxons infragenéricos inventariados, podendo ser eretas, decumbentes ou prostradas, sendo

reptantes em Coccocypselum) subarbustos (ca. 18,5%), arbustos (ca. 26,3%) a árvores (ca. 29 %),

ou lianas (ca. 13%), hábito encontrado exclusivamente no gênero Manettia (Tabela 2). Os

habitats ocupados variam de mata (ca. 58% dos táxons infragenéricos inventariados), borda de

mata (ca. 31,5%) e afloramento rochoso (ca. 10,5%), podendo também ocorrer em áreas

perturbadas (ca. 37%). As espécies, subespécies ou variedades, em geral, são compostas por

populações de indivíduos hermafroditas com flores monoclinas. Entretanto, nos gêneros Cordiera

e Randia, os indivíduos são funcionalmente dióicos, com flores nas quais ambos os sexos são

encontrados, mas não há produção de grãos de pólen e óvulos em plantas femininas e masculinas,

respectivamente.

As folhas se apresentam dispostas em filotaxia oposta, com exceção de Declieuxia

cordigera var. angustifolia e Palicourea rudgeoides, nas quais verticilos foram observados. As

estípulas interpeciolares apresentam grande diversidade morfológica. Estípulas fimbriadas foram

observadas em todos os gêneros da tribo Spermacoceae. Estípulas bilobadas ocorreram em

Palicourea e quase todas as espécies de Psychotria, com exceção de P. niveobarbata. Estípulas

inteiras ocorreram nos demais gêneros, variando desde ovadas a lineares, ou espatuladas, as quais

apresentam a mesma forma e tamanho das folhas em Galium, e dotadas de apêndices dorsais e/ou

marginais em Rudgea.

As inflorescências variam de laxas a congestas, ou então reduzidas até flores solitárias,

como nos indivíduos femininos de Cordiera concolor var. concolor e Randia armata. Em geral,

as inflorescências seguem um padrão definido de crescimento, apresentando-se principalmente

em glomérulos (maioria das Spermacoceae), dicásios, cimeiras e tirsos.

As flores apresentam diferentes aspectos relacionados à polinização das espécies. A

coloração da corola pode ser branca em Borreria, Cordiera, Galianthe, Psychotria e algumas

espécies de Manettia; branco-esverdeada em Galium; lilás em Declieuxia; vermelha ou vermelha

no tubo e amarela nos lobos em Manettia; ou amarela em Palicourea. Em Borreria, por exemplo,

as flores são homostílicas. Os gêneros Coccocypselum, Galianthe e Psychotria, por exemplo,

apresentam flores heterostílicas.

Page 109: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

89

Os frutos das espécies de Rubiaceae de Camanducaia são carnosos ou secos. Em

Coccocypselum, Cordiera, Galium, Posoqueria e Randia, os frutos são bagas, enquanto em

Coussarea, Guettarda, Palicourea, Psychotria e Rudgea são drupas. Nos frutos secos, cápsulas

septícidas foram observadas em quase todas as espécies de Borreria (com exceção de B.

palustris), e nos gêneros Galianthe e Manettia. Cápsula circuncisa foi observada em Mitracarpus

e esquizocarpos foram observados em Declieuxia e Richardia. Sementes aladas foram observadas

em Manettia.

Tabela 2. Distribuição das espécies, subespécies ou variedades de Rubiaceae em Camanducaia,

MG, de acordo com o habitat e hábito. AFL: afloramento rochoso; MAT: mata, incluindo floresta

ombrófila densa (montana e/ou alto-montana), floresta ombrófila mista alto-montana e mata

ciliar; BOR: borda de mata; APE: área perturbada; Arb: arbusto; Arv: árvore; Erv: erva; Lia:

liana; Sub: subarbusto.

Táxon AFL MAT BOR APE Hábito

Borreria capitata x Sub, Erv

B. latifolia x x Sub, Erv

B. ocymifolia x Erv

B. palustris x x Erv

B. verticillata x x x Sub

Coccocypselum condalia x x x Erv

C. lanceolatum x Erv

C. lymansmithii x Erv

Cordiera concolor var. concolor x x Arv, Arb

Coussarea contracta x Arv

Declieuxia cordigera var. angustifolia x Sub

Galianthe vaginata x x x Sub, Erv

G. valerianoides x Sub

Galium hypocarpium x x x Erv

G. nigroramosum x x Erv

G. noxium x x Erv

Page 110: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

90

Guettarda uruguensis x Arv, Arb

Manettia congesta x Lia

M. cordifolia x Lia

M. glaziovii x Lia

M. gracilis x Lia

M. luteorubra x Lia

Margaritopsis sp. x Arv

Mitracarpus brasiliensis x Sub, Erv

Palicourea rudgeoides x Arb

Posoqueria latifolia x Arv

Psychotria alegre x Arb

P. beyrichiana x Arb

P. longipes x x Arv

P. niveobarbata x Arb

P. stachyoides x Arb, Erv

P. suterella x Arv, Arb

P. vellosiana x Arb, Arv

Randia armata x Arv

Richardia brasiliensis x Erv

R. humistrata x Erv

Rudgea jasminoides subsp. jasminoides x Arv, Arb

R. sessilis subsp. sessilis x Arv

Os períodos de floração e frutificação das espécies de Rubiaceae do município de

Camanducaia foram inventariados (Tabela 2). Observa-se uma maior tendência à floração na

estação úmida, principalmente de novembro a janeiro, e maior tendência à frutificação no fim da

estação úmida e começo da estação seca, principalmente dos meses de janeiro a abril.

Page 111: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

91

Tabela 3. Períodos de floração e frutificação das espécies, subespécies ou variedades de

Rubiaceae do município de Camanducaia, MG. ♣: flor ♠:fruto.

Táxon jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

Borreria capitata ♣♠

B. latifolia ♣♠ ♣♠

B. ocymifolia ♠

B. palustris ♣♠ ♣♠ ♣♠ ♣♠

B. verticillata ♠ ♣ ♣ ♣ ♣ ♣ ♣ ♣

Coccocypselum condalia ♣♠ ♣♠ ♣♠ ♣♠ ♣♠ ♣♠ ♣♠ ♣♠ ♣♠ ♣♠ ♣♠ ♣♠

C. lanceolatum ♣♠

C. lymansmithii ♠ ♣

Cordiera concolor var. concolor ♣ ♠ ♠ ♠ ♠ ♠

Coussarea contracta ♠ ♣

Declieuxia

cordigera var. angustifolia

♣♠

Galianthe vaginata ♣ ♠ ♣ ♣ ♣ ♣

G. valerianoides ♣ ♣ ♣ ♠ ♠ ♠ ♣

Galium hypocarpium ♣♠ ♣♠

G. nigroramosum ♣♠ ♣♠

G. noxium ♣♠ ♣♠ ♣♠ ♣♠

Guettarda uruguensis ♣ ♠

Manettia congesta ♣♠

M. cordifolia ♣♠ ♣♠

M. glaziovii ♣♠

M. gracilis ♣ ♠

M. luteorubra ♣♠

Mitracarpus brasiliensis ♣♠

Palicourea rudgeoides ♣ ♠ ♠ ♠ ♠ ♣

Posoqueria latifolia ♠

Psychotria alegre ♠

Page 112: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

92

P. beyrichiana ♣ ♠ ♣

P. longipes ♠ ♠ ♠ ♠ ♠ ♠ ♠ ♣

P. niveobarbata ♠ ♣

P. stachyoides ♠ ♣ ♣ ♣ ♣ ♣ ♣ ♣ ♣

P. suterella ♠ ♠ ♠ ♣ ♠

P. vellosiana ♠ ♠ ♠ ♠ ♠ ♠ ♣ ♣

Randia armata ♠ ♠ ♠ ♣♠ ♠ ♠

Richardia brasiliensis ♣♠ ♣♠ ♣♠ ♣♠

R. humistrata ♣♠ ♣♠ ♣♠ ♣♠

Rudgea jasminoides subsp.

jasminoides

♠ ♠ ♠ ♠ ♣ ♣ ♠

R. sessilis subsp. sessilis ♠ ♠ ♠ ♠

3.4. Aspectos Fitogeográficos

As distribuições geográficas dos táxons endêmicos do domínio fitogeográfico da Mata

Atlântica são apresentadas na Tabela 4.

