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A Função Notarial A Função Notarial Curso On-line Registos e Curso On-line Registos e Notariado Notariado

A Funcao Notarial-Parte Inicial

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Page 1: A Funcao Notarial-Parte Inicial

A Função NotarialA Função Notarial

Curso On-line Registos e NotariadoCurso On-line Registos e Notariado

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Curso On-line Registos e Notariado 2

Introdução Introdução A Natureza da Função Notarial A Natureza da Função Notarial

São várias as posições acerca da natureza da função notarial. São várias as posições acerca da natureza da função notarial. Vão desde a orientação tradicional que vê o notário como Vão desde a orientação tradicional que vê o notário como funcionário público funcionário público encarregue de autenticar determinados actos encarregue de autenticar determinados actos e contratos, até outra mais avançada que o apresenta como e contratos, até outra mais avançada que o apresenta como profissional do Direito, profissional do Direito, cuja missão consiste em redigir e dar cuja missão consiste em redigir e dar forma legal a esses mesmos actos e contratos, passando por forma legal a esses mesmos actos e contratos, passando por várias posições intermédias, introduzindo novos elementos ou várias posições intermédias, introduzindo novos elementos ou comungando de alguns aspectos de uma ou de outra daquelas comungando de alguns aspectos de uma ou de outra daquelas posições. posições.

As teorias referidas sobre a função notarial são, em regra, As teorias referidas sobre a função notarial são, em regra, redutoras da actividade notarial, cingindo-se apenas a redutoras da actividade notarial, cingindo-se apenas a determinados aspectos da função, não abrangendo a diversidade determinados aspectos da função, não abrangendo a diversidade dos fins e características daquela. Importa apenas fazer uma dos fins e características daquela. Importa apenas fazer uma breve referência à teoria da fé pública, dada sua importância breve referência à teoria da fé pública, dada sua importância histórica, e tomar posição sobre a natureza da função notarial. histórica, e tomar posição sobre a natureza da função notarial.

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Curso On-line Registos e Notariado 3

Introdução Introdução A Natureza da Função NotarialA Natureza da Função Notarial

A teoria da função notarial como função autenticadora A teoria da função notarial como função autenticadora (teoria da fé pública) (teoria da fé pública) é a mais antiga e, tradicionalmente, a é a mais antiga e, tradicionalmente, a mais seguida, que tem tido um papel preponderante nas mais seguida, que tem tido um papel preponderante nas definições legais de notariado.definições legais de notariado.

A função notarial visa a segurança formal ou instrumental A função notarial visa a segurança formal ou instrumental do documento notarial e a segurança substancial, que do documento notarial e a segurança substancial, que requer um negócio válido num documento redigido de requer um negócio válido num documento redigido de maneira clara, sem contradições, ambiguidades ou lacunas, maneira clara, sem contradições, ambiguidades ou lacunas, apto para satisfazer as necessidades práticas que as partes apto para satisfazer as necessidades práticas que as partes perseguem. A existência de um negócio válido requer, por perseguem. A existência de um negócio válido requer, por isso, um controle da legalidade por parte do notário. isso, um controle da legalidade por parte do notário.

A função do notário compreende uma vertente profissional, A função do notário compreende uma vertente profissional, um um officium civile officium civile ou profissão jurídica de natureza privada ou profissão jurídica de natureza privada e uma vertente funcional ou e uma vertente funcional ou officium publicum, officium publicum, função função certificadora, autenticadora ou certificante.certificadora, autenticadora ou certificante.

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Curso On-line Registos e Notariado 4

Introdução Introdução A Natureza da Função NotarialA Natureza da Função Notarial

A função privada refere-se ao conteúdo do documento e traduz-se, A função privada refere-se ao conteúdo do documento e traduz-se, por um lado, na recolha e interpretação da vontade das partes, no por um lado, na recolha e interpretação da vontade das partes, no auxílio à formação dessa vontade e, por outro lado, na adaptação auxílio à formação dessa vontade e, por outro lado, na adaptação desta ao ordenamento jurídico, na escolha e conselho dos meios desta ao ordenamento jurídico, na escolha e conselho dos meios adequados à realização dos fins pretendidos pelos interessados adequados à realização dos fins pretendidos pelos interessados (função assessora), (função assessora), na redacção e conformação do próprio na redacção e conformação do próprio instrumento notarial à lei instrumento notarial à lei (função configuradora) (função configuradora) e na explicação às e na explicação às partes do conteúdo e efeitos do acto. A função pública reporta-se partes do conteúdo e efeitos do acto. A função pública reporta-se ao documento como contendo, na sua expressão externa de ao documento como contendo, na sua expressão externa de autenticidade dos factos ou das declarações de vontade do acto ou autenticidade dos factos ou das declarações de vontade do acto ou da relação jurídica. da relação jurídica.

Assim, constituem a função notarialAssim, constituem a função notarial1.°- A 1.°- A dação de fé pública dação de fé pública aos actos jurídicos extra judiciais aos actos jurídicos extra judiciais 2.° - A 2.° - A formulação de juízos de legalidade, formulação de juízos de legalidade, de conformidade do acto de conformidade do acto notarial à lei adjectiva e substantiva notarial à lei adjectiva e substantiva 3.°- A 3.°- A assessoria assessoria das partes na determinação do conteúdo do das partes na determinação do conteúdo do instrumento, mediante o conselho, pedagogia e auxílio na instrumento, mediante o conselho, pedagogia e auxílio na formação da vontade das partes, na recepção desta e na sua formação da vontade das partes, na recepção desta e na sua interpretação. interpretação.

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Curso On-line Registos e Notariado 5

Introdução Introdução A Natureza da Função NotarialA Natureza da Função Notarial

No uso do poder de No uso do poder de formulação de juízos de legalidade, formulação de juízos de legalidade, o notário pode o notário pode formular duas espécies de juízos, conforme a natureza negocial ou não formular duas espécies de juízos, conforme a natureza negocial ou não negocial do facto: um negocial do facto: um juízo de licitude juízo de licitude destinado a verificar se, de um destinado a verificar se, de um modo geral, o acto é proibido por lei ou é contrário à ordem pública ou modo geral, o acto é proibido por lei ou é contrário à ordem pública ou aos bons costumes; ou um aos bons costumes; ou um juízo de legalidade juízo de legalidade tendo em vista tendo em vista averiguar, a partir do exame dos pressupostos e elementos de facto, a averiguar, a partir do exame dos pressupostos e elementos de facto, a sua idoneidade para produzir os efeitos jurídicos queridos pelas partes, sua idoneidade para produzir os efeitos jurídicos queridos pelas partes, de acordo com a ordem jurídica estabelecida. de acordo com a ordem jurídica estabelecida.

Quando o facto é negocial, o notário formula uma série de Quando o facto é negocial, o notário formula uma série de qualificações ou juízos de valor sobre a capacidade dos outorgantes, qualificações ou juízos de valor sobre a capacidade dos outorgantes, sobre o sobre o nomen juris nomen juris do acto, sobre a qualidade e suficiência dos do acto, sobre a qualidade e suficiência dos poderes de representação, sobre a legalidade do acto. poderes de representação, sobre a legalidade do acto.

O juízo de legalidade é um pressuposto do exercício da função notarial, O juízo de legalidade é um pressuposto do exercício da função notarial, pois dele depende que o notário recuse ou autorize o instrumento. É o pois dele depende que o notário recuse ou autorize o instrumento. É o juízo de legalidade que permite dotar o negócio documentado da juízo de legalidade que permite dotar o negócio documentado da presunção presunção juris tantum juris tantum de validade do acto, salvo quando o notário a de validade do acto, salvo quando o notário a destrua expressamente, no todo ou em parte, mediante as oportunas destrua expressamente, no todo ou em parte, mediante as oportunas advertências feitas no texto do instrumento outorgado. advertências feitas no texto do instrumento outorgado.

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Curso On-line Registos e Notariado 6

Introdução Introdução A Natureza da Função NotarialA Natureza da Função Notarial

Quando o conteúdo do documento não é negocial, o art. 1.° Quando o conteúdo do documento não é negocial, o art. 1.° exige, do mesmo modo, que o notário actue conforme a lei. Em exige, do mesmo modo, que o notário actue conforme a lei. Em princípio, o juízo que o notário há-de formar não é, neste caso, princípio, o juízo que o notário há-de formar não é, neste caso, um juízo de legalidade, mas de licitude da actuação notarial. um juízo de legalidade, mas de licitude da actuação notarial.

De acordo com o disposto no artigo 1.º do Código do Notariado, De acordo com o disposto no artigo 1.º do Código do Notariado, ““A função notarial destina-se a dar forma legal e conferir fé A função notarial destina-se a dar forma legal e conferir fé pública aos actos jurídicos extrajudiciais. Para esse efeito, pode pública aos actos jurídicos extrajudiciais. Para esse efeito, pode o notário prestar assessoria às partes na expressão da sua o notário prestar assessoria às partes na expressão da sua vontade negocial”. vontade negocial”. Vê-se que, para o legislador português, o núcleo essencial da Vê-se que, para o legislador português, o núcleo essencial da função notarial é constituído pela dação da fé pública aos actos função notarial é constituído pela dação da fé pública aos actos jurídicos extrajudiciais e pela actividade de conformação dos jurídicos extrajudiciais e pela actividade de conformação dos mesmos actos à lei substantiva e adjectiva. A prestação da mesmos actos à lei substantiva e adjectiva. A prestação da assessoria está, portanto, legalmente subordinada, directa e assessoria está, portanto, legalmente subordinada, directa e obrigatoriamente, à prática dos actos da competência do obrigatoriamente, à prática dos actos da competência do notário notário

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Introdução Introdução A Natureza da Função NotarialA Natureza da Função Notarial

A possibilidade de o notário prestar assessoria distingue-se do A possibilidade de o notário prestar assessoria distingue-se do dever que ao mesmo cabe de dar informações. A missão do dever que ao mesmo cabe de dar informações. A missão do notário não é limitada à autenticação dos acordos das partes, notário não é limitada à autenticação dos acordos das partes, mas estende-se ao esclarecimento das mesmas sobre o mas estende-se ao esclarecimento das mesmas sobre o conteúdo e efeitos das convenções por elas assinadas. Não se conteúdo e efeitos das convenções por elas assinadas. Não se pode separar uma coisa da outra: a autenticação do acto e a pode separar uma coisa da outra: a autenticação do acto e a informação das partes. A perfeita informação dos signatários informação das partes. A perfeita informação dos signatários sobre o conteúdo do acto deve ser considerada como condição sobre o conteúdo do acto deve ser considerada como condição de autenticação. Não se pode considerar autêntico (lat. de autenticação. Não se pode considerar autêntico (lat. authenticu authenticu < < auctor) auctor) um acto de que as partes desconhecem o um acto de que as partes desconhecem o conteúdo e efeitos. conteúdo e efeitos.

Daí que, paralelamente à qualificação da função notarial, Daí que, paralelamente à qualificação da função notarial, simultaneamente como função pública e privada, considera-se simultaneamente como função pública e privada, considera-se o notário como o notário como oficial público e profissional do direito, oficial público e profissional do direito, encarregado de receber, interpretar e dar forma legal à encarregado de receber, interpretar e dar forma legal à vontade das partes, redigindo os instrumentos adequados a vontade das partes, redigindo os instrumentos adequados a esse fim e conferindo-lhes autenticidade, de conservar os esse fim e conferindo-lhes autenticidade, de conservar os originais e expedir fotocópias do seu conteúdo. originais e expedir fotocópias do seu conteúdo.

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A Competência do NotárioA Competência do Notário

A competência do notário verifica-se, quer em função da matéria, A competência do notário verifica-se, quer em função da matéria, quer do lugar da celebração do acto e é delimitada pelos casos de quer do lugar da celebração do acto e é delimitada pelos casos de impedimento legal do notário. impedimento legal do notário.

Compete em geral ao notário, redigir o instrumento público Compete em geral ao notário, redigir o instrumento público conforme a vontade das partes, a qual deve indagar, interpretar e conforme a vontade das partes, a qual deve indagar, interpretar e adequar ao ordenamento jurídico, esclarecendo-as do seu valor e adequar ao ordenamento jurídico, esclarecendo-as do seu valor e alcance (art. 4.°, nº 1). Compete, em especial, ao notário (art. 4.°, alcance (art. 4.°, nº 1). Compete, em especial, ao notário (art. 4.°, nº 2): nº 2):

- Autorizar testamentos Autorizar testamentos - Elaborar outros instrumentos públicos Elaborar outros instrumentos públicos - Lavrar termos de autenticação de documentos particulares Lavrar termos de autenticação de documentos particulares - Certificar situações e quaisquer factos que tenha verificado Certificar situações e quaisquer factos que tenha verificado - Certificar, ou fazer certificar traduções de documentos;Certificar, ou fazer certificar traduções de documentos;- Passar certidões de instrumentos públicos, de registos e de Passar certidões de instrumentos públicos, de registos e de

outros documentos arquivados outros documentos arquivados

COMPETÊNCIA MATERIAL

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Curso On-line Registos e Notariado 9

A Competência do NotárioA Competência do Notário

É necessário acrescentar a esta enumeração do É necessário acrescentar a esta enumeração do art. 4.°, os actos para os quais a lei exige, sob pena art. 4.°, os actos para os quais a lei exige, sob pena de nulidade, a forma de escritura (art. 80.°); as de nulidade, a forma de escritura (art. 80.°); as habilitações notariais habilitações notariais (declarações de sucessão), as (declarações de sucessão), as justificações notariais justificações notariais destinadas a suprir a falta de destinadas a suprir a falta de títulos para registo predial e comercial e os actos títulos para registo predial e comercial e os actos que importem que importem revogação, rectificação revogação, rectificação ou ou alteração alteração de negócios que, por força da lei ou por vontade de negócios que, por força da lei ou por vontade das partes, tenham sido celebrados por escritura das partes, tenham sido celebrados por escritura pública. pública. Para além destes casos contemplados na lei Para além destes casos contemplados na lei notarial, outros há, em que expressamente se notarial, outros há, em que expressamente se exige a celebração por escritura pública, como por exige a celebração por escritura pública, como por exemplo: no Código das Sociedades Comerciais exemplo: no Código das Sociedades Comerciais (art.º 182.º/2), no Código Civil (arts. 1143.º, 1239.º, (art.º 182.º/2), no Código Civil (arts. 1143.º, 1239.º, 1232.º, 1419.º, 1710.º, 1795.º-C, 1853.º/c), etc).1232.º, 1419.º, 1710.º, 1795.º-C, 1853.º/c), etc).

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Curso On-line Registos e Notariado 10

A Competência do NotárioA Competência do Notário

Há dois princípios aplicáveis no que respeita à competência Há dois princípios aplicáveis no que respeita à competência territorial do notário: territorial do notário:

por um lado, esta competência é limitada à prática de por um lado, esta competência é limitada à prática de actos dentro da área do concelho em que se encontra actos dentro da área do concelho em que se encontra sediado o respectivo cartório notarial (art. 4.°, nº 3 do CN); sediado o respectivo cartório notarial (art. 4.°, nº 3 do CN);

por outro lado, neste limite territorial, o notário pode por outro lado, neste limite territorial, o notário pode praticar todos os actos da sua competência que lhe sejam praticar todos os actos da sua competência que lhe sejam requisitados, ainda que respeitem a pessoas domiciliadas ou requisitados, ainda que respeitem a pessoas domiciliadas ou a bens situados fora dessa área (art. 4.°, nº 3). Este princípio a bens situados fora dessa área (art. 4.°, nº 3). Este princípio tem excepções, como é, por exemplo, o caso do protesto de tem excepções, como é, por exemplo, o caso do protesto de letra, que deve ser requerido ao notário do domicílio indicado letra, que deve ser requerido ao notário do domicílio indicado na letra para a aceitação ou pagamento (art. 120.° do CN) e na letra para a aceitação ou pagamento (art. 120.° do CN) e da abertura de testamento depositado, a qual tem lugar no da abertura de testamento depositado, a qual tem lugar no cartório onde o testamento se encontra eventualmente cartório onde o testamento se encontra eventualmente depositado (art.s 111.°, nº 2 do CN). depositado (art.s 111.°, nº 2 do CN).

COMPETÊNCIA TERRITORIAL

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Curso On-line Registos e Notariado 11

A Competência do NotárioA Competência do Notário

O desrespeito das regras legais da competência territorial do notário O desrespeito das regras legais da competência territorial do notário origina a incompetência do notário em razão do lugar, prevista no art.º origina a incompetência do notário em razão do lugar, prevista no art.º 71°, resultante do facto de o notário autorizar a celebração do acto, 71°, resultante do facto de o notário autorizar a celebração do acto, para além dos limites geográficos da sua área de competência, para além dos limites geográficos da sua área de competência, invadindo a área de outro cartório. Ovício da incompetência do notário invadindo a área de outro cartório. Ovício da incompetência do notário em função do lugar é, porém, sanável (artigos 71.º/3 e 73.º do CN). em função do lugar é, porém, sanável (artigos 71.º/3 e 73.º do CN).

Os casos de impedimento legal do notário vêm previstos no art. 5.°, a Os casos de impedimento legal do notário vêm previstos no art. 5.°, a saber: saber: 1. O notário não pode realizar actos em que sejam partes ou 1. O notário não pode realizar actos em que sejam partes ou beneficiários, directos ou indirectos, o próprio notário, o seu cônjuge ou beneficiários, directos ou indirectos, o próprio notário, o seu cônjuge ou qualquer parente ou afim na linha recta ou até ao 2.° grau da linha qualquer parente ou afim na linha recta ou até ao 2.° grau da linha colateral (nº 1); colateral (nº 1); 2. O impedimento é extensivo aos actos cujas partes ou beneficiários 2. O impedimento é extensivo aos actos cujas partes ou beneficiários tenham como procurador ou representante legal alguma das pessoas tenham como procurador ou representante legal alguma das pessoas compreendidas no número anterior (nº 2). compreendidas no número anterior (nº 2). Exceptuam-se desta regra os casos previstos no n.º 3, do mesmo artigo Exceptuam-se desta regra os casos previstos no n.º 3, do mesmo artigo 5.º do CN. O impedimento do notário é extensivo aos ajudantes, 5.º do CN. O impedimento do notário é extensivo aos ajudantes, conforme prescreve o art. 6.°, nº 1. conforme prescreve o art. 6.°, nº 1.

IMPEDIMENTO LEGAL

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Curso On-line Registos e Notariado 12

O Instrumento Público NotarialO Instrumento Público Notarial

Introdução:Introdução: A função do notário tende, em regra, a objectivar-se através A função do notário tende, em regra, a objectivar-se através

do documento. A regra é a de a actividade notarial culminar do documento. A regra é a de a actividade notarial culminar com a outorga do documento. A função notarial, na sua com a outorga do documento. A função notarial, na sua dupla vertente, pública e privada, tende para o documento. dupla vertente, pública e privada, tende para o documento. Com efeito, o contributo do notário para a realização da Com efeito, o contributo do notário para a realização da certeza e segurança jurídicas é prestada fundamentalmente certeza e segurança jurídicas é prestada fundamentalmente através da especial eficácia da autenticidade e legalidade através da especial eficácia da autenticidade e legalidade formal e substancial do instrumento público. formal e substancial do instrumento público.

Instrumento público é o documento autorizado por notário Instrumento público é o documento autorizado por notário competente a requerimento da parte, com as formalidades competente a requerimento da parte, com as formalidades legais, nos livros de notas ou em papel avulso, e que legais, nos livros de notas ou em papel avulso, e que contém, revela ou exterioriza um facto, acto ou negócio contém, revela ou exterioriza um facto, acto ou negócio jurídico, para sua prova, eficácia ou constituição, assim jurídico, para sua prova, eficácia ou constituição, assim como as cópias ou reproduções dele. como as cópias ou reproduções dele.

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Curso On-line Registos e Notariado 13

O Instrumento Público NotarialO Instrumento Público Notarial

Os documentos notariais são os Os documentos notariais são os documentos autênticos documentos autênticos exarados com as formalidades legais por notário, não exarados com as formalidades legais por notário, não impedido legalmente para o efeito, e dentro do círculo de impedido legalmente para o efeito, e dentro do círculo de actividades que lhe é atribuído.actividades que lhe é atribuído. Não é a qualidade, a Não é a qualidade, a proveniência ou o timbre do papel que o qualifica como proveniência ou o timbre do papel que o qualifica como autêntico, o que importa é a autêntico, o que importa é a origem e a qualidade de quem origem e a qualidade de quem o exarouo exarou..

São autênticos os documentos lavrados pelas autoridades São autênticos os documentos lavrados pelas autoridades públicas, pelo notário ou outro oficial provido de fé pública, públicas, pelo notário ou outro oficial provido de fé pública, nos limites da sua competência. De entre os documentos nos limites da sua competência. De entre os documentos lavrados pelo notário, ou em que ele intervém, distinguem-lavrados pelo notário, ou em que ele intervém, distinguem-se os documentos autênticos, os autenticados e os que têm se os documentos autênticos, os autenticados e os que têm apenas o reconhecimento notarial, conforme preceitua o apenas o reconhecimento notarial, conforme preceitua o art.º 35º do CN. art.º 35º do CN.