Tabela 4. Distribuição geográfica de espécies, subespécies ou variedades de Rubiaceae do

município de Camanducaia, MG, endêmicos do domínio fitogeográfico da Mata Atlântica.

Táxons; Fitofisionomias; Unidades Uolíticas (estados brasileiros são representados por suas

respectivas siglas).

AFL: afloramento rochoso, FOD: floresta ombrófila densa (montana e/ou alto-montana), FOM:

floresta ombrófila mista alto-montana, MCI: Mata Ciliar;

ARG: Argentina (Misiones), PAR: Paraguai.

Táxon Fitofisionomia Unidades Políticas

Cordiera concolor var.

concolor

Galianthe vaginata

FOD

AFL, FOD

ARG, PAR, MG, RJ, SP, PR,

SC

MG, SP, RJ

Page 113: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

93

M. glaziovii

M. gracilis

Palicourea rudgeoides

Psychotria alegre

P. beyrichiana

P. longipes

P. niveobarbata

P. suterella

Rudgea jasminoides subsp.

jasminoides

FOD

-

FOD, FOM

-

FOD

FOD, FOM

-

-

FOD, FOM, MCI

MG, RJ, SP, PR, RS, SC

MG, RJ, SP, PR, RS, SC

BA, MG, SP

MG, SP, PR, SC

MG, RJ, SP

BA, ES, MG, RJ, SP, PR, SC

BA, MG, RJ, SP

ES, MG, RJ, SP, PR, RS, SC

PAR, MG, SP, PR

Os táxons endêmicos da Mata Atlântica apresentam três padrões de distribuição (Fig. 6):

1- Sudeste e Sul do Brasil, podendo chegar podendo chegar até o oeste do Paraguai e/ou à

província de Misiones, na Argentina, (Cordiera concolor var. concolor, Manettia glaziovii, M.

gracilis, Psychotria alegre, P. suterella e Rudgea jasminoides subsp. jasminoides); 2- Sudeste e

Sul do Brasil, com populações disjuntas no estado da Bahia (Palicourea rudgeoides, Psychotria

longipes e P. niveobarbata); 3- Endêmico da Serra da Mantiqueira (Galianthe vaginata e

Psychotria beyrichiana).

Page 114: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

94

Figura 6. Padrões de distribuição das espécies, subespécies ou variedades de Rubiaceae do

município de Camanducaia, MG, endêmicos do domínio fitogeográfico da Mata Atlântica: A.

Padrão 1; B. Padrão 2; C. Padrão 3. A linha tracejada indica a extensão longitidunal do vale do

Rio Doce.

B

A

C

Page 115: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

95

4. Discussão

As Rubiaceae do município de Camanducaia apresentam uma grande diversidade de

hábitos e ocupam habitats variados, desde fitofisionomias nativas da região, quanto áreas

impactadas. As estípulas interpeciolares, caráter fundamental para a identificação de um

representante de Rubiaceae, são importantes taxonomicamente para o reconhecimento dos

gêneros, por apresentarem morfologias típicas, como na tribo Spermacoceae sensu stricto

(excluindo-se Manettia), cujas estípulas são fimbriadas, ou no gênero Rudgea, com estípulas

dotadas de apêndices dorsais e/ou marginais, por exemplo.

Diferentes aspectos relacionados à biologia reprodutiva em Rubiaceae foram observados.

As flores apresentam diferentes estratégias relacionadas à polinização, as quais evitam auto-

polinização, como heterostilia e flores funcionalmente unissexuais. Os frutos secos e carnosos

denotam diferentes estratégias de dispersão, bem como as diferentes superfícies das sementes,

que podem ser lisas ou aladas.

Segundo Méio et al. (2003) e Gonçalves (2004), há uma alta similaridade florística entre

Mata Atlântica e Cerrado, tanto relação à espécies quanto gêneros. A presença de elementos

comuns entre estes domínios fitogeográficos no município de Camanducaia está relacionada à

proximidade entre tais domínios, visto que fragmentos de Cerrado já foram registrados para o

Planalto de Campos do Jordão (Azevedo 1962).

A separação histórica entre regiões norte e sul da Mata Atlântica é corroborada pelos

padrões fitogeográficos encontrados para as espécies, subespécies ou variedades de Rubiaceae do

município de Camanducaia. Esta separação ocorre mais ou menos no vale do Rio Doce (norte do

Espírito Santo (ca. 19° S)) (Cracraft & Prum 1988, Costa 2003, Silva et al. 2004, Pinto-da-Rocha

et al. 2005, Perret et al. 2006, Fiaschi & Pirani 2009). O padrão 1 corrobora a delimitação da

região biogeográfica sul da floresta Atlântica, que inclui a grande extensão ocidental de florestas

sazonalmente secas no sudeste do Brasil, Paraguai oriental e Misiones (Oliveira-Filho & Fontes

2000) e a Província da Floresta de Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze (Morrone 2006).

Entretanto, segundo Perret et al. (2006), apesar de raras, trocas de elementos florísticos

entre as regiões norte e sul da Mata Atlântica podem ocorrer, como é o caso de Palicourea

rudgeoides, Psychotria longipes e P. niveobarbata, que, apesar de se apresentarem distribuídas

Page 116: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

96

principalmente na região sul da Mata Atlântica, apresentam populações disjuntas no estado da

Bahia, como representado no padrão 2.

A região de Camanducaia compreende remanescentes importantes de fitofisionomias

típicas de Mata Atlântica, como floresta ombrófila densa montana e alto-montana e floresta

ombrófila mista, e estes provavelmente atuam como um “corredor” para a dispersão de táxons.

Em contrapartida, como descrito no padrão 3, Galianthe vaginata e Psychotria beyrichiana são

endêmicas da Serra da Mantiqueira, as quais apresentam seus limites de distribuição ocidental na

região de Camanducaia, caracterizando-a como um refúgio para estas espécies. Segundo Pinto-

da-Rocha et al. (2005), os principais eventos vicariantes no sudeste do Brasil estão relacionados à

formação de cadeias de montanhas, como a Serra do Mar e a Serra da Mantiqueira, e o

aparecimento de vales entre estas cadeias funcionaria como barreiras no processo de isolamento

geográfico de espécies.

A utilização de inferências filogenéticas tem contribuído para o levantamento de hipóteses

que expliquem padrões biogeográficos, sendo a delimitação de áreas de distribuição geográfica

de espécies apenas o primeiro passo para a abordagem destas questões (Fiaschi & Pirani 2009).