Os documentos notariais têm efeitos probatórios e Os documentos notariais têm efeitos probatórios e executórios privilegiados.executórios privilegiados.

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Curso On-line Registos e Notariado 14

O Instrumento Público NotarialO Instrumento Público Notarial

Espécies: Espécies: Como já foi referido acima, os instrumentos notariais Como já foi referido acima, os instrumentos notariais

dividem-se em instrumentos nas notas e dividem-se em instrumentos nas notas e instrumentos avulsos (fora das notas). Os primeiros instrumentos avulsos (fora das notas). Os primeiros compreendem os compreendem os testamentos públicos testamentos públicos e as e as escrituras públicas escrituras públicas (art.ºs 80.º e seguintes), os (art.ºs 80.º e seguintes), os segundos abrangem os segundos abrangem os instrumentos de aprovação instrumentos de aprovação de testamentos cerrados de testamentos cerrados e de e de testamentos testamentos internacionaisinternacionais, , instrumentos de depósito de instrumentos de depósito de testamentos e sua restituição testamentos e sua restituição (art.ºs 109.° e 110.°), (art.ºs 109.° e 110.°), instrumentos de abertura de testamentos cerrados e instrumentos de abertura de testamentos cerrados e de testamentos internacionais de testamentos internacionais (art.ºs 111.° a 115.°), (art.ºs 111.° a 115.°), procurações, substabelecimentos, consentimentos procurações, substabelecimentos, consentimentos conjugais conjugais (art.ºs 116.° a 118.°) e (art.ºs 116.° a 118.°) e protestos protestos (art.ºs (art.ºs 119.° a 130.°). 119.° a 130.°).

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Curso On-line Registos e Notariado 15

Requisitos do Instrumento NotarialRequisitos do Instrumento Notarial

REQUISITOS

I. COMPARÊNCIA

II. EXPOSIÇÃO OU ANTECEDENTES

III. ESTIPULAÇÕES OUPARTE DISPOSITIVA

IV. FECHO OU ENCERRAMENTO

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Curso On-line Registos e Notariado 16

Requisitos do Instrumento NotarialRequisitos do Instrumento Notarial

Os requisitos exigidos pela lei notarial e que constituem as Os requisitos exigidos pela lei notarial e que constituem as várias partes ou fases do instrumento público, ou são exigidos várias partes ou fases do instrumento público, ou são exigidos em relação à generalidade dos actos notariais em relação à generalidade dos actos notariais (requisitos (requisitos gerais), gerais), ou apenas requeridos para certos actos ou apenas requeridos para certos actos (requisitos (requisitos especiais). especiais). Os primeiros estão previstos nos art.s 46° a 53° e Os primeiros estão previstos nos art.s 46° a 53° e os segundos, nos art.s 54° a 64°. os segundos, nos art.s 54° a 64°.

É a parte do instrumento relativa ao nome do acto, à data e É a parte do instrumento relativa ao nome do acto, à data e lugar de celebração do mesmo, aos sujeitos actuantes e ao lugar de celebração do mesmo, aos sujeitos actuantes e ao notário autorizante. notário autorizante. 1. Nome do acto ou 1. Nome do acto ou nomen jurisnomen juris::A denominação do acto não constitui uma exigência legal. A denominação do acto não constitui uma exigência legal. Contudo, encontra-se muito generalizada a prática de os actos Contudo, encontra-se muito generalizada a prática de os actos notariais serem encimados e iniciados por um título ou notariais serem encimados e iniciados por um título ou cabeçalho, contendo o cabeçalho, contendo o nomen juris nomen juris do acto documentado. do acto documentado.

I. COMPARÊNCIA

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Curso On-line Registos e Notariado 17

Requisitos do Instrumento NotarialRequisitos do Instrumento Notarial

2. Data e Lugar2. Data e LugarI. O primeiro requisito que a lei exige na elaboração do I. O primeiro requisito que a lei exige na elaboração do instrumento notarial é a menção da data e do lugar em que o instrumento notarial é a menção da data e do lugar em que o mesmo foi lavrado ou assinado (art. 46°, nº 1, al. a). A mesmo foi lavrado ou assinado (art. 46°, nº 1, al. a). A indicação da morada completa onde o instrumento é assinado indicação da morada completa onde o instrumento é assinado apenas é necessária, nos actos celebrados fora do cartório. apenas é necessária, nos actos celebrados fora do cartório. II. A falta de menção do dia, mês e ano ou do lugar em que o II. A falta de menção do dia, mês e ano ou do lugar em que o acto notarial foi lavrado, provoca a nulidade por vício de forma acto notarial foi lavrado, provoca a nulidade por vício de forma (art. 70º, nº 1, al. a). Esta nulidade, porém, considera-se (art. 70º, nº 1, al. a). Esta nulidade, porém, considera-se sanada mediante averbamento oficioso contendo os sanada mediante averbamento oficioso contendo os elementos em falta, se, pelo texto do instrumento ou pelos elementos em falta, se, pelo texto do instrumento ou pelos elementos existentes no cartório, for possível determinar a elementos existentes no cartório, for possível determinar a data ou o lugar da celebração (art.s 70°, nº 2, al. a) e 132.°, nº data ou o lugar da celebração (art.s 70°, nº 2, al. a) e 132.°, nº 7). 7).

3. Identificação do notário autorizante e do respectivo 3. Identificação do notário autorizante e do respectivo cartóriocartório

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Curso On-line Registos e Notariado 18

Requisitos do Instrumento NotarialRequisitos do Instrumento Notarial

4. Identificação dos outorgantes: 4. Identificação dos outorgantes:

O art. 46.°, nº 1,O art. 46.°, nº 1, al. c) manda identificar os outorgantes, ou al. c) manda identificar os outorgantes, ou seja, as pessoas que intervêm no instrumento, por si ou em seja, as pessoas que intervêm no instrumento, por si ou em representação de outrem. representação de outrem. a) Outorgantes em nome próprioa) Outorgantes em nome próprio: :

Identificação Identificação Verificação da identidade (civil, fiscal) – 46.º/1 d) e 48.ºVerificação da identidade (civil, fiscal) – 46.º/1 d) e 48.º Capacidade, legitimidade dispositiva, legitimidade conjugal; a Capacidade, legitimidade dispositiva, legitimidade conjugal; a

capacidade presume-se, não há lugar a menção no documento capacidade presume-se, não há lugar a menção no documento b) Em nome alheio. Representação (legal, voluntária, b) Em nome alheio. Representação (legal, voluntária, orgânica): orgânica):

Identificação, menção e verificação da identidade do Identificação, menção e verificação da identidade do representante nos termos gerais expostos para o outorgante representante nos termos gerais expostos para o outorgante singular em nome próprio; singular em nome próprio;

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Curso On-line Registos e Notariado 19

Requisitos do Instrumento NotarialRequisitos do Instrumento Notarial

Identificação do representado: Identificação do representado: 1.°) Pessoa singular, nos termos indicados; 1.°) Pessoa singular, nos termos indicados; 2.°) Sociedades (art. 171.° do CSC) ; 2.°) Sociedades (art. 171.° do CSC) ; 3.º) Demais pessoas colectivas (art. 46.°, nº 1, al. c)3.º) Demais pessoas colectivas (art. 46.°, nº 1, al. c)

Verificação e menção da qualidade, poderes e documentos Verificação e menção da qualidade, poderes e documentos de representaçãode representação

Representação orgânicaRepresentação orgânica: pessoas colectivas sujeitas a registo : pessoas colectivas sujeitas a registo (art.º 49.°); outras pessoas colectivas (art.46º, nº 1, al e) (art.º 49.°); outras pessoas colectivas (art.46º, nº 1, al e)

Representação voluntáriaRepresentação voluntária: há lugar à verificação da : há lugar à verificação da qualidade de procurador qualidade de procurador

Representação legalRepresentação legal: há lugar à menção dos documentos : há lugar à menção dos documentos comprovativos dos poderes de representação e à menção de comprovativos dos poderes de representação e à menção de terem sido verificados esses poderes (art. 46.°, nº 1, al. e), terem sido verificados esses poderes (art. 46.°, nº 1, al. e), excepto no caso dos representantes do menor serem os excepto no caso dos representantes do menor serem os respectivos pais (art. 46.°, nº 5);respectivos pais (art. 46.°, nº 5);

Verificação da capacidade do representante e do Verificação da capacidade do representante e do representado. representado.

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Requisitos do Instrumento NotarialRequisitos do Instrumento Notarial

A identificação dos outorgantes faz-se pela menção A identificação dos outorgantes faz-se pela menção documental do seu nome completo, estado, documental do seu nome completo, estado, naturalidade e residência habitual (art. 46.°, nº1, al. naturalidade e residência habitual (art. 46.°, nº1, al. c). Se algum dos outorgantes não for português, c). Se algum dos outorgantes não for português, deve fazer-se constar da sua identificação, a deve fazer-se constar da sua identificação, a respectiva nacionalidade, salvo se intervier na respectiva nacionalidade, salvo se intervier na qualidade de representante, ou na de declarante qualidade de representante, ou na de declarante em escritura de habilitação ou justificação notarial em escritura de habilitação ou justificação notarial (art. 46.°, nº 4). Nos instrumentos destinados a (art. 46.°, nº 4). Nos instrumentos destinados a titular actos sujeitos a registo, a identificação das titular actos sujeitos a registo, a identificação das partes do acto a registar deve conter ainda a partes do acto a registar deve conter ainda a indicação do nome dos seus cônjuges, se forem indicação do nome dos seus cônjuges, se forem casados, e do respectivo regime matrimonial de casados, e do respectivo regime matrimonial de bens (art. 47.°, nº1, al. a). bens (art. 47.°, nº1, al. a).

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Requisitos do Instrumento NotarialRequisitos do Instrumento Notarial

Verificação da IdentidadeVerificação da Identidade A verificação da identidade dos outorgantes pode ser feita A verificação da identidade dos outorgantes pode ser feita

por alguma das seguintes formas (art. 48.°, nº 1): por alguma das seguintes formas (art. 48.°, nº 1): a) Pelo conhecimento pessoal do notário; a) Pelo conhecimento pessoal do notário; b) Pela exibição do bilhete de identidade, de documento b) Pela exibição do bilhete de identidade, de documento equivalente ou da carta de condução, se tiverem sido equivalente ou da carta de condução, se tiverem sido emitidos pela autoridade competente de um dos países da emitidos pela autoridade competente de um dos países da União Europeia; União Europeia; c) Pela exibição do passaporte; c) Pela exibição do passaporte; d) Pela declaração de dois abonadores, cuja identidade o d) Pela declaração de dois abonadores, cuja identidade o notário tenha verificado por uma das formas previstas nas notário tenha verificado por uma das formas previstas nas alíneas anteriores. alíneas anteriores. A alteração da residência constante de documento de A alteração da residência constante de documento de identificação, não obsta a que aquele documento sirva para identificação, não obsta a que aquele documento sirva para verificar a identidade do outorgante (art. 48.°, nº 2). verificar a identidade do outorgante (art. 48.°, nº 2).