Neste sentido, os gêneros Cordiera, Galianthe, Manettia, Palicourea, Psychotria e Rudgea

podem ser utilizados como modelos em estudos biogeográficos, sob uma perspectiva

filogenética, para a investigação dos padrões de distribuição geográfica observados no contexto

da América do Sul.

5. Conclusão

A partir da pesquisa taxonômica da família Rubiaceae no município de Camanducaia e

análise da distribuição geográfica das espécies, subespécies e variedades endêmicos da Mata

Atlântica, conclui-se que esta região apresenta importantes remanescentes de vegetação nativa

deste domínio fitogeográfico, e estes desempenham um papel fundamental no cenário

biogeográfico da América do Sul. A grande variação morfológica denota a importância da família

Rubiaceae para a diversidade vegetal. As espécies de Rubiaceae nessa região apresentam

diferentes estratégias repreodutivas relacionadas à polinização e dispersão de frutos e sementes, o

que as caracteriza como modelos potenciais para a investigação destes processos em um contexto

evolutivo.

Page 117: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

97

6. Referências bibliográficas

AZEVEDO, L.G. 1962. Tipos de vegetação do sul de Minas e campos da Mantiqueira (Brasil).

Anais da Academia Brasileira de Ciências 34: 225–234.

BACIGALUPO, N.M. & CABRAL, E.L. 1998. Nota sobre dos especies de Borreria (Rubiaceae-

Spermacoceae). Hickenia 2: 261–266.

BARBOSA, 2007. Guettarda. In: WANDERLEY, M.G.L.; SHEPHERD, G.J.; MELHEM, T.S.

& GIULIETTI, A.M. (eds.). Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo Vol. 5, Instituto de

Botânica, São Paulo, pp. 259–460.

BARBOSA, M.R. 2013a. Guettarda in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do

Rio de Janeiro. (http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB14052). Acesso em 9 Jul

2013.

BARBOSA, M.R. 2013b. Posoqueria in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do

Rio de Janeiro. (http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB14147). Acesso em 9 Jul

2013.

BARBOSA, M.R. 2014. Randia in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio

de Janeiro. (http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB14230). Acesso em 03 Mai

2014.

BARBOSA, M. R.; ZAPPI, D.; TAYLOR, C.; CABRAL, E.; JARDIM, J. G.; PEREIRA, M. S.;

CALIÓ, M. F.; PESSOA, M. C. R.; SALAS, R.; SOUZA, E. B.; DI MAIO, F. R.; MACIAS, L.;

ANUNCIAÇÃO, E. A.; GERMANO FILHO, P. & OLIVEIRA, J. A. 2013. Rubiaceae in Lista de

Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

(http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2012/FB000210). Acesso em 14 Jan 2013.

Page 118: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

98

BECKER, C.G.; RODRIGUEZ, D. & ZAMUDIO, K.R. 2013. The Brazilian Adirondacks?

Science 340: 428.

BURGER, W. & TAYLOR, C.M. 1993. Family 202: Rubiaceae. In W. BURGER (ed.) Flora

Costaricensis, Fieldiana, Botany, New Series 33: 1–333.

CABRAL, E.L. 2009. Revisión Sinóptica de Galianthe subgen. Galianthe (Rubiaceae:

Spermacoceae), con una Sección Nueva. Annals of the Missouri Botanical Garden 96: 27–60.

CABRAL, E.L. & BACIGALUPO, N.M. 1997. Revisión del Género Galianthe Subg. Ebelia

Stat. Nov. (Rubiaceae: Spermacoceae). Annals of the Missouri Botanical Garden 84: 857–877.

CABRAL, E.L. & BACIGALUPO, N.M. 1999. Estudio de las especies americanas de Borreria

series Laeves (Rubiaceae, Spermacoceae). Darwiniana 37: 259–277.

CABRAL, E.L.; MIGUEL, L.M. & SALAS, R.M. 2011. Dos especies nuevas de Borreria

(Rubiaceae), sinopsis y clave de las especies para Bahia, Brasil. Acta Botanica Brasilica 25: 255–

276.

CABRAL, E. & SALAS, R. 2013a. Borreria in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim

Botânico do Rio de Janeiro. (http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB20690). Acesso

em 9 Jul 2013.

CABRAL, E. & SALAS, R. 2013b. Galianthe in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim

Botânico do Rio de Janeiro. (http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB14000). Acesso

em 9 Jul 2013.

CABRAL, E. & SALAS, R. 2013c. Richardia in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim

Botânico do Rio de Janeiro. (http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB14234). Acesso

em 9 Jul 2013.

Page 119: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

99

CALIÓ, M.F. 2013a. Coccocypselum in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do

Rio de Janeiro. (http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB13876). Acesso em 9 Jul

2013.

CALIÓ, M.F. 2013b. Declieuxia in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio

de Janeiro. (http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB13916). Acesso em 9 Jul 2013.

COSTA, C.B. 2004. Revisão taxonômica de Coccocypselum P. Br. Tese de Doutorado.

Universidade de São Paulo, São Paulo, 133pp.

COSTA, C.B. & MAMEDE, M.C.H. 2002. Sinópse do gênero Coccocypselum P.Browne

(Rubiaceae) no Estado de São Paulo, Brasil. Biota Neotropica 2: 1–14.

COSTA, C.M.R.; HERMANN, G.; MARTINS, C.S.; LINS, L.V. & LAMAS, I.R. (orgs.) 1998.

Biodiversidade em Minas Gerais: um atlas para sua conservação. Fundação Biodiversitas, Belo

Horizonte, 94 pp.

COSTA, L.P. 2003. The historical bridge between the Amazon and the Atlantic Forest of Brazil:

a study of molecular phylogeography with small mammals. Journal of Biogeography 30: 71–86.

CRACRAFT, J. & PRUM, R.O. 1988. Patterns and processes of diversification: speciation and

historical congruence in some neotropical birds. Evolution 42: 603–620.

DAVIS, A.P.; GOVAERTS, R.; BRIDSON, D.M.; RUHSAM, M.; MOAT, J. & BRUMMITT,

N.A. 2009. A Global Assessment of Distribution, Diversity, Endemism, and Taxonomic Effort in

the Rubiaceae. Annals of the Missouri Botanical Garden 96: 68–78.

Page 120: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

100

DELPRETE, P.G. 2010a. Rubiaceae – Parte 1: Introdução, Gêneros A-H. In: RIZZO, J.A.

(coord.). Flora dos estados de Goiás e Tocantins. Vol. 40. IRD/UFG, Universidade Federal de

Goiás, Goiânia. pp. 1–580.

DELPRETE, P.G. 2010b. Rubiaceae – Parte 3: Gêneros S-W, Índices. In: RIZZO, J.A. (coord.).

Flora dos estados de Goiás e Tocantins. Vol. 40. IRD/UFG, Universidade Federal de Goiás,

Goiânia. pp. 1098-1610.

DELPRETE, P.G.; SMITH, L.B & KLEIN, R.B. 2004. Rubiáceas. Vol. I – Gêneros de A-G: 1.

Alseis até 19. Galium. (com observações ecológicas por Klein, R.; Reis, A. & Iza, O.). In: REIS,

A. (ed.). Flora ilustrada catarinense. Herbário Barbosa Rodrigues, Itajaí. pp. 1–344.

DELPRETE, P.G.; SMITH, L.B & KLEIN, R.B. 2005. Rubiáceas. Vol. 2 – Gêneros de G-Z: 20.