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Requisitos do Instrumento NotarialRequisitos do Instrumento Notarial

Verificação da qualidade e poderes de representaçãoVerificação da qualidade e poderes de representação

Os outorgantes podem intervir em nome próprio ou em nome Os outorgantes podem intervir em nome próprio ou em nome alheio, por si ou em representação de pessoas singulares ou alheio, por si ou em representação de pessoas singulares ou de pessoas colectivas. No caso de representação de pessoas de pessoas colectivas. No caso de representação de pessoas singulares, o instrumento notarial deve conter o nome singulares, o instrumento notarial deve conter o nome completo, estado, naturalidade e residência habitual dos completo, estado, naturalidade e residência habitual dos outorgantes, bem como das pessoas singulares por estes outorgantes, bem como das pessoas singulares por estes representadas, nos termos acima expostos. Se o representado representadas, nos termos acima expostos. Se o representado for casado e o acto estiver sujeito a registo, indicar-se-á, além for casado e o acto estiver sujeito a registo, indicar-se-á, além da sua naturalidade e residência, o nome do seu cônjuge e o da sua naturalidade e residência, o nome do seu cônjuge e o respectivo regime matrimonial de bens. No caso de respectivo regime matrimonial de bens. No caso de representação de sociedades comerciais ou sociedades civis representação de sociedades comerciais ou sociedades civis sob forma comercial, devem mencionar-se os elementos de sob forma comercial, devem mencionar-se os elementos de identificação destas, referidos no art. 171.° do Código das identificação destas, referidos no art. 171.° do Código das Sociedades Comerciais; na representação das demais pessoas Sociedades Comerciais; na representação das demais pessoas colectivas deve indicar-se a respectiva denominação e sede colectivas deve indicar-se a respectiva denominação e sede (art. 46.°, nº 1, al. c). (art. 46.°, nº 1, al. c).

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Requisitos do Instrumento NotarialRequisitos do Instrumento Notarial

O instrumento notarial deve ainda conter a menção das O instrumento notarial deve ainda conter a menção das procurações e dos documentos relativos ao instrumento, que procurações e dos documentos relativos ao instrumento, que justifiquem a qualidade de procurador e de representante justifiquem a qualidade de procurador e de representante (46.º, n.º 1, al. e) e n.º 5).(46.º, n.º 1, al. e) e n.º 5).

A prova documental da qualidade de representante de A prova documental da qualidade de representante de pessoa colectiva sujeita a registo e da suficiência dos seus pessoa colectiva sujeita a registo e da suficiência dos seus poderes faz-se por certidão do registo comercial, válida por poderes faz-se por certidão do registo comercial, válida por um ano (art.º 49.º, n.ºs 1 e 2)um ano (art.º 49.º, n.ºs 1 e 2)

A prova documental da qualidade e poderes dos A prova documental da qualidade e poderes dos representantes das pessoas colectivas não sujeitas a registo, representantes das pessoas colectivas não sujeitas a registo, faz-se pela apresentação dos respectivos estatutos, das actas faz-se pela apresentação dos respectivos estatutos, das actas contendo as deliberações dos seus órgãos de representação, contendo as deliberações dos seus órgãos de representação, e, eventualmente, da acta de deliberação da assembleia e, eventualmente, da acta de deliberação da assembleia geral, ou dos documentos oficiais (no caso das pessoas geral, ou dos documentos oficiais (no caso das pessoas colectivas de direito público), comprovativos da nomeação colectivas de direito público), comprovativos da nomeação dos respectivos representantes e dos seus poderes. dos respectivos representantes e dos seus poderes.

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Curso On-line Registos e Notariado 24

Requisitos do Instrumento NotarialRequisitos do Instrumento Notarial

Por fim, é obrigatória menção de terem sido verificados os Por fim, é obrigatória menção de terem sido verificados os poderes necessários para o acto, nos casos de representação poderes necessários para o acto, nos casos de representação legal e orgânica, dispensando-a no caso da representação legal e orgânica, dispensando-a no caso da representação voluntária. voluntária.

Verificação da capacidadeVerificação da capacidadeO exercício da actividade notarial compreende a formulação O exercício da actividade notarial compreende a formulação de juízos de valor sobre vários dos seus pressupostos, como, de juízos de valor sobre vários dos seus pressupostos, como, por exemplo, a capacidade dos outorgantes, a qualidade e por exemplo, a capacidade dos outorgantes, a qualidade e poderes de representação. poderes de representação.

c) Requisitos respeitantes aos intervenientes acidentais:c) Requisitos respeitantes aos intervenientes acidentais: Nome, estado e residência habitual (art. 46.°, nº 1, al h). Nome, estado e residência habitual (art. 46.°, nº 1, al h). Referência ao juramento ou compromisso de honra dos Referência ao juramento ou compromisso de honra dos

intérpretes, peritos e leitores (art. 46.°, al. i) e ao cumprimento intérpretes, peritos e leitores (art. 46.°, al. i) e ao cumprimento das formalidades legalmente previstas (46.º/1, j).das formalidades legalmente previstas (46.º/1, j).

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Requisitos do Instrumento NotarialRequisitos do Instrumento Notarial

Intervenientes acidentaisIntervenientes acidentais A lei considera como intervenientes acidentais, os A lei considera como intervenientes acidentais, os

abonadores, abonadores, os os intérpretes, intérpretes, os os peritos, peritos, os os tradutores, tradutores, os os leitores leitores e as e as testemunhas testemunhas (art.s 65.° e segts). Como a (art.s 65.° e segts). Como a própria expressão indica, trata-se de pessoas que intervêm própria expressão indica, trata-se de pessoas que intervêm acidentalmente acidentalmente no acto, em circunstâncias especiais: para no acto, em circunstâncias especiais: para identificação das partes identificação das partes (abonadores), (abonadores), para transmissão de para transmissão de vontades dos outorgantes que não compreendam a língua vontades dos outorgantes que não compreendam a língua portuguesa, ou então, que sejam mudos ou surdos-mudos portuguesa, ou então, que sejam mudos ou surdos-mudos (intérprete), (intérprete), para atestar a sanidade mental dos para atestar a sanidade mental dos outorgantes outorgantes (peritos), (peritos), para leitura dos actos em caso de para leitura dos actos em caso de surdez de algum outorgante surdez de algum outorgante (leitor), (leitor), ou para constatarem o ou para constatarem o acto, dada a natureza específica deste acto, dada a natureza específica deste (testemunhas).(testemunhas).

Os intervenientes acidentais devem satisfazer Os intervenientes acidentais devem satisfazer determinados requisitos de capacidade, como se conclui determinados requisitos de capacidade, como se conclui a a contrario contrario do art. 68.°, e de idoneidade (art. 68.°, nº 3). do art. 68.°, e de idoneidade (art. 68.°, nº 3).

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Requisitos do Instrumento NotarialRequisitos do Instrumento Notarial

A escolha das pessoas concretas que hajam de servir como A escolha das pessoas concretas que hajam de servir como intervenientes acidentais cabe aos interessados, excepto intervenientes acidentais cabe aos interessados, excepto naqueles casos (intervenção de peritos e de testemunhas), naqueles casos (intervenção de peritos e de testemunhas), em que a intervenção resulte de exigência do documentador, em que a intervenção resulte de exigência do documentador, nos quais a indicação poderá pertencer ao notário. A menção nos quais a indicação poderá pertencer ao notário. A menção dos elementos de identificação dos intervenientes acidentais dos elementos de identificação dos intervenientes acidentais é feita no texto do instrumento, como já foi referido, mediante é feita no texto do instrumento, como já foi referido, mediante a indicação do seu nome completo, estado civil e residência a indicação do seu nome completo, estado civil e residência habitual (art. 46.°, nº 1, al. h) e modo como foi verificada a habitual (art. 46.°, nº 1, al. h) e modo como foi verificada a identidade. identidade.

11) ) AbonadoresAbonadores - Os abonadores são intervenientes - Os abonadores são intervenientes acidentais, devendo, por isso, satisfazer as exigências de acidentais, devendo, por isso, satisfazer as exigências de capacidade legalmente previstas para estes (art.68º) e capacidade legalmente previstas para estes (art.68º) e possuir também a idoneidade requerida, segundo o juízo possuir também a idoneidade requerida, segundo o juízo pessoal do notário (art. 68.°, nº 3). O juízo de idoneidade em pessoal do notário (art. 68.°, nº 3). O juízo de idoneidade em si é indispensável, mas a sua menção instrumental é si é indispensável, mas a sua menção instrumental é desnecessária. desnecessária.

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Requisitos do Instrumento NotarialRequisitos do Instrumento Notarial

Na intervenção dos abonadores no instrumento notarial, Na intervenção dos abonadores no instrumento notarial, deve mencionar-se apenas que se verificou a identidade deve mencionar-se apenas que se verificou a identidade dos outorgantes por declaração dos abonadores.dos outorgantes por declaração dos abonadores.

22) ) IntérpreteIntérprete - A intervenção de intérprete pode verificar-se - A intervenção de intérprete pode verificar-se em virtude de algum outorgante desconhecer a língua em virtude de algum outorgante desconhecer a língua portuguesa, e devido a mudez ou surdez-mudez dos portuguesa, e devido a mudez ou surdez-mudez dos outorgantes (artigos 65.º e 66.º).outorgantes (artigos 65.º e 66.º).A função do intérprete é, ainda neste caso, transmitir A função do intérprete é, ainda neste caso, transmitir verbalmente o conteúdo do documento ao outorgante e a verbalmente o conteúdo do documento ao outorgante e a declaração de vontade deste ao notário. O intérprete está declaração de vontade deste ao notário. O intérprete está sujeito a juramento (art.º 69.°), o qual deve ser prestado sujeito a juramento (art.º 69.°), o qual deve ser prestado nos termos da lei de processo (art.º 46.º, n.º1, al. i). nos termos da lei de processo (art.º 46.º, n.º1, al. i). A falta do cumprimento das indicadas formalidades A falta do cumprimento das indicadas formalidades previstas na lei, determina a nulidade do acto notarial por previstas na lei, determina a nulidade do acto notarial por vício de forma (art. 70.°, nº 1, al. b). vício de forma (art. 70.°, nº 1, al. b).

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Requisitos do Instrumento NotarialRequisitos do Instrumento Notarial

O elemento cuja falta é susceptível de ser sanada ou O elemento cuja falta é susceptível de ser sanada ou revalidada é apenas a menção instrumental de terem sido revalidada é apenas a menção instrumental de terem sido cumpridas as formalidades legais para a intervenção de cumpridas as formalidades legais para a intervenção de quem não entenda a língua portuguesa ou de mudos ou de quem não entenda a língua portuguesa ou de mudos ou de surdos-mudos, quando tais formalidades foram surdos-mudos, quando tais formalidades foram efectivamente cumpridas. efectivamente cumpridas.

33) ) LeitorLeitor (art.º 66.º/1) - A intervenção do leitor nos actos (art.º 66.º/1) - A intervenção do leitor nos actos notariais rege-se pelas regras acima apresentadas para a notariais rege-se pelas regras acima apresentadas para a intervenção do intérprete. intervenção do intérprete.

44) Tradutor) Tradutor -- O tradutor efectua a versão para a língua O tradutor efectua a versão para a língua portuguesa do conteúdo do documento escrito em língua portuguesa do conteúdo do documento escrito em língua estrangeira, ou a versão para uma ou mais línguas estrangeira, ou a versão para uma ou mais línguas estrangeiras do conteúdo de um documento escrito em estrangeiras do conteúdo de um documento escrito em língua portuguesa (art.º 44.º/3). língua portuguesa (art.º 44.º/3).

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Requisitos do Instrumento NotarialRequisitos do Instrumento Notarial

e) Peritose) Peritos - Trata-se de peritos médicos, os quais intervêm no - Trata-se de peritos médicos, os quais intervêm no acto a pedido das partes ou do notário, para abonarem a acto a pedido das partes ou do notário, para abonarem a sanidade mental dos outorgantes (art. 67.°, nº 4). A sanidade mental dos outorgantes (art. 67.°, nº 4). A intervenção dos peritos visa assessorar o notário no juízo de intervenção dos peritos visa assessorar o notário no juízo de qualificação da capacidade dos outorgantes ao nível qualificação da capacidade dos outorgantes ao nível intelectual (capacidade de entender) e ao nível volitivo intelectual (capacidade de entender) e ao nível volitivo (capacidade de querer), apenas quando este tenha dúvidas. O (capacidade de querer), apenas quando este tenha dúvidas. O parecer dos peritos não é vinculativo para o notário.parecer dos peritos não é vinculativo para o notário.

f) Testemunhasf) Testemunhas - As testemunhas, que a lei designa - As testemunhas, que a lei designa "testemunhas instrumentárias "testemunhas instrumentárias ", são, como a expressão ", são, como a expressão sugere, testemunhas do facto da documentação. Ao contrário sugere, testemunhas do facto da documentação. Ao contrário do que sucede com os restantes intervenientes acidentais, a do que sucede com os restantes intervenientes acidentais, a sua função é simplesmente passiva, limitando-se à mera sua função é simplesmente passiva, limitando-se à mera presença ou assistência ao acto notarial e pela assinatura. A presença ou assistência ao acto notarial e pela assinatura. A intervenção de testemunhas nos actos notariais é excepcional intervenção de testemunhas nos actos notariais é excepcional (art. 67.°, nº 1). (art. 67.°, nº 1).

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Requisitos do Instrumento NotarialRequisitos do Instrumento Notarial

É a parte do instrumento em que se estabelece o objecto, É a parte do instrumento em que se estabelece o objecto, e, por vezes, a causa do negócio. Requisitos referentes ao e, por vezes, a causa do negócio. Requisitos referentes ao objecto, à sua identificação (prédio, direitos prediais ou objecto, à sua identificação (prédio, direitos prediais ou mobiliários, participações sociais, estabelecimentos mobiliários, participações sociais, estabelecimentos comerciais e industriais, etc.): comerciais e industriais, etc.): a) Menções relativas ao registo (predial, comercial, etc.) a) Menções relativas ao registo (predial, comercial, etc.) artigos 54.º, 55.º, 57.º e 62.º do CN);artigos 54.º, 55.º, 57.º e 62.º do CN);b) Menções relativas à matriz (valor patrimonial, artigo b) Menções relativas à matriz (valor patrimonial, artigo matricial, omissão na matriz (art. 57.°, nº 1). Sua prova (art. matricial, omissão na matriz (art. 57.°, nº 1). Sua prova (art. 57.º nºs 2 e 3); 57.º nºs 2 e 3); c) Menções de elementos de natureza administrativa: c) Menções de elementos de natureza administrativa: autorizações, licenças, participações. Sua prova: certidões, autorizações, licenças, participações. Sua prova: certidões, alvarás, documento camarário ou projecto de construção alvarás, documento camarário ou projecto de construção para a constituição ou modificação da propriedade para a constituição ou modificação da propriedade horizontal (art.º 59.°);horizontal (art.º 59.°);

II. EXPOSIÇÃO OU ANTECEDENTES

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Requisitos do Instrumento NotarialRequisitos do Instrumento Notarial

d) Menções de elementos de natureza fiscal: pagamento de imposto d) Menções de elementos de natureza fiscal: pagamento de imposto municipal de sisa (art. 190.°). Sua redução e isenção. Menção do municipal de sisa (art. 190.°). Sua redução e isenção. Menção do conhecimento de sisa no texto documental (art.º 46.°, nº 1, al. f); conhecimento de sisa no texto documental (art.º 46.°, nº 1, al. f); e) Menção do valor dos bens: nos actos sujeitos a registo, o valor de e) Menção do valor dos bens: nos actos sujeitos a registo, o valor de cada bem e o valor global (art. 63.°, nº 1 ). Prova do valor dos bens cada bem e o valor global (art. 63.°, nº 1 ). Prova do valor dos bens (art.º 63º nº 2).(art.º 63º nº 2).

Requisitos referentes à causa do negócioRequisitos referentes à causa do negócio

Refere-se às relações que se criam entre as partes, pelo acordo Refere-se às relações que se criam entre as partes, pelo acordo de vontades entre elas celebrado, que se reduz a instrumento de vontades entre elas celebrado, que se reduz a instrumento público.público.

III. ESTIPULAÇÕES OU PARTE DISPOSITIVA

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Requisitos do Instrumento NotarialRequisitos do Instrumento Notarial

É a parte do instrumento que contém: 1. Menção de todos os É a parte do instrumento que contém: 1. Menção de todos os documentos que fiquem arquivados (art. 46.°, nº 1, al. f) e que documentos que fiquem arquivados (art. 46.°, nº 1, al. f) e que sejam exibidos (art. 46.°, nº 1, al. g);sejam exibidos (art. 46.°, nº 1, al. g);2. Indicação dos outorgantes que não assinam por não poderem ou 2. Indicação dos outorgantes que não assinam por não poderem ou não saberem fazê-lo (art. 46, nº 1, al. m); não saberem fazê-lo (art. 46, nº 1, al. m); 3. Leitura e explicação do conteúdo do acto (art. 50.°). Menção no 3. Leitura e explicação do conteúdo do acto (art. 50.°). Menção no texto do documento (art. 46, nº 1, al. l); texto do documento (art. 46, nº 1, al. l); 4. Advertências sobre a anulabilidade e ineficácia do acto (art. 174.°, 4. Advertências sobre a anulabilidade e ineficácia do acto (art. 174.°, nº 2), sobre a obrigatoriedade da sujeição do acto a registo (art.º nº 2), sobre a obrigatoriedade da sujeição do acto a registo (art.º 47.°, nºs 2,3 e 4), sobre as consequências de não registarem os 47.°, nºs 2,3 e 4), sobre as consequências de não registarem os direitos adquiridos (art. 56.°, al. b); direitos adquiridos (art. 56.°, al. b); 5. Outorga: Ratificação formal ou prestação de consentimento pelas 5. Outorga: Ratificação formal ou prestação de consentimento pelas partes ao teor do instrumento. Assinatura (art.º 46º, al. n) e 52º). partes ao teor do instrumento. Assinatura (art.º 46º, al. n) e 52º). Impressão digital (art. 51.°); Impressão digital (art. 51.°); 4. Autorização: É a sanção (homologação) pública, que consiste na 4. Autorização: É a sanção (homologação) pública, que consiste na imposição da fé pública notarial ao documento, formalmente imposição da fé pública notarial ao documento, formalmente expressa na assinatura (art. 46, nº 1, al. n) e rubrica do notário ( nos expressa na assinatura (art. 46, nº 1, al. n) e rubrica do notário ( nos instrumentos avulsos art. 52.°)instrumentos avulsos art. 52.°)

IV. FECHO OU ENCERRAMENTO

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Requisitos do Instrumento NotarialRequisitos do Instrumento Notarial

Número de ContribuinteNúmero de Contribuinte

- É obrigatória a menção do número de identificação fiscal, - É obrigatória a menção do número de identificação fiscal, quer se trate de pessoas singulares (NIF), quer se trate de quer se trate de pessoas singulares (NIF), quer se trate de pessoas colectivas e entidades equiparadas (heranças pessoas colectivas e entidades equiparadas (heranças indivisas, sociedades irregulares, etc. - NIPC) indivisas, sociedades irregulares, etc. - NIPC) - Considerando, para além do exposto, que os notários devem - Considerando, para além do exposto, que os notários devem enviar à direcção de finanças da área do respectivo cartório, enviar à direcção de finanças da área do respectivo cartório, em suporte informático ou por cópia, uma relação dos registos em suporte informático ou por cópia, uma relação dos registos de escrituras diversas e das procurações passadas no interesse de escrituras diversas e das procurações passadas no interesse do procurador ou de terceiro (art. 186.°, nº 1, al.a), conclui-se do procurador ou de terceiro (art. 186.°, nº 1, al.a), conclui-se que o número fiscal de contribuinte, ou o número do cartão de que o número fiscal de contribuinte, ou o número do cartão de identificação de pessoa colectiva ou entidade equiparada, deve identificação de pessoa colectiva ou entidade equiparada, deve ser mencionado no texto de qualquer instrumento contendo ser mencionado no texto de qualquer instrumento contendo actos com incidência tributária. actos com incidência tributária.