Gardenia até 46. Tocoyena (com observações ecológicas por Klein, R.; Reis, A. & Iza, O.). In:

REIS, A. (ed.). Flora ilustrada catarinense. Herbário Barbosa Rodrigues, Itajaí. pp. 345–843.

DEMPSTER, L.T. 1990. The genus Galium in South America. IV. Allertonia 5: 283–345.

FIASCHI, P. & PIRANI. J.R. 2009. Review of plant biogeographic studies in Brazil. Journal of

Systematics and Evolution 47: 477–496.

GOMES, M. 2003. Reavaliação taxonômica de algumas espécies dos gêneros Coussarea Aubl. e

Faramea Aubl. (Rubiaceae, tribo Coussareae). Acta Botanica Brasilica 17: 449–466.

GONÇALVES, E.G. 2004. Araceae from Central Brazil: Comments on Their Diversity and

Biogeography. Annals of the Missouri Botanical Garden 91: 457–463.

GOVAERTS, R.; ANDERSSON, L.; ROBBRECHT, E.; BRIDSON, D.; DAVIS, A.;

SCHANZER, I. & SONKE, B. 2006. World Checklist of Rubiaceae. The Board of Trustees of

the Royal Botanic Gardens, Kew. http://www.kew.org/wcsp/rubiaceae/.

Page 121: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

101

GUSTAFSSON, C. & PERSSON, C. 2002. Phylogenetic Relationships among Species of the

Neotropical Genus Randia (Rubiaceae, Gardenieae) Inferred from Molecular and Morphological

Data. Taxon 51: 661–674

IBGE. 2012. Manual Técnico da Vegetação Brasileira. Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística, Rio de Janeiro, 275pp.

JUDD, W.S.; CAMPBELL, C.S.; KELLOG, E.A. & STEVENS, P.F. 2008. Plant Systematics: a

phylogenetic approach. Sinauer Associates, Sunderland, 612pp.

JUNG-MENDAÇOLLI, S.L. (coord.). 2007. Rubiaceae. In: WANDERLEY, M.G.L.;

SHEPHERD, G.J.: MELHEM, T.S. & GIULIETTI, A.M. (eds.). Flora Fanerogâmica do Estado

de São Paulo Vol. 5, Instituto de Botânica, São Paulo, pp. 259–460.

JUNG-MENDAÇOLLI, S.L. & ANUNCIAÇÂO, E.A. 2007. Randia In: WANDERLEY,

M.G.L.; SHEPHERD, G.J.; MELHEM, T.S. & GIULIETTI, A.M. (eds.). Flora Fanerogâmica do

Estado de São Paulo Vol. 5, Instituto de Botânica, São Paulo, pp. 259–460.

KIRKBRIDE, J.H. 1976. A revision of the genus Declieuxia (Rubiaceae). Memoirs of the New

York Botanical Garden 28: 1–87.

LEWIS, W.H. & OLIVER, R.L. 1974. Revision of Richardia. Brittonia 26: 271–301.

MABBERLEY, D.J. 2008. Mabberley’s plant book: a portable dictionary of plants, their

classification and uses. Cambridge University Press, Cambridge, 1019 pp.

MACHADO-FILHO, L.; RIBEIRO, M.W.; GONZALES, S.R.; SCHENINI, C.A.; SANTOS-

NETO, A.; PALMEIRA, R.C.B.; PIRES, J.L.; TEIXEIRA, W. & CASTRO, H.E.F. 1983. In:

Projeto RADAMBRASIL. Geologia. Folhas EF: 23/24 Rio de Janeiro/Vitória. v.32. p56-66.

Page 122: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

102

MACIAS, L. 1988. Revisão taxonômica do gênero Posoqueria Aubl. (Rubiaceae). Dissertação de

Mestrado, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 165 pp.

MACIAS, L. 1998. Estudos taxonômicos do gênero Manettia Mutis ex L. nom. cons.

(Rubiaceae) no Brasil, Paraguai, Argentina e Uruguai. Tese de Doutorado, Universidade Estadual

de Campinas, Campinas, 356 pp.

MARINERO, F.E.; RODRIGUES, W.A. & CERVI, A.C. 2012. Manettia (Rubiaceae) no estado

do Paraná, Brasil. Rodriguésia 63: 635–647.

MARTINS, C.S. 2000 Caracterização física e fitogeográfica de Minas Gerais. In: MENDONÇA,

M.P. & LINS, L.V. orgs. Lista Vermelha das Espécies ameaçadas de extinção da flora de Minas

Gerais, Fundação Biodiversitas, Belo Horizonte, pp. 35–43.

MÉIO, B.B.; FREITAS, C.V.; JATOBÁ, L.; SILVA, M.E.F.; RIBEIRO, J.F. & HENRIQUES,

R.P.B. 2003. Influência da flora das florestas Amazônica e Atlântica na vegetação do cerrado

sensu stricto. Revista Brasileira de Botânica. 26: 437–444.

MEIRELES, L.D. 2003. Florística das fisionomias vegetacionais e estrutura da Floresta Alto-

Montana de Monte Verde, Serra da Mantiqueira, MG. Tese de Mestrado – Unicamp,

Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 93 pp.

MEIRELES, L.D. 2009. Estudos Florísticos, Fitossociológicos e Fitogeográficos em Formações

Altimontanas da Serra da Mantiqueira Meridional, Sudeste do Brasil. Tese de Doutorado –

Unicamp, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 273 pp.

MIGUEL, L.M. & CABRAL, E.L. 2013. Borreria krapocarmeniana, a New Cryptic Species

Recovered Through Taxonomic Analyses of Borreria scabiosoides and Borreria linoides

(Spermacoceae, Rubiaceae). Systematic Botany 38: 769–781

Page 123: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

103

MORRONE, J.J. 2006. Biogeographic areas and transition zones of Latin America and the

Caribbean Islands based on panbiogeographic and cladistic analyses of the Entomofauna. Annual

Review of Entomology 51: 467–494.

MÜLLER, J. 1881-1888. Rubiaceae. In: Flora Brasiliensis (C.F.P Martius & A.G. Eichler, eds)

6(5):1-485.

MYERS, N.; MITTERMEIER, R.A.; MITTERMEIER, C.G.; FONSECA, G.A.B. & KENT, J.

2000. Biodiversity hotspots for conservation priorities. Nature 403: 853–858.

http://dx.doi.org/10.1038/35002501.

OLIVEIRA-FILHO, A.T. & FONTES, M.A.L. 2000. Patterns of floristic differentiation among

Atlantic forests in southeastern Brazil and the influence of climate. Biotropica 32: 793–810.

PEREIRA, M.S. 2013. Coussarea in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do

Rio de Janeiro. (http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB13893). Acesso em 10 Jul

2013.

PERRET, M.; CHAUTEMS, A. & SPICHIGER, R. 2006. Dispersal–vicariance analysis in the

tribe Sinningieae (Gesneriaceae): a clue to understanding biogeographical history of the Brazilian

Atlantic Forest. Annals of the Missouri Botanical Garden 93: 340–358.

PESSOA, M.C.R. & MACIAS, L. 2013. Manettia in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim

Botânico do Rio de Janeiro. (http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB14093). Acesso

em 10 Jul 2013.

PESSOA, M.C.R.& ZAPPI, D. 2013. Galium in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim

Botânico do Rio de Janeiro. (http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB14022). Acesso

em 10 Jul 2013.