FORMALIDADES COMUNS

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Requisitos do Instrumento NotarialRequisitos do Instrumento Notarial

Menção de documentosMenção de documentos O lugar próprio para a menção dos documentos que servem para O lugar próprio para a menção dos documentos que servem para

instruir o acto notarial e não respeitem à pessoa dos outorgantes, é, instruir o acto notarial e não respeitem à pessoa dos outorgantes, é, em princípio, o fecho ou encerramento do instrumento. Devem ser em princípio, o fecho ou encerramento do instrumento. Devem ser mencionados os documentos comprovativos do pagamento de mencionados os documentos comprovativos do pagamento de impostos, as certidões matriciais e prediais, licenças, etc, exibidas ou impostos, as certidões matriciais e prediais, licenças, etc, exibidas ou arquivadas para instruir o acto (art. 46.°, nº 1, al.s f) e g). arquivadas para instruir o acto (art. 46.°, nº 1, al.s f) e g).

Leitura, explicação do conteúdo e advertênciasLeitura, explicação do conteúdo e advertências Após a presença física dos intervenientes, seguem-se a leitura do Após a presença física dos intervenientes, seguem-se a leitura do

instrumento, a explicação do seu conteúdo e as advertências a que instrumento, a explicação do seu conteúdo e as advertências a que houver lugar. A leitura e explicação do conteúdo do instrumento houver lugar. A leitura e explicação do conteúdo do instrumento levam este ao conhecimento das partes, habilitando-as assim a dar-levam este ao conhecimento das partes, habilitando-as assim a dar-lhe o seu consentimento ou outorga; dado esse conhecimento, lhe o seu consentimento ou outorga; dado esse conhecimento, deverá o documento ser assinado de seguida, de modo que deverá o documento ser assinado de seguida, de modo que nenhuma alteração lhe seja introduzida. A certeza que a função nenhuma alteração lhe seja introduzida. A certeza que a função notarial prossegue assim o exige. É por isso que o art. 53°, nº 1 notarial prossegue assim o exige. É por isso que o art. 53°, nº 1 determina que a leitura, explicação, outorga e assinatura devem determina que a leitura, explicação, outorga e assinatura devem realizar-se em acto continuado. Há que fazer menção no instrumento realizar-se em acto continuado. Há que fazer menção no instrumento (art. 46.º, al. l).(art. 46.º, al. l).

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Curso On-line Registos e Notariado 35

Requisitos do Instrumento NotarialRequisitos do Instrumento Notarial

Entende-se que, em direito notarial, não há consentimento em Entende-se que, em direito notarial, não há consentimento em relação àquilo que não tenha sido objecto de leitura. O documento relação àquilo que não tenha sido objecto de leitura. O documento notarial apenas obriga o seu autor, se este conhece o seu notarial apenas obriga o seu autor, se este conhece o seu conteúdo conteúdo (si sciebat contenta). (si sciebat contenta). O documento que não tenha sido O documento que não tenha sido lido não obriga quem o assina lido não obriga quem o assina (scriptura non lecta, non (scriptura non lecta, non praeiudicat suscribenti). praeiudicat suscribenti). É precisamente a intervenção do notário É precisamente a intervenção do notário que assegura a leitura efectiva, garante que as partes conhecem que assegura a leitura efectiva, garante que as partes conhecem o conteúdo da acto lido e assegura a fé pública da narração dos o conteúdo da acto lido e assegura a fé pública da narração dos factos contidos no documento. factos contidos no documento.

O notário deve ainda explicar-lhes o conteúdo do acto e advertir O notário deve ainda explicar-lhes o conteúdo do acto e advertir os comparecentes do significado e consequências legais das os comparecentes do significado e consequências legais das cláusulas do instrumento de modo que fiquem devidamente cláusulas do instrumento de modo que fiquem devidamente informadas do significado e alcance dos seu actos. informadas do significado e alcance dos seu actos.

Há casos em que, para além da explicação do conteúdo da acto e Há casos em que, para além da explicação do conteúdo da acto e advertência, deve-se ainda proceder a menções especiais (art.º advertência, deve-se ainda proceder a menções especiais (art.º 47º, nº 1), a saber: 47º, nº 1), a saber:

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Requisitos do Instrumento NotarialRequisitos do Instrumento Notarial

1ª - A advertência de que o registo deve ser requerido no prazo 1ª - A advertência de que o registo deve ser requerido no prazo de três meses, se respeitar a actos sujeitos a registo comercial de três meses, se respeitar a actos sujeitos a registo comercial obrigatório (al. b).obrigatório (al. b).2ª - A advertência ao representante legal que intervém no acto, 2ª - A advertência ao representante legal que intervém no acto, se algum dos beneficiários for incapaz ou equiparado, de que se algum dos beneficiários for incapaz ou equiparado, de que deve requerer o respectivo registo no prazo de três meses (al. c); deve requerer o respectivo registo no prazo de três meses (al. c); 3ª - A advertência ao doador da obrigatoriedade de requerer o 3ª - A advertência ao doador da obrigatoriedade de requerer o registo a favor do donatário, no prazo de três meses registo a favor do donatário, no prazo de três meses

Para além disso, também nos actos anuláveis e ineficazes, o Para além disso, também nos actos anuláveis e ineficazes, o notário deve advertir as partes da existência do vício e consignar notário deve advertir as partes da existência do vício e consignar no instrumento a advertência que tenha feito (art. 174.°). no instrumento a advertência que tenha feito (art. 174.°).

A leitura do instrumento lavrado pode ser dispensada pelos A leitura do instrumento lavrado pode ser dispensada pelos intervenientes, bem como a explicação do seu conteúdo, mas há intervenientes, bem como a explicação do seu conteúdo, mas há que fazer expressamente essa menção (n.º 2 do artigo 50.º). que fazer expressamente essa menção (n.º 2 do artigo 50.º).

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Curso On-line Registos e Notariado 37

Requisitos do Instrumento NotarialRequisitos do Instrumento Notarial

AssinaturasAssinaturas O instrumento notarial deve conter, a seguir ao O instrumento notarial deve conter, a seguir ao

contexto, as assinaturas dos outorgantes que saibam contexto, as assinaturas dos outorgantes que saibam e possam assinar, bem como as de todos os e possam assinar, bem como as de todos os intervenientes e a assinatura do funcionário, que será intervenientes e a assinatura do funcionário, que será a última. É obrigatória a menção no documento a última. É obrigatória a menção no documento notarial (art.º 46.°, nº1, al. m) e n). notarial (art.º 46.°, nº1, al. m) e n).

O instrumento notarial deve ainda ser assinado por O instrumento notarial deve ainda ser assinado por todos os intervenientes acidentais, que caso não todos os intervenientes acidentais, que caso não saibam assinar, não poderão intervir acidentalmente saibam assinar, não poderão intervir acidentalmente no instrumento notarial. no instrumento notarial.

A falta de assinatura de qualquer outorgante, A falta de assinatura de qualquer outorgante, interveniente ou do próprio notário, determina a interveniente ou do próprio notário, determina a nulidade do acto notarial, por vício de forma (art.º nulidade do acto notarial, por vício de forma (art.º 70.°, nº 1, als. d), e) e f). Nulidade sanável (art.º 70.°, nº 1, als. d), e) e f). Nulidade sanável (art.º 70.º/2 als. c) e d) e 73.º, als. d) e e). 70.º/2 als. c) e d) e 73.º, als. d) e e).

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Curso On-line Registos e Notariado 38

Requisitos do Instrumento NotarialRequisitos do Instrumento Notarial

O acto nulo por falta de assinatura do notário era, até O acto nulo por falta de assinatura do notário era, até 01 de Janeiro de 2002, insusceptível de sanação, mas 01 de Janeiro de 2002, insusceptível de sanação, mas podia ser judicialmente revalidado, quando se podia ser judicialmente revalidado, quando se provasse que era conforme à lei, representasse provasse que era conforme à lei, representasse fielmente a vontade das partes e fosse presidido pelo fielmente a vontade das partes e fosse presidido pelo notário, que não se recusasse a assiná-lo (art.º 73º, notário, que não se recusasse a assiná-lo (art.º 73º, al. f). al. f).

Hoje a falta de assinatura do notário é saciada nos Hoje a falta de assinatura do notário é saciada nos termos da alínea f) do nº 2 da artº 4º do Decreto-Lei termos da alínea f) do nº 2 da artº 4º do Decreto-Lei nº 273/2001 de 13 de Outubro, no sentido de ser o nº 273/2001 de 13 de Outubro, no sentido de ser o notário, cuja assinatura está em falta, poder declarar notário, cuja assinatura está em falta, poder declarar através de documento autêntico, que esteve presente através de documento autêntico, que esteve presente no acto e na sua realização e foram cumpridas todas no acto e na sua realização e foram cumpridas todas as formalidades legais (artigo 70.º, n.º 2, alínea e). as formalidades legais (artigo 70.º, n.º 2, alínea e).

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Curso On-line Registos e Notariado 39

Requisitos do Instrumento NotarialRequisitos do Instrumento Notarial

Impressões DigitaisImpressões Digitais A impressão digital deve ser aposta nos instrumentos A impressão digital deve ser aposta nos instrumentos

pelos outorgantes que não saibam ou não possam pelos outorgantes que não saibam ou não possam assinar (art. 51.°). A impressão digital nos assinar (art. 51.°). A impressão digital nos documentos é considerada usualmente como documentos é considerada usualmente como sucedâneo da assinatura, envolvendo, do mesmo sucedâneo da assinatura, envolvendo, do mesmo modo que esta, uma vinculação jurídica, material e modo que esta, uma vinculação jurídica, material e psicológica ao acto. psicológica ao acto.

Estatística e ContaEstatística e Conta A última menção que deve constar dos instrumentos, A última menção que deve constar dos instrumentos,

já fora do respectivo contexto, é a indicação dos já fora do respectivo contexto, é a indicação dos verbetes estatísticos (art. 185.º), se a eles houver verbetes estatísticos (art. 185.º), se a eles houver lugar, e a referência ao número de registo da lugar, e a referência ao número de registo da respectiva conta. respectiva conta.

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Curso On-line Registos e Notariado 40

Requisitos do Instrumento NotarialRequisitos do Instrumento Notarial

ContaConta - Logo de seguida à realização do acto notarial, o - Logo de seguida à realização do acto notarial, o notário elabora e apresenta às partes a respectiva conta, na notário elabora e apresenta às partes a respectiva conta, na qual menciona os encargos a que aquele acto está sujeito, em qual menciona os encargos a que aquele acto está sujeito, em impressos com duplicado obtido a papel químico (quanto a impressos com duplicado obtido a papel químico (quanto a actos exarados nos livros de notas) ou no próprio documento actos exarados nos livros de notas) ou no próprio documento (quanto a instrumentos avulsos). Não estão sujeitos a esta (quanto a instrumentos avulsos). Não estão sujeitos a esta última regra os documentos que não são entregues às partes, última regra os documentos que não são entregues às partes, por ficarem arquivados no cartório: instrumentos de abertura por ficarem arquivados no cartório: instrumentos de abertura de testamentos cerrados, actas e procurações previstas no art. de testamentos cerrados, actas e procurações previstas no art. 116.° (as passadas no interesse do mandatário ou de terceiro). 116.° (as passadas no interesse do mandatário ou de terceiro). A conta de tais instrumentos é feita em impresso próprio. A A conta de tais instrumentos é feita em impresso próprio. A conta do acto notarial está sujeita a registo em livro próprio conta do acto notarial está sujeita a registo em livro próprio sob um determinado número que deve ser mencionado no sob um determinado número que deve ser mencionado no final do instrumento. A menção do número da conta é a última final do instrumento. A menção do número da conta é a última do instrumento e deve ser rubricada nos termos expostos. Os do instrumento e deve ser rubricada nos termos expostos. Os encargos a que a conta respeita são os emolumentos e o selo. encargos a que a conta respeita são os emolumentos e o selo.

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Curso On-line Registos e Notariado 41

Requisitos do Instrumento NotarialRequisitos do Instrumento Notarial

I. Menções relativas ao registoI. Menções relativas ao registo (art. 54.° a 56.°)(art. 54.° a 56.°) Conforme foi referido acima, a propósito das menções respeitantes Conforme foi referido acima, a propósito das menções respeitantes

à identificação dos outorgantes nos actos notariais, o instrumento à identificação dos outorgantes nos actos notariais, o instrumento destinado a titular actos sujeitos a registo (predial, comercial), destinado a titular actos sujeitos a registo (predial, comercial), deve conter a menção do nome do cônjuge e regime de bens, se a deve conter a menção do nome do cônjuge e regime de bens, se a pessoa a quem o acto respeitar for casada (art. 47.°, nº 1 a). pessoa a quem o acto respeitar for casada (art. 47.°, nº 1 a).

Nenhum instrumento respeitante a factos sujeitos a registo pode Nenhum instrumento respeitante a factos sujeitos a registo pode ser lavrado sem que no texto do instrumento se mencionem os ser lavrado sem que no texto do instrumento se mencionem os números das descrições dos respectivos prédios na conservatória números das descrições dos respectivos prédios na conservatória a que pertençam ou hajam pertencido, ou sem a declaração de a que pertençam ou hajam pertencido, ou sem a declaração de que não estão descritos (art. 54.°, nº 1). que não estão descritos (art. 54.°, nº 1).

Os instrumentos pelos quais se partilhem ou transmitam direitos Os instrumentos pelos quais se partilhem ou transmitam direitos sobre prédios, ou se contraiam encargos sobre eles, não podem sobre prédios, ou se contraiam encargos sobre eles, não podem ser lavrados sem que também se faça referência à inscrição ser lavrados sem que também se faça referência à inscrição desses direitos em nome do autor da herança, ou de quem os desses direitos em nome do autor da herança, ou de quem os aliena, ou à inscrição do prédio em nome de quem o onera (art. aliena, ou à inscrição do prédio em nome de quem o onera (art. 54.°, nº 2 - Cfr. art.º 9.° do CRP).54.°, nº 2 - Cfr. art.º 9.° do CRP).

REQUISITOS ESPECIAIS

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Curso On-line Registos e Notariado 42

Requisitos do Instrumento NotarialRequisitos do Instrumento Notarial

Esta exigência, tornada uma forma indirecta de decretar a Esta exigência, tornada uma forma indirecta de decretar a obrigatoriedade do registo predial, obrigatoriedade do registo predial, não se aplica: nos casos não se aplica: nos casos previsto no artigo 54.º, n.º 3 e 55.º do CN.previsto no artigo 54.º, n.º 3 e 55.º do CN.

A exigência do registo prévio deve ser entendida no sentido de A exigência do registo prévio deve ser entendida no sentido de não se aplicar a negócios não expressamente previstos nas regras não se aplicar a negócios não expressamente previstos nas regras legais, tais como a divisão de coisa comum, a constituição da legais, tais como a divisão de coisa comum, a constituição da propriedade horizontal, o testamento (art. 61.º). A falta de menção propriedade horizontal, o testamento (art. 61.º). A falta de menção do registo prévio não afecta, pois, a validade do negócio titulado. do registo prévio não afecta, pois, a validade do negócio titulado. 1.2 Menção relativa ao registo do título constitutivo ou 1.2 Menção relativa ao registo do título constitutivo ou modificativo de propriedade horizontal. modificativo de propriedade horizontal.

É matéria constante do art. 62.°, segundo o qual "Nenhum É matéria constante do art. 62.°, segundo o qual "Nenhum instrumento pelo qual se transmitam direitos reais ou contraiam instrumento pelo qual se transmitam direitos reais ou contraiam encargos sobre fracções autónomas de prédios em regime de encargos sobre fracções autónomas de prédios em regime de propriedade horizontal pode ser lavrado sem que se exiba propriedade horizontal pode ser lavrado sem que se exiba documento comprovativo da inscrição do respectivo título documento comprovativo da inscrição do respectivo título constitutivo no registo predial" (nº 1). A excepção a isto é feita no constitutivo no registo predial" (nº 1). A excepção a isto é feita no n.º 2 do mesmo artigo. n.º 2 do mesmo artigo.

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Curso On-line Registos e Notariado 43

Requisitos do Instrumento NotarialRequisitos do Instrumento Notarial

1.3 Menções específicas1.3 Menções específicas A lei (art. 56.°) obriga ainda, que se façam duas menções específicas nos A lei (art. 56.°) obriga ainda, que se façam duas menções específicas nos

instrumentos que contenham factos sujeitos a registo, contidas nas instrumentos que contenham factos sujeitos a registo, contidas nas alíneas a) e b), a saber: o modo de comprovação da urgência (não há alíneas a) e b), a saber: o modo de comprovação da urgência (não há para o efeito prova vinculada, pelo que a urgência pode ser comprovada para o efeito prova vinculada, pelo que a urgência pode ser comprovada por atestado médico, por peritos que intervenham no próprio acto, por atestado médico, por peritos que intervenham no próprio acto, inspecção e mesmo por juízo do próprio documentador) e a advertência inspecção e mesmo por juízo do próprio documentador) e a advertência das consequências de não se registar os direitos adquiridos (trata-se no das consequências de não se registar os direitos adquiridos (trata-se no fundo de prevenir as partes de que, se não registarem os direitos fundo de prevenir as partes de que, se não registarem os direitos adquiridos, não poderão, em princípio, alienar ou onerar, no futuro, esses adquiridos, não poderão, em princípio, alienar ou onerar, no futuro, esses direitos). direitos). 1.4. Prova dos elementos registrais1.4. Prova dos elementos registrais

A prova dos números das descrições prediais e das referências relativas A prova dos números das descrições prediais e das referências relativas às inscrições na conservatória, é feita pela exibição de certidão de teor, às inscrições na conservatória, é feita pela exibição de certidão de teor, passada com antecedência não superior a seis meses, ou ainda, quanto a passada com antecedência não superior a seis meses, ou ainda, quanto a prédios situados em concelho onde tenha vigorado o registo obrigatório, prédios situados em concelho onde tenha vigorado o registo obrigatório, pela exibição da respectiva caderneta predial, desde que qualquer um pela exibição da respectiva caderneta predial, desde que qualquer um destes últimos documentos se encontre actualizado (art. 54.° nº 4)destes últimos documentos se encontre actualizado (art. 54.° nº 4)

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Curso On-line Registos e Notariado 44

Requisitos do Instrumento NotarialRequisitos do Instrumento Notarial

2. Menções relativas à matriz2. Menções relativas à matriz (art. 57.°) (art. 57.°) 2.1 Menções exigidas 2.1 Menções exigidas Nos instrumentos em que se descrevam prédios rústicos, Nos instrumentos em que se descrevam prédios rústicos,

urbanos ou mistos, deve indicar-se o número da respectiva urbanos ou mistos, deve indicar-se o número da respectiva inscrição na matriz ou, no caso de nela estarem omissos, inscrição na matriz ou, no caso de nela estarem omissos, consignar-se a declaração de haver sido apresentada, na consignar-se a declaração de haver sido apresentada, na repartição de finanças competente, a participação para a repartição de finanças competente, a participação para a inscrição, quando devida (art. 57.°, nº 1). inscrição, quando devida (art. 57.°, nº 1). A expressão "quando A expressão "quando devida" contida no referido artigo 57.º/1, vem do tempo em devida" contida no referido artigo 57.º/1, vem do tempo em que havia prédios não sujeitos a inscrição na matriz: os que havia prédios não sujeitos a inscrição na matriz: os terrenos para construção. O Código de Contribuição Autárquica terrenos para construção. O Código de Contribuição Autárquica acabou com essa situação, pelo que hoje a inscrição na matriz acabou com essa situação, pelo que hoje a inscrição na matriz de prédios ou terrenos para construção é sempre devida.de prédios ou terrenos para construção é sempre devida.2.2 Prova dos elementos matriciais 2.2 Prova dos elementos matriciais

A prova dos artigos matriciais é feita pela exibição da A prova dos artigos matriciais é feita pela exibição da caderneta predial actualizada ou da certidão de teor da caderneta predial actualizada ou da certidão de teor da inscrição matricial, passada com antecedência não superior a inscrição matricial, passada com antecedência não superior a um ano (art.º 57.º/3). um ano (art.º 57.º/3).

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Curso On-line Registos e Notariado 45

Requisitos do Instrumento NotarialRequisitos do Instrumento Notarial

3. Harmonização com a matriz e o registo 3. Harmonização com a matriz e o registo O artº 58.°/1 que dispõe o seguinte: "Nos instrumentos O artº 58.°/1 que dispõe o seguinte: "Nos instrumentos

respeitantes a factos sujeitos a registo, a identificação dos respeitantes a factos sujeitos a registo, a identificação dos prédios não pode ser feita em termos contraditórios com a prédios não pode ser feita em termos contraditórios com a inscrição da matriz e com a respectiva descrição predial”. inscrição da matriz e com a respectiva descrição predial”. Ressalvam-se as situações previstas no art. 58.º/1, 2.ª parte. As Ressalvam-se as situações previstas no art. 58.º/1, 2.ª parte. As excepções vêm consagradas nos números 2 e 3 do mesmo excepções vêm consagradas nos números 2 e 3 do mesmo artigo. artigo.