Page 124: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

104

PINTO-DA-ROCHA, R.; SILVA, M.B. da & BRAGAGNOLO, C. 2005. Faunistic similarity and

historic biogeography of the harvestmen of southern and southeastern Atlantic rain forest of

Brazil. The Journal of Arachnology 33: 290–299.

PORTO, M.L.; JACQUES, S.M.C.; MIOTTO, S.T.S.; WAECHTER, J.L. & DETONI, M.L.

1977. Tribo Spermacoceae. Rubiaceae I. In: HOLMRICH, A.R.H. (ed.) Flora ilustrada do Rio

Grande do Sul. Boletim do Instituto de Biociências/UFRGS, Série Botânica, Vol. 5, pp. 1–114.

PRANCE, G.T. 1982. A review of the phytogeographic evidences for Pleistocene climate

changes in the Neotropics. Annals of the Missouri Botanical Garden 69: 594–624.

RADFORD, A.E.; DICKISON, W.C.; MASSEY, J.R. & BELL, C.R. 1974. Vascular plant

systematics. Harper & Row Publishers, New York. 891p.

SAOUT, S.L.; HOFFMANN, M.; SHI, Y., HUGHES, A.; BERNARD, C.; BROOKS, T.M.;

BERTZKY, B.; BUTCHART, S.H.M.; STUART, S.N.; BADMAN, T. & RODRIGUES, A.S.L.

2013. Protected Areas and Effective Biodiversity Conservation. Science 343: 803–805.

SCHUMANN, K. 1888-1889. Rubiaceae. In: Flora Brasiliensis (C.F.P. Martius & A.G. Eichler,

eds) 6(6):1-466.

SILVA, J.M.C.; SOUZA, M.C. & CASTELLETI, C.H.M. 2004. Areas of endemism for

passerine birds in the Atlantic forest, South America. Global Ecology and Biogeography 13: 85–

92.

SOUZA, E.B. 2013. Mitracarpus in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio

de Janeiro. (http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB14117). Acesso em 10 Jul 2013.

Page 125: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

105

SOUZA, E.B.; CABRAL, E.L. & ZAPPI, D.C. 2010. Revisão de Mitracarpus (Rubiaceae-

Spermacoceae) para o Brasil. Rodriguésia 61: 319–352.

STEHMANN, J.R. [ed.] 2009. Plantas da Floresta Atlântica. Jardim Botânico do Rio de Janeiro,

516 p.

TAYLOR, C.M. 2005. Margaritopsis (Rubiaceae, Psychotrieae) in the Neotropics. Systematics

and Geography of Plants 75: 161–177.

TAYLOR, C.M. 2007. Psychotria In: WANDERLEY, M.G.L.; SHEPHERD, G.J., MELHEM,

T.S. & GIULIETTI, A.M. (eds.). Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo Vol. 5, Instituto de

Botânica, São Paulo, pp. 389–411.

TAYLOR, C. 2014a. Margaritopsis in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do

Rio de Janeiro. (http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB14110). Acesso em 4 Mar

2014.

TAYLOR, C. 2014b. Palicourea in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio

de Janeiro. (http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB14110). Acesso em 4 Mar 2014.

TAYLOR, C. & STEYERMARK, J.A.. 2004a. Palicourea. In: BERRY, P.E.; YATSKIEVYCH,

K. & HOLST, B.K. Flora of the Venezuelan Guayana. Poaceae-Rubiaceae. Missouri Botanical

Garden Press, St. Louis, 8: 706-775.

TAYLOR, C. & STEYERMARK, J.A.. 2004b. Psychotria. In: BERRY, P.E.; YATSKIEVYCH,

K. & HOLST, B.K. Flora of the Venezuelan Guayana. Poaceae-Rubiaceae. Missouri Botanical

Garden Press, St. Louis, pp. 706-775.

Page 126: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

106

TAYLOR, C. & STEYERMARK, J.A. 2004c. Rubiaceae. In: BERRY, P.E.; YATSKIEVYCH,

K. & HOLST, B.K. Flora of the Venezuelan Guayana. Poaceae-Rubiaceae. Missouri Botanical

Garden Press, St. Louis, pp. 706–775.

TAYLOR, C., ZAPPI, D. & GOMES, M. 2014. Psychotria in Lista de Espécies da Flora do

Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

(http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB14153). Acesso em 03 Mai. 2014.

ZAPPI, D. 2003. Revision of Rudgea (Rubiaceae) in Southeastern and South of Brazil. Kew

Bulletin 58: 513-596.

ZAPPI, D. 2014. Cordiera in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de

Janeiro. (http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB13890). Acesso em 03 Mai. 2014.

ZAPPI, D. & BRUNIERA, C.P. 2013. Rudgea in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim

Botânico do Rio de Janeiro. (http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB14246). Acesso

em 10 Jul 2013.

ZAPPI, D.; JARDIM, J.; SOUZA, E.B.; DI MAIO, F.R.; BARBOSA, M.R.; VALENTE, A.S.M.;

SANTOS FILHO, L.A.F. & MONTEIRO, N.P. 2013. Rubiaceae. In: MARTINELLI, G. &

MORAES, M. (eds.) Livro Vermelho da Flora do Brasil. Centro Nacional de Conservação da

Flora, Rio de Janeiro, pp. 922–941.

ZAPPI, D. & TAYLOR, C. 2013. Palicourea in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim

Botânico do Rio de Janeiro. (http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB14133. Acesso

em 10 Jul 2013.

Page 127: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

107

Capítulo 2

Chave Interativa para as Espécies de Rubiaceae Juss. do Município de Camanducaia,

Sudeste do Brasil

Resumo

Uma chave interativa de entradas múltiplas é apresentada para as Rubiaceae do município de

Camanducaia, Sudeste do Brasil. O processo de elaboração da chave é descrito. A utilização

desse tipo de ferramenta na taxonomia de Rubiaceae é brevemente discutida.

Palavras chave: base de dados, descritores, chaves de identificação, online, Xper

An Interactive Key for the Rubiaceae Juss. species of Camanducaia Municipality,

Southeastern Brazil

Abstract

An interactive key of multiple entries is presented for the Rubiaceae of Camanducaia

municipality, southeastern Brazil. The process of the key’s elaboration is described. The

utilization of this kind of tool for Rubiaceae taxonomy is briefly discussed.

Keywords: database, descriptors, identification key, online, Xper

1. Introdução

Rubiaceae é uma família cosmopolita, cuja diversidade e biomassa se concentram nos

trópicos e subtrópicos (Davis et al. 2009), sendo composta por cerca de 620 gêneros e mais de

13000 espécies (Govaerts et al. 2006). No Brasil, Rubiaceae é representada por 120 gêneros (29

endêmicos) e 1392 espécies (791 endêmicas), sendo os domínios fitogeográficos mais

representativos em diversidade a Amazônia, com 754 espécies, e a Mata Atlântica, com 599

espécies, e as regiões mais diversas a Norte, com 1408 espécies, e a Sudeste, com 1152 espécies

(Barbosa et al. 2013). Segundo Davis et al. (2009), estas regiões ocupam a quarta e sexta

posições, respectivamente, entre as regiões mais diversas do mundo para Rubiaceae em números

Page 128: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

108

totais de espécies, 44° e 13° posições em diversidade relativa, e, no caso da região Sudeste, a

sexta em número bruto de espécies endêmicas.

Devido à grande diversidade e problemas taxonômicos apresentados pela família (e.g.

tribos Psychotrieae e Spermacoceae), o processo de identificação de suas espécies pode ser

desafiador, uma vez que as chaves de identificação presentes na literatura seguem estruturas

dicotômicas rígidas propostas pelos autores, que podem vir a impossibilitar a determinação por

exigirem amostras completas (flores, frutos e sementes). Uma das ferramentas que minimizam

este problema são as chaves interativas de entradas múltiplas, que possibilitam a livre de escolha

de caracteres a serem analisados pelo usuário (Bittrich et al. 2012, Chrétiennot-Dinet et al. 2014).

Neste contexto, uma chave interativa de entradas múltiplas é proposta para as Rubiaceae do

município de Camanducaia, Minas Gerais, Sudeste do Brasil, região que apresenta extensas áreas

de vegetação nativa de Mata Atlântica na Serra da Mantiqueira (Costa et al. 1998).

2. Material e Métodos

2.1. Lista de Táxons e Descritores

O levantamento dos táxons se baseou em viagens para coleta de material específico da

família Rubiaceae em Camanducaia e análise de coleções da família provenientes da região de

estudo depositadas nos herbários BHCB, ESA, IAC, MBM, SP e UEC. A lista dos táxons é

composta por 34 espécies, duas subespécies e duas variedades: Borreria capitata (Ruiz & Pav.)

DC., Borreria latifolia (Aubl.) K.Schum., Borreria ocymifolia (Roem. & Schult.) Bacigalupo &

E.L.Cabral, Borreria palustris (Cham. & Schltdl.) Bacigalupo & E.L.Cabral, Borreria verticillata

(L.) G.Mey., Coccocypselum condalia Pers., Coccocypselum lanceolatum (Ruiz & Pav.) Pers.,

Coccocypselum lymansmithii Standl., Cordiera concolor var. concolor (Cham.) Kuntze,

Coussarea contracta (Walp.) Müll.Arg., Declieuxia cordigera var. angustifolia Müll.Arg.,

Galianthe vaginata E.L.Cabral & Bacigalupo, Galianthe valerianoides (Cham. & Schltdl.)

E.L.Cabral, Galium hypocarpium (L.) Endl. ex Griseb., Galium nigroramosum (Ehrend.)

Dempster, Galium noxium (A.St.-Hil.) Dempster, Guettarda uruguensis Cham. & Schltdl.,

Manettia congesta (Vell.) K.Schum., Manettia cordifolia Mart., Manettia glaziovii Wernham,

Manettia gracilis Cham. & Schltdl, Manettia luteorubra (Vell.) Benth., Margaritopsis sp.,

Mitracarpus brasiliensis M.L.Porto & Waechter, Palicourea rudgeoides (Müll.Arg.) Standl.,

Page 129: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

109

Posoqueria latifolia (Rudge) Schult. in Roemer & Schultes, Psychotria alegre ined.,

Psychotria beyrichiana Müll.Arg., Psychotria longipes Müll.Arg.,

Psychotria niveobarbata (Müll.Arg.) Britton, Psychotria stachyoides Benth., Psychotria suterella

Müll.Arg., Psychotria vellosiana Benth., Randia armata (Sw.) DC., Richardia brasiliensis

Gomes, Richardia humistrata (Cham. & Schltdl.) Steud., Rudgea jasminoides subsp. jasminoides

(Cham.) Müll.Arg., Rudgea sessilis subsp. sessilis (Vell.) Müll.Arg. (nomes atualizados de

acordo com Barbosa et al. 2013).

Uma lista de 34 descritores (Tab. 1) foi elaborada, sendo seis descritores filhos (aplicáveis

somente sob determinada seleção de estado do descritor anterior), observando-se a pertinência

taxonômica dado o conjunto de espécies em questão. Para estes descritores, são propostos 164

estados, seguindo a terminologia morfológica proposta em Radford et al. (1974) e literatura

específica dos gêneros inventariados.

Tabela 1. Lista de caracteres e seus respectivos estados de caráter propostos para chave interativa

de entradas múltiplas para as Rubiaceae Juss. do município de Camanducaia, MG. + : descritor

filho

1. Hábito:

1. Erva, 2. Subarbusto, 3. Arbusto, 4. Árvore, 5. Liana

+ 2. Hábito (Erva):

1. Ereta, 2. Decumbente, 3. Reptante, 4. Prostrada (Condições de inaplicabilidade: Arbusto,

Árvore, Liana)

3. Sexo (indivíduos):

1. Hermafroditas, 2. Dióicos

4. Ramos (forma):

1. Tetrágonos, 2. Subtetrágonos, 3. Subcilíndricos, 4. Cilíndricos, 5. Achatados

+ 5. Ramos (costados em ambos os lados):

Page 130: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

110

1. Sim, 2. Não (Condições de inaplicabilidade: Tetrágonos, Subtetrágonos, Subcilíndricos,

Cilíndricos)

6. Ramos (indumento):

1. Glabros, 2. Pubérulos, 3. Pubescentes, 4. Hirsutos, 5. Seríceos, 6. Velutinos, 7. Vilosos, 8.

Estrigulosos, 9. Tomentoso, 10. Anel de pubescência formado por tricomas ferrugíneos nos

internós

7. Ramos (alas):

1. Ausentes, 2. Curtamente alados (margem das alas glabras a ciliadas), 3. Alados (margem

das alas escabras a denteadas), 4. Alados (margem das alas escabriúsculas)

8. Ramos (espinhos):

1. Ausentes, 2. Presentes

9. Estípulas:

1. Ovadas, 2. Triangulares, 3. Subuladas, 4. Espatuladas, 5. Bilobadas, 6. Foliáceas (mesma

forma e tamanho das folhas), 7. Fimbriadas (bainha até o ponto de inserção das folhas), 8.

Fimbriadas (prolongada acima do ponto de inserção das folhas), 9. Truncadas, 10. Lineares,

11. Arredondadas

+ 10. Estípulas (apêndices dorsais e/ou marginais):

1. Presentes, 2. Ausentes (Condições de inaplicabilidade: Triangulares, Subuladas,

Bilobadas, Foliáceas (mesma forma e tamanho das folhas), Fimbriadas (bainha até o ponto de

inserção das folhas), Fimbriadas (prolongada acima do ponto de inserção das folhas),

Truncadas, Lineares, Arredondadas)

11. Filotaxia:

1. Oposta, 2. Verticilada

Page 131: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

111

12. Folhas (pecíolo):

1. Pecioladas, 2. Sésseis

13. Lâmina foliar (forma):

1. Lanceolada, 2. Estreitamente elíptica, 3. Elíptica, 4. Oblongo-elíptica, 5. Ovada, 6.

Obovada, 7. Orbicular, 8. Oblanceolada

14. Lâmina foliar (venação):

1. Uninérvea, 2. Trinérvea, 3. Peninérvea

15. Lâmina foliar (consistência):

1. Membranácea, 2. Coriácea, 3. Cartácea, 4. Papirácea

16. Inflorescência (posição):

1. Axilar, 2. Terminal

17. Inflorescência:

1. Uniflora, 2. Fasciculada, 3. Cimeira composta, 4. Cimeira congesta, 5. Corimbo, 6.

Cimoidal, 7. Tirso, 8. Glomérulo multifloro (mais de 10 flores), 9. Glomérulo paucifloro (até

7 flores), 10. Cimeira dicotômica, 11. Dicásio congesto séssil, 12. Dicásio reduzido, 13.