4. Menções próprias da propriedade horizontal 4. Menções próprias da propriedade horizontal 4.1. Constituição 4.1. Constituição

Os instrumentos de constituição de propriedade horizontal só Os instrumentos de constituição de propriedade horizontal só podem ser lavrados se for junto documento passado pela câmara podem ser lavrados se for junto documento passado pela câmara municipal comprovativo de que as fracções satisfazem os municipal comprovativo de que as fracções satisfazem os requisitos legais (art. 59.°, nº 1). Em obediência a tal imperativo, requisitos legais (art. 59.°, nº 1). Em obediência a tal imperativo, a escritura deve conter, a referência ao arquivo e à natureza do a escritura deve conter, a referência ao arquivo e à natureza do documento camarário (art. 46.°, nº 1, al. f). documento camarário (art. 46.°, nº 1, al. f).

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Curso On-line Registos e Notariado 46

Requisitos do Instrumento NotarialRequisitos do Instrumento Notarial

O mencionado documento camarário pode ser substituído pela O mencionado documento camarário pode ser substituído pela exibição do projecto de construção ou de alteração (art. 59.°, exibição do projecto de construção ou de alteração (art. 59.°, nº 2). nº 2). 4.2. Modificação4.2. Modificação

Os instrumentos de modificação do título constitutivo da Os instrumentos de modificação do título constitutivo da propriedade horizontal, que importem alteração da composição propriedade horizontal, que importem alteração da composição ou do destino das respectivas fracções, só podem ser lavrados ou do destino das respectivas fracções, só podem ser lavrados se for junto documento camarário comprovativo de que as se for junto documento camarário comprovativo de que as alterações satisfazem os requisitos legais (art. 60.°, nº 1). alterações satisfazem os requisitos legais (art. 60.°, nº 1). 5. Actos relativos a pessoa colectiva e a E.I.R.L. 5. Actos relativos a pessoa colectiva e a E.I.R.L. Nos instrumentos de constituição de estabelecimento individual Nos instrumentos de constituição de estabelecimento individual de responsabilidade limitada ou de constituição de pessoa de responsabilidade limitada ou de constituição de pessoa colectiva, de alteração dos respectivos estatutos que colectiva, de alteração dos respectivos estatutos que determine a modificação da firma, denominação ou objecto determine a modificação da firma, denominação ou objecto social, deve ser mencionada a social, deve ser mencionada a exibiçãoexibição (art. 46.º/1 g) de (art. 46.º/1 g) de certificado comprovativo de admissibilidade de firma ou certificado comprovativo de admissibilidade de firma ou denominação ou da sua manutenção em relação ao novo denominação ou da sua manutenção em relação ao novo objecto (art. 47.°, nº 3). objecto (art. 47.°, nº 3).

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Curso On-line Registos e Notariado 47

Requisitos do Instrumento NotarialRequisitos do Instrumento Notarial

6. Valor dos bens6. Valor dos bens O valor dos bens releva fundamentalmente para a determinação O valor dos bens releva fundamentalmente para a determinação

dos encargos fiscais do acto (art. 63.°, nº 1). A prova do valor dos dos encargos fiscais do acto (art. 63.°, nº 1). A prova do valor dos bens e, consequentemente dos actos, é feita, por uma das formas bens e, consequentemente dos actos, é feita, por uma das formas previstas no art. 63.º/2 (declaração das partes, apresentação dos previstas no art. 63.º/2 (declaração das partes, apresentação dos documentos necessários, etc), mencionando-se no instrumento, o documentos necessários, etc), mencionando-se no instrumento, o valor patrimonial indicado no documento, natureza, data e valor patrimonial indicado no documento, natureza, data e repartição de emissão ou actualização. A regra do nº 1 do art. 63.° repartição de emissão ou actualização. A regra do nº 1 do art. 63.° refere-se expressamente a "actos sujeitos a registo predial". Deve, refere-se expressamente a "actos sujeitos a registo predial". Deve, no entanto, ser aplicada no entanto, ser aplicada mutatis mutandis mutatis mutandis aos actos de registo aos actos de registo comercial. comercial. 7. Menção da anulabilidade e ineficácia do acto7. Menção da anulabilidade e ineficácia do acto

A intervenção do notário não pode ser recusada com o fundamento A intervenção do notário não pode ser recusada com o fundamento de o acto, cuja prática lhe tenha sido requisitada pelas partes, ser de o acto, cuja prática lhe tenha sido requisitada pelas partes, ser anulável (ex. anulável (ex. actos praticados contra o disposto nos arts. 261°/1, actos praticados contra o disposto nos arts. 261°/1, 268.°/1, 471.°, 1682.°/1 e 3, 1682º-A, 1682º-B e 1683.° do CC).268.°/1, 471.°, 1682.°/1 e 3, 1682º-A, 1682º-B e 1683.° do CC). Nestes casos de anulabilidade e de ineficácia, o acto deve ser Nestes casos de anulabilidade e de ineficácia, o acto deve ser celebrado, mas o notário deve advertir as partes da existência do celebrado, mas o notário deve advertir as partes da existência do vício e consignar no instrumento a advertência que tenha feito (art. vício e consignar no instrumento a advertência que tenha feito (art. 174.°).174.°).

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Curso On-line Registos e Notariado 48

Efeitos do Instrumento NotarialEfeitos do Instrumento Notarial

1. Legalidade1. Legalidade A lei atribui ao documento notarial um especial grau de A lei atribui ao documento notarial um especial grau de

eficácia que contrasta com a que atribui ao documento eficácia que contrasta com a que atribui ao documento particular. A par da função estritamente documental, o notário particular. A par da função estritamente documental, o notário exerce uma função jurídica que corresponde, além de outras exerce uma função jurídica que corresponde, além de outras tarefas, à adaptação, adequação ou conformação da vontade tarefas, à adaptação, adequação ou conformação da vontade dos particulares ao ordenamento. Daqui resulta a presunção dos particulares ao ordenamento. Daqui resulta a presunção de legalidade ou conformidade do conteúdo do documento de legalidade ou conformidade do conteúdo do documento notarial à lei. notarial à lei. 2. Autenticidade2. Autenticidade

A lei atribui ao documento notarial um especial grau de A lei atribui ao documento notarial um especial grau de eficácia probatória plena, em virtude da autenticidade da sua eficácia probatória plena, em virtude da autenticidade da sua origem e conteúdo, manifestada na impossibilidade de pôr em origem e conteúdo, manifestada na impossibilidade de pôr em dúvida os actos praticados pelo notário ou por ele constatados. dúvida os actos praticados pelo notário ou por ele constatados. Além de presumivelmente legal, o documento notarial é, pois, Além de presumivelmente legal, o documento notarial é, pois, um documento autêntico, ou seja, verdadeiro, dotado de fé um documento autêntico, ou seja, verdadeiro, dotado de fé pública, cuja falsidade apenas pode ser judicialmente provada.pública, cuja falsidade apenas pode ser judicialmente provada.

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Curso On-line Registos e Notariado 49

Efeitos do Instrumento NotarialEfeitos do Instrumento Notarial

O documento notarial goza de O documento notarial goza de autenticidade corporal, autenticidade corporal, isto é, isto é, prova-se a si mesmo como coisa, de prova-se a si mesmo como coisa, de autenticidade externa, autenticidade externa, subjectiva subjectiva ou ou de autoria, de autoria, tanto no que respeita ao notário, tanto no que respeita ao notário, como no que concerne às partes, de como no que concerne às partes, de autenticidade interna, autenticidade interna, também chamada também chamada autenticidade de fundo, autenticidade de autenticidade de fundo, autenticidade de conteúdo conteúdo ou ou autenticidade ideológica, autenticidade ideológica, referida ao pensamento referida ao pensamento que no documento se expressa que no documento se expressa

A autenticidade não abrange por igual todas as partes do A autenticidade não abrange por igual todas as partes do documento notarial. É plena e, consequentemente, pleno é o documento notarial. É plena e, consequentemente, pleno é o efeito probatório do documento notarial, no que respeita aos efeito probatório do documento notarial, no que respeita aos actos do próprio notário, àquilo que o notário afirma (a sua actos do próprio notário, àquilo que o notário afirma (a sua presença, a comparência dos intervenientes, a apresentação presença, a comparência dos intervenientes, a apresentação de documentos, as advertências legais, a leitura do documento de documentos, as advertências legais, a leitura do documento e a sua outorga, etc), e no que concerne aos factos que o e a sua outorga, etc), e no que concerne aos factos que o notário constata através dos próprios sentidos (presenças, notário constata através dos próprios sentidos (presenças, declarações de vontade, consentimento, aposição da declarações de vontade, consentimento, aposição da assinatura, entrega de valores, etc.). assinatura, entrega de valores, etc.).

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Curso On-line Registos e Notariado 50

Efeitos do Instrumento NotarialEfeitos do Instrumento Notarial

Nesta matéria, a verdade contida no documento é Nesta matéria, a verdade contida no documento é imposta imposta pelo pelo ordenamento ordenamento erga omnes, erga omnes, até que, porventura, seja declarada até que, porventura, seja declarada judicialmente a sua inexistência por falsidade da declaração ou judicialmente a sua inexistência por falsidade da declaração ou narração que contém. O documento notarial compreende uma ainda narração que contém. O documento notarial compreende uma ainda uma outra verdade, constituída fundamentalmente pelo conteúdo das uma outra verdade, constituída fundamentalmente pelo conteúdo das declarações das partes e restantes intervenientes no documento e declarações das partes e restantes intervenientes no documento e pelos juízos do notário sobre a identidade e capacidade dos pelos juízos do notário sobre a identidade e capacidade dos outorgantes, idoneidade dos intervenientes acidentais, ausência de outorgantes, idoneidade dos intervenientes acidentais, ausência de vícios, legalidade do acto, qualidades e poderes dos representantes vícios, legalidade do acto, qualidades e poderes dos representantes no instrumento, a notoriedade de factos, cuja verdade é apenas no instrumento, a notoriedade de factos, cuja verdade é apenas suposta suposta ou presumida ou presumida juris tantum juris tantum e, como tal, susceptível de ser e, como tal, susceptível de ser afastada por prova do contrário, sem necessidade de arguição e prova afastada por prova do contrário, sem necessidade de arguição e prova da falsidade do documento. da falsidade do documento. 3. Força executiva 3. Força executiva

A lei portuguesa reconhece força executiva ao acto notarial para A lei portuguesa reconhece força executiva ao acto notarial para qualquer espécie de obrigações. Quer os documentos exarados por qualquer espécie de obrigações. Quer os documentos exarados por notário notário (documentos autênticos) (documentos autênticos) quer os documentos lavrados pelos quer os documentos lavrados pelos particulares e autenticados por notário particulares e autenticados por notário (documentos autenticados) (documentos autenticados) que que importem a constituição ou o reconhecimento de qualquer obrigação importem a constituição ou o reconhecimento de qualquer obrigação podem servir de base à execução (art. 46.°, al. b) do CPC). podem servir de base à execução (art. 46.°, al. b) do CPC).