Dicásio modificado, 14. Corimbiforme, 15. Capitada

+ 18. Inflorescências parciais:

1. Glomérulos, 2. Címulas, 3. Fascículos sésseis, 4. Tirso, 5. Cimeiras congestas, 6. Dicásios

laxos, 7. Dicásios congestos (Condições de inaplicabilidade: Uniflora, Fasciculada, Cimeira

congesta, Corimbo, Glomérulo multifloro (mais de 10 flores), Glomérulo paucifloro (até 7

flores), Cimeira dicotômica, Dicásio congesto séssil, Dicásio reduzido, Capitada)

19. Flor (simetria):

Page 132: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

112

1. Actinomorfa, 2. Zigomorfa

20. Cálice:

1. Inconspícuo, 2. 2-lobado, 3. 3-lobado, 4. 4-lobado, 5. 5-lobado, 6. 6-lobado, 7. Tubular,

ápice truncado, 8. Tubular, ápice (4–)5–lobado, 9. Tubular a infundibuliforme, ápice

irregularmente 3–lobado, 10. Tubular, ápice 5-denteado

+ 21. Cálice (lobos):

1. Glabros, 2. Ciliados, 3. Ciliolados, 4. Pubérulos, 5. Pubescentes, 6. Velutinos, 7.

Esparsamente seríceos, 8. Pilosos (Condições de inaplicabilidade: Inconspícuo, Tubular,

ápice truncado, Tubular, ápice 5-denteado)

22. Corola (lobos):

1. 3-lobada, 2. 4-lobada, 3. 5-lobada, 4. 6-lobada

23. Corola (comprimento):

1. Até 0,2 cm, 2. 0,3 cm a 4 cm, 3. 15 cm a 19 cm

24. Corola (forma):

1. Infundibuliforme, 2. Hipocrateriforme, 3. Rotada, 4. Tubulosa

25. Corola (cor):

1. Branca, 2. Branco-esverdeada, 3. Branca no tubo, lilás na fauce e lobos, 4. Creme, 5.

Amarela, 6. Vermelha, 7. Lilás, 8. Rosada, 9. Vermelha no tubo, amarela nos lobos

26. Corola (indumento interno):

1. Glabra, 2. Pubescente, serícia ou vilosa, 3. Anel de tricomas próximo à base

27. Corola (prefloração):

1. Valvar, 2. Contorta, 3. Imbricada

Page 133: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

113

28. Ovário (lóculos):

1. 2, 2. 3, 3. 4

29. Óvulos por lóculo:

1. 1, 2. 2 a vários

30. Estilete:

1. Único, 2. Duplo

31. Estigma:

1. Capitado-bilobado, 2. Clavado-bilobado, 3. Capitado, 4. Bilobado, 5. 3-lobado, 6.

Capitado 4-lobado

32. Fruto:

1. Cápsula septicida (mericarpos deiscentes), 2. Cápsula septicida (mericarpos indeiscentes,

persistentes), 3. Cápsula septicida (um mericarpo parcialmente deiscente), 4. Cápsula

septicida (mericarpos indeiscentes, caducos), 5. Cápsula circunsisa, 6. Esquizocarpo, 7.

Baga, 8. Drupa

33. Sementes (pirênios) por fruto :

1. 1, 2. 2, 3. 3, 4. 4, 5. Várias

+ 34. Sementes:

1. Aladas, 2. Não aladas (Condições de inaplicabilidade: 1, 2, 3, 4)

2.2. Software Utilizado

A princípio, os dados foram inseridos no programa Xper2 version 2,2 (Ung et al. 2010), e

posteriormente estes foram exportados em formato sdd. para Xper3 beta version, que permite o

armazenamento e edição de dados descritivos inteiramente online. Ilustrações e fotografias

Page 134: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

114

retiradas em campo, quando disponíveis, foram inseridas na base de dados para ilustrar estados e

espécies (Fig. 1). As descrições dos táxons foram elaboradas através da atribuição de estados para

cada um dos descritores (Fig. 2).

Figura 1. Interface da edição de itens contidos na base de dados “Rubiaceae do município de

Camanducaia” em Xper3.

Page 135: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

115

Figura 2. Interface da edição de descrições na base de dados “Rubiaceae do município de

Camanducaia” em Xper3.

3. Resultados e Discussão

A base de dados “Rubiaceae do município de Camanducaia” foi criada e armazenada

online em Xper3, o que possibilita a sua constante atualização e facilita a publicação da chave

interativa de entradas múltiplas, disponível em

http://www.xper3.fr/xper3GeneratedFiles/publish/identification/-

6660398187307187171/mkey.html

O programa oferece ferramentas para a visualização e edição dos dados em forma de

matriz, comparação entre táxons (Fig. 3) ou grupos de táxons e análise da base, assegurando a

consistência dos dados.

Page 136: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

116

Figura 3. Comparação entre Galianthe vaginata e G. valerianoides. Os descritores são

apresentados em diferentes cores, as quais estão relacionadas à discriminação entre estas

espécies: azul para total, rosa parcial e vermelho não discriminatório.

A partir desta base de dados, Xper3 gerou uma chave interativa de entradas múltiplas

(Fig. 4), na qual os descritores são apresentados em escala de verde, seguindo dos mais

discriminantes (verde escuro) para os menos discriminantes (verde claro a branco). Ao submeter

os estados dos descritores desejados, os táxons nos quais estes não estão presentes são eliminados

gradualmente, até que o processo de identificação seja concluído. Então, ao clicar no nome do

táxon, uma janela é apresentada contendo imagens e a sua descrição (Fig. 5).

Page 137: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

117

Figura 4. Exemplo de tela apresentada na chave interativa. À esquerda, os estados para o

descritor “estípula”, o qual foi previamente selecionado, são apresentados e à direita a lista dos

táxons, os quais serão eliminados gradualmente de acordo com a seleção dos estados.

Figura 5. Imagem parcial da janela apresentada após a conclusão do processo de identificação,

contendo imagens e a descrição do táxon.

Page 138: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

118

Rubiaceae é uma família especialmente diversa, principalmente nos neotrópicos (Davis et

al. 2009), portanto a identificação de suas espécies pode representar um desafio, tanto para

especialistas quanto para leigos. Em Rubiaceae, o número de óvulos por lóculo do ovário é um

caráter utilizado na taxonomia da família desde sua descrição original (Jussieu 1789). Este é, de

fato, um caráter importante, entretanto, um espécime não deveria deixar de ser identificado pela

impossibilidade de sua observação, logo no primeiro passo de uma chave de identificação

dicotômica de uma flora neotropical elaborada para a família (e.g. Burger & Taylor 1993, Jung-

Mendaçolli 2007), se sua identificação for possível através da análise de outros caracteres.

As chaves de identificação dicotômicas (mais comuns na literatura taxonômica da família)

ou politômicas seguem uma sequência rígida de caracteres apresentada pelo seu autor. Em

contrapartida, as chaves interativas de entradas múltiplas possibilitam a livre de escolha de

caracteres a serem analisados pelo usuário (Bittrich et al. 2012, Chrétiennot-Dinet et al. 2014), o

qual pode optar pela utilização caracteres mais fáceis de serem observados, sendo que estruturas

ausentes no material examinado não necessariamente comprometem a sua identificação.

Chaves dicotômicas para gêneros e espécies, subespécies ou variedades foram elaboradas

para o conjunto de táxons pertencente à família Rubiaceae aqui abordados (capítulo 1). Uma vez

determinada a família de uma amostra, tais modelos de chaves demandam a identificação, em

momentos distintos, primeiramente do gênero, e depois da espécie, subespécie ou variedade. A

chave interativa de entradas múltiplas não necessita que estas etapas ocorram em momentos

distintos. Os dados dos táxons terminais (espécies, subespécies ou variedades) são inseridos e

estruturados utilizando-se os mesmos descritores e estados, portanto estes podem ser comparados

automaticamente.

Observa-se que para a identificação da maioria dos gêneros (com exceção de Rudgea e

Galium), amostras portando estruturas reprodutivas (inflorescências, flores e frutos) são

necessárias, as quais nem sempre estão disponíveis. Através desta chave interativa, a maioria dos

táxons considerados (com exceção de Borreria verticillata, Coussarea contracta, Galianthe

valerianoides, Psychotria alegre e Rudgea sessilis subsp. sessilis) puderam ser identificados

utilizando-se somente caracteres vegetativos, sendo que táxons que apresentam características

vegetativas marcantes, como Borreria palustris (ramos alados, margem das alas escabras a

denteadas), Coccocypselum lymansmithii (lâmina foliar orbicular), Galianthe vaginata (ramos

Page 139: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

119

alados, margem das alas escabriúsculas), Galium noxium (lámina foliar trinérvea), Margaritopsis

sp. (ramos achatados, costados em ambos os lados) e Randia armata (ramos com espinhos)

puderam ser identificados com somente um passo.

4. Referências Bibliográficas

BARBOSA, M. R., ZAPPI, D., TAYLOR, C., CABRAL, E., JARDIM, J. G., PEREIRA, M. S.,

CALIÓ, M. F., PESSOA, M. C. R., SALAS, R., SOUZA, E. B., DI MAIO, F. R., MACIAS, L,

ANUNCIAÇÃO, E. A., GERMANO FILHO, P. & OLIVEIRA, J. A. 2013. Rubiaceae in Lista de

Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

(http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2012/FB000210). Acesso em 14 Jan 2013.

BITTRICH, V., SOUZA, C.S.D., COELHO, R.L.G., MARTINS, M.V., HOPKINS, M.J.G. &

AMARAL, M.C.E. 2012. An interactive key (Lucid) for the identifying of the genera of seed

plants from the Ducke Reserve, Manaus, AM, Brazil. Rodriguésia 63: 55–64.

BURGER, W. & TAYLOR, C.M. 1993. Family 202: Rubiaceae. In W. BURGER (ed.) Flora

Costaricensis, Fieldiana, Botany, New Series 33: 1–333.

CHRÉTIENNOT-DINET, M.J., DESREUMAUX, N. & VIGNES-LEBBE, R. 2014. An

interactive key to the Chrysochromulina species (Haptophyta) described in the literature.

Phytokeys 34: 47–60.

COSTA, C.M.R.; HERMANN, G.; MARTINS, C.S.; LINS, L.V. & LAMAS, I.R. (orgs.) 1998.

Biodiversidade em Minas Gerais: um atlas para sua conservação. Fundação Biodiversitas, Belo

Horizonte. 94pp.

DAVIS, A.P.; GOVAERTS, R.; BRIDSON, D.M.; RUHSAM, M.; MOAT, J. & BRUMMITT,

N.A. 2009. A Global Assessment of Distribution, Diversity, Endemism, and Taxonomic Effort in

the Rubiaceae. Annals of the Missouri Botanical Garden 96: 68–78.

Page 140: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

120

GOVAERTS, R.; ANDERSSON, L.; ROBBRECHT, E.; BRIDSON, D.; DAVIS, A.;

SCHANZER, I. & SONKE, B. 2006. World Checklist of Rubiaceae. The Board of Trustees of

the Royal Botanic Gardens, Kew. http://www.kew.org/wcsp/rubiaceae/.

JUNG-MENDAÇOLLI, S.L. (coord.). 2007. Rubiaceae. In: WANDERLEY, M.G.L.,

SHEPHERD, G.J., MELHEM, T.S., GIULIETTI, A.M. (eds.). Flora Fanerogâmica do Estado de

São Paulo Vol. 5, Instituto de Botânica, São Paulo, pp. 259–460.

JUSSIEU, A.L. de. 1789. Rubiaceae. Genera Plantarum secundum ordines naturales disposita,

juxta methodum in horto regio parisiensis exaratum. Herissant & Barrois, Paris. pp. 196–210.

RADFORD, A.E., DICKINSON, W.C., MASSEY, J.R. & BELL, C.R. 1974. Vascular plant

systematics. Harper & Row, New York, 891 pp.

UNG, V., DUBUS, G., ZARAGÜETA-BAGILS, R. & VIGNES-LEBBE R. 2010. Xper²:

introducing e- Taxonomy. Bioinformatics 26: 703–704. doi: 10.1093/bioinformatics/btp715

Page 141: A FAMÍLIA RUBIACEAE JUSS. NO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, …repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/314828/1/... · 2018-08-26 · Capítulo 1: A família Rubiaceae Juss. no

121

Considerações Finais

A pesquisa taxonômica sobre as Rubiaceae do município de Camanducaia, Serra da

Mantiqueira, Minas Gerais, resultou em um total de 17 gêneros, 34 espécies, duas subespécies e

duas variedades. Os gêneros mais diversos foram Psychotria, com sete espécies, seguido por

Manettia e Borreria, ambos com cinco espécies.

Os representantes da família Rubiaceae apresentaram grande diversidade morfológica,

bem como diferentes estratégias reprodutivas, relacionadas à polinização e dispersão dos frutos.

Estas espécies podem servir como modelo para o estudo destes processos em um contexto

evolutivo.

Das espécies, subespécies e variedades inventariadas, 11 são endêmicas da Mata

Atlântica: Cordiera concolor var. concolor, Galianthe vaginata, Manettia glaziovii, M. gracilis,

Palicourea rudgeoides, Psychotria alegre, P. beyrichiana, P. longipes, P. niveobarbata, P.

suterella, Rudgea jasminoides subsp. jasminoides. Estas espécies possuem padrões de

distribuição que corroboram a divisão da Mata Atlântica em duas regiões biogeográficas

distintas, a sul e a norte, que se separam mais ou menos no vale do Rio Doce, norte do Espírito

Santo. Galianthe vaginata e Psychotria beyrichiana são espécies endêmicas da Serra da

Mantiqueira, uma região que abriga importantes remanescentes de vegetação nativa.

Através da análise das distribuições geográficas das espécies endêmicas da Mata

Atlântica, conclui-se que a região de Camanducaia desempenha tanto o papel de corredor quanto

de refúgio de espécies.

A utilização de ferramentas computacionais para a identificação de táxons, como chaves

interativas de entradas múltiplas, se mostrou uma opção vantajosa em relação às ferramentas

tradicionais, a saber, chaves dicotômicas. As chaves interativas possibilitaram melhor análise e

comparação de dados descritivos disponíveis, bem como a identificação da maioria dos táxons

inventariados a partir da análise somente de amostras vegetativas. Além disso, estas chaves

podem ser facilmente publicadas na internet e constantemente atualizadas